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MODELAGEM NUMÉRICA DE ADENSAMENTO POR VÁCUO EM ATERRO

EXPERIMENTAL SOBRE SOLO MOLE ESTRUTURADO

Leonardo de Oliveira Guerra Deotti

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Engenharia Civil, COPPE, da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do título de
Doutor em Engenharia Civil.

Orientadores: Marcio de Souza Soares de Almeida


Maria Cascão Ferreira de Almeida

Rio de Janeiro
Dezembro de 2015

i
MODELAGEM NUMÉRICA DE ADENSAMENTO POR VÁCUO EM ATERRO
EXPERIMENTAL SOBRE SOLO MOLE ESTRUTURADO

Leonardo de Oliveira Guerra Deotti

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO INSTITUTO ALBERTO LUIZ


COIMBRA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA DE ENGENHARIA (COPPE) DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS EM
ENGENHARIA CIVIL.

Examinada por:

Prof. Marcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D.

Prof.ª Maria Cascão Ferreira de Almeida, D.Sc.

Prof. Willy Alvarenga Lacerda, D.Sc.

Prof.ª Maria Esther Soares Marques, D.Sc.

Prof. Márcio Muniz de Farias, D.Sc

Prof. Eurípedes do Amaral Vargas Junior, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


DEZEMBRO DE 2015
ii
Deotti, Leonardo de Oliveira Guerra
Modelagem numérica de adensamento por vácuo em
aterro experimental sobre solo mole estruturado/
Leonardo de Oliveira Guerra Deotti. – Rio de Janeiro:
UFRJ/COPPE, 2015.
XXII, 206 p.: il.; 29,7 cm.
Orientadores: Marcio de Souza Soares de Almeida
Maria Cascão Ferreira de Almeida
Tese (doutorado) – UFRJ/ COPPE/ Programa de
Engenharia Civil, 2015.
Referências Bibliográficas: p. 157-164.
1. Carregamento por vácuo. 2. Modelos constitutivos.
3. Solos moles. 4 Análises numéricas. I. Almeida, Marcio
de Souza Soares de, et al. II. Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE, Programa de Engenharia Civil. III.
Título.

iii
Agradecimentos
À minha esposa Renata, pessoa com quem escolhi viver, pelo seu amor,
companheirismo, apoio incondicional e por compreender as dificuldades vividas
durante o período de desenvolvimento da tese. À nossa filha Giovanna que, mesmo
antes de nascer, já trouxe alegria e felicidade para nossa família. À meus pais, irmãos
e parentes pelo simples fato de existirem e serem especiais para mim, pelos
pensamentos positivos e incentivo fundamentais para a conclusão da pesquisa.

Aos Professores e orientadores Maria Cascão e Marcio Almeida, por terem


aceitado a orientação em tempo parcial, pelo grande incentivo durante todo o curso,
por todos os ensinamentos, discussões e troca de experiências. A professora Esther
Marques pelo fornecimento de todo material disponível de sua tese de doutorado, por
seu entusiasmo, disponibilidade e paciência.

Aos professores e técnicos e funcionários da área de Geotecnia COPPE/UFRJ,


pelos conhecimentos transmitidos durante o curso e pelo suporte em todas as
atividades desenvolvidas.

À Eletrobrás por incentivar o desenvolvimento desta pesquisa, aos


companheiros de trabalho, Paulo Fernando, Luciano Varella, Fernando Chagas,
Marcio Pimenta, Jonatan Ross, Daniel Bruno, Tatiana Martins, Daniel Machado, Hugo
Cardeal, Fernanda Miguel, Jair Bianchessi, Marcelo Jaques, J. Milanez, João da Costa
e demais colegas que, de maneira direta ou indireta me incentivaram no
desenvolvimento desta pesquisa.

À CAPES através do programa “Ciência sem Fronteiras” e Universidade de


CHALMERS que tornaram possível o período de intercambio técnico na Suécia. À
Professora Minna Karstunen, por ter aberto as portas de sua universidade e por todos
os conhecimentos compartilhados. Aos Amigos Jorge Carrasco, Edwards Santana,
Matts Olson, obrigado pela amizade e pelas discussões técnicas sempre construtivas.

A todos os alunos dos cursos da área de Geotecnia na COPPE/UFRJ, pelo


companheirismo e trocas de experiências. Em especial agradeço aos amigos, Diego
Fagundes, Iman Hosseinpour, Mario Riccio, Mario Nacinovic, Tatiana Rodrigues,
Pablo Trejo, Carmem Castro, Bruno Lima, Silvana Macedo, Raphaël Sonney.

iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

MODELAGEM NUMÉRICA DE ADENSAMENTO POR VÁCUO EM ATERRO


EXPERIMENTAL SOBRE SOLO MOLE ESTRUTURADO

Leonardo de Oliveira Guerra Deotti

Dezembro /2015

Orientadores: Marcio de Souza Soares de Almeida

Maria Cascão Ferreira de Almeida

Programa: Engenharia Civil

A presente pesquisa teve como finalidade aprofundar o conhecimento dos


mecanismos envolvidos no método do carregamento por vácuo para a melhoria de
solos moles através da comparação de soluções analíticas e numéricas com um caso
real, envolvendo uma argila estruturada canadense (aterro teste Saint-Roch-de-
l'Achigan). Na revisão bibliográfica são apresentadas soluções analíticas, modelos
constitutivos e aspectos relevantes necessários para a realização de cálculos
analíticos e numéricos realistas. Para a execução dos cálculos numéricos foi firmado
um convênio de cooperação COPPE-Plaxis, que teve como resultado a
implementação de uma rotina de cálculo capaz de representar esse tipo de
carregamento. Os resultados obtidos demostraram que a utilização de métodos
analíticos para determinação da ordem de grandeza dos recalques é possível, mesmo
que envolvendo diversas simplificações. As análises numéricas se mostraram capazes
de fornecer resultados mais precisos, desde que todo o processo físico e aspectos
numéricos sejam previamente compreendidos. As análises numéricas desenvolvidas
também apresentaram uma boa representatividade do modelo constitutivo S-CLAY1S
na simulação da argila estruturada do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan e se mostraram
capazes de simular o comportamento tensão – deformação do aterro de maneira
satisfatória.
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

NUMERICAL MODELING OF VACUUM CONSOLIDATION IN AN EMBANKMENT


TEST ON A STRUCTURED SOFT SOIL

Leonardo de Oliveira Guerra Deotti

December/2015

Advisors: Marcio de Souza Soares de Almeida

Maria Cascão Ferreira de Almeida

Department: Civil Engineering

The main objective of the present study is to develop the knowledge of the
mechanisms involved with soft soils improvement using vacuum pre-loading method by
comparison of the analytical and numerical solutions with a full scale case involving a
Canadian structured clay (test embankment of Saint-Roch-of-l'Achigan clay). The
literature review includes analytical solutions, constitutive models, and relevant aspects
necessary for conducting analytical and numerical calculations in a realistic way. To
carry out the numerical calculation, COPPE and Plaxis program development team
worked together in a numerical routine capable to represent the relevant issues of this
type of loading in the Plaxis program. The results showed that the analytical methods
can be used to determine the magnitude of settlement even when involving complex
cases. However, uncertainty the consolidation coefficients (cv) cause significant
differences in the settlement calculations. The numerical analysis has provided more
precise results for the analysis since all physical processes and numerical aspects are
previously understood. The numerical results demonstrated a good capability of the S-
CLAY1S constitutive model for simulation of the stress-strain behavior of the structured
clay of Saint-Roch-de-l'Achigan.
vi
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 1

1.1 RELEVÂNCIA DOS ESTUDOS.................................................................................. 1


1.2 OBJETIVO DOS ESTUDOS...................................................................................... 3
1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS ................................................................................. 4

2 MODELOS ELASTOPLÁSTICOS PARA SOLOS ESTRUTURADOS .................... 7

2.1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7


2.2 MODELOS ELASTOPLÁSTICOS ............................................................................... 7

2.2.1 Funções de comportamento elástico ............................................................ 7


2.2.2 Função de escoamento (F) ........................................................................... 8
2.2.3 Potencial plástico e regra de fluxo ................................................................ 9
2.2.4 Lei de endurecimento e amolecimento ....................................................... 11
2.2.5 Formulação da matriz constitutiva elastoplástica: ...................................... 12
2.3 MODELOS S-CLAY1 E S-CLAY1S ..................................................................... 14
2.3.1 Introdução ................................................................................................... 14
2.3.2 Equações de comportamento elástico: S-CLAY1 e S-CLAY1S ................. 16
2.3.3 Equação da Superfície de Escoamento ...................................................... 17
2.3.4 Estruturação no modelo S-CLAY1S............................................................ 18
2.3.5 Potencial plástico e regra de fluxo .............................................................. 19
2.3.6 Lei de endurecimento/amolecimento (S-CLAY1 e S-CLAY1S) .................. 20
2.4 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS ....................................................................... 22
2.4.1 Determinação do valor inicial de 𝛼0 ............................................................ 23
2.4.2 Determinação do parâmetro 𝛽 .................................................................... 24
2.4.3 Determinação do parâmetro  .................................................................... 24
2.4.4 Determinação do valor inicial de 𝜒0 ............................................................ 25
2.4.5 Determinação dos Parâmetros 𝑎 𝑒 𝑏 ......................................................... 26
2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 26

3 CARREGAMENTO POR VÁCUO NO ADENSAMENTO DE SOLOS MOLES ..... 28

3.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 28


3.2 SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE VÁCUO ................................................................... 29
3.2.1 Sistema de aplicação de vácuo em camada estanque............................... 29
3.2.2 Sistema de aplicação individual de vácuo nos drenos ............................... 30
vii
3.3 PROJETO E CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DO ADENSAMENTO POR VÁCUO ................. 32
3.3.1 Área de tratamento: área de atuação de uma única bomba de sucção ..... 33
3.3.2 Espaçamento entre drenos: ........................................................................ 33
3.3.3 Zona Amolgada ........................................................................................... 33
3.3.4 Diâmetro de influência e diâmetro equivalente dos drenos ........................ 34
3.3.5 Profundidade de cravação ideal para drenos verticais no carregamento por
vácuo. ..................................................................................................................... 35
3.3.6 Estimativa das deformações horizontais..................................................... 38
3.4 DESENVOLVIMENTO DA TEORIA CLÁSSICA DO DRENO VERTICAL ............................ 38
3.5 ANÁLISES NUMÉRICAS NO ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES ............................... 42
3.5.1 Proposta de Indraratna e Redana (1997) ................................................... 42
3.5.2 Proposta de Hird et al. (1992) ..................................................................... 45
3.6 TEORIA DO DRENO VERTICAL PARA CARREGAMENTO POR VÁCUO. ......................... 46
3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 51

4 CASO DE ESTUDO - ATERRO TESTE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN .............. 52

4.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 52


4.2 CARACTERIZAÇÃO DO SÍTIO ................................................................................ 53
4.2.1 Ensaios Oedométricos ................................................................................ 55
4.2.2 Ensaios Triaxiais ......................................................................................... 56
4.3 COMPORTAMENTO VISCOSO E TENSÃO DE SOBREADENSAMENTO ......................... 62
4.4 ATERRO TESTE DE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN ................................................... 66
4.5 INSTRUMENTAÇÃO ............................................................................................. 68
4.6 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO ................................ 70
4.7 RESULTADO DA INSTRUMENTAÇÃO. ..................................................................... 71
4.7.1 Desempenho do sistema de drenos e poro-pressões ................................ 72
4.7.2 Deslocamentos verticais ............................................................................. 74
4.7.3 Deslocamentos horizontais: ........................................................................ 76
4.8 COMENTÁRIOS FINAIS......................................................................................... 76

5 DEFINIÇÃO E VALIDAÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS NAS ANÁLISES


DO ATERRO TESTE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN ............................................................... 77

5.1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 77


5.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS (MODELOS CONSTITUTIVOS) ........................... 78
5.2.1 Crosta argilosa (0 – 2,5 metros).................................................................. 79
5.2.2 Camada argila (2,5 – 10 metros) ................................................................ 80
5.2.3 Camada pouco compressível e permeável: till: .......................................... 81
5.2.4 Areia e pedregulho utilizados no aterro: ..................................................... 82
5.2.5 Tabela resumo com parâmetros e modelos das camadas estudadas. ...... 82

viii
5.3 VALIDAÇÃO DOS PARÂMETROS DO SOLO UTILIZANDO OS MODELOS S-CLAY1S E
MODELO CAM-CLAY MODIFICADO ................................................................................................ 84

5.4 CONVERSÃO DA CÉLULA UNITÁRIA AXISSIMÉTRICA PARA O ESTADO PLANO DE


DEFORMAÇÕES ......................................................................................................................... 91
5.4.1 Avaliação das metodologias ....................................................................... 91
5.4.2 Aplicação da metodologia de Hird et al. (1995) no aterro teste de Saint-
Roch-de-l'Achigan . ............................................................................................................. 96
5.5 COMENTÁRIOS FINAIS:........................................................................................ 98

6 MODELOS NUMÉRICOS, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS ............................................................................................................................ 99

6.1 MODELOS UTILIZADOS NAS ANÁLISES NUMÉRICAS ................................................ 99


6.1.1 Modelos em função do número de camadas. ............................................. 99
6.1.2 Malhas de elementos finitos e condições de fluxo.................................... 101
6.2 ESTADO DE TENSÕES INICIAIS ........................................................................... 105
6.2.1 Poro-pressões ........................................................................................... 106
6.2.2 Tensões efetivas verticais ......................................................................... 107
6.2.3 Tensões de sobreadensamento................................................................ 108
6.3 ETAPAS DE CÁLCULO........................................................................................ 109
6.3.1 Resumo das etapas de cálculo. ................................................................ 117
6.4 CÁLCULOS ANALÍTICOS ..................................................................................... 119
6.4.1 Premissas .................................................................................................. 119
6.4.2 Resultados ................................................................................................ 121
6.5 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS ................................................................................. 124
6.5.1 Deslocamentos verticais ........................................................................... 124
6.5.2 Deslocamentos horizontais ....................................................................... 131
6.5.3 Deformações específicas verticais............................................................ 134
6.5.4 Poro-pressões - modelo B2 ...................................................................... 136
6.5.5 Comportamento tensão deformação......................................................... 141
6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES. .......................................................... 150

7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 151

7.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 151


7.2 CARREGAMENTO POR VÁCUO NO PROGRAMA PLAXIS 2D 2015 ........................... 151
7.3 MODELO S-CLAY1S ....................................................................................... 152
7.4 CÁLCULOS ANALÍTICOS .................................................................................... 153
7.5 ANÁLISES NUMÉRICAS ...................................................................................... 153
7.5.1 Definição do estado de tensões iniciais .................................................... 153
7.5.2 Compatibilização dos recalques da célula unitária axissimétrica para o
estado plano de deformações ........................................................................................... 154
ix
7.5.3 Simulação do carregamento por vácuo através de um carregamento
tradicional equivalente. ...................................................................................................... 154
7.5.4 Resultados dos modelos A1 e A2 ............................................................. 154
7.5.5 Resultados dos modelos B1 e B2 ............................................................. 154
7.6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS: ......................................................... 156

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 157

ANEXO 1 - DERIVADAS DO MODELO S-CLAY1S NO ESPAÇO TRIAXIAL E


DETALHAMENTO DA MATRIZ ELASTOPLÁSTICA.............................................................. 165

ANEXO 2 – GENERALIZAÇÃO DO MODELO S-CLAY1S PARA O ESPAÇO 3D ... 167

ANEXO 3 – “MODELLING OF LABORATORY TESTS ON SAINT-ROCH-DE-


L´ACHIGAN CLAY WITH S-CLAY1S MODEL” ...................................................................... 170

ANEXO 4 - APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA PLAXIS 2D 2015........................... 195

ANEXO 5 – CÁLCULO DO FATOR DE INFLUÊNCIA PARA CARREGAMENTO


TRAPEZOIDAL (POULOS E DAVIS,1974) .............................................................................. 206

x
Lista de Figuras
FIGURA 2-1: SUPERFÍCIE DE ESCOAMENTO E DOMÍNIOS ELÁSTICO, PLÁSTICO E ELASTOPLÁSTICO......... 8
FIGURA 2-2 – DIFERENÇA ENTRE LEI DE FLUXO ASSOCIADA E NÃO ASSOCIADA. ................................. 11
FIGURA 2-3 – EXEMPLO DE COMPORTAMENTO DE MATERIAIS COM ENDURECIMENTO, AMOLECIMENTO E
MATERIAIS PERFEITAMENTE PLÁSTICOS. .................................................................................. 12

FIGURA 2-4 – SUPERFÍCIE DE ESCOAMENTO NO ESPAÇO TRIAXIAL (S-CLAY1 E S-CLAY1S). ........... 17


FIGURA 2-5 – SUPERFÍCIE DE ESCOAMENTO INTRÍNSECA DO MODELO DO S-CLAYS 1S. ................... 19
FIGURA 2-6 – DEFINIÇÃO DA L.A.I. INTRÍNSECA NO PLANO E : LN P´. .................................................. 21
FIGURA 2-7 – MÉTODO DE DETERMINAÇÃO DE Χ0 (KARSTUNEN ET AL., 2008)............................... 25
FIGURA 3-1-ESQUEMA DO CARREGAMENTO POR VÁCUO COM MEMBRANA GEOSSINTÉTICA. (MAGNAN,
1994). .................................................................................................................................. 30
FIGURA 3-2 – ESQUEMA DO CARREGAMENTO POR VÁCUO CPDV – ADAPTADO DE CHAI E CARTER
(2011). ................................................................................................................................. 31
FIGURA 3-3 – CÁLCULO DO DIÂMETRO EQUIVALENTE DOS DRENOS. .................................................. 35
FIGURA 3-4 – DISTRIBUIÇÃO PVAC COM A PROFUNDIDADE PARA UM SOLO PARCIALMENTE PENETRADO
POR DRENOS E COM DE DUPLA DRENAGEM (ADAPTADO DE CHAI E CARTER, 2011) ................ 36

FIGURA 3-5- ESQUEMA DO CILINDRO DE SOLO COM DRENO VERTICAL (HANSBO, 1979). .................. 40
FIGURA 3-6 – CONVERSÃO DA CÉLULA UNITÁRIA AXISSIMÉTRICAS PARA O ESTADO PLANO DE
DEFORMAÇÕES (INDRARATNA E REDANA , 1997). ............................................................. 43

FIGURA 3-7 – CONDIÇÕES DE CONTORNO NA CÉLULA UNITÁRIA PARA CARREGAMENTO DE VÁCUO. ..... 47
FIGURA 4-1 - LOCALIZAÇÃO DO SÍTIO EXPERIMENTAL DE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN (MARQUES,
2001) ................................................................................................................................... 52
FIGURA 4-2 - CARACTERÍSTICAS GEOTÉCNICAS DO DEPÓSITO ARGILOSO - SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
(MARQUES, 2001). ............................................................................................................. 54
FIGURA 4-3 - PERFIL DE PORO-PRESSÃO INICIAL - SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN (MARQUES, 2001).. 54
FIGURA 4-4 - ENSAIOS DE PIEZOCONE PZ1 A PZ4: RESISTÊNCIA DE PONTA E PORO-PRESSÃO EM
FUNÇÃO DA PROFUNDIDADE (MARQUES, 2001). ................................................................... 55

FIGURA 4-5 - CURVAS DE COMPRESSÃO E DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE


VAZIOS - ENSAIO OEDOMÉTRICO 4 (MARQUES, 2001). .......................................................... 56

FIGURA 4-6 - CAMINHOS DE TENSÕES TEMP. 10, 20 E 50ºC - DOMÍNIO NORMALMENTE ADENSADO
(MARQUES, 2001). ................................................................................................................ 58
FIGURA 4-7 - CURVAS DE COMPRESSÃO ISOTRÓPICA, CAMINHOS DE TENSÕES E CURVAS DE TENSÃO-
DEFORMAÇÃO DO ENSAIO CIU2 (MARQUES, 2001)............................................................... 61

FIGURA 4-8 – PERFIL DAS TENSÕES DE SOBREADENSAMENTO OBTIDOS ATRAVÉS DE ENSAIOS


OEDOMÉTRICOS, TRIAXIAIS, ENSAIOS CRS E CURVAS DE COMPRESSÃO IN SITU. (MARQUES

2001). .................................................................................................................................. 62
FIGURA 4-9 - VARIAÇÃO DA TENSÃO DE SOBREADENSAMENTO NORMALIZADA EM FUNÇÃO DA
TEMPERATURA. (MARQUES 2001). ...................................................................................... 64

xi
FIGURA 4-10 - VARIAÇÃO DA TENSÃO DE SOBREADENSAMENTO EM FUNÇÃO DA VELOCIDADE DE
DEFORMAÇÃO VERTICAL - ENSAIOS CRS (ADAPTADO DE MARQUES (2001)). ......................... 64

FIGURA 4-11 VARIAÇÃO DA TENSÃO DE SOBREADENSAMENTO EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA - ENSAIOS


CRS (ADAPTADO DE MARQUES, 2001). ............................................................................... 65
FIGURA 4-12 – PLANTA DA GEOMETRIA E SISTEMA DE APLICAÇÃO DE VÁCUO (MARQUES, 2001). .... 67
FIGURA 4-13 – CORTE REPRESENTATIVO DA GEOMETRIA E DRENOS DO ATERRO A (MARQUES,
2001). .................................................................................................................................. 67
FIGURA 4-14 - PLANTA E CORTE ESQUEMÁTICOS DA INSTRUMENTAÇÃO DO ATERRO A (ADAPTADO DE
MARQUES, 2001). .............................................................................................................. 69
FIGURA 4-15 - VARIAÇÃO DA PORO-PRESSÃO DEVIDO À APLICAÇÃO DO VÁCUO SAINT-ROCH-DE-
L'ACHIGAN, (MARQUES, 2001). ........................................................................................... 72

FIGURA 4-16 – VARIAÇÃO DA SUCÇÃO APLICADA NOS DRENOS X TEMPO (ADAPTADO DE MARQUES,
(2001)) ................................................................................................................................. 73
FIGURA 4-17 – VARIAÇÃO DAS PORO-PRESSÕES REGISTRADAS PELOS PIEZÔMETROS UA4 E UB4 A
UMA PROFUNDIDADE DE 6,8M (MARQUES, 2001) .................................................................. 73

FIGURA 4-18 – PERFIL DA VARIAÇÃO DA PORO-PRESSÃO – ETAPA A6 A ETAPA A9 (MARQUES, 2001)


............................................................................................................................................. 74
FIGURA 4-19 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS MEDIDOS POR NIVELAMENTO TOPOGRÁFICO (MARQUES,
2001) ................................................................................................................................... 75
FIGURA 4-20 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS COM O TEMPO ENTRE 0 E 3,25 M (MARQUE, 2001). .. 75
FIGURA 5-1 – ESQUEMA DAS PROFUNDIDADES DAS AMOSTRAS DOS ENSAIOS DE LABORATÓRIO ......... 79
FIGURA 5-2 – SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E RESULTADOS DE LABORATÓRIO DOS ENSAIOS OED 1 E OED
2 ........................................................................................................................................... 85
FIGURA 5-3 – SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E RESULTADOS DE LABORATÓRIO DOS ENSAIOS OED 9 E OED
4 ........................................................................................................................................... 86
FIGURA 5-4 – SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E RESULTADOS DE LABORATÓRIO DOS ENSAIOS OED 10 E
OED 6. ................................................................................................................................. 87
FIGURA 5-5 – SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E RESULTADOS DE LABORATÓRIO DOS ENSAIOS OED 11 E
OED 8. ................................................................................................................................. 88
FIGURA 5-6 - SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E RESULT. DE LABORATÓRIO CAU4: TRAJETÓRIA DE TENSÕES
(A); Q X Ε1(B); U X Ε1 (C). ......................................................................................................... 89
FIGURA 5-7 – SUPERFÍCIES DE ESCOAMENTO DO MODELO S-CLAY1S DEFINIDAS PARA AS
TEMPERATURAS DE 50, 20 E 10ºC E COMPARAÇÃO COM OS ENSAIOS TRIAXIAS REALIZADOS POR

MARQUES (2001) PARA AS MESMAS TEMPERATURAS (AMOSTRAS A PROFUNDIDADE DE


APROXIMADAMENTE 6 M). ....................................................................................................... 90

FIGURA-5-8 – MODELO HIPOTÉTICO UTILIZADO NA AVALIAÇÃO.......................................................... 92


FIGURA 5-9 – RESULTADOS DOS RECALQUES X TEMPO PARA O PONTO A (0, 0). ................................ 94
FIGURA 5-10 – RESULTADO DAS PORO-PRESSÕES X TEMPO PARA O PONTO B (0,70, -5). .................. 95
FIGURA 6-1 – APRESENTAÇÃO DO MODELO A1 (A) E DO MODELO A2 (B). ........................................ 100

xii
FIGURA 6-2 - MODELO B1 (A); MODELO B2 (B). ............................................................................ 101
FIGURA 6-3 – MODELO A1 - MALHA DE ELEMENTOS FINITOS (A) E CONDIÇÕES DE FLUXO (B). .......... 102
FIGURA 6-4 – MODELO A2 - MALHA DE ELEMENTOS FINITOS (A) E CONDIÇÕES DE FLUXO (B). .......... 103
FIGURA 6-5 – MODELO B1 - MALHA DE ELEMENTOS FINITOS (A) E CONDIÇÕES DE FLUXO (B). ........... 104
FIGURA 6-6 – MODELOS B2 - MALHA DE ELEMENTOS FINITOS (A) E CONDIÇÕES DE FLUXO (B). ........ 105
FIGURA 6-7 – COMPARAÇÃO ENTRE O PERFIL DE PORO-PRESSÕES DE CAMPO, O HIDROSTÁTICO E O
UTILIZADO NOS MODELOS NUMÉRICOS. .................................................................................. 106

FIGURA 6-8 – COMPARAÇÃO ENTRE O PERFIL DE TENSÕES VERTICAIS EFETIVAS DE CAMPO E


SIMULADAS PARA O PERFIL DE PORO-PRESSÕES CORRIGIDO E PARA UM HIDROSTÁTICO. .......... 107

FIGURA 6-9 – VISÃO GERAL DA TELA DE DEFINIÇÃO DAS ETAPAS DE CÁLCULO. ................................ 109
FIGURA 6-10 – CONDIÇÃO INICIAL PARA A GERAÇÃO DO ESTADO DE TENSÕES INICIAIS DOS MODELOS A1
E A2.................................................................................................................................... 110

FIGURA 6-11 – CONDIÇÃO INICIAL PARA A GERAÇÃO DO ESTADO DE TENSÕES INICIAIS DOS MODELOS B1
E B2.................................................................................................................................... 111

FIGURA 6-12 – FASE 1 – ESCAVAÇÃO DE 0,2 M DA CROSTA PARA OS MODELOS: A1 E A2 (A); B1 E B2


(B). ..................................................................................................................................... 111
FIGURA 6-13 – FASE 2 – ATERRO DE 0,3M. MODELOS: A1 E A2 (A); B1 E B2 (B). ........................... 112
FIGURA 6-14 – FASE 4 – INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS NOS MODELOS (A) A1 E (B) A2. ....... 112
FIGURA 6-15 – FASE 4 – INSTALAÇÃO DOS DRENOS VERTICAIS NOS MODELOS: B1 (A) E B2 (B). ...... 113
FIGURA 6-16 – FASE 6 – ATERRO DE 0,3M. MODELOS: A1 E A2 (A) B1 E B2 (B). ............................ 113
FIGURA 6-17 – REPRESENTAÇÃO DA FASE 8 PARA MODELOS: A1 E A2 (A) B1 E B2 (B). .................. 114
FIGURA 6-18 – FASE 10 – INÍCIO DA APLICAÇÃO DO VÁCUO: (A) A1 E A2 (B) A2 E B2. ..................... 114
FIGURA 6-19 – FASE 14 – ATERRO DE 0,7 M: A1 E A2 (A); B1 E B2 (B). ......................................... 115
FIGURA 6-20 – FASE 17 – ATERRO DE 1 M: (A) A1 E A2 (B) B1 E B2. ............................................. 116
FIGURA 6-21 – FASE 21 – DESLIGAMENTO BOMBAS DE VÁCUO: (A) A1 E A2 (B) B1 E B2. ................ 116
FIGURA 6-22 – DEFINIÇÃO DOS VALORES MÁXIMOS MÉDIOS E MÍNIMOS DE CV................................. 121
FIGURA 6-23 – COMPARAÇÃO DOS RECALQUES DE CAMPO COM OS CALCULADOS ANALITICAMENTE
PARA O PONTO A. ................................................................................................................ 123
FIGURA 6-24 – CURVAS DE RECALQUE TRANSLADADAS – CÁLCULO ANALÍTICO X VALORES DE CAMPO
PARA O PONTO A. ................................................................................................................ 124
FIGURA 6-25 - DESLOCAMENTOS VERTICAIS AO FINAL DA FASE 18: A1 (A) E A2 (B). ........................ 126
FIGURA 6-26 - DESLOCAMENTOS VERTICAIS AO FINAL DA FASE 18: B1 (A) E B2 (B). ........................ 126
FIGURA 6-27 – VARIAÇÃO DOS DESLOCAMENTOS VERTICAIS NO PONTO A (0, 0) COM TEMPO. .......... 127
FIGURA 6-28 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS MODELO B1: SEÇÃO HORIZONTAL AO LONGO DA BASE DO
ATERRO (A) E SEÇÃO VERTICAL AO LONGO DO EIXO COM A PROFUNDIDADE (B). ....................... 129

FIGURA 6-29 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS MODELO B2: SEÇÃO HORIZONTAL AO LONGO DA BASE DO
ATERRO (A) E SEÇÃO VERTICAL AO LONGO DO EIXO COM A PROFUNDIDADE (B). ....................... 129

FIGURA 6-30 – DESLOCAMENTOS VERTICAIS NO PONTO B (6,5, 0) NO TEMPO. ................................ 130


FIGURA 6-31 – DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS AO FINAL DA FASE 22: B1 (A), B2 (B). .................... 132

xiii
FIGURA 6-32 - DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS AO FINAL DA FASE 18: B1 (A), B2 (B). ..................... 132
FIGURA 6-33 - DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS NO TEMPO PARA O MODELO B2. ............................. 133
FIGURA 6-34 - DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS VERTICAIS AO FINAL DA FASE 18: (A) B1 E (B) B2. ....... 134
FIGURA 6-35 – DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS VERTICAIS PARA O MODELO B2. ................................. 135
FIGURA 6-36 – PORO-PRESSÕES FINAL DA FASE 18 DE CALCULO: MODELO B1 (A) E MODELO B2 (B).
........................................................................................................................................... 137
FIGURA 6-37 – VARIAÇÃO DAS PORO-PRESSÕES NO TEMPO PARA O PONTO UA1 (2,3; -2,5) (A) E UA2
(1,15; -3,9) (B). ................................................................................................................... 138
FIGURA 6-38 – VARIAÇÃO DAS PORO-PRESSÕES NO TEMPO PARA O PONTO UA3 (0,0; -5,4) (A) E UA4
(0,0; -6,8) (B). ..................................................................................................................... 140
FIGURA 6-39 - CURVA DE COMPRESSÃO DAS CAMADAS 1A (A), 2A (B) E 3A (C): CALCULADAS MODELO
B2 X “IN SUTU” X ENSAIOS OEDOMÉTRICOS A PROFUNDIDADES EQUIVALENTES ........................ 143
FIGURA 6-40 - CAMINHOS DE TENSÕES NO PLANO S' - T: CARREGAMENTO DE UM ATERRO
CONVENCIONAL E POR VÁCUO NO CENTRO DO ATERRO (MARQUES 2001). .............................. 145

FIGURA 6-41 – TRAJETÓRIA DE TENSÕES PARA UM PONTO PRÓXIMO AO CENTRO DO ATERRO E À


PROFUNDIDADE DE APROXIMADAMENTE 2,5 M CALCULADA POR SIMULAÇÕES NUMÉRICAS (MODELO

B2). .................................................................................................................................... 146


FIGURA 6-42 – TRAJETÓRIA DE TENSÕES PARA UM PONTO PRÓXIMO AO CENTRO DO ATERRO E À
PROFUNDIDADE DE APROXIMADAMENTE 4,5 M CALCULADA POR SIMULAÇÕES NUMÉRICAS (MODELO

B2). .................................................................................................................................... 147


FIGURA 6-43 – TRAJETÓRIA DE TENSÕES PARA UM PONTO PRÓXIMO AO CENTRO DO ATERRO E À
PROFUNDIDADE DE APROXIMADAMENTE 6,5 M CALCULADA POR SIMULAÇÕES NUMÉRICAS (MODELO

B2). .................................................................................................................................... 147


FIGURA 6-44 –MODELO B2 -TRAJETÓRIA DE TENSÕES PARA PONTOS ABAIXO DA BORDA DO ATERRO ÀS
PROFUNDIDADES DE: -2,52 M (A); -4,52M (B); -6,82M (C). ...................................................... 149

FIGURA A4-0-1 (A) E (B) – APRESENTAÇÃO TELA DE CRIAÇÃO DE UM NOVO MODELO. ...................... 196
FIGURA A4-0-2 – APRESENTAÇÃO DAS TELAS DE CRIAÇÃO DE MATÉRIAS (A) E DEFINIÇÃO DA
ESTRATIGRAFIA DO PROBLEMA (B). ....................................................................................... 197
FIGURA A4-0-3 – APRESENTAÇÃO DA TELA DE DEFINIÇÃO DA GEOMETRIA DO PROBLEMA. ............... 197
FIGURA A4-0-4 – APRESENTAÇÃO DA TELA DE GERAÇÃO DA MALHA E EXEMPLO DE UMA MALHA
GERADA. ............................................................................................................................. 198
FIGURA A4-0-5 – APRESENTAÇÃO DA TELA DE DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO
RELACIONADAS AO FLUXO..................................................................................................... 199

FIGURA A4-0-6 – APRESENTAÇÃO DA JANELA DE CRIAÇÃO E DEFINIÇÃO DAS PROPRIEDADES DE CADA


ETAPA DE CÁLCULO. ............................................................................................................. 200

FIGURA A4-0-7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS – PLAXIS 2D 2015........................................ 201


FIGURA A4-0-8 – CURVA CARACTERÍSTICA TÍPICA INDICANDO O GRAU DE SATURAÇÃO RESIDUAL. .... 202
FIGURA A5-0-1 - RECALQUES POR ADENSAMENTO IMEDIATO: (A) ESQUEMA DE DESLOCAMENTOS
VERTICAIS; (B) VARIÁVEIS USADAS PARA O CÁLCULO DAS CARGAS VERTICAIS UTILIZADAS PARA O

xiv
CÁLCULO DOS RECALQUES; (C) FATOR DE INFLUÊNCIA I PARA CARREGAMENTO TRAPEZOIDAL

(POULOS; DAVIS,1974). .................................................................................................. 206

xv
Lista de Tabelas
TABELA 1-1- MÉTODOS CONSTRUTIVOS DE ATERROS SOBRE SOLOS MOLES. ....................................... 2
TABELA 4-1 - RESUMO DOS ENSAIOS OEDOMÉTRICOS (MARQUES, 2001) ...................................... 57
TABELA 4-2 - ENSAIOS TRIAXIAIS DE COMPRESSÃO ISOTRÓPICA , CIU (MARQUES, 2001) . ............ 57
TABELA 4-3 - RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS CAU (VAR. TEMP.) (MARQUES,
2001). .................................................................................................................................. 59
TABELA 4-4 - RESUMO DOS RESULTADOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS CIU (VAR. TEMP.) (MARQUES,
2001). .................................................................................................................................. 60
TABELA 4-5 – PROFUNDIDADE DE INSTALAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DO ATERRO TESTE A. (MARQUES,
2001) ................................................................................................................................... 68
TABELA 4-6 – CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO ATERRO A (ADAPTADO DE
MARQUES (2001) ............................................................................................................... 71
TABELA 5-1 PARÂMETROS UTILIZADOS PARA A CROSTA ARGILOSA. ................................................... 80
TABELA 5-2 – PARÂMETROS DEFINIDOS PARA A CAMADA DE ARGILA. ................................................ 81
TABELA 5-3 - PARÂMETROS UTILIZADOS PARA O TILL. ...................................................................... 82
TABELA 5-4 - PARÂMETROS DO MODELO MOHR-COLOUMB UTILIZADOS PARA A AREIA E O PEDREGULHO.
............................................................................................................................................. 82
TABELA 5-5 – RESUMO DOS MODELOS CONSTITUTIVOS E PARÂMETROS DEFINIDOS PARA AS CAMADAS E
SOLOS. .................................................................................................................................. 83

TABELA 5-6 – DADOS DE ENTRADA DO MODELO GEOMÉTRICO E DADOS DO COEFICIENTE DE


PERMEABILIDADE. .................................................................................................................. 93

TABELA 5-7 – COEFICIENTES DE PERMEABILIDADE CORRIGIDOS PARA ANÁLISES DO ESTADO PLANO DE


DEFORMAÇÕES. ..................................................................................................................... 97

TABELA 6-1 – VALORES CORRIGIDOS DE OCR, KO E Σ´P UTILIZADOS NAS ANÁLISES NUMÉRICAS. ...... 109
TABELA 6-2 – CARACTERÍSTICAS DAS FASES E CÁLCULO. .............................................................. 118
TABELA 6-3 – COEFICIENTES DE ADENSAMENTO CALCULADOS POR MARQUES (2001).................. 120
TABELA 6-4 – RECALQUES CALCULADOS PELO MÉTODO ANALÍTICO. ............................................... 122

xvi
Lista de Símbolos
Capítulo 02

𝐹({𝜎´}, {𝒉}) - Equação da superfície de escoamento.

{𝒉} - vetor dos parâmetros de estado relacionado ao endurecimento e


amolecimento.

𝝈′ 𝟏 +𝝈′ 𝟐 +𝝈′ 𝟑 )
p´- tensão normal média efetiva = .
𝟑

√(σ´1 − σ´2 )2 + (σ´2 − σ´3 )2 + (σ´1 − σ´3 )2 .


q - tensão cisalhante –
√2

p´0 - parâmetro típico de endurecimento utilizado em modelos constitutivos.

𝑔({𝜎´}, {𝒎}) - Equação do potencial plástico.

{𝒎} – vetor dos parâmetros de estado relacionados ao potencial plástico.

{∆𝜀 𝑝 } - representa os incrementos de deformação plástica.

𝛬 - Escalar. Controla a magnitude das deformações plásticas e está


diretamente relacionado com as leis de endurecimento/amolecimento, conforme será
apresentado posteriormente.

[𝑫𝑒𝑝 ] - matriz constitutiva elastoplástica.

[𝑫𝑒 ] - matriz constitutiva elástica

{∆𝜀 𝑒 } - incrementos de deformação elástica.

{∆𝜀 } - incrementos de deformação totais.

{∆𝜀 𝑝 } - incrementos de deformação plástica.

dεp´e – incremento de deformações elásticas volumétricas.

dεqe - incremento de deformações elásticas cisalhantes.

κ - inclinação da reta de descompressão no plano e x ln p´.

𝑣 - volume específico.

λ - inclinação da l.a.i. e l.e.c. no plano e : ln p´.

xvii
𝜆𝑖 - l.a.i. intrínseca para solos remoldados no plano e: ln p´.

G´ - módulo cisalhante elástico.

M - inclinação da l.e.c. no plano p´x q.

p´m - define o tamanho da superfície de escoamento.

α - define a inclinação da superfície de escoamento.

η - q / p´.

β – parâmetro do modelo S-CLAY1S que controla a influência relativa das


deformações volumétricas e cisalhantes plásticas na determinação do valor
instantâneo de α.

μ – parâmetro do modelo S-CLAY1S que controla a taxa de variação absoluta


de α em tono de seu valor atual.

〈 〉 - Colchetes de Macaulay: sendo 〈𝐗〉, caso X ≥ 0, 〈𝐗〉 = X; e caso X < 0, 〈𝐗〉


= 0.

“a” e “b” - Parâmetro do modelo S-CLAY1S que são constantes do solo que
controlam a taxa de degradação da estruturação.

ϕ´ - ângulo de atrito efetivo.

Ko - coeficientes de empuxo no repouso.

𝜒0 - parâmetro do modelo S-CLAY1S que controla a estruturação inicial do


solo.

St - sensibilidade medida através do ensaio de cone sueco.

Pvac - pressão de vácuo aplicada nos drenos.

𝛾𝑤 - peso específico da água.

𝑘𝑎𝑟 - coeficiente de permeabilidade do fluxo de ar pela camada selante.

A - a área de tratamento.

Qa- capacidade da bomba a vácuo.

xviii
𝑘ℎ𝑝 - condutividade hidráulica horizontal do solo no estado plano de
deformações

𝑘´ℎ𝑝 - condutividade hidráulica horizontal do solo amolgado no estado plano de


deformações

ch - coeficiente de adensamento horizontal

cv - coeficiente de adensamento vertical.

t – tempo.

Th - fator tempo.

s - ds/dw.

n - de/dw .

kh - coeficiente permeabilidade horizontal.

k’h - coeficiente permeabilidade na zona amolgada.

z – profundidade.

qw - capacidade de descarga do dreno.

𝑢̅0 − poro-pressão inicial.

𝑢̅ − poro-pressão no tempo t.

𝑇ℎ𝑝 - Fator tempo no estado plano de deformações.

Qw e qw - capacidades de descarga dos drenos para o estado plano de


deformações e para condições axissimétricas, respectivamente.

u e u´ - poro-pressões na zona natural e zona amolgada, respectivamente.

z - profundidade em relação à superfície do solo.

rw, rs e re – representa, respectivamente, o raio equivalente dos drenos, raio da


região amolgada e raio da célula unitária (raio da área de influência do dreno).

εv - deformação específica vertical

γw - peso específico da água


xix
Kw - condutividade hidráulica do PVD.

n= re / rw.

zc - profundidade na qual não ocorre nenhum deslocamento lateral.

Capítulo 03

𝐻𝑠 - espessura entre os pontos de aplicação do vácuo e o topo da camada


impermeável.

𝑃𝑣𝑎𝑐 - pressão de vácuo aplicada nos drenos.

𝛾𝑤 - peso específico da água.

𝑄𝑎 – capacidade da bomba a vácuo.

𝑘𝑎𝑟 - coeficiente de permeabilidade do fluxo de ar pela camada selante.

𝐴 - área de tratamento.

de – diâmetro de influência dos drenos.

𝑑𝑤 - diâmetro equivalente dos drenos.

𝑘𝑣 - condutividade hidráulica vertical.

kh - condutividade hidráulica horizontal.

𝑐𝑣 - coeficiente de adensamento vertical.

𝑐ℎ - coeficiente de adensamento horizontal.

̅ - Percentual de adensamento.
𝑈

𝑇ℎ – fator tempo para drenagem horizontal.

𝑡 – tempo.

e - índice de vazios.

av - módulo de compressibilidade vertical (-Δe/σv).

𝛾𝑤 - peso específico da água.


xx
s - ds/dw.

n - de/dw.

z – profundidade.

qw - capacidade de descarga do dreno.

𝑢̅ - poro-pressão no tempo t.

𝑇ℎ𝑝 - fator tempo no estado plano de deformações.

qw - capacidade de descarga dos drenos para o estado plano de deformações.

qw - capacidade de descarga dos drenos para condições axissimétricas.

u – poro-pressões na zona natural.

u´- poro-pressões na zona amolgada.

z - profundidade em relação à superfície do solo.

rw, rs e re - representam, respectivamente, o raio equivalente dos drenos, raio da


região amolgada e raio da célula unitária (raio da área de influência do dreno).

εv - deformação específica vertical.

rs - raio da zona amolgada.

γw - peso específico da água.

kw - condutividade hidráulica do PVD.

Capítulo 05

de - diâmetro de influência do dreno.

dw - diâmetro do dreno.

dm - diâmetro equivalente do mandril.

ds - diâmetro da região amolgada.5

xxi
Kh - valores dos coeficientes de permeabilidade definido pelos ensaios de
laboratório para a direção horizontal.

Kh ps - coeficiente de permeabilidade corrigidos, para a região sob influência de


drenos verticais, utilizado durante as análises em estado plano de deformações.

Capítulo 06

σ´vo – tensão efetiva inicial.

Ko - coeficiente de empuxo no repouso

xxii
1 INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DOS ESTUDOS


A expansão dos centros urbanos e a crescente demanda por obras de
infraestrutura em regiões onde existem depósitos de solos moles tem promovido um
avanço das técnicas de melhoramento de solos. A construção nesses tipos de terreno
pode, muitas vezes, representar um desafio para o engenheiro, uma vez que nem
sempre a remoção desses solos é econômica ou tecnicamente viável, fato que tem
impulsionado o avanço das técnicas de melhoramento de solos.

A escolha da técnica de melhoramento a ser adotada está associada a


diversas questões, entre elas: as características geotécnicas dos depósitos; o tipo de
utilização da área; a vizinhança; os prazos construtivos e os custos envolvidos
(ALMEIDA e MARQUES, 2010).

Diversos métodos de melhoramento podem, atualmente, ser utilizados para


evitar comportamentos indesejados durante a construção ou durante a vida útil do
empreendimento. Para tanto, alguns métodos de melhoramento contemplam o
controle dos recalques, outros o controle da estabilidade, embora a maioria dos
métodos adotados, na prática, contemplem as duas questões. Maiores detalhes sobre
a experiência brasileira na utilização dos métodos de melhoramento de solos moles
podem ser encontrados em ALMEIDA et al. (2010).

A Tabela 1-1 apresenta os principais métodos construtivos de aterros sobre


solos moles.

A aplicação de sobrecarga temporária pela utilização de aterros pode ser


considerada um dos métodos mais práticos. Contudo, a sua utilização em perfis de
solo com espessas camadas de solo mole e com baixa permeabilidade pode
demandar muito tempo para que se obtenham os resultados desejados. Além disso,
fatores de segurança baixos podem ser atingidos durante carregamentos rápidos,
devido aos deslocamentos horizontais induzidos (ALMEIDA, 1996).

A construção em etapas ou a utilização de bermas de equilíbrio, quando


possíveis, são soluções que podem ser adotadas para aumentar o fator de segurança
relativo à estabilidade em condições não drenadas.

1
Tabela 1-1- Métodos construtivos de aterros sobre solos moles.

Método construtivo Controle por Controle de


estabilidade recalques
Aterro reforçado X
Bermas laterais e reforço X
Construção em etapas X
Redução da altura do aterro X X
Aterros leves X X
Colunas de brita convencionais e encamisadas X X
Coluna de solo estabilizado X
Aterro sobre estacas X X
Substituição parcial ou total de solo X X
Drenos verticais de areia ou geodrenos X
Carregamento por vácuo X X

A técnica de aterros leves busca a utilização de materiais com baixa densidade


em substituição do solo no corpo do aterro, o que reduz a magnitude dos recalques.
Essa técnica tem como vantagem adicional a melhoria das condições de estabilidade,
permitindo uma rápida implantação da obra, além de proporcionar uma redução dos
recalques diferenciais (ALMEIDA e MARQUES, 2010).

Sistemas de drenos verticais com carregamentos temporários (aterros) são


frequentemente utilizados para acelerar o processo de adensamento. Esses sistemas
alteram o processo de adensamento, uma vez que alteram o sentido do fluxo do
líquido intersticial, de predominantemente vertical para uma condição
predominantemente horizontal (radial em direção aos drenos). O desempenho de
diferentes tipos de drenos verticais, incluindo drenos de areia e drenos verticais pré-
fabricados (PVDs), tem sido estudado por vários autores (RICHART, 1957;
INDRARATINA et al., 1999; INDRARATINA E SATHANANTHAN, 2003). A utilização de
PVDs tornou-se um método econômico e uma opção viável devido à sua rápida e
simples instalação em campo (HOLTZ et al., 2001).

O carregamento de solos argilosos por vácuo foi inicialmente proposto por


KJELLMAN (1952), visando a melhoria de solos de fundação e é descrito em particular
por COGNON (1991), COGNON et al. (1994), JACOB et al. (1994), MAGNAN (1994) e
mais recentemente CHAI (2011). A escassez de material adequado para a construção
do aterro de sobrecarga, o relativo baixo custo da energia elétrica em determinadas
áreas, assim como a minimização do acréscimo de tensões horizontais nas estruturas
vizinhas tornam o carregamento por vácuo, aplicado em conjunto com sistema de
drenos verticais, uma solução interessante, principalmente quando usada com a
2
intenção de conseguir maior rapidez do processo de adensamento e redução da altura
do aterro de sobrecarga. (KJELLMAN, 1952; QIAN et al., 1992; CHU et al., 2000;
ERIKSSON et al., 2000; GAO, 2004).

A crescente utilização de métodos de estabilização de solos moles justifica o


desenvolvimento de novas técnicas e o aprimoramento das técnicas existentes, o que
torna fundamental o conhecimento dos processos e mecanismos nelas envolvidos. As
simulações dos mesmos através de métodos analíticos e numéricos constituem
importante ferramenta de apoio a estas pesquisas.

1.2 OBJETIVO DOS ESTUDOS


A linha de pesquisa relacionada a obras de terra, ou, mais especificamente, a de
solos moles, é uma das mais tradicionais do Programa de Engenharia Civil da
COPPE/URFJ, que é considerado referência mundial sobre o tema. Dentro deste
contexto, esta Tese de Doutorado visa aprofundar o conhecimento dos mecanismos
envolvidos na melhoria de solos moles pelo método de carregamento por vácuo em
conjunto com sistemas de drenos verticais. Avalia também, com base em observações
do comportamento de um aterro teste, a capacidade que métodos numéricos e
cálculos analíticos têm de prever o comportamento dos solos tratados.

Esta pesquisa dá continuidade aos estudos desenvolvidos por MARQUES


(2001) que, entre outras questões, executou e analisou o comportamento de campo de
aterro teste envolvendo carregamento por vácuo em Saint-Roch-de-l'Achigan, no
Canadá. A partir de uma ampla revisão bibliográfica inicial, aspectos teóricos e
práticos necessários para a compreensão do carregamento por vácuo, são
apresentados. O comportamento observado em campo foi ainda comparado aos
resultados de cálculos analíticos e simulações numéricas apresentadas no decorrer
dos capítulos.

As especificidades do aterro teste de Saint-Roch-de-l'Achigan envolviam três


grandes desafios. O primeiro relacionava-se à seleção de uma ferramenta numérica
capaz de realizar análises envolvendo o carregamento por vácuo e de representar, de
maneira realista, as condições de campo; o segundo, a utilização de um modelo
constitutivo capaz de simular o comportamento estruturado da argila da região; e, o
terceiro, compatibilizar as duas primeiras questões.

3
Para vencer tais desafios, após uma vasta revisão das ferramentas disponíveis,
foram selecionados o programa Plaxis e o modelo constitutivo S-CLAY1S para a
simulação do caso proposto.

Objetivos mais específicos do presente estudo incluem:

 Definir e validar uma metodologia para simulação do carregamento por


vácuo utilizando o programa Plaxis;
 Compreender as metodologias de determinação dos parâmetros e a
devida validação do modelo S-CLAY1S na simulação da argila
estruturada do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan;
 Identificar na literatura existente, métodos analíticos para a previsão dos
recalques relacionados ao carregamento por vácuo e avaliar a
capacidade dos mesmos em representar o comportamento do aterro
teste de Saint-Roch-de-l'Achigan;
 Comparar os resultados obtidos em campo com as previsões dos
cálculos analíticos e as simulações numéricas;
 Obter, através de análises numéricas, informações adicionais às obtidas
pela instrumentação de campo que possam auxiliar na compreensão do
carregamento por vácuo em solos estruturados.

Apesar de ser um conhecimento fundamental para a compreensão da


metodologia adotada neste estudo, a apresentação do Método de Elementos Finitos
(M.E.F.) e sua aplicação à Teoria dos Estados Críticos foge do escopo deste
documento, podendo ser encontrada em BRITTO e GUNN (1987).
Da mesma forma, descrições dos modelos constitutivos capazes de
representar o comportamento estruturado de argilas podem ser encontradas em
BAUDET e STALLEBRASS (2004), GONZÁLEZ et al. (2011), LEONI et al., (2008),
entre outros.

1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

Os capítulos estão distribuídos de forma a apresentar os temas relevantes para


que uma análise abrangente do aterro teste de Saint-Roch-de-l'Achigan pudesse ser
realizada. Cada capítulo abordará temas conforme descrito abaixo:

Capítulo 2: É apresentada uma revisão bibliográfica envolvendo a teoria geral


dos modelos constitutivos elastoplásticos. Além disso, é exposto o modelo S-CLAY1S
4
(modelo este capaz de representar o comportamento de argilas anisotrópicas e
estruturadas) e as metodologias existentes para a determinação de seus parâmetros.

Capítulo 3: Neste capítulo, são abordados tópicos fundamentais necessários


para uma boa compreensão dos processos envolvidos durante o carregamento por
vácuo no melhoramento de solos moles, evidenciando o estado da arte sobre o tema.

Capítulo 4: São apresentados os aspectos relevantes envolvendo o aterro


teste Saint-Roch-de-l'Achigan e suas características específicas, tais como: os ensaios
de campo e de laboratório; as características do solo de fundação; a instrumentação
utilizada; as etapas de carregamento e o cronograma de atividades desenvolvidas em
campo por MARQUES (2001).

Capítulo 5: Utilizando as informações apresentadas anteriormente, nesse


capítulo, é apresentada a determinação e validação dos parâmetros necessários para
a execução dos cálculos analíticos e simulações numéricas apresentados no Capítulo
6.

Capítulo 6: São apresentados os cálculos numéricos e modelos numéricos


desenvolvidos para o teste Saint-Roch-de-l'Achigan. Os resultados obtidos são
comparados com os dados da instrumentação de campo.

Capítulo 7: São apresentadas as principais conclusões e sugestões para


pesquisas e temas futuros.

Anexo 1 - São apresentadas as derivativas do modelo S-CLAY1S no espaço


triaxial e detalhamento da matriz elastoplástica.

Anexo 2 – É exibida a Generalização do modelo S-CLAY1S para o espaço 3D.

Anexo 3 –“Modelling of laboratory tests on Saint-Roch-de-l´Achigan clay with S-


CLAY1S model”, no qual é feita uma análise de sensibilidade que compara a variação
de determinados parâmetros ou grupos de parâmetros com as variações apresentadas
em curvas típicas dos resultados de ensaios oedométricos e triaxiais.

Anexo 4 - Apresentação do Programa Plaxis 2D 2015. São expostos, de


maneira breve, aspectos relevantes da sub-rotina do programa numérico utilizado,
suas características e forma de utilização (no caso específico do carregamento por
vácuo).

5
Anexo 5 – Apresenta a tabela para o cálculo de influência de carregamento
trapezoidal proposto por POULOS e DAVIS (1974).

6
2 MODELOS ELASTOPLÁSTICOS PARA SOLOS
ESTRUTURADOS

2.1 INTRODUÇÃO
A estruturação existente na argila onde foi construído o aterro teste de Saint-
Roch-de-l'Achigan (MARQUES, 2001) fez com que se buscasse a utilização de
modelos constitutivos capazes de representar estas importantes características do
solo durante as simulações numéricas.

Os conceitos básicos de plasticidade são apresentados de maneira objetiva em


POTTS e ZDRAVKOVIC (1999). Neste capítulo serão abordados conceitos
necessários para a formulação de modelos constitutivos elastoplásticos, incluindo a
formulação adotada no desenvolvimento destes modelos e as equações necessárias
para a construção da matriz elastoplástica.

2.2 MODELOS ELASTOPLÁSTICOS


Para a utilização de um modelo elastoplástico é necessária a definição de:
funções de comportamento elástico; uma função de escoamento (F); uma função de
potencial plástico (g) e regras de fluxo; e, por fim, funções de endurecimento ou
amolecimento (h). Todos os conceitos envolvidos para a definição destas funções,
assim como as funções propriamente ditas são apresentados nos próximos tópicos.

2.2.1 FUNÇÕES DE COMPORTAMENTO ELÁSTICO

De maneira geral, a matriz constitutiva que relaciona tensão e deformação


assume a seguinte forma:

{𝛥𝜎´} = [𝑫𝑒 ] {𝛥ε}

Equação 2-1

Alguns modelos constitutivos elastoplásticos podem assumir a parte elástica do


comportamento de solo como sendo isotrópico, anisotrópico, linear ou até não linear
com parâmetros que dependem do estado de tensões aplicado ao solo. Dessa forma,
uma abordagem mais específica sobre o assunto será feita durante a apresentação do
modelo constitutivo utilizado na tese.

7
2.2.2 FUNÇÃO DE ESCOAMENTO (F)

Esta função separa as regiões cuja variação do estado de tensão relaciona-se


a um comportamento puramente elástico das regiões de comportamento
elastoplástico. De forma geral, essa função descreve uma superfície que está
relacionada ao estado de tensões efetivas do solo, {𝜎´}, seu tamanho também pode
variar segundo as equações de endurecimento/amolecimento {𝒉} (vetor dos
parâmetros de estado) descritas a seguir, sendo definida por:

𝐹({𝜎´}, {𝒉}) = 0

Equação 2-2

Para um comportamento perfeitamente plástico, {𝒉} é definida como uma


constante que representa a magnitude das tensões durante o escoamento. Para
comportamentos plásticos que envolvam endurecimento ou amolecimento {𝒉} altera-
se à medida que as deformações plásticas acontecem, representando a variação da
magnitude do estado de tensões durante o processo de escoamento.

A função de escoamento 𝐹 é usada para identificar o tipo de comportamento do


material. Comportamentos puramente elásticos ocorrem quando 𝐹({𝜎´}, {𝒉}) < 0, e
comportamentos plásticos ou elastoplásticos ocorrem para 𝐹({𝜎´}, {𝒉})= 0, sendo
𝐹({𝜎´}, {𝒉})> 0 uma situação impossível (Figura 2-1). Dessa forma, observa-se que
qualquer estado de tensões existente ou está dentro da superfície de escoamento ou
está na superfície de escoamento e, neste caso, qualquer incremento de tensões
provoca uma expansão ou contração da superfície de escoamento ditado pelas
equações de endurecimento e amolecimento.

𝐹({𝜎´}, {𝒉})

Figura 2-1: Superfície de escoamento e domínios elástico, plástico e elastoplástico.

8
Usualmente a equação da superfície de escoamento é representada através
das tensões principais. Para problemas geotécnicos, contudo, p´e q são usualmente
utilizados para representar os estado de tensões (WOOD, 1990; ATKINSON e
BRANSBY, 1978) e determinar a equação de escoamento.

𝐹(𝑝´, 𝑞, 𝑝´0 ) = 0

Equação 2-3

sendo:

p´0 = parâmetro típico de endurecimento utilizado em modelos constitutivos


geotécnicos; p´=(σ´1 +2 σ´3)/3 e q = (σ´1 - σ´3) para a condição simplificada do ensaio
triaxial (WOOD, 1990; ATKINSON e BRANSBY, 1978; SCHOFIELD e WROTH, 1968)

2.2.3 POTENCIAL PLÁSTICO E REGRA DE FLUXO

Para casos uniaxiais é implicitamente assumido que as deformações plásticas


ocorrem na mesma direção em que as tensões são impostas. Contudo, para situações
multiaxiais (2D ou 3D), é necessário que hipóteses sejam assumidas sobre a direção e
magnitude das deformações plásticas. Assim, faz-se necessária a definição de uma
equação do potencial plástico (g), a qual fornece a direção das deformações plásticas:

𝑔({𝜎´}, {𝒎}) = 0

Equação 2-4

Ou no espaço triaxial:

𝑔(𝑝´, 𝑞, 𝑚) = 0

Equação 2-5

sendo {𝒎} o vetor dos parâmetros de estado que controla o tamanho da superfície de
potencial plástico.

Além disso, ainda é necessária a definição de uma lei de fluxo, que tem grande
importância na elaboração dos modelos constitutivos, uma vez que influencia de
maneira significativa as variações de volume e os esforços. A lei de fluxo pode ser
apresentada conforme a equação abaixo:

9
𝜕𝑔({𝜎´},{𝒎})
{∆𝜀 𝑝 } = 𝛬
𝜕𝜎´𝑖

Equação 2-6

sendo:

{∆𝜀 𝑝 } : Representa os incrementos de deformação plástica;

𝛬 : Escalar. Controla a magnitude das deformações plásticas e está diretamente


relacionado com as leis de endurecimento/amolecimento, conforme será
apresentado posteriormente;

𝜕𝑔({𝜎´},{𝒎})
: Controla a “direção” das deformações plásticas. O vetor de deformações
𝜕𝜎´𝑖

plásticas é normal à superfície g;

Para o espaço triaxial, chega-se em:

𝑝 𝜕𝑔 𝑝 𝜕𝑔
𝑑𝜀𝑝´ = 𝑑𝛬 , 𝑑𝜀𝑞 = 𝑑𝛬
𝜕𝑝´ 𝜕𝑞

Equação 2-7

De maneira geral as equações de fluxo e de escoamento são funções


diferentes (lei de fluxo não associada à Figura 2-2 b). Evidências experimentais, como
por exemplo, em (GRAHAM et al. 1983; WHEELER et al. 2003), sustentam a ideia de
que a adoção de uma lei de fluxo associada (quando se admite que as funções de
escoamento (F) sejam iguais à função do potencial plástico (g) - Figura 2-2 a) pode ser
considerada como razoável para análises em argilas naturais, quando utilizadas junto
com superfícies de escoamento inclinadas em relação a linha de comportamento
isotrópico. Contudo, autores como (WHITTLE and KAVVADAS 1994) defendem a
utilização de lei de fluxo não associada.

10
Figura 2-2 – Diferença entre lei de fluxo associada e não associada.

A utilização de uma lei de fluxo associada ou não associada, além das


questões citadas acima, também impacta numericamente, tanto no que tange ao
volume de informações armazenadas quanto no que diz respeito ao tempo de cálculo.
Caso a lei de fluxo seja associada, tanto a matriz constitutiva quanto a matriz de
rigidez apresentam simetria, fato que não ocorre quando da utilização de uma lei de
fluxo não associada, o que torna mais complexa a formulação.

2.2.4 LEI DE ENDURECIMENTO E AMOLECIMENTO

As leis de endurecimento e amolecimento determinam a variação do parâmetro


de estado {𝒉} com a evolução das deformações plásticas. Isto permite a quantificação
do escalar 𝛬 (Equação 2-6).

Em materiais perfeitamente plásticos, nenhum endurecimento ou amolecimento


ocorrem, desta forma, o parâmetro de estado {𝒉} é constante, consequentemente
nenhuma lei de endurecimento/amolecimento é necessária, tornando nesse caso o
escalar 𝛬 (Equação 2-6) indefinido. Isso ocorre pelo fato de que, uma vez atingido e
mantido o estado de tensões necessário para o escoamento, não é preciso uma
variação deste estado para que o material continue tendo deformações plásticas
indefinidamente. A determinação de 𝛬 para os demais casos é apresentada no item
2.2.5.

A Figura 2-3 apresenta um exemplo de comportamento de materiais com


comportamento de endurecimento, amolecimento e perfeitamente plásticos.

11
Figura 2-3 – Exemplo de comportamento de materiais com endurecimento, amolecimento e materiais
perfeitamente plásticos.

2.2.5 FORMULAÇÃO DA MATRIZ CONSTITUTIVA ELASTOPLÁSTICA:

Uma vez definidos todos os itens necessários - equações de comportamento


elástico; função de escoamento; uma função de potencial plástico e uma regra de fluxo
e as funções de endurecimento ou amolecimento - para a elaboração de uma matriz
constitutiva elastoplástica, é indispensável agora que sejam obtidas relações entre
tensões incrementais e deformações incrementais no formato da Equação 2-8:

{𝛥𝜎´} = [𝑫𝑒𝑝 ] {𝛥𝜀}

Equação 2-8

sendo [𝑫𝑒𝑝 ] é a matriz constitutiva elastoplástica.

Para tanto, precisamos inicialmente postular que o incremento de deformações


totais é igual à soma dos incrementos de deformações elásticas e plásticas (Equação
2-9) e que os incrementos de deformações elásticas podem ser correlacionados com
os incrementos de tensões através de uma matriz constitutiva elástica conforme a
Equação 2-10.

{∆𝜀 } = {∆𝜀 𝑝 } + {∆𝜀 𝑒 }

Equação 2-9

12
{∆𝜎´} = [𝑫𝑒 ] {∆𝜀 𝑒 }

Equação 2-10

Agora, substituindo Equação 2-9 na Equação 2-10:

{∆𝜎´} = [𝐷𝑒 ] ({∆𝜀} − {∆𝜀 𝑝 })

Equação 2-11

As deformações plásticas incrementais estão relacionadas com a equação do


potencial plástico através da lei de fluxo expressa na Equação 2-6. Assim, substituindo
Equação 2-6 na Equação 2-11, tem-se:

𝜕𝑔
{∆𝜎´} = [𝑫𝑒 ]{∆𝜀 } − 𝛬 [𝑫𝑒 ] { }
𝜕𝜎´𝑖

Equação 2-12

A condição para o escoamento é definida na Equação 2-2 (ponto do estado de


tensões que toca a superfície de escoamento) quando:

𝐹({𝜎´}, {𝒉}) = 0

Equação 2-13

Admite-se que durante o escoamento plástico o estado de tensões deva


sempre se manter na superfície de escoamento, assim:

𝑑𝐹({𝜎´}, {𝒉}) = 0

Equação 2-14

A Equação 2-14 pode também ser expressa, utilizando a regra da cadeia, por:

𝜕𝐹 𝑇 𝜕𝐹 𝑇
𝑑𝐹({𝜎´}, {𝒉}) = { { }
} ∆𝜎´ + { } {∆𝒉} = 0
𝜕𝜎𝑖 ´ 𝜕ℎ

Equação 2-15

A Equação 2-15 é usualmente chamada de equação da consistência.


Substituindo agora a Equação 2-12 na Equação 2-15, tem-se:

13
𝜕𝐹 𝑇
{ } [𝑫𝑒 ]{∆𝜀 }
𝜕𝜎𝑖 ´
𝛬=
𝜕𝐹 𝑇 𝜕𝑔
{ } [𝑫𝑒 ] { }+𝐻
𝜕𝜎𝑖 ´ 𝜕𝜎´𝑖

Equação 2-16

sendo:

1 𝜕𝐹 𝑇
𝐻 = − { } {∆𝒉}
𝛬 𝜕ℎ

Equação 2-17

Substituindo a Equação 2-16 na Equação 2-12:

𝜕𝑔 𝜕𝐹 𝑇
[𝑫𝑒 ] { }{ } [𝑫𝑒 ]{∆𝜀 }
𝜕𝜎´𝑖 𝜕𝜎𝑖 ´
{∆𝜎´} = [𝑫𝑒 ] {∆𝜀 } −
𝜕𝐹 𝑇 𝜕𝑔
{ } [𝑫𝑒 ] { }+𝐻
𝜕𝜎𝑖 ´ 𝜕𝜎´𝑖

Equação 2-18

Comparação a Equação 2-18 com a Equação 2-8 é possível definir a matriz


constitutiva elastoplástica [𝑫𝑒𝑝 ] como:

𝜕𝑔 𝜕𝐹 𝑇
[𝑫𝑒 ] { }{ } [𝑫𝑒 ]
𝑒𝑝 𝑒 𝜕𝜎´𝑖 𝜕𝜎𝑖 ´
[𝑫 ] = [𝑫 ] − 𝑇
𝜕𝐹 𝜕𝑔
{ } [𝑫𝑒 ] { } + 𝐻
𝜕𝜎𝑖 ´ 𝜕𝜎´𝑖

Equação 2-19

2.3 MODELOS S-CLAY1 E S-CLAY1S

2.3.1 INTRODUÇÃO

Nas décadas de 50 e 60 pesquisadores da Universidade de Cambridge


formularam a Teoria dos Estados Críticos (ROSCOE et.al., 1958) e modelos
constitutivos capazes de descrever o comportamento de solos moles: Modelo Cam-
Clay (SCHOFIELD e WROTH, 1968) e Modelo Cam-Clay modificado (ROSCOE e
BURLAND, 1968). A Teoria dos Estados Críticos é descrita em detalhes por diversos

14
autores (e.g. WOOD, 1990; ATKINSON e BRANSBY, 1978), sendo adequadamente
resumida por HELWANY (2007), e desta forma não será apresentada em detalhes
neste documento.

Argilas naturais podem exibir comportamentos diferentes das argilas utilizadas


na elaboração dos modelos citados acima, envolvendo tanto anisotropia quanto
estruturação (ligação natural interpartículas). Nesses solos naturais a evolução das
deformações plásticas provoca a progressiva quebra das ligações interpartículas, ou
seja, quebra dos contatos, o rearranjo e realinhamento das partículas. Dessa maneira,
deformações plásticas podem produzir tanto variações na anisotropia quanto
desestruturação do solo (KOSKINEN et al., 2002).

Existem na literatura diversas propostas de modelos constitutivos formulados


com a intenção de representar o comportamento citado no parágrafo anterior. Como,
por exemplo, os apresentados por BAUDET e STALLEBRASS (2004), GONZÁLEZ et
al (2011), LEONI et al., (2008), BOUDALI (1995), entre diversos outros modelos.

O modelo elastoplástico S-CLAY1 utiliza a base da teoria clássica do modelo


de estados críticos, mais especificamente do modelo Cam-clay modificado,
incorporando a possibilidade de simular um comportamento plástico anisotrópico,
representado através de uma superfície de escoamento inclinada e um componente
rotacional de endurecimento/amolecimento capaz de representar a evolução desta
anisotropia. O modelo S-CLAY1S, por sua vez, pode ser considerado uma extensão
do modelo S-CLAY1 e além da anisotropia também inclui o efeito da quebra da
estruturação dos solos. Uma versão inicial do modelo S-CLAY1 foi proposta por
WHEELER (1997), tendo sido modificada posteriormente para o seu formato atual por
NÄÄTÄNEN et al. (1999) e WHEELER et al. (1999). Já o modelo S-CLAY1S foi
proposto por KOSKINEN et al. (2002) e implementado no programa Plaxis por
SIVASITHAMPARAM (2012).

O modelo S-CLAY1S foi utilizado nas simulações numéricas do presente


trabalho. A escolha desse modelo levou em consideração a capacidade de o S-
CLAY1S representar a estruturação de argilas naturais (propriedade relevante para o
caso estudado), o fato da base teórica deste modelo estar relacionada ao modelo
Cam-clay modificado - modelo esse profundamente conhecido dentro do meio
geotécnico - e o fato de já existir uma implementação devidamente validada para o
Programa Plaxis.

15
A seguir os modelos S-CLAY1 e S-CLAY1S serão apresentados através de
suas equações no espaço triaxial. A generalização do modelo para o espaço 3D pode
ser visualizada em KARSTUNEN et al. (2005); WHELLER et al. (2003). O Anexo 2
apresenta um resumo da generalização do modelo S-CLAY1S para o espaço 3D.

2.3.2 EQUAÇÕES DE COMPORTAMENTO ELÁSTICO : S-CLAY1 E S-CLAY1S

Tanto o modelo S-CLAY1 quanto o modelo S-CLAY1S foram desenvolvidos


para uso em argilas normalmente adensadas ou levemente sobreadensadas. Como
nestes tipos de solo, na grande maioria dos problemas práticos as deformações
elásticas tendem a ser insignificantes quando comparadas às deformações plásticas,
considera-se, por simplificação, que o comportamento elástico é isotrópico e, desta
forma, as mesmas equações utilizadas no modelo Cam-clay (CC) são utilizadas para o
cálculo dos incrementos volumétricos e cisalhantes (ATKINSON e BRANSBY, 1978):

𝑒 𝑑𝑝´
𝑑𝜀𝑝´ =𝜅
𝑣 𝑝´

Equação 2-20

𝑑𝑞
𝑑𝜀𝑞𝑒 =
3𝐺´
Equação 2-21

sendo:

dεp ´e = incremento de deformações elásticas volumétricas;

dεqe = incremento de deformações elásticas cisalhantes;

p´ = tensão efetiva média;

q = tensão cisalhante ;

𝑣 = volume específico (1+e), e=índice de vazios;

κ = inclinação da reta de descompressão no plano e x ln p´;

G = módulo cisalhante elástico = E / 2(1+ν), E = 3 (1+e)p´/κ (1-2ν); ν =


coeficiente de Poisson.

16
As simplificações adotadas para o regime elástico podem gerar
comportamentos não realísticos em solos fortemente sobreadensados, nos quais a
não linearidade em pequenas deformações é usualmente importante.

A adoção de modelos, nos quais o comportamento é isotrópico e elástico


dentro da superfície de escoamento também pode trazer problemas em situações em
que muitos elementos de solo sofrem uma descompressão, como é o caso de
escavações.

2.3.3 EQUAÇÃO DA SUPERFÍCIE DE ESCOAMENTO

Tanto para o modelo S-CLAY1 quanto para o S-CLAY1S a equação da


superfície de escoamento no espaço triaxial é representada pela Equação 2-22:

𝐹 = (𝑞 − 𝛼. 𝑝´)2 − (𝑀2 − 𝛼 2 ). (𝑝´𝑚 − 𝑝´). 𝑝´ = 0

Equação 2-22

sendo:

M = Inclinação da l.e.c. no plano p´x q (Figura 2-4); p´m = Define o tamanho da


superfície de escoamento (Figura 2-4); α = Define a inclinação da superfície de
escoamento (no ponto de p´ máximo = p´m) (Figura 2-4);

q M

Figura 2-4 – Superfície de escoamento no espaço triaxial (S-CLAY1 e S-CLAY1S).

17
O valor de α representa o grau de anisotropia plástica existente no solo.
Quando α = 0, o comportamento do solo é isotópico e a Equação 2-22 tornar-se a
equação da superfície de escoamento do modelo Cam-clay modificado (CCM).

Nos pontos onde as linhas de estados críticos para compressão e extensão


tocam a superfície de escoamento, as tangente da superfície são horizontais (η = ± M)
sendo η =q/p´, e para o ponto da superfície de escoamento onde η= α, as tangentes
são verticais.

6𝑠𝑒𝑛(∅´)
Diferentes valores de M podem ser adotados para compressão (𝑀𝑐 = )
3−𝑠𝑒𝑛(∅´)
6𝑠𝑒𝑛(∅´)
e extensão (𝑀𝑒 = ). Tal consideração pode ser facilmente feita através da
3+𝑠𝑒𝑛(∅´)

mudança dos valores de Mc para Me quando (η – α) varia de positivo para negativo (ou
seja, abaixo ou acima da linha α). A simples alteração dos valores de M quando da
alteração do estado de tensões da condição de compressão para extensão pode
resultar em descontinuidades indesejadas na superfície de escoamento. Maiores
informações podem ser obtidas em WHEELER et al.(1999).

2.3.4 ESTRUTURAÇÃO NO MODELO S-CLAY1S

O processo de formação de determinados solos naturais pode induzir a criação


de vínculos interpartícula (estruturação). Dessa forma, tais vínculos podem fornecer
resistência adicional ao escoamento. Um mesmo solo sem estruturação, com a
mesma textura (incluindo anisotropia) e com o mesmo índice de vazios, escoará em
um nível de tensões mais baixo quando comparado ao solo natural estruturado. Esse
fenômeno pode ser descrito utilizando-se o conceito de “superfície de escoamento
intrínseca”, uma superfície imaginária que representa o comportamento de um solo
equivalente sem estrutura (GENS e NOVA 1993).

A superfície de escoamento intrínseca é menor em tamanho e pode ser


definida através do parâmetro p´mi. A relação entre a superfície de escoamento de um
solo estruturado e a superfície de escoamento intrínseca pode ser determinada
através do uso do parâmetro 𝜒 (grau de estruturação instantâneo) (Figura 2-5). A
definição de χ pode ser feita através da Equação 2-23.

𝑝´𝑚 = (1 + 𝜒) 𝑝´𝑚𝑖

Equação 2-23

18
Superfície de escoamento solo natural
q estruturado

Superfície de escoamento intrínseca

Figura 2-5 – Superfície de escoamento intrínseca do modelo do S-CLAYS 1S.

2.3.5 POTENCIAL PLÁSTICO E REGRA DE FLUXO

Os modelos S-CLAY1 e S-CLAY1S utilizam leis de fluxo associadas e, desta


forma, tem-se:

𝑝 𝑑𝐺 𝑑𝐹
𝜀𝑝´ = 𝑑𝛬 = 𝑑𝛬
𝑑𝑝´ 𝑑𝑝´

Equação 2-24

𝑝 𝑑𝐺 𝑑𝐹
𝑑𝜀𝑞 = 𝑑 𝛬 = 𝑑𝛬
𝑑𝑞 𝑑𝑞

Equação 2-25

𝑝 𝑑𝐺 𝑑𝐹
𝑑𝜀𝑞 𝑑𝛬 2(𝜂 − 𝛼)
𝑑𝑞 𝑑𝑞
𝑝 = 𝑑𝐺 = 𝑑𝐹 =
𝑑𝜀𝑝´ 𝑑𝛬 𝑀2 − 𝜂2
𝑑𝑝´ 𝑑𝑝´

Equação 2-26

sendo: η = q / p´

19
2.3.6 LEI DE ENDURECIMENTO /AMOLECIMENTO (S-CLAY1 E S-CLAY1S)

Os modelos S-CLAY1 e S-CLAY1S incorporam duas e três leis de


endurecimento/amolecimento, respectivamente.

a) Primeira lei de endurecimento/amolecimento: define o tamanho da


superfície de escoamento que está diretamente relacionada às deformações plásticas
volumétricas.

Para o modelo S-CLAY1 esta lei é idêntica à lei de


endurecimento/amolecimento utilizada no modelo Cam-clay modificado (CCM), como
descrito na Equação 2-27 (WOOD, 1990).

𝑝
𝑣. 𝑝´𝑚 . 𝑑𝜀𝑝´
𝑑𝑝´𝑚 =
𝜆− 𝜅
Equação 2-27

sendo:

𝑣 = volume específico (1+e); λ = inclinação da l.a.i. no plano e : ln p´ ; κ =


inclinação da linha de descompressão no plano e : ln p´.

Para o modelo S-CLAY1S são utilizadas o mesmo conceito de l.a.i. intrínseca


apresentadas por (GENS e NOVA 1993) por isso, a mesma equação do modelo S-
CLAY1 é utilizada, contudo, o parâmetro p’m é substituído por p’mi e  by i., conforme
a Equação 2-28.

𝑝
𝑣. 𝑝´𝑚𝑖 . 𝑑𝜀𝑝´
𝑑𝑝´𝑚𝑖 =
𝜆𝑖 − 𝜅

Equação 2-28

sendo:

𝜆𝑖 = l.a.i. intrínseca para solos remoldados no plano e: ln p´ (ver Figura 2-6)


(GENS e NOVA, 1993; BURLAND, 1990)

20
Figura 2-6 – Definição da l.a.i. intrínseca no plano e : ln p´.

b) Segunda lei de endurecimento/amolecimento: descreve a variação


rotacional da orientação da superfície de escoamento (dα) relacionada aos
incrementos de deformações volumétricas e cisalhantes plásticas. Esta lei é utilizada
tanto para o modelo S-CLAY1 quanto para o modelo S-CLAY1S, conforme
apresentado na Equação 2-29

𝑝 𝑝
𝑑𝛼 = 𝜇[(𝜒𝑣 (𝜂) − 𝛼). 〈𝑑𝜀𝑣 〉 + 𝛽. (𝜒𝑠 (𝜂) − 𝛼). |𝑑𝜀𝑠 |]

Equação 2-29

sendo:

α = inclinação da superfície de escoamento; η = q / p´; 𝜒𝑣 (𝜂) e 𝜒𝑠 (𝜂) = valores


dependentes de 𝜂, definidos experimentalmente; β – Controla a influência relativa das
deformações volumétricas e cisalhantes plásticas na determinação do valor
instantâneo de α; μ – Controla a taxa de variação absoluta de α em torno de seu valor
𝑝 𝑝 𝑝 𝑝
atual; 〈 〉 - Colchetes de Macaulay: sendo 〈𝑑𝜀𝑣 〉, caso 𝑑𝜀𝑣 ≥ 0, 〈𝑑𝜀𝑣 〉 = 𝑑𝜀𝑣 ; e caso
𝑝 𝑝
𝑑𝜀𝑣 < 0, 〈𝑑𝜀𝑣 〉 = 0.

Admite-se que as deformações volumétricas plásticas tendem a empurrar os


valores de α em direção ao valor instantâneo de χv(η), que varia com η. Ao mesmo
tempo é admitido que as deformações cisalhantes plásticas tendem a alterar os
valores de α em direção ao valor instantâneo de χs(η), que por sua vez depende de
valor de η.

WHEELER et al. (2003) obtiveram dados experimentais da Equação 2-29

21
Quando o estado crítico é atingido (η = M), as deformações plásticas cisalhantes
continuam sem a evolução das deformações volumétricas plásticas. Neste ponto, o
valor de equilíbrio de α é dado inteiramente por χs(η), o que sugere que α = M/3 no
estado crítico.

Substituindo os valores: χv(η) = η/4 e χs(η)= η/3 na Equação 2-29

3𝜂 𝑝 𝜂 𝑝
𝑑𝛼 = 𝜇 [( − 𝛼) . 〈𝑑𝜀𝑣 〉 + 𝛽. ( − 𝛼) . |𝑑𝜀𝑠 |]
4 3
Equação 2-30

O valor de equilíbrio de α nos modelos S-Clay para um específico valor de η


pode ser obtido fazendo dα= 0 e combinado com a Equação 2-26:

3(3𝜂 − 4𝛼)(𝑀2 − 𝜂2 ) = ∓8𝛽(3𝛼 − 𝜂)(𝜂 − 𝛼)

Equação 2-31

c) terceira lei de endurecimento/amolecimento: é utilizada somente no


modelo S-CLAY1S e foi apresentada inicialmente por (KARSTUNEN et al. 2005). Ela
está relacionada à degradação da estruturação causada pela evolução das
deformações plásticas. Esta lei pode ser representada pela Equação 2-32.
𝑝 𝑝
𝑑𝜒 = −𝑎𝜒[|𝑑𝜀𝑣 | + 𝑏 |𝑑𝜀𝑠 |]

Equação 2-32

sendo “a” e “b”= constantes do solo que controlam a taxa de degradação da


estruturação; 𝜒 = grau de estruturação instantâneo.

2.4 DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS


Para a utilização do modelo constitutivo S-CLAY1S é imprescindível a
determinação dos seguintes parâmetros: quatro parâmetros tradicionais do modelo
CCM: λ, κ, M e o coeficiente de Poisson (𝑣); dois parâmetros relacionados à variação
da rotacional da orientação da superfície de escoamento: β e μ (Equação 2-30); e três
parâmetros relacionados à estruturação: λi (Equação 2-28), a e b (Equação 2-32).
Como em qualquer modelo do tipo Cam-clay, é necessária ainda, a determinação das

22
condições iniciais do solo: índice de vazios (e) e os valores iniciais dos parâmetros
p´mi, α0, and 𝜒0.

Os parâmetros tradicionais do solo λ, κ, M e o módulo de Poisson (𝑣), assim


como o tamanho inicial da superfície de escoamento (p´m ), podem ser determinados
pelos procedimentos padrão (WOOD, 1990) já adotados durante a utilização do
modelo CCM.

A determinação de λi pode ser feita da mesma maneira que a adotada na


determinação de λ com a diferença da utilização de uma amostra completamente
amolgada ou reconstituída, ou em uma amostra natural que tenha sido submetida às
tensões capazes de destruir toda a estrutura do solo natural.

A definição de p´mi é feita através do valor inicial de χ (χ0.), conforme indicado na


Equação 2-23.

Nos itens a seguir, são apresentados, de maneira breve, procedimentos que


podem ser adotados para a determinação dos parâmetros do solo relacionados à
variação da rotacional da orientação da superfície de escoamento e relacionados à
estruturação. Maiores detalhes podem ser encontrados em KOSKINEN et al. (2002),
WHEELER et al. (2003) e KARSTUNEN et al. (2005).

2.4.1 DETERMINAÇÃO DO VALOR INICIAL DE 𝛼0

Para depósitos argilosos normalmente adensados ou levemente


sobreadensados sob condições oedométricas, um procedimento muito simples pode
ser adotado para a determinação dos valores iniciais de αo = αk0 :

Admitindo que o coeficiente de empuxo no repouso pode ser calculado por


Ko=1-sin ϕ´ (sendo ϕ´ o ângulo de atrito efetivo do solo no estado crítico), o parâmetro
η para a condição Ko (ηko) pode ser calculado.

Desta forma, apenas um valor da inclinação da superfície de ruptura α, pode


prever deformações radiais nulas na condição de ηko. A inclinação referida acima é
determinada 𝛼𝑘𝑜 e é representada pela Equação 2-33 (WHEELER et al., 1999):

2
𝜂𝑘𝑜 + 3𝜂𝑘𝑜 − 𝑀2
𝛼𝑘𝑜 =
3

Equação 2-33

23
sendo:

𝑝´ 𝜎´𝑣𝑜 (1 − 𝑘𝑜 ) 3(1 − 𝑘𝑜 )
𝜂𝑘𝑜 = = 𝜎´ (1+2𝑘 ) =
𝑞 𝑣𝑜 𝑜 1 + 2𝑘𝑜
3

Uma vez que M e ηko (para argilas normalmente adensadas) podem ser
representados exclusivamente em termos do ângulo de atrito no estado crítico ϕ´, a
Equação 2-33 indica que 𝛼𝑘𝑜 , para argilas normalmente adensadas ou levemente
sobreadensadas, está unicamente relacionada ao ângulo de atrito no estado crítico
(ϕ´).

2.4.2 DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO 𝛽


O parâmetro β controla a capacidade relativa das deformações volumétricas e
cisalhantes de alterar os valores instantâneos de α. Para deformações plásticas sob
tensões com η constante, o modelo prevê que os valores de α tendem a permanecer
constantes (WHEELER et al., 1999).

Para o caminho de tensões ηko sob condições normalmente adensadas,


assumindo que lei de fluxo é associada e ignorando as deformações elásticas,
teoricamente apenas um valor β pode gerar o valor α correspondente a 𝛼𝑘𝑜 , que pode
ser representado por:
2
3(4𝑀2 − 4𝜂𝑘𝑜 − 3𝜂𝑘𝑜 )
𝛽= 2
8(𝜂𝑘𝑜 − 𝑀2 + 2𝜂𝑘𝑜 )

Equação 2-34

2.4.3 DETERMINAÇÃO DO PARÂMETRO 

O parâmetro 𝜇 controla a capacidade absoluta das deformações volumétricas e


cisalhantes de alterar os valores instantâneos de α. Não há método direto para a
determinação de μ para um solo específico. É sugerido que simulações com o modelo
sejam realizadas utilizando diferentes valores de μ e seus resultados comparados com
dados experimentais para a determinação dos melhores valores para cada caso
específico. Dessa forma, faz-se necessária a escolha de ensaios que envolvam
rotação significativa da superfície de escoamento. Um exemplo de ensaios que podem
ser utilizados são os ensaios triaxiais não drenados de extensão e adensamento
isotrópico (WHEELER et al., 2003).
24
LEONI et al., (2008) sugeriram a seguinte equação para a determinação de μ:

1 + 𝑒 10𝑀2 − 2𝛼𝑘0 𝛽
𝜇= ln
𝜆 𝑀2 − 2𝛼𝑘0 𝛽

Equação 2-35

Algumas suposições feitas durante a formulação da Equação 2-35 em conjunto


com a utilização de determinada combinação de parâmetros (LEONI et al., 2008)
podem gerar valores negativos de μ, fato esse fisicamente impossível.

Alternativamente, um método empírico e simples proposto por ZENTAR et al.


(2002) pode ser utilizado conforme apresentado na equação abaixo:

10 20
≤𝜇≤
𝜆 𝜆

Equação 2-36

sendo: 𝜆 a inclinação da linha de adensamento isotrópico no plano e: ln p´.

2.4.4 DETERMINAÇÃO DO VALOR INICIAL DE 𝜒0

KARSTUNEN et al., (2008) estabeleceram através de ensaios oedométricos


que a razão λ/λi está fortemente relacionada à quantidade inicial de estruturação que
uma amostra natural possui (χ0). Dessa maneira, a obtenção de χ0 pode ser feita
conforme indicado na Figura 2-7.

Figura 2-7 – Método de determinação de χ0 (KARSTUNEN et al., 2008).

25
KOSKINEN et al. (2002) propuseram um método alternativo para a
determinação de χ0 baseado na sensitividade (St) medida através do ensaio de cone
sueco, utilizando a Equação 2-37.

𝜒0 ≈ 𝑆𝑡 − 1

Equação 2-37

2.4.5 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS 𝑎 E𝑏

Não existe um método direto para a determinação dos valores de a e b.


KOSKINEN et al. (2002) sugerem que comparações de simulações numéricas com
resultados de ensaios de laboratório sejam utilizadas para a determinação dos valores.
Idealmente, ensaios que envolvem deformações volumétricas (como, por exemplo, no
adensamento isotrópico) devem ser utilizados para a determinação do parâmetro a e,
posteriormente, um ensaio com um valor das trajetórias de tensões que envolvam
valores constantes e elevados de deve ser utilizado para a determinação de b. Com
base nos testes e simulações realizadas até o momento (KOSKINEN et al. (2002),
MCGINTY (2006) e KARSTUNEN et al. (2008)), sugeriram a utilização de valores
inicias de a entre 8 e 12 e b entre 0,2 e 0,3.

2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Para auxiliar a compreensão da influência de cada parâmetro (e sua variação)
no comportamento do solo, foram desenvolvidas análises de sensibilidade envolvendo
simulações numéricas de ensaios triaxiais e oedométricos. Para cada um dos ensaios
simulados os parâmetros ou conjunto de parâmetros foram alterados e os resultados
analisados. Os aspectos mais relevantes destas análises estão apresentados no
Anexo 3.

A metodologia de determinação dos parâmetros apresentada nos tópicos


acima foi utilizada com sucesso no capítulo 4.

Desde que seja possível determinar de maneira segura os parâmetros do


modelo, este pode ser uma ferramenta útil para a simulação do comportamento de
argilas normalmente adensadas ou levemente sobreadensadas que possuem
anisotropia e estruturação. Contudo, o elevado número de parâmetros parece ser um
fator que limita sua utilização em determinadas situações da prática geotécnica.
26
A experiência na utilização do modelo e na determinação dos parâmetros, pode
ser fato fundamental para a obtenção de resultados realistas, uma vez que alguns
parâmetros do modelo são obtidos de maneira empírica ou através de comparação de
resultados de simulações numéricas e ensaios de laboratório.

27
3 CARREGAMENTO POR VÁCUO NO ADENSAMENTO DE
SOLOS MOLES

3.1 INTRODUÇÃO
O carregamento tradicional, na prática, é aplicado através da construção de
aterros com ou sem sistemas de drenagem vertical. Contudo, quando o engenheiro se
depara com problemas de estabilidade, escassez de material de empréstimo,
problemas ambientais relacionados a áreas de bota-fora, escassez de tempo ou
limitações relativas a deslocamentos horizontais, a utilização do carregamento por
vácuo ou a uma combinação entre o carregamento tradicional e carregamento por
vácuo podem se tornar particularmente interessantes para a melhoria das condições
mecânicas em depósitos de argilas moles.

A técnica do carregamento por vácuo baseia-se, essencialmente, em aplicar o


vácuo em uma camada de argila, reduzindo a pressão atmosférica no seu interior e
desta forma reduzindo a poro-pressão (através de um sistema de bombeamento),
causando somente incrementos isotrópicos de tensão efetiva, os quais induzem
recalques, assim como deslocamentos horizontais para dentro da região sob aplicação
de vácuo.

O sistema de bombeamento é composto de bombas capazes de bombear água


e ar que geram vácuo quase perfeito dentro de uma cuba (praticamente 100% de
eficiência). Contudo a sucção efetivamente aplicada no terreno atinge, usualmente,
valores da ordem de 70 – 80 kPa (70-80 % de eficiência), que corresponde a uma
sobrecarga de um aterro de aproximadamente 4.5 m de altura.

O carregamento por vácuo já foi empregado em vários contextos geológicos


(CHOA, 1989; COGNON et al., 1994; JACOB et al., 1994; QIAN et al., 1992;
MARQUES et al., 2001), principalmente em áreas de grandes dimensões como em
aterros para aeroportos, devido aos custos associados à mobilização dos
equipamentos.

Este capítulo apresenta a teoria envolvida no carregamento por vácuo, aplicado


com a finalidade de promover o adensamento a solos moles e descreve suas
principais características. São apresentados também métodos analíticos e numéricos

28
utilizados para a previsão de recalques e deformações horizontais induzidas, assim
como os sistemas de aplicação de vácuo existentes e suas particularidades.

3.2 SISTEMAS DE APLICAÇÃO DE VÁCUO


O sistema de aplicação de vácuo deve ser adaptado para o atendimento de
especificidades locais de cada sítio. Existem duas maneiras principais de se aplicar o
carregamento de vácuo (CHAI et al., 2008): a) Sistema de aplicação de vácuo em
camadas estanques (como a utilização de membrana PVC, por exemplo); e b) Sistema
de aplicação individual de vácuo nos drenos (CPDV).

3.2.1 SISTEMA DE APLICAÇÃO DE VÁCUO EM CAMADA ESTANQUE

O sistema de aplicação de vácuo em camada estanque consiste em sugar para


fora do solo a água e o ar existentes em seu interior através de um sistema de bombas
de vácuo ligados em uma camada permeável estanque. Drenos verticais, combinados
ao sistema de bombas de vácuo, normalmente são instalados para acelerar o
processo de adensamento.

A estanqueidade do sistema influencia diretamente a sua eficiência. Existem,


contudo, situações em que a manutenção dessa estanqueidade é um desafio a ser
superado. Esse desafio limitou a aplicação da técnica até o início dos anos 80
(INDRARATNA e REDANA, 1997), apesar do método ter sido proposto originalmente
por KJELLMAN (1952).

Exemplos típicos de situações que podem causar perda de eficiência do


sistema de bombeamento ou representam desafios à utilização deste tipo de sistema
são apresentados a seguir:

a) Quando a camada permeável está na superfície do terreno: a estanqueidade


do sistema, neste caso, é usualmente garantida através da instalação de uma
membrana PVC sobre o terreno ou aterro de areia. Ao redor da área em tratamento
são escavadas trincheiras até o nível da camada impermeável inferior e/ou do lençol
freático. A instalação da membrana precisa ser feita certificando-se que suas bordas
mantenham-se constantemente submersas, dentro das trincheiras, garantindo,
portanto, a estanqueidade do sistema.

29
b) A combinação do carregamento tradicional com carregamento por vácuo
(Figura 3-1): a combinação destes dois tipos de carregamento pode aumentar
significativamente a tensão e reduzir os deslocamentos horizontais gerados
(INDRARATNA et al., 2005). Contudo, após a instalação do carregamento tradicional,
qualquer tipo de falha na estanqueidade do sistema, ocasionada por dano na
membrana impermeável, não pode ser facilmente identificada e reparada.
Consequentemente, a eficiência do sistema de carregamento por vácuo pode ser
significativamente reduzida em casos de danos sistemáticos nas membranas
impermeáveis (BERGADO et al., 1998).

Figura 3-1-Esquema do carregamento por vácuo com membrana geossintética. (MAGNAN, 1994).

c) A existência de lentes de material permeável: a eficiência do sistema de


vácuo diminui quando os drenos verticais, que transmitem a carga de vácuo para o
solo a ser tratado, atravessam lentes de material permeável. Por isso, deve-se evitar
que a base dos drenos fique próxima ou toque a camada inferior ao depósito argiloso,
quando estas podem ser consideradas permeáveis.

3.2.2 SISTEMA DE APLICAÇÃO INDIVIDUAL DE VÁCUO NOS DRENOS

O sistema de aplicação individual de vácuo em drenos selados (CPDV -


“caped” PDV) pode ser considerado um sistema relativamente novo. O vácuo é
transmitido diretamente para a camada na qual se pretende trabalhar, sem
necessidade de membranas ou colchões de areia. Para tanto, cada dreno é
individualmente ligado ao sistema de bombeamento através de um tampão
geossintético (“cap”) que, além de isolar o trecho de dreno onde o vácuo é transmitido

30
para o solo, promove a interface entre o PDV, usualmente retangular, e o sistema de
bombeamento, usualmente circular.

Com esse tipo de sistema é possível manter a eficiência, mesmo em perfis de


solo onde existam lentes de materiais permeáveis e perfis com lençol freático abaixo
da superfície (CHAI et al., 2010), conforme ilustrado na Figura 3-2.

Na prática comercial, utiliza-se um diafragma plástico (selo impermeável) para


promover a estanqueidade dos drenos nos trechos em que estes atravessam camadas
permeáveis (lentes de areia), permitindo a manutenção da eficiência da sucção
aplicada (Figura 3-2 – b).

Tal sistema é comumente aplicado em combinação com a utilização de uma


camada de solo superficial ou subterrânea, que age hermeticamente, não sendo assim
necessária a utilização de membranas geossintéticas para garantir a estanqueidade.
Cada dreno é ligado ao sistema de bombeamento de forma individual, o que pode ser
mais trabalhoso durante o período de construção e durante a execução do aterro
acima do vácuo. Contudo, a versatilidade de aplicação em diferentes condições de
sobsolo, inclusive situações submersas, torna o sistema uma alternativa ao sistema
tradicional com membrana ou camada selante (CHAI e CARTER, 2011).

Conforme apresentado na Figura 3-2, para que seja mantida a eficiência do


sistema de sucção é necessário que se garanta uma espessura (Hs) entre os pontos
de aplicação do vácuo e o topo da camada impermeável.

Figura 3-2 – Esquema do carregamento por vácuo CPDV – adaptado de CHAI e CARTER (2011).

31
Segundo CHAI et al. (2008), essa espessura pode ser estimada através da
Equação 3-1 que admite a pressão de vácuo na base da camada selante igual à
pressão de vácuo aplicada nos drenos (Pvac) e como sendo igual a zero a pressão no
topo desta camada.

𝑃𝑣𝑎𝑐
𝐻𝑠 = ( ) . 𝑘𝑎𝑟 . 𝐴
𝛾𝑤 . 𝑄𝑎

Equação 3-1

sendo:

γw = peso específico da água; k ar = coeficiente de permeabilidade do fluxo de


ar pela camada selante; A= a área de tratamento; Qa= capacidade da bomba a vácuo;
Pvac = pressão de vácuo aplicada nos drenos.

kar é geralmente maior que o coeficiente de condutividade hidráulica.(k),


embora a relação kar/k dependa do grau de saturação do solo. Em casos onde a
camada selante esteja saturada, a equação acima ainda pode ser utilizada para
estimar Hs, substituindo a condutividade e hidráulica do solo (k) e a capacidade de
bombeamento de água (Qw) por kar e Qa, respectivamente.

3.3 PROJETO E CONSTRUÇÃO DO SISTEMA DO ADENSAMENTO POR


VÁCUO

Os parâmetros de projeto (espaçamento dos drenos, período de carregamento,


utilizado, profundidade, pressão de vácuo aplicada, etc.) são essencialmente
dependentes das condições do sítio e de suas limitações, das condições do solo e do
tipo de sistema de aplicação de vácuo que será utilizado. Logo, tais parâmetros devem
ser definidos individualmente caso a caso.

O processo de adensamento de sistemas envolvendo a utilização de


carregamento por vácuo pode ser previsto através da adaptação das teorias clássicas
do adensamento (TERZAGHI e BARRON), como visto anteriormente neste capítulo.
Já o comportamento tensão-deformação destes problemas tem sido modelado através
de análises numéricas, utilizando o Método dos Elementos Finitos (MEF).

32
A seguir são presentados aspectos relevantes, que devem ser levados em
consideração durante qualquer análise ou simulação.

3.3.1 ÁREA DE TRATAMENTO : ÁREA DE ATUAÇÃO DE UMA ÚNICA BOMBA DE


SUCÇÃO

Dependendo da área total de tratamento, esta pode ser dividida em blocos, de


forma a promover a estanqueidade do sistema. A técnica se mostra viável para áreas
que variam de 1.000 a 30.000m². A área de atuação de uma única bomba de recalque
pode variar de 600 m² a aproximadamente 1500 m², dependendo do tipo de solo
envolvido, sua espessura e o sistema de bombeamento.

3.3.2 ESPAÇAMENTO ENTRE DRENOS:

O espaçamento entre drenos é determinado da mesma forma que no


adensamento radial, ou seja, em função do tempo de estabilização desejado e de
acordo com o coeficiente de adensamento do solo a ser tratado.

Por exemplo, no caso do porto de Tianjin, na China, para solos com ch = 1 a


2.5 x 10-3 cm²/s e tempo de tratamento disponível de 5 meses, foram adotados
espaçamentos de 1,2 a 1,3 m entre drenos.

Já a prática japonesa indica a utilização de espaçamentos que variam de 0,7m


a 1,2m dependendo do ch do solo (DAM et al., 2006).

O maior espaçamento registrado para PDVs foi entre 1,5 m a 1,8 m no projeto
de um píer em Los Angeles (THEVANAYAGAM, et.al., 1996).

Na prática brasileira, de forma geral, registram-se utilizações de drenos (casos


sem carregamento por vácuo) com espaçamentos superiores a 1,5 m (ALMEIDA e
MARQUES, 2010), devido à preocupação com o amolgamento no entorno dos drenos.

3.3.3 ZONA AMOLGADA

A instalação de drenos utilizando mandril de aço provoca o amolgamento na


região ao redor do dreno instalado. Esse amolgamento provoca a redução da
permeabilidade e um aumento da compressibilidade do solo.

33
PAJOUH et al. (2010) compilaram valores publicados na literatura
internacional, registrando as características das zonas amolgadas. Os valores da
razão entre o diâmetro da zona amolgada e o diâmetro equivalente do mandril (ds/dm)
presentes na literatura mostram-se muito variáveis, tendo sido registrado valores que
variaram de ds/dm = 1 a 6. Alguns autores apresentaram relações de ds/dw (dw –
diâmetro equivalente do dreno) variando de 1,6 a 7, o mesmo acontecendo com os
coeficientes de permeabilidade, que também apresentaram grande variação, com
razões entre os coeficientes de permeabilidade horizontais e das regiões amolgadas
(kh/k`h) ficando entre 1,09 e 10. Como exemplo, podemos citar:

HANSBO (1981) propôs que a área da zona amolgada pode ser calculada
segundo a expressão: ds = (1,5 – 3) dm.

INDRARATNA (2009) relata valores de diâmetro da zona amolgada é


aproximadamente 2,5 vezes o diâmetro equivalente do mandril. Além disto, relata
também valores de permeabilidades laterais variando de 61 a 92% da permeabilidade
lateral na zona não perturbada.

ALMEIDA e FERREIRA (1993) indicaram, baseados na experiência obtida em


projetos, a utilização de valores de ds/dm = 1,5 - 2 e kh/k´s=3-6.

3.3.4 DIÂMETRO DE INFLUÊNCIA E DIÂMETRO EQUIVALENTE DOS DRENOS

O diâmetro de influência dos drenos (de) está diretamente relacionado ao


espaçamento entre os drenos e à forma que estes foram instalados em campo.
Drenos verticais são instalados usualmente em malhas triangulares ou quadrangulares
de mesmo espaçamento. Conforme apresentado na Figura 3-3, para uma malha
triangular ou quadrangular, o diâmetro de influência dos drenos pode ser calculado da
seguinte forma:

Malha triangular: de = 1,05 l

Equação 3-2

Malha quadrangular: de = 1,13 l

Equação 3-3

34
R = 0,565 l ;
R = 0,525 l ;
de = 2R = 1,13 l
de = 2R = 1,05 l
d
d
Figura 3-3 – cálculo do diâmetro equivalente dos drenos.

Como na maioria dos casos (carregamento tradicional) de tratamento com


drenos verticais é verificada atualmente a utilização de drenos verticais de seção
retangular (usualmente 0,5 cm x 10 cm), utiliza-se, para fins de cálculo, um diâmetro
equivalente dos drenos (dw) que pode ser calculado, segundo HANSBO (1979),
através da seguinte equação:

𝑑𝑤 = 2(𝑎 + 𝑏)/𝜋

Equação 3-4

Na aplicação do carregamento por vácuo utiliza-se muitas vezes o dreno


circular (MARQUES, 2001), que permite a utilização de um diâmetro de mandril menor
quando comparado ao diâmetro equivalente para drenos retangulares. Tal fato
propicia menor amolgamento durante a cravação e consequentemente permite a
utilização de espaçamento entre drenos menor (MARQUES et al., 2003)

3.3.5 PROFUNDIDADE DE CRAVAÇÃO IDEAL PARA DRENOS VERTICAIS NO


CARREGAMENTO POR VÁCUO.

CHAI et. al. (2005) afirmaram que em projetos envolvendo o carregamento a


vácuo, geralmente, a pressão do vácuo é usualmente aplicada na superfície do terreno
e sua distribuição final no solo depende das condições de contorno relacionadas ao
fluxo. Considerando um problema 1D em um depósito de solo uniforme, se a fronteira
inferior do depósito não for drenada, a pressão final do vácuo no depósito será
uniforme. No caso de fronteira inferior drenante, não é possível manter a eficiência do
sistema próximo à região drenante e, desta forma, a distribuição da pressão do vácuo
35
ao final do adensamento será linear com valor máximo na superfície do solo e zero no
fundo da camada.

Essa distribuição envolve um fluxo de água ascendente constante através da


camada argilosa. No caso de um depósito não uniforme, a distribuição da pressão do
vácuo através do depósito irá depender do valor relativo da condutividade hidráulica
das camadas, individualmente. Para a manutenção de um fluxo ascendente no estado
estacionário, a seguinte condição de continuidade deve ser mantida (Equação 3-5):

i1 kv1 = i2 kv2 = … = in kvn

Equação 3-5

Para um depósito argiloso homogêneo, com drenagem de duas vias que tenha
sido parcialmente penetrado por PVDs, uma possível distribuição de pressão a vácuo
através das camadas até o final do adensamento a vácuo encontra-se exemplificada
na Figura 3-4.

Considerando as condições apresentadas na Figura 3-4 e admitindo o nível


d´água na superfície do terreno e que os valores de k são iguais para as zonas com e
sem drenos, tem-se (CHAI et al., 2006):

𝑝𝑣𝑎𝑐 − 𝑝𝑣1 𝑝𝑣1


𝑘𝑣1 = 𝑘𝑣2
ℎ1 ℎ − ℎ1

Equação 3-6

Fronteira pressão vácuo

Região com drenos P vac


h1 (1)

h P v1
Região sem drenos

(2)

Fronteira drenante

Figura 3-4 – distribuição Pvac com a profundidade para um solo parcialmente penetrado por drenos e
com de dupla drenagem (adaptado de CHAI e CARTER, 2011)

36
CHAI et al. (2001) propuseram uma equação para calcular a condutividade
hidráulica vertical equivalente ( 𝑘𝑣1 ) de uma massa de solo com drenos verticais
(Equação 3-7).

2,5 ℎ12 𝑘ℎ
𝑘𝑣1 = (1 + )𝑘
𝜇 𝑑𝑒2 𝑘𝑣 𝑣

Equação 3-7

Sendo: ℎ1 - comprimento dos PDVs; de- diâmetro de influência da célula


unitária; kv e kh – coeficientes de permeabilidade verticais e horizontais
respectivamente; 𝜇 – definido conforme a Equação 3-17.

A integração da curva de pressão de vácuo com a profundidade (Figura 3-4)


pode ser apresentada como:

(𝑝𝑣𝑎𝑐 − 𝑝𝑣1 )ℎ1 (ℎ − ℎ1)𝑝𝑣1


𝐴 = (𝑝𝑣𝑎𝑐 − ℎ1 ) − ( )+( )
2 2

Equação 3-8

Substituindo a Equação 3-6 na Equação 3-8, tem-se:

1 1 𝑝𝑣𝑎𝑐 𝑘𝑣2 ℎ1
𝐴= 𝑝𝑣𝑎𝑐 (ℎ1 + ℎ) − ℎ
2 2 𝑘𝑣1 . ℎ − (𝑘𝑣1 − 𝑘𝑣2 )ℎ1

Equação 3-9

sendo de= diâmetro de influência da célula unitária, kh e kv= condutividade hidráulica


horizontal e vertical do solo natural, respectivamente, e l (ou h1) = comprimento da
área com drenos verticais. A expressão para 𝜇 será apresentada posteriormente e,
pode ser calculada pela Equação 3-17.

A profundidade de penetração ótima será a profundidade de instalação na qual


a camada de argilosa exibirá a maior velocidade de adensamento, em uma dada
pressão à vácuo e, dessa forma, encontrar-se o máximo valor de A. CHAI et al. (2006)
apresentaram a Equação 3-10 para o cálculo da profundidade ótima de instalação.

𝑘𝑣 − √𝑘𝑣1 . 𝑘𝑣2
ℎ1 = ( 1 )ℎ
𝑘𝑣1 − 𝑘𝑣2

Equação 3-10

37
sendo 𝑘𝑣1 e 𝑘𝑣2 = Condutividade hidráulica vertical equivalente das camadas 1 e 2,
respectivamente, h1= espessura da área que contém PVD, e h= espessura total do
depósito argiloso.

Destaca-se que as equações apresentadas acima podem não ser muito úteis
em casos práticos, uma vez que as mesmas foram desenvolvidas apenas para o
carregamento por vácuo e usualmente este é aplicado de maneira associada ao
carregamento tradicional. Existem ainda limitações relacionadas a não consideração
da espessura da camada de argila durante o adensamento e ao fato de somente ser
válida para a condição equivalente a um aterro infinito.

3.3.6 ESTIMATIVA DAS DEFORMAÇÕES HORIZONTAIS

Já existem propostas na literatura de métodos analíticos para a determinação


dos deslocamentos horizontais quando da aplicação do carregamento por vácuo, tais
como os métodos semi-teóricos propostos por CHAI et al. (2005) e IMAI (2005, apud
CHAI E CARTER, 2011). Em ambos os casos tais métodos consideram que o
carregamento aplicado é exclusivo por vácuo, contudo, na maioria dos casos práticos
o carregamento por vácuo é realizado em conjunto com o carregamento tradicional.

Caso a determinação dos deslocamentos horizontais seja uma questão


relevante durante a execução do projeto, é recomendado que se utilize ferramentas
numéricas, uma vez que os métodos analíticos existentes são semi-teóricos e ainda
não existem muitos registros de suas utilizações na literatura.

INDRARATNA (2009) investigou numericamente o efeito da combinação do


carregamento por vácuo com a sobrecarga tradicional e sua influência nos
deslocamentos horizontais. Nesse estudo em particular, verificou-se que,
frequentemente, a utilização do carregamento necessário nas proporções de 40% de
carregamento tradicional, com 60 % de carregamento por vácuo, tende a manter
deslocamentos horizontais nulos. MARQUES (2001) utilizou a mesma proporção de
carregamento tradicional (40 %) - carregamento por vácuo (60 %) e também foram
registrados deslocamentos horizontais praticamente nulos.

3.4 DESENVOLVIMENTO DA TEORIA CLÁSSICA DO DRENO VERTICAL


A base da teoria do adensamento radial em sistemas de drenos verticais é uma
extensão da teoria do adensamento unidimensional de TERZAGHI. A teoria de

38
drenagem radial foi desenvolvida por BARRON (1948), que estudou dois casos
extremos: free strain e equal strain, mostrando que a solução mais simples em equal
strain era suficientemente acurada para aplicações em geral.

Para se analisar o comportamento de drenos verticais, a teoria da célula


unitária, representando um único dreno envolvido por solo em condição axissimétrica
(3D), foi proposta por BARRON (1948) e RICHARD (1957). Mais tarde, HIRD et al.
(1992) introduziram a formulação de célula unitária para a condição de estado plano
de deformações (2D), que pode ser mais convenientemente simulada por modelos
numéricos, e, posteriormente, a mesma formulação foi adaptada para casos de aterros
em geral (análises multi-dreno) por (HANSBO 1981; INDRARATNA E REDANA,
1997).

BARRON (1948) considerou a influência da resistência hidráulica e do


amolgamento do solo no processo de adensamento no uso de drenos verticais.
Posteriormente, HANSBO (1979, 1981) propôs uma solução simplificada para o
problema da resistência hidráulica e amolgamento do dreno, chegando a resultados
praticamente idênticos àqueles apresentados por BARRON (1948).

Equação do adensamento tridimensional com drenagem radial (BARRON,


1948):

𝜕𝑢 𝜕2𝑢 𝜕 2 𝑢 1 𝜕𝑢
= 𝑐𝑣 ( 2 ) + 𝑐ℎ ( 2 + )
𝜕𝑡 𝜕𝑧 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟

Equação 3-11

sendo: t o tempo depois da aplicação da carga; u o excesso de poro-pressão no raio r


e na profundidade z; cv e ch os coeficientes de adensamento vertical e horizontal,
respectivamente.

Para fluxo exclusivamente radial, a equação acima se torna:

𝜕𝑢 𝜕 2 𝑢 1 𝜕𝑢
= 𝑐ℎ ( 2 + )
𝜕𝑡 𝜕𝑟 𝑟 𝜕𝑟

Equação 3-12

39
Figura 3-5- esquema do cilindro de solo com dreno vertical (HANSBO, 1979).

A solução proposta por HANSBO (1981) leva em consideração a resistência


hidráulica do dreno e o efeito do amolgamento.

Aplicando a lei de Darcy, a velocidade de fluxo de água intersticial na direção


radial pode ser estimada. O fluxo de água total (dQ1) de uma fatia do dreno, dz, é
considerada igual à variação do fluxo de água do solo ao redor do dreno (dQ2) que,
por sua vez é proporcional à variação do volume da massa de solo (Figura 3-5). O
̅) pode ser
grau de adensamento médio do cilindro de solo com drenagem radial ( 𝑈
dado por:

−8𝑇ℎ
̅ℎ = 1 − 𝑒𝑥𝑝 (
𝑈 )
𝜇

Equação 3-13

sendo:

𝑐ℎ 𝑡
𝑇ℎ =
𝑑𝑒 2

Equação 3-14

𝑘ℎ (1 + 𝑒)
𝑐ℎ =
𝑎𝑣 𝛾𝑤

Equação 3-15

40
𝑘ℎ
𝑛 𝑘ℎ 𝑘ℎ −1
𝑘′ℎ
𝜇 = 𝑙𝑛 ( ) + ( ′ ) 𝑙𝑛(𝑠) − 0,75 + 𝜋 𝑧(2𝑙 − 𝑧) [1 − ]
𝑠 𝑘ℎ 𝑞𝑤 𝑘ℎ 𝑛 2
( )
𝑘′ℎ 𝑠

Equação 3-16

Th = Fator tempo para drenagem horizontal;

t = tempo;

ch = Coeficiente de adensamento para drenagem horizontal;

e = índice de vazios;

av = módulo de compressibilidade vertical (-Δe/σv);

𝛾𝑤 = peso específico da água;

s = ds/dw, n = de/dw, (de,dw, ds indicados na Figura 3-5);

kh e k’h = respectivamente, coeficiente de permeabilidade horizontal e


coeficiente de permeabilidade na zona amolgada,

z = profundidade;

qw = capacidade de descarga do dreno.

𝜇 também pode ser apresentado de maneira simplificada como:

𝑛 𝑘ℎ 𝑘ℎ
𝜇 = 𝑙𝑛 ( ) + ( ′ ) 𝑙𝑛(𝑠) − 0,75 + 𝜋 𝑧(2𝑙 − 𝑧)
𝑠 𝑘ℎ 𝑞𝑤

Equação 3-17

Caso apenas o efeito do amolgamento seja considerado:

𝑛 𝑘ℎ
𝜇 = 𝑙𝑛 ( ) + ( ′ ) 𝑙𝑛(𝑠) − 0,75
𝑠 𝑘ℎ

Equação 3-18

Caso apenas o efeito da resistência hidráulica seja considerado:

41
𝑘ℎ
𝜇 = 𝑙𝑛(𝑛) − 0,75 + 𝜋 𝑧(2𝑙 − 𝑧)
𝑞𝑤

Equação 3-19

Caso se ignore tanto o efeito do amolgamento quanto o da resistência


hidráulica do dreno, tem-se:

𝜇 = 𝑙𝑛(𝑛) − 0.75

Equação 3-20

3.5 ANÁLISES NUMÉRICAS NO ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES


As análises axissimétricas ainda são uma ótima opção quando se está
interessado na previsão do comportamento no eixo do aterro, em uma condição
equivalente a um aterro infinito. Contudo quando o recalque no centro do aterro não é
a única questão de interesse às análises em estado plano de deformações (2D) ainda
são uma ótima opção para a simulação de problemas geotécnicos, uma vez que
demandam muito menos recursos computacionais e menos tempo para sua execução,
quando comparadas às análises 3D. No entanto, esses tipos de análise (2D), quando
envolvem a utilização de drenos verticais, apresentam diferenças geométricas
relacionadas ao processo de adensamento que precisam ser corrigidas. Tal correção
pode ser feita de três formas distintas:

1- Adequação geométrica do espaçamento dos drenos, mantendo-se a


permeabilidade constante.
2- Adequação da permeabilidade do solo, mantendo-se o espaçamento dos
drenos.
3- Adequação da permeabilidade e do espaçamento dos drenos para valores
convenientes.

3.5.1 PROPOSTA DE INDRARATNA E REDANA (1997)

INDRARATNA E REDANA (1997) converteram o sistema de drenos verticais


(Figura 3-6 – a) em um sistema plano de drenos equivalentes (Figura 3-6 – b) através
do ajuste dos coeficientes de permeabilidade.

42
Figura 3-6 – Conversão da célula unitária axissimétricas para o estado plano de deformações
(INDRARATNA e REDANA , 1997).

Para tanto INDRARATNA e REDANA (1997) demostraram que grau de


adensamento médio para a Figura 3-6 – (b) a poderia ser representado pelas
seguintes equações:

𝜕𝑢̅ 𝜕2𝑢
= 𝑐ℎ 2
𝜕𝑡 𝜕𝑥

Equação 3-21

−8 𝑇ℎ𝑝
̅ℎ𝑝 = 1 − 𝑒𝑥𝑝 (
𝑈 )
𝜇𝑝

Equação 3-22

sendo:

𝑢̅ = Poro-pressão no tempo t; 𝑇ℎ𝑝 Fator tempo no estado plano de deformações:

𝑘ℎ𝑝
𝜇𝑝 = [𝛼 + 𝛽 + 𝜃. (2. 𝑙. 𝑧 − 𝑧 2 )]
𝑘′ℎ𝑝

Equação 3-23

43
sendo:

2 2 𝑏𝑠 𝑏𝑠 𝑏𝑠2
𝛼= − (1 − + 2 )
3 𝐵 𝐵 3𝐵

Equação 3-24

1 𝑏𝑠
𝛽= 2
(𝑏𝑠 − 𝑏𝑤 )2 + 2
(3𝑏𝑤 − 𝑏𝑠2 )
𝐵 3𝐵2

Equação 3-25

2
2𝑘ℎ𝑝 𝑏𝑤
𝜃= (1 − )
𝑘′ℎ𝑝 𝑞𝑧 𝐵 𝐵

Equação 3-26

Sendo que para garantir que a variação do grau de adensamento médio com o
tempo fosse igual em ambos os casos, a Equação 3-22 e Equação 3-13 foram
igualadas:

̅ℎ = 𝑈
𝑈 ̅ℎ𝑝

Equação 3-27

Combinando a Equação 3-27 e a Equação 3-22 com a teoria original de


HANSBO (1981), INDRARATNA e REDANA (1997) demostraram que a relação dos
fatores tempo pode ser representada por:

𝑇ℎ𝑝 𝑘ℎ𝑝 𝑅2 𝜇𝑝
= =
𝑇ℎ 𝑘ℎ 𝐵2 𝜇

Equação 3-28

Admitindo-se que a magnitude de R e de B sejam as mesmas, INDRARATNA


E REDANA (1997), apresentaram a relação entre khp e k’hp:

𝑘ℎ𝑝
𝑘ℎ [𝛼 + 𝛽 + 𝜃(2𝑙𝑧 − 𝑧 2 )]
𝑘′ℎ𝑝
𝑘ℎ𝑝 = 𝑛 𝑘ℎ 𝑘ℎ
[𝑙𝑛 ( ) + 𝑙𝑛(𝑠) − 0,75 + 𝜋(2𝑙𝑧 − 𝑧 2 ) ]
𝑠 𝑘′ℎ 𝑞𝑤

Equação 3-29

𝒌𝒉𝒑
Para que a Equação 3-29 possa ser utilizada, a razão precisa ser definida.
𝒌′𝒉𝒑

INDRARATNA E REDANA (1997) concluíram que a definição deste termo poderia ser
44
feita ignorando-se a resistência hidráulica do dreno na própria Equação 3-29, ou seja
através da Equação 3-30:

𝑘′ℎ𝑝 𝛽
=
𝑘ℎ𝑝 𝑘ℎ𝑝 [𝑙𝑛 (𝑛) + 𝑘ℎ
𝑙𝑛(𝑠) − 0,75] − 𝛼
𝑘ℎ 𝑠 𝑘′ℎ

Equação 3-30

Contudo, para que a Equação 3-30 fosse resolvida era necessária a definição
𝒌𝒉𝒑
da razão . INDRARATNA e REDANA (1997) propuseram que fosse ignorado tanto o
𝒌𝒉
𝒌𝒉𝒑
efeito da resistência do dreno quanto o efeito do amolgamento e que a razão
𝒌𝒉

poderia ser calculada pela seguinte equação:

𝑘ℎ𝑝 0,67
=
𝑘ℎ 𝑙𝑛(𝑛) − 0,75

Equação 3-31

Finalmente, devem-se utilizar os resultados das Equações 3-31 e 3-32 na


Equação 3-29.

Isto posto, a conversão proposta por INDRARATNA E REDANA (1997)


mantém a geometria do problema (R=B) e compatibiliza exclusivamente os
coeficientes de permeabilidade para a obtenção de uma evolução de recalques
equivalente ao caso axissimétrico.

3.5.2 PROPOSTA DE HIRD ET AL. (1992)

Para solucionar a mesma questão, também adaptando a teoria de Hansbo,


HIRD et al. (1992), propuseram uma compatibilização que, para o caso no qual a
resistência dos drenos pode ser desconsiderada, deve ser feita através da Equação
3-32.

𝑘ℎ𝑝 2𝐵2
= 𝑅 𝑘 𝑟 3
𝑘ℎ 3𝑅 2 [𝑙𝑛 ( ) + ( ℎ ) 𝑙𝑛 ( 𝑠 ) − ( )]
𝑟𝑠 𝑘𝑠 𝑟𝑤 4

Equação 3-32

Para esse caso, é perceptível a maior simplicidade da proposta de HIRD et al.


(1992) em relação a equação proposta de INDRARATNA E REDANA (1997). Além

45
disto, essa formulação permite que seja adotada a compatibilização por alteração de
geometria, alteração do coeficiente de permeabilidade ou a combinação das duas, fato
que dá maior flexibilidade a sua utilização durante a elaboração do modelo numérico e
malha de elementos finitos.

Caso a resistência dos drenos seja fator relevante no problema, HIRD et al.
(1992) propuzeram que ainda seja feita uma compatibilização das capacidade de
descarga dos drenos da seguinte forma:

𝑄𝑤 2𝐵
=
𝑞𝑤 𝜋𝑅2

Equação 3-33

sendo: Qw e qw as capacidades de descarga dos drenos para o estado plano de


deformações e para condições axissimétricas, respectivamente.

No capítulo 5 é apresentada uma comparação da evolução dos recalques de


um caso hipotético axissimétrico, bem como casos em estado plano de deformações
sem compatibilização, com as propostas proposta de INDRARATNA E REDANA
(1997) e HIRD et al. (1992).

3.6 TEORIA DO DRENO VERTICAL PARA CARREGAMENTO POR VÁCUO.


Matematicamente o adensamento por vácuo é muito semelhante ao
adensamento por um carregamento clássico. Envolve inicialmente um excesso de
poro-pressão negativo aplicado e normalmente mantido em uma fronteira durante o
período de adensamento e excesso de poro-pressões nulos ou gradientes hidráulicos
também nulos em outras fronteiras.

A solução para o problema envolvendo drenos verticais e vácuo é obtida


através da mesma célula unitária utilizada para os carregamentos clássicos (Figura
3-5). A equação que governa o processo de adensamento também é idêntica ao caso
clássico (Equação 3-12). A teoria apresentada aqui admite, assim como na solução
para o carregamento clássico, que o adensamento ocorra essencialmente pelo fluxo
horizontal de água para os drenos verticais e, desta forma, desconsidera o fluxo
vertical. A solução abaixo foi demostrada conforme apresentado por CHAI e CARTER
(2011).

As condições de contorno definidas para a solução do problema são:

46
𝛿𝑢 (𝑟𝑒 , 0, 𝑡)
=0
𝛿𝑟

Equação 3-34

𝛿𝑢 (𝑟, 0, 𝑡) 𝛿𝑢´ (𝑟, 0, 𝑡)


= =0
𝛿𝑧 𝛿𝑧

Equação 3-35

𝛿𝑢 (𝑟, 𝑙, 𝑡) 𝛿𝑢´ (𝑟, 𝑙, 𝑡)


= =0
𝛿𝑧 𝛿𝑧

Equação 3-36

𝑢 (𝑟𝑤 , 0, 𝑡) = −𝑝𝑣𝑎𝑐

Equação 3-37

sendo:

u e u´ = poro-pressões na zona natural e zona amolgada, respectivamente;

z = profundidade em relação à superfície do solo;

rw, rs e re = representam, respectivamente, o raio equivalente dos drenos, raio da


região amolgada e raio da célula unitária (raio da área de influência do dreno).

A Figura 3-7 ilustra o apresentado nas Equação 3-34 e Equação 3-37.

Figura 3-7 – condições de contorno na célula unitária para carregamento de vácuo.

47
Os valores do contorno r = rw podem ser obtidos através das condições de
continuidade de fluxo. A primeira condição de continuidade define que o fluxo total do
líquido intersticial, que passa através do limite de um cilindro com um raio r, deve ser
igual à mudança de volume no cilindro vazado com raio exterior re e raio interior r.
Essa condição é expressa pelas seguintes equações:

Para (rs ≤ r ≤ re):

𝛿𝑢 𝛾𝑤 𝑟𝑒2 𝛿𝜀𝑣
= ( − 𝑟)
𝛿𝑟 2𝑘ℎ 𝑟 𝛿𝑡

Equação 3-38

E para (rw ≤ r ≤ rs):

𝛿𝑢´ 𝛾𝑤 𝑟𝑒2 𝛿𝜀𝑣


= ( − 𝑟)
𝛿𝑟 2𝑘´ℎ 𝑟 𝛿𝑡

Equação 3-39

sendo:

εv = deformação específica vertical; rs= raio da zona amolgada; γw = peso


específico da água; e kh e k´h = os coeficientes de permeabilidade horizontal para as
zonas natural e amolgada, respectivamente.

A segunda condição de continuidade é aquela que iguala o fluxo de água


intersticial de uma fatia horizontal para dentro do PVD à variação de fluxo vertical no
PVD:

𝛿𝑢´ (𝑟𝑤 , 𝑧, 𝑡) 𝑟𝑤 𝑘𝑤 𝛿 2 𝑢´(𝑟𝑤 , 𝑧, 𝑡)


= ( )
𝛿𝑟 2𝑘´ℎ 𝛿𝑧 2

Equação 3-40

48
sendo:

kw= condutividade hidráulica do PVD (a capacidade de descarga de um PVD é


qw= π rw2 kw).

Substituindo Equação 3-40 na Equação 3-39, para r = rw tem –se:

𝛿 2 𝑢´ 𝛾𝑤 𝛿𝜀𝑣
2
= (𝑛2 − 1)
𝛿𝑧 𝑘𝑤 𝛿𝑡

Equação 3-41

sendo n= re / rw.

Aplicando as condições de contorno expressas nas Equação 3-36 e Equação


3-37 e na Equação 3-41, tem-se a seguinte condição de contorno para r = rw::

𝛾𝑤 𝑧 2 𝛿𝜀𝑣
𝑢´ (𝑟𝑤 , 𝑧, 𝑡) = (𝑛2 − 1) (𝑙𝑧 − )
𝑘𝑤 2 𝛿𝑡

Equação 3-42

A condição de interface entre a zona amolgada e a zona intacta é descrita por:

𝛿𝑢 (𝑟𝑠 , 𝑧, 𝑡) 𝛿𝑢´ (𝑟𝑠 , 𝑧, 𝑡)


𝑘ℎ = 𝑘𝑠
𝛿𝑟 𝛿𝑟

Equação 3-43

Para o caso específico do adensamento por vácuo, a condição final não é o


excesso de poro-pressão zero. Portanto, a solução para o problema definido acima
deve possuir duas partes: uma solução do regime permanente y(r, z), e uma solução
que é variável no tempo (transiente) v(r, z, t). Assim, u (r, z, t) pode ser representado
desta forma:

u (r, z, t) = - Pvac (y (r, z) – v (r, z, t)) para (rs < r ≤ re )

u´ (r, z, t) = - Pvac (y (r, z) – v´ (r, z, t)) para (rw < r ≤ rs )

Equação 3-44

Para o problema definido acima, y(r, z) = 1 e admitindo como hipótese a


consideração que a carga de vácuo não induz a rachaduras na célula unitária, a

49
solução para a parte transiente (v (r, z, t)) é idêntica à solução utilizada no caso de
carregamento tradicional, sendo possível a utilização da solução de HANSBO (1981),
assim:

Para (rw ≤ r ≤ rs)

𝑘ℎ 2
𝑟 𝑟 2 − 𝑟𝑤2 𝑘𝑠 8𝑇ℎ
𝑣´(𝑟, 𝑧, 𝑡) = 2 [𝑟𝑒 ln + + (𝑛2 − 1)(2𝑙𝑧 − 𝑧 2 )] exp (− )
𝑘𝑠 𝑟𝑒 𝜇 𝑟𝑤 2 𝑘𝑤 𝜇

Equação 3-45

E para (rs ≤ r ≤ re)

1 2
𝑟 𝑟 2 − 𝑟𝑠2 𝑘ℎ 2
𝑟𝑠2 −𝑟𝑤2
𝑣(𝑟, 𝑧, 𝑡) = [𝑟 ln − + (𝑟 ln 𝑠 − )
𝑟𝑒2 𝜇 𝑒 𝑟𝑠 2 𝑘𝑠 𝑒 2
𝑘ℎ 2 8𝑇ℎ
+ (𝑛 − 1)(2𝑙𝑧 − 𝑧 2 )] exp (− )
𝑘𝑤 𝜇

Equação 3-46

sendo:

𝑐ℎ 𝑡
𝑇ℎ =
4𝑟𝑒2

Equação 3-47

𝑛 𝑘ℎ 3
𝜇 = ln ( ) + ( ) ln(𝑠) − + 𝜋 𝑧(2𝑙 − 𝑧) (𝑘ℎ /𝑞𝑤 )
𝑠 𝑘𝑠 4

Equação 3-48

̅ℎ ,
O grau de adensamento médio do cilindro de solo com drenagem radial, 𝑈
assim como no caso do carregamento tradicional, pode ser dado por:

−8𝑇ℎ
̅ℎ = 1 − exp (
𝑈 )
𝜇

50
3.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foram apresentados neste capítulo os principais sistemas de aplicação de
vácuo e suas características, bem como as principais metodologias analíticas de
cálculo e aspectos relevantes para o projeto.

A escolha do sistema de aplicação de vácuo deve levar em consideração, entre


outras questões, aspectos geotécnicos indesejáveis, tais como: N.A. profundo, lentes
de materiais permeáveis e tratamento de regiões submersas, fatores esses que
podem influenciar a eficiência do sistema de aplicação de vácuo. O sistema individual
de aplicação de vácuo nos drenos pode ser utilizado como alternativa para solucionar
os problemas relacionados à eficiência, para os casos citados anteriormente.

Na solução analítica para o caso específico do adensamento por vácuo,


diferente do que acontece no carregamento tradicional, a condição final para o
excesso de poro-pressão é diferente de zero, e depende do carregamento de vácuo
aplicado. Contudo admitindo-se que a carga de vácuo não induz rachaduras na célula
unitária, a solução para a parte transiente é idêntica à solução utilizada no caso de
carregamento tradicional, sendo possível a utilização da solução de HANSBO (1981).

As proporções entre os carregamentos tradicionais e carregamento por vácuo


(aproximadamente 40-60%) utilizadas no caso apresentado por MARQUES (2001)
indicaram deslocamentos horizontais nulos na borda do aterro. A proporção dos dois
carregamentos foi estudada numericamente por INDRARATNA (2009), que indicou a
mesma relação (40%/60%) como sendo a proporção que tendeu a zerar os
deslocamentos horizontais.

Apesar de existirem metodologias analíticas para o cálculo dos deslocamentos


horizontais, estas ainda possuem uma componente empírica significativa e, dessa
forma, recomenda-se a elaboração de simulações numéricas para os casos em que os
deslocamentos horizontais são aspectos determinantes de projeto.

51
4 CASO DE ESTUDO - ATERRO TESTE SAINT-ROCH-DE-
L'ACHIGAN

4.1 INTRODUÇÃO
A maioria dos depósitos argilosos do leste do Canadá formou-se após o recuo da
calota glacial em direção ao norte, no período entre 18 a 6 mil anos atrás, sendo,
dessa forma, de origem glacial ou pós-glacial. As argilas do golfo do Rio Saint Laurent
formaram-se quando o Mar de Champlain invadiu a região deste golfo há
aproximadamente 12,5 a 8,5 mil anos atrás, constituindo camadas de solos finos, que
podem atingir até 100m de espessura.

O mar de Champlain estava em contato com o golfo do rio Saint Laurent e


também recebia a descarga de rios e fontes glaciais. Nessa região, a salinidade da
água é variável. Como a redução da salinidade nas argilas marinhas é condição
fundamental para a existência de argilas sensíveis, a lixiviação ou difusão do sal criou
um ambiente propício para o surgimento deste tipo de argilas nessa região. A geologia
e a mineralogia das argilas da região do mar de Champlain foram descritas por
QUIGLEY (1980) e LEROUEIL et al. (1983).

O sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan encontra-se a cerca de 30 km


ao norte da cidade de Montreal, no município de Saint-Roch-de-l'Achigan a cerca de
800 m ao norte do riacho de l'Achigan (Figura 4-1), numa elevação de
aproximadamente 56 m, e apresenta um depósito argiloso de cerca de 10 m de
espessura (Figura 4-2).

Figura 4-1 - Localização do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan (MARQUES, 2001)

52
4.2 CARACTERIZAÇÃO DO SÍTIO
O depósito de Saint-Roch-de-l'Achigan é composto de uma camada de argila
ressecada, oxidada e fissurada (crosta) com cerca de 2,5 m de espessura, seguida de
uma camada de argila siltosa média sensível, muito plástica e compressível, que
possui um OCR variando entre 1,8 e 2,4. Os valores de OCR são referentes aos
ensaios oedométricos e ao perfil de tensões efetivas iniciais obtido a partir da
piezometria em 30/8/98. Essa camada é relativamente homogênea e tem espessura
variável de 10,0 a 12,5 m sendo seguida de uma camada de till antes de atingir a
rocha sã (Figura 4-2).

Para a determinação das características geotécnicas do depósito foram, a


partir do ano de 1996, executados quatro verticais de piezocone, uma vertical de
palheta e instalados 6 piezômetros tipo Casagrande. Além dos ensaios de campo
citados, foram coletadas amostras para a realização de ensaios de caracterização,
ensaios oedométricos e ensaios CRS, ensaios triaxiais isotrópicos e anisotrópicos.

Para a coleta das amostras, foi utilizado um amostrador Laval de 200 mm de


diâmetro, conforme descrito por MARQUES (1996). Esse amostrador atenua a
desestruturação das amostras causada pelo amolgamento quando comparado ao
amostrador convencional Shelby de pistão estacionário.

Nas Figura 4-2 a Figura 4-4 são apresentados respectivamente: um resumo


dos resultados dos ensaios de caracterização do sítio em estudo o perfil de poro-
pressões iniciais medidas através dos piezômetros Casagrande: e os resultados dos
ensaios de piezocone. Conforme pode ser visto nessas figuras, o perfil de
poropressões medido era não hidrostático, o que provavelmente foi ocasionado pela
drenagem da camada de “till” e por um fluxo descendente, em direção a um curso
d´água local.

53
Figura 4-2 - Características geotécnicas do depósito argiloso - Saint-Roch-de-l'Achigan (MARQUES, 2001).

Figura 4-3 - Perfil de poro-pressão inicial - Saint-Roch-de-l'Achigan (MARQUES, 2001).

54
Figura 4-4 - Ensaios de piezocone PZ1 a PZ4: resistência de ponta e poro-pressão em função da
profundidade (MARQUES, 2001).

4.2.1 ENSAIOS OEDOMÉTRICOS

MARQUES (2001) executou uma sequência de 12 ensaios oedométricos


convencionais em amostras de 19 mm de altura e 50 mm de diâmetro, executados em
amostras retiradas (amostrador de Laval) do sítio em estudo a cada metro a partir da
profundidade de 2m até a profundidade de 9 metros.

A Figura 4-5 apresenta, a título de exemplo, uma das curvas de compressão e


de condutividade hidráulica em função do índice de vazios (OED4), gerada através
dos ensaios de permeabilidade e de adensamento oedométrico. Nesses ensaios foram
executados ciclos de carregamentos a cada 24h. Para a medição das condutividades
hidráulicas das amostras, foram executados ensaios de permeabilidade, realizados
através de carga variável aplicada após 24h de carregamento e durante um período de
24h sob tensão efetiva constante.

55
Na Tabela 4-1, são apresentados os parâmetros obtidos com base nos
resultados dos ensaios oedométricos realizados por MARQUES (2001)

e : log σ´v

e : log k

Figura 4-5 - Curvas de compressão e de condutividade hidráulica em função do índice de vazios - ensaio
oedométrico 4 (MARQUES, 2001).

4.2.2 ENSAIOS TRIAXIAIS

A Tabela 4-2 apresenta os resultados dos ensaios CIU executados por


MARQUES (2001). Foram realizado 7 ensaios triaxiais (à temperatura de 20ºC) de
compressão isotrópica a cada 1,1 m de profundidade, para a camada de argila
compreendida entre 3,5 e 8 m de profundidade. Os corpos de prova utilizados nesses
ensaios possuíam 71 mm de altura e 37 mm de diâmetro. A fase de cisalhamento não
drenada foi realizada a uma velocidade constante de 0,0061 mm/min.

56
Tabela 4-1 - Resumo dos ensaios oedométricos (MARQUES, 2001)

Tabela 4-2 - Ensaios triaxiais de compressão isotrópica , CIU (MARQUES, 2001) .

57
Além dos ensaios de compressão isotrópica listados anteriormente, MARQUES
(2001), também executou ensaios CAU e CIU para profundidades entre 5,47 a 5,78 m,
utilizando temperaturas de 10, 20 e 50º C, para diferentes tensões confinantes. Um
dos objetivos da pesquisa de MARQUES (2001) era avaliar o efeito da temperatura no
comportamento do solo em condições de laboratório e em condições in situ.

A Tabela 4-3 e a Tabela 4-4 apresentam respectivamente os resultados obtidos


nos ensaios triaxiais anisotrópicos e isotrópicos não drenados (CAU e CIU), realizados
por MARQUES (2001). Na Figura 4-6 são apresentas as trajetórias de tensões
traçadas para os ensaios triaxiais (CAU e CIU), cujos resultados foram exibidos na
Tabela 4-2 a Tabela 4-4. Na Figura 4-7 são apresentados alguns resultados típicos
obtidos a partir de um dos ensaios executados (CIU2).

Trajetórias de tensões – T = 10ºC


Trajetórias de tensões – T = 20ºC

Trajetórias de tensões – T = 50ºC

Figura 4-6 - Caminhos de tensões temp. 10, 20 e 50ºC - domínio normalmente adensado (Marques, 2001).

58
Tabela 4-3 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CAU (var. temp.) (MARQUES, 2001).

59
Tabela 4-4 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CIU (var. temp.) (MARQUES, 2001).

60
Figura 4-7 - Curvas de compressão isotrópica, caminhos de tensões e curvas de tensão-deformação do ensaio CIU2 (MARQUES, 2001)

61
4.3 COMPORTAMENTO VISCOSO E TENSÃO DE SOBREADENSAMENTO
Uma vez que esse assunto foge do escopo desta tese, ele não será abordado
aqui com profundidade, mas serão apresentados somente conceitos básicos utilizados
durante a determinação dos parâmetros necessários para as análises numéricas
expostas no Capítulo 6. Maiores detalhes podem ser visualizados em MARQUES
(1996) e MARQUES (2001).

A Figura 4-8 apresenta uma gama de perfis de tensão de sobreadensamento


definidos através: (a) de ensaios oedométricos (σ'poed); (b) de ensaios de piezocone
(σ'ppiezocone); (c) das curvas de compressão isotrópica dos ensaios triaxiais (σ'pi) para
diversas temperaturas; (d) dos ensaios CRS à 10ºC e velocidades de deformação de
2x10-6 s-1; e (e) das curvas de compressão in situ (σ'VEL) (MARQUES, 2001). Observa-
se que os valores de σ'VEL são inferiores aos valores da tensão de sobreadensamento
obtidos em ensaios oedométricos convencionais e mais elevados que os valores
obtidos em condições isotrópicas e, de maneira geral, apresentam uma grande
variação causada pelas características relacionadas à velocidade de deformação de
cada ensaio e pelas diferentes temperaturas utilizadas durante a determinação.

Figura 4-8 – Perfil das tensões de sobreadensamento obtidos através de ensaios oedométricos,
triaxiais, ensaios CRS e curvas de compressão in situ. (MARQUES 2001).

62
Segundo MARQUES (2001) o comportamento de uma argila em compressão
está diretamente relacionado às velocidades de deformação e à temperatura. Dessa
forma, considerar tais fatores seja no controle das condições de execução dos ensaios
de laboratório, seja na previsão do comportamento de campo, torna-se uma questão
fundamental para a obtenção de resultados realistas.

De maneira resumida é possível afirmar que o aumento da temperatura


provoca uma redução da tensão de sobreadensamento, para tensões no domínio
normalmente adensado e um aumento das deformações. Entretanto um aumento nas
velocidades de deformação provoca a elevação da tensão de sobreadensamento e
também um aumento das deformações para tensões no domínio normalmente
adensado.

Para o estudo do aterro do teste Saint-Roch-de-l'Achigan os dois efeitos devem


ser levados em consideração, uma vez que a temperatura de campo era da ordem de
10 graus (medidas por termistores instalados ao longo da profundidade e medidos
durante a aplicação do vácuo) e as velocidades de deformação vertical in situ ficaram
por volta de 1x10-8 s-1 (inferior às velocidades dos ensaios CRS e OED executados
que eram da ordem de 1x10-7 s-1 ).

Uma variação de temperatura na faixa de 12 ºC corresponderia a uma variação


de 10% da tensão de sobreadensamento. Para a argila de Saint-Rochde-l'Achigan
uma variação de 30 a 10ºC acarretou uma variação de aproximadamente 0.8%/ ºC
(LEROUEIL e MARQUES, 1996). A Figura 4-9 ilustra as tensões de
sobreadensamento para temperaturas normalizadas em função da tensão de
sobreadensamento obtida em ensaios executados a 20ºC.

Se o efeito da temperatura tenderia a elevar os valores das tensões de


sobreadensamento em campo (quando comparado aos valores obtidos através dos
ensaios oedométricos a 20ºC) em uma proporção de aproximadamente 10%, as
velocidades de deformação registradas em campo tenderiam a reduzi-las.

Para avaliar a influência da velocidade de deformação, MARQUES (2001)


desenvolveu uma série de ensaios CRS a diferentes temperaturas e velocidades de
deformação para amostras retiradas entre as profundidades de 4,7 a 6,5 m. A Figura
4-10 e a Figura 4-11 apresentam a variação da tensão de sobreadensamento em
função da velocidade de deformação e da temperatura, respectivamente. Analisando a
Figura 4-10, é possível verificar que para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan a relação
63
log σ'P - log 𝜀𝑣̇ é aproximadamente retilínea para a faixa de velocidade ensaiada e a
variação da tensão de sobreadensamento é cerca de 15% por ciclo de velocidade de
deformação.

Figura 4-9 - Variação da tensão de sobreadensamento normalizada em função da temperatura.


(MARQUES 2001).

170

160
Temperatura ºC
150 Ensaios CRS

140
10
σ´p (kPa)

130
30
120 50
110

100
valor
90 extrapolado

80

70
1,00E-09 1,00E-08 1,00E-07 1,00E-06 1,00E-05 1,00E-04

Figura 4-10 - Variação da tensão de sobreadensamento em função da velocidade de deformação


vertical - ensaios CRS (adaptado de MARQUES (2001)).

64
170
160
𝜀𝑣̇ (s-1)
150
Ensaios
140
130 1,00E-05
σ´p (kPa)

3,80E-06
120
2,00E-06
110
6,75E-07
100
1,00E-07
90
1,00E-08
80
70 valor
0 10 20 30 40 50 60 extrapolado

Temperatura ºC

Figura 4-11 Variação da tensão de sobreadensamento em função da temperatura - ensaios CRS


(adaptado de MARQUES, 2001).

Comparando com o resultado dos ensaios CRS, o ensaio OED4, executado à


profundidade de 4.93 m, apresentou resultados coerentes, uma vez que a tensão de
sobreadensamento obtida foi 114 kPa e conforme apresentado na Figura 4-10, os
valores obtidos pelos ensaios CRS deveriam estar entre 102 kPa (30ºC e 1 x 10-7 s-1) e
123 kPa (10ºC e 10-7 s-1).

Também na Figura 4-10, extrapolando a curva do ensaio CRS de 10ºC para


uma velocidade de deformação vertical de 1,0 x10-8 s-1 (valor médio obtido em campo
para a deformação), obtém-se uma tensão de sobreadensamento de 108 kPa, valor
este aproximadamente 5% menor que o obtido no ensaio de adensamento
convencional.

A adoção de valor final de - 5 % para a tensão de sobreadensamento, em


relação aos resultados obtidos nos ensaios oedométricos, pode ser considerada
coerente, tendo em vista a sobreposição dos efeitos de uma redução de temperatura
de 20 para 10ºC (+10%), somado a uma redução de velocidade de 10-7 s-1 de para 10-8
s-1 ( -15%).

Uma vez que as velocidades de deformação medidas em campo não eram


necessariamente fixas e a sua influência na variação da tensão de sobreadensamento
65
pode seguir regras diferentes para valores extremos, pode-se dizer que a extrapolação
adotada, apesar de não representar fielmente todas as variações existentes no caso
real, é uma simplificação necessária para a determinação dos valores das tensões de
sobreadensamento de campo a ser utilizada nas simulações, uma vez que o modelo
constitutivo utilizado não considera efeitos viscosos em sua formulação.

4.4 ATERRO TESTE DE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN


Para o estudo do sítio em questão, foram projetados dois aterros teste de 13 m
x 13 m. A região que abrange o aterro A foi submetida à aplicação de um
carregamento por vácuo. Já o aterro B foi aquecido até uma temperatura de
aproximadamente 40ºC e, em seguida, submetido à aplicação do vácuo. Detalhes
sobre o aterro B, seu desempenho, efeito da temperatura no desempenho do aterro,
assim como a comparação do desempenho dos dois aterros podem ser encontrados
em MARQUES (2001) e MARQUES et al. (2003), uma vez que o presente estudo
analisa apenas o aterro A.

A Figura 4-12 e a Figura 4-13 representam uma planta e um corte contendo


detalhes da geometria e do sistema de aplicação do vácuo utilizado no aterro A. Nesse
aterro foi instalada uma malha quadrangular de drenos verticais (12 x 12 drenos),
espaçados de 1,15 m até uma profundidade de 7,5 m. Tal profundidade foi
selecionada considerando a camada drenante subjacente, que se encontrava entre as
profundidades de 10,2 e 13,4 m, e buscando preservar a eficiência do sistema de
vácuo. Foram utilizados drenos verticais pré-fabricados em PVC compressível (d = 5
cm) recobertos de geotêxtil.

Como o sistema de aplicação do vácuo selecionado foi o sistema da membrana


estanque, foram também instalados drenos horizontais ao lado dos drenos verticais na
base de uma camada arenosa de aproximadamente 60 cm de espessura.

A água bombeada subia pelos drenos verticais até a camada de areia coberta
pela membrana estanque, passava pelos drenos horizontais e era, então, conduzida
até as bombas de vácuo.

Durante a fase de caracterização do terreno foi verificado que N.A. encontrava-


se a uma profundidade de aproximadamente 1,13 m, abaixo do nível do terreno.
Contudo durante a construção do aterro e instalação da instrumentação descrita no
item 4.4, observou-se uma variação do nível do N.A. para a profundidade de 1,5 m.

66
Dessa forma, foram construídas trincheiras na periferia do aterro A até a profundidade
de aproximadamente 2,3 m, com a intenção garantir a estanqueidade do sistema.

Figura 4-12 – Planta da geometria e sistema de aplicação de vácuo (MARQUES, 2001).

Figura 4-13 – Corte representativo da geometria e drenos do aterro A (MARQUES, 2001).

Não foram obtidas maiores informações sobre o tipo de mandril utilizado


durante a cravação.

67
As etapas de alteamento do aterro, assim como as cargas de vácuo aplicadas
e a distribuição das mesmas no tempo serão apresentados posteriormente no item 4.5

4.5 INSTRUMENTAÇÃO
O aterro teste A foi instrumentado utilizando piezômetros, tassômetros e
inclinométricos. Foram instalados, ainda, um piezômetro e um inclinômetro fora da
área de estudo para obtenção de valores de referência. Os tubos para leituras
inclinométricas foram instalados em torno do aterro para acompanhamento dos
deslocamentos laterais da camada de argila. A instalação foi feita até 10 m,
profundidade essa em que se previa movimentações nulas.

Tabela 4-5 apresenta as profundidades de instalação da instrumentação. Os


piezômetros instalados foram do tipo corda vibrante, modelo PWS 50 (capazes de
medir poro-pressões negativas). As medidas foram corrigidas em relação à
temperatura e pressão atmosférica do dia de instalação do equipamento.

Os tubos para leituras inclinométricas foram instalados em torno do aterro para


acompanhamento dos deslocamentos laterais da camada de argila. A instalação foi
feita até 10 m, profundidade essa em que se previa movimentações nulas.

Tabela 4-5 – Profundidade de instalação dos equipamentos do aterro teste A. (MARQUES, 2001)

Os medidores de recalque profundos (tassômetros) instalados foram do tipo


diferencial elétrico à corda vibrante (modelo SSG 200), cuja precisão era de 2.5 mm.
Os recalques nesses equipamentos também foram acompanhados por nivelamento.

68
Os termistores foram instalados próximos a uma das bordas do aterro. Ao
longo da profundidade em seis pontos diferentes as leituras desse equipamento eram
feias com o auxílio de um multímetro (Ω/oC).

A Figura 4-14 apresenta, de maneira esquemática, a distribuição dos


instrumentos instalados no aterro A.

0m

5m

10m

0m

5m

10m

Figura 4-14 - Planta e corte esquemáticos da instrumentação do aterro A (adaptado de MARQUES, 2001).

69
4.6 CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM CAMPO
Na Tabela 4-6 é apresentado um resumo das atividades desenvolvidas em
campo, assim como seus respectivos prazos de execução, detalhando, desta maneira,
todas as etapas de carregamento e preparação do aterro A.

Os trabalhos realizados no aterro A do sítio experimental ocorreram de junho


de 1998 a setembro de 1999. A mobilização do canteiro deu-se em meados de junho
de 1998 (locação e preparação dos aterros; nivelamento topográfico).

Os drenos verticais e horizontais foram instalados entre 29 de junho e 10 de


julho 1998. A instrumentação e os ensaios de campo foram efetuados de 13 de julho a
31 de outubro de 1998. Após a execução de ambos, de 16 de setembro a 5 de
novembro de 1998, foram escavadas as trincheiras periféricas e instalada a membrana
estanque em PVC. A instalação dos tassômetros e a execução do aterro de proteção
foram cumpridos de 1º a 31 de outubro de 1998. No dia 9 de dezembro de 1998, um
carregamento complementar de areia foi executado. A aplicação do vácuo foi
interrompida no dia 16 de março de 1999.

Para efeito de organização e ordenamento cronológico, as diversas atividades


desenvolvidas no aterro A do sítio experimental foram divididas em etapas descritas
abaixo de maneira mais detalhada:

 Etapa A1: condições iniciais do sítio, com o perfil de poro-pressões natural do


depósito argiloso. Na época da instalação do sítio experimental, o lençol
freático encontrava-se a uma profundidade de aproximadamente 1,5 m; sendo
entretanto, o perfil de poro-pressões não hidrostático (conforme será
apresentado adiante);
 Etapa A2: após a preparação do terreno - escavação de 20 cm do topo do
terreno e execução de 30 cm de um colchão de areia e instalação dos drenos
verticais e horizontais. Com a instalação dos drenos verticais, o perfil de poro-
pressões tornou-se hidrostático.
Segundo MARQUES (2001) após a instalação dos drenos e o equilíbrio das
poro-pressões, as medidas dos piezômetros de corda vibrante, instalados a
cerca de 80 cm dos drenos, indicaram que os elementos de solo entre os
drenos encontravam-se sujeitos à mesma carga hidráulica de pontos situados
a profundidades similares, no interior dos drenos. Ou seja, a instalação dos
drenos fez com que elementos de solo sob os aterros, situados a uma
70
determinada profundidade, ficassem submetidos à mesma carga hidráulica,
pois a distância entre os drenos era pequena;
 Etapa A3: Lançamento de uma segunda camada de 30 cm de areia (total de 60
cm de aterro);
 Etapa A4: Escavação da trincheira periférica e instalação da membrana PVC;
 Etapa A5: Início da aplicação do vácuo;
 Etapa A6: Problemas no sistema de aplicação do vácuo;
 Etapa A7: Acréscimo de 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho (total de 1,37m);
 Etapa A8: Acréscimo de 1 m de areia (total de 2,37m);
 Etapa A9: Problemas com as bombas de vácuo;
 Etapa A10: Fim da aplicação do vácuo.

Tabela 4-6 – Cronograma das atividades desenvolvidas no aterro A (adaptado de MARQUES (2001)

4.7 RESULTADO DA INSTRUMENTAÇÃO.


Neste tópico são apresentados alguns resultados obtidos através da
instrumentação instalada em campo e apresentada de maneira resumida em no item
4.5, cujos detalhes podem ser vistos em MARQUES (2001), entre eles: os registros do
desempenho do sistema de aplicação de vácuo, assim como o desempenho geral do
próprio aterro. Questões específicas serão apresentadas no capítulo 5, junto com o
resultado das simulações numéricas realizadas.

71
4.7.1 DESEMPENHO DO SISTEMA DE DRENOS E PORO-PRESSÕES

Conforme ilustrado na Figura 4-15, com a instalação dos drenos verticais


houve um aumento de u de cerca de 15 kPa (etapa A2), quando o perfil se tornou
hidrostático (perfil inicial) e o lençol freático encontrava-se a 1,5 m de profundidade.
Com a aplicação do vácuo, o lençol freático subiu até o nível dos drenos horizontais,
houve um aumento suplementar da poro-pressão de cerca de 15 kPa no começo do
bombeamento (perfil de referência).

Na Figura 4-15 é apresentado o esquema da variação de u durante a aplicação


do vácuo. Uma sucção média de 81 kPa atua sobre o perfil de referência no início do
bombeamento, entretanto, no fim do bombeamento, devido aos recalques na
superfície da ordem de 25 cm, o efeito da sucção seria de 83,5 kPa, em relação ao
perfil de referência, e de 68,5 kPa, em relação ao perfil inicial.

Perfil de referência:

Antes da instalação
dos drenos

Perfil inicial:

Antes da instalação Antes da instalação


dos drenos dos drenos

Figura 4-15 - Variação da poro-pressão devido à aplicação do vácuo Saint-Roch-de-l'Achigan, (MARQUES,


2001).

A Figura 4-16 apresenta a variação da sucção aplicada no colchão drenante


em função do tempo. Os valores registrados foram obtidos através de medidores de
pressão de vácuo instalados na camada de areia, sob a membrana estanque. É
possível, dessa forma, visualizar o bom desempenho do sistema de bombeamento, o
72
qual conseguiu atingir valores médios de 81 kPa de sucção. Os dois picos registrados
(Etapa 6 e outro na a Etapa 9) foram causados devido a problemas no sistema de
aplicação de vácuo, que em ambos os casos reduziram a sucção aplicada no colchão
drenante a valores próximos a zero.

Figura 4-16 – Variação da sucção aplicada nos drenos X tempo (adaptado de MARQUES, (2001))

A Figura 4-17 apresenta um resultado típico obtido pela instrumentação para a


variação das poro-pressões com o tempo. (UA4 e UB4, a uma profundidade de 6,8m).

Figura 4-17 – Variação das poro-pressões registradas pelos piezômetros UA4 e UB4 a uma
profundidade de 6,8m (MARQUES, 2001)

73
A Figura 4-18 apresenta o perfil de variação das poro-pressões até a profundidade
de 7 m para o período entre as etapas A6 e A9. Observa-se que, com o reinício da
aplicação do vácuo na etapa A6, as poro-pressões caíram rapidamente até valores
negativos (Figura 4-18).

Figura 4-18 – Perfil da variação da poro-pressão – etapa A6 a etapa A9 (MARQUES, 2001)

4.7.2 DESLOCAMENTOS VERTICAIS

A medição dos deslocamentos verticais no topo dos aterros foi realizada por
nivelamento no topo dos tassômetros e das placas de recalque instaladas nas bordas
dos aterros.

A Figura 4-19 apresenta os deslocamentos verticais obtidos em função do


tempo. Constata-se uma variação inicial dos recalques medidos causada pela
ocorrência de interrupções de bombeamento. Foi registrado um efeito de bordo
significativo, devido às dimensões dos aterros. Os recalques nas bordas foram cerca
de 14 a 33 % dos valores dos recalques do centro.

74
Após a aplicação do vácuo, com o desligamento das bombas, verificou-se uma
expansão de cerca de 2 cm, registrada pelo nivelamento dos tassômetros.

Figura 4-19 – Deslocamentos verticais medidos por nivelamento topográfico (MARQUES, 2001)

A Figura 4-20 apresenta leituras típicas dos deslocamentos verticais


registrados pelo tassômetro RA1 para a camada entre 0 e 3,5 m de profundidade.

Figura 4-20 – Deslocamentos verticais com o tempo entre 0 e 3,25 m (MARQUE, 2001).

75
4.7.3 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS:

Segundo MARQUES (2001), tanto durante quanto após a aplicação do vácuo,


os deslocamentos horizontais registrados foram praticamente nulos. Na parte superior,
próxima ao nível do terreno, onde, em geral, são observados deslocamentos
horizontais mais significativos, não foram observados deslocamentos em direção ao
interior do aterro, talvez devido à grande profundidade das trincheiras.

Outra questão que também pode ter influenciado a obtenção de deslocamentos


nulos está relacionada à proporção no carregamento tradicional (40%), carregamento
por vácuo (60%) utilizada em campo, que, segundo observações de INDRARATNA
(2009), tendem a gerar deslocamentos horizontais nulos, conforme apresentado no
Capítulo 3.

4.8 COMENTÁRIOS FINAIS


Neste capítulo foi apresentado o aterro teste Saint-Roch-de-l'Achigan suas
características geológicas e geotécnicas, sua geometria e a instrumentação utilizada
durante a medição do desempenho desse aterro. Todas essas características serão
utilizadas durante as análises apresentadas nos capítulos 5 e 6.

76
5 DEFINIÇÃO E VALIDAÇÃO DOS PARÂMETROS UTILIZADOS
NAS ANÁLISES DO ATERRO TESTE SAINT-ROCH-DE-
L'ACHIGAN

5.1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta a metodologia utilizada na definição e validação dos
parâmetros empregados nas análises numéricas do aterro teste de Saint-Roch-de-
l'Achigan. As especificidades do caso em estudo envolviam três desafios que
precisavam ser vencidos antes da definição ou validação de parâmetros. O primeiro, a
escolha de um programa capaz de realizar análises envolvendo o carregamento por
vácuo; o segundo, a escolha de um modelo constitutivo capaz de simular a
estruturação da argila estudada; e, o terceiro, compatibilizar as duas primeiras
questões.

Para que o primeiro desafio fosse vencido, foi estabelecida uma parceria com a
empresa que desenvolveu o programa Plaxis. Num primeiro contato realizado no ano
de 2012, a empresa se prontificou a preparar uma rotina que permitisse a realização
de análises acopladas de fluxo/tensão-deformação, capazes de simular o efeito do
carregamento por vácuo. Após um processo de interação constante entre as equipes
da COPPE e do Plaxis em setembro de 2014, foi recebida pela COPPE uma versão
teste consolidada do programa. Esta foi utilizada durante a validação dos parâmetros
apresentada neste capítulo. No início do ano de 2015, a desenvolvedora do Plaxis
liberou a versão comercial (baseada na versão teste de 2014) capaz de efetuar a
simulação do carregamento por vácuo (Plaxis 2D 2015). Tal versão foi utilizada nas
simulações numéricas cujos resultados estão apresentados no capítulo 6.

A Universidade de Joseph Fourier, Grenoble, França, também deu sua


contribuição no desenvolvimento e validação de uma versão teste, através da tese de
mestrado de Alberto Guidi (GUIDI, 2014).

Conforme foi apresentado no Capítulo 2 o modelo S-CLAY1S, foi escolhido


como o modelo constitutivo a ser utilizado nas simulações. A escolha desse modelo
resolvia os outros dois desafios restantes, uma vez que foi capaz de simular o
comportamento estruturado da argila do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan e de já ter

77
sido devidamente implementado e validado (SIVASITHAMPARAM, 2012) no programa
Plaxis.

Uma vez que as três questões anteriores foram resolvidas, ou seja, já havia a
definição do programa e de qual modelo constitutivo seriam utilizados nas análises, foi
possível iniciar a definição e validação dos parâmetros de entrada utilizados nas
simulações, cujos resultados estão apresentados no Capítulo 6.

5.2 DETERMINAÇÃO DOS PARÂMETROS (MODELOS CONSTITUTIVOS)


As investigações geotécnicas (campo e laboratório), realizadas por MARQUES
(2001) e apresentadas no capitulo 4, concentraram-se na determinação dos
parâmetros geotécnicos do depósito argiloso propriamente dito.

A Figura 5-1 apresenta um esquema com a profundidade das amostras


utilizadas na determinação dos parâmetros do solo e também a estratigrafia usada nos
modelos numéricos apresentados no capítulo 6.

Para a crosta argilosa, identificada durante as investigações, foi realizado


apenas um ensaio oedométrico. A camada de till, tendo em vista a sua natureza pouco
compressível e suas características drenantes, não foi estudada em maiores detalhes.

De posse dos dados brutos dos ensaios realizados por MARQUES (2001),
foram determinados os parâmetros adicionais necessários para a utilização do modelo
S-CLAY1S, utilizando a metodologia apresentada no capítulo 2, e foram reavaliados
os parâmetros clássicos apresentados no capítulo 4.

A seguir são apresentados os parâmetros geotécnicos obtidos para a crosta


argilosa e para as camadas do depósito argiloso propriamente (itens 5.3.1 e 5.3.2,
respectivamente).

Para a camada do till os parâmetros foram estimados com base em suas


características pouco compressíveis e permeáveis conforme apresentado no item
5.2.3. São apresentados ainda (item 5.2.4) os parâmetros adotados para a areia e o
pedregulho (materiais utilizados como aterro nas análises numéricas efetuadas).

78
0m
N.A.
CROSTA
OED 1 (prof. 1,96 m)
2,5 m
OED 2 (prof. 3,07 m) SC1 3,5 m
OED 9 (prof. 3,89 m) SC2 4,5 m
OED 4 (prof. 4,93 m) SC3 5,5 m
OED10 (prof. 5,99 m) SC4 ARGILA 6,5 m
OED 6 (prof. 7,11 m) SC5 7,5 m
OED11 (prof. 7,93 m) SC6 8,5 m
OED 8 (prof. 9,08 m) SC7
10,0 m

“TILL”
CAU 4 (prof. 5,52 m)

Profundidade

Figura 5-1 – Esquema das profundidades das amostras dos ensaios de laboratório

5.2.1 CROSTA ARGILOSA (0 – 2,5 METROS)

Uma crosta argilosa, segundo MARQUES (2001), é uma camada


extremamente heterogênea amolgada, sobreadensada (OCR de aproximadamente 9)
e fissurada. Para esta camada, além da caracterização e dos ensaios de campo,
dispunha-se, no caso, apenas de um ensaio oedométrico (OED1).

Embora não seja o modelo mais adequado para a representação da crosta,


tendo em vista a sua característica sobreadensada, o modelo Cam-clay modificado foi
escolhido para a camada em questão tendo em vista o ensaio disponível para a
mesma e o volume limitado de informações disponíveis sobre esta camada.

Os parâmetros utilizados para a crosta argilosa nas análises estão


apresentados na Tabela 5-1. O ensaio OED1 foi utilizado para a determinação dos
parâmetros de compressibilidade e o mesmo ensaio CAU4 foi adotado na
determinação dos parâmetros de resistência. Os mesmos valores dos coeficientes de
permeabilidade da camada SC1 foram utilizados para a crosta argilosa.

79
Tabela 5-1 Parâmetros utilizados para a crosta argilosa.
Crosta
Prof. da camada (m) 0,0 - 2,5
Ensaio oedométrico OED1
Ensaio triaxial CAU4
Wn (%) 67
γn (kN/m³) 15,4
σ´p (kPa) 240,00
e0 2,00
e int 1,95
Ko (m/s) 2,00E-09
Ck 1,14
OCR 9,4
κ 0,02
λ 0,6
ϕ´ LD ( ͦ ) 37,9
Ko_nc 0,39
M 1,545
𝒗´ 0,200

5.2.2 CAMADA ARGILA (2,5 – 10 METROS)

Uma vez que, para esta camada, MARQUES (2001) realizou ensaios
oedométricos praticamente a cada metro de profundidade, a camada de argila foi
dividida em 7 subcamadas (SC1: 2,5m - 3,5 m; SC2: 3,5m - 4,5m; SC3: 4,5m - 5,5m;
SC4: 5,5m - 6,5m; SC5: 6,5m - 7,5m; SC6: 7,5m - 8,5m; SC7: 8,5m - 10m). Os ensaios
OED2 a OED12 foram reanalisados, visando a determinação dos parâmetros de
compressibilidade e permeabilidade entre as profundidades de 2,5 a 10 metros, ou
seja, aproximadamente 1 camada a cada metro (ver Figura 5-1).

TAVENAS et al. (1983) concluíram que os depósitos argilosos da região em


questão possuem uma anisotropia dos coeficientes de permeabilidade que pode ser
considerada desprezível. Sendo assim, os valores de kh/kv foram considerados como
iguais a 1.

Para a determinação dos parâmetros de resistência optou-se pela utilização do


do ensaio CAU4 para todas as sete subcamadas definidas. Essa escolha foi feita pelo
fato deste ensaio ser o que melhor representa a temperatura de campo (10º C) e ter
80
sido realizado em valores de K (σ´3 / σ´1 ) mais próximos às condições de Ko_nc.
Destaca-se que, mesmo para valores de K mais elevados, os ângulos de atrito efetivos
obtidos foram muito semelhantes em todos os ensaios.

Os parâmetros determinados às sete subcamadas são apresentados na


Tabela 5-2.

Tabela 5-2 – Parâmetros definidos para a camada de argila.

Subcamadas

SC 1 SC 2 SC 3 SC 4 SC 5 SC 6 SC 7
Prof. da camada (m) 2,5 - 3,5 3,5 - 4,5 4,5 - 5,5 5,5 - 6,5 6,5 - 7,5 7,5 - 8,5 8,5 - 10,0
Ensaios oedométrico OED2 OED9 OED4 OED10 OED6 OED11 OED8
Ensaio Triaxial CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4
Wn (%) 93,10 90,50 90,10 88,30 87,70 82,30 79,20
γn (kN/m3) 14,80 14,90 14,90 15,00 15,00 15,3 15,60
σ´p (kPa) 70,00 108,00 114,00 112,00 149,00 158,00 190,00
e0 2,54 2,47 2,46 2,40 2,40 2,34 2,19
e int 2,47 2,37 2,36 2,30 2,32 2,16 2,08
ko (m/s) 2,0E-09 3,3E-09 3,2E-09 2,2E-09 1,6E-09 1,8E-09 2,3E-09
Ck 1,04 1,03 1,04 1,11 1,22 1,02 0,97
OCR 2,2 2,8 2,3 1,9 2,1 1,8 1,9
κ 0,02 0,04 0,04 0,04 0,02 0,04 0,04
λ 0,90 1,34 1,20 1,06 1,13 1,13 1,21
X0 25,71 9,66 9,66 9,66 9,66 9,66 9,66
λi 0,22 0,28 0,22 0,28 0,27 0,27 0,23
μ 16,67 11,20 12,55 14,20 13,27 13,27 12,7
a 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00
b 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25
ϕ´ LD ( ͦ ) 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9
Ko_nc 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39
ηko 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040
M 1,545 1,545 1,54 1,545 1,545 1,545 1,545
αKo 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605
β 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013
𝒗´ 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200

5.2.3 CAMADA POUCO COMPRESSÍVEL E PERMEÁVEL: TILL:

Adotou-se para a camada do till, o modelo constitutivo Mohr-Coulomb com


parâmetros necessários para representação do comportamento deste material, uma

81
vez que não se dispunha de maiores informações. MARQUES (2001) apresenta esse
material como pouco compressível e permeável. A Tabela 5-3 apresenta os
parâmetros utilizados.

Tabela 5-3 - Parâmetros utilizados para o till.


Till
Prof. da camada (m) 10,0 - 15,0
γn (kN/m3) 15,00
e int 0,50
Ko (m/s) 5,00E-06
ϕ´ LD ( ͦ ) 40,00
𝒗´ 0,300
E (kPa) 1,00E-07
c´ (kPa) 1

5.2.4 AREIA E PEDREGULHO UTILIZADOS NO ATERRO :

Na aplicação do carregamento tradicional por aterro, foram utilizados dois tipos


de materiais: areia e pedregulho. Para ambos utilizou-se o Modelo Mohr-Coulomb com
parâmetros clássicos para a representação do comportamento desses materiais. A
Tabela 5-4 apresenta os parâmetros adotados para a camada de areia e pedregulho
com base em dados da literatura.

Tabela 5-4 - Parâmetros do modelo Mohr-Coloumb utilizados para a areia e o pedregulho.


Camada
Areia Pedregulho
Prof. da camada (m) 10,0 - 15,0 10,0 - 15,0
γn (kN/m3) 19 19,00
e int 0,50 0,50
Ko (m/s) 1,00E-03 1,00E-03
ϕ´ LD ( ͦ ) 30 35
𝒗´ 0,300 0,300
E (kPa) 1,00E-05 1,00E-06
c`(kPa) 5 5

5.2.5 TABELA RESUMO COM PARÂMETROS E MODELOS DAS CAMADAS


ESTUDADAS .

A Tabela 5-5 apresenta uma síntese dos parâmetros e dos modelos


empregados para cada uma das camadas utilizadas nas simulações numéricas.

82
Tabela 5-5 – Resumo dos modelos constitutivos e parâmetros definidos para as camadas e solos.

Camada argilosa
Parêmtros calc. Crosta SC 1 SC 2 SC 3 SC 4 SC 5 SC 6 SC 7 Till Areia Pedregulho
Prof. da camada (m) 0,0 - 2,5 2,5 - 3,5 3,5 - 4,5 4,5 - 5,5 5,5 - 6,5 6,5 - 7,5 7,5 - 8,5 8,5 - 10,0 10,0 - 15,0
Modelo constitutivo MCC S-Clay1S S-Clay1S S-Clay1S S-Clay1S S-Clay1S S-Clay1S S-Clay1S MC MC MC
Ensaio oedométrico OED1 OED2 OED9 OED4 OED10 OED6 OED11 OED8 - - -
Ensaio triaxial CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 CAU4 - - -
Wn (%) 67 93,10 90,50 90,10 88,30 87,70 82,30 79,20 - - -
γ n (kN/m3) 15,4 14,80 14,90 14,90 15,00 15,00 15,30 15,60 15,00 19,00 19,00
σ´p (kPa) 240,00 70,00 108,00 114,00 112,00 149,00 158,00 190,00 - - -
e0 2,00 2,54 2,47 2,46 2,40 2,40 2,34 2,19 - - -
e int 1,95 2,47 2,37 2,36 2,30 2,32 2,16 2,08 0,50 0,50 0,50
k0 (m/s) 2,00E-09 2,00E-09 3,30E-09 3,20E-09 2,20E-09 1,60E-09 1,80E-09 2,30E-09 1,00E-03 1,00E-03 1,00E-03
Ck 1,14 1,14 1,03 1,04 1,11 1,22 1,02 0,97 - - -
OCR 9,4 2,2 2,8 2,3 1,9 2,1 1,8 1,9 - - -
κ 0,02 0,02 0,04 0,04 0,04 0,02 0,04 0,04 - - -
λ 0,62 0,90 1,34 1,20 1,06 1,13 1,13 1,21 - - -
X0 - 25,71 9,66 9,66 9,66 9,66 9,66 9,66 - - -
λi - 0,22 0,28 0,22 0,28 0,27 0,27 0,23 - - -
μ - 16,67 11,20 12,55 14,20 13,27 13,27 12,37 - - -
a - 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 12,00 - - -
b - 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 0,25 - - -
ϕ´ LD ( ͦ ) 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 37,9 40,00 30,00 35,00
K0_nc 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 0,39 - - -
ηk0 - 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040 1,040 - - -
M 1,545 1,545 1,545 1,545 1,545 1,545 1,545 1,545 - - -
αK0 - 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605 0,605 - - -
β 0,000 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013 1,013
v´ 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,200 0,300 0,300 0,300
E (kPa) - - - - - - - - 1,00E+07 1,00E+05 1,50E+06
c´ (kPa) - - - - - - - - 1,00 5,00 5,00

83
5.3 VALIDAÇÃO DOS PARÂMETROS DO SOLO UTILIZANDO OS MODELOS
S-CLAY1S E MODELO CAM-CLAY MODIFICADO
Neste tópico é feita a validação dos parâmetros apresentados na Tabela 5-5.
Para tanto, os resultados dos ensaios oedométricos e triaxiais são comparados com
os resultados de suas simulações utilizando a ferramenta “SoilTest” existente no
programa Plaxis 2D e dois modelos constitutivos: MCC e S-CLAY1S.

Da Figura 5-2 à Figura 5-5 são apresentados e comparados com os


respectivos ensaios oedométricos, os resultados das simulações realizadas utilizando-
se os modelos CCM e S-CLAY1S.

Para a camada argilosa em estudo (2,5 – 10 m), até tensões de


aproximadamente 200 kPa (Figura 5-2 a Figura 5-5), o modelo S-CLAY1S tende a
apresentar índices de vazios mais próximos aos registrados nos ensaios
oedométricos. O modelo CCM por sua vez, tende a apresentar valores de índices de
vazios menores que os registrados nos ensaios oedométricos. A partir de
aproximadamente 200 kPa, esse comportamento tende a ser invertido: o modelo CCM
tende a apresentar deformações incrementais muito superiores às registradas nos
ensaios oedométricos nas simulações utilizando o modelo S-CLAY1S.

Na Figura 5-6 são comparados os resultados do ensaio triaxial CAU4 com os


resultados dos modelos MCC e S-CLAY1S. Verifica-se que, as trajetórias de tensão
apresentadas para ambos os modelos (Figura 5-6-a) são muito similares, contudo, a
obtida pelo modelo S-CLAY1S não é interrompida ao atingir o estado crítico.

Na Figura 5-6 – (b) e (c) é perceptível o ganho de representatividade do


modelo S-CLAY1S quando comparado ao modelo CCM, uma vez que o primeiro é
capaz de representar a diminuição ou aumento de “q” ou “u” com a evolução das
deformações específicas durante o escoamento. Para o modelo CCM após atingir os
valores máximos, os mesmos parâmetros se mantém constantes.

84
Figura 5-2 – Simulações numéricas e resultados de laboratório dos ensaios OED 1 e OED 2

85
Figura 5-3 – Simulações numéricas e resultados de laboratório dos ensaios OED 9 e OED 4

86
Figura 5-4 – Simulações numéricas e resultados de laboratório dos ensaios OED 10 e OED 6.

87
Figura 5-5 – Simulações numéricas e resultados de laboratório dos ensaios OED 11 e OED 8.

88
(a)

(b)

(c)

Figura 5-6 - Simulações numéricas e result. de laboratório CAU4: trajetória de tensões (a); q x ε1(b); u x ε1 (c).

89
Tendo como referência a série de ensaios triaxiais apresentados no capítulo 4
realizados por MARQUES (2001) e os parâmetros definidos no início do capítulo 5,
inicialmente foi avaliada a capacidade do modelo S-CLAY1S de representar os
resultados dos ensaios.
A Figura 5-7 apresenta a comparação das superfícies de escoamento
definidas pelas equações do modelo S-CLAY1S para as temperaturas de 50, 20 e
10ºC. Vale destacar que o modelo utilizado por si só não é capaz de considerar as
variações de temperatura. Dessa forma, para cada uma das curvas foram utilizados
os parâmetros definidos pelos ensaios de laboratório às respectivas temperaturas.

120

100
M = 1,55

80
k0_nc = 0,39
60
10 graus C

40 20 graus C

α0 = 0,6
q

50 graus C
20
S-Clay 1S
10 graus
0 S-Clay 1S
20 graus
S-Clay 1S
-20 50 graus

-40

-60
0 20 40 60 80 100 120

Figura 5-7 – Superfícies de escoamento do modelo S-CLAY1S definidas para as temperaturas de


50, 20 e 10ºC e comparação com os ensaios triaxias realizados por MARQUES (2001) para as mesmas
temperaturas (amostras a profundidade de aproximadamente 6 m).

Conforme pode ser visualizado na A Figura 5-7, as superfícies definidas pelo


modelo S-CLAY1S mostram-se coerentes com os parâmetros definidos pelos ensaios
de laboratório. Contudo, próximo ao eixo da condição isotrópica é possível verificar
90
um descolamento em relação aos dados de laboratório. Acredita-se que o
deslocamento observado pode ser justificado pelo fato de as superfícies de
escoamento reais não serem representadas necessariamente por uma elipse
inclinada perfeita, como é o caso do modelo S-CLAY1S. Outra questão que pode
justificar essa diferença está relacionada à possibilidade de diferentes velocidades de
deformação terem sido utilizadas durante a execução dos ensaios. Tal questão não
foi objeto de estudo neste trabalho e, dessa forma, recomenda-se que seja objeto de
um estudo futuro.

5.4 CONVERSÃO DA CÉLULA UNITÁRIA AXISSIMÉTRICA PARA O ESTADO


PLANO DE DEFORMAÇÕES

Conforme apresentado no capítulo 3, a conversão da célula unitária


axissimétrica para o estado plano de deformações pode ser efetuada de três maneiras
distintas:

(a) Adequação geométrica do espaçamento dos drenos, mantendo-se a


permeabilidade constante;
(b) Adequação da permeabilidade do solo, mantendo-se o espaçamento dos
drenos;
(c) Adequação da permeabilidade e do espaçamento dos drenos para valores
convenientes.

No capítulo 3 foram apresentadas duas metodologias distintas que podem ser


utilizadas: a de INDRARATNA e REDANA (1997), que corrige os coeficientes de
permeabilidades, mantendo-se a geometria do problema; e a de HIRD et al. (1995),
que permite a adequação dos parâmetros através de qualquer uma das maneiras
descritas acima.

5.4.1 AVALIAÇÃO DAS METODOLOGIAS

Com a intenção de auxiliar a escolha da metodologia que seria utilizada nas


análises do aterro teste de Saint-Roch-de-l'Achigan (apresentadas no Capítulo 6),
foram realizadas simulações envolvendo um caso hipotético simplificado, envolvendo
uma célula unitária com um dreno sujeito a um carregamento e descarregamento por

91
vácuo (-80 kPa) em uma camada de argila homogênea de 10 metros de profundidade
(Figura-5-8).

Os parâmetros de solo utilizados nas análises foram os mesmos da subcamada


SC-3, apresentados na Tabela 5-5. O solo foi considerado completamente saturado e
o N.A. foi posicionado no nível do terreno. Os coeficientes de permeabilidade verticais
e horizontais foram considerados iguais. O dreno vertical foi posicionado em toda a
extensão da camada.

Na Figura-5-8, é apresenta a malha de elementos finitos utilizada nas análises. A


malha apresentada possui aproximadamente 1100 elementos triangulares de 15 nós,
disponíveis no programa Plaxis.

rw
rs

de/2

Figura-5-8 – Modelo hipotético utilizado na avaliação.

As simulações tiveram como interesse a comparação dos resultados das


análises axissimétricas com as simulações (2D), com e sem correções. Ainda foi
executada uma análise adicional, onde o carregamento por vácuo foi substituído por
um carregamento tradicional. Assim sendo, as seguintes simulações numéricas foram
executadas:
92
(a) simulação axissimétrica;
(b) simulação no estado plano de deformações sem nenhum tipo de correção;
(c) simulação no estado plano de deformações com correção proposta por HIRD et
al. (1995);
(d) simulação no estado plano de deformações com as correção proposta por
Indraratna e Redana (1997);
(e) Por fim, foi realizada outra simulação axissimétricas, contudo o carregamento
de vácuo (-80 kPa) foi substituído por um carregamento tradicional equivalente (4
metros de aterro) em uma condição axissimétrica.

Para fins de comparação, também foi efetuado o cálculo da evolução dos


recalques com o tempo de maneira analítica. Para esse caso o carregamento por
vácuo foi considerado como um carregamento tradicional.

A Tabela 5-6 abaixo apresenta os parâmetros geométricos e dos coeficientes de


permeabilidade utilizados nas análises.

Tabela 5-6 – Dados de entrada do modelo geométrico e dados do coeficiente de permeabilidade.

Parâmetros geométricos e coeficientes de permeabilidade utilizados


de (m) 1,575
dw (m) 0,050
dm (m) 0,087
ds (m) 0,131
n (m) 31,50
s (m) 2,62
de/2 = R (m) 0,788
rw (m) 0,025
rs (m) 0,066
kv = kh (m/s) 3,20E-09
k´ h (m/s) 1,07E-09
Coeficientes de permeabilidade equivalente Indraratna e Redana (1997)
khp (m/s) 7,41E-10
k´hp (m/s) 1,29E-10
Coeficiente de permeabilidade equivalente Hird et al. (1995)
khp (m/s) 4,61E-10

A Figura 5-9 apresenta os resultados da evolução dos recalques com o tempo


obtido para cada uma das situações propostas acima, para um determinado nível do
terreno (ponto A). Conforme pode ser visualizado nesta figura, com a exceção da
análise em estado plano de deformações (2D) sem correção, todas as demais

93
simulações numéricas apresentaram resultados muito similares entre si, incluindo as
análises que envolviam o carregamento tradicional equivalente e os cálculos
analíticos.

A Figura 5-9 apresenta o resultado da evolução dos recalques com o tempo


para todas as condições citadas anteriormente.

0,05
Ponto A (0,0)
0,00 Cálculo analítico

-0,05 Calc. modelo Axissimétrico

-0,10 Calc. modelo axissimétrico c/ carga equivalente

-0,15
Recalque (m)

Cálculo modelo PS sem correção

-0,20 Cálculo modelo PS com corr. Indraratna

-0,25 Cálculo modelo PS com corr. Hird

-0,30

-0,35

-0,40

-0,45

-0,50
0 200 400 600 800 1.000 1.200
Tempo (dias)

Figura 5-9 – Resultados dos recalques x tempo para o ponto A (0, 0).

Com base nos resultados apresentados na Figura 5-9, fica clara a necessidade
de que seja feito algum tipo de correção dos parâmetros de entrada durante as
análises em estado plano de deformações, sob pena de se obter uma evolução dos
recalques não realista.

Conforme apresentado na Figura 5-10, além da avaliação dos recalques para


um ponto na superfície do terreno, também foram avaliadas as variações das poro-
pressões num ponto situado no centro da camada de argila e no limite da área de
influência do dreno vertical, ponto B(0,79;-5).

94
60

40

20

0
Poro pressões (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100
Ponto B
-120 (0,79, -5)

-140
0 200 400 600 800 1.000 1.200
Tempo (dias)

Figura 5-10 – Resultado das poro-pressões x tempo para o ponto B (0,70, -5).

Analisando a Figura 5-10 é possível verificar que a simulação envolvendo o


carregamento tradicional equivalente, conforme esperado, apresentou uma resposta
diferente das observadas para as simulações envolvendo o carregamento por vácuo.

Na simulação envolvendo o carregamento tradicional equivalente (Figura 5-10),


o ponto inicial das poro-pressões é equivalente a pressão hidrostática à profundidade
de 5 m, ou seja -50 kPa (por convenção de sinais o programa Plaxis utiliza valores
positivos para sucção). Assim que o carregamento foi adicionado, instantaneamente,
foram adicionados -80 kPa equivalente ao aterro tradicional atingindo -130 kPa. Os
excessos de poro-pressão foram dissipados com o tempo até que o valor inicial
retornou para a condição hidrostática (Figura 5-10).

Na simulação envolvendo o carregamento por vácuo (Figura 5-10), as poro-


pressões iniciais também partiram do valor de -50 kPa, contudo, o efeito do vácuo foi
sendo adicionado de maneira progressiva até que toda a carga de -80 kPa fosse

95
aplicada. Após a retirada do carregamento, os valores das poro-pressões retornam de
maneira gradativa para a condição hidrostática inicial.

Com base nas simulações apresentadas neste tópico é importante que as


seguintes questões ainda sejam destacadas:

 Tanto a metodologia apresentada por HIRD et al. (1995) quanto a apresentada


por INDRARATNA e REDANA (1997) mostraram-se eficientes na
compatibilização da evolução dos recalques com o tempo. Dessa forma, a
escolha de qualquer uma das duas metodologias poderia ser feita, contudo a
utilização da metodologia apresenta por HIRD et al. (1995) mostrou-se mais
simples e flexível.
 Ao realizar as análises apresentadas neste tópico, observou-se que ao se
posicionar o dreno em uma região muito próxima à fronteira (simulando o
diâmetro equivalente dos drenos), criava-se uma região muito fina, sujeita a um
gradiente hidráulico elevado. Tal fato, para o caso estudado, não influenciava a
qualidade dos resultados obtidos, contudo, tornava a convergência numérica
consideravelmente mais lenta. Este fato foi levando em consideração durante
as análises apresentadas no Capítulo 6.
 O comportamento observado para o carregamento por vácuo mostrou-se
coerente com a teoria apresentada no capítulo 3.

5.4.2 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA DE HIRD ET AL. (1995) NO ATERRO TESTE


DE SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN .

Como vistos no capítulo 4, o aterro de Saint-Roch-de-l'Achigan foi executado


em formato quadrangular com aproximadamente 13 m de lado. Os drenos foram
instalados em uma malha quadrangular com distância entre drenos ( l ) de 1,15 m. Os
drenos de 0,05 m de diâmetro se estendiam até a profundidade de 7,5 m. Com base
nessas informações, foram definidos os seguintes parâmetros:

Diâmetro de influência do dreno (de) = ( l ) . 1,13 = 1,15 . 1,13 = 1,3 m

Diâmetro do dreno (dw) = 0,05 m

Não foram encontradas informações relativas ao diâmetro do mandril utilizado


em campo. Dessa forma, esta variável e o diâmetro da região amolgada foram fixados
conforme os valores apresentados abaixo:

96
Diâmetro equivalente do mandril (dm) = 0,07 m;

Diâmetro da região amolgada (ds) = 1,5 x dm = 0,105 m.

De posse das informações descritas acima, para a utilização da metodologia


proposta por HIRD et al. (1995), ainda se fazia necessário possuir os dados referentes
ao amolgamento causado pela cravação dos drenos verticais e a distância entre
drenos que seria utilizada nos modelos numéricos.

Por uma questão de praticidade a mesma distância entre drenos de campo


(1,15 m) foi definida para a utilização durante as simulações numéricas apresentadas
no capítulo 6. E, com base em dados da literatura e nas condições específicas do caso
estudado, foram definidas as seguintes informações relacionadas ao amolgamento: kh/
k'h = 1,8; s = ds/dw = 2,1.

Dessa maneira, nas etapas de cálculo onde as camadas e subcamadas de


solo: Crosta (0 - 2,5m), SC 1 (2,5 - 3,5m), SC 2 (3,5 – 4,5 m), SC 3 (4,5 – 5,5 m), SC 4
(5,5 – 6,5 m) e SC 5 (6,5 – 7,5 m) estavam sujeitas à influência de drenos verticais, os
coeficientes de permeabilidade foram alterados para os valores apresentados na
Tabela 5-7.

Tabela 5-7 – Coeficientes de permeabilidade corrigidos para análises do estado plano de


deformações.

Coeficiente de permeabilidade (m / s)

Crosta SC 1 SC 2 SC 3 SC 4 SC 5

kh 2,00E-09 2,00E-09 3,30E-09 3,20E-09 2,20E-09 1,60E-09


khp (Hird) 3,37E-10 3,37E-10 5,56E-10 3,38E-10 3,7E-10 2,7E-10

sendo,

kh = valores dos coeficientes de permeabilidade definido pelos ensaios de


laboratório para a direção horizontal;

khp = coeficiente de permeabilidade corrigidos, para a região sob influência de


drenos verticais, utilizado durante as análises em estado plano de deformações;

Essa alteração dos coeficientes de permeabilidade foi feita nos modelos


numéricos através da criação de um novo solo (com os novos valores de k) e
substituição deste em cada camada sob influência dos drenos verticais.
97
5.5 COMENTÁRIOS FINAIS:
Neste capítulo foram determinados os parâmetros necessários para a utilização
dos modelos constitutivos S-CLAY1S e Cam-clay modificado na representação do
comportamento tensão-deformação do aterro teste de Saint-Roch-de-l'Achigan. Tais
parâmetros foram validados levando-se em consideração os resultados de ensaios de
adensamento e triaxiais disponíveis na literatura de referência.

Durante as análises numéricas desenvolvidas foi constatado o melhor


desempenho do modelo S-CLAY1S quando comparado aos resultados obtidos através
do modelo CCM na representatividade do ensaios laboratoriais utilizados na validação.
Diferente do modelo CCM, o modelo S-CLAY1S mostrou-se capaz de representar o
comportamento do solo no tocante aos ensaios oedométricos, para qualquer faixa de
tensões.

Analisando as simulações dos ensaios triaxiais para o solo em questão, pode-


se observar um ganho de representatividade ao se utilizar o modelo S-CLAY1S, uma
vez que este modelo é capaz de simular a anisotropia e estruturação do solo em
questão.

Foi feita uma breve avaliação das metodologias apresentadas por HIRD et al.
(1995) e por INDRARATNA e REDANA (1997). Ambas mostraram bons resultados,
contudo a metodologia de HIRD et al. (1995) revelou-se mais simples e flexível e,
dessa forma, foi escolhida para ser utilizada durante as simulações numéricas
apresentadas no capítulo 6.

98
6 MODELOS NUMÉRICOS, APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS
RESULTADOS

Neste capítulo são apresentados os modelos numéricos utilizados nas


simulações do aterro teste Saint-Roch-de-l'Achigan. São apresentados ainda os
resultados de cálculos analíticos das simulações numéricas e os mesmos são
comparados com os dados de campo expostos por MARQUES (2001).

O Anexo 4 apresenta a metodologia e os procedimentos necessários para a


simulação do carregamento por vácuo utilizando o programa Plaxis 2D 2015. Uma
descrição mais detalhada sobre a utilização do programa pode ser encontrado em
BRINKGREVE et al. (2014).

6.1 MODELOS UTILIZADOS NAS ANÁLISES NUMÉRICAS

6.1.1 MODELOS EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE CAMADAS.

Devido à complexidade da questão, para fins de comparação e para auxiliar a


compreensão geral do problema, optou-se inicialmente pela utilização de dois modelos
numéricos simplificados onde a camada de argila foi representada por um único
material (parâmetros da subcamada SC3 apresentado na Figura 5-1).

O primeiro modelo, identificado como modelo A1, é apresentado na Figura


6-1(a) e envolve a simulação de um dreno simples, que representa a condição de uma
célula unitária de um dreno posicionado em um aterro infinito. O segundo, apresentado
na Figura 6-2 (a), um pouco mais complexo, envolve a simulação de uma seção
completa do aterro (modelo B1), um modelo 2D capaz de prever o efeito da escavação
das trincheiras, efeito das bordas no comportamento geral do aterro, deslocamento
horizontais e verticais, etc.

Em um segundo momento, a camada de argila foi dividida em sete


subcamadas de argila (conforme apresentado no item 5.3.1), dando origem aos
seguintes modelos: A2 idêntico ao modelo A1, com a exceção da inclusão das sete
subcamadas (Figura 6-1 - b); e modelo B2, idêntico ao modelo B1, também com a
exceção da inclusão da discretização das subcamadas de argila (Figura 6-2 - b).

99
A definição dos parâmetros necessários para a utilização dos modelos
constitutivos empregados para a representação dos solos durante as análises foi
apresentada no item 5.3.

Em todas as análises, optou-se pela utilização de simulações em estado plano


de deformações. Essa escolha para os modelos B é óbvia. Contudo, para o caso dos
modelos A, levou-se em consideração algumas questões expostas no item 5.5, dentre
elas, a velocidade de convergência das simulações e as questões relacionadas à
convergência das análises ao se posicionar o dreno muito próximo à borda.

Em todos os modelos, foi utilizado o diâmetro de influência dos drenos igual a


1,15m (idêntica à utilizada em campo). Para tanto, foram efetuadas correções dos
coeficientes de permeabilidade através da teoria de HIRD et al. (1995) (conforme
apresentado no item 5.4), de forma a adequar as simulações realizadas em estado
plano de deformações às condições reais de campo. Para simulação dos drenos
verticais, foi utilizada a ferramenta de dreno disponível no programa Plaxis.

0 m 1,15 m 0 m 1,15 m

2,17 m 2,17 m
Aterro Aterro
0m 0m
Crosta Crosta
-2,5 m -2,5 m
SC 1
-3,5 m
SC 2
-4,5 m
SC 3
-5,5 m
Argila SC 4
-6,5 m
SC 5
-7,5 m (SC3) -7,5 m
SC 6
-8,5 m
SC 7
-10 m -10 m

“Till” “Till”

-15 m -15 m
(b)
(a)
Figura 6-1 – Apresentação do modelo A1 (a) e do modelo A2 (b).

100
50 m

6,5 m ~5 m

1:1

6 drenos posicionados a cada 1,15 m (a)

50 m

6,5 m ~5 m

1:1
Crosta

Argila: SC1 a SC 7

“Till”
6 drenos posicionados a cada 1,15 m (b)

Figura 6-2 - Modelo B1 (a); Modelo B2 (b).

6.1.2 MALHAS DE ELEMENTOS FINITOS E CONDIÇÕES DE FLUXO

Definida a geometria dos modelos e atribuídos os materiais específicos de


cada região, o próximo passo foi efetuar a geração da malha de elementos finitos. Em
todos os casos foram utilizados os elementos triangulares de 15 nós disponíveis no
programa.

A seguir, são apresentadas as características principais de cada um dos


modelos:

101
Modelos A1 e A2:
Conforme pode ser visualizado na Figura 6-3 (a) (para o modelo A1) e na
Figura 6-4 (a) (para o modelo A2), foram geradas malhas similares com
aproximadamente 350 elementos e 3000 nós. Nas fronteiras laterais foram restringidas
as deformações horizontais (Figura 6-3 (a) e Figura 6-4 (a)) e o fluxo (Figura 6-3 (b) e
Figura 6-4 (b)), tendo essas fronteiras sido consideradas impermeáveis. O nível do
lençol freático foi posicionado na profundidade y = - 1,5 m, e o perfil de poro-pressões
foi ajustado às leituras piezométricas locais, conforme será apresentado na Figura 6-7.
Nas fronteiras inferiores, foram restringidos os deslocamentos horizontais e verticais e
liberado o fluxo (Figura 6-3 (b) e Figura 6-4 (b)).

1,15 m

0m Nível do Terreno
m

N.A (-1,5 m)

2,5 m

Fronteiras
impermeáveis

7,5 m

10 m

15 m (a) (b)

m y

Figura 6-3 – Modelo A1 - Malha de elementos finitos (a) e condições de fluxo (b).

102
1,15 m
Nível do Terreno
0m
m

N.A.

2,5 m m
m

7,5 m Fronteiras
m impermeáveis

10 m

(a) (b)
15 m

m y
Figura 6-4 – Modelo A2 - Malha de elementos finitos (a) e condições de fluxo (b).

Uma vez que as condições de contorno, o número de elementos e os


carregamentos foram praticamente idênticos nos modelos A1 e A2 não se esperava
ganho na velocidade de processamento durante a utilização do modelo A1 (quando
comparado ao modelo A2), contudo a simulação deste modelo permitiu a avaliação da
influência de uma representação com maior ou menor precisão do perfil geotécnico e
da influência das descontinuidades nos resultados gerados pelas simulações.

103
Modelo B1 e B2
Conforme pode ser visualizado na Figura 6-5 (a), para o modelo B1 e na Figura
6-6 (a), para o modelo B2, também foram geradas malhas similares nestes modelos e
em ambos os casos foram utilizados aproximadamente 2600 elementos e 21000 nós.

Nas fronteiras laterais também foram restringidas as deformações horizontais


(Figura 6-5 (a) e Figura 6-6 (a)) e o fluxo (Figura 6-5 (b) e Figura 6-6 (b)), tendo sido
essas fronteiras consideradas como impermeáveis. Na fronteira inferior foram
restringidos os deslocamentos horizontais e verticais e liberado o fluxo. O nível do
lençol freático, assim como nos modelos A, foi posicionado na profundidade de y = -
1,5 m, e o perfil de poro-pressões corrigido conforme medições dos piezômetros
instalados em campo por MARQUES (2001) (conforme Figura 6-7).

0m

15 m
(a)

0m
N.A.

15 m
(b)

Figura 6-5 – Modelo B1 - malha de elementos finitos (a) e condições de fluxo (b).

104
0m

15 m
(a)

0m
N.A.

15 m
(b)

Figura 6-6 – Modelos B2 - Malha de elementos finitos (a) e condições de fluxo (b).

Assim como citado para os modelos A, também não se esperava ganhos nas
velocidades de processamento quando comparando a simulação do modelo B1 com a
do modelo B2. Da mesma maneira, a simulação do modelo B2 permitiu, da mesma
forma, a avaliação da utilização de uma discretização mais detalhada do perfil
geotécnico e das descontinuidades nos resultados finais obtidos.

6.2 ESTADO DE TENSÕES INICIAIS


A execução de simulações numéricas realistas depende, entre outros fatores,
da definição de um estado de tensões iniciais que represente a realidade do problema
analisado. Assim sendo, um erro durante essa definição pode comprometer todos os
resultados obtidos nas simulações.

105
6.2.1 PORO-PRESSÕES

Tendo como base os parâmetros apresentados na Tabela 5-5 e os modelos


numéricos apresentados no item 5.5, foram inicialmente avaliados os resultados
obtidos na etapa inicial de cálculo (estado de tensões iniciais no solo), tendo sido os
mesmos comparados com os dados de campo e laboratório apresentados por
MARQUES (2001).

A Figura 6-7 apresenta a comparação entre o perfil de poro-pressões iniciais


medido em campo, o perfil de poro-pressões iniciais hidrostático e o perfil de poro-
pressões utilizado em todos os quatro modelos (A1, A2, B1 e B2). Analisando a Figura
6-7 fica claro que a utilização de um perfil de poro-pressões hidrostático poderia levar
a erros de até aproximadamente duas vezes nos valores de poro-pressões quando
comparado ao perfil real de campo, e, consequentemente, a erros significativos nas
tensões efetivas iniciais (σ´vo).

u x profundidade (fase inicial)


u (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160
0

Poro-pressões hidrostáticas
2
Poro-pressões calculadas para
campo
Poro-pressões utilizadas nos 4
4 modelos

6
Profundidade (m)

10

12

14

16

Figura 6-7 – Comparação entre o perfil de poro-pressões de campo, o hidrostático e o utilizado nos
modelos numéricos.

106
6.2.2 TENSÕES EFETIVAS VERTICAIS

A Figura 6-8 apresenta o perfil de tensões efetivas calculado durante as


simulações (utilizando os valores de u apresentados na Figura 6-7) e o compara com
os valores calculados para campo e com os valores obtidos através de um perfil de
poro-pressões hidrostático. Uma vez que o perfil de poro-pressões é o mesmo para
todos os quatro modelos e observando que a variação dos pesos específicos
utilizados em camadas similares dos modelos é relativamente pequena, o resultado
apresentado na Figura 6-8 pode ser considerado representativo para todas as
simulações envolvendo os quatro modelos previamente apresentados.

σ´vo x profundidade (fase inicial)


σ´vo (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
0

1 Tensões efetivas calculadas com o


perfil hidrostático de poro-pressões
Tensões efetivas calculadas para
2 campo
Tensões efetivas utilizadas nos 4
modelos
3

4
Profundidade (m)

10

Figura 6-8 – Comparação entre o perfil de tensões verticais efetivas de campo e simuladas para o
perfil de poro-pressões corrigido e para um hidrostático.

107
Como pode ser visualizado na Figura 6-8 as tensões efetivas verticais iniciais
obtidas nas simulações numéricas mostraram-se bem próximas das tensões efetivas
calculadas para campo. Até a profundidade de aproximadamente -7,2m, os valores
obtidos para este caso apresentaram uma variação menor que 4 kPa. Após essa
profundidade, as variações foram um pouco maiores, contudo, inferiores a 9 kPa.

6.2.3 TENSÕES DE SOBREADENSAMENTO

O perfil de tensões verticais efetivas obtido através da distribuição hidrostática


das poro-pressões apresentou diferenças que chegaram a valores de
aproximadamente 40kPa. Tal fato comprometeria significativamente os resultados das
simulações, uma vez que a definição das tensões de sobreadensamento nas
simulações é feita (no programa utilizado) através da multiplicação das tensões
efetivas da etapa inicial de cálculo pelos valores da razão de sobreadensamento
inseridos em cada um dos solos utilizados. Sendo assim, nesse momento fez-se
necessária uma reavaliação dos valores dos OCRs inicialmente definidos, de forma a
garantir que os valores das tensões de sobreadensamento calculados pelo programa
correspondessem à realidade de campo.

A Tabela 6-1 apresenta os valores das tensões de sobreadensamento e os


OCRs calculados para a camada de argila, considerando uma redução de 5% nos
valores das tensões de sobreadensamento definidas pelos ensaios oedométricos e o
perfil de tensões efetivas iniciais utilizado nas simulações numéricas. Este valor de
redução foi adotado levando-se em consideração as diferenças entre temperaturas e
velocidades de deformação de campo, conforme apresentado no Capítulo 4, item 4.3.

Uma vez que os OCRs foram alterados, os valores do coeficiente de empuxo


no repouso iniciais Ko também foram alterados (Ko = [1-senφ´].OCRsenφ´). Os valores
corrigidos deste parâmetro também são apresentados na Tabela 6-1.

Para a camada da crosta os valores da tensão de sobreadensamento e OCR


definidos pelo ensaio OED1 não foram alterados, tendo em vista a condição altamente
sobreadensada da camada e a falta de informações adicionais sobre esse material.

108
Tabela 6-1 – Valores corrigidos de OCR, Ko e σ´p utilizados nas análises numéricas.

Test Prof. (m) γn (kN/m3) σ´p (kPa) σ´p COR.(kPa)(*) σ´vo (kPa)(**) OCR Ko
OED2 3,07 14,8 70,0 66,5 31,2 2,13 0,61

OED9 3,89 14,9 108,0 102,6 35,2 2,91 0,74

OED4 4,93 14,9 114,0 108,3 44,9 2,41 0,66

OED10 5,99 15 112,0 106,4 56,0 1,90 0,57

OED6 7,11 15 149,0 141,5 67,8 2,09 0,61

OED11 7,93 15,3 158,0 150,1 77,4 1,94 0,58

OED8 9,08 15,6 190,0 180,5 91,7 1,97 0,58

(*)σ´p COR = σ´p x 0,95; (**) OCR = σ´p COR /σ´vo

6.3 ETAPAS DE CÁLCULO


Para a representação de todos os eventos apresentados na Tabela 4-6, foram
consideradas 23 etapas de cálculo, sendo as mesmas utilizadas em todas as
simulações, independentemente do modelo utilizado. Para todas as etapas a opção
de ignorar sucção foi desativada e foram desenvolvidas análises de adensamento
acopladas (fluxo-deformação). A Figura 6-9 ilustra as questões acima citadas.

Figura 6-9 – Visão geral da tela de definição das etapas de cálculo.

109
A estratigrafia do solo e a geometria geral dos modelos já foram apresentados
no item 6.1. Dessa forma, partindo da geometria inicial do problema, serão expostas, a
seguir, todas as fases de cálculo, sendo destacadas em cada uma delas somente as
variações incrementais em relação à fase anterior. A Tabela 6-2, apresentada no item
6.3.1, retrata um resumo de todas as fases de cálculo descritas a seguir.

Fase inicial (condições iniciais):


Fase que está relacionada à geração do estado de tensões iniciais. Destaca-se
aqui que, conforme apresentado na Figura 4-15, que o perfil de poro-pressões pode
ser considerado hidrostático até aproximadamente 4 metros de profundidade, contudo,
a profundidades maiores, os valores se mostraram significativamente menores. A
Figura 6-10 (modelos A1 e A2) e a Figura 6-11 (modelos B1 e B2) apresentam as
condições para a geração do estado de tensões iniciais.

 Tempo de duração da Fase: 0 dias;


 Posição do N.A.= -1,5 m.
 Cálculo das poro-pressões definido no programa como: phreatic. Para
todas as demais etapas o tipo de análise foi definido como steady state
groundwater flow.
 Tipo de cálculo: “Ko procedure” (cálculo baseado nas tensões efetivas
iniciais, nas poro-pressões, e parâmetros de estado das camadas de
solo). Para todas as demais etapas o tipo de cálculo utilizado foi
Consolidation.

N.A.

y=-4m; u=25 kPa

y=-7m; u=39 kPa

y=-10 m; u=48 kPa

Perfil hidrostático

y=-15m; u=63 kPa

Figura 6-10 – Condição inicial para a geração do estado de tensões iniciais dos modelos A1 e A2.

110
N.A.

y=-4m; u=25 kPa

y=-7m; u=39 kPa

y=-10 m; u=48 kPa

Perfil hidrostático

y=-15m; u=63 kPa


Figura 6-11 – Condição inicial para a geração do estado de tensões iniciais dos modelos B1 e B2.

Fase 1 (Escavação de 0,2 m na região do aterro):


Fase que está relacionada à remoção gradual de 0,2 m da camada da crosta
durante 3 dias. No início desta fase os deslocamentos e deformações foram zerados.
A Figura 6-12 apresenta as variações inseridas nos modelos:

N.T.

N.T.

N.A.

N.A.
(a) (b)
Figura 6-12 – Fase 1 – Escavação de 0,2 m da crosta para os modelos: A1 e A2 (a); B1 e B2 (b).

Fase 2 (Aterro de 0,3 m areia):


A Fase 2 está relacionada ao lançamento de 0,3m de aterro durante um
intervalo de 4 dias. A Figura 6-13 apresenta as variações inseridas nos modelos:

111
N.T.

N.T.

N.A.
N.A.

(a) (b)
Figura 6-13 – Fase 2 – Aterro de 0,3m. Modelos: A1 e A2 (a); B1 e B2 (b).

Fase 3 (dissipação - carregamentos até Fase 3):


Sem alteração de carregamentos em relação à Fase 2. Houve somente
dissipação dos excessos de poro-pressões durante 10 dias.

Fase 4 (Instalação dos drenos verticais):


Fase que representa a instalação dos drenos verticais (carg. hidráulica = 0 m)
durante 10 dias. Desta fase em diante, foi realizada a correção dos coeficientes de
permeabilidade (Tabela 5-7) para a região sob influência direta dos drenos, conforme
apresentado na Figura 6-14 e na Figura 6-15.

A partir desta fase, o perfil de poro-pressões foi definido como hidrostático


para toda região de argila situada abaixo do aterro. Para todas as demais regiões,
inclusive a camada de till situada abaixo do aterro, o perfil de poro-pressões não
sofreu alterações em relação à condição inicial.

N.A. N.A.

Região Região
com com
parâmetros parâmetros
(a)
alterados (b) alterados

Figura 6-14 – Fase 4 – Instalação dos drenos verticais nos modelos (a) A1 e (b) A2.

112
N.A. N.A.

Correção
de
Correção
parâmetros
de
parâmetros

Figura 6-15 – Fase 4 – Instalação dos drenos verticais nos modelos: B1 (a) e B2 (b).

Fase 5 (Dissipação dos carregamentos até a Fase 4):


Sem alterações em relação à fase anterior. Houve somente dissipação dos
excessos de poro-pressões durante 53 dias.

Fase 6 (Aterro 0 ,3 m areia):


Introdução gradual de 0,3m de aterro durante 10 dias, conforme apresentado
na Figura 6-16.

aterro
aterro
N.T.

N.A. N.A.

(a) (b)
Figura 6-16 – Fase 6 – Aterro de 0,3m. Modelos: A1 e A2 (a) B1 e B2 (b).

Fase 7 (Dissipação do Carregamento até a Fase 6):


Sem alterações em relação à fase anterior. Houve somente dissipação dos
excessos de poro-pressões durante 10 dias.

113
Fase 8 (Escavação da trincheira e instalação da Membrana):
A partir desta fase, nos modelos A1 e A2, a borda superior da segunda camada
de aterro de 0,3 m foi fechada para fluxo; no modelo B1 e B2, o solo da região da
trincheira foi retirado, a borda superior da segunda camada de 0,3 m de aterro e da
face esquerda da trincheira foram fechados para fluxo, conforme apresentado na
Figura 6-17. Esta fase teve uma duração de 10 dias.

Fronteira
fechada para
N.T.
fluxo nesta N.A.
etapa

Fronteira fechada
para fluxo nesta
N.A.
etapa

(a) (b)
Figura 6-17 – Representação da Fase 8 para modelos: A1 e A2 (a) B1 e B2 (b).

Fase 9 (Dissipação - Carregamento até a Fase 8):


Sem alterações em relação à fase anterior. Houve somente dissipação dos
excessos de poro-pressões durante 10 dias.

Fase 10 (Início aplicação vácuo):


Com o início da aplicação do vácuo, a carga hidráulica dos drenos foi alterada
para -8,1 m e o N.A. foi elevado manualmente para y = 0 m. Nos modelos B1 e B2
somente a região inferior à membrana impermeável sofreu tal elevação, nas demais
regiões, o N.A. permaneceu inalterado, conforme pode ser visualizado na Figura 6-18.
Esta fase teve uma duração de 7 dias.

N.A.1
N.A.
N.A
.1
Região do N.A.1

(a) (b)
Figura 6-18 – Fase 10 – Início da aplicação do vácuo: (a) A1 e A2 (b) A2 e B2.

114
Fase 11 (problemas no sistema da aplicação de vácuo):
Sem modificações, com exceção da alteração da carga hidráulica dos drenos
de -8,1 m para 0 m. Esta fase teve uma duração de 2 dias.

Fase 12 (Retorno ao sistema de aplicação de vácuo):


Sem modificações, com exceção da alteração da carga hidráulica dos drenos
de 0 m para -8,1 m. Esta fase teve uma duração de 1 dia.

Fase 13 (Sistema de vácuo ativo evolução dos recalques.):


Sem alterações em relação à fase anterior, somente evolução dos recalques
por 8 dias.

Fase 14 (Aterro 0,7 m areia):


A camada de aterro de 0,7 m de espessura foi inserida gradualmente durante 2
dias, conforme Figura 6-19.

Aterro 0,7 m

Aterro 0,7 m
N.A. N.A.1

N.A
.1
(a) (b)
Figura 6-19 – Fase 14 – Aterro de 0,7 m: A1 e A2 (a); B1 e B2 (b).

Fase 15 (Aterro 0,07 m de pedregulho):


A camada adicional de aterro de 0,07 m de espessura inserida gradualmente
durante 5 dias, de maneira similar ao apresentado na Figura 6-19.

Fase 16 (Dissipação – Carregamento até Fase 15):


Sem alterações adicionais em relação à fase anterior, somente evolução dos
recalques por 38 dias.

Fase 17 (Aterro 1,0 m de areia):


A camada de 1 m de aterro inserida gradualmente durante 1 dia, conforme
indicado na Figura 6-20.

115
Aterro 1,0 m Aterro 1,0 m

N.A.1
N.A
N.A.
.1

(b)
(a)
Figura 6-20 – Fase 17 – Aterro de 1 m: (a) A1 e A2 (b) B1 e B2.

Fase 18 (Dissipação – Carregamento até Fase 17):


Sem alterações em relação à fase anterior, somente dissipação dos excessos
de poro-pressões durante 80 dias.

Fase 19 (problemas bomba vácuo):


Alterada a carga hidráulica dos drenos de -8,1m para -2,0m, sem alterações
adicionais. Esta fase teve duração de 10 dias.

Fase 20 (Retorno bombas de vácuo ao normal):


Retorno da carga hidráulica dos drenos de -2,0m para -8,1m, sem alterações
adicionais. Esta fase teve duração de 20 dias.

Fase 21 (Desligamento das bombas de vácuo):


Alterada a carga hidráulica dos drenos de -8,1 m para 0 m e nível do N.A.
posicionado novamente em y =-1,5 m para todo o modelo, conforme indicado na
Figura 6-21. Esta fase teve duração de 20 dias.

N.A
.1

N.A.
(b)
(a)
Figura 6-21 – Fase 21 – desligamento bombas de vácuo: (a) A1 e A2 (b) B1 e B2.

116
Fase 22 (Dissipação – Carregamento até a fase 22):
Última fase da simulação, sem alterações em relação à fase anterior, somente
dissipação dos excessos de poro-pressões durante 70 dias.

6.3.1 RESUMO DAS ETAPAS DE CÁLCULO.

A Tabela 6-2 oferece um resumo de todas as etapas de cálculo apresentadas


acima, incluindo as informações necessárias para o desenvolvimento das simulações
numéricas, utilizando o programa Plaxis 2D 2015.

117
Tabela 6-2 – Características das fases e cálculo.
Car. Incremento de
Fase Etapa Espessura Tempo Tempo no
NA. hidráulica aterro/escavação
de de Descrição Tipo de cálculo Cálculo das poro-pressões do aterro da Fase fim da fase
(m) drenos da fase
cálculo campo (m) (dias) (dias)
(m) (m)
0 A1 Fase inicial (Ko) “Ko procedure” “Phreatic” -1,5 - - - - -120,0
1 A2 Escavação (0,2m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 - -0,2 0,0 3,0 -117,0
2 A2 Aterro areia (0,3m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 - 0,3 0,3 4,0 -113,0
3 A2 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 - 0,0 0,3 10,0 -103,0
Instalação dos drenos
4 A2 “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 0,3 10,0 -93,0
verticais
5 A2 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 0,3 53,0 -40,0
6 A3 Aterro areia (0,3m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,3 0,6 10,0 -30,0
7 A3 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 0,6 10,0 -20,0
Escavação trincheira e inst.
8 A4 “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 0,6 10,0 -10,0
membrana
9 A4 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 0,6 10,0 0,0
10 A5 Aplicação do Vácuo “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,0 0,6 7,0 7,0
Problema sistema aplicação
11 A6 “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 0,0 0,0 0,6 2,0 9,0
vácuo
12 A6 Retorno aplicação do vácuo “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,0 0,6 1,0 10,0
13 A6 Vácuo em carga “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,0 0,6 8,0 18,0
14 A7 Aterro areia (0,7m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,7 1,3 2,0 20,0
15 A7 Aterro pedregulho (0,07m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,07 1,37 5,0 25,0
16 A7 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,0 1,37 38,0 63,0
17 A8 Aterro areia (1,0 m) “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 1,0 2,37 1,0 64,0
18 A8 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 --8,1 0,0 2,37 80,0 144,0
Problemas bombas de
19 A9 “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -2,0 0,0 2,37 10,0 154,0
vácuo
20 A9 Retorno aplicação do vácuo “Consolidation”. “steady state groundwater flow” 0,0 -8,1 0,0 2,37 20,0 174,0
21 A10 Vácuo desligado “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 2,37 1,0 175,0
22 A10 Dissipação “Consolidation”. “steady state groundwater flow” -1,5 0,0 0,0 2,37 70,00 245,00

118
6.4 CÁLCULOS ANALÍTICOS
Antes de iniciar a avaliação dos resultados das simulações numéricas, foram
desenvolvidos cálculos analíticos para que os resultados dos mesmos pudessem
servir como referência e auxiliar na compreensão dos resultados numéricos obtidos. A
seguir são apresentados as premissas e os resultados da magnitude dos recalques
calculados analiticamente.

6.4.1 PREMISSAS

São exibidos, a seguir, algumas características e premissas adotadas durante


as análises:

Propriedades da célula unitária:


- A simulação envolveu uma célula unitária axissimétrica de 10 m de
profundidade e os seguintes parâmetros geométricos:

Diâmetro de influência do dreno (de) = ( l ) . 1,13 = 1,15 . 1,13 = 1,3 m;

Diâmetro do dreno (dw) = 0,05 m;

Diâmetro equivalente do mandril (dm) = 0,07 m;

Diâmetro da região amolgada (ds) = 1,5 x dm = 0,105 m.

Coeficientes de permeabilidade e amolgamento:


- Os coeficientes de permeabilidade horizontais e verticais foram considerados
iguais;

- Foi considerado o efeito do amolgamento, tendo sido utilizados os seguintes


parâmentros: - kh/ k'h = 1,8; s = ds/dw = 2,1

Carregamento
- O carregamento de vácuo foi simulado como um carregamento tradicional;

- Foi considerado um fator de influência (I) (para carregamento trapezoidal


proposto por POULOS e DAVIS, 1974, ver anexo 5) para calcular a interferência da
geometria do aterro nos acréscimos de tensão efetiva relacionados ao aterro com a
profundidade carga;

119
- No cálculo considerou-se como “tempo zero” o início do carregamento por
vácuo;

- O carregamento em sua totalidade (vácuo + carregamento tradicional) foi


inserido em uma única etapa no tempo zero;

- Para o carregamento tradicional foi considerado o efeito da submersão.

Características gerais e simplificações


- O cálculo da magnitude dos recalques foi feito para a camada da crosta
ressecada, tanto para a camada de argila na região dos drenos quanto para a camada
de argila abaixo dos drenos de maneira separada. Os resultados dos recalques das
três camadas foram somados para a obtenção do recalque total;

- Para cada uma das camadas utilizadas nos cálculos analíticos foram
empregados parâmetros únicos: para a crosta, para a camada de argila na região dos
drenos (parâmetros da SC3 – OED4) e para a região de argila abaixo dos drenos (SC6
– OED11);

- Os coeficientes de adensamento calculados pelo método √t (MARQUES,


2001), utilizados no cálculo, estão apresentados na Tabela 6-3:

Tabela 6-3 – Coeficientes de adensamento calculados por MARQUES (2001).

Cv (m²/s)
Profundidade 169 kPa 254 kPa 387 kPa 581 kPa
(m) raiz t raiz t raiz t raiz t
OED1 1,96 6,84E-08 1,09E-07 3,42E-08
OED2 3,07 1,55E-08 9,82E-09 1,46E-08 1,24E-08
OED3 3,89 1,14E-08 8,24E-09 1,24E-08 2,12E-08
OED4 4,93 9,19E-09 1,58E-08 8,87E-09 2,06E-08
OED5 5,99 8,08E-09 1,17E-08 1,65E-08 1,74E-08
OED6 7,11 1,26E-09 1,01E-08 8,24E-09 1,11E-08
OED7 7,93 1,80E-08 1,05E-08 1,08E-08 1,27E-08
OED8 9,08 6,97E-10 7,60E-09 2,09E-08 1,77E-08

Mesmo que a variação dos valores de Cv não tenha sido significativa, uma vez
que este parâmetro impacta diretamente no cálculo dos recalques, foram utilizados
valores de Cv mínimos, médios e máximos (ver Figura 6-22) para a avaliação da
influência dessas variações nos resultados finais dos recalques.

120
Cv - raiz ( t ) (m²/s)
1,00E-10 1,00E-09 1,00E-08 1,00E-07 1,00E-06
0
1
2
3
Profundidade

Cv argila (m²/s)
4 Mínimo:7,6E-9
5 Médio: 1,2E-8
6 Máximo: 2,1E-8
Cv crosta (m²/s)
7
Mínimo:1,1E-7
8 Médio: 6,0E-8
9 Máximo: 3,4E-8
10

169 kPa 254 kPa 387 kPa 581 kPa

Figura 6-22 – Definição dos valores máximos médios e mínimos de Cv.

- Foram consideradas as drenagens verticais (Teoria de Terzaghi) e horizontais


(Teoria de Barron) para o cálculo da evolução dos recalques com o tempo;

- Considerando os tempos totais envolvidos no problema em questão, foram


considerados nas análises apenas os recalques primários;

- Não foi efetuado o cálculo para o descarregamento após o desligamento do


vácuo. A partir deste ponto considerou-se a estabilização dos recalques nos valores
anteriormente calculados.

6.4.2 RESULTADOS

Levando em consideração as premissas citadas acima, a Tabela 6-4 apresenta


o resultado da variação dos recalques com o tempo para cada uma das camadas
consideradas. Conforme apresentado na tabela citada acima, a camada de argila
situada na região dos drenos é a responsável pela maior parte dos recalques
calculados (recalques entre 10 cm a 22 cm dependendo do Cv utilizado), a camada da
crosta (recalque de aproximadamente 3 cm) e a camada de argila situada entre a base
dos drenos verticais e a camada de till (recalques menores que 1 cm) contribuem com
recalques de menores magnitudes.

121
Tabela 6-4 – Recalques calculados pelo método analítico.

Cv médio Cv mínimo Cv máximo

ARGILA (m)
ARGILA (m) ARGILA (m) ARGILA (m) (região inf. ARGILA (m) ARGILA (m)
t (dias) CROSTA (região drenos) (região inf. drenos) Soma CROSTA (região drenos) drenos) Soma CROSTA (região drenos) (região inf. drenos) Soma
0,03 0,000 -0,001 0,000 -0,031 0,000 -0,001 0,000 -0,031 0,000 -0,001 0,000 -0,031

0,3 -0,001 -0,002 0,000 -0,033 -0,001 -0,002 0,000 -0,033 -0,001 -0,003 0,000 -0,035

3 -0,003 -0,009 -0,001 -0,043 -0,002 -0,007 0,000 -0,039 -0,004 -0,013 -0,001 -0,048

6 -0,005 -0,015 -0,001 -0,050 -0,003 -0,011 -0,001 -0,045 -0,007 -0,021 -0,001 -0,059

9 -0,006 -0,019 -0,001 -0,056 -0,004 -0,014 -0,001 -0,049 -0,009 -0,028 -0,001 -0,069

12 -0,007 -0,024 -0,001 -0,062 -0,005 -0,017 -0,001 -0,053 -0,011 -0,035 -0,001 -0,077

15 -0,008 -0,028 -0,001 -0,068 -0,006 -0,020 -0,001 -0,057 -0,013 -0,041 -0,002 -0,085

18 -0,010 -0,032 -0,001 -0,073 -0,007 -0,022 -0,001 -0,060 -0,014 -0,047 -0,002 -0,093

21 -0,011 -0,035 -0,001 -0,078 -0,007 -0,025 -0,001 -0,063 -0,016 -0,053 -0,002 -0,100

24 -0,012 -0,039 -0,002 -0,082 -0,008 -0,027 -0,001 -0,067 -0,017 -0,058 -0,002 -0,107

27 -0,012 -0,043 -0,002 -0,087 -0,009 -0,030 -0,001 -0,070 -0,018 -0,064 -0,002 -0,114

30 -0,013 -0,046 -0,002 -0,091 -0,009 -0,032 -0,001 -0,073 -0,019 -0,069 -0,002 -0,120

60 -0,020 -0,078 -0,003 -0,130 -0,014 -0,054 -0,002 -0,100 -0,027 -0,116 -0,003 -0,177

90 -0,025 -0,105 -0,003 -0,163 -0,019 -0,073 -0,002 -0,124 -0,032 -0,157 -0,004 -0,223

120 -0,029 -0,131 -0,004 -0,193 -0,022 -0,090 -0,003 -0,145 -0,034 -0,193 -0,005 -0,262

150 -0,031 -0,154 -0,004 -0,219 -0,024 -0,107 -0,003 -0,165 -0,036 -0,224 -0,005 -0,296

180 -0,031 -0,154 -0,004 -0,219 -0,024 -0,107 -0,003 -0,165 -0,036 -0,224 -0,005 -0,296

210 -0,031 -0,154 -0,004 -0,219 -0,024 -0,107 -0,003 -0,165 -0,036 -0,224 -0,005 -0,296

240 -0,031 -0,154 -0,004 -0,219 -0,024 -0,107 -0,003 -0,165 -0,036 -0,224 -0,005 -0,296

270 -0,031 -0,154 -0,004 -0,219 -0,024 -0,107 -0,003 -0,165 -0,036 -0,224 -0,005 -0,296

122
A Figura 6-23 apresenta a comparação dos resultados dos cálculos analíticos
com o resultado fornecido pela instrumentação de campo. Conforme pode ser
observado nesta figura, fica claro que o cálculo analítico pode fornecer, ainda que com
todas as simplificações adotadas, uma previsão da ordem de grandeza dos recalques,
mesmo para situações complexas como a do caso estudado.

Recalques x tempo - Ponto A (0, 0)

0 50 100 150 200 250


0

Medição campo RA 1 (m)


Cv médio
-0,05
Cv minimo
Cv máximo
-0,1
Recalque (m)

Ponto A (0,0)
-0,15

-0,2

-0,25

-0,3
Tempo (dias)

Figura 6-23 – Comparação dos recalques de campo com os calculados analiticamente para o ponto A.

Na Figura 6-23, é possível observar que no tempo zero os registros de campo


indicavam valores de recalque de aproximadamente 3 cm e os cálculos analíticos
indicaram valores iguais a zero. Na Figura 6-24, os resultados dos cálculos analíticos
foram transladados em -3 cm de maneira a coincidir a origem do cálculo analítico com
os registros de campo.
Ao transladar as curvas (Figura 6-24), observa-se que a faixa de valores de
recalques, calculados analiticamente para os valores máximos e mínimos de Cv,
engloba os valores de recalque registrados em campo, apresentando, assim,
resultados realistas para os cálculos executados.

123
Recalques x tempo - Ponto A (0, 0)

0 50 100 150 200 250


0

Medição campo RA 1 (m)


-0,05
Cv médio

Cv minimo
-0,1
Cv máximo
Recalque (m)

-0,15
Ponto A (0,0)

-0,2

-0,25

-0,3

-0,35
Tempo (dias)

Figura 6-24 – Curvas de recalque transladadas – cálculo analítico x valores de campo para o ponto A.

É necessário que seja destacado que as incertezas relacionadas à determinação do


Cv geraram, para o caso em questão, variações de até duas vezes nos valores dos
recalques calculados (valores entre 13 – 27 cm ou 16 e 30 cm ao se utilizar as curvas
transladadas).

6.5 SIMULAÇÕES NUMÉRICAS

6.5.1 DESLOCAMENTOS VERTICAIS

Inicialmente foram simulados o modelo A1 e o modelo A2 apresentados no


item 6.1. Os resultados dos recalques obtidos nas análises numéricas foram
comparados com os resultados dos cálculos analíticos e com os resultados de campo.

Tendo em vista as características dos dois modelos, que representam as


condições de um aterro infinito, era esperado que os resultados dos recalques fossem
maiores que os registrados em campo, uma vez que, nesses casos, a influência da
geometria do aterro foi desconsiderada. Na realidade, o centro do aterro não estava
em uma condição equivalente a de um aterro infinito e, dessa forma, as cargas

124
aplicadas em campo eram inferiores às equivalentes a um aterro infinito devido a
influência da geometria do aterro. O Anexo 5 apresenta o cálculo do fator de influência
para carregamento trapezoidal (Poulos e Davis,1974).

Os registros de campo de MARQUES (2001) apresentados na Figura 4-19


indicaram recalques da ordem de 27 cm e conforme pode ser visualizado na Figura
6-25, ao final da fase 18 de cálculo, as análises dos modelos A1 e A2 indicaram
deslocamentos verticais (recalques) da ordem de 30 cm e 43 cm, respectivamente.

Conforme esperado, tanto para o modelo A1 quanto para o modelo A2 os


recalques calculados foram maiores que os registrados em campo. A diferença
apresentada entre os dois modelos está relacionada ao maior ou menor nível de
detalhamento das camadas de solo simuladas e suas propriedades.

Num segundo momento foram simulados o modelo B1 e o modelo B2. Ambos,


conforme apresentado no item 6.1, representam uma seção completa do aterro,
sendo, dessa forma, capazes de simular a geometria do aterro, a escavação das
trincheiras etc., representando de maneira mais realista o campo. Nesse caso, a
expectativa seria a obtenção de resultados de recalque mais próximos aos valores
registrados em campo.

Conforme mencionado, os recalques registrados na instrumentação para um


ponto no centro do aterro foram de aproximadamente 27 cm. A Figura 6-26 apresenta
os deslocamentos verticais calculados para o modelo B1 e para o modelo B2, ao final
da fase 18 de cálculo, para o mesmo ponto na superfície do terreno e no eixo de
simetria do aterro. As simulações numéricas dos modelos B1 e B2 para este ponto
indicaram recalques da ordem de 22 cm e 28 cm, respectivamente (Figura 6-26).

De maneira coerente com os resultados obtidos pelo cálculo analítico é


possível verificar na Figura 6-25 e na Figura 6-26 que, nas simulações numéricas, a
argila situada na região dos drenos verticais foi responsável pela maior parte dos
recalques registrados em campo

125
(b)
(a)

Figura 6-25 - Deslocamentos verticais ao final da fase 18: A1 (a) e A2 (b).

(a) (b)

Figura 6-26 - Deslocamentos verticais ao final da fase 18: B1 (a) e B2 (b).

Evolução dos recalques no centro do aterro com o tempo


A Figura 6-27 apresenta a evolução dos recalques com o tempo para um ponto
na superfície do terreno: A (0,0) e no eixo de simetria do aterro. Nessa figura são
126
apresentados os recalques obtidos através da instrumentação de campo, através do
cálculo analítico e através dos quatro modelos numéricos propostos.

Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100
3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0
0
Medição campo RA 1 (m)
Modelo A1
-0,05 Modelo A2
Modelo B1
-0,1 Modelo B2
Cv minimo
Cv máximo
-0,15 Cv médio

-0,2
Recalque (m)

Ponto A (0, 0)
-0,25

-0,3

-0,35

-0,4

-0,45

-0,5

Figura 6-27 – Variação dos deslocamentos verticais no ponto A (0, 0) com tempo.

Ao analisar a Figura 6-27 é possível a verificar que os parâmetros adotados


nos modelos A1 e B1 para a camada de argila (parâmetros idênticos ao da
subcamada SC3), fizeram com que o solo apresentasse compressibilidade um pouco
inferior à média esperada para o campo, fazendo com que os modelos simplificados

127
apresentassem recalques inferiores aos mesmos modelos onde a camada de argila foi
representada de maneira mais precisa (A2 e B2).

Também conforme visualizado na Figura 6-27, os recalques obtidos pelo


modelo B1 ficaram muito próximo aos obtidos pelo cálculo analítico (com Cv médios),
resultado esse coerente uma vez que em ambos os casos os parâmetros da SC3
foram utilizados para a representação da camada de argila.

Os modelos A2 e A1 foram muito úteis no início da modelagem, visto que


permitiram a avaliação do comportamento geral dos aterros nas simulações,
demandando menor tempo de simulação (poucos minutos para a simulação completa)
e permitindo a definição, de maneira adequada das etapas de cálculo, dos
carregamentos, etc. Contudo, suas utilizações tiveram apenas essa função, uma vez
que a condição equivalente a um aterro infinito não representou efetivamente o centro
do aterro estudado. Os recalques obtidos no modelo A1 foram (Figura 6-27), por
coincidência, muito próximos aos obtidos em campo e ao do modelo B2, já que a
adoção de um solo equivalente menos compressível compensou os recalques extras
esperados para os modelos de dreno simples.

O modelo B1 foi importante na compreensão da influência das transições entre


as diferentes camadas de solo utilizadas no modelo B2, apresar de apresentar
menores valores de recalques (Figura 6-28 e na Figura 6-29). Conforme apresentado
nestas figuras os recalques calculados para o modelo B1, que se concentravam no
topo da camada reduziam rapidamente em direção à camada do till. Já para o modelo
B2 as camadas SC1, SC2 e SC4 foram as que contribuíram de maneira mais
significativa para a obtenção dos valores dos recalques totais. O item 6.2.3
apresentará de forma mais detalhada uma comparação das deformações específicas
calculadas para os dois modelos.

O modelo B2 representou satisfatoriamente a evolução dos recalques


registrados pela instrumentação de campo para o centro do aterro, sendo que os
resultados finais de recalques para o centro do aterro obtidos através do modelo B2
foram praticamente idênticos aos registrados em campo. O formato da curva obtida
mostrou-se coerente quando analisada de maneira conjunta com os carregamentos
impostos.

128
Após o desligamento do vácuo foi registrada uma expansão para o Ponto A (0,
0) de 1,5 cm coerente com os registros de campo apresentados por MARQUES
(2001), que indicaram aproximadamente 2 cm.

ρy max ~ 0,22 m ρy max ~ 0,22 m

(b)
(a)
Figura 6-28 – Deslocamentos verticais modelo B1: Seção horizontal ao longo da base do aterro (a) e seção
vertical ao longo do eixo com a profundidade (b).

ρy max ~ 0,28 m

ρy max ~ 0,28 m

(a) (b)

Figura 6-29 – Deslocamentos verticais modelo B2: Seção horizontal ao longo da base do aterro (a) e seção
vertical ao longo do eixo com a profundidade (b).

Recalques na borda do aterro


A Figura 6-30 apresenta uma comparação dos recalques nas bordas do aterro
registrados em campo através de nivelamento topográfico com os valores obtidos nas
simulações numéricas do modelo B2.

129
Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100

3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0

-0,05

-0,1
Recalque (m)

-0,15

Ponto B (6,5; 0)

-0,2
Faixa de valores dos
deslocamentos medidos
Medição campo P2 (m)
em campo para as
-0,25 Modelo B1
bordas do aterro.
Modelo B2
Medição campo P9 (m)
-0,3

Figura 6-30 – Deslocamentos verticais no ponto B (6,5, 0) no tempo.

MARQUES (2001) observou um efeito de bordo importante, ou seja, devido às


dimensões dos aterros os recalques do bordo em campo ficaram entre 14 a 33 % dos
valores dos recalques do centro. Tal efeito de bordo foi verificado nas simulações
numéricas, contudo, os recalques do bordo calculados foram cerca de 18 cm,
representando aproximadamente 60% dos recalques do centro do aterro para o
modelo B2. O modelo B1 apresentou recalques mais próximos aos registrados em
campo, contudo, a melhor aproximação em relação às medidas de campo não passou
de mera coincidência, tendo em vista a natureza menos compressível do material
utilizado para a camada de argila.
130
Uma possível justificativa para essa diferença está relacionada à utilização do
modelo Cam-clay Modificado para a representação da crosta, o qual, devido as suas
características, possui restrições na simulação de materiais muito sobreadensados. A
pequena quantidade de informações disponíveis para a caracterização da crosta, que
poderia possuir uma rigidez um pouco maior que a adotada, também pode ter
contribuído para a obtenção de deslocamentos superiores aos resultados de campo.

6.5.2 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

As medições de campo realizadas por MARQUES (2001) durante a aplicação e


mesmo após a interrupção do vácuo indicaram deslocamentos horizontais muito
pequenos, da ordem de poucos milímetros. Na parte superior, onde em geral são
observados deslocamentos horizontais mais significativos, não foram observados
deslocamentos em direção ao interior do aterro.

A Figura 6-31 e a Figura 6-32 apresentam os deslocamentos horizontais


calculados para os modelos B1 (a) e B2 (b).

Na Figura 6-31 pode ser identificada uma região, dentro do maciço argiloso,
próxima ao dreno externo e situada a aproximadamente 3,5 m de profundidade, como
sendo a região de maiores deslocamentos horizontais para dentro do aterro. Nessa
região, no modelo numérico B2 obteve-se deslocamentos horizontais de
aproximadamente 0,05m ao final da etapa de aplicação do vácuo (fase 18).

Também na Figura 6-31, pode ser identificada, na região de interface entre o


fim da camada da crosta e o início da camada de argila, uma concentração de
deslocamentos horizontais para fora do aterro (aproximadamente 0,02 a 0,03 m). A
transição gerada pela troca desses materiais cria uma incerteza sobre a existência ou
não de tais deslocamentos tão concentrados, uma vez que, em campo, a mudança de
materias acontece de maneira progressiva.

Na região do inclinômetro (IA1), conforme pode ser visualizado na Figura 6-32,


as simulações numéricas registraram deslocamentos horizontais máximos da ordem
de 0,006 m, para dentro do aterro, e de 0,02 m, para fora do aterro.

131
(a) (b)
Figura 6-31 – Deslocamentos horizontais ao final da Fase 22: B1 (a), B2 (b).

IA1 IA1

E (9,44; -2,3)
E (9,4; -2,3)

F (9,44; -4,0)
F (9,43; -4,0)

G (9,44; -5,0) 0
G (9,45; -5,0)
0
0
dx max ~ 0,013 m
dx max = 0,02 m
0
dx min ~ 0,005m
dx min ~ 0,006m
0
0
Figura 6-32 - Deslocamentos horizontais ao final da Fase 18: B1 (a), B2 (b). 0
0
0
A Figura 6-33 apresenta uma comparação entre a variação dos deslocamentos
0
horizontais registrados em campo e os deslocamentos calculados para o modelo B2
0
no tempo para os pontos E (9,4;-2,3), F(9,4;-4,0) e G(9,4; -5,0). Conforme pode ser
0
0
0 132
verificado, os deslocamentos horizontais para os pontos selecionados ficaram dentro
da faixa de 0,012m a -0,012 durante todas as etapas de carregamento.

Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100

3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0

0,015
E (9,44; -2,30)
F (9,48; -4,00)
0,010
G (9,48 -5,00)
Registrado em campo IA1
0,005
ux(m)

0,000

-0,005

-0,010

-0,015

Figura 6-33 - Deslocamentos horizontais no tempo para o modelo B2.

Apesar de as análises numéricas terem apresentado deslocamentos


horizontais maiores que os registrados em campo, as diferenças entre os valores de
campo e os calculados no modelo B2 (menores que 1,5 cm) para os pontos
apresentados na Figura 6-33 podem ser consideradas aceitáveis, tendo em vista a
complexidade do problema estudado e os erros inerentes aos cálculos numéricos. Há
de se recordar também, que os recalques calculados para a borda do aterro foram

133
maiores que os registrados em campo e, dessa forma, era de se esperar que os
deslocamentos horizontais também fossem maiores nas análises numéricas.

De maneira geral, o comportamento relacionado aos deslocamentos verticais e


horizontais observado nas simulações numéricas mostrou-se coerente com os
carregamentos impostos ao aterro. Durante o período de aplicação do vácuo
observou-se deslocamentos horizontais negativos (para o interior do aterro). Já os
carregamentos convencionais impunham deslocamentos horizontais positivos (para
fora do aterro).

6.5.3 DEFORMAÇÕES ESPECÍFICAS VERTICAIS

A Figura 6-34 apresenta as deformações específicas verticais registradas na


etapa de cálculo 18 para os modelos B1 e B2. No modelo B1 (Figura 6-34 – a), é
possível notar que há uma concentração nas deformações específicas verticais
calculadas para as 3 primeiras camadas (SC1, SC2, SC3), com um valor máximo de
aproximadamente 13 % na SC1. No modelo B2 (Figura 6-34 - b), a utilização de
diferentes materiais alterou a distribuição das deformações específicas, concentrando
a maioria das deformações nas SC1 e SC4, com valores máximos de
aproximadamente 18%. As SC2 e SC3 também apresentaram deformações, contudo
com valores máximos que não ultrapassaram 10%.

18%
13%

SC1 SC1
SC2 SC2
SC3 SC3
SC4

(a) (b)

Figura 6-34 - Deformações específicas verticais ao final da Fase 18: (a) B1 e (b) B2.

134
MARQUES (2001) dividiu o perfil de solo em camadas representativas e
avaliou as deformações específicas médias a partir da diferença entre as medidas dos
tassômetros RA3 e RA1 e dos tassômetros RA4 e RA1, ou seja, entre as camadas
situadas entre: -3,2 m e -6,15m e entre -3,2m e -7,6m, respectivamente. Conforme
pode ser visto na Figura 6-35, após a aplicação da última camada de aterro, observou-
se um aumento nas deformações específicas e, quando o vácuo foi desligado (fase de
cálculo 19), a deformação específica vertical média da camada de argila manteve-se
estável no valor de aproximadamente 7 %. A camada entre -6,5m e -7,6 m de
profundidade apresentou uma deformação vertical no fim do bombeamento de
aproximadamente 2%.

Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100
3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0

1 Campo -3,2; -6,15m

Campo -3,25; -7,6


2
Plaxis -2,5; -6,5m
3
Plaxis 2,25 - 7,5 m
ε1 (%)

Figura 6-35 – Deformações específicas verticais para o modelo B2.

135
A Figura 6-35 também apresenta os resultados obtidos pelo modelo numérico
B2 e os compara com os resultados de campo citados no parágrafo anterior. No
modelo numérico, foram analisadas as deformações específicas verticais para as
camadas entre -2,5m e -6,5m e para as camadas entre -2,5m e -7,5 m. Pela figura,
verifica-se que os resultados obtidos pelas simulações numéricas representam de
maneira satisfatória o comportamento de campo. Nas simulações numéricas, a
camada de argila apresentou aproximadamente 6,4 % de deformação específica
vertical para a região situada entre -2,5m e -6,5m. Para a camada situada entre as
profundidades de -2,5m e -6,5m, foram registradas deformações específicas verticais
de aproximadamente 5,2%. Para a camada situada entre -6,5m e -7,5m, as análises
numéricas indicaram deformações específicas inferiores 1,2%.

6.5.4 PORO-PRESSÕES - MODELO B2

As medidas das poro-pressões apresentadas por MARQUES (2001) tiveram


como base as leituras dos piezômetros de corda vibrante. Nesse item é feita uma
comparação de tais leituras com os resultados das simulações numéricas do modelo
B2.

A Figura 6-36 apresenta a distribuição das poro-pressões obtidas pelas


simulações numéricas ao final da fase de cálculo 18. Pela convenção de sinais
adotada pelo programa, valores positivos representam sucção. Sendo assim, verifica-
se na Figura 6-36 que até a profundidade de -7m, o solo está submetido à sucção.
Nessa mesma figura, observa-se também que na camada da crosta praticamente toda
a carga de vácuo aplicada nos drenos já havia sido transmitida para a massa de solo
ao final da fase de cálculo 18, fato que não pode ser observado na camada de argila,
uma vez que nesta camada as poro-pressões ainda não estavam equalizadas nas
seções horizontais entre drenos.

A Figura 6-36 apresenta a posição aproximada dos quatro piezômetros


instalados em campo (UA1, UA2, UA3 e UA4) e utilizados na comparação com os
resultados das simulações do modelo B2.

136
UA1

UA2

UA3

UA4

(a) (b)

Figura 6-36 – Poro-Pressões final da fase 18 de calculo: Modelo B1 (a) e Modelo B2 (b).

A Figura 6-37 compara as medidas do piezômetro UA1 e UA2


(respectivamente a aproximadamente -2,5 m e -3,9m de profundidades) registradas
por MARQUES (2001) com os resultados obtidos nas simulações do modelo B2.

Na Figura 6-37 (a) é possível observar que os resultados das leituras de campo
do piezômetro UA1 apresentaram uma variação significativa em relação aos
resultados das simulações. Tendo como base os valores da carga de vácuo aplicada e
a profundidade do ponto, os valores das poro-pressões máximas esperadas para este
piezômetro deveriam atingir valores próximos de -60 kPa, fato que não foi registrado
pela instrumentação de campo. Contudo, os resultados numéricos obtidos para esse
ponto mostraram-se coerentes quando comparados aos carregamentos impostos e
aos valores máximos esperados.

MARQUES (2001) apresentou uma discussão sobre a possibilidade do


piezômetro UA1 representar ou não um comportamento real de campo. Uma vez que,
a profundidades parecidas, mais de um instrumento apresentou comportamento
similar, era pouco provável a presença de mau funcionamento do equipamento (tendo
em vista a utilização de piezômetros de corda vibrante, devidamente calibrados).
Contudo, não foi descartada a possibilidade da existência de um valor mínimo de

137
sucção, abaixo do qual haveria dessaturação do equipamento, limitando as leituras a
este valor.

Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100

3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0

60,0

Medição Campo UA1 -2,5m


40,0

Modelo
Modelo B2(2,51
M2 (2,51;-2,46)
-2,46)
20,0
u (kPa)

0,0

-20,0

-40,0
Resultado
(a)
-60,0 esperado

-80,0
0 50 100 150 200 250

60,00

40,00 Medição Campo UA2 -3,9m

20,00 ModeloM2
Modelo B2(1,18
(1,18;3,86)
-3,86)
u (kPa)

0,00

-20,00

Resultado
-40,00 esperado
(b)
Fase de cálculo 17 Fim da fase de
-60,00 cálculo 18

-80,00
0 50 100 150 200 250
Tempo (dias)

Figura 6-37 – Variação das poro-pressões no tempo para o ponto UA1 (2,3; -2,5) (a) e UA2 (1,15; -3,9) (b).

138
Somente analisando os resultados das simulações numéricas não é possível
afirmar se os resultados do UA1 medidos em campo são realistas ou não, contudo
elas contribuem para a aceitação da hipótese da limitação das leituras a um valor
mínimo devido à dessaturação dos equipamentos, uma vez que, conforme será
apresentado adiante, os resultados numéricos dos demais piezômetros representaram
os comportamentos de campo de maneira satisfatória.

A Figura 6-37(b) apresenta as variações das poro-pressões com o tempo,


calculadas pelo modelo B2 e registradas pelo piezômetro UA2 (a aproximadamente
3,9 m de profundidade), apresentadas por MARQUES (2001). Nas simulações as
poro-pressões apresentaram variações mais acentuadas quando comparadas com os
registros de campo, contudo, diferente do observado no UA1, os resultados numéricos
obtidos a partir do modelo B2 apresentaram uma boa correspondência quando
comparados aos valores registrados em campo.

Em comparação ao valor de referência das poro-pressões para o UA2, nas


simulações houve uma variação de aproximadamente -60 kPa, atingindo valores
mínimos de cerca de -26 kPa ao final da fase de cálculo 18, valores esses próximos ao
obtidos pela instrumentação de campo Figura 6-37(b).

Os resultados das simulações indicaram um aumento de aproximadamente 20


kPa ocorrido no momento da aplicação do aterro de um metro (fase de cálculo 17),
enquanto em campo foram registrados valores de aproximadamente 14 kPa (Figura
6-37-b).

A Figura 6-38 apresenta a variação das poro-pressões com o tempo para os


piezômetros UA3 e UA4 (aproximadamente a -5,4m e -6,8 m de profundidade,
respectivamente) apresentadas por MARQUES (2001). Assim como observado para o
UA2 nas simulações, as variações das poro-pressões também foram mais acentuadas
quando comparadas com os registros de campo e apresentaram, igualmente, de
maneira realista tais registros.

Também foi observado para os piezômetros UA3 e UA4 uma variação de


aproximadamente -60kPa em relação aos valores de referência, atingindo valores
mínimos de aproximadamente -20 kPa (UA3) e -6kPa (UA2) ao final da fase de cálculo
18 (Figura 6-40). Quando da aplicação do aterro de 1 m (fase de cálculo 17) os
resultados das simulações indicaram uma elevação das poro-pressões de,
respectivamente 20kPa (UA3) e 10 kPa(UA4).
139
Tempo (dias)
0 50 100 150 200 250
0
Sucção (kPa)

-20

-40

-60

-80

-100

3,0
aterro (m)

2,0

1,0

0,0

80,00
Medição Campo UA3 -5,4m
60,00
ModeloM2
Modelo B2(0,0;-5,17)
(0,0; -5,17)
40,00

20,00
u (kPa)

0,00

-20,00

-40,00
Resultados esperados
-60,00

-80,00
0 50 100 150 200 250

80,00
Medição Campo UA4 -6,8m
60,00
ModeloM2
Modelo B2(1,15;
(1,15;-6,67)
-6,67)
40,00

20,00
u (kPa)

0,00

-20,00 Resultados esperados


Fase de cálculo 17
-40,00

-60,00
Fim da fase de cálculo 18
-80,00
0 50 100 150 200 250

Figura 6-38 – Variação das poro-pressões no tempo para o ponto UA3 (0,0; -5,4) (a) e UA4 (0,0; -6,8) (b).

Em todos os quatro piezômetros (Figura 6-37 e Figura 6-38), as poro-pressões


calculadas não estavam ainda estabilizadas e o fim do adensamento primário não
havia sido alcançado ao final da fase 18.

140
Durante as análises, a simulação dos desligamentos e reativação das bombas
de vácuo, assim como, a elevação e descida manual do N.A., situações ocorridas
próximo ao dia 7 e ao dia 170, provocaram variações bruscas e irreais dos valores de
u. Em ambos os casos, essas interferências foram causadas pela forma com que o
programa interpreta numericamente o início da aplicação do vácuo. Tais resultados
não interferiram no processo de adensamento, contudo podem ser observados
próximos às datas citadas resultados de poro-pressões um pouco diferentes dos
esperados. Os resultados esperados para o período próximo ao dia 170 foi indicado
nos gráficos com uma linha tracejada.

Para todos os pontos analisados e apresentados na Figura 6-37 e na Figura


6-38, foi observado que após o fim da aplicação do vácuo todos os piezômetros
retornaram às leituras para os valores de referência que coincidiram com as leituras de
campo.

6.5.5 COMPORTAMENTO TENSÃO DEFORMAÇÃO

Curvas de compressão
MARQUES (2001) comparou os resultados obtidos pelos ensaios oedométricos
às curvas de compressão in situ da argila para três camadas, conforme se segue:

Camada 1A – situada entre as profundidades de -3,2 e -4,7m;

Camada 2A – situada entre as profundidades de -4,7 e -6,5 m;

Camada 3A – situada entre as camadas de -6,5 e -7,5m.

O cálculo das deformações específicas médias de cada uma das camadas foi
feito através da diferença entre os deslocamentos verticais dos pontos extremos da
camada divididos pela espessura da camada. Os valores das tensões efetivas
utilizadas foram os valores médios entre o ponto superior e o ponto inferior de cada
uma das camadas em questão.

Seguindo a mesma metodologia utilizada por MARQUES (2001) foram


traçadas as curvas de compressão para as camadas de argila, calculadas com base
nos resultados da simulação numérica do modelo B2, conforme se segue:

Camada 1A calculada – situada entre as profundidades de -2,5m a -4,5m;

141
Camada 2A calculada – situada entre as profundidades de -4,5m e -6,5 m;

Camada 3A calculada – situada entre as profundidades de -6,5m e -7,5m.

A Figura 6-39 apresenta a comparação das curvas calculadas pelos resultados


do modelo B2 com as curvas compressão in situ e definidas pelos ensaios
oedométricos (20ºC) para cada um dos casos citados acima.

Para a primeira camada (1A), situada de -2,5m até -4,5m (Figura 6-39 (a)) as
simulações numéricas indicaram que, após a passagem da tensão de
sobreadensamento, ocorrida a tensões efetivas médias de aproximadamente 90 kPa,
a tensão efetiva aumentou de maneira aproximadamente retilínea com a deformação,
até atingir aproximadamente 110 kPa a 8% de deformação específica.

Para a segunda camada (2A), situada entre -4,5m e -6,5m (Figura 6-39 (b)), as
simulações indicaram comportamento similar, com a diferença que a passagem da
tensão de sobreadensamento ocorreu a tensões efetivas médias de aproximadamente
100 kPa e as deformações específicas atingiram 5% a 110 kPa. O comportamento in
situ dessa mesma camada apresentou comportamento similar com a diferença que as
deformações específicas atingiram 7%.

O modelo numérico foi capaz de reproduzir a mesma passagem brusca da


condição sobreadensada para a condição normalmente adensada (típica de solos
sensíveis) observada em campo. Tal comportamento também foi observado por
LEROUEIL et al. (1978) para aterros executados sobre as argilas de Champlain.

Na Figura 6-39 (a) e na Figura 6-39 (b), é possível visualizar que as tensões
verticais efetivas in situ, quando no estado limite, foram inferiores às obtidas nos
ensaios oedométricos e os valores calculados pela simulação numérica se situaram
em pontos um pouco inferiores em relação às curvas in situ. Os valores de Cc
definidos pelas curvas calculadas pelo modelo numérico apresentaram valores muito
próximos aos definidos pelas curvas in situ.

Para a terceira camada, situada entre -6,5m e -7,5m de profundidade (Figura


6-39 (c)), as simulações numéricas indicaram deformações específicas máximas
inferiores a 1 % e para as curvas in situ esses valores atingiram 2% a tensões
específicas médias de 115 kPa.

142
0 0 0

-0,05 -0,05 -0,05

-0,1 -0,1 -0,1


εy

εy

εy
-0,15 -0,15 -0,15

Modelo M2 B2
(2,5 a 4,5 prof.) Modelo M2 B2
(6,5 a 7,5 prof.)
-0,2 -0,2 Modelo M2 B2 -0,2
(4,5 a 6,5 prof.)

(a) (b) (c)


-0,25 -0,25 -0,25
10 100 10 100 10 100
σ ´y média σ ´y média σ ´y média

Figura 6-39 - Curva de compressão das camadas 1A (a), 2A (b) e 3A (c): Calculadas modelo B2 x “in sutu” x ensaios oedométricos a profundidades equivalentes
(adaptado de MARQUES, 2001).

143
Para o caso específico da camada 3A as simulações numéricas não indicaram
a passagem completa da condição sobreadensada para a condição normalmente
adensada.

De maneira geral as curvas de compressão obtidas pelas simulações


numéricas mostraram-se coerentes com os resultados obtidos pelas curvas de
compressão in situ e com os resultados dos recalques apresentados nos itens
anteriores.

Trajetória de tensões
MARQUES (2001) apresentou (Figura 6-40) um esquema da trajetória de
tensões (em um plano s´- t) na parte central de um aterro, durante um carregamento
por vácuo (V) e durante um carregamento convencional (C). Durante um
carregamento, convencional a trajetória de tensões inicia-se num estado inicial
sobreadensado (I0) até tocar a superfície de escoamento em C1'. A seguir, o caminho
de tensões acompanha a curva de estado limite de C1' até C2 e durante esta fase, as
poro-pressões mantém-se quase constantes. Após a construção do aterro, quando em
um estado normalmente adensado, as deformações verticais tornam-se importantes e
a trajetória de tensões se encaminha para uma tensão efetiva final em C3. Neste
momento os valores de K(σ´v/σ´h) encontram-se acima da linha Ko_nc, contudo, estes
tendem a se aproximar progressivamente da linha Ko_nc, à medida que o adensamento
se desenvolve.

A trajetória de tensões durante um carregamento por vácuo desenvolve-se de


maneira diferente ao carregamento tradicional, tendo em conta que o vácuo é aplicado
de maneira isotrópica. Uma vez que é a poro-pressão que varia durante a aplicação do
vácuo, é de se esperar um deslocamento horizontal (da esquerda para direita) da
trajetória de tensões a partir do estado de tensões iniciais do solo (I0). Para um
carregamento conjunto com aterro, a trajetória de tensões desenvolve-se entre o eixo
isotrópico e a linha de Ko_nc (Figura 6-40).

Partindo de um ponto inicial I0, em uma condição sobreadensada, a trajetória


de tensões atinge o ponto V1 quando a superfície de escoamento é alcançada. Sobre
a superfície de escoamento, a trajetória de tensões vai de V1 até V2 com uma
pequena variação da poro-pressão. Estando o solo em condição normalmente
adensada, a trajetória de tensões se encaminha até V3 (MARQUES, 2001).

144
.

Figura 6-40 - Caminhos de tensões no plano s' - t: carregamento de um aterro convencional e por
vácuo no centro do aterro (Marques 2001).

A Figura 6-41, a Figura 6-42 e a Figura 6-43 apresentam as trajetórias de


tensão calculadas pelo modelo B2 para pontos próximos ao eixo de simetria do aterro
nas profundidades de -2,5m; -4,5m e 6,5 m, respectivamente. Para melhor
visualização, nas trajetórias de tensões não foram apresentados os carregamentos e
descarregamentos gerados após a etapa de cálculo 19.

Para cada uma das profundidades citadas acima, foram utilizadas as tensões
de sobreadensamento corrigidas definidas na Tabela 6-1 para a determinação das
superfícies de escoamento iniciais.

Na Figura 6-41 é possível verificar a superfície de escoamento inicial para a


profundidade de -2,5 m e a trajetória de tensões calculada para o modelo B2. Nesse
caso específico, a trajetória de tensões toca a superfície de escoamento, atingindo
assim a condição normalmente adensada antes mesmo do fim da fase de cálculo 10,
ou seja, antes do primeiro problema do sistema de bombeamento (fase 11). Ao atingir
a superfície de ruptura, é observado um movimento equivalente ao apresentado na
Figura 6-40 entre V1 e V2 e a trajetória de tensões ultrapassa ligeiramente a linha de
Ko_nc e segue paralela à mesma.

145
80

60 ponto (0;-2,5)
6

5
4
40
2 α0
q (kPa)

1
20
K0_nc 3
1 – Inicio vácuo (fase 10);

1 2 – Problemas vácuo (fase 11);


0 Supercífie
Superfícieescoamento inicial
de escoamento
S-Clay 3 – Retorno vácuo (fase 12);
inicial 1S (0,0;-4,52)
S-Clay 1S
4 – Aterro 0,77 m (fase 14);
Trajetória de tensões (0,0; -2,5)
5 – Aterro 1 m (fase 17);
-20
0 20 40 60 80 6 – Desligamento vácuo (fase 19);
p´ (kPa)

Figura 6-41 – Trajetória de tensões para um ponto próximo ao centro do aterro e à profundidade de
aproximadamente 2,5 m calculada por simulações numéricas (Modelo B2).

Na Figura 6-42 é apresentada a superfície de ruptura e a trajetória de tensões


obtida pelo modelo B2 para um ponto no eixo de simetria do aterro e a profundidade
de -4,5m. Nesse ponto específico, a trajetória de tensões somente tocou a superfície
de escoamento durante a fase de cálculo 13, um pouco antes do alteamento de 77 cm
do aterro (fase 14). Ao tocar a superfície de escoamento também foi observado um
movimento similar ao indicado nos pontos entre V1 e V2 (Figura 6-40). Para esses
pontos, as fases de alteamento do aterro (fase 14 e 17) e dissipação (fase 16 e 18) do
carregamento geraram deslocamentos das trajetórias de tensões com formatos bem
definidos, diferente do observado na Figura 6-41. Até atingir a superfície de
escoamento as trajetórias de tensão mantiveram-se abaixo da linha de Ko_nc.. Durante
os carregamentos tradicionais a trajetória de tensões ultrapassa a linha de Ko_nc.

A Figura 6-43 apresenta a trajetória de tensões e a superfície de ruptura para o


ponto a -6,5m de profundidade e eixo de simetria do aterro. Diferente dos outros dois
pontos, verifica-se que esse não atingiu a tensão da superfície de escoamento e toda
a trajetória de tensões situou-se abaixo da linha de Ko_nc.

146
80

6
60 M ponto (0;-4,5)
5

40 2
q (kPa)

α0

20 Ko_nc 1 – Inicio vácuo (fase 10);


3
2 – Problemas vácuo (fase 11);
1
3 – Retorno vácuo (fase 12);
Superfícieescoamento
Supercífie de escoamento
inicial
0 inicial1S
S-Clay S-Clay 1S
(0,0;-4,52) 4 – Aterro 0,77 m (fase 14);

5 – Aterro 1 m (fase 17);


Trajetória de tensões (0,0; -4,5)
6 – Desligamento vácuo (fase 19);

-20
0 20 40 60 80
p´ (kPa)
Figura 6-42 – Trajetória de tensões para um ponto próximo ao centro do aterro e à profundidade de
aproximadamente 4,5 m calculada por simulações numéricas (Modelo B2).

100

ponto (0;-6,5)

80
M

60
6
5
q (kPa)

1 – Inicio vácuo (fase 10);


40 4
2 – Problemas vácuo (fase 11);
2
k0_nc 3 – Retorno vácuo (fase 12);
20 3
4 – Aterro 0,77 m (fase 14);
1
α0
Supercífie 5 – Aterro 1 m (fase 17);
0 Superfícieescoamento inicialinicial
de escoamento S-Clay 1S
(0,0;-4,52)
S-Clay 1S
6 – Desligamento vácuo (fase 19).
Trajetória de tensões (0;-6,5)

-20
0 20 40 60 80 100 120
p´ (kPa)

Figura 6-43 – Trajetória de tensões para um ponto próximo ao centro do aterro e à profundidade de
aproximadamente 6,5 m calculada por simulações numéricas (Modelo B2).

147
As trajetórias de tensão apresentadas até o momento foram traçadas para
elementos de solo posicionados no eixo de simetria do aterro. Contudo, tais trajetórias
dependem da profundidade, das condições de drenagem, das velocidades de
construção e da localização do elemento do solo em relação ao aterro (centro, bordo,
etc.).

MARQUES (2001) observou que elementos de solo no bordo podem encontrar-


se no domínio sobreadensado e nunca alcançarem o estado limite, enquanto que
elementos do centro encontram-se no domínio normalmente adensado. Fato que
explicaria as diferenças de deslocamentos medidas entre bordo e centro do aterro, a
exemplo do observado no aterro teste Saint-Roch-de-l'Achigan.

A Figura 6-44 apresenta as trajetórias de tensão calculadas (modelo B2) para


pontos situados abaixo da borda do aterro (x = 6,8 m). Foram selecionados três pontos
à profundidades similares aos pontos apresentados anteriormente (-2,52m, -4,52m, -
6,82m).

Comparando as trajetórias de tensões apresentadas nas Figuras 6-43, 6-42 e


6-41 com as apresentadas na Figura 6-44, é possível verificar que no segundo caso foi
preciso um nível de carregamento (no aterro) maior para que o estado de tensões
normalmente adensado fosse atingido (para os pontos de -2,5m e -4,5m). As
trajetórias para o ponto a -6,8m, tanto na região do eixo de simetria quanto na região
da borda do aterro, não atingiram a condição normalmente adensada. Foi observado
também, para os pontos selecionados da borda, que os carregamentos causaram
variações mais suaves no formato das trajetórias de tensões, quando comparando
com as variações registradas para pontos no eixo de simetria do aterro para mesmas
profundidades.

Dessa forma, pode-se afirmar que as trajetórias de tensões obtidas pelo


modelo B2, para os pontos da borda, foram coerentes com o comportamento descrito
MARQUES (2001).

Foram analisados também pontos situados em um ponto intermediário entre o


eixo de simetria e a borda do aterro para as mesmas profundidades. Os resultados
obtidos para tal situação foram praticamente idênticos aos obtidos para o eixo de
simetria do aterro e, por esse motivo, não foram apresentados aqui.

148
100 100 100
Ponto (6,8; -2,5) Ponto (6,8; -4,5) Ponto (6,8; -6,5)

80 80 80

60 60 60

40 40 40
q (kPa)

q (kPa)
q (kPa)
20 20 20

0 0 0

Supercífie
Superfícieescoamento inicial
de escoamento S-Clay 1S
Inicial Supercífie
Superfícieescoamento inicialInicial
de escoamento S-Clay 1S Superfícieescoamento
Supercífie de escoamento Inicial
inicial S-Clay 1S
(6,8;-2,52)
S-Clay 1S (6,8;-2,52) (6,8;-4,52)
S-Clay 1S (6,8;-4,52)
-20 -20 -20 S-Clay 1S (6,8;-2,52)
(6,8;-6,52)

Trajetória de tensões (6,84; -2,52) Trajetória de tensões (6,84; -4,52) Trajetória de tensões (6,84;-6,82)

-40 -40 -40


0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100 0 20 40 60 80 100
p´ (kPa) p´(kPa) p´(kPa)

Figura 6-44 –Modelo B2 -Trajetória de tensões para pontos abaixo da borda do aterro às profundidades de: -2,52 m (a); -4,52m (b); -6,82m (c).

149
Conforme dito anteriormente, as trajetórias de tensões geradas por um
carregamento tradicional são diferentes das trajetórias de tensões geradas por um
carregamento por vácuo. As deformações horizontais são, no primeiro caso, positivas,
enquanto que são negativas no segundo caso. Em uma condição similar a um ensaio
oedométrico, a trajetória de tensões desenvolve-se sobre a linha Ko_nc (para o solos
normalmente adensados), já durante um carregamento por vácuo o caminho de
tensões situa-se normalmente abaixo da linha Ko_nc.

Na prática da engenharia geotécnica, com exceção de casos específicos, o


carregamento por vácuo é, em geral aplicado em conjunto com aterros convencionais
e, dessa forma, as trajetórias de tensões esperadas devem se situar em uma posição
intermediária: entre a trajetória gerada por um aterro convencional e uma gerada por
um carregamento por vácuo, dependendo de suas proporções. Afirmação essa
coerente com os resultados obtidos pelo modelo B2 nos pontos analisados.

6.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES.


Nos cálculos analíticos, pode-se dizer que, apesar da célula unitária
representar uma condição similar a um aterro infinito, foi considerado o fator de
influência relacionado à geometria do aterro no cálculo das tensões efetivas atuantes
nas camadas. Essa consideração aproximou os resultados obtidos analiticamente dos
obtidos pelo modelo B1 (com propriedades similares para a camada de argila) quando
da utilização de valores de Cv médios. Contudo, deve-se observar que as incertezas
inerentes aos métodos de determinação do Cv geraram diferenças de até duas vezes
nos recalques calculados ao final da fase de carregamento por vácuo. Dessa forma,
em casos onde sejam necessários valores mais precisos para os recalques, é
recomendável a utilização de simulações numéricas.

Da comparação dos resultados das simulações numéricas (modelo B2) com os


resultados da instrumentação apresentados por MARQUES (2001) verificou-se uma
excelente concordância. Adicionalmente, a análise integrada dos deslocamentos, das
deformações específicas, das poro-pressões, das curvas de compressão e das
trajetórias de tensões, evidenciou comportamento coerente entre si.

Diante do exposto acima, considera-se que as análises numéricas,


apresentadas nesse capítulo, foram realizadas de maneira adequada, considerando os
principais fenômenos envolvidos e permitindo o desenvolvimento de simulações
realistas do comportamento de campo.
150
7 CONCLUSÕES

7.1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho visa contribuir tanto para a compreensão da técnica do
carregamento por vácuo no melhoramento de solos moles, como buscar metodologias
analíticas e numéricas capazes de fornecer resultados realistas para o tema proposto.
Este trabalho dá continuidade aos estudos desenvolvidos por MARQUES (2001). A
revisão bibliográfica apresenta o estado da arte sobre o tema e as informações
necessárias para uma compreensão abrangente do problema estudado. Da mesma
forma, são definidos e validados os parâmetros utilizados nas análises numéricas e
nos cálculos analíticos. Os resultados obtidos nessas análises são apresentados e
comparados com os resultados de campo disponíveis.

A estruturação da argila em estudo, a falta de um programa computacional que


disponibilizassem modelos constitutivos capazes de representar o comportamento
deste tipo de argila, aliados a inexistência de procedimentos de análises
computacionais capazes de simular o carregamento por vácuo, representaram
desafios que precisaram ser vencidos durante o desenvolvimento da pesquisa.

As principais conclusões obtidas neste estudo são sintetizadas nos itens a


seguir.

7.2 CARREGAMENTO POR VÁCUO NO PROGRAMA PLAXIS 2D 2015


A interação das equipes envolvidas no projeto de cooperação COPPE-Plaxis
permitiu tanto a determinação de um procedimento capaz de simular o carregamento
por vácuo quanto a correção de problemas existentes nas primeiras versões de teste.
Um período de aproximadamente dois anos de testes foi necessário para a evolução
do programa no que tange à simulação do carregamento por vácuo. A versão
comercial, hoje disponível no mercado, é capaz de simular de maneira adequada o
carregamento por vácuo. Contudo existem aspectos que merecem especial atenção
durante as análises, conforme descritos abaixo:

 O programa, na versão utilizada durante esses estudos, ainda não permitiu a


aplicação de uma sobrecarga de vácuo de maneira direta nos drenos,
contornos ou colchões drenantes. Para modelar o carregamento por vácuo, era
necessária a aplicação de uma carga hidráulica equivalente nas ferramentas
151
de dreno ou linhas e definir de maneira adequada as condições de contorno
relacionadas ao fluxo;
 Nas simulações envolvendo carregamento por vácuo, o N.A. apresentado pelo
programa não representou de maneira realista a subida do N.A. quando da
aplicação do vácuo. Isto se deve à forma com que o programa define a posição
do N.A. (ponto onde as poro-pressões passam de valores positivos para
negativos). Para o caso do carregamento por vácuo, essa consideração nem
sempre é verdadeira, uma vez que, mesmo abaixo do N.A., pode existir
sucção. A elevação manual do nível do N.A., considerando-a como uma
condição de contorno; torna-se necessária para a correta definição do N.A.
 Durante o período de testes do programa, nas análises de adensamento
envolvendo o carregamento por vácuo em camadas submetidas a condições
não saturadas, foi verificado que, em muitos casos, respostas não realistas
eram obtidas. Tal questão não se mostrou relevante para o caso estudado
nesta tese, pois os materiais simulados foram considerados saturados, tendo
em vista a subida do N.A. até a superfície do terreno registrada em campo.

7.3 MODELO S-CLAY1S


O desafio inicial para a seleção de um modelo constitutivo capaz de
representar o comportamento estruturado da argila do sitio de Saint-Roch-de-l'Achigan
foi superado através da utilização do modelo S-CLAY1S. A escolha deste modelo
baseou-se no fato de sua formulação considerar o comportamento estruturado de
argilas normalmente adensadas ou levemente sobreadensadas. Outros aspectos
também contribuíram para a sua seleção, entre eles: o fato da formulação do S-
CLAY1S ser baseada no modelo Cam-Clay modificado e da existência de uma rotina
de cálculo devidamente validada para o programa Plaxis.

As metodologias, existentes na literatura, que dizem respeito a determinação


dos parâmetros necessários para a utilização do modelo, mostraram-se eficazes. Fato
constatado durante a validação do modelo através da comparação dos resultados dos
ensaios de laboratório com os das simulações numéricas, demostrando, assim, a
capacidade do modelo em representar o comportamento da argila do sítio de Saint-
Roch-de-l'Achigan, independentemente da faixa de tensões aplicada.

Desde que seja possível avaliar de maneira correta os parâmetros do modelo,


este se adequa à simulação do comportamento de argilas normalmente adensadas ou

152
levemente sobreadensadas que possuem anisotropia e estruturação. Contudo, o
elevado número de parâmetros pode ser um fator limitador de sua utilização.

A experiência na utilização do modelo e na determinação dos parâmetros


mostrou-se fundamental para a obtenção de resultados realistas, uma vez que alguns
parâmetros do modelo são obtidos de maneira empírica ou através de comparações
dos resultados de simulações numéricas e ensaios de laboratório.

7.4 CÁLCULOS ANALÍTICOS


Nos cálculos analíticos, como estes simulam uma célula unitária representando
uma condição equivalente a um aterro infinito, foi necessária, nesta pesquisa, a
consideração da influência da geometria do aterro no cálculo das tensões efetivas
atuantes nas camadas. Essa consideração aproximou os resultados obtidos
analiticamente dos obtidos pelo modelo B1 (que utilizou propriedades similares para a
camada de argila) quando da utilização de valores de Cv médios.

As incertezas inerentes aos métodos de determinação do Cv geraram


diferenças de até duas vezes nos recalques calculados.

Em casos onde seja necessária uma obtenção de valores precisos é


recomendável que seja efetuada a previsão dos recalques através de simulações
numéricas.

7.5 ANÁLISES NUMÉRICAS

7.5.1 DEFINIÇÃO DO ESTADO DE TENSÕES INICIAIS

No programa Plaxis, a definição do estado de tensões iniciais do solo acontece


na fase inicial de cálculo. Nela são definidas as tensões efetivas iniciais, o formato e o
tamanho inicial da superfície de escoamento dos materiais utilizados, entre outros
aspectos da análise que se não consideradas de maneira adequada, podem
comprometer os resultados finais obtidos. Para o caso em estudo, as considerações
do perfil de poro-pressões registrado em campo (não hidrostático) e dos efeitos
viscosos relacionados à temperatura e da velocidade de deformação na tensão de
sobreadensamentos foram essenciais na definição de um estado de tensões iniciais
correspondente ao observado em campo.

153
7.5.2 COMPATIBILIZAÇÃO DOS RECALQUES DA CÉLULA UNITÁRIA AXISSIMÉTRICA
PARA O ESTADO PLANO DE DEFORMAÇÕES

O estudo avaliou as metodologias apresentadas por HIRD et al. (1995) e por


INDRARATNA e REDANA (1997). Ambas conduziram a resultados satisfatórios,
contudo, a metodologia de HIRD et al. (1995) mostrou-se mais simples e flexível.

7.5.3 SIMULAÇÃO DO CARREGAMENTO POR VÁCUO ATRAVÉS DE UM


CARREGAMENTO TRADICIONAL EQUIVALENTE .

A realização da simulação do carregamento por vácuo através de um


carregamento tradicional equivalente pode ser uma alternativa útil para casos que
envolvam um comportamento exclusivamente oedométrico e cujos resultados
desejados sejam apenas os recalques. Para todas as outras situações, faz-se
necessária a simulação do carregamento por vácuo de maneira igual ou similar à
apresentada nesta pesquisa.

7.5.4 RESULTADOS DOS MODELOS A1 E A2

Para o caso específico do aterro teste de Saint-Roch-de-l'Achigan os modelos


A2 e A1 não foram capazes de representar, de maneira realista, os recalques
registrados em campo. A não consideração da geometria do aterro e sua influência
nas distribuições das tensões com a profundidade, bem como a impossibilidade da
simulação das escavações das trincheiras drenantes, fizeram com que os recalques,
para esses modelos, fossem superiores aos registrados em campo.

7.5.5 RESULTADOS DOS MODELOS B1 E B2

Diferente do observado nos modelos A1 e A2, os modelos B1 e B2 foram


capazes de reproduzir de maneira satisfatória os resultados de campo registrados por
MARQUES (2001).

Os recalques no centro do aterro, obtidos pelo modelo B2, apresentaram boa


concordância com os resultados registrados em campo. A utilização do material da
SC3 para a representação de toda a camada de argila, no modelo B1, acarretou
recalques 5 cm menores que os registrados em campo. Contudo, esses resultados se

154
mostraram coerentes com os resultados obtidos pelos cálculos analíticos (que
utilizaram os mesmos materiais).

Os deslocamentos verticais na borda do aterro, calculados pelo modelo B2,


foram da ordem de 60% dos valores obtidos no centro, contudo, em campo tais
percentuais não ultrapassaram 33%. Acredita-se que a falta de uma caracterização
mais precisa sobre a crosta tenha contribuído de maneira direta nas diferenças
observadas.

Os deslocamentos horizontais máximos obtidos nas simulações numéricas


(modelo B2), para a posição próxima ao local do inclinômetro instalado em campo,
foram próximos a 1,5 cm e os mínimos próximos a -1,5m. A instrumentação de campo
registrou deslocamentos aproximadamente nulos. Esta diferença pode ser
considerada satisfatória, tendo em vista a complexidade das análises. Acredita-se que
esteja relacionada ao excesso de recalques calculados para borda, conforme discutido
anteriormente.

As poro-pressões, calculadas pelo modelo B2, apresentaram uma


concordância satisfatória com o comportamento observado em campo. As simulações
numéricas confirmam a hipótese levantada por MARQUES (2001) sobre o
funcionamento do piezômetro UA1 (-2,5), conforme discutido no item 6.6.

As curvas de compressão obtidas pelas simulações numéricas apresentaram


resultados similares aos obtidos pelas curvas de compressão in situ. As trajetórias de
tensões, calculadas para pontos no centro e nas bordas do aterro, mostraram-se
coerentes tanto com os carregamentos aplicados quanto com o comportamento
previsto pela literatura.

A complexidade envolvida em casos reais da engenharia geotécnica torna


praticamente impossível a simulação de todos os fenômenos e a consideração de
todos os fatores que influenciam o problema. O grande desafio para o engenheiro
geotécnico está relacionado à definição de modelos numéricos que sejam simples e
capazes de reproduzir os principais fenômenos envolvidos, permitindo, dessa forma, a
obtenção de respostas realistas para o caso em estudo. Analisando de maneira
integrada os resultados numéricos obtidos para os deslocamentos, deformações
específicas, poro-pressões, curvas de compressão e trajetórias de tensões, verificou-
se que, além da boa concordância com dados de campo, os diversos resultados
mostraram-se coerentes entre si. Considera-se, portanto que os modelos numéricos e
155
as simplificações adotadas foram consistentes e que as simulações representaram de
maneira adequada o comportamento de campo.

7.6 SUGESTÕES PARA PRÓXIMAS PESQUISAS:


Da experiência adquirida algumas sugestões para pesquisas futuras são
propostas:

Avaliar a capacidade do modelo constitutivo S-CLAY1S de representar também


o comportamento das argilas naturais estruturadas brasileiras.

Pesquisar e ou desenvolver modelos constitutivos capazes de representar


efeitos viscosos e relacionados ao tempo (creep) e avaliação de sua utilização nos
casos envolvendo o carregamento por vácuo.

Embora o Plaxis, a partir da versão utilizada na tese (Plaxis 2D 2015 V0) tenha
se mostrado capaz de simular os casos do carregamento por vácuo, ainda existem
questões relacionadas a situações específicas, tais como a avaliação do nível no N.A.,
quando da aplicação do vácuo, as situações envolvendo condições não saturadas,
que precisam ser estudadas e devidamente validadas.

Avaliação e validação do uso de outras ferramentas numéricas, tais como o


programa Abaqus, na simulação de problemas geotécnicos envolvendo o
carregamento por vácuo.

Avaliação da possibilidade do desenvolvimento de uma metodologia para a


simulação do carregamento por vácuo em centrífugas geotécnicas.

Efetuar análises 3D para a simulação do aterro teste de Saint-Roch-de-


l'Achigan e a comparar os resultados obtidos com os das análises 2D desenvolvidas
nesta tese.

156
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164
ANEXO 1 - DERIVADAS DO MODELO S-CLAY1S NO
ESPAÇO TRIAXIAL E DETALHAMENTO DA MATRIZ

ELASTOPLÁSTICA .

Derivadas da Equação da Superfície de Escoamento e da equação do


potencial plástico:
𝑭 = 𝒈 = (𝒒 − 𝜶𝒑´)𝟐 − (𝑴𝟐 − 𝜶𝟐 ). ((𝒑´𝒎𝒊 . (𝟏 + 𝝌) − 𝒑´)). 𝒑´

𝑑𝐹
= (𝑝´ − 𝑝´𝑚𝑖 . (𝜒 + 1)). (𝑀2 − 𝛼 2 ) − 2𝛼. (𝑞 − 𝛼𝑝´) + 𝑝´. (𝑀2 − 𝛼 2 )
𝑑𝑝´

𝑑𝐹
= 2𝑞 − 2𝛼𝑝´
𝑑𝑞

𝑑𝐹
= −𝑝´. (𝜒 + 1). (𝑀2 − 𝛼 2 )
𝑑𝑝´𝑚𝑖

𝑑𝐹
= −2𝑝´. (𝑞 − 𝛼𝑝´) − 2𝛼𝑝´. (𝑝´ − 𝑝´𝑚𝑖 (𝜒 + 1))
𝑑𝛼

𝑑𝐹
= 𝑝´. 𝑝´𝑚𝑖 . (𝑀2 − 𝛼 2 )
𝑑𝜒

Derivadas das equações de endurecimento e amolecimento:


(𝟏 + 𝒆). 𝒑´𝒎𝒊 𝒑
𝒅𝒑𝒎𝒊 = . 𝒅𝜺𝒗
𝝀−𝜿

𝑑𝑝´𝑚𝑖 (1 + 𝑒). 𝑝´𝑚𝑖


𝑝 =
𝑑𝜀𝑣 𝜆−𝜅

𝟑𝜼 𝒑 𝜼 𝒑
𝒅𝜶 = 𝝁. [( − 𝜶) . ⟨𝒅𝜺𝒗 ⟩ + 𝜷. ( − 𝜶) . |𝒅𝜺𝒅 |]
𝟒 𝟑
𝑑𝛼 𝜂
𝑝 = 𝜇. 𝛽 . ( − 𝛼)
𝑑𝜀𝑑 3

𝑑𝛼 3𝜂
𝑝 = 𝜇.( − 𝛼)
𝑑𝜀𝑣 4

𝒑 𝒑
𝒅𝝌 = −𝒂𝝌. [|𝒅𝜺𝒗 | + 𝒃. |𝒅𝜺𝒅 |]
𝑑𝜒
𝑝 = −𝑎𝜒
𝑑𝜀𝑣

𝑑𝜒
𝑝 = −𝑎𝑏𝜒
𝑑𝜀𝑑

165
Matriz elastoplástica

𝑒𝑝
1𝑒 𝑒]
𝜕𝑔 𝜕𝐹 𝑇 𝑒
[𝐷 ] = [𝐷 ] − [𝐷 ( ) [𝐷 ]
𝛽 𝜕𝜎´𝑖 𝜕𝜎´𝑖
𝑑𝑔
1 𝑑𝑝´ 𝑑𝐹 𝑑𝐹
𝐷𝑒𝑝 = 𝐷𝑒 − . 𝐷𝑒 . .[ ] . 𝐷𝑒
𝛽 𝑑𝑔 𝑑𝑝´ 𝑑𝑞
[ [ 𝑑𝑞 ] ]

sendo:

𝑑𝑔
𝑑𝐹 𝑑𝐹 𝑒 𝑑𝑝´
𝛽 = 𝐻+. [ ].𝐷 .
𝑑𝑝´ 𝑑𝑞 𝑑𝑔
[ [ 𝑑𝑞 ] ]

𝐻 = −(𝐻𝑝´𝑚𝑖 + 𝐻𝛼 + 𝐻𝜒 )

𝑑𝐹 𝑑𝑝´𝑚𝑖 𝑑𝑔
𝐻𝑝´𝑚𝑖 = . .
𝑑𝑝´𝑚𝑖 𝑑𝜀𝑣𝑝 𝑑𝑝´

𝑑𝐹 𝑑𝛼 𝑑𝑔 𝑑𝛼 𝑑𝑔
𝐻𝛼 = . [( 𝑝 . ⟨ ⟩) + ( 𝑝 . | |) ]
𝑑𝛼 𝑑𝜀𝑣 𝑑𝑝´ 𝑑𝜀𝑑 𝑑𝑞

𝑑𝐹 𝑑𝜒 𝑑𝑔 𝑑𝜒 𝑑𝑔
𝐻𝜒 = . [( 𝑝 . | |) + ( 𝑝 . | |) ]
𝑑𝜒 𝑑𝜀𝑣 𝑑𝑝´ 𝑑𝜀𝑑 𝑑𝑞

166
ANEXO 2 – GENERALIZAÇÃO DO MODELO S-CLAY1S
PARA O ESPAÇO 3D

O vetor de tensões é definido por:


𝜎´𝑥𝑥
𝜎´𝑦𝑦
𝜎´𝑧𝑧
𝜎´ =
𝜎´𝑥𝑦
𝜎´𝑦𝑧
[ 𝜎´𝑧𝑥 ]

O vetor de tensões cisalhantes:


𝜎´𝑥 − 𝑝´
𝜎´𝑦 − 𝑝´
𝜎´𝑧 − 𝑝´
𝜎´𝑑 = √2𝜏𝑥𝑦 ;

√2𝜏𝑦𝑧
[ √2𝜏𝑧𝑥 ]

1 3
sendo: 𝑝´ = (𝜎´𝑥 + 𝜎´𝑦 + 𝜎´𝑧 ) e 𝑞 = [𝜎´𝑑 ]𝑇 [𝜎´𝑑 ].
3 2

Vetor de deformações incrementais


𝑑𝜀𝑥𝑥
𝑑𝜀𝑦𝑦
𝑑𝜀𝑧𝑧
𝑑𝜀 =
𝑑𝜀𝑥𝑦
𝑑𝜀𝑦𝑧
[ 𝑑𝜀𝑧𝑥 ]

O vetor de deformações cisalhantes incrementais :


1
(2𝑑𝜀𝑥 − 𝑑𝜀𝑦 − 𝑑𝜀𝑧 )
3
1
(−𝑑𝜀𝑥 + 2𝑑𝜀𝑦 − 𝑑𝜀𝑧 )
3
1
𝑑𝜀𝑑 = (−𝑑𝜀𝑥 − 𝑑𝜀𝑦 + 2𝑑𝜀𝑧 ) ;
3
√2𝑑𝜀𝑥𝑦
√2𝑑𝜀𝑦𝑧
[ √2𝑑𝜀𝑧𝑥 ]

2
sendo: 𝑑𝜀𝑣 = 𝑑𝜀𝑥 + 𝑑𝜀𝑦 + 𝑑𝜀𝑧 e (𝑑𝜀𝑑 )2 = [𝑑𝜀𝑑 ]𝑇 [𝑑𝜀𝑑 ].
3
167
O vetor de inclinação da superfície de escoamento (anisotropia):
1
(2𝛼𝑥 − 𝛼𝑦 − 𝛼𝑧 )
3
1
(−𝑑𝛼𝑥 + 2𝛼𝑦 − 𝛼𝑧 )
3
1
𝛼𝑑 = (−𝛼𝑥 − 𝛼𝑦 + 2𝛼𝑧 ) ;
3
√2𝛼𝑥𝑦
√2𝛼𝑦𝑧
[ √2𝛼𝑧𝑥 ]

1 2
sendo: (𝛼𝑥 + 𝛼𝑦 + 𝛼𝑧 ) = 1; e (𝛼)2 = [𝛼𝑑 ]𝑇 [𝛼𝑑 ].
3 3

Função de escoamento:

2 3
𝐹= [{𝜎´𝑑 − 𝑝´𝛼𝑑 }𝑇 {𝜎´𝑑 − 𝑝´𝛼𝑑 }] − [𝑀2 − {𝛼𝑑 }𝑇 {𝛼𝑑 }] [𝑝´𝑚 − 𝑝´]𝑝´ = 0
3 2

sendo: 𝑝´𝑚 = (1 + 𝜒)𝑝´𝑚𝑖

Funções de endurecimento / amolecimento:

 Tamanho da superfície de escoamento intrínseca:

𝑝
𝑣. 𝑝´𝑚𝑖 . 𝑑𝜀𝑣
𝑑𝑝´𝑚𝑖 =
𝜆𝑖 − 𝜅

 Rotação da superfície de escoamento (anisotropia) :

3𝜂 𝑝 𝜂 𝑝
𝑑𝛼 = 𝜇 [( − 𝛼𝑑 ) . 〈𝑑𝜀𝑣 〉 + 𝛽. ( − 𝛼𝑑 ) . |𝑑𝜀𝑠 |]
4 3

 Degradação da estruturação:
𝑝 𝑝
𝑑𝜒 = − 𝑎𝜒[|𝑑𝜀𝑣 | + 𝑏(𝑑𝜀𝑠 )]

168
Matriz Elastoplástica

1 𝜕𝑔 𝜕𝐹 𝑇
[𝐷𝑒𝑝 ] = [𝐷𝑒 ] − [𝐷𝑒 ] ( ) ( ) [𝐷𝑒 ]
𝛽 𝜕𝜎´ 𝜕𝜎´

𝜕𝐹 𝑇 𝜕𝑔
𝛽 = 𝐻 + ( ) [𝐷𝑒 ] ( )
𝜕𝜎´ 𝜕𝜎´

𝜕𝐹 𝜕𝑝´𝑚𝑖 𝜕𝑔
𝐻 = −[ . .
𝜕𝑝´𝑚𝑖 𝜕𝜀𝑣𝑝 𝜕𝑝´

𝜕𝐹 𝑇 𝜕𝛼𝑑 𝜕𝑔 2 𝜕𝛼𝑑 𝜕𝑔 𝑇 𝜕𝑔
+ { √
} . [( 𝑝 . ⟨ ⟩) + √ { 𝑝 } { } { }]
𝜕𝛼𝑑 𝜕𝜀𝑣 𝜕𝑝´ 3 𝜕𝜀𝑑 𝜕𝜎´𝑑 𝜕𝜎´𝑑

𝜕𝐹 𝜕𝜒 𝜕𝑔 2 𝜕𝜒 𝜕𝑔 𝑇 𝜕𝑔
+ { } . [( 𝑝 . | |) + √ { 𝑝 } √{ } { } ]]
𝜕𝜒 𝜕𝜀𝑣 𝜕𝑝´ 3 𝜕𝜀𝑑 𝜕𝜎´𝑑 𝜕𝜎´𝑑

169
ANEXO 3 – “MODELLING OF LABORATORY TESTS ON
SAINT-ROCH-DE-L´ACHIGAN CLAY WITH S-CLAY1S
MODEL”

170
Modelling of laboratory tests on Saint-Roch-de-l´Achigan clay with S -
CLAY1S model

Leonardo de Oliveira Guerra Deotti1,2 , Minna Karstunen3, Maria Cascão


Ferreira de Almeida4, Marcio de Souza Soares de Almeida1#.

Affiliations:

Deotti, L.O.G.: 1 COPPE - UFRJ – Federal University of Rio de Janeiro, 21945-


970, Rio de Janeiro - RJ, Brazil, Phone: +55 21 25627200.
2
Centrais Eletricas Brasileiras S.A.- ELETROBRAS, 20040-030, Rio
de Janeiro – RJ, Brazil, Phone: +55 21 25144525.
e-mail: lguerra@eletrobras.com; leodeotti@hotmail.com.

Karstunen, M.:3 Chalmers University of Tecnology - Department of Civil and


Environmental Engineering, SE-412 96 Göteborg, Sweden, Phone:
+46(0)31 772 2144
e-mail: minna.karstunen@chalmers.se .

Almeida, M. C. F.: 4 POLI – UFRJ - Federal University of Rio de Janeiro, 21945-


970, Rio de Janeiro - RJ, Brazil, Phone: +55 21 25627200.
e-mail: mariacascao@globo.com.

Corresponding Author (#):

Almeida, M.S.S.: 1# COPPE – Universidade Federal do Rio de Janeiro, 21945-970,


Rio de Janeiro - RJ, Brazil, Phone: +55 21 25627200,Fax: +55 21
25627200, e-mail: almeida@coc.ufrj.br.

171
Abstract:

This paper presents numerical simulations performed to evaluate the influence


of anisotropy and destructuration on the stress-strain response of Saint-Roch-de-
l´Achigan´s clay. Oedometer and triaxial tests presented by Marques (2001) were
simulated with a finite element method using two different constitutive models to
represent the soil. The constitutive models used are the S-CLAY1S model that account
for anisotropy and destructuration, and for comparison the tests are also simulated with
the Modified Cam-Clay model. The numerical results were compared with laboratorial
results. A parametric study with the S-CLAY1S model was also made and the most
important results of that are included. This study demonstrates the capability of theS-
CLAY1S model in reproducing the stress-strain behavior of Saint-Roch-de-l´Achigan
clay.

Keywords: constitutive model, soft clay, inter-particle bonding, triaxial test,


oedometer test

172
1 INTRODUCTION

Natural clays often exhibit both anisotropy and some apparent inter-particle
bonding. The evolution of plastic strains involves slippage at inter-particle and inter-
aggregate contacts, re-arranging and re-aligning particles. In that way, plastic straining
can produce both changes of anisotropy and progressive degradation of bonding,
referred to as destructuration (Koskinen et al. 2002).

The elasto-plastic model S-CLAY1S (Karstunen et al. 2005) is an extension of


the Modified Cam-Clay model (Roscoe and Burland 1968). It incorporates anisotropy
through an inclined yield surface and a rotational component of hardening to model the
development or erasure of fabric anisotropy during plastic straining. Furthermore,
destructuration is accounted for via a destructuration law.

The S-CLAY1S model (Karstunen et al. 2005) was developed by Koskinen et al.
(2002) using the ideas presented by Gens and Nova (1993). The model may be
considered an expansion of S-CLAY1 model, proposed initially by Näätänen et al.
(1999) and was further developed by Wheeler et al. (1999) and Wheeler et al. (2003).

S-CLAY1S model is intended for representing normally consolidated or lightly


overconsolidaded soft clays. In this type of soils, plastic strains tend to be more
relevant in many problems of practical interest, with elastic strains being often relatively
unimportant. For simplicity, the elastic behavior is assumed to be isotropic, and the
elastic behavior is represented similarly to the Modified Cam-Clay Model. The
assumption of a simple isotropic elastic behavior inside the yield curve means that this
model may bring unrealistic results for analyses involving problems where many soil
elements follow unloading stress paths, for example, in excavations or stiff heavily
overconsolidated clays, where non-linearity at small strains is often important.

The main objective of this paper is to evaluate the capability of the S-CLAY1S
model in representing the stress-strain behavior of Saint-Roch-de-l´Achigan´s clay. The
results of aboratory tests were compared with numerical simulations performed with an
implementation of the S-CLAY1S model in the Finite Element code Plaxis developed
by Sivasithamparam (2012).

173
2 Constitutive model S-CLAY1S

This paper presents a short overview of the S-CLAY1S model as a more


comprehensive presentation of the model can be found in Wheeler et al. (2003).

The yield surface (F) separates purely elastic behavior from elasto-plastic
behavior. Purely elastic behavior is observed when F < 0, elasto-plastic behavior is
observed when F = 0 and F > 0 is an impossible situation.

The yield surface of the S-CLAY1S can be expressed in 3D space by the


following equation (Wheeler et al. 2003):
𝟐 𝟑
[1] 𝑭= [[𝝈´𝒅 − 𝒑´𝜶𝒅 ]] − [𝑴𝟐 − [𝜶𝒅 ]𝑻 [𝜶𝒅 ]] [𝒑´𝒎 − 𝒑´]𝒑´ = 𝟎
𝟑 𝟐

where:

σ´d - deviatoric stress tensor;

p´- mean effective stress;

αd – deviatoric fabric tensor (dimensionless second order tensor);

M – value of the stress ratio at critical state;

p´m – represent the size of the yield surface of the natural clay.

The components of αd give a measure of the degree of plastic anisotropy of the


soil. For triaxial test conditions applied to one-dimensionally consolidated soils, it is
possible to assume that the plane of isotropy of the sample coincides with the
horizontal plane in the triaxial samples. In this specific situation, the fabric tensor may
be replaced by a scalar α that represents the degree of plastic anisotropy of the soil
and can be defined as:

𝟑
[2] 𝜶𝟐 = [𝜶𝒅 ]𝑻 [𝜶𝒅 ]
𝟐

Figure 1 shows the shape of the yield surface of the S-CLAY1S model for the
case where principal axes of both the stress tensor and the fabric tensor are coincident
with x, y, z directions. Need to explain .

With α = 0 the soil behavior is isotropic and yield surface corresponds to MCC
yield curve.

174
The process of formation of some natural soils may induce a creation of
bonding between the particles, in that way, natural soil may provide additional
resistance to yielding. An unbounded soil with the same fabric (including anisotropy)
and at the same void ratio as the natural soil would yield at a lower stress when
compared to the natural soil. This phenomena can be described using the idea of an
“intrinsic yield curve”, representing the yield behavior of an equivalent unbounded soil
(Koskinen et al. 2002). The intrinsic yield curve is smaller in size, and its size can be
specified by a parameter, p´mi (see figure 1). The relation between the yield curve for
bonded soils and the size of the intrinsic yield curve can be expressed using the
parameter χ. The definition of the current degree of bounding is given by:

[3] 𝒑´𝒎 = (𝟏 + 𝝌) 𝒑´𝒎𝒊

In the one-dimensional case it is evident that the plastic strains happen in the
same direction as the imposed stress. However, working with more than one
dimension, the problem becomes more complex, once it is possible to have six
components of both stresses and strains. In order to evaluate the plastic deformations,
the existence of a plastic potential (G) is assumed, and a flow rule is used to specify de
directions of plastic strains at every stress state. In the S-CLAY1S model an associated
flow rule is adopted (F = G). Experimental evidence by Wheeler et al. (2003) and
Karstunen & Koskinen (2008), support the idea that the assumption of an associated
flow rule is a reasonable approximation for natural clay when used together with an
inclined yield curve and a rotational hardening law.

The hardening or softening functions dictates how the state parameters change
with plastic strains. The S-CLAY1S model incorporates three hardening laws.

The first hardening law controls the size of the intrinsic yield curve and is related
solely to the plastic volumetric strains. A similar equation to the MCC model is used,
however the parameter p’m is replaced by p’mi and  by i.

The λi represents the slope of the normal compression line in the ln p’ x υ


plane for a reconstituted soil where, different from a natural soil, all the internal bonds
have already been broken (see Figure 2).
𝒑
𝝊 .𝒑´𝒎𝒊 .𝒅𝜺𝒗
[4] 𝒅𝒑´𝒎𝒊 =
𝝀𝒊 − 𝜿

where:

𝜆𝑖 - slope of the intrinsic normal compression line in the ln p’ x υ plane.


175
υ – specific volume
𝑝
𝑑𝜀𝑣 - increment of plastic volumetric strain

𝜅- slope of a swelling line in the compression plane

The change is size is based on the assumption that for a material without
bonding the increase in the size of the yield curve is due to the re-arrangement of the
particles to a denser packing arrangement.

The second hardening law describes the changes in the orientation of the yield
surface as a function of the increments in the volumetric and deviatoric plastic strains.
𝟑𝜼 𝒑 𝜼 𝒑
[5] 𝒅𝜶𝒅 = 𝝁 [( − 𝜶𝒅 ) . 〈𝒅𝜺𝒗 〉 + 𝜷. ( − 𝜶𝒅 ) . |𝒅𝜺𝒔 |]
𝟒 𝟑

where:

β – controls the relative effectiveness of plastic deviatoric and volumetric strains


in setting the overall instantaneous target value of αd

μ – controls the absolute rate of variation of α towards its current value;

〈 〉 - Macaulay brackets: for 〈𝑋〉 it means if X ≥ 0, 〈𝑋〉 = X and if X < 0, 〈𝑋〉 = 0;

η = σd / p´; is the generalized stress ratio


𝑝
𝑑𝜀𝑣 - increments of plastic volumetric strain
𝑝
𝑑𝜀𝑠 - increments of plastic deviatoric strain

The third and last hardening law is related to degradation of bonding caused by
the evolution of the plastic strains. This law may be represented by the following
equation (Karstunen et al. 2005):
𝒑 𝒑
[6] 𝒅𝝌 = −𝒂𝝌[|𝒅𝜺𝒗 | + 𝒃 |𝒅𝜺𝒔 |]

where:

a and b – represent soil constants controlling the rate of bond degradation.

3 PARAMETER DETERMINATION

In order to use the S-CLAY1S model it is necessary to determine eight soil


parameters. In addition to the traditional parameters from MCC model: λ, κ, M and the

176
poisson ratio (υ), it is necessary to obtain two parameters related to the rotational
hardening: β, μ [5] and other parameters related to the bonding: λi ([4) and a, b [6].

Furthermore, it is necessary to define the initial state of the soil: the stress state,
specific volume (υ) or void ratio (e), and initial values of parameters p´mi, α0 and χ0.

The traditional soil constants λ, κ, M and the poisson´s ratio (υ) and the initial
size of the yield curve (p´m) may be determined by standard procedures. For the
intrinsic value determination of p´mi and λi the same standards procedures can be
adopted however using a completely remolded and reconstituted sample.

In this paper the procedures to evaluating the parameters related to rotational


hardening and bounding will be addressed. More details can be found in Koskinen et
al. (2002), Wheeler et al. (2003) and Karstunen et al. (2005).

3.1 DETERMINATION OF INITIAL VALUE OF 𝛼𝑘0 :

For the cases where the soil deposit can be considered normally consolidated
or lightly overconsolidated, with its formation restricted to one dimensional strains, a
very simple procedure can be applied to the determination of the initial value of α =
αko. If the K0 value is estimated by Jaky´s formula (K0~1-sin ϕ´, where ϕ´ is the critical
state friction angle), the ratio η for the K0 condition (ηko) can be calculated. Only one
value of the yield curve inclination α, in combination with associated flow, could predict
zero radial straining when loading at stress ration ηko. That can be represented by
equation:
𝜼𝟐𝒌𝒐 +𝟑𝜼𝒌𝒐 −𝑴𝟐
[7] 𝜶𝒌𝒐 =
𝟑

Given both M and ηk0 (for normally consolidated clays) can be exclusively
represented in terms of the critical state friction angle ϕ´, it suggests that 𝛼𝑘𝑜 for
normally consolidated or lightly overconsolidated clays is uniquely related to ϕ´.

3.2 DETERMINATION OF PARAMETER 𝛽:

The β parameter controls the relative effectiveness of plastic deviatoric and


volumetric strains in setting the overall instantaneous target value of α. For a plastic
loading in a η constant stress path, the model predicts that α tends to an equilibrium
value. For a ηko stress path in a normally consolidated condition, only one value of β
would predict the value of α corresponds to 𝛼𝑘𝑜 , which can be represented by:

177
𝟑(𝟒𝑴𝟐 −𝟒𝜼𝟐𝒌𝒐 −𝟑𝜼𝒌𝒐 )
[8] 𝜷=
𝟖(𝜼𝟐𝒌𝒐 −𝑴𝟐 +𝟐𝜼𝒌𝒐 )

3.3 DETERMINATION OF PARAMETER M:

Parameter 𝜇 controls the absolute rate of variation of 𝛼 towards its current


value. There is no direct method for the determination of the value of μ for a specific
soil. It is suggested to conduct model simulations with different values of μ. Comparison
with experimental tests can be utilized to determine the best values for each specific
case, in this way it is important to choose tests that involves significant rotation of the
yield curve. An example of a test that can be utilized is the untrained shearing in triaxial
extension, or an isotropic consolidation test (Wheeler et al. 2003).

Leoni et al. (2008) suggested the following equation for determination of μ:

𝟏+𝒆 𝟏𝟎𝑴𝟐 −𝟐𝜶𝒌𝟎 𝜷


[9] 𝝁= 𝐥𝐧
𝝀 𝑴𝟐 −𝟐𝜶𝒌𝟎 𝜷

During the derivation of [9 some major assumptions have been made (Leoni et
al. 2008), and hence depending of other parameter combinations a negative value to μ
(a physically impossible situation) can result.

As an alternative, a simple empirical relation proposed by Zentar et al. (2002)


can be used:

𝟏𝟎 𝟐𝟎
[10] ≤𝝁≤
𝝀 𝝀

where 𝜆 is the slope of the oeadometerric compression line of the natural clay
sample.

3.4 DETERMINATION OF THE INITIAL VALUE OF 𝜒:

The initial value of parameter χ (χ0) can be obtained by the relation presented in
[3 by comparing the yield stress obtained from a naturally bonded with that of a
completely remolded and reconstituted sample (represented by the imaginary intrinsic
yield curve, see Figure 1).

Karstunen et al. (2008) established that the ratio of λ/λi in an oedometric


condition is strongly dependent on the initial amount of bonding of a natural sample
(χ0). In this way, it is possible to obtain χ0 as indicated in the Figure 2.
178
Koskinen et al. (2002) suggested an alternative method for χ0 determination
based on sensitivity (St) measured from fall cone test according to ão de χ0
(KARSTUNEN et al., 2008).

KOSKINEN et al. (2002) propuseram um método alternativo para a


determinação de χ0 baseado na sensitividade (St) medida através do ensaio de cone
sueco, utilizando a Equação 2-37.

[11] 𝝌𝟎 ≈ 𝑺𝒕 − 𝟏

3.5 DETERMINATION OF PARAMETERS 𝑎 AND 𝑏:

There are no direct methods for the determination of values for parameters a
and b. Koskinen et al. (2002) propose that model simulation comparisons with
laboratory test should be used to obtain their values. Ideally a test with mainly
volumetric strains (such as isotropic compression) is used to calibrate the value of a
and then a test with a constant high  stress path is simulated to calibrate the value of
b. However, based on the tests and simulations done for far (see e.g. Koskinen et al.
(2002), McGinty (2006), Karstunen et al. (2008), initial values of: a = 8 to 12;
b = 0.2 to 0.3 can be adopted.

4 SAINT-ROCH-DE-L´ACHIGAN CLAY

The Saint-Roch-de-l´Achigan clay was formed in the Champlain Sea of Eastern


Canada, situated 30 km north of Montréal. The proprieties of this clay are within the
range of Champlain Sea clays presented by (Leroueil 1997; Leroueil et al. 1983). The
deposit is composed by an approximately 2.5 meters thick weathered clay crust
overlying a layer with about 10 m thick of sensitive soft to firm silty-clay (sensitivity St
from 30 to 50), a till layer and the bedrock.

Marques (2001) presented a range of tests carried out on samples collected


with depths between 2.5 to 9.0 m with a 200mm Laval´s sampler. The test included
characterization tests; isotropic and anisotropic triaxial compression tests conducted at
temperatures of 10 ͦ, 20 ͦ and, 50 ͦC; oedometric compression tests with permeability

179
measurement. In situ tests (like vane tests) were also performed completing the site
investigation. The triaxial tests were performed both in isotropic and anisotropic
conditions and for different initial stress ratios during consolidation.

Figure 3 shows the geotechnical characteristics of the St-Roch-de-l’Achigan


clay.

The Saint-Roch-de-l´Achigan deposit is highly plastic (41<IP<49), with a linearly


decreasing water content from 92 % - 75 % at depths from 3 m to 9 m, respectively.

The clay can be considered as lightly overconsolidated, with OCR varying


between 1,8 to 2,4. The initial hydraulic conductivity varies from 1.6 to 3.3 X10 -9 m/s.
and the compression ratio CC / (1+e0) is between 0.59 – 1.36 m (average values for the
average field stress).

4.1 SAINT-ROCH-DE-L´ACHIGAN CLAY S-CLAY1S PARAMETERS

DETERMINATION :

Initially all data of the triaxial tests performed by Marques (2001) were analyzed,
and triaxial test CAU1 was chosen as the test that could best represent the initial stress
state and bond destructuration in the field, with similar vertical stresses and K0 values
(K0 = 0.5 was used in the test and K0 = 0.44 was calculated using the Jaky’s formula).
Table 1 presents the main parameter obtained both from triaxial test data and using the
previously described procedures.

The oedometer test OED10 performed by Marques (2001) at approximately the


same depth as test CAU1 was used for the determination of the other relevant
parameters necessary to the MCC and S-CLAY1S models simulations.

Table 2 presents the main parameter obtained from oedometric tests using from
the procedures previously described.

The information presented in tables 1 and 2 was used in the numerical


simulations.

180
5 PARAMETRIC ANALYSES:

Initially, using the parameters presented in the Table 1 and Table 2 , a study
was made to evaluate the influence some of the of parameters on the results of four
different anisotropic triaxial loading situations: drained and undrained compressions
(CADC and CAUC, respectively); drained and undrained extension (CADE and CAUE,
respectively). The results of the parameter changes in oedometric test simulations
were also evaluated. The Finite Element code Plaxis was used for the analyses with
the implementation of the S-CLAY1S model by Sivasithamparam (2012).

for each S-CLAY1S individual parameter or group of correlated parameters, two


high and two low values were considered. For each parameter set five different
analyses, consisting of four different triaxial scenarios plus the oedometric conditions
were performed, with a total of 200 analyzed scenarios.

For all the cases, the following curves were plotted: void ratio (e 0) versus
vertical effective stress log (σ´v); mean effective stress (p´) versus deviatoric stress (q);
deviatoric stress (q) versus major principal strain (ε1).

Additionally, the following graphs were also plotted: the excess of pore pressure
(u) versus major principal strain (ε1) for the undrained analyses.

These curves were chosen based on the available results of the oedometric and
triaxial tests performed on the Saint-Roch-de-l´achigan clay, presented in Marques
(2001).

Table 3, Table 4 and Table 5 present a summary of the main parametric


analysis developed and a description of the most relevant aspects visualized during the
parametric analyses.

The graphs containing the main parametric simulations results for oedometric
tests are presented in the Figure 4. It demonstrates that special care should be taken in
the planning to yield good determination of λi and χ0, and then the calibration of the
parameter a should came in a second moment and it should be an easy task. There is
no point in playing with b given it has minor influence unless if it is necessary to make a
fine adjust in the curves curvature.

181
The graphs containing the main parametric simulations results for triaxial tests
are shown in the Figure 5, Figure 6, Figure 7. They demonstrate that it is essential to
have a reliable value for M if using these types of models.

Analyzing the triaxial simulations together with the oedometric simulations it is


possible to say that in a first moment a reliable determination of M together with the
parameters λi and χ0 must be done. In a second moment the determination of
parameters like a, b, μ should not represent a difficult task.

6 COMPARISONS OF NUMERICAL SIMULATION WITH

LABORATORY RESULTS AND CONCLUSIONS

After the parametric analyses, numerical simulations were performed in the


same conditions of the OED10, CAU1 using the S-CLAY1S and the MCC models, for
comparisons. During these simulations the parameters a and

b were re-evaluated as suggested by Koskinen et al. (2002), by comparing the


laboratory test results with the numerical results. In this way, it was necessary to
change the initial values of the parameters from a=9 and b=0.2 to a=12 and b=0.25.
The final parameters used in the simulations are presented in Table 6.

Figure 8 compares the S-CLAY1S and MCC final numerical simulations results
with the laboratory tests results.

The Saint-Roch-de-l´achigan clay simulations presented in the Figure 8-a


shows that the use MCC model in oedometric situations may require the use of
different slopes of normal compression lines “λ” in order to simulate different stress
ranges. For the S-CLAY1S model it is not necessary. The input of an initial bonding
parameter (χ0), the slope of intrinsic compression line (λi) and the destructuration
parameters enabled the whole range of stresses to be simulated with one parameter
set.

Figure 8-b shows that for Saint-Roch-de-l´achigan clay the S-CLAY1S model
predicts more realistic stress paths than MCC model when compared to the laboratory
test results.

182
Figure 8-c and Figure 8-d show that using S-CLAY1S, the soil behavior in terms
of q versus 1 and u versus 1 are better predicted than with the isotropic model. The
peak stress is predicted after approximately 1-2% axial strain, which is in good
agreement with the laboratory results.

It is possible to verify that the model S-CLAY1S and the described procedures
to the input parameters determination were able to represent the general behavior of
the soil in the specific analyzed cases.

183
REFERENCES:

Gens, A., and Nova, R. 1993. Conceptual bases for a constitutive model for bonded
soils and weak rocks. In Symp. of Hard Soils – Soft Rocks, Athens, pp. 485-
494.
Karstunen, M., Krenn, H., Wheeler, S., Koskinen, M., and Zentar, R. 2005. Effect of
Anisotropy and Destructuration on the Behavior of Murro Test Embankment.
International Journal of Geomechanics, 5(2): 87-97.
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121.

7 LIST OF SYMBOLS

F - function of the yield surface;

σ´d - deviatoric stress tensor;

p´- mean effective stress;

αd – deviatoric fabric tensor (dimensionless second order tensor);

M – value of the stress ratio at critical state;

p´m – represent the size of the yield surface of the natural clay;

χ - current degree of bounding;

𝑝´𝑚𝑖 - the size of the intrinsic yield curve;

𝜆𝑖 - slope of the intrinsic normal compression line (for a reconstituted soil) in the
ln p’x υ plane;

λ- slope of normal compression line (for a reconstituted soil) in the ln p’x υ


plane;

υ – specific volume;
𝑝
𝑑𝜀𝑣 - increments of plastic volumetric strain;
𝑝
𝑑𝜀𝑠 - increments of plastic deviatoric strain;

𝜅- slope of a swelling line in the compression plane;

β – controls the relative effectiveness of plastic deviatoric and volumetric strains


in setting the overall instantaneous target value of α;

μ – Controls the absolute rate of variation of α towards its current value;

〈 〉 - Macaulay brackets: for 〈𝑋〉 it means if X ≥ 0, 〈𝑋〉 = X and if X < 0, 〈𝑋〉 = 0;

η = σd / p´;
185
a and b – represent soil constants controlling the rate of bonding degradation;

ϕ´ - friction angle effective;

𝜒0 – initial degree of bounding;

OCR – over consolidation ratio;

K0 – coefficient of earth pressure at rest;

u – excess of porepressure;

|εa| - axial strain modulus.

υ - poisson´s ratio

Table 1 - Parameter determination using CAU1 test

Depth σ´peod (kPa) Wn (%) T ( ͦ C) Ktest ϕ´ LD ( ͦ ) K0 ηk0 M αK0 β


5.78 130.00 89.40 20.00 0.50 34.00 0.44 0.89 1.37 0.52 0.92
2

Table 2 – Parameter determination using OED10

Depth σ´p (kPa) n (kN/m3) e0 OCR κ λ χ0 λi Μ a b


5.99 112.00 15.00 2.40 1.90 0.017 1.057 9.66 0.27 15.80 9.00 0.20

Table 3 – Classical Parameters.

Parameter Range of values Influence


Slope of Un- 0.10; 0.05; 0.017; Results for κ = 0.005; 0,01; 0.017 were practically the
reloading line (κ) 0.01; 0.005 same. Significant influence on the results were identified
for the values κ = 0.05; 0.1. No significant changes in the
general behavior of triaxial simulations. Significant
changes in the oedometric simulations.
Poisson´s ratio (υ) 0.05; 0.1; 0.15; 0.25; Minor or no influence on the analyzed curves.
0.4
Slope of intrinsic 0.05; 0.15; 0.27; Relevant influence on the oedometric simulations and on

186
compression line 0.45; 0.60 the volumetric strains in drained tests.
(λi) It was also noted that a specific choices of λi values not
compatible with other parameters, may cause unrealistic
results in the analyses(λi = 0.45; 0.60).
Slope of critical 0.77; 1.22; 1.37;1.63; It is important to note that changing the initial value of the
state line (M). 2.05 slope of the critical state line, using the formulation of S-
CLAY1S presented above, implies changes in the initial
rotation of the yield surface (α0) and in the value of
effective rotational hardening (β), given these two
parameters are directly related to M. No significant
influence noted in the oedometric analyses. However, a
relevant influence in all triaxial graphs was identified.

Table 4 - Anisotropy parameter:

Parameter Range of values Influence


Rate of rotation of 1.00; 5.00; 15.80; No influence in the oedometric simulations.
the yield surface 25.00; 100.00 Significa’nt influence on the predicted curves for triaxial
(μ): extension tests. For the compression tests minor or no
influence was detected.

Table 5 - Destructuration parameters.

Parameter Range of values Influence


Initial bonding (χ0): 1.0; 5.0; 9.6; 50.0; The variation of χ0 brought significant influence primarily
100.0 on the evolution of shear stress (q) and volumetric strains
(εv). It was also noted that a specific choices of the χ0 with
values not compatible with other parameters may cause
unrealistic results in the analyses. The following aspects
were also detected: no effect on the stress paths; a minor
influence on the undrained triaxial curves; and a
significant influence on the drained curves.
Absolute and “a” = 6. 9. 12. 15. 18; It was noted that a specific choices of the “a” values not
relative rate of compatible with other parameters may cause unrealistic
destructuration “b” = 0.10; 0.15; results. For these two parameters it is possible to say that
(“a” and “b”) 0.20; 0.25; 0.3. in the performed analyses the parameter “b” has a minor
influence on the results when compared with parameter
“a”.

187
Table 6 – Parameter used in the numerical simulations

σ´peod (kPa) K0 test ηk0 M αK0 β e0 κ λ χ0 λi μ a b


130 0.5 0.89 1.37 0.52 0.92 2.4 0.017 1.056 9.66 0.27 15.8 12 0.25

8 FIGURE CAPTIONS

Figure 1 - S-CLAY1S yield surface: (a) in 3D stress space, and (b) in triaxial space
(Yildiz et al. 2009)

Figure 2 - Behaviour of natural bounded and reconstituted clays (Karstunen et al. 2008)

Figure 3 - Geotechnical characteristics of the St-Roch-de-l’Achigan clay (Marques et al.


2003)

Figure 4 – Parametric analyses results: Oedometric simulations

Figure 5 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs p´versus q

Figure 6 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs |ε1 | versus q

Figure 7 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs |ε1 | versus u

Figure 8 – Comparison of laboratory results with MCC and S-CLAY1S simulations: a)


oedometric situations; (b), (c) and (d) triaxial compression test simulations.

188
Figure1 - S-CLAY1S yield surface: (a) in 3D stress space, and (b) in triaxial space (Yildiz et al. 2009)

Figure 2 - Behaviour of natural bounded and reconstituted clays (Karstunen et al. 2008)

189
Figure 3 - Geotechnical characteristics of the St-Roch-de-l’Achigan clay (Marques et al. 2003)

3,00 3,00

2,50 2,50

2,00 2,00

1,50 1,50
e

1,00 λi = 0.05λ i=0,05


(CAUC) 1,00 (CAUC)
a = 18 A = 18
λi = 0.15λ i=0,15
(CAUC) a = 15 A = 15
(CAUC)
λi = 0.27λ i=0,27
(CAUC) a = 12 A =12
(CAUC)
0,50 0,50 a=9 A=9
λi = 0.45λ i=0,45
(CAUC) (CAUC)
λi = 0.6 λ i=0,6
(CAUC) a=6 A=6
(CAUC)
0,00 0,00
10,00 100,00 1.000,00 10,00 100,00 1.000,00
σ'y [kN/m²] σ'y [kN/m²]

3,00 3,00

2,50 2,50

2,00 2,00

1,50 1,50
e

(CAUC)
b = 0.1B=0,1
1,00 χ0 = 1 Xo = 1
(CAUC) 1,00 (CAUC) B= 0,15
b = 0.15
χ0 = 5Xo = 5
(CAUC) b = 0.25
(CAUC) B=0,25
0,50 χ0 = 9.66
(CAUC) Xo = 9,66 0,50 b = 0.2B=0,2
(CAUC)
χ0 = 50
(CAUC) Xo = 50 b = 0.3B=0,3
(CAUC)
χ0 = 100
(CAUC) Xo = 100
0,00 0,00
10,00 100,00 1.000,00 10,00 100,00 1.000,00
σ'y [kN/m²] σ'y [kN/m²]

Figure 4 – Parametric analyses results: Oedometric simulations

190
170,00 170,00 170,00

120,00 120,00 120,00

70,00 70,00 70,00

20,00 20,00 20,00


q [kN/m²]

q [kN/m²]

q [kN/m²]
0,00 50,00 100,00 150,00 0,00 50,00 100,00 150,00 0,00 50,00 100,00 150,00

-30,00 -30,00 -30,00

-80,00 (CAUC) λ i=0,05 -80,00 (CAUC) M = 2,05 -80,00 (CAUC) μ =100


(CAUC) λ i=0,15 (CAUC) M = 1,63 (CAUC) μ = 25
(CAUC) λ i=0,27 (CAUC) M = 1,37 (CAUC) μ =15,80
(CAUC) λ i=0,45 (CAUC) M = 1,2 (CAUC) μ = 5
(CAUC) λ i=0,6 (CAUC) M = 0,77 (CAUC) μ =1
-130,00 (CAUE) λi = 0,05 -130,00 (CAUE) M = 2,05 -130,00 (CAUE) μ = 100
(CAUE) λi = 0,15 (CAUE) M = 1,63 (CAUE) μ = 25
(CAUE) λi = 0,27 (CAUE) M = 1,37 (CAUE) μ = 15,80
(CAUE) λi = 0,45 (CAUE) M = 1,2 (CAUE) μ = 5
(CAUE) λi = 0,6 (CAUE) M = 0,77 (CAUE) μ = 1
-180,00 -180,00 -180,00

p´[kN/m²] p´[kN/m²] p´[kN/m²]

Figure 5 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs p´versus q

191
180,00 180,00 180,00

130,00 130,00 130,00

80,00 80,00 80,00

30,00 30,00 30,00


q [kN/m²]

q [kN/m²]

q [kN/m²]
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
-20,00 -20,00 -20,00

-70,00 -70,00 (CAUC) Aa==18


18 -70,00
(CAUC) λ i=0,05 (CAUC) Aa==15
15 (CAUC) B=0,1
b = 0.1
(CAUC) λ i=0,15 (CAUC) Aa=12
= 12 (CAUC) B=
b =0,15
0.15
(CAUC) λ i=0,27 (CAUC) Aa==99 (CAUC) bB=0,25
= 0.25
-120,00 -120,00 -120,00
(CAUC) λ i=0,45 (CAUC) Aa==66 (CAUC) B=0,2
b = 0.2
(CAUC) λ i=0,6 (CAUE) Aa==18
18 (CAUC) B=0,3
b = 0.3
(CAUE) λi = 0,05 (CAUE) Aa==15
15 (CAUE) B
b = 0,1
0.1
-170,00 (CAUE) λi = 0,15 -170,00
(CAUE) Aa==12
12 -170,00 (CAUE) B
b= 0,15
= 0.15
(CAUE) λi = 0,27 (CAUE) Aa==99 (CAUE) B
b== 0,25
0.25
(CAUE) λi = 0,45 (CAUE) Aa==66 (CAUE) B
b== 0,2
0.2
(CAUE) λi = 0,6 (CAUE) B
b== 0,3
0.3
-220,00 -220,00 -220,00
|ε1| [%] |ε1| [%] |ε1| [%]

180,00 180,00 180,00

130,00 130,00 130,00

80,00 80,00 80,00

30,00 30,00 30,00


q [kN/m²]
q [kN/m²]

q [kN/m²]

0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
-20,00 -20,00 -20,00

(CAUC) M = 2,05 χ0 == 11
(CAUC) Xo
-70,00 -70,00 -70,00
(CAUC) M = 1,63 χ0 == 55
(CAUC) Xo
(CAUC) μ =100 (CAUC) M = 1,37 χ0 = 9,66
(CAUC) Xo 9.66
(CAUC) μ = 25 (CAUC) M = 1,2 χ0 == 50
(CAUC) Xo 50
-120,00 (CAUC) μ =15,80 -120,00 -120,00 χ0 == 100
100
(CAUC) M = 0,77 (CAUC) Xo
(CAUC) μ = 5
(CAUC) μ =1 (CAUE) M = 2,05 χ0 == 11
(CAUE) Xo
(CAUE) μ = 100 (CAUE) M = 1,63 χ0 == 55
(CAUE) Xo
-170,00 (CAUE) μ = 25 -170,00 (CAUE) M = 1,37 -170,00 χ0 == 9,66
(CAUE) Xo 9.66
(CAUE) μ = 15,80 (CAUE) M = 1,2 χ0 == 50
(CAUE) Xo 50
(CAUE) μ = 5 (CAUE) M = 0,77 χ0 == 100
(CAUE) Xo 100
(CAUE) μ = 1 -220,00
-220,00 -220,00
|ε1| [%] |ε1| [%] |ε1| [%]

Figure 6 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs |𝜺𝟏 | versus q

192
-100,00 -100,00 -100,00

-80,00 -80,00 -80,00

-60,00 -60,00 -60,00

-40,00 -40,00 -40,00

-20,00 -20,00 -20,00


u [kN/m²]

u [kN/m²]
u [kN/m²]
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
0,00 0,00 0,00

- 20,00 -20,00 - 20,00


(CAUC) λ i=0,05 (CAUC) Aa==18
18 (CAUC) B=0,1
b = 0.1
(CAUC) λ i=0,15 (CAUC) Aa==15
15 (CAUC) B=
b =0,15
0.15
-40,00 (CAUC) λ i=0,27 -40,00 (CAUC) Aa=12
= 12 - 40,00 (CAUC) bB=0,25
= 0.25
(CAUC) B=0,2
(CAUC) λ i=0,45 (CAUC) Aa==99 b = 0.2
(CAUC) B=0,3
b = 0.3
(CAUC) λ i=0,6 (CAUC) Aa==66
(CAUE) Bb = 0,1
-60,00 (CAUE) λi = 0,05
-60,00 (CAUE) Aa==18
18 - 60,00 0.1
(CAUE) Bb = 0.15
0,15
(CAUE) λi = 0,15 (CAUE) Aa==15
15
(CAUE) Bb = 0,25
0.25
(CAUE) λi = 0,27 (CAUE) Aa==12
12
(CAUE) Bb = 0,2
0.2
- 80,00 (CAUE) λi = 0,45
-80,00 (CAUE) Aa==99
(CAUE) Aa==66
-80,00 (CAUE) Bb = 0,3
0.3
(CAUE) λi = 0,6

-100,00 -100,00 -100,00


|ε1| [%]
|ε1| [%] |ε1| [%]

-100,00 -100,00 -100,00

-80,00 -80,00 -80,00

-60,00 -60,00 -60,00

-40,00 -40,00 -40,00

-20,00 -20,00 -20,00


u [kN/m²]

u [kN/m²]

u [kN/m²]
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20
0,00 0,00 0,00

- 20,00 - 20,00 - 20,00


(CAUC) μ =100 (CAUC) M = 2,05 χ0==11
(CAUC) Xo
(CAUC) μ = 25 χ0= =5 5
(CAUC) Xo
- 40,00 (CAUC) μ =15,80 - 40,00 (CAUC) M = 1,63
- 40,00 χ0= =9,66
(CAUC) Xo 9.66
(CAUC) M = 1,37
(CAUC) μ = 5 (CAUC) M = 1,2 χ0= =5050
(CAUC) Xo
(CAUC) μ =1
- 60,00 (CAUE) μ = 100
- 60,00 (CAUC) M = 0,77 -60,00 χ0= =100
(CAUC) Xo 100
(CAUE) M = 2,05 χ0==11
(CAUE) Xo
(CAUE) μ = 25 χ0= =5 5
(CAUE) Xo
(CAUE) M = 1,63
- 80,00 (CAUE) μ = 15,80 - 80,00 (CAUE) M = 1,37 - 80,00 χ0= =9,66
(CAUE) Xo 9.66
(CAUE) μ = 5 χ0= =5050
(CAUE) Xo
(CAUE) M = 1,2
(CAUE) μ = 1 χ0= =100
(CAUE) Xo 100
(CAUE) M = 0,77
-100,00 -100,00 -100,00
|ε1| [%] |ε1| [%] |ε1| [%]

Figure 9 – Parametric analyses results:Triaxial simulations - graphs |𝜺𝟏 | versus u

193
Figure 8 – Comparison of laboratory results with MCC and S-CLAY1S simulations: a) oedometric
situations; (b), (c) and (d) triaxial compression test simulations.

194
ANEXO 4 - APRESENTAÇÃO DO PROGRAMA PLAXIS 2D
2015

Uma descrição detalhada sobre a utilização geral da versão 2D 2015 do


programa, bem como dos procedimentos necessários para a simulação do
carregamento por vácuo, podem ser visualizados em BRINKGREVE et al. (2014).
Apresenta-se aqui, de maneira resumida, os principais passos que devem ser
seguidos durante a elaboração de qualquer simulação envolvendo o programa em
questão.

Informação Geral programa PLAXIS


Plaxis 2D 2015 é um programa bidimensional que utiliza o método de
elementos finitos para desenvolver analises de deformação e estabilidade em solos,
análises de fluxo subterrâneo, fluxo de calor em aplicações geotécnicas, tais como,
fundações, escavações, tuneis, aterros etc.

O programa utiliza uma interface gráfica que permite simulações em condições


axissimétricas e em estado plano de deformações. O programa permite ainda que, de
maneira gráfica, seja criado o modelo geométrico, a malha de elementos finitos e as
etapas de cálculo necessárias para a representação de problemas complexos. Como
ocorre em todos os programas similares, a qualidade da modelagem desenvolvida no
programa e os resultados das simulações estão diretamente relacionados a
experiência e conhecimento do engenheiro: na criação dos modelos geométricos e
fases de cálculo, na escolha e conhecimento das limitações dos modelos constitutivos
que melhor representem o solo em questão, na escolha dos parâmetros de entrada e
na capacidade do engenheiro em interpretar e julgar a qualidade dos resultados
obtidos. Além das questões citadas, ainda existem os erros inerentes ao próprio
método que podem ser relevantes para o caso de uma utilização inadequada.

Dessa forma, é evidente que a simples utilização do programa por si só não


garante resultados realistas, os quais, por sua vez, dependem diretamente da
capacidade do engenheiro em modelar os casos estudados, em determinar a malha
de EF e as condições de contorno envolvidas, em identificar os fenômenos físicos
relevantes nas análises, em escolher os modelos constitutivos mais adequados
(conhecendo suas limitações) e em interpretar de maneira correta os resultados
gerados pelo programa.
195
Criação de um novo projeto
Conforme pode ser visualizado na Figura A4-0-1, neste primeiro passo é
definido o nome do projeto, o diretório onde se pretende salvar os arquivos das
simulações, o tipo de análise a ser desenvolvida (axissimétrica ou em estado plano de
deformações), o tipo de elemento a ser utilizado (triangular de 6 ou 15 nós), a
definição das dimensões dos contornos do problema e do sistema de unidades a ser
utilizado.

a
(a) (b)
Figura A4-0-1 (a) e (b) – Apresentação tela de criação de um novo modelo.

Definição dos materiais e da estratigrafia do problema


A Figura A4-0-2 ilustra as telas de criação dos materiais e a determinação da
estratigrafia da área em estudo.

A tela de criação dos materiais (Figura A4-0-2 (a)) é idêntica à existente nas
versões anteriores do programa. Os modelos constitutivos de utilização mais comum
dentro do meio geotécnico já se encontram disponibilizados como ferramentas padrão
dentro do programa, todavia, ainda é possível a utilização de modelos criados pelos
próprios usuários, desde que devidamente implementados para a utilização dentro da
rotina do programa.

A tela de criação da estratigrafia (Figura A4-0-2 (b)) da área em estudo é


novidade em relação às versões anteriores. Nessa tela são criadas as camadas e a
elas são atribuídos os materiais que as compõem. Nessa etapa são ainda definidas as
condições iniciais do nível d´água. Ainda é possível realizar a importação de dados de
campo, desde que os mesmos estejam em formato adequado.

196
(a) (b)
Figura A4-0-2 – Apresentação das telas de criação de matérias (a) e definição da estratigrafia do
problema (b).

Elaboração do modelo geométrico:


A Figura A4-0-3 apresenta a tela de criação da geometria do problema que
será estudado. São definidas, ainda neste momento, as camadas de aterro de
sobrecarga, os carregamentos, deslocamentos prescritos, além de outros elementos,
tais como placas, geogrelhas, âncoras, drenos etc.

Aba de criação do modelo geométrico


Figura A4-0-3 – Apresentação da tela de definição da geometria do problema.

Geração da malha de elementos finitos


Estando pronto o modelo geométrico é possível iniciar a criação da malha de
elementos finitos. A Figura A4-0-4 apresenta a tela na qual são definidas as
características da malha de elementos finitos. As ferramentas disponíveis nessa etapa
197
permitem ao usuário refinar a malha ou torná-la mais grosseira em regiões
específicas, permitindo a adaptação da malha às condições específicas do problema.

Visualização
da malha
criada

Aba de geração da malha de elementos finitos


Figura A4-0-4 – Apresentação da tela de geração da malha e exemplo de uma malha gerada.

Definição das condições de contorno relacionadas ao fluxo


A Figura A4-0-5 apresenta a tela de definição das condições de contorno
relacionadas ao fluxo. Nesse momento são definidos os contornos impermeáveis e os
níveis d´água secundários ou necessários para a representação das etapas de
cálculo.

198
Aba definição das
condições de
fluxo

Figura A4-0-5 – Apresentação da tela de determinação das condições de contorno relacionadas ao


fluxo.

Definição das etapas de cálculo e cálculo


A Figura A4-0-6 apresenta a janela onde são definidas cada etapa de cálculo.
Nesse momento, são determinadas as variações de geometria do problema, variações
de carregamento, variações de condições de fluxo etc. Também são definidos os
parâmetros de iteração desejados, bem como o tipo de análise que será efetuada em
cada uma das fases criadas, tais como: análises elastoplásticas, análises de
adensamento, análises de fluxo etc.

Após a definição de todas as etapas e suas características, o problema já se


encontra pronto para cálculo. Diferente das versões anteriores do programa, as quais
utilizavam um ambiente para a elaboração do problema, outro para a realização dos
cálculos e um terceiro para a visualização dos resultados, na versão 2015, a criação
dos modelos e o cálculo dos mesmos são realizados dentro do mesmo ambiente.
Somente a visualização dos resultados foi mantida em um ambiente independente.

199
Aba de criação
das etapas de
cálculo.

Figura A4-0-6 – Apresentação da janela de criação e definição das propriedades de cada etapa de
cálculo.

Visualização dos resultados


Não houve alterações perceptíveis no ambiente de visualização dos resultados
utilizado na versão 2D 2015 do programa Plaxis. As mesmas ferramentas e
procedimentos de visualização dos resultados continuam idênticos na versão atual.

É possível realizar análises gráficas e traçar seções de parâmetros relativos ao


comportamento dos solos. É possível ainda, traçar gráficos com os resultados obtidos
para tensões, deformações, poro-pressões, cargas hidráulicas, fluxo subterrâneo,
entre outros, bem como avaliar a variação de tais resultados com o tempo, para os
pontos previamente definidos.

Na Figura A4-0-7, pode-se visualizar um resultado típico obtido através do ambiente


de visualização.

200
Figura A4-0-7 – Apresentação dos resultados – Plaxis 2D 2015.

Tensões efetivas, poro-pressões e grau de saturação no programa plaxis


2D AE 2015
A matriz do solo é composta por partículas sólidas e espaços intra-partícula
que podem estar preenchidos por líquidos e gases. O grau de saturação (S) é a razão
entre o volume de líquidos e o volume total de vazios do meio. O solo é considerado
não saturado ou parcialmente saturado quando o grau de saturação “S” é menor que
1. O programa considera que, abaixo da linha freática, as proro-pressões são
negativas e o solo é considerado saturado.

Para o caso de solos saturados, o programa plaxis utiliza a teoria tridimensional


do adensamento e as poro-pressães são divididas em duas componentes:

Pwater (u)= Psteady + Pexcess

Equação A4-1

201
sendo:

Psteady = Poro-pressões de estado estacionário (stedy-state),

Pexcess = excesso de poro-pressões.

As poro-pressões Psteady são geradas de acordo com as condições de contorno


(nível do N.A., cagas hidráulicas etc) definidas para as camadas de solo para cada
etapa de cálculo e, dessa forma, são consideradas constantes em relação ao tempo.
Já as poro-pressões Pexcess são definidas pelos resultados de cálculos de análises de
comportamento não drenados ou adensamento e, assim, variam com o tempo.

Para solos não saturados, as poro-pressões são definidas como:

Pactive = Seff ·(Psteady + Pexcess)= Seff ·Pwater

Equação A4-2

sendo:

𝑆−𝑆𝑟𝑒𝑠
Seff = , Equação A4-3
𝑆𝑠𝑎𝑡 −𝑆𝑟𝑒𝑠

sendo:

S = grau de saturação da amostra; Sres= grau de saturação residual (ver Figura


A4-0-8); Ssat = grau de saturação para condição saturada (Ssat =1).

Figura A4-0-8 – Curva característica típica indicando o grau de saturação residual.

De maneira geral, o comportamento de um solo, pela teoria clássica de


Terzaghi, é dividido em duas condições distintas: totalmente saturado ou seco. A
202
compressibilidade do fluido (água) ou o grau de saturação são desconsiderados. E as
tensões efetivas (aquelas efetivamente suportadas pelo esqueleto do solo) são
representadas por:

σ´= σtotais – Pwater (u) EquaçãoA40-4

Já a mecânica de solos não saturados considera que os poros podem estar


cheios tanto de líquido como de gases e a proporção entre esses dois é fator relevante
no comportamento desses solos.

As equações que governam o processo de adensamento no programa Plaxis


2D AE seguem a teoria geral do processo de adensamento em três dimensões
proposta por BIOT (1941), em conjunto com os conceitos de tensão efetiva
apresentados por BISHOP e BLIGHT (1963), que define as tensões efetivas como:

σ´= σtotais – m ( c.Pwater + (1-c) .Par)

sendo:

m = (1 1 1 0 0 0 )T = vetor unitário contendo as tensões normais; Pwater e pair =


pressões intersticial na água e no ar, respectivamente; c = coeficiente da matriz de

sucção que varia de 0 (para a condição seca) a 1 (para a condição totalmente


saturada).

Observa-se que, para casos totalmente saturados c=1, a teoria de Bishop

iguala-se à teoria clássica de Terzaghi .

Tipos de análises
Para uma correta simulação do comportamento mecânico do solo, usando
ferramentas numéricas, é importante que seja feita uma correta representação do
estado de tensões iniciais do solo.

A geração desse estado de tensões inicias no programa Plaxis é realizado na


fase inicial de cálculo (Initial phase) e pode ser feito de duas formas:

1- Procedimento Ko (“Ko procedure”): utiliza valores de Ko (coeficiente de


empuxo no repouso) calculado ou definido para cada tipo de solo
especificado, para cálculo do estado de tensões iniciais, levando em
203
consideração, dessa forma, o histórico de carregamento do solo. Esse
procedimento deve ser utilizado em casos onde a superfície do terreno e
das camadas de solo, assim como o nível do N.A., são horizontais.
2- Carregamento da gravidade (Gravity loading): aqui o estado de tensões é
gerado, baseado no peso específico do solo. Todos os demais tipos de
problemas devem utilizar esse método para a geração do estado de
tensões iniciais.

Após a etapa de geração do estado de tensões iniciais, que é comum a todos


os tipos de análise, diferentes tipos de cálculo podem ser desenvolvidos, entre eles:
cálculo Plástico (plastic); cálculo do adensamento (consolidation); cálculo do fator de
segurança (safety); cálculo de fluxo (flow); cálculo acoplado Fluxo-Deformação (fully
coupled flow-deformation).

1 - Caso se tenha a intensão de fazer o cálculo exclusivo para as condições de


fluxo, a opção groundwater flow only deve ser selecionada.

2 - O cálculo plástico é utilizado para análises elastoplásticas, nas quais a


dissipação do excesso de poro-pressões no tempo (adensamento) não é fator
relevante. Contudo, efeitos temporais, como por exemplo, o efeito do creep, podem
ser simulados desde que tais efeitos sejam considerados nos modelos constitutivos
selecionados. O cálculo plástico, dessa forma, pode ser utilizado tanto para a
simulação do caso de carregamentos rápidos, ou seja, análises de ruptura não
drenada, quanto para a determinação do recalque final em depósitos, através de
análises drenadas.

3 - A avaliação do fator de segurança pode ser realizada através da análise tipo


safety. Questões dinâmicas podem ser levadas em consideração. Esse tipo de análise
não será discutida aqui, uma vez que não foi utilizada no estudo em questão.

4 - Cálculo do adensamento (consolidation calculation) é realizada quando a


dissipação do excesso de poro-pressões é fator relevante no tempo, como por
exemplo, em depósitos argilosos. Uma vez que o solo é um meio multifásico, para a
correta execução deste tipo de análise, deve-se considerar tanto deformações quanto
fluxo subterrâneo.

204
Na versão anterior do programa Plaxis, análises não saturadas e de sucção
eram realizadas utilizando o modo avançado do programa, empregando a definição de
tensões efetivas de Bishop, enquanto análises convencionais eram realizadas no
modo clássico, empregando a definição de tensões efetivas de Terzaghi, através do
modo clássico de cálculo.

Na versão atual do programa, utilizada na simulação dos aterros teste


presentes nessa tese, versão 2D AE (2015), o modo clássico e o modo avançado
foram unidos e a maneira de se escolher entre uma análise clássica e outra, onde o
comportamento não saturado é levado em consideração, é feita através da seleção ou
não do campo ignore suction disponível na tela de determinação das propriedades de
cada etapa de cálculo a ser executada.

Assim sendo, o padrão atual do programa é que sejam feitas análises


acopladas de tensão-deformação-fluxo, que levem em consideração o comportamento
não drenado e a sucção. O nível do lençol freático pode ser definido pelo usuário ou
determinado através de um cálculo de fluxo ou através de uma análise acoplada
deformação-fluxo. As tensões geradas pela sucção são calculadas e são dependentes
dos parâmetros da curva característica definida para cada solo. Diferentes modelos
hidráulicos, como o de Van Genuchten e o Spline, estão implementados para
utilização. Para o caso da indisponibilidade dos parâmetros de fluxo, foram inseridos
no programa parâmetros típicos segundo as classificações internacionais do tipo de
solo (que, se mal utilizados, podem comprometer completamente a análise). Também
é possível a determinação da condição saturada para os modelos de fluxo.

Maiores informações sobre os assuntos discutidos nesse anexo podem ser


visualizados em (GALAVI, 2010); (BRINKGREVE et al., 2014).

205
ANEXO 5 – CÁLCULO DO FATOR DE INFLUÊNCIA PARA
CARREGAMENTO TRAPEZOIDAL (POULOS E DAVIS,1974)

Figura A5-0-1 - Recalques por adensamento imediato: (A) Esquema de deslocamentos Verticais; (B)
variáveis usadas para o cálculo das cargas verticais utilizadas para o cálculo dos recalques; (C) Fator de
influência I para carregamento trapezoidal (POULOS; DAVIS,1974).

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