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BIORREMEDIAÇÃO MICROBIANA

Introdução

A revolução industrial trouxe um enorme aumento da poluição e da produção de


resíduos. Na realidade, muitos dos problemas ambientais atuais são o resultado de mais de
200 anos de má gestão do lixo industrial, sendo os locais contaminados uma consequência
frequente do manuseamento e eliminação inadequados de materiais perigosos.
A biorremediação é o processo de tratamento que utiliza a ocorrência natural de
microrganismos para degradar substâncias toxicamente perigosas transformando-as em
substâncias menos ou não tóxicas. É um mecanismo de estimulação de situações naturais de
biodegradação para a limpeza de derramamentos de óleos e tratamento de ambientes terrestres
e aquáticos contaminados com compostos xenobióticos (substância sintética que polui o meio
ambiente). Maior segurança e menos perturbação do meio ambiente são os principais
benefícios da biorremediação. Os dois maiores enfoques da biorremediação são a estimulação
do crescimento microbiano no local contaminado e a adição de microrganismos degradadores
de hidrocarbonetos adaptados ou de biosurfactantes.
Biorremediação é o bom uso de seres vivos ou seus componentes para restaurar
ambientes poluídos. Geralmente são processos que empregam microorganismos ou suas
enzimas para degradar compostos poluentes. Na biorremediação utiliza-ea microorganismos,
fungos, plantas verdes ou suas enzimas para que o ambiente contaminado retorne a sua
condição original. Pode ser empregada para atacar contaminantes específicos do solo, tais
como a degradação de hidrocarbonetos clorados pelas bactérias. Um exemplo mais geral é a
limpeza de derramamentos do óleo pela adição dos fertilizantes de nitrato ou de sulfato para
facilitar a decomposição do óleo pelas bactérias locais ou exteriores.
O processo de biorremediação se da pelo fato de mocroorganismos, como as bactérias,
utilizarem carbono orgânico como fonte de alimentação. Sendo assim, convertendo os
contaminantes em CO2 e H2O. A Biorremediação e a Fitorremediação foram usados por
séculos. Por exemplo, a desalinação do solo de agricultura pela fitoextração tem uma tradição
longa. É uma metodologia atrativa e confiável para o tratamento de solos e cursos d´água
contaminados, considerando-se muito eficiente, além de econômica, versátil e principalmente
por causar uma menor perturbação ao ambiente, já que é um sistema de estimulação de
processos naturais de remediação. Enfim é uma estratégia ou processo que emprega
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microrganismos ou suas enzimas para destoxificar contaminantes no solo ou outros


ambientes. Esta consiste basicamente na transformação do contaminante a formas que não
oferecem riscos de contaminação. Portanto, é fundamentada nos processos de degradação
microbiana e reações químicas combinadas com processos de engenharia, criando condições
para maximizar as transformações dos contaminantes orgânicos do solo. De acordo com a
Agência de Proteção Ambiental. As principais categorias de contaminantes do solo são em
ordem decrescente: os cloroalifáticos, pesticidas, hidrocarbonetos aromáticos,
cloroaromáticos, aromáticos simples e outros.
Estes originam-se da industrialização do petróleo bruto, industrias químicas diversas e
atividades agrícolas, sendo muitos destes produtos de difícil decomposição e, por isto, causam
sérios impactos ambientais. Alguns representantes mais importantes no âmbito da
biorremediação são:
a) Os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (PAHs), que são orgânicos voláteis com várias
ligações tipo benzeno condensadas, representam mais de 100 diferentes compostos como
antraceno e benzopireno. Os PAHs são em sua maioria lipofílicos e adsorvendo fortemente a
superfícies hidrofóbicas. O interesse na biorremediação destes compostos é crescente devido
aos efeitos mutagênicos e carcinogênicos dos mesmos.
b) Os hidrocarbonetos halogenados, especialmente os clorados, são os xenobióticos de grande
persistência no solo devido à sua baixa degradabilidade que é resultante da baixa solubilidade,
tamanho molecular, toxicidade e elevada energia química de ligação. Os contaminantes mais
estudados são: O PCP (Pentaclorofenol), TCE (Tricloroetileno) e os PCB's (bifenis
policlorados).
c) Os derivados nitrogenados do nitrotolueno empregados na confecção de materiais
explosivos como o TNT (2,4,6- trinitrotolueno).
Do ponto de vista prático, a biorremediação é fundamentada em três aspectos
principais: a) Existência de microrganismos com capacidade catabólica para degradar o
contaminante; b) O contaminante deve estar disponível ou acessível ao ataque microbiano ou
enzimático; c) Condições ambientais adequadas para o crescimento e atividade do agente
biorremediador.
Microrganismos com as mais diversas capacidades metabólicas são empregados na
biorremediação. Alguns destes são pertencentes a gêneros de bactérias e fungos como:
Azospirillum, PseucAlcaligenes, Enterobacter, Proteus, Klebsiella, Serra tia. Bacillus,
Arthrobacter, Nocardia, Fusarium, Chaetomium, Phanerochaete e Trametes. A ação
metabólica da degradação dependerá do microrganismo envolvido e do ambiente. A
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tecnologia da biorremediação tem como objetivo inocular o solo com microrganismos com
capacidade de metabolizar resíduos tóxicos, proporcionando maior segurança e menos
perturbações ao meio ambiente.

Técnicas de Biorremediação

Apesar de fundamentadas em um único processo básico (biodegradação), as técnicas


de biorremediação envolvem variações de tratamentos” in situ" (no local) e "ex situ" (fora do
local) que pode envolver inúmeros procedimentos. A maioria dessas estratégias se aplica aos
tratamentos de superfície, enquanto algumas são específicas para a biorremediação em sub-
superfície como é o caso da bioventilação, que consiste na injeção de ar no solo (ou camada)
contaminado para estimular a degradação do contaminante.
Vários contaminantes podem ser tratados biologicamente com sucesso. Estes incluem
petróleo bruto, hidrocarbonetos do petróleo como gasolina (que contém benzeno, xileno,
tolueno e etilbenzeno) óleo diesel, combustível de avião, preservativos de madeira, solventes
diversos, lodo de esgoto urbano industrial, e outros compostos xenobióticos ou biogênicos,
existindo mais de 300 compostos individuais.

Tipos e Estratégias para Biorremediação do Solo

a) Passiva- consiste na degradação intrínseca ou natural pelos micorganismos indígenas do


solo.
b) Bioestimuladora- consiste na adição de nutrientes, como N e P, para estimular os
microrganismos indígenas.
c) Biventilação- é uma forma de bioestimulação por meio da adição de gases estimulantes,
como O2 e CH4, para aumentar a atividade microbiana decompositora.
d) Bioaumentação- é a inoculação do local contaminado com microrganismos selecionados
para degração do contaminante.
e) Landfarming- é aplicação e incorporação de contaminantes ou rejeitos contaminados na
superfície de solo não contaminado para degração. O solo é arado e gradeado para promover
a mistura uniforme do contaminante e aeração.
f) Compostagem- é o uso de microrganismos termofílicos aeróbios em pilhas construídas para
degradar o contaminante.
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Principais Dificuldades para o Sucesso dos Tratamentos Biológicos de Solos


Contaminados.

a) Heterogeneidade do rejeito- os rejeitos são distribuídos de modo heterogêneo no solo e o


contaminante pode ocorrer em formas não acessivas.
b) Concentração do contaminante- contaminantes podem estar presentes em concentações
variadas (de muito baixa a muito alta). Se muito alta, pode ser tóxica e inibir o crescimento.
c) Persistência e toxidade- tratamentos biológicos são eficientes para remover matérias
biodegradáveis e de baixa toxidade.
c) Contaminantes resistentes à biodegradação exigem adequadação nutricional do solo. (com
fonte de C) e consórcio microbiano.
d) Condições adequadas para o crescimento microbiano- atividade microbiana suficiente para
promover adequada degração exige condições ambientais favoráveis passíveis de
destoxicaçõa por biorremediação, como por exemplo umidade, temperatura e aeração do solo.

Aspectos Biológicos das Técnicas mais Comumente Empregadas

Landfarming

Consiste na aplicação do contaminante em forma líquida ou sólida na camada arável


do solo, onde se concentram 90% dos microrganismos que usam os contaminantes como fonte
de energia e que pode transformá-Ios geralmente, mas não exclusivamente por co-
metabolismo. A matriz (rejeito) com C é misturada ao solo por aração e gradagem e as
condições físico-químicas do solo (água, aeração e nutrientes) ajustadas para maximizar a
atividade heterotrófica. Cria-se assim a camada reativa zona de tratamento fazendo com que
esta camada de solo atue como bioreator natural (Figura 1 a seguir).
Essa camada pode atingir 50 cm, dependendo da profundidade de incorporação dos
resíduos. Abaixo desta zona situa-se uma camada de solo ainda não saturada, acima do lençol
freático. Uma variação do "Iandfarming" convencional inclui a presença de plantas, cujo
ambiente rizosférico aumenta a atividade. dos heterotróficos e a biodegradação do
contaminante. A pulverização do solo pela aração e gradagem facilita o espalhamento do solo
com contaminante pelo vento. Para que isso seja evitado, o solo deve ser mantido úmido.
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(ZONA SATURADA (LENÇOL FREÁTICO)


Figura 1. Seção transversal esquemática de uma célula da unidade de tratamento no solo empregado pelo
landifarming

O "Iandfarming" é empregado com elevada eficiência no tratamento de rejeitos


industriais, especialmente na indústria petroquímica (Bewley, 1996). Concentrações de
petróleo de até 7% (70.00" kg-1) são reduzidas para 100-200 mg kg-1 em poucos meses,
desde que as condições físicas (umidade e aeração), químicas (presença de aceptores de
elétrons) e biológicas (elevada atividade heterotrófica) sejam adequadas. Para a degradação de
100 unidades de C são necessárias, em média, 2 unidades N para as bactérias, 3 0.4 parara
fungos e 3 a 6 para os actinomicetos.
Assim para se obter sucesso com esse processo, além da boa aeração para o O2 não
seja limitante, garantindo assim o fluxo de elétrons da bioxidação, a disponibilidade de N P e
outros nutrientes no solo é essencial, assim como é importante a relação C/N do material a ser
tratado. Para lodos de refinarias de petróleo, a biodegração é favorecida, quando a relação
C/N é de 9:1. Por isso, o tipo de solo e seu teor de matéria orgânica, como a aplicação de N,
são fatores que precisam ser controlados.
A matéria orgânica do solo é importante para a população microbiana com
metabolizante, que também atua na biodegradção de certos componentes do petróleo e de
outros resíduos. Muitos apresentam baixa degradabilidade e neste caso, o tratamento do
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rejeito com surfactante ou agentes pré-oxidantes, reduz a recalcitrância e acelera a degradação


destes pelos microrganism. Em condições ótimas de nutrientres (e.g. relação C: N: P 70: 5:1)
a biodegradação de petróleo bruto ou lodo de refinaria atinge de 6 a 8 menos de um ano. A
composição química do resíduo também determina a velocidade de sua decomposição.
A fração de compostos saturados do petróleo degrada-se mais facilmente do que a
insaturada, exercendo grande influência na tratabilidade dos resíduos de refinarias. No Brasil,
as condições climáticas são muito favoráveis ao uso desse processo. Na refinaria da Petrobrás
em Curitiba (PR) em solo com biota adaptada para biodegradação destes rejeitos, é possível
tratar de 0,5 a 1,0 m3 de é 0:m2 de solo por ano ao custo de R$ 9,00 a 12,60 por m3 e, no
caso de lodo de destilaria, é possivel de 400 0.800 Mg ha-1 (CARVALHO, 1998).
Um outro exemplo interessante ocorreu no tratamento de solo contaminado com
atrazina na fábrica Ciba-Geigy Corp no estado de Louisiana - EUA. O solo, além de arado e
gradeado, recebeu 880 kg de fertilizante 13-13-13 (NPK) e aplicação de culturas de
Pseudomonas degradadoras de atrazina. Após 20 semanas a concentração do contaminante
reduziu de 100 mg kg-1 para apenas 10 mg kg-1, uma redução de 90% da concentração
original.
Para uma área de 1,9 ha de solo contaminado a empresa gastou US$ 1,05 milhão,
enquanto para outro procedimento, como escavação e disposição apropriada do solo
contaminado, seriam gastos US$ 5,3 milhões. Com a biorremediação US$ 4,25 milhões foram
economizados pela empresa. Portanto, o "Iandfarming" representou uma economia de 2,3
milhões de dólares no tratamento de 1 ha de solo poluído, neste caso.
Apesar de ser um processo simples, para a implantação do "Iandfarming", devem-se
observar critérios técnicos para a seleção de locais apropriados, pois há formação de gases e
materiais lixiviáveis que oferecem riscos ao meio ambiente. A topografia do solo, a
localização em relação aos cursos de água, o tipo e a profundidade do solo, são alguns
aspectos importantes na definição da área destinada a esse processo. Os órgãos reguladores e
de gestão ambiental possuem as instruções normativas para a implementação do processo.

Biorremediação Fase Sólida

É baseada nos mesmos princípios do método anterior, porém constitui-se de pilhas de


solo, que funcionam como células de tratamento. Nas células realiza-se controle mais rigoroso
da volatilização. lixiviação e escoamento superficial de material contaminado, o que não
ocorre no "Iandfarming", sendo, portanto, mais seguro e apropriado para tratamento de solos
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contendo compostos que oferecem elevad risco ambiental. Na biorremediação fase sólida
pode-se também optar pela compostagem que consiste em um tratamento controlado pela
geração de calor pelos aeróbios termofílicos. A elevação da temperatura na massa
contaminada é ideal para tratamento de rejeitos e lodos diversos, incluindo contaminantes
explosivos. É um processo barato e fácil de ser monitorado.

Tratamentos" in situ"

Os tratamentos" in situ" são baseados na manipulação da fase aquosa e estímulo da


decomposição pela injeção de ar (bioventilação) e suplementação com nutrientes em galerias
e poços de infiltração. É comum o uso de plantas nesse tipo de tratamento, as quais fornecem
substratos à atividade microbiana enquanto os microrganismos transformam os
contaminantes. Além da biodegradação, os microrganismos atuam direta ou indiretamente na
biosorção, reduzindo a ação dos contaminantes no meio ambiente.

Bioaumentação

A biorremediação envolve ainda a inoculação do solo com culturas puras ou consórcio


microbiano contendo microrganismos selecionados para degradações de contaminantes
específicos. Esses processos são conhecidos por bioaumentação que tem sido bastante
estudada para vários herbicidas, hidrocarbonetos clorados e carbonatos através do emprego de
populações indígenas aclimatadas, isolados selecionados e até mesmo microrganismos
transgênicos contendo plasmídeos degradadores (Struthers et aI., 1998; Bewey, 1996).
Para isso, recorre-se a populações aclimatadas através de mutação direta ou
transformação genética, para degradação acelerada de determinado composto (Felsot &
Shelton, 1993). Isolados indígenas, bem como microrganismos modificados geneticamente,
contendo plasmídeos catabólicos, têm sido empregados na produção de inoculantes
comerciais para biorremediação. Várias bactérias e fungos. compreendendo dezenas de
formulações comerciais, são vendidos nos EUA a preços que variam de USS 3,6 a US$ 18,0
kg-1 (Glass, 1992).
Entretanto, existem poucas evidências definitivas de sucesso dessa técnica, exceto em
algumas situações específicas, como se verifica com o Agrobacterium radiobacter J14 que
possui elevada capacidade de degradar a atrazina e o fungo Phanerochaete chrysosporum, o
qua: degrada mais que 60 xenobióticos, incluindo 12 aromáticos policíclicos, 12 aromáticos
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clorados, 9 policíclicos aromáticos, 3 alquil-clorados, 6 biopolímeros e 16 corantes diversos


(Bumpus, 1993). P. chrysosporum é capaz de degradar entre 15 a 98% de vários xenobióticos
em menos de 60 dias. Em geral, a bioaumentação é mais apropriada para tratamentos de
contaminantes muito recalcitrantes, em contaminações recentes e onde se pretende aplicar a
degradação acelerada. Uma estratégia que vem ganhando espaço na biorremediação é o uso
de plantas para acelerar o processo de degradação. As plantas, além de atuarem diretamente
sobre vários tipos de contaminantes, contribuem indiretamente através do efeito rizosférico
sobre a microbiota biodegradadora.
O tratamento de um solo contaminado com hidrocarbonetos aromáticos policíclicos
(HAP's) em concentração de 185 mg kg-1 de HAPs total e 50 mg kg-1 de HAP's carcino-
gênicos, sofreu redução de 26% após 180 dias de tratamento sem planta e de 57% quando o
solo foi semeado com Panicum virgatum (switchgrass). Na fração carcinogênica houve
redução apenas nas parcelas com planta, sendo esta redução da ordem de 30%. Várias outras
plantas e contaminantes têm sido estudadas na biorremediação, evidenciando a importância
dos processos microbianos influenciados por estas.
A biorremediação microbiana tem concepção muito antiga, mas só recentemente
evoluiu de estudos pilotos para aplicação em larga escala. No momento, representa a principal
tecnologia de remediação de solo por ser:
a) De baixo custo (US$ 13 a 1.500 por tonelada de solo tratado) em relação a outras técnicas;
b) Ser uma solução permanente;
c) Fundamentada em processos naturais;
d) Aplicável a uma grande variedade de contaminantes;
e) De grande aceitação pública.
No Brasil a biorremediação é ainda muito pouco praticada, exceto "Iandfarming", que
é praticado com sucesso, principalmente na indústria petroquímica brasileira. A
biorremediação é um método confiável e atrativo para o tratamento de solos e cursos d´água
contaminados com hidrocarbonetos, sendo considerada eficiente, econômica e versátil; por
outro lado, a biorremediação no local, é muitas vezes limitada por dificuldades no transporte
de nutrientes ou receptores de elétrons e no controle das condições para aclimatação e
degradação dos contaminantes nos sistemas subsuperficiais (JAIN et al., 1992; CORSEUIL et
al., 1994; CORSEUIL et al., 1996).
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Fitorremediação

Neste processo emprega-se plantas para descontaminar sítios com resíduos químicos
orgânicos em sua porção superficial. Áreas contendo plantas apresentam uma
biodegradabilidade mais acelerada e completa se comparada com áreas não plantadas devido:
a) Expansão da população ativa dos microrganismos no solo (rizosfera) que se utilizam da
fração “exudata” das raízes como fonte de alimento.
b) O exudato das raízes também estimula transformações cometabólicas, assim sendo, muitos
contaminates são degradados via estimulação da microbiota pela presença do exudato.
c) Algumas plantas produzem enzimas que transformam metabolicamente os contaminantes
orgânicos contribuindo desta forma para sua oxidação mais rápida pelos microrganismos
presentes no solo.
A tecnologia de biorremediação tornou-se um importante método de restauração de
ambientes contaminados por resíduos de petróleo, pois utilizam à capacidade dos
microrganismos em biodegradar ou biotransformar as mais diversas substâncias. A
biodegradação ou biotransformação de compostos orgânicos contaminantes é uma das
principais medidas de recuperação de ecossistemas contaminados e requer a interação de
muitos grupos de organismos vivos diferentes que trabalhem juntos ou seqüencialmente na
degradação dos compostos (KATAOKA, 2001). Os mais eficientes biodegradadores são os
microrganismos, devido à abundância, grande diversidade de espécies, versatilidade
catabólica e anabólica, bem como a capacidade de adaptação às condições adversas do meio
(TEIXEIRA & LIMA, 1991 apud KATAOKA, 2001).
Microrganismos que degradam hidrocarbonetos estão amplamente distribuídos no solo
e em ambientes aquáticos. Populações desses microrganismos normalmente constituem
menos que 1% da comunidade microbiana total, mas quando hidrocarbonetos estão presentes,
essas populações aumentam em 10% da comunidade (ATLAS, 1995). A biorremediação teve
um papel muito importante na limpeza do derramamento de 41 milhões de litros de petróleo
causado pelo navio Exxon Valdez, no Golfo do Alasca, em 1989, dando início ao
desenvolvimento dessa técnica; e há boas razões para se acreditar que este método terá um
papel importante no tratamento de futuros derramamentos de óleo em circunstâncias
apropriadas (PRINCE, 1993; SEABRA et al.; 1999).
O mercado de tecnologias ambientais disponível hoje é bastante amplo, sendo que
uma atenção maior tem sido dispensada aos tratamentos e remediações de solos e águas
subterrâneas. Este fato pode ser entendido por razão da geração de resíduos sólidos estar
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sendo cada vez maior e também pela existência de políticas ambientais cada vez mais
restritivas nos últimos anos.
Com isso, os pesquisadores da área se vêem obrigados a desenvolver técnicas menos
dispendiosas e tão eficientes quanto tecnologias consolidadas como a incineração. Tanto na
biorremediação “In situ” como na “ex situ”, a contribuição externade microrganismos deve
ser avaliada de acordo com o tipo de solo, do equipamento a ser empregado, e principalmente
os tipos de contaminantes orgânicos presentes, assim sendo vários estudos de laboratório e
campo mostram que para se obter bons resultados faz-se necessária a aplicação de duas ou
mais tecnologias em associação.
A determinação desta ou daquela tecnologia a ser aplicada ao sítio dependerá das
características dos contaminantes e principalmente do local onde ocorreu a contaminação.
Estas respostas podem ser obtidas mediante testes em escala piloto e principalmente no estudo
detalhado das várias características envolvidas no processo.

Literatura Consultada

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