Você está na página 1de 78

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO NÚCLEO DE GEOPROCESSAMENTO


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

JOÃO PAULO OLIVEIRA

DIMENSIONAMENTO DA BACIA DE DETENÇÃO DO


LOTEAMENTO PARQUE VERDE, BAURU (SP) - ESTUDO DE
CASO

SÃO CARLOS -SP


2020
JOÃO PAULO OLIVEIRA

TÍTULO: DIMENSIONAMENTO DA BACIA DE DETENÇÃO DO LOTEAMENTO PARQUE


VERDE, BAURU (SP) - ESTUDO DE CASO

Trabalho de conclusão de curso


apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Gestão em Infraestrutura
Urbana, ao Departamento de Engenharia
Civil da Universidade Federal de São
Carlos, para obtenção do título de
especialista em infraestrutura urbana.

Orientador: Prof. Dr. Erich Kellner

São Carlos-SP
2020
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

Centro de Ciências Exatas e Tecnologia


Programa de Pós-Graduação em Gestão em Infraestrutura Urbana

Folha de aprovação

Assinatura dos membros da comissão examinadora que avaliou e aprovou a Defesa de Pós
Graduação do candidato João Paulo Oliveira, realizada em / / :

___________________________________________________________________
Nome
Instituição

___________________________________________________________________
Nome
Instituição

___________________________________________________________________
Nome
Instituição
DEDICATÓRIA
Á esposa Karina, que com paciência e carinho foram importantíssimos nesse processo de
especialização na Pós Graduação.
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, Jeová, pela ajuda em momentos difíceis no caminho até a conclusão.

A empresa Geoplan Topografia que contribui em muitos aspectos para a realização deste
trabalho e da vida professional do aluno.

Aos colegas que contribuíram com sua expertise durante as aulas.


“Se você não pode explicar algo de forma simples, então você não entendeu muito bem o
que tem a dizer” – Albert Einstein
RESUMO

O Brasil possui sistema de coleta de esgoto em apenas 50% dos domicílios, e desse
volume apenas 50% são tratados. De cima, abaixo, na cadeia de hierarquia, União, Estados
e Municípios, lutam para melhorar o saneamento básico. O município de Bauru, interior do
Estado, é um dos muitos que ainda engatinham quanto ao tratamento de esgoto. Para
resolver essa questão, ela está construindo uma estação de tratamento de esgoto, que
deverá tratar todo o volume captado do município.

Enquanto ainda nos esforçamos para resolver o tratamento de esgoto, o município de


Bauru, por meio de diretrizes municipais, solicita o tratamento das águas pluviais nos
empreendimentos localizados nas Áreas de Proteção Ambiental. Esse trabalho objetiva
esclarecer as solicitações do município e definir metodologias para melhor entendimento dos
objetivos e metas a serem alcançados por meio do tratamento das águas pluviais. Para isso
precisaremos caminhar por três áreas do saneamento – água potável, esgoto sanitário e
drenagem de águas pluviais – sendo este último, o ponto principal.
Este trabalho baseou-se em um estudo de caso da implantação de uma bacia de
detenção em um conjunto habitacional na cidade de Bauru (SP). O conjunto habitacional
possui área total de 488.840,00 m² sendo 146.658,36 m² de área permeável. Estimou-se que
o tempo de concentração da bacia drenada foi de 10 minutos e que a vazão máxima gerada
pelo escoamento superficial direto foi de 12,315 m³/s. A somatória das bacias de detenção
dimensionadas para o estudo de caso possui capacidade de armazenamento de 10.247,00
m³, com 2,00 m de profundidade média e 2.500,00 m² de área média. Estimou-se que tal
dispositivo permite a remoção de até 61% de sólidos suspensos totais (TSS).

Palavras-chave: drenagem urbana, bacia de detenção, dimensionamento


ABSTRACT

Brazil has a sewage collection system in only 50% of households, and of this volume
only 50% are treated. From above, below, in the hierarchy chain, the Union, States and
Municipalities, fight to improve basic sanitation. The municipality of Bauru, in the interior of the
state, is one of the many that still crawled on sewage treatment. To solve this issue, she is
building a sewage treatment plant, which should treat all the volume captured from the
municipality.
While we are still striving to solve sewage treatment, the municipality of Bauru, through
municipal guidelines, requests the treatment of rainwater in the projects located in the
Environmental Protection Areas. This work aims to clarify the requests of the municipality and
define methodologies to better understand the objectives and goals to be achieved through
the treatment of rainwater. For this we will need to walk through three areas of sanitation –
drinking water, sewage and rainwater drainage – the latter being the main point.
This work was based on a case study of the implementation of a detention basin in
a housing development in the city of Bauru (SP). The housing complex has a total area of
488,840.00 m² with 146,658.36 m² of permeable area. Calculate if the concentration time of
the drained basin was 10 minutes and that the maximum leakage generated by the direct
runoff was 12,315 m³ / s. A sum of the detention basins dimensioned for the case study has a
storage capacity of 10,247.00 m³, with 2.00 m of average depth and 2,500.00 m² of average
area. The device allows to estimate up to 61% of total suspension (TSS).

Keywords: urban drainage, detention basin, dimensioning


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Ilustração das fontes de captação de água potável em Bauru ............................. 16


Figura 2. Plano de Manejo da APA Municipal Água Parada – Zoneamento ....................... 18
Figura 3. Localização da APA Água Parada em relação a cidade. ..................................... 19
Figura 4. Ilustração das várias fontes de poluição que podem ser carregados pelas águas
pluviais até o corpo d’água após um evento de precipitação ............................................... 22
Figura 5. Amostras da água do corpo d’agua a partir do início da chuva e ao decorrer de
algum tempo ......................................................................................................................... 23
Figura 6. Níveis estratégicos para o bom tratamento de águas pluviais.............................. 25
Figura 7. Bacia de detenção estendida vazia (acima) e após evento de precipitação
(abaixo). ................................................................................................................................ 27
Figura 8 - Bacia de detenção A ............................................................................................ 38
Figura 9 - Bacia de detenção B ............................................................................................ 38
Figura 10- Bacia de detenção C .......................................................................................... 39
Figura 11 - Ilustração do tronco de pirâmide ....................................................................... 43
Figura 12: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU) ........... 60
Figura 13: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU) ........... 61
Figura 14: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU) ........... 62
Figura 15: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU) ........... 63
Figura 16: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO BACIA DE
DISSIPAÇÃO POR RESSALTO HIDRÁULICO) ................................................................. 64
Figura 17. Planta com caminhamento da bacia de detenção ao corpo d’água ................... 71
Figura 18. Corte Bacia A com detalhe para volume de detenção estendido (azul mais
escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro) ................................... 72
Figura 19. Detalhes do extravasor tulipa (monge) ............................................................... 72
Figura 20. Corte do dissipador da Bacia A .......................................................................... 73
Figura 21. Planta do dissipador da Bacia A ......................................................................... 73
Figura 22. Corte Bacia B com detalhe para volume de detenção estendido (azul mais
escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro) ................................... 74
Figura 23. Detalhes do extravasor tulipa (monge) ............................................................... 74
Figura 24. Corte do dissipador da Bacia B .......................................................................... 75
Figura 25. Planta do dissipador da Bacia B ......................................................................... 75
Figura 26. Corte Bacia C com detalhe para volume de detenção estendido (azul mais
escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro) ................................... 76
Figura 27. Detalhes do extravasor tulipa (monge) ............................................................... 76
Figura 28. Corte do dissipador da Bacia C .......................................................................... 77
Figura 29. Planta do dissipador da Bacia C ......................................................................... 77
Figura 30. Detalhes dos dissipadores .................................................................................. 78
Figura 31. Detalhe colchão Reno e dreno de fundo da bacia .............................................. 78
LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Probabilidade de períodos de retorno. ................................................................. 28


Tabela 2. Período de Retorno. ............................................................................................. 28
Tabela 3. Valores recomendados para o Coeficiente de Deflúvio. ...................................... 30
Tabela 4. Coeficiente de Rugosidade de Manning (n). ........................................................ 32
Tabela 5. Média Ponderada dos Coeficientes de Deflúvio. .................................................. 36
Tabela 6. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 01 .................................. 48
Tabela 7. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 02 .................................. 52
Tabela 8. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 03 .................................. 57
Tabela 9. Demonstração da redução de poluentes .............................................................. 67
1. SUMÁRIO

1. OBJETIVOS 14
1.1. OBJETIVO GERAL 14
1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS 14
2. INTRODUÇÃO 15
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
4. REVISÃO DE LITERATURA 22
5. MATERIAIS E MÉTODOS 26
5.1. VOLUME PARA MELHORIA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS PLUVIAIS (WQv) 26
5.2. BACIA DE DETENÇÃO ESTENDIDA 27
5.3. PERÍODO DE RETORNO 28
5.4. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO 29
5.5. INTENSIDADE DA CHUVA DE PROJETO 29
5.6. COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL 30
5.6.1. Coeficiente de escoamento superficial – antes da urbanização 30
5.6.2. Coeficiente de escoamento superficial – depois da urbanização 30
5.7. MÉTODO RACIONAL 31
5.8. RAIO HIDRÁULICO 31
5.9. DECLIVIDADE MÉDIA 31
5.10. RUGOSIDADE 32
5.11. DISSIPADOR DE ENERGIA 32
6. ESTUDO DE CASO – LOTEAMENTO PARQUE VERDE NO MUNICÍPIO DE BAURU 34
6.1. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “A” E BACIA “D” 34
6.2. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “B” 35
6.3. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “C” 35
6.4. COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL DE PROJETO 36
6.5. BACIA DE DETENÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS 37
6.6. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO DESEJADO 39
6.6.1. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “A” 39
6.6.2. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “B” 40
6.6.3. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “C” 41
6.7. CÁLCULO DO VOLUME PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS 42
6.8. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV)- BACIA “A” 42
6.9. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV) - BACIA “B” 42
6.10. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV) - BACIA “C” 43
6.11. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO (TALUDES/TRONCO DE PIRAMIDE) 43
6.11.1. Cálculo do volume de detenção – Bacia “A” 43
6.11.2. Cálculo do volume de detenção – Bacia “B” 44
6.11.3. Cálculo do volume de detenção – Bacia “C” 45
6.12. EXTRAVASOR (CAIXA TULIPA) 45
6.12.1. Dimensionamento Caixa Tulipa 01 46
6.12.1.1. Extravasor Inferior e Intermediário 46
6.12.1.2. Extravasor Superior 49
6.12.2. Dimensionamento Caixa Tulipa 02 50
6.12.2.1. Extravasor Inferior e Intermediário 50
6.12.2.2. Extravasor Superior 53
6.12.3. Dimensionamento Caixa Tulipa 03 54
6.12.3.1. Extravasor Inferior e Intermediário 54
6.12.3.2. Extravasor Superior 58
6.13. DISSIPADORES DE ENERGIA 59
6.13.1. Dissipador 01 60
6.13.2. Dissipador 02 61
6.13.3. Dissipador 03 62
6.13.4. Dissipador 04 63
6.13.5. Dissipador 05 64
7. RESULTADOS E DISCUSSÓES 65
8. CONCLUSÕES 68
9. REFERÊNCIAS 69
10. ANEXO A – PLANTA BACIAS A, B, C e LANÇAMENTO 71
11. ANEXO B – DETALHES BACIA A 72
12. ANEXO C – DETALHES BACIA B 74
13. ANEXO C – DETALHES BACIA C 76
14. ANEXO D – DETALHES ADICIONAIS DA BACIA 78
14

1. OBJETIVOS

1.1. OBJETIVO GERAL

O objetivo principal deste trabalho é apresentar os dados relativos ao projeto


da bacia de detenção com volume estendido do Loteamento Parque Verde.
Apresentar os resultados obtidos e metodologia específica para o
dimensionamento da bacia.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Uma vez definido o tema do trabalho e seu objetivo geral, podemos salientar
alguns objetivos específicos que nortearão este trabalho.
• Entender a necessidade específica do projeto a ser apresentado.
• Analisar as exigências municipais para apresentar as soluções para o
dimensionamento da bacia de detenção.
• Elaborar parâmetros de projeto para subsidiar futuros projetos da mesma
temática.
15

2. INTRODUÇÃO

A história do município de Bauru remonta a segunda metade do século 19,


onde podemos citar como evento marcante a data de 1º de Agosto de 1896, quando
o então governador (na época chamado presidente) do Estado de São Paulo,
sancionou a lei que mudou o nome do município de Fortaleza para Bauru.
A partir de 1912 a cidade passou a contar efetivamente com abastecimento de
água, quando foi construído o primeiro reservatório, nas esquinas das Ruas Antônio
Alves com Cussy Junior (antiga sede do Bauru Tênis Clube). No início da década de
1920, objetivando melhorias no fornecimento de água em Bauru, os serviços foram
concedidos pelo então prefeito Octávio Pinheiro Brisola à firma “Barros, Oliva & Co.
Ltda.” de São Paulo, para o aproveitamento do Córrego Vargem Limpa. No dia 19 de
abril de 1942 o serviço de Captação de água da Vargem Limpa foi desativado, dando
lugar à Captação do Rio Batalha e à Estação de Tratamento de Água, que atualmente
produz aproximadamente 520 litros de água por segundo.
Desde a da Lei nº 1.006, de 24 de dezembro de 1962, regulamentada pelo
prefeito Irineu Bastos, a autarquia denominada Departamento de Água e Esgoto de
Bauru (DAE) passou a ser o órgão municipal responsável por gerir, administrar e
desenvolver os serviços públicos de água e esgoto na cidade. Bauru possui hoje 34
poços profundos (mananciais subterrâneos), sendo 28 poços em diversos bairros, um
no distrito de Tibiriçá e outro poço na Captação do Batalha, além da Estação de
Tratamento de Água. Essas unidades produzem mais de 2.000.000 m3/mês e
abastecem em torno de 62% da população. A Captação do Batalha (manancial
superficial) é responsável pelo abastecimento de aproximadamente 38% dos
bauruenses.
Em matéria publicada pelo JCNET, editorial eletrônico do Jornal da Cidade,
em 26 de setembro de 2011, uma entrevista com o diretor do Centro de Pesquisas
de Água Subterrânea do Instituto de Geociências da USP, Ricardo Hirata, trouxe
atenção a situação futura do abastecimento do município. Como ele explica “a
população da cidade ‘pisa em cima’ de uma grande camada de basalto, uma rocha
impermeável que protege o Guarani da poluição. Só que em Bauru esse basalto não
é contínuo, ele tem algumas falhas, alguns buracos...Bauru tem essa característica
que em quantidade de água pode ser benéfica, mas, ao mesmo tempo, esses
16

buracos se tornam áreas de fragilidade já que colocam o aquífero em exposição junto


à contaminação”.

Figura 1. Ilustração das fontes de captação de água potável em Bauru

Com esse quadro geral da situação da água potável no município de Bauru,


chegamos ao ponto onde foi estabelecido o tema deste trabalho, manejo e tratamento
das águas pluviais nas Áreas de Proteção Ambiental, mais especificamente na APA
do Córrego Água Parada.
17

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A APA Municipal Água Parada é uma unidade de uso sustentável, criada pelo
inciso III do parágrafo único do artigo 19 da Lei Municipal n. º 4.126, de 12 de setembro
de 1996, ampliada e regulamentada pela Lei Municipal nº. 4.704, de 18 de julho de
2001. Com uma área territorial de aproximadamente 34.800 ha, ocupa 51,78 % do
município de Bauru, região central do Estado de São Paulo. Abrange toda a bacia
hidrográfica do Córrego da Água Parada, afluente do Rio Batalha. Sua área se
sobrepõe a APA Estadual do Rio Batalha e em seu interior ainda se encontra a
Estação Ecologia Estadual Sebastião Aleixo da Silva. A APA Municipal, conforme
artigo 2 da Lei Municipal n.º 4.704, de 18 de julho de 2001, é a Unidade de
Conservação municipal, destinada a proteger e conservar a qualidade ambiental de
uma importante bacia hidrográfica do município de Bauru, como finalidade de garantir
a quantidade e a qualidade da água deste manancial para o futuro abastecimento
público e ainda objetivando a proteção dos ecossistemas nela incluídos.
Durante muitos anos a APA foi objeto de intensos debates, uma vez que, o seu
Plano de Manejo proibia o parcelamento para fins urbanos e muitas atividades
consideradas essenciais para a instalação de indústrias ou exploração das
propriedades. Figura 2. Isso se dava principalmente porque o limite da APA conflitava
com a plena expansão da cidade. Figura 3.
.
18

Figura 2. Plano de Manejo da APA Municipal Água Parada – Zoneamento


19

Figura 3. Localização da APA Água Parada em relação a cidade.


20

Porém, em 29 de dezembro de 2017 foi criado o grupo de estudo de revisão


do Plano de Manejo da APA Água Parada pelo Decreto nº 13.651/2017. Após a
confecção do Estudo Prévio de Revisão do Zoneamento e da Portaria do Plano de
Manejo, o resultado foi apresentado ao Conselho Gestor da APA da Água Parada, ao
CONDEMA e ao Conselho do Município de Bauru

Foi realizada Audiência Pública em 25/05/2018 no Centro Rural de Tibiriçá,


com a presença de representantes do poder público municipal, moradores da área de
proteção e demais interessados.

Em 14/06/2018 foi publicada a Portaria SEMMA nº 47/2018 que estabelece e


regulamenta a primeira revisão do Plano de Manejo da Área de Proteção Ambiental
Municipal Água Parada, criada pela Lei nº 4.126/1996 e denominada e ampliada pela
Lei Municipal nº 4.704, de 18 de julho de 2001 regulamentando a Lei Municipal nº
5.631, de 22 de agosto de 2008 que institui o Plano Diretor Participativo do Município
de Bauru.

Nesta revisão foram criadas Zonas de Uso Sustentável, onde seria possível,
com restrições e exigências especificas, o parcelamento do solo para fins urbanos.
Dentre essas restrições, citamos o Art.º 7 parágrafo I, citado na integra abaixo:

I- Para toda e qualquer atividade industrial, comercial, de


serviço, parcelamento do solo e possíveis regularizações fundiárias,
exercidas na APA Municipal Água Parada, é obrigatório a execução
de obras e sistemas para contenção, retenção e controle de águas
pluviais, considerando a vazão de restrição e o conceito de “impacto
zero”, sendo obrigatório o tratamento da água de drenagem antes
do lançamento dos corpos d’água e nas redes existentes, sendo
que estas obras não poderão ser construídas em áreas públicas
destinadas a sistema de lazer, áreas verdes e APPs e demais áreas
protegidas que são consideradas incompatíveis com esse uso para
efeito desta regulamentação.
21

Faz-se necessário entender o que o Plano de Manejo pretendia ao mencionar


“impacto zero” e “tratamento da água de drenagem”, pois ambos os termos podem
levar a entender a exigência de tratamentos primários, secundários e terciários assim
como é feito na rede de esgoto. Caso seja esse o objetivo, esbarra-se em fatores
determinantes como a execução, manutenção e operação desse sistema, uma vez
que, o município não dispõe nem de tratamento de esgoto, e partiremos para o
tratamento das águas pluviais.
Foram feitas então reuniões com o corpo técnico do município, nas Secretarias
de Obras e Planejamento, visando entender os objetivos do Plano, e entender até
que ponto seria feito o tratamento das águas pluviais. Nessas reuniões ficou claro que
a preocupação do município é justamente aquela mencionado na introdução deste
trabalho e está relacionada a exploração do corpo d’água, Ribeirão Água Parada,
para abastecimento municipal. Isso provavelmente não deve ocorrer nos próximos
anos ou até décadas, mas o Plano de Manejo pretende minimizar eventuais impactos
no córrego causados pela instalação de parcelamentos do solo na APA, e seus
respectivos lançamentos das águas pluviais.
Partindo desse pressuposto discutiremos a partir daqui, quais são os fatores
envolvidos num projeto de drenagem de águas pluviais e claro, seu lançamento no
corpo d’água, quais métodos são utilizados para realizar o tratamento de águas
pluviais em alguns lugares, e qual método adotaremos no município e no estudo de
caso objeto deste trabalho.
22

4. REVISÃO DE LITERATURA

Existem dois tipos de poluição: pontual e difusa. No primeiro tipo, podemos


mencionar uma cidade que lança seus efluentes num curso d’agua através de uma
única tubulação, temos ali uma poluição pontual. Quando a poluição não pode ser
identificada e cobre uma área extensa, como aquela provinda das chuvas em uma
cidade que molham os telhados, os jardins, as ruas, levando consigo uma infinidade
de poluentes para os cursos d’água, neste caso, temos a poluição difusa. (TOMAZ,
2006)
A poluição difusa é complexa e provém de diversas fontes, tais como freios de
automóveis, resíduos de pneus, resíduos de pinturas em geral, fezes de animais,
resíduos de ferro, zinco, cobre e alumínio de materiais de construção, deposição seca
e úmida de particulados de hidrocarbonetos, restos de vegetação, derramamentos,
erosão fuligem, poeira, enxofre, metais, pesticidas, nitritos e nitratos, cloretos,
fluoretos silicatos, cinzas, compostos químicos e resíduos sólidos, entre outros.

Figura 4. Ilustração das várias fontes de poluição que podem ser carregados pelas
águas pluviais até o corpo d’água após um evento de precipitação
Fonte: Tucci, 2005
23

A qualidade das águas do escoamento superficial gerada pela poluição difusa


fica evidente a partir do estudo de Porto (1995); Tomaz (2007) e Usepa (1977 apud
PORTO, 1995). Estes estudos mostraram o alto nível de poluição e contaminação em
córregos e rios urbanos. Este impacto é devido ao lançamento de todos os resíduos
da cidade nos corpos hídricos.
A Figura 5 apresenta uma série de amostras de água coletada a partir do início
da chuva conforme indicado pela seta, com uma coloração mais escura na seta
indicada e uma coloração mais clara nas demais amostras retiradas ao longo do
tempo e dispostas no sentido anti-horário. Essa Figura demonstra como a intensidade
da carga orgânica e de sedimentos no início do escoamento diminui ao longo do
tempo; porém, não significa uma melhora nos poluentes tóxicos, biológicos e
químicos. Aponta, portanto, para uma redução na carga de partículas sólidas e não
na carga de contaminantes (TUCCI, 2005).

Figura 5. Amostras da água do corpo d’agua a partir do início da chuva e ao


decorrer de algum tempo
Fonte: Tucci, 2005
24

Prodanoff (2005) aponta a necessidade da construção de bacias de retenção para


o controle da carga poluidora, que deverá ser tratada, evitando-se a contaminação
dos corpos hídricos. Este processo ameniza a poluição difusa e a poluição pontual
via drenagem pluvial.
Resultados de pesquisas conduzidas na década de 1970 concluíram que as
concentrações de poluentes tendem a ser muito mais altas no início da tempestade,
quando comparadas com o meio ou o final do evento (PRODANOFF, 2005). A
explicação mais comum é que se trata da remoção inicial do material acumulado no
período entre chuvas, quer sobre o solo quer no interior das canalizações,
significando que o pico do polutograma deve ocorrer, em muitos casos, antes do pico
das vazões.
Esse fenômeno de lavagem do acúmulo de material no início da precipitação é
chamado de carga de lavagem (em inglês, “first flush”). O objetivo é o controle da
poluição difusa em áreas urbanas através das BMPs (infiltração, filtração e detenção)
e isto se faz através do conceito de first flush quando se pretende deter o escoamento
superficial urbano para o controle da carga poluidora a ser lançada no corpo receptor.
(TOMAZ, 2006)
TOMAZ, 2006 menciona três maneiras de controlar a poluição difusa:
• Prevenir a entrada de poluentes no runoff
o Redução do tráfego de veículos
o Não jogar lixo na rua
o Não jogar óleos e graxas nas ruas
o Reduzir a população de cães e gatos ou fazer a limpeza logo após
o Limpeza pública eficiente
Essa prevenção é chamada de BMP não estrutural
• Aumentar as áreas permeáveis
o Principalmente no planejamento
o Infiltrar águas pluviais
Esse aumento de áreas permeáveis pode ser previsto na fase de planejamento,
e é também conhecido como BMP não estrutural.
• Tratar o runoff através de BMPs
Neste caso, antes das águas resultantes das precipitações atingirem o
corpo d’água devem ser utilizados técnicas de BMPs estruturais.
25

Na figura abaixo temos um exemplo das estratégias a serem adotadas.

ÁGUAS PLUVIAIS

POLUIÇÃO

CONTROLE NA FONTE

PAVIMENTO POROSO,
MODULAR, FAIXA DE
FILTROS GRAMADOS, etc.

ESTRUTURAS DE
CONTROLE, LAGOAS,
BACIAS

LANÇAMENTO DAS ÁGUAS


PLUVIAIS

Figura 6. Níveis estratégicos para o bom tratamento de águas pluviais.


Fonte: TOMAZ, 2006. Poluição difusa

Nesse processo de infiltração, filtração e detenção (BMP) do first flush


reduzimos os níveis de poluentes que chegam ao corpo d’água, reduzindo os
impactos das instalações urbanas como loteamentos.
26

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Uma vez compreendido a necessidade e conceito do tratamento das águas


pluviais, precisamos definir os métodos a serem adotados para melhoria das águas
pluviais. Utilizaremos neste estudo de caso o método abordado por Plinio Tomaz,
2006, método volumétrico WQv (volume para melhoria da qualidade das águas
pluviais).

5.1. VOLUME PARA MELHORIA DA QUALIDADE DAS ÁGUAS PLUVIAIS


(WQv)

O critério de dimensionamento de um reservatório para melhoria de qualidade


WQv para controle da poluição difusa especifica o volume de tratamento necessário
para remover uma parte significativa da carga de poluição total existente no
escoamento superficial das águas pluviais. (TOMAZ, 2006)
Este volume será dependente do first flush P e da área impermeável.
Usaremos a equações abaixo para achar o volume WQv, conforme SCHUELER,
(1987).

Rv = 0,05+0,009.AI
WQv=(P/1000).Rv.A
Sendo:
Rv = coeficiente volumétrico que depende da área impermeável (AI)
AI = área impermeável da bacia em porcentagem sendo AI>25%
A = área da bacia em m² sendo A < 100ha (1km²)
P = precipitação adotada (mm) sendo P>13mm. Adotamos P=25mm
WQv = volume para melhoria da qualidade das águas pluviais (m³)
27

5.2. BACIA DE DETENÇÃO ESTENDIDA

Fazer com que o volume WQv fique retido durante um período de 24 horas é
uma das maneiras de acentuar a melhoria da qualidade das águas pluviais. Após um
evento de precipitação, o reservatório é esvaziado lentamente durante esse período
até ficar completamente seco. Isso é o que se dá o nome de bacia de detenção
estendida (ED – extended detention), tendo principalmente a função de reter sólidos
maiores e permitir a sedimentação de sólido menores.

Figura 7. Bacia de detenção estendida vazia (acima) e após evento de


precipitação (abaixo).
Fonte: http://www.cbcs.org.br
28

5.3. PERÍODO DE RETORNO

O Período de Retorno (TR) de uma chuva ou de um pico de cheia está


diretamente relacionado com o grau de segurança que se deseja proporcionar aos
bens protegidos e, portanto, ao dimensionamento das obras. O quadro a seguir
demonstra a probabilidade de ocorrência de um evento hidrológico em função do
tempo de retorno.

Tabela 1. Probabilidade de períodos de retorno.

Fonte: DAEE, 1994.

Segundo o Manual de Cálculo de Vazões do Estado de São Paulo (DAEE,


1994), sugere-se a utilização de eventos hidrológicos com os períodos de retorno
conforme quadro abaixo:

Tabela 2. Período de Retorno.

Fonte: DAEE, 1994.


29

Neste estudo de caso utilizamos TR = 10 anos, para obras de micro drenagem


com tubulação de concreto armado e TR = 100 anos para verificação dos
extravasores tipo monge nas bacias de detenção.

5.4. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO

Tempo de concentração é o tempo que a partícula de chuva que cai no ponto


mais distante da bacia demora para chegar até a seção de interesse. O desnível e
distância entre esses dois pontos são expressos por (Δh) e (L). Para determinar o
tempo de concentração (tc), o DAEE recomenda a utilização da fórmula do “Califórnia
Culverts Practice” (TUCCI, 1993):
𝟎,𝟑𝟖𝟓
𝑳𝟑
𝒕𝒄 = 𝟓𝟕 . [ ]
∆𝒉
Onde:
tc = tempo de concentração (min)
L = comprimento do talvegue do curso d’água (km)
Δh = desnível do talvegue entre a seção e o ponto mais distante da bacia (m)

No estudo de caso apresentado teremos quatro sub-bacias de contribuição.

5.5. INTENSIDADE DA CHUVA DE PROJETO

Para a definição da intensidade provável de precipitação, estima-se primeiro


qual a duração dessa chuva. É preciso, portanto, verificar qual a chuva intensa que
deverá ser adotada para a bacia hidrográfica em análise. A chuva que causará mais
e maiores danos – a chuva crítica – será aquela que durar o mesmo tempo consumido
pela água que precipitar no ponto mais distante da bacia de contribuição para
alcançar a seção em estudo, denominado tempo de concentração.
Para este trabalho, será utilizado a equação de chuvas intensas da cidade de
Bauru, posto D5059M (período de dados – 1967; 1970-82; 1984-91; 1993-97), obtida
na publicação Equações de Chuvas Intensas do Estado de São Paulo (Martinez Jr.,
1999):
30

i = 35,4487 ∙ (tc + 20)−0,8894 + 5,9664 ∙ (tc + 20)−0,7749


tr
∙ [−0,4772 − 0,901 ∙ ln (ln ( ))]
tr − 1

5.6. COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL

O coeficiente de escoamento superficial (C) ou runoff, representa o grau de


impermeabilização ou de urbanização da área de interesse, e é estimado com base
nas características da bacia de contribuição.

5.6.1. Coeficiente de escoamento superficial – antes da urbanização

Considerando-se a área inicialmente com baixa urbanização, o coeficiente


de deflúvio adotado será CANTES = 0,30.

5.6.2. Coeficiente de escoamento superficial – depois da urbanização


Conforme Diretriz Municipal para projetos de drenagem de águas pluviais,
deverão ser utilizados os seguintes coeficientes de deflúvio.

Tabela 3. Valores recomendados para o Coeficiente de Deflúvio.

Prédios e
0,90
estacionamentos
Ruas, inclusive
0,90
calçadas
Lotes 0,90
Áreas Institucionais 0,50
Sistemas de lazer 0,30
Áreas verdes 0,20

Fonte: Prefeitura Municipal de Bauru.


31

5.7. MÉTODO RACIONAL

De acordo com o “Guia Prático Para Projetos de Pequenas Obras Hidráulicas”


(2ª edição – 2006, revisada), do DAEE, é utilizada para a estimativa de vazões de
enchentes em bacias que não apresentem complexidade e tenham até 2 km² de área
de drenagem, a seguinte expressão:
𝑪 ∙ 𝒊 ∙ 𝑨𝑫
𝑸=
𝟑𝟔𝟎
Na qual:
Q = vazão de enchente (m³/s)
AD = área de drenagem (ha)
C = coeficiente de escoamento superficial (runoff)
i = intensidade de precipitação (mm/h)

5.8. RAIO HIDRÁULICO

É uma grandeza linear característica do escoamento, definida pelo quociente da


área molhada pelo perímetro molhado da seção do escoamento.
𝑨𝒎
𝑹𝑯 =
𝑷𝒎
Na qual:
RH = raio hidráulico (em m)
Am = área molhada (em m²)
Pm= perímetro molhado (em m)

5.9. DECLIVIDADE MÉDIA

A declividade média (i) do trecho do canal em estudo é o quociente entre o


desnível do fundo do canal (diferença de cotas de montante e jusante – Δh) e o seu
comprimento (L), medido no plano horizontal, ambos em metros.
∆𝒉
𝑰= (𝒎/𝒎)
𝑳
32

5.10. RUGOSIDADE

O Quadro abaixo traz os valores sugeridos do coeficiente de rugosidade n,


segundo o “Guia Prático Para Projetos de Pequenas Obras Hidráulicas” (2ª edição –
2006, revisada), do DAEE:

Tabela 4. Coeficiente de Rugosidade de Manning (n).

Revestimento n
Terra 0,035
Rachão 0,035
Gabião 0,028
Pedra argamassada 0,025
Aço corrugado 0,024
Concreto1 0,018

1 Para canais revestidos de concreto bem acabado, de traçado retilíneo, com águas limpas, pode-se
admitir n = 0,013. Caso a canalização apresente singularidades, onde houver a possibilidade de retenção
e/ou de deposição de sedimentos, deve-se adotar n = 0,018 ou estimar rugosidade equivalente (neq).
Fonte: Guia Prático Para Projetos de Pequenas Obras Hidráulicas, DAEE (2ª edição – 2006, revisada).

5.11. DISSIPADOR DE ENERGIA

Na drenagem de vias de circulação, o escoamento ao longo de canais de


drenagem com inclinação elevada e a saída de passagens hidráulicas podem criar
erosões que põem em risco a funcionalidade e segurança das infraestruturas
construídas e também a segurança dos utilizadores.
Para atenuar este problema, sempre que se justifique, devem prever-se obras
de dissipação de energia que alterem as condições do escoamento, de forma a torná-
las compatíveis com as características de resistência do material do leito e das
margens.
As obras de dissipação de energia podem ser de diversos tipos, desde simples
proteções com tapetes de enrocamento, até estruturas em betão, localizadas ou
contínuas. O dimensionamento das estruturas de dissipação utiliza metodologias
próprias sugeridas por diferentes autores e utiliza como elementos de base os dados
hidrológicos e hidráulicos usados no projeto dos órgãos de drenagem a que estão
associadas (canais a céu aberto e/ou passagens hidráulicas).
33

Os dissipadores de energia podem ser classificados como internos e externos,


segundo Thompson, et al. (2006) e como contínuos e localizados, de acordo com
DNIT (2006).
A classificação interna e externa diz respeito à localização do dissipador. As
estruturas internas são colocadas no interior das passagens hidráulicas. Por outro
lado, as estruturas externas correspondem a soluções colocadas no exterior das
passagens hidráulicas (Thompson, et al., 2006).
São diversas as soluções de estruturas de dissipação de energia que foram
desenvolvidas e estudadas por organizações competentes, USBR, FHWA, LNEC e
sugeridas em manuais de drenagem, como o Manual de Drenagem Superficial em
Vias de Comunicação do IEP ou o Manual de Drenagem em Infraestruturas de
Transportes e Hidráulica de Pontes de Carlos Matias Ramos, entre outros que serão
referidos.
34

6. ESTUDO DE CASO – LOTEAMENTO PARQUE VERDE NO MUNICÍPIO DE


BAURU

O transporte, retenção, tratamento e disposição final das águas das chuvas


são feitos a partir de uma estrutura e instalação de engenharia que formará o sistema
de drenagem de águas pluviais. Conhecemos como microdrenagem a coleta das
águas superficiais ou subterrâneas através de pequenas e médias galerias, e como
macrodrenagem o sistema que inclui a rede de microdrenagem, galerias de grande
porte e receptores destas águas (rios ou canais).
Em loteamentos, um sistema de drenagem é composto por uma série de
dispositivos hidráulicos com funções especificas. Entre eles estão as guias e sarjetas,
bocas de lobo ou bueiros, as galerias ou tubulações com diâmetros variáveis, os
poços de visita, as caixas de ligação, as bacias de amortecimento ou bacias de
detenção e retenção, e os dissipadores de energia com ou sem escadas hidráulicas.
A partir desse tópico abordaremos os cálculos e resultados do
dimensionamento da bacia de detenção estendida do loteamento Parque Verde.

6.1. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “A” E BACIA “D”


Tomando os valores a seguir, tem-se:
L = 708,000 km
Ponto mais alto (m) = 609,000 m
Ponto mais baixo (m) = 564,900 m
Δh = 44,100 m
0,385
7083
𝑡𝑐 = 57 . [ ]
44,1
𝑡𝑐 = 8,9 𝑚𝑖𝑛
Como o tc encontrado é menor do que 10 minutos, que é o tempo de
concentração mínimo, Adota-se:
𝑡𝑐 = 𝑡𝑐 𝑚í𝑛 = 10 𝑚𝑖𝑛
35

6.2. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “B”


Tomando os valores a seguir, tem-se:
L = 0,640 km
Ponto mais alto (m) = 608,000 m
Ponto mais baixo (m) = 563,000 m
Δh = 45,000 m
0,385
0,643
𝑡𝑐 = 57 . [ ]
45
𝑡𝑐 = 7,9 𝑚𝑖𝑛
Como o tc encontrado é menor do que 10 minutos, que é o tempo de
concentração mínimo, Adota-se:
𝑡𝑐 = 𝑡𝑐 𝑚í𝑛 = 10 𝑚𝑖𝑛

6.3. TEMPO DE CONCENTRAÇÃO DA BACIA “C”


Tomando os valores a seguir, tem-se:
L = 0,600 km
Ponto mais alto (m) = 600,000 m
Ponto mais baixo (m) = 563,000 m
Δh = 37,000 m
0,385
0,63
𝑡𝑐 = 57 . [ ]
37
𝑡𝑐 = 7,9 𝑚𝑖𝑛
Como o tc encontrado é menor do que 10 minutos, que é o tempo de
concentração mínimo, Adota-se:
𝑡𝑐 = 𝑡𝑐 𝑚í𝑛 = 10 𝑚𝑖𝑛
O tempo de concentração das bacias são menores do que 10 minutos, adotou-
se o tempo de concentração 10 minutos para cada uma das bacias. Assim, os
seguintes valores obtidos são iguais, tem-se:

TR = 10 anos
tc = 10 min
i = 2,384 mm/min
i = 143,1 mm/h
36

6.4. COEFICIENTE DE ESCOAMENTO SUPERFICIAL DE PROJETO

Neste estudo de caso será utilizado o Coeficiente de Escoamento


Superficial CDEPOIS = 0,70, calculado através da média ponderada dos coeficientes de
deflúvio, conforme segue abaixo:

Tabela 5. Média Ponderada dos Coeficientes de Deflúvio.

MÉDIA PONDERADA DOS COEFICIENTES DE DEFLÚVIO


Descrição da área de Valores típicos
Área de Contribuição
drenagem de C
Lotes 0,90 184.878,21
Área Institucional 0,50 38.855,87
Áreas Verdes 0,20 103.647,24
Sistema de Lazer 0,30 31.552,66
Vias asfaltadas e calçadas 0,90 129.876,02
Área total da contribuição = 488.840,00 Média Ponderada C =0,70
Fonte: Autor

Para este estudo de caso foi adotado o coeficiente de rugosidade n = 0,013.

A figura abaixo mostra o traçado geral das redes e seu posterior lançamento
na bacia de detenção.
37

C
B

Figura 7. Traçado da rede de drenagem de águas pluviais no loteamento Parque


Verde e indicação das bacias de detenção.
Fonte: Autor

6.5. BACIA DE DETENÇÃO DE ÁGUAS PLUVIAIS

O reservatório para detenção de águas pluviais ou bacia de detenção tem a


finalidade de acumular águas pluviais durante o período de contribuição e ter sua
vazão subdimensionada provocando o retardamento do pico de cheia no córrego,
amenizando assim as possíveis enchentes a jusante do dispositivo. Acumula
temporariamente a diferença da vazão de águas pluviais antes (QA) e depois (QD)
da urbanização, por um determinado período de tempo de detenção (Td).
O dimensionamento do conduto do extravasor será dimensionado para toda a
vazão de contribuição, pois ao atingir o limite de reservação toda chuva será escoada,
evitando assim o transbordamento do sistema. Nas figuras abaixo estão
demonstradas as implantações dos 3 reservatórios.
38

Figura 8 - Bacia de detenção A


Fonte: Autor

Figura 9 - Bacia de detenção B


Fonte: Autor
39

Figura 10- Bacia de detenção C


Fonte: Autor

6.6. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO DESEJADO

6.6.1. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “A”

Para o cálculo da bacia de detenção foi utilizada a vazão da Bacia de


Contribuição “A” E “D”. Utilizando a metodologia apresentada no item 4.2.1, tem-se
os seguintes valores:
TR = tempo de retorno = 10 anos
tc = 10,0 min
i = 143,1 mm/h
AD = área de contribuição (m²) = 236.157,00 m²
AD = área de contribuição (ha) = 23,5157 ha

SITUAÇÃO ANTES DA URBANIZAÇÃO


CANTES = 0,30
QANTES = 2,815 m³/s
40

SITUAÇÃO DEPOIS DA URBANIZAÇÃO


CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 6,569 m³/s

Tomando-se o tempo Tc = 10,0 min e a fórmula abaixo, conforme o Curso de


Manejo de águas Pluviais, de Plínio Tomaz, obtém-se o volume de detenção
desejado:
𝑽𝒅 = 𝟎, 𝟓 ∗ (𝑸𝒅 − 𝑸𝒂) ∗ (𝑻𝒄 ∗ 𝟑) ∗ 𝟔𝟎
𝑽𝒅 = 𝟑. 𝟑𝟕𝟖 𝒎³

6.6.2. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “B”

Para o cálculo da bacia de detenção foi utilizada a vazão da Bacia de


Contribuição “B”. Utilizando a metodologia apresentada no item 4.4.2.1, tem-se os
seguintes valores:

TR = tempo de retorno = 10 anos


tc = 10,0 min
i = 143,1 mm/h
AD = área de contribuição (m²) = 113.474,84 m²
AD = área de contribuição (ha) = 11,3475 ha
SITUAÇÃO ANTES DA URBANIZAÇÃO
CANTES = 0,30
QANTES = 1,353 m³/s
SITUAÇÃO DEPOIS DA URBANIZAÇÃO
CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 3,157 m³/s

Tomando-se o tempo Tc = 10,0 min e a fórmula abaixo, conforme o Curso de


Manejo de águas Pluviais, de Plínio Tomaz, obtém-se o volume de detenção
desejado:
𝑽𝒅 = 𝟎, 𝟓 ∗ (𝑸𝒅 − 𝑸𝒂) ∗ (𝑻𝒄 ∗ 𝟑) ∗ 𝟔𝟎
𝑽𝒅 = 𝟏, 𝟔𝟐𝟑 𝒎³
41

6.6.3. Cálculo do volume de detenção desejado - Bacia “C”

Para o cálculo da bacia de detenção foi utilizada a vazão da Bacia de


Contribuição “B”. Utilizando a metodologia apresentada no item 4.4.2.1, tem-se os
seguintes valores:

TR = tempo de retorno = 10 anos


tc = 10,0 min
i = 143,1 mm/h
AD = área de contribuição (m²) = 93.080,96 m²
AD = área de contribuição (ha) = 9,3081 há

SITUAÇÃO ANTES DA URBANIZAÇÃO


CANTES = 0,30
QANTES = 1,110 m³/s

SITUAÇÃO DEPOIS DA URBANIZAÇÃO


CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 2,589 m³/s

Tomando-se o tempo Tc = 10,0 min e a fórmula abaixo, conforme o Curso de


Manejo de águas Pluviais, de Plínio Tomaz, obtém-se o volume de detenção
desejado:
𝑽𝒅 = 𝟎, 𝟓 ∗ (𝑸𝒅 − 𝑸𝒂) ∗ (𝑻𝒄 ∗ 𝟑) ∗ 𝟔𝟎
𝑽𝒅 = 𝟏. 𝟑𝟑𝟐 𝒎𝟑
42

6.7. CÁLCULO DO VOLUME PARA TRATAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS

Para o manejo de águas pluviais do loteamento será utilizado os reservatórios


de detenção estendido (ED-extended detention), que possibilitará junto do controle
de enchentes, a melhoria da qualidade das águas pluviais diminuindo o impacto da
poluição difusa nos corpos d´água.
Esse método de detenção consiste em armazenar o “First Flush”, que é definido
como o período inicial do escoamento, durante o qual a concentração de poluente é
considerada mais alta, no período de 24h, ficando completamente seco no final.
Para calcular o volume WQv:

𝑾𝑸𝒗 = (𝑷/𝟏𝟎𝟎𝟎) ∗ ((𝟎, 𝟎𝟎𝟗 ∗ 𝒄 ∗ 𝟏𝟎𝟎) + 𝟎, 𝟎𝟓) ∗ 𝑨

6.8. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV)- BACIA “A”

P = First Flush = 13mm (valor adotado para cidade de Bauru).


c = Coeficiente de escoamento superficial = 0,70
AD = área de contribuição (m²) = 236.157,00 m²

𝑾𝑸𝒗 = (𝟏𝟑/𝟏𝟎𝟎𝟎) ∗ ((𝟎, 𝟎𝟎𝟗 ∗ 𝒄 ∗ 𝟏𝟎𝟎) + 𝟎, 𝟎𝟓) ∗ 𝑨


𝑾𝑸𝒗 = 𝟐. 𝟎𝟖𝟖 𝒎³

6.9. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV) - BACIA “B”

P = First Flush = 13mm (valor adotado para cidade de Bauru).


c = Coeficiente de escoamento superficial = 0,70
AD = área de contribuição (m²) = 113.474,84 m²
𝑾𝑸𝒗 = (𝟏𝟑/𝟏𝟎𝟎𝟎) ∗ ((𝟎, 𝟎𝟎𝟗 ∗ 𝒄 ∗ 𝟏𝟎𝟎) + 𝟎, 𝟎𝟓) ∗ 𝑨
𝑾𝑸𝒗 = 𝟏. 𝟎𝟎𝟑 𝒎³
43

6.10. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO ESTENDIDO (WQV) -


BACIA “C”

P = First Flush = 13mm (valor adotado para cidade de Bauru).


c = Coeficiente de escoamento superficial = 0,70
AD = área de contribuição (m²) = 93.080,96 m²
𝑾𝑸𝒗 = (𝟏𝟑/𝟏𝟎𝟎𝟎) ∗ ((𝟎, 𝟎𝟎𝟗 ∗ 𝒄 ∗ 𝟏𝟎𝟎) + 𝟎, 𝟎𝟓) ∗ 𝑨
𝑾𝑸𝒗 = 𝟖𝟐𝟑 𝒎³

6.11. CÁLCULO DO VOLUME DE DETENÇÃO (TALUDES/TRONCO DE


PIRAMIDE)

A bacia de detenção pode ser considerada como tronco de pirâmide, conforme


ilustração a seguir.

6.11.1. Cálculo do volume de detenção – Bacia “A”

Figura 11 - Ilustração do tronco de pirâmide


Fonte: Geoplan Topografia
Para a verificação do volume da bacia, realiza-se o cálculo do tronco de
pirâmide:
𝒉
𝑽= . [ 𝑨𝑩 + ( 𝑨𝑩 . 𝑨𝒃 )𝟎,𝟓 + 𝑨𝒃 ]
𝟑
No qual:
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido. (m)
h2 = altura da lâmina d´água do volume de detenção. (m)
Af = área da base menor (m²) = área do fundo da bacia
A1= área da base intermediário (m²) = área do nível intermediário
A2= área da base maior (m²) = área do nível máximo
44

Primeiro será verificado o volume de detenção estendido. Tomando-se:


h1 = 1,00 m
Af = área da base menor (m²) = 2.695,40 m²
A1= área da base intermediário (m²) = 2.939,92 m²
𝑽 = 𝟐. 𝟖𝟏𝟔, 𝟕𝟖 𝒎³
Agora verificamos o volume de detenção. Temos:
h2 = 1,15 m
A1= área da base intermediário (m²) = 2.939,92 m²
A2= área da base maior (m²) = 3.232,04 m²
𝑽 = 𝟑. 𝟓𝟒𝟕, 𝟓𝟓 𝒎³

6.11.2. Cálculo do volume de detenção – Bacia “B”

Para a verificação do volume da bacia, realiza-se o cálculo do tronco de


pirâmide:
𝒉
𝑽= . [ 𝑨𝑩 + ( 𝑨𝑩 . 𝑨𝒃 )𝟎,𝟓 + 𝑨𝒃 ]
𝟑
No qual:
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido. (m)
h2 = altura da lâmina d´água do volume de detenção. (m)
Af = área da base menor (m²) = área do fundo da bacia
A1= área da base intermediário (m²) = área do nível intermediário
A2= área da base maior (m²) = área do nível máximo
Primeiro será verificado o volume de detenção estendido. Tomando-se:
h1 = 1,00 m
Af = área da base menor (m²) = 1.589,54m²
A1= área da base intermediário (m²) = 1.776,14 m²
𝑽 = 𝟏. 𝟔𝟖𝟐, 𝟎𝟎𝒎³
Agora verificamos o volume de detenção. Temos:
h2 = 1,10 m
A1= área da base intermediário (m²) = 1.776,14 m²
A2= área da base maior (m²) = 1.991,02m²
𝑽 = 𝟏. 𝟖𝟖𝟐, 𝟓𝟔 𝒎³
45

6.11.3. Cálculo do volume de detenção – Bacia “C”

Para a verificação do volume da bacia, realiza-se o cálculo do tronco de


pirâmide:
𝒉
𝑽= . [ 𝑨𝑩 + ( 𝑨𝑩 . 𝑨𝒃 )𝟎,𝟓 + 𝑨𝒃 ]
𝟑
No qual:
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido. (m)
h2 = altura da lâmina d´água do volume de detenção. (m)
Af = área da base menor (m²) = área do fundo da bacia
A1= área da base intermediário (m²) = área do nível intermediário
A2= área da base maior (m²) = área do nível máximo

Primeiro será verificado o volume de detenção estendido. Tomando-se:


h1 = 1,00 m
Af = área da base menor (m²) = 1.136,66 m²
A1= área da base intermediário (m²) = 1.375,31 m²
𝑽 = 𝟏. 𝟐𝟓𝟒, 𝟎𝟎𝒎³

Agora verificamos o volume de detenção. Temos:


h2 = 0,65 m
A1= área da base intermediário (m²) = 2.109,92 m²
A2= área da base maior (m²) = 2.246,58 m²
𝑽 = 𝟏. 𝟒𝟏𝟓, 𝟔𝟑 𝒎³

6.12. EXTRAVASOR (CAIXA TULIPA)

Para os cálculos de dimensionamento dos extravasores, serão utilizados os


métodos apresentados no livro “Cálculos hidrológicos e hidráulicos para obras
municipais”, Capítulo 79 - Orifício, vertedor e curva cota-volume, Eng. Plínio Tomaz
publicado em 24/10/2010.
46

6.12.1. Dimensionamento Caixa Tulipa 01

6.12.1.1. Extravasor Inferior e Intermediário

Tendo em vista que o extravasor inferior será composto por uma abertura
circular, e o extravasor intermediário será composto por dois orifícios retangulares, é
necessário calcular a vazão de descarga das aberturas.
A primeira abertura seguirá com o cálculo para orifícios de pequenas dimensões,
considerando que seu perímetro não influencia de forma significativa no volume de
descarga. Neste orifício temos que levar em consideração a que o volume de
detenção estendido precisa ser escoado em aproximadamente 24 horas. Portanto
precisamos estipular o diâmetro do orifício pela seguinte formula:
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = (𝑾𝑸𝒗/𝟖𝟔𝟎𝟎𝟎)

Onde
WQv = Volume de detenção estendido = 2.816,78 m³
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = 𝟎, 𝟎𝟑𝟐𝟕 𝒎𝟑 /𝒔

Assim temos:
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 ∗ 𝟐 𝑨 𝟎,𝟓
𝑨𝒐 = 𝑫 = (𝟒 ∗ )
𝑲𝒐 (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝒉𝟏)𝟎,𝟓𝟎 𝝅
Onde:
Ao = área do orifício (m²)
Qmédio = 0,0327 m³/s
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido = 1,00 m
D = Diâmetro necessário = (m)
Portanto: 𝑨𝒐 =0,023 m²
𝑫 =0,17m
47

Após achar o diâmetro do orifício precisamos verificar quantas horas o volume


de água demorará para se esvaziar por completo. Como a altura da lâmina d’água
influencia diretamente na vazão durante o período de 24 horas, precisamos levar em
consideração a vazão no orifício a cada 5 cm de escoamento na bacia. Portanto ao
aplicarmos as seguintes fórmulas montamos os gráficos abaixo.
𝑸 = 𝑲𝟎 ∗ 𝑨𝟎 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝑯)𝟎,𝟓

[𝟐 ∗ ∆𝑨𝒔 ∗ (𝒀𝟏𝟎,𝟓 − 𝒀𝟐𝟎,𝟓 )]


∆𝑻 =
[𝑲𝒐 ∗ 𝑨𝒐 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ]
Onde:
Q = Vazão no orifício (m³/s)
Ao = área do orifício = 0,023 (m²)
∆As = Média entre a área maior e menor a cada 0,05m
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
Y1 – altura da maior lâmina d´água (m)
Y2 – altura da menor lâmina d´água (m)
48

Tabela 6. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 01


Fonte: Autor
Vazão (m³/s) Altura (m) Área Media(m²) Tempo (h) Tempo Total (h)
0,0000 m³/s 0,00 2.695,400 0,0000 0,0000
0,0139 m³/s 0,05 2.707,626 5,3846 5,3846
0,0197 m³/s 0,10 2.719,852 2,2405 7,6251
0,0241 m³/s 0,15 2.732,078 1,7269 9,3521
0,0279 m³/s 0,20 2.744,304 1,4624 10,8145
0,0312 m³/s 0,25 2.756,530 1,2942 12,1086
0,0341 m³/s 0,30 2.768,756 1,1752 13,2838
0,0369 m³/s 0,35 2.780,982 1,0855 14,3693
0,0394 m³/s 0,40 2.793,208 1,0148 15,3841
0,0418 m³/s 0,45 2.805,434 0,9573 16,3414
0,0441 m³/s 0,50 2.817,660 0,9094 17,2508
0,0462 m³/s 0,55 2.829,886 0,8687 18,1195
0,0483 m³/s 0,60 2.842,112 0,8336 18,9532
0,0502 m³/s 0,65 2.854,338 0,8030 19,7562
0,0521 m³/s 0,70 2.866,564 0,7760 20,5322
0,0540 m³/s 0,75 2.878,790 0,7519 21,2842
0,0557 m³/s 0,80 2.891,016 0,7304 22,0145
0,0575 m³/s 0,85 2.903,242 0,7109 22,7254
0,0591 m³/s 0,90 2.915,468 0,6932 23,4186
0,0607 m³/s 0,95 2.927,694 0,6770 24,0956
0,0623 m³/s 1,00 2.939,920 0,6622 24,7577

Gráfico 1. Altura lâmina d’água x tempo de escoamento Caixa Tulipa 01


Fonte: Autor

Concluísse que com uma abertura circular de 0,17 m de diâmetro é possível


esvaziar o volume WQv em 24 horas.
49

A segunda abertura seguirá com o cálculo para orifícios de grandes aberturas,


este que possui um perímetro que influencia de forma significativa no volume de
descarga. Este orifício intermediário tem objetivo de quando o reservatório atingir o
limite de lâmina d’água da bacia de detenção escoar a mesma vazão anterior a
urbanização do loteamento. Assim temos:
𝟐 𝟑⁄ 𝟑⁄
𝑸𝟐 = ∗ 𝑲𝟎 ∗ 𝒃 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ∗ (𝑯𝟏 𝟐 − 𝑯𝟐 𝟐 )
𝟑
Adotando se os valores para o extravasor:
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
b = largura do extravasor = 0,72 m
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
H1 = altura de água acima da base inferior do extravasor = 1,15 m
H2 = altura de água acima da base superior do extravasor = 0,35 m
c = H1 - H2 = altura do extravasor = 0,80 m
𝑸𝟐 = 𝟏, 𝟑𝟓𝟐 𝒎³/𝒔
Como possuímos dois orifícios iguais portanto temos 2,704 m³/s.
A vazão máxima de descarga deverá ser menor ou igual a QANTES =2,815 m³/s,
que é a atual contribuição da área hoje.
Como Qinferior + Q2 = 2,767 m³/s, conclui-se que a combinação do extravasor
inferior, com um círculo de Ø0,17 m, e do extravasor intermediário com duas
aberturas de 0,72 m de largura e 0,80 m de altura, é suficiente para atender a dada
situação.

6.12.1.2. Extravasor Superior


Por segurança, o extravasor superior será calculado de forma a garantir uma
vazão total maior ou igual a vazão QDEPOIS, com TR = 100 anos. Desta forma, para
obter a vazão restante (QR), tem-se:
TR = 100 anos
tc = 10,0 min
i = 143,10 mm/h
AD = 23,6157ha
CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 9,064 m³/s
50

Qinferior + Q2 = 2,767 m³/s


𝑸𝑹 = 𝑸𝑫𝑬𝑷𝑶𝑰𝑺 − (𝑸𝒊𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓 + 𝑸𝟐 )
𝑸𝑹 = 𝟔, 𝟐𝟗𝟕 𝒎³/𝒔
Adotando uma caixa tulipa com dimensões internas de 3,50 m x 3,50 m, será
verificada qual a altura da lâmina d´água entre o N.A.1 e o N.A.2 ou (H), para obter a
vazão restante (QR):
𝟐⁄
𝑸𝑹 𝟑
𝑯=( )
𝟒, 𝟑𝟑 . 𝝁 . 𝑳𝑷
Onde:
μ = coeficiente de descarga (soleira espessa) = 0,35
LP = perímetro do extravasor superior = 14,00 m
𝑯 = 𝟎, 𝟒𝟒 𝒎
Portanto:
N.A.1 = 2,15m (altura máxima da água antes da utilização do extravasor
superior);
N.A.2. = N.A.1 + H = 2,59 m (altura máxima da água na bacia de detenção).
Tendo em vista que a borda livre, que é a altura entre o N.A.2 e o topo da bacia,
deve ser de no mínimo 0,50 m, a altura da bacia deverá ser de pelo menos 3,09 m.
Portanto a altura mínima que foi adotada para a bacia de detenção é de 3,20 m.

6.12.2. Dimensionamento Caixa Tulipa 02

6.12.2.1. Extravasor Inferior e Intermediário

Tendo em vista que o extravasor inferior será composto por uma abertura
circular, e o extravasor intermediário será composto por dois orifícios retangulares, é
necessário calcular a vazão de descarga das aberturas.
A primeira abertura seguirá com o cálculo para orifícios de pequenas dimensões,
considerando que seu perímetro não influencia de forma significativa no volume de
descarga. Neste orifício temos que levar em consideração a que o volume de
detenção estendido precisa ser escoado em aproximadamente 24 horas. Portanto
precisamos estipular o diâmetro do orifício pela seguinte formula:
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = (𝑾𝑸𝒗/𝟖𝟔𝟎𝟎𝟎)
51

Onde
WQv = Volume de detenção estendido = 1.682,00m³
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟗𝟓 𝒎𝟑 /𝒔

Assim temos:
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 ∗ 𝟐 𝑨 𝟎,𝟓
𝑨𝒐 = 𝑫 = (𝟒 ∗ )
𝑲𝒐 (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝒉𝟏)𝟎,𝟓𝟎 𝝅
Onde:
Ao = área do orifício (m²)
Qmédio = 0,0195 m³/s
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido = 1,00 m
D = Diâmetro necessário = (m)
Portanto: 𝑨𝒐 =0,0142 m²
𝑫 =0,13m
Após achar o diâmetro do orifício precisamos verificar quantas horas o volume
de água demorará para se esvaziar por completo. Como a altura da lâmina d’água
influencia diretamente na vazão durante o período de 24 horas, precisamos levar em
consideração a vazão no orifício a cada 5 cm de escoamento na bacia. Portanto ao
aplicarmos as seguintes fórmulas montamos os gráficos abaixo.
𝑸 = 𝑲𝟎 ∗ 𝑨𝟎 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝑯)𝟎,𝟓

[𝟐 ∗ ∆𝑨𝒔 ∗ (𝒀𝟏𝟎,𝟓 − 𝒀𝟐𝟎,𝟓 )]


∆𝑻 =
[𝑲𝒐 ∗ 𝑨𝒐 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ]
Onde:
Q = Vazão no orifício (m³/s)
Ao = área do orifício = 0,0142 (m²)
∆As = Média entre a área maior e menor a cada 0,05m
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
Y1 – altura da maior lâmina d´água (m)
Y2 – altura da menor lâmina d´água (m)
52

Tabela 7. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 02


Fonte: Autor
Vazão (m³/s) Altura (m) Área Media(m²) Tempo (h) Tempo Total (h)
0,0000 m³/s 0,00 1.589,540 0,0000 0,0000
0,0081 m³/s 0,05 1.598,870 5,4338 5,4338
0,0115 m³/s 0,10 1.608,200 2,2639 7,6978
0,0141 m³/s 0,15 1.617,530 1,7473 9,4450
0,0163 m³/s 0,20 1.626,860 1,4816 10,9266
0,0182 m³/s 0,25 1.636,190 1,3128 12,2394
0,0200 m³/s 0,30 1.645,520 1,1936 13,4330
0,0216 m³/s 0,35 1.654,850 1,1039 14,5369
0,0231 m³/s 0,40 1.664,180 1,0333 15,5702
0,0244 m³/s 0,45 1.673,510 0,9759 16,5461
0,0258 m³/s 0,50 1.682,840 0,9282 17,4744
0,0270 m³/s 0,55 1.692,170 0,8878 18,3622
0,0282 m³/s 0,60 1.701,500 0,8530 19,2151
0,0294 m³/s 0,65 1.710,830 0,8226 20,0377
0,0305 m³/s 0,70 1.720,160 0,7958 20,8335
0,0316 m³/s 0,75 1.729,490 0,7721 21,6056
0,0326 m³/s 0,80 1.738,820 0,7508 22,3564
0,0336 m³/s 0,85 1.748,150 0,7316 23,0880
0,0346 m³/s 0,90 1.757,480 0,7142 23,8021
0,0355 m³/s 0,95 1.766,810 0,6983 24,5004
0,0364 m³/s 1,00 1.776,140 0,6837 25,1841

Gráfico 2. Altura lâmina d’água x tempo de escoamento Caixa Tulipa 02


Fonte: Autor

Concluísse que com uma abertura circular de 0,13 m de diâmetro é possível


esvaziar o volume WQv em 24 horas.
53

A segunda abertura seguirá com o cálculo para orifícios de grandes aberturas,


este que possui um perímetro que influencia de forma significativa no volume de
descarga. Este orifício intermediário tem objetivo de quando o reservatório atingir o
limite de lâmina d’água da bacia de detenção escoar a mesma vazão anterior a
urbanização do loteamento. Assim temos:

𝟐 𝟑⁄ 𝟑⁄
𝑸𝟐 = ∗ 𝑲𝟎 ∗ 𝒃 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ∗ (𝑯𝟏 𝟐 − 𝑯𝟐 𝟐 )
𝟑

Adotando se os valores para o extravasor:


K0 = coeficiente de descarga = 0,62
b = largura do extravasor = 0,40 m
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
H1 = altura de água acima da base inferior do extravasor = 1,10 m
H2 = altura de água acima da base superior do extravasor = 0,40 m
c = H1 - H2 = altura do extravasor = 0,68 m
𝑸𝟐 = 𝟎, 𝟔𝟒𝟓 𝒎³/𝒔
Como possuímos dois orifícios iguais portanto temos 1,291 m³/s.
A vazão máxima de descarga deverá ser menor ou igual a QANTES =1,353 m³/s,
que é a atual contribuição da área hoje.
Como Qinferior + Q2 = 1,33 m³/s, conclui-se que a combinação do extravasor
inferior, com um círculo de Ø0,13 m, e do extravasor intermediário com duas
aberturas de 0,40 m de largura e 0,68 m de altura, é suficiente para atender a dada
situação.

6.12.2.2. Extravasor Superior

Por segurança, o extravasor superior será calculado de forma a garantir uma


vazão total maior ou igual a vazão QDEPOIS, com TR = 100 anos. Desta forma, para
obter a vazão restante (QR), tem-se:
54

TR = 100 anos
tc = 10,0 min
i = 143,10 mm/h
AD = 11,3475ha
CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 4,355 m³/s
Qinferior + Q2 = 1,33 m³/s
𝑸𝑹 = 𝑸𝑫𝑬𝑷𝑶𝑰𝑺 − (𝑸𝒊𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓 + 𝑸𝟐 )
𝑸𝑹 = 𝟑, 𝟎𝟐𝟓 𝒎³/𝒔
Adotando uma caixa tulipa com dimensões internas de 2,50 m x 2,50 m, será
verificada qual a altura da lâmina d´água entre o N.A.1 e o N.A.2 ou (H), para obter a
vazão restante (QR):
𝟐⁄
𝑸𝑹 𝟑
𝑯=( )
𝟒, 𝟑𝟑 . 𝝁 . 𝑳𝑷
Onde:
μ = coeficiente de descarga (soleira espessa) = 0,35
LP = perímetro do extravasor superior = 10,00 m
𝑯 = 𝟎, 𝟑𝟒 𝒎
Portanto:
N.A.1 = 2,15m (altura máxima da água antes da utilização do extravasor
superior);
N.A.2. = N.A.1 + H = 2,44 m (altura máxima da água na bacia de detenção).
Tendo em vista que a Borda Livre, que é a altura entre o N.A.2 e o topo da bacia,
deve ser de no mínimo 0,50 m, a altura da bacia deverá ser de pelo menos 2,94 m.
Portanto a altura mínima que foi adotada para a bacia de detenção é de 3,15 m.

6.12.3. Dimensionamento Caixa Tulipa 03

6.12.3.1. Extravasor Inferior e Intermediário


Tendo em vista que o extravasor inferior será composto por uma abertura
circular, e o extravasor intermediário será composto por dois orifícios retangulares, é
necessário calcular a vazão de descarga das aberturas.
55

A primeira abertura seguirá com o cálculo para orifícios de pequenas dimensões,


considerando que seu perímetro não influencia de forma significativa no volume de
descarga. Neste orifício temos que levar em consideração a que o volume de
detenção estendido precisa ser escoado em aproximadamente 24 horas. Portanto
precisamos estipular o diâmetro do orifício pela seguinte formula:

𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = (𝑾𝑸𝒗/𝟖𝟔𝟎𝟎𝟎)
Onde
WQv = Volume de detenção estendido = 1.254,00m³

𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 = 𝟎, 𝟎𝟏𝟒𝟔𝒎𝟑 /𝒔
Assim temos:
𝑸𝒎é𝒅𝒊𝒐 ∗ 𝟐 𝑨 𝟎,𝟓
𝑨𝒐 = 𝑫 = (𝟒 ∗ )
𝑲𝒐 (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝒉𝟏)𝟎,𝟓𝟎 𝝅
Onde:
Ao = área do orifício (m²)
Qmédio = 0,0146 m³/s
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
h1 = altura da lâmina d´água do volume estendido = 1,00 m
D = Diâmetro necessário = (m)
Portanto: 𝑨𝒐 =0,0106 m²
𝑫 =0,11m

Após achar o diâmetro do orifício precisamos verificar quantas horas o volume


de água demorará para se esvaziar por completo. Como a altura da lâmina d’água
influencia diretamente na vazão durante o período de 24 horas, precisamos levar em
consideração a vazão no orifício a cada 5 cm de escoamento na bacia. Portanto ao
aplicarmos as seguintes fórmulas montamos os gráficos abaixo.
56

𝑸 = 𝑲𝟎 ∗ 𝑨𝟎 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈 ∗ 𝑯)𝟎,𝟓

[𝟐 ∗ ∆𝑨𝒔 ∗ (𝒀𝟏𝟎,𝟓 − 𝒀𝟐𝟎,𝟓 )]


∆𝑻 =
[𝑲𝒐 ∗ 𝑨𝒐 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ]
Onde:
Q = Vazão no orifício (m³/s)
Ao = área do orifício = 0,0106 (m²)
∆As = Média entre a área maior e menor a cada 0,05m
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
Y1 – altura da maior lâmina d´água (m)
Y2 – altura da menor lâmina d´água (m)
57

Tabela 8. Tabela de vazão x tempo de escoamento Caixa Tulipa 03


Fonte: Autor
Vazão (m³/s) Altura (m) Área Media(m²) Tempo (h) Tempo Total (h)
0,026 m³/s 1,00 1.375,310 0,7382 0,74
0,025 m³/s 0,95 1.363,378 0,7513 1,49
0,025 m³/s 0,90 1.351,445 0,7657 2,26
0,024 m³/s 0,85 1.339,513 0,7815 3,04
0,023 m³/s 0,80 1.327,580 0,7991 3,84
0,023 m³/s 0,75 1.315,648 0,8188 4,65
0,022 m³/s 0,70 1.303,715 0,8409 5,50
0,021 m³/s 0,65 1.291,783 0,8659 6,36
0,020 m³/s 0,60 1.279,850 0,8944 7,26
0,019 m³/s 0,55 1.267,918 0,9273 8,18
0,018 m³/s 0,50 1.255,985 0,9657 9,15
0,018 m³/s 0,45 1.244,053 1,0113 10,16
0,017 m³/s 0,40 1.232,120 1,0663 11,23
0,015 m³/s 0,35 1.220,188 1,1345 12,36
0,014 m³/s 0,30 1.208,255 1,2215 13,58
0,013 m³/s 0,25 1.196,323 1,3378 14,92
0,012 m³/s 0,20 1.184,390 1,5032 16,42
0,010 m³/s 0,15 1.172,458 1,7650 18,19
0,008 m³/s 0,10 1.160,525 2,2767 20,46
0,006 m³/s 0,05 1.148,593 5,4396 25,90
0,000 m³/s 0,00 1.136,660 0,0000 0,00

Gráfico 3. Altura lâmina d’água x tempo de escoamento Caixa Tulipa 03


Fonte: Autor

Concluísse que com uma abertura circular de 0,11 m de diâmetro é possível


esvaziar o volume WQv em 24 horas.
58

A segunda abertura seguirá com o cálculo para orifícios de grandes aberturas,


este que possui um perímetro que influencia de forma significativa no volume de
descarga. Este orifício intermediário tem objetivo de quando o reservatório atingir o
limite de lâmina d’água da bacia de detenção escoar a mesma vazão anterior a
urbanização do loteamento. Assim temos:
𝟐 𝟑⁄ 𝟑⁄
𝑸𝟐 = ∗ 𝑲𝟎 ∗ 𝒃 ∗ (𝟐 ∗ 𝒈)𝟎,𝟓 ∗ (𝑯𝟏 𝟐 − 𝑯𝟐 𝟐 )
𝟑
Adotando se os valores para o extravasor:
K0 = coeficiente de descarga = 0,62
b = largura do extravasor = 0,67 m
g = aceleração da gravidade = 9,807 m/s²
H1 = altura de água acima da base inferior do extravasor = 0,65 m
H2 = altura de água acima da base superior do extravasor = 0,20 m
c = H1 - H2 = altura do extravasor = 0,45 m
𝑸𝟐 = 𝟎, 𝟓𝟑𝟑 𝒎³/𝒔
Como possuímos dois orifícios iguais portanto temos 1,066 m³/s.
A vazão máxima de descarga deverá ser menor ou igual a QANTES =1,11 m³/s,
que é a atual contribuição da área hoje.
Como Qinferior + Q2 = 1,092 m³/s, conclui-se que a combinação do extravasor
inferior, com um círculo de Ø0,11 m, e do extravasor intermediário com duas
aberturas de 0,67 m de largura e 0,45 m de altura, é suficiente para atender a dada
situação.

6.12.3.2. Extravasor Superior


Por segurança, o extravasor superior será calculado de forma a garantir uma
vazão total maior ou igual a vazão QDEPOIS, com TR = 100 anos. Desta forma, para
obter a vazão restante (QR), tem-se:
TR = 100 anos
tc = 10,0 min
i = 143,10 mm/h
AD = 9,3081ha
CDEPOIS = 0,70
QDEPOIS = 3,572 m³/s
59

Qinferior + Q2 = 1,092 m³/s


𝑸𝑹 = 𝑸𝑫𝑬𝑷𝑶𝑰𝑺 − (𝑸𝒊𝒏𝒇𝒆𝒓𝒊𝒐𝒓 + 𝑸𝟐 )
𝑸𝑹 = 𝟐, 𝟒𝟖 𝒎³/𝒔
Adotando uma caixa tulipa com dimensões internas de 2,50 m x 2,50 m, será
verificada qual a altura da lâmina d´água entre o N.A.1 e o N.A.2 ou (H), para obter a
vazão restante (QR):
𝟐⁄
𝑸𝑹 𝟑
𝑯=( )
𝟒, 𝟑𝟑 . 𝝁 . 𝑳𝑷
Onde:
μ = coeficiente de descarga (soleira espessa) = 0,35
LP = perímetro do extravasor superior = 10,00 m
𝑯 = 𝟎, 𝟑𝟎 𝒎
Portanto:
N.A.1 = 1,65m (altura máxima da água antes da utilização do extravasor
superior);
N.A.2. = N.A.1 + H = 1,95 m (altura máxima da água na bacia de detenção).
Tendo em vista que a Borda Livre, que é a altura entre o N.A.2 e o topo da bacia,
deve ser de no mínimo 0,50 m, a altura da bacia deverá ser de pelo menos 2,45 m.
Portanto a altura mínima que foi adotada para a bacia de detenção é de 2,95 m.

6.13. DISSIPADORES DE ENERGIA

Para calcular o dimensionamento do dissipador de energia da bacia de


detenção, foi utilizado o software SisCCoH.
O SisCCoH ou System for Calculations of Hydraulic Components, é um
programa que tem como objetivo o desenvolvimento de cálculos aplicados à
Engenharia Hidráulica. O projeto do software SisCCoH 1.0 é fruto de um convênio de
desenvolvimento tecnológico envolvendo a universidade UFMG e a empresa Pimenta
de Ávila. Criado em substituição ao programa HIDROwin 2.1.
60

6.13.1. Dissipador 01

Figura 12: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU)


Fonte: Autor
61

6.13.2. Dissipador 02

Figura 13: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU)


Fonte: Autor
62

6.13.3. Dissipador 03

Figura 14: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU)


Fonte: Autor
63

6.13.4. Dissipador 04

Figura 15: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO DEGRAU)


Fonte: Autor
64

6.13.5. Dissipador 05

Figura 16: Resultado do cálculo no SisCCoH 1.1. (DISSIPADOR TIPO BACIA DE DISSIPAÇÃO
POR RESSALTO HIDRÁULICO)
Fonte: Autor
65

7. RESULTADOS E DISCUSSÓES

A quantidade de poluentes carreados pelo escoamento urbano está


relacionada à quantidade de chuva, às condições de limpeza dos pavimentos, ao
processo de urbanização e à intensidade da circulação de veículos, dentre outros. Os
estudos acerca da temática ambiental afirmam que áreas verdes, em fundos de vales
nas cidades, são importantes para a melhoria da qualidade do escoamento superficial
urbano. Os espaços de cobertura vegetal são locais importantes para a retenção dos
poluentes do escoamento superficial urbano, pois provocam a sedimentação dos
mesmos antes que eles cheguem aos cursos de água.

Para a gestão sustentável da drenagem urbana é preciso pensar a questão da


água como parte de todo o processo de Gestão Municipal. A degradação do
escoamento superficial urbano altera a qualidade dos córregos e rios urbanos a
jusante dos lançamentos. As cidades localizadas a jusante de rios que passam por
cidades grandes (metrópoles) terão suas águas totalmente poluídas e contaminadas,
tornando-as impróprias para o consumo humano e de animais (TUCCI, 2005; TUCCI,
2007).

Aqui vale inserir o paragrafo do livro Recursos Hídricos, Gestão e


Sustentabilidade, onde é apontado as práticas das quais nenhum gestor de
infraestrutura urbana deseja compartilhar em sua gestão:

Com a finalidade de complementar a abordagem, dentre os


fatores que contribuem para o comprometimento dos sistemas de
drenagem, destaca-se que o “desmatamento e a substituição da
cobertura vegetal natural são fatores modificadores que em muitas
situações”, não apenas alteram, como também “resultam
simultaneamente em redução de tempos de concentração e em
aumento do volume de escoamento superficial, causando
extravasamento de cursos d’água” (POMPEO, 2000, p. 16). O
aumento de áreas impermeabilizadas faz com que haja um aumento
da quantidade e da intensidade de escoamento superficial,
provocando picos de vazão, que muitas vezes, não suportados pelos
66

sistemas de drenagem das águas pluviais. (BENINI, Sandra M;


MARTIN, Encarnita S., 2017)

Nesse sentido, o município de Bauru tem adotado estratégias para contribuir


com melhorias no impacto causado pelo avanço e crescimento da cidade. O Plano de
Manejo das APAs, a confecção de diretrizes municipais para a melhoria das águas
pluviais e a exigência para instalação de porcentagens maiores de áreas verdes são
algumas das estratégias que fazem parte de um planejamento mais consciente em
questões ambientais. É claro que ainda há muito para fazer, e todo esse planejamento
de nada valerá se o município não tiver condições, ou não criar condições para manter
a boa qualidade dessas estruturas ao longo dos anos. Uma manutenção irregular ou
ruim poderia passar a impressão de que aquele espaço poderia ser melhor utilizado,
incentivando inclusive a ocupação irregular.
Dessa forma, soluções como as apresentadas neste projeto, devem sempre
envolver educação ambiental dos moradores do entorno da área de implantação,
visando garantir o entendimento e compreensão da importância de medidas para o
controle de enchentes e melhorias das águas pluviais, de forma que a própria
população apoie, adote e cuide dessas estruturas.
O loteamento Parque Verde, objeto deste projeto, está localizado na APA do
Córrego Água Parada e conforme Plano de Manejo, são necessárias medidas como
a implantação de estruturas para o tratamento das águas pluviais e uma maior
porcentagem de áreas permeáveis do que o exigido em outras regiões.
Neste projeto foi utilizado como instrumento de tratamento e melhoria da
qualidade das águas pluviais o sistema de bacias de detenção estendida. Uma vez
que o município de Bauru já exigia a utilização de bacias de detenção, o uso do
volume estendido não se mostrou uma grande dificuldade ou tornou inviável a
instalação dos loteamentos.
Conforme tabela abaixo a utilização das bacias de detenção estendidas reduz
consideravelmente os poluentes que posteriormente seriam lançados no corpo
d’água.
67

Tabela 9. Demonstração da redução de poluentes

Poluente Taxa de remoção (%)

TSS 61 ± 32

TP 20 ± 13

TN 31 ± 16

NOx -2 ± 23

Metais 29 ± 54

Bactéria 78

Fonte: TOMAZ, 2006, pág. 13-6

O que se observou é que foi exigido uma área para implantação deste tipo de
estrutura ligeiramente maior do que a bacia de detenção sem volume estendido.
Também, uma vez que a literatura utilizada como base para os cálculos, destaca
como lâmina mínima do volume estendido (ED) a altura de 1,00m, faz-se necessário
uma bacia mais profunda e consequentemente com custo de execução maior
comparada a bacia de detenção sem volume estendido.
Uma vez que a principal função da bacia será a sedimentação e retenção dos
sólidos, é de extrema importância a proteção e manutenção dos dispositivos de
entrada e saída. Segundo TOMAZ, 2006, “estudos realizados no sudeste da Flórida
em 1994 demonstraram que o reservatório com detenção estendida cujo período
retido da água sejam mais de três dias há desenvolvimento de mosquitos nas lagoas”.
68

8. CONCLUSÕES

A bacia de detenção proposta para o empreendimento Parque Verde permitirá a


redução de 70% da vazão do escoamento superficial direto a ser lançado no talvegue.

O tempo de concentração da bacia de drenagem considerada foi de 10 min.

O empreendimento com área total de 488.840,00 m2 e área estimada


impermeável de 342.181,64 m2, demandou bacia de detenção com volume de
10.247,00 m3, o que representa 0,021 m3 / m2 de área total do empreendimento.

Estimou-se que a bacia de detenção poderá reduzir em até 61% a concentração


de sólidos suspensos totais (TSS).
69

9. REFERÊNCIAS

PORTO, Mônica F. Aspectos qualitativos do escoamento superficial em áreas urbanas.


TUCCI, C. E. M; PORTO, Rubem La Laina; BARROS, Mário T. de Barros (Org.). Drenagem
Urbana. In:. Porto Alegre: ABRH e Editora da UFRGS, 1995, p. 387-414. (coleção ABRH de
recursos hídricos; V.5).

PRODANOFF, Jorge Henrique Alves. Avaliação da poluição difusa gerada por


enxurradas em meio urbano. Tese de doutorado em Engenharia Civil, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp013487.pdf. Acesso em: 24 de maio de
2020.

TOMAZ, P. (2006) Poluição difusa: trincheira de infiltração, bacia de infiltração, pavimento


permeável, poluição difusa, first flush, gestão ambiental, wetland, custos, canais gramados.
São Paulo: Navegar. 300p.

BENINI, Sandra M; MARTIN, Encarnita S. 2017. Recursos Hídricos, gestão e


sustentabilidade. Infraestrutura verde: a multifuncionalidade dos espaços verdes aplicada à
drenagem urbana, p. 67.

RIGHETTO, Antonio Marozzi. Poluição difusa nas águas pluviais de uma bacia de
drenagem urbana. 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-41522017000601109.
Acesso em 13 de junho de 2020

https://www2.bauru.sp.gov.br/arquivos/arquivos_site/publicacoes/Primeiros%20Tempos%20
da%20Nossa%20Bauru.pdf. Acesso em 31 de maio de 2020.

http://www.daebauru.sp.gov.br/2014/empresa/empresa.php?secao=historia&pagina=8.
Acesso em 31 de maio de 2020.

https://www.jcnet.com.br/noticias/geral/2011/09/314428-subsolo-de-bauru-garante-agua-do-
futuro.html. Acesso em 4 de junho de 2020.

https://www2.bauru.sp.gov.br/semma/plano_apa.aspx. Acesso em 4 de junho de 2020

https://www2.bauru.sp.gov.br/semma/plano_apa_revisao.aspx. Acesso em 7 de junho de


2020

http://www1.dnit.gov.br/anexo/Relat%C3%B3rio/Relat%C3%B3rio_edital0484_12-08_0.pdf.
Acesso em 11 de junho de 2020

https://www.gazetadigital.com.br/articulistas/terca-feira/jair-donato/suas-ideias-sao-
70

claras/474692. Acesso em 11 de junho de 2020

http://www.revistaea.org/artigo.php?idartigo=724. Acesso em 13 de junho de 2020

http://www.cbcs.org.br/sushi/images/sura_pdf/sem%20agua%2012-08-2010%20-
%20Plinio.pdf. Acesso em 16 de junho de 2020
71

10. ANEXO A – PLANTA BACIAS A, B, C e LANÇAMENTO

Figura 17. Planta com caminhamento da bacia de detenção ao corpo d’água


Fonte: Autor
72

11. ANEXO B – DETALHES BACIA A

Figura 18. Corte Bacia A com detalhe para volume de detenção estendido (azul
mais escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro)
Fonte: Autor

Figura 19. Detalhes do extravasor tulipa (monge)


Fonte: Autor
73

Figura 20. Corte do dissipador da Bacia A


Fonte: Autor

Figura 21. Planta do dissipador da Bacia A


Fonte: Autor
74

12. ANEXO C – DETALHES BACIA B

Figura 22. Corte Bacia B com detalhe para volume de detenção estendido (azul
mais escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro)
Fonte: Autor

Figura 23. Detalhes do extravasor tulipa (monge)


Fonte: Autor
75

Figura 24. Corte do dissipador da Bacia B


Fonte: Autor

Figura 25. Planta do dissipador da Bacia B


Fonte: Autor
76

13. ANEXO C – DETALHES BACIA C

Figura 26. Corte Bacia C com detalhe para volume de detenção estendido (azul
mais escuro) e volume de detenção contra enchentes (acima mais claro)
Fonte: Autor

Figura 27. Detalhes do extravasor tulipa (monge)


Fonte: Autor
77

Figura 28. Corte do dissipador da Bacia C


Fonte: Autor

Figura 29. Planta do dissipador da Bacia C


Fonte: Autor
78

14. ANEXO D – DETALHES ADICIONAIS DA BACIA

Figura 30. Detalhes dos dissipadores


Fonte: Autor

Figura 31. Detalhe colchão Reno e dreno de fundo da bacia


Fonte: Autor

Você também pode gostar