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Florianópolis, 2021.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
Florianópolis, 2021.
Eduarda Oliveira da Silva
Este Trabalho Conclusão de Curso foi julgado adequado para obtenção do Título de
“Engenheiro Civil” e aprovado em sua forma final pelo Departamento de Engenharia Civil
da Universidade Federal de Santa Catarina.
Banca Examinadora:
___________________________________
Profa. Liseane Padilha Thives, Dra.
Orientadora
Universidade Federal de Santa Catarina
Aos meus pais, Valdinete e Gilson, por me apoiarem sempre com amor e carinho,
pelas infinitas oportunidades que me proporcionaram e pela paciência nos momentos
difíceis. Muito obrigada por tudo!
Aos meus padrinhos, Valdiléia e Joel, por serem tão presentes na minha vida, sempre
dispostos a ajudar e apoiar com muito amor e carinho.
Para meus avós, pelo amor, carinho e por me inspirarem a viver com força,
dedicação, empenho e gosto pela vida. Em especial ao Vô Avelino que foi um grande amor
na minha vida.
A toda minha família, pelo amor e momentos de descontração.
Aos mestres que tive ao longo dos anos, por todos os ensinamentos dados.
A professora e orientadora Liseane Padilha Thives, por ser um grande exemplo
profissional e por todo o suporte durante a realização deste trabalho.
Aos colegas de estágio, que contribuíram imensamente para meu crescimento
profissional e pessoal.
Aos amigos que a UFSC me deu e que tornaram os anos iniciais desta jornada
especiais e inesquecíveis. Em especial a Gabriela Torres, por sua companhia nos melhores e
piores momentos, dentro e fora da graduação, e por sempre acreditar no meu potencial.
As minhas amigas da vida, Juanna dos Passos Sagaz, Débora Costa Nunes e Jaqueline
Grazeffe, pelas conversas, pelo amor e pelas risadas.
A Jéssika D’Ávila da Silveira, por sua amizade em todos os momentos, por escutar
minhas reclamações e me aclamar nos momentos de desespero. E, especialmente, pela ajuda
na edição das figuras e tabelas deste trabalho.
Ao meu companheiro Raphael Martignago, meu fotógrafo particular, pelo carinho
constante e apoio essencial durante a realização deste trabalho.
Ao meu grande amor, meu filho Otto, por ser meu maior incentivo para ser sempre
uma pessoa.
RESUMO
After opening to traffic, road pavements, whether new or rehabilitated, start a deterioration
process. These deteriorations are associated with the pavement life, traffic demands and
inclement weather. Surface defects can also appear early due to design or construction errors
or inadequacies. Several defect assessment methods are proposed for road pavements;
however, there is a lack of studies for city streets. This work aims to carry out an evaluation
of the asphalt pavement surface condition in Beira-Mar Norte Avenue, popular name of
Jornalista Rubens de Arruda Ramos Avenue, in Florianópolis, SC. Additionally,
methodologies for restoration and rehabilitation are proposed. A bibliographic review was
performed to obtain the results, contemplating the main information on the subject under
analysis. The analysis includes a visual survey of existing defects in the Beira-Mar Norte
Avenue pavement and the proposition of a simple restoration methodology for using city
halls based on existing standards and recommended by the federal highway agency, National
Department of Transport Infrastructure (DNIT). This work sought to assist municipal
governments in identifying the main defects in the pavements and provide means of
rehabilitation in line with existing regulations.
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 15
1.1 Objetivo Geral ....................................................................................... 17
1.2 Objetivos Específicos ............................................................................ 17
1.3 Estrutura do Trabalho ......................................................................... 17
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................ 19
2.1 Pavimento: definições e classificação .................................................. 19
2.2 Camadas do pavimento flexível ........................................................... 19
2.2.1 Subleito ................................................................................................... 20
2.2.2 Reforço de subleito ................................................................................. 20
2.2.3 Sub-base .................................................................................................. 21
2.2.4 Base ......................................................................................................... 21
2.2.5 Revestimento........................................................................................... 21
2.3 Defeitos nos pavimentos flexíveis – Normas Brasileiras .................... 21
2.3.1 Fenda ....................................................................................................... 22
2.3.2 Afundamento........................................................................................... 24
2.3.3 Ondulação ou Corrugação....................................................................... 25
2.3.4 Escorregamento....................................................................................... 25
2.3.5 Exsudação ............................................................................................... 26
2.3.6 Desgaste .................................................................................................. 26
2.3.7 Panela ou buraco ..................................................................................... 26
2.3.8 Remendo ................................................................................................. 26
2.4 Defeitos nos pavimentos flexíveis – Normas estrangeiras ................. 28
2.4.1 Manual de Identificação de Defeitos – Estados Unidos da América ...... 28
2.4.2 Catálogo das Degradações dos Pavimentos – França ............................. 34
2.4.3 Considerações sobre as normativas brasileiras e internacionais ............. 36
2.5 Deterioração do pavimento flexível ..................................................... 46
2.6 Desempenho dos pavimentos flexíveis ................................................. 47
2.6.1 Desempenho funcional............................................................................ 48
2.6.2 Desempenho estrutural............................................................................ 50
2.7 Avaliação dos pavimentos flexíveis...................................................... 51
2.7.1 Avaliação funcional ................................................................................ 51
2.7.2 Avaliação estrutural ................................................................................ 58
2.7.3 Método VIZIR – França.......................................................................... 61
2.8 Manutenção e restauração de pavimentos .......................................... 64
2.8.1 Conceitos e terminologias ....................................................................... 64
2.8.2 Manutenção de Rodovia ......................................................................... 65
2.9 Considerações sobre de pavimentos urbanos ..................................... 69
3 MÉTODOLOGIA ................................................................................. 71
3.1 Localização da área de estudo ............................................................. 71
3.2 Características da via ........................................................................... 72
3.3 Descrição da metodologia ..................................................................... 74
3.3.1 Seleção da área de estudo ....................................................................... 76
3.3.2 Localização da área ................................................................................. 76
3.3.3 Inspeção visual ........................................................................................ 76
3.3.4 Divisão da área em trechos ..................................................................... 76
3.3.5 Definição das superfícies de avaliação ................................................... 76
3.3.6 Levantamento fotográfico e identificação dos defeitos .......................... 76
3.3.7 Análise dos efeitos .................................................................................. 77
3.3.8 Identificação das possíveis causas .......................................................... 79
3.3.9 Soluções .................................................................................................. 79
3.3.10 Considerações finais ............................................................................... 79
4 RESULTADOS ..................................................................................... 81
4.1 Levantamento e identificação dos defeitos ......................................... 81
4.2 Identificação das possíveis causas........................................................ 96
4.3 Soluções .................................................................................................. 98
4.4 Metodologia de avaliação para uso em prefeituras ........................... 98
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES ................... 103
5.1 Considerações Finais .......................................................................... 103
5.2 Recomendações para Trabalhos Futuros ......................................... 104
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 105
15
1 INTRODUÇÃO
Realizar uma exposição dos defeitos em pavimentos flexíveis com base nas
normativas brasileiras e internacionais;
Identificar e levantar os defeitos na superfície do pavimento da Avenida Beira-Mar
Norte;
Avaliar as diferenças nas condições de superfície em diferentes trechos;
Obter dados que possam auxiliar os responsáveis pela conservação da via;
Apresentar e propor diretrizes para a conservação/reabilitação do pavimento.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.2.1 Subleito
2.2.3 Sub-base
2.2.4 Base
2.2.5 Revestimento
pavimentos flexíveis e semirrígidos. Os tipos de defeitos descritos pela norma são: fendas
(F); afundamentos (A); corrugação e ondulações transversais (O); exsudação (EX); desgaste
ou desagregação (D); panela ou buraco (P); e remendos (R).
2.3.1 Fenda
Fissura
Fenda longitudinal, transversal ou oblíqua ao eixo da via, perceptível a olho nu
somente à uma distância inferior a 1,50 m. As fissuras são fendas iniciais que não causam
problemas funcionais ao pavimento, portanto, não são consideradas quanto à gravidade nos
métodos de avaliação das condições de superfície (BRASIL, 2003a).
Trinca
Fenda existente no revestimento, facilmente vista a olho nu, com abertura superior à
da fissura, podendo ocorrer em forma de trinca isolada ou trinca interligada (BRASIL,
2003a).
A trinca, segundo Brasil (2006b), é um defeito na superfície que enfraquece o
revestimento e permite a entrada da água, provocando um enfraquecimento adicional da
estrutura. Uma vez iniciado, o trincamento tende a aumentar sua extensão e severidade
conduzindo eventualmente a desintegração do revestimento.
Trinca longitudinal
Trinca isolada cuja direção principal é paralela ao eixo da via. Quando esta apresentar
extensão de até 100 cm é denominada trinca longitudinal curta e se a extensão for superior
a 100 cm, denomina-se trinca longitudinal longa (BRASIL, 2003a).
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Trinca de retração
Trinca isolada causada por fenômenos de retração térmica ou do material do
revestimento ou do material de base rígida ou semirrígida, subjacentes ao revestimento
trincado (BRASIL, 2003a).
Trinca em “Bloco”
Conjunto de trincas interligadas com certa regularidade geométrica, caracterizadas
pela configuração de blocos, podendo, ou não, apresentar erosão acentuada nas bordas.
(BRASIL, 2003a)
2.3.2 Afundamento
Afundamento plástico
Afundamento causado pela fluência plástica de uma ou mais camadas do pavimento,
acompanhado de solevamento. É denominado afundamento plástico local, caso a extensão
seja de até 6m ou afundamento plástico da trilha de roda, quando a extensão for superior a
6m (BRASIL, 2003a).
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Afundamento de consolidação
Afundamento de consolidação é causado pela consolidação diferencial de uma ou
mais camadas do pavimento ou subleito e não apresenta solevamento. É denominado
afundamento de consolidação local quando a extensão é de até 6 m e afundamento de
consolidação da trilha de roda, quando a extensão for superior a 6m e estiver localizado ao
longo da trilha de roda (BRASIL, 2003a).
2.3.4 Escorregamento
Figura 7 – Escorregamento
2.3.5 Exsudação
2.3.6 Desgaste
Cavidade que surge no revestimento por diversas causas e que pode, ou não, alcançar
as camadas inferiores do pavimento, acarretando na desagregação dessas camadas (BRASIL,
2003a).
2.3.8 Remendo
Figura 8 – Remendos
Fissuras FI - - -
Curtas TTC FC-1 FC-2 FC-3
Trincas no Transversais
Trincas Longas TTL FC-1 FC-2 FC-3
revestimento
Isoladas Curtas TLC FC-1 FC-2 FC-3
geradas por Longitudinais
deformação Longas TLL FC-1 FC-2 FC-3
permanente Sem erosão
excessivas e/ou acentuada nas J - FC-2 -
decorrentes do Trincas bordas das trincas
"Jacaré"
fenômeno de Interligadas Com erosão
fadiga acentuada nas JE - - FC-3
bordas das trincas
Devido à retração térmica ou
Trincas
dissecação da base (solo-cimento) TRR FC-1 FC-2 FC-3
Isoladas
Trincas no ou do revestimento
revestimento não Sem erosão
atribuídas ao acentuada nas TB - FC-2 -
fenômeno de Trincas bordas das trincas
"Bloco"
fadiga Interligadas Com erosão
acentuada nas TBE - - FC-3
bordas das trincas
Tipo de defeito
A. Cracking (trincas)
Trincas
Trincas por fadiga
Ocorrem em áreas sujeitas a cargas de tráfego repetidas (caminhos das rodas). As
trincas apresentam-se na forma de rachaduras interligadas em estágios iniciais de
desenvolvimento. Desenvolve-se em blocos de ângulos agudos e irregulares, geralmente
com menos de 0,3m no lado mais comprido. Em estágios posteriores apresentam aparência
semelhante ao couro de jacaré ou crocodilo.
Os níveis de gravidade dessas trincas pode ser: baixo (trincas com nenhuma ou pouca
ligação, sem erosão nos bordos e sem bombeamento), moderado (trincas interligas formando
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Trincas em Bloco
Um padrão de rachaduras que divide o pavimento em peças aproximadamente
retangulares. Os blocos retangulares variam em tamanho de aproximadamente 0,1 a 10 m².
Os níveis de gravidade desse defeito podem ser: baixo (trincas com largura média
menor que 6 mm ou trincas seladas em boas condições e com uma largura que não pode ser
determinada), moderado (trincas com largura média entre 6 e 19 mm ou qualquer trinca com
menos de 19 mm de largura, somada a um trincamento aleatório adjacente de baixa
gravidade), alto (trincas com largura média maior que 19 mm ou qualquer fissura com
largura média menor que 19 mm, somadas a trincas aleatórias adjacentes de moderada a alta
gravidade).
A medição é feita pelo registro da área afetada em cada nível de gravidade em metros
quadrados.
Trincas longitudinais
Trincas predominantemente paralelas à linha central do pavimento. A localização é
bem definida (dentro ou fora das trilhas de roda).
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Os níveis de gravidade podem ser: baixo (trincas com uma largura média menor que
6 mm ou trincas seladas em boas condição e com uma largura que não pode ser determinada),
moderado (qualquer trinca com largura média entre 6 e 19 mm ou qualquer trinca com
largura média menor que 19 mm, somada a fissuração aleatória adjacente de baixa
gravidade), alto (qualquer fissura com largura média maior que 19 mm ou qualquer fissura
com largura média menor que 19 mm e trincas aleatórias adjacentes de moderada a alta
gravidade).
A medição é feita de forma separada, ou seja, dentro ou fora das trilhas de roda e é
realizada pelo registro do comprimento em metros da trinca longitudinal em cada nível de
gravidade.
Trincas transversais
Trincas predominantemente perpendiculares à linha central do pavimento. Os níveis
de severidade são os mesmo das trincas longitudinais.
A medição é feita com o registro do número e do comprimento (em metros) das
trincas transversais em cada nível de gravidade. A trinca deve ser avaliada no nível de
gravidade mais alto, presente por pelo menos 10% do seu comprimento total.
Deformação superficial
Deformação permanente
Deformações permanente são depressões (afundamentos) longitudinais no caminho
da roda. Pode apresentar um deslocamento transversal associado.
Os níveis de gravidade podem ser definidos categorizando as medições dos
afundamentos, pois esse registro é muito mais desejável e mais preciso do que a definição
de níveis de gravidade.
Corrugação ou escorregamento
Corrugação ou escorregamento é um deslocamento longitudinal de uma área
localizada da superfície do pavimento, causando ondulações na superfície. É geralmente
causada por frenagem ou aceleração de veículos e geralmente está localizada em colinas ou
curvas ou em cruzamentos. Pode ter deslocamento vertical associado.
Os níveis de gravidade podem ser definidos pelo efeito relativo do defeito na
qualidade do trafego. A medição é feita pelo registro do número de ocorrências e metros
quadrados da área de superfície afetada.
Defeitos de superfície
Exsudação
Exsudação ocorre quando há excesso de ligante betuminoso na superfície do
pavimento, geralmente encontrado na trilha de roda. Pode ocorrer a variação na coloração
de uma parte da superfície em relação ao restante do pavimento ou uma perda de textura
devido ao excesso de asfalto. O agregado pode ser escurecido por excesso de asfalto e
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apresentar uma superfície brilhante, semelhante a vidro. Também pode ser pegajosa ao
toque. Esse defeito geralmente está relacionado às misturas asfálticas inadequadas.
A medição desse defeito é feita pelo registro de área de superfície afetada e os níveis
de gravidade não se aplicam.
Agregado polido
Agregado polido ocorre quando o agregado graúdo é exposto pelo desgaste do ligante
de superfície. Os níveis de gravidade não se aplicam, no entanto, o grau de polimento pode
ser refletido em uma perda de atrito da superfície-pneu. A medição é feita pelo registro da
área de superfície afetada.
Desgaste
Desgaste da superfície do pavimento causado pelo deslocamento de partículas do
agregado e perda de adesividade de asfalto. O desgaste varia da perda de finos a perda de
algum agregado graúdo e, finalmente, evolui para uma superfície muito áspera e cheia de
marcas com óbvias perdas de agregado. A presença de desgaste está relacionada a problemas
na mistura asfáltica.
Os níveis de gravidade não são aplicáveis. A medição é feita pelo registro da área da
superfície afetada.
Outros defeitos
Desnível pista-acostamento
Diferença de elevação entre a superfície de rolamento e o acostamento. Normalmente
ocorre como resultado das diferenças de matérias aplicadas nas camadas da pista e do
acostamento. Os níveis de severidade não são aplicados e são substituídos por medições das
alturas dos desníveis a cada 20m de intervalo.
Bombeamento
Penetração ou ejeção de água da parte inferior do pavimento por meio de trincas. Em
alguns casos, é detectável pelo depósito de material fino na superfície do pavimento que foi
erodido das camadas de suporte.
Os níveis de gravidade não se aplicam, pois a quantidade de água bombeada varia
com diferentes condições de umidade. Registra-se o número de ocorrências de bombeamento
de água e a área do pavimento afetado, com comprimento mínimo de 1m.
34
Degradações estruturais
As degradações estruturais ocorrem quando a capacidade estrutural do pavimento é
insuficiente. Geralmente acontecem nas trilhas de roda e podem estar localizadas somente
na superfície (revestimento) ou atingir as camadas mais profundas (base, sub-base, subleito,
reforço do subleito). Esses tipos de defeitos estão subdivididos em: deformação permanente,
trincas por fadiga e remendos:
As Trincas por fadiga são causadas pelo tráfego constante que expõe o pavimento a
ação de cargas repetidas, com o tempo surgem fissuras na superfície que originam
estas ‘trincas por fadiga’. Elas surgem, preferencialmente, nas trilhas de roda e podem
evoluir até apresentar um aspecto de couro de jacaré ou crocodilo.
Figura 9 – Penteadura
ambiente e da espessura do filme de ligante. As trincas por reflexão ocorrem quando existem
trinca nas camadas inferiores e elas se propagam em direção à superfície (BRASIL, 2006b).
Nas normas norte-americanas é citado o defeito ‘escorregamento’ e o defeito
‘corrugação’, como um único defeito a ser considerado. Já nas normas francesas, só
é citado o defeito ‘corrugação’. Essas classificações são mais claras e coerentes que a
classificação do DNIT. Segundo a descrição desses defeitos pelo Manual do DNIT (2006),
eles são diferentes, mas na prática essa diferenciação é pouco visível. As causas desses dois
defeitos também são as mesmas no entender dos órgãos técnico internacionais.
(MACHADO, 2013)
Machado (2013) observa que o descascamento, citado apenas nas normas francesas,
pode ser enquadrado como buraco ou panela nas outras normas, ainda que, em virtude da
pequena espessura, seja de baixa severidade. A penteadura também é citada somente na
norma francesa e não são quantificados valores para classificação de seus níveis de
gravidade. Agregados polidos e bombeamento são mencionados somente nas normas norte-
americanas. Estes devem ser levados em consideração nas avaliações das condições dos
pavimentos brasileiros, tendo em vista que há constantes ocorrências. No caso dos agregados
polidos é avaliada a variação do atrito pneu-pavimento, no caso do bombeamento não há
como se avaliar a severidade.
A Norma Francesa cita que os remendos podem ser classificados em dois tipos: um
que suprime completamente o defeito (provavelmente um remendo referente a degradações
de origens não estruturais) e outro que suprime parcialmente o defeito (provavelmente
referente a degradações de origem estrutural). Essa diferenciação pode ser importante para
a tomada de decisões com relação à recuperação do pavimento e deve ser levada em conta
na hora da definição dos níveis de severidade (MACHADO, 2013).
De forma a facilitar o estudo dos defeitos encontrados nos pavimentos, sob a visão
dos três países, Machado (2013) elaborou um quadro comparativo. O Quadro 4, apresentado
nas páginas de 38 a 45, mostra a descrição dos defeitos, assim como a causa, níveis de
severidade e formas de medição e reparo.
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Fissura Nada consta Nada consta Nada consta Nada consta Abertura visível a olho
nu < 1,50 m. Se for > 1,50 m é a
Trinca.
Trinca por Blocos irregulares tipo Baixa (desconectadas Mede-se área de Fissuras na superfície Trincamento: fendas, fissuras,
Fadiga couro de jacaré, ou conectadas ocorrência de cada (trilhas de roda). Evolui trincas isoladas longitudinais ou
espaçamento < 0.3 m, levemente, sem nível de severidade. para aspecto de couro de transversais, trincas interligadas
surgem na ‘trilha de roda’. bombeamento, sem jacaré ou crocodilo. (couro de jacaré) ou bloco.
erosão nos bordos), Reparo é tratamento Surge por ação contínua Classificação: FC-1 / FC-2 / FC-
Causas: pavimento Moderada (conexões superficial ou lama do tráfego viário (sob 3 (1 - 2 - 3 consideram o aumento
submetido a repetidas com padrão definido, asfáltica (temporário), cargas repetidas). de gravidade). Causas: tráfego
aplicações de cargas talvez desgaste e ou remendo Enquadra-se ainda um atuante, por carregamento e
(tráfego rodoviário) ou com selamento, erosão de (permanente). Ou tipo de trinca circular alívio, promove tensões de tração
cargas acima da capacidade bordos, sem recapeamento. Ou (“faiençage circulaire”) na fibra interior do revestimento;
estrutural chega ao limite, bombeamento), Alta reconstrução do que leva à ocorrência da alternância na mudança diária de
construção com espessura (padrão evidente, com pavimento. trinca por fadiga. temperatura que acusa contrações
inferior à necessária ou sem selamento e desgaste do revestimento; reflexão de
controle de qualidade acentuado, com erosão DEFEITO trincas existentes em bases
adequado ou chuvas acentuada nos bordos, ESTRUTURAL cimentadas. Há subdivisão: fadiga
conduzidas de modo pedaços retirados pelo (alívio e carregamento),
inadequado enfraquecem a tráfego, com envelhecimento (endurecimento
estrutura do pavimento. bombeamento). do asfalto e perda de flexibilidade
do ligante), reflexão.
Trinca em Blocos Blocos em forma de Baixa (até 6 mm ou Mede-se a área de Surgem por contrações É somente citada no item
retângulos conectados (0,1 a trincas seladas com ocorrência de cada após a aplicação da Trincamento (indicado no item
10 m²). dimensões indefinidas), nível de severidade e mistura asfáltica. Trinca por Fadiga deste quadro)
Moderada (entre 6 e 19 a área padrão dos no Manual do DNIT. Na Norma
Causas: contrações na mm ou trincas com blocos por trecho. DNIT - 005 esse defeito é descrito
mistura além da capacidade menos de 19 mm Para pontos com como sendo um conjunto de
de origem térmica (camadas somadas a grande dimensões e trincas interligadas caracterizadas
superficiais com número de trincas com profundidades pela configuração de blocos com
revestimento de misturas baixa severidade), Alta reduzidas usa-se lados bem definidos, com ou sem
asfálticas com agregados (acima de 19 mm ou material selante erosão nas bordas.
finos e asfalto com baixa grande número de (emulsão asfáltica,
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Trinca de Bordos Em acostamentos sem Baixa (sem rupturas ou Mede-se a extensão No limite com o É citada no Manual do DNIT a
pavimentação, no limite perda de material), do pavimento afetado, acostamento sem possibilidade de haver trincas
com acostamento, 60 cm da Moderada (com por severidade. Para pavimento. Ocorre por longitudinais na borda do
extremidade do pavimento, algumas rupturas e reparo, usa-se selante espessura inadequada das pavimento causadas por umidade.
com tamanhos irregulares e perda de até 10% do (para evitar a entrada camadas do pavimento;
crescentes ou regulares; pavimento), Alta de água). Se for o má compactação;
surge por compactação (trincas com rupturas e caso de drenagem problemas com
insuficiente ou drenagem perda de mais de 10%). deficiente, corrige-se drenagem; situações de
deficiente. (talvez remendo). clima ou de vegetação.
Trincas Paralelas ao eixo. Dentro ou Idem a trincas em Mede-se extensão, Resulta de imperfeição Manual DNIT descreve
Longitudinais fora das trilhas de rodas. bloco. por severidade, tanto na colagem de faixas trincamento devido à variação
Facilita a penetração de nas que estão nas contíguas de pré- brusca de temperatura que causa
água e provoca instabilidade trilhas de roda como misturado. Não aparece retração térmica, principalmente
entre as camadas do nas que estão fora das sempre na trilha de roda. no caso de ligante com alta
pavimento, e as trincas por trilhas de roda. Mede- Onde a trinca rigidez. Pode haver retração em
fadiga ou o desgaste. Se fora se extensão de trincas longitudinal aparece na bases cimentadas. Depende das
das trilhas de roda, deve-se seladas com bom trilha de roda, pode haver variações de temperatura e das
a adensamento insuficiente selante. Trincas defeito tipo ‘degradação propriedades dos materiais da
ou feito de maneira menores de 3 mm não estrutural’. mistura (não separa trinca
diferenciada na execução do são reparadas. Para longitudinal da transversal).
pavimento. Se no limite das trincas de 3 a 20 mm DEFEITO DNIT 005 detalha apenas que se
trilhas de roda, deve- se a usa- se selante. Para ESTRUTURAL SE NA trata de trinca isolada com direção
excesso de carga. Pode trincas acima de 20 TRILHA DE RODA paralela ao eixo da via. Até 100
surgir por misturas com mm faz-se remendo, cm é chamada trinca longitudinal
temperaturas muito quentes recapeamento ou curta. Acima de 100 cm é
aplicadas sobre base frágil. reconstrução. chamada trinca longitudinal
longa.
40
Trincas por Depende da trinca de Idem a trincas em Medem-se como Nada consta No item Trincamento do Manual
Reflexão em origem. Ocorre por bloco. longitudinais do DNIT é citado que pode
Juntas descontinuidades nas (extensão) ou ocorrer um tipo de trinca por
camadas inferiores, que se transversais (extensão reflexão quando existe algum
propagam através do e quantia), por nível. problema de trinca (interligada ou
revestimento. Surge por: Ou como em bloco, isolada) nas camadas inferiores e
trincas ou juntas nas ou por fadiga. Mede- esse problema propaga-se nas
camadas inferiores de se extensão das camadas superiores.
pavimento rígido, seladas. Fazer: lama
movimentação de bases asfáltica ou
(tratadas com cimento ou tratamento
cal, ou de solos arenosos superficial,
finos lateríticos), trincas por recapeamento ou
baixa temperatura (ou reconstrução. Para
trincas em blocos ou evitar propagação,
longitudinais ou por fadiga) utiliza- se
nas camadas antigas geomembrana,
superficiais. reciclagem, outras.
Trincas São perpendiculares ao eixo Idem a trincas em Mede-se quantia e Ocorre por: variação de Ver comentários das
Transversais da via. Ocorrem devido a bloco. extensão por temperatura (comum em considerações sobre trincas
contrações térmicas do severidade, e países de climas frios) ou longitudinais (anteriores), no caso
revestimento e infiltração de extensões de trincas degradação de do Manual do DNIT. A Norma
água nas camadas inferiores. seladas por pavimentos de agregados DNIT 005 detalha apenas que se
severidade. Menor lateríticos com limite de trata de trinca isolada com direção
severidade: material retração particular ortogonal ao eixo da via. Se tiver
selante. Maior (variação do teor de água extensão de até 100 cm é
severidade: remendo, na fração argilosa). chamada trinca transversal curta.
reciclagem, Se tiver extensão acima de 100
recapeamento ou cm é chamada trinca transversal
reconstrução. longa.
Remendos É uma conservação da Baixa (< 6 mm pouco Registram-se as É efetuado para Define-se como uma porção do
superfície. É o afetando o tráfego), ocorrências e a área regularizar o pavimento, pavimento onde o material
preenchimento de panelas Moderada (entre 6 e12 afetada por quando ocorrem defeitos original foi removido e
ou de qualquer outro orifício mm afetando severidade. É feito superficiais ou substituído por outro (similar ou
ou depressão com massa moderadamente o recorte e limpeza da profundos. Caso sejam diferente). Seu surgimento vem
asfáltica. Porção de tráfego), Alta (> 12 área, aplicação da frequentes no local, de problemas estruturais ou
pavimento superficial, maior mm e com camada talvez ainda haja superficiais do pavimento. Podem
que 0.1m², que é removida e bombeamento impermeabilizante e ocorrer por diversos motivos, em
41
substituída por material ocasional e com grave aderente e do material problema. geral oriundos de ação conjunta
aplicado sobre construção interferência no de reposição. Se o de tráfego e condições ambientais.
original da via. Vários tráfego). Mede-se por material é aplicado DEFEITO Pode ser profundo (substitui-se o
defeitos causam necessidade severidade. sem recorte da área o ESTRUTURAL - SE revestimento e uma ou mais
de remendos. nome é tapa-buraco. NÃO CORRIGE camadas inferiores) ou superficial
TOTALMENTE (correção da superfície do
revestimento).
Panelas ou Cavidade (como ‘tigela’) Baixa (até 25 mm de Deve ser registrada a Aparece em decorrência Cavidades formadas no
Buracos que surge no revestimento, profundidade), quantidade de do desgaste ou da revestimento do pavimento e com
podendo ou não atingir Moderada (de 25 a 50 ocorrência e a área destruição da camada de dimensões e profundidades
camadas subjacentes. mm de profundidade), afetada relativa por rolamento. No início, variadas. Afeta estruturalmente o
Resulta de desintegração Alta (acima de 50 mm nível de severidade. O suas dimensões são pavimento, permitindo o acesso
local, sob a ação do tráfego de profundidade). reparo deve ser feito reduzidas. Caso não seja das águas superficiais ao interior
e da água; com com remendo, corrigido, suas da estrutura. Afetam a
fragmentação e remoção do seguido de dimensões podem irregularidade longitudinal e,
pavimento, após trincas por recapeamento se for o aumentar, levando à como consequência, a segurança
fadiga ou desgaste. Surge caso, dependendo do remoção do pavimento. do tráfego e o custo do transporte.
em revestimentos com tamanho da área Inicia-se no As causas podem ser: trincamento
pouca espessura ou baixa comprometida. revestimento, mas pode por fadiga (estágio terminal);
capacidade de suporte (falha atingir a base se não for desintegração localizada na
estrutural). Pode aparecer reparado. superfície do pavimento (desgaste
em locais com segregação de alta severidade). O processo
de material (falta de ligante) pode ser acelerado pelo tráfego e
ou com problemas de pelo clima.
drenagem.
Deformação Surge no caminho das Baixa (até 25 mm de Devem ser anotadas Surge a 50 - 80 cm do É uma depressão na superfície do
Permanente ‘trilhas de rodas’. É um profundidade), medições do desnível bordo devido a: suporte pavimento, com ou sem
afundamento longitudinal Moderada ou profundidades insuficiente (ou baixa solevamento, se apresentando sob
que acompanha o trajeto (de25a50mmde máximas das capacidade) ou com má a forma de: - afundamento
percorrido pelas rodas dos profundidade), Alta deformações, em qualidade, deficiência de plástico (com solevamento)
veículos. Ocorre devido à (acima de 50 mm de milímetros, a cada drenagem (varia com a causado pela fluência plástica de
densificação dos materiais profundidade). 20m de intervalo. base), recalque dos uma ou mais camadas do
ou à ruptura por Para o reparar utiliza- materiais sob tráfego pavimento ou do subleito
cisalhamento. Causas: se: reciclagem, pesado e canalizado (extensão de até 6 m é plástico
dimensionamento recapeamento ou associado ou não à queda local ou superior a 6 m e na trilha
inadequado das espessuras reconstrução total do de resistência das de roda é plástico de trilha de
das camadas, dosagem pavimento. camadas inferiores. roda); - afundamento de
inadequada da mistura Existe ‘afundamento consolidação (sem solevamento)
42
Ondulação ou Deslocamento longitudinal Os níveis de severidade A medição é efetuada Ocorre quando há forte Ondulação ou corrugação:
Corrugação ou do pavimento, ocasionando podem ser através do registro da solicitação do pavimento ondulações transversais
Escorregamento ondulações transversais. É determinados em quantia de (+ em curvas ou rampas (permanentes), no revestimento.
causado por movimento de função do quanto a ocorrências e da área ou locais sujeitos a Causas: instabilidade na mistura
‘frenagem’ ou ‘aceleração’. qualidade do tráfego é afetada (em m²). frenagem e acelerações). asfáltica do revestimento ou da
Surge por: dosagem afetada. Devem ser efetuados: Nesta classificação base; umidade nas camadas
inadequada da mistura remendos, podem-se enquadrar subjacentes; contaminação da
asfáltica, fraca ligação entre reciclagem, defeitos pontuais mistura por materiais estranhos;
base e revestimento, recapeamento ou (“gonfle”), nem sempre retenção de água na mistura.
estrutura insuficiente. reconstrução. em locais com Ocorre com acelerações e
Localiza-se em curvas, acelerações e frenagens, frenagens. Escorregamento:
intersecções, aclives ou mas com características movimento horizontal do
declives. semelhantes (‘estufa- revestimento, por esforços
mento’ no pavimento). tangenciais transmitidos por eixos
Surge por dos veículos; produz ondulação
incompatibilidades curta e abrupta no pavimento
químicas ou má (como meia lua). Causas: ligação
compactação. inadequada entre revestimento e
camada subjacente; inércia
limitada do revestimento por
espessura reduzida; compactação
deficiente; fluência plástica por
temperaturas elevadas. Surge com
acelerações e frenagens (aclives e
declives, curvas de raio pequeno,
interseções e paradas de ônibus
ou obstáculos).
Exsudação Excesso de material Classifica-se de acordo Para quantificar esse O excesso de ligante É a formação de uma película ou
betuminoso na superfície, com a situação ou com tipo de defeito é surge na superfície. filme de material betuminoso na
usualmente na trilha de a evolução do verificada a área de superfície do pavimento e se
roda. Apresenta-se como problema. Baixa: há ocorrência, caracteriza por manchas em
43
asfalto com perda da alteração na coloração classificada por nível variadas dimensões. Ocorre por:
coloração normal ou perda de trechos de de severidade. Deve dosagem inadequada da mistura
da textura comum. O pavimento em relação ser reparado com asfáltica que acarreta teor
agregado mostra excesso de ao geral. Moderada: tratamento superficial excessivo de ligante ou índice de
material betuminoso (cor ocorre alteração da ou areia quente, ou vazios muito baixo, temperatura
mais escura). A superfície é textura do pavimento. mesmo reciclagem. do ligante acima da especificada
brilhante e pegajosa. Alta: o pavimento no momento da mistura. Pode-se
Surgem marcas de pneus apresenta aspecto manifestar em qualquer local do
com temperaturas altas e brilhante e aparecem pavimento, mas surge,
redução do atrito pneu- marcas de pneu no preferencialmente, nas trilhas de
pavimento. Resulta de mesmo (em tempo roda.
mistura asfáltica inadequada quente).
(baixo índice de vazios).
Agregados Polimento ou desgaste dos Não há como definir Avaliam-se as áreas Nada consta. Nada consta.
Polidos agregados e do ligante níveis de severidade. O atingidas em m².
betuminoso pode expor o grau de polimento pode Deve ser executado
agregado graúdo. Pode refletir em redução do tratamento superficial
ocorrer perda de material. atrito pneu-pavimento ou lama asfáltica. Ou
Esse defeito pode ser e ocasionar reciclagem,
resultado da ação abrasiva comprometimento da recapeamento,
do tráfego, que elimina segurança viária. reconstrução do
asperezas e angularidades pavimento.
das partículas.
Desgaste Surge por deslocamento de Podem ser A medição é feita Inicialmente, ocorre uma Perda de agregados ou argamassa
partículas de agregados e classificados de acordo com a quantificação perda de material fina do revestimento. Apresenta
perda de adesividade do com a situação local ou da área de ocorrência, reduzida. Com o passar aspereza superficial anormal,
ligante. Evolui de perda de com a evolução do classificada por nível do tempo essa perda vai perda do envolvimento
finos para perda de algum problema. Nível Baixo de severidade. Os se acelerando e betuminoso e arrancamento
agregado graúdo, e, enfim, é quando há perda de reparos podem comprometendo a gradual de agregados. Causas:
para perdas maiores de agregados miúdos. compreender a qualidade do pavimento. redução da adesividade entre
agregado. Causas: Nível Moderado é execução de: capa agregado e ligante (por oxidação
envelhecimento, quando a textura selante, tratamento do ligante + ação combinada de
endurecimento, oxidação, superficial torna- se superficial ou lama tráfego e agentes intempéricos,
volatilização, mais áspera e ocorre asfáltica, reciclagem por presença de poeira ou sujeira
intemperização. Para perda de alguns ou recapeamento. na construção), execução da obra
propiciar boa adesividade agregados graúdos. em condições meteorológicas
entre agregado e ligante, Nível Alto é quando a ruins, presença de água no
evitando a probabilidade de textura superficial revestimento (sobrepressões
ocorrência do desgaste torna-se muito áspera e hidrostáticas podem provocar
44
Desnível entre Diferença de elevação entre Os níveis de severidade Os níveis de Com acostamento Nada costa.
Pista e a pista e o acostamento. não são aplicados neste severidade não são pavimentado: desnível
Acostamento Resulta da aplicação de caso. aplicados neste caso. entre o mesmo e a pista e
diferentes camadas de provoca degrau perigoso.
material (em algumas Com acostamento sem
ocasiões é aplicada uma pavimento: erosão no
espessura maior na camada mesmo compromete a
de rolamento do que no segurança do tráfego
acostamento). Nos casos de (pode chegar até a via).
acostamento não A gravidade deste defeito
pavimentado, pode haver surge só aqui: baixa -
erosão no mesmo, desnível de 1 a 5 cm,
ocasionando o desnível média - desnível 5 a 10
entre o acostamento e a pista cm, alta - desnível > 10
de rolamento. Pode haver cm.
consolidação diferencial
entre pista e acostamento.
Bombeamento Vazamento ou ejeção de É difícil definir níveis Registram-se o Nada consta. Nada consta.
água da parte inferior do de severidade, porque a número de
pavimento através das quantidade de água ocorrências e a área
trincas quando sob ação do bombeada pode variar atingida. Caso tenha
tráfego. Detecta-se pela de acordo com as sido comprometido, o
presença de ‘finos’ na condições de umidade. pavimento deve ser
superfície (erodido das recuperado. Para se
camadas de apoio ou base). evitar nova ocorrência
Ocorre se existe água sob o de Bombeamento
revestimento (deficiência de deve ser corrigido o
45
Descascamento Nada consta (incluir no item Nada consta (incluir no Nada consta (incluir Partes da camada de Nada consta (incluir no item
buraco ou panela ainda que item buraco ou panela). no item buraco ou rolamento soltam-se buraco ou panela).
com severidade baixa). panela). (descolam) da base.
Penteadura Nada consta (incluir no item Nada consta (incluir no Nada consta (incluir Má execução da camada Nada consta (incluir no item
desgaste). item desgaste). no item desgaste). asfáltica com desgaste).
distribuição irregular do
ligante (falha do bico),
ou por distribuição
incorreta de agregados.
Quando existem trincas que dão passagem a água pluvial e a camada de base desse
pavimento é de drenagem lenta, ocorre o acúmulo de água no topo da base. A passagem
de uma carga de roda cria um excesso de pressões neutras na água retida, levando ao
bombeamento de finos da base para a superfície (erosão) e a solicitações dinâmicas
elevadas sob a camada de revestimento, acelerando a sua deterioração. Se a água
atingir e se acumular no topo de um subleito não drenante, haverá uma maior
deformação plástica nessa camada e a sua intromissão na base granular;
avaliado pela variação do módulo de elasticidade efetivo de uma ou mais camadas com o
tráfego acumulado (GONÇALVES,1999a).
Avaliação objetiva
Para a avaliação das superfícies são utilizados materiais para auxiliar a localização e
demarcação na pista das estações de avaliação e uma treliça de alumínio padronizada que
permite medir as flechas da trilha de roda. As flechas devem ser medidas em milímetros, em
cada estação demarcada. Estas medidas são executadas nas trilhas de roda interna (TRI) e
externa (TRE), anotando-se o maior valor medido em cada trilha.
Em cada área demarcada deve ser anotada a presença de qualquer ocorrência de
defeito no pavimento, de acordo com a norma DNIT 005/2003-TER (DNIT, 2003), e as
medidas dos afundamentos nas trilhas de roda. Posteriormente, devem ser calculadas as
frequências absolutas e relativas das ocorrências e identificado o fator de ponderação. A
frequência absoluta (𝑓𝑎 ) corresponde ao número de vezes em que a ocorrência foi verificada,
enquanto que a frequência relativa (𝑓𝑟 ) é obtida através da Equação 1.
𝑓𝑎 𝑥 100
𝑓𝑟 = (1)
𝑛
Onde:
𝑓𝑟 = frequência relativa
𝑓𝑎 = frequência absoluta
n = número de estações inventariadas
O fator de ponderação (𝑓𝑝 ) é tabelado pela Norma e varia de acordo com o defeito
avaliado, com a média aritmética das médias das flechas e com a média das variâncias das
54
flechas. Os valores dos fatores de ponderação, extraídos da Norma 006/2003- PRO (Brasil,
2003b), estão apresentados no Quadro 5.
Fator de
Ocorrência Codificação de ocorrências de acordo com a Norma DNIT 005/2002
Ponderação
Tipo “Defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos – Terminologia”
fp
1 Fissuras e Trincas isoladas (FI, TTC,TTL,TLC, TLL e TRR) 0,2
2 FC-2 (J e TB) 0,5
FC-3 (JE e TBE)
NOTA: Para efeito de ponderação quando em uma mesma estação forem
constatadas ocorrências tipos 1, 2 e 3, só considerar as do tipo 3 para o
3 0,8
cálculo da frequência relativa em porcentagem (fr) e Índice de Gravidade
Individual (IGI); do mesmo modo, quando forem verificadas ocorrências
tipos 1 e 2 em uma mesma estação, só considerar as do tipo 2.
4 ALP, ATP e ALC, ATC 0,9
5 O, P, E 1
6 EX 0,5
7 D 0,3
8 R 0,6
Fonte: Brasil (2003b).
Conceitos Limites
Ótimo 0 < IGG ≤ 20
Bom 20 < IGG ≤ 40
Regular 40 < IGG ≤ 80
Ruim 80 < IGG ≤ 160
Péssimo IGG > 160
Fonte: Brasil (2003b).
Avaliação Subjetiva
pela superfície de pavimentos flexíveis e semirrígidos, com base no seu Valor de Serventia
Atual.
Serventia Atual é a capacidade de um trecho específico de pavimento de
proporcionar, na opinião do usuário, rolamento suave e confortável em determinado
momento, para quaisquer condições de tráfego. O Valor de Serventia Atual (VSA) é
determinado por uma avaliação subjetiva, feita por um grupo de avaliadores que percorrem
o trecho em análise, registrando suas opiniões sobre a capacidade do pavimento de atender
às exigências do tráfego que sobre ele atua, quanto à suavidade e ao conforto. A condições
gerais para o levantamento são definidas pela Norma:
Deve ser escolhido cerca de dez trechos de pavimentos, cada um com comprimento
aproximado de 600m, de aspecto bastante uniforme e preferencialmente, localizados
seguindo uma sequência em que todos possam ser avaliados em um tempo de percurso
razoavelmente pequeno. Os trechos selecionados devem abranger uma ampla variação
de qualidade de rolamento.
O avaliador deve considerar somente o estado atual da superfície, mesmo que suspeite
que o mesmo possa romper-se em futuro próximo.
Devem ser ignorados aspectos do projeto geométrico do trecho da rodovia que está
sendo avaliada. Os trechos devem ser avaliados como se o projeto geométrico fosse
adequado para qualquer tipo de tráfego. Cruzamentos ferroviários, irregularidades nos
acessos das pontes e irregularidades ocasionais devido aos recalques de bueiros e a
resistência à derrapagem do revestimento também devem ser desconsiderados.
Na ficha de avaliação, o parecer dos avaliadores deve ser registrado em escala de 0,0
a 5,0, indicando, respectivamente, pavimentos de péssimo a ótimo. Os avaliadores devem
utilizar uma ficha de avaliação para cada trecho de pavimento e o resultado será o somatório
das notas atribuídas dividido pelo número de avaliadores. A Figura 12 mostra os valores de
VSA retirados da ficha de avaliação e os conceitos associados.
Avaliação visual
Onde:
𝑃𝑡 e 𝐹𝑡 = Frequência e Peso do conjunto de trincas t;
𝑃𝑜𝑎𝑝 e 𝐹𝑜𝑎𝑝 = Frequência e Peso do conjunto de deformações;
𝑃𝑝𝑟 e 𝐹𝑝𝑟 = Frequência (quantidade por km) e Peso do conjunto de panelas e remendos.
58
A – ALTA ≥ 50 3
M – MÁDIA 50 – 10 2
B – BAIXA ≤ 10 1
Fonte: Brasil (2003d)
Assim, estão divididos em duas categorias: defeitos do tipo A e Defeitos do tipo B e cada
defeito possui três níveis de gravidade (DANIELESKI, 2004).
Os defeitos do tipo A são provenientes de uma insuficiência da capacidade estrutural
do pavimento, que indicam a necessidade de soluções relacionadas a capacidade portante do
pavimento. Os do tipo B, são defeitos que geralmente demandam reparos não associados a
capacidade estrutural do pavimento. Originam-se de problemas na construção ou na
qualidade dos materiais, ou de uma condição local particular que o trafego pode acentuar
(PRESTES, 2001).
No Quadro 10 são apresentados os defeitos considerados em cada categoria definida
pelo Vizir e os 3 níveis de severidade para cada um deles.
SEVERIDADE
DEFEITOS DO TIPO A
1 2 3
Sensível ao usuário, Deformações afetando
Afundamento nas
mas pouco Deformações graves gravemente a segurança e
trilhas de roda
importante o tempo de percurso
Fissuras notavelmente Fissuras muito
Fissuras finas nas
abertas e/ou ramificadas e/ou muito
Fissuras por fadiga faixas de rolamento
seguidamente abertas; bordas
ou no eixo
ramificadas comprometidas
Trincas por fadiga mais
Trincas por fadiga Trincas por fadiga muito
fechadas, algumas vezes
sem perda de abertas, desmontando em
Trincas por fadiga com perda de material,
material da malha pedaços, algumas vezes
desprendimentos e
larga com perda de material
buracos em formação
Recuperação de
Recuperação de superfícies ligadas a defeitos do Tipo
toda parte do
A
Reparações (remendos) pavimento
ou Tapa-buracos Recuperação da
Duração satisfatória do Dano aparecendo sobre o
superfície ligada a
remendo remendo
defeitos do tipo B
SSEVERIDADE
DEFEITOS DO TIPO B
1 2 3
Larga (1cm ou mais) Larga com erosão das
Fissuras longitudinais e
Fina e única sem desprendimento ou bordas ou larga e
transversais
fina ramificada ramificada
Panelas Quantidade <5 5 a 10 <5 >10 5 a 10
(para
100m de 30< d
Tamanho d < 30 cm d < 30cm d < 30cm 30< d <100
pavimento) <100
Pontual sem Continuas ou pontuais
Desprendimento; Continuas com o
aparecimento da com o aparecimento da
defeitos do revestimento aparecimento da base
base base
(ex.: desgaste
superficial, exsudação, Continuas sobre uma faixa
Continuas sobre uma
etc.) Pontual de rolamento e “muito
faixa de rolamento
marcada”
Fonte: Adaptado de Prestes (2001)
63
Extensão/
Índice 0 a 10% 10 a 50% >50%
Gravidade
1 1 2 3
Índice de
2 2 3 4
fissuração (If)
3 3 4 5
Índice de 1 1 2 3
Deformação 2 2 3 4
(Id) 3 3 4 5
1 0 0 0
Correção por
2 0 0 1
reparações
3 0 1 1
Fonte: adaptado de Prestes (2021)
O Manual do DNIT (2006) traz uma série de definição para termos relativos a
Manutenção Rodoviária e o entendimento desses termos é essencial para identificação do
problema e da solução adequada para cada caso.
1) Conservação da Rodovia
É o conjunto de operações rotineiras, periódicas e de emergência que tem como
objetivo preservar as características técnicas e físico-operacionais do sistema rodoviário
dentro dos padrões de serviço pré-estabelecidos.
66
Tais ações devem ser programadas e executadas constantemente, ao longo dos ciclos
de vida do pavimento. Quando o ciclo de vida é ultrapassado, essas ações costumam ser
antieconômicas, assim, é recomendado que seja feita à recuperação de pavimento.
As ações de conservação da rodovia são divididas em:
• Conservação Corretiva Rotineira - Operações com a finalidade de reparar ou sanar
um defeito e restabelecer o funcionamento dos componentes da Rodovia.
• Conservação Preventiva Periódica - Conjunto de operações realizadas
periodicamente afim de evitar o surgimento ou agravamento de defeitos. A frequência de
execução depende do tráfego, da topografia e de efeitos climáticos.
• Conservação de Emergência - Operações realizadas eventualmente para recompor,
reconstruir ou restaurar trechos que tenham sido danificados por um evento extraordinário
ou catastrófico, colocando em risco os usuários ou ocasionando a interrupção do tráfego.
2) Melhoramentos
É o conjunto de operações para acrescentar à Rodovia características novas e
objetivam atender as demandas operacionais (geometria da via, sistema de sinalização,
segurança do tráfego) e adequação ou incorporação de elementos de drenagem e de proteção
da infraestrutura e/ou de obras complementares
Os serviços a serem executados em função da necessidade de cada caso, devem estar
incluídos no objeto global de uma das seguintes modalidades de obras:
• Adequação da Capacidade e Segurança de Tráfego da Rodovia;
• Restauração e Reabilitação do Pavimento da Rodovia, incluindo Melhoramentos
Físicos e Operacionais decorrentes de Intervenções de Baixo Custo;
• Restauração e Reabilitação do Pavimento da Rodovia, incluindo os melhoramentos
objetivando, de forma plena, a Adequação da Capacidade e Segurança do Tráfego;
• Duplicação da Rodovia.
3 MÉTODOLOGIA
A Avenida Beira-Mar Norte está localizada na região central da cidade, entre a parte
inferior da Ponte Hercílio Luz e o viaduto de acesso ao Norte da Ilha. Trata-se de uma
avenida, cujo traçado geométrico acompanha o mar, construída sobre um aterro na década
de 1960 e ampliada na década de 1980, adquirindo assim seu atual formato. Esta avenida
possui três faixas de rolamento que dão acesso às pontes que levam à região continental da
72
cidade, ao Sul da Ilha e ao centro da cidade. Outras três faixas, no sentido oposto, levam ao
Norte da Ilha e à UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Ela também possui pistas
marginais no lado direito.
O trecho escolhido foi este por ser uma via de grande importância na malha viária de
Florianópolis e apresentar um grande volume de tráfego, principalmente nos horários de
pico, como também por apresentar vários defeitos na superfície de rolamento que
comprometem a segurança e o conforto dos motoristas ao trafegarem no local.
A avenida possui seis faixas de rolamento principais, três em cada sentido, cada uma
com largura de 3,5 metros. As faixas de sentidos apostos são divididas por um canteiro
central de largura variável ao longo da via. A Figura 16 mostra as faixas e o canteiro central.
É necessária a avaliação correta das condições da via para que se possa tratar com
eficiência a conservação e a recuperação dos pavimentos, com a finalidade de manter a boa
condição de tráfego e segurança. Deste modo, cada defeito precisa ser identificado, assim
como a extensão e nível de severidade.
Observando as recomendações das principais metodologias existentes para a
avaliação dos pavimentos, expostas na revisão bibliográfica deste trabalho, os
procedimentos para a realização da avaliação do pavimento da Avenida Beira-Mar Norte
foram estabelecidos. Para a análise e identificação dos defeitos encontrados no pavimento
foi feita uma inspeção visual detalhada e realizado um levantamento fotográfico da via.
Posteriormente, essas imagens foram comparadas com as expostas na literatura.
A seguir estão descritas as etapas metodológicas seguidas para a obtenção dos
resultados deste trabalho. O fluxograma da Figura 19 ilustra estas etapas.
75
Inicialmente, foi feita uma inspeção visual de toda a via percorrendo toda a extensão
da Avenida, nos dois sentidos, em um veículo trafegado a uma velocidade baixa, mas que
não interferisse no tráfego da via.
A primeira inspeção visual da via e, posteriormente, o levantamento fotográfico
foram feitos entre os dias 23 e 31 de janeiro de 2021. Ambos foram realizados em finais de
semana e no início da manhã (entre às 6 e 8h), dias e horário onde o tráfego na avenida é
menos intenso o que facilita a visualização dos defeitos do pavimento.
Depois dessa primeira análise, a área de estudo foi dividida em trechos para facilitar
a localização e a análise. A divisão foi feita procurando manter uma extensão padrão e
também certa homogeneidade nos defeitos encontrados, ou seja, o estado de deterioração ao
longo de todo o trecho é muito semelhante.
Por fim, de acordo com a frequência e gravidade dos defeitos encontrados em cada
trecho pode-se definir o Nível de Deterioração do pavimento, de acordo com o Quadro 14
que foi elaborado com base nas metodologias já existentes para a avaliação de pavimentos.
Nível de Manutenção/
DESCRIÇÃO
Deterioração restauração
A superfície do pavimento está em ótima condição, proporciona CONSERVAÇÃO
1 um rolamento suave e existem poucos defeitos. Podem haver ROTINEIRA
trincas de baixa de baixa gravidade.
As patologias encontradas foram categorizadas de acordo com o Quadro 13. Por fim,
foi realizado um levantamento bibliográfico das patologias encontradas, com o auxílio das
normas nacionais e internacionais, com intuito de compreender as principais causas de suas
manifestações no pavimento.
3.3.9 Soluções
Com base na literatura consultada, nesta etapa, são apresentados como os defeitos
em vias de cidades devem ser identificados e quantificados, isso de uma forma simplificada.
Por fim, as formas de reabilitação são indicadas.
4 RESULTADOS
Após uma primeira inspeção visual feita no pavimento da Avenida Beira-Mar Norte,
pode se observar que os tipos dos defeitos encontrados são semelhantes em toda sua
extensão. Neste caso, pode-se aferir que a causa provavelmente é a mesma.
Foram identificados os seguintes defeitos: trincas por fadiga, trincas longitudinais e
transversais, trincas em bloco, panelas, remendos e desgaste. Pôde-se observar também, uma
diferença nas quantidades de ocorrência e gravidade desses defeitos ao longo da via. Estas
diferenças podem ser analisadas de uma forma mais eficiente de acordo com as normas de
identificação e com a divisão da via em trechos.
Em nenhum trecho da Avenida foram observados afundamentos dentro ou fora da
trilha de roda em profundidade. As ondulações e corrugações foram observadas apenas em
alguns pontos de cruzamento da Avenida Beira-Mar com outras vias importantes, com pouca
frequência e baixa gravidade.
A gravidade das panelas encontradas foi definida pela estimada da profundidade (não
foram realizadas medições, considerando questões de inviabilidade de parada de tráfego).
A Área de Estudo foi dividida em 4 trechos, sendo três deles de aproximadamente
1Km e um deles, o trecho 01, com uma extensão de aproximadamente 2 km. A Figura 20
mostra a divisão dos trechos.
Trecho 01:
O trecho 01 tem início em frente ao prédio da Polícia Federal e fim na Praça
Governador Celso Ramos, com uma extensão de aproximadamente 2 km. Este trecho é maior
que os demais, pois é onde a avenida apresentou uma condição do pavimento mais
homogenia e também o menor grau de deterioração. A Figura 21 mostra o trecho 01 e a
superfície de avaliação, de 800m, localizada entre as fotos 01 e 06.
Figura 21 – Trecho 01
Nesse trecho os defeitos encontrados foram as trincas tipo “couro de jacaré” de média
e alta gravidade, trincas em bloco de alta gravidade, desgaste superficial e remendos de
média e alta gravidade. As Figuras 22 a 27, demonstram alguns dos defeitos encontrados no
trecho 01.
Figura 22 – Trincas tipo “couro de jacaré” e desgaste
Foto 01
Foto 02
Foto 03
Foto 04
Foto 05
Foto 06
Trecho 02:
O trecho tem a extensão de aproximadamente 1 km, início em frente à Praça
Governador Celso Ramos e fim no cruzamento com a Avenida professor Othon Gama
D’Eça. A superfície de avaliação, de 500m, esta compreendida entre as fotos 01 e 09. A
Figura 28 ilustra o trecho 02.
85
Figura 28 – Trecho 02
Esse trecho apresenta trincas por fadiga de média e alta severidade, trincas em bloco
de baixa severidade, trincas longitudinais longas e de média severidade, desgaste superficial,
remendos de grande extensão e severidade média, panelas de baixa a alta severidade. As
Figuras 29 a 36 mostram algumas das degradações encontradas.
Foto 01
Foto 02
Figura 31 – Remendos
Foto 04
Foto 05
Foto 06
Foto 07
Foto 08
Foto 09
Trecho 03:
O trecho 03 inicia no cruzamento com a Avenida Professor Othon Gama D’Eça e
termina em frente ao restaurante Miyoshi Beira-Mar, com a extensão total de 900 m. A
Figura 37 mostra o trecho 03 e a sua superfície de avaliação de 400m, entre as fotos 01 e 06.
89
Figura 37 – Trecho 03
Figura 38 – Remendo
Foto 01
Figura 39 – Desgaste
Foto 02
Foto 03
Figura 41 – Remendos
Foto 04
Foto 05
Figura 43 – Remendo
Foto 06
Trecho 04:
Trecho 04 tem extensão de aproximadamente 900 metros, início em frente ao
restaurante Miyoshi Beira-Mar e fim em frente ao mirante da Ponte Hercílio Luz. A Figura
44 mostra o trecho e a sua superfície de avaliação, de aproximadamente 400m, delimitada
entre as fotos 01 e 06.
92
Figura 44 – Trecho 04
Esse trecho apresenta trincas por fadiga de média e alta severidade, desgaste
superficial, remendos de grande extensão e severidade variada. Em alguns pontos, é possível
observar a formação de algumas panelas em áreas de trincamento por fadiga em estágio
avançado. As Figuras 45 a 50 mostram algumas das degradações encontradas.
Foto 01
Foto 02
Foto 03
Foto 04
Foto 05
Foto 06
Nível de
Trecho Defeitos Solução
deterioração
• Trincas por fadiga (couro de jacaré) – média
e alta severidade Correção de pontos
01 • Trincas em bloco – alta severidade 3 localizados (remendos)
• Remendos – média e alta severidade ou recapeamento
• Desgaste superficial – baixa severidade
Manutenção
• Remendo;
• Fadiga devido ao processo • Fresagem de parcela do revestimento.
repetitivo de carregamento e
Trincas por descarregamento Reabilitação
fadiga (couro de • Ação constante das cargas de • Reciclagem;
jacaré) Tráfego Recapeamento (reforço estrutural), sendo
• Enfraquecimento estrutural devido utilizadas geomembranas entre o
às chuvas pavimento antigo e o reforço para
absorção do movimento horizontal das
camadas inferiores.
• Contração do revestimento
Manutenção
asfáltico; • Selante com ligante betuminoso para
Trinca • Junta de construção mal executada; evitar entrada de água e consequente
longitudinal • Propagação das trincas existente nas enfraquecimento estrutural
camadas subjacentes (trincas de
propagação)
Manutenção
• Junta de construção mal executada;
Trinca • Selante com ligante betuminoso para
• Contração do revestimento
transversal evitar entrada de água e consequente
asfáltico;
enfraquecimento estrutural
Manutenção
• Capa selante (reparo
• Falta de ligante
temporário);
• Agregados inadequados (baixa
Desgaste • Tratamento superficial;
resistência)
• Lama asfáltica.
• Envelhecimento, oxidação e
Reabilitação
endurecimento do revestimento
• Reciclagem;
• Recapeamento delgado.
• Trincamento por fadiga em estágio Manutenção
terminal • Remendos (reparo permanente);
Panela • Desgaste de alta severidade Reabilitação
• Evolução devido à junção da • Recapeamento (reforço estrutural) após
drenagem insuficiente com a ação do a execução dos remendos.
tráfego
97
4.3 Soluções
Após a determinação dos defeitos e de suas prováveis causas, pode ser definida a
melhor solução para restauração do pavimento.
Como foi visto no item 4.2 o defeito encontrado com maior frequência no pavimento
foi o trincamento por fadiga, um defeito de origem estrutural. Outros defeitos bastante vistos,
as panelas e os remendos, também podem ser considerados como de origem estrutural, pois
as panelas surgem do agravamento das trincas por fadiga e os remendos são feitos para
reparar essas degradações. Essas degradações foram encontradas em todos os trechos da
Avenida.
A identificação de que os defeitos são resultantes de uma insuficiência da capacidade
estrutural, indica a necessidade de soluções relacionadas a um reforço da capacidade portante
do pavimento.
É importante destacar também, que o pavimento da Avenida Beira-Mar Norte,
teoricamente, encontra-se próximo ao fim da sua vida útil. A última atividade de recuperação
foi realizada em 2011, na ocasião o antigo revestimento foi removido, em seguida foi
implantada uma geogrelha para reforço da base e o novo revestimento foi executado. Todo
pavimento com a proximidade do fim da sua vida útil necessita de manutenção e reparos
mais frequentes, isso gera grandes custos para os órgãos públicos responsáveis.
Considerando esses fatores propõe-se, com base em consultas à norma técnica, que
seja feita a restauração do pavimento através do recapeamento. Essa é alternativa mais viável
para atender critérios econômicos e de projeto. Além disso, é essencial para a manutenção
do futuro pavimento, que sejam feitas melhorias no sistema de drenagem da Avenida.
metodologia, para ser utilizada por prefeituras, para a realização da avaliação de pavimentos
urbanos.
A metodologia foi desenvolvida com o intuito de facilitar e simplificar a avaliação
dos pavimentos urbanos, sem que seja necessária a utilização de equipamento de medição
ou que o tráfego seja interrompido para avaliações. O método de avaliação VIZIR (França)
foi utilizado como base para essa metodologia, por apresentar uma forma mais simples de
identificar as causas dos defeitos e também definir os seus níveis de severidade. As
normativas do DNIT e o Manual de Identificação de defeitos (FHWA) foram utilizadas para
auxiliar na definição dos níveis de deterioração do pavimento e as alternativas manutenção
e restauração.
A metodologia proposta consiste em:
Inspeção visual de toda a extensão do pavimento, percorrendo a área pelo
caminhamento ou em veículo trafegado a uma baixa velocidade (máximo 40 km/h)
para que seja feita uma primeira análise da condição do pavimento;
Divisão do pavimento em trechos homogêneos. A extensão dos trechos pode variar
de acordo com a extensão total do pavimento, mas recomenda-se que seja de no
máximo 2 km;
Identificação de uma superfície de avaliação que represente bem a condição do
trecho, para que seja feita a identificação dos defeitos e um levantamento fotográfico;
Definição de se degradações estão ligadas à capacidade estrutural do pavimento ou
se estão ligadas a outras causas (defeito de construção, má qualidade dos materiais,
etc.).
Caso haja problema na estrutura do pavimento, a escolha entre conservação
ou restauração (reforço estrutural) dependera da identificação do nível de
deterioração do pavimento.
Caso existam apenas degradações não ligadas a problemas estruturais, a
escolha do tipo de intervenção é feita apenas com o conhecimento da
degradação e sua causa.
Estimativa do nível de degradação do pavimento e solução adequada de acordo com
o Quadro 14.
Manutenção
• Capa selante (reparo
• Falta de ligante temporário);
BAIXA: baixa profundidade (menor que 2,5cm). • Agregados inadequados (baixa • Tratamento superficial;
resistência) • Lama asfáltica.
Panela MÉDIA: média profundidade (entre 2,5 e 5cm). • Envelhecimento, oxidação e
endurecimento do revestimento Reabilitação
ALTA: alta profundidade (maior que 5cm). • Podem ter sua origem em • Reciclagem;
problemas estruturais. • Recapeamento
delgado.
• Falha estrutural
• Deficiências construtivas ou Manutenção
BAIXA: Sensível ao usuário, mas pouco importante
geradas por recalques do terreno de • Remendos (reparo permanente);
fundação ou do material do aterro;
MÉDIA: sensível ao usuário afetando, afetando pouco a
Deformação • Enfraquecimento do revestimento Reabilitação
qualidade do tráfego
permanente devido à infiltração de água • Recapeamento (reforço estrutural) após a
• Ação repetitiva da passagem das execução dos remendos.
ALTA: Deformações afetando gravemente a segurança e
rodas dos automóveis (trilha de
o tempo de percurso
roda)
Para que esta metodologia possa ser aplicada em qualquer via urbana pavimentada
com revestimento asfáltico, é preciso levar em consideração alguns outros defeitos que não
foram encontrados na Avenida Beira-Mar, mas que podem ser vistos com frequência em
outros locais da cidade.
Danieleski (2004) cita os seguintes defeitos que devem ser considerados:
Remendos executados em função de intervenção em rede subterrânea de
infraestrutura pública ou privada (água, esgoto, energia, telecomunicação, entre
outras);
Trincas concêntricas a tampa de poço de visita de rede subterrânea;
Desnível, quebra ou falta de tampa de poço de visita de rede subterrânea
Imperfeição no suporte de concreto de tampa de poço de visita de rede
subterrânea (desníveis, trincas, desagregação do material ou qualquer outra
avaria que possam ocorrer nos suportes de concreto das tampas)
Ocorrência de despejo de material asfáltico ou cimentício solidificado sobre o
revestimento, gerando ressaltos na superfície.
Considerando esses defeitos, vale ressaltar o grande impacto que as tampas dos poços
(e principalmente dos problemas relacionados a elas) podem causar na qualidade de
rolamentos das vias, além de causarem uma certa fragilidade no pavimento, tornando o local
mais suscetível ao aparecimento de outras deformações. Muitas vezes elas são responsáveis
por desníveis grandes e frequentes, e devem ser levadas em consideração na hora da
estimativa do nível de deterioração do pavimento.
Considera-se que, de uma forma simples, os engenheiros e equipe técnica das
prefeituras podem avaliar continuamente a evolução dos defeitos nas vias urbanas, de forma
a programar operações de manutenção e reabilitação. Destaca-se a importância de datar as
fotos para que os registros sejam monitorados.
Caso as Prefeituras disponham de aporte financeiro, na época de reabilitação,
empresas especializadas podem ser contratadas para identificação dos defeitos de forma
menos empírica.
O importante é manter o conhecimento do estado superficial das vias para tomada de
decisão. Com isso, espera-se contribuir para que as vias pavimentadas possam efetivamente
cumprir seus objetivos de conforto e segurança aos usuários.
103
Dentre os objetivos propostos neste trabalho, foi realizada uma revisão bibliografia
abrangendo conceitos básicos relativos ao pavimento, nomenclatura e definição dos defeitos,
e as principais metodologias existentes para a avaliação da condição dos pavimentos.
A partir desta primeira etapa, foi estabelecida uma metodologia para a avaliação da
condição do pavimento da Avenida Beira-Mar Norte, através de uma inspeção visual da área
e definição de níveis de degradação. Posteriormente essa metodologia foi estendida para
pavimentos urbanos em geral. A seguir, são apresentadas as principais conclusões resultantes
dos estudos realizados.
Durante a análise das diferentes normas que classificam os defeitos, pode-se perceber
algumas deficiências nas normas brasileiras. As trincas, por exemplo, que foram encontradas
com grande frequência e gravidade na área de estudo, têm suas definições e causas mais
detalhadas e claras nas normas dos EUA e França.
Verificou-se que as metodologias existentes para a avalição de pavimentos são
exclusivas para as rodovias, também não são tão simples e claras para serem utilizadas pelos
órgãos municipais responsáveis e não abordam os defeitos específicos dos pavimentos
urbanos.
Não são levados em consideração os remendos executados em função de intervenção
em rede subterrânea de infraestrutura pública nem os problemas decorrentes das tampas de
poço de visita. Por outro lado, as metodologias consideram alguns defeitos que não tem
grande ocorrência e importância nas vias urbanas, como as trincas de bordo e desnível entre
pista acostamento, pois a maioria dos pavimentos urbanos contam com acostamentos ou
contensões laterais.
Com a aplicação da metodologia desenvolvida para a avaliação do pavimento da
Avenida Beira-Mar Norte, concluiu-se que o pavimento encontra-se bastante deteriorado,
apresentando diversas áreas com trincamento por fadiga em estado avançado, panelas
diversas e com grandes extensões reparadas com remendo. A principal consequência dessa
degradação é a perda da capacidade estrutural causada pela ação das cargas de tráfego
repetidas e agravada pelos problemas de drenagem.
Ainda, foi proposto que seja feita a recuperação do pavimento através de um
recapeamento e que sejam feitas melhorias no sistema de drenagem da avenida. O importante
104
é manter o conhecimento do estado superficial das vias para tomada de decisão. Com isso,
espera-se contribuir para que as vias pavimentadas possam efetivamente cumprir seus
objetivos de conforto e segurança aos usuários.
Considera-se que, de uma forma simples, os engenheiros e equipe técnica das
prefeituras podem avaliar continuamente a evolução dos defeitos nas vias urbanas, de forma
a programar operações de manutenção e reabilitação. Destaca-se a importância de datar as
fotos para que os registros sejam monitorados.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Manual de restauração dos pavimentos asfálticos. 2ed. Rio de Janeiro, Brasil:
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e
Pesquisa. Coordenação Geral de Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias,
2006b.
BRASIL. Norma DNIT 008/2003 – PRO - Levantamento visual contínuo para avaliação
da superfície de pavimentos asfálticos. Rio de Janeiro, Brasil: Departamento Nacional de
Infraestrutura de Transportes. Diretoria de Planejamento e Pesquisa. Coordenação Geral de
Estudos e Pesquisa. Instituto de Pesquisas Rodoviárias. 2003d.
106
CNT. Pesquisa CNT de Rodovias 2016: relatório gerencial. 23a ed. Brasília, Brasil:
Confederação Nacional de Transporte: Serviço Social de Transporte Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte, 2019.
CNT. Pesquisa CNT de Rodovias 2017: Transporte rodoviário: por que os pavimentos
das rodovias do Brasil não duram? Brasília, Brasil: Confederação Nacional de Transporte:
Serviço Social de Transporte Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte, 2017.