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ARAPIRACA
2022
Thayse Karla Santos Silva
Arapiraca
2022
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Arapiraca
Biblioteca Campus Arapiraca - BCA
CDU 72
Banca Examinadora
________________________________________________________
Prof.ª Esp.ª Natiele Vanessa Vitorino
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Arapiraca
(Orientadora)
________________________________________________________
Prof.ª Dr.º Marcelo Karloni da Cruz
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Arapiraca
(Examinadora)
________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Simone Carnaúba Torres
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Arapiraca
(Examinadora)
________________________________________________________
Profº Drº Odair Barbosa de Moraes
Universidade Federal de Alagoas – UFAL
Campus Delmiro Gouveia
(Examinador)
Para os amores da minha vida, meus avós, Anelita e
José Moraes, obrigada por todo amor. (in
memorian)
“Amar e mudar as coisas me interessa mais”
Alucinação - Belchior
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a minha mãe Rosilene, por todo amor, cuidado e dedicação
para que eu chegasse até aqui, muito obrigada mainha. Agradeço também a minha tia Roseane
por todo cuidado e amor, a minha madrinha Suzy, minha irmã Gleyzzianne e minha prima
Maria Luiza, amo vocês. Agradeço também a minha namorada Lorena por todo amor e apoio
sempre.
Ao MALOCA, Escritório de Habitação Social, que era dirigido pelos queridíssimos
Profº Dr. Odair Barbosa e Profª Dr. Ester Viegas, muito obrigada por todos os ensinamentos
que me ajudaram a ser o que sou e acreditar no que acredito. E aos professores que fizeram
parte da minha formação como profissional e pessoa, muito obrigada por toda a paciência e
cuidado.
Aos meus amigos, Douglas, Myllena e Nilson, por sempre se fazerem presentes, mesmo
de longe. A SSG, Sarah, Yanca, Williana, Henrique, Jennifer, Eduardo, José Vinícius, Natali e
Mayara, por toda a parceria e momentos de fuga durante todos esses anos de graduação. É mais
leve caminhar com vocês do lado.
Muito obrigada a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me ajudaram na
caminhada até aqui, não foi fácil, mas conseguimos!
RESUMO
The housing is a right guaranteed by the Brazilian Federal Constitution of 1988. However, many
people live in vulnerability in relation to this right. The housing deficit is a problem that persists
even after some housing programs that aimed to remedy this issue. In addition, the planet with
consequences of its finite resources and suffers from the use of cities, produced in large civil
construction. The work has a bioconstruction proposal presented as an objective to increase the
development of HIS, using as an alternative for the environmental impact of civil construction
and the reduction of the housing deficit. To this end, a bibliographic survey was carried out on
the issue of Social Interest Housing in Brazil and Environmental Sustainability in Architecture
and Urbanism, and some research and understanding of how the techniques that use raw earth
as a constructive material work. The result is a preliminary study of a biobuilt Social Interest
Housing using a rammed earth and soil-cement brick as the main building materials. This
proposal remains important in the area of social housing and serves as an alternative for the
production of HIS due to the great demand for existence in this environment and the
environment, which has not been seen in the production of HIS in recent times.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 15
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 16
1.2.1 Objetivo geral ..................................................................................................... 16
1.2.2 Objetivos específicos .......................................................................................... 16
1.3 Procedimentos metodológicos .......................................................................... 17
2 HABITAÇÃO POPULAR ............................................................................... 18
2.1 Habitação de interesse social no brasil ........................................................... 18
2.2 Sustentabilidade ambiental na HIS ................................................................ 28
2.2.1 As dimensões da sustentabilidade ...................................................................... 28
2.2.2 Sustentabilidade ambiental ................................................................................. 30
2.2.3 Sustentabilidade em habitações populares ......................................................... 31
3 CONSTRUÇÃO COM TERRA ...................................................................... 34
3.1 Aspectos sustentáveis das técnicas de bioconstrução .................................... 34
3.2 Adobe ................................................................................................................. 38
3.3 Taipa de mão/ Pau-a-pique/ Técnica Mista.................................................... 39
3.4 Superadobe ........................................................................................................ 40
3.5 Hiperadobe ........................................................................................................ 41
3.6 Tijolo de solo-cimento ...................................................................................... 43
3.7 Taipa de pilão .................................................................................................... 43
3.8 A construção com barro e o preconceito ........................................................ 45
3.9 Testes ................................................................................................................. 46
3.9.1 Teste do cordão ................................................................................................... 47
3.9.2 Teste da queda da bola........................................................................................ 48
3.9.3 Teste da fita ........................................................................................................ 49
4 PROPOSTA DE UMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL
BIOSUSTENTÁVEL ........................................................................................ 52
4.1 Dados preliminares ............................................................................................ 52
4.1.1 Localização ......................................................................................................... 52
4.1.2 Análise climática ................................................................................................ 54
4.1.3 Estratégias bioclimáticas recomendadas ............................................................ 55
4.2 Estudo preliminar ............................................................................................. 57
4.2.1 Análise da planta padrão para casas populares PMCMV ................................... 57
4.2.2 Pré-dimensionamento e programa de necessidades............................................ 58
4.2.3 Evoluções ........................................................................................................... 60
4.2.4 Estudo de insolação e ventilação ........................................................................ 61
4.2.5 Orientação do projeto no terreno ........................................................................ 62
4.2.6 Materiais ............................................................................................................. 64
4.3 Materiais e técnicas aplicados ao projeto ....................................................... 65
4.3.1 Taipa de pilão ..................................................................................................... 65
4.3.1.1 Construindo com taipa de pilão ......................................................................... 66
4.3.2 Tijolo de solo cimento ........................................................................................ 70
4.3.3 Porta com bandeira ............................................................................................. 71
4.3.4 Teto verde e aproveitamento de água da chuva .................................................. 71
4.3.5 Placas fotovoltaicas ............................................................................................ 73
4.3.6 Compostagem ..................................................................................................... 73
4.3.7 Horta ................................................................................................................... 74
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 76
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 77
15
1 INTRODUÇÃO
A moradia é um dos direitos básicos do cidadão brasileiro, entretanto assim como outros
direitos, por muitas vezes o direito a moradia também lhe é negado. Segundo o IBGE (2010), cerca
de 6 milhões de famílias, que somam 30 milhões de pessoas, não possuem acesso a habitação e,
dessa quantidade, cerca de 101.854 de pessoas vivem em situação de rua (IPEA, 2016). Outro
ponto que tem se tornado ainda mais preocupante na atualidade é a questão ambiental, que tem
gerado consequências diretas para os seres vivos, elevando a temperatura do planeta, provocando
alagamentos, secas e outros desastres naturais. Fazendo-se cada vez mais necessária a discussão
sobre o uso de materiais alternativos para construir.
A construção civil é responsável por uma grande parte da emissão de CO2 (Dióxido de
Carbono), gerando lixo desde a produção dos materiais até o seu descarte. A retirada e queima de
alguns materiais, como tijolos e telhas cerâmicas geram um grande impacto ambiental, o cimento
também é um grande gerador de CO2, durante sua produção, uso e descarte. Levando em
consideração o crescimento da construção civil, se faz necessário a procura por meios de gerar
menos impacto ambiental nesse setor (LIRA et al., 2018).
A preocupação em construir de forma sustentável, ou seja, utilizando métodos e
materiais que demandam menos gasto de energia e que levam o conceito de desenvolvimento
sustentável e ecológico, surgiu da preocupação com a carência dos recursos energéticos e seu
uso exacerbado. A bioconstrução se caracteriza pela aplicação de materiais ecológicos e
tecnologias populares, o que diminui o impacto ambiental e fortalece a ancestralidade das
técnicas construtivas baseadas em materiais sustentáveis.
O objetivo é a utilização de técnicas que gerem o menor impacto ambiental possível e
uma das formas é a utilização de materiais locais, o que contribui para a redução de gastos com
fabricação e transporte. Este conceito se aplica para além da construção, na ocupação se faz
importante a incorporação de ações que minimizem o impacto ambiental como a reciclagem de
materiais e o aproveitamento de resíduos (VIEIRA, 2015), como será possível visualizar no
trabalho, que além da proposta de projeto traz elementos que auxiliam na manutenção da
sustentabilidade na habitação.
16
1.2 Objetivos
2. HABITAÇÃO POPULAR
Existiam nas cidades sobrados que eram ocupados pelos senhores no período colonial,
que se localizavam nos centros urbanos. Com o passar do tempo e o abandono e degradação
desses sobrados, eles passaram a ser ocupados por dezenas de famílias, no final do século XIX,
que se distribuíam entre os cômodos, e assim surgiam os cortiços (COSTA, 2016; VILLAÇA,
1986). Visto que os trabalhadores recebiam pouco e o contingente populacional das capitais só
aumentava, a alternativa de moradia para os operários eram os Cortiços, que eram pequenos
quartos com áreas como banheiro e cozinhas compartilhadas, aos quais eram cobrado aluguel,
em situações insalubres. Com o crescimento de moradores em cortiços e a precarização desses
ambientes, epidemias passaram a ser constantes e à se espalhar entre a população (VILLAÇA,
1986). As autoridades logo se preocuparam quando o problema se espalhou e começou a
parecer incontrolável, como dito por Bonduki (1998, p.38): “[...] o medo da classe dirigente de
vir a ser atingida pelas doenças foram as razões que levaram o Estado a intervir no espaço
urbano”.
A primeira providência tomada foi permitir que fiscais visitassem os cortiços,
chegando até a invadir e a agir com violência. A segunda providencia, depois de um tempo, foi
a implantação de um melhor sistema sanitário, o que funcionou mais efetivamente. Lembrando
que o problema das epidemias não era apenas causado pela aglomeração de pessoas num
pequeno ambiente, mas também pela falta de infraestrutura urbana, que não era adequada para
atender as necessidades sanitárias, principalmente falando de um contingente populacional
elevado (BONDUKI, 1998).
“A principal forma de abrigo que a sociedade brasileira vai desenvolver para alojar
essas multidões é o cortiço. O cortiço é uma “solução” de mercado, é uma moradia
alugada, é um produto de iniciativa privada. Em seus diversos tipos, foi a primeira
forma física da habitação oferecida ao “homem livre” brasileiro da mesma maneira
que o aluguel foi a primeira forma econômica.” (VILLAÇA, 1986, p.14)
Ligada a essa questão, está a então recente abolição da escravatura, que ocorreu em
1888, e para Costa (2016), foi uma abolição inacabada, pois houve a “libertação”, mas não
houve a preocupação de como essas pessoas iriam viver, onde iriam morar e o que iriam comer
após a suposta liberdade. O que aconteceu naquela época, é o que acontece até os dias atuais, a
exclusão do povo preto e da classe trabalhadora para as margens da cidade, e uma parte que
ficou nos centros das cidades, ambos morando em situações precárias. Por não possuírem
experiência, e sem nenhum tipo de renda anterior, precisavam aceitar trabalhar para receber
pouco em troca, o que lhes davam a alternativa de morar em cortiços que existiam nos centros
das cidades ou nas periferias. Parte desses cortiços, eram construídos com materiais
improvisados, como: madeiras, chapas de zinco e outros materiais que não garantiam segurança
sanitária para os indivíduos (BONDUKI, 1998).
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Com isso, a melhor solução que o Estado encontrou, foi afastar os cortiços das áreas
centrais da cidade onde haviam ocorrido os surtos de epidemias, sob a justificativa de prevenir
novos surtos. Haviam exigências sanitárias rigorosas para que alguns cortiços, que não estavam
totalmente condenados continuassem ocupando os locais de origem, como as adequações que
Estado impunha através de leis. Inúmeros cortiços foram demolidos, mas como a quantidade
de pessoas vivendo nessas condições era grande, o poder público teve que deixar que alguns
permanecessem, ou boa parte dos trabalhadores ficariam sem abrigo (BONDUKI, 1998). Essa
situação de despejo e abandono aconteceu em vários locais do país, visto que as leis nacionais
eram as mesmas para toda parte do Brasil. Para Bonduki (1998, p.41): “É evidente a intenção
de eliminar os cortiços da área e, com isso, acelerar o processo de segregação por meio da
intervenção pública”, fica visível a política higienista que se instaurou nesse momento histórico
do Brasil.
“O problema da habitação popular no final do século XIX e concomitantemente aos
primeiros indícios de segregação espacial. Se a expansão da cidade e a concentração
de trabalhadores ocasionou inúmeros problemas, a segregação social do espaço
impedia que os diferentes estratos sociais sofressem da mesma maneira os efeitos da
crise urbana, garantindo à elite áreas de uso exclusivo, livres da deterioração, além de
uma apropriação diferenciada dos investimentos públicos.” (BONDUKI, 1998, p.28).
A parte dos trabalhadores que foram despejados dos cortiços que foram demolidos,
migraram para as periferias desses centros urbanos, iniciando-se uma segregação sócio-espacial
dessa população para as periferias, que não possuíam infraestrutura adequada, nem acesso a
serviços básicos, o que auxiliou no aumento da marginalização dessa população. Ao mesmo
tempo, nas áreas nobres da cidade se promovia a higienização, onde o maior foco era a retirada
dos cortiços que existiam próximos, sob a desculpa dessas habitações serem potenciais
transmissores de doenças para a sociedade como um todo. Houve então o embelezamento
através de grandes obras, abertura de grandes vias e áreas verdes. A preocupação era o
embelezamento das cidades, e a desculpa para afastar as camadas pobres da cidade era a
higienização por conta das epidemias (BONDUKI, 1998).
“Num período em que a questão social era tratada como caso de polícia, o problema
sanitário foi enfrentado pelo autoritarismo sanitário basicamente como uma questão
de higiene, na perspectiva de difundir padrões de comportamento, de asseio e de
hábitos cotidianos. A ação mais importante foi a extensão das redes de água, embora
a insuficiência da adução tenha gerado escassez. Por outro lado, os incentivos para a
construção de vilas operárias beneficiaram mais os investidores do que os
trabalhadores.” (BONDUKI, 1998, p.51).
Com a grande demanda de habitações para a classe operária e o problema com a
salubridade dos cortiços, o poder público precisou tomar decisões sobre como seria resolvido
esse problema, chegou-se à conclusão de que habitações precisavam ser construídas, pois não
havia como eliminar os cortiços e não oferecer um substituto para se habitar. Então foi dado o
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poder para que a iniciativa privada construísse essas habitações, através de financiamento de
bancos, para os proprietários das habitações que seriam construídas para moradia de operários
através da cobrança de aluguel. Haviam incentivos, como fala Bonduki (1998, p.49): “Em São
Paulo, a lei 493/1900 previa a isenção dos impostos municipais para as vilas operárias
construídas conforme o padrão da prefeitura e fora do perímetro central, incentivo reforçado,
em 1908, pela lei 1098”. Já podia-se notar o interesse em afastar a classe trabalhadora dos
centros urbanos das cidades.
Segundo Villaça (1986) os donos das vilas, que eram oferecidas como assentamentos
para os operários, utilizavam do poder que exerciam sobre a moradia dos trabalhadores para
controlar sua força de trabalho, impondo um estilo de vida rígido, chegando a ser comparadas
com penitenciárias, em que presidiários em regime semiaberto saem para trabalhar durante o
dia e retornam à noite para dormir. Era um bom investimento manter os operários próximos das
indústrias, o que refletia diretamente na produtividade, com o mínimo de infraestrutura e tendo
esse controle sobre seus cotidianos e suas vidas. E ainda cobrar um valor pela moradia, o que a
maioria dos donos de fábricas faziam.
Em Alagoas, a indústria de algodão fez com que grandes fábricas têxtis surgissem no
estado no final do século XIX, e com isso houve o surgimento de vilas operárias. A primeira
fábrica a possuir uma vila operária foi a fábrica Carmen, localizada no Bairro Fernão Velho em
Maceió, em que viviam dezenas de operários e suas famílias. Segundo as pesquisas de Farias
(2012) “Em Fernão Velho, a moradia era constituída em conexão com a vida dentro e fora da
indústria e ambos eram regidos pelo apito da fábrica.” Ou seja, todas as ordens vinham dos
patrões como forma de controlar não só a força de trabalho dos operários, mas também suas
vidas, seu cotidiano e todos os aspectos, para deixar claro quem mandava nas vilas e nas casas
dos operários.
As vilas operárias foram criadas para serem exemplos de casas salubres, possuíam a
configuração de uma casa unifamiliar, que podiam abrigar os operários e suas famílias,
lembrando que essas habitações eram passíveis a aluguel (BONDUKI, 1998). Essas vilas
operárias eram constituídas por residências modestas, geralmente de tipologia repetida, e dentro
de algumas dessas vilas existiam escolas, mercados, farmácias, eram quase cidadelas, já que
boa parte delas eram construídas distantes do perímetro urbano. Algumas vilas eram chamadas
de povoados quando se localizavam em áreas mais próximas do meio rural. Com o passar do
tempo e as vilas sendo consideradas como locais salubres e seguros para morar, elas deixaram
de ser apenas moradias para operários e passaram a ser moradias que pessoas com rendas mais
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baixas poderiam pagar para viver nessas habitações também, ou seja, se tornou um mercado,
além do que já era, mas agora expandido para uma população quase que específica, a classe
média baixa de forma mais geral (CORREIA, 2001).
A maior parte das habitações existentes, até 1930, eram moradias de aluguel. Não
haviam muitas possibilidades, visto que não existiam modelos de financiamento para a casa
própria. Assim, segundo Bonduki (1998, p.51), as casas de aluguel eram “[...] produzidas por
uma gama variada de investidores privados com o objetivo de obter uma boa rentabilidade”,
era seguro e lucrativo, para os proprietários, investir na produção de casas para aluguel.
Lembrando que essas habitações, em sua maioria, eram cortiços corredor e casa, vilas e casas
geminadas. Como esse setor era regulado pelo mercado e não pelo Estado, com a instalação do
higienismo nesse período o setor público passou a incentivar de forma fiscal e a oferecer
vantagens para habitações julgadas salubres. A exploração através de locações habitacionais foi
um crescente em busca da rentabilidade nesse período, pelos investidores que eram capazes de
aplicar nessa área e por não ter controles estatais nos valores dos alugueis (BONDUKI, 1998).
O Aluguel por muito tempo foi a única forma de poder morar numa casa.
“Nas primeiras décadas do século XX, as “vilas operárias” surgiam como modelo
privilegiado de reforma da habitação do pobre urbano, a qual era apontada como um
dos problemas centrais da cidade. As “vilas operárias” definiam-se como um padrão
de moradia popular oposto à favela, ao mocambo e ao cortiço, supondo ordem, higiene
e decência. O termo sugeria casas salubres e dotadas de ordem espacial interna, que
se distinguia da falta de higiene, de espaço e de conforto atribuída às casas dos pobres
urbanos.” (CORREIA, 2001, p.2)
e Pensão, em que foram construídas habitações em larga escala por todo país, em maioria para
a classe média, o que intensificou as alternativas de habitações informais, precárias e ilegais,
devido à grande demanda. As IAPs atendiam apenas aos trabalhadores assalariados, os
trabalhadores informais continuavam morando de forma precária, a demanda habitacional só
crescia e a produção de moradias de aluguel pelo setor privado continuava sendo a maior fonte
de habitações para a população. Era sabido que o setor privado não seria capaz de suprir a
demanda habitacional existente, seria necessário a intervenção do Estado. Foi criado em 1946
o FCP – Fundação da Casa Popular, um órgão Federal que foi pioneiro em financiar produções
habitacionais e de infraestrutura urbana, em uma década foram produzidas cerca de 16.000
unidades, entretanto por atender a setores médios subsidiados, em sua maioria, não conseguiu
dar continuidade. Para intervir no mercado de casas de aluguel, o Estado criou a Lei do
inquilinato, que restringia a livre negociação dos alugueis (BONDUKI, 1998).
Enquanto isso, o Estado procurava incentivar os operários de que era melhor viver em
condições precárias nas periferias da cidade, em casas construídas com suas próprias mãos do
que nos centros das cidades em condições insalubres. Entretanto, para que os trabalhadores
pudessem ir para as periferias seria necessário oferecer, no mínimo, transporte público de
qualidade para a locomoção das pessoas para seus trabalhos, que se localizavam por muitas
vezes no centro, deixando de lado outras questões como acesso a água, energia, saneamento e
outros direitos. “Tratava-se, portanto, de convencê-lo das vantagens da periferia, o que não era
tarefa de pouca monta: não se altera de uma hora pra outra um modo de vida e de morar já
consolidado.” (BONDUKI, 1998, p.100). O trabalhador tinha que escolher entre morar perto
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do trabalho, onde já havia uma certa infraestrutura, ou morar nas margens da cidade longe do
trabalho e sem os direitos básicos como segurança, transporte, água, energia entre outros.
baixa renda, e entraram em crise financeira logo nos primeiros anos de atuação do banco, entre
1964 e 1969. Nos próximos anos a solução adotada para “resolver” essa questão foi reduzir os
investimentos para a renda baixa e investir na classe média e alta. Entretanto, em 1975 com a
entrada de um governo que buscava apoio popular, o problema da crise das Cohabs começou a
se resolver. Então pode-se notar como o investimento em habitações populares estava
intrinsecamente ligado ao quanto o governo buscava apoio popular (AZEVEDO, 1988).
“Nessa conjuntura de crise habitacional geral e da opção das Cohab por setores de
maior renda, outras vantagens oferecidas na época pelo governo tornaram as casas
populares ainda mais atrativas. A primeira facilidade diz respeito à ampliação do
prazo de ressarcimento do financiamento (de 20 para 25 anos) e a segunda se refere à
diminuição dos juros para o setor popular, ambas objetivando a redução do valor real
das mensalidades” (AZEVEDO, 1988, p. 114).
Com o interesse da classe média nas habitações das Cohabs, o público atendido passou
de baixa renda, que possuíam renda abaixo de três salários mínimos, para a classe média que
possuíam renda acima dos três salários, o que fugia a regra imposta pelo BNH no seu
surgimento, essa parcela da população significava aproximadamente 1/3 dos clientes das
Cohabs. Na crise que ocorreu por volta do início da década de 1980, todas as faixas foram
atingidas, porém a que menos sofreu o impacto foi a das Cohabs, já que eram ocupadas por uma
grande parcela de clientes que possuíam uma renda maior que a estipulada no início do Banco.
Com uma flexibilização no BNH após mobilizações e pressões públicas, as prestações das casas
populares baixaram consideravelmente, o que foi bom para os clientes e um desastre financeiro
para o Banco. No entanto, a faixa que o Banco prioritariamente pretendia atingir, a de renda
familiar abaixo de três salários, que depois foi expandido para cinco salários, teve apenas 35%
das unidades habitacionais financiadas pelo BNH (AZEVEDO; ANDRADE, 1982).
Em 1988, com a redemocratização e a criação da Constituição Federal, o acesso a
moradia se torna um direito do cidadão, o que não explica até os dias atuais existirem 101.854
pessoas em situação de rua no Brasil (IPEA, 2016), um número que não para de crescer. Entre
o fim do BNH e o Programa Minha Casa Minha Vida foram 23 anos, dois grandes programas
e um grande período de tempo entre eles, em que aconteceram muitas movimentações
importantes para a habitação social no Brasil. Boa parte das movimentações partiram dos
próprios Estados e Municípios, como regularizações de ZEIS (Zonas Especiais de Interesse
Social), programas de revitalização de favelas e programas de mutirões autogeridos, que
rompiam a velha forma de planejar habitações levando a participação direta da comunidade.
Em 2002, foi criado o Ministério das Cidades, extinto no ano de 2019 e com funções
direcionadas para o Ministério de Desenvolvimento Regional. Em 2008 foi elaborado o
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PlanHab (Plano Nacional de Habitação Social), que tinha como objetivo facilitar o acesso a
moradia digna para o cidadão brasileiro, em 2009 foi criado o Programa Minha Casa Minha
Vida, que faz parte do PlanHab, junto a outros programas como o PAC Urbanização de favelas.
Em 2009 surge o Programa Minha Casa Minha Vida, com uma estrutura semelhante
ao BNH, se não pelo fato de ser realizado num Estado democrático, e o programa tendo como
principal objetivo atender as necessidades habitacionais da população de baixa renda. Assim
como no BNH o programa foi dividido em três faixas, a Faixa 1: que atendem as famílias de
renda mensal de zero a três salários mínimos, as unidades são produzidas por demanda, onde
terreno e as planta das habitações são escolhidos e produzidas pela construtora e,
posteriormente, as unidades são vendidas para a Caixa Econômica Federal e então, através de
listas produzidas pelo município com cadastros das famílias que possuem renda de 0 a 3 salários
mínimos, é feita a distribuição. É financiado pela FAR (Fundo de Arrecadamento Residencial),
criado para atender ao PMCMV. As Faixas 2 e 3: atendem as famílias que possuem de 3 a 6
salários mínimos e de 6 a 10 salários mínimos, respectivamente, ambas são financiadas pelo
FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Os projetos de habitações são apresentados
a CEF, que faz a avaliação e autoriza ou não o lançamento e comercialização do
empreendimento. Ainda é possível que compradores avulsos, com a aprovação da CEF,
busquem moradias no mercado dentro da sua faixa. (CARDOSO; LAGO, 2013)
Segundo o Relatório de avaliação do PMCMV de 2020, o Programa entregou até
setembro de 2020 cerca de 5,1 milhões, das mais de 6,1 milhões de unidades habitacionais
contratadas. Como um dos maiores objetivos do programa é a diminuição do déficit
habitacional, a prioridade era beneficiar as famílias encaixadas na Faixa 1 do programa, que
possuíam renda mensal de até 1,800 reais. Das 6,1 milhões de unidades contratadas, 26% foram
destinadas para a região nordeste, cerca de 1,5 milhões de unidades, visto que ela possuía o
segundo maior índice de déficit habitacional, atrás apenas da região sudeste com 44%
(MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).
Em 2020 o Governo lançou um novo Programa habitacional, o Casa Verde e Amarela,
que pouco se difere de seu antecessor o PMCMV. Houveram mudanças com relação as taxas
pagas em cada região, sul, sudeste e centro-oeste as taxas foram mantidas como as do programa
anterior, e as taxas do norte e nordeste foram reduzidas. Outra mudança foi a retirada da faixa
1 do programa, o que pode impactar na maioria das famílias que antes poderiam ser beneficiadas
por essa faixa, que abarcava a maior parte das habitações, visto que era ocupada pela população
mais carente. Outra grande mudança foi a inclusão da regularização fundiária e melhorias
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consideração que quanto menos interferência do ser humano na natureza, maior é a condição
de um meio mais sustentável. Esta limitação da intervenção do ser humano na natureza se dá
basicamente em respeitar seus ciclos e procurar formas de utilizar as energias renováveis para
satisfazer suas necessidades (VIEIRA, 2009).
A dimensão econômica foi a primeira a ser observada, entretanto sem levar o foco
sobre a sustentabilidade, mas sim visando o lucro. Esta é uma dimensão complexa visto que se
faz necessário unir o desenvolvimento econômico e a preservação da natureza. É sabido que
um dos grandes causadores do colapso ambiental que se tem enfrentado nas últimas décadas,
gira em torno do capitalismo e da ideia de um crescimento ilimitado, em busca de lucro e
crescimento econômico (VIEIRA, 2009).
Outra das dimensões é a social, propõe que todas as pessoas tenham condições de
acesso iguais, a serviços e a uma qualidade de vida adequada, mas para isso muitos são os
obstáculos considerando que é crescente o índice de pobreza. Segundo a FGV (2021) a
porcentagem de pobreza no primeiro trimestre do ano de 2021 gira em torno de 16,1%, que
corresponde a 34,3 milhões de pessoas. Não há garantias e nem políticas públicas eficazes que
garantam a essas pessoas seus direitos básicos, como alimentação, saúde e moradia. A dimensão
social abrange para além de acesso a natureza e sua degradação, essa parcela da população não
possui “permissão” para interagir ou usufruir de qualquer fração dessa natureza (VIEIRA,
2009).
Na dimensão espacial ou territorial, é pensado na superlotação ocorrida nos centros
urbanos durante a revolução industrial, e é colocado como estratégia a descentralização da
moradia na cidade grande, levando em consideração a possibilidade da interligação de cidades
intermediárias com uma menor densidade urbana. Dessa forma, seria possível uma maior
agilidade na questão urbana e sustentável, visto que não haveria uma superlotação em um só
núcleo, mas essa população teria a liberdade de usufruir da cidade em uma escala humana, com
qualidade de vida e a possibilidade de um meio mais sustentável (VIEIRA, 2009).
Outra dimensão é a política, a democracia e a participação popular nas decisões
tomadas é o ideal partindo dessa visão, a descentralização do poder no domínio de poucos e nas
mãos da sociedade como um todo seria um cenário mais favorável, mas o capitalismo visa o
poder na mão de poucos e a participação popular é mínima. O modelo de desenvolvimento
sustentável é fundamentado na união e participação de distintos setores da sociedade, como o
setor público, privado, voluntário e comunitário, podendo chegar a soluções que abarquem a
maior quantidade de indivíduos possíveis. Se faz necessário políticas públicas que estimulem e
30
Antes da década de 1960 os recursos naturais eram consumidos como se não fossem
finitos, sobretudo nos países mais ricos, isso gerou um grande impacto ambiental, e
questionamentos sobre os padrões de consumo. Na próxima década, 1970, o assunto começou
a ter mais foco, tendo em vista o agravamento dos problemas ambientais, e a sustentabilidade
começou a ser discutida de forma mais direta, na relação entre o crescimento econômico e o
meio ambiente, fatores que estão intimamente ligados, visto que quanto mais rico o país e seu
nível de produção, mais recursos naturais ele consome (GASPARETTO; LYRA, 2018).
Em 1987, foi publicado o relatório de Brundtland, chamado de nosso futuro comum,
em que desenvolvimento sustentável é definido como um desenvolvimento que: “satisfaz as
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras satisfazerem
suas próprias necessidades” (WCED, 1987). Algumas estratégias foram criadas a partir desse
relatório para promover um equilíbrio entre a demanda e o consumo dos recursos naturais, entre
elas a diminuição do consumo de energia, e o desenvolvimento de tecnologias com uso de
fontes energéticas renováveis e a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas
(GASPARETTO; LYRA, 2018).
31
pontuações que variam de 10 a 100 pontos, para os 3 primeiros níveis de gradação é necessário
atender no mínimo a 15 critérios obrigatórios e para o Selo Diamante existem 7 critérios
obrigatórios adicionais. O atendimento desses critérios é muito importante para fornecer não só
uma habitação sustentável, como também um entorno compatível com a realidade proposta
(CAIXA, 2020).
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Muitas são as vantagens de construir com terra crua, a terra é abundante e natural, tem
uma menor emissão de CO², não consome grandes quantidades de energias não renováveis,
pode ser retirada do próprio local da construção, o que dispensa o transporte. Pode ter um bom
isolamento termoacústico, a depender do coeficiente de transmitância térmica do material, que
pode variar conforme a espessura e aditivos utilizados na mistura do material. Em se tratando
de economia, é altamente eficaz, visto que a matéria prima é a terra e possui fácil acesso, a
depender da região. Para que a técnica seja replicada não necessita de mão de obra
especializada, podem ser executadas por famílias e comunidades através de mutirões, é
importante também a supervisão de um profissional da construção civil, arquiteto ou
engenheiro. (FARIA, 2007)
Para Penido et al. (2013), muitas foram as influências do uso da terra como material
construtivo no Brasil. A começar pela influência indígena, que a princípio pouco utilizava a
terra para construir, os materiais mais utilizados eram madeiras e folhas, mas empregavam a
terra para vedações em algumas construções. Com a chegada dos colonizadores portugueses,
acompanhou a técnica de adobe, taipa de pilão e taipa-de-mão, que eram técnicas utilizadas
para as construções em Portugal, sendo a taipa de pilão a mais sofisticada, depois da construção
com pedras. Junto a vinda dos escravos para o Brasil, que em sua maioria eram traficados da
África, foram aprimoradas as técnicas, com a mão de obra escrava, para a construção de
diversas igrejas e casarões em Ouro Preto, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro e outras cidades
do país.
Ainda para Penido et al. (2013), a chegada dos holandeses em Recife no século XVII
e o desejo de construir uma colônia holandesa no Brasil, trouxe consigo outra técnica
construtiva, o tijolo cozido, que utilizava a terra como matéria prima, entretanto era preciso
cozinhar em fogo baixo por alguns dias, que é bastante utilizado até os tempos atuais. No século
XIX houve a chegada dos Alemães, Italianos, Poloneses e outros povos, e os Alemães
adicionaram a lista de influências de técnicas o Enxaimel, que consistia em estruturas de
madeiras que podiam ser encaixadas de diversas formas e eram preenchidas com adobe, barro
socado, pedras ou tijolos. Atualmente construções utilizando essa técnica podem ser
encontradas nos estados do sul, onde houve uma maior influência desses povos.
3.2 Adobe
Essa técnica é bastante antiga, e utilizada desde a colonização até os dias atuais para
construir habitações simples. Também conhecida como técnica mista por misturar madeira ou
bambu e terra, o processo acontece em etapas de construção de tramas de madeira (Figura 4) e
preenchimento e contorno dessas tramas com terra (figura 5). A terra precisa estar argilosa para
que seja moldável na trama, são feitas no mínimo três camadas para que as paredes fiquem
resistentes, geralmente não são construídos mais que um pavimento utilizando essa técnica pois
as paredes costumam ter espessuras pequenas. É recomendável, para construções que utilizam
terra crua, que seja feita uma boa fundação, utilizando pedras ou até concreto, para garantir uma
maior segurança. É aconselhável que após algum tempo de exposição, e caso surjam rachaduras
depois da argila secar, sejam feitas camadas extras para garantir um bom acabamento e anular
as chances de transmissão de doenças (SELEGUIM, 2019).
3.4 Superadobe
A técnica de Superadobe foi criada pelo arquiteto iraniano Nader Khalili, por volta da
década de 1980, a técnica consiste em ensacar a terra e compacta-la (Figura 6), camada por
camada até se formarem as paredes e encaixe de esquadrias (Figura 7), assim os formatos das
paredes podem ser tanto curvos quanto retos, para melhorar o atrito entre os sacos são utilizados
arame farpado. Um dos passos mais importantes para construções com terra crua é a fundação,
se faz necessário que ela seja firme o suficiente para sustentar a técnica; podem ser utilizadas
concreto, pedra e outras formas de fundações. Depois de formadas as paredes, os sacos são
queimados para que as paredes recebam o chapisco e as outras camadas de acabamento. A
técnica apresenta um bom desempenho térmico pelo uso da terra como principal material e bom
conforto acústico pelas espessuras das paredes (SELEGUIM, 2019).
41
3.5 Hiperadobe
Para fabricação do tijolo de solo-cimento, é utilizada uma prensa que já possui a forma
do tijolo, ou podem ser feitos com moldes de madeira, contanto que a massa seja bem
compactada. A matéria prima fundamental é a terra, junto ao cimento e a água (Figura 10),
podem ser utilizados variados traços, que precisam ser testados para saber qual o ideal para
produção do tijolo, sendo mais comum o 1:10, 1 porção de cimento para 10 de solo. A água é
adicionada aos poucos, sempre observando o ponto de umidade do solo e realizando testes
simples como o teste do bolo, como poderá ser visto mais à frente. Após os testes, os tijolos já
podem ir para a prensa ou para as formas, onde serão compactados. Depois de prontos é
necessário um tempo de cura, em que precisam ser regados algumas vezes e após alguns dias
estão prontos para o uso (SELEGUIM, 2019).
A técnica de taipa de pilão consiste em construir paredes com terra socada em formas.
Essas formas são chamadas de taipal, e dentro delas o barro é apiloado com pilão ou instrumento
semelhante, e a isso se deve o nome da técnica, taipa de pilão (Figuras 11 e 12). Nessa técnica,
44
o ideal é que a terra seja uma mistura de 70% de areia 30% de argila, mas é preciso observar o
comportamento da argila através de testes. A terra necessita estar no estado plástico, para isso
precisa ser rica em argila que possui a forte característica de coesão entre as partículas. A terra
pode ou não ser misturada a algum aglomerante como cimento ou cal, para adquirir mais
resistência, já que a parede de taipa serve também como parede estrutural (SELEGUIM, 2019).
Uma das maiores questões em relação ao preconceito existente com casas que utilizam
a terra como principal componente construtivo, é a preocupação com a doença de Chagas, que
foi descoberta há pouco mais de 100 anos, e é transmitida através de um besouro, conhecido
como “barbeiro”, que costuma esconder-se em frestas e rachaduras existentes nas habitações.
Acredita-se que a proliferação da doença aconteceu por conta da adaptação do besouro a casas
rurais de baixa qualidade, como foi visto anteriormente, algumas das técnicas que utilizam o
barro, como a de taipa-de-mão/pau-a-pique, ao secarem e a depender do acabamento podem
apresentar rachaduras devido a terra bastante argilosa compactada que é utilizada e ao secar há
a expansão (SILVA, 2000).
Quando essas habitações eram feitas antigamente não havia tanta preocupação com o
acabamento, visto que sua maior função era suprir a necessidade de moradia existente por parte
de pessoas que não possuíam outros meios de construir suas habitações. O Estado sugeriu que
as habitações de pau-a-pique fossem substituídas por construções de alvenaria, mas é
importante frisar, que o problema não é a construção com barro em si, mas a baixa qualidade
de seus acabamentos, o que pode acontecer também em casas de alvenaria, que se mal acabadas
podem deixar espaços propícios para a acomodação do besouro. Há algumas sugestões viáveis
para a solução desses problemas de acabamento nas casas de taipa-de-mão, uma delas é a
utilização do próprio barro para que sejam feitas novas camadas que vedem as rachaduras,
46
podendo até mesmo utilizar cal ou cimento como estabilizantes junto ao barro, uma solução de
baixo custo e que pode resolver boa parte do problema de insalubridade que possam existir
nessas habitações (SILVA, 2000).
Como já citado anteriormente, existem diversas técnicas que podem ser muito bem
desenvolvidas para construir casas completamente salubres utilizando o barro, a questão não é
o material, mas sim a forma como a técnica é utilizada. Essas técnicas vieram junto dos
colonizadores e sua difusão foi basicamente de forma oral. Com o passar do tempo e o
aprimoramento das técnicas, existem variadas formas de fazer esse conhecimento ser difundido
de forma eficaz, como através de cartilhas, livros, vídeos, entre outros meios. Sem o
conhecimento de que é possível construir usando a terra de forma segura e com baixo custo,
pessoas que vivem em casas de barro e de forma insalubre, não conseguem sair das condições
em que se encontram, ainda mais sem assistência de profissionais da área e sem auxilio do
Estado (SILVA, 2000).
Das técnicas construtivas que utilizam a terra crua como matéria prima, apenas o
Adobe possui uma norma técnica, a NBR 16814, que ganhou sua primeira edição apenas em
2020. A Norma inicia falando do baixo impacto ambiental que esse tipo de construção possui,
ela aborda os passos da confecção do Adobe e a execução de alvenaria, também mostra alguns
testes que devem ser realizados para o uso do solo ideal na fabricação e resistência do tijolo. É
falado sobre o uso dessa técnica, principalmente, para fins de produção de habitação de interesse
social, especialmente em regiões onde haja fácil acesso a matéria prima (NBR 16814, 2020).
Segundo as pesquisas realizadas no código de obras da cidade de Arapiraca e questionado a
funcionários da prefeitura, não existe restrição quanto a autorização para construir utilizando
terra crua como material construtivo em Arapiraca, os aspectos analisados são projetuais e
legais.
3.9 Testes
uso da terra crua para construir, visto a falta de normativas que auxiliem tais construções, os
estudos são realizados desde a época das vilas tecnológicas (PROTERRA, 2011).
A terra é testada para se saber a mais adequada para o tipo de técnica construtiva
escolhida. Algumas técnicas exigem solos mais arenosos, outros mais argilosos e essas
diferenças podem ser observadas de diversas formas, através de testes visuais e táteis. Abaixo
alguns testes de campo que podem ser utilizados para avaliar as diversas características do solo
a ser utilizado, como granulosidade, retração, textura e outros comportamentos. É importante
que as amostras de terra sejam retiradas de lugares variados do terreno em que se pretende
extrai-lo, sendo recomendando recolher aproximadamente 30 kg para os testes (PROTERRA,
2010).
Esse teste tem por objetivo indicar o tipo de terra em questão da coesão, que é a
resistência ao cisalhamento. É separado uma porção de solo seco e adicionado água, após é feita
uma bola de aproximadamente 3cm de diâmetro, e a uma altura de aproximadamente um metro
a bola deve ser solta e cair em queda livre (Figura 15). Se a terra for arenosa a tendencia é se
espalhar e esfarelar-se, caso seja argilosa ela se espalha, mas mantém a coesão (PROTERRA,
2010).
49
Esse teste analisa a plasticidade da terra e assim determina qual seu tipo. Com a mesma
umidade do teste do cordão, fazer um cilindro de aproximadamente 8mm de diâmetro e 8cm de
comprimento (Figura 16), amassar o cilindro com os dedos formando uma fita com 3 a 6 mm
de espessura, deixando que fique no maior comprimento possível (Figura 17). Medir o
comprimento encontrado e conferir no Quadro 3.
Figura 17 - Fita
Com o resultado dos testes realizados, pode-se identificar quais as técnicas mais
adequadas para construir, com o teste do cordão e da fita, o da queda da bola (Figura 15) o tipo
da terra pode ser analisado no instante da queda. Para analisar os demais, utiliza-se o seguinte
quadro:
4.1.1 Localização
Arapiraca é uma cidade localizada no agreste do Estado de Alagoas (Figura 18), seu
nome é de uma árvore que possui origem indígena que significa “ramo que a arara visita”,
conhecida por ser a árvore em que seu fundador, Manoel André, parou para descansar. A cidade
também é conhecida pela produção fumageira que esteve em seu auge durante a década de 1970
e 1980, chegando a ser reconhecida como a Capital brasileira do Fumo, por grande destaque na
produção fumageira (Prefeitura de Arapiraca, 2021). A cidade possui, aproximadamente, 234
mil habitantes e é a segunda cidade mais populosa do estado, de acordo com a estimativa do
IBGE (2018).
existentes na cidade. Sendo a UFAL um local de fácil acesso para visitação, e implantação da
proposta, para a autora durante a pandemia.
Sombreamento
O sombreamento é uma das estratégias cruciais para a zona em que Arapiraca está
localizada, é recomentado que as habitações fiquem orientadas prioritariamente para o sentido
N/S, entretanto também é recomendado que para cada terreno seja analisada a carta solar para
uma implantação e eficiência de sombreamento maior. O sombreamento pode ser realizado
através de proteções permanentes como brises, toldos, pergolados, vegetação, entre outros
elementos. (SILVA, 2019).
Figura 21 - Sombreamento
Ventilação cruzada
A ventilação cruzada pode ser utilizada durante todo o ano, atentando-se para períodos
com menos necessidade, podem ser utilizadas esquadrias que regulem a porcentagem de vento.
Para auxiliar na ventilação cruzada é recomendado que as aberturas fiquem voltadas para o leste
e sudeste, que são as orientações de onde se recebe os ventos predominantes na cidade. Não há
um padrão de tamanho para as aberturas, entretanto é recomendado que ela tenha de 20 a 40%
da área interna da parede (SILVA, 2019).
Resfriamento evaporativo
Entre as estratégias recomendadas para a cidade, esta possui um caráter eletivo, visto
que ela é indicada prioritariamente para alguns períodos do ano. Esta estratégia auxilia para o
resfriamento em ambientes internos e externos, através da evaporação da água, pode ser
aplicada através de espelhos d’água, telhado verde, microclima local, entre outras formas
(SILVA, 2019; PROJETEE, 2021).
A planta abaixo (Figura 24) é a tipologia mínima sugerida pelo PMCMV, que possui
os seguintes ambientes: Sala, banheiro, cozinha, 2 quartos e uma área externa com um tanque,
e sua área mínima sugerida é de 42m², construída com blocos de concreto, e coberta por telha
cerâmica ou fibrocimento.
Essa tipologia é aplicada em vários lugares do Brasil, muitas vezes sem levar em
consideração a região ou a quantidade de moradores que residem na habitação. A proposta de
projeto deste TCC busca solucionar alguns dos problemas encontrados nessas tipologias,
ampliando ambientes como a cozinha que é um ambiente bastante prejudicado nessas
tipologias, fazendo aberturas que possibilitem a entrada e saída de ar e iluminação, e a inclusão
58
de mais um quarto. Para possibilitar um maior conforto e uma melhor qualidade de vida para
os usuários.
Tabela 3 - Pré-dimensionamento
PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO
AMBIENTE TÉRREO SUPERIOR
Área Área
Sala de Estar 10,50m² 10,50m²
Sala de jantar 9,65m² 4,50m²
Cozinha 7,83m² 8,00m²
Quarto 01 8,41m² 8,41m²
B.W.C.1 2,62m² 2,62m²
Quarto 02 13,00m² 13,00m²
B.W.C.2 2,40m² 2,40m²
Circulação 4,00m² 4,00m²
Área de serviço 8,40m² 8,28m²
Hall ---------- 5,52m²
Área evolutiva 7,75m² 7,75m²
Área útil 74,50 m² 74,50m²
Fonte: A autora (2021).
da habitação. Considerando o déficit habitacional, o sobrado pode ser uma boa estratégia de
habitação pois consegue suprir a necessidade de moradia de duas famílias no mesmo terreno,
conseguindo produzir o dobro de habitações que existiriam em modelo térreo. Tanto o
pavimento térreo quanto o superior, foram divididos em três setores, área social, área intima e
serviço (Figura 25 e Figura 26).
4.2.3 Evoluções
4.2.6 Materiais
Para facilitar a compreensão das partes da construção com a taipa, abaixo uma
ilustração identificando cada parte:
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Figura 39 - Fundação
Com a fundação pronta, são armados os taipais, que funcionam como uma caixa sem
fundo onde o barro será compactado, a cada parte compactada deve-se subir os taipais
acompanhando o crescimento da parede (Figura 40 e 41). É iniciado o processo de fazer as
camadas de terra compactada. A terra pode ser misturada a palha que funciona como um
estabilizante, o recomendado é que cada camada de terra apiloada tenha 15cm,
aproximadamente. Para compactar a terra são utilizados pilões, que de forma manual apiloam
a terra deixando-a compacta, também existem formas de compactar de maneira mecânica,
utilizando equipamentos que compactam num ritmo mais rápido que o ser humano.
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A construção com tijolo de solo cimento, conhecido também como tijolo ecológico, é
uma das técnicas que utilizam a terra como principal material construtivo, o tijolo pode ser
prensado manualmente (Figura 42) ou de forma mecânica (Figura 43). Nessa técnica, a terra é
misturada ao cimento e água, tendo uma proporção de cimento consideravelmente menor que
a quantidade de terra. Na proposta essa técnica foi empregada nas áreas molhadas, sabendo-se
da sua maior resistência a água. É um material que também pode ser produzido in loco o que
gera menos gastos com transporte e energia.
O teto verde funciona como estratégia de resfriamento evaporativo, que é uma das
soluções bioclimáticas indicadas para a cidade de Arapiraca. Ele funciona como regulador de
temperatura, mantendo a temperatura interna amena, além de funcionar também como um meio
de capitação da água da chuva. E possui camadas para auxiliar na sua eficácia, como exposto
na figura 45, sendo a primeira camada o telhado, que pede a inclinação de no mínimo 8%; em
seguida a membrana a prova d’Água; a barreira contra raízes, que pode ser opcional caso o tipo
de vegetação escolhida não tenha como característica o crescimento de raízes; o sistema de
drenagem que auxiliará na capitação da água da chuva; o tecido impermeável, a terra e a
vegetação.
72
A cada dia se faz necessário o uso de energias limpas e renováveis, e a energia gerada
através do sol é um recurso inesgotável e que pode ser bem utilizado no Brasil. As placas
fotovoltaicas são capazes de gerar energia para abastecer diversos tipos de usos, entre eles o
habitacional. É recomendado que as placas fiquem voltadas para o Norte, e a garantia de que
não haverá sombra no local onde elas serão alocadas. Na proposta de projeto desse trabalho
foram inseridas, sobre o telhado verde, que abastecerá os pavimentos térreo e superior (Figura
47) (MARINOSKI, 2004).
4.3.6 Compostagem
abaixo (Figura 48), o adubo pode ser utilizado em um novo ciclo de plantação, que no caso da
proposta desse trabalho, será utilizado na horta doméstica também inclusa no projeto.
4.3.7 Horta
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão habitacional e ambiental que tem se agravado com o passar dos anos, são
problemas que possuem uma estreita relação, e o profissional de arquitetura e urbanismo, junto
a políticas públicas, pode contribuir para que a realidade de déficit habitacional e crise
ambiental seja amenizada através da utilização de materiais alternativos e sustentáveis para a
construção.
Neste trabalho foi evidenciado dois crescentes problemas o primeiro no âmbito
habitacional, visto a quantidade de famílias que não possuem acesso a habitação e o problema
ambiental que, como já citado, tem a construção civil como um dos grandes emissores de CO2.
A partir desses pontos, mostra-se a importância da implementação de técnicas construtivas que
contribua para produção de habitações sustentáveis.
Com a utilização de técnicas construtivas que utilizam a terra crua como matéria prima,
seria possível construir grandes quantidades de habitações sem ter o impacto ambiental que
teria para construir com os materiais convencionais. Além disso, a atuação do arquiteto e
urbanista possibilita a assistência técnica, que pode auxiliar na autoconstrução de famílias e
comunidades que pensem em utilizar a terra como material construtivo.
Pensando nisso, no trabalho foi proposto um sobrado construído em taipa de pilão e
tijolo de solo-cimento para abrigar duas famílias. Inicialmente foi pensado em locar o estudo
do projeto em um dos residenciais do PMCMV da cidade de Arapiraca, entretanto por conta da
pandemia do COVID 19 não foi possível realizar pesquisa no residencial e se locomover até
ele, por essa razão foi locado na UFAL, pela facilidade de acesso.
O presente trabalho contribui de diversas formas para os estudos nessa área da
bioconstrução, visto que é um assunto pouco explorado durante a graduação, o trabalho pode
servir de base para pesquisas futuras nesse tema. O projeto foi desenvolvido a nível preliminar,
e em trabalhos futuros pode chegar a outros níveis, como o projeto executivo, orçamento e
comparativo com os materiais de construção convencionais.
Se faz necessário e é de extrema importância a discussão desse tema na graduação e
na vida profissional do arquiteto e urbanista. Esse trabalho tem o intuito de plantar uma semente
de que é possível construir e morar de forma segura, saudável e sustentável, utilizando um
material natural e de fácil acesso, junto a assistência técnica de um profissional da área.
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