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TESTE DE

INTEGRIDADE DAS
ESTACAS

PIT (Pile Integrity Testing)


À
Consórcio KPE/NE
A/C: Gabriela Araújo
E-mail: gabriela.araujo@pontesf.com.br

Obra: Obra Ponte MG 402 – São Francisco/MG

Assunto: Execução de testes geotécnicos nº G2267-1

Prezados senhores (as),

Estamos apresentando o Relatório Técnico dos Testes de Integridade de


Estacas realizados para a obra em epígrafe com ensaios de baixa deformação
(PIT).

Os testes foram procedidos visando detectar as variações de impedância


de modo a aferir a integridade das estacas ao longo do seu comprimento. Foram
testadas 05 (cinco) estacas que demandaram 1 (uma) mobilização e 1 (dia) dia
trabalhado no dia 09/01/2023.

Os testes consistiram na execução de ensaios conforme procedimentos


prescritos pela norma técnica americana ASTM D-5882-07. As medições nos
ensaios foram feitas a partir de sensores do modelo PIT-XA, fabricado pela
empresa Pile Dynamics, Inc., que é um equipamento aprovado pela American
Society for Testing and Materials (ASTM).

Nas páginas seguintes apresentam-se o Relatório Técnico e a expressão


dos resultados encontrados, anexados ao Relatório seguem os gráficos das
impedâncias avaliadas, e listagem dos comprimentos das estacas testadas.

Ressalta-se que a variabilidade das características físicas das estacas de


concreto do tipo estacas escavadas, combinadas com a natureza e condições
dos materiais envolventes, não permitem que os ensaios de baixa deformação
visem medidas de precisão.

Trata-se de procedimento conclusivo apenas para a afirmação da


integridade de comprimento da estaca testada. Mostra-se também de grande
valia na seleção das estacas da obra para serem submetidas aos ensaios de
carregamento especificados pelas Normas Brasileira ABNT NBR 6122-10 e NBR
13.208-07.
Sendo o que nos apresenta para o momento, colocamo-nos ao vosso
inteiro dispor para os esclarecimentos adicionais desejados.

Atenciosamente,

Belo Horizonte, 18 de janeiro de 2023.

_______________________________
Alexandre Henriques de Paula
Engenheiro Civil – CREA - MG – 74537/D
Engenheiro Geotécnico - ABMS - M. 4217

_____________________________
Gabriel Sammour
Engenheiro Civil – CREA - MG – 254293/D
PIT - Teste de Integridade de Estacas
Ensaios de Baixa Deformação

CLIENTE: Consórcio KPE/NE


São Francisco/MG
ÍNDICE

I. Introdução
i. – Ensaio de Integridade
ii. – Normas Técnicas
iii. – Referências

II. Testes de Integridade


i. – Dados Disponíveis
ii. – Descrição do Ensaio
iii. – Características das Estacas
iv. – Considerações Técnicas

III. Anexos
i. – Gráfico de Impedância
I – INTRODUÇÃO
I.i – Ensaios de Integridade

O ensaio de integridade de baixa deformação consiste em um


procedimento não destrutivo que tem como principal objetivo detectar
alterações relevantes das impedâncias ao longo do comprimento das estacas
de fundação.
O ensaio é executado com auxílio de um acelerômetro de alta
sensibilidade instalado na superfície do topo das estacas.
Após a instalação do acelerômetro com cera fixadora são aplicados
golpes consecutivos com um martelo de mão, instrumentado, de 1,277 kg.

Figura 1:Propagação da onda

Os golpes desferidos geram ondas, conforme representado na figura


1, que se propagam por toda a extensão do comprimento (dL) da estaca de
teste.
Quando essas ondas se deparam com alguma alteração de
característica ao longo do comprimento da estaca ocorrem reflexões, que
são o foco de estudo deste ensaio.
Com base na teoria da propagação da onda de tensão (Liang e
Rausche, 2011), são analisadas, com auxílio de sensores, as reflexões de
onda, que ocorrem a partir das mudanças de características,
Estas reflexões de onda são denominadas impedâncias.
Dos golpes aplicados selecionam-se aqueles considerados os mais
representativos através do equipamento “PIT Collector” da fabricante Pile
Dynamics Inc. - (PDI).
O ensaio é repetido, por pelo menos três vezes, deslocando-se o
acelerômetro em diferentes posições. Em alguns casos o ensaio é repetido
diversas vezes visando eliminar possíveis interferências randômicas.
Os sinais são transferidos a um computador para o seu devido
processamento e armazenamento.
Sobre as limitações do ensaio, vale a literalidade do parágrafo 6
(Procedimentos), item 6.6 (Análise_das_Medições), sub item 6.6.6, da
norma americana ASTM-D 5882-07:

“ 6.6.6 Integrity testing may not identify all imperfections, but


it can be a useful tool in identifying major defects within the
effective length. Also, the test may identify minor impedance
variations that may not affect the intended use of the pile. For
piles having minor impedance variations, the engineer should
use judgement as to the acceptability of these piles considering
other factors such as load redistribution to adjacent piles, load
transfer to the soil above the defect, applied safety factors, and
structural load requirements.”

I.ii – Normas Técnicas

Não existe documento estabelecido por consenso e aprovado pela


Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que especifica testes de
integridade para as estacas de fundação.
A GEOTESTE utiliza a norma da “Internacional: Standard Test
Method for Low Strain Impact Integrity of Deep Foundations”: (ASTM - D
5882 -07).
No Brasil a ABNT NBR 6122-10 especifica a necessidade da
execução de testes de integridade, para estacas escavadas com lama
betonítica, em todas as estacas da obra.
Para as estacas de concreto do tipo Raiz esta Norma especifica, para
fundações com mais de 75 estacas, a obrigatoriedade de provas de carga
estáticas em 1% do total de estacas executadas.
Para obras de até no máximo 200 estacas, especifica a aceitação de
substituição das provas de carga estáticas por provas dinâmicas (ensaios de
alta deformação) na proporção de 1/5 (estática/dinâmica).

I.iii – Referências:

• ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 6122 (2010): Projeto


e Execução de Fundações. Rio de Janeiro.
• ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). NBR 13208 (2007):
Estacas – Ensaio de carregamento dinâmico. 2ª edição. Rio de Janeiro.
• Engenharia.PDI. - Ensaio de Integridade PIT - "Pile Dynamics, Inc." (PDI):
Cleveland, Ohio, EUA.
• Liang, L., Rausche, F. | October 2011 - Quality Assessment Procedure and
Classifications of Cast-In-Place Shaft using Low Strain Dynamic Test -
Proceedings from Deep Foundations Institute 36th Annual Conference on Deep
Foundations: Boston, MA; 553-562.

II – Testes de Integridade
II.i – Dados Disponíveis

Para a realização deste relatório, as seguintes informações foram


consultadas:

▪ Planta de locação das estacas apresentada pelo cliente;


▪ Relatório de sondagem apresentado pelo cliente;
▪ As Built fornecido pelo cliente.

II.ii – Descrição do Ensaio

Com o auxílio de um martelo (com aproximadamente 1,277 kg) uma onda


características do material da estaca. A velocidade de propagação (c) é
dada por:

𝑬𝒈
𝒄=√
𝜸
Onde:
E=Módulo de elasticidade
γ = Densidade do material da estaca
g = Gravidade

A velocidade para o concreto sofre variações, que podem ocorrer por


diversos motivos tais como: cura e variação no traço. Apesar dessas
variações os valores usuais de velocidade de propagação de onda para
pequenas deformações (como é o caso do PIT) estão entre 3000 m/s e 4000
m/s.
Durante a propagação da onda, naturalmente haverá obstáculos.
Esses obstáculos provocam reflexões. Essas reflexões podem ser
provocadas por variação na característica do material, por presença de
atrito lateral, resistência de ponta, variação relevante na área da estaca ou
até mesmo pela ponta da estaca.
Essas oscilações são chamadas de impedância (Z), que é dada pela
seguinte equação:

𝑬𝑨 𝜸𝑬
𝒁= = 𝑨√
𝒄 𝒈
Onde:
E=Módulo de elasticidade
γ = Densidade do material da estaca
g = Gravidade
c = Velocidade de propagação da onda

A partir das diversas variações de impedância, ocorrem reflexões de


onda. As reflexões, retornam ao ponto onde está instalado o sensor,
provocando uma variação brusca na velocidade de deslocamento da
partícula neste ponto. O aumento de impedância é inversamente
proporcional a velocidade. O final da estaca representa uma grande
diminuição da área, ocasionando um grande aumento de velocidade. A
ilustração a seguir, exemplifica o que acontece no caso de uma estaca
possuir uma redução de impedância na metade superior de seu fuste. O
gráfico mostra a relação de velocidade/tempo para o caso supracitado.
Figura 2: Diminuição da Impedância na Metade Superior da Estaca

De forma análoga é possível que haja um alargamento relevante,


causando um aumento de impedância. Nesse caso, por consequência
haveria uma diminuição de velocidade.

Figura 3: Aumento da Impedância na Metade Superior da Estaca

Outra possibilidade relevante é a diminuição da seção seguida de um


alargamento. Nesse caso, a complexidade da leitura é maior, uma vez que
além de ocorrer a repetição do primeiro evento, ocorre a repetição do
segundo, tornando a análise muitas vezes inconclusiva.
Por analogia, podemos concluir que para a localização de
estreitamentos, que são geralmente motivo para preocupação, deve-se
procurar picos voltados para cima, seguidos (ou não) de picos voltados para
baixo. Picos voltados para baixo geralmente representam alargamentos, que
normalmente não preocupam.

Figura 4: Ponta sem alargamento

Com relação a ponta da estaca temos prioritariamente duas situações.


Na primeira delas, conforme representação na figura 4, a estaca apresenta
apenas dissipação importante da seção até o fim da estaca por completo.

Figura 5: Ponta engastada

Na segunda situação representada na figura 5, a reflexão de ponta


apresentada pelo gráfico ocorre para o lado oposto, o que sugere um
alargamento, engaste ou suporte de ponta relevante.
II.iii – Características das Estacas

Foi informado pelo cliente que o estaqueamento foi executado com


equipamento trado mecanizado. As estacas escavadas mecanicamente são
estacas do tipo moldadas in loco, esta modalidade tem como uma das
principais características a concretagem sem a garantia de estabilidade do
fuste. Cabe salientar que toda estaca moldada in loco apresenta variação de
impedância por diversas razões: heterogeneidade do solo, presença de água,
possíveis desmoronamentos provenientes da morosidade na concretagem,
falhas de concretagem, diferenças de material, trincas ou fissuras.

II.iv – Considerações Técnicas

No item III.i dos Anexos, estão apresentados os sinais de velocidade


das estacas ensaiadas. Os gráficos representam a média dos sinais
monitorados. No eixo horizontal apresenta-se uma escala de comprimento,
obtida a partir da multiplicação dos tempos pela velocidade de propagação
da onda.
A origem de cada gráfico corresponde ao ponto onde foi instalado o
acelerômetro. Os comprimentos totais são dados pelo parâmetro LE.
Deve-se notar que o sinal de velocidade do ensaio de integridade
“PIT” apresenta reflexões sempre que ocorrem variações na impedância da
estaca. A impedância consiste na relação entre três características da estaca:
área de sua seção, densidade e módulo de elasticidade do material.
Quando ocorre uma redução na impedância da estaca, duas
possibilidades devem ser consideradas: uma possível heterogeneidade na
qualidade do material (concreto) ou variação efetiva da seção da estaca. Se
houver um aumento de impedância, o mesmo geralmente estará associado a
uma mudança na seção da estaca.
Vale salientar que não é possível identificar o formato exato das
estacas, sendo possível identificar possíveis encurtamentos e alargamentos.
Sendo assim, a análise torna-se útil no tocante às deformações existentes.
Os gráficos de impedância das 05 (cinco) estacas não apresentaram
variações que possam indicar possível dano ou encurtamento para o
comprimento informado para realização dos ensaios. Sendo assim, os
diagnósticos das estacas ensaiadas são:

• Visíveis até o comprimento informado.


ANEXO III.i

PIT-W - Gráficos de Impedância


GEOTESTE - Rua Curitiba, 1.590, Loja 2, Lourdes - BH/MG - Tel.: (31) 99712-0048
GEOTESTE
Go n tijo En ge n ha r ia E Fu n da c o es Es p e c ia ls 1 0 / 01 /2 0 23
CONSORCIO KPE- NR
PIT- W 2 0 09 - 2

cm/s Pile: E59 - 1: # 18


0.00
PIT 5
09/01/2023 14:37:30
2W 5.20 m 384.6 Hz
0.00

0.00

x 6.25 L/D=12 (D=120 cm)


-0.00 V 0.001 cm/s (0.004)
14.33 m (4000 m/s)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 m

cm/s Pile: E60 - 3: # 38


0.00
PIT 5
09/01/2023 14:49:21
2W 4.92 m 363.5 Hz
0.00

0.00

x 9.47 L/D=13 (D=120 cm)


-0.00 V 0.001 cm/s (0.003)
15.71 m (3577 m/s)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 m

cm/s Pile: E61 - 3: # 29


0.00
PIT 5
09/01/2023 15:22:57
2W 2.80 m 662.3 Hz
0.00

0.00

x 12.87 L/D=10 (D=120 cm)


-0.00 V 0.001 cm/s (0.001)
11.98 m (3709 m/s)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 m

cm/s Pile: E62 - 3: # 41


0.00
PIT 5
09/01/2023 14:57:27
2W 3.54 m 565.0 Hz
0.00

-0.00

x 25.49 L/D=13 (D=120 cm)


-0.00 V 0.001 cm/s (0.002)
15.41 m (4000 m/s)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 m

cm/s Pile: E68 - 3: # 32


0.00
PIT 5
09/01/2023 15:03:55
2W 1.80 m 1085.6 Hz
0.00

0.00

x 134.70 L/D=11 (D=120 cm)


-0.00
13.25 m (3908 m/s) V 0.002 cm/s (0.002)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 m
GEOTESTE
Go n tijo En ge n ha r ia E Fu n da c o es Es p e c ia ls 1 0 / 01 /2 0 23
CONSORCIO KPE- NR
PIT- W 2 0 09 - 2

Su mma r y o f Re c o r d s

Re c o r d Rec o r d Pile Date Pile Wa v e


No . ID Name Co lle c t ed L e ng t h Spe e d Ma g n Comme nts
m m/ s

18 1 E5 9 0 9 / 01 /2 0 23 1 4.3 3 4 0 00 . 0 0 6.25
38 1 E6 0 0 9 / 01 /2 0 23 1 5.7 1 3 5 77 . 0 0 9.47
29 1 E6 1 0 9 / 01 /2 0 23 1 1.9 8 3 7 09 . 0 0 1 2 . 87
41 1 E6 2 0 9 / 01 /2 0 23 1 5.4 1 4 0 00 . 0 0 2 5 . 49
32 1 E6 8 0 9 / 01 /2 0 23 1 3.2 5 3 9 08 . 0 0 13 4 . 7 0

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