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CONSUMO DE ÁGUA EM ESCOLAS PÚBLICAS: UMA REFERÊNCIA PARA O


MUNICÍPIO DO RECIFE - PERNAMBUCO

Thesis · December 2016


DOI: 10.13140/RG.2.2.21060.63369

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1 author:

Simone Rosa da Silva


Universidade de Pernambuco
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UNIVERSIDADE DE PERNAMBUCO

ESCOLA POLITÉCNICA DE PERNAMBUCO

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

SIMONE ROSA DA SILVA

CONSUMO DE ÁGUA EM ESCOLAS PÚBLICAS: UMA


REFERÊNCIA PARA O MUNICÍPIO DO RECIFE -
PERNAMBUCO

Recife
2016
SIMONE ROSA DA SILVA

CONSUMO DE ÁGUA EM ESCOLAS PÚBLICAS: UMA


REFERÊNCIA PARA O MUNICÍPIO DO RECIFE -
PERNAMBUCO

Defesa pública de trabalho original apresentado à


Universidade de Pernambuco com vista à promoção ao
cargo de professor associado, de acordo com a
resolução do CONSUN nº 002/2013.

Recife
2016
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Universidade de Pernambuco – Recife

Silva, Simone Rosa da


S586i Consumo de água em escolas públicas: uma referência
para o município do Recife /Simone Rosa da Silva. – Recife:
UPE, Escola Politécnica, 2016
66 f.

Trabalho original (Engenharia Civil) Universidade de


Pernambuco, Escola Politécnica, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil, 2016.

1. Saneamento 2. Recursos Hídricos 3. Consumo de água


– Escolas Públicas – Recife - Indicadores I. Engenharia Civil
– Trabalho Original. Universidade de Pernambuco, Escola
Politécnica, Programa de Pós-Graduação em Engenharia
Civil. II. Título.

CDD: 628.1
Aos meus filhos, pelas horas roubadas do convívio familiar,
Vinícius e Gabriel.

À equipe do AquaPOLI,
pela dedicação e empenho na pesquisa.
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor Vanildo Souza de Oliveira, meu marido, pelo apoio incondicional ao
desenvolvimento deste trabalho. Aos meus filhos, Vinícius e Gabriel, pela compreensão do
tempo dedicado à realização desta pesquisa. Aos meus pais, pelo permanente incentivo no
meu avanço profissional.

Aos docentes da Escola Politécnica da UPE, especialmente aos colegas do PEC, do Mestrado
Acadêmico em Engenharia Civil e do curso de Engenharia Civil da POLI/UPE pelas
discussões e troca de experiências. Um agradecimento especial à Professora Doutora Kalinny
Patrícia Vaz Lafayette, pelo apoio e consideração na realização da pesquisa e ao Professor
Doutor Willames de Albuquerque Soares, pelo suporte na metodologia de análise estatística
do trabalho, por compartilhar ideias e experiências e pela sua disponibilidade em colaborar.

À Secretaria de Adiminstração do Estado de Pernambuco (SAD), à Secretaria Estadual de


Educação (SEE) de Pernambuco por disponibilizarem informações fundamentais ao
desenvolvimento desta pesquisa. Além de toda a equipe dessas instituições, um
agradecimento especial à equipe da Gerência Técnica de Energia, Águas e Saneamento
(GTEAS) da SAD que, desde 2013 apoia, incentiva e divulga os trabalhos do AquaPOLI.

À COMPESA, pela cessão de dados e equipamentos para monitoramento do consumo de água


nas escolas, bem como pela colaboração de sua equipe técnica.

Aos funcionários da Escola Politécnica de Pernambuco, pela atenção dispensada nas


atividades de pós-graduação, graduação e extensão e pelo pronto atendimento às minhas
solicitações. Em especial, à Secretária Lúcia Vieira Correia pelo auxílio na confecção dos
documentos do concurso.

Finalmente, à equipe do Grupo AquaPOLI, alunos, orientandos e egressos da Escola


Politécnica da UPE pelo empenho e dedicação no desenvolvimento das atividades
acadêmicas. Agradecimento particular aos alunos envolvidos na coleta de dados em campo
das escolas: Carlos André de Holanda Florêncio e Silva, Juliana Farias Santos de Moraes,
Thayná Russo de Barros Wanderley, Thiago Souza do Nascimento, Thamiris Lessa da Silva e
ao Eng. Luiz Gustavo Costa Ferreira Nunes e Anna Eliz Paz Soares pelo suporte na análise
dos dados e elaboração final do documento. A evolução técnica de cada um dos alunos é
gratificante e motiva constantemente a continuidade das minhas atividades profissionais na
UPE.
Consumo de água em escolas públicas: uma referência para o município do
Recife - Pernambuco
RESUMO

A preocupação crescente com a escassez hídrica, especialmente em áreas urbanas, tem


motivado estudos para o aumento da eficiência hídrica em edificações. As edificações do tipo
escolar possuem características particulares e o padrão de consumo pode variar em função do
tipo de escola e características regionais. Esta pesquisa teve como principal objetivo definir
um Indicador de Consumo (IC) de água para as escolas públicas estaduais de Recife-PE,
representivo da realidade das escolas locais. O consumo de água em edifícios é normalmente
estimado através de um IC, definido como a relação entre o volume de água consumido em
um determinado período de tempo e a quantidade de agentes consumidores. A metodologia
consistiu no levantamento de dados históricos de consumo de água e da população de todas as
escolas públicas estaduais do Recife, levantamento cadastral das edificações, cálculo dos
indicadores de consumo no período 2012-2014 e por fim, cálculo dos indicadores de
referência. Esta pesquisa obteve valores de referência para o IC de água em escolas públicas
do Recife, de acordo com as tipologias dos prédios escolares e o índice de atendimento de
água nos bairros. Os resultados obtidos indicaram uma faixa de referência para o IC de água
calculado para o conjunto de todas as tipologias escolares do Recife de 13,0 ± 2,0 L/aluno/dia,
com 95% de confiança. A análise das escolas em grupos, classificadas em quatros tipologias
escolares conduziu as seguintes faixas de referência: 10,5 ± 1,5 L/aluno/dia para as escolas
regulares, 14,0 ± 4,0 L/aluno/dia para as escolas do tipo EREM Semi-Integral, 22,0 ± 7,0
L/aluno/dia para a tipologia EREM Integral, e 20,5 ± 8,5 L/aluno/dia para as escolas técnicas.
Também foi realizada uma segunda análise considerando o critério de atendimento de água
pela concessionária, e as faixas de referência variaram entre 15,5 ± 2,5 L/aluno/dia para as
escolas que são abastecidas todos os dias, até 9,5 ± 2,5 L/aluno/dia nas escolas que são
abastecidas em menos de 50% do tempo. A comparação dos resultados encontrados para as
escolas regulares com estudos encontrados na literatura indica que os resultados obtidos nesta
pesquisa corroboram com os autores nacionais e internacionais. Os resultados obtidos nessa
pesquisa servem de referência para o desenvolvimento de programas de conservação de água
para as escolas públicas da região e demais capitais do Nordeste.

Palavras-chave: indicadores de consumo de água; conservação de água; escolas públicas;


saneamento.
Water consumption in public schools: a reference to the city of Recife -
Pernambuco

ABSTRACT

The growing concern with water scarcity, especially in urban areas, has prompted studies to
improve water efficiency in buildings. Schools' buildings have particular characteristics and
the pattern of water consumption can vary depending on the type of school and regional
characteristics. This research aimed to set a water consumption indicator (CI) to the public
schools of Recife-PE, representing the local reality. The water consumption in buildings is
typically estimated by a CI, defined as the ratio between the volume of water consumed in a
given period of time and the amount of consumer agents. The methodology consisted of
surveying historical water consumption data and the population of all state public schools at
Recife, cadastral survey of buildings, calculation of consumption indicators for the period
2012-2014 and the calculation of benchmarks. This study found the CI reference values for
public schools at Recife, according to the typologies of school buildings and water service
rate in the neighborhoods. The results pointed out to a reference water consumption indicator,
for the set of all school types at Recife, of 13,0 ± 2,0 L/student/day, with 95% confidence.
The analysis of schools, classified into four different types, conducted the following reference
ranges: 10,5 ± 1,5 L/student/day for regular schools, 14,0 ± 4,0 L/student/day for EREM
semi-integral type, 22,0 ± 7,0 L/student/day for EREM integral type, and 20,5 ± 8,5
L/student/day for technical schools. It was also performed a second analysis considering the
criterion of water services provided by the local water concessionaire, and reference ranges
varied between 15,5 ± 2,5 L/student/day for schools that are daily supplied, and 9,5 ± 2,5
L/student/day in schools that are supplied in less than 50% of the time. Comparison between
the results found for the regular schools group and results from other studies found in the
literature indicates that the outcomes obtained in this study corroborate the national and
international authors. The results from this study serve as reference for the development of
water conservation programs for or public schools in the region and others capitals of the
Northeast.

Keywords: water consumption indicators; water conservation; public schools; sanitation.


9

SUMÁRIO

RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................. 10
1.1 Relevância da Pesquisa ................................................................................................................................ 12
1.2 Objetivos ..................................................................................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................................................................ 14
2. REFERENCIAL TÉORICO .............................................................................................................................. 15
2.1 Conservação de Água em Edificações ......................................................................................................... 15
2.1.1 Ações de conservação de água no Brasil .............................................................................................. 16
2.1.3 Ações do AQUAPOLI .......................................................................................................................... 18
2.2 Estudos de Conservação de Água em Edificações Escolares ...................................................................... 19
2.3 Indicador de Consumo de água (IC) ............................................................................................................ 20
2.3.1 Parâmetros internacionais ..................................................................................................................... 22
2.3.2 Parâmetros Nacionais ........................................................................................................................... 25
3. METODOLOGIA ............................................................................................................................................. 28
3.1 Levantamento dos dados históricos ............................................................................................................. 28
3.2 Cálculo das estatísticas de consumo de água potável .................................................................................. 30
3.3 Cálculo do indicador de consumo de água .................................................................................................. 31
3.4 Cálculo dos indicadores de referência ......................................................................................................... 32
3.5 Levantamento dos Dados Cadastrais ........................................................................................................... 33
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................................................... 35
4.1 Indicadores por tipologia escolar ................................................................................................................. 35
4.2 Indicadores por índice de atendimento de água ........................................................................................... 46
4.3 Análise comparativa com estudos anteriores ............................................................................................... 52
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ......................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................... 57
APÊNDICE A ....................................................................................................................................................... 63
8

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 4.1 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de todas as escolas de Recife dos anos de 2012-2014. ..... 38
Gráfico 4.2 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas regulares de Recife dos anos de 2012-2014. . 39
Gráfico 4.3 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas EREM Semi-Integral de Recife dos anos de
2012-2014.............................................................................................................................................................. 41
Gráfico 4.4 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas EREM Integral de Recife dos anos de 2012-
2014. ...................................................................................................................................................................... 42
Gráfico 4.5 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das Escolas Técnicas de Recife dos anos de 2012-2014. . 44
Gráfico 4.6 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de referência das escolas de Recife, por tipologia, nos anos
de 2012-2014. ........................................................................................................................................................ 45
Gráfico 4.7 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo I do Recife dos anos de 2012-2014. ... 48
Gráfico 4.8 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo II do Recife dos anos de 2012-2014. .. 49
Gráfico 4.9 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo III do Recife dos anos de 2012-2014. . 50
Gráfico 4.10 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de referência das escolas de Recife, por calendário de
abastecimento, nos anos de 2012-2014. ................................................................................................................ 51
Gráfico 4.11 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo II do Recife dos anos de 2012-2014. 53
9

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Indicadores de consumo de água em edificações escolares. ............................................................ 22


Tabela 2.2 - Indicadores de Consumo de água para escolas no mundo. ............................................................... 25
Tabela 2.3 - Indicadores de Consumo para escolas no Brasil. .............................................................................. 27
Tabela 3.1 – Prédios sob reponsabilidade da SEE-PE em Recife. ........................................................................ 29
Tabela 4.1 – Valores de IC de referência para escolas públicas do Recife. .......................................................... 45
Tabela 4.2 – Valores de IC de referência por calendário de abastecimento. ........................................................ 51
10

LISTA DE SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas


COMPESA Companhia Pernambucana de Saneamento
DMAE Departamento Municipal de Água e Esgoto de Porto Alegre
EJA Educação de Jovens e Adultos
EREM Escola de Referência do Ensino Médio
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
GTEAS Gerência Técnica de Energia, Água e Saneamento
IC Indicador de Consumo
IFPE Instituto Federal de Educação de Pernambuco
IU Índice de Percepção dos Usuários
NA Número de Agentes Consumidores
PCA Programa de Conservação de Água
PEGAE Programa Estadual de Gestão de Água e Esgoto em Prédios Públicos
PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
POLI Escola Politécnica de Pernambuco
PURA Programa de Uso Racional da Água
RMR Região Metropolitana do Recife
SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo
SAD Secretaria de Administração do Estado de Pernambuco
SEE Secretaria Estadual de Educação
SINDUSCON Sindicato da Construção Civil
UFBA Universidade Federal da Bahia
UPE Universidade de Pernambuco
UNESCO
UNICEF União
USP Universidade de São Paulo
TECLIM Rede de Tecnologias Limpas da Escola Politécnica da Bahia
11

1. INTRODUÇÃO

A demanda total de água doce no mundo é de cerca de 11% da vazão média dos rios, dos
quais 70% são utilizados pelas atividades agrícolas, 20% pelas industrias e 10% são referentes
à demanda do consumo doméstico e uso consuntivo municipal (REBOUÇAS, 2001). No
entanto, Richter et al. (2013) defendem que o fato da agricultura representar uma proporção
tão grande do consumo de água não absolve os centros urbanos da responsabilidade pela
escassez desse recurso, pois as cidades são diretamente dependentes da agricultura para seu
sustento.

A UNESCO (2016) estima que desde 1980, a captação de água doce tem aumentado cerca de
1% ao ano mundialmente, principalmente devido à crescente demanda dos países em
desenvolvimento. O uso da água nas cidades tem aumentado em consequência da rápida
urbanização, do aumento da industrialização, e da melhoria no padrão de vida em geral,
enquanto que mudanças climáticas, poluição e má governança afetam a disponibilidade de
água potável, causando um desequilíbrio entre oferta e demanda de água. Segundo Gonçalves
et al. (2005), essa realidade tem provocado a adoção de medidas que objetivam disciplinar o
uso da água nas cidades, como programas de conservação e uso racional da água em
edificações.

No Brasil, de acordo com Rebouças; Braga; Tundisi (2006), a disponibilidade hídrica


nacional somada à produção hídrica da Amazônia internacional representa 53% da produção
de água doce da América do Sul e 12% do total mundial, cerca de 1,5 milhões de m³/s. Apesar
de ser considerado um país rico em água, o Brasil é marcado pela distribuição espacial
desigual dos recursos hídricos ao longo de seu território. Segundo a ANA (2013), cerca de
80% de sua disponibilidade hídrica está concentrada na região hidrográfica Amazônica, onde
se encontra o menor contingente populacional e valores reduzidos de demandas consuntivas.
A região nordeste, onde se encontra 28% do contingente populacional do país, apresenta
apenas 3% dos recursos hídricos.

Pernambuco é o estado brasileiro com a menor disponibilidade hídrica per capita, com parte
de seu território na região do semiárido, sofre com eventos de seca no interior e de
racionamento na Região Metropolitana de Recife (RMR). A região Nordeste do Brasil desde
12

2012 enfrenta a pior seca dos últimos 30 anos, conforme têm sido amplamente divulgado pela
mídia, repercutindo em eventos críticos de seca em vários municípios.

Para enfrentar o desequilíbrio entre a demanda e a disponibilidade de água potável, diversos


autores apontam a necessidade do desenvolvimento de ações de conservação de água em
sistemas prediais, visando não só redução do consumo, mas a busca por fontes alternativas de
água, como o reuso de águas pluviais e cinzas. (GONÇALVES et al, 2005; BRITTO;
KIPERSTOK, 2013; KIPERSTOK et al, 2009)

Diante do exposto, foi desenvolvido o presente trabalho, no âmbito do Programa de


Conservação de Água em Edificações Públicas, desenvolvido pelo Grupo de Recursos
Hídricos da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco – AquaPOLI. O referido
programa é fruto da parceria entre a Escola Politécnica de Pernambuco (POLI), Secretaria de
Administração (SAD) e Secretaria de Educação (SEE) do Estado de Pernambuco, cujo
objetivo é o diagnóstico do consumo de água nos prédios públicos estaduais e promoção de
programas de conservação de água visando à redução do consumo de água potável. Um dos
projetos desse Programa abrange o estudo das escolas públicas estaduais, originando os
resultados ora apresentados.

O presente trabalho é focado na avaliação quantitativa do consumo de água potável nos


distintos tipos de escolas públicas do Recife, limitando-se a analisar os dados históricos dos
últimos anos. No município do Recife as escolas públicas estaduais são classificadas em
regulares, Escolas de Referência do Ensino Médio (EREM) ou Escolas Técnicas. Não foram
considerados aspectos qualitativos da água, nem tampouco foi analisado se os valores
consumidos são suficientes para atender minimamente o bem estar da população escolar e/ou
às necessidades técnicas das tipologias escolares avaliadas.

1.1 Relevância da Pesquisa


Britto e Kiperstok (2013) pontuam que a racionalização do consumo de água contribui tanto
na vertente ambiental, a partir da eliminação de desperdícios e perdas, como na vertente
econômica, pela consequente redução das despesas da água consumida inadequadamente.
13

Em edificações, o consumo de água varia de acordo com suas características: tipologia


predial, quantidade de pessoas que frequentam o edifício, processo construtivo das instalações
hidráulicas, patologias e condição de manutenção e, em menor evidência, a fatores climáticos
(SANTANA; KIPERSTOK, 2010).

Com relação às tipologias não residenciais, de acordo com Nunes (2000), um aspecto
importante a ser considerado é que os usuários, por não serem responsáveis diretamente pelo
pagamento da água consumida, muitas vezes não se encontram motivados para a sua
conservação.

Melo et al. (2014) destacam que em unidades escolares públicas é frequente o uso inadequado
da água e também perdas pelas condições de conservação dos sistemas hidrossanitários.
Gonçalves et al. (2005) acrescentam que o índice de patologias dos sistemas prediais de água
é significativo em edificações escolares. Essa realidade é decorrente de várias causas, entre
elas a falta de sensibilização dos usuários com relação à conservação do meio ambiente e a
inexistência ou ineficiência de um sistema de manutenção. Estes fatos ressaltam a importância
de se estudar essa tipologia de edificação e desenvolver programas de conservação de água
específicos para esse público.

Em Pernambuco, o Decreto Estadual 40.903/2014 dispõe sobre a gestão e a racionalização do


consumo de água no âmbito do Poder Executivo Estadual, institui a figura do “gestor de
água” e designa à SAD a coordenação de projetos e ações relativos à gestão e ao consumo
racional da água e a análise e controle do consumo eficiente de água em todas as unidades sob
sua responsabilidade. O referido Decreto é um marco importante, à medida que fomenta a
conservação de água nas edificações públicas estaduais. Aos gestores de água cabe realizar o
gerenciamento do consumo de água em todos os prédios sob sua responsabilidade, além de
propor e acompanhar ações para a racionalização de despesas com água e saneamento.

Para cumprir o seu papel, a SAD mapeou os maiores consumidores de água potável entre os
prédios públicos do governo estadual, estando a SEE incluída nesse grupo, especialmente
devido ao consumo dos prédios escolares sob sua coordenação. Portanto, evidencia-se aí a
necessidade de conhecer o padrão de consumo de água das escolas para buscar soluções
eficientes de gestão de consumo de água para as mesmas.
14

Neste contexto, o presente estudo visa diagnosticar o consumo de água nas escolas públicas
estaduais do Recife através do cálculo do Indicador de Consumo de referência para essa
tipologia predial. Esta é a primeira etapa para o desenvolvimento de um futuro programa de
conservação de água para as escolas públicas estaduais do município, com possibilidade de
ser replicado em outras regiões do Estado.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral


Este trabalho tem como objetivo obter um Indicador de Consumo (IC) de água representativo
das escolas públicas estaduais do Recife, definindo uma referência para o desenvolvimento de
programas de conservação de água para essa tipologia predial.

1.2.2 Objetivos específicos


 Cadastrar os edifícios públicos escolares selecionados;
 Analisar o consumo de água das edificações escolares através dos dados históricos;
 Calcular os respectivos IC’s médios de água para as escolas estudadas para os anos de
2012, 2013 e 2014;
 Calcular a faixa de referência dos IC para todas as escolas públicas estaduais do
município do Recife-PE;
 Calcular as faixas de referência dos IC para distintas tipologias escolares e por regiões,
considerando o índice de abastecimento no município do Recife;
 Analisar os valores de IC’s obtidos para o município do Recife em relação aos valores
encontrados na literatura.
15

2. REFERENCIAL TÉORICO

2.1 Conservação de Água em Edificações


Melo et al. (2014) definem consumo de água como sendo o volume propriamente usado para
atender as necessidades dos usuários somado ao volume que é desperdiçado pela utilização de
forma inadequada ou perdido por diversos tipos de vazamentos. Cheung et al. (2009)
associam o desperdício ao comportamento de uso, ou seja, às perdas evitáveis provocadas
pela descuido do usuário que não tem consciência ambiental.

Para a redução do consumo, Oliveira (1999) destaca três possibilidades de ação: econômicas,
sociais e tecnológicas. As ações econômicas compreendem incentivos e desincentivos
econômicos, como o aumento de tarifas ou subsídios para aquisição de equipamentos
economizadores. As ações sociais caracterizam campanhas educativas para conscientização
dos usuários. As ações tecnológicas, consideradas de maior impacto, constituem em
implantação de sistemas de medição setorizada do consumo de água, substituição de
equipamentos, e detecção e correção de vazamentos.

Kiperstok et al. (2009) apontam três níveis sistêmicos em que o gerenciamento da utilização
sustentável dos recursos hídricos pode ser realizado:
 Macro - está relacionado aos sistemas hidrográficos;
 Meso – é associado aos sistemas públicos urbanos de abastecimento de água e de
coleta de esgoto sanitário;
 Micro - está ligado às ações que se concentram nos sistemas prediais. Algumas
medidas passivas de gestão da demanda, como as ações educativas voltadas ao usuário
de água e a adoção de tarifas para inibir o consumo, são contempladas neste nível.

A ANA; FIESP; SINDUSCON (2005) consideram conservação de água como qualquer ação
objetivando a redução do volume de água extraído de mananciais, do consumo deste insumo
propriamente dito e do seu desperdício, além de ações que aumentem a eficiência dos
sistemas hidrossanitários e que promovam o reuso de água. O conceito da conservação de
água é a evolução do conceito do uso racional de água, passando a considerar não somente a
gestão da demanda, mas também da oferta de água, incentivando o uso de águas de qualidade
inferior para suprir usos menos nobres.
16

O conjunto de ações voltadas para a gestão da oferta e da demanda de água em edificações


existentes é denominado de Programa de Conservação de Água (PCA) (ANA; FIESP;
SINDUSCON, 2005). A implantação e acompanhamento de um Programa de Conservação de
Água estão atrelados ao cálculo do IC, sendo este, a relação entre o volume de água
consumido em um determinado período de tempo pela quantidade de agentes consumidores.

2.1.1 Ações de conservação de água no Brasil


No âmbito nacional destaca-se o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água
(PNCDA). Instituído em abril de 1997, foi o primeiro programa na esfera federal de
conservação e uso racional da água de abastecimento público. Tem por objetivos definir e
implementar um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e
institucionais, concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água demandados
para consumo nas áreas urbanas (BRASIL, 1999).

O PNCDA centra suas principais ações em linhas de capacitação, assistência técnica e


desenvolvimento institucional. As ações diretas de gestão da oferta e da demanda de água são
de competência dos estados e municípios, em articulação com entidades públicas e privadas
envolvidas no abastecimento de água (MOURA, 2015).

Alguns estados investiram ações em programas específicos para edificações públicas, entre
eles destacam-se: Minas Gerais e Bahia. Em Minas Gerais foi criado o Programa Estadual de
Gestão de Água e Esgoto em Prédios Públicos (PEGAE) pelo Governo do Estado, que tem
como objetivo gerenciar os gastos e o consumo de água potável nestes prédios (BRASIL,
2008).

O Governo da Bahia criou o programa TECLIM (Rede de Tecnologias Limpas da Escola


Politécnica da UFBA) que apresenta propostas para reduzir o consumo de água e energia
elétrica em edifícios públicos do estado. O projeto, iniciado em 2008, foi realizado em 17
prédios do Governo do Estado da Bahia e, após dois anos de implantação, proporcionou uma
redução geral do consumo de água de 33%. (MARINHO; GONÇALVES; KIPERSTOK,
2013).
17

No Espírito Santo, o cenário de escassez hídrica em rios e reservatórios de água do Estado e a


estiagem prolongada impulsionaram o Decreto Nº 3779-R de 04 de fevereiro de 2015, cujo
objetivo é a implantação, promoção e articulação de ações que visem à utilização racional e
eficiente da água nas dependências dos órgãos públicos estaduais. O Decreto estabeleceu
como meta imediata a redução mínima de consumo nos imóveis públicos estaduais em 20%
em relação à média do consumo do ano de 2014.

Centros de pesquisa em Universidades e companhias de abastecimento de água também vêm


desenvolvendo Programas de Uso Racional de Água (PURA). Segundo Gonçalves; Alves;
Zanella (2006), um PURA tem como principal objetivo garantir o fornecimento de água e a
qualidade de vida da população. Nesse sentido, destacam-se alguns programas de sucesso
como o da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (SABESP, 2013), no
qual foi adotada uma política de incentivo ao uso racional da água, envolvendo ações
tecnológicas e mudanças culturais para a conscientização da população quanto ao desperdício
de água. Com o PURA da SABESP, boas práticas de consumo e equipamentos para a redução
do desperdício em prédios públicos foram expandidas, somente em 2013, para mais 160
escolas da rede estadual de ensino.

Merece destaque o PURA implementado no campus da Universidade de São Paulo (USP),


conhecido como PURA-USP, onde a redução do consumo de água nos cinco primeiros anos
foi de 36%, de 137.881 para 88.366 m³/mês (SILVA, 2005).

2.1.2 Ações de conservação de água em Pernambuco


No âmbito do Estado de Pernambuco, não há registro na literatura sobre programas de
conservação de água em edificações implementados. Existem ações isoladas para redução do
consumo de água potável em diversas edificações, geralmente por iniciativa do proprietário da
edificação e em prédios particulares.

Porém, as políticas públicas ambientais têm avançado no Brasil e em Pernambuco e as novas


edificações devem ser projetadas de acordo com os requisitos previstos nas normas. Dentre as
legislações recentes que incentivam ações de conservação de água em Pernambuco, destacam-
se:
 Lei 16.759 do ano de 2002, do Município de Recife: institui a obrigatoriedade da
instalação de hidrômetros individuais nos edifícios.
18

 Lei 12.609 do ano de 2004, do Estado de Pernambuco: institui a obrigatoriedade da


instalação de hidrômetros individuais nos edifícios do estado de Pernambuco.
 Lei 17.081 do ano de 2005, do Município de Recife: Cria no Município do Recife o
Programa de Conservação e Uso Racional da Água nas Edificações.
 Lei 14.572 do ano de 2011, do Estado de Pernambuco: estabelece normas para o uso
racional e reaproveitamento das águas nas edificações do Estado de Pernambuco e dá
outras providências.
 Decreto 40.903 do ano de 2014, do Estado de Pernambuco: dispõe sobre a gestão e a
racionalização do consumo de água no âmbito do Poder Executivo Estadual e de suas
entidades vinculadas.
 Decreto 42.601 do ano de 2016, do Estado de Pernambuco: Institui o Plano de
Monitoramento de Gastos – PMG relativo às despesas correntes no âmbito da
Administração Direta e Indireta. Uma das metas para redução dos gastos públicos é a
racionalização de despesa com consumo de água, exigindo a redução mínima de 10%
no consumo em relação ao ano anterior.
Os Decretos 40.903/2014 e 42.601/2016, que tratam do uso racional da água nos prédios
públicos do Estado como medida de promoção da preservação do meio ambiente e redução de
gastos embasam a parceria entre a SAD e o AquaPOLI, firmada em 2014.

2.1.3 Ações do AQUAPOLI


O Grupo de Recursos Hídricos da Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco surgiu
em meados de 2013 a partir de um projeto de extensão, denominado Projeto de Conservação
de Água em Escolas Públicas. O projeto teve uma proposta de contribuição na temática da
educação associada à conservação de água, através de ações educativas junto aos alunos,
professores e funcionários de escolas públicas de Pernambuco, que poderiam atuar como
multiplicadores deste conhecimento no âmbito doméstico.

Neste projeto foram realizadas visitas em oito escolas públicas estaduais do Recife,
ministrando palestras para turmas de ensino fundamental e médio, com os seguintes
conteúdos: propriedades físicas, químicas e biológicas da água, conceitos de saneamento,
disponibilidade hídrica no Brasil e no mundo, informações para reduzir o consumo de água
potável dentro e fora da escola. Algumas escolas também receberam material de divulgação
para serem fixados nos principais pontos de consumo de água da escola, visando incentivar os
19

alunos a utilizarem a água de forma racional. Também havia programação extra-classe, como
visitas guiadas ao museu à céu aberto, o Espaço Ciência.

Em 2014, as informações decorrentes das atividades de extensão deram origem às atividades


de pesquisa. Foram selecionadas duas escolas piloto, nas quais foram instalados hidrômetros
para medição setorizada do consumo de água. No referido ano foi firmado o acordo de
cooperação com a SAD e iniciado o Projeto para Conservação de Água em Prédios Públicos.
A parceria tem o intuito de promover o diagnóstico do consumo de água e desenvolver
medidas de gestão de oferta e demanda da água em escolas públicas estaduais e prédios
públicos da RMR.

Desde então, o AquaPOLI vem trabalhando com a temática em diversos prédios públicos do
estado de Pernambuco, podendo destacar os trabalhos de Moura (2015), Silva (2015), Silva
(2016) e Figueiredo (2016) que apresentaram estudos em edificações administrativas. Nunes
(2015) e Soares (2016) estudaram escolas-piloto da rede estadual localizadas na cidade do
Recife.

2.2 Estudos de Conservação de Água em Edificações Escolares


Diversos autores realizaram trabalhos relacionados à conservação de água em edificações de
tipologia escolar em vários locais do mundo, dentre os quais destacam-se alguns descritos a
seguir.

Oliveira e Gonçalves (1999) e Nunes (2000) relatam em seus trabalhos estudos de caso em
prédios de tipologia escolar em São Paulo, onde foram realizados conserto de vazamentos e
instalação de tecnologias economizadoras, resultando numa redução de consumo de água de
até 94%.

Campello e Engelberg (1993 apud Araújo et al., 2004) observaram, em uma amostra de 13
escolas da RMR, em Pernambuco, que a falta de manutenção e outros danos diversos
contribuem mais para a degradação dos edifícios escolares que os danos por vandalismo, já
que estes são pequenos e implicam em menores custos de reparação. Assim, a aparência de
abandono e a má manutenção das escolas, de certo modo, incentivam a ocorrência de
vandalismo, pois gera uma falta de apego entre o espaço físico e o usuário.
20

Araújo et al. (2004) realizaram uma avaliação dos sistemas prediais hidráulicos e sanitários
durante a operação em unidades escolares da rede municipal de Campinas (SP), apresentando
uma avaliação dos índices de vazamentos, de perdas por vazamentos e de patologias, tanto no
estado de conservação do aparelho/equipamento sanitário em questão, como na condição de
operação. Este estudo concluiu que a falta de uma política de manutenção nas escolas
visitadas vem deteriorando os sistemas prediais hidráulicos e sanitários, devendo ser criado
um plano de manutenção corretiva e preventiva, onde haja envolvimento de equipes volantes
e incentivo à participação da comunidade local. O índice de patologias na condição de
operação variou de 25% a 38%.

Ywashima (2005) desenvolveu uma metodologia para aferir o índice de percepção dos
usuários para o uso racional da água (IU) e aplicou em escolas da cidade de Campinas (SP).
Através da aplicação de questionários, entrevistas e formulários de observação sobre as
atitudes dos usuários ao empregar este recurso, as mesmas são quantificadas e utilizadas para
determinar o nível de compreensão dos mesmos quanto à preservação dos recursos hídricos.
Esta metodologia foi replicada por Oliveira (2013) no Triângulo Mineiro (MG), Nunes (2015)
e Soares (2016), ambos na cidade do Recife (PE). Todos os autores concluíram que ações
educativas deveriam ser fortalecidas nas escolas, pois em geral todas as atividades
consumidoras de água estavam sendo realizadas de maneiras desperdiçadoras.

Roccaro et al. (2011) investigaram na Sicília (Itália) prédios de diversas tipologias, dentre os
quais duas escolas. Em ambas, foram realizadas correções de vazamentos, substituição dos
equipamentos hidrossanitários para aparelhos com tecnologias economizadoras, além de
realização de campanhas educativas, resultando numa redução, em média, de 50% do
consumo de água das escolas.

2.3 Indicador de Consumo de água (IC)


Segundo Santana e Kiperstok (2010), para o cumprimento das diretrizes de um Programa de
Conservação de Água (PCA), deve-se ter como prioridade o conhecimento das características
que influenciam o consumo de água em edificações (tipologia, processo construtivo,
patologias, população e condições climáticas), e a definição de um perfil de consumo a partir
de um agente consumidor – o Indicador de Consumo (IC).
21

Gonçalves et al. (2005) destacam a importância do IC como valor de referência a ser utilizado
para estimativas iniciais, na avaliação da sustentabilidade de edifícios a construir e na tomada
de decisão quanto à implementação de programas de uso racional da água em edificações
existentes. Farina et al. (2011) também pontuam a importância do IC como referência para
projetos de instalações hidráulicas, principalmente em escolas, onde não se tem muitos dados
disponíveis.

O consumo de água em edifícios é normalmente estimado através de um IC expresso por


volume de água dividido pelos agentes consumidores, sendo estes a variável mais
representativa do consumo de água em um sistema. Sendo assim, obtém-se o IC conforme a
tipologia do edifício, como por exemplo: L/pessoa/dia em edifício residencial ou de escritório,
L/leito/dia em hospitais, e L/aluno/dia em escolas. Esses valores constituem-se em referências
para a avaliação do impacto de redução do consumo de água, após implementação de um
PCA. (OLIVEIRA, 1999).

Na literatura há registro de valores de IC para projeto, que são indicadores adotados para
elaboração de projetos de instalações prediais de água fria, a fim de garantir o bom
funcionamento dos equipamentos hidrossanitários, e podem ser encontrados em livros
didáticos ou normas governamentais. Porém, o real consumo de água de uma edificação deve
ser medido e o IC real pode ser calculado relacionando o volume consumido de água num
determinado período pelo número de agentes consumidores. Dessa forma, pode ser obtido o
valor que representa o consumo real de uma edificação, refletindo suas características
particulares bem como os padrões de consumo de sua população.

Para a determinação do IC real, no que concerne a edificações de tipologia escolar, a ANA;


FIESP; SINDUSCON (2005) recomenda considerar alguns aspectos pertinentes:
“- Em edificações onde o agente consumidor permaneça por períodos
diferenciados, como é o caso de escolas, ou onde a parcela correspondente à
população flutuante é significativa, a determinação dos agentes consumidores deve
contemplar estes aspectos.
- Deve-se caracterizar adequadamente os agentes consumidores, por exemplo, por
diferentes faixas etárias, como é o caso de escolas com creches e alunos de ensino
fundamental e médio.
- Valores atípicos do consumo mensal no período histórico, que não se mantenham
por mais de um mês, por exemplo, devem ser desconsiderados para o cálculo do
indicador de consumo histórico.
- Existem variações no indicador de consumo para uma mesma tipologia de edifício,
em função das diferenças de hábitos dos usuários, decorrentes de fatores culturais,
22

climáticos, entre outros. Assim, essas diferenças devem ser consideradas quando do
uso de um indicador de consumo levantado para uma dada edificação num
determinado local.” (ANA; FIESP; SINDUSCON 2005, p. 28.)

2.3.1 Parâmetros internacionais


Tomaz (2000) informa valores médios de indicadores de consumo de água para edificações
escolares com as unidades e origem da pesquisa, a partir dos quais foi elaborada a Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Indicadores de consumo de água em edificações escolares.


Discriminação Unidade Valor Origem
Escola com cafeteria,
Litros/dia/Estudante 42 a 95 Geyer e Lentz,1962
ginásio e chuveiros
Escola-internato Litros/dia/Estudante 284
Geyer e Lentz,1962
Dziegielewski et
Escolas Litros/dia/empregado 740
al.,1993
Escolas Litros/dia/Aluno 57 Metcalf & Eddy,1991
Escolas (de um turno) Litros/dia/aluno 10 a 30 Melo e Netto,1988
Escolas e serv. Dziegielewski et
Litros/dia/empregado 615
educacionais al.,1993
Escolas e Army Institute for
Litros/dia/empregado 210
Universidades Water Resources,1987
Escolas, externatos Litros/dia/aluno 50 Macintyre,1982
Escolas, internatos Litros/dia/per capita 150 Macintyre,1982
Escolas, semi-
Litros/dia/aluno 100 Macintyre,1982
internatos
Escolas-externatos Litros/dia/per capita 50 DMAE P.Alegre 1988
Escolas-externatos Litros/dia/per capita 50 SABESP,1983
Escolas-externatos Litros/dia/Estudante 76 Syed R.Qasim,1994
Escolas-internato Litros/dia/Estudante 300 Syed R.Qasim,1994
Escolas-internatos Litros/dia/per capita 200 DMAE P.Alegre 1988
Escolas-internatos e
Litros/dia/per capita 100 DMAE P.Alegre 1988
creches
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Tomaz (2000).

Destaca-se que as referências elencadas por Tomaz (2000) são registros históricos
importantes, mas podem não representar adequadamente a realidade atual, pois a maioria dos
estudos citados remonta algumas décadas, quando a conservação de água ainda não era tão
amplamente disseminada quanto atualmente.

Quanto aos indicadores de projeto, o manual “Água, Saneamento e Higiene em Escolas” da


UNICEF determina que as escolas tenham sempre um volume mínimo de água disponível
23

para beber e realizar a higiene pessoal, e para preparação de alimentos, limpeza e lavanderia
quando aplicável.

Segundo UNICEF (2012), a quantidade mínima de água necessária para atividades básicas
(beber e higiene pessoal), em escolas de apenas um período, é de 5 L/pessoa/dia. Em escolas
integrais, o mínimo exigido é 20 L/pessoa/dia. Além da demanda básica, deve ser considerado
uma demanda para descargas nos banheiros. Esse valor é de 10 a 20 L/pessoa/dia quando a
escola usa sistemas de descarga convencional. Para escolas integrais, deve-se considerar o
dobro (20 a 40 L/pessoa/dia). Sendo assim, infere-se que o indicador de consumo indicado
pela UNICEF (2012) para atendimento da demanda básica e de banheiros é de 15 a 25
L/pessoa/dia em escolas convencionais e de 30 a 60 L/pessoa/dia em escolas integrais.

O Bureau of Indian Standards (2010) estabelece que o indicador de consumo de água em


edificações escolares é de 45 L/pessoa/dia para escolas diurnas. Enquanto para escolas em
regime de internato, o indicador considerado é de 135 L/pessoa/dia.

Mays et al. (2001) consideram um indicador de consumo de 20 L/aluno/dia para escolas


primárias e 25 L/aluno/dia para escolas de ensino médio nos Estados Unidos.

O United Kingdom Department for Education and Skills (2002) sugere indicadores de
desempenho para acompanhar o consumo de água em escolas. Para escolas primárias,
considera-se com bom desempenho a escola que consome até 2,86 m³/aluno/ano (cerca de 11
L/aluno/dia considerando 22 dias úteis por mês), e com desempenho fraco a escola que
consome mais de 4,73 m³/aluno/ano (aproximadamente 18 L/aluno/dia, considerando 22 dias
úteis por mês). Em escolas de ensino médio, o indicador de consumo considerado bom é de
até 3,65 m³/aluno/ano (14 L/aluno/dia). Acima de 5,44 m³/aluno/ano (21 L/aluno/dia)
considera-se o indicador de consumo como sendo ruim.

Farina et al. (2011) monitoraram 600 edifícios escolares públicos durante um período de 5
anos (2005 e 2010), na cidade de Bolonha na Itália, buscando estabelecer uma taxa diária de
consumo de água para essa tipologia predial. A investigação integrou dados quantitativos de
consumo de água por meio de medição setorizada e dados históricos sobre os usuários dos
edifícios. Três tipos de escolas foram analisados: berçários (crianças de 0-3 anos de idade),
jardins de infância (3-6 anos) e ensino fundamental (6-11 anos).
24

O IC de água foi estimado em 30 a 70 L/aluno/dia nas edificações pré-escolares e 10 a 30


L/aluno/dia do ensino fundamental por dia. Concluiu-se que as crianças mais jovens usam
mais água do que os alunos do ensino fundamental, pois necessitam de mais serviços, como
lavanderias e cozinhas, enquanto os alunos mais velhos consomem água principalmente nos
banheiros.

Cheng e Hong (2004) estudaram o consumo de água em escolas primárias de Taiwan visando
estabelecer um IC como parâmetro de referência para promover a conservação da água nas
escolas. Os autores calcularam a demanda básica (para beber e promover a higiene pessoal) de
água por aluno por dia e também uma segunda demanda, a demanda mutável (rega de jardim,
lavagem de salas de aula, preparação de alimentos e recreação). A pesquisa estimou que a
demanda básica da água é de 17 L/aluno/dia, e a mutável é de 13 L/aluno/ dia em média.
Sendo assim, o consumo médio estimado para escolas foi de 30 L/aluno/dia.

No entanto, os autores defendem que o consumo pode variar muito entre escolas e enfatizam a
importância do cálculo das demandas, principalmente a mutável, pelo método empírico para
estabelecimento de critério de referência, que deve ser comparado com o consumo real e
utilizado para regular o consumo e promover a conservação de água.

A Tabela 2.2 relaciona os indicadores de consumo de água no mundo, obtidos a partir de


estudos consultados na literatura.
25

Tabela 2.2 - Indicadores de Consumo de água para escolas no mundo.


Discriminação Valor Unidade Localidade Origem
Escola diurna* 15 a 25 L/pessoa/dia Unicef UNICEF (2012)
Escola –
35 a 60 L/pessoa/dia Unicef UNICEF (2012)
internato*
Guia de Gerenciamento de
Escolas
11 a 18 L/aluno/dia Reino Unido Água e Energia para Escolas
primárias*
(2002)
Guia de Gerenciamento de
Escolas
14 a 21 L/aluno/dia Reino Unido Água e Energia para Escolas
secundárias*
(2002)
Código dos Requisitos
Básicos para o
Escola diurna* 45 L/pessoa/dia Índia Abastecimento de Água,
Drenagem e Saneamento da
Índia (2010)
Código dos Requisitos
Básicos para o
Escola –
135 L/pessoa/dia Índia Abastecimento de Água,
internato*
Drenagem e Saneamento da
Índia (2010)
Escola diurna* 20 L/aluno/dia EUA Mays et al. (2001)
Escola –
25 L/aluno/dia EUA Mays et al. (2001)
internato*
Edifícios pré
30 a70 L/aluno/dia Itália Farina et al. (2011)
escolares
Escolas de ensino
10 a 30 L/aluno/dia Itália Farina et al. (2011)
fundamental
Escolas primárias 30 L/aluno/dia Taiwan Cheng e Hong (2004)
*Indicadores de Consumo de projeto.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos na literatura.

2.3.2 Parâmetros Nacionais


A literatura indica, para fins de projeto de instalações hidráulicas, considerar um consumo de
50 L/agente consumidor/dia em edificações escolares sob sistema de externato e 150 L/agente
consumidor/dia em escolas sob sistema de internato (CREDER, 2006).

Em Minas Gerais, a publicação do PEGAE (Brasil, 2008) considera como referência os


seguintes valores de consumo de água: para escolas estaduais do ensino fundamental (25
L/aluno/dia), escolas internatos (150 L/aluno/dia) e escolas semi-internatos (100 L/aluno/dia).

O estado de São Paulo adotou como referência o IC de água em escolas públicas estaduais de
1º e 2º graus de 25 L/aluno/dia, de acordo com O “Manual de gerenciamento para
controladores de consumo de água” disponível no site da SABESP.
26

Gonçalves et al. (2005) estudaram escolas municipais de ensino fundamental e escolas


estaduais de ensino médio da cidade de Campinas (SP), cujos IC’s médio anual foram 19 a 56
L/agente consumidor/dia e 11 L/agente consumidor/dia, respectivamente.

Oliveira e Gonçalves (1999) reportam que o IC em uma escola estadual de 1º e 2º graus da


cidade de São Paulo era de 81,1 L/aluno/dia antes da implantação do PURA. Após correção
de vazamentos e substituição de equipamentos convencionais por economizadores esse valor
caiu para 4,5 L/aluno/dia.

Oliveira (2013) calculou o IC de 12 escolas estaduais localizadas em seis cidades de Minas


Gerais. 72,85% das escolas estudadas apresentam um consumo de até 20L/aluno/dia (28,71%
abaixo dos 10 L/aluno/dia).

Vasconcelos et al. (2015) estudaram o consumo de água do campus Recife do Instituto


Federal de Educação e Tecnologia – IFPE nos anos de 2012 e 2013, e encontraram um IC
médio de 8,025 L/hab/dia para os anos estudados. Nesse estudo foi considerada a população
total aproximada do prédio.

Nunes (2015) e Soares (2016) estudaram duas escolas públicas estaduais na cidade de Recife
(PE) durante o ano de 2014, uma de médio porte e outra de pequeno porte, e encontraram um
IC médio de 3,9 e 4,9 L/aluno/dia, respectivamente. Os valores obtidos nesses estudos são
baixos quando considerado que nenhuma das escolas dispunha de equipamentos
hidrossanitários economizadores ou desenvolviam programas de conservação de água.

Registra-se que há poucos estudos sobre IC em escolas públicas na literatura, principalmente


na região Nordeste.

A Tabela 2.3 apresenta um resumo com os indicadores de consumo de água para escolas no
Brasil, elaborada a partir dos dados obtidos na literatura.
27

Tabela 2.3 - Indicadores de Consumo para escolas no Brasil.


Discriminação Valor Unidade Localidade Origem
Esc. – externato* 50 L/aluno/dia Brasil Creder (2006)
Esc. – internato* 150 L/aluno/dia Brasil Creder (2006)
Esc. públicas Decreto Estadual
25 L/aluno/dia São Paulo
estaduais* 45.805
Esc. educação 18,85 a Gonçalves et al
L/aluno/dia Campinas/SP
infantil 55,60 (2005)
Esc. ensino Gonçalves et al
21,33 L/aluno/dia Campinas/SP
fundamental (2005)
Gonçalves et al
Esc. ensino médio 10,68 L/aluno/dia Campinas/SP
(2005)
Esc. estadual de 1º e Oliveira e
81,1 L/aluno/dia São Paulo
2º graus Gonçalves (1999)
Esc. estadual de 1º e Oliveira e
4,5 L/aluno/dia São Paulo
2º graus Gonçalves (1999)
Esc. estaduais de
13,86 a
ensino fundamental L/aluno/dia Ituiutaba/MG Oliveira (2013)
51,26
e médio
Esc. estaduais de
10,59 a Monte
ensino fundamental L/aluno/dia Oliveira (2013)
62,23 Carmelo/MG
e médio
Esc. estaduais de
Patos de
ensino fundamental 6,42 a 40,21 L/aluno/dia Oliveira (2013)
Minas/MG
e médio
Esc. estaduais de
ensino fundamental 7,15 a 20,61 L/aluno/dia Patrocínio/MG Oliveira (2013)
e médio
Esc. estaduais de
ensino fundamental 8,26 a 62,82 L/aluno/dia Uberaba/MG Oliveira (2013)
e médio
Esc. estaduais de
ensino fundamental 7,27 a 47,4 L/aluno/dia Uberlândia/MG Oliveira (2013)
e médio
Vasconcelos et al
IFPE 8,025 L/hab/dia Recife/PE
(2015)
Esc. estadual de
ensino fundamental 3,9 L/aluno/dia Recife/PE Nunes (2015)
e médio
Esc. estadual de
4,9 L/aluno/dia Recife/PE Soares (2016)
ensino fundamental
*Indicadores de Consumo de projeto.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de dados obtidos na literatura.
28

3. METODOLOGIA

A metodologia utilizada neste estudo está subdividida nos seguintes tópicos:


(a) levantamento dos dados históricos;
(b) cálculo das estatísticas de consumo de água potável;
(c) cálculo do indicador de consumo de água;
(d) cálculo dos indicadores de referência;
(e) levantamento cadastral das edificações;
(f) análise dos dados obtidos.

3.1 Levantamento dos dados históricos


Através da parceria do grupo AquaPOLI com a Secretaria de Educação do Estado de
Pernambuco (SEE-PE) foi obtida a relação dos prédios escolares sob a responsabilidade do
Governo do estado de Pernambuco e respectivas localizações. A partir daí, foram
selecionadas as edificações do município de Recife, capital do estado, totalizando 180
prédios.

De acordo com a classificação da SEE-PE, as escolas podem ser: regulares, Escolas de


Referência do Ensino Médio (EREM) ou Escolas Técnicas. As escolas do tipo EREM são
subdivididas em EREM Semi-integral e EREM Integral. Para a análise dos dados de consumo
de água por tipologia escolar foi levada em consideração a classificação do ano 2015.

As escolas regulares são aquelas em que o corpo discente estuda apenas em um turno,
atendendo alunos do ensino fundamental e/ou médio. Além disso, a escola regular pode
atender à Educação de Jovens e Adultos (EJA), nesse caso funcionando em três turnos.

As escolas do tipo EREM Integral possuem apenas alunos do ensino médio que permanecem
em dois turnos na escola todos os dias da semana. A maioria destas escolas sofreu reformas
recentes, tendo em vista que todas elas devem ter laboratórios, cozinha e uma infraestrutura
adequada para recepcionar os alunos diariamente, sendo mais bem estruturadas que as demais
tipologias escolares.
29

As escolas o tipo EREM Semi-integral são escolas que, teoricamente, deveriam ter apenas
alunos do ensino médio. Contudo, na prática, elas estão em transição entre escolas regulares e
EREM Integral. Portanto, esta tipologia atende alunos do ensino médio e do fundamental,
sendo que o primeiro grupo fica três dias da semana nos dois turnos (manhã e tarde), enquanto
o segundo grupo tem aulas em apenas um turno. O horário de funcionamento pode ser de até
três turnos e sua infraestrutura também se assemelha às escolas do grupo EREM Integral.

Por fim, as Escolas Técnicas são aquelas que oferecem cursos de capacitação profissional,
como cursos do nível médio em administração, edificações, sistema de redes, entre outros.
Sua estrutura contempla laboratórios e outras dependências atendendo às especificidades de
cada curso. Os alunos podem estudar em um ou dois turnos. Quanto ao funcionamento, cada
prédio tem horários bem distintos, funcionando entre dois e três turnos por dia.

Foi necessária uma análise prévia da consistência dos dados disponibilizados pela SEE-PE,
pois observou-se que entre os prédios escolares existiam prédios administrativos de
responsabilidade da SEE-PE, além de outros prédios sem informações relativas à população
e/ou consumo de água do prédio, conforme Tabela 3.1. Após a triagem preliminar restaram
137 edifícios que correspondem de fato à tipologia escolar. Quatro prédios não possuíam
informações sobre o tipo de escola, mas possuíam histórico de consumo e população e foram
incluídos no grupo de escolas regulares para a análise geral. Contudo, estas escolas não
fizeram parte do estudo detalhado das escolas deste grupo. Portanto, ao final da triagem, 141
prédios possuíam dados de consumo de água e o seu respectivo quantitativo de alunos.

Tabela 3.1 – Prédios sob reponsabilidade da SEE-PE em Recife.


Tipologia do prédio Quantitativo
Escola Regular 92
EREM-Jornada Integral 19
Escola Técnica 7
Sem informações 41
EREM-Jornada Semi-Integral 18
Administrativo 2
Presídio 1
TOTAL 180
Fonte: Elaborado a partir dos dados da SEE-PE.
30

A SEE-PE também disponibilizou os censos escolares contendo o quantitativo dos alunos


devidamente matriculados nas escolas de Recife nos anos de 2012, 2013 e 2014.

A Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) disponibilizou os dados relativos


aos consumos mensais históricos de água das referidas escolas.

3.2 Cálculo das estatísticas de consumo de água potável


Os dados históricos relativos aos consumos de água obtidos da COMPESA foram organizados
em uma planilha do software Microsoft Excel para análise do período 2012-2014. Cada
prédio recebeu um código, variando de 01 a 180. Conforme outros estudos realizados em
várias cidades, incluindo Recife, os meses atípicos correspondentes aos períodos de férias
foram descartados para o cálculo (janeiro, junho, julho e dezembro).

Registra-se que neste estudo o consumo de água potável dos prédios escolares foi considerado
de acordo com os valores obtidos da concessionária. Caso haja alguma fonte de abastecimento
alternativa como águas subterrâneas (poço) ou carros-pipa, essa disponibilidade adicional não
foi considerada. Entretanto, o atendimento por carros-pipa, caso exista, não é comum na
cidade de Recife, devido aos altos custos associados. Quanto ao abastecimento através de
poços, geralmente não há monitoramento dos valores captados, tornando inviável obter dados
relativos ao consumo de água dos poços. Importante destacar que no cadastro de 60 escolas
públicas do município do Recife realizado pela equipe do AquaPOLI em 2016, apenas 2
escolas possuíam poços, embora as escolas cadastradas não tenham sido selecionadas
previamente considerando critérios de índice de abastecimento de água. O critério de seleção
das escolas foi a distribuição geográfica no município e a localização em bairro acessível para
que garantir a segurança dos cadastradores.

Para cada ano analisado (2012, 2013 e 2014) foram calculadas as médias anuais de consumo
de água mensal de cada escola. Neste estudo uma amostra é considerada como o período de
um ano letivo para uma determinada escola. Portanto, cada escola analisada pode representar
até três amostras.
31

3.3 Cálculo do indicador de consumo de água


O Indicador de Consumo (IC) em L/aluno/dia, foi calculado de acordo com a metodologia de
Oliveira (1999), utilizando a equação 1.

(1)

Onde:
Cm é o consumo médio anual em m3/mês,
NA é o número de agentes consumidores,
Dm é a quantidade de dias úteis por mês.

Para o número de agentes consumidores (NA) foi adotado o quantitativo de alunos e analisado
o período em que esses alunos permanecem na escola. Os dados relativos à população escolar
obtidos da SEE-PE já computavam a taxa de evasão e apenas consideravam como aluno
matriculado o aluno que frequentou a escola durante todo o ano letivo. O índice de faltas dos
alunos à escola não foi avaliado devido à falta de disponibilidade de informações relativas à
frequência dos alunos. Os professores e demais funcionários não foram considerados, pois
como o IC é uma referência de consumo em função de um agente específico, comumente em
escolas a referência utilizada é o número de alunos. O cálculo do IC considerando os
professores e funcionários não permitiria a comparação dos resultados obtidos com estudos
anteriores. Para a quantidade de dias úteis foi adotado o número padrão de 22 dias úteis.

Conforme exposto, os alunos podem frequentar a escola em horários diversificados. Dessa


forma, este estudo nivelou todos os alunos como se estudassem em apenas um turno,
duplicando-os caso permanecessem em mais de um turno na escola, de acordo com o critério
adotado por Nunes (2015).

Portanto, a quantidade de alunos do ensino médio dos EREM integral é multiplicado pelo
fator 2, enquanto os do EREM Semi-integral, pelo fator 1,6. O fator aplicado aos EREM
Semi-Integral (1,6) foi obtido considerando que os alunos permanecem, em média, 8 turnos
por semana na escola, ou seja, 3 turnos além dos 5 turnos normais para as escolas regulares.
Os alunos da tipologia técnica devem ser analisados caso a caso, enquanto os da tipologia
regular não possuem fator de ajuste.
32

Para cada escola foram obtidos até três indicadores de consumo, correspondentes aos anos
estudados (2012, 2013 e 2014). Essa metodologia foi adotada, visto que algumas
características do prédio escolar podem variar a cada ano, tais como: número de alunos e
funcionários, presença de patologias hidrossanitárias, alteração na postura administrativa da
escola, entre outros fatores diversos.

Por exemplo, uma escola que tiver os dados de consumo de 2012, 2013 e 2014, terá três
indicadores, sendo considerados os três valores na análise estatística. Destaca-se que algumas
escolas não possuíam dados de consumo de água históricos devido a diversos fatores
(ausência do hidrômetro, impossibilidade de leitura do mesmo, entre outros), portanto não foi
possível calcular os três indicadores para todas as escolas.

3.4 Cálculo dos indicadores de referência


A busca por um IC de referência para as escolas públicas estaduais do Recife levou em
consideração todos os IC’s calculados para todas as escolas no período estudado, organizados
de forma que cada indicador fosse tratado como valor independente. A partir daí foi calculada
a média dos IC’s e o respectivo desvio padrão para calcular a faixa de referência das amostras.
Os limites da faixa de referência foram definidos pela média dos IC’s mais ou menos um
intervalo de confiança (95%).

Os dados obtidos foram plotados em um gráfico que relaciona o código da escola (que varia
de 01 a 180) e o(s) respectivo(s) indicador(es) de consumo (L/aluno/dia), de acordo com a
metodologia de Oliveira (1999) adaptada por Nunes (2015). Assim obteve-se uma faixa de
referência geral com o conjunto de todas as amostras.

Além da análise geral do conjunto de dados de IC’s, mais dois tipos de análises foram
realizadas, considerando os seguintes critérios: tipologia da escola e índice de atendimento da
concessionária.

A primeira análise objetivou considerar as particularidades dos distintos tipos de escolas e as


amostras foram divididas em quatro subgrupos, a saber: EREM Integral, EREM Semi-
Integral, Escola Técnica e Escola Regular. Dessa forma foram determinadas as faixas de
33

referências dos IC’s para cada uma dessas tipologias escolares, utilizando separadamente os
dados relativos as amostras de cada subgrupo.

A segunda análise, focada no índice de atendimento de água das escolas, buscou avaliar se o
baixo consumo de água de uma escola seria explicado pela restrição ao atendimento de água
no bairro. Para considerar este aspecto, as escolas foram subdivididas de acordo com o regime
de abastecimento de água, conforme informações da concessionária local (COMPESA, 2016),
e classificadas em três grupos, conforme descrito a seguir:
 Grupo I: bairro sem restrição de abastecimento (atendimento em 100% do tempo);
 Grupo II: bairro com restrição de abastecimento (atendimento em média de 50% do
tempo);
 Grupo III: bairro com severa restrição de abastecimento (atendimento inferior a 50%
do tempo).

Os dados das amostras foram reorganizados segundo os critérios dos grupos, e foram
determinadas as faixas de referências dos IC’s para os Grupos I, II e III, utilizando
separadamente os dados relativos às amostras de cada subgrupo.

3.5 Levantamento dos Dados Cadastrais


Desde 2014, o AquaPOLI investiga o consumo de água em alguns prédios escolares do
município de Recife. Durante o ano de 2013 e 2014 foram visitadas oito escolas, nas quais
foram desenvolvidas atividades de extensão. No primeiro semestre de 2016 foram realizadas
visitas em 60 escolas pela equipe do AquaPOLI, dentre o universo das escolas estudadas
nessa pesquisa. O objetivo das visitas foi o cadastro das edificações em relação ao consumo
de água, visando principalmente à: identificação de mananciais de abastecimento,
quantificação de pontos de consumo de água, identificação de tipos de equipamentos
hidrossanitários e respectivas manutenções, bem como atualização de dados da população da
escola.

Os dados obtidos através do levantamento cadastral das escolas indicam o número e tipos de
equipamentos dos pontos de consumo de água, avaliação das instalações hidrossanitárias,
fontes de abastecimento, reservação de água e hábitos de consumo. O formulário de cadastro
das escolas foi adaptado a partir de Nunes (2015) e encontra-se no Apêndice A.
34

Porém, como os dados coletados não correspondem ao período dos dados estudados (2012-
2014), para este trabalho foi levado em consideração apenas as informações quanto ao
funcionamento dos prédios.
35

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Indicadores por tipologia escolar


O IC de água no conjunto total de amostras das escolas variou entre 103,5 L/aluno/dia (Escola
06) e 1,1 L/aluno/dia (Escola 30). A faixa de referência para o IC de água calculado para o
conjunto de todas as tipologias escolares do Recife foi de 13,0 ± 2,0 L/aluno/dia, com 95% de
confiança, utilizando dados de 141 escolas, das quais 60 foram visitadas. Valores acima de
200 L/aluno/dia e abaixo de 1 L/aluno/dia foram descartados do estudo, por tratarem-se de
valores irreais. O Gráfico 4.1 apresenta os valores de IC’s das escolas e identifica os limites
da faixa de referência e o Gráfico 4.2 apresenta os IC’s apenas para o grupo das escolas
regulares deste estudo.

Das 355 amostras, 221 delas encontram-se com o IC abaixo do limite inferior da faixa de
referência calculada. Este fato pode ser justificado por diversos problemas, tais como: maus
hábitos de higiene por parte do corpo discente; a ineficiência do abastecimento de água em
alguns bairros da cidade; a precariedade ou a inexistência de equipamentos hidrossanitários
nas escolas; a dificuldade do acesso do corpo discente à água; ou a escola possui outra(s)
fonte(s) alternativa(s) de abastecimento de água além da concessionária, como captação de
águas subterrâneas, por exemplo.

Os 174 valores de IC’s acima do limite superior, provavelmente, evidenciam a falta de


manutenção dos equipamentos e consequente presença de patologias nas instalações
hidrossanitárias que geram um consumo elevado de água por perdas. Nunes (2015) registrou
em seu estudo, perdas de até 62% do consumo de água em escola do Recife incluída nesta
pesquisa (Escola 28). Associado às patologias, outros problemas também relatados por
diversos autores podem ser apontados, como: a falta de sensibilização dos usuários com
relação à conservação do meio ambiente, e a não-responsabilidade direta pelo pagamento da
conta de água (GONÇALVES et al., 2005; YWASHIMA et al., 2006; MELO et al., 2014;
NUNES, 2015).

Do universo das amostras, 47 encontram-se dentro da faixa de referência calculada. Dentre


todos os 141 prédios estudados, apenas um deles (Escola 100) apresentou indicador de
consumo dentro da faixa de referência em todos os anos estudados, contudo esta escola possui
36

características muito peculiares. A Escola 100 está alocada num prédio alugado, com todas as
instalações hidrossanitárias destinadas ao corpo discente em estado precário, o que minimiza a
oferta de água. Em contrapartida, dentro dos limites do terreno do prédio, há uma casa na qual
vive uma família que é abastecida pelo mesmo ramal de distribuição da escola, onde todo
consumo da residência é contabilizado como consumo da escola. Estas informações descritas
foram obtidas em campo, em 2014. Portanto, esta situação ilustra os 5% de erro esperado
nesta pesquisa.

Outras escolas, como a Escola 68, apresentaram em dois dos três anos, o indicador dentro da
faixa de referência. Esta unidade faz parte do subgrupo de escolas técnicas, que apresenta uma
rotina de um EREM, com os alunos estudando em horário integral. Outro diferencial é que a
instituição recebe apoio privado, que realiza manuntenção preventiva, corrigindo com eficácia
os vazamentos detectados.

Nunes (2015) estudou detalhadamente a Escola 28 no ano de 2014 e traçou hipotéses como
justificativa para o baixo consumo, dentre elas, o difícil acesso dos alunos aos banheiros, que
era condicionado mediante autorização do monitor que abriria duas grades de acesso. Além
do que, os alunos não podiam tomar banho na escola, mesmo parcela dos alunos estudando
em horário integral, pois se trata de um EREM Semi-Integral.

Soares (2016) apresenta resultados da Escola 33, também para o ano de 2014. Nesta
edificação ocorre que apenas os professores e funcionários tinham acesso a água da
concessionária local. As dependências hidrossanitárias de acesso do corpo discente eram
abastecidas através da captação de águas subterrâneas, o que acaba mascarando o consumo de
água da instituição. Outras escolas que apresentaram um consumo muito baixo podem estar
incluídas nesse grupo. Por serem abastecidas por fontes alternativas, não contempladas nesse
estudo, seus IC’s podem não corresponder a realidade.

Muitas escolas apresentam um consumo uniforme com pouca variação de um ano para outro,
como as supracitadas. Outras, como a Escola 06, apresentam grande variação entre seus
indicadores anuais, além de todos os consumos estarem acima da referência. Esta amostra, em
especial, está localizada em uma comunidade de baixa renda, o que pode significar baixa
consciência ambiental por partes dos alunos e funcionários, ou elevado índice de patologias.
37

Oliveira (2013) supõe que valores de IC para as escolas de ensino fundamental e médio
superiores a 10 L/(agente consumidor.dia) possam ser consequência de um desperdício
associado a diferentes fatores.
38

Gráfico 4.1 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de todas as escolas de Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas Estaduais de Recife-PE, período de


2012-2014
80
2012

70 2013

2014
Indicador de Consumo (L/aluno/dia)

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escola

Fonte: Elaborado pela autora.


39

Gráfico 4.2 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas regulares de Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas Regulares de Recife-PE, período


de 2012-2014
80
2012

70 2013

2014
60
Indicador de Consumo (L/aluno/dia)

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


40

A análise do grupo das escolas regulares conduziu a uma faixa de referência para o IC de 10,5
± 1,5 L/aluno/dia. Do total, 141 amostras estão abaixo do limite inferior e 66 amostras acima
do limite superior, dos 245 valores de IC’s de escolas regulares analisadas.

Para esta tipologia nenhuma escola apresentou os três anos inseridos na faixa de referência. A
Escola 100, que no cenário anterior com o universo de todas as tipologias de escolas possuía
os valores de IC para todos os anos inseridos na faixa de referência, agora não apresenta
nenhum IC dentro da faixa.

Comparando com a faixa de referência obtida para o conjunto total das escolas, percebe-se
que os hábitos de consumo das escolas regulares corroboram para esse indicador inferior, pois
nas escolas regulares, em geral, não é ofertado almoço para seus alunos. Além que, o corpo
discente permanece apenas um turno na escola, não havendo utilização dos chuveiros.
Algumas escolas sequer possuem esse tipo de equipamento.

Outro ponto a se destacar, a partir do Gráfico 4.2, é à disposição dos pontos por escola. Na
maioria dos casos verifica-se que as escolas apresentam IC’s muito próximos em todos os
anos, indicando a realidade da escola.

O subgrupo das escolas do tipo EREM Semi-Integral e EREM Integral, conforme Gráfico 4.3
e Gráfico 4.4, mostrou um cenário muito próximo ao das escolas regulares. A faixa de
referência do IC das escolas do tipo EREM Semi-Integral foi de 14,0 ± 4,0 L/aluno/dia,
enquanto as do grupo EREM Integral foi de 22,0 ± 7,0 L/aluno/dia. No Gráfico 4.3, 11
indicadores de consumo encontram-se acima do limite superior e 18 abaixo do inferior, dos 39
dados amostrais. No Gráfico 4.4, o universo é composto por 47 amostras, sendo que 13 estão
acima do limite superior e 25 abaixo do limite inferior.

Em ambos os gráficos (4.3 e 4.4) os IC’s por escola mostraram que a maioria das escolas tem
um comportamento muito similar, apresentando pequena variação entre os anos. Outro
aspecto evidente é que os IC’s são maiores que a média geral, conforme já esperado, uma vez
que são escolas com alguns diferenciais, tendo em vista que elas são consideradas escolas-
modelo da cidade. Dentre as principais diferenças podemos elencar a presença de copas que
servem até 5 refeições diariamente, além da presença de laboratórios, o que influencia no
consumo de água da escola.
41

Gráfico 4.3 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas EREM Semi-Integral de Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas EREM Semi Integral de Recife-PE,


período de 2012-2014
80
2012

70 2013

2014
Indicador de Consumo (L/aluno/dia)

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


42

Gráfico 4.4 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas EREM Integral de Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas EREM Integral de Recife-PE,


período de 2012-2014
80
2012

70 2013

2014
60
Indicador de Consumo (L/aluno/dia)

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


43

O Gráfico 4.5 apresenta os dados das Escolas Técnicas que possuem faixa de referência
correspondente a 20,5 ± 8,5 L/aluno/dia. Diferentemente dos gráficos apresentados para as
outras tipologias escolares, uma escola apresenta todos os IC’s na faixa do indicador de
referência.

Dentre todos os tipos de escola, as técnicas apresentaram os maiores valores de IC para a


faixa de referência, o que pode ser justificado pelo fato dessas escolas apresentarem cursos e
necessidades distintas. A Escola 148, por exemplo, oferece dentre seus cursos, o de Saúde
Bucal, que certamente demanda um consumo de água superior a outros cursos, como a Escola
68, que oferece cursos de Telecomunicações. A Escola 148 situa-se em um bairro de baixa
renda e sofre com episódios de furto por parte da comunidade local, o que compromete o
funcionamento das instalações hidrossanitárias, como o furto da bomba d’água. A Escola 68
localiza-se em um bairro nobre e possui uma parceria público-privada que faz manutenção
preventiva nas instalações hidrossanitárias da escola.

Vasconcelos et al. (2015) avaliaram o consumo de água no Instituto Federal de Pernambuco


(IFPE), que é uma escola técnica e superior, utilizando metodologia similar à utilizada neste
trabalho. Foram obtidos valores de IC de 9,11 L/hab/dia e 6,94 L/hab/dia para os anos de
2012 e 2013, respectivamente. Para esta análise, adotaram que alunos e funcionários ficavam
o mesmo tempo na instituição, fazendo com que ambos fossem contabilizados de maneira
igual no número de agentes consumidores (NA). Esta consideração torna o dado pouco
confiável para comparação com o presente trabalho.

A Tabela 4.1 resume os valores de IC’s obtidos para as distintas tipologias escolares para o
município do Recife e os respectivos quantitativos de dados utilizados na análise. O Gráfico
4.6 ilustra os resultados obtidos.
44

Gráfico 4.5 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das Escolas Técnicas de Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas Técnicas de Recife-PE, período de


2012-2014
80
2012

70 2013

2014
60
Indicador de cosnumo (L/aluno/dia)

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


45

Tabela 4.1 – Valores de IC de referência para escolas públicas do Recife.


Tipologia do prédio IC – Faixa de Referência Quantidade Tamanho da
escolar (L/aluno/dia) de escolas amostra*
Todas as escolas 13,0 ± 2,0 141 355
Escola regular 10,5 ± 1,5 93 245
EREM Semi-Integral 14,0 ± 4,0 18 39
EREM Integral 22,0 ± 7,0 19 47
Escola Técnica 20,5 ± 8,5 7 18
*Cada escola pode representar até três amostras
Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 4.6 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de referência das escolas de Recife, por tipologia, nos anos
de 2012-2014.

35
Indicadores de Referência das escolas de
Recife, por tipologia
30
Indicador de Consumo (L/aluno/dia)

25

20

15

10

0
TODAS REGULARES EREM-SEMI EREM TECNICAS
Tipo de Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.

A partir do Gráfico 4.6 verifica-se que todas as tipologias estão contempladas na faixa de
referência de IC de água para escolas do Recife. Podemos elencar também o fato das Escolas
Técnicas e EREM Integral possuírem a maior faixa de variação, pois são as escolas que
apresentam os hábitos de consumo mais distintos, analisando entre si. As escolas regulares,
por apresentarem comportamentos e rotinas mais semelhantes possuem a menor faixa de
variação de consumo. Após as visitas realizadas para cadastro das escolas, constatou-se que as
escolas regulares possuem as piores instalações hidrossanitárias dentre as demais tipologias
escolares.
46

4.2 Indicadores por índice de atendimento de água


Como o fornecimento de água pela concessionária local não é uniforme, uma segunda
classificação foi adotada, agrupando-se as escolas por localização geográfica, de modo que os
bairros com calendários de abastecimento semelhantes fossem comparados entre si. De
acordo com esta classificação, Grupo I, II e III, conforme abordado na metodologia, foram
considerados os índices de atendimento das escolas e calculadas as faixas de referência.

O Grupo I, contendo 71 escolas que são abastecidas todos os dias, apresentou faixa de
referência de IC de 15,5 ± 2,5 L/aluno/dia. As 23 escolas com abastecimento em 50% do
tempo (Grupo II) apresentaram uma faixa de referência de IC de 14,0 ± 4,0 L/aluno/dia. Para
o Grupo III, das 47 escolas que são abastecidas em menos de 50% do tempo, a faixa de
referência foi de 9,5 ± 2,5 L/aluno/dia. Os gráficos 4.7, 4.8 e 4.9 ilustram os resultados
obtidos para esta análise, por índice de abastecimento.

Na análise dos três cenários, a maioria das escolas não se encontra na faixa de referência. No
Grupo I, das 169 amostras, 47 delas estão acima do limite superior e 97 estão abaixo do limite
inferior. Por sua vez, o Grupo II apresenta 14 indicadores acima do limite superior e 37
abaixo do limite inferior, de um universo de 59 amostras, enquanto o Grupo III possui 28
acima do limite superior e 67 do limite inferior, de 125 indicadores de consumo. Esse grande
número de indicadores fora do intervalo de confiança pode ser justificado pelo fato da
comparação incluir escolas de tipologias distintas com hábitos de consumos diferentes,
conforme já apresentado anteriormente.

Verifica-se que as escolas com maior disponibilidade de água apresentaram a maior média de
consumo, como esperado, enquanto as escolas com os menores índices de atendimento os
indicadores mais baixos. Registra-se que os dados referentes aos calendários de consumo
foram obtidos em 2016, podendo haver diferenças em anos anteriores.

No Gráfico 4.7 percebemos que três edificações apresentam todos os IC’s dentro da faixa de
referência, sendo elas: a Escola 48, Escola 68 e Escola 100, sendo respectivamente, EREM
Semi-Integral, Escola Técnica e escola regular. Dentre as três escolas, apenas as duas últimas
foram visitadas, e destas, a segunda apresentou uma das melhores instalações hidrossanitárias
do município, parte disso, devido à parceria público-privada existente na mesma.
47

Nos Grupos II e III, nenhuma escola apresentou todos os IC’s na faixa de referência. Vale
destacar que no Grupo III, apenas duas escolas apresentaram IC superior a 30 L/aluno/dia.
48

Gráfico 4.7 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo I do Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas do Grupo I de Recife-PE, período


de 2012-2014
80
2012

70 2013

2014
Indicador de cosnumo (L/aluno/dia)

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


49

Gráfico 4.8 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo II do Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas do Grupo II de Recife-PE, período


de 2012-2014
80
2012

70 2013

2014
Indicador de cosnumo (L/aluno/dia)

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


50

Gráfico 4.9 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo III do Recife dos anos de 2012-2014.

Indicador de Consumo das Escolas do Grupo III de Recife-PE,


período de 2012-2014
80
2012
70 2013

2014
Indicador de cosnumo (L/aluno/dia)

60

50

40

30

20

10

0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
Escolas

Fonte: Elaborado pela autora.


51

A Tabela 4.2 resume os valores de IC’s obtidos para os distintos Grupos para o
município do Recife e os respectivos quantitativos de dados utilizados na análise. O
Gráfico 4.10 ilustra a variação dos IC’s de acordo com os Grupos I, II e III, e traz o
comparativo com o IC de referência para todas as escolas.

Tabela 4.2 – Valores de IC de referência por calendário de abastecimento.


Grupo IC – Faixa de Referência Quantidade Tamanho da
(L/aluno/dia) de escolas amostra*
Grupo I 15,5 ± 2,5 71 169
Grupo II 14,0 ± 4,0 23 59
Grupo III 9,5 ± 2,5 47 125
Fonte: Elaborado pela autora.

Gráfico 4.10 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) de referência das escolas de Recife, por calendário
de abastecimento, nos anos de 2012-2014.

Indicadores de Referência das escolas de


Recife, por calendário de abastecimento
20
Indicador de consumo (L/aluno/dia)

18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
TODAS GRUPO I GRUPO II GRUPO III
Escolas por Sub-Grupo

Fonte: Elaborado pela autora.

Percebe-se que todos os indicadores de consumo por sub-grupo de abastecimento


contemplam parte dos IC’s da faixa de referência. Verifica-se também que as variações
por sub-grupo são iguais ao registrado para todas as escolas, com exceção do Grupo II
que apresenta um calendário de transição entre os Grupos I e III.
52

4.3 Análise comparativa com estudos anteriores


Constatou-se nesta pesquisa que muitas das escolas estudadas apresentam um consumo
de água superior ao valor teórico utilizado para elaboração dos projetos hidráulicos, cuja
referência é de 50 L/aluno/dia para externatos (TOMAZ, 2001; CREDER, 2006).

Vários autores, já citados no capítulo relativo ao referencial teórico desta pesquisa,


calcularam IC’s para escolas em outras cidades e países. Ao comparar os resultados do
presente estudo com dados registrados na literatura por autores nacionais e
internacionais, constata-se que os valores obtidos não divergem muito do cenário
mundial, embora os estudos tenham sido desenvolvidos em regiões distintas, algumas
com características culturais, sócio-econômicas e climáticas diversas das existentes no
município do Recife.

Gonçalves et al. (2005) monitorou sete escolas em Campinas (SP), sendo três do ensino
fundamental e quatro estaduais, como resultado encontrou um indicador de consumo
médio de 21,33 L/aluno/dia para escolas fundamentais e 10,68 L/aluno/dia para escolas
estaduais. Oliveira (2013) estudou escolas no Triângulo Mineiro (MG) e encontrou
indicadores de consumo que variavam entre 6,42 L/aluno/dia a 62,82 L/aluno/dia.
Farina et al. (2011) investigaram na Bolonha (Itália) 600 prédios escolares, creches e
ensino fundamental, encontraram para as escolas fundamentais um IC na faixa de 10 a
30 L/aluno/dia. Cheng e Hong (2004) estudaram cerca de 300 escolas em Taiwan e
obtiveram um IC médio de 30 L/aluno/dia.

Contudo, as escolas investigadas pelos referidos autores possuem características, que as


assemelham às classificadas como escolas regulares neste estudo. A comparação dos
resultados encontrados para as escolas regulares com os demais estudos indica que os
resultados obtidos nesta pesquisa corroboram com os autores nacionais e internacionais,
conforme ilustra o Gráfico 4.11.
53

Gráfico 4.11 – Indicadores de Consumo (L/aluno/dia) das escolas Grupo II do Recife dos anos de 2012-2014.

Comparativo entre Indicadores de Consumo de água em escolas


120

100
Indicadores de consumo (L/aluno/dia)

80

60

média
40

20

0
Todas as escolas, Regulares, Recife Faixa de Gonçalves et al. Gonçalves et al. Oliveira (2013), Farina et al. Cheng e Hong
Recife (2016) (2016) Referência, (2005), (2005), Triângulo Mineiro (2011), Itália (2004), Taiwan
Recife (2016) Campinas, Esc. Campinas, Esc.
Ensino Estaduais
Fundamental

Fonte: Elaborado pela autora.


54

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta pesquisa apresenta uma contribuição importante para avaliar a situação geral dos IC em
escolas públicas do município estudado, bem como servir de parâmetro para municípios
próximos ou com características físicas, culturais e sócio-econômicas semelhantes, tais como
as demais capitais da região Nordeste.

O critério utilizado para a análise das escolas (por tipologia) permitiu considerar alguns
fatores importantes no consumo de água, tais como: número de turnos de funcionamento da
escola, tempo de permanência dos alunos na escola e o preparo de refeições. Entretanto,
outros fatores relevantes, que não foram considerados nesse estudo, merecem ser
investigados, entre eles: os tipos de equipamentos hidrossanitários, a existência de
manutenção preventiva, a existência de reúso de água e o nível de percepção dos usuários
para o consumo da água.

A análise comparativa dos dados obtidos nesta pesquisa com estudos anteriores indicou que
os valores de referência encontrados são compatíveis com a maioria dos trabalhos publicados
na literatura. Porém, diversos fatores devem ser considerados, especialmente, a diversidade
das características das demais regiões estudadas por outros autores e a representatividade das
amostras estudadas.

Para uma análise mais detalhada, deve-se avaliar particularmente caso a caso. Tendo em vista
que, o estudo admite 5% de erro. Sendo assim, mesmo uma escola que apresente os
indicadores de consumo em todos os anos dentro da faixa de referência, pode estar
representando o erro estatístico. O mesmo é válido para os pontos fora da faixa de referência.

As escolas que apresentam consumo acima do limite da faixa de referência devem ser
investigadas, buscando identificar se há particularidades que justifiquem esses valores acima
da média. A identificação das patologias hidrossanitárias é um fator relevante, bem como a
proposição de metas para redução do consumo a médio prazo.

O consumo de água abaixo do limite da faixa de referência das escolas também deve ser
investigado. Caso haja outras fontes de abastecimento, além da concessionária, um novo valor
55

do IC deverá ser calculado considerando o consumo real, relativo ao somatório de todas as


fontes. Um dos possíveis fatores para os baixos consumos de água é a restrição ao
abastecimento de água da escola, o que ficou evidenciado na análise por grupos de faixas de
atendimento da concessionária. Nessas situações é recomendável estudar possíveis soluções
para aumentar a oferta de água a partir de outras fontes alternativas de abastecimento, tais
como: captação de águas pluviais e/ou águas subterrâneas.

Outro aspecto que merece destaque é a deficiência de equipamentos hidrossanitários, tanto em


quantidade quanto em qualidade (estado de conservação), identificada em várias das 60
escolas visitadas. Esse fator, aliado a baixa educação sanitária do público da comunidade
escolar resulta em consumo de água inferior ao que ocorreria em situações ideais.

Ressalta-se que os resultados dessa pesquisa indicam as faixas de consumo de referência para
o município estudado e os valores obtidos podem não garantir o bem-estar dos seus usuários.
Portanto, as faixas de referência não devem ser consideradas como valores de consumo ideal,
mas como o consumo de referência atual.

Recomenda-se a continuidade desta pesquisa e sugere-se em estudos futuros avaliar outros


indicadores, especialmente os indicadores de vazamentos e perdas para aferir o quanto as
perdas por vazamentos comprometem os valores das faixas de referência obtidas no presente
estudo. Nesse sentido, encontra-se em andamento pesquisa de iniciação científica e trabalho
de conclusão de curso orientado pela autora deste trabalho sobre as patologias hidrossanitárias
em um grupo de escolas-piloto.

Outro aspecto a ser analisado em estudos futuros é a avaliação da percepção dos usuários para
o consumo de água nas escolas, pois o comportamento do usuário reflete diretamente no
consumo. Também já foram iniciados trabalhos de coleta de dados nessa linha pela equipe do
AquaPOLI, e atualmente encontra-se em andamento aplicação de questionários nas escolas
públicas cadastradas. A análise destes dados permitirá uma avaliação, através de índices, do
uso indevido da água, que será resultado de futura dissertação de mestrado orientada pela
autora deste trabalho.

Por outro lado, é importante desenvolver atividades de extensão junto à comunidade escolar,
buscando sensibilizar esse público-alvo (alunos, professores e funcionários) para a
56

importância de um comportamento consciente em relação à conservação de água, consumo e


de atitudes básicas de higiene. Dessa forma, seria possível elaborar propostas de Planos de
Conservação de Água para as escolas públicas, visando sua implementação.
57

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APÊNDICE A

Ficha de cadastro das escolas


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