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Biorremediação

DISCIPLINA
Geotecnia Ambiental
CONTEXTUALIZAÇÃO
• Biorremediação é o uso de microrganismos para a
degradação de produtos químicos perigosos no solo,
sedimentos, água ou outros materiais contaminados;

• Microrganismos metabolizam produtos químicos para


produzir dióxido de carbono ou metano, água e
biomassa, transformando enzimaticamente
contaminantes em metabólitos menos tóxicos;

• Porém, em alguns casos, os metabólitos são mais


tóxicos do que o composto original, o que é crítico.

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FATORES CRÍTICOS:
USO DE BIORREMEDIAÇÃO
1. Magnitude, toxicidade e mobilidade de
contaminantes; para determinar:
i) extensão horizontal/vertical da contaminação;
ii) tipos/concentrações de contaminantes no local;
iii) a provável mobilidade de contaminantes no futuro
(depende de características geológicas do local);

2. Proximidade de receptores humanos e ambientais; se


a biorremediação é apropriada para um local depende se
a taxa e a extensão da degradação do contaminante são
suficientes para manter baixos riscos para humanos ou
receptores ambientais. 3
FATORES CRÍTICOS:
USO DE BIORREMEDIAÇÃO
3. Degradabilidade de contaminantes: a
biodegradabilidade de um composto é alta se o composto
ocorre naturalmente no ambiente, também, compostos com
alto peso molecular (ex: estruturas de anel complexas e
substituintes de halogênio), degradam-se mais do que
hidrocarbonetos de cadeia linear simples ou compostos de
baixo peso molecular;

Assim a extensão na qual o composto é metabolizado no


meio ambiente é determinada pela disponibilidade de
aceitadores de elétrons e outros nutrientes.

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FATORES CRÍTICOS:
USO DE BIORREMEDIAÇÃO
4. Capacidade de monitorar adequadamente; existem
incertezas ao uso de biorremediação para solos
contaminados e aquíferos devido às suas
heterogeneidades físicas, químicas e biológicas.

É importante reconhecer que os processos biológicos


são dinâmicos e, precisam da previsibilidade de
tecnologias de remediação convencionais; isso é crítico
para garantir que sejam minimizados os riscos ​futuros
(incluindo migração de contaminantes para meios
previamente não contaminados e falha da
biorremediação.
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FATORES CRÍTICOS:
EXTENSÃO DE DREGADAÇÃO
• Existem fatores que influenciam a extensão de
degradação de contaminantes por microrganismos,
estão agrupados em duas classes:

(a) fatores biológicos: estão relacionados com o tipo de


microrganismos presentes e o expressão e atividade de
enzimas metabólicas, ou seja, a quantidade de “catalisador”
presente.

(b) fatores ambientais: incluem características químicas e


físicas que influenciam o biodisponibilidade de contaminantes,
e outros nutrientes, a atividade biológica (temperatura e pH,
por exemplo), e como os contaminantes interagem com as
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características geoquímicas do local.
VANTAGENS

– Custo baixo comparado a outras tecnologias;


– São ecológicos geram pouco impacto ambiental;
– Contaminantes convertidos em produtos inócuos;
– Os microrganismos aplicados nos processos mineralizam
os contaminantes, desaparecimento do ambiente, difícil de
alcançar com métodos convencionais;
– Os contaminantes são destruídos (não simplesmente
transferidos para outros ambientes);
– Não intrusivo (permitindo o uso contínuo do sitio);
– Facilidade de implementação;
– Maior aceite público.

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DESVANTAGENS

– Difícil de controlar;
– Alterações introduzidas no meio podem causar outros
problemas de contaminação;
– Não pode reduzir a concentração de contaminantes aos
níveis exigidos;
– Requer mais tempo;
– Exige monitoramento mais extenso;
– Processo dinâmico (difícil de prever a eficácia futura).

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ASPECTOS A CONSIDERAR
• Capacidades metabólicas microbianas existentes na natureza: apenas
1% dos microrganismos existentes na natureza foram isolados, uma
limitação da biorremediação é precisamente identificar microrganismos
capazes de biodegradar uma substância contaminante específica;

• Ignorância do sistema aplicado:


a biorremediação trabalha com um
sistema complexo de dois ou mais
organismos vivos, que geralmente
Não é completamente conhecido;
alguns microrganismos estudados
biotransformaram os compostos
contaminantes em subprodutos
ainda mais tóxicos.
É necessário estudar previamente em laboratório os organismos de
biorremediação e suas interações em profundidade.
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ASPECTOS A CONSIDERAR
• Testes-piloto em pequena escala: (em campo) devem ser realizados
antes da aplicação em massa e, esses processos de biorremediação devem
ser monitorados in situ, para garantir que o saneamento ambiental ocorra
corretamente.
• Extrapolação dos resultados obtidos em laboratório: devido à alta
complexidade dos sistemas biológicos, os resultados obtidos em pequena
escala no laboratório nem sempre podem ser extrapolados para os
processos de campo.
• Fitorremediação: a falta de conhecimento
Profundo das interações entre os organismos
Envolvidos (plantas, bactérias e fungos).
• Outros fatores: são as condições
ambientais que atendam às necessidades de
todas as agências aplicadas.

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METODOLOGIAS DE BIORREMEDIAÇÃO

• In situ – tratamento no local contaminado (remoção ou


minimização da contaminação realizada no local contaminado).
• Ex situ – material a ser tratado deve ser transportado até o local
de tratamento Envolve a escavação e transporte (solos) e/ou
bombeamento (água) para locais fora da zona de contaminação
para posterior análise e tratamento.

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Biorremediação passiva: degradação intrínseca/natural
pelos microrganismos do solo.
Técnica baseada nos processos naturais de atenuação para
remoção ou controle de contaminantes e/ou poluidores de
solos e águas.

• Bioestimulação: consiste na aplicação de nutrientes como


nitrogênio (N) e fósforo (P) e/ou introdução de surfactantes
com o intuito de estimular a atividade microbiana.
Esta forma de tratamento atua no controle hidráulico do sistema
de biodegradação prevendo a migração dos nutrientes pelo
sítio a ser descontaminado.
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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Bioaumentação: também conhecido como bioaumento,
consiste em uma técnica baseada na inoculação de
populações de microrganismos selecionados ou consórcios
microbianos para degradação de determinados tipos de
poluentes e/ou contaminantes.

Para que a aplicação da bioaumentação tenha sucesso, é


necessário que os microrganismos selecionados apresentem
algumas características, como: capacidade para degradar a
maior parte dos contaminantes, estabilidade genética, alto
nível de atividade enzimática, alta capacidade de competir
com a população intríseca do solo. E os agentes microbianos
não devem produzir substâncias tóxicas durante o processo
de biodegradação. 13
TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Bioaumentação:

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Bioventilação: É a injeção de ar ou oxigênio puro em
solos e água subterrânea contaminados, estimulando a
atividade dos microrganismos.
A aplicação de ar e/ou oxigênio puro, à camada de
subsuperfície, estimula o crescimento da população
existente resultando na redução dos contaminantes no
sítio.

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http://abes-es.org.br/wp-content/uploads/2016/09/modulo-06-tecnologias-biorremediacao.pdf
TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Compostagem: uso de microrganismos em pilhas
construídas para degradar o contaminante. Consiste na
mistura de material contaminado com solo não
contaminado, suplementado com agentes que melhoram
as plantas ou animais e nutrientes.

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Biopilhas: É a mesma técnica de compostagem
descrita, exceto pela:
– Ausência de agentes melhoradores de origem vegetal
ou animal.
– A eliminação da aeração pelo movimento de um local
para outro.

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Landfarming: (traduzida do inglês: lavoura da terra) consiste
em misturar o material contaminado (lodo ou sedimento) com
os primeiros 30 cm de solo não contaminado de uma terra
extensa.

Nesses primeiros centímetros de solo, a degradação das


substâncias poluentes é favorecida graças à sua aeração e
mistura. Máquinas agrícolas, como tratores de arado, são
usadas para essas tarefas.

A principal desvantagem da agricultura terrestre é que ela


requer necessariamente grandes áreas de terra, que podem
ser usadas para a produção de alimentos.
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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO

Landfarming:

Fonte: http://abes-es.org.br/wp-content/uploads/2016/09/modulo-06-tecnologias-biorremediacao.pdf

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
Landfarming (Tratamento de borra oleosa):

Fonte: http://abes-es.org.br/wp-content/uploads/2016/09/modulo-06-tecnologias-
biorremediacao.pdf

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
Fitorremediação: é baseada no uso de plantas/ microrganismos para
remover, limitar/diminuir a toxicidade de substâncias poluentes nas águas
superficiais ou subterrâneas e solo.
Fitovolatização:
Após absorver o
poluente a planta
transforma em
formas voláteis

Fitodegradação ou
fitotransformação: a planta
absorve o contaminante da
água e do solo fazendo a sua
Fitoextração: Absorção do
bioconversão, no seu interior
poluente pela planta
ou em sua superfície, para
(armazenamento em
formas menos tóxicas.
tecido)

Fitoestimulação: a planta
estimula a biodegradação
Fitoestabilização: é a microbiana dos contaminantes
capacidade de reduzir a presentes no solo ou na água
mobilidade e a migração dos (fornecimento de tecidos como
contaminantes presentes no fonte de energia,
solo (lignificação, sombreamento e aumento de
imobilização) umidade) 21
TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
• Biorreatores: são sistemas fechados que podem realizar o
tratamento de biorremediação, com maior controle sobre as variantes
do sistema, tais como temperatura e umidade. Além disso, apresentam
a possibilidade de coletar e tratar gases produzidos durante a
degradação dos contaminantes, Estes recipientes, biorreatores
possuem normalmente tamanho considerável, que permitem manter
condições físico-químicas muito bem controladas em meios de cultura
aquosos com o objetivo de favorecer um processo biológico de
interesse. No caso Microrganismos e fungos bacterianos podem ser
cultivados em larga escala e em laboratório, como também, aplicados
em processos de biorremediação in situ conforme já citado
anteriormente.

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TIPOS DE BIORREMEDIAÇÃO
Os Microrganismos cultivados em biorreatores no caso são anaeróbicos
Os Microrganismos anaeróbios utilizam compostos diferentes do oxigênio, como o
sulfato, nitrato e carbonatos para obtenção de energia.
A obtenção dessa energia que é obtida pela sigla ATP (que é a sigla utilizada para
denominar a adenosina trifosfato, uma molécula indispensável que garante a liberação
de energia para as células dos seres vivos) e essa obtenção de ATP pelos
organismos anaeróbios também é chamada de fermentação onde o meio de cultura
aquoso deve-se a quantidade de oxigênio dissolvido.

Porem no contexto geral, ainda falando no uso de biorreatores, trata-se de um dispositivo


caro, devido à manutenção do equipamento e aos requisitos para a cultura microbiana.

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FATORES DE OTIMIZAÇÃO
Os processos de biorremediação os quais dependem da atividade dos microrganismos e
plantas vivas ou de suas enzimas isoladas, devem ser mantidas em condições físico-
químicas adequadas para cada organismo/sistema enzimático, para otimizar sua
atividade metabólica no processo de biorremediação;

• fator Umidade: possui uma grande quantidade de disponibilidade de água, o que é


essencial para os organismos vivos, bem como para a atividade enzimática dos
catalisadores biológicos livres de células. Geralmente, dispõe de um percentual de 12
a 25% de umidade relativa a ser mantida nos solos para o processo de
biorremediação;

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FATORES DE OTIMIZAÇÃO
• Para os fatores de otimização, basicamente temos a temperatura, nutrientes,
Acidez ou alcalinidade e oxigênio.

• Na Temperatura as condições do ambiente favorecem a ação das bactérias porém


deve estar na faixa que permita a sobrevivência dos organismos aplicados e / ou a
atividade enzimática necessária.

• Nutrientes: estes são indispensáveis ​ao crescimento e multiplicação dos


microrganismos de interesse. Principalmente, o carbono, o fósforo e o nitrogênio,
além de alguns minerais essenciais para o processo como um todo.

• Acidez ou alcalinidade: do meio aquoso ou potencial hidrogênico (a realizar


medição dos teores de íons H + no meio, por unidade de volume)

• E o por fim o Oxigênio que na maioria das técnicas de biorremediação os microrganismos


aeróbicos são usados ​por exemplo, na compostagem,

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PROCESSO DE BIORREMEDIAÇÃO
• Os processos de remediação vem sendo bem aceito em vários países, e que
consequentemente acabam investindo alto em tais processos.
• No entanto esses processos são muito particulares, precisando passar por uma
adequação e otimização para diferentes locais que foram afetados pela poluição.
• Para que todo o processo funcione, é nescessário analisar alguns pontos tais como:

i) Avaliação da natureza do composto que será usado no processo


ii) Caracterização da poluição – contaminação do ambiente
iii) Planejamento do tipo de biorremediação que será usado
iv) Decisão por biorremediação in situ bem como ex situ
v) Escolher o tipo de processo de biorremediação

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Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

Objetivo: Uso de microorganismos para recuperar cobre


de rejeito rochoso (In situ) - Biolixiviação

Abrangência: Mineração de Cobre no Estado do Pará (90


milhões de toneladas de rejeito com Cobre residual)

Parceiros: Empresa de Mineração / USP / BNDES

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Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

Caracterização da Barragem de rejeito

20 milhões de água que recebe os rejeitos gerados após


beneficiamento do Minério (baixo teor de cobre: > 0,3%)

O cobre residual está dissolvido e no próprio material sólido


decantado no fundo da represa

Coleta de amostras de solo

Realizou-se a amostragem do rejeito e fez a determinação da


composição química do solo (teor de cobre) 28
Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

Coleta de amostras e seleção de bactérias e fungos


para caracterização

Inicialmente se fez necessário a seleção de organismos


tolerantes ao cobre e a identificação de mecanismos de
resistência.

Identificação de 35 microorganismos com potencial


biominerador na Barragem de Rejeitos

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Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

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Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

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Estudo de Caso: Bactérias mineradoras

Ganhos

Reaproveitamento econômico de cobre residual (U$1,4 bi –


teor de 0,07%

Redução do volume de metal pesado no rejeito, com


elevado potencial de contaminação ambiental (cobre)

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REFERÊNCIAS
• Adams, GO, Tawari-Fufeyin, P. Igelenyah, E. (2014). Biorremediação de solos
contaminados com óleo usado usando lixo de aves. Revista de Pesquisa em
Engenharia e Ciências Aplicadas3 (2) 124-130
• Adams, O. (2015). «Biorremediação, bioestimulação e bioaugmentação: uma
revisão». Revista Internacional de Biorremediação Ambiental e Biodegredação. 3
(1): 28–39.
• Boopathy, R. (2000). «Fatores que limitam as tecnologias de biorremediação».
Tecnologia Biorecurso. 74: 63–7. doi: 10.1016 / S0960-8524 (99) 00144-3.
• Eweis JB, Ergas, SJ, Chang, DPY e Schoeder, D. (1999). Princípios de recuperação
biológica. McGraw-Hill Interamerican da Espanha, Madri. 296.
• Madigan, MT, Martinko, JM, Bender, KS, Buckley, DH Stahl, DA e Brock, T. (2015).
Biologia de Brock de microrganismos. 14 ed. Benjamin Cummings pp 1041.
• McKinney, RE (2004). Microbiologia de Controle de Poluição Ambiental. M. Dekker
pp 453.
• Pilon-Smits E. 2005. Fitorremediação. Annu Rev. Plant Biol.56: 15-39.
• FRANCISCO, W. C. Q., Tânia, M. BIORREMEDIAÇÃO. Nucleus,2018, v.15, n.1.
DOI: 10.3738/1982.2278.1700
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