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MEMÓRIAS DA AULA

Disciplina: NEUROCIÊNCIA LINGUAGEM E MEMÓRIAS NEURAIS


Docente: ANDRÉIA RANGEL
PÓS-GRADUAÇÃO: NEUROPSICOPEDAGOGIA
Aluna: SILVIA HELENA MOURA MARQUES
TURMA: B23

1. INTRODUÇÃO

Conforme os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do


IBGE, A taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade no Brasil caiu de
7,2% em 2016 para 7,0% em 2017, mas não alcançou o índice de 6,5% estipulado, ainda para
2015, pelo Plano Nacional de Educação (PNE). As informações estão no módulo Educação da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (IBGE, 2018).
Esses cenários tornam-se mais complexos quando os alunos possuem algum tipo
de deficiência. A partir de tais reflexões, o objetivo desse estudo foi verificar se os princípios
da neurociência têm sido aplicados no processo de ensino e aprendizagem dos alunos com
deficiência intelectual. Em seguida, passou a discorrer sobre os estudos sobre o cérebro,
enfatizando que o Egito antigo estudava as funções do cérebro com feridos de guerra.
Somente no século XIX percebeu-se um certo estímulo científico, tecnológico. Assim sendo,
neste conteúdo, apresenta-se como o cérebro funciona e quais exames e para que são
necessários para o tratamento das disfunções cerebrais.
A neurociência é um ramo do conhecimento que envolve diversas áreas como
neurologia, psicologia, biologia, medicina nuclear, entre outras. Essas áreas têm como ponto
comum de estudo o sistema nervoso (SN), sendo considerado uma área multidisciplinar,
responsável pela conexão entre o cérebro e a aprendizagem. Um panorama preocupante é o
cenário da educação brasileira. E este trabalho é fundamental para se aprender, apreender
quais as causas e consequências que dificultam a aprendizagem das crianças e jovens.
Enfatizando ainda, a neurociência pode ser compreendida por seis abordagens:
molecular; celular; sistêmica; comportamental; clínica e, a neurociência cognitiva. Essa
última é o foco desta pesquisa, pois estuda as capacidades mentais mais complexas como
aprendizagem, linguagem, memória e planejamento (GROSSI ET AL, 2014).
A metodologia abordada neste estudo é a bibliográfica, qualitativa estudo de caso.

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2 O CÉREBRO
O cérebro é um órgão do sistema nervoso central muito importante para o
funcionamento do corpo. Esse órgão constitui a maior parte do encéfalo, representando cerca
de 80% da massa total dessa estrutura.

2.1 ANATOMIA DO CÉREBRO


Para entender-se como acontece o processo de ensino e aprendizagem, torna-se
necessário compreender como funciona o cérebro, principalmente nas crianças e jovens que
tem dificuldade de aprendizagem.
Uma pirâmide com nossos 3 cérebros, veremos que as divisões de ambos os
estudos se encontram em concordância.
Massa nervosa caixa craniana;
Pesa 1,3 kg
Tem 2 hemisférios: o direito e o
Esquerdo;
Subdivididos em Lobos cerebrais com
funções fundamentais diferenciadas e
integradas.

Pode ser dividido em dois hemisférios: o esquerdo e o direito, os quais estão ligados pelo
corpo caloso, estrutura constituída
por fibras mielínicas. Um fato
curioso sobre os hemisférios é que
o lado esquerdo controla os
movimentos do lado direto, e o
lado direito controla os
movimentos do lado esquerdo do
corpo.

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Os hemisférios são divididos em quatro lobos cerebrais, que apresentam funções específicas.
São eles: lobo frontal, temporal,

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parietal e occipital. Cada lobo recebe o nome de acordo com a localização em relação aos
ossos do crânio.

2.2 FUNÇÕES
DO CÉREBRO
O cérebro
está relacionado
com a inteligência,
linguagem,
consciência,
memória, entre outros. Além disso, é capaz de processar informações dos sentidos juntamente
a outras estruturas do encéfalo, iniciar movimentos e influenciar o comportamento emocional.
Quanto a função do cerebelo, além de estabelecer o equilíbrio corporal, o cerebelo
recebe o estímulo de músculos e tendões e tem a função de controlar as atividades motoras,
mantendo o tônus muscular (estado semicontraído em que o músculo permanece para
responder aos estímulos mais rapidamente).

2. 3 NEURAL
Na figura acima, apresenta a estrutura neural do cérebro. O cérebro é composto de
incontáveis neurônios conectados em uma rede neural complexa. Cada neurônio tem um
corpo celular dotado de núcleo e projeções desse corpo, chamadas axônios e dendritos. Os
dendritos recebem sinais elétricos que chegam à célula e os axônios transmitem um sinal
elétrico da célula para outros neurônios.

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Sempre
tem
alguma

atividade elétrica, mesmo quando os neurônios não estão enviando impulsos elétricos a
outros. Os cientistas dão a essa eletricidade de fundo o nome de “ruído”; e quando se usa um
equipamento para gravar a atividade elétrica dos neurônios, o ruído aparece como uma linha
que lembra vagamente um rabisco. Quando o neurônio transmite um sinal elétrico, este é visto
como uma forma pontiaguda ou pico no gráfico.
Pode-se atribuir ao neurônio dois estados: desligado (ruído) ou ligado a partir de
um sinal elétrico agudo. Esses estados podem ser representados na linguagem da matemática
por dois símbolos: (desligado) e “1” (ligado). A linguagem do 1 e do 0 é conhecida
como linguagem binária – que é também a linguagem dos computadores.
Trata-se de um processo que envolve especialmente as funções nervosas
superiores - atenção, memória, motivação, emoções e funções executivas -, as quais, ao
atuarem de formas multi e inter-relacional, entre si e com outras funções cerebrais,
possibilitam o recebimento e processamento das informações pelo cérebro (ROTTA, 2016a,
p. 5).

3 NEUROPLASTICIDADE
Trata-se de um processo que envolve especialmente as funções nervosas
superiores - atenção, memória, motivação, emoções e funções executivas -, as quais, ao
atuarem de formas

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multi e inter-relacional, entre si e com outras funções cerebrais, possibilitam o recebimento e


processamento das informações pelo cérebro (ROTTA, 2016a, p. 5).
A aprendizagem está diretamente associada ao fenômeno denominado
neuroplasticidade que é a capacidade que o cérebro humano tem de “[...] fazer e desfazer
ligações entre os neurônios [as sinapses] em conformidade com as interações permanentes
com o ambiente externo e interno do corpo. ” (COSENZA E GUERRA, 2011, p. 36).
De acordo com os estudos da neurociência, a
aprendizagem é compreendida “[...] como modificações
do SNC [Sistema Nervoso Central], mais ou menos
permanentes, quando o indivíduo é submetido a
estímulos e/ou experiências de vida, que serão
traduzidas em modificações cerebrais. [...].” (ROTTA,
2016b, p. 469).

As conexões induzem às mudanças estruturais do cérebro e suas funções em razão


da natureza plástica desse órgão. O cérebro tem a capacidade de se moldar mediante estímulos
e experiências. Assim, a aprendizagem, de essência dialética, gera mudanças no cérebro e
resulta dessas mudanças. No contexto da educação formal, ocorre a neuroplasticidade guiada,
algo que exige do educador que se pergunte o quê e como fazer para promovê-la (FREGNI,
2019).
A aprendizagem faz com novas sinapses sejam criadas as quais facilitam o fluxo
de informação no interior de circuitos nervosos, aumentam a complexidade das ligações
nesses circuitos e promovem a associação de circuitos independentes (possibilitando-se, por
exemplo, que conceitos novos sejam aprendidos a partir de conhecimentos pré-existentes)
(COSENZA E GUERRA 2011, p. 36).
Reações inversas podem surgir pelo não uso de ligações já estabelecidas ou uma
patologia, empobrecendo os circuitos neuronais, o que explica o esquecimento de algumas
informações. Assim, conforme os autores, a aprendizagem se caracteriza:
[...] pela formação e consolidação das ligações entre as
células nervosas [...]”, sendo “[...] fruto de modificações
químicas e estruturais no sistema nervoso de cada um,
que exigem energia e tempo para se manifestar (Idem, p.
38) (COSENZA E GUERRA, 2011, p. 36b).

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Existem momentos da vida mais propícios para que determinados aprendizados


ocorram e se consolidem (como o desenvolvimento motor e a linguagem). Nomeados
períodos

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críticos, são espaços de tempo (janelas temporais) em que os indivíduos estão mais propensos
a estímulos externos.  Recomendam:
[...] este período não deve ser visto apenas como
período de tempo em que determinado evento tem
influência decisiva numa qualquer função ou órgão, mas
como o período de tempo em que um indivíduo está
mais susceptível à influência daquele evento [...]”, de
modo que existe “[...] a possibilidade da existência de
vários períodos críticos ou sensíveis para o mesmo
órgão ou
função (LOPES E MAIA, 2000, p. 128).

A infância e a adolescência são momentos imprescindíveis para que algumas


funções cognitivas se desenvolvam. A neurociência pesquisa que aprender faz parte de todas
as fases da vida; do nascimento e continua a se manifestar na fase adulta e no envelhecimento,
ainda que de forma diversa. Somos seres de e para o conhecimento. Fregni (2019), afirma que
o ser humano está ligado à aprendizagem, resultando no acúmulo rápido de conhecimento.
Ainda segundo o autor, a maioria das escolas e programas educacionais ignoram
essa capacidade humana de aprender e dedicam-se mais a um currículo com grande carga
informativa, em vez de uma abordagem mais reflexiva, ativa e crítica. Nesses contextos
educacionais, conforme o autor, os alunos ativam a memória de curto prazo, preocupando-se
apenas com as próximas provas, preocupando-se apenas com um certificado, um diploma do
que aprender realmente.
Fregni (2019), afirma que os professores, à luz dos mecanismos neurais, precisam
envolver os alunos num percurso de aprendizagem significativa, pensar estratégias capazes de
mudar essa realidade. Trocar a aula-palestra por formas mais contextualizadas de ensino e
pensar maneiras de mobilização e motivação são algumas alternativas.
A neurociência também assegura que os indivíduos aprendem de diversas
maneiras, em tempos distintos, e que é necessário interesse pessoal para que uma
aprendizagem profunda aconteça. Além do mais, os indivíduos aprendem de maneira única,
subjetiva e intransferível, em momentos específicos, e são responsáveis pela própria
aprendizagem no sentido de que ninguém aprende por outrem.
Para aprofundamento das noções da Neurociência Linguagem e memórias neurais,
a neuroplasticidade e funções nervosas superiores, cujos autores estabelecem um diálogo

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entre plasticidade cerebral e aprendizagem e a relação que estabelecem com as práticas


pedagógicas.

3.1 MEMÓRIA

A atenção é das características da memória, uma vez que, para chegar à memória,
as informações passam pelo filtro da atenção. No entanto, é necessário que se diferencie o
aprendizado e memória, intrinsecamente correlacionados, que, segundo a neurociência, o
aprendizado se refere ao processo de aquisição de informações pelo sistema nervoso,
observado por meio de mudanças no comportamento; enquanto que, a memória permite a
codificação, o armazenamento e a evocação das informações (PURVES ET AL.,
2010; COSENZA E GUERRA, 2011).
Existem diferentes tipos de memória, dentre as quais se destacam a explícita
(declarativa), cujas recordações são conscientemente retomadas, e a implícita (não declarativa
ou procedural), ativada de forma inconsciente. No âmbito da memória explícita, há
informações transitórias, relacionadas a eventos cotidianos (lembrar um número de telefone, o
nome de uma rua, onde o carro foi estacionado, etc.), que, após serem utilizadas, desaparecem
(memória de curto prazo); e há informações que perduram por mais tempo, em forma de
registros permanentes, necessários para eventos futuros (memória de longo prazo).
Ao tratar-se de memória, pode-se levar em consideração
o aspecto temporal. Nesse caso, temos a memória
imediata (envolve segundos); a de trabalho (envolve
segundos e minutos); e a de longo prazo (envolve dias,
anos). Memórias imediatas e de trabalho podem ser
transferidas para a de longo prazo, desde que se tornem
relevantes, ao contrário, desaparecem (cf. Purves et al.,
2010, p. 792). Pode-se também levar em consideração a
natureza dos processos envolvidos. Temos então a
memória episódica (relacionada a eventos da vida real, à
biografia) e a semântica (relacionada à linguagem e
outros códigos) (cf. COSENZA E GUERRA, 2011, P.
69 E IZQUIERDO, 1989, P. 94).

3.2 MOTIVAÇÃO

Para mobilizar a atenção e facilitar a retenção das informações pela memória é


necessário a motivação. Do ponto de vista neural, a motivação unir-se à liberação de

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dopamina e relaciona-se a fatores como medo e fome, enquanto maquinismos de


sobrevivência.
Trata-se, em linhas gerais, é uma força que aciona e direciona o comportamento,
de uma energia que aciona e direciona o comportamento. O impulso é uma energia que aciona
e direciona o da razão ou motivo que conduz a uma ação, a uma mudança de comportamento,
a um aprendizado, a um objetivo; é, assim, um tipo de impulso (externo ou interno) capaz de
fazer com que um indivíduo direcione energia e tempo para realizar determinadas tarefas ou
continuar aquelas já iniciadas. Segundo a literatura existem dois tipos de motivação: a
intrínseca, quando é o por iniciativa e interesse próprio, na realização de uma atividade, diz
respeito a interesses pessoais e projetos de vida; e a extrínseca, no contexto educacional,
relaciona-se à rotina, à disciplina e à organização escolar; quando a força que impele o sujeito
à ação lhe é exterior e ele decide acatá-la. No contexto educativo, ambos os tipos de
motivações são importantes.
Ainda que ambas as formas de motivação coexistam no âmbito escolar, Fregni
(2019) ressalta a importância de se observarem alguns comportamentos relacionados à
motivação extrínseca cujos efeitos, em determinados contextos, possam ser adversos, do
ponto de vista cognitivo. São alguns exemplos conhecidos, nesse caso: estudar às vésperas de
um exame; dedicar-se apenas a um tópico de um assunto, em certas divisões de trabalho em
grupo; encontrar formas de aprovação no fim de um curso. Todas são estratégias que
vislumbram apenas as recompensas finais, e não o processo de aprendizagem.

3.3 EMOÇÕES

O estado emocional também interfere no desempenho acadêmico. A neurociência


confirma que existe um profundo vínculo entre cognição e emoção. Sabe-se que é um desafio
abordar a questão em sala de aula, especialmente, em nosso contexto cultural, em que:

[...] as emoções costumam ser consideradas um resíduo


da evolução animal e são tidas como um elemento
perturbador para a tomada de decisões racionais
(COSENZA E GUERRA, 2011, p. 76).
O que a neurociência demonstra é, ao contrário, a importância da autogestão
emocional para que as melhores decisões sejam tomadas, não somente no contexto
educacional, como em qualquer campo da vida. No entanto, conforme alega Fonseca (2016),

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ainda que as emoções impactem significativamente a aprendizagem, há insegurança por parte


dos profissionais da educação em abordarem as emoções em sala de aula. Isso se deve, como
sabemos, à complexidade do tema.
As emoções geram reações, reveladas pelo corpo, como sudorese e taquicardia
(perceptíveis por quem as sente) e tremores, rubor e demais expressões faciais (desveladas a
um observador). Processos químicos também estão relacionados a essas sensações, que se
originam em regiões específicas no cérebro, em especial, no sistema límbico, responsável pelo
controle das emoções e pelos processos motivacionais (COSENZA E GUERRA, 2011).
De acordo com Cosenza e Guerra (2011), as emoções mobilizam mecanismos
cognitivos, como a atenção e a percepção, e sinalizam que algo importante acontece. São
essenciais, pois também mantêm relação com a sobrevivência (o medo, por exemplo,
manifesta-se frente ao perigo). Ao associarem-se à memória, as emoções prepararam os
indivíduos para evitar eventos semelhantes ou para vivê-los novamente, já conscientes dos
riscos sofridos e das ações a serem realizadas.
Única espécie humana que demonstra consciência emocional, que reconhece as
próprias emoções, como identifica as emoções dos outros. E essas habilidades são importantes
na medida em que faz com que possibilita o controle das emoções. A partir daí, possibilitam
que desenvolvamos sentimentos como os de empatia, altruísmo e solidariedade.

4 LINGUAGEM E LÍNGUA

4.1 LINGUAGEM
Como instrumento de comunicação, a linguagem é essencialmente uma capacidade
inerente aos seres humanos. Por meio dela, eles travam um relacionamento consciente com
seus semelhantes. O interesse por seu estudo “é muito antigo, expresso por mitos, lendas,
cantos, rituais ou por trabalhos eruditos que buscam conhecer essa capacidade humana”
(PETER, 2004, p. 12).
O avanço dos estudos linguísticos levou muitos estudiosos a sugerirem diversas
definições de linguagem, com pontos de aproximação e afastamento nas diferentes
perspectivas em que viam o objeto.

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Para Saussure (1997), a linguagem vem a ser uma moeda, apresentando as duas
faces interdependentes: o lado social (língua) e o lado individual (fala). = uma faculdade
comum a todos os homens. = “heteróclita e multifacetada”, tendo em vista abarcar vários
domínios, envolve aspectos físicos, fisiológicos e psíquicos.

Para mim a “origem” da linguagem é questão tão


legítima quanto qualquer outra questão de “origem”.
Isso quer dizer que ela possui aquela limitação que é
central a qualquer dessas questões: é preciso saber o que
queremos dizer por “origem” o que queremos dizer por
“origem” da linguagem (ROSENSTOCK-HUESSEY,
2002, p. 37)

A Linguagem é o sistema simbólico usado para representar os significados em


uma cultura, abrangendo seis componentes: fonologia (sons da língua), prosódia entonação),
sintaxe (organização das palavras na frase), morfologia (formação e classificação das
palavras), semântica (vocabulário) e pragmática (uso da linguagem).
A fala é o canal que viabiliza a expressão da linguagem e corresponde à realização
motora da linguagem. Em outras palavras, a linguagem significa trocar informações (receber e
transmitir) de forma efetiva, enquanto que a fala refere-se basicamente à maneira de articular
os sons na palavra (incluindo a produção vocal e a fluência).
A linguagem pode ser:
• Verbal: Os sinais utilizados para a comunicação são as palavras;
• Não-verbal: Os sinais utilizados para a comunicação não são as palavras.
Assim, há uma característica da linguagem humana que iremos enfatizar: é a
dupla articulação da linguagem. Para isso, a compreensão dos termos morfema e fonema será
fundamental.
A aquisição normal da linguagem é dependente de uma série de fatores como o
contexto social, familiar e histórico pré, perie pós-natal do indivíduo, suas experiências,
capacidades cognitivas e orgânico-funcionais.
Aos cinco anos a criança assimila as principais regras gramaticais e está pronta,
linguisticamente, para se comunicar como um adulto e iniciar o aprendizado formal da
linguagem escrita. As habilidades e capacidades linguísticas continuam a se desenvolver
quantitativamente ao longo da vida e, para que a criança seja competente nessa tarefa, é

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necessário que, no período crítico de desenvolvimento de linguagem, tenha condições


orgânicas e psicoemocionais. Da mesma forma, é fundamental que a criança esteja inserida
em um ambiente estimulador e rico em experiências linguísticas e de comunicação (REV
MED., p.55, 2011).
Aos seis anos, o aprendizado da linguagem escrita começa, cuja base
neurobiológica tem elementos congênitos menos fortes do que a linguagem oral. Para que
esse aprendizado ocorra de maneira adequada é fundamental que a criança já tenha concluído,
em termos de qualidade, o desenvolvimento da linguagem oral e perceba e manipule os
componentes sonoros da fala (palavras, sílabas e fonemas), ou seja, tenha consciência
fonológica (REV MED., p.55, 2011b).
A figura abaixo apresenta onde ficam no cérebro os pontos em que acontecem a
formação das palavras e frases, a mediação dos verbos, como também, a mediação dos nomes.

4.1.2 Transtornos da Linguagem


A comunicação é um meio pelo qual o indivíduo recebe e expressa a linguagem,
sendo um elemento essencial para a socialização e integração na comunidade. Portanto, os
distúrbios da comunicação causam impacto direto sobre a vida social da criança e sobre o
sucesso acadêmico e ocupacional, sendo reconhecidos como importantes questões de saúde
pública.

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Também conhecido como Distúrbio Específico de Linguagem (DEL), o transtorno


de linguagem incide em uma dificuldade para adquirir e desenvolver a fala. Segundo
pesquisas, a cada 100 crianças com bons quadros de saúde, 7% delas apresentam algum grau
de dificuldade persistente para se desenvolver nessa área.
A criança, desde o nascimento, se comunica através do choro, olhar e gestos. A
criança pequena é capaz de diferenciar vozes e padrões de entonação, gestos e movimentos
corporais, que são o alicerce para o desenvolvimento comunicativo e de linguagem. É a partir
da interpretação do adulto que os comportamentos inatos adquirem significado para a criança
e, posteriormente, são reproduzidos de forma intencional por ele.
Os distúrbios da fala e da linguagem são doenças que ocorrem na infância,
passíveis de prevenção e tratamento quando diagnosticados precocemente. Os pediatras, como
profissionais responsáveis pela saúde da criança, são os primeiros a avaliar o desenvolvimento
infantil e, muitas vezes, são questionados sobre os aspectos comunicativos da criança.
Os distúrbios de desenvolvimento da fala e da linguagem (oral e escrita) de causa
idiopática em crianças e adolescentes são aqueles que não ocorrem em conjunto com outras
anormalidades, tais como: deficiência mental, paralisia cerebral, deficiências auditivas e
outras.
Assim, a ligação da mãe com a criança através do olhar e melodia da fala são pré-
requisitos para o desenvolvimento comunicativo. A amamentação, além de ser um momento
imprescindível entre mãe e filho, assume também destacado papel no desenvolvimento e
maturação dos órgãos fonoarticulatórios, permitindo com que, futuramente, a complexa tarefa
de articulação dos sons da fala.

4.1.3 Propostas para diagnóstico

As propostas de diagnóstico estão estabelecidas por duas etapas: A primeira


envolve identificar se as dificuldades de linguagem apresentadas pela criança e se são
persistentes e significativas. No entanto, é necessário responder:
1) se as alterações de linguagem têm um impacto funcional em sua rotina diária;
2) se ela teve oportunidade suficiente para aprender a língua (principalmente no
caso daquelas expostas a contextos bilíngues); e,

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3) se existem manifestações sugestivas de prognóstico desfavorável (e.g.


dificuldades de compreensão ou de imitação, restrição do uso de gestos e expressões faciais).
Respostas positivas a esses questionamentos aumentam a chance da criança, de fato,
apresentar um transtorno de linguagem.
Assim sendo, se existir algum transtorno, a segunda etapa consiste em identificar
se existem ou não outros quadros associados. Quando existe uma condição biomédica
associada às dificuldades de linguagem, o consenso sugere a terminologia language disorder
associated to.(transtorno de linguagem (TL) associado a...). Exemplificando, crianças com
transtorno do espectro autista (TEA), com dificuldades persistentes para desenvolver
linguagem, devem receber o diagnóstico de TL- Déficit de Atenção ou desligamento
automático associado a TEA. Por outro lado, quando não há associação com uma condição
biomédica conhecida, o termo recomendado é developmental language disorder (DLD) ou
transtorno do desenvolvimento da linguagem (TDL) (MSD SAÚDE, 2022).
Nos adultos, os casos mais comuns são de afasia, apraxia e disartria. A afasia é
um transtorno de linguagem caracterizado pela a incapacidade de se expressar e compreender
ou perda de parte do vocabulário; A apraxia é a incapacidade para realizar tarefas que exijam
recordar padrões ou sequências de movimento; A disartria é a perda da capacidade de
articular as palavras de forma normal. A fala pode ser espasmódica, com a respiração
interrompida, irregular, imprecisa ou monótona, mas as pessoas podem compreender a
linguagem e usá-la corretamente.

4.2 LÍNGUA
É o conjunto das palavras e das regras que as combinam, usadas por uma
comunidade linguística como principal meio de comunicação e de expressão, falado ou
escrito; o idioma nacional. Sendo assim, a língua não é a linguagem. Aqui no Brasil, a nossa
língua é aquela matéria cheia de regras e normas fixas que estudamos na matéria de
Gramática, em alguns lugares registrada como “Português”, e em outros como “Comunicação
e expressão” (HOUAISS, 2009, p. 464).
A comunidade linguística aceita um conjunto de símbolos vocais discricionários
para serem utilizados em sua comunicação interna: é o que conhecemos como língua; e, por
isso, ela existe na e para a sociedade. “As línguas são casos particulares de um fenômeno

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geral, a linguagem, que é estudado pela Linguística Geral” (VANOYE, 1986, p. 29). Como
sistema de linguagem, a língua se constitui de sons vocais específicos (fonemas), com os
quais se constroem as formas linguísticas.
Enfatizando ainda, a língua é um conjunto organizado de elementos (sons e
gestos) que possibilitam a comunicação. Ela surge em sociedade, e todos os grupos humanos
desenvolvem sistemas com esse fim. As línguas podem se manifestar de forma oral ou
gestual, como a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
Magda Soares (2004, p. 169), apresenta a concepção de língua:
A concepção de língua como sistema, prevalente até
então no ensino da gramática, e a concepção de língua
como expressão estética, prevalente inicialmente no
ensino da retórica e da poética e, posteriormente, no
estudo de textos, são substituídas pela concepção da
língua como comunicação. Os objetivos passam a ser
pragmáticos e utilitários: trata-se de desenvolver e
aperfeiçoar os comportamentos do aluno como emissor
e recebedor de mensagens, através da utilização e
compreensão de códigos diversos – verbais e não-
verbais.

É notório que a visão de língua tenha dominado o cenário dos cursos de Letras e,
consequentemente, fincado suas raízes nas salas de aula de língua materna, principalmente a
partir da segunda metade do século XX, também a partir dessa época começou a ser
germinado um outro modo de se conceber a língua, agora ancorado nas tendências
sociointeracionista e enunciativas de estudo da linguagem.

3 METODOLOGIA

Restringindo-se ao campo da Neurociência, este estudo procede de uma revisão de


literatura bibliográfica a partir da leitura de diversos livros de ilustres obras de (Fregni, 2019)
e Neurociência e educação (COSENZA E GUERRA, 2011).
Segundo Gil (2006, p.118) para a realização da pesquisa, é necessário o emprego
de técnicas de pesquisa e ainda especificar os tipos de entrevista, no entanto, este trabalho
abordará uma entrevista informal, cuja expressão livre do entrevistado sobre o assunto
pesquisado.

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Disciplina: NEUROCIÊNCIA LINGUAGEM E MEMÓRIAS NEURAIS
Docente: ANDRÉIA RANGEL
PÓS-GRADUAÇÃO: NEUROPSICOPEDAGOGIA
Aluna: SILVIA HELENA MOURA MARQUES
TURMA: B23

Feitas as leituras dos textos inerentes ao assunto estudado e em seguida, as


análises abrangentes, passando-se para as etapas de interpretação e de síntese teórica,
delimitadas por nosso interesse por proposições pedagógicas. O resultado desse estudo é de
um efetivo aporte da neurociência para as práticas de sala de aula e, por consecutivo, para a
aprendizagem dos estudantes.
Do ponto de vista da abordagem usada pelo pesquisador no estudo, este pode ser
categorizado em Pesquisa qualitativa. De acordo com os procedimentos, utilizou-se a coleta
de informação a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, já que se trata de uma estratégia de
pesquisa que compreende um método que abrange tudo em abordagens especificas de coletas
e análise de dados (Yin, 2001).
A pesquisa bibliográfica consiste na coleta de informações a partir de textos,
livros, artigos e demais materiais de caráter científico. Esses dados são usados no estudo sob
forma de citações e referências, e servem de embasamento para o desenvolvimento do assunto
pesquisado.
As citações se centraram ainda em palavras-chave referentes tanto a conceitos
gerais (neurociência e educação; neurociência e aprendizagem; neurociência e prática
pedagógica) quanto específicos (atenção e aprendizagem; memória e aprendizagem; funções
executivas e aprendizagem, etc.). O referencial teórico é ampliado a partir de pesquisas em
livros; banco de teses e dissertações; bibliotecas científicas digitais e Google Acadêmico.
As escolas são ambientes favoráveis para o emprego da pesquisa-ação. Cada
problema educacional, seja ele nos processos de ensino e aprendizagem ou de infraestrutura,
ou ainda nas relações entre os atores da escola nem sempre consegue ser resolvido de modo
individual. O aprendizado de modo prático, continuado e participativo no ambiente
profissional permite a professores e alunos melhorar sua formação e desenvolver uma
experiência rica.
Um estudo de caso é uma descrição e análise, a mais detalhada possível, de algum
caso que apresente alguma particularidade que o torna especial. Observa-se então, que este
tipo de estudo pode trazer uma riqueza de dados e informações de modo a contribuir com o
saber na área de conhecimentos na qual for utilizada.
O estudo de caso não é uma técnica específica, mas uma
análise holística, a mais completa possível, que

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Docente: ANDRÉIA RANGEL
PÓS-GRADUAÇÃO: NEUROPSICOPEDAGOGIA
Aluna: SILVIA HELENA MOURA MARQUES
TURMA: B23

considera a unidade social estudada como um todo seja


um indivíduo, uma família, uma instituição ou uma
comunidade, com o objetivo de compreendê-los em seus
próprios termos (GOLDENBERG, 2011, p. 33).

Para Yin (2015) que é uma das maiores autoridades mundiais, em relação ao
estudo de caso, considera que os métodos qualitativos e quantitativos não se excluem e podem
ser importantes se complementando e permitindo um melhor entendimento dos fenômenos em
estudo. Em geral o estudo de caso se iniciou como uma metodologia qualitativa. Também é
importante citar as técnicas de coleta e análise de dados usadas: normalmente para coleta faz-
se amostragens. Estas podem se de medições nos estudos quantitativos ou de entrevistas e
questionários nos estudos qualitativos ou estudos quali-quanti nos quais os resultados
numéricos são complementados por resultados qualitativos.
Para realizar um estudo de caso, torna-se importante inicialmente verificar se
existe o caso, isto é, se há algum fenômeno relevante, que apresente interesse para algum
grupo ou para a sociedade. É preciso então identificar, que características e/ou importância
tornam o estudo um caso. Essa identificação inclui a definição de um problema a ser
estudado. Este problema ou questão fundamental dará origem ao objetivo do trabalho.

5. DADOS COLETADOS, ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

Os dados foram efetuados numa escola pública da periferia de Fortaleza: escola


Municipal João Saraiva Leão, cujos alunos são de famílias que sobrevivem abaixo ou ainda
acima de salário. Famílias que vão desde o tipo de residência da pessoa, acesso à água,
esgoto, grau de instrução, tipo de trabalho a quantos contribuem para a renda da casa. São
mecânicos, domésticas, cabeleireiras, barbeiros e até mesmo professores. No entanto, uma
grande parte encontra-se desempregada.
Um fator bastante prejudicial ao processo de educação dos alunos da comunidade
local e adjacente é triste realidade de que as famílias vivem em meio ao tráfico de drogas.
Famílias inteiras sofrem as consequências dessa desordem social. Muitas vezes, os alunos são
impedidos de ultrapassar os limites de duas facções que ficam de um lado e do outro da
escola.

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Aluna: SILVIA HELENA MOURA MARQUES
TURMA: B23

O 2º ano B, é uma turma que apresenta bastante divergências: crianças que


apresentam diversas dificuldades, mas que têm casos bem complexos. A seguir, faz-se uma
abordagem completa acerca dessa turma.

5.1 PERFIL DOS ALUNOS

Aborda-se neste item 4 (quatro) alunos que apresentam enorme dificuldade de


aprendizagem. Ambos cursam o 2º ano B do Ensino Fundamental da referida escola e estão na
faixa etária de 8 a 9 anos. Essa turma é composta por 25 alunos. Vamos assim chama-los: A,
B, C e D. A professora é identificada como “S”.
Certa de que precisava de ajuda, a Professora “P” com grande dificuldade com a
turma devido a quatro crianças que, tanto davam muito trabalho em sala de ala, como
precisavam ser alfabetizadas pensou em mandar crianças para o reforço escolar. No entanto,
como não senti firmeza no reforço dado por monitores, procurei apoio na diretora que me
orientou a procurar ajuda de uma professora readaptada da escola que tinha muito jeito com as
crianças e que tinha certeza de que ela dar conta e que tinha trabalhado com Plano de
Aceleração na Idade Certa –PAIC.
Eu, a professora readaptada identificada como “S” aceitei e, sabendo da situação,
procurei, primeiramente conversar com a professora e saber delas como era o estilo de vida
daquelas crianças, a fim de saber como lidar com elas. Em seguida, delicadamente conversei
com cada uma delas, e elas esboçaram sentimento de rejeição, solidão, falta total de
motivação, com as emoções à flor da pele, chegando a me afetar emocionalmente. Advindas
de famílias desestruturadas, tinham todas as espécies de manias e artimanhas para, até mesmo,
afetarem a si mesmos. Assim sendo, segue abaixo a abordagem que a “S” faz em relação aos
alunos A, B, C e D:
O aluno “A”, é agitado, não para em sala de aula, sem concentração e se nega a
participar da aula, saindo por diversas vezes, na desculpa de ir ao banheiro. Não reconhece os
limites, não respeita as regras e nem tão pouco escuta a professora. Não consegue se
concentrar e não identifica os códigos, não escreve seu nome. Não relaciona as letras com os
sons da língua falada. Ou seja, encontra-se na fase pré-silábica.

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TURMA: B23

O aluno “B” é um pouco mais atento, no entanto, não tem motivação e nem
autoestima para aprender. Cheio de graça, piadinhas com os colegas, aprendeu, na rua a
ofender com brincadeiras de mau gosto. Por ter visto o pai ser morto por facção, alega que,
quando crescer, vai morrer cedo ou vai matar. As emoções afloram no seu rosto numa mistura
de mágoa, medo e desânimo. Uma criança de 8 anos já vivenciou toda espécie de
ressentimentos e medos. Mesmo assim, encontra-se na fase silábica, pois interpreta a letra a
sua maneira, atribuindo valor de sílaba a cada uma.
A aluna “C” é uma menina que não tem muito a atenção dos pais. Vem para a
escola despenteada e é visível que não toma banho e até mesmo vem em escovar os dentes. É
triste, sem ação e desmotivada. Aprender é um sacrifício para ela. Não tem nenhuma
motivação para aprender. Passa todo o período da aula atrás das colegas para brincar na sala
de aula. Aprender é um ato muito difícil para ela. Ela demonstra que não sabe se expressar,
fala como um bebê, não que seja criada com manha, mas porque foi deixada para trás quando
a mãe se casou com outro homem e teve um filho dele, deixando a criança sem nenhum
carinho ou atenção. Não identifica as letras do alfabeto, não escreve seu nome corretamente.
Ainda não consegue relacionar as letras com os sons da língua falada. Ou seja, encontra-se na
fase pré-silábica.
O aluno “D” é amável, mas com segundas intenções de se fazer tudo o que ele
quer. Aos 9 anos, ainda não sabe escrever seu próprio nome e demonstra que não tem
nenhuma intenção de aprender. Cheio de ginga, gírias aprendidas na rua. Emocionalmente
afetado por passar a maior parte do dia na rua, não escreve palavras de quatro letras e nem seu
nome. Encontra-se na fase silábica: interpreta a letra a sua maneira, atribuindo valor de sílaba
a cada uma.

5.2 RESULTADOS

Os resultados obtidos após 2 meses de reforço escolar foram bastante satisfatórios,


principalmente por ter aproveitado do conteúdo desse estudo para compreender os tipos de
dificuldades, suas causas e consequências essas crianças. Dentre outros fatores, a neurociência
confirma que existe um profundo vínculo entre cognição e emoção. Sabe-se que é um desafio
abordar a questão em sala de aula, especialmente, em nosso contexto cultural.

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Os alunos apresentam como principais dificuldades a idade – sempre os


relacionando aos problemas de aprendizagem – a falta de ânimo para estudar, a necessidade
de apoio por parte da família, a dificuldade de concentração, a falta de memória ocasionada
pela falta de estrutura familiar.
Depois de 2 meses de reforço, começado antes mesmo dessa disciplina, foi
aplicado através de jogos lúdicos, leitura, atividades bem criativas, mimos para incentivá-los,
como também carinho, atenção, pode-se ver a transformação daquelas crianças. Mais alegres,
encontraram motivação para aprender. No entanto, pode-se afirmar que, com tanta dificuldade
de aprendizagem envolto com problemas emocionais, não se chegou ainda ao resultado
esperado, mas nestes casos, é necessário paciência e persistência.
Mantendo a objetividade necessária para a compreensão do comportamento das
crianças, seja por meio da interpretação de modelos didático-pedagógicos dos professores ou
por conta de estudos o Estudo de Caso aprofundados dos possíveis e reais motivos de
dificuldades de aprendizagem, procurei a fim de encontrar solução para essa dificuldade de
aprendizagem.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os primeiros anos de vida da criança são cruciais na formação de seus conteúdos


linguísticos, o diagnóstico e intervenção precoce dos distúrbios de fala e linguagem são de
extrema importância para o adequado desenvolvimento comunicativo.
Este estudo, baseado na neurociência, nos dá uma visão ampla de como sanar
mitos obstáculos que os alunos trazem para o chão escolar. Essas dificuldades: falta de ânimo,
falta de concentração, baixa autoestima, emoções à flor da pele, geram uma enorme
dificuldade de aprendizagem.
A pesquisa aponta que a escola precisa se tornar “organização orientada à
aprendizagem”, para ser de fato eficaz (SAMMONS, 2008). Os níveis adequados de instrução
compreendem, entre outras coisas, a habilidade do professor para assegurar que seus alunos
aprendam. Portanto, o educador deve estar atento as pequenas coisas, mas que podem até
serem geradoras das dificuldades de aprendizagem.

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Percebeu-se que os alunos ainda têm pouca autonomia, apresentam nenhuma


autoestima e precisam de maiores estímulos para a aprendizagem. Outro fator bastante
preponderante: Quanto à escolaridade dos responsáveis, grande parte dos pais e mães dos
alunos nunca estudou e muitos fazem parte de facções.
A falta de motivação por parte das famílias afeta consideravelmente a
aprendizagem. As famílias desestruturadas, a ausência de atenção, carinho prejudica o
processo de ensino e aprendizagem, bloqueando, do ponto de vista neural, a motivação que
gera a liberação de dopamina e relaciona-se a fatores como medo e fome, enquanto
mecanismos de sobrevivência. Em linhas gerais, é uma força que aciona e direciona o
comportamento, de uma energia que aciona e direciona o comportamento.
Aplicando-se a metodologia de ensino Estudo de Caso que é baseada no método
de aprendizado baseado em problemas, os estudos de caso, apesar de serem aplicados as
pesquisas educacionais mais recentemente do que em outras áreas do conhecimento, apresenta
grande relevância. Pois, este tipo de estudo é capaz de gerar conhecimento profundo sobre os
temas de interesse educacional.

REFERÊNCIA

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__________ Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre (RS): Artmed,
2011.

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Docente: ANDRÉIA RANGEL
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Aluna: SILVIA HELENA MOURA MARQUES
TURMA: B23

__________ Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre (RS): Artmed,
2011.
FONSECA, V. Importância das emoções na aprendizagem: uma abordagem
Neuropsicopedagogia. Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 33, n. 102, p. 365-384, 2016.
Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
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http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000300014
FREGNI, F. Critical thinking in teaching and learning: the nonintuitive new Science of
effective learning. Edição Kindle, 2019.PURVES, D.; Tradução: 26. de jun.2023
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6.ed. São Paulo: Atlas, 2006.
GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2011.
HOUAISS, Ântonio. VILLAR, Mauro de Salles. Minidicionário Houaiss da língua
portuguesa., elaborado no Instituto Antônio H. de Lexicografia de Banco de Dados da Língua
Portuguesa S/C Ltda. 3ª ed. rev. E aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
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ROSENSTOCK, Huessy, Eugen. A origem da Linguagem. Rio de Janeiro: Record, 2002.
SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de lingüística geral. São Paulo: Cultrix, 1997.
YIN, R. K. O Estudo de caso. Porto Alegre: Bookman, 2015.

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