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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA

CAMPUS DE ARIQUEMES
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS  DENGEA
OTANIEL LIMA DE BARROS

ORIGEM E TRATAMENTO DE EFLUENTES EM INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS

ARIQUEMES  RO
2022
OTANIEL LIMA DE BARROS

ORIGEM E TRATAMENTO DE EFLUENTES EM INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Departamento de Engenharia de
Alimentos da Universidade Federal de
RondôniaUNIR, para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia de Alimentos.
Orientadora: Profa. Dra. Tânia Maria Alberte

ARIQUEMES  RO
2022
RESUMO

A água é considerada a mais importante dentre os recursos naturais, devido sua importância
social e econômica. O mundo está enfrentando um enorme colapso de escassez de água, sendo
que 80 países já vivem essa realidade e buscam por solução para esse cenário. O tratamento
eficaz dos efluentes possibilita água de reuso de boa qualidade, constituindo também um
instrumento ativo para o controle e diminuição da poluição dos corpos hídricos. Devido a
emergência de avaliação/racionalização do uso de água, principalmente em processos
industriais, bem como a minimização dos efluentes gerados nos mesmos e possível reuso
desta água, ocorre a necessidade de avaliar/descrever/estudar as metodologias de tratamento
de efluentes e sua eficácia na remoção de poluentes da água, para que possa devolvê-la aos
corpos hídricos em boas condições e de acordo com os parâmetros exigidos pelos órgãos
ambientais. A água de reuso pode ser oriunda de um efluente que foi tratado adequadamente,
através de tratamento especializado e pode ser aplicada, a depender do grau de tratamento,
em diversas etapas do processo industrial ou urbano. Assim o reuso da água baseia-se no
reaproveitamento da água potável após de ter cumprido sua função inicial, onde cada litro de
água de reuso utilizado representa um litro de água potável conservada. Diante do exposto, o
objetivo geral deste trabalho foi realizar uma revisão bibliográfica sobre a origem e os
principais métodos de tratamento de efluentes, especificamente industriais do segmento de
laticínios, frigoríficos e bebidas, bem como descrever o possível reuso da água utilizada
nestes processos para que se minimize o uso deste insumo tão importante e já escasso em
diversas regiões do planeta.

Palavras-chave: efluentes, laticínios, bebidas, frigorífico, reuso.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1  Esquema ilustrativo de um sistema de lodos ativados convencional .................... 21

Figura 2 esquema simplificado do funcionamento de uma lagoa facultativa.......................... 23

Figura 03- Esquema ilustrativo de uma lagoa anaeróbia ........................................................ 24

Figura 4 - Arranjo típico de reator UASB ........................................................................................... 27

Figura 4 - Usos da água na indústria de bebida ...................................................................... 44

Figura 5 - Processos de tratamento de efluentes ..................................................................... 46

Figura 6 - Arranjo típico de reator UASB ........................................................................................... 47

Figura 7  Fluxograma da estação de tratamento de efluente da Indústria de alimentos ........ 52


LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Caracterização dos efluentes não tratados da indústria de laticínios ...................... 31

Tabela 2  Parâmetros e limites receptores efluentes ............................................................. 33

Tabela 3 - Produção, consumo e indicadores da indústria de bebida no Brasil ..................... 43

Tabela 4 - Composição qualitativa dos efluentes gerados nas principais fontes geradoras de
um processo produtivo de cervejaria ...................................................................................... 45

Tabela 5  Distribuição de recursos hídricos no Brasil .......................................................... 48


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

COT - Carbono Orgânico Total


CETESB - Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO - Demanda Bioquímica de Oxigênio
DQO - Demanda Química de Oxigênio
ONU - Organização das Nações Unidas
UASB  Upflow Anaerobic Sludge Blanket
TDH - Tempo de detenção hidráulico
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 9
1. PANORAMA DO TRATAMENTO DE EFLUENTES NO MUNDO ......................................... 13
1.1 Legislações sobre efluentes ........................................................................................................ 14
2. TIPOS DE TRATAMENTOS INDUSTRIAIS .............................................................................. 16
2.1 PROCESSOS BIOLÓGICOS.................................................................................................... 19
2.1.1 Lodo Ativado ........................................................................................................................ 19
2.1.2 Lagoas de Estabilização ...................................................................................................... 22
2.1.2.1 Lagoas Facultativas ............................................................................................................ 22
2.1.2.2 Lagoa Anaeróbia................................................................................................................. 24
2.1.2.3 Lagoas Aeróbias ................................................................................................................. 25
2.1.2.4 Lagoa Aerada De Mistura Completa .................................................................................. 25
2.1.2.5 Lagoa de Maturação ........................................................................................................... 25
2.1.3 Tratamento Anaeróbio ........................................................................................................ 26
3 TRATAMENTO DE EFLUENTES DE INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS ................................. 28
3.1 Laticínios ..................................................................................................................................... 28
3.1.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Laticínios ...................................... 29
3.1.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Laticínios .............................................................. 34
3.2 Frigorífico .................................................................................................................................... 38
3.2.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Frigoríficos ................................... 39
3.3 Indústrias de Bebidas ................................................................................................................. 42
3.3.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Bebidas ..................................................................... 46
4 REUSO DE ÁGUAS PROVENIENTES DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE EFLUENTES
DE INDÚSTRIA DE ALIMENTOS ................................................................................................... 48
4.1 Importância da água .................................................................................................................. 48
4.2 Tipos de reúso ............................................................................................................................. 50
4.3 Reuso em Processos Industriais  Indústria de Alimentos ..................................................... 51
4.4 Leis Ambientais para Reuso ...................................................................................................... 52
5 CONCLUSÃO.................................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS.................................................................................................................................... 55
9

INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos países com maior disponibilidade de água potável no mundo,


porém, apesar de sua aparente fartura, sabe-se que é um recurso escasso e apenas uma
pequena porcentagem está disponível para o consumo na superfície terrestre. Por outro lado,
essa distribuição é desigual em todo o território brasileiro, concentrando-se nas áreas que
contêm o menor contingente habitacional, não isentando o país da possibilidade de uma crise
de abastecimento.

A água é um recurso limitado, indiscutível para a sobrevivência humana , de caráter


limitado quanto a quantidade e qualidade, com variadas demandas para prover diversas
atividades, desde agricultura, uso em processos industriais além, obviamente, para consumo
humano e de animais.

A conservação e uso racional de água têm sido coordenada e controlada no mundo a


fora, devido ao grande desenvolvimento industrial e agrícola, havendo portanto necessidade
em aplicar métodos para minimizar o consumo de água e possível reúso da mesma, uma vez
que a água é um bem essencial para a manutenção de todas as formas de vida, fundamental
para o desenvolvimento das sociedades, de grande valor ambiental e socioeconômico.

A água é considerada a mais importante dentre os recursos naturais, devido sua


importância social e econômica. O mundo está encarando um enorme colapso de escassez de
água. Exemplos como do México ao Chile, a áreas da África e a pontos turísticos no sul da
Europa e no Mediterrâneo,vários países e regiões já vivem essa realidade que buscam por
solução para esse cenário. A Organização das Nações Unidas (ONU), seguindo dados e as
tendências de consumo atuais, estima que, no ano de 2025, o consumo mundial de água será
de 5200 km³/ano  uma alta de 1,3 vezes em um período de 25 anos. O consumo de água
anual de uma pessoa é em média 4.600 km³ e deste total 70% é no setor agrícola, 20% na
indústria e 10% é consumo doméstico, sendo que a demanda aumentou seis vezes nos últimos
100 anos e cresce a uma taxa de 1% ao ano. Isso contribui para criar ainda mais tensões e que
em 2050 estarão ainda mais graves, pois a previsão é que a população chegue a 10,2 bilhões
de pessoas, com a maioria vivendo em centros urbanos. O mesmo relatório aponta que 5,7
bilhões de pessoas estarão vivendo em áreas de escassez hídrica por ao menos uma vez ao ano
e o número de pessoas sob o risco de inundação será de 1,2 a 1,6 bilhões de pessoas (Relatório
10

Final do 8º Fórum Mundial da Água, 2018).

A situação de escassez é ainda mais potencializada quando estuda-se o crescimento


desenfreado da população mundial que, por sua vez, incrementa a produção de bens de
consumo, uma vez que a água é uma matéria prima essencial nos processos industriais. Desde
o início da humanidade, a quantidade de água doce no mundo apresenta-se estável, no entanto,
a sua disponibilidade e a qualidade dependem de diversos fatores e portanto, é possível que
exista água disponível para determinada comunidade em certas épocas do ano e em outras,
como nas estiagens, o recurso torna-se escasso (PONTES, 2017).

A transformação de matérias-primas em produtos no geral, geram uma grande


quantidade de efluentes que, se não forem tratados adequadamente, geram poluição e
prejuízos aos canais hídricos, o que torna as exigências ambientais mais criteriosas.

Dentre os fatores de maior relevância em relação aos sistemas de tratamento de águas


e efluentes de forma adequada a níveis de descarte seguro aos corpos receptores, se encontra a
falta de fiscalização pelos órgãos públicos, apesar de haver parâmetros e diretrizes para a
gestão do lançamento de efluentes, como a Resolução nº 430 do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA, 2011).

Aliado a estes fatores, também a qualidade da água ofertada vem piorando


consideravelmente ao longo dos anos e em 2050 o nível de poluição pode se tornar altíssimo.
Habitantes de quase 400 regiões do planeta já estão vivendo sob condições de "extremo
estresse hídrico", segundo um novo relatório do World Resources Institute (WRI). Quase 80%
das águas residuais industriais e municipais são descartadas sem tratamento. A demanda por
uso de água no Brasil é crescente, com aumento estimado de aproximadamente 80% no total
retirado de água nas últimas duas décadas. A previsão é de que, até 2030, a retirada aumente
24% (ANA 2018).

Nesse sentido, a Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que até 2025 cerca de
20% da população do globo terrestre enfrentará problemas com os recursos hídricos. O que
  do as pessoas não têm acesso a água potável no lar, ou à água
enquanto recurso produtivo, suas escolhas e liberdades são limitadas pela doença, pobreza e
vulnerabilidade", sendo que há uma necessidade urgente de se gerir com eficiência o uso e
conflitos pelos usos das águas. Há de se ressaltar, neste cenário, que o Brasil é considerado
um país rico em água potável , pois, da quantidade mundial de 2,5%, tem-se que 12% da água
11

doce está por aqui. (PONTES, 2017).

Pasqualeto et al (2020) apresentam valores (percentuais) referentes à participação no


consumo de água pelas principais atividades, sendo as mesmas: 1: irrigação, 2: abastecimento
urbano, 3: Uso animal, 4: Indústria, respectivamente: 765,56, 102,16, 133,73 e 112,54 m³/s.

A ONU em 1958 criou o conceito Reuso de Água, sendo uma das definições mais bem
               
tratados para fins benéficos tais como irrigação, abastecimento urbano e de animais e


Nas últimas décadas várias tecnologias têm sido desenvolvidas com o foco de reduzir
os problemas ocasionados pela falta de água, a opção que parece ser mais viável e
conciliatória para satisfazer a demanda cada vez mais crescente é a sua própria reutilização
(SANTOS; MANCUSO, 2003).

Os efluentes gerados em processos industriais e descartados em corpos de água (rios,


lagoas, etc.), não podem modificar as qualidades desses corpos que previamente devem estar
estabelecidas através de análises. Por isso, todo efluente produzido deve ser tratado e
obrigado a corresponder às normas de parâmetros físicos e químicos para estar adequado para
incorporar ao corpo hídrico (BRASIL, 2011).

Com a utilização da água de reúso seguro, para atividades agrícolas, irrigação


paisagística e limpeza urbana, a mesma proporciona que a água potável seja designada para
fins indispensáveis (PINTO et al.,2014).

Com várias ramificações industriais para reúso de água e efluentes gerados em


processos industriais, tais como farmacêuticas, química, alimentícia, ocorrem discussões
sobre metodologias a serem empregadas para aplicação do reúso de efluentes e tratamentos
dos efluentes gerados para que se possa reutilizar dentro dos parâmetros exigidos em
atividades específicas.

O tratamento eficaz dos efluentes pode possibilitar, após análises das características
físico-químicas e microbiológicas destes efluentes tratados (variáveis de acordo com o nível e
rigorosidade do tratamento) a reutilização desta água, constituindo também um instrumento
ativo para o controle e diminuição da poluição dos corpos hídricos.

Este trabalho teve caráter de prospecção bibliográfica. A pesquisa bibliográfica é uma


12

das melhores formas de iniciar um estudo, buscando semelhanças e diferenças entre os


artigos levantados nos documentos de referência (MENDES & GALVÃO, 2008).O trabalho
foi constituído como uma revisão bibliográfica utilizando como bases de pesquisa
SciELO, SCOPUS, Web of Science, Science Direct, Google Acadêmico, Portal Capes e bases
de pesquisa das principais universidades do Brasil.

O recorte temporal utilizado nesta pesquisa, através de documentos do tipo artigo


científico, capítulos de livros, documentos de âmbito nacional e internacional, documentos em
formato eletrônico, compreendeu o período de 1999 até 2021 (com exceção de algumas
referências de legislações), nos idiomas português e inglês.

Devido a emergência de avaliação/racionalização do uso de água, principalmente em


processos industriais, bem como a minimização dos efluentes gerados nos mesmos e possível
reuso desta água, ocorre a necessidade de avaliar/descrever/estudar as metodologias de
tratamento de efluentes e sua eficácia na remoção de poluentes da água, para que possa
devolvê-la aos corpos hídricos em boas condições e de acordo com os parâmetros exigidos
pelos órgãos ambientais.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho de conclusão de curso foi realizar uma
revisão bibliográfica sobre os principais métodos de tratamento de efluentes provenientes de
indústrias alimentícias, especificamente industriais do segmento de laticínios, frigoríficos e
de bebidas, bem como descrever o possível reuso da água utilizada nestes processos para que
se minimize o uso deste insumo tão importante e já escasso em diversas regiões do planeta.
13

1. PANORAMA DO TRATAMENTO DE EFLUENTES NO MUNDO

As atividades humanas, especialmente após o aumento da concentração civilizacional,


fenômeno acelerado em meados do século XX, ampliou a necessidade industrial na cadeia de
suprimentos e alterou as estratégias ligadas à produção industrial, particularmente dos novos
centros de desenvolvimentos. O fenômeno impactou diretamente os ciclos naturais, dado a
sobrecarga dos despejos, resultando em sérios problemas ambientais que prejudicam o
desenvolvimento das atividades, com prejuízos sociais e financeiros. Com o aumento dos
acidentes, e os problemas decorrentes do esgotamento, alteração e contaminação dos meios
naturais, iniciou-se um processo de ampliação do sistema legal, fiscalizando no que tange o
uso e reuso dos recursos ambientais (YUNES;1971; MOURA, 2021).

Concomitante aos aumentos dos custos da cadeia de produção, no qual a reciclagem e


reuso impactam diretamente nos custos envolvidos, devido à escassez dos recursos naturais e
financeiros, os processos de reuso passam a ser uma necessidade a ser incluída nas estratégias
operacionais das organizações, como podemos facilmente observar na reciclagem das
matérias de alumínio, vidro e polietileno, assim como o reuso dos efluentes líquidos (POTTS
e ESTRELA, 2017).

O Brasil enfrenta problemas de saneamento básico em todo o seu território e tal


situação não é diferente quando se trata de efluentes industriais. Dentre os fatores de maior
relevância, se encontra a falta de fiscalização pelos órgãos públicos, apesar de haver
parâmetros e diretrizes para a gestão do lançamento de efluentes, como a Resolução nº 430
do Conselho Nacional do Meio Ambiente, 2011 (BORGES et al, 2019).

No geral o preço pago pela água por indústrias é relativamente baixo. Porém, um
possível cenário de escassez poderia elevar sobremaneira estes valores, resultando em um
problema em impostos mais elevados e encargos adicionais com tratamento e descarga da
água. Há um argumento para o estabelecimento de uma estrutura de preços diferentes para o
uso de água industrial, isto é, exigir que a indústria pague mais por volume de água do que o
público em geral. O argumento é que a alta dos custos relacionados à utilização de água na
indústria promoveria, naturalmente, um aumento na eficiência da utilização de água, uma vez
que a realidade econômica dos custos aumentaria o preço dos produtos associados (SILVA &
FERREIRA, 2019)
14

1.1 Legislações sobre efluentes

No Brasil a legislação ambiental que regula o despejo de efluentes líquidos nos corpos
hídricos tem por objetivo principal reduzir a carga dos efluentes gerados a serem lançados
nestes corpos receptores. Os órgãos responsáveis por criar e regular as atividades
concernentes ao descarte de efluentes líquidos no Brasil são: Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) e a Agência Nacional das Águas (ANA), (BRASIL, 1981).

A lei n° 9605/98 no artigo 33 da lei Federal de Crimes Ambientais descreve sobre as


sanções penais e administrativas provenientes de condutas e atividades danosas ao meio
ambiente quanto aos efluentes líquidos (BRASIL, 1998).

A Resolução CONAMA n°357/2005 é uma das leis que define o descarte de efluentes
que mais tarde sofreu alterações pela Resolução 97/2008, que descreve acerca da
classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para suas delimitações. A Resolução
n°430/2011 trouxe novas diretrizes quanto ao descarte de efluentes em corpos receptores,
estabelecendo padrões e condições de descartes de efluentes, complementando e modificando
a Resolução n°357/2005 (BRASIL, 2011).

Os efluentes industriais descartados em corpos de água (rios, lagoas, etc.), não podem
modificar as qualidades desses corpos que previamente devem estar estabelecidas através de
análises. Por isso, todo efluente produzido deve ser tratado e obrigado a corresponder às
normas de parâmetros físicos e químicos para estar adequado para incorporar ao corpo
hídrico (BRASIL, 2011).

O capítulo IV, artigos 24 e 34 da Resolução CONAMA/430, estabelece que qualquer


fonte poluidora só poderá despejar seus efluentes de forma direta ou indireta se devidamente
obedecer aos padrões e condições específicas descritas na Resolução.

A Resolução n° 430 do CONAMA, 13 de Maio de 2011, descreve as condições e


parâmetros para que os efluentes sejam lançados ao corpo receptor, sendo os mesmos
descritos a seguir:

a) pH entre 5 a 9;

b) Temperatura: inferior a 40 °C, sendo que o gradiente de temperatura do corpo


receptor não poderá ultrapassar a 3 °C no limite da zona de mistura;
15

c) Materiais Sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora de cone de inhoff. Em


descartes em lagoas e lagos, onde a velocidade de circulação seja quase nula, os
materiais sedimentáveis deverão estar ausentes;

d) Óleo e graxas: ausente;

e) Ausência de materiais flutuantes;

f) Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO5 a 20 °C): remoção de 60% de DBO, este


limite só poderá ser diminuído, após estudos que comprovem a autodepuração do
corpo hídrico, atendendo os parâmetros do corpo receptor.

A Resolução n° 430 do CONAMA (2011) não faz referência ao valor máximo


admissível de DQO em efluentes para o descarte em corpos d´água.

Os órgãos ambientais estão pesquisando e apresentando padrões de qualidade de


efluentes tratados para reutilização não potável, mostrando uma alternativa importante na
gestão de recursos hídricos.
16

2. TIPOS DE TRATAMENTOS INDUSTRIAIS

Para se implantar um sistema de tratamento de efluentes industrial, há primeiramente


um estudo, avaliando os seguintes fatores: legislação federal, legislação regional, os custos
operacionais, eficiência desejada, o clima, a quantidade e qualidade do lodo gerado pelo
processo a ser implantado, possíveis explosões, segurança relativa aos vazamentos de
produtos químicos usados ou dos efluentes em si, produção de odor, dentre outros,
(GIORDANO, 2004).

Os efluentes provenientes de indústrias processadoras que os produzem com alta carga


(concentração x vazão) devem promover o adequado tratamento e destino dos mesmos para
que possam ser descartadas aos corpos receptores ou serem empregadas ao reuso delas. Para
esse tratamento há o emprego de vários processos; físicos, químicos e biológicos (MELLO,
2018).

Grande parte dos setores industriais, acerca de estabelecer uma correta e adequada
tecnologia para ser utilizada, observa além das características dos efluentes, determinações
legislativas, a área a ser ocupada pelo processo e o valor que será aplicado.

A caracterização dos efluentes industriais é feita através dos parâmetros de análises


como os listados a seguir (VON SPERLING, 2014):

     

 a ;

 pH

 alcalinidade; acidez;



 

 

 

 

 

Em decorrência de vários tipos de contaminantes gerados nos processos produtivos,


17

há diferentes tipos de tratamentos de efluentes industriais, classificados em físicos, químicos,


biológicos (NUNES, 2004).

a-) Processos Físicos: Responsáveis por fazer a separação e remoção de sólidos e


flutuantes dependendo das propriedades físicas do contaminante, tendo como exemplo,
tamanho de partícula, viscosidade, peso específicas. Exemplos de alguns tipos de processos
físicos: Gradeamento, sedimentação, filtração, flotação, regularização e equalização, etc.

b-) Processos Químicos: São feitos os tratamentos através de reações químicas com o
uso de produtos químicos específicos para cada tipo de etapa e finalidade. Dependendo dos
poluentes contaminantes ou das propriedades químicas se utiliza produtos específicos em seu
processo, exemplo de alguns tipos de processos químicos: Coagulação, precipitação, troca
iônica, oxidação, neutralização, ultrafiltração, osmose reversa.

c-) Processos Biológicos: Usa-se a transformação da matéria orgânica dissoluta em


sólidos, para realizar a remoção. O método é feito através de bactérias ou outros
microrganismos, através de processos respiratórios podendo ser anaeróbios ou aeróbios,
exemplos de alguns tipos de processos biológicos: Lodo ativado, filtro biológico, biodiscos,
lagoas aeradas, lagoas aeradas de mistura completa, e reatores anaeróbios: reatores anaeróbios
de manta de lodo, reatores anaeróbios tipo biodisco , reatores anaeróbios tipo filtro biológico,
lagoas anaeróbias, entre outros.

Para se obter uma boa eficácia nos procedimentos de tratamentos são decompostos em
graus, principiando pelo tratamento preliminar, seguindo subseqüente o tratamento primário,
secundário e terciário.

O tratamento preliminar, que é realizado mediante processo físico, tem como


finalidade a diminuição de sólidos grosseiros em suspensão, não havendo quase remoção de
DBO, devido ser um processo que visa a preparar o efluente aos demais tratamentos. Nessa
etapa, exemplos que podem ser usados são: o gradeamento, o peneiramento, a neutralização e
a equalização (CAMMAROTA, 2011).

Os processos mais utilizados no tratamento preliminar são:

a) Gradeamento: utilizado com o fim de reter/deter sólidos grosseiros que possam


acarretar entupimentos nas unidades de tratamentos, nos sistemas de gradeamento o
distanciamento de uma barra a outra varia regularmente entre 0,5 mm a 2 cm.

b) Peneiramento: usado com o objetivo de reter sólidos normalmente com diâmetros


18

maiores de 1 mm, as peneiras mais usadas utilizam barras triangulares com espaços que
variam entre 0,5 mm e 2 cm. Indústrias que utilizam o peneiramento em seu processo de
tratamento de efluentes são: frigoríficos, têxtil, indústrias de refrigerantes, pescados dentre
outras indústrias de alimentos. O peneiramento é classificado ainda em peneiras estáticas ou
móveis.

c) Caixas de areia: com a finalidade de proteger as tubulações, instalações de


abrasões, utiliza a sedimentação para retenção de areia.

d) Caixa de gordura: com a finalidade de proteger e evitar que ocorra obstrução de


tubulações utiliza o processo físico onde faz a separação de gorduras ou óleo por meio da
diferença de densidade. Este processo é utilizado geralmente nas atividades que utilizam óleo
como indústrias de petróleo, oficinas mecânicas e outros ramos.

O tratamento primário é semelhante ao pré-tratamento, porém neste tratamento é feita


a remoção de prováveis sólidos que flutuam no efluente, tirando cerca de 30% da DBO,
utilizando a decantação primária, flotação, precipitação química e neutralização como os
principais processos físico-químicos (FERREIRA, 2007; ROCHA; ROSA; CARDOSO,
2004).

Decantação primária: basicamente consiste na separação de sólido (bruto), líquido


(efluente bruto), através da sedimentação das partículas sólidas. Os sólidos em suspensão por
terem a densidade maior que a do líquido sedimenta pouco a pouco no fundo do tanque, esses
sólidos são chamados de lodo primário.

Flotação: processo físico utilizado principalmente em efluentes com altos teores de


óleos e graxas para clarificação e tendo a concentração de lodos.

Floculação: utilizam-se produtos químicos que fazem com que haja a aglutinação e
ajuntamento das partículas a serem removidas, com isso, torna o peso maior que o líquido
corroborando para decantação.

O tratamento secundário é o processo onde se utiliza as reações bioquímicas que


podem ser aeróbicas ou anaeróbicas para a retirada da matéria orgânica dos efluentes. Após o
tratamento o produto deve ser mais estável e apresentar uma diminuição significativa dos
microrganismos e uma concentração menor de matéria orgânica (GIORDANO,2004). O
tanque de aeração, a decantação secundária e retorno do lodo e descarte do lodo dessas etapas
são essenciais nesse processo de tratamento.
19

Tanque de aeração: se faz a retirada da matéria orgânica por meio das reações
químicas, através dos microrganismos aeróbios, esses microrganismos transformam a matéria
orgânica em gás carbônico, água e material celular.

Decantação secundária: a clarificação do efluente e o retorno do lodo ocorrem nessa


etapa. Os decantadores secundários são de fundamental importância para que haja a
separação dos sólidos em suspensão no tanque de aeração, liberando um efluente clarificado e
permitindo o retorno do lodo em uma carga mais elevada.

Descarte do lodo: todo lodo excedido do sistema é levado para seção de tratamento
desse lodo, para que não ocorra o desequilíbrio do processo, etapas do tratamento do lodo:

Adensamento do lodo > digestão anaeróbica > condicionamento químico do lodo


>desidratação do lodo > secagem do lodo.

Tratamento terciário: é empregada com o fim de aumentar a eficácia e qualidade dos


efluentes vindos dos tratamentos primário e secundários, sendo usados na redução de sólidos
suspensos, micropoluentes, carga orgânica biodegradável e não biodegradável, cor ,
nutrientes dentre outros fins. As lagoas de maturação, adsorção de carvão ativado, filtração e
ultrafiltração são alguns exemplos utilizados neste processo de tratamento terciário
(CAMMAROTA, 2011).

Lagoas de maturação: tem como finalidade a remoção de patógenos. Por terem


profundidades inferiores a 1,0 m possibilita a radiação ultravioleta da luz solar.

Cloração: efetua a adição do cloro na água para destruir ou interromper a atividade de


microrganismos patogênicos e agir como oxidante de compostos orgânicos e inorgânicos.

Ultrafiltração: é uma técnica que visa a remoção de bactérias e vírus através de


membranas com poros de tamanho que varia de 0,001 a 0,1 µm.

2.1 PROCESSOS BIOLÓGICOS

2.1.1 Lodo Ativado

De acordo Souza (2011), o tratamento de efluentes pelo sistema de lodo ativado é um


dos mais empregados dentre os vários tipos de tratamentos biológicos, por sua elevada
20

eficiência no resultado final do tratamento, sem a geração de cheiro e por ocupar uma área
menor para o despejo.

A finalidade do tratamento por lodos ativados é retirar a matéria orgânica solúvel e em


suspensão contidos nos efluentes e transformar esse material em flocos microbianos, para
finalmente serem desagregados da mistura pelo método gravitacional. Com o fim de que esta
desagregação venha ocorrer de modo eficaz, assegurando uma boa eficiência do tratamento
por lodos ativados. Para alcançar uma concentração microbiana indispensável no tanque de é
 JR.,2010).

O tratamento por lodo ativado é caracterizado por compreender a produção de massa


ativada de microorganismos com a capacidade de equilibrar aerobicamente o efluente.
Basicamente o sistema por lodo ativado é composto por três principais partes: tanque de
aeração, um decantador e um sistema de recirculação do lodo (VON SPERLING, 2016).

Segundo Von Sperling (2016), de maneira geral, o tratamento por lodos ativados
possui uma etapa biológica, constituída de três unidades: o tanque de aeração (reator
biológico), o tanque de decantação (decantador secundário) e o sistema de recirculação do
lodo. É possível promover, no tanque de aeração, condições ideais para que ocorra remoção
de matéria orgânica e nutrientes como nitrogênio e fósforo. Os sólidos suspensos (biomassa)
sofrem sedimentação no decantador secundário, permitindo a clarificação do efluente. A
elevada eficiência do processo é causada pela recirculação da biomassa decantada para o
reator biológico a fim de aumentar a concentração de biomassa neste tanque.

O sistema de lodo ativado, historicamente, teve sua origem na Inglaterra por volta de
1914, quando Arden e Lockett estudaram o uso de sólidos floculados com a aeração do
efluente, obtendo resultados significativos. O processo foi assim denominado, uma vez que os
        -   
propriedade de estabilizar a matéria orgânica ( LEVY, 2007 apud KLAUS, 2012).

No Brasil, as condições climáticas tropicais apresentam-se como vantagem na


utilização de Lodos Ativados, por propiciar maior atividade microbiológica no reator,
entretanto, este processo apresenta nível de mecanização superior ao de outros sistemas de
tratamento de efluentes, implicando em maiores consumos de energia e de custos, além de
cuidados mais detalhados quanto ao correto manuseio da estação de tratamento.

O tratamento por lodo ativado é caracterizado por compreender a produção de massa


ativada de microorganismos com a capacidade de equilibrar aerobicamente o efluente.
21

Basicamente o sistema por lodo ativado é composto por três principais partes: tanque de
aeração, um decantador e um sistema de recirculação do lodo (VON SPERLING, 2016).

No tanque de aeração é realizado a separação da matéria orgânica contida no efluente,


com o aumento da biomassa microbiana resulta na geração de flocos microbianos que
mantêm-se em suspensão e formam uma espécie de lodo ( MENDONÇA, 2002).

Logo após um tempo de pouso no tanque, a mistura segue para o sedimentador que
separa o efluente tratado do lodo, o qual é encaminhado para um decantador, sendo que, a fim
de diminuir a fase lag do processo biológico (aclimatação), uma parte deste lodo já aclimatado
ao substrato em questão pode ser recirculada ao reator sendo a quantidade excedente, enviada
ao tratamento do lodo. (SANTANA JR, 2010).

Em razão da geração de lodo faz-se necessário a retirada do lodo em excesso para que
mantenha uma concentração adequada no tanque de aeração e essa retirada pode ser feita no
decantador ou no tanque de aeração (CORDI, 2008).

O tratamento por lodo ativado pode alcançar uma taxa de eficiência de 98% de
redução de DBO. A Figura 1 apresenta um esquema ilustrativo de um processo de lodo
ativado convencional.

Figura 1  Esquema ilustrativo de um sistema de lodos ativados convencional

Fonte: Portal Tratamento de Água, 2022.

De acordo com Reis (2017), o sistema de lodo ativado, por ser um processo biológico,
requer uma operação delicada, pois os microrganismos são sensíveis à modificações de
variáveis como pH, temperatura, concentração de nutrientes, tempo médio de residência
celular (idade do lodo), taxa de fornecimento de matéria orgânica e nutrientes (relação
22

alimento/micro- organismo), concentração de oxigênio dissolvido no tanque de aeração, entre


outros. os flocos biológicos capazes de degradar a matéria orgânica são compostos por
bactérias, protozoários, fungos e rotíferos. Investigar a composição desse microssistema é de
fundamental importância para analisar a sedimentabilidade do floco e a eficiência do
tratamento.

2.1.2 Lagoas de Estabilização

As lagoas de estabilização consistem no modo mais comum e acessível de tratamento


de efluentes, podendo ter diversidade nos sistemas de lagoas de estabilização, com distintos
graus de simplicidade operacional e quesito de área, com ou sem nenhuma necessidade de
equipamentos, necessitando de clima benéfico, com temperatura e insolação altas. A
aplicação das lagoas de estabilização têm como finalidade fundamental a retirada de matéria
orgânica, especialmente os compostos orgânicos solúveis que restaram após o tratamento
primário, a remoção da matéria orgânica se dá através da atividade de bactérias e
microrganismos (VON SPERLING, 2017).

Dentre as principais lagoas de estabilização podemos citar: lagoas anaeróbias,


aeróbias, facultativas, mistura completa, lagoas de maturação e de polimento (VON
SPERLING, 2017).

2.1.2.1 Lagoas Facultativas

Lagoas facultativas são unidades projetadas para trabalhar na redução de matéria


orgânica (entre outros compostos) tanto na fase aeróbia quanto na anaeróbia (FRICK, 2011),
projetadas para que o tratamento do esgoto proceda de maneira natural por meio do
sincronismo de condições propícias à sobrevivência de algas e bactérias. Neste tipo de lagoa,
as bactérias aeróbias irão degradar a matéria orgânica solúvel presente no efluente,
consumindo o oxigênio livre disponível na água e resultando como subprodutos: água, gás
carbônico e nutrientes; de outro modo, as algas consumirão os nutrientes e o gás carbônico, e
através da luz solar (disponível uma vez que a profundidade da lagoa é baixa) realizarão a
fotossíntese e irão liberar como subproduto o oxigênio (necessário às bactérias), fechando
assim o circuito. Através destes mecanismos, a matéria orgânica em suspensão tende a
sedimentar (lodo de fundo), criando uma zona anaeróbia. Este lodo ao sofrer o processo de
decomposição por microrganismos anaeróbios é convertido lentamente em gás carbônico,
água, metano e outros. Após algum tempo, apenas a fração inerte (não biodegradável)
23

permanece na camada de fundo. (VON SPERLING, 2001 apud CARNEIRO, 2014).

As lagoas facultativas trabalham tanto em estado aeróbio como anaeróbio, sendo que
na parte superior da lagoa predomina a processo aeróbio e na parte inferior o processo
anaeróbio (FRICK, 2011).

As lagoas facultativas trabalham por meio da atividade das algas sob a ação da luz
solar e das bactérias, o aparecimento das algas é devido a presença de nutrientes provindos da
matéria orgânica dos resíduos, esta maneira por ser aeróbia acarreta no consumo de oxigênio
devido a respiração de microrganismos decompositores. As bactérias, na presença de
oxigênio, passam de matéria orgânica em compostos simples e estáticos como dióxido de
carbono e água, além de sais de nitrogênio e fósforo ( FARIA, 2012).

Neste tipo de lagoa, as bactérias aeróbias irão degradar a matéria orgânica solúvel
presente no esgoto, consumindo o oxigênio livre disponível na água e resultando como
subprodutos; água, gás carbônico e nutrientes. Por sua vez, as algas consumirão os nutrientes
e o gás carbônico, utilizar-se-ão da luz solar como fonte de energia para realizar a fotossíntese
e irão liberar como subproduto o oxigênio (necessário às bactérias), fechando assim o circuito.
(NUVOLARI, 2011). A matéria orgânica em suspensão tende a sedimentar, vindo a constituir
o lodo de fundo, criando uma zona anaeróbia. Este lodo ao sofrer o processo de decomposição
por microrganismos anaeróbios é convertido lentamente em gás carbônico, água, metano e
outros. Após algum tempo, apenas a fração inerte (não biodegradável) permanece na camada
de fundo. (VON SPERLING, 2001). A Figura 2 mostra o esquema simplificado do
funcionamento de uma lagoa facultativa (VON SPERLING, 2002)

Figura 02  Esquema simplificado do funcionamento de uma lagoa

Fonte: Von Sperling, 2002.


24

2.1.2.2 Lagoa Anaeróbia

O sistema de tratamento de efluentes por lagoas anaeróbias opera em total ausência de


oxigênio, sendo que para conseguir tal condição, as lagoas têm profundidade grande quando
comparadas às demais (4 a 5 m). As lagoas anaeróbias caracterizam-se por receber uma carga
de aplicação de DBO muito mais alta que aquelas fixadas para as facultativas, o que resulta
numa menor área de implantação. O resultado disso é que, em toda a lagoa, a matéria orgânica
vai ser decomposta em condições anaeróbias. (CARNEIRO, 2014).

São lagoas que possuem grande profundidade em torno de 4m a 5m para trabalhar em


condições anaeróbias, diminuindo a filtração do oxigênio para as camadas mais profundos da
lagoa, a lagoa anaeróbia possui uma eficiência numa faixa de 60% na remoção de DBO,
necessitando de pós tratamento o efluente, sendo complementado o tratamento com as lagoas
aeróbias e facultativas (VON SPERLING, 2017).

A aplicação das lagoas anaeróbias têm como finalidade fundamental oxidar


compostos orgânicos (NUNES, 2014).

As lagoas anaeróbias têm várias vantagens tais com: baixa produção de lodo, alta
remoção de DQO, e baixo consumo em comparação aos sistemas aeróbios (BUSTILLO
LECOMPTE, MEHRVAR, QUIÑONES-BOLAÑOS, 2014). A Figura 3 apresenta o
esquema ilustrativo de uma lagoa anaeróbia.

Figura 03- Esquema ilustrativo de uma lagoa anaeróbia

Fonte: Silva Filho (2007)


25

2.1.2.3 Lagoas Aeróbias

São lagoas que utilizam de oxigênio para o processo, é utilizado a inserção de


oxigênio que é feito por meio de sistemas mecanizados de aeração. São lagoas que possuem
uma grande eficiência na retirada de organismos patogênicos de nutrientes solúveis,
habitualmente são lagoas mais rasas se comparadas com as anaeróbias com profundidade em
torno de 0,5 m a 1,5 m (SILVA FILHO,2007; VALE 2007).

2.1.2.4 Lagoa Aerada De Mistura Completa

Esse tipo de lagoa recebe o oxigênio diluído provido de aeradores mecânicos para
garantir a separação entre sólidos e líquidos. Todo esse processo se torna necessário para que
ocorra a total decomposição da matéria orgânica (VON SPERLING, 2017).

2.1.2.5 Lagoa de Maturação

A remoção de organismos patogênicos é um dos objetivos mais importantes das lagoas


de estabilização modalidade maturação. A lagoa de maturação é especialmente projetada para
esta finalidade. A lagoa de maturação constitui-se como uma opção de desinfecção bastante
eficiente e econômica, quando comparada a outros métodos convencionais, como a cloração,
por exemplo, principalmente quando o preço e a disponibilidade de áreas para sua
implantação não sejam problemas limitantes (CARNEIRO, 2014).

Todo líquido existente na lagoa de maturação que também é chamada de lagoa de


polimento contém uma concentração de oxigênio diluído. A profundidade dessas lagoas é em
torno de 1,0 a 2,5 m e essa profundidade se faz necessária para que os coliformes fecais,
nitrogênio e fósforo sejam reduzidos de forma satisfatória. Associados à baixa profundidade,
na lagoa de maturação ocorrerá a alta penetração da radiação solar com efeito ultravioleta que
é um mecanismo esterilizador de microrganismos, o aumento do pH devido à elevada
atividade fotossintética e a alta da concentração de oxigênio dissolvido que favorece uma
comunidade aeróbia, mais eficiente na eliminação de coliformes. (RODRIGUES, 2004).
26

Esse tipo de lagoa é importante devido o seu papel fundamental que é receber
efluentes provindos de outras lagoas onde sua principal função é a degradação total dos
microrganismos patogênicos além de diminuir alguns nutrientes em sua superfície (FARIA,
2012).

Sua característica é o ambiente inóspito para a replicação de bactérias patogênicas, e


para que esse ambiente atenda essa condição em sua composição são encontradas alguns
componentes como radiação ultravioleta, pH alto, OD alto, além desses dois componentes
alterados ela deve ter a temperatura inferior a do organismo humano e ser escassa de
nutrientes (VON SPERLING, 2017).

Consequentemente, associados à baixa profundidade, na lagoa de maturação ocorrerá


a alta penetração da radiação solar com efeito ultravioleta que é um mecanismo esterilizador
de microrganismos, o aumento do pH devido a elevada atividade fotossintética e a alta da 21
concentração de oxigênio dissolvido que favorece uma comunidade aeróbia, mais eficiente na
eliminação de coliformes. (VON SPERLING, 2001).

2.1.3 Tratamento Anaeróbio

2.1.3.1 Upflow Anaerobic Sludge Blanket  UASB

Nesse tipo de sistema de tratamento de efluente a principal característica é a ausência


de oxigênio, formando um limo anaeróbio que surge através da criação de massa. Através
desse processo surge o biogás que é criado através da destruição de material orgânico que
surge em grandes quantidades devido a baixa concentração de água e elevada quantidade de
material sólido (PASSEGGI et al., 2012).

O UASB tem, no geral, um baixo custo de investimento, trazendo vantagem como o


tratamento da matéria em grande quantidade, diminuindo a produção de limo e promovendo a
recuperação de produtos utilizáveis (VON SPERLING, 2016).

De acordo com SPERLING, 2001, a estrutura dos UASB se baseia em uma coluna de
saída ascendente, com repartições contendo digestão, sedimentação e separador das fases
sólidas e líquidas.

A utilização de um reator tipo UASB apresenta diversas vantagens, como baixo custo
27

e menor produção de lodo em comparação com sistemas de tratamento orgânico aeróbicos.


Além do mais, é fácil de operar, exigindo apenas um pequeno conhecimento da área de
instalação. Sendo assim, sua implementação torna-se uma boa alternativa em países em
desenvolvimento como o Brasil (CAMPOS etc., 2006).

A desvantagem é que é produzido gás metano, que pode ser convertido posteriormente
em biogás, dessa forma uma desvantagem. Em torno de 70% a 90% dos materiais
biodegradáveis são convertidos em biogás, que pode ser utilizado em uma ampla variedade
de aplicações, como utilizar em operações industriais de empresas que empregam este tipo de
tratamento de efluentes. O metano pode ser queimado se não for reutilizado e lançado na
atmosfera na forma de dióxido de carbono que é menos nocivo para o meio ambiente e a
saúde humana (VON SPERLING, 2016; CHERNICHARO, 1997). A Figura 3 apresenta um
esquema típico de arranjo de um reator UASB.

O tempo de residência do efluente no reator UASB é de aproximadamente 6 a 10


horas. Com base nos dados de estudos realizados, a eficiência do reator de remoção UASB
em relação ao DOB, é de até 70% (VON SPERLING, 2016).

Figura 4 - Arranjo típico de reator UASB.

Fonte: Adaptado de CERVANTES et al., 2006.


28

3 TRATAMENTO DE EFLUENTES DE INDÚSTRIAS DE ALIMENTOS

O tratamento de efluentes em indústrias de alimentos é um fator determinante que


vem sendo usado e implantado com o objetivo de preservar os corpos hídricos ou ao menos
diminuir sua degradação.

Por haver inúmeros ramos industriais torna-se inconcebível um conceito universal da


composição dos efluentes industriais; cada segmento industrial é diferente, bem como os
efluentes gerados, devido seu tempo de operação, tecnologia, tipo de produção, etc. Para se
ter uma maior eficiência no tratamento, se torna imprescindível um estudo mais exigente das
propriedades do efluente obtido na indústria, em especial nas matérias-primas e insumos
utilizados na linha de produção.

O tratamento de efluentes em geral utiliza vários tipos de processos e operações


unitárias. O tratamento a ser utilizado e mais adequado está relacionado com o tipo de
efluentes a ser tratado, a partir do conhecimento prévio das características detectadas no
efluente, se elabora o tratamento eficaz.

Algumas indústrias geram efluentes com características típicas e possuem modelos de


processos e operações unitárias para o tratamento. A seguir serão apresentados estudos sobre
três segmentos importantes dentro do contexto de indústria de alimentos x tratamento de
efluentes gerados, a saber: laticínios, frigoríficos e bebidas.

3.1 Laticínios

A indústria de laticínios é uma importante fonte geradora de efluentes, seja pela alta
quantidade de água utilizada em seus processos ( 1 a 6 litros de efluentes gerados para cada 1
litro de leite produzido, em média), seja pela complexidade em relação às características do
efluentes gerado devido a matéria-prima leite dentre outras (quantidades variáveis de leite
diluído, carboidratos, gorduras, minerais, proteínas, além e concentrações altas de detergentes
e agentes sanificantes utilizados nos processos de higienização da indústria). A despeito da
quantidade de efluente gerada, a indústria de laticínios responde por uma parcela significativa
na economia brasileira. No entanto, muitas dessas empresas são de micro e pequeno porte, e
portanto de difícil implementação e manutenção de sistemas robustos de tratamento de
29

efluentes gerados e pessoal habilitado para este fim, de forma a remediar o impacto dos
efluentes gerados ao atingirem os corpos receptores. O movimento crescente da
conscientização da população e o aumento nas exigências nos órgãos responsáveis pela
fiscalização ambiental têm forçado a mudança de atitude desses empresários no que cabe ao
cumprimento de normas e diretrizes estabelecidas para o descarte adequado dos efluentes
gerados.

No setor de laticínios há uma diversidade em seus produtos fabricados, no emprego de


suas tecnologias e de tamanho de suas indústrias, desde pequenos laticínios a multinacionais
e cooperativas grandes (MACHADO et.al. 2002).

As empresas de laticínios movimentam milhões de dólares na indústria brasileira,


todavia grande parte dessas empresas são de porte médio ou pequeno. Várias dessas empresas
não realizam nenhum tratamento de seus efluentes, ocasionando um grande impacto negativo
ao Meio Ambiente, (FONTENELLE, 2006).

A alta Demanda química de Oxigênio (DQO) e Demanda Bioquímica de Oxigênio


(DBO), óleos e graxas, Nitrogênio (N), fósforo (P), são decorrentes de uma grande carga
orgânica advindos do leite e seus derivados, limpezas e descartes dos resíduos do leite sem
tratamento desses seus efluentes (MARTINS,2008).

Para cada litro de leite processado é produzido em torno de 1 a 6 litros de efluentes


líquidos, gerando também resíduos sólidos e emissões atmosféricas, normalmente sem
nenhuma fiscalização ou algum tratamento, causando grande impacto ao meio ambiente
(SILVA, 2013; MAGANHA, 2006).

O leite processado, leite condensado, creme de leite, manteiga, queijos, leite em pó


dentre outros, são exemplos de produtos produzidos pela indústria de laticínios através de
único insumo básico que dá origem a esses vastos produtos, (ALVES, 2007).

3.1.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Laticínios

Dentre os diversos segmentos de indústrias de alimentos, os laticínios são


considerados os mais poluentes, em razão do seu elevado consumo de água e geração de
efluentes líquidos, que por sua vez constituem a principal fonte de poluição. Devido ao seu
alto teor de matéria orgânica, os efluentes gerados em indústrias beneficiadoras de leite e seus
30

derivados constituem importantes fontes de poluição das águas, sendo que o despejo dos
mesmos em corpos receptores de maneira inapropriada e em desacordo com o que regem as
legislações e as diretrizes vigentes geram inconvenientes ambientais, como alterações em
corpos hídricos além de grandes impactos no ecossistema e no meio ambiente como um todo
(AZZOLINI & FABRO, 2013).

Todas as indústrias de laticínios produzem resíduos líquidos, sólidos e emissões


atmosféricas que causam danos ao meio ambiente. Devido a isso, a legislação ambiental criou
leis e parâmetros para que as indústrias tratem de seus efluentes de forma adequada e
eficiente, tendo assim um controle do processamento, buscando formas de reutilização de
seus resíduos, (SILVA, 2011).

As consequências do lançamento de efluentes oriundos de laticínios em corpos


receptores são variadas e incluem o aumento de matéria orgânica, que favorece o
desenvolvimento de microrganismos consumidores de oxigênio, fato que pode promover uma
situação de anaerobiose bem como a alteração do pH graças à fermentação e presença de
detergentes a base de hipocloritos. Além disso, a presença de sólidos em suspensão tem como
consequência o aumento da turbidez da água. Paralelamente, em função da presença de
frações de nitrogênio e fósforo, no meio receptor poderá se desenvolver a proliferação de
algas em excesso, fenômeno conhecido por eutrofização com sérios problemas aos corpos
hídricos (POKRYWEICKI et al, 2013).

Aliado a estes aspectos, está o fato da geração de grande volume de efluentes uma vez
que são gerados de 1 a 6 litros de despejos para cada litro de leite processado; à geração de
resíduos sólidos e emissões atmosféricas, geralmente, sem nenhum tipo de controle ou
tratamento (SILVA, 2013). O queijo é o derivado que mais utiliza leite em sua produção,
demandando em média 10 litros de leite por quilo produzido (KISPERGHER, 2014).

Além da alta quantidade de efluente produzida, a indústria de laticínio, quando


trabalha na produção de queijo, tem um passivo de difícil tratamento, gerando três tipos de
efluentes: soro de queijo (resultante da coagulação da caseína), segundo soro de queijo
(resultante da produção de queijos tipo cottage) e águas residuais (águas de lavagem contendo
diferentes concentrações de soro de queijo) (PRAZERES, 2012). O soro de queijo representa
aproximadamente de 85 a 95% do volume do leite e contém 55% de seus nutrientes,
apresentando alta carga orgânica, com DQO de aproximadamente 70- 80 g.L-1
(KISPERGHER, 2014). Se aproveitado, pode ser um importante subproduto da indústria de
laticínios, mas necessita de um processo complementar, sofisticado, para seu aproveitamento,
31

como processos de ultrafiltração.

Como descrito acima, os efluentes de laticínios são compostos por quantidades


variáveis de leite diluído, materiais sólidos flutuantes originados de diversas fontes, como
detergentes, desinfetantes, lubrificantes e esgoto doméstico. De acordo com Nirenberg apud
Kispergher (2014), a quantidade de carga poluente das águas residuais das indústrias de
laticínios varia bastante (Tabela 1), dependendo da quantidade de água utilizada, do tipo de
processo e do controle exercido sobre as várias descargas de resíduos.

Tabela 1- Caracterização dos efluentes não tratados da indústria de laticínios.


Parâmetro Faixa de variação

Sólidos suspensos totais 100 a 2000 mg.L-1

DQO 500 a 6000 mg.L-1

pH 1 a 12

Temperatura 20 a 30 °C

Fonte: Macário (2016)

Para minimizar os riscos do lançamento de águas residuárias em corpos receptores,


normalmente utiliza-se o tratamento convencional que, na maioria das vezes, emprega
tecnologia simples, de fácil operação e baixo custo. Tais tratamentos utilizam frequentemente
processos biológicos, considerados eficientes para a maioria dos poluentes, por reduzir
consideravelmente os níveis de matéria orgânica e microrganismos patogênicos, e apresentar
boa redução de nutrientes que se lançados em corpos receptores podem causar problemas de
eutrofização.

Existem diversos tipos de sistemas de tratamentos destes efluentes para amenizar


esses problemas sendo que os mesmos, para serem efetivos, devem ser rotineiramente
acompanhados por meio de análises físico-químicas e biológicas, em que se possa ter uma
visão técnica em relação à qualidade das águas dos efluentes tratados.

Os processos biológicos são os mais utilizados no tratamento desse tipo de efluente,


no entanto, sendo os mesmos economicamente viáveis, porém apresentam algumas limitações
práticas onde a biodegradação depende de uma população microbiana diversificada e estável,
bem como da interação entre os diversos microrganismos presentes no meio, do pH e da
temperatura entre outros fatores, que nem sempre são controlados com facilidade. Além
disso, o longo tempo de tratamento e a grande área necessária para a implantação das
32

estações de tratamento podem dificultar a aplicação dos processos biológicos.

Aliado a estes fatores, ocorre a variação da carga orgânica no efluente de laticínio,


que pode causar o intumescimento do lodo e comprometer a eficiência dos processos
biológicos. Este problema pode ser evitado por meio de uma etapa de pré-tratamento, ou um
tratamento emergencial que possa baixar rapidamente a carga orgânica e permitir o
prosseguimento do tratamento biológico.

Substâncias como carboidratos, sais minerais, vitaminas e água são alguns compostos
envolvidos no processamento de produtos lácteos. Materiais sólidos flutuantes, leite diluído,
desinfectantes, areia, açúcar, lubrificantes, detergentes, pedaços de frutas (em caso de
produção de iogurte, condimentos e essências) no caso de produção de queijos e manteiga),
as águas utilizadas em limpeza de pisos, desinfecção de equipamentos, tubulações e demais
instalações das indústrias são basicamente os principais formadores dos efluentes das
indústrias de laticínios (MACHADO et al, 2002).

As etapas de lavagem e desinfecção de equipamentos, perdas nas enchedoras com


transbordamento e quebra de embalagens contendo leite são consideradas as fases de maior
geração de efluentes com alta carga orgânica (BRAILE e CAVALCANTI, 1993).

O indicador que é utilizado para medir o potencial poluidor de efluentes líquidos é o


DBO5, onde predomina a matéria biodegradável e é através deste parâmetro que se
desenvolve um tratamento adequado. A relação DBO5/DQO é outro parâmetro fundamental
para determinação físico-química do efluente das indústrias lácteas que apresenta entre 0,50 a
0,70 sem tratamento, quanto maior esses valores mais são indicados o tratamento desses
efluentes por processo biológico (SARAIVA, 2008).

Por conter soluções ácidas e alcalinas no sistema de limpeza, o pH dos rejeitos das
indústrias laticínios despeja nas estações de tratamentos efluentes com pH entre 2,0 e 12,0,
discrepância enorme dentro das características comum do pH do leite que é próximo ao
neutro entre 6,7 a 7 (BYYLUND, 1995 apud BRIÃO, 2000).

A presença do fósforo (P) e nitrogênio (N) nos efluentes está relacionada,


respectivamente, ao uso de ácido fosfórico (H3PO4) e detergente na lavagem de instalações.
A presença de altas concentrações de sódio está relacionada à aplicação de enormes
quantidades de hidróxido de sódio (NaOH) utilizados como agente de limpeza (DEMIREL et
al., 2005).
33

Para o lançamento dos efluentes tratados das indústrias de laticínios em corpos


receptores os fluentes têm que estar em acordo com os principais parâmetros e respectivos
limites que estão listados a seguir (SILVA, 2013). A Tabela 2 apresenta os parâmetros e
limites permitidos para emissões de efluentes.

Tabela 2  Parâmetros e limites receptores efluentes

Parâmetro Limite e/ou Condição

pH 6,5 a 8,5

Temperatura Inferior a 40 ºC

Materiais Sedimentáveis Até 0,1 ml/L

Óleos e graxas Até 50 mg/L

DBO5 Até 120 mg/L

DQO Até 90 mg/L

Sólidos em suspensão Concentração Máx. Diária: 100 mg/L

Conc. Méd. Aritmética mensal: 60 mg/L

Detergentes Até 2,0 mg/L

Fonte: (SILVA, 2013, p.11)

De acordo com Giordano (2004), em decorrência da complexidade da composição dos


efluentes industriais, são necessárias as associações de diversos níveis de tratamento para a
obtenção de efluentes com as qualidades requeridas pelos padrões de lançamento. Segundo
Andrade (2011), a forma de tratar o efluente, normalmente adotada em indústrias de
laticínios, envolve o uso de tratamento primário para a remoção de sólidos, óleos e gorduras
presentes no efluente, tratamento secundário para a remoção de matéria orgânica e nutriente
34

e, em alguns poucos casos, tratamento terciário como polimento.

3.1.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Laticínios

O sistema de lodo ativado ainda é um sistema, a despeito do seu alto custo de


operação, ainda é bastante utilizado como tratamento de efluentes oriundo de laticínios,
principalmente quando os mesmos se localizam em áreas metropolitanas, onde o requisito
área é um fator determinante, ou mesmo devido a sua alta eficiència de redução de DQo e
DBO.

O tratamento dos efluentes por lodo ativado vem sendo bem aceito e proporcionando
confiança no tratamento dos efluentes de laticínios por sua qualidade e eficiência na remoção
de DBO5, ocupando pouca área, mas em contrapartida requer um maior índice de
mecanização e uso de energia elétrica, necessitando de uma operação mais técnica.

Segundo Jordão et al (1995) o lodo ativado trata-se de um processo onde o floco é


feito em um efluente bruto ou decantado pelo crescimento de bactérias ou outros organismos,
com o oxigênio dissolvido presente, reunindo concentrações o bastante, devido o retorno de
outros flocos antes formados no tanque de decantação.

Já no tanque de aeração são misturados o efluente e o lodo ativado onde são agitados e
aerados. Em seguida, nos decantadores o lodo ativado é desprendido do efluente tratado, que
é removido por vertedouros, e o lodo volta ao tanque de aeração como reciclo, e todo o
excesso de lodo é retirado do processamento e tratado apropriadamente. Um importante
parâmetro operacional do processo é o tempo de retenção dos sólidos no reator.

Conquanto, a estratégia mais prática e utilizada pelos operadores é a concentração de


sólidos suspensos no tanque de aeração (SSTA), que tem como finalidade conservar a
concentração constante, para evitar problemas de excesso de sólidos, através desse parâmetro
que se controla a manipulação da vazão do lodo de recirculação e pela vazão do lodo
excedente que é descartado (VON SPERLING, 2012).

De acordo com Brião e Tavares (2011), apud Pokrywiecki et al (2013), existem


basicamente dois modos de diminuir ou minimizar a carga de efluente da indústria de
laticínios: a redução do volume lançado e a minimização da carga poluente (concentração em
termos de DBO ou DQO e a quantidade gerada e lançada). O primeiro se refere à redução do
35

consumo de água e o segundo refere- se ao monitoramento das fontes geradoras de efluentes e


possível recuperação de componentes (como proteínas do soro) em sua aplicação em
derivados lácteos, ou processos mais avançados de recuperação destes agentes poluidores,
buscando remover a carga orgânica do efluente e recuperando um concentrado para a
reutilização.

Pokrywiecki et al (2013) avaliaram a eficiência da uma estação de tratamento de


efluentes de laticínio usando métodos convencionais de tratamento constituído de processos
anaeróbios e aeróbios, sendo os mesmos composto por duas lagoas, uma anaeróbia e outra
aeróbia. A biodegradabilidade dos efluentes gerados na indústria de laticínio também foi
avaliada, e para tanto, foram analisados os parâmetros de pH, DQO e DBO5 , de acordo com
a metodologia padrão. O processo de tratamento empregado se mostrou eficiente na remoção
de poluentes, uma vez que os valores médios de pH (8,12), DQO (94%) e DBO (90,15%) e a
relação DQO/DBO (1,42) mostraram uma redução significativa nos parâmetros analisados
indicando um efluente potencialmente biodegradável.

Dentre os vários tipos de sistemas de tratamento de efluentes provenientes de


laticínios, um dos processos utilizados são os tratamentos anaeróbios, mais especificamente,
as lagoas anaeróbias, os tanques sépticos, os filtros anaeróbios e os reatores de alta taxa,
como os reatores de fluxo ascendente e manta de lodo (UASB - Upflow Anaerobic Sludge
Blanket). A biodegradação anaeróbia depende de uma população microbiana diversificada e
estável, que sintetiza a matéria orgânica, transformando-a em metano e dióxido de carbono.

Em relação ao sistema aeróbio de tratamento de efluentes, o processo anaeróbio


apresenta grandes vantagens, onde além de consumir menos energia não renovável, por não
necessitar de aeração, requerer uma menor suplementação de nutrientes, produz menos lodo
e, a maioria dos reatores utilizados ocupa menos espaço, o que o torna um processo
econômico e ambientalmente sustentável (ALMEIDA, 2014).

Dentre os pontos positivos na utilização de sistemas anaeróbios para o tratamento,


estão, além do baixo gasto de energia, reduzida produção de lodo e a geração de gás metano
para uso energético. Assim, quando se analisa a recuperação energética do processo, estudos
relatam a produção de gás de 6,7 V biogás.V reator-1.dia-1 , o qual é rico teor de metano
(72%). Estes dados são para o soro doce de queijo submetido a um biodigestor de leito fixo
com TRH de 2 dias, usando carvão como material de enchimento (PATEL et al., 1996 apud
KISPERGHER, 2014.
36

A eficiência do processo depende das interações entre as diversas espécies bacterianas


e ainda das condições específicas de operação, como temperatura, pH e tipo de substrato,
entre outros, sendo que dentre estas condições, dos fatores físicos que afetam a atividade
microbiana, a temperatura é um dos mais importantes na seleção das espécies, pois pode
afetar a velocidade do metabolismo das bactérias, o equilíbrio iônico e a solubilidade dos
substratos. Quanto ao pH, a produção de metano pelas bactérias se dá na faixa de 6,8 a 7,4, e
valores abaixo de 6,0 podem inibir por completo a geração de metano (CAMPOS et al, 2004).

O sistema anaeróbio tipo UASB, é um sistema que exige uma pequena demanda de
área de instalação e é capaz de apresentar eficiência satisfatória em termos de remoção de
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO), portanto, sua implantação torna-se uma boa
alternativa para países em desenvolvimento, tais como o Brasil. este sistema baseia-se no
tratamento do efluente na ausência de oxigênio livre, sendo formada uma biomassa anaeróbia
(lodo anaeróbio). Como há grande quantidade de matéria orgânica no efluente a ser tratado,
ocorre a formação de subprodutos, como por exemplo, de biogás. Este tipo de reator possui
duas das principais características do tratamento biológico, que são baixos tempos de
detenção hidráulica e elevados tempos de retenção da biomassa. ( HAMERSKI, 2012).

Em relação a seu funcionamento, o reator UASB, possui uma coluna ascendente que é
formada de três partes: Leito de lodo, Zona de sedimentação e Separador trifásico.A trajetória
do efluente a ser tratado é ascendente ao entrar no reator, onde o mesmo atravessa a zona de
digestão, escoa pelas passagens do separador, alcançando em seguida, a zona de
sedimentação. A digestão anaeróbia inicia-se no fundo do reator, quando o efluente entra em
contato com o leito de lodo ocorrendo nesta etapa a formação de biogás, da biomassa
bacteriana e de um líquido resultante da degradação biológica e digestão dos sólidos
orgânicos suspensos (HAMERSKI, 2012). Vários fatores como tempo de detenção hidráulica
(TDH ), carga orgânica volumétrica (COV), velocidade superficial do líquido ( v), dentre
outros, são base para o projeto do reator, e são escolhidos em função da temperatura de
operação. Após a definição desses parâmetros, definem-se características construtivas do
sistema como separador gás-sólido-líquido, dispositivo do sistema de distribuição da água
residual, entre outros (ZAIAT, 2003).

Campos et al (2004), avaliaram o desempenho de um reator anaeróbio de manta de


lodo (UASB) para avaliar a eficiência de remoção da remoção da carga poluidora, utilizando
como substrato leite fluido, com concentração média de 2.500 mg./L, similar aos efluentes de
laticínios quando descartado o soro. O reator apresentou eficiências de 24, 43, 52 e 39%, na
37

remoção de DQO, e 22, 22, 17 e 17% na remoção de sólidos totais em diferentes tempos de
retenção hidráulicos (TDH), sendo: 12, 20, 18 e 16 horas (TDH). Os melhores resultados do
reator UASB na remoção de matéria orgânica foram obtidos com os TDH (s) de 20 e 18
horas. Concluiu-se pelo trabalho que apesar do sistema apresentar eficiências relativamente
baixas, por se tratar de efluente com alto teor de óleos e graxas, os referidos valores de
remoção puderam ser considerados bons, tendo de antemão conhecimento de que outras
unidades (polimento) devem ser instaladas para atender aos padrões de lançamento. Em
função dos parâmetros adotados, o TDH de 18 horas foi o que apresentou melhor eficiência
durante o tratamento, podendo esse parâmetro ser considerado como valor ideal na
otimização do sistema.

Kispegher (2014) utilizou reatores tipo filtro anaeróbio de fluxo ascendente para
estudo de tratamento de efluentes líquidos de indústrias de laticínios e biscoitos, utilizando
um efluente sintético para simular o efluente de uma indústria laticínio da região de Ponta
Grossa em relação a DQO, teor de sólidos, pH e alcalinidade. Um reator do tipo filtro
anaeróbio de fluxo ascendente com 12,22 L, sendo 8,41 L de volume de líquido inoculado
com lodo ativo de estação de tratamento de esgoto sobre anéis de Pall, foi usado para
determinar o tempo de retenção hidráulica (TRH). O método de tratamento foi validado com o
uso de três efluentes: soro de queijo em pó; efluente de processamento de queijo; e efluente de
processamento de bolachas e chocolate. Eles apresentaram desempenho semelhante quanto à
produção de biogás e a redução da carga orgânica. O modelo exponencial de biogás
acumulado em função do tempo foi capaz de descrever a geração de biogás durante o tempo
de residência do substrato no reator batelada após a adaptação. A remoção do gás sulfídrico
do biogás em coluna lavadora de gases operando com água para redução inferior a 10 ppm de
H2S também foi estudada em simulador. Uma coluna com dimensões reduzidas, 0,202 m de
diâmetro e 0,94 m de largura e recheada com selas de Berl de 0,5 pol, consumiria 2,117 m3.h-
1 de água de lavagem, apresenta um bom potencial econômico desde que se use água de reuso
da indústria.

Parmar (2011) realizaram um estudo comparativo entre dois tipos de agentes


coagulantes no tratamento de efluentes gerados de um laticínio. Eles compararam, nas
mesmas condições analíticas, a eficiência da aplicação de sulfato ferroso e de alumínio usados
como coagulantes em tratamento de águas residuais brutas coletadas de indústria de laticínios.
Os resultados da avaliação visual e físico-química dos efluentes tratados indicaram melhora
significativa de suas características selecionadas, porém observaram respostas diferentes em
38

relação aos coagulantes utilizados. Os resultados obtidos indicaram que a descarga de águas
residuais coaguladas para um sistema de esgoto não seria possível sem correção de alguns
parâmetros, por exemplo, os valores alcançados de DQO (1361 e 1224 mg/l) e DBO (635,03 e
710,4 mg/l) em águas residuais coaguladas com sulfato de alumínio e ferroso,
respectivamente, ainda excederam os limites de descarga (DQO, 250 e DBO, 100 mg/l,
respectivamente, para serem descartadas em esgoto).

Estudos realizados por Ananzeh (2021) com utilização de nanopartículas de óxido de


cobre sintetizados (CuOPNPs) acopladas à fruta Sophora Japonica utilizada como adsorvente,
foram usadas, pela primeira vez, para tratar o efluente de laticínios em um processo de
adsorção em batelada. A remoção de DQO, usando adsorvente à base de (CuONPs), foi
investigada variando o tempo de contato, massas do adsorvente, valor inicial de DQO e
temperaturas. As condições ótimas para maior porcentagem de remoção foram tempo de
contato de 120 min, temperatura de 25 °C, valor de pH de 7,5 e 1 g de adsorvente. Os valores
de redução de DQO encontrados ficaram na faixa de 77 a 95%, evidenciando um alto poder de
aplicação em termos de redução de DQO do efluente assim tratado.

3.2 Frigorífico

Devido o crescimento populacional o planeta tem cada vez mais aumentado o


consumo de carne, e o Brasil consequentemente com seu aumento populacional tem por sua
vez aumentado também o consumo, além de possuir um dos maiores rebanhos, com quase 209
milhões de cabeças no ano de 2015, sendo que uma porcentagem de consumo interno de 80%
produzida aqui no Brasil (EMBRAPA, 2019).

Com o grande aumento de animais abatidos tem gerado um grande impacto ao


ambiente, pois há produção de um grande volume de efluentes líquidos, devido o grande uso
de água na produção, em torno de 3800 litros por animal abatido (CETESB, 2004).

Os resíduos dos matadouros têm uma vazão alta e esses rejeitos são extremamente
putrescíveis, favorecendo sua decomposição em poucas horas propiciando fortes odores
desagradáveis nas vizinhanças do abatedouro (PACHECO & WOLFF, 2004; PARDI et. al,
2006).
39

3.2.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Frigoríficos

Os problemas ambientais decorrentes das elaborações de frigoríficos estão


correlacionados com os descartes de efluentes produzidos de diversos níveis de
processamento industrial (ROCHA MARIA, 2009).

Desde o abate até o produto embalado, resíduos líquidos são gerados e necessitam de
              
mostraram que uma indústria onde são abatidos aproximadamente 1.700 aves e 1.200 bovinos
diariamente, apresentou efluente de entrada do sistema com concentrações médias de DBO e
DQO iguais a 1.300 mg/L e 2.132 mg/L, respectivamente, além de sólidos suspensos totais
(SST) com concentração média igual a 1.515 mg/L. A estação de tratamento, por sistema de
lodos ativados com capacidade para 14.000 m3 /dia, apresentou eficiências de remoção médias
de 97% para DBO e DQO e 91% para SST (REIS, 2017).

Mesmo com o funcionamento razoável das unidades primárias como caixa de gordura
e flotadores, o efluente contém alguma quantidade de sangue, gordura, sólidos do conteúdo
intestinal dos animais e fragmentos de tecidos, sendo estes efluentes, resíduos, altamente
putrescívies. A DBO é calculada de 800 a 32.000 mg/litro. A quantidade de despejos é
variável, relacionada com o volume de águas consumida no estabelecimento, mas, como dado
indicativo, calculam 15 m3 de água residuária por tonelada de animal abatido, reconhecendo
que, para outros autores, essa estimativa vai de 4 a 20 m3 (CARVALHO et al, 2003).

A linha de produção pode ser dividida em abatedouro, frigorífico e graxarias e nota-se


que há um grande volume de água utilizada nesses processos e como resultado gera grande
quantidade de efluentes com uma alta carga poluidora, dentre elas; Matéria orgânica, teores
de nitrogênio, fósforo, gorduras dentre outras substâncias como produtos químicos
(PACHECO & YAMANAKA, 2006).

Os resíduos dessas indústrias possuem um alto teor de gorduras, alta carga orgânica,
em função da utilização de agente de limpezas ácidos e básicos o pH são variados, altos
teores de nitrogênio, fósforo e sal. Além de possuir altos índices de DBO (Demanda
Bioquímica de Oxigênio) e DQO (Demanda Química de Oxigênio), que serve de base para
quantificar carga poluidora orgânica nos efluentes( BARROS, et.al, 2002).

È comum encontrar o sistema de divisão dos resíduos gerados em frigoríficos,


separando-os em duas linhas, provenientes dos processos de abate, linha verde e linha
40

vermelha, onde a linha verde é os resíduos líquidos que não há sangue, oriundos da recepção,
área e condução, currais, no processamento de tripas e bucho (MORALES et,al. 2006;
PACHECO 2006; NARDI et.al, 2005).

3.2.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Frigoríficos

Um dos tratamentos mais utilizados e economicamente viáveis aos frigoríficos é o


tratamento de efluentes por sistemas de lagoas anaeróbicas, facultativa e de
polimento/estabilização.

Nestes casos, inicia-se o tratamento com a divisão dos efluentes líquidos da indústria
em duas linhas fundamentais: a linha vermelha cujo efluente é produzido no abate, no
processamento da carne e das vísceras, abrangendo as atividades das desossas e cortes. A
linha verde recebe os efluentes produzidos basicamente na recepção dos animais, na bucharia
e triparia e nas áreas de lavagem dos caminhões (NARDI et.al., 2005).

O tratamento primário é feito em cada divisão das linhas verde e vermelha, mas o
objetivo é o mesmo que é a remoção dos sólidos grosseiros, suspensos sedimentáveis e
flotáveis, para isso se utilizam de tais equipamentos; Peneiras, grades, em seguida caixas de
gorduras e flotadores para retirada de gorduras e outros sólidos flotáveis, e depois para
sedimentadores para remoção de sólidos sedimentáveis em suspensão (PACHECO;
YAMANAKA, 2008).

Os efluentes das duas linhas são homogeneizados e equalizados no tanque de


equalização para que não haja variação na carga e parâmetros.

Feito a homogeneização o efluente pode ser encaminhado, por exemplo, para um


sistema composto por lagoas de estabilização, lagoa anaeróbia, lagoa facultativa e a de
polimento/estabilização sendo essa etapa o tratamento secundário, que tem como finalidade a
diminuição na concentração da Demanda Química de Oxigênio, Demanda Bioquímica de
Oxigênio, nitrogênio total, e fósforo total, concentração de dissolvidos, oxigênio e pH dentre
outros.

A primeira lagoa a receber o efluente é a lagoa anaeróbia geralmente com uma


profundidade mínima de 3 metros a operação é feita sob temperatura ambiente e condições
especificamente anaeróbias, com a responsabilidade pela maior redução de carga poluidora, a
41

redução do DBO e DQO podendo atingir a eficiência de redução de 50 a 70%.

A segunda lagoa que recebe o efluente é a facultativa podendo ter a profundidade de 3


a 4 metros e ocorre a redução da carga orgânica em dois processos bioquímicos a degradação
aeróbia (na superfície) e anaeróbia (ao fundo).

O tratamento nas duas lagoas pode alcançar uma taxa de redução superior a 90% da
carga orgânica.

A terceira lagoa é a de estabilização, onde ocorre o tratamento final do efluente


contendo pouca profundidade e objetiva a remoção de organismos patógenos e por apresentar
altas taxas de oxigênio dissolvido têm-se uma eficácia satisfatória.

Damasceno et al (2009) caracterizaram o efluente gerado por um Abatedouro e


Frigorífico de aves, localizado na mesorregião oeste do estado de Santa Catarina, avaliando a
eficiência do sistema de tratamento formado por um sistema composto por grades e peneiras,
tanque de equalização, flotador e lagoas de estabilização: anaeróbia, facultativa, aerada e de
maturação. A agroindústria, em estudo, abatia diariamente 450.000 aves, gerando uma vazão
3
de 298,67 m /h de efluentes. Para caracterização do efluente bruto gerado e avaliação do
sistema de tratamento existente foram analisados parâmetros físico-químicos, de acordo com
a metodologia proposta pela APHA (1998). Observou-se que o sistema de tratamento
existente, para os efluentes líquidos do abatedouro e frigorífico, encontrava-se eficiente,
porém não o suficiente para atender os padrões especificados pela legislação vigente. Sendo
requerida a readequação dos níveis preliminar composto por grades e secundário composto.

Uma técnica que vem, aos poucos, se destacando entre os sistemas de tratamento de
efluentes oriundos de frigoríficos, é o processo eletroquímico no tratamento de efluentes
industriais, essa técnica é chamada de eletrofloculação. Neste contexto, Biassi (2014) utilizou
a técnica da eletrofloculação para o tratamento de efluente frigorífico e abatedouro de suínos.
O reator eletroquímico constitui eletrodos de alumínio, tendo como variáveis de operação,
tempo de eletrólise e diferença de potencial elétrico (ddp). A eficiência do processo baseou-se
na remoção da cor, turbidez e DQO, onde obteve resultados de remoção em torno de 98, 99 e
81%, respectivamente.

Rodrigues et al (2014) avaliaram a eficiência em escala real de um sistema de


tratamento de efluentes de frigorífico projetada para projetada para uma vazão diária de 60
m³/d, correspondente a um abate de 60 bovinos por dia. O sistema de tratamento composto de
uma calha parshall, para medição de vazão, seguida de peneira estática, caixa de gordura
42

gravimétrica, decantador e reator anaeróbio de manta de lodo (UASB), obtendo-se valores


médios de pH, DQO e SST no reator UASB de 6,96; 660 mg/L e 188 mg/L, respectivamente.
O sistema mostrou-se eficiente, com remoção média de 96,40% para DQO e 89,92% para
SST. O reator UASB apresentou alta performance na remoção de sólidos e carga orgânica.

Pereira et al (2011) estudaram a eficiência do tratamento de dejetos suínos utilizando


as seguintes unidades de tratamento instaladas: caixa de retenção de sólidos (CRS),
peneira estática (PE), tanque de acidificação e equalização (TAE), reator anaeróbio
compartimentado (RAC), reator de manta de lodo (UASB) e decantador. O sistema de
tratamento apresentou os seguintes valores de eficiência: 91,50; 85,24; 80,46; 81,34; 79,15;
23,20 e 70,28% na remoção de DBO5, DQO total, sólidos totais, sólidos fixos, sólidos
voláteis, fósforo total e óleos e graxas, respectivamente. Os reatores RAC e UASB operaram
com TDH de 15,4 e 9,7 h respectivamente. A produção média de biogás referente ao reator
UASB, medida por meio de um gasômetro, foi de 437,08 L dia-1.

Oliveira et al (2016) estudaram o tratamento o tratamento de efluentes de um


frigorífico de abate de bovinos sendo que o mesmo possuía as seguintes unidades: tratamento
preliminar (separação de sólidos grosseiros por meio da caixa de separação de resíduos),
tratamento primário (visa à remoção de sólidos em suspensão não grosseiros por decantação e
implica na redução da carga de DBO dirigida ao tratamento secundário), tratamento
secundário (consiste na remoção de material orgânico fino em suspensão, não removido no
tratamento preliminar e primário, decorrentes das transformações bioquímicas, produzidas
pelos microrganismos, sendo composto por lagoa anaeróbia, facultativa e aerada). Em relação
a DBO , foi observada uma remoção superior a 90% no efluente tratado, demonstrando alta
eficiência se comparada com a resolução vigente. Esse parâmetro determina a quantidade de
oxigênio utilizada por microrganismos heterótrofos na degradação da matéria orgânica.
Portanto, elevadas concentrações de DBO resultam em baixas concentrações de oxigênio
dissolvido e grande possibilidade de poluição ambiental no ambiente aquático. O uso das
lagoas anaeróbicas e facultativa é muito eficiente na remoção de compostos orgânicos
(SPERLING, 2002), fato este verificado também no presente estudo.

3.3 Indústrias de Bebidas

No Brasil, o faturamento do setor de bebidas em 2019 foi de R $137 bilhões, Isso


43

equivale a 1,9% do PIB naquele ano.

Esta atividade industrial tem grande importância econômica e social porque gera
empregos e renda que contribui para o desenvolvimento econômico do país. Por outro lado,
apesar do progresso na gestão dos recursos hídricos, essas empresas precisam estar atentas ao
meio ambiente, pois têm potencial para poluir devido ao volume de esgoto produzido.

De acordo com a ANA (2017), o uso da água industrial depende dos produtos
produzidos e das tecnologias disponíveis, dependendo do tipo de gestão, e ter boas práticas
que se apliquem aos sistemas operacionais depende da consciência ambiental dos gestores.

O recurso hídrico, sob o enfoque do insumo da indústria de bebidas em geral, além de


suprir a demanda hídrica precisa atender um padrão de qualidade específico.

Sendo a água fundamental para a produção de bebidas, é essencial que a água


utilizada atenda a um determinado padrão de qualidade para garantir a correta mistura de
sabores, clareza dos líquidos e ausência de impurezas. Para atingir a qualidade desejada, a
água deve estar livre de quaisquer contaminantes como arsênico, chumbo e mercúrio que
possam afetar negativamente a bebida. Além disso, a qualidade da água deve atender não
apenas aos requisitos da indústria de bebidas, mas também aos do público que pode estar
consumindo as bebidas.

Conforme a ABIR (2011), a indústria de bebidas exibe características que tornam esta
fração bastante representativa. De acordo com a Tabela 3, para atender a demanda interna, a
indústria nacional de bebidas apresenta alta produção e, portanto, alto consumo de água
(ROSA, CONSENZA E LEÃO, 2006).

Tabela 3 - Produção, consumo e indicadores da indústria de bebida no Brasil


Bebida Consumo per Produção Percentual de Indicador de
capita nacional (1 água consumo
anual médio no bilhão de (média do
Brasil (L/hab) L/ano) segmento)
Refrigerante 74,5 14,148 78  90% 2  14
Cerveja 52,8 10,34 - 3  30
Água 39,5 7,5 - -
envasada
Suco 0,6 a 0,8 0,476 82  98% -
Vinho 1,6 0,23 75  90% -
Cachaça 6,2 1,2 50% 30

Nota: (-) sem informação.


Fonte: Adaptado de ABIR (2011), Brasil (2012 apud CAVALCANTE, MACHADO e LIMA, 2013).
44

Pela Figura 4 pode-se observar diferentes usos que a água pode ter em indústrias de
bebidas.

Figura 4 - Usos da água na indústria de bebida

CONS UMO MATÉRIA-PRIMA FLUIDO AQUECIMENTO/RES FR OUTROS


HUMANO AUXILIAR IAMENTO

Composição da Combate à
Abastecimento de bebida incêndio;
banheiros Lavagem das Pasteurização
garrafas retornáveis
Irrigação de
Preparação de Maturação da áreas verdes
alimentos bebida alcoólica
Limpeza de
ambientes
Outros usos Fermentação de
administrativos bebidas alcoólicas
Limpeza de
equipamentos
Preparação do xarope

Fonte: Cavalcante, Machado e Lima (2013).

Segundo Oliveira (2009), além da água que contém o produto, existem muitos outros
processos que dependem do uso da água nesta atividade. As cervejarias desempenham um
papel importante no grupo transitório de indústrias com maior consumo de água, alimentos e
bebidas.

3.3.1 Origem e Caracterização dos Efluentes de Indústrias de Bebidas

Na indústria de bebidas, as águas residuais produzidas são maiores devido ao processo


de produção consumir muita água, o que terá um impacto considerável no meio ambiente.
Devido a esses poluentes presentes que podem ser incorporados em rios e lagos, a Resolução
nº 357 (CONAMA, 2005), determina que os efluentes de qualquer fonte poluidora só poderão
ser lançados em corpos receptores após tratamento adequado e desde que obedeçam às
condições , padrões e exigências disposto nesta legislação e normas aplicáveis.

A maioria das indústrias de bebidas, integram ao seu processo uma estação de


tratamento para todos os resíduos líquidos e esgotos sanitários gerados durante a produção, de
forma a realizar o tratamento internamente, possibilitando o envio de água residual a corpos
receptores adjacentes à planta da fábrica.
45

Considerando as indústrias de bebidas, as cervejarias são as que mais produzem


efluentes, pois a água é utilizada em várias etapas do processo produtivo, tanto no processo
de fabricação, seja em operações de limpeza ou como aquecimento e esfriar. A composição
destes efluentes é amplamente influenciada pelo tipo de cerveja produzida, bem como
insumos, fermento, malte, milho, depende do tipo de aditivo final e da eficiência adicionada à
limpeza de equipamentos. Portanto, é amplamente considerado como um esgoto variável em
termos de quantidade e características (GAUDÊNCIO, 2013).

Por exemplo, a lavagem de garrafas produz uma grande parte do volume residual, mas
confere baixo teor de carga orgânica, tipicamente concentrações de produtos químicos. No
entanto, a fermentação e a filtração rendem apenas 3% volume de efluentes, mas cerca de
97% da carga orgânica total, incluindo resíduos como bagaço de malte e cevada
(GUERREIRO, 2006; PAIVA, 2011).

Ou seja, as características dos efluentes industriais cervejeiros são de altas cargas


orgânicas e, portanto, possível contaminação. Além disso, apresentam altos teores de sólidos
em suspensão, fósforo e nitrogênio presentes, o que pode dificultar algumas técnicas de
processamento, que são essenciais para a adoção de sistemas adequados (GUERREIRO,
2006).

A (CETESB) Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, destaca os principais


componentes provenientes de cada etapa da produção de cerveja e que podem estar presentes
nas águas residuárias desse tipo de indústria conforme Tabela 3 (SANTOS, 2005).

Tabela 4 - Composição qualitativa dos efluentes gerados nas principais fontes geradoras de
um processo produtivo de cervejaria
Etapa do processo Origem Composição

Maltaria Impurezas nas matérias primas Restos de grãos, sólidos


sedimentáveis, proteínas e açúcares.

Cozimento do mosto Resto de mosto e lavagem dos Açúcares, proteínas, taninos e resinas
equipamentos vegetais

Fermentação Lavagem das dornas Álcoois, ácidos orgânicos, aldeídos,


cetonas, ésteres e leveduras

Maturação Fundo das cubas Proteínas e produtos de sua


degradação

Fonte: CETESB, 2005


46

3.3.2 Tratamento de Efluentes de Indústria de Bebidas

O tratamento de efluentes deve estar atrelado às características do processo produtivo,


ou seja, a aplicação de um tipo de intervenção sobre outro é determinada principalmente
pelos seguintes fatores: especificação das características do efluente e parâmetros de saída e
legislação especificada pelo órgão fiscalizador.

Técnicas de tratamento selecionadas de acordo com Metcalf e Eddy (2003) devem ser
seguidos alguns critérios, nomeadamente a adequação do processo, análise econômica e
zonas de disponibilidade para implementação e expansão do sistema.

Conforme a Figura 4, os sistemas de tratamento de efluentes podem ser classificados


da seguinte forma:

Figura 5 - Processos de tratamento de efluentes

Fonte: Marcondes, J. G. (p.19, 2012) adaptado pelo autor.

De acordo com Santos (2006), os sistemas de processamento mais utilizados em


indústria de bebidas consiste em um processo físico composto por uma grade e um
decantador (processamento preliminar) e um sistema biológico composto por reatores
anaeróbios (tratamento secundário) e lodo ativado, ou seja, tanques de aeração, seguido de
decantação (pós-tratamento).

Antes do tratamento biológico, deve ser construído um tanque de neutralização e o pH


deve ser corrigido para as boas necessidades, funcionamento e desempenho do reator
anaeróbio. Os próximos passos são o polimento e clarificação do efluente a ser descartado ou
47

reaproveitado (SANTOS, 2006).

O Reator Anaeróbio de Manta de Lodo de Fluxo Ascendente, UASB  Upflow


Anaerobic Sludge Blanket  é composto por uma camada de lodo biológico, no qual o
efluente entra na parte inferior do reator e é retirado pela parte superior, em movimento
ascendente, atravessando esta camada. A degradação começa quando o efluente entra em
contato com o leito de lodo pela atividade de microrganismos presentes no lodo, ou seja, pela
digestão anaeróbica.

A utilização de um reator tipo UASB apresenta diversas vantagens, como baixo custo
e menor produção de lodo em comparação com sistemas de tratamento orgânico aeróbicos.
Além do mais, é fácil de operar, exigindo apenas um pequeno conhecimento da área de
instalação. Sendo assim, sua implementação torna-se uma boa alternativa em países em
desenvolvimento como o Brasil (CAMPOS et al., 2006).

A desvantagem é que é produzido gás metano, que pode ser convertido posteriormente
em biogás, dessa forma uma desvantagem. Em torno de 70% a 90% dos materiais
biodegradáveis são convertidos em biogás, que pode ser utilizado em uma ampla variedade
de aplicações, como utilizar em operações industriais de empresas que empregam este tipo de
tratamento de efluentes. O metano pode ser queimado se não for reutilizado e lançado na
atmosfera na forma de dióxido de carbono que é menos nocivo para o meio ambiente e a
saúde humana (VON SPERLING, 2016; CHERNICHARO, 1997). A Figura 5 apresenta um
esquema típico de arranjo de um reator UASB.

O tempo de residência do efluente no reator UASB é de aproximadamente 6 a 10


horas. Com base nos dados de estudos realizados, a eficiência do reator de remoção UASB
em relação ao DOB, é de até 70% (VON SPERLING, 2016).

Figura 6 - Arranjo típico de reator UASB.

Fonte: Adaptado de CERVANTES et al., 2006.


48

4 REUSO DE ÁGUAS PROVENIENTES DO SISTEMA DE TRATAMENTO DE


EFLUENTES DE INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

4.1 Importância da água

A importância da água para a saúde e a vida na Terra é inquestionável, mas apesar


disso, em geral, o consumo de água está diretamente relacionado às condições econômicas
locais da população. Por exemplo, ao lidar com resíduos, faltarão aspectos de negligência
devido à educação e ao baixo valor monetário da água. Segundo Telles e Costa (2007), os
governantes carecem de comprometimento com o uso da água e aplicação de instrumentos
legais da política nacional de água.

Segundo Machado (2007), a disponibilidade hídrica pode ser definida como a


quantidade de água que a natureza fornece para as atividades antrópicas, cuja variação advém
de uma relação direta e proporcional com o consumo  ou seja, se o consumo aumenta, a
disponibilidade de água diminui e vice-versa - enquanto a demanda constitui a quantidade de
água necessária para o desenvolvimento das atividades humanas.

Do lado da oferta, a quantidade de água disponível está relacionada a fatores


climáticos e até mesmo à disponibilidade, levando em consideração as necessidades dos
setores relevantes (doméstico, industrial e agrícola) afetados por fatores como padrão de vida,
hábitos, cultura, etc.

O acesso à água não se limita à quantidade de reservas hídricas, pois apesar do volume
quase constante disponível, por exemplo, no Brasil, há variações devido à localização e
sazonalidade e mudanças climáticas recentes (Tabela 4).

Tabela 5  Distribuição de recursos hídricos no Brasil


Região Percentual da população Percentual da disponibilidade hídrica

Norte 6,8% 68,5%

Nordeste 28,9% 3,3%

Sudeste 42,7% 6,0%

Sul 15,1% 6,5%

Centro-Oeste 6,4% 15,7%


Fonte: Augusto et al. (2012)
49

Segundo Freitas (2015), o abastecimento de água não é só representado por


reservatórios de superfície, mas também por poços e captação de água da chuva em bacias
hidrográficas.

A gestão da água é uma medida fundamental para o enfrentamento de problemas


como a escassez, se instalando em diferentes cenários em escalas espaciais e temporais.
Dessa forma, a gestão da demanda, reduz a perda e minimização de águas residuais com a
prática protecionista, utilizando recursos hídricos e redução da poluição (SAUTCHUK et al.,
2004).

Um passo importante nesse sentido, foi a criação das políticas sobre gerenciamento de
recursos hídricos, tendo como marco a Lei Federal nº 9.433 de 8 de janeiro de 1997, onde a
água foi oficialmente reconhecida como recurso limitado e de grande valor econômico, dessa
forma foi desenvolvida a Política Nacional de Águas  PNRH (MIERZWA; HESPANHOL,
2005).

Outro marco importante foi a Resolução CONAMA 357 de 2005, onde foi
estabelecida e alterada posteriormente pela resolução 2011 CONAMA 430, determinando
condições e critérios para descartes de efluentes, com parâmetros e limites aceitáveis para
certos contaminantes (BRASIL, 2005; BRASIL, 2011).

Tais leis e resoluções são essenciais para desenvolver estratégias, planejamento e


gestão de recursos hídricos, projetando e estimando cenários futuros, como a mudança de
cenário devido ao aumento da demanda de água, o desenvolvimento da área, e até as
possíveis consequências das mudanças globais climáticas (SOUZA, 2014).

A água de reúso pode ser oriunda de um efluente que foi tratado adequadamente,
sendo um pr         
pode ser aplicada, a depender do grau de tratamento, em diversas etapas do processo industrial
ou urbano. Assim o reúso da água baseia-se no reaproveitamento da água potável após de ter
cumprido sua função inicial, onde cada litro de água de reuso utilizado representa um litro de
água potável conservada.

Os padrões de qualidade para a água industrial dependem de como ela será aplicada.
No caso de indústrias alimentícias e farmacêuticas, por exemplo, a água deve ter um elevado
grau de pureza, caso venha a ser parte integrante do produto final ou entre em contato com as
substâncias manipuladas em qualquer fase do processo.
50

A conservação da água inclui uma série de questões relacionadas à redução do


consumo e desperdício de água, melhoria da eficiência no uso dos recursos, sendo
economicamente viável, segura e garantindo a segurança e saúde dos usuários (CAMPOS,
2013).

Água de reúso, corresponde ao produto obtido a partir do tratamento avançado de


esgoto de propriedades ligadas à rede coletora de esgoto só pode ser usado onde a água
potável não é necessária, mas é higienicamente segura, como: produção de energia,
refrigeração de equipamentos, diversos processos industriais, limpeza de ruas, etc.

Devido à crescente poluição dos mananciais, à escassez de recursos hídricos nos


grandes centros urbanos e ao aumento do custo de sua captação e posterior tratamento, o
reúso da água é um tema muito importante na atualidade, pois ajuda a gerar e reduzir custos e
garantir o uso racional de água.

A maior vantagem do uso de água de reúso é que apenas a água potável é preservada
para atender necessidades que exigem sua potabilidade, como o abastecimento humano.
Outros benefícios incluem a redução da quantidade de efluentes descartados e menores custos
de água, eletricidade e esgoto (LEGNER, 2013)

O artigo 2º da Resolução nº 54 de 28 de novembro de 2005, do Conselho Nacional de


Recursos Hídricos CNRH Define água de reúso como efluente que atende aos critérios
exigidos para seu uso na modalidade pretendida, e define efluente como: esgoto, águas
residuais, efluentes líquidos de edificações, indústria, agroindústria e agricultura, tratados ou
não tratados.

Em princípio, recomenda-se que a água de reúso seja utilizada apenas para fins
específicos não potáveis no ambiente externo (ANA, 2005)

4.2 Tipos de reúso

Segundo a CETESB (2010), o reúso de água pode ser direto ou indireto, resultante de
ações planejadas ou não: Indireto Reuso de água não planejado: A água usada é lançada no
meio ambiente e é utilizada de forma inadvertida e não intencional, reutilizada a jusante em
condições controladas.

Reúso planejado indireto da água: Após o tratamento, o efluente é devolvido ao corpo


51

hídrico de forma planejada e utilizado a jusante de forma controlada.

Reuso direto planejado da água: Após o tratamento do esgoto, ele é levado


diretamente do ponto de descarte até o ponto de reuso. Este é o mais utilizado nas indústrias e
irrigação.

O reúso da água tem aplicações em diversos campos, tais como: Irrigação


paisagística: parques, cemitérios, campos de golfe, calçadas de rodovias, campi
universitários, cinturões verdes, gramados residenciais, irrigação de culturas: forragem em
crescimento, plantas de fibra e grãos, plantas comestíveis, viveiros de plantas ornamentais,
proteção contra geadas. Múltiplos usos: aquicultura, construção, controle de poeira,
abeberamento de animais (CETESB, 2010).

4.3 Reuso em Processos Industriais  Indústria de Alimentos

Hespanhol (2003) afirma que historicamente a indústria não apresentava grande


interesse na forma de obtenção ou quantificação da água pois a mesma era, até certo tempo,
         de baixo custo. Com o
aumento do preço da água e do abastecimento nas principais capitais do país, é cada vez maior
a preocupação com este insumo, para muitos especialistas em recursos hídricos. A reutilização
é uma ferramenta por ser considerada um recurso de baixo custo.

O reúso pode solucionar o desperdício de água potável tratada nas grandes cidades,
onde o consumo maior é observado nas indústrias. Sendo assim a necessidade do reúso se faz
necessário neste setor cuja demanda de águas menos nobres é muito maior. Sendo uma opção
mais atrativa para a indústria, pois o custo é baixo, reduzindo assim o custo de sua linha de
produção (MIERZWA e HESPANHOL, 2005).

Para cada indústria, é necessário um tipo de volume de água e as ações mais comuns
para a indústria utilizar a captação, é o tratamento e adequação da água disponível com
recursos que devem atender aos mais altos padrões de qualidade e demanda (MIERZWA e
HESPANHOL, 2005).

A reutilização da água dos circuitos de processo industrial é bem aceita e varia de


acordo com os processos aplicados na indústria. A água utilizada nas indústrias tem uma
peculiaridade que é ser, ao mesmo tempo, insumo e produto. Entretanto, o maior problema,
sob o ponto de vista econômico e ecológico, não está no reúso ou não da água, mas no
52

desperdício que ocorre nas instalações industriais. A Figura 7 apresenta um fluxograma


            

Figura 7  Fluxograma da estação de tratamento de efluente da Indústria de alimentos

Fonte: CETESB, 2015

4.4 Leis Ambientais para Reuso

No Brasil, de acordo com o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis), as atividades industriais que envolvem a fabricação de
alimentos estão sujeitas a uma série de diretrizes, incluindo sua legislação ambiental.

 Licenciamento ambiental;

 Cadastro técnico federal e a apresentação do relatório das atividades


53

potencialmente poluidoras ao IBAMA;


 Legislação para emissão de poluentes gasosos ou particulados;
 Legislação para efluentes sólidos;
 Legislação para lançamentos de efluentes líquidos e etc.
Portanto, é necessária uma legislação do governo federal que oriente a legislação de
normas estaduais e/ou municipais para reaproveitamento visando padronizar parâmetros e
critérios, respeitando as singularidades locais, garantindo reutilizar microbiologia da água.
54

5 CONCLUSÃO

O setor agroindustrial no Brasil tem enorme relevância econômica internacional sendo


o país um dos maiores produtores de matéria-prima e alimentos industrializados do mundo, o
que exige acompanhamento direto de todo o sistema produtivo, e como consequência, o uso de
insumos (no caso a água) para a produção e manutenção da cadeia produtiva.

Ainda hoje o equilíbrio entre a manutenção da rentabilidade e a redução do impacto


ambiental é um tema muito discutido entre as indústrias de alimentos e órgãos ambientais,
uma vez que o setor industrial do segmento alimentício gera quantidades enormes de efluentes
exigindo assim técnicas e controle rígido do descarte dos mesmos.
Através da revisão bibliográfica e itens avaliados foi possível aprofundar os
conhecimentos em relação a:
- Origem dos efluentes gerados pelas indústrias, especificamente, do segmento
de alimentos;
- Características dos efluentes gerados em indústrias de laticínio, frigoríficos e de
bebidas;
- Importância da caracterização dos efluentes gerados nas indústrias de alimentos
pois os mesmos, além de serem gerados em quantidades (volume) altas, são bem variáveis em
relação à sua composição, por vezes dificultando a escolha de quais sistemas implantar no
tratamento dos mesmos;
- Relação entre o tratamento de efluentes e o crescimento industrial e sustentável
das indústrias bem como da sociedade consumidora de produtos industrializados;
- Principais tipos de sistemas de tratamento de efluentes de indústrias de
alimentos (preliminar, primário, secundário e terciário) bem como os tratamentos aeróbios e
anaeróbios empregados em tratamento de efluentes de indústrias alimentícias;
- A identificação de alternativas para o adequado descarte ou reaproveitamento
(reuso de água) dos resíduos gerados nas indústrias de alimentos são de fundamental
importância, em função do volume gerado e da capacidade poluente dos resíduos gerados.
55

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