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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO - UFMT

FACULDADE DE ARQUITETURA, ENGENHARIA E TECNOLOGIA - FAET


DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL - DESA

CAROLINE SANTOS MARCONDES


FILIPE CARVALHO MEZZOMO
JUAN ESTEVAN SOUZA CAVALCANTE
MARIANA DE CAMPOS BETIN

CASAS COM SOLEIAS NEGATIVAS EM CUIABÁ: SOLUÇÕES PARA


RESOLUÇÃO DESSA PROBLEMÁTICA

CUIABÁ - MT
2023

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CAROLINE SANTOS MARCONDES
FILIPE CARVALHO MEZZOMO
JUAN ESTEVAN SOUZA CAVALCANTE
MARIANA DE CAMPOS BETIN

CASAS COM SOLEIAS NEGATIVAS EM CUIABÁ: SOLUÇÕES PARA


RESOLUÇÃO DESSA PROBLEMÁTICA

Artigo apresentado para disciplina de


Sistema de Esgoto e Drenagem Urbana, do
curso de Engenharia Sanitária e Ambiental
da Universidade Federal de Mato Grosso,
sob a orientação do Professor Rafael
Pedrollo de Paes.

CUIABÁ - MT
2023

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT............................................11


Figura 2 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT.................................................11
Figura 3 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT.................................................12
Figura 4 - Funcionamento de um tanque séptico.........................................................................14
Figura 5 - Funcionamento de tanque séptico e sumidouro..........................................................15

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Soluções para ligação a rede ou destinação dos efluentes em localidades


problemáticas..................................................................................................................14

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LISTAS DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


FUNASA Fundação Nacional de Saúde
MT Mato Grosso
NB Norma Brasileira
NBR Norma Brasileira
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................

2. OBJETIVOS......................................................................................................................

2.1. Objetivo Geral...................................................................................................8


2.2. Objetivos Específicos.........................................................................................8
3. METODOLOGIA..............................................................................................................

4. DESENVOLVIMENTO......................................................................................................

4.1. Contextualização do Problema.............................................................................9


4.2. Alternativas para a coleta e tratamento de esgotos em áreas problemáticas..............12
4.2.1. Sistema de Bombeamento: Elevatórias de Esgoto.........................................12
4.2.2. Fossa séptica e Sumidouro.........................................................................13
4.3. Propostas de soluções.......................................................................................15
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................

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1. INTRODUÇÃO

O saneamento básico brasileiro historicamente apresenta diversos desafios para a


sua efetivação. Como característica inata aos países em desenvolvimento, a urbanização
de grandes cidades brasileiras é majoritariamente estruturada de modo a deixar de lado
as obras de esgotamento sanitário. O crescimento vertiginoso, reflete no saneamento, ou
seja, a edificação das casas é prioridade, e a elaboração de estruturas sanitárias só é
pensada em outro momento, ficando a cargo da Administração Pública.
Nota-se, que a população uma vez instalada, possui o direito de acesso ao
saneamento básico, pois sua ausência se relaciona diretamente à proliferação de
doenças. A destinação inadequada do lixo e a falta de tratamento de água e do esgoto
aumentam o contato com inúmeros agentes perigosos para a saúde, além de causar
danos ao meio ambiente.
Tem-se, que grande parte da população brasileira não possui acesso a coleta e
tratamento do esgoto produzido em suas residências. Cuiabá, capital de Mato Grosso, é
uma das cidades brasileiras em que ainda não há a universalização do esgotamento
sanitário. De acordo com dados do Instituto Trata Brasil (2023), Cuiabá possui cerca de
76,73% de atendimento total de esgoto, onde 71,51% do esgoto é tratado. Dentre as
residências não atendidas, existem casas com soleira negativa, onde há diferença entre a
cota do terreno das habitações e rede coletora de esgoto.
Define-se soleira, de acordo com a Norma Técnica SABESP NTS 025, como a
cota de implantação do imóvel, em relação ao greide da via, o ponto de interligação do
ramal à rede. Ainda de acordo com a mesma normal, tem-se soleiras negativas como a
situação onde a cota do imóvel é igual ou inferior à cota do greide da via.
Neste contexto, sabe-se que no município de Cuiabá/MT existem imóveis que
possuem soleiras abaixo do nível das redes coletoras e são acometidos pela falta da
coleta do esgoto sanitário.
Portanto, o presente estudo visa apresentar os reveses causadas por casas de
soleiras baixas da via pública que não são ligadas a rede coletora de esgoto do
município de Cuiabá/MT e apresentar propostas viáveis e incentivos para solucionar
este problema técnico.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral

O presente artigo tem por objetivo geral apresentar a problemática de casas que
possuem soleiras baixas e propor uma solução para essas residências que não possuem o
esgotamento sanitário ligado à rede coletora.

2.2. Objetivos Específicos

o Apresentar a problemática de imóveis que possuem soleiras abaixo do


nível do greide da via;
o Propor soluções técnicas e economicamente viáveis para a coleta de
esgoto destas residências acometidas pelo problema.

3. METODOLOGIA

A presente pesquisa teve como metodologia empregada uma pesquisa qualitativa


acerca das literaturas, legislações, normas brasileiras e artigos técnicos existentes
referentes a problemática. Sendo uma obra de caráter exploratório, procurando obter
maiores informações acerca do tema investigado, Raupp e Beuren (2003) descrevem
que esse tipo de pesquisa permite que haja aprofundamento sobre o assunto.
Também foram agregados elementos de pesquisas bibliográficas, visando
integrar o maior número de informações técnicas. Onde, em um primeiro momento, foi
realizado o estudo bibliográfico, de modo a garantir a estruturação dos componentes
orientadores deste estudo.
Em seguida foi possível se apropriar da pesquisa documental, que darão
embasamento teórico para a pesquisa qualitativa, bem como servirá de subsídio para a
referida análise.
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Foi realizado a visita em alguns bairros do município e foram coletadas imagens
de algumas residências com soleiras baixas. Sendo assim, junto à pesquisa qualitativa,
serão apresentadas propostas que sejam cabíveis para a realidade das casas cuiabanas.

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. Contextualização do Problema

Sabe-se que a falta da coleta e tratamento de esgotos de maneira adequada


acarreta danos à saúde da população. De acordo com a FUNASA (2019), a destinação
inadequada dos esgotos pode suscitar em doenças como ancilostomíase, ascaridíase,
cólera, diarreia infecciosa, febre tifoide, teníase e entre outros.
De acordo com Jordão e Pessôa (2011), o lançamento descontrolado de esgotos
sem o devido tratamento em corpos hídricos pode causar vários inconvenientes,
apresentando-se com maior ou menor importância de acordo com seus efeitos adversos,
sendo eles:
 A depleção do oxigênio contido nos rios e a produção de gostos e odores em
fontes de abastecimento de água por conta da matéria orgânica solúvel;
 Matérias tóxicas e íons de metais pesados interferindo na cadeia alimentar da
biota aquática; adição de cor e turbidez;
 Aumento da eutrofização dos lagos pelo excesso de nutrientes, como nitrogênio
e fósforo;
 Produção de sulfeto e gases sulfídrico que causam odores na atmosfera;
 Formação de materiais em suspensão; poluição térmica causando o esgotamento
de oxigênio dissolvido;
 Formação de espumas que não são removidas por tratamento convencional.

Além de ser uma medida de saúde pública, a coleta e tratamento de esgoto é


fundamental para o desenvolvimento econômico e social, pois fatores relacionados ao
saneamento influenciam diretamente no aumento da vida média do ser humano; redução
da mortalidade, consequências da redução de caso de doenças; diminuição de despesas
de saúde; a prevenção da poluição de corpos hídricos e maior disponibilidade hídrica.
(FUNASA, 2019).
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Tucci (2005) afirma que o efluente gerado pelo imóvel tende a contaminar os
lençóis freáticos por percolação ou escavação de poços artesianos de maneira
inapropriada, o que vem a causar prejuízos ao meio ambiente.
O novo marco regulatório do saneamento, Lei nº 14.026 de 15 de julho de 2020,
define novas metas de universalização e prevê até 2033 que 90% (noventa por cento) da
população tenha atendimento garantido de coleta e tratamento de esgoto.
Como já citado, o município de Cuiabá/MT possui um atendimento total 76,73%
de esgoto e 71,71% na coleta, tendo saltado em 23 posições no Ranking do Saneamento
Brasileiro do Instituto Trata Brasil. A Prefeitura afirma que pretende alcançar a meta de
91% do índice de universalização da coleta esgoto até o ano de 2024.
Entretanto, há obstáculos a serem enfrentados para que a universalização da
coleta de esgoto se materialize, um destes empecilhos é a inviabilidade técnica da
ligação dos imóveis à rede de esgoto.
A NB 025 da SABESP, como já abordada, define o que são as soleiras e em que
ocasiões há as soleiras negativas. De acordo com a NBR 9.649/1986 não deve haver o
aprofundamento da rede para que sejam atendidas o que está implantado abaixo do
greide, visto que causaria um significativo aumento no valor das obras, como custos de
escavação, equipamentos e entre outros.
Obraczka e Leal (2015) reiteram que os projetos partem de uma premissa que é
de responsabilidade das concessionárias ou do poder público o que vai até caixa de
ligação localizada na calçada de cada lote, estando a encargo do utente providenciar a
sua ligação até a rede.
Os autores acima mencionados, ainda alegam que não é uma boa prática que seja
ignorada a questão em particular da necessidade das ligações na rede coletora, visto que
esses casos mais problemáticos acabam ficando a mercê, principalmente em áreas
menos afortunadas da cidade. Está problemática acaba por ser um agente de poluição de
lençóis freáticos, solos e demais corpos d’água, pois são despejados de maneira
descabida diretamente ou indiretamente em corpos hídricos, seja por percolação ou por
meio do sistema de drenagem.
As Figura 1Figura 2Figura 3, a seguir, apresentam imagens coletadas pelos
autores de casas em Cuiabá/MT que possuem soleiras baixas em relação ao greide da
via.

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Figura 1 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT. Fonte: Autores, (2023).

Figura 2 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT. Fonte: Autores, (2023).

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Figura 3 – Exemplo de casas com soleira baixa em Cuiabá/MT. Fonte: Autores, (2023).

4.2. Alternativas para a coleta e tratamento de esgotos em áreas


problemáticas

Como soluções para a problemática da não existência da ligação das casas à rede
de esgoto, propõe-se duas alternativas, onde serão descritas as funcionalidades de cada
um, e ao final apontada a melhor opção para a atual realidade, sendo: um sistema de
bombeamento que liga a casa à rede coletora de esgotamento sanitário; e um sistema
composto por fossa séptica e sumidouro.

4.2.1. Sistema de Bombeamento: Elevatórias de Esgoto

Tsutiya e Alem Sobrinho (2009) expõem que em vezes onde não é possível, sob
ponto de vista técnico e econômico, que não haja o escoamento dos esgotos por ação da
gravidade, faz-se necessário o uso de instalações que transmitem ao líquido energia o
suficiente que garanta o escoamento. Os autores denominam essas instalações como
“estações elevatórias de esgotos” ou apenas “elevatórias de esgotos”, que objetiva a
transferência do esgoto de um ponto para outra cota mais elevada.
Apesar da existência de elevatórias de esgoto no sistema público onde há áreas
que não é possível o escoamento por ação da gravidade, nos casos onde há residências
de soleiras baixas, faz-se necessária a implantação de uma elevatória de esgoto
individualmente por lote (ABREU, 2018).

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O Manual de Saneamento da FUNASA apresenta como uma das utilizações de
estações elevatórias de esgoto para a recuperação de cota, e salienta que este tipo de
estação elevatória fica localizada em pontos dispersos da rede coletora, com o objetivo
de recolher o esgoto de um coletor que atingiu sua profundidade máxima permitida até
um poço de visita com canalização assentada na profundidade mínima.
A instalação de estações elevatórias de esgoto pode demandar um alto custo
devido a sua complexidade e manutenção. Para a viabilidade de um sistema de
bombeamento em residências de pequeno a médio porte, é comum o uso de elevatórias
de esgoto onde há um conjunto motor-bomba submerso, fazendo que sejam instalações
simplificadas, com menores áreas para instalação e não exalem odores, diminuindo os
custos de implantação quando comparado a outros tipos de bomba. (TSUTIYA; ALEM
SOBRINHO, 2000).
Mancintyre (2013) propõe a bomba centrífuga, por se tratar de um modelo mais
simples, que utiliza a energia centrífuga como a maior responsável pela energia dada ao
líquido ao passar pela bomba, transformando a energia mecânica da rotação das pás do
rotor em energia cinética. Sendo ideal para residências pois há vazões de esgoto
menores.

4.2.2. Fossa séptica e Sumidouro

Define-se tanque séptico como uma unidade cilíndrica ou prismática retangular


de fluxo horizontal, para tratamento de esgotos por processos de sedimentação, flotação
e digestão (ABNT, 1993). A Figura 4, a seguir, mostra um exemplo do funcionamento
de um tanque séptico.

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Figura 4 - Funcionamento de um tanque séptico. Fonte: ABNT, 1993.

A fossa séptica pode ser caracterizada, de acordo com Jordão e Pessôa (2011),
em fases de funcionamento em que há a retenção do lodo, na sequência acontece a
decantação do esgoto – onde é formado o lodo – passando para a digestão anaeróbia do
lodo, e reduzindo de volume do lodo.
Já o sumidouro é um poço seco escavado no chão e não impermeabilizado, que
orienta a infiltração de água residuária no solo (ABNT, 1993). Os sumidouros são
alternativas mais simples para disposição final dos efluentes da fossa séptica (FUNASA,
2015).
Von Sperling (2005) cita que se deve ter cuidados com o afastamento do nível
da água subterrânea, para que não haja riscos de contaminação destas águas. Este
sistema é recomendado para locais onde há baixa ocupação e uma boa capacidade de
infiltração do solo (ABREU, 2018).

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Figura 5 - Funcionamento de tanque séptico e sumidouro. Fonte: Monteiro Engenharia
(Reprodução da internet).

4.3. Propostas de soluções

De acordo com a Tabela 1 elaborada por Obraczka e Leal (2015), apresenta-se


como soluções usualmente utilizadas, a viabilização das ligações na rede pública ou a
destinação em áreas mais problemáticas para o esgotamento das residências, sendo um
exemplo, as soleiras negativas.

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Tabela 1 - Soluções para ligação a rede ou destinação dos efluentes em localidades
problemáticas. Fonte: Obraczka e Leal (2015)

Ante o exposto, apresenta-se como proposta mais viável como forma de


solucionar a deficiência da coleta de esgotos em residências da Baixada Cuiabana que
possuem soleiras baixa a utilização de elevatórias de esgoto, sendo a mais recomendada
uma bomba centrífuga, pois é a mais ideal para o atendimento de casas de pequeno e
médio porte que não possuem vazão de esgoto elevadas.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerando os itens apresentados anteriormente, julga-se que a


universalização do esgotamento sanitário nos municípios brasileiros é fundamental
para o desenvolvimento ordenado das cidades, bem como é uma garantia de
qualidade de vida para os munícipes.
É notório para que Cuiabá/MT atinja a sua meta de universalização até 2024,
que visa coletar 91% do esgoto gerado no município, devem ser tomadas medidas
que resolvam os entraves de casas que possuem soleiras baixas e não ligadas à rede
coletora de esgoto. Conforme já discorrido, a população residente desses imóveis,
estão, em sua maioria, localizadas regiões suburbanas da cidade, ficando à mercê da
falta de atendimento do saneamento básico.
Apesar de ser algo que traz custos elevados para a sua efetivação, é possível
apresentar soluções que sejam menos onerosas, mas que também apresentem um
alto grau de eficácia. Como proposta de uma solução mais acessível para a
população, sugere-se a instalação de um sistema de bombeamento residencial,
utilizando uma bomba centrífuga, mais simples e com menores custos de
implantação e manutenção, e que atende a ligação de casas com soleiras baixas até a
rede coletora de esgoto.
Para que sejam solucionados estes obstáculos, é necessário parcerias entre o
poder público e concessionária que gere incentivos fiscais, tornando os custos de
implantação de uma solução de ligação até a rede coletora mais acessível, bem como
subsídios a exemplo de uma redução tarifária, em um período de tempo
determinado, para os serviços de água e esgoto como uma forma de compensação
pelo gasto do cidadão quando comprovado a regularização da coleta em sua
residência.
Para garantir o rigor técnico necessário às obras de adequação da rede coletora
de esgoto, faz-se viável a criação - por parte da concessionária - de um setor
composto por técnicos da própria empresa que façam o estudo de viabilidade de
instalação nas casas e os serviços de implantação do sistema mediante o pagamento
de taxas mais acessíveis, de modo a garantir a qualidade e efetividade do serviço,

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bem como o facilitamento ao acesso da população pertencente às classes sociais
mais baixas.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

RAUPP, Fabiano Maury; BEUREN, Ilse Maria. Metodologia da pesquisa Aplicável às


Ciências Sociais. In: BEUREN, Ilse Maria (Org.). Como elaborar trabalhos
monográficos em contabilidade. Teoria e prática. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 76-97.

TUCCI, C. E. M. Gestão de águas pluviais urbanas. Brasília: Ministério das Cidades,


out. 2005. Saneamento para Todos, Programa de Modernização do Setor de Saneamento
v. 4.

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