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Rio de Janeiro
Setembro de 2016
1
GRANDES ESCAVAÇÕES URBANAS: ESTUDO DE CASO DA
CONSTRUÇÃO ESTAÇÃO JARDIM DE ALAH, LINHA 4 DO
METRÔ DO RIO DE JANEIRO
Examinado por:
SETEMBRO de 2016
2
Baptista da Silva, Lucas Leite
3
AGRADECIMENTOS
À minha família, meu porto seguro, sempre presente em minha vida: nos
sucessos, fracassos, felicidades e tristeza. À pessoa mais importante da minha vida,
minha mãe Regina, aos meus irmãos Mariana e Gabriel, e à minha avó Célia.
Ao meu pai José. Meu maior exemplo, meu eterno consultor. Seus conselhos me
guiaram durante toda essa jornada. Me espelho para ser o engenheiro civil que você é.
À todos os meus amigos que fiz ao longo dessa jornada. Tenho certeza que
muitas amizades durarão a vida inteira.
4
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Setembro/2016
5
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
September/2016
ABSTRACT: The large increase of Rio de Janeiro`s population through the last decades
led to a saturation of our main neighborhoods, which still offered poor options for its
citizens to move around the city. When the first line of the subway was inaugurated, at
the seventies, it showed an efficient solution, but also a lot of difficulties for everybody.
Despite the huge advance in terms of technology, Rio de Janeiro`s subway didn`t
increased much, while the urbanization of the city continue to expand. Nowadays at the
greats neighborhoods there are so many buildings that the space available for new
constructions is quite reduced. Large excavations, for subways or buildings looking to
explore deeper basements, when surrounded by others buildings makes the situation
really complex, in which the protection of the existing built patrimony is the most
important thing. Those formidable projects are a real challenge, and require the best
professionals with previous experience and an extense soil investigation.
Key-words: retaining walls, large excavations,. Jardim de Alah station, Rio de Janeiro
subway,
6
Sumário
1 Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1 Evolução da ocupação urbana da cidade do Rio de Janeiro .......................................... 1
1.2 Histórico do metrô no Rio de Janeiro ............................................................................ 3
1.3 Previsão de futuras linhas .............................................................................................. 7
1.4 Objetivo do trabalho .................................................................................................... 10
1.5 Metodologia ................................................................................................................ 11
1.6 Estrutura ...................................................................................................................... 11
2 Critérios para escolhas em grandes escavações urbanas ..................................................... 13
2.1 Generalidades .............................................................................................................. 13
2.2 Variáveis desconhecidas - Condições de Campo ........................................................ 16
2.2.1 Investigação geotécnica do subsolo .................................................................... 16
2.2.2 Ensaios específicos.............................................................................................. 22
2.3 Interferências e dificuldades........................................................................................ 32
2.4 Escolhas - Decisões de projeto .................................................................................... 34
2.4.1 Elementos de estruturas de contenção em grandes escavações urbanas ............. 34
2.4.2 Escolha do tipo de contenção .............................................................................. 39
2.4.3 Determinação dos esforços solicitantes - Métodos de análise............................. 39
2.4.4 Formas de implantação........................................................................................ 47
2.5 Segurança da obra e da vizinhança.............................................................................. 48
2.5.1 Estados limites..................................................................................................... 48
2.5.2 Previsão dos recalques ........................................................................................ 50
2.5.3 Instrumentação e controle de Danos ................................................................... 55
3 Estudo de caso: Construção da estação Jardim de Alah, Linha 4 Sul – Metrô Rio............. 60
3.1 Introdução ................................................................................................................... 60
3.2 A estação Jardim de Alah ............................................................................................ 66
3.3 Dados geotécnicos: Situação do campo ...................................................................... 69
3.3.1 Sondagens............................................................................................................ 70
3.3.2 Ensaios de laboratório ......................................................................................... 77
3.3.3 Outros ensaios ..................................................................................................... 78
3.4 O Projeto ..................................................................................................................... 79
3.4.1 Determinação dos esforços solicitantes ............................................................... 81
3.4.2 Avaliação da vulnerabilidade dos edifícios ......................................................... 85
3.5 Método Construtivo..................................................................................................... 87
3.5.1 Jet Grouting ......................................................................................................... 87
7
3.5.2 Estaca Raiz .......................................................................................................... 93
3.5.3 Parede diafragma ................................................................................................. 95
3.6 Escavação .................................................................................................................. 101
3.6.1 Estratégia de escavação ..................................................................................... 102
3.7 Instrumentação e controle ......................................................................................... 105
3.8 Plano de ataque.......................................................................................................... 109
4 Resumo, conclusões, considerações e sugestões para trabalhos futuros ........................... 125
5. Referências bibliográficas ................................................................................................. 128
5.1 Artigos, Livros, Dissertações e Teses ....................................................................... 128
5.2 Normas técnicas ........................................................................................................ 131
8
Índice de figuras
Figura 1: Ocupação urbana e direção da expansão, no início do século XIX (GUEDES, 2014) .. 1
Figura 2: Ocupação urbana e direção da expansão, a partir do século XIX (GUEDES, 2014) .... 2
Figura 3: Jornal O GLOBO, 12/08/1966 (Disponível em: < http://acervo.oglobo.globo.com/em-
destaque/com-50-anos-de-atraso-rio-ganhou-metro-em-marco-de-1979-inaugurado-por-geisel-
12092759>) ................................................................................................................................... 3
Figura 4: Construção do metrô na cinelândia, com vista do Teatro Municipal ao fundo
(Disponível em: < http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/construcao-do-metro-do-rio-
9372304>) ..................................................................................................................................... 4
Figura 5: Obras da estação Uruguaiana, 1975 (Disponível em:
< http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/construcao-do-metro-do-rio-9372304>) ............. 5
Figura 6: Malha do metrô do Rio de Janeiro (Disponível em:
<https://www.metrorio.com.br/VadeMetro/Mapas>) ................................................................... 7
Figura 7: Plataforma abaixo do metrô da estação Carioca, abandonada desde sua parcial
conclusão nos anos 80 (Disponível em: < http://g1.globo.com/rio-de-
janeiro/noticia/2015/11/obras-de-ampliacao-da-linha-2-do-metro-comecam-em-2017-diz-
governo.html>) .............................................................................................................................. 8
Figura 8: Trecho de ampliação da Linha 2, previsto para ter início em 2017 (Disponível em: <
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/11/obras-de-ampliacao-da-linha-2-do-metro-
comecam-em-2017-diz-governo.html>) ....................................................................................... 9
Figura 9: Linha 3 do metro, em processo de licitação (Disponível em: <
http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2013-07-07/agora-e-a-vez-da-linha-3-do-
metro.html>)................................................................................................................................ 10
Figura 10: Escavação executada em cachimbos (FALCONI, 2012) ........................................... 14
Figura 11: Escavação com perfil - pranchão (FALCONI, 2012) ................................................ 14
Figura 12: Acidente em São gonçalo, 2012 (Disponível em: http://g1.globo.com/rio-de-
janeiro/vc-no-g1-rj/noticia/2012/06/escavacao-em-obra-faz-rua-ceder-em-sao-goncalo-rj.html)
..................................................................................................................................................... 15
Figura 13: Acidente na Linha 4, metrô de SP (Disponível em:
<http://www.vermelho.org.br/noticia/233528-1>) ...................................................................... 15
Figura 14: Esquema de uma sondagem à percussão associada SPT .......................................... 18
Figura 15: Boletim de sondagem à percussão (LIMA, 1979) ..................................................... 19
Figura 16: Métodos geofísicos de investigação e suas aplicações (STOKOE, 2000) ................. 21
Figura 17: Ensaio sísmico ativo e intrusivo (STOKOE, 2004) ................................................... 22
Figura 18: Ensaio sísmico ativo e não intrusivo (STOKOE, 2004) ............................................ 22
Figura 19: Cuidados com a amostra após sua retirada (MAGNOS e ALMEIDA, 2012) ........... 23
Figura 20: Verificação da qualidade das amostras retiradas (MAGNOS e ALMEIDA, 2012) .. 24
Figura 21: Ensaio de cisalhamento direto para areias inderfomadas (CORDEIRO, 2004) ........ 25
Figura 22: Correlações para obtenção de parâmetros, a partir do ensaio de Dilatômetro (LUTE
NEGG
ER 1988) 26
Figura 23: Dilatômetro de Marchetti (DANZINGER, 2016) ...................................................... 26
Figura 24: Grau de confiabilidade dos parâmetros geotécnicos obtidos por correlações a partir
do ensaio de cone (LUNNE et.al, 1989) ..................................................................................... 27
Figura 25: Piezocone (DANZINGER, 2016) .............................................................................. 28
Figura 26: Barra cilíndrica ou T-BAR (DANZINGER, 2016) ................................................... 29
9
Figura 27: Tensões na barra cilíndrica se anulam (DANZINGER, 2016) .................................. 30
Figura 28: Ensaio de palheta (DANZINGER, 2016) .................................................................. 31
Figura 29: Fundaçoes do Edifício Rochedo (BARROS et al, 2007)........................................... 33
Figura 30: a) Cortina em balanço engastada no terreno; b) Cortina atirantada; c) Cortina com
escoras ......................................................................................................................................... 35
Figura 31: Cortina de estacas espaçadas (MEIRELES, 2006) Figura 32: Cortina de estacas
tangentes (MEIRELES, 2006)..................................................................................................... 35
Figura 33: Cortina de estacas secantes (MEIRELES, 2006) ....................................................... 36
Figura 34: Cortina de estaca prancha (Disponível em:
<http://infraestruturaurbana.pini.com.br/solucoes-tecnicas/3/artigo215092-1.aspx>)................ 36
Figura 35: Cortina com perfis pranchados (LOBO, 2013) .......................................................... 37
Figura 36: Processo executivo das lamelas (Disponível em:
<http://pet.ecv.ufsc.br/2013/11/metodos-para-construcao-de-parede-diafragma-clamshell-e-
hidrofresa/>) ................................................................................................................................ 38
Figura 37: Execução de Jet Grouting (Disponível em:
<https://sites.google.com/site/lanfundacaoeobrasgeotecnicas/86-pocos-secantes>) .................. 38
Figura 38: Parede diafragma – canal de acesso do porto de Açu (CHUVA, 2011) .................... 42
Figura 39: Modelo estrutural (dimensões em milímetros) Figura 40: Carregamento
(kN/m) (CHUVA, 2011) ............................................................................................................. 44
Figura 41: Diagrama de momento fletor (kN/m)/ Diagrama de esforços cortantes (kN)/ Reação
nos tirantes e nas molas (kN) ...................................................................................................... 45
Figura 42: Malha de elementos finitos ........................................................................................ 45
Figura 43: Escavação até 0,5 abaixo do nível da ancoragem (CHUVA, 2011) .......................... 46
Figura 44: Escavação até a cota de -6m (CHUVA, 2011) .......................................................... 46
Figura 45: Escavação até a cota final (CHUVA, 2011) .............................................................. 46
Figura 46: Deformada da estrutura (CHUVA, 2011) .................................................................. 47
Figura 47: Tipos de ruptura das estruturas de contenção (MILITISTKY, 2012) ........................ 49
Figura 48: Relação do deslocamento dos solos devido a movimentação de massas (PECK, 1969)
..................................................................................................................................................... 51
Figura 49: PLAXIS 3D Tunnel, caso do metrô de salvador (FOÁ, 2005) .................................. 53
Figura 50: PLAXIS 3D Tunnel, caso do metrô de salvador (FOÁ, 2005) .................................. 53
Figura 51: Malha modelada através do programa FLAC ............................................................ 54
Figura 52: Malha inicial (SOZIO, 2010) Figura 53: Remoção da parte superior (SOZIO,
2010) 55
Figura 54: Simulação do edifício e sua sobrecarga Figura 55: Simulação da escavação do
túnel (SOZIO, 2010) ................................................................................................................... 55
Figura 56: Danos devido à recalques diferenciais (MILITISTKY, 2010) .................................. 57
Figura 57: Danos devido à recalques diferenciais (MILITISTKY, 2010) .................................. 57
Figura 58: Controle de danos em alvenarias (NATIONAL COAL BOARD, 1975) .................. 58
Figura 59: Instrumentações adequadas à cada situação (MILITISTKY, 2010) .......................... 59
Figura 60: Localização da estação Jardim Oceânico (Adaptada de Google maps. Disponível em
<https://www.google.com.br/maps/place/Jardim+Oce%C3%A2nico/@-23.0067722,-
43.3125631,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x9bd0b87ec0a9b3:0xacd510404de13fd6!8m2!3d
-23.0067722!4d-43.3103744>) ................................................................................................... 61
Figura 61: Estação São Conrado (Adaptada de Google Maps. Disponível em
https://www.google.com.br/maps/place/S%C3%A3o+Conrado,+Rio+de+Janeiro+-+RJ/@-
22.9935275,-
10
43.2557621,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x9bd69fa244850b:0x4b54a683cb58ef9e!8m2!3d
-22.9935275!4d-43.2535734)...................................................................................................... 62
Figura 62: Futura estação do metrô no bairro da Gávea (Adaptada de Google Maps. Disponível
em: (<https://www.google.com.br/maps/place/PUC-Rio/@-22.9790274,-
43.2326773,18z/data=!4m5!3m4!1s0x9bd5b1171026cf:0x825e41e80c7c6f9c!8m2!3d-
22.9789188!4d-43.2323072>)..................................................................................................... 63
Figura 63: Estação Antero de Quental (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ................ 64
Figura 64: Estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ..................... 65
Figura 65: Estação Nossa Senhora da paz (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) .......... 65
Figura 66: O traçado da Linha 4 (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) .............. 66
Figura 67: Estação Jardim de Alah (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ......... 67
Figura 68: Corte transversal no corpo da estação, evidenciando os cinco níveis (Fonte: Acervo
Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ..................................................................................................... 67
Figura 69: Estação Jardim de Alah e edificações lindeiras (Adaptada de: acervo Consórcio
Linha 4 Sul, 2015) ....................................................................................................................... 68
Figura 70: Canteiro de Obras estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul,
2015) ........................................................................................................................................... 69
Figura 71: Campanha de investigação (Fonte: acervo Linha 4 Sul, 2015) ................................ 70
Figura 72: Dificuldades na execução de sondagens (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul,
2015) ........................................................................................................................................... 71
Figura 73: Mapa com a localização das sondagens. Destaque para as sondagens que auxiliaram
o traçado dos perfis (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) .................................. 72
Figura 74: Perfil geotécnico 1 (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ............................. 73
Figura 75: Legenda da caracterização do perfil geotécnico ........................................................ 74
Figura 76: Perfil geotécnico 2 (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ............................. 75
Figura 77: Entrada estacionamento shopping leblon, onde é possível ver o gnaisse .................. 76
Figura 78: Classificação maciços rochosos (ISRM, 1978, adaptada por HENCHER, 1993) ..... 77
Figura 79: Curva granulométrica das amostras deformadas (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul, 2015) .................................................................................................................................... 77
Figura 80: Resultados ensaio dilatômetro (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ........... 79
Figura 81: Seção transversal da Estação Jardim de Alah (Adaptada de: acervo Consórcio Linha
4 Sul, 2015) ................................................................................................................................. 80
Figura 82: Dados de entrada do painél (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ............... 81
Figura 83: Dados de entrada do solo (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)................... 82
Figura 84: Modelagem da parede de diafragma (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015).. 83
Figura 85: Esgotamento da água Figura 86: Escavação da laje de teto.................................. 83
Figura 87: Concretagem da laje de teto Figura 88: Escavação da laje de acesso .................... 84
Figura 89: Concretagem da laje de acesso Figura 90: Escavação para laje de fundo ............. 84
Figura 91: Concretagem da laje de fundo ................................................................................... 84
Figura 92: Esforços solicitantes na parede diafragma (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul,
2015) ........................................................................................................................................... 85
Figura 93: Mapa de vulnerabilidade dos edifícios (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
..................................................................................................................................................... 86
Figura 94: Colunas de CCP (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ................................ 88
Figura 95: Rolha de entrada (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ................................ 89
Figura 96: Necessidade do enchimento com água, a fim de minimzar riscos de carreamento de
material (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ............................................................... 90
Figura 97: Septo de jet grouting (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ......................... 90
11
Figura 98: Técnica de breakthrough submerso (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) .. 90
Figura 99: Muro de gravidade, composto por colunas de JG (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul, 2015) .................................................................................................................................... 91
Figura 100: Planta baixa da nova ponte sobre o canal do Jardim de Alah (Fonte: acervo
Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ..................................................................................................... 92
Figura 101: Passos de execução da estaca raiz (Brasfond, disponível em: <
http://www.brasfond.com.br/fundacoes/eraiz.html> ) ................................................................ 93
Figura 102: Içamento da armação de uma estaca raiz ................................................................ 95
Figura 103: Hidrofresa ................................................................................................................ 96
Figura 104: Içamento da armação de uma lamela ....................................................................... 97
Figura 105: Planta com as lamelas para estação. Destaque paras lamelas intermediárias, na Asa
Sul (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015) ....................................................................... 98
Figura 106: Escavação Asa Sul. Detalhe para os perfis metálicos .............................................. 99
Figura 107: Gaiola de armação da lamela, com tubo de espera ................................................ 100
Figura 108: Gaiolas de armação em fibra de vidro ................................................................... 100
Figura 109: Içamento da armação em fibra de vidro................................................................. 101
Figura 110: Planta da estação, com os eixos (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)..... 102
Figura 111: Abridor: estrutura montada para acelerar as escavações ....................................... 104
Figura 112: Croqui as-built de instrumentação do Jardim de Alah........................................... 105
Figura 113: Legenda dos instrumentos ..................................................................................... 106
Figura 114: a) Instalação do pino de recalque (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul) ............ 106
Figura 115: Marco superficial ................................................................................................... 108
Figura 116: Região das praças do jardim de Alah, previamente à mobilização dos canteiros de
obra............................................................................................................................................ 109
Figura 117: Região proxima a cruzada, previamente à mobilização dos canteiros de obra ...... 110
Figura 118: Região do canteiro de obras da estação do Jardim de Alah ................................... 111
Figura 119: Mudanças para construção da ponte provisória (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul) ............................................................................................................................................ 112
Figura 120: Região da obra e desvios realizados ...................................................................... 113
Figura 121: Interferências deslocadas. ...................................................................................... 114
Figura 122: Remanejamento de redes ....................................................................................... 115
Figura 123: Layout da estação, com seus eixos e a posição dos silos ....................................... 116
Figura 124: Cortina de CCP, a fim de minimizar os recalques nas fundações dos prédios ...... 117
Figura 125: Mapa das atividades por área, ao início da obra .................................................... 118
Figura 126: Operação da hidrofresa .......................................................................................... 119
Figura 127: Central desarenadora da hidrofresa........................................................................ 120
Figura 128: Estação de tratamento de fluidos da hidrofresa ..................................................... 120
Figura 129: Armação do primeiro pano da laje de teto ............................................................. 122
Figura 130: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul) ............................................................................................................................................ 123
Figura 131: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul) ............................................................................................................................................ 123
Figura 132: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul) ............................................................................................................................................ 124
Figura 133:Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4
Sul) ............................................................................................................................................ 124
12
Índice de tabelas
13
1 Introdução
Figura 1: Ocupação urbana e direção da expansão, no início do século XIX (GUEDES, 2014)
Com o passar do tempo, melhorias e aberturas de ligações viárias do centro com a Zona
Sul, bem como obras de saneamento e canalização dos rios foram sendo realizadas. Ao
1
final do século XIX, as classes mais bem sucedidas buscaram moradia ao longo da orla
marítima, seguindo as direções Sul e Sudoeste, conforme ilustrado na figura 2. Grandes
investimentos em infraestrutura eram necessários nessa mudança de direção, sendo
algumas classes mais beneficiadas por esses investimentos. As regiões menos
beneficiadas, naturalmente, foram ocupadas pelas classes mais pobres.
Figura 2: Ocupação urbana e direção da expansão, a partir do século XIX (GUEDES, 2014)
2
1.2 Histórico do metrô no Rio de Janeiro
3
Em 5 de março de 1979, iniciaram-se as operações do Metrô do Rio de Janeiro. Com
extensão de 4,3 km, a Linha 1 era composta de 5 estações: Praça Onze, Central,
Presidente Vargas, Cinelândia e Glória. Nos primeiros 10 dias de operação o sistema
transportou mais de 500 mil pessoas, com média diária de quase 60 mil passageiros. A
estação mais movimentada era a Cinelândia, que respondia por cerca de um terço do
movimento. A figura 4 mostra um registro de sua construção, com destaque para o
teatro municipal nas próximo à estação da cinelândia.
Nos anos 80 foram inauguradas outras cinco estações, ampliando a malha existente:
Estácio, Uruguaiana, Catete, Flamengo e Botafogo. A figura 5 mostra as obras da
estação Uruguaiana, em 1975. Chama atenção pela grande quantidade de escoramento
utilizado para contenção da vala.
4
Figura 5: Obras da estação Uruguaiana, 1975 (Disponível em:
< http://acervo.oglobo.globo.com/fotogalerias/construcao-do-metro-do-rio-9372304>)
Nos anos 90, foram inauguradas as estações de Engenho da Rainha, Thomaz Coelho e
Vicente de Carvalho, que criaram pontos de parada na linha 2 no trecho entre Nova
América e Irajá. Ainda para a Linha 2, inauguraram as estações Colégio, Coelho Neto,
Engenheiro Rubens Paiva, Acari/Fazenda Botafogo e Pavuna. Nesta década, a única
estação inaugurada na Linha 1 foi a estação de Cardeal Arcoverde, no tradicional bairro
de Copacabana. Cabe ressaltar que a estação Cardeal Arcoverde teve seu método
5
executivo inovador para a engenharia brasileira de túneis, pois o traçado do metrô não
seguiu por baixo das ruas, mas pela cadeia de rochas que circunda o bairro, utilizando-
se do método de detonação controlada. Até então, era necessário interromper o tráfego
nas ruas por baixo das quais o metrô passaria, abrir valas escoradas conforme mostrado
nas figuras anteriores, concretar os túneis e posteriormente fechá-los novamente.
Os anos 2000 foram marcados pela integração do metrô com outros modais, diminuindo
o investimento em obras de túneis e de estações. Apesar da implantação de um sistema
de integração com outros modais ser inicialmente mais barata e causar menos transtorno
momentaneamente, o uso do metrô como transporte público representa inúmeras
vantagens, sendo mais rápido e não impactando no trânsito a longo prazo. Os incentivos
por parte das concessionárias de carro para cada cidadão brasileiro adquirir um
automóvel, somados com a ajuda do governo em diversos financiamentos, resultaram
em um grande aumento do número de veículos na rua, impactando fortemente no
trânsito da cidade do Rio de Janeiro. Nos anos 2000, inauguraram-se apenas três
estações na Linha 1: Siqueira Campos e Cantagalo, ambas no bairro de Copacabana;
General Osório, no bairro de Ipanema.
6
Figura 6: Malha do metrô do Rio de Janeiro (Disponível em: <https://www.metrorio.com.br/VadeMetro/Mapas>)
7
Desde os primeiros projetos da Linha 2, era previsto que esta chegaria à Praça XV.
Sendo assim, as obras da Estação Carioca foram realizadas considerando a chegada da
Linha 2. A figura 7 ilustra a plataforma parcialmente concluída nos anos 80, e desde
então abandonada.
Figura 7: Plataforma abaixo do metrô da estação Carioca, abandonada desde sua parcial conclusão nos anos 80
(Disponível em: < http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/11/obras-de-ampliacao-da-linha-2-do-metro-
comecam-em-2017-diz-governo.html>)
8
Figura 8: Trecho de ampliação da Linha 2, previsto para ter início em 2017 (Disponível em: <
http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2015/11/obras-de-ampliacao-da-linha-2-do-metro-comecam-em-
2017-diz-governo.html>)
9
Carioca até Araribóia, atravessando a Baía de Guanabara; a terceira, ligando
definitivamente São Gonçalo a Itaboraí. É essencial que esta linha chegue até Itaboraí,
ligando-se ao Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Este, tem tudo para
se tornar o coração de um grande parque industrial, que irá transformar profundamente
o perfil industrial, econômico e ambiental da região. Fica notório a necessidade de levar
o transporte metroviário para região, a fim de atender as demandas de transporte que
irão surgir.
O presente trabalho tem por objetivo relatar todos os passos que englobam a execução
de uma obra com grandes escavações realizadas em centros urbanos, muito comum nos
dias de hoje. Pretende-se passar ao leitor os aspectos mais importantes durante a
elaboração de um projeto, desde à fase de investigação ao dimensionamento das
estruturas. Posteriormente, apresenta-se um estudo de caso da construção da estação
10
Jardim de Alah, no Leblon, parte do traçado da Linha 4 do metrô do Rio de Janeiro,
passando para o leitor os detalhes dos processos executivos da obra, para auxiliar
futuros empreendimentos que necessitem de grandes escavações urbanas.
1.6 Estrutura
11
de Alah, Linha 4 Sul – Metrô Rio; Resumo, considerações e sugestões para futuros
trabalhos.
O primeiro capítulo inicia-se situando o leitor sobre como se deu a expansão urbana da
cidade do Rio de Janeiro, antes do desenvolvimento da primeira linha metroviária, em
1979. Relata um histórico acerca da construção das primeiras linhas do Metrô do Rio de
Janeiro, abordando superficialmente os aspectos de como eram executadas as obras na
época. Indica também futuros projetos para novas linhas do metrô, o que se relaciona
com a expansão urbana da cidade do Rio de Janeiro.
12
2 Critérios para escolhas em grandes
escavações urbanas
2.1 Generalidades
Obras de engenharia que exigem construções de subsolos se tornaram cada vez mais
comuns nos dias de hoje. Devido à falta de espaço em grandes centros urbanos,
principalmente pelo excesso de residências, empreendimentos comerciais como prédios,
hotéis e shoppings, a escavação de níveis de subsolos profundos tem sido uma solução
muito empregada.
Níveis de
Época: Alturas de escavação
subsolo
Até 1960: 1 Até 3,00 m
Décadas de 1960 até 1970 2 6,00 m
Décadas de 1970 até 1990 3 9,00 m
Décadas de 1990 até 2010 4 12m a 15m
Tendências atuais: acima de 4 superiores a 20m
13
11, com o cravamento de perfis I metálicos e pranchas de madeira entre eles para
garantir o travamento e estabilização da escavação.
14
Grandes escavações urbanas são obras desafiadoras que necessitam de um
monitoramento e controle muito bem executados. MILITISKY (2012) apresenta os
principais passos necessários para um projeto e execução de escavações em meio
urbano. As figuras 13 e 14 ilustram acidentes em grandes escavações urbanas que
aconteceram devido a mà conduta, provavelmente, no projeto ou na execução.
15
Para projetos e execução de obras de engenharia que englobam a construção de subsolos
em áreas urbanas é necessária uma equipe com profissionais de diferentes
especialidades, todos trabalhando em conjunto, além de uma instrumentação eficiente,
onde o acompanhamento em tempo real é imprescindivel. Antes do início das atividades
é necessário um abrangente plano de investigação geotécnica da área em questão para
serem feitas previsões do comportamento do solo, além das perturbações da obra nos
arredores e prevendo possíveis remediações e soluções alternativas. A comunicação
permanente durante a execução do empreendimento entre todos os profissionais
envolvidos é essencial, durante todos os eventos relevantes ao projeto, desde tomadas
de decisões imediatas até possíveis revisões e alterações no projeto. Os relatórios da
instrumentação devem ser sempre conferidos e interpretados, verificando-se as leituras
dos instrumentos. Se o comportamento do maciço e os deslocamentos não estão
compatíveis com o que havia sido previsto em projeto, toda a equipe deve se reunir para
tomada de uma decisão conjunta, em tempo hábil.
Os parâmetros e dados dos solos são de essencial importância para cálculos de esforços
e deformações, pois são os dados de entrada em diversos programas de análises e
simulações. A determinação do estado de tensões inciais da obra, como as tensões
existentes no maciço e módulos de cisalhamento são obtidos através de ensaios
16
realizados in situ e são vitais para análise da situação. Muitas vezes, para grandes
profundidades, ensaios em laboratório são inviáveis, devido a incapacidade de se
conseguir uma amostra perfeitamente indeformada, sendo necessário ensaios de campo
para a obtenção dos parâmetros. MILITISTKY (2012) lista as principais características
pertinentes sobre o solo em grandes escavações: a natureza das camadas, resistência,
estado inicial de tensões, permeabilidade, presença de água e sua natureza, eventual
contaminação e presença de obstruções naturais (matacões, por exemplo).
As investigações geotécnicas podem ser divididas em duas fases, sendo a primeira uma
campanha de caráter preliminar, com o objetivo de reconhecer a estratigrafia do solo,
para execução de um projeto básico, e a segunda uma investigação com ensaios mais
específicos, visando obtenção de parâmetros para elaboração de projetos.
17
índices Nspt são fornecidos. A grande vantagem das sondagens à percussão é a
obtenção de amostras, mesmo que deformadas, e o preço, que dentre as opções para
investigação geotécnica é o menor.
18
Figura 15: Boletim de sondagem à percussão (LIMA, 1979)
19
Tabela 2: Resumo da quantidade de furos de sondagem, segundo NBR 8036-1983
20
Figura 16: Métodos geofísicos de investigação e suas aplicações (STOKOE, 2000)
Esses ensaios são realizados através da geração de uma pertubação em algum ponto no
meio e com a monitoramento dos movimentos correspondentes (ondas de tensão) em
outros pontos, podendo ser dividido em 2 tipos:
Ativos: no qual uma onda é gerada de uma fonte que faz parte do teste
Passivos: empregados quando um ruído existente no subsolo pode ser usado
como fonte de excitação.
21
Figura 17: Ensaio sísmico ativo e intrusivo (STOKOE, 2004)
22
representadas em campo devem ser retirados com cuidado a fim de garantir que seja
uma amostra representativa. Reforços como parafina para preservar a umidade, telas e
caixa de madeira para proteger o bloco contra impacto são utilizados. A partir dele,
ensaios triaxiais, cisalhamento direto e cisalhamento simples podem ser realizados,
obtendo-se os parâmetros de resistência do solo, além de ensaios de adensamento para
obtenção de módulos de deformação.
Figura 19: Cuidados com a amostra após sua retirada (MAGNOS e ALMEIDA, 2012)
23
oedométrico. Em relação ao primeiro critério, em torno de 60% das amostras
apresentaram qualidade boa a regular, enquanto que em relação ao segundo critério essa
relação sobre para 73%, confirmando a eficácia do uso do amostrador tipo Shelby e de
todos procedimentos adotados para preservação das amostras. A figura 20 mostra os
resultados.
Figura 20: Verificação da qualidade das amostras retiradas (MAGNOS e ALMEIDA, 2012)
24
Figura 21: Ensaio de cisalhamento direto para areias inderfomadas (CORDEIRO, 2004)
25
Figura 22: Correlações para obtenção de parâmetros, a partir do ensaio de Dilatômetro (LUTE NEGGER 1988)
26
VIEIRA (1994) relata ensaios de dilatômetro executados nas argilas mole de Sarapuí,
envolvendo as duas campanhas realizadas (1985 e 1992). Demonstra a obtenção dos
índices do dilatômetro e as correlações para obtenção de parâmetros. Conclue que a
estimativa de Su através de ensaios de dilatômetro deve ser acompanhada de um estudo
abrangente do caso em análise a fim de decidir pela aplicação ou não da correção de
BJERRUM (1973). Em relação à razão de sobreadensamento OCR, os resultados
obtidos a partir de correlações foram satisfatórios.
Figura 24: Grau de confiabilidade dos parâmetros geotécnicos obtidos por correlações a partir do ensaio de cone
(LUNNE et.al, 1989)
27
Posteriormente surgiram aprimoramentos do ensaio, como o cone elétrico e a sonda
piezométrica, cuja extremidade possue um elemento poroso cilíndrico conectado a um
transdutor elétrico de pressão permitindo a medição da poro-pressão gerada durante a
penetração. Tais incorporações resultaram no equipamento denominado piezocone, cujo
mecanismo de cravação é composto por sistemas hidráulico de cravação à velocidade
constante de 2cm/s e um sistema de aquisição de dados, adicionando uma nova
dimensão à interpretação analítica dos dados. O piezocone é ilustrado na figura 25.
=
×
Onde,
28
d = diâmetro da barra cilíndrica
Nb = fator barra
29
Figura 27: Tensões na barra cilíndrica se anulam (DANZINGER, 2016)
2.2.2.5 Palheta
30
Figura 28: Ensaio de palheta (DANZINGER, 2016)
31
2.3 Interferências e dificuldades
Neste sentido, 2 exemplos podem ser citados: um na cidade de Santos e outro no Rio de
Janeiro. Em Santos, ROCHA et.al. (2008) relata a construção de um edifício com 3
subsolos. As paredes diafragma foram ancoradas com tirantes apenas em seu nível
inicial, região onde se encontravam as fundações diretas da construção vizinha. Tal
32
medida foi prevista e executada para minimizar ao máximo as pertubações nessas
sapatas, devido as condições que as antigas fundações se encontravam. BARROS F.
et.al.(2007) relataram o famoso caso do edifício Rochedo, onde não existiam desenhos e
plantas das estruturas de fundação. Com os recalques provenientes da construção do
túnel de acesso da obra do metrô de Copacabana, a solução encontrada foi uma
avaliação estrutural e das fundações através de escavações dos pisos de garagem. Desta
forma foi possível identificação das sapatas, conforme mostrado na figura 29.
O estudo das condições vizinhas, principalmente quando estas são lindeiras, levam a
providências antes desconhecidas, como a necessidade de eventuais reforços de
fundações, caso apresentado do edifício Rochedo. Vistorias de vizinhança também
devem ser realizadas previamente ao inicio da obra, com a execução do laudo de
vistoria, ou Ad perpetuam rex memoriam. A obrigatoriedade legal da inspeção de
vizinhança está explicitamente apontada pelo congresso nacional no Estatuto da Cidade,
lei 10.257 de 10 de julho de 2001. Esses relatórios devem conter:
Como nestes laudos de vistoria aparecem todas as condições das edificações que podem
ser afetadas com a obra os executantes podem identificar precisamente se alguma
33
anomalia que apareceu em alguma construção foi resultante daquela atividade, ou se
esta já estava presente antes mesmo do início da obra.
34
entre si. A figura 30 ilustra como as cortinas de estacas podem funcionar: em balanço,
engastadas no terreno; com tirantes; com escoras.
Figura 30: a) Cortina em balanço engastada no terreno; b) Cortina atirantada; c) Cortina com escoras
Figura 31: Cortina de estacas espaçadas (MEIRELES, 2006) Figura 32: Cortina de estacas tangentes (MEIRELES,
2006)
36
Perfis metálicos (ou trilhos) são cravados ao longo de todo o perímetro da obra,
espaçados geralmente de 1 a 2 metros, conforme a figura 35. À medida que o terreno vai
sendo escavado, são colocados pranchões de madeira ou pré fabricados de concreto,
formando uma cortina. Conforme a profundidade vai aumentando, as pranchas vão
acompanhando a escavação, e novos segmentos são colocados de forma a sustentar o
empuxo do solo.
37
Figura 36: Processo executivo das lamelas (Disponível em: <http://pet.ecv.ufsc.br/2013/11/metodos-para-
construcao-de-parede-diafragma-clamshell-e-hidrofresa/>)
No brasil faz-se uso de 2 tipos diferentes: JG tipo 1 ou CCP (Cement Churning Pile),
executado sem o uso de ar comprimido e JG tipo 2 ou Jumbo Jet, realizado com ar
comprimido, o que possibilita um maior alcance do jato, aumentando significativamente
o volume de solo tratado.
38
2.4.2 Escolha do tipo de contenção
39
Após definida a natureza da contenção, inicia-se seu dimensionamento. Devem ser
consideradas todas as etapas de implantação nos cálculos, pois a cada fase da escavação
a estrutura estará sujeita a diferente ações. Se a estrutura for trabalhar com tirantes e
escoramentos, a cada fase de escavação e instalação os esforços são diferentes e
também devem ter sido previamente calculados, assim como pertubações nas
edificações vizinhas. Deve-se levar em consideração também a condição final de apoio
da estrutura e as solicitações que serão transferidas quando tirantes e escoras forem
desativados. O dimensionamento final será aquele que cubra a envoltória em todas as
fases e situações verificadas, de forma mais satisfatória e com melhor custo.
40
Tabela 3: Métodos de análise utilizados para grandes escavações urbanas – vantagens e desvantagens (CIRIA,
2003)
Reação do Subleito/Elementos √ √ √ √ √ √ √
pseudo-finitos
Elementos Finitos/Diferenças
Finitas:
- elasto-plástico, modelo
√ √ √ √ √ √ √
Mohr-Coulomb
- modelos de rigidez não
√ √ (1) (1) (1) (1) (1)
linear
41
A responsabilidade do projetista em qualquer obra de engenharia é enorme. Em grandes
escavações, principalmente em meios urbanos, não seria diferente. Neste contexto, é
muito comum neste tipo de obra, a adoção por parte dos projetistas de um método de
análise sofisticado. O método dos elementos finitos e das diferenças finitas muitas vezes
é o escolhido, desta forma maior ênfase será dada a este método de análise. Nele, os
parâmetros de entrada são de extrema importância, pois o programa roda toda a análise
em cima destes, e todos os resultados serão baseados nesses parâmetros. Logo, fica
evidente a necessidade de parâmetros com alto grau de confiabilidade, sendo indicado a
realização de ensaios mais específicos. Não é recomendável uma análise por métodos
numéricos, por exemplo, com parâmetros obtidos por correlações com ensaios SPT.
Figura 38: Parede diafragma – canal de acesso do porto de Açu (CHUVA, 2011)
Para determinação dos esforços na parede e nos tirantes foi considerado um maciço
homogêneo em condições drenadas, e um ângulo de atrito de 30°. A origem dos
parâmetros utilizados não foi muito bem definida, mas reitera-se novamente a
necessidade de parâmetros obtidos com alto grau de confiabilidade. A parede foi
modelada no programa de análise estrutural STRAP 2009. A análise dos esforços na
42
parede é feita em duas dimensões. Visto que estão previstos deslocamentos na parede,
foi considerado o estado limite de serviço, optando-se por um método que considera o
apoio oferecido pelo solo na ficha como um sistema de molas. Estas, foram
consideradas com K (constante elástica da mola) = 5.000 kN/m, espaçadas a cada 50cm,
no trecho da ficha (10m). A ancoragem também é simulada, como um apoio na cota
correspondente. O modelo estrutural e os carregamentos, calculados pela teoria de
rankine, são ilustrados nas figuras 39, 40. O empuxo passivo foi desprezado.
43
Figura 39: Modelo estrutural (dimensões em milímetros) Figura 40: Carregamento (kN/m) (CHUVA, 2011)
44
Figura 41: Diagrama de momento fletor (kN/m)/ Diagrama de esforços cortantes (kN)/ Reação nos tirantes e nas
molas (kN)
A análise quanto a estabilidade da estrutura foi feita pelo PLAXIS, efetuada em estado
plano de deformação. A seção considerada é uma seção transversal, perpendicular às
faces da escavação. A figura 42 ilustra a malha de elementos finitos.
45
A análise simula diferentes etapas da escavação, conforme sugerido anteriormente. As
figuras 43, 44 e 45 ilustram as etapas de escavação. Primeiro, ativou-se a cortina e
depois escavou-se até 0,5m abaixo do nível da ancoragem; depois, ativou-se a
ancoragem e dragou-se até uma cota intermediária de -6m; finalmente, draga-se o solo
até a cota final. A figura 46 mostra a deformada da estrutura na rotura. Os valores dos
deslocamentos sofridos pela estrutura não foram fornecidas pelo autor.
Figura 43: Escavação até 0,5 abaixo do nível da ancoragem (CHUVA, 2011)
46
Figura 46: Deformada da estrutura (CHUVA, 2011)
47
de diafragma inicialmente iam ter profundidades até atingir camadas de argilas com
permeabilidades muito baixas. Quando tais camadas ficam muito custosas de serem
alcançadas ou extender a estrutura a essas profundidades é inviável, outra solução deve
ser tomada. SCHPUN (2008) descreve a criação de um tampão com injeções de Jet
Grouting (JG), a segunda adaptação do projeto dessa obra. Inicialmente era previsto a
escavação em taludes, adaptado para execução de paredes de diafragma com
rebaixamento do lençol freático, opção descartada devido aos altos gastos com
rebaixamento. A nova solução surge para criar uma laje interna as paredes de
diafragma, de permeabilidade teoricamente nula, que suporte a pressão de água,
permitindo a escavação apenas com bombas de esgotamento da água confinada entre
seu fundo e sua parede de diafragma. Sob este tampão de JG, ainda foram realizadas
colunas de CCP (Cement Churning Pile) armadas, com arranques para a execução da
laje de fundo, garantindo que estas colunas se ancorassem à laje de subpressão,
minorando os seus esforços de flexão.
48
A segurança das estruturas tem que ser satisfeita, dentro de seus estados limites. Um
estado limite faz referência a uma medida do desempenho de uma estrutura. SIMPSON
E DRISCOLL (1998) definem:
"É aquela na qual a atenção fica focada em afastar a estrutura desta condição, ou seja,
além da situação onde a estrutura de contenção não mais satisfaz os requisitos de
desempenho do projeto. Isto se refere a danos, perda econômica ou situações
inseguras. No projeto referente aos estados limites, é dedicada atenção ao inesperado,
indesejável e condições improváveis na qual a construção deixa de se comportar
satisfatoriamente. Isto pode ser feito pela adoção de valores pessimistas de parâmetros
de projeto, resistência, cargas e geometria, checando para que, mesmo nestas
condições, a estrutura não colapso. O grau de pessimismo associado ao parâmetro
selecionado dependerá da severidade e da consequencia do estado limite a que está
associado"
No trabalho da CIRIA (2003) são relatados os motivos associados aos colapsos das
estruturas:
49
conhecimento inadequado das condições geológico-geotécnico e hidro-
geológico local;
projeto deficiente com mau detalhamento construtivo e de especificações;
mão de obra especializada de má qualidade na execução dos sistemas de suporte;
sequência construtiva inadequada resultando empuxos diferentes e superiores
aos de projeto;
controle inadequado das estapas construtivads, tais como escavação além de
cotas definidas para implantação dos escoramentos, obrecargas não consideradas
de equipamentos pesados ajdacentes.
50
complicada, pois exigem um conhecimento profundo das propriedades do solo em que
as estruturas de fundação das edificações estão assentes, fora o agravante citado
anteriormente que muitas vezes prédios antigos não possuem mais a planta de fundação,
exigindo ainda um estudo da estrutura da edificação para posterior análise. PECK
(1969) estudou diversos casos, fazendo a primeira coleção de casos reais, e a figura 48
ilustra o comportamento de diferentes solos quando ocorrem movimentações proximas
a eles e seus recalques. Vale ressaltar que este gráfico foi composto por análises
empíricas, coletando informações de obras e medidas reais.
Figura 48: Relação do deslocamento dos solos devido a movimentação de massas (PECK, 1969)
51
sua protenção realizada logo após sua execução, mais tempo é dado para ocorrer a
movimentação do solo e consequente recalque nas edificações vizinhas, ainda mais
quando algum tirante encontra alguma obstrução em que o furo fica "aberto"até
desenvolver uma solução.
Os recalques são influenciados diretamente por diversos fatores, sendo necessários que
todos sejam considerados na elaboração do projeto:
52
Figura 49: PLAXIS 3D Tunnel, caso do metrô de salvador (FOÁ, 2005)
53
380 e 384 situados na Rua Tonelero, ambos com suas fundações superficiais assentes
em rocha. Considerou-se modelo elástico linear plástico, com plastificação por Mohr-
Coulomb, modelo 2D, em estado plano de deformação. Os parâmetros de
deformabilidade e resistência foram estimados a partir da caracterização geomecânica
da rocha, adotando-se resistência a compressão simples entre 100 e 150 MPa, módulo
de deformabilidade entre 25 a 50 Gpa, coeficiente de Poisson de 0,25, ângulo de atrito
de 45° e coesão de 20 MPa. A fonte para escolha dos valores desses parâmetros não é
explicitada. A figura 51 ilustra a malha modelada.
54
Figura 52: Malha inicial (SOZIO, 2010) Figura 53: Remoção da parte superior (SOZIO, 2010)
Figura 54: Simulação do edifício e sua sobrecarga Figura 55: Simulação da escavação do túnel (SOZIO, 2010)
Fica evidente a necessidade de um forte controle acerca das atividades que envolvem a
obra, não só com as estruturas de contenção mas principalmente com as edificações
vizinhas. É normal moradores dessas residências diretamente influenciadas pela obra
apresentarem reclamações e insatisfações diárias, sendo necessário um
acompanhamento de perto e uma equipe disponível 24 horas por dia caso seja
necessário alguma visita. Destaca-se novamente a importância de um laudo de vistoria
realizado previamente à construção da obra, para a equipe construtura ter certeza se ela
foi a responsável pelo dano existente.
55
mínimos para os valores das leituras são estipulados, e providências devem ser tomadas
caso estes sejam atingidos.
56
Figura 56: Danos devido à recalques diferenciais (MILITISTKY, 2010)
57
Figura 58: Controle de danos em alvenarias (NATIONAL COAL BOARD, 1975)
58
rebaixamento, recarga etc. A instalação de marcos superficiais e tassômetros permite o
conhecimento dos deslocamentos do maciço em várias distâncias da contenção.
Inclinômetros fornecem leituras de inclinações durante as diversas etapas da obra, assim
como sua instalação dentro das estruturas de contenção permite a medida dos
deslocamentos, a curvatura do elemento estrutural e uma análise de dados mais precisa,
podendo confrontar o deslocamento da estrutura de contenção com o previsto
anteriormente. Células de carga em estroncas ou em tirantes permitem o
acompanhamento das reações ao longo da implantação, identificando situações
anômalas ou sinais de risco nas estruturas. MILITISTKY (2000) apresenta um resumo
da instrumentação adequada a cada situação, mostrada na figura 59:
59
3 Estudo de caso: Construção da estação
Jardim de Alah, Linha 4 Sul – Metrô Rio
3.1 Introdução
“A linha 4 vai sair do papel. Mas, para mim, a concessão dada há 10 anos é um
equívoco e não há chances de se fazer o traçado original (que previa que o percurso
começaria no Morro São João, em Botafogo). Nele, o usuário teria que pagar R$ 6,20
para depois pagar mais 2,20 na linha 1. Seria o metrô mais caro do mundo, o que não
tem cabimento. Então, o Estado vai bancar a construção dentro de um traçado que nos
interessa. O original, via Humaitá e Botafogo, previa 160 mil passageiros por dia,
enquanto o nosso prevê 280 mil passageiros diariamente, com um custo muito mais
barato. Será a integração da Zona Sul com Barra, Jacarepaguá e Recreio e, ao mesmo
tempo, da Barra, Jacarepaguá e Recreio não só com a Zona Sul, mas também com o
Centro da cidade.”
A Linha 4 agora inicia seu trajeto na Estação General Osório, no qual foi construída
uma expansão para atender à nova linha, localizada no bairro de Ipanema. Passa pelas
estações Nossa Senhora da Paz, também em Ipanema; pelas estações Jardim de Alah e
Antero de Quental, ambas no Leblon; pela estação da Gávea; seguindo para estação de
São conrado e terminando seu trajeto na estação Jardim Oceânico, localizada no bairro
da Barra da Tijuca. A linha nova terá 16 quilômetros de extensão, com a construção de
6 novas estações e a expansão da estação General Osório.
60
Em fevereiro de 2010, o consórcio assinou contrato com as construtoras Norberto
Odebrecht, Queiroz Galvão e Carioca Engenharia, para realização e execução das obras.
Foram criados 2 consórcios diferentes: O Consórcio Linha 4 Sul, no qual a empresa
Norberto Odebrecht é líder, responsável pela execução do trecho da estação General
Osório, incluindo as obras de expansão, até a estação da Gávea; Consórcio Construtor
Barra, no qual a empresa Queiroz Galvão é líder, responsável pelo trecho desde a
estação da Gávea, inclusive sua construçao, até a estação Jardim Oceânico.
Com essa mudança, a linha 4 terá capacidade para transportar aproximadamente 300 mil
passageiros por dia. Destaca-se algumas vantagens que a implantação da Linha 4 trará
para a cidade, segundo o Estudo de Demanda apresentado pela Fundação Getúlio
Vargas (FGV): menos de 2 mil carros por hora/pico nas ruas; melhoria do trânsito nas
principais vias de acesso dos bairros beneficiados, com redução de aproximadamente
40% nas viagens de automóveis; redução de cerca de 48% para as frotas de ônibus nos
bairros beneficiados.
Figura 60: Localização da estação Jardim Oceânico (Adaptada de Google maps. Disponível em
<https://www.google.com.br/maps/place/Jardim+Oce%C3%A2nico/@-23.0067722,-
43.3125631,17z/data=!3m1!4b1!4m5!3m4!1s0x9bd0b87ec0a9b3:0xacd510404de13fd6!8m2!3d-23.0067722!4d-
43.3103744>)
61
É a primeira estação de metrô na Zona Oeste. Localiza-se em um ponto estratégico pois
oferece serviço de integração com o BRT Transoeste, fazendo ligação com a Alvorada,
importante terminal do BRT, e ligando a Zona Oeste à Zona Norte, até Campo Grande.
A estação conta com três acessos: um deles na Avenida Armando Lombardi, próximo à
Unimed; o segundo, próximo à esquina da Avenida Fernando Mattos; o terceiro na área
de conexão da estação com o BRT Transoeste. Segundo os estudos da FGV, esta
estação é prevista para receber 91.000 passageiros por dia.
A estação da Gávea foi uma das últimas a iniciar suas obras, e sua previsão de entrega
ficou para 2018. Justifica-se o adiamento do prazo devido à mudanças no projeto e ao
62
fato desta estação apresentar duas plataformas, uma para atender a Linha 4 e outra para
operar uma futura linha, uma expansão rumo a Botafogo. Localiza-se no subsolo da
faculdade Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RIO), mostrado em
destaque na figura 62, e terá dois acessos: um na Avenida Padre Leonel Franca, em
frente à PUC; outro na rua Marquês de São Vicente. O bairro da Gávea abriga 22
escolas, uma faculdade de grandes dimensões e o Complexo Habitacional Marquês de
São Vicente, que contempla 308 apartamentos e mais de 1.500 moradores, evidenciando
a urgente necessidade do serviço metroviário na região. É previsto 19.000 passageiros
por dia na estação.
Figura 62: Futura estação do metrô no bairro da Gávea (Adaptada de Google Maps. Disponível em:
(<https://www.google.com.br/maps/place/PUC-Rio/@-22.9790274,-
43.2326773,18z/data=!4m5!3m4!1s0x9bd5b1171026cf:0x825e41e80c7c6f9c!8m2!3d-22.9789188!4d-
43.2323072>)
63
Figura 63: Estação Antero de Quental (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Contará com dois acessos, voltados para as ruas Bartolomeu Mitre e General Urquiza.
Segundo previsões da FGV, a estação contará com 35.000 passageiros por dia.
A estação do Jardim de Alah foi considerada a estação com a obra mais complexa de
todo traçado. Além da proximidade com o canal, a estação não se localiza em uma
praça, como as estações Antero de Quental e a Nossa Senhora da Paz, apresentado
edificações vizinhas muito próximas à obra e uma quantidade de interferências
superiores em relação às outras estações. É também a única que teve escavação em
rocha e necessitou da construção de uma nova ponte sob o canal do Jardim de Alah,
pois a estrutura antiga foi demolida para as obras da estação. Por todos os motivos
citados, a estação do Jardim de Alah será tema de estudo do presente trabalho.
64
Figura 64: Estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Figura 65: Estação Nossa Senhora da paz (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
65
Figura 66: O traçado da Linha 4 (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
66
Figura 67: Estação Jardim de Alah (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
A estação conta com cinco níveis, como ilustrado na figura 68, que representa um corte
longitudinal no corpo da estação: laje de topo; laje de acesso, mezanino, plataforma e
laje de fundo. Nos trechos mais profundos, a profundidade escavada foi de
aproximadamente 25 metros. No total, foram escavados aproximadamente 70.000 m³ ao
longo de 10 meses. O nível do lençol freático estava entre 2 a 5 metros de profundidade,
sendo necessário esgotar essa água para realizar a escavação.
Figura 68: Corte transversal no corpo da estação, evidenciando os cinco níveis (Fonte: Acervo Consórcio Linha 4
Sul, 2015)
O desafio para execução da obra era muito grande. O espaço para execução do canteiro
de obras era muito reduzido, pois a estação se encontra em uma faixa de rua situada
entre duas fileiras de prédios. Foi necessário muita atenção com a segurança estrutural
67
das edificações vizinhas, pois como pode-se notar na figura 69, a distância da obra com
as fundações das edificações lindeiras é muito pequena.
Figura 69: Estação Jardim de Alah e edificações lindeiras (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
68
Figura 70: Canteiro de Obras estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
69
Figura 71: Campanha de investigação (Fonte: acervo Linha 4 Sul, 2015)
3.3.1 Sondagens
Foram realizadas ao longo das duas campanhas sondagens à percussão, rotativa e mista.
Como o objetivo destas é a caracterização da região no qual a obra será realizada,
algumas sondagens tiveram que ser realizadas em calçadas e ruas dos bairros de
Ipanema e Leblon, o que muitas vezes dificultou sua execução, conforme mostrado na
figura 72.
70
Figura 72: Dificuldades na execução de sondagens (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
71
Figura 73: Mapa com a localização das sondagens. Destaque para as sondagens que auxiliaram o traçado dos
perfis (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
72
Figura 74: Perfil geotécnico 1 (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
73
Figura 75: Legenda da caracterização do perfil geotécnico
A partir do perfil geotécnico traçado a partir das sondagens SM-6036, SM-6053 e SM-
6035, pode-se constatar que o solo no local é composto inicialmente por uma cada de 1
metro de aterro de materiais diversos, sendo eles areia, pedregulhos e concreto.
Ultrapassado esse aterro, encontra-se uma camada de areia compacta fina a média.
Constata-se que da sondagem mais próxima à parede sul (SM 6036) até a sondagem
mais à norte (SM-6035), essa camada aumenta de 3m para 6,5m. Depois dessa areia até
encontrar a rocha, o material é uma areia fina a média muito compacta, ocorrendo
apenas uma lente de 1m de argila siltosa mole e da mesma areia encontrada
anteriormente. O comportamento da rocha segue o oposto ao apresentado pela camada
inicial da areia, à medida que na sondagem SM-6036 ela se encontra à 30m de
profundidade e na sondagem SM-6035 à 20,5m, indicando que a rocha mergulha no
sentido parede norte-parede sul.
74
Figura 76: Perfil geotécnico 2 (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
75
predominante areia muito compacta, e a presença de 3 lentes da mesma argila mole
siltosa encontrado no primeiro pefil.
A rocha encontrada nas sondagens e descrita nos perfis é visivel na região, perto do
Shopping Leblon, conforme mostra a figura 77, proximo à parede norte.
Figura 77: Entrada estacionamento shopping leblon, onde é possível ver o gnaisse
76
Figura 78: Classificação maciços rochosos (ISRM, 1978, adaptada por HENCHER, 1993)
Figura 79: Curva granulométrica das amostras deformadas (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
77
Tabela 5: Faixas de tamanho (NBR 7181/1984)
Tamanho do Diâmetro
Fraçao Limite inferior Limite Superior
Matacão 20,000 mm 1,000 mm
Pedra de mão 6,000 mm 20,000 mm
Pedregulho 2,000 mm 6,000 mm
Areia grossa 0,600 mm 2,000 mm
Areia média 0,200 mm 0,600 mm
Areia fina 0,060 mm 0,200 mm
Silte 0,002 mm 0,060 mm
Argila inferior a 0,002mm 0,002
É notório que a granulometria das areias coletadas é bastante uniforme. Pelas curvas
granulométricas, conclui-se que a maioria das amostras deformadas que passaram por
ensaio de peneiramento apresentam um pequeno porcentual de argila e silte, em torno
de 5% e 8%. A maioria das curvas apresentam percentual de pedregulho próximo de
0%, exceto uma provavelmente de uma amostra mais superficial. As amostras ensaiadas
são predominantemente areias médias, equivalente a aproximadamente 80% de sua
composição, apresentando ainda aproximadamente 10% de areia fina, e praticamente
nada de areia grossa.
78
Figura 80: Resultados ensaio dilatômetro (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
3.4 O Projeto
79
laje, a taxa de armação não impossibilitasse o engastamento da armação das lajes. A
figura 81 ilustra uma seção transversal da estação.
Figura 81: Seção transversal da Estação Jardim de Alah (Adaptada de: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
80
3.4.1 Determinação dos esforços
solicitantes
Profundidade de escavação
Dimensões e rigidez do painel
Parâmetros do solo
Nível de água
Esforços na estrutura
Figura 82: Dados de entrada do painél (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
81
Figura 83: Dados de entrada do solo (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Foi utilizado uma camada de carga equivalente de 1,0m com 100kPa para simular a
sobrecarga dos prédios, conforme esquematizado na figura 84. A camada de concreto
inserida representa o tampão de JG que também serviu como estronca à epoca do
desmonte da rocha.
82
Figura 84: Modelagem da parede de diafragma (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
As figuras 85, 86, 87, 88, 89, 90, 91 e 92 ilustram as etapas construtivas para análise dos
esforços solicitantes na estrutura de contenção.
83
Figura 87: Concretagem da laje de teto Figura 88: Escavação da laje de acesso
Figura 89: Concretagem da laje de acesso Figura 90: Escavação para laje de fundo
84
Figura 92: Esforços solicitantes na parede diafragma (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Tabela 7: Índices de vulnerabilidade (PTC: Programa de Transferência de Conhecimento, Concessionária Rio Barra
S.A, 2014)
Figura 93: Mapa de vulnerabilidade dos edifícios (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
86
Durante a etapa de dimensionamento, o programa nos fornece os deslocamentos à cada
etapa construtiva. De posse de todos esses dados, podemos realizar uma avaliação do
risco geotécnico dos edifícios e como as fundações das edificações vizinhas irão
responder às atividades da obra.
87
Figura 94: Colunas de CCP (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
88
Figura 95: Rolha de entrada (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
89
Figura 96: Necessidade do enchimento com água, a fim de minimzar riscos de carreamento de material (Fonte:
acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Figura 97: Septo de jet grouting (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Figura 98: Técnica de breakthrough submerso (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
90
Tampão de fundo: Foram executadas 7039 colunas de JG sobrepostas ao longo
de toda área da estação, para garantir a estanqueidade da estação e suportar força
de empuxo causada pelo elevado nível da água.
Muro de Gravidade: Colunas de JG foram executadas, na Asa Sul, de forma a
compor um muro de gravidade, conforme ilustrado na figura 99. Eram
executadas desde a rocha até o nível do terreno. Esta técnica foi adotada para
possibilitar a escavação do corpo da estação separadamente da escavação da Asa
Sul, o que foi necessário devido ao atraso nas atividades.
Figura 99: Muro de gravidade, composto por colunas de JG (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
91
JG armado para contenção: Na construção da nova ponte sobre o canal do
Jardim de Alah foram realizadas dois blocos de estacas raiz e uma viga de
coroamento, conforme mostrado na figura 100. Para a escavação dessa viga,
realizaram-se colunas de JG armadas, de forma a trabalhar como contenção da
escavação aberta para execução da viga. A necessidade da armação, com a
inserção de um tubo de aço carbono, tornou-se necessária a partir do momento
que a coluna trabalha a flexo-compressão, com a remoção do solo que
representava parcela do empuxo passivo.
Figura 100: Planta baixa da nova ponte sobre o canal do Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul,
2015)
92
3.5.2 Estaca Raiz
Figura 101: Passos de execução da estaca raiz (Brasfond, disponível em: <
http://www.brasfond.com.br/fundacoes/eraiz.html> )
93
reforço de fundações ou utilizadas em obras com vizinhanças sensíveis, caso este
aplicado à obra da estação.
Depois que compravada a baixa produtividade, a segunda utilização da estaca raiz foi
substituída, sendo realizadas incialmente apenas nas lamelas da asa sul para ancoragem
em rocha e na infraestrutura da ponte.
A logística para realização desse tipo de estaca deve ser muito bem explicitada. Não só
por questões de espaço para posicionamento das perfuratrizes, mas também porque sua
execução gera muito resíduo, principalmente durante a injeção da calda de cimento e
expulsão do fluido estabilizante, fazendo-se necessário todo um sistema de sucção desse
fluido. Outro fator que deve ser considerado na hora do planejamento e execução
dessas estacas é o fato de que com a aplicação de ar comprimido, estacas subjacentes
podem sofrer danos se não estiverem concretadas e com o processo de cura já iniciado,
inviabilizando a execução de 2 estacas vizinhas em sequencia.
Realizaram-se também estacas raiz para ancorar a laje de fundo nos trechos em que as
lamelas em que esta estava engastada não estavam pinadas na rocha. A imagem 102 foi
tirada durante a execução de uma dessas estacas, no momento em que estavam içando a
armação de uma das estacas.
94
Figura 102: Içamento da armação de uma estaca raiz
95
Figura 103: Hidrofresa
Após o término da escavação, a gaiola de armação da lamela era içada, conforme mostra
a figura 104.
96
Figura 104: Içamento da armação de uma lamela
No trecho correspondente a Asa Sul, previsto para salas técnicas de operação do metrô,
o vão entre as paredes diafragma é de 26 metros. Desta forma, foram executadas
lamelas intermediárias, conforme ilustrado na figura 105, com perfis metálicos no seu
interior. Estes, trabalhariam suportando os esforços da laje de topo, apoioada nesses
pilares, e as lajes do mezanino e plataforma.
97
Figura 105: Planta com as lamelas para estação. Destaque paras lamelas intermediárias, na Asa Sul (Fonte: acervo
Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
98
Figura 106: Escavação Asa Sul. Detalhe para os perfis metálicos
99
Figura 107: Gaiola de armação da lamela, com tubo de espera
100
na face interna e externa da armadura, com barras de aço nas laterais para fazer a
consolidação do contraventamento. Essas barras eram removidas à medida que se
posicionava a armadura dentro da cava da lamela. Utilizou-se ainda 2 guindates para o
içamento de cada gaiola, conforme ilustrado na figura 109.
3.6 Escavação
101
até o próximo nível. O processo foi repetido até atingir-se a cota final. No total, foram
escavados aproximadamente 70.000 m³, durante 10 meses.
Figura 110: Planta da estação, com os eixos (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul, 2015)
Após o início das atividades, a produtividade das execução das colunas de JG não
estava conforme planejado, o que poderia atrapalhar o cronograma. Como o trecho 1 é
por onde o TBM entra na estação, e atrasar sua frente de serviço significaria atrasar a
obra da Linha 4 por completo, era necessário iniciar as escavações pelo trecho 1, apenas
102
no corpo da estação, adiando assim a escavação da Asas Sul e da Asa Norte. Escavar
somente o corpo da estação não era problema para a Asa Norte, pois as lamelas que
dividiam o corpo da estação da Asa Norte foram feitas de forma a fechar a parede
diafragma nesta divisa. Já na Asa Norte, as lamelas que continham os perfis metálicos
eram mais curtas, com sua cota de topo aproximadamente equivalente à cota de fundo
da laje do último nível.
Sendo assim, para liberar o trecho que receberia TBM, uma nova estratégia foi adotada:
5ª fase - Asa Sul e Norte simultaneamente indo laje a laje até se chegar à cota de fundo.
A medida que se avança com a escavação na asa sul, o muro de gravidade é demolido
gradativamente.
A escavação pelos nichos deixado pelas lajes iniciava-se com escavadeiras, trabalhando
na mesma cota dos nichos, escavando o material e carregando caminhões para realizar o
bota fora. À medida que a escavação prosseguiu, as escavadeiras eram içadas pelo nicho
para um nível inferior à laje em que estava, ficando no mesmo nível em que está
trabalhando.
Para acelerar a escavação, foi desenvolvida uma estrutura denominada “abridor”, que
consiste em uma caçamba do tipo clamshell, com abertura na parte inferior e suspensa
por cabos de aço, conforme mostra a figura 111.
103
Figura 111: Abridor: estrutura montada para acelerar as escavações
104
ocorreu o desmonte, pois após a detonação a reação do explosivo pode gerar gás
tóxicos.
105
Figura 113: Legenda dos instrumentos
Figura 114: a) Instalação do pino de recalque (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
106
injeções de JG ou execução de lamelas, tinham seus pinos de recalques lidos 3 vezes por
dia. A tabela 8 mostra os prédios do entorno e a quantidade de pinos de recalque.
107
623 6
625 8
16 Marcos refletores foram instalados nas paredes do Canal do Jardim de Alah e 24 nas
paredes de diafragma da estação, instalados sempre em pares, direcionados um de frente
para o outro. Sua leitura consiste na aferição do comprimento da “corda” que une um
marco ao outro, tornando possível saber se as paredes estão fechando, devido ao
empuxo solicitante.
Dados das leituras e resultados das análises de instrumentação não puderam ser
revelados no presente trabalho. Entretanto, pode-se afirmar que não ocorreu nenhum
108
problema com movimentações das edificações a ponto de se fazer necessário alguma
intervenção.
Frente à toda adversidade citada até então, fica evidente que a construção da estação
Jardim de Alah no Leblon constitue uma grande e complexa obra de engenharia. Desta
forma, foi muito importante que o planejamento na execução da obra fosse muito bem
realizado. Todas as ações adotadas poeriam implicar em grandes problemas, e numa
região como a do canteiro de obras da estação Jardim de Alah, nada poderia dar errado.
1°: Mobilização
Figura 116: Região das praças do jardim de Alah, previamente à mobilização dos canteiros de obra
109
A segunda mobilização se deu entre o canal do Jardim de Alah e a Avenida Ataulfo de
paiva e a cruzada de São sebastião, como podemos ver na figura 118, trecho
correspondente ao da Asa Norte Para essas duas primeiras mobilizações não foi
necessário a interdição de nenhuma rua, ocorrendo sem grandes transtornos.
Figura 117: Região proxima a cruzada, previamente à mobilização dos canteiros de obra
110
Figura 118: Região do canteiro de obras da estação do Jardim de Alah
Para essas mobilizações, interdições de ruas, avenidas e mudança no fluxo dos carros
foram necessárias. Os estudos de impacto no trânsito e as mudanças necessárias para
implantação do canteiro foram coordenadas pela Prefeitura do Rio de Janeiro, através da
Coordenadoria de Engenharia de Tráfego (CET-Rio). Inicialmente, foi feito o desvio do
trânsito da Avenida Ataulfo de Paiva para a Avenida Afrânio de Melo franco, dando
duas opções para o motorista: direção lagoa ou direção à praia. A figura 120 mostram
todas as interdições iniciais.
111
Figura 119: Mudanças para construção da ponte provisória (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
112
Figura 120: Região da obra e desvios realizados
Devido ao massivo número de colunas de JG e de estacas raiz, era primordial iniciar sua
execução. As interferências, porém, representavam um grande empecilho a seu início,
pois centenas de cabos de operadores de serviços como telefonia, internet, fibra ótica,
energia, além de redes de drenagem pluvial, esgoto, gás e água potável estavam
presentes no local. Iniciou-se então a fase de investigação e cadastramento topográfico
113
de todas as interferências. Eram executadas prospecções de aproximadamente dois
metros, de forma a cadastrar cada interferência presente e sua compatibilização com o
projeto de JG, com o posicionamento de tubos guias em trechos que o eixo da coluna
passaria muito perto de alguma interferência, permitindo o início de sua execução nas
regiões onde não atingia-se nenhuma interferência. O remanejamento de todas as redes
foi feito em parceria com todas as operadores, e esse processo se estendeu durante 6
meses, devido ao grande número de interferências. A figura 122 mostra uma rede de gás
e canaflex com redes deslocadas de sua posição original, provisoriamente, a fim de
viabilizar a execução das atividades em suas respectivas posições de projeto. Observa-se
também um inclinômetro para monitoramento da região.
114
A figura 123 dá uma boa ideia das dimensões e quantidades do remanejamento
realizado, a fim de viabilizar o início das atividades
Foram instalados na asa sul grandes silos de cimento e água, abastecendo bombas que
alimentavam por mangueiras as perfuratrizes de JG. As injeções de JG começaram no
corpo da estação, entre os eixos 1 e 13, com início da execução das colunas para
impermeabilização do fundo da estação. A figura 124 mostra o esquema da estação,
incluindo os eixos de localização e a posição dos silos.
115
Figura 123: Layout da estação, com seus eixos e a posição dos silos
Em seguida iniciou-se a execução das estacas raiz como forma de reforço de fundação,
visando blindar as fundações dos prédios existentes. A cortina de estaca raiz se fazia
necessária devido à escavação das lamelas à uma distância muito reduzida das
fundações das edificações lindeiras, e também devido às injeções de JG previstas na
parte externa das lamelas, entre a parede diafragma e as fundações dos edifícios, de
forma a vedar a junta entre elas. Essas injeções poderiam causar recalques elevados nas
fundações.
Foram realizadas algumas estacas até a constatação de que sua produtividade não era
satisfatória Foi proposto então a mudança de estacas para colunas de CCP, que
apresentou um índice de produtividade maior. A figura 125 ilustra um corte transversal,
mostrando a posição da parede diafragma e da cortina de CCP.
116
Figura 124: Cortina de CCP, a fim de minimizar os recalques nas fundações dos prédios
Para melhor logística dentro do canteiro, iniciou-se a execução das lamelas das parede
diafragma na Asa Sul, permanecendo ali até a conclusão de todas dessa região, com a
execução de JG e CCP sendo realizadas no corpo da estação e na Asa Norte. Com as
lamelas da Asa Sul finalizadas, as perfuratrízes de JG foram deslocadas para Asa Sul,
enquanto o clam shell deslocado para Asa Norte para dar início à execução das lamelas
dessa região. A figura 126 mostra um mapa da estação e das primeiras atividades em
cada área.
117
Figura 125: Mapa das atividades por área, ao início da obra
Fez-se necessário um estudo na busca por alternativas para o impasse. De forma a não
prejudicar o cronograma da obra, permaneceu a execução de lamelas na Asa Sul, trecho
este em que já havia sido previsto a rocha em grandes profundidades, com algumas
lamelas executadas com tubos de espera para posterior execução de estacas raiz, de
forma a ancorar a lamela à rocha.
A constatação da nova posição da rocha foi de grande impacto para a obra. Pode-se
justificar esse fato à falta de adequada investigação geotécnica. Confirmação sobre a
posição do topo rochoso era essencial para a obra. Caso a investigação geotécnica
tivesse sido feita de forma adequada, talvez com ensaios geofísicos que definam melhor
a estratigrafia do local, a posição da rocha não seria surpresa.
7°: Execução das lamelas com hidrofresa nos trechos com rocha
118
central de tratamento de fluidos, pois à medida que solo e rocha desagregados ficam em
suspensão no fluido estabilizante, estes são direcionados para a central de tratamento
através de tubos de sucção, no qual passam por tratamento, separação dos sólidos, tudo
isso visando a reutilização do fluido estabilizante. A figura 127 ilustra o processo de
operação da hidrofresa e suas estacões.
119
Figura 127: Central desarenadora da hidrofresa
Com suas estruturas de apoio estabelecidas na Asa Norte, a produção das colunas de JG
nessa região ficaram interrompidas, fazendo-se necessário uma reestruturação do
cronograma. A adoção da hidrofresa também impactou no custo da obra, uma vez que a
utilização deste equipamento não era previsto inicialmente.
120
com a hidrofresa, com os trechos escavados de rocha variando de três a cinco metros,
totalizando no mínimo 14 horas de operação para a escavação em rocha. Logo, seria
necessário operar depois de 22:00 horas para terminar. Como isso não era possível,
principalmente devido à proximidade dos prédios com o canteiro de obras, fez-se
necessário a criação de um terceiro turno com o único propósito de monitorar as
características da bentonita, usada para estabilizar as paredes da escavação da lamela.
8°: Execução das colunas de vedação e de Estacas Raiz das lamelas da asa sul
Após execução de grande parte das lamelas com a hidrofresa no corpo da estação, foi
possível a mobilização das perfuratrizes de JG para execução das colunas de vedação
entre as lamelas. Isso possibilitou a mobilização da perfuratriz para a execução das
estacas raiz na Asa Sul dentro das lamelas.
Após terminada todas as lamelas e todas injeções de Jet Grouting no corpo da estação, o
esqueleto sólido da estação estava completo. Iniciaram-se os serviços de formas,
armação e concretragem dos panos da laje de teto do corpo da estação, conforme mostra
a figura 130.
121
Figura 129: Armação do primeiro pano da laje de teto
Todos os esforços e atenções estavam voltados para a execução da laje, pois esta
constitui o caminho crítico no cronograma, somente a partir dela que a escavação estaria
liberada. As atividades de escavação constituíram vital parte da obra, pois o volume de
solo a ser escavado até atingir-se a cota de fundo da última laje era muito grande. As
figuras 131, 132, 133 e 134 ilustram a sequencia construtiva da estação Jardim de Alah.
122
Figura 130: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
Figura 131: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
123
Figura 132: Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
Figura 133:Sequencia construtiva da estação Jardim de Alah (Fonte: acervo Consórcio Linha 4 Sul)
124
4 Resumo, considerações e sugestões para
trabalhos futuros
A ampliação do metrô, recentemente, foi muito útil para a cidade do Rio de Janeiro,
pois além de diversos benefícios para a cidade ainda contribuiu para ajudar na
realização do transporte de passageiros para as Olimpíadas, realizadas nesta cidade no
ano de 2016. Esta ampliação, designada Linha 4, abrangeu os bairros de Ipanema,
Leblon, São Conrado e Barra da Tijuca, percorrendo 16 quilômetros e criando cinco
estações de embarque/desembarque de passageiros. A previsão de transporte é de cerca
de 300 mil passageiros por dia, ajudando bastante a desafogar o transito de veículos na
região, além é claro de fornecer um transporte previsível, seguro e de qualidade para a
população.
125
Este tipo de obra envolve um projeto muito detalhado e complexo. A participação de
profissionais gabaritados em todas as fases do projeto, planejamento e execução são de
vital importância. As ferramentas computacionais mostraram-se grandes aliadas na
elaboração dos projetos. Programas de elementos finitos tornam possível o
dimensionamento das estruturas de contenção, com a determinação dos esforços
solicitantes e deformações. Deve-se certificar que os parâmetros utilizados nestas
análises sejam de alto grau de confiabilidade, pois caso contrário toda a análise estaria
comprometida, reforçando-se a importância nas campanhas de investigação geotécnica.
126
1621 metros em rocha, além de cinco ensaios de dilatômetro de Marchetti, totalizando
117 metros, e três ensaios de bombeamento.
127
5. Referências bibliográficas
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foundation design on clay”, Proceedings of Speciality Conference ASCE on use of in
situ tests in geotechnical engineering, In Situ’86, Blacksburg, pp.1-30.
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Os desafios do túnel de acesso e o seu caso com o Edifício Rochedo”, In: Prêmio
Destaque Odebrecht 2007, Rio de Janeiro.
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structurally unstable soils”, Proceedings of the 8th ICOSOMEFE, Moscou, vol.3, pp.
111-159.
128
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a escavações subterrâneas”, Dissertação de Doutorado, Universidade de Brasília,
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para subsolos em edificações urbanas”. In: Seminário de Engenharia de Fundações
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