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Rio de Janeiro
Agosto de 2013
ANÁLISE EXPERIMENTAL DE ESCOAMENTO DE FLUIDOS NEWTONIANOS E
NÃO-NEWTONIANOS EM TUBULAÇÕES LISAS E RUGOSAS
Examinada por:
________________________________________________
Prof. Juliana Braga Rodrigues Loureiro, D.Sc.
________________________________________________
Prof. Atila Pantaleão Silva Freire, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Fernando Manuel Coutinho Tavares de Pinho, Ph.D.
iii
DEDICATÓRIA
iv
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida que me deu, pela inteligência,
coragem e perseverança. Muito obrigado por me conduzir nesta tragetória acadêmica e
colocar na minha vida, pessoas maravilhosas com quem aprende muito e me relacionei
em momentos de alegria e de tristeza.
Aos meus pais Ildefonso Cardoso e Maria Cardoso, pela vida e pelo amor que tem
me oferecendo todos dias. Hoje eu acredito que a maior riqueza do mundo é a família e
também porque tenho pais adoráveis e amo muito e respeito eternamente. Hoje eu
acredito também que o maior valor de um homem não é a riqueza mais sim a
capacidade de se relacionar e de se solidarizar com as outras pessoas.
Aos meus irmãos que sempre me deram força para ir em frente, e deram bons
exemplo de vida, de força de vontade admitindo sempre que nada é impossível.
Aos meus amigos e colegas, Eric, Ricardo, Gabriel, Daniel, Cintia, Carolina,
Edson, Matheus Morreira e Matheus, Carlos Pinho, Paulo Herique, Bernardo e Ziu por
sua grande ajuda em todas as etapas deste trabalho.
Aos meus orientadorores Prof.ª Juliana Loureiro, Prof Atila Freire, e aos
professores Fernando Pinho, Daniel Cruz, pelos seus ensinamentos durante a realização
desta pesquisa e pela oportunidade que me concederam. Muito obrigado pela paciência
e disponibilidade para poder realizar este trabalho no laboratório Núcleo Interdisciplinar
de Dinâmica dos Fluidos (NIDF).
Agradeço Também aos professores; Marcio Nele, Lucas Moriconi, Fábio, José
Luis Neto e Paulo Couto.
v
A UFRJ/COPPE por me oferecer essa oportunidade de estudar nessa
universidade maravilhosa e de grande renome, agradeço também ao programa do
governo Brasileiro CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico.
vi
Resumo da Dissertação apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Agosto / 2013
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
August / 2013
Fluids flowing are easily found in nature in many phenomena, geophysical as well
as biological, such as drilling and production of oil wells, reservoir engineering, nuclear
power plants, chemical plants and units of power generation. Several of these
applications deal with the flow of non-Newtonian fluids, for example, viscoelastic
fluids, thixotropic, pseudoplastic, viscoplastic, among others. This work aims to
characterize experimentally the flow in horizontal smooth and rough pipes, considering
the fluid as non-Newtonian. For this purpose, we developed an experimental apparatus
that consisted of four 15m-long pipes, i.e. one smooth pirpe and the other with three
different roghnesses. Measurement of pressure drop and flow rates allowed the
calculation of the friction fractor and the validation of for analyzing experimental and
analytical formulations of flow in pipelines in the oil industry. The fluids used were
water, and polymer solutions of xanthan gum (XG), carboxymethylcellulose (CMC) and
blend. Experimental results have contributed to quantify the loss for complex fluid flow
in different types of roughness mono-phasic patterns depending on the relative
roughness, the rheological properties of the Reynolds number. We conclude that the
increased roughness and rheological parameters (n) causes an increase in friction factor
for Reynolds numbers (Re) in the turbulent regime.
viii
ÍNDICE
DEDICATÓRIA ................................................................................................................ IV
AGRADECIMENTOS ...................................................................................................... V
ÍNDICE ................................................................................................................................ IX
ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. XII
ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................ XVI
NOMENCLATURA ..................................................................................................... XVII
CAPÍTULO 1 .............................................................................................................1
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
1.1 Motivação.......................................................................................................................... 4
1.2 Objetivos ........................................................................................................................... 5
1.2.1 Objetivos específicos ....................................................................................................... 5
CAPÍTULO 2 .............................................................................................................7
REVISÃO DO ESTADO DA ARTE ............................................................................................ 7
2.1 Escoamento de fluidos com redução de arrasto................................................................. 7
2.2 Aspetos teóricos para desenvolvimento deste trabalho. ....................................................11
2.2.1 Classificação de fluidos ................................................................................................. 11
2.2.2 Fluidos newtonianos ...................................................................................................... 12
2.2.3 Fluidos não-newtonianos ............................................................................................... 12
2.2.4 Fluidos viscoelásticos .................................................................................................... 14
2.2.5 Parâmetros viscoelásticos .............................................................................................. 15
2.3 Modelos reológicos ...........................................................................................................17
2.3.1 Modelo lei de potência ................................................................................................... 17
2.3.2 Modelo de Carreau-Yasuda ........................................................................................... 18
2.3.3 Modelo de Cross ............................................................................................................ 19
2.3.4 Modelo de Herschel-Bulkley ......................................................................................... 20
2.4 Fluidos de perfuração ......................................................................................................22
2.5 Polímeros .........................................................................................................................23
2.5.1 Goma de xantano (GX) .................................................................................................. 24
2.5.2 Carboximetilcelulose (CMC) ......................................................................................... 25
2.5.3 Laponite ......................................................................................................................... 26
2.6 Escoamento de fluidos em dutos de secção circular..........................................................26
2.6.1 Número de Reynolds ..................................................................................................... 26
2.6.2 Escoamento totalmente desenvolvido ............................................................................ 27
2.6.3 Fator de atrito para fluidos Newtonianos e não-Newtonianos ....................................... 28
ix
2.6.4 Influência da rugosidade na redução de arrasto ............................................................. 29
CAPÍTULO 3 .......................................................................................................... 31
MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................31
3.1 Seleção e caracterização dos fluidos .................................................................................31
3.1.1 Preparação dos fluidos ................................................................................................... 32
3.1.2 Reômetro........................................................................................................................ 34
3.2 Aparato experimental ......................................................................................................34
3.2.1 Balança analítica ............................................................................................................ 41
3.2.2 Reservatório ................................................................................................................... 41
3.2.3 Bomba ............................................................................................................................ 42
3.2.4 Misturador...................................................................................................................... 44
3.2.5 Controle de temperatura do fluido ................................................................................. 45
3.2.6 Transdutor de pressão e vazão ....................................................................................... 46
3.2.7 Circuito de manuseio de válvulas para as tomadas de pressões e purgas ...................... 48
3.3 Procedimento experimetal................................................................................................50
CAPÍTULO 4 .......................................................................................................... 52
RESULTADOS E DISCUSSÕES ...............................................................................................52
4.1 Caracterização reológica dos fluidos ................................................................................52
4.1.1 Viscosidade viscométrica............................................................................................... 53
4.1.2 Degradação do polímero por deformação de origem mecânica ..................................... 58
4.1.3 Viscoelasticidade ........................................................................................................... 58
4.2 Validação do aparato experimental..................................................................................61
4.3 Escoamento de fluidos não-newtonianos em tubulações lisas e rugosas ...........................64
4.3.1 Análise do escoamento de fluidos newtoniano e não-newtonianos em tubulação lisa .. 65
4.3.2 Análise do escoamento de fluidos newtonianos e não-newtonianos em tubulações
rugosas 68
4.3.2.1 Escoamento de fluidos não-newtonianos no circuito de rugosidade relativa (ε/D=
0,157791), nomeadamente rugosidade A .......................................................................................... 69
4.3.2.2 Escoamento de fluidos não-newtonianos no circuito de rugosidade relativa (ε/D=
0,015598), nomeadamente rugosidade B .......................................................................................... 71
4.3.2.3 Escoamento de fluidos não-newtonianos no circuito de rugosidade relativa (ε/D=
0,0189406), nomeadamente rugosidade C ........................................................................................ 74
4.3.3 Influência da rugosidade no fator de atrito de fluidos não-newtonianos........................ 76
4.3.3.1 Escoamento da solução polimérica de 0,2% de goma de xantano no circuito de
tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de rugosidade ............................................ 77
4.3.3.2 Escoamento da solução polimérica de 0,2% de Carbometilcelulose (CMC) no
circuito de tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de rugosidade .......................... 79
x
4.3.3.3 Escoamento da solução polimérica de 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) no circuito
de tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de rugosidade ....................................... 81
CAPÍTULO 5 .......................................................................................................... 83
CONCLUSÕES ..........................................................................................................................83
xi
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1-1. Esquema perfuração de poço de petróleo, (FONTINELLI, 2010) ................ 1
Figura 1-2. Esboço de escoamento de fluido de perfuração, (PERRERIRA, 2006). ....... 2
Figura 1-3. Perfil geológico esquemático da província do pré-sal. (PETROBRAS,
2008). ................................................................................................................................ 3
Figura 2-1 Classificação do comportamento reológico de fluidos (STEFFE et al., 1996)
........................................................................................................................................ 13
Figura 2-2. Variação da tensão de cisalhamento em função da taxa de deformação para
fluidos Newtonianos e não-newtonianos independentes do tempo. (ROCHA, 2003) ... 14
Figura 2-3. Representação do modelo lei de potência (CRUZ, 2010). .......................... 18
Figura 2-4. Representação do modelo de Carreau-Ysuda (CRUZ, 2010). ..................... 19
Figura 2-5. Representação genérica do modelo de viscosidade de Cross (CRUZ, 2010)
........................................................................................................................................ 20
Figura 2-6. Representação genérica do modelo de Herschel-Bulkley (CRUZ, 2010) ... 21
Figura 3-1. Esquema do aparato experimental,. ............................................................. 36
Figura 3-2. Representação esquemática das válvulas direcçionadoras do escoamento em
cada circuito fechado. ..................................................................................................... 36
Figura 3-3. (a) Fotográfia válvulas direcçionadoras do escoamento na entrada (b)
fotográfia das válvulas direcçionadoras do escoamento na saída................................... 37
Figura 3-4. Estrutura metálica no formato de bancada. .................................................. 38
Figura 3-5.Amostra das tubulações do aparato experimental com superfície interna de
diferentes rugosidades:(a) lisa, (b) Rugosa A, (c) Rugosa C e (d) Rugosa B. ............... 39
Figura 3-6.Tomadas de pressão no trexo de um metro de comprimento. ...................... 40
Figura 3-7. Flanges de conecção entre cada trexo de um metro de comprimento. ........ 41
Figura 3-8. Esquema da instalação do reservatório. ....................................................... 42
Figura 3-9. Esquema de Instalação da bomba volumétrica. ........................................... 44
Figura 3-10.Esquema da instalação do misturador: (a) planta, (b) vista frontal, (c) vista
lateral esquerda, (d) vista lateral direita.......................................................................... 45
Figura 3-11. Transmissores de pressão diferencial. ....................................................... 46
Figura 3-12. Sistema de aquisição de dados. .................................................................. 47
Figura 3-13.Transdutor de vazão eletromagnética. ........................................................ 47
xii
Figura 3-14. Esquema de instalação do circuito de direcionamento do escoamento para
o transdutor de pressào e purga. ..................................................................................... 48
Figura 3-15. Sistema de purga. ....................................................................................... 49
Figura 3-16. Esma de instalação do circuito de válvulas pada as 4 tubulações e purga. 49
Figura 4-1. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 1,5 % de laponita,1% laponita e 0,5% laponita/0,07% CMC. ................................... 54
Figura 4-2 Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 1 % de laponite, ajustadas ao modelo lei de potência. ............................................... 54
Figura 4-3. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 1,5 % de laponite, ajustadas ao modelo lei de potência............................................. 55
Figura 4-4. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 0,5% laponite/0,07 % CMC, ajustadas ao modelo lei de potência. ........................... 55
. Figura 4-5. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as
soluções de 0,2% GX, ajustadas ao modelo lei de potência. .......................................... 56
Figura 4-6. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 0,2% CMC, ajustadas ao modelo lei de potência. ..................................................... 56
Figura 4-7. Variação da viscosidade em relação a taxa de cisalhamento para as soluções
de 0,0,9% CMC/0,09% GX, ajustadas ao modelo lei de potência. ................................ 57
Figura 4-8. Módulos de dissipação, G”e de conservação G’, para a solução de 0,2% XG
........................................................................................................................................ 59
Figura 4-9. Módulos de dissipação, G”e de conservação G’, para a solução de 0,2%
CMC. .............................................................................................................................. 59
Figura 4-10. Módulos de dissipação, G”e de conservação G’, para a solução de 0,09%
CMC/0,09 GX %. ........................................................................................................... 60
Figura 4-11. Fator de atrito em função do número de Reynolds para a tubulação lisa e as
tubulações com diferentes tipológia de rugosidade. ....................................................... 63
Figura 4-12. Comparação do fator de atrito experimental com a literatura em função do
número de Reynolds para a tubulação lisa e as tubulações com diferentes tipológia de
rugosidade....................................................................................................................... 64
Figura 4-13. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para as soluções poliméricas de 0,2 %
de goma de xantano, 0,2 % de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação
lisa................................................................................................................................... 66
xiii
Figura 4-14. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a água e a solução poliméricas de
0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação lisa. ....................................................... 67
Figura 4-15. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
sobre o número de Reynolds generalizado máximo, para as soluções poliméricas de 0,2
% de goma de xantano, 0,2 % de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação
lisa................................................................................................................................... 68
Figura 4-16. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para as soluções poliméricas de 0,2 %
de goma de xantano, 0,2 % de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação
rugosidade A. .................................................................................................................. 69
Figura 4-17. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a água e a solução poliméricas de
0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade A. ......................................
Figura 4-19. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a água e a solução poliméricas de
0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade B. .................................. 73
Figura 4-20. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a água e a solução poliméricas de
0,2 % CMC na tubulação de rugosidade B..................................................................... 73
Figura 4-21. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para as soluções poliméricas de 0,2 %
de goma de xantano, 0,2 % de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de
rugosidade C. .................................................................................................................. 74
Figura 4-22. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a água e a solução poliméricas de
0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade C. .................................. 76
Figura 4-23. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a solução poliméricas de 0,2%
GX na tubulação lisa e nas tubulações rugosos. ............................................................. 77
Figura 4-24. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a solução poliméricas de 0,2%
CMC na tubulação lisa e nas tubulações rugosos. .......................................................... 79
xiv
Figura 4-25. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado
de acordo com DODGE and METZNER (1959), para a solução poliméricas de 0,09%
CMC/0,09% GX (Blend) na tubulação lisa e nas tubulações rugosos. .......................... 81
xv
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 4-2. Rugosidades relativas para cada tubulação do aparato expetimental. ......... 63
xvi
NOMENCLATURA
Área transversal da tubulação.
CMC Carboximetilcelulose.
GX Goma de xantano.
Diâmetro da tubulação.
Índice de consistência.
Taxa de cisalhamento
µ Viscosidade dinâmica absoluta
τ Tensão de cisalhamento
G` Módulo de conservação.
G`` Módulo de dissipação.
n Índice de potência.
Limite de escoamento real.
Raio externo.
Raio interno.
Fator de fricção.
Re Número de Reynolds.
Rg Número de Reynolds generalizado.
xvii
Tensão de cisalhamento na parede para o solvente contento o redutor;
xviii
Capítulo 1
Introdução
Escoamentos de fluidos são facilmente encontrados na natureza em diversos
fenômenos, tanto geofísicos quanto biológicos, mas principalmente na indústria, como
na produção e perfuração de poços de petróleo (Figura 1-1), engenharia de
reservatórios, engenharia civil, usinas nucleares, plantas químicas, até mesmo em
unidades de geração de energia. Existem diferentes tipos de fluidos Newtonianos e não-
Newtonianos, como por exemplo: os fluidos viscoelásticos, tixotrópicos,
pseudoplásticos, viscoplásticos, entre outros.
1
séculos, é objeto de interesse e de estudo, não somente do ponto de vista da atividade
econômica, mas também visando a contribuição para o equilíbrio ecológico que estes
estudos podem proporcionar.
Em algumas situações, como por exemplo, na perfuração de poços horizontais e
verticais, a ocorrência de escoamentos de fluidos não-newtonianos em espaços anulares
com o carreamento de cascalho pelos fluidos de perfuração (Figura 1-2), passou a
receber maior destaque na indústria petrolífera a partir do início da década de 80,
(PEREIRA, 2006). A constante preocupação com os custos de operação e a necessidade
de aumentar as reservas de petróleo, vem exigindo das empresas do setor a ampliação
das suas fronteiras exploratórias, requerendo o desenvolvimento de tecnologia que
permita a perfuração em cenários cada vez mais críticos.
2
do poço, que pode gerar problemas operacionais e, consequentemente, tempos não
produtivos. No cenário de águas profundas (Figura 1-3), a perfuração de zonas com
falhas, fraturadas, ou com formações depletadas, além de estarem se tornando comuns,
são sérias candidatas a severas perdas de circulação.
3
lisas, o que não procede para escoamentos de fluidos não-newtonianos em tubulações
rugosas, considerando principalmente a avaliação experimental para análise de redução
de arrasto.
Diante disso, fica evidente a importância de estudar e entender melhor os aspectos
de problemas de escoamentos de fluidos não-newtonianos no interior de tubulações de
superfícies rugosas em regime turbulento, verificando experimentalmente a perda de
carga.
Neste sentido, esta pesquisa buscou desenvolver um modelo experimental para
predição de perda de carga em tubulações lisas e rugosas em condição de escoamentos
monofásicos, no regime turbulento de fluidos newtonianos e não-newtonianos.
.
1.1 Motivação
No cenário mundial, à medida em que as fronteiras exploratórias se alargam, mais
campos produtores de petróleo passam a ser encontrados em regiões de difícil acesso,
onde as técnicas tradicionais de perfuração e produção são de pouca utilidade. Nessas
condições, é preciso recorrer a tecnologias inovadoras para garantir que a exploração do
campo seja economicamente viável.
No Brasil, a principal direção de expansão dessas fronteiras exploratórias é a
perfuração em ambientes submarinos em lâminas d’água ultraprofundas, caracterizadas
por condições de alta pressão e temperatura.
A perfuração nestes cenários tem levado as empresas e instituições de ensino e
pesquisa a desenvolverem alternativas que permitam melhorar a qualidade dos fluidos
de perfuração, buscando melhor remoção de sedimentos, assim como a redução do
consumo de energia de bombeio. Isto possibilita, portanto, uma maior otimização e
economia dos recursos energéticos que atualmente encontram-se em crescente escassez.
Na indústria do petróleo os fluidos pseudoplástico são muito utilizados. Um dos
motivos está relacionado com o fato de sua viscosidade diminuir com o aumento da taxa
de cisalhamento. Assim, durante o processo de perfuração, à medida que aumentamos a
velocidade de escoamento do fluido dentro da coluna de perfuração, tem-se um aumento
da taxa de cisalhamento e conseqüentemente uma diminuição da viscosidade deste
fluido, pois dentro da coluna necessita-se de certa facilidade do fluido escoar. Quando o
fluido de perfuração atinge a formação, na região situada na ponta da broca, ocorre uma
redução brusca de velocidade e, portanto, da taxa de cisalhamento, levando a um
4
aumento da viscosidade do fluido que, por sua vez, atende à exigência de transportar os
cascalhos, liberados pela broca até a superfície.
Quando quantidades pequenas de cadeias poliméricas longas são dissolvidas em
água, o fluido viscoelástico resultante escoa em tubulações no regime turbulento, mas
com reduções no coeficiente de atrito que podem chegar a 80% em relação ao mesmo
escoamento somente com água (VIRK et al, 1967, 1970, HOYT 1972). Isto nos permite
dizer que comportamento dinâmico de fluidos complexos é muito diferente do
comportamento de fluidos newtonianos, em particular devido à interação das
propriedades viscoelásticas do fluido com a turbulência.
Para fluidos não-newtonianos a quantidade de informação disponível relativa a
escoamentos turbulentos rugosos é muito limitada, o que contrasta fortemente com as
contribuições relativas a escoamentos turbulentos em condutas de paredes lisas. Assim,
é por esta e outras razões, que o desenvolvimento de metodologias experimentais para
caracterizar escoamentos de fluidos não-newtonianos no interior de tubulações
horizontais lisas e rugosas vem contribuindo para melhoria da qualidade dos fluidos
industriais.
1.2 Objetivos
Este estudo tem como objetivo caracterizar experimentalmente o escoamento em
tubulações lisas e rugosas, considerando o fluido como não-newtoniano. Objetiva-se
também determinar a relação entre coeficiente de atrito e número de Reynolds para cada
tipologia de rugosidade e desenvolver de diagramas de perdas de carga, em função das
propriedades reológicas dos fluidos para as soluções mono-fásicas.
5
Desenvolvimento de um sistema para aquisição de dados de pressão e
vazão em tubulações lisas e rugosas;
A condução de experimentos para seleção e caracterização reológica dos
fluidos não-newtonianos;
A verificação e validação dos circuitos experimentais desenvolvidos para a
descrição de escoamentos de fluidos não-newtonianos em tubulações lisas
e rugosas;
Caracterização completa da relação entre coeficiente de atrito e número de
Reynolds para cada tipologia de rugosidade. Desenvolvimento de
diagramas de perdas de carga;
Os resultados obtidos permitirão a proposição e comparação de
correlações entre o comportamento reológico de fluidos não-newtonianos
e diversas tipologias de rugosidade relativa, além de constituirem parte da
mesma base de dados.
6
Capítulo 2
7
fluido em regime turbulento, vem sendo uma arma de combate à fricção durante o
escoamento.
Alguns exemplos historicos que a literatura apresenta é a reduçào de arraste
devido à contaminação de fluidos por algumas substância em 1883, onde registrou-se
um aumento da vazão em rios contaminados por concentrações anormais de lama
siltitica. Outro exemplo aconteceu durante a II Guerra Mundial, na qual se necessitou
estudar as características de escoamento da gasolina gelatinosa. Para isso, foi enviado
uma equipe à base militar de Edgewood. O governo Americano financiava o projeto,
onde se iniciou as medidas de queda de pressão por unidade de comprimento em tubos
pequenos, usando-se a gasolina pura e aquela aditivada.
Observaram que quando se trabalhava com a gasolina aditivada em regime
turbulento, a queda de pressão por unidade de comprimento era muito menor que aquela
obtida usando-se apenas o solvente (gasolina pura) para as mesmas condições de
escoamento.
Mais só em 1948 que apenas Toms foi autorizado a revelar as pesquisas efetuadas
durante a segunda guerra em que se descobriu o fenômeno da redução de atrito em
escoamento turbulento em condutas operando com soluções viscoelásticas. Neste estudo
Toms revelou mostrou que: sob certas condições de escoamento turbulento em
tubulações, o transporte de soluções diluídas de polímeros requer uma menor energia
especifica consumida se comparada ao transporte de fluido sem polímero. Deste modo
com soluções poliméricas, um gradiente de pressão mais baixo é requerido para manter
uma mesma vazão, ou uma maior vazão pode ser atingida por um mesmo gradiente de
pressão do fluido.
Quando quantidades pequenas de cadeias poliméricas longas são dissolvidas em
água o fluido viscoelástico resultante escoa em tubulações no regime turbulento, mas
com reduções no coeficiente de atrito que podem chegar aos 80% em relação ao mesmo
escoamento com água. Esta descoberta esteve na origem de um enorme surto de
pesquisa que nos anos subsequentes veio a caracterizar inicialmente o fenômeno em
termos do escoamento médio (VIRK et al.,1967, 1970, HOYT 1972).
Na literatura existem várias correlações para a estimativa do fator de atrito de
fluidos Newtonianos tanto em duto liso, como no rugoso como, por exemplo, as
correlações de VON KARMAN e NIKURADSE. Para fluidos Newtonianos, o estudo
de camadas limite rugosas tem continuado a atrair a atenção da comunidade. Aos
estudos clássicos de NIKURADSE (1933) e COLEBROOK e WHITE (1937) que
8
caracterizaram o efeito da rugosidade em termos da relação entre vazão e variação de
pressão, devemos mencionar as primeiras contribuições de PERRY e JOUBERT (1963)
e PERRY et al. (1969) que começaram a investigar os efeitos da rugosidade sobre as
estruturas turbulentas tendo estes últimos autores tido a preocupação de escolher e
caracterizar tipos de rugosidade sem ambiguidade.
De acordo com PEREIRA (2006), o fator de atrito para fluidos não-newtonianos
em dutos lisos tem amplo número de publicações, sendo que a maioria destas associa às
perdas hidrodinâmicas, as características reológicas dos fluidos e ao regime de
escoamento. PINHO e WHITELAW (1990), proposeram que: para além de quantificar
as quedas de pressão em função de uma ampla faixa do número de Reynolds
generalizado (214 a 111.000,00), avaliaram também a influência da turbulência sobre os
perfis de velocidade axial, tangencial e radial em suspensões de carboximetilcelulose.
Anos depois ESCUDIER et al. (1999) apresentou um trabalho experimental na mesma
linha de pesquisa, empregando diversas suspenões de poliméricas de
carboximetilcelulose (CMC), goma de xantano (XG) e poliacrilamida (PAA) no qual
quantificaram as perdas de cargas em tubos utilizando o fator de atrito em função do
regime de escoamento. Portanto, para fluidos não-newtonianos a quantidade de
informação disponível relativamente a escoamentos turbulentos rugosos é muito
limitada o que contrasta fortemente com as contribuições relativas a escoamentos
turbulentos em condutas de paredes lisas. Dada à natureza dos fluidos complexos, as
contribuições são, na sua grande maioria relativa a escoamentos confinados,
nomeadamente em condutas de secção circular e entre placas paralelas de paredes lisas.
Após a descoberta de TOMS (1948), o primeiro trabalho de grande relevo para
condutas lisas foi o de DODGE e METZNER (1959) que deduziu as primeiras leis de
paredes assumindo uma reologia puramente viscosa, embora com viscosidade de
cisalhamento variável. Não obstante, as medições de algumas das soluções medidas por
estes autores divergiam bastante do comportamento teórico, exibindo uma forte redução
do coeficiente de atrito que a teoria não era capaz de prever, tornando-se evidente que
tal se devia a outras propriedades, e nomeadamente às propriedades elásticas. Em finais
de década de 1960 e no início da década de 1970 a fenomenologia da redução de arrasto
estava devidamente documentada em termos de escoamento médio (VIRK et al. 1967,
1970; VIRK 1975), mas não era compreendida em termos da sua relação com a reologia
do fluido, lacuna a que não era alheia a incapacidade dos reômetros medirem todas as
propriedades reológicas julgadas relevantes.
9
Na década de 1980 e 1990 a pesquisa experimental caracterizou devidamente as
quantidades turbulentas em escoamentos com redução de arrasto, seja de soluções
diluídas de viscosidade constante (BEWERSDORFF e BERMAN, 1988, HARDER e
TIEDERMAN 1991), seja de soluções de viscosidade variável (PINHO e WHITELAW
1990, GYR e BEWERDORFF 1995), mas sempre em condutas lisas.
As contribuições mais importantes para o estudo do escoamento em condutas
rugosas com fluidos não-newtonianos são de fato muito escassas e investigaram no
essencial os efeitos sobre o escoamento médio. A redução do atrito devida à elasticidade
dos fluidos em condutas rugosas foi medida pela primeira vez por LINDGREN e HOOT
(1968) e posteriormente confirmado por VIRK (1971), o qual constatou que a tensão de
cisalhamento a que se iniciava o fenômeno era o mesmo independentemente de a
conduta ser lisa ou rugosa, para um mesmo polímero. Mais recentimente WÓJS (1993)
realizou experimentos com soluções poliméricas diluídas de alto peso molecular,
escoando em dubos lisos e rugosos no regime laminar e turbulento. Neste trabalho
foram avaliadas as influências do diâmetro, rugosidade da tubulação, e o peso molecular
da concentração.
Outra constatação de Virk foi que a fração de escorregamento, relacionando os
coeficientes de atrito da solução não-newtoniana e do solvente puro, era a mesma para
condutas lisas e rugosas para valores de rugosidade relativa até 50. Para rugosidades
relativas superiores a 50 a fração de escorregamento em conduta rugosa tornava-se
inferior à fração para conduta lisa e dependente da rugosidade e de outras propriedades
do escoamento. Contudo, para rugosidade tipo-d BEWERSDORFF e THIEL (1993)
indicam que o início da redução de atrito para soluções poliméricas diluídas requer uma
tensão de cisalhamento superior à necessária em conduta lisa.
Finalmente cabe referir o trabalho mais recente, de índole teórico, de YANG e
DOU (2010), que se baseia exclusivamente no vasto conjunto de dados experimentais
de NIKURADSE (1933) para fluidos newtonianos e VIRK (1971) para soluções
poliméricas, mas daqui não é possível estabelecer uma ligação entre as propriedades
reológicas do fluido e as propriedades dinâmicas do escoamento.
É claro desta revisão, embora a fenomenologia do escoamento não se encontre
amplamente descutida, mais é importante salientar que existe uma total incapacidade de
prever para um escoamento rugoso de um fluido não-newtoniano qualquer característica
do escoamento sómente a partir da caracterização completa da geometria do
escoamento, da reologia do fluido e do número de Reynolds pretendido para o
10
escoamento. Diante disso, está plenamente justificado qualquer trabalho que tente, de
uma forma mais completa, investigar os aspectos de problemas de escoamentos de
fluidos não-newtonianos no interior de tubulações de superfícies rugosas em regime
turbulento, verificando experimentalmente a perda de carga.
1
e [u (u T )] (2.1)
2
11
2.2.2 Fluidos newtonianos
(2.2)
onde é a taxa de cisalhamento, µ representa a viscosidade dinâmica absoluta e τ
denota a tensão de cisalhamento.
Nesta classe estão abrangidos todos os gases e líquidos não poliméricos e
homogêneos como, por exemplo, a água, o leite, óleos vegetais e soluções de sacarose.
É nesta categoria que se enquadram os fluidos que serão objeto de estudo ao longo
deste trabalho. Para os fluidos não-newtonianos, a relação entre a tensão cisalhante e a
taxa de deformação não é constante. Para se classificar este tipo de fluido, deve-se
observar o aspecto da curva de tensão versus taxa de deformação e verificar em qual
modelo matemático este fluido melhor se encaixa. (MACHADO, 2002).
De acordo com LEAL (2005) estes fluidos geralmente, são divididos em três
grandes grupos:
1. Fluidos independentes do tempo ou puramente viscosos: os fluidos que
apresentam taxas de deformação em um ponto dependente apenas da tensão cisalhante
instantânea aplicada nesse mesmo ponto;
2. Fluidos dependentes do tempo: são aqueles que apresentam viscosidade
aparente dependente do tempo de aplicação da taxa de cisalhamento. Esses fluidos são
classificados em reopéticos e tixotrópicos. Os tixotrópicos apresentam uma diminuição
da viscosidade aparente com o tempo de atuação de uma taxa de cisalhamento constante
12
até alcançar um equilíbrio. Já os fluidos reopéticos têm comportamento oposto. A
viscosidade aparente aumenta com o tempo de atuação de uma taxa de cisalhamento
constante;
3. Fluidos viscoelásticos: são fluidos que apresentam propriedades viscosas
e elásticas simultaneamente.
A Figura 2-1 ilustra a classificação dos fluidos de acordo com o seu
comportamento reológico.
(2.3)
13
Fluidos de Bingham;
Fluidos pseudoplásticos;
Fluidos dilatantes.
Segundo ROCHA (2010), a curva do comportamento típico destes três subgrupos
de fluidos comparados com a curva de fluidos newtonianos pode ser representada
graficamente pela Figura 2-2.
14
(FERREIRA, 2006). Fluidos são viscoelásticos quando são capazes de armazenar
energia sob a forma elástica durante fenômenos cinematicamente transientes,
posteriormente cedendo ao escoamento a energia armazenada (FREIRE, ALHo &
COLAÇO, 2006).
Soluções poliméricas geralmente não apresentam uma viscosidade constante em
ensaios viscométricos. De fato, em sua maioria, estas soluções aparentam ter uma
viscosidade decrescente com o aumento da taxa de deformação imposta e por isso são
classificadas de reofluidificantes. Este comportamento tem óbvias implicações em
escoamentos cisalhantes como os de Couette ou de Poiseuille e, consequentemente, em
todos os processos industriais que envolvam transporte em condutas e lubrificação.
Contudo, é a elásticidade associada a estes fluidos poliméricos que justifica as maiores
diferenças qualitativas de comportamento e também as maiores dificuldades de
modelagem física desse mesmo comportamento.
Assim, em um fluido viscoelástico, a lei constitutiva newtoniana não é mais
válida, uma vez que o comportamento elástico exibido é um reflexo das condições de
escoamento a que este se encontra sujeito (FERREIRA, 2006).
Para NETO (1993) um fluido viscoelástico agrega características de ambos os
comportamentos ideal elástico e viscoso.
SKELLAND (1967) faz referência a alguns exemplos de fluidos viscoelásticos
onde se verificou a existência de um comportamento elástico para níveis de deformação
bastante reduzidos, traduzidos pelo módulo de elasticidade bastante elevados, num
regime permante para os quais a força necessária para repor o estado inicial de não
deformação aumenta linearmente com o deslocamento imposto pela deformação.
Paralelamente a estas forças elásticas observa-se a existência de forças viscosas
dissipativas, proporcionais à taxa de deformação.
15
Segundo CAVADAS (2008), os fluidos elásticos têm a capacidade de absorver
energia num tempo finito e por isso esta característica do fluido é mais facilmente
quantificada em escoamentos dependentes do tempo como, por exemplo, os ensaios
oscilatórios. Nos ensaios oscilatórios impõe-se uma deformação periódica senoidal de
baixa amplitude com frequência .
(2.4)
(2.5)
Nos fluidos viscoelásticos esta resposta encontra-se fora de fase com relação à
deformação induzida e o parâmetro (denominado ângulo de perdas), mede este
(2.6)
(2.7)
16
O fator de perda (tan ) é o quociente dos dois módulos anteriores. Para um
(2.8)
17
onde K é o índice de consistência [ ] e n é o índice de comportamento ou índice de
potência [adimensional].
Na Figura 2-3 estão representadas algumas curvas que seguem o modelo lei de
potência em duas evoluções de viscosidade em função da taxa de cisalhamento. Para n >
1 os fluidos são chamados de dilatantes e, no caso contrário, fluidos com n <1 são
chamados de pseudoplásticos, quando se observa uma diminuição da viscosidade com o
aumento da taxa de cisalhamento. Para n =1 temos o caso de fluido newtoniano.
(2.9)
18
onde é a viscosidade do primeiro patamar Newtoniano, é a viscosidade do
(2.10)
19
Figura 2-5. Representação genérica do modelo de viscosidade de Cross (CRUZ,
2010)
(2.11)
20
O valor de é estimado por extrapolação através do gráfico de tensão cisalhante
na Figura 2-6.
.
. u x 2u k
ij ( ) i j ij com ( ) Y para Y
x j ui 3u k (2.12)
21
ui x j 2u k
ij 0 para Y
x j ui 3uk
Onde também está relacionado com o segundo invariante do tensor das tensões
1 2 1
que é definido como tr ij ij , porque o tensor ij é desviatório.
2 2
ij ij u x ui u j
ij uk p i j jk (2.13)
x x
t xk j ui
ik
k x k
22
contínua é constituída por óleo, enquanto que nos fluidos à base de água, a fase contínua
é constituída por água. (DARLEY & GRAY, 1988 e LUMMUS & AZAR, 1986).
De acordo com ROCHA (2010) os fluidos de perfuração têm as seguintes
funções:
Limpar os cascalhos presentes na base da broca e conduzi-los até à
superfície: os cascalhos são transportados por meio do fluido em
circulação e este transporte depende da vazão e da viscosidade do fluido
de perfuração;
Exercer pressão hidrostática sobre a formação maior que sua pressão de
poros para evitar o influxo de fluidos indesejáveis (fenômeno denominado
kick ou blowout quando o fluxo é descontrolado) e estabilizar as paredes
do poço;
Manter o poço aberto até que o revestimento possa ser descido e
cimentado;
Formar um filme de baixa permeabilidade de fina espessura nas paredes
do poço: este filme, denominado de reboco, previne o influxo do próprio
fluido de perfuração na formação e impede o fenômeno indesejado do
inchamento de argilas hidratáveis da formação;
Resfriar e lubrificar a coluna de perfuração e a broca;
Reduzir o atrito entre a coluna de perfuração e o poço aberto ou revestido.
De acordo com DARLEY & GRAY (1988), essas funções fazem com que os
fluidos de perfuração sejam indispensáveis à indústria de petróleo, sendo um elemento
muito importante na operação de perfuração.
Outras características interessantes do fluido de perfuração são sua baixa
viscosidade em altas vazões, o que reduz ao máximo as perdas de carga, e sua alta
viscosidade em baixas vazões, para não prejudicar a capacidade de carregar os
cascalhos nestas condições.
2.5 Polímeros
Segundo NETO (1993) a forma adequada para melhorar o entendimento do
fenômeno de redução de arrasto em fluidos é estudar o princípio de ação dos polímeros.
Na realidade, polímeros são termos utilizados para expressar o mesmo tipo de
23
substância química. Portanto polímeros são produtos químicos compostos de repetidas
pequenas unidades conhecidas como monômeros.
Por outro lado polímeros são constituídos por moléculas de longas cadeias e
elevado peso molecular e faz com que elas se emaranhem e desemaranhem, formando
laços ou nós temporários, sendo que este processo é dinâmico. A intensidade e a
duração dos emaranhados determinará o tempo de relaxação do material após a
aplicação de uma tensão ou deformação, já que as macromoléculas sempre tentarão
voltar ao seu estado de equilíbrio, ou seja, adquirir conformação de cadeias aleatórias
(CUNHA, 2006).
24
2.5.2 Carboximetilcelulose (CMC)
De acordo com PEREIRA (2002), no Brasil, o CMC vem sendo utilizado desde a
década de 70 e os excelentes resultados de produtividade dos poços de petróleo fizeram
deste aditivo a mais nobre matéria prima dos fluidos de perfuração. O seu uso reduz as
perdas por filtração e produz rebocos muito finos e capazes de impedir o escoamento do
fluido através das formações geológicas que estão perfuradas.
O CMC é o polímero mais comum e rotineiramente utilizado em fluidos como
viscosificante e redutor de filtrado (HUGHES et al., 1993).
De acordo com DARLEY e GRAY (1988), o primeiro registro do uso de
carboximetilcelulose (CMC) em fluidos de perfuração foi em 1944 em Oklahoma nos
Estados Unidos da América.
Segundo AMORIM (2003) o CMC é um polímero natural derivado da celulose e
insolúvel em água. Para tornar-se solúvel, é modificado para a forma de polieletrólito.
Esta modificação envolve uma alteração da unidade de repetição do polímero pela
introdução do grupo carboximetil aniônico (CH2OCH2COO-Na+). O CMC é então
obtido através da reação entre a celulose, o hidróxido de sódio (NaOH), formando a
álcali-celulose, e o ácido monocloroacético (ClCH2COOH). Nesta reação tem-se a
substituição dos hidrogênios das hidroxilas da celulose por grupos carboximetil (-
CH2COO-Na+). A substituição geralmente ocorre no grupo hidrometil (–CH2OH),
formando o polieletrólito solúvel (PEREIRA, 2002a).
De acordo com AMORIM (2003) as propriedades físico-químicas do CMC
dependem do grau de substituição (DS), grau de polimerização (DP), uniformidade da
substituição e pureza do produto. O DP é definido como o número médio de unidades
monoméricas ao longo da cadeia polimérica; quanto maior DP, maiores o peso
molecular e a viscosidade do polímero.
O DS é definido como o número médio de grupos carboximetílicos substituídos
por unidade monomérica. Seu valor pode atingir um máximo de 3, mas na prática, são
atingidos valores máximos entre 1,2 e 1,4. A solubilidade do CMC é função direta do
DS; para DS maiores que 0,45 os CMCs são considerados solúveis em água. Os CMCs
comerciais apresentam DS entre 0,7 e 0,8. Os produtos que possuem grau de
substituição relativamente elevada nos grupos de repetição são chamados de PAC
(celulose polianiônica) (PEREIRA, 2002a).
25
2.5.3 Laponite
Segundo PINHO (1999) a laponite é uma argila sintética que forma suspensões
aquosas com características tixotrópicas e viscoplásticas, sendo por isso ideal para
simular os fluidos utilizados na indústria de perfuração.
(2.14)
(2.15)
26
onde K é o índice de consistência [ ]; n é uma adimensional que denota o índice de
comportamento.
De acordo com PINHO e COELHO (2009), para os fluidos não-newtonianos que
obedecem à lei de potência, existem quatro formas diferentes de definir a viscosidade
característica, uma vez que esta não é constante e com a qual se define o número de
Reynolds.
A primeira forma de definir a viscosidade característica é a partir do número de
Reynolds generalizado, que é calculado de modo que o coeficiente de fricção de Darcy,
ou de Fanning, siga uma só curva, tanto para fluidos não-newtonianos quanto para
fluidos newtonianos: ou f = .
(2.16)
(2.17)
(2.18)
27
De acordo com MONHANTY e ASTHANA (1978), em algum ponto ao longo do
eixo axial a camada limite ocupa toda a área da secção transversal. Este ponto marca o
fim da região de alimentação, mas não o fim da região de entrada. Somente a partir
deste ponto o perfil de velocidade não apresenta mais variações significativas ao longo
do seu escoamento (formação assintótica), que passa a ser considerado completamente
estabelecido.
LANGHAAR (1942) foi um dos pioneiros a realizar o trabalho de quantificação
do comprimento de entrada para escoamento laminar de fluidos newtonianos, o qual
resultou na equação:
(2.19)
(2.20)
28
transcedentais. Os métodos numéricos, embora aproximativos, são capazes de resolver
equações implícitas com a precisão que se deseja. São métodos basicamente
computacionais pois incorrem em operações matemáticas repetidas. Encontram,
contudo, muita utilidade em hidráulica (CAMARGO, 2001). A equação de Colebrook
pode ser descrita como:
(2.21)
(2.22)
29
(2.23)
(2.24)
(2.25)
solvente puro.
A maioria dos estudos teóricos e experimentais sobre redução de arrasto utiliza
tubos com paredes lisas. O efeito da rugosidade na redução de arrasto, principalmente
com soluções poliméricas, tem atraído atenção de alguns pesquisadores. HOYT e
FABULA (1964), foram os primeiros a demostrar que os polímeros redutores de atrito
eram efetivos em superfícies rugosas.
VIRK (1969) mostrou que a tensão de cisalhamento crítica de redução de arrasto
em tubos rugosos é a mesma que se obtém quanto se usa tubos lisos. Seus dados
também mostraram que a máxima redução de arrasto alcançada em tubo rugoso é
limitada pela mesma assíntota do caso de paredes lisas.
30
Capítulo 3
Materiais e Métodos
Neste capítulo estão descritos os aspectos relacionados à preparação dos fluidos
utilizados nesta dissertação. São apresentadas as especificações do reômetro usado na
caracterizaçao reológica. Também estão descritas a construção, a montagem e instalação
dos equipamentos utilizados no aparato experimental e as suas respectivas formas de
funcionamento. Este aparato experimental foi delicadamente desenvolvido no
Laboratório de Mecânica da Turbulência da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
para a análise experimental e formulações analíticas de escoamentos em tubulações na
indústria de petróleo. Posteriormente, são abordadas as técnicas de medição e
instrumentação utilizadas.
O procedimento experimentais consistem basicamente de 3 etapas: na primeira
etapa realizou-se a construção, montagem e instalação do circuito experimental. Na
segunda fase os fluidos foram selecionados e caracterizados reologicamente. A
validação do aparato experimental, realizada na terceira etapa, consistiu na obtenção de
dados de perda de carga e de vazão para fluidos newtonianos. Em seguida, abordou-se o
foco deste trabalho: a obtenção de dados de vazão e de perda de carga para fluidos não-
newtonianos.
31
como referência no presente trabalho. No citado artigo são também utilizados outros
meios de avaliar a elasticidade das soluções para além daqueles que foram utilizados
neste trabalho.
O trabalho experimental de caracterização reológica dos fluidos baseou-se na
medição da viscosidade viscométrica em função da taxa de deformação e na realização
dos ensaios de fluência ou testes oscilatórios. Portanto, numa primeira etapa,
empregaram-se quatro tipos de fluidos à base d’água, com componentes normalmente
presentes em fluidos reais de perfuração, como exemplo a goma de xantano. Os
polímeros utilizados foram: carboximetilcelulose e goma de xantano, além da argila
sintética de laponite.
A água foi utilizada como fluido newtoniano padrão para detectar os possíveis
vazamentos, e realizar a calibração e validação do circuito experimental. As demais
soluções foram empregadas para gerar os fluidos não-newtonianos. Durante a
preparação dos fluidos foram observadas as suas características físicas, nomeadamente
coloração. A variação de concentração de polímeros em água destilada possiblitou
alcançar o amplo espetro de viscosidade necessário para a realização deste trabalho. Em
seguida, as suspensões foram selecionadas e levadas para a caracterização reológica.
Por fim, determina-se a viscosidade ou os parâmetros viscosos pertencentes a
certo modelo.
32
A quantidade de fluido preparada para os testes iniciais, como volume de prova,
foram 400 ml. Já para os ensaios no aparato experimental foram preparados cerca de
400 litros de solução.
Em estágio inicial, deve-se selecionar e pesar em uma balança analítica - com
base na concentração e no volume de fluido não-newtoniano desejado - o percentual de
polímeros em uma quantidade de água proveniente da rede de águas pluviais da cidade
do Rio de Janeiro. Em seguida, coloca-se o volume d' água em um recipiente, que é
levado ao misturador e acrescentam-se pequenas quantidades de polímeros, aos poucos.
Foi adicionado o mesmo percentual de quantidade de polímero por ppm do
formaldeído sugerido pela CpKelco (fornecedora de goma de xantano), para eliminar a
degradação bacteriológica a que estão sujeitos os fluidos, como apresentado também por
COELHO e PINHO (1998). De acordo com Escudier et al.(1995), para aumentar a
tensão de cedência das suspensões aquosas de laponite, acrescentou-se também o
mesmo percentual de polímero em quantidade de cloreto de sódio.
A solução foi agitada durante 90 minutos, após foi mantida em repouso durante
24 horas para permitir a completa hidratação dos espaços existentes entre as suas
partículas de polímeros. Para garantir sua total homogeneização, agita-se novamente o
fluido durante 30 minutos antes de ligar o circuito e realizar a caracterização reológica.
Em seguida, verifica-se o aparato experimental: se este encontra-se sem ar e se a válvula
de retorno (bay-pass) encontra-se aberta. Somente após estas etapas, o circuito estará
em condições de funcionamento.
As concentrações utilizadas em peso foram:
1% de laponite,
1,5% de laponite,
0,2% de CMC,
0,2% de goma de xantano
mistura de 0,09% de CMC e 0,09% goma de xantano,
mistura de 0,5% laponite/0,07% de CMC.
33
3.1.2 Reômetro
34
Este aparato experimental consiste em 4 circuitos fechados, nomeadamente 1 liso
e 3 de diferentes padrões de rugosidades, construídos com tubulações de aço inox de 15
metros de comprimento e 2 polegadas de diâmetro externo, o qual pode ser observado
na representação esquemática da Figura 3-1. O sistema é constituído pelos seguintes
elementos:
- Uma tubulação lisa de aço inox com 48 mm de diâmetro interno e 15 m
de comprimento, instalado horizontalmente;
- Três tubulações de aço inox de diferentes rugosidades, com 46 mm de
diâmetro interno e 15 m de comprimento, instalado horizontalmente;
- Um tanque de armazenamento de fluido de 1 m3 de capacidade,
construído de aço inoxidável;
- Uma balança analítica de marca FILIZOLA com a capacidade de 300 kg;
- Um misturador;
- Uma bomba volumétrica de 9.2 kW de potência;
- 10 válvulas de 2 polegadas, sendo que 4 são voltadas para o
direcionamento do escoamento nas diversas tubulações, 4 para abertura na
saída do escoamento, 1 para alimentação interna ou externa do aparato
experimental e 1 de retorno (by pass);
- Um inversor de frequência marca WEG;
- Um medidor de vazão eletromagnético marca Incontrol;
- Mangueiras de de polegadas;
35
Figura 3-1. Esquema do aparato experimental
Figura 3-2).
36
(a) (b)
Figura 3-3. Fotografia das válvulas direcionadoras do escoamento na entrada (a),
fotografia das válvulas direcionadoras do escoamento na saída (b).
37
Figura 3-4. Estrutura metálica no formato de bancada.
38
a b
c d
39
Durante a elaboração deste projeto o aparato experimental foi definido de modo
que cada seção de 1 metro de comprimento de tubulação de aço inox possuísse duas
tomadas de pressão distanciadas de 70 cm, como mostrado na Figura 3-6.
Estas tomadas foram posicionadas na parte superior do duto para evitar a eventual
obstrução dos furos por pequenos resíduos possívelmente contidos no fluido, garantindo
assim uma medição mais precisa de valores de perda de carga. Cada trecho de um metro
possui duas tomadas de pressão, o que faz com que cada circuito de 15 metros contenha
30 tomadas de pressão. Isto resulta em um total de 120 tomadas de pressão para os
quatro circuitos do aparato experimental. Portanto, ao longo de toda a conduta, estão
colocadas tomadas de pressão para medição da perda de carga em escoamento
desenvolvido e/ou durante o seu desenvolvimento.
A construção mecânica, incluindo os flanges de conexão, deve ser de alta
qualidade para garantir a ausência de perturbações no escoamento, conforme
apresentado na Figura 3-7.
40
Figura 3-7. Flanges de conecção entre cada trexo de um metro de comprimento.
Uma balança analitíca foi selecionada para auxiliar na pesagem dos polímeros
durante a preparação dos fluidos não-newtonianos. A balança utilizada foi da marca
FILIZOLA e possui as seguintes especifícações: tamanho 60 x 75 cm e peso máximo de
300 kg.
3.2.2 Reservatório
41
Todos os reservatórios explanados acima possuem um indicador de nível e um
dreno.
3.2.3 Bomba
42
Guarnições do eixo: Selo mecânico;
Sentido de rotação: Esquerda;
Instalação: Horizontal;
Bocal de Sucção: Flange 6” ANSI B16.1-125;
Bocal de Pressão: Flange 4” ANSI B16.1-125;
Pintura: NOP 0004 Plano 03 cinza RAL 7031
43
Figura 3-9. Esquema de Instalação da bomba volumétrica.
3.2.4 Misturador
44
a b
c d
Figura 3-10.Esquema da instalação do misturador: (a) planta, (b) vista frontal, (c) vista
lateral esquerda, (d) vista lateral direita.
45
3.2.6 Transdutor de pressão e vazão
46
Estes transdutores de pressão foram conectados a um computador, equipado com
um processador, através de uma placa de aquisição de dados de doze bits. A Figura
3-12, mostra o sistema de aquisição de dados e o código elabarado para aquisição do
sinal.
47
3.2.7 Circuito de manuseio de válvulas para as tomadas de pressões e
purgas
48
Figura 3-15. Sistema de purga.
Um mesmo sistema de válvulas foi construído para receber a entrada de fluido das
4 tubulações que dão acesso ao transdutor de pressão. A diferença é que este sistema é
composto por apenas 4 válvulas, uma para cada tubulação, e sua saída é utilizada em
caso de retirada de ar do circuito e/ou retorno ao reservatório em sistema fechado, ver
Figura 3-16.
49
3.3 Procedimento experimental
Antes de ligar o circuito experimental, planejamos e definimos a sequência de
fluidos que iremos escoar. De acordo com a sequência de fluidos pré-estabelecida e com
a finalidade de, primeiramente, validar o aparato experimental, foi utilizado o fluido
newtoniano (água) e posteriormente os fluidos não-newtonianos.
O experimento inicia-se com a preparação e verificação de todos os equipamentos
e ferramentas que serão utilizados na obtenção dos dados. Assim, estamos em condições
de realizar as seguintes operações:
Ligar o misturador durante o período de 30 minutos para misturar a
solução no caso de fluidos não-newtonianos;
Abrir a válvula de retorno (by-pass) e verificar se as válvulas direcionais
do escoamento na entrada e saída do aparato experimental encontram-se
abertas;
Ligar o disjuntor da bomba e em seguida o seu inversor de frequência;
Manipular a frequência de rotação da bomba de acordo com regime de
escoamento que se pretende;
Retirar o ar que se encontra dentro do circuito experimental recirculando o
fluido durante um tempo (de 1 a 2 horas), para estabilizar o sistema e, no
caso de fluidos não-newtonianos, garantir a homogeneidade da solução;
Aferir a temperatura do fluido no reservatório, na entrada e saída do
circuito (procurou-se realizar os experimentos com a temperatura do fluido
a 25 );
50
Conhecendo-se o diâmetro do circuito, utilizou-se a equação clássica de Darcy-
Weisbach (Equação (2.20)) para determinar o fator de atrito do escoamento para o
fluido newtoniano e os não-newtonianos.
Após a validação do fator de atrito do escoamento com água, levantamos a
rugosidade de cada circuito através da equação de Colebrook (Equação (2.21)).
Repetimos os mesmos procedimentos para determinar o fator de atrito das soluções
poliméricas em diferentes concentrações. As concentrações utilizadas foram 0,2% de
CMC, 0,2% de goma de xantano e uma fração de 0,09%/0,09% de goma de
xantano/CMC, com a finalidade de caracterizar experimentalmente o escoamento de
fluidos não-newtonianos com diferentes tipos de rugosidade. Por restrições de acesso ao
reômetro não foram realizados ensaios reológicos da mistura para avaliação da
degradação das moléculas poliméricas. Ao contrário, optou-se por realizar novas
misturas de fluidos não-newtonianos a cada dias de ensaio. Considerando que a bomba
de cavidade progressiva oferece baixo grau de cisalhamento, admite-se que não ocorre
degradação significativa ao longo de uns dias de realização de experimentos.
As curvas de variação de fator de atrito para os fluidos não-newtonianos em
função do número de Reynolds foram obtidos através do numero de Reynolds
generalizado, Equação (2.15) (DODGE & METZNER, 1959).
A redução de arrasto foi quantificada com o uso da Equação (2.25).
51
Capítulo 4
Resultados e Discussões
Neste capítulo serão apresentadas as discussões e os resultados obtidos na
construção, montagem, instalação e instrumentalização do aparato experimental, além
dos resultados obtidos na seleção e caracterização reológica dos fluidos não-
Newtonianos. Em seguida, será realizada uma aproximação da curva de fator de atrito
dos fluidos não-newtonianos ao modelo tipo lei de potência. Prosseguimos explicitando
a validação do aparato experimental. Finalmente, serão apresentados a caracterização
completa da relação entre coeficiente de atrito e o número de Reynolds para cada
tipología de rugosidade, além do desenvolvimento de diagramas de perdas de carga.
53
Figura 4-1. Variação da viscosidade em relação à taxa de cisalhamento para as soluções
de 1,5 % de laponite,1% laponite e 0,5% laponite/0,07% CMC.
54
Figura 4-3. Variação da viscosidade em relação à taxa de cisalhamento para as
soluções de 1,5 % de laponite, ajustadas ao modelo lei de potência.
55
Figura 4-5. Variação da viscosidade em relação à taxa de cisalhamento para as
soluções de 0,2% GX, ajustadas ao modelo lei de potência.
56
Figura 4-7. Variação da viscosidade em relação à taxa de cisalhamento para as soluções
de 0,09 % CMC/0,09% GX, ajustadas ao modelo lei de potência.
Fluido n K[ ] [Kg/ ]
57
A convergência da viscosidade para um valor mínimo em elevadas taxas de deformação
traduz o estado de ordenamento completo das moléculas, segundo a direção do
escoamento.
A partir da observação das figuras acima, para o caso de uma aplicação da física
do problema na indústria do petróleo, podemos perceber que com o aumento da
velocidade de escoamento do fluido dentro da coluna de perfuração, tem-se um aumento
da taxa de cisalhamento e, consequentemente, uma diminuição da viscosidade deste
fluido; pois dentro da coluna faz-se necessária certa facilidade para garantir o
escoamento. Quando o fluido de perfuração atinge a formação, na região situada na
ponta da broca, ocorre uma redução brusca de velocidade e, portanto, da taxa de
cisalhamento, levando a um aumento da viscosidade do fluido, que por sua vez atende à
exigência de transporte dos cascalhos, liberados pela broca durante a perfuração até a
superfície.
4.1.3 Viscoelasticidade
Figura 4-8. Módulos de dissipação, G”, e de conservação, G’, para a solução de 0,2%
XG.
59
Figura 4-10. Módulos de dissipação, G”, e de conservação, G’, para a solução de 0,09%
CMC/0,09 GX %.
60
4.2 Validação do aparato experimental
A seguir serão apresentados os resultados e discussões obtidos na construção,
montagem, instalação e instrumentação do aparato experimental. Consequentemente,
seguirá uma exposição a respeito da validação do aparato experimental e levantamento
dos valores de rugosidades relativas para cada tubulação.
O aparato experimental encontra-se rigorosamente construído e instrumentalizado
nas instalações do Laboratório de Mecânica da Turbulência da Universidade Federal do
Rio de Janeiro, para as análises experimentais e formulações analíticas de escoamentos
em tubulações na indústria de petróleo.
Este sistema é composto pelos equipamentos descritos no capítulo 3, no qual
funcionam devidamente da seguinte maneira: o fluido, depositado no reservatório, escoa
para o interior de uma seção circular de duto flexível e chega até a sucção da bomba. O
início do bombeamento ocorre através de uma bomba volumétrica, com pressão de
descarga máxima de 10 bar para um fluido newtoniano, que escoa por um trecho de 40
cm de duto flexível, localizado na descarga da bomba para minimizar os efeitos de
vibração durante o bombeamento. Conforme o fluido escoa no interior de um trecho de
duto rígido, onde está acoplada a válvula de retorno (by pass), ele atinge a árvore de
válvulas, localizada na entrada do aparato experimental. Esta árvore de válvulas nos
permite direcionar o escoamento para tubulação lisa e para as tubulações de diversas
tipologias de rugosidade. A saída do aparato experimental também possui uma árvore
de válvulas com a finalidade de direcionar o escoamento para o retorno. Assim funciona
em sistema fechado, possibilitando um número Reynolds máximo para fluidos
newtonianos de 132.600,00 na tubulação lisa e 138.300 para as tubulações rugosas.
Foi realizada uma sequência de testes a fim de validar o aparato experimental,
observando o comportamento do fluido ao longo das tubulações. A verificação foi
realizada através do deslocamento de um fluido newtoniano que serviu, não só para o
desenvolvimento de uma metodologia experimental segura, mas para que os resultados
pudessem ser comparados com os existentes na literatura sobre o assunto, além de
apontarem os ajustes necessários no aparato experimental. No que diz respeito ao fluido,
foi utilizada a água da rede da cidade do Rio de Janeiro.
O interesse de trabalhar com um fluido newtoniano nesta etapa justifica-se pela
estabilidade da viscosidade dinâmica do fluido, independente da taxa de deformação
aplicada ao escoamento. Neste sentido, buscou-se avaliar as condições de
61
reprodutibilidade dos resultados de perdas de cargas obtidos ao longo das tubulações. A
execução dos resultados inicialmente não apresentava uma tendência definida, revelava
na verdade consideráveis desvios: sejam em regime laminar ou turbulento e, até mesmo,
em situações de testes de reprodutibilidade. Estas informações serviram apenas como
um caráter qualitativo para o desenvolvimento do aparato experimental e do sentimento
físico do fenômeno.
Visando contornar estas dificuldades experimentais, alguns ajustes na construção
e montagem do aparato experimental foram realizados. Desmontaram-se todas as
tubulações, observando as tomadas de pressão da parte interior, verificando onde havia
depósito de resíduos de solda e removendo os mesmos. Logo após, foram montados,
com rigor, todos os circuitos do aparato experimental, verificando o correto alinhamento
entre as flanges, de maneira a evitar as possíveis perturbações no processo de
escoamento. Diminuiu-se também a gama de funcionamento do transdutor de pressão
diferencial, de forma a reduzir ao máximo a incerteza experimental da diferença de
pressões.
Uma vez realizados estes ajustes, foram conduzidos alguns experimentos com a
água. Os resultados são apresentados na Figura 4-12.
62
Figura 4-12. Fator de atrito em função do número de Reynolds para a tubulação lisa e as
tubulações com diferentes tipos de rugosidade. Fluido Newtoniano (água).
Observamos que os valores de fator de atrito para a tubulação lisa encontram-se
abaixo dos valores de fator de atrito para as tubulações rugosas. Isto ocorre fisicamente
devido às pequenas partículas de fluido, que sofrem maior resistência para vencer a
rugosidade do duto durante o escoamento, com maiores perdas de carga nas tubulações
com rugosidade relativa mais elevada.
Com os dados experimentais de perda de carga e o número de Reynolds do fluido
newtoniano (água), foi possível levantar a rugosidade relativa de cada tubulação,
entendida como um parâmetro geométrico do aparato experimental, através da equação
de Colebrook (Equação (2.21)). Na Tabela 4-2, descreve-se a rugosidade relativa para
cada tubulação. Ver Fig. 3-5 para referência dos tipos de rugosidade.
Tabela 4-2. Rugosidades relativas para cada tubulação do aparato experimental.
Rugosidades ε/D
A 0,157791
B 0,015598
C 0,0189406
63
Observou-se que a tubulação de rugosidade A possui o maior valor de rugosidade
relativa conforme a descreve-se a rugosidade relativa para cada tubulação. Ver fig 3-5,
para refer~encia dos tipos de rugosidades, o que condiz com a condição física da
geometria da tubulação, que contém uma rede na parte interior do duto Figura 3-5 (b).
Os demais valores de rugosidade B e C também apresentam uma relação de
proporcionalidade com a condição física da geometria do duto, que possui uma película
com a visibilidade esparsa para a rugosidade B (Figura 3-5 (d)) e densa para a
rugosidade C, Figura 3-5.(c).
Compararam-se estes resultados experimentais obtidos através da equação de
Darcy (Equação (2.20)) com os resultados da literatura, obtidos através das equações de
Blasius (Equação (2.22)) e Colebrook (Equação (2.21)), sendo Colebrook apenas
aplicável para as tubulações rugosas.
Newtoniano
6000 60000
Rugosa A
0,1 Rugosa B
Rugosa C
Lisa
f
Blasius
Colebrook
Colebrook Rugosa A
Colebrook Rugosa C
Colebrook Rugosa B
0,01
Re
Figura 4-13. Comparação das previsões teóricas de Blasius e Colebrook com o fator de
atrito experimental em função do número de Reynolds para a tubulação lisa e as
tubulações com diferentes tipos de rugosidade.
64
obtenção do fator de atrito. Pouco se sabe também sobre os parâmetros que se podem
obter a partir da distribuição de pressão de fluidos não-newtonianos ao longo de
tubulações com diferentes tipologias de rugosidades. Com o intuito de conhecer mais
sobre esses aspectos, este item apresentará dados experimentais sobre o fator de atrito e
o número de Reynolds generalizado para diversos fluidos não-newtonianos, escoando
em dutos lisos e rugosos.
em tubulação lisa
65
Figura 4-14 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
baseado na viscosidade da parede para as soluções poliméricas de 0,2% de goma de
xantano, 0,2% de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação lisa.
percebemos que os valores de fator de atrito da goma de xantano, mesmo não estando
em regime totalmente turbulento, são maiores que os valores esperados para fluidos
newtonianos.
No caso da solução de mistura 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) diagnosticaram-
se os mesmos efeitos, porém, com n maior, no valor de 0,536 e um índice de
consistência menor, no valor de 0,2619, quando comparado com a goma; levando a
valores de Reynolds generalizado de 8679,872, já em regime turbulento. Neste regime,
66
comparado com o de fluido newtoniano, observa-se uma redução do fator de atrito,
como mostrado na Figura 4-15.
Blend -Lisa
1
1 10 100 1000 10000 100000
0,1 Newtoniano
f
Blend
0,01
Rg
67
Lisa
Blend
0,01 0,1 1 10
GX
CMC
Newtoniano
0,1
f
0,01
Rg/Rgmáx
Figura 4-16. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
generalizado sobre o número de Reynolds generalizado máximo, para as soluções
poliméricas de 0,2% de goma de xantano, 0,2% de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX
(Blend) na tubulação lisa.
em tubulações rugosas
68
4.3.2.1 Escoamento de fluidos não-newtonianos no circuito de rugosidade relativa
(ε/D= 0,157791), nomeadamente rugosidade A
Como contribuição para uma base de dados original e preditiva quanto ao
comportamento de fluidos não-newtonianos em superfícies espessamente rugosas,
construíu-se este circuito experimental com a superfície interna do duto do tipo malha
(Figura 3-5 (b)), com a finalidade de aprofundamento acerca destes assuntos.
A
Figura 4-17a apresenta a variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
generalizado, para as soluções poliméricas de 0,2% de goma de xantano, 0,2% de CMC
e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade A.
Rugosa A
1
60 600 6000 60000 600000 CMC
GX
Blend
0,1
f
Newtoniano
0,01
Rg
69
Figura 4-17 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds baseado na
viscosidade da parede para as soluções poliméricas de 0,2% de goma de xantano, 0,2%
de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação rugosidade A.
Através da Figura 4-17 a,b percebe-se que a solução de goma de xantano diminui o
fator de atrito com o aumento do número de Reynolds generalizado.
A solução de mistura (blend) e o CMC apresentam um comportamento
inversamente proporcional ao da água e da goma de xantano. Especificamente, observa-
se um aumento do fator de atrito com aumento do número de Reynolds generalizado.
Fisicamente, percebe-se que estas soluções ainda estão na região de transição, além do
fato de que durante o escoamento, quando a partícula de fluido escoa no inteior da
tubulação, estas colidem com a películas de arame exposta na parede interna do duto
(Figura 3-5 (b)), causando pertubações no escoamento, o que possivelmente
proporciona um prolongamento do regime de transição de escoamento.
Embora a solução mistura (blend) esteja em um regime de transição conforme
descrito acima, para o valor de números de Reynolds generalizado de 9747,946, já em
regime turbulento, observa-se uma redução de arrasto quando comparado com a água no
mesmo número de Reynolds. De acordo com a literatura, através da equação de TING e
70
KIM (1973), Equação (2.25), foi possível quantificar a redução de arrasto chegando a
aproximadamento 28%.
Apesar da influência da rugosidade, percebe-se na Figura 4-17 a,b que o aumento
do parâmetro reológico de índice de potência (n) causa um aumento no fator de atrito
para os números de Reynolds (Re), em regime turbulento.
Rugosa B
1
1 10 100 1000 10000 100000
CMC
GX
0,1
f
Blend
Newtoniano
0,01
Rg
71
Figura 4-18 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds baseado na
viscosidade da parede para as soluções poliméricas de 0,2% de goma de xantano, 0,2%
de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade B.
72
Blend - Rugosa B
1
60 600 6000
0,1 Blend
f
Newtoniano
0,01
Rg
CMC-Rugosa B
1
1000 10000 100000 1000000
0,1 Newtoniano
f
CMC
0,01
Rg
73
Verificamos na Figura 4-20 que o fator de atrito do CMC é menor que o fator de
atrito da água. Podendo ser quantificado de acordo com a literatura, e através da
equação de TING e KIM (1973), Equação (2.25), foi possível determinar o percentual
máximo de redução de arrasto do CMC para os dados obtidos, chegando a
aproximadamente 11%.
1 Rugosa C
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
CMC
GX
0,1
f
Blend
Newtoniano
0,01
Rg
74
Figura 4-21b.Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds baseado na
viscosidade na parede para as soluções poliméricas de 0,2% de goma de xantano, 0,2%
de CMC e 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) na tubulação de rugosidade C.
75
Blend - Rugosa C
1
1 10 100 1000 10000 100000
0,1 Blend
f
Newtoniano
0,01
Rg
Newtonianos
76
4.3.3.1 Escoamento da solução polimérica de 0,2% de goma de xantano no circuito
de tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de rugosidade
Com os resultados obtidos de perda de carga ao longo da tubulação em
escoamento totalmente desenvolvido, foi possível apresentar graficamente a variação do
fator de atrito em função do número de Reynolds generalizado para soluções
poliméricas de 0,2% de goma de xantano, em tubulações lisa e rugosas.
A Figura 4-23 apresenta a variação do fator de atrito em função do número de
Reynolds generalizado, para o fluido newtoniano e a solução polimérica de 0,2% de GX
na tubulação lisa e nas diferentes tubulações com diversas tipologias de rugosidade.
Lisa
GX
Rugosa A
1 Rugosa B
40 400 4000 40000
Rugosa C
Newtoniano Lisa
Newtoniano Rugosa A
Newtoniano Rugosa B
0,1
f
Newtoniano Rugosa C
0,01
Rg
Figura 4-23a. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
generalizado de acordo com DODGE e METZNER (1959), para o fluido newtoniano e
a solução polimérica de 0,2% GX na tubulação lisa e nas tubulações rugosas.
77
Figura 4-23 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
baseado na rugosidade na parede para o fluido newtoniano e a solução polimérica de
0,2% GX na tubulação lisa e nas tubulações rugosas.
78
4.3.3.2 Escoamento da solução polimérica de 0,2% de Carbometilcelulose (CMC)
no circuito de tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de
rugosidade
A
Figura 4-24 a,b apresenta a variação do fator de atrito em função do número de
Reynolds generalizado, para a solução polimérica de 0,2% CMC na tubulação lisa e em
tubulações com diversas tipológias de rugosidade.
Newtoniano Lisa
CMC
Newtoniano Rugosa A
1 Newtoniano Rugosa B
1500 15000
Newtoniano Rugosa C
Lisa
Rugosa A
Rugosa B
Rugosa C
0,1
f
0,01
Rg
79
Figura 2-24 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds baseado na
viscosidade na parede para o fluido Newtoniano e a solução polimérica de 0,2% CMC
na tubulação lisa e nas tubulações rugosas.
80
4.3.3.3 Escoamento da solução polimérica de 0,09% CMC/ 0,09% GX (Blend) no
circuito de tubulação lisa e nos circuitos com diferentes tipologias de
rugosidade
A Figura 4-25 a,b apresenta a variação do fator de atrito em função do número de
Reynolds generalizado, para o fluido newtoniano e as soluções poliméricas de 0,09 %
CMC/0,09% GX na tubulação lisa e em tubulações com diversas tipológias de
rugosidade.
Lisa
1
Rugosa A
100 1000 10000
Rugosa B
Rugosa C
Newtoniano Lisa
0,1
f
Newtoniano Rugosa
A
Newtoniano Rugosa
B
Newtoniano Rugosa
C
0,01
Rg
81
Figura 4-25 b. Variação do fator de atrito em função do número de Reynolds
baseado na viscosidade na parede para a solução polimérica de 0,09% CMC/0,09% GX
(Blend) na tubulação lisa e nas tubulações rugosas.
Observamos na Figura 4-25 a,b que a variação do fator de atrito da tubulação lisa
é menor que a variação de fator de atrito da tubulação de rugosidade A.
Observamos também uma redução dos valores de fator de atrito da solução de
mistura (blend), em relação ao fator de atrito do fluido newtoniano no regime turbulento
para todas as tubulações. Isto ocorre devido à influência da rugosidade e das
propriedades reológicas do fluido no fator de atrito.
82
Capítulo 5
Conclusões
- O aparato experimental construído de raiz contribuirá para o desenvolvimento de
formulações experimentais e analíticas para escoamentos em tubulações na
indústria do petróleo.
- O presente estudo nos possibilitou investigar em detalhe as características de
escoamentos turbulentos obtidos a partir de fluidos que podem ser de caráter
newtoniano ou não-newtoniano, em tubulações lisas ou rugosas.
- Os fluidos não-newtonianos, selecionados após a sua caracterização reológica e
utilizados para ensaios no aparato experimental, foram as soluções de goma de
xantano, carboximetilcelulose e uma solução de mistura (blend).
- As soluções de goma de xantano e carboximetilcelulose se aproximam melhor
ao modelo lei de potência em relação às soluções de laponite.
- A solução de CMC possui baixas taxas de cisalhamento em relação à solução de
goma de xantano.
- As soluções de XG e CMC não são tixotrópicos e não possuem tensão de
cedência, mais a laponite sim.
- O estudo de caracterização reológica permitiu constatar que as soluções não-
newtonianas apresentam um comportamento marcadamente pseudoplástico,
consequência de elevado peso molecular dos aditivos.
- Não foi possível determinar a elasticidade para as soluções estudadas neste
trabalho, necessitando de novos testes oscilatórios de baixa amplitude e outros
tipos de ensaios.
- Verificou-se que as soluções poliméricas estudadas neste trabalho sofrem uma
degradação mecânica ao longo de vários dias de bombeamento.
83
- Os fluidos não-newtonianos estudados nos permitiu investigar o efeito das
seguintes propriedades reológicas sobre as características dinâmicas dos
escoamentos: viscosidade reofluidificante, elasticidade, tixotropia;
- A importância sobre os conhecimentos básicos de reologia irão auxiliar na
análise do comportamento dos fluidos desenvolvidos e usados nas etapas de
perfuração e produção de poços. O conhecimento destes parâmetros, dentre
outras aplicações, auxilia na estimativa de perdas de carga e na capacidade de
transporte e sustentação de sólidos, como os cascalhos.
- Os equipamentos utilizados foram de fundamental importância para a realização
dos ensaios. Isto porque, para a obtenção de resultados confiáveis de
caracterização reológica é de suma importância a utilização de equipamentos
confiáveis e calibrados, além de métodos e procedimentos certificados.
- Este estudo experimental contribuiu para quantificação da perda de carga para
escoamentos de fluidos complexos em diferentes tipologias de rugosidade em
padrões mono-fásicos em função da rugosidade relativa, das propriedades
reológicas, do número de Reynolds.
- O circuito experimental de rugosidade A possui maior valor de rugosidade
relativa (ε/D = 0,157791) que o circuito de rugosidade B (ε/D= 0,015598) e o de
rugosidade C (ε/D= 0,0189406).
- O fator de atrito da água em regime totalmente rugoso é maior que os valores de
fator de atrito das soluções poliméricas no mesmo regime. A água possui
também maior valor de índice de potência e de consistência igual 1 em relação
aos demais fluidos.
- Em regime totalmente rugoso o número de Reynolds exerce pouca influência no
valor de fator de atrito do escoamento. Neste regime apenas as propriedades
reológicas e a rugosidade apresentam maior influência no fator de atrito do
escoamento.
- O aumento do parâmetro reológico (n) causa um aumento no fator de atrito para
os Números de Reynolds (Re), em regime turbulento.
- A medida em que aumentamos a rugosidade relativa da tubulaçào aumentamos
também o fator de atrito do escomento.
- A redução do fator de atrito no escoamento ocorre não somente devido às
propriedades reológicas das soluções poliméricas, nomeadamente dos índices de
84
potência (n), mas também devido à influência da própria rugosidade da
tubulação.
- Os resultados do presente trabalho ajudam explicar a razão das altas frações de
redução do arrasto observadas em escoamentos turbulentos quando se adiciona
poucas quantidades de solução polimérica em diferentes rugosidades.
- A presente análise mostrou que para pequenas concentrações de soluções
poliméricas, a eficiência do transporte de quantidade de movimento por
flutuações turbulentas pode ser drasticamente reduzida, proporcionando redução
do fator de fricção de até 51%.
- O presente estudo contribuiu para aprimorar as relações entre o Programa de
Engenharia Mecânica da Coppe/UFRJ com o Departamento de Engenharia
Mecânica da Universidade do Porto promovendo experimentos em condições
controladas capazes de fornecer dados com qualidade e quantidade suficientes
para a modelagem dos fenômenos de interesse de pesquisa;
- Concluímos também que este trabalho buscou desenvolver um modelo
experimental em escala industrial para a predição de perda de carga em trechos
horizontais de tubulações em condições de escoamento mono ou bi-fásico gás-
líquido, nos regimes laminar, transicional e completamente rugoso para fluidos
newtonianos e não-newtonianos.
Sujestões futuras:
- Preparar soluções com menor porcentual de polímeros.
- Como a unidade foi concebida para operação em circuito fechado, a posição do
retorno de fluido acima do nível do tanque deve ser modificada, de modo a
evitar um escoamento que gerasse um elevado número de bolhas.
- Caracterizar as leis de parede para escoamento de fluidos não-newtonianos com
diferentes tipos de rugosidade, e dos correspondentes perfis de tensões de
Reynolds.
85
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