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2020
COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE CARREGAMENTO
ADOTADOS PARA AÇÃO DE VENTOS FORTES NO PROJETO DE TORRES DE
LINHA DE TRANSMISSÃO
RIO DE JANEIRO
Março de 2020
COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS DE CÁLCULO DE CARREGAMENTO
ADOTADOS PARA AÇÃO DE VENTOS FORTES NO PROJETO DE TORRES DE
LINHA DE TRANSMISSÃO
Examinado por:
______________________________________________________
Prof. Michèle Schubert Pfeil, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Sérgio Hampshire de Carvalho Santos, D.Sc.
______________________________________________
Prof. Eduardo de Miranda Batista, D.Sc.
iv
Em memória de meu pai Fernando
e minha avó Maria.
v
Agradecimentos
Agradeço a Deus em primeiro lugar, por que sei que só cheguei até aqui pela Sua
permissão e sei que ter escolhido esse curso não foi apenas coincidência.
À minha irmã Danielle e minha mãe Márcia. Danielle sempre foi uma inspiração
pra mim, sua força de vontade, seu compromisso, sua dedicação, sua fibra e ensinamentos
me deram força pra continuar mesmo quando eu estava exausto. Com ela aprendi sobre
responsabilidade profissional e empenho para conquistar aquilo que se almeja. Por muitas
vezes, minha mãe deu prova de sua força e seus exemplos sempre me trouxeram ânimo
pra seguir adiante. Minha companheira, minha amiga. Sem a sua ajuda, seu cuidado, seu
carinho, sua preocupação, suas lições, eu não teria conseguido.
Agradeço a todos os colegas que dividiram salas de aula comigo. Aos amigos da
Rural, do CEFET e da UFRJ.
Aos meus amigos de infância Diego Vellasquez, Igor Xavier, Luiz Henrique
Bouch, Vinícius Affonso e Vinícius Luiz pela amizade de sempre, desabafos e por
sonharem junto comigo.
À professora Michèle Pfeil, orientadora deste trabalho, pelo conhecimento
compartilhado, por ter sido atenciosa, sempre solícita para tirar dúvidas e pensar junto
comigo nas melhores soluções para o trabalho.
Aos amigos da Marte Engenharia, por todo aprendizado que tive dentro da
empresa e pelas muitas horas passadas dentro e fora do escritório. Em especial, quero
agradecer ao engenheiro Gabriel Mojon por ter me indicado para o estágio e por, muitas
vezes, me auxiliar tirando dúvidas que surgiram neste trabalho e à engenheira Juliana
Nobre, minha supervisora, que além de dividir seu conhecimento comigo, me deu todo o
apoio necessário para que eu conseguisse finalizar esse trabalho.
Por fim, agradeço à minha namorada Carolina, um amor que surgiu ao longo da
faculdade, e que passou junto comigo as mesmas dificuldades nessa reta final do curso,
servindo sempre como abrigo nos momentos mais turbulentos. Parecia distante, difícil,
complexo, mas conseguimos. Obrigado por sempre me apoiar e incentivar, pelo
companheirismo, paciência, amor e carinho.
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.
Março de 2020
vii
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Engineer.
March, 2020
Electric energy transmission line towers are an important part in the transmission and
distribution of energy throughout the national territory and, therefore, it is crucial that
these towers are properly designed to resist its main active load: the wind. Winds
originated from thunderstorms, known as downburst, have a high destructive power and
are considered by some researchers as one of the principal causes of collapses in
transmission lines around the world. However, the wind load calculation methods
presented in the structural design standards are applicable to winds originated from
extratropical cyclones (EPS) and, in general, do not include actions due to downburst.
This work presents a comparison between internal forces in some transmission line tower
components submitted to wind loading calculated according to different procedures: from
codes as well as proposed by researchers. A steel structure tower designed for 500m span
lines was modeled by means of a structural analysis software and some of its components
were checked for axial force safety. Although downburst wind velocity is greater than
that of extratropical cyclones the greater internal forces of the tower example occurred
due to the action of EPS wind forces for the considered wind velocity field models.
viii
LISTA DE FIGURAS
ix
Figura 23 – Isopletas para determinação da velocidade básica 𝑉0 (NBR 6123, 1988) . 21
Figura 24 – Coeficiente de arrasto 𝐶𝑎 para torres treliçadas, em função do índice de área
exposta Ø (NBR 6123, 1988) ................................................................................. 24
Figura 25 – (a) Mapa em zonas para ventos extremos não-sinóticos. (b) Velocidades de
vento tipo não-sinótico em função do período de retorno R (em anos) para cada
região ...................................................................................................................... 25
Figura 26 – (a) Mapa em zonas para ventos extremos sinóticos. (b) Velocidades de
vento tipo sinótico em função do período de retorno R (em anos) para cada região
(VALLIS, 2019). .................................................................................................... 26
Figura 27 - Relação entre intervalos de medição de acordo com cada categoria de
terreno ..................................................................................................................... 27
Figura 28 - Curvas de valores do fator de combinação de vento 𝐺𝐶 de acordo com a
altura e a categoria do terreno (IEC60826, 2003). ................................................. 29
Figura 29 – Gráfico de 𝐺𝐿 de acordo com o comprimento do vão (IEC60826, 2003). . 29
Figura 30 - Desenho esquemático da torre vista de cima com relação de ângulos de
incidência do vento e de direção da linha (IEC 60826, 2003)................................ 30
Figura 31 - Fator de combinação de vento 𝐺𝑡, em função da altura e da categoria do
terreno (IEC60826, 2003). ...................................................................................... 31
Figura 32 - Coeficientes de arrasto 𝐶𝑋𝑡1 e 𝐶𝑋𝑡2, em função do solidity ratio (χ)........ 32
Figura 33 – Torre autoportante de suspensão em vista transversal. Unidades em metros.
................................................................................................................................ 36
Figura 34 – Torre autoportante de suspensão em vista longitudinal. Unidades em
metros. .................................................................................................................... 37
Figura 35 – Cabo suspenso em duas torres de mesma altura (LABEGALINI et al, 1992)
................................................................................................................................ 38
Figura 36 – Isométrico da torre treliçada de suporte ...................................................... 39
Figura 37 – Divisão dos painéis da torre. À esquerda encontra-se o número de cada
painel e à direita o comprimento vertical dos mesmos, em metros. ....................... 44
Figura 38 - Representação da ação do evento não sinótico agindo na LT. .................... 47
Figura 39 - Representação da área de influência do downburst de categoria CD 3. As
distâncias 1 e 2 indicadas correspondem a 30,40 e 32,00 metros, respectivamente.
................................................................................................................................ 48
Figura 40 - Perfil vertical de velocidade para vento downburst, como proposto por
RIERA (2018) ........................................................................................................ 49
Figura 41 - Pontos de aplicação da resultante das cargas geradas pelo vento nos cabos
segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988). .................................................................... 54
Figura 42 - Força de vento aplicada nos nós dos painéis. .............................................. 55
Figura 43 - Localização e nomenclatura adotada dos montantes da torre. ..................... 56
Figura 44 – Localização da diagonal D de módulo superior. ......................................... 56
Figura 45 – Eixos principais u e z e eixos geométricos x e y da seção de uma cantoneira.
(ASCE/SEI 10-15, 2015) ........................................................................................ 61
x
Figura 46 – Ilustração dos espaçamentos s e g entre os furos 1 e 2 (NBR 8800, 2008). 66
Figura 47 – Excentricidade em cantoneiras (NBR 8800, 2008). .................................... 66
Figura 48 – Região sujeita a cisalhamento de bloco de limitada pelas áreas referentes a
cisalhamento (𝐴𝑣) e tração (𝐴𝑡) (NBR 8800, 2008). ............................................. 67
Figura 49 – Determinação do cisalhamento de bloco (ASCE/SEI 10-15, 2015). .......... 68
Figura 50 – Perfil cantoneira pertencente ao grupo 9. Dimensões em mm e parafusos
com fuste de 16 mm. .............................................................................................. 70
Figura 51 – Perfil cantoneira pertencente ao grupo 66. Dimensões em mm e parafusos
com fuste de 16 mm. .............................................................................................. 73
xi
LISTA DE TABELAS
xii
Tabela 30 - Comparação entre carregamentos que obtiveram as maiores solicitações. . 57
Tabela 31 - Força solicitante para os carregamentos de vento incidentes apenas nos
cabos e isoladores. Positivo para tração e negativo para compressão. ................... 58
Tabela 32 – Momentos fletores obtidos para cada carregamento. ................................. 58
Tabela 33 – Esbeltez efetiva para valores de 𝐿/𝑟 inferiores a 120. ............................... 64
Tabela 34 - Esbeltez efetiva para valores de 𝐿/𝑟 superiores a 120. ............................... 64
Tabela 35 – Valores dos coeficientes de ponderação. .................................................... 68
Tabela 36 – Valores máximos para solicitações de compressão e tração. ..................... 68
Tabela 37 – Propriedades das cantoneiras. ..................................................................... 69
Tabela 38 – Tensões de compressão e flexão ................................................................. 69
Tabela 39 – Força resistente de compressão calculada segundo a NBR 8800 (ABNT,
2008). ...................................................................................................................... 70
Tabela 40 - Força resistente de compressão calculada segundo a ASCE/SEI 10-15 ..... 71
Tabela 41 – Força resistente de tração para escoamento da seção bruta, segundo a NBR
8800 (ABNT, 2008)................................................................................................ 71
Tabela 42 – Força resistente de tração para ruptura da seção líquida, segundo a NBR
8800 (ABNT, 2008)................................................................................................ 71
Tabela 43 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008)......................................................................................................... 72
Tabela 44 - Força resistente de tração para falha na seção líquida, segundo a ASCE/SEI
10-15 (ASCE, 2015). .............................................................................................. 72
Tabela 45 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a ASCE/SEI
10-15 (ASCE, 2015). .............................................................................................. 72
Tabela 46 - Força resistente de compressão calculada segundo a NBR 8800 (ABNT,
2008). ...................................................................................................................... 73
Tabela 47 - Força resistente de compressão calculada segundo a ASCE/SEI 10-15 ..... 73
Tabela 48 - Força resistente de tração para escoamento da seção bruta, segundo a NBR
8800 (ABNT, 2008)................................................................................................ 74
Tabela 49 - Força resistente de tração para ruptura da seção líquida, segundo NBR 8800
(ABNT, 2008)......................................................................................................... 74
Tabela 50 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008)......................................................................................................... 74
Tabela 51 - Força resistente de tração para falha na seção líquida, segundo a ASCE/SEI
10-15 (ASCE, 2015). .............................................................................................. 75
Tabela 52 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo ASCE/SEI
10-15 (ASCE, 2015). .............................................................................................. 75
Tabela 53 – Resumo dos valores obtidos para compressão. .......................................... 75
Tabela 54 - Resumo dos valores obtidos para tração. .................................................... 75
xiii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS................................................................................................... IX
LISTA DE TABELAS ................................................................................................ XII
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1
xiv
5.5 MODELO DE ANÁLISE ................................................................................... 38
5.6 GEOMETRIA DOS CABOS .............................................................................. 38
xv
ANEXO A – DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE INTEGRAÇÃO PARA
ANÁLISE INTEGRADA DA LT E PARA ELEMENTOS ISOLADOS ................ 82
ANEXO B – CORRELAÇÃO ENTRE GRUPOS E SUAS PROPRIEDADES ..... 84
xvi
1 INTRODUÇÃO
A demanda por energia elétrica no Brasil, registrada pelo Operador Nacional do Sistema
Elétrico (ONS), atingiu novo recorde em 2019, tendo pico de 90.000 MW em janeiro (ONS,
2019).
Esta crescente solicitação por energia se dá, entre outras razões, pelo aumento da
temperatura causada pelo fenômeno do aquecimento global, já que os picos de consumo
acontecem nos horários mais quentes.
Nesse sentido, para atender esta necessidade energética, o Brasil terá que expandir e
diversificar sua matriz energética, investindo em usinas e outras formas de obtenção de energia.
Para suprir a demanda, novas usinas devem ser construídas, dando origem a novas Linhas de
Transmissão de Energia Elétrica (LTs) bem como, seccionamentos (subdivisões) de LTs já
existentes, a fim de distribuir a energia gerada até as cargas consumidoras (pessoas físicas,
empresas, fábricas e etc). As LTs convencionais são compostas por cabos condutores e cabos
para-raios suportados por torres de aço treliçadas com diferentes funções e geometrias, que
serão melhor definidas no item 2.1. Um exemplo de torres de LT está exposto na Figura 1.
1
As torres possuem papel fundamental na distribuição de energia em todo território
nacional e seu eventual colapso pode interromper atividades essenciais que necessitem de
energia, além de danos financeiros e materiais. Para manter um bom e ininterrupto
funcionamento das LTs é imprescindível que se calcule e projete as torres de maneira adequada
a resistir todos os esforços atuantes na estrutura das mesmas. Um exemplo de torre colapsada
encontra-se na Figura 2.
Figura 2 – Torre colapsada pela ação do vento na zona rural de Presidente Venceslau, em
setembro de 2015 (G1, 2019)
A principal carga atuante nas torres é devida às ações do vento. Os ventos fortes podem
ser originados de ciclones (tropicais e extratropicais), com dimensões de centenas a 3 milhares
de quilômetros, e de fenômenos com escalas bem menores como os tornados e os ventos do
tipo downburst, produzidos por tormentas elétricas (também chamadas TS, thunderstorms).
Atualmente, com poucas exceções, as normas de projeto só contemplam modelos de carga de
vento originado por ciclones extratropicais, também chamados EPS (extended pressure
systems), sendo a IEC60826 (IEC, 2003) a norma mais utilizada pelas empresas projetistas,
conforme levantamento sobre as práticas de projeto realizado pelo CIGRÉ (2004, 2008).
Entretanto, por não estar capacitada a prever esforços originados por vento do tipo downburst,
os cálculos não são adequados e apresentam riscos à estabilidade das torres. Um estudo
realizado na Austrália por Oliver et al (1999) constataram que a maioria dos casos de colapso
de torres de LT se dá pela ação de rajadas de ventos do tipo downburst e que um dos possíveis
erros de projeto está associado a utilização de fatores de redução de maneira equivocada, já que
estes foram designados para ventos originados de ciclone extratropicais e não foram adaptados
para ventos do tipo downburst.
2
Os primeiros conceitos relacionados aos ventos de downburst foram introduzidos e
identificados por FUJITA (1985), professor da Universidade de Chicago, ao observar padrões
estranhos de arrancamento de árvores e de redemoinho, similar ao que está mostrado na Figura
3.
Figura 3 – Efeitos da ação de vento downburst nas árvores de uma floresta (REID &
REVELL, 2006)
Em 1975, um avião Boeing 727 sofreu um acidente causando a morte de 112 pessoas e
deixando outras 12 feridas. A hipótese elaborada por Fujita foi de que o avião teria passado por
uma corrente de ventos fortes semelhante à que ele havia identificado anteriormente. A partir
de então, deu-se a nomenclatura deste vento como downburst, caracterizando-o como “uma
forte coluna densa de ar frio descendente (downdraft) que induz a uma forte explosão de ventos
divergentes (outburst) no chão ou perto dele” (FUJITA, 1985). A Figura 4 ilustra o acidente
envolvendo o Boeing 727 ao entrar na área de influência do vento downburst que ao se chocar
com o solo gera rajadas (gust front) na direção radial.
Em 2004 e em 2008 o grupo de estudos denominado CIGRÉ - International Council on
Large Electric Systems – executou pesquisas voltadas para averiguar as normas de 20 países,
inclusive o Brasil, com relação à presença deste tipo de vento nos cálculos para o carregamento
de ventos atuantes nas torres (CIGRÉ, 2004, CIGRÉ, 2008). A partir disto, países como Canadá,
Austrália e Estados Unidos passaram a adotar critérios que previssem ações específicas de
ventos de tormentas.
3
Figura 4 - Ilustração de um avião passando por região onde atua vento do tipo downburst
(adaptado de METEOLIVENEWS, 2017)
LOU et al (2009) compararam os efeitos da ação do vento downburst aos do vento
originários de tormentas EPS. Como resultado da análise, verificaram que os deslocamentos
produzidos por ventos downburst nas partes superiores das torres superaram em mais de 100%
os deslocamentos oriundos de tormentas EPS.
FU et al (2010) estudaram um acidente ocorrido em Zhengxiang, na China, onde 6 torres
sofreram ações de rajadas de ventos downburst ocasionando o colapso das mesmas.
No Brasil, em 2016, na cidade de Porto Alegre aconteceu um episódio de downburst
que ocasionou o colapso de muitas estruturas e edificações, como observado na Figura 5.
Figura 5 – Danos causados por um evento downburst em Porto Alegre, em 2016 (LOREDO-SOUZA
et al., 2019, apud VALLIS, 2019).
4
1.2 MOTIVAÇÃO E OBJETIVO
1.3 METODOLOGIA
A torre utilizada como exemplo neste trabalho é uma estrutura autoportante de suspensão
de altura de 52,3 m e base retangular de 12,00 x 9,05 m, com linhas aéreas de 500 m de vão e
componentes em perfis cantoneiras de abas iguais.
Foram previstos quatro carregamentos distintos para o vento atuante na estrutura da torre,
seguindo metodologias de cálculo diferentes. Para vento EPS foram considerados os
procedimentos das normas NBR 6123 (ABNT, 1988) e IEC 60826 (IEC, 2003), esta última
específica para linhas de transmissão. Para vento do tipo downburst, o carregamento foi
calculado de acordo com modelo proposto por RIERA (2016, 2018) para o campo de velocidade
de vento e por um procedimento de uso prático a partir de adaptações da norma IEC 60826
(IEC, 2003). Em seguida, foi modelada a torre autoportante de suspensão utilizando o
“software” SAP2000 (CSI, 2019). A partir deste mesmo modelo, para cada um dos
carregamentos de vento supracitados, serão extraídos do programa os maiores esforços
solicitantes nos elementos e, em seguida, serão escolhidas duas barras representativas da torre
para realizar a verificação estrutural das mesmas segundo a NBR 8800 (ABNT, 2008) e a
5
ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015). Por fim, será apresentado um comparativo entre os resultados
obtidos. As etapas do trabalho estão listadas de maneira mais específica a seguir:
Calcular as forças de vento atuantes na torre e nos cabos da LT a partir de quatro
metodologias distintas;
Modelar uma torre utilizando um “software” baseado no conceito de Método dos
Elementos Finitos;
Extrair os maiores esforços solicitantes entre os elementos da torre para cada um dos
carregamentos de vento calculados;
Realizar a verificação estrutural de elementos representativos;
Comparar os resultados.
6
2 CONCEITOS GERAIS
7
Os cabos para-raios, geralmente compostos de aço galvanizado, se localizam na parte
mais superior das estruturas de suporte (torres) a fim de interceptar descargas elétricas
atmosféricas, conduzindo e descarregando-as de maneira segura e ordenada ao solo, evitando
prejuízos e interrupções ao sistema. Estes devem permanecer em distância segura em relação
aos cabos condutores e, da mesma forma, os condutores devem também respeitar distância
segura entre si e entre o solo ou obstáculo que se encontra abaixo dos mesmos.
A Figura 8 apresenta um esquema com os elementos de uma LTEE.
De acordo com FUCHS (1977), as torres podem ser classificadas segundo os seguintes
critérios:
8
esforços de tração de maneira assimétrica, obtendo maiores esforços longitudinais,
nas condições diárias de operação, além dos esforços transversais e verticais. São
menos reforçadas que as estruturas de ancoragem total.
Estruturas para ângulos: são dimensionadas para resistir aos esforços já
mencionados, especialmente para resistir os esforços transversais oriundos da
decomposição das forças axiais de tração nos cabos devido à existência de ângulos
de deflexão na LT, em planta.
Estruturas de transposição: dimensionadas para resistir a rotação ou transposição de
fases, a fim de assegurar a simetria elétrica de uma linha.
II. Quanto a forma de resistência aos esforços:
Estruturas autoportantes: são estruturas que transmitem todos os esforços
diretamente para suas fundações, através de quatro pés, cada um destes ligados à um
montante que acompanha toda a estrutura básica da torre.
Estruturas estaiadas: são estruturas compostas por um ou dois mastros, que são
enrijecidos através da fixação dos mesmos à estais, que absorvem parte dos esforços
horizontais, transmitindo-os diretamente ao solo através de estruturas de fundação
ancoradas. Outra parte dos esforços é transmitida axialmente pelo mastro diretamente
ao solo, por meio de fundação própria.
9
devem ser levados em conta no projeto de uma torre de LT. Um destes fenômenos é denominado
ciclone extratropical.
Estes são originados de movimentos circulatórios do ar em torno de centros de baixa
pressão, devido ao efeito mecânico de cadeias de montanhas sobre correntes atmosféricas de
grandes dimensões ou pela interação de massas de ar ao longo das frentes frias, sendo, por isso,
um fenômeno mais comum em regiões temperadas.
São denominados como sistemas de pressão plenamente desenvolvidos ou tormentas
EPS (extended pressure systems ou extratropical pressure system) quando atingem seu estado
“maduro” e, portanto, são comumente chamados apenas de tormentas EPS (BLESSMANN,
1995).
As tormentas EPS produzem ventos que possuem o melhor equilíbrio dinâmico com a
rugosidade da superfície terrestre, sendo denominados ventos de camada limite e também, no
jargão profissional, de ventos “bem comportados”. Estes ventos podem manter velocidade e
direção relativamente constantes por várias horas, ou até alguns dias, e são os ventos mais
estudados e melhor conhecidos. Por essa razão, a maioria das normas de projeto de estruturas
possui métodos de carregamento aplicáveis a ventos originados de tormentas EPS. A Figura 10
apresenta um ciclone extratropical visto do espaço.
10
grandes alturas, podendo atingir até 22 km, chamadas de cumulonimbus. A força que direciona
verticalmente o ar pode ser originada por diferentes razões, como o movimento do ar subindo
a encosta de montanhas, o aquecimento da superfície terrestre, uma frente fria ou a diferença
de temperatura entre terra e mar.
Conforme mencionado, uma nuvem cumulonimbus pode atingir mais de 20 km, estando
sua base em torno de 1 a 3 km acima da superfície e apresenta diâmetro entre 10 e 20 km. Se
difere dos outros tipos de nuvens por conta do seu tamanho e grande extensão vertical, além da
presença de gotículas de água superesfriadas, da formação de gelo em elevadas altitudes (acima
de 5 km) e por apresentar fortes correntes verticais de ar (MACGORMAN e RUST, 1998,
RAKOV e UMAN, 2003).
A Figura 11 mostra um downburst produzido por uma tormenta elétrica em Phoenix, EUA.
11
equilibrar as gotas, cristais e partículas e estas se precipitam. A precipitação se intensifica
ao passo que o ar vai sendo resfriado pela queda desses elementos. Ao precipitarem, estes
elementos friccionam o ar, dando origem a correntes descendentes de ar que chegam ao
solo de maneira brusca, caracterizada por rajadas violentas e chuva torrencial. Este
estágio tem duração de cinco a trinta minutos.
Terceiro estágio: as correntes descendentes aumentam transversalmente, até tomarem
conta de toda a nuvem. A precipitação acaba, uma vez que não há mais ar quente e úmido
subindo.
A Figura 12 mostra um esquema com os três estágios de formação de uma tormenta
elétrica.
O escoamento descendente com origem nas tormentas TS, ao se chocar com o solo,
transforma-se em escoamento radial e, posteriormente, forma um anel de vórtice. Os ventos
mais fortes produzidos por esses escoamentos são chamados de downburst. A Figura 13 mostra,
de maneira ilustrativa, o comportamento de um downburst.
O cálculo do perfil de velocidade para ventos do tipo downburst é um assunto ainda muito
recente e vários estudiosos propuseram modelos matemáticos diferentes para defini-lo. A
velocidade do vento pode ser descrita em termos de sua componente vertical e radial, conforme
a Figura 14. Para este trabalho, a componente vertical será desconsiderada, uma vez que a
probabilidade de que uma torre seja atingida em cheio pelo centro da tormenta é muito pequena.
á
𝑉 (𝑟) = 𝑉 (𝑧) ∙ 𝑒 ∙𝑒 , r<𝑟 á (3.2)
onde:
𝑉 (𝑧) é a velocidade radial máxima de uma altura z;
r é a distância radial a partir do centro da tormenta;
𝑟 á é a distância radial em que ocorre 𝑉 , á ;
14
R é uma escala de comprimento radial;
t é o tempo medido a partir do momento em que o downburst está no pico de intensidade;
T é a duração característica da tormenta.
Este modelo foi validado a partir das análises dos registros realizados pelos programas
NIMROD e JAWS (FUJITA, 1985 apud HOLMES e OLIVER, 2000), nos Estados Unidos. A
Figura 16 mostra as semelhanças obtidas pelos valores de velocidade radial em função do tempo
determinados pelo modelo matemático elaborado HOLMES e OLIVER e os registros
apontados por FUJITA (1985).
(a) (b)
Figura 16– Comparação da simulação. (a) Registro da velocidade e direção do vento da
BFAA. (Adaptado de FUJITA, 1985); (b) Simulação de HOLMES. (Adaptado de HOLMES e
OLIVER , 2000)
WOOD e KWOK (1998) e WOOD et al. (2001) propuseram uma expressão empírica a
partir de ensaios realizados em túnel de vento simulando um downburst modelado por um jato
de ar estacionário descendente incidindo sobre uma superfície plana. Como resultado destes
ensaios, obtiveram a expressão empírica para o perfil vertical de velocidade radial, conforme a
Equação (3.3).
𝑧 / 𝑧
𝑉 (𝑧) = 1,55 ∙ ∙ 1 − 𝑒𝑟𝑓 0,70 ∙ ∙𝑉, á (3.3)
𝛿 𝛿
onde:
𝑧 é a altura acima do solo, em metros;
𝑉 (𝑧) é a velocidade radial a uma altura z qualquer;
15
𝑉, á é a velocidade radial máxima atingível por um downburst;
, á
𝛿 é a altura na qual a velocidade radial é a metade da máxima, isto é, 𝑉 (𝛿) = ;
Para alturas inferiores a Z(𝑉 , á ), o perfil vertical proposto por WOOD e KWOK (1998)
e WOOD et al. (2001) possui forma semelhante a uma assíntota até atingir o valor máximo de
velocidade, a partir do qual passa a decair. A Figura 18 montra este comportamento, com base
na equação (3.3), para valores de z inferiores ao que ocorre a velocidade radial máxima 𝑉 , á .
0,8
Z/Z(V𝑟,𝑚á𝑥)
0,6
0,4
0,2
0
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
Vr/𝑉𝑟,𝑚á𝑥
16
3.3 ABORDAGEM PROPOSTA POR RIERA (2016, 2018)
Uma vez que a velocidade 𝑉 registrada pelas estações meteorológicas não é capaz de
distinguir os dois tipos de vento, RIERA (2016) propôs um perfil não sinótico que fosse
composto em parte por perfil para ventos de tormentas EPS e em parte por perfil para
downbursts, originário de tormentas TS. A parcela fixa de perfil EPS é referente ao vento de
fundo, já que a maioria das tormentas elétricas é acompanhada deste, e corresponde a 35% do
valor total de velocidade registrado.
O perfil vertical para a velocidade horizontal foi baseado na equação de SAVORY et al.
(2001) com modificações realizadas por RIERA (2016), conforme apresentado nas equações
(3.5) e (3.6).
V(η)
= 1,22 ∙ [exp(−0,15𝜂) − exp(−3,2175𝜂)] (3.5)
𝑉
z
η= (3.6)
𝑧
RIERA (2016) classificou os downbursts em cinco categorias, conforme a Tabela 1,
com base no valor da velocidade de rajada, 𝑉 , medida a 10 metros de altura. A Figura 20 mostra
os perfis para as diferentes velocidades básicas 𝑉 , com base nas Equações (3.5) e (3.6).
17
Figura 20 – Perfis para ventos downburst (DB) e perfis não sinóticos compostos por perfis
sinóticos e por downburst (COMP.), como proposto por RIERA (2016) (VALLIS, 2019).
Figura 21 – Perfis para ventos downburst (DB) e perfis não sinóticos compostos por perfis
sinóticos e por downburst (COMP.) como proposto por RIERA (2018) (VALLIS, 2019).
18
Tabela 1 - Parâmetros das cinco categorias de downburst ou correntes descendentes (CD)
(RIERA, 2016, 2018)
𝑉 𝑑 𝑏 Altura de 𝑉 á T
Categoria
(m/s) (m) (m) 𝑍 á (m) (s)
CD1 𝑉 ≤ 30 10 40 20 60
CD 2 30 < 𝑉 ≤ 40 20 60 40 120
CD 3 40 < 𝑉 ≤ 50 40 100 80 180
CD 4 50 < 𝑉 ≤ 60 60 160 120 300
CD 5 60 ≤ 𝑉 80 240 160 480
A área de influência dos downbursts conforme proposto por RIERA (2016, 2018) está
representada na Figura 22 conforme esquema ilustrativo das regiões de acordo com os
parâmetros b e d.
19
4 FORÇAS DEVIDAS AO VENTO
A maioria das normas de vento direcionadas para projetos de LTs prevê cálculos
separados para as forças de vento atuando nos cabos e forças atuando diretamente na torre. No
estudo elaborado por KOELLER (2012), foi concluído que, para uma análise estática, os
resultados obtidos para um mesmo carregamento são semelhantes, tanto para um modelo
estrutural completo, quanto para um modelo estrutural simplificado, sendo o primeiro
constituído da torre e das linhas aéreas dos vãos adjacentes fixados à torre e o segundo
constituído apenas da torre.
Por essa razão, no presente trabalho, foi adotado apenas o modelo simplificado, uma
vez que só será realizada a análise estática.
Conforme já foi dito, a maioria das normas vigentes prevê metodologias de cálculo para
forças originadas de vento formados a partir de ciclones extratropicais, como é o caso das
normas nacionais NBR 6123 (ABNT, 1988) e NBR 5422 (ABNT, 1985) e da norma
internacional IEC 60826 (2003). As normas NBR 5422 e IEC 60826 abordam o cálculo das
ações de vento para o caso específico do projeto de LTs, apresentando diversas similaridades,
entretanto esta última é a mais utilizada pelas empresas projetistas, conforme levantamento feito
sobre as práticas de projeto realizado pelo CIGRÉ (2004, 2008).
Dessa forma, a seguir será feita uma breve descrição das normas NBR 6123 (ABNT,
1988) e IEC 60826 (IEC, 2003).
4.1.1 Cálculo das forças devidas ao vento a partir da NBR 6123 (ABNT, 1988)
A NBR 6123 (ABNT, 1988) define a velocidade básica de projeto 𝑉 como uma
velocidade de rajada de 3 segundos, com período de retorno de 50 anos, medida à altura de 10
metros, em campo aberto e plano. A NBR 6123 (ABNT, 1988) apresenta um mapa de isopletas,
com intervalos de 5 m/s, mas recomenda que, em caso de dúvida quanto à seleção da velocidade
básica ou em projetos de grande importância, seja realizado um estudo específico. O mapa de
isopletas está reproduzido na Figura 23.
20
Figura 23 – Isopletas para determinação da velocidade básica 𝑉 (NBR 6123, 1988)
Para o caso específico dos cabos condutores e para-raios, os parâmetros b e p devem ser
obtidos conforme especificado no anexo A da NBR 6123 (ABNT, 1988). Neste anexo, a Norma
descreve o procedimento para encontrar o intervalo de tempo a ser usado na obtenção da
velocidade da rajada do vento que atua sobre uma estrutura de grandes dimensões (maiores que
80m). Utiliza-se um processo iterativo, com base na equação (4.3), em que o valor de 𝑆 é
determinado através de um valor arbitrado inicial. Com o intervalo de tempo 𝑡 definido, os
valores dos parâmetros b e p podem ser obtidos.
𝐿
𝑡 = 7,5 ∙ (4.3)
𝑉 (ℎ)
onde:
𝐿 é o comprimento dos cabos;
𝑉 (ℎ) é a velocidade média do vento sobre t segundos, a uma altura h.
22
1 (4.4)
𝑞= ∙𝜌∙𝑉
2
Onde 𝜌 é a massa específica do ar, tomada igual a 1,226 kg/m².
Para o cálculo da força de vento atuando perpendicularmente à direção dos cabos, a
Norma define a seguinte equação:
𝐹 =𝐶 ∙𝑞∙𝑙∙𝑑 (4.5)
onde:
𝐶 é o coeficiente de arrasto do cabo, adotado igual a 1,0 para os cabos utilizados em LT;
𝑙 é o comprimento do cabo;
𝑑 é o diâmetro do cabo.
A Norma possui equação específica para o caso de torres reticuladas de seção quadrada
ou triangular equilátera, que possibilita o cálculo da força global do vento atuando diretamente.
Esta equação está reproduzida abaixo:
𝐹 =𝐶 ∙𝑞∙𝐴 (4.6)
onde:
𝐶 é o coeficiente de arrasto da torre, obtida a partir do índice de área exposta (Ø), como
mostrado na Figura 24;
𝐴 é a área frontal efetiva de uma das faces da torre, isto é, área de obstrução da face do
painel.
O cálculo das cargas de vento nas cadeias de isoladores, é feito conforme o item 7.3 da
NBR 6123 (1988), para barras prismáticas de seção circular. O cálculo é realizado de acordo
com a equação (4.7).
𝐹 =𝐶 ∙𝑞∙K∙𝑙∙𝑑 (4.7)
onde:
𝐶 é o coeficiente de arrasto para barras prismáticas infinitas, igual a 1,2 para a cadeia de
isoladores de LT;
𝑙 é o comprimento da cadeia, em metros;
𝑑 é o diâmetro da cadeia, em metros;
K é um fator de redução para barras de comprimento finito determinado em função da
relação l/𝐶 , conforme a Tabela 2.
23
Figura 24 – Coeficiente de arrasto 𝐶 para torres treliçadas, em função do índice de área
exposta Ø (NBR 6123, 1988)
𝑅 = 7000 ∙ 𝑉 ∙ 𝑑 (4.8)
24
Figura 26 mostram os mapas em zonas elaborados por VALLIS (2019) para ventos não-
sinóticos e sinóticos, respectivamente.
(a)
(b)
Figura 25 – (a) Mapa em zonas para ventos extremos não-sinóticos. (b) Velocidades de vento
tipo não-sinótico em função do período de retorno R (em anos) para cada região
(VALLIS, 2019).
25
(a)
(b)
Figura 26 – (a) Mapa em zonas para ventos extremos sinóticos. (b) Velocidades de vento tipo
sinótico em função do período de retorno R (em anos) para cada região (VALLIS, 2019).
26
4.1.3 Cálculo das forças devidas ao vento a partir da IEC 60826 (IEC, 2003)
Figura 27 - Relação entre intervalos de medição de acordo com cada categoria de terreno
(IEC60826, 2003).
27
Tem-se então, o valor da velocidade de referência, definido pela seguinte expressão:
𝑉 = 𝐾 ∙𝑉 [m/s] (4.9)
𝑞 = ∙ 𝜏 ∙ 𝜌 ∙ (𝐾 ∙ 𝑉 )² [N/m²] (4.10)
onde:
𝜌 é a massa específica do ar, igual a 1,225 kg/m³ à temperatura de 15 °C e pressão
atmosférica de 101,3 kPa ao nível do mar;
𝜏 é o fator de correção de densidade do ar, utilizado em locais com temperaturas e pressões
diferentes de 15 °C e 101,3 kPa, respectivamente.
onde:
𝐶 é o coeficiente de arrasto dos cabos. Para a maioria dos cabos e para valores de
velocidade dentro dos padrões, este valor é adotado como igual a 1;
𝐺 é o fator de combinação do vento nos cabos, referente ao valor de pico da velocidade do
vento em conjunto com a turbulência da região, definido em função da altura de fixação dos
cabos e da categoria do terreno, conforme a Figura 28;
𝐺 é o fator de vão, que leva em consideração o efeito da dimensão do vão vencido pelos
cabos, conforme Figura 29;
𝑑 é o diâmetro do cabo;
𝐿 é o vão médio entre as torres adjacentes;
𝛺 é o ângulo entre a direção do vento e o cabo, conforme a Figura 30.
28
Figura 28 - Curvas de valores do fator de combinação de vento 𝐺 de acordo com a altura e a
categoria do terreno (IEC60826, 2003).
29
Figura 30 - Desenho esquemático da torre vista de cima com relação de ângulos de incidência
do vento e de direção da linha (IEC 60826, 2003).
As cargas agindo sobre as cadeias de isoladores são compostas pelas cargas originadas
dos cabos e pela carga do vento incidindo diretamente na cadeia. Estas cargas serão transferidas
para a torre através dos pontos de fixação dos isoladores. A Equação (4.12) define o valor da
carga de vento que atua diretamente na cadeia de isoladores:
𝐹 = 𝑞0 ∙ 𝐶𝑋𝑖 ∙ 𝐺𝑡 ∙ 𝑆 (4.12)
onde:
𝐶 é o coeficiente de arrasto da cadeia de isoladores, correspondente a 1,2;
𝐺 é o fator de combinação de vento para a torre, semelhante ao 𝐺 , definido em função da
categoria do terreno e a altura do centro de gravidade da cadeia de isoladores acima do solo,
de acordo com a Figura 31. A norma permite que se utilize a mesma altura adotada para os
condutores;
𝑆 é a área da cadeia de isoladores projetada horizontalmente em um plano vertical paralelo
ao eixo da cadeia, em m².
30
Figura 31 - Fator de combinação de vento 𝐺 , em função da altura e da categoria do terreno
(IEC60826, 2003).
Para se determinar o valor da carga de vento atuante na própria estrutura da torre, esta
deve ser dividida em diferentes módulos ou painéis. Esta divisão, em geral, é feita nas
interseções entre montantes e travamentos horizontais. O valor, em N, da força de vento
aplicada no centro de gravidade do módulo é definido pela Equação (4.13):
𝐹 = 𝑞 ∙ ((1 + 0,2 𝑠𝑒𝑛 2𝜃) ∙ (𝑆 𝐶 𝑐𝑜𝑠 𝜃) + 𝑆 𝐶 𝑠𝑒𝑛 𝜃)) ∙ 𝐺 (4.13)
onde:
𝑆 e𝑆 é o valor da área líquida total de uma face projetada ortogonalmente sobre plano
vertical situado nas direções 1 e 2, respectivamente, conforme indicado na Figura 30;
𝐶 e𝐶 é o valor do coeficiente de arrasto para as faces 1 e 2, para vento perpendicular
a cada face e são determinados a partir do solidity ratio (χ), que é a razão entre a área
projetada dos membros de um painel dividida pela área total do mesmo, conforme
apresentado na Figura 32;
Para o caso de vento transversal à direção da linha, a fórmula pode ser reduzida para a
Equação (4.14)
𝐹 =𝑞 ∙𝑆 ∙ 𝐶 ∙𝐺 (4.14)
31
Figura 32 - Coeficientes de arrasto 𝐶 e 𝐶 , em função do solidity ratio (χ)
(IEC60826, 2003).
Uma vez que não há nenhuma norma nacional vigente que oriente a maneira mais
adequada para a realização do cálculo das forças originadas de um vento do tipo downburst,
serão utilizados os conceitos contidos na NBR 6123 (1988) e na IEC 60826 (2003) para
produzir tais cálculos, realizando adaptações de forma que as diferenças entre um vento
originário de uma tormenta EPS e um downburst sejam respeitadas.
A proposta elaborada por RIERA (2016, 2018) será utilizada em conjunto com os
conceitos contidos na NBR 6123 (ABNT, 1988), pois o modelo desenvolvido pelo mesmo é
uma proposta para futura implementação na norma e, portanto, foi elaborado com o objetivo de
normalizar os cálculos, com resultados passíveis de comparação aos resultados oriundos dos
cálculos apresentados pela NBR 6123 (ABNT, 1988) e IEC 60826 (IEC, 2003).
Para o cálculo da velocidade característica 𝑉 , o fator 𝑆 não será levado em conta já
que é referente à correção da velocidade pela altura para ventos originários de tormentas EPS.
Será adotado o perfil vertical de velocidade baseado na Equação (3.7).
Dessa forma, a partir da velocidade básica 𝑉 , medida a 10 metros de altura sobre o solo,
utiliza-se 0,35 𝑉 para os cálculos da força originada pelo vento de fundo e o próprio valor de
𝑉 para o cálculo das forças originadas pelo downburst.
Será adotada a área de influência elaborada por RIERA (2016, 2018), com base na
Figura 22 e na Tabela 1, a partir do valor de velocidade obtido pela Figura 25.
32
4.2.2 Cálculo das forças a partir de adaptações da IEC 60826
O cálculo da força de vento produzida por um downburst a partir da IEC 60826 (IEC,
2003) será feito de maneira similar ao que foi apresentado no item 4.1.3.
A velocidade 𝑉 será utilizada com intervalo de medição de 3 s, o mesmo valor obtido
para 𝑉 pela Figura 25, sem haver necessidade de utilizar o fator de conversão de intervalos de
medição, já que o downburst é um fenômeno de curta duração, não fazendo sentido utilizar um
intervalo de medição de 10 minutos.
Os fatores de combinação de vento 𝐺 e 𝐺 serão desconsiderados, pois estes se referem
à correções para obter a velocidade de pico na estrutura, entretanto o valor de 𝑉 já foi medido
em um intervalo de 3 s, adequado para registrar os picos de velocidade.
O fator de vão 𝐺 também não será utilizado, pois este fator objetiva atenuar as forças
obtidas para o pico de velocidade conforme o comprimento do vão. Entretanto, ao invés disso
por considerar que o downburst tem escala de atuação reduzida em comparação com um vento
sinótico, será considerada a ação do vento em apenas 1/4 do vão, não havendo necessidade de
utilizar o fator 𝐺 para atenuação.
A velocidade do vento será considerada constante ao longo da altura da torre e dos
cabos.
33
5 ESTUDO DE UMA TORRE DE LINHA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA
A torre que será estudada adiante é uma torre autoportante de suspensão. Trata-se de
uma estrutura treliçada em aço com perfis de cantoneiras de abas iguais. A torre possui altura
total de 52,33 metros e serve de suporte para a passagem de três feixes de condutores elétricos,
com dois cabos cada, com o propósito de vencer um vão de 500 metros. A Figura 33 e a Figura
34 contêm o desenho de silhueta da torre, com as vistas transversal e longitudinal da mesma e
indicam a numeração dos grupos de barra, separados por perfil de cantoneira, comprimento de
barra, entre outros parâmetros, como, por exemplo, finalidade de utilização na torre. A
correlação entre os grupos de barras e os respectivos perfis cantoneira, bem como o tipo de aço
pertencente aos grupos, está descrita no Anexo B.
Os elementos dos condutores elétricos são formados por 2 cabos do tipo CAL (Condutor
de Alumínio Liga) ou, em inglês, AAAC (All-Aluminum Alloy Conductors), de Liga 1120. As
propriedades dos cabos estão dispostas na Tabela 4.
Característica Valor
Tipo CAL (AAAC)
Formação 37 fios
Diâmetro dos fios 3,79 mm
Diâmetro total 26,53 mm
Peso unitário 11,29 N/m por cabo
Área 417,42 mm²
Carga de Ruptura 91,20 kN por cabo
34
Os cabos para-raios são do tipo CAA (Cabo de Alma de Aço) Dotterel, cujas
propriedades estão na Tabela 5.
Característica Valor
Tipo CAA Dotterel
Formação 12/7 fios
Diâmetro dos fios 3,08 mm
Diâmetro 15,42 mm
Peso unitário 6,45 N/m por cabo
Área 141,94 mm²
Carga de Ruptura 76,83 kN por cabo
Característica Valor
Diâmetro 254 mm
Comprimento 2,60 m
Peso total 5,88 kN por cadeia
A torre é constituída por perfis em dois tipos de aço. As propriedades do aço são dadas
na Tabela 7.
Tabela 7 - Propriedades dos materiais
Aço Nomenclatura 𝐹 𝐹
ASTM A-572 Gr. 50 H 345 MPa 450 MPa
ASTM A-572 Gr. 60 G 415 MPa 520 MPa
35
Figura 33 – Torre autoportante de suspensão em vista transversal. Unidades em metros.
36
Figura 34 – Torre autoportante de suspensão em vista longitudinal. Unidades em metros.
37
5.5 MODELO DE ANÁLISE
A torre descrita ao longo deste capítulo foi modelada com elementos de pórtico espacial
no programa SAP2000 v21.1.0 (CSI, 2019) e analisada sob a ação de um carregamento estático
em regime linear elástico. O modelo estrutural da torre encontra-se na Figura 36. Os montantes
foram modelados como barras contínuas; as barras intermediárias conectadas por apenas um
parafuso em apenas uma de suas abas foram liberadas quanto à rotação e os pés da torre foram
modelados como elementos rotulados.
Figura 35 – Cabo suspenso em duas torres de mesma altura (LABEGALINI et al, 1992)
8 ∙ 𝑓²
𝐿=𝐴+ (5.1)
3∙𝐴
onde:
𝐿 é o comprimento do cabo, em metros;
𝐴 é o comprimento do vão, em metros;
𝑓 é a flecha realizada pelo cabo, calculada através da equação (5.2).
38
Figura 36 – Isométrico da torre treliçada de suporte
39
O cálculo das flechas dos cabos é feita conforme a Equação (5.2).
𝑝 ∙ 𝐴²
𝑓= (5.2)
8∙𝑇
onde:
𝑝 é o peso linear do cabo, em N/m;
𝐴 é o comprimento do vão, em metros;
𝑇 é a tração no ponto O, conforme Figura 37.
Cadeia de isoladores
Conforme a Tabela 6, o peso de cada cadeia é de 5,88 𝑘𝑁.
40
6 CARREGAMENTOS DEVIDOS AO VENTO NA TORRE AUTOPORTANTE DE
SUSPENSÃO E NOS CABOS
6.1.1 Cálculo das forças devidas ao vento segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988)
A localização escolhida para a análise da torre foi no estado de Mato Grosso do Sul e o
período de retorno adotado foi de 150 anos. Com base nessas premissas e na Figura 26 adotou-
se a região S3, por apresentar ventos mais fortes, sendo assim o caso mais desfavorável. Dessa
forma, o valor da velocidade básica de projeto 𝑉 é igual a 32,25 m/s, medido a 10 metros do
solo, com intervalo de tempo de 3 segundos.
O terreno possui rugosidade equivalente à categoria II e a dimensão do conjunto cabos-
torre se enquadra na classe C, com comprimento maior que 80 m. Para este caso específico
deve-se recorrer ao anexo A da NBR 6123 (ABNT, 1988), a fim de se determinar o tempo de
integração da edificação.
Entende-se que não há distinção entre o intervalo de tempo para determinação da
velocidade de pico para os cabos e para a torre, já que o sistema é composto mutuamente pela
interação entre estes componentes. Entretanto, para efeito comparativo com a IEC 60826 (IEC,
2003) que recomenda os fatores G em elementos isolados da estrutura, serão apresentados
cálculos com tempo de integração para LT integrada (cabos e torre em conjunto) e também para
os elementos isolados (cabos e torre independentes).
Com base na Equação (4.3) foi calculado o tempo de integração para o conjunto cabos-
torre através da altura máxima 𝑧 de 52,33 m e comprimento de 500 m e para a torre isolada foi
utilizada altura e comprimento iguais a 52,33 metros.
Com o auxílio do programa comercial MATHCAD v15.0 (PTC, 2017), calculou-se o
valor da velocidade, a partir de método iterativo apresentado no Anexo A deste trabalho. A
Tabela 8 faz um resumo dos resultados obtidos.
Tabela 8 – Parâmetros obtidos através do cálculo do Anexo A.
41
6.1.1.1 Forças devidas ao vento nos cabos
Tabela 9 – Carga devida ao vento nos cabos segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988).
𝑁° 𝑑𝑒
Cabo 𝑧 (𝑚) 𝑏 𝐹 𝑝 𝑆 𝑉 𝑞 (𝑁/𝑚²) 𝐶 𝑑 (𝑚) 𝑙 (𝑚) 𝐹 (𝑘𝑁)
𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠
Condutor 39,08 2 1 0,77 0,135 0,93 29,85 546,17 1 0,02653 500 14,49
Para-raio 45,51 1 1 0,77 0,135 0,94 30,47 569,1 1 0,01542 500 4,39
6.1.1.2 Forças devidas ao vento nas cadeias de isoladores
42
A Tabela 10 mostra o resultado obtido para a força nas cadeias de isoladores, calculada
através da Equação (4.7), bem como os parâmetros necessários para determina-la.
Tabela 10 - Carga devida ao vento para tempo de integração de 121 s, segundo a NBR 6123
(ABNT, 1988).
Tabela 11 - Carga devida ao vento para tempo de integração de 11 s, segundo a NBR 6123
(ABNT, 1988).
Para o cálculo das forças na torre, esta foi dividida em diferentes painéis, conforme a
Figura 37. A área líquida de cada painel foi obtida pelo somatório da multiplicação da dimensão
da aba de uma dada cantoneira pelo seu respectivo comprimento, para cada barra do painel.
43
Figura 37 – Divisão dos painéis da torre. À esquerda encontra-se o número de cada painel e à
direita o comprimento vertical dos mesmos, em metros.
Tabela 12 – Carga devida ao vento na torre para tempo de integração de 121 s, segundo a
NBR 6123 (ABNT, 1988).
Área do Índice de
Nível Nível 𝐴 𝐹
Painel 𝑧 (𝑚) 𝑆 𝑉 𝑞 (𝑁/𝑚²) painel área exposta Ca
Sup. Inf. (𝑚²) (kN)
(𝑚²) (Ø)
1 52,3 48.00 50,15 0,96 30,87 584,22 5,41 3,17 0,59 1,94 3,59
2 48.00 45,10 46,55 0,95 30,56 572,58 3,63 2,09 0,58 1,92 2,29
3 45,10 36,50 40,8 0,93 30,02 552,56 17,15 3,08 0,18 3.00 5,10
4 36,50 31,50 34,00 0,91 29,29 526,02 15,85 2,19 0,14 3,20 3,69
5 31,50 25,50 28,50 0,89 28,6 501,54 24,73 3,9 0,16 3,10 6,07
6 25,50 19,50 22,50 0,86 27,71 470,53 30,95 3,99 0,13 3,25 6,10
7 19,50 13,50 16,50 0,82 26,57 432,74 37,18 4,44 0,12 3,30 6,34
8 13,50 7,50 10,50 0,78 25.00 383,02 43,40 4,55 0,10 3,40 5,92
9 7,50 0.00 3,75 0,67 21,75 290,06 63,01 4,25 0,07 3,46 4,26
44
Consideração do tempo de integração para elementos isolados
O fator 𝑆 foi calculado com base nos parâmetros para tempo de integração igual a 11
segundos, determinado apenas para a torre, conforme especificado na Tabela 8. A Tabela 13
mostra os resultados obtidos para a força em cada painel da torre, calculadas através da Equação
(4.6), bem como os parâmetros necessários para determina-la.
Tabela 13 – Carga devida ao vento na torre para tempo de integração de 11 s, segundo a NBR
6123 (ABNT, 1988).
Área do Índice de
Nível Nível 𝐴 𝐹
Painel 𝑧 (𝑚) 𝑆 𝑉 𝑞 (𝑁/𝑚²) painel área exposta Ca
Sup. Inf. (𝑚²) (kN)
(𝑚²) (Ø)
1 52,3 48.00 50,15 1,11 35,9 790,24 5,41 3,17 0,59 1,94 4,86
2 48.00 45,1 46,55 1,1 35,64 778,43 3,63 2,09 0,58 1,92 3,12
3 45,1 36,5 40,8 1,09 35,16 757,98 17,15 3,08 0,18 3.00 6,99
4 36,5 31,5 34.00 1,07 34,52 730,57 15,85 2,19 0,14 3,2 5,12
5 31,5 25,5 28,5 1,05 33,91 704,99 24,73 3,9 0,16 3,1 8,53
6 25,5 19,5 22,5 1,03 33,11 672,11 30,95 3,99 0,13 3,25 8,71
7 19,5 13,5 16,5 1.00 32,09 631,3 37,18 4,44 0,12 3,3 9,25
8 13,5 7,5 10,5 0,95 30,66 576,21 43,4 4,55 0,1 3,4 8,91
9 7,5 0.00 3,75 0,86 27,63 468,01 63,01 4,25 0,07 3,46 6,88
6.1.2 Cálculo das forças devidas vento segundo a IEC 60826 (IEC, 2003)
A altura de fixação dos para-raios é igual a 52,33 metros. A altura adotada para os cabos
condutores foi de 48,75 metros, igual à altura média entre os condutores externos e o condutor
central. O fator de combinação do vento aos cabos foi obtido pela Figura 28. O fator de vão foi
45
obtido pela Figura 29. A Tabela 14 mostra o resultado obtido para a força nos cabos, calculado
através da Equação (4.11), bem como os parâmetros necessários para determiná-la.
Tabela 14 – Carga devida ao vento nos para-raios segundo a IEC 60826 (IEC, 2003).
𝑁° 𝑑𝑒
Cabo 𝑞 (𝑘𝑁/𝑚²) 𝐶 𝑧 (𝑚) 𝐺 𝐺 𝑑 (𝑚) 𝐿 (𝑚) F (kN)
𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠
Condutor 2 338,42 1,00 48,75 2,43 0,9153 0,02653 500 19,95
Para-raio 1 338,42 1,00 52,33 2,45 0,9153 0,01542 500 5,86
6.1.2.2 Forças devidas ao vento nas cadeias de isoladores
A altura adotada para o centro geométrico das cadeias de isoladores foi de 48,75 metros,
igual à altura média entre os centros de gravidade das cadeias de isoladores externos (em I) e
da cadeia central (em V). O fator de combinação de vento 𝐺 foi obtido pela Figura 31. A área
da cadeia foi determinada multiplicando-se o diâmetro dos discos dos isoladores pelo
comprimento do mesmo, conforme propriedades descritas na Tabela 6.A Tabela 15 mostra o
resultado obtido para a força nas cadeias de isoladores, calculado através da Equação (4.12),
bem como os parâmetros necessários para determiná-la.
Tabela 15 – Carga devida ao vento nos isoladores segundo a IEC 60826 (IEC, 2003).
A área líquida de cada painel foi obtida pelo somatório das multiplicações da dimensão
da aba de uma cantoneira pelo seu respectivo comprimento, para cada barra do painel. Os
valores de 𝐶 e𝐶 , foram determinados com o auxílio da Figura 32, a partir do solidity
ratio (χ) para cada face. O fator de combinação de vento 𝐺 , para cada painel, foi obtido pela
Figura 31. A Tabela 16 mostra os resultados obtidos para a força em cada painel da torre, obtidas
através da Equação (4.14), bem como os parâmetros necessários para determiná-la.
46
Tabela 16- Carga devida ao vento na torre segundo a IEC 60826 (IEC, 2003).
Área total
Nível Sup. Nível Inf. 𝑞 𝑆
Painel z (m) da face 1 χ 𝐶 𝐺 F (kN)
(m) (m) (𝑘𝑁/𝑚²) (m²)
(m²)
1 52,30 48,00 50,15 338,42 5,41 3,17 0,59 1,83 2,55 5,00
2 48,00 45,10 46,55 338,42 3,63 2,09 0,58 1,84 2,52 3,28
3 45,10 36,50 40,80 338,42 17,15 3,08 0,18 3,04 2,47 7,80
4 36,50 31,50 34,00 338,42 15,85 2,19 0,14 3,24 2,38 5,71
5 31,50 25,50 28,50 338,42 24,73 3,90 0,16 3,14 2,30 9,54
6 25,50 19,50 22,50 338,42 30,95 3,99 0,13 3,28 2,20 9,74
7 19,50 13,50 16,50 338,42 37,18 4,44 0,12 3,33 2,08 10,41
8 13,50 7,50 10,50 338,42 43,40 4,55 0,10 3,41 1,95 10,21
9 7,50 0,00 10,00 338,42 63,01 4,25 0,07 3,61 1,94 10,05
Utilizou-se os mesmos parâmetros definidos em 6.1.1. Da Figura 25, foi definida como a
região de estudo a região N3, por apresentar ventos mais fortes, sendo assim o caso mais
desfavorável. Dessa forma, o valor da velocidade básica de projeto 𝑉 é igual a 47 m/s, medido
a 10 metros do solo, com tempo de integração de 3 segundos.
Para as análises a seguir, o downburst foi considerado centrado no mesmo eixo
transversal da torre, perpendicular ao eixo y, atingindo assim, tanto a torre, quanto os cabos. A
Figura 38 ilustra a hipótese considerada.
47
6.2.1 Cálculo das forças devidas ao vento segundo o modelo proposto por RIERA (2016,
2018)
48
140
120
100
80
Z (m)
60
40
20
0
0 10 20 30 40 50 60 70
V (m/s)
Figura 40 - Perfil vertical de velocidade para vento downburst, como proposto por RIERA
(2018)
6.2.1.1 Forças devidas ao vento nos cabos
Tabela 17 - Carga devida ao vento nos cabos segundo NBR 6123 (ABNT, 1988).
𝑁° 𝑑𝑒
Cabo 𝑧 (𝑚) 𝑏 𝐹 𝑝 𝑆 𝑉 𝑞 (𝑁/𝑚²) 𝐶 𝑑 (𝑚) 𝑙 (𝑚) 𝐹 (𝑘𝑁)
𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠
Condutor 39,08 2 1 0,77 0,135 0,93 15,23 142,1 1 0,02653 439,2 3,31
Para-raio 45,51 1 1 0,77 0,135 0,94 15,54 148,07 1 0,01542 436,00 1,00
𝑁° 𝑑𝑒 𝑉 𝑞 𝑑𝑖â𝑚𝑒𝑡𝑟𝑜
Cabo 𝑧 (𝑚) 𝐿 (𝑚) 𝐶 𝐹 (𝑘𝑁)
𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠 (𝑚/𝑠) (𝑁/𝑚²) (𝑚)
Condutor 39,08 2 47 1354,11 60,8 0,02653 1 4,37
Para-raio 45,51 1 47 1354,11 64 0,01542 1 1,34
49
Resultante das forças
O valor das forças nos cabos, somando-se as parcelas referentes ao vento de fundo e ao
vento downburst, encontram-se na Tabela 19.
Tabela 19 – Resultante das forças nos cabos.
Cabo 𝐹 (kN)
Condutor 7,68
Para-raio 2,33
6.2.1.2 Forças devidas ao vento nas cadeias de isoladores
Área do
Nível Nível 𝐴 Índice de área 𝐹
Painel 𝑉 𝑞 (𝑁/𝑚²) painel Ca
Sup. Inf. (𝑚²) exposta (Ø) (kN)
(𝑚²)
50
6.2.2 Cálculo das forças a partir de adaptação da IEC 60826 (IEC, 2003)
A força nos para-raios foi calculada de maneira similar ao item 6.1.2.1, respeitando as
observações apresentadas no item 4.2.2. A Tabela 22 mostra o resultado obtido para a força nos
cabos, calculado através da Equação (4.11), bem como os parâmetros necessários para
determiná-la.
Tabela 22 – Carga devida ao vento nos cabos segundo a IEC 60826 (IEC, 2003).
Cabo 𝑁° 𝑑𝑒
𝑞 (𝑁/𝑚²) 𝐶 𝑑 (𝑚) 𝐿 (𝑚) F (kN)
𝑐𝑎𝑏𝑜𝑠
Para-raio 1 1353,01 1,00 0,01542 125 2,61
Condutor 2 1353,01 1,00 0,02653 125 8,97
6.2.2.2 Forças devidas ao vento nas cadeias de isoladores
A força nas cadeias de isoladores foi calculada de maneira similar ao item 6.1.2.2,
respeitando as observações apresentadas no item 4.2.2. A Tabela 23 mostra o resultado obtido
para a força nas cadeias de isoladores, calculado através da Equação (4.12), bem como os
parâmetros necessários para determiná-la.
Tabela 23 – Carga devida ao vento nos isoladores segundo a IEC 60826 (2003).
51
Tabela 24 – Carga devida ao vento na torre segundo a IEC 60826 (2003).
Área total
Nível Sup. Nivel Inf. 𝑆
Painel 𝑞 (𝑁/𝑚²) da face 1 χ 𝐶 F (kN)
(m) (m) (m²)
(m²)
1 52,3 48.00 1353,01 5,41 3,17 0,59 1,83 7,83
2 48.00 45,1 1353,01 3,63 2,09 0,58 1,84 5,2
3 45,1 36,5 1353,01 17,15 3,08 0,18 3,04 12,63
4 36,5 31,5 1353,01 15,85 2,19 0,14 3,24 9,59
5 31,5 25,5 1353,01 24,73 3,9 0,16 3,14 16,58
6 25,5 19,5 1353,01 30,95 3,99 0,13 3,28 17,72
7 19,5 13,5 1353,01 37,18 4,44 0,12 3,33 20,01
8 13,5 7,5 1353,01 43,4 4,55 0,1 3,41 20,97
9 7,5 0.00 1353,01 63,01 4,25 0,07 3,61 20,76
52
Tabela 27 - Comparação de forças na torre para cada carregamento
EPS, 𝑉 = 32,25 m/s TS, 𝑉 = 47,00 m/s
IEC
Painel 𝑁𝐵𝑅 𝑁𝐵𝑅 RIERA IEC*
(𝑉 = 23,51 m/s)
Força solicitante (kN)
1 3,59 4,86 5,00 8,32 7,83
2 2,29 3,12 3,28 5,43 5,20
3 5,10 6,99 7,80 12,49 12,63
4 3,69 5,12 5,71 9,49 9,59
5 6,07 8,53 9,54 16,39 16,58
6 6,10 8,71 9,74 17,56 17,72
7 6,34 9,25 10,41 19,84 20,01
8 5,92 8,91 10,21 20,93 20,97
9 4,26 6,88 10,05 19,90 20,76
TOTAL 43,36 62,37 71,75 130,35 131,30
Notas: 𝑁𝐵𝑅 representa a metodologia aplicada para intervalo de integração de 121s, feitos para a LT
integral; 𝑁𝐵𝑅 representa a metodologia aplicada para intervalo de integração de 11s, feitos para os
elementos isolados; IEC* representa a metodologia descrita no item 4.2.2.
Observa-se, na Tabela 25, que o carregamento calculado conforme a IEC 60826 (IEC,
2003) apresenta os maiores valores para a força nos cabos. Para a cadeia de isoladores,
conforme a Tabela 26, o maior carregamento foi obtido segundo a “IEC*”, metodologia descrita
no item 4.2.2. Para a torre, conforme a Tabela 27, o carregamento calculado pela metodologia
proposta por RIERA (2016, 2018) obteve valores praticamente iguais os valores segundo a
“IEC*”.
Os valores para forças nos cabos entre a 𝑁𝐵𝑅 e 𝑁𝐵𝑅 são iguais, entretanto a
análise com elementos isolados com tempo de integração de 11s apresentou maiores valores de
força na torre, pois obviamente, para um tempo de integração inferior, o valor de 𝑆 é maior,
resultando em uma pressão de vento superior.
Os valores de força obtidos para as normas de vento EPS NBR 6123 (ABNT, 1988) e
IEC 60826 (IEC, 2003) estão bem próximos, sendo ligeiramente maiores os valores da última.
53
7 ESFORÇOS SOLICITANTES DEVIDOS À AÇÃO DO VENTO
As cargas provenientes dos cabos e dos isoladores, para cada um dos 5 carregamentos,
foram aplicadas no modelo conforme exemplificado na Figura 41.
Figura 41 - Pontos de aplicação da resultante das cargas geradas pelo vento nos cabos
segundo a NBR 6123 (ABNT, 1988).
Para simular a ação do vento atuante na torre, as forças foram distribuídas entre os nós
da face à barlavento de cada painel, conforme mostrado na Figura 42.
Neste capítulo, para efeitos comparativos, apenas as forças devidas ao vento foram
consideradas. As forças devidas ao peso próprio da torre e dos cabos serão consideradas na
verificação estrutural, no capítulo 8.
54
Figura 42 - Força de vento aplicada nos nós dos painéis.
55
da torre, podendo assim estes valores terem seus sinais invertidos para vento atuante no sentido
oposto.
56
Tabela 29 - Força solicitante para os carregamentos de vento oriundos de tormentas TS.
Positivo para tração e negativo para compressão.
RIERA IEC* IEC* /
Elemento
Força solicitante (kN) RIERA
M1 -132,72 -143,94 1,08
M2 -133,76 -145,12 1,08
M3 119,54 130,20 1,09
M4 120,17 130,95 1,09
D -29,23 -33,11 1,13
Pode-se observar pela Tabela 28 e pela Tabela 29 que as maiores solicitações, para
ventos de tormentas EPS, se deram no carregamento segundo a IEC 60826 (IEC, 2003) e, para
ventos de tormentas TS, no carregamento segundo modelo adaptado da IEC 60826* (IEC,
2003).
A Tabela 30 faz uma comparação entre as solicitações obtidas para ambos os
carregamentos. Para o caso em análise, pode-se notar que a ação de vento EPS produziu
esforços maiores do que a ação de downburst.
Para realizar a comparação do efeito das forças de vento atuante nos cabos e isoladores
na torre, foi feita uma análise estrutural do modelo com incidência somente destas forças, sem
levar em conta a força de vento atuante diretamente na torre.
57
A Tabela 31 apresenta as solicitações obtidas para os montantes e a diagonal D, para
cada carregamento.
Tabela 31 - Força solicitante para os carregamentos de vento incidentes apenas nos cabos e
isoladores. Positivo para tração e negativo para compressão.
Vento EPS Vento TS
Elemento 𝑁𝐵𝑅 𝑁𝐵𝑅 IEC RIERA IEC*
Força solicitante (kN)
M1 -103,93 -104,63 -144,73 -58,82 -70,94
M2 -105,29 -106,01 -146,63 -59,60 -71,88
M3 103,93 104,63 147,73 58,83 70,94
M4 105,24 106,00 146,63 59,60 71,88
D - 38,21 -38,49 -52,93 -21,73 -26,06
Notas: 𝑁𝐵𝑅 representa a metodologia aplicada para intervalo de integração de 121s, feitos para a LT
integral; 𝑁𝐵𝑅 representa a metodologia aplicada para intervalo de integração de 11s, feitos para os
elementos isolados; IEC* representa a metodologia descrita no item 4.2.2.
A partir das solicitações expostas pode-se concluir que o carregamento que desperta as
maiores solicitações em todos os casos, tanto para ventos EPS e ventos TS, foi o carregamento
obtido segundo a IEC 60826 (IEC, 2003). Este carregamento foi o que obteve o maior valor
para as forças nos cabos e comparando-se a Tabela 31, que aponta as solicitações despertadas
somente pelas cargas oriundas do vento nos cabos, com os valores da Tabela 28, que apresenta
as solicitações para as cargas nos cabos e na torre, conclui-se que para os elementos
58
posicionados nos níveis inferiores, como é o caso dos montantes, a carga oriunda dos cabos
representa em torno de 70% do valor total da solicitação.
Apesar de não ter sido o carregamento com o maior valor de velocidade de vento (32,25
contra 47 m/s), ainda assim a ação de vento EPS produziu as maiores solicitações na torre. Isto
ocorreu pelo fato de que toda a extensão dos cabos estava sob ação do vento, enquanto que as
forças devidas ao vento downburst atuaram em comprimentos reduzidos dos cabos.
A partir das solicitações expostas, pode-se afirmar que a carga nos cabos é determinante
para os esforços solicitantes na torre, uma vez que esta carga é aplicada nos pontos superiores
da torre e, por isso, tem maior braço de alavanca do que as forças que são aplicadas ao longo
dos painéis da torre.
Dessa forma, conclui-se que a consideração adotada para o comprimento dos cabos
atingido pelo vento é de extrema importância, pois é este comprimento que definirá a magnitude
das forças devidas ao vento. Por exemplo, pelo método de RIERA (2016, 2018), caso o
downburst fosse classificado como CD 5 na Tabela 1, levando em conta as dimensões b, d e a
altura máxima, o comprimento dos cabos sob ação de vento com velocidade 𝑉 igual a 47m/s
seria aumentado em aproximadamente 210% enquanto que o comprimento sob a ação de vento
EPS com 0,35 ∙ 𝑉 seria reduzido em 30%. Com isso as solicitações devidas somente ao vento
nos cabos teriam acréscimo de 100% e no montante M1, por exemplo, o esforço normal passaria
de 133kN a 196kN, valor maior do que o esforço para vento EPS.
59
8 VERIFICAÇÃO ESTRUTURAL
𝜒∙𝑄∙𝐴 ∙𝑓
𝑁, = (8.1)
𝛾
onde:
𝜒 é o fator de redução associado à resistência à compressão;
Q é o fator de redução total associado à flambagem local e, para os perfis que serão estudados,
corresponde a 1,0;
𝐴 é a área bruta da seção transversal;
𝑓 é a resistência ao escoamento do aço;
𝛾 é o coeficiente de ponderação, igual a 1,10.
60
0,877
𝜒= para 𝜆 > 1,5 (8.3)
𝜆
𝑄∙𝐴 ∙𝑓
𝜆 = (8.4)
𝑁
𝜋 ∙𝐸∙𝐼
𝑁 = (8.5)
𝐿
Sendo
𝐼 o momento de inércia em relação ao eixo z;
E o módulo de elasticidade do aço, igual a 200 GPa;
L o comprimento de flambagem da barra.
61
𝑁 +𝑁 4∙𝑁 ∙ 𝑁 ∙ [1 − (𝑢 /𝑟 ) ]
𝑁 = 1− 1− (8.6)
2 ∙ [1 − (𝑢 /𝑟 ) ] (𝑁 + 𝑁 )
onde:
𝑁 𝑒 𝑁 são as forças axiais de flambagem elástica, obtidas pelas Equações (8.8) e (8.9);
𝑢 é a distância do centroide ao centro de cisalhamento da seção;
𝑟 é o raio de giração polar da seção bruta em relação ao centro de cisalhamento, conforme
Equação (8.7).
𝑟 = (𝑟 + 𝑟 +𝑢 ) (8.7)
Sendo 𝑟 e 𝑟 os raios de giração em relação aos eixos z e u.
A força axial de flambagem elástica em torno do eixo u é dada pela Equação (8.8).
𝜋 ∙𝐸∙𝐼
𝑁 = (8.8)
𝐿
A Equação (8.9) é uma adaptação da expressão contida na NBR 8800 (ABNT, 2008),
em que a constante de empenamento 𝐶 foi assumida como zero, já que, para cantoneiras, o
centro de cisalhamento se encontra na interseção entre as abas e, portanto, praticamente não há
rigidez ao empenamento (GALAMBOS, 2010).
𝐺∙𝐽
𝑁 = (8.9)
𝑟
62
8.1.2 Cálculo segundo a ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015)
Segundo a ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015), uma cantoneira sob compressão pode falhar
por flambagem axial por flexão em torno do eixo Z (menor inércia), por flambagem local das
abas e por flambagem por flexo-torção, sendo esta a combinação da flambagem por torção e a
flambagem por flexão em torno do eixo U (maior inércia). A flambagem local e a flambagem
por torção são iguais para cantoneiras de abas iguais e a força crítica para flambagem por flexo-
torção é muito próxima da força crítica para flambagem por torção pura. Portanto, a norma
aborda apenas verificações para flambagem por flexão e flambagem local. Os perfis estudados
no presente trabalho não ultrapassam os limites estabelecidos para estabilidade à flambagem
local e, portanto, a tensão 𝐹 descrita na norma ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015) não foi levada
em consideração.
A tensão resistente de compressão 𝐹 que age sobre a área bruta da seção da cantoneira
é dada pelas Equações (8.13) e (8.14).
1 𝐾𝐿/𝑟 𝐾𝐿
𝐹 = 1− ∙ ∙𝑓 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤𝐶 (8.13)
2 𝐶 𝑟
𝜋 ∙𝐸
𝐹 = 𝐾𝐿
𝐾𝐿 𝑝𝑎𝑟𝑎 >𝐶 (8.14)
𝑟
𝑟
onde:
𝐾𝐿/𝑟 é a esbeltez efetiva da cantoneira, obtida nas Equações (8.16) a (8.21);
𝑟 é o raio de giração em torno do eixo de flambagem;
𝐾 é o coeficiente de comprimento efetivo;
𝐶 é o coeficiente que define se a flambagem é elástica ou inelástica, dado pela Equação (8.15).
2∙𝐸
𝐶 =𝜋∙ (8.15)
𝑓
O valor da esbeltez efetiva 𝐾𝐿/𝑟 depende do valor da esbeltez 𝐿/𝑟 da cantoneira. Para
valores de esbeltez 𝐿/𝑟 inferiores ou iguais a 120, o valor de 𝐾𝐿/𝑟 é dado de acordo com a
excentricidade da cantoneira, isto é, se está conectada nas duas abas ou somente em uma:
63
Tabela 33 – Esbeltez efetiva para valores de 𝐿/𝑟 inferiores a 120.
Excentricidade da cantoneira Expressão Equação
𝐾𝐿 𝐿
= (8.16)
𝑟 𝑟
𝐾𝐿 𝐿
= 30 + 0,75 ∙ (8.17)
𝑟 𝑟
𝐾𝐿 𝐿
= 60 + 0,50 ∙ (8.18)
𝑟 𝑟
Para valores de esbeltez 𝐿/𝑟 superiores a 120, o valor de 𝐾𝐿/𝑟 é dado de acordo com a
restrição à articulação, isto é, quanto ao número de parafusos por aba.
𝐾𝐿 𝐿
= 200 (8.19)
𝑟 𝑟
𝐾𝐿 𝐿
= 28,6 + 0,762 ∙ 225 (8.20)
𝑟 𝑟
𝐾𝐿 𝐿
= 46,2 + 0,615 ∙ 250 (8.21)
𝑟 𝑟
64
8.2 ELEMENTOS SUBMETIDOS A TRAÇÃO
O valor da força axial resistente de cálculo será a menor valor obtido nas Equações
(8.23), (8.24) e (8.28).
65
Figura 46 – Ilustração dos espaçamentos s e g entre os furos 1 e 2 (NBR 8800, 2008).
𝑒
𝐶 =1− (8.27)
𝑙
onde:
𝑒 é a excentricidade da ligação, conforme a Figura 47;
𝑙 é a distância entre o primeiro e último parafuso da linha de furação com maior número de
parafusos, na direção da força axial.
1 1
𝐹, = ∙ (0,60 ∙ 𝑓 ∙ 𝐴 +𝐶 ∙𝑓 ∙𝐴 )≤ ∙ 0,60 ∙ 𝑓 ∙ 𝐴 +𝐶 ∙𝑓 ∙𝐴 (8.28)
𝛾 𝛾
onde:
𝐴 é a área bruta sujeita a cisalhamento;
𝐴 é a área líquida sujeita a cisalhamento;
𝐴 é a área líquida sujeita à tração;
𝐶 é o fator igual a 1,0, para tensão de tração na área líquida uniforme.
66
Figura 48 – Região sujeita a cisalhamento de bloco de limitada pelas áreas referentes a
cisalhamento (𝐴 ) e tração (𝐴 ) (NBR 8800, 2008).
O cálculo de resistência à tração pela ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015) é feito de maneira
semelhante à da NBR 8800 (ABNT, 2008), com algumas diferenças. A ASCE/SEI 10-15
(ASCE, 2015), prevê apenas cálculo para escoamento na seção líquida e cisalhamento de bloco.
Os valores de resistência podem ser encontrados nas Equações (8.29) e (8.30).
Cisalhamento de bloco
A ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015) prevê que cantoneiras conectadas por um conjunto
de parafusos com centroide localizado fora do centro de gravidade da aba devem ser verificadas
para cisalhamento de bloco, conforme a Equação (8.30).
𝑃 = 0,60 ∙ 𝐴 ∙ 𝑓 + 𝐴 ∙ 𝑓 (8.30)
Onde:
P é a força crítica atuante nas ligações;
𝐴 é a área líquida referente ao cisalhamento na direção da força;
𝐴 é a área líquida referente à tração, perpendicular à direção da força.
67
Figura 49 – Determinação do cisalhamento de bloco (ASCE/SEI 10-15, 2015).
8.3 RESULTADOS
Para realizar a verificação pelas normas NBR 8800 (ABNT, 2008) e ASCE/SEI 10-15
(ASCE, 2015), as solicitações foram calculadas de acordo com as combinações prescritas nas
normas NBR 8800 (ABNT, 2008) e ASCE 7-16 (ASCE, 2016), respectivamente.
As combinações foram realizadas a partir dos coeficientes de ponderação definidos na
Tabela 35. Os valores entre parênteses correspondem aos coeficientes para ações permanentes
favoráveis à segurança.
Tabela 35 – Valores dos coeficientes de ponderação.
Coeficientes de ponderação
Norma
Peso Próprio Vento
NBR 8800 (ABNT, 2008) 1,25 (1,00) 1,40
ASCE 7-16 (ASCE, 2016) 1,20 (0,90) 1,60
68
As propriedades dos perfis para os eixos principais U e Z e para os eixos geométricos
X e Y encontram-se na Tabela 37.
Tabela 37 – Propriedades das cantoneiras.
Área 𝑋 =𝑌 𝐼 =𝐼 𝑟 =𝑟 𝐼 𝑟 𝐼 𝑟 𝑆
Perfil
(cm²) (cm) (𝑐𝑚 ) (cm) (𝑐𝑚 ) (cm) (𝑐𝑚 ) (cm) (𝑐𝑚 )
75x75x7 10,10 2,09 52,40 2,28 83,27 2,87 21,53 1,46 9,67
100x100x12 22,70 2,90 207,00 3,02 328,57 3,80 85,43 1,94 29,10
Para identificar a importância da flexão no Estado Limite Último (ELU), foi feito o
cálculo de tensões elásticas flexo-compressão. Conforme definido em GERE (2003), a tensão
de um elemento submetido aos esforços combinados de compressão e flexão é dada pela
equação (8.31).
𝑁 𝑀
𝜎 = + (8.31)
𝐴 𝑆
onde:
𝜎 é a tensão máxima na fibra mais externa;
𝑁 é o esforço axial de compressão solicitante;
𝐴 é a área da seção transversal;
𝑀 é o momento fletor solicitante;
𝑆 é o módulo de seção da seção transversal.
69
8.3.1 Resultados obtidos para a diagonal D
Tabela 39 – Força resistente de compressão calculada segundo a NBR 8800 (ABNT, 2008).
E (MPa) 𝑓 (MPa) 𝐿/𝑟 𝐾∙𝐿 𝑁 (N) 𝜆 χ Q 𝑁 , (kN)
200000 345 47,02 2445,60 172937,90 1,42 0,43 1,00 136,30
70
Conforme exemplo 2 do apêndice B da ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015), foi utilizado o
raio de giração 𝑟 para determinação da esbeltez.
A Tabela 40 mostra o resultado obtido para 𝐹 , e os parâmetros necessários para
determiná-lo.
Tabela 41 – Força resistente de tração para escoamento da seção bruta, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008).
Área
𝑓 (MPa) 𝑁,
(mm²)
1010 345 316,77
Tabela 42 – Força resistente de tração para ruptura da seção líquida, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008).
Diâmetro N° de
𝑓 t 𝐴 𝑒 𝑙 𝐴 𝑁,
do furo parafusos na 𝐶
(MPa) (mm) (mm²) (mm) (mm) (mm²) (kN)
(mm) seção crítica
450 19,50 1,00 7,00 873,50 20,90 135,00 0,85 738,27 246,09
71
Tabela 43 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008).
𝐴 𝐴 𝐴 𝐹,
𝑓 (MPa) 𝑓 (MPa)
(mm²) (mm²) (mm²) (kN)
345 450 1120 642,25 194,25 193,2
Tabela 44 - Força resistente de tração para falha na seção líquida, segundo a ASCE/SEI 10-15
(ASCE, 2015).
N° de
Diâmetro
parafusos
𝑓 (MPa) do furo t (mm) 𝐴 𝐹 (kN)
na seção
(mm)
crítica
345 19,6 1 7 872,8 271,00
Para verificação ao cisalhamento de bloco, utilizou-se a Equação (8.30). A Tabela 45
mostra o resultado obtido para 𝑃 e os parâmetros necessários para determiná-lo.
Tabela 45 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a ASCE/SEI 10-
15 (ASCE, 2015).
𝑓 𝑓 𝐴 𝐴
𝑃 (kN)
(MPa) (MPa) (mm²) (mm²)
345 450 639,8 193,9 239,64
Logo, o menor valor de resistência obtido foi de 239,64 kN.
72
Figura 51 – Perfil cantoneira pertencente ao grupo 66. Dimensões em mm e parafusos com
fuste de 16 mm.
Tabela 46 - Força resistente de compressão calculada segundo a NBR 8800 (ABNT, 2008).
𝐿
E (MPa) 𝑓 (MPa) 𝑁 (N) 𝜆 χ Q 𝑁 , (kN)
(mm) 𝑁 (N) 𝑁 (N)
200000 415 1516 733771,19 1782233,13 733771,19 1,13 0,58 1,00 500,39
73
Para a tração, foram obtidos os seguintes resultados:
Tabela 48 - Força resistente de tração para escoamento da seção bruta, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008).
Área
𝑓 (MPa) 𝑁,
(mm²)
2256 415 851.13
Tabela 49 - Força resistente de tração para ruptura da seção líquida, segundo NBR 8800
(ABNT, 2008).
N° de
Diâmetro do t 𝐴 𝐴 𝑁,
𝑓 (MPa) parafusos na 𝐶
furo (mm) (mm) (mm²) (mm²) (kN)
seção crítica
520 19,50 2 12 1802,00 1,00 1802,00 694,10
Tabela 50 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo a NBR 8800
(ABNT, 2008).
𝐴 𝐴 𝐴
𝑓 (MPa) 𝑓 (MPa) 𝐹, (kN)
(mm²) (mm²) (mm²)
345 450 3540,00 2721,00 483,00 814,90
74
Tabela 51 - Força resistente de tração para falha na seção líquida, segundo a ASCE/SEI 10-15
(ASCE, 2015).
Diâmetro N° de
t
𝑓 (MPa) do furo parafusos na 𝐴 𝐹 (kN)
(mm)
(mm) seção crítica
415 19,60 2 12 1799,60 746,83
Tabela 52 - Força resistente de tração para cisalhamento de bloco, segundo ASCE/SEI 10-15
(ASCE, 2015).
𝑓 𝐴
𝑓 (MPa) 𝐴 (mm²) 𝑃 (kN)
(MPa) (mm²)
415 520 2716,80 482,40 1047,84
75
Nota-se que os resultados obtidos segundo a NBR 8800 (ABNT, 2008) são mais
conservadores para compressão e para tração, tanto nos valores de solicitação quanto para os
valores de resistência.
Uma possível razão para a diferença nos esforços resistentes de compressão está nos
valores de esbeltez efetiva adotados por cada norma. Enquanto a ASCE/SEI 10-15 (ASCE,
2015) utiliza expressões específicas para perfis cantoneiras para a obtenção direta da esbeltez
efetiva levando em conta os efeitos da rotulação e de cargas excêntricas, a NBR 8800 (ABNT,
2008) prevê fórmulas para elementos em aço de maneira geral e apresenta poucos recursos para
lidar com as especificidades das cantoneiras, ficando à cargo do projetista definir os valores do
coeficiente de flambagem K a ser utilizado nas curvas de flambagem, podendo ser determinante
para a resistência caso seja adotado um valor equivocado para este coeficiente. Outra diferença
está no fato de que a NBR 8800 (ABNT, 2008) faz verificação para flambagem por flexo-
torção, enquanto que a ASCE/SEI 10-15 prevê verificações apenas para flambagem local e
flambagem à flexão.
Para a tração pode-se comentar que para a NBR 8800 (ABNT, 2008), o valor do
coeficiente 𝐶 utilizado para reduzir a área líquida no caso de cargas excêntricas, isto é, em
cantoneiras ligadas por uma aba, é variável de acordo com a configuração da ligação e
geometria da cantoneira, podendo assumir valores inferiores ao valor de 0,9 utilizado de
maneira fixa pela ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015), podendo resultar em valores de resistência
inferiores aos obtidos pela ASCE. Somado à isso tem-se o fato de que a NBR 8800 (ABNT,
2008) permite a verificação das ligações até a tensão de ruptura, utilizando-se de um coeficiente
de ponderação 𝛾 enquanto que a ASCE/SEI 10-15 (ASCE, 2015) faz as verificações nas
ligações somente até o escoamento, sem adotar coeficientes de ponderação.
Além disso, conclui-se que as barras estudadas passaram na verificação estrutural e
suportam as forças de solicitação abordadas para ambas as combinações de carga.
76
9 CONCLUSÕES E SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Apesar do downburst ser apontado por diversos estudos como o tipo de vento que causa
o maior número de colapso de torres de LT pelo mundo, no presente trabalho, as solicitações
despertadas pelas forças devidas ao downburst não superaram as solicitações obtidas pelas
forças do vento originado por ciclones extratropicais, já previsto e bem definido nas normas de
vento. O exemplo considerado foi de uma LT com vão de 500 m, com altura da torre de 52,33
m e relação de 𝑉 , / 𝑉 , (47,00/32,25) igual a 1,46.
Da análise dos esforços na base da torre se concluiu que as forças devidas ao vento nos
cabos produzem cerca de 70% dos esforços devidos ao carregamento total de vento (cabos e
torre). O principal fator que limitou os valores das solicitações oriundas do downburst foi o
valor obtido para as forças devidas ao vento nos cabos, mais especificamente, o comprimento
dos cabos sob a ação do vento adotado nos modelos. Tanto para o modelo proposto por RIERA
(2016, 2018), quanto para o modelo denominado IEC* , os comprimentos dos cabos sob ação
do vento foram muito menores do que o comprimento total do vão entre as torres da LT, sendo
aproximadamente 12% do comprimento total para o modelo de RIERA (2016, 2018) e 25%
para o modelo IEC* .
A ação do downburst, mesmo tendo uma velocidade de vento superior à do vento EPS
e, segundo os modelos de RIERA (2016, 2018) e IEC*, tendo força total atuante na torre em
torno de 80% maior, não produziu as maiores solicitações na base da torre, o que confirma que
a força determinante para o dimensionamento das torres de LT é a força que o vento gera nos
cabos.
Para obter valores mais expressivos para as solicitações oriundas das forças devidas ao
downburst seria necessário aumentar a área de influência dos mesmos sobre os cabos, como
exemplificado no capítulo 7.
Para uma linha com vãos menores e sob ação de um downburst pertencente a categorias
superiores, conforme definido na Tabela 1, é possível que os valores de carga para os cabos se
aproximassem, fazendo valer a análise para este tipo de vento.
Outra questão a ser estudada é a possibilidade do downburst atingir a LT no meio do
vão atingindo somente os cabos despertando cargas na torre de forma não simétrica. Caso isso
aconteça, além das forças transversais que foram abordadas nesse trabalho, seriam também
77
despertadas forças longitudinais e essas forças teriam a capacidade de solicitar a torre à flexão
em dois planos.
78
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
80
VALLIS, M.B., 2019, Brazilian Extreme Wind Climate, Tese de Doutorado, Universidade
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
VOTORAÇO, 2018. Disponível em <https://www.votoraco.com.br/como-as-torres-de-
transmissao-sao-feitas/>. Acesso em: 17 de dezembro de 2019.
WASHINGTONPOST, 2016. Disponível em <
https://www.washingtonpost.com/news/capital-weather-gang/wp/2016/07/19/watch-this-
incredible-microburst-come-crashing-down-over-phoenix/>. Acesso em 22 de fevereiro de
2020.
WOOD, G.S., KWOK K.C.S., 1998, An empirically derived estimate for the mean
velocity profile of a thunderstorm downburst, 7th AWES Workshop, Auckland.
81
ANEXO A – DETERMINAÇÃO DO TEMPO DE INTEGRAÇÃO PARA ANÁLISE
INTEGRADA DA LT E PARA ELEMENTOS ISOLADOS
Os cálculos foram feitos com o auxílio do programa MATHCAD v15.0. Para o cálculo
da velocidade 𝑉 , foi denominada uma velocidade intermediária, 𝑉 , correspondente a
velocidade básica de projeto 𝑉 multiplicada pelos fatores 𝑆 e 𝑆 , equivalentes a 1,0, conforme
definido ao longo do trabalho. Os cálculos foram feitos conforme previsto no Anexo A da NBR
6123 (ABNT, 1988).
82
83
ANEXO B – CORRELAÇÃO ENTRE GRUPOS E SUAS PROPRIEDADES
A tabela abaixo mostra, para cada grupo de barras, os perfis cantoneira e o tipo de aço
ulizados pelos mesmos.
1 65x65x5 H
2 65x65x5 H
3 75x75x5 G
4 75x75x5 G
5 75x75x7 G
6 75x75x7 G
7 75x75x5 H
7b 45x45x3 H
8 60x60x5 H
9 75x75x7 H
10 50x50x5 H
11 50x50x5 H
12 75x75x5 H
13 40x40x3 H
14 40x40x3 H
15 90x90x7D H
16 40x40x3 H
17 90x90x7 H
18 60x60x5 H
19 50x50x5 H
20 90x90x7D H
21 45x45x5 H
22 40x40x3 H
24 40x40x3 H
26 40x40x3 H
27 40x40x3 H
27b 50x50x3 H
28 40x40x3 H
29 40x40x3 H
31 40x40x4 H
31b 40x40x3 H
33 50x50x5 H
34 45x45x3 H
35 65x65x5 H
36 65x65x5 H
84
Grupo Perfil Cantoneira Tipo do Aço
37 90x90x7 G
38 45x45x3 H
39 60x60x5D H
221 75x75x5 H
222 40x40x3 H
40 90x90x7 G
41 45x45x4 H
42 45x45x4 H
43 45x45x4 H
44 45x45x4 H
47 45x45x4 H
48 45x45x4 H
49 45x45x4 H
50 90x90x7 G
51 50x50x5 H
52 50x50x4 H
53 50x50x4 H
54 50x50x4 H
56 60x60x4 H
57 60x60x4 H
58 60x60x4 H
59 60x60x4 H
60 100x100x10 G
61 50x50x3 H
62 50x50x3 H
63 60x60x4 H
64 60x60x4 H
65a 100x100x10 G
65b 100x100x10 G
65c 100x100x10 G
65d 100x100x10 G
66 100x100x12 G
70 50x50x3D H
71 50x50x3D H
72 60x60x4D H
73 60x60x4D H
74 60x60x4 H
75 60x60x4 H
80 50x50x3D H
81 50x50x3D H
82 60x60x6D H
83 60x60x6D H
85
Grupo Perfil Cantoneira Tipo do Aço
84 60x60x4 H
85 60x60x4 H
90 50x50x4D H
91 50x50x5D H
92 75x75x7D H
93 75x75x5D H
94 65x65x6 H
95 65x65x5 H
100 65x65x5D H
101 65x65x5D H
102 75x75x7D H
103 75x75x5D H
104 90x90x6 H
105 75x75x5 H
110 75x75x7 H
111 75x75x7 H
120 90x90x6 H
86