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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

LAURA ROSAR PIRES

CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL:


UMA ALTERNATIVA VIÁVEL E SUSTENTÁVEL PARA HABITAÇÕES FRENTE
AO MÉTODO CONVENCIONAL

Palhoça
2021
LAURA ROSAR PIRES

CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL:


UMA ALTERNATIVA VIÁVEL E SUSTENTÁVEL PARA HABITAÇÕES FRENTE
AO MÉTODO CONVENCIONAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito parcial
à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Ricardo Moacyr Mafra, Ms.

Palhoça
2021
LAURA ROSAR PIRES

CONTAINERS NA CONSTRUÇÃO CIVIL:


UMA ALTERNATIVA VIÁVEL E SUSTENTÁVEL PARA HABITAÇÕES FRENTE
AO MÉTODO CONVENCIONAL

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi


julgado adequado à obtenção do título de
Engenheiro Civil e aprovado em sua forma final
pelo Curso de Engenharia Civil da
Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 08 de novembro de 2021.

______________________________________________________
Professor e orientador Ricardo Moacyr Mafra, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Profa. Fernanda Soares de Souza Oliveira, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________
Prof. Valdi Henrique Spohr, Ms.
Universidade do Sul de Santa Catarina
Dedico este trabalho a todas as pessoas que
fizeram parte da minha trajetória, em especial
meus pais, os maiores incentivadores para
chegar até aqui.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por permitir que tudo isso acontecesse, por ter me dado
saúde e força para superar todas as dificuldades e estado sempre presente nesta caminhada.
Aos meus pais, agradeço por todo incentivo e esforço para alcançar meus objetivos.
Sempre estiveram ao meu lado, e são meus maiores exemplos de vida. Sou grata por
caminharem comigo em meu sonho e transformá-los em seus. Foram vocês, os principais
apoiadores deste ciclo tão importante e fundamental de minha vida.
Aos meus avós paternos que sempre acreditaram no meu potencial, sempre com palavras
de apoio, que me ensinaram valores importantes e contribuíram com a minha educação.
Agradeço à minha avó materna, que me transmitiu seu conhecimento como professora,
me ensinando com toda sua dedicação a ler e escrever, e me incentivando com seu sorriso a
seguir sempre estudando.
Em especial a minha família que mesmo apesar da distância estiveram sempre presentes.
Aos meus amigos, agradeço pela presença em todos os momentos difíceis e sempre de
alguma maneira, me encorajaram ao longo desses anos de Graduação.
Direciono também os agradecimentos a todos que de alguma forma participaram e
contribuíram na minha jornada acadêmica.
Agradeço a todos os professores que tive na graduação que contribuíram com a minha
formação acadêmica e profissional, principalmente ao meu orientador Professor Ricardo
Moacyr Mafra pelo suporte dado, por sua disponibilidade, e contribuição de seu conhecimento
para a realização deste trabalho.
“Todos os nossos sonhos podem se tornar realidade se tivermos a coragem de
persegui-los.” (WALT DISNEY).
RESUMO

Na busca por novas técnicas construtivas sustentáveis a utilização de containers como moradia
vem ganhando destaque no mercado da construção civil. O método consiste na reutilização
dessas caixas de aço, destinando-lhes um novo destino e garantindo um baixo impacto
ambiental, além de ser prático e de baixo custo. O presente trabalho tem como objetivo dissertar
acerca da análise de viabilidade do uso de containers como proposta sustentável e
financeiramente viável comparado aos meios de construção convencionais para habitação. O
estudo tem início acerca das características dos containers e de que formas eles podem ser
aplicados na construção civil. Em seguida, aborda a aplicação dos containers como proposta
alternativa à habitação, realizando um comparativo entre a metodologia convencional de
construção e a aplicação de containers. Posteriormente demonstra os aspectos construtivos
necessários à implementação desses containers como moradia e as vantagens sustentáveis que
a utilização de casas containers garantem. Por fim, foi realizado um estudo comparativo em
relação aos custos de execução do sistema construtivo de containers utilizando o índice do
CUB Médio para região da Grande Florianópolis. O resultado demonstra que o método
construtivo convencional tem um aumento de 10% no valor do metro quadro se comparado ao
container como moradia, apesar de possuir pequena diferença financeira e ainda ser pouco
utilizada no Brasil, apresenta-se como uma solução sustentável, rápida e flexível a novos
arranjos.

Palavras-chave: Containers. Sustentabilidade. Containers como moradia.


ABSTRACT

In the search for new sustainable construction techniques, the use of containers as housing has
gained prominence in the civil construction market. The method consists of reusing these steel
boxes, assigning them a new destination and ensuring a low environmental impact, in addition
to being practical and low-cost. This work aims to discuss the feasibility analysis of the use of
containers as a sustainable and financially viable proposal compared to conventional
construction means for housing. The study begins on the characteristics of containers and how
they can be applied in civil construction. Then, it discusses the application of containers as an
alternative proposal to housing, making a comparison between the conventional construction
methodology and the application of containers. Subsequently, it demonstrates the constructive
aspects necessary for the implementation of these containers as housing and the sustainable
advantages that the use of container houses guarantee. Finally, a comparative study was carried
out in relation to the execution costs of the container construction system using the Average
CUB index for the Greater Florianópolis region. The result demonstrates that the conventional
construction method has a 10% increase in the value of the square meter compared to the
container as housing, despite having a small financial difference and still being little used in
Brazil, it presents itself as a sustainable, fast and flexible to new arrangements.

Keywords: Containers. Sustainability. Containers as housing.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Torre Eiffel, 1889 .................................................................................................... 16


Figura 2 - Ciclo da vida das edificações ................................................................................... 25
Figura 3 - Fluxograma de Edifício Sustentável ........................................................................ 27
Figura 4 - Malcom McLean com containers ao fundo ............................................................. 29
Figura 5 - Esquema estrutural container ................................................................................... 30
Figura 6 - Esquema componentes estruturais de fechamento do container .............................. 31
Figura 7 - Disposição de containers ......................................................................................... 31
Figura 8 - Containers em navio ................................................................................................ 32
Figura 9 - Casa de container com telhado verde ...................................................................... 33
Figura 10 - Primeira Casa Container no Brasil ........................................................................ 33
Figura 11 - a) Placas de poliestireno em container; b) Espuma de poliuretano ....................... 38
Figura 12 - Manta fibra de coco ............................................................................................... 39
Figura 13 - Residência em alvenaria convencional .................................................................. 40
Figura 14 - Contêineres de 20 e 40 pés (respectivamente 15 e 29 m²) ..................................... 42
Figura 15 - Estrutura de uma habitação com container ............................................................ 43
Figura 16 - Placa de certificação CSC ...................................................................................... 49
Figura 17 - Sistema de fundação com sapatas nas extremidades do container ........................ 50
Figura 18 - Sistema de fundação tipo radier ............................................................................. 51
Figura 19 - Caminhão Munck locando o container .................................................................. 51
Figura 20 - a) Instalação elétrica embutida na placa de gesso acartonado; b) instalação hidráulica
externa. ..................................................................................................................................... 52
Figura 21 - Recorte do contêiner e instalação do requadro. ..................................................... 52
Figura 22 - Janela instalada e com a aplicação da espuma expansiva ...................................... 53
Figura 23 - Revestimentos térmicos e acústicos. ...................................................................... 54
Figura 24 - Aplicação de lã de pet ............................................................................................ 54
Figura 25 - Aplicação lã de vidro ............................................................................................. 55
Figura 26 - Aplicação de lã de rocha ........................................................................................ 56
Figura 27 - Forro de isopor instalado no teto ........................................................................... 56
Figura 28 - Tratamento na chapa para remoção de corrosão .................................................... 57
Figura 29 - a) Estrutura wood frame; b) Estrutura steel frame ................................................. 58
Figura 30 - Revestimento de gesso acartonado ........................................................................ 59
Figura 31 - Piso de casa container em compensado naval ....................................................... 59
Figura 32 - Telhado verde em casa container ........................................................................... 60
Figura 33 - Planta baixa casa container .................................................................................... 63
Figura 34 - Planta humanizada casa container ......................................................................... 64
Figura 35: Fachada Frontal ....................................................................................................... 64
Figura 36: Fachada Posterior .................................................................................................... 65
Figura 37: Cobertura................................................................................................................. 65
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Comparativo de custo por metro quadrado entre habitação com container e com
método construtivo tradicional ................................................................................................. 46
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Tabela de preço para construção casa container de 60m² na região da Palhoça-SC
.................................................................................................................................................. 66
Tabela 2 - Tabela do CUB da região da grande Florianópolis ................................................. 66
Tabela 3 – Tabela com comparativos de valores dos métodos construtivos em container e
alvenaria para a região de Palhoça-SC ..................................................................................... 67
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Relação dos ambientes e seus respectivos impactos .............................................. 24
Quadro 2 - Dimensões dos containers do tipo Dry................................................................... 34
Quadro 3 - Normas Brasileiras que tratam sobre containers .................................................... 36
Quadro 4 - Vantagens e desvantagens para construção de casas em containers ...................... 44
Quadro 5: Materiais estimados para destinação de resíduos gerados em uma obra de sistema
construtivo tradicional (sem containers)................................................................................... 45
Quadro 6: Comparativo entre construção convencional e construção em containers .............. 45
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 12
1.1 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 13
1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ...................................................................................... 13
1.3 OBJETIVOS .................................................................................................................... 14
1.3.1 Objetivo Geral ............................................................................................................. 14
1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 14
1.4 DELIMITAÇÕES ............................................................................................................ 14
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO .................................................................................... 15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 16
2.1 CONSTRUÇÕES METÁLICAS ..................................................................................... 16
2.2 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS .............................................................................. 18
2.2.1 Meio ambiente ............................................................................................................. 18
2.2.2 Legislação ambiental e descarte de resíduos............................................................. 22
2.2.3 Resíduos sólidos nas edificações ................................................................................. 24
2.2.4 Materiais e tecnologias voltadas à construção civil .................................................. 28
2.3 CONTAINERS ................................................................................................................ 29
2.3.1 Tipos de Containers .................................................................................................... 34
2.3.2 Normas utilizadas no Brasil ....................................................................................... 34
2.3.3 Viabilidade ................................................................................................................... 37
2.3.3.1 Viabilidade térmica .................................................................................................... 37
2.3.3.2 Viabilidade acústica.................................................................................................... 38
2.3.3.3 Viabilidade econômica ............................................................................................... 39
2.4 CONSTRUÇÕES DE HABITAÇÕES CONTAINERS VS. MÉTODO CONSTRUTIVO
CONVENCIONAL .................................................................................................................. 40
2.5 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO EM CONTAINERS ................... 46
2.5.1 CONSTRUÇÃO MODULAR .................................................................................... 47
2.5.2 PROCESSOS CONSTRUTIVOS DE HABITAÇÕES COM CONTAINERS ..... 48
2.5.2.1 Identificação e preparo ............................................................................................... 48
2.5.2.2 Fundação e montagem ................................................................................................ 50
2.5.2.3 Instalações e esquadrias aplicadas .............................................................................. 51
2.5.2.4 Isolamento térmico e acústico .................................................................................... 53
2.5.2.4.1 Lã de pet .................................................................................................................. 54
2.5.2.4.2 Lã de vidro ............................................................................................................... 55
2.5.2.4.3 Lã de rocha .............................................................................................................. 55
2.5.2.4.4 Poliestireno expandido (EPS) ou isopor ................................................................. 56
2.5.2.5 Pintura externa ............................................................................................................ 57
2.5.2.6 Acabamento e cobertura ............................................................................................. 58
2.6 CUSTO UNITÁRIO BÁSICO (CUB)............................................................................. 60
3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 62
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES.................................................................................... 63
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 68
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 69
12

1 INTRODUÇÃO

Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, em 2014 a construção civil foi
responsável por gerar cerca de 122.262 toneladas de resíduos sólidos por dia, esse dado
compreende a descartes de construções, reparos, reformas e demolições de obras da construção
civil.

Atualmente o tema meio ambiente vem chamando a atenção e cuidado de vários


estudiosos e profissionais das mais diversas áreas do conhecimento, que se empenham em
buscar possibilidades que promovam menor impacto ao meio ambiente, englobando processos
e materiais construtivos.

A construção sustentável busca um equilibro entre ambiente construtivos e naturais,


buscando minimizar os impactos negativos ao meio ambiente, não apenas reaproveitando os
materiais, mas considerando todas as fases de execução, seja a compatibilização de todos os
projetos, o início e fim da obra, afim de diminui desperdícios e consumos elevados.

Segundo Amado (2007), uma das ideias principais do projeto de construção sustentável
é tornar esse processo competitivo quando comparado a outros que não adotem as mesmas
premissas de execução. Para isso, é necessário que esse novo projeto atenda aos níveis de
qualidade exigidos para ele, além de apresentar a otimização de tempo de execução e dos
recursos destinados à realização geral do mesmo, fazendo com que haja menor custo ao longo
do processo e, por consequência, redução período de recuperação dos investimentos financeiros
na obra.
Em questões ambientais, se evidencia uma grande quantidade de containers descartados
após seu tempo de uso em ambientes marítimos, gerando grandes impactos negativos. Diante
da necessidade de buscar soluções sustentáveis e de baixo custo, a utilização de containers na
construção civil vem ganhando força.

Para Milaneze et al (2012), os containers são fabricados em grandes dimensões,


basicamente são caixas de metal, utilizadas para transporte de produtos ou alimentos quando
envolve uma distância considerável em navios e trens, sua vida útil é de no máximo dez anos,
após isso a grande maioria fica estocado em cidades portuárias.

Embora exista a necessidade de se realizar estudos com maior aprofundamento acerca


do reuso dessa matéria-prima para fins de edificação na construção civil, é certo que, ainda
assim, elas já estão tomando um espaço no mercado consumidor, especialmente pelo fato de
13

ser um material reaproveitado, que concorre para a redução dos impactos ambientais, além de
promover uma redução no custo total da obra em comparação com obras de alvenaria.
O presente trabalho, portanto, busca suprir este déficit apresentando um método de
construção sustentável que utiliza containers para habitações, demonstrando seu processo
construtivo, suas vantagens e analisando através de um estudo comparativo quanto ao custo de
execução deste tipo de construção em relação ao método convencional e demonstrando seu
processo construtivo.

1.1 JUSTIFICATIVA

Na atualidade, a discussão sobre sustentabilidade na construção civil vem sendo um


tema de debate, devido a grande quantidade de resíduos e entulhos gerados nos canteiros de
obras que vem acarretando danos ambientais severos e representando um desafio as empresas,
esse estudo pretende abordar a viabilidade da utilização de containers como habitação e seu
processo construtivo.

1.2 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Com a crescente dos problemas ambientais, à procura de soluções sustentáveis para


reduzir e/ou evitar este impacto. O uso de containers para construção habitacional vem se
evidenciando no mercado, sendo uma opção prática, de baixo custo e pequeno impacto
ambiental, além de reaproveitar um produto que estaria fadado ao descarte.

Para atender à necessidade de uso consciente de recursos atrelado a alternativas viáveis


voltadas à produção e fornecimento de moradias, o uso de containers é viável, do ponto de
vista sustentável e econômico, em todos os aspectos, quando comparada às metodologias
tradicionais de construção?
14

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

O presente trabalho, portanto, tem por objetivo analisar a viabilidade e sustentabilidade


deste tipo de construção em relação ao método convencional em habitações e demonstrar seu
processo construtivo.

1.3.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho, são:


• Estudar as características dos containers quanto a sua utilização para moradia;

• Analisar as formas de utilização dos containers na construção civil;

• Comparar o modo de construção de habitações com containers em relação ao


método construtivo convencional (concreto estrutural com fechamento de
alvenaria);
• Fazer um estudo comparativo quanto ao custo de execução do sistema
construtivo de containers utilizando o índice do CUB Médio para região da
grande Florianópolis;
• Demonstrar o processo construtivo de habitações com containers;

• Identificar as vantagens sustentáveis quanto a utilização de casas containers.

1.4 DELIMITAÇÕES

Entre os diversos métodos e materiais a serem aplicados na habitação, o estudo


englobará o uso de containers como projeto modular sustentável comparando-o com a
construção convencional. Desse modo, será dada a ênfase na habitação com containers,
podendo analisar questões relativas à economia, sustentabilidade em seus recursos e materiais
e seus benefícios ao ser implantado.
Neste trabalho não foram estudados os métodos de fundações das estruturas, uma vez
que os modelos de fundações não são compatíveis. Limitando-se apenas ao estudo de
coberturas simples como lajes e o container em si.
15

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO


16

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONSTRUÇÕES METÁLICAS

Para Hermsdorff (2005), no século XIX, o ferro passa ser utilizado para diversas
finalidades, uma das principais é a construção de edifícios, com base nisso pode ser considerado
um material essencial para as transformações da época. Kruguer (2000), acrescenta que
anteriormente as construções em ferro, tinham dois conceitos relacionado a expressão
arquitetônica, uma delas é que os materiais utilizados na construção deviam estar em seu estado
natural, madeira e pedra por exemplo poderiam ser esculpidas e até polidas, mas não poderiam
ser manufaturadas. O segundo conceito era arquitetura eterna, logo os edifícios deveriam ser
construídos em determinado local e ser perene, tanto sua locação quanto sua construção.
Conforme a Figura 1, a Torre Eiffel, localizada em Paris, França, foi um grande marco
na história, principalmente na construção metálica.

Figura 1 - Torre Eiffel, 1889

Fonte: Site Guia do Estrangeiro (2006)

Após essa revolução nas técnicas construtivas, deu-se início a uma nova maneira de
pensar a respeito de moradia, o termo usado na época da 1° Guerra Mundial foi Máquina de
morar, utilizada inicialmente por Georges Christie, vice-presidente da Sociedade Nacional dos
Arquitetos localizada na França, com referência a conjuntos habitacionais construídos para
população menos acessível (HERMSDORFF, 2005).
Segundo Bastos (2004), no Brasil a história da arquitetura é caracterizada pelos
inúmeros usos de tecnologias construtivas, consideradas muitas vezes como exógenas, que
dependiam de variáveis como situação socioeconômica e política da época para serem mais ou
menos adaptadas. Hermsdorff (2005) salienta que na década de 30 do século passado, houve
17

um intenso desenvolvimento do concreto armado no país, contribuindo com a expansão de


grandes cidades. Na década de 60, esse processo sofreu alterações, uma vez que o avanço da
tecnologia contribuiu para o aprimoramento dos cálculos estruturais. Nos dias atuais é
crescente a utilização de concreto, uma vez que ele é armado com ferros.
Os sistemas de construção metálicos vêm ganhando espaço ao longo dos anos pela
facilidade de transporte, armazenagem e montagem, facilitando todos os processos desde a
aquisição até a total instalação, tornando-se uma alternativa aos meios tradicionais de
construção por alvenaria (CHAVES, 2007). Pfeil (2009, p.19) destaca que:

O processo para construções em estruturas em aço se destaca, pois o aço tem uma
maior resistência mecânica se comparada a outros materiais. É um dos processos
construtivos mais velozes e é o que suporta os maiores vãos. Por isso são muito
utilizados principalmente em indústrias e supermercados que precisam de grandes
vãos e velocidade na execução e também é bastante utilizado em ginásios, pavilhões,
telhados, torres, guindastes, escadas, passarelas, pontes, garagens, hangares,
depósitos, lojas entre outros. Pfeil (2009, p.19).

A procura por soluções que possibilitem uma redução de custos é vista com bons olhos
pelas organizações, que buscam meios de aumentar a lucratividade e manter a competitividade.
Desse modo, busca-se sempre meios de analisar possibilidade de melhoria nesses sistemas, de
modo a proporcionar uma construção mais racional (GUANABARA, 2010). O aço possui
diversas vantagens que caracterizam seu uso, como sua alta resistência em muitas condições de
esforços e tensão, alta durabilidade, uma alta margem de segurança para se trabalhar com
relação aos seus esforços, o reaproveitamento dos materiais empregados que sobraram em
outras atividades, dentre outros fatores.
O aço apresenta boas condições de resistência mecânica por conta da sua forma
construtiva em modelo de haste, como descreve Pfeil (2009, p.12):

Uma haste reta solicitada por uma força F, aplicada na direção do eixo da peça. Esse
estado de solicitação chama-se tração simples. Dividindo a força pela área da seção
transversal, obtemos a tensão normal σ. Este é um exemplo de tração simples, as
tensões são iguais em todos os pontos da seção transversal. Sob o efeito da força de
tração simples, o segmento da barra de comprimento inicial se alonga passando a ter
o comprimento denominado alongamento unitário ε (deformação). (PFEIL, 2009,
p.12).

É muito comum que uma edificação tenha sido projetada para uma determinada função
inicial e, posteriormente, ter essa função alterada, ou somada alguma outra a qual a estrutura
existente não suporta, sendo necessária assim a inserção de reforços estruturais e adaptações
aos pontos já existentes. Estes reforços nada mais são que alterações de característica da
18

estrutura, realizando uma espécie de reposicionamento e recomposição da capacidade que o


mesmo apresentava no projeto inicial, antes da alteração/adição de atividades, alterando
parâmetros por conta das alterações/adições de cargas atuando no sistema.
O uso de estruturas em aço para confecção de tais alterações proporciona uma
considerável redução de custos na atividade, fazendo com que seja mais competitivo e viável a
alteração.

2.2 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS

2.2.1 Meio ambiente

Primeiramente, há que se destacar que a expressão “meio ambiente”, como se verá, não
apresentou, ao longo dos anos, uma linearidade de sentido.
A esse respeito, dispõe Milaré (2007) que a expressão milieu ambiant teria sido adotada
pela primeira vez pelo naturalista francês Geoffroy, de Saint-Hilaire, em sua obra intitulada
Études progressives d’un naturaliste, de 1835.
De lá para cá, contudo, de acordo com Milaré (2007), não se vislumbra uma unicidade
quanto ao seu significado, sendo certo que a própria definição léxica das palavras que o
compõem (meio – milieu – e ambiente – ambiant) não cooperam para que esta seja alcançada.
Nesse sentido, Milaré (2009, p. 109), traz que:

Em francês, a palavra meio tem mais de uma versão. Meio, como intermediário,
recurso ou instrumento é moyen, que tem ainda outros significados. Meio, como
contexto, espaço ou lugar, é milieu. Já ambiant deriva diretamente do latim, “o que
rodeia por todos os lados”. Ambiance, substantivo, é a atmosfera material ou moral
que cerca uma pessoa ou uma reunião de pessoas. (MILARÉ, 2009, p. 109).

Nebel (1990), por sua vez, destaca que o sentido da expressão, em linguagem técnica,
estaria atrelado à noção que se tem de combinação de todos os fatores que são externos ao
indivíduo ou à população de indivíduos analisada.
Pelo Dicionário Brasileiro de Ciências Ambientais (LIMA E SILVA, 2000), o meio
ambiente abrange tudo o que apresenta relação com a vida de um ser (pessoas, animais, plantas)
ou, ainda, de um grupo de seres vivos.
19

Assim, nesse conceito, incluíam os elementos físicos, vivos e culturais, bem como a
maneira pela qual são tratados pela sociedade. Aceti Júnior (2007) tem o mesmo entendimento,
expondo que o Novo Dicionário da Língua Portuguesa Aurélio define “meio” como sendo o
lugar que se vive. Já “ambiente” seria deliberado como o conjunto das condições naturais.
Para Silva (2013, p. 20), deve-se contemplar o conceito de meio ambiente como sendo
globalizante, “abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o
patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico”.
Seguindo essa amplitude de perspectiva, para o autor, o meio ambiente como sendo “a
interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais, que propiciem o
desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas” (SILVA, 2013, p. 20).
Existem, porém, aqueles que criticam a própria formação do termo, apontando-a como
redundante. É o que leciona Vladimir Passos de Freitas (2001), que complementa o raciocínio
trazendo que, na Itália e em Portugal, utiliza-se, tão somente, “ambiente” para qualificar o que
aqui denominado pela junção dos dois termos.
No mesmo sentido aponta Machado (2006), que traz que o questionamento se dá pois
há o entendimento de que ambos os termos que formam a expressão “meio ambiente” são
equivalentes, resultando, dessa forma, em um pleonasmo.
Discorda desse pensamento, porém, Milaré (2007), que expõem que as palavras “meio”
e “ambiente” decorrem conotações distintas, tanto na língua vulgar, quanto na linguagem
científica. A esse respeito, dispõe o autor que nenhum dos termos analisados pode ser
considerado unívoco. Antes, tratam-se estes de termos equívocos, já que se tem uma mesma
palavra dotado de diferentes significados. Nesse sentido:

Meio pode significar: aritmeticamente, a metade de um inteiro; um dado contexto


físico ou social; um recurso ou insumo para alcançar ou produzir algo. Já ambiente
pode representar um espaço geográfico ou social, físico ou psicológico, natural ou
artificial. (MILARÉ, 2007, p. 110).

Custódio (2006) segue na mesma lição, afirmando que o emprego da expressão “meio
ambiente” está correto, possuindo os termos sentido harmônico e com significação
complementar, tanto pela categoria gramatical, como pela sua acepção própria.
Verifica-se, desse modo, pelas definições que foram aqui colacionadas, que a
abordagem é extensa, apresentando os doutrinadores aqui elencados várias nuances do que
20

seria, a seu ver, o meio ambiente, que, compilando tais inferências, pode ser concebido como
um complexo que abrange aspectos naturais e artificiais, incluindo, ainda, o patrimônio
histórico, paisagístico e arquitetônico.
Essa mesma concepção foi incorporada pela Constituição de 1988, que apresenta quatro
dimensões do que se deve considerar como meio ambiente: o Meio Ambiente Natural (caput
do artigo 225 da Constituição de 1988), que abrange o meio ambiente relacionado à flora e a
fauna, como, também, a elementos físicos e químicos, sendo a sua definição a constante do
inciso I do artigo 3º da Lei nº 6.938/1981, que o apresenta como sendo um “conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981); o Meio Ambiente Cultural
(artigos 215 e 216 da Constituição de 1988), que elenca como tal “[...] os bens de natureza
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (artigo
216 da Constituição de 1988) (BRASIL, 1988); o Meio Ambiente Artificial ou Urbano (artigos
182 e 183 da Constituição de 1988), que se divide em espaços abertos (cidades, por exemplo)
e espaços fechados (imóveis urbanos); e Meio Ambiente do Trabalho (inciso VIII do artigo
200 da Constituição de 1988).
Verificam-se, desse modo, tratativas no sentido de se considerar o meio ambiente em
amplitude tal que abranja vários setores da vida humana, não somente os recursos naturais
(água, solo, fauna e flora), como, também, o patrimônio cultural, os elementos artificiais ou
urbanos (edifícios, cidades etc.) e o ambiente de trabalho.
Segundo Custódio (2006), os danos ambientais consistem naqueles prejudiciais às
pessoas individual, social ou coletiva, comum ou difusa, geral ou publicamente consideradas,
decorrentes de condutas ou atividades lesivas ao meio ambiente externo ou interno (natural,
sanitário, cultural, socioeconômico, do local residencial, do trabalho, do culto religioso, do
lazer ou de qualquer espaço destinado ao bem-estar das gerações presentes e futuras), por atos
lícitos ou atos ilícitos de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado,
com ou sem fins lucrativos, na prestação de serviços de natureza tanto pública como privada,
de repercussões prejudiciais contra o patrimônio humano, material e moral.
Para Drago (apud STOCCO, 2013), o dano ambiental é o meio de se provocar lesões
em pessoas ou coisas a partir do meio em que vivem. Veja-se:

As soluções criadas pelo direito, constantemente superadas e envelhecidas, sempre


exigiram renovação permanente. Nunca, porém, o divórcio entre o fato o direito foi
21

tão grande como agora, quando o dano ecológico sofre verdadeira agravação
geométrica, por influência do tremendo perigo criado pelas conquistas científicas que
não foram seguidas de iguais provisões de cautela por parte dos seus responsáveis
(DRAGO, apud STOCCO, 2013, p. 655).

Pereira (2000), aponta no sentido de que, ao se cogitar da existência de um dano


ecológico, tendo em vista o problema da poluição ambiental.
Embora existam divergências quanto à definição do que seja o dano ambiental, é certo
que, efetivado, como visto, responderá o agente a que ele deu causa sem a comprovação de
culpa. Ou seja, não importa se houve culpa no derramamento de óleo no oceano, por exemplo;
importa que ele causou danos ambientais (poluição e morte de espécies), que culminará na sua
responsabilização, devendo reparar o dano causado.
Sendo assim, em relação ao dano ambiental, é possível identificar, no direito brasileiro,
duas formas para a sua reparação, quais sejam, a recuperação do dano (reconstituição do bem
lesado) e, caso não haja tal possibilidade, a indenização em dinheiro. É o que traz a redação do
artigo 14, § 1º, da Lei nº 6.938/81 (BRASIL, 1981). Veja-se:

Art. 14 [...]
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor
obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. (BRASIL, 1981).

É esse o contexto no qual surgem as noções de sustentabilidade e de desenvolvimento


sustentável, que consistem no desempenho das atividades organizacionais sem, contudo, causar
danos ao meio ambiente. É, portanto, a expressão da compatibilidade da atividade econômica
e do desenvolvimento socio industrial com a preservação do meio ambiente para as presentes
e futuras gerações.
Como brevemente relatado, o meio ambiente, conforme disposto na Constituição
Federal de 1988, é um bem de todos, que deve ser utilizado pela presente geração sem que,
contudo, seja prejudicado o uso pelas gerações futuras. Em outras palavras, o que se propõe é
um uso racional, preservando os recursos naturais e minerais para que todos, em qualquer
espaço de tempo, possam utilizá-los igualmente.
22

2.2.2 Legislação ambiental e descarte de resíduos

O escasseamento dos recursos naturais é uma consequência do desenvolvimento e do


avanço das invenções humanas que geraram a indústria e comércio predatório, sem
preocupação com o ambiente natural ou com a finitude dos recursos. Por desenvolvimento
deve-se compreender que o consumo crescente de energia e recursos naturais, e as atividades
econômicas precisam evoluir em equilíbrio, contrabalançando economia e esgotamento de
recursos. Por desenvolvimento sustentável entende-se a redução do uso da matéria prima, e
acarreta mudanças nos parâmetros de consumo e na politização deste consumo (LEMOS, 2014).
O consumo sustentável, por seu lado, pode-se definir como traz John (2012, p. 25):

(...) um modo de consumir capaz de garantir não só a satisfação das necessidades das
gerações atuais, como também das futuras gerações. Isso significa optar pelo consumo
de bens produzidos com tecnologia e materiais menos ofensivos ao meio ambiente,
utilização racional dos bens de consumo, evitando-se o desperdício e o excesso e
ainda, após o consumo, cuidar para que os eventuais resíduos não provoquem
degradação ao meio ambiente. Principalmente: ações no sentido de rever padrões
insustentáveis de consumo e minorar as desigualdades sociais. (JOHN, 2012, p. 25).

As propostas em torno do desenvolvimento sustentável apresentam sempre este mesmo


padrão de comportamento, ou seja, de uso racional dos bens de consumo de modo o menos
ofensivo ao meio ambiente, o que implica em afirmar a responsabilidade das indústrias na
criação constante de alternativas para produção.
A maior preocupação na extração do petróleo é produzir gasolina. A gasolina é a porção
mais utilizada e economicamente a mais rentável para a indústria petrolífera. Em todo o mundo
há uma dependência grande da produção de gasolina, do gasóleo e do jetfuel utilizado por
aviões. (LEMOS, 2014).
A previsão é que as reservas de petróleo se esgotem nos próximos 30-40 anos. Segundo
Lemos (2014) é inevitável que se conclua que os “recursos energéticos, e em particular o
petróleo, tornar-se-ão, cada vez mais, fruto de cobiça e de luta de poder, entre os Estados”, e
como consequência maior dessa disputa se tem as guerras entre o Oriente e o Ocidente.
Entender o problema da finitude dos recursos naturais significa encarar a sociedade pelo
viés dos riscos que ela produz. A multiplicação dos riscos, segundo Jacobi (2005) "explicitam
os limites e as consequências das práticas sociais, trazendo consigo um novo elemento, a
“reflexividade”. Assim, o conceito de risco se tornou fundamental para a vida. Elucidar os
conceitos envolvidos nos riscos mostra-se também essencial para os que se interessam pelo
tema das alternativas a escassez. A sociedade, produtora de riscos, torna-se crescentemente
23

reflexiva, o que significa dizer que ela se torna um tema e um problema para si própria."
(JACOBI, 2005).
A preocupação com o Planeta, com os recursos ambientais e com a natureza, leva
também as pessoas a procurarem se aproximar mais da natureza, de também contribuir com sua
preservação, de maneira que a preocupação com o ambiente tem se mostrado um dos mais
destacados temas de discussões no mundo todo. Ao lado disso, a realidade da escassez de
matérias-primas leva à criatividade e ao desenvolvimento de novos materiais e projetos que
respeitem mais essa atual realidade.
No início da década de 1990 a Organização das Nações Unidas (ONU) proveu a ECO-
92, que foi um evento mundial para discussão do futuro do planeta, levantamento de propostas
e apresentação de projeções cientificas sobre a vida e o meio ambiente na Terra. Até o final da
década as discussões se multiplicaram por todo o mundo. Em 1997 a Comissão Mundial sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento aprovaram um documento que ficou conhecido como a
Carta da Terra, que influenciou a constituição de um encontro mundial para discutir a questão
da proteção ao ambiente natural e a ecologia.
No que diz respeito ao meio ambiente natural, ao conhecimento e a orientação política
para coordenação dos recursos naturais, é interligado a economia ambiental e ao sistema
capitalista.
Segundo Souza-Lima (2004):

A relação da economia ambiental com os recursos naturais está apoiada no princípio


da escassez, que classifica como “bem econômico” o recurso que estiver em situação
de escassez, desconsiderando o que for abundante. Além dos princípios expostos, a
noção de “internalização das externalidades” é outro pilar fundamental da economia
ambiental. Na base desse conceito predomina a noção de que os recursos naturais
devem ser reduzidos à lógica de mercado, precisam ser privatizados, enfim, devem ter
preços. Propõe, então, a privatização dos bens públicos como possibilidade objetiva e
única de protegê-los. É importante ressaltar que este tipo de aporte teórico possibilita
aos atores sociais a transferência de seus vícios privados para os espaços públicos,
permitindo a legitimação da privatização do público em favor de interesses
estritamente privados. (SOUZA-LIMA, 2004, p. 121).

A economia ambiental, assim como a economia ecológica é uma perspectiva para o


sistema de mercado, e não serviria para enfrentar a questão da produção capitalista e das
contradições internas do sistema. E a economia ecológica também é insuficiente, pois se utiliza
de regras externas para regular o sistema econômico, negligenciando as relações sociais que se
produzem em torno e na base desse sistema.
24

Impactos podem ser divididos em ambientais e sociais. Os primeiros estão ligados aos
recursos ambientais, e os segundo as pessoas. No Quadro 1 abaixo se apresenta um conjunto de
impactos relacionados aos diferentes ambientes.

Quadro 1 - Relação dos ambientes e seus respectivos impactos


AMBIENTE IMPACTO
Solo Erosão, pousio, salinidade,
nutrientes, produtividade da cultura.
Fauna Populações, Habitat
Flora Composição e densidade da
vegetação natural, produtividade,
espécies chave.
Saúde Patogenias, Vetores de doenças.
Água Quantidade, qualidade, acesso e
sazonalidade.
Fonte: Adaptado de Faria (2009)

Outra situação observada para compreender a necessidade de implantação de


metodologias de redução de descartes está deflagrada no sistema de crise energética que pode
ser observado na atualidade. O que se denomina “crise energética” é uma visão generalizada de
problemas que acometem e colocam em risco o consumo de vários tipos de energia, como a
energia elétrica e a energia combustível (petróleo e gás).
Nos últimos anos se acentuou a questão da finitude dos recursos naturais, pois apesar
dos inúmeros tratados internacionais que procuram reduzir o consumo e minimizar os riscos de
esgotamento de recursos. As sociedades ainda não conquistaram níveis de controle seguros que
promovam a racionalidade do consumo (LEMOS, 2014).

2.2.3 Resíduos sólidos nas edificações

Em relação aos resíduos sólidos urbanos, vislumbra-se o aterro sanitário como uma das
técnicas de menor custo e, também, mais seguras para se promover a sua disposição final.
Fundamentado em normas técnicas específicas (ABNT NBR 8419:1992, versão corrigida 1996,
e ABNT NBR 13896:1997) e critérios de engenharia, o aterro sanitário permite o confinamento
de resíduos sólidos urbanos de maneira segura, contribuindo para o controle da poluição
ambiental e proteção da saúde pública.
25

A construção civil consome aproximadamente 50% dos recursos naturais disponíveis:


60% da terra para cultivo, 40% de água potável, 70% de madeira e 45% de energia (LAHAM,
et al, 2004).
De acordo com World Business Council for Sustainable Development (2010), a
população mundial prevista para 2050 é de 9.150 milhões, uma vez que em 2010 era
aproximadamente de 6.900 milhões. Ou seja, o crescimento populacional acarretará uma alta
no consume de recursos naturais, por conta da necessidade de mais habitações para atender a
esta demanda.
O ciclo de edificações está bem representado na Figura 2, que inclui todas as etapas do
processo construtivo, incluindo desde a extração de matéria prima até a reciclagem do material
após a demolição do edifício.

Figura 2 - Ciclo da vida das edificações

Fonte: Site Techoje (2010)

De acordo com Correa (2009), a Associação Brasileira dos Escritórios e Arquitetura –


AsBEA, em conjunto com o Conselho Brasileiro de Construção Sustentável – CBCS e com
outras instituições afins, evidenciam uma diversidade a serem considerados no âmbito da
construção civil para um mercado mais sustentável. São estes os seguintes:
 Aproveitar condições naturais locais;
 Fazer uso do mínimo de terro possível;
 Integrar a obra ao ambiente natural;
 Implantar e analisar o entorno;
 Reduzir ou não provocar impactos no ambiente do entorno, abrangendo
temperaturas, paisagens e concentração de calor e umidade;
26

 Promover qualidade ambiental externa e interna;


 Promover gestão sustentável de implantação da obra;
 Adaptar-se às necessidades tanto atuais como futuras de cada usuário;
 Promover o uso sustentável das matérias-primas, optando, ainda, por aquelas que
contribuam para a eco eficiência do processo;
 Reduzir o consumo de água na construção civil;
 Reciclar, reutilizar, reduzir e descartar corretamente os resíduos sólidos, evitando
impactar o meio ambiente;
 Introduzir inovações tecnológicas que busquem promover a sustentabilidade na
construção civil, sempre que esta for viável e possível;
 Promover a educação ambiental no setor, conscientizando todos os envolvidos no
processo.

Ainda segundo Correa (2009), a incidência das práticas de sustentabilidade na


construção civil apresenta propensão de crescimento constante no cenário atual. Conforme o
autor, trata-se de atitude que revela um caminho sem volta em razão dos diferentes agentes que
atuam sobre este setor, pressionando-o a adotar soluções positivas para a questão ambiental.
Em complementação, importante menção se faz a Milaneze et al (2012), ao destacarem
que a preocupação com a sustentabilidade faz com que as empresas sintam a necessidade de
adaptação de seus processos produtivos e do gerenciamento de obras para se adequar a esse
novo padrão exigido pelo mercado. Para tanto, conforme os autores, é preciso atender quatro
requisitos: o da aceitação cultural, o da justiça social, o da viabilidade econômica e o da
adequação ambiental.
Na Figura 3 verifica-se um fluxograma que apresenta as características de uma edificação
sustentável a nível ecológico, econômico e sociocultural.
27

Figura 3 - Fluxograma de Edifício Sustentável

Fonte: Site Techoje (2010)

Diante de tais apontamentos, pode-se considerar que o mercado atual exige do setor de
construção civil um forte posicionamento em favor da sustentabilidade, o que faz com que se
busque, a cada dia mais, inovações tecnológicas que rumem em direção a esse preceito. Para
esse trabalho, considerou-se a expressão da sustentabilidade na construção civil a partir da
adoção de containers como elemento construtivo. Em razão disso, se dedicará o próximo
subcapítulo à caracterização geral dos containers disponíveis no mercado.
A construção sustentável, de acordo com as definições propostas por Colaço (2008)
apontam à responsabilidade recaída sobre a indústria da construção em diagnosticar, indicar e
propor soluções aos impactos gerados ao meio ambiente com relação aos processos de produção
e execução de obras civis, uma vez que há a necessidade de mudança de parâmetros e padrões
para que o processo, de fato, atinja os parâmetros de sustentabilidade desejados. Essa nova
metodologia deve realizar a avaliação dos processos característicos à produção, comparando a
nova forma encontrada com o modelo tradicional de execução e mensurar as melhorias relativas
à aplicação do novo processo, a fim de quantificar e qualificar as melhorias apresentadas. Como
uma primeira observação realizada, é possível propor melhorias relacionadas à qualidade do
produto, ao tempo levado do início ao fim do projeto, bem como o custo final à implementação.
Castelo (2008) ainda descreve que, em linhas gerais, esse processo construtivo
sustentável promove intervenções no meio ambiente, fazendo com que este esteja adaptado às
necessidades de utilização e produção/consumo voltados ao ser humano, de modo a não
promover o esgotamento dos recursos do meio ambiente, estado o meio ambiente e os recursos
preservados às futuras gerações. Tudo isso por meio do uso de materiais ecologicamente
corretos e a diminuição da poluição e dos desperdícios.
28

2.2.4 Materiais e tecnologias voltadas à construção civil

São considerados como materiais ecológicos os artigos não poluentes, não tóxicos,
sendo estes benéficos ao meio e à saúde da comunidade, que contribui ao desenvolvimento dos
sistemas econômicos, sociais e sustentáveis (LAURIA, 2007). Estes materiais podem ser tanto
industrializados, artesanais ou manufaturados, mas devem seguir essas premissas voltadas à
ecologia e finitude dos recursos.
Ainda que possam ser manufaturados, industrializados ou artesanais, do ponto de vista
construtivo, esses materiais são considerados como ecológicos quando todos os seus processos
de geração sejam adequados ao meio ambiente, com o ciclo de vida bem definido e planejado,
atingido os elos de sua cadeia produtiva de modo a promover a sustentabilidade em todas as
esferas (FERREIRA, 2010). A identificação dos produtos e materiais aplicados deve obedecer
às regras e critérios que priorizem a sustentabilidade, relacionado o custo efetivo do material e
as origens da matéria prima, desde a sua extração até o último processo de conformação/geração
que dará o formato final dele. Além desses, considera fatores como os custos com a aplicação
de energia, a emissão de poluentes e a compatibilidade biológica dos materiais, para que assim
sejam classificados como sustentáveis.
Dentro desse conceito, há uma grande vantagem observada na utilização e priorização
dos materiais de maior durabilidade, fornecendo aos edifícios um maior tempo de vida útil
(CASTELO, 2008). Assim, deve-se evitar a aplicação de materiais tradicionais que geram
problemas ambientais, como por exemplo o alumínio, que exige uma grande aplicação de
energia por meio do seu processo de produção, e também os plásticos, em especial o PVC, que
causam impactos na produção, na utilização e no descarte quando torna-se resíduos.
Dentro a área de construção civil, as perdas nas obras, como o desperdício,
correspondem, de acordo com Ferreira (2010), a cerca de 10% do total de perdas totais. Isso
ocorre por conta da diferença do coeficiente de perda de cada material, que varia de acordo com
o tipo de matéria-prima, processos de produção e destinação na obra, muitas vezes decrescido
por conta dos incrementos antes da fabricação.
O uso de materiais com maior durabilidade possibilita a redução do uso de materiais
primas, desse que essa durabilidade seja assegurada igualmente a todos os componentes
presentes no projeto, não comprometendo assim que materiais de maior durabilidade sejam
afetados pelos de menor durabilidade (AMADO, 2007). Sendo assim, caso haja inviabilidade
do uso desses materiais pelos tipos de materiais, a substituição de matérias com durabilidade
menor fica facilitada e justificada.
29

2.3 CONTAINERS

De acordo com Levison (2003), os containers foram criados aproximadamente em 1937


pelo norte-americano Malcolm Purcell McLean (1913-2001) Figura 4. Inicialmente, consistiam
de grandes caixas de aço, utilizadas principalmente no transporte dos fardos de algodão no setor
portuário de Nova York. Posteriormente, o mecanismo de trabalho foi sendo aperfeiçoado,
introduzindo também os setores ferroviário e fluvial.

Figura 4 - Malcom McLean com containers ao fundo

Fonte: Mehr Containers (2015)

Entre os anos de 1968 e 1970 foram publicadas as primeiras normas ISO – no caso, a
ISO 6346 – para containers. Em seu bojo, tinha-se a indicação de melhorias nos processos de
descarga, transporte e carregamento até então estabelecidos, o que gerou grande economia
quanto ao tempo e recursos desprendidos pelas empresas para este fim (LEVISON, 2003).
Posteriormente, em 1972, a configuração dos containers passou a ser regulamentada
pela Inter-governmental Maritime Consultative Organization, garantindo, assim, segurança ao
seu manuseio e transporte, regulamentados de acordo com determinações experidas pela CSC-
Plate –International Convention for Safe Containeres (LEVISON, 2003).
Segundo Kronenburg (2008), a invenção dos containers é considerada uma revolução
para o carregamento, tendo em vista que a carga possível de ser acondicionada em um
caminhão, por exemplo, poderia ser transferida para um trem ou navio por meio do uso de
guindastes, proporcionando otimização do tempo de entrega, já que não seria este dispendido
com infraestrutura, mudanças de meios de transporte, dentre outros aspectos, além de não se
sujeitar a assaltos.
De acordo com a definição dada pelo Artigo 4 do Decreto n 80.145 de 15 de agosto de
1977:
30

"O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar


o transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de
dispositivo de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de
segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais
ratificadas pelo Brasil". (BRASIL, 1977).

Os containers são normalizados em suas características e dimensões pela ISO 668:2013


(International Organization for Standardization), sua estrutura é de aço corten e fechamentos
nas laterais e posterior são em painéis de chapa corrugada. A resistência de um container pode
suportar até 200 Kg. Suas ligações são soldadas, o que gera uma maior resistência a estrutura.
(SAWYERS, 2008).
A estrutura dos containers, conforme a Figura 5, é constituída por perfis metálicos em
aço, sendo formados por trilhos, colunas e travessas, que são conectadas por solda ou parafusos.
(ALMEIDA; NEVES, 2012).

Figura 5 - Esquema estrutural container

Fonte: Adaptado de Departament of Defense Handbook, 2002 apud Petronila (2015)

Além dos componentes estruturais, há elementos que fazem o fechamento do container


Figura 6, como os painéis laterais de aço que exercem papel de “paredes” e portas. As travessas
inferiores da estrutura, dão suporte ao um assoalho de madeira. Todos os componentes
desempenham função de trava para a estrutura, tornando-a mais rígida e estável.
31

Figura 6 - Esquema componentes estruturais de fechamento do container

Fonte: Adaptado de Departament of Defense Handbook, 2002 apud Petronila (2015)

Atualmente, segundo Souza (2017), cerca de 90% das mercadorias transportadas em


todo o mundo são acondicionadas em containers, em razão da resistência desse material, bem
como à adaptação e mobilidade obtidas a partir da forma modular de acondicionamento, que
segue padrão mundial, facilitando o manuseio mecânico e consequente transporte.
Os containers são fabricados em grandes dimensões, utilizadas para transporte de
produtos ou alimentos quando envolve uma distância considerável em navios e trens, sua vida
útil é de no máximo dez anos, após isso a grande maioria fica estocado em cidades portuárias
(Milaneze et al 2012).

Figura 7 - Disposição de containers

Fonte: Pereira (2011)

A Figura 7 representa o alto estoque de containers, estocados em cidades portuárias, uma


vez que não é viável mandá-lo de volta a sua origem. De acordo com Calory (2015), cerca de
300 milhões de containers são transportados no mundo todo, dispondo o Brasil de 5% desse
total.
32

Segundo o Decreto n° 80.145 de 15 de agosto de 1977, um container deve se encaixar


nos seguintes requisitos, como ser resistente para suportar seu uso, ser projetado de maneira a
facilitar a locomoção, permitir uma fácil retirada e abastecimento de mercadorias.

Figura 8 - Containers em navio

Fonte: Cargo Revista (2017)

Segundo Occhi (2016), na década de 90, países como Holanda, Inglaterra e Japão já
começavam a reutilizar os containers para construção de escritórios, hotéis e habitação infantil
que posteriormente começou a ser utilizado em residências unifamiliares.
Em 2005, havia cerca de 700.000 containers em desuso nos portos dos Estados Unidos,
esse acúmulo é explicado devido a explosão de crescimento das importações vindas de países
asiáticos, uma vez que não é viável enviar os containers vazios de volta para a origem. Vale
ressaltar que outros países também sofrem com espaço físico para estocar os mesmos. (ISBU
ASSOCIATION, 2010).
Para Portal Metálica (2015) com essa crescente no uso de container, faz com que países
como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra e Holanda já empregam esse material para fins de
construção de escritórios, hotéis, alojamentos para estudantes e residências.
As principais vantagens estão diretamente relacionadas a estética moderna, custo-
benefício, otimização da obra e os valores sociais, uma vez que caminha junto a reciclagem e a
sustentabilidade. Atualmente, o potencial construtivo dos containers tem crescido rapidamente,
mas, em contrapartida no Brasil ainda não há uma cultura adepta a esse uso comparado a outras
nações. (Rosa et al. 2017).
Guedes (2015) salienta a importância sustentável que traz as construções com container,
como telhado verde, conforme Figura 9 abaixo, captação de água pluvial, pintura ecológica e
aproveitamento do aquecimento solar.
33

Figura 9 - Casa de container com telhado verde

Fonte: Não-Me-Toque (2017)

Guedes (2015) reforça as vantagens do container, mas também traz desvantagens da


utilização do mesmo, gastos com transporte, para lugares distantes de cidades portuárias,
deficiência na mão de obra qualificada e possibilidade de contaminação referente as cargas
transportadas, caso seja uma reutilização do container que anteriormente foi utilizado para fins
de transporte naval.
No Brasil, apenas em 2010, a primeira loja em container foi criada para a empresa
Container Ecology Store. No mesmo ano, foi executada a primeira casa em container Figura 10
com cerca de 196 metros quadrados de área construída, disposta em dois pavimentos, na cidade
de São Paulo, construída pelo arquiteto Danilo Corbas, que propôs soluções práticas e
eficientes.

Figura 10 - Primeira Casa Container no Brasil

Fonte: Casa Vogue (2017)

Segundo Nunes (2017), a obtenção do contêiner para construção civil pode ser por meio
de lojas físicas e online, já os preços variam de acordo com a demanda e do projeto. Há
34

disponibilidade de contêiner seminovos, que não passaram por alguma modificação e contêiner
novos já modificados.

2.3.1 Tipos de Containers

Segundo Nunes (2017), embora exista a necessidade de se realizar estudos com maior
aprofundamento acerca do reuso dessa matéria-prima para fins de edificação na construção
civil, é certo que, ainda assim, elas já estão tomando um espaço no mercado consumidor,
especialmente pelo fato de ser um material reaproveitado, que concorre para a redução dos
impactos ambientais, além de promover uma considerável redução no custo total da obra – em
torno de 30% em comparação com obras de alvenaria.
Atualmente existem vários tipos de containers, para atender as diversas necessidades,
alguns para cargas secas, não perecíveis e outros para cargas volumas, pesadas e perecíveis. Os
principais modelos utilizados na construção civil são: Dry Standard de 20 e 40 pés e High Cube
de 40 pés, utilizados para cargas secas. Suas dimensões encontram-se no Quadro 2 a seguir.

Quadro 2 - Dimensões dos containers do tipo Dry


DRY DRY
DRY HIGH CLUBE
DIMENSÕES (m) STANDARD STANDARD
40 PÉS
20 PÉS 40 PÉS
Comprimento 6,058 12,192 12,192
Externa Largura 2,438 2,438 2,438
Altura 2,591 2,591 2,895
Comprimento 5,910 12,044 12,032
Interna Largura 2,346 2,342 2,350
Altura 2,388 2,380 2,695
Largura 2,340 2,337 2,338
Porta
Altura 2,282 2,280 2,585
Capacidade cúbica (m³) 33,200 67,600 76,200
Capacidade de carga (kg) 21,920 26,930 26,330
Tara (kg) 2,080 3,550 4,150
Fonte: Adaptado de Transbrasa (2018)

2.3.2 Normas utilizadas no Brasil

Como mencionado anteriormente, na década de 1970 foram publicadas as primeiras


normas ISO – no caso, a ISO 6346 - para containers. Padronizando os processos de
35

carregamento, transporte e descarga, o que possibilitou que fossem mais constantes,


ocasionando assim uma grande economia no tempo e recursos das empresas.
No Brasil, a ISO 6346 é a norma da ABNT que regulariza que normaliza e reconhece o
container. Em seu Artigo 4º do Decreto nº 80.145 de 15 de agosto de 1977, que diz:

O container é um recipiente construído de material resistente, destinado a propiciar o


transporte de mercadorias com segurança, inviolabilidade e rapidez, dotado de
dispositivo de segurança aduaneira e devendo atender às condições técnicas e de
segurança previstas pela legislação nacional e pelas convenções internacionais
ratificadas pelo Brasil. (BRASIL, 1977, p.2).

Em 1972, os containers passaram a ser regulamentados pela Inter-governmental


Maritime Consultative Organization, certificando, assim, segurança ao seu manuseio e
transporte, regulamentados de acordo com determinações experidas pela CSC-Plate –
International Convention for Safe Containeres (LEVISON, 2003).
O termo container ISO é aplicado para denominar os contêineres de carga que atendem
as normas da International Organization for Standardization - ISO, conforme definido pela
norma NBR ISO 668 (ABNT, 2000). Corbas (2012) destaca que a utilização destes containers
em construções habitacionais, garantem uma obra limpa, proporcionando uma queda de
resíduos e economia dos recursos naturais.
As normas brasileiras em vigor que com base nos containers, conforme Quadro 3:
36

Quadro 3 - Normas Brasileiras que tratam sobre containers

NORMA DESCRIÇÃO
NBR 5943 (1984) Contêiner - Tipos Classifica e codifica os tipos de contêineres.
Especifica a classificação dos contêineres série
NBR ISO 668 (2000) Contêineres 1, baseado nas dimensões externas, e estabelece
Séries 1- Classificação, Dimensão e as massas brutas associadas, e quando
Capacidade adequado, as dimensões mínimas e abertura das
portas para determinados tipos de contêineres.
NBR ISO 6346 (2002) Contêineres de
Proporciona um sistema para identificação de
carga – Códigos, identificação e
informações sobre contêineres de carga.
marcação.
Estabelece os requisitos para o dispositivo de
NBR 7475 (2010) Implementos
fixação de contêiner do veículo rodoviário
rodoviários – Dispositivos de fixação
porta-contêiner (VPC) e especifica um método
dos contêineres - Requisitos
de ensaio para determinação da sua resistência.
Estabelece os requisitos de projeto e de
NBR 9500 (2010) Implementos
verificação da resistência e fixação do contêiner
rodoviários – Veículo porta-contêiner
no veículo porta-contêiner (VPC) utilizado no
- Requisitos
transporte rodoviário.

NBR 9762 (2012) Veículo rodoviário Define os termos empregados para os veículos
de carga - Terminologia rodoviários de carga.
Fonte: Carbonari (2013)

Os documentos fundamentais a fim de comprovar a qualidade e legalidade são as


Licenças de Importação (LI) e Documento de Importação (DI). Estes documentos levam a
numeração seguindo a placa de identificação CSC (Convenção pela Segurança dos Containers).
Atualmente no Brasil não existe nenhuma norma exclusiva para construção com
container, devendo assim seguir as mesmas exigências que para construções convencionais. O
diferencial se dá na necessidade de um laudo técnico de inspeção expedido por um engenheiro
responsável, certificando a descontaminação de agentes químicos, biológicos e radiativos, afim
37

de assegurar uma estrutura de construção sem riscos, uma vez que esses containers podem ter
transportado em sua vida útil um vasto gênero de mercadorias.

2.3.3 Viabilidade

Segundo Figuerola (2013), as construções convencionais ou inovadoras, como as


realizadas com containers, devem respeitar os critérios da Norma de Desempenho NBR 15575
(2013). Esta norma insere princípios como segurança, qualidade, conforto e vida útil para as
edificações, e estão dispostos quesitos como níveis de iluminação, isolamento acústico,
conforto térmico, garantias, dentre outros. Há três níveis de desempenho: o mínimo, que é
imposto para todos os tipos de edificações; o intermediário e o superior, sendo esses facultativos
ao empreendedor.
Esta norma possui três grupos de requisitos: segurança, sustentabilidade e
habitabilidade. O primeiro compreende a segurança estrutural, contra incêndios e na execução
da construção. Quanto à sustentabilidade engloba edificações mais eficientes quanto a
licenciamento ambiental, saúde, higiene, qualidade do ar, dentre outros, a fim de minimizar
impactos e alterações ambientais. Para a habitabilidade, faz referência a estanqueidade da água,
aos desempenhos térmico, acústico e lumínico, saúde e higiene, funcionalidade e por fim,
conforto.

2.3.3.1 Viabilidade térmica

Devido ao container ser de material metálico, ele pode passar por variações térmicas ao
decorrer do dia ou das oscilações do ambiente externo, já que o aço com qual eles são
produzidos é um excelente condutor térmico.
Figuerola (2013) menciona as placas de poliestireno expandido, lã de PET, lã de rocha,
lã de vidro, poliuretano extrudado, aglomerados de cortiça ou espuma de poliuretano como os
mais empregados no isolamento térmico, Figura 11.
38

Figura 11 - a) Placas de poliestireno em container; b) Espuma de poliuretano

a) b)

Fonte: Container tech (2014)

O isolamento térmico pode ser feito de duas formas diferentes: o interno e o externo.

O isolamento térmico interno, embora seja o mais econômico, é, também, o menos


eficiente. Isso porque a perda de calor é rápida, em razão da limitação existente no espaço
interno, bem como da espessura do material, que é de aproximadamente 10cm (CHEVRIOT,
2013).
Já o isolamento térmico externo é considerado mais eficiente porque a perda de calor
pode ser reduzida a partir da aplicação de material isolante entre 10 e 30cm de espessura. No
entanto, é necessário usar sistema de vedação mais resistente, em função de as placas estarem
expostas ao meio externo, o que encarece o seu custo (CHEVRIOT, 2013).

2.3.3.2 Viabilidade acústica

O isolamento acústico pode ser trabalhado da mesma maneira que o isolamento térmico
– ou seja, interna ou externamente. Tem-se, ainda, a possibilidade de se promover um
isolamento do teto com isopor aparente ou revestido. Destes, o primeiro (isolamento com
isopor aparente) não é apropriado para residências, por questões estéticas (MERCER, 2016).
A lã de pet, produzida a partir de fibras de poliéster extraídas de garrafas pet recicladas,
sem a adição de resina, aplicando-se água no processo, sem a emissão de carbono na atmosfera
representa uma opção eficiente e sustentável em termos de isolamento para containers
(MERCER, 2016).
Outra opção, igualmente sustável, é a placa ou fibra de coco Figura 12, material natural,
oriundo de fontes renováveis. É reciclável, reutilizável, biodegradável e de alta durabilidade.
39

Além disso, não exala gás tóxico quando em combustão, apresentando alto teor de tanino, o
que faz com que funcione como espécie de fungicida natural (MERCER, 2016).

Figura 12 - Manta fibra de coco

Fonte: Site Materialab

Também se trata de material abundante no país, considerando-se que, segundo a


EMBRAPA (2016), a produção anual de cocos no Brasil é de cerca de 1,3 bilhões de cocos.
Cada um desses frutos gera aproximadamente 1kg de resíduos sólidos, matéria prima a ser
aplicada na confecção de fibras e placas de coco. Com isso, a noção de sustentabilidade se
alarga ainda mais, porque esse quantitativo equivale a cerca de 10% do lixo sólido que é
depositado em aterros das cidades litorâneas (BM ENGENHARIA AMBIENTAL, 2016).

2.3.3.3 Viabilidade econômica

Vários autores mencionam que a custo final da obra com contêiner é aproximadamente
de 20 a 30% mais baixo que a construção de casas de alvenaria. Como atualmente a demanda
está alta, é possível conseguir excelentes negociações, uma vez que a vida útil de um container
é de 100 anos, possibilitando a reutilização de contêineres seminovos que são usufruídos pelas
empresas em média 8 anos, assim conseguindo um custo menor ainda, mas, caso opte por um
novo, o custo da obra ainda assim continuará relativamente baixo.
Segundo Nunes (2017), os valores para contêiner seminovo sem modificação são de R$
3.000,00 a R$ 9.000,00, já um com modificação sofre um acréscimo no preço e ficará na faixa
de R$ 11.500,00 a R$ 18.000,00, variando de acordo com as modificações, quantidade janelas,
portas, instalação de parte hidráulica, elétrica e acabamentos.
40

Ainda de acordo com Nunes (2017), em relação ao transporte em média as


transportadoras pedem de R$ 3,00 a R$ 4,00 reais por Km rodado, variando também de região
para região e se no caminho há muitos pedágios.

2.4 CONSTRUÇÕES DE HABITAÇÕES CONTAINERS VS. MÉTODO CONSTRUTIVO


CONVENCIONAL

Como já mencionado, as habitações feitas com containers geram economias


consideráveis quando comparadas com o modelo de construção convencional. De acordo com
Almeida, Pinheiro e Oliveira (2016), a principal economia refere-se à não utilização de recursos
naturais (areia, tijolo, água, madeira e aço), aliadas à redução de impactos ambientais e
minimização na geração de resíduos.
O método construtivo mais utilizado no Brasil é o método de alvenaria, principalmente
na construção de casas. De acordo com Belato e Bedin (2018) um dos fatores para a utilização
da alvenaria são as várias empresas de cimento e as olarias que, por encontrarem madeira em
abundância para realizar a queima, fornecem tijolos com preço baixo. Entende-se como
alvenaria “o conjunto de paredes, muros e obras similares, composto de pedras naturais, blocos
ou tijolos artificiais, ligados por argamassa ou não” (YAZIGI, 2013, p. 493).
Como sistema estrutural, a utilização de estruturas de concreto armado com vedação
em blocos cerâmicos é a de maior predominância no país em obras residenciais. Trata-se da
combinação de pilares, lajes e vigas que ligados formam o esqueleto da construção, como
mostrado na Figura 13.
Na concepção de Belato e Bedin (2018), nessas estruturas as paredes funcionam apenas
para fechar e separar os ambientes, não possuindo função estrutural, já que o peso é absorvido
pelos pilares, lajes e vigas. Tem-se, então, a chamada alvenaria de vedação.

Figura 13 - Residência em alvenaria convencional

Fonte: Fórum da Construção (2008)


41

Como pontos positivos da construção tradicional, utilizando-se estrutura de


alvenaria, Bastos (2014, p.6-7) consideram:

Custo: os componentes do concreto estão disponíveis em quase todas as regiões do


Brasil [...];
Adaptabilidade: as estruturas de concreto permitem as mais variadas formas, porque
o concreto no estado fresco pode ser moldado com relativa facilidade, o que favorece
o projeto arquitetônico. A estrutura, além de resistir às diversas ações atuantes, pode
compor também a arquitetura. O concreto pré-moldado pode ser uma opção estrutural
e arquitetônica à estrutura de concreto convencional;
Resistência ao fogo: uma estrutura deve resistir às elevadas temperaturas devidas ao
fogo e permanecer intacta durante o tempo necessário para a evacuação de pessoas e
interromper o incêndio. As estruturas de concreto, sem proteção externa, têm uma
resistência natural de 1 a 3 horas;
Resistência a choques e vibrações: as estruturas de concreto geralmente têm a massa
e rigidez que minimizam vibrações e oscilações, provocadas pelas ações de utilização
e o vento. Os problemas de fadiga são menores e podem ser bem controlados;
Conservação: desde que o projeto e a execução tenham qualidade, as estruturas de
concreto podem apresentar grande resistência às intempéries, aos agentes agressivos
e às ações atuantes. Geralmente, os fatores mais importantes são a resistência do
concreto e o correto posicionamento das armaduras, obedecendo os cobrimentos
mínimos exigidos;
Impermeabilidade: o concreto comum, quando bem executado, apresentas muito boa
impermeabilidade. (BASTOS, 2014, p.6-7).

Dentre os pontos negativos acerca do método construtivo convencional, os mesmos


autores relatam a baixa resistência do concreto à tração, sendo necessária a colocação de
armadura de aço para que não ocorram fissuras nem penetre água, prejudicando a estética e a
durabilidade da estrutura; a necessidade de utilização de formas e escoramentos, o que acarreta
em custos adicionais e elevados com material e mão de obra; baixa resistência do concreto em
comparação com o aço estrutural; e a necessidade de espaço no canteiro de obras para
posicionar e movimentar as estruturas e os materiais utilizados (vergalhões de aço,
escoramento, madeira etc.).
No que se refere à utilização de containers para habitações, Occhi e Romanin (2014)
mencionam que os mais utilizados na construção civil são os que se enquadram na categoria
Dry de 20 e 40 pés, com área de 15 e 29m² respectivamente, ambos com portas nas laterais,
Figura 14.
42

Figura 14 - Contêineres de 20 e 40 pés (respectivamente 15 e 29 m²)

Fonte: Portal Habitíssimo (2016).

Uma vez escolhido o container é necessário que seja realizado um jateamento com
material abrasivo para que qualquer resíduo da função inicial seja retirado e posteriormente
deve ser pintado com tinta não-tóxica. Após verificação de que o container pode ser utilizado
para habitação, faz-se o projeto de construção e inicia-se as adequações necessárias. Cabe
salientar que a fundação das habitações com containers deve atender os mesmos requisitos que
uma construção em alvenaria, atentando-se e seguindo as propriedades geográficas e físicas do
terreno, bem como a disponibilidade de um espaço para que seja realizada a movimentação dos
materiais necessários (MUSSNICH, 2015).
Esse autor destaca que, diferente da estrutura realizada em construções de alvenaria, a
estrutura para a colocação do container pode ser levantada sobre estacas niveladas no solo.
Percebe-se, já nesse ponto, a grande economia no processo de fundação e estruturação da
construção, uma vez que é necessária uma menor quantidade de material, bem como mão de
obra reduzida.
Outro diferencial da estrutura de alvenaria é a separação dos cômodos, enquanto na
construção por alvenaria utilizam-se paredes, na construção com containers faz uso de drywall,
uma vez que são leves, de montagem rápida e qualquer tipo de acabamento pode ser utilizado.
Quanto ao isolamento térmico e acústico tanto nas paredes quanto no teto, Nascimento e Melo
(2017) destacam que os revestimentos de lã mineral, lã de rocha, poliestireno expandido,
espuma de poliuretano, isopor ou lã de pet podem ser utilizados, dando-se preferência para essa
última, pois torna a habitação mais sustentável, uma vez que é produzida com materiais
recicláveis. Tal camada é colocada entre as paredes e o acabamento, sendo utilizada, também,
para esconder a parte hidráulica e elétrica, as quais são feitas no padrão convencional da
construção de alvenaria.
A Figura 15, a seguir, demonstra a estrutura de uma habitação com container.
43

Figura 15 - Estrutura de uma habitação com container

Fonte: Portal Metálica (2019)

Dentre as vantagens na utilização de containers para desenvolver habitações,


Nascimento e Melo (2017) destacam a padronização, de acordo com Organização Internacional
de Padronização (ISO 668:2013), a maior durabilidade, baixo custo e grande resistência
mecânica, além de economia de recursos e geração de resíduos, como já citado anteriormente.
Entretanto, as desvantagens incluem o custo com o transporte, a necessidade de mão de
obra especializada para recortar e montar os módulos dos containers e a necessidade de que o
terreno possua um espaço suficiente para que o caminhão Munck se movimente, uma vez que
é por meio dele que é realizado o descarregamento das peças. Além disso, salienta-se, também,
um cuidado maior devido ao aço, material principal dos containers, por possuir alta
condutibilidade (NASCIMENTO; MELO, 2017).
Ainda acerca das vantagens e desvantagens das habitações em containers, Fiorentini,
Campos e Oliveira (2020, p. 4-5) apresentam a seguinte Quadro 4, com especificações mais
detalhadas:
44

Quadro 4 - Vantagens e desvantagens para construção de casas em containers


VANTAGENS DESVANTAGENS
Durabilidade – estrutura e fechamentos em Mão de obra especializada escassa – para a
aço, podendo passar facilmente dos 90 anos. realização das modificações necessárias nos
contêineres ainda existe pouca mão de obra
disponível.
Resistência – desenvolvidos para resistirem Problemas com temperatura, devido à alta
as mais diversas e difíceis condições condutividade térmica do material que
climáticas, podendo ser empilhados, constitui os contêineres, o que torna
possibilitando até 8 níveis de estrutura. necessário aplicação de revestimentos e
tratamentos térmicos.
Modularidade – possui dimensões Alto custo de transporte e problemas
padronizadas, possibilita variadas logísticos – cidades portuárias ou próximas a
composições e futuros acoplamentos de elas são a melhor opção para a
outras unidades de contêiner implementação desse método, porém não se
exclui a possibilidade da aquisição de
contêineres para as demais localidades. No
entanto, quanto mais se afastar dos portos,
maior o custo geral.
Custo – custo acessível, economia Possibilidade de contaminação com relação à
carga transportada. Sendo assim, existe a
necessidade de um laudo de vistoria ao se
adquirir um contêiner, para certificar que o
material está livre de contaminações e de
avarias em sua estrutura.
Recicláveis e reutilizáveis; redução do uso de
recursos naturais
Rapidez – por se tratar de uma material pré-
fabricado que necessita de poucas
modificações para se tornar habitável, tem
um tempo de construção menor
Flexibilidade – por se tratar de construções
modulares, possibilitam até mudanças de
locais, onde a estrutura é desmontada e
transportadas para outra localidade
Construção mais limpa e menor geração de
resíduos
Fonte: Fiorentini; Campos; Oliveira (2020, p. 4-5)

Pode-se perceber, todavia, que a construção em habitações de containers apresenta mais


vantagens do que desvantagens, além de possuírem as características da sustentabilidade e da
redução de resíduos, fatores de extrema importância na atualidade.
Acerca da geração de resíduos, Almeida, Pinheiro e Oliveira (2016, p. 7610), ao
elaborarem um planejamento para a construção de moradias com containers para estudantes,
estimaram os materiais provavelmente utilizados para a retirada dos resíduos gerados em
habitações construídas a partir do método construtivo tradicional Quadro 5.
45

Quadro 5: Materiais estimados para destinação de resíduos gerados em uma obra de sistema construtivo
tradicional (sem containers)
INSUMO DESCRIÇÃO
Classificação de resíduos / m³ Classificação manual na obra dos resíduos de
construção e/ou demolição.
Trituração de resíduos / m³ Triturador de martelos para resíduos de construção e
demolição de natureza não pétrea, com capacidade para
tratar de 10 a 25 m³/h, com tapete de alimentação,
transportável manualmente.
Britagem de resíduos / m³ Equipamento móvel de britagem para resíduos de
construção e demolição de natureza pétrea, com
capacidade para tratar 100 t/h.
Pá carregadeira sobre pneus de 120kW/1,9m³.
Transporte de resíduos / m³ Caminhão de transporte de 15 t com uma capacidade de
12m³ e 2 eixos.
Taxa por entrega de resíduos / m³ Taxa por entrega de mistura sem classificar de resíduos
inertes produzidos em obras de construção e/ou
demolição, em aterro específico ou área de destinação
licenciada.
Transporte de resíduos perigosos Carga e troca de caçamba de 1m³, para recolha de
com caçamba resíduos perigosos produzidos em obras de construção
e/ou demolição, colocado em obra na zona de carga,
incluindo serviço de entrega e aluguel.
Fonte: Adaptado de Almeida; Pinheiro; Oliveira (2016, p. 7610)

No caso de uma construção utilizando containers, tais resíduos não serão gerados, visto
que o processo construtivo está concentrado em montagens, dispensando o uso de concreto.
Referente à comparação de gastos na construção de moradias com aproximadamente 40
m², utilizando containers e de moradias utilizando o método tradicional de alvenaria,
Nascimento e Melo (2017) trazem os seguintes dados no Quadro 6:

Quadro 6: Comparativo entre construção convencional e construção em containers

Fonte: Nascimento; Melo (2017)


46

Com uma economia de aproximadamente 23 mil reais, pode-se perceber que a


construção em container apresenta viabilidade relevante.
No Gráfico 1, os autores demonstram a comparação por metro quadrado, indicando uma
economia de 13,09% na construção com container, já que o custo do metro quadrado de sua
construção é de R$ 1.886,25, enquanto a moradia que utiliza o método construtivo tradicional
tem o metro quadrado estimado em R$ 2.170,32.

Gráfico 1 - Comparativo de custo por metro quadrado entre habitação com container e com método construtivo
tradicional

Fonte: Nascimento; Melo (2017)

Milaneze et al. (2012) ainda salientam ser possível uma economia de 20% referente ao
tempo de construção e de recursos. Além disso, há o caráter sustentável da construção, com
menos geração de resíduos sólidos e utilização de materiais desenvolvidos a partir da
reciclagem.

2.5 PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE HABITAÇÃO EM CONTAINERS

A construção modular é um método realizado a partir da junção de seções e módulos


fabricados num certo local e transferidos ao ponto da obra. São muitos os materiais utilizados.
No caso dos containers, a facilidade de aplicação caracteriza assim como uma das principais
formas de produção de moradias alternativas, a serem descritas a seguir.
47

2.5.1 CONSTRUÇÃO MODULAR

A construção modular tem sua criação e avaliação muito próxima às considerações


acerca de um sistema pré-fabricado, ainda que tenha características e propósitos específicos,
sobretudo com relação ao custo efetivo para a implementação e a caracterização de mobilidade
(FERREIRA, 2010). O processo de construção modular tem sua caracterização dada pela
normalização de dimensões, repetibilidade e padronização, seja de processos ou materiais,
buscando uma melhor eficiência e eficácia na produção do projeto ao qual está sendo aplicado.
Esses conceitos podem ser aplicados tanto às construções domésticas/residenciais como para
produções fabris/industriais, diferindo-se do sistema pré-fabricado somente pela forma de
realização e os mecanismos aplicados à produção do material.
Conforme descrição de Castelo (2008, p. 24) a construção modular refere a:

Uma metodologia, que visa criar uma dimensão padrão, que racionalize a concepção
e a construção de edifícios, o que permite elevar o grau de industrialização da
construção, mantendo, no entanto, a liberdade de concepção arquitetônica dentro de
valores aceitáveis. (CASTELO, 2008, p. 24).

Sendo assim, a metodologia de construção modular busca tornar razão os materiais e os


processos, delimitando um sistema padronizado a ser seguindo, de forma que, estruturalmente
e visualmente, haja um padrão a ser obtido, buscando sempre a melhoria na eficiência da
construção, desde a concepção do material até a sua instalação na obra (LAURIA, 2007). Desse
modo, essa metodologia exige que haja a preocupação com todas as fases relacionadas à
materialização, obtenção e montagem de componentes, uma vez que, quanto maior à precaução
nesses processos, menor serão as perdas de tempo e material, o que não impactará
negativamente no custo final da obra, fazendo-o ficar o mais próximo possível do projeto base
e orçamento disponibilizado no início do processo de estudo e construção.
Dentro do sistema modular, podem ser destacados alguns modelos, sendo eles: modelo
fechado, o nível mais padronizado da pré-fabricação, caracterizado pela baixa capacidade de
alterações em seu interior, assim como a mudança dos aspectos visuais exteriores, sendo
composto geralmente por módulos uniformes que permitem-se ser acoplados, promovendo
variações de arquitetura impactantes, uma vez que os módulos em si não podem ser alterados;
sistemas parcialmente abertos, que são diferidos dos sistemas fechados somente por conta da
forma de interligação, por possuírem aberturas que conectam-se e fornecem inúmeras
possibilidades de mudança e ampliação; sistemas abertos, que são módulos parcial ou
totalmente abertos, composto somente por peças verticais ou pilares, lajes de pavimento e
48

coberturas; e os sistemas mistos e híbridos, que correspondem à relação e utilização de dois ou


mais desses modelos para a geração de um projeto construtivo, onde cada um deles pode
contribuir à construção dentro de suas características e necessidades.
A utilização desses sistemas possibilitou a criação das casas móveis, além da condição
de sustentabilidade dentro do processo de construção, uma vez que, como descreve Castelo
(2008, p.67):

Alia aos objetivos clássicos de funcionalidade, segurança, economia e durabilidade, a


preocupação com a menor utilização de recursos naturais (materiais, energia e água),
incluindo a prevenção da geração de resíduos, reutilização e reciclagem, a maior
utilização de energias renováveis (solar, eólica), a proteção do ambiente natural e a
criação de um ambiente saudável e não tóxico. (CASTELO, 2008, p.67).

Com isso, esse modelo apresenta melhorias significativas nas questões relativas à
ventilação e modulação e desenho dos ambientes, o que facilita a inserção em todo e qualquer
tipo de ambiente, independentemente do tipo de localidade e solo e clima ao qual serão
submetidos.

2.5.2 PROCESSOS CONSTRUTIVOS DE HABITAÇÕES COM CONTAINERS

Para que esses containers de fato atendam às expectativas e possam preencher os


requisitos da caracterização de uma edificação/moradia, há uma série de condições que devem
ser analisadas. Essas considerações vão desde a escolha do tipo de container com relação às
questões estéticas e de segurança, bem como o local a ser aplicado, considerando o ambiente
que ele será aplicado (CORRÊA, 2019).
Desse modo, serão apresentados os processos construtivos de uma residência de
containers, desde a chegada na obra até o acabamento, detalhando as peculiaridades e cuidados
especiais que esse tipo de construção necessita.
É importante ressaltar que há inúmeras empresas especializadas na elaboração e
execução de obras com containers. Elas são incumbidas da realização da montagem conforme
projeto do cliente, entregando o módulo pronto com instalações e acabamentos, apenas sendo
necessário o terreno próprio.

2.5.2.1 Identificação e preparo

É importante que sejam analisados os materiais a serem aplicados, ainda que os


containers já possuam licenças e documentações de importação que funcionam como selos de
49

garantia para a qualidade e aplicabilidade dos mesmos no caso de materiais vindos de fora
(SANTOS, 2017). Informações como número de série, laudo de habitabilidade e outras
informações são responsáveis por indicar e garantir os padrões mínimos para o uso dessas
estruturas como residência, garantindo a proteção ante contaminações para futuros moradores.
A placa de certificação CSC (Container Safe Convention) Figura 16, descreve
informações sobre ano e local de fabricação, histórico de proprietários, limites de cargas e tipos
de tratamento químico dado ao piso.
Figura 16 - Placa de certificação CSC

Fonte: Gal Marine (2017)

Para a limpeza e higienização do container existem dois métodos: pulverização ou


jateamento. A primeira demanda mais cautela, uma vez que é realizada uma lavagem química
com spray de alta pressão insensível a produtos químicos ácidos. Já o jateamento é executado
com areia ou partículas de cerâmica, higienizando todo o container e evitando oxidações. Esse
método entra em vantagem em relação a pulverização, pois apesar de terem o custo basicamente
igual, ele é mais eficiente, possui maior segurança e facilidade em seu manuseio (ISBU
ASSOCIATION, 2010).
Por se tratar de uma estrutura autoportante, os conjuntos são estruturados, já que são
fabricados para transportarem grandes pesos, muitas vezes superiores aos correspondentes às
estruturas de residências típicas. Sendo assim, projetos de qualquer natureza que visem
descaracterizar o mesmo através de intervenções devem ser feitos de modo detalhado, já que
qualquer vão ou abertura que deva ser implementada, cuidados são necessários para que não
haja enfraquecimento do sistema estrutural (MALAQUIAS, 2018).
50

2.5.2.2 Fundação e montagem

É indispensável que sejam realizadas as fundações de modo a evitar que esses containers
tenham contato direto com o solo, tomando a umidade do mesmo e chegando a estágios de
deterioração em virtude do contato com essa umidade e com os minerais do solo (SANTOS,
2017). Por se tratar de sistemas já estruturados, permitem que sejam aplicadas fundações mais
rasas e simples, mantendo a permeabilidade de uma parcela maior do solo instalado.
As fundações podem diversificar em razão do projeto da residência e do porte da
construção, além do tipo de solo aplicado. Essas fundações podem ser feitas tanto de modo raso
com concreto armado, através de sapatas isoladas nas extremidades, ou então por meio de
estacas, pilaretes, vigas baldrames ou outros métodos aplicáveis.
Uma estrutura bastante utilizada é a de sapatas isoladas em concreto Figura 17, possui
formato retangular ou circular, sendo indicada para solos firmes com boa resistência, sendo que
o peso da estrutura metálica irá ser transmitida para as colunas e consequentemente as sapatas.

Figura 17 - Sistema de fundação com sapatas nas extremidades do container

Fonte: Miranda Mentes (2012)

Outro tipo de fundação indicada é de laje radier Figura 18. Sendo uma placa de concreto
armado ou protendido que possui contato direto com o solo, dessa maneira o peso da casa
container é distribuído uniformemente pelo solo. Ela é observada nesse tipo de construção por
possuir baixo custo e rápida execução.
51

Figura 18 - Sistema de fundação tipo radier

Fonte: Minha casa container (2015)

Em uma obra construída a partir de containers, tem-se a possibilidade de transportar o


módulo ao terreno da obra, já pronto para instalação. Conforme Chevriot (2013), isso se dá em
função de ser uma única estrutura, por já possuir cobertura, piso e paredes. A fixação e o
empilhamento dos containers também são relativamente rápidos, exigindo tão somente a
disponibilização de um guindaste ou caminhão Munck para tanto Figura 19.

Figura 19 - Caminhão Munck locando o container

Fonte: Rentcon

A montagem e ligação entre eles próprios e com a fundação podem ser feitas com
soldagem, parafusos e chapas de ferro nas arestas superiores e inferiores, através das peças de
travamento nelas existentes (CALORY, 2015).

2.5.2.3 Instalações e esquadrias aplicadas

No caso de instalações hidrossanitários Figura 20, o processo não se difere muito do modo
convencional de construção, uma vez que os componentes podem ser mantidos internamente
nas paredes e no piso de modo a manter um determinado padrão estético desejado, podendo
52

admitir também a aplicação de eletrocalhas de modo aparente quando se tem a intenção de


mantê-los externamente (MALAQUIAS, 2018). As vantagens são caracterizadas
principalmente pela redução de resíduos provenientes da ausência de necessidade de cortes e
quebras de blocos, por exemplo, para a aplicação dessas instalações.

Figura 20 - a) Instalação elétrica embutida na placa de gesso acartonado; b) instalação hidráulica externa.

a) b)
Fonte: a) Remobilia, 2013; b) Miranda Container (2015)

Para a abertura de portas e janelas as ferramentas mais comuns são lixadeiras e


maçaricos, entretanto há um equipamento mais eficiente, uma máquina especial de plasma com
ar comprimido. A fim de preservar a estrutura de possíveis corrosões, os requadros devem ser
realizados com o mesmo material do container, conforme Figura 21.

Figura 21 - Recorte do contêiner e instalação do requadro.

Fonte: Delta Container (2010)

Quando a aplicação de esquadrias (portas, vitrôs e janelas), a facilidade do processo de


aplicação se dá por meio dos níveis de detalhamento do profissional escolhido para a execução
da função. Isso porque haverá direta influência das características do contêiner para analisar o
grau de detalhamento da atividade e a facilidade de realização, considerando aspectos como o
53

corte, requadro e inserção de suportes. Recomenda-se para esses casos a aplicação de espuma
expansiva para que haja um acabamento mais assertivo e que possíveis espaços vazios sejam
preenchidos de modo satisfatório (CORRÊA, 2019).
Conforme Sotello (2012), as esquadrias, bem como demais adaptações de chapas de aço
aplicáveis no container, devem ser implantadas por mão de obra que tenha especialização em
corte e solda de estruturas, devido às características desse elemento Figura 22.

Figura 22 - Janela instalada e com a aplicação da espuma expansiva

Fonte: Nielsen Batista (2016)

2.5.2.4 Isolamento térmico e acústico

O processo de isolamento é um dos pontos mais cruciais e importantes, que demandam


maior atenção por conta das características da estrutura e os cuidados que devem ser tomados
na realização desta etapa. Tanto o isolamento térmico quanto acústico detém essa preocupação,
demandando a aplicação de, no mínimo, uma camada de revestimento termoacústico,
avaliando-se a necessidade de acordo com a região se serão necessárias mais camadas
(SANTOS, 2017).
Containers do tipo reefer são caracterizados por apresentarem naturalmente um
isolamento térmico satisfatório, embora apresentem custos mais elevados do que os de modelo
Dry. Desse modo, alternativas são a aplicação de revestimentos como as lãs derivadas de fibras
de garrafas e de poliéster que, além de ter um custo relativamente baixo para a instalação, ainda
configura um sistema que contribui ao viés ambiental, já que é aplicável do ponto de vista de
reciclagem. Outros materiais que podem ser empregados são a espuma, isolantes térmicos,
películas e vidros com controle solar, cada um com suas limitações com relação a custos, baixa
capacidade de suportar elevadas temperaturas ou então uma grande capacidade de deterioração.
54

Como já mencionado, os materiais mais utilizados no mercado afim de garantir um


conforto térmico e acústico Figura 23, são: lã de pet (1), lã de vidro (2), lã de rocha (3) e o isopor
(4). O método de isolamento é executado com a aplicação desses matérias, acoplados em perfis
metálicos e envoltos em placas, formando uma camada em forma de sanduiche (KOSKI, 2014).

Figura 23 - Revestimentos térmicos e acústicos.

Fonte: Google imagens (2021)

2.5.2.4.1 Lã de pet

A lã de pet é formada a partir da fibra de poliéster (garrafas PET), sendo uma opção
sustentável e de grande potencial termoacústico, isso porque, esse revestimento interno para
containers é produzido sem adição de resinas e com diferentes densidades e espessuras, gerando
um alto desempenho térmico e acústico.

Além de ser ecologicamente correta, a lã de pet possui vantagens por ser um produto
antichamas e antibacteriano. E por ser um produto flexível e de fácil manuseio, seu uso é
encontrado tanto em coberturas quanto em paredes Figura 24.

Figura 24 - Aplicação de lã de pet

Fonte: Marketing Artesana (2018)


55

2.5.2.4.2 Lã de vidro

A lã de vidro é composta a partir da combinação de ingredientes silicoso e vidro


reciclado. Um material flexível, leve, fácil manuseio e comercializado em rolos, possui uma
gama de produtos específicos para diversas situações. Sua aplicação é nos interiores de paredes
e sobre os forros de drywall Figura 25.
Assim como a lã de pet, a lã de vidro é uma excelente termoacústica, ao absorver calor
e ondas acústicas. Além disso, não apodrece, evitando a proliferação de fungos e bactérias; sua
capacidade de isolamento não diminui com o passar do tempo e, é um material que não propaga
chamas.

Figura 25 - Aplicação lã de vidro

Fonte: Entre para morar (2020)

2.5.2.4.3 Lã de rocha

A lã de rocha é produzida através de mistura de rochas basálticas, resina e fibras


minerais. Diferente de outros materiais de isolamento, a lã de rocha é incombustível, ou seja,
não se deteriora com fogo, tornando-a um dos melhores tipos de revestimento interno para
containers.
Empregue dentro de paredes e divisórias construídas em drywall, chapas cimentícias e
até em alvenaria convencional. Uma de suas características são a ótima capacidade de absorção
acústica e térmica, reduzindo ruídos e a passagem de calor pelos forros, além de ser um material
resiliente, de fácil manuseio e instalação Figura 26.
56

Figura 26 - Aplicação de lã de rocha

Fonte: Aecweb

2.5.2.4.4 Poliestireno expandido (EPS) ou isopor

Já o poliestireno expandido, também conhecido por isopor, ganha destaque por possuir
um excelente desempenho térmico, devido à sua composição, atua como uma barreira afim de
evitar a passagem do calor do ambiente externo para o interno Figura 27. Em virtude de sua
porosidade, também possui um bom desempenho acústico, não propagando sons e vibrações.
Suas principais características são resistência, facilidade de manuseio e baixo custo,
além de dispor de zero impacto ambiental por não produzir resíduos durante sua fabricação,
sendo reciclável e inodoro. No entanto, não suporta temperaturas muito alta, podendo ocasionar
deformações no EPS, ou seja, deve-se evitar a instalação próximo a áreas de churrasqueiras ou
lareiras.

Figura 27 - Forro de isopor instalado no teto

Fonte: Niws Divisórias, s. a


57

2.5.2.5 Pintura externa

Em razão do tempo de uso prolongado dos containers, bem como dos materiais que o
integram, deve-se considerar, conforme Milaneze (2012), o risco de contaminação tanto em
razão das cargas quanto em função dos materiais que são utilizados em seu processo de
tratamento e manutenção. Portanto, segundo Metallica (2012), a reutilização dos containers
para fins de moradia exige que o aço seja jateado com abrasivo e, posteriormente, repintado
com tinta não tóxica, de modo a se evitar contaminações dos futuros habitantes.
Para a realização da pintura no container, é necessário a lavagem do container afim de
remover toda sujeira como óleo ou poeira, seguindo de um processo de remoção da corrosão na
chapa, atrelado a esse processo está a necessidade em criar rugosidade na superfície para que a
pintura tenha maior aderência Figura 28.
Após o tratamento da superfície, pode-se partir para as etapas de pintura do container,
onde a escolha da tinta usada é muito importante para a durabilidade da pintura, ela deve ser
anticorrosiva e de alto desempenho.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto para o Desenvolvimento da Habitação
Ecológica (2008), dentre as tintas ecológicas existentes no mercado estão as que são produzidas
à base de silicato, não utilizando solventes, sendo inodoras e sem a capacidade de emitirem
Compostos Orgânicos Voláteis – COVs. Além disso, conforme o Instituto, são derivadas de
matérias primas que abundam no meio ambiente, não fazendo uso de fungicidas sintéticos, o
que faz com que a permeabilidade das superfícies seja mantida.

Figura 28 - Tratamento na chapa para remoção de corrosão

Fonte: Minha Casa Container (2015)

Estruturas metálicas requisitam uma pintura especial com propriedades antiferrugem,


então necessitam de materiais e técnicas especificas para um acabamento duradouro. Há
58

diversas técnicas para o tingimento de um container, entre elas estão a pintura a pó - eletrostática
- e a airless. Os métodos envolvidos são complexos e necessitam de mão de obra especializada,
devido às características desse material.

2.5.2.6 Acabamento e cobertura

Há certas diferenças entre os tipos de containers, que fazem com que o processo de
acabamento em cada um dos tipos seja diferente por conta de suas estruturas. Nos containers
do tipo Dry, as paredes internas e externas não são iguais entre si, uma vez que o aço possui
reentrâncias esteticamente visíveis na parte externa, além da existência de pisos compensados
navais. Por sua vez, os do tipo reefer possuem partes internas que possuem detalhes em inox e
pisos com grades de alumínio (MALAQUIAS, 2018).
As chapas trapezoidais do contêiner garantem sua estrutura, uma vez que fortalecem seu
esqueleto, sendo assim, os suportes de fixação aos painéis de fechamento se assemelham ao
sistema drywall. Os perfis, de acordo com RSPC (2014), geralmente são fabricadas de paredes
secas com quadros wood frame (estrutura de madeira) ou de steel frame (estrutura de aço) Figura
29.

Figura 29 - a) Estrutura wood frame; b) Estrutura steel frame

a) b)
Fonte: a) RSPC, 2014; b) Container Tech, 2014

Quanto às paredes, estas podem receber acabamento interno de drywall ou madeira, de


modo a permitir a menor espessura possível para as paredes, com vistas a não se perder espaço
interno (LEONE, 2014).
O drywall, nome dado ao gesso acartonado, é o material mais utilizado para a realização
de divisórias de acabamento interno Figura 30. Sua aplicação pode ser desde a divisão de
59

cômodos à execução de rebaixamento de teto para aplicação de sancas, por exemplo (SANTOS,
2017). O sistema é composto por placas de gesso com lâminas metálicas que são fixadas no
piso, além de estruturas auxiliares que podem ser empregadas no teto. Essas placas possuem
uma alta capacidade de trabalhabilidade pela sua praticidade, além da redução do desperdício e
maximização do espaço interno, permitindo que sejam inseridos revestimentos como pisos e
azulejos, ou somente admitindo a inserção de pintura.

Figura 30 - Revestimento de gesso acartonado

Fonte: Container Tech, 2014

Para os pisos, em condições normais, podem ser usados os próprios compensados navais
Figura 31, admitindo a necessidade de tratamentos higiênicos e de pesticida para
descontaminação. Lixamento e envernizamento. Alternativas admissíveis são a aplicação de
microcimento, cimento queimado, madeira rústica, pisos emborrachados, vinílicos, cerâmicos
e porcelanatos, demandando aplicação de argamassas especiais. (CORRÊA, 2019).

Figura 31 - Piso de casa container em compensado naval

Fonte: Itajaí Containers


60

Com relação à cobertura, eles já são dotados de produtos resistentes à água, porém, com
pouca inclinação em comparação aos modos tradicionais de telhados, sendo está uma condição
problemática dependendo do volume de chuvas. Assim, é necessário admitir um sistema de
aplicação de calhas para coletar e encaminhar a água da chuva, além da aplicação das mesmas
proteções termoacústicas inseridas nas paredes (MALAQUIAS, 2018).
É indicada a aplicação de telhas metálicas do tipo sanduíche, assim chamadas as que
têm recheio de isopor, visando complementar o efeito de isolamento termoacústico. Também
pode-se optar pelo uso de telhado verde Figura 32, muito embora esse tipo de cobertura exija
maior preparação da superfície, o que contribui para o encarecimento da obra, entretanto, possui
características térmicas e acústica, isso porque, a presença da vegetação auxilia na redução de
altas temperaturas e na absorção e isolamento de ruídos (SOTELLO, 2012).
Figura 32 - Telhado verde em casa container

Fonte: André Luiz (2019)

2.6 CUSTO UNITÁRIO BÁSICO (CUB)

O Custo Unitário Básico (CUB) é o principal indicador do setor da construção e define


o custo do metro quadrado de uma construção padrão convencional, compreende os materiais,
mão de obra e equipamentos utilizados na obra. Deste modo, unifica os cálculos afim de
disciplinar o setor da construção civil, mas dependendo das matérias-primas utilizadas este
custo unitário por metro quadrado poderá sofrer alterações (SINDUSCON-BA, 2019)⁠.
O custo é obtido em dois pontos importantes: o padrão de acabamento da obra e o
projeto-padrão. O primeiro é dividido em nível baixo, médio e alto, relacionados ao índice de
refinamento da obra. Já o segundo é relacionado ao número de pavimentos e dependências da
construção.
61

Calculado mensalmente pelo SINDUSCON (Sindicato das Indústrias da Construção


Civil) para cada estado brasileiro. Segundo SINDUSCON, essa análise mensal e por estado,
permite obter um valor real e um reajuste nos preços de contratos na área da construção civil.
62

3 METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa de natureza descritiva e exploratória sobre a forma


de levantamento documental sobre a análise de viabilidade e sustentabilidade de containers
para habitação em relação aos modos de construção convencionais.

A pesquisa é de natureza qualitativa, utilizando como referência livros, artigos,


dissertações e teses. Busca um desenvolvimento profundo de discursos e narrativas que
estariam silenciosas, que visa descrever dados e discursos (D’AMBROSIO, 2004, p. 11).

O caráter exploratório nesta pesquisa tem como finalidade explorar o tema do trabalho,
a fim de torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. No geral, estas pesquisas têm como
intuito os desenvolvimentos de ideias ou a descoberta de intuições (GIL, 2002, p.41).

Neste sentido, a metodologia envolve pesquisas bibliográficas, a fim de obter dados


diversos do método e materiais utilizados, bem como os benefícios que a utilização de
containers como moradia geram ao ser implantados na construção civil.

Após a realização da pesquisa bibliográfica foi fundamental realizar um estudo


comparativo de custos quanto a execução do sistema construtivo de containers e o sistema
construtivo convencional, podendo demonstrar quais as diferenças e vantagens ao utilizar o
método com containers.

Para este comparativo, foi obtido valores através de uma pesquisa de preço com
empresas especializadas na área de containers e os valores do Sindicato da Construção Civil
(SIDUSCON) utilizando o Custo Básico Unitário (CUB).

Por fim, são feitas análises do container possibilitando verificar que este sistema vem
tornando-se uma solução para os problemas de sustentabilidade, além de ser uma construção
rápida.

Para melhor entendimento e visualização, foi utilizado um projeto de uma casa container
com cerca de 60 metros quadrados.
63

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Em qualquer tipo de mercado competitivo, para que algum método ou produto se torne
popular e bastante utilizado, ao ponto de desafiar um outro modo ou mercadoria que já esteja
estabelecida, é necessário evidenciar as vantagens em relação ao já consistente ou, proporcional
em custo-benefício. Apenas desse modo, torna-se viável a substituição de algo consolidado,
como o método convencional de construção com alvenaria, por algo novo, no caso do presente
trabalho, o uso de containers.
Este estudo demonstrará qual a melhor alternativa para uma residência unifamiliar de
padrão médio, levando em conta o custo durante a construção. Pode-se observar na Figura 33 a
planta baixa utilizada para o estudo do comparativo entre a construção com contêiner e de
alvenaria.

Figura 33 - Planta baixa casa container

Fonte: Do autor, 2021

Analisando as edificações existentes e o público consumidor da região, optou-se por


uma habitação equivalente e competitiva frente ao método convencional. Os dois containers
escolhidos possuem juntos cerca de 60 metros quadrados de área coberta, sendo uma residência
de padrão médio, com um pavimento, sala, cozinha, lavanderia, banheiro, quarto e suíte.
Foram utilizados, na elaboração do projeto, dois containers Dry de 40 pés. Dispostos
lado a lado, sendo realizado todas as alterações necessárias, cortes das esquadrias, ligações entre
os mesmos, e divisão dos cômodos, buscando o aproveitamento máximo dos espaços. Evitando
sempre que possível, a implantação de elementos de execução pelo método convencional, a fim
64

de se favorecer dos benefícios que a construção com containers proporciona, dentre elas,
obtenção de uma obra limpa, redução do tempo de obra e a sustentabilidade com a redução de
resíduos e matéria prima na obra.
Pode-se observar nas Erro! Fonte de referência não encontrada., Erro! Fonte de
referência não encontrada., Erro! Fonte de referência não encontrada. e Erro! Fonte de
referência não encontrada. o projeto em 3D utilizado para o estudo da construção de casa
container. Para a concepção do estudo foi utilizado isolamento termoacústico com lã de pet nas
paredes e teto, tintas isolantes térmicas e anticorrosivas, pisos cerâmicos, telhado com telhas do
tipo sanduiche, esquadrias de alumínio com vidros, além das instalações hidráulicas e elétricas
completas.

Figura 34 - Planta humanizada casa container

Fonte: Do autor (2021)

Figura 35: Fachada Frontal

Fonte: Do autor (2021)


65

Figura 36: Fachada Posterior

Fonte: Do autor (2021)

Figura 37: Cobertura

Fonte: Do autor (2021)

Como mencionado acima as esquadrias definidas para o estudo foram de alumínio com
vidros, buscando um certo grau de controle solar e evitando atrito na estrutura. As paredes
externas seriam pintadas em tons cinzas com tintas isolantes térmicas e anticorrosivas,
garantindo uma proteção contra corrosões. Nas paredes e piso da cozinha e banheiro, foram
utilizados pisos cerâmicos em cima do compensado naval. Já para a cobertura da casa foi
colocado telhas do tipo sanduíche com o auxílio de uma platibanda de metal, visando à questão
do isolamento térmico e acústico.

Para as paredes internas e teto foi utilizado acabamento de drywall, após a camada
isolante de lã de pet. O elemento de lã de pet corresponde ao conforto termoacústico, que dá
conta da forma como a edificação abafa e isola os ruídos propagados de fora para dentro e de
dentro para fora e reduz o desconforto causado por excesso de calor ou frio no interior dos
ambientes.

Vale ressaltar que nesta pesquisa não foi considerado as fundações das estruturas
estudadas, visto que os modelos de fundação dos dois métodos em geral não são compatíveis.
66

Para execução de uma residência unifamiliar de padrão médio, o custo com a construção
com container foi obtido através de uma pesquisa de preço com empresas especializadas na
área na região de Florianópolis-SC.

Tabela 1 – Tabela de preço para construção casa container de 60m² na região da Palhoça-SC
CONSTRUÇÃO CONVENCIONAL
DESCRIÇÃO CUSTO TOTAL
SERVIOS PRELIMINARES R$ 8.138,83
ESTRUTURA R$ 48.541,59
PAREDES E PAINÉIS R$ 11.519,87
COBERTURA R$ 14.827,04
ESQUADRIAS R$ 14.741,77
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS R$ 8.052,00
INSTALAÇÕES HIDRÁULICAS R$ 7.126,28
INSTALAÇÕES SANITÁRIAS R$ 11.040,13
REVESTIMENTOS/PINTURA EXTERNA R$ 596,69
PISOS R$ 5.650,79
PINTURA R$ 9.292,05
VIDROS R$ 472,97
VALOR TOTAL R$ 140.000,00
Fonte: Do autor (2021)

Também foram retirados dados através dos padrões estipulados pelo CUB no mês de
setembro de 2021, tendo como base a tabela do SINDUSCON de Santa Catarina, ver Tabela 2.

Tabela 2 - Tabela do CUB da região da grande Florianópolis

Fonte: Siduscon (2021)


67

Sendo assim, foi realizada uma pesquisa de caráter comparativo de preços entre a
construção com container e alvenaria, verificando o valor do metro quadrado para cada
modalidade construtiva, conforme Tabela 3, a fim de verificar qual método possui uma maior
vantagem atrativa para os clientes.

Tabela 3 – Tabela com comparativos de valores dos métodos construtivos em container e alvenaria para a região
de Palhoça-SC
ALVENARIA
CONTAINER
(CUB)
Área de construção 60 m² 60 m²
Total R$ 153.502,20 R$ 140.000,00
Custo por m² R$ 2.558,37 R$ 2.333,33
Fonte: Do autor (2021)

Após analisar a tabela 3, percebe-se que o custo do processo construtivo com alvenaria
é de aproximadamente 10% mais alto que o método com container. Com isso, nota-se que, os
custos de obra desses dois métodos são semelhantes, porém a obra com containers possui
algumas vantagens: por se tratar de uma “caixa pronta”, dispensa o volumoso número de
trabalhadores e materiais, o que torna uma obra muito mais rápida e econômica, pois uma
construção com menor tempo de execução garante o retorno mais rápido do investimento.
Garante um orçamento com valor real, por ser um sistema que abrange empresas
especializadas e não uma mão de obra desqualificada, otimizando desta forma o direcionamento
dos custos dentro da obra.
Uma construção com mobilidade, uma vez que se necessário a mudança de endereço,
só basta alugar um caminhão Munck, sendo transportados com grande facilidade, evitando
assim demolições.
Tendo em vista a busca por novos processos de construção, a utilização de container
como residência vem se destacando devido à ausência de resíduos gerados na obra, atrelado a
reciclagem dessas caixas metálicas que ficariam em desuso nos portos, vantagem essa que
supera valores econômicos e agrega valores sustentáveis.
68

5 CONCLUSÃO

Com o presente estudo, foi possível observar a importância, o processamento e cada


etapa do método da construção/transformação de edificações com o uso de containers. O
processo, cada vez mais comum, surge como uma opção à metodologia convencional de
construção civil, reduzindo os desperdícios de material e a agressão ao meio por conta da
redução de diversos aspectos construtivos, fazendo uso da aplicação de construções em
estruturas de aço para obtenção de moradia, além das suas adaptações.
Os sistemas modulares se assemelham muito aos produtos pré-fabricados, que possuem
a capacidade de interação e montagem como forma de geração de processos arquitetônicos com
maiores possibilidade e facilidades, não utilizando-se dos meios tradicionais de produção e
construção para a execução do projeto.
Esses containers admitem uma série de intervenções e melhorias para que sejam
adaptados à moradia, tendo a instalação de sistemas hidrossanitários, isolamento termoacústico
e melhorias nos acabamentos e coberturas como principais focos de intervenção para garantir
seu mercado competitivo. Assim, é possível que seja obtidas moradias com redução de recursos
e menores agressões ao meio ambiente, trazendo a construção modular sustentável como pilar
pro futuro.
Por fim, verificou-se a partir dos dados informados na tabela 3, uma diferença
orçamentária de 10% da construção com container se comparado ao método de construção
convencional. Além desta viabilidade econômica, o método construtivo com container
apresenta uma obra limpa, flexível a novos arranjos, a execução com recursos mais enxutos,
reduzindo o desperdício de materiais e prazo menor de execução da obra, e, principalmente é
uma solução sustentável, reduzindo o acúmulo de containers em desusos nos portos.
Para trabalhos futuros, sugere-se um aprofundamento sobre o conforto termoacústico
em habitações com containers em relação a outros métodos construtivos, analisando qual
proporciona um melhor funcionamento.
69

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