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Escola de Engenharia
Vagner do Nascimento
TESE DE DOUTORADO
Porto Alegre - RS
2020
II
Vagner do Nascimento
Porto Alegre - RS
2020
III
TESE DE DOUTORADO
Banca Examinadora:
AGRADECIMENTOS
A Empresa Master Sistemas Automotivos Ltda., por ceder seus recursos para
realização dos ensaios experimentais e numéricos, e pelo interesse demonstrado
durante a realização do estudo.
A minha mãe, Elenir e ao meu irmão, Sander, pelos valores e motivação que
me ensinaram e foram fundamentais para que eu não desistisse em momento algum
dessa caminhada.
A minha filha Giulia, que mesmo não entendendo todo o trabalho pesado que
eu fazia em casa muitas vezes com ela ao meu lado, um dia entenderá que os
momentos de ausência foram por uma boa razão.
RESUMO
ABSTRACT
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 10
1.1 Justificativa ................................................................................................. 12
1.2 Objetivos .................................................................................................... 13
1.2.1 Objetivos Gerais .......................................................................................... 13
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 13
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 14
2.1 Freios Pneumáticos a Tambor do Tipo “S” Came ....................................... 14
2.1.1 Funcionamento de um freio a tambor pneumático do tipo “S” came ........... 14
2.2 A Câmara de Freio ...................................................................................... 16
2.3 Análise Dinâmica pelo Método dos Elementos Finitos ................................ 18
2.3.1 Tipos de cargas dinâmicas e suas respostas .............................................. 22
2.3.2 Graus de liberdade de um sistema mecânico ............................................. 25
2.3.2.1 Sistemas contínuos .................................................................................... 25
2.3.3 Tipos de vibração – modelos....................................................................... 26
2.4 Fadiga em Metais ........................................................................................ 27
2.5 Os Critérios de Fadiga................................................................................. 29
2.6 Fadiga no Domínio da Frequência .............................................................. 31
2.7 Tensão Residual com Técnica de Difração de Raios X............................... 33
3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 35
3.1 Análise de Sinais ......................................................................................... 35
3.2 Caracterização do material .......................................................................... 37
3.2.1 Propriedades Mecânicas em Tração ........................................................... 37
3.2.2 Curva de Fadiga do aço LN RAND 250....................................................... 37
3.2.3 Curva de Fadiga da junta soldada do LN RAND 250 .................................. 41
3.2.3.1 Análise Metalográfica ................................................................................. 43
3.2.3.2 Propriedades Mecânicas em Tração da Junta Soldada ............................. 48
3.2.3.3 Curva de Fadiga Junta soldada LN RAND 250 .......................................... 48
3.3 Testes de Laboratório.................................................................................. 51
4 MODELO DE AVALIAÇÃO NUMÉRICA ...................................................... 55
4.1 Modelamento por Elementos Finitos ........................................................... 55
2
ÍNDICE DE FIGURAS
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3-1 - Propriedades mecânicas em tração, obtidas segundo a norma ASTM A370
em corpos de prova sheet type com base de medida para alongamento de 50 mm.
................................................................................................................................ 37
Tabela 3-2 - Pares de amplitude de tensão vs. número de ciclos obtidos nos ensaios de
................................................................................................................................ 40
Tabela 3-3 - Classificação das inclusões da amostra, segundo a carta padrão I da norma
ASTM E45-05/09. ................................................................................................... 43
Tabela 3-4 - Propriedades mecânicas em tração obtidas nas juntas soldadas analisadas.
................................................................................................................................ 48
Tabela 3-5 - Pares de amplitude de tensão vs. número de ciclos obtidos nos ensaios de
................................................................................................................................ 51
Tabela 4-1 – Propriedade dos materiais para o modelo numérico de elementos finitos 56
Tabela 4-2 – Tipo e quantidade de elementos do modelo numérico ............................. 59
Tabela 4-3 – Calibração das 6 primeiras frequências naturais ...................................... 60
7
LISTA DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO
Fonte: o autor
O ponto que requer mais atenção no projeto de uma câmara de freio, com vistas
a sua resistência estrutural é o cordão de solda” que conecta a tampa alta ao parafuso
da Figura 1-2 . O parafuso mostrado prende a câmara no suporte do freio e todo esse
conjunto é amplamente solicitado quando o veículo está trafegando em função da
vibração que é imposta pelo piso à suspensão e, por sua vez, ao suporte da câmara de
11
freio, ao qual, dependendo da rigidez do sistema, amplifica mais ou não essa excitação
da suspensão.
Figura 1-2 - Solda de conexão entra tampa alta e o parafuso de fixação da câmara de
freio.
Fonte: o autor
Este componente é submetido a altas acelerações no campo e falhas por fadiga
foram relatadas por alguns clientes nas juntas soldadas descritas da tampa alta.
12
1.1 Justificativa
1.2 Objetivos
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Conforme Day (2014), esse tipo de freio tem seu princípio de funcionamento,
com base na aplicação de contato na superfície interna de um rotor giratório chamado
de tambor, gerando atrito. O contato na superfície interna é possibilitado por peças,
chamadas de sapatas, que se movimentam na direção do tambor. Suas coberturas de
contato levam um material de desgaste chamado lona de freio, que provocará o atrito.
15
Fonte: o autor
Segundo Day (2014), o sistema é fixado no eixo do veículo pela aranha de freio,
que ancora as sapatas por um de seus lados e no outro a deixa livre para expandir. O
atuador pneumático de freio, gera força mecânica de entrada no sistema utilizando ar
comprimido proveniente do sistema pneumático do veículo. O ajustador transmite essa
força através de um torque para o eixo “S” came. Ao rotacionar o eixo “S” came, ele faz
contato com os roletes, transmitindo a força para as sapatas que consequentemente se
16
Fonte: o autor
Fonte: o autor
chassis, motores, entre outros. A maioria dos componentes mecânicos está sujeita a
cargas que variam com o tempo e, portanto, possuem características dinâmicas. A Figura
2-5 ilustra um exemplo de carregamento dinâmico.
Pode-se observar que a massa do tanque suspensa pelo suporte está sujeita a
todo tipo de ações ocasionadas por frenagens violentas, acelerações repentinas,
pavimentos irregulares, etc. Esses eventos acarretam ao veículo e seus componentes,
acelerações de diversas intensidades e em diferentes direções. Não basta aplicar na
estrutura o valor máximo da força obtida a partir das medições como se fosse um
problema estático. É importante para resolver esse problema corretamente, identificar
como a força aplicada atua ao longo do tempo, bem como, identificar algumas
características dinâmicas do componente a ser dimensionado, características que
independem do carregamento, como as frequências naturais do sistema, assim como os
22
Ao analisar ou projetar uma estrutura, é necessário ter uma ideia bastante clara
da forma gráfica e intensidade das cargas nela aplicadas. É de fundamental importância
estabelecer a distinção entre carregamentos estáticos e dinâmicos. Além disso, o
carregamento dinâmico apresenta diversas características que afetam a resposta
estrutural do componente analisado. As cargas dinâmicas são classificadas como:
- Cargas senoidais: são as cargas periódicas mais simples, cuja variação com o
tempo é senoidal ou também chamada de “harmônica” (Figura 2-6 b);
b) Carga senoidal
a) Cargas cíclicas
Em 1924, Herbert John Gough publicou o primeiro livro de fadiga no Reino Unido,
semeando os conceitos que preparariam o cenário para os modernos métodos de
fadiga multiaxial, como Findley's (1959), Brown & Miller's (1972), Carpinteri's (2001),
Susmel's (2009) e Fatemi's (1985).
estimativa para vida em fadiga utilizando o domínio da frequência com todas as etapas
intermediárias (TEIXEIRA et al., 2017).
Segundo Nelson (1982), é bem conhecido que regiões com tensões residuais
compressivas retardam a taxa de crescimento de trinca, enquanto que regiões de tensão
residual de tração agem de forma contrária. Conforme mencionado por Kingston et al.
(2006) existe uma variedade de técnicas que permitem a medição de tensões residuais
e elas geralmente são subdivididos em três categorias. Técnicas não destrutivas como
34
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 3-1 - Sinal de aceleração típico medido no freio em um veículo que conduz ao
longo de uma estrada.
Fonte: o autor
Esses sinais precisam possuir qualidades estatísticas mínimas para permitir o uso
de modelos matemáticos para fazer previsões. Em vibração aleatória os pressupostos
subjacentes são que os sinais são estacionários e ergódigos.
Conforme Teixeira (2014), no domínio da frequência, os históricos de tempo de
fadiga (como a aceleração na Figura 3-1) são convertidos em Densidades de Espectro
36
de Potência (PSD) por meio de uma Transformada de Fourier (FT). O PSD oferece uma
descrição muito boa da distribuição de energia de uma variável em uma dada faixa de
frequência. A chave na conversão PSD é garantir que os parâmetros estatísticos
relacionados ao sinal não sejam alterados (RMS, cruzamento médio ascendente, picos
por segundo, etc.). A Figura 3-2 a seguir mostra o PSD correspondente ao sinal na
Figura 3-1 e deixa claro por que frequências naturais abaixo de 50 Hz devem ser evitadas
em projetos automotivos.
Fonte: o autor
No caso de múltiplos canais de carga, uma matriz PSD de entrada é definida como:
G11 G1N
GLOAD ( f ) 3.1
GN1 GNN NxN
Tabela 3-1 - Propriedades mecânicas em tração, obtidas segundo a norma ASTM A370
em corpos de prova sheet type com base de medida para alongamento de 50 mm.
Figura 3-3 - Dimensões dos corpos de prova utilizados para o levantamento da curva
de fadiga do material da amostra.
Fonte: o autor
Figura 3-4 - Ilustração do carregamento cíclico senoidal aplicado aos corpos de prova
nos ensaios de fadiga.
Fonte: o autor
𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚í𝑛
𝜎𝑚é𝑑 = 3. 2
2
39
𝜎𝑚í𝑛
𝑅= 3. 3
𝜎𝑚á𝑥
𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚í𝑛
𝜎𝑎 = 3. 4
2
A tensão máxima aplicada sobre os corpos de prova, que atua nas fibras mais
afastadas da linha neutra (superfícies superior e inferior dos corpos de prova) de acordo
com a teoria da elasticidade, é dada por:
6000 ∗ 𝑀
𝜎𝑚á𝑥 = 3. 5
𝑏 ∗ ℎ2
onde M é o momento fletor máximo aplicado pela máquina de ensaio durante cada ciclo
de carregamento, h é a espessura e b é a largura mínima medida na área útil da seção
central de cada corpo de prova.
A curva de fadiga obtida a partir da amostra, cujo eixo das ordenadas representa
a amplitude de tensão (σa) e o eixo das abscissas o número de ciclos até a fratura,
também conhecida como Diagrama de Wöhler ou Curva S-N, é mostrada na Figura 3-5.
Cada ponto da curva representa o resultado de um corpo de prova ensaiado, cujos
valores individuais seguem apresentados na Tabela 3-2. O limite de fadiga, que
corresponde à amplitude de tensão máxima aplicada aos corpos de prova sem que fosse
verificada a ocorrência de ruptura até 107 ciclos, foi de 210 MPa.
40
Figura 3-5 Gráfico de fadiga, obtida por flexão alternada, da amostra analisada.
Fonte: o autor
Tabela 3-2 - Pares de amplitude de tensão vs. número de ciclos obtidos nos ensaios de
flexão alternada utilizados para o levantamento da curva de fadiga da amostra.
Amplitude de tensão [MPa] Número de ciclos
265 242100
265 170700
265 258100
250 317100
250 406900
250 389700
230 1094300
230 1053000
230 1311900
210 10918100
210 10096500
Fonte: o autor
41
Figura 3-6 - Ilustração do (a) aspecto geral e de (b, c, d, e) detalhes das chapas de
teste soldadas para análise.
Fonte: o autor
Fonte: o autor
Figura 3-8 - Dimensões dos corpos de prova utilizados para o levantamento da curva
de fadiga do material da amostra da junta soldada.
Fonte: o autor
Fonte: o autor
45
Fonte: o autor
Figura 3-11 - Seção transversal de junta soldada recebida para análise e detalhe de
falta de penetração que culminou na geração de um entalhe, embotado na zona
fundida do cordão de solda. Ataque: Nital 4%. Ampliações originais: 12,5 e 50x.
Fonte: o autor
47
Fonte: o autor
48
A curva de fadiga obtida a partir das juntas soldadas, cujo eixo das ordenadas
representa a amplitude de tensão (σa) e o eixo das abscissas o número de ciclos até a
fratura, também conhecida como Diagrama de Wöhler ou Curva S-N, é mostrada na
Figura 3-13. Cada ponto da curva representa o resultado de um corpo de prova ensaiado.
Nota-se que os resultados apresentaram uma dispersão considerável para uma mesma
condição experimental (mesma amplitude de tensão).
49
Figura 3-13 - Gráfico de fadiga, obtida por flexão alternada a partir das juntas soldadas
recebidas para análise.
Fonte: o autor
A curva de fadiga (S-N) obtida a partir das juntas soldadas, após a exclusão dos
resultados mostrados na Figura 3-13 mais afastados das médias obtidas para cada
amplitude de tensão, é apresentada na Figura 3-14. Cada ponto da curva representa o
resultado de um corpo de prova ensaiado, cujos valores individuais seguem
apresentados na Tabela 3-5. O limite de fadiga, que corresponde à amplitude de tensão
máxima aplicada aos corpos de prova sem que fosse verificada a ocorrência de ruptura
até 107 ciclos, foi de 110 MPa.
50
Figura 3-14 - Gráfico de fadiga, levantada por flexão alternada a partir das juntas
soldadas recebidas para análise, após a exclusão dos resultados mais afastados das
médias obtidas nos ensaios para cada amplitude de tensão.
Fonte: o autor
51
Tabela 3-5 - Pares de amplitude de tensão vs. número de ciclos obtidos nos ensaios de
flexão alternada utilizados para o levantamento da curva de fadiga da amostra.
Amplitude de tensão Número de
(MPa) ciclos
250 94000
250 160800
250 124600
230 191500
230 156600
230 99200
210 269900
210 243900
210 492100
190 710800
190 371200
190 478900
170 958800
170 1098900
170 1127800
150 3174400
150 2244000
150 3367100
130 2989800
130 3680300
130 3989800
110 10097500
Fonte: o autor
frequências f0-fN Hz, como mostra a Figura 3-15. A varredura de seno linear pode ser
avaliada a partir da equação 3.6
1 fN f0
Y t sin 2 t f0 t
2 t 3.6
N
Onde Y é a amplitude do sinal, f0 é a frequência inicial, fN é a frequência final, t0
é o tempo inicial, tN é o tempo final, t é o tempo decorrido.
O PSD correspondente à aceleração de varredura senoidal da Figura 3-16 que
transporta substancialmente mais energia do que o PSD mostrado na Figura 3-2 e por
isso espera-se que seja mais prejudicial, com um acúmulo de dano maior. A Figura 3-17
mostra a direção em que o componente é excitado na mesa do shaker. Este teste
específico visa encontrar frequências de ressonância e fissuras de fadiga nucleadas
após um milhão de ciclos utilizando uma varredura de frequência de 40 a 250 Hz. A
câmara de freio é aparafusada no suporte hexagonal da Figura 3-17, fixada na parte
superior do shaker e pressurizada a 0,586 MPa no compartimento de emergência da
câmara de freio para simular uma condição em que a mola de emergência está
comprimida. Deseja-se, com isso, ensaiar em uma situação mais próxima da realizada,
quando o veículo estiver em operação. Deslocamentos verticais são aplicados, de modo
que as acelerações resultantes seguem o perfil de entrada da Figura 3-15.
Figura 3-15 - Carga de um sinal de varredura de seno imposta pela mesa do shaker.
Fonte: autor
53
Fonte: autor
Fonte: autor
Fonte: o autor
Fonte: o autor
55
Tabela 4-1 – Propriedade dos materiais para o modelo numérico de elementos finitos
Módulo de Coeficient
Densidade
Componentes Material Elasticidade e de
[kg/m3]
[MPa] Poisson
Fonte: autor
Fonte: autor
Fonte: autor
Na Tabela 4-2 apresenta-se os tipos de elementos usados no modelo numérico,
assim como a quantidade.
gravidade da câmara de freio. Esse gráfico indica o quanto a câmara de freio amplifica o
sinal de entrada imposto no shaker ou modelo numérico, e os picos do gráfico
evidenciam as frequências naturais do conjunto da câmara de freio.
Amostra_2/Control_1 (G/G)
10
Transmissibilidade [G/G]
Amostra_1/Control_1 (G/G)
8 SIMULAÇÃO
0
0 50 100 150 200 250 300
Frequência [Hz]
Fonte: autor
Figura 4-5 - 1ª frequência natural do conjunto câmara de freio + hexágono (92 Hz)
Fonte: autor
Figura 4-6 - 2ª frequência natural do conjunto câmara de freio + hexágono (106 Hz)
Fonte: autor
63
Figura 4-7 - 3ª frequência natural do conjunto câmara de freio + hexágono (131 Hz)
Fonte: autor
4.1.6.1 Carregamentos
Fonte: autor
66
Figura 4-9 - Representação por elementos finitos da solda entre tampa alta e parafuso
de fixação da câmara de freio.
Fonte: autor
A análise estática é muitas vezes preferida (por sua simplicidade) quando as
cargas dinâmicas não estão presentes, por exemplo, quando as frequências de
excitação são razoavelmente mais baixas ou mais elevadas do que as frequências de
ressonância / natural relevantes da estrutura e, portanto, não as excitam.
Onde [M], [C], [K] são as matrizes de massa, amortecimento e de rigidez. {F} é
o vetor forças. {𝑧}̈, {𝑧}̇ e {𝑧} são os vetores de deslocamento, velocidade e aceleração
respectivamente. A equação 4.2 não pode ser resolvida manualmente quando a
geometria é muito complexa, o que é frequentemente o caso. O Método dos Elementos
Finitos (FEM) tornou-se então a técnica numérica mais comum para resolver um sistema
de equações de estruturas complexas. Quando não estão significativamente acoplados
por amortecimento, os modos normais podem ser usados para tornar o sistema diagonal,
isto é, separando os graus de liberdades para que possam ser tratadas como uma série
67
de graus únicos de liberdade e, portanto, muito mais fácil de resolver. Análises dos
autovetores é o nome da transformação de álgebra linear necessária para obter os
modos normais, aqui representados por [X]. Eles permitem que as matrizes na Equação
4.2 sejam representadas em coordenadas
M X T M X 4.3
C X T C X 4.4
K X T K X 4.5
Q X F
T
4.6
Onde [𝑀] representa as massas generalizadas ou modais, [𝐶] é o amortecimento
generalizado ou modal, [𝐾] é a rigidez generalizada ou modal e [𝑄] as forças modais
generalizadas. Finalmente, a equação 4.2 pode ser reescrita como
X S q 4.8
As tensões modais, tensões, forças, etc., são obtidas pela análise comumente
referida como Análise Modal (ou Extração de Frequência), usando terminologia de
elementos finitos. Os deslocamentos generalizados (ou coordenadas modais) são
obtidos através da Análise Dinâmica do estado estacionário (SSD), também conhecida
como Análise Harmônica. A técnica empregada para resolver a equação do movimento
usando modos normais é chamada Superposição Modal (MSUP). Há pelo menos três
boas razões para escolher a abordagem de Superposição Modal (Teixeira, 2017):
Figura 4-10 - Modelo de elementos finitos e carregamentos no hexágono que vai fixado
no shaker.
Fonte: autor
Fonte: autor
A distribuição de tensão para cada modo fornece uma indicação das localizações
possíveis de dano por fadiga no componente. A Erro! Fonte de referência não
encontrada. mostra a distribuição de tensão equivalente de Von Mises para os 3
primeiros modos. A tensões estão em MPa. Mas na verdade os valores absolutos das
tensões modais não são importantes. Elas passam a ter importância e se tornam
significativas quando combinadas com os deslocamentos generalizados.
Fonte: autor
70
2 jk
1 N 1 i
Xk x j e
k
N
fk k 0 : N 1 4.9
N j 0 T
Onde xj são os coeficientes de séries de tempo discretos, Xk são os Coeficientes
de Fourier discretos complexos e f k é a frequência associada a cada coeficiente
complexo. Finalmente, o auto PSD (Gxx) em cada frequência discreta fk está relacionado
aos Coeficientes de Fourier pela expressão:
†
H ( f ) x ( f ) y ( f ) z ( f ) xy ( f ) yz ( f ) xz ( f )
i
4.12
H1 ( f )†
Q f 4.13
H N ( f )†
E a matriz PSD de tensão pode então ser definida como:
G f Q† GLOAD Q 4.14
Escrevendo o operador quadrático de Von Mises como:
1 0.5 0.5
0.5 1 0.5
0.5 0.5 1
A
4.15
3
3
3
GMISES f tr A G 4.16
Na Figura 4-13, a posição média de dois planos (definidos pelos vetores e1 e e3)
determina um novo plano onde os vetores normais (n) e cisalhante (s) são avaliados
como:
e1 y e3 y
n e1 x e3 x i j
e1 z e3 z
k 4.17
2 2 2
72
e1 x e3 x e1 y e3 y e e
s i j 1z 3z k 4.18
2 2 2
coordenadas:
Fonte: autor
A tensão normal (n) e cisalhante (ns) neste plano podem ser avaliadas como:
n n nT 4.19
ns s nT 4.20
Onde:
x xy xz
xy y yz
xz yz z
73
e 1 y e3 y
2
e e e e
2 2
n 1x 3x x y 1z 3z z
2 2 2
e1 x e3 x e1 y e3 y xy e1 y e3 y e1 z e3 z yz 4.21
e1 x e3 x e1 z e3 z xz
E:
s
e 2
e32x e 2
e32y e 2
e32z
1x
x 1y
y
1z
z
2 2 2 4.22
e e e3 x e3 y xy e1 y e1 z e3 y e3 z yz e1 x e1 z e3 x e3 z xz
1x 1y
n dn 4.23
Onde:
e e 2 e e3 y
2
dn 1 x 3 x 1y e1 z e3 z 2
2 2 2
x y z xy yz xz
s ds 4.24
Onde:
74
e12x e32x e 2
e32y e 2
e32z
ds
1y 1z
2 2 2
e 2 e 2 k e e 2 e 2 e 2 k e e 2
dns 1 x 3 x 1x 3x 1y 3y 1y 3y
1k 1k
e12z e32z k e1 z e3 z
2
2 e1 x e1 y e3 x e3 y k e1 x e3 x e1 y e3 y
1k 1k
2 e1 y e1 z e3 y e3 z k e1 y e3 y e1 z e3 z
T
2 e1 x e1 z e3 x e3 z k e1 x e3 x e1 z e3 z
1k 1k
4.27
A Figura 4-14 resume a abordagem da fadiga por vibração aleatória. As caixas
azuis são entradas. A análise modal e a dinâmica do estado permanente fornecem
tensões modais e deslocamentos generalizados que compõem a matriz de coeficientes
de transição Q. As matrizes PSD e Q de entrada são combinadas na matriz PSD de
tensão que é multiplicada pelo operador quadrático de Von Mises (aproximação de Von
Mises) ou a projeção dos vetores (aproximação do plano crítico) resultando na função
de PSD da tensão. Esta função é usada para extrair os momentos espectrais que
compõem as PDFs que são integrados para obter danos e vida. Está é uma das
75
Fonte: autor
O método de Tovo e Benasciutti tem sido referido como um dos métodos mais
precisos e robustos adequados a todos os tipos de processos aleatórios de banda larga
e estreita, de acordo com Mrsnik (2012), Jia (2014) e Rognon (2013), juntamente com
Dirlik e Zhao-Baker. Ele tem a vantagem de contabilizar a influência das tensões médias
globais e locais nos processos estocásticos e, portanto, será o método adotado. Como
o método de Dirlik, ele é construído sobre os momentos espectrais da PSD de tensão.
Em um processo estocástico estacionário, o momento espectral de ordem n de uma PSD
de um lado G (f) é definido como:
n f n G f df 4.28
0
TB
DRFC bDLC 1 b DRC 4.29
76
b 4.30
2 1
2
m
m
02m 4.31
0 SL m SL SL m k
S
S pLC s, m dsdm b pLC s , m dsdm
C SL
D TB
b k
1 m SL
RFC
0 0 0
0 SL m SL SL m
S
k
1 b dm S pRC s, m ds 1 b
k
RC
p s , m dsdm
SL 0 0 0 1 m SL
4.32
Se SL na Equação 4.33 corresponde ao limite de resistência a tração (LR), a
correção de tensão média é feita por Goodman. Se SL corresponde à intercepção de
vida de tensão (f’), a correção de tensão média é feita por Morrow. A correção de
tensão média de Morrow funciona bem para aços, mas não é conservadora para ligas
de alumínio.
mmc
2
s2
1
2 0 122 s
e 22 0
2
pRC s , m e
0 2 4.33
2
20 1 2
2
pp s pv s m mc pv m s if s m mc
pLC s, m
4.34
pp m s if s m mc
x mc 2
1 2
2 X2 1 22
pp x 2
e
2 X
x mc 2
2 x mc x m 4.35
2 X2 2 c
e
X
X2 1 2
2
pV x PP 2mc x 4.36
x t2
1
x e 2
dt
2
4.37
78
Esse levantamento foi feito com a ajuda de um difratômetro de raio-x que usa
difração de raios-x como método para determinar as tensões residuais na peça.
Figura 5-1 - Medição experimental das tensões residuais do componente tampa alta na
região interna da ZTA da solda do parafuso com a tampa.
Fonte: o autor
79
Fonte: autor
A câmara de freio é parafusada com um torque de 180 N.m, no suporte do freio
e a carga do parafuso causa pequenas tensões de compressão que não são
consideradas no presente estudo de fadiga. O material da tampa alta é uma liga de aço
denominada LN RAND 250, caracterizada pelas propriedades mecânicas mostradas na
Tabela 3-1.
e 210 MPa para o material não soldado. A curva de fadiga do LN RAND 250 é mostrada
abaixo na Figura 5-3 e a curva de fadiga de junta soldada LN RAND 250 é mostrada na
Figura 5-4.
Figura 5-3 - Curva de fadiga do material aço LN RAND 250 avaliada de acordo com o
procedimento da Usiminas PILCMPR0008
Fonte: autor
Figura 5-4 - Curva de fadiga da junta soldada do material aço LN RAND 250 avaliada
de acordo com o procedimento da Usiminas PAMG014320
Fonte: autor
Figura 5-5 - Resultados da vida em fadiga numérica usando o mesmo sinal do shaker
Fonte: autor
82
Fonte: autor
A Figura 5-7 mostra os resultados de fadiga correspondentes ao teste de campo
de um caminhão carregado de 13 toneladas em pista off-road do Brasil. Como esperado,
as condições de campo são menos prejudiciais do que as condições laboratoriais, que
são intencionalmente concebidas para acelerar os testes de fadiga. A vida em fadiga
prevista é de 10.440 horas e o local de falha é o mesmo que o local previsto na simulação
do teste do shaker.
Fonte: autor
83
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6.1 Conclusões
físico usando fadiga no domínio da frequência em uma montagem com este nível de
complexidade é totalmente aceitável, pois os métodos de fadiga são exponenciais.
REFERÊNCIAS
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AXEXOS
Fonte: o autor
93
Fonte: o autor
94
Fonte: o autor