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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA
COLEGIADO DE ENGENHARIA CIVIL

LUAN MOREIRA FERNANDES DE ALMEIDA

AVALIAÇÃO DA ADEQUABILIDADE NA PADRONIZAÇÃO DE SISTEMA


DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DE CHUVA NO ÂMBITO DO P1MC.

Feira de Santana, Bahia.


2017
LUAN MOREIRA FERNANDES DE ALMEIDA

AVALIAÇÃO DA ADEQUABILIDADE NA PADRONIZAÇÃO DE SISTEMA


DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DE CHUVA NO ÂMBITO DO P1MC.

Monografia apresentada ao Departamento de


Tecnologia, da Universidade Estadual de Feira de
Santana como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil.

Orientador: Professor Dr. Silvio Roberto


Magalhães Orrico

Feira de Santana
2017

2
LUAN MOREIRA FERNANDES DE ALMEIDA

AVALIAÇÃO DA ADEQUABILIDADE NA PADRONIZAÇÃO DE SISTEMA


DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DE CHUVA NO ÂMBITO DO P1MC.

Monografia apresentada ao Departamento de


Tecnologia, da Universidade Estadual de Feira de
Santana como parte dos requisitos para obtenção do título
de Bacharel em Engenharia Civil, sob a apreciação da
seguinte Banca Examinadora:

Aprovado em ___ de ____________ de _____

_____________________________________
Prof. Dr. Silvio Roberto Magalhães Orrico.

_______________________________________
Prof. Dr. Eduardo Henrique Borges Cohim e Silva.

_______________________________________
Profª. Dr. Patrícia dos Santos Nascimento

Feira de Santana
2017

3
DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho à minha família sem


a qual eu nada seria.

4
AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Professor Silvio Orrico, pela paciência, dedicação e excelente


senso de humor, ao longo desses anos juntos.
Agradeço ao Professor Eduardo Cohim, pelas oportunidades e ajuda.
Agradeço também a meus colegas e amigos, que direta e indiretamente
ajudaram nesse trabalho.

5
RESUMO

O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o


Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais – P1MC estabelece, junto às
comunidades rurais do semiárido brasileiro, um processo de capacitação que
pretende envolver, diretamente, um milhão de famílias. Esse programa trouxe
grandes avanços na melhoria da qualidade de vida da população com facilidade de
acesso a água, todavia, devido a composição do sistema de captação, parte da
população beneficiada pelo programa não consegue ter as demandas mínimas
atendidas na maioria dos dias do ano. O presente trabalho tem como objetivo avaliar
adequabilidade desses sistemas no Estado da Bahia, em fornecer uma demanda de
20L/pessoa/dia em 95% dos dias do ano utilizando um modelo de balanço hídrico
diário. Como resultado foi verificado que a média do Estado, em diferentes
mesorregiões, que as residências possuem suas demandas per capita atendias é de
40,4%, dos 59,6% quem não são atendidos 10,7% necessitam de cisternas maiores
e 48,8% de acréscimos nas áreas de captação, criando uma desigualdade em que é
atribuído a 20% da população total atendida apenas 6% de toda a água disponível e
onde 8,75% menos que 10L/pessoa/dia, o valor dessa desigualdade pode ser
medida por 0,3298 no índice de Gini. Porém também promoveu o acesso a água e
melhorou a qualidade de vida de todo resto da população atendida.

6
ABSTRACT

The Training and Social Mobilization Program for the Coexistence with the
Semi-Arid: One Million Rural Cisterns - P1MC establishes, together with the rural
communities of the Brazilian semi-arid, a training process that intends directly to
involve one million families. This program has brought great advances in improving
the quality of life of the population with easy access to water, however, due to the
composition of the catchment system, part of the population benefited by the
program can not meet the minimum demands on most days of the year. The present
study aims to evaluate the suitability of these systems in the State of Bahia, to
provide a demand of 20L / person / day in 95% of the days of the year using a daily
water balance model. As a result it was verified that the state average in different
mesoregions that the residences have their per capita demands is 40.4%, 59.6%
who are not served 10.7% require larger cisterns and 48, 8% increase in catchment
areas, creating an inequality in which 20% of the total population receives only 6% of
all available water and where 8.75% less than 10L / person / day, the value of this
inequality can Be measured by 0.3298 in the Gini index. However, it also promoted
access to water and improved the quality of life of all the rest of the population
served.

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Lista de Tabelas
Tabela 1. Municípios cadastrados pelo P1MC por mesorregião do Estado da
Bahia ......................................................................................................................... 42
Tabela 2. Quantidade de cisternas e Fator de Demanda Máximo por cidade.
.................................................................................................................................. 43

8
Lista de Figuras
Figura 1. Semiárido brasileiro (Ministério da Integração Nacional, 2005). ...... 14
Figura 2. Proposta de Simões e Cohim para nova divisão nos agrupamentos
das mesorregiões na (SIMÕES e COHIM, 2014). ..................................................... 19
Figura 3. Índice de cidades da nova proposta de divisão dos agrupamentos
(SIMÕES e COHIM, 2014). ....................................................................................... 20
Figura 4. Confiabilidade atendimento de cisternas de 16.000L por da área de
captação e diversos tamanhos de famílias (COHIM e ORRICO, 2016). ................... 29
Figura 5. Distribuição da variação da confiabilidade, para 5 áreas de
captação, ao longo da região semiárida brasileira (DOSS-GOLLIN et alii, 2016). .... 30
Figura 6. Frequência acumulada para confiabilidade por área de captação
(DOSS-GOLLIN et alii, 2016). ................................................................................... 31
Figura 7. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 1. ................. 45
Figura 8. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 4. ................. 46
Figura 9. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 5. ................. 46
Figura 10. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 6. ............... 46
Figura 11. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 7. ............... 47
Figura 12. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 8. ............... 47
Figura 13. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 9. ............... 48
Figura 14. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 1. .......................................................................................................... 49
Figura 15. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 4. .......................................................................................................... 49
Figura 16. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 5. .......................................................................................................... 50
Figura 17. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 6. .......................................................................................................... 50
Figura 18.. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 7. .......................................................................................................... 50
Figura 19. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC.
Mesorregião 8. .......................................................................................................... 51
Figura 20. Resumo característico para o Estado da Bahia. ............................ 51
Figura 21. Frequência acumulada para volume de reservação. ..................... 52
9
Figura 22. Frequência acumulada para acréscimo de área de captação ....... 53
Figura 23. Histograma da capacidade de abastecimento per capita dos
sistemas de captação P1MC (litros/por dia) .............................................................. 53
Figura 24. Distribuição dos recursos hidrícos no P1MC ................................. 54

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Lista de siglas

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANA Agência Nacional de Águas
ASA Articulação com o Semiárido
FD Fator de Demanda
GCP Grau de Concentração de Precipitação
FR Fator de Reservação
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
IRPAA Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
NBR Norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas
OMS Organização Mundial de Saúde
PCP Período de Concentração de Precipitação
P1MC Programa 1 Milhão de Cisternas
SARET Ferramenta de Estimativa de Armazenamento e Confiabilidade

11
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 14
1.1 JUSTIFICATIVAS ............................................................................................. 15
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 16
2.1 OBJETIVO GERAL ........................................................................................... 16
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................. 16
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 17
3.1 ARTICULAÇÃO COM O SEMIÁRIDO E O P1MC ............................................ 17
3.2 DIVISÃO DA BAHIA EM AGRUPAMENTOS REGIONAIS ............................... 18
3.3 CONSUMO HUMANO DE ÁGUA DIÁRIO ........................................................ 20
3.4 MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTOS DE RESERVATÓRIOS ..................... 22
3.4.1 Método De Rippl ............................................................................................... 23
3.4.2 Método Analítico ............................................................................................... 24
3.4.3 Método Gráfico ................................................................................................. 25
3.4.4 Método De Consideração Dos Períodos De Dias Consecutivos Sem Chuva ... 25
3.4.5 Método De Análise De Simulação De Um Reservatório Com Capacidade
Suposta ..................................................................................................................... 26
3.4.6 Método Prático Brasileiro .................................................................................. 27
3.4.7 Método Prático Inglês ....................................................................................... 27
3.4.8 Método Prático Alemão ..................................................................................... 28
3.5 CONFIABILIDADE NO FORNECIMENTO DE ÁGUA PELOS SISTEMAS ....... 28
4 METODOLOGIA ............................................................................................... 38
4.1 MODELO DE DIMENSIONAMENTO ................................................................ 38
4.2 DEMANDA CONSIDERADA ............................................................................. 39
4.3 PRECIPITAÇÃO ANUAL .................................................................................. 39
4.4 FATOR DE DEMANDA MÁXIMO (FDM) .......................................................... 40
4.5 PERCENTUAL DE ATENDIMENTO AS DEMANDAS ...................................... 40
4.6 AVALIAÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA .................................................... 40
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 42
5.1 MESORREGIÕES NO ESTADO DA BAHIA ..................................................... 42
5.2 FATOR DE DEMANDA MÁXIMO DISPONÍVEL – (FDM) ................................. 43
5.3 COMPORTAMENTO FR → FD ........................................................................ 45

12
5.4 PERCENTAGEM DE ATENDIMENTO DOS SISTEMAS ÀS DEMANDAS ...... 49
5.5 CURVAS DE FREQUÊNCIA ACUMULADAS ................................................... 52
5.6 DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA PELO P1MC .......................................................... 53
6 CONCLUSÃO ................................................................................................... 55
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 57

13
1 INTRODUÇÃO

Estima-se que um terço da população da terra viva em áreas com escassez de


água por causa da degradação ou por se tratar de regiões áridas e semiáridas. O
Brasil possui cerca de 11,6% da água doce disponível nos mananciais superficiais
do planeta. Essa quantidade, no entanto, está distribuída de forma muito
heterógena. A região Suldeste, com 42,65% da população do país, possui apenas
6% dos recursos hídricos, enquanto a região Norte, com aproximadamente 6,98%
da população, possui 68,50% dos recursos hídricos. A região Nordeste é a que
possui menor proporção dos recursos hídricos no Brasil. Nela está localizada a
região semiárida brasileira (Figura 1) e no período de estiagem padece na falta de
recursos hídricos. O semiárido situa-se em todos os estados do Nordeste mais o
Norte de Minas Gerais, representando 13% do território brasileiro e 69% da
população Nordestina.

Figura 1. Semiárido brasileiro (Ministério da Integração Nacional, 2005).

A região Semiárida foi marcada pelo desenvolvimento heterogêneo e, nas


últimas décadas, emerge, em contraposição a este tipo de desenvolvimento, um
novo paradigma a Convivência com o Semiárido. A Convivência com o Semiárido é

14
“um conjunto de técnicas, relacionadas à captação, armazenamento e manejo das
águas da chuva, apropriadas pela população a partir de uma metodologia
participativa, baseada nos próprios saberes locais e construídas a partir de um
processo democrático tendo como finalidade a transformação social” e Pressupõe a
cultura da adoção do estoque de bens em tempos chuvosos, para viver
adequadamente em tempos secos, sendo a água o principal bem a ser estocado.
Com esse objetivo e visando garantir o abastecimento regular de água de qualidade
para cinco milhões de pessoas em áreas rurais do semiárido brasileiro, foi criado o
Programa 1 Milhão de Cisternas – P1MC, em 2001. Desde então, o P1MC construiu
mais de 600 mil cisternas, beneficiando mais de 1,5 milhão de pessoas
(ASABRASIL, 2017).
Nesse programa, o volume das cisternas foi definido em 16 mil litros para
captar água proveniente dos telhados das casas, visando o atendimento de uma
família média de cinco pessoas, oferecendo uma garantia sustentável e universal de
acesso a água para beber, cozinhar e higiene básica em todas as regiões e anos,
porém não se sabe o quanto esse sistema pode fornecer de água aos habitantes.

1.1 Justificativas

Enquanto os benefícios de melhoria, na qualidade de vida, com o acesso


a água são claros, ainda é incerto que a ampliação, na quantidade de sistemas
de captação de água de chuva construídos pelo programa P1MC, seja capaz de
promover acesso à água, de forma equânime para os habitantes da área em
questão. O presente trabalho avalia a distribuição de água no âmbito do P1MC,
no Estado da Bahia, a partir de um modelo de balanço hídrico diário.

15
2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a adequabilidade na padronização do sistema de captação de águas


de chuva nas residências, no âmbito do programa P1MC, para diferentes situações
pluviométricas.

2.2 Objetivos específicos

• Estimar a relação entre a demanda diária e a capacidade de reservação dos


sistemas para cada uma das cidades com uma confiabilidade de 95%;
• Determinar o valor máximo de demanda que o sistema é capaz de atender;
• Quantificar o número de famílias, para cada posto, que não possuem as
demandas plenamente atendidas, com uma confiabilidade de 95%;
• Indicar novos volumes de reservatórios que possam atender as demandas de
água de maneira mais equânime;
• Indicar um aumento nas áreas de captação de águas de chuva, quando
necessário;
• Estimar a desigualdade no provimento de água nos casos estudados.

16
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Articulação com o Semiárido e o P1MC

Como contraproposta histórica na forma de atuação do Estado no semiárido


Nordestino surge a convivência com o semiárido. A política de açudagem, embora
tenha sua importância, não foi suficientemente capaz de resolver por si só os
problemas no semiárido (OLIVEIRA, 2013).
Segundo o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada – IRPAA, a
convivência com o semiárido “é um modo de vida e produção que respeita os
saberes e a cultura local, utilizando tecnologias e procedimentos apropriados ao
contexto ambiental e climático, constrói processos de vivência na diversidade e
harmonia entre as comunidades, seus membros e o ambiente, possibilitando assim,
uma ótima qualidade de vida e permanência na terra, apesar das variações
climáticas”.
As diversas organizações que trabalhavam pela convivência com o semiárido se
uniram e formaram a Articulação do Semiárido – ASA, um fórum de organizações da
sociedade civil, que vem lutando pelo desenvolvimento social, econômico, político e
cultural do semiárido brasileiro, desde 1999. Atualmente, mais de 1.000 entidades
dos mais diversos segmentos, como igrejas católicas e evangélicas, ONGs de
desenvolvimento e ambientalistas, associações de trabalhadores rurais e urbanos,
associações comunitárias, sindicatos e federações de trabalhadores rurais, fazem
parte da ASA (ASABRASIL, 2010).
Por entender que a água não é somente um bem de consumo, sendo um direito
humano básico e, ao mesmo tempo, alimento necessário à vida e insumo para a
produção de outros alimentos, a ASA desenvolveu o Programa de Formação e
Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido. Desse programa, surge o
programa Um Milhão de Cisternas - (P1MC). Uma das principais tecnologias
disseminadas pela ASA tem sido a cisterna de placas para a captação de água de
chuva. Esta tecnologia levou em consideração o acúmulo do trabalho das
organizações da sociedade civil e as experiências já validadas socialmente pelos
agricultores. O Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com

17
o Semiárido: Um Milhão de Cisternas Rurais – P1MC estabelece, junto às
comunidades rurais do semiárido brasileiro, um processo de capacitação que
pretende envolver, diretamente, um milhão de famílias (ASABRASIL, 2017).
A ideia da construção das cisternas nasceu de uma dupla constatação. A
primeira está relacionada à incapacidade de abastecimento dos grandes
reservatórios de águas, principalmente se tratando das populações difusas, como as
encontradas em áreas rurais. A segunda vem da constatação de que é possível
captar e armazenar água da chuva através do telhado das casas, um sistema de
calhas e um reservatório.
O sistema capta a água que da chuva, que cai no telhado da casa, e é
conduzida por meio de calhas a um reservatório para armazenamento. O projeto foi
idealizado a partir de placas curvas encaixadas. A estrutura do sistema é dividida em
três itens, o telhado, as calhas e as cisternas de formato cilíndrico.
Desses três itens, o mais importante é o reservatório e para uma boa eficiência
no sistema é imprescindível o seu correto dimensionamento. O adequado
dimensionamento de um reservatório envolve muitas variáveis, dentre elas, destaca-
se o comportamento das chuvas de uma região, uma vez que chuvas mais
concentradas sugerem reservatórios com maiores dimensões.

3.2 Divisão da Bahia em Agrupamentos Regionais

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, observou áreas


geográficas, nos Estados da Federação, com características de disponibilidades
hídricas similares. Posteriormente foi feito o agrupamento dessas áreas em
mesorregiões e ao Estado da Bahia corresponderam 8 delas.
Todavia, Simões, Cohim e Araújo (2014), propõem uma atualização dessa
proposta de agrupamentos, buscando um modelo mais apropriado na padronização
dos reservatórios de captação de água de chuva por região. Essa atualização surge
na observação de mesorregiões que possuem tanto uma variação de 240,9 mm a
1.000,0 mm na precipitação, em índices pluviométricos, quanto incompatibilidades
no grau de concentração de precipitação – (GCP), existindo também uma
heterogeneidade nas regiões quanto a essa característica. Propuseram então

18
atualização nos agrupamentos já estabelecidos, com uma nova divisão da Bahia em
10 mesorregiões, como mostram as Figuras 2 e 3.

Figura 2. Proposta de Simões e Cohim para nova divisão nos agrupamentos das mesorregiões
na (SIMÕES e COHIM, 2014).

19
Figura 3. Índice de cidades da Proposta de Simões e Cohim para nova divisão nos
agrupamentos das mesorregiões (SIMÕES e COHIM, 2014).

3.3 Consumo Humano de Água Diário

Para uma boa concepção do sistema de captação de águas de chuva, além do


comportamento das chuvas, é necessário determinar a demanda a ser atendida pelo
sistema e, apesar do modelo de saneamento praticado atualmente seja
caracterizado por um uso descuidado dos recursos hídricos, é indispensável a
determinação de um volume mínimo de água a ser fornecido para toda a população,
assim como ações para o uso racional desta.
O consumo de água para as atividades humanas varia de acordo com as
condições climáticas, tradições culturais, estilos de vida, tecnologias empregadas e
condições sociais. Para famílias com reservatórios de água potável distantes a mais
de 1 km de sua residencia, o consumo de água é de 10 litros por pessoa por dia.
20
Porém, quando essa distância diminui para um valor menor que 1 km, o consumo de
água aumenta para 20 litros por pessoa por dia. Quando se possui acesso a água
encanada em uma residência, o consumo de água está entre 60 e 100 litros por
pessoa por dia. Uma quantidade “mínima de água necessária” para humanos,
independente do estilo de vida e cultura, variando apenas com o tipo de tecnologia
empregada na utilização, pode ser definido como somente o indispensável para
manter as suas necessidades. O mínimo de água necessária para beber é
considerado aquele que repõe o balanço hídrico de um humano vivo. Esse valor
varia de autor para autor de acordo com os tipos de atividades desempenhadas e o
clima da região, podendo ser adotado entre 1,8 a 3 litros por dia (GLEICK, 1996).
Ainda segundo Gleick (1996), o consumo de água necessário para satisfazer as
necessidades sanitárias varia com o tipo de tecnologia empregada, e embora
existam tecnologias que não necessitam de água, estudos indicam um aumento
considerável nos indicadores de saúde quando a população possui acesso
doméstico água. Portanto, enquanto a eliminação eficaz de resíduos humanos pode
ser conseguida com pouca ou nenhuma água, é recomendada, pelo menos, uma
quantidade mínima para alcançar máximos benefícios da combinação entre
eliminação dos resíduos e higiene relacionada. Mediante uma gama de opções
tecnológicas esse valor é adotado em 20 litros por pessoa por dia. Para o nível
básico de higiene, banho e lavagem das mãos, recomenda-se 15 litros por pessoa
por dia. Já o consumo de água para a preparação de alimentos varia de cultura para
cultura. Alguns estudos mostram um consumo de água básico necessário para a
preparação de alimento variando entre 10 e 20 litros de água por dia, sendo
sugerido para satisfazer a maioria das regiões um consumo de 10 litros por pessoa
por dia.
Somando-se o consumo mínimo de água necessário para realizar as
atividades básicas, água para beber (1,8 a 3 litros por pessoa por dia), água para
satisfazer as necessidades sanitárias (20 litros por pessoa por dia), água para
higiene (15 litros por pessoa por dia), água para preparação de alimentos (10 litros
por pessoa por dia) necessárias para a vida humana, Gleick (1996) chegou como
resultado ao consumo mínimo recomendado, como necessário, de 50 litros por
pessoa por dia.

21
A água pode veicular grande número de enfermidades, transmitidas por
diferentes mecanismos. O primeiro refere-se à quantidade insuficiente de água, que
gera hábitos higiênicos inadequados. A quantidade insuficiente de água pode
resultar em: deficiências na higiene, acondicionamento da água em vasilhas, além
de propiciar a procura por fontes alternativas de abastecimento, que constituem
potenciais riscos à saúde. O segundo mecanismo, mais comumente lembrado, e
diretamente relacionado à qualidade da água é o da ingestão, por meio do qual um
indivíduo sadio ingere água que contenha componentes nocivos à saúde, a
presença desses componentes no organismo humano provoca o aparecimento de
doenças. Portanto faz-se necessário um correto dimensionamento e operação do
sistema de captação de águas de chuva, para garantia de água em quantidade e
qualidade desejada (BRASIL, Ministério da Saúde, 2006).
Com os dados de demanda e a precipitação anual consegue-se dimensionar um
sistema de captação de água de chuva para dar um desempenho específico ou para
maximizar a relação custo – benefício. Tanto os governos quanto as organizações
não governamentais (ONGs) aprovam a ideia de atingir um desempenho especifico,
mas isso sempre acompanha uma filosofia de racionalização onde nem todos os
beneficiários potencias podem receber esses sistemas. Já a maximização da
relação custo – benefício alcança um máximo global em função de um investimento
‘x’ de dinheiro.

3.4 Métodos de Dimensionamentos de Reservatórios

No contexto doméstico da captação de água de chuva, dimensionar sistemas


para fornecer um desempenho especifico quase sempre tem como resultado a
instalação de uma quantidade de sistemas menor do que a necessária para
maximizar o benefício total. A estratégia a ser utilizada depende sempre de uma
decisão política, compartilhada entre as famílias e quem está promovendo a
tecnologia.
Os sistemas de aproveitamento de águas de chuva são compostos
basicamente pela área de captação, os componentes de transporte e o reservatório.
O seu dimensionamento pode variar de região para região, dos objetivos finais da

22
implantação e principalmente em função de grandezas escalares como o grau de
concentração de precipitação – (GCP) e o período de concentração de precipitação
– (PCP).
De acordo com Soares (2000), os métodos utilizados para o
dimensionamento do reservatório podem ser divididos em quatro grupos principais,
segundo a forma de uso, dos dados e a apresentação dos resultados:
a) Métodos determinísticos: os dados referentes à precipitação pluviométrica
e à demanda são analisados pela curva de massa;
b) Métodos aproximados: baseados em relações empíricas conhecidas;
c) Métodos de modelagem: são também conhecidos como métodos de
transição probabilístico da matriz; e
d) Método de análise de sistema: sendo linear, não linear ou programação
dinâmica.
A eficiência e a confiabilidade dos sistemas de aproveitamento de água de
chuva estão ligadas diretamente ao dimensionamento do reservatório de
armazenamento. Existem diversos métodos de dimensionamento de reservatório
que resultam em distintos volumes. Na seleção do método mais apropriado de
dimensionamento diversos fatores devem ser considerados incluindo a demanda a
ser atendida e a área de captação, entre outros. Ademais, o tempo de amortização
do investimento e a eficiência do sistema constituem variáveis fundamentais para a
tomada de decisão quanto à viabilidade de implantação do sistema (CARVALHO,
OLIVEIRA e MORUZZI, 2010).

3.4.1 Método de Rippl

Esse método também é chamado de diagrama de massas. Originalmente


desenvolvido ao final do século XIX. Segundo Campos (2007) é o método mais
utilizado, especialmente por conta de sua fácil aplicação. Entretanto há uma série de
críticas sobre sua utilização, baseadas principalmente no fato de esse método ter
sido, a princípio, desenvolvido para grandes reservatórios, o que acarretaria uma
superestimativa do volume a ser reservado.

O método consiste na determinação do volume com base na área de


captação e na precipitação registrada, considerando-se que nem toda a água
23
precipitada seja armazenada e correlacionando tal volume ao consumo mensal da
edificação, que pode ser constante ou variável.
Campos (2004) recomenda que, quanto menor o intervalo nos dados
pluviométricos, maior será a precisão no dimensionamento, devido ao conceito do
Método de Rippl, sendo a utilização de valores diários suficiente. Muitas vezes,
devido à ausência de dados, utilizam-se valores mensais, que também apresentam
resultados satisfatórios, além de tornar o procedimento de cálculo menos trabalhoso.
O período de coleta dos dados da pluviometria local também é de extrema
importância para a precisão no dimensionamento, pois, quanto mais prolongado o
período analisado, mais eficiente é o dimensionamento.
Existem duas maneiras de se verificar o volume do reservatório através desse
método (MAY, 2004): o método analítico e o método gráfico. O primeiro é o mais
comum.

3.4.2 Método Analítico

Neste método os dados de entrada são: precipitação média mensal ou diária (mm);
demanda mensal ou diária (m³); área de coleta (m²); coeficiente de escoamento
superficial (CES); e eficiência do sistema de captação (η).
A eficiência do sistema de captação refere-se à eficiência dos equipamentos
colocados antes do reservatório, isto é, filtros, equipamentos para retirada do
escoamento inicial, etc.
Os dados de saída são:
(a) Volume aproveitável (m³): volume máximo de água de chuva que poderá ser
coletado no intervalo de um mês ou diariamente.
(b) (Volume aproveitável – Demanda) (m³): diferença entre o volume de água de
chuva aproveitável e o volume da demanda a ser atendida;
(c) Diferença acumulada (m³): volume obtido pelo somatório das diferenças
negativas do volume aproveitável menos a demanda;
(d) Volume do reservatório de água de chuva (m³): volume adquirido no somatório
da diferença negativa do volume de chuva e da demanda.

24
3.4.3 Método gráfico

Para este método (TOMAZ, 2003) são utilizados os volumes de chuva


acumulados e a demanda local acumulada no período de um ano (nos meses de
janeiro a dezembro), os quais devem ser lançados em um gráfico, denominado
Diagrama de Massas.
Para obter-se o volume do reservatório, traçam-se paralelas pela curva
acumulada do consumo tangenciando-a pelo ponto mais alto e pelo ponto mais
baixo. A distância vertical entre as duas paralelas será o volume do reservatório
obtido pelo modo gráfico do método de Rippl.

3.4.4 Método de consideração dos períodos de dias consecutivos sem chuva

O método é apresentado pelo Group Raindrops (2002). Para a utilização


desse método, o ideal é a observação dos registros pluviométricos de anos
(principalmente de décadas) anteriores para identificar os maiores períodos de dias
consecutivos sem chuvas e sua taxa de repetição. A obtenção dos dados
pluviométricos históricos muitas vezes é difícil, ou eles até mesmo inexistem
dependendo da localidade.
De posse dos períodos de dias consecutivos sem chuva e do volume de água
de chuva consumido diariamente na edificação, o volume mínimo a ser adotado para
o reservatório, calculado por esse método, é obtido a partir do produto desses dois
valores.
No trabalho de Simioni, Ghisi e Gómez (2004), é realizado um procedimento
estatístico na tentativa de otimizar o dimensionamento. Para isso, é utilizado o
método de Weibull e a equação estatística de Gumbel para calcular a probabilidade
de ocorrência do evento, o tempo de recorrência e a variável reduzida.
Para o dimensionamento do reservatório é, então, realizada a montagem e
observação de um gráfico de períodos de recorrência (meses) em função do número
de dias consecutivos sem chuvas. Nesse gráfico observa-se um limite a partir do
qual o aumento do período de recorrência não implica aumento muito significativo no
número de dias consecutivos sem chuva.
O valor do tempo de recorrência encontrado (T) é então aplicado à equação 4
para encontrar-se a probabilidade (P). O valor de P é aplicado à equação 5 para
25
encontrar-se a variável reduzida X e finalmente retorna-se ao gráfico para
encontrarem-se os dias consecutivos sem chuva (Dsc). Este valor é aplicado à
equação 5 para a determinação do volume do reservatório.
Existe também a possibilidade de se fazer o dimensionamento com a
consideração dos períodos de dias consecutivos com chuvas, com a finalidade de
captar o maior volume de água de chuva possível. Esse procedimento é mais
apropriado em regiões onde os períodos de seca são mais extensos que os
períodos chuvosos, como, por exemplo na região Nordeste do Brasil. A intenção é
captar o maior volume de água de chuva possível nas estações chuvosas, para que
este possa suprir a demanda nos períodos de estiagem.

3.4.5 Método de Análise de Simulação de um Reservatório com Capacidade


Suposta

Este método consiste basicamente na fixação de um volume para o


reservatório e na verificação do percentual de consumo que será atendido.
A simulação, segundo Werneck (2006), pode ser feita para apenas um ano,
porém a análise para um período prolongado fornece maiores chances de se
observar o que ocorre em casos anormais, como, por exemplo, estiagens
prolongadas. No caso de a água de chuva armazenada ser a única fonte de água na
edificação, o recomendado é observar um período de décadas de registro, se
possível.
O primeiro passo para a aplicação desse método é adotar alguns valores
possíveis para o volume do reservatório, com base na estimativa do consumo
mensal de água não potável.
Werneck (2006) sugere a utilização de uma tabela em que os dados de
entrada são a precipitação mensal e a demanda mensal. Para a utilização da tabela
e o correto dimensionamento, recomenda-se seguir os seguintes passos, que
resumem a aplicação do método: a) adotar os volumes do reservatório a serem
analisados; b) para cada mês, adicionar ao valor inicial do volume do reservatório (o
final do mês anterior) a quantidade de água captada (segundo o autor, pode-se
adotar para volume inicial mínimo do reservatório o valor de 1 m³, como se fosse
remanescente do ano anterior); c) para cada mês, subtrair o volume consumido; d)

26
desenvolver um gráfico, para cada reservatório, da variação dos volumes em função
dos meses (opcional); e e) analisar cada gráfico e calcular a eficiência de cada
reservatório conforme apresentado por Tomaz (2003). A eficiência é obtida da
relação entre os meses (ou dias) em que o reservatório não se apresenta ocioso
(não necessitando de outra fonte de abastecimento) e todos os meses (ou dias) do
período estudado.
O volume do reservatório a ser escolhido é aquele que apresentar a maior
eficiência entre os volumes adotados inicialmente. Pode-se, no caso de a eficiência
encontrada ainda ser muito baixa, adotar outro volume para o reservatório e refazer
esse procedimento, até que se chegue a um resultado satisfatório segundo o
objetivo do projetista (melhor custo/benefício por exemplo).
Conforme sugerido no trabalho desenvolvido por Carvalho, Oliveira e Moruzzi
(2007), o Método de Análise de Simulação pode ser utilizado em combinação com
outros métodos de dimensionamento, pois os volumes de reservação determinados
nesses outros métodos podem ser investigados através dessa simulação, quanto ao
seu comportamento, permitindo assim maior precisão na definição do volume do
reservatório em função da eficiência alcançada.

3.4.6 Método prático brasileiro

O método Azevedo Neto utiliza uma série de precipitação de forma anual


relacionando com a quantidade de meses com pouca chuva ou seca. Neste método
empírico é desconsiderada a influência da demanda, considerando apenas o volume
captado e o período de estiagem (mensal).

3.4.7 Método prático inglês

É um método empírico apresentado na NBR 15527 (ABNT, 2007). Neste


método a demanda também não é considerada no cálculo, o volume do reservatório
é calculado por meio.

27
3.4.8 Método prático alemão

Trata-se de um método empírico onde se toma o menor valor do volume do


reservatório; 6% do volume anual de consumo ou 6% do volume anual de
precipitação aproveitável.

3.5 Confiabilidade no Fornecimento de Água pelos Sistemas

A maioria desses métodos trabalha com um balanço hídrico ente a


quantidade de água coletada e o seu consumo, mas analisam a eficiência do
reservatório em acumular água. Uma verificação da eficiência dos reservatórios, em
acumular água nos sistemas de captação de águas de chuva, pode ser feita por
meio da confiabilidade do volume de reservação.
Em um estudo feito em Araci, localizado polígono das secas no Estado da
Bahia, Cohim e Orrico (2016) consideram a confiabilidade como a quantidade de
dias em que a demanda é plenamente atendida pelo em um período de análise, com
diferentes valores para diferentes áreas de telhados, em diferentes famílias. Nesse
município, com uma precipitação média anual de 657mm e um período chuvoso de
março a maio (SEI, 1999) e uma cisterna padrão do P1MC, com volume de
reservação 16.000 litros, a confiabilidade do atendimento às demandas depende de
áreas maiores à medida em que cresce o número de moradores. Para uma mesma
área de captação a confiabilidade decresce com o aumento do número de
moradores, tornando-se inatingível atender a demanda, de consumo mínimo de 20
litros por pessoa por dia, plenamente em 90% dos dias do ano, mesmo com a maior
área de telhado utilizada pelas famílias (120m²), como mostra a Figura 4.

28
Figura 4. Confiabilidade atendimento de cisternas de 16.000L por da área de captação e
diversos tamanhos de famílias (COHIM e ORRICO, 2016).

Ainda Cohim e Orrico (2016) afirmam que para uma dada confiabilidade, o
volume de reservação crescerá com o aumento da demanda até o ponto em que a
demanda se aproxima do valor que representa seu potencial máximo. A partir desse
valor máximo, para o atendimento de uma determinada confiabilidade é necessário
um aumento da área de captação, pois a saída de água devido a intensidade do uso
diário supera, as entradas, impedindo o enchimento pleno do reservatório.
Gollin, Souza Filho e Silva (2016) também apresentaram um modelo para
avaliar a confiabilidade. Esses autores utilizaram dados de precipitação diário de
1950 até 2013 disponíveis do Instituto Nacional de Meteorologia – (INMET), e
desenvolveram um modelo utilizando um software de computação para simular o
balanço do volume do sistema de captação de água de chuva em cada posto
meteorológico. A confiabilidade também foi definida, como sendo a porcentagem
total de anos em que a cisterna não pode ficar sem água. O consumo de água diário
utilizado foi o recomendado pela Organização Mundial de Saúde – OMS que é de 20
litros por pessoa por dia, para beber e para cozinhar, mas também afirma que 7,5
litros por pessoa por dia podem ser aceitáveis, em emergências, por períodos muito
curtos de tempo. Como o P1MC estabeleceu um reservatório de 16.000 litros de
água para suprir suas necessidades básicas durante a seca, adota-se essa condição

29
para todo o ano, na região do semiárido (Figura 1). Então, por conseguinte, para o
modelo foi atribuído 74,1 litros de água por família por dia.
Como resultado mostraram que o aumento no tamanho da cisterna, aumenta
também a capacidade dos sistemas em armazenar água, sugerindo volumes de
cisternas em 8.000, 16.000, 30.000 e 50.000 litros, para melhor adaptação a
intersazonalidade dentro os anos. Observou-se também, uma intuitiva noção que
existe uma enorme variabilidade na confiabilidade oferecidas pelas cisternas,
principalmente nas regiões ocidentais a área de estudo, onde não há chuvas
suficientes para garantir a alta confiabilidade, mesmo com áreas de captação
relativamente grandes. Dentro do semiárido, áreas com estação de secas mais
longas, tendem a oferecer menores confiabilidades, Figura 5.

Figura 5. Distribuição da variação da confiabilidade, para 5 áreas de captação, ao longo


da região semiárida brasileira (DOSS-GOLLIN et alii, 2016).

30
Essa variação também pode ser interpretada no contexto da área de
captação, como mostra a Figura 6, em que mesmo regiões mais secas conseguem
altas confiabilidades com grandes áreas de captação.

Figura 6. Frequência acumulada para confiabilidade por área de captação (DOSS-


GOLLIN et alii, 2016).

Como em muitos países em desenvolvimento, a Nigéria também não pode


satisfazer suas necessidades de água doméstica e, segundo Aladenola e Adeboye
(2010), em 2007 apenas 47% da população total tinha acesso a água de fontes
potáveis. O país já enfrenta escassez de abastecimento de água tanto em áreas
urbanas como rurais, apesar dos abundantes recursos hídricos e terrestres
disponíveis em várias zonas climáticas. No entanto, pode-se aproveitar a abundante
precipitação do país para combater a escassez de água.
Para isso, Imteaza, Adeboye, Rayburga e Shanablehd (2012) analisaram o
desempenho em projetos de captação de água de chuva com base em balanços
hídricos diários para projetar tamanhos ótimos de reservatórios domésticos no
Sudoeste da Nigéria. Consideraram a precipitação diária para um ano tipicamente
seco, área de contribuição média de 80 m², perdas de 15% por vazamento,
derramamento e evaporação, volume de reservação e a utilização da água para
duas situações (i) apenas descargas sanitárias 1,8 m³/mês; e (ii) descargas
sanitárias e lavanderias 2,45 m³/mês. Verificaram que a confiabilidade de 100%
pode ser alcançada com um reservatório de 7.000 litros para a baixa demanda e
com um reservatório de 10.000 a alta demanda. A economia de água, gerada pelo

31
sistema, aumenta significativamente com o aumento do tamanho do tanque. Em
ambas simulações existiu um grande desperdício de água por excesso, portanto
recomendaram a utilização da água de chuva para outros fins, pois, na condição de
demanda limitada, um tanque muito grande torna-se desnecessário, apesar de uma
economia ainda maior, no sistema de abastecimento público da Nigéria.
Haverá soluções ótimas com diferentes combinações de volumes de
armazenamento, tamanho de telhados e demandas de água de chuva. A
confiabilidade é uma ferramenta no apoio a decisão para adoção da combinação
mais eficiente das variáveis estudadas e melhor dimensionamento no sistema de
captação.
Na Austrália, as autoridades governamentais estão promovendo a captação
de água de chuva por meio de campanhas, oferecendo incentivos e subsídios, pois,
apesar de resultados positivos, a comunidade reluta em adotar sistemas de
captação de águas em uma escala mais ampla. Um dos motivos está relacionado ao
volume ótimo de armazenamento de água necessário pelo reservatório (IMTEAZA,
AHSANB, NASERA e RAHMAN, 2011).
Segundo Jenkins (2007), a previsão de mudanças nos padrões de chuva na
Austrália adiciona mais complexidade ao planejamento dos regimes adequados de
captação de água de chuva, demonstrando, através de simulações computacionais,
quantidade de água da chuva armazenada, água de chuva utilizada, quantidade
transbordada e quantidade de água usada para encher tanques domésticos. O
modelo foi usado para 12 cidades principais da Austrália, usando dados diários da
precipitação, concluiram que o clima característico do local tem uma influência
significativa na eficácia do tanque de água da chuva. O estudo também mostrou que
a eficiência da reservação de água é função da variação mensal da precipitação.
Imteaza, Ahsanb, Nasera e Rahman (2011) apresentam um modelo de
balanço hídrico diário para a otimização no volume de tanques de águas de chuva
para a cidade de Melbourne, Austrália, considerando a precipitação diária em anos
secos (463 mm), médios (654 mm) e úmidos (914 mm). Perdas por vazamento,
derramamento e evaporação no valor de 10%, área de telhado variando de 50-300
m², volume de reservação entre 1.000 a 10.000 litros e demanda de água diária em
185 litros por pessoa por dia, em que 60, 70 e 80% são satisfeitas pela água de
chuva do reservatório. A análise em três diferentes condições climáticas concluiu, de
32
maneira geral, que para um cenário familiar de duas pessoas e um tamanho de
telhado de 150 m² é quase impossível atingir uma confiabilidade 100%, mesmos nos
anos mais úmidos e que, o efeito do aumento no volume do tanque, na
confiabilidade, tornou-se insignificante. No entanto, com uma área de telhado maior
que 150 m², é possível atingir 100% da confiabilidade, mesmo com volumes de
reservação entre 5.000 e 6.000 litros. Já com uma demanda menor, é possível
atingir 100% da confiabilidade mesmo em anos mais secos, com uma área de
captação com cerca de 300 m².
Na cidade de Nova Iorque, a infraestrutura hidráulica construída na primeira
onda moderna de urbanização está envelhecendo e necessitando de reparos,
enquanto a necessidades da construção de novas instalações aumenta, frente a
novos desafios, decorrentes de regulamentações ambientais cada vez mais
rigorosas. Daigger (2009) defende que a extração de água de chuva, adjunto com
outras tecnologias de conservação da água, recuperação, infiltração e reutilização
da água, são consideradas um meio viável para gerenciar de forma mais sustentável
os ciclos dos recursos hídricos urbanos.
A captação de águas de chuva, quando bem dimensionada, reduz o volume
de fluxo de águas nos sistemas de coleta e/ou corpos de água de superfície e
podem reduzir a procura de água potável urbana. Garantindo a redução na escala
dos esforços necessários para construção e reabilitação das infraestruturas
hidráulica urbana, tanto para grandes cidades quanto para as pequenas, mas
também como um mecanismo potencial para estratégias de gerenciamento e
economia dos recursos hídricos.
Basinge, Montalto e Lall (2010) analisaram a confiabilidade, por meio da
Ferramenta de Estimativa de Armazenamento e Confiabilidade (SARET), que tem
como base um modelo de balanço hídrico diário, em sistemas de captação de água
de chuva usados para abastecer descargas de banheiros, irrigação de jardins e ar
condicionado de edifícios residenciais em Nova Iorque. O plano de sustentabilidade
da cidade – (PlaNYC 2030) reconhece a necessidade de aumentar a confiabilidade
do sistema de abastecimento de água na cidade, na, medida em que a água de
chuva captada é desviada do sistema de esgoto (reduzindo a chance de
transbordar) mas também se tornando um substituto para água potável canalizada.

33
Nesse estudo, analisaram sistemas de captação de água de chuva aplicados
a edifícios multifamiliares, o tipo de construção mais comumente encontrado em
Nova Iorque. Especificamente, consideraram o uso de escoamento captado nos
telhados desses edifícios para a lavagem do vaso sanitário, irrigação do jardim e
para o ar condicionado. Embora haja uma grande variabilidade nos valores mensais
de precipitação de ano para ano, o valor médio em todos os meses é entre 70 e 100
mm. Em outras palavras, os efeitos sazonais são evidentes, mas sem grandes
temporadas secas ou úmidas. Dos anos de dados históricos utilizados na análise
aumentou gradualmente até que as quantidades de precipitação cumulativas
associadas a tentativas sintéticas repetidas fossem estatisticamente idênticas entre
si. Usando este procedimento, determinaram que qualquer janela de 25 anos de
dados extraídos do registro histórico de 51 anos em rendimentos conjuntos
idênticos. Aumentos adicionais no número de anos históricos não tiveram efeito
sobre as quantidades de precipitação sintética. Assim, selecionaram 1978-2002 para
uso neste estudo de caso (BASINGE, MONTALTO e LALL, 2010).
Os resultados é uma compilação de faixas para demanda de 500 litros por dia
(gama de vaso sanitário de baixo fluxo) até 950 litros por dia (cerca de 2/3 de uma
demanda de bacias sanitárias de alto fluxo) indicaram que, para uma determinada
demanda, existe uma área de captação abaixo da qual a incorporação de um tanque
de armazenamento não melhorará a confiabilidade do sistema. Em tais aplicações, a
quantidade de água que pode ser captada é inteiramente utilizada para satisfazer a
procura imediata. Dado que o elemento de armazenamento é frequentemente o
componente mais caro de um sistema de captação de água de chuva é interessante
notar que, nas condições adequadas, as práticas de reservação podem satisfazer a
descarga de sanitários com confiabilidade até 50% (500 litros por dia e área de
captação maior que 150 m²), sem um tanque, porém na realidade, um reservatório
sempre será necessário para o armazenamento temporário. Em zonas de captação
acima desse limiar mínimo torna-se evidente a vantagem em incorporar um
elemento de armazenamento na concepção do sistema (BASINGE, MONTALTO e
LALL, 2010).
Para sistemas instalados nas áreas de captação de telhados mais
comumente encontradas em Nova Iorque (51 – 75 m²) as demandas de descarga
dos banheiros podem ser atendidas com 7 – 40% de confiabilidade, com a
34
extremidade inferior da faixa representando edifícios com descargas de alto fluxo, já
elementos da extremidade superior representa edifícios que transitaram para
fixações de baixo fluxo. Mais que 80% de confiabilidade pode ser usado para irrigar
jardins de quintal ou outras instalações de agricultura para praticamente todas as
combinações de área de captação/ tanque de reservação. Um aumento nos
reservatórios para volumes maiores que 25 m³ produzirá um aumento de apenas
10% na confiabilidade, e esse aumento é somente para áreas de telhado maiores
que 100 m² (dificilmente encontrado nos edifícios multifamiliares de Nova Iorque). A
proliferação de sistemas de captação de água de chuva de pequena escala (volume
de reservação <5 m³) em jardins comunitários de Nova Iorquerk (NYCWRG, 2009) é
talvez uma evidência de que o SARET produz resultados consistentes com o
conhecimento e a prática locais (BASINGE, MONTALTO e LALL, 2010).
Ainda segundo Basinge, Montalto e Lall, (2010) pode-se satisfazer a pequena
demanda de água proporcionada pelo ar condicionado com confiabilidade acima de
70%, dedicando apenas uma pequena parte do telhado (por exemplo, um pórtico ou
garagem) para esta finalidade.
O modelo é um modelo portátil, pois o algoritmo de geração de precipitação
pode ser executado em qualquer região com registros históricos especificados pelo
usuário. Os resultados encontrados sugerem que uma percentagem significativa das
necessidades de águas não-potáveis de edifícios residenciais multifamiliares pode
ser fornecida por captação de águas de chuva. Quando um sistema de captação de
água de chuva é implementado nos telhados em uma vizinhança residencial em
Nova Iorque, o volume de águas drenadas pelo sistema de esgoto é reduzido em
28% e o volume de água potável do sistema de abastecimento usado para esse fim
é reduzido em 53%, considerando um ano de chuva médio. Quando menor volume
de escoamento é descarregado para esgotos combinados como aqueles que
servem a maior parte da cidade de Nova Iorque, é provável que ocorram menos
sobrecargas e apoios no subsolo, com a qualidade da água superficial associada, a
saúde pública e os benefícios legais / regulamentares. Quando se requer menos
água potável nos edifícios urbanos, a resistência do sistema de abastecimento de
água existente à seca, ao crescimento populacional e às fugas é também reforçada,
enquanto que, por habitante, os custos do tratamento da água potável também são
reduzidos. Devido a esses múltiplos benefícios de infraestrutura, os sistemas RWH
35
são considerados candidatos privilegiados para estudos focados adicionais como
uma estratégia de gerenciamento de ativos, especialmente em cidades como Nova
Iorque com um compromisso declarado com a sustentabilidade (BASINGE,
MONTALTO e LALL, 2010).
Sistemas de captação de águas de chuva também podem ser utilizados,
como solução para o abastecimento de água, em regiões onde dispõe grande
abundância de recursos hídricos, mas que possuem condicionantes de acesso a
água para consumo humano. Como na bacia hidrográfica do rio Amazonas, que
apesar de possuir 71,1% da vazão nacional (GIATTI, CUTOLO, 2012) e maior
abundância de recursos hídricos, a precária cobertura por saneamento básico,
devido a ocupação dispersa das populações ribeirinhas na região, contribuem para
tradição do uso da água sem tratamento.
Tendo em vista as dificuldades de abastecimento público na Região Legal do
Amazonas, um conceito de escassez de recursos hídricos, aplicado à Amazônia,
deveria considerar a possibilidade de acesso a água, deparando-se com uma
controvérsia, oriunda da baixa percepção da importância dos problemas
relacionados aos recursos hídricos e às possíveis implicações sobre a saúde e as
condições de vida na região.
Visando combater os problemas de abastecimento com água potável, o
Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretária de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável – (SDS) começaram a cadastrar 10,1 mil famílias com
o Programa Água para Todos. O programa consiste na instalação de um sistema de
captação de águas de chuva, nas residências familiares. As residências incluídas
ganharam telhados novos (quando necessário), calha e uma caixa de dois mil litros
para a reserva da família, nas casas em terra firme, e 500 litros nas palafitas
(PORTAL BRASIL, 2013).
As águas de chuva têm excelente qualidade, podendo ser utilizada para
diversas finalidades, sendo indicada também para o consumo humano. Porém em
locais com altas densidades populacionais ou ambiente altamente industrializados
as primeiras águas captadas podem não ser apropriadas ao consumo humano.
Segundo pesquisa da Universidade da Malásia, somente as primeiras águas, após o
início da chuva, carreiam ácidos, microrganismos, e outros poluentes atmosféricos,

36
sendo que normalmente pouco tempo após a mesma já adquire características de
água destilada, que pode ser coletada em reservatórios fechados (LUNA, 2011).
Luna (2011) avaliou a qualidade do uso de água de chuva, no âmbito do
programa P1MC, por meio da ocorrência de episódios diarreicos comparando o
número e a duração entre moradores de domicílios com e sem cisternas. Esse
estudo foi realizado em 21 municípios do Agreste Central de Pernambuco entre
Agosto e Dezembro de 2007, com período de acompanhamento de 60 dias. A
casuística final, com análise bivariada, concluiu em reduções significantes no
número de episódios diarreico, reduzindo o risco em 73%, em famílias rurais com
cisternas, relação a não ter. Comprovando a qualidade da água de chuva para a uso
humano, inclusive, o uso de beber.

37
4 METODOLOGIA

O objeto de estudo foi o modelo padrão de sistemas de captação de água de


chuva, implantados pelo P1MC, o qual possui uma cisterna de 16.000 litros. O
universo amostral compreende todas as cidades do estado da Bahia contempladas
pelo sistema de captação do programa e os dados pluviométricos foram obtidos pelo
site do Hidroweb da Agência Nacional de águas – ANA (2012). As informações
referentes ao número de moradores e área de captação foram obtidas por meio do
banco de dados da Articulação no Semiárido Brasileiro – (ASA, 2012).

4.1 Modelo de dimensionamento

Dentre os métodos de dimensionamento das cisternas de aproveitamento da


água de chuva, optou-se pelo modelo comportamental de balanço hídrico por
possibilitar a simulação de operação de reservatórios em um período de tempo,
segundo os fluxos de massas com algoritmos que descrevem a operação do
reservatório. Adotou-se o intervalo de um dia para o balanço.
Nesse modelo, denominado de comportamental genérico – CG, um algoritmo
descreve a regra de produção antes do enchimento do reservatório para θ=1,
enquanto a regra de produção depois do enchimento do reservatório é descrita para
θ=0, conforme a Equação 1 e a Equação 2 (JENKISN, 1978 apud FEWKES, 1999):
𝐷𝑡
𝑌𝑡 = 𝑚𝑖𝑛 {
𝑉𝑡−1 + 𝜃𝑄𝑡
Equação 1
(𝑉𝑡−1 + 𝑄𝑡 − 𝜃𝑌𝑡 ) − (1 − 𝜃)𝑌𝑡
𝑉𝑡 = 𝑚𝑖𝑛 {
𝑆 − (1 − 𝜃)𝑌𝑡
Equação 2
Onde, Y = produção de chuva no sistema, responsável por suprir a demanda
(m3); D = demanda (m3); V = volume de chuva no reservatório de armazenamento
(m3); Q = volume total de chuva coletado pelo sistema (m 3); S = volume do
reservatório de armazenamento (m3).

38
Foi utilizado, para cada dia, um valor aleatório para θ, entre 0 e 1, para cada
intervalo de balanço, conforme proposto por Cohim e Oliveira (2009), reproduzindo,
assim, a natureza aleatória do fenômeno.
Se as diferentes combinações de área de telhado e volumes de cisternas
forem expressas na forma de relações adimensionais, normalizadas em relação ao
potencial máximo teórico (Equação 1), dado pelo produto da área de captação pela
precipitação anual média, conforme proposto por Fewkes (1999), a análise poderia
ser feita em função de dois parâmetros: a fração da demanda (FD), expressa na
Equação 2, e a fração de reservação (FR), expressa na Equação 3.
𝑉𝑚𝑎𝑥 = 𝐴. 𝑃. 𝐶 Equação 3.
Onde, A = área de telhado (m2); P = precipitação anual (m); C = parcela da
precipitação que escoa (adimensional).
𝐷
𝐹𝐷 = 𝐴.𝑃 Equação 4.

𝑉
𝐹𝑅 = 𝐴.𝑃 Equação 5.

Onde: D = Demanda anual (m3) e V = Volume da Cisterna (m3).

4.2 Demanda considerada

Apesar de ser recomendado um mínimo de 50 litros por pessoa por dia, pode-
se considerar, devido à escassez d’água na região, a demanda de água por
residências como sendo de 20 litros por pessoa por dia. Um consumo menor que o
mínimo recomendável, supondo-se então uma exceção na eficácia eliminação de
resíduos humanos. Valor esse mantido constante em todas simulações.

4.3 Precipitação Anual


O valor da precipitação, em cada um dos postos das 7 mesorregiões, é o
resultado da média aritmética de todos os anos do período com registros
pluviométricos nos postos.

39
4.4 Fator de Demanda Máximo (FDm)

Tomando valores de FD, por meio das Equações 4 e 5, relacionar com FR em


um gráfico e aplicar uma análise de regressão, encontra-se a função característica
dessa relação FD →FR. O fator de demanda máximo – (FDm) será o valor em que a
derivada da função inversa da relação (FDxFR) estiver próximo de zero. Esse valor
indica que para um acréscimo de um litro da demanda será necessário um aumento
muito maior no volume de reservação, então temos que a partir do valor de FDm, a
demanda só será atendida, por um aumento na área de captação.

4.5 Percentual de Atendimento as Demandas

Calcula-se percentualmente por postos, a quantidade de caso em que o fator


de demanda máximo disponibilizado pelo sistema será menor que o fator de
demanda necessário, o número de casos para a demanda atendida com
reservatórios de volumes menores que 16.000 litros e a quantia de situações que
poderiam ser atendidos com reservatórios superiores a 16.000 litros separando-os
em gráficos de barra por mesorregião e atribuindo-lhes uma média ponderada, por
fim, agrupa-se todas as médias em um único gráfico e caracteriza-se o Estado da
Bahia a partir das médias regionais.

4.6 Avaliação na Distribuição de água

Utiliza-se o índice de Gini para medir a desigualdade na distribuição de água


domiciliar per capita. Ele consiste em um número entre 0 e 1, onde 0 corresponde à
completa igualdade e 1 corresponde à completa desigualdade. A construção do
coeficiente de Gini é baseado na “Curva de Lorenz”.
A curva de Lorenz mostra como a proporção acumulada de água fornecida (𝜙)
varia em função da proporção acumulada da população atendida (𝜌), estando os
indivíduos ordenados pelos valores crescentes da renda.
Por definição, índice de Gini é a diferença entre a área gerada pela Curva da
Igualdade Perfeita e a área gerada pela Polinomial de Lorenz. A polinomial de
40
Lorenz é a regressão polinomial gerada por coordenadas (𝜙𝑖 , 𝜌𝑖 ) de uma Variável
𝑋𝑖 , sendo (𝑖 = 1, … , 𝑛) cujos os valores estão em ordem crescente, e 𝜌𝑖 é a
proporção acumulada do número de elementos até o i-ésimo:
𝑖
𝜌𝑖 = (𝑖 = 1, … , 𝑛) Equação 6.
𝑛

E a correspondente acumulada de 𝑋, até o i-ésimo elemento será:


∑𝑖 𝑋𝑗 1
𝜙𝑖 = ∑𝑗=1
𝑛 = 𝑛𝜇 ∑𝑖𝑗=1 𝑋𝑗 , já que ∑𝑛𝑗=1 𝑋𝑗 = 𝑛𝜇 Equação 7.
𝑋𝑗=1 𝑗

Assim se 𝑋 representa a quantidade de água individual e se 𝑋1 < 𝑋2 , 𝜙𝑖


representa a quantidade de água total apropriada pelos indivíduos com renda inferior
ou igual a 𝑋𝑖 .
Para calcular o coeficiente de Gini têm-se:
𝐺 = 1 − 2𝛽 Equação 8.
Sengo G= índice de Gini; 𝛽 = à área gerada pela polinomial de Lorenz.
A área gerada pela polinomial de Lorenz é calculada pelo método de integração
definida, com limites variando entre 0 e 1.

41
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Mesorregiões no Estado da Bahia

Segundo as informações da ASA em 2012, um total de 23.983 famílias


distribuídas em 57 municípios no Estado da Bahia, já foram contempladas com
sistema de captação de água de chuva promovido pelo P1MC.
Agrupando essas cidades por mesorregião, segundo grandezas escalares,
como grau de concentração, o período de concentração de precipitação, e a
localização geográfica pode-se observar, como mostra a Tabela 1, que as
mesorregiões 2, 3 e 10, devido a localizarem-se fora do semiárido baiano e
possuírem condições climáticas mais amenos, não obtiveram famílias cadastradas
pelo programa e na mesorregião 4 o único município com famílias beneficiadas é
Inhambupe.

Tabela 1. Municípios cadastrados pelo P1MC por mesorregião do Estado da Bahia


Mesorregião Postos Total de Cisternas
Brumado; Condeúba; Vitória da
Mesorregião 1 Conquista; Cândido Sales e 2.213
Anagé.
Mesorregião 4 Inhambupe. 199
Araci; Paripiranga; Antas;
Heliópoles; Ribeira do Pombal;
Mesorregião 5 4.589
Sátiro Dias; Itapicuru; Serrinha
e Ipirá.
C. Coité; Paulo Afonso; Santa
luz; Euclides da Cunha;
Mesorregião 6 Queimadas; Jeremoabo; Monte 4.602
Santo; Coronel João de Sá e
Pedro Alexandre.
Souto Soares; Mairi; Morro do
Chapéu; Andaraí; Livramento
Mesorregião 7 de Nossa Senhora; Mundo 3.123
Novo; Baixa Grande; Ruy
Barbosa; Itaberaba e Utinga.

42
Uibaí; Gentio do Ouro;
Canarana; Irecê; Ibititá;
Mesorregião 8 Rodelas; Xique Xique; Sento 5.661
Sé; Juazeiro; Casa Nova e
Barra do Mendes.
Morpará; Santana; Brotas de
Macaúba; Bom Jesus da Lapa;
Serra do Ramalho; Riacho de
Mesorregião 9 Santana; Parapirim; 3.596
Carinhanha; Palmas do Monte
Alto; Caetité; Urandi e
Guanambi.
TOTAL 57 postos 23.983 cisternas

5.2 Fator de Demanda Máximo Disponível – (FDm)

A Tabela 2 apresenta, os Fatores de Demanda máximo – (FDm), quantidade


de cisternas por município e a precipitação média anual por cidade para cada um
dos postos estudos.
Tabela 2. Quantidade de cisternas e Fator de Demanda Máximo por cidade.
Meso
Precipit Fator de Demanda
rregiã Cidade Nº de Cisternas
ação Máximo (FDm)
o
1 Brumado 569,0 1.775 0,59
1 Condeúba 676,1 90 0,72
1 V. da Conquista 667,5 168 0,81
1 Cândido Sales 757,6 30 0,81
1 Anagé 504,6 150 0,66
4 Inhambupe 875,1 199 0,76
5 Araci 627,1 1.540 0,74
5 Paripiranga 945,5 1.659 0,33
5 Antas 826,2 21 0,45
5 Heliópoles 587,9 100 0,76
5 Ribeira do Pombal 709,8 220 0,69
5 Sátiro Dias 678,8 280 0,81
5 Itapicuru 689,4 529 0,69

43
5 Serrinha 746,2 210 0,71
5 Ipirá 536,0 30 0,77
6 Conceição do Coité 490,6 1.754 0,75
6 Paulo Afonso 460,7 400 0,70
6 Santa Luz 356,5 1.350 0,64
6 Euclides da Cunha 619,9 191 0,82
6 Queimadas 519,5 0,80 120
6 Jeremoabo 447,3 0,73 317
6 Monte Santo 589,7 0,79 110
6 Coronel João de Sá 241,0 180 0,49
6 Pedro Alexandre 305,6 180 0,61
7 Souto Soares 481,9 997 0,72
7 Mairi 549,1 244 0,69
7 Morro do Chapéu 598,0 75 0,73
7 Andaraí 996,8 30 0,72
7 Livramento de N. Sr.ª 531,7 120 0,80
7 Mundo Novo 763,9 217 0,77
7 Baixa Grande 608,5 681 0,59
7 Ruy Barbosa 706,0 488 0,65
7 Itaberaba 667,0 243 0,69
7 Utinga 525,8 28 0,74
8 Uibaí 639,2 152 0,72
8 Gentio do Ouro 559,5 948 0,83
8 Canarana 557,6 1.507 0,75
8 Irecê 609,7 48 0,78
8 Ibititá 543,2 328 0,73
8 Rodelas 247,5 9 0,66
8 Xique Xique 557,3 150 0,80
8 Sento Sé 553,8 400 0,81
8 Juazeiro 428,9 90 0,78
8 Casa Nova 467,5 360 0,79
8 Barra do Mendes 567,7 1.669 0,73
9 Morpará 776,5 211 0,82
9 Santana 791,8 447 0,78
9 Brotas de Macaúba 745,1 430 0,80
9 Bom Jesus da Lapa 771,4 30 0,74
9 Serra do Ramalho 666,5 100 0,76
9 Riacho de Santana 813,6 190 0,68
9 Parapirim 636,6 90 0,72

44
9 Carinhanha 816,8 74 0,81
9 P. do Monte Alto 734,5 190 0,77
9 Caetité 891,2 60 0,72
9 Urandi 769,7 600 0,72
9 Guanambi 645,8 1.174 0,76

O FDm é resultado da derivada da curva de FD → FR (Equações 2 e 3),


tomando-se valores constantes de área de captação e número de moradores,
quando FR se aproxima do valor zero. Esse resultado mostra que o sistema de
captação já não possui, a partir desse ponto, condições de suprir a demanda, por
isso está relacionado ao valor de demanda máximo que o sistema pode atender.

5.3 Comportamento FR → FD

Retirando-se os valores do número de famílias e área de telhado do banco de


dados da ASA (2012) pode-se, para uma dada confiabilidade, observar que, o valor
de FR crescerá com o aumento de FD até o ponto em que este se aproxime do valor
que representa o potencial máximo, função do coeficiente C e da própria
confiabilidade, As Figuras 7-13 mostram o comportamento de FR → FD para uma
confiabilidade de 95% em cada um dos postos para cada uma das mesorregiões
estudadas.
1
Exponencial y = 0,0411e4,0972x
(Brumado) R² = 0,9758
0,8
Exponencial y = 0,0415e3,7089x
0,6 (Condeúba) R² = 0,9807
Exponencial
y = 0,0142e4,8058x
0,4 (V. Conquista)
R² = 0,9542
Exponencial y = 0,0189e4,5102x
0,2 (C. Sales) R² = 0,9662
Exponencial
0 y = 0,0335e4,8672x
(Anagé)
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 R² = 0,9884

Figura 7. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 1.

45
0,5
Exponencial
0,4 y = 0,0076e5,2836x
(Inhambupe)
R² = 0,9882
0,3

0,2

0,1

0
0 0,2 0,4 0,6 0,8

Figura 8. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 4.


1
Exponencial y = 0,0103e5,663x
(Araci) R² = 0,9921
0,9
Exponencial y = 0,0085e8,3182x
0,8 (Paripiranga) R² = 0,9984
y = 0,0118e6,349x
0,7 Exponencial R² = 0,99
(Antas)
0,6 y = 0,0139e4,6004x
Exponencial R² = 0,987
(Heliópoles)
0,5 y = 0,0123e5,452x
Exponencial R² = 0,9865
0,4 (Ribeira do
y = 0,0203e3,9058x
Pombal)
0,3 Exponencial R² = 0,9904
(Sátiro Dias) y = 0,02e4,1789x
0,2 R² = 0,9864
Exponencial
0,1 (Itapicuru) y = 0,0141e5,4412x
R² = 0,9695
Exponencial
0 (Serrinha) y = 0,0102e4,9655x
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 R² = 0,9891

Figura 9. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 5.


1,2 Exponencial (C. do y = 0,0132e5,5479x
Coité) R² = 0,9897
Exponencial (Paulo y = 0,0207e3,9027x
1 Afonso) R² = 0,9923
y = 0,0217e4,6599x
Exponencial (Santa
R² = 0,9883
Luz)
0,8
Exponencial (E. da y = 0,0189e4,0708x
Cunha) R² = 0,9693
y = 0,0114e5,1402x
0,6 Exponencial R² = 0,9874
(Queimadas)
y = 0,0166e4,951x
Exponencial R² = 0,9708
0,4 (Jeremoabo)
y = 0,0166e4,951x
Exponencial (Monte
R² = 0,9708
Santo)
0,2 y = 0,035e5,304x
Exponencial (Coronel J.
R² = 0,9954
de Sá)
5,3135x
0 Exponencial (Pedro y = 0,0275e
Alexandre) R² = 0,9879
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

Figura 10. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 6.

46
1,4 Exponencial (Souto y = 0,036e3,9373x
Soares) R² = 0,9784
Exponencial (Mairi) y = 0,0105e6,3729x
1,2
R² = 0,9948
Exponencial (Morro y = 0,008e5,7548x
1 do Chapéu) R² = 0,9877
Exponencial (Andaraí) y = 0,009e5,8391x
R² = 0,9578
0,8 Exponencial (L. de y = 0,044e3,5811x
Nossa Senhora) R² = 0,9746

0,6 Exponencial (Mundo y = 0,0171e4,3731x


Novo) R² = 0,9952
Exponencial (Baixa y = 0,0267e4,4473x
0,4 Grande) R² = 0,9896
Exponencial (Ruy y = 0,012e6,0281x
Barbosa) R² = 0,9958
0,2
Exponencial y = 0,044e3,5811x
(Itaberaba) R² = 0,9746
0 Exponencial (Utinga) y = 0,0193e6,9574x
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 R² = 0,9869

Figura 11. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 7.


1,2 Exponencial (Uibaí)
y = 0,0345e4,6612x
R² = 0,9936
Exponencial (Gentio y = 0,0459e3,4049x
do Ouro) R² = 0,9857
1
Exponencial
y = 0,0391e4,1203x
(Canarana)
R² = 0,9879
Exponencial (Irecê)
0,8 y = 0,048e3,4321x
R² = 0,9751
Exponencial (Ibitita)
y = 0,0401e4,2638x
R² = 0,992
0,6 Exponencial y = 0,0413e4,6949x
(Rodelas) R² = 0,9911
Exponencial (Xique y = 0,0495e3,4606x
Xique) R² = 0,9759
0,4
Exponencial (Sento y = 0,0456e3,6974x
Sé) R² = 0,9859
Exponencial y = 0,0407e3,8196x
0,2 (Juazeiro) R² = 0,9755
Exponencial (Casa y = 0,049e3,5207x
Nova) R² = 0,9833
0 Exponencial (Barra y = 0,0378e4,2939x
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 do Mendes) R² = 0,9918

Figura 12. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 8.

47
1 y = 0,0377e4,4576x
Exponencial (Morpará) R² = 0,9949
0,9 Exponencial (Santana) y = 0,0429e3,3054x
R² = 0,9702
0,8 Exponencial (Brotas de y = 0,0396e3,5582x
Macaúba) R² = 0,9782
0,7 Exponencial (Bom Jesus y = 0,0397e3,5263x
da Lapa) R² = 0,9716
Exponencial (Serra do y = 0,0453e3,4211x
0,6
Ramalho) R² = 0,9643
Exponencial (Riacho do y = 0,0464e3,362x
0,5 Santana) R² = 0,9758
Exponencial y = 0,0519e3,111x
0,4 (Parapirim) R² = 0,9656
Exponencial y = 0,0449e3,2554x
0,3 (Carinhanha) R² = 0,967
Exponencial (Palmas de y = 0,0498e3,2834x
Monte Alto) R² = 0,9723
0,2 y = 0,0345e3,8756x
Exponencial (Caetité)
R² = 0,9674
0,1 y = 0,0426e3,642x
Exponencial (Urandi) R² = 0,9775
0 Exponencial y = 0,0252e4,6444x
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 (Guanambi) R² = 0,9852

Figura 13. FRxFD a uma confiabilidade de 95% na Mesorregião 9.

Verifica-se nas Figuras 7-13 uma dispersão com características exponencial


na relação entre o FR → FD. Os valores do coeficiente de determinação – (R²) nas
curvas dos postos variam entre um mínimo de 0,9578 e um máximo de 0,9984,
mostrando um bom ajustamento no modelo estatístico exponencial utilizado com
relação as grandezas estudadas.
Observa-se também, a partir das curvas FR x FD Figuras 7-13, em cada uma
das mesorregiões, que o Fator de Reservação aumenta exponencialmente, em
função do Fator de Demanda, até o ponto em que o Fator de Demanda assume seu
valor máximo (FDm). Após esse valor máximo, o sistema de captação já não
consegue atender, de forma plena, a demanda em 95% dos dias do ano.
Comparando as equações das curvas nas Figuras 7-13, em suas respectivas
cidades, constata-se que existem famílias em que a demanda de água é superior
daquela disponibilizada pelo sistema, impedindo assim a satisfação, de forma plena,
em 95% dos dias no ano.
Nessas situações pode-se, por meio da Equação 5, verificar que o
atendimento da demanda, de 20 litros por pessoa por dia, nessas residências
necessita de um aumento da área de captação, a incorporação de um tanque de
48
armazenamento maior, não melhorará a confiabilidade do sistema, pois mesmo
aumentando o volume de reservação não será possível captar uma quantidade de
água referente ao consumo, identificando uma ociosidade no volume do
reservatório.

5.4 Percentagem de Atendimento dos Sistemas às Demandas

De acordo com as Figuras 14-19, verifica-se o percentual, em cada uma das


cidades, em que o sistema de captação implantado pelo P1MC atende à demanda
solicitada com o reservatório de 16.000 litros e também em quantas residências o
sistema atenderia à demanda se estes possuíssem cisternas com um volume maior.
Por fim, o quanto o sistema de captação não atende à demanda por necessidade de
aumento na área de captação. Atribuindo ao final, uma média ponderada por região.
100%
90%
80% 42,9% 39,0%
49,2% 48,6%
70% 57,0%
68,0%
60%
13,0%
50% 8,7% 18,4% 9,7%
40% 6,3%
30%
12,0% 48,0%
20% 42,1% 36,7% 38,7% 41,8%
10% 20,0%
0%
Brumado Condeúba Vitória da Cândido sales Anagé GERAL 1
conquista

InsufuciÊncia de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 14. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 1.

100%

80%

60% 72,6%

40%
3,8%
20%
23,6%
0%
Inhambupe

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 15. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 4.

49
100%
26,3% 33,3%
80% 42,6% 36,8% 41,2%
45,0% 48,4% 51,2%
8,8% 58,3% 65,1%
0,0%
60%
2,4% 19,8% 6,5%
12,1% 2,7%
40% 28,4%
64,9% 66,7% 14,6% 3,4%
52,6% 46,1% 52,3%
20% 39,5% 43,3%
29,0% 27,1% 31,4%
0%

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 16. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 5.

100% 3,3%
1,1% 6,3%
15,3% 13,4% 12,3% 2,1%
90%
0,8% 5,8% 28,2% 27,0%
80% 37,4% 37,8% 15,0%
48,5%
70% 1,5% 1,7%
60% 0,0% 4,2%
50% 95,6%
8,6% 91,7%
40% 83,9% 80,8%
70,3% 72,7% 71,3%
30% 62,6% 58,0%
20% 42,9%
10%
0%

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 17. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 6.

100%
90% 24,0%
80% 30,2% 37,0% 36,5% 34,3%
0,0% 42,8% 42,9% 40,9%
70% 3,4% 65,2% 56,8%
60% 72,2% 8,6%
9,3% 10,3%
50% 24,3% 14,3%
23,0% 3,0%
40% 76,0%
30% 66,4% 11,5% 57,1%
53,7% 8,0% 48,8%
20% 34,2% 39,2% 40,2% 42,8%
10% 23,3% 19,8%
0%

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 18.. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 7.


50
100%
90% 19,0% 22,2% 23,5% 25,5%
29,2% 32,5% 28,2% 31,3%
80% 38,6% 36,7% 36,1%
46,2% 12,7% 0,0%
70% 5,9% 4,5%
12,1%
60% 19,5% 20,9%
9,7% 21,7% 19,8% 15,6%
50%
19,8%
40% 77,8%
68,3% 70,7% 70,0%
30% 59,8%
51,3% 51,7% 45,8% 47,8% 48,4%
20% 43,6%
34,0%
10%
0%

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 19. Quadro resumo de atendimento do sistema de captação do P1MC. Mesorregião 8.

Considerando que a coluna geral no gráfico representa a média ponderada de


cada uma das mesorregiões, respectivamente, pode-se dessa forma caracterizar a
percentagem das condições de atendimento da mesorregião por essa coluna.
Observa-se também, que como a mesorregião 4 só apresenta um único posto com
cisternas cadastrada pelo programa, a média ponderada, representada na coluna
geral do gráfico, possuirá as mesmas características do posto, dispensando a
necessidade de acrescentar a coluna da média ponderada. A Figura 20 apresenta a
comparação das condições do atendimento, pelo sistema, em cada uma das
mesorregiões e apresenta uma representação característica para o Estado da Bahia.
100%
90%
27,0%
80% 41,2% 40,9% 36,1% 40,4%
48,6%
70% 1,7% 56,2%
72,6%
60%
6,5% 10,3% 15,6% 10,7%
50%
9,7%
40%
71,3% 21,6%
30%
3,8% 52,3% 48,8% 48,4% 48,8%
20% 41,8%
10% 23,6% 22,2%
0%
GERAL 1 GERAL 4 GERAL 5 GERAL 6 GERAL 7 GERAL 8 GERAL 9 GERAL

Insuficiência de área > 16mil litros < 16mil litros

Figura 20. Resumo característico para o Estado da Bahia.

51
5.5 Curvas de Frequência acumuladas

40,4% dos domicílios são atendidos satisfatoriamente com um reservatório


com volume inferior a 16.000 litros e 10,7% necessitam de um reservatório com
volume superior a 16.000 litros. Para melhor uso dos recursos financeiros, pois
maior parte do custo referente ao sistema de captação de água de chuva provém do
reservatório, e eficiência dos sistemas de captação promovidos pelo P1MC,
poderiam utilizar diferentes padrões de volumes de reservação em que a utilização
de volumes inferiores compensassem a emprego de volumes superiores como
mostra a Figura 21.
60000

50000

40000 16 mil litros


81,3% dos casos

30000
8 mil litros
48,1% dos casos
20000
5 mil litros
22,6% dos casos
10000
12 mil litros
67,2% dos casos
0
0,0% 10,0% 20,0% 30,0% 40,0% 50,0% 60,0% 70,0% 80,0% 90,0% 100,0%

Figura 21. Frequência acumulada para volume de reservação.

Observando que, para o Estado da Bahia, poderiam ser utilizados, sem


redução na confiabilidade, reservatórios com volumes de 5.000, 8.000, 13.000 e
16.000 litros, representando 22,6; 48,1; 67,2 e 81,3%, respectivamente, a satisfação
da demanda, de 20 litros de água por pessoa por dia, nas residências estudadas.
A Figura 22 abaixo mostra o histograma para quantidade de acréscimo de
área de telhado que seria necessário para o atendimento às demandas, nas
residências que possuem insuficiência de área.

52
Acréscimo de área de captação
250

200

150

100

50 80,00%; 56m²

0
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%

Figura 22. Frequência acumulada para acréscimo de área de captação

Pode-se perceber que 80% das residências poderiam ter suas demandas
satisfatoriamente atendidas, com 95% de confiabilidade, com um acréscimo de até
56 m² na área de captação, e não com um aumento no volume da cisterna.
Salientando que o custo para o aumento na área de telhado é relativamente menor
que o custo para se aumentar o volume da cisterna.

5.6 Distribuição de água pelo P1MC


A Figura 23 informa como está distribuída a demanda per capita, nos sistemas
de captação providos pelo P1MC, disponível por residência.

Histograma
6,00% 100,00%

5,00% 80,00%
4,00%
Freqüência

60,00%
3,00%
40,00%
2,00%

1,00% 20,00%

0,00% 0,00%
1
6

26
11
16
21

31
36
41
46
51
56
61
66
71
76
81
86
91
96
Mais

Freqüência Frequencia acumulada

Figura 23. Histograma da capacidade de abastecimento per capita dos sistemas de captação
P1MC (litros/por dia)
53
Nela visualizamos uma má distribuição dos recursos no atendimento a demanda
per capita por residência estudada. 8,75% das residências familiares são
abastecidas com uma demanda com menos de 10 litros por pessoa por dia, 48,8%
conseguem ser atendidas com 20 litros por pessoa por dia e apenas 5,39% das
residências familiares são atendidas com uma demanda acima do recomendável,
para atividades humanas, 50 litros por pessoa por dia. Ficando ainda mais
perceptível ao calcularmos o índice de Gini, na Figura 24.
1
0,9 y = 0,8981x2 + 0,0715x
0,8 R² = 0,9949

0,7
0,6
Água

0,5 Curva de Lorenz


0,4 Polinomial (Curva de Lorenz)
0,3 Linear (Curva de igualdade)
0,2
0,1
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1
População

Figura 24. Distribuição dos recursos hidrícos no P1MC

Percebe-se que a polinomial de Lorenz (𝑦 = 0,8981𝑥 2 + 0,0715𝑥), gerada pelo


método de regressão, se adapta muito bem ao modelo, com um coeficiente de
determinação (R) igual à 0,9949, nele observa-se que 20% da população possui,
aproximadamente, 6% de toda a água disponibilizada pelo P1MC, quando, de
acordo com a igualdade perfeita, esse valor deveria ser de também 20%. 40% da
população atendida fica com 18%, 60% com 39% e 80 com 65%. A área gerada, no
gráfico, pela curva de Lorenz, é de β = 0,3351 e, por meio da Equação 8, o
coeficiente de Gini (G) é 0,3298.

54
6 CONCLUSÃO

Dado exposto, percebe-se que o P1MC conseguiu atenuar o problema


histórico de acesso a água de qualidade que, de fato, elevam a qualidade de vida
das famílias. Contudo faz-se necessário uma modificação na padronização dos
sistemas de captação para proporcionar, água para beber, cozinhar e higiene básica
de forma equânime.
Para o Estado da Bahia admitindo-se um consumo per capita de 20 litros por
dia, verificou-se que 48,8% das residências beneficiadas pelo P1MC não possuem
suas demandas, para beber, cozinhar e higiene básica em 95% dos dias do ano,
atendidas por insuficiência na área de captação, sendo uma percentagem maior na
mesorregião 6 (Souto Soares, Mairi, Morro do Chapéu, Andaraí, Livramento de
Nossa Senhora, Mundo Novo, Baixa Grande, Ruy Barbosa, Itaberaba e Utinga)
totalizando 3.123 de residências com ociosidade nos reservatórios, portanto, seria
mais apropriado, nessas situações, um aumento na área de captação. Um
acréscimo de até 40m² de telhado resultaria na satisfação das demandas de 66,7%
das residências familiares.
Embora o uso de cisterna com volume de 16.000 litros possa satisfazer as
demandas de água em 40,4% das residências, com um percentual maior na
mesorregião 4 (Inhambupe) em um total de 199 residências, é possível observar em
muitas delas que o atendimento suficiente as demandas podem ocorrer com usos de
reservatórios menores, é mostrado na Figura (20) que o uso de cisternas com
volumes de 5.000, 8.000 e 12.000 litros satisfazem, respectivamente, a 22,6; 48,1;
67,2% das residências. Observa-se também que uns totais de 10,7% das
residências só terão suas demandas satisfeitas com reservatórios acima de 16.000
litros, com um percentual desses casos na mesorregião 9 (Morpará, Santana, Brotas
de Macaúba, Bom Jesus da Lapa, Serra do Ramalho, Riacho de Santana,
Paramirim, Carinhanha, Palmas do Monte Alto, Caetité, Urandi e Gunambi) num total
de 3.596 de residências. Dessa forma o uso de reservatórios com volumes
diferentes, mais ajustados a cada situação, seria certamente, um uso melhor dos
recursos financeiros, possibilitando a utilização, quando necessária, de cisternas
com volumes maiores que 16.000 litros.
55
As desproporcionalidades geradas pela padronização resultam que, no
Estado da Bahia, 8,75% das residências recebem menos que 10 litros de água per
capita por dia, quantidade muito menor que a suficiente para manutenções básicas
das atividades humanas, nessas situações, as famílias são obrigadas a buscar por
água em fontes não tratadas aumentando a probabilidade de infecções e doenças.
Como também 5,39% das residências familiares conseguem obter uma quantidade
de água acima dos 50 litros por pessoa por dia, porção suficiente para a realização
de todas as atividades básicas humanas, consumo de beber, higiene, preparação de
alimentos e sanitárias.
A desigualdade no abastecimento de água, no programa, é ainda mais
sensível quando avaliamos a polinomial de Lorenz e percebe-se que 20% da
população possuem apenas 6% de toda a água fornecida. O índice de Gini, de
0,3298, gerado pela curva é até razoável quando comparado com a distribuição de
renda no Brasil que é de 0,5148 (BANCO MUNDIAL, 2014), porém a falta de
referência nesse índice para distribuição de água impede impossibilita uma
comparação mais precisa.
Então, para melhor eficiência dos recursos financeiros do P1MC é necessário
a construção de sistema de captação de águas de chuva adaptadas a cada
situação, tanto para área de captação quanto o próprio reservatório, assim a
confiabilidade pode ser usada como uma ferramenta no apoio a decisão para
adoção da combinação mais eficiente dessas variáveis e melhor dimensionamento
no sistema de captação.
Lembrando que esse trabalho utilizou uma demanda mínima de água para a
realização das atividades básicas humanas e ainda com e exceção de correta
eliminação de excretas, ou seja, os casos com quantidades acima de 20 litros por
pessoa por dia não significam desperdício, mas sim uma boa repercussão do P1MC
em fornecer uma quantidade de água acima da mínima necessária, e que poderá
ser usada para outros fins, como agricultura ou jardim.

56
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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