Você está na página 1de 129

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DAS FUNDAÇÕES

DO CENTRO DE CONVERGÊNCIA CCJE-CFCH-CLA


LOCALIZADO NA ILHA DO FUNDÃO - RIO DE JANEIRO

Roberto Mazzarone

Rio de Janeiro
Fevereiro, 2017
ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DAS FUNDAÇÕES
DO CENTRO DE CONVERGÊNCIA CCJE-CFCH-CLA
LOCALIZADO NA ILHA DO FUNDÃO - RIO DE JANEIRO

Roberto Mazzarone

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola


Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Fernando Artur Brasil Danziger

Rio de Janeiro
Fevereiro, 2017

ii
ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DAS FUNDAÇÕES DO
CENTRO DE CONVERGÊNCIA CCJE-CFCH-CLA LOCALIZADO NA ILHA
DO FUNDÃO - RIO DE JANEIRO

Roberto Mazzarone

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A
OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinada por:

Prof. Fernando Artur Brasil Danziger, D.Sc.

Prof. Francisco de Resende Lopes, Ph.D.

Prof. José Luiz Couto de Souza, Esp.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


FEVEREIRO DE 2017
iii
Mazzarone, Roberto
Estudo de caso: análise do projeto das fundações do
Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA localizado na
Ilha do Fundão - Rio de Janeiro / Roberto Mazzarone. Rio
de Janeiro/ Escola Politécnica, 2017.
XV, 114p.:il.; 29,7 cm.
Orientador: Fernando Artur Brasil Danziger
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/
Curso de Engenharia Civil, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 94-96.
1. Fundações profundas. 2. Estaca em Rocha.
I. Danziger, Fernando Artur Brasil. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de
Engenharia Civil. III. Estudo de caso: análise do projeto
das fundações do centro de convergência CCJE-CFCH-
CLA localizado na Ilha do Fundão - Rio de Janeiro.

iv
“Mas pra quem tem pensamento forte
o impossível é só questão de opinião”

(Alexandre Magno Abrão)

v
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por permitir o meu ingresso, curso e conclusão
dessa tão sonhada graduação, além de estar ao meu lado guiando-me e concedendo-
me forças durante esta caminhada. Agradeço a Ele, ainda, pela família e amigos que
tenho, pelos objetivos conquistados e dificuldades superadas.

Agradeço aos meus pais Francesco e Maria, irmãos Giovanni e Alberto e família pelo
apoio em todos os momentos, por sonhar e acreditar junto comigo, pelos valores e
princípios ensinados e pela paciência durante todos esses anos.

Aos meus amigos, de vida e de faculdade, por toda confiança e esperança


depositadas em mim. Pelos momentos de distração e alegria que me fizeram esquecer
todos os problemas, de qualquer natureza, tornando possível enfrenta-los de forma
mais leve, obrigado. Em especial àqueles que sempre estiveram ao meu lado, aos
queridos amigos de todas as horas que posso sempre contar.

Agradeço ao meu orientador Fernando Danziger, primeiramente por ter me


influenciado positivamente na escolha da ênfase em Geotecnia, devido ao seu
indiscutível exemplo de profissionalismo e pela dedicação que tem em transmitir
conhecimento aos seus alunos. Obrigado por toda atenção e apoio ao longo desse
trabalho e por todos os ensinamentos transmitidos, essenciais para que eu concluísse
com êxito a minha graduação.

Deixo também o meu agradecimento aos amigos da equipe do Escritório de


Planejamento da Decania do CT e da empresa ENAR Engenharia e Arquitetura pelo
ambiente sempre descontraído, por estarem sempre dispostos a ajudar e ensinar e por
todo o incentivo durante todo o tempo que estive lá. Além da equipe do ETU/UFRJ, em
particular ao engenheiro Marlon Lacerda e a engenheira Fabiana Guedes, sempre
solícitos e receptivos quando procurados por mim.

Por fim, agradeço a todos aqueles que passaram pela minha vida, antes e durante a
graduação, e também àqueles que ainda estão por vir, atuando direta ou indiretamente
na minha formação profissional e também pessoal, moldando o meu caráter. Sendo
motivos de tristezas ou alegrias, ninguém passa por nossas vidas por acaso, o que
resta é o aprendizado.

vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DAS FUNDAÇÕES DO


CENTRO DE CONVERGÊNCIA CCJE-CFCH-CLA LOCALIZADO NA ILHA
DO FUNDÃO - RIO DE JANEIRO

Roberto Mazzarone

Fevereiro/2017

Orientador: Fernando Artur Brasil Danziger

Curso: Engenharia Civil

A natureza heterogênea dos solos de fundação e sua grande variabilidade natural é


algo que movimenta grandes discussões na prática da engenharia, não sendo possível
ainda a sua plena compreensão. Ao longo dos anos foram propostas diversas
metodologias para obter informações de sua composição, assim como outras para
fazer previsões de seu comportamento, tais como a utilização frequente de
metodologias predominantemente empíricas e semi-empíricas. Contudo ainda é
comum a necessidade de se modificar os projetos das estruturas de fundações
quando são verificadas condições nos solos diferentes do previsto, sobretudo quando
não são realizadas investigações do subsolo aprofundadas. O trabalho em questão
inicia fazendo uma revisão bibliográfica do tema fundações, dando particular ênfase
nas fundações profundas dos tipos hélice contínua e raiz. Em seguida é apresentado
um estudo de caso no qual houve a necessidade de alteração do projeto de fundações
em função do surgimento de camadas rochosas próximas a superfície, não previstas
inicialmente. Foram utilizadas as estacas raiz para solucionar problemas ocorridos
durante a execução das estacas hélice contínua e aplicados os métodos semi-
empíricos de previsão de capacidade de carga para a dada situação com presença de
rocha, com a adoção de critérios e parâmetros de cálculo sem afetar a segurança e a
viabilidade do empreendimento.

Palavras-chave: Fundações profundas. Estaca em Rocha.

vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Civil Engineer.

ESTUDO DE CASO: ANÁLISE DO PROJETO DAS FUNDAÇÕES DO


CENTRO DE CONVERGÊNCIA CCJE-CFCH-CLA LOCALIZADO NA ILHA
DO FUNDÃO - RIO DE JANEIRO (EM INGLÊS)

Roberto Mazzarone

February/2017

Advisor: Fernando Artur Brasil Danziger

Course: Civil Engineering

The heterogeneous nature of the foundation soils and their large natural variability is
something that moves extensive discussions in practice of the engineering, and its full
understanding is not possible yet. Over the years, several methodologies have been
proposed to obtain information about its composition, as well as others to make
predictions of its behavior, such as the frequent use of predominantly empirical and
semi-empirical methodologies. However, it is still common the need to modify the
structural foundations projects when soil conditions differ from those predicted,
especially when in-depth underground investigations are not carried out. The work in
question begins by doing a bibliographical review of the subject foundations, with
particular emphasis on deep foundations continuous flight auger and root-piles. Next, a
case study is presented in which there was a need to change the foundations project
due to the appearance of rock layers near the surface, not initially foreseen. The root-
piles were used to solve problems that occurred during the execution of the continuous
flight auger piles and semi-empirical methods of predictiing load capacity for the given
situation with presence of rock were applied, with the adoption of criteria and
calculation parameters that do not affect the safety and viability of the enterprise.

Keywords: Deep foundation. Piles in rock.

viii
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ........................................................................................................ xi


LISTA DE TABELAS ..................................................................................................... xiv
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 1
1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................... 1
1.2. OBJETIVO DO TEMA................................................................................. 2
1.3. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO PARA O TEMA ..................................... 3
1.4. ABORDAGEM METODOLÓGICA.............................................................. 4
1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO................................................................... 5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 7
2.1. FUNDAÇÕES ............................................................................................. 7
2.2. INTRODUÇÃO ÀS FUNDAÇÕES PROFUNDAS ...................................... 8
2.3. ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA ....................................................... 9
2.4. ESTACAS RAÍZ ........................................................................................ 12
2.5. CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS .............................................. 14
2.5.1. Método de Aoki e Velloso (1975).................................................. 18
2.5.2. Método de Goodman (1980) ......................................................... 20
2.5.3. Método de Cabral e Antunes (2000)............................................. 21
2.5.4. Método de Zhang e Einsten (1998) .............................................. 23
2.5.5. Método de Poulos e Davis (1980) ................................................ 24
3. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO DE ESTUDO .................................................. 27
3.1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA..................................................................... 27
3.2. ASPECTOS GEOTÉCNICOS .................................................................. 28
3.3. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA REGIÃO DE ESTUDO ................... 29
4. ASPECTOS ESPECÍFICOS DA REGIÃO E ESTUDO DE CASO ........................ 34
4.1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO E COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL .... 35
4.2. SONDAGENS E ENSAIOS ...................................................................... 38
4.2.1. Introdução e análise inicial............................................................ 38
4.2.2. Descrição das Sondagens a Percussão e ensaio SPT................ 41
4.2.3. Descrição das Sondagens Rotativas............................................ 46
4.2.4. Análise final ................................................................................... 50
4.3. PROJETO DE ESTAQUEAMENTO ......................................................... 54
4.4. PROVAS DE CARGA ............................................................................... 75
4.4.1. Generalidades ............................................................................... 75
4.4.2. Preparação para a realização das Provas de Carga ................... 76
4.4.3. Realização das Provas de Carga ................................................. 80

ix
4.4.4. Resultados e interpretação das Provas de Carga........................ 85
5. ESTUDO COMPARATIVO...................................................................................... 86
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .... 92
6.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 92
6.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................ 92
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 94
ANEXO 1 – SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO ................................. 97
ANEXO 2 – SONDAGENS MISTAS – PERCUSSÃO E ROTATIVA ......................... 107

x
LISTA DE FIGURAS

Figura 2-1 – Esquema de execução de estaca hélice contínua (MANDOLINI, 2001


apud DANZIGER, 2015). ................................................................................................ 10
Figura 2-2 – Esquema de execução de estaca raiz (BRASFOND, 1990 apud
DANZIGER, 2015). ......................................................................................................... 13
Figura 3-1 – Foto aérea do conjunto de ilhas antes e depois do processo de aterro da
atual Cidade Universitária (VALENÇA, 2013)................................................................ 27
Figura 3-2 – Foto aérea das ilhas de Sapucaia e Bom Jesus e observação do terreno
(KFURI, [s.d.]). ................................................................................................................ 29
Figura 3-3 – Plano Geral de Desenvolvimento (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO
DIRETOR, 2010). ........................................................................................................... 31
Figura 3-4 – Áreas de Integração propostas (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO
DIRETOR, 2010). ........................................................................................................... 33
Figura 4-1 – Imagem de satélite da Cidade Universitária com indicação de local de
estudo (GOOGLE MAPS, 2016). ................................................................................... 34
Figura 4-2 – Perspectiva do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA (COMITÊ
TÉCNICO DO PLANO DIRETOR, 2010). ...................................................................... 35
Figura 4-3 – Planta de Situação do Terreno (SIACI, 2016).......................................... 35
Figura 4-4 – Vista geral da obra (SIACI, 2016)............................................................. 37
Figura 4-5 – Planta do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA – Blocos 31 a 34 e
PE (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ............... 37
Figura 4-6 – Perspectiva do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA – Blocos 31 a
34 e PE (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ....... 38
Figura 4-7 – Sondagens à percussão e sondagens rotativas (elaborado pelo autor
com base em documentos fornecidos pelo ETU). ......................................................... 40
Figura 4-8 – Etapas na execução de sondagem a percussão: (a) avanço da sondagem
por desagregação e lavagem; (b) ensaio de penetração dinâmica (SPT) (VELLOSO &
LOPES, 2010)................................................................................................................. 42
Figura 4-9 – Trechos destacados para interpretação dos perfis de sondagem
(elaborado pelo autor). ................................................................................................... 43
Figura 4-10 – Trecho A-A – Interpretação da homogeneização dos perfis obtidos das
sondagens à percussão (elaborado pelo autor). ........................................................... 44
Figura 4-11 – Planta da área em que as estacas tipo hélice contínua não puderam ser
executadas (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). . 45
Figura 4-12 – Vista da região onde estacas tipo hélice contínua não puderam ser
executadas (documentos fornecidos pelo ETU). ........................................................... 46

xi
Figura 4-13 – Esquema de funcionamento de sonda rotativa (VELLOSO & LOPES,
2010). .............................................................................................................................. 47
Figura 4-14 – Amostradores para rochas (esquematicamente representados): (a)
barrilete simples, (b) barrilete duplo e (c) barrilete duplo giratório (VELLOSO & LOPES,
2010). .............................................................................................................................. 47
Figura 4-15 – Trecho B-B – Interpretação da homogeneização dos perfis obtidos das
sondagens mistas (elaborado pelo autor)...................................................................... 49
Figura 4-16 – Foto aérea da região de estudo (elaborado pelo autor, adaptado de
VALENÇA, 2013). ........................................................................................................... 51
Figura 4-17 – Correspondência entre região de estudo e arquipélago original
(elaborado pelo autor, adaptado de ETU, 2016). .......................................................... 52
Figura 4-18 – Planta de locação das estacas do Bloco 31 (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 55
Figura 4-19 – Planta de locação das estacas do Bloco 32 (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 56
Figura 4-20 – Planta de locação das estacas do Bloco 33 (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 57
Figura 4-21 – Planta de locação das estacas do Bloco 34 (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 58
Figura 4-22 – Planta de locação das estacas da Praça Elevada (elaborado pelo autor
com base em documentos fornecidos pelo ETU). ......................................................... 59
Figura 4-23 – configurações inicial e alterada do estaqueamento do pilar P92 após
inviabilidade executiva (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos
pelo ETU). ....................................................................................................................... 60
Figura 4-24 – configurações inicial e alterada do estaqueamento do pilar P94 após
inviabilidade executiva (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos
pelo ETU). ....................................................................................................................... 60
Figura 4-25 – Planta de tipo de estacas e diâmetros correspondentes (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ............................................... 74
Figura 4-26 – Planta de comprimento de estacas e diâmetros correspondentes
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 74
Figura 4-27 – Local de execução da prova de carga (elaborado pelo autor com base
em documentos fornecidos pelo ETU). .......................................................................... 78
Figura 4-28 – Sistema de reação com estacas tracionada (ALONSO, 1997 apud
DANZIGER, 2015). ......................................................................................................... 78
Figura 4-29 – Sistema de reação – posicionamento dos macacos hidráulicos
(documentos fornecidos pelo ETU)................................................................................ 79

xii
Figura 4-30 – Posicionamento dos deflectômetros (documentos fornecidos pelo ETU).
........................................................................................................................................ 80
Figura 5-1 – Resistência de ponta do sistema estaca-rocha em estudo (elaborado pelo
autor). .............................................................................................................................. 88
Figura 5-2 – Resistência por atrito lateral do sistema estaca-rocha em estudo
(elaborado pelo autor). ................................................................................................... 89
Figura 5-3 – Resistência total admissível do sistema estaca-rocha em estudo
(elaborado pelo autor). ................................................................................................... 89
Figura 5-4 – Comprimento de embutimento necessário do sistema estaca-rocha em
estudo (elaborado pelo autor). ....................................................................................... 90

xiii
LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Tipos de estacas (adaptado de VELLOSO & LOPES, 2010). ................... 9
Tabela 2.2 – Tabela de Diâmetros e Cargas para estacas Hélice Contínua (adaptado
de VELLOSO & LOPES, 2010). ..................................................................................... 11
Tabela 2.3 – Tabela de Diâmetros e Cargas (adaptado de GEOSONDA, 2016). ....... 14
Tabela 2.4 – Tabela de Diâmetros e Cargas para estacas Raiz (adaptado de
VELLOSO & LOPES, 2010). .......................................................................................... 14
Tabela 2.5 – Coeficientes K e α para diferentes tipos de solo (adaptado de AOKI-
VELLOSO, 1975 apud DANZIGER, 2015). ................................................................... 19
Tabela 2.6 – Coeficientes de transformação F1 e F2 (adaptado de AOKI-VELLOSO,
1975; VELLOSO et al, 1978 apud MANTUANO, 2013). ............................................... 19
Tabela 2.7 - Valores de 𝑞𝑢 (GOODMAN, 1980 apud documentos fornecidos pelo ETU)
........................................................................................................................................ 20
Tabela 2.8 - Valores de 𝜙′ (GOODMAN, 1980 apud documentos fornecidos pelo ETU).
........................................................................................................................................ 20
Tabela 2.9 – Valores de β 0 (ANTUNES e CABRAL, 2000 apud JUVÊNCIO, 2015). ... 22
Tabela 2.10 – Resistência à compressão simples para diferentes tipos de rocha
(ANTUNES e CABRAL, 2000 apud JUVÊNCIO, 2015). ............................................... 22
Tabela 2.11 – Valores de 𝜏𝑚á𝑥 (MPa) para diferentes tipos de rocha (ANTUNES e
CABRAL, 2000 apud JUVÊNCIO, 2015). ...................................................................... 23
Tabela 2.12 – Fator multiplicador em relação à limpeza de estaca e qualidade da .... 23
Tabela 2.13 – Desvio padrão em função da condição de preparo do concreto (NBR
12655:2015 apud Amelco (2015)).................................................................................. 26
Tabela 4.1 – Número mínimo de sondagens para construção de edifícios (adaptado da
NBR 8036:1983). ............................................................................................................ 39
Tabela 4.2 – Índice de qualidade da rocha - RQD (adaptado de VELLOSO & LOPES,
2010). .............................................................................................................................. 48
Tabela 4.3 – Tabela de Carga Admissível Estrutural (elaborado pelo autor com base
em documentos fornecidos pelo ETU). .......................................................................... 61
Tabela 4.4 – Valores de F1 e F2 para diferentes tipos de estacas (adaptado de
MONTEIRO, 1997 apud MANTUANO, 2013). ............................................................... 62
Tabela 4.5 – Valores de K e α para diferentes tipos de solo (adaptado de AOKI-
VELLOSO, 1975 apud MANTUANO, 2013). ................................................................. 62
Tabela 4.6 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 31
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 63

xiv
Tabela 4.7 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 32
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 64
Tabela 4.8 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 33
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 65
Tabela 4.9 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 34
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 68
Tabela 4.10 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Praça Elevada
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 69
Tabela 4.11 – Resultados do Método de Goodman (1980) (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 72
Tabela 4.12 – Resultados do Método de Cabral e Antunes (2000) (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ............................................... 72
Tabela 4.13 – Resultados do Método de Zhang e Einsten (1998) (elaborado pelo autor
com base em documentos fornecidos pelo ETU). ......................................................... 72
Tabela 4.14 – Comprimentos de embutimento em rocha (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU). ................................................................. 73
Tabela 4.15 – Quantidade de provas de carga (adaptado da NBR 6122:2010). ......... 76
Tabela 4.16 – Quantidade de estacas po prédio (elaborado pelo autor). .................... 77
Tabela 4.17 – Características geométricas da estaca ensaiada (elaborado pelo autor
com base em documentos fornecidos pelo ETU). ......................................................... 80
Tabela 4.18 – Tabela dos estágios de carga e descarga do ensaio (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ............................................... 82
Tabela 4.19 – Tabela das leituras tempo-recalque e carga-recalque dos estágios
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU). ..................... 82
Tabela 5.1 – Resultados do Método de Poulos e Davis (1980) (elaborado pelo autor).
........................................................................................................................................ 88

xv
1. INTRODUÇÃO

1.1. APRESENTAÇÃO DO TEMA

As fundações, de edifícios e estruturas de um modo geral, exercem uma das funções


mais importantes do conjunto estrutural, permitindo a transferência de cargas oriundas
da superestrutura para o solo sem sofrer deformações ou recalques excessivos.

Contudo, podem ocorrer situações durante a construção em que são encontrados


problemas associados a erros de projeto e a erros de execução em decorrência da
falta de conhecimento do subsolo. Nesses casos, alterações de projeto podem ser
necessárias e, eventualmente, reforços nas fundações.

Para se obter o conhecimento do subsolo e evitar tais erros é necessário que se façam
investigações geotécnicas adequadas, possibilitando a identificação e a classificação
das diversas camadas que compõem o terreno de fundação, e posteriormente avaliar
as suas propriedades geotécnicas.

Os ensaios que visam verificar o comportamento das fundações submetidas aos


carregamentos de projeto são chamados de provas de carga. Estes são tão
importantes quanto os ensaios de caracterização e reconhecimento do subsolo, uma
vez que fornecem elementos necessários para estabelecer com maior segurança o
nível de carga suportado pelo solo (ou rocha), assim como verificar o nível de recalque
a ser imposto à futura estrutura, quando aplicado um carregamento.

Diante de um problema encontrado na fase construtiva deve-se procurar uma solução


adequada tendo em vista as diversas variáveis envolvidas, tais como: propriedades
das camadas que compõem o terreno de fundação, tipo de fundação existente, das
solicitações da estrutura, do espaço físico disponível para a execução destas
alterações, entre outras.

Uma das soluções para muitos destes problemas de fundações, que tem cada vez
mais ganhando espaço no cenário nacional, é a utilização das estacas raiz.
Desenvolvida na Itália, inicialmente apenas para reforço de fundação e estabilidade de
encostas, hoje a estaca tipo raiz destaca-se também como sendo uma fundação
profunda resistente a maiores cargas do que no início de seu emprego.

1
Suas vantagens de execução com baixa emissão de ruído, pouca vibração e boa
mobilidade do equipamento, além de poder ser utilizada em quase qualquer tipo de
solo, vem permitindo o aumento da sua utilização.

Tendo em vista a abordagem de tais assuntos, o presente trabalho de conclusão de


curso enfoca um caso real de utilização de estacas raiz como alternativa à
inviabilidade de utilização de estacas tipo hélice contínua, em um terreno com
presença de alteração de rocha, para a execução das fundações de um complexo a
ser erguido na Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro.

1.2. OBJETIVO DO TEMA

O presente trabalho de conclusão de curso tem por objetivo principal realizar um


estudo de caso real, buscando expandir o acervo de documentos sobre fundações de
edifícios, dando particular ênfase para análise das sondagens, provas de carga e
métodos semi-empíricos para estimativa da capacidade de carga, sobretudo para
estacas com ponta embutida em rocha.

O trabalho em questão tem os seguintes objetivos específicos:

a) Apresentar um estudo bibliográfico sobre fundações, em especial as


profundas, abordando brevemente as duas tecnologias empregadas no caso
alvo do estudo: hélice contínua e raiz;

b) Apresentar um estudo bibliográfico de metodologias semi-empíricas


utilizadas para cálculo da capacidade de carga de estacas, dando particular
importância aos métodos de previsão para estacas com ponta embutida em
rocha;

c) Descrever a área da região de estudo apresentando aspectos


históricos, geológicos e geotécnicos;

d) Apresentar o caso a ser estudado incluindo, contextualização e


descrição do projeto com entendimento dos projetos de estruturas e
fundações;

2
e) Realizar um estudo do posicionamento, quantidade, execução e análise
dos resultados das sondagens realizadas com base nas normas vigentes;

f) Analisar os dados obtidos em uma prova de carga estática executada


em uma estaca hélice contínua do projeto em estudo e comparar o resultado
com o método semi-empírico de previsão de capacidade de carga de Aoki e
Velloso (1975);

g) Realizar um estudo de caso através da comparação de quatro


metodologias de cálculo semi-empírico para dimensionar a capacidade de
carga de estacas tipo raiz com ponta embutida em rocha;

h) Desenvolver uma análise e discussão dos resultados obtidos entre os


diferentes métodos a fim apresentar o valor mais adequado;

i) Proporcionar melhor entendimento do comportamento de uma estaca


com ponta embutida em rocha através da pesquisa, resumo, aplicação e
análise de resultados de métodos semi-empíricos.

1.3. JUSTIFICATIVA E MOTIVAÇÃO PARA O TEMA

O desenvolvimento do presente trabalho para a conclusão do curso de graduação em


Engenharia Civil na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro teve
por motivação inicial do autor a intenção de explorar a engenharia presente no âmbito
universitário.

Assim, o primeiro fato que chamou a atenção do autor para o desenvolvimento deste
trabalho foi a presença rotineira de intervenções infraestruturais e urbanísticas na
própria Ilha do Fundão (Campus da UFRJ - Cidade Universitária) nos últimos anos.
A Cidade Universitária, ao passar por esse momento de expansão e transformação,
tornou-se um celeiro de oportunidades para que, em particular, os estudantes do curso
de Engenharia Civil vissem mais de perto o poder transformador de suas futuras
profissões e assimilassem muito dos conteúdos transmitidos em sala de aula.

Desse modo, o autor viu uma oportunidade de aplicar os conhecimentos adquiridos


durante a graduação à realidade universitária, visando o desenvolvimento de um
estudo de caso aplicado ao tema em questão, de uma das obras existentes na ilha do

3
Fundão, produzindo ao final um documento que contenha informações úteis para a
posteridade, no campo de avaliação de desempenho do produto estudado.

Soma-se a isso a motivação e interesse do autor em estudar mais a fundo a


engenharia de fundações, sobretudo uma alternativa de execução de fundações
profundas em casos de terrenos com presença de blocos de roc ha e/ou com rochas
nas camadas superficiais, as estacas raiz.

1.4. ABORDAGEM METODOLÓGICA

A Metodologia é o estudo dos métodos. Ou então as etapas a seguir num determinado


processo. É também considerada uma forma de conduzir a pesquisa ou um conjunto
de regras para ensino de ciência e arte (ARRUDA, 2015).

Também segundo ARRUDA (2015), a Metodologia é a explicação minuciosa,


detalhada, rigorosa e exata de toda ação desenvolvida no método do trabalho de
pesquisa, da explicação do tipo de pesquisa ao tratamento dos dados, enfim, de tudo
aquilo que se utilizou no trabalho.

Assim, visando os objetivos propostos, foi adotada a metodologia exposta a seguir,


sendo dividida em quatro etapas:

Inicialmente realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o assunto tratado, onde serão
analisadas as fundações profundas, com atenção nas alternativas por estacas hélice
contínua e raiz, e as metodologias semi-empíricas utilizadas para cálculo da
capacidade de carga de estacas com ênfase nas estacas com ponta embutida em
rocha, entre outros assuntos, a fim de se justificar e embasar o estudo.

Na sequência, é realizada uma apresentação do estudo de caso abordando todas as


etapas. Inicia-se pelos aspectos históricos e de caracterização da região, passando
pela introdução e origem do projeto, a composição estrutural do mesmo e o projeto de
fundações.

Na terceira etapa, faz-se a apresentação e a análise dos resultados obtidos para as


sondagens, para a mudança ocorrida no projeto de fundações e para a prova de
carga. E também será discutida e avaliada a influência dos resultados para os
métodos semi-empíricos de previsão de capacidade de carga apresentados.

4
E por fim, na última etapa, de acordo com o conteúdo do trabalho e com os resultados
obtidos, faz-se uma análise final e algumas sugestões para posterior utilização em
estudos futuros buscando ampliar o conhecimento sobre os assuntos abordados.

1.5. ESTRUTURA DO TRABALHO

O trabalho de conclusão de curso aqui apresentado é estruturado em sete capítulos.

O primeiro capítulo consiste numa breve introdução ao tema, descreve conceitos


básicos que norteiam o trabalho, dando embasamento para o tratamento do mesmo,
além de apresentar o objetivo e justificativa de estudo e a metodologia adotada.

O Capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica que serviu como base ao trabalho. É


realizada uma revisão do tema “Fundações” conceituando-as e apresentando seus
requisitos necessários para transmissão de cargas. Em seguida são apresentadas as
fundações profundas, dando especial atenção às estacas hélice contínua e raiz,
abordando suas respectivas formas de execução, vantagens e desvantagens.

O terceiro capítulo, “Aspectos gerais da região de estudo”, trata de temas relacionados


ao levantamento histórico da região em estudo. É feito neste capitulo uma revisão das
origens da região, caracterizando-a historicamente, geotecnicamente e
contextualizando-a no âmbito universitário e relacionando-a ao objeto do estudo de
caso.

O Capítulo 4 é dedicado à descrição e caracterização do objeto do estudo de caso, da


sua composição estrutural e do seu projeto de fundações. Neste capítulo são
realizadas análises acerca das investigações geotécnicas realizadas, descrevendo as
metodologias empregadas, apresentando os resultados e realizando comentários
críticos. Também é apresentado um estudo da prova de carga realizada, através da
interpretação e análise comparativa dos resultados.

O Capítulo 5 realiza um estudo comparativo entre os três métodos semi-empíricos de


previsão de capacidade de carga para estacas com ponta embutida em rocha cujos
cálculos foram realizados pela empresa responsável pelo projeto e um método semi-
empirico, com o mesmo propósito, escolhido e aplicado pelo autor. A realização desse

5
estudo comparativo visa validar os resultados e propor a indicação do melhor método,
dentre os estudados, para trabalhar sob a condição apresentada.

Por fim, no Capítulo 6, são apresentadas as considerações finais e algumas sugestões


de estudos posteriores, listando-se, em seguida, as Referências Bibliográficas (no
Capítulo 7) utilizadas em todo o corpo do presente trabalho e os Anexos.

6
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Neste capítulo, será feita uma breve introdução ao tema “Fundações”, destacando
seus aspectos gerais e mais significativos. Serão caracterizadas as fundações
profundas, dando maior enfoque nas estacas hélice contínua e raiz, temas de
interesse para a melhor compreensão do presente trabalho.

2.1. FUNDAÇÕES

Entende-se por fundação o elemento ou peça, pertencente a uma estrutura,


responsável pela transmissão das cargas dessa mesma estrutura para o terreno, cuja
composição deste poderá ser de tanto solo quanto rocha. A transmissão deverá ser
feita de forma adequada, ou seja, sem gerar problemas, de qualquer natureza, para a
estrutura ou terrenos adjacentes.

A questão de conceituar fundação como um elemento de transferência de carga é


fundamental, uma vez que se pode conceber uma ideia errada de que a fundação
deve aguentar ou reter a carga, ao invés de transmiti-la ao terreno. A forma adequada
de transmissão da carga ao terreno, pela fundação, traduz-se por dois requisitos
(DANZIGER, 2015):

a) segurança com relação à ruptura, ou seja, corresponde à verificação


dos estados-limites últimos;

b) recalques compatíveis com a estrutura, ou seja, corresponde à


verificação dos estados-limites de serviço.

O primeiro conceito significa que o solo de fundação não pode entrar em colapso, ou
ruptura. Já o segundo significa que mesmo que as cargas a aplicar à fundação
apresentem segurança com relação à ruptura, os deslocamentos (em particular os
recalques) para as cargas que irão atuar precisam ser compatíveis com aqueles
tolerados pela estrutura (DANZIGER, 2015).

O estudo das fundações pode ser dividido em dois grandes grupos: o primeiro relativo
às fundações superficiais (também chamadas diretas ou rasas) e o segundo as
fundações profundas. Contudo, no presente trabalho serão caracterizadas apenas as

7
fundações profundas e os assuntos pertinentes ao tema em questão, os quais serão
abordados nas próximas páginas.

2.2. INTRODUÇÃO ÀS FUNDAÇÕES PROFUNDAS

Assim sendo, as fundações profundas, segundo a NBR 6122:2010, são elementos de


fundação que transmitem a carga ao terreno pela base (resistência de ponta), por sua
superfície lateral (resistência de fuste) ou por uma combinação das duas, devendo sua
ponta ou base estar assente em profundidade superior ao dobro de sua menor
dimensão em planta (Df > 2B), e no mínimo 3 m (Df ≥ 3m). Neste tipo de fundação
incluem-se as estacas e os tubulões.

Ainda segundo a NBR 6122:2010, as estacas distinguem-se dos tubulões por sua
execução ser realizada inteiramente por equipamentos ou ferramentas, sem que haja
descida de pessoas em seu interior, em qualquer fase de sua execução.

As estacas constituem o tipo de fundação profunda mais empregada no Brasil e no


mundo, e será fruto de maior interesse por parte do autor, em virtude do seu emprego
na obra em questão que está sendo analisada.

Segundo Velloso e Lopes (2010), as fundações em estacas podem ser classificadas


segundo diferentes critérios (quanto ao material ou quanto ao processo executivo). De
acordo com o processo executivo, as estacas podem ser separadas segundo o efeito
no solo (ou tipo de deslocamento) que provocam ao serem executadas e são
classificadas como:

a) "de deslocamento", onde estariam as estacas cravadas em geral, uma


vez que o solo no espaço que a estaca vai ocupar é deslocado
(horizontalmente);

b) "de substituição", onde estariam as estacas escavadas em geral, uma


vez que o solo no espaço que a estaca vai ocupar é removido, causando
algum nível de redução nas tensões horizontais geostáticas.

Em alguns processos de estacas escavadas, em que não há praticamente remoção de


solo e/ou, na ocasião da concretagem, são tomadas medidas para restabelecer as
tensões geostáticas (ao menos parcialmente), estas estacas podem ser classificadas

8
numa categoria intermediária, que chamamos de "sem deslocamento" (VELLOSO &
LOPES, 2010).

A Tabela 2.1, abaixo, procura enquadrar os principais tipos de estacas executadas no


país de acordo com as características expostas nos parágrafos anteriormente
apresentados.

Tabela 2.1 – Tipos de estacas (adaptado de VELLOSO & LOPES, 2010).


TIPO DE EXECUÇÃO ESTACAS
(i) Madeira;
(ii) Pré-moldadas de concreto;
Grande (iii) Tubos de aço de ponta fechada;
(iv) Tipo Franki;
(v) Microestacas injetadas.
De deslocamento
(i) Perfis de aço;
(ii) Tubos de aço de ponta aberta (desde que não haja
Pequeno embuchamento na cravação);
(iii) Estacas hélice especiais (“estacas hélice de
deslocamento”).
(i) Escavadas com revestimento metálico perdido que
Sem deslocamento avança à frente da escavação;
(ii) Estacas raiz.
(i) Escavadas sem revestimento ou com uso de lama;
De substituição (ii) Tipo Strauss;
(iii) Estacas hélice contínua em geral.

No presente trabalho serão abordados dois tipos de estacas, as estacas raiz e as


estacas hélice contínua, pertencentes ao grupo das estacas cuja execução faz-se sem
deslocamento e/ou por substituição.

Esta categoria de estacas tem tido uma utilização crescente, especialmente em áreas
urbanas, onde a questão de poluição sonora (cravação dinâmica das estacas) tem se
tornado fator importante na decisão da escolha do tipo de estaca, abrangendo desde
cargas nominais muito pequenas até muito elevadas (DANZIGER, 2015).

2.3. ESTACAS TIPO HÉLICE CONTÍNUA

Segundo a NBR 6122:2010, a estaca hélice contínua é uma estaca de concreto


moldada in loco, executada mediante a introdução no terreno, por rotação, de um
trado helicoidal contínuo. A injeção de concreto é feita pela haste central do trado

9
simultaneamente à sua retirada. A armadura é sempre colocada após a concretagem
da estaca.

Na Figura 2.1, abaixo, é mostrado um esquema da execução das estacas tipo hélice
continua.

Figura 2-1 – Esquema de execução de estaca hélice contínua (MANDOLINI, 2001 apud DANZIGER,
2015).

Segundo Danziger (2015) e Velloso e Lopes (2010), o processo executivo dessas


estacas pode ser descrito da seguinte forma:

a) Perfuração: A perfuração consiste na introdução de um trado


contínuo, constituído por um tubo central vazado envolvido por
hélices no terreno, por meio de movimento rotacional transmitido
por motores hidráulicos acoplados na extremidade superior do
trado, até a cota de projeto sem que o mesmo seja retirado da
perfuração em nenhum momento. Esse tubo é dotado de uma
tampa metálica (perdida durante o processo), cuja finalidade é
evitar o ingresso de água e solo no tubo durante a execução;

b) Concretagem: Alcançada a profundidade desejada, o concreto


é bombeado continuamente (sem interrupções) através do tubo
central, ao mesmo tempo em que a hélice é retirada, sem girar,
ou girando lentamente no mesmo sentido da perfuração. A
velocidade de extração da hélice do terreno deve ser tal que a

10
pressão no concreto introduzido no furo seja mantida positiva (e
acima de um valor mínimo desejado). A pressão do concreto
deve garantir que ele preencha todos os vazios deixados pela
extração da hélice;

c) Armadura: O processo executivo da estaca hélice continua


impõe que a colocação da armadura seja feita após o término da
concretagem. A "gaiola" de armadura é introduzida com o
emprego de um guindaste, e geralmente tem comprimento
pequeno, uma vez que no caso de estacas de compressão não
há, em tese, necessidade de armação, a qual se destina
principalmente a se evitar fissuração no concreto em caso de
choques de equipamentos quando o solo em torno da estaca é
escavado para execução do bloco de coroamento das estacas.

A monitoração das estacas fornece uma série de elementos associados à sua


execução, tais como seção média da estaca (a partir do volume de concreto), torque
durante escavação e velocidade de avanço da hélice. Uma das principais vantagens
da estaca hélice contínua é a sua alta velocidade de execução, com elevada
produtividade. (DANZIGER, 2015).

A Tabela 2.2 abaixo fornece os diâmetros nominais acabados de estacas hélice


contínua e as suas respectivas cargas de trabalho usuais e máximas correspondentes.

Tabela 2.2 – Tabela de Diâmetros e Cargas para estacas Hélice Contínua (adaptado de VELLOSO &
LOPES, 2010).
Tipo de Estaca Dimensão (cm) Carga Usual (kN) Carga Máx. (kN) Obs.
Ø 40 600 800 -
Estacas Hélice Ø 60 1400 1800 -
σ = 5 a 6 Mpa Ø 80 2500 3000 -
Ø 100 4000 4700 -

As estacas hélice contínua possuem entre suas principais vantagens: (1) não causam
vibrações e ruídos excessivos durante a execução; (2) elevada produtividade; (3)
perfuração sem a necessidade de revestimento ou fluido estabilizante (lama betonítica
ou polímeros) para a contenção do furo, pois o solo fica contido entre as pás da hélice;
(4) não causam danos em fundações vizinhas, já que não causam grandes
descompressões no terreno; (5) concreto injetado sobre pressão, garantindo uma
maior aderência no contato estaca-solo (NETO, 2002).

11
Como desvantagem, pode-se citar: (1) dificuldade na instalação de armaduras mais
profundas; (2) sua qualidade na execução está sujeita à sensibilidade e experiência do
operador da perfuratriz de execução da hélice; (3) produz material de descarte e
necessita de pá carregadeira ou outra máquina para a retirada do material escavado
(NETO, 2002).

2.4. ESTACAS RAÍZ

Segundo Velloso e Lopes (2010), a estaca raiz tem sua origem na Itália, com a
designação “pali radice”, desenvolvida originalmente para contenção de encostas,
quando eram cravadas formando reticulados, e em seguida para reforço de fundações.
Posteriormente passaram a ser utilizadas em na execução de fundações normais.

Segundo a NBR 6122:2010, a estaca raiz é uma estaca moldada in loco, em que a
perfuração é revestida integralmente, em solo, por meio de segmentos de tubos
metálicos (revestimento) que vão sendo rosqueados à medida que a perfuração é
executada, sendo o mesmo recuperado posteriormente. A estaca raiz é armada em
todo o seu comprimento e a perfuração é preenchida por uma argamassa de cimento
e areia.

Essas estacas possuem particularidades que permitem sua utilizaç ão em casos em


que os demais tipos de estacas não podem ser empregados: (1) não produzem
choques nem vibrações excessivas, viabilizando a execução em áreas muito
povoadas; (2) há ferramentas que permitem executá-las através de obstáculos tais
como blocos de rocha ou pecas de concreto; (3) os equipamentos são, em geral, de
pequeno porte, o que possibilita o trabalho em ambientes restritos; (4) podem ser
executadas na vertical ou em qualquer inclinação; (5) elevada capacidade de carga
em relação aos outros tipos de estacas escavadas de mesmo diâmetro (VELLOSO &
LOPES, 2010).

Como desvantagem, pode-se destacar o fator econômico como sendo o mais


desfavorável ao seu uso. O custo de execução mais elevado quando comparado a
outros métodos (podendo ultrapassar em média de 2 a 3 vezes o preço de execução
de estacas hélice contínua) é a principal razão na qual construtores podem evitar tal
solução. Uma produtividade certamente menor do que as estacas hélice contínua
também é um fator a ser considerado, pois são poucas situações em que se executa

12
mais do que três estacas raiz por dia com uma única maquina (ANDRZEJEWSKI,
2015).

Na Figura 2.2 abaixo é mostrado um esquema da execução das estacas raiz.

Figura 2-2 – Esquema de execução de estaca raiz (BRASFOND, 1990 apud DANZIGER, 2015).

Segundo Danziger (2015) e Velloso e Lopes (2010), o processo executivo dessas


estacas pode ser descrito da seguinte forma:

a) Perfuração: A execução inicia-se através da perfuração do terreno com


o auxílio de um tubo de revestimento metálico submetido a processo de
rotação, ao mesmo tempo em que água sob pressão é injetada no interior do
tubo. Assim, o solo removido durante a perfuração sai por fora do tubo,
misturado com a água injetada. Caso seja encontrado material resistente, a
perfuração pode prosseguir com uma coroa diamantada ou, o que é mais
comum, por processo percussivo (uso de "martelo de fundo"). Uma vez
atingida a profundidade estabelecida em projeto, a perfuração é interrompida;

b) Armadura: terminada a perfuração, introduz-se a armadura de aço,


constituída por uma barra única, no caso das estacas de menor diâmetro, ou
um conjunto de barras, devidamente estribadas ("gaiola") ou ainda um tubo,
no caso das de maior diâmetro. Ao término desta etapa, encontra-se,
portanto, o revestimento com água e a armação colocada;

13
c) Concretagem: O passo seguinte consiste na concretagem da estaca,
no qual argamassa de areia e cimento é bombeada por um tubo tremonha da
ponta da estaca para cima. À medida que a argamassa sobe pelo tubo de
revestimento, este é concomitantemente retirado em segmentos de 1 a 3
metros (com o auxílio de macacos hidráulicos ou de um guindaste), e são
dados golpes de ar comprimido (com até 5kgflcrn²), que adensam a
argamassa e promovem o contato com o solo (favorecendo o atrito lateral). O
processo é repetido até a completa retirada do tubo.

O processo de execução faz com que o diâmetro da estaca acabada fique maior que o
diâmetro do tubo de perfuração. A Tabela 2.3, abaixo, fornece os diâmetros nominais
acabados de estacas raiz e as suas respectivas cargas de trabalho usuais
correspondentes.

Tabela 2.3 – Tabela de Diâmetros e Cargas (adaptado de GEOSONDA, 2016).


Descrição Unidade Valores
Diâmetro Nominal Acabado
mm 150 160 200 250 310 400 500
da Estaca
Carga Usual de Trabalho a
kN 250 350 500 700 1000 1300 2000
Compressão

Para efeito de comparação, entre duas fontes diversas, apresenta-se a Tabela 2.4,
abaixo, adaptada de Velloso e Lopes (2010), com os diâmetros e cargas para as
estacas raiz, observando que ambas apresentam resultados bastante semelhantes.

Tabela 2.4 – Tabela de Diâmetros e Cargas para estacas Raiz (adaptado de VELLOSO & LOPES,
2010).
Tipo de Estaca Dimensão (cm) Carga Usual (kN) Carga Máx. (kN) Obs.
Ø 17 250 300 diâm. acabado Ø 20 cm
Estacas Raiz Ø 22 400 500 diâm. acabado Ø 25 cm
σ = 11 a 12,5 Mpa Ø 27 600 700 diâm. acabado Ø 30 cm
Ø 32 850 1000 diâm. acabado Ø 35 cm
Ø 37 1200 1400 diâm. acabado Ø 40 cm

2.5. CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS

Ao se elaborar um projeto de fundações, faz-se necessária a verificação da segurança


em relação à ruptura geotécnica. Em relação às fundações profundas, em específico
as estacas, cálculos são realizados através de diversos métodos de previsão de

14
capacidade de carga (carga de ruptura). Tais métodos fornecem estimativas por meio
de fórmulas estáticas, fórmulas dinâmicas e métodos empíricos.

Segundo Danziger (2015), nas fórmulas estáticas e nos métodos empíricos a


capacidade de carga 𝑄𝑟𝑢𝑝 da estaca é estimada pela expressão abaixo, em particular,
e seguinte conjunto de expressões:

𝑄𝑟𝑢𝑝 = 𝑄𝐴𝐿 + 𝑄𝑃 (2.1)

sendo:

𝑄𝐴𝐿 = carga (resistência) de atrito lateral;


𝑄𝑃 = carga (resistência) de ponta.

A carga de atrito lateral é resultante das resistências do solo, por atrito lateral,
atuantes ao longo da superfície lateral da estaca, podendo ser dada por:

𝑄𝐴𝐿 = ∑ 𝑎 𝑙𝑎𝑡(𝑖) ∙ 𝑠𝑖
𝑖=1 (2.2)

sendo:

𝑎 𝑙𝑎𝑡(𝑖) = área lateral no trecho i considerado;


𝑠𝑖 = atrito lateral unitário no trecho i considerado

A resistência de ponta é o produto da resistência de ponta unitária pela área da base


da estaca, ou seja:

𝑄𝑃 = 𝐴 𝑝 ∙ 𝑟𝑝 (2.3)

sendo:

𝐴 𝑝 = área da base ou ponta da estaca;


𝑟𝑝 = resistência de ponta unitária (ou pressão de ruptura).

15
A diferença entre as fórmulas estáticas e os métodos empíricos é que no caso das
fórmulas estáticas o atrito lateral unitário e a resistência de ponta unitária (ambos com
unidade de pressão) são obtidos através de princípios de Mecânica dos Solos, tal
como no caso de fundações superficiais, em que as fórmulas de Terzaghi e de Vesic
foram introduzidas. A principal dificuldade do emprego das fórmulas estáticas consiste
na estimativa dos parâmetros geotécnicos das diversas camadas do terreno
atravessadas pelas estacas com base nas investigações geotécnicas usuais, no caso
do Brasil apenas as sondagens à percussão (DANZIGER, 2015).

Já os métodos empíricos empregam os valores obtidos nos ensaios de campo


diretamente para a estimativa do atrito lateral unitário e da resistência de ponta
unitária, ou seja, sem passar pelos parâmetros geotécnicos. Pode-se dizer que esta é
uma tendência mundial e, no Brasil, métodos semi-empíricos têm sido propostos
desde o final da década de 70 e início da década de 80. (DANZIGER, 2015).

Estacas moldadas in situ que atravessam um trecho de solo e tem sua ponta ou parte
do seu comprimento em rocha, possuem deformações muito diferentes para mobilizar
o atrito no trecho de solo e mobilizar a parcela em contato com a rocha (ponta e/ou
fuste) (ANDRZEJEWSKI, 2015).

Velloso e Lopes (2010) indicam que, nesses casos, deve-se desprezar a parcela de
resistência do solo, não sendo adequado somar as resistências nestas condições. Nos
casos em que a estaca está comprovadamente apoiada sobre um maciço rochoso é
comum considerar que toda a carga é absorvida pela base, e adotar um coeficiente de
segurança maior.

Para essa situação, em que as estacas atravessam um trecho de solo e têm sua ponta
ou parte do seu comprimento em rocha, estas transferem a carga axial (carga de
trabalho) aplicada no topo, através de estratos não competentes, ao substrato rochoso
competente, no qual pode suportar a carga. A transferência de carga dá-se através do
fuste e da ponta (base) (JUVÊNCIO, 2015).

Assim, a capacidade de carga total (última) é a somatória das capacidades de carga


do fuste e da ponta, conforme expressões abaixo:

16
𝜋𝐷 2
𝑄𝑢𝑙𝑡 = 𝜋𝐷 ∫ 𝜏𝑑𝑧 + 𝑞 (2.4)
𝐿 4 𝑚á𝑥

𝑄𝑢𝑙𝑡 ≥ 𝐹𝑆 × 𝑄𝑡𝑟𝑎𝑏 (2.5)

onde:

Qult – capacidade de carga total ou última;


Qtrab – carga de trabalho ou serviço;
qmáx – resistência de ponta (unitária);
𝜏 – tensão cisalhante unitária;
FS – Fator de segurança adotado na prática da engenharia de fundações, variando
de 2 a 3;
D – diâmetro da estaca;
L – comprimento da estaca.

A resistência lateral última de uma estaca embutida em rocha é o somatório da


resistência ao cisalhamento, que atua sobre a superfície do soquete (embutimento ou
pino), expressa matematicamente por (adaptado de TURNER, 2006 apud JUVÊNCIO,
2015):

𝑄𝑙,𝑟𝑜𝑐ℎ𝑎 = ∫ 𝜏𝑚á𝑥 𝑑𝐴 = ∫ 𝜏𝑑𝑧 (2.6)


𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 𝐿𝑅

onde:

Ql,rocha – capacidade de carga lateral total (última);


𝜏 max – resistência lateral máxima ou atrito lateral máximo;
A – área da superfície ao longo do soquete;
D – diâmetro do soquete;
LR – comprimento do soquete.

Segundo Juvêncio (2015), na prática a capacidade de resistência lateral é calculada


assumindo que um único valor médio de resistência lateral atua ao longo da unidade
de interface de rocha/concreto, para cada camada de rocha. Este valor de 𝜏max é
multiplicado pela área da interface, obtendo-se assim o valor de Q l,rocha ult , expresso
por:

17
𝑄𝑙,𝑟𝑜𝑐ℎ𝑎 𝑢𝑙𝑡 = 𝜏𝑚á𝑥 𝜋 𝐷 𝐿𝑅 (2.7)

Os métodos de previsão da capacidade de carga lateral são todos baseados no


parâmetro 𝜏max .

Segundo Juvêncio (2015), a capacidade de carga da ponta é dada em função da área


da seção transversal (AS), que é uma variável conhecida e pela resistência de ponta,
qmáx .

Analogamente ao que acontece à resistência cisalhante lateral (atrito lateral máximo),


muitos pesquisadores procuram correlacionar esta resistência de ponta (qmáx ) à
compressão simples da rocha intacta (qu) (JUVÊNCIO, 2015).

Na literatura essa correlação é por vezes apresentada da seguinte forma:

𝑞𝑚á𝑥 = 𝑁𝑐 × 𝑞𝑢 (2.8)

Onde Nc é o fator de capacidade de carga que depende da qualidade do maciço


rochoso e do tipo de rocha. A qualidade do maciço rochoso, em essência, expressa o
grau de descontinuidade e alteração da rocha (ZHANG e EINSTEIN, 1998 apud
JUVÊNCIO, 2015).

2.5.1. Método de Aoki e Velloso (1975)

O método de Aoki e Velloso (1975) surgiu a partir de um estudo comparativo entre


resultados de provas de carga em estacas, resultados de ensaios de cone (CPT) e
investigações geotécnicas. Para o desenvolvimento deste método foram empregadas
correlações entre a resistência de ponta do cone (𝑞𝑐 ) e o N do SPT, assim o método
pode ser utilizado tanto com dados do SPT como também com dados do ensaio de
cone (CPT) (DANZIGER, 2015).

Valendo-se das correlações com o SPT, a expressão empregada para o cálculo do


atrito lateral unitário é:

𝛼𝐾𝑁
𝑠𝑖 = (2.9)
𝐹2

18
Também munido das correlações com o SPT, a resistência de ponta unitária é dada
por:

𝐾𝑁
𝑟𝑝 = (2.10)
𝐹1

sendo:

𝛼 e K = fatores que correlacionam os resultados do ensaio de cone com o SPT, os


quais são dados na Tabela 2.5;
N = número de golpes do SPT;
F1 e F2= fatores de correlação, dados na Tabela 2.6, os quais dependem do tipo de
estaca.

Tabela 2.5 – Coeficientes K e α para diferentes tipos de solo (adaptado de AOKI-VELLOSO, 1975
apud DANZIGER, 2015).
Tipo de solo K (kgf/cm²) α
Areia 10,0 0,014
Areia siltosa 8,0 0,020
Areia silto-argilosa 7,0 0,024
Areia argilosa 6,0 0,030
Areia argilo-siltosa 5,0 0,028
Silte 4,0 0,030
Silte arenoso 5,5 0,022
Silte areno-argiloso 4,5 0,028
Silte argiloso 2,3 0,034
Silte argilo-arenoso 2,5 0,030
Argila 2,0 0,060
Argila arenosa 3,5 0,024
Argila areno-siltosa 3,0 0,028
Argila siltosa 2,2 0,040
Argila silto-arenosa 3,3 0,030
Obs.: 1 kgf/cm 2 ≅ 100 kN/m 2

Tabela 2.6 – Coeficientes de transformação F1 e F2 (adaptado de AOKI-VELLOSO, 1975; VELLOSO


et al, 1978 apud MANTUANO, 2013).

Tipo de estaca F1 F2
Franki 2,5 5
Metálica 1,75 3,5
Pré-moldada de concreto 1,75 3,5
Escavada 3 6
Raiz* 2 4
Hélice contínua* 2 4
Ômega* 2 4
* Valores estimados por estudos posteriores

19
2.5.2. Método de Goodman (1980)

Segundo Goodman (1980), esse método foi desenvolvido, em princípio, para estacas
cravadas em rocha, ou seja, com capacidade de suporte de carga de ponta, em rocha.
Neste método, a tensão de resistência de ponta unitária qP fica assim definida:

𝑞𝑝 = 𝑞𝑢 𝑥 (𝑁𝜙 + 1) (2.11)

onde:

𝑞𝑢 = compressão não confinada da rocha, adotando-se 35 MN/m² conforme as


características das rochas em questão (fragmentada), conforme Tabela 2.7.

𝜙
𝑁𝜑 = 𝑡𝑔² (45 + ) (2.12)
2

Tabela 2.7 - Valores de 𝒒𝒖 (GOODMAN, 1980 apud documentos fornecidos pelo ETU)

𝑀𝑁
TIPO DE ROCHA 𝑞𝑢 = ( )
𝑚2
Arenito 70 - 140
Calcário 105 - 210
Xisto 35 - 70
Granito 140 - 210
Mármore 60 - 70

𝜙 ′ = ângulo de fricção drenado (Tabela 2.8).

Tabela 2.8 - Valores de 𝝓′ (GOODMAN, 1980 apud documentos fornecidos pelo ETU).

TIPO DE ROCHA 𝜙 ′ (°)


Arenito 27 - 45
Calcário 30 - 40
Xisto 10 - 20
Granito 40 - 50
Mármore 25 - 30

Os valores de 𝑞𝑢 também podem ser determinados de experimentos laboratoriais.

Segundo Goodman (1980), a capacidade de carga admissível pontualmente na estaca


é dada pela equação abaixo:

20
[𝑞𝑢 (𝑑𝑒𝑠𝑖𝑔𝑛) 𝑥 (𝑁𝜙 + 1)] 𝑥 𝐴 𝑝
𝑄𝑝 (𝑎𝑙𝑙) = (2.13)
𝐹𝑆

onde:

𝑞𝑢 (𝑑𝑒𝑠𝑖𝑔𝑛) = 𝑞𝑢 /5, devido a um efeito de escala, o qual reduz a magnitude de 𝑞𝑢 5

vezes conforme se aumenta o diâmetro da estaca. Em caso de não realização de


ensaios de laboratório para determinação dos parâmetros da rocha, pode-se adotar
um valor de compressão não confinada corrigida ainda menor;
FS = fator de segurança (pode ser utilizado o valor 3,0 para cravação em rocha);
𝜋 𝑥 𝐷²
𝐴 𝑝 = área de ponta = com valor de diâmetro da estaca considerando a redução
4
do diâmetro em rocha.

Segundo Goodman (1980), o embutimento mínimo necessário para garantir a


capacidade de carga da estaca, de acordo com as considerações deste método é de
pelo menos 8 diâmetros.

2.5.3. Método de Cabral e Antunes (2000)

O presente método foi desenvolvido para previsão da capacidade de carga de estacas


em rocha. É levado em conta o fator da qualidade do maciço rochoso e a limpeza da
ponta da estaca, onde ocorre o contato estaca-rocha (ANDRZEJEWSKI, 2015).

Segundo Juvêncio (2015), para o cálculo da resistência de ponta deve ser levada em
consideração a tensão admissível máxima do contato entre o concreto e a rocha, que
deve ser da ordem de 0,4 fck. A resistência de ponta é expressa por:

σprh = βpo qu (MPa) (2.14)

onde:

σprh – tensão de ruptura na ponta da estaca, considerando o maciço rochoso


homogêneo;
βpo – fator adimensional de correlação (variando de 4 a 11);
qu – resistência à compressão uniaxial da rocha.

21
Os autores do método recomendaram uma redução da tensão de ruptura na ponta,
quando a rocha apresenta pequenas fissuras e fendas. Nesse caso, a tensão de
ruptura é considerada como:

σpr = βo σprh (MPa) (2.15)

onde:

σpr – tensão de ruptura na ponta da estaca, considerando o maciço não homogêneo;


β0 – fator de correção (Tabela 2.9).

Tabela 2.9 – Valores de β0 (ANTUNES e CABRAL, 2000 apud JUVÊNCIO, 2015).


Tipo de Rocha β0 (%)
Muito alterada 2,0 a 3,0
Alterada 6,0 a 9,0
Pouco alterada 12,0 a 15,0

Os valores de resistência à compressão simples da rocha (q u) admitidos são


mostrados na Tabela 2.10.

Tabela 2.10 – Resistência à compressão simples para diferentes tipos de rocha (ANTUNES e
CABRAL, 2000 apud JUVÊNCIO, 2015).
Tipo de Rocha qu (MPa)
Rochas ígneas e metamórficas (granitos, basaltos e gnaisses). 70 a 250
Rochas metamórficas foliadas ardósias e xistos. 40 a 90
Rochas sedimentares bem cimentadas arenitos, calcários, siltitos. 30 a 80

Para a resistência lateral os autores recomendam que os valores adotados tenham


variação compreendida entre 2,5 a 3,5% da resistência ponta. Porém, apresentam
outras duas alternativas para a definição desse valor, em função do tipo de rocha e
seu estado de alteração e da resistência característica do concreto, conforme mostra a
Tabela 2.11 e a Eq. 2.16 (JUVÊNCIO, 2015).

Devido às características executivas recomenda-se:

𝜏𝑚á𝑥 < f ck /15 (MPa) (2.16)

onde:

22
fck – é a resistência característica à compressão do material empregado e o valor
máximo permitido para 𝜏𝑚á𝑥 é 1,33 MPa.

Tabela 2.11 – Valores de 𝝉𝒎á𝒙 (MPa) para diferentes tipos de rocha (ANTUNES e CABRAL, 2000
apud JUVÊNCIO, 2015).
Tipo de Rocha Muito alterada Alterada Pouco alterada a sã
Rochas ígneas e metamórficas (granitos,
0,20 a 0,85 0,50 a 2,50 0,85 a 4,40
basaltos e gnaisses)
Rochas metamórficas foliadas (ardósias
0,10 a 0,30 0,30 a 0,95 0,50 a 1,55
e xistos)
Rochas sedimentares bem cimentadas,
0,08 a 0,25 0,20 a 0,85 0,35 a 1,40
(arenitos, calcários, siltitos)

A determinação da capacidade de carga através do método Cabral-Antunes (2000) é


feita pela seguinte equação:

𝜋𝐷2
𝑄𝑢𝑙𝑡 = σpr ∙ + 𝜏𝑚á𝑥 ∙ 𝜋 𝐷 𝐿𝑅 (MPa) (2.17)
4

onde:

LR – Comprimento mínimo de embutimento da estaca (Tabela 2.12)

Tabela 2.12 – Fator multiplicador em relação à limpeza de estaca e qualidade da


rocha de apoio (ANTUNES e CABRAL, 2000 apud ANDRZEJEWSKI, 2015).
NÍVEL DE CONFIANÇA E QUALIDADE DA ROCHA FATOR MULTIPLICADOR
Não existem dúvidas quanto à limpeza e qualidade da rocha
de apoio LR = 0,5 . D
Possibilidade da qualidade da rocha de apoio inferior ao LR = 1,5 . D se σpr > 30 MPa
encontrada no final da perfuração LR = 2,0 . D se 15 MPa < σpr < 30 MPa
Problemas com relação à limpeza e qualidade da rocha de LR = 3,0 . D se σpr > 30 MPa
apoio. LR = 4,0 . D se 15 MPa < σpr < 30 MPa

2.5.4. Método de Zhang e Einsten (1998)

Este método leva em consideração a capacidade de ponta e a capacidade de


resistência lateral da estaca.

Zhang e Einstein (1998) apud Juvêncio (2015), com base num banco de dados de 39
provas de carga em estaca embutida em rocha, com a resistência uniaxial variando
numa faixa de valores de 0,52 MPa a 55 MPa, propuseram uma relação entre q max e
qu, conforme abaixo:

23
Limite inferior: 𝑞𝑚á𝑥 = 3,0 (𝑞𝑢 ) 0,5 (2.18)

Limite superior: 𝑞𝑚á𝑥 = 6,6 (𝑞𝑢 ) 0,5 (2.19)

Média: 𝑞𝑚á𝑥 = 4,8 (𝑞𝑢 ) 0,5 (2.20)

onde:

qu – resistência à compressão uniaxial da rocha;


qmáx – resistência de ponta.

As relações acima são válidas para estaca embutidas em rocha, cuja razão LR /D seja
maior que 3,0.

Zhang e Einstein (1998) apud Juvêncio (2015) após analisar as relações disponíveis
entre 𝜏𝑚á𝑥 e qu de diversos autores, recomendou a seguinte relação para previsão da
resistência lateral máxima:

Para soquete com superfície da parede LISA (R1, R2 ou R3):

𝜏𝑚á𝑥 = 0,4 × (𝑞𝑢 )0,5 (MPa) (2.21)

Para soquete com superfície da parede RUGOSA (R4):

𝜏𝑚á𝑥 = 0,8 × (𝑞𝑢 )0,5 (MPa) (2.22)

A determinação da capacidade de carga através do método de Zhang e Einstein


(1998) é feita pela seguinte equação:

𝜋𝐷2
𝑄𝑢𝑙𝑡 = 𝑞𝑚á𝑥 ∙ + 𝜏𝑚á𝑥 ∙ 𝜋 𝐷 𝐿𝑅 (MPa) (2.23)
4

2.5.5. Método de Poulos e Davis (1980)

Para a avaliação da capacidade de carga de estacas embutidas em rocha, Poulos e


Davis (1980) apud Amelco (2015) propuseram um método para avaliação da
capacidade de carga de estacas embutidas em rocha considerando que os fatores de

24
segurança propostos estão associados diretamente às condições da rocha na região
da ponta da estaca. Seus valores são baixos para rocha sã e crescentes para rochas
com maiores níveis de faturamento e decomposição.

Segundo Poulos e Davis (1980) apud Amelco (2015), a resistência de ponta (qp) pode
ser determinada por teorias de previsão de capacidade de carga, conforme Pells
(1977) e Meyerhol (1953) apud Amelco (2015); por usos de ensaios in-situ e/ou de
laboratório, conforme Freeman et al. (1972) apud Amelco (2015); e por uso de
parâmetros empíricos baseados na descrição da rocha, conforme Thorne (1977) apud
Amelco (2015).

Para esse último caso, as equações e parâmetros para o cálculo, estão expressos a
seguir:

𝑞𝑝 = 0,2 a 0,5 𝑞𝑢𝑐 (2.24)

sendo:

𝑞𝑝 = tensão máxima na base;


𝑞𝑢𝑐 = resistência à compressão simples da rocha (pode ser obtida da Tabela 2.10).

Segundo Poulos e Davis (1980) apud Amelco (2015), a resistência por atrito lateral (𝑞𝑙)
pode ser determinado por:

𝑞𝑙 = 0,05 𝑞𝑢𝑐 ≤ 0,05 𝑓𝑐𝑗 (2.25)

sendo:

𝑞𝑙 = resistência por atrito lateral ou adesão;


𝑞𝑢𝑐 = resistência a compressão simples da rocha (pode ser obtida da Tabela 2.10);
𝑓𝑐𝑗 = resistência do concreto a 28 dias.

Segundo a NBR 12655:2015 (Concreto de cimento Portland - Preparo, controle,


recebimento e aceitação - Procedimento), a resistência do concreto a 28 dias pode ser
assim obtida:

25
𝑓𝑐𝑗 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 × 𝑆𝑑 (2.26)

onde 𝑆𝑑 é o desvio padrão da dosagem, em MPa.

Para concreto com desvio padrão desconhecido no início da obra ou em qualquer


outra circunstância em que não se conheça o desvio padrão, deve-se adotar para o
cálculo da resistência de dosagem o valor apresentado na Tabela 2.13, de acordo com
a condição de preparo, que deve ser mantida permanentemente durante a construção
(AMELCO, 2015).

Tabela 2.13 – Desvio padrão em função da condição de preparo do concreto (NBR 12655:2015
apud Amelco (2015)).
Condição de preparo do concreto Muito alterada
A 4,0
B 5,5
C¹ 7,0
¹ Para a condição de preparo C, e enquanto não se conhece o desvio-padrão, exige-se para os concretos
de classe C15 o consumo mínimo de 350 kg de cimento por metro cúbico de concreto.

A condição aplicável à argamassa da estaca raiz é a C, devido à falta de controle


tecnológico do concreto.

Logo, a determinação da capacidade de carga através do método de Poulos e Davis


(1980) é feita pela seguinte equação:

𝑄𝑢𝑙𝑡 = 𝑞𝑝 × 𝐴 𝑝 + 𝑞𝑙 × 𝐴 𝑙 (2.24)

sendo:

𝐴 𝑝 = área da ponta de estaca em rocha;


𝐴 𝑙 = área lateral de estaca embutida em rocha.

26
3. ASPECTOS GERAIS DA REGIÃO DE ESTUDO

3.1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA

A Universidade Federal do Rio de Janeiro abriga um de seus diversos campi na


Cidade Universitária, na Ilha do Fundão, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.
Contudo, na realidade a ilha do Fundão era apenas uma das oito ilhas pertencentes ao
arquipélago, na Baía de Guanabara, que foi aterrado para dar origem à Cidade
Universitária. Por ser uma das maiores ilhas do local seu nome tornou-se amplamente
divulgado e conhecido.

Apesar do aterro e consequente união do arquipélago, o cenário inicial não foi


completamente alterado, sendo ainda possível a observação de afloramentos
rochosos em diversos pontos da região, servindo de evidência do passado das ilhas.

Os principais tipos de rocha encontrados na ilha são: (a) os granitoides mapeados no


Catalão, na Pedra da Macumba e no Quartel do Exército; (b) ortognaisses também
existentes no Quartel do Exército; e (c) os migmatitos em frente à biblioteca do CCMN
e no morro do IEN. (VALENÇA, 2013).

A Figura 3.1, mostra uma foto aérea do conjunto de ilhas antes e depois do processo
de aterro da atual Cidade Universitária.

Figura 3-1 – Foto aérea do conjunto de ilhas antes e depois do processo de aterro da atual Cidade
Universitária (VALENÇA, 2013).

27
Como mostra a Figura 3.1, as ilhas de Cabras, Pindaí do Ferreira, Pindaí do França,
Baiacu, Fundão, Catalão, Bom Jesus e Sapucaia foram interligadas, na década de
1950, formando uma superfície de 5,6 milhões de metros quadrados, onde foi
instalada a Cidade Universitária (ETUB, 1952 apud SOUZA, 2013).

3.2. ASPECTOS GEOTÉCNICOS

Como pôde ser observado na seção anterior, a partir do relato de origem da Cidade
Universitária, a mesma possui diversos trechos em aterro e outros em terreno original.
Segundo ETUB (1952 apud SOUZA, 2013), os aterros são constituídos por recalque e
dragagem das areias oriundas da Baía de Guanabara e por solos de alteração de
gnaisses provenientes do desmonte de colinas existentes na área. Já as ilhas,
também segundo ETUB (1952 apud SOUZA, 2013), eram constituídas por
afloramentos de gnaisses, mais ou menos decompostos, circundados de bancos de
areias de extensões variáveis.

O subsolo, segundo ETUB (1952 apud SOUZA, 2013), foi na época investigado por
meio de sondagens, realizadas pelo Instituto Nacional de Tecnologia. No eixo Fundão-
Sapucaia, o subsolo apresentava-se essencialmente arenoso e areno-argiloso de
compacidade crescente com a profundidade, observando-se ocorrências de lentes de
argila rija e dura. Já no subsolo das ilhas de Bom Jesus e Sapucaia existiam
sedimentos arenosos fofos, repousando sobre solos mais compactos, até um
excelente solo de alteração de rocha. Foram observadas também, na ilha de
Sapucaia, áreas aterradas com lixo e áreas lodosas superficiais.

A partir da observação da Figura 3.2, abaixo, pode-se observar a geometria das ilhas
antes do aterro efetuado e compará-las com a atual geometria da região.

28
Figura 3-2 – Foto aérea das ilhas de Sapucaia e Bom Jesus e observação do terreno (KFURI, [s.d.]).

3.3. ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA REGIÃO DE ESTUDO

A Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, maior universidade federal do


Brasil, hoje próxima dos seus 100 anos de fundação (atualmente 96 anos) é
reconhecida nacionalmente e internacionalmente por suas atividades de ensino,
pesquisa, inovação e extensão e mantém-se sempre em processo de constante
renovação e reconfiguração.

Em meio a esse processo contínuo de transformação e evolução, está inserido o novo


Plano Diretor da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PD UFRJ – 2020, aprovado
pelo Conselho Universitário em outubro de 2010, refletindo estas perspectivas e
traduzindo as expectativas que a UFRJ reservou para a construção de futuro próximo.

Segundo o Comitê Técnico do Plano Diretor (2010) da Universidade Federal do Rio de


Janeiro, o PD UFRJ – 2020 nasce, portanto, sob o signo de uma expansão e de
estímulos concretos a mecanismos de democratização do acesso.

Assim, também segundo a mesma fonte, para dar conta do aumento planejado das
vagas oferecidas pela UFRJ e, ao mesmo tempo, buscar reverter distorções que foram
se acumulando desde a sua fundação, o PD UFRJ – 2020 se move ao longo de três
eixos direcionadores e indutores:

29
a) o princípio da dupla integração: interna e externa, segundo o qual a
integração interna da UFRJ é inseparável da integração da UFRJ à cidade do
Rio de Janeiro (e também, ao estado e ao país). Ou seja, busca-se a
integração intrauniversitária (entre as unidades atualmente esparsas) e
integração universidade-cidade (entre a UFRJ e a malha urbana), devendo
contemplar questões como acessibilidade, segurança, densificação da nova
Cidade Universitária, usos universitários e usos urbanos de seus espaços e
edificações, integração social e democratização do acesso;

b) o princípio da administração integrada dos espaços e edificações,


contemplando uma visão de conjunto do patrimônio fundiário e edificado,
“preservando sua integridade e inalienabilidade” (Resolução Nº 09/2007, do
Conselho Universitário, XV.1). Desse modo, como proprietária de importante
acervo edificado, a UFRJ tem grandes responsabilidades com a preservação,
conservação, uso compatível das edificações e espaços e desenvolvimento
urbano da Cidade do Rio de Janeiro;

c) o princípio do planejamento de longo prazo, definindo como


horizonte o ano 2020, com dois momentos intermediários: 2012 e 2016. A
integração anteriormente definida não se realiza de um dia para outro. Ela
será resultado de uma estratégia de longo prazo, que se afirmará na
continuidade de um projeto amadurecido que ultrapassa o horizonte de uma
administração e de algumas gerações de estudantes, as fronteiras da
Universidade, engajando os governos federal, estadual e municipais, além de
um diálogo com organizações da sociedade civil.

A partir desses preceitos, observa-se que o PD UFRJ – 2020 possui como base a
implementação de um conjunto de ações de logística, urbanística e de infraestrutura
que visam à transformação da Cidade Universitária, priorizando as atividades
acadêmicas centradas nos seus espaços.

Isso faz referência à ideia original de criação de um espaço amplamente ocupado


havendo a convergência entre todos os cursos da Universidade Federal do Rio de
Janeiro em um só local, uma verdadeira Cidade Universitária.

Assim, visando reverter o quadro de fragmentação e sem conexões existentes e trazer


vitalidade para a região universitária, surge a proposta de desenvolvimento dos

30
diversos Centros de Convergência, Área Central de Integração, além do Parque da
Minerva, Clube Universitário e equipamentos esportivos.

A Figura 3.3, extraída do Plano Diretor da Universidade Federal do Rio de Janeiro –


2020, mostra esquematicamente a transformação da Cidade Universitária a partir da
criação de áreas destinadas a expansões e construções de edificações de caráter
universitário, áreas para a implantação de equipamentos culturais e de serviços e
áreas para o desenvolvimento de equipamentos esportivos e de lazer.

Além disso, pode-se observar a integração da mesma com a Cidade do Rio de Janeiro
através da implantação de diversos modais de transporte (metro-ferroviário, rodoviário,
Maglev, cicloviário e hidroviário), permitindo o aumento da acessibilidade à Ilha. Uma
observação que vale a pena ressaltar é o fato de que, embora planejado no PD UFRJ
– 2020, a UFRJ não tem autonomia para garantir o acesso à Ilha por meio dos
transportes citados, portanto depende de uma parceria com o governo do estado.

Figura 3-3 – Plano Geral de Desenvolvimento (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO DIRETOR, 2010).

Particularmente falando, os Centros de Convergência, uma das principais propostas


do PD UFRJ – 2020, constituem uma unidade básica de planejamento, cujos atributos
são: densidade, diversidade, convivência de usos e usuários, conectividade,
ambiência urbana (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO DIRETOR, 2010).

31
Estes funcionarão como bairros da Cidade Universitária. Assim, se caracterizam pela
oferta de um conjunto de atividades, serviços e comércio que lhes conferem alguma
autonomia, mas, por serem parte de uma cidade especial, que é universitária, esses
bairros caracterizam-se por se articularem em torno das atividades-fim da universidade
e a suas unidades de ensino, pesquisa e extensão (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO
DIRETOR, 2010).

Integrando superfícies e áreas construídas estritamente acadêmicas e superfícies e


áreas construídas de apoio e de convivência acadêmica, os Centros de Convergência
propostos, segundo o PD UFRJ - 2020 são:

a) Centro de Convergência do CCS: Restaurante universitário central;


expansão do Bloco J (Prédio CCS); Terminal de integração rodoviária;
Recuperação da ala sul do Hospital Universitário; Reorganização do comércio
e serviços; Edificação de novas unidades de saúde no Complexo do Hospital
Universitário;

b) Centro de Convergência CCMN-CT: Biblioteca Central Bloco A


(Frente-CT); Residência universitária; Expansão do Bloco A (Fundos do CT);
Expansão do Bloco F (Prédio do CCMN); Expansão do Prédio CCMN; Pólo
Químico; Reorganização de comércio e serviços;

c) Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA: Colégio de Aplicação;


Prédio CFCH; Residência universitária; Espaço integrado das Bibliotecas
IPPUR-FAU-EBA; Prédio do CCJE; Expansão do Prédio do CLA;
Reorganização de comércio e serviços; Restaurante universitário;

d) Centro de Convergência Faculdade de Letras-Humanidades:


Expansão Acadêmica; Reorganização de comércio e serviços;

e) Área Central/Canal da Reitoria: Administração Central (Reitoria);


Associações/Sindicatos; Complexo de auditórios de grande porte; Museu do
Conhecimento; Centro de Ensino a Distância/Centro de Formação e
Produção Áudiovisual; Rádio e TV universitárias; Centro de Formação de
Técnico-Administrativos; Escola Superior de Cidadania; Hotel de passagem;

32
f) Centro de Convergência FAU-EBA-IPPUR: Expansão Acadêmica;
Reorganização de comércio e serviços.

Como se pode observar a partir da Figura 3.4, os seis Centros de Convergência, estão
distribuídos pela Ilha, localizados segundo o eixo central ao longo da Avenida Horácio
Macedo. Esse fato, aliado ao plano de contínua melhoria da rede de transportes,
iluminação publica, água e esgoto e segurança, entre outros, contribui para criar
vitalidade urbana em toda sua extensão, dando condições para que a criação dos
“bairros universitários” seja bem sucedida.

Figura 3-4 – Áreas de Integração propostas (COMITÊ TÉCNICO DO PLANO DIRETOR, 2010).

Um desses Centros de Convergência é o chamado Centro de Convergência CCJE-


CFCH-CLA, o qual será detalhado no próximo capítulo.

33
4. ASPECTOS ESPECÍFICOS DA REGIÃO E ESTUDO DE CASO

O presente trabalho dará maior foco a um dos objetos contemplados no Plano Diretor
da Universidade Federal do Rio de Janeiro – 2020. Tal objeto é o chamado Centro de
Convergência CCJE-CFCH-CLA, localizado ao lado esquerdo da Faculdade de Letras
(em um referencial posicionado de frente para a entrada principal), como se observa
na Figura 4.1.

Figura 4-1 – Imagem de satélite da Cidade Universitária com indicação de local de estudo
(GOOGLE MAPS, 2016).

Segundo o Comitê Técnico do Plano Diretor (2010) expansões acadêmicas acontecem


em locais consolidados de uso universitário. Farão parte desta primeira etapa de
expansão – construção do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA – a Faculdade
de Educação, a Decania do CCJE, o Núcleo de Estudos Internacionais, o curso de
Relações Internacionais, a Faculdade de Administração e Ciências Contábeis e um
conjunto de residências universitárias.

Completam o projeto deste Centro de Convergência, também segundo a mesma fonte,


equipamentos de uso coletivo: teatro, biblioteca e ampliação do restaurante satélite
existente. Esse conjunto de obras pretende compor o primeiro centro de convergência
consolidado nos moldes propostos pelo Plano Diretor UFRJ – 2020 (Figura 4.2).

34
Figura 4-2 – Perspectiva do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA (COMITÊ TÉCNICO DO
PLANO DIRETOR, 2010).

4.1. APRESENTAÇÃO DO PROJETO E COMPOSIÇÃO ESTRUTURAL

Como visto, o complexo abrigará diversos equipamentos de uso coletivo e


universitário, podendo-se destacar dentre estes cinco prédios de quatro a oito andares
cada, que no presente ano encontram-se em fase de construção, somando em
conjunto aproximadamente 43 mil metros quadrados de área construída.

Os prédios em construção serão destinados à Faculdade de Administração e Ciências


Contábeis (FACC), ao Instituto de Economia (IE), à Faculdade de Educação (FE), à
Decania do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas (CCJE) e aos cursos do
Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), além de uma praça elevada
acessível que fará a interligação e integração (Figura 4.2), acima.

Figura 4-3 – Planta de Situação do Terreno (SIACI, 2016).

35
Os projetos arquitetônico e estrutural, que permitiram a elaboração do presente
trabalho de conclusão de curso, foram fornecidos pelo Escritório Técnico da
Universidade (ETU).

O ETU é um órgão da estrutura da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com as


seguintes atribuições:

a) Elaborar e supervisionar planos e projetos de engenharia e


arquitetura relativos à construção, reforma, restauração e
conservação das edificações da Universidade;

b) Fiscalizar a execução de novas construções, reformas,


modificações de uso, demolição e/ou conservação dos edifícios;

c) Emitir pareceres técnicos sobre as eventuais patologias nas


edificações da UFRJ;

d) Realizar levantamento do estado de conservação e suas


patologias nos imóveis tombados, criando procedimentos para
analisar e elaborar projetos de intervenções arquitetônicos de todos
os pedidos de tombamento de qualquer edificação da UFRJ, antes
de seu encaminhamento aos órgãos governamentais competentes
e ser interface, junto aos órgãos governamentais responsáveis pela
preservação do patrimônio histórico e artístico, pela aprovação de
projetos e obras que acarretem intervenção física nestes imóveis.

O Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA é composto por uma estrutura mista, de


aço e concreto armado, como se observa na Figura 4.4.

Segundo Bastos (2014), todos os elementos de barra do edifício, ou seja, as vigas e


pilares, foram projetados com perfis metálicos laminados de tipos I e H. Os pilares
contam, ainda, com um encamisamento dos perfis metálicos em concreto armado.

Foram utilizadas lajes mistas de aço e concreto, tipo steel deck. Este sistema
estrutural é formado pela combinação de nervuras metálicas cobertas por uma laje de
concreto armado. As chapas de aço corrugadas funcionam, ao mesmo tempo, como
armadura positiva e fôrma para o concreto. Por isso, as lajes steel deck apresentam

36
diversas vantagens, como facilidade e rapidez de instalação, dispensa de
escoramentos e peso próprio reduzido (BASTOS, 2014).

Figura 4-4 – Vista geral da obra (SIACI, 2016).

O Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA será composto por cinco edificações


independentes que serão interligadas entre si por meio de rampas. Esses prédios
serão denominados Blocos 31, 32, 33, 34 e Praça Elevada (Figura 4.5).

Figura 4-5 – Planta do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA – Blocos 31 a 34 e PE (elaborado


pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

Na Figura 4.5, acima, estão representados pelas cores cinza, rosa, amarelo, azul e
verde, respectivamente, os Blocos 31, 32, 33, 34 e Praça Elevada do Centro de
Convergência CCJE-CFCH-CLA. E na Figura 4.6, abaixo, uma perspectiva do Centro
de Convergência com seus respectivos blocos.

37
Figura 4-6 – Perspectiva do Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA – Blocos 31 a 34 e PE
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

4.2. SONDAGENS E ENSAIOS

4.2.1. Introdução e análise inicial

Segundo a ABNT NBR 8036:1983 - Programação de sondagens de simples


reconhecimento dos solos para fundações de edifícios, item 4.1.1.2, é estabelecido
que:

“As sondagens devem ser, no mínimo, de uma para cada 200m² de


área da projeção em planta do edifício, até 1.200m² de área. Entre
1.200m² e 2.400 m² deve-se fazer uma sondagem para cada 400m²
que excederem 1.200m². Acima de 2.400m² o número de sondagens
deve ser fixado de acordo com o plano particular da construção. Em
quaisquer circunstâncias o número mínimo de sondagens deve ser:
a) dois para área da projeção em planta do edifício até 200m²;
b) três para área entre 200m2 e 400m².”

A interpretação desse parágrafo extraído da ABNT NBR 8036:1983 pode ser assim
representada:

38
Tabela 4.1 – Número mínimo de sondagens para construção de edifícios (adaptado da NBR
8036:1983).
ÁREA DE PROJEÇÃO NÚMERO MÍNIMO DE
DO EDIFÍCIO SONDAGENS
até 200 m² 2
de 200 m² a 600 m² 3
de 600 m² a 800 m² 4
de 800 m² a 1000 m² 5
de 1000 m² a 1200 m² 6
de 1200 m² a 1600 m² 7
de 1600 m² a 2000 m² 8
de 2000 m² a 2400 m² 9
acima de 2400 m² varia de acordo com o projeto

A área da projeção em planta do complexo em estudo possui 2.316m², portanto


enquadrando-se na categoria entre 1.200m² e 2.400 m², assim, sendo necessária a
execução de uma sondagem para cada 400m² que excederem 1.200m²; para os
1.200m² iniciais, uma para cada 200m², no mínimo.

Com base nessas informações, para a edificação em questão deveriam ser realizadas
no mínimo 9 sondagens para a caracterização do terreno. Contudo, observa-se a partir
da Figura 4.7 que foram executadas, inicialmente, 15 sondagens à percussão (em
vermelho), para a área em questão (englobando os blocos 31, 32, 33, 34 e Praça
Elevada), além das sondagens executadas para a construção dos futuros anexos do
complexo, totalizando 30 sondagens à percussão iniciais (em vermelho).

39
Figura 4-7 – Sondagens à percussão e sondagens rotativas (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

O número maior de sondagens executadas, além do necessário previsto em norma,


indica uma preocupação de se fornecer um quadro, o melhor possível, da provável
variação das camadas do subsolo do local em estudo, englobando toda a área de
projeção das edificações a serem construídas.

Entretanto, como se pode observar na Figura 4.7 a distribuição das sondagens na


área destinada à Praça Elevada e em parte do Bloco 33 não foi contemplada com os
mesmos critérios de preocupação adotados para as outras áreas do complexo,
embora a quantidade de sondagens enquadrar-se nos critérios estabelecidos pela
ABNT NBR 8036:1983.

40
Durante a escolha da posição das sondagens iniciais, em que se basearam os
Projetos Básicos e Executivos, optou-se por posicioná-las em regiões de maior carga
incidente.

Em função da heterogeneidade do terreno e da necessidade de uma melhor


caracterização deste para utilização como base de fundação do complexo, foi
necessária a realização de novas sondagens, dessa vez mistas (em azul) em um total
de 12, e mudanças de projeto no que se refere à execução das fundações. Essa
questão será abordada mais adiante.

4.2.2. Descrição das Sondagens a Percussão e ensaio SPT

As 30 primeiras sondagens foram realizadas à percussão, sendo realizado no


transcorrer da mesma o ensaio SPT (Standard Penetration Test) para a obtenção do
índice de resistência à penetração, totalizando 514,20 m perfurados. As perfurações
foram feitas pelo processo de circulação de água e protegidos por um revestimento de
2 ½” (63,6mm) de diâmetro nominal; a extração de amostras foi feita com cravação de
amostrador padrão, de 1 3/8” (34,9mm) e de 2” (50,8mm) de diâmetro interno e
externo respectivamente.

Anotou-se o número de golpes de um peso de 65 kg, que cai em queda livre de uma
altura igual a 75 cm, necessários para cravar nas camadas de solos atravessados, um
comprimento de 45 cm do amostrador descrito acima. O número obtido fornece a
indicação da compacidade (caso dos solos de predominância arenosa ou silte
arenosa) ou da consistência (caso dos solos de predominância argilosa) dos solos em
estudo.

A cada sondagem executada corresponde a um perfil individual onde consta, nas


diversas colunas, o seguinte:

a) coluna de cotas das amostras extraídas;

b) situação e numeração das amostras extraídas;

c) profundidade das diversas camadas encontradas, em relação à superfície


do terreno;

41
d) relação “número/penetração do amostrador” representada numérica e
graficamente. Os gráficos são elaborados com base na cravação de 45 cm do
amostrador, contando-se separadamente o número de golpes necessários
para cravar contínua e sucessivamente as três parcelas de 15 cm. A soma
dos golpes da 1ª e 2ª parcelas representa os “30 cm iniciais”, a soma dos
golpes da 2ª e 3ª os “30 cm finais”.

e) classificação dos solos encontrados, de acordo com a nomenclatura da


ABNT.

Figura 4-8 – Etapas na execução de sondagem a percussão: (a) avanço da sondagem por
desagregação e lavagem; (b) ensaio de penetração dinâmica (SPT) (VELLOSO & LOPES, 2010).

As sondagens de simples reconhecimento foram encomendadas pela Universidade


Federal do Rio de Janeiro – UFRJ para a empresa SETOG no ano de 2009 e
utilizadas como base para a elaboração dos projetos estruturais e geotécnicos. No
Anexo 1 encontram-se os perfis individuais das sondagens a percussão.

A partir desses perfis individuais procurou-se realizar uma homogeneização dos


mesmos em um trecho, abaixo destacado (trecho A-A), visando obter uma
interpretação da constituição e formação do terreno que serve de base para as
fundações do complexo estudado.

42
Figura 4-9– Trechos destacados para interpretação dos perfis de sondagem (elaborado pelo autor).

Na Figura 4.10, abaixo, encontra-se esse perfil geotécnico homogeneizado para o


trecho em destaque. Tal perfil, em uma primeira análise, constituiu uma base de
interpretação e foi estendido para todo o terreno, aplicando-se as alterações cabíveis
de acordo com os perfis individuais das sondagens a percussão. As áreas entre
sondagens foram estimadas.

43
Figura 4-10 – Trecho A-A – Interpretação da homogeneização dos perfis obtidos das sondagens à percussão (elaborado pelo autor).

44
Como se pode observar a partir da Figura 4.10 o perfil é composto basicamente por
uma camada superficial de aterro com espessura variada, seguida por uma camada
de areia com fragmentos de conchas variando de 2 a 4 m de espessura.

Subjacente a esta camada, há presença de camadas de argila areno-siltosa com cerca


de 4 m de espessura, seguidas por camadas silto-arenosas até o limite da sondagem
(impenetrável ao trépano).

Observa-se ainda que no centro do trecho ocorrem bolsões de silte-arenoso de cores


cinza e marrom.

A partir da interpretação dos perfis obtidos das sondagens à percussão, a empresa


Espectro Engenharia LTDA optou pela utilização de estacas tipo hélice contínua.

Levou-se em consideração nesse processo a classificação das camadas do solo, o


nível de água no terreno, a resistência à penetração, o nível do terreno, as cargas dos
pilares e a influência da vizinhança. Tal escolha mostrou-se correta para 80% das
estacas projetadas, executadas sem maiores problemas.

Entretanto, ao iniciar os trabalhos de execução na região compreendida em parte do


Bloco 33 e da Praça Elevada, deparou-se com camadas de predominância rochosa a
profundidade média de 6 metros. As Figuras 4.11 e 4.12 apresentam a área onde não
foi possível a realização das estacas tipo hélice contínua.

Figura 4-11 – Planta da área em que as estacas tipo hélice contínua não puderam ser executadas
(elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

45
Figura 4-12 – Vista da região onde estacas tipo hélice contínua não puderam ser executadas
(documentos fornecidos pelo ETU).

Diante desta nova realidade, foram executados 12 novas sondagens, desta vez do tipo
mista (percussão e rotativa), visando uma melhor caracterização do terreno que
servirá de base para as fundações de parte do Bloco 33 e da Praça Elevada.

4.2.3. Descrição das Sondagens Rotativas

Na ocorrência de elementos de rocha (caso de matacões ou blocos) que precisem ser


ultrapassados no processo de investigação, ou que precisem ser caracterizados,
devem ser utilizadas as sondagens rotativas. Na Figura 4.13, apresenta-se
esquematicamente o processo de perfuração, que consiste basicamente em fazer girar
as hastes (pelo cabeçote de perfuração) e em forçá-las para baixo (em geral, por um
sistema hidráulico). No topo das hastes, ha um acoplamento que permite a ligação da
mangueira de água com as hastes que estão girando (VELLOSO & LOPES, 2010).

46
Figura 4-13 – Esquema de funcionamento de sonda rotativa (VELLOSO & LOPES, 2010).

A sondagem rotativa pode vir acompanhada de uma sondagem de simples


reconhecimento do solo (à percussão), sendo assim denominada sondagem mista.
Segundo Velloso e Lopes (2010), durante o processo de sondagem rotativa, é utilizada
uma ferramenta tubular chamada barrilete, para corte e retirada de amostras de rocha
(testemunhos). Essas ferramentas tem em sua extremidade inferior uma coroa, que
pode ter pastilhas de tungstênio ou diamantes. A figura 4.14 mostra
esquematicamente a ferramenta completa de corte e amostragem em questão.

Figura 4-14 – Amostradores para rochas (esquematicamente representados): (a) barrilete simples,
(b) barrilete duplo e (c) barrilete duplo giratório (VELLOSO & LOPES, 2010).

47
A análise das amostras de rocha (testemunhos) é feita de modo visual e também está
relacionada ao tipo e diâmetro do amostrador utilizado. Esta pode ser enquadrada no
índice de qualidade da rocha (RQD – Rocky Quality Designation), expresso na Tabela
4.2, que consiste num cálculo que indica a porcentagem de recuperação da amostra
(razão entre o comprimento da amostra recuperada e o comprimento de perfuração)
em que apenas os fragmentos maiores que 10 cm são considerados.

É importante ressaltar que apenas barriletes duplos com diâmetro NX (75,3 mm) ou
maior podem ser utilizados e outras características como tipo de rocha, índice de
recuperação da amostra, grau de alteração, fraturamento, coerência e xistosidade
também devem ser indicadas após análise dos testemunhos por um especialista.

Tabela 4.2 – Índice de qualidade da rocha - RQD (adaptado de VELLOSO & LOPES, 2010).
RQD QUALIDADE DO MACIÇO ROCHOSO
0 - 25% Muito fraco
25 - 50% Fraco
50 - 75% Regular
75 - 90% Bom
90 - 100% Excelente

As sondagens mistas foram realizadas pela empresa Tec Sonda no ano de 2013 em
virtude da necessidade de modificação de projeto anteriormente apresentada. No
Anexo 2 encontram-se os perfis individuais das sondagens mistas.

Assim como foi realizado para o trecho A-A, no qual só havia perfis individuais de
sondagens a percussão, o mesmo foi feito para o trecho B-B, destacado na Figura 4.9
exposta anteriormente, no qual além das sondagens a percussão também foram
realizadas sondagens mistas.

A partir desses perfis individuais procurou-se realizar uma homogeneização dos


mesmos em um outro trecho (B-B) visando obter uma interpretação da constituição e
formação do terreno diante da nova realidade encontrada em meio à execução das
fundações e que levaria a uma mudança de projeto.

Na Figura 4.15, abaixo, encontra-se esse perfil geotécnico homogeneizado para o


trecho em destaque, o qual pode ser comparado com o obtido a partir da análise do
trecho A-A. As áreas entre sondagens, assim como aquelas abaixo do limite das
sondagens a percussão, foram estimadas.

48
Figura 4-15 – Trecho B-B – Interpretação da homogeneização dos perfis obtidos das sondagens mistas (elaborado pelo autor).

49
Observa-se da Figura 4.15 que para o trecho destacado (B-B) o perfil apresenta uma
estratigrafia diferente daquela destacada no trecho A-A. Verifica-se que para o lado
esquerdo e parte central da Figura 4.15 as mesmas características são verificadas,
contudo para o lado direito uma nova estratigrafia é mostrada o que está de acordo
com a área delimitada onde não foi possível a execução das estacas hélice contínua.

Para este lado esquerdo, a estratigrafia também é variada, composta basicamente por
uma camada superficial de aterro com espessura variada, seguida por camadas de
argila areno-siltosa e silto-arenosas com cerca de 4 m de espessura. Subjacente a
esta camada, há presença de uma areia com fragmentos de conchas variando de 2 a
6 m de espessura.

Abaixo desta camada, inicia-se o trecho em rocha, extremamente intemperizada muito


fragmentada, com cerca de 12 m de espessura, até atingir a rocha alterada com
recuperações baixas porém crescentes a partir de 25 m de profundidade.

Em geral, a rocha sã gnáissica se apresenta aos 35 m de profundidade.

4.2.4. Análise final

Os perfis das sondagens mistas indicaram a necessidade de mudança do tipo de


estacas. Assim, o projeto de fundações foi revisado, somente para a área indicada nas
Figuras 4.11 e 4.12, anteriormente expostas, e optou-se pela troca da estaca hélice
contínua para estaca raiz.

A estaca raiz pode ser utilizada em terrenos de composição heterogênea, tal como é o
caso, podendo atravessar camadas de solo ou rocha. Seu equipamento de perfuração
consegue atravessar camadas de alteração de rochas, rochas alteradas e até rochas
sãs com o uso de martelo de fundo, quando este é necessário.

Cabe salientar que, durante a execução das fundações, a empresa Espectro


Engenharia LTDA tentou executar as estacas hélice contínua na área indicada nas
Figuras 4.11 e 4.12 verificando-se, assim, a abrupta descontinuidade do perfil do solo.

Este procedimento possibilitou o mapeamento da região rochosa, definindo com isso o


número acurado de estacas a serem executadas em rocha (estaca raiz). As
considerações a cerca do estaqueamento aplicado são feitas mais adiante.

50
Uma outra análise também pode ser feita a partir da interpretação do terreno de
fundação encontrado, como segue.

Conforme abordado no início do Capítulo 3, a Cidade Universitária é formada por um


conjunto de oito ilhas pertencentes a um arquipélago, na Baía de Guanabara, que
sofreu um processo de aterramento e interligação.

Particularmente, a região que está sendo analisada no presente trabalho está


localizada ao lado esquerdo do prédio da Faculdade de Letras, tomando como
referencial um observador no Centro de Tecnologia, como mostra a Figura 4.16.

Figura 4-16 – Foto aérea da região de estudo (elaborado pelo autor, adaptado de VALENÇA, 2013).

Fazendo-se uma correspondência entre a figura Figura 4.16 e a Figura 4.17, que
contém o conjunto de ilhas antes do aterro (destacando-se na mesma a região de
estudo em questão), pode-se observar que o mesmo local encontra-se posicionado
próximo a área limítrofe da ilha de Bom Jesus.

51
Figura 4-17 – Correspondência entre região de estudo e arquipélago original (elaborado pelo autor,
adaptado de ETU, 2016).

Com base em tais informações pode-se inferir que provavelmente o terreno sob o qual
está sendo construído o Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA é constituído tanto
por material de aterro quanto por material original das ilhas. Desse modo, conclui-se
que a parte em que foi encontrado material rochoso próximo a superfície, sendo
necessária a execução de fundações em estacas raiz, por impossibilidade de
execução das estacas hélice contínuas, é pertencente a uma das ilhas originais de
formação, a Ilha de Bom Jesus.

Um outro aspecto relevante que merece destaque diz respeito às sondagens mistas
que foram executadas e que estão apresentadas no Anexo 2, conforme já citado
anteriormente.

A partir da análise das sondagens mistas apresentadas, observa-se que existe um


determinado trecho na profundidade média entre 7 e 20 metros caracterizado como
“Rocha intemperizada muito fragmentada” em que não foi possível e/ou não foi
realizado o ensaio SPT (a partir da sondagem à percussão) nem a amostragem de
testemunhos de rocha (a partir da sondagem rotativa). Esse fato implica que não
foram obtidas informações sobre tal trecho, prejudicando como um todo a
caracterização do terreno.

Em virtude dessa falta de informação, pode-se inferir que o trecho em destaque indica
que o material que o compõe parece ser muito resistente, contudo não fornece
elementos quantitativos com acurácia suficiente para a obtenção de dados de projeto.
Se tivesse sido realizado um ensaio SPT em tal trecho, deveria estar indicado o
número de golpes realizados e o avanço (penetração) obtido pra tais golpes, mesmo
que esses números indicassem o impenetrável. Assim como se tivesse sido realizada
52
uma sondagem rotativa em tal trecho, deveria ser realizada uma recuperação do
material rochoso encontrado e sua consequente avaliação.

Essa carência de informação tem repercussão não só na caracterização do terreno e


obtenção de dados de projeto, como também pode influenciar o custo de execução
das sondagens.

Como se sabe, uma sondagem mista é composta por duas etapas: a primeira
referente a sondagem a percussão, onde se avança com o trado ou trépano e realiza-
se o ensaio SPT, e a segunda referente à sondagem rotativa cujo avanço é realizado
através de uma coroa de corte acoplada a uma ferramenta tubular chamada barrilete,
para corte e retirada dos testemunhos. Assim, o processo completo tem duas etapas
distintas, assim como custos diferenciados para cada etapa, destacando-se uma
cobrança maior para a execução da sondagem rotativa. Logo, conclui-se que uma
cobrança em um trecho realizando sondagem rotativa sairá muito mais caro do que se
o mesmo tivesse sido realizado por sondagem a percussão.

Embora um material possua resistência suficiente para que o ensaio SPT não possa
ser realizado, mas também a fragmentação dos elementos encontrados não apresente
características consideráveis quando analisados os trechos posteriores em rocha, o
mesmo não pode ser desprezado, deve ser analisado e fornecer dados de projeto, o
que não ocorreu no caso demonstrado.

Poder-se-ia questionar a possibilidade de utilização do ensaio SPT para a


caracterização do trecho do terreno e obtenção dos dados, em virtude da não
possibilidade de penetração dos 45 cm do amostrador. Contudo, segundo DANZIGER,
DANZIGER e CAVALCANTE (2008), as considerações acima sugerem a necessidade
de novos ensaios para a estimativa de propriedades de materiais de elevada
resistência, sobretudo solos residuais. No caso de ensaios dinâmicos, haveria a
necessidade de um ensaio de maior energia, e de preferência com um amostrador de
maiores dimensões, para se evitarem influências nos ensaios associadas à presença
de pedregulhos, tais como o Becker Penetration Test, a despeito de necessitar de um
equipamento mais caro e complexo de operar.

Outra possibilidade seria o pressiômetro de Ménard, que pode ser executado em


qualquer material, desde que o furo (que pode ser realizado com uma sonda rotativa,
por exemplo) seja feito de modo adequado (Danziger et al., 2008).

53
Outra consideração que merece destaque, dessa vez em relação a apresentação das
sondagens mistas, é quanto a qualidade na informação do RQD. Como visto, o RQD
consiste em uma razão entre o somatório do comprimento dos pedaços da amostra
maiores que 10 cm que foram recuperados e o comprimento total da amostra
recuperada (em porcentagem). Logo esse valor deveria ser sempre menor que o valor
do comprimento total da amostra recuperada (em porcentagem), o que não vem sendo
apresentado nos boletins de sondagem. Cabe portanto realizar uma investigação
visando a explicação desses resultados apresentados por conta da empresa
responsável pelas sondagens.

4.3. PROJETO DE ESTAQUEAMENTO

O projeto de estaqueamento para o Centro de Convergência CCJE-CFCH-CLA foi


elaborado pela empresa Espectro Engenharia LTDA, sendo as estacas hélice contínua
realizadas pela empresa GEOFIX Fundações e Geotecnia LTDA.

O projeto original previa a execução de somente estacas do tipo hélice contínua em


um total de 405 estacas. Porém, devido aos fatores mencionados anteriormente, o
projeto foi alterado e o resultado final será exposto a seguir.

As plantas de locação, mostradas a seguir, contemplam um conjunto total de 409


elementos de fundação, sendo 95 do tipo estacas raiz (diâmetros de Ø310mm e
Ø500mm) e o restante do tipo hélice contínua (diâmetros de Ø400mm, Ø600mm e Ø
800mm).

Individualmente, cada bloco possui as seguintes características: Bloco 31 possui todas


as 50 estacas do tipo hélice contínua; Bloco 32 possui todas as 58 estacas do tipo
hélice contínua; Bloco 33 possui 60 estacas do tipo raiz de um total de 179 estacas;
Bloco 34 possui todas as 48 estacas do tipo hélice contínua; e Praça Elevada possui
43 estacas do tipo raiz de um total de 74 estacas.

Segue abaixo o projeto executivo do estaqueamento que compõe as fundações do


complexo em estudo, separado por blocos (31, 32, 33, 34 e Praça Elevada
respectivamente).

54
Figura 4-18 – Planta de locação das estacas do Bloco 31 (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

55
Figura 4-19 – Planta de locação das estacas do Bloco 32 (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

56
Figura 4-20 – Planta de locação das estacas do Bloco 33 (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

57
Figura 4-21 – Planta de locação das estacas do Bloco 34 (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

58
Figura 4-22 – Planta de locação das estacas da Praça Elevada (elaborado pelo autor com base e m
documentos fornecidos pelo ETU).

59
Uma vez inviabilizada a execução de algumas estacas tipo hélice contínua, foi feita
uma nova análise do projeto e propostos dois tipos de soluções:

A primeira solução diz respeito a uma modificação nos grupos de estacas onde foi
possível a execução de apenas uma das estacas hélice contínua previstas. Nessas
condições, foram realizadas quatro estacas raiz em um arranjo diferente do original
para a substituição das estacas hélice contínua não executadas. As Figuras 4.23 e
4.24 abaixo ilustram essa intervenção nos pilares P92 e P94 respectivamente.

Figura 4-23 – configurações inicial e alterada do estaqueamento do pilar P92 após inviabilidade
executiva (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

Figura 4-24 – configurações inicial e alterada do estaqueamento do pilar P94 após inviabilidade
executiva (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

60
Na segunda solução, nos demais grupos de estacas em que foi necessária a alteração
de projeto, foi adotado o uso de estacas tipo raiz em substituição das estacas hélice
contínua respeitando, porém, a configuração inicial.

A partir da análise estrutural, foram obtidas as cargas características nas estacas, as


quais deverão ser transmitidas ao terreno de fundação. Contudo a primeira verificação
a ser feita é quanto à carga admissível estrutural da estaca, ou seja, as estacas devem
resistir estruturalmente aos esforços solicitantes antes mesmo de transmiti-los ao
terreno.

A carga admissível estrutural das estacas hélice contínua e estacas raiz utilizadas em
projeto estão expressas na tabela abaixo:

Tabela 4.3 – Tabela de Carga Admissível Estrutural (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).
Carga admissível Carga admissível
Tipo de Estaca Dimensão (cm) estrutural (t) estrutural (kN)
Estacas Hélice Ø 40 70 700
Contínua Ø 60 150 1500
Ø 80 230 2300
Estacas Raiz Ø 31 70 700
Ø 50 210 2100

Fazendo uma comparação com as Tabelas 2.2, 2.3 e 2.4, expostas no Capítulo 2,
adaptadas de Velloso e Lopes (2010) e Geosonda (2016), verifica-se que os valores
de carga admissível estrutural utilizados estão sempre abaixo daqueles recomendados
em tais tabelas de referência, o que garante a segurança do projeto quanto à estrutura
das estacas.

O próximo passo é analisar a capacidade de carga (carga de ruptura) das estacas em


função do terreno que estão inseridas. Para essa análise foi utilizado o “Método Aoki-
Veloso” o qual utiliza fórmulas que dependem só de valores de SPT, que eram os
únicos disponíveis.

Abaixo estão reproduzidos os parâmetros utilizados pela empresa Espectro


Engenharia LTDA para a aplicação do método.

61
Tabela 4.4 – Valores de F1 e F2 para diferentes tipos de estacas (adaptado de MONTEIRO, 1997
apud MANTUANO, 2013).
Tipo de estaca F1 F2
Fuste apiloado 2,3 3
Franki
Fuste vibrado 2,3 3,2
Metálica 1,75 3,5
Cravada 2,5 3,5
Pré-moldada de concreto
Prensada 1,2 2,3
Pequeno diâmetro 3 6
Escavada Grande diâmetro 3,5 7
C/ lama bentonítica 3,5 4,5
Raiz 2,2 2,4
Strauss 4,2 3,9
Hélice contínua 3 3,8
Ômega 2,5 3,2

Tabela 4.5 – Valores de K e α para diferentes tipos de solo (adaptado de AOKI-VELLOSO, 1975
apud MANTUANO, 2013).
Tipo de solo K (t/m²) α (%)
pura 100 1,4
siltosa 80 2
Areia silto-argilosa 70 2,4
argilosa 60 3
argilo-siltosa 50 2,8
puro 40 3
arenoso 55 2,2
Silte areno-argiloso 45 2,8
argiloso 23 3,4
argilo-arenoso 25 3
pura 20 6
arenosa 35 2,4
Argila areno-siltosa 30 2,8
siltosa 22 4
silto-arenosa 33 3

De acordo com os diâmetros definidos em projeto para cada estaca e os perfis de


sondagem aplicados de acordo com as suas respectivas regiões representativas (as
quais delimitam as áreas com mesma característica geotécnica necessárias na
definição das profundidades das estacas para uma carga máxima de compressão), foi
possível o cálculo da capacidade de carga para cada estaca prevendo profundidades
em que esta resultasse maior do que a carga característica na estaca (após a
aplicação de um fator de segurança maior que 2 sobre essa última).

Tendo aplicado o método e feitas tais considerações, foram obtidas as Tabelas 4.6 a
4.10, abaixo, para cada bloco, relacionando tais fatores destacados.

62
Tabela 4.6 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 31 (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
CAPACIDADE
DE CARGA NA CARGA
CARGA
DIÂMETRO ESTACA FATOR DE ADMISSÍVEL
PILAR ESTACA CARACTERÍSTICA SONDAGEM
(cm) (ITERAÇÃO SEGURANÇA ESTRUTURAL
NA ESTACA (t)
SOLO X (t)
ESTACA) (t)
P1 E1 60 119,38 333,92 2,8 150 SP09
P1 E2 60 119,38 333,92 2,8 150 SP09
P2 E3 80 170,42 497,32 2,9 230 SP09
P2 E4 80 170,42 497,32 2,9 230 SP09
P3 E6 80 175,62 497,32 2,8 230 SP09
P3 E7 80 175,62 497,32 2,8 230 SP09
P4 E8 80 150,95 494,19 3,3 230 SP08
P4 E9 80 150,95 494,19 3,3 230 SP08
P5 E10 80 182,28 494,19 2,7 230 SP08
P5 E11 80 182,28 494,19 2,7 230 SP08
P6 E12 80 179,57 494,19 2,8 230 SP08
P6 E13 80 179,57 494,19 2,8 230 SP08
P7 E15 60 135,30 311,1 2,3 150 SP08
P7 E16 60 135,30 311,1 2,3 150 SP07
P8 E17 80 150,95 497,32 3,3 230 SP07
P8 E18 80 150,95 497,32 3,3 230 SP09
P9 E19 80 163,31 497,32 3,0 230 SP09
P9 E20 80 163,31 497,32 3,0 230 SP09
P9 E21 80 163,31 497,32 3,0 230 SP09
P10 E22 80 158,69 497,32 3,1 230 SP09
P10 E23 80 158,69 497,32 3,1 230 SP09
P10 E24 80 158,69 497,32 3,1 230 SP09
P11 E25 80 164,74 494,19 3,0 230 SP09
P11 E26 80 164,74 494,19 3,0 230 SP08
P11 E27 80 164,74 494,19 3,0 230 SP08
P12 E28 80 165,65 494,19 3,0 230 SP08
P12 E29 80 165,65 494,19 3,0 230 SP08
P12 E30 80 165,65 494,19 3,0 230 SP08
P13 E31 80 162,76 494,19 3,0 230 SP08
P13 E32 80 162,76 494,19 3,0 230 SP08
P13 E33 80 162,76 494,19 3,0 230 SP08
P14 E34 80 135,85 464,82 3,4 230 SP08
P14 E35 80 135,85 464,82 3,4 230 SP07
P14 E36 80 135,85 464,82 3,4 230 SP08
P15 E37 60 119,71 333,92 2,8 150 SP09
P15 E38 60 119,71 333,92 2,8 150 SP09
P16 E39 80 179,47 497,32 2,8 230 SP09
P16 E40 80 179,47 497,32 2,8 230 SP09
P17 E42 80 162,94 497,32 3,1 230 SP09
P17 E43 80 162,94 497,32 3,1 230 SP09
P17A E43A 60 92,06 333,92 3,6 150 SP09
P18A E45A 60 136,84 331,58 2,4 150 SP08
P18 E44 80 153,89 494,19 3,2 230 SP08
P18 E45 80 153,89 494,19 3,2 230 SP08
P19 E46 80 193,35 494,19 2,6 230 SP08
P19 E47 80 193,35 494,19 2,6 230 SP08
P20 E48 80 179,99 494,19 2,7 230 SP08
P20 E49 80 179,99 494,19 2,7 230 SP08
P21 E50 60 124,02 311,1 2,5 150 SP07
P21 E51 60 124,02 311,1 2,5 150 SP07

63
Tabela 4.7 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 32 (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
CAPACIDADE
DE CARGA NA CARGA
CARGA
DIÂMETRO ESTACA FATOR DE ADMISSÍVEL
PILAR ESTACA CARACTERÍSTICA SONDAGEM
(CM) (ITERAÇÃO SEGURANÇA ESTRUTURAL
NA ESTACA (t)
SOLO X (t)
ESTACA) (t)
P63 E214 60 142,16 306,34 2,2 150 SP03
P63 E215 60 142,16 306,34 2,2 150 SP03
P64 E217 80 166,17 460,54 2,8 230 SP03
P64 E218 80 166,17 460,54 2,8 230 SP03
P65 E220 80 168,40 488,62 2,9 230 SP02
P65 E221 80 168,40 488,62 2,9 230 SP02
P66 E222 80 161,50 488,62 3,0 230 SP02
P66 E223 80 161,50 488,62 3,0 230 SP02
P67 E224 80 159,09 488,62 3,1 230 SP02
P67 E225 80 159,09 488,62 3,1 230 SP02
P68 E226 80 166,68 497,96 3,0 230 SP01
P68 E227 80 166,68 497,96 3,0 230 SP01
P69 E229 60 114,34 334,41 2,9 150 SP01
P69 E230 60 114,34 334,41 2,9 150 SP01
P63A E231 60 91,21 306,34 3,4 150 SP03
P64A E232 60 101,77 306,34 3,0 150 SP03
P65A E234 60 100,92 327,40 3,2 150 SP02
P66A E235 60 100,84 327,40 3,2 150 SP02
P67A E236 60 100,56 327,40 3,3 150 SP02
P68A E237 60 102,9 334,41 3,2 150 SP01
P69A E238 40 57,83 144,81 2,5 70 SP01
P70 E239 80 179,04 460,54 2,6 230 SP03
P70 E240 80 179,04 460,54 2,6 230 SP03
P70 E241 80 179,04 460,54 2,6 230 SP03
P71 E242 80 177,71 460,54 2,6 230 SP03
P71 E243 80 177,71 460,54 2,6 230 SP03
P71 E244 80 177,71 460,54 2,6 230 SP03
P72 E245 80 150,53 488,62 3,2 230 SP02
P72 E246 80 150,53 488,62 3,2 230 SP02
P72 E247 80 150,53 488,62 3,2 230 SP02
P73 E248 80 177,77 488,62 2,7 230 SP02
P73 E249 80 177,77 488,62 2,7 230 SP02
P73 E250 80 177,77 488,62 2,7 230 SP02
P74 E251 80 172,40 488,62 2,8 230 SP02
P74 E252 80 172,40 488,62 2,8 230 SP02
P74 E253 80 172,40 488,62 2,8 230 SP02
P75 E254 80 178,39 497,96 2,8 230 SP01
P75 E255 80 178,39 497,96 2,8 230 SP01
P75 E256 80 178,39 497,96 2,8 230 SP01
P76 E257 80 185,25 497,96 2,7 230 SP01
P76 E258 80 185,25 497,96 2,7 230 SP01
P77 E259 80 155,23 460,54 3,0 230 SP03
P77 E260 80 155,23 460,54 3,0 230 SP03
P78 E261 80 229,78 460,54 2,0 230 SP03
P78 E262 80 229,78 460,54 2,0 230 SP03
P79 E264 80 177,45 488,62 2,8 230 SP02
P79 E265 80 177,45 488,62 2,8 230 SP02
P79 E265A 80 177,45 488,62 2,8 230 SP02
P80 E266 80 206,32 488,62 2,4 230 SP02
P80 E267 80 206,32 488,62 2,4 230 SP02
P80A E267A 80 182,31 488,62 2,7 230 SP02
P81A E269A 60 142,95 327,40 2,3 150 SP02

64
P81 E268 80 215,12 488,62 2,3 230 SP02
P81 E269 80 215,12 488,62 2,3 230 SP02
P82 E270 80 225,84 497,96 2,2 230 SP01
P82 E271 80 225,84 497,96 2,2 230 SP01
P83 E273 80 178,14 497,96 2,8 230 SP01
P83 E274 80 178,14 497,96 2,8 230 SP01

Tabela 4.8 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 33 (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
CAPACIDADE
DE CARGA NA CARGA
CARGA
DIÂMETRO ESTACA FATOR DE ADMISSÍVEL
PILAR ESTACA CARACTERÍSTICA SONDAGEM
(cm) (ITERAÇÃO SEGURANÇA ESTRUTURAL
NA ESTACA (t)
SOLO X (t)
ESTACA) (t)
P43 E99 60 97,50 309,20 3,2 150 SP06
P43 E105 60 97,50 309,20 3,2 150 SP06
P44 E100 60 84,91 309,20 3,6 150 SP06
P44 E100A 60 84,91 309,20 3,6 150 SP06
P45 E101 60 65,53 309,20 4,7 150 SP06
P45 E101A 60 65,53 309,20 4,7 150 SP06
P46 E102 60 80,89 309,20 3,8 150 SP06
P46 E102A 60 80,89 309,20 3,8 150 SP06
P47 E103 60 110,94 309,20 2,8 150 SP06
P47 E104 60 110,94 309,20 2,8 150 SP06
P48A E109A 60 79,23 309,20 3,9 150 SP06
P48A E110A 60 79,23 309,20 3,9 150 SP06
P48 E109 60 91,60 309,20 3,4 150 SP06
P48 E110 60 91,60 309,20 3,4 150 SP06
P49 E111 60 97,58 309,20 3,2 150 SP06
P49 E112 60 97,58 309,20 3,2 150 SP06
P50 E113 80 184,24 484,35 2,6 230 SP06
P50 E114 80 184,24 484,35 2,6 230 SP06
P50 E114A 80 184,24 484,35 2,6 230 SP06
P51 E115 80 181,83 484,35 2,7 230 SP06
P51 E115A 80 181,83 484,35 2,7 230 SP06
P51 E116 80 181,83 484,35 2,7 230 SP06
P52 E117 80 167,90 484,35 2,9 230 SP06
P52 E117A 80 167,90 484,35 2,9 230 SP06
P52 E118 80 167,90 484,35 2,9 230 SP06
P53 E119 80 177,69 484,35 2,7 230 SP06
P53 E119A 80 177,69 484,35 2,7 230 SP06
P53 E120 80 177,69 484,35 2,7 230 SP06
P54 E121 80 170,32 484,35 2,8 230 SP06
P54 E121A 80 170,32 484,35 2,8 230 SP06
P54 E122 80 170,32 484,35 2,8 230 SP06
P55 E123 80 166,58 484,35 2,9 230 SP06
P55 E123A 80 166,58 484,35 2,9 230 SP06
P55 E124 80 166,58 484,35 2,9 230 SP06
P56 E126 60 141,22 309,20 2,2 150 SP06
P56 E127 60 141,22 309,20 2,2 150 SP06
P56 E128 60 141,22 309,20 2,2 150 SP06
P57 E129 60 127,66 309,20 2,4 150 SP06
P57 E130 60 127,66 309,20 2,4 150 SP06
P58 E131 60 127,85 309,20 2,4 150 SP06
P58 E132 60 127,85 309,20 2,4 150 SP06
P58 E133 60 127,85 309,20 2,4 150 SP06
P59A E136 80 150,71 484,35 3,2 230 SP06
P59 E137A 80 164,89 484,35 2,9 230 SP06

65
P59 E137 80 164,89 484,35 2,9 230 SP06
P60 E138 80 169,21 484,35 2,9 230 SP06
P60 E138A 80 169,21 484,35 2,9 230 SP06
P60 E138B 80 169,21 484,35 2,9 230 SP06
P61 E142 80 207,53 484,35 2,3 230 SP06
P61 E143 80 207,53 484,35 2,3 230 SP06
P62 E144 60 132,05 309,20 2,3 150 SP06
P62 E145 60 132,05 309,20 2,3 150 SP06
P84A E139 60 114,20 337,40 3,0 150 SP10
P84 E140 80 126,64 501,95 4,0 230 SP10
P84 E141 80 126,64 501,95 4,0 230 SP10
P85 E146 80 171,89 501,95 2,9 230 SP10
P85 E147 80 171,89 501,95 2,9 230 SP10
P85 E147A 80 171,89 501,95 2,9 230 SP10
P86 E148 60 124,44 337,40 2,7 150 SP10
P86 E149 60 124,44 337,40 2,7 150 SP10
P87 E150 80 205,72 501,95 2,4 230 SP10
P87 E151 80 205,72 501,95 2,4 230 SP10
P88 E152 80 203,48 501,95 2,5 230 SP10
P88 E153 80 203,48 501,95 2,5 230 SP10
P88 E154 80 203,48 501,95 2,5 230 SP10
P89 E155 80 183,77 501,95 2,7 230 SP10
P89 E156 80 183,77 501,95 2,7 230 SP10
P90 E157 80 201,05 501,95 2,5 230 SP10
P90 E158 80 201,05 501,95 2,5 230 SP10
P91 E159 80 198,83 501,95 2,5 230 SP10
P91 E160 80 198,83 501,95 2,5 230 SP10
P91 E161 80 198,83 501,95 2,5 230 SP10
P92 E162 80 153,10 501,95 3,3 230 SP10
P92 E162A 80 153,10 501,95 3,3 230 SP10
P92 E163 80 153,10 501,95 3,3 230 SP10
P93 E164 80 209,91 209,91 1,0 230 SP11
P93 E165 80 209,91 209,91 1,0 230 SP11
P94 E166 80 197,06 197,06 1,0 230 SP11
P94 E167 80 197,06 197,06 1,0 230 SP11
P94 E168 80 197,06 197,06 1,0 230 SP11
P95 E169 80 156,96 156,96 1,0 230 SP11
P95 E169A 80 156,96 156,96 1,0 230 SP11
P95 E170 80 156,96 156,96 1,0 230 SP11
P96 E171 80 165,60 165,60 1,0 230 SP11
P96 E171A 80 165,60 165,60 1,0 230 SP11
P96 E172 80 165,60 165,60 1,0 230 SP11
P97 E173 80 199,69 199,69 1,0 230 SP11
P97 E174 80 199,69 199,69 1,0 230 SP11
P97 E175 80 199,69 199,69 1,0 230 SP11
P98 E176 80 149,02 149,02 1,0 230 SP11
P98 E176A 80 149,02 149,02 1,0 230 SP11
P98 E177 80 149,02 149,02 1,0 230 SP11
P99 E178 80 184,48 184,48 1,0 230 SP11
P99 E179 80 184,48 184,48 1,0 230 SP11
P100 E180 80 211,31 211,31 1,0 230 SP11
P100 E181 80 211,31 211,31 1,0 230 SP11
P100 E181A 80 211,31 211,31 1,0 230 SP11
P101 E182 80 199,47 199,47 1,0 230 SP11
P101 E183 80 199,47 199,47 1,0 230 SP11
P102 E184 80 153,87 153,87 1,0 230 SP11
P102 E184A 80 153,87 153,87 1,0 230 SP11
P103 E186 80 213,39 213,39 1,0 230 SP11
P103 E187 80 213,39 213,39 1,0 230 SP11

66
P103 E187A 80 213,39 213,39 1,0 230 SP11
P104 E188 80 211,18 211,18 1,0 230 SP11
P104 E189 80 211,18 211,18 1,0 230 SP11
P105 E185 80 150,22 150,22 1,0 230 SP11
P105 E185A 80 150,22 150,22 1,0 230 SP11
P106 E191 60 101,81 101,81 1,0 150 SP11
P107 E192 80 217,44 217,44 1,0 230 SP11
P108 E193 80 148,50 148,50 1,0 230 SP11
P108 E193A 80 148,50 148,50 1,0 230 SP11
P109 E194 80 111,07 111,07 1,0 230 SP11
P109 E194A 80 222,13 222,13 1,0 230 SP11
PM1 EM1 40 36,46 36,46 1,0 70 SP10
PM2 EM2 40 20,50 20,50 1,0 70 SP10
PM3 EM3 40 25,40 25,40 1,0 70 SP11
PM4 EM4 40 23,51 23,51 1,0 70 SP11
R1 ER1 40 43,39 43,39 1,0 70 SP10
R2 ER2 40 30,67 30,67 1,0 70 SP10
R3 ER3 40 33,00 33,00 1,0 70 SP10
R4 ER4 40 24,54 24,54 1,0 70 SP10
R5 ER5 40 50,63 50,63 1,0 70 SP10
R6 ER6 40 41,21 41,21 1,0 70 SP10
R7 ER7 40 45,23 45,23 1,0 70 SP10
R8 ER8 40 28,56 28,56 1,0 70 SP10
R10 ER10 40 43,70 43,7 1,0 70 SP10
R11 ER11 40 45,35 45,35 1,0 70 SP10
R12 ER12 40 29,95 29,95 1,0 70 SP10
R13 ER13 40 51,70 51,70 1,0 70 SP10
R14 ER14 40 40,85 40,85 1,0 70 SP10
R15 ER15 40 44,56 44,56 1,0 70 SP10
R16 ER16 40 29,22 29,22 1,0 70 SP10
R17 ER17 40 50,58 50,58 1,0 70 SP11
R18 ER18 40 40,75 40,75 1,0 70 SP11
R19 ER19 40 44,95 44,95 1,0 70 SP11
R20 ER20 40 32,92 32,92 1,0 70 SP11
R21 ER21 40 35,43 35,43 1,0 70 SP11
R22 ER22 40 41,01 41,01 1,0 70 SP11
R23 ER23 40 27,73 27,73 1,0 70 SP11
R25 ER25 40 44,52 44,52 1,0 70 SP11
R26 ER26 40 44,18 44,18 1,0 70 SP11
R27 ER27 40 39,41 39,41 1,0 70 SP11
R28 ER28 40 44,47 44,47 1,0 70 SP11
R29 ER29 40 59,21 59,21 1,0 70 SP11
R30 ER30 40 39,61 39,61 1,0 70 SP11
R31 ER31 40 37,20 37,20 1,0 70 SP11
R32 ER32 40 31,80 31,80 1,0 70 SP11
R33 ER33 40 47,16 47,16 1,0 70 SP11
R34 ER34 40 36,21 36,21 1,0 70 SP11
R35 ER35 40 43,40 43,40 1,0 70 SP11
R36 ER36 40 52,61 52,61 1,0 70 SP11
R37 ER37 40 36,29 36,29 1,0 70 SP11
R38 ER38 40 54,39 54,39 1,0 70 SP11
R39 ER39 40 64,11 64,11 1,0 70 SP11
R40 ER40 40 55,60 55,60 1,0 70 SP11
R41 ER41 40 43,64 43,64 1,0 70 SP11
R42 ER42 40 68,79 68,79 1,0 70 SP11
R43 ER43 40 36,13 36,13 1,0 70 SP11
PE70 E196 40 5,56 5,56 1,0 70 SP11
PE71 E198 40 17,72 17,72 1,0 70 SP11
PE72 E197 40 20,27 20,27 1,0 70 SP11

67
PE73 E198A 40 49,43 49,43 1,0 70 SP11
PE74 E199 40 47,18 47,18 1,0 70 SP11
PE75 E200 40 52,41 52,41 1,0 70 SP11
PE76 E201 40 45,77 45,77 1,0 70 SP11
PE77 E202 40 42,82 42,82 1,0 70 SP11
PE78 E204 40 68,80 68,80 1,0 70 SP11
PE79 E205 40 11,19 11,19 1,0 70 SP11
PE80 E206 40 22,64 22,64 1,0 70 SP11
PE81 E207 40 20,19 20,19 1,0 70 SP11
PE82 E208 40 20,31 20,31 1,0 70 SP11
PE83 E209 40 20,83 20,83 1,0 70 SP11
PE84 E210 40 20,38 20,38 1,0 70 SP11
PE85 E211 40 20,01 20,01 1,0 70 SP11

Tabela 4.9 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Bloco 34 (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
CAPACIDADE
DE CARGA NA CARGA
CARGA
DIÂMETRO ESTACA FATOR DE ADMISSÍVEL
PILAR ESTACA CARACTERÍSTICA SONDAGEM
(cm) (ITERAÇÃO SEGURANÇA ESTRUTURAL
NA ESTACA (t)
SOLO X (t)
ESTACA) (t)
P22 E52 60 104,88 315,89 3,0 150 SP15
P22 E53 60 104,88 315,89 3,0 150 SP15
P23 E54 80 181,15 471,21 2,6 230 SP15
P23 E55 80 181,15 471,21 2,6 230 SP15
P24 E56 60 126,34 315,89 2,5 150 SP15
P24 E57 60 126,34 315,89 2,5 150 SP15
P24A E58 80 192,49 471,21 2,4 230 SP15
P25 E59 80 179,49 456,52 2,5 230 SP14
P25 E60 80 179,49 456,52 2,5 230 SP14
P26 E61 80 215,06 456,52 2,1 230 SP14
P26 E62 80 215,06 456,52 2,1 230 SP14
P27 E63 80 207,38 456,52 2,2 230 SP14
P27 E64 80 207,38 456,52 2,2 230 SP14
P28 E65 60 138,53 304,88 2,2 150 SP14
P28 E66 60 138,53 304,88 2,2 150 SP14
P29 E67 80 177,82 471,21 2,6 230 SP15
P29 E68 80 177,82 471,21 2,6 230 SP15
P30 E69 80 185,49 471,21 2,5 230 SP15
P30 E70 80 185,49 471,21 2,5 230 SP15
P30 E70A 80 185,49 471,21 2,5 230 SP15
P31 E71 80 181,15 471,21 2,6 230 SP15
P31 E72 80 181,15 471,21 2,6 230 SP15
P31 E73 80 181,15 471,21 2,6 230 SP15
P32 E74 80 190,96 456,52 2,4 230 SP14
P32 E75 80 190,96 456,52 2,4 230 SP14
P32 E76 80 190,96 456,52 2,4 230 SP14
P33 E77 80 196,82 456,52 2,3 230 SP14
P33 E78 80 196,82 456,52 2,3 230 SP14
P33 E79 80 196,82 456,52 2,3 230 SP14
P34 E80 80 189,56 456,52 2,4 230 SP14
P34 E81 80 189,56 456,52 2,4 230 SP14
P34 E82 80 189,56 456,52 2,4 230 SP14
P35 E83 80 150,98 456,52 3,0 230 SP14
P35 E84 80 150,98 456,52 3,0 230 SP14
P36 E85 60 116,50 315,89 2,7 150 SP15
P36 E86 60 116,50 315,89 2,7 150 SP15
P37 E87 80 190,11 471,21 2,5 230 SP15

68
P37 E88 80 190,11 471,21 2,5 230 SP15
P38 E89 80 177,11 471,21 2,7 230 SP15
P38 E90 80 177,11 471,21 2,7 230 SP15
P39 E91 80 188,86 456,52 2,4 230 SP14
P39 E92 80 188,86 456,52 2,4 230 SP14
P40 E93 80 150,81 456,52 3,0 230 SP14
P40 E94 80 150,81 456,52 3,0 230 SP14
P41 E95 80 189,34 456,52 2,4 230 SP14
P41 E96 80 189,34 456,52 2,4 230 SP14
P42 E97 60 132,37 304,88 2,3 150 SP14
P42 E98 60 132,37 304,88 2,3 150 SP14

Tabela 4.10 – Planilha de característica de carregamento por estaca – Praça Elevada (elaborado
pelo autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
CAPACIDADE
DE CARGA NA CARGA
CARGA
DIÂMETRO ESTACA FATOR DE ADMISSÍVEL
PILAR ESTACA CARACTERÍSTICA SONDAGEM
(CM) (ITERAÇÃO SEGURANÇA ESTRUTURAL
NA ESTACA (T)
SOLO X (t)
ESTACA) (T)
PE1 EE1 80 200,42 463,31 2,3 230 SP05
PE2 EE2 80 186,54 463,31 2,5 230 SP05
PE3 EE3 80 219,23 463,31 2,1 230 SP05
PE4 EE4 80 125,84 463,31 3,7 230 SP05
PE5 EE5 80 150,04 497,46 3,3 230 SP13
PE6 EE6 80 111,23 463,31 4,2 230 SP05
PE6 EE6A 80 111,23 463,31 4,2 230 SP05
PE7 EE7 80 163,08 463,31 2,8 230 SP05
PE8 EE8 80 101,14 463,31 4,6 230 SP05
PE9 EE9 80 152,82 463,31 3,0 230 SP05
PE10 EE10 80 121,04 498,54 4,1 230 SP04
PE10 EE10A 80 121,04 498,54 4,1 230 SP04
PE11 EE11 80 171,36 497,46 2,9 230 SP12
PE12 EE12 80 171,36 497,46 2,9 230 SP13
PE13 EE13 80 163,37 497,46 3,0 230 SP13
PE14 EE14 80 186,52 463,31 2,5 230 SP05
PE15 EE15 80 124,98 463,31 3,7 230 SP05
PE87 EE71 40 41,61 145,44 3,5 70 SP05
PE16 EE16 80 127,42 463,31 3,6 230 SP05
PE17 EE17 80 194,19 498,54 2,6 230 SP04
PE18 EE18 80 134,30 498,54 3,7 230 SP04
PE18 EE18A 80 134,30 498,54 3,7 230 SP04
PE19 EE19 80 136,64 497,46 3,6 230 SP13
PE20 EE20 80 179,17 497,46 2,8 230 SP13
PE21 EE21 80 145,57 497,46 3,4 230 SP13
PE86 EE70 40 40,61 144,56 3,6 70 SP13
PE22 EE22 80 128,81 497,46 3,9 230 SP13
PE23 EE23 80 186,60 463,31 2,5 230 SP05
PE24 EE24 80 154,17 463,31 3,0 230 SP05
PE25 EE25 80 147,30 463,31 3,1 230 SP05
PE26 EE26 80 154,53 463,31 3,0 230 SP05
PE27 EE27 80 156,77 498,54 3,2 230 SP04
PE28 EE28 80 114,78 498,54 4,3 230 SP04
PE29 EE29 80 168,45 498,54 3,0 230 SP04
PE30 EE30 80 134,49 498,54 3,7 230 SP04
PE31 EE31 80 66,12 498,54 7,5 230 SP04
PE32 EE32 80 84,52 497,46 5,9 230 SP13
PE33 EE33 80 105,52 497,46 4,7 230 SP13
PE34 EE34 80 200,33 497,46 2,5 230 SP13

69
PE35 EE35 80 142,08 497,46 3,5 230 SP13
PE36 EE36 80 94,91 497,46 5,2 230 SP13
PE37 EE37 80 147,27 497,46 3,4 230 SP13
PE38 EE38 80 198,6 463,31 2,3 230 SP05
PE39 EE39 80 192,96 463,31 2,4 230 SP05
PE40 EE40 80 191,83 463,31 2,4 230 SP05
PE41 EE41 80 195,02 463,31 2,4 230 SP05
PE42 EE42 80 168,6 498,54 3,0 230 SP04
PE43 EE43 80 115,89 498,54 4,3 230 SP04
PE44 EE44 80 154,44 498,54 3,2 230 SP04
PE45 EE45 80 212,21 498,54 2,3 230 SP04
PE46 EE46 80 181,36 498,54 2,7 230 SP04
PE47 EE47 80 105,12 498,54 4,7 230 SP04
PE48 EE48 80 47,86 497,46 10,4 230 SP13
PE49 EE49 80 130,60 497,46 3,8 230 SP13
PE50 EE50 80 166,17 497,46 3,0 230 SP13
PE51 EE51 80 131,59 497,46 3,8 230 SP13
PE52 EE52 80 95,92 497,46 5,2 230 SP13
PE53 EE53 80 92,3 497,46 5,4 230 SP13
PE54 EE54 80 84,44 463,31 5,5 230 SP05
PE55 EE55 80 124,13 463,31 3,7 230 SP05
PE56 EE56 80 164,78 463,31 2,8 230 SP05
PE57 EE57 80 124,66 463,31 3,7 230 SP05
PE58 EE58 80 88,48 498,54 5,6 230 SP04
PE59 EE59 80 95,58 498,54 5,2 230 SP04
PE60 EE60 80 92,64 498,54 5,4 230 SP04
PE61 EE61 80 88,59 498,54 5,6 230 SP04
PE62 EE62 80 92,61 498,54 5,4 230 SP04
PE63 EE63 60 45,71 334,84 7,3 150 SP04
PE64 EE64 40 30,8 144,56 4,7 70 SP13
PE65 EE65 60 62,57 333,08 5,3 150 SP13
PE66 EE66 40 30,94 144,56 4,7 70 SP13
PE67 EE67 40 29,44 145,44 4,9 70 SP05
PE68 EE68 60 60,21 300,98 5,0 150 SP05
PE69 EE69 40 29,48 145,44 4,9 70 SP05

Como se pode observar nas tabelas expostas acima, a carga característica na estaca
encontra-se sempre abaixo da carga admissível estrutural da estaca. O mesmo vale
quando comparada a capacidade de carga da estaca (considerando a interação solo
estaca), onde se procurou manter um fator de segurança acima de 2 (dois).

As linhas coloridas nas tabelas acima indicam que em tais estacas houve uma
alteração de projeto. As azuis indicam uma mudança no tipo de estaca, além de uma
mudança na disposição das mesmas, conforme já mencionado e mostrado nas figuras
4.23 e 4.24. As vermelhas indicam apenas uma mudança no tipo de estaca utilizada,
de hélice contínua para raiz.

Em algumas linhas em branco, ou seja, onde não houve uma mudança de projeto,
pode-se notar algumas particularidades. Para algumas linhas foi adotado um fator de
segurança unitário para as estacas hélice contínua em função de estarem recebendo

70
cargas baixas e oriundas de uma estrutura que servirá apenas como anexo do Bloco
33. Já para as linhas que contém um valor de fator de segurança elevado justifica-se a
sua adoção em função de uma certa incerteza nos dados utilizados para tais regiões.

Tendo em vista a mudança de projeto ocorrida, com a troca de algumas estacas hélice
continua por estacas raiz, faz-se necessário estimar novamente a capacidade de
carga dessas estacas (verificando a interação solo estaca). Sabe-se que essas
estacas estão penetrando na rocha e por isso devem ser utilizados métodos diferentes
de previsão de capacidade de carga, assim como de profundidade de embutimento em
rocha.

A empresa Espectro Engenharia LTDA se utilizou de três métodos para realizar essa
previsão (Goodman, 1980, Cabral e Antunes, 2000 e Zhang e Einsten, 1998). Os
resultados para tais métodos estão expressos a seguir.

O primeiro desenvolvimento foi feito segundo o Método de Goodman (1980), no qual


dentre as particularidades do método merecem destaque os seguintes aspectos:

a) 𝑞𝑢 = compressão não confinada da rocha, adotando-se 35 MN/m²


conforme as características das rochas em questão (fragmentada);

b) Devido a um efeito de escala, o valor de 𝑞𝑢 se reduz conforme se


aumenta o diâmetro. Portanto para o caso a magnitude é reduzida em 5
𝑞𝑢 35
vezes, resultando em: 𝑞𝑢(𝑑𝑒𝑠𝑖𝑔𝑛) = = = 7𝑀𝑁/𝑚²;
5 5

c) Como não foram realizados ensaios de laboratório para determinação


dos parâmetros da rocha, adotou-se um valor de compressão não confinada
corrigida de 4 MN/m²;

d) Foi utilizado um fator de segurança (FS) de 3,0 para cravação em


rocha.

Os resultados para esse método são os seguintes:

71
Tabela 4.11 – Resultados do Método de Goodman (1980) (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).
Diâmetro da estaca Capacidade de Carga
Ø 500 𝑄𝑝 = 1480 𝑘𝑁

Ø 310 𝑄𝑝 = 604 𝑘𝑁

O embutimento mínimo necessário para garantir a capacidade de carga da estaca, de


acordo com as considerações deste método, é de pelo menos 8 diâmetros.

Verificou-se que somente a parcela de ponta não teria capacidade de mobilizar toda a
resistência necessária. Desta forma, optou-se por um maior embutimento da estaca,
contabilizando também a parcela por atrito lateral, conforme os métodos seguintes.

Para contabilizar também essa parcela de atrito lateral foram realizados cálculos
utilizando um segundo método, o Método de Cabral e Antunes (2000), destacando-se
o fato de que para a sua aplicação, a investigação geotécnica deve atingir 2 a 3
diâmetros da estaca abaixo da cota estimada de assentamento e que a limpeza do
contato concreto-rocha seja garantida.

Os resultados para esse método são os seguintes:

Tabela 4.12 – Resultados do Método de Cabral e Antunes (2000) (elaborado pelo autor com base
em documentos fornecidos pelo ETU).
Diâmetro da estaca Capacidade de Carga Última Carga Admissível
Ø 500 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 4062 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 2031 𝑘𝑁
Ø 310 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 1611 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 805,6 𝑘𝑁

Por fim, também com o intuito de contabilizar as parcelas de capacidade de carga de


ponta e resistência lateral da estaca, foram realizados os cálculos para um terceiro
método, o Método de Zhang e Einsten (1998), a fim de comparação de resultados e
obtenção de melhores estimativas.

Os resultados para esse método são os seguintes:

Tabela 4.13 – Resultados do Método de Zhang e Einsten (1998) (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).
Diâmetro da estaca Capacidade de Carga Última Carga Admissível
Ø 500 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 7456,0 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 2485,3 𝑘𝑁
Ø 310 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 3133,0 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 1044,3 𝑘𝑁

72
Como visto na Tabela 4.3, as cargas estruturais admissíveis para as estacas raiz
utilizadas são de 700 kN e 2100 kN para os diâmetros Ø 500mm e Ø 310mm,
respectivamente. Procurou-se, portanto, adotar nos cálculos profundidades de
embutimento em rocha que obtivessem resultados de capacidade de carga superiores
às cargas estruturais admissíveis das estacas.

Sendo assim, os resultados obtidos para os comprimentos de embutimento em rocha


pelos métodos apresentados, assim como o resultado final utilizado estão expressos
na Tabela 4.14:

Tabela 4.14 – Comprimentos de embutimento em rocha (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).
Comprimentos de embutimento em rocha (m)
Método
Ø 310 Ø 500
Goodman (1980) * *
Zhang e Einsten (1998) 4,0 6,0
Cabral e Antunes (2000) 5,0 8,0
Embutimento Adotado 5,0 8,0
*Consideração apenas da capacidade de carga de ponta.

Com base nas informações de projeto que foram levantadas, foi possível a elaboração
do esquema ilustrativo abaixo (Figura 4.25), no qual estão demarcadas as áreas em
que foram utilizadas as diferentes estacas (hélice contínua e raiz) com os seus
respectivos diâmetros.

73
Figura 4-25 – Planta de tipo de estacas e diâmetros correspondentes (elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU).

Figura 4-26 – Planta de comprimento de estacas e diâmetros correspondentes (elaborado pelo


autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).

74
Conforme exposto nas Figuras 4.25 e 4.26, pode-se inferir que a profundidade de
escavação das estacas hélice contínua com diâmetro igual a Ø40cm variam entre 15 e
16 metros de profundidade. Para as de diâmetro igual a Ø60cm variam entre 16 e 19,5
metros de profundidade. E para as de diâmetro igual a Ø80cm variam entre 18 e 20
metros de profundidade.

Já o comprimento total das estacas raiz com diâmetro igual a Ø31cm é de 15 metros
sendo 5 metros de penetração em rocha. As de diâmetro igual a Ø50cm possuem 17
metros de comprimento total com 8 metros de penetração em rocha.

4.4. PROVAS DE CARGA

4.4.1. Generalidades

As provas de carga constituem um instrumento bastante eficiente no que diz respeito à


verificação da condição das fundações profundas quanto à sua capacidade de
transferir cargas ao terreno.

Segundo Danziger (2015), estas, de modo geral, possuem dois grandes objetivos (i)
fornecer elementos para o projeto, geralmente realizadas em obras de grande porte; e
(ii) verificar o comportamento da fundação a posteriori (durante a fase construtiva), de
modo a verificar as premissas de projeto e adequação do processo executivo, com
alterações com mínimo prejuízo.

As provas de carga podem ser classificadas (i) Quanto ao tipo de fundação ensaiada
(estaca, tubulão, placa, etc); (ii) Quanto à direção e sentido do carregamento (verticais
à compressão, verticais à tração, etc); e (iii) Quanto ao tipo de carregamento (estáticas
ou dinâmicas).

À luz da NBR 12131:2006 (Estacas – Prova de carga estática – Métodos de ensaio), a


prova de carga estática é a técnica mais tradicional de ensaio para a determinação da
capacidade de carga, podendo ser executadas de diferentes formas : (i) carga
controlada (deslocamento registrado); (ii) deslocamento controlado (carga registrada);
e (iii) outros tipos (ex: cíclicas).

O primeiro tipo de prova de carga estática, carga controlada (deslocamento


registrado), é o mais comum e o que será aqui abordado. Seu principal objetivo é

75
observar o comportamento da fundação para níveis de carga crescente e registrar os
deslocamentos correspondentes até o limite de carga ou completa ruptura do sistema
estaca-solo. Os esforços aplicados podem ser axiais de tração, compressão ou
transversais (NBR 12131, 2006).

4.4.2. Preparação para a realização das Provas de Carga

Segundo a NBR 6122:2010 (Projeto e Execução de Fundações) é obrigatória a


execução de provas de carga estática em obras que tiverem um número de estacas
superior ao valor especificado na coluna B da Tabela 4.15, sempre no início da obra.

Quando o número total de estacas for superior ao valor da coluna B da Tabela 4.15,
deve ser executado um número de provas de carga igual a no mínimo 1% da
quantidade total de estacas, arredondando-se sempre para mais.

Ainda segundo a NBR 6122:2010, é necessária a execução de prova de carga,


qualquer que seja o número de estacas da obra, se elas forem empregadas para
tensões médias (em termos de valores admissíveis) superiores aos indicados na
coluna A da Tabela 4.15.

Tabela 4.15 – Quantidade de provas de carga (adaptado da NBR 6122:2010).


A B
Tensão (admissível) máxima abaixo da Número total de estacas
Tipo de estaca qual não serão obrigatórias provas de da obra a partir do qual
carga, desde que o número de estacas da serão obrigatórias provas
obra seja inferior à coluna B, em Mpa. de carga.
Pré-moldada 7,0 100
Madeira - 100
Aço 0,5fyk 100
Hélice e hélice de deslocamento
5,0 100
(monitoradas)
Estacas escavadas com ou sem
5,0 75
fluido Ø ≥ 70 cm
Raiz 15,5 75
Microestaca 15,5 75
Trado segmentado 5,0 50
Franki 7,0 100
Escavadas sem fluido Ø < 70 cm 4,0 100
Strauss 4,0 100

76
Como já visto, o projeto executivo final do complexo contempla um conjunto total de
409 elementos de fundação, sendo 95 do tipo estacas raiz e 314 do tipo hélice
contínua.

Esse fato implica, analisando a Tabela 4.15 acima, em uma necessidade de realização
de 3 provas de carga estática para hélice contínua e 1 para estaca raiz, englobando
todo o complexo.

Contudo, valendo-se do fato de que os prédios (Blocos 31 a 34 e Praça Elevada)


podem ser tratados individualmente de acordo com a análise estrutural, a empresa
Espectro Engenharia LTDA realizou uma nova avaliação da necessidade de realização
de prova de carga segundo a Tabela 4.15, acima.

Para essa avaliação, consideraram-se as características individuais de cada prédio,


expressas na Tabela 4.16.

Tabela 4.16 – Quantidade de estacas po prédio (elaborado pelo autor).


Quantidade de Estacas
Prédio
Hélice Contínua Raiz Total
Bloco 31 50 0 50
Bloco 32 58 0 58
Bloco 33 119 60 179
Bloco 34 48 0 48
Praça Elevada 31 43 74

A partir da comparação entre as Tabelas 4.15 e 4.16 observa-se que apenas o Bloco
33 supera, em número de estacas hélice contínua a executar, a quantidade limite para
a obrigatoriedade na execução de provas de carga.

Assim, faz-se necessária a execução de 1 prova de carga para o Bloco 33 a ser


realizada em uma estaca hélice contínua.

A prova de carga estática à compressão, referente à obra do Centro de Convergência


CCJE-CFCH-CLA, na Ilha do Fundão/RJ, foi realizada pela empresa TGPORT
Geotecnia e Fundações Especiais LTDA, na estaca E160 do tipo hélice contínua de
diâmetro Ø800mm.

77
Figura 4-27 – Local de execução da prova de carga (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).

O ensaio teve início às 16h42min do dia 29/01/2014 e término às 23h27min do dia


29/01/2014 e teve como base de caracterização do terreno a sondagem a percussão
SP11 e a sondagem mista SM02 que se encontram, respectivamente, nos Anexos 1 e
2 ao final do presente trabalho.

Para a aplicação da carga estática foi montado um sistema de reação constituído por
uma viga metálica principal e duas vigas metálicas secundárias (perfis metálicos
soldados, dimensionados de tal forma que suportassem a carga máxima do ensaio),
conforme esquema de montagem mostrado na Figura 4.28:

Figura 4-28 – Sistema de reação com estacas tracionada (ALONSO, 1997 apud DANZIGER, 2015).

78
A fixação do sistema de reação no terreno foi feita por meio de estruturas projetadas e
executadas em número suficiente para que o mesmo permanecesse estável sob as
cargas máximas do ensaio. Essas estruturas são estacas do tipo raiz com diâmetro de
Ø 31,0 cm e armadas com 2 barras Dywidag Ø36 mm.

Deve-se dar especial atenção ao projeto e montagem do sistema de reação para a


prova de carga estática, de modo que seus deslocamentos sejam pequenos em
relação aos deslocamentos sofridos pela estaca piloto, além de garantir que o
carregamento previsto seja alcançado e atuando na posição e direção desejada.

Com o objetivo de evitar que o sistema de aplicação de carga fosse posicionado


diretamente na estaca de ensaio, foi executado na cabeça da estaca em questão
(E160) um bloco de coroamento, coincidindo o eixo deste com o da estaca ensaiada.
Desse modo o sistema está menos suscetível a excentricidades e desnivelamentos
que poderiam influenciar a posição de aplicação do carregamento e
consequentemente nos resultados.

Após a montagem do sistema, foi posicionado um conjunto contendo dois macac os


hidráulicos, uma bomba hidráulica de acionamento elétrico e um manômetro entre a
estaca ensaiada e a viga principal de reação conforme mostrado na Figura 4.29. O
conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro foi aferido para carregamentos de até
6000 kN (600 tf) (cada macaco hidráulico suporta uma carga máxima de 3000 kN).

Figura 4-29 – Sistema de reação – posicionamento dos macacos hidráulicos (documentos


fornecidos pelo ETU).

79
Para controlar o recalque do topo da estaca comprimida foram instalados quatro
deflectômetros posicionados em 2 eixos ortogonais à viga de reação, permitindo
leituras diretas com sensibilidade de 0,01 mm (Figura 4.30). Os deflectômetros são
apoiados em perfis metálicos, posicionados de forma a não sofrerem influência de
deformações do sistema de reação e da estaca ensaiada, e entram em contato com o
topo do bloco de concreto armado por intermédio de pequenas lâminas de vidro,
coladas na superfície do bloco.

Figura 4-30 – Posicionamento dos deflectômetros (documentos fornecidos pelo ETU).

4.4.3. Realização das Provas de Carga

A estaca ensaiada foi executada pela empresa GEOFIX Fundações e Geotecnia


LTDA, utilizando-se de equipamento próprio. Durante a sua execução não houve
registros referentes a anomalias. As características referentes a estaca estão
expressas na Tabela 4.17.

Tabela 4.17 – Características geométricas da estaca ensaiada (elaborado pelo autor com base em
documentos fornecidos pelo ETU).
Estaca Inclinação Seção (mm) Comprimento em Solo (m)
E160 Vertical 800 19,00

Com base na NBR 12131:2006, a prova de carga estática com carga controlada
(deslocamento registrado), é carregada até a ruptura ou, ao menos, até duas vezes o
valor previsto para sua carga de trabalho.

Desse modo, para a prova de carga em questão, o carregamento foi levado até 4600
kN (460,0 tf), duas vezes o valor previsto para a carga de trabalho da estaca, igual a
2300 kN (230,0 tf).

80
Também segundo a NBR 12131:2006, a critério do projetista, o ensaio pode ser
realizado: com carregamento lento; ou com carregamento rápido; ou com
carregamento misto (lento seguido de rápido); ou ainda com carregamento cíclico
(lento ou rápido) para estacas submetidas a esforços axiais de compressão.

O ensaio realizado para a prova de carga em questão foi com carregamento misto
conforme as seguintes recomendações do item 3.5.2 da NBR 12131:2006. A seguir
estão descritos os procedimento tomados na realização da prova de carga.

O carregamento foi executado em estágios iguais e sucessivos, observando que a


carga em cada estágio não ultrapassou 20% da carga de trabalho prevista; e a carga
foi mantida até a estabilização dos deslocamentos e no mínimo por 30 minutos.

Em cada estágio os deslocamentos foram lidos imediatamente após a aplicação da


carga correspondente, seguindo-se leituras decorridas 2min, 4min, 8min, 15min até
30min, contados a partir do início do estágio, até se atingir a estabilização.

A estabilização dos deslocamentos está atendida quando a diferença entre duas


leituras consecutivas corresponder a no máximo 5% do deslocamento havido no
mesmo estágio (entre o deslocamento da estabilização do estágio anterior e ao atual).

Terminada a fase de carregamento, a carga máxima do ensaio foi mantida durante 2


horas entre a estabilização dos recalques e o início do descarregamento – (atendendo
aos requisitos da norma para ensaio com carregamento rápido).

O descarregamento foi realizado em seis estágios. Em cada estágio os deslocamentos


foram lidos imediatamente após a redução da carga correspondente, seguindo leituras
decorridas 0min e 10min, contados a partir do início do estágio, até se atingir a
estabilização.

Seguindo as recomendações da NBR 12131:2006, os estágios de carregamento e de


descarregamento para a estaca ensaiada foram determinados e inseridos na Tabela
4.18. A partir das cargas determinadas para cada estágio, foram determinadas as
pressões a serem aplicadas no conjunto macaco hidráulico-bomba-manômetro. A
determinação das pressões foi feita com base nos dados da tabela de calibração
resultante do ensaio de calibração.

81
Sendo assim, os estágios de carregamento e descarregamento relativos à estaca
ensaiados a compressão foram executados conforme a Tabela 4.18, abaixo.

Tabela 4.18 – Tabela dos estágios de carga e descarga do ensaio (elaborado pelo autor com base
em documentos fornecidos pelo ETU).
CARREGAMENTO
TIPO ESTÁGIO Nº Pressão Força
kgf/cm² tf
1 64 46
2 130 92
3 190 138
4 260 184
MISTO 5 320 230
6 390 276
7 450 322
8 516 368
9 580 414
10 640 460
DESCARREGAMENTO
TIPO ESTÁGIO Nº Pressão Força
kgf/cm² tf
1 516 368
2 309 276
MISTO 3 260 184
4 130 92
5 0 0

Após a realização da prova de carga, empregando-se os procedimentos descritos


anteriormente, as informações obtidas, bem como os resultados da prova de carga
realizada estão expressos na Tabela 4.19.

Tabela 4.19 – Tabela das leituras tempo-recalque e carga-recalque dos estágios (elaborado pelo
autor com base em documentos fornecidos pelo ETU).
PROVA DE CARGA À COMPRESSÃO
ESTACA 160 – D = 80,00 cm – 460 ton.
DATAS: INÍCIO – 29/01/14; TÉRMINO – 29/01/14
Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 MÉDIA
LEITURA INICIAL
39,98 40,02 40,02 39,93 39,99

CARREGAMENTO
ESTÁGIO 01 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 16:42 39,75 39,86 39,80 39,71 39,78 0,21
00:02 16:44 39,73 39,84 39,78 39,68 39,76 0,23
00:04 16:46 39,72 39,83 39,77 39,66 39,75 0,24
64 46
00:08 16:50 39,72 39,83 39,76 39,66 39,74 0,25
00:15 16:57 39,72 39,83 39,76 39,66 39,74 0,25
00:30 17:12 39,72 39,83 39,76 39,65 39,74 0,25

ESTÁGIO 02 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
130 92 00:00 17:13 39,21 39,32 39,24 39,14 39,23 0,76

82
00:02 17:15 39,30 39,30 39,21 39,11 39,20 0,79
00:04 17:17 39,28 39,28 39,20 39,10 39,19 0,80
00:08 17:21 39,27 39,27 39,18 39,09 39,17 0,82
00:15 17:28 39,26 39,26 39,17 39,08 39,17 0,82
00:30 17:43 39,26 39,26 39,17 39,07 39,316 0,83

ESTÁGIO 03 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 17:44 38,40 38,51 38,43 38,36 38,43 1,56
00:02 17:46 38,37 38,50 38,41 38,34 38,41 1,58
00:04 17:48 38,35 38,48 38,38 38,32 38,38 1,61
190 138
00:08 17:52 38,34 38,47 38,37 38,31 38,37 1,62
00:15 17:59 38,34 38,46 38,36 38,31 38,37 1,62
00:30 18:14 38,34 38,46 38,36 38,31 38,37 1,62

ESTÁGIO 04 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 18:15 37,23 37,35 37,24 37,20 37,26 2,73
00:02 18:17 37,21 37,32 37,21 37,18 37,23 2,76
00:04 18:19 37,20 37,31 37,20 37,17 37,22 2,77
260 184
00:08 18:23 37,19 37,30 37,19 37,16 37,21 2,78
00:15 18:30 37,19 37,30 37,18 37,16 37,21 2,78
00:30 18:45 37,19 37,30 37,18 37,16 37,21 2,78

ESTÁGIO 05 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 18:46 35,81 35,90 35,79 35,75 35,81 4,18
00:02 18:48 35,78 35,87 35,77 35,73 35,79 4,20
00:04 18:50 35,76 35,85 35,75 35,71 35,77 4,22
320 230
00:08 18:54 35,75 35,84 35,75 35,70 35,76 4,23
00:15 19:01 35,75 35,84 35,75 35,70 35,76 4,23
00:30 19:16 35,75 35,84 35,75 35,70 35,76 4,23

ESTÁGIO 06 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 19:17 33,88 34,02 33,94 33,91 33,94 6,05
00:02 19:19 33,86 34,00 33,91 33,88 33,91 6,08
00:04 19:21 33,84 33,98 33,89 33,85 33,89 6,10
390 276
00:08 19:25 33,83 33,96 33,87 33,84 33,88 6,11
00:15 19:32 33,82 33,96 33,86 33,83 33,87 6,12
00:30 19:47 33,82 33,96 33,85 33,82 33,86 6,13

ESTÁGIO 07 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 19:48 31,80 31,92 31,81 31,79 31,83 8,16
450 322
00:10 19:58 31,78 31,91 31,80 31,77 31,82 8,17

ESTÁGIO 08 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 19:59 29,46 29,60 29,49 29,44 29,50 10,49
516 368
00:10 20:09 29,45 29,59 29,48 29,43 29,49 10,50

ESTÁGIO 09 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


580 414 00:00 20:10 25,86 25,00 25,88 25,82 25,64 14,35

83
00:10 20:20 25,84 24,98 25,86 25,81 25,62 14,37

ESTÁGIO 10 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
CARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 20,21 20,86 19,99 20,87 20,79 20,63 19,36
640 460
00:10 20:31 20,84 19,96 20,83 20,76 20,60 19,39

ESTABILIZAÇÃO Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 20:32 20,84 19,96 20,83 20,76 20,60 19,39
00:10 20:42 20,84 19,96 20,83 20,77 20,60 19,39
00:30 21:02 20,83 19,95 20,82 20,75 20,59 19,40
640 460
01:00 21:32 20,83 19,95 20,82 20,75 20,59 19,40
01:30 22:02 20,83 19,95 20,82 20,75 20,59 19,40
02:00 22:32 20,83 19,95 20,82 20,75 20,59 19,40

DESCARREGAMENTO
ESTÁGIO 01 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

DESCARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 22:33 21,90 21,00 21,86 21,80 21,64 18,35
516 368
00:10 22:43 21,90 21,00 21,86 21,80 21,64 18,35

ESTÁGIO 02 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

DESCARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 22:44 23,85 22,97 23,83 23,75 23,60 16,39
390 276
00:10 22:54 23,85 22,98 23,84 23,75 23,61 16,38

ESTÁGIO 03 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

DESCARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 22:55 26,87 25,01 26,85 26,78 26,38 13,61
260 184
00:10 23:05 26,87 25,02 26,86 26,78 26,38 13,61

ESTÁGIO 04 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque
DESCARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm
00:00 23:06 30,81 30,05 30,83 30,81 30,63 9,36
130 92
00:10 23:16 30,81 30,05 30,83 30,81 30,63 9,36

ESTÁGIO 05 Manômetro Carga Tempo Hora Rel 01 Rel 02 Rel 03 Rel 04 Média Recalque

DESCARGA kgf /cm² tf min. mm mm mm mm mm mm


00:00 23:17 34,86 34,09 34,88 34,88 34,67 5,32
0 0
00:10 23:27 34,86 34,09 34,88 34,88 34,67 5,32

A partir dos dado reunidos na Tabela 4.18, pode-se traçar a curva carga x recalque,
apresentada na Figura 4.31.

84
CARGA (tf)

0,00 60,00 120,00 180,00 240,00 300,00 360,00 420,00 480,00


0,0

2,0

4,0

6,0
REC (m m )

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

20,0

CARGA (tf) X REC. (mm)

Gráfico 4.1 – Curva carga x recalque (elaborado pelo autor com base em documentos fornecidos
pelo ETU).

4.4.4. Resultados e interpretação das Provas de Carga

Da interpretação da Prova de Carga anteriormente exposta, foram obtidos, em síntese,


os seguintes resultados:

- Recalque para a carga máxima de 460,00tf  19,40mm


- Recalque para a carga de trabalho de 230tf  4,23mm
- Recalque residual  5,32mm

A estaca E160 foi dimensionada para a carga de trabalho de 230 tf e o fator de


segurança igual a 2,0 foi alcançado. Observa-se ainda que a capacidade de carga na
estaca (iteração solo x estaca) retirada da Tabela 4.8 (501,95 tf) é superior a carga
máxima aplicada (460,0 tf).

Além disso, o recalque encontrado na carga de trabalho é admissível para a estrutura


em questão, atendendo, portanto, a todas as condições da NBR 12131:2006 para
considerar o desempenho satisfatório.

85
5. ESTUDO COMPARATIVO

Neste capítulo será realizado um estudo comparativo dos quatro métodos abordados
no presente trabalho para a determinação da capacidade de carga de estacas com
ponta embutida em rocha. Três desses métodos já tiveram seus resultados
apresentados no Capítulo 4, restando apenas o método de Poulos e Davis (1980) a
ser aplicado neste capítulo.

Aplicando-se o método de Poulos e Davis (1980), descrito no Capítulo 2, para a


previsão da capacidade de carga ao caso em estudo, tem-se os seguintes
desenvolvimentos e resultados:

O cálculo da resistência de ponta 𝑞𝑝 é dado por:

𝑞𝑝 = 0,2 a 0,5 𝑞𝑢𝑐 (5.1)

𝑞𝑢𝑐 = 70 𝑀𝑃𝑎 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 2.10) (5.2)

𝑞𝑝 = 0,2 ∙ 70 = 14 MPa (5.3)

Segundo Poulos e Davis (1980) apud Amelco (2015), a resistência por atrito lateral (𝑞𝑙)
pode ser determinado por:

𝑞𝑙 = 0,05 𝑞𝑢𝑐 ≤ 0,05 𝑓𝑐𝑗 (5.4)

𝑞𝑢𝑐 = 70 𝑀𝑃𝑎 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 2.10) (5.5)

𝑓𝑐𝑗 = 𝑓𝑐𝑘 + 1,65 × 𝑆𝑑 (5.6)

𝑆𝑑 = 7,0 (𝑇𝑎𝑏𝑒𝑙𝑎 2.13) (5.7)

𝑓𝑐𝑘 = 30 MPa (5.8)

𝑓𝑐𝑗 = 30 + 1,65 × 7,0 = 41,55 (5.9)

86
𝑞𝑙 = 0,05 ∙ 70 = 3,5 𝑀𝑃𝑎 ≥ 0,05 ∙ 41,55 = 2,08 𝑀𝑃𝑎 (5.10)

Logo, a determinação da capacidade de carga através do método de Poulos e Davis


(1980) é dada por:

𝑄𝑢𝑙𝑡 = 𝑞𝑝 × 𝐴 𝑝 + 𝑞𝑙 × 𝐴 𝑙 (5.11)

𝑞𝑝 = 14,0 𝑀𝑃𝑎 (5.12)

𝑞𝑙 = 2,08 𝑀𝑃𝑎 (5.13)

A área de ponta irá variar dependendo do diâmetro da estaca raiz adotado, o qual
poderá ser de Ø500mm ou Ø310mm. Assim serão calculadas as duas situações, uma
para cada diâmetro, buscando-se comprimentos de embutimento em rocha que
resultem em resultados de capacidades de carga (𝑄𝑢𝑙𝑡) superiores às cargas
estruturais admissíveis das estacas.

Para a estaca de Ø500mm:

𝜋𝐷2 𝜋 ∙ 0,412
𝐴𝑝 = = = 0,1320 𝑚² (5.14)
4 4

𝐴 𝑙 = 𝜋 𝐷 𝐿𝑅 = 𝜋 ∙ 0,41 ∙ 2,0 = 2,5761 𝑚² (5.15)

𝑄𝑢𝑙𝑡 = 14,0 × 0,1320 + 2,08 × 2,5761 = 7,2067 MN = 7206,7 kN (5.16)

𝑄𝑎𝑑𝑚 = 2402,2 kN (5.17)

Para a estaca de Ø310mm:

𝜋𝐷2 𝜋 ∙ 0,262
𝐴𝑝 = = = 0,0531 𝑚² (5.18)
4 4

𝐴 𝑙 = 𝜋 𝐷 𝐿𝑅 = 𝜋 ∙ 0,26 ∙ 1,0 = 0,8168 𝑚² (5.19)

𝑄𝑢𝑙𝑡 = 14,0 × 0,0531 + 2,08 × 0,8168 = 2,4423 MN = 2442,3 kN (5.20)

87
𝑄𝑎𝑑𝑚 = 814,1 kN (5.21)

Como se pode observar, para se atingir resultados de capacidade de carga superiores


aos da carga estrutural admissível para as estacas raiz utilizadas (700 kN e 2100 kN,
respectivamente para diâmetros de Ø 310 e Ø 500) foram necessárias profundidades
de penetração em rocha de valores expressos a seguir:

Tabela 5.1 – Resultados do Método de Poulos e Davis (1980) (elaborado pelo autor).
Capacidade de Carga Comprimento das
Diâmetro da estaca Carga Admissível
Última Estacas (m)
Ø 500 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 7206,7 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 2402,2 𝑘𝑁 2,0
Ø 310 𝑄𝑈𝐿𝑇 = 2442,3 𝑘𝑁 𝑄𝐴𝐷𝑀 = 814,1 𝑘𝑁 1,0

Observa-se que os comprimentos de embutimento em rocha encontrados, são bem


menores quando comparados aos métodos de Zhang e Einsten (1998) e Cabral e
Antunes (2000), e próximos ao de Goodman (1980).

De modo a facilitar a compreensão dos resultados, são expressos a seguir os


resultados obtidos para os quatro métodos estudados.

RESISTÊNCIA DE PONTA (kN)


2000,0 1848,4
1800,0
1600,0 1480,0
1400,0 1273,3
1200,0
1000,0 Ø500mm
743,3 Ø310mm
800,0
604,0
600,0 519,1

400,0
198,0
200,0 79,6
0,0
Goodman (1980) Cabral e Antunes (2000) Zhang e Einsten (1998) Poulos e Davis (1980)

Figura 5-1 – Resistência de ponta do sistema estaca-rocha em estudo (elaborado pelo autor).

88
RESISTÊNCIA POR ATRITO LATERAL (kN)
6600 6.182,7
6000
5.358,3
5400
4800
4200 3.864,2
3600
Ø500mm
3000 2.613,8
Ø310mm
2400
1.531,5 1.699,0
1800
1200
600
0,0 0,0
0
Goodman (1980)* Cabral e Antunes (2000) Zhang e Einsten (1998) Poulos e Davis (1980)

*Consideração apenas da capacidade de carga de ponta


Figura 5-2 – Resistência por atrito lateral do sistema estaca-rocha em estudo (elaborado pelo
autor).

RESISTÊNCIA TOTAL ADMISSÍVEL (Qadm) (kN)


3000,0

2485,3
2500,0 2402,2

2031,0
2000,0

1480,0
1500,0 Ø500mm

1044,3 Ø310mm
1000,0 805,6 814,1
604,0
500,0

0,0
Goodman (1980) Cabral e Antunes (2000) Zhang e Einsten (1998) Poulos e Davis (1980)

Figura 5-3 – Resistência total admissível do sistema estaca-rocha em estudo (elaborado pelo
autor).

89
COMPRIMENTO DE EMBUTIMENTO NECESSÁRIO (m)
9,0
8,0
8,0
7,0
6,0
6,0
5,0
5,0
4,0 Ø500mm
4,0
Ø310mm
3,0
2,0
2,0
1,0
1,0
0 0
0,0
Goodman (1980)* Cabral e Antunes (2000) Zhang e Einsten (1998) Poulos e Davis (1980)

*Consideração apenas da capacidade de carga de ponta


Figura 5-4 – Comprimento de embutimento necessário do sistema estaca-rocha em estudo
(elaborado pelo autor).

Observa-se da análise dos Gráficos 5.1 a 5.4 que as resistências para a estaca de
diâmetro igual a Ø500mm são maiores que as de diâmetro igual a Ø310mm. Assim
como para cada estaca, os valores das resistências por atrito lateral superam os da
resistência de ponta.

Observa-se uma aproximação dos resultados dos métodos de Cabral e Antunes


(2000) e Zhang e Einsten (1998). Entretanto, tais métodos fornecem maiores valores
que os demais, especialmente o método de Cabral e Antunes (2000), sendo portanto
mais conservativos.

Frente aos resultados obtidos, o autor do presente trabalho sugere que uma escolha
de comprimento de embutimento de estaca em rocha, a ser executado, tomada com
base em uma interpolação entre os métodos de Cabral e Antunes (2000) e Zhang e
Einsten (1998) seria suficiente para fornece resultados satisfatórios.

Sabe-se que é de responsabilidade do engenheiro projetista adotar um valor


compatível com os calculados e que atenda os critérios de desempenho, segurança e
economia do empreendimento, e que tal valor pode variar entre profissionais. Para o
caso em questão, a empresa Espectro Engenharia LTDA, adotou os resultados
obtidos pelo método de Cabral e Antunes (2000), em função da experiência da mesma
na adoção de tal metodologia e da decisão de obtenção de resultados mais
conservativos.

90
Cabe ainda ressaltar que, como foi visto, o Método de Cabral e Antunes (2000) é um
mátodo bastante conservativo e isso poderia levar a uma elevação de custos
desnecessária para a obra. Assim, o autor sugere que poderia ter sido feitos ensaios
de convalidação de resultados. Diante da obtenção dos valores de comprimento de
embutimento em rocha obtidos pelo método em questão, poderiam ter sido conduzidos
ensaios à tração (para a determinação do atrito lateral no trecho embutido em rocha)
antes da execução, de fato, das estacas raiz, visando avaliar o comprimento de
embutimento adotado.

91
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA PESQUISAS
FUTURAS

6.1. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao findar este estudo de caso, conclui-se que os resultados encontrados atendem os


objetivos propostos no início do trabalho, obtendo-se assim uma maior disseminação
de conteúdos que os engenheiros civis faceiam no decorrer de uma obra e que muitas
vezes são pouco divulgados.

Pode-se constatar que é preciso um estudo detalhado antes da implantação da


fundação de um edifício, sobretudo de investigação do subsolo, visando diminuir os
recorrentes imprevistos na execução de uma fundação. Apesar de evolução no setor,
a indústria da construção civil ainda não aplica recursos suficientes em investigações
geotécnicas, em virtude de uma motivação de redução de custos nem sempre
verificada.

Como abordado no trabalho, há dúvidas sobre os resultados obtidos para o RQD nos
boletins de sondagens mistas apresentados, devendo ser prevista, portanto, uma
avaliação criteriosa destes em trabalhos e pesquisas futuras.

Observou-se também que os resultados obtidos da prova de carga realizada


mostraram-se satisfatórios e coerentes para a estaca ensaiada dando subsídios para
previsão de comportamento sob carregamentos verticais e realização de projetos.

Entretanto, apesar do tratamento individual dos blocos para o cálculo da quantidade


de provas de carga a ser realizada, o autor do trabalho entende que se trata de um
único empreendimento e por isso a quantidade de uma única prova de carga realizada
para toda a obra não estaria de acordo com a NRB 6122:2010. Assim, de acordo com
a NBR 6122:2010, deveriam ser executadas 3 provas de carga estática para as
estacas hélice contínua e 1 prova de carga estática para as estacas raiz.

6.2. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Frente a diversas possibilidades de pesquisas não exploradas no desenvolvimento


deste trabalho, o estudo aqui presente pode servir de orientação para trabalhos
posteriores incrementando-os bibliograficamente, como ponto de partida para análises
92
mais complexas, validação de resultados, ou ainda verificação do desempenho das
fundações.

Podem ser feitas análises dos recalques associados à estrutura, englobando os


diversos métodos de previsão de recalque para fundações profundas, assim como a
influência nas construções vizinhas na interação solo-estrutura.

Uma outra sugestão é a determinação, através de ensaios de laboratório, dos valores


de resistência à compressão simples da rocha, através da análise dos testemunhos
extraídos, durante as sondagens mistas realizadas, e a sua utilização nos métodos
semi-empíricos.

A realização de novas provas de carga estáticas, uma para cada Bloco construído do
Centro de Convergência, em estacas instrumentadas ao longo da sua profundidade e
verificação da distribuição de carga, também são sugestões interessantes para a
realização de pesquisas futuras.

93
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMELCO, P., 2015, Avaliação de Métodos de Previsão de Carga Aplicados à Estaca


Raiz. Instituto de Pós-Graduação – IPOG, Florianópolis, SC, Brasil.

ANDRZEJEWSKI, I. A., 2015, Estudo e Dimensionamento de Fundação Profunda por


Estacas tipo Raiz. Trabalho de Conclusão de Curso, Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, Brasil.

ARRUDA, E., 2015, A Metodologia do Projeto de Pesquisa. Disponível em:


<https://eltonarruda.wordpress.com/>. Acesso em: 08 out. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 6122: Projeto e


Execução de Fundações. Rio de Janeiro, 2010.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 8036: Programação de


sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios. Rio de
Janeiro, 1983.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – NBR 12131: Estacas – Prova


de carga estática – Métodos de ensaio. Rio de Janeiro, 2006.

BASTOS, A. M. C. Q., 2014, Análise do Efeito da Deslocabilidade Lateral em Edifício


de Andares Múltiplos em Estrutura Mista de Aço e Concreto. Trabalho de Conclusão
de Curso, Escola Politécnica/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

COMITÊ TÉCNICO DO PLANO DIRETOR, Plano Diretor UFRJ - 2020. Rio de Janeiro,
2010.

DANZIGER, F. A. B., 2015, Notas de Aula - Introdução ao Estudo das Fundações,


UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DANZIGER, F. A. B., 2015, Notas de Aula - Tópicos Especiais em Fundações, UFRJ,


Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

DANZIGER, F. A. B., DANZIGER, B. R. & CAVALCANTE, E. H., 2008. Reflexões


sobre a Energia no SPT e o Significado do valor de N em Circunstâncias Particulares.

94
XIV Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica,
Cobranseg, Búzios.

ETU, 2016, O que é o ETU? Disponível em: <http://diaci.org/etu/index.php>. Acesso


em: Acesso em 15 out. 2016.

GEOSONDA, 2016, Estaca Raiz. Disponível em: <http://www.geosonda.com.br>.


Acesso em: 04 dez. 2016.

GOODMAN, R. E., 1980, Introduction to Rock Mechanics. John Wiley and Sons, New
York.

GOOGLE MAPS. [Cidade Universitária - UFRJ]. [2016]. Disponível em:


<https://www.google.com.br/maps>. Acesso em: 13 out. 2016.

JUVÊNCIO, E. de L., 2015, Avaliação do Comportamento de Estacas Parcialmente


Embutidas em Rocha Gnáissica. Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro,
RJ, Brasil.

KFURI, J., [s.d.], Ilha de Bom Jesus e Ilha de Sapucaia, Diretoria do Patrimônio
Histórico e Documentação da Marinha. Disponível em: <
http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/handle/bras/4563>. Acesso em: 05 out.
2016.

MANTUANO, R. M., 2013, Comparação entre os métodos de dimensionamento e


influência do processo executivo no comportamento de estacas hélice. Trabalho de
Conclusão de Curso, Escola Politécnica/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

NETO, J. A. de A., 2002, Análise do desempenho de estacas hélice contínua e ômega


– aspectos executivos. Dissertação de mestrado, Escola Politécnica/USP, São Paulo,
SP, Brasil

SIACI, 2016, Sistema de Apropriação e Controle da Informação. Disponível em:


<http://www.diaci.org/>. Acesso em: 15 out. 2016.

95
SOUZA, L. C. B. de, 2013, Análise dos recalques das fundações do Hospital
Universitário Clementino Fraga Filho. Trabalho de Conclusão de Curso, Escola
Politécnica/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.

VALENÇA, J. G., 2013, O plural e o Singular: As Ilhas e a Ilha do Fundão. Disponível


em: <http://www.caminhosgeologicos.rj.gov.br/>. Acesso em: 05 out. 2016.

VELLOSO, D. de A.; LOPES, F. de R., 2010, Fundações : critérios de projeto,


investigação do subsolo, fundações superficiais, fundações profundas, 1ª Ed., Oficina
de Textos, São Paulo.

96
ANEXO 1 – SONDAGENS DE SIMPLES RECONHECIMENTO

97
98
99
100
101
102
103
104
105
Figura 1.1 – Sondagens a percussão com medida do SPT (compacto elaborado pelo autor com
base em documentos fornecidos pelo ETU).

106
ANEXO 2 – SONDAGENS MISTAS – PERCUSSÃO E ROTATIVA

107
108
109
110
111
112
113
Figura 2.1 – Sondagens mistas (compacto elaborado pelo autor com base em documentos
fornecidos pelo ETU).

114

Você também pode gostar