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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Diencéfalo...................................................................... 6
3. Telencéfalo.................................................................... 9
4. Tronco Encefálico......................................................22
5. Cerebelo.......................................................................32
Referências Bibliográficas..........................................37
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 3

1. INTRODUÇÃO
O sistema nervoso central é aque-
le que se localiza dentro do esque-
leto axial (cavidade craniana e canal
vertebral). Assim, encéfalo e medula
constituem o sistema nervoso central.
No encéfalo temos cérebro, cerebelo
e tronco encefálico. O tronco ence-
fálico é formado pelo mesencéfalo,
ponte e bulbo. A ponte separa o bul-
bo, situado caudalmente, do mesen-
céfalo, situado cranialmente. Dorsal-
mente à ponte e ao bulbo, localiza-se
o cerebelo. Figura 1. Partes componentes do sistema nervoso
central
Fonte: MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia
funcional: 3. Ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
CONCEITO! Encéfalo é o conjunto de
estruturas que estão anatomicamente e
fisiologicamente ligadas do qual fazem
parte o cérebro, o cerebelo e o tronco en- Entenda também a divisão do Sis-
cefálico, constituindo, juntamente com a tema Nervoso em Sistema Nervoso
medula, o sistema nervoso central. Central e Sistema Nervoso Periférico:
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DIVISÃO DO SISTEMA NERVOSO EM SISTEMA NERVOSO


CENTRAL E SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Diencéfalo

Cérebro Telencéfalo

Encéfalo Cerebelo Mesencéfalo

SNC
Medula espinhal Tronco encefálico Ponte

Bulbo

Espinhais

Nervos

Cranianos
Sistema
Nervoso Gânglios
Periférico

Terminações nervosas

No sistema nervoso central há regi- Por outro lado, as regiões com uma
ões com alta concentração de corpos grande quantidade de prolongamen-
celulares de neurônios e regiões com tos de neurônios (axônios) possuem
alta concentração de prolongamentos grande quantidade de fibras nervo-
de neurônios, principalmente axônios. sas mielinizadas e por essa razão
As regiões com grande concentra- apresentam coloração esbranquiça-
ção de corpos celulares de neurônios da. Constituem a  substância bran-
têm coloração acinzentada, sendo ca do sistema nervoso central.
por isso denominadas  substância Enquanto que a substância cinzenta
cinzenta do sistema nervoso central. é o local de recepção e de integração
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 5

de informações e respostas, a subs-


tância branca constitui as vias de co-
municação entre o sistema nervoso
central e os locais externos ao siste-
ma nervoso central. É também via de
comunicação entre diferentes regiões
do sistema nervoso central.
A  substância cinzenta  está presente
principalmente na periferia do órgão,
logo abaixo de sua superfície, formando
o córtex cerebral; e no interior do cére-
Figura 2 Representação da sustância branca e cinzen-
bro, em aglomerados de diferentes ta- ta em corte coronal
manhos denominados núcleos. A subs- Fonte: Retirada de www.morfofisiologianeurolocomoto-
ra.wordpress.com
tância branca ocupa o interior do órgão,
abaixo do córtex e em torno dos núcleos.

Substância Substância
branca cinzenta

Formada por prolongamentos


Formada por corpos celulares
de neurônios

Coloração esbranquiçada Recepção e integração de


devido a bainha de mielina informações e respostas

Via de comunicação entre Forma o córtex


SNC e locais externos cerebral e os núcleos

Está abaixo do córtex e em


torno dos núcleos
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2. DIENCÉFALO
O diencéfalo e o telencéfalo formam Tálamo
o cérebro, que corresponde a porção Os tálamos são duas massas volumo-
mais desenvolvida do encéfalo. O te- sas de substância cinzenta, de forma-
lencéfalo encobre quase completa- to ovoide, dispostas uma de cada lado
mente o diencéfalo, que permanece na porção laterodorsal do diencéfalo,
em situação mediana, podendo ser unidas pela aderência intertalâmi-
visto apenas na face inferior do cé- ca e que delimitam a parte posterior
rebro. O diencéfalo compreende as do terceiro ventrículo. A extremidade
seguintes partes: tálamo, hipotálamo, posterior, maior que a anterior, apre-
epitálamo e subtálamo, todas em re- senta uma grande eminência, o pul-
lação com o III ventrículo. vinar, que se projeta sobre os corpos
geniculados. O corpo geniculado me-
Tálamo dial faz parte da via auditiva e o late-
ral da via óptica, sendo denominados
Hipotálamo por alguns autores como metatála-
Diencéfalo mo, que o consideram uma divisão do
Epitálamo
diencéfalo.
Subtálamo

Figura 3 Representação esquemática do tálamo


Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
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A face lateral do tálamo é separada SE LIGA! Síndrome talâmica: trata-se


do telencéfalo pela cápsula interna, de uma condição que surge após o der-
um compacto feixe de fibras que liga rame talâmico, um acidente vascular ce-
o córtex cerebral a centros nervosos rebral (AVC) que causa danos ao tálamo.
Caracteriza-se por hemiplegia (paralisia
subcorticais. da metade sagital do corpo, seja direita
A face inferior do tálamo continua ou esquerda), hemianestesia (anestesia
ou perda da sensibilidade em metade
com o hipotálamo e o subtálamo. sagital do corpo), hemitaxia (perda ou
descontrole da coordenação em metade
sagital do corpo) e astereognosia (per-
da da capacidade de reconhecer objetos
pelo tato) e dores no lado hemiplégico.

Hipotálamo
O hipotálamo é uma área relativamen-
te pequena – cerca de 4 cm3 do tecido
nervoso - situada abaixo do tálamo. As
estruturas que formam o hipotálamo
e que estão localizadas nas paredes
laterais e no assoalho do III ventrículo
são: quiasma óptico, infundíbulo, túber
cinéreo e corpos mamilares (de senti-
do anterior para posterior).
1. Quiasma óptico: localiza-se no
assoalho do III ventrículo, em sua
Figura 4. Núcleos da base do cérebro
porção anterior e recebe fibras dos
Fonte: retirado de www.anatomiadocorpo.com
nervos ópticos (II par), que em par-
te cruzam e continuam nos tratos
O tálamo é um dos mais importantes ópticos e se dirigem para os corpos
centros de integração de impulsos geniculados laterais.
nervosos. Atualmente acredita-se 2. Infundíbulo: formação de forma-
que algumas sensações dolorosas, to cônico, que se prende ao túber
térmicas e táteis são identificadas cinéreo. A sua extremidade superior
conscientemente ao nível do tálamo. dilata-se para constituir a eminência
Através de suas inúmeras interliga- mediana do túber cinéreo, enquan-
ções, é possível que esse centro se to sua extremidade inferior conti-
relacione também com o controle da nua com o processo infundibular, ou
vigília e do sono. lobo nervoso da neuro-hipófise.
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3. Túber cinéreo: massa convexa de Epitálamo


substância cinzenta que se loca-
Localiza-se mais posteriormente ao III
liza entre os corpos mamilares e
ventrículo, abaixo do tálamo. A glându-
quiasma óptico. É a região onde se
la pineal é a sua estrutura mais eviden-
prende o infundbulo.
te, sendo uma glândula endócrina me-
4. Corpos mamilares: são duas emi- diana de forma piriforme, que repousa
nências de formato arredondado, sobre o teto do mesencéfalo. Sua base
dispostas lado a lado, formadas prende-se anteriormente a dois feixes
por substância cinzenta. transversais de fibras que cruzam o
plano mediano, a comissura posterior
e a comissura das habênulas.
Possui importantes funções, relacio-
nadas sobretudo com o controle da Recesso pineal é um pequeno pro-
atividade visceral, regula o sistema longamento da cavidade ventricular
nervoso autônomo, as glândulas en- que penetra na glândula entre as co-
dócrinas, controla o equilíbrio de lí- missuras. A comissura posterior loca-
quidos e eletrólitos, sendo o principal liza-se no ponto em que o aqueduto
responsável pela homeostase. cerebral se liga ao III ventrículo e é
considerada como limite entre o dien-
céfalo e o mesencéfalo.

SE LIGA! A glândula pineal produz o hor-


mônio melatonina, que diminui com a ida-
de e influi sobre o ritmo sazonal e circa-
diano, sobre o ciclo sono-vigília e sobre a
reprodução. Apresenta um padrão de se-
creção dia-noite, sensível a luminosidade,
com início de elevação no início da noite e
queda no final. Uma via neural complexa
Figura 5. Estruturas do hipotálamo envolve as células ganglionares da retina
que se conectam aos pinealócitos.
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6.
Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.

SE LIGA! O hipotálamo é uma estrutura


responsável por interagir com o sistema
nervoso autônomo e o sistema neuroen-
dócrino, e integra respostas aferentes in-
ternas/externas com a análise do córtex
cerebral. Lesões hipotalâmicas são geral-
mente associadas a síndromes endócri-
nas disseminadas e distúrbios motores, Figura 6. Estruturas do epitálamo
emocionais, metabólicos e viscerais
Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6.
Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
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Subtálamo 3. TELENCÉFALO
O subtálamo é a zona de transição O telencéfalo compreende os dois
entre o diencéfalo e o tegmento do hemisférios cerebrais e a lâmina ter-
mesencéfalo. É considerado a menor minal situada na porção anterior do III
formação  diencéfalica, e sua princi- ventrículo. Os dois hemisférios, afas-
pal formação é o núcleo subtalâmico, tados pela fissura longitudinal, são
relacionado com o controle do movi- unidos por uma larga faixa de fibras
mento somático. comissurais, o corpo caloso.
Em relação à sua localização, é limita- A superfície do cérebro, córtex cere-
do lateralmente pela cápsula interna, bral, apresenta depressões denomi-
medialmente pelo hipotálamo e su- nadas sulcos, que delimitam os giros
periormente pelo tálamo. cerebrais.
Os sulcos mais importantes dos he-
misférios cerebrais são o sulco late-
ral (de Sylvius) e o sulco central (de
Rolando).

Figura 7. Núcleo subtalâmico


Fonte: retirado de www.sciencesource.com

SAIBA MAIS!
A existência dos sulcos permite considerável aumento de superfície sem grande aumento do
volume cerebral. Cerca de 2/3 da área ocupada pelo córtex cerebral estão “escondidos” nos
sulcos.

Os sulcos ajudam a delimitar os lo- temporal, parietal e occipital. Além


bos cerebrais, que recebem o nome desses, existe a ínsula, situada pro-
de acordo com a sua localização em fundamente no sulco lateral e que
relação aos ossos do crânio: frontal, não tem relação imediata com os os-
sos do crânio.
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Figura 9. Lobo da Ínsula


Fonte: retirado de www.kenhub.com

SE LIGA! A divisão em lobos, embora de


grande importância clínica, não corres-
ponde a uma divisão funcional, exceto
pelo lobo occipital, que está todo, direta
ou indiretamente, relacionado com a vi-
são.

Figura 8. Lobos do cérebro a partir de uma visão


sagital mediana e lateral. Os lobos são de cor vermelha
(frontal), azul (parietal), verde (occipital) e amarela (tem-
poral) e rosa (límbica).
Fonte: retirado de www.sciencesource.com
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MAPA MENTAL TELENCÉFALO

Telencéfalo

Dois hemisférios cerebrais Lâmina terminal

Superfície cerebral possui

Sulcos

Delimitam giros Delimitam lobos

Frontal Temporal Parietal Occipital Ínsula

é denominado giro de Broca, e aí se


Face dorsolateral
localiza, na maior parte das pessoas,
É a maior face cerebral e contém os 5 uma das áreas de linguagem do cére-
lobos cerebrais: frontal, temporal, pa- bro. Além disso, o giro frontal inferior
rietal, occipital e ínsula pode ser dividido em três partes: or-
No lobo frontal, existem 3 sulcos prin- bital, triangular e opercular.
cipais: pré central, frontal superior e o No lobo temporal, existem dois sul-
frontal inferior. Entre o sulco central e cos principais: temporal superior e
sulco pré central, está o giro pré cen- temporal inferior. Neste lobo, evi-
tral, onde se localiza a principal área dencia-se a área da audição localiza-
motora do cérebro. Além desse im- da no giro temporal transverso ante-
portante giro, o lobo frontal possui os rior, que é a porção posterior do giro
giros frontal superior, frontal médio temporal superior, visível afastando-
e frontal inferior. O giro frontal infe- -se os lábios do sulco lateral.
rior do hemisfério cerebral esquerdo
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Os giros existentes no lobo temporal O lobo parietal possui 2 sulcos prin-


são cipais: pós central e intraparietal.
Além disso, possui 3 giros:
• Giro temporal superior: entre os
sulcos lateral e temporal superior. • Giro pós central: entre os sulcos
central e pós-central, onde se lo-
• Giro temporal médio: entre os sul-
caliza uma das mais importantes
cos temporal superior e temporal
áreas sensitivas do córtex, a área
inferior.
somestésica.
• Giro temporal inferior: abaixo do
• Giro supramarginal: curvado, em
sulco temporal inferior.
torno da extremidade posterior do
• Giros temporais transversos: locali- sulco lateral.
zados no assoalho do sulco lateral.
• Giro angular: curvado em torno da
porção terminal e ascendente do
sulco temporal superior.

Figura 10. Face dorsolateral de um hemisfério cerebral


Fonte: retirado de www.kenhub.com

O lobo occipital se localiza na face A ínsula pode ser observada ao se


dorsolateral do cérebro, ocupando afastar os lábios do sulco lateral (figu-
uma área pequena. Apresenta giros e ra 9). Este lobo cerebral é o de menor
sulcos irregulares. crescimento durante o desenvolvi-
mento, por isso fica recoberto pelos
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lobos vizinhos (frontal, temporal e pa- o rostro do corpo caloso, que ter-
rietal). mina na comissura anterior. Entre
Apresenta alguns sulcos e giros, den- a comissura anterior e o quiasma
tre eles: sulco circular da ínsula, sulco óptico há a lâmina terminal, subs-
central da ínsula, giros curtos e giro tância branca fina que une os he-
longo da ínsula. misférios cerebrais e forma o limite
anterior do III ventrículo.
2. Fórnix: feixe complexo de fibras,
Face medial não pode ser visto em toda sua
Seccionando o cérebro no plano sagi- extensão no corte sagital. Emer-
tal mediano é possível visualizar es- ge abaixo do esplênio do corpo
truturas como o corpo caloso (con- caloso. Constituído por duas me-
junto de fibras mielínicas que formam tades laterais e simétricas, unidas
a maior comissura inter-hemisférica), no trajeto do corpo caloso. Divide-
o fórnix e o septo pelúcido. -se em: corpo do fórnix, no qual
1. Corpo caloso: conjunto de fibras suas duas metades se unem; co-
mielínicas que cruzam o plano lunas do fórnix, extremidades que
sagital e mediano e penetram de se afastam anteriormente; pernas
cada lado no centro branco me- do fórnix: extremidades que se
dular, unindo áreas simétricas do afastam posteriormente. As colu-
córtex de cada hemisfério cerebral. nas do fórnix terminam no corpo
Divide-se em: tronco que se di- mamilar correspondente, cruzan-
lata posteriormente no esplênio e do a parte lateral do III ventrículo.
se flete anteriormente em direção As pernas divergem e penetram
a base do cérebro para constituir em cada lado do corno inferior do
o joelho que se afilae para formar ventrículo lateral, onde se ligam ao
hipocampo.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 14

Figura 11.. Hipocampo e fórnice


Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.

3. Septo pelúcio: estende-se entre o • Sulco calcarino: localizado na face


corpo caloso e o fórnix, separa os medial do lobo occipital. Nos lábios
dois ventrículos laterais. desse sulco localiza-se a área vi-
sual.
O lobo occipital, visto na face medial, • Além disso, possui alguns giros:
possui dois sulcos:
• Cúneos: giro de forma triangular,
• Sulco parieto-occipital separa o entre o sulco parieto-occipital e o
lobo parietal do occipital. sulco calcarino.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 15

• Giro occipito-temporal: abaixo ◊ Ramo marginal: que se curva


do sulco calcarino, continua ante- na direção da margem supe-
riormente com o giro para-hipo- rior do hemisfério.
campal no lobo temporal. ◊ Sulco subparietal: que conti-
nua posteriormente na direção
Os lobos frontal e parietal, vistos na do sulco do cíngulo.
face medial, possuem alguns sulcos: • Sulco paracentral: destacando-
• Sulco do corpo caloso: começa -se do sulco do cíngulo em direção
abaixo do rostro do corpo caloso, à margem superior do hemisfério.
contorna o tronco e o esplênio, Na face medial superior do lobo
onde continua, já no lobo temporal, frontal e parietal encontra-se o ló-
com o sulco do hipocampo. bulo paracentral. Nas partes an-
terior e posterior dessa estrutura
• Sulco do cíngulo: curso paralelo ao localizam-se, respectivamente, as
sulco do corpo caloso, do qual é se- áreas motora e sensitiva, relacio-
parado pelo giro do cíngulo. Poste- nadas com a perna e o pé.
riormente divide-se em dois ramos:

Figura 12. Face medial de um hemisfério cerebral


Fonte: retirado de www.kenhub.com
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Face inferior -hipocampal, cuja porção anterior


se curva em torno do sulco do hi-
A face inferior do lobo temporal
pocampo para formar o úncus.
apresenta três sulcos principais, de
direção longitudinal: • Sulco do hipocampo
• Sulco occipito-temporal: junta-
mente com o sulco temporal inferior SE LIGA! A parte anterior do giro para-
limita o giro temporal inferior. Medial- -hipocampal é a área entorrinal, relacio-
nada com a memória e uma das primei-
mente, se limita com o sulco colate- ras regiões do cérebro a serem lesadas
ral, o giro occipito-temporal lateral. na doença de Alzheimer.

• Sulco colateral: pode ser contínuo


com o sulco rinal. Inicia-se próximo A face inferior do lobo frontal apre-
ao pólo occipital e se dirige para senta um único sulco importante, o
frente, delimitando com o sulco sulco olfatório, que aloja o bulbo ol-
calcarino e o sulco do hipocam- fatório, estrutura que recebe os fila-
po, respectivamente, o giro occípi- mentos que constituem o nervo olfa-
to-temporal medial e o giro para- tório, I par craniano.

Figura 13. Face inferior do cérebro


Fonte: retirado de www.kenhub.com
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SE LIGA! O bulbo olfatório, de formato ◊ Lateral e Inferior: Fórnix, tála-


ovoide e achatado, composto por subs-
tância cinzenta, continua posteriormente
mo, veia tálamo estriada, es-
com o trato olfatório e ambos se alojam tria terminal e caudado.
no sulco olfatório. O trato se bifurca, pos-
teriormente e forma as estrias olfatórias
medial e lateral, que delimitam o trígo- • Corno posterior: estende-se para
no olfatório. Atrás do trígono e adiante
do trato óptico, localiza-se a substância
dentro do lobo occipital. Tem como
perfurada anterior, por onde passam pe- limite o corpo caloso em toda sua
quenos vasos. formação.
• Corno inferior: curva-se inferior-
Ventrículos laterais mente e depois anteriormente em
Os hemisférios cerebrais possuem direção ao polo temporal a partir
cavidades revestidas de epêndima do trígono colateral. Possui como
e contendo líquido cerebroespinhal, limites
os ventrículos laterais esquerdo e ◊ Inferior: Sulco colateral e hipo-
direito, que se comunicam com o III campo.
ventrículo pelo respectivo forame in- ◊ Súpero-medial: Cauda do cau-
terventricular. Divisões do ventrículo dado, estria terminal e corpo
lateral são: amigdaloide.
• Corno anterior: possui como limi- ◊ Anterior, posterior e lateral:
tes Substância branca.
◊ Anterior e superior: corpo ca- • Hipocampo: acima do giro para-
loso -hipocampal. Constituído de ar-
◊ Posterior: Forame interventri- queocorte, tem funções relaciona-
cular.  das à memória. Liga-se às pernas
◊ Medial: Septo pelúcido. do fórnix por um feixe de fibras si-
tuadas ao longo de sua borda me-
◊ Lateral e assoalho: Cabeça do dial, a fímbria do hipocampo.
Caudado
• Corpo: estende-se de dentro do
Estruturas subcorticais
lobo parietal. Possui como limites:
◊ Superior: Corpo Caloso. Além do córtex, já descrito, o telencé-
falo compreende também estruturas
◊ Posterior: Esplênio do corpo subcorticais como os núcleos da base
caloso. e a substância branca.
◊ Medial: Septo pelúcido.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 18

Os núcleos da base são corpos neu- caudado, observa-se discreta emi-


ronais, ou seja, substância cinzenta, e nência arredondada formada pela
tem atuação na modulação da ativi- amígdala cerebral.
dade motora. Compõem os núcleos
• Núcleo caudado: possui cabeça,
da base: o núcleo caudado, núcleo
corpo e cauda. A cabeça do npu-
lentiforme o claustrum, o corpo amig-
cleo caudado se funde com a parte
daloide (ou amígdala) e o núcleo ac-
anterior do putâmen e forma então
cumbens.
o corpo estriado, que tem relação
Na extremidade da cauda do núcleo com a motricidade.

Putâmen
Núcleo lentiforme
Corpo Globo pálido
estriado
Núcleo caudado

relação lateral extrema.


• Núcleo lentiforme: localizado la-
teral e anteriormente ao tálamo. • Corpo amigdaloide: localizado
Formado pelo putâmen e globo na parte anterior do lobo temporal
pálido. O globo pálido é dividido e tem relação com as emoções e
pela lâmina medular medial em principalmente com o medo.
segmento interno e segmento ex-
• Núcleo accumbens: situado na
terno.
zona de união entre o caudado e o
• Claustrum: se localiza próximo ao putâmen. Importante área de pra-
córtex da ínsula. Tem como relação zer do cérebro.
medial a cápsula externa e como
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 19

Figura 14. Núcleos da base


Fonte: retirado de https://www.kenhub.com/

A substância branca é formada por ras telencefálicas: corpo caloso, co-


fibras mielínicas que ligam o córtex missura anterior e comissura do fór-
cerebral a centros subcorticais (fibras nix. As fibras de projeção se dispõem
de projeção) e unem áreas corticais em dois feixes: o fórnix e a cápsula
situadas em pontos diferentes do cé- interna. O fórnix une o córtex do hi-
rebro (fibras de associação). As fibras pocampo ao corpo mamilar e contri-
de associação abrangem as comissu- bui pouco para a formação do centro
medular branco.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 20

A cápsula interna possui a grande truir a coroa radiada. A cápsula inter-


maioria das fibras que saem e entram na possui uma perna anterior, situada
no córtex cerebral. Estas fibras for- entre a cabeça do núcleo caudado e o
mam um feixe compacto que separa núcleo lentiforme, e uma perna pos-
o núcleo lentiforme (lateralmente) do terior, maior, localizada entre o núcleo
núcleo caudado e do tálamo (medial- lentiforme e o tálamo. Estas duas por-
mente). Acima dos núcleos, as fibras ções encontram-se e formam um ân-
da cápsula interna passam a cons- gulo que constitui o joelho da cápsula
interna.

Figura 15. Secção horizontal do cérebro


Fonte: NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 21

MAPA MENTAL ANATOMIA DO TELENCÉFALO

Unem regiões de um Comunicam o córtex a Unem regiões homólogas


mesmo hemisfério outras estruturas do SNC entre hemisférios

Associação Projeção Comissural

Emaranhado de tratos
Aglomerados de corpos
celulares de neuônios

SUBSTÂNCIA
BRANCA Composto por
Produção de líquor
pelos plexos coroides

Corpo
Revestidos de células VENTRÍCULOS NÚCLEOS amigdaloide
ependimárias LATERAIS DA BASE Núcleo
Núcleo estriado
accubens dorsal
Dividido em (motricidade)

CÓRTEX CEREBRAL Claustro


Corpo

Corno anterior Hemisférios Lobos Núcleo Globo


Putâmen
caudado pálido
Corno posterior Esquerdo Occipital Área visual

Núcleo
Corno anterior Direito Parietal Área sensitiva lentiforme
(motricidade)
Temporal Área auditiva

Frontal Área motora


ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 22

4. TRONCO ENCEFÁLICO
O tronco encefálico interpõe-se entre
a medula e o diencéfalo, situando-
-se ventralmente ao cerebelo. Na sua
constituição entram corpos de neurô-
nios que se agrupam em núcleos e
fibras nervosas, que, por sua vez, se
agrupam em feixes denominados tra-
tos, fascículos ou lemniscos.

CONCEITO! Se liga nessas definições:


Figura 16. Tronco encefálico em corte sagital
Tratos: feixe de fibras nervosas que pos-
Fonte: retirado de www.sciencesource.com
suem aproximadamente a mesma ori-
gem e têm a mesma função e destino.
Fascículos: refere-se a um trato mais Bulbo
compacto.
Lemnisco: significa fita e é empregado O bulbo ou medula oblonga tem a for-
para feixes de fibras sensitivas que le- ma de um tronco de cone, cuja menor
vam impulsos ao tálamo. extremidade continua caudalmente
com a medula espinhal. Não há uma
Muitos dos núcleos do tronco ence- linha de demarcação nítida entre me-
fálico recebem ou emitem fibras ner- dula e bulbo, por isso, considera-se
vosas que entram na constituição dos que o limite entre eles está num plano
nervos cranianos. Dos 12 pares de horizontal que passa imediatamen-
nervos cranianos, 10 fazem conexão te acima do filamento radicular mais
no tronco encefálico. A identificação cranial do primeiro nervo cervical, o
destes nervos e de sua emergência que corresponde ao nível do forame
do tronco encefálico é um aspecto magno do osso occipital. O limite su-
importante do estudo deste segmen- perior do bulbo se faz em um sulco
to do sistema nervoso central. horizontal visível no contorno ventral
do órgão, o sulco bulbo-pontino, que
O tronco encefálico se divide em: bul- é a margem inferior da ponte.
bo, situado caudalmente: mesencéfa-
lo, situado cranialmente; e ponte, situ-
ada entre ambos.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 23

Figura 17. Vista anterior do tronco encefálico


Fonte: retirado de www.kenhub.com

A superfície do bulbo é percorrida lon- feixes interdigitados que obliteram a


gitudinalmente por sulcos que conti- fissura mediana anterior e constituem
nuam com os sulcos da medula. Es- a decussação das pirâmides.
tes sulcos delimitam as áreas anterior
(ventral), lateral e posterior (dorsal) do
bulbo, que aparecem como uma conti-
nuação direta dos funículos da medula. SE LIGA! De-
cussação é a
De cada lado da fissura mediana an- formação ana-
terior existe uma eminência alonga- tômica consti-
tuída por fibras
da, a pirâmide, formada por um feixe nervosas que
compacto de fibras nervosas descen- cruzam obliqua-
dentes que ligam as áreas motoras mente o plano
mediano e que
do cérebro aos neurônios motores
têm aproxi-
da medula, que será estudado com madamente a
o nome de trato córtico-espinhal ou mesma direção
trato piramidal. Na parte caudal do (ex: pirâmides).
Já as fibras da comissura cruzam perpen-
bulbo, as fibras deste trato cruzam dicularmente e têm direções opostas (ex:
obliquamente o plano mediano em corpo caloso).
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 24

Entre os sulcos lateral anterior e lateral Do sulco lateral posterior emergem os


posterior temos a área lateral do bul- filamentos radiculares, que se unem
bo, onde se observa uma eminência para formar os nervos glossofaríngeo
oval, a oliva, formada por uma grande (IX par) e vago (X par), além dos fila-
massa de substância cinzenta, o nú- mentos que constituem a raiz crania-
cleo olivar inferior, situado logo abai- na ou bulbar do nervo acessório (XI
xo da superfície. Ventralmente à oliva par), que se une com a raiz espinhal
emergem do sulco lateral anterior os advinda da medula. A metade caudal
filamentos radiculares do nervo hipo- do bulbo ou porção fechada do bul-
glosso, XII par craniano. bo é percorrida por um estreito canal,
continuação direta do canal central
SE LIGA! o núcleo olivar inferior liga-se
da medula. Este canal se abre para
ao cerebelo através das fibras olivocere- formar o IV ventrículo, cujo assoalho
belares e estão envolvidas na aprendi- é em parte constituído pela metade
zagem motora. rostral, ou porção aberta do bulbo.

Figura 18. Vista posterior do tronco encefálico


Fonte: retirado de www.kenhub.com
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 25

O sulco mediano posterior termina na parte basilar do osso occipital e o dorso


metade do bulbo, devido ao afasta- da sela túrcica do esfenoide. Sua base,
mento de seus lábios, que contribuem situada ventralmente, apresenta es-
para a formação dos limites laterais triação transversal em virtude da pre-
do IV ventrículo. Entre este sulco e o sença de numerosos feixes de fibras
sulco lateral posterior está situada a transversais que a percorrem. Estas
área posterior do bulbo, continuação fibras convergem de cada lado para
do funículo posterior da medula e, formar um volumoso feixe, o pedúncu-
como este, dividida em fascículo grá- lo cerebelar médio, que penetra no he-
cil e fascículo cuneiforme pelo sulco misfério cerebelar correspondente.
intermédio posterior.
Estes fascículos são constituídos por SE LIGA! o pedúnculo cerebelar médio
fibras nervosas ascendentes, pro- só apresenta fibras aferentes que che-
gam dos núcleos pontinos.
venientes da medula, que terminam
em duas massas de substância cin-
zenta, os núcleos grácil e cuneiforme, Considera-se como limite entre a
situados na parte mais cranial dos ponte e o braço da ponte o ponto de
respectivos fascículos, onde deter- emergência do nervo trigêmeo, V par
minam o aparecimento de duas emi- craniano. Esta emergência se faz por
nências, o tubérculo do núcleo grácil, duas raízes, a raiz sensitiva do ner-
medialmente, e o tubérculo do núcleo vo trigêmeo e a raiz motora do nervo
cuneiforme, lateralmente. Essas emi- trigêmeo. Percorrendo longitudinal-
nências são separadas por conta do mente a superfície ventral da ponte
surgimento do IV ventrículo, continu- existe um sulco, o sulco basilar, que
ando-se cranialmente no pedúnculo geralmente aloja a artéria basilar.
cerebelar inferior.
A parte ventral da ponte é separada
do bulbo pelo sulco bulbo-pontino,
CONCEITO! O pedúnculo cerebelar in- de onde saem de cada lado a partir
ferior é uma estrutura constituída por
grosso feixe de fibras de conexão entre
da linha mediana o VI, VII e VIII pares
o bulbo e a medula com o cerebelo. cranianos. O VI par, nervo abducente,
emerge entre a ponte e a pirâmide do
bulbo. O VIII par, nervo vestíbulo-co-
clear, emerge lateralmente, próximo a
Ponte um pequeno lóbulo do cerebelo, de-
nominado flóculo. O VII par, nervo fa-
A ponte está localizada entre o bulbo
cial, emerge medialmente ao VIII par,
e o mesencéfalo. Está situada ventral-
com o qual mantém relações muito
mente ao cerebelo e repousa sobre
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 26

íntimas. Entre os dois, emerge o ner- metade caudal do tecto do ventriculo.


vo intermédio, que é a raiz sensitiva Por meio destas cavidades o líquido
do VII par. cérebro-espinhal, que enche a cavi-
dade ventricular, passa para o espaço
SE LIGA! A síndrome ângulo ponto-ce-
subaracnóideo.
rebelar ocorrem em casos de tumores Assoalho do IV ventrículo: tem for-
que acometem essa área. É bem rica em
ma losângica e é formado pela parte
sintomatologia devido a grande quanti-
dade de raízes nervosas presentes nes- dorsal da ponte e da porção aberta do
sa área. bulbo. Limita-se ínfero-lateralmente
pelos pedúnculos cerebelares inferio-
res e pelos tubérculos do núcleo grá-
A parte dorsal da ponte não apresen- cil e do núcleo cuneiforme. Limita-se
ta linha de demarcação com a par- súpero-lateralmente pelos pedúncu-
te dorsal da porção aberta do bulbo, los cerebelares superiores, ou bra-
constituindo ambas o assoalho do IV ços conjuntivos, compactos feixes de
ventrículo. fibras nervosas que, saindo de cada
hemisfério cerebelar, fletem-se cra-
Quarto ventrículo nialmente e convergem para penetrar
no mesencéfalo.
O quarto ventrículo é uma cavidade
que tem uma forma losângica e está O assoalho é percorrido em toda a sua
situada entre o bulbo e a ponte ven- extensão pelo sulco mediano, que se
tralmente, e o cerebelo, dorsalmente. perde cranialmente no aqueduto ce-
Continua caudalmente com o canal rebral e caudalmente no canal central
central do bulbo e cranialmente com do bulbo. De cada lado do sulco me-
o aqueduto cerebral, através da qual diano existe a eminência medial, limi-
o IV ventrículo, se comunica com o III tada lateralmente pelo sulco limitante.
ventrículo. A cavidade do IV ventri- Este sulco separa os núcleos motores,
culo se prolonga de cada lado para derivados da lâmina basal e situados
formar os recessos laterais, situados medialmente, dos núcleos sensitivos,
na superfície dorsal do pedúnculo ce- VI, derivados da lâmina alar e situa-
rebelar inferior. Estes recessos se co- dos lateralmente.
municam de cada lado com o espaço De cada lado, o sulco limitante se alar-
subaracnóideo por meio das abertu- ga para consumir duas depressões, a
ras laterais do IV ventriculo (forames fóvea superior e a fóvea inferior. Me-
de Luschka). Há também uma aber- dialmente à fóvea superior, a eminên-
tura mediana do IV ventriculo (fora- cia mediai dilata-se para constituir de
me de Magendie), situado no meio da cada lado uma elevação arredondada,
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 27

o colículo facial, formado por fibras do ventrículo é constituído pela tela co-
nervo facial, que neste nível contor- rioide, estrutura formada pela união
nam o núcleo do nervo abducente. do epitélio ependimário, que reves-
Na parte caudal da eminência me- te internamente o ventrículo, com a
dial observa-se, uma pequena área pia-máter, que reforça externamen-
triangular de vértice inferior, o trígono te este epitélio. A tela corioide emite
do nervo hipoglosso, correspondente projeções vascularizadas e irregula-
ao núcleo do nervo hipoglosso. Late- res, que se invaginam na cavidade
ralmente ao trígono e caudalmente à ventricular para formar o plexo corioi-
fóvea inferior, existe uma outra área de do IV ventrículo.
triangular de coloração ligeiramente
acinzentada, o trígono do nervo vago, SE LIGA! Os plexos coroides produzem
que corresponde ao núcleo dorsal do o líquido cerebroespinhal que se acu-
vago. mula na cavidade ventricular, passando
ao espaço subaracnóideo através das
Lateralmente ao sulco limitante há aberturas laterais e da abertura mediana
uma grande área triangular que se do IV ventrículo. Através das aberturas
estende de cada lado, a área vestibu- laterais próximas do flóculo do cerebelo
exterioriza-se uma pequena porção do
lar, correspondendo aos núcleos ves- plexo corioide do IV ventrículo.
tibulares do nervo vestíbulo-coclear.
Cruzando transversalmente a área
vestibular para se perderem no sul- Mesencéfalo
co mediano, frequentemente existem
O mesencéfalo localiza-se entre a
finas cordas de fibras nervosas que
ponte e o cérebro, do qual é separado
constituem as estrias medulares do
por um plano que liga os corpos ma-
IV ventrículo. Estendendo-se do fó-
milares, pertencentes ao diencéfalo,
vea superior em direção ao aquedu-
à comissura posterior. É atravessado
to cerebral, lateralmente à eminência
por um estreito canal, o aqueduto ce-
mediai, encontra-se o locus-ceruleus,
rebral, que une o III ao IV ventrículo. O
área de coloração ligeiramente escura
teto do mesencéfalo localiza-se dor-
cuja função se relaciona com o meca-
salmente ao aqueduto; ventralmente
nismo do sono.
temos os dois pedúnculos cerebrais,
Assoalho do IV ventrículo: A me- que, por sua vez, se dividem em uma
tade cranial do teto do IV ventrículo parte dorsal, o tegmento (predomi-
é constituída por uma fina lâmina de nantemente celular), e outra ventral, a
substância branca, o véu medular su- base do pedúnculo (formada de fibras
perior, que se estende entre os dois longitudinais).
pedúnculos cerebelares superiores.
Em uma secção transversal do me-
Em sua metade caudal, o teto do IV
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 28

sencéfalo pode ser observado que Correspondendo à substância negra


o tegmento é separado da base por na superfície do mesencéfalo existem
uma área escura, a substância negra, dois sulcos longitudinais: um lateral,
formada por neurônios compostos sulco lateral do mesencéfalo, e outro
por melanina. mediai, sulco mediai do pedúnculo
cerebral. Estes sulcos marcam na su-
SE LIGA! Uma característica importante
perfície o limite entre base e tegmen-
da maioria dos neurônios da substância to do pedúnculo cerebral. Do sulco
negra é que eles utilizam como neuro- mediai emerge o nervo oculomotor, III
transmissor a dopamina. A degenera- par craniano.
ção dos neurônios dopaminérgicos da
substância negra está associada às per-
turbações motoras que caracterizam a
Doença de Parkinson.

Figura 19. Secção transversal do mesencéfalo


Fonte: MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional: 3. Ed. São Paulo: Atheneu, 2014.

O teto do mesencéfalo apresenta pares cranianos que emerge dorsal-


quatro eminências arredondadas na mente, contorna o mesencéfalo para
vista dorsal, os colículos superiores e surgir ventralmente entre a ponte e o
inferiores, separados por dois sulcos mesencéfalo.
perpendiculares em forma de cruz. Cada coliculo se liga a uma pequena
Na parte anterior do ramo longitu- eminência oval do diencéfalo, o cor-
dinal da cruz aloja-se o corpo pineal po geniculado, através de estruturas
que, entretanto, pertence ao diencé- alongadas que são feixes de fibras
falo. Caudalmente a cada colículo in- nervosas denominados braços dos
ferior emerge o IV par craniano, nervo colículos. O colículo inferior se liga ao
troclear. O nervo troclear, único dos
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 29

corpo geniculado medial pelo braço des feixes de fibras que surgem na
do colículo inferior, e faz parte da via borda superior da ponte e divergem
auditiva. O colículo superior se liga ao cranialmente para penetrar profunda-
corpo geniculado lateral pelo braço mente no cérebro. Delimitam, assim,
do colículo superior, e faz parte da via uma profunda depressão triangular, a
óptica. fossa interpeduncular, limitada ante-
Vistos ventralmente, os pedúnculos riormente por duas eminências per-
cerebrais aparecem como dois gran- tencentes ao diencéfalo, os corpos
mamilares. Do sulco medial do pe-
dúnculo emerge de cada lado o nervo
oculomotor.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 30

EMERGÊNCIA DOS NERVOS CRANIANOS NO TRONCO ENCEFÁLICO

NC III (oculomotor) Emerge do sulco medial do pedúnculo cerebral

Único nervo craniano que emerge da parte dorsal do


NC IV (troclear)
tronco encefálico, inferiormente a cada colículo inferior

Emerge entre a ponte e o pedúnculo


NC V (trigêmeo)
cerebelar médio (braço da ponte)

NC VI (abducente)

NC VII (facial) Emergem do sulco bulbo-pontino

NC VIII (vestíbulo-coclear)

NC IX (glossofaríngeo)

NC X (vago) Emergem do sulco lateral posterior

NC XI (acessório)

NC XII (hipoglosso) Emerge do sulco lateral anterior


ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 31

ESTRUTURAS MACROSCÓPICAS DO TRONCO ENCEFÁLICO

Tubérculo no núcleo
Olivas Pirâmides Fissura mediana superior Tubérculo no núcleo grácil
cuneiforme

BULBO

TRONCO
ENCEFÁLICO
Eminência medial

Colículo facial

PONTE MESENCÉFALO Colículos superiores


Trígono do nervo
hipoglosso
IV Ventrículo Teto Colículos inferiores
Trígono do
nervo vago
Protuberância
Aqueduto cerebral Tegmento
pontina
Área vestibular

Sulco basilar Pedúnculo cerebral Substância negra

Lócus-ceruleus
Pedúnculos
Base
cerebelares
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 32

5. CEREBELO
CURIOSIDADE! Embora tenha funda-
O cerebelo situa-se dorsalmente ao mentalmente função motora, estudos
bulbo e à ponte, contribuindo para recentes demonstraram que está tam-
a formação do teto do IV ventrículo. bém envolvido em algumas funções
cognitivas.
Repousa sobre a fossa cerebelar do
osso occipital e está separado do lobo
occipital do cérebro por uma prega da CURIOSIDADE! Cerebelo vem do latim
dura-máter denominada tenda do ce- e significa pequeno cérebro.
rebelo. Liga-se à medula e ao bulbo
pelo pedúnculo cerebelar inferior e à
Distingue-se no cerebelo o vérmis,
ponte e mesencéfalo pelos pedúncu-
porção ímpar e mediana, ligado a
los cerebelares médio e superior, res-
duas grandes massas laterais que
pectivamente.
são os hemisférios cerebelares. O
O cerebelo é importante para a ma- vérmis é pouco separado dos hemis-
nutenção da postura, equilíbrio, coor- férios na face dorsal do cerebelo, o
denação dos movimentos e aprendi- que não ocorre na face ventral, onde
zagem de habilidades motoras. dois sulcos bem evidentes o separam
das partes laterais.

Figura 22. Vista dorsal e ventral do cerebelo.


Fonte: retirado de www.kenhub.com
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 33

A superfície do cerebelo apresenta dular do cerebelo, de onde irradiam


sulcos de direção predominantemen- as lâminas brancas do cerebelo, re-
te transversal, que delimitam lâminas vestidas externamente por uma fina
finas denominadas folhas do cerebe- camada de substância cinzenta, o
lo. Existem também sulcos mais pro- córtex cerebelar. No interior do corpo
nunciados, as fissuras do cerebelo, medular há quatro pares de núcleos
que delimitam lóbulos, cada um deles de substância cinzenta, que são os
podendo conter várias folhas. núcleos centrais do cerebelo: dente-
O cerebelo é constituído de um cen- ado, interpósito (dividido em emboli-
tro de substância branca, o corpo me- forme e globoso) e o fastigial.

Figura 23. Secção sagital mediana do cerebelo


Fonte: MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional: 3. Ed. São Paulo: Atheneu, 2014.

sua importância é apenas topográfi-


SE LIGA! Os núcleos centrais do cere- ca. A nomenclatura dos lóbulos e fis-
belo têm grande importância funcional e suras do cerebelo é bastante confu-
clínica. Deles saem todas as fibras ner-
sa, havendo considerável divergência
vosas eferentes do cerebelo
entre os autores. Os lóbulos recebem
denominações diferentes no vermis e
A divisão do cerebelo em lóbulos não nos hemisférios.
tem nenhum significado funcional e
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 34

As tonsilas são evidentes na face Os lóbulos do cerebelo podem ser


inferior do cerebelo e preojetam-se agrupados em estruturas maiores, os
medialmente sobre a face dorsal do lobos separados pelas fissuras póste-
bulbo. Esta relação é importante, pois ro-lateral e prima. Chega-se, assim, a
em certos casos de hipertensão cra- uma divisão transversal em que a fis-
niana as tonsilas podem comprimir o sura póstero-lateral divide o cerebelo
bulbo com graves consequências. em um lobo flóculo-nodular e o corpo
do cerebelo. Este, por sua vez, é divi-
SE LIGA! Isto decorre, por exemplo, de
dido em lobo anterior e lobo posterior
acidente nas punções lombares, quando pela fissura prima.
a retirada do líquor diminui subitamente
a pressão no espaço subaracnóideo da
medula. Neste caso, estando aumenta-
da a pressão intracraniana, as tonsilas
podem ser deslocadas caudalmente,
penetrando no forame magno e compri-
mindo o bulbo, o que pode ser fatal.

DIVISÃO DO CEREBELO

Lobo anterior

Corpo do cerebelo Fissura prima

Lobo posterior
Divisão em Fissura
lobos póstero-lateral

Lobo flóculo-nodular

São três pedúnculos cerebelares: su- como limite entre a ponte e o pedún-
perior, médio e inferior. O pedúnculo culo cerebelar o ponto de emergência
cerebelar superior liga o cerebelo ao do nervo trigêmeo. O pedúnculo cere-
mesencéfalo. O pedúnculo cerebelar belar inferior liga o cerebelo à medula.
médio é um enorme feixe de fibras
que liga o cerebelo à ponte e cons-
titui a parede dorsolateral da metade Composto por seis regiões para fins
cranial do IV ventrículo. Considera-se de descrição
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 35

(1) Telencéfalo (2) Diencéfalo


• Maior parte do cérebro • Composto de:
• Ocupar a fossa craniana anterior e ◊ Epitálamo
média ◊ Tálamo
• Dois hemisférios, separados por ◊ Hipotálamo
fissura cerebral longitudinal
• Circunda o terceiro ventrículo ce-
• Conectado por feixe de fibras rebral entre as metades direita e
transversais na base da fissura esquerda
longitudinal: corpo caloso
• Cavidade em cada hemisfério = (3) Mesencéfalo
ventrículo
• Na junção das fossas cranianas
• Composto por quatro lóbulos médias e posteriores
◊ Lóbulo frontal • Contém canal estreito: aqueduto
◊ Envolvido em função mental cerebral
superior
◊ Contém centros de fala e idioma (4) Ponte
• Lobo parietal • Encontrado na região anterior da
◊ Inicia o movimento cavidade craniana posterior
◊ Envolvido na percepção • Contém cavidade que contribui
• Lobo temporal para o quarto ventrículo
◊ Envolvido em memória, audi-
ção e fala (5) Bulbo
• Lobo occipital • Encontra-se na fossa craniana
◊ Contém córtex visual posterior

• Cada lobo marcado por dobras (gi- • Contínuo com medula espinhal
ros) e ranhuras (sulcos) • Contém porção inferior do quarto
ventrículo
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 36

(6) Cerebelo
• Dorsal à ponte e medula
• Abaixo do cérebro posterior
• Composto por dois hemisférios la-
terais conectados por vermis na li-
nha média
• Importante em
◊ Manutenção do equilíbrio,
postura e coordenação
◊ Momento e força da contração
dos músculos
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 37

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
MACHADO, A.; HAERTEL, L. M. Neuroanatomia funcional: 3. Ed. São Paulo: Atheneu, 2014.
NETTER, Frank H. Atlas de anatomia humana: 6. Ed. Philadelphia: Elsevier, 2014.
TORTORA, Gerard J. Fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 4 ed. Porto Alegre. Artmed,
2004. 574 p.
MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.
ANATOMIA MACROSCÓPICA DO ENCÉFALO (NEUROANATOMIA) 38

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