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Apresentado em:
BANCA EXAMINADORA:
Examinador 1
UFAC – Rio Branco / AC
Examinador 2
UFAC – Rio Branco / AC
Rio Branco - AC
2018
DEDICATÓRIA
Agradeço primeiramente à Deus, que foi minha maior força nos momentos de angustia
e desespero. Sem ele, nada disso seria possível.
Gostaria de agradecer minha família. Especialmente, meu pai e minha mãe, que juntos
enfrentaram tantas dificuldades para me proporcionarem a oportunidade de ter um bom estudo
e sempre me incentivaram a seguir este caminho.
Ao meu namorado, Bruno Gouveia, que partilhou comigo todas as dificuldades durante
esses anos de graduação e me ajudou nos momentos mais difíceis de elaboração deste trabalho.
Obrigada pelos conselhos, palavras de apoio, puxões de orelha e risadas. Agradeço também a
sua família por ter me acolhido tão bem.
Aos amigos e colegas, Aécio Freitas, Ayrton Torres, Breno Melo, Letícia Farias e
Marcela Xavier, que dividiram as angústias e as noites de estudo sempre se ajudando.
Não posso deixar de agradecer em especial a minha orientadora Heloisa Pimpão que
nunca negou uma ajuda durante o TCC.
RESUMO
Figura 2.1 – Exemplo das partes que compõem um sistema de abastecimento. ...................... 17
Figura 2.2 – Tipos de aquíferos e de poços. ............................................................................. 18
Figura 2.3 – Captação de água subterrânea. ............................................................................. 19
Figura 2.4 – Exemplo de sistema de abastecimento com captação superficial. ....................... 19
Figura 2.5 – Exemplo de rede ramificada. ............................................................................... 28
Figura 2.6 – Exemplo de rede malhada. ................................................................................... 28
Figura 2.7 – Exemplo de rede mista. ........................................................................................ 28
Figura 2.8 – Esquema de ligação predial. ................................................................................. 29
Figura 2.9 – Tipos de vazamentos. ........................................................................................... 31
Figura 3.1 – Área urbana de Porto Acre. .................................................................................. 38
Figura 4.1 – Localização da sede do DEPASA no município de Porto Acre........................... 41
Figura 4.2 – Disposição das unidades que compõem o sistema de abastecimento de água. .... 42
Figura 4.3 – Poço 1 e 2, respectivamente. ................................................................................ 43
Figura 4.4 – Poço 3 e 4, respectivamente. ................................................................................ 43
Figura 4.5 – Cisterna que recebe água proveniente dos poços. ................................................ 44
Figura 4.6 – Bomba de recalque. .............................................................................................. 44
Figura 4.7 – Adutora de água tratada. ...................................................................................... 45
Figura 4.8 – Reservatório elevado do município. ..................................................................... 45
Figura 4.9 – Comparação entre Consumo e Produção Per Capita............................................ 47
Figura 4.10 – Comparação entre as Perdas na distribuição e no faturamento. ......................... 48
Figura 4.11 – Origem da água de abastecimento...................................................................... 50
Figura 4.12 – Suficiência da quantidade de água. .................................................................... 51
Figura 4.13 – Mudança na vazão da fonte de abastecimento. .................................................. 51
Figura 4.14 – Mudança na qualidade da água. ......................................................................... 52
Figura 4.15 – Lançamento de esgoto próximo ao local de captação de água........................... 52
Figura 4.16 – Tipo de tratamento adotado. ............................................................................... 53
Figura 4.17 – Principais desafios em termos de abastecimento de água. ................................. 54
Figura 4.18 – Construção de açude. ......................................................................................... 55
Figura 4.19 – Reservatório apoiado. ......................................................................................... 56
LISTA DE TABELAS
LISTA DE QUADROS
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 13
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 14
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14
1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 14
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 14
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................. 15
3 METODOLOGIA .................................................................................................. 37
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................... 37
3.2 LEVANTAMENTOS DE DADOS ......................................................................... 38
3.3 SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS ....................................................................... 39
municípios, dos quais será destacado o município de Porto Acre como objeto de estudo para
avaliação do sistema de abastecimento de água.
1.2 JUSTIFICATIVA
1.3 OBJETIVOS
2.2.1 Manancial
Manancial pode ser definido como o corpo de água onde é retirada a água para o
abastecimento, podendo ser classificado em dois tipos: superficial e subterrâneo. Devendo
disponibilizar vazão suficiente para atender à demanda de água e ainda, atender aos critérios
sanitários, no que tange à qualidade da água a ser retirada.
Para Azevedo Netto et al. (1998) as águas desses mananciais deverão preencher
requisitos mínimos no que diz respeito à sua qualidade no ponto de vista físico, químico,
biológico e bacteriológico.
Para a seleção do melhor manancial, é essencial a verificação quanto à disponibilidade
de volume de água bem como as condições sanitárias, também quanto à localização do sistema
de captação e a distância do consumo. (TSUTIYA, 2006).
De acordo com a Portaria nº 2914/2011, do Ministério da Saúde, as águas oriundas de
corpos hídricos superficiais deverão passar por processos de cloração e filtração, enquanto as
águas vindas de fontes subterrâneas deverão passar apenas por desinfecção.
2.2.2 Captação
A captação feita em águas subterrâneas é uma ótima alternativa para aquelas regiões
que apresentam condições que favorecem a sua exploração. Em muitos municípios brasileiros,
o abastecimento de água é realizado através de águas obtidas de poços.
Esse tipo de método de captação possui vantagens, como: possibilidade de ocorrência
próxima ao consumo; qualidade da água, geralmente satisfatória para fins potáveis; e relativa
facilidade de extração da água.
Vale salientar que a qualidade das águas de lençóis subterrâneos apresenta geralmente
características físicas perfeitamente compatíveis com os padrões de qualidade devido à ação de
filtração lenta pelas camadas permeáveis, que diminuem os valores de cor e turbidez,
dispensando alguns tratamentos. Além disso, normalmente não possuem bactérias, a não ser
que o lençol esteja sofrendo poluição na captação. (YASSUDA; NOGAMI, 1976).
Quanto às características químicas, certos aquíferos podem apresentar altas taxas de sais
solúveis, e assim serem impróprios para fins potáveis. A dureza também pode estar elevada e
desse modo, deve-se realizar um tratamento especial. (SECCO, 2002).
A relativa facilidade de captação e a possibilidade de localização próxima aos centros
de consumos contribuem para que esse método tenha uma boa economia no custo da instalação
de sistemas de abastecimento.
Na Figura 2.2 é possível observar os tipos de aquíferos e poços.
Os mananciais superficiais são constituídos por córregos, rios, lagos e represas. Para a
seleção do manancial, devem-se considerar todos com condições sanitárias satisfatórias e que
apresentem vazão suficiente para atender à demanda de água. Na Figura 2.4 vê-se um exemplo
de sistema a partir de uma captação de manancial superficial, com Estação Elevatória de Água
Bruta (EEAB), Estação de Tratamento de Água (ETA), Estação Elevatória de Água Tratada
(EEAT) e Adutora de Água Tratada (AAT), que abastece uma cidade.
manancial, a captação é realizada a fio d’água. Quando existem períodos no ano em que essa
vazão demandada é maior, haverá a necessidade da construção de um reservatório de
regularização, nesse caso a vazão média do rio deve ser maior que a vazão a ser retirada. Com
isso, é preciso escolher um local para a captação à montante da cidade, para evitar fontes de
poluição, trecho reto ou quando em curva, sua curvatura externa e área de fácil acesso.
(HELLER; PÁDUA, 2010a).
Tsutiya (2006) considera importante, na captação em represas e lagos, as variações da
qualidade da água em função da profundidade e as oscilações de nível. As águas dessas fontes,
geralmente, propiciam o aparecimento de algas nas camadas superiores, enquanto que, as
camadas inferiores podem apresentar excessivo teor de matéria orgânica em decomposição. Por
isso, é preciso fazer a tomada de água a uma profundidade conveniente, em cada caso particular.
Ainda segundo o mesmo autor, de maneira geral, as águas dos mananciais superficiais
sofrem degradação em suas bacias hidrográficas, devido principalmente ao crescimento
desordenado das cidades, associado à carência de coleta e tratamento de esgoto. Com isso, há
o aumento no uso de produtos químicos para o tratamento de água com reflexos na qualidade
da água tratada. Em casos mais graves, é necessário um tratamento mais avançado ou até
mesmo a inviabilidade técnica-econômica da utilização do manancial para o abastecimento
público.
2.2.3 Tratamento
Nesse sentido o Quadro 2.1 apresentada as técnicas de tratamento de água bruta, dando
noções básicas dos principais processos e operações unitárias utilizadas no tratamento da água
para abastecimento público.
Quadro 2.1 – Principais processos e operações unitárias de tratamento de água para abastecimento público.
De maneira geral os métodos de cloração devem ser examinados para que se escolha a
solução mais vantajosa do ponto de vista técnico-econômico. A qualidade da água e a segurança
que se deve ter são fatores predominantes nessa seleção. (MEDEIROS FILHO, 2000).
Para Heller e Pádua (2010a), “o tratamento da água, em si, não garante a manutenção
da condição de potabilidade, uma vez que a qualidade da água pode se deteriorar entre o
tratamento, a distribuição, a reservação e o consumo”.
Os diversos elementos presentes na água que alteram seu grau de pureza podem ser
reproduzidos de forma sucinta em termos das suas características físicas, químicas e biológicas.
Estas características são interpretadas na forma de parâmetros de qualidade da água.
Esses parâmetros são utilizados para caracterizar águas de abastecimento, águas
residuárias, mananciais e corpos receptores. Os padrões são definidos referentes à sua
destinação, sendo o de potabilidade definido pela Portaria nº 2.914 de 2011, do Ministério da
Saúde; e o dos corpos d’água é estabelecido pela Resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) nº 357 de 2005, do Ministério do Meio Ambiente e eventual legislação
estadual; e o de lançamento, determinado também pela resolução do CONAMA nº 357 de 2005
e nº 430 de 2011, do Ministério do Meio Ambiente e eventual legislação estadual. (VON
SPERLING, 2005).
No Brasil, os padrões de potabilidade definidos na Portaria nº 2.914/2011, são
constituídos por: (a) padrão microbiológico; (b) padrão de turbidez para água pós-filtração ou
pré-desinfecção; (c) padrão para substâncias químicas que representam riscos à saúde
(inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção); (d)
padrão de radioatividade; (e) o padrão de aceitação para consumo humano.
A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 estabelece a classificação das
águas do Território Nacional. Em seu Artigo 4º, no que se refere às águas doces:
a) Classe especial: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano com
desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à
preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral;
b) Classe 1: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento
simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário
(natação, mergulho, etc.) conforme a resolução CONAMA nº 274 de 2000; à irrigação
de hortaliças e frutas e a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
23
2 – Revisão Bibliográfica
2.2.4 Adução
Adutoras são canalizações principais que têm como objetivo transportar água entre as
unidades que antecedem a rede de distribuição, como captação, estação de tratamento de água
e reservatório.
As adutoras são constituídas por um conjunto de tubulações, peças especiais e obras de
arte, dispostas entre a captação e a Estação de Tratamento de Água; a captação e o reservatório
de distribuição; a captação e a rede de distribuição; a ETA e o reservatório de distribuição e a
ETA e a rede de distribuição. E podem ser classificadas de acordo com (BRASIL, 2015):
a) A natureza da água transportada
- Adutora de água bruta: transporta a água da captação até a Estação de Tratamento de
Água;
- Adutora de água tratada: transporta a água da Estação de Tratamento de Água até os
reservatórios de distribuição;
b) A energia utilizada para o escoamento da água
- Adutora por gravidade: quando aproveita o desnível existente entre o ponto inicial e o
final da adução;
- Adutora por recalque: quando utiliza um meio elevatório qualquer (conjunto
motobomba e acessórios);
- Mista: quando utiliza parte por recalque, e parte por gravidade;
c) Modo de escoamento
25
2 – Revisão Bibliográfica
- Reserva de água para incêndio: podem disponibilizar vazões extras para o combate a
possíveis incêndios;
- Regularização das pressões: o reservatório pode ser alocado em determinados pontos do
sistema para reduzir a pressão na rede. São os chamados reservatório de quebra de
pressão.
Portanto o reservatório é o principal fator de distribuição de água, por ser o determinador
das pressões e vazões distribuído pelo meio urbano.
Os reservatórios podem ser classificados quanto a sua localização no sistema de
abastecimento e no terreno, quanto à forma e o material de construção da unidade propriamente
dita. Heller e Pádua (2010b) classificam os reservatórios de seguinte forma:
a) Quanto à localização no sistema e no terreno
• Reservatório de montante: situado no início da rede de distribuição, sendo sempre o
fornecedor de água para a rede;
• Reservatório de jusante: situado no extremo ou em pontos estratégicos do sistema,
podendo fornecer ou receber água da rede de distribuição;
• Elevados: construídos sobre colunas quando há necessidade de aumentar a pressão em
consequência de condições topográficas;
• Apoiados, enterrados e semienterrados: aqueles cujos fundo estão em contato com o
terreno.
b) Quanto à forma construtiva predominante
• Circular;
• Retangular.
c) Quanto aos materiais utilizados na construção
• Concreto armado;
• Aço;
• Fibra de vidro;
• Alvenaria;
• Argamassa armada.
cobertura, sistema de drenagem, abertura para limpeza, registro de descarga, ladrão e indicador
de nível. Sua limpeza e desinfecção devem ser realizadas rotineiramente.
Para Tsutiya (2006), uma rede de distribuição de água é constituída por tubulações e
órgãos acessórios, cujo principal objetivo é disponibilizar água potável aos consumidores, de
forma contínua e em quantidade, qualidade e pressão adequada. Trata-se do componente mais
caro do sistema de abastecimento de água, custando entre 50 e 75% do custo total de todas as
obras realizadas na implantação do sistema de abastecimento.
Segundo o mesmo autor, as redes de distribuição são formadas por dois tipos de
canalizações:
a. Principal: são as canalizações de maior diâmetro que tem a finalidade de levar água as
canalizações secundárias. Estas canalizações também são conhecidas como canalização
mestra ou conduto tronco.
b. Secundária: são as canalizações de menor diâmetro e tem a finalidade de abastecer os
pontos de consumo no sistema de distribuição.
Devido à disposição as canalizações principais e do sentido de escoamento nas
tubulações secundárias, as redes podem ser classificadas em:
- Rede ramificada: consiste em uma tubulação principal (tronco) que é alimentada por um
reservatório, sendo a distribuição da água feita para as tubulações secundárias. Estas
redes podem ter traçados do tipo espinha de peixe ou em grelha. A figura 2.5 mostra o
esquema de uma rede ramificada.
28
2 – Revisão Bibliográfica
- Rede malhada: nesse tipo de rede as tubulações principais formam blocos ou anéis
permitindo o abastecimento do sistema por mais de um caminho, favorecendo a
manutenção na rede com o mínimo possível de interrupção no abastecimento de água.
A figura 2.6 mostra o esquema de uma rede malhada.
- Rede mista: é a combinação de redes ramificadas com as redes malhadas (figura 2.7).
Apesar dos grandes avanços na universalização do acesso a água nas últimas décadas, o
mesmo esforço não foi concretizado para o monitoramento e manutenção dos sistemas de
abastecimento de água, os quais apresentam sérios problemas de gestão no Brasil. A prestação
de serviço de forma inadequada gera impactos na área econômica, da saúde e ambiental, o que
acaba acarretando deficiência na cobertura dos serviços, como é o caso dos altos índices de
perdas de água.
De acordo com o Instituto Trata Brasil (2018) os serviços de abastecimento de água
geralmente não abastecem por completo muitos municípios do país, isso significa que a água
30
2 – Revisão Bibliográfica
que chega para abastecimento dessas localidades vem através de ligações clandestinas, as quais
podem gerar contaminação da água distribuída. Além disso, a falta desses serviços básicos gera
ambientes propícios para a proliferação de doenças e aumento da desigualdade social.
Apesar da alta disponibilidade hídrica do Brasil, a distribuição por região é bastante
dispersa. Dessa forma, o acesso não chega na mesma quantidade e qualidade para todos, essa
diferença de disponibilidade dificulta a distribuição de água tratada.
2.3.1.1 Vazamentos
2.3.1.2 Extravasamentos
• Descalibração do medidor;
Uso não autorizado é o volume de água consumido, mas que não é contabilizado pela
companhia de abastecimento e que não produz receita. Neste volume incluem-se as ligações
clandestinas, chamadas popularmente de gatos, fraudes nos hidrômetros e falhas no cadastro
comercial.
Segundo Tsutiya (2006) tem-se as seguintes definições:
• Fraudes e ligações clandestinas: as fraudes são intervenções feitas nos hidrômetros
como: inversão do hidrômetro e rompimento do lacre que tem como finalidade reduzir o
consumo medido no equipamento. As ligações clandestinas ocorrem quando há a religações das
ligações inativas sem conhecimento da operadora, além da tomada de água feita antes do
hidrômetro ou diretamente nas canalizações da rede de distribuição;
• Cadastro comercial: representa o registro sistematizado dos consumidores, incluindo a
localização da ligação, tipo de uso e demais informações consideradas indispensáveis para a
correta aferição do consumo. As falhas no cadastro comercial são causadas pela lentidão no
cadastramento de novas ligações, cadastro desatualizado, ausência nos registros das ligações
inativas e a reativação destas pela ação do usuário.
Porto Acre foi elevado à categoria de município pela Lei Estadual nº 1.030 de 28 de
abril de 1992, durante o governo de Edmundo Pinto. Foi desmembrado do município de Rio
Branco. O município de Porto Acre está situado às margens do rio Acre. (SOUZA, 2002).
Durante o domínio boliviano da região, Porto Acre que se chamava Porto Alonso (nome
que homenageava o presidente da Bolívia na época), já abrigou um posto alfandegário
boliviano, que foi motivo de revolta dos seringalistas brasileiros. Por isso, Porto Acre foi o
principal foco da Revolução Acreana em suas diversas etapas. (ACRE, 2018).
O Rio Acre, que banha a cidade serviu de via de acesso aos seringueiros e seringalistas
brasileiros, ainda serve aos ribeirinhos e moradores de suas margens para a circulação de
mercadorias e pessoas. Durante o período seco, suas praias de terras férteis ainda servem para
o cultivo de melancia, banana, hortaliças, mandioca e outras culturas de subsistência. (ACRE,
2018).
Este trabalho foi realizado na área urbana do município de Porto Acre situado no km 57
da rodovia AC-10. Esse município possui uma população, segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), de 14.880 habitantes, com estimativa, segundo o
mesmo órgão, de uma população para 2018 de 18.180 habitantes. De acordo com a mesma
fonte, esse município possui uma área territorial de 2.604,885 km² e densidade demográfica em
torno de 5,71 hab/km².
Porto Acre conta com um total de 4.020 domicílios particulares segundo o IBGE – 2010,
sendo desse total 532 domicílios na área urbana e cerca 3.488 na área rural do município. A
figura 3.1 identifica a área urbana do município.
38
3 – Metodologia
Porto Acre possui uma altitude de 164 metros acima do nível do mar, e está localizado
entre o paralelo 9°34’35’’ de latitude sul, e meridiano de 67º33’3’’ de longitude oeste, fazendo
limite ao norte, com o estado do Amazonas; ao sul, com os municípios de Bujari e Rio Branco;
a leste, com o município de Senador Guiomard e a oeste, com o município de Bujari (ACRE,
2018). O acesso ao município é feito por meio fluvial através do Rio Acre e rodoviário através
da Rodovia Estadual AC-10.
Sua economia está baseada no extrativismo vegetal da borracha, beneficiamento da
castanha e madeira, pecuária em pequena escala, produtos hortifrutigranjeiros e o comércio em
geral.
Esses poços estão localizados no terreno onde se situa a sede do DEPASA e sua
localização em relação à cidade é mostrado na Figura 4.1.
41
4 – Resultados e Discussões
A água captada dos poços é conduzida até uma cisterna, como mostra a figura 4.5, e é
nesse local onde acontece a cloração, única etapa do tratamento da água. Esse processo é
realizado diariamente, de forma manual onde o operador realiza o despejo do desinfetante,
44
4 – Resultados e Discussões
A água proveniente da captação dos poços e que já passou pelo processo de cloração na
cisterna, é então recalcada por bomba (Figura 4.6) até o reservatório elevado através de uma
adutora com 150 mm de diâmetro, constituída em parte por PVC e parte por ferro fundido,
como pode-se ver na figura 4.7.
A situação do acesso à água no município de Porto Acre, através de uma rede geral de
abastecimento entre os anos de 2010 e 2016, pode ser visualizada nos dados do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), fornecido pelo Ministério das Cidades,
conforme a Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Cobertura da população do território urbano de Porto Acre por um sistema de abastecimento de
água.
População
População Porcentagem
Ano atendida
(Habitantes) (%)
(Habitantes)
avanço partindo de, aproximadamente, 50% em 2013 para 97,12% em 2015 no serviço de
cobertura, porém não atingindo o grau de universalização do serviço.
Percebe-se que no ano de 2013 houve uma disparidade na porcentagem de atendimento
em relação aos outros anos. Tal fato pode ter ocorrido devido à ocorrência de possíveis erros
durante a aferição.
É importante ressaltar ainda, que os baixos valores encontrados para população atendida
se devem à contabilização dessa população se limitar à área urbana, que é minoria no caso de
Porto Acre.
400
350
300
Litros/Hab. Dia
250
200
150
100
50
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
A figura 4.10 mostra a evolução dos índices de perdas no município. Estes índices
representam a porcentagem de água que se perde no decorrer das redes de distribuição, ou que
não é faturada. As perdas podem ser ocasionadas basicamente por ligações clandestinas, falhas
na medição, e vazamento nas redes. No ano de 2016, Porto Acre apresentou o índice de perdas
abaixo da média do estado (61,1%) e bem acima do Brasil (38,1%), segundo o Diagnóstico dos
Serviços de Água e Esgotos – 2016. Porém, ainda há uma perda de aproximadamente metade
da água produzida.
60
50
40
Percentagem
30
20
10
0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016
IPF IPD
Superficial
0%
Mista
23%
Poço Raso
52%
Poço
profundo
25%
Não sei
23%
Sim
52%
Não
25%
Na Figura 4.13, nota-se que 52% dos entrevistados, podendo eles serem usuários da rede
pública ou de poços particulares, acharam que a fonte de abastecimento de água apresentou
mudanças significativas na sua vazão, tanto em período de cheia dos mananciais quanto no
período do verão amazônico, já 34% acharam o contrário. Devido a isso, durante o verão
amazônico, percebe-se a necessidade de atualização ou otimização dos sistemas de captação de
água, por se tratar de um período de poucas precipitações, falta de água e quando ocorre o
rebaixamento do nível de água do aquífero, devido à explosão da água subterrânea ser superior
a capacidade de recarga natural, fazendo com que os poços da região tenham uma redução do
volume de água neles disponíveis, em cerca de 50%, que por sua vez implicará na redução da
vazão.
Não sei
14%
Sim
52%
Não
34%
Não
52%
Sim
0%
Não
52%
Não sei
‘ 48%
Não Desinfeccção
convencional (Cloração)
13% 67%
Nenhum, a
água vem
normalmente
Armazenamento 11%
de água
35% Tratamento
de Água
20%
Encanacao
quebrada
34%
Conforme foi exposto anteriormente, serão recomendadas soluções que podem ser
adotadas para os principais problemas no sistema de abastecimento de água.
Uma das principais dificuldades encontradas foi que nem todos os moradores
entrevistados utilizavam água de origem da rede pública, isso fez com que eles recorressem à
construção de poços pra suprir suas necessidades, demandando recursos próprios. Nesse
aspecto, pode-se analisar a ampliação das unidades do sistema de abastecimento, para que atinja
o restante da população da cidade que ainda não usufrui da rede pública.
Quanto às mudanças significativas na vazão e insuficiência da quantidade de água, há
possiblidade da realização de um estudo acerca da definição de uma nova área de captação de
água, visto que existem mananciais próximo ao local de estudo, como o Rio Acre, portanto
viabilizando tal ação. Caso tal solução mostre-se inviável, pode-se adotar a construção de um
açude para reservação de água (Figura 4.18), como está sendo realizado na Vila do V, para
atender principalmente no período de estiagem. Além disso, deve ser realizada uma pesquisa
para caracterizar o consumo da população a fim de que os dimensionamentos atendam às
necessidades diárias dos moradores.
55
4 – Resultados e Discussões
Todavia, esta obra não foi levada em consideração durante o estudo, visto que se
encontra em estado de paralisação, sem previsão de retorno e conclusão. Logo, para a definição
das soluções apontadas considerou-se apenas o sistema de abastecimento de água existente até
a data de conclusão deste trabalho.
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES
CONCLUSÃO
Com base nos estudos realizados acerca do sistema de abastecimento de água da área
urbana de Porto Acre, foi possível observar algumas melhorias e os retrocessos que esse sistema
sofreu nos últimos anos. Pequenos avanços ocorreram desde a sua criação, no entanto, o sistema
ainda se encontra em estado deficiente, principalmente à limitada
manutenção/acompanhamento do sistema.
Após visitas ao local de estudo e levantamento de dados, viu-se que o local não é
abastecido 100% pela rede pública, embora o nível de universalização dos serviços de
abastecimento foi o índice que mais avançou no município a 100% de cobertura. Porém, este
índice representa apenas uma parte da população urbana do município, cerca de 2.000 pessoas,
não representando, portanto, o número total de habitantes. Durante o período de realização do
estudo, ainda existem domicílios que não recebem esse serviço, fazendo com que os moradores
recorram à outras fontes de abastecimento.
Essa deficiência na cobertura, impõe a população sofrer os reflexos da baixa qualidade
do SAA de Porto Acre, sabendo que o fornecimento de água potável apresenta significativa
importância para o desenvolvimento socioeconômico da cidade, influenciando diretamente na
qualidade de vida da população abastecida.
A má qualidade do serviço prestado não se justifica, pois, a cidade possui características
propícias para a existência de um adequado SAA, visto que é possível encontrar um manancial
relativamente próximo aos pontos de distribuição, com qualidade, vazão e relevo adequado.
Os índices de perdas estão diretamente associados à qualidade da infraestrutura e da
gestão do sistema. O valor estimado de perdas de água no sistema de distribuição municipal
para o ano de 2016 foi de 56%.
Por si só estes índices de perdas elevados demostram a necessidade de a concessionária
atuar em ações para a melhoria da gestão e sustentabilidade da prestação de serviços, a
modernização dos seus sistemas. Para estabelecer ações continuas de redução e controle de
perdas é de suma importância ter em mãos informações claras e fidedignas, com as do
Diagnostico dos Serviços de Água e Esgotos com base em dados do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento, que propiciam as perdas no município e, posteriormente
orientar a definição de ações de combate às mesmas.
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Conclusão e Recomendações
Com base nos resultados desse trabalho, é possível propor sugestões para novos estudos
relativos ao sistema de abastecimento de água, como por exemplo:
• Analisar a possibilidade de outros mananciais servirem como principal fornecedor do
sistema;
• Verificar os impactos que a ineficiência do sistema de abastecimento causa na saúde
pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANA, Agência Nacional de Águas. Panorama das águas: quantidade de água. 2018.
Disponível em: < http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/panorama-das-aguas/quantidade-da-
agua>. Acesso em: 01 de setembro de 2018.
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ANEXO A – FORMULÁRIO DE INFORMAÇÃO DE SANEAMENTO BÁSICO EM
ÁREA URBANA