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CAMPUS DE ARIQUEMES
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS DENGEA
OTANIEL LIMA DE BARROS
ARIQUEMES RO
2022
OTANIEL LIMA DE BARROS
ARIQUEMES RO
2022
RESUMO
A água é considerada a mais importante dentre os recursos naturais, devido sua importância
social e econômica. O mundo está enfrentando um enorme colapso de escassez de água, sendo
que 80 países já vivem essa realidade e buscam por solução para esse cenário. O tratamento
eficaz dos efluentes possibilita água de reuso de boa qualidade, constituindo também um
instrumento ativo para o controle e diminuição da poluição dos corpos hídricos. Devido a
emergência de avaliação/racionalização do uso de água, principalmente em processos
industriais, bem como a minimização dos efluentes gerados nos mesmos e possível reuso
desta água, ocorre a necessidade de avaliar/descrever/estudar as metodologias de tratamento
de efluentes e sua eficácia na remoção de poluentes da água, para que possa devolvê-la aos
corpos hídricos em boas condições e de acordo com os parâmetros exigidos pelos órgãos
ambientais. A água de reuso pode ser oriunda de um efluente que foi tratado adequadamente,
através de tratamento especializado e pode ser aplicada, a depender do grau de tratamento,
em diversas etapas do processo industrial ou urbano. Assim o reuso da água baseia-se no
reaproveitamento da água potável após de ter cumprido sua função inicial, onde cada litro de
água de reuso utilizado representa um litro de água potável conservada. Diante do exposto, o
objetivo geral deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a origem e os
principais métodos de tratamento de efluentes, especificamente industriais do segmento de
laticínios, frigoríficos e bebidas, bem como descrever o possível reuso da água utilizada
nestes processos para que se minimize o uso deste insumo tão importante e já escasso em
diversas regiões do planeta.
Tabela 4 - Composição qualitativa dos efluentes gerados nas principais fontes geradoras de
um processo produtivo de cervejaria ...................................................................................... 45
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9
1. PANORAMA DO TRATAMENTO DE EFLUENTES NO MUNDO ......................................... 13
1.1 Legislações sobre efluentes ........................................................................................................ 14
2. TIPOS DE TRATAMENTOS INDUSTRIAIS .............................................................................. 16
2.1 PROCESSOS BIOLÓGICOS.................................................................................................... 19
2.1.1 Lodo Ativado ........................................................................................................................ 19
2.1.2 Lagoas de Estabilização ...................................................................................................... 22
2.1.2.1 Lagoas Facultativas ............................................................................................................ 22
2.1.2.2 Lagoa Anaeróbia................................................................................................................. 24
2.1.2.3 Lagoas Aeróbias ................................................................................................................. 25
2.1.2.4 Lagoa Aerada De Mistura Completa .................................................................................. 25
2.1.2.5 Lagoa de Maturação ........................................................................................................... 25
2.1.3 Tratamento Anaeróbio ........................................................................................................ 26
3 TRATAMENTO DE EFLUENTES DE INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS ................................. 28
3.1 Laticínios ..................................................................................................................................... 28
3.1.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Laticínios ...................................... 29
3.1.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Laticínios .............................................................. 34
3.2 Frigorífico .................................................................................................................................... 38
3.2.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Frigoríficos ................................... 39
3.3 Indústrias de Bebidas ................................................................................................................. 42
3.3.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Bebidas ..................................................................... 46
4 REUSO DE ÁGUAS PROVENIENTES DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
DE INDÚSTRIA DE ALIMENTOS ................................................................................................... 48
4.1 Importância da água .................................................................................................................. 48
4.2 Tipos de reúso ............................................................................................................................. 50
4.3 Reuso em Processos Industriais Indústria de Alimentos ..................................................... 51
4.4 Leis Ambientais para Reuso ...................................................................................................... 52
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 55
9
INTRODUÇÃO
Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que até 2025 cerca de
20% da população do globo terrestre enfrentará problemas com os recursos hídricos. O que
do as pessoas não têm acesso a água potável no lar, ou à água
enquanto recurso produtivo, suas escolhas e liberdades são limitadas pela doença, pobreza e
vulnerabilidade", sendo que há uma necessidade urgente de se gerir com eficiência o uso e
conflitos pelos usos das águas. Há de se ressaltar, neste cenário, que o Brasil é considerado
um país rico em água potável , pois, da quantidade mundial de 2,5%, tem-se que 12% da água
11
A ONU em 1958 criou o conceito Reuso de Água, sendo uma das definições mais bem
tratados para fins benéficos tais como irrigação, abastecimento urbano e de animais e
Nas últimas décadas várias tecnologias têm sido desenvolvidas com o foco de reduzir
os problemas ocasionados pela falta de água, a opção que parece ser mais viável e
conciliatória para satisfazer a demanda cada vez mais crescente é a sua própria reutilização
(SANTOS; MANCUSO, 2003).
O tratamento eficaz dos efluentes pode possibilitar, após análises das características
físico-químicas e microbiológicas destes efluentes tratados (variáveis de acordo com o nível e
rigorosidade do tratamento) a reutilização desta água, constituindo também um instrumento
ativo para o controle e diminuição da poluição dos corpos hídricos.
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso foi realizar uma
revisão bibliográfica sobre os principais métodos de tratamento de efluentes provenientes de
indústrias alimentícias, especificamente industriais do segmento de laticínios, frigoríficos e
de bebidas, bem como descrever o possível reuso da água utilizada nestes processos para que
se minimize o uso deste insumo tão importante e já escasso em diversas regiões do planeta.
13
No geral o preço pago pela água por indústrias é relativamente baixo. Porém, um
possível cenário de escassez poderia elevar sobremaneira estes valores, resultando em um
problema em impostos mais elevados e encargos adicionais com tratamento e descarga da
água. Há um argumento para o estabelecimento de uma estrutura de preços diferentes para o
uso de água industrial, isto é, exigir que a indústria pague mais por volume de água do que o
público em geral. O argumento é que a alta dos custos relacionados à utilização de água na
indústria promoveria, naturalmente, um aumento na eficiência da utilização de água, uma vez
que a realidade econômica dos custos aumentaria o preço dos produtos associados (SILVA &
FERREIRA, 2019)
14
No Brasil a legislação ambiental que regula o despejo de efluentes líquidos nos corpos
hídricos tem por objetivo principal reduzir a carga dos efluentes gerados a serem lançados
nestes corpos receptores. Os órgãos responsáveis por criar e regular as atividades
concernentes ao descarte de efluentes líquidos no Brasil são: Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) e a Agência Nacional das Águas (ANA), (BRASIL, 1981).
A Resolução CONAMA n°357/2005 é uma das leis que define o descarte de efluentes
que mais tarde sofreu alterações pela Resolução 97/2008, que descreve acerca da
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para suas delimitações. A Resolução
n°430/2011 trouxe novas diretrizes quanto ao descarte de efluentes em corpos receptores,
estabelecendo padrões e condições de descartes de efluentes, complementando e modificando
a Resolução n°357/2005 (BRASIL, 2011).
Os efluentes industriais descartados em corpos de água (rios, lagoas, etc.), não podem
modificar as qualidades desses corpos que previamente devem estar estabelecidas através de
análises. Por isso, todo efluente produzido deve ser tratado e obrigado a corresponder às
normas de parâmetros físicos e químicos para estar adequado para incorporar ao corpo
hídrico (BRASIL, 2011).
a) pH entre 5 a 9;
Grande parte dos setores industriais, acerca de estabelecer uma correta e adequada
tecnologia para ser utilizada, observa além das características dos efluentes, determinações
legislativas, a área a ser ocupada pelo processo e o valor que será aplicado.
a ;
pH
alcalinidade; acidez;
b-) Processos Químicos: São feitos os tratamentos através de reações químicas com o
uso de produtos químicos específicos para cada tipo de etapa e finalidade. Dependendo dos
poluentes contaminantes ou das propriedades químicas se utiliza produtos específicos em seu
processo, exemplo de alguns tipos de processos químicos: Coagulação, precipitação, troca
iônica, oxidação, neutralização, ultrafiltração, osmose reversa.
Para se obter uma boa eficácia nos procedimentos de tratamentos são decompostos em
graus, principiando pelo tratamento preliminar, seguindo subseqüente o tratamento primário,
secundário e terciário.
maiores de 1 mm, as peneiras mais usadas utilizam barras triangulares com espaços que
variam entre 0,5 mm e 2 cm. Indústrias que utilizam o peneiramento em seu processo de
tratamento de efluentes são: frigoríficos, têxtil, indústrias de refrigerantes, pescados dentre
outras indústrias de alimentos. O peneiramento é classificado ainda em peneiras estáticas ou
móveis.
Floculação: utilizam-se produtos químicos que fazem com que haja a aglutinação e
ajuntamento das partículas a serem removidas, com isso, torna o peso maior que o líquido
corroborando para decantação.
Tanque de aeração: se faz a retirada da matéria orgânica por meio das reações
químicas, através dos microrganismos aeróbios, esses microrganismos transformam a matéria
orgânica em gás carbônico, água e material celular.
Descarte do lodo: todo lodo excedido do sistema é levado para seção de tratamento
desse lodo, para que não ocorra o desequilíbrio do processo, etapas do tratamento do lodo:
eficiência no resultado final do tratamento, sem a geração de cheiro e por ocupar uma área
menor para o despejo.
Segundo Von Sperling (2016), de maneira geral, o tratamento por lodos ativados
possui uma etapa biológica, constituída de três unidades: o tanque de aeração (reator
biológico), o tanque de decantação (decantador secundário) e o sistema de recirculação do
lodo. É possível promover, no tanque de aeração, condições ideais para que ocorra remoção
de matéria orgânica e nutrientes como nitrogênio e fósforo. Os sólidos suspensos (biomassa)
sofrem sedimentação no decantador secundário, permitindo a clarificação do efluente. A
elevada eficiência do processo é causada pela recirculação da biomassa decantada para o
reator biológico a fim de aumentar a concentração de biomassa neste tanque.
O sistema de lodo ativado, historicamente, teve sua origem na Inglaterra por volta de
1914, quando Arden e Lockett estudaram o uso de sólidos floculados com a aeração do
efluente, obtendo resultados significativos. O processo foi assim denominado, uma vez que os
-
propriedade de estabilizar a matéria orgânica ( LEVY, 2007 apud KLAUS, 2012).
Basicamente o sistema por lodo ativado é composto por três principais partes: tanque de
aeração, um decantador e um sistema de recirculação do lodo (VON SPERLING, 2016).
Logo após um tempo de pouso no tanque, a mistura segue para o sedimentador que
separa o efluente tratado do lodo, o qual é encaminhado para um decantador, sendo que, a fim
de diminuir a fase lag do processo biológico (aclimatação), uma parte deste lodo já aclimatado
ao substrato em questão pode ser recirculada ao reator sendo a quantidade excedente, enviada
ao tratamento do lodo. (SANTANA JR, 2010).
Em razão da geração de lodo faz-se necessário a retirada do lodo em excesso para que
mantenha uma concentração adequada no tanque de aeração e essa retirada pode ser feita no
decantador ou no tanque de aeração (CORDI, 2008).
O tratamento por lodo ativado pode alcançar uma taxa de eficiência de 98% de
redução de DBO. A Figura 1 apresenta um esquema ilustrativo de um processo de lodo
ativado convencional.
De acordo com Reis (2017), o sistema de lodo ativado, por ser um processo biológico,
requer uma operação delicada, pois os microrganismos são sensíveis à modificações de
variáveis como pH, temperatura, concentração de nutrientes, tempo médio de residência
celular (idade do lodo), taxa de fornecimento de matéria orgânica e nutrientes (relação
22
As lagoas facultativas trabalham tanto em estado aeróbio como anaeróbio, sendo que
na parte superior da lagoa predomina a processo aeróbio e na parte inferior o processo
anaeróbio (FRICK, 2011).
As lagoas facultativas trabalham por meio da atividade das algas sob a ação da luz
solar e das bactérias, o aparecimento das algas é devido a presença de nutrientes provindos da
matéria orgânica dos resíduos, esta maneira por ser aeróbia acarreta no consumo de oxigênio
devido a respiração de microrganismos decompositores. As bactérias, na presença de
oxigênio, passam de matéria orgânica em compostos simples e estáticos como dióxido de
carbono e água, além de sais de nitrogênio e fósforo ( FARIA, 2012).
Neste tipo de lagoa, as bactérias aeróbias irão degradar a matéria orgânica solúvel
presente no esgoto, consumindo o oxigênio livre disponível na água e resultando como
subprodutos; água, gás carbônico e nutrientes. Por sua vez, as algas consumirão os nutrientes
e o gás carbônico, utilizar-se-ão da luz solar como fonte de energia para realizar a fotossíntese
e irão liberar como subproduto o oxigênio (necessário às bactérias), fechando assim o circuito.
(NUVOLARI, 2011). A matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, vindo a constituir
o lodo de fundo, criando uma zona anaeróbia. Este lodo ao sofrer o processo de decomposição
por microrganismos anaeróbios é convertido lentamente em gás carbônico, água, metano e
outros. Após algum tempo, apenas a fração inerte (não biodegradável) permanece na camada
de fundo. (VON SPERLING, 2001). A Figura 2 mostra o esquema simplificado do
funcionamento de uma lagoa facultativa (VON SPERLING, 2002)
As lagoas anaeróbias têm várias vantagens tais com: baixa produção de lodo, alta
remoção de DQO, e baixo consumo em comparação aos sistemas aeróbios (BUSTILLO
LECOMPTE, MEHRVAR, QUIÑONES-BOLAÑOS, 2014). A Figura 3 apresenta o
esquema ilustrativo de uma lagoa anaeróbia.
Esse tipo de lagoa recebe o oxigênio diluído provido de aeradores mecânicos para
garantir a separação entre sólidos e líquidos. Todo esse processo se torna necessário para que
ocorra a total decomposição da matéria orgânica (VON SPERLING, 2017).
Esse tipo de lagoa é importante devido o seu papel fundamental que é receber
efluentes provindos de outras lagoas onde sua principal função é a degradação total dos
microrganismos patogênicos além de diminuir alguns nutrientes em sua superfície (FARIA,
2012).
De acordo com SPERLING, 2001, a estrutura dos UASB se baseia em uma coluna de
saída ascendente, com repartições contendo digestão, sedimentação e separador das fases
sólidas e líquidas.
A utilização de um reator tipo UASB apresenta diversas vantagens, como baixo custo
27
A desvantagem é que é produzido gás metano, que pode ser convertido posteriormente
em biogás, dessa forma uma desvantagem. Em torno de 70% a 90% dos materiais
biodegradáveis são convertidos em biogás, que pode ser utilizado em uma ampla variedade
de aplicações, como utilizar em operações industriais de empresas que empregam este tipo de
tratamento de efluentes. O metano pode ser queimado se não for reutilizado e lançado na
atmosfera na forma de dióxido de carbono que é menos nocivo para o meio ambiente e a
saúde humana (VON SPERLING, 2016; CHERNICHARO, 1997). A Figura 3 apresenta um
esquema típico de arranjo de um reator UASB.
3.1 Laticínios
A indústria de laticínios é uma importante fonte geradora de efluentes, seja pela alta
quantidade de água utilizada em seus processos ( 1 a 6 litros de efluentes gerados para cada 1
litro de leite produzido, em média), seja pela complexidade em relação às características do
efluentes gerado devido a matéria-prima leite dentre outras (quantidades variáveis de leite
diluído, carboidratos, gorduras, minerais, proteínas, além e concentrações altas de detergentes
e agentes sanificantes utilizados nos processos de higienização da indústria). A despeito da
quantidade de efluente gerada, a indústria de laticínios responde por uma parcela significativa
na economia brasileira. No entanto, muitas dessas empresas são de micro e pequeno porte, e
portanto de difícil implementação e manutenção de sistemas robustos de tratamento de
29
efluentes gerados e pessoal habilitado para este fim, de forma a remediar o impacto dos
efluentes gerados ao atingirem os corpos receptores. O movimento crescente da
conscientização da população e o aumento nas exigências nos órgãos responsáveis pela
fiscalização ambiental têm forçado a mudança de atitude desses empresários no que cabe ao
cumprimento de normas e diretrizes estabelecidas para o descarte adequado dos efluentes
gerados.
derivados constituem importantes fontes de poluição das águas, sendo que o despejo dos
mesmos em corpos receptores de maneira inapropriada e em desacordo com o que regem as
legislações e as diretrizes vigentes geram inconvenientes ambientais, como alterações em
corpos hídricos além de grandes impactos no ecossistema e no meio ambiente como um todo
(AZZOLINI & FABRO, 2013).
Aliado a estes aspectos, está o fato da geração de grande volume de efluentes uma vez
que são gerados de 1 a 6 litros de despejos para cada litro de leite processado; à geração de
resíduos sólidos e emissões atmosféricas, geralmente, sem nenhum tipo de controle ou
tratamento (SILVA, 2013). O queijo é o derivado que mais utiliza leite em sua produção,
demandando em média 10 litros de leite por quilo produzido (KISPERGHER, 2014).
pH 1 a 12
Temperatura 20 a 30 °C
Substâncias como carboidratos, sais minerais, vitaminas e água são alguns compostos
envolvidos no processamento de produtos lácteos. Materiais sólidos flutuantes, leite diluído,
desinfectantes, areia, açúcar, lubrificantes, detergentes, pedaços de frutas (em caso de
produção de iogurte, condimentos e essências) no caso de produção de queijos e manteiga),
as águas utilizadas em limpeza de pisos, desinfecção de equipamentos, tubulações e demais
instalações das indústrias são basicamente os principais formadores dos efluentes das
indústrias de laticínios (MACHADO et al, 2002).
Por conter soluções ácidas e alcalinas no sistema de limpeza, o pH dos rejeitos das
indústrias laticínios despeja nas estações de tratamentos efluentes com pH entre 2,0 e 12,0,
discrepância enorme dentro das características comum do pH do leite que é próximo ao
neutro entre 6,7 a 7 (BYYLUND, 1995 apud BRIÃO, 2000).
pH 6,5 a 8,5
Temperatura Inferior a 40 ºC
O tratamento dos efluentes por lodo ativado vem sendo bem aceito e proporcionando
confiança no tratamento dos efluentes de laticínios por sua qualidade e eficiência na remoção
de DBO5, ocupando pouca área, mas em contrapartida requer um maior índice de
mecanização e uso de energia elétrica, necessitando de uma operação mais técnica.
Já no tanque de aeração são misturados o efluente e o lodo ativado onde são agitados e
aerados. Em seguida, nos decantadores o lodo ativado é desprendido do efluente tratado, que
é removido por vertedouros, e o lodo volta ao tanque de aeração como reciclo, e todo o
excesso de lodo é retirado do processamento e tratado apropriadamente. Um importante
parâmetro operacional do processo é o tempo de retenção dos sólidos no reator.
O sistema anaeróbio tipo UASB, é um sistema que exige uma pequena demanda de
área de instalação e é capaz de apresentar eficiência satisfatória em termos de remoção de
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), portanto, sua implantação torna-se uma boa
alternativa para países em desenvolvimento, tais como o Brasil. este sistema baseia-se no
tratamento do efluente na ausência de oxigênio livre, sendo formada uma biomassa anaeróbia
(lodo anaeróbio). Como há grande quantidade de matéria orgânica no efluente a ser tratado,
ocorre a formação de subprodutos, como por exemplo, de biogás. Este tipo de reator possui
duas das principais características do tratamento biológico, que são baixos tempos de
detenção hidráulica e elevados tempos de retenção da biomassa. ( HAMERSKI, 2012).
Em relação a seu funcionamento, o reator UASB, possui uma coluna ascendente que é
formada de três partes: Leito de lodo, Zona de sedimentação e Separador trifásico.A trajetória
do efluente a ser tratado é ascendente ao entrar no reator, onde o mesmo atravessa a zona de
digestão, escoa pelas passagens do separador, alcançando em seguida, a zona de
sedimentação. A digestão anaeróbia inicia-se no fundo do reator, quando o efluente entra em
contato com o leito de lodo ocorrendo nesta etapa a formação de biogás, da biomassa
bacteriana e de um líquido resultante da degradação biológica e digestão dos sólidos
orgânicos suspensos (HAMERSKI, 2012). Vários fatores como tempo de detenção hidráulica
(TDH ), carga orgânica volumétrica (COV), velocidade superficial do líquido ( v), dentre
outros, são base para o projeto do reator, e são escolhidos em função da temperatura de
operação. Após a definição desses parâmetros, definem-se características construtivas do
sistema como separador gás-sólido-líquido, dispositivo do sistema de distribuição da água
residual, entre outros (ZAIAT, 2003).
remoção de DQO, e 22, 22, 17 e 17% na remoção de sólidos totais em diferentes tempos de
retenção hidráulicos (TDH), sendo: 12, 20, 18 e 16 horas (TDH). Os melhores resultados do
reator UASB na remoção de matéria orgânica foram obtidos com os TDH (s) de 20 e 18
horas. Concluiu-se pelo trabalho que apesar do sistema apresentar eficiências relativamente
baixas, por se tratar de efluente com alto teor de óleos e graxas, os referidos valores de
remoção puderam ser considerados bons, tendo de antemão conhecimento de que outras
unidades (polimento) devem ser instaladas para atender aos padrões de lançamento. Em
função dos parâmetros adotados, o TDH de 18 horas foi o que apresentou melhor eficiência
durante o tratamento, podendo esse parâmetro ser considerado como valor ideal na
otimização do sistema.
Kispegher (2014) utilizou reatores tipo filtro anaeróbio de fluxo ascendente para
estudo de tratamento de efluentes líquidos de indústrias de laticínios e biscoitos, utilizando
um efluente sintético para simular o efluente de uma indústria laticínio da região de Ponta
Grossa em relação a DQO, teor de sólidos, pH e alcalinidade. Um reator do tipo filtro
anaeróbio de fluxo ascendente com 12,22 L, sendo 8,41 L de volume de líquido inoculado
com lodo ativo de estação de tratamento de esgoto sobre anéis de Pall, foi usado para
determinar o tempo de retenção hidráulica (TRH). O método de tratamento foi validado com o
uso de três efluentes: soro de queijo em pó; efluente de processamento de queijo; e efluente de
processamento de bolachas e chocolate. Eles apresentaram desempenho semelhante quanto à
produção de biogás e a redução da carga orgânica. O modelo exponencial de biogás
acumulado em função do tempo foi capaz de descrever a geração de biogás durante o tempo
de residência do substrato no reator batelada após a adaptação. A remoção do gás sulfídrico
do biogás em coluna lavadora de gases operando com água para redução inferior a 10 ppm de
H2S também foi estudada em simulador. Uma coluna com dimensões reduzidas, 0,202 m de
diâmetro e 0,94 m de largura e recheada com selas de Berl de 0,5 pol, consumiria 2,117 m3.h-
1 de água de lavagem, apresenta um bom potencial econômico desde que se use água de reuso
da indústria.
relação aos coagulantes utilizados. Os resultados obtidos indicaram que a descarga de águas
residuais coaguladas para um sistema de esgoto não seria possível sem correção de alguns
parâmetros, por exemplo, os valores alcançados de DQO (1361 e 1224 mg/l) e DBO (635,03 e
710,4 mg/l) em águas residuais coaguladas com sulfato de alumínio e ferroso,
respectivamente, ainda excederam os limites de descarga (DQO, 250 e DBO, 100 mg/l,
respectivamente, para serem descartadas em esgoto).
3.2 Frigorífico
Os resíduos dos matadouros têm uma vazão alta e esses rejeitos são extremamente
putrescíveis, favorecendo sua decomposição em poucas horas propiciando fortes odores
desagradáveis nas vizinhanças do abatedouro (PACHECO & WOLFF, 2004; PARDI et. al,
2006).
39
Desde o abate até o produto embalado, resíduos líquidos são gerados e necessitam de
mostraram que uma indústria onde são abatidos aproximadamente 1.700 aves e 1.200 bovinos
diariamente, apresentou efluente de entrada do sistema com concentrações médias de DBO e
DQO iguais a 1.300 mg/L e 2.132 mg/L, respectivamente, além de sólidos suspensos totais
(SST) com concentração média igual a 1.515 mg/L. A estação de tratamento, por sistema de
lodos ativados com capacidade para 14.000 m3 /dia, apresentou eficiências de remoção médias
de 97% para DBO e DQO e 91% para SST (REIS, 2017).
Mesmo com o funcionamento razoável das unidades primárias como caixa de gordura
e flotadores, o efluente contém alguma quantidade de sangue, gordura, sólidos do conteúdo
intestinal dos animais e fragmentos de tecidos, sendo estes efluentes, resíduos, altamente
putrescívies. A DBO é calculada de 800 a 32.000 mg/litro. A quantidade de despejos é
variável, relacionada com o volume de águas consumida no estabelecimento, mas, como dado
indicativo, calculam 15 m3 de água residuária por tonelada de animal abatido, reconhecendo
que, para outros autores, essa estimativa vai de 4 a 20 m3 (CARVALHO et al, 2003).
Os resíduos dessas indústrias possuem um alto teor de gorduras, alta carga orgânica,
em função da utilização de agente de limpezas ácidos e básicos o pH são variados, altos
teores de nitrogênio, fósforo e sal. Além de possuir altos índices de DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de Oxigênio), que serve de base para
quantificar carga poluidora orgânica nos efluentes( BARROS, et.al, 2002).
vermelha, onde a linha verde é os resíduos líquidos que não há sangue, oriundos da recepção,
área e condução, currais, no processamento de tripas e bucho (MORALES et,al. 2006;
PACHECO 2006; NARDI et.al, 2005).
Nestes casos, inicia-se o tratamento com a divisão dos efluentes líquidos da indústria
em duas linhas fundamentais: a linha vermelha cujo efluente é produzido no abate, no
processamento da carne e das vísceras, abrangendo as atividades das desossas e cortes. A
linha verde recebe os efluentes produzidos basicamente na recepção dos animais, na bucharia
e triparia e nas áreas de lavagem dos caminhões (NARDI et.al., 2005).
O tratamento primário é feito em cada divisão das linhas verde e vermelha, mas o
objetivo é o mesmo que é a remoção dos sólidos grosseiros, suspensos sedimentáveis e
flotáveis, para isso se utilizam de tais equipamentos; Peneiras, grades, em seguida caixas de
gorduras e flotadores para retirada de gorduras e outros sólidos flotáveis, e depois para
sedimentadores para remoção de sólidos sedimentáveis em suspensão (PACHECO;
YAMANAKA, 2008).
O tratamento nas duas lagoas pode alcançar uma taxa de redução superior a 90% da
carga orgânica.
Uma técnica que vem, aos poucos, se destacando entre os sistemas de tratamento de
efluentes oriundos de frigoríficos, é o processo eletroquímico no tratamento de efluentes
industriais, essa técnica é chamada de eletrofloculação. Neste contexto, Biassi (2014) utilizou
a técnica da eletrofloculação para o tratamento de efluente frigorífico e abatedouro de suínos.
O reator eletroquímico constitui eletrodos de alumínio, tendo como variáveis de operação,
tempo de eletrólise e diferença de potencial elétrico (ddp). A eficiência do processo baseou-se
na remoção da cor, turbidez e DQO, onde obteve resultados de remoção em torno de 98, 99 e
81%, respectivamente.
Esta atividade industrial tem grande importância econômica e social porque gera
empregos e renda que contribui para o desenvolvimento econômico do país. Por outro lado,
apesar do progresso na gestão dos recursos hídricos, essas empresas precisam estar atentas ao
meio ambiente, pois têm potencial para poluir devido ao volume de esgoto produzido.
De acordo com a ANA (2017), o uso da água industrial depende dos produtos
produzidos e das tecnologias disponíveis, dependendo do tipo de gestão, e ter boas práticas
que se apliquem aos sistemas operacionais depende da consciência ambiental dos gestores.
Conforme a ABIR (2011), a indústria de bebidas exibe características que tornam esta
fração bastante representativa. De acordo com a Tabela 3, para atender a demanda interna, a
indústria nacional de bebidas apresenta alta produção e, portanto, alto consumo de água
(ROSA, CONSENZA E LEÃO, 2006).
Pela Figura 4 pode-se observar diferentes usos que a água pode ter em indústrias de
bebidas.
Composição da Combate à
Abastecimento de bebida incêndio;
banheiros Lavagem das Pasteurização
garrafas retornáveis
Irrigação de
Preparação de Maturação da áreas verdes
alimentos bebida alcoólica
Limpeza de
ambientes
Outros usos Fermentação de
administrativos bebidas alcoólicas
Limpeza de
equipamentos
Preparação do xarope
Segundo Oliveira (2009), além da água que contém o produto, existem muitos outros
processos que dependem do uso da água nesta atividade. As cervejarias desempenham um
papel importante no grupo transitório de indústrias com maior consumo de água, alimentos e
bebidas.
Por exemplo, a lavagem de garrafas produz uma grande parte do volume residual, mas
confere baixo teor de carga orgânica, tipicamente concentrações de produtos químicos. No
entanto, a fermentação e a filtração rendem apenas 3% volume de efluentes, mas cerca de
97% da carga orgânica total, incluindo resíduos como bagaço de malte e cevada
(GUERREIRO, 2006; PAIVA, 2011).
Tabela 4 - Composição qualitativa dos efluentes gerados nas principais fontes geradoras de
um processo produtivo de cervejaria
Etapa do processo Origem Composição
Cozimento do mosto Resto de mosto e lavagem dos Açúcares, proteínas, taninos e resinas
equipamentos vegetais
Técnicas de tratamento selecionadas de acordo com Metcalf e Eddy (2003) devem ser
seguidos alguns critérios, nomeadamente a adequação do processo, análise econômica e
zonas de disponibilidade para implementação e expansão do sistema.
A utilização de um reator tipo UASB apresenta diversas vantagens, como baixo custo
e menor produção de lodo em comparação com sistemas de tratamento orgânico aeróbicos.
Além do mais, é fácil de operar, exigindo apenas um pequeno conhecimento da área de
instalação. Sendo assim, sua implementação torna-se uma boa alternativa em países em
desenvolvimento como o Brasil (CAMPOS et al., 2006).
A desvantagem é que é produzido gás metano, que pode ser convertido posteriormente
em biogás, dessa forma uma desvantagem. Em torno de 70% a 90% dos materiais
biodegradáveis são convertidos em biogás, que pode ser utilizado em uma ampla variedade
de aplicações, como utilizar em operações industriais de empresas que empregam este tipo de
tratamento de efluentes. O metano pode ser queimado se não for reutilizado e lançado na
atmosfera na forma de dióxido de carbono que é menos nocivo para o meio ambiente e a
saúde humana (VON SPERLING, 2016; CHERNICHARO, 1997). A Figura 5 apresenta um
esquema típico de arranjo de um reator UASB.
O acesso à água não se limita à quantidade de reservas hídricas, pois apesar do volume
quase constante disponível, por exemplo, no Brasil, há variações devido à localização e
sazonalidade e mudanças climáticas recentes (Tabela 4).
Um passo importante nesse sentido, foi a criação das políticas sobre gerenciamento de
recursos hídricos, tendo como marco a Lei Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, onde a
água foi oficialmente reconhecida como recurso limitado e de grande valor econômico, dessa
forma foi desenvolvida a Política Nacional de Águas PNRH (MIERZWA; HESPANHOL,
2005).
Outro marco importante foi a Resolução CONAMA 357 de 2005, onde foi
estabelecida e alterada posteriormente pela resolução 2011 CONAMA 430, determinando
condições e critérios para descartes de efluentes, com parâmetros e limites aceitáveis para
certos contaminantes (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).
A água de reúso pode ser oriunda de um efluente que foi tratado adequadamente,
sendo um pr
pode ser aplicada, a depender do grau de tratamento, em diversas etapas do processo industrial
ou urbano. Assim o reúso da água baseia-se no reaproveitamento da água potável após de ter
cumprido sua função inicial, onde cada litro de água de reuso utilizado representa um litro de
água potável conservada.
Os padrões de qualidade para a água industrial dependem de como ela será aplicada.
No caso de indústrias alimentícias e farmacêuticas, por exemplo, a água deve ter um elevado
grau de pureza, caso venha a ser parte integrante do produto final ou entre em contato com as
substâncias manipuladas em qualquer fase do processo.
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A maior vantagem do uso de água de reúso é que apenas a água potável é preservada
para atender necessidades que exigem sua potabilidade, como o abastecimento humano.
Outros benefícios incluem a redução da quantidade de efluentes descartados e menores custos
de água, eletricidade e esgoto (LEGNER, 2013)
Em princípio, recomenda-se que a água de reúso seja utilizada apenas para fins
específicos não potáveis no ambiente externo (ANA, 2005)
Segundo a CETESB (2010), o reúso de água pode ser direto ou indireto, resultante de
ações planejadas ou não: Indireto Reuso de água não planejado: A água usada é lançada no
meio ambiente e é utilizada de forma inadvertida e não intencional, reutilizada a jusante em
condições controladas.
O reúso pode solucionar o desperdício de água potável tratada nas grandes cidades,
onde o consumo maior é observado nas indústrias. Sendo assim a necessidade do reúso se faz
necessário neste setor cuja demanda de águas menos nobres é muito maior. Sendo uma opção
mais atrativa para a indústria, pois o custo é baixo, reduzindo assim o custo de sua linha de
produção (MIERZWA e HESPANHOL, 2005).
Para cada indústria, é necessário um tipo de volume de água e as ações mais comuns
para a indústria utilizar a captação, é o tratamento e adequação da água disponível com
recursos que devem atender aos mais altos padrões de qualidade e demanda (MIERZWA e
HESPANHOL, 2005).
Licenciamento ambiental;
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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Niterói, 1999. 137 p. Dissertação de Mestrado (Ciência Ambiental). Universidade Federal
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