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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA- PROAC

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

CAROLINE FARIAS DE ARAÚJO

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE DRENAGEM DE UMA RUA NO BAIRRO DOS


BANCÁRIOS, JOÃO PESSOA-PB

JOÃO PESSOA

2020
CAROLINE FARIAS DE ARÁUJO

DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA DE DRENAGEM DE UMA RUA, NO BAIRRO DOS


BANCÁRIOS, JOÃO PESSOA-PB

Trabalho de conclusão de curso (TCC)


apresentado ao Centro Universitário de João
Pessoa- UNIPÊ, como requisito parcial para
obtenção do título de bacharel em Engenharia
Civil.

Orientador(a): Prof.ª Esp. Julyérica Tavares


de Araújo.

JOÃO PESSOA

2020
A658d Araújo, Caroline Farias de.
Dimensionamento do sistema de drenagem de uma rua, no
bairro dos bancários, em João Pessoa-PB
Caroline Farias de Araújo. - João Pessoa, 2020.
48f.

Orientador (a): Prof ª. Esp. Julyerica Tavares de Araújo.


Monografia (Curso de Engenharia Civil) –
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Microdrenagem. 2. Ciclo Hidrológico. 3. Planejamento. I.


Título.

UNIPÊ / BC CDU – 626.86


Dimensionamento do sistema de drenagem de uma rua no bairro
dos bancários, João Pessoa-PB

CAROLINE FARIAS DE ARAÚJO

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC apresentado ao Centro Universitário de João


Pessoa, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil e
considerado aprovada pela banca examinadora, em _____/_____/_____ constituída por:

Prof.ª Esp. Julyérica Tavares de Araújo (Orientadora)


Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

Prof. Me. Salatiel Dias da Silva (Examinador)


Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ)

Prof.ª Me. Julyana Kelly Tavares de Araújo (Examinador Externo)


Universidade Federal da Paraíba (UFPB)

JOÃO PESSOA
2020
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter segurado minha mão desde do primeiro momento em que
decidi realizar mais este sonho em minha vida, muitos momentos difíceis e que poderiam
ser motivos para desistir, mas Ele sempre me dava força e eu superava.

Aos meus pais e irmão, Francisco de Assis Araújo Neto, Verlândia Farias de Sousa e
Alexeiev Farias de Araújo, que desde que souberam do meu desejo, me apoiaram e
sonharam junto comigo e essa realização é nossa, que os frutos que estão por vir,
possamos continuar colhendo juntos e disfrutando desse novo ciclo.

Aos meus sobrinhos lindos e fofos, Bruno Cerqueira de Araújo e Maria Eduarda
Morais Luna de Araújo, que me enchem de amor e alegria, ajudando e fortalecendo meu dia
a dia com muito carinho.

Aos meus padrinhos Francisco Dantas Monteiro e Valnice Farias de Sousa Dantas
(in memória), que assim como meus pais, sempre me apoiaram e estiveram ao meu lado em
todas as minhas conquistas, agradeço por todo o amor, carinho e dedicação.

Minha grande família, meus avós, primos, tios. Eles que sempre se fizeram presente
em minha vida, cada um do seu jeito, mas com muito amor e alegria.

Minha orientadora, Julyérica Tavares de Araújo, que ao longo do curso me apoiou


em tantos momentos, não só agora nesse processo de construção de TCC, mas em todo o
percurso acadêmico, onde a nossa relação foi além da sala de aula, agradeço imensamente
por todos os momentos de conhecimento que nos transmitiu.

A coordenação do curso, nas pessoas de Antônio da Silva Sobrinho Junior e Vitor


Granito Pontes, que foram e serão sempre nossos professores, amigos e que sempre foram
tão solícitos em atender as nossas necessidades como alunos e pessoas, tornando essa
relação leve e saudável. Uma relação que ultrapassa as paredes da instituição, meu muito
obrigada.

A todo corpo docente do curso de Engenharia Civil do Unipê, que se tornaram


amigos em muitos momentos desta caminhada de vida acadêmica e que eu tive a satisfação
de conhecer e partilhar conhecimento e um pouco da minha vida com eles. Vocês foram a
FUNDAÇÃO na construção e realização desse sonho, tornando a relação professor- aluno
mais humana, isso faz toda diferença na construção do conhecimento.

Aos meus amigos de classe, sem vocês também não seria possível a realização
deste sonho. Tantos trabalhos em grupos, brigas, choros, noites em claros de estudos e
muitas noites de risadas e sem sombra de dúvidas, essa última me enchia de alegria e
tirava todo o cansaço do dia, obrigada por tanta troca e doação, levarei cada um em meu
coração.

Aos meus amigos, esses que sempre me apoiaram e entenderam minha ausência
em alguns encontros da turma, mas sempre rezaram e vibraram com minhas conquistas,
obrigada por serem anjos e irmãos em minha vida.

A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização do meu sonho em


tornar-me Engenheira Civil. MUITO OBRIGADA.
ARAÚJO, Caroline Farias. Dimensionamento do sistema de drenagem de uma rua, no
bairro dos bancários, em João Pessoa-PB. 2020. 48p. Monografia (Graduação em
Engenharia Civil) Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).

RESUMO

Com a urbanização das cidades e as mudanças da utilização do solo, as áreas que antes
eram de vegetações, hoje estão preenchidas de construções, tornando o solo cada vez mais
impermeável, dificultando o escoamento da precipitação e resultando na mudança natural
do ciclo hidrológico. Diante deste novo cenário, torna-se importante o planejamento das
cidades em relação às obras de drenagem e esgoto, com o intuito de evitar transtornos
como alagamentos e contaminação dos rios, advindos da falta de um planejamento de obra
e manutenção do sistema de drenagem. Este trabalho tem como objetivo principal
dimensionar um sistema de microdrenagem para uma rua do bairro dos bancários; analisar
os elementos já existentes e comparar o dimensionamento realizado com o atual. Foi
utilizado o método de estudo do escoamento superficial da água de chuva, calculando a
área de drenagem, sua bacia de contribuição e a quantidade de dispositivos necessários
para o sistema de drenagem. Hoje, a rua estudada possui dez dispositivos de drenagem do
tipo boca de lobo conjugada e dupla conjugada; o dimensionamento feito com a área de
contribuição de 0,14km², aproximadamente, resultou em dezessete unidades de bocas de
lobo combinadas. Como a área é bem extensa, observa-se que o sistema atual está
subdimensionado, com os dispositivos danificados e sem manutenção. Na ocorrência de
uma precipitação intensa e demorada, pode causar alagamentos e transtornos para as
residências e para os moradores da Rua Luiz Prímola, devido à obstrução dos dispositivos
de drenagem encontrados.

Palavras-chave: Microdrenagem, Ciclo hidrológico, Planejamento.


ARAÚJO, Caroline Farias. Dimensionamento do sistema de drenagem de uma rua, no
bairro dos bancários, em João Pessoa-PB. 2020. 48p. Monograph (Graduation in Civil
Engineering) João Pessoa University Center (UNIPÊ).

ABSTRACT

With the urbanization of cities and changes in land use, the areas that used to be vegetation
are now filled with buildings, making the soil increasingly impervious, making it difficult for
rainfall water to flow and resulting in a natural change in the hydrological cycle. In view of this
new scenario, it is important to plan cities in relation to drainage and sewage works, in order
to avoid problems such as flooding and contamination of rivers, arising from the lack of
planning for the construction and maintenance of the drainage system. This work has as
main objective to design a micro drainage system for a street in the neighborhood of
Bancários, to analyze the existing elements and to compare the dimensioning carried out
with the current one. The method for studying was the surface runoff of rainwater, calculating
the drainage area, its contribution basin and the number of devices needed for the drainage
system. Today the street studied has ten rainwater harvesting devices (conjugated and
double conjugated), the dimensioning made with the contribution area of approximately 0,14
km², resulted in seventeen units of combined storm drains. As the area is quite extensive, it
is observed that the current system is undersized with the devices damaged and without
maintenance. In the event of intense and long-term precipitation, it can cause flooding and
inconvenience for homes and residents of Luiz Primola Street, due to the obstruction of the
drainage devices found.

Keywords: Microdrainage, Hydrological cycle, Planning.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Ciclo Hidrológico......................................................................................................14


Figura 2- Bacia Hidrográfica e seus componentes.................................................................15
Figura 3- Tipos de Chuvas......................................................................................................16
Figura 4- Inundações próximas aos Rios...............................................................................17
Figura 5- Sistema de Drenagem Urbana................................................................................19
Figura 6-Sarjeta de ruas.........................................................................................................20
Figura 7- Exemplos de Bocas de Lobo...................................................................................20
Figura 8- Poço de Visita..........................................................................................................21
Figura 9- Galeria de águas pluviais........................................................................................21
Figura 10- Tubos de ligações.................................................................................................22
Figura 11 - Coeficiente de Runoff - C.....................................................................................23
Figura 12- Área Molhada da Sarjeta.......................................................................................25
Figura 13- Fator de redução da Sarjeta..................................................................................26
Figura 14- Tipos de Boca de Lobo..........................................................................................27
Figura 15- Exemplo de Instalações de Bocas de Lobos........................................................28
Figura 16- Sistema de Macrodrenagem.................................................................................29
Figura 17- Camadas do pavimento ........................................................................................31
Figura 18- Esforços no Pavimento Flexível............................................................................31
Figura 19- Esforços no Pavimento Rígido..............................................................................32
Figura 20- Localização da rua em estudo..............................................................................33
Figura 21- Etapas de Análise dos dados................................................................................34
Figura 22- Dispositivos na Rua Luiz Prímola..........................................................................36
Figura 23- Bocas de lobos......................................................................................................37
Figura 24- Dispositivos de Drenagem....................................................................................37
Figura 25-Área de Contribuição..............................................................................................38
Figura 26- Distribuição das Bocas de Lobos..........................................................................42
LISTA DE QUADROS

Quadro 1- Valores para o Período de Retorno (T).................................................................39


Quadro 2- Valores para o Tempo de Concentração (tc)........................................................39
Quadro 3- Valores para a vazão de contribuição (Q).............................................................39
Quadro 4- Valores para o Coeficiente de Manning................................................................40
Quadro 5 - Dados para boca de lobo tipo Guia......................................................................41
Quadro 6 - Dados para boca de lobo tipo Grelha...................................................................41
Quadro 7 - Dados para boca de lobo tipo Combinada...........................................................42

SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................................5

ABSTRACT..............................................................................................................................6

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................7

LISTA DE QUADROS..............................................................................................................8

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................10

2 OBJETIVOS....................................................................................................................12

2.1 OBJETIVO GERAL.......................................................................................................12


2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................................................12

3 REVISÃO DE LITERATURA...........................................................................................13

3.1 CONCEITOS HIDROLÓGICOS.........................................................................................13

3.1.1 Ciclo Hidrológico...............................................................................................13


3.1.2 Bacia Hidrográfica.............................................................................................14
3.1.3 Precipitações.....................................................................................................15
3.2 DRENAGEM URBANA..................................................................................................17
3.3 SISTEMA DE DRENAGEM..............................................................................................18

3.3.1 Microdrenagem.................................................................................................19
 Método Racional.......................................................................................................22
 Equação de Manning................................................................................................22
 Delimitação da área de Contribuição da Bacia........................................................23
 Capacidade de Condução Hidráulica de Ruas e Sarjetas.......................................24
 Dimensionamento dos Dispositivos de drenagens..................................................26
3.3.2 Macrodrenagem................................................................................................28
3.4 PAVIMENTO................................................................................................................29
3.4.1 Classificação dos Pavimentos..........................................................................30

4 METODOLOGIA..............................................................................................................33

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA................................................................................33


4.2 CAMPO DA PESQUISA.................................................................................................33
4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.........................................................................34
4.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS..................................................................34

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................................................36

5.1 ANÁLISE E RESULTADOS DO SISTEMA ATUAL................................................36


5.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO..................................................................38
5.3 CÁLCULO DA VAZÃO..................................................................................................38
5.4 CAPACIDADE DE CONDUÇÃO HIDRÁULICA DE RUAS E SARJETAS.................................40
5.5 DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE DRENAGEM................................................40

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................44

7 REFERÊNCIAS...............................................................................................................45
10

1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento da população brasileira, várias cidades passam por problemas


de drenagem urbana de águas de chuvas. Em João Pessoa não é diferente, apesar de ser
uma cidade em desenvolvimento e com uma população inferior a outras maiores da região
nordeste, percebe- se que o seu crescimento vem trazendo vários impactos para o meio
ambiente e sua população.

A Prefeitura Municipal de João Pessoa (PMJP), em parceria com a Caixa


Econômica Federal (CAIXA) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), publicou
o Plano de Ação João Pessoa Sustentável, no ano de 2014; segundo o plano, a cidade de
João Pessoa teve um aumento na sua população expressivamente entre 2000 e 2010. De
acordo com os últimos censos realizados, em 2000 a população total era 597.934
habitantes, já em 2010 passou a 723.515 habitantes. Este acréscimo representou uma taxa
de crescimento decenal de 21,0%; fazendo um comparativo com outras capitais do
Nordeste, a única capital que apresentou uma expansão demográfica maior foi Aracajú, com
23,7%. Baseando-nos nesses números, vemos que a expansão demográfica paraibana tem
sido expressiva, na conjuntura regional e nacional:

À medida que a urbanização avança, há progressiva deterioração da


qualidade dos rios, devido a um aumento da capacidade de escoamento por
conta da impermeabilização de superfícies; à elevação da produção de
sedimentos por conta da erosão e dos resíduos sólidos; e à alteração da
qualidade da água (por causa da) lavagem de ruas, transporte de material
sólido e ligações clandestinas de esgoto às redes de água pluvial.
(GOMES,2016)

O sistema de drenagem em João Pessoa tem como seus principais problemas as


ligações diretas de esgotos nas tubulações que seriam para o escoamento das águas
pluviais, edificações construídas próximas a cursos d´água, o lixo e materiais em ruas não
pavimentadas que são levados para o sistema, causando obstruções e acúmulo de resíduos
sólidos, onde só deveria existir passagem de águas pluviais. (PMJP, 2014)
Além disso, a falta de planejamento urbano nas cidades, principalmente no que cabe
à drenagem urbana, acrescido às mudanças no meio ambiente com o uso inadequado do
solo, resultam em obras do tipo corretivas para solucionar os problemas de forma parcial e
tende a ter um gasto bem maior do que se houvesse a organização urbana da cidade.

Com as mudanças na utilização do solo, através da urbanização e construções em


áreas que antes eram de vegetações, observam-se modificações no curso natural das
11

águas de chuvas e no processo de infiltração dessas águas no solo, resultando na


impermeabilidade e causando mudanças no ciclo hidrológico natural e no lençol freático da
região.

Assim, os sistemas de drenagens, quando não são bem planejados e acompanhados


por essas mudanças, ocasionam vários problemas, como: alagamentos, enchentes,
contaminações de rios e muitos outros transtornos para a população. Outro fator relevante
para tal situação são os lixos nas ruas, pois quando ocorrem as chuvas, terminam levando
esses materiais para dentro das galerias e entupindo parte do sistema de drenagem.

Diante da problemática levantada, faz-se necessário um acompanhamento da


evolução das cidades e bairros, catalogando onde estão ocorrendo com mais frequência os
eventos de inundações nas ruas, para que se possa avaliar o problema e sejam propostas
novas soluções sustentáveis para resolução e diminuição dos impactos que o crescimento
das cidades acarreta para a população e o meio ambiente.

Assim, o presente estudo será aplicado na Rua Luiz Prímola da Silva, do bairro dos
Bancários, na cidade de João Pessoa – Paraíba. Ele se mostra relevante para a sociedade,
construtores de modo geral e, em particular, para acadêmicos e profissionais da Engenharia
Civil, visto que esse problema interfere diretamente na vida das pessoas, na rotina de
trabalho, na saúde, na economia e no trânsito, dentre outros problemas causados pela falta
de planejamento do sistema de drenagem das cidades.

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Dimensionar um sistema de drenagem utilizando, como estudo de caso, a Rua Luiz


Prímola da Silva, no bairro dos bancários, em João Pessoa, PB.
12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Dimensionar o sistema de drenagem e comparar com o atual;


 Reconhecer os elementos existentes do atual sistema de drenagem;
 Identificar os problemas do sistema de drenagem no trecho mencionado;
 Sugerir melhorias e soluções para a problemática levantada.
13

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CONCEITOS HIDROLÓGICOS

A hidrologia é uma ciência que estuda as águas existentes no planeta, nas suas
variadas formas e estado, bem como a sua ocorrência, distribuição, propriedades, reações e
relações com o meio ambiente e o ser humano, através da Hidrometeorologia, que estuda
as águas na atmosfera, nos lagos e reservatórios; da Limnologia, que estuda os rios, na
Potamologia; neve e gelo com a Glaciologia e Criologia; e águas subterrâneas com a
Hidrogeologia (LISBOA,1984).

Neste capítulo serão utilizados conceitos e definições importantes da Hidrologia


aplicada à engenharia no planejamento de um projeto de drenagem urbana. Sabe-se que a
maior parte da população do mundo vive em área urbana e com isso convive com
problemas de enchentes, poluição e qualidade da água.

3.1.1 Ciclo Hidrológico

O site do Ministério do Meio Ambiente (2020) conceitua o ciclo hidrológico como o


movimento contínuo da água alimentado pela energia do sol e pela força da gravidade, que
provocam a evaporação das águas presentes nos oceanos, continentes e na atmosfera.

Este fenômeno natural ocorre através de etapas, iniciando com a evaporação das
águas dos mares, através do vapor que é transportado com os movimentos das massas de
ar. Acontece o resfriamento, chegando ao ponto de orvalho, que se condensa e é
transformado em gotículas que formam as nuvens. Assim, com a colaboração climática,
essas gotículas se unem até voltarem ao solo em forma de precipitação.

Cerca de 2/3 da precipitação que atinge o solo é devolvida à atmosfera por


evaporação a partir das superfícies de água, do solo e da vegetação, bem como pela
transpiração vegetal. O resto volta aos mares por vias subsuperficiais e subterrâneas
(LISBOA,1984).

A interceptação se dá por parte da precipitação que não atingiu o solo e fica retida na
vegetação, está fase acontece em meio onde se tem vegetações que possam impedir a
infiltração ao solo, com o fenômeno da urbanização, vem sendo cada vez mais difícil
acontecer em algumas cidades essa etapa do ciclo hidrológico, fazendo com que a água
precipitada escoe cada vez mais pela superfície do solo.
14

Do Volume que atinge o solo, parte nele se infiltra, parte se escoa sobre a superfície
e parte se evapora, quer diretamente, quer através das plantas, no fenômeno conhecido
como transpiração (SOUZA PINTO,1976).

A fase do ciclo onde acontece a condensação, segundo Lima (2008), é o resultado


do esfriamento do ar à temperatura inferior ao ponto de saturação de vapor, transformando
as gotículas existente no ar em precipitações ou água. Já o escoamento superficial ocorre
quando o volume de precipitação é maior do que a capacidade de absorção do solo.

A atuação da água vinda da precipitação que passa pela vegetação e consegue


chegar ao solo, chama-se de infiltração. Esse processo se dá pelo preenchimento da água
nos vazios contidos nos solos, até chegar na camada que vai reter a maior quantidade, varia
de acordo com cada tipo de solo onde vai juntar mais ou menos água e preenchendo aquela
superfície. Observa-se que o clico hidrológico acontece através do fluxo de água nas suas
diversas formas e estados e é formado por várias etapas, sem necessariamente ter que
ocorrer todas elas, como a figura 1 mostra.

Figura 1- Ciclo Hidrológico

Fonte: Click Estudante,2020.


O ciclo hidrológico tem grande importância para os projetos de engenharias, por
tornar capaz de se ter um planejamento para construção de obras, através do conhecimento
e das características das precipitações daquele ambiente onde terá a edificação, estrada,
sistema de drenagem, pavimentação ou qualquer tipo de obra da construção civil.

3.1.2 Bacia Hidrográfica

Segundo Villela e Matos (1975, apud LISBOA, 1984), a bacia hidrográfica pode ser
definida como uma área topograficamente drenada por um curso d’água ou um sistema
conectado de cursos d’água, tal que toda vazão efluente seja descarregada através de uma
15

simples saída (ou exutória). O conceito relata o modelo ideal de bacia hidrográfica. No ciclo
da água, ao acontecer a precipitação, a água percorre vários caminhos, como infiltração no
solo, escoa pela superfície até a bacia, evapora através das interceptações da vegetação,
acumula no relevo e com isso deve ser considera sua evaporação, de forma que não é uma
quantidade desprezível.

Figura 2- Bacia Hidrográfica e seus componentes

Fonte: Google. 2020


Segundo Dill (2007), a bacia hidrográfica é a composição de águas drenadas de um
rio principal, que tem sua origem com a nascente e de seus afluentes, um rio que desagua
no rio principal, onde seus limites são demarcados pelo traçado de água que compõe seu
contorno, conforme figura 2. Os traçados delimitantes ligam os pontos mais altos da bacia,
também chamados de Interflúvios. O leito é a zona ocupada pelas águas do rio, que finaliza
seu percuso na foz.

3.1.3 Precipitações

No ciclo Hidrológico, a fase da precipitação é uma das mais importantes, tendo em


vista que influencia de várias formas a vida humana, como agricultura, pecuária, pesca,
consumo e abastecimento de água para o homem (OLIVEIRA, 2017).

As precipitações acontecem de várias formas: líquidas, através das chuvas; e


sólidas, como a neve, geadas e granizos. “O mecanismo básico da formação das chuvas é a
condensação do vapor de água existente na atmosfera, que é elevado às maiores altitudes,
constituindo as nuvens” (TUCCI et. al., 1995).
16

Segundo Marcelinni et. al. (1995), as chuvas podem ser caracterizadas como: 1-
convectivas ou de verão, estas que são formadas por uma ação de mudança de massa de
ar úmida, que é formada numa região limitada, em decorrência de uma temperatura vertical.
Geralmente acontecem de forma intensa, num curto espaço de tempo e em áreas restritas;
2- Frontais ou Ciclônicas, que são o resultado do encontro das massas de ar quente e fria.
Possuem baixa intensidade e um período mais demorado de chuva, podendo atingir uma
maior área, causando inundações nas suas bacias hidrográficas; e 3- Orográficas,
acontecem em virtude de ventos úmidos que se movimentam verticalmente, provocadas por
impedimento de montanhas. Acontece com mais frequência e podem ser de pequena a
grande intensidade. Na figura 3, pode-se observar como acontece cada chuva:

Figura 3- Tipos de Chuvas

Fonte: Só Geográfia,2020.

De acordo com Santos et al (2009), as modificações que ocorrem nas precipitações


estão ligadas e interferem, diretamente, nas mudanças dos ciclos hidrológicos e nas
reservas de águas no planeta. Como consequência, tem-se a mudança climática e das
precipitações que são alteradas pela variação das temperaturas médias, que resulta na
quantidade de chuva, podendo causar inundações ou secas mais severas e constantes.

3.2 DRENAGEM URBANA

No Brasil, existia uma perspectiva sobre a drenagem, que era de condução


rapidamente das águas urbanas para fora das cidades, com isso teve-se constantes e
impactantes conflitos entre o planejamento das cidades e o crescimento do sistema de
17

drenagem que não causasse mal ao meio ambiente. Observa-se, hoje, em algumas cidades,
a construção em espaços urbanos de áreas de várzeas, que são naturalmente alagadiças e
são ignorados os cursos naturais dos rios, trazendo problemas futuros para essas
construções e para a população de modo geral, como mostra a figura 4.

Figura 4- Inundações próximas aos Rios

Fonte: G1.com,2020.

Além das inundações em ruas e construções ao longo das margens dos rios,
observam-se outros problemas que derivam destas ocupações e da falta do planejamento
das cidades, como o despejo de esgotos e aumento na concentração de sedimentos nos
córregos e rios. Portanto, o conceito inicial sobre sistema de drenagem urbana precisou
evoluir e incluir mais fatores que pudessem abranger e englobar a ideia de que se faz
necessário olhar a drenagem como parte do espaço urbano, já que não se consegue
dissociar da infraestrutura das cidades.

Com o conceito mais atual, Gutierrez e Ramos (2019) conseguem definir drenagem
urbana de forma simples e objetiva, como um conjunto de ações, que têm o intuito de
mitigar os riscos que a população está sujeita devido ao acentuado crescimento da
urbanização, amenizando as perdas ocasionadas por enchentes e adotando medidas de
planejamento, o que resulta no crescimento urbano de forma organizada e sustentável.

Como complemento, a lei federal Nº 11.455, de 05 de janeiro de 2007, estebelece as


diretrizes para o saneamento básico, conceituando a drenagem e manejos de águas pluviais
como conjunto de ações de infra-estruturas e instalações operacionais das águas pluviais,
transporte, detenção ou retenção para o amortecimento de vazões de cheias, tratamento e
disposição final das águas pluviais drenadas nas áreas urbanas (BRASIL,2007).
18

Com a evolução do conceito, observa-se que antes das grandes construções,


existiam grandes extensões de terrenos, onde as águas das chuvas se infiltravam e corriam
no seu percurso natural, para as bacias de recebimento. Mas ao aumentar o número de
construções e consequentemente a impermeabilização do solo, esse sistema de
recebimento de águas pluviais é alterado e passa a ter muitos desafios para absorver e
receber as novas quantidades de águas de chuvas.

Então, o sistema de drenagem urbano se torna um fator de suma importância para o


planejamento e desenvolvimento das cidades, como meio para organizar e impedir que
maiores transtornos sejam causados para a população.

3.3 SISTEMA DE DRENAGEM

Com a urbanização e crescimento das cidades, geralmente esse acontecimento é


acompanhado de obras de infraestruturas destinadas à coleta e transporte das águas
pluviais, que são os sistemas de drenagem, dimensionados para suportar o transporte de
água, quando ocorre o pico de chuvas de um evento, também chamado de tempo de
retorno, que ocorre a cada x anos (vai de acordo com cada cidade e região).

O gerenciamento do sistema de drenagem possui algumas vantagens e benefícios


econômicos e ambientais, quando feito com frequência. Ele reduz a área atingida e os
impactos das inundações, o custo com novas obras, diminui a erosão e sedimentação do
solo, melhora a qualidade da água e o aumento na reposição dos aquíferos.

Baseado no Portal do Saneamento Básico, matéria publicada em 08/07/2019, o ciclo


hidrológico tem sofrido alterações com as grandes mudanças climáticas e com a
urbanização desordenada, resultando no crescimento de áreas impermeáveis, redução de
áreas verdes, diminuindo a capacidade de absorção pelo solo de parte da vazão de
escoamento superficial, advinda das precipitações.

Como elemento para melhoramento e diminuição dos efeitos da impermeabilização


do solo e as mudanças climáticas, o sistema de drenagem, como mostra a figura 5, tem
como objetivo transportar, através de condutos, a parcela de água que não é infiltrada no
solo, para que chegue ao seu destino final, que são os corpos hídricos como rios, lagos e
praias:
19

Figura 5- Sistema de Drenagem Urbana

Fonte: Aquafluxus,2020.

O sistema de drenagem urbana é composto por diversos dispositivos que têm função
de coleta, transporte e lançamento das águas pluviais, para seu destino final. Estes
elementos são classificados como: microdrenagem e macrodrenagem.

Bidone et al (2015) definem a microdrenagem como conjunto de dispositivo pluviais a


nível de loteamento ou rede primária urbana. Estes dispositivos são responsáveis em
transportar, através das suas redes coletoras de águas pluviais, como poços de visitas,
sarjetas, bocas de lobo e meios-fios, o escoamento superficial para as galerias ou canais.

A macrodrenagem é definida por Martins (2015) como sendo responsável pela


condução final das águas captadas pelo sistema de microdrenagem ou da drenagem
primária, vinda do escoamento dos deflúvios oriundos das ruas, sarjetas, valas e galerias. E
ainda especifica que na zona urbana equivale a rede de drenagem natural, já existente nos
terrenos antes das ocupações, que é composta pelos córregos, riachos e rios localizados
nos talvegues e vales.

3.3.1 Microdrenagem

Segundo Lucas (2019), microdrenagem pode ser definida como a entrada do sistema
de drenagem das bacias urbanas e composta por uma disposição que capta e conduz as
águas pluviais que se destinam às ruas, praças e avenidas, e não vindas apenas das
precipitações, como também resultantes de edificações. Para o dimensionamento do
sistema, são necessárias três etapas, segundo Bidone e Tucci (2015): subdivisão da área e
traçado; determinação das vazões que afluem à rede de condutos; e dimensionamento da
rede de condutos.
20

O sistema de microdrenagem é composto de alguns elementos para seu


funcionamento, são eles: sarjetas, poços de visitas, galeria, bocas de lobo e tubos de
ligações.

 Sarjetas: são as faixas paralelas e encostadas ao meio-fio, formando uma calha


receptora das águas pluviais que as vias públicas recebem, escoando através deste
elemento, como mostra a figura 6:

Figura 6-Sarjeta de ruas

Fonte: Presserv,2020.

 Boca de Lobos: elemento de captação de águas pluviais localizados nas sarjetas,


que podem ser de vários tipos, como mostra a figura 7:

Figura 7- Exemplos de Bocas de Lobo

Fonte: Portal do Projetista,2020.

 Poço de visita: dispositivo encontrado em pontos estratégicos do sistema de galerias,


com o intuito de admitir mudanças de direção, declividade, diâmetro, inspeção e limpeza,
como mostra figura 8:
21

Figura 8- Poço de Visita

Fonte: Ectas,2020.

 Galeria: tubulações públicas utilizadas para guiar as águas pluviais que resultam das
bocas de lobo e ligações das edificações privadas, mostrada na figura 9:

Figura 9- Galeria de águas pluviais

Fonte: Prefeitura de Altônia,2020.

 Tubos de ligações: canalizações que recebem as águas pluviais vindas das bocas de
lobos e conduzem para as galerias ou poços de visitas, como figura 10:
22

Figura 10- Tubos de ligações

Fonte: NE drenagem e pré-moldados, 2020.

3.3.1.1 Dimensionamento de Sistema de Microdrenagem

Por muito tempo foram considerados modelos empíricos para a construção de


projetos de drenagem; o descobrimento de métodos, a partir de modelos matemáticos,
tornou mais preciso o dimensionamento desses sistemas. Para o cálculo das vazões de
escoamento existem métodos e fórmulas para o planejamento do sistema de drenagem
urbana. Entre eles, o mais conhecido é o método racional:

 Método Racional

O método racional é um método indireto e foi apresentado pela primeira vez em


1851, por William Thomas Mulvany e usado nos Estados Unidos por Emil Kuichling em
1889; ele estabelece uma relação entre a chuva e o escoamento superficial (deflúvio).
(HIDROMUNDO, 2017).

Esse método é usado para calcular uma possível vazão de pico, geralmente para
pequenas bacias, sendo elementos importantes desse método o conhecimento do tempo de
concentração e o coeficiente de escoamento superficial.

 Equação de Manning

Diferentes fórmulas de origem empírica foram propostas para o cálculo do coeficiente


C, ligando-o ao raio hidráulico da seção. A mais simples e empregada foi proposta por
Manning, em 1889, através da análise de resultados experimentais obtidos por ele e outros
pesquisadores. (PORTO, 2006).
23

Essa modalidade de cálculo é utilizada na drenagem urbana no dimensionamento de


alguns elementos de microdrenagem. O método de Manning é bastante utilizado no cálculo
da capacidade de condução hidráulica de ruas e sarjetas.

 Delimitação da área de Contribuição da Bacia

Através de instrumentos tecnológicos e de geoprocessamento é delimitada a área de


estudo. Podem ser utilizados softwares como o Autocad Civil 3D e Google Earth para
auxiliar no reconhecimento do terreno estudado, delimitar as curvas de níveis, as elevações
do relevo e com isso poder traçar o perfil longitudinal das ruas que circundam a bacia de
estudo e identificar o caminho percorrido pela água, delimitando a poligonal da área de
contribuição.

 Cálculo da Vazão

A vazão de precipitação da área em questão é determinada através do método


racional, usado para calcular uma possível vazão de pico, geralmente para pequenas bacias
de até 2 km².

Q=0,278 x C x i max x A (1)

Onde:

Q- Vazão da precipitação da área de contribuição, em m³/s;

C- Coeficiente de escoamento da área, dado pela Figura 11;

imáx - Intensidade média das chuvas, em mm/h e A- Área da bacia, em Km².

Figura 11 - Coeficiente de Runoff - C.

Fonte: Asce,1969.
Para calcular a vazão de precipitação, é necessário que sejam determinados os
valores de intensidade, duração e frequência (IDF) ou intensidade da chuva de projeto, que
24

por se tratar de um estudo na cidade de João Pessoa, utiliza dados específicos na equação
para as chuvas de João Pessoa, a equação geral.

0 ,15
369 , 40 x t r
i máx = 0,568 (2)
(t c +5)

Onde:

imax - é a intensidade média de chuva (mm);

t - é o tempo de duração de chuva (min);

TR - é o tempo de retorno de chuva, k,t0, m e n são constantes, que variam de acordo com a
cidade que está sendo estudada.

Para calcular a Probabilidade de Ocorrência da chuva (P), i é a posição da média da


chuva, de acordo com as maiores chuvas da quantidade de anos, e n é a quantidade de
anos utilizados no estudo das chuvas e obtenção da média.

i
P= (3)
1+n

O tempo de retorno das chuvas é (T); (P) é a probabilidade de ocorrência da maior


chuva.

1
T= (4)
P

A equação de Kirpich é utilizada para o cálculo do tempo de concentração (t c) em


min, (L) Comprimento do curso d’água principal da bacia em km e (H) é a diferença de
elevação entre o ponto mais remoto da bacia e o exutório.

3 0,385
L
t c =57 x ( ) (5)
h

Ao obter as informações das equações 2, 3, 4 e 5, aplicaremos na equação 1, para


assim ter o valor da vazão de Contribuição.

 Capacidade de Condução Hidráulica de Ruas e Sarjetas

Adotada a suposição de que a água será escoada apenas pelas sarjetas, a


capacidade de condução será calculada a partir da vazão e velocidade de escoamento,
através da equação de Manning.
25

O cálculo da capacidade de escoamento é determinado pela equação de Manning,


em que:

Q- Capacidade de escoamento, dado em m³/s;

A- Área de drenagem, área molhada, em m²;

R- Raio hidráulico;

S- Declividade longitudinal da sarjeta; e

n- Coeficiente de rugosidade Manning e os dados do w0, y0 e P, são encontrados nas


dimensões da sarjeta, conforme a figura 12:

Figura 12- Área Molhada da Sarjeta

Fonte: Arquivos do autor,2020.

Para a área de Drenagem, utiliza-se:

w0
A= y 0 . (6)
2

O cálculo da capacidade total da calha:

y0
A= (7)
S

Para o raio hidráulico:


26

A
R= (8)
P

Perímetro da Sarjeta:

P= y 0+ w0 (9)

Na estimativa do cálculo da velocidade de escoamento da Sarjeta, devem-se levar


em consideração as velocidades mínimas e máximas em que as águas escoam, tendo em
vista que a velocidades próximas de 0,5 m/s podem gerar a formação de resíduos sólidos e
mudar a seção do canal, já os valores acima de 4,5 m/s podem causar erosão e
deterioração da superfície do pavimento.

Em virtude da incerteza das condições das sarjetas quando ocorrem as precipitações


e sua deterioração em declividade acentuadas, alguns manuais sugerem o uso de fator de
correção, na redução da vazão do escoamento das sarjetas, como mostra a figura 13. E
para o cálculo da velocidade temos:

V =V S . A S (10)

Em que:

Vs - Velocidade de escoamento da Sarjeta; e

As - Área da seção da Sarjeta.

Figura 13- Fator de redução da Sarjeta.

Fonte: NÓBREGA, notas de aula, 2020.


Após o cálculo das vazões de sarjeta e observar a capacidade, é hora de identificar a
quantidade de dispositivos e escolher o que vai compor o sistema de Drenagem.

 Dimensionamento dos Dispositivos de drenagens

Os dispositivos, tipo bocas de lobos, têm o objetivo de conduzir de forma eficiente as


vazões superficiais para as galerias e devem ser dispostas em pontos que impeçam a
27

formação de áreas mortas de alagamentos e águas paradas. Elas podem ser de vários
tipos, como mostra a figura 14:

Figura 14- Tipos de Boca de Lobo

Simples Guia dupla

Conjugada Dupla conjugada

Fonte: Adaptado de Ebanataw, 2018.

As disposições desses elementos no projeto de drenagem recebem algumas


recomendações para suas instalações e, na figura 15, o exemplo de como deve ser
instalada as bocas de lobos:

1- Recomenda-se ser locados nos pontos mais baixos das quadras;


2- Locados em ambos os lados das ruas, quando necessários, e o valor de escoamento
da sarjeta seja superado ou mesmo quando a capacidade de engolimento for vencida;
3- Sugere-se que tenha um espaçamento de 60m entre elas;
4- Não é sugerido que sejam instalados no vértice de duas ruas, pois dificultaria a
passagem dos pedestres, ao ter que atravessar; e
5- Uma melhor solução para sua locação é que seja feita em pontos pouco a montante
de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres, junto às esquinas.
28

Figura 15- Exemplo de Instalações de Bocas de Lobos

Fonte: Sousa et al, 2009.


Os elementos do sistema de drenagem são escolhidos e calculados de acordo com a
vazão dimensionada no projeto e assim inseridas as Bocas de Lobos e outros elementos
necessários para suportar a vazão do escoamento.

Q contr.
N dispositivo = (11)
Qboca delobo

O cálculo da capacidade de engolimento da Boca de Lobo Simples é feito através da


equação 13, em que:

Q- Vazão de engolimento, em m³/s;

L- Comprimento da soleira, em m; e

Y- Altura da água próxima à abertura na guia, em m.

OBS.: O valor de y deverá ser: y ≤ h.


1 ,5
Q=1 , 6 . L. Y (12)
29

3.3.2 Macrodrenagem

O sistema de macrodrenagem é o conjunto de ações que tem como objetivo o


aperfeiçoamento das estruturas responsáveis pelo escoamento, evitando ou minimizando os
problemas com erosão, assoreamento e inundações ao longo dos talvegues. Recebe as
águas vindas da drenagem primária, escoando os deflúvios oriundos das ruas, sarjetas,
valas e galerias, que são elementos contidos na microdrenagem. Caracterizados por canais
abertos, como na figura 16, galerias e tubulações que são responsáveis em levar as águas
de drenagem urbana, que não estão no sistema primário e servem para controlar cheias,
evitando inundações e prejuízos às cidades.

Figura 16- Sistema de Macrodrenagem

Fonte: Google, 2020.


Segundo Lira (2003), as obras de macrodrenagens têm o objetivo de retificar e/ou
ampliar as seções de cursos naturais, construir canais artificiais ou galerias de grandes
dimensões, construir estruturas auxiliares para proteção contra erosões e assoreamentos,
travessias e estações de bombeamento. O sistema exige implantação ou ampliação quando
existem obras de saneamento em áreas alagadiças, ampliação da malha viária em
ocupações; evita o aumento de contribuição de sedimento provocado pelo desmatamento e
manejo inadequado dos terrenos, lixos lançados sobre o leito e ocupação dos leitos
secundários de córregos.

3.4 PAVIMENTO

A necessidade de locomoção da civilização humana, desde os primórdios, vem se


transformando com a evolução e tecnologia dos transportes e estradas. Cada vez mais, a
importância de ter estradas que forneçam conforto, segurança e qualidade para seus
usuários se faz necessário e se tornou elemento fundamental nas rodovias:
30

“O pavimento é a estrutura construída sobre terraplenagem, constituído por


várias camadas de espessuras finitas que se assenta sobre um semi-
espaço infinito e exerce a função de fundação da estrutura e destinada
técnica e economicamente a resistir e distribuir os esforços verticais,
melhoramento das condições de rolamento referente ao conforte e
segurança e ao desgaste dos esforços horizontais.” SENÇO(2008)
É uma estrutura construída sobre a superfície, obtida pelos serviços de
terraplenagem, com a função principal de fornecer ao usuário segurança e conforto, que
devem ser conseguidos sob o ponto de vista da engenharia, isto é, com a máxima qualidade
e o mínimo de custo. (SANTANA, 1993)

Pode-se dizer que as principais funções dos pavimentos, segundo a NBR 7207/82,
são as de aprimorar o estado dos rolamentos quanto ao conforto e segurança, suportar e
distribuir os esforços verticais causados pelo tráfego dos veículos, resistir às ações do
intemperismo e suportar o desgaste resultante do uso da estrada, dando maior durabilidade.

3.4.1 Classificação dos Pavimentos

Os pavimentos podem ser classificados em dois tipos: flexíveis, são compostos por
camadas que suportam os esforços verticais até certo ponto e não se rompem; são
dimensionados para resistir aos esforços de compressão e geralmente compostos por
material betuminoso. Já os pavimentos rígidos são projetados para serem pouco
deformáveis e formados por camadas que são resistentes à tração, compostos por material
de concreto de cimento e geralmente têm uma maior durabilidade. (SENÇO,2008)

A composição dos pavimentos tem como alicerce algumas camadas, que serão
descritas abaixo e ilustradas na figura 17:

 Subleito: é a primeira camada, a base para todo o pavimento, tendo que ser
estudado levando em consideração o tráfego que irá transitar sobre ele.

 Regularização: essa camada poder existir ou não, tem a função de corrigir a


terraplanagem.

 Reforço do subleito: melhora a qualidade do subleito e regulariza a espessura da


base.

 Sub-base: usada como apoio e regularização da base e para quando não pode ser
executada a base diretamente no leito, por motivos técnicos.

 Base: resiste aos esforços advindos do tráfego, distribui para o subleito as tensões,
tem função de suporte estrutural e é a camada que recebe o revestimento.
31

 Revestimento: chamado também de capa de rolamento, o revestimento é uma das


camadas que deve ser mais impermeável, responsável por absorver os esforços do tráfego
diretamente; sua superfície tem como objetivo causar melhor conforto e segurança ao
usuário e suportar a degradação de sua camada, aumentando a sua vida útil.

Figura 17- Camadas do pavimento

Fonte: Guia da Engenharia,2019.

 Pavimentos Flexíveis

Os pavimentos flexíveis são aqueles formados por camadas superpostas e tendo em


sua composição materiais asfálticos, com a função de ligante, agregado miúdo, formado por
areia ou pó de pedra e agregado graúdo, composto por pedra ou seixo rolado.

As cargas resultantes do trafego são geralmente recebidas pela capa de rolamento


e distribuídas para a base, que por sua vez transfere para as camadas subsequentes, como
mostra a figura 18, ou seja, são transferidas para as camadas de acordo com sua rigidez.
Todas as camadas são afetadas com deformações causadas pelos esforços recebidos do
trafego no pavimento:

Figura 18- Esforços no Pavimento Flexível

Fonte: Amorim,2016.
32

A absorção da água, neste tipo de pavimento, acontece de forma mais rápida, devido
ao material utilizado que retém água e requer um maior cuidado no projeto e execução,
sendo necessários maiores caimentos para o escoamento da água.

 Pavimentos Rígidos

Define-se como o pavimento rígido, como mostra a figura 19, aquele que possui uma
elevada rigidez em relação às demais camadas. É formado geralmente por placas de
concreto de cimento Portland, agregado graúdo, agregado miúdo, água, aditivos químicos,
fibras plásticas ou aço, selante de juntas, material de enchimento de juntas, que podem ser
fibras ou borrachas e aço:

Figura 19- Esforços no Pavimento Rígido

Fonte: AMORIM,2016.
Nas suas camadas, o rolamento tem a função de distribuir uniformemente as
tensões, resultando menores esforços para a camada de fundação do pavimento, o subleito.
Este pavimento é mais resistente a produtos químicos dos tipos: óleos, graxas e
combustíveis, proporciona uma maior visibilidade ao usuário, exige pouca manutenção,
possui baixo índice de porosidade na sua capa de rolamento e em relação à drenagem,
proporciona um melhor escoamento superficial da água.
33

4 METODOLOGIA

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

O método de pesquisa deste trabalho tem o propósito de explorar e descrever o


sistema de drenagem urbana, bem como os assuntos pertinentes que complementam este
processo. Baseada em estudo de caso, sua abordagem terá forma qualitativa, pois será
estudado o que ocorre com o mau dimensionamento ou o que a falta de manutenção afeta
na vida e no ambiente onde está inserido, causando impactos à sociedade e atingindo
diretamente os setores da saúde, economia e transportes da área abordada. A pesquisa
também é quantitativa, no âmbito da identificação e dimensionamento dos dispositivos do
sistema de drenagem da rua estudada.

O objeto de estudo é a Rua Luiz Prímola da Silva, localizada no bairro dos bancários,
na cidade de João Pessoa-PB, que sofre com o problema de acúmulo de água.

4.2 CAMPO DA PESQUISA

Situada no bairro dos bancários, a Rua Luiz Prímola da Silva está localizada na
capital da Paraíba, João Pessoa, no nordeste Brasileiro. É composta por mais de trinta e um
domicílios, por volta de 70% são de casas e os 30% são compostos por edifícios de
apartamentos multifamiliares. Existe também academia, igreja e uma praça, como mostra a
figura 20:

Figura 20- Localização da rua em estudo

Fonte: Adaptado Google Earth, 2019.


34

Suas coordenadas geográficas 7°08’ ao Sul e 34°50’ oeste. Seu pavimento se


caracteriza como flexível, de revestimento asfáltico e algumas ruas por perto são de pedras
basálticas- Paralelepípedos.

4.3 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A pesquisa foi realizada através de livros, dissertações, artigos, teses, mapas


topográficos do bairro, instrumentos tecnológicos como Autocad Civil 3D, levantamento
pluviométrico retirado do site da AESA (Agência Executiva de Gestão de Águas do Estado
da Paraíba) e visita de campo. Após a pesquisa, foi dimensionado o sistema de drenagem,
baseado nos dados apurados, finalizados com a quantidade de dispositivos que deve conter
toda a área estudada e logo após, comparado o sistema dimensionado com o atual,
levantando os pontos importantes da pesquisa.

4.4 PROCEDIMENTO DE ANÁLISE DE DADOS

Os dados gerados por esta pesquisa foram baseados em cálculos revisados


bibliograficamente e informações coletadas através de softwares como Autocad Civil 3D,
Google Earth e planilha de Excel. A análise dos dados resultantes das aplicações dos
instrumentos citados seguiu algumas etapas, como no fluxograma a seguir:

Figura 21- Etapas de Análise dos dados

Capacidade de
Delimitação da Dimensionamento
Cálculo das Condução
área de dos dispositivos
Vazões Hidráulica de
contribuição de Drenagem
Ruas e Sarjetas

Fo
nte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.
Por se tratar de uma pesquisa descritiva, serão mostrados alguns elementos do atual
sistema de drenagem, juntamente com a sugestão do dimensionamento realizado nesta
pesquisa; bem como o tema abordado de forma qualitativa foi utilizado para fundamentar a
importância do dimensionamento do sistema de drenagem e assim realizar as etapas
listadas acima, gerando resultados que estarão expostos no capítulo seguinte deste
trabalho.
35

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 ANÁLISE E RESULTADOS DO SISTEMA ATUAL

O sistema de drenagem é um tipo de obra que vislumbra o gerenciamento das águas


urbanas em relação a sua quantidade e qualidade e baseado na observação do escoamento
superficial da bacia e visita em loco. Atualmente o sistema de drenagem da Rua Luiz
Prímola Silva é composto por dez dispositivos do tipo boca de lobo conjugada e dupla
conjugada e um poço de visita, como mostrado na figura 21, que demonstra como estão
alocadas as bocas de lobos atuais.

Figura 22- Dispositivos na Rua Luiz Prímola

Fonte: Elaborado pelo próprio autor,2020.


Os dispositivos do sistema têm o objetivo de conduzir as vazões superficiais até a
galeria, para isso eles precisam estar com sua capacidade de absorção como
dimensionados, além de exigir uma manutenção continua. Observou-se que das bocas de
lobos da Rua Luiz Prímola, algumas estão obstruídas por terra e lixo, outras quebradas,
assim impedindo a condução com sua total capacidade, como mostra a figura 22:

Figura 23- Bocas de lobos


36

Fonte:Acervo do própio autor,2020.

Os dispositivos de drenagem estão todos localizados na parte mais baixa do relevo


na rua em questão, como mostra a figura 23. Neste caso, atende à sugestão de alguns
manuais de drenagem, locando as bocas de lobos no ponto mais baixo na quadra, porém
facilita o acúmulo de resíduos sólidos nas bocas de lobos, como mostrado em fotos
anteriores, pois o escoamento é feito de forma que carrega tudo que está no caminho.

Figura 24- Dispositivos de Drenagem

Fonte: Acervo do próprio autor, 2020.

As bocas de lobos estão no local devido, mas existe a questão de acumulo de lixo e
resíduos nas ruas que faz com que diminua a eficiência dos dispositivos no sistema e
impede que trabalhe com seu total de absorção dimensionado, como mostra a figura 23,
onde as bocas de lobos estão rodeadas de plantas e sedimentos.

5.2 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE CONTRIBUIÇÃO

Para iniciar o processo de dimensionamento do projeto, foi necessário delimitar a


área de contribuição da microbacia, tendo como base o local onde estão localizados todos
37

os dispositivos de drenagem, que pode torna-se um possível ponto de alagamento, como


indica a figura 24:

Figura 25-Área de Contribuição

Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Desse modo, a delimitação da área de contribuição deu-se através do auxílio do


software Autocad Civil 3D 2012 em conjunto com o Google Earth. Através de ferramenta
específica no Civil 3D, houve a importação da superfície topográfica com a imagem de
satélite da região de interesse proveniente do Google Earth, contemplando ainda as curvas
de níveis e suas respectivas elevações. Desta superfície, utilizando-se de outras
ferramentas ainda no Civil 3D, foi possível traçar o perfil longitudinal de diversas ruas na
proximidade do local de intervenção, até que se chegasse a elevações que se
caracterizassem como um divisor de água, onde a partir destas, o caminho percorrido pela
água pluvial tomaria outro rumo que não o do local de acúmulo objeto deste estudo,
possibilitando assim a delimitação da poligonal da área de contribuição a ser utilizada no
dimensionamento do sistema proposto. Na figura 24 é demonstrado as curvas de níveis que
forma a área de contribuição, no traço vermelho, que formou área de 139.183,91m² ou
aproximadamente 0,14km².

5.3 CÁLCULO DA VAZÃO

O cálculo da vazão de precipitação de chuvas foi feito através da equação 1 do


método racional, iniciando pelo cálculo da média de chuvas nos últimos 20 anos na cidade
de João Pessoa, obtido através do site da AESA-PB, em que foram levadas em
consideração as maiores chuvas de cada mês e cada ano da cidade; após esse
levantamento tem-se a média das chuvas.
38

Para o dimensionamento da vazão de contribuição da bacia, foram considerados os


dados abaixo. O Quadro 1 traz os dados para obter-se o período de retorno:

Quadro 1- Valores para o Período de Retorno (T).


DADOS VALOR UNIDADE
Posição da Chuva (i) 9 -
Quantidade de Anos analisados (n) 20 -
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Com essa informação, dentre os valores das maiores precipitações de chuvas, foi
selecionado o que mais se aproxima da média calculada, que foi de 98,9 mm, este valor
será tomado como base no projeto de dimensionamento.
Sendo assim, obteve-se um período de retorno de 2 anos. Para o tempo de
concentração, foram considerados os valores conforme o Quadro 2:

Quadro 2- Valores para o Tempo de Concentração (tc).


DADOS VALOR UNIDADE
Comprimento do Raio (L) 0,552 km
Diferença de nível do ponto mais alto e o mais 8,00 m
baixo (H)
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

A partir dos dados anteriores, tem-se que o valor para o tempo de concentração para
a bacia é de aproximadamente 13 minutos, esse tempo é o que a precipitação leva para
percorrer do ponto mais elevado ao mais baixo da bacia. Com esses dados, pode-se
calcular a vazão de contribuição na bacia. O Quadro 3 traz os dados complementares para o
dimensionamento da vazão:

Quadro 3- Valores para a vazão de contribuição (Q).


DADOS VALOR UNIDADE
Área da Bacia (A) 0,139 km²
Coeficiente de Runoff (C) 0,50 -
Período de Retorno (T) 2 anos
Vazão de Contribuição (Q) 1,58 m³/s
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Logo, a vazão máxima de contribuição para a bacia é de 1,58 m³/s ou 1580 l/s.
39

5.4 CAPACIDADE DE CONDUÇÃO HIDRÁULICA DE RUAS E SARJETAS

Para cálculo da capacidade de vazão das sarjetas, foram considerados alguns


parâmetros para realização do dimensionamento, a profundidade máxima da sarjeta de 0,15
metros, a lâmina máxima de água de condução da sarjeta de 0,10 metros, largura da sarjeta
de 0,60 metros e a velocidade máxima e mínima de escoamento da sarjeta, 3,5 m/s e 0,75
m/s, respectivamente, descrito no quadro 4:

Quadro 4- Valores para o Coeficiente de Manning.


DADOS VALOR UNIDADE
Altura da Lâmina D’água (Y0) 0,10 m
Largura da Lâmina D’água (W0) 3,33 m
Declividade Transversal 0,03 m/m
Área de Drenagem (A) 0,17 m²
Raio Hidráulico (R) 0,05 m
Declividade Longitudinal da Sarjeta (S) 0,012 m/m
Coef. de Rugosidade de Manning (n) 0,015 -
Vazão de Escoamento das Sarjetas (Q) 0,162 m³/s
Vazão de Escoamento para a Rua (x2) 0,324 m³/s
Vazão Real de Escoamento (Q) 0,259 m³/s
Velocidade das Sarjetas (Vs) 0,972 m/s
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Para a capacidade de condução hidráulica das ruas e sarjetas, foram considerados


os dados do Quadro 4. A área de drenagem calculada foi de aproximadamente 0,17 m², a
capacidade total de escoamento da sarjeta 0,32 m³/s; com o valor da capacidade da sarjeta,
aplicou-se o fator de redução, para se ter o valor mais próximo da realidade, tendo em vista
que há vários empecilhos no decorrer de uma calha de sarjeta, totalizando uma vazão
teórica de 0,324 m³/s e real de 0,259 m³/s.

5.5 DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE DRENAGEM

Após os cálculos de vazões das precipitações e da capacidade de escoamento da


sarjeta, foram dimensionadas as quantidades dos dispositivos do sistema de drenagem.
Para isso, foram calculadas as vazões que as bocas de lobos do tipo simples ou guia, tipo
grelha e a combinada, captam para verificar a melhor opção para o sistema estudado.
Seguem os resultados nos quadros abaixo:
40

 Boca de Lobo tipo Guia

Analisando os dados do quadro 5, percebe-se que para a vazão da boca de lobo


tem-se 0,051 m³/s foi necessário aplicar o fator de correção de 80% e com isso, obteve-se
uma vazão real de 0,040 m³/s.

Quadro 5 - Dados para boca de lobo tipo Guia.

DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE


Comprimento adotado para a Guia (L) 1,000 M
Lâmina D'água (Y) 0,100 m
Vazão da Boca de Lobo (Q) 0,051 m³/s
Fator de Correção 80 %
Vazão Corrigida 0,040 m³/s
Quantidade de Bocas de Lobo tipo Guia 39 und
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Portanto, para o valor real será necessário 39 (trinta e nove) dispositivos de boca de
lobo tipo guia para suportar a vazão da área de contribuição da microbacia.

 Boca de Lobo tipo Grelha

O quadro 6 apresenta a vazão para as bocas de lobos do tipo grelha de 0,094 m³/s,
para este tipo de dispositivo foi aplicado o fator de correção de 50%. Com isso tem-se a
vazão real de 0,047 m³/s.

Quadro 6 - Dados para boca de lobo tipo Grelha.

DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE


Velocidade média da água na sarjeta (V) 0,972 m/s
Espessura da grelha de ferro (t) 0,050 m
Altura da água sobre a grelha (y) 0,100 m
Comprimento mínimo da grelha paralela ao 0,343 m
fluxo (L) da boca de lobo (P) – (1,00 + 2x0,40)
Perímetro 1,800 m
Altura de água sobre a grelha (y) 0,100 m
Vazão da Boca de Lobo (Q) 0,094 m³/s
Fator de Correção 50 %
Vazão corrigida 0,047 m³/s
Quantidade de Bocas de Lobo tipo Grelha 34 und
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Logo, tem-se uma quantidade de 34(trinta e quatro) elementos para comportar a


vazão da área da microbacia.
41

 Boca de Lobo tipo Combinada

No quadro 7 calculou-se a quantidade de bocas de lobo tipo combinada, para a


vazão de absorção deste dispositivo de 0,145 m³/s e foi aplicado um fator de correção de
65% para obter-se a vazão real de 0,094 m³/s, que resultou em 17(dezessete) dispositivos
para absorver o escoamento superficial da rua estudada.

Quadro 7 - Dados para boca de lobo tipo Combinada.

DESCRIÇÃO VALOR UNIDADE


Vazão da Boca de Lobo Combinada 0,145 m³/s
Fator de Correção 65 %
Vazão Corrigida 0,094 m³/s
Quantidade de Bocas de Lobo tipo Combinada 17 und
Fonte: Elaborado pelo próprio autor, 2020.

Sendo assim, para a área de contribuição deste estudo, podem ser utilizadas 39
bocas de lobo tipo simples, 34 tipos grelhas ou 17 tipos combinada. Para este estudo,
optou-se por bocas de lobo tipo combinada, dada a dimensão da bacia de contribuição, bem
como a disposição dessas bocas de lobo em áreas consideradas prioritárias, tendo em vista
a inclinação dessas e atendendo à vazão calculada inicialmente, para o dimensionamento,
como demonstrado na figura 25:

Figura 26- Distribuição das Bocas de Lobos

Fonte: Elaborado pelo próprio autor,2020.


42

Considerando que na rua já existem 10 dispositivos e estão na parte mais baixa,


como é sugerido pelos manuais, foram distribuídas as outras 8 bocas de lobo ao longo da
rua.
43

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa propôs a realização do dimensionamento do sistema de microdrenagem


de uma rua especifica do bairro dos Bancários, em João pessoa-PB, que possui no seu
entorno academia, casas, igreja e praça, tornando-se uma rua de importância para
movimentação da população ali residente e frequentadora dos estabelecimentos e
instituições locais.

O estudo de caso, na Rua Luiz Prímola, demostra que ela possui dez bocas de
lobos, sendo oito duplas conjugadas e duas combinadas e um poço de visitas, formando o
sistema de microdrenagem. Já o dimensionamento realizado neste trabalho resultou num
total de dezessete elementos do tipo boca de lobos simples e combinadas dispostos no
decorrer da rua Luiz Prímola, tendo em vista que é o ponto onde as curvas de níveis são
mais baixas da bacia de contribuição e onde a galeria de águas pluviais está inserida.

Observa-se no sistema existente, de acordo com as fotos do capítulo anterior, a


ocorrência de elementos danificados, quebrados e impedindo que funcione com sua total
capacidade de absorção, sem contar com o acúmulo de lixo e terra dentro das bocas de
lobo, tornando o sistema ineficiente e podendo causar alagamento na ocorrência de
precipitações de longa duração.

A área de contribuição estudada é bastante grande e, após o dimensionamento,


percebe-se que o sistema atual é subdimensionado, que precisa de mais elementos e uma
boa manutenção para que funcione de forma eficaz e não impeça a locomoção das pessoas
que frequentam e moram na Rua Luiz Prímola.

Diante do tema estudado, percebe-se que o tema de drenagem urbana deve fazer
parte do planejamento urbano de uma cidade e com a grande importância de administrar de
forma saudável a ocupação ordenada e organizada de uma cidade. Alguns temas podem
ser abordados como complemento desta pesquisa, como o planejamento e manutenção do
sistema de drenagem de forma eficiente e sustentável, soluções de pavimentos que
permitam uma maior infiltração da precipitação no solo e melhorias na rede de galerias
pluviais, diminuindo as áreas de alagamentos e causando menos transtornos nas cidades.
44

7 REFERÊNCIAS

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classificação de pavimentação. Rio de janeiro.2014.
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46

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