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UNIVERSIDADE DO NAMIBE

FACULDADE DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS

Proposta de tratamento para os Resíduos Sólidos (orgânicos) no Supermercado


Shoprite do município de Moçâmedes

Fernando Mahina Filipe


UNIVERSIDADE DO NAMIBE
FACULDADE DE ENGENHARIAS E TECNOLOGIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA METALÚRGICA E DE MATERIAIS

Proposta de tratamento para os Resíduos Sólidos (orgânicos) na empresa Shoprite do


município de Moçâmedes

Fernando Mahina Filipe

Trabalho de Fim de Curso elaborado para a obtenção


do grau de Licenciado em Engenharia Metalúrgica e de
Materiais, no Departamento de Engenharia Metalúrgica
e de Materiais, sob a orientação da Professora Mestre,
Lorelis Milian Luperón.

Junho/2022
UNIVERSIDADE DO NAMIBE

Unidade Orgânica: Faculdade de Engenharias e Tecnologias.


Departamento de: Engenharia Metalúrgica e de Materiais.

Trabalho de Fim de Curso apresentado à Faculdade de


Engenharias e Tecnologias da Universidade do
Namibe, como parte dos requisitos para aquisição do
grau de Licenciada em Engenharia Metalúrgica e de
Materiais.

Proposta de tratamento para os Resíduos Sólidos (orgânicos) na empresa Shoprite do


município de Moçâmedes

Apresentado por

Fernando Mahina Filipe

N.º de Estudante: 2017119379

N.º de Registo do Trabalho: ______

Orientado por

_____________________________
Lorelis Milián Luperón, M.Sc.

Moçâmedes

2022
Dedico este trabalho ao meu Deus, pela sua graça, bondade e imenso amor de ter me
proporcionado a oportunidade de estar concluindo o curso de Engenharia Metalúrgica e de
Matérias e por sua constante presença em todos os momentos da minha vida.

i
AGRADECIMENTOS

Como nada na vida é fruto de trabalho solitário, este trabalho, sem dúvidas, resulta do
contributo de várias pessoas na qual quero expressar a minha imensa gratidão e carinho a
todos aqueles que acompanharam-me nestes anos de descobertas e aprendizado:
Sou grato a minha orientadora, Professora Mestre, Lorelis Milian Luperón, por sua
dedicação, empenho e disponibilidade com que direccionou e acompanhou este trabalho,
assim como pelos comentários e sugestões.

À minha família, por todo o apoio e carinho e por estarem sempre presentes quando foi
necessário.

Ào gerente do Supermercado Shoprite Namibe, todos funcionários e especialmente ao


Supervisor de operações, pela disponibilidade prestada na empresa e na facilitação de
informações.

De modo especial, quero agradecer a minha futura esposa pelo apoio incondicional, alento,
paciência e motivação imprescindível para a efectivação deste trabalho.

Ao meu primo Florindo Kassica e sua esposa, aos meus amigos: Isau Venâncio, Cátia
Mulele, Bento Guimarães e Irmão José, por nunca sentir falta do vosso apoio.

Ao meu companheiro de curso Miguel Osvaldo Domingos, que desde o ensino médio me
tem prestado apoio sem reservas.

Aos meus irmãos da Comunidade Ziklag, pelas suas orações, apoio incondicional e força
que me deram.

Agradeço também a todos os professores da Faculdade de Engenharia e Tecnologia, em


especial a minha turma de Engenharia Metalurgica e de Materias, sem eles essa caminhada
teria sido muito mais difícil e menos proveitosa. Enfim, a todos que direta ou indiretamente
fizeram parte da minha formação, o meu muito obrigado.

ii
“A vida é feita de momentos de desertos para atravessar uma noite vem, um luar também
minha luz esta sempre me guiar”
José Luís Muankoyapi

iii
RESUMO

O consumo humano vem crescendo cada vez mais e, com ele o descarte de produtos,
gerando impactos ao meio ambiente e à sociedade. São milhares de toneladas de resíduos
gerados diariamente, e as empresas que se dispõem a realizar a gestão desses resíduos,
muitas vezes não optam por um gerenciamento com enfoque sustentável. Nesse sentido,
este trabalho tem como objectivo propor alternativas de tratamento para os Resíduos
Sólidos Orgânicos gerados no Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes. Ao
analisar a geração por tipo de resíduo, nota-se que resíduo orgânico, plástico e papelão
representam, nesta ordem, os principais resíduos gerados no supermercado, ou seja, os
resíduos são predominantemente não perigosos de Classe II-A (não-inertes). Destes, os
resíduos orgânicos apresentam uma geração muito maior do que todos os outros resíduos
juntos, representando o 80% de toda geração. Com o fim de aproveitar o potencial de
valorização dos resíduos orgânicos foi proposta a implantação de caixas de compostagem
no supermercado. Esta alternativa de tratamento, contribuiria na diminuição do volume e
peso dos resíduos que se levam aos aterros, á revitalização do solo, reduz o risco de pragas
e o uso de abonos químicos, além dos benefícios ao meio ambiente, poderia beneficiar o
mercado, com a redução de custos de transporte e possibilidade de utilizar ou vender o
composto obtido. Também este composto poderia ser doado para ONGs, para plantação de
árvores, aumentando o engajamento socioambiental da rede.

Palavras-chaves: Resíduos Sólidos Orgânicos, Supermercados, Gestão, Compostagem

iv
SUMMARY

Keywords:

v
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Esquema simplificado cadeia alimentar..................................................................5

Figura 2: Sistemática para avaliação dos aspectos ambientais em processos produtivos.....14

Figura 3: Código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva....................23

Figura 4: Estratégia de gestão de resíduos............................................................................24

Figura 5: Supermercado Shoprite da cidade de Moçâmedes................................................25

Figura 6: Percentual de resíduos gerados por tipo de resíduo...............................................27

Figura 7: Caixa de compostagem..........................................................................................31

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Volume de resíduos gerados por mês (kg)............................................................26

vi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABRAS: Associação Brasileira de Supermercados

ABRELPE: Associação Brasileira De Empresas De Limpeza Pública E Resíduos Especiais

CEIC-UCA: Centro de Estudo e Investigação Cientifica, Universidade Católica de Angola

CO2: Dióxido de Carbono

CONAMA: Conselho Nacional De Meio Ambiente

FADE: Fundação Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco

FNSB: Fundação Nacional de Saúde do Brasil

MMA: Ministério Do Meio Ambiente

NBR: Norma Brasileira de Resíduos

ONGs: Organizações não-governamentais

PNRS: Política Nacional de Resíduos Sólidos

RS: Resíduos Sólidos

vii
ÍNDICE

DEDICATÓRIA......................................................................................................................i

AGRADECIMENTOS...........................................................................................................ii

PENSAMENTO....................................................................................................................iii

RESUMO...............................................................................................................................iv

SUMMARY............................................................................................................................v

LISTA DE FIGURAS............................................................................................................vi

LISTA DE TABELAS...........................................................................................................vi

LISTA DE ABREVIATURAS, E SIGLAS.........................................................................vii

INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

CAPITULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................5

1.1. Resíduos Sólidos.........................................................................................................5

1.1.1. Classificação de Resíduos Sólidos........................................................................7

1.1.2. Impactos dos resíduos sólidos no ambiente e na saúde........................................9

1.2. Resíduos Sólidos em Supermercados........................................................................11

1.3. Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos...........................................................12

1.4. Tratamentos e Valorização dos Resíduos Sólidos.....................................................15

1.4.1. Reciclagem..........................................................................................................15

1.4.2. Compostagem......................................................................................................16

1.4.3. Incineração..........................................................................................................17

1.4.4. Aterro Sanitário...................................................................................................18

1.5. Residuos Sólidos Orgânicos e a sua destinação final................................................19

CAPÍTULO II. METODOLOGIA E MÉTODOS................................................................21


viii
2.1. Levantamento de dados.............................................................................................21

2.2. Análise dos locais de acondicionamento e armazenamento......................................22

2.3. Caracterização dos resíduos......................................................................................22

2.4. Identificação dos pontos de melhoria e acompanhamento........................................23

2.5. Caracterização da área de estudo...............................................................................24

CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................26

3.1. Caracterização dos Resíduos......................................................................................26

3.2. Características do Supermercado...............................................................................27

3.3. Disposição final dos Resíduos Sólidos produzidos....................................................28

3.4. Resíduos Orgânicos....................................................................................................29

3.5. Proposta para Compostagem no Supermercado.........................................................30

CONCLUÇÕES....................................................................................................................33

SUGESTÕES........................................................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................35

ANEXOS..............................................................................................................................42

ix
INTRODUÇÃO

Durante séculos os recursos naturais eram vistos como fonte de matérias primas para suprir
as necessidades das atividades econômicas. O consumo é uma atividade de suma
importância para a sobrevivência do ser humano, porém, devido à Revolução Industrial e o
desenvolvimento tecnológico, muitos produtos ficaram mais acessíveis. Dessa maneira, a
demanda de vários produtos se tornou alta, gerando uma produção intensa e
consequentemente uma grande produção de resíduos, degradação e utilização incorreta dos
recursos naturais.

Atualmente, é crescente a preocupação da sociedade com questões relacionadas ao meio


ambiente, como exemplo, a forma como os recursos naturais estão sendo utilizados. A
geração desenfreada de resíduos, e a sua destinação final ambientalmente inadequada,
geram diversos problemas tanto na esfera social quanto econômica e ambiental, tornando a
gestão e o gerenciamento dos resíduos sólidos um dos grandes desafios do século XXI.
(Lustosa, 2016)

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto)


foi instituída em 2012 em conformidade com o disposto no nº 1 do artigo 11; da Lei nº 5/98
de 19 de junho (Lei de Base do Ambiente de Angola), com a finalidade de suprir as
demandas e lacunas acerca da Gestão de Resíduos no país. Mais, as práticas de não geração
e de valorização dos resíduos pelos diversos setores da sociedade ainda não são percebidas
de forma articulada, tampouco consolidada em território nacional.

No Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de Agosto define-se Resíduos como sendo:

``Todas as substâncias ou objectos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou


obrigação legal de se desfazer, que contêm características de risco por serem
inflamáveis, explosivas, corrosivas, tóxicas, infecciosas ou radioactivas ou por
apresentarem qualquer outra característica que constitua perigo para a vida ou saúde
das pessoas e para o ambiente. (Decreto Presidencial nº. 190, 2012, p. 5)´´

Devido a sua importância socioeconómica, supermercados e hipermercados são


considerados grandes geradores de resíduos sólidos em toda sua cadeia produtiva, desde a
chegada do produto no centro de distribuição até o descarte feito pelo consumidor final. O
1
varejo no contexto da cadeia de suprimento se apresenta como um forte elo de ligação entre
os agentes da cadeia e o consumidor final, seja por determinar práticas comerciais entre as
organizações, seja por conduzir certas práticas de consumo junto ao consumidor final
(Teixeira & Castro, 2021).

O crescente desenvolvimento do varejo supermercadista nas cidades fez com que os


gestores buscassem aplicar acções socioambientais em seus negócios, como forma de
minimizar o impacto ambiental que o comércio proporciona ao ambiente e a sociedade
(Nascimento, 2018). Portanto é notável a importância de se adotar medidas que promovem
a gestão integrada e sustentável do estabelecimento comercial.

Diante desse cenário, cabe aos supermercados assumir a responsabilidade de gerenciar os


resíduos gerados de acordo com o que propõe o Decreto Presidencial nº 190/12, de 24 de
Agosto, assumindo assim uma perspectiva ambiental mais sustentável no seu dia-a-dia,
com o intuito de não gerar, reduzir, reutilizar, reciclar, tratar os resíduos sólidos e dar uma
disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos.

O estudo realizado por Teixeira e Castro (2021), no supermercado Empório Pompéia,


localizado em Goiânia-GO, determinaram que este gera resíduos Classe I e II em todos os
setores do empreendimento, entre eles estão resíduos de plástico, papelão, orgânico,
alumínio, vidro, isopor, resíduo não reciclável, óleo de cozinha, pilhas, baterias e lâmpadas
fluorescentes.

Muitos desses resíduos ainda possuem valor comercial, outros ainda possuem propriedades
que os permitem ser doados (reaproveitados) e outros impróprios para consumos devem ser
destinados a tratamentos como compostagem, e reciclagem. E os resíduos que apresentam
danos ao meio natural, como os resíduos perigosos, devem ser encaminhados para a
logística reversa (Silva, 2019).

Dessa forma, a cada dia é mais frequente adotar padrões sustentáveis de produção e
consumo, possibilitando que, através de um gerenciamento efetivo dos resíduos sólidos,
haja a uma diminuição significativa dos impactos ao meio ambiente e à saúde.

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Problema de investigação

Quais são os tratamentos que recebem os Resíduos Sólidos orgânicos gerados no


Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes para diminuir a contaminação ambiental?

Objectivo geral

Propor alternativas de tratamento para os Resíduos Sólidos orgânicos gerados no


Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes.

Objectivos específicos

1. Descrever os fundamentos teóricos relacionados com a gestão dos Resíduos Sólidos


gerados nos supermercados.

2. Caracterizar os resíduos sólidos gerados no Supermercado Shoprite na cidade de


Moçâmedes.

3. Propor alternativas que permitam o tratamento dos Resíduos Sólidos orgânicos gerados
nas actividades do Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes.

Objeto de estudo

Resíduos Sólidos Orgânicos

Campo de acção

Tecnologias de tratamento dos Resíduos Sólidos Orgânicos

Hipótese

A análise das práticas adotadas pelo Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes para
o gerenciamento dos Resíduos Sólidos (orgânicos) gerados nas suas actividades, permitirá a
proposta de alternativas baseadas nas tecnologias disponíveis para seu tratamento.

Justificativa

As atividades industriais produzem um alto volume de resíduos orgânicos e inorgânicos.


Um dos grandes problemas enfrentados é o fato de que estes acabam sendo misturados
onde são gerados, dificultando uma destinação adequada aos materiais (Sisinno, 2002).
Outro fator prejudicial é que os novos produtos descartados na natureza ultrapassam a
3
capacidade de assimilação e controle de seus riscos por parte dos agentes naturais (Ferreira,
1995). Dessa forma, o gerenciamento de resíduos é uma ferramenta de grande relevância
para a diminuição dos problemas ambientais causados pelo descarte incorreto dos resíduos.

Segundo Morais et. al. (2015), para o atendimento da legislação, é necessário que as
indústrias possuam um adequado gerenciamento de seus resíduos. A Política Nacional de
Resíduos Sólidos, atribui a responsabilidade compartilhada entre poder público, fabricantes,
distribuidores e consumidores sobre o ciclo de vida dos produtos, consequentemente, os
resíduos gerados e sua gestão, de acordo com a classificação e volume (Grimberg, 2016).

Neste cenário, as empresas vêm sendo incentivadas a procurar práticas eficazes que gerem
menores impactos ao meio ambiente à um custo compatível. Um dos motivos é o
enrijecimento da legislação ambiental com consequente alto custo em relação ao não
cumprimento desta legislação. Outro fator está atrelado às preferências dos consumidores,
que estão dispostos a pagar por produtos e serviços que, além de possuírem boa qualidade,
também apresentem um ciclo que não cause degradação ao meio ambiente (Macedo, 2000).
Dessa forma, a cada dia é mais frequente adotar padrões sustentáveis de produção e
consumo, possibilitando que, através de um gerenciamento efetivo dos resíduos sólidos,
haja a uma diminuição significativa dos impactos ao meio ambiente e à saúde.

A motivação para a escolha do tema tem base nos estudos sobre os resíduos sólidos
orgânicos e na necessidade da gestão ambiental desses resíduos. Focalizando os
antecedentes nos trabalhos de diferentes autores. Encontram-se muitos trabalhos que tratam
da geração de resíduos recicláveis mais triviais como papel, plástico e papelão e, muitas
vezes, os resíduos orgânicos não são discutidos (Zanin e Mancini, 2015; Caraschi e Leão,
2002). Além disso, uma quantidade escassa de trabalhos dedica-se ao estudo da geração de
resíduos orgânicos em supermercados (Braga e Rizzo, 2010; Campos e Lima, 2014).

Ainda foi necessário fazer um estudo preliminar para caracterizar os resíduos sólidos
orgânicos gerados no Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes com o fim de
propor processos alternativos de tratamento, que contribuam á sustentabilidade da cidade e
do meio ambiente.

4
CAPITULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

1.1. Resíduos Sólidos

Substituiu-se o termo “lixo” por "resíduos sólidos", pois entende-se o primeiro como algo
inútil, descartável, sem nenhum valor. Com o tempo, passou-se a enxergá-los como
causadores de diversos problemas ambientais. Dessa forma, encara-se os “resíduos sólidos”
como uma oportunidade de reaproveitamento no seu processo, agregando valor econômico
(Demajorovic, 1995).

Na natureza não existe o conceito de “resíduo”, pois em seus ciclos os decompositores têm
a função de transformar o que é descartado por outro elemento do sistema, mantendo o
equilíbrio natural (Figura 1). Dessa forma, o resíduo como um impacto negativo para a
natureza tem origem antrópica, onde o meio não é capaz de absorvê-lo naturalmente
(Bidone, 2001).

Figura 1: Esquema simplificado cadeia alimentar

Fonte: Adaptação (Bidone, 2001).

De acordo com Bidone (2001) resíduo pode ser definido por diferentes pontos de vista. Do
ponto de vista econômico e, mais comum, resíduo é uma matéria sem valor, ou seja, os
valores de uso ou troca desta matéria são nulos ou negativos para o seu proprietário. Assim,
a falta de valor de uso atrelada a sua ocupação no espaço faz com que estes sejam
desprezados e descartados.

O Ministério do Meio Ambiente indica que o resíduo pode ser seco ou úmido, podendo ter
materiais recicláveis como papel, vidro, lata e plástico, contendo uma parcela de materiais

5
que sua reciclagem não são economicamente viáveis e precisam de uma forma adequada
para o descarte final, também temos os resíduos orgânicos que podem ser considerados
como sobras de alimentos, cascas de frutas e vegetais que podem ser utilizados para
compostagem.

Resíduos sólidos são materiais heterogéneos (inertes, minerais e orgânicos) resultantes das
actividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando
entre outros aspectos, protecção à saúde pública e a economia de recursos naturais. De
modo geral, os resíduos são compostos de restos de alimentos, papel, plástico, metal,
trapos, podas, madeira, entre outros. Segundo a Fundação Nacional de Saúde do Brasil
(FNSB), esses resíduos quando manuseados e dispostos de forma inadequada no meio
ambiente podem ocasionar problemas sanitários e deteriorar a paisagem, desperdiçando
oportunidades de obtenção de renda.

A crescente e diversificada geração de resíduos sólidos (RS) no meio urbano e a


necessidade de sua deposição final, está entre os mais sérios problemas ambientais,
defrontados tanto por países centrais como pelas sociedades em desenvolvimento na
actualidade.

Os resíduos sólidos urbanos tem sido motivo de preocupação ambiental na actualidade, pois
vários de seus problemas estão ligados ao aumento na geração, variedade de materiais
descartados e a dificuldade em encontrar áreas para sua deposição adequada. O aumento do
consumo pela população nos grandes centros urbanos levou ao agravamento do manejo
incorreto dos resíduos sólidos onde tem sido ocasionado problemas de âmbito social,
ambiental, económico e administrativo, os quais estão passando pela grande dificuldade de
implementar uma disposição adequada dos resíduos, conforme cita Leme (2014).

O atendimento à demanda da sociedade moderna, em sua expectativa relativa ao consumo,


é responsável por diversas alterações no meio ambiente. O resultado desse processo
observa-se através de mudanças climáticas, da poluição atmosférica e do aumento da
concentração de resíduos sólidos, líquidos e gasosos. A acumulação de bens imposta pelo
próprio modo de produção exige a aquisição cada vez maior de produtos de consumo, com
intervalo entre a troca por novos bens, cada vez menor. Esse mecanismo econômico,
6
potencialmente agressivo ao meio natural, garante a auto reprodução e continuidade dos
sistemas econômicos vigentes, encurtando o tempo de vida dos produtos, possibilitando e
facilitando sua compra e acesso (Queiroz, 2010).

A progressiva degradação do meio natural, oriunda do uso excessivo dos bens e serviços
ambientais, afeta significativamente, a qualidade de vida. Colocando substancialmente as
presentes e futuras gerações em risco exigindo, por parte do poder público, a tutela dos
recursos naturais (Amado, 2012).

Segundo o plano de saneamento básico da cidade de Votorantim (Votorantim, 2011), se


expandirmos nossos olhares e tivemos uma visão ampla do que o resíduo pode oferecer,
poderemos enxergar que o lixo não é apenas algo para ser descartado e não ter mais
utilidade, mas também que ele é composto de inúmeros materiais, que precisam ser
pesquisados, analisados, classificados e assim reaproveitados da melhor maneira.

1.1.1. Classificação de Resíduos Sólidos

De acordo com a orientação do Decreto Presidencial n.º 190/12 de 24 de Agosto de Angola,


os resíduos sólidos podem ser classificados quanto a origem e/ou periculosidade.

Resíduos Classe I – Perigosos: “aqueles que apresentam periculosidade ou características


como inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade”. Pode-se
citar como tintas, solventes, lâmpadas fluorescentes, pilhas como alguns exemplos para este
tipo de resíduo.

Resíduos classe II – Não perigosos: estes resíduos podem ser divididos em duas outras
classes:

 Resíduos classe II A – Não inertes: “são aqueles resíduos que não são enquadrados
nem como resíduos perigosos (Classe I) e nem como resíduos inertes (Classe II B),
podendo apresentar propriedades como biodegradabilidade, combustibilidade ou
solubilidade em água”. Pode-se citar como exemplos: matérias orgânicas, papéis,
plásticos, vidros, lodos, entre outros.
 Resíduos classe II B – Inertes: “são resíduos que se amostrados de forma
representativa através da NBR 10.007 (Estabelece o procedimento para obtenção de

7
extrato solubilizado de resíduos sólidos) e submetidos a um contato dinâmico e
estático com água destilada ou desionizada, á temperatura ambiente, de acordo com
a NBR 10.006 (Estabelece o procedimento para obtenção de extrato solubilizado de
resíduos sólidos), não tiverem nenhum de seus constituintes solubilizados a
concentrações superiores aos padrões de potabilidade de água, excetuando-se o
aspecto cor, turbidez, dureza e sabor”. Como exemplos citam-se: entulhos, materiais
e construção e tijolos. Apesar de os resíduos de construção civil serem considerados
como resíduos inertes (Classe II B), possuem resoluções específicas, Resolução
CONAMA n.º 307/2002 (Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a
gestão dos resíduos da construção civil), possuindo a seguinte classificação:

Classe A: “resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados. São aqueles provenientes


de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação ou edificações como
também daqueles provenientes da fabricação ou demolição de peças pré-moldadas em
concreto”. Ex: resíduos de alvenaria, resíduos de concreto, resíduos de peças cerâmicas,
pedras, restos de argamassa, solo escavado, entre outros.

Classe B: “são os resíduos recicláveis para outras destinações”. Ex: plásticos (embalagens,
PVC de instalações), papéis e papelões (embalagens de argamassa, embalagens em geral,
documentos), metais (perfis metálicos, tubos de ferro galvanizado, marmitex de alumínio,
aço, esquadrias de alumínio, grades de ferro e resíduos de ferro em geral, fios de cobre,
latas), madeiras (forma) e vidro”.

Classe C: “são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou


aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação”. Ex:
Gesso, estopas, isopor, lixas, mantas asfálticas, massas de vidro, sacos de cimento e tubos
de poliuretano.

Classe D: “são os resíduos perigosos oriundos do processo de construção ou demolições”.


Ex: tintas, solventes, óleos, resíduos de clínicas radiológicas, latas e sobras de aditivos e
desmoldantes, telhas e outros materiais de amianto, tintas e sobras de material de pintura.

8
1.1.2. Impactos dos resíduos sólidos no ambiente e na saúde

Os resíduos sólidos causam inúmeros impactos não só ao meio ambiente como também a
vida dos seres humanos, segundo Júnior e Freire (2013), o impacto ambiental é qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente causada por
qualquer forma de matéria ou de energia resultante das actividades humanas que, directa ou
indirectamente afetem a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as actividades
sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a
qualidade dos recursos naturais.

Os efeitos adversos dos resíduos sólidos ao meio ambiente e à saúde coletiva e individual
são reconhecidos por muitos autores que apontam a deficiência na recolha, gestão,
deposição final e a ausência de uma política de proteção à saúde pública, como os
principais factores geradores desses efeitos. Os padrões actuais de consumo atentam que o
sucesso de qualquer ação que visa á preservação ambiental com meta ao desenvolvimento
equilibrado, passa antes de qualquer intervenção tecnológica, por uma conscientização da
sociedade que possa proporcionar mudanças na postura individual e no relacionamento
homem e natureza (Pereira & Maia, 2012).

A inadequada remoção e recolha desses resíduos, sua destinação e seu tratamento final
podem causar um grande impacto ao meio ambiente. O processo físico-químico de
decomposição dos resíduos orgânicos, se não controlado de forma correcta, irá produzir
chorume, em sua maioria rica em metais pesados, chumbo, níquel, cádmio, dentre outros,
que contaminam os veios hídricos e cursos de água quando infiltrados no solo. A
decomposição anaeróbica das fracções orgânicas do lixo lança, no ar, compostos poluentes
e gases de amônia, enxofre, gás carbônico, dentre outros (Soares, Salgueiro & Gazineu,
2007).

Em termos teóricos os resíduos por si só não se movem, isto faz com que sejam vistos onde
foram depositados e o seu grau de impacte varia muito de acordo com o tipo de resíduo
depositado. Os RS têm componentes orgânicas e inorgânicas e, quando não são inertes
sofrem ao longo do tempo processos de natureza bioquímica, física e microbiológica (Vaz,
2017).

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Os resíduos sólidos quando são depositados em espaços abertos e sem qualquer processo de
tratamento causam contaminação dos solos que se pode agravar por escoamento das águas
das chuvas ao arrastarem a excessiva carga orgânica. Estas podem contaminar aquíferos
com elementos patogénicos afetando negativamente a vida aquática constituindo assim um
problema de poluição do solo e aquíferos (Cruz, 2005).

Os resíduos sólidos são também o ambiente perfeito para a proliferação de doenças.


Quando depositados no solo sem nenhum tratamento, o RS atrai para si dois grandes grupos
de seres vivos: os macrovectores e os microvectores. Fazem parte do grupo dos
macrovectores as moscas, baratas, ratos, porcos, cachorros, urubus. O grupo dos
microvectores como as bactérias, os fungos e vírus são considerados de grande importância
epidemiológica por serem patogênicos e, consequentemente, nocivos ao homem (Junior &
Freire, 2013). Estes vectores são causadores de diarreias infecciosas, amebíase, febre
tifóide, malária, febre-amarela, cólera, tifo, leptospirose, males respiratórios, infeções e
alergias, encontrando nos resíduos sólidos um dos grandes responsáveis pela sua
disseminação.

A transmissão de doenças por meio dos resíduos sólidos se dá tanto por via direta como,
por via indireta. A transmissão direta: ocorre por meio de microorganismos tais como
bactérias, vírus, protozoários e vermes. Esses microorganismos patogênicos quando
presentes nos resíduos sólidos sobrevivem por algum tempo, podendo transmitir doenças
àqueles que manuseiam os resíduos sólidos. A transmissão indireta: essa forma de
transmissão pode alcançar uma quantidade maior de pessoas, pois pode se dar pela
contaminação do ar, da água e do solo por vectores de doenças como insectos (Fundação
Nacional de Saúde do Brasil, 2013).

Alguns estudos têm indicado que áreas próximas a aterros ou lixeiras apresentam níveis
elevados de compostos orgânicos e metais pesados, e que populações residentes nas
proximidades desses locais apresentam níveis elevados desses compostos no sangue.
Assim, constituem potenciais fontes de exposição para as populações, potenciando o
aumento de diversos tipos de câncer, anomalias congénitas, baixo peso ao nascerem,
abortos e mortes neonatais em populações frequentadoras ou vizinhas desses locais. Em

10
Angola os resíduos são depositados em lixeiras e queimados produzindo quantidades
variadas de substâncias tóxicas, como gases, partículas de metais pesados, compostos
orgânicos, dioxinas e furanos emitidos na atmosfera (CEIC-UCA, 2012).

As decisões que envolvem a gestão de resíduos sólidos deviam ter em conta os problemas
de saúde pública além das questões políticas, económicas, sociais e ambientais. Dessa
forma seria possível caminhar para um desenvolvimento mais saudável, numa perspectiva
socialmente justa e ambientalmente sustentável.

1.2. Resíduos Sólidos em Supermercados

Varejo é definido como atividades relacionadas a venda de bens ou serviços para consumo
de uso pessoal (Ceretta et al, 2012). Supermercados trabalham com vários tipos de
produtos, gerando um grande volume de resíduo a ser descartado. Porém, a lei 13.478/2002
define que os grandes geradores são obrigados a realizar procedimentos e efetuar a coleta,
transporte, tratamento e destinação final dos resíduos gerados, obrigando o supermercado
colocar em prática o plano de gerenciamento de resíduos sólidos.

O artigo 139 da lei, define grandes geradores como:

“I – os proprietários, possuidores ou titulares de estabelecimentos públicos,


institucionais, de prestação de serviços, comerciais e industriais, entre outros,
geradores de resíduos sólidos caracterizados como resíduos da Classe 2, pela
NBR 10.004, da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em
volume superior a 200 (duzentos) litros diários”.

‘II – os proprietários, possuidores ou titulares de estabelecimentos públicos,


institucionais, de prestação de serviços, comerciais e industriais, entre outros,

geradores de resíduos sólidos de entulhos, terra e materiais de construção, com


massa superior a 50 (cinquenta) quilogramas diários’.

O relatório de sustentabilidade de 2016 da rede estudada apontou que uma área de vendas
de aproximadamente 1.643.005 m², gera por volta de 47.900 toneladas de resíduos não
perigosos e 16.842 toneladas de resíduos de clientes. Dessa forma, a rede se enquadra no

11
item I, levando em consideração que a empresa poderá ser auditada e se torna passível de
multas, uma vez que tenha conhecimento das exigências da lei.

De acordo com o Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor (2016), a lei de


manuseio mínimo é rigorosamente obedecida na Europa e nos Estados Unidos. Já no Brasil,
a cultura da fartura e a facilidade de não necessitar uma alta frequência de reposição dos
produtos das prateleiras fazem com que muitos alimentos fiquem expostos, aumentando o
volume de produtos danificados ou estragados e, consequentemente, a necessidade de
descarta-los.

Além disso, muitos alimentos perdem seu valor comercial e são descartados devido a
consumidores não conscientizados que abrem embalagens e deixam os produtos abertos na
prateleira. Segundo estudo realizado pelo Departamento de Economia e Pesquisa da
ABRAS (Associação Brasileira de Supermercados), o controle de perdas nas áreas de
produtos perecíveis são as mais complexas para o controle as perdas, necessitando um
maior acompanhamento do supermercadista. A pesquisa mostrou que a seção de frutas,
legumes e verduras lidera o ranking de perdas, com índice 6,09% em 2016. Em seguida
vem a padaria/confeitaria, com 4,7%, rotisseria, com 3,99%, peixaria, com 3,26% e carnes,
com 3,07% (ABRAS, 2017).

O conjunto de ações descrito, não adequados ambientalmente, geram toneladas de resíduos


nos supermercados. A disposição destes resíduos exige um planejamento adequado. Cada
resíduo tem seus problemas específicos e a tecnologia mais adequada de tratamento.

1.3. Gestão e Gerenciamento de Resíduos Sólidos

Utilizando novamente a comparação com os sistemas naturais, segundo Bidone (2001), nos
sistemas antrópicos, as principais ações ocorrem através dos produtores e consumidores,
não garantindo a assimilação dos resíduos por decompositores. É possível reduzir os
impactos causados pela interação dos resíduos com o meio, criando um ambiente
controlado, como, por exemplo, através de um aterro ou incinerador. Assim, para maior
equilíbrio nessa cadeia, é necessário buscar soluções que contribuam com a decomposição,
como, por exemplo, reciclagem, reaproveitamento ou uma destinação sustentável.

12
Pode-se considerar Gestão de Resíduos Sólidos e Gerenciamento de Resíduos sólidos dois
conceitos diferentes, de acordo com Schalch et. al. (2002). O termo “gestão de resíduos
sólidos” refere-se aos processos que envolvem tomada de decisões estratégicas, ou seja,
está relacionada com o sistema administrativo, a organização da área para atingir o
objetivo. Já o gerenciamento de resíduos sólidos está relacionado aos aspectos tecnológicos
e operacionais, ou seja, o conjunto de procedimentos para buscar as melhores técnicas,
analisando fatores administrativos, econômicos, ambientais e de desempenho, para
solucionar o problema.

Segundo a Resolução CONAMA Nº 307/2002 no art. 2º inciso V, gerenciamento de


resíduos pode ser definido como:

“Sistema de gestão que visa reduzir, reutilizar ou reciclar resíduos, incluindo


planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos e recursos para desenvolver
e implementar as ações necessárias ao cumprimento das etapas previstas em programas
e planos”.

A norma NBR-ISO 10.004 apresenta as diretrizes gerais para a implantação de um sistema


de gerenciamento ambiental nas indústrias. Através da classificação de resíduos definida na
norma, é possível que o gerador identifique o potencial risco e encontre alternativas viáveis
para a destinação correta de seus resíduos (Faria, 2007).

A Lei nº 12.305 de 2010, artigo 20 da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), alega
que estabelecimentos comerciais ou de prestação de serviços que gerem grande volume de
resíduos, como é o caso dos supermercados, devem elaborar um Plano de Gerenciamento
de Resíduos. Este deve conter informações em relação à geração, coleta, armazenamento,
segregação, transporte, tratamento e disposição final.

É importante que seja feito um estudo, onde sejam considerados os aspectos ambientais em
cada uma das atividades para que seja viável identificar os possíveis impactos ambientais.
Com isso, permite-se decidir onde é necessário aplicar medidas corretivas ou preventivas
(Rodriguez & Kapusta, 2009). A Figura 2 apresenta um fluxograma simples,
exemplificando como pode ser feito este levantamento de aspectos.

13
Figura 2: Sistemática para avaliação dos aspectos ambientais em processos produtivos.

Fonte: Rodriguez & Kapusta, 2009.

De acordo com Morais et. al. (2015), para um efetivo gerenciamento de resíduos, é
necessário conhecer tanto os aspectos qualitativos (tipo e classe do resíduo), quanto os
aspectos quantitativos (volume gerado). Possuindo estas informações, é importante que o
programa siga a seguinte ordem de prioridade: redução da geração; reuso e/ou reciclagem;
tratamento; disposição final.

Adotando como estratégia a redução, a ação ocorre diretamente na fonte da produção do


resíduo, alterando a quantidade. Esta pode ocorrer de duas formas. A primeira possibilidade
(e menos comum) seria não produzir mais o resíduo ou o produto que o gera, mas, isso
provavelmente só ocorra se houver algum conflito com a legislação. A outra alternativa
(mais comum) consiste em utilizar tecnologias mais sustentáveis e otimizar processos
(Bidone, 2001).

Um estudo realizado por Nascimento (2018) em 4 supermercados apontou que a maior


parte dos resíduos recicláveis gerados são: papelão, papel e plástico. A pesquisa mostrou
também, que uma grande parcela se constitui de resíduos orgânicos. As destinações mais
comuns para estes tipos de resíduos são: incineração; aterro; reciclagem e compostagem.

14
1.4. Tratamentos e Valorização dos Resíduos Sólidos

Os tratamentos são aplicados com a finalidade de valorização do resíduo. Esta vai depender
das características do resíduo e a viabilidade técnica e econômica para a aplicação da
tecnologia mais adequada. Segundo Bidone (2001) é importante, também, assegurar a
aceitação do produto resultante da valorização.

1.4.1. Reciclagem

Segundo Almeida (2017), reciclar significa transformar objectos materiais usados em novos
productos para o consumo. Uma necessidade despertada nos seres humanos, a partir do
momento em que se verificarem os benefícios que este comportamento trás para o planeta
Terra. O processo de reciclagem, além de preservar o ambiente também gera riqueza. Os
materiais mais reciclados são o vidro, o alumínio, o papel e o plástico, contribuindo para a
diminuição significativa da poluição do solo, da água e do ar. Muitas indústrias utilizam a
reciclagem como forma de reduzir custos de produção. Outro benefício da reciclagem é a
geração de emprego nas grandes cidades.

A reciclagem representa um procedimento de transformação dos resíduos sólidos,


consistindo na modificação de suas propriedades físicas, químicas e biológicas, com o
objectivo de conversão em insumos ou novos productos. Trata-se de uma actividade de
carácter económico, que precisa ser observada como um dispositivo pertencente ao
conjunto de acções integradas na gestão dos resíduos sólidos, não se convertendo como a
única ou principal “solução” para a questão dos resíduos sólidos, uma vez que nem todos os
materiais têm potencial de reciclagem sob a óptica técnica ou económica (Berticelli,
Pandolfo & Korf, 2017).

A percepção geral mostra que o processo de reciclagem pode reflectir nos seguintes
benefícios: diminuição da exploração de recursos naturais; aproveitamento energético;
contribuição para a redução da poluição do solo, água e ar; melhoria da limpeza das cidades
e qualidade de vida das pessoas; prolongamento da vida útil dos aterros sanitários;
favorecimento da separação dos resíduos; geração de postos de trabalho; oportunidades de

15
novos negócios; motivação da concorrência; estimulação da valorização da limpeza pública
e construção do pensamento ambiental (Barros, 2016).

Um dos primeiros passos para o êxito da reciclagem é a mudança dos nossos hábitos de
consumo, praticando o consumo consciente, evitando o desperdício, pensando nas
embalagens que depois irão para o lixo e dando preferência para as que sejam recicláveis.
Num segundo passo, temos que aprender a separar o material reciclável do não reciclável e
incentivar os amigos, vizinhos e parentes a fazerem o mesmo (Almeida, 2017).

As redes de supermercados geram bastante volume de resíduos e a maioria deles podem ser
reutilizados, abrindo uma vasta gama de oportunidades para reciclagem. Devemos mostrar
que a reciclagem é um processo que vale a pena ser feito e que, além de colaborar com o
meio-ambiente, traz benefícios mesmo que a longo prazo, porém contínuos para qualquer
indústria, reduzindo processos, criando empregabilidade e valorizando resíduos que seriam
apenas descartados. Devemos enfatizar que para isso é necessário fazer a separação correta
desses materiais para que sejam reprocessados de maneira adequada.

1.4.2. Compostagem

Considerando que os resíduos orgânicos representam sozinhos metade dos resíduos sólidos
gerados no país (MMA, 2017), sua valorização pode ser feita de inúmeras maneiras, a
principal delas é a compostagem. Seguindo a resolução do CONAMA Nº 481/2017 que
estabelece critérios e procedimentos para o processo de compostagem, temos sua seguinte
definição:

“III - compostagem: processo de decomposição biológica controlada dos resíduos


orgânicos, efetuado por uma população diversificada de organismos, em condições
aeróbias e termofílicas, resultando em material estabilizado, com propriedades e
características completamente diferentes daqueles que lhe deram origem”.

A compostagem é utilizada desde a história antiga, porém, até recentemente de forma


empírica. Os povos orientais, gregos e romanos já sabiam que os resíduos orgânicos
poderiam contribuir com a fertilidade do solo. Somente a partir de 1920 é que o processo
começou a ser estudado cientificamente e aplicado de forma racional por Alberto Howard.
Hoje esta tecnologia pode ser utilizada em escala industrial, graças aos avanços dos
16
trabalhos científicos que lançaram base para o desenvolvimento da técnica (Berticelli,
Pandolfo & Korf, 2017).

Segundo Santos (2010), além do reaproveitamento da matéria orgânica, a compostagem


apresenta como vantagens a economia de espaço do aterro; a contribuição para reciclagem
de nutrientes no solo e para eliminação de patógenos. Como desvantagens, pode-se citar a
produção de odor e atração de insetos e roedores (Mazzer, 2004).

O processo de decomposição da compostagem é exotérmico, caracterizado pela produção


de CO2, água e liberação de substâncias minerais como resultante do processo, formando o
que se chama de matéria orgânica estável (Lima, 2012). Para a ocorrência de maneira
satisfatória, os parâmetros físicos químicos devem ser adequados à manutenção do
ecossistema microbiológico.

Segundo Russo (2011), a primeira fase do processo tem uma duração entre 25 e 30 dias. A
etapa de humificação, quando realizada em pilhas ou leiras, tem duração entre 30 e 60 dias,
esse período está vinculado a condições como: temperatura, umidade, composição da
matéria orgânica e condições de arejamento. Na compostagem, os microrganismos são
responsáveis, num primeiro momento, por transformações químicas na massa de resíduos,
e, num segundo momento, pela humificação. O composto resultante, o húmus, pode ser
utilizado como fertilizante (tanto para a agricultura quanto para áreas verdes urbanas)
apresentando, portanto, valor económico.

1.4.3. Incineração

A incineração é outra das tecnologias utilizadas para tratamento dos resíduos sólidos, tanto
urbanos como industriais, utilizada em especial nos países nórdicos, devido à necessidade
de diversificação das fontes energéticas para aquecimento, à densidade populacional
elevada e devido à falta de terrenos apropriados para outras soluções. Para o tratamento dos
resíduos hospitalares perigosos para a saúde e certos resíduos industriais perigosos é
porventura um dos métodos mais seguros.

A incineração consiste num processo de oxidação seca a alta temperatura para transformar
os resíduos orgânicos em matéria inorgânica (cinza) que por ser inerte pode ser usada na

17
construção civil. Pode ser utilizada para a geração de energia, vapor e ar refrigerado
(Berticelli, Pandolfo & Korf, 2017).

A incineração é um tratamento no qual é realizada a combustão do resíduo. Possui como


vantagem o fato de que reduz o volume de lixo; neutraliza a ação bacteriana, tornando-o
menos tóxico; além de possibilitar que a energia calorífica proveniente da combustão seja
aproveitada (Faria, 2007). No entanto, esta técnica também apresenta algumas
desvantagens. Em razão da produção de diversos gases durante a queima do resíduo, este
processo necessita de altos investimentos em implementos e filtros para o controle da
poluição atmosférica provocada por esses gases (Santos, 2010).

1.4.4. Aterro Sanitário

O decreto presidencial nº 190/12 de 24 de Agosto de Angola, no seu artigo 3º alínea (c)


define aterro sanitário como sendo instalação de eliminação utilizada para a deposição
controlada de resíduos, esta pode ser acima ou abaixo da superfície do solo.

Segundo a Fundação Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal de Pernambuco


(FADE), são diversos elementos que precisam constar no projecto de um aterro sanitário,
tais como: sistema de impermeabilização de base; sistema de drenagem de águas
superficiais, drenagem de líquidos e gases produzidos na decomposição da massa de
resíduos; sistema de cobertura dos resíduos, unidades de tratamento de lixiviados; e outros.
Essa composição de sistemas e unidades tem por objectivo assegurar a segurança do aterro,
monitorar os efluentes líquidos, diminuir as emissões gasosas e a minimizar os riscos à
saúde das pessoas.

Segundo Russo (2003), as principais vantagens dos aterros sanitários são as seguintes:

 Grande flexibilidade para receber uma gama muito grande de resíduos;

 Fácil operacionalidade;

 Relativo baixo custo, comparativamente a outras soluções;

 Disponibilidade de conhecimento;

 Não conflitante com formas avançadas de valorização dos resíduos;

18
 Devolução a utilização do espaço imobilizado durante a fase de exploração;

 Potencia a recuperação de áreas degradadas;

 Através de processos de bioremediação é possível a reutilização do espaço do aterro


várias vezes, com a produção de composto orgânico resultante da matéria orgânica
degradada no “biorreactor” anaeróbio, após eventual complemento de tratamento
aeróbio, em compostagem com vista à higienização.

Segundo Almeida (2017), os aterros são instalados nas periferias, e encontrar uma área
apta para receber este tipo de infra-estrutura é uma tarefa complexa. Em Angola e em
particular no Município do Moçâmedes apesar de haver muito espaço não significa
necessariamente que qualquer área seja adequada para a implementação de um aterro.

1.5. Residuos Sólidos Orgânicos e a sua destinação final

Segundo a versão preliminar do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2012), em


2008, 51,4% dos resíduos sólidos coletados no Brasil correspondiam aos resíduos sólidos
orgânicos e, dessa porcentagem, apenas 1,6% era encaminhada para compostagem.
Resíduos sólidos orgânicos são restos animais e vegetais que podem ter origem doméstica,
urbana, agrícola, industrial ou de saneamento básico. Os supermercados possuem papel
fundamental na geração dos resíduos orgânicos de uma cidade uma vez que, de acordo com
dados da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS, 2017), o setor de
supermercados é responsável pela compra de 70% de frutas e hortaliças no Brasil, por
exemplo.

A decomposição da matéria orgânica presente nos resíduos orgânicos origina um líquido de


cor escura, que pode conter altas concentrações de contaminantes como cádmio, chumbo e
mercúrio, sólidos suspensos e compostos orgânicos, fatores estes influenciados por
condições pluviométricas, tempo de disposição e características do próprio resíduo (Celere
et al., 2007). Segundo Gouveia (2012), o chorume possui alto potencial poluidor e pode
contaminar solo e águas, se atingir águas superficiais ou percolar para o lençol freático.
Além disso, a decomposição da matéria orgânica pode contribuir para a poluição do ar a
partir da formação de gases tóxicos, asfixiantes e explosivos, como o metano.

19
Deste modo, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estabelecida pela Lei 12.305/2010,
previu, a partir do Art. 36, inciso V “implantar sistema de compostagem para resíduos
sólidos orgânicos e articular com os agentes econômicos e sociais formas de utilização do
composto produzido”.

Contudo, observa-se que mesmo após a publicação da Política Nacional de Resíduos


Sólidos, uma parcela ínfima dos resíduos orgânicos possui tratamento e destinação final
ambientalmente adequados. Segundo dados do ano de 2015, publicados através do
Panorama de Resíduos Sólidos do Brasil produzido pela ABRELPE, 218.874 t/dia de
resíduos sólidos são produzidos no Brasil e, desse total, 198.750 t/dia são destinados a
aterros sanitários, aterros controlados e, ainda, lixões. Ou seja, 20.124 t/dia recebem outros
tipos de destinação não divulgados. No estado do Rio de Janeiro, houve uma geração de
22.213 t/dia, sendo 21.895 t/dia destinados a aterros sanitários, aterros controlados e lixões
e, ao todo, 318 t/dia possuem outras destinações não explicitadas. Ou seja, uma parcela
mínima recebe tratamento com o objetivo de reduzir o volume final de resíduos em aterros,
como a compostagem ou a reciclagem, podendo, ainda, ser destinada de forma totalmente
inadequada, como em corpos hídricos ou lançados nas ruas.

20
CAPÍTULO II. METODOLOGIA E MÉTODOS

A metodologia de pesquisa utilizada no presente trabalho foi baseada no estudo de casos.


Segundo Yin (2001) esta estratégia é bastante válida quando se trata de assuntos
contemporâneos e, também, quando o pesquisador não possui controle sobre as ocorrências
do objeto de estudo. Neste contexto, pode-se considerar a gestão de resíduos sólidos um
assunto contemporâneo, bastante presente na realidade da sociedade atual. Assim, para o
estudo, foi escolhido o Supermercado Shoprite da cidade de Moçâmedes.

A escolha do objeto de estudo foi baseada em dois principais fatores: O primeiro


considerando a disponibilidade de se contatar os responsáveis pela gestão dos resíduos do
supermercado em questão. O segundo motivo foi a facilidade de acesso à unidade para que
o levantamento de dados, visitas técnicas e entrevistas com os funcionários fosse realizado
conforme o previsto.

A presente pesquisa caracteriza-se como sendo do tipo exploratório e descritivo e o enfoque


que foi adoptado para atender a natureza deste fenômeno será qualitativo e quantitativo.
Quanto à natureza do estudo, esta é uma pesquisa aplicada, gerando conhecimento de
aplicação prática para a solução de problemas específicos (Prodanov & Freitas, 2013), para
propor práticas baseadas nas tecnologias disponíveis para o tratamento dos resíduos sólidos
orgânicos gerados nas actividades do Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes.

2.1. Levantamento de dados

O levantamento de dados qualitativo e quantitativo dos resíduos gerados na rede de


supermercados foi realizado através de visitas técnicas e entrevistas com os responsáveis
pela gestão dos resíduos. Dessa forma foram obtidas informações tais como: materiais
descartados, manuseio, armazenamento, volume de resíduos gerados, entre outras.

Foram realizadas visitas ao supermercado com o objetivo de compreender como ocorre a


gestão dos resíduos dentro do supermercado, conhecer como são descartados os resíduos
sólidos, especialmente os resíduos orgânicos e analisar os principais problemas ambientais
e sanitários causados pelo descarte inadequado destes resíduos. Para auxiliar no
acompanhamento do processo de gestão e dar maior direcionamento dos pontos que

21
necessitavam observação, foi elaborado e utilizado um check-list (Anexo 1). Neste foram
adicionados itens como: locais de geração de resíduos dentro do estabelecimento, resíduos
gerados, equipamentos utilizados, entre outros. Dessa forma, foi possível observar os
pontos fortes e os pontos com necessidade de melhorias, visando o maior enfoque
ambiental possível (valorização dos resíduos e diminuição do descarte em aterros).

2.2. Análise dos locais de acondicionamento e armazenamento

A caracterização, armazenamento e acondicionamento dos resíduos trabalham de forma


conjunta, pois para preservação e possível reaproveitamento é necessário que ele esteja apto
a passar no processo de reaproveitamento. Dessa forma, foi levado em consideração as
exigências da NBR 11.174/1990 para o acondicionamento e armazenamento, resolução
CONAMA Nº 275/2001 para a identificação física dos resíduos e NBR 10.004/04 para sua
caracterização.

2.3. Caracterização dos resíduos

Por se tratar de um supermercado onde se recebe os mais diversos tipos de materiais de


todas as indústrias (alimentícia, industrial ou automotiva), a caracterização é um dos passos
prioritários. Para isso, utilizou-se a NBR 10.004/04, possibilitando definir a disposição final
mais adequada para os materiais, pois entende-se que os resíduos gerados podem ser
reaproveitados de acordo com a sua caracterização, sendo: Classe II A-B para
compostagem, reciclagem ou reprocessamento e resíduos de Classe I a destinação final para
aterros.

A fim de facilitar a identificação dos resíduos, através de seu estado físico, cor e odor, foi
seguida a resolução CONAMA nº 275/01 que estabelece os códigos de cores para o
acondicionamento dos mesmos, conforme a Figura 3.

22
Figura 3: Código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva.

Fonte: Resolução CONAMA Nº275/2001

2.4. Identificação dos pontos de melhoria e acompanhamento

A escolha de uma proposta viável a partir dos pontos de decisões e critérios a serem
seguidos, baseou-se no fluxograma apresentado por Bidone (2001) como mostra a Figura 4.

23
Figura 4: Estratégia de gestão de resíduos.

Fonte: Bidone, 2001.

2.5. Caracterização da área de estudo

A Shoprite é uma cadeia de supermercados africano que surgiu na Africa do Sul em 1979,
A filosofia dos supermercados Shoprite é trazer preços baixos aos seus consumidores numa
grande variedade de Produtos alimentares e consumo básico.

Em Angola a primeira loja foi lançada no ano de 2003 em Luanda e actualmente a possui
mais de 20 supermercados assegurados por 3200 funcionários Angolanos.

O supermercado Shoprite Namibe (figura 5) foi aberto no dia 28 de Maio de 2015, está
situada na Avenida Hoji Ya Henda próximo ao estádio Joaquim Morais. Este supermercado
se dedica principalmente ao sector de venda de produtos alimentares e Mercearias.

Este espaço possui uma área de parque de estacionamento para viatura, área de restauração
e farmácia. Todo este espaço é assegurado por uma vasta equipa tais como: Serviço de
Limpeza, serviço de caixa, serviço de Segurança, serviço de fiscalização e outros.

24
Figura 5: Supermercado Shoprite da cidade de Moçâmedes.

Fonte: Autor, 2022

25
CAPÍTULO III. RESULTADOS E DISCUSSÃO

No presente capítulo realiza-se a análise das práticas adotadas pelo Supermercado Shoprite
na cidade de Moçâmedes para o gerenciamento dos Resíduos Sólidos (orgânicos) gerados
nas suas actividades, através da aplicação de entrevistas aos funcionários do Supermercado,
com o fim de propor alternativas baseadas nas tecnologias disponíveis para seu tratamento.

3.1. Caracterização dos Resíduos

A Tabela 1 apresenta o volume de resíduos gerados no Supermercado Shoprite na cidade de


Moçâmedes, por tipo de resíduo, no ano de 2021.

Tabela 1: Volume de resíduos gerados por mês (kg).

MÊS ORGÂNICOS PAPELÃO PLÁSTIC OUTROS TOTAL


O
Janeiro 17670 1550 2046 248 21514
Fevereiro 14000 1288 1820 196 17304
Março 17050 1488 2232 248 21018
Abril 14100 1410 1950 270 17730
Maio 15190 1426 2325 155 19096
Junho 13500 1290 2190 240 17220
Julho 12865 1271 1798 217 16151
Agosto 12710 1333 1829 372 16244
Setembro 12000 1260 1740 210 15210
Outubro 14260 1364 1705 186 17515
Novembr 13200 1440 2040 300 16980
o
Dezembro 18600 1519 2170 279 22568
Total 175145 16639 23845 2921 218550
Geral
Fonte: Adaptação: Relatório anual de resíduos da empresa.

26
Como mostra a Tabela 1, em 2021 foram gerados aproximadamente 218 550 kg de resíduos
no supermercado, uma média de 18 212,5 kg de resíduos por mês. Nota-se também uma
geração total acima da média no período de dezembro e janeiro, devido ao aumento de
consumo nestes meses. Ao analisar a geração por tipo de resíduo, percebe-se que resíduo
orgânico, plástico e papelão representam, nesta ordem, os principais resíduos gerados no
supermercado, ou seja, os resíduos são predominantemente não perigosos de Classe II-A
(não-inertes). A Figura 6 apresenta um gráfico para melhor visualização da proporção dos
tipos de resíduos gerados.

Figura 6: Percentual de resíduos gerados por tipo de resíduo.

1%

11%

8%
ORGÂNICOS
PAPELÃO
PLÁSTICO
OUTROS

80%

Fonte: Adaptação: Relatório anual de resíduos da empresa.

Através do gráfico apresentado na Figura 6, é possível observar que os resíduos orgânicos


apresentam uma geração muito maior do que todos os outros resíduos juntos, detendo 80%
de toda geração.

3.2. Características do Supermercado

Foi visitado o Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes, onde pôde ser identificado
suas características. Analisando as dificuldades ou facilidades do gerenciamento dos
resíduos, o espaço onde estes são armazenados e a quantidade de funcionários que
contribuem para uma gestão de qualidade.

27
O supermercado é considerado de médio porte, uma vez que atende em média 100 pessoas
por dia, tendo um pico no final de semana em torno de 200 pessoas. Como todas as áreas
estão integradas, segundo o supervisor, a loja busca manter a área organizada e limpa, pois,
por se tratar de uma grade quantidade de alimentos e dos mais diversificados materiais,
pode haver invasões de pragas, como ratos e insetos e de animais à procura de alimentos.

Nas visitas pôde-se perceber que o Supermercado não possuem dificuldades com a mão-de-
obra utilizada atualmente, pois é suficiente para a quantidade de resíduo gerado. Em
conversa com o gestor do contrato, a operação é um grande fator para que o serviço seja
feito com qualidade, uma vez que são essas pessoas que farão com que o resíduo possa ser
triado e separado adequadamente.

Os espaços de armazenamento ficam identificados no mesmo lugar, ou próximo ao


depósito onde são realizados o descarregamento de produtos a serem distribuídos na loja. A
sinalização das áreas nem sempre atende a norma, a qual indica como cada produto deve
ser sinalizado, onde todos os lugares devem estar com sua placa de identificação.

Apesar de haver placas, nem todos os locais estão identificados com o tipo de resíduo ali
disposto. É importante ressaltar que as identificações devem ser feitas de forma visual e não
escrita, facilitando, assim, a identificação de armazenamento local.

Á área de resíduos orgânicos é alimentada por todos os funcionários do mercado. Nesta


loja, não há o aproveitamento desses materiais, como compostagem. O volume é
acumulado até que seja considerado uma quantia ideal para destinação.

Na sua maioria a empresa Shoprite gera mas resíduos sólidos orgânicos e tem buscado
formas de tratar-los mas não tem tido sucesso por não possuir especialistas nesta área,
desconhecer formas de tratar-los e por na nossa cidade não possuir empresas especializadas
para tratamento de Resíduos Sólidos Orgânicos.

3.3. Disposição final dos Resíduos Sólidos produzidos.

Todos os resíduos sólidos gerados são armazenados numa sala de lixo (Bay de lixo), nesta
sala é feito a triagem ou separação dos resíduos. Dentro desta sala existem vários
compartimentos, cada compartimento tem a função de armazenar um determinado tipo de

28
resíduos sólidos. A triagem é feita simplesmente para determinar a quantidade de perda de
produtos. Depois de se efectuar a triagem, todos resíduos sólidos são colocados novamente
juntos e são transportados por um automóvel de uma Empresa de Prestação de Serviços
Privada, que não foi permitido passar o nome, e dali têm como destino final Aterros a céu
aberto. Normalmente aos resíduos sólidos de plásticos é que realizam-se reciclagem
tradicional isto por parte da população que tem feito recolha e vendem para empresas
produtoras de plásticos.

Vale ressaltar que tanto o papelão quanto o plástico devem ser manuseados de forma
atenciosa, pois quando em contato com resíduos orgânicos, tintas, óleos ou outros tipos de
resíduos líquidos, já não possuem mais valor comercial e passam a ser considerados rejeito,
necessitando que sejam destinados para aterros legalmente licenciados, que é o
procedimento padrão.

Embora haja um volume grande de resíduos, a valorização dos resíduos não é tão explorada
como deveria ser, segundo os funcionários do Supermercado Shoprite na cidade de
Moçâmedes. Ele também afirma que não há incentivo político e que a forma mais fácil de
gerenciar esses resíduos é enviando aos aterros, uma vez que a cultura da loja e dos
responsáveis pelo setor não exige que a reciclagem seja realizada continuadamente.

Encaminhar estes resíduos para aterros, além de ser um grande desperdício, causa grande
impacto, pois sua decomposição gera chorume e, consequentemente, aumento de custo para
a drenagem deste nos aterros. A má administração desses aterros também pode afetar a
qualidade do solo, água e ar.

Quando se trata da disposição final, é possível identificar que o maior número de resíduo é
levado para aterro, o que, por sua vez, não é a opção mais sustentável. Pôde-se perceber na
visita que há uma grande quantidade de resíduos que poderiam ser reciclados e valorizados.

3.4. Resíduos Orgânicos

Um dos pontos que mais chamam atenção é em relação ao destino dos resíduos orgânicos.
Como mostrado anteriormente (Figura 6), 80% dos resíduos são orgânicos, o equivalente a
175 145 kg anual. No supermercado existe uma comissão de perca que todas manhãs antes

29
da abertura fazem recolha de todos resíduos sólidos gerados, e se encarregam de sua
separação, segundo esta comissão, tem havido muita perca no que concerne aos resíduos
orgânicos por serem sensíveis e isto tem provocado baixa na empresa.

Os resíduos sólidos orgânicos gerados são recolhidos uma vez por dia, todas as manhãs ao
redor das 5h, e são levados ao aterro sanitário que encontram-se localizado no Giraul do
meio a 20 km do Supermercado.

Além dos impactos causados por não aproveitar o potencial de valorização dos resíduos, é
importante ressaltar que parte do gerenciamento destes requer uma grande movimentação
de caminhões. Esse número de viagens acarreta em outros impactos, tais como, emissão de
CO2, aumento de trânsito na cidade e, consequentemente, do risco de acidentes, além do
risco de perda de resíduos durante seu transporte e o gasto de combustível. Em uma viajem
por dia, gasta-se em média 10 L de gasolina, que ao ano representa 3 600 L o que equivale
a 504 000 00 por conceito de transporte.

Uma possibilidade para reduzir os impactos, tanto de transporte quanto de disposição, seria
a realização de compostagem dentro do supermercado, pois possui espaço físico disponível.
Esta implementação, além dos benefícios ao meio ambiente, poderia beneficiar o mercado,
com a redução de custos de transporte e possibilidade de utilizar ou vender o composto
obtido. Outra vantagem seria a geração de emprego, uma vez que haveria a necessidade de
contratar um funcionário para cuidar desse tipo atividade, refletindo no compromisso
socioambiental do mercado.

3.5. Proposta para Compostagem no Supermercado

A realização de compostagem dentro do supermercado, possibilitaria reduzir os impactos,


tanto de transporte quanto de disposição.

Através das visitas, foi visualizado que é possível implantar caixas de compostagem, ação
que é mais conhecida como “compostagem doméstica”, sendo uma prática atual e que
funciona de forma simples e eficaz. Com isso, diminuiria a destinação de resíduos
orgânicos para aterros, atendendo as demandas do supermercado de forma sustentável.

30
Os resíduos orgânicos, misturados com demais rejeitos, atualmente, são armazenados no
contentor de lixo, que comporta 10 m³. Este é trocado uma vez por semana, fazendo com
que a média mensal seja de 30 m³, aproximadamente 1 m³ por dia. Porém, deste 1 m³,
apenas uma parcela corresponde apenas aos alimentos, já que estes estão misturados com as
embalagens. Um kit de compostagem como o apresentado na Figura 7, tem capacidade de
compostagem de aproximadamente 1 m³, conforme especificações técnicas disponibilizadas
pela empresa cotada (De Almeida, 2018).

Figura 7: Caixa de compostagem

Fonte: Adaptado De Almeida, 2018.

O kit apresentado na Figura 7 possui 5 torres com 6 caixas de 39 litros e possui capacidade
de compostagem diária de 16,25 litros. A fim de melhorar a qualidade do processo, é
necessário que seja definido quais tipos de resíduos orgânicos serão colocados na caixa
como, por exemplo, frutas, legumes e verduras. É indicado que os resíduos sejam
previamente triados e não estejam contaminados com outros tipos de materiais que possam
comprometer a eficiência da compostagem como: plásticos; resíduos líquidos (leite,
iorgutes, refrigerantes, etc.); vidros; isopor e resíduos perigosos.

Esta proposta, contribuiria à diminuição do volume e peso dos resíduos que se levam aos
aterros, á revitalização do solo, reduz o risco de pragas e o uso de abonos químicos, além

31
dos benefícios ao meio ambiente, poderia beneficiar o mercado, com a redução de custos de
transporte e possibilidade de utilizar ou vender o composto obtido. Também este composto
poderia ser doado para ONGs, para plantio de árvores, aumentando o engajamento
socioambiental da rede. Outra vantagem seria a geração de emprego, uma vez que haveria a
necessidade de contratar um funcionário para cuidar desse tipo atividade, refletindo no
compromisso socioambiental do mercado.

32
CONCLUSÕES

1. Os resíduos orgânicos, plásticos e papelão representam, nesta ordem, os principais


resíduos gerados no supermercado, ou seja, os resíduos são predominantemente não
perigosos de Classe II-A (não-inertes). Destes, os resíduos orgânicos apresentam
uma geração muito maior do que todos os outros resíduos juntos, representando o
80% de toda geração.
2. Com o fim de aproveitar o potencial de valorização dos resíduos orgânicos foi
proposta a implantação de caixas de compostagem no supermercado. O kit de
compostagem possui 5 torres com 6 caixas de 39 litros e possui capacidade de
compostagem diária de 16,25 litros.
3. Esta alternativa de tratamento contribuirá à diminuição do volume e peso dos
resíduos que se levam aos aterros, á revitalização do solo, reduz o risco de pragas e
o uso de abonos químicos, além dos benefícios ao meio ambiente, poderia
beneficiar o mercado, com a redução de custos de transporte e possibilidade de
utilizar ou vender o composto obtido.

33
SUGESTÕES

Realizar o estudo de viabilidade econômica da alternativa proposta.


Propor ao Supermercado Shoprite na cidade de Moçâmedes implementar a
tecnologia de tratamento para os Resíduos Sólidos Orgânicos.

34
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41
ANEXOS

Anexo I – Check-list de acompanhamento de visita


Check-list de acompanhamento
It. Atividade Situação
Resíduos gerados
1 Orgânicos
2 Recicláveis
3 Lixo comum
4 Perigosos
Setores de geração de resíduos
1 Orgânicos
2 Recicláveis
3 Lixo comum
4 Perigosos
Forma de manuseio
1 Orgânicos
2 Recicláveis
3 Lixo comum
4 Perigosos
Equipamentos e local de armazenamento
1 Orgânicos
2 Recicláveis
3 Lixo comum
4 Perigosos
Destinação final dos resíduos
5 Compostagem
6 Reciclagem
7 Aterros
8 Incineração
Outros
1 Baias adequadas
2 Sinalização
3 Coleta seletiva
4 Fiscalização

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