Você está na página 1de 6

MICROBIOLOGIA AMBIENTAL – PARTE 2

Biorremediação

É O uso de micróbios para detoxificar ou degradar poluentes.

Ex.: Derramamentos de óleo de navios, ação que gera perdas econômicas enormes (pesca e praia)

Até certo ponto, a biorremediação ocorre naturalmente, assim que os micróbios atacam o óleo se as
condições são aeróbicas.

Todavia, os micróbios preferem seus nutrientes em solução aquosa, e produtos à base de óleo são
relativamente insolúveis.

Hidrocarbonetos de petróleo também são deficientes em elementos essenciais como nitrogênio e


fósforo.

A biorremediação de derramamentos de óleo é bastante melhorada quando fornecido às bactérias


residentes, um "fertilizante" contendo nitrogênio e fósforo.

A biorremediação também pode utilizar bactérias geneticamente modificadas que são especialmente
adaptadas para metabolizar produtos de petróleo.

Resíduos Sólidos Municipais

A maioria dos resíduos sólidos municipais (lixo) são freqüentemente colocados em grandes aterros
compactados de lixo.

As condições são bastante anaeróbicas e assim como ocorre no lodo anaeróbico de digestores no
tratamento de esgotos, as bactérias produzem metano.

Este metano pode ser extraído através de buracos feitos por brocas e queimados para gerar
eletricidade, ou purificado e introduzidos em um sistema de canalização de gás natural.

Ex.: Nos EUA este sistema ocorre em mais de 100 grandes aterros de lixo, alguns dos quais
fornecem energia para milhares de residências.

Compostagem = processo que converte resíduos de


plantas em equivalente de húmus natural

Uma pilha de folhas ou montes de grama sofrem


degradação microbiana.

As bactérias termofílicas aumentam a tª do composto de


55-60ºC em poucos dias.

Depois que a temperatura baixar, a ilha é revirada para renovar o suprimento de oxigênio, e um
segundo aumento de tª irá ocorrer.

Com o tempo, populações microbianas termofílicas são substituídas por populações mesofílicas
que continuam lentamente com a conversão para um material semelhante ao húmus.

1
MICROBIOLOGIA DA ÁGUA

Refere-se ao estudo de microrganismos e suas atividades em águas naturais, tais como lagos,
lagoas, arroios, rios, estuários e oceanos.

Microrganismos Aquáticos

Altos níveis de nutrientes na água (contaminadas por esgoto ou resíduos orgânicos industriais
biodegradáveis) resultam em grandes quantidades de microrganismos.

Assim também os estuários oceânicos (alimentados por rios) possuem altos níveis de nutrientes e
conseqüentemente populações microbianas maiores do que águas costeiras.

Nas águas com baixas concentrações de nutrientes, os microrganismos tendem a crescer em


superfícies paradas e em matérias particuladas.

Assim um microrganismo entra em contacto com mais nutrientes, o que não ocorreria se ele
estivesse flutuando livremente em um curso de águas.

Muitas bactérias aquáticas possuem apêndices que os prende a várias superfícies.

Microbiota Marinha

A vida microscópica no oceano é composta por algas principalmente dos grupos Pyrrophyta
(dinoflagelados) e Chrysophyta (diatomáceas).

Estes micróbios utilizam a energia da fotossíntese e o CO2


atmosférico como fonte de carbono.

Eles constituem a comunidade de fitoplânctons


marinhos, base da cadeia alimentar oceânica.

O "krill" (crustáceo semelhante ao camarão) alimenta-se


de fitoplâncton e é alimento dos grandes seres vivos
oceânicos.

Muitos peixes e baleias também são capazes de se


alimentar diretamente de fitoplâncton.

A bioluminescência microbiana, ou emissão de luz é um aspecto interessante da vida das


profundezas do mar.

Muitas bactérias são luminescentes e algumas estabeleceram relações


simbióticas com peixes que habitam a zona bêntica.

Estes peixes algumas vezes usam o brilho da sua bactéria residente


para auxiliar na atração e captura de sua presa

Estes organismos bioluminescentes possuem uma enzima


denominada luciferase que capta elétrons de flavoproteínas na cadeia
de transporte de elétrons e emite uma parte da energia dos elétrons
como um fóton de luz.
2
Microbiota de água doce

Um lago pode ser dividido em zonas e em cada uma delas há uma microbiota característica.

Populações microbianas são afetadas principalmente pela disponibilidade de O2 e luz, sendo esta
última o recurso mais importante porque as algas fotossintéticas (produtores primários) são a
principal fonte de matéria orgânica, e conseqüentemente de energia, para o lago.

- Zona litorânea ao longo da margem possui uma vegetação enraizada considerável, e a luz pode
penetrar através desta.

- Zona limnética consiste na superfície de uma área de água aberta longe da costa.

Nas áreas da zona limnética (com oxigênio suficiente) encontram-se algas fotossintéticas, espécies
de Pseudomonas, Cytophaga, Caulobacter e Hyphomicrobium.

Ao utilizar os nutrientes de água estagnada eles rapidamente utilizam o O2 dissolvido na água.

Em águas sem O2, os peixes morrem e odores (do sulfeto de hidrogênio e ácidos orgânicos, por
exemplo) são produzidos a partir da atividade anaeróbica.

O movimento das águas fazem aumentar a quantidade de O2, aumentando a população de bactérias
aeróbicas que auxilia na degradação de nutrientes poluidores.
- Zona hipolímnia é a água mais
profunda abaixo da zona limnética.

- Zona bêntica apresenta o sedimento


no fundo do lago ou lagoa.

Águas mais profundas das zonas


hipolíminias e bênticas possuem baixas
concentrações de O2 e menos luz.

O crescimento de algas próximo a


superfícies muitas vezes filtra a luz e os
micróbios fotossintéticos em zonas
mais profundas utilizam então,
diferentes comprimentos de luz

As bactérias sulfurosas púrpuras e


verdes são encontradas na zona
profunda.
Estas bactérias são organismos fotossintéticos que metabolizam H2S (gás sulfídrico) em enxofre e
sulfato nos sedimentos do fundo na zona bêntica.

O sedimento na zona bêntica contém bactérias como o Desulfuvibrio que utiliza o sulfato (SO4-)
como aceptor final de elétrons e o reduz a H2S.

As bactérias produtoras de metano também são parte desta população bêntica anaeróbica, assim
também ocorre em alagados, pântanos, ou sedimentos do fundo.

Espécies de Clostridium são comuns em sedimentos do fundo e podem incluir organismos


causadores do botulismo, particularmente os causadores de surtos de botulismo em aves aquáticas.
3
Papel dos Microrganismos na Qualidade da Água

A água na natureza totalmente pura é rara. Até mesmo a água da chuva está contaminada com
compostos de enxofre oriundos da queima de combustíveis fósseis.

A Transmissão de Doenças Infecciosas.

A água que se move abaixo da superfície do solo passa por uma filtração que remove a maioria dos
microrganismos. Por isso a água de fontes e poços profundos é geralmente de boa qualidade.

A forma mais perigosa de poluição ocorre quando fezes penetram no abastecimento de água.

Muitas doenças são perpetuadas pela rota fecal oral de transmissão. Ex.: febre tifóide e cólera,
causadas por bactérias que se alojam somente nas fezes humanas.

Há 100 anos, o Jornal da Associação Médica Americana publicou que a taxa de mortalidade por
febre tifóide em Chicago havia baixado de 159,7 em 1891, para 31,4 em1894 / 100.000 pessoas.

Este avanço na saúde pública foi conseguido pela extensão do sistema de encanamento coletor do
abastecimento de águas, para uma distância de 4 milhas da margem.

O jornal comentou que tal medida diluía a


contaminação de esgoto do abastecimento de água,
a qual na época não era tratada posteriormente. O
mesmo artigo especulou sobre a necessidade de
remover microrganismos que causavam doenças
específicas.

Eles sugeriram o uso de leitos de filtros de areia, já


largamente usados na Europa naquela época. A
filtração em areia mimetiza a purificação natural das
fontes de água.

Com essa prática quase que eliminou doenças como


a febre tifóide e cólera nos EUA.

Teste de pureza das águas

A maioria das nossas preocupações sobre a pureza das águas tem sido relacionada com a
transmissão de doenças.

Entretanto, não é prático procurar somente patógenos nos abastecimentos de água.

Se encontrarmos o patógeno causador do tifo ou cólera no sistema de águas, a descoberta já será


tarde para prevenir um surto da doença.

Os testes utilizados atualmente visam detectar organismos indicadores em particular.

Para que um microrganismo seja um indicador, ele deve estar presente em números substanciais
nas fezes humanas, além de viver na água pelo menos tão bem quanto os patógenos.

Os microrganismos indicadores usuais são as bactérias coliformes - bastonetes gram-negativos


aeróbicos ou anaeróbicos facultativos

4
O coliforme fecal predominante é a E. coli, que constitui uma grande proporção da população
bacteriana intestinal humana.

Em condições normais os coliformes não são por si só patogênicos, embora algumas linhagens
possam causar diarréias e infecções urinárias oportunistas.

Teste de detecção de coliformes e E.coli


Um método mais conveniente na detecção de coliformes,
especialmente de E. coli, utiliza um meio de cultura que contém dois
substratos o-nitrofenil-β-D- galactopiranosídeo (ONPG) e 4-
metilumbeliferil-β-D-glucuronide (MUG).

Os coliformes produzem a enzima β-galactosidase que atua sobre o


ONPG e forma uma coloração amarela, indicando sua presença na
amostra.

E. coli é a única entre os coliformes que sempre produz a enzima β-


glicoronidase, que atua sobre MUG para formar um composto
fluorescente que possui um brilho azul quando iluminado com luz
ultravioleta de comprimento de onda longo.
Cor amarela (ONPG positivo): presença de coliformes; Cor fluorescente azul (MUG positivo):
presença de coliforme fecal E. coli ;Incolor: amostra não contaminada

Biofilmes

Na natureza, os microrganismos dificilmente vivem em colônias isoladas de espécie única, como


visualizado em laboratórios.

Eles vivem tipicamente em comunidades, onde dividem os nutrientes.

Muitas vezes se aderem a superfícies em massa denominadas biofilmes. Estima-se que 99% de
todas as bactérias vivem dessa forma.

Na maioria dos casos, um biofilme é uma camada de ~


10µm de espessura, com massa irregular de micróbios
que se estendem até ~200µm acima.

Os micróbios na face externa da camada vivem em


condições aeróbicas, e aqueles no interior vivem em
condições anaeróbicas.

Os biofilmes podem ser encontrados em qualquer parte


onde haja água e um suporte sólido para ele se
desenvolver.

Ex.: dentes, lentes de contato, interior de canos e sistemas digestivos de ruminantes.

Os biofilmes são elementos essenciais do sistema de tratamento de esgotos.

Os biofilmes podem formar grupos em ambientes especializados e trabalhar cooperativamente para


executar tarefas mais complexas.

Ex.: no sistema digestivo de ruminantes, pelo menos cinco bactérias diferentes são necessárias para
clivar a celulose.

Tratamento de esgoto

Os microrganismos tem papel fundamental no tratamento do esgoto, pois metabolizam a matéria


orgânica aerobicamente no tratamento secundário e anaerobicamente na digestão do lodo, liberando
compostos orgânicos simples como metano e CO2.
5
QUESTÕES PARA ESTUDO - MICROBIOLOGIA AMBIENTAL – PARTE 2

1) O que é biorremediação?
2) Para que é importante a adição de fertilizantes (nitrogênio e fósforo) em águas contaminadas por
petróleo?
3) O que é compostagem?
4) Qual o fator físico envolvido na substituição das populações termofílicas em mesofílicas nos
processos de compostagem?
5) Qual o principal fator que resulta em maior crescimento microbiano nas águas?
6) O que são bactérias bioluminescentes?
7) Em relação a um lago como podemos dividi-lo? Qual a característica de uma delas?
8) Qual a forma mais perigosa de contaminação da água em relação a transmissão de doenças?
10) O que um microrganismo precisa ter para ser um bom indicador?
12) O que são biofilmes?
13) Quanto ao metabolismo, existe diferença entre os microrganismos constituintes de um mesmo
biofilme? Justifique.
14) Dê exemplos de biofilme.
15) Porque os microrganismos tem papel fundamental no tratamento do esgoto?

Você também pode gostar