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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA CIVIL

STEFANE DE MELO ONOFRE

CARACTERIZAÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA


DA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE PORTO ACRE – AC

Orientadora: Prof. MSc. Heloisa Pimpão Chaves

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC elaborado


junto ao Curso de Bacharelado em Engenharia
Civil, como requisito parcial da avaliação da
disciplina Estágio Supervisionado.

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC

Rio Branco – Acre


2018
Stefane de Melo Onofre

Caracterização do Sistema de Abastecimento de Água da Área Urbana do Município de


Porto Acre – AC

Trabalho de Conclusão de Curso – TCC elaborado


junto ao Curso de Bacharelado em Engenharia Civil,
como requisito parcial da avaliação da disciplina
Estágio Supervisionado.

Apresentado em:

BANCA EXAMINADORA:

Prof. MSc. Heloisa Pimpão Chaves (Orientadora)


UFAC – Rio Branco / AC

Examinador 1
UFAC – Rio Branco / AC

Examinador 2
UFAC – Rio Branco / AC

Rio Branco - AC
2018
DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus pais, Raimundo


Nonato Onofre Neto e Inez Tiziana de Melo
Onofre.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, que foi minha maior força nos momentos de angustia
e desespero. Sem ele, nada disso seria possível.
Gostaria de agradecer minha família. Especialmente, meu pai e minha mãe, que juntos
enfrentaram tantas dificuldades para me proporcionarem a oportunidade de ter um bom estudo
e sempre me incentivaram a seguir este caminho.
Ao meu namorado, Bruno Gouveia, que partilhou comigo todas as dificuldades durante
esses anos de graduação e me ajudou nos momentos mais difíceis de elaboração deste trabalho.
Obrigada pelos conselhos, palavras de apoio, puxões de orelha e risadas. Agradeço também a
sua família por ter me acolhido tão bem.
Aos amigos e colegas, Aécio Freitas, Ayrton Torres, Breno Melo, Letícia Farias e
Marcela Xavier, que dividiram as angústias e as noites de estudo sempre se ajudando.
Não posso deixar de agradecer em especial a minha orientadora Heloisa Pimpão que
nunca negou uma ajuda durante o TCC.
RESUMO

Entende-se por Sistema de Abastecimento de Água (SAA) o conjunto de obras,


equipamentos e serviços destinados ao suprimento de água potável à comunidades para fins de
consumo doméstico, público e industrial. Desse modo, procurou-se analisar as condições de
funcionamento do sistema de abastecimento de água, tomando como objeto de estudo a área
urbana do município de Porto Acre. Tendo como objetivos a descrição das unidades que
compõem o sistema, a análise da cobertura do serviço de distribuição de água e da qualidade
do serviço segundo seus usuários, e propostas de soluções para os possíveis problemas
encontrados. Para isso, realizou-se uma revisão bibliográfica do assunto, mediante consulta em
livros, artigos, dissertações, teses, manuais técnicos; pesquisa em campo, através de visita ao
município e levantamento de dados. A área em estudo é abastecida por meio de poços, a água
é encaminhada a um reservatório elevado e distribuída aos consumidores. Nos anos de 2016 e
2015 e no intervalo dos anos de 2010 a 2012 foi realizado 100% de atendimento urbano de
água. No ano de 2016, foram produzidos, no município de Porto Acre, 457.190 m³ e deste valor
são consumidos 141,47 litros de água por habitante por dia. No mesmo ano, Porto Acre
apresentou o índice de perdas abaixo da média do estado (61,1%) e bem acima do Brasil
(38,1%). Com a aplicação dos questionários, verificou-se que mais da metade dos entrevistados
não utilizam água de origem da rede pública; a quantidade de água é suficiente durante todo o
ano; as fontes de abastecimento apresentaram variações na vazão; a qualidade da água é
considerada boa pelos entrevistados; não há lançamento de esgoto próximo ao local de captação
de água; o tratamento adotado pelos entrevistados ou pela concessionário é o de simples
desinfecção e o principal desafio enfrentado pelos moradores entrevistados foram as
‘‘encanações quebradas’’. Com base nos estudos feitos sobre o sistema de abastecimento de
água da área urbana de Porto Acre, foi possível observar algumas melhorias e os retrocessos
que esse sistema sofreu nos últimos anos. Pequenos avanços ocorreram desde a sua criação, no
entanto, o sistema ainda se encontra em estado deficiente, principalmente à limitada
manutenção/acompanhamento do sistema.

Palavras-chave: Sistema de Abastecimento de Água. Porto Acre. Análise do abastecimento.


Problemas no sistema.
LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – Exemplo das partes que compõem um sistema de abastecimento. ...................... 17
Figura 2.2 – Tipos de aquíferos e de poços. ............................................................................. 18
Figura 2.3 – Captação de água subterrânea. ............................................................................. 19
Figura 2.4 – Exemplo de sistema de abastecimento com captação superficial. ....................... 19
Figura 2.5 – Exemplo de rede ramificada. ............................................................................... 28
Figura 2.6 – Exemplo de rede malhada. ................................................................................... 28
Figura 2.7 – Exemplo de rede mista. ........................................................................................ 28
Figura 2.8 – Esquema de ligação predial. ................................................................................. 29
Figura 2.9 – Tipos de vazamentos. ........................................................................................... 31
Figura 3.1 – Área urbana de Porto Acre. .................................................................................. 38
Figura 4.1 – Localização da sede do DEPASA no município de Porto Acre........................... 41
Figura 4.2 – Disposição das unidades que compõem o sistema de abastecimento de água. .... 42
Figura 4.3 – Poço 1 e 2, respectivamente. ................................................................................ 43
Figura 4.4 – Poço 3 e 4, respectivamente. ................................................................................ 43
Figura 4.5 – Cisterna que recebe água proveniente dos poços. ................................................ 44
Figura 4.6 – Bomba de recalque. .............................................................................................. 44
Figura 4.7 – Adutora de água tratada. ...................................................................................... 45
Figura 4.8 – Reservatório elevado do município. ..................................................................... 45
Figura 4.9 – Comparação entre Consumo e Produção Per Capita............................................ 47
Figura 4.10 – Comparação entre as Perdas na distribuição e no faturamento. ......................... 48
Figura 4.11 – Origem da água de abastecimento...................................................................... 50
Figura 4.12 – Suficiência da quantidade de água. .................................................................... 51
Figura 4.13 – Mudança na vazão da fonte de abastecimento. .................................................. 51
Figura 4.14 – Mudança na qualidade da água. ......................................................................... 52
Figura 4.15 – Lançamento de esgoto próximo ao local de captação de água........................... 52
Figura 4.16 – Tipo de tratamento adotado. ............................................................................... 53
Figura 4.17 – Principais desafios em termos de abastecimento de água. ................................. 54
Figura 4.18 – Construção de açude. ......................................................................................... 55
Figura 4.19 – Reservatório apoiado. ......................................................................................... 56
LISTA DE TABELAS

Tabela 4.1 – Discriminação dos poços e suas vazões............................................................... 40


Tabela 4.2 – Cobertura da população do território urbano de Porto Acre por um sistema de
abastecimento de água. ............................................................................................................. 46

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Principais processos e operações unitárias de tratamento de água para


abastecimento público. ............................................................................................................. 21
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAT – Adutora de Água Tratada


ABES – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
ANA – Agência Nacional de Águas
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DEPASA – Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento
EEAB – Estação Elevatória de Água Bruta
EEAT – Estação Elevatória de Água Tratada
ETA – Estação de Tratamento de Água
FoFo – Ferro Fundido Dúctil
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
FUNDACE – Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e
Economia
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IBL – Índice Bruto de Perdas Lineares
IPD – Índice de Perda na Distribuição
IPF – Índice de Perda de Faturamento
IPL – Índice de Perda por Ligação
IWA – Associação Internacional da Água
LI – Licença de Instalação
LO – Licença de Operação
LP – Licença Prévia
MS – Ministério da Saúde
PEAD – Polietileno de Alta Densidade
PMSB – Plano Municipal de Saneamento Básico
PVC – Polivinil
SAA – Sistema de Abastecimento de Água
SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre o Saneamento
SNSA – Secretária Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades
UFAC – Universidade Federal do Acre
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................... 13
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 14
1.3 OBJETIVOS ............................................................................................................ 14
1.3.1 Objetivo Geral ........................................................................................................ 14
1.3.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 14
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO............................................................................. 15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................. 16


2.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA .................................................... 16
2.2 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA ........ 17
2.2.1 Manancial ............................................................................................................... 17
2.2.2 Captação ................................................................................................................. 17
2.2.2.1 Captação em manancial subterrâneo ........................................................................ 18
2.2.2.2 Captação em manancial superficial.......................................................................... 19
2.2.3 Tratamento ............................................................................................................. 20
2.2.3.1 Portarias e Legislação Específica sobre o Tratamento da Água .............................. 22
2.2.3.2 Licenciamento ambiental ......................................................................................... 23
2.2.4 Adução .................................................................................................................... 24
2.2.5 Reservatórios de distribuição................................................................................ 25
2.2.6 Rede de distribuição de água ................................................................................ 27
2.2.7 Ligações prediais .................................................................................................... 28
2.3 PRINCIPAIS PROBLEMAS DE UM SAA ............................................................ 29
2.3.1 Perdas de água no SAA ......................................................................................... 30
2.3.1.1 Vazamentos .............................................................................................................. 31
2.3.1.2 Extravasamentos ...................................................................................................... 31
2.3.1.3 Erro de macromedição ............................................................................................. 32
2.3.1.4 Erro de micromedição .............................................................................................. 32
2.3.1.5 Uso não autorizado .................................................................................................. 33
2.3.1.6 Indicadores de perdas de água em SAA................................................................... 33
2.3.1.7 Gerenciamento e controle de perdas ........................................................................ 34

3 METODOLOGIA .................................................................................................. 37
3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ................................................... 37
3.2 LEVANTAMENTOS DE DADOS ......................................................................... 38
3.3 SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS ....................................................................... 39

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ......................................................................... 40


4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EXISTENTE 40
4.2 ANÁLISE DA COBERTURA DO SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA . 46
4.2.1 Índice de atendimento ............................................................................................ 46
4.2.2 Consumo Per Capita .............................................................................................. 47
4.2.3 Índices de Perdas.................................................................................................... 48
4.3 QUALIDADE DO SERVIÇO DE ACORDO COM OS USUÁRIOS .................... 50
4.4 POSSIVÉIS SOLUÇÕES ........................................................................................ 54

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES .............................................................. 58


CONCLUSÃO ........................................................................................................ 58
RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS .................................. 59

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 60

ANEXO A – FORMULÁRIO DE INFORMAÇÃO DE SANEAMENTO


BÁSICO EM ÁREA URBANA ............................................................................ 63
1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A água é sem dúvidas um recurso imprescindível ao surgimento da vida e


consequentemente à sua manutenção. A relação do homem com água inicia-se em tempos bem
remotos, onde ele utilizava a água como fonte de subsistência, procurando sempre se instalar
próximo às margens de corpos d’água e desse modo iniciando as primeiras culturas e criação
de animais essenciais à sobrevivência dos agrupamentos humanos, que posteriormente dariam
início aos primeiros povoados e, sucessivamente, às primeiras cidades.
De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA, 2018), estima-se que o Brasil
possua cerca de 12% da disponibilidade de água doce do planeta. Essa água, no entanto,
encontra-se distribuída de forma irregular em nosso território, onde as grandes reservas não
coincidem geograficamente com as grandes cidades onde se concentra grande parte da
população. A região Norte, por exemplo, concentra aproximadamente 80% da quantidade de
água disponível, mas representa apenas 5% da população brasileira, já as regiões próximas
ao Oceano Atlântico possuem mais de 45% da população, porém, menos de 3% dos recursos
hídricos do país.
Aliam-se a este fato, as formas de utilização e má gestão da água, com consequências
graves sobre a qualidade e que resulta em perda de disponibilidade deste recurso em condições
adequadas para o abastecimento à população. Diante disso, além da necessidade de melhorar
os sistemas existentes, é preciso garantir que toda a população do país tenha o direito de acesso
à um serviço de abastecimento de água de qualidade, algo que várias comunidades ainda não
possuem.
Entende-se por Sistema de Abastecimento de Água (SAA) o conjunto de obras,
equipamentos e serviços destinados ao suprimento de água potável à comunidades para fins de
consumo doméstico, público e industrial. Esses sistemas de abastecimento são compostos, de
maneira geral, pelas unidades de captação, elevação, tratamento, adução, reservatórios, rede de
distribuição e ligações prediais. A concepção e o dimensionamento de cada parte do SAA
ocorrem de forma integrada, apesar de cada unidade possuir suas peculiaridades em termos de
projeto de engenharia.
O abastecimento de água do estado do Acre é de responsabilidade do Departamento
Estadual de Pavimentação e Saneamento (DEPASA), ao qual foi delegado a função de produção
e distribuição de água. O desafio que se encontra em questão é garantir o abastecimento de
14
1 – Introdução

municípios, dos quais será destacado o município de Porto Acre como objeto de estudo para
avaliação do sistema de abastecimento de água.

1.2 JUSTIFICATIVA

O cenário atual da infraestrutura e dos serviços urbanos, no que diz respeito ao


saneamento básico, não acompanhou o crescimento dos municípios brasileiros. No caso do
abastecimento de água potável, a universalização do acesso pela população muitas vezes não é
garantida, bem como os programas e ações necessárias para seu atendimento.
O acesso à água, de maneira segura e suficiente, é considerado como uma necessidade
básica do ser humano e não deve ser tratado somente pelo ponto de vista econômico. Devendo
ser um direito reconhecido, promovido e mantido por autoridades públicas e privadas, onde
essas na grande maioria das ações de investimento, aplicam todos os recursos no aumento da
oferta e não na melhoria da estrutura e eficiência operacional dos sistemas de abastecimento de
água existentes.
Diante dessa situação e face à importância do assunto para a comunidade, há a
necessidade de levantar informações acerca do abastecimento público de água no município de
Porto Acre – AC, de modo a promover uma análise do sistema e das ações desenvolvidas pela
concessionária de abastecimento de água no município, no que tange aos serviços
disponibilizados e em especial contribuir com informações atuais.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Verificar a atual situação do sistema de abastecimento de água potável na área urbana


do município de Porto Acre, estado do Acre.

1.3.2 Objetivos Específicos

1. Descrever as instalações do sistema de abastecimento de água existente no


município;
2. Analisar a cobertura e a qualidade do serviço de distribuição de água segundo seus
usuários;
15
1 – Introdução

3. Propor possíveis soluções para os problemas encontrados no sistema de


abastecimento.

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está estruturado em quatro capítulos, explicados a seguir.


O capítulo 1 consiste na introdução do trabalho, sendo composto por considerações
iniciais, justificativa do tema proposto e objetivos geral e específicos;
O capítulo 2 consiste na revisão bibliográfica, onde apresentam-se todos as informações
relacionadas ao tema que são necessárias à perfeita compreensão do trabalho;
O capítulo 3 consiste na metodologia aplicada durante a execução do trabalho, onde
apresentam-se todos os procedimentos e métodos utilizados;
O capítulo 4 aborda os resultados e discussões, onde são apresentados os resultados
obtidos através da aplicação da metodologia e são realizadas discussões acerca dos mesmos;
São apresentados, ainda, conclusão e recomendações, onde as conclusões obtidas a partir do
estudo realizado são apresentadas e são feitas recomendações para futuras pesquisas a serem
realizadas que têm relação com o tema.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

O abastecimento de água é um conjunto de procedimentos que devem ser adotados para


minimizar os riscos à saúde humana, levando em conta que todas as pessoas da comunidade
possuem o direito ao consumo de água em mesmo nível de qualidade, fornecida pelo sistema
de abastecimento público, de forma a garantir água canalizada até a residência, fornecimento
contínuo da água, quantidade superior ao mínimo para atender as necessidades básicas e
qualidade da água de acordo com os padrões de potabilidade. (HELLER; PÁDUA, 2010a).
Segundo Azevedo Netto et al. (1998) um sistema de abastecimento de água é composto
por um conjunto de obras, equipamentos e serviços destinados ao fornecimento de água potável
a uma comunidade, para o consumo nos mais variados fins, como o consumo doméstico,
serviços públicos e o consumo industrial.
O mesmo autor considera que na execução do sistema de abastecimento de água, é
necessária a elaboração de estudos e projetos de acordo com a definição das obras a serem
implantadas. Essas obras deverão ter a sua capacidade determinada não somente para as
necessidades atuais, mas também para o atendimento da comunidade, prevendo-se a construção
por etapas. A previsão de construções de etapas é determinada pelo alcance de projeto, feito a
partir do estudo econômico-financeiro, avaliação das características da comunidade e potencial
de seu crescimento. O período das obras projetadas, também chamado de alcance do plano,
varia geralmente de 10 a 30 anos.
A concepção das unidades do sistema de abastecimento de água é variável, em função
do porte da cidade, topografia e sua posição em relação aos mananciais, por exemplo.
(TSUTIYA, 2006). Entretanto, de maneira geral, essas unidades podem ser apresentadas da
seguinte forma: o manancial, captação, adução, estação elevatória, estação de tratamento de
água, reservatório e rede de distribuição, conforme Figura 2.1.
17
2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.1 – Exemplo das partes que compõem um sistema de abastecimento.


Fonte: Tsutiya (2006).

2.2 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA

2.2.1 Manancial

Manancial pode ser definido como o corpo de água onde é retirada a água para o
abastecimento, podendo ser classificado em dois tipos: superficial e subterrâneo. Devendo
disponibilizar vazão suficiente para atender à demanda de água e ainda, atender aos critérios
sanitários, no que tange à qualidade da água a ser retirada.
Para Azevedo Netto et al. (1998) as águas desses mananciais deverão preencher
requisitos mínimos no que diz respeito à sua qualidade no ponto de vista físico, químico,
biológico e bacteriológico.
Para a seleção do melhor manancial, é essencial a verificação quanto à disponibilidade
de volume de água bem como as condições sanitárias, também quanto à localização do sistema
de captação e a distância do consumo. (TSUTIYA, 2006).
De acordo com a Portaria nº 2914/2011, do Ministério da Saúde, as águas oriundas de
corpos hídricos superficiais deverão passar por processos de cloração e filtração, enquanto as
águas vindas de fontes subterrâneas deverão passar apenas por desinfecção.

2.2.2 Captação

A captação é a designação para o conjunto de elementos construídos com intuito de


extrair as águas provenientes de mananciais que podem ser subterrâneos, como é o caso das
fontes, lençol freático ou lençol profundo; ou mananciais superficiais, como córregos, lagos,
represas, rios, que se destinam ao abastecimento público. (AZEVEDO NETTO et al., 1998).
18
2 – Revisão Bibliográfica

2.2.2.1 Captação em manancial subterrâneo

A captação feita em águas subterrâneas é uma ótima alternativa para aquelas regiões
que apresentam condições que favorecem a sua exploração. Em muitos municípios brasileiros,
o abastecimento de água é realizado através de águas obtidas de poços.
Esse tipo de método de captação possui vantagens, como: possibilidade de ocorrência
próxima ao consumo; qualidade da água, geralmente satisfatória para fins potáveis; e relativa
facilidade de extração da água.
Vale salientar que a qualidade das águas de lençóis subterrâneos apresenta geralmente
características físicas perfeitamente compatíveis com os padrões de qualidade devido à ação de
filtração lenta pelas camadas permeáveis, que diminuem os valores de cor e turbidez,
dispensando alguns tratamentos. Além disso, normalmente não possuem bactérias, a não ser
que o lençol esteja sofrendo poluição na captação. (YASSUDA; NOGAMI, 1976).
Quanto às características químicas, certos aquíferos podem apresentar altas taxas de sais
solúveis, e assim serem impróprios para fins potáveis. A dureza também pode estar elevada e
desse modo, deve-se realizar um tratamento especial. (SECCO, 2002).
A relativa facilidade de captação e a possibilidade de localização próxima aos centros
de consumos contribuem para que esse método tenha uma boa economia no custo da instalação
de sistemas de abastecimento.
Na Figura 2.2 é possível observar os tipos de aquíferos e poços.

Figura 2.2 – Tipos de aquíferos e de poços.


Fonte: Yassuda e Nogami (1976).

A Figura 2.3 mostra um esquema de captação de água subterrânea.


19
2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.3 – Captação de água subterrânea.


Fonte: Tsutiya (2006).

2.2.2.2 Captação em manancial superficial

Os mananciais superficiais são constituídos por córregos, rios, lagos e represas. Para a
seleção do manancial, devem-se considerar todos com condições sanitárias satisfatórias e que
apresentem vazão suficiente para atender à demanda de água. Na Figura 2.4 vê-se um exemplo
de sistema a partir de uma captação de manancial superficial, com Estação Elevatória de Água
Bruta (EEAB), Estação de Tratamento de Água (ETA), Estação Elevatória de Água Tratada
(EEAT) e Adutora de Água Tratada (AAT), que abastece uma cidade.

Figura 2.4 – Exemplo de sistema de abastecimento com captação superficial.


Fonte: Heller e Pádua (2010a).

A captação em cursos de água depende da variação do nível de água, podendo ser de


pequena ou grande variação. Quando a vazão a ser retida é menor que a vazão mínima do
20
2 – Revisão Bibliográfica

manancial, a captação é realizada a fio d’água. Quando existem períodos no ano em que essa
vazão demandada é maior, haverá a necessidade da construção de um reservatório de
regularização, nesse caso a vazão média do rio deve ser maior que a vazão a ser retirada. Com
isso, é preciso escolher um local para a captação à montante da cidade, para evitar fontes de
poluição, trecho reto ou quando em curva, sua curvatura externa e área de fácil acesso.
(HELLER; PÁDUA, 2010a).
Tsutiya (2006) considera importante, na captação em represas e lagos, as variações da
qualidade da água em função da profundidade e as oscilações de nível. As águas dessas fontes,
geralmente, propiciam o aparecimento de algas nas camadas superiores, enquanto que, as
camadas inferiores podem apresentar excessivo teor de matéria orgânica em decomposição. Por
isso, é preciso fazer a tomada de água a uma profundidade conveniente, em cada caso particular.
Ainda segundo o mesmo autor, de maneira geral, as águas dos mananciais superficiais
sofrem degradação em suas bacias hidrográficas, devido principalmente ao crescimento
desordenado das cidades, associado à carência de coleta e tratamento de esgoto. Com isso, há
o aumento no uso de produtos químicos para o tratamento de água com reflexos na qualidade
da água tratada. Em casos mais graves, é necessário um tratamento mais avançado ou até
mesmo a inviabilidade técnica-econômica da utilização do manancial para o abastecimento
público.

2.2.3 Tratamento

O tratamento da água bruta deverá ser realizado quando comprovado a necessidade e a


purificação for indispensável, englobando processos imprescindíveis à obtenção da qualidade
necessária para o abastecimento público. Vale salientar que a necessidade do tratamento e os
processos exigidos nessa etapa deverão ser determinados em função dos padrões de
potabilidade para água de abastecimento público, também com base em inspeções sanitárias e
resultados representativos de exames e análises abrangendo um período de tempo. (AZEVEDO
NETTO et al., 1998).
Desse modo o tratamento de água pode ser realizado de diversas maneiras. Em cada
caso é necessário escolher o sistema de tratamento adequado para alcançar os padrões legais de
abastecimento público. A necessidade de tratamento de água bruta pode variar de tratamento
convencional, tratamento completo ou tratamento avançado, até somente a simples desinfecção,
dependendo das características físico-químicas e bacteriológicas da água em questão.
21
2 – Revisão Bibliográfica

Nesse sentido o Quadro 2.1 apresentada as técnicas de tratamento de água bruta, dando
noções básicas dos principais processos e operações unitárias utilizadas no tratamento da água
para abastecimento público.

Quadro 2.1 – Principais processos e operações unitárias de tratamento de água para abastecimento público.

Processo/operação unitária Descrição/finalidade


Passagem da água por peneiras com malhas de pequena abertura, visando a
Micropeneiramento
remoção de material particulado.
Oxidar matéria orgânica e inorgânica presente na água, facilitando sua
Oxidação/aeração
remoção posterior.
Remover compostos orgânicos e inorgânicos indesejáveis, incluindo os que
Adsorção causam sabor e odor, fazendo a água entrar em contato com uma substância
adsorvente (em geral carvão ativo).
Destinado a remover contaminantes inorgânicos presentes na água, fazendo-a
Troca iônica
passar por uma coluna contendo material sintético especial (resina).
Adição de coagulante, visando desestabilizar impurezas presentes na água e
Coagulação
facilitar o aumento do tamanho das mesmas na etapa de floculação.
Agitação da água realizada após a coagulação, com o objetivo de promover o
Floculação
contato entre as impurezas e, assim, aumentar o tamanho das mesmas.
Passagem da água por tanques, no fundo dos quais as impurezas ficam
Decantação
depositadas.
Arraste das impurezas para a superfície de um tanque, por meio da ação de
Flotação
microbolhas.

Remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos, incluindo material


Filtração em membrana dissolvido, passando a água por membranas com abertura de filtração inferior
a 1 μm.

Processo destinado a inativar micro-organismos patogênicos presentes na


Desinfecção
água.
Processo destinado a reduzir a dureza da água e remover alguns contaminantes
Abrandamento
inorgânicos.
Adição de compostos contendo o íon fluoreto, com a finalidade de combater
Fluoretação
a cárie infantil.
Acondicionamento da água, com a finalidade de atenuar efeitos corrosivos ou
Estabilização química
incrustantes do sistema abastecedor e nas instalações domiciliares.
Fonte: Adaptado de Heller e Pádua (2010b).

Um processo de desinfecção aplicável às águas de abastecimento é a cloração, que se


constitui no processo mais comum, econômico e eficiente para a produção de água de boa
qualidade. Existem vários métodos cloração da água, como a cloração simples que é o método
mais usual de cloração e é aplicável às águas de qualidade relativamente boa e normalmente é
feita como última e até como única etapa do tratamento.
22
2 – Revisão Bibliográfica

De maneira geral os métodos de cloração devem ser examinados para que se escolha a
solução mais vantajosa do ponto de vista técnico-econômico. A qualidade da água e a segurança
que se deve ter são fatores predominantes nessa seleção. (MEDEIROS FILHO, 2000).

2.2.3.1 Portarias e Legislação Específica sobre o Tratamento da Água

Para Heller e Pádua (2010a), “o tratamento da água, em si, não garante a manutenção
da condição de potabilidade, uma vez que a qualidade da água pode se deteriorar entre o
tratamento, a distribuição, a reservação e o consumo”.
Os diversos elementos presentes na água que alteram seu grau de pureza podem ser
reproduzidos de forma sucinta em termos das suas características físicas, químicas e biológicas.
Estas características são interpretadas na forma de parâmetros de qualidade da água.
Esses parâmetros são utilizados para caracterizar águas de abastecimento, águas
residuárias, mananciais e corpos receptores. Os padrões são definidos referentes à sua
destinação, sendo o de potabilidade definido pela Portaria nº 2.914 de 2011, do Ministério da
Saúde; e o dos corpos d’água é estabelecido pela Resolução do Conselho Nacional de Meio
Ambiente (CONAMA) nº 357 de 2005, do Ministério do Meio Ambiente e eventual legislação
estadual; e o de lançamento, determinado também pela resolução do CONAMA nº 357 de 2005
e nº 430 de 2011, do Ministério do Meio Ambiente e eventual legislação estadual. (VON
SPERLING, 2005).
No Brasil, os padrões de potabilidade definidos na Portaria nº 2.914/2011, são
constituídos por: (a) padrão microbiológico; (b) padrão de turbidez para água pós-filtração ou
pré-desinfecção; (c) padrão para substâncias químicas que representam riscos à saúde
(inorgânicas, orgânicas, agrotóxicos, desinfetantes e produtos secundários da desinfecção); (d)
padrão de radioatividade; (e) o padrão de aceitação para consumo humano.
A resolução CONAMA nº 357 de 17 de março de 2005 estabelece a classificação das
águas do Território Nacional. Em seu Artigo 4º, no que se refere às águas doces:
a) Classe especial: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano com
desinfecção; à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas e à
preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral;
b) Classe 1: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento
simplificado; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação de contato primário
(natação, mergulho, etc.) conforme a resolução CONAMA nº 274 de 2000; à irrigação
de hortaliças e frutas e a proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.
23
2 – Revisão Bibliográfica

c) Classe 2: águas destinadas ao abastecimento para o consumo humano, após tratamento


convencional; à proteção das comunidades aquáticas; à recreação e contato primário
(natação, mergulho etc.) conforme resolução do CONAMA nº 274 de 2000; à irrigação
de hortaliças, plantas frutíferas e de parques e jardins; à aquicultura e a pesca.
d) Classe 3: águas destinadas ao abastecimento para consumo humano após tratamento
convencional ou avançado; à irrigação de culturas arbóreas cerealíferas e forrageiras;
pesca amadora; recreação de contato secundário e dessedentação de animais.que podem
ser destinadas:
e) Classe 4: águas destinadas à navegação e a harmonia paisagística. que podem ser
destinadas:

2.2.3.2 Licenciamento ambiental

Até a publicação da Resolução CONAMA nº 237 de 1.997, as estações de tratamento


de água não eram consideradas fontes de poluição e devido a isso, sua implantação e
funcionamento não eram objeto de licenciamento ambiental. A referida resolução traz em seu
artigo 2º que toda construção, localização, instalação, ampliação, modificação e operação de
empreendimentos e atividades que necessitam do uso de recursos ambientais e que possam
causar possíveis danos ao ambiente, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental
competente.
As estações de tratamento de água são caracterizadas como fonte potencialmente
poluidora em razão de serem gerados resíduos líquidos e sólidos durante o processo de
potabilização da água sendo os principais: o lodo gerado na etapa de decantação ou flotação; a
água de lavagem dos filtros; a borra de cal proveniente do processo de correção de acidez da
água.
O processo de licenciamento ambiental de estações de tratamento de água está dividido
em três fases conforme definido pelo Artigo 8º da Resolução CONAMA 237, a saber:
I. Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do
empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a
viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem
atendidos nas próximas fases de sua implementação;
II. Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados,
24
2 – Revisão Bibliográfica

incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem


motivo determinante;
III. Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após
a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.
Considerando ainda que são utilizados no processo de tratamento substâncias químicas
que são armazenadas em tanques ou cilindros, deve-se prever em projeto a instalação de bacias
de contenção para que seja evitada eventual infiltração e contaminação do solo em episódios de
vazamento, assim como prever cobertura desses tanques quando instalados em ambientes
abertos próximos de árvores, de modo a impedir eventuais danos no caso de quedas de troncos.

2.2.4 Adução

Adutoras são canalizações principais que têm como objetivo transportar água entre as
unidades que antecedem a rede de distribuição, como captação, estação de tratamento de água
e reservatório.
As adutoras são constituídas por um conjunto de tubulações, peças especiais e obras de
arte, dispostas entre a captação e a Estação de Tratamento de Água; a captação e o reservatório
de distribuição; a captação e a rede de distribuição; a ETA e o reservatório de distribuição e a
ETA e a rede de distribuição. E podem ser classificadas de acordo com (BRASIL, 2015):
a) A natureza da água transportada
- Adutora de água bruta: transporta a água da captação até a Estação de Tratamento de
Água;
- Adutora de água tratada: transporta a água da Estação de Tratamento de Água até os
reservatórios de distribuição;
b) A energia utilizada para o escoamento da água
- Adutora por gravidade: quando aproveita o desnível existente entre o ponto inicial e o
final da adução;
- Adutora por recalque: quando utiliza um meio elevatório qualquer (conjunto
motobomba e acessórios);
- Mista: quando utiliza parte por recalque, e parte por gravidade;
c) Modo de escoamento
25
2 – Revisão Bibliográfica

- Adutora em conduto livre: mantém a superfície sob o efeito da pressão atmosférica. Os


condutos podem ser abertos (canal) ou fechados. A água ocupa apenas parte da seção
de escoamento, não funciona a seção plena, no caso totalmente cheio;
- Adutora em conduto forçado: a água ocupa a seção de escoamento por inteiro, mantendo
a pressão interna superior à pressão atmosférica. Permite que a água se movimente, quer
em sentido descendente por gravidade quer em sentido ascendente por recalque, graças
à existência de uma carga hidráulica.
São três categorias em que estão inseridos os materiais empregados nas canalizações de
adução, a saber: tubulação, conexões e pecas especiais. As tubulações, canalizações construídas
com tubos, são classificadas de acordo com o tipo de material de fabricação, tipo de junta e
ainda de acordo com a pressão de serviço que é a pressão interna quando em funcionamento
hidráulico, esses tubos podem ser de Polietileno de Alta Densidade (PEAD), Cloreto de
Polivinil (PVC), Ferro Fundido Dúctil (FoFo) entre outros. (MEDEIROS FILHO, 2000).
Medeiros Filho (2000) ainda define conexões como sendo peças destinadas a ligarem
tubos ou seguimentos de tubos entre si, de modo que permita mudanças de direção, alterações
de diâmetros, derivações e são fabricadas compatíveis com a tubulação. Já as peças especiais
possuem finalidades específicas, tais como controle de vazões, esgotamento de canalizações,
retirada de ar ou reenchimento de trechos de tubulação, por exemplo.

2.2.5 Reservatórios de distribuição

Os reservatórios de distribuição de água são unidades destinadas a atender às variações


de consumo ao longo do dia, promover a continuidade no abastecimento da rede de distribuição
no caso de emergência e fornecer níveis necessários para manter a pressão adequada na rede de
distribuição. (AZEVEDO NETTO et al.,1998).
Para Tsutiya (2006), os reservatórios são elementos de grande importância no sistema
de abastecimento de água, pois além de atenderem às diversas finalidades são elementos
visíveis de maior destaque no sistema de distribuição de água. Como principais finalidades dos
reservatórios têm-se:
- Regularização da vazão: acumulam água durante as horas em que a demanda de água é
inferior à média e fornecem vazões complementares quando a demanda for superior à
média;
- Segurança: são importantes em situações onde, por exemplo, uma adutora é rompida
sendo necessária a interrupção da captação ou estação de tratamento;
26
2 – Revisão Bibliográfica

- Reserva de água para incêndio: podem disponibilizar vazões extras para o combate a
possíveis incêndios;
- Regularização das pressões: o reservatório pode ser alocado em determinados pontos do
sistema para reduzir a pressão na rede. São os chamados reservatório de quebra de
pressão.
Portanto o reservatório é o principal fator de distribuição de água, por ser o determinador
das pressões e vazões distribuído pelo meio urbano.
Os reservatórios podem ser classificados quanto a sua localização no sistema de
abastecimento e no terreno, quanto à forma e o material de construção da unidade propriamente
dita. Heller e Pádua (2010b) classificam os reservatórios de seguinte forma:
a) Quanto à localização no sistema e no terreno
• Reservatório de montante: situado no início da rede de distribuição, sendo sempre o
fornecedor de água para a rede;
• Reservatório de jusante: situado no extremo ou em pontos estratégicos do sistema,
podendo fornecer ou receber água da rede de distribuição;
• Elevados: construídos sobre colunas quando há necessidade de aumentar a pressão em
consequência de condições topográficas;
• Apoiados, enterrados e semienterrados: aqueles cujos fundo estão em contato com o
terreno.
b) Quanto à forma construtiva predominante
• Circular;
• Retangular.
c) Quanto aos materiais utilizados na construção
• Concreto armado;
• Aço;
• Fibra de vidro;
• Alvenaria;
• Argamassa armada.

Embora os formatos dos reservatórios de distribuição sejam construídos normalmente


na forma circular ou retangular, há uma ampla gama de formas podendo ser utilizado as formas
hexagonais e octogonais. Vale ainda ressaltar que para evitar sua contaminação, é necessário
que sejam protegidos com estrutura adequada, tubo de ventilação, impermeabilização,
27
2 – Revisão Bibliográfica

cobertura, sistema de drenagem, abertura para limpeza, registro de descarga, ladrão e indicador
de nível. Sua limpeza e desinfecção devem ser realizadas rotineiramente.

2.2.6 Rede de distribuição de água

Heller e Pádua (2010b, p. 615), definem rede de distribuição como sendo:


(...) a unidade do sistema de abastecimento de água constituída por tubulações e
órgãos acessórios instalados em logradouros públicos, e que tem por finalidade
fornecer, em regime contínuo (24 h por dia), água potável em quantidade, qualidade
e pressão adequadas a múltiplos consumidores (residenciais, comerciais, industriais e
de serviços) localizados em uma cidade, vila ou outro tipo de aglomeração urbana.

Para Tsutiya (2006), uma rede de distribuição de água é constituída por tubulações e
órgãos acessórios, cujo principal objetivo é disponibilizar água potável aos consumidores, de
forma contínua e em quantidade, qualidade e pressão adequada. Trata-se do componente mais
caro do sistema de abastecimento de água, custando entre 50 e 75% do custo total de todas as
obras realizadas na implantação do sistema de abastecimento.
Segundo o mesmo autor, as redes de distribuição são formadas por dois tipos de
canalizações:
a. Principal: são as canalizações de maior diâmetro que tem a finalidade de levar água as
canalizações secundárias. Estas canalizações também são conhecidas como canalização
mestra ou conduto tronco.
b. Secundária: são as canalizações de menor diâmetro e tem a finalidade de abastecer os
pontos de consumo no sistema de distribuição.
Devido à disposição as canalizações principais e do sentido de escoamento nas
tubulações secundárias, as redes podem ser classificadas em:
- Rede ramificada: consiste em uma tubulação principal (tronco) que é alimentada por um
reservatório, sendo a distribuição da água feita para as tubulações secundárias. Estas
redes podem ter traçados do tipo espinha de peixe ou em grelha. A figura 2.5 mostra o
esquema de uma rede ramificada.
28
2 – Revisão Bibliográfica

Figura 2.5 – Exemplo de rede ramificada.


Fonte: BRASIL (2015).

- Rede malhada: nesse tipo de rede as tubulações principais formam blocos ou anéis
permitindo o abastecimento do sistema por mais de um caminho, favorecendo a
manutenção na rede com o mínimo possível de interrupção no abastecimento de água.
A figura 2.6 mostra o esquema de uma rede malhada.

Figura 2.6 – Exemplo de rede malhada.


Fonte: BRASIL (2015).

- Rede mista: é a combinação de redes ramificadas com as redes malhadas (figura 2.7).

Figura 2.7 – Exemplo de rede mista.


Fonte: GOMES (2004).

2.2.7 Ligações prediais

Constitui as ligações prediais, um conjunto de tubulações, medidores e peças de conexão


instalados com o objetivo de estabelecer uma comunicação hidráulica entre a rede pública de
29
2 – Revisão Bibliográfica

distribuição de água e a instalação domiciliar, usado pelo consumidor de água, e configura-se


como um ponto de entrega final do serviço de abastecimento de água.
Segundo Tsutiya (2006), compõem as ligações prediais as seguintes partes e conforme
pode ser observado na figura 2.8:
i. Dispositivo de tomada: conjunto de peças com o objetivo de promover a conexão do
ramal predial à tubulação da rede pública de distribuição de água;
ii. Ramal predial: trecho compreendido entre o dispositivo de tomada e a estrutura de
medição;
iii. Estrutura de medição: conjunto de peças destinadas a configurar o ponto de medição ou
entrega final do serviço de abastecimento de água.

Figura 2.8 – Esquema de ligação predial.


Fonte: Tsutiya (2006).

2.3 PRINCIPAIS PROBLEMAS DE UM SAA

Apesar dos grandes avanços na universalização do acesso a água nas últimas décadas, o
mesmo esforço não foi concretizado para o monitoramento e manutenção dos sistemas de
abastecimento de água, os quais apresentam sérios problemas de gestão no Brasil. A prestação
de serviço de forma inadequada gera impactos na área econômica, da saúde e ambiental, o que
acaba acarretando deficiência na cobertura dos serviços, como é o caso dos altos índices de
perdas de água.
De acordo com o Instituto Trata Brasil (2018) os serviços de abastecimento de água
geralmente não abastecem por completo muitos municípios do país, isso significa que a água
30
2 – Revisão Bibliográfica

que chega para abastecimento dessas localidades vem através de ligações clandestinas, as quais
podem gerar contaminação da água distribuída. Além disso, a falta desses serviços básicos gera
ambientes propícios para a proliferação de doenças e aumento da desigualdade social.
Apesar da alta disponibilidade hídrica do Brasil, a distribuição por região é bastante
dispersa. Dessa forma, o acesso não chega na mesma quantidade e qualidade para todos, essa
diferença de disponibilidade dificulta a distribuição de água tratada.

2.3.1 Perdas de água no SAA

As perdas de água são um dos grandes problemas nos sistemas de abastecimento de


água, sendo um tema recorrente quanto à escassez de água e aos custos altos de energia elétrica
envolvido no processo, quanto também quando se trata da relação com os prestadores de
serviço. (BRASIL, 2016).
Sob aspecto econômico as perdas de água nos sistemas de abastecimento público
acabam por gerar desperdício de recursos públicos e isso acaba sendo repassado ao usuário,
uma redução dos gastos referentes às perdas faria com que a aplicação dos recursos
economizados fosse destinada para melhorias no sistema.
A perda de água pode ser considerada um dos principais indicadores de desempenho
operacional dos prestadores de serviço público de abastecimento de água no mundo. As perdas
ocorrem em todos os componentes de um sistema de abastecimento de água, desde a captação
até a distribuição, porém, a magnitude dessas perdas depende de cada unidade. (RECESA,
2009).
Segundo a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, ABES (2013), o
conceito das perdas de água nos sistemas de abastecimento público de água pode ser dividido
em dois tipos:
- Perda de água física ou real: esse tipo de perda acontece quando o volume de água
tratada disponibilizada no sistema de distribuição é perdido antes de ser entregue ao
consumidor final. Tais perdas são ocasionadas por vazamentos em adutoras e redes de
distribuição, extravasamentos de reservatórios e nos processos operacionais como por
exemplo, nas lavagens de filtros e descargas na rede.
- Perda comercial ou aparente: ocorre quando o volume utilizado não é corretamente
computado nas unidades de consumo, sendo cobrado de forma inadequada. Essas perdas
podem ocorrer por erros de medição em hidrômetros, por ligações clandestinas, violação
nos hidrômetros e por falha do cadastro comercial.
31
2 – Revisão Bibliográfica

2.3.1.1 Vazamentos

Os vazamentos são as formas mais comuns de perdas de água no sistema de


abastecimento de água, comumente são originados devido as condições precárias das redes de
abastecimento, e podem ocorrer nos demais componentes do sistema.
Os vazamentos ocorrem em diversas partes, como nas captações de água, adutoras de
água bruta e tratada, estações de tratamento de água, estações elevatórias de água bruta e tratada,
reservatórios, além das redes de distribuição de água e nos ramais prediais de cavaletes.
(BRASIL, 2008).
De acordo com a ABES (2015), os vazamentos são classificados em três tipos:
a) Vazamentos visíveis: altas vazões e aflorantes à superfície, são vistos e comunicados
pela população à operadora de saneamento para o reparo.
b) Vazamentos não visíveis e não detectáveis (inerentes): baixas vazões e longa duração,
não afloram à superfície do terreno e não são passíveis de serem identificados pelos
equipamentos atuais de detecção acústica;
c) Vazamentos não visíveis e detectáveis: não afloram à superfície, mas são passíveis de
identificação pelos equipamentos atuais de detecção acústica, cuja duração e respectivo
volume perdido estão diretamente associados ao intervalo entre duas varreduras de
pesquisa de vazamentos;

A figura 2.9 ilustra de maneira prática os tipos de vazamentos citados.

Figura 2.9 – Tipos de vazamentos.


Fonte: BRASIL, 2014 (Adaptado).

2.3.1.2 Extravasamentos

O extravasamento em reservatórios também é considerado um tipo de perda física, a


qual em volume pode representar uma das maiores perdas no sistema de distribuição de água.
32
2 – Revisão Bibliográfica

Segundo Tsutiya (2006), o extravasamento dos reservatórios acontece em períodos noturnos


quando ocorre uma diminuição no consumo de água e por consequência, o aumento no nível
dos reservatórios de distribuição.
A ocorrência dos extravasamentos acontece muitas vezes devido a inexistência de algum
dispositivo de alerta e de controle ou também devido a ocorrências de falhas operacionais nos
equipamentos de controle já instalados, que teriam como objetivo interromper a entrada de água
no reservatório. Quando o limite de extravasamento é ultrapassado, as águas são coletas pelos
extravasores e encaminhadas à rede de drenagem ou local adequado.
As perdas de água devido ao extravasamento de reservatório podem passar
despercebidas aos operadores dificultando a quantificação dos volumes perdidos, fazendo com
que seja necessário recorrer a estimativas imprecisas para avaliação dessas perdas. (TSUTIYA,
2006).

2.3.1.3 Erro de macromedição

A macromedição refere-se ao conjunto de medições de vazão, pressão e nível do


reservatório de distribuição feitas nos sistemas de abastecimento desde a captação no manancial
até a chegada à unidade consumidora. Ela é essencial para que se monitore e gerencie de
maneira correta o sistema de abastecimento de água.
Os equipamentos de macromedição são dotados de certa imprecisão natural que varia
de acordo com o seu tipo. Por mais bem instalado e operando em condições de vazões
adequadas, um medidor apresenta uma faixa de variação de precisão entre 0,5 e 2%. Além da
imprecisão natural dos equipamentos, os erros acabam sendo potencializados devido a
inúmeros fatores, como (TSUTIYA, 2006):
• Instalações inadequadas;

• Descalibração do medidor;

• Dimensionamento inadequado, operando com velocidades muito baixas;

• Grande amplitude entre as vazões máximas e as mínimas;

• Problemas nas transmissões de dados, quando se usa a telemetria.

2.3.1.4 Erro de micromedição


33
2 – Revisão Bibliográfica

A micromedição refere-se à medição do volume de água consumido pelo usuário da


companhia de saneamento. Essa medição é feita através de hidrômetros, principalmente de
classe B que são aqueles instalados em residências, comércios e pequenas unidades industriais
e são responsáveis pela maior parte de arrecadação da empresa.
Os erros nas medições dos hidrômetros que resulta em um consumo subestimado podem
ser causados por envelhecimento do hidrômetro, ocasionado pelo degaste das engrenagens
internas que passam a trabalhar fora das condições especificadas em projeto, pela qualidade da
água distribuída, principalmente com presença de óxidos oriundos da corrosão dos tubos, pela
instalação incorreta (TSUTIYA, 2006). Além desses fatores, podem influenciar também em
erros de micromedições as falhas de fabricação do equipamento e o dimensionamento
adequado.

2.3.1.5 Uso não autorizado

Uso não autorizado é o volume de água consumido, mas que não é contabilizado pela
companhia de abastecimento e que não produz receita. Neste volume incluem-se as ligações
clandestinas, chamadas popularmente de gatos, fraudes nos hidrômetros e falhas no cadastro
comercial.
Segundo Tsutiya (2006) tem-se as seguintes definições:
• Fraudes e ligações clandestinas: as fraudes são intervenções feitas nos hidrômetros
como: inversão do hidrômetro e rompimento do lacre que tem como finalidade reduzir o
consumo medido no equipamento. As ligações clandestinas ocorrem quando há a religações das
ligações inativas sem conhecimento da operadora, além da tomada de água feita antes do
hidrômetro ou diretamente nas canalizações da rede de distribuição;
• Cadastro comercial: representa o registro sistematizado dos consumidores, incluindo a
localização da ligação, tipo de uso e demais informações consideradas indispensáveis para a
correta aferição do consumo. As falhas no cadastro comercial são causadas pela lentidão no
cadastramento de novas ligações, cadastro desatualizado, ausência nos registros das ligações
inativas e a reativação destas pela ação do usuário.

2.3.1.6 Indicadores de perdas de água em SAA


34
2 – Revisão Bibliográfica

Os indicadores de perdas são utilizados na quantificação do nível de perdas que ocorrem


em cada parte do sistema e o comportamento desses é influenciado pelas práticas de gestão de
cada diretoria e pelos programas implantados em cada sistema.
Segundo a Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração,
Contabilidade e Economia, FUNDACE (2013), são medidas de eficiência e eficácia na
provisão do abastecimento de água e constituem um instrumento de gerência que pode ser usado
para controlar e dar suporte na tomada de decisões econômicas e financeiras.
A correta aplicação e interpretação de qualquer tipo de indicador de perdas pressupõe o
entendimento universal sobre as parcelas que compõem as perdas e as medições sistematizadas
ou critérios claros para a estimativa de volumes não medidos. (TSUTIYA, 2006).
Neste sentido, a Associação Internacional da Água, IWA, padronizou, através da
publicação Perfomance Indicators for Water Supply Services – Manual of Best Practice, a
terminologia e definição de uma série de indicadores para sistemas de abastecimento de água.
A ABES (2015) define alguns desses indicadores e os quatros principais relacionados às perdas
de água no SAA serão detalhados a seguir:
➢ Índice de Perda na Distribuição (IPD): Indicador de perdas na rede de distribuição, a
partir dos volumes entregues nos reservatórios setoriais (ou disponibilizados à
distribuição). Contempla as perdas totais (reais + aparentes) nas redes de distribuição e
no seu cálculo são utilizados os volumes micromedidos e não os faturados. É expresso
em porcentagem e dado pela equação 2.1.

Volume disponibilizado (VD) − Volume utilizado (VU)


IPD = × 100 Eq. 2.1
Volume disponibilizado (VD

➢ Índice de Perda de Faturamento (IPF): Indicador de perdas na rede de distribuição, a


partir dos volumes entregues nos reservatórios setoriais (ou disponibilizados à
distribuição). Contempla as perdas totais nas redes de distribuição e no seu cálculo são
utilizados os volumes faturados e não os micromedidos. Pode ser gerado mensalmente,
com média móvel de 12 meses, é expresso em porcentagem e obtido pela equação 2.2.

Volume disponibilizado (VD) − Volume faturado (VF)


IPF = × 100 Eq. 2.2
Volume disponibilizado (VD)

2.3.1.7 Gerenciamento e controle de perdas


35
2 – Revisão Bibliográfica

Segundo o Instituto Trata Brasil (2018) o Brasil vem enfrentando dificuldades em


realizar a redução das perdas de água, e pior ainda tem aumentado o já elevado nível de perdas.
Observa-se que os índices de perdas de faturamento total e na distribuição em 2016 foram
respectivamente de 38,53% e 38,05%, valores mais elevados do que os índices de cinco anos
atrás (37,92% e 36,94%).
Neste sentido é perceptível a necessidade de superar esse desafio, buscando atingir
níveis satisfatórios de eficiência na distribuição de água. Para conseguir isso é necessário que
as estratégias de redução das perdas de águas sejam combinadas com as ações de melhoria de
gestão e de infraestruturas.
De acordo com ABES (2013) foram definidos dois limites para estratégias de redução
de perdas de água:
➢ Um limite econômico, a partir do qual os gastos para reduzir as perdas serão maiores do
que o valor intrínseco dos volumes recuperados (varia de cidade para cidade, em função
das disponibilidades hídricas, custos de produção, etc.);
➢ Um limite técnico ("perdas inevitáveis"), por mais bem implantado e operado que seja
o sistema de abastecimento, sempre teremos de conviver com algum volume perdido,
pois as tecnologias atuais dos materiais, ferramentas, equipamentos e logísticos,
impossibilitam a perda zero.
Dessa forma, não é economicamente viável eliminar completamente toda a perda de
água física e aparente. Porém, é necessário que nos países em desenvolvimento, onde há
significativas perdas de água, seja executado algum plano de redução de perdas, prevendo como
resultado a redução das perdas pela metade.
O Instituto Trata Brasil (2018) propõe algumas atitudes, por parte das concessionárias,
que impactam na redução das perdas:
i. Criar contratos com incentivos e foco na redução de perdas, como contratos de
performance, parcerias publica-privadas e parcerias público-público;
ii. Direcionar maior financiamento para ações dessa natureza. Há uma necessidade de
aumentar o financiamento para programas de redução de perdas no âmbito federal;
iii. Gerenciamento do controle de perdas: implementação de planos de gestão de perdas
baseados no conhecimento do sistema, indicadores de desempenho e metas
preestabelecidas;
iv. Entender as dificuldades para a setorização dos sistemas de abastecimento,
acompanhado de um plano de médio e longo prazo com ações para o controle das perdas
na distribuição;
36
2 – Revisão Bibliográfica

v. Aumentar o índice de hidrometração dos diversos sistemas e utilizar hidrômetros de


maior precisão;
vi. Melhorar a macromedição nos sistemas de abastecimento de água para permitir uma
melhor aferição dos indicadores de perdas;
vii. Criação e monitoramento de programas de redução de perdas sociais com a participação
dos atores envolvidos;
viii. Replicar experiências exitosas de operadores públicos e privados nas regiões mais
deficitárias, especialmente as Regiões Norte e Nordeste, onde se situam os maiores
desafios.
A ABES (2013) indica algumas ações de acordo com o tipo de perdas:
• Vazamentos não visíveis, de baixa vazão, não aflorantes e não detectáveis por métodos
acústicos de pesquisa: Deve-se observar a qualidade da mão de obra e dos materiais
utilizados, e, eventualmente, reduzir a pressão da rede.
• Vazamentos não visíveis, não aflorantes, mas detectáveis por métodos acústicos de
pesquisa: Nesses casos, além das ações anteriores, deve-se aumentar a pesquisa de
vazamentos.
• Vazamentos visíveis, aflorantes ou ocorrentes nos cavaletes; extravazamentos nos
reservatórios: Além as ações anteriores, deve-se também controlar o nível dos
reservatórios.
3 METODOLOGIA

Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada a revisão bibliográfica do assunto,


mediante consulta em livros, artigos, dissertações, teses, manuais técnicos; a caracterização da
área de estudo; realização de pesquisa em campo; levantamento de dados e análise dos dados
obtidos. E por fim, fez-se recomendações para futuros estudos ou pesquisas relacionadas ao
sistema de abastecimento de água do município de Porto Acre.

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

Porto Acre foi elevado à categoria de município pela Lei Estadual nº 1.030 de 28 de
abril de 1992, durante o governo de Edmundo Pinto. Foi desmembrado do município de Rio
Branco. O município de Porto Acre está situado às margens do rio Acre. (SOUZA, 2002).
Durante o domínio boliviano da região, Porto Acre que se chamava Porto Alonso (nome
que homenageava o presidente da Bolívia na época), já abrigou um posto alfandegário
boliviano, que foi motivo de revolta dos seringalistas brasileiros. Por isso, Porto Acre foi o
principal foco da Revolução Acreana em suas diversas etapas. (ACRE, 2018).
O Rio Acre, que banha a cidade serviu de via de acesso aos seringueiros e seringalistas
brasileiros, ainda serve aos ribeirinhos e moradores de suas margens para a circulação de
mercadorias e pessoas. Durante o período seco, suas praias de terras férteis ainda servem para
o cultivo de melancia, banana, hortaliças, mandioca e outras culturas de subsistência. (ACRE,
2018).
Este trabalho foi realizado na área urbana do município de Porto Acre situado no km 57
da rodovia AC-10. Esse município possui uma população, segundo dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), de 14.880 habitantes, com estimativa, segundo o
mesmo órgão, de uma população para 2018 de 18.180 habitantes. De acordo com a mesma
fonte, esse município possui uma área territorial de 2.604,885 km² e densidade demográfica em
torno de 5,71 hab/km².
Porto Acre conta com um total de 4.020 domicílios particulares segundo o IBGE – 2010,
sendo desse total 532 domicílios na área urbana e cerca 3.488 na área rural do município. A
figura 3.1 identifica a área urbana do município.
38
3 – Metodologia

Figura 3.10 – Área urbana de Porto Acre.


Fonte: Google Earth Pro (2018).

Porto Acre possui uma altitude de 164 metros acima do nível do mar, e está localizado
entre o paralelo 9°34’35’’ de latitude sul, e meridiano de 67º33’3’’ de longitude oeste, fazendo
limite ao norte, com o estado do Amazonas; ao sul, com os municípios de Bujari e Rio Branco;
a leste, com o município de Senador Guiomard e a oeste, com o município de Bujari (ACRE,
2018). O acesso ao município é feito por meio fluvial através do Rio Acre e rodoviário através
da Rodovia Estadual AC-10.
Sua economia está baseada no extrativismo vegetal da borracha, beneficiamento da
castanha e madeira, pecuária em pequena escala, produtos hortifrutigranjeiros e o comércio em
geral.

3.2 LEVANTAMENTOS DE DADOS

Visando a caracterização do sistema de abastecimento público de água de Porto Acre,


foi realizada pesquisa de campo através de visita ao município, onde foram obtidos dados
referentes ao SAA no que diz respeito à manancial, captação, adução, reservatório e rede de
distribuição. Para isso foram aplicados procedimentos de registros fotográficos e observação
39
3 – Metodologia

direta, buscando melhor descrição da estrutura física do sistema de abastecimento de água.


Buscou-se informações no Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento (DEPASA),
concessionária responsável pelo serviço de abastecimento de água local, através de entrevistas
informais com o técnico responsável.
Houve também a obtenção de dados através de um questionário (Anexo A), que teve
sua aplicação realizada pela equipe responsável pela elaboração do Plano Municipal de
Saneamento Básico de Porto Acre (PMSB – PA, 2018) e disponibilizado gentilmente para a
realização deste trabalho. Este questionário foi aplicado em domicilio à 113 moradores,
escolhidos de maneira aleatória, a fim de se obter dados em relação às condições atuais do
abastecimento de água.
Foi realizado levantamento de dados através de pesquisa no Sistema Nacional de
Informações sobre o Saneamento – SNIS, essa pesquisa analisa alguns aspectos importantes da
prestação dos serviços feitas a partir de informações e indicadores que compõem a base de
dados do SNIS, para isso foram analisados dados referentes ao ano de 2016 por serem estes os
dados mais atuais disponíveis para a área de estudo. Este sistema é responsável pela coleta de
dados operacionais, financeiros e de qualidade dos serviços prestados pelas companhias de
saneamento atuantes no território brasileiro, e são fornecidos a Secretaria Nacional de
Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades (SNSA), para que esta possa realizar a
avaliação das condições de saneamento no Brasil e posteriormente promover a divulgação anual
do Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos, podendo ser acessado exclusivamente pela
internet através do site www.snis.gov.br.

3.3 SISTEMATIZAÇÃO DOS DADOS

Realizou-se a sistematização e análise dos dados e informações, de forma quantitativa e


qualitativa, os quais serão apresentados posteriormente com auxílio de gráficos e tabelas, com
o objetivo de mostrar a atual situação do abastecimento de água no município de Porto Acre e,
a partir disso, propor soluções para os principais problemas encontrados.
Por fim, a partir da análise e discussão dos resultados, foram feitas as considerações
finais e conclusão pertinentes ao tema estudado.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA EXISTENTE

O manancial utilizado para o sistema de abastecimento do município de Porto Acre é


subterrâneo e sua captação é realizada através de poços. Sendo o sistema composto por 6 poços,
porém, até a data de conclusão deste trabalho, apenas 4 destes encontram-se em atividade. Isto
devido à alta presença de ferro na água nos 2 poços desativados, tornando-a imprópria para
consumo humano.
Os poços em atividade, apresentam as vazões conforme a Tabela 4.1:

Tabela 4.1 – Discriminação dos poços e suas vazões.


Poço Vazão (m³/h)
1 3,6
2 0,5
3 0,5
4 1,2
Fonte: Elaborado pelo autor a partir de dados fornecidos pelo DEPASA (2018).

Esses poços estão localizados no terreno onde se situa a sede do DEPASA e sua
localização em relação à cidade é mostrado na Figura 4.1.
41
4 – Resultados e Discussões

Figura 11 – Localização da sede do DEPASA no município de Porto Acre.


Fonte: Google Earth Pro, 2018. (Adaptado)

A disposição das unidades que compõem o sistema de abastecimento de água existentes


no terreno em questão estão representadas no layout ilustrado na Figura 4.2.
42
4 – Resultados e Discussões

Figura 12 – Disposição das unidades que compõem o sistema de abastecimento de água.


Fonte: Google Earth Pro, 2018. (Adaptado)

Os poços 1 e 2 são caracterizados como poços rasos do tipo amazonas, com


profundidade de 7 metros e 6 metros respectivamente. O poço 1 tem sua água recalcada através
de uma bomba, assim como o poço 2. Ambos são mostrados na Figura 4.3.
43
4 – Resultados e Discussões

Figura 13 – Poço 1 e 2, respectivamente.


Fonte: Própria (2018).

Os poços 3 e 4 são do tipo semi-artesianos, cuja pressão de confinamento não é


suficiente para jorrar água, desse modo utiliza-se bombas de recalque. Estes poços são
mostrados na figura 4.4.

Figura 14 – Poço 3 e 4, respectivamente.


Fonte: Própria (2018).

A água captada dos poços é conduzida até uma cisterna, como mostra a figura 4.5, e é
nesse local onde acontece a cloração, única etapa do tratamento da água. Esse processo é
realizado diariamente, de forma manual onde o operador realiza o despejo do desinfetante,
44
4 – Resultados e Discussões

Hipoclorito de sódio, previamente diluído em água. O consumo mensal de produto nesse


processo é de aproximadamente 25 kg mensais.

Figura 15 – Cisterna que recebe água proveniente dos poços.


Fonte: Própria (2018).

A água proveniente da captação dos poços e que já passou pelo processo de cloração na
cisterna, é então recalcada por bomba (Figura 4.6) até o reservatório elevado através de uma
adutora com 150 mm de diâmetro, constituída em parte por PVC e parte por ferro fundido,
como pode-se ver na figura 4.7.

Figura 16 – Bomba de recalque.


Fonte: Própria (2018).
45
4 – Resultados e Discussões

Figura 17 – Adutora de água tratada.


Fonte: Própria (2018).

Na figura 4.8, vê-se o reservatório elevado de 22 metros de altura, responsável pelo


armazenamento de água no município. Esse reservatório possui uma capacidade de
armazenamento de 80 m³ de água, mas conforme relato de funcionário do DEPASA, está sendo
utilizados apenas 80 % de sua capacidade devido a uma fissura na parede do reservatório.

Figura 18 – Reservatório elevado do município.


Fonte: Própria (2018).
46
4 – Resultados e Discussões

Em relação a distribuição de água, esta acontece de maneira alternada, sendo dividida


em duas rotas. A alternância do abastecimento acontece de forma diária, com cada rota
atendendo aproximadamente 160 residências, que recebem água por cerca de 1 hora e 30
minutos diariamente. A rede de distribuição foi implantada na década de 90. O material que
constitui as tubulações é o PVC e os diâmetros variam de 60 mm a 150 mm.

4.2 ANÁLISE DA COBERTURA DO SERVIÇO DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

4.2.1 Índice de atendimento

A situação do acesso à água no município de Porto Acre, através de uma rede geral de
abastecimento entre os anos de 2010 e 2016, pode ser visualizada nos dados do Sistema
Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), fornecido pelo Ministério das Cidades,
conforme a Tabela 4.2.

Tabela 4.2 – Cobertura da população do território urbano de Porto Acre por um sistema de abastecimento de
água.

População
População Porcentagem
Ano atendida
(Habitantes) (%)
(Habitantes)

2016 2279 2279 100


2015 2232 2232 100
2014 2184 2121 97,12
2013 2135 1062 49,74
2012 2069 2069 100
2011 2026 2026 100
2010 1982 1982 100
Fonte: Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) – Série Histórica, 2018 (Adaptado).

Analisando a Tabela 4.2 percebe-se que através da porcentagem da população atendida


pelo abastecimento de água é possível ter uma ideia do grau de universalização do serviço no
município, em sua área urbana. Nota-se que nos anos de 2016 e 2015 e no intervalo dos anos
de 2010 a 2012 foi realizado 100% de atendimento urbano de água, ou seja, houve a
universalização dos serviços em atendimento de água. Além disso, apresentou um excelente
47
4 – Resultados e Discussões

avanço partindo de, aproximadamente, 50% em 2013 para 97,12% em 2015 no serviço de
cobertura, porém não atingindo o grau de universalização do serviço.
Percebe-se que no ano de 2013 houve uma disparidade na porcentagem de atendimento
em relação aos outros anos. Tal fato pode ter ocorrido devido à ocorrência de possíveis erros
durante a aferição.
É importante ressaltar ainda, que os baixos valores encontrados para população atendida
se devem à contabilização dessa população se limitar à área urbana, que é minoria no caso de
Porto Acre.

4.2.2 Consumo Per Capita

No ano de 2016, foram produzidos, no município de Porto Acre, 457.190 m³ de água,


contabilizando aproximadamente a produção de 306 litros de água por habitante por dia, e deste
valor são consumidos 141,47 litros de água por habitante por dia. O consumo do município está
abaixo do consumo médio do estado, que atingiu 159,7 l/hab.dia no ano de 2016, e do Brasil,
que foi de 154,1 l/hab.dia, segundo o Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos.
A Figura 4.9 mostra a evolução do consumo e produção per capita do município no
período de 2010 a 2016.

400

350

300
Litros/Hab. Dia

250

200

150

100

50

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Produção per capita Consumo Per Capita

Figura 19 – Comparação entre Consumo e Produção Per Capita.


Fonte: Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) – Série Histórica, 2018 (Adaptado).
48
4 – Resultados e Discussões

É possível notar uma diferença entre produção e consumo, principalmente em relação


aos valores dos anos de 2010, 2015 e 2016. Isso pode ser reflexo das perdas de águas que
aconteceram no sistema de abastecimento do município nesses períodos. Além disso, não é
notada uma variação considerável no consumo per capita do município, o que é notável
considerando o crescimento do consumo em todo Brasil mesmo com as diversas crises hídricas
que vêm acontecendo. Ademais, considerando os anos de 2010 a 2016, o consumo diário
ultrapassa a recomendação mínima da Organização Mundial da Saúde de 110 litros por dia.

4.2.3 Índices de Perdas

A figura 4.10 mostra a evolução dos índices de perdas no município. Estes índices
representam a porcentagem de água que se perde no decorrer das redes de distribuição, ou que
não é faturada. As perdas podem ser ocasionadas basicamente por ligações clandestinas, falhas
na medição, e vazamento nas redes. No ano de 2016, Porto Acre apresentou o índice de perdas
abaixo da média do estado (61,1%) e bem acima do Brasil (38,1%), segundo o Diagnóstico dos
Serviços de Água e Esgotos – 2016. Porém, ainda há uma perda de aproximadamente metade
da água produzida.

60

50

40
Percentagem

30

20

10

0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

IPF IPD

Figura 20 – Comparação entre as Perdas na distribuição e no faturamento.


Fonte: Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) – Série Histórica, 2018 (Adaptado).
49
4 – Resultados e Discussões

Observa-se que os índices de perdas de faturamento e na distribuição em 2010 foram


respectivamente de 55,93% e 41,9% para 27,21% em 2012 e retomando a mesma porcentagem
em 2014. Isso representou um avanço, pois com a diminuição das perdas de faturamento, os
benefícios esperados são de aumento da receita (com a redução das perdas comercias) e
diminuição de custos (com diminuição das perdas físicas), o que significa ganhos financeiros
para os operadores.
As perdas na distribuição representam o volume de água que é tratado e não chega aos
consumidores. A minimização desse índice, observada na figura anterior, possibilitou menos
gastos com tratamento e menos água captada dos mananciais. Desse modo, pode-se analisar
que houve, possivelmente, a diminuição dos gastos, com essas atividades mais custosas, para
os gestores do SAA no município e aumento da disponibilidade hídrica para os usuários.
Com esses indicadores, apesar de serem computados de maneira diferente, tem-se a
intuição de que se uma cidade é eficiente na distribuição de água, deve possuir indicadores
baixos de perdas de faturamento e distribuição, fato que não ocorre nos anos de 2013, 2014,
2015 e 2016.
Com a figura 4.10, é possível perceber a existência de uma tendência de redução do
índice de perdas, do ano de 2010 a 2012, porém percebe-se que a partir do ano de 2013 ocorreu
uma aumento significativo destes índices, o que leva a concluir o aparecimento de possíveis
problemas no sistema, como aumento de vazamentos nas redes de distribuição e adutoras,
ligações clandestinas que desviam toda ou parcialmente a água que deveria ser faturada, além
de erros na medição devido ao uso errôneo dos medidores ou falta de manutenção dos mesmos.
Através da sobreposição dos índices, é possível analisar ainda, que além da quantidade
da água distribuída sofrer redução e a quantidade que chega aos usuários finais, cerca de 30%
a 55%, não é faturada, ou seja, é possível ter-se uma visão sobre o que a concessionária está
produzindo e não consegue faturar.
Por fim, através destes índices, o sistema pode ser classificado quanto à sua
funcionalidade em: péssimas condições, condições intermediárias e boas condições com relação
às perdas. De acordo com Tsutiya (2006), índices superiores a 40% representam más condições
do sistema quanto às perdas. Numa condição intermediária, estariam os sistemas com índices
de perda entre 40% e 25%, e valores abaixo de 25% indicam sistema com bom gerenciamento
de perdas. Portanto, de maneiro geral, o sistema pôde ser classificado como regular entre os
anos de 2011 a 2014 e como ruim nos outros anos restantes.
50
4 – Resultados e Discussões

4.3 QUALIDADE DO SERVIÇO DE ACORDO COM OS USUÁRIOS

A análise da qualidade do serviço de distribuição de água foi medida de acordo com o


questionário cedido pelo PMSB, 2018 – PA, o qual foi aplicado à 113 usuários do sistema de
abastecimento de água de Porto Acre, de forma aleatória, no mês de setembro de 2017. Os
resultados mais relevantes serão apresentados a seguir.
Primeiramente, na Figura 4.11, pode-se perceber que mais da metade dos entrevistados
não utilizam água de origem da rede pública, dessa forma eles recorreram à poços rasos como
forma de obtenção de água pra seu abastecimento. O restante dos entrevistados utiliza poços
profundos, cerca de 25% e ainda 23% dos entrevistados utilizam, possivelmente, poços e a rede
pública de abastecimento de água.

Superficial
0%
Mista
23%
Poço Raso
52%

Poço
profundo
25%

Figura 21 – Origem da água de abastecimento.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).

A maioria dos moradores entrevistados informaram que a quantidade de água fornecida


pela rede pública ou captada por eles, por meio dos poços, é suficiente durante todo o ano,
Figura 4.12. Porém, 34% alegam não receberem a quantidade necessária para suprir suas
necessidades e ainda 14% não souberam informar. Desse modo, observa-se que o serviço
público não consegue atender a maioria de seus consumidores, fazendo com esses recorram a
outras fontes.
51
4 – Resultados e Discussões

Não sei
23%
Sim
52%

Não
25%

Figura 22 – Suficiência da quantidade de água.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).

Na Figura 4.13, nota-se que 52% dos entrevistados, podendo eles serem usuários da rede
pública ou de poços particulares, acharam que a fonte de abastecimento de água apresentou
mudanças significativas na sua vazão, tanto em período de cheia dos mananciais quanto no
período do verão amazônico, já 34% acharam o contrário. Devido a isso, durante o verão
amazônico, percebe-se a necessidade de atualização ou otimização dos sistemas de captação de
água, por se tratar de um período de poucas precipitações, falta de água e quando ocorre o
rebaixamento do nível de água do aquífero, devido à explosão da água subterrânea ser superior
a capacidade de recarga natural, fazendo com que os poços da região tenham uma redução do
volume de água neles disponíveis, em cerca de 50%, que por sua vez implicará na redução da
vazão.

Não sei
14%

Sim
52%
Não
34%

Figura 23 – Mudança na vazão da fonte de abastecimento.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).
52
4 – Resultados e Discussões

Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados não perceberam mudanças


significativas na qualidade da água, provenientes da rede pública ou dos poços, enquanto 25%
ditam o contrário, conforme figura 4.14. Dessa maneira, por mais que a maioria tenha uma
opinião boa sobre a qualidade da água, essa resposta deriva apenas de uma observação sensorial.
É preciso uma análise laboratorial para se avaliar a qualidade dessa água para consumo humano.

Não sei Sim


23% 25%

Não
52%

Figura 24 – Mudança na qualidade da água.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).

Sobre o lançamento de esgoto próximo à fonte de captação de água, 52% responderam


que não há esgoto sendo lançado nas proximidades desses locais e o restante não soube
responder se existe tal lançamento, conforme Figura 4.15.

Sim
0%

Não
52%
Não sei
‘ 48%

Figura 25 – Lançamento de esgoto próximo ao local de captação de água.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).
53
4 – Resultados e Discussões

Em relação ao tipo de tratamento adotado para a água de abastecimento, 67% dos


entrevistados responderem que a água passa apenas por uma única etapa de tratamento que a é
desinfecção, através do processo da cloração. Já 13% afirmaram que a água passa por um
tratamento não convencional e 20% não souberam informar por qual tipo de tratamento a água
é submetida, como pode ser visto na figura 4.16. Com isso, pode-se supor que a água captada é
de qualidade relativamente boa, visto que são oriundas de mananciais subterrâneos e não
necessitam de um tratamento mais complexo. Desse modo a cloração se constituiu no processo
mais comum, econômico e eficiente para produção de água de boa qualidade.

Não sei dizer


20%

Não Desinfeccção
convencional (Cloração)
13% 67%

Figura 26 – Tipo de tratamento adotado.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).

Quando perguntados do principal desafio em termos de abastecimento de água, 35%


afirmaram se tratar do armazenamento da água captada, enquanto o restante pontuou casos
como encanação quebrada e deficiência no tratamento de água, já 11% responderam não haver
nenhum problema no abastecimento de água, conforme mostra a Figura 4.17. Com isso, vê-se
que o sistema não está tendo as devidas manutenções.
54
4 – Resultados e Discussões

Nenhum, a
água vem
normalmente
Armazenamento 11%
de água
35% Tratamento
de Água
20%

Encanacao
quebrada
34%

Figura 27 – Principais desafios em termos de abastecimento de água.


Fonte: Elaborado pelo autor a partir das informações dos questionários (2018).

4.4 POSSIVÉIS SOLUÇÕES

Conforme foi exposto anteriormente, serão recomendadas soluções que podem ser
adotadas para os principais problemas no sistema de abastecimento de água.
Uma das principais dificuldades encontradas foi que nem todos os moradores
entrevistados utilizavam água de origem da rede pública, isso fez com que eles recorressem à
construção de poços pra suprir suas necessidades, demandando recursos próprios. Nesse
aspecto, pode-se analisar a ampliação das unidades do sistema de abastecimento, para que atinja
o restante da população da cidade que ainda não usufrui da rede pública.
Quanto às mudanças significativas na vazão e insuficiência da quantidade de água, há
possiblidade da realização de um estudo acerca da definição de uma nova área de captação de
água, visto que existem mananciais próximo ao local de estudo, como o Rio Acre, portanto
viabilizando tal ação. Caso tal solução mostre-se inviável, pode-se adotar a construção de um
açude para reservação de água (Figura 4.18), como está sendo realizado na Vila do V, para
atender principalmente no período de estiagem. Além disso, deve ser realizada uma pesquisa
para caracterizar o consumo da população a fim de que os dimensionamentos atendam às
necessidades diárias dos moradores.
55
4 – Resultados e Discussões

Figura 28 – Construção de açude.


Fonte: Própria (2018).

Em relação à mudança na qualidade da água observada pelos entrevistados, essa pode


ser melhorada a partir do monitoramento com vistas a conhecer sua qualidade nas diversas
partes do sistema por meio de análises físico-químicas. Além das análises da água, podem ser
adotadas medidas de proteção dos mananciais, controle dos processos de tratamento, proteção
e conservação dos reservatórios e operação de manutenção da rede de distribuição.
No entanto, o ponto considerado mais desafiador para os moradores entrevistados, em
termos de abastecimento de água na área urbana de Porto Acre, foi o armazenamento da água
captada.
Em um primeiro momento, poder-se-ia considerar a construção de outro reservatório,
ou a reforma do reservatório elevado existente, visto que este se encontra com sua capacidade
reduzida devido a presença de fissuras, ou como medida paliativa, pode-se realizar a ativação
do reservatório apoiado existente no município (Figura 4.19).
56
4 – Resultados e Discussões

Figura 29 – Reservatório apoiado.


Fonte: Própria (2018).

Já em relação a “encanação quebrada”, o segundo problema mais relatados pelos


entrevistados, pode-se analisar a realização do diagnóstico dos pontos vulneráveis na rede de
distribuição, a substituição dos trechos destes e dos ramais mais antigos pois com o passar do
tempo de utilização, as tubulações apresentam patologias como diminuição de diâmetro efetivo
por acúmulo de solos incrustados nas paredes dos tubos, e ocorre o aparecimento de pontos em
que o material sofre processo de corrosão. Tais problemas influenciam para o aumento de
ocorrências de vazamentos.
Uma possível solução para o controle de perdas, pode ser feito com uma manutenção
regular dos hidrômetros e com a reposição dos mesmos, com a troca das tubulações mais antigas
do município e com a fiscalização das ligações clandestinas. Outras possíveis soluções estão
apontadas no item 2.3.1.7 deste trabalho.
É importante salientar que durante a elaboração deste trabalho, constatou-se a existência
de uma obra de construção de uma nova ETA, que possuirá um reservatório elevado com 100
m³ de capacidade e um apoiado com 200 m³, sendo estes alocados no mesmo terreno da ETA,
adutora de água bruta com cerca de 1800 metros de extensão e tubulação com 150 mm em
FoFo, rede de distribuição com tubulações em PVC e diâmetros variando de 60 mm a 150 mm.
Este projeto tem por objetivo o abastecimento da área urbana que atualmente encontra-se sem
a presença de rede de abastecimento de água.
57
4 – Resultados e Discussões

Todavia, esta obra não foi levada em consideração durante o estudo, visto que se
encontra em estado de paralisação, sem previsão de retorno e conclusão. Logo, para a definição
das soluções apontadas considerou-se apenas o sistema de abastecimento de água existente até
a data de conclusão deste trabalho.
CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES

CONCLUSÃO

Com base nos estudos realizados acerca do sistema de abastecimento de água da área
urbana de Porto Acre, foi possível observar algumas melhorias e os retrocessos que esse sistema
sofreu nos últimos anos. Pequenos avanços ocorreram desde a sua criação, no entanto, o sistema
ainda se encontra em estado deficiente, principalmente à limitada
manutenção/acompanhamento do sistema.
Após visitas ao local de estudo e levantamento de dados, viu-se que o local não é
abastecido 100% pela rede pública, embora o nível de universalização dos serviços de
abastecimento foi o índice que mais avançou no município a 100% de cobertura. Porém, este
índice representa apenas uma parte da população urbana do município, cerca de 2.000 pessoas,
não representando, portanto, o número total de habitantes. Durante o período de realização do
estudo, ainda existem domicílios que não recebem esse serviço, fazendo com que os moradores
recorram à outras fontes de abastecimento.
Essa deficiência na cobertura, impõe a população sofrer os reflexos da baixa qualidade
do SAA de Porto Acre, sabendo que o fornecimento de água potável apresenta significativa
importância para o desenvolvimento socioeconômico da cidade, influenciando diretamente na
qualidade de vida da população abastecida.
A má qualidade do serviço prestado não se justifica, pois, a cidade possui características
propícias para a existência de um adequado SAA, visto que é possível encontrar um manancial
relativamente próximo aos pontos de distribuição, com qualidade, vazão e relevo adequado.
Os índices de perdas estão diretamente associados à qualidade da infraestrutura e da
gestão do sistema. O valor estimado de perdas de água no sistema de distribuição municipal
para o ano de 2016 foi de 56%.
Por si só estes índices de perdas elevados demostram a necessidade de a concessionária
atuar em ações para a melhoria da gestão e sustentabilidade da prestação de serviços, a
modernização dos seus sistemas. Para estabelecer ações continuas de redução e controle de
perdas é de suma importância ter em mãos informações claras e fidedignas, com as do
Diagnostico dos Serviços de Água e Esgotos com base em dados do Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento, que propiciam as perdas no município e, posteriormente
orientar a definição de ações de combate às mesmas.
59
Conclusão e Recomendações

RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS TRABALHOS

Com base nos resultados desse trabalho, é possível propor sugestões para novos estudos
relativos ao sistema de abastecimento de água, como por exemplo:
• Analisar a possibilidade de outros mananciais servirem como principal fornecedor do
sistema;
• Verificar os impactos que a ineficiência do sistema de abastecimento causa na saúde
pública.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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abastecimento de água: diagnóstico, potencial de ganhos com sua redução e propostas de
medidas para o efetivo combate. São Paulo, SP, 2013.

______. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental. Controle e redução de


perdas nos sistemas públicos de abastecimento de água: posicionamento e contribuições
técnicas da ABES. São Paulo, SP, 2015.

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Porto Acre, AC, 2018. Disponível em: <http://www.portoacre.ac.gov.br/dados-municipio>.
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AZEVEDO NETTO, J. M.; FERNANDEZ, M. F.; ARAUJO, R.; ITO, A. E.; Manual de
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condições padrões de lançamento de efluentes e dá outras providências. Disponível
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