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SUMÁRIO

1. Alguns aspectos filogênicos do sistema nervoso...................... 3


2. Planos anatômicos................................................................................. 4
3. Divisões do sistema nervoso............................................................. 5
Referências bibliográficas..................................................................... 19
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 3

1. ALGUNS ASPECTOS os seres vivos. Até os seres menos


FILOGÊNICOS DO complexos, como amebas, ao serem
SISTEMA NERVOSO tocadas com micromanipulador, se
afastam do ponto em que foi tocada.
O sistema nervoso é um dos princi-
Para que isso ocorra, elas tiveram que
pais agentes responsáveis pelas ex-
sentir o estimulo, conduzir a informa-
traordinárias capacidades humanas,
ção no seu corpo unicelular, projetan-
além dos processos de perceber, agir,
do seus pseudópodes e reagir. En-
aprender e lembrar. Tais atividades só
tenderam?
foram possíveis através da atividade
de bilhões de células componentes
do tecido neuronal (neurônios e neu-
roglias), conferindo a nós a consciên-
cia, o pensamento e comportamento.
Dessa forma, a neuroanatomia en-
tra como o estudo de tal sistema, num
parâmetro macroscópico, observando
suas generalidades e particularidades.
Além disso, é importante sabermos que
o mesmo está intimamente relacionado Figura 1: Frames de um vídeo de uma ameba emitindo
seu pseudópodes com reação ao ser estimulada por um
com o processo evolutivo dos seres vi- micromanipulador
vos, de tal forma que a sua adaptação
foi possível a partir do desenvolvimen-
tos de três propriedades básicas: Com o aparecimento de seres mais
complexos, como os animais, suas
• Irritabilidade: É a propriedade de células, que obedecem a essas pro-
uma célula de ser sensível ao meio priedades, se especializaram – as cé-
ambiente, dando origem a um im- lulas da contratilidade se tornaram as
pulso; musculares primitivas, passando a
• Condutibilidade: Consiste na con- ocupar posições mais internas nesses
dução desse impulso pelo meio in- organismo e, assim, perdendo conta-
terno; to com o meio externo. No entanto,
na superfície externa desses animais,
• Contratilidade: É a resposta do surgiram células bem diferenciadas,
ser vivo ao estímulo inicial. sendo elas responsáveis pela cap-
tação de estímulos (irritabilidade), os
É importante lembrarmos que essa redirecionando para as células mus-
propriedade está presente em todos culares (condutibilidade).
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Essas novas células, especializadas corpo. Ademais, a depender de sua


tanto na irritabilidade como na con- função, ela pode ser considerada:
dutibilidade, consistem nos primeiros Aferente: São aferentes ou sensi-
neurônios. Esse tipo celular, sendo tivos os neurônios, fibras ou nervos
a unidade fundamental, com função que trazem impulsos a uma determi-
básica de receber, processar e trans- nada área do sistema nervoso;
mitir informação, é responsável pela
captação da informação, conduzi-la Eferentes: São eferentes ou motores
ao SNC (sistema nervosos central) e os que levam impulsos desta área.
retransmiti-la para os órgãos alvos no

FLUXOGRAMA DAS PROPRIEDADES BÁSICAS

Propriedades
básicas dos
seres vivos

Irritabilidade
Irritabilidade Condutibilidade Contratilidade

Primeiros neurônios Células musculares


primitivas

2. PLANOS ANATÔMICOS anatômico, não sendo restrito ao es-


tudo da neuroanatomia, mas muito
Focando num parâmetro microscó-
utilizado na interpretação da neuroi-
pico, a visualização da divisão ana-
magem. Temos em número de 3 pla-
tômica do sistema nervoso é muito
nos anatômicos principais:
facilitada com o entendimento da tri-
dimensionalidade de suas estrutu-
ras em nosso organismo. Para isso,
vamos voltar aos conceitos de plano
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Figura 2:Temos, da esquerda para direita, respectivamente, imagens de uma TC de crânio e representações de
planos anatômicos em cortes sagital, axial e coronal

3. DIVISÕES DO SISTEMA esses espaços, temos as seguintes


NERVOSO estruturas que compõem o SNC: o
encéfalo e a medula espinhal. Jun-
O sistema nervoso pode ser organi-
tos, eles formam o neuro-eixo.
zado a partir de diferentes critérios:
um anatômico, um filogenético e ou- A estrutura mais cranial, o encéfalo,
tro funcional, bem como segundo a corresponde a verdadeira maquina-
segmentação ou metameria. ria no funcionamento do nosso corpo,
sendo a porção mais central dentro
do crânio. Ela ainda é subdividida em:
Divisão anatômica:
• Cérebro: Formado pela união do
O sistema nervoso é dividido anato- telencéfalo com o diencéfalo;
micamente num componente cen-
• Cerebelo;
tral e num periférico.
• Tronco encefálico
O sistema nervoso central (SNC)
consiste nas estruturas nervosas lo-
calizadas dentro do esqueleto axial,
sendo elas: a cavidade craniana e o
canal vertebral. Respectivamente a
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estrutura consiste em dois hemis-


férios corticais e na lâmina terminal.
Cada hemisfério possui 3 polos (fron-
tal, temporal e occipital), 3 margens
(superior, medial e inferior), 5 lobos
(frontal, parietal, temporal, occipital e
insular – sendo o último “escondido”
pelo parênquima cortical) e 3 faces
(dorsolateral, medial e inferior). E são
nessas faces que encontramos os
sulcos e giros, que serão melhor es-
Figura 3: Um corte sagital, numa vista medial, onde é pos- tudados em próximos resumos.
sível identificar os componentes do SNC em cores distintas

SE LIGA! O nosso cérebro é organizado


em giros, que são partes do córtex de
substância cinzenta, delimitados pelas
depressões que percorrem o córtex ce-
rebral, os sulcos, permitindo o aumento
de sua superfície sem aumento consi-
derável do seu volume. Profundamente
a esse córtex, temos as estruturas sub-
corticais, formadas tanto por substância
branca (na qual encontramos as fibras Figura 4: Vista lateral de um hemisfério cerebral es-
querdo com seus polos e lobos em cores diferentes
das vias ascendentes e descendentes)
e por substância cinzenta, sendo ela
reunida nos núcleos da base (são eles:
caudado, putâmen, globo pálido, etc.). Já o outro componente do cérebro, o
diencéfalo, diferente do telencéfalo,
é uma estrutura ímpar localizada na
Nesse resumo, iremos apenas in- porção cerebral mais inferior, sen-
troduzir e definir cada um desses do compreendida pelo: tálamo – um
componentes do SNC, para, quando grande centro de retransmissão de fi-
formos estudar cada qual em seus bras entre o nosso córtex e estruturas
respectivos resumos, teremos uma subcorticais; hipotálamo – grande
noção básica de sua definição, anato- regulador da homeostase; subtála-
mia e função. Beleza? mo – que atua no circuito motor de
Então, começando pelo cérebro, sa- forma subsidiária; e epitálamo – rela-
bemos que ele é composto pelo te- cionado com a sincronização do ritmo
lencéfalo e pelo diencéfalo. A primeira circadiano.
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cérebro: possui dois hemisférios, uni-


dos agora por um vérmis, localizado
na linha mediana; seu córtex cerebe-
lar é percorrido por sulcos, delimitan-
do folhas (e não giros!!). Diferente das
demais estruturas já citadas, que es-
tão localizadas no compartimento su-
pratentorial da base do crânio, o ce-
rebelo se encontra no compartimento
infratentorial. Ele é dividido em lobo
flóculo-nodular, lobo anterior e lobo
Figura 5: Vista medial de um corte sagital de um encé-
posterior. Na semiologia neurológica,
falo, onde temos o diencéfalo e seus component testamos a funcionalidade do cerebe-
lo principalmente, durante os exames
de coordenação e equilíbrio. Veremos
O cerebelo, por sua vez, segue uma melhor o porquê nos demais resumos.
topografia anatômica semelhante ao

Figura 6: Faces inferior e superior, da esquerda para direita, de um cerebelo com seus respectivos lobos.

Já como estrutura mais caudal do en- dos exames feitos para diagnósticar
céfalo, temos o tronco encefálico, morte encefálica, que testam se o
também sendo a porção mais primi- tronco está funcionante ou não. Pro-
tiva dentre as outras. O tronco está fundamente a ele, temos diversos
intimamente relacionado com o fun- núcleos de pares cranianos, além da
cionamento da homeostase do cor- formação reticular. Num ponto de vis-
po, sendo de extrema importância ta anatômico, o tronco encefálico é di-
para manutenção da vida. Podemos vidido em, no sentido crânio-caudal:
evidenciar isso, por exemplo, através mesencéfalo, ponte e bulbo.
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Figura 7: Vista medial de um corte sagital do encéfalo, onde


foram destacados os componentes do tronco encefálico

É bom lembrarmos que internamente


ao encéfalo, temo estruturas chamadas
de ventrículos encefálicos, por onde
circula o líquor, diminuindo o efeito do
peso do encéfalo além de fornecer pro-
teção mecânica a seus componentes.

CONCEITO! Ventrículos encefálicos


são cavidades localizadas internamente
ao encéfalo, revestidas de epitélio epidi-
Figura 8: Representações dos exames de coleta de
dimário, por onde percorrer o líquor ce- LCR por punção suboccipital e punção lombar
falorraquidiano (LCR). São em número
de quatro cavidades, duas pares (ventrí-
culos laterais) e duas ímpares (terceiro e
quarto ventrículo), que são ligadas uma Como último componente do SNC, te-
as outras por diversos canais, formando mos o mais caudal e primitivo, que é a
o sistema ventricular. medula espinhal. Ela consiste numa
massa cilindroide de tecido nervoso
situado dentro do canal vertebral da
NA PRÁTICA! Sabemos que a análise coluna, limitada superiormente pelo
clínica do líquor em ambiente hospitalar
nos ajuda a identificarmos possíveis pato-
bulbo, ao nível do forame magno, e
logias que possam afetar o funcionamen- inferiormente até a vértebra L2.
to homeostático de nosso SNC, como por
exemplo, a meningite. Dessa forma, para
Na prática!! O conhecimento da topo-
ser analisado sua composição e/ou cultura, grafia medular na coluna é importan-
o LCR deve ser recolhido OU por punção te para a investigação clínica de pa-
occipital (referencial anatômico: abaixo tologias que podem afetar tanto essa
do crânio, recolhendo o líquor da cisterna
magna) OU por punção lombar (referen- estrutura do SNC como suas raízes,
cial anatômico: entre L3-L4 ou L4-L5).
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principalmente em pacientes com cer- vos motores, sensitivos ou mistos


vicalgia ou lombalgia. Para isso, exa- (quando sua composição possui fi-
mes de ressonância magnética, que bras tanto sensitivas como nervosas).
permitem analisar a medula e as par- Já os gânglios, correspondem ao
tes moles das articulações da coluna. aglomerado de corpos neuronais lo-
calizados fora do SNC. Da mesma
forma que os nervos, os gânglios
também são caracterizados como
sensitivos ou motores (participam do
sistema nervoso autônomo).
Por fim, as terminações nervosas, lo-
calizadas na extremidade das fibras
constituintes dos nervos, também se-
gue a mesma divisão: uma motora, for-
mada pela placa motora; e uma sen-
sitiva, composta pelos exteroceptores
(recebem estímulos do meio externo),
Figura 9: Exame de ressonância magnética T2
visceroceptores (recebem estímulos
dos órgãos internos) e propriocepto-
Já o sistema nervoso periférico res (informam o SNC sobre a posição
(SNP) é formado pelas as estrutu- do corpo ou sobre a força necessária
ras localizadas fora deste esqueleto. para a coordenação).
Essas estruturas são os nervos, os
gânglios e as terminações motoras
e sensitivas.
Nervos consistem em cordões es-
branquiçados que atuam unindo o
SNC aos órgãos periféricos.
A depender da porção do SNC que
estamos estudando, esse nervo pode
ser dividido em: nervos cranianos,
caso estejam ligados ao encéfalo; e
nervos espinhais, se estiverem liga-
dos a medula espinhal;
No entanto, em relação a sua fun- Figura 10: Estruturas nervosas periféricas por transpa-
rência no corpo humano
cionalidade, são divididos em: ner-
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 10

DIVISÃO ANATÔMICA DO SISTEMA NERVOSO

Cérebro Telencéfalo

Sistema Encéfalo Cerebelo Diencéfalo


nervoso
central Medula espinhal Tronco encefálico Mesencéfalo
(SNC)
Ponte

Bulbo

Sistema Nervos Cranianos


nervoso
periférico Gânglios Espinhais
(SNP) Terminações
nervosas

Divisão embriológica

CONCEITO: Notocorda consiste numa


RELEMBRANDO: O sistema nervoso estrutura celular presente durante o
se desenvolve a partir do folheto em- desenvolvimento embriológico dos ani-
brionário mais externo, o ectoderma mais cordados, atuando como eixo de
que, ao ser induzido pela notocorda, se sustentação craniocaudal na região pos-
espessando, forma a placa neural. Essa terior do embrião. Além de induzir a for-
estrutura começa a sofrer invaginações mação do tubo neural, ela é substituída
sucessivas, formando a goteira neural. pela coluna vertebral, nos vertebrados,
Por fim, ao se fechar, essa goteira se tor- ou se persiste como sustentação em
na o tubo neural, estrutura responsável outros animais não vertebrados desse
pela origem do SNC. grupo.
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Figura 11: A – E.1) Corte axial de um embrião durante a neurulação; E.2) Corte longitudinal do
último estágio da neurulação

Desde do início de sua formação, o culas telencefálicas laterais


tubo neural não possui calibre unifor- crescem muito mais que as
me. Sendo assim, sua dilatação pos- diencefálicas, ao ponto que,
sui certa irregularidades, formando ao completar a formação do
distintas estruturas do nosso SNC. A SNC do embrião, os hemis-
parte cranial, que formará o arquen- férios cerebrais oriundos do
céfalo ou encéfalo primitivo, se di- telencéfalo escondem quase
lata à medida que ocorre seu desen- completamente a parte me-
volvimento, diferente da porção mais diana dele mesmo, além do
caudal, que dá origem a medula pri- diencéfalo.
mitiva.
• Mesencéfalo: Durante o desen-
Vale ressaltar que não existe apenas volvimento embrionário, ele não se
um par de dilatações bilaterais no ar- modifica;
quencéfalo e sim três vesículas en-
cefálicas primitivas. De cranial para • Rombencéfalo: Dará origem ao
caudal, temos: metencéfalo (formando a ponte e
o cerebelo) e ao mielencéfalo (for-
• Prosencéfalo: Com o desenvolvi- mando o bulbo).
mento do embrião, é formado des-
te duas vesículas, o telencéfalo e
o diencéfalo;
◊ Durante o desenvolvimen-
to do prosencéfalo, as vesí-
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 12

Figura 12: Desenvolvimento do arquencéfalo

SE LIGA! Diante o exposto, fica eviden- Divisão fisiológica


te a extrema importância do período fe-
tal para a formação e desenvolvimento O sistema nervoso, a partir de um viés fi-
do sistema nervoso central, ao ponto que siológico, pode ser dividido em sistema
fatores externos como substâncias tera- nervoso somático e sistema nervoso
togênicas, alguns medicamentos, álcool,
irradiação, drogas e infecções congênitas
visceral. Enquanto o primeiro está rela-
podem interferir ativamente nas etapa cionado com a forma que o organismo
desse processo. Caso ocorram no pri- interage com o meio ambiente externo
meiro trimestre da gestação, essas in- a ele, o segundo está relacionado com
terferências podem afetar o processo de
proliferação neuronal, resultando numa o controle das vísceras par a homeos-
diminuição do número de células nervo- tasia corpórea. Além dessas diferenças,
sas e/ou em microcefalia. Já se ocorrem no tanto a divisão somático, como a divi-
segundo ou terceiro, a interferência será
são visceral, possuem um componente
na fase de organização neuronal, redução
na quantidade de sinapses e ocasionar aferente e um outro eferente.
quadros de atraso no desenvolvimento No caso do somático, seu componente
neuropsicomotor e cognitivo do feto.
aferente é responsável por conduzir ao
Mas não devemos nos restringir a esses
substâncias nocivas: durante a desnutri-
SNC os impulsos originados nos recep-
ção materna ou nos primeiros anos de tores periféricos, informando-os acerca
vida da criança, diante a interferências do mecanismo externo que causou essa
externas ao feto ou lactente, respecti- irritação. Já o eferente, atua levando as
vamente, o processo de mielinização
do sistema nervoso será prejudicado, informações processadas nos centros
podendo resultar em atrasos na aquisi- nervosos até os nossos músculos es-
ção de habilidades e no desenvolvimen- triado esqueléticos, realizando os movi-
to neuropsicomotor normal da criança.
Atrasos que podem, muitas vezes, se-
mentos voluntários. Temos como exem-
rem irreversíveis. plo de uma ação cooperativa entre esses
dois componentes o arco reflexo.
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 13

DIVISÃO EMBRIOLÓGICA DO SISTEMA NERVOSO

Divisão embriológica Divisão anatômica


Telencéfalo
Cérebro

Prosencéfalo Diencéfalo

ARQUENCÉFALO Mesencéfalo Mesencéfalo

Rombencéfalo Metencéfalo Cerebelo e ponte

Mielencéfalo Bulbo

Figura 13: Representação gráfica do ato reflexo

Em relação ao visceral, tanto o afe- nados em nossos visceroceptores até


rente como eferente atuam na inte- o nosso SNC. Já o eferente, atua le-
gração das diversas vísceras visando vando tais impulsos até nossas vísce-
a manutenção da constância do nos- ras, enviando a resposta processada
so meio interno. Sendo assim, o com- em nosso centro nervoso até glându-
ponente aferente é responsável por las, músculos lisos ou músculo estria-
conduzir os impulso nervosos origi- do cardíaco.
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 14

Esse componente visceral motor é


denominado de sistema nervoso
autônomo (SNA) que pode ser divi-
dido em simpático, relacionado com
os processos fisiológicos durante mo-
mentos de “luta ou fuga”, e em paras-
simpático, responsável por estimular
ações que permitem ao organismo.
Num viés anatômico, podemos res-
saltar ainda algumas diferenças
Figura 14: Representação gráfica do trajeto das fibras
principais entre o sistema nervoso
aferentes (em verde) e eferentes (em azul) do sistema simpático do parassimpático, como
nervoso visceral
podemos ver na tabela a seguir:

COMPONENTES DO SNA SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO


Toracolombar Craniossacral
Origem
(T1 à l2) (Tronco encefálico e s2 à s4)
Localização Próximo Próxima à
Do gânglio Ao SNC Víscera
Fibras
Curta Longa
Pré-ganglionares
Fibras
Longa Curta
Pós-ganglionares
Neurotransmissores
Acetilcolina Acetilcolina
(Sinapse com gânglio)
Neurotransmissores
Noradrenalina* Acetilcolina
(Sinapse com viscera)
* ACETILCOLONA TAMBÉM ESTÁ NO SIMPÁTICO COMO NEUROTRANSMISSOR VISCERAL NAS GLÂNDU-
LAS SUDORÍPARAS E VASCULATURA DOS MÚSCULOS ESTRIADOS

Como já foi dito sistema nervoso sim- • O tronco simpático corresponde


pático, responde a situações de es- a cadeia de gânglios paraverte-
tresse, estimulando ações como: ta- brais unidos por ramos intergan-
quicardia e taquipneia, hipertensão, glionares que se estende da base
sudorese, hiperglicemia, diminuição do crânio ao cóccix bilateralmen-
da motilidade e digestão. Anatomi- te. Por esse tronco, passam fibras
camente, ele é formado pelo tronco simpáticas pré-ganglionares e
simpático, pelos nervos esplâncni- pós-ganglionares.
cos e pelos gânglios pré-vertebrais.
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 15

• Os nervo esplâncnicos são cor- • Núcleo salivatório inferior - ner-


dões esbranquiçados formados vo glossofaríngeo (IX) que inerva
pelas fibras pré-ganglionares que as glândulas parótidas;
passam pelo tronco SEM realizar
• Núcleo motor dorsal do vago -
sinapse a nível paravertebral;
nervo vago (X), responsável pelas
• Por fim, os gânglios pré-verte- funções parassimpática do trato
brais são o conjunto de corpos digestório e cardiorrespiratório;
neuronais localizados anterior-
• Núcleo ambíguo - nervo vago (X)
mente a coluna vertebral, onde as
que inerva a laringe e a faringe.
fibras pré-ganglionares dos ner-
vos esplâncnicos realizam sinapse.
NA PRÁTICA!! Lesões, que afetam o
gânglio cervicotorácico (estrelado) ou
Já o sistema nervoso parassimpáti- os plexos autônomas situados ao longo
das artérias da cabeça e pescoço, re-
co, permite o corpo responder a situ- percutem numa tríade clínica ipsilateral
ações de calma, realizando as ações caracterizada por miose pupilar, pto-
opostas ao simpático: bradicardia e se palpebral e anidrose (supressão da
bradipneia, anidríase, hipoglicemia, transpiração). Essa tríade consiste na
síndrome de Horner. Esses achados
aumento da motilidade e digestão. decorrem de uma disfunção simpática
Anatomicamente, ele é formado pelo ipsilateral a lesão, tendo como pato-
núcleos de alguns pares cranianos, logias de bases principais o tumor de
Pancoast (carcinoma brônquico no ápi-
além dos nervos esplâncnicos pélvi-
ce pulmonar que comprime o gânglio do
cos. Dentre esses núcleos, nós temos: tronco simpático) e a dissecção aguda
da artéria carótida interna.
• Núcleo de Edinger-Westphal -
nervo oculomotor (III) que inerva
os músculos intrínsecos da pupila;
• Núcleo salivatório superior -
nervo facial (VII) que inerva as
glândulas submandibulares e su-
blinguais;
• Núcleo lacrimal – nervo facial
(VII) que inerva a glândula lacri-
mal; Figura 14: Essa foto mostra ptose (queda da pálpebra)
e miose (constrição da pupila) do olho esquerdo de um
paciente com síndrome de Horner.
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 16

DIVISÃO FUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO

Aferente
Sistema
nervoso
somático
Eferente

Simpático

Aferente
Sistema
nervoso Parassimpático
visceral
Eferente (SNA)

Divisão com base na tema nervoso periférico. Já o sistema


segmentação ou metameria nervoso suprassegmentar, é com-
posto pelas estruturas superiores ao
segmentar que não possui tal meta-
meria, sendo formado pelo cérebro e
RELEMBRANDO: Galera, se lembram cerebelo.
do conceito de “metameria”? Então, me-
tameria ou segmentação corporal con- No entanto, sabemos que do cérebro
siste na organização do corpo animal são enviadas fibras que compõem o
em segmentos semelhantes ao longo de nervos olfatórios e ópticos, respecti-
seu comprimento.
vamente no telencéfalo e no diencé-
falo. No entanto, por eles não serem
A segmentação no sistema nervoso é nervos típicos, eles estão excluídos
feita a partir da correlação dentre as dos critérios necessários para o siste-
suas estruturas e de suas conexões ma segmentar.
com os nervos. Portanto, o sistema Diante o que foi estudado, podemos
nervoso segmentar consiste nas observar que nas estruturas do su-
porções do SNC que estão relacio- prassegmentar podemos encontrar
nadas diretamente com os nervos, córtex de substância cinzenta exter-
como tronco encefálico e medula, namente a substância branca, en-
bem como todas as estruturas do sis-
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 17

quanto as do segmentar não possui damente no cérebro, encontramos os


córtex, tendo sua substância cinzenta famosos núcleos da base, já citados
localizadas interiormente a substân- anteriormente.
cia branca, formando núcleos. Essa Por fim, em relação a sua evolução,
organização de núcleos neuronais o segmentar surgiu antes do supras-
dentro de substância branca não é segmentar e, de modo funcional, está
restrita ao segmentar, já que profun- subordinado a ele.

DIVISÃO COM BASE NA SEGMENTAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

Cérebro
Sistema nervoso
suprassegmentar
Cerebelo

Tronco encefálico

Sistema nervoso
Medula espinhal
segmentar

SNP
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 18

MAPA MENTAL RESUMO

Divisão embriológica Organiza a partir Divisão funcional


de 4 critérios

Divisão anatômica Divisão metameria

UNIDADE
FUNCIONAL
DO SISTEMA
NERVOSO

Primeiros neurônios

Irritabilidade Condutibilidade

Propriedades básicas

Células musculares primitivas Contratilidade


INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 19

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, A.B.M. Neuroanatomia Funcional, 3ª ed., 2014.
MENESES, M.S. Neuroanatomia Aplicada, 3ª ed., 2011.
GRAY, H. Gray’s Anatomy, 41st, 2016.
BAEHR, M. Duus’ Diagnóstico Topográfico em Neurologia, 5ª ed., 2015.
6KANDEL, E. R. Princípios de neurociências, 5ª ed. 2014
INTRODUÇÃO À NEUROANATOMIA 20

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