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Rio de Janeiro
Março de 2015
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
Departamento de Engenharia Mecânica
DEM/POLI/UFRJ
Aprovado por:
________________________________________________
Prof. Fernando Augusto de Noronha Castro Pinto, Dr.Ing
________________________________________________
Prof. Thiago Gamboa Ritto, DSc.
________________________________________________
Prof. Max Suell Dutra, Dr.Ing
ii
Rebello, Guilherme Albuquerque Pinto Rebello
iii
AGRADECIMENTOS
A maior benção, no entanto, foi a incrível família com a qual pude dividir
absolutamente todos os momentos da minha vida. Nem os dois anos na França afetaram
a nossa relação que sempre foi calcada num companheirismo e união invejável. Ter uma
irmã com quem se compartilho um amor incondicional; uma mãe que me entende como
nenhuma outra pessoa e usa isso para me fazer mais feliz e antecipar meus erros e um
pai que é um exemplo de superação, homem e profissional é um privilégio que justifica
o meu esforço em honrar tais companhias sendo o melhor que posso ser. Nada isso, no
entanto, faria sentido sem a presença da minha avó que, desde sempre, foi um pilar na
minha vida, uma das principais responsáveis pela minha educação e ainda uma das
melhores conselheiras possíveis, mesmo com um método pouco convencional para tal.
Existem também as pessoas que tornam o meu tempo livre ainda mais
proveitoso. Não, não vou agradecer ao Sr. Netflix, mas sim aos meus amigos do colégio
e “da vida”. O destaque, com certeza, vai para todos aqueles fazem/fizeram parte da
Liga dos Amadores, que realmente são o grupo mais improvável possível, mas muito
especial com cada um agregando ao grupo com a sua particularidade e loucura.
Esse projeto também não poderia ter sido feito sem a ajuda do meu professor
orientador, Fernando Castro Pinto, que, além de ter proposto o tema do projeto, sempre
se mostrou disponível e disposto a me ajudar no que fosse preciso ao longo da
elaboração desse projeto. Ele é um daqueles professores que se preocupam com aluno e
efetivamente se importam em desenvolve-lo para o mercado e com seu aprendizado.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Mecânico.
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfilment of the
requirements for the degree of Engineer.
In the contemporary world, the demand for energy is increasing and the oil plays
a starring role in the global energy matrix. Therefore, the world is searching for new
fields for production and exploration of oil and technological developments are needed
to make these new discoveries viable to market. Thus, this study aims to assist in the
adaptation of a compressor so it can operate in the Pre-Salt water by showing that it’s
possible to solve two issues in this process: ensuring that the fluid that will pass through
the compressor will not have water in their composition and that it will be connected to
the flowline without major damage to the process. That consists, respectively, in the
creation of a process for water removal from the operational fluid and the analysis
regarding the use of a vertical connection module (MCV).
vi
Índice
1. Introdução__________________________________________________________1
1.1. Importância Histórico-Social da Produção de Petróleo_______________________1
1.2.Desafios do Pré-Sal __________________________________________________4
1.3.Objetivos do Trabalho ________________________________________________7
2. Retirada da água____________________________________________________10
2.1. Etapa 1 do Processo: Saída do Manifold até separação______________________11
2.1.1. Trocador de Calor_________________________________________________12
2.1.1.1. Trocador passivo de tubo paralelo___________________________________13
2.1.1.2. Trocador casco e tubos ___________________________________________13
2.1.1.3. Trocador de Calor Subsea – Inovação _______________________________14
2.1.1.4. Trocador de Calor Subsea com impelidor – Inovação ___________________14
2.1.2. Separador _______________________________________________________15
2.2. Etapa 2 do Processo: Caminho percorrido pelo gás ________________________17
2.2.1 Venturi _________________________________________________________18
2.2.2. Válvula anti-surge ________________________________________________19
2.3. Etapa 3 do Processo: Caminho percorrido pelo líquido/sólido________________20
2.3.1. Bomba__________________________________________________________21
2.3.1.1. Bombas Hélico-Axiais____________________________________________21
2.3.1.2. Bombas Parafuso Duplo __________________________________________22
2.3.1.3. Bombas Elétrico Submersa ________________________________________23
3. Conexão do Compressor ao Flowline_____________________________________25
3.1. Sistema de Conexão Vertical__________________________________________25
3.2. Instalação do MCV _________________________________________________26
3.2.1. Instalação para Conexão de Primeira Extremidade _______________________27
3.2.2. Instalação para Conexão de Segunda Extremidade _______________________30
3.3. Análise das cargas__________________________________________________32
3.3.1. Análise Teórica___________________________________________________33
3.3.1.1. Critério de Von Mises ____________________________________________34
3.3.1.2. Tensão de Flexão de Barras Curvas _________________________________35
3.3.1.3. Tensão Normal _________________________________________________38
3.3.1.4. Tensão Cisalhante / Tangencial ____________________________________38
3.3.1.5. Tensão Total ___________________________________________________40
3.4. Cálculo teóricos dos esforços no gooseneck______________________________40
3.4.1. Cálculo do Esforço Teórico – Tensão de Flexão_________________________41
3.4.2. Cálculo do Esforço Teórico – Tensão de Normal ________________________43
3.4.3. Cálculo do Esforço Teórico – Tensão Cisalhante ________________________43
3.4.4. Cálculo do Esforço Teórico – Tensão Total ____________________________43
3.5. Cálculo Computacional dos Esforços___________________________________44
3.5.1. Análise por Elementos Finitos_______________________________________44
3.5.2. Resultado das análises do modelo aplicado_____________________________45
3.5.2.1. Resultado das análises – CVD 1! – Equilíbrio_________________________47
3.5.2.2. Resultado das análises – CVD 1! – MCV no Hub______________________48
3.5.2.3. Resultado das análises – CVD 1! – Operação e Teste___________________49
3.6. Análise dos Resultados – Cálculo Computacional_________________________50
3.6.1. Resultados – Modelo Sem Reforço __________________________________50
3.6.1.1. Resultados – Modelo Sem Reforço - CVD 1! – Equilíbrio ______________50
vii
3.6.1.2. Resultados – Modelo Sem Reforço - CVD 1! – MCV no Hub____________52
3.6.1.3. Resultados – Modelo Sem Reforço - CVD 1! – Operação e Teste_________54
3.6.2. Análise dos Resultados - Modelo Sem Reforço _________________________56
3.6.3. Resultados – Modelo só com Gooseneck ______________________________57
3.6.3.1. Resultados – Modelo só com Gooseneck - CVD 1! - Equilíbrio ___________57
3.6.3.2. Resultados – Modelo só com Gooseneck - CVD 1! - MCV no Hub ________59
3.6.3.3. Resultados – Modelo só com Gooseneck - CVD 1! - Operação e Teste _____60
3.6.4. Análise dos Resultados - Modelo só com Gooseneck ____________________62
4. Conclusão__________________________________________________________63
5. Anexo I____________________________________________________________64
6. Referências Bibliográficas_____________________________________________65
viii
Lista de Figuras
ix
Figura 43: Resultado da análise do coeficiente de segurança - CVD 1! – Operação e
Teste________________________________________________________________49
Figura 44: Resultado da análise da tensão sem reforço - CVD 1! – Equilíbrio______50
Figura 45: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! –
Equilíbrio____________________________________________________________51
Figura 46: Resultado da análise da deformação sem reforço - CVD 1! – Equilíbrio_ 51
Figura 47: Resultado da análise do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! –
Equilíbrio____________________________________________________________52
Figura 48: Resultado da análise da tensão sem reforço - CVD 1! – MCV no Hub___52
Figura 49: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! – MCV no
Hub_________________________________________________________________53
Figura 50: Resultado da análise da deformação sem reforço - CVD 1! – MCV no
Hub_________________________________________________________________53
Figura 51: Resultado da análise do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! –
MCV no Hub_________________________________________________________ 54
Figura 52: Resultado da análise da tensão sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste________________________________________________________________54
Figura 53: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste________________________________________________________________55
Figura 54: Resultado da análise da deformação sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste________________________________________________________________55
Figura 55: Resultado do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste________________________________________________________________56
Figura 56: Resultado da tensão no gooseneck- CVD 1! – Equilíbrio _____________57
Figura 57: Resultado do deslocamento no gooseneck- CVD 1! – Equilíbrio _______58
Figura 58: Resultado da deformação no gooseneck- CVD 1! – Equilíbrio_________58
Figura 59: Resultado da tensão no gooseneck- CVD 1! – MCV no Hub __________59
Figura 60: Resultado do deslocamento no gooseneck- CVD 1! – MCV no Hub ____59
Figura 61: Resultado da deformação no gooseneck- CVD 1! – MCV no Hub______60
Figura 62: Resultado da tensão no gooseneck- CVD 1! – Operação e Teste _______60
Figura 63: Resultado do deslocamento no gooseneck- CVD 1! – Operação e Teste _61
Figura 64: Resultado da deformação no gooseneck- CVD 1! – Operação e Teste___61
Figura 65: Modelo de MCV usado no projeto _______________________________64
x
Lista de Tabelas
xi
1. INTRODUÇÃO
O petróleo possui uma das mais altas densidades energéticas e é peça chave para
lidar com essa demanda crescente por energia. Isso significa que é possível obter mais
energia através do petróleo comparando com a mesma quantidade de outras fontes,
como o carvão. Atualmente, não se trabalha com a hipótese de completa substituição da
matriz energética mundial. Os investimentos em fontes de energia alternativas estão se
tornando cada vez mais expressivos, mas essas fontes renováveis e não-convencionais
são consideradas principalmente como recurso para atender a esse aumento na demanda.
1
O interesse por novas maneiras de se produzir energia também está ligado à questão
ambiental envolvendo a emissão de gases poluentes na queima de combustíveis fósseis
e ainda no fato de que trata-se de uma fonte de energia não renovável, o que indica que
esse recurso eventualmente irá se exaurir. Com a atual taxa de consumo média de 85
milhões de barris/dia [1], é previsto o predomínio do petróleo na matriz energética
mundial por mais três ou quatro décadas.
Voltando ao Brasil, a previsão é que nesse período ele ocupará a posição de sexto
maior produtor de petróleo do mundo cumprindo o objetivo de produção de 5 milhões
de barris de petróleo por dia. Essa meta ambiciosa está baseada no potencial da
exploração do Pré-Sal. Essas reservas estão localizadas em águas ultra-profundas,
abaixo da camada de sal e, até então, vem correspondendo às expectativas [4].
2
aproximadamente 57% correspondem à contribuição do Pré-Sal. Podemos ainda
comparar a produção atual de 8 bilhões de barris de óleo equivalente provados em 2003
(quando o Pré-Sal não havia sido descoberto) com a 16 bilhões de barris provados no
presente, que já contam com 27% de contribuição desses novos e desafiadores campos
de produção[5].
3
1.2. Desafios do Pré-Sal
O Pré-Sal, como podemos ver na figura abaixo, é uma área de reserva petrolífera
localizada abaixo de uma profunda camada de sal. Do ponto de vista geológico, ela foi
formada antes da rocha salina, mas foi encoberta por esta última milhões de anos
depois. Essa reserva se encontra em uma faixa que se estende ao longo de
aproximadamente 800 quilômetros englobando Espírito Santo, Santa Catarina, abaixo
do leito do mar, além das bacias sedimentares de Campos, Espírito Santo e Santos.
1) Grandes Profundidades
As profundidas nas quais o óleo se encontra superam 5 mil metros, como podemos
ver na figura 3. A lâmina d’água referente a esses campos ultrapassa facilmente 2
quilômetros e ainda temos a camada rocha e de sal.
4
Os campos do Pré-Sal estão entre as regiões mais profundas onde se encontrou
petróleo no mundo, como é possível ver na figura abaixo.
2) O Sal
A presença de sal já está indicada no nome da área onde encontramos essas grandes
reservas petrolíferas. Além de seu fator corrosivo, é importante ressaltar que a três ou
quatro mil metros de profundidade com relação ao leito marinho, o sal se torna um
material viscoso e instável, que pode causar problemas na exploração.
Cabe ressaltar que o sal tem seu fator positivo, tendo em vista que conserva a
qualidade do petróleo, que é mais leve que o Pós-Sal. Isso facilita o processo posterior
de refino do petróleo, além de produzir derivados mais finos que são mais valorizados
no comércio mundial uma vez que é mais fácil quebrar as cadeias de hidrocarbonetos do
petróleo do Pré-Sal, facilitando a sua transformação em produtos de maior valor como o
diesel, gasolina e lubrificantes.
3) Temperatura
5
(~ 4! C na lâmina d’água) facilita a formação de hidratos que podem bloquear os dutos
flexíveis.
A elevada temperatura também tem seu fator positivo, uma vez que o calor de
150 ºC não permite a proliferação de bactérias que deterioram as partes mais leves do
óleo, como ocorre no Pós-Sal.
4) Gases corrosivos
5) Tecnologia
6) Custo
6
1.3 Objetivos do Trabalho
Esse trabalho tem por objetivo contribuir para a análise de viabilidade da adaptação
de um compressor para sua utilização nas águas ultra profundas do Pré-Sal. Esses
compressores são importantes pois prolongam o período de produção útil de um
reservatório de gás, uma vez que permitem a produção mesmo quando a pressão do
mesmo está baixa. . Dentre os benefícios gerados por esse equipamento, destacam-se
[9]:
• Aumento da recuperação;
• Aceleração da produção, como podemos verificar através da imagem 5;
• Redução do CAPEX (Capital Expenditure), ou seja, diminuição do
investimento em equipamentos e instalações para manter a produção ;
• Flexibilidade operacional;
• Redução do OPEX (Operational Expenditure), ou seja, diminuição do custo
associado à produção e à manutenção;
• Benefícios em HSE (Health, Safety, Environment / Saúde, Segurança e Meio-
Ambiente);
• Aumento da estabilidade garantindo velocidade de gás mínima, uma vez que a
velocidade depende do fluxo e da pressão;
• Evitar fenômeno de surge;
• Evitar incidentes com hidratos;
7
Figura 6: Diferença de configurações subsea com a presença de uma estação de
compressão [9]
Atualmente, compressores já são utilizados para melhorar a produtividade de poços
para produção de petróleo e gás. Eles, porém, se localizam nas plataformas como uma
FPSO (Floating Production, Storage and Offloading), por exemplo. O principal
problema em mantê-los na plataforma é que esses equipamentos estão aumentando
ainda mais a carga a ser suportada por essas unidades flutuadoras. Esses esforços já são
bastante elevados para os campos do Pré-Sal porque as maiores lâminas d’águas desses
campos implicam em catenárias maiores de tubulação para transporte dos fluidos.
Esse, na verdade, é um grande desafio enfrentado nos dia de hoje. Empresas, por
exemplo, estão tendo o custo com as tubulações acrescidos de aproximadamente 30%
para incluir módulos flutuadores com o objetivo de diminuir a carga suportada pelas
plataformas, através da alteração da configuração das linhas. Atualmente, colocam-se
boias (em amarelo na figura a seguir) para que a linha deixe de ter uma configuração do
tipo catenária livre, que pode ser vista à direita na figura 7, e fique conforme o indicado
no lado esquerdo da figura abaixo: a configuração lazy wave. Essas boias são acessórios
que aumentam o empuxo agindo sobre os dutos de transporte do fluido e estão presentes
na grande maioria dos risers intermediários ou de fundo das linhas fabricadas para
exploração de poços do Pré-Sal.
Figura 7: Diferença entre configurações de linhas flexíveis: catenária livre e lazy wave
8
Sendo assim, há uma tendência no momento para a transferência de equipamentos
das unidades flutuadoras para o leito marinho. Esse trabalho, portanto, procura
contribuir para esse objetivo e evitar a construção de plataformas que estão se tornando
cada vez maiores e mais caras ilhas artificiais no meio do oceano.
Outra questão também muito importante diz respeito ao head disponível do
compressor. O head consiste na quantidade de energia mecânica específica que o
compressor transfere ao fluido de trabalho. Dessa forma, por estar localizado em uma
altura inferior, é possível transmitir mais energia ao gás em questão, melhorando o
rendimento do equipamento. O escoamento desse fluido também é facilitado com o
compressor localizado no solo, tendo em vista que, como ele está mais próximo de sua
origem, sua temperatura é maior (ele perdeu menos calor no transporte até a unidade de
compressão).
Devido à complexidade de um projeto como esse, ele foi dividido em algumas
partes, de maneira que esse trabalho procura solucionar dois problemas: a presença de
água no fluxo de gás que passa pelo equipamento e ainda escolha da melhor forma de
conectar esse compressor ao duto que transportará o fluido.
Cabe ressaltar que cada desafio citado acima é agravado pelas condições dos
campos do Pré-Sal. Como pudemos ver, os equipamentos envolvidos no processo
devem suportar pressões hidrostáticas compatíveis com profundidades maiores que
2000 metros e ainda pressões consequentes do fluxo que sai da árvore de natal em poços
desse tipo. Além das dificuldades estruturais, existem também problemas a serem
resolvidos que dizem respeito ao conteúdo do fluido que passará pelo compressor.
Dessa forma, a estratégia utilizada foi realizar uma pesquisa sobre os produtos e
processos utilizados pela indústria Óleo e Gás atualmente e analisar a adaptabilidade
deles nas condições impostas pelo projeto no qual este trabalho está inserido.
9
2. Retirada da água
Apesar desse projeto tratar de um assunto muito em voga recentemente, a busca pela
melhor forma de realizar a compressão submarina não é de hoje. Diversas pesquisas já
foram realizadas, especialmente para campos Pós-Sal, e foram considerados diversos
tipos de compressores.
10
fluido que sai do manifold devolvendo-o no final com uma taxa de umidade
aproximadamente nula.
Para melhor entendimento do processo, ele será separado nesse projeto em três
etapas para fins didáticos: da saída do manifold até a separação, o caminho percorrido
pelo gás e o caminho percorrido pelo líquido/sólido. Também serão abordados os
principais equipamentos subsea presentes no processo para melhor compreensão do
funcionamento das etapas.
Essa etapa deve garantir que o escoamento no processo seja adequado, protegendo
os demais equipamentos. Como não existe nenhuma proteção para essa primeira fase, é
uma preocupação extra garantir a integridade dos equipamentos e possíveis planos
preventivos para casos de qualquer problemas. Isso justifica a presença das duas
válvulas em paralelo que oferecem uma opção que não envolve a interrupção na
operação em caso de defeito em uma válvula.
11
Os principais equipamentos presentes nessa primeira parte são o trocador de calor e
o separador.
Para melhor entendimento, segue uma sugestão dada pelo algoritmo [10] criado em
um projeto para Woodside Energy Limited que consiste na construção de um modelo
termodinâmico que pode ser usado para a escolha e dimensionamento de um trocador de
calor. Nesse caso, o custo também foi levado em conta, tendo em vista que é um
parâmetro fundamental para a viabilidade do produto.
12
Sistemas de troca de calor submarinos podem ainda ser classificados como ativos ou
passivos. Para os sistemas passivos os tubos contendo o fluido a ser processado são
expostos à água do mar circundante sendo resfriados por convecção natural.
Após uma análise mais específica dos trocadores de calor, seguem os tipos mais
comuns para aplicação submarina [11]:
Uma vantagem desse tipo de trocador de calor é o design, que é mais robusto e
simples. A desvantagem, no entanto, está na dificuldade em se controlar a temperatura
de saída. Um exemplo disso ocorre quando existem correntes na água do mar, pois,
nesses casos, a taxa de transferência de calor pode aumentar significativamente e a
temperatura pode se tornar excessivamente baixa, por exemplo.
Para o projeto em questão, é importante ter o controle da temperatura pois ela deve
ser adequada para facilitar a separação posterior do fluido. Os fatores que impactam na
alteração da taxa de troca de calor, portanto, devem ser avaliados no contexto do
projeto.
Esse trocador de calor é composto por uma série de tubos paralelos com um casco
que deve suportar toda a pressão estática dos líquidos circundantes. Em geral, esse tipo
de trocador de calor é mais usado para aplicações onshore, mas está sendo estudada a
possibilidade de usa-lo para condições subsea.
À medida que a água do mar flui através das seções de convecção ela se aquece. Isto
leva a uma diferença de densidade a partir da saída para a entrada de água do mar, que
gera uma diferença de pressão. O fluxo de água do mar pode então ser controlado com
uma válvula na entrada ou na saída da água do mar.
Outra patente registrada pelo WIPO utiliza um impelidor para movimentar o fluido
em torno dos tubos que os transportam.
14
Uma unidade de distribuição (22) está colocado na entrada, e uma unidade de
recebimento (24) na saída.
2.1.2. Separador
O fluido na temperatura adequada obtida pela passagem pelo trocador de calor está
pronto para ser separado. É possível concluir que a temperatura que deve ser atingida
corresponde àquela na qual, após a análise fluido em questão, tem-se a segurança que a
situação na qual ele está submetido corresponde ao estado físico gasoso do fluido, mas
não da água. Para maior esclarecimento, segue o de diagrama de fases do fluido de um
campo de exploração de petróleo e gás [12] que deve ser confrontado com o diagrama
da água para efeitos de comparação.
15
O diagrama referente ao gás é modificado de acordo com a sua composição química.
Os gráficos acima seguem a seguinte composição usual de seu respectivo fluido.
Uma melhor leitura dos diagramas pode ser feita uma vez conhecida a nomenclatura
presente neles.
• Puntos de Burbujeo (Ponto de Bolha): pontos em que existe a fase líquida com
uma parte infinitesimal de gás.
• Puntos de Rocio (Ponto de Orvalho): pontos na fase gasosa em que existe uma
parte infinitesimal de líquido.
• Pressão Cricondenbárica: pressão máxima na qual a fase líquida de fase coexiste
equilibrada com a fase gasosa.
• Temperatura Cricondentérmica: temperatura máxima na qual a fase líquida
coexiste equilibrada e refrigerante.
• Condensação Retrógrada: pode corresponder à condensação de líquido durante a
expansão do gás em temperatura constante ou condensação de líquido durante o
aquecimento de gás à pressão constante.
• Ponto Crítico: O ponto em que as curvas de rocio e burbujeo convergem.
Os reservatórios de gás seco tendem a ter uma temperatura mais alta que temperatura
do ponto cricondentérmico, a mistura de hidrocarbonetos se mantém em fase gasosa,
independentemente da redução da pressão. Nestes casos, a condensação retrógrada não
é observada, pois o fluido em questão permanece fora da curva de orvalho.
A escolha do exato modelo para o separador envolve diversos fatores, além de ter que
suportar as extremas condições dos campos do Pré-Sal.
Existem estudos para novos designs para esses separadores. Para o caso em questão,
pode-se usar ideias de mecanismos presentes em equipamentos já utilizados na
aplicação submarina.
16
Um exemplo é o separador ao lado fabricado
pela FMC Technologies [13].
Para exata definição do trocador de calor a ser utilizado, é necessária uma análise
mais criteriosa das condições à qual o equipamento será submetido e o fluido que
escoará no mesmo.
Uma vez separado o fluido de entrada, essa etapa consiste no cerne do projeto tendo
em vista que é nele que é realizada a compressão do gás, que é o grande objetivo de
toda essa análise. Como essa parte do projeto busca garantir que o fluido estará próprio
para a entrada no compressor, este não será abordado nessa parte do projeto.
17
Para essa etapa, é medida a vazão do gás através de um venturi. Depois o gás entra no
compressor e se junta à parte gasosa da qual ele foi previamente separado. Antes disso
foi colocada no processo uma válvula de retenção para garantir que o escoamento do
fluido não retornará ao sentido do compressor uma vez que estará em contato com um
fluido na parte líquida recém saído de uma bomba. Uma válvula para controle também
está prevista para uma melhor administração do processo, assim como uma válvula
chamada anti-surge, que será melhor explicada no item 2.2.2.
Durante a compressão, o fluido deve também ter a sua temperatura aumentada, o que
levou à presença de um trocador de calor no processo após a compressão.
2.2.1 Venturi
18
Através da equação de Bernoulli, conclui-se que essa variação da velocidade gera
uma variação da pressão local do fluido. É possível, portanto, a partir das pressões em
dois pontos distintos saber a velocidade média do escoamento e calcular a sua vazão
realizando o caminho inverso do raciocínio supracitado. Cabe ressaltar que esses dois
pontos devem ser escolhidos sendo que um deles deve estar na parte convergente e
outro, na divergente
Depois de ter sua vazão controlada, o gás está pronto para passar pelo compressor e
ter a sua pressão aumentada. Isso auxiliará na exploração dos campos de gás do Pré-Sal
e na obtenção do gás e posterior tratamento para geração de energia.
Uma vazão muito baixa pode levar à situação na qual a contrapressão do sistema é
maior que a pressão de descarga de maneira que o gás seguirá o caminho inverso e
retornará à sucção do compressor. Nesse momento, a vazão aumenta levando o
escoamento a sair da “zona de instabilidade”, uma vez que a vazão será maior que a
indicada na figura abaixo, correspondente ao head máximo. Se nada for feito, no
entanto, a vazão irá diminuir e voltaremos à zona de instabilidade.
19
Para evitar o surge, como foi citado, deve-se colocar uma válvula de controle para
garantir que a vazão de sucção seja constante. Essa válvula deve ser aberta assim que a
vazão de sucção diminuir, aliviando inclusive a pressão de descarga impedindo a
ocorrência do fenômeno.
Essa etapa leva em consideração o fluido que sai do separador como consequência da
separação do gás. Primeiramente, para preservação da bomba, cabe retirar qualquer
partícula sólida que possa estar misturada no líquido separado. Essa preocupação é
maior com a bomba do que com o compressor, pois muitos separadores funcionam
baseados na separação por gravidade.
A presença dessas partículas depende para cada poço, porém o importante é que
nenhuma partícula desse tipo chegue à bomba, pois elas podem danificar esses
equipamentos através do processo de erosão e ainda podem se depositar em bombas
dificultando o escoamento do fluido.
Além disso, é importante ressaltar que parte do fluido (gotículas) será bombeada de
volta para o separador, o que é usualmente feito para facilitar a condensação e melhorar
a eficiência da separação. A outra parte será bombeada para ser integrada ao restante do
20
fluido que estará em condições diferentes após passar pelo compressor.
Esse fluido bombeado se juntará ao gás comprimido e, para melhor controle e evitar
contra-fluxo, foi acrescentada uma válvula de controle e outra de retenção, por razões
semelhantes àquelas explicitadas na etapa 2.
O equipamento de destaque dessa etapa é a bomba que será melhor abordada a seguir
[16]:
2.3.1. Bomba
Existem diversos tipos de bombas que são utilizadas na indústria de óleo e gás no
segmento onshore. Para a aplicação subsea, no entanto, essa variedade é reduzida,
porque, dentre outros fatores:
• Há uma maior variação em fatores como a pressão de entrada, vazão do fluido e
densidade específica;
• É necessária uma menor frequência de manutenção i.e. alto MTBF (Mean Time
Between Failures), uma vez que elas estarão presente em ambientes menos
acessíveis.
• O ambiente na qual ela estará imerso é altamente corrosivo;
Esse equipamento pode trabalhar com fluidos cuja taxa volumétrica de gás varia de
70% a 80%. A Figura 21 representa o efeito da vazão volumétrica de sução sobre as
faixas de operação da bomba.
21
Figura 21: Efeito da vazão volumétrica de sucção na pressão diferencial aplicada [16]
Para uma melhor análise desse tipo de bomba, segue uma tabela com os prós e
contras relacionados a sua escolha.
As bombas parafuso são usualmente utilizadas na indústria de óleo e gás. Dentre elas,
o único tipo que funciona para o meio submarino são as bombas parafuso duplo pois seu
design reduz as cargas axiais sobre os rolamentos. A melhor maneira de equilibrar as
cargas axiais é utilizar um pistão de balanceamento em uma bomba hidraulicamente
equilibrada com voluta dupla.
Estas bombas podem trabalhar com fluidos viscosos com baixo cisalhamento, o que
não é possível para as bombas hélico-axiais.
22
É possível concluir, no entanto, que para uma aplicação subsea, mesmo se localizada
perto da cabeça de poço essa característica não constituiria um problema.
Novamente, para uma melhor análise, segue uma tabela com os prós e contras
relacionados a esse tipo de bomba.
Pode-se considerar que essa bomba, na verdade, faz parte de um sistema. Para ser
mais exato, o fluido, primeiramente, passa por um sensor que fornece informações sobre
a operação como pressão e temperaturas do fluido. Depois tem-se o motor e o sistema
de vedação até a chegada no separador para garantir que o
fluido tratado é monofásico. Por fim, o fluido passa por uma
bomba que, em geral, é centrífuga de múltiplos estágios.
Ela também é indicada para bombear o fluido desde altas profundidades no fundo de
poços até o leito marinho. Uma vez no fundo do mar, os tipos anteriormente vistos podem
fornecer a pressão necessária para encaminha-los para onde for conveniente.
23
Similar ao que foi feito para os outros tipos de bombas, segue abaixo uma lista de
prós e contras do uso de bombas elétrica-submersas.
24
3. Conexão do Compressor ao Flowline
De forma análoga ao que que foi feito para solucionar o desafio da retirada da água
do fluxo de fluido que passa pelo compressor, para encontrar a melhor forma de
conecta-lo ao flowline, foi realizada uma pesquisa sobre o que é feito atualmente e
chegou-se à conclusão de que a melhor forma de estabelecer essa conexão é através de
um Módulo de Conexão Vertical – MCV. Trata-se da solução mais convencional para a
conexão em águas ultra profundas entre flowlines e equipamentos submarinos no Brasil
e é utilizada, por exemplo, para estabelecer conexão entre uma árvore de natal e dutos
para transporte de óleo e gás, inclusive para campos do Pré-Sal.
25
Como esse projeto se aterá ao MCV, é importante explicar melhor sobre cada um
dos seus componentes mais relevantes:
O gooseneck é o tubo rígido de aço com geometria curvilínea e sem articulação. Ele
corresponde justamente à parte do equipamento que faz a ligação entre o equipamento e
o flowline.
O sistema de soft landing também contribui para a vedação uma vez que evita danos
no sistema de vedação ao suavizar o impacto entre o MCV e o mandril no momento do
assentamento final.
O swivel faz a ligação do gooseneck com o flange do duto flexível ou umbilical. Ele
pode fazer parte do gooseneck ou ser conectado ao seu flange. Ele permite a livre
rotação eliminando o efeito do torque, o que auxilia no alinhamento para conexão.
26
O posicionamento correto do MCV é garantido pelo sistema de guia referido
anteriormente. Trata-se, de uma forma simplificada, de um tronco de cone de pode ser
do tipo Funil-Up ou Funil-Down dependendo da aplicação do componente: o primeiro
serve para o posicionamento do equipamento submarino e o segundo para o
posicionamento do MCV. Cabe ressaltar que o ângulo de captura desses funis, em geral,
possui um valor menor que 30 graus.
27
guindaste tem mais controle e também um compensador, facilitando o processo
de instalação.
12 Virar o guindaste na direção do meio do navio, monitorando operação com ROV.
Começar aproximação final entre MVC e Hub verificando seu alinhamento,
13
configuração da catenária do duto e posição do cabo do guindaste auxiliar.
Esperar boas condições marítimas e pagar rapidamente o cabo do guindaste para
14 conectar o MCV no Hub. ROV deve alterar visualizações frontal e lateral para
melhor compreensão.
Manter fios “frouxos ” depois da conexão para evitar indesejável remoção pelo
15 movimento da maré. Seguir instrução do fabricante para procedimentos de
travamento final.
Liberar cabo do guindaste e recupera-lo completamente antes do guincho
16 auxiliar. Usar ROV para cortar ou remover qualquer strops (pequenas conexões)
ou abrir ganchos, quando necessário.
Remover ferramenta de instalação trazendo-a pendurada do cabo do guindaste
17
auxiliar pela popa. Usar cabo de guindaste para controlar o balanço na entrada.
Pagar alguns metros do duto para manter MCV firme e o TDP (touch down
18 point) seguro longe da popa. Ajustar posição do navio para atender as duas
condições.
28
Para melhor entendimento de alguns processos descritos acima, seguem algumas
figuras que descrevem o processo de descida e travamento do MCV [19].
Figura 27: Sequência da descida do MCV através da ferramenta de instalação com cabo
sustentado pelo PLSV.
A figura 28 mostra que após o módulo ser orientado e assentado no hub, o soft landing é recolhido e
anel atuador é acionado realizando o travamento dos fingers no hub (vermelho) através da descida da
peça em verde que força o seu encaixe no hub.
A figura 29 indica que após o travamento do módulo e execução de testes de pressão, a função
hidráulica de destravamento da ferramenta é acionada e ela é recolhida pelo PLSV. ROV finaliza as
operações para que a linhas flexível ligada ao equipamento tenha seu fluxo normalizado.
29
3.2.2. Para Conexão de Segunda Extremidade
31
3.3. Análise das cargas
Diversos dados são necessários para essa análise. Dentre eles, é preciso obter
informações relacionadas à operação como:
Além disso, é necessário analisar as situações nas quais o equipamento será mais
exigido no que diz respeito a fatores estruturais, de maneira que, se for garantido que ele
suportará tais condições, ele estará preparado para funcionar durante toda a operação.
Dessa forma, de maneira semelhante ao que é feito na indústria, será avaliado nesse
trabalho o comportamento de um pescoço de ganso nas seguintes situações [18]:
32
1) Topo – Conexão Vertical Direta de Segunda Extremidade
Essa situação visa determinar a máxima tração no flange. Dessa forma, decidiu-
se por analisar o overboarding do MCV, que ocorre ainda no navio, uma vez que ele
é bastante exigido por carregamentos axiais nessa situação. Esse primeiro caso
também é aplicável no recolhimento após desconexão de primeira extremidade;
Esses casos serão avaliados no próximo item do projeto através de uma análise de
elementos finitos com auxílio da ferramenta SimulationXpress do programa SolidWorks
que será confrontada com uma análise teórica. Nesse projeto, serão avaliando os efeitos
das forças e momentos aplicados no goosenek, parte mais crítica do MCV, para uma
melhor compreensão da influência dessa carga no dimensionamento e operação do
equipamento.
De acordo com a ISO 13628-4 (Petroleum and natural gas Industries. Design and
operation of subsea production systems. Subsea wellhead and tree equipment) a pressão
sob a qual o equipamento deve operar e ser controlado deve ser definida pela ISO 10423
(Petroleum and natural gas industries – Drilling and production equipment - Wellhead
and Christmas tree equipment) que permite que o critério de Von Mises seja aplicado.
33
3.3.1.1. Critério de Von Mises
Como está sendo considerado que o material se comporta de maneira elástica, pode-
se considerar os seguintes fórmulas para encontrar as deformações
!
ε! = ! σ! − ν σ! + σ!
!
ε! = ! σ! − ν σ! + σ!
!
ε! = ! σ! − ν σ! + σ! ,
Substituindo, encontra-se:
!
u = !" σ! ! + σ! ! + σ! ! − 2ν(σ! σ! + σ! σ! + σ! σ! ) (1)
Como é possível ver, o mesmo acontece com a tensão equivalente já que nesta
situação σ! = σ!" e σ! = σ! = 0. Dessa forma, a energia de distorção é igual a:
1+ν
u = 6E x 2 x σ!" ! (3)
34
2 2 2
(σ1 −σ2 ) +(σ2 −σ3 ) +(σ3 −σ1 )
σ!" = 2
(4)
Voltando para a análise do gooseneck, é preciso, então, calcular o valor das tensões
principais do tubo de maneira que seja possível obter a tensão de Von Mises e
confronta-la com a tensão de escoamento [20].
(!!!)!!!
ε = , onde
!!! !!
(y−e)Δdφ
σ = E r−y dφ (6)
Para facilitar a análise, deve-se fazer a seguinte transformação e uma nova variável
é introduzida ao problema “m”, que corresponde a um fator de determina a área
modificada:
∙ !"#
! !!!
= mA (7)
Para encontrar o valor de m, é usada novamente que a soma das forças normais à
área transversal é igual a zero para chegar as seguintes conclusões.
∙ dA
mA − e ! r−y
=0 (8)
∙ !" ∙ (!!!!!)!" !
! !!!
= ! !(!!!)
= (m + 1) !
(9)
Ae
mA − (m + 1) r = 0 e o valor de m é encontrado.
!
m= (10)
!!!
Analisando a equação,
tem-se,
Δdφ
E mrA − meA = M
dφ
36
Δdφ M M
E = =
dφ m r − e A Ae
M(y−e)
σ!"#$ã& = (12)
Ae(r−y)
Mdφ Mds
Δdφ = AeE = erAE (13)
!!! ! !(!!!)
= = (14)
!" !"#$ !!! !"
Nessas condições,
!!! !
!"
= !! , o que faz sentido se for considerado que uma barra reta tem r→ ∞.
!
Para encontrar um valor numérico, avalia-se quais cargas que serão aplicadas na
barra. No caso, tem-se forças axiais de tração (N), forças cortante (V) e momento fletor
(M).
Sendo assim, para que seja encontrado o valor do coeficiente m que modifica a área
da seção transversal, cabe considera-la igual à diferença entre o valor encontrado
levando em consideração a área gerada pelo raio externo e interno do tubo.
∙ ydA
Lembrando que mA = ! r−y
, , encontra-se:
∙ ydA . ydA
mA = A r−y = r 𝐴 r−y − 𝐴 (15)
37
Figura 33: Análise da área transversal [20]
2
h h −y2 2
+2 4 h
mA = 2r dy − A = 2πr r − r ! − 4 − A (16)
−2h r−y
2 2 2 ! 2 3 2 4
h 1 h 1 h 1 h 5 h
Se for usada a série 1 − 4r2 = 1 − 2 4r2 − 8 4r2 − 16 4r2 − 128 4r2 ….,
encontra-se para m o seguinte valor:
1 h ! h ! h !
m = 4 2r + 18 2r
5
+ 64 2r
… (17)
N
σ!"#$%& =
A
38
valor nulo no topo superior da seção, aumentando até a altura do centróide e depois
diminui até atingir o valor zero na aresta inferior.
αV
τ!" = A ,
A tensão máxima se dará na linha neutra, como pudemos ver. Essas variáveis,
portanto, para o caso em questão podem ser encontradas através das seguintes fórmulas
em função do raio externo e interno da coroa circular:
π !
I!" = (R !"# − R!!"# )
4
Substituindo,
39
π(R!!"# − R!!"# ) 4(R !"# − R !"# )
2 3π V
τ!" = π
2(R !"# − R !"# ) 4 (R!!"# − R!!"# )
4V
τ!" =
3π(R!!"# + R!!"# )
Para a tensão total, deve-se calcular a soma da tensão de flexão, a tensão normal e a
tensão tangencial (de cisalhamento). O valor, portanto, corresponde a:
Com base nos cálculos desenvolvidos na seção 3.3 desse relatório e em dados
aproximados de casos comuns na indústria, é possível verificar como o MCV é exigido
durante sua utilização e entender melhor as escolhas realizadas no projeto de tal
equipamento.
Para ambos estudos, foi necessário considerar alguns valores para o carregamento
aplicado no flange do MCV. Foram considerados nesse projeto valores encontrados em
documentos emitidos para projetos do Pré-Sal que, por razões de sigilo industrial, não
podem ser referenciados nesse projeto e chegou-se à conclusão que os seguintes valores
são boas aproximações para esse projeto:
Tabela 5: Carregamentos para Casos de Carregamento
Caso de Carregamento Esforço Valor
Tração (F! ) 16,5 kN
!
CVD 1 - Equilíbrio Força Cortante (F! ) -26,5 kN
Momento Fletor (M! ) 48,5 kN.m
Tração (F! ) 23,5 kN
CVD 1! – MCV no Hub Força Cortante (F! ) -40,0 kN
Momento Fletor (M! ) -104,0 kN.m
Tração (F! ) 50,0 kN
CVD 1! – Operação e Teste Força Cortante (F! ) -19,0 kN
Momento Fletor (M! ) 58,5 kN.m
40
Figura 35: Modelo de carregamento no flange
Como o caso de CVD 2! – Topo só tem a tração como esforço, teríamos apenas a
tensão normal para efeitos de cálculo, um vez que ele se baseia prioritariamente na
determinação da tração máxima no flange.
A situação envolvendo o CVD 1! – MCV no Hub com linha suspensa, por outro
lado, muitas vezes é complicada já que leva em conta os esforços no sentido de
suspender o flange. Diversas vezes, por se tratar de uma situação onde o esforço de
flexão é bastante elevado, tais valores são afetados pela presença de uma vértebra (ou
bending restrictor) que pode ‘travar’ para evitar uma curvatura acentuada indesejada.
Além dos dados presentes na tabela acima, também foram utilizadas algumas
dimensões do gooseneck nos cálculos. Para efeitos de análise, considerou-se um tubo
com as seguintes medidas:
Essas dimensões foram obtidas a partir de um modelo que foi utilizado como base
para a análise do equipamento e melhor entendimento do seu funcionamento. O
gooseneck foi reproduzido no SolidWorks e o estudo foi feito considerando essa
geometria.
Conforme foi visto, para encontrar o valor do esforço de flexão, deve-se considerar
o valor de m, que pode ser obtido através da seguinte sequência:
! ! !
1 h 1 h 5 h
m = + + …
4 2r 8 2r 64 2r
41
Tendo em vista que o centro de gravidade da seção transversal coincide com os das
circunferências em questão, temos o valor de h correspondente a esses raios. Dessa
forma,
! ! ! ! ! !
1 D!"# 1 D!"# 1 D!"# 1 D!"# 5 D!"# 5 D!"#
m = − + − + − …
4 2r 4 2r 8 2r 8 2r 64 2r 64 2r
m= 0,0037631
Após encontrar o valor de m, deve-se usar a seguinte equação para encontrar o valor
de e, ou seja, a distância entre o centro de gravidade e a linha neutra:
!
m=
!!!
Esse valor é importante para encontrar a tensão de flexão do tubo, como mostrado
pela seguinte fórmula:
M(y−e)
σ!"#$ã& =
Ae(r−y)
Sendo assim, substituindo pelos valores do momento M (definidos para cada caso de
carregamento), da área transversal A e do raio externo do gooseneck, que representa o
maior ‘y’ do tubo curvo, encontra-se o valor da tensão de flexão para cada caso.
42
3.4.2. Cálculo do Esforço Teórico – Tensão de Normal
Para o cálculo da tensão normal para cada caso, é importante considerar as forças
de tração que atuam sobre o equipamento. Dessa forma, aplica-se a seguinte fórmula
sobre as cargas axiais existentes em cada caso:
N
σ!"#$%& =
A
Análogo ao que foi realizado até então, o valor dessa tensão pode ser obtido através
da seguinte fórmula previamente deduzida:
4V
τ!" =
3π(R!!"# + R!!"# )
Considerando que a tensão total é obtida pela soma das três tensão aqui calculadas,
temos:
43
Tabela 9: Tensão Total para Casos de Carregamento
Caso de Carregamento Tensão Total
CVD 1! – Equilíbrio 189,79 MPa
Existem conceitos que podem ser considerados comuns a todas as análises por
elementos finitos. Uma peça em CAD (Computer-Aided Design) define um modelo
matemático e suas superfícies, portanto, constituem as fronteiras matemáticas em
questão [22].
É importante ressaltar que, para que esse modelo matemático seja acurado, é
necessário incluir propriedades mecânicas que são extraídas de informações vinculadas
ao material escolhido para cada peça do conjunto. Além disso, são definidas condições
de contorno explícitas no modelo. Essas condições são constituídas por forças, pressões,
temperaturas, deslocamentos e restrições de movimento que foram impostas à peça para
melhor simulação do comportamento de tais componentes durante sua operação.
Cabe ressaltar que essa discretização não corresponde apenas a uma divisão da
geometria, mas também das condições de contorno que passam a ser válidas para cada
nó, em vez de toda a superfície.
44
A aplicação do conceito de mínima energia potencial leva à equação fundamento
dos modelos de elementos finitos.
Para melhor entendimento de sua relação com a análise em questão cabe ressaltar o
que está por trás de cada uma das incógnitas acima: as forças e engastes das condições
de contorno são expressas pelo vetor [F], a matriz de rigidez [K] é definida pela
geometria e propriedades do material e, através do vetor de deslocamentos nodais [d],
obtém-se a deformação para cada um dos nós.
A análise realizada neste projeto foi um estudo estático (ou de tensões) que calcula
deslocamentos, forças, deformações e distribuição do fator de segurança. Esse estudo
pode evitar falhas decorrentes de alguma tensão excessiva ou sinalizar alguma forma de
otimizar a modelagem.
O software de elementos finitos deve ser escolhido pela sua precisão e facilidade de
uso e interface com o software de CAD. Por esses motivos, foi escolhido o SolidWorks
2012 que possui um módulo de simulação chamado SolidWorks Simulation que permite
o uso da ferramenta FEA (Finite Element Analysis) em conjunto com o CAD, não sendo
necessário exportar arquivos de uma interface para a outra.
Para efeitos de geometria, foi utilizado o modelo já citado (anexo I) e foi feita a
modelagem conforme mostrado abaixo.
45
As setas em rosa representam as forças de tração, as setas azuis correspondem à
forças cortante e as amarelas, torção
As setas em verde também sinalizam que o flange inferior foi considerado fixo, por
estar integrado ao restante do MCV.
Para uma análise das tensões é preciso ter uma base comparativa para dizer se o
carregamento está excessivo e o material vai escoar ou até falhar. Por esse motivo, é
importante ressaltar os materiais que foram escolhidos na modelagem em questão. Foi
considerado o aço AISI 1020 para os reforços do gooseneck pelo seu baixo teor de
carbono e boa soldabilidade. Para os componentes mais críticos, o gooseneck e os
flanges, escolheu-se respectivamente o aço ASTM A106, que é o material utilizado
comercialmente na fabricação de tubos, e o ASTM A105, que é o mais utilizado para
forjados.
46
3.5.2.1. Resultado das análises – CVD 𝟏𝒐 - Equilíbrio
Figura 38: Resultado da análise da tensão - CVD 1! - Equilíbrio
47
3.5.2.2. Resultado das análises – CVD 𝟏𝒐 – MCV no Hub
48
3.5.2.3. Resultado das análises – CVD 𝟏𝒐 – Operação e Teste
49
3.6. Análise dos Resultados – Cálculo Computacional
Os resultados obtidos nas seções 3.4 e 3.5 desse projeto apresentaram grandes
disparidades que impossibilitam a compreensão do comportamento do material nas
condições abordadas.
A análise teórica indica que o equipamento irá escoar até o ponto de falha no
segundo caso de carregamento e o material irá escoar durante Operação, pois a Tensão
de Resistência à Tração e o Limite de Escoamento do material são respectivamente
iguais a 330 MPa e 207 MPa. A análise por elementos finitos, por outro lado, indica que
uma tensão muito mais baixa é aplicada no gooseneck.
Já era de se esperar uma diferença entre os dois métodos. Uma análise por
elementos finitos é mais rebuscada e deveria nos trazer um valor menor, mais próximo
da realidade.
50
Figura 45: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! – Equilíbrio
51
Figura 47: Resultado da análise do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! –
Equilíbrio
Figura 48: Resultado da análise da tensão sem reforço - CVD 1! – MCV no Hub
52
Figura 49: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! – MCV no
Hub
Figura 50: Resultado da análise da deformação sem reforço - CVD 1! – MCV no Hub
53
Figura 51: Resultado da análise do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! –
MCV no Hub
Figura 52: Resultado da análise da tensão sem reforço - CVD 1! – Operação e Teste
54
Figura 53: Resultado da análise do deslocamento sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste
55
Figura 55: Resultado do coeficiente de segurança sem reforço - CVD 1! – Operação e
Teste
56
benefício para a aplicabilidade do modelo proposto nas condições estudadas.
M(y − e)
σ!"#$ã& =
Ae(r − y)
Para a análise por elementos finitos, realizada com o modelo modificado, foram
expostos também gráficos envolvendo o deslocamento e deformação. Isso se deve ao
fato de que os resultados como esse levam a uma modificação da visão de projeto que
não deve ser calcada na resistência no material, mas sim, em sua rigidez.
É possível verificar nos gráficos supracitados, para os três casos estudados, que
o equipamento está propenso a se movimentar e deformar. Dessa forma, principalmente
considerando a importância da vedação no MCV e ainda as dificuldades abordadas na
sua instalação, é fundamental que tal equipamento não se deforme e mude sua
geometria no decorrer de sua vida útil para manter sua funcionalidade.
Outra conclusão que se pode tirar é com relação ao local onde se concentram
essas tensões. Se o resultado computacional for comparado com o analítico, não
podemos ignorar que a presença dos flanges na simulação no SolidWorks. Nesses
componentes podem estar os pontos onde a tensão é maior. É complicado ver isso na
figura, mas a riqueza de detalhes dessas peças é um grande indicador dos locais de
concentração de tensões. Para, então, a comparação ser efetiva, decidiu-se por realizar
novas análises considerando apenas o pescoço de ganso.
Figura 56: Resultado da tensão no gooseneck- CVD 1! – Equilíbrio
57
Figura 57: Resultado do deslocamento no gooseneck- CVD 1! – Equilíbrio
58
3.6.3.2. Resultados – Modelo só com Gooseneck - CVD 𝟏𝒐 - MCV no Hub
59
Figura 61: Resultado da deformação no gooseneck- CVD 1! – MCV no Hub
60
Figura 63: Resultado do deslocamento no gooseneck- CVD 1! – Operação e Teste
61
3.6.4. Análise dos Resultados - Modelo só com Gooseneck
62
4. Conclusão
Além disso, a análise do MCV permitiu que fosse estudado mais a fundo um
componente importante na cadeia da produção de óleo e gás e ainda a aplicação de
conhecimentos técnicos desenvolvidos durante a graduação. Foram abordadas questões
envolvendo comportamento de materiais, mecânica dos sólidos, elementos de máquinas,
desenho técnico sem contar com a familiarização de uma ferramenta poderosa como a
análise por elementos finitos que, definitivamente, trouxe grandes benefícios para a
Engenharia Mecânica de forma geral.
Em suma, o projeto cumpriu com seu objetivo de mostrar que existem soluções
para os desafios propostos decorrentes da adaptação do compressor para operação em
águas ultra profundas e ainda proporcionou um grande e diversificado conhecimento
sobre essa indústria óleo e gás. Trata-se de um contexto de altas cifras e grandes
desafios tecnológicos que são justificados pela importância desse setor na matriz
energética mundial
63
5. Anexo I
64
6. Referências Bibliográficas
[3] ORDOÑEZ, R., ROSA, B., Petróleo perde espaço na matriz energética.
Disponível em:
<http://oglobo.globo.com/economia/petroleo-perde-espaco-na-matriz-
energetica-11619414>. Acesso em: 7 mar.2015
[4] CRUZ, A., Produção de petróleo do Brasil deve duplicar até 2020, afirma
Graça Foster. Disponível em:
<http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/economia/noticia/2014/01/producao-de-
petroleo-do-brasil-deve-duplicar-ate-2020-afirma-graca-foster-4396799.html>.
Acesso em: 16 mar.2015
[6] ARÊDE J., Campo de Tupi: a descoberta que mudou o Brasil. Disponível em:
<http://blogdopetroleo.com.br/campo-de-tupi-descoberta-que-mudou-o-
brasil/>. Acesso em: 6 mar. 2015
[7] VIEIRA W., HORTA M., Tudo o que você queria saber sobre pré-sal.
Disponível em:
<http://super.abril.com.br/cotidiano/tudo-voce-queria-saber-pre-sal-
619488.shtml>. Acesso em: 5 mar. 2015
66