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SENAI - CETIND

FUNDAMENTOS PARA
ANÁLISE DE ÁGUA
SENAI - CETIND

FUNDAMENTOS PARA
ANÁLISE DE ÁGUA

Educação Ambiental

Lauro de Freitas
2012
Copyright 2012 por SENAI DR BA. Todos os direitos reservados

ÁREA DE MEIO AMBIENTE (AMA)

Elaboração: Márcia de Andrade Macêdo

Revisão Técnica: Arilma Oliveira do Carmo Tavares


Eduardo Xavier de Góes
Welinson Santos Costa

Revisão Pedagógica: Lenici Ferreira Barbosa

Normalização: Iara de Oliveira Santos

Catalogação na Fonte (NDI - Núcleo de Documentação e Informação)


_________________________________________________________

SENAI - DR BA. Fundamentos para análise de água. – Lauro de


Freitas: CETIND, 2012.
40 p., il. (Rev.00)

1. Água - Análise I. Título

CDD 628.162
_________________________________________________________

SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL


CETIND - CENTRO DE TECNOLOGIA INDUSTRIAL PEDRO RIBEIRO
Av. Luis Tarquínio Pontes, 938 - Aracuí - Lauro de Freitas - Bahia
Tel: (71) 3287-8200
Fax. (71) 3287-8299/ 49
www.cetind.fieb.org.br
APRESENTAÇÃO

Com o objetivo de apoiar e proporcionar a melhoria contínua do padrão de qualidade


e produtividade da indústria, o SENAI BA desenvolve programas de educação
profissional e superior, além de prestar serviços técnicos e tecnológicos. Essas
atividades, com conteúdos tecnológicos, são direcionadas para indústrias nos
diversos segmentos, através de programas de educação profissional, consultorias e
informação tecnológica, para profissionais da área industrial ou para pessoas que
desejam profissionalizar-se visando inserir-se no mercado de trabalho.

Este material didático foi preparado para funcionar como instrumento de consulta.
Possui informações que são aplicáveis de forma prática no dia-a-dia do profissional,
e apresenta uma linguagem simples e de fácil assimilação. É um meio que
possibilita, de forma eficiente, o aperfeiçoamento do aluno através do estudo do
conteúdo apresentado no módulo.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO
1 QUALIDADE DAS ÁGUAS NATURAIS .................................................... 6
1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS ................................................................ 6
2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DA ÁGUA ......7
2.1 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO ................................................................ 7
2.2 A ÁGUA COMO SOLVENTE ..................................................................... 7
2.3 ÁGUAS SALGADAS .................................................................................. 8
2.4 ÁGUAS DOCES ........................................................................................ 8
2.5 CONTAMINAÇÃO E POLUIÇÃO DA ÁGUA.............................................. 8
2.6 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS .......................................................... 9
2.7 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ORGANOLÉPTICAS ............................. 9
2.7.1 Turbidez ..................................................................................................... 9
2.7.2 Cor aparente e cor verdadeira ................................................................. 10
2.7.3 Sabor e odor ............................................................................................ 10
2.7.4 Temperatura ............................................................................................ 10
2.7.5 Condutividade elétrica ............................................................................. 11
2.8 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS ............................................................ 11
2.8.1 pH ............................................................................................................ 11
2.8.2 Alcalinidade e acidez ............................................................................... 11
2.8.3 Dureza ..................................................................................................... 12
2.8.4 Cloretos e sulfatos ................................................................................... 12
2.8.5 Ferro e manganês.................................................................................... 13
2.8.6 Nitritos e nitratos ...................................................................................... 13
2.8.7 Oxigênio dissolvido .................................................................................. 13
2.9 COMPOSTOS ORGÂNICOS ................................................................... 13
3 REQUISITOS E CONTROLE DA QUALIDADE; PADRÕES DE EMISSÃO... 14
4 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL ............................ 15
5 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E FÍSICOS - QUÍMICOS DA ÁGUA,
IMPORTÂNCIA SANITÁRIA E PARÂMETROS DE CONTROLE ................ 16
5.1 BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORME .................................................. 16
5.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS ............................................................ 17
5.3 ALCALINIDADE TOTAL .......................................................................... 18
5.4 DUREZA TOTAL...................................................................................... 19
5.5 pH ........................................................................................................... 21
5.6 CLORO RESIDUAL LIVRE ...................................................................... 21
5.7 COR ......................................................................................................... 22
5.8 TURBIDEZ ............................................................................................... 23
5.9 TEMPERATURA ...................................................................................... 25
5.10 CORREÇÃO DO PH DA ÁGUA TRATADA ............................................. 26
6 EQUIPQMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA E PRESERVAÇÃO DE
AMOSTRAS DE ÁGUA ........................................................................... 28
6.1 AMOSTRAGEM DE ÁGUA PARA ANÁLISE FÍSICO - QUÍMICA E
BACTERIOLÓGICA ................................................................................. 28
6.2 AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUPERFICIAL ............................................. 28
6.3 AMOSTRAGEM DE ÁGUA DE POÇO .................................................... 29
6.4 PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE ÁGUA ......................................... 29
7 LABORATÓRIO DE ANÁLISES ............................................................. 31
7.1 RELAÇÃO DE MATERIAIS DE LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE ÁGUA . 31
7.1.1 Equipamentos .......................................................................................... 31
7.1.2 Vidraria .................................................................................................... 32
7.1.3 Materiais diversos .................................................................................... 33
7.1.4 Segurança ............................................................................................... 33
8 CASA DE QUÍMICA ................................................................................ 34
9 FUNDAMENTOS PARA PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES QUÍMICAS .... 35
9.1 UTILIZAÇÃO DO SULFATO DE ALUMÍNIO ............................................ 35
9.2 UTILIZAÇÃO DA CAL .............................................................................. 36
9.3 TANQUES DE PREPARO ....................................................................... 37
9.4 TANQUES DE ARMAZENAMENTO ........................................................ 37
9.5 SATURADORES...................................................................................... 38
9.6 UTILIZAÇÃO DE CLORO ........................................................................ 38
REFERÊNCIAS ....................................................................................... 40
1 QUALIDADE DAS ÁGUAS NATURAIS
As águas naturais são aquelas que não sofreram interferências antrópicas. A
qualidade dessa água pode ser imprópria para o consumo, em função da presença
de substâncias nocivas, prejudicial à saúde humana, a fauna e a flora, sem a
interferência do homem. Água quimicamente pura não existe na superfície da terra.

1.1 CLASSIFICAÇÃO DAS ÁGUAS

Embora as tecnologias de tratamento de água tenham evoluído consideravelmente,


a ponto de se poder afirmar que, teoricamente, água de qualquer qualidade possa
ser tratada, os custos e os riscos envolvidos neste tratamento podem ser
extremamente elevados. O desconhecimento da qualidade da água bruta tem
conduzido a muitos erros de projeto das ETAs.

A escolha do manancial deve ser precedida de levantamento sanitário da bacia


hidrográfica e de profundo estudo da qualidade da água, a qual pode variar não só
sazonalmente, mas também ao longo dos anos. Portanto, a definição do manancial
deve estar associada à preservação futura do mesmo, visando evitar problemas
decorrentes de alterações significativas na qualidade da água que podem, com o
tempo, tornar ineficaz a tecnologia de tratamento adotada. O crescimento
populacional, a concentração demográfica, a expansão industrial e os diferentes
usos do solo da bacia hidrográfica fornecem uma idéia preliminar da possibilidade de
sua utilização como fonte de abastecimento para um projeto compatível com as
condições econômicas existentes. Durante o período de utilização do manancial
devem ser feitos levantamentos sanitários frequentes, com o objetivo de descobrir
eventuais alterações na qualidade na qualidade da água.

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2 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS, QUÍMICAS E BIOLÓGICAS DA ÁGUA

2.1 ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO

A água é formada por dois átomos de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Os


hidrogênios estão unidos ao oxigênio por meio de ligação covalente. O oxigênio
possui seis elétrons em seu nível mais externo e o hidrogênio, um. Quando cada
hidrogênio compartilha seu único elétron com um do oxigênio, cumpre-se a regra do
octeto de Lewis. O hidrogênio possuirá dois elétrons, como o hélio, o gás nobre mais
próximo, e o oxigênio, oito, sendo seis próprios e dois compartilhados (um de cada
hidrogênio).

Diz-se que a molécula de água é polar, pois tem um pólo positivo formado pelos
hidrogênios e um pólo negativo formado pelo oxigênio. Essa polaridade está
relacionada às propriedades físicas da água, como Ponto de Fusão, Ponto de
Ebulição, mais altos do que os previstos pela teoria, e a capacidade de dissolver
sólidos iônicos.

A água, em seu estado natural mais comum, é um liquido transparente, sem sabor e
odor, mas que assume a cor azul-esverdeada em lugares profundos. Possui massa
específica máxima de 1 g/cm³ a 4 ºC e calor específico de 1 cal/g °C.

No estado sólido, a massa específica diminui até 0,92 g/cm³, mas são conhecidos
gelos formados sob pressão mais pesados que a água líquida. As temperaturas de
fusão e ebulição à pressão de 1 atm são, respectivamente, de 0 e 100 °C, muito
superiores às de fusão e de ebulição de outros compostos parecidos com a água a
exemplo do H2S (gás sulfídrico) que tem temperaturas de fusão de -82,9 e de
ebulição de -60,1.

2.2 A ÁGUA COMO SOLVENTE

A água dissolve muitos corpos sólidos, líquidos e gasosos, especialmente ácidos e


sólidos iônicos. Alguns compostos de carbono também se dissolvem na água, como
o álcool, o açúcar e a uréia, mas a maioria dos outros compostos é insolúvel em
água, como é o caso do benzeno, das graxas, do petróleo e da borracha.

Por ser polar, a água aproxima-se dos íons que formam um composto iônico (sólido)
pelo pólo de sinal contrário à carga do íon, conseguindo assim anular sua carga e
desprendê-lo do resto do sólido. Uma vez separado do sólido, o íon é rodeado pela
água, evitando que ele regresse ao sólido. Um exemplo claro é a ação da água
sobre o cloreto de sódio (NaCl). Esse exemplo caracteriza a água como solvente de
substâncias iônicas.

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2.3 ÁGUAS SALGADAS

Em comparação com a água doce, a água dos mares e oceanos contém grandes
quantidades de sais. A salinidade não é igual em todos eles. A maior é a do Mar
Vermelho, com 39 g/l, e a do Mar Báltico, com 30 g/l. O cloreto de sódio corresponde
a 77% dos sais contidos na água do mar, dando-lhe sabor salgado. Já os 11% de
cloreto de magnésio (MgCl2) são responsáveis por seu sabor amargo.

A massa específica da água do mar é superior à da água pura. No interior da Terra


também se encontram depósitos de água salgada, provenientes de antigos mares,
cuja salinidade costuma ser superior a 40 g/l.

Nos mares polares podem ser encontradas grandes massas de água doce gelada
proveniente de geleiras que desembocam no mar. Como a massa específica do gelo
é ligeiramente inferior à da água do mar, os icebergs flutuam e apenas um nono de
seu volume emerge da superfície.

2.4 ÁGUAS DOCES

As águas doces são as águas terrestres cuja salinidade é muito baixa. Sua principal
fonte é a chuva, que é água quase “pura”, pois contém pequena quantidade de
oxigênio e de dióxido de carbono em solução.

A quantidade de sal que as águas terrestres podem conter varia muito, dependendo
dos terrenos que tenham atravessado. Os sais mais comuns são: sulfatos, nitratos,
cloretos e bicarbonatos de sódio, potássio, cálcio, ferro e magnésio.

As águas que possuem quantidades apreciáveis de sais de cálcio e de magnésio


são denominadas águas duras. Esses sais provocam uma reação, chamada
precipitação, nos sabões e detergentes, que ficam “duros”. A formação de
precipitados provoca redução do tempo de vida de eletrodomésticos, como chuveiro,
lavadora de roupa ou de pratos, se não forem tomadas as precauções adequadas.

2.5 CONTAMINAÇÃO E POLUIÇÃO DA ÁGUA

Para os ecólogos em geral, a poluição decorre de qualquer alteração de natureza


física, química, biológica ou mesmo de regime hidrológico que produza
desequilíbrios no ciclo biológico normal, alterando a composição da fauna e da flora
do meio. Para os sanitaristas, a poluição de um recurso hídrico resulta,
principalmente, do lançamento de águas oriundas de atividades industriais, agrícolas
ou humanas. A contaminação é a denominação genérica para as conseqüências da
poluição, como os efeitos da introdução de substâncias ou de organismos nocivos
no recurso hídrico, causando doenças no ser humano.

A poluição do meio aquático pode causar alterações nas características físicas,


químicas ou biológicas.

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2.6 CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS

As características biológicas das águas são determinadas por meio de exames


bacteriológicos e hidrobiológicos.

O Exame hidrobiológico visa identificar e quantificar as espécies de organismos


presentes na água. Em geral esses organismos são microscópicos e comumente
são denominados plâncton, destacando-se os seguintes grupos: algas, protozoários,
bactérias, rotíferos, crustáceos, vermes e larvas de insetos.

Quando feitos regularmente, esses exames constituem elemento auxiliar na


interpretação de outras análises de controle para prevenir o desenvolvimento de
organismos indesejáveis do ponto de vista do tratamento de água.

Os coliformes têm sido utilizados como indicadores de poluição recente de fezes e,


eventualmente, de contaminação. Entretanto, pode não haver a relação dos
coliformes com organismos patogênicos, pois a presença destes pressupõe a
existência de um portador na população contribuinte, enquanto o número de
coliformes totais ou termotolerantes depende de um despejo orgânico, não estéril,
estranho ao corpo receptor. É fácil de entender, porém, que há certa correlação
entre o número de coliformes e os organismos patogênicos, correlação esta
baseada na probabilidade de que, quanto maior o número de coliformes, maior o
número de organismos patogênicos.

Quando coliformes totais ou termotolerantes forem detectados nas águas destinadas


ao consumo humano, devem ser tomados cuidados especiais com a escolha da
tecnologia de tratamento, por haver relação íntima entre turbidez e número de
coliformes nos efluentes de filtros rápidos. Em geral, quanto menor a turbidez da
água filtrada, menor o numero de coliformes, o que contribui para melhorar a
eficiência da desinfecção.

Como mencionado anteriormente, as algas podem causar sérios problemas


operacionais nas ETAs, flotando nos decantadores e sendo carreadas para os filtros,
obstruindo-os depois de poucas horas de funcionamento.

2.7 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ORGANOLÉPTICAS

Embora as características físicas da água tenham importância relativamente


pequena do ponto de vista sanitário, elas podem ser determinantes na escolha da
tecnologia de tratamento. Normalmente, as características físicas são facilmente
determinadas, com destaque para as seguintes: cor, turbidez, sabor e odor,
temperatura e condutividade elétrica.

2.7.1 Turbidez

A Turbidez das águas é devida à presença de partículas em suspensão e em estado


coloidal, as quais podem apresentar ampla faixa de tamanhos. A turbidez pode ser

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causada por uma grande variedade de materiais, incluindo partículas de areia fina,
silte, argila e microrganismos. As partículas de menor tamanho e com baixa massa
específica são mais difíceis de ser removidas nas ETAs, por apresentarem menor
velocidade de sedimentação.

Quanto menor a turbidez da água produzida na ETA, mais eficiente será sua
desinfecção. No entanto, para valores idênticos de turbidez, pode haver grande
diferença no número e tamanho de partículas, sendo que, para maior eficiência da
desinfecção são preferíveis partículas menores. Enquanto a medida de turbidez
pode ser feita por meio de turbidímetros, equipamentos de custos relativamente
baixos, o tamanho e a distribuição de tamanho de partículas exigem equipamento
mais sofisticado, raramente disponível nas ETAs brasileiras.

2.7.2 Cor aparente e cor verdadeira

Os compostos orgânicos naturais nas águas são oriundos da degradação de plantas


ou animais, e são denominados de substancias húmicas. Antigamente, a medida de
cor era feita apenas por razões estéticas, porém, com a descoberta de que tais
substâncias são precursoras da formação de trialometanos e organo-halogenados
em geral, quando a desinfecção é realizada com cloro livre, a quantificação da cor
passou a ser muito importante.

Quando a medida de cor é feita com o sobrenadante de amostra de água


centrifugada ou filtrada, obtém-se a cor verdadeira. Com a amostra de água em seu
estado natural, tem-se a cor aparente, pois há interferência de partículas coloidais e
suspensas, além de microorganismos.

As substâncias húmicas, geralmente, são compostas pelo ácido húmico e pelo ácido
fúlvico. As dimensões das moléculas dessas substâncias variam com pH e com o
grau de polimerização (3,5 e 10 nm). A cor medida depende do pH da amostra,
quanto menor o pH maior o valor da cor verdadeira.

2.7.3 Sabor e odor

Sabor e odor são características de difícil avaliação pelo fato de a sensação ser
subjetiva. Normalmente, decorrem de matéria excretada por algumas espécies de
algas e de substâncias dissolvidas, como gases, fenóis, clorofenóis e, em alguns
casos, do lançamento de despejos nos cursos de água. A remoção dessas
substâncias geralmente requer aeração, além da aplicação de um oxidante e de
carvão ativado para a adsorção dos compostos causadores de odor e sabor.

2.7.4 Temperatura

A temperatura influi nas reações de hidrólise do coagulante, na eficiência da


desinfecção, na solubilidade dos gases, na sensação de sabor e odor e, em
especial, no desempenho das unidades de mistura rápida, floculação, decantação e

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filtração. Por isso, é importante conhecer a variação de temperatura na água a ser
tratada.

2.7.5 Condutividade elétrica

A condutividade elétrica depende da quantidade de sais dissolvidos na água. A


medição da condutividade elétrica permite estimar rapidamente a quantidade de
sólidos totais dissolvidos presentes na água. Para valores elevados de sólidos
dissolvidos totais, aumenta a solubilidade dos precipitados de alumínio e ferro, o que
influi na cinética da coagulação. Também são afetadas a formação e a precipitação
de carbonatos de cálcio, favorecendo a corrosão.

2.8 CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS

Do ponto de vista sanitário, as características químicas das águas são de grande


importância, pois a presença de alguns elementos ou compostos químicos pode
inviabilizar o uso de certas tecnologias de tratamento e exigir tratamentos
específicos. Dependendo da forma em que se encontra um metal, ele poderá ou não
ser removido na ETA. O cromo hexavalente, por exemplo, é mais difícil de ser
removido que o cromo trivalente. Também, a toxicidade é variável, como no caso de
complexos orgânicos de mercúrio, que são cerca de cem vezes mais perigosos que
o mercúrio mineral, o mesmo ocorrendo com o cobre. Alguns parâmetros, como
cloretos, oxigênio dissolvido ou consumido, nitritos e nitratos permitem avaliar o grau
de poluição de uma fonte de água.

2.8.1 pH

O pH é utilizado para expressar a acidez de uma solução. Trata-se de um parâmetro


importante principalmente nas etapas de coagulação, filtração, desinfecção e
controle da corrosão. Nos sistemas de abastecimento, águas com valores baixos de
pH tendem a ser corrosivos ou agressivos a certos metais e paredes de concreto,
enquanto águas com valor elevado de pH tendem a formar incrustações.

2.8.2 Alcalinidade e acidez

A alcalinidade pode ser entendida como a capacidade da água de neutralizar ácidos,


e a acidez, como a capacidade de neutralizar bases. A alcalinidade e a acidez de
soluções aquosas baseiam-se, geralmente, no sistema do ácido carbônico. Em
função do pH, tem-se alcalinidade devida a:

 12,3 a 9,4 0 - hidróxidos e carbonatos;


 9,4 a 8,3 - carbonatos e bicarbonatos;
 8,3 a 4,4 - somente bicarbonatos.

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A medida da alcalinidade é usualmente feita por meio de titulação com ácido
padronizado, sendo os resultados expressos em quantidade de carbonato de cálcio.
A não ser que seja devida a hidróxidos ou que contribua de modo acentuado para a
quantidade de sólidos totais, a alcalinidade não tem significado sanitário.

A alcalinidade influi consideravelmente na coagulação química, uma vez que os


principais coagulantes primários comumente utilizados no Brasil - sais de alumínio e
ferro - atuam como dipróticos em solução. Se a alcalinidade da água for baixa,
poderá ser requerida a adição de um alcalinizante para ajuste do pH de coagulação.

A acidez da água depende do valor do pH, pois é devida à dissolução do gás


carbônico que está presente somente para valores de pH inferiores a 8,3 e
superiores a 4,4, pois abaixo deste a acidez decorre da presença de ácidos fortes,
os quais não são comuns nas águas naturais.

2.8.3 Dureza

Dureza é geralmente devido à soma de cátions polivalentes presentes na água e


expressa em termos de quantidade equivalente de carbonato de cálcio. Os principais
íons metálicos que conferem dureza à água são o cálcio e o magnésio quase
sempre associados ao íon sulfato, e em menor grau, o íon de ferro e manganês
associados ao nitrato.

A dureza está associada a incrustações em sistemas de água quente, podendo


causar problemas sérios nos aquecedores em geral. Há também alguns estudos que
relacionam a dureza na água com a incidência de doenças cardiovasculares e com o
aumento do teor de colesterol.

Na maioria dos casos, a dureza é decorrente do cálcio associado ao bicarbonato, o


qual se transforma em carbonato por aquecimento ou elevação do pH, tendo-se
neste caso a denominada dureza temporária. A dureza devida a cátions associados
a outros anions é denominada dureza permanente. Nas estações de abrandamento
podem se empregadas resinas específicas para troca de cátions ou pode-se elevar o
pH para causar a precipitação, principalmente de sais ou hidróxidos de cálcio e
magnésio.

2.8.4 Cloretos e sulfatos

Além dos bicarbonatos, sais dissolvidos como cloretos e sulfatos e outros em menor
quantidade, caracterizam os sólidos totais dissolvidos. A presença de cloretos pode
indicar alguma forma de poluição, apesar de em muitas regiões do Brasil, próximas
ao litoral, ocorrer à presença excessiva de cloretos sem que haja contaminação pelo
ser humano. Além de conferir sabor salino às águas, teores elevados de cloretos
podem interferir na coagulação. Do ponto de vista sanitário, concentrações muito
elevadas de cloreto podem ser prejudiciais a pessoas portadoras de moléstia
cardíaca ou renal.

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2.8.5 Ferro e manganês

Geralmente, nas águas, o ferro solúvel está associado a bicarbonatos e cloretos; a


presença de ferro não costuma causar problemas ao ser humano, porém quando
oxidado, traz inconvenientes sérios, com formação do precipitado, provocando
manchas em sanitários e roupas e favorecendo o crescimento da bactéria
Chrenotrix. Dificilmente há ocorrências de sais de ferro em concentração elevada em
águas superficiais bem aeradas.

2.8.6 Nitritos e nitratos

Os nitratos são uma das maiores fontes de íons naturais das águas. Em geral, os
nitritos não ocorrem nas águas em concentrações significativas. Quando de origem
orgânica, os compostos de nitrogênio podem indicar contaminação recente -
nitrogênio orgânico e amoniacal - ou remota - nitritos e nitratos. A existência de
compostos amoniacais orgânicos pode dar origem, quando o cloro é usado como
desinfetante, à formação de cloraminas orgânicas, reduzindo o poder de
desinfecção.

2.8.7 Oxigênio dissolvido

Devido à baixa solubilidade do oxigênio, a quantidade deste que a água pode conter
é pequena - 9,1 mg/l a 20 °C. O oxigênio presente é consumido em função da
poluição da água. A presença de oxigênio, especialmente em companhia do CO 2,
constitui fator importante a ser considerado na prevenção da corrosão de metais
ferrosos.

2.9 COMPOSTOS ORGÂNICOS

Os constituintes orgânicos nas águas têm três origens principais: substâncias


orgânicas naturais, atividades antrópicas e reações que ocorrem nas ETAs. No
primeiro caso, têm-se as substâncias húmicas, microorganismos e seus metabólitos
e hidrocarbonetos aromáticos. Embora tais substâncias normalmente não sejam
prejudiciais ao ser humano, algumas podem agir como precursores de formação de
trialometanos e outros compostos organo-halogenados durante a desinfecção, se o
cloro livre for utilizado na ETA. Substâncias orgânicas decorrentes de atividades
antrópicas resultam do lançamento de águas residuárias sanitárias ou industriais,
tratadas ou não, do escoamento superficial urbano ou rural e do escoamento
subsuperficial em solo contaminados.

A intensa atividade industrial e os novos produtos lançados no mercado tornam


praticamente impossíveis a enumeração e quantificação de todo composto orgânico
que pode estar presente na água. No Brasil, estimam-se mais de 300 princípios
ativos de agrotóxicos e mais de 4.000 produtos comerciais. No entanto, indústrias
dos mais diversos ramos fazem uso de alguns compostos que, dependendo da
concentração, podem ser extremamente maléficos ao ser humano. Os danos podem

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ir desde pequenas irritações nos olhos e nariz até problemas cancerígenos,
alterações no número de cromossomos, danos a órgãos como rins, fígado e
pulmões, depressão, problemas cardíacos, danos cerebrais, neurite periférica,
retardamento na ação neurotóxica, atrofia testicular, esterilidade masculina, cistite
hemorrágica, diabetes transitórias, hipertermia, teratogênese, mutagênese,
diminuição das defesas orgânicas e alterações da pele.

3 REQUISITOS E CONTROLE DA QUALIDADE; PADRÕES DE EMISSÃO


O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), baixou a Resolução 357/2005
que classifica as águas de doces, salobras e salinas do Brasil, estabelecendo o tipo
de tratamento requerido para as águas destinadas ao abastecimento público e
estabelece as condições de lançamento de efluentes nos corpos d’água.

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4 PROGRAMAS DE MONITORAMENTO AMBIENTAL
A água devido a suas propriedades de solvente e à sua capacidade de transportar
partículas, incorpora diversas impurezas, as quais definem a sua qualidade. Apesar
de os mananciais superficiais estarem mais sujeitos à poluição e à contaminação
decorrentes de atividades antrópicas, também tem sido observada a deterioração da
qualidade das águas subterrâneas, o que acarreta sérios problemas de saúde
pública em localidades que carecem do tratamento e de sistema de distribuição de
água adequados. Monitorar significa acompanhar, avaliar e controlar dados.

Um programa como este envolve coleta, análise e avaliação de dados ambientais


para vários fins. Pode servir, por exemplo, como indicador da gestão de bacias.
Nesse contexto, o controle da poluição das águas reveste-se de grande significado e
a sua estruturação deve incluir um programa de monitoramento ambiental das águas
superficiais, bem como a fixação dos objetivos de qualidade através da classificação
dos corpos hídricos. O sistema de classificação faz parte da norma nacional
constante da Resolução 357/2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente, a qual
embora defina classe 2, de partida para águas doces não especificamente
enquadradas, cabe aos Estados estabelecer tal enquadramento de acordo com as
características de uso de seus rios e reservatórios.

O Programa de Monitoramento Ambiental (PMA), além de fornecer subsídios para a


classificação dos corpos hídricos, permite o acompanhamento do alcance dos
objetivos de qualidade ao longo do tempo. Poderão surgir, ainda, eventuais ajustes
no enquadramento fixado. O controle da poluição da água não pode prescindir
desses instrumentos que deve contar com dados de análises de água realizadas em
laboratórios capacitados para esse fim.

Os objetivos dos programas são vários, dentre outros:

 implementar uma rede de monitoramento sistemático com atividades de


coleta e interpretação dos dados, considerando a distribuição temporal e
espacial dos pontos de coleta, para análise dos dados mais representativo;
 caracterizar a água dos principais rios e afluentes em um enfoque físico,
químico e biológico, avaliando também, as concentrações de poluentes;
 estabelecer as relações entre o processo de degradação dos rios e suas
influências sobre as características da água;
 identificar as principais fontes poluidoras, sua localização aproximada e
cargas potenciais com base em indicadores (coeficientes de carga);
 autuar os agentes responsáveis pela degradação ambiental dos corpos
d’água monitorados, visando minimizar os impactos negativos sobre os
mesmos;
 propor medidas de controle, objetivando a recuperação dos recursos hídricos
com problemas de poluição.

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5 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS E FÍSICOS - QUÍMICOS DA
ÁGUA, IMPORTÂNCIA SANITÁRIA E PARÂMETROS DE CONTROLE
A água potável não deve conter microorganismos patogênicos e deve estar livre de
bactérias indicadoras de contaminação fecal. Os indicadores de contaminação fecal,
tradicionalmente aceitos, pertencem a um grupo de bactérias denominadas
coliformes. O principal representante desse grupo de bactérias chama-se
Escherichia coli.

A Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que sejam determinadas, na


água, para aferição de sua potabilidade, a presença de coliformes totais e
termotolerantes de preferência Escherichia coli e a contagem de bactérias
hetreotróficas. A mesma portaria recomenda que a contagem padrão de bactéria
não deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônia por 1 milhão de amostra -
500/UFC/ml.

5.1 BACTÉRIAS DO GRUPO COLIFORME

Denomina-se de bactérias do grupo coliforme bacilos gram-positivos, em forma de


bastonetes, aeróbios ou anaeróbios facultativos que fermentam a lactose a 35-37
°C, produzindo ácido, gás e aldeído em prazo de 24-48 horas. São também oxidase-
negativos e não formam esporos.

A razão da escolha desse grupo de bactérias como indicador de contaminação da


água deve-se aos seguintes fatores:

 estão presentes nas fezes de animais de sangue quente, inclusive os seres


humanos;
 sua presença na água possui uma relação direta com o grau de
contaminação fecal;
 são facilmente detectáveis e quantificáveis por técnicas simples e
economicamente viáveis, em qualquer tipo de água;
 possuem maior tempo de vida na água que as bactérias patogênicas
intestinais, por serem menos exigentes em termos nutricionais, além de ser
incapazes de se multiplicarem no ambiente aquático;
 são mais resistentes à ação dos agentes desinfetantes do que os germes
patogênicos.

A contagem padrão de bactérias é muito importante durante o processo de


tratamento da água, visto que permite avaliar a eficiência das várias etapas do
tratamento.

É importante, também, conhecer a densidade de bactérias, tendo em vista que um


aumento considerável da população bacteriana pode comprometer a detecção de
organismos coliformes. Embora a maioria dessas bactérias não seja patogênica,
pode representar riscos à saúde, como também, deteriorar a qualidade da água,
provocando odores e sabores desagradáveis.
16
As técnicas adotadas são preconizadas no Standard Methods for Examination of
Water and Wastewater publicação da American Public Health Association (APHA),
American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation .

5.2 ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

Lavagens e esterilização do material para coleta

Materiais necessários:

1. frascos de vidro ou plástico de boca larga - 4 cm - com tampa de rosca,


resistente a esterilização com volume mínimo de 200 ml;
2. autoclave;
3. detergente neutro não tóxico;
4. esponja;
5. escova;
6. água destilada ou deionizada;
7. estufa de secagem e esterilização;
8. solução de tiosulfato de sódio a 1,8%;
9. solução de EDTA - ácido etilenodiaminotetracético a 15%;
10. fita de autoclave.

Procedimentos:

1. descontaminar os frascos e tampas por autoclavação à 121 °C, a pressão de


0,1 MPa (1 atm) durante 30 min. As tampas devem ser afrouxadas para evitar
a ruptura dos frascos;
2. após a descontaminação proceder à lavagem dos frascos e tampas na
seguinte seqüência.
- escovar o conteúdo do frasco;
- limpar a parte externa do frasco e tampa com auxilio de uma esponja e
escova;
- adicionar uma gota de detergente líquido no interior do frasco e da tampa e
escovar a parte interna com auxilio de uma escova própria;
- enxaguar 10 vezes em água corrente, enchendo e esvaziando totalmente o
frasco;
- enxaguar 3 vezes em água destilada ou deionizada.
3. após a lavagem dos frascos e tampas, deixar escorrer a água e colocar em
posição embocada, em estufa a 100 °C;
4. antes de a esterilização preparar os frascos da seguinte maneira.
Nos frascos que serão utilizados para coleta de amostras contendo cloro
residual deverá ser adicionado 0,1 ml de uma solução de tiossulfato de sódio
a 1,8% para cada 100 ml de amostra (identificá-los).
17
Frascos que serão utilizados para coleta de amostras contendo metais
pesados em concentração superior a 0,01 mg/l, deverá ser adicionado 0,3 ml
de uma solução a 15% de EDTA para cada 100 ml

Os frascos deverão ser esterilizados da seguinte maneira:

1. frascos de plástico e de vidro devem ser esterilizados em autoclave a 121°C a


1 atm, por 30 min. Antes da autoclavação, ao colocar os frascos na autoclave
é necessário afrouxar as tampas para evitar a ruptura dos frascos e permitir a
entrada circulação de ar. Logo após a retirada da autoclave, fechar os
frascos;
2. os frascos deverão ser armazenados ao abrigo de luz, pó e umidade.

5.3 ALCALINIDADE TOTAL

A alcalinidade total de uma água é dada pelo somatório das diferentes formas de
alcalinidades existentes, ou seja, é a concentração de hidróxidos, carbonatos e
bicarbonatos, expressa em termos de Carbonato de Cálcio. Pode-se dizer que a
alcalinidade mede a capacidade da água em neutralizar os ácidos.

A medida da alcalinidade é de fundamental importância durante o processo de


tratamento de água, pois, é em função do seu teor que se estabelece a dosagem
dos produtos químicos utilizados.

Normalmente as águas superficiais possuem alcalinidade natural em concentração


suficiente para reagir com o sulfato de alumínio nos processos de tratamento.
Quando a alcalinidade é muito baixa ou inexistente há a necessidade de se provocar
uma alcalinidade artificial com aplicação de cal hidratada ou Barrilha para que o
objetivo seja alcançado. Quando a alcalinidade é muito elevada, procede-se ao
contrário, acidificando-se a água até que se obtenha um teor de alcalinidade
suficiente para reagir com o sulfato de alumínio ou outro produto utilizado no
tratamento da água.

Método de determinação - titulação com ácido sulfúrico

Material necessário:

1. pipeta volumétrica de 50 ml;


2. frasco Erlenmeyer de 250 ml;
3. bureta de 50 ml;
4. fenolftaleína;
5. indicador metilorange;
6. mistura indicadora de verde de bromocresol/vermelho de metila;
7. solução de ácido sulfúrico 0,02 N;
8. solução de tiosulfato de sódio 0,1 N.

18
Técnica:

1. tomar 50 ml da amostra e colocar no Erlenmeyer;


2. adicionar 3 gotas de solução indicadora de verde de bromocresol/vermelho de
metila;
3. titular com a solução de ácido sulfúrico 0,02 N até a mudança de cor azul-
esverdeada para róseo;
4. anotar o volume total de ácido sulfúrico gasto (V) em ml.

Cálculo:

Alcalinidade total em mg/l CaCO3 = V x 20 x Fc.

1. usar 0,05 ml (1 gota) da solução de tiosulfato de sódio 0,1 N, caso a amostra


apresente cloro livre residual;
2. utilizar esta técnica na ausência de alcalinidade à fenolftaleína, caso haja
alcalinidade á fenolftaleína, adicionar, antes da mistura indicadora de verde
de bromocresol/vermelho de metila 3 gotas de fenolftaleína e titule com ácido
sulfúrico até desaparecer a cor rosa formada. Em seguida continuar no passo
2 da técnica;
3. a alcalinidade à fenolftaleína só poderá ocorrer se o pH da amostra for maior
que 8,2;
4. na impossibilidade de conseguir a mistura indicadora de verde de
bromocresol/vermelho de metila é mais nítido do que quando se usa
metilorange;
5. a fórmula acima é para ser utilizada quando se usa uma amostra de 50 ml.
Quando for usado 100 ml de amostra, o volume (V) passará a ser multiplicado
por 10;
6. fc - fator de correção da solução titulante.

5.4 DUREZA TOTAL

A dureza total é calculada como sendo a soma das concentrações de íons cálcio e
magnésio na água, expressos como carbonato de cálcio.

A dureza de uma água pode ser temporária ou permanente. A dureza temporária,


também chamada de dureza de carbonatos, é causada pela presença de
bicarbonatos de cálcio e magnésio. Esse tipo de dureza resiste à ação dos sabões e
provoca incrustações. É denominada de temporária porque os bicarbonatos, pela
ação do calor, se decompõem em gás carbônico, água e carbonatos insolúveis que
se precipitam.

A dureza permanente, também chamada de dureza de não carbonatos, é devida à


presença de sulfatos, cloretos e nitratos de cálcio e magnésio, resiste a ação dos
sabões, mas não produz incrustações por serem seus sais muito solúveis na água.
Não se decompõe pela ação do calor.

19
A portaria no. 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece para dureza o teor de
500 mg/l em termos de CaCO3 como o valor máximo permitido para água potável.

Método de determinação - titulação com EDTA

Material necessário:

1. bureta de 50 ml;
2. pipeta volumétrica de 25 ml;
3. balão volumétrico de 50 ml;
4. becker de 100 ml;
5. frasco Erlenmeyer de 250 ml;
6. solução de EDTA 0,01 M;
7. solução tampão;
8. indicador eriochrome Black T;
9. inibidor I - cianeto de sódio P.A. em pó;
10. inibidor II - sulfeto de sódio.

Técnica:

1. tomar 25 ml da amostra e diluir para 50 ml com água destilada em balão


volumétrico;
2. transferir para um Becker de 100 ml e adicionar 1 a 2 ml da solução tampão
para elevar o pH a 10 ≥ 0,1;
3. transferir para um frasco Erlenmeyer de 250 ml e adicionar aproximadamente
0,05 gramas do indicador Eriochrome T;
4. titular com EDTA 0,01 M agitando continuamente até o desaparecimento da
cor púrpura avermelhada e o aparecimento da cor azul (final da titulação);
5. anotar o volume de EDTA gasto (ml);
6. fazer um branco com água destilada;
7. subtrair o volume de EDTA gasto na titulação do branco do volume de EDTA
gasto na titulação da amostra. A diferença é o volume que será aplicado no
calculo abaixo.

Cálculo:

Dureza Total (CaCO3) = (ml de EDTA x 1000 x Fc) / (ml de amostra).

1. a ausência de um ponto de viragem definido, geralmente, indica a


necessidade de adição de um inibidor ou que o indicador está deteriorado;
2. não leve mais do que 5 minutos para a titulação, medido após a adição da
solução tampão;
3. caso a dureza da água seja muito baixa, use amostra maior, 50 a 250 ml
adicionando proporcionalmente maior quantidade de solução tampão, do
inibidor e indicador;

20
4. se precisar usar o inibidor adicionar 20 gotas do inibidor sulfeto de sódio;
5. fc = fator de correção do EDTA quando houver e for diferente de 1.

5.5 pH

O termo pH representa a concentração de íons hidrogênio em solução. Na água,


este fator é de excepcional importância, principalmente nos processos de
tratamento. Na rotina dos laboratórios das estações de tratamento ele é medido e
ajustado sempre que necessário para melhorar o processo de coagulação e
floculação da água e também o controle da desinfecção. O valor do pH varia de 0 a
14. Abaixo de 7 a água é considerada ácida e acima de 7, alcalina. Água com pH 7 é
neutra.

A Portaria 518 de 2004 do Ministério da Saúde recomenda que o pH da água seja


mantido na faixa de 6,0 a 9,0 no sistema de distribuição.

Existem no mercado vários aparelhos para determinação do pH. São denominados


de potenciômetros ou colorímetros. Descreveremos o funcionamento básico de um
colorímetro, mas as instruções básicas dos fabricantes devem ser seguidas.

Material necessário:

1. potenciômetro;
2. cubetas;
3. frasco lavador;
4. papel absorvente;
5. solução tampão de pH conhecido;

Técnica:

1. ligar o aparelho e esperar a sua estabilidade;


2. lavar os eletrodos com água destilada e enxugá-los com papel absorvente;
3. calibrar o aparelho com as soluções padrão (pH 4 e pH 7);
4. lavar novamente os eletrodos com água destilada e enxugá-los;
5. introduzir os eletrodos na amostra a ser examinada e fazer a leitura;
6. lavar novamente e deixá-los imersos em água destilada.
7. desligar o aparelho.

5.6 CLORO RESIDUAL LIVRE

O Cloro é um produto químico utilizado na desinfecção da água. Sua medida é


importante e serve para controlar a dosagem que está sendo aplicada e também
para acompanhar sua evolução durante o tratamento.

21
A portaria 518/2004 do Ministério da Saúde determina a obrigatoriedade de se
manter em qualquer ponto na rede de distribuição a concentração mínima de cloro
residual livre de 0,2 mg/l. Recomenda, ainda que o teor máximo seja de 2,0 mg/l de
cloro residual livre em qualquer ponto do sistema de abastecimento.

Os principais produtos utilizados são: hipoclorito de cálcio, cal clorada, hipoclorito de


sódio e cloro gasoso.

Método de determinação - comparação visual

Material necessário:

1. encher a cubeta com água da amostra até a marca de 5,0 ml;


2. colocá-la na abertura do lado esquerdo do aparelho;
3. encher outra cubeta até a marca de 5.0 ml com a amostra a ser testada;
4. adicionar uma cápsula do reagente DPD na segunda amostra e misturar;
5. colocar a cubeta no compartimento do aparelho;
6. antes de 1 minuto fazer a leitura do teor de cloro.

Quando fizer a leitura posicionar o comparador contra uma fonte de luz como, por
exemplo, uma janela, o céu ou uma lâmpada. Rotacionar o disco até que se obtenha
a mesma tonalidade nos dois tubos.

Resultado

O resultado é expresso em mg/l de cloro residual livre.

Existem no mercado vários tipos de comparadores colorimétricos para medir o cloro


residual, tanto com o uso de ortotolidina quanto o DPD. O uso da ortotolidina está
sendo evitado por tratar-se de substância cancerígena e não recomendado pelo
Standard Methods.

5.7 COR

A cor da água é proveniente da matéria orgânica como, por exemplo, substâncias


húmicas, taninos e também por metais como o ferro e o manganês e resíduos
industriais fortemente coloridos. A cor, em sistemas públicos de abastecimento de
água, é esteticamente indesejável. A sua medida é de fundamental importância,
visto que, água de cor elevada provoca a sua rejeição por parte do consumidor e o
leva a procurar outras fontes de suprimento muitas vezes inseguras.

A Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece para cor aparente o Valor


Máximo Permitido de 15 Unidade Hazen (uH) como padrão de aceitação para
consumo humano.

22
Método de determinação - comparação visual

Material necessário:

1. tubos de Nessler forma alta de 50 ml;


2. suporte de madeira;
3. solução - padrão de cloroplatinato de potássio (500 unidades de cor).

Técnica:

1. preparar padrões de cor na faixa de 5 a 50 unidades de cor, medindo 0,5; 1,0;


1,5; 2,0; 2,5; 3,0; 3,5; 4,0; 4,5; 5,0; 6,0 e 7,0 ml da solução padrão (500
unidades de cor e colocar em tubos de Nessler de 50 ml;
2. diluir com água destilada até a marca de 50 ml;
3. medir 50 ml da amostra em outro tubo de Nessler e comparar os padrões.

Resultado:

O resultado é expresso em unidades de cor ou unidade Hazen (uH).

1. a comparação deverá ser feita olhando os tubos verticalmente contra um


fundo branco;
2. proteger os padrões contra evaporação e poeira;
3. quando a cor da amostra for maior do que 70 unidades, fazer diluição até que
se obtenha resultado dentro da faixa coberta pelos padrões. Neste caso, o
resultado deve ser multiplicado pelo fator de diluição;
4. uH é a unidade de escala de Hazen (platina cobalto).

5.8 TURBIDEZ

A turbidez da água é devida à presença de materiais sólidos em suspensão, que


reduzem a sua transparência. Pode ser provocada também pela presença de algas,
plâncton, matéria orgânica e muitas outras substâncias como o zinco, ferro,
manganês e areia, resultantes do processo natural de erosão ou de despejos
domésticos e industriais.

A turbidez tem sua importância no processo de tratamento da água. Água com


turbidez elevada e dependendo de sua natureza, forma flocos pesados que
decantam mais rapidamente do que água com baixa turbidez. Também tem suas
desvantagens como no caso da desinfecção que pode ser dificultada pela proteção
que pode dar aos microorganismos no contato direto com os desinfetantes. É um
indicador sanitário e padrão de aceitação da água de consumo humano.

A Portaria 518/2004 do Ministério da Saúde estabelece que o valor máximo


permitido é de 1,0 uT para água subterrânea desinfetada e água filtrada após
tratamento completo ou filtração direta, e 5,0 uT como padrão de aceitação para

23
consumo humano. Para água resultante de filtração lenta o valor máximo permitido é
2,0 uT.

Existem equipamentos específicos para determinação da turbidez na água.

Apresentaremos a técnica de determinação da turbidez utilizando a metodologia


nefelométrica.

Método nefelométrico

Material necessário:

1. turbidímetro com nefelômetro;


2. células de amostras de vidro incolor;
3. balão volumétrico de 5 ml;
4. conjunto de filtração;
5. filtros de membrana de 0,2 µm.

Reagentes:

1. água isenta de turbidez;


2. passar água destilada através de um filtro de membrana de 0,02 µm de
porosidade;
3. enxaguar o frasco de coleta pelo menos duas vezes com água filtrada e
desprezar os primeiros 200 ml.

Suspensão estoque de turbidez - padrão primário

Solução 1:

 dissolver 1,0 g de Sulfato de Hidrazina em água destilada e diluir a 100 ml em


balão volumétrico.

NOTA: sulfato de hidrazina é carcinogênico. Evitar inalação, ingestão e contato com


a pele.

Solução 2:

 dissolver 10,0 gramas de Hexametilenotetramina em água destilada e diluir a


100 ml em balão volumétrico;
 mistura 5,0 ml da solução 1 e 5,0 ml da solução 2. Deixar em repouso por 24
horas a 25 ± 3 oC. A turbidez desta suspensão é de 4000 UTN. Transferir a
solução estoque para um frasco de cor âmbar ou outro frasco protegido da luz
ultravioleta, para armazenagem. Fazer diluição desta suspensão estoque. A
suspensão estoque é estável por um ano quando corretamente armazenada;
 suspensão padrão de turbidez;

24
 diluir 1,0 ml da solução estoque para 100 ml com água isenta de turbidez. A
turbidez desta suspensão é de 40 UTN. Preparar diariamente.

Padrões de turbidez diluídos:

 diluir porções da suspensão padrão de turbidez com água livre de turbidez de


acordo com a faixa de interesse. Preparar diariamente.

Procedimento:

1. calibrar o turbidímetro de acordo com as instruções do fabricante;


2. medida de turbidez menor que 40 UTN; Agitar a amostra suavemente e
esperar até que as bolhas de ar desapareçam e colocá-la na célula de
amostra do turbidímetro;
3. fazer a leitura da turbidez diretamente na escala do instrumento ou na curva
de calibração apropriada;
4. medida de turbidez acima de 40 UTN: Diluir a amostra com um ou mais
volumes de água isenta de turbidez até que a turbidez da amostra diluída
fique entre 30 e 40 UTN. Fazer a leitura e multiplicar o resultado pelo fator de
diluição.

Cálculo:

UTN = (A x (B + C)) / C

Onde:

Unidade de Turbidez Nefelométrica (UTN)

A= turbidez da amostra diluída;


B= volume da diluição (ml);
C= volume da amostra tomado para a diluição.

Exemplo: uma porção de 10 ml da amostra foi diluída para 50 ml com água isenta de
turbidez. Feita a leitura dessa amostra diluída obteve-se 20 UTN, então o resultado
será:

UTN = ((20 x (40+10)) / 10 UTN = 100 UTN

5.9 TEMPERATURA

A temperatura está relacionada com o aumento do consumo de água, com a


solubilidade e ionização das substâncias coagulantes, com a mudança do pH, com a
desinfecção.

25
Procedimento para sua determinação na água

Material necessário:

1. termômetro;
2. Becker de 250 ml.

Técnica:

1. coletar um pouco de água em um Becker de 250 ml;


2. mergulhar o termômetro na água;
3. esperar até que o mercúrio se estabilize;
4. fazer a leitura com o bulbo do termômetro ainda dentro da água.

5.10 CORREÇÃO DO PH DA ÁGUA TRATADA

A correção do pH da água tratada é um procedimento utilizado nas ETAs com a


finalidade de prevenir o processo de corrosão das estruturas metálicas do sistema
de distribuição que é provocado pela acidez da água, conseqüência da presença de
gás carbônico dissolvido.

As águas superficiais possuem gás carbônico dissolvido. Esse gás carbônico pode
ser proveniente da atmosfera, da respiração dos seres aquáticos e até da reação do
sulfato de alumínio quando reage com a alcalinidade natural da água.

A correção do pH significa elevar o pH da água tratada até o pH de saturação que é


o ponto onde não acontece mais o processo de corrosão. Esse pH não é igual para
todas as águas e sua determinação pode ser feita no laboratório.

Método de determinação - ensaio de mármore

Material necessário:

1. balão volumétrico de 1000 ml;


2. medidor de ph;
3. balança.

Reagente:

1. carbonato de cálcio.

Técnica:

1. colocar 750 ml de água filtrada em balão volumétrico de 1000 ml;


2. determinar o pH e a alcalinidade (A) dessa água;
3. adicionar 10 gramas de Carbonato de cálcio ao balão;

26
4. agitar por meia hora e deixar decantar e filtrar;
5. determinar o pH;
6. agitar novamente o balão por mais meia hora;
7. deixar decantar e filtrar;
8. determinar novamente o pH.

Repetir a operação iniciada no item 6 até pH constante. O pH de saturação será o


pH constante encontrado.

Determinar na ultima operação a alcalinidade B.

Conclusão

 se a alcalinidade B for maior que a A água é corrosiva;


 se a alcalinidade B for igual a A, a água é não corrosiva;
 se a alcalinidade B for menor que a A, a água é incrustante.

27
6 EQUIPQMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA E PRESERVAÇÃO DE
AMOSTRAS DE ÁGUA

6.1 AMOSTRAGEM DE ÁGUA PARA ANÁLISE FÍSICO - QUÍMICA E


BACTERIOLÓGICA

A coleta e a preservação das amostras devem ser feitas com uso de técnicas
adequadas, sem o que os resultados podem não refletir as condições do momento
em que a coleta foi realizada.

Sendo a coleta parte integrante do processo analítico e sua execução contribuindo


decisivamente para os resultados, o indivíduo designado para efetuá-lo deve ser
devidamente treinado sobre as técnicas de amostragem e preservação, medidas de
segurança, manuseio dos materiais usados em campo, conhecimento da localização
exata dos pontos de armazenagem e registro de condições atípicas nos referidos
locais.

A organização da coleta é fundamental e visa evitar prejuízos e riscos. A localização


dos pontos de amostragem e estabelecimento de um itinerário racional, levando em
conta a distância do laboratório para execução das análises e prazos de
preservação das amostras.

No momento da coleta, desrosquear a tampa do frasco com as mãos limpas e


desinfetadas com álcool, tocando apenas na região externa da tampa e na parte
inferior externa do frasco. O frasco de coleta deve ser preenchido em posição
inclinada e quase no final posicionado verticalmente até encher completamente, sem
deixar bolhas de ar. Tomar cuidado para não agitar a amostra, evitando a
incorporação de ar.

6.2 AMOSTRAGEM DE ÁGUA SUPERFICIAL

Quando a amostra for coletada diretamente em um corpo de água receptor, deve-se


procurar selecionar pontos de amostragem bem representativos da amostra de água
a ser examinada, evitando-se a coleta de amostras em áreas estagnadas ou em
locais próximos à margem. A amostragem de águas superficiais pode ser feita por
dois processos.

1. coleta manual - utilizando luvas de cano longo destinadas exclusivamente


para esta atividade, remover a tampa do frasco com todo cuidado sem tocar
na região interna. Segurar o frasco pela base, mergulhando-o rapidamente
com a boca para baixo, a cerca de 15 cm de profundidade, para evitar a
introdução de contaminantes superficiais. Direcionar o frasco de modo que a
boca fique em sentido contrário à correnteza. Se o corpo de água for estático,
deve ser criada uma correnteza artificial, através da movimentação do frasco
no sentido horizontal, sempre para frente. Inclinar o frasco lentamente para
cima a fim de permitir a saída do ar e completo enchimento do mesmo. Após

28
a retirada do frasco do corpo de água fechá-lo imediatamente identificando
adequadamente a amostra no frasco;
2. coleta com auxílio de equipamentos - quando localização do ponto de
amostragem impossibilita a coleta manual é necessária a utilização de
dispositivos adequados para essa finalidade, devendo a mesma ser efetuada
a partir de pontes, barrancos e outros locais de acesso previamente definidos.
Nestes casos a coleta pode ser realizada com auxílio de um balde de plástico
destinado exclusivamente para essa finalidade, previamente limpo e
enxugado com a água do próprio local, preso a uma corda de náilon, pois
este material não absorve a água e não apodrece facilmente. Caso seja
necessário coletar mais do que um balde, o volume de cada um deles deve
ser distribuído igualmente entre todos os frascos, a fim de garantir a
homogeneidade da amostra nos diversos frascos.

NOTA 1: sempre que for empregado um mesmo balde em várias amostragens


sucessivas, em pontos diferentes, este deve ser lavado com amostra do local antes
de nova coleta, tendo-se o cuidado de não contaminar a água do local ao processar
esta lavagem.

NOTA 2: nos casos de coleta a partir de pontes, arremessar o balde contra a


corrente segurando bem presa a extremidade livre da corda.

6.3 AMOSTRAGEM DE ÁGUA DE POÇO

1. para a coleta de água em torneira localizada próxima ao poço, limpar a área


externa da torneira, desinfetar com álcool, abrir a torneira de forma a obter um
fluxo de água lento para evitar incorporação de ar na amostra e deixar a água
escorrer por dois a três minutos para eliminar toda a coluna de liquido na
canalização antes de recolher a amostra no frasco. A torneira não deve conter
aeradores, filtros ou peneiras, nem apresentar vazamento;
2. para coleta de água em balde, utilizar o balde do próprio poço previamente
limpo e enxaguado. Encher o balde com água e, tocando apenas na região
externa do balde, transferir a água para o frasco de coleta em posição
inclinada e, quase no final, posicionar o frasco verticalmente até encher
completamente, sem deixar bolhas de ar. Tomar cuidado para não agitar a
amostra, evitando a incorporação de ar.

6.4 PRESERVAÇÃO DE AMOSTRAS DE ÁGUA

A preservação adequada da amostra e o tempo - limite para o inicio do exame são


fatores críticos para a obtenção de dados válidos, não devendo se analisadas as
amostras que não atendam as expectativas relativas a esses aspectos.

 as amostras de água devem ser transportadas com a menor agitação


possível e armazenadas sob refrigeração de 4 °C. O intervalo recomendado

29
entre a coleta e o inicio das análises é de seis horas, não devendo exceder 24
horas;
 cuidado especial dever ser tomado no transporte dos frascos de coleta a fim
de se evitar quebras, danos, agitação excessiva e derramamentos. Utilizar
uma caixa de isopor com preenchimento de espaços vazios entre os frascos
de modo a permitir o encaixe firme e seguro dos mesmos;
 método de coleta implica na orientação da maneira adequada para coletar
uma substância levando-se em consideração materiais (frascos, reagentes...)
e volume necessários para análise e formas de preservar e acondicionar a
amostra. No caso de produtos inorgânicos o método de coleta é, geralmente,
descrito para o cátion e para o ânion.

Para cada tipo de elemento a ser analisado a orientação é diferente conforme


orientação dos laboratórios de análises e a determinação dos padrões estabelecidos
na Associação Americana de Águas a AWWA.

Para a análise de metais em água bruta, tratada e residuais a CETESB, orienta que
seja efetuada a coleta de 500 ml, em frascos de polietileno ou vidro neutro, e
adicione ácido nítrico como preservativo até pH < 2,0. Esse procedimento se aplica a
determinação de Alumínio, Prata, Boro, Bário, Cádmio, Cobre, Cromo (total), Ferro,
Mercúrio, Potássio, Lítio, Magnésio, Manganês, Sódio, Níquel, Chumbo, Antimônio,
Selênio, Estanho, Estrôncio, Vanádio e Zinco.

30
7 LABORATÓRIO DE ANÁLISES
O laboratório é a área ou dependência da ETA que tem a função de controlar e
acompanhar a eficiência do tratamento, através de análises e ensaios físicos,
químicos e bacteriológicos.

As análises e os ensaios físicos e químicos que, no mínimo, o laboratório deve


realizar compreendem pH, alcalinidade, turbidez, cor, cloro, flúor, alumínio residual e
coagulação.

A área mínima do laboratório deve ser de 16 m² para estações com capacidade igual
ou superior a 10.000 m³/dia.

O laboratório deve ser iluminado e ventilado, com previsão para composição de


lâmpadas com irradiação semelhante à da luz solar.

As bancadas, para estações com capacidade inferior a 10.000 m³/dia, devem ter
pelo menos uma pia com cuba de aço inoxidável medindo 0,50 x 0,40 x 0,40 m;
estações com capacidade igual ou superior devem ter pelo menos duas destas pias.

Os pontos de utilização de energia elétrica, gás, vácuo, água e esgoto devem ser
bem definidos, em função dos equipamentos previstos; as linhas de alimentação não
devem ser embutidas em paredes, piso ou teto.

7.1 RELAÇÃO DE MATERIAIS DE LABORATÓRIO DE ANÁLISE DE ÁGUA

7.1.1 Equipamentos

Autoclave vertical, capacidade para 18, 24, 48 ou 72 litros, 110/220 volts:

1. estufa para cultura bacteriológica, com termostato regulável na faixa de 30 a


65 °C., tamanho 45 x 45 x 40 cm de largura, profundidade e altura,
respectivamente, equipada com bandeja regulável para três posições;
2. balança analítica, elétrica, capacidade para 160 g, sensibilidade de 1/100 mg,
cinco casas decimais, 110/220 volts;
3. balança de precisão, com dupla escala, pesagem máxima 200 gramas,
sensibilidade de 0,1 g;
4. destilador de água, capacidade para 2 litros/hora, 110/220 volts;
5. banho-maria capacidade para 50 tubos de ensaio, com termostato regulável
na faixa de 35 a 65 °C. 110/220 volts;
6. banho de vapor, para 6 provas simultâneas, construído em chapa metálica,
com termostato regulável em até 6 posições, 110/220 volts;
7. capela para exaustão forçada de gases, com motor elétrico de 1/3 de HP,
110/220 volts;
8. chapa aquecedora com termostato regulável, tamanho x, 110/220 volts;

31
9. estufa para esterilização e secagem, tamanho 50 x 40 x 50 cm de largura,
profundidade e altura, respectivamente, com termostato regulável até 300 °C,
e bandeja regulável para 3 posições, 110/220 volts;
10. aparelho de Jar - Test para 6 provas simultâneas, com regulador de
velocidade de 0 a 100 rpm, com base de vidro ou acrílico iluminada, 110/220
volts;
11. medidor de cloro residual, portátil, com disco de cor, escala de o a 3,5 mg/l,
para uso com reagente DPO;
12. termômetro bacteriológico, com escala de 0 a 60 °C, com divisões de 1 °C;
13. termômetro químico com escala de 0 a 300 °C, com divisão de 1 °C;
14. turbidímetro completo;
15. medidor de pH digital, de bancada, faixa de medição de 0 a 14, com eletrodo,
110/220 volts;
16. medidor de pH, digital, portátil, faixa de medição de 0 a 14, com eletrodo,
funcionamento à bateria de 9 volts;
17. lanterna para identificação de E.coli, com lâmpada fluorescente ultravioleta, 6
watts, 363 nm, recarregável, portátil, 110 volts;
18. bico de Bunsen;
19. deionizador capacidade para 50 litros/hora - 110/220 volts.

7.1.2 Vidraria

1. tubo para cultura, sem borda, tamanho 150 x 16 mm;


2. tubo para cultura, sem borda, tamanho 180 x 18 mm;
3. tubo para cultura, sem borda, tamanho 125 x15 mm;
4. tubo de Nessler, forma alta, capacidade de 50 e 100 ml;
5. tubo de Durhan, tamanho 40 x 5 mm;
6. balão volumétrico, fundo chato, com tampa de teflon ou vidro esmerilhado,
classe “A” capacidade de 50, 100, 250, 500 e 1000 ml;
7. Becker forma baixa, graduado, capacidade de 50, 100, 250, 500 e 1000 ml;
8. bureta com torneira de vidro ou teflon, gravação permanente, classe “A”
capacidade de 10, 25, e 50 ml;
9. pipetas sorológica, codificada por cones, com bocal para algodão, gravação
permanente, capacidade de 1, 2,5 e 10 ml;
10. pipeta de MOHR, codificada por cones, bocal e bico temperados, gravação
permanente, capacidade de 1, 2,5 e 10 ml;
11. pipeta volumétrica, codificada por cores, bocal e bicos temperados, gravação
permanente, classe “A”, capacidade de 10, 25, 50 e 100 ml;
12. frasco de vidraria para reagentes, boca larga, cor branca, com rolha de vidro
esmerilhada intercambiável, capacidade de 125 ml;
13. proveta graduada a conter, com base hexagonal de vidro, gravação
permanente, classe “A”, capacidade de 10, 25, 50, 100, 250, 500 e 1000 ml;

32
14. frasco Erlenmayer, boca larga, reforçada, graduado, capacidade de 125, 250
e 500 ml;
15. funil analítico, ângulo de 60o, liso, haste curta, com diâmetro de 50, 75 e 100
mm.
16. funil analítico, ângulo de 60o, raiado, haste longa, com diâmetro de 50, 75 e
100 mm;
17. funil analítico, ângulo de 60o, raiado, haste curta, com diâmetro de 50, 75 e
100 mm;
18. placa de Petri de vidro, transparente, tamanho, 100 x 15 mm;
19. conjunto de destilação para fluoretos, constituído de balão de fundo chato de
1000 ml com saída lateral para condensador Grahan, com juntas
esmerilhadas;
20. bastão de vidro de 30 cm de comprimento x 5 mm de diâmetro;

7.1.3 Materiais diversos

1. alça de platina calibrada co 3 mm de diâmetro;


2. cabo de Kolle para alça de platina;
3. algodão de rama para bacteriologia;
4. lápis demográfico;
5. caldo lactosado, desidratado, embalagem de 100 ou 500 gramas;
6. caldo lactosado, verde brilhante bile a 2%, desidratado, embalagem de 100
ou 500 gramas;
7. meio ENDO MF, para coli total, embalagem de 100 ou 500 gramas;
8. meio EC MF, para coli fecal, embalagem de 100 ou 500 gramas;
9. púrpura de bromocresol, embalagem de 5 gramas;
10. estante para tubo de ensaio, com capacidade para 15 tubos de 180 x 18 mm,
de madeira ou plástico resistente;
11. estante para tubo de ensaio com capacidade para 40 tubos de 180 x 18 mm,
em arame resistente a autoclave.

7.1.4 Segurança

Em estações passíveis de visitação pública, as partes vazadas dos guarda-corpos


devem ser protegidas.

Pisos, escadas, rampas, corredores e passadiços que ofereçam condições de


escorregamento, devem ser de material antiderrapante ou executado por processo
com resultados semelhantes.

As máquinas e os equipamentos devem ter as transmissões de força enclausuradas


em sua estrutura ou devidamente isoladas por protetores adequados que devem ser
fixados firmemente à máquina, ao equipamento, ao piso ou a qualquer outra parte
fixa, por dispositivo que, em caso de necessidade, permita a sua retirada e
recolocação imediata.
33
8 CASA DE QUÍMICA
Casa de química é o conjunto de dependências da ETA que cumpre as funções
auxiliares, direta ou indiretamente ligadas ao processo de tratamento, necessárias à
sua perfeita operação, manutenção e controle.

Fazem parte da casa de química:

1. depósitos de produtos químicos;


2. locais para preparo de produtos químicos e para carga dos dosadores a seco;
3. laboratório de controle operacional;
4. centro de controle de operação;
5. serviços administrativos;
6. serviços auxiliares.

O armazenamento de produtos ensacados, com a utilização de empilhadeiras


mecânicas, é possível até a altura de 3,00 m. O empilhamento manual, até a altura
de 1,80 m.

As dependências da casa de química, para estações com capacidade acima de


10.000 m³/dia, as dependências mínimas da casa de química são as seguintes:

1. depósito de produtos químicos;


2. depósito de cloro;
3. sala de dosagem;
4. sala de dosagem de cloro;
5. laboratórios;
6. instalação sanitária com bacia e um lavatório;
7. instalação sanitária com duas bacias e chuveiro separado, situados em área
com lavatório e armários;
8. copa com área de 8 m², balcão com pia e armários e mesa para duas
pessoas;
9. local para manutenção de equipamentos com 15 m² de área.

34
9 FUNDAMENTOS PARA PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES QUÍMICAS

9.1 UTILIZAÇÃO DO SULFATO DE ALUMÍNIO

O sulfato de alumínio pode ser fornecido sólido ou em solução. Quando sólido, pode
ser moído ou granulado, ensacado ou a granel, dependendo das condições locais.

Deve ser previsto o armazenamento de sulfato de alumínio suficiente para atender,


pelo menos, a dez dias de consumo máximo.

Em estações com capacidade inferior a 10.000 m³/dia, deve ser previsto


armazenamento para período de 30 dias.

Em estações situadas em locais distantes dos centros produtores de sulfato de


alumínio, o armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra e
transporte do produto.

O armazenamento do sulfato de alumínio sólido, necessário a dez dias de consumo,


deve ser feito em local seco, interno à casa de química, isolado de pisos e paredes,
e satisfazer às seguintes condições:

1. em caso de fornecimento em sacos, estes devem ser colocados sobre


estrado de madeira;
2. em caso de fornecimento a granel, o sulfato deve ser armazenado em
depósitos de material resistente à corrosão.

A forma normal de aplicação de sulfato de alumínio deve ser por via úmida,
procedendo-se para isso a sua dissolução prévia, em caso de fornecimento sob
forma sólida.

Os tanques para dissolução de sulfato de alumínio devem ter as seguintes


características:

1. volume útil mínimo total correspondente ao sulfato necessária a 12 horas de


operação;
2. número mínimo de dois tanques;
3. teor da solução, máximo 10%, sendo necessário preparar a solução em
concentração superior a 10%, deve ser previsto um sistema de diluição
controlada, antes da aplicação do sulfato;
4. cochos para dissolução de sulfato sólido, localizado junto a uma das bordas
do tanque e providos de chuveiros de água de dissolução;
5. entrada adicional de água com capacidade para encher o tanque no máximo
em uma hora;
6. dispositivo de agitação para cada tanque;
7. saída de solução colocada a 10 cm acima do fundo do tanque;
8. descarga de fundo com diâmetro mínimo de 50 mm;
35
9. piso, a partir do qual o sulfato de alumínio é posto para ser colocado nos
cochos, situado de 0,80 m a 0,90 m abaixo das bordas dos tanques.

Os tanques de dissolução de sulfato de alumínio sólido devem ser localizados no


interior da casa de química e, próximos à área de armazenamento.

Os tanques de solução de sulfato de alumínio devem ser executados ou revestidos


com material resistente à corrosão e não devem transmitir toxicidade à água.

Podem ser usados tanques de aduelas de madeira, quando instalados em locais


cobertos.

Quando necessário, deve ser mantida recirculação contínua de solução de sulfato


de alumínio dos tanques aos dosadores com retorno para os tanques. As bombas
utilizadas na recirculação devem ser instaladas junto aos tanques com sucção
provida de ponto de água de diluição.

9.2 UTILIZAÇÃO DA CAL

A cal é fornecida ensacada ou a granel. Normalmente, utiliza-se cal hidratada e,


havendo disponibilidade local, pode ser utilizada a cal virgem.

Deve ser previsto armazenamento de cal suficiente para atender, pelo menos, a dez
dias de consumo máximo.

Estações com capacidade inferior a 10.000 m3/dia, deve ser previsto


armazenamento para período de 30 dias.

Em estações situadas em locais distantes dos centros produtores de cal, o


armazenamento deve levar em conta as dificuldades para compra e transporte do
produto.

O armazenamento de cal deve ser feito em local seco e atendendo às seguintes


condições:

 para cal hidratada


1. se fornecida em sacos, estes devem ser colocados sobre estrado de
madeira;
2. se fornecida a granel, colocada em silos, de preferência;
3. estações de tratamento com capacidade inferior a 10.000 m3/dia podem
ter área para armazenamento de coagulante e de cal, em comum.
 para cal virgem
1. o armazenamento deve ser feito em um recinto que ofereça plena
segurança contra a entrada de umidade;
2. o recinto deve ser construído de material não combustível e a cal
armazenada, isolada de qualquer outro produto químico.
36
A dosagem de cal hidratada por via seca deve ser feita por meio de dosadores
gravimétricos e, somente em caso de qualidade uniforme, por dosadores
volumétricos, sendo que:

1. o material dosado deve ser colocado em suspensão em água, antes de sua


colocação;
2. existindo mais de um ponto de aplicação, a dosagem para os diferentes
pontos pode ser feita por meio de um único dosador, desde que exista
dispositivo capaz de subdividir a suspensão em partes proporcionais às
dosagens requeridas nos diferentes pontos.

Para dosagem por via úmida, a cal hidratada deve ser usada após sua extinção, por
via úmida, sob a forma de leite de cal ou água de cal. Em estações com capacidade
inferior a 10.000 m³/dia, a cal virgem pode ser extinta em equipamento instalado na
casa de química.

9.3 TANQUES DE PREPARO

O tanque para preparo de suspensão de leite de cal deve ter as seguintes


características:

1. volume útil mínimo, em litros, igual a duas vezes o peso em quilogramas de


cal, correspondente a um tanque de armazenamento;
2. entrada de água com capacidade para encher o tanque de preparo, no
máximo em 10 min.;
3. saída da suspensão preparada feita por canalização com diâmetro mínimo de
75 mm, colocada a pelo menos 5 cm acima do fundo do tanque. Logo após a
saída, deve existir dispositivo capaz de reter partículas que possam causar
prejuízos ao sistema de dosagem.
4. piso, a partir do qual a cal é tomada para ser colocada no tanque, situado de
0,80 a 0,90m abaixo da borda;
5. fundo com declividade mínima de 2 %;
6. descarga de fundo com diâmetro mínimo de 75 mm;
7. ser dotado de agitador com rotor situado a 0,20 m acima do fundo e potência
entre 100 W/m³ e 250 W/m³. O agitador deve operar com segurança para
qualquer nível de suspensão no tanque.

9.4 TANQUES DE ARMAZENAMENTO

Os tanques de armazenamento de leite de cal devem ter as seguintes


características:

1. volume útil mínimo total correspondente ao necessário a 12 horas de


operação;
2. dois tanques no mínimo;

37
3. suspensão com teor máximo de 10 %;
4. ser dotado de agitador de eixo vertical com rotor situado próximo ao fundo e
potência mínima de 50 w/m3;
5. fundo com declividade mínima de 2 %;
6. descarga de fundo com diâmetro mínimo de 75 mm;
7. saída da suspensão situada pelo menos a cinco cm acima do fundo do
tanque.

O tanque de preparo de suspensão ou os tanques para seu armazenamento,


quando o preparo é feito diretamente neles, devem ser localizados no interior da
casa de química, próximos à área de armazenamento de cal hidratada.

As canalizações de leite de cal devem ser dimensionadas para funcionar com a


velocidade maior possível, preferencialmente igual ou superior a 1,00 m/s, com
diâmetro mínimo de 40 mm e providas de pontos de água de diluição.

Quando a cal hidratada é dosada sob forma de água de cal não são necessários
tanques de armazenamento, devendo existir pelo menos dois saturadores de cal.

9.5 SATURADORES

Os saturadores de cal devem apresentar as seguintes características:

1. dimensões que permitam à solução saturada de cal permanecer sempre com


teor de Ca(OH)2 em torno de 1.700 mg/l;
2. dispositivo para controle da vazão efluente;
3. demais exigências iguais aos tanques de sulfato de alumínio.

9.6 UTILIZAÇÃO DE CLORO

O cloro é formado em cilindros, podendo ser utilizado em estado líquido ou gasoso.

O consumo de cloro necessário para desinfecção da água é estimado em 5 mg/l


com o mínimo de 1 mg/l; para oxidação e preparo de compostos, é estimado de
acordo com a necessidade do tratamento.

Em instalações com consumo superior a 50 kg/dia, deve-se prever a utilização do


cloro em cilindros de uma t e dispositivos para sua movimentação em condições de
segurança.

O depósito para armazenamento de cloro deve ser suficiente para atender a pelo
menos dez dias de consumo máximo.

Em estações com capacidade inferior a 10.000 m3/dia, deve ser previsto


armazenamento para período mínimo de 30 dias.

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Em instalações com consumo de até 50 kg/dia, os cilindros e os aparelhos clorados
podem ser instalados na mesma área. Em instalações de maior consumo, devem ser
instalados em áreas separadas.

Os depósitos devem ser cobertos; se fechados com paredes em sua volta, devem
ser ventilados, sendo que:

1. deve haver ventilação natural por meio de aberturas até o piso;


2. além da ventilação natural, deve haver ventilação forçada, produzida por
exaustor ou insuflador disposto de modo a obrigar o ar a atravessar, rente ao
piso, todo o ambiente a ser ventilado e com capacidade para renovar todo o
ar do recinto no tempo de quatro minutos;
3. as chaves ou interruptores dos aparelhos devem ficar do lado de fora do
recinto;
4. as saídas de ventilação devem ser localizadas de modo a dissipar, para o
lado externo da casa de química, eventuais vazamentos de cloro; a
dissipação não pode incidir sobre a ventilação de outras áreas nem sobre
áreas externas confinadas, mesmo que parcialmente;
5. os cilindros devem ser protegidos da incidência direta da luz solar.

A área de localização dos aparelhos clorados deve contar com os meios de


segurança previstos para a sala de armazenamento de cloro. A ficha de segurança
do produto deve ser conhecida. Os operadores devem ter treinamento especial
sobre o manuseio do cloro.

A cal clorada deve ser dissolvida previamente em água, para ser dosada por via
úmida, sendo que:

1. a concentração máxima de cal clorada na solução deve ser inferior a 10 %;


2. devem existir dois tanques de dissolução com capacidade individual mínima
para 12 horas de operação.

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REFERÊNCIAS

AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Standard Methods for the


Examination of Water and Wastewater. Washington, 2005.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12216: projeto de


estação de tratamento de água para abastecimento público: procedimento. Rio de
Janeiro, 1992.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual prático de análise de água. 2. ed.


rev. Brasília, DF, 2006.

______. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente.


Resolução CONAMA nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação
dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como
estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras
providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 18
mar. 2005. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>. Acesso em: 18
jan. 2012.

______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº


518, de 25 de março de 2004. Estabelece os procedimentos e responsabilidades
relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu
padrão de potabilidade, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República
Federativa do Brasil, Brasília, DF, 26 mar. 2004. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/518_04.htm>. Acesso em: 18 jan. 2012.

VON SPERLING, Marcos. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de


esgotos. 3. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2005.

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