Você está na página 1de 48

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO PARA


CONFECÇÃO DE TIJOLO ECOLÓGICO

IVANDRO ADRIANO DA CONCEIÇÃO BAULANE

Chimoio

Janeiro de 2021
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ENGENHARIA

LICENCIATURA EM ENGENHARIA CIVIL

REAPROVEITAMENTO DE RESÍDUOS DE CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO PARA


CONFECÇÃO DE TIJOLO ECOLÓGICO

IVANDRO ADRIANO DA CONCEIÇÃO BAULANE

Monografia referente ao projecto do fim do


curso, apresentado ao departamento de
Engenharia Civil, Universidade Católica de
Moçambique, Faculdade de Engenharia, com o
requisito para a obtençâo do titulo de
Engenheiro Civil

O Supervisor

_______________________

Eng. Solveio Simbine

Chimoio

Janeiro de 2021
DECLARAÇÃO DE HONRA

Eu, Ivandro Adriano da Conceição Baulane, declaro em minha homenagem que este trabalho de
final do curso de Licenciatura em Engenharia Civil nunca obteve nenhum diploma acadêmico
nesta Universidade ou em outra Universidade, ele é resultado de minha pesquisa.

Ivandro Adriano da Conceição Baulane

____________________________________________

(Assinatura)

Dia_____de________________2021

iii
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho especialmente

Ao meu pai Sebastião Baulane.

A minha mãe Romana Baulane.

Aos meus irmãos:

Célia Baulane;

Tárcia Baulane;

Guilherme Matola.

Referências da minha personalidade.

iv
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me trazer paz e encorajamento em minha vida cotidiana e nos tempos
difíceis.

Aos meus pais Sebastião Baulane e Romana Baulane, bem como minhas irmãs Célia Baulane e
Tárcia Baulane sempre demonstraram espírito de solidariedade e me inspirou a seguir em
frente.

Agradeço ao meu supervisor Solveio Simbine por sua grande ajuda na correção e orientação
deste trabalho tornando ela possível.

Aos meus colegas, Emanuel Paulinho, Remígio Arnaldo, Adamo Muloche, Juca Luís, Edson
Gonçalo, Edson Comar e Félix Marivaldo pela disponibilidade, paciência e compreensão com
que me atenderam e reponderam as minhas dúvidas e questões.

Aos Técnicos do Laboratório da ANE (Administração Nacional de Estradas) pela ajuda durante
os ensaios.

Gostaria também de agradecer ao meu colega Manuel Guilengue por fornecer a prensa manual
de tijolos, que possibilitou a produção dos meus tijolos.

Por fim, o meu muito obrigado a todos os docentes que passaram pela minha formação e que
foram responsáveis para o meu conhecimento.

v
EPÍGRAFE

“Não conheço nenhuma fórmula infalível para obter o


sucesso, mas conheço uma forma infalível de fracassar:
tentar agradar a todos.”

John F. Kennedy

vi
RESUMO

Desde do princípio da humanidade que o homem buscou na construção civil melhorias das suas
condições de vida porem, com as diferentes tecnologias de construção diferentes impactos tem
submetido a natureza. Impulsionado pelas necessidades de tecnologias mais ecológicas na
construção, o objetivo deste trabalho é produzir tijolos ecológicos, substituindo parcialmente o
agregado fino por resíduos de construção e demolição (RCD) para provar a viabilidade desses
materiais e promover sua reutilização.

No entanto, os seguintes materiais foram utilizados no experimento: água potável, cal hidratada,
RCD triturado e cimento Portland, 66% e 75% de RCD foram utilizados. Os resultados
mostraram que ambas as composições feitas com o RCD substituindo parcialmente o agregado
fino foram superiores às exigidas pela norma NBR 8492/1984.

Aos 28 dias, ele obteve uma alteração na resistência à compressão de 2,2 MPa para 75% RCD e
2,4 Mpa para 66% RCD. Portanto, a reutilização de resíduos de construção na produção de tijolos
ecológicos pode ser considerada como um método alternativo sustentável, que auxilia na
reutilização de resíduos na construção civil.

PALAVRAS – CHAVE: Tijolo ecológico; Resíduos de Construção e Demolição; Tijolo


incorporado com RCD.

vii
ABSTRACT

Since the beginning of humanity, man has sought in civil construction to improve his living
conditions, however, with different construction technologies, different impacts have been
subjecting nature. Driven by the need for more ecological technologies in construction, the
objective of this work is to produce ecological bricks, partially replacing fine aggregates with
construction and demolition waste (RCD) to prove the viability of these materials and promote
their reuse. However, the following materials were used in the experiment: drinking water,
hydrated lime, crushed RCD and Portland cement, 66% and 75% RCD were used. The results
showed that both compositions made with the RCD partially replacing the fine aggregate were
superior to those required by the NBR 8492/1984 standard. At 28 days, he obtained a change in
compressive strength of 2.2 MPa for 75% RCD and 2.4 Mpa for 66% RCD. Therefore, the reuse
of construction waste in the production of ecological bricks can be considered as a sustainable
alternative method, which helps in the reuse of waste in civil construction.

KEY WORDS: Ecological brick; Construction and Demolition Waste; Built-in brick with RCD.

viii
ÍNDICE

LISTA DE ABREVIATURAS ...................................................................................................... xi


LISTA DAS FIGURAS ................................................................................................................ xii
LISTA DAS TABELAS .............................................................................................................. xiii
LISTA DOS GRÁFICOS ............................................................................................................ xiv
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................. 16
1.1 Introdução............................................................................................................................ 16
1.2 Justificativa.......................................................................................................................... 17
1.3 Problematização .................................................................................................................. 17
1.4 Pergunta de Pesquisa ........................................................................................................... 19
1.5 Objectivos do Trabalho ....................................................................................................... 19
1.5.1 Geral ....................................................................................................................... 19
1.5.2 Objectivos Específicos ............................................................................................ 20
1.6 Hipótese............................................................................................................................... 20
1.7 Delimitação do Estudo ........................................................................................................ 20
1.8 Limitações do Estudo .......................................................................................................... 21
1.9 Estrutura do Trabalho .......................................................................................................... 21
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA ...................................................................... 22
2.1 Introdução............................................................................................................................ 22
2.2 Definição do tijolo ecológico .............................................................................................. 22
2.3 Composição do tijolo ecológico .......................................................................................... 22
2.3.2 Cimento Portland .......................................................................................................... 23
2.3.3 Água.............................................................................................................................. 23
2.4 Características do tijolo ecológico ...................................................................................... 23
2.4.1 Características físicas ................................................................................................... 23
2.4.2 Características Mecânicas............................................................................................. 24
2.5 Vantagens e Desvantagem do Tijolo Ecológico ................................................................. 24
2.5.1 Vantagens do Tijolo Ecológico .................................................................................... 24
2.5.2 Desvantagens do Tijolo Ecológico ............................................................................... 25
2.6 Tipos de Tijolos Ecológicos ................................................................................................ 26
2.7 Processo de Produção do Tijolo Ecológico ......................................................................... 26
2.8.1 Definição de Resíduos Sólidos ..................................................................................... 27

ix
2.8.2 Classificação dos Resíduos Sólidos.............................................................................. 27
2.8.3 Causas da Geração dos Resíduos da Classe A ............................................................. 28
2.8.5 Reutilização dos Resíduos da Classe A ........................................................................ 29
2.9 RCD..................................................................................................................................... 30
2.9.1 Definição ...................................................................................................................... 30
2.9.3 Classificação dos RCD para Reciclagem como Agregados ......................................... 31
2.10 Agregados Reciclados ....................................................................................................... 31
2.10.2 Uso de Agregado Reciclado em Tijolos Ecológicos ................................................. 32
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 33
3.1 Introdução............................................................................................................................ 33
3.2 Materiais e instrumentos ..................................................................................................... 33
3.2.1 Cimento ........................................................................................................................ 33
3.2.2 Cal Hidratada ................................................................................................................ 33
3.2.3 Água.............................................................................................................................. 34
3.2.4 RCD – Resíduos da Construção e Demolição .............................................................. 34
3.2.5 Instrumentos que auxiliaram na produção dos tijolos................................................. 35
3.3 Método de produção dos tijolos .......................................................................................... 35
3.4 Traço usado na produção dos tijolos ................................................................................... 38
3.5 Testes laboratoriais ............................................................................................................. 38
3.5.1 Teste de compressão .................................................................................................... 38
CAPÍTULO 4 – DISCUÇÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 40
4.1 Introdução............................................................................................................................ 40
4.2 Alteração da massa dos tijolos ........................................................................................... 40
4.3 Ensaio de Resistência à Compressão Simples do Tijolo. .................................................. 41
CAPÍTULO 6 – RECOMENDAÇÕES ........................................................................................ 43
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................... 44

x
LISTA DE ABREVIATURAS

ABCP – Associação Brasileiras de Cimento Portland

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANE – Administração Nacional de Estradas

NBR – Normas Brasileiras

RCD – Resíduos de Construção e Demolição

xi
LISTA DAS FIGURAS

Figura 1: Resíduos de obra dispostos no passeio no prédio azul. ................................................. 18


Figura 2: Acumulo de entulho no canteiro de obra....................................................................... 18
Figura 3: Resíduos da fábrica de chapas IBR dispostos no passeio no bairro centro hípico. ....... 19
Figura 4: Composição do tijolo ecológico .................................................................................... 23
Figura 6: Cimento Portland. .......................................................................................................... 33
Figura 7: Cal hidratada.................................................................................................................. 33
Figura 8: Trituração, Ensaio de granulometria e peneiramento dos resíduos. .............................. 34
Figura 9 : Instrumentos que auxiliaram na produção do tijolo ecológico..................................... 35
Figura 10: Trituração e peneiração dos resíduos. ......................................................................... 35
Figura 11 : Mistura dos componentes. .......................................................................................... 36
Figura 12 : Teste de consistência da massa. ................................................................................. 36
Figura 13 : Prensagem dos tijolos. ................................................................................................ 37
Figura 14 : Tijolos após a prensagem. .......................................................................................... 37
Figura 15 : Maquina para ensaio de compressão .......................................................................... 39

xii
LISTA DAS TABELAS
Tabela 1:Tipos de Tijolo ecológico .............................................................................................. 26
Tabela 2: Traço usado na produção do tijolo ................................................................................ 38

xiii
LISTA DOS GRÁFICOS

Gráfico 1: Gráfico de Variação da massa dos tijolos. ................................................................... 40


Gráfico 2: Gráfico de Variação da Resistência dos tijolos. .......................................................... 41

xiv
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 Introdução

O desenvolvimento sustentável tem sido discutido em todos os seguimentos da sociedade, onde a


busca por materiais e produtos com estratégias de produção que visem a diminuição de impactos
gerados ao meio ambiente e a diminuição da utilização de recursos naturais tem sido cada vez
maior. Neste contexto faz-se necessário que o setor da construção civil adquira novos conceitos e
soluções técnicas que visem a sustentabilidade neste campo.

Hoje, uma das questões mais preocupadas é a proteção do meio ambiente. É impossível falar em
proteger o meio ambiente sem falar em reciclagem. Esta é uma solução cada vez mais usada pela
indústria da construção para gerenciar resíduos devido às suas vantagens, como a redução de
aterros sanitários, proteção dos recursos naturais, pois os materiais gerados pela reciclagem
passam a substituir outros materiais previamente obtidos por meio dos recursos naturais,
garantindo assim a proteção e a cooperação com o meio ambiente segundo Zordan et al. (2004).

Nesse caso, os tijolos ecológicos serão uma das alternativas efetivas, de acordo com as diretrizes
de desenvolvimento sustentável, pois requerem baixo consumo de energia na extração de
matérias-primas, não requerem processo de combustão no processo de produção e reduzem as
necessidades de transporte, pois eles sao produzido no próprio canteiro de obras (Grande, 2003).

Além dessas vantagens, também nos esforçaremos para reduzir o custo de remover esses
materiais do canteiro de obras e reutilizá-los antes mesmo de serem descartados em locais
inadequados, prejudicando a qualidade ambiental. No entanto, este estudo tenta contribuir para
que o lixo deixae de ser ilegalmente depositado em locais inapropriados e passa a ser considerado
uma matéria-prima alternativa com potencial para substituir o agregado fino na produção de
tijolos ecológicos.

16
1.2 Justificativa

Segundo Paiva (2010), o emprego dos resíduos de construção civil para produção de tijolo
ecológico tem sido uma alternativa viável tanto ecológico, como economicamente, para
construção civil tomando em consideração que a economia existe quando consegue-se diminuir
os custos dos materiais empregues na construção de uma obra, sem comprometer a segurança e
a estabilidade da mesma.

No entanto, deve-se tomar cuidado ao substituir materiais tradicionais por materiais reciclados.
É importante entender o material para controlar suas propriedades. A reciclagem não apenas
adiciona novos materiais ao mercado, mas também traz mais benefícios, pois sendo mais baratos
que os convencionais podem viabilizar projetos de interesse social.

Olhando para o nosso país, os tijolos ecológicos traria muitos benefícios. Por exemplo, o
surgimento de fábricas de reciclagem traria oportunidades de emprego. Isso deve ser levado em
consideração. Portanto, casas e edifícios mais baratos permitirão que muitas classes
desfavorecidas (muitas famílias moçambicanas) com baixo poder aquisitivo possuam uma casa
própria.

Este trabalho pode ser usado como referência para pesquisas futuras e também pode promover
soluções sustentáveis e economicamente viáveis para os resíduos, a fim de minimizar o impacto
no meio ambiente e alcançar a reutilização dos recursos naturais, reduzindo seu consumo e
benefícios financeiros, pois ele fornece o objetivo econômico de materiais descartados
anteriormente.

1.3 Problematização

A construção civil é um grande consumidor de matérias-primas e um grande produtor de resíduos


sólidos. De acordo com a revista de Produção e Gestão de Resíduos de Moçambique Publicado
em Fevereiro de 2018, a quantidade de resíduos de construção e demolição é o dobro a de
resíduos sólidos urbanos.

17
Em Moçambique, nos centros urbanos onde há maior concentração e volume de construções, a
falta de gestão dos resíduos nas obras é visível, e faz com que aumente cada vez mais o
desperdício de materiais devido à falta de técnicas de reaproveitamento dos resíduos.

De acordo com os dados de SJOSTROM (1996), a indústria da construção atual é o maior setor
de consumo de recursos naturais. A figura abaixo mostra o acúmulo e despejo irregular de
resíduos de construção e demolição na Cidade de Chimoio.

Figura 1: Resíduos de obra dispostos no passeio no prédio azul.

Fonte: Autor 2019

Figura 2: Acumulo de entulho no canteiro de obra.

Fonte: Autor 2019

18
Figura 3: Resíduos da fábrica de chapas IBR dispostos no passeio no bairro centro hípico.

Fonte: Autor 2019

O acúmulo de entulho é um dos problemas mais comuns nos canteiros de obras. Poucos
construtores tentam propor o conceito de reciclagem e redução de desperdícios durante as
atividades nos canteiros de obras. Em vista disso, propõe-se uma pesquisa com o objetivo de
contribuir para que os entulho não seja um material desperdiçado e visto como matéria-prima
alternativa com potencial de substituir o agregado miúdo natural sem comprometer a segurança
e a estabilidade.

1.4 Pergunta de Pesquisa


Como podemos minimizar o desperdício de materiais nos canteiros de obras e o despejo
irregular dos resíduos provenientes da construção e demolição?

1.5 Objectivos do Trabalho


1.5.1 Geral
O presente trabalho tem como objetivo geral:

 Analisar o desempenho da resistência a compressão do tijolo produzido a partir de


resíduos Classe A, triturados da construção e demolição, como substitutos ao agregado
miúdo natural.

19
1.5.2 Objectivos Específicos
 Recolher e selecionar os resíduos;
 Analisar a granulometria e peneirar os resíduos;
 Produzir o tijolo incorporando as proporções de 66% e 75% de RCD;
 Analisar as propriedades mecânicas do tijolo por meio do ensaio de resistência a
compressão;

1.6 Hipótese

A utilização de agregados reciclados como substitutos da argila na produção de tijolo ecológico


pode ser uma das formas mais eficazes e sustentáveis na construção e na contribuição para a uma
reciclagem efetiva dos materiais descartados, e por via disso proporcionar uma maior
sustentabilidade na indústria de construção civil.

1.7 Delimitação do Estudo

1.7.1 Temporal

Este estudo foi realizado em junho de 2019 a junho de 2020.

1.7.2 Espacial

O estudo foi realizado na Cidade de Chimoio, Província de Manica e foi delimitado nas seguintes
zonas:

 Recolha de Resíduos - Fábrica de Chapas IBR situado no bairro Centro Hípico na Cidade
de Chimoio, Província de Manica.
 Produção dos Tijolos - Os tijolos foram produzidos no bairro 25 de junho no Estaleiro de
AB Construções na Cidade de Chimoio, Província de Manica.
 Ensaios laboratoriais - Os ensaios foram realizados no laboratório da ANE
(Administração Nacional de Estradas) na Cidade de Chimoio, Província de Manica.

20
1.8 Limitações do Estudo
Durante a pesquisa, as seguintes limitações foram descobertas:
 Dificuldade de coletar resíduos suficientes para produzir os tijolos;
 Dificuldade para encontrar trituradores de resíduos;
 Dificuldade para encontrar trabalhos científicos publicados em Moçambique.

Para solucionar essas dificuldades, a produção de tijolos foi reduzida, o resíduo foi triturado
utilizando métodos, e devido à falta de trabalhos científicos publicados em Moçambique, foram
utilizados trabalhos científicos concluídos no Brasil.

1.9 Estrutura do Trabalho

A presente pesquisa esta composta por 5 capítulos. O Primeiro capítulo é a introdução, onde
contém a introdução do tema a sua justificativa, os objectivos, as hipóteses, as delimitações do
estudo, limitações do estudo e a estrutura do trabalho.

O Segundo capítulo contém a revisão bibliográfica, onde serão apresentadas os diferentes


conceitos semelhantes a este, desenvolvidos por outros pesquisadores.

O Terceiro c capítulo são abordados os materiais, os métodos utilizados na pesquisa, as fases que
compõem a pesquisa experimental e os procedimentos dos testes laboratoriais.

O Quarto capítulo encontramos as análises e interpretações dos resultados obtidos nos testes
laboratoriais.

O Quinto capítulo encontramos as conclusões e recomendações para os futuros trabalhos.

E o último capítulo que e referente a revisão bibliográfica.

21
CAPÍTULO 2 – REVISÃO DA BIBLIOGRAFIA

2.1 Introdução
Este capítulo apresenta a literatura e pesquisas semelhantes desenvolvidas por outros
pesquisadores, bem como os conceitos básicos relacionados à pesquisa, que são utilizados como
manual de referência, trabalhos acadêmicos referenciados e meios eletrônicos: sites, artigos da
"Internet".

2.2 Definição do tijolo ecológico

Os tijolos ecológicos são uma mistura homogênea de solo, cimento Portland e água em
proporções apropriadas e compactados com a umidade ideal. Este é um material durável
produzido pela hidratação do cimento Mieli (2009, citado em 2015 filhotes).

2.3 Composição do tijolo ecológico

A composição do tijolo ecológico vem de uma mistura próxima de solo, um aglomerante


hidráulico artificial chamado cimento Portland, que deve sempre ser usado em uma quantidade
menor que a quantidade de solo e, finalmente, uma pequena quantidade de água é adicionada
para alcançar a homogeneização completa. De acordo com os requisitos definidos pelas normas
regulamentares.

2.3.1 Solo

Nos últimos anos, o solo é o material mais direta ou indiretamente usado em edifícios civis, que pode
substituir ou reduzir vários materiais e reduzir custos (Souza, 2006).

Segundo Pinto (2015), o uso de terras não desenvolvidas na construção civil não é apenas porque o valor
que representa é inferior ao valor de mercado das pessoas de baixa renda, mas também para reduzir o
impacto da construção e levar em conta o processo de fabricação solo.

22
2.3.2 Cimento Portland

Segundo Souza et al. (2008), o cimento Portland composto de pozolana (CP II Z-32), apresenta
propriedades aceitáveis para a fabricação do solo-cimento, além da facilidade de obtenção do
material devido ao alto índice de utilização no mercado da construção, correspondendo a cerca
de 75% da produção industrial.

2.3.3 Água

A NBR 8491 (ABNT, 2012, p. 2), "Instrui que a água utilizada deve estar isenta de impurezas
nocivas à hidratação do cimento". Em geral, a água utilizada na produção de tijolos solo-cimento
deve ser potável para evitar danos ao processo de hidratação do cimento e, portanto, destina -se
a evitar certas patologias. A figura abaixo ilustra a composição do tijolo ecológico.

Figura 4: Composição do tijolo ecológico

Fonte: MIELI, 2009

2.4 Características do tijolo ecológico


2.4.1 Características físicas
2.4.1.1 Massa específica

Segundo Pinto (2000), gravidade específica é a relação entre massa e volume, usualmente
expressa nas seguintes unidades: toneladas / metro cúbico, quilogramas / dm³ e g / cm³. Ainda
segundo ele, na prática, é mais conveniente usar a gravidade específica para relacionar o peso
ao volume no projeto de engenharia, geralmente expresso em kN / m³.

23
Ao usar o solo como material de construção, a determinação da gravidade específica ou da
gravidade específica se torna muito importante porque essas características afetam outras
características importantes do produto final.

2.4.2 Características Mecânicas


2.4.2.1 Resistência à Compressão

A resistência à compressão é uma das principais propriedades da resistência da parede, e essa


resistência depende do material do componente. (PARSEKIAN; SOARES 2010).

Segundo Segantini, Wada (2011), a adição de resíduos aos materiais utilizados para a fabricação
de blocos de cimento no solo aumenta sua resistência à compressão, pois essas substâncias atuam
como estabilizadores físicos, tornando-os cada vez mais arenosos.

Ainda de acordo com a pesquisa de Segantini, Wada (2011), a NBR 10 836 (1994) acredita que
a resistência média de vários tijolos ecológicos com resíduos ou mesmo teor de cimento de
apenas 4% excede 2,0Mpa.

De acordo com a NBR 8492/1984, o valor médio da resistência à compressão de tijolos sólidos
de cimento no solo não deve ser menor que 2,0 Mpa e o valor único não deve ser menor que 1,7
Mpa. Esses são os limites indicados pela norma em 28 dias.

2.5 Vantagens e Desvantagem do Tijolo Ecológico


2.5.1 Vantagens do Tijolo Ecológico

Algumas vantagens do tijolo ecológico para a construção civil, segundo Dos Santos et al. (2009):

 Elimina o uso da madeira, pois as vigas e pilares são feitos dentro do próprio tijolo;
 Caso optar por utilizar o reboco, necessita menos cimento do que na forma convencional,
pois a camada necessária é finíssima;
 O tijolo apresenta furos no seu interior, onde são formadas câmaras-de-ar, oferecendo
isolamento acústico;
 Também apresenta isolamento térmico. Nos dias mais frios a temperatura interna é mantida
mais elevada que o ambiente externo, e no calor proporciona uma sensação de fresco;

24
 Apresenta maior resistência mecânica;
 Maior uniformidade de fabricação;
 Toda a instalação hidráulica e elétrica é feita pelos furos dos tijolos;
 Menor peso;
 Combate a umidade, proporcionado uma evaporação de ar, evitando a formação de ar nas
paredes e no interior da construção, não causando danos à saúde e a construção.
 O isolamento acústico e térmico mencionado nas vantagens do tijolo ecológico.

Figura 6: Isolamento Acústico e Térmico


Fonte: http://www.tijologico.com/vantagens.html (2016).

2.5.2 Desvantagens do Tijolo Ecológico


Segundo Kleindienst (2016) o tijolo ecológico tem como desvantagem:

 As especificações hidráulicas e elétricas devem ser muito bem planeada. Essa atenção
evitará possíveis mudanças durante a execução da obra, falhas ou localização errada de
interruptores, evitando quebras e reparos futuros;
 No caso de paredes com o tijolo exposto, caso seja necessário fazer algum conserto, é muito
difícil não ficar evidente que foi feito o reparo. E é necessário encontrar tijolos com
tonalidade semelhante para repor os danificados, o que não é tão simples assim;
 Precisa de mão-de-obra especializada;
 Por ser um tijolo muito poroso, uma vez manchado, manchado para sempre;
 Baixa resistência a impactos, em áreas como quinas e cantos;

25
2.6 Tipos de Tijolos Ecológicos
Segundo Pisani (2005) uma variedade de tijolos ecológicos foram selecionados.

Tabela 1:Tipos de Tijolo ecológico


Fonte: PISANI, 2005

2.7 Processo de Produção do Tijolo Ecológico

Segundo CARNEIRO (2001), o processo de produção de tijolos ecológicos prensados


corresponde às seguintes etapas:

 Preparação do solo: incluindo a remoção e filtragem do solo seco;


 Preparação da mistura: adicione cimento ao solo preparado e faça a mistura com
materiais secos. Após a homogeneização, adicione água e misture o material novamente
até que a umidade do solo seja uniforme. Em projetos maiores, o cimento do solo pode
ser produzido em usinas de energia ou usinas de mistura usando máquinas manuais ou

26
hidráulicas. Em pequenos projetos, a mistura é feita manualmente, porque a mistura em
betoneiras é mais difícil, porque esse material contém muita liga;
 Moldagem dos tijolos: assistida por prensas hidráulicas ou manuais;
 Cura e armazenamento: Após 6 horas de moldagem e nos primeiros 7 dias, o tijolo deve
ser mantido húmido por umectação contínua.

2.8 Resíduos Sólidos

2.8.1 Definição de Resíduos Sólidos

De acordo com o Decreto nº 94/2014 de 1º de dezembro, artigo 1 do Capítulo 1 do Regulamento


de Gestão de Resíduos, esta lei define o resíduo sólido como sendo uma substância ou objeto
que foi descartado, que se destina a ser descartado ou é obrigatório elimina-lo por lei. Também
é conhecido como lixo.

Os resíduos sólidos são materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) produzidos pelas
atividades humanas e podem ser utilizados em parte, gerando assim proteção à saúde pública e
economia de recursos naturais de outras formas (SOUZA, 2011).

Para LIMA (2004), resíduos sólidos são definidos como "atividades humanas e materiais
heterogêneos que ocorrem naturalmente, que podem ser usados em parte para gerar proteção à
saúde pública e à economia dos recursos naturais".

2.8.2 Classificação dos Resíduos Sólidos

De acordo com o CONAMA 307/2002, os resíduos sólidos devem ser classificados da seguinte forma:

I - Classe A: Resíduos recicláveis ou recicláveis, como agregados, por exemplo: •

 Construção, demolição, reforma e manutenção de pavimentação e outras obras de


infraestrutura, incluindo solo gerado por terraplenagem;
 Construção, demolição, reforma e reparo de edifícios: componentes cerâmicos (tijolos,
blocos, ladrilhos, lajes, etc.) argamassa e concreto;
 Processo de fabricação e / ou demolição de peças pré-moldadas de concreto (blocos,
tubos, lancis, etc.) produzidas no canteiro de obras;

27
II - Classe B: Resíduos recicláveis usados para outros fins, como:

 Plásticos;
 Papel/papelão;
 Metais;
 Vidros;
 Madeiras e outros;

III - Classe C: Resíduos que ainda não foram desenvolvidos para serem uma tecnologia
economicamente viável ou aplicável para reciclagem, como por exemplo o gesso.

IV - Classe D: são resíduos perigosos gerados durante a construção, como:

 Tintas;
 Solventes;
 Óleos e outros, ou aqueles contaminados oriundos de demolições, reformas e reparos de
clínicas radiológicas, instalações industriais e outros;

2.8.3 Causas da Geração dos Resíduos da Classe A

Segundo LEITE (2001), as causas dos resíduos da classe são variadas, mas pode-se destacar:

 Qualidade insuficiente de bens e serviços pode levar à perda de materiais, fazendo


com que o trabalho pareça entulho;
 O processo caótico de urbanização levou à transformação e modificação de edifícios,
resultando em mais resíduos;
 Maior poder de compra da população e instalações econômicas que promovem o
desenvolvimento de novas construções e reformas;
 Estrutura de concreto mal projetada reduzirá sua vida útil e exigirá manutenção
corretiva, resultando em muito desperdício;
 Desastres naturais como avalanches, terremotos e tsunamis;
 Desastres causados pelo homem, como guerra e bombardeio.

28
2.8.4 Redução dos Resíduos da Classe A

De acordo com a pesquisa de Gonçalves (2007), são propostos alguns métodos para reduzir o
desperdício de Classe A, por exemplo:

 Alterar as matérias-primas utilizadas na produção do produto;

 Modificações em processos industriais;

 Combate ao desperdício;

 Reduzir o uso de itens e materiais descartáveis;

 Mudar hábitos populacionais;

2.8.5 Reutilização dos Resíduos da Classe A

A reutilização inclui a reutilização de um material que se beneficiou da formação de novos


produtos com diferentes propriedades físicas e químicas e características do material original,
pois sua degradação ocorre em todos os processos (MANSOR et al., 2010)

Segundo BUMENSCHEIN (2007) durante a implementação do processo de execução de projeto,


a fase de demolição é possível utilizar técnicas apropriadas, e proceder o desmonte dos materiais
de modo a selecionar as peças intactas para reutilizar em outros edifícios (2007).

Segundo (COUTO NETO, 2007), os resíduos de construção foram reutilizados desde o Império
Romano e a Grécia antiga. Foi relatado que os resíduos de tijolos, tijolos e utensílios de cerâmica
são usados como agregado graúdo em concreto de fundação.

Segundo pesquisa de LUCHEZI (2012), os resíduos de construção civil têm um alto potencial
de reutilização, mas a proporção de reciclagem é muito pequena, exceto na Holanda, Bélgica e
Holanda, a maioria dos países europeus aloca mais de 70% dos resíduos de classe A em aterros
sanitários. Cemitério. A taxa de reutilização na Dinamarca é de cerca de 80%.

Segundo FragMaq (2014), a reutilização e reciclagem de Resíduos da Classe A como matéria-


prima trouxe vários benefícios econômicos e ambientais, pois essa abordagem minimiza a

29
extração de recursos naturais, e as reservas de recursos naturais são principalmente escassas,
exceto Além disso, essa abordagem pode reduzir a grande quantidade de poluição do ar causada
pelo processamento e transporte (de extração).

2.9 RCD
2.9.1 Definição

São chamados RCD todos os resíduos provenientes de construções, reformas, reparos e demolições
de obras de construção civil, e os resultantes da preparação e da escavação de terrenos.

Segundo Resolução 307/CONAMA são eles: tijolos, blocos cerâmicos, concreto em geral, solos,
rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras e compensados, forros, argamassa, gesso, telhas,
pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica, etc.

2.9.2 Origem dos RCD

Com relação ao processo de construção, fica claro que esses resíduos são eventualmente gerados devido a
vários ciclos de construção, por exemplo (AGOPYAN et al., 1998):

 Processo de construção;
 Processo de manutenção e renovação;
 Estágio de demolição do edifício;

De acordo com a fase de construção da obra, são mencionadas algumas perdas devido ao processo de
construção, e pode-se determinar nesta fase que a maioria das perdas é atribuída às etapas seguintes,
como argamassa de revestimento e concreto (AGOPYAN et al., 1998).

John (2000) citou outro método que causou perdas e resíduos em edifícios civis e afirmou que, no caso
de corrigir atividades patológicas no final da vida útil da estrutura, a perda por manutenção é óbvia. As
reformas e atividades que buscam mudanças visam, portanto, modernizar o edifício, neste caso a
demolição do empreendimento é inevitável.

Na fase de demolição de edifícios, o desperdício vem de um problema de estimativa de longo prazo,


portanto, como a vida útil de uma empresa pode depender de muitos fatores, como o processo, a redução
de materiais durante esse processo se torna um pouco difícil de prever forças químicas, físicas ou

30
mecânicas. Mas, em certo sentido, esse estágio é inesperado, porque estudos que avaliam a durabilidade
de edifícios raramente são estudados (AGOPYAN et al., 1998).

2.9.3 Classificação dos RCD para Reciclagem como Agregados


Segundo MULLER (2004), os resíduos são divididos em 3 categorias diferentes:
• Resíduos de tijolos: consiste em tijolos pré-selecionados a partir de resíduos de telhado
ou alvenaria, e suas propriedades podem ser de cimento ou cerâmica;
• Resíduos com alto teor de tijolos: consistem em 80% da massa de tijolos e o restante
de argamassa de assentamento e revestimento, provenientes da demolição e de alvenaria;
• Resíduos de alvenaria mista: compostos de alvenaria, argamassa, tinta, concreto leve,
tijolos de areia de cal etc., provenientes de alvenaria demolida;

2.10 Agregados Reciclados

Segundo a resolução n° 307 do CONAMA do artigo 2° define agregados como sendo um material
granular proveniente do beneficiamento de resíduos de construção que possuem características
técnicas que podem ser utilizadas em edifícios, infraestrutura, aterros sanitários ou outros trabalhos
de engenharia.

Deve-se sempre salientar quando se faz a aplicação de materiais, de acordo com a sua composição
específica, uma vez que em casos de materiais com porosidade elevada proveniente de argamassa,
concretos estruturais e cerâmicas vermelhas podem apresentar propriedades mecânicas
consideradas menores, afetando de maneira significante a resistência dos agregados e podendo ser
bastante percolados pela água devido a sua absorção (AGOPYAN et al., 1998).

Os resultados obtidos por PINTO (1993 e 1992) mostram que o desempenho dos materiais
reciclados é semelhante aos materiais convencionais e, em alguns casos, é ainda melhor do que
o utilizado na argamassa. Segundo o autor, existem alguns resultados positivos que justificam o
investimento em reciclagem em vários países

31
O mesmo autor apontou que os agregados reciclados têm todas as condições para a habitação
social, porque vinculam baixo custo ao desempenho adequado e podem ser utilizados em
edifícios ou em infraestrutura de entorno.

Desde 1983, PINTO (1993) vem verificando a viabilidade técnica e econômica da reciclagem de
resíduos de construção. Estes resíduos são utilizados como agregados graúdos e agregados finos
em concreto não estrutural, em argamassa e na fabricação pré-moldadas: blocos de concreto de
vedação e briquetes para tráfego leve, argamassa de revestimento e assentamento, camada
inferior da pavimentação, agregados para pré moldados de guia, sarjeta, tubos de concreto, placas
e como agregados ensacados para contenção de talude e canalização de córregos. Além disso, de
acordo com o tamanho de partícula apropriado e a remoção de materiais inconvenientes (como
madeira, plástico, papel, pneus, metal etc.), os entulhos podem ser usados em aterros sanitários.

2.10.2 Uso de Agregado Reciclado em Tijolos Ecológicos

Segundo Souza et al. (2008), estudaram o comportamento do tijolo ecológico, adicionaram 60%
de resíduos de concretos ao invés de solo e concluíram que a adição de resíduos, tem uma enorme
vantagem em termos de reutilização, reduzindo o consumo de recursos naturais. Todos os custos
produzidos por cimento que não excedem 6% estão em conformidade com as normas brasileiras
adotadas.

O uso do agregado reciclado em tijolos de solo estabilizado com cimento é também uma das
soluções em que o entulho é aproveitado pelo próprio setor que o produz e contribui tanto para
minimizar impactos ambientais como para reduzir o custo da alvenaria. Contudo, para utilização
como matéria-prima em substituição à tradicional, deve os resíduos apresentar desempenho
compatível com a sua aplicação.

32
CAPÍTULO 3 – MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Introdução
Para atingir o objetivo deste estudo, a mesma foi desenvolvida com base em uma metodologia
quantitativa experimental, onde foi possível colectar os RCD espalhados nas ruas para realizar
o experimento.

3.2 Materiais e instrumentos


Para este experimento, foram utilizados os seguintes materiais e instrumentos:

3.2.1 Cimento
Utilizou-se o cimento Portland composto de pozolana (CP II Z-32). Segundo Souza et al. (2008)
as suas especificações técnicas atendem aos requisitos de Resistência e durabilidade requeridos
para produção de tijolo ecológico.

Figura 5: Cimento Portland.


Fonte: Autor 2019
3.2.2 Cal Hidratada
Foi utilizada cal da marca CALIM com a finalidade de melhorar a trabalhabilidade da mistura.

Figura 6: Cal hidratada.


Fonte: Autor 2019
33
3.2.3 Água

Foi utilizada água potável fornecida pela empresa de abastecimento de água chamada FIPAG.
De acordo com a NBR 8491/2012, a água utilizada na produção de tijolo ecológico deve ser água
potável para evitar danos ao processo de hidratação do cimento e evitar certas patologias.

3.2.4 RCD – Resíduos da Construção e Demolição

Foi utilizada restos de argamassa e tijolos provenientes de demolição de paredes, que foram
obtidos na fábrica de chapas IBR, localizada no bairro centro hípico, e depois triturados e
peneirados manualmente no laboratório da ANE (Administração Nacional de Estradas)
utilizando o peneiro 0,60 mm de modo que a sua aparência visual seja semelhante à argila, como
mostra a Figura 8.

(a) (b) (c) (d) (e)


Figura 7: Trituração, Ensaio de granulometria e peneiramento dos resíduos.

Fonte: Autor 2019


a) Processo de trituração dos resíduos.
b) Resíduos após a trituração.
c) Ensaio de granulometria dos resíduos.
d) Peneiramento dos resíduos usando o peneiro 0.60mm.
e) Resíduos após o peneiramento com aparência similar à uma argila.

34
3.2.5 Instrumentos que auxiliaram na produção dos tijolos
Os instrumentos auxiliares que levaram ao experimento são os seguintes:

a) b) c)
Figura 8 : Instrumentos que auxiliaram na produção do tijolo ecológico.
Fonte: Autor 2019

a) Foi utilizado um balde de 5 litros para medir a quantidade dos componentes.


b) Uma pá para fazer a mistura dos componentes.
c) Máquina de prensagem manual, usada para fazer tijolos maciços com encaixe com a
capacidade de um tijolo a cada prensagem.

3.3 Método de produção dos tijolos

O processo de produção foi composto por 5 etapas que são:

1ª Etapa: A primeira etapa do processo de produção é triturar e peneirar os resíduos para garantir
que seu tamanho seja inferior a 0,60 mm.

Figura 9: Trituração e peneiração dos resíduos.


Fonte: Autor 2019

35
2ª Etapa: Após a primeira etapa, o cimento e cal são adicionados ao resíduo (como o resíduo
não possui nenhum material ligante, os dois ligantes foram adicionados), e o material seco é
homogeneizado com uma pá até que a mistura obtenha uma cor uniforme.

Figura 10 : Mistura dos componentes.


Fonte: Autor 2019

3ª Etapa: A água é adicionada na forma de um chuveiro até a umidade desejada ser obtida e em
em seguida fez-se a verificação da umidade da mistura atravez do teste do bolo. O teste consiste
em encher a mão com a mistura já úmida e pressionar a mistura com muita força na palma da mão.
Quando a mão é aberta, o bolo formado deve mostrar claramente as marcas dos dedos, e o bolo
não deve ser quebrado quando dividido em duas partes.

Figura 11 : Teste de consistência da massa.


Fonte: Autor 2019

36
4ª Etapa: A mistura foi transferida para uma prensa manual com um molde de 33x18x17 cm de
tamanho e depois comprimida.

Figura 12 : Prensagem dos tijolos.

Fonte: Autor 2019

5ª Etapa: Após a prensagem, os tijolos foram corretamente separados e identificados por


diferentes percentagens de RCD, e curados dentro de 28 dias humedecidos constantemente em
forma de chuveiro, de acordo com as recomendações da norma (ABNT NBR 6136, 2014).

Figura 13 : Tijolos após a prensagem.

Fonte: Autor

37
3.4 Traço usado na produção dos tijolos
Na produção dos tijolos, foi utilizado um balde de 5 litros para medir a dosagem da mistura.
Com a ajuda do balde, foram feitas as seguintes proporções, que serão listadas na Tabela 3.

Tijolo Quantidade Quantidade Quantidade


de de de
Cimento Cal RCD

T1(1:1:4) 1 1 4
T2(1:1:6) 1 1 6
Tabela 2: Traço usado na produção do tijolo
Fonte: Autor

3.5 Testes laboratoriais

Após a cura, os tijolos foram levados ao laboratório da ANE para realização de testes de
compressão.

3.5.1 Teste de compressão

Seguindo as recomendações da NBR 8492/1984, os tijolos foram submetidos aos ensaios de


resistência a compressão após 28 dias. Para a realização dos ensaios de resistência a compressão
foi utilizada uma prensa hidráulica de marca CONTROLS MILANO-Itália, com capacidade de
1500KN.

38
Figura 14 : Maquina para ensaio de compressão

Fonte: Autor

39
CAPÍTULO 4 – DISCUÇÃO DOS RESULTADOS

4.1 Introdução
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos nos testes realizados no laboratório da
Ane (Administração Nacional de Estradas).

4.2 Alteração da massa dos tijolos


Antes do teste de compressão, os tijolos foram imersos em água por 24 horas, depois removidos
da água e colocados durante 15 minutos a secar, em seguida pesados em uma balança onde foi
possível observar as alterações na massa dos tijolos, e então removidos e esmagados sob pressão.
A figura abaixo mostra o gráfico da variação na massa do tijolo.

Gráfico 1 : Variação da massa dos tijolos.

Fonte: Autor (Dados Primários, 2019)

Segundo os dados primários podemos dizer que com 66% de RCD o T1 teve uma variação de
1.19kg e T2 com 75% de RCD teve 0.77kg.

40
4.3 Ensaio de Resistência à Compressão Simples do Tijolo.

O teste de compressão simples é baseado na NBR 8492/1984, utilizando placas de metal e


materiais de amortecimento para a base da amostra.
A carga de ruptura é aplicada por uma máquina devidamente calibrada especificamente para este
teste, e a carga é aplicada uniformemente e elevada até que a primeira ruptura visível ocorra na
superfície da amostra.

De acordo com a NBR 8492/1984, o valor médio da resistência à compressão de tijolos maciços
de solo-cimento não deve ser menor que 2,0 Mpa e 1,7 Mpa para valores individuais. Esses são
os limites indicados pela norma em 28 dias.
Através do ensaio realizados, foram obtidos os seguintes resultados, que serão mostrados na
grafico abaixo.
Resistência à Compressão Simples do Tijolo

Gráfico 2 : Resistência dos tijolos.

Fonte: Autor (Dados Primários, 2019)

Os resultados do teste mostram que o valor simples da resistência à compressão de T1 do


primeiro componente testados é de 2,2 Mpa, e o valor simples da resistência à compressão de
T2 é de 2,4 Mpa, conforme mostrado no gráfico 2.

41
CAPÍTULO 5 – CONCLUSÃO

De acordo com a introdução preliminar do trabalho, o objetivo é analisar o desempenho dos tijolos
ecológicos gerados pelos resíduos de construção e demolição e tirar as seguintes conclusões:

• Em relação ao teste de compressão, os materiais analisados atendem às especificações


recomendadas na norma na proporção de 66% de RCD, 17% de cimento e 17 de cal para
T1 e 75% de RCD, 12.5% de cimento e 12.5% de cal para T2. No entanto, é possível
observar que o tijolo obterá um valor de resistência à compressão de 2,2 MPa para T1 e 2,4
MPa para T2.
• Verificação das premissas acima mencionadas de que o uso de resíduos de construção e
demolição esmagados pertencentes aos resíduos de Classe A para substituir agregados
finos está em conformidade com os requisitos regulamentares e fornece condições
ecológicas para a construção e o descarte de resíduos sólidos.

42
CAPÍTULO 6 – RECOMENDAÇÕES

Como sugestão para novas pesquisas sobre a produção de tijolos ecológica, recomenda-se que:
 Sugere-se o uso de resíduos da classe B em comparação com a resistência dos resíduos
da classe A;
 Sugere-se uso de diferentes moldes para verificar se a forma dos moldes afeta a
resistência à compressão;
 Sugere-se que repita-se o teste usando uma proporção maior dos RCD para reduzir a
percentagem de cimento e cal.
 Sejam realizadas pesquisas adicionais dessa natureza para promover a reutilização de
resíduos, pois, se usados adequadamente, trarão benefícios ambientais e recursos
financeiros;

43
BIBLIOGRAFIA
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland. Dosagem das misturas de solo-
cimento – normas de dosagem. São Paulo: ABCP, Estudo Técnico ET-35, 1986. 51p.
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland. Fabricação de tijolos e blocos de solo-
cimento com utilização de prensas manuais. São Paulo: ABCP, Boletim Técnico BT111, 1985, 5p.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 8491: Tijolo maciço de solo-
cimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1984d. 4p.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 13554: Tijolo de solo-


cimento: Ensaio de durabilidade por molhagem e secagem. Rio de Janeiro, 1996.

BRING. Useofebt. Uso do tijolo ecológico para trazer economia na Construção Civil.
MIELI, Priscilla Henriques. Avaliação do Tijolo Modular de Solo-Cimento como Material na
Construção Civil. Projeto de Conclusão de Curso – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola
Politécnica, Departamento de Engenharia de Materiais, Curso de Engenharia de Materiais
(DEMM/POLI/UFRJ, Engenharia de Materiais, 2009). 48p.

______ NBR 8491: Tijolo de solo-cimento: Requisitos. Rio de Janeiro, 2012.

______ NBR 8492: Tijolo de solo-cimento: Análise dimensional, determinação da resistência à


compressão e da absorção de água: Método de ensaio. Rio de Janeiro, 2012.
______NBR 15.116: Agregados Reciclados de Resíduos Sólidos da Construção Civil – Utilização
em Pavimentação e Preparo de Concreto sem Função Estrutural - Requisitos. Rio de Janeiro,
2004e. 12p.
PINTO, T. P. Evolução das pesquisas de laboratório sobre solo-cimento. São Paulo: ABCP,
1980. 22p.
PINTO, T. P. Metodologia para a gestão diferenciada de resíduos sólidos da construção
urbana. São Paulo: USP, 1999. 189p. Tese Doutorado.
SEGANTINI, A. A.; WADA, H. P. Estudo de dosagem de tijolos de solo-cimento com
adição de resíduos de construção e demolição. Acta Scientarium Technology. Maringá, v. 33, n.2,
p. 179-183, 2011.
SOUZA, M. I. B. Análise da adição de resíduos de concreto em tijolos prensados de solo-
cimento. Ilha Solteira: UNESP, 2006. 121p. Dissertação Mestrado.

44
SOUZA, M. I. B. et al. Tijolos prensados de solo-cimento confeccionados com resíduos de
concreto. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. Campina Grande, Vol. 12 – n°
2, 2008, 205-212 p.
A PRODUCAO E A GESTAO DE RESIDUOS EM MOCAMBIQUE, fevereiro 2018.
Maputo

45
ANEXOS

Anexo I – Resultados de Ensaio de Compressão dos Tijolos usando 66% e 75% de RCD.

46
Anexo II – Resultados de Ensaio de Granulometria.

47
48
49

Você também pode gostar