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Refrigeração Capítulo 9 Pág.

Capítulo 9 - Evaporadores

9.1. Introdução

Evaporadores são os componentes de um sistema de refrigeração responsáveis pelo


resfriamento de uma corrente de ar ou de um líquido que, posteriormente, será responsável pelo
resfriamento ou congelamento de um produto qualquer. Eventualmente, o evaporador poderá ser
o responsável pelo resfriamento direto do produto, sem um agente intermediário, como é o caso
de evaporadores de contato.
Evaporadores são trocadores de calor que se caracterizam por ter ao menos uma corrente
(interna ou externa) onde o fluido, ou refrigerante, muda de estado (vaporização) durante o
processo de retirada de calor, atuando como a interface entre o processo e o sistema de
refrigeração.

9.2. Tipos de evaporadores

Podem ser classificados de diversas formas, dependendo do processo de transferência de


calor ou do escoamento do refrigerante ou ainda em função da condição da superfície de troca
térmica.

9.2.1. Convecção natural ou forçada

No tipo convecção natural, o fluido que está sendo resfriado escoa devido às diferenças
de massa específica ocasionadas pelas diferenças de temperatura entre as correntes fria e quente.
Atualmente são utilizados basicamente em refrigeradores domésticos, como mostrado na Fig.
9.1. São normalmente chamados de “roll bond” devido ao processo de fabricação onde as chapas
de alumínio são conformadas com o desenho da serpentina e depois coladas, formando os canais
por onde circula o refrigerante.

Figura 9.1. Evaporadores tipo “roll-bond”.

Conforme fulano (xxx), evaporadores com circulação natural também eram utilizados em
câmaras frigoríficas. Esses evaporadores eram montados nas paredes laterais e teto, como
mostrado na Fig. 9.2 e utilizados em câmaras frigoríficas que necessitavam baixas velocidades
do ar e mínima desumidificação do produto. Além do grande volume ocupado e da extrema
dificuldade das operações de degelo, caracterizavam-se pela elevada carga de refrigerante no seu
interior.
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Figura 9.2. Evaporadores tubulares, sem aletas, em câmaras frigoríficas.

No tipo convecção forçada, um ventilador ou bomba é utilizado para circular o fluido


que está sendo resfriado, fazendo-o escoar sobre a superfície de troca térmica que é resfriada
pela vaporização do refrigerante. Na Fig. 9.3 é mostrado um exemplo de evaporador para
resfriamento de ar com circulação forçada através de tubos e aletas.

Figura 9.3. Exemplo de evaporador com circulação forçada de ar.

9.2.2. Fluxo do refrigerante

O escoamento do refrigerante no evaporador pode ser interno ou externo. Essa


classificação é importante, pois os processos de transferência de calor são diferentes. No caso de
escoamento interno, no interior dos tubos, o processo de transferência de calor se dá pela
ebulição convectiva, como mostrado na Fig. 9.4. No caso do escoamento externo, o processo é
chamado de ebulição em piscina ou “poll boiling”, conforme mostrado na Fig. 9.5 e pode ser
encontrada na maioria dos evaporadores resfriadores de líquido (ou chillers).
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Figura 9.4. Processo de ebulição convectiva no interior de tubos.

Figura 9.5. Processo de ebulição em piscina, no exterior de tubos.

9.2.3. Evaporadores de expansão direta (secos) ou inundados

Os evaporadores de expansão direta, ou secos, são projetados para conter apenas a


quantidade de refrigerante demandada pela carga térmica. O refrigerante é alimentado no
evaporador através de um dispositivo de expansão, na quantidade exata para que todo o líquido
seja convertido em vapor antes do refrigerante chegar à sucção do compressor. Em geral, o
controle da alimentação se dá pelo superaquecimento do vapor na saída do evaporador. Na Fig.
9.6 é mostrado um esquema simples de um evaporador de expansão direta onde a alimentação
acontece através de uma válvula de expansão termostática. Esses dispositivos estão limitados a
evaporadores onde o refrigerante vaporiza dentro de tubos.
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Figura 9.6. Esquema de um evaporador seco.

Já o evaporador inundado é projetado para conter um nível constante de refrigerante


líquido dentro do seu interior. A alimentação se dá desde um tanque separador onde o nível do
líquido é mantido constante através da ação de uma válvula tipo boia ou outro controle de nível
adequado. A circulação do refrigerante acontece por convecção natural (termosifão), isto é, pela
diferença de massa específica entre a fase líquida e a fase vapor. A mistura líquido+vapor sobe
até o tanque separador de líquido onde o vapor formado no processo de retirada de calor é
separado, escoando daí para a sucção do compressor. A fração de refrigerante líquido permanece
no tanque separador para daí alimentar o evaporador outra vez. A diferença de pressão estática
na “perna” de líquido que alimenta o evaporador é maior do que na tubulação de saída, onde
existem vapor e líquido, o que faz o refrigerante escoar. Toda a superfície interna do evaporador
permanece “molhada” pelo refrigerante líquido. Na Fig. 9.7 se apresenta um esquema de um
evaporador inundado alimentação por gravidade.

Figura 9.7. Exemplo de um evaporador inundado e alimentação por gravidade.

As vantagens dos evaporadores inundados em relação aos secos, resumidamente, são:

♦ As superfícies do evaporador são melhor utilizadas pois estão completamente molhadas;


♦ Vapor saturado e não superaquecido entra na linha de sucção do compressor (menor
temperatura), reduzindo também a temperatura de descarga do compressor;
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♦ As válvulas que regulam a vazão de refrigerante enviado ao evaporador recebem líquido a


pressão constante, ao invés da pressão de condensação.

Como desvantagens principais, cita-se:

♦ Custo inicial maior;


♦ Maior quantidade (inventário) de refrigerante é necessária para preencher os evaporadores e
tanques separadores;
♦ Acúmulo de óleo lubrificante no tanque separador e evaporadores, necessitando remoção
frequente.

Uma variante dessa classificação é o evaporador inundado com recirculação de


líquido. Nesse caso, o evaporador é alimentado através de uma bomba ou pela pressão do vapor,
através de um arranjo especial. Uma grande quantidade de líquido entra no evaporador, muito
acima da parcela que vaporiza. Um esquema desse evaporador junto com o tanque separador é
apresentado na Fig. 9.8.

Figura 9.8. Exemplo de um sistema de refrigeração com evaporador de circulação forçada


de líquido utilizando uma bomba centrífuga.

Como regra geral, as vantagens apresentadas pelos evaporadores inundados em relação


aos evaporadores secos são:

♦ Superalimentação de líquido em qualquer condição de carga térmica;


♦ Melhor aproveitamento das superfícies internas do evaporador pela ausência de vapor de
flash, maior velocidade de circulação do refrigerante líquido e, consequentemente, maiores
coeficientes de transferência de calor;
♦ Desacoplamento dos evaporadores do sistema de refrigeração, aumentando a flexibilidade e
operação mais eficiente;
♦ Garantia de que o vapor aspirado pelo compressor esteja no estado de vapor saturado,
permitindo que opere com temperaturas de aspiração e descarga reduzidas;
♦ Acúmulo de óleo apenas no tanque separador;
♦ Melhor controle durante o processo de degelo;
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♦ Menores custos de manutenção (na remoção do óleo e nos controles);


♦ Xxxx atendimento de circuitos paralelos.
♦ A diferença de temperatura entre o ar e o refrigerante é pequena, o que é especialmente
interessante em aplicações de baixa temperatura.

As desvantagens são idênticas as do evaporador inundado com recirculação natural:

v Maior custo inicial;


v Maior quantidade (inventário) de refrigerante necessária para preencher os evaporadores
e tanques separadores;
v Acúmulo de óleo lubrificante no tanque separador e evaporadores, necessitando remoção
frequente.

Os evaporadores inundados podem ser alimentados por cima ou por baixo e cada opção
apresenta vantagens e desvantagens. No caso de alimentação por cima, é necessária uma menor
carga de refrigerante e, consequentemente, de um separador de líquido menor. Acontece uma
drenagem natural da serpentina antes do degelo (menos degelo a gás quente) e o transporte de
óleo de uma maneira contínua. Para a alimentação por baixo, há um melhor coeficiente de
transferência de calor no lado do refrigerante e uma melhor distribuição do refrigerante pelos
circuitos da serpentina.
Na Fig. 9.9 é mostrado um exemplo de evaporador inundado com circulação natural,
nesse caso um casco e tubos. Nestes evaporadores o refrigerante circula no casco enquanto o
líquido (água, solução etílica, fluidos térmicos, etc.) circula nos tubos.

Figura 9.9. Evaporador inundado tipo casco e tubos.


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Atualmente, os evaporadores casco e tubos estão sendo substituídos, principalmente pelos


trocadores de placas. A maior vantagem desses trocadores é o melhor desempenho térmico, o
que lhes confere um tamanho relativamente reduzido. Como desvantagens: excessiva perda de
carga e distribuição inadequada do refrigerante. Na Fig. 9.10 apresenta-se um trocador de placas.

Figura 9.10. Exemplo de trocador de calor de placas.

9.2.4. Outros tipos de evaporadores

Os evaporadores são adaptados em relação ao seu tamanho e desempenho térmico


conforme a aplicação. Para aplicações automotivas onde há restrição de espaço, o tamanho e
peso são importantes. Um melhor desempenho térmico impacta no consumo de energia e,
portanto, de combustível, uma vez que o compressor do sistema de refrigeração é, ainda,
acionado pelo motor de combustão do veículo. Na Fig. 9.11 se apresenta um evaporador
utilizado em automóveis.

Figura 9.11. Evaporador de uso em sistemas de ar condicionado automotivo.


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9.3. Transferência de calor no evaporador

Os processos de transferência de calor em um evaporador resfriador de ar podem ser


descritos com o auxílio da Fig. 9.12. Os três processos básicos são: transferência de calor por
convecção no lado externo, transferência de calor por condução através da parede dos tubos e
transferência de calor por ebulição no interior dos tubos.

Figura 9.12. Parâmetros de transferência de calor em um evaporador resfriador de ar.

Duas resistências térmicas adicionais se devem aos fatores de incrustação, tanto no lado
do ar quanto no lado do refrigerante. No lado do ar, a resistência térmica aumenta em função da
formação de geada ou gelo durante a operação do evaporador com temperaturas abaixo da
temperatura de cristalização da água. No lado interno, a resistência térmica aumenta em função
de uma película de óleo que circula no evaporador, junto com o refrigerante.
Para o lado do ar, usualmente utiliza-se um fator de incrustação de 0,0030 m2K/W para
evaporadores que operam com temperaturas abaixo de -20 °C e de 1,0 m2K/W para operação até
-15 °C. No lado interno, utiliza-se um fator de incrustação de 0,0002 m2K/W para evaporadores
em sistemas com compressores parafuso e de 0,0004 m2K/W.

9.3.1. Coeficiente global de transferência de calor

A condutância térmica de um trocador de calor, definida pela Eq. (9.1), deriva da


aplicação direta dos conceitos de resistências térmicas entre os dois fluidos envolvidos no
processo. A condutância térmica pode ser utilizada diretamente para determinar a taxa de
transferência de calor no trocador, juntamente com um dos dois métodos utilizados para esse
cálculo: a diferença de temperatura média logarítmica (LMTD) ou o método da efetividade-
NUT.

1
UA = (9.1)
∑R
onde U é o coeficiente global de transferência de calor, A é a área do trocador de calor, interna
ou externa e ΣR a resistência térmica total.
A resistência térmica total à transmissão de calor entre dois fluídos que circulam em um
evaporador resfriador de ar tipo serpentina aletada pode ser decomposta nas seguintes
resistências térmicas, como mostrado na Eq. (9.2):

∑ R = Ro + Rg + Rt + Rl + Ri (9.2)
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onde Ri é resistência térmica por convecção interna, Rl é a resistência à incrustação do óleo


dentro na parte interna da tubulação do evaporador, Rt é a resistência térmica por condução na
parede dos tubos. No lado externo considera-se a resistência térmica devido ao escoamento do
ar sobre a serpentina, Ro, e a resistência térmica devido à incrustação da camada de gelo formada
durante a operação do evaporador, Rg.
Substituindo na Eq. (9.2) os termos para cada uma das resistências térmicas e
considerando que o tubo é liso internamente, resulta em:

D
Rg ln⎛⎜ o ⎞
⎟ R
1 1 D 1
= + + ⎝ i⎠
+ l + (9.3)
UA η o ho Ao η o Ao 2πk t L Ai hi Ai

onde ηo é a eficiência global do conjunto de aletas, Ao é a área externa do trocador, ho é o


coeficiente de transferência de calor por convecção no lado do ar, Do e Di são os diâmetros
externo e interno do tubo, respectivamente, kt é a condutividade térmica do material do tubo, L é
o comprimento do tubo, Ai é a área interna do trocador e hi é o coeficiente de transferência de
calor por ebulição, no lado do refrigerante. Usando como referência a área externa do trocador, a
Eq. (9.3) fica:

D
Rg ln⎛⎜ o ⎞A
⎟ o A R
1 1 ⎝ D i⎠ A
= + + + o l + o (9.4)
U η o ho η o 2πk t L Ai hi Ai

Um exemplo genérico para o cálculo do coeficiente global de transferência de calor, U,


apresentado em Stoecker (1998), pode ser utilizado para uma análise simples das resistências
térmicas envolvidas no processo. Considere um evaporador formado por tubos de aço, sem
aletas, sendo que o coeficiente de transferência de calor no lado do ar é igual a 60 W/m2K e no
lado do refrigerante é igual a 1200 W/m2K. O diâmetro externo do tubo é de 26,7 mm e o
diâmetro interno igual a 20,9 mm. A condutividade térmica do aço é de 45 W/mK. Utilizando a
Eq. (9.4) e desprezando as resistências térmicas pelas incrustações nos lados externo e interno,
Rg e Rl, a equação fica:

D
ln⎛⎜ o ⎞πD L
⎟ o
1 1 ⎝ D i⎠ A
= + + o
U o ho 2πkt L hi Ai

Como

Ao πDo L Do 26 ,7
= = = = 1,277
Ai πDi L Di 20 ,9

e substituindo na expressão anterior:

1
=
1 ln
+
(26,7 20,9)26,7 1000 + 1,277
U o 60 2(45 ) 1200
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resulta em:
1 1
Uo = = = 56 ,15 W/m 2 K
0
$!,01667
#!"+0$,00007265
!#!" + 0$,!
001064
#! " 0 ,01781
93,6% 0 ,4% 6%

Analisando os resultados apresentados na equação anterior, verifica-se que a resistência


térmica que comanda o processo de transferência de calor está no lado do ar e representa
aproximadamente 93,6% da resistência térmica total.
Para diminuir essa resistência térmica, a alternativa mais viável é aumentar a área externa
pela colocação de aletas.

9.3.2. Uso de aletas

Quando as temperaturas do refrigerante e do fluido de troca térmica são mantidas fixas


(questões de projeto, etc.), há duas maneiras para aumentar a taxa de transferência de calor:

♦ Aumentar o coeficiente de transferência de calor no lado externo do trocador, ho;


♦ Aumentar a área de troca térmica, Ao.

O aumento do coeficiente de transferência de calor no lado externo, ho, implica em


aumentar a velocidade de escoamento do fluido de troca térmica, através de uma maior rotação
do ventilador. Isso pode implicar em um aumento da potência necessária e, consequentemente,
aumento do consumo de energia.
Uma alternativa mais econômica é aumentar a superfície de troca térmica, adicionando
superfícies estendidas à superfície primária, que são chamadas de aletas.
Essas aletas são fabricadas com materiais bons condutores de calor (cobre, alumínio,
etc.). Existem diversos tipos de aletas utilizadas em evaporadores. Na Fig. (9.12) são
apresentados alguns tipos de aletas planas ou contínuas, lisas, corrugadas ou venezianadas, para
tubos circulares ou com outras geometrias.

Figura 9.12. Aletas planas para arranjo de tubos: para tubos circulares – (a) onduladas; (b)
venezianadas e (c) rugosidade da superfície estruturada; (d) venezianas paralelas, venezianadas
para tubos planos e e venezianadas para tubos elípticos.
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Na Fig. (9.13) é apresentado o fluxo de ar sobre algumas dessas aletas.

Figura 9.13. Diferentes configurações de aleta – (a) planas; (b) venezianas em um dos lados; (c)
aletas senoidais; (d) aletas triangulares.

A escolha do tipo de aleta depende de fatores tais como:

♦ Considerações de espaço;
♦ Considerações de peso;
♦ Fabricação e custo;
♦ Queda de pressão (perda de carga) e coeficiente de transferência de calor;
♦ Outros fatores.

O número de aletas varia de acordo com a aplicação. Pode-se encontrar valores desde 3 a
4 aletas/in (118 a 157 aletas por metro linear de tubo) para aplicações de baixa temperatura com
formação de geada, até 8 a 14 aletas/in (315 a 550 aletas por metro), para aplicações de médias a
altas temperaturas. Para aplicações de ar condicionado, o número de aletas é mais elevado. Na
Fig. (9.13) é mostrada a obstrução dos canais formados entre as aletas em função da formação de
geada em aplicações de baixa temperatura. Essa obstrução afeta o desempenho do ventilador,
aumentando a perda de carga e, como consequência, diminuindo sua vazão volumétrica. Como
resultado, nessas aplicações o espaçamento entre aletas é maior.

Figura 9.13. Formação de geada entre aletas.

9.3.3. Mudança de fase do refrigerante no interior de tubos

Os mecanismos de ebulição do refrigerante dentro de um tubo do evaporador são


extremamente complexos. Desta forma, a estimativa do coeficiente de transferência de calor,
para um dado refrigerante dentro de um tubo com um dado diâmetro, fluxo de calor e velocidade
mássica também se reveste de grande dificuldade.
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Figura 9.14. Mecanismos de mudança de fase do refrigerante no interior de tubos horizontais.

Conforme a representação da Fig. (9.14), na entrada do evaporador bolhas e pistões de


vapor escoam junto à fase líquida. Ao longo do evaporador, o fluxo torna-se anular, com o vapor
escoando no centro em alta velocidade enquanto o líquido é jogado contra a superfície interna do
tubo. No final do evaporador encontra-se a região de secagem, que se caracteriza pela condição
de não equilíbrio podendo ainda coexistir líquido e vapor superaquecido, até a secagem total.
Como resultado desses processos de ebulição do refrigerante ao longo do escoamento em
um evaporador, o valor do coeficiente de transferência de calor local varia com a posição em
relação à entrada do evaporador. Na verdade, o título do refrigerante é que varia em função da
posição e o coeficiente de transferência de calor varia também em função do título. Uma
representação desse comportamento é mostrada na Fig. (9.15).

Figura 9.15. Coeficiente de transferência de calor por ebulição, em função do título do


refrigerante para escoamento de R-717 em tubos horizontais, para um fluxo de calor constante.

Como pode ser notada nessa figura, à medida que o título do refrigerante aumenta, o
coeficiente de transferência de calor também aumenta até atingir um ponto de máximo. A partir
desse ponto, a quantidade (e espessura da película) do refrigerante no estado líquido vai
gradativamente diminuindo, com a redução significativa do valor de h, até alcançar a região de
secagem.
Diversas correlações para o coeficiente de transferência de calor estão disponíveis na
literatura, para diferentes refrigerantes, geometrias de tubos, fluxos de calor e velocidade
mássica, como por exemplo, em Thome (2004).
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Uma correlação relativamente simples e bastante utilizada para a determinação do


coeficiente de transferência de calor por ebulição, em tubos de grandes diâmetros, foi proposta
por Shah (1976, 1982) e é apresentada no Apêndice A.

9.3.4. Escoamento no lado externo (do ar)

Da mesma forma que para o escoamento interno, encontra-se na literatura uma infinidade
de equações de correlação para o coeficiente de transferência de calor no lado do ar. Essas
equações são desenvolvidas a partir de dados experimentais para diferentes condições de
velocidade mássica do ar, diâmetros de tubos, espaçamento entre aletas, temperatura do ar e
configuração do arranjo de tubos do evaporador.
Na Fig. (9.16) são mostradas as duas configurações mais usuais em evaporadores. A
configuração sttagered, Fig. 9.16(b) é muito utilizada tanto para aplicações de ar condicionado
quanto de refrigeração. A configuração inline (9.16a) é menos utilizada, uma vez que a área
mínima de escoamento é menor que na configuração staggered e, consequentemente, o
coeficiente de transferência de calor também é menor. Sua aplicação reside, principalmente,
quando a perda de pressão no lado do ar deve ser mantida baixa. Isso acontece em aplicações de
baixa temperatura onde a formação de geada com o eventual bloqueio das passagens do ar entre
as aletas é um parâmetro crucial, reduzindo a frequência de degelo.

Figura 9.16. Configurações usuais em evaporadores para sistemas de ar condicionado e


refrigeração: (a) inline e (b) staggered.

Entretanto, conforme xxxx(xxx), os evaporadores também devem ser projetados para


facilitar ao máximo sua limpeza, principalmente quando utilizados na indústria alimentícia. Na
Fig. (9.17) é mostrada uma imagem de um evaporador após teste com riboflavina.

Figura 9.17. Resultado visual de um teste com solução de riboflavina.


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A solução de riboflavina a 0,2 g/L é aplicada no evaporador com spray e o teste visual
utiliza uma lâmpada UV. O teste mostra quanta água residual, contaminantes e biomassa viável
permanecem aderidas na superfície do trocador. Na figura nota-se a presença de contaminantes,
principalmente na região inferior do trocador.
Ao contrário da configuração staggered, a configuração inline permite uma melhor
aplicação de produtos de limpeza na superfície do evaporador, tanto no sentido paralelo quanto
perpendicular do fluxo de ar e também uma melhor inspeção visual. No entanto, a configuração
staggered induz uma maior turbulência no fluxo de ar, reduzindo assim a taxa de deposição de
sujeira e de geada no evaporador. Essa turbulência também facilita a distribuição dos produtos de
limpeza, o que pode facilitar a sua limpeza, desde que não haja muitos tubos na profundidade.
Outro ponto importante em relação à limpeza é que os tubos dos evaporadores são
expandidos mecânica ou hidraulicamente no colar das aletas, a fim de diminuir a resistência
térmica de contato. Esse tipo de construção permite a presença de regiões onde a deposição de
sujeira é facilidade, dificultando o processo de limpeza, tal como mostrado na Fig. (9.18a-d).

Figura 9.18.

Figura 9.19. Detalhe de um evaporador de aço galvanizado a quente.

Evaporadores fabricados com aço e posteriormente galvanizados a quente eliminam a


presença dessas regiões além de proteger o evaporador da corrosão, como mostrado na Fig.
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(9.19). Entretanto, a superfície rugosa e porosa dos evaporadores galvanizados podem exigir
processos de limpeza mais complexos onde a operação em condição de ausência de bactérias
seja exigida.
Uma melhor alternativa é a utilização de algum recobrimento na superfície que possa
expandir ou contrair, apresente baixa resistência térmica e que mantenha a aleta em contato com
o tubo em qualquer situação, como mostrado na Fig. (9.18c-d).

9.4. Capacidade de um evaporador seco

Considerando que a temperatura do refrigerante permanece (quase) constante durante o


processo de transferência de calor no evaporador, conforme apresentado na Fig. (9.20), a taxa de
transferência de calor no evaporador pode ser calculada conforme a Eq. (9.5):

Q! E = UAΔTml (9.5)

onde U é o coeficiente global de transferência de calor, A é a área total do trocador e ΔTml é a


diferença de temperatura média logarítmica.

Ta,e

ΔT1
Ta,s
Tr ΔT1

Figura 9.20. Processo de resfriamento do fluido de trabalho em um evaporador.

Considerando a Fig. (9.20) onde é representada a variação de temperatura do ar ao longo


do escoamento em um evaporador, considerando que a temperatura do refrigerante mantenha-se
constante ao longo do seu escoamento no interior dos tubos, as diferenças entre as temperaturas
das duas correntes são dadas por:

ΔT1 = Tq − T f = Ta ,e − Tr (9.6)

ΔT2 = Tq − T f = Ta ,s − Tr (9.7)

onde os subscritos q e f referem-se as correntes quente e fria, respectivamente, para auxiliar no


entendimento da expressão. Além disso Ta,e e Ta,s são as temperaturas do ar na entrada e na saída
do evaporador e Tr é a temperatura do refrigerante escoando internamente no evaporador. Assim,
a diferença de temperatura média logarítmica pode ser escrita conforme a Eq. (9.8):
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ΔT1 − ΔT2
ΔTml = (9.8)
⎛ ΔT ⎞
ln⎜⎜ 1 ⎟⎟
⎝ ΔT2 ⎠

Introduzindo as Eq. (9.6) e (9.7) na Eq. (9.8), o resultado fica:

(Ta ,e − Tr ) − (Ta ,s − Tr )
ΔTml = (9.9)
⎛ (Ta ,e − Tr ) ⎞
ln⎜⎜ ⎟
(T
⎝ a ,s − T )
r ⎠

Introduzindo essa equação na Eq. (9.5):

Ta,e − Ta,s
Q! E = UA (9.10)
⎛ (T − T ) ⎞
ln ⎜⎜ a,e r
⎟⎟
( T
⎝ a,s − T r)⎠

Considerando que não haja mudança de fase no lado do ar, isso é, sem condensação do
vapor d’água, a capacidade do evaporador também pode ser dada conforme a Eq. (9.11):

Q! E = m
! a c p (Ta,e − Ta,s ) (9.11)

Igualando as Eq. (9.11) e (9.10):

Ta,e − Ta,s
Q! E = m
! a c p (Ta,e − Ta,s ) = UA (9.12)
⎛ (T − T ) ⎞
ln ⎜⎜ a,e r
⎟⎟
⎝ ( a,s
T − Tr)⎠

Dividindo ambos lados dessa equação por UA(Ta,e-Ta,s), o resultado fica:

Q! E m! c 1
= a p=
⎛ (T − T ) ⎞ (9.13)
UA (Ta,e − Ta,s ) UA
ln ⎜⎜ a,e r
⎟⎟
⎝ ( a,s
T − Tr)⎠

onde m! a é a taxa de massa do ar no evaporador. Organizando os termos e aplicando exponencial


em ambos os lados:

⎡ ⎛ (T − T ) ⎞⎤ ⎡ UA ⎤
exp ⎢ln ⎜⎜ a,e r
⎟⎟⎥ = exp ⎢ ⎥ (9.14)
⎢⎣ ⎝ (Ta,s − Tr ) ⎠⎥⎦ ! a c p ⎥⎦
⎢⎣ m

Resolvendo essa equação:

(Ta,e − Tr ) = exp ⎡⎢ UA ⎤⎥ (9.15)


(Ta,s − Tr ) ! a c p ⎥⎦
⎢⎣ m
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⎡ ⎤
(Ta ,s − Tr ) = (Ta ,e − Tr )exp⎢ − UA ⎥ (9.16)
! a c p ⎥⎦
⎢⎣ m

Trabalhando no termo do lado esquerdo dessa expressão:

(Ta ,s − Tr ) = (Ta ,s − Ta ,e − Tr + Ta ,e ) = −[(Ta ,e − Ta ,s ) − (Ta ,e − Tr )] (9.17)

Lembrando que pela Eq. (9.11):

Q! E
(Ta ,e − Ta ,s ) = (9.18)
! ac p
m

e substituindo essa expressão na Eq. (9.16) junto com a Eq. (9.17):

⎡ ⎤ ⎡ Q! E ⎤
(Ta ,e − Tr )exp⎢ − UA ⎥ = − ⎢ − (Ta ,e − Tr )⎥ (9.19)
! a c p ⎦⎥
⎣⎢ m ! ac p
⎣⎢ m ⎦⎥

Isolando o termo para a capacidade do evaporador:

Q! E ⎡ − UA ⎤
= (Ta ,e − Tr ) − (Ta ,e − Tr )exp ⎢ ⎥ (9.20)
! ac p
m ! a c p ⎦⎥
⎣⎢ m


⎪ ⎡ − UA ⎤ ⎫ ⎪
Q! E = m
! a c p ⎨(Ta ,e − Tr ) − (Ta ,e − Tr )exp ⎢ ⎥⎬ (9.21)
⎪ ! a c p ⎥⎦ ⎪
⎢⎣ m
⎩ ⎭


⎪ ⎛ ⎡ − UA ⎤ ⎞⎫ ⎪
Q! E = ⎨m! a c p ⎜1 − exp ⎢ ⎥ ⎟⎬(Ta ,e − Tr ) (9.22)
⎪ ⎜ ! a c p ⎦⎥ ⎟⎪
⎣⎢ m
⎩ ⎝ ⎠⎭

Para um dado evaporador, operando com taxas de massa constante do lado do


refrigerante e do lado do ar, o termo entre chaves na Eq. (9.22) pode ser considerado
aproximadamente constante.
Dessa forma, a capacidade do evaporador (ou sua taxa de transferência de calor) é
proporcional à diferença de temperaturas entre o ar na entrada e a do refrigerante. Essa constante
é chamada simplesmente de Rating ou Fator e é uma informação mostrada nos catálogos dos
fabricantes de evaporadores, como mostrado na Eq. (9.23):

Q! E = Rating (Ta ,e − Tr ) (9.23)

Na Fig. (9.21) é apresentado um detalhe de um catálogo de seleção de evaporadores.


Nessa figura aparece o modelo do evaporador contendo o número de fileiras de tubos, sua
capacidade (rating) para aplicações de baixa e alta velocidade, dados da serpentina, etc. A
capacidade do evaporador é fornecida de acordo com a Eq. (9.23), isso é, por unidade de
diferença de temperatura (Ta,e – Tr).
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 18

Figura 9.21. Detalhe de uma folha de dados para seleção de evaporadores.

A capacidade do evaporador definida pelas equações anteriores é chamada de seca uma


vez que considera apenas a variação da temperatura de bulbo seco na entrada do evaporador e a
temperatura do refrigerante. É uma forma tradicional de publicar essas informações e que será
analisada posteriormente.

9.4. Evaporadores com desumidificação

Na maioria das aplicações de refrigeração e ar condicionado, a temperatura da superfície


dos tubos do evaporador encontra-se abaixo da temperatura de orvalho do ar, Tdp, na entrada do
trocador. Nesse caso, ocorre a condensação (desumidificação) do vapor d’água presente no ar na
superfície externa do evaporador (tubos e aletas), ocorrendo simultaneamente processos de
transferência de calor e de massa e a serpentina é dita úmida.
Além disso, se a temperatura da serpentina for inferior a 0 °C, haverá formação de geada,
com a consequente diminuição da capacidade do evaporador.
O efeito do resfriamento associado com a desumidificação da corrente de ar é chamado
de taxa de resfriamento latente, Q! L , representado na Fig. (9.22) pela distância AE, enquanto que
o resfriamento associado à diminuição da temperatura da corrente de ar, distância AI, é chamado
de taxa de resfriamento sensível, Q! S . A soma dessas duas quantidades é chamada de taxa de
resfriamento total ou simplesmente capacidade total do evaporador.
Conforme a Eq. (9.24), a relação entre taxa de resfriamento sensível e a taxa de
resfriamento total é chamada de Fator de Calor Sensível, FCS.

AI AI Q! S
FCS = = = (9.24)
AI + AE EI Q! S + Q! L

Conforme pode ser visto na Fig. (9.22), o ar entra no evaporador a uma temperatura e
umidade representada pelo estado E, saindo na condição do estado I. A linha entre os estados E e
I intercepta a curva de saturação do ar no estado S, que representa a condição da superfície do
evaporador. O FCS define a inclinação da linha de processo do ar na carta psicrométrica,
chamado de lei da linha reta. O FCS indica quanta umidade está sendo removida da corrente do
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 19

ar durante o processo de resfriamento. Um FCS unitário indica que a taxa de transferência de


calor do evaporador é toda ela sensível e não há remoção de umidade. Um FCS de 0,8 significa
que 80% da taxa de resfriamento será sensível enquanto que 20% será latente. Se a superfície do
evaporador operar com temperaturas menores que 0 °C, a taxa de formação de geada também
variará conforme o FCS. Um evaporador operando com FCS de 0,7 acumulará geada mais
rapidamente do que um evaporador operando com FCS de 0,9.

Figura 9.22. Representação do processo psicrométrico do ar em um evaporado úmido.

A umidade presente em um espaço refrigerado é proveniente de várias fontes: infiltração


de ar através de portas, respiração pelo produto, umidade presente na superfície do produto,
embalagens ou outros objetos que entram no espaço refrigerado, água residual deixada no piso
da câmara depois de processos de limpeza, respiração humana e, eventualmente, equipamentos
de umidificação (em aplicações acima da temperatura de congelamento).
A manutenção no espaço refrigerado de um valor mínimo de umidade relativa é
importante para a manutenção da qualidade do produto (ressecamento) além de reduzir a perda
de água presente no produto (desidratação) e, como consequência, sua massa.
A desidratação ocorre quando a pressão de vapor do produto for maior que a pressão de
vapor do ar ambiente, sendo a perda de umidade proporcional à diferença das pressões de vapor
e da temperatura da superfície exposta.
5
5.4
5.8

6.2
kJ/k

Water
400
g-K

350
11362 kPa

300
pg
5258 kPa pv
250
2052 kPa
T [°C]

200
622.5 kPa
150

100

50
0.05 0.1 0.2 0.5
0
10-3 10 -2 -1
10 10 0
10 1
102 5x102
3
v [m /kg]

Figura 9.23. Representação das forças motoras do processo de desumidificação de


um produto.
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 20

Na Fig. (9.23) encontra-se representado o diagrama T vs v da água. Nessa figura, pv é a


pressão parcial do vapor d’água, numa dada temperatura e pressão enquanto que pg é a pressão
de saturação da água a uma dada temperatura e pressão. A umidade relativa do ar, φ, é definida
como a relação entre a pressão parcial do vapor e a sua pressão de saturação, conforme a Eq.
(9.25).
p
φ= v (9.25)
pg

Dessa forma, para uma dada temperatura do ar, a força motora do processo de remoção
de umidade do ar é dada pela Eq. (9.26):

Remoção de umidade ∝ p g − pv (9.26)

Esse potencial de remoção de umidade é representado na Tab. (9.1) para três


temperaturas e duas umidades relativas.

Tabela 9.1. Variação do potencial de desumidificação do ar em função da temperatura e da


umidade relativa.

Ta, °C φ, % Pg, kPa Pv, kPa Pg-Pv, kPa


20 80 2,3385 1,8708 0,4677
0 80 0,6113 0,4890 0,1223
-30 80 0,0381 0,0305 0,0076
20 90 2,3385 2,1047 0,2339
0 90 0,6113 0,5502 0,0611
-30 90 0,0381 0,0343 0,0038

Pela análise dessa tabela, pode-se verificar que para a mesma umidade relativa, o
potencial de remoção de umidade do ar diminui cerca de 60 vezes ao reduzir a temperatura de
20 °C para -30 °C, ou seja, o ar mais quente pode conter mais vapor d’água que o ar frio. Para as
mesmas temperaturas do ar na sala, ao aumentar a umidade relativa do ar de 80 para 90%, o
potencial de desumidificação do ar reduz em torno de 50%.
Isso também pode ser verificado analisando-se a carta psicrométrica da Fig. (9.24),
apresentada por (Nelson, 2015), onde estão representados três processos, todos eles com o
mesmo diferencial de temperatura Ta,e-Tr = 5,55 °C = DT, e mesmas umidades relativas. Como
resultado, nota-se que a medida que a temperatura do ar diminui, o FCS aumenta e menor é o
efeito da desumidificação na capacidade total do evaporador. O mesmo autor apresentou os
resultados mostrados na Tab. (9.2), para um DT fixo de 5,55 °C.

Tabela 9.2. Variação FCS em função da umidade relativa e temperatura do ar.

FCS
Ta, °C /φ, % 65 75 85 95
7,2 1,0 0,84 0,67 0,56
0 0,98 0,84 0,73 0,64
-12,2 0,98 0,92 0,87 0,83
-17,8 0,98 0,95 0,92 0,89
-23,3 0,99 0,97 0,95 0,93
-34,4 0,99 0,99 0,98 0,97
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 21

Figura 9.24. Representação de três processos psicrométricos do ar com mesma


umidade relativa e DT = 5,55 °C.
Fonte: Nelson (2015).

Pela observação da Fig. (9.24) e da Tab. (9.2) fica claro que a maior remoção de umidade
e de formação de geada acontecerá em espaços com maiores umidades relativas, menores FCS e
temperaturas da sala maiores que 0 °C.
A umidade relativa da sala e, como consequência o FCS, terão um grande efeito na
capacidade de resfriamento do evaporador, especialmente em salas com temperaturas maiores. A
medida que o FCS diminui, haverá um aumento da capacidade de transferência de calor do
evaporador devido ao processo de condensação ou formação de geada do vapor d’água contido
no ar. Nelson (2015) apresentou uma estimativa do aumento de capacidade do evaporador em
função do FCS, para aplicações com R-717 sobre uma grande faixa de temperaturas do espaço
refrigerado, entre +7,2 até -34,4 °C e que é mostrada na Fig. (9.25). Como pode ser notada, à
medida que o FCS diminui, o aumento da capacidade do evaporador pode aumentar em até 50%
em relação a um evaporador seco.

Figura 9.25. Estimativa do aumento de capacidade do evaporador em função do


FCS.
Fonte: Nelson (2015).
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 22

9.4.1. Modelo para capacidade de evaporadores desumidificadores

Uma curva de estado é uma série de pontos representados na carta psicrométrica, que são
definidos pela condição do ar que escoa através do evaporador. A lei da linha reta, mostrada na
Fig. (9.22), é uma simplificação dessa análise. A curva de resfriamento E-2, mostrada na Fig.
(9.26), representa a diminuição da temperatura do ar a uma umidade absoluta constante, até que
o ar se torne saturado. Do ponto 2 ao ponto 3, a curva segue a linha de saturação até que o ar
deixe o evaporador.

Figura 9.26. Representação do processo de resfriamento e desumificação na serpentina de um


evaporador.

O caminho E-2-3 somente pode ocorrer se toda a massa de ar que escoa pelo evaporador
apresentar temperatura e pressão de vapor uniformes nas seções de escoamento. Como essas
condições não ocorrem, devido a existência de gradientes de temperatura e pressão de vapor, o
caminho E-2-3 não é percorrido ponto a ponto. Outra idealização é o trecho de linha reta que
parte de E e termina do ponto S, uma vez que esse processo só poderia ocorrer se toda a
superfície de troca térmica estivesse úmida e a uma única temperatura em todo trocador. A curva
real de estado se encontra, então, entre as duas curvas ideais mostradas.
O modelo de cálculo apresentado na continuação, considera que a superfície do
evaporador possa estar parcialmente seca e parcialmente úmida.
A taxa de transferência de calor no lado do refrigerante é dada pela Eq. (9.27):

q! = m
! r (ir,s − ir,e ) (9.27)

onde m! r é a taxa de massa do refrigerante, ir representa a entalpia do refrigerante e os sub-


índices e e s as condições na entrada e na saída do evaporador, respectivamente. Notar que o
símbolo para entalpias foi trocado para i para não causar confusão com h, que passará a ser
utilizado para representar o coeficiente de transferência de calor.
O fluxo de calor médio na superfície interna do tubo é dada pela Eq. (9.28):

q!
qʹʹ = (9.28)
π Di L

onde Di é o diâmetro interno do tubo e L o seu comprimento. A velocidade mássica do


refrigerante, Gr, é calculada pela Eq. (9.29):
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 23

!r
m
Gr = (9.29)
Ac

onde Ac é a área transversal do tubo. Os parâmetros Gr, Di, títulos do refrigerante na entrada e na
saída, xe e xs, qʹʹ , além das temperaturas do refrigerante na entrada e saída do evaporador
possibilitam o cálculo do coeficiente de transferência de calor no lado do refrigerante, hi, através
de uma equação de correlação adequada, como a apresentada no Apêndice A.
Conforme a Eq. (9.3), a resistência térmica no lado do refrigerante, é dada pela Eq.
(9.30):

1
Ri = (9.30)
hi Ai

O valor da resistência pela incrustração no lado do refrigerante, Rl, sugerido é de 3,5x10-4


2
m K/W.
Também de acordo com a Eq. (9.3), a resistência térmica pela condução pela parede do
tubo é dada pela Eq. (9.31):

Rc =
(
ln Do
Di ) (9.31)
2π kt L

A taxa de massa do ar através do evaporador é determinada pela Eq. (9.32):

! a = ρ a,eV!a
m (9.32)

onde ρa,e é a massa específica do ar, na condição de entrada do evaporador e V!a é a vazão
volumétrica do ar, em m3/s.
A taxa de capacitância do ar é determinada pela Eq. (9.33), considerando que a superfície
total do evaporador esteja seca, isso é:

C! a,dc = m
! a cʹʹa (9.33)

onde cʹʹa é o calor específico do ar úmido, por unidade de massa de ar seco.


Dessa forma, a capacidade da seção seca do evaporador é calculada conforme a Eq.
(9.34):

q!dc = C! a,dc (Ta,e − Ta,dc,s ) (9.34)

onde Ta,e é a temperatura do ar na entrada do evaporador e Ta,dc,s é a temperatura do ar na saída


da seção seca do evaporador.
A máxima taxa de transferência de calor possível entre o ar e o refrigerante é quando a
temperatura do ar na saída for igual a temperatura do refrigerante na entrada do evaporador, Tr,e,
de acordo com a Eq. (9.35):

q!dc,max = C! a,dc (Ta,e − Tr,e ) (9.35)

Assim é possível determinar a efetividade da seção seca do evaporador, conforme a Eq.


(9.36):
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 24

q!dc
ε dc = (9.36)
q!dc,max

A condutância térmica na seção seca é calculada pela Eq. (9.37):

UAdc = NUTdcC! min,dc (9.37)

onde Adc é a área da superfície seca do evaporador, NUTdc é o número de unidades de


transferência da seção seca do evaporador, considerando um trocador de calor de fluxo cruzado,
com correntes de fluido não misturadas enquanto que C! min,dc é a capacidade térmica mínima.
A resistência térmica total para a transferência de calor na seção seca é o inverso da
condutância térmica, conforme a Eq. (9.38):

1
Rdc = (9.38)
UAdc

Essa resistência térmica é composta pela resistência do lado do refrigerante, pela


resistência à condução de calor pela parede do tubo e pela resistência de convecção no lado do
ar, de acordo com a Eq. (9.39):

Ri + Rc 1
Rdc = + (9.39)
Fdc ho At Fdcηo

onde At é a área total de transferência de calor, ηo é a resistência global das aletas e Fdc é a fração
total do evaporador requerido pela superfície seca.
Como consequência, a área restante do trocador é da superfície úmida, Fwc, dada pela Eq.
(9.40):

Fwc = 1− Fdc (9.40)

A superfície úmida do evaporador é analisada utilizando os conceitos de calor específico


de saturação e condutância da superfície úmida. O calor específico de saturação é utilizado para
considerar o calor latente associado com a condensação do vapor d’água e é calculado de acordo
com a Eq. (9.41):

⎡⎣ia (Tdc,s , p, φ = 1) − ia (Ta,s , p, φ = 1)⎤⎦


cʹʹa,sat = (9.41)
(Tdc,s − Ta,s )

onde ia são as entalpias do ar úmido, em função da temperatura na saída da seção seca, Tdc,s e na
saída do evaporador, Ta,s, respectivamente, para uma dada pressão e na condição de saturação
(umidade relativa de 100%).
A taxa de capacitância do ar na seção úmida é dada pela Eq. (9.42):

C! a,wc = m
! a cʹʹa,sat (9.42)

A condutância térmica da superfície úmida é calculada aumentando-se o coeficiente de


transferência de calor no lado do ar pela relação cʹʹa,sat cʹʹ , a fim de considerar o aumento da taxa
a
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 25

de transferência de energia devido à transferência de massa. A resistência térmica da seção


úmida é dada pela Eq. (9.43):

Ri + Rc cʹʹa
Rwc = + (9.43)
Fwc ho cʹʹa,sat At Fwcηo

Assim, a condutância térmica da seção úmida fica dada pela Eq. (9.44):

1
UAwc = (9.44)
Rwc

O número de unidades de transferência para a seção úmida é dado pela Eq. (9.45):

UAwc
NUTwc = (9.45)
Ca,wc
ʹʹ

O NUTwc é obtido de forma similar ao anterior, considerando um trocador de calor de


correntes cruzadas.
A taxa de transferência de calor na seção úmida é calculada pela Eq. (9.46):

q!wc = ε wcC! a,wc (Tdc,s − Tr,e ) (9.46)

Através de um balanço de energia é possível determinar a temperatura do ar na saída da


seção úmida, conforme a Eq. (9.47):

q!wc
Ta,s = Tdc,s −
! (9.47)
Ca,wc

Esse modelo de cálculo assume que o ar na saída esteja saturado, isso é, umidade relativa
igual a 100%. Com a temperatura de saída e a φ=100% é possível determinar a umidade absoluta
do ar na saída do evaporador.
A capacidade total do evaporador é a soma das capacidades das superfícies seca e úmida,
calculada pela Eq. (9.48):

Q! E = q!dc + q!wc (9.48)

Conhecendo-se as umidades absolutas do ar na entrada e na saída do evaporador, pode-se


determinar a taxa de massa do condensado, em kg/s, conforme a Eq. (9.49):

! cond = m
m ! a ( wa,e − wa,s ) (9.49)
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 26

Referências

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Ashrae Standard 34-92, American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning
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Whitham, G. B., 1974, Linear and Nonlinear Waves, J. Wiley, New York.
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 27

APÊNDICE A: Correlação para o coeficiente de transferência de calor por ebulição em


escoamento interno

Essa correlação foi desenvolvida para a ebulição saturada em fluxos subcríticos e é


aplicável para tubos horizontais e verticais. Além disso, essa correlação pode ser utilizada para
uma grande variedade de títulos, desde zero até condições de secagem que ocorrem com títulos
de 0,8 ou maiores.
Para a elaboração da correlação, o autor utilizou um banco de dados com 780 resultados,
provenientes de dezenove estudos experimentais independentes, oito diferentes fluidos e uma
grande variedade de parâmetros. Essa correlação está baseada em três parâmetros adimensionais:
o número de convecção, Co, o número de ebulição, Bo, e o número de Froude, Frl, na condição
de líquido saturado. Essa equação encontra-se disponível no EES.
O coeficiente de transferência de calor é definido como a relação entre o coeficiente de
transferência de calor por ebulição local, hTP, e o coeficiente de transferência de calor local que
ocorreria se apenas a fase líquida do escoamento bifásico estivesse presente, hliq, (chamado de
coeficiente de transferência de calor superficial da fase líquido), de acordo com a Eq. (A.1):

hTP
ψ = (A.1)
hliq

O coeficiente de transferência de calor superficial da fase líquido, hliq, é determinado


usando a correlação de Gnielinsky (1976), conforme a Eq. (A.2):

⎡ ⎤
⎢ f liq (Re Di − 1000) Prliq ⎥k
hliq =⎢ 8 ⎥ liq
(A.2)
⎢ ⎛ 2 3 ⎞ f liq ⎥ Di
⎢1 + 12 ,7⎜ Prliq − 1⎟ ⎥
⎣ ⎝ ⎠ 8 ⎦

onde fliq é o fator de atrito associado ao escoamento da fase líquido, Re é o número de Reynolds
calculado para o diâmetro interno do tubo, Di, e considerando somente a taxa de massa da fase
líquido, Prliq é o número de Prandtl e kliq a condutividade térmica do refrigerante, ambos
considerando o estado de líquido saturado.
O número de Reynolds, Re, é calculado conforme a Eq. (A.3):

G(1 − x )Di
Re Di = (A.3)
µliq

onde G é a velocidade mássica, x é o título do refrigerante e µliq é a viscosidade dinâmica do


refrigerante, na estado de líquido saturado.
A velocidade mássica, G, é dada pela Eq. (A.4):

m!
G= (A.4)
Ac
! é a taxa de massa do refrigerante (líquido+vapor) e Ac é a área transversal do tubo.
onde m
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 28

O fator de atrito fliq é calculado pela correlação de Petukov (Petukov, 1970), para
escoamento monofásico completamente desenvolvido, em regime turbulento e em tubos lisos,
conforme a Eq. (A.5):

1
f liq = (A.5)
[0,79 ln(Re Di ) − 1,64]
O número de convecção, Co, é definido pela Eq. (A.6):

0 ,8 0, 5
⎛1 ⎞ ⎛ ρ vap ⎞
Co = ⎜ − 1⎟ ⎜ ⎟ (A.6)
⎝x ⎠ ⎜ρ ⎟
⎝ liq ⎠
onde x é o título do refrigerante e ρ sua massa específica. Os sub índices l e v representam a
condição de líquido saturado e de vapor saturado, respectivamente.
O número de ebulição, Bo, é definido como a relação entre o fluxo de calor na parede e o
fluxo necessário para vaporizar completamente o fluido, de acordo com a Eq. (A.7).

qʹʹ
Bo = (A.7)
Ghlv

onde qʹʹ é o fluxo de calor, G é a velocidade mássica e hlv é a entalpia de vaporização, isso é, a
diferença entre as entalpias específicas de vapor saturado e líquido saturado. O fluxo de calor do
trocador é calculado conforme a Eq. (A.8):

Q! e
q ʹʹ = (A.8)
Ai

onde Ai é a área interna dos tubos, conforme a Eq. (A.9) e Q! e é a capacidade do evaporador,
calculada através do balanço de energia entre entrada e saída do evaporador.

Ai = ( πDi Lt )N t N p (A.9)

onde Lt é comprimento do tubo, Nt se refere ao número de tubos por fileira e Np é o número de


tubos na profundidade.
O parâmetro adimensional número de Froude, FrL, é definido de acordo com a Eq.
(A.10). Esse parâmetro representa a relação entre as forças de inércia do fluido e a força
gravitacional.

G2
FrL = 2
(A.10)
ρ liq gDi

onde g é a aceleração da gravidade.


A correlação mostrada necessita de um parâmetro adimensional adicional, chamado de N.
Para tubos horizontais e FrL ≤ 0,04, o valor de N é calculado pela Eq. (A.11):
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 29

−0 ,3
N = 0,38CoFrL (A.11)

A solução da equação da correlação de Shah é encontrada então utilizando as Eq. (A.12)


até (A.14):
Para N>1:

ψ nb = 230 Bo se Bo ≥ 0,3x10−4 (A.12)

ψ nb = 1 + 46 Bo se Bo < 0,3x10−4 (A.13)


ψ cb = 1,8N −0,8 (A.14)

Dessa forma, o valor do parâmetro ψ que é utilizado na Eq. (A.1) é dado pela Eq. (A.15):

ψ = max(ψ nb,ψ cb ) (A.15)

Para 0,1 <N≤ 1,0:

ψ bs = F Bo exp 2,74 N −0,1 ( ) (A.16)


e
ψ = max(ψ bs,ψ cb ) (A.17)

sendo ψcb calculado pela Eq. (2.26).

Para N≤ 0,1:

ψ bs = F Bo exp 2,47 N −0,15( ) (A.19)


e
ψ = max(ψ bs ,ψ cb ) (A.20)

A constante F utilizada nas equações anteriores é dada por:

F = 14 ,7 para Bo ≥ 11x10 −4 (A.21)


ou
F = 15,43 para Bo < 11x10 −4 (A.22)

Como a correlação de Shah (1982) permite estimar o valor do coeficiente de transferência


de calor local, hTP, para a análise do trocador de calor será utilizado um coeficiente de
transferência de calor médio, h , determinado a partir da Eq. (A.23), integrada ao longo do
comprimento de um tubo do trocador, conforme Nellis e Klein (2009).

GDi hlv xf
h= ∫0 hTP dx (A.23)
4Lt qʹʹ
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 30

onde Lt o comprimento do tubo e xf é o título do refrigerante na saída do evaporador. A entalpia


de vaporização, hlv, é determinada pela diferença entre as entalpias do vapor saturado e do
líquido saturado na temperatura de saturação, como comentado anteriormente.
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 31

APÊNDICE B: Correlação para o coeficiente de transferência de calor por convecção forçada no


lado do ar

Uma correlação muito utilizada para a estimativa do coeficiente de transferência de calor


por convecção forçada para o lado do ar foi desenvolvida por Wang et al. (2000), para aletas
planas e tubo.
As correlações de correlação para a transferência de calor no lado do ar são, geralmente,
apresentadas em função do fator de Colburn, jH, conforme a Eq. (B.1):

h 2
jH = Prar 3 (B.1)
ρc pu

Assim, o coeficiente de transferência de calor por convecção pode ser representado de


acordo com a Eq. (B.2):
jH ρ c p u jH c p (B.2)
h= 2
= Gar 2
Prar 3
Prar3

onde ρ é a massa específica do ar, cp o seu calor específico, u a velocidade média de escoamento
e Prar o número de Pradtl. Assim, a estimativa do coeficiente de transferência de calor conforme
a correlação de Wang (2000) é dada pela Eq. (B.3):
P5 P6 −0,93
⎡ F ⎤ ⎡ F ⎤ ⎡F ⎤ c p,ar
hWang,2000 = 0,086 RedcP3 N pP 4 ⎢ p ⎥ ⎢ p ⎥ ⎢ p ⎥ Gar 2
(B.3)
⎣ Dc ⎦ ⎣ Dh ⎦ ⎣ xt ⎦ Prar3

onde Redc é o número de Reynolds considerando o diâmetro do colarinho da aleta, Np é o número


de tubos na profundidade, Fp é o passo das aletas, Dc é o diâmetro externo do colarinho da aleta,
Dh é o diâmetro hidráulico e xt é o espaçamento transversal entre aletas. Os expoentes P3 a P6 são
apresentados a seguir.
O número de Reynolds é dado pela Eq. (B.4):

ρ ar umax Dc
Redc = (B.4)
µ ar

onde ρar e µar são a massa específica e a viscosidade dinâmica do ar. O diâmetro do colarinho da
aleta é dado pela Eq. (B.5):

De = De + 2e (2.39) (B.5)

onde De é o diâmetro externo do tubo e e é a espessura da aleta. A velocidade máxima de


escoamento, umax, é dada pela Eq. (B.6):

u ar
u máx = (2.40) (B.6)
σ

onde uar é a velocidade de face do ar na entrada do trocador e σ é a relação entre a área livre mínima, Amin, e a área
frontal, Afr, conforme a Eq. (2.41):

Amin
σ = (2.41)
A fr
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 32

A área livre mínima, Amin, para um arranjo alinhado de tubos, é calculada pela Eq. (2.42), e representa a
área do banco de tubos menos a área bloqueada pelas aletas.

H
Amin = [( X t − De )Lt − ( X t − De )eN a ] (2.42)
Xt

onde Na é o número de aletas, H é a altura da aleta e Xt é o passo transversal dos tubos. A área frontal, Afr, é então
dada pela Eq. (2.43):

A fr = HLt (2.43)

O diâmetro hidráulico, Dh, é dado pela Eq. (2.44):

4 Amin La
Dh = (2.44)
At

onde La é o comprimento da aleta.


Os expoentes utilizados na Eq. (2.37) são mostrados a seguir, conforme as Eq. (2.45) a (2.48):

⎡ ⎛F 0 ,41 ⎤
0,042 N p ⎞
P3 = −0,361 − + 0,158 ln⎢ N p ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ (2.45)
ln(Redc ) ⎢⎣ ⎝ c D ⎠ ⎥⎦

1,42
⎛X ⎞
0,076⎜⎜ l ⎟⎟
⎝ Dh ⎠
P4 = −1,224 − (2.46)
ln(Re dc )

0,058N p
P5 = −0,083 + (2.47)
ln(Redc )

⎛ Re ⎞
P6 = −5,735 + 1,21 ln⎜ dc ⎟ (2.48)
⎜ Np ⎟
⎝ ⎠
onde Xl é o passo longitudinal dos tubos e Np é o número de tubos na profundidade. A área total, At, do trocador é
dada pela soma da área primária, Ap, e da área secundária, Af, das aletas, conforme a Eq.(2.49):

At = Ap + A f (2.49)

As áreas primárias, Ap, e secundária, Af, são calculadas de acordo com a metodologia mostrada em Shah e Sekulic
(2003), para a condição de distribuição de tubos em linha, ou seja, tubos dispostos 90° em relação aos demais e as
aletas planas, e representadas pelas Eq. (2.50) e (2.51), respectivamente.

⎡ D2 ⎤
A p = πDe (Lt − eN a )N tt + 2⎢ La H − π e N tt ⎥ (2.50)
⎣⎢ 4 ⎥⎦
Refrigeração Capítulo 9 Pág. 33

⎡ De 2 ⎤
A f = 2 ⎢ La H − π N tt ⎥ N a + 2eHN a (2.51)
⎢⎣ 4 ⎥⎦

onde Ntt é o número total de tubos, La é o comprimento da aleta e Na corresponde ao número total de aletas.

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