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CAPÍTULO II – SISTEMA DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA

1. TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA

a. Princípios Operacionais

• Grande número de indústrias desenvolve operações que envolvem sistemas de troca


térmica, ou seja, aquecimento ou resfriamento, utilizando a água como fluido de troca
de térmica.
• Dependendo do tamanho do sistema de refrigeração e das condições de operação essa
água pode ser clarificada, abrandada e até mesmo destilada.
• Em geral, usa-se a água in natura, que normalmente tem características corrosivas e
tendência a formar incrustações (superfícies de transferência de calor).
• Nos processos produtivos industriais, normalmente existe a necessidade de que os
fluidos de processo (líquidos e gases) sejam resfriados. Isto é feito através de
trocadores de calor usando-se a água como fluido de resfriamento. A água aquecida na
saída dos trocadores de calor necessita ser reciclada para retirada de mais calor. Para
isto ser possível, é necessário o seu resfriamento em equipamentos conhecidos como
Torres de Resfriamento de Água.
• Existem três tipos principais de sistemas de resfriamento:

a.1. Sistema aberto sem circulação de água

• Água é bombeada diretamente da fonte através do trocador de calor;


• Água é descartada novamente no local de origem ou destinada a outro uso;
• Empregado quando há suficiente disponibilidade de água, com qualidade satisfatória e
a uma temperatura considerada baixa;
• Inviabilidades:
1. Tratamento químico dispendioso, em função do custo, já que a água não é
reaproveitada;
2. Poluição térmica gerada em recursos hídricos, em função da descarga de grandes
volumes de água aquecida;
3. Necessidade de grande quantidade de água.
• Deve-se ressaltar que o único tratamento químico viável seria a cloração.

a.2. Sistema fechado


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• Empregado em processo onde a água deve ser mantida a temperaturas menores ou


maiores do que as obtidas pelos outros sistemas;
• Água re-circula pelo trocador de calor sofrendo refrigeração em sistemas fechados por
meio de outro trocador de calor (resfriador);
• Água aquecida é refrigerada em um trocador de calor secundário, onde o fluido
refrigerante não entra em contato com a água.

a.3. Sistema aberto com circulação de água (semi-aberto)

• Empregado quando há necessidade de uma vazão de água muito grande e a


disponibilidade de água é pequena;
• Após a água passar pelo equipamento de troca térmica, a água de refrigeração circula
através de uma torre de refrigeração (Spray-pond).
• Grande vantagem é a possibilidade de tratamento químico da água a custos baixos;
• Desvantagem é o aumento de concentrações de sólidos, o que exige reposição de água
e uma descarga (purga) para que seja mantido o nível de sólidos admissível.
• Os fatores determinantes da purga são a qualidade da água de reposição e a
concentração máxima de sais na água de resfriamento.

• A água de resfriamento é aquecida nos trocadores de calor e retorna para a parte


superior da Torre de Resfriamento. Ao cair através do enchimento da Torre, a água é
dividida em pequenas gotículas. A queda dessas gotas é atravessada pelo fluxo de ar
gerado por ventiladores localizados no topo da torre (no caso de torres de tiragem
induzida). Isto faz com que parte da água seja evaporada (o ar na entrada da torre
ainda não está saturado em umidade) e, como conseqüência, ocorre uma queda na sua
temperatura. Uma parte da água é também arrastada sob a forma de pequenas
gotículas devido ao fluxo de ar. A água resfriada chega, então, à bacia de água fria, de
onde é novamente bombeada para os trocadores de calor.
• Devido a parte da água que evapora não arrastar sólidos dissolvidos, a água em
recirculação tende a se concentrar em impurezas. Como contramedida, promove-se
uma purga contínua (blow down) para controlar a concentração de impurezas na água
de recirculação.

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• Para compensar as perdas de água por evaporação, arraste e purga, o sistema é


constantemente alimentado com água (make-up). A água de make-up destes sistemas
normalmente é do tipo clarificada (isenta de sólidos em suspensão).
• O rendimento de uma Torre de Resfriamento de Água está ligado diretamente à
umidade relativa do ar. Quanto mais seco o ar atmosférico estiver, mais absorverá
água ao circular através da Torre, resfriando a água que atinge a bacia. Um outro fator
que altera o rendimento é a vazão de ar que pode ser alterada através de modificação
no ângulo das pás dos ventiladores.
• Os fatores que devem ser controlados são a qualidade da água de reposição e o número
de ciclos de recirculação da água.
• O número de ciclos de recirculação é estabelecido em relação a percentagem de
descarga de água e o ciclo de concentração com o objetivo de que seja evitado
problemas de incrustação e como conseqüência de corrosão;
• Ciclo de concentração: razão entre a concentração máxima de sais (cloreto) na água de
resfriamento e concentração de sais na água de reposição (Composição química da
água). É a relação entre o teor de Cl- (cloretos) na água de circulação e o teor de Cl- na
água de make-up (reposição).
• O ciclo de concentração informa quantas vezes qualquer impureza existente na água
de make-up irá concentrar-se na água de circulação devido à evaporação na Torre de
Resfriamento. O ciclo de concentração é controlado através da vazão de purga.
• A tabela abaixo fornece os ciclos máximos de concentração:

• As torres de resfriamento podem ser classificadas em torres de com tiragem natural ou


torres com tiragem mecânica. As com tiragem natural são utilizadas para grandes
capacidades e em clima frio, enquanto as torres com tiragem mecânica possuem
ventiladores para promover o escoamento do ar e são largamente utilizadas no Brasil.
• São fatores importantes em uma torre de resfriamento: o tempo de contato entre o ar e
a água, a grandeza da superfície do recheio interno da torre e a divisão da água em
• No interior de uma torre de resfriamento ocorre a transferência de calor entre a água e
o ar, envolvendo a transferência de calor latente devido a vaporização de uma pequena
porção de água (promove o resfriamento em um autêntico fenômeno de transporte de
calor e massa) e a transferência de calor sensível devido à diferença de temperatura
entre a água e o ar.
• É preciso reforçar que a finalidade das torres de resfriamento não é fornecer água
gelada, mas arrefecer a água quente até uma temperatura um pouco acima da
ambiente, capaz de permitir-lhe o reaproveitamento permanente.

2. BALANÇOS DE MASSA EM TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA

• A figura abaixo representa um esquema de um sistema de refrigeração:

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• Fazendo um balanço de massa global no sistema representado pela figura anterior,


temos:
M = P+E+ A

• O balanço de cloretos para o mesmo sistema será:

C −a .M = C −c .P + C −c . A

• Onde Cl-a representa o teor de cloretos na água de reposição da Torre e Cl -c representa


o teor de cloretos na água de circulação.
• Dividindo a última equação por Cl-a encontra-se:

M = (c.P ) + (c. A)

• Onde c representa o ciclo de concentração do sistema definido anteriormente como:

C −c
c=
C −a

• Assim, chega-se a relação abaixo, que mostra o ciclo de concentração relacionado às


vazões no sistema:
M
c=
P+ A

• Portanto, o ciclo de concentração de um sistema aberto de recirculação de água de


resfriamento é a relação entre a vazão de água de reposição e as perdas líquidas.
• O balanço de cloretos para o mesmo sistema será:
• Existe uma dificuldade natural para se medir as perdas de água por arraste em uma
Torre de resfriamento. A literatura considera estas perdas variando de 0,1% a 0,2% da
vazão de circulação de água.

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3. BALANÇOS DE ENERGIA EM TORRES DE RESFRIAMENTO DE ÁGUA

• Para o balanço de energia em um sistema de resfriamento de água considera-se que a


energia absorvida pela água de resfriamento nos trocadores de calor deve ser
completamente liberada na torre de resfriamento. Isto faz com que a água de
resfriamento (água fria) retorne à sua temperatura original na bacia da torre.
• Assim, como o calor recebido pela água nos trocadores é igual ao calor cedido pela
mesma na torre, temos:

V .c.T = E.H

Onde:
V = vazão de circulação da água (m3 / h);
c = calor específico da água (0,998 kcal / kg a 40oC);
T = diferença de temperatura entre a água na entrada e saída da Torre (oC);
E = vazão de água perdida por evaporação (m3 / h);
H = calor latente de evaporação da água (578 kcal / kg a 40oC).
Logo:

V .T
E=
580

• A fórmula acima mostra que a perda de água por evaporação é de 1% da vazão de


circulação para cada 5,8oC de T.

4. PRINCIPAIS PROBLEMAS OPERACIONAIS

• Corrosão, incrustação e formação de slime são os três principais problemas que


ocorrem em um sistema de água de resfriamento ocasionando:
- Parada do processo produtivo para a realização de manutenção nos trocadores de
calor;
- Redução da vida útil dos equipamentos;
- Aumento do consumo de energia nos motores das bombas de circulação de água
de resfriamento.

a. Corrosão

• Os feixes tubulares dos trocadores de calor e as demais tubulações do sistema de água


de resfriamento são confeccionados em materiais metálicos, que possuem a tendência
natural de retornarem ao seu estado mais estável, ou seja, à forma de óxidos, sais, etc.
• A água de resfriamento reúne uma série de variáveis que favorecem a oxidação dos
metais, ocasionando, desta forma, a corrosão dos equipamentos. Alguns fatores que
influenciam na corrosividade da água de resfriamento são: pH, excesso de cloro livre
utilizado nas clorações, excesso de sólidos em suspensão que pode prejudicar a
formação do filme inibidor de corrosão na superfície metálica, temperatura e
velocidade da água, etc.

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• O inibidor de corrosão irá formar um filme protetor na superfície do metal para evitar
que a água entre em contato com o metal, evitando a corrosão. A tabela abaixo mostra
alguns tipos de inibidores, sua natureza química e características.

b. Incrustação

• Os sais dissolvidos e os sólidos em suspensão na água de resfriamento, e algumas


características físico-químicas (temperatura, pH, etc) e operacionais (tempo de
residência, por exemplo) inerentes ao próprio sistema acarretam o aparecimento de
depósitos e incrustações, principalmente sobre a superfície de troca térmica dos tubos
dos trocadores de calor. Como exemplo pode-se citar os sais de dureza temporária,
como o bicarbonato de cálcio presente em qualquer água clarificada, que pode
precipitar na forma de carbonato com o aquecimento da água na saída dos trocadores,
de acordo com a seguinte reação:


Ca( HCO3 ) 2 ⎯
⎯→ CaCO3  + H 2 O + CO2

• A concentração de dureza cálcio, alcalinidade, temperatura e pH determinam se há ou


não precipitação de carbonato de cálcio, o que ocorre quando de alguma forma o seu
produto de solubilidade é atingido.
• Desta forma, uma vez fixada todas essas variáveis, podemos dizer que existe um pH
crítico no qual inicia-se o processo de precipitação de carbonato de cálcio, o qual é
chamado de pH de saturação. Relacionando o pH de saturação (pHs) com o pH da
água, é possível saber se existe ou não tendência de precipitação de carbonato de
cálcio. Esta relação chama-se índice de Langelier:

Se pH - pHs  0, tendência à precipitação


Se pH - pHs  0, não há tendência à precipitação.

• Para o cálculo do pHs e do índice de Langelier, são necessários os seguintes dados a


respeito da qualidade da água:

- dureza cálcio (como ppm de CaCO3);


- alcalinidade total (como ppm de CaCO3);
- temperatura da água (oF);
- pH;
- sólidos totais dissolvidos (ppm).

• A deposição de carbonato de cálcio sobre a superfície metálica gera um filme protetor


que apresenta alguma eficiência na prevenção da corrosão, pois dificulta o contato do

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oxigênio dissolvido na água com a superfície metálica. Não ocorrendo essa deposição,
a superfície metálica fica exposta e a taxa de corrosão torna-se elevada.
• Baseado neste fato, Riznar propôs um índice que avalia se a água é potencialmente
incrustante ou corrosiva, em função da precipitação ou não de carbonato de cálcio:

Índice de Riznar (IR) = 2 pHs - pH


IR  6 tendência corrosiva;
IR  tendência à incrustação;
IR = 6 situação de equilíbrio.

• O uso dos índices de Langelier e Riznar para avaliar o potencial da água, no que tange
à ocorrência de corrosão e incrustação, deve ser feito com reservas. Estão relacionadas
a seguir algumas restrições ao uso desses índices:

- a temperatura e o pH da água junto à superfície metálica dos tubos dos trocadores


de calor normalmente são superiores a outros pontos.
- Os inibidores de incrustação alteram completamente o equilíbrio químico em
relação ao carbonato de cálcio.

• Um outro sal de fácil precipitação em sistemas de água de resfriamento é o fosfato de


cálcio. Isto ocorre quando são usados polifosfatos e fosfonatos como inibidores de
corrosão. Essas substâncias revertem a ortofosfato (reação de hidrólise) em meio
aquoso. A taxa de reversão pode variar de 40% a 90% e será tanto maior quanto maior
for o tempo de residência do sistema. O ortofosfato então gerado combina-se com o
cálcio da água dando origem ao fosfato de cálcio. A formação e precipitação do
fosfato de cálcio são influenciados por vários fatores: pH, concentração de cálcio e
ortofosfato, temperatura e tempo de residência.

• O dispersante (inibidor de incrustação) tem a função de evitar a formação dos cristais,


uma vez formado o cristal, evitar o crescimento destes, e evitar que ocorra o
agrupamento com outros cristais.
• Os tipos de dispersante mais comuns são a base de fosfonatos, poliéster e outros
polímeros sintéticos que ajudam na formação do filme protetor.

c. Slime

• A qualidade físico-química da água de resfriamento, a possibilidade da mesma ser


contaminada por substâncias nutrientes de microorganismos oriundas do processo
produtivo e o fato da Torre de Resfriamento promover a oxigenação e insolação da
água, originam, conjuntamente, um meio ideal para a proliferação de toda a sorte de
microorganismos, notadamente algas, bactérias e fungos.
• Esses microorganismos dão origem aos bioflocos que se depositam ou aderem em toda
superfície em contato com a água, principalmente os tubos dos trocadores de calor,
originando um depósito não endurecido chamado slime.

• Existem alguns fatores que influenciam a formação de slime dentre os quais pode-se
citar:
- Presença de nutrientes de microorganismos (nitrogênio, fósforo e carbono,
principalmente) nos sistemas de resfriamento alimentados via água de make-up,

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ar, dosagem de produtos químicos ou vazamentos dos fluidos do processo


produtivo.
- Temperatura: no caso de bactérias, a temperatura ideal para proliferação é na faixa
de 30oC a 45oC, que é a faixa comum nos sistemas de água de resfriamento.
- pH: em sistemas de água de resfriamento, é comum controlar-se o pH na faixa de
6,5 a 8,0 para evitar problemas de corrosão e incrustação. Esta faixa coincide com
a faixa ideal de pH para a proliferação de microorganismos.
- Oxigênio dissolvido: bactérias aeróbias obtêm energia através da oxidação de
substâncias orgânicas e, para isso, necessitam que exista oxigênio dissolvido na
água. A água de resfriamento é sempre rica em oxigênio dissolvido pois a Torre
de resfriamento funciona como um verdadeiro aerador.
- Luz solar: um alto índice de insolação acelera o crescimento das algas que, uma
vez mortas, suprem o sistema de nutrientes para os microorganismos que se
nutrem de substâncias orgânicas.
- Concentração de bactérias: a freqüência de problemas de slime é baixa quando a
contagem de bactérias é inferior a 103 colônias / mL. Acima de 104 col / mL, a
freqüência de problemas aumenta.
- Velocidade da água: a sedimentação de bioflocos e de outras partículas em
suspensão ocorre mais facilmente em zonas de baixa velocidade, como o lado do
casco nos trocadores de calor.
• O gráfico abaixo mostra o comportamento do crescimento microbiano em função do
pH da água de resfriamento.

• O Slime pode ser de dois tipos : aderido ou sedimentado. A aplicação de Cloro e de


Biocidas promovem os seguintes efeitos: Esterilização; Dispersão e evita
sedimentação dos sólidos suspensos. Os biocidas mais utilizados são o cloro, o bromo,
a isotiazolina e os peróxidos.

5. TRATAMENTO QUÍMICO DE ÁGUA DE RESFRIAMENTO

• No tratamento químico de água de resfriamento são utilizados basicamente três tipos


de produtos químicos com o objetivo de eliminar / minimizar os problemas citados
anteriormente. São eles:

a. Inibidores de Corrosão

• São substâncias solúveis na água e que têm por finalidade formar sobre a superfície
metálica uma película insolúvel (filme protetor) que a proteja contra a corrosão e que

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seja delgada o suficiente para não comprometer a troca térmica nos trocadores de
calor.
• Os inibidores de corrosão mais utilizados são à base de fosfatos, os quais formam um
filme do tipo precipitado, através da reação com o cálcio presente na água (e com o
zinco adicionado) formando sais insolúveis. Torna-se necessário que a concentração
desses inibidores na água de resfriamento não ultrapasse determinadas faixas. Caso
contrário, a precipitação é excessiva e o filme protetor torna-se demasiado espesso
constituindo-se, dessa forma, em uma resistência à troca térmica.
• Como exemplos de inibidores à base de fosfatos temos os polifosfatos (pirofosfatos,
tripolifosfatos) que são inorgânicos, e os fosfonatos, que são fosfatos orgânicos. No
entanto, essas substâncias apresentam a inconveniente propriedade de, em meio
aquoso, hidrolizarem-se, dando origem ao ortofosfato. Essa reversão para ortofosfato é
favorecida por alguns fatores com um tempo de residência elevado no sistema de
resfriamento.
• Uma vez gerado, o ortofosfato reage com o cálcio e o zinco e recobre por inteiro toda
a superfície metálica, devido à precipitação de sais insolúveis de fosfato de cálcio
[Ca3(PO4)2] e fosfato de zinco [Zn3(PO4)2]. Se a taxa de reversão for elevada, teremos
na água mais ortofosfato e, portanto, maior tendência de deposição de fosfato de cálcio
e fosfato de zinco.
• Os polifosfatos apresentam maior tendência a se reverterem a ortofosfato do que os
fosfonatos. Assim, aconselha-se o uso de fosfonatos em sistemas de resfriamento com
altas concentrações de cálcio e valores elevados de tempo de residência, pH e
alcalinidade. Apesar disso, o uso de inibidores de incrustações de fosfato de cálcio e
fosfato de zinco em conjunto com os polifosfatos e fosfonatos é imprescindível para
evitar a deposição excessiva desses sais.
• A concentração de fosfato a ser mantida na água de resfriamento é função de vários
fatores, sendo o principal deles a concentração de cálcio.
• Inibidores de corrosão à base de cromatos que atuam formando uma camada protetora
de óxidos através da reação direta com a superfície metálica, estão em desuso devido a
sua elevada toxidez quando lançados no meio ambiente.

b. Inibidores de Incrustação

• Para compreendermos o mecanismo de atuação dos inibidores de incrustação,


necessitamos, inicialmente, estudar como as incrustações são formadas nos sistemas
de água de resfriamento.
• Quando uma solução torna-se supersaturada em relação a um determinado sal, alguns
cátions e ânions deste sal se reúnem e dão origem a um pequeno cristal denominado
núcleo cristalino.
• O tempo necessário para que ocorra a formação do núcleo cristalino chama-se tempo
de indução; quanto maior o grau de saturação da solução, menor será o tempo de
indução.
• Uma vez formado, o núcleo cristalino tende a crescer, o que ocorre na medida em que
os cátions e ânions daquele sal se aproximam do núcleo para serem por eles
adsorvidos. Isto faz com que a concentração dos cátions e ânions daquele determinado
sal decaia.
• Se este núcleo cristalino em crescimento está aderido à superfície metálica, com o
tempo haverá sobre a mesma uma rede cristalina chamada incrustação. Se o núcleo em
crescimento estiver no meio aquoso, o mesmo pode se agrupar com outros núcleos (ou

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com outras partículas em suspensão), gerando uma partícula maior e suficientemente


pesada para sedimentar em pontos de baixa velocidade no sistema de resfriamento.
• Pelo exposto, conclui-se que para evitar o fenômeno da incrustação é necessário
observar as seguintes condições:
- evitar a formação do núcleo cristalino;
- uma vez formado, evitar o crescimento do núcleo cristalino e,
- uma vez em crescimento, evitar que o mesmo se agrupe com outros núcleos.
• Os inibidores de incrustação possuem a propriedade de serem adsorvidos pela
superfície cristalina, mesmo quando presentes em pequenas concentrações. Este
fenômeno distorce a estrutura do cristal retardando o seu crescimento. Então, o
período de indução é aumentado, mesmo quando o grau de saturação da solução é
elevado.
• Logo, a formação do núcleo cristalino é evitada. Os núcleos cristalinos que conseguem
se formar, tem a sua velocidade de crescimento minimizada devido a este fenômeno
de distorção da forma cristalina.
• Os inibidores de incrustação, além da capacidade de distorção cristalina, atuam como
dispersantes, ou seja, conferem aos núcleos cristalinos formados cargas eletrostáticas,
o que faz com que os mesmos se repilam, evitando a aglomeração e a conseqüente
deposição.
• Produtos orgânicos sintéticos são utilizados atualmente com boa efetividade na
dispersão dos principais sais que formam as incrustações.

c. Biocidas

• São utilizados para prevenir a formação de slime nos sistemas de água de


resfriamento. O mecanismo de formação do slime está descrito a seguir:
• Partículas sólidas (inorgânicas) em suspensão na água de resfriamento servem como
pontos de aderência e desenvolvimento de microorganismos, os quais produzem
substâncias aderentes (mucilagem).
• Outros sólidos em suspensão aderem, então, ao pequeno biofloco em formação. Esse
processo caminha até o ponto em que o biofloco torna-se suficientemente pesado para
sedimentar, o que ocorre preferencialmente nos pontos de baixa velocidade.
• A aplicação de produtos químicos controladores da formação de slime tem os
seguintes objetivos:
- Esterilização: é o tratamento que objetiva evitar a proliferação de
microorganismos através da morte dos mesmos. Os compostos de cloro são
normalmente utilizados, além de alguns orgânicos nitrogenados-sulfurados.
- Evitar aderência de slime: a capacidade de aderência que os microorganismos e
bioflocos apresentam é devida a uma substância chamada mucilagem. Algumas
substâncias como sais de amônia quaternária e compostos de bromo reagem
com a mucilagem fazendo com que a força de aderência seja minimizada.
- Remoção de slime: trata-se da remoção de slime já aderido através da aplicação
de substâncias que alteram a força de aderência do slime.
- Dispersão de bioflocos: o uso de alguns produtos agem como dispersantes para
os bioflocos em suspensão, evitando a sua sedimentação em zonas de baixa
velocidade.

• A Tabela abaixo mostra alguns dos compostos utilizados no tratamento da água de


refrigeração.

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