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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA


DISCIPLINA: Bioquímica
DOCENTE: Nora Kátia Saavedra Hoffman

Atividade 6:
Ecologia dos microrganismos

Alice de Souza Hirle Matrícula: 201802482


Marco Antônio da Silva Oliveira Matrícula: 201802510
Maria Eduarda de Oliveira Silva Matrícula: 201802511
Samuel Ribeiro da Silva Matrícula: 201802519

Goiânia-GO
2021
1. Explique detalhadamente a ecologia das comunidades microbianas que
participam na formação dos biofilmes e que contribuem eficientemente para a
remoção da matéria orgânica.

Biofilmes microbianos são comunidades de células aderidas a uma matriz de


polímeros extracelulares. Estas substâncias poliméricas são produzidas pelos próprios
microrganismos, com a finalidade de aumentar sua chance de sobrevivência em
determinado meio.

Existem diversas vantagens biológicas para os organismos no fato de se


organizarem em biofilmes. A primeira vantagem é devido a matriz de polissacarídeo
oferecer um ambiente protetor às células microbianas, dificultando a penetração de
agentes germicidas. A matriz de polissacarídeos atua como uma barreira de filtragem,
gerando uma penetração mais lenta de agentes germicidas ou antibióticos. Outra
vantagem referente a essa forma de organização é a facilidade em captar elementos
necessários à sua sobrevivência, pois sua morfologia favorece a circulação de água,
nutrientes e oxigênio, dessa forma, os elementos nutritivos tendem a se depositarem
neste aglomerado celular.

A organização da vida em grupo no biofilme é chamada de “corum sense”. Este,


trata-se de uma comunidade organizada, onde as células se comunicam entre si por
meio de moléculas químicas, estimulando o processo de multiplicação e crescimento
do grupo quando o ambiente é favorável e há nutrientes suficientes ou determinando a
redução do metabolismo celular, quando há ausência de nutrientes ou excesso de
metabólitos tóxicos. Estando as células em fase estacionária há uma consequente
redução na atividade de antibióticos, dado que muitos destes agentes atuam justamente
nas fases de multiplicação celular.

O biofilme pode apresentar uma ou mais espécies de microrganismos,


dependendo do seu tempo de duração e sua localização. Pode envolver bactérias
Gram-positivas, Gram-negativas e leveduras. Além de bactérias, outros elementos
celulares podem estar agregados no biofilme. Diversos fatores contribuem para a
velocidade da formação de biofilmes. Esta taxa de adesão depende primariamente do
número e tipo de células presentes no líquido ao qual a superfície está exposta e da
taxa de fluxo deste líquido através da superfície. As propriedades físico-químicas da
superfície, a composição nutricional e temperatura do ambiente também irão interferir
nesta velocidade. A presença de antimicrobianos no meio pode afetar a formação de
biofilmes.
Os biofilmes estão presentes em quase todas as superfícies em contato com a
água, podendo assim ser encontrados em qualquer sistema, natural ou de origem
antrópica, exposto a ambiente líquido não estéril. Estações de tratamento de águas
residuárias que são operadas com microrganismos imobilizados (reatores de filme fixo)
têm a grande vantagem de serem mais compactas, uma vez que concentram em seu
interior mais material celular que o sistema convencional, com crescimento suspenso.
Esses reatores estariam aptos ao tratamento de águas residuárias com grandes taxas
de carregamentos orgânicos, objetivando a máxima utilização da planta de tratamento
e estabilidade operacional.

2. Explique detalhadamente a importância da diversidade ecológica e da


diversidade metabólica no equilíbrio do meio ambiente e dos recursos hídricos.
Os microrganismos são seres que podem ser encontrados em todos os tipos de
ambiente e em tudo ao nosso redor, vivendo uma relação com os seres humanos e
demais viventes. A partir de tal afirmação, urge a ecologia, o estudo das relações entre
os organismos e seus ambientes, podendo se considerar os fatores bióticos, interação
dos organismos entre si, e fatores abióticos, interação dos organismos com o ambiente
(BLACK, 2002).

A diversidade ecológica e metabólica de cada indivíduo microbiológico é ampla,


e permite a atuação desses seres, conforme sua especificidade, de modo direto ou
indireto em praticamente todos os serviços ecossistêmicos básicos à vida, contribuindo
para o equilíbrio ambiental no modo micro através de suas funções, em destaque
podemos citar o ciclo do carbono (o principal ciclo biogeoquímico), ciclo do nitrogênio,
ciclo do enxofre, ciclo do fósforo, degradação química e sintética, biorremediação
(micróbios utilizados para degradas poluentes), e em ambientes como ar e água, todos
relacionados com a alguma microbiota (BLACK, 2002).

Relacionando a microbiologia aos recursos hídricos, segundo Black (2002) todos


os ambientes aquáticos, de água doce, do mar e até mesmo de água de chuva, contêm
microrganismos e substâncias inorgânicas, que infelizmente podem atuar na difusão de
doenças infecciosas de veiculação hídrica. A presença em larga escala de
microrganismos em um corpo de água indica normalmente elevados níveis de matéria
orgânica na água. Essa matéria orgânica disponível no meio é degrada por
microrganismos aeróbios endêmicos, através do processo de autodepuração,
entretanto, quando em excesso, pode se desencadear o consumo excessivo de
Oxigênio Dissolvido na água.
No caso da água doce, em lagos ou rios, a depender da profundidade, relacionada
a presença de luz, e da distância do litoral, as características microbiológicas podem
variar, como pode ser observado na figura 1. Na zona limnética (água iluminada pelo
sol), é possível encontrar algas, cianobactérias, pseudomonas e caulobacter. Na zona
profunda, abaixo da limnética, habitam bactérias sulfurosas, verdes e purpuras, que se
alimentam dos nutrientes provindos da zona superior. Por fim na zona bêntica, que se
encontra o assoalho do lago, se encontra bactérias metanogênicas e desulfovibrio,
bactérias que utilizam o sulfato como aceptor de elétrons. A presença e concentração
de seres micro biológicos nessas águas também dependem da temperatura, pH,
pressão, oxigênio dissolvido e matéria orgânica. Além do mais, em rios onde á a
movimentação da água tendem a elevar a quantidade de oxigênio no mesmo,
contribuindo para a degradação de nutrientes poluidores (TORTORA, 2017).
Figura 1 – Divisão das zonas em um lago ou tanque.

Fonte: BLOCK, 2002.


Já quanto a água e vida marinha, o mar é um enorme reservatório de microbiota,
onde a cerca de um milhão de bactérias por ml de água de mar aberto. Os sedimentos
do soalho oceânico também apresentam enorme população de bactérias,
principalmente arqueias que se adaptam bem às pressões ambientais e requerem
baixas necessidades energéticas e decompositores anaeróbicos facultativos ou estritos.
Na parte superior, onde as águas do oceano são relativamente iluminadas pela luz do
sol, é observada a presença de cianobactérias fotossintéticas, normalmente
pertencentes ao gênero Synechococcus ou Prochlorococcus. Populações distintas
pertencentes a diferentes linhagens variam segundo a profundidade de acordo com sua
adaptação a luz solar. Tais indivíduos exercem enorme influência sobre a Terra e
prestam serviços de suporte a vida oceânica em especial, a vida microscópica
fotossintética, como o fitoplâncton marinho. A função desses microrganismos é variada,
eles podem fixar dióxido de carbono para formar matéria orgânica que pode ser utilizada
por bactérias heterotróficas do oceano. Já cianobactérias contribuem na fixação e
reposição de nitrogênio perdido pelos organismos do fundo oceânico (TORTORA,
2017). Alguns protozoários e uma variedade de fungos também se alimentam dos
produtores no mar aberto, embora sua maioria se localize em zonas abaixo as de luz
solar intensas.
Baseado nisso, destaca-se a poluição das águas, quando uma substância ou
condição que está presente a torna inútil para um proposito especifico, dependendo
também da natureza do poluente. Quando orgânicos, estes poluentes suspensos em
água são geralmente decompostos por microrganismos. A partir desta condição, vários
parâmetros podem ser considerados, como pH, temperatura, DBO (oxigênio necessário
para decomposição), pressão osmótica da água, e outros que enfatizam a necessidade
do tratamento da água para consumo ou efluente e posteriormente evitam a
disseminação de doenças causas por patógenos humanos transmitidos pela água,
como a Salmonelose, febre tifoide, gastrenterite, giardíase, hepatite etc. Algumas
bactérias também podem atuar como indicadores ambientais para a presença de
poluentes e patógenos, como métodos de estudo da água e diagnóstica e até como
estudo em medicações, confirmando a utilidade e importância de tal microbiota (BLACK,
2002).
Também, pode ser citado a importância microbiológica ao solo, fértil em organismos
microscópios e pequenos organismos macroscópicos, atuando constantemente sobre
dejetos de animais e resíduos vegetais, é no solo que ocorre a ciclagem dos nutrientes
que passam por decomposição. A microbiota presente nesse ambiente é
majoritariamente formada por bactérias aeróbias (cerca de 70%), bactérias anaeróbias,
actinomicetos e fungos, atuando fortemente no ciclo do nitrogênio e do carbono. Fatores
bióticos e abióticos também influenciam no crescimento e desenvolvimento destes
organismos. A principal função ecossistêmica formada por tais microrganismos
terrestres é relacionada a decomposição e a reintegração de nutrientes e compostos à
natureza (BLACK, 2002).
Por fim, é perceptível a presença de microrganismos em todos os meios,
apresentando serviços na forma básica que direta ou indiretamente se relacionam os
seres vivos, sua sobrevivência e qualidade de vida, positiva ou negativamente, estando
também relacionados ao ambiente, seu estado e suas funções. A grande ecologia que
envolve esses organismos é ampla e graças às funções e metabolismos variados que
esses indivíduos possuem, tais seres se tornam presentes em todos os tipos de
ambiente e em diferentes condições físicas e químicas que este propicia, podendo se
desenvolver, reproduzir e atuar segundo suas características.
REFERÊNCIAS

• BLACK, J.G. Microbiologia: fundamentos e perspectivas. 4ª ed. Guanabara-


Koogan, Rio de Janeiro, 2002.
• DAVEY, M.E. Biofilmes microbianos: da ecologia à sua formação genética.
Disponível em < https://mmbr.asm.org/content/64/4/847.short> . Acesso em:
15/05/2021.
• MADIGAN, M.T. (2004). Microbiologia de Brock. 10ª Ed. Pearson Prentice Hall,
909p.
• SIMAN, R.R. Reator de leito expandido em escala plena com zonas anaeróbia e
aeróbia sobrepostas: Remoção conjunta de matéria orgânica e nutrientes e estudo
do comportamento microbiológico do biofilme, por respirometria e microsensor de
OD. Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, 2007.

• TORTORA, Gerard J.; CASE, Christine L.; FUNKE, Berdell R. Microbiologia-12ª


Edição. Artmed Editora, 2017

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