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RIO DE JANEIRO
Março de 2019.
ANÁLISE DA CAPACIDADE DE INFILTRAÇÃO DE PAVIMENTOS PERMEÁVEIS DE
RCD POR MEIO DE ENSAIOS EXPERIMENTAIS PARA APLICAÇÃO EM
AMBIENTES URBANOS
Examinado por:
________________________________________________
Prof. Elaine Garrido Vazquez, D.Sc., UFRJ/POLI
________________________________________________
Prof. Theóphilo Benedicto Ottoni Filho, D.Sc., UFRJ/POLI
________________________________________________
Prof. Lais Amaral Alves, M.Sc. CEFET
________________________________________________
Vitor Sant’Anna Rodrigues, M.Sc.
III
DEDICATÓRIA
IV
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus que me deu força, sabedoria e saúde para que eu
pudesse passar por mais essa fase da vida.
À minha mãe, Maria Rita, por todo amor, cuidado, atenção e estímulo para que eu
alcançasse meus objetivos e por todo esforço para que eu pudesse me preocupar somente em
estudar. Tenho certeza que sem o apoio dela, passar por essa etapa seria quase impossível.
Ao meu pai, José Luiz, por todo apoio e paciência que teve comigo durante esses anos
de faculdade.
Ao meu irmão gêmeo, Luiz Henrique, por estar sempre ao meu lado, me apoiando, me
ajudando com as matérias e pelo companheirismo de sempre.
Às minhas irmãs, Josse e Simone, por sempre terem cuidado de mim com todo
carinho, por terem sido as primeiras a me incentivarem a entrar numa faculdade pública e por
todo suporte dado durante essa caminhada.
Ao meu sobrinho, Luiz Filipe, um dos maiores presentes que recebi na vida, e à minha
irmã, Josse, e meu cunhado, Filipe, por terem me dado esse presente e o privilégio de poder
vê-lo crescer.
À minha orientadora, Elaine Garrido Vazquez, pela oportunidade que me deu de
participar de um projeto que despertou meu interesse pelo tema deste trabalho, e pela atenção
e respostas, sempre rápidas, aos meus questionamentos que me conduziram nesse trabalho. E
por todo suporte dado durante as atividades práticas no CESA/UFRJ.
Ao professor Theóphilo Benedicto Ottoni, pela atenção e suporte dado, tirando
dúvidas ao longo da execução deste trabalho.
Ao professor Roberto Machado, por ter me dado a oportunidade de participar de uma
Iniciação Científica, algo que me ajudou muito no meu momento mais difícil durante esta
jornada.
Aos amigos que fiz ao longo desta caminhada na graduação de Engenharia Civil,
Lucas Afonso, Rafael, Cassia, Thamires, Rafael Freire, Will e Rodrigo.
À equipe de pesquisa sobre pavimentos permeáveis que trabalhou comigo no
CESA/UFRJ, sempre com ânimo e dedicação, Juliana Almeida, Lucas Pessanha, Thomas,
Leonardo, Ronan e Vitor, pela ajuda, em especial na montagem do pavimento. Sem vocês
esse trabalho não teria sido possível.
V
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março de 2019
Com o intenso processo de urbanização que ocorre nos centros urbanos aumentou-se a taxa de
impermeabilização do solo, tornando áreas antes com características rurais em urbanas. Este
fenômeno atinge diretamente os sistemas de drenagem urbana que, por sua vez, ficam
sobrecarregados aumentando a possibilidade de danos físicos e materiais à população. Como
forma de auxiliar na mitigação desses problemas torna-se relevante o estudo de técnicas
compensatórias que auxiliem os sistemas de drenagem convencional, tendo ainda mais
relevância se aplicado com um viés sustentável como é o caso dos pavimentos permeáveis
produzidos com 100% de resíduos de demolição. Este trabalho tem o objetivo de analisar a
capacidade de infiltração de pavimentos permeáveis montados com placas de concreto
permeável reciclado. O método utilizado será ensaios de permeabilidade das placas de
concreto permeável reciclado de acordo com a norma ABNT NBR 16416/2015, e ensaios em
protótipos de pavimentos permeáveis com auxilio de um simulador de chuva. O principal
resultado deste trabalho é comprovar, a partir da curva de infiltração, que pavimentos
permeáveis tendo como revestimento placas permeáveis produzidas com resíduos de
demolição, são hidraulicamente capazes de reduzir os efeitos de chuvas intensas por
diminuírem a lâmina de escoamento superficial que chegará as estruturas de drenagem
convencional.
March 2019
With an intensive process of urbanization occurring in urban centers, a rate of soil sealing has
increased, becoming zones with rural characteristics in urban areas. This phenomenon affects
urban drainage systems which, in turn, may deny the possibility of physical and material
damage to the population. As a way of helping to mitigate these problems, it is relevant to
study compensatory techniques that aid conventional drainage systems, and are even more
relevant if applied with a sustainable bias, such as permeable pavements produced with 100%
demolition waste. This work has the objective of analyzing the permeability of permeable
pavements assembled with recycled permeable concrete slabs. The method used will be
permeability tests of recycled permeable concrete slabs according to ABNT NBR
16416/2015, and tests on prototypes of permeable pavements with the aid of a rain simulator.
The main result of this work is to verify, from the infiltration curve, that permeable pavements
having as a coating permeable plates produced with demolition residues, are hydraulically
able to reduce the effects of intense rains by diminishing the surface flow sheet that will reach
the structures drainage system.
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
VIII
3.6 SISTEMA DE INFILTRAÇÃO ................................................................................... 34
3.6.1 Sistema de infiltração total ................................................................................... 35
3.6.2 Sistema de infiltração parcial ............................................................................... 35
3.6.3 Sistema de infiltração para controle da qualidade da água ................................... 36
IX
1 INTRODUÇÃO
Desde o início do século XX, em especial a partir dos anos 40, o ritmo de crescimento
populacional se intensificou no Brasil, alcançando um pico histórico de 2,99% ao ano entre
1950 e 1960 (IBGE,2003), como pode ser visto na figura 1. Esse rápido crescimento
populacional, associado ao processo de urbanização que foi acelerado pela Revolução
Industrial iniciado na segunda metade do século XVIII, trouxe transformações para as cidades
que se desenvolveram de maneira desordenada e sem preocupação com o ambiente urbano.
1
residiam nessas áreas, ou seja, 85% agora residem em áreas urbanas, como pode ser visto na
figura 2.
Com a urbanização, a condição do solo tende a ser cada vez mais impermeabilizada,
conforme podemos ver na figura 5, que gera um acréscimo no escoamento superficial, ou seja,
um excedente de água que precisa de um encaminhamento, que são os sistemas de Drenagem
Urbana (PINTO et al, 1976).
3
Figura 5: Alterações Hidrológicas consequentes do crescimento urbano (MATA-LIMA et al,
2007).
No Brasil, as soluções que são adotadas para a gestão das águas urbanas são baseadas,
em sua maioria, em projetos calcados na abordagem clássica de drenagem urbana. Tais
projetos podem ser mais eficientes e atingir outros objetivos com a adoção de técnicas
compensatórias que, de acordo com Baptista et al (2015), são medidas que visam aumentar a
capacidade de infiltração e armazenamento de uma área, com o objetivo de compensar os
impactos da urbanização no ciclo hidrológico. O Quadro 1 resume as opções dos sistemas
clássicos de drenagem e algumas técnicas compensatórias.
(Amaral, 2016)
O sistema clássico tem foco no rápido escoamento de água e é dividido nos sistemas
de microdrenagem e de macrodrenagem. Já as técnicas compensatórias, buscam reduzir os
efeitos da urbanização sobre o ciclo hidrológico, preservando o ambiente e aumentando a
qualidade de vida local – conceito de Drenagem Urbana Sustentável (RECESA, 2007).
As medidas de controle compensatórias têm por finalidade principal promover a
infiltração e o armazenamento das águas de chuva. Com relação à infiltração, podem-se
apontar benefícios como a recarga das águas do subsolo, a redução do escoamento superficial
e a melhoria da qualidade da água, segundo Pinto (2011).
Segundo a ABCP (2010), uma medida compensatória para este problema é a utilização
de pavimentos permeáveis. Esses pavimentos possuem uma tecnologia que permite: a
infiltração da água pela superfície; a filtragem dos detritos contidos na água; o
armazenamento temporário desta água infiltrada.
Urbonas e Stahre (1993) mencionam que não existem limitações para o uso do
pavimento permeável, exceto quando a água não pode infiltrar para dentro do subsolo devido
4
à baixa permeabilidade do solo ou se o nível do lençol freático for alto, ou ainda se houver
uma camada impermeável que não permita a infiltração.
Segundo Pinto (apud Asce, 1992), pavimentos permeáveis são técnicas compensatórias
em drenagem urbana que podem ser utilizadas principalmente em estacionamentos e ruas de
tráfego leve (condomínios residenciais), bem como armazéns e arenas de esportes, por exemplo.
Essas estruturas, quando analisadas sob a ótica da engenharia hidráulica, têm por
finalidade principal a redução do escoamento superficial agindo diretamente sobre o hidrograma
da bacia onde se encontram instaladas, e geralmente apresentam maior eficiência durante as
chuvas de pequena intensidade (PINTO apud ASCE,1992).
1.2 OBJETIVO
1.3 JUSTIFICATIVA
5
galerias, que levam os impactos das cheias para locais a jusante. Esse tipo de solução,
conforme Canholi (2014), apenas transfere a “alocação de espaços” a serem inundados. Com
o passar das décadas, essas soluções tradicionais de combate aos problemas relacionados à
drenagem das cidades foram se mostrando, muitas vezes, ineficazes quando existentes, ou
inexequíveis, quando propostas, visto o alto custo envolvido.
A urbanização crescente das Cidades Brasileiras, via de regra, traz consigo graves
problemas de infraestrutura como: a gestão de resíduos, o abastecimento de água, saneamento
básico, mobilidade urbana, ocupação desordenada, dentre outros. A drenagem de águas pluviais,
tratamento e destinação dos resíduos urbanos, não fogem deste panorama, uma vez que a
urbanização influencia consideravelmente nestes aspectos. (Vidal, 2014)
Acredita-se que os estudos que procurem investigar soluções combinadas para esses
problemas, podem melhorar a aplicação das ações necessárias para a melhoria de vida, em
ambientes urbanos. Por este motivo este trabalho estuda a capacidade hidráulica dos pavimentos
permeáveis com placas de concreto permeável, utilizando agregados graúdos reciclados de
construção e demolição.
1.4 METODOLOGIA
O trabalho será dividido em duas partes. A primeira englobando uma revisão sobre o
tema através de pesquisa bibliográfica, artigos, dissertações de mestrado, teses de doutorado e
referências eletrônicas. A segunda parte está voltada à pesquisa experimental, onde será
testada a placa de concreto permeável produzida com agregado graúdo de demolição, em
protótipo de pavimento montado na bancada experimental do Centro Experimental de
Saneamento Ambiental (CESA/UFRJ). Esses testes serão feitos através de ensaios de chuva
com auxílio de um simulador de chuva que vai permitir testar a placa sob uma intensidade de
chuva, e da caixa pluviômetra que vai possibilitar fazer a coleta dos dados de infiltração e
escoamento superficial. Antes do ensaio na bancada experimental, será executado o ensaio
para definição do Coeficiente de Permeabilidade seguindo o método definido na norma
ABNT NBR 16416/215.
6
1.5 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS
7
2 DRENAGEM URBANA
2.1 INTRODUÇÃO
Ao longo de toda a história da humanidade sempre houve uma profunda ligação das
cidades com os cursos d’água, sendo estes determinantes para a sua própria existência, na
medida em que constituíram fatores essenciais no processo de sedentarização das populações.
Entretanto, os papéis desempenhados pelos cursos d’água em muito variaram, historicamente,
com o desenvolvimento das cidades, refletindo a transição das sociedades de base econômica
agrícola, de ocupação populacional majoritária em áreas rurais, para as sociedades industriais,
predominantemente urbanas (BAPTISTA; NASCIMENTO, 2002).
O aumento das aglomerações urbanas, em particular a partir do século XIX, trouxe
dificuldades e desconforto resultantes da precariedade da infra-estrutura de controle da
presença de águas nas cidades, tanto as do meio “natural” (cursos d’água, áreas úmidas, lagos)
quanto as águas de origem pluvial e as águas servidas. Datam dessa época as concepções de
sistemas de drenagem de águas pluviais e do esgotamento sanitário por meio de redes
subterrâneas de tubulações e a canalização quase generalizada de cursos d’água em meio
urbano (BAPTISTA; NASCIMENTO, 2002).
A urbanização consome espaço natural, impermeabilizando o solo alterando o fluxo e
balanço hídrico das águas urbanas, perturbando o funcionamento de zonas ribeirinhas
(SILVEIRA, 2002 apud NETO, 2012).
Podemos classificar as inundações urbanas em duas categorias: Inundações em áreas
ribeirinhas: é quando a água do rio se eleva de nível e deixa de passar somente através do leito
menor, inundando também o leito maior. Esse é um fenômeno que acontece pelo menos uma
vez a cada dois anos; Inundações devidas à urbanização: a urbanização gera a
impermeabilização de áreas, e consequentemente o aumento da velocidade de escoamento
superficial e redução da recarga do lençol freático (PINTO; PINHEIRO, 2006).
Segundo Tucci (1997), o desenvolvimento urbano altera a cobertura vegetal
provocando vários efeitos que alteram os componentes do ciclo hidrológico natural. A
cobertura da bacia é alterada para pavimentos impermeáveis, gerando as seguintes alterações
no ciclo hidrológico: i) redução da infiltração no solo; ii) aumento do escoamento superficial;
iii) com a redução da infiltração, o aquífero tende a diminuir o nível do lençol freático por
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falta de alimentação; e iv) Com a substituição da cobertura natural ocorre uma redução da
evapotranspiração, já que a superfície urbana não retém água como a cobertura vegetal.
As figuras 6 e 7 esquematizam a mudança que ocorre no ciclo hidrológico antes e
depois da urbanização, e a figura 8 apresenta o hidrograma típico de uma bacia que sofreu
impacto da urbanização.
10
2.2 HISTÓRICO DA DRENAGEM URBANA NO BRASIL
11
esgoto doméstico ter um custo menor do que uma tubulação de sistema unitário que deverá
comportar tanto o esgoto doméstico quanto as águas pluviais.
A abordagem Racional que considera o tempo de concentração como duração crítica
da chuva de projeto, para reduzir o empirismo, parece ter chegado ao Brasil em meados da
década de 30, ajudada pela presença de um número maior de pluviógrafos em território
nacional. A consideração da frequência de ocorrência das precipitações como elemento de
projeto na fórmula racional parece ter se consolidado no Brasil dos anos 50 (SILVEIRA,
1998).
Nos anos 70, com uma disponibilidade maior de computadores, começa a se
reproduzir no Brasil a tendência mundial de simular o ciclo hidrológico, principalmente a
transformação chuva-vazão, por algoritmos matemáticos hoje corriqueiramente chamados
modelos hidrológicos (SILVEIRA, 1998).
Observa-se então que, até este ponto, a drenagem do país era concebida através da
aplicação de modelos e métodos estrangeiros, com poucas adequações às características locais
do Brasil. Isso dificultou o desenvolvimento de normas próprias para elaboração de projetos
de drenagem, o que acarretou em uma dificuldade do setor crescer em fase de crescente
urbanização (NETO, 2012).
Com uma visão ambientalmente correta, busca-se incorporar os cursos d’água à
paisagem urbana, despoluindo-os e preservando suas margens, valorizando-se os corpos
d’água. Ao invés de direcionar e acelerar águas de enchentes rio abaixo se procura
reestabelecer a retenção natural (PINTO; PINHEIRO, 2006).
Segundo Silveira (2002), a história da drenagem urbana no Brasil, apesar das
dificuldades, parece estar em uma transição entre a abordagem higienista e a sustentável.
Onde muitas capitais estão promovendo ações no sentido de estabelecer planos diretores de
drenagem urbana, seguindo os preceitos do conceito ambiental que passa pela conscientização
de que a drenagem urbana deve se integrar ao planejamento ambiental das cidades.
12
constituído por uma série de medidas que visam a minimizar os riscos a questão expostas as
populações, diminuindo os prejuízos causados pelas inundações e possibilitando o
desenvolvimento urbano de forma harmônica, articulada e ambientalmente sustentável
(PINTO; PINHEIRO, 2006).
Os sistemas de drenagem urbana são sistemas preventivos de inundações,
principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a alagamentos ou marginais
aos cursos d’água (PINTO; PINHEIRO, 2006).
Segundo Tucci e Bertoni (2003), os sistemas de drenagem são definidos como na
fonte, microdrenagem e macrodrenagem.
2.3.2 Macrodrenagem
14
2.3.3 Microdrenagem
15
No Quadro 2, é possível observar a definição dos elementos do sistema de
microdrenagem.
16
tecnologias alternativas ou compensatórias de drenagem, que buscam neutralizar os efeitos da
urbanização sobre os processos hidrológicos, com benefícios para a qualidade de vida e a
preservação ambiental (RECESA, 2007).
As medidas de correção e/ou prevenção que visam minimizar os danos das inundações
são classificadas, de acordo com sua natureza, em medidas estruturais e medidas não
estruturais (CANHOLI, 2014).
As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial evitando os
prejuízos decorrentes das enchentes, enquanto que as medidas não-estruturais são aquelas em
que os prejuízos são reduzidos pela melhor convivência da população com as enchentes
(TUCCI; BERTONI, 2003).
As medidas não estruturais são aquelas em que se procura reduzir os danos ou as
consequências das inundações, não por meio de obras, mas pela introdução de normas,
regulamentos e programas que visem, por exemplo, o disciplinamento do uso e ocupação do
solo, a implementação de sistemas de alerta e a conscientização da população para a
manutenção dos dispositivos de drenagem (CANHOLI, 2014).
17
O Quadro 3, a seguir, apresenta as principais características das medidas estruturais.
18
O Quadro 4 apresentas características das principais medidas não-estruturais.
20
No Quadro 6, a seguir, é mostrado os tipos de técnicas drenagem quanto a
implantação.
21
Quadro 7 - Elementos chave para objetivos LID
Consiste na preservação de vegetação e solo nativos, de
forma a minimizar o emprego de áreas impermeáveis e
Conservação
permitindo a manutenção de caminhos naturais de
drenagem.
Elaboração de projetos que respeitem peculiaridades locais
Projetos locais únicos naturais e assegurem a proteção de toda a bacia, em
detrimento a padronizações.
Direcionar Visa encorajar a infiltração e recarga de aquíferos, terras
escoamento para úmidas e riachos, aproveitamento controle e tratamento
áreas vegetadas realizado pela natureza.
Empregar técnicas de manejo hídrico o mais próximo
Controles
possível da fonte de geração do escoamento, de forma
distribuídos de
integrada ao ambiente, para mimetizar processos
pequena-escala
hidrológicos naturais.
Manutenção, Trabalhar a educação e envolvimento objetivando a redução
prevenção à poluição de cargas de poluentes e o aumento da eficiência e
e educação longevidade de sistemas de drenagem
Adaptado de Cruz; Souza; Tucci (2007).
2000).
Trincheiras de Infiltração
As trincheiras permitem o armazenamento e a
infiltração de água no solo. São estruturas lineares
pouco profundas que, nos sistemas convencionais,
são preenchidas total ou parcialmente com
material granular, como britas e seixos, e
revestidas com manta de geotêxtil que funciona
como filtro (CARVALHO; LELIS, 2000).
São usadas em áreas industriais, junto a pátios de
estacionamentos e ao longo de ruas e avenidas
para infiltração de água das áreas urbanas
Figura 14 -
pavimentadas. Os locais de implantação das (https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul
a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em
trincheiras, quando fechadas, podem se integrar à janeiro de 2019)
paisagem e servir como áreas de parques e jardins
(CARVALHO; LELIS, 2000).
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Continuação do Quadro 8.
Bacia de Retenção
É um reservatório construído para não secar entre
uma enxurrada e outra, retendo água
permanentemente em uma parcela do seu volume
(SILVEIRA, 2002). As Bacias de Retenção,
muitas vezes, são usadas como Bacias de
Infiltração. Essas estruturas podem apenas reter
sem infiltrar ou reter e infiltrar as águas pluviais.
As bacias de retenção podem ser bacias
Figura 15 -
permanentes com lâmina d'água nos períodos de (https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul
a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em
chuva e de seca. (CARVALHO; LELIS, 2000). janeiro de 2019)
Bacia de Detenção
É um reservatório (on e off-line) mantido seco nas
estiagens destinado a laminar os picos de
escoamento superficial, liberando mais
lentamente os volumes afluentes. Podem ser
escavado ou materializado por uma pequena
barragem de terra ou de concreto, aproveitando ou
não depressões naturais do terreno. O fundo e
taludes podem ser de terreno natural, de terreno Figura 16 -
(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul
escavado ou de concreto (SILVEIRA, 2002). a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em
janeiro de 2019)
Telhado Verde
Os telhados verdes ou telhados vivos são
estruturas que se caracterizam pela aplicação de
cobertura vegetal nas edificações, utilizando
impermeabilização e drenagem adequadas.
Consistem basicamente em uma camada de
vegetação, uma camada de substrato (onde a água
é retida e a vegetação é escorada) e uma camada
de drenagem responsável pela retirada de água Figura 17 –
(https://docs.ufpr.br/~heloise.dhs/TH419/Aul
adicional (CASTRO, 2011). a_Drenagem%20Urbana.pdf, acessado em
janeiro de 2019)
24
Continuação do Quadro 8.
Pavimento Permeável
Segundo Canholi (2005), pavimentos permeáveis
normalmente são construídos de concreto ou
asfalto dos quais foram retiradas as partículas
finas.
Assim como Tucci et al. (1995), que se refere aos
pavimentos porosos como uma medida de redução
do escoamento superficial, auxiliando na
infiltração da água no solo. Figura 18 -
(http://www.revistaprisma.com.br/novosite/a
dmin/imagens/150x100/5004.jpg, acessado
em janeiro de 2019)
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3 PAVIMENTOS PERMEÁVEIS
3.1 INTRODUÇÃO
26
3.2 HISTÓRICO
27
concreto permeável foi introduzido na Europa no fim da década de 1980 e na América do
Norte em 1992. (WIEBBELLING, 2015, apud NIGRI et al. 2017).
No Brasil, pesquisa sobre sistemas construtivos, manutenção e melhores práticas para
pavimentos permeáveis vem sendo desenvolvidas pela Associação Brasileira de Cimento
Portland, coordenadas pela engenheira civil Mariana Marchioni desde 2007.
Em 2015, houve um avanço importante para consolidação de sistemas construtivos e
especificações de peças para pavimento permeável com a criação da ABNT NBR 16416:2015
com título “Pavimentos Permeáveis de Concreto – Requisitos e Procedimentos”. Essa norma
foi elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (CB-18) da
Associação Brasileira de Normas Técnicas.
28
Quadro 10 – Desvantagens dos pavimentos permeáveis
Sofrerá limitações se a água não puder infiltrar no subsolo devido
à baixa permeabilidade do solo.
Se o nível alto do lençol freático for alto, limita o uso do
pavimento permeável.
Quando a água drenada for fortemente contaminada, havendo
Desvantagens
impacto sobre o lençol freático.
Necessidade de inspeções regulares para verificar a eficiência
dos pavimentos.
Mão de obra qualificada para execução da obra com a finalidade
de prevenir a obstrução prematura do pavimento.
Elaborado pelo autor, adaptado de Urbonas; Stahre, (1993) e Pinto, (2011)
29
3.4.2 Classificação quanto ao controle do escoamento superficial
De acordo com Baptista (2005 apud Castro, 2011), quanto à atuação no controle do
escoamento superficial, os pavimentos podem ser classificados em três diferentes tipos,
conforme podemos ver no Quadro 12.
30
3.4.3 Classificação quanto à composição
31
3.5 TIPOLOGIA DE REVESTIMENTOS
32
3.5.3 Revestimento de peças de concreto permeável
33
3.5.5 Revestimento de pavimento de concreto permeável
34
3.6.1 Sistema de infiltração total
Segundo Schueler (1987 apud Pinto, 2011), este sistema é usado em casos onde o solo
não possui boa capacidade de infiltração. Nele, parte da água precipitada alcança o subleito e
se infiltra, porém parte da água fica temporariamente armazenada na estrutura permeável,
sendo depois removida pelo dreno. O sistema de drenagem é composto por tubos perfurados
enterrados e igualmente espaçados entre si, e é instalado na parte superior do reservatório.
35
Figura 29 – Sistema de Infiltração parcial
Adaptado de Schueler (1987 apud Pinto, 2011)
Segundo a ABNT NBR 16416/2015, esse sistema também poderia se chamar Sistema
sem infiltração. Nele, parte da água precipitada fica temporariamente armazenada na estrutura
permeável e não infiltra no subleito, sendo depois removido pelo dreno. Esse sistema não é
dimensionado para armazenar toda água de chuva, o volume de água excedente deverá ser
direcionada ao sistema de drenagem convencional. Por não ser projetado para armazenar toda
a água da chuva resulta em menores custos de implantação.
36
Basicamente a escolha do tipo de pavimento permeável dependerá principalmente das
condições do local de instalação. Com o tempo, os veículos que trafegam sobre o pavimento
transportam materiais sólidos (terras ou folhas), que juntamente com as partículas carreadas
pelo vento acumulam-se nas aberturas superficiais do pavimento. Sendo que essas aberturas
são fundamentais para o funcionamento da estrutura, pois são elas que dão a porosidade ao
pavimento. Esse acúmulo de partículas causa obstrução dos poros e reduz a capacidade de
infiltração do pavimento permeável. (CASTRO, 2011).
A acumulação dos sólidos pode ter as mais diversas fontes, tais como: partículas
transportadas por veículos, deterioração dos pneus e presença de áreas verdes ou terrenos
descobertos próximos a área do pavimento. Mesmo em locais apropriados, a instalação e a
manutenção de pavimentos permeáveis devem ser feitas de forma adequada, para que seus
poros não sejam rapidamente obstruídos e percam suas propriedades hidráulicas (EPA,
1999ª).
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4 MATERIAIS E MÉTODOS
O protótipo de pavimento permeável, local dos ensaios realizados nesse trabalho, está
localizado no Centro Experimental de Saneamento Ambiental (CESA/UFRJ), conforme
figura 32. O CESA/UFRJ é um laboratório de ensino, pesquisa e extensão, do Departamento
de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Drhima) da Escola Politécnica da UFRJ.
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Neste tópico serão abordados os principais equipamentos usados para os ensaios
expostos nesse trabalho.
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O método utilizado para medir a intensidade da chuva é realizado com auxílio de duas
bandejas, que juntas formam uma área de 1,8m², posicionados no centro logo abaixo do
simulador de chuva. É instalada uma lona no simulador para evitar interferências naturais
como o arraste da chuva do simulador pelo vento. Com o simulador e as placas posicionados
é simulada uma chuva durante 6 minutos. Logo após, é coletada a água das bandejas e
somado o volume total de água coletado, que através da Equação (1) torna possível o cálculo
da intensidade de chuva. Para conferência, esse procedimento é realizado duas vezes de forma
a obter uma média dessa intensidade.
A caixa Pluviômetra, projetada pelo professor Theophilo Benedicto Ottoni Filho, cuja
patente foi depositada pela UFRJ junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial sob o
número BR2020120286942, é um equipamento que tem a finalidade de mensurar os
principais processos hidrológicos associados a chuva, tais como chuva total, infiltração e
escoamento superficial, além da erosão.
A caixa Pluviômetra tem dimensões de 1,00 x 0,90. 0,70 m, o protótipo foi produzido
em ferro galvanizado. O equipamento é composto de um corpo e uma tampa. No corpo está
acoplado um pluviômetro padrão onde sua área de captação é de 500 cm² e fica localizado a
1,50 m acima do nível da tampa. O corpo ainda possui dois reservatórios de armazenamento
de água proveniente do escoamento superficial, sendo um maior com cerca de 230 litros e
área de 0,54 m² (para obtenção dos dados de escoamento superficial somente foi usado este
reservatório), e o outro menor com capacidade de 90 litros e área de 0,21 m². Há ainda um
terceiro compartimento para promover a drenagem dessa água. Integrado aos reservatórios de
armazenamento de água estão localizados três tubos piezométricos, destinados à medição dos
níveis do reservatório do pluviômetro e dos dois reservatórios de armazenamento da água do
escoamento superficial, conforme mostrado na Figura 34.
40
Figura 34 – Vista Superior Caixa Pluviômetra
(Neto, 2016)
O uso da Caixa Pluviômetra tem o objetivo de medir a água que é descartada como
escoamento superficial quando na operação de um dos protótipos da bancada. O seu uso
associado ao simulador de chuvas, que gera uma intensidade de chuva conhecida, faz com que
seja possível quantificar o quanto de água é retido pelo sistema do protótipo da bancada, ou
seja, a infiltração do pavimento que será testado no protótipo. A taxa de infiltração é a
diferença da taxa de chuva e taxa de escoamento superficial.
Pelo fato de a caixa pluviômetra não ser dotada de sensor de leitura nos piezômetros,
foi desenvolvido um aparato, como demonstrado em Liberato (2015), que é instalado no tubo
piezométrico do reservatório onde a água será armazenada. Esse equipamento é uma estrutura
em ferro galvanizado com 0,81 m de comprimento e 0,02 m de largura, conforme figura 35.
A figura 36 demonstra como é utilizado o aparato dentro do tubo piezométrico através
de uma ilustração, onde é possível ver que ele funciona através da diferença de leituras. Por
praticidade na obtenção dos dados foi definido uma cota mínima para facilitar as primeiras
leituras que geram leituras diferenças mínimas.
41
(a) (b)
Figura 35 – (a) Aparato medidor de nível; (b) Equipamento instalado no piezômetro com auxílio
dos dois parafusos.
42
agregado graúdo natural – AGN, (II) 100% agregado graúdo de resíduo de demolição – AGD,
(III) 100% agregado graúdo de resíduo de construção – AGC, (IV) 50% de AGN e 50%
AGD, e (V) REF – agregado miúdo e graúdo natural.
A tabela 1 abaixo esquematiza o consumo de insumos para produção de cada uma das
placas.
Tabela 1 – Consumo de cimento, água e agregados utilizados
(Vidal, 2014)
43
(Vidal, 2014)
A Tabela 3 apresenta a composição granulométrica, a seguir.
(Vidal, 2014)
Neste trabalho, será utilizada para o ensaio de infiltração a placa AGD – 100%
agregado graúdo de demolição, conforme figura 38.
44
Figura 38 – Placa AGD – 100% agregado graúdo de demolição
Acervo do autor (2018)
45
Figura 39 – Sistema de retirada de ar do subleito de drenagem
(Liberato, 2016)
Acima do sistema de retirada de ar foi feito uma terceira camada de areia com
espessura variável. A areia é a mesma usada nas duas primeiras camadas e a espessura dessa
camada vai depender da espessura do pavimento. Como as placas permeáveis têm 0,05 m de
espessura, foi definida que essa camada deve ter 0,15 cm. Logo acima dessa camada, e
colocada uma manta geotêxtil, com a finalidade de preservar o subleito e o sistema de retirada
de ar que poderiam ser prejudicados pelo carreamento de partículas finas. Acima da manta
geotêxtil foi colocada mais uma camada de areia com espessura de 0,05 m.
A figura 35 ilustra com um corte esquemático as camadas que compõem o subleito do
pavimento permeável padronizado para os ensaios.
46
(a)
(b)
Figura 40 – Corte esquemático da bancada dos pavimentos permeáveis com indicação de cada
camada. (a) Corte transversal; (b) Corte Longitudinal
Segundo Neto (2016), a bancada experimental, figura 41, foi construída no CESA, no
período de março a julho de 2013.
A ABNT NBR 16416/2015 estabelece algum requisitos gerais para os itens que
compõe a estrutura de pavimentos permeáveis. O projeto de um pavimento permeável deve
considerar o tipo de uso e o local de implantação, sendo que a definição dos materiais e
espessuras das camadas a serem executadas deve atender ao dimensionamento mecânico e
hidráulico, concomitantemente.
No projeto devem constar informações sobre as condições de implantação, utilização
do pavimento e interferências em geral, além das condições de carregamento quanto ao tipo
de solicitação, se móvel ou estática, frequência, magnitude e configuração à qual o pavimento
deve estar sujeito.
Também deve atender a alguma especificações como capacidade de suporte do solo,
conforme ABNT NBR 9895, coeficiente de permeabilidade do subleito que dependendo do
tipo de solo deve atender aos requisitos da ABNT NBR 13292 ou ABNT NBR 14545. As
áreas de contribuição não podem exceder em até cinco vezes as áreas permeáveis do
pavimento. A declividade mínima deve ser de 5% para as áreas permeáveis e a declividade
máxima de 20% para as áreas de contribuição. Além das especificações como resistência
mecânica mínima do revestimento e avaliação de risco de contaminação do lençol d’água,
48
devendo manter a distância de 30 metros de fontes de captação de águas subterrâneas e outras
especificações que serão expostas nos itens a seguir.
49
Adaptado de ABNT NBR 16416/2015
50
Tabela 8 – Especificação do material de rejuntamento
A norma determina que os lotes de peças ou placas de concreto, quando entregues com
idade inferior a 28 dias, devem apresentar no mínimo 80% da resistência especificada no
momento da instalação, sendo que, aos 28 dias ou mais de idade de cura, a resistência deve
ser igual ou superior ao especificado em projeto que deve atender aos requisitos da Tabela 11.
52
Tabela 11 – Resistência mecânica e espessura mínima do revestimento permeável
As peças e placas de concreto devem ser fabricadas de modo que permitam que os
produtos finais tenham: i) aspecto homogêneo, arestas regulares, livre de rebarbas, defeitos ou
descamação do concreto; ii) arestas regulares nas duas faces e nas paredes laterais; iii)
espessura com medida nominal igual ou superior ao especificado na Tabela 11, podendo ser
especificadas em projeto medidas superiores com múltiplos de 20mm; iv) tolerância
dimensional para comprimento, largura e espessura de mais ou menos 3 mm em relação às
respectivas medidas nominais (ABNT NBR 16416/2015).
53
Tabela 12 – Amostragem mínima para ensaio em campo
4.2 ENSAIOS
54
(a) (b)
Figura 42 – (a) Bancada pronta para receber novo pavimento; (b) placas sendo instaladas na
bancada.
Instaladas as placas foi iniciado o processo de rejuntamento, feito com uma mistura a
base do concreto da própria placa que foi quebrada em partes menores e adicionado cimento,
como mostra a figura 43, criando uma pasta que foi aplicada nas juntas. Na figura 44 é
possível observar o resultado final da instalação das placas.
(a) (b)
Figura 43 – (a) mistura para rejuntamento; (b) aplicação da mistura nas juntas
55
Figura 44 – Placas de concreto reciclado permeável instaladas
56
(a) (b) (c)
Figura 45 – Saturação do subleito. (a) aplicação de água sobre o pavimento; (b) colocação da
lona; (c) abertura do registro do sistema de drenagem percolada.
No dia dos ensaios alguns pontos devem ser observados antes do início efetivo da
atividade, como separar os baldes graduados e a proveta para medição, proceder a limpeza da
calha e da caixa pluviômetra, instalar o aparato que auxilia na leitura do tubo piezométrico,
cobrir o simulador com lona para diminuir perdas com o vento, verificar se o tonel está cheio,
e conectar a ele uma mangueira ligada à rede de água, para que não haja problema de
abastecimento do simulador, que pode provocar variações na chuva simulada.
Realizada todas as atividades preliminares, é executado o primeiro passo do ensaio
que consiste em realizar a medição de uma chuva de 6 minutos, conforme orientação do
manual do simulador de chuva, com auxilio das bandejas, baldes e proveta, para obter a
intensidade de chuva produzida de acordo com a fórmula (1), procedimento este que também
será repetido no fim do ensaio.
A intensidade de chuva que será considerada constante é a calculada conforme a
Equação (2).
57
(a)
(b)
Figura 46 – (a) estrutura pronta para o início dos ensaio de medição da chuva, com bandejas
posicionadas; (b) após a chuva de 6 minutos é coletado a água das duas bandejas para cálculo da
intensidade da chuva.
58
4.2.2 Ajuste da Curva de Infiltração
𝐼 = 𝑘 × 𝑇𝑎 Eq. 3
em que I é a infiltração acumulada em mm (milímetros) no tempo T [T]; k é um parâmetro da
equação relacionado com a unidade dos dados experimentais coletados e a é um número
adimensional que varia entre 0 e 1.
A partir da equação de infiltração de Kostiakov, pode-se determinar a velocidade
instantânea de infiltração da água no solo por meio da derivada da Equação (3), reproduzida a
seguir como Equação (4):
𝑑𝐼
= 𝑖 = 𝑘 × 𝑎 × 𝑇 𝑎−1 Eq. 4
𝑑𝑇
Porém, para a aplicação do modelo de Kostiakov foi necessária adaptar a fórmula para
que o ajuste fosse realizado a partir das taxas de infiltração (em mm/h) ao invés das lâminas
medidas. A adaptação também foi feita de acordo com a pesquisa de Liberato (2015). Desta
forma, a Equação passou a ser do tipo:
𝑖 = 𝐶1 × 𝑇 𝐶2 Eq. 5
em que i é dado em mm/h e T em minutos e
𝐶1 = 60 × 𝑘 × 𝑎 Eq. 6
𝐶2 = 𝑎 − 1 Eq. 7
59
log(𝑖) = log(𝐶1 ) + 𝐶2 × log(𝑇) Eq. 8
O primeiro passo do ensaio é limpar a superfície das placas. Após isso o anel de
infiltração foi posicionado e, com a massa de calafetar, foi executada a vedação da borda do
anel na superfície da placa, conforme figura 48.
60
Figura 48 – Procedimento para vedar o anel de infiltração com massa de calafetar
(Acervo do autor, 2018)
A pré-molhagem foi executada com auxílio de uma mangueira conforme a figura 49.
Anterior a pré-molhagem da placa, já haviam sido medido os 18 litros de água, para serem
despejados na placa.
61
Para o próximo, e último, passo foram destacadas duas pessoas com cronômetros para
marcar o tempo em que a água bate na superfície até o momento onde não há mais água sobre
a superfície da placa, foram colocados dois cronômetros para melhor calibração da medida,
onde o tempo considerado para cálculos foi a média das duas marcações. O ensaio foi
executado conforme a figura 50.
Ao final dos ensaios e de posse dos dados, a norma determina fórmula (9) para o
cálculo do coeficiente de permeabilidade (k).
𝐶 ×𝑚
𝑘= Eq. 9
𝑑² × 𝑡
Onde:
k é o coeficiente de permeabilidade, expresso em milímetros por hora (mm/h);
m é a massa de água infiltrada, expresso em quilogramas (kg);
d é o diâmetro interno do cilindro de infiltração, expresso em milímetros (mm);
t é o tempo necessário para toda a água percolar, expresso em segundos (s);
C fator de conversão de unidades do sistema SI, com valor igual a 4 583 666 000.
62
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este trabalho foi realizado no período de junho de 2018 a agosto de 2018. Inicialmente
foram feitos os ensaios de permeabilidade na placa. E os ensaios de infiltração nos
pavimentos permeáveis foram iniciados algumas semanas depois de efetuado a troca das
placas dos pavimentos e devido a problemas operacionais.
O pavimento permeável é um sistema de drenagem do tipo drenagem na fonte. É uma
medida de controle classificada como medida estrutural extensiva, pois modifica a relação
entre precipitação e vazão, reduzindo e retardando os picos de enchente.
No Quadro 14, a seguir, o pavimento permeável será classificado quanto aos itens
constantes nos Quadros 5, 6 e 8.
63
De acordo com a classificação da tipologia dos revestimentos feita pela ABNT NBR
16416/2015, o revestimento permeável utilizado nos ensaios, o AGD – 100% resíduo de
demolição (Vidal, 2014), pode ser classificado como revestimento de placas de concreto
permeável, onde a percolação ocorre pelo concreto da placa e as placas não são intertravadas.
Em relação aos sistemas de infiltração, o protótipo de pavimento montado na bancada
pode ser classificado como um sistema de infiltração total, devido às várias camadas
permeáveis no pavimento.
No quadro 16, a seguir, será feito um resumo dos resultados da placa em relação aos
requisitos determinados na Norma ABNT NBR 16416:2015.
64
No que tange aos aspectos de resistência mecânica, no estudo de Vidal (2014), que é
anterior à vigência da norma ABNT NBR 16416/2015, foram feitos estudos sobre resistência
à compressão axial, resistência à tração por compressão diametral e resistência à tração na
flexão. A Tabela 11, que traz os requisitos de resistência mecânica, informa que para placas
de concreto permeável, deve ser utilizado o ensaio de resistência a flexão, e define como valor
mínimo de resistência 2 MPa. Como os resultado obtidos através de ensaios, feitos por Vidal
(2014), na placa AGD (100% resíduo de demolição) mostram que a resistência à tração na
flexão foi de 2,44 MPa, logo a placa atende aos requisitos de resistência mecânica da norma.
No que tange à espessura mínima, exposto na tabela 11, podemos classificar a placa
AGD – 100% de resíduo de demolição de acordo com a tabela a seguir:
Em relação aos requisitos de inspeção visual é possível avaliar que as placas são livres
de defeitos ou descamação do concreto, o aspecto das placas é homogêneo, as arestas são
regulares, livres de rebarbas e as placas tem dimensões bem definidas. As placas apresenta
superfície irregular.
66
Tabela 15 – Dados do primeiro ensaio com o pavimento permeável AGD
Tempo ΔT T acum. ΔR5 ΔI I acum i
DATA
(min) (min) (min) (mm) (mm) (mm) (mm/h)
26/07/2018 831 - 0.0 0.00 98.64
26/07/2018 94 11.0 11.0 0.00 15.082 15.08 82.24
26/07/2018 95 1.0 12.0 0.32 1.323 16.40 79.38
26/07/2018 96 1.0 13.0 0.64 1.00 17.40 60.16
26/07/2018 97 1.0 14.0 0.32 1.32 18.73 79.38
26/07/2018 98 1.0 15.0 0.64 1.00 19.73 60.16
26/07/2018 99 1.0 16.0 0.64 1.00 20.73 60.16
26/07/2018 100 1.0 17.0 0.64 1.00 21.73 60.16
26/07/2018 101 1.0 18.0 0.64 1.00 22.74 60.16
26/07/2018 103 2.0 20.0 0.96 2.33 25.06 69.77
26/07/2018 105 2.0 22.0 1.28 2.01 27.07 60.16
26/07/2018 107 2.0 24.0 1.60 1.69 28.75 50.55
26/07/2018 109 2.0 26.0 1.92 1.36 30.12 40.94
26/07/2018 111 2.0 28.0 1.60 1.69 31.80 50.55
26/07/2018 113 2.0 30.0 1.92 1.36 33.17 40.94
26/07/2018 115 2.0 32.0 1.60 1.69 34.85 50.55
26/07/2018 117 2.0 34.0 1.92 1.36 36.22 40.94
26/07/2018 122 5.0 39.0 1.60 6.62 42.83 79.38
26/07/2018 127 5.0 44.0 5.77 2.45 45.28 29.41
26/07/2018 132 5.0 49.0 4.80 3.41 48.69 40.94
26/07/2018 137 5.0 54.0 4.80 3.41 52.11 40.94
26/07/2018 142 5.0 59.0 5.13 3.09 55.20 37.10
26/07/2018 147 5.0 64.0 4.48 3.73 58.93 44.78
26/07/2018 152 5.0 69.0 5.13 3.09 62.02 37.10
26/07/2018 157 5.0 74.0 5.45 2.77 64.79 33.25
¹ Momento em que surge uma lâmina d’água sobre o pavimento, onde é
considerado o início do escoamento superficial. Neste ensaio específico
houve um problema no início da chuva o que elevou o tempo de surgimento da
lâmina d’água.
² Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo
(ΔT), menos a retenção superficial formada sobre o pavimento (3,0 mm) e a
primeira leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra.
³ Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo
(ΔT) menos a leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra. Esta
fórmula foi usada para as demais linhas da coluna.
4
Intensidade de chuva média do ensaio.
5
Leitura de Runoff obtida nos ensaios.
67
Tabela 16 - Dados do segundo ensaio com o pavimento permeável AGD
Tempo ΔT T acum. ΔR5 ΔI I acum i
DATA
(min) (min) (min) (mm) (mm) (mm) (mm/h)
02/08/2018 46.01 - 0.0 0.00 1004
02/08/2018 56.0 10.0 10.0 0.00 13.672 13.67 82.00
02/08/2018 57.0 1.0 11.0 0.32 1.353 15.01 80.78
02/08/2018 58.0 1.0 12.0 0.32 1.35 16.36 80.78
02/08/2018 59.0 1.0 13.0 0.64 1.03 17.39 61.56
02/08/2018 60.0 1.0 14.0 0.96 0.71 18.09 42.34
02/08/2018 61.0 1.0 15.0 0.64 1.03 19.12 61.56
02/08/2018 62.0 1.0 16.0 1.28 0.39 19.50 23.12
02/08/2018 63.0 1.0 17.0 0.96 0.71 20.21 42.34
02/08/2018 65.0 2.0 19.0 2.24 1.09 21.30 32.73
02/08/2018 67.0 2.0 21.0 1.92 1.41 22.71 42.34
02/08/2018 69.0 2.0 23.0 2.24 1.09 23.80 32.73
02/08/2018 71.0 2.0 25.0 2.24 1.09 24.89 32.73
02/08/2018 73.0 2.0 27.0 2.56 0.77 25.66 23.12
02/08/2018 75.0 2.0 29.0 2.24 1.09 26.75 32.73
02/08/2018 77.0 2.0 31.0 2.24 1.09 27.85 32.73
02/08/2018 79.0 2.0 33.0 2.24 1.09 28.94 32.73
02/08/2018 84.0 5.0 38.0 5.45 2.89 31.82 34.65
02/08/2018 89.0 5.0 43.0 5.77 2.57 34.39 30.81
02/08/2018 94.0 5.0 48.0 5.77 2.57 36.96 30.81
02/08/2018 99.0 5.0 53.0 5.77 2.57 39.53 30.81
02/08/2018 104.0 5.0 58.0 5.77 2.57 42.09 30.81
02/08/2018 109.0 5.0 63.0 5.77 2.57 44.66 30.81
02/08/2018 114.0 5.0 68.0 6.09 2.25 46.91 26.96
02/08/2018 119.0 5.0 73.0 5.77 2.57 49.48 30.81
¹ Momento em que surge uma lâmina d’água sobre o pavimento, onde é
considerado o início do escoamento superficial.
² Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo
(ΔT), menos a retenção superficial formada sobre o pavimento (3,0 mm) e a
primeira leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra.
³ Intensidade de chuva média do ensaio multiplicada pelo intervalo de tempo
(ΔT) menos a leitura de escoamento superficial na Caixa Pluviômetra. Esta
fórmula foi usada para as demais linhas da coluna.
4
Intensidade de chuva média do ensaio.
5
Leitura de Runoff obtida nos ensaios.
68
A definição dos coeficientes do modelo de Kostiakov, 𝐶1 e 𝐶2 , seguiu a metodologia
apresentada no item 4.2.2, ou seja, o ajuste foi realizado a partir dos dados medidos das taxas
de infiltração. Aplicando técnicas de regressão aos dados (i e T, localizado na oitava e quarta
colunas da Tabela 15 e Tabela 16), a equação de Kostiakov foi otimizada a partir da Equação
5, originando a equação 10. Foi feito um único ajuste, considerando todas as repetições
juntamente.
𝑖 = 168,0 × 𝑇 −0,405 Eq. 11
em que i é dado em mm/h e T em minutos
69
Figura 51 – Dados de infiltração medidos no primeiro, segundo e terceiro ensaio, bem como a curva
ajustada para o modelo de Kostiakov para o pavimento permeável AGD (Vidal, 2014).
70
5.3 ENSAIO DE PERMEABILIDADE DA PLACA
Após a realização dos ensaios e tomada de dados foi aplicado a equação 9 para o
cálculo do Coeficiente de Permeabilidade. De acordo com a Tabela 10 que está no item 4.1.9,
o coeficiente de permeabilidade de placas de concreto permeável deve ser superior a 10-3 m/s,
logo é possível analisar que a placa AGD – 100% de resíduo de demolição atende aos
requisitos da norma ABNT NBR 16416/2015, tendo Coeficiente de permeabilidade maior que
o estipulado.
72
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
73
base e camada de assentamento. Isso se faz necessário para que o pavimento resista aos
esforços solicitantes e ainda assim permita a infiltração de água.
O simulador de chuva, que é parte fundamental dos ensaios de infiltração, apresentou
ao longo dos ensaios problemas com vazamentos, que foram solucionados à medida que
surgiam, e, apesar de pequenos, esses vazamentos podem entrar como contribuição no
pavimento e não são possíveis de ser mensurados. Portanto, cabe enfatizar que a manutenção
deste equipamento é de suma importância para futuras pesquisas.
Em relação à caixa pluviômetra, ela se mostrou muito útil para o ensaio de infiltração,
tendo os itens necessários para se coletar os dados de infiltração e escoamento superficial.
Entretanto, a precisão dos dados coletados é de suma importância para a construção da curva
de infiltração, logo o aparato que auxilia a medição no tubo piezométrico deve ser melhorado
para facilitar a leitura, e se possível trocado por sensores que tornariam a coleta dos dados
mais fácil, e os dados com menos incerteza.
Como recomendações para pesquisas futuras, cita-se que os ensaios com a caixa
pluviômetra devem continuar, porém testando novos pavimentos e outras intensidades de
chuva. Em relação às placas de concreto reciclado, novos trabalhos poderiam ser
desenvolvidos no sentido de adequá-las a maiores condições de conforto em sua utilização.
Também há a possibilidade de ser realizado um estudo para a massa especifica das placas,
conforme as orientações que constam na norma ABNT NBR 16416/2015. Outras pesquisas
poderiam produzir uma metodologia para o dimensionamento hidráulico das camadas de base
e sub-base e compará-la com a metodologia que consta no anexo B da norma ABNT NBR
16416/2015.
74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
75
CRUZ, Marcus Aurélio Soares; SOUZA, Christopher Freire; TUCCI, Carlos EM.
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sustentabilidade. XVII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos. Anais... São Paulo:
Associação Brasileira de Recursos Hídricos–ABRH, 2007. Disponível em
<http://rhama.com.br/blog/wp-content/uploads/2017/04/controledrenagemurbana.pdf>.
Acessado em 18.01.2019.
MORALES, Paulo Roberto Dias. Curso de Drenagem Urbana e Meio Ambiente. Instituto
Militar de Engenharia – IME. Rio de Janeiro, 2003.
76
NETO, Pedro de Souza Garrido. Telhados verdes associados com sistema de
aproveitamento de água de chuva: Elaboração de dois projetos para futuros estudos
sobre esta técnica compensatória em drenagem urbana e prática sustentável na
construção civil / Projeto de Graduação – UFRJ / Escola Politécnica / Engenharia Civil,
2012.
PINTO, N., HOLTZ, T., MARTINS, J., et al, 1976. Hidrologia Básica pg. 36 a 39.
São Paulo.
SILVEIRA, André Luiz Lopes da, 2002. Drenagem Urbana: Aspectos de Gestão.
Rio Grande do Sul, Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Disponível em <https://www.passeidireto.com/arquivo/34165016/apostila-de-drenagem-
urbana-do-prof-silveira>. Acessado em 21.06.2018
TUCCI, C.E M.; BERTONI, J.C. (Orgs) Inundações Urbanas na América do Sul.
Associação Brasileira de Recursos Hídricos: Porto Alegre, 2003, p. 471.
77
URBONAS, B.; STAHRE, P. (1993) “Stormwater Best Management Practices and
Detention” Prentice Hall, Englewood Cliffs, New Jersey, 450p.
78
APÊNDICE A – Folhas de campo dos ensaios experimentais
4) Anotação da cota inicial que está marcada na régua acoplada ao tubo piezométrico.
5) Medições na caixa pluviômetra: A partir do início até o término da chuva, onde são
verificadas, a cada intervalo de tempo definido na pesquisa, a cota na régua.
79
Primeiro Ensaio
2) Experimento
80
2.4. Medições
81
Tabela 18 – Tabela com a síntese dos dados coletados no campo no primeiro ensaio do pavimento
permeável AGD
Nível PRECIPITAÇÃO RESERVATÓRIO
Tempo Runoff total
DATA RESERV.
(min) Taxa de Precipitação (mm)
(mm) (mm/h)
DIF. Nível Runoff (l)
82
Segundo Ensaio
2) Experimento
2.2. Caixa Pluviômetra Leitura inicial da cota na Caixa Grande (cm): 16.2
83
2.4. Medições
84
Tabela 19 - Tabela com a síntese dos dados coletados no campo no segundo ensaio do pavimento
permeável AGD
Nível PRECIPITAÇÃO RESERVATÓRIO
Tempo Runoff total
DATA RESERV.
(min) Taxa de Precipitação (mm)
(mm) (mm/h)
DIF. Nível Runoff (l)
85
APÊNDICE B – GRÁFICOS DE CADA ENSAIO
86
Segundo ensaio – 02/08/2018