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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Tecnologia e Ciências


Faculdade de Engenharia

Marcelo André Cordeiro da Silva

DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL APLICADA


A MODELAGEM DE INCÊNDIO E RADIAÇÃO TÉRMICA

Rio de Janeiro
2019
Marcelo André Cordeiro da Silva

DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL APLICADA A


MODELAGEM DE INCÊNDIO E RADIAÇÃO TÉRMICA

Dissertação apresentada, como requisito par-


cial para obtenção do tı́tulo de Mestre em
Ciências, ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de concen-
tração: Fenômenos de Transporte.

Orientador: Prof. Norberto Mangiavacchi, Ph.D.

Rio de Janeiro
2019
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/B
S586 Silva, Marcelo André Cordeiro da.
Dinâmica dos fluidos computacional aplicada a modelagem de
incêndio e radiação térmica / Marcelo André Cordeiro da Silva. – 2019.
155f.

Orientador: Norberto Magiavacchi.


Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,
Faculdade de Engenharia.

1. Engenharia mecânica - Teses. 2. Fluidodinâmica computacional -


Teses. 3. Incêndios - Teses. 4. Radiação - Teses. 5. Métodos de
simulação - Teses. I. Mangiavacchi, Norberto. II. Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Engenharia. III. Título.

CDU 532.5:536.33

Bibliotecária: Júlia Vieira – CRB7/6022

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta
tese, desde que citada a fonte.

Assinatura Data
Marcelo André Cordeiro da Silva

DINÂMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL APLICADA A


MODELAGEM DE INCÊNDIO E RADIAÇÃO TÉRMICA

Dissertação apresentada, como requisito par-


cial para obtenção do tı́tulo de Mestre em
Ciências, ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica, da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro. Área de concen-
tração: Fenômenos de Transporte.

Aprovada em 19 de Dezembro de 2019.


Banca Examinadora:

Prof. Norberto Mangiavacchi, Ph.D. (Orientador)


Faculdade de Engenharia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Prof. José da Rocha Miranda Pontes, D.Sc.


Faculdade de Engenharia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Manoel Antonio da Fonseca Costa Filho, D.Sc.


Faculdade de Engenharia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Prof. Gustavo Rabello dos Anjos, Ph.D.


COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro
2019
DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus filhos Bernardo e Larissa.


AGRADECIMENTOS

A Deus, Criador, que permitiu que eu pudesse realizar este trabalho e me concedeu
forças para concluir esta jornada com êxito.
À minha esposa Cristiane Fialho Coutinho da Silva, agradeço pelo apoio para que
eu pudesse estudar e realizar este trabalho.
Aos meus filhos Bernardo e Larissa que nasceram no decorrer do curso de mestrado
e me deram alegria, motivação e inspiração para a conquista desta vitória.
Aos meus familiares e amigos que me apoiaram e incentivaram.
Ao meu orientador Prof. Norberto Mangiavacchi pelo empenho em me orientar e
por acreditar e apoiar a ideia de escrever sobre o tema desta dissertação.
Ao meu empregador Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro (INEA)
por me dar a oportunidade de cursar o mestrado.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica da UERJ
pela dedicação e ensino.
À empresa Thunderhead Engineering Consultants, Inc. por fornecer a licença
gratuita de estudante do programa Pyrosim.
RESUMO

ANDRÉ CORDEIRO DA SILVA, Marcelo. Dinâmica dos Fluidos Computacional


Aplicada a Modelagem de Incêndio e Radiação Térmica. 2019. 155 f. Dissertação
(Mestrado em Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

O armazenamento de produtos inflamáveis e de combustı́veis é uma atividade co-


mum e empregada largamente em diversos locais como terminais de combustı́veis, bases
de transportadoras, garagens de ônibus, plantas industriais quı́micas e petroquı́micas,
refinarias e industrias em geral. Este tipo de atividade está relacionada à produção, dis-
tribuição, abastecimento ou consumo de produtos inflamáveis e de combustı́veis. Pode ser
destacado o armazenamento de combustı́veis lı́quidos em grande, média e pequena quan-
tidade em tanques à pressão atmosférica. Este armazenamento se dá em instalações que
dependendo do seu porte, podem estar localizadas em áreas industriais, como por exem-
plo grandes plantas petroquı́micas ou áreas de uso misto entre empresas e residências,
como por exemplo bases de transportadoras e garagens de ônibus. O armazenamento de
lı́quidos inflamáveis e de combustı́veis voláteis à temperatura ambiente, oferece o risco
da ocorrência de acidentes causadores de incêndio devido ao vazamento do seu inventário
contido em tanques. Os tipos de incêndios que podem ocorrer devido a este vazamento
são incêndio em poça, incêndio em nuvem e bola de fogo. A ocorrência de incêndio tem
entre suas consequências fı́sicas a emissão de radiação térmica que pode causar ferimentos
ou até morte em pessoas atingidas. Diante de tal fato, a atividade de armazenamento de
substâncias inflamáveis e de combustı́veis voláteis à temperatura ambiente, é classificada
como uma atividade de risco, onde de acordo com o nı́vel de risco considerado torna-se
necessária a avaliação das consequências da radiação térmica emitida por um possı́vel
cenário de incêndio. Atualmente, os estudos de análise de risco realizados para a ava-
liação de incêndios geralmente se utilizam de modelagens denominadas de semi-empı́ricas.
Nestas modelagens o fogo é normalmente modelado como um sólido e são empregadas cor-
relações e equações simplificadas para que se encontrem as distâncias correspondentes aos
nı́veis de radiação térmica de interesse e assim se determine a distância considerada se-
gura entre receptores sensı́veis (residências, escolas, ginásios, hospitais, etc.) e o local do
possı́vel cenário de incêndio. Nesta dissertação é analisada a aplicação da dinâmica dos
fluidos computacional – computational fluid dynamics (CFD) a modelagem de incêndio e
propagação da radiação térmica emitida pelo mesmo. Utilizando-se o programa de CFD
para modelagem de incêndio Fire Dynamics Simulator (FDS), são realizadas modelagens
e simulações de incêndios em poça de combustı́vel em tanque, e em bacia de contenção.
São encontradas as distâncias atingidas pelos nı́veis de intensidade de radiação térmica
de interesse e avaliada a aplicação de CFD para o estudo da radiação térmica emitida por
incêndios em poça.
Palavras-chave: modelagem de incêndio; radiação térmica; CFD; FDS.
ABSTRACT

ANDRÉ CORDEIRO DA SILVA, Marcelo. Computational Fluid Dynamics Applied to


Fire Modeling and Thermal Radiation. 2019. 155 f. Dissertação (Mestrado em
Engenharia Mecânica) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.

The storage of flammable products and fuels is a common activity and widely
used in several locations such as fuel terminals, carrier bases, bus garages, industrial and
petrochemical plants, chemical and petrochemical industries, refineries and industries in
general. This type of activity is related to the production, distribution, supply or con-
sumption of flammable products and fuels. The storage of liquid fuels in large, medium
and small quantities in tanks at atmospheric pressure can be highlighted. This storage
takes place in facilities that depending on their size, may be located in industrial areas
such as large petrochemical plants or mixed use areas between companies and homes such
as carrier bases and bus garages. Storing flammable liquids and volatile fuels at environ-
mental temperature offers the risk of fire causing accidents due to leakage of the inventory
contained in tanks. The types of fires that can occur due to this leak are pool fire, cloud
fire and fireball. The occurrence of fire has among its physical consequences the emission
of thermal radiation that can cause injury or even death to people affected. Given this
fact, the storage activity of flammable substances and volatile fuels at environmental tem-
perature is classified as a hazardous activity, where, according to the considered risk level,
it is necessary to evaluate the consequences of thermal radiation emitted by a possible
fire scenario. Nowadays, risk analysis studies conducted for fire assessment generally use
so-called semi-empirical modeling. In these models fire is usually modeled as a solid and
simplified correlations and equations are employed to find the distances corresponding
to the thermal radiation levels of interest and thus determine the safe distance between
sensitive receivers (homes, schools, gyms, hospitals, etc.) and the location of the possible
fire scenario. This dissertation analyzes the application of computational fluid dynamics
(CFD) to fire modeling and propagation of thermal radiation emitted by it. Using the
CFD program to fire modeling Fire Dynamics Simulator (FDS), fuel pool fire modeling
and simulations in tank and containment basin are performed. Distances reached by the
levels of thermal radiation intensities of interest are found and the application of CFD for
the study of thermal radiation emitted by pool fires is evaluated.
Keywords: fire modeling; thermal radiation; CFD; FDS.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Escoamento sobre placa plana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27


Figura 2 - Corpo recebendo radiação térmica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 3 - Radiação entre superfı́cies negras. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 4 - Triângulo do fogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 5 - Tetraedro do fogo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 6 - Calor liberado pelo incêndio em função do tempo. . . . . . . . . . . . . 45
Figura 7 - Malha uniforme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 8 - Malha uniforme por direção. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 9 - Malha não uniforme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 10 - Malha não ortogonal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 11 - Malha não estruturada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
Figura 12 - Detalhe de malha superficial no plano de simetria de um modelo. . . . 53
Figura 13 - Função θ unidimensional em função de x. . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 14 - Linha discretizada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 15 - Interpretação geométrica das diferenças finitas. . . . . . . . . . . . . . 60
Figura 16 - Malha de diferenças finitas bidimensional. . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 17 - Volume finito para a equação da condução de calor em 1D. . . . . . . . 63
Figura 18 - Curva de variação linear da temperatura em função da distância num
volume de controle. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 19 - Ponto na fronteira da malha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 20 - Posição das variáveis de fluxo na célula ijk. . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 21 - Modelo de escala de tempo de reação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
Figura 22 - Sistema de coordenadas para a discretização angular. . . . . . . . . . . 96
Figura 23 - Modelo dos Estudos de Caso 1 e 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 24 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 1 e 2. . . . . . . . . . 104
Figura 25 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 0s. . . . . . . . . . . . . 105
Figura 26 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 30s. . . . . . . . . . . . . 106
Figura 27 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 107
Figura 28 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 0s. . . . . . . . . . . . . 108
Figura 29 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 30, 6s. . . . . . . . . . . 109
Figura 30 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 110
Figura 31 - Modelo dos Estudos de Caso 3 e 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Figura 32 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 3 e 4. . . . . . . . . . 112
Figura 33 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 0s. . . . . . . . . . . . . 113
Figura 34 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 30s. . . . . . . . . . . . . 114
Figura 35 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 115
Figura 36 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 0s. . . . . . . . . . . . . 116
Figura 37 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 30s. . . . . . . . . . . . . 117
Figura 38 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 118
Figura 39 - Modelo dos Estudos de Caso 5 e 6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
Figura 40 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 5 e 6. . . . . . . . . . 120
Figura 41 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 0s. . . . . . . . . . . . . 121
Figura 42 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 30s. . . . . . . . . . . . . 122
Figura 43 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 123
Figura 44 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 0s . . . . . . . . . . . . 124
Figura 45 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 30, 6s. . . . . . . . . . . 125
Figura 46 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 60s. . . . . . . . . . . . . 126
Figura 47 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
Figura 48 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
Figura 49 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Figura 50 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130
Figura 51 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 5. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
Figura 52 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo
de Caso 6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distâncias alcançadas pelos nı́veis de radiação térmica de interesse. . . 132


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CFD Computational fluid dynamics


CFL Restrição de Courant-Friedrichs-Lewy
CPU Central process unit
DNS Direct numerical simulation
EDC Eddy Dissipation Concept
ETR Equação de transporte de radiação
FDS Fire Dynamics Simulator
GUI Graphical user interface
IBM Immersed boundary method
LES Large-eddy simulation
LIE Limite inferior de explosividade
LSE Limite superior de explosividade
MDF Método das diferenças finitas
MEV Método dos elementos finitos
MPI Message Passing Interface
MVF Método dos volumes finitos
OpenMP Open Multi-Processing
RANS Reynolds-averaged Navier-Stokes
SGS Subgrid-scale
SMV Smoke View
UERJ Universidade do Estado do Rio de Janeiro
VN Restrição de Von Newmann
1D Uma dimensão
2D Duas dimensões
3D Três dimensões
LISTA DE SÍMBOLOS

Latinos

a Aceleração
a Vetor aceleração
A Área
cp Calor especı́fico a pressão constante
cp,α Calor especı́fico a pressão constante da espécie α
cv Calor especı́fico a volume constante
D Diâmetro
Df Coeficiente de difusividade mássica
DF Coeficiente de difusividade do combustı́vel
Dα,0 Coeficiente de difusão binário da espécie α em nitrogênio
Dαβ Coeficiente de difusão binário da espécie α na espécie β
E Poder de emissão
EB Poder de emissão de um corpo negro
E1 Poder de emissão do corpo 1
E2 Poder de emissão do corpo 2
EB,λ Poder de emissão monocromático de um corpo negro
Eλ Poder de emissão monocromático
Evc Energia no volume de controle
f Fator de configuração ou fator de forma referente às áreas emissora e
absorvedora de radiação
F Força de corpo
fb Força externa excluindo a força da gravidade
fd,i Força de arrasto devido a partı́culas Lagrangianas não solucionadas
FA Termo de força advectivo
FB Termo de força baroclı́nico
Fn Força normal
Ft Força tangencial
g Aceleração da gravidade
H Pressão total dividida pela densidade (integral de Bernoulli)
He Entalpia
G Peso
h Coeficiente de transferência de calor por convecção
he Entalpia especı́fica do fluido que entra no volume de controle
hesp Entalpia especı́fica
hs Entalpia especı́fica do fluido que sai do volume de controle
ht Altura do tanque
I Intensidade de radiação
Ib Intensidade de radiação do corpo negro
In Intensidade de radiação integrada sobre a banda n
Iλ Intensidade de radiação no comprimento de onda λ
k Coeficiente de condutibilidade térmica
kDN S Coeficiente de condutibilidade térmica para DNS
ksgs Energia cinética de escala de subgrid
kt Coeficiente de condutibilidade térmica turbulenta
kα Coeficiente de condutibilidade térmica da espécie α
l Comprimento
L Comprimento de Obukhov
Lc Comprimento caracterı́stico do escoamento
m Massa
Mα Massa molecular da espécie α
ṁe Fluxo de massa que entra no volume de controle
ṁs Fluxo de massa que sai do volume de controle
ṁ000
α Taxa de produção mássica por unidade de volume de espécies α por reações
quı́micas
ṁ000
b taxa de produção mássica por unidade de volume por evaporação de
gotas/partı́culas
ṁ000
b,α taxa de produção mássica por unidade de volume de espécies α por
evaporação de gotas/partı́culas
n Vetor unitário normal à superfı́cie
p Pressão absoluta
p∞ Pressão na superfı́cie do solo
p̃ Componente de pressão devido a perturbação
p̄m Pressão de fundo
p̄0 Perfil de pressão atmosférica
Pr Número de Prandtl
P rb Probit
P rt Número de Prandtl turbulento
q Fluxo de calor
Q Calor
qa Fluxo de calor gerado pela parcela absorvida pela superfı́cie
qgs Fluxo de calor do gás para a superfı́cie negra
qre Fluxo de calor que não é absorvido pela superfı́cie e é refletido por esta
qr Fluxo de calor da radiação térmica
qsg Fluxo de calor da superfı́cie para o gás
qt Fluxo de calor total se toda energia radiante se transformasse em energia
térmica ao incidir na superfı́cie
qtr Fluxo de calor não absorvido pela superfı́cie e correspondente ao que
atravessa a superfı́cie num fenômeno análogo ao da difração da luz
q̇ 000 taxa de liberação de calor por unidade de volume
Q̇vc Fluxo de calor através do volume de controle
r Raio
R Constante do gás considerado
Re Número de Reynolds
s Vetor de direção da intensidade de radiação
S Entropia
Sct Número de Schmidt turbulento
se Entropia especı́fica de entrada de um volume de controle
Sg Termo de geração interna de calor por unidade de volume
SL Velocidade da chama
ss Entropia especı́fica de saı́da de um volume de controle
Ssis Entropia de um sistema
Svc Entropia de um volume de controle
Ṡger Taxa de geração de entropia
t Tempo
T Temperatura absoluta
Tc Temperatura absoluta da chama
Te Temperatura do escoamento
Tg Temperatura absoluta do gás
Tp Temperatura absoluta da parede
Ts Temperatura absoluta na superfı́cie
T0 Temperatura de fundo
T∞ Temperatura absoluta na superfı́cie do solo
u Componente da velocidade no eixo x
u Vetor velocidade
U Velocidade caracterı́stica do fluido
ub,i Velocidade da pirólise do i-ésimo componente da velocidade
Ur Intensidade radiante integrada
v Componente da velocidade no eixo y
V Volume
ve Velocidade do fluido que entra no volume de controle
vesp Volume especı́fico
vαi Fração volumétrica de espécies primitivas α em espécies combinadas i
vs Velocidade do fluido que sai do volume de controle
Vc Volume da célula
Vo Volume de operação
Vt Volume do tanque
w Componente da velocidade no eixo z
W Trabalho
W Peso médio ponderado
Ẇvc Fluxo de trabalho através do volume de controle
Wα Peso das espécies agrupadas α
Wβ Peso das espécies agrupadas β
X Componente da força de corpo no eixo x
Xα Fração volumétrica da espécie α
Y Componente da força de corpo no eixo y
Yα Fração de massa da espécie α
Ỹα Fração de massa média para a espécie α em cada etapa de tempo
ỸαO Fração de massa média para a espécie α no inı́cio da etapa de tempo
Z Componente da força de corpo no eixo z
z0 Comprimento de rugosidade aerodinâmica
Ze Elevação do fluido na entrada do volume de controle
Zs Elevação do fluido na saı́da do volume de controle
Zα Fração de massa

Gregos

αd Coeficiente de difusividade térmica


γ Peso especı́fico
Γ Taxa de lapso em K/m
δ Largura parâmetro para o filtro passa-baixa de LES
∆ Largura do filtro de LES
∆hOf,α Calor de formação da espécie α
 Emissividade
c Emissividade da chama
g Emissividade do gás
p Emissividade da parede
η Escala de Kolmogorov
κn Coeficiente médio de absorção apropriado para a banda
κ Coeficiente de absorção
λ Comprimento de onda da radiação
µ Viscosidade absoluta ou dinâmica
µt Viscosidade absoluta ou dinâmica turbulenta
µDN S Viscosidade absoluta ou dinâmica para DNS
µα Viscosidade absoluta ou dinâmica da espécie α
ν Viscosidade cinemática
νi Coeficiente estequiométrico para as espécies combinadas i.
ρ Massa especı́fica
ρ0 Densidade de fundo
ρ̄ Densidade filtrada para uma célula de largura ∆
σs Coeficiente de refletividade
σα Diâmetro de hard-sphere de Lennard-Jones (angstron) para a espécie α
σβ Diâmetro de hard-sphere de Lennard-Jones (angstron) para a espécie β
τ Tensão de cisalhamento no fluido
τ dev Tensão desviadora
τchem Escala de tempo quı́mica
τchem Escala de tempo quı́mica
τf lame Escala de tempo da chama
τf lame tempo da mistura
τSB Constante de Stephan-Boltzmann
τ sgs Tensão de escala de subgrid
τt Transmissividade
τw Tensão viscosa na região próxima a parede
Φ Taxa de aquecimento por dissipação viscosa
ω
~ Vetor vorticidade
ωx Componente do vetor vorticidade na direção x
ωy Componente do vetor vorticidade na direção y
ωz Componente do vetor vorticidade na direção z
ΩD Integral de colisão de difusão
Ων Integral de colisão
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1 Mecânica dos fluidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.2 Fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.3 Tensão de cisalhamento num fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.4 Viscosidade absoluta ou dinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.5 Massa especı́fica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.6 Peso especı́fico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.7 Viscosidade cinemática . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.8 Fluido ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.9 Fluido ou escoamento incompressı́vel . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.10 Equação de estado dos gases . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.1.11 Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.12 Regimes de escoamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.13 Escoamentos laminar e turbulento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.14 Equação da continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.1.15 Conservação da massa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.1.16 Equação de Navier-Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.1.17 Conservação do momento linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.2 Termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.1 Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.2 Volume de controle . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.3 Entalpia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.2.4 Lei zero da termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.2.5 Primeira lei da termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.2.6 Segunda lei da termodinâmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.2.7 Entropia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.3 Transmissão de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.1 Condução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3.2 Convecção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3.3 Fluxo de calor local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
1.3.4 Equação da energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.3.5 Radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
1.3.6 Absorvidade, refletividade e transmissividade . . . . . . . . . . . . . . . . 35
1.3.7 Corpo negro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1.3.8 Poder de emissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.3.9 Lei de Stefan-Boltzmann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.3.10 Lei de Planck . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
1.3.11 Lei de Kirchhoff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.3.12 Lei de Lambert . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.3.13 Corpo cinzento ou superfı́cie cinzenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.3.14 Radiação entre superfı́cies negras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
1.3.15 Radiação nos gases e vapores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
1.3.16 Radiações emitidas pelas chamas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.4 Fogo e incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.4.1 Fogo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
1.4.2 Combustão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.4.3 Mecanismos de ignição dos materiais combustı́veis . . . . . . . . . . . . . 44
1.4.4 Ponto de fulgor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
1.4.5 Ponto de combustão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.4.6 Incêndio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.4.7 Modelagem semi-empı́rica de incêndio e radiação térmica . . . . . . . . . . 46
1.4.8 Modelagem por CFD de incêndio e radiação térmica . . . . . . . . . . . . 46
1.4.9 Probit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
2 MÉTODOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.1 Computational fluid dynamics (CFD) . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
2.1.1 Métodos disponı́veis para solução de problemas de engenharia . . . . . . . 48
2.1.2 Malha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.1.3 Aplicação de CFD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.1.4 Comprovação da eficácia de um programa de CFD . . . . . . . . . . . . . 54
2.1.5 Efeitos da turbulência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.1.6 Reynolds-averaged Navier-Stokes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.1.7 Large-eddy simulation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.1.8 Direct numerical simulation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.2 Métodos numéricos utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.2.1 Método das diferenças finitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.2.2 Método dos volumes finitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.3 Programas utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.3.1 Fire Dynamics Simulator (FDS) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.3.2 Smoke View (SMV) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.3.3 Pyrosim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.3.4 Matlab . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
3 MODELAGEM MATEMÁTICA NO FDS . . . . . . . . . . . . . . 69
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2 Caracterı́sticas gerais de modelagem no FDS no modo padrão . . 71
3.3 Aplicação de large-eddy simulation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.4 Malha numérica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3.5 Transporte de massa, espécies e entalpia . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.5.1 A equação de estado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.5.2 Transporte de massa e espécies . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.5.3 O divergente da velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.6 Transporte de quantidade de movimento e pressão . . . . . . . . . 77
3.6.1 Large-eddy simulation (LES) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.6.2 A equação da quantidade de movimento para DNS . . . . . . . . . . . . . 77
3.6.3 A equação da quantidade de movimento para LES . . . . . . . . . . . . . 78
3.6.4 Modelos para viscosidade turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
3.6.5 Difusão da condução de calor e das espécies gasosas . . . . . . . . . . . . . 81
3.6.6 Coeficientes de transporte para direct numerical simulation (DNS) . . . . 81
3.6.7 Simplificação da equação da quantidade de movimento . . . . . . . . . . . 83
3.6.8 Aproximação para diferenças finitas da equação da quantidade de movimento 84
3.6.9 A equação de Poisson para pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.6.10 Condições de contorno da velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.6.11 Gradiente da componente de velocidade tangencial em fronteiras abertas
no FDS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.6.12 Restrições de intervalo de tempo e de estabilidade . . . . . . . . . . . . . . 88
3.7 Combustão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.7.1 Quı́mica de combustão de hidrocarbonetos padrão . . . . . . . . . . . . . 89
3.7.2 Combustão turbulenta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.8 Radiação térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.8.1 Termo fonte de radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.8.2 A participação da radiação na equação da energia . . . . . . . . . . . . . . 94
3.8.3 Correção do termo fonte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
3.8.4 Método numérico aplicado a radiação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
4 MODELAGEM COMPUTACIONAL E SIMULAÇÕES . . . . . 99
4.1 Método . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.2 Modelos e simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.3 Parâmetros dos modelos e simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.3.1 Parâmetros em comum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.3.2 Condições climáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.4 Medição da radiação térmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.4.1 Configuração do sistema de medição da radiação térmica . . . . . . . . . . 101
4.5 Estudo de Caso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.5.1 Tanque cilı́ndrico horizontal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
4.5.2 Bacia de contenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.6 Estudo de Caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.7 Estudo de Caso 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.7.1 Tanque cilı́ndrico vertical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.8 Estudo de Caso 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116
4.9 Estudo de Caso 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.9.1 Bacia de contenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
4.10 Estudo de Caso 6 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119
5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
5.1 Intensidades de radiação térmica de interesse . . . . . . . . . . . . 127
5.2 Função de probit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127
5.2.1 Cálculo da intensidade de radiação térmica correspondente a 1% de morte 128
5.3 Resultados do Estudo de Caso 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128
5.4 Resultados do Estudo de Caso 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.5 Resultados do Estudo de Caso 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.6 Resultados do Estudo de Caso 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129
5.7 Resultados do Estudo de Caso 5 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
5.8 Alcance dos nı́veis de radiação térmica de interesse . . . . . . . . . 131
5.9 Avaliação dos resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
6.1 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
6.2 Trabalhos futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134
REFERÊNCIAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
APÊNDICE A – Arquivos de entrada dos Estudos de Caso no FDS . . 139
20

INTRODUÇÃO

O armazenamento de substâncias inflamáveis e combustı́veis é uma atividade lar-


gamente utilizada em plantas industriais quı́micas, petroquı́micas, indústrias em geral,
em terminais logı́sticos de distribuição de combustı́veis, em instalações de geração ter-
moelétricas de energia, em bases de transportadoras e em garagens de ônibus para o
abastecimento de veı́culos.
Este tipo de armazenamento geralmente é realizado em tanques aéreos instalados
em bacias de contenção capazes de reter o lı́quido em caso de vazamento no tanque. O
lı́quido inflamável ou combustı́vel que evapora na temperatura ambiente ao se misturar
ao ar atmosférico forma uma mistura gasosa. Se esta mistura gasosa estiver numa con-
centração dentro de uma faixa entre os limites inferior e superior de inflamabilidade esta é
considerada uma mistura inflamável. Quando a mistura inflamável destes gases é exposta
a uma determinada fonte de calor (centelha, chama ou eletricidade estática, por exemplo)
dá-se inı́cio a um incêndio.
Os incêndios que podem ocorrer devido ao vazamento de combustı́vel num tanque
atmosférico são incêndio em poça, incêndio em nuvem e bola de fogo. Os incêndios
transmitem calor por radiação térmica podendo esta radiação atingir pessoas, objetos e o
meio ambiente do entorno que estiverem expostos. A radiação emitida está diretamente
relacionada à configuração e formato do incêndio, incluindo aı́ suas chamas e a fumaça
gerada. Esta configuração é influenciada pela área do incêndio e pelas condições climáticas
locais que influenciam o processo de combustão, o escoamento dos gases e a troca de calor.
Pode se dizer então, que o estudo do fenômeno do incêndio envolve a mecânica dos
fluidos, transmissão de calor, termodinâmica e a reação quı́mica de combustão.
Entender como um incêndio se processa e o alcance de suas consequências fı́sicas,
como a radiação, é de importância fundamental para se avaliar o risco causado por uma
instalação de armazenamento de combustı́veis e lı́quidos inflamáveis. Deve-se levar em
consideração que os receptores sensı́veis que são a população do entorno, e que normal-
mente se aglomeram em locais de grande concentração de pessoas como áreas residenciais,
escolas, ginásios, hospitais, igrejas, etc., podem ser atingidos por certos nı́veis de radiação
térmica em função da distância do incêndio.
Uma avaliação de risco de incêndio deve levar em conta os possı́veis cenários aci-
dentais e as consequências destes cenários, através de modelagens de incêndio que possam
determinar o alcance dos nı́veis de radiação térmica em função da distância do incêndio
para que se possam determinar os nı́veis de segurança aceitáveis.
Atualmente, a maior parte das modelagens de incêndio utilizadas são as chamadas
modelagens semi-empı́ricas, que são baseadas em modelo de fonte pontual ou modelo de
fonte sólida. No modelo de fonte pontual a fonte de radiação térmica se concentra num
21

ponto especı́fico e no modelo de fonte sólida a chama é modelada na forma de um cilindro


ou cone que pode estar inclinado em função do vento no local do incêndio. Este tipo
de modelagem se utiliza de correlações com experimentos de incêndios já realizados para
calcular as dimensões ou localização da fonte de radiação térmica. As equações utilizadas
para o cálculo da radiação térmica oriundas destas fontes são simplificadas e normalmente
estas modelagens são realizadas em programas de computador que demandam pouco
tempo de processamento.
A dinâmica dos fluidos computacional – computational fluid dynamics (CFD) é
um ramo da mecânica dos fluidos que se utiliza de recursos computacionais para solucio-
nar as equações governantes do escoamento e do fluxo de energia térmica que descrevem
diversos fenômenos fı́sicos e quı́micos que ocorrem em sistemas, máquinas, equipamen-
tos e fenômenos naturais. Como normalmente as modelagens matemáticas que descre-
vem processos e fenômenos reais incorrem em equações diferenciais parciais onde soluções
analı́ticas não podem ser encontradas, faz-se necessário a utilização de métodos numéricos
para a solução dos problemas. Estes métodos numéricos estão inseridos nos programas de
CFD para a solução das equações governantes do escoamento e às vezes também do fluxo
de calor. Nos programas de CFD a influência da turbulência pode ser tratada através de
modelos por Reynolds-averaged Navier-Stokes (RANS), large-eddy simulation (LES) ou
sem modelagem por direct numerical simulation (DNS). O tempo de processamento das
simulações principalmente por DNS e por LES normalmente é elevado.

Objetivo

Os objetivos desta dissertação são apresentar a aplicação da dinâmica dos fluidos


computacional para a modelagem e simulação de incêndio e como recurso para o cálculo
das distâncias atingidas pelos nı́veis de radiação térmica emitidos por um incêndio. São
modelados e simulados incêndios em poça de combustı́veis em tanques atmosféricos e
em bacias de contenção com a utilização do programa de CFD Fire Dynamics Simulator
(FDS).

Justificativa

A utilização da ferramenta de CFD pode contribuir para a elaboração de modela-


gens e simulações de incêndio e radiação térmicas mais realistas e precisas, proporcionadas
pelas soluções numéricas das equações governantes do escoamento, do fluxo de calor e da
combustão. A utilização de CFD se desenvolveu muito nos últimos anos com o avanço
de capacidade dos computadores. Desta forma, pode-se modelar e simular incêndios de
22

menores extensões em tempos razoáveis em computadores pessoais e de maiores extensões


também em tempos razoáveis em computadores mais capazes, com mais memória RAM
e com mais núcleos de processamento, ou ainda com a utilização de clusters de computa-
dores.

Organização da Dissertação

O Capı́tulo 1 trata da revisão bibliográfica conceitual de mecânica dos fluidos,


termodinâmica, transmissão de calor, combustão, fogo e incêndio para que se evidenciem
os fenômenos presentes num incêndio e sua mecânica.
O Capı́tulo 2 apresenta a dinâmica dos fluidos computacional (CFD) e os métodos
numéricos utilizados no programa FDS para cálculo do escoamento e do fluxo de calor.
O Capı́tulo 3 apresenta a modelagem matemática utilizada no FDS e sua discre-
tização nos métodos numéricos utilizados.
No Capı́tulo 4 são apresentados os estudos de casos para modelagem e simulação
de incêndios em poça em tanques e em bacias de contenção.
O Capı́tulo 5 apresenta e avalia os resultados encontrados nas simulações de incêndios
dos estudos de casos realizados.
Por fim, descreve-se nas Considerações Finais a avaliação da utilização da ferra-
menta de CFD para a modelagem de incêndio e radiação térmica e sugerem-se trabalhos
futuros sobre o tema.
23

1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Mecânica dos fluidos

1.1.1 Definição

A mecânica dos fluidos é a ciência que estuda o comportamento fı́sico dos fluidos
e as leis que regem este comportamento. Os conceitos da mecânica dos fluidos são de
fundamental importância para o estudo de diversos problemas da engenharia e fenômenos
naturais. Entre as principais aplicações que fazem uso dos seus fundamentos pode-se citar
o armazenamento e o escoamento de lı́quidos e gases, sistemas hidráulicos e pneumáticos,
ventilação, projetos de veı́culos, embarcações, aeronaves, processos industriais, dispersão
de gases e hidrologia.
A mecânica dos fluidos é dividida basicamente em estática dos fluidos e dinâmica
dos fluidos. a estática dos fluidos. A estática dos fluidos trata das propriedades e leis
fı́sicas que regem o comportamento dos fluidos livre da ação de forças externas, estando
o fluido em repouso ou em um deslocamento numa velocidade constante. A dinâmica dos
fluidos trata do estudo e comportamento dos fluidos em regime de deslocamento acelerado
onde forças externas atuam causando o transporte de massa.

1.1.2 Fluido

De acordo com Brunetti (2008) fluido é uma substância que se deforma conti-
nuamente, quando submetida a uma força tangencial constante qualquer ou, em outras
palavras, fluido é uma substância que, submetida a uma força tangencial constante, não
atinge uma nova configuração de equilı́brio estático. O fluido pode ser um lı́quido ou um
gás.

1.1.3 Tensão de cisalhamento num fluido

A tensão de cisalhamento num fluido denominada por τ é o quociente da força


tangencial atuante no fluido por unidade de área:

Ft
τ= ; (1)
A
24

onde Ft é a força tangencial atuante no fluido e A á área da superfı́cie do fluido sob a


ação desta força.

1.1.4 Viscosidade absoluta ou dinâmica

Existe um coeficiente de proporcionalidade entre a tensão de cisalhamento e a


velocidade do fluido denominado por µ e definido como sendo a viscosidade absoluta ou
dinâmica do fluido:

dv
τ =µ ; (2)
dy
dv
onde dy é o gradiente de velocidade do fluido em função da distância y à superfı́cie sobre
a qual está o fluido.
A viscosidade dinâmica ou absoluta é uma propriedade de cada fluido e seu valor
varia em função da pressão e principalmente da temperatura. De uma forma mais prática,
a viscosidade pode ser definida como a propriedade que indica a maior ou menor dificul-
dade de o fluido escoar. Quanto mais viscoso o fluido mais resistência ele apresentará ao
escoamento.

1.1.5 Massa especı́fica

A massa especı́fica (ρ) é a massa do fluido por unidade de volume:

m
ρ= ; (3)
V

onde m é a massa e V o volume de fluido.

1.1.6 Peso especı́fico

O peso especı́fico (γ) é o peso do fluido por unidade de volume:

G
γ= ; (4)
V

onde G é o peso e V é o volume do fluido.


25

1.1.7 Viscosidade cinemática

A viscosidade cinemática (ν) é o quociente entre a viscosidade dinâmica e a massa


especı́fica do fluido:

µ
ν= . (5)
ρ

1.1.8 Fluido ideal

Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula. Nenhum fluido possui essa proprie-
dade, sendo essa apenas uma hipótese simplificadora admitida por questões didáticas ou
pelo fato da viscosidade ser um efeito secundário no fenômeno.

1.1.9 Fluido ou escoamento incompressı́vel

Um fluido é considerado incompressı́vel se a sua massa especı́fica não variar ao se


modificar a pressão. Na prática não existem fluidos nessas condições, porém os lı́quidos
têm um comportamento muito próximo a esse, levando-os normalmente a serem conside-
rados como incompressı́veis. Em certas condições, os gases quando não são submetidos
a variações de pressão muito elevadas, também são considerados como incompressı́veis,
como no caso do estudo da ventilação.

1.1.10 Equação de estado dos gases

Em casos em que o fluido não é considerado incompressı́vel e simultaneamente hou-


ver efeitos térmicos, determina-se as variações de massa especı́fica em função da pressão
e da temperatura. Geralmente para os gases essas variações obedecem a leis do tipo
f (ρ, p, T ) = 0 denominadas equações de estado.
Quando um gás for considerado perfeito ele obedece à equação de estado:

p
ρ= ; (6)
RT

onde p é a pressão absoluta; R constante do gás considerado e T é a temperatura absoluta.


26

1.1.11 Pressão

Sendo Fn a força normal que age numa superfı́cies de área A, e dFn a força normal
que age num infinitésimo de área dA a pressão p atuante num ponto é:

dFn
p= . (7)
dA

1.1.12 Regimes de escoamento

Os escoamentos podem ser em regime permanente (estacionário) ou em regime


variado (transiente). O regime permanente é aquele onde as propriedades do fluido não
são variáveis em cada ponto do escoamento com o passar do tempo. O regime variado é
aquele em que as condições do fluido em alguns pontos ou regiões de pontos variam com
o passar do tempo.

1.1.13 Escoamentos laminar e turbulento

O escoamento laminar é aquele em que as partı́culas do fluido se deslocam em


lâminas individualizadas, sem trocas de massa entre elas.
O escoamento turbulento é aquele em que as partı́culas do fluido apresentam um
movimento aleatório macroscópico, ou seja, a velocidade apresenta componentes trans-
versais ao movimento geral do conjunto do fluido.
Um escoamento é considerado laminar ou turbulento em função do valor de um
número adimensional denominado número de Reynolds. Entre o escoamento laminar e
turbulento existe o escoamento de transição para uma faixa intermediária de valores do
número de Reynolds. O número de Reynolds (Re) é dado por:

ρU Lc U Lc
Re = = ; (8)
µ ν

onde U é a velocidade caracterı́stica do fluido e Lc é o comprimento caracterı́stico do


escoamento, no caso de um tubo de seção circular é o seu diâmetro, e no caso de uma
placa plana o seu comprimento.
O número de Reynolds tem o significado fı́sico de ser o quociente de forças de
inércia (U ρ) por forças de viscosidade (µLc ).
O escoamento que vai de laminar a turbulento, apresenta regiões denominadas
27

Figura 1 - Escoamento sobre placa plana.

de camada limite laminar, onde o movimento do fluido é ordenado; zona de transição,


onde o escoamento se comporta ora como laminar e ora como turbulento; camada limite
turbulenta com o movimento do fluido altamente irregular e aleatório; subcamada laminar;
camada de amortecimento e zona turbulenta. A Figura 1 apresenta um escoamento sobre
uma placa plana que vai de laminar a turbulento com as suas regiões.

1.1.14 Equação da continuidade

Considerando uma partı́cula de fluido de volume dV e massa ρdV , essa partı́cula


pode se deslocar e se deformar mas a massa deve se conservar com o passar do tempo (t).
A equação da continuidade na forma diferencial é expressa então por:

∂ρ
+ ρ div u = 0; (9)
∂t

sendo u é o vetor velocidade da partı́cula.


28

1.1.15 Conservação da massa

A conservação da massa para um fluido incompressı́vel em coordenadas cartesianas


é expressão por:

∂u ∂v ∂w
+ + = 0; (10)
∂x ∂y ∂z

Onde u, v e w são as componentes da velocidade nos eixos x, y e z, respectivamente.

1.1.16 Equação de Navier-Stokes

A equação de Navier-Stokes permite apenas descrever escoamentos laminares, ou


pelo menos previsı́veis de alguma forma. Ele representa a dinâmica da partı́cula e é a
equação da quantidade de movimento para o escoamento com todos os seus termos. Esta
é descrita como:

du 1 1
a= = F − ∇p + ν∇(∇.u) + ν∇2 u; (11)
dt ρ 3

onde F é a força de corpo (sua parcela no campo da gravidade é representada pela força
da gravidade), e a é o vetor aceleração da partı́cula no escoamento.

1.1.17 Conservação do momento linear

Aplicando-se uma simplificação a equação (11) considerando o caso de fluidos in-


compressı́veis, onde ∇.u = 0, obtém-se:

du 1
a= = F − ∇p + ν∇2 u. (12)
dt ρ

Desta forma, a conservação do momento linear ou da quantidade de movimento


para um fluido incompressı́vel em coordenadas cartesianas, considerando a força de corpo
por unidade de volume F = (X, Y, Z) é expressa por:

∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u
   
∂u ∂u ∂u ∂u ∂p
ρ +u +v +w =− +µ + + + X; (13a)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x ∂x2 ∂y 2 ∂z 2
29

∂ 2v ∂ 2v ∂ 2v
   
∂v ∂v ∂v ∂v ∂p
ρ +u +v +w =− +µ + + + Y ; (13b)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂y ∂x2 ∂y 2 ∂z 2

∂ 2w ∂ 2w ∂ 2w
   
∂w ∂w ∂w ∂w ∂p
ρ +u +v +w =− +µ + + + Z; (13c)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂z ∂x2 ∂y 2 ∂z 2

onde X, Y e Z são as componentes da força de corpo F nos eixos x, y e z,


respectivamente.

1.2 Termodinâmica

1.2.1 Definição

A termodinâmica é a ciência que trata do calor, do trabalho e daquelas proprie-


dades das substâncias relacionadas ao calor e ao trabalho. A base da termodinâmica é a
observação experimental. Suas descobertas estão formalizadas por meio das leis básicas
conhecidas como lei zero, primeira, segunda e terceira leis da termodinâmica.

1.2.2 Volume de controle

O volume de controle é um volume no espaço objeto de interesse para o estudo ou


análise de um processo. A superfı́cie que envolve esse volume é denominada de superfı́cies
de controle.

1.2.3 Entalpia

A propriedade termodinâmica denominada entalpia é expressa por:

He ≡ Ei + pV ; (14)

Ou dividida pela massa (entalpia especı́fica):

hesp ≡ ei + pvesp (15)


30

.
Onde Ei é a energia interna, p é a pressão, V é o volume, ei é a energia interna
especı́fica e vesp é o volume especı́fico.

1.2.4 Lei zero da termodinâmica

A lei zero da termodinâmica estabelece que, quando dois corpos têm igualdade de
temperatura com um terceiro corpo, eles terão igualdade de temperatura entre si.

1.2.5 Primeira lei da termodinâmica

A primeira lei da termodinâmica estabelece que, durante qualquer ciclo percorrido


por um sistema, a integral cı́clica do calor é proporcional a integral cı́clica do trabalho.
Considerando que as unidades de calor e trabalho são iguais no Sistema Internacional de
unidades de medida (SI), a primeira lei da termodinâmica pode ser expressa por:

I I
δQ = δW. (16)

H
Onde δQ é a integral cı́clica do calor transferido, a qual representa o calor lı́quido
H
transferido durante o ciclo e δW é integral cı́clica do trabalho, que representa o trabalho
lı́quido durante o ciclo.
A aplicação da primeira lei da termodinâmica a um volume de controle resulta na
seguinte expressão:

  X  
dEvc X 1 2 1 2
= Q̇vc − Ẇvc + ṁe he + ve + gZe − ṁs hs + vs + gZs . (17)
dt 2 2

Onde:
dEvc
dt
: variação de energia no volume de controle;
Q̇vc : fluxo de calor através do volume de controle;
Ẇvc : fluxo de trabalho através do volume de controle;
ṁe : fluxo de massa que entra no volume de controle;
ṁs : fluxo de massa que sai do volume de controle;
he : entalpia especı́fica do fluido que entra no volume de controle;
hs : entalpia especı́fica do fluido que sai do volume de controle;
ve : velocidade do fluido que entra no volume de controle;
31

vs : velocidade do fluido que sai do volume de controle;


Ze : elevação do fluido na entrada do volume de controle;
Zs : elevação do fluido na saı́da do volume de controle e;
g: aceleração da gravidade.

1.2.6 Segunda lei da termodinâmica

Existem dois enunciados clássicos da segunda lei da termodinâmica, conhecidos


como enunciado de Kelvin-Planck e enunciado de Clausius. Os dois enunciados são des-
crito a seguir.
Enunciado de Kelvin-Planck: É impossı́vel construir um dispositivo que opere
num ciclo termodinâmico e que não produza outros efeitos além do levantamento de peso
e troca de calor com um único reservatório térmico.
Enunciado de Clausius: É impossı́vel construir um dispositivo que opere segundo
um ciclo e que não produza outros efeitos, além da transferência de calor de um corpo
frio para um corpo quente.
A segunda lei da termodinâmica se fundamenta na evidência experimental e os
dois enunciados são equivalentes.

1.2.7 Entropia

A propriedade termodinâmica denominada por entropia e designada por S é uma


função dos estados inicial e final de um processo termodinâmico reversı́vel. Esta pode ser
definida para um processo reversı́vel por:

 
δQ
dS ≡ . (18)
T rev

O ı́ndice rev indica que o processo é reversı́vel. Entretanto, em casos reais onde
ocorrem efeitos irreversı́veis durante a transferência de calor δQ para o sistema à tempe-
ratura T , a variação da entropia será maior que a do processo reversı́vel.
Pode-se então definir a taxa de variação de entropia para um sistema como:

dSsis X Q̇
= + Ṡger ; (19)
dt T

onde Ṡger é a taxa de geração de entropia.


32

Para um volume de controle a taxa de variação de entropia é expressa por:

dSvc X X X Q̇vc
= ṁe se − ṁs ss + Ṡger . (20)
dt T

Onde se e ss são as entropias especı́ficas (entropia por unidade de massa) de entrada e de


saı́da no volume de controle, respectivamente.

1.3 Transmissão de calor

Sempre que um corpo está a uma temperatura maior que a de outro, ou inclusive,
no mesmo corpo existem temperaturas diferentes, ocorre uma cessão de energia da região
de temperatura mais elevada para a mais baixa. A esse fenômeno dá-se o nome de
transmissão de calor.
A transmissão pode ocorrer de três formas: condução, convecção e radiação. Estas
três formas serão descritas a seguir.

1.3.1 Condução

A condução ocorre devido ao aumento de energia cinética causado por uma ex-
citação térmica qualquer em determinada região de um corpo. O elétrons com mais
energia tornam-se mais velozes e com órbitas mais exteriores, chocam-se com elétrons
vizinhos, resultando daı́ um ganho de energia térmica pelo elétron que recebeu o choque,
e que passa a proceder de forma id entica ao que se chocou com ele gerando-se um reação
em cadeia onde o calor é transportado num processo de difusão.
A condução de calor obedece à lei de Fourier e pode ser descrita pela expressão:

dT
dq = −kdA . (21)
dx

Onde dq é o fluxo de calor elementar de condução, k é o coeficiente de condutibilidade


térmica, dA é uma área elementar e dT a variação de temperatura a uma distância dx.
A equação de condução do calor em coordenadas cartesianas é descrita por:

     
∂ ∂T ∂ ∂T ∂ ∂T ∂T
k + k + k + Q = ρCp . (22)
∂x ∂x ∂y ∂y ∂z ∂z ∂t

Onde Q representa o calor gerado por uma fonte térmica e Cp é o calor especı́fico
a pressão constante.
33

Levando-se em conta que o coeficiente de difusividade térmica αd = k/ρCp , a


equação (22) pode ser reescrita como:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T 1 1 ∂T
+ + + Q = . (23)
∂x2 ∂y 2 ∂z 2 k αd ∂t

1.3.2 Convecção

Na convecção a troca de calor se dá com a participação de um fluido. Ocorre o


fenômeno da difusão com no caso da condução, porém partı́culas do fluido em contato com
a superfı́cie de maior temperatura ao se aquecerem, diminuem a sua densidade ficando
mais leves e se afastando da superfı́cie. Ao se afastarem da superfı́cie de maior temperatura
cedem lugar para partı́culas com menor temperatura e mais pesadas, as quais passam
pelo mesmo processo das partı́culas que lhes deram lugar. Desta forma são geradas as
chamadas correntes de convecção.
A convecção pode classificada como natural (livre) ou como forçada. Na convecção
natural ou livre, o movimento das partı́culas é gerado apenas pelos gradientes de tempe-
ratura. Já na convecção forçada, o movimento das partı́culas é gerado por algum agente
externo.

1.3.3 Fluxo de calor local

O fluxo de calor local, ou seja, em uma dado ponto de uma superfı́cie sólida, devido
a convecção é expresso por:

q = h(Ts − Te ). (24)

Onde q é o fluxo de calor num dado ponto de uma superfı́cie sólida, h é o coeficiente de
transferência de calor por convecção, Ts é a temperatura na superfı́cie do sólido e Te é
uma medida da temperatura do escoamento, podendo ser o valor da temperatura numa
região longe da superfı́cie sólida onde não há mais troca de calor ou um valor médio de
temperatura do escoamento.
34

1.3.4 Equação da energia

A equação da energia, com base na primeira lei da termodinâmica, descreve a


distribuição do calor no escoamento de um fluido e para um valor de k constante é expressa
para coordenadas cartesianas por:

∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T
   
∂T ∂T ∂T ∂T
ρcp +u +v +w =k + + + µΦ (25)
∂t ∂x ∂y ∂z ∂x2 ∂y 2 ∂z 2

" 2  2  2 # " 2  2  2 #
∂u ∂v ∂w ∂u ∂v ∂v ∂w ∂w ∂u
Φ=2 + + + + + + + +
∂x ∂y ∂z ∂y ∂x ∂z ∂y ∂x ∂z
 2
2 ∂u ∂v ∂w
− + + . (26)
3 ∂x ∂y ∂z

Onde Φ é a taxa de aquecimento por dissipação viscosa.

1.3.5 Radiação

A transmissão de calor por radiação ocorre quando radiação eletromagnética de


determinada faixa de comprimento de onda emitida por um corpo, atravessa um meio
transparente ou translúcido e, ao encontrar um meio que lhe seja opaco, é absorvida pelo
mesmo ocorrendo então uma transformação de energia radiante em energia térmica. Ao
contrário da condução e da convecção, a transmissão de calor por radiação não necessita
de um meio material para se propagar, já que se dá através de radiação eletromagnética,
também denominada de radiação térmica, emitida por um corpo emissor e recebida por
um corpo receptor que então se aquece.
Todo corpo na presença de outros que têm temperaturas diferentes é capaz de emitir
radiações eletromagnéticas que, se atravessarem um espaço que lhes seja transparente,
prosseguem sem nenhuma alteração de trajetória ou de comprimento de onda até que
colidam com um meio que lhes seja opaco.
As mais importantes leis que regem o fenômeno da radiação térmica são as leis
de Stefan-Boltzmann; de Planck, de Kirchhoff e de Lambert que serão apresentadas mais
adiante.
35

1.3.6 Absorvidade, refletividade e transmissividade

Quando uma radiação eletromagnética é recebida por uma superfı́cie, esta radiação
tem sua intensidade parcelada, de forma que uma parte é absorvida, outra é refletida e
outra é transmitida.
Definindo-se:
qt : fluxo de calor total se toda energia radiante se transformasse em energia térmica ao
incidir na superfı́cies;
qa : fluxo de calor gerado pela parcela absorvida pela superfı́cie;
qre r: fluxo de calor que não é absorvido pela superfı́cie e é refletido por esta;
qtr : fluxo de calor não é absorvido pela superfı́cie e correspondente ao que atravessa a
superfı́cie num fenômeno análogo ao da difração da luz.
Pode se escrever então que:

qt = qa + qre + qtr . (27)

Dividindo-se por qt os dois lados da equação (27) obtém-se:

qa qre qtr
+ + = 1. (28)
qt qt qt

Denomina-se então:

qa
= κ; (29a)
qt
qre
= σs e; (29b)
qt
qtr
= τt . (29c)
qt

Onde para uma dada superfı́cie de um corpo: κ é o coeficiente de absorvidade; σs é o


coeficiente de refletividade e τt é o coeficiente de transmissividade. Assim, pode-se então
escrever a seguinte expressão:

κ + σs + τt = 1. (30)

Onde a equação (30) demonstra que o somatório dos coeficientes de absorvidade, refleti-
vidade e transmissividade de uma dada superfı́cie é sempre igual a 1.
A Figura 2 mostra um corpo recebendo radiação térmica, que é parte absorvida,
parte refletida e parte transmitida.
Como na prática, quase todos os materiais sólidos podem ser admitidos como tendo
transmissividade nula, excetuado-se membranas muitı́ssimos delgadas, simplificando para
36

Figura 2 - Corpo recebendo radiação térmica.

o caso de se desprezar a transmissividade obtém-se:

κ + σs = 1. (31)

A radiação térmica, de maneira análoga à luz, pode ser refletida na forma de


radiação regular ou especular; ou na forma de radiação difusa. Na radiação especular o
ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência; e na radiação difusa os raios refletidos
estão distribuı́dos em várias direções.
Quanto mais lisa e polida for uma superfı́cie maior será a a sua capacidade de
refletir radiação de forma regular, por outro lado quanto mais rugosa e sem brilho for
uma superfı́cie maior será a sua capacidade de refletir radiação difusa.

1.3.7 Corpo negro

Um corpo negro é definido como uma superfı́cie ou um corpo capaz de absorver


todas as radiações que a ele chegam. Dessa definição conclui-se que um corpo negro
possui absorvidade igual a um ou refletividade nula. Considerando-se a transmissividade
do corpo ou da superfı́cie desprezı́vel têm-se para o corpo negro: κ = 1 ou σs = 0.
37

1.3.8 Poder de emissão

O poder de emissão de um material ou de uma superfı́cie é a energia radiante total


capaz de ser emitida pelo mesmo por unidade de tempo e por unidade de área. O poder
de emissão E é expresso por:
Z ∞
E= Eλ dλ. (32)
0

Onde Eλ é o poder de emissão monocromático para um valor fixo de temperatura num


dado comprimento de onda; e λ é o comprimento de onda da radiação.

1.3.9 Lei de Stefan-Boltzmann

A Lei de Stefan-Boltzmann é expressa por:

EB = τSB T 4 . (33)

Onde EB é o poder de emissão de um corpo negro a uma temperatura absoluta T e τSB


é a constante de Stefan-Boltzmann, que no SI é igual a 5, 6697 × 10−8 W/m2 K −4 .

1.3.10 Lei de Planck

A lei de Planck determina que o poder de emissão monocromático de um corpo


negro é expresso por:

C1 λ−5
EB,λ = . (34)
eC2 /λT − 1

Onde no SI:
λ = comprimento de onda em µm;
C1 = 3, 7438 × 108 W µm4 /m2 ;
C2 = 14387µmK
T = temperatura absoluta em K;
EB,λ = poder de emissão monocromático de um corpo negro em W/µm2 .
38

1.3.11 Lei de Kirchhoff

Existe uma relação definida entre o poder de emissão de um corpo qualquer a uma
certa temperatura e a absorvidade desse corpo na mesma temperatura. Considerando-se
três corpos de mesma área superficial designados por corpo 1, corpo 2 e corpo negro, se I
for a radiação que chega a cada corpo por unidade de área e de tempo, pode-se escrever
que:

E1 E2 EB
I= = = . (35)
κ1 κ2 κB

Onde:
E1 : poder de emissão do corpo 1;
E2 : poder de emissão do corpo 2;
EB : poder de emissão do corpo negro;
κ1 : absorvidade do corpo 1;
κ2 : absorvidade do corpo 2;
κB : absorvidade do corpo negro.
A lei de Kirchhoff pode ser enunciada então da seguinte forma: A uma certa tem-
peratura, o poder de emissão de um corpo qualquer é igual à sua absorvidade multiplicada
pelo poder de emissão do corpo negro à mesma temperatura.
O que poder ser expressado por:

E = κEB (36)

Da onde se chega a um número adimensional denominado de emissividade, simbo-


lizado por  e que é numericamente igual a absorvidade:

 = E/EB . (37)

1.3.12 Lei de Lambert

A lei de Lambert pode ser enunciada como: As radiações emitidas por uma su-
perfı́cie têm idêntica densidade de fluxo em todas as direções.

1.3.13 Corpo cinzento ou superfı́cie cinzenta

Corpo cinzento ou superfı́cies cinzenta é um corpo ou uma superfı́cie que possui


emissividade igual em todos os comprimentos de onda e temperatura.
39

Figura 3 - Radiação entre superfı́cies negras.

1.3.14 Radiação entre superfı́cies negras

Considerando duas superfı́cies negras de áreas dA1 e dA2 com temperaturas abso-
lutas T1 e T2 , respectivamente e que estão a uma distância r conforme mostrado na Fig.3.
As áreas dA1 e dA2 ocupam uma posição qualquer no espaço e uma linha imaginária
correspondendo à distância r forma os ângulos φ1 e φ2 com as normais das superfı́cies
dA1 e dA2 , respectivamente.
Supondo que o espaço entre os meios dA1 e dA2 seja um meio que não absorva
radiações, demonstra-se através da configuração geométrica mostrada na Figura 3 e pelas
premissas das leis de Lambert e de Stefan-Boltzmann a seguinte expressão:

τSB cos φ1 cos φ2 dA1 dA2 4


dq12 = (T1 − T24 ); (38)
πr2

onde:
dq12 = fluxo elementar de calor recebido por radiação pela área dA1 oriundo da área dA2
e;
τSB = constante de Stefan-Boltzmann.
Devido à complexidade para se encontrar o valor de dq12 = pela (38) normalmente
se substitui a relação:
τSB cos φ1 cos φ2 dA1 dA2 4
2
(T1 − T24 ),
πr
pelo produto Af , onde:
A = área que emite radiação e;
f = um fator referente a posição e as formas geométricas das áreas emissora e absorvedora
40

da radiação denominado de fator de configuração ou fator de forma.


Os fatores de configuração podem ser encontrados em tabelas e gráficos relaciona-
dos às formas geométricas e a posição das áreas emissora e absorvedora da radiação.
Sendo assim a equação (38) pode ser substituı́da por:

q12 = τSB A1 f12 (T14 − T24 ); (39)

Onde:
q12 = fluxo de calor por radiação emitido pela área A1 para a área A2 ;
f12 = fator de configuração da área A1 para a área A2 .
Analogamente pode se expressar que:

q21 = τSB A2 f21 (T24 − T44 ); (40)

Onde:
q21 = fluxo de calor por radiação emitido pela área A2 para a área A1 ;
f21 = fator de configuração da área A2 para área A1 .
Têm-se então que:
q21 = −q21

.
Analogamente, para várias superfı́cies negras de áreas A2 , A3 , A4 , ..., An recebendo
o fluxo de calor por radiação q da área A1 têm-se:

q = τSB A1 f12 (T14 −T24 )+τSB A1 f13 (T14 −T34 )+τSB A1 f14 (T14 −T44 )+...+τSB A1 f1n (T14 −Tn4 ).
(41)

1.3.15 Radiação nos gases e vapores

Experimentalmente verificou-se que os gases diatômicos, como hélio, oxigênio, ni-


trogênio, ar e outros, são transparentes às radiações térmicas, logo não têm absorvidade
nem emissividade. Já os gases poliatômicos como hidrocarbonetos em geral, amônia, va-
por d’água, são gases emissores de radiação em determinados comprimentos de onda. O
fluxo de calor entre um gás em disposição hemisférica e uma superfı́cie negra base do
referido hemisfério que tem raio igual a r pode ser expresso por:

qgs = τSB Ag Tg ; (42)


41

Onde:
qgs = fluxo de calor do gás para a superfı́cie negra;
τSB = constante de Stefan-Boltzmann;
A = área do hemisfério de raio r;
g = emissividade do gás;
Tg = temperatura absoluta do gás.
A absorção de radiação térmica a que um gás se submete quando esta é emitida
por uma superfı́cie pode ser expressa por:

qsg = τSB AκTs ; (43)

Onde:
qsg = fluxo de calor da superfı́cie para o gás;
τSB = constante de Stefan-Boltzmann;
A = área do hemisfério de raio r;
κ = absorvidade do gás;
Ts = temperatura absoluta na superfı́cie.

1.3.16 Radiações emitidas pelas chamas

De acordo com Araújo (1982) as chamas podem ser divididas em chamas luminosas
e chamas não luminosas.
As chamas não luminosas são emissoras de radiação apenas em certos comprimen-
tos de onda e as equações apresentadas para radiação aplicam-se às chamas não luminosas.
As chamas luminosas obedecem muito de perto a lei de Stefan-Boltzmann e o fluxo
de calor por radiação emitido pelas mesmas para uma parede pode ser expresso por:

q = τSB A(Tc4 − Tp4 )p c ; (44)

Onde:
A = área superficial da chama;
Tc = temperatura absoluta da chama;
Tp = temperatura absoluta da parede;
p = emissividade da parede e;
c = emissividade da chama.
A emissividade da chama é dada em função da temperatura absoluta da chama.
42

Figura 4 - Triângulo do fogo.

1.4 Fogo e incêndio

1.4.1 Fogo

De acordo com Seito et al. (2008) apesar dos grandes avanços na ciência do fogo,
ainda não há consenso mundial para definir o fogo. Segue abaixo a definição das seguintes
fontes:

1. Norma ABNT NBR 13860: Fogo é o processo de combustão caracterizado pela


emissão de calor e luz.

2. NFPA (EUA): Fogo é a oxidação rápida autossustentada acompanhada de evolução


variada da intensidade de calor e de luz.

3. BS 4422:Part 1 (Inglaterra): Fogo é o processo de combustão caracterizado pela


emissão de calor acompanhado de fumaça, chama ou ambos.

4. ISO 8421-1: Fogo é o processo de combustão caracterizado pela emissão de calor


acompanhado de fumaça, chama ou ambos.

A teoria do Triângulo do Fogo prestou-se a explicar o mecanismo de formação


e manutenção do fogo através de um triângulo onde cada um de seus lados representa
um dos componentes presentes para a manutenção do fogo, sendo o fogo então mantido
enquanto estes componentes coexistirem. Os componentes necessários para a manutenção
do fogo descritos no triângulo são: combustı́vel, comburente e calor. A Figura 4 apresenta
o triângulo do fogo onde indica que o comburente oxigênio deve estar numa concentração
acima de 13% no ar.
43

Figura 5 - Tetraedro do fogo.

A teoria atualmente utilizada como referência para a descrição da manutenção do


fogo é a do Tetraedro do Fogo, onde cada um dos lados do tetraedro representa um dos
componentes necessários para que haja a manutenção do fogo: combustı́vel, comburente,
calor e reação em cadeia. A Figura 5 apresenta o tetraedro do fogo.
O fogo para ser iniciado e se manter no material combustı́vel depende de várias
propriedades deste material tais como massa especı́fica, calor especı́fico, calor latente de
evaporação, ponto de fulgor, ponto de ignição e outras propriedades, do estado da matéria
a ser queimada (sólido, lı́quido ou gás), da mistura inflamável (explosiva), quantidade de
calor, composição quı́mica, quantidade de oxigênio disponı́vel, etc..

1.4.2 Combustão

A combustão é uma reação quı́mica exotérmica onde o combustı́vel (substância a


ser oxidada) reage com o comburente (geralmente o oxigênio) liberando calor e luz.
A combustão pode ser completa ou incompleta. A combustão completa ocorre
quando há oxigênio suficiente para consumir todo o combustı́vel e gera como produtos
dióxido de carbono e água. A combustão incompleta ocorre quando não há oxigênio
suficiente para consumir todo o combustı́vel e gera como produtos monóxido de carbono,
água e fuligem.
44

1.4.3 Mecanismos de ignição dos materiais combustı́veis

Os combustı́veis sólidos, lı́quidos e gasosos possuem mecanismos diferentes para a


ignição do fogo.
O combustı́vel sólido, com exceção de alguns pós de material orgânico, certos metais
sujeito à combustão instantânea e materiais pirofóricos; quando exposto a um determinado
nı́vel de energia térmica sofre um processo de decomposição térmica chamado de pirólise.
A pirólise gera gases e vapores que reagem com o oxigênio formando a mistura inflamável.
Ocorrendo a combustão, se o nı́vel de energia incidente sobre o sólido for suficiente para
manter a razão da pirólise para formar a mistura inflamável, a combustão continuará.
O combustı́vel lı́quido quando exposto a um determinado nı́vel de calor, não sofre
decomposição térmica, mas sim evaporação. O vapor gerado então, em contato com o
oxigênio de ar forma a mistura inflamável ou explosiva. Caso esta mistura se inflame, a
queima terá continuidade caso o lı́quido atinja a sua temperatura de combustão.
O combustı́vel gasoso, assim considerado quando se apresenta na forma de gás
ou vapor na temperatura ambiente, em contato com o oxigênio do ar forma a mistura
inflamável ou explosiva.
As misturas inflamáveis entre o vapor ou gás do combustı́vel e o ar, na presença
de uma energia ativante (faı́sca, chama, centelha) se inflamam. Caso a mistura entre o
vapor ou gás do combustı́vel e o ar seja explosiva, na presença de uma energia ativante
ocorrerá a explosão.
A mistura inflamável (ou explosiva) ocorre quando o gás ou o vapor do combustı́vel
estiver misturado com o oxigênio do ar dentro de determinadas proporções em volume. A
máxima proporção do vapor ou gás do combustı́vel no ar que torna a mistura explosiva
é denominada de limite superior de explosividade (LSE) e a mı́nima proporção do vapor
ou gás do combustı́vel no ar que torna a mistura explosiva é denominada limite inferior
de explosividade (LIE) . É na faixa entre o LIE e o LSE que pode ocorrer a ignição da
mistura.

1.4.4 Ponto de fulgor

Para um lı́quido inflamável ou combustı́vel, o ponto de fulgor é a menor tempera-


tura em que ocorre um lampejo, provocado pela inflamação dos vapores de uma amostra,
pela passagem de uma chama piloto; ou a menor temperatura em que a aplicação da
chama piloto produz um lampejo provocado pela inflamação dos vapores desprendidos
pela amostra.
45

Figura 6 - Calor liberado pelo incêndio em função do tempo.

1.4.5 Ponto de combustão

Para um lı́quido inflamável ou combustı́vel, o ponto de combustão é a temperatura


em que uma amostra, após inflamar-se pela passagem de uma chama piloto, continua a
queimar por cinco segundos, no mı́nimo.
Combustı́vel que apresenta ponto de fulgor igual ou inferior a 37, 8◦ C, porém infe-
rior a 60◦ C.
Combustı́vel cujo ponto de fulgor é inferior a 37, 8◦ C, ou que se encontra em
temperatura igual ou superior ao seu ponto de fulgor.

1.4.6 Incêndio

De acordo com a norma ABNT NBR 13860: O incêndio é o fogo fora de con-
trole. Já a norma internacional ISO 8421-1 define o que: Incêndio é a combustão rápida
disseminando-se de forma descontrolada no tempo e no espaço.
O surgimento e evolução do incêndio é caracterizada pela sequência das seguintes
fases: pré-ignição, crescimento do fogo, incêndio desenvolvido e finalmente, extinção do
incêndio. A Figura 6 apresenta o calor desenvolvido em função do tempo para as fases da
evolução de um incêndio.
Os incêndios em instalações de armazenamento de produtos combustı́veis e in-
flamáveis devido ao vazamento e combustão destes produtos podem ser classificados como:
incêndio em poça, jato de fogo, bola de fogo e incêndio em nuvem.
Um tanque de armazenamento de produtos combustı́veis ou inflamáveis á pressão
atmosférica apresenta o risco de vazamento que pode causar incêndio em poça, incêndio
46

em nuvem e bola de fogo.

1.4.7 Modelagem semi-empı́rica de incêndio e radiação térmica

A modelagem matemática de incêndio em poça e sua radiação térmica denominada


de semi-empı́rica é construı́da com uma técnica relativamente simples, onde os modelos
são elaborados para prever somente uma forma para a chama e a radiação por ela emitida,
sem fornecer com detalhes e descrição do incêndio.
Segundo VROM (2005b) há dois tipos de modelos semi-empı́ricos neste tipo de
modelagem: modelo de fonte pontual, que assume a fonte de radiação térmica do incêndio
como um ponto; e o modelo de superfı́cie emissora, que assume que a radiação térmica
do incêndio é emitida pela uma superfı́cie de um objeto sólido (geralmente um cone ou
um cilindro inclinado). Neste tipo de modelagem a chama de um incêndio em poça num
ambiente com vento, poderia ser modelada como um cilindro inclinado para a direção
do vento. Os cálculos da radiação térmica são efetuados com a utilização de equações
simplificadas.
Modelos semi-empı́ricos dependem fortemente de dados experimentais e de cor-
relações para modelarem a forma do incêndio e sua inclinação. São empregados em pro-
gramas de computador mais simples e que demandam menos tempo de processamento da
simulação do que um programa de CFD.

1.4.8 Modelagem por CFD de incêndio e radiação térmica

A modelagem de incêndio por CFD está baseada na modelagem matemática das


equações diferenciais da conservação da massa e das espécies, de Navier-Stokes para a
quantidade de movimento ou momento linear e da energia, que descrevem o escoamento,
o fogo e o fluxo de calor relacionados ao incêndio. O uso de programas de CFD para
a modelagem de incêndio permite representar com mais fidelidade o fogo e a fumaça
oriundas de um incêndio e as simulações apresentam resultados mais precisos, entretanto o
tempo de simulação do incêndio é muito maior e dependendo da complexidade a demanda
computacional pode requerer a utilização de rede de computadores. Numa modelagem
de incêndio em poça por CFD a queima se daria a partir da superfı́cie onde a poça de
combustı́vel ou lı́quido inflamável estivesse presente e a chama e a fumaça geradas teriam
suas formas dadas em função das variáveis calculadas na simulação. O cálculo da radiação
térmica se dá através de dados obtidos para etapas de tempo da simulação.
47

1.4.9 Probit

O cálculo do risco individual e do risco social causado pela radiação térmica emitida
por um incêndio envolve o cálculo da probabilidade de morte de uma pessoa devido à sua
exposição a esta radiação. A probabilidade de morte é calculada utilizando-se funções
probit. A função probit para cálculo da probabilidade de morte devido a radiação térmica
emitida por um incêndio em poça é descrita em VROM (2005a) como:

P rb = −36, 38 + 2, 56 ln (qr 4/3 t). (45)

Onde, P rb é o probit correspondente a probabilidade de morte; qr (W/m2 ) é o fluxo


de calor da radiação térmica e t(s) é o tempo de exposição.
48

2 MÉTODOS

2.1 Computational fluid dynamics (CFD)

A dinâmica dos fluidos computacional ou computational fluid dymamics (CFD), é


o campo da dinâmica dos fluidos que fornece meios para simulação de escoamentos através
da resolução numérica das equações governantes do escoamento oriundas da mecânica dos
fluidos, termodinâmica e transferência de calor. Estas simulações podem envolver ou não
transferência de calor e processos fı́sico-quı́micos.
As equações governantes da dinâmica dos fluidos newtonianos, conhecidas como
equações de Navier-Stokes, são conhecidas a mais de 150 anos. Suas aplicações a casos
práticos, em conjunto com as equações de conservação da massa e de conservação da
energia, normalmente demandam diversas simplificações para que se chegue a formas
reduzidas que descrevam o modelo matemático pretendido. Estas simplificações ainda são
objeto de muita pesquisa, particularmente no caso do problema da turbulência. No caso
dos fluidos não newtonianos, escoamentos com reações quı́micas e escoamento multifásicos,
o nı́vel de conhecimento encontra-se ainda menos desenvolvido.

2.1.1 Métodos disponı́veis para solução de problemas de engenharia

De acordo com Maliska (2004), o engenheiro ou projetista tem a sua disposição,


fundamentalmente, três ferramentas para desenvolver seu projeto ou analisar seu pro-
blema:

• métodos analı́ticos;

• métodos numéricos (experimentação numérica); e

• experimentação em laboratório.

Os métodos analı́ticos e os métodos numéricos são métodos teóricos que objetivam


resolver as equações diferenciais que formam o modelo matemático. A aplicação destes
diferencia-se em função da complexidade da resolução do modelo matemático em estudo.
Considerando-se o universo dos problemas complexos de engenharia, os métodos
analı́ticos são aplicáveis apenas a problemas cujas hipóteses simplificativas requeridas os
desviam em muito do fenômeno fı́sico real. Estes normalmente são aplicados a casos com
geometrias e condições de contorno simples. Este método além de solucionar problemas
de baixa complexidade, desempenha um papel importante na validação dos resultados de
casos limites de modelagens numéricas e auxilia o desenvolvimento dos métodos numéricos.
49

Devido a suas simplificações, quando um método analı́tico for suficiente para se atingir a
solução de um problema com um nı́vel de precisão e exigência satisfatórios, este deve ser
preferido.
A experimentação em laboratório possui a vantagem de tratar com a configuração
real a ser abordada. Porém, normalmente possui custo elevado e muitas vezes não é
possı́vel de ser realizada por questões de segurança e de impossibilidade de se retratar
o fenômeno estudado em ensaios de laboratório. O estudo experimental de incêndios,
por exemplo, demanda estrutura para realizações de ensaios em laboratório ou de campo
que atendam a requisitos técnicos e de segurança, que tornam a realização do método
experimental custoso. Em casos onde não se têm modelos matemáticos estabelecidos e
em geometrias extremamente complexas a experimentação em laboratório é muitas vezes
o único método de pesquisa disponı́vel.
O métodos numéricos praticamente não apresentam restrições, podendo resolver
problemas complexos com condições de contorno gerais e em geometrias complexas. Sua
aplicação a simulações numéricas viabiliza a solução de diversos problemas envolvendo
fenômenos fı́sicos e projetos de engenharia que seriam impossı́veis de serem resolvidos
analiticamente ou experimentalmente. Em termos práticos as simulações numéricas com-
putacionais são implementadas com a resolução dos métodos numéricos na forma de al-
goritmos em programas de computador comerciais ou gratuitos, podendo serem escritos
por empresas de software ou pelo próprio pesquisador para uma finalidade especı́fica ou
para aplicações diversas. A utilização de ferramentas numéricas computacionais pode
reduzir em muito o tempo e o custo de pesquisas e de projetos. Dentre os principais
métodos numéricos podem ser citados o método das diferenças finitas (MDF), o método
dos elementos finitos (MEF) e o método dos volumes finitos (MVF).
Os métodos numéricos mais utilizados em programas computacionais de CFD são
o método das diferenças finitas e o método dos volumes finitos. Estes métodos, por serem
aplicados neste trabalho, serão tratados especificamente mais adiante.
As equações governantes do escoamento, por se tratarem de equações diferenci-
ais parciais que retratam situações complexas, são extremamente complicadas de serem
solucionadas analiticamente para a maior parte das aplicações práticas.
O uso de métodos experimentais têm desempenhado um importante papel na va-
lidação e na exploração dos limites das diversas aproximações das equações governantes
do escoamento, porém não são capazes fornecer informações para se retratar com grande
fidelidade situações diferentes das já testadas levando, em alguns casos, a formulação de
correlações empı́ricas.
Entretanto, os métodos numéricos podem ser utilizados para solucionar as equações
diferenciais parciais governantes do escoamento substituindo estas equações por sistemas
algébricos. Em situações práticas, estes sistemas algébricos normalmente envolvem um
número gigantesco de cálculos para se chegar a soluções, o que torna necessário a utilização
50

de computadores que executem programas para se que se encontrem então as chamadas


soluções numéricas.
O desenvolvimento e avanço dos computadores desde a década de 1950 têm for-
necido condições para a utilização dos métodos numéricos computacionais na solução de
problemas matemáticos incluindo-se aı́ os da dinâmica dos fluidos.
Este avanço tecnológico deu lugar ao desenvolvimento de programas de dinâmica
dos fluidos computacional (CFD) capazes de modelarem, simularem e solucionarem pro-
blemas de escoamento com a utilização de métodos numéricos e suas técnicas de discre-
tização. De acordo com Sayma (2014), as técnicas de CFD surgiram com o advento dos
computadores digitais.
A utilização de programas de CFD tornou possı́vel e mais barato a simulação com-
putacional de diversos sistemas envolvendo máquinas, equipamentos, processos, fenômenos
naturais e projetos de engenharia. Alguns fenômenos como os incêndios, tornaram-se mais
fáceis e viáveis de serem simulados, fornecendo assim informações importantes para pro-
jetos de prevenção, sistemas de combate a incêndio, rotas de fuga e análise dos efeitos
fı́sicos e das consequências do fogo em edificações, instalações e no ambiente. Simulações
ambientais envolvendo acidentes e desastres também podem ser elaboradas com certo grau
de confiabilidade com a utilização de CFD.
O propósito de uma simulação de escoamento é se descobrir como o fluido se
comporta num dado sistema para um dado conjunto de condições de entrada e de saı́da,
conhecidas como condições de contorno.
O conceito básico do uso de CFD consiste em encontrar os valores das grandezas
envolvidas no escoamento distribuı́das em um grande número de pontos no sistema em
análise. Estes pontos estão interligados na chamada grade numérica ou malha. O sistema
de equações diferenciais representando o escoamento é convertido, com a utilização de
métodos numéricos de discretização, em um sistema de equações algébricas representando
a interdependência do fluxo nos pontos da malha.
A solução dos sistema de equações algébricas, que podem ser lineares ou não line-
ares, é normalmente extensa e requer a utilização de computadores para a sua execução.
As incógnitas dos sistema de equações são as grandezas do escoamento nos pontos ou
células da malha, e a solução do sistema resulta em se encontrar o valor destas incógnitas.
Caso um sistema seja instável devido a variação das condições de contorno ou
devido a fatores intrı́nsecos, o procedimento para a solução é repetido em intervalos de
tempo discretos para prever a evolução das variáveis do escoamento nos pontos da malha
em função do tempo.
51

Figura 7 - Malha uniforme.

2.1.2 Malha

A malha num programa de CFD consiste num domı́nio computacional onde o


problema será analisado e onde serão realizados os cálculos e encontradas as soluções.
Uma malha é composta por células onde, em pontos no seu interior ou nas suas faces, as
variáveis de escoamento (velocidade, pressão, etc) serão calculadas.
Uma modelagem em CFD pode ter diversas malhas interligadas em função da es-
tratégia adotada para a simulação e da geometria do domı́nio computacional pretendido.
Quanto maior o número de células numa malha maior será a precisão dos cálculos reali-
zados na mesma, porém maior também será a demanda computacional e o tempo gasto
com a simulação. Para um determinado domı́nio computacional quanto maior o número
de células contido numa malha mais refinada será a mesma e, quanto menor o número de
células mais grosseira será a malha.
As malhas podem ser basicamente classificadas como estruturadas (uniformes, uni-
formes por direção, não uniformes e não ortogonais) ou não estruturadas. Uma malha
estruturada é composta por células planares com quatro lados (2D) ou células volumétricas
com seis faces (3D). Uma malha não estruturada consiste em diversas formas, sendo mais
usual a utilização de triângulos ou quadriláteros (2D) e tetraedros ou hexaedros (3D).
A Figura 7 apresenta uma malha uniforme, a Figura 8 apresenta uma malha uniforme
por direção, a Figura 9 apresenta uma malha não uniforme, a Figura 10 apresenta uma
malha não ortogonal e a Figura 11 apresenta uma malha não estruturada. A Figura 12
apresenta o detalhe de uma malha superficial no plano de simetria de uma modelo.
52

Figura 8 - Malha uniforme por direção.

Figura 9 - Malha não uniforme.


53

Figura 10 - Malha não ortogonal.

Figura 11 - Malha não estruturada.

Figura 12 - Detalhe de malha superficial no plano de simetria de um


modelo.

Fonte: (COBENGE, 2006)


54

2.1.3 Aplicação de CFD

Com o desenvolvimentos de soluções numéricas rápidas e a validação das mesmas,


e o aumento contı́nuo da velocidade de processamento e da memória de trabalho dos
computadores, diversos problemas extensos de escoamento vêm sendo solucionados por
CFD, reduzindo-se os custos e aumentando-se a velocidade de obtenção de resultados.
Diante disto a utilização de técnicas de CFD tem substituı́do rapidamente os métodos
experimentais e analı́ticos.
As modelagens com utilização de técnicas de CFD carregam um certo nı́vel de
aproximações numéricas e de premissas assumidas no modelo. É de grande importância
conhecer o alcance da aplicabilidade e as limitações de uma ferramenta de CFD, afim de
que a mesma seja aplicada corretamente.
Além do aumento da velocidade de solução de problemas e da redução de custos
proporcionada pela utilização de ferramentas de CFD, estas tem a capacidade de fornecer
os dados relevantes do escoamento em todo o domı́nio computacional da malha e na escala
real do problema. De modo diferente a modelagem com CFD, os métodos experimentais
têm seus resultados limitados aos pontos onde os instrumentos de medição estão presentes,
sendo o experimento na maioria das vezes realizado em escala reduzida.
De acordo com Maliska (2004), a tendência observada é a realização de experiências
em laboratório cada vez mais sofisticadas com a finalidade de se utilizar os resultados na
corroboração de modelos matemáticos e numéricos, na investigação e entendimento de
novos fenômenos que ainda necessitam ser matematicamente modelados, e na avaliação
final de um determinado projeto.

2.1.4 Comprovação da eficácia de um programa de CFD

Para que tenham um nı́vel de confiabilidade aceitável os programas computacionais


que utilizam métodos numéricos para solução de problemas fı́sicos, como é o caso dos
programas de CFD, necessitam ter sua eficácia comprovada através dos procedimentos
denominados de verificação ou validação numérica, e de validação ou validação fı́sica.
A verificação ou validação numérica, compara os resultados obtidos pela solução
numérica com CFD aos obtidos com soluções analı́ticas ou outras soluções numéricas
independentes para o mesmo problema. Este procedimento atesta se a qualidade do
método numérico empregado é satisfatória devendo a mesma fornecer resultados num
nı́vel adequado de concordância com os resultados da solução analı́tica ou da solução por
outro método numérico.
A validação fı́sica ou simplesmente validação, verifica se a modelagem matemática
do problema representa com o nı́vel adequado de confiabilidade o fenômeno fı́sico es-
55

tudado. Neste caso, os resultados obtidos com a utilização dos métodos numéricos no
programa de CFD são comparados aos resultados obtidos experimentalmente para um
mesmo modelo. Neste caso, os resultados obtidos computacionalmente com a utilização
de CFD devem estar com num nı́vel adequado de concordância com os resultados obtidos
experimentalmente.
Todo os resultados de validação fı́sica e numérica de um programa de CFD devem
estar devidamente documentados.

2.1.5 Efeitos da turbulência

Os efeitos da turbulência nos escoamentos tornam ainda mais complexas as soluções


num programa de CFD. A consideração dos efeitos da turbulência na resolução das
equações governantes do escoamento exigem um grande número de cálculos para que se
levem em consideração os vórtices formados no regime turbulento. As soluções analı́ticas
e numéricas para o escoamento turbulento apresentam diversos nı́veis de aproximação
dos resultados em função do detalhamento das caracterı́sticas do escoamento. Em quase
todas as aplicações de CFD os efeitos da turbulência nos cálculos do escoamento precisam
ser tratados pelos modelos de turbulência. Existem atualmente diversos modelos de tur-
bulência. Porém não há nenhum modelo de turbulência disponı́vel que possa ser aplicados
a todos os tipos de escoamento. Os três tipos mais comuns de tratamento dos efeito da
turbulência nas simulações com CFD são:

• RANS - Reynolds-averaged Navier-Stokes (Simulação numérica de escoamentos tur-


bulentos via equações médias de Navier-Stokes);

• LES - Large-eddy simulation (simulação de grandes escalas) e;

• DNS - Direct numerical simulation - (simulação numérica direta).

2.1.6 Reynolds-averaged Navier-Stokes

Na simulação por Reynolds-averaged Navier-Stokes (RANS) os cálculos são realiza-


dos com a aplicação de equações obtidas através de um conjunto de médias das equações de
Navier-Stokes e da conservação da massa. São aplicados modelos clássicos de turbulência
a simulação que representam a atuação das tensões de Reynolds ou tensões turbulentas as
quais descrevem os efeitos das flutuações turbulentas de pressão e velocidades. A solução
por RANS apresenta menor precisão que por DNS e LES uma vez que sua abordagem
do problema é mais simples e que nenhum vórtice de turbulência é calculado. Sua sim-
plicidade oferece a vantagem de se obter resultados mais rápidos do que por DNS e LES
56

porém algumas informações do escoamento são perdidas. Como na aplicação na técnica


de RANS todos os vórtices são representados por um único modelo de turbulência, a sua
aplicação não pode ser feita para modelar casos onde os cálculos relacionados aos efeitos
dos grandes vórtices é de grande relevância para a precisão dos resultados. Sendo assim,
em alguns casos sua aplicação não é eficaz, como por exemplo para o caso da modelagem
da chama onde o cálculo de vórtices é requerido para que se obtenha uma descrição do
fogo. Este tipo de simulação está presente na maior parte dos programas de CFD comer-
cializados voltados para aplicações onde os valores médios obtidos para o escoamento são
suficientes para a aplicação pretendida.

2.1.7 Large-eddy simulation

A simulação pela técnica de large-eddy simulation (LES) calcula diretamente as


incógnitas do escoamento para os vórtices de turbulência de grande escala. Para o cálculo
dos efeitos dos vórtices de pequenas escalas são aplicados modelos de escalas de submalha
ou de subgrid. Sendo neste caso a formulação transiente e tridimensional.
O surgimento da técnica de LES veio como resultados dos esforços para o desen-
volvimento dos modelos de turbulência da técnica de RANS.
A técnica de LES consegue solucionar todo o escoamento tratando de forma di-
ferente os vórtices de turbulência de pequena e de grande escala. O vórtices menores
são aproximadamente isotrópicos e possuem um comportamento universal para escoa-
mentos turbulentos com números de Reynolds suficientemente elevados. Por outro lado,
os vórtices maiores, que interagem com o escoamento médio e extraem dele energia, são
mais anisotrópicos e seus comportamentos são ditados pela geometria, pelas condições de
contorno e pelas forças de corpo atuantes no problema.
Para separar os maiores e os menores vórtices de turbulência para que estes recebam
o tratamento diferenciado, a técnica de LES aplica um filtro espacial no escoamento. A
filtragem dos vórtices é feita por uma função e uma largura de escala, onde os vórtices
maiores que esta largura serão calculados numericamente e os vórtices menores que a
largura serão representados pelo modelo de escala de subgrid, menor e mais fácil de ser
solucionado. A eliminação dos vórtices menores e as interações entre os vórtices maiores e
os menores dá lugar ao surgimento das tensões de escala de subgrid ou tensões de subgrid-
scale (SGS). Seus efeitos sobre o escoamento são representados por meio de um modelo
de SGS que é levado em conta na solução do problema.
Em termos do nı́vel de precisão nos resultados, a técnica de LES está numa posição
intermediária entre a técnica de RANS e a de DNS. Apesar de a demanda computacional
ser maior que a da técnica de RANS, o uso de LES torna possı́vel a solução de diversos
problemas nos quais a aplicação da técnica de RANS não seria eficiente por suas limitações,
57

e onde a técnica de DNS seria inviável ou de custo elevado.

2.1.8 Direct numerical simulation

A técnica de direct numerical simulation (DNS) resolve diretamente através de


solução numérica as equações de Navier-Stokes sem modelagem de turbulência. Suas ma-
lhas precisam ser bastante refinadas e as etapas de tempo precisam ser bem pequenas para
que se capture os menores vórtices de turbulência do problema. O seu resultado abrange
o campo completo do escoamento turbulento, tridimensional e transiente. O escoamento
médio e todas as flutuações de velocidade são computadas na resolução. As equações de
Navier-Stokes transientes são resolvidas em malhas suficientemente refinadas para que se
resolvam as incógnitas na escala de largura de Kolmogorov, na qual a dissipação de ener-
gia ocorre. Os intervalos de tempo extremamente reduzidos tornam possı́vel a resolução
das menores flutuações nas grandezas envolvidas no problema.
Esta técnica de simulação é a mais precisa de todas, já que não precisa fazer uso
de nenhum modelo de turbulência, porém a demanda computacional é mais elevada que a
de RANS e a de LES. Os custos de uma simulação de CFD pela técnica de DNS tornam
inviáveis a aplicação da mesma a grande maioria dos problemas práticos. Sua aplicação
fica mais restrita à pesquisa, onde pode inclusive ser aplicada à validação de modelos de
turbulência, e a modelos com geometrias simples e dimensões pequenas.

2.2 Métodos numéricos utilizados

Os métodos numéricos convertem as equações diferenciais presentes na modela-


gem matemática dos problemas fı́sicos em formas discretizadas solucionadas por equações
algébricas de simples resolução, as quais poderão ser solucionadas por um programa de
CFD. As modelagens e simulações realizadas em CFD neste trabalho, farão uso do método
das diferenças finitas (MDF) e do método dos volumes finitos (MVF). Estes métodos serão
apresentados a seguir e o detalhamento de suas aplicações no programa de CFD utilizado
é apresentada no Capı́tulo 3.

2.2.1 Método das diferenças finitas

O método das diferenças finitas é um dos procedimentos mais simples utilizados


para solucionar equações diferenciais. Este método converte uma equação diferencial
numa forma discreta, aproximando as derivadas na equação diferencial através da uti-
58

Figura 13 - Função θ unidimensional em


função de x.

Figura 14 - Linha discretizada.

lização de uma série de Taylor truncada. Por sua simplicidade sua aplicação é mais
adequada a malhas uniformes. A malha precisa ser estruturada e seus nós precisam estar
localizados em pontos de interseção de famı́lias de curvas retilı́neas.
Para explicar o método, consideremos um caso unidimensional onde uma variável
independente θ é função da coordenada de x como mostrado na Figura 13. O domı́nio
espacial considerado da função é discretizado em intervalos de tempo iguais a ∆x. Consi-
deremos três pontos arbitrários vizinhos no domı́nio da função, como mostrado na Figura
14.
Aplica-se uma expansão de série de Taylor que fornece o valor da variável θi−1 no
ponto i − 1 em função da variável θi e das derivadas da função θ no ponto i conforme
abaixo:

d2 θ dn θ
     
dθ 1 1
θi−1 = θi − ∆x + (∆x)2 − ...... + (∆x)n − ...... (46)
dx i 2 dx2 i n! dxn i
59

Rearranjando a equação (46) obtém-se:

d2 θ dn θ
     
dθ θi − θi−1 1 1
= + (∆x) − ...... + (∆x)n−1 − ...... (47)
dx i ∆x 2 dx2 i n! dxn i

Truncando-se o lado direito da equação após o segundo termo, obtém-se a ex-


pressão:

 
dθ θi − θi−1
= (48)
dx i ∆x

A expressão (48) é chamada de diferença finita regressiva, é de primeira ordem de


precisão. A ordem de precisão está relacionada ao valor da potência de ∆x no primeiro
termo truncado na série de Taylor, que neste caso é igual a 1.
Analogamente, a diferença finita progressiva de primeira ordem de precisão, pode
ser obtida pela expansão numa série de Taylor que fornece o valor da variável θi+1 no
ponto i + 1 da seguinte forma:

d2 θ dn θ
     
dθ 1 1
θi+1 = θi + ∆x + (∆x)2 + ...... + (∆x)n + ...... (49)
dx i 2 dx2 i n! dxn i

d2 θ dn θ
     
dθ θi+1 − θi 1 1
= + (∆x) − ...... + (∆x)n−1 − ...... (50)
dx i ∆x 2 dx2 i n! dxn i

 
dθ θi+1 − θi
= (51)
dx i ∆x

Subtraindo-se a equação (49) da equação (46) obtém-se a aproximação por dife-


rença finita central de segunda ordem para a derivada primeira conforme:

 
dθ θi+1 − θi−1
= (52)
dx i 2∆x

A Figura 15 ilustra as diferenças finitas regressiva, progressiva e central da função


θ.
Somando-se as equações (47) e (48), obtém-se a expressão para a derivada segunda
60

Figura 15 - Interpretação geométrica das diferenças finitas.

no ponto i da seguinte forma:

d2 θ
 
θi−1 − 2θi + θi+1
= (53)
dx2 i (∆x)2

Substituindo as derivadas parciais nas equações diferenciais pelas equações de dife-


renças finitas aproximadas, obtém-se a chamada forma discretizada da equação diferencial.
A equação diferencial é transformada numa equação algébrica no ponto considerado. Ex-
pressões semelhantes são encontradas nos outros pontos do domı́nio da função, levando-se
a um sistema de equações algébricas que poderá ser resolvido para que se encontre o valor
das incógnitas nos seus respectivos pontos.
A derivada primeira pode ser calculada num determinado ponto utilizando-se ou
dois pontos adjacentes. Porém, equações de diferenças finitas para encontrar a derivada
primeira num determinado ponto podem ser formuladas utilizando-se qualquer número
de pontos adjacentes. Quanto maior for o número de pontos adjacentes na aproximação
por diferenças finitas maior será a ordem de aproximação e consequentemente maior será
a precisão dos resultados.
Num cálculo pelo método de diferenças finitas, deve-se fazer um balanço entre
a ordem de precisão dos resultados e o número de pontos envolvidos. Quanto maior a
precisão requerida maior será o tempo de cálculo necessário.
Os mesmos procedimentos utilizados para discretizar as equações diferenciais para
uma dimensão podem ser aplicados para problemas com várias dimensões.
Como demonstração, consideremos a equação para a condução de calor em duas
61

Figura 16 - Malha de diferenças finitas bidimensional.

dimensões, conhecida como equação de Laplace:

∂ 2T ∂ 2T
+ = 0. (54)
∂x2 ∂y 2

Discretiza-se a equação (54) para um domı́nio bidimensional. A Figura 16 parte


de uma malha bidimensional de diferenças finitas centrada no ponto m,n. O ı́ndice m é
o incremento na direção x e o ı́ndice n é o incremento na direção y.
Aplicando-se a equação (53) para discretização das derivadas parciais de segunda
ordem na equação (54), chega-se a:

Tm+1,n − 2Tm,n + Tm−1,n Tm,n+1 − 2Tm,n + Tm,n−1


+ = 0. (55)
∆x2 ∆y 2

Considerando-se espaçamento igual em toda a malha, ou seja, ∆x = ∆y, então a


equação (55) se reduz a:

Tm+1,n + Tm−1,n + Tm,n+1 + Tm,n−1 − 4Tm,n = 0. (56)

Uma equação similar pode ser obtida analogamente para cada ponto da malha.
Para pontos na fronteira da malha a discretização vai depender das condições de contorno
aplicáveis. Se a condição de contorno a ser aplicada for uma temperatura especı́fica,
então a equação para o ponto na fronteira é desconsiderada e substituı́da pela referida
62

temperatura. Se a condição de contorno na fronteira for um fluxo, então o procedimento


deve ser o de adicionar um ponto fictı́cio no domı́nio adjacente ao ponto da fronteira. No
ponto fictı́cio o valor da incógnita é calculado em função do valor da mesma do ponto
interior na fronteira. O mesmo procedimento se aplica para o cálculo por diferenças
centrais.
A discretização leva a um número de equações algébricas iguais ao número de
incógnitas, tornando o sistema de equações possı́vel de ser resolvido.
O procedimento de aplicação do método de diferenças finitas para o caso de
domı́nios em três dimensões é análogo aos já apresentados para uma e duas dimensões.

2.2.2 Método dos volumes finitos

O método dos volumes finitos (MVF) foi desenvolvido no inı́cio da década de 1970.
Este método pode ser visto como uma caso especial do método de resı́duos ponderados,
que serve de base para o método dos elementos finitos (MEF). O método dos elementos
finitos, por sua vez, foi desenvolvido entre os anos de 1940 e 1960, principalmente para
problemas de dinâmica de estruturas, sendo mais tarde estendido para a área da dinâmica
dos fluidos.
O método dos volumes finitos distingue-se do método das diferenças finitas por
apresentar a vantagem de poder trabalhar facilmente com geometrias complexas, já que
pode utilizar malhas irregulares capazes de assumirem formas variadas num domı́nio es-
pacial. Apresenta também a vantagem de fornecer um conjunto de funções que dão a
variação das equações diferenciais entre os pontos da malha, enquanto que o método das
diferenças finitas fornece somente os valores das variáveis nos pontos da malha.
No método dos volumes finitos a função ponderada W i assume a seguinte forma:

W i = 1. (57)

Um número de equações de resı́duos ponderados é obtido dividindo-se o domı́nio


da solução em subdomı́nios chamados de volumes finitos. Cada função ponderada assume
o valor igual a um em apenas um volume de controle e de zero nos demais. Isto faz com
que o resı́duo em cada volume seja igual a zero.
Uma outra maneira de se efetuar a discretização em volumes finitos é aplicando o
método partindo-se da forma integral das equações do escoamento.
A base do método dos volumes finitos é que variação de qualquer grandeza dentro
de um volume de controle depende integralmente dos valores das grandezas do escoamento
sobre a superfı́cie dos volumes de controle.
63

Figura 17 - Volume finito para a equação da condução de calor em


1D.

O domı́nio da solução é divido em pequenos volumes. A aplicação do método,


partindo-se da forma integral das equações governantes do escoamento, é efetuado para
cada pequeno volume separadamente. O resultado do escoamento total no domı́nio é
obtido somando-se a parcela de contribuição de cada volume finito. O fluxo através de
cada subdivisão é cancelado pelo fluxo equivalente em magnitude porém de sentido oposto
na subdivisão adjacente.
Calculando-se o fluxo através das fronteiras de cada volume finito em termos das
variáveis no centro e nos vértices, obtém-se um conjunto de equações algébricas que pode
ser solucionado para que se obtenha o valor das incógnitas.
Para demonstração dos conceitos básicos da aplicação do método dos volumes
finitos na discretização do escoamento, consideremos a equação da difusão, conhecida
como a equação de Stokes, que contém os termos de pressão e de viscosidade das equações
de Navier-Stokes. Para o caso de regime permanente em uma dimensão (1D) esta equação
assume a seguinte forma:

 
d du dp
µ − = F; (58)
dx dx dx

onde F é a força de corpo. Para simplificar, ignorando-se o termo de pressão e


rearranjando a equação como a equação da condução de calor com o termo de geração,
obtém-se:
 
d dT
k + Sg = 0. (59)
dx dx

Onde, k é o coeficiente de condutividade térmica, T é a temperatura e Sg é o termo


de geração interna de calor por unidade de volume.
A Figura 17 ilustra um perfil de volume finito com três pontos. O central P
representa o ponto onde de interesse para o cálculo das incógnitas. A notação convencional
para volumes finitos foi utilizada para definir os pontos adjacentes como E para o ponto
à leste de P e W para o ponto à oeste de P .
64

Figura 18 - Curva de variação linear da temperatura em função da


distância num volume de controle.

A equação (59) é então integrada sobre a célula (volume) da Figura 17 da seguinte


forma:

Z e   Z e
d dT
dx + Sg dx = 0; (60)
w dx dx w

resultando na expressão:

    Z e
dT dT
k − k + Sg dx = 0 (61)
dx e dx w w

Para se poder calcular o gradiente de temperatura nas fronteiras leste e oeste da


célula, torne-se necessário definir o perfil de temperatura dentro da malha. Assume-se
então uma hipótese razoável de se considerar a variação da temperatura entre os pontos da
célula como linear conforme ilustrado na Figura 18. Esta hipótese permite uma variação
linear progressiva para os dois primeiros termo da equação (61).
Assumindo um valor S¯g médio para o termo de geração de calor no volume de
controle, obtemos a forma discretizada da equação (61) que é:

TE − TP TP − TW
ke − kw + S¯g ∆x = 0. (62)
∆xe ∆xw

Numa discretização em volumes finitos não é necessário que as distâncias ∆xe e


∆xw sejam iguais. A utilização de malhas com espaçamento não uniforme é normalmente
65

Figura 19 - Ponto na fronteira da malha.

Legenda: Célula incompleta na fronteira da malha (a) e; célula acrescida de nó virtual (b).

desejável por permitir que se trabalhe com maior precisão em geometrias complexas.
Geralmente uma solução mais precisa é obtida com a utilização de uma malha mais
refinada (com menor espaçamento entre as células), porém não é necessário se utilizar
uma malha refinada em em regiões onde a variável de campo muda de valor lentamente
em função da variação da coordenada espacial.
Equações na forma discretizada podem ser formuladas para cada célula conforme
apresentado. Para pontos na fronteira da malha a última célula pode não estar completa
conforme a parte (a) da Figura 19. Neste caso, as condições de contorno do problema
devem ser aplicadas de acordo com o seu tipo.
Quando o valor da variável é dado no problema, então não é necessário calcular
o valor da variável na fronteira, sendo a equação para o cálculo da variável na fronteira
substituı́da pelo valor já especificado. Já para um dado gradiente no campo de escoamento
é dado um tratamento similar ao dado para a situação análoga já apresentada para o
método das diferenças finitas.
O procedimento para tratamento de gradiente na fronteira, que assegura precisão
de segunda ordem na discretização, consiste em se adicionar ao domı́nio do problema um
ponto de nó virtual que completa a célula conforme representado na parte (b) Figura 19.
O valor da variável de campo no ponto ou nó virtual, é computado em termos dos valores
no dois nós internos vizinhos aplicando-se o método de cálculo utilizado para uma célula
inteiramente real. Feito isso, uma equação para o nó na fronteira é estabelecida.
66

2.3 Programas utilizados

Para realização deste trabalho foram utilizados os programas Fire Dynamics Si-
mulator (FDS), Smoke View (SMV), Pyrosim e Matlab. O programa Fire Dynamics Si-
mulator (FDS) foi o programa de CFD utilizado para modelagem, simulação de incêndio
e obtenção dos dados de radiação térmica. O programa Smoke View (SMV) foi utilizado
para visualização das imagens da simulação. O programa Pyrosim foi utilizado como
interface para facilitar a elaboração e visualização dos modelos e simulações de incêndio.
Os resultados de saı́da das simulações no FDS foram inseridos em rotinas no programa
Matlab para fornecer as distâncias correspondentes aos nı́veis de radiação térmica de
interesse, e as curvas de isonı́vel referentes a estes nı́veis de radiação térmica.
A seguir será apresentada uma breve descrição de cada programa, sendo que a
modelagem matemática no FDS é apresentada com maiores detalhes no capı́tulo 3.

2.3.1 Fire Dynamics Simulator (FDS)

O programa Fire Dynamics Simulator (FDS) é um programa de dinâmica dos


fluidos computacional (CFD) para modelagem e simulação, voltado para fluxo conduzido
pelo fogo.
Este programa de CFD foi desenvolvido pelo National Institute of Standards and
Technology (NIST) do Departamento de Comércio dos EUA e pelo VTT Technical Rese-
arch Centre da Finlândia.
O FDS resolve numericamente as equações de Navier-Stokes para quantidade de
movimento, a equação da continuidade para o transporte de massa e espécies, e a equação
da energia. De acordo com McGrattan et al. (2018b), a aplicação do FDS é apropriada
para baixa velocidade de escoamento (Ma < 0, 3), trabalhando com escoamento termica-
mente conduzido com ênfase em transporte de calor e de fumaça oriundas de incêndios.
Utiliza o método das diferenças finitas para modelagem do escoamento, da trans-
ferência de calor por condução e convecção e da reação de combustão. A transferência de
calor por radiação é modelada numericamente pelo método dos volumes finitos.
O FDS é capaz de simular um incêndio com suas chamas e fumaça, também pode
realizar simulações onde se queira verificar, por exemplo, apenas o escoamento ou a troca
de calor sem a ocorrência da combustão. Ele é escrito em linguagem Fortran e possui
código aberto. Está disponı́vel gratuitamente na internet para download na página oficial
do NIST. Possui manuais técnicos de verificação, de validação e de garantia de qualidade.
A primeira versão do FDS foi lançada publicamente em fevereiro de 2000. Neste
trabalho foi utilizada a versão mais recente atualmente FDS 6.7.1. Desde o lançamento
do programa, o FDS tem sido utilizado em aplicações de estudos de sistemas de detecção
67

e combate a incêndio, incluindo a análise do fluxo da fumaça em instalações fechadas


visando o projeto de rotas de fuga mais seguras, projetos de sistemas de detecção de
incêndio e de utilização de sprinklers. Outra grande utilização do programa tem sido
na reconstituição virtual de incêndios em edificações e instalações industriais. Ao longo
do seu desenvolvimento, o FDS tem se concentrado em solucionar problemas práticos
relacionados a incêndio, em engenharia de proteção contra incêndio, ao mesmo tempo que
fornece ferramentas para o estudo da dinâmica de incêndio e da combustão.
As principais caracterı́sticas do FDS são:

• Modelo hidrodinâmico: Resolve numericamente as equações de Navier-Stokes


para baixa velocidade; escoamento dirigido termicamente com ênfase no transporte
de fumaça e de calor do oriundo do incêndio. Trabalha com algorı́timo de es-
quema explı́cito previsor corretor, de segunda ordem de precisão no espaço e no
tempo. A turbulência é tratada por large-eddy simulation (LES), com possibilidade
de aplicação de direct numerical simulation (DNS) de forma automática se a malha
for refinada o suficiente, mas LES é o padrão de operação.

• Modelo de combustão: Para a maioria dos casos, utiliza uma reação quı́mica
de mistura de espécies simplificada que utiliza três combinações de espécies (ar,
combustı́vel e produtos). No modo padrão, o combustı́vel e os produtos são expli-
citamente computados. Possui disponibilidade para inclusão de múltiplas reações e
de reações de mistura não controlada.

• Transmissão de radiação: Modelo solucionado por meio da equação de transporte


de radiação para gás cinzento, e em alguns casos utilizando um modelo de espectro
largo. Solução similar a método dos volumes finitos para convecção. Utilização
de aproximadamente 100 ângulos discretos. Solver de volumes finitos requer cerca
de 20% do tempo total de cálculo de central process unit (CPU). Gotas de lı́quido
podem absorver e espalhar radiação térmica.

• Geometria: O FDS aproxima as equações governantes em uma malha retilı́nea.


As obstruções retangulares são forçadas a se conformar com a malha subjacente.
Formas curvas são aproximadas por meio de refinamento da malha com células
menores.

• Múltiplas malhas: Pode utilizar várias malhas numa modelagem. Permite utilizar
malhas separadas num modelo para facilitar os cálculos, sendo possı́vel se trabalhar
com malhas mais refinadas em algumas regiões do modelo e menos refinadas em
outras.

• Processamento paralelo: Emprega OpenMP (Open Multi-Processing), uma inter-


face de programação que explora vários processamentos em um único computador.
68

O processamento das malhas pode ser dividido entre os núcleos de um mesmo pro-
cessador. Para clusters de computadores, o FDS emprega Message Passing Interface
(MPI).

• Condições de contorno: Todas as superfı́cies sólidas recebem condições de con-


torno térmicas, além de informações sobre o comportamento de queima do material.
A transferência de calor e massa de, e para superfı́cies sólidas é geralmente tratada
com correlações empı́ricas, embora seja possı́vel calcular diretamente a transferência
de calor e massa ao realizar uma simulação por DNS.

2.3.2 Smoke View (SMV)

O Smoke View (SMV) é um programa de visualização escrito em linguagem C,


utilizado para exibir as imagens de simulações do FDS. Ele é fornecido no mesmo pacote do
FDS e processa automaticamente os dados de saı́da das simulações do FDS. A visualização
da simulação no FDS através do Smoke View pode ser feita após a execução completa ou
durante a mesma. Isto possibilita a visualização do modelo antes de se iniciar a execução
da simulação.

2.3.3 Pyrosim

O programa Pyrosim produzido pela empresa Thunderhead Engineering Consul-


tants, Inc. é um programa de interface gráfica do usuário - graphical user interface (GUI)
para utilização do FDS. O Pyrosim serve para facilitar a construção de modelos e apre-
sentação da simulação. Realiza a interface de entrada e saı́da do FDS e pode importar
modelos e geometrias complexas.

2.3.4 Matlab

O Matlab é um programa desenvolvido pela MathWorks Inc. para cálculos ma-


temáticos que integra análise numérica, cálculo com matrizes, processamento de sinais e
construção de gráficos. Pode ser utilizado para se programar sub-rotinas e receber dados
de outros programas.
69

3 MODELAGEM MATEMÁTICA NO FDS

3.1 Introdução

O desejo de modelar numericamente o comportamento de um incêndio remonta ao


inı́cio da utilização de computadores. Apesar de as equações fundamentais de conservação
que governam a dinâmica dos fluidos, a transmissão de calor e a combustão existirem
mais de um século antes do inı́cio da era da computação, a modelagem numérica do
comportamento de incêndios, devido a sua complexidade só começou a se desenvolver
mais recentemente.
A dificuldade para modelagem de incêndios se concentra em três aspectos princi-
pais:

• Há uma imensidão de cenários de incêndio a serem considerados devido a natureza


dos acidentes;

• A percepção fı́sica e a capacidade computacional necessárias para o cálculo dos


cenários é limitada. Qualquer estudo cientificamente fundamentado sobre incêndio
precisa levar em consideração ao menos alguns aspectos relacionados a aerodinâmica,
escoamento multifásico, mistura turbulenta, combustão, radiação térmica, e trans-
missão de calor combinada. Estas por si só já são áreas de pesquisas complexas;

• O combustı́vel que alimenta o incêndio na maior parte dos cenários não foi concebido
para ser queimado num acidente. Devido a isto, os modelos matemáticos e os
dados necessários para caracterizar a degradação do material na fase condensada que
serve de combustı́vel para o incêndio podem não estar disponı́veis. A modelagem
matemática da fı́sica e quı́mica da transformação de materiais reais durante suas
queimas ainda está nos seus primórdios.

A medida que o conhecimento dos fenômenos envolvidos nos incêndios e a capa-


cidade computacional evoluem, as modelagens e simulações computacionais de incêndios
também evoluem.
O desenvolvimento da dinâmica dos fluidos computacional – computational fluid
dynamics (CFD) levou ao desenvolvimento de programas de CFD baseados em modelos
de campo aplicáveis a modelagem de incêndios. Os trabalhos de CFD iniciais foram
baseados no conceito de Reynolds-averaged Navier-Stokes (RANS), entretanto este tipo
de modelagem possui limitação num ponto fundamental para aplicação em incêndios: o
procedimento de média na raiz das equações do modelo.
Modelos em RANS foram desenvolvidos como uma aproximação de tempo médio
para as equações da conservação da dinâmica dos fluidos. Como a precisa natureza do
70

tempo médio não é calculado, é requerida a introdução de coeficientes de transporte de


grandes vórtices para descrever os fluxos de massa, quantidade de movimento e energia
não resolvidos. Esta é a causa raiz da aparência suavizada de resultados de simulações de
incêndio até altamente desenvolvidas. Os menores comprimentos de escala solucionáveis
são determinados pelo produto da velocidade local pelo tempo médio ao invés de haver a
resolução espacial da malha computacional adjacente.
Este tipo de abordagem é inadequada para estruturas caracterizadas por grandes
vórtices como as plumas de incêndio por não ser capaz de captar a evolução dos vórtices
e prever os eventos transientes localizados.
A aplicação de técnicas de Large-eddy simulation (LES) para incêndios tem por
objetivo maior fidelidade temporal e espacial de simulações de incêndio realizadas nas
mais refinadas malhas permitidas pelos mais rápidos computadores.
O termo LES refere-se a descrição da mistura turbulenta de vapores de combustı́veis
e dos produtos da combustão com a atmosfera local em torno do fogo.
O processo de determinar a taxa de queima na maior parte dos incêndios e contro-
lar a dispersão de fumaça e gases quentes é extremamente difı́cil de prever com precisão.
Dificuldades envolvendo a descrição de mistura turbulenta de fluidos estão presentes não
só na pesquisa voltada a incêndios mas em quase todos os fenômenos envolvendo movi-
mento turbulento de fluidos. O conceito central da técnica de LES é de que os vórtices
relevantes na maior parte da mistura são grandes o suficiente para serem calculados com
precisão pelas equações da dinâmica dos fluidos. Espera-se que os vórtices de menor escala
possam ser descritos de forma grosseira ou ignorados, o que tem sido comprovado mais
recentemente através de experimentos.
As equações que descrevem o transporte de massa, quantidade de movimento e
energia para fluxos induzidos pelo fogo precisam ser simplificadas para que possam ser
resolvidas para a maior parte dos cenários de incêndio. Muitos dos variados processos
fı́sicos descritos nas equações gerais da dinâmica dos fluidos não são aplicáveis ao fluxo
de incêndios. A simplificação destas equações para estes casos reduz substancialmente
a complexidade e a quantidade de cálculos computacionais a serem realizados para a si-
mulação de incêndios. As equações simplificadas desenvolvidas por Rehm e Baum (1978)
tem sido largamente adotadas pela comunidade de pesquisa da combustão, estas são co-
nhecidas por equações de baixo número de Mach. Estas equações descrevem o movimento
em baixa velocidade do gás conduzido por liberação quı́mica de calor e forças de flutuação.
Oran e Boris discutiram esta técnica aplicada a vários regimes de escoamento no capı́tulo
intitulado Coupled Continuity Equations for Fast and Slow Flows (ORAN; BORIS, 1987).
Eles declaram que: “Geralmente, há um preço alto para poder usar um único algoritmo
para fluxos rápidos e lentos, um preço que se traduz em muitas operações de computador
por etapa de tempo, muitas vezes gasto na solução de múltiplas e complicadas operações
de matriz.”
71

As equações de baixo número de Mach são solucionadas numericamente dividindo-


se o espaço no qual o incêndio é simulado em grande número de células retangulares.
Dentro de cada célula a velocidade, a temperatura do gás, etc, são assumidas como sendo
uniformes, mudando apenas com o tempo. Quanto maior o número de células presentes
na malha do domı́nio computacional a ser simulado maior será a precisão da simulação.
Atualmente computadores pessoais são capazes de calcular até poucos milhões
de células. Sendo neste caso, a razão entre as maiores e menores escalas de tamanho
dos vórtices calculados da ordem de 100. O processamento computacional em paralelo
pode aumentar esta razão de escalas, mas a razão de escalas entre as maiores e menores
dimensões de vórtices levando-se em conta todos os processos envolvidos numa simulação
é da ordem de 104 a 105 devido aos processos de combustão ocorrerem em comprimentos
de escala de 1 mm ou menos, enquanto que a extensão das regiões a serem afetadas
pelos incêndios é da ordem de dezenas de metros. A formulação das equações numéricas
a serem apresentadas a seguir depende do espectro que se deseja capturar diretamente
numa simulação e do que pode ser ignorado ou aproximado.

3.2 Caracterı́sticas gerais de modelagem no FDS no modo padrão

A metodologia adotada pelo FDS para solução das equações governantes na mode-
lagem e simulação de fluxos termicamente dirigidos têm como modo padrão as seguintes
premissas:

• Baixo número de Mach; Large-eddy simulation (LES);

• Resolução numérica explı́cita de segunda ordem com conservação de energia cinética;

• Malha estruturada, uniforme e escalonada;

• Método de limite imerso simples para o tratamento de obstruções de fluxo;

• Método generalizado de espécies agrupadas (quı́mica simplificada utilizando uma


variável de progresso da reação);

• Fechamento de subgrid de viscosidade Eddy de Deardorff;

• Números de Schmidt e Prandtl constantes;

• Conceito de dissipação de vórtice (quı́mica rápida) para reação de etapa única entre
combustı́vel e oxidante;

• Radiação de gás cinza para a equação de transporte de radiação.


72

A modelagem não se restringe apenas a estas premissas. O usuário pode especificar


múltiplas reações, quı́mica de taxa finita, modelo de radiação de banda larga, e diversas
outras caracterı́sticas especiais. O aumento do detalhamento fı́sico do modelo demanda
maior custo computacional, devendo ser levado em conta se o benefı́cio no aumento da
precisão compensaria esta decisão. As opções de modelagem padrão foram baseadas nos
resultados de uma extensa variedade de validações de experimentos (MCGRATTAN et
al., 2013a).

3.3 Aplicação de large-eddy simulation

As equações de large-eddy simulation (LES) são derivadas aplicando-se um filtro


passa-baixa, parametrizado por uma largura δ, para as equações de transporte de massa,
quantidade de movimento e energia. Por exemplo, para 1D (uma dimensão) a densidade
filtrada para uma célula de largura ∆ é:
Z x+ ∆
1 2
ρ̄(x, t) = ρ(r, t)dr. (63)
∆ x− ∆
2

No FDS, a largura de filtro ∆ é equivalente a dimensão de célula local δx e é um parâmetro


chave nos submodelos para a viscosidade turbulenta e a escala de tempo de reação. A
prática de adotar ∆x = δx é chamada de filtragem implı́cita. O FDS emprega para a
quantidade de movimento, esquema de diferença central para a conservação da energia
cinética com fechamentos com base fı́sica para as tensões turbulentas.

3.4 Malha numérica

O FDS trabalha apenas com célula retilı́nea e malha uniforme. Malhas uniformes
são consideradas preferı́veis quando se trabalha com modelos de large-eddy simulation
(LES). Para definição de uma malha o usuário precisa escolher apenas os valores das
três dimensões da malha e o número de células contidas na mesma. As razões entre
as dimensões nos eixos cartesianos x, y e z e o número de células da malha referentes
aos respectivos eixos definem a resolução do modelo. As obstruções retangulares que
definem a geometria se encaixam na grade subjacente, sendo uma forma muito elementar
de immersed boundary method (IBM) – método de limite imerso.
Múltiplas malhas podem ser processadas paralelamente usando-se bibliotecas Mes-
sage Passing Interface (MPI). Grandezas escalares são localizadas no centro de cada
célula, as componentes de velocidade nas faces de célula apropriadas e as componentes
de vorticidade nas arestas das células. O que se define por grade escalonada. A figura 20
73

apresenta a localização das varáveis de fluxo numa dada célula de malha.

3.5 Transporte de massa, espécies e entalpia

Um incêndio é um processo de combustão relativamente ineficiente envolvendo


múltiplos gases combustı́veis que contém mais do que átomos de carbono e de oxigênio.
Entretanto, para viabilizar a o acompanhamento do transporte de massa e espécies o FDS
limita o número de combustı́veis a apenas um e o número de reações de combustão a uma
ou duas. A reação de combustão simplificada rastreia o transporte ao menos seis gases e
espécies: combustı́vel, O2 , CO2 , H2 O, CO e N2 , mais particulados da fumaça. Assumindo
uma reação de combustão em uma etapa não se torna necessário resolver explicitamente
sete equações de transporte. Apenas duas equações precisam ser resolvidas: uma para o
combustı́vel e outra para os produtos. O ar não é nem combustı́vel nem produto. Para
garantir fidelidade com a realidade, é resolvida uma equação de transporte para cada
espécie na sua densidade e fração, para após isso, se obter a densidade da mistura pela
soma das densidades parciais das espécies envolvidas.
O combustı́vel é tratado como uma espécie única e o ar e os produtos da reação de
combustão como um agrupamento de espécies.
Devido ao uso de aproximação de baixo número de Mach, a equação da conservação
da energia não é resolvida explicitamente mas ao invés disso é definida implicitamente
através da divergência do campo de fluxo, que contém os termos fonte de combustão e
radiação.

3.5.1 A equação de estado

O regime de velocidades de escoamento (com relação a velocidade do som) para o


qual um programa de CFD foi construı́do para atender é uma caracterı́stica fundamental
para a modelagem. Códigos computacionais capazes de simular fluxos de alta velocidade
envolvem a consideração de efeitos de compressibilidade e de ondas de choque. Enquanto
que, programas que trabalham apenas com baixas velocidades desprezam os efeitos de
compressibilidade que dão origem a ondas acústicas (sonoras). As equações de Navier-
Stokes descrevem a propagação de informação a velocidades comparáveis a do escoamento
do fluido (para o fogo, aproximadamente 10 m/s) mas também a velocidades comparáreis
a das ondas sonoras (para ar seco, 300 m/s). Para se solucionar uma forma discretizada
destas equações, que atenda a escoamentos na velocidade do som, torna-se necessário
uma resolução com etapas de tempo extremamente pequenos, dificultando a aplicação em
simulações práticas.
74

Figura 20 - Posição das variáveis de fluxo na célula ijk.

Legenda: As setas indicam a direção positiva da variável dada. Variáveis escalares como a
densidade ρ, temperatura T , e pressão, p, são definidas no centro da célula.
Componentes de velocidade, u = (u, v, w) são definidas nas suas respectivas faces de
células, e as componentes de vorticidade, ω
~ = (ωx , ωy , ωz ) ficam localizadas nas
arestas das células.
75

Seguindo o trabalho de Rehm e Baum (1978) é feita uma aproximação da equação


de estado decompondo-se a pressão numa componente de fundo e numa perturbação.
Assume-se que a componente de fundo da pressão pode diferir de um compartimento
para outro. Um volume dentro do domı́nio computacional que esteja isolado de outros
volumes, saı́das de exaustão ou dutos de ventilação, são classificados como “zonas de
pressão” e possuem sua própria pressão de fundo. O campo de pressão dentro da m-
ésima zona, por exemplo, é uma combinação linear da sua componente de fundo e da
perturbação induzida pelo fluxo.

p(x, t) = p̄m (z, t) + p̃(x, t) (64)

Onde a pressão de fundo p̄m é uma função de z, a coordenada espacial vertical, e


do tempo t; p̃ é a componente de pressão devido a perturbação e x a coordenada espacial
horizontal.
O motivo pelo qual se decompõe a pressão é porque para escoamentos com baixos
número de Mach, pode ser assumido que a temperatura e a densidade são inversamente
proporcionais, e assim a equação de estado (na m-ésima zona de pressão) pode ser apro-
ximada para:
X Zα ρT R
p̄m = ρT R = (65)
α
Wα W

Onde p̄m é a pressão de fundo, ρ a densidade do fluido, T a temperatura, R a constante


dos gases, Zα é a fração de massa e Wα o peso das espécies agrupadas α e W o peso médio
ponderado. A pressão, p nas equações de estado e da energia é substituı́da pela pressão
de fundo p̄m para filtrar ondas sonoras que se deslocam a velocidades muito maiores que
as velocidades esperadas para o escoamento em incêndios. A finalidade de se adotar baixo
número de Mach para o escoamento atende a dois propósitos. Primeiro, a filtragem das
ondas acústicas significa que o intervalo de tempo das etapas no algorı́timo numérico fica
limitado somente pela velocidade do escoamento ao contrário da velocidade do som, e
segundo, a equação de estado modificada reduz o número de variáveis dependentes no
sistema de equações para apenas uma.
A estratificação da atmosfera deriva da relação

dp̄0
= −ρ0 (z)g (66)
dz

onde p̄0 é o perfil de pressão atmosférica, ρ0 é a densidade de fundo e g = 9, 8m/s. Usando


a equação (65) a pressão de fundo pode ser escrita como uma função da temperatura de
76

fundo T0 (z),
 Z z 
Wg 0
p̄0 (z) = p∞ exp − dz , (67)
z∞ RT0 (z 0 )

onde o subscrito infinito geralmente se refere ao solo. Uma estratificação linear da tempe-
ratura da atmosfera pode ser especificada pelo usuário do FDS fazendo-se T0 (z) = T∞ +Γz
onde T∞ é a temperatura na superfı́cie do solo em K, Γ é a taxa de lapso em K/m, e
z é a dimensão da coordenada espacial de altura em m. Para Γ 6= 0 a estratificação de
pressão se torna:
 W g/RT
T0 (z)
p̄0 (z) = p∞ (68)
T∞

3.5.2 Transporte de massa e espécies

As equações de transporte de espécies são resolvidas usando-se um método de


previsor-corretor. No passo previsor, a densidade da massa na célula ijk no nı́vel de
tempo n + 1 é estimado baseado na informação do n-ésimo nı́vel:

(ρZα )∗ijk − (ρZα )nijk


+ ∇ · (ρZαF L u)nijk = ∇ · (ρDα ∇Zα )nijk + (ṁ000 000 n
α + ṁb,α )ijk . (69)
δt

A quantidade ρZαF L representa um limitador de fluxo aplicado à face da célula e


que será discutido na seção seguinte. Os termos fonte de massa devido a reação quı́mica,
evaporação, ou pirólise são computados no final da etapa anterior e usados tanto na etapa
do previsor quanto na do corretor. O termo fonte médio é representado por ṁ000 α , que é
a taxa de produção mássica por unidade de volume de espécies α por reações quı́micas
e, a taxa de produção mássica por unidade de volume de espécies α por evaporação de
gotas/partı́culas, ṁ000
b,α , representa o termo fonte de bulk da subgrid.
Nos limites não sólidos para o exterior do domı́nio computacional os gases entram
e saem livremente pela fronteira. Nesses limites, a a temperatura e as frações de massa
das espécies que cruzam a fronteira assumem os valores exteriores se o fluxo for de entrada
e os valores das respectivas células adjacentes à fronteira se o fluxo for de saı́da.

3.5.3 O divergente da velocidade

Devido a adoção da premissa de escoamento com baixo número de Mach, o di-


vergente de velocidade (a taxa de expansão volumétrica) possui um importante papel no
77

método de resolução do FDS. No algoritmo do FDS o divergente é um sumidouro dentro


da equação da energia.

3.6 Transporte de quantidade de movimento e pressão

A solução da equação de quantidade de movimento no FDS consiste em três ca-


racterı́sticas principais: a formulação de large-eddy simulation, a discretização dos termos
do fluxo, e a solução da equação diferencial parcial elı́ptica para a pressão.

3.6.1 Large-eddy simulation (LES)

As equações de LES são derivadas aplicando-se um filtro passa-baixa de largura


∆ nas equações de direct numerical simulation (DNS). O LES é associado a um filtro de
caixa onde os valores solucionados na malha são fisicamente interpretados como médias
das células. A largura do filtro no FDS é especificada como sendo no valor da raiz cúbica
1/3
do volume da célula, ∆ = Vc , Vc = δxδyδz. Assim para qualquer campo contı́nuo, φ,
um filtro de campo é definido como:
Z x+δx/2 Z y+δy/2 Z z+δz/2
1
φ̄(x, y, z, t) ≡ φ(x0 , y 0 , z 0 , t)dx0 dy 0 dz 0 . (70)
Vc x−δx/2 y−δy/2 z−δz/2

3.6.2 A equação da quantidade de movimento para DNS

Na sua forma conservativa, a equação de quantidade de movimento para DNS para


o i-ésimo componente da velocidade é:

∂ρui ∂ ∂p τij
+ (ρui uj ) = − − + ρgi + fd,i + ṁ000
b ub,i . (71)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj

Onde fd,i representa a força de arrasto devido a partı́culas Lagrangianas não solucionadas
e ṁ000
b ub,i , representam os efeitos da evaporação e da pirólise. Para que a equação (71)
seja aplicável, a resolução da grade deve ser menor que a escala de Kolmogorov, η, que é
o comprimento de escala do menor vórtice de turbulência.

η ≡ (ν 3 /Φ)1/4 . (72)
78

Onde, ν é a viscosidade cinemática e Φ é a taxa de aquecimento por dissipação viscosa (a


conversão de energia cinética em calor devido a viscosidade),
 
∂ui 1 2
Φ ≡ τij = 2µ Sij Sij − (∇ · u) ; (73)
∂xj 3
 
1 ∂ui ∂uj
Sij ≡ + . (74)
2 ∂xj ∂xi

Em cenários de incêndio, ν é usualmente da ordem de 1 milı́metro. Isto torna a


simulação por DNS de difı́cil aplicação prática, com exceção de utilização em pesquisa de
chama.

3.6.3 A equação da quantidade de movimento para LES

Para extensões de domı́nio da ordem de metros a quilômetros, a resolução de grade


acessı́vel para a maior parte das modelagens de LES é da ordem de centı́metros a metros.
O objetivo do LES é evoluir os valores médios de massa, quantidade de movimento e
energia nas células, enquanto considera os efeitos que o transporte e as reações quı́micas
nas subgrids têm nos campos médios. Para isto é aplicado o filtro de caixa nas equações
de DNS para se obter as equações filtradas. Por exemplo, para obter-se a equação da
quantidade de movimento em LES aplica-se o filtro da equação (70) na equação (71),
obtendo-se então a equação:

∂ρui ∂ ∂ p̄ ∂ τ̄ij
+ (ρui uj ) = − − + ρ̄gi + f¯d,i + ṁ000
b ub,i . (75)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj

O valor médio na célula ρui uj não é uma variável primária no cálculo por não se conseguir
um modo para computar o termo sob barra para avanço no tempo. Torna-se necessário
decompor os termos e isto leva a problemas fechados.
Aplica-se no próximo passo o filtro de Favre,

∂ ρ̄e
ui ∂ ∂ p̄ ∂ τ̄ij
+ i uj ) = −
(ρ̄ug − + ρ̄gi + f¯d,i + ṁ000
b u eb,i . (76)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj

O primeiro termo é então separado, já que pode se obter o valor para ρ̄. Não há um modo
de computar ug i uj na malha. Para isso, utiliza-se a definição de tensão de escala de subgrid

ou tensão de subgrid-scale (SGS).

τijsgs ≡ ρ̄(ug
i uj − u
ei uej ). (77)
79

E substituindo a equação 77 na equação 76 obtém-se:

∂ ρ̄ũi ∂ ∂ p̄ ∂ τ̄ij ∂τijsgs


+ (ρ̄ũi u˜j ) = − − − + ρ̄gi + f¯d,i + ṁ000
b ũb,i . (78)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj ∂xj

A equação (78) é tipicamente denominada de equação da quantidade de movimento para


LES.
Algumas modificações são realizadas na equação (78) para que ela chegue ao for-
mato aplicado no FDS, como decompor a pressão SGS e aplicar a lei de Newton da visco-
sidade a relação constitutiva da parte desviadora da tensão viscosa. A tensão desviadora
total é modelada como:
 
dev sgs 1 sgs 1
τij ≡ τ̄ij + τij − τkk δij = −2(µ + µt ) Seij − (∇ · u e )δij . (79)
3 3

A viscosidade turbulenta µt requer modelagem e será discutida adiante.


Modificando-se o termo de pressão, considerando-se que em escoamento com baixo
número de Mach em LES, a parte isotrópica da tensão de SGS é absorvida pelo termo de
pressão, define-se a energia cinética de subgrid como metade do traço da tensão de SGS,

1 sgs
ksgs ≡ τkk . (80)
2

E define-se a pressão de filtro modificada como:

2
p̄ ≡ p + ksgs . (81)
3

Após as substituições das equações (79) e (81) na equação (78), têm-se:

∂ ρ̄e
ui ∂ ∂ p̄ ∂τijdev
+ (ρ̄uei uej ) = − − + ρ̄gi + f¯d,i + ṁ
¯ 000
b u eb,i . (82)
∂t ∂xj ∂xi ∂xj

3.6.4 Modelos para viscosidade turbulenta

Em LES, o modelo de turbulência refere-se ao fechamento dos termos de tensão de


SGS. No FDS, o gradiente de difusão é o modelo de turbulência utilizado para fechamento
da quantidade de movimento devido à SGS e do fluxo de termos escalares. Requer-se um
modelo para o coeficiente de transporte turbulento: a viscosidade turbulenta ou de vórtice
ou a difusividade turbulenta ou de vórtice. A difusividade turbulenta é obtida utilizando-
se um número de Schmidt constante para a difusividade de massa ou o número de Prandtl
para difusividade térmica. O coeficiente de transporte mais importante é o de viscosidade
turbulenta, µt .
80

O FDS possui como opções disponı́veis para cálculo da viscosidade turbulenta (µt )
os seguintes modelos:

• Modelo de coeficiente de Smagorinsky constante;

• Modelo de Smagorinsky dinâmico;

• Modelo de Deardorff;

• Modelo de Vreman;

• Modelo de renormalização de grupo e;

• Modelo de viscosidade de vórtice local adaptado a parede (wall-adapting local eddy-


viscosity – WALE).

O modelo de Deardorff é adotado como padrão pelo FDS. Sua escolha foi realizada
com base em comparações com uma larga variedade de experimentos de grande escala.
Devido a estas caracterı́sticas, o modelo de Deardorff será o adotado nas modelagens
realizadas neste trabalho.
Como padrão o FDS utiliza a seguinte variação do modelo de Deardorff (1980):
p
µt = ρcv ∆ ksgs ; (83)

1
ksgs = ((ū − ūˆ)2 + (v̄ − v̄ˆ)2 + (w̄ − w̄ˆ )2 ). (84)
2

Onde ū é o valor médio de u no centro da célula (representando a velocidade filtrada


com comprimento de escala de ∆) e ūˆ é a média ponderada de u nas células adjacentes
(representando um campo de teste filtrado com comprimento de escala de ∆):

uijk + ui−1,jk
ūijk = ; (85)
2

ūijk ūi−1,jk + ūi+1,jk


ūˆijk = + . (86)
2 4

Os termos v̄ e w̄ são análogos a ū, e os termos v̄ˆ e w̄ˆ são análogos a ūˆ. Onde o calor
especı́fico a volume constante Cv = 0, 1 (POPE, 2000) foi extraı́do da literatura. A forma
algébrica de subgrid da energia cinética é baseada nos conceitos apresentados no modelo
de similaridade de escala de Bardina, Ferziger e Reynolds (1980). Deardorff solucionou
uma equação de transporte para ksgs (DEARDORFF, 1980).
81

Na forma discretizada para a resolução numérica da equação da quantidade de


movimento a viscosidade modelada é definida com estando no centro das células.

3.6.5 Difusão da condução de calor e das espécies gasosas

Os outros parâmetros difusivos, a condutividade térmica turbulenta kt e a difu-


sividade de massa turbulenta (ρDf )t , apresentam a seguinte relação com a viscosidade
turbulenta:

µ t cp
kt = ; (87)
P rt

µt
(ρDf )t = . (88)
Sct

Os números de Prandtl turbulento P rt e de Schmidt turbulento Sct são assumidos como


constantes para cada cenário e com um valor padrão de 0,5. Este valor tem como base
simulações de pluma de fumaça conforme Zhang et al. (2001).

3.6.6 Coeficientes de transporte para direct numerical simulation (DNS)

Existem alguns cenários de escoamento onde é possı́vel utilizar as propriedades


moleculares µ, k e D diretamente. Para que isso aconteça, normalmente é necessário que
as dimensões da célula sejam da ordem de 1mm ou menos e a simulação é considerada
como DNS. Numa simulação DNS, a viscosidade, a condutividade térmica e a difusividade
do material são aproximadas da teoria cinética, porque a dependência da temperatura para
cada uma dessas propriedades é importante nos cenários de combustão. A viscosidade da
espécie α é dada por:
1
26.69 × 10−7 (Wα T ) 2
µα = [=]kg/(m.s). (89)
σα2 Ων

Onde σα é o diâmetro de hard-sphere de Lennard-Jones (angstron) e Ων é a integral de


colisão, uma função empı́rica da temperatura T . A condutividade térmica das espécie α
é dada por:

µα cp,α
kα = [=]W/(m.K). (90)
Pr
82

O valor padrão para o número de Prandtl, P r é 0, 7; porém este é um valor de entrada


que pode ser alterado pelo usuário do FDS. A viscosidade e a condutividade térmica de
uma mistura de gases é dada por (DAVIDSON, 1993):
P 1/2
µα Xα Mα
α
µDN S = P 1/2
; (91)
x
α α M α

P 1/2
α kα Xα Mα
kDN S = P 1/2
. (92)
α xα Mα

O coeficiente de difusão binário da espécie α difundindo para a espécie β é dado


por:

2, 66 × 10−7 T 3/2
Dαβ = 1 [=]m2 /s. (93)
2
Wαβ σαβ2
ΩD

Onde:

Wαβ = 2(1/Wα + 1/Wβ )−1 ; (94)

σαβ = (σα + σβ )/2; (95)

e ΩD é a integral de colisão da difusão, uma função empı́rica da temperatura, T (POLING;


PRAUSNITZ; O’CONNELL, 2000). Assume-se que o nitrogênio é a espécie dominante
em qualquer cenário de combustão considerado neste contexto. Sendo assim o coeficiente
de difusividade nas equações de conservação da massa das espécies é aquele dado pela
difusão das espécies em nitrogênio:

(ρDf )α,DN S = ρDα,0 , (96)

onde a espécie 0 é o nitrogênio.


83

3.6.7 Simplificação da equação da quantidade de movimento

A equação da quantidade de movimento na sua forma conservativa é escrita da


seguinte maneira:

∂(ρu)
+ ∇ · ρuu + ∇p = ρg + fb + ∇ · τij . (97)
∂t

Primeiro, passa-se a equação da quantidade de movimento para a forma não conservativa


e obtêm-se:
 
∂u
ρ + (u · ∇)u + ∇p = ρg + fb + ∇ · τij . (98)
∂t

Todas as mudanças de quantidade de movimento com partı́culas Lagrangianas são repre-


sentadas pelo termo de força fb . Em seguida, são realizadas as seguintes substituições:

1. Subtrai-se o gradiente de pressão hidrostática, ρ0 (z)g, nos dois lados da equação.


Nota-se que ∇p = ρ0 g + ∇p̃, e ρ0 (z) é o perfil de densidade da atmosfera ambiente;

2. Aplica-se a identidade vetorial:

(u · ∇)u = ∇|u|2 /2 − u × ω;

3. Divide-se todos os termos pela densidade, ρ;

4. Decompõe-se o termo de pressão:


   
1 p̃ 1
∇p̃ = ∇ − p̃∇ ; (99)
ρ ρ ρ

5. Define-se
H ≡ |u|2 /2 + p̃/ρ

E então chega-se a seguinte equação para a quantidade de movimento:


 
∂u 1 1
− u × ω − [(ρ − ρ0 )g + fb + ∇ · τij ] − p̃∇ + ∇H = 0. (100)
∂t ρ ρ

Onde:

1
FA = −u × ω − [(ρ − ρ0 )g + fb + ∇ · τij (101)
ρ
84

e
 
1
FB = −p̃∇ . (102)
ρ

3.6.8 Aproximação para diferenças finitas da equação da quantidade de movimento

Escreve-se a equação da quantidade de movimento da seguinte forma:

∂u
+ F + ∇H = 0; (103)
∂t

F = FA + FB .

Os termos advectivo, FA e baroclı́nico FB são expandidos da seguinte forma:

   
1 ∂τxx ∂τxy ∂τxz ∂ 1
FA,x = wωy − vωz − (ρ − ρn )gx + fx + + + ; FB,x = −p̃ ;
ρ ∂x ∂y ∂z ∂x ρ
(104)

   
1 ∂τyx ∂τyy ∂τyz ∂ 1
FA,y = uωz − wωx − (ρ − ρn )gy + fy + + + ; FB,y = −p̃ ;
ρ ∂x ∂y ∂z ∂y ρ
(105)

   
1 ∂τzx ∂τzy ∂τzz ∂ 1
FA,z = vωx − uωy − (ρ − ρn )gz + fz + + + ; FB,z = −p̃ .
ρ ∂x ∂y ∂z ∂z ρ
(106)

O termo de gradiente de pressão ∇H, onde H como já informado não é uma pressão, na
sua forma discretizada fica:

∂u Hi+1,jk − Hijk
+ Fx,ijk + = 0; (107)
∂t δx

∂v Hi,j+1,k − Hijk
+ Fy,ijk + = 0; (108)
∂t δy

∂w Hi,j,k+1 − Hijk
+ Fz,ijk + = 0. (109)
∂t δz
85

Onde Hijk é tomada no centro de célula ijk, uijk e Fx,ijk são tomadas na face da célula
voltada para o sentido positivo de x, vijk e Fy,ijk são tomadas na face da célula voltada
para a o sentido positivo de y, e wijk e Fz,ijk são tomadas na face da célula voltada para
o sentido positivo de z.
Na discretização de FA , as componentes de vorticidade (ωx , ωy , ωz ) são localizadas
no entorno das arestas das células paralelas aos eixos x, y e z, respectivamente, tomando-
se o sentido horário como positivo. Igualmente para os termos fora da diagonal do tensor
de tensões viscosas: τzy = τyz , τxz = τzx , e τxy = τyx que são localizados nas respectivas
faces e direções. Os componentes do tensor de tensões, τxx , τyy e τzz e os componentes
de força externa, fx , fy e fz ficam localizados nas suas respectivas faces de célula. Após
discretizada, FA assume a seguinte forma:

1 1
FA,x,ijk = (wi+ 1 ,jk ωy,ijk + wi+ 1 ,j,k−1 ωy,ij,k−1 ) − (vi+ 1 ,jk ωz,ijk + vi+ 1 ,j−1,k ωz,i,j−1,k )
2 2 2 2 2 2

1 τxx,i+1,jk − τxx,ijk τxy,ijk − τxy,i,j−1,k τxz,ijk − τxz,ij,k−1
− fx,ijk + + + ; (110a)
ρi+ 1 ,jk δx δy δz
2

1 1
FA,y,ijk = (ui,j+ 1 ,k ωz,ijk + ui−1,j+ 1 ,k ωz,i−1,j,k ) − (wi,j+ 1 ,k ωx,ijk + wi,j+ 1 ,k−1 ωx,i,j,k−1 )
2 2 2 2 2 2

1 τyx,ijk − τyx,i−1,jk τyy,i,j+1,k − τyy,ijk τyz,ijk − τyz,ij,k−1
− fy,ijk + + + ; (110b)
ρi,j+ 1 ,k δx δy δz
2

1 1
FA,z,ijk = (vi,j,k+ 1 ωx,ijk + vi,j−1,k+ 1 ωx,i,j−1,k ) − (uij,k+ 1 ωy,ijk + ui−1,j,k+ 1 ωy,i−1,jk )
2 2 2 2 2 2

1 τzx,ijk − τzx,i−1,jk τzy,ijk − τzy,i,j−1,k τzz,ij,k+1 − τzz,ijk
− fz,ijk + + + . (110c)
ρij,k+ 1 δx δy δz
2

As componentes do vetor de vorticidade discretizadas ficam:

wi,j+1,k − wijk vij,k+1 − vijk


ωx,ijk = − ; (111a)
δy δz
uij,k+1 − uijk wi+1,jk − wijk
ωy,ijk = − ; (111b)
δz δx
vi+1,jk − vijk ui,j+1,k − uijk
ωz,ijk = − . (111c)
δx δy
86

As componentes do tensor de tensões viscosas discretizadas ficam:


 
4 vijk − vi,j−1,k wijk − wij,k−1
τxx,ijk = µijk (∇ cot u)ijk − 2 −2 ; (112a)
3 δy δz
 
4 uijk − ui−1,jk wijk − wij,k−1
τyy,ijk = µijk (∇ cot u)ijk − 2 −2 ; (112b)
3 δy δz
 
4 uijk − ui−1,jk vijk − vi,j−1,k
τzz,ijk = µijk (∇ cot u)ijk − 2 −2 ; (112c)
3 δx δy
 
ui,j+1,k − uijk vi+1,jk − vijk
τxy,ijk = τyx,ijk = µi+ 1 ,j+ 1 ,k + ; (112d)
2 2 δy δx
 
uij,k+1 − uijk wi+1,jk − wijk
τxz,ijk = τzx,ijk = µi+ 1 ,j,k+ 1 + ; (112e)
2 2 δz δx
 
vij,k+1 − uijk wi,j+1,k − wijk
τyz,ijk = τzx,ijk = µi+ 1 ,j,k+ 1 + . (112f)
2 2 δz δy

As componentes do termo baroclı́nico, FB , discretizadas ficam:


 
p̃i+1,jk ρijk + p̃ijk ρi+1,jk 1 1 1
FB,x,ijk = − − ; (113a)
ρijk + ρi+1,jk δx ρi+1,jk ρijk
 
p̃i,j+1,k ρijk + p̃ijk ρi,j+1,k 1 1 1
FB,y,ijk = − − ; (113b)
ρijk + ρi,j+1,k δy ρi,j+1,k ρijk
 
p̃ij,k+1 ρijk + p̃ijk ρij,k+1 1 1 1
FB,z,ijk = − − . (113c)
ρijk + ρij,k+1 δz ρij,k+1 ρijk

Levando-se em conta que:


 
1 p̃i+1,jk − p̃ijk 1 p̃i+1,jk p̃ijk
= −
(ρijk + ρi,jk )/2 δx δx ρi+1,jk ρijk
 
p̃i+1,jk ρijk + p̃ijk ρi+1,jk 1 1 1
− − (114)
ρijk + ρi+1,jk δx ρi+1,jk ρijk

3.6.9 A equação de Poisson para pressão

Antes de se avançar no tempo os componentes de velocidades, uma equação dife-


rencial parcial elı́ptica conhecida denominada de equação de Poisson precisa ser resolvida
para o termo de pressão H. Esta equação é formada tomando-se o divergente da equação
da quantidade de movimento:

∂(∇ · u)
∇2 H = − − ∇ · (FA + FB ) (115)
∂t
87

A equação de Poisson na forma discretizada torna-se:

Hi+1,jk − 2Hijk + Hi−1,jk Hi,j+1,k − 2Hijk + Hi,j−1,k Hij,k+1 − 2Hijk + Hij,k−1


+ +
δx2 δy 2 δz 2
Fx,ijk − Fx,i−1,jk Fy,ijk − Fy,i,j−1,k Fz,ijk − Fz,ij,k−1 δ
=− − − − (∇ · u)ijk (116)
δx δy δz δt

Esta equação é solucionada usando-se um solver direto baseado em transformada rápida


de Fourrier (SWEET, 1973) que é parte de uma biblioteca de rotinas para solução de
equações diferenciais parciais chamada CRAYFISHPAK. Este solver no FDS, produz
uma solução exata da equação (116) para cada malha. Esta equação é resolvida múltiplas
vezes, a cada vez atualizando o valor anterior da pressão até que o componente normal
da velocidade nos sólidos internos e limites de malha convirja dentro de uma tolerância
especificada, e até que os valores anteriores e novos da pressão de perturbação p̃, convirja
dentro de uma tolerância especificada.
Segue-se um procedimento de passo a passo para avanço das componentes de ve-
locidade. Este mesmo procedimento é seguido, com poucas exceções, nos estágios de
previsão e correção para cada passo de tempo.

3.6.10 Condições de contorno da velocidade

O cálculo da velocidade é realizado de maneira separada para as suas componentes


normal e tangencial. Conforme já apresentado na seção 3.6.9, o componente normal da
velocidade é determinado indiretamente através das condições de contorno da pressão.
Já no cálculo da componente tangencial, relacionada às componentes de velocidade sobre
superfı́cies sólidas, interfaces de malhas, ou fronteiras abertas para a atmosfera considera-
se as de condições de contorno para a velocidade nessas superfı́cies.
A determinação da componente tangencial da velocidade em paredes lisas é feita
da seguinte maneira:

u+ = y + para y + < 11, 81 (117a)


1
u+ = ln y + + B para y + ≥ 11, 81; (117b)
κ
p
onde: u+ ≡ u/uτ é o adimensional da velocidade; uτ ≡ τw /ρ é a velocidade de fricção
na região próxima parede; y + ≡ y/δν é o adimensional da distância normal à parede;
δν = ν/uτ = µ/(ρuτ ) é o comprimento de escala da viscosidade; κ = 0, 41 é a constante
de von Kármán e; B = 5, 2.
A região 5 < y + < 30, onde as tensões viscosas e inerciais são importantes, é
denominada de buffer layer (camada de amortecimento). Conforme o trabalho de Werner
88

e Wengle (1991), a solução nesta região é aproximada pela combinação das regiões de
viscosidade e de log em y + = 11, 81. Para a determinação da componente tangencial
da velocidade em paredes rugosas o FDS adota a lei logarı́tmica apresentada por Pope
(2000):

1 y 
u+ = ln + B̃(s+ ); (118)
κ s

onde s+ = s/δν é o comprimento da rugosidade em unidades de viscosidade; s é a rugo-


sidade dimensional; y é a distância até a parede, sendo considerada igual a δy/2 para a
primeira grade de células fora da parede e;



 B + (1/κ) ln(s+ ) para s+ < 5, 83;

B̃ = B̃max para 5, 83 ≤ s+ < 30, 0;


para s+ ≥ 30, 0;

B
2

onde B̃max = 9, 5.

3.6.11 Gradiente da componente de velocidade tangencial em fronteiras abertas no FDS

Uma fronteira aberta é o local onde o fluido pode entrar e sair no domı́nio com-
putacional com base nos gradientes de pressão. No FDS, normalmente os gradientes das
componentes de velocidade numa fronteira aberta são tomados iguais a zero. Significando
que os valores das componentes tangenciais de velocidade são colocados iguais para a ghost
cell (célula fantasma) e para as primeiras células localizadas nas fronteiras. Caso o usuário
especifique um campo de vento, os valores das componentes tangenciais da velocidade são
ajustados para os seus respectivos valores no campo em todas as fronteiras abertas de
entrada de fluxo. Em fronteiras abertas de saı́da de fluxo, a condição de gradiente de
pressão das componentes tangenciais da velocidade se mantém igual a zero.

3.6.12 Restrições de intervalo de tempo e de estabilidade

Existem condições necessárias para que haja estabilidade na presença de advecção,


difusão, e expansão da velocidade e campos escalares. No FDS os critérios de estabilidade
para manter-se as condições de simulação fisicamente realizáveis são alcançados através
do ajuste dos intervalos de tempo entre as etapas de cálculo. O programa apresenta
como critério as seguintes restrições para que a estabilidade seja mantida: restrição de
Courant-Friedrichs-Lewy (CFL), restrição de Von Newmann (VN), restrição de densidade
89

de massa, restrição de volume de fluido e restrição de transferência de calor.


No modo padrão de operação LES do FDS, o CFL é aumentado ou reduzido para
se manter entre 0, 8 e 1, sendo então dado por:
 
||u||
CF L = δt + |∇ · u| . (119)
δx

E no modo DNS, o intervalo de tempo é ajustado para se manter VN entre 0, 4 e 0, 5. Se


CFL ou VN for muito grande, o novo intervalo de tempo será definido como sendo 90%
do valor permitido. Se tanto o CFL quanto o VN estiverem abaixo de valores mı́nimos,
então o intervalo de tempo que estiver corrente será acrescido em 10%.

3.7 Combustão

O modelo de combustão determina a taxa média de produção de massa quı́mica de


uma espécie α por unidade de volume, ṁ000 α na equação de transporte de massa e espécies
000
(69). Em geral, ṁα requer um modelo fechado devido a espessura da chama ser da ordem
de 1 milı́metro enquanto que as dimensões das células normalmente são da ordem de
dezenas de centı́metros. O FDS utiliza um modelo de reator de batelada turbulento para
ṁ000
α capaz de trabalhar com uma vasta extensão de misturas e cinéticas quı́micas. No
modo não pré-misturado, limite de quı́mica rápida, que é válido para a maior parte das
aplicações do FDS, o modelo de reação quı́mica se reduz simplesmente a uma aproximação
de “misturado e queimado”chamada de Eddy Dissipation Concept (EDC) (MAGNUSSEN;
HJERTAGER, 1977), (MCDERMOTT; MCGRATTAN; FLOYD., 2011).
O modelo de combustão também determina a taxa de liberação de calor por uni-
dade de volume q̇ 000 de fundamental importância na fı́sica e normalmente o que maior
contribuinte do divergente de velocidade. Uma vez tendo-se determinado ṁ000 α , a taxa de
liberação de calor é encontrada somando-se a taxa de produção mássica de cada espécie
pelo seu respectivo calor de formação.

3.7.1 Quı́mica de combustão de hidrocarbonetos padrão

Na quı́mica de combustão de hidrocarbonetos padrão no FDS, a equação de reação


quı́mica padrão, denominada simple chemistry é definida como:

ν1 (vO2 ,1 O2 + vN2 ,1 N2 + vH2 O,1 H2 O + vCO2 ,1 CO2 ) +ν2 Cm Hn Oa Nb


| {z } | {z }
Ar ambiente, Z1 Combustı́vel, Z2
90

→ ν3 (vCO2 ,3 CO2 + vH2 O,3 H2 O + vN2 ,3 N2 + vCO,3 CO + vS,3 Soot)


| {z }
P rodutos, Z3

Onde, vαi simboliza a fração volumétrica de espécies primitivas α em espécies combinadas


i e νi os coeficientes estequiométricos para as espécies combinadas i.
Os rendimentos de monóxido de carbono e de fuligem são por padrão iguais a
zero, porém o usuário tem a possibilidade de especificá-los. O rendimento de CO, e
analogamente o de fuligem, é a massa de CO produzida por massa de combustı́vel reagida:

massa de CO nos produtos


yCO = . (120)
massa de combustı́vel reagida

Nesta reação, o ar ambiente é a espécie combinada 1, o combustı́vel é a espécie combi-


nada 2, e os produtos são as espécies combinadas 3. Para calcular os coeficientes este-
quiométricos de CO e fuligem dentro dos produtos das espécies combinadas, o FDS utiliza
respectivamente as seguintes equações:

W1
ν2 vCO,2 = −ν1 yCO ; (121)
WCO

W1
ν2 vS,2 = −ν1 yS . (122)
WS

Os valores dos coeficientes restantes são obtidos por balanço atômico.

3.7.2 Combustão turbulenta

Nas reações quı́micas de combustão em escoamentos turbulentos as escalas de


tempo e de espaço podem ser de ordens de magnitude menores do que o que pode ser
temporalmente e espacialmente resolvido numa simulação. Se o combustı́vel e o oxidante
estiverem inicialmente separados (chama difusiva) e as cinéticas forem rápidas comparadas
com a mistura, o modelo Eddy Dissipation Concept (EDC) (MAGNUSSEN; HJERTA-
GER, 1977), (POINSOT; VEYNANTE, 2005) é considerado suficiente. Entretanto, uma
abordagem mais abrangente se faz necessária para reações mais complexas, tais como
envolvendo monóxido de carbono e formação de fuligem, onde as escalas de reação e de
mistura podem se sobrepor. O FDS utiliza um método simples de mistura ambiente para
encontrar termo fonte quı́mico médio ṁ000
α . Para chamas puramente difusivas o método
é similar ao EDC, porém não é limitado apenas à chamas difusivas. Cada célula com-
putacional é pensada como um reator turbulento de batelada. No inı́cio de cada etapa
de tempo, cada célula possui uma concentração inicial de espécies (reagentes, produtos,
91

Figura 21 - Modelo de escala de tempo de


reação.

substâncias inertes) que estão em certo grau de mistura. Geralmente a taxa de mistura é
governada pela turbulência.
No FDS o tempo de mistura está baseado no estado local do campo de escoa-
mento. São considerados os três processos fı́sicos de difusão, advecção de escala de subgrid
(SGS) e aceleração flutuante e então é tomado o mais rápido destes processos (localmente)
como o controlador da escala de tempo de escoamento (MCDERMOTT; MCGRATTAN;
FLOYD., 2011). A variação do filtro de LES é um fator importante a ser considerado
nesse processo.
A escala de tempo de reação tem que ser maior ou igual a escala de tempo quı́mica
τchem , a qual é da ordem do tempo transversal da espessura da chama, τchem ∼ ∆/sL ,
onde δ = DF /sL , DF é a difusividade do combustı́vel, e sL é a velocidade da chama. A
mistura é controlada por difusão molecular.
A Figura 21 apresenta o modelo de escala de tempo para reação de combustão.
No seu diagrama, ∆ representa a largura do filtro de LES (tamanho da célula), τmix ,
representa o tempo da mistura, O(η) a ordem de grandeza da escala de Kolmogorov η,
que é o comprimento de escala dos menores vórtices de turbulência (nesses casos assume-
se o número de Schmidt, Sc, sendo de ordem um). Os regimes de tempo de escala da
reação de combustão são representados por τchem , τf lame (escala de tempo da chama), τd ,
τu , e τg . No regime de tempo de escala τd a solução numérica da reação é por DNS, e
esta ordem de escala é válida enquanto ∆ é menor do que a escala de Kolmogorov η. Em
τu a advecção turbulenta controla a taxa de mistura e em τg e escala de tempo de reação
está baseada numa aceleração constante. A altura da chama apresenta um limite para a
escala de tempo de reação em τf lame , no qual todo o combustı́vel precisa ser consumido
dentro de uma única célula.
92

A linha em negrito da Fig. 21 é matematicamente representada por:

τmix = max(τchem , min(τd , τu , τg , τf lame )). (123)

O submodelos de reação de combustão são representados matematicamente como:

∆2
τd = ; (124a)
DF
Cu ∆
τu = p ; (124b)
(2/3)ksgs
p
τg = 2∆/g. (124c)

Onde DF é a difusividade do combustı́vel; ksgs é a energia cinética de subgrid não fechada


por unidade de massa, que por padrão é tomada do modelo de viscosidade turbulenta
adotado; Cu é a constante da escala de tempo advectiva calibrada para corresponder a
correlação de altura de chama de Heskestad (MCGRATTAN et al., 2013b) e definida
como Cu = 0.4. A escala de tempo de aceleração τg é o tempo requerido para percorrer
uma distância ∆, partindo do repouso, sob uma aceleração constante g = 9.81m/s2 .
No FDS a combustão pode ser simulada com uma única reação ou com múltiplas
reações, somente espécies combinadas podem ser transportadas e somente espécies com-
binadas podem ser consumidas ou criadas. Qualquer espécie primitiva pode participar de
uma reação quı́mica. sendo mais conveniente para o FDS trabalhar em termos de frações
de massa Yα . No final da etapa de tempo de LES/DNS, δt, a fração mássica do reator
misto de zona das espécies α é computado utilizando-se as mudanças de concentração do
combustı́vel para cada reação.
O calor liberado por unidade de volume é então encontrado, realizando a soma dos
produtos das taxas de produção de massa de cada espécie pelos seus respectivos valores
de calor de formação.
X
q̇ 000 = ρ (Ỹα (δt) − ỸαO )∆hO
f,α . (125)
α

Onde q̇ 000 é o calor liberado por unidade de volume; ρ é a densidade; Ỹα é a fração de
massa média para a espécie α em cada etapa de tempo δt; ỸαO é a fração de massa média
para a espécie α no inı́cio da etapa de tempo; e ∆hO
f,α é o calor de formação da espécie α.
93

3.8 Radiação térmica

A equação de transporte de radiação (ETR) para um meio absorvedor, emissor, e


refletor é (VISKANTA; MENGUC, 1987):

s · ∇Iλ (x, s) = −κ(x, λ)Iλ (x, s) − σs (x, λ)Iλ (x, s) +


| {z } | {z }
Energia perdida por absorção Energia perdida por espalhamento
Z
σs (x, λ)
B(x, λ) + φ(s’,s)Iλ (x, s’)ds’; (126)
| {z } 4π 4π
Termo fonte de emissão | {z }
Termo de dispersão

onde Iλ (x, s) é a intensidade de radiação no comprimento de onda λ; s é o vetor


de direção da intensidade; e κ(x, λ) e σs (x, λ) são os coeficientes de absorção local e de
reflexão, respectivamente. B(x, λ) é o termo fonte de emissão, descrevendo a quantidade
de calor emitido pela mistura local de gás, fuligem e gotı́culas ou partı́culas. A integral
do lado direito da equação descreve a dispersão de outras direções.
Em simulações práticas, a dependência espectral da ETR não pode ser resolvida
com precisão. Então, o espectro de radiação é dividido em um número relativamente
pequeno de bandas e uma ETR é derivada para cada banda. A ETR especı́fica de banda
para um gás não dispersivo é:

s · ∇In (x, s) = Bn (x)κn xIn (x, s), n = 1...N ; (127)

onde In é a intensidade de radiação integrada sobre a banda n, Bn é o termo fonte de


emissão para a radiação de banda n e κn é o coeficiente médio de absorção apropriado para
a banda. Se as intensidades correspondentes a banda forem conhecidas , a intensidade
total é calculada somando-se sobre todas as bandas.
N
X
I(x, s) = In (x, s). (128)
n=1

3.8.1 Termo fonte de radiação

O termo fonte de emissão para a radiação de banda n é dado por:

Bn (x) = κn (x)Ib,n (x); (129)


94

onde Ib,n é a fração da radiação de corpo negro a temperatura T (x):

Ib,n (x) = Fn (λmin , λmax )τSB T (x)4 /π; (130)

e τSB é a constante de Stefan-Boltzmann. O cálculo do fator Fn é explicado em Siegel e


Howell (2002). A medida do coeficiente de absorção, κn , é discutida em McGrattan et al.
(2018b).
Mesmo para um pequeno número de bandas, solucionar múltiplas ETRs consome
muito tempo de cálculo computacional. Entretanto, na maior parte dos cenários de
incêndio em larga escala a fuligem é o mais importante produto de combustão contro-
lando a radiação térmica do fogo e da fumaça. Uma vez que o espectro de radiação da
fuligem é contı́nuo, torna-se possı́vel admitir que o gás se comporta como um meio cin-
zento. Então, a dependência espectral é combinada num coeficiente de absorção (N = 1)
e o termo fonte é dado pela intensidade de radiação de corpo negro (LUDWIG et al.,
1973):

σT (x)4
Ib (x) = . (131)
π

Este é o modo padrão do FDS. Nos casos de chamas opticamente finas, onde o ren-
dimento de fuligem é pequeno comparado ao de CO2 e vapor d’água, a premissa do
gás cinzento pode levar a um resultado de radiação superdimensionado para a radiação
emitida. Através de uma série de experimentos numéricos utilizando-se o metano como
combustı́vel, conclui-se que seis bandas (N = 6) fornecem uma representação precisa das
mais importantes radiações de banda do combustı́vel, CO2 e vapor d’água (HOSTIKKA;
MCGRATTAN; HAMINS, 2003).

3.8.2 A participação da radiação na equação da energia

O vetor de fluxo de calor radiante q00r é definido como:


Z
q00r = s0 I(x, s0 )ds0 . (132)

Considerando o gás como cinzento, a contribuição da fase gasosa no termo de perda por
radiação na equação da energia fica:

−∇ · q00r (x)(gas) = κ(x)[Ur (x) − 4πIb (x)]; (133)


Z
Ur (x) = I(x, s0 )ds0 . (134)

95

Onde Ur é a intensidade radiante integrada.


A contribuição da fase gasosa para a perda por radiação na equação da energia
para N bandas é:

N
X
−∇ · q00r (x)(gas) = κ(x)Ur,n (x) − 4πBn (x); (135)
n=1
Z
Ur,n (x) = In (x, s0 )ds0 . (136)

Onde Ur,n é a intensidade radiante integrada para a banda n.


A energia radiante obtida por uma célula da malha é a diferença entre a radiação
absorvida e a radiação emitida por esta célula.

3.8.3 Correção do termo fonte

O termo fonte Ib requer tratamento especial na região da chama do incêndio em


cálculos de resolução espacial limitada. As simulações tı́picas do FDS utilizam células
de malha com dimensões de dezenas de centı́metros, isso faz com que as temperaturas
computadas sejam uma média acumulada para um dado grupo de malha células vizinhas.
Estas temperaturas são consideravelmente menores que a temperatura máxima numa
chama difusiva. Como o termo fonte de radiação depende da temperatura elevada a
quarta potência, o mesmo precisa ser modelado nas células onde a combustão ocorre. Em
outras regiões do modelo a temperatura computada é utilizada diretamente para computar
o termo fonte. Assume-se que a região da chama é o local onde a perda nominal de calor
por radiação é maior do que um limite inferior especificado, χr q̇ 000 > 10kW/m3 .Utiliza-se
nesta região o modelo global de fração radiativa. Assim, o termo fonte de radiação é
multiplicado por um fator de correção, C conforme abaixo:

σT (x)4
Ib,f (x) = C ; (137)
π " #!
000 000
P
qijk > 0(χr qijk + κijk Uijk )dV
C = min 100, max 1, P 000 4
. (138)
qijk > 0(4κijk σTijk )dV

Substituindo o termo fonte definido na equação (138) na (133), a emissão radioativa


lı́quida da região da chama torna-se a fração desejada da taxa de liberação de calor total.
O valor do fator de correção C varia entre 1 > C > 1/100. O limite superior é arbitrado
de forma a se prevenir um comportamento distorcido no inı́cio da simulação.
A fração radiativa, χr , é a fração nominal da energia da combustão que é emitida
como radiação térmica. para a maior parte dos combustı́veis, χr , está entre 0, 3 e 0, 4
(BEYLER, 2016). Porém na equação (138), χr representa a fração de energia irradiada
96

Figura 22 - Sistema de coordenadas para a


discretização angular.

vinda da região da chama. Em incêndio com diâmetro de poça menor que 1m o χr local
é aproximadamente igual ao seu valor global, porém a medida que o incêndio aumenta,
este valor global normalmente decai devido a reabsorção lı́quida de radiação térmica pelo
crescimento do manto de fumaça (TAKAHASHI; KOSEKI; HIRANO, 1999).
Levando em conta a possibilidade de que diferentes combustı́veis podem ter dife-
rentes valores de fração radiativa, χr é definida numa base por reação, similar a abordagem
de Gupta et al. (2015) para valores múltiplos de χr , O FDS gera um χr local com a média
ponderada dos valores especı́ficos de χr por reação pelas taxas de reação locais.

3.8.4 Método numérico aplicado a radiação

No FDS, para se obter a forma discretizada da equação de transporte de radiação


(ETR), uma esfera unitária é dividida em um número finito de ângulos sólidos. O sistema
de coordenadas utilizado para discretizar os ângulos sólidos é apresentado na Figura 22.
O ângulo sólido é discretizado dividindo-se primeiro o ângulo polar, θ, em Nθ bandas,
onde Nθ é um inteiro par. Cada θ-banda é então dividida por Nφ (θ) partes na direção
azimutal (φ). Nφ (θ) precisa ser divisı́vel por 4. Os números de Nθ e Nφ (θ) são escolhidos
para darem o número total de ângulos Nω mais próximo possı́vel ao valor definido pelo
usuário. O valor de Nω é dado por:


X
Nω = Nφ (θi ). (139)
i=1

A distribuição dos ângulos é baseada em regras empı́ricas que tentam produzir


97

ângulos sólidos iguais δω l = 4π/Nω . O número de θ - bandas é:

Nθ = 1, 17Nω1/2,26 ; (140)

arredondado para o inteiro par mais próximo. O número de φ-ângulos em cada banda é:

Nφ (θ) = max{4, 0.5Nω [cos(θ− ) − cos(θ+ )]}, (141)

arredondado para o inteiro divisı́vel por 4 mais próximo. θ− e θ+ são os limites inferior e
superior da θ-banda, respectivamente. A discretização é simétrica em relação aos planos
x = 0, y = 0 e z = 0, e esta simetria possui três benefı́cios importantes: Primeiro, evita os
problemas causados pelo fato do esquema de contra vento de primeira ordem, usado para
calcular intensidades nos limites das células, é mais difusivo em direções não axiais do que
axiais. Segundo, o tratamento dos limites de espelho torna-se muito simples. Terceiro,
evita as chamadas situações de ressaltos, onde s · i, s · j ou s · k mudam de sinal dentro
do ângulo de controle.
Em casos axialmente simétricos estes ressaltos não podem ser evitados, sendo então
aplicado um tratamento especial desenvolvido por Murthy e Mathur (1998). Nestes casos
Nφ (θi ) é mantido constante, e o número total de ângulos é Nω = Nθ × Nφ , e o ângulo do
plano vertical do cilindro é escolhido para ser δφ.
A grade utilizada pelo solver da equação de transporte de radiação (ETR) é a
mesma utilizada pelo solver do modelo hidrodinâmico do FDS. A equação de transporte
de radiação (127) é resolvida utilizando-se técnicas similares ao método dos volumes fi-
nitos para a resolução da convecção no escoamento de fluidos (RAITHBY; CHUI, 1990).
Denominou-se então a técnica para resolução da equação de transporte de radiação no
FDS como Método dos Volumes Finitos (HOSTIKKA, 2008).
O espectro da radiação térmica é primeiramente, dividido em bandas como já
descrito no inı́cio desta seção. O procedimento de discretização é aplicado para cada
banda, e aqui o subscrito n é omitido para facilitar a clareza da expressão matemática. A
esfera unitária apresentada é discretizada e então o domı́nio computacional é é dividido
na grade numérica do modelo. Em cada célula da malha, uma equação discretizada
é encontrada pela integração da equação (127) sobre o volume de célula ijk e sobre o
ângulo δΩl para se obter:
Z Z Z Z
0 0 0 0 0
s · ∇I(x , s )dx ds = κx0 )[Ib (x0 ) − I(x0 , s0 )]dx0 ds0 . (142)
δΩl Vijk δΩl Vijk

Considerando-se n o vetor unitário normal à superfı́cie, aplica-se o teorema da divergência


ao lado esquerdo da equação (142) para se obter uma integral de superfı́cie sobre as faces
98

da célula, ficando então:


Z Z Z Z
0 0 0 0 0 0
(s · n )I(x , s )dn ds = κ(x0 )[Ib (x0 ) − I(x0 , s0 )]dx0 ds0 . (143)
δΩl Aijk δΩl Vijk

Considerando a intensidade de radiação I(x0 , s0 ) como constante em cada face da


célula, a integral de superfı́cie pode ser aproximada como uma soma sobre as faces da
célula. Considerando-se também I(x0 , s0 ) constante dentro do volume Vijk , obtêm-se:

6
X Z
l
Am Im (s0 · nm )ds0 = κijk [Ib,ijk − Iijk
l
]Vijk δΩl . (144)
m=1 δΩl

l l
Onde Iijk é a intensidade de radiação na direção l; Im é a intensidade de radiação na face
m da célula; Ib,ijk é a intensidade de radiação de corpo negro na célula; δΩl é o ângulo
sólido correspondente a direção l; Vijk é o volume da célula ijk; Am é a área da face m
da célula; e nm é o vetor normal unitário da face m da célula. Pode ser observado que
enquanto a intensidade de radiação é considerada constante dentro do ângulo δΩl , sua
direção cobre exatamente o ângulo δΩl .
A intensidade de incidência de radiação local é:

l=1
X
l
Uijk = Iijk δΩl . (145)
NΩ

Os vetores normais nm , em coordenadas Cartesianas são os vetores de base do sis-


tema de coordenadas e a integral sobre os ângulos sólidos não dependem das coordenadas
fı́sicas, mas somente da direção. As estas integrais são definidas como:
Z
l
Dm = (s0 nm )ds0 , (146)
δΩl

E a equação na forma discretizada torna-se:

m=1
X
l l l
Am Im Dm = κijk [Ib,ijk − Iijk ]Vijk δΩl . (147)
6

l
As intensidades de radiação nas faces de células Im são calculadas utilizando-se um es-
quema de upwind de primeira ordem.
99

4 MODELAGEM COMPUTACIONAL E SIMULAÇÕES

4.1 Método

Para se alcançar os objetivos desta dissertação de apresentar a aplicação da dinâmica


dos fluidos computacional (CFD) para modelagem e simulação de incêndio e como re-
curso para o cálculo das distâncias atingidas pelos nı́veis de radiação térmica emitidos
por um incêndio; foram modelados e simulados diversos cenários de incêndio em poça de
combustı́vel lı́quido em tanques atmosféricos e em bacias de contenção, utilizando-se o
programa Fire Dynamics Simulator (FDS).
Os modelos foram inicialmente elaborados no programa Pyrosim para se construir
os objetos e a malha. Após isso, a finalização dos arquivos de entrada dos modelos foi
escrita diretamente para o FDS, com a colocação dos dispositivos de medição de radiação.
Por fim, o processamento da simulação foi realizada diretamente no FDS e as imagens
obtidas através do programa Smoke View.
Os resultados de medição de radiação térmica obtidos nas simulações realizadas no
FDS foram inseridos no Matlab, onde após tratamento em rotinas no programa, obteve-se
os valores de alcance dos nı́veis de intensidade de radiação térmica de interesse e as curvas
de nı́vel (isopletas) correspondentes à estas intensidades de radiação térmica.

4.2 Modelos e simulações

Foram modelados e simulados seis estudos de casos de incêndio em poça:

1. Estudo de Caso 1;

2. Estudo de Caso 2;

3. Estudo de Caso 3;

4. Estudo de Caso 4;

5. Estudo de Caso 5 e;

6. Estudo de Caso 6.

O Apêndice A apresenta sı́nteses dos arquivos de entrada do FDS referentes às


modelagens e simulações dos estudos de caso descritos acima.
100

4.3 Parâmetros dos modelos e simulações

4.3.1 Parâmetros em comum

Os modelos dos seis estudos de casos simulados tiveram os seguintes parâmetros


em comum:

1. Tempo de simulação: 60s;

2. Caracterı́sticas da malha:

(a) Unitária;
(b) Retilı́nea;
(c) Arestas nos eixo cartesianos x, y, z:
- Eixo x: −15m a 15m;
- Eixo y: −15m a 15m;
- Eixo z: 0 a 30m;
(d) Número de células em cada uma das direções dos eixos x, y, z: 100;
(e) Dimensões de cada aresta das células: 3cm;

3. Reação de combustão:

(a) Combustı́vel: Gasolina (C8H18);


(b) Temperatura crı́tica da chama: 1507, 0◦ C;
(c) Emissão percentual de CO: 1, 1%;
(d) Emissão percentual de particulado: 3, 8%;
(e) Calor de combustão: 44500kJ/kg;
(f) Fração do calor de combustão emitida como radiação térmica: 40%;

4. Superfı́cie da chama:

(a) Taxa de perda de massa por unidade de área: 0, 055kg/(m2 .s);


(b) Emissividade: 1, 0.

Os valores de temperatura crı́tica da chama e de fração do calor de combustão


emitida como radiação térmica foram obtidos de McGrattan et al. (2018a) os valores de
emissão percentual de CO e de particulado e o valor do calor de combustão foram obtidos
de DiNenno et al. (2002).
101

4.3.2 Condições climáticas

A temperatura ambiente adotada nas simulações dos estudos de caso foi de 20◦ C,
que é o valor padrão no FDS, e que não necessita ser descrita no modelo.
Nos Estudos de Caso 1, 3 e 5 não se considerou a existência de vento e não se
especificou outras condições climáticas.
Nos Estudos de Caso 2, 4 e 6 considerou-se a existência de vento e dos parâmetros
atmosféricos de comprimento de Obukhov e de comprimento de rugosidade aerodinâmica
(MCGRATTAN et al., 2018a).
O comprimento de Obukhov (L) caracteriza a estabilidade térmica da atmosfera, e
está relacionado com a estratificação da temperatura da atmosfera. Quando L é negativo,
a atmosfera está instavelmente estratificada e, quando L é positivo a atmosfera está
estavelmente estratificada, o que determina o quanto a temperatura aumenta ou diminui
relativamente à temperatura do solo. Um valor negativo de L indica que o solo está mais
quente que o ar atmosférico. Os efeitos estabilizantes ou desestabilizantes da estratificação
da atmosfera são mais intensos quando L está próximo de zero.
O comprimento de rugosidade aerodinâmica está relacionado com a interferência
de obstáculos na superfı́cie para a passagem do vento.

4.4 Medição da radiação térmica

Levando-se em consideração que os seis estudos de caso possuem o mesmo domı́nio


computacional, ou seja, as mesmas dimensões de malha, foi adotado um mesmo sistema
de medição da radiação térmica oriunda dos incêndios para todos os estudos de caso.
A medição da radiação térmica nos modelos foi realizada utilizando o dispositivo do
FDS denominado de RADIATIVE HEAT FLUX GAS, aplicado para medição de radiação
térmica no ar (MCGRATTAN et al., 2018a). Nesta dissertação denominaremos este
dispositivo de medição como radiômetro.

4.4.1 Configuração do sistema de medição da radiação térmica

O sistema de medição da radiação térmica possui a seguinte configuração:

1. 22 linhas paralelas ao eixo x, tendo inı́cio em x = −14m e fim em x = 14m, onde


em cada uma estão igualmente espaçados 28 pontos de medição. Estas linhas estão
posicionadas em y = −14m; −13m; −12m; −11m; −10m; −9m − 8m; −7m; −6m;
− 5m; −4m; 4m; 5m; 6m; 7m; 8m; 9m; 10m; 11m; 12m; 13m e 14m.
102

2. 7 linhas paralelas ao eixo x, tendo inı́cio em x = −14m e fim em x = −4m, onde


em cada uma estão igualmente espaçados 11 pontos de medição. Estas linhas estão
posicionadas em y = −3m; −2m; −1m; 0m; 1m; 2m e 3m.

3. 7 linhas paralelas ao eixo x, tendo inı́cio em x = 4m e fim em x = 14m, onde em


cada uma estão igualmente espaçados 11 pontos de medição. Estas linhas estão
posicionadas em y = −3m; −2m; −1m; 0m; 1m; 2m e 3m.

Em cada ponto de medição estão instalados 26 radiômetros, cada um apontado para


uma direção especı́fica, para captarem e medirem as radiações térmicas neste ponto. As
direções para às quais existem radiômetros apontados são as seguintes: (−1, 0, 0); (1, 0, 0);
(0, −1, 0); (0, 1, 0); (−0, 707, −0, 707, 0); (0, 707, −0, 707, 0); (0, 707, 0, 707, 0);
(−0, 707, 0, 707, 0); (0, 0, 1); (0, 0, −1); (0, 0, 707, 0, 707); (0, −0, 707, 0, 707);
(0, 707, 0, 0, 707); (−0, 707, 0, 0, 707); (0, 0, 707, −0, 707); (0, −0, 707, −0, 707);
(0, 707, 0, −0, 707); (−0, 707, 0, −0, 707); (0, 707, 0, 707, 0, 707); (−0, 707, 0, 707, 0, 707);
(−0, 707, −0, 707, 0, 707); (0, 707, −0, 707, 0, 707); (−0, 707, 0, 707, −0, 707);
(0, 707, 0, 707, −0, 707); (−0, 707, −0, 707, −0, 707) e (0, 707, −0, 707, −0, 707).

4.5 Estudo de Caso 1

O Estudo de Caso 1 trata de um incêndio em poça que ocorre numa bacia de con-
tenção onde existe um tanque cilı́ndrico horizontal instalado. Nesta modelagem considera-
se que todo o volume de combustı́vel contido no tanque vazou para a bacia de contenção
e, posteriormente a isto, deu-se inı́cio a um incêndio em poça confinado na bacia de con-
tenção. Considerou-se que o volume de combustı́vel que vazou do tanque para a bacia
de contenção corresponde ao volume de operação do tanque. Seguem abaixo os dados do
modelo.

4.5.1 Tanque cilı́ndrico horizontal

• Diâmetro interno (D)= 2, 48m;

• Comprimento (l) = 4, 14m;

• Espessura de parede = 0, 0224m

• Área da base: A

• Volume do tanque: Vt ;
103

• Volume de operação: Vo .

πD2 π · (2, 48m)2


A= = = 4, 83m2 .
4 4

πD2 π · (2, 48m)2


Vt = ·l = · 4, 14m = 20, 0m3 .
4 4

Vo = 0, 90 · Vt = 0, 90 · 20m3 = 18m3 .

4.5.2 Bacia de contenção

• Comprimento = 6, 0m;

• Largura = 6, 0m e;

• Altura dos muros = 0, 81m;

• Espessura da laje do piso = 0, 2m;

• Espessura da parede dos muros = 0, 2m.

O centros do tanque e da bacia de contenção encontram-se na posição x = 0 e


y = 0 e os berços do tanque e o piso da bacia de contenção encontram-se na elevação
z = 0, 2m.
A Figura 23 apresenta vista em perspectiva do modelo referente aos Estudos de
Caso 1 e 2 gerado com o programa Pyrosim e a Figura 24 apresenta a vista superior
destes modelos onde os pontos pretos representam os locais dos dispositivos de medição
de radiação (radiômetros).
As Figuras 25, 26 e 27 apresentam a simulação do Estudo de Caso 1 no FDS nos
tempos t = 0s, t = 30s e t = 60s respectivamente.

4.6 Estudo de Caso 2

No Estudo de Caso 2 manteve-se as mesmas caracterı́sticas do Estudo de Caso 1


com o acréscimo dos seguintes parâmetros climáticos:
104

Figura 23 - Modelo dos Estudos de Caso 1 e 2.

Figura 24 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 1 e 2.


105

Figura 25 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 0s.


106

Figura 26 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 30s.


107

Figura 27 - Simulação do Estudo de Caso 1 no tempo t = 60s.


108

Figura 28 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 0s.

• Velocidade do vento = 2, 0m/s;

• Direção do vento = 135◦ ;

• Comprimento de Obukhov (L) = 350m (atmosfera termicamente estável) e;

• Comprimento de rugosidade aerodinâmica (z0 ) = 0, 03m (área aberta).

As Figuras 28, 29 e 30 apresentam a simulação do Estudo de Caso 2 no FDS nos


tempos t = 0s, t = 30, 6s e t = 60s respectivamente.
109

Figura 29 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 30, 6s.


110

Figura 30 - Simulação do Estudo de Caso 2 no tempo t = 60s.


111

4.7 Estudo de Caso 3

O Estudo de Caso 3 trata de um incêndio em poça que ocorre num tanque cilı́ndrico
vertical. Nesta modelagem considerou-se que o tanque perdeu a cobertura de seu teto
devido ao incêndio e que o tanque continha uma quantidade de combustı́vel igual ao seu
volume de operação. Seguem abaixo os dados do modelo.

4.7.1 Tanque cilı́ndrico vertical

• Diâmetro interno (D)= 6, 80m;

• Altura (ht ) = 7, 60m;

• Espessura de parede = 0, 0224m

• Área da base: A

• Volume do tanque: Vt ;

• Volume de operação: Vo .

πD2 π · (6, 80m)2


A= = = 36, 32m2 .
4 4

πD2 π · (6, 80m)2


Vt = · ht = · 7, 60m = 276, 0m3 .
4 4

Vo = 0, 90 · Vt = 0, 90 · 276m3 = 248, 41m3 .

O centro do tanque encontra-se na posição x = 0 e y = 0 e o piso do tanque


encontra-se na elevação z = 0, 2m.
A Figura 31 apresenta vista em perspectiva do modelo referente aos Estudos de
Caso 3 e 4 gerado com o programa Pyrosim e a Figura 32 apresenta a vista superior
destes modelos onde os pontos pretos representam os locais dos dispositivos de medição
de radiação (radiômetros).
As Figuras 33, 34 e 35 apresentam a simulação do Estudo de Caso 3 no FDS nos
tempos t = 0s, t = 30s e t = 60s respectivamente.
112

Figura 31 - Modelo dos Estudos de Caso 3 e 4.

Figura 32 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 3 e 4.


113

Figura 33 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 0s.


114

Figura 34 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 30s.


115

Figura 35 - Simulação do Estudo de Caso 3 no tempo t = 60s.


116

Figura 36 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 0s.

4.8 Estudo de Caso 4

No Estudo de Caso 4 manteve-se as mesmas caracterı́sticas do Estudo de Caso 3


com o acréscimo dos seguintes parâmetros climáticos:

• Velocidade do vento = 4, 0m/s;

• Direção do vento = 0◦ ;

• Comprimento de Obukhov (L) = 1000000m (atmosfera termicamente neutra) e;

• Comprimento de rugosidade aerodinâmica (z0 ) = 0, 0002m (deserto suave).

As Figuras 36, 37 e 38 apresentam a simulação do Estudo de Caso 4 no FDS nos


tempos t = 0s, t = 30s e t = 60s respectivamente.
117

Figura 37 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 30s.


118

Figura 38 - Simulação do Estudo de Caso 4 no tempo t = 60s.


119

4.9 Estudo de Caso 5

O Estudo de Caso 5 trata de um incêndio em poça numa bacia de contenção que


contém um volume de 18m3 de combustı́vel. Seguem abaixo os dados do modelo.

4.9.1 Bacia de contenção

• Comprimento = 6, 0m;

• Largura = 6, 0m e;

• Altura dos muros = 0, 91m;

• Espessura da laje do piso = 0, 3m;

• Espessura da parede dos muros = 0, 2m.

O centro da bacia de contenção encontra-se na posição x = 0 e y = 0 e o piso da


bacia de contenção encontra-se na elevação z = 0, 3m.
A Figura 39 apresenta vista em perspectiva do modelo referente aos Estudos de
Caso 5 e 6 gerado com o programa Pyrosim e a Figura 40 apresenta a vista superior
destes modelos onde os pontos pretos representam os locais dos dispositivos de medição
de radiação (radiômetros).
As Figuras 41, 42 e 43 apresentam a simulação do Estudo de Caso 5 no FDS nos
tempos t = 0s, t = 30s e t = 60s respectivamente.

4.10 Estudo de Caso 6

No Estudo de Caso 6 manteve-se as mesmas caracterı́sticas do Estudo de Caso 5


com o acréscimo dos seguintes parâmetros climáticos:

• Velocidade do vento = 1, 0m/s;

• Direção do vento = 0◦ ;

• Comprimento de Obukhov (L) = 1000000m (atmosfera termicamente neutra) e;

• Comprimento de rugosidade aerodinâmica (z0 ) = 0, 0002m (deserto suave).

As Figuras 44, 45 e 46 apresentam a simulação do Estudo de Caso 6 no FDS nos


tempos t = 0s, t = 30, 6s e t = 60s respectivamente.
120

Figura 39 - Modelo dos Estudos de Caso 5 e 6.

Figura 40 - Vista superior dos modelos dos Estudos de Caso 5 e 6.


121

Figura 41 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 0s.


122

Figura 42 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 30s.


123

Figura 43 - Simulação do Estudo de Caso 5 no tempo t = 60s.


124

Figura 44 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 0s


125

Figura 45 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 30, 6s.


126

Figura 46 - Simulação do Estudo de Caso 6 no tempo t = 60s.


127

5 RESULTADOS

Os resultados de medição de radiação térmica obtidos nas simulações realizadas no


FDS foram inseridos no Matlab, onde após tratamento em rotinas no programa, obteve-se
os valores de alcance dos nı́veis de intensidade de radiação térmica de interesse e as curvas
de nı́vel (isopletas) correspondentes à estas intensidades de radiação térmica.

5.1 Intensidades de radiação térmica de interesse

Os nı́veis de intensidade de radiação térmica de interesse são de 5kW/m2 (VROM,


2005a) capaz de causar queimadura de segundo grau em seres humanos após 40 s de
exposição e o valor de radiação térmica correspondente a probabilidade de 1% de morte
de pessoas num tempo de exposição máximo igual 20 s.

5.2 Função de probit

Através da função de probit (VROM, 2005a) calcula-se o valor de intensidade de


radiação térmica correspondente a probabilidade de 1% de morte de pessoas num tempo
de exposição máximo igual 20 s, conforme abaixo:

 4 
P rb = −36, 38 + 2, 56 ln qr · t ;
3
(148)

Onde, P rb é o valor de probit correspondente a probabilidade de morte de pessoas;


qr é a intensidade de radiação térmica em kW/m2 e t é o tempo de exposição à radiação
térmica em s.
A Tabela 5.1 do (VROM, 2005a) indica que P rb = 2, 67 para a probabilidade de
morte de 1% de pessoas.
128

Figura 47 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 1.

5.2.1 Cálculo da intensidade de radiação térmica correspondente a 1% de morte

Manipulando a equação (148) obtemos:

v
u P rb +36,38 !3
u
4 e 2,56
qr = t . (149)
t

Para P rb = 2, 67 e t = 20s temos:


v
u 2,67+36,38 !3
u
4 e 2,56
qr = t
20

qr = 9, 81kW/m2

5.3 Resultados do Estudo de Caso 1

A Figura 47 apresenta para o Estudo de Caso 1 as isopletas com os nı́veis de


radiação térmica de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 (linhas contı́nuas) e os cı́rculos tangentes a
estas linhas (linhas tracejadas).
129

Figura 48 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 2.

5.4 Resultados do Estudo de Caso 2

A Figura 48 apresenta para o Estudo de Caso 2 as isopletas com os nı́veis de


radiação térmica de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 (linhas contı́nuas) e os cı́rculos tangentes a
estas linhas (linhas tracejadas).

5.5 Resultados do Estudo de Caso 3

O Estudo de Caso 3 não apresentou nenhuma isopleta para os nı́veis de radiação


térmica de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 , como pode ser visto na Figura 49. Isto demonstra que,
nos pontos de medição do modelo, não foram detectados valores de radiação térmica de
5kW/m2 e 9, 8kW/m2 .

5.6 Resultados do Estudo de Caso 4

O Estudo de Caso 4 apresentou isopleta para o nı́vel de radiação térmica de


9, 8kW/m2 (linha contı́nua) e o cı́rculo tangente a esta linha (linha tracejada) porém,
não apresentou isopleta para o nı́vel de radiação térmica de de 5kW/m2 , como pode ser
visto na Figura 50. Isto demonstra que, nos pontos de medição do modelo, não foram
detectados valores de radiação térmica de 5kW/m2 .
130

Figura 49 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 3.

Figura 50 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 4.


131

Figura 51 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 5.

5.7 Resultados do Estudo de Caso 5

A Figura 51 apresenta para o Estudo de Caso 5 as isopletas com os nı́veis de


radiação térmica de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 (linhas contı́nuas) e os cı́rculos tangentes a
estas linhas (linhas tracejadas).
A Figura 52 apresenta para o Estudo de Caso 6 as isopletas com os nı́veis de
radiação térmica de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 (linhas contı́nuas) e os cı́rculos tangentes a
estas linhas (linhas tracejadas).

5.8 Alcance dos nı́veis de radiação térmica de interesse

A Tabela 1 apresenta as distâncias máximas alcançadas, em relação ao centro dos


modelos, pelos nı́veis de radiação térmica de interesse de 5kW/m2 e 9, 8kW/m2 , detectados
nos pontos de medição.

5.9 Avaliação dos resultados

Os resultados obtidos nos estudos de caso mostraram-se coerentes. As simulações


realizadas no FDS demonstraram ser capazes de reproduzir com grau de precisão sa-
tisfatório incêndios em poça, gerando para cada estudo de caso, resultados de medição
de radiação térmica capazes de servirem de dados para obtenção das curvas de nı́vel de
132

Figura 52 - Isopletas com os alcances de radiação térmica de interesse do Estudo de Caso 6.

Tabela 1 - Distâncias alcançadas pelos nı́veis de radiação térmica de interesse.

Simulação 5kW/m2 9.8kW/m2


Estudo de Caso 1 10, 89m 8, 73m
Estudo de Caso 2 14, 87m 12, 26m
Estudo de Caso 3 − −
Estudo de Caso 4 11, 20m −
Estudo de Caso 5 10, 83m 8, 23m
Estudo de Caso 6 12, 29m 9, 66m
Nota: medida realizada a 1, 7m de altura.
133

radiação térmica e seus alcances.


Nos Estudos de Caso 1, 2, 5 e 6 o sistema de medição de radiação foi capaz de
detectar os valores de radiação térmica de interesse, devido ao fato de os incêndios em
poça estarem em elevações mais próximas dos instrumentos de medição. O fator de vista
entre o fogo e a fumaça e os dispositivos de medição permitiu que a radiação térmica
atingisse de forma intensa as proximidades do incêndio.
Nos Estudos de Caso 3 e 4, os incêndios ocorrem no topo de um tanque cilı́ndrico
vertical de altura elevada, e isto faz com que a distância dos incêndios e o fator de vista em
relação aos pontos de medição, levem a valores baixos de radiação térmica. No Estudo
de Caso 3 não foram detectados os nı́veis de radiação térmica de interesse nos pontos
de medição e, no Estudo de Caso 4, apenas o nı́vel de radiação térmica de interesse
para o valor de 9, 8kW/m2 foi detectado devido a influência do vento e demais condições
climáticas que aproximaram o incêndio a pontos de medição.
134

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

6.1 Conclusões

A aplicação da dinâmica dos fluidos computacional (CFD) para a modelagem e


simulação de incêndio mostra-se como um método viável e vantajoso por proporcionar
resultados mais realistas.
O uso de CFD torna possı́vel trabalhar com detalhes as influências das geometrias,
dos transporte de massa, de quantidade de movimento e de energia nas simulações dos
modelos. Os resultados obtidos das simulações podem ser tratados para fornecer dados
precisos sobre os efeitos fı́sicos reinantes nas áreas de interesse do domı́nio computacional.
As informações obtidas podem ser tratadas matematicamente para se obter com consi-
derável grau de precisão o alcance dos nı́veis de intensidade de radiação térmica emitidos
por um incêndio.
Para a modelagem e simulação de incêndio, a complexidade da modelagem, o
tempo de processamento e a demanda computacional são, no momento atual, desvantagens
para a utilização de CFD se comparado aos métodos simplificados de modelagem semi-
empı́rica que possuem uma modelagem mais simples, tempo de processamento e demanda
computacional pequenos.
Na simulação de um modelo a fumaça gerada pelo incêndio e sua propagação tem
muita influência na propagação da radiação térmica, já que a fumaça pode absorver e
também espalhar a radiação.
Os dados climáticos do modelo devem representar a pior hipótese dentro das pro-
babilidades a serem consideradas, devido ao fato de serem determinantes no formato das
chamas, na trajetória da fumaça e consequentemente na propagação da radiação térmica.
Conclui-se que a utilização da dinâmica dos fluidos computacional proporciona
informações relevantes para a análise de risco de ferimentos e de morte de pessoas de-
vido a incêndios em instalações que armazenam ou processam substâncias inflamáveis e
combustı́veis.

6.2 Trabalhos futuros

O FDS tem a limitação de ser aplicável apenas a escoamentos com velocidade de


até 0,30 Mach. Isto o impede de ser aplicado para incêndios em jatos de fogo que podem
ocorrer em tubulações de gás e em vasos de pressão. O incêndio por bola de fogo, que
pode ocorrer em vasos de pressão após a ocorrência de Boiling Liquid Expanding Vapour
Explosion (BLEVE) que é a explosão de vapores em expansão decorrentes de lı́quido em
135

ebulição, também precisa de abordagem por CFD. A capacidade da dinâmica dos fluidos
computacional de modelar a dispersão de gases e sua concentração pode ser aplicada para
analisar a possibilidade de incêndio em nuvem, quando a nuvem de gases inflamáveis
estiver dentro dos limites inferior e superior de inflamabilidade.
Como sugestão para trabalhos futuros sobre a temática da utilização de CFD para
modelagem de incêndio e radiação térmica pode se destacar:

• Desenvolvimento de modelagem e simulação de incêndio para jato de fogo;

• Desenvolvimento de modelagem e simulação de incêndio para bola de fogo;

• Desenvolvimento de modelagem e simulação para risco de incêndio em nuvem;

• Utilização das curvas de nı́vel de radiação térmica para geoprocessamento e sobre-


posição dos resultado em imagens fotográficas e plantas;

• Aplicação de processamento paralelo para simulação de incêndios em grandes ins-


talações reais e;

• Simulação de ciclos de incêndio e seus efeitos em cadeia.


136

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COMPUTACIONAL NA COMPLEMENTAÇÃO DO ENSINO DA DISCIPLINA
FENÔMENOS DE TRANSPORTE. XXXIV COBENGE, Universidade de Passo Fundo
- RS: Anais do XXXIV COBENGE, 2006. ISBN 85-7515-371-4.

ZHANG, W.; RYDER, N.; ROBY, R.; CARPENTER, D. Modeling of the combustion in
compartment fires using large eddy simulation approach. In: Proceedings of the 2001 Fall
Technical Meeting, Eastern States Section. Pittsburgh, Pennsylvania, EUA: Combustion
Institute, 2001.
139

APÊNDICE A – Arquivos de entrada dos Estudos de Caso no FDS

A.1 Arquivos de Entrada no FDS

A modelagem e simulação de incêndio no FDS é elaborada a partir de um arquivo


de entrada (input file) onde se escrevem os comandos e parâmetros da simulação a ser
realizada pelo programa. Este apêndice apresenta uma sı́ntese dos arquivos de entrada no
FDS para as modelagens e simulações computacionais dos Estudos de Caso 1 a 6 . Parte
dos parâmetros e comandos do sistema de medição foram omitidos devido a sua longa
extensão.

A.1.1 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 1

Caso 1.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 1’, TITLE=’Caso 1’/


&TIME T END=60.0/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 1.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CRITICAL FLAME TEMPERATURE=1507.0,
AUTO IGNITION TEMPERATURE=0.0,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/
140

&SURF ID=’Surface01’,
FYI=’Gasolina’,
COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’muro oeste’, XB=-3.2,-3.0,-3.2,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,


SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro leste’, XB=3.0,3.2,-3.2,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro sul’, XB=-3.0,3.0,-3.2,-3.0,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro norte’, XB=-3.0,3.0,3.0,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pool’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.2,0.7, RGB=153,255,255,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’Base’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.0,0.2, SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pad 1’, XB=-2.0,-1.98,-1.25,1.25,0.2,1.2, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pad 2’, XB=1.98,2.0,-1.25,1.25,0.2,1.2, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.2, COLOR=’GRAY 80’,
SURF ID=’Grama’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-0.6,0.6,1.2,3.6, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-0.9,-0.6,1.5,3.3, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,0.6,0.9,1.5,3.3, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-1.2,-0.9,1.8,3.0, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,0.9,1.2,1.8,3.0, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
141

XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7,


ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /
&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7,
ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’,
HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7,
ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707, POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’,
HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /

A.1.2 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 2

Caso 2.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 2’, TITLE=’Caso 2’/


&TIME T END=60.0/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 2.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&WIND SPEED=2.0, DIRECTION=135., L=350., Z 0=0.03 /


142

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CRITICAL FLAME TEMPERATURE=1507.0,
AUTO IGNITION TEMPERATURE=0.0,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/
&SURF ID=’Surface01’,
FYI=’Gasolina’,
COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’muro oeste’, XB=-3.2,-3.0,-3.2,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,


SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro leste’, XB=3.0,3.2,-3.2,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro sul’, XB=-3.0,3.0,-3.2,-3.0,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro norte’, XB=-3.0,3.0,3.0,3.2,0.0,0.81, COLOR=’WHITE’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pool’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.2,0.7, RGB=153,255,255,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’Base’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.0,0.2, SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pad 1’, XB=-2.0,-1.98,-1.25,1.25,0.2,1.2, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pad 2’, XB=1.98,2.0,-1.25,1.25,0.2,1.2, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.2, COLOR=’GRAY 80’,
SURF ID=’Grama’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-0.6,0.6,1.2,3.6, COLOR=’GRAY 60’,
143

SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-0.9,-0.6,1.5,3.3, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,0.6,0.9,1.5,3.3, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-1.2,-0.9,1.8,3.0, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,0.9,1.2,1.8,3.0, COLOR=’GRAY 60’,
SURF ID=’INERT’/

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7,


ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /
&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7,
ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’,
HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7,
ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707, POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’,
HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /
144

A.1.3 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 3

Caso 3.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 3’, TITLE=’Caso 3’/


&TIME T END=60.0/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 3.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CRITICAL FLAME TEMPERATURE=1507.0,
AUTO IGNITION TEMPERATURE=0.0,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/

&SURF ID=’Surface01’,
FYI=’Gasolina’,
COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.0,


COLOR=’GRAY 80’, SURF ID=’Grama’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.6,-3.3,-0.9,0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,-3.0,-1.5,-0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
145

&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,-3.0,0.9,1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,


THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,3.3,-0.9,0.9,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,-2.7,-2.1,-1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,-2.7,1.5,2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,3.0,-1.5,-0.9,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,3.0,0.9,1.5,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,-2.4,-2.4,-2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,-2.4,2.1,2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,2.7,-2.1,-1.5,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,2.7,1.5,2.1,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,-2.1,-2.7,-2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,-2.1,2.4,2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,2.4,-2.4,-2.1,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,2.4,2.1,2.4,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,-1.5,-3.0,-2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,-1.5,2.7,3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-2.7,-2.4,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,2.4,2.7,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,-0.9,-3.3,-3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,-0.9,3.0,3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
146

THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/


&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,1.5,-3.0,-2.7,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,1.5,2.7,3.0,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,-3.3,-3.0,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,3.0,3.3,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,-3.6,-3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,3.3,3.6,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=0.9,1.5,-3.3,-3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=0.9,1.5,3.0,3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=1.5,2.1,-3.0,-2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=1.5,2.1,2.7,3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.1,2.4,-2.7,-2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.1,2.4,2.4,2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.4,2.7,-2.4,-2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.4,2.7,2.1,2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.7,3.0,-2.1,-1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.7,3.0,1.5,2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.0,3.3,-1.5,-0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.0,3.3,0.9,1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.3,3.6,-0.9,0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
147

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,


QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /
&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7, ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707,
POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /

A.1.4 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 4

Caso 4.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 4’, TITLE=’Caso 4’/


&TIME T END=60.0/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 4.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&WIND SPEED=4.0, DIRECTION=0., L=1000000., Z 0=0.0002 /


148

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CRITICAL FLAME TEMPERATURE=1507.0,
AUTO IGNITION TEMPERATURE=0.0,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/

&SURF ID=’Surface01’,
FYI=’Gasolina’,
COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.0,


COLOR=’GRAY 80’, SURF ID=’Grama’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.6,-3.3,-0.9,0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,-3.0,-1.5,-0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,-3.0,0.9,1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.3,3.3,-0.9,0.9,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,-2.7,-2.1,-1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,-2.7,1.5,2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,3.0,-1.5,-0.9,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
149

&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-3.0,3.0,0.9,1.5,0.0,6.9, RGB=153,255,204,


THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,-2.4,-2.4,-2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,-2.4,2.1,2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,2.7,-2.1,-1.5,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.7,2.7,1.5,2.1,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,-2.1,-2.7,-2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,-2.1,2.4,2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,2.4,-2.4,-2.1,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.4,2.4,2.1,2.4,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,-1.5,-3.0,-2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,-1.5,2.7,3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,-2.7,-2.4,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-2.1,2.1,2.4,2.7,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,-0.9,-3.3,-3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,-0.9,3.0,3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,1.5,-3.0,-2.7,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-1.5,1.5,2.7,3.0,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,-3.3,-3.0,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,3.0,3.3,0.0,6.9, RGB=153,255,204,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’Surface01’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,-3.6,-3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
150

THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/


&OBST ID=’CYLINDER’, XB=-0.9,0.9,3.3,3.6,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=0.9,1.5,-3.3,-3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=0.9,1.5,3.0,3.3,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=1.5,2.1,-3.0,-2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=1.5,2.1,2.7,3.0,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.1,2.4,-2.7,-2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.1,2.4,2.4,2.7,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.4,2.7,-2.4,-2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.4,2.7,2.1,2.4,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.7,3.0,-2.1,-1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=2.7,3.0,1.5,2.1,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.0,3.3,-1.5,-0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.0,3.3,0.9,1.5,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’CYLINDER’, XB=3.3,3.6,-0.9,0.9,0.0,7.5, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
151

XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,


QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /
&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7, ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707,
POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /

A.1.5 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 5

Caso 5.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 5’, TITLE=’Caso 5’/


&TIME T END=60/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 5.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
152

TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/

&SURF ID=’Surface01’,
COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’muro oeste’, XB=-3.2,-3.0,-3.2,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,


THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro leste’, XB=3.0,3.2,-3.2,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro sul’, XB=-3.0,3.0,-3.2,-3.0,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro norte’, XB=-3.0,3.0,3.0,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pool’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.3,0.8, RGB=153,255,255, THICKEN=.TRUE.,
SURF IDS=’Surface01’, INERT, INERT/
&OBST ID=’Base’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.0,0.3, COLOR=’WHITE’, SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.0, COLOR=’GRAY 80’,
SURF ID=’Grama’/

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,


153

QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /


&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7, ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707,
POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /

A.1.6 Sı́ntese do arquivo de entrada do Estudo de Caso 6

Caso 6.fds
Generated partially by PyroSim - Version 2018.3.1210

&HEAD CHID=’Caso 6’, TITLE=’Caso 6’/


&TIME T END=60/
&DUMP RENDER FILE=’Caso 6.ge1’, COLUMN DUMP LIMIT=.TRUE.,
DT RESTART=300.0, DT SL3D=0.25/

&MESH ID=’Mesh01’, IJK=100,100,100, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/

&WIND SPEED=1.0, DIRECTION=0., L=1000000., Z 0=0.0002 /

&REAC ID=’Gasolina’,
FUEL=’REAC FUEL’,
FORMULA=’C8H18’,
CO YIELD=0.011,
SOOT YIELD=0.038,
HEAT OF COMBUSTION=4.45E4,
RADIATIVE FRACTION=0.4/

&SURF ID=’Grama’,
TEXTURE MAP=’grass.jpg’,
TEXTURE WIDTH=30.0,
TEXTURE HEIGHT=30.0/

&SURF ID=’Surface01’,
154

COLOR=’RED’,
MLRPUA=0.055,
EMISSIVITY=1.0/

&OBST ID=’muro oeste’, XB=-3.2,-3.0,-3.2,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,


THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro leste’, XB=3.0,3.2,-3.2,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro sul’, XB=-3.0,3.0,-3.2,-3.0,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’muro norte’, XB=-3.0,3.0,3.0,3.2,0.0,0.91, COLOR=’WHITE’,
THICKEN=.TRUE., SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Pool’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.3,0.8, RGB=153,255,255, THICKEN=.TRUE.,
SURF IDS=’Surface01’, INERT, INERT/
&OBST ID=’Base’, XB=-3.0,3.0,-3.0,3.0,0.0,0.3, COLOR=’WHITE’, SURF ID=’INERT’/
&OBST ID=’Piso’, XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,0.0, COLOR=’GRAY 80’,
SURF ID=’Grama’/

&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMAX]’, SURF ID=’OPEN’,


XB=15.0,15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [XMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,-15.0,-15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,15.0,15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [YMIN]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,-15.0,0.0,30.0/
&VENT ID=’Mesh Vent: Mesh01 [ZMAX]’, SURF ID=’OPEN’,
XB=-15.0,15.0,-15.0,15.0,30.0,30.0/

&BNDF QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX’/

&DUMP SIG FIGS=4, SIG FIGS EXP=2 /

&DEVC ID=’f-1(0)’, XB=-14.0,14.0,-14 ,-14,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,


QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, X ID=’x distance’ /
&DEVC ID=’f-2(0)’, XB=-14.0,14.0,-13 ,-13,1.7,1.7, ORIENTATION=-1,0,0, POINTS=28,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /
(...)
&DEVC ID=’f-936(0)’, XB=4.0,14.0,3 ,3,1.7,1.7, ORIENTATION=0.707,-0.707,-0.707,
155

POINTS=11,
QUANTITY=’RADIATIVE HEAT FLUX GAS’, HIDE COORDINATES=.TRUE. /

&TAIL /

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