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CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA
NATAL
2009
DANIEL DANTAS VIANA MEDEIROS
NATAL
2009
Catalogação da publicação na fonte.
CDU 628.357(043.2)
DANIEL DANTAS VIANA MEDEIROS
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________
Dra. María del Pilar Durante Ingunza
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Orientadora
___________________________________________________________
Dr. Cícero Onofre de Andrade Neto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Co-orientador
____________________________________________________________
Dr. Luiz Pereira de Brito
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Examinador Interno
____________________________________________________________
Dr. Rui de Oliveira
Universidade Estadual da Paraíba
Examinador Externo
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO 01
2 OBJETIVOS E HIPÓTESES FORMULADAS 06
3 REVISÃO DE LITERATURA 07
3.1 FOSSAS E TANQUES SÉPTICOS 07
3.2 CARACTERIZAÇÃO DOS RESÍDUOS ESGOTADOS DE FOSSAS 10
E TANQUES SÉPTICOS
3.3 LAGOAS DE ESTABILIZAÇÃO COMO ALTERNATIVA PARA O 13
TRATAMENTO DOS RESÍDUOS ESGOTADOS
4 MATERIAIS E MÉTODOS 28
4.1 LOCALIZAÇÃO E DESCRIÇÃO DO SISTEMA EXPERIMENTAL 28
4.2 MONITORAMENTO DO SISTEMA EXPERIMENTAL 35
4.2.1 Metodologia de análise 36
4.2.2 Metodologia de tratamento estatístico dos dados 37
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 39
5.1 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS 42
5.1.1 Oxigênio dissolvido 42
5.1.2 Temperatura 43
5.1.3 pH 44
5.1.4 Condutividade 45
5.1.5 DQO 46
5.1.6 Nitrogênio orgânico 47
5.1.7 Amônia 48
5.1.8 Nitrato (NO3-) 49
5.1.9 NTK 50
5.1.10 Ortofosfato 51
5.1.11 Fósforo total 52
5.1.12 Clorofila “a” 53
5.1.13 Sólidos totais 54
5.1.14 Sólidos suspensos totais 55
5.1.15 Sólidos sedimentáveis 56
5.1.16 Coliformes termotolerantes 57
5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 58
5.2.1 Influência do tratamento preliminar no desempenho das lagoas 58
de estabilização
5.2.2 Influência das características do esgoto bruto no desempenho 58
das lagoas de estabilização
5.2.3 Análise da eficiência de remoção de nutrientes nas lagoas de 62
estabilização
5.2.4 Influência da operação no desempenho das lagoas de 64
estabilização
5.2.5 Influência do tanque de contato nas eficiências de remoção do 72
efluente final das lagoas de estabilização
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 74
REFERÊNCIAS 76
1 INTRODUÇÃO
1
resíduos que gera grande preocupação, pois se dispostos de maneira incorreta,
trarão conseqüências negativas para a saúde pública, além de causar possíveis
danos aos mananciais. O lançamento de esgotos in natura em corpos aquáticos
causa sérios problemas à qualidade de vida e coloca em risco o abastecimento de
água da população (CHERNICHARO, 2001b).
Observa-se que nas cidades de médio e grande porte, o manejo da
disposição dos efluentes líquidos produzidos em residências uni ou multifamiliares,
comércio, hospital, dentre outros ramos de atividade, passou a contar, há algum
tempo, com o suporte dos serviços prestados por empresas limpa-fossas. O
surgimento destas justifica-se pela deficiência do serviço público de esgotamento
sanitário, obrigando grande parte da população à adoção de soluções individuais
para destinação final de águas servidas e dejetos. A prática da coleta dos esgotos
de diversas origens pelas empresas imunizadoras vem ganhando maiores
proporções, tornando-se atualmente, sem sombra de dúvidas, um serviço essencial
para a população urbana.
No momento em que se conclui o esgotamento de uma fossa séptica, a
imunizadora torna-se responsável pelo material que conduz, ou seja, pelo seu
transporte e destinação final adequado, devendo obedecer, para tanto, às
legislações civis e ambientais às quais a atividade esteja submetida. Em muitos
casos não há a preocupação por parte do usuário que contrata tal serviço em saber
qual será o destino daquele efluente, aonde o mesmo será depositado e se a
empresa possui licença dos órgãos ambientais municipais para desenvolver a
atividade. Perante esta realidade, surgem questionamentos referentes ao grau de
segurança sanitária e ambiental quanto ao manejo destes efluentes.
A maioria do lodo transportado pelas imunizadoras é disposto sem qualquer
critério técnico – no solo, em rios e, até, como adubo na agricultura –, colocando em
risco a saúde da população e a qualidade ambiental (PROGRAMA..., 2007).
Percebe-se, desta forma, que a disposição, de maneira imprópria, dos
efluentes líquidos e do lodo, oriundos de fossas sépticas, constitui uma grande
problemática vivenciada em todo o Brasil.
Em Natal, o percentual de cobertura de coleta por parte do sistema público de
esgotamento sanitário é de 32%, atendendo uma população aproximada de 240.000
habitantes (COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE,
1
2008). Araújo, G. et al. (2005) revela ainda que, do total coletado, apenas 40% são
tratados, e a metade de forma ineficiente, face ao incremento de ligações sem a
correspondente ampliação das unidades, sendo o restante despejado “in natura” no
rio Potengi, principal rio do município.
Por causa da deficiência na elaboração de políticas públicas voltadas ao
saneamento municipal, 510.720 dos 712.317 habitantes de Natal adotam fossa
séptica, o que corresponde a 71,70% da população. Em termos de domicílios,
127.680 dos 177.783 utilizam a fossa, o que equivale a 71,82% das residências da
cidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).
Como visto, as soluções amplamente adotadas para as áreas sem sistema de
esgotamento sanitário são os sistemas individuais do tipo fossa séptica que, muitas
vezes, se encontram inadequados ao meio ambiente local, inclusive poluindo os
mananciais subterrâneos através de compostos químicos ou por contaminação
microbiana.
As primeiras evidências de alteração da qualidade das águas dos mananciais
subterrâneos em Natal pela presença do íon nitrato remontam ao ano de 1981,
através de um estudo hidrogeológico realizado pelo Instituto de Pesquisas
Tecnológicas de São Paulo (IPT-SP), mediante contrato com a Secretaria de
Planejamento (SEPLAN) do Governo do Estado. A pesquisa indicava que o
fenômeno era de abrangência localizada, estando a contaminação relacionada
diretamente com deficiências construtivas dos poços tubulares na área do município
(COMPANHIA DE ÁGUAS E ESGOTOS DO RIO GRANDE DO NORTE, 2001).
Atualmente, após análise físico-química completa das águas do aqüífero na
região de Natal, foi constatado que as mesmas se apresentam contaminadas,
principalmente com nitrato resultante da biodegradação de efluentes domésticos. A
maioria dos poços, localizados na periferia da cidade, não está afetada, enquanto
que em vários setores dos domínios urbanos os poços apresentam teores de nitrato
superiores ao permitido pela legislação (INSTITUTO DE GESTÃO DAS ÁGUAS DO
ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, 2008).
No município de Natal existem nove empresas do ramo limpa-fossa em
operação. Segundo a Lei Ordinária Municipal nº. 4.867, de 27 de agosto de 1997,
essas empresas são obrigadas a manter e operar seus próprios sistemas de
tratamento de resíduos. De acordo com o Art. 1° (Parágrafo Único) – “Ficam
1
obrigadas as empresas imunizadoras que coletam despejos sanitários, residenciais
ou comerciais, públicos ou particulares, a manterem sistema próprio de lagoas de
estabilização” (NATAL, 1998, p. 364).
Para a realização desta pesquisa contou-se com a parceria de uma das
maiores empresas imunizadoras de Natal, quanto ao volume coletado e frota, cujo
modelo de tratamento condiz com a legislação vigente no município.
As imunizadoras que dispõem de sistema de tratamento geralmente o
gerenciam (manutenção e operação) a partir de critérios intuitivos, não havendo uma
permanente preocupação quanto à qualidade do efluente final a ser lançado em
corpo receptor, bem como do aspecto estético da área que abriga as unidades de
tratamento e adjacências. Esses sistemas privados de lagoas de estabilização, além
de atenderem à demanda das empresas proprietárias, contemplam, parcialmente,
empresas de terceiros, em geral as de pequeno porte, que através da cobrança de
uma taxa por “carrada” ou taxa mensal, tratam os efluentes destas.
Contudo, dificilmente pode-se contar com a ação sanitária dos caminhões
limpa-fossa, pois há casos em que os mesmos são descarregados nos principais
mananciais de água das cidades, tornando-os impróprios para uso da população.
Desta forma, fica clara a necessidade de um estudo que busque reverter o
quadro alarmante da realidade existente, visando não somente a solução da
problemática da gestão dos resíduos esgotados pelas imunizadoras, vivenciada em
quase todo o país, mas também a necessidade de instituir o conceito da
sustentabilidade nesse tipo de atividade.
Para tanto, a pesquisa desenvolvida avaliou o desempenho do uso das
lagoas de estabilização como sistema de tratamento dos resíduos esgotados das
fossas sépticas.
Esse trabalho faz parte de uma das linhas de pesquisa do Edital 5 do
Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB-5), constituindo uma
rede de pesquisa para estudar o tema “Lodo de fossa séptica: caracterização,
tecnologias de tratamento, gerenciamento e destino final”.
No âmbito da rede de pesquisa sobre o lodo de fossas sépticas participam
grupos de cinco instituições federais de ensino, de maneira a abranger as cinco
regiões do país. Dessa forma, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN) foi escolhida para integrar estes grupos e desenvolver dissertações
1
contemplando o tema “Caracterização e estudo de alternativas de tratamento de
lodos de fossa séptica na cidade do Natal, RN”.
1
2 OBJETIVOS E HIPÓTESES FORMULADAS
Objetivos específicos:
• Monitorar, através de visitas em campo, coleta de amostras e análises
laboratoriais, o sistema de lagoas de estabilização da imunizadora em estudo;
• Caracterizar, quanto aos parâmetros de qualidade física, química e
microbiológica, os afluentes e efluentes das lagoas monitoradas na pesquisa;
• Verificar e comparar se as eficiências de remoção (matéria orgânica, fração
de sólidos, nutrientes, agentes microbiológicos, dentre outros) das lagoas
estão condizentes com os resultados apresentados em normas técnicas, bem
como com a legislação ambiental vigente;
• Verificar como as condições operacionais podem afetar a eficiência do
sistema de lagoas de estabilização.
Hipóteses formuladas:
• O sistema de lagoas de estabilização tratando resíduos esgotados de fossa
séptica, quando bem projetado e executado, apresenta considerável
eficiência nas remoções de DQO, sólidos suspensos e coliformes;
• A operação precária de sistema de tratamento constituído por lagoas de
estabilização implica na produção de efluente final fora dos padrões de
qualidade estabelecidos em projeto, bem como estimula o colapso entre as
unidades do sistema.
1
3 REVISÃO DE LITERATURA
1
Quadro 1 – Tipos de fossas e suas respectivas características
Fonte: Andreoli (2009), Fundação Nacional de Saúde (2006, p. 170) e Oliveira e Von Sperling (2006,
p. 6)
1
De acordo com a NBR 7229/93 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 1993), o lodo e a escuma acumulados nos tanques sépticos devem ser
removidos em intervalos equivalentes ao período de limpeza do projeto, podendo ser
encurtado ou alongado desde que sejam verificadas alterações nas vazões efetivas
de trabalho com relação às estimadas. Esta norma recomenda uma remoção
periódica do lodo acumulado, em intervalos de limpeza que podem variar de 1 a 5
anos, e uma remoção mais freqüente da escuma.
Andrade Neto (1997) expõe algumas disposições estruturais de tanques
sépticos, classificando-os em câmara única (Figura 1), em câmaras em série (Figura
2) e em câmaras sobrepostas (Figura 3), além de informar sobre suas formas
geométricas cilíndrica ou prismática retangular.
1
lodo séptico é compreendida, na maior parte, por água, esgoto, material inorgânico
(areia) e material orgânico fecal (LEITE; INGUNZA; ANDREOLI, 2006).
A heterogeneidade de seus compostos é uma propriedade marcante, função
de alguns fatores como clima, hábitos dos usuários, tipo e tamanho do tanque ou
escavação, freqüência de limpeza e características do efluente.
Segundo Machado Júnior et al. (2008), os resíduos esgotados de fossas e
tanques sépticos possuem odor e aspectos repugnantes, tendência em formar
espumas se submetidos à agitação e oferecem resistência à sedimentação e à
desidratação. Caracterizam-se por serem pontos disseminadores de microrganismos
como vírus, bactérias e parasitas, resultando, portanto, em cuidados especiais no
seu manuseio e tratamento.
Rocha e Sant’anna (2005) compilaram dados, de diferentes autores,
referentes à caracterização do lodo de tanque séptico, como se observa na Tabela
1. Ratis et al. (2008) afirmam que existe uma grande divergência entre os resultados
apresentados pelos pesquisadores de diferentes regiões do país, bem como na
literatura estrangeira, conforme apresentado na Tabela 2.
Meneses (2001) caracterizaram físico-química e biologicamente os resíduos
de tanques sépticos e sumidouros coletados do descarregamento de caminhões
limpa-fossa da cidade de Natal. As amostras foram coletadas com freqüência
quinzenal, totalizando 15 (quinze) amostras. Ao final do estudo, os autores
constataram que tal efluente apresenta elevado grau de matéria orgânica, com DBO5
média de 2434 mg/L, e DQO média de 6892 mg/L. Quanto aos nutrientes o fósforo
total apresentou 18,0 mg/L, o nitrogênio orgânico 34,9 mg/L, o nitrogênio amoniacal
com concentração de 80,2 mg/L, o nitrito inexistente, e o nitrato com 1,8 mg/L.
Ratis (2009), também analisando os resíduos esgotados de fossas e tanques
sépticos na cidade de Natal, afirma que estes resíduos são bem mais concentrados
que o esgoto doméstico, no entanto, não apresentam características de lodos de
esgoto. Em sua pesquisa, a autora realizou 125 amostragens coletando o material,
dos canos de descarga de caminhões limpa-fossa, que iria ser descarregado na ETE
de uma Imunizadora da cidade.
1
Tabela 1 – Caracterização do lodo de tanque séptico segundo diferentes autores
Philippi, 1992
Cassini Fiúza Jr.
Parâmetros (mg/L) Brandes USEPA Edeline Philip Sabatier Dérangère
2003 2003
1978 1977 1983 1983 1983 1988
DQO 10383 - 8640 45000 30300 - 32000 -
DQO filtrada 1028 - - - - - - -
DBO5 2808 - 2300 5000 - - - -
pH 6,69 6-8 6,5 6-9 - - 8,8 6,9
Alcalinidade 994 - - - - - - -
NH4 116 35 150 532 319 335
Fósforo total 45 150-600 12 150 175 538 338 1221
ST 9550 2000-4000 2800 40000 27900 33400 24000 45600
SV 6172 1500-3000 24150 17200 31000
SST 6896 - - - - - - -
SSV 5019 - - - - - - -
Óleos e Graxas 1588 - - - - - - -
Detergentes 48 - - - - - - -
Fonte: Rocha e Sant’anna (2005, p. 2)
Tabela 2 – Divergências dos resultados obtidos quanto à caracterização do lodo de tanque séptico
Parâmetros USEPA CASTILHO JR. et.al TACHINI et.al
(mg/l) (min-máx) (2002) (2002) (2006)
DBO 440-78.600 300-3.600 230-47.200
DQO 1.500-703.000 528-18.410 474-56.000
ST 1.132-130.475 516-31.580 655-162.660
CTT (UFC/100ml) - - -
Helmintos (ovos/L) - - -
1
Na Tabela 3 são apresentados dados referentes às características físico-
químicas e microbiológicas dos resíduos esgotados de fossas e tanques sépticos.
1
Essas lagoas são basicamente biorreatores, de águas lênticas, relativamente
rasas, construídas para armazenar resíduos específicos, como os domésticos e
industriais, devendo garantir elevados tempos de retenção. Isto resultará na
estabilização da matéria orgânica através de processos biológicos realizados pela
oxidação bacteriana e/ou redução fotossintética das algas (JORDÃO; PESSOA,
2005; PIVELI, 2004; SILVA FILHO, 2007).
Como diz o próprio nome, o objetivo principal de lagoas de estabilização é
estabilizar, ou seja, transformar em produtos mineralizados o material orgânico
presente na água residuária a ser tratada (CHERNICHARO, 2001a). Para atingir
este objetivo, utilizam-se processos de tratamento que se baseiam na atividade
metabólica de microrganismos, particularmente bactérias e algas.
Somente sistemas de lagoas de estabilização e de disposição controlada de
esgotos no solo, são capazes de propiciar, a baixo custo, o grau de tratamento
pretendido a nível terciário – remoção de patogênicos e nutrientes (ANDRADE
NETO, 2007).
Na Tabela 4 são apresentadas as características dos principais parâmetros
relacionados à eficiência de sistemas de lagoas de estabilização.
Segundo Ramadan e Ponce (2003), as lagoas de estabilização estão tendo
prioridade de escolha para o tratamento de esgotos sanitários também em muitas
partes do mundo. Na Europa, por exemplo, as lagoas são usadas frequentemente
em comunidades rurais pequenas, para populações de até 2000 habitantes, embora
maiores sistemas existam na França (quase 3000 lagoas de estabilização), Espanha
e Portugal. Nos Estados Unidos, local dos primeiros registros de uso desse tipo de
tratamento, um terço de todas as estações de tratamento de esgoto é composto por
lagoas de estabilização servindo geralmente a populações de até 5.000 habitantes
(VALE, 2007).
No Brasil, as lagoas de estabilização de esgotos vêm sendo empregadas com
sucesso devido ao baixo investimento necessário à implantação, operação e
manutenção aliadas às condições climáticas favoráveis e à disponibilidade de área
territorial na maioria das regiões (BENTO, 2005).
1
Tabela 4 – Concentrações médias efluentes e eficiências típicas de remoção dos principais poluentes de interesse nos esgotos
QUALIDADE MÉDIA DO EFLUENTE EFICIÊNCIA MÉDIA ESPERADA
SISTEMA DBO5 DQO SS Amônia - N P Total N Total CF DBO5 DQO SS Amônia - N P Total N Total CF
(mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (mg/L) (NMP/100mL) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (unid. Log)
6 7
Lagoa facultativa 50 - 80 120 - 200 60 - 90 > 15 >4 > 20 10 - 10 75 - 85 65 - 80 70 - 80 < 50 < 35 < 60 1-2
Lagoa anaeróbia + 6 7
50 - 80 120 - 200 60 - 90 > 15 >4 > 20 10 - 10 75 - 85 65 - 80 70 - 80 < 50 < 35 < 60 1-2
lagoa facultativa
Lagoa aerada 6 7
facultativa 50 - 80 120 - 200 60 - 90 > 20 >4 > 30 10 - 10 75 - 85 65 - 80 70 - 80 < 30 < 35 < 30 1-2
Lagoa aerada de
mistura completa 6 7
+ Lagoa de 50 - 80 120 - 200 40 - 60 > 20 >4 > 30 10 - 10 75 - 85 65 - 80 80 - 87 < 30 < 35 < 30 1-2
decantação
Lagoa anaeróbia +
lagoa facultativa + 2 4
lagoa de 40 - 70 100 -180 50 - 80 10 - 15 <4 15 - 20 10 - 10 80 - 85 70 - 83 73 - 83 50 - 65 > 50 50 - 65 3-5
maturação
A discussão sobre técnicas de tratamento de efluentes tem ressaltado o tratamento de esgoto por meio de lagoas de
estabilização como uma das técnicas mais bem aceitas na maior parte dos estados brasileiros, visto contemplar economia no custo e,
acima de tudo, simplicidade na operação e manutenção (SILVA FILHO, 2007).
1
De acordo com Von Sperling (2002), as lagoas de estabilização são bastante
indicadas para as condições brasileiras, devido aos seguintes aspectos:
• suficiente disponibilidade de área em um grande número de localidades;
• clima favorável (temperatura e insolação elevadas);
• operação simples;
• necessidade de poucos ou de nenhum equipamento.
→ Lagoas Facultativas
Segundo Silva e Mara (1979), o termo facultativa é designado à dualidade
ambiental que caracteriza esse tipo de lagoa, apresentando condição aeróbia na
superfície e condição anaeróbia em camadas próximas ao fundo da lagoa. Deste
modo, a estabilização da matéria orgânica se dá através da oxidação aeróbia e pela
redução fotossintética na camada superior, e na camada inferior através de
fenômenos típicos da fermentação anaeróbia (JORDÃO; PESSOA, 2005).
83
Figura 4 – Desenho esquemático de uma lagoa anaeróbia
Fonte: Silva Filho (2007, p. 31)
83
Na zona aeróbia próxima à superfície da lagoa, a matéria orgânica é
degradada por bactérias aeróbias que são supridas de oxigênio por reações
fotossintéticas realizadas pelas algas e pela reaeração superficial. Nessa região, a
influência da luz solar juntamente com os nutrientes provenientes da mineralização
da matéria orgânica pelas bactérias, propicia o desenvolvimento de uma elevada
biomassa de algas, responsáveis pela liberação do oxigênio molecular que será
utilizado posteriormente pela população bacteriana com formação de novas células
(VIEIRA, 2003).
Na zona intermediária prevalecem as bactérias facultativas que possuem os
dois mecanismos de respiração, que podem crescer tanto em meio aeróbio quanto
em meio anaeróbio (KELLNER; PIRES, 1998).
A zona anaeróbia, no fundo da lagoa, é constituída da matéria orgânica
sedimentada formando o lodo, onde se desencadeiam as reações bioquímicas por
meio da digestão anaeróbia, produzindo gases como o CO2, CH4 e H2S, os quais se
deslocam para a superfície podendo se desprender para a atmosfera.
Grau (1991) afirma que nas lagoas facultativas são encontrados quaisquer
tipos de microrganismos, desde os anaeróbios restritos, no lodo de fundo, até os
aeróbios restritos, na zona intermediária adjacente da superfície. Entretanto, os
seres mais adaptados ao meio são os microrganismos facultativos, que podem
sobreviver nas condições de mudança de oxigênio dissolvido, típicas destas lagoas
ao longo do dia e do ano.
As lagoas facultativas são dimensionadas com grandes áreas superficiais,
pequenas alturas de lâminas de água (entre 1 m e 2 m) e períodos de detenção de
aproximadamente 10 dias (lagoas primárias) e 5 dias (lagoas secundárias) (MARA;
PEARSON, 1986). Jordão e Pessoa (2005) afirmam que para um melhor
desempenho em regiões tropicais são mais indicadas taxas de aplicação superficial
variando de 100 a 350 kg DBO5/ha.dia. A Figura 5 esquematiza a dinâmica do
funcionamento de lagoas facultativas.
A lagoa é denominada primária quando projetada para operar como única
unidade e/ou receber esgoto bruto. Quando projetada para receber efluente de lagoa
anaeróbia, aerada ou mesmo após uma estação de tratamento é chamada de lagoa
secundária (JORDÃO; PESSOA, 2005).
O efluente gerado por lagoas facultativas possui características bem
peculiares, devido aos processos que predominam no reator, a saber: cor verde, já
que a proliferação de algas é acentuada; elevado teor de oxigênio dissolvido, em
83
Figura 5 – Desenho esquemático de uma lagoa facultativa
Fonte: Silva Filho (2007, p. 32)
83
virtude de reações fotossintéticas realizadas pelas algas; e, concentrações elevadas
de sólidos em suspensão, correspondendo à biomassa algal (VON SPERLING,
2002).
Essas lagoas podem atingir boas eficiências quanto à remoção de carga
orgânica, microrganismos patogênicos e sólidos suspensos (RODRIGUES, 2004).
Para Mendonça (1990) a redução de DBO5 é da ordem de 70 a 90%. Segundo Von
Sperling (2002) as lagoas facultativas têm eficiência nas remoções de DBO variando
entre 75 e 85%; coliformes termotolerantes com valores percentuais entre 90 e 99%;
nitrogênio inferior a 60% e fósforo inferior a 35%.
→ Lagoas de Maturação
A modalidade de lagoas de estabilização na qual a remoção de
microrganismos patogênicos apresenta-se como função principal denomina-se
lagoas de maturação e são empregadas como o último passo ou posteriores a
qualquer outro sistema convencional de tratamento de águas residuárias (FREITAS
et al., 2002).
Para Kellner e Pires (1998) o termo lagoa de maturação é dado àquela lagoa
em que a matéria orgânica está praticamente estabilizada e o oxigênio dissolvido se
faz presente em toda a massa líquida.
São construídas com menores profundidades, entre 0,60 e 1,50 m (SILVA
FILHO, 2007). Gloyna (1971) sugere a adoção de 1,0 m de profundidade.
Considera-se o tempo de detenção hidráulica de 7 dias para o seu
dimensionamento (KELLNER; PIRES, 1998). Em lagoas destinadas ao tratamento
de efluentes domésticos, o TDH situa-se entre 2 e 4 dias (JORDÃO; PESSOA,
2005).
Os raios ultra violeta da radiação solar apresentam um papel importante
nestas lagoas já que as baixas profundidades permitem que atuem em toda a massa
de água (RODRÍGUEZ; CABRERA; VILLACRÉS, 2006). Além do mais, favorece a
grande produtividade de algas e cianobactérias que, através da fotossíntese, geram
alta concentração de oxigênio, garantindo, dessa maneira, a redução de patógenos
(ARAÚJO, 1993).
A Figura 6 esquematiza a dinâmica do funcionamento de lagoas de
maturação.
83
Figura 6 – Desenho esquemático de uma lagoa maturação
Fonte: Silva Filho (2007, p. 33)
83
O pH é o principal responsável pela morte dos organismos patogênicos,
acelerando o decaimento de coliformes termotolerantes, bem como da remoção de
nutrientes quando atinge valores iguais ou superiores a 9,0 (VON SPERLING, 2002).
O fósforo é removido principalmente através do mecanismo da precipitação química
na forma de hidroxiapatita desencadeado quando o pH supera valores de 8,2
(ARAÚJO, 1993). A amônia é removida principalmente através da volatilização em
faixas de pH superiores a 8,0 (SOARES et al., 1996).
A presença de luz também influencia bastante na eliminação de coliformes
termotolerantes. Segundo Curtis et al. (1992 apud KELLNER; PIRES 1998), a
existência de substâncias húmicas encontradas em todo o volume do líquido da
lagoa provocaria a absorção da luz solar e a utilização da energia para transformar o
oxigênio dissolvido em formas tóxicas, como peróxido de hidrogênio ou
provavelmente superóxidos e radicais hidroxil, danificando e matando os coliformes
fecais presentes na lagoa.
Dependendo das características climáticas do local e de projeto, a taxa de
remoção de coliformes termotolerantes, em uma série de lagoas de estabilização,
pode alcançar valores da ordem de 99,999%. Todavia, a eficiência de remoção de
DBO e DQO é geralmente baixa.
As lagoas apresentam excelente eficiência de tratamento. Em termos de
eficiência de remoção de DBO, a faixa típica situa-se entre 75 e 85 mg/L. Em
relação à remoção de nutrientes, pode-se encontrar uma razoável remoção de
nitrogênio amoniacal nas lagoas de maturação, rasas, através do processo de
volatilização da amônia livre (NH3), com pH elevado. É possível no caso de lagoas
de maturação rasas obter-se uma remoção de amônia livre da ordem de 70 a 80%
(JORDÃO; PESSOA, 2005).
83
Devido ao fato dessas unidades não serem capazes de tratar eficientemente
o esgoto disposto nas mesmas, faz-se necessário destinar os efluentes para um
sistema de tratamento, capaz de adequá-los aos padrões do corpo receptor que
servirá como disposição final, evitando-se a ocorrência de possível degradação
ambiental.
As lagoas de estabilização, como opção no tratamento dos resíduos
esgotados de fossa séptica, são indicadas para as condições brasileiras,
considerando-se a disponibilidade de área em um grande número de localidades, o
clima favorável (temperatura e insolação elevadas), a operação simples e a pouca
necessidade de equipamento, acarretando uma redução no custo final.
Araújo, A. et al. (2005), estudando o mesmo sistema de tratamento desta
pesquisa, ou seja, fazendo uso de sistema de lagoas de estabilização aplicadas ao
tratamento de resíduos de tanques-sépticos, composto por duas lagoas anaeróbias,
uma facultativa, seguida de uma de maturação e um tanque de desinfecção,
obtiveram eficiência em torno de 95% para DBO, 97% para DQO e 99,9% para
coliformes termotolerantes.
Naval e Santos (2000) avaliaram um sistema de lagoas de estabilização para
tratamento de águas residuárias domésticas, oriundas de rede coletora de esgotos e
de fossas sépticas, na cidade de Palmas/TO. Os autores afirmam que o sistema de
lagoas apresenta boa eficiência no tratamento, obtendo redução da carga orgânica
de 70% e eficiência de 97,7% para remoção de coliformes termotolerantes, haja
vista que o sistema havia sido implantado a menos de um (01) ano.
Outros estudos também apontam a eficiência das lagoas de estabilização
tratando efluentes com elevada carga orgânica.
Campos et al. (2006), avaliaram o uso de lagoas de estabilização no
tratamento de resíduos líquidos de fecularia em Marechal Cândido Rondon/PR. O
tratamento dos efluentes da indústria foi realizado por uma seqüência de sete lagoas
de estabilização, sendo três anaeróbias e quatro facultativas. Apesar das águas
residuárias de fecularia apresentarem elevada carga poluidora, principalmente
elevadas concentrações de DQO e DBO, o sistema promoveu redução de 96,3% de
DQO e 96,4% de DBO, 93,5% de fósforo total e 67,0%; 58,3% e 72,3% para ST, SF
e SV, respectivamente.
Marques, Kato e Florencio (2007), avaliando a eficiência do tratamento de
efluentes de abatedouro avícola, composto por sete lagoas de estabilização em
série e vazão afluente estimada de 1.021m³/dia, observaram que a eficiência de
83
remoção do sistema de tratamento atingiu valores de 95,40%, para DQO bruta,
97,10%, para DBO bruta, 96,2%, para óleos e graxas, 78,23%, para sólidos totais,
57,78%, para nitrogênio total, e 7,89% para fósforo total.
Araújo et al. (2006) estudando o tratamento de dejetos suínos através de
lagoa facultativa aerada e lagoa de maturação, em escala real, concluíram que, ao
longo do monitoramento, nos diferentes períodos de operação, as faixas de
eficiência média de remoção foram de: 64-86% para DQO; 56-73% para P-PO4; 71-
90% para NTK e 45-93% para N-NH3.
Araújo (2007) avaliou lagoas facultativa aerada e de maturação, em série e
em escala real, tratando dejetos suínos provenientes de uma média propriedade
rural, no Estado de Santa Catarina. As eficiências de remoção foram de 41-55%
DQO; 49-70% DBO; 48-65% NTK; 26-73% N-NH3; 27-42% P-PO4; 0,7-0,9 Unidades
Log E. coli.
83
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização da pesquisa foi necessário firmar parceria com uma das
empresas imunizadoras operantes em Natal, e esta deveria possuir um sistema
privado de tratamento (lagoas de estabilização) dos efluentes coletados das fossas
sépticas.
Dentre as empresas que fazem parte do ramo limpa-fossa, a Imunizadora
Potiguar foi a escolhida. Alguns fatores foram bastante relevantes nessa decisão,
dentre eles:
• Empresa autorizada pelo Instituto de Defesa do Meio Ambiente (IDEMA) para
transporte e descarga de efluentes orgânicos, em unidade apropriada ao
tratamento, cumprindo a legislação vigente;
• Empresa que há mais tempo atua na cidade do Natal (trinta e um anos);
• Uma das três imunizadoras que possuem sistema de lagoas de estabilização;
• Esgota mais da metade das fossas sépticas da cidade;
Desta forma, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) da Imunizadora
Potiguar foi utilizada como campo experimental no desenvolvimento desta pesquisa.
83
LA 1
TP
LA 2
LF
LM
TC
10/06/08
Leia-se: TP: tratamento preliminar; LA1: primeira lagoa anaeróbia; LA2: segunda lagoa anaeróbia; LF: lagoa
facultativa; LM: lagoa de maturação; TC: tanque de cloração.
83
11/08/08
04/06/08
Fotografia 2 – Lagoa Anaeróbia 1 (LA 1)
83
20/03/08
04/06/08
83
20/03/08
11/08/08
Fotografia 6 – Tanque de Contato (TC)
83
Dimensões Perímetro (m) Área (m²) Profundidade (m) Volume (m³)
Lagoa Anaeróbia 1
Lagoa Anaeróbia 2
Lagoa Facultativa
Lagoa de Maturação
83
4.2 MONITORAMENTO DO SISTEMA EXPERIMENTAL
83
4.2.1 Metodologia de análise
Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o programa Statistica 6.0
para Windows. A estatística descritiva foi aplicada aos dados brutos de todas as
83
variáveis analisadas em cada amostra para obter as medidas de tendência central
(média e mediana) e as medidas de dispersão (desvio padrão, limites de confiança
de 95%, quartis, mínimos e máximos). Para determinar se os dados amostrais
apresentavam comportamento de distribuição normal foram aplicados os testes de
Kolmogorov-Smirnov e de Shapiro-Wilks a um nível de significância 0,05.
As análises de correlação ao nível de 0,05 (matrizes de correlação) foram
utilizadas dentro de cada grupo de variáveis medidas em cada amostra com vistas a
medir a relação entre duas ou mais variáveis, sendo obtidos como resultados para
interpretação as linhas de regressão (linha dos mínimos quadrados), assim como
dos seus respectivos coeficientes de correlação “r” (representa a relação linear entre
duas variáveis) e determinação “r²” (representa a proporção de variação comum
entre as duas variáveis ou a magnitude da relação). Com o objetivo de verificar
diferenças significativas ou não entre as médias das variáveis obtidas nas diferentes
amostras analisadas foram levadas a efeito análises de variância - ANOVA ao nível
de 0,05. Tal análise permite comparar ao mesmo tempo médias de dois (Teste-t) ou
mais grupos (Teste-F) analisados para uma mesma variável, ou diferenças
significativas entre determinados tipos de tratamentos realizados.
Com relação à análise gráfica dos resultados foram obtidos gráficos do tipo
“caixa” (Box-plot) que apresentaram, ao mesmo tempo, resultados da estatística
descritiva (medida de tendência central e medidas de dispersão). As correlações
foram analisadas através de gráficos de correlação (scatter-plots) que, além da linha
de regressão, incluíam as estatísticas “r” e “r²”. Toda a análise gráfica também foi
realizada com a utilização do programa Statistica 6.0.
83
5 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
83
Tabela 5 – Resultados das variáveis analisadas nos seis pontos de coleta. Leia-se pontos de coleta: EB: afluente; L1: primeira lagoa anaeróbia; L2: segunda lagoa
anaeróbia; L3: lagoa facultativa; L4: lagoa de maturação; ET: efluente tratado.
83
Tabela 5 – Resultados dos parâmetros analisados nos seis pontos de coleta (continuação). Leia-se pontos de coleta: EB: afluente; L1: primeira lagoa anaeróbia; L2:
segunda lagoa anaeróbia; L3: lagoa facultativa; L4: lagoa de maturação; ET: efluente tratado. (continuação)
14
10
Oxigênio Dissolvido (mg/L)
-2
EB (n=25) L1 (n=25) L2 (n=15) L3 (n=24) L4 (n=25) ET (n=25)
Gráfico 2 – Resultados do oxigênio dissolvido para a série de lagoas
83
5.1.2 Temperatura
34
Média Desvio Padrão Min-Max
32
30
Temperatura (ºC)
28
26
24
22
20
EB (n=29) L2 (n=16) L4 (n=29)
L1 (n=29) L3 (n=28) ET (n=29)
Gráfico 3 – Resultados da temperatura para a série de lagoas
83
5.1.3 pH
9,0
Média Desvio Padrão Min-Max
8,5
8,0
7,5
7,0
pH
6,5
6,0
5,5
5,0
4,5
EB (n=29) L1 (n=29) L2 (n=16) L3 (n=28) L4 (n=29) ET (n=29)
Gráfico 4 – Resultados do pH para a série de lagoas
83
5.1.4 Condutividade
3000
2800
Média Desvio Padrão Min-Max
2600
2400
2200
2000
Condutividade (μS/cm)
1800
1600
1400
1200
1000
800
600
400
200
0
EB (n=29) L2 (n=16) L4 (n=29)
L1 (n=29) L3 (n=28) ET (n=29)
Gráfico 5 – Resultados da condutividade para a série de lagoas
83
5.1.5 DQO
8000
Média Desvio Padrão Min-Max
7000
6000
5000
DQO (mg/L)
4000
3000
2000
1000
-1000
EB (n=27) L1 (n=26) L2 (n=15) L3 (n=26) L4 (n=27) ET (n=27)
83
5.1.6 Nitrogênio orgânico
100
Mediana 25%-75% Min-Max
90
80
70
Nitrogênio Orgânico (mgN/L)
60
50
40
30
20
10
-10
EB (n=27) L1 (n=28) L2 (n=15) L3 (n=27) L4 (n=28) ET (n=27)
Gráfico 7 – Resultados do nitrogênio orgânico para a série de lagoas
83
5.1.7 Amônia
200
Média Desvio Padrão Min-Max
180
160
140
Amônia (mgN/L)
120
100
80
60
40
20
EB (n=27) L2 (n=15) L4 (n=28)
L1 (n=28) L3 (n=27) ET (n=27)
Gráfico 8 – Resultados da amônia para a série de lagoas
83
5.1.8 Nitrato (NO3-)
1,2
1,0
0,8
0,6
NO3 (mgN/L)
0,4
0,2
0,0
-0,2
EB (n=26) L1 (n=27) L2 (n=15) L3 (n=27) L4 (n=27) ET (n=27)
Gráfico 9 – Resultados do nitrato para a série de lagoas
83
5.1.9 NTK
240
Média Desvio Padrão Min-Max
220
200
180
160
NTK (mgN/L)
140
120
100
80
60
40
20
EB (n=27) L2 (n=15) L4 (n=28)
L1 (n=28) L3 (n=27) ET (n=27)
Gráfico 10 – Resultados do NTK para a série de lagoas
83
5.1.10 Ortofosfato
26
Média Desvio Padrão Min-Max
24
22
20
18
Ortofosfato (mgP/L)
16
14
12
10
2
EB (n=26) L1 (n=26) L2 (n=13) L3 (n=24) L4 (n=25) ET (n=23)
Gráfico 11 – Resultados do ortofosfato para a série de lagoas
83
5.1.11 Fósforo total
30
Média Desvio Padrão Min-Max
28
26
24
22
Fósforo Total (mgP/L)
20
18
16
14
12
10
6
EB (n=25) L1 (n=27) L2 (n=15) L3 (n=26) L4 (n=27) ET (n=27)
Gráfico 12 – Resultados do fósforo para a série de lagoas
83
5.1.12 Clorofila “a”
1200
1000
800
Clorofila (µg/L)
600
400
200
-200
EB (n=22) L2 (n=13) L4 (n=24)
L1 (n=23) L3 (n=24) ET (n=24)
Gráfico 13 – Resultados da clorofila para a série de lagoas
83
5.1.13 Sólidos totais
7000
Média Desvio Padrão Min-Max
6000
5000
Sólidos Totais (mg/L)
4000
3000
2000
1000
0
EB (n=26) L2 (n=13) L4 (n=27)
L1 (n=27) L3 (n=25) ET (n=27)
Gráfico 14 – Resultados dos sólidos totais para a série de lagoas
83
5.1.14 Sólidos suspensos totais
6000
5000
Sólidos Suspensos Totais (mg/L)
4000
3000
2000
1000
-1000
EB (n=25) L2 (n=11) L4 (n=25)
L1 (n=26) L3 (n=24) ET (n=26)
Gráfico 15 – Resultados dos sólidos suspensos totais para a série de lagoas
83
5.1.15 Sólidos sedimentáveis
90
Média Desvio Padrão Min-Max
80
70
60
Sólidos Sedimentáveis (mL/L)
50
40
30
20
10
-10
EB (n=26) L1 (n=27) L2 (n=14) L3 (n=26) L4 (n=27) ET (n=27)
Gráfico 16 – Resultados dos sólidos sedimentáveis para a série de lagoas
83
5.1.16 Coliformes termotolerantes
6E7
Média Desvio Padrão Min-Max
5E7
Coliformes Fecais (UFC/100mL)
4E7
3E7
2E7
1E7
-1E7
EB (n=27) L2 (n=16) L4 (n=25)
L1 (n=28) L3 (n=27) ET (n=22)
Gráfico 17 – Resultados dos coliformes fecais para a série de lagoas
83
5.2 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
8000
7000
6000
5000
DQOEB (mg/L)
4000
3000
2000
1000
0
30/10/07 27/11/07 06/03/08 01/04/08 03/06/08 09/07/08 13/08/08 01/10/08
83
Quanto aos valores de OD, a predominância de baixos valores foi verificada
em praticamente todos os dias de coleta, o que reforça as afirmações de Jordão e
Pessoa (2005) e Kellner e Pires (1998) que o oxigênio dissolvido para esgoto bruto é
de praticamente zero. Observou-se valor médio de 0,7 mg/L desse constituinte, valor
mínimo de 0 mg/L e máximo de 2,3 mg/L, conforme ilustrado no Gráfico 19.
2,4
2,2
2,0
1,8
1,6
1,4
ODEB (mg/L)
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
-0,2
24/09/ 08
05/11/07
12/02/08
13/03/08
10/04/08
16/06/08
22/07/08
20/08/08
83
mesma fonte, a exata composição do resíduo de tanque séptico é altamente
dependente do tipo de atividade e cultura dos usuários.
7000
6000
5000
4000
3000
2000
1000
ST
-1000 SST
30/10/08 27/11/08 06/03/08 01/04/08 03/06/08 09/07/08 13/08/08 01/10/08
ST
ST
SST
SST
SST
Gráfico 21 – Correlação dos valores de sólidos totais e sólidos suspensos totais ao longo do período
de coleta.
83
5.2.3 Análise da eficiência de remoção de nutrientes nas lagoas de
estabilização
83
70,00%
66,87%
60,00% 57,64%
50,00%
40,00%
30,00%
28% 27%
26%
20,00%
15% 14,91%
Nitrog. Org.
Amônia
0,00% NTK
LA 1 LA 2 LF LM ET Total
→ Fósforo
A remoção de fósforo na série de lagoas de estabilização monitorada não se
deu de forma homogênea, ficando concentrada, em sua maioria, nas lagoas
anaeróbia 2 e facultativa.
Nos esgotos as parcelas de fósforo encontradas são de fósforo orgânico e
fosfato, sendo estes últimos em quantidade mais expressiva (VON SPERLING,
2002). Dessa forma, a LA 1 possui maiores concentrações de fosfato. Contudo, por
não apresentar condições propícias de pH elevado (no mínimo 9), que levaria à
precipitação de fosfatos, a lagoa não apresentou eficiência na remoção das duas
formas de fósforo.
Devido ao fato de considerável sedimentação de sólidos, a LA 2 promoveu a
remoção de 7,69% para ortofosfato e 13,5% para fósforo. Na LF a remoção de
fósforo também se justificou pela sedimentação de sólidos, porém menos expressiva
que sua antecessora, ficando no valor de 9,93%. O grande diferencial da lagoa
facultativa foi quanto à remoção de ortofosfato ocorrida por meio da assimilação
83
deste constituinte por organismos aquáticos (algas) presentes na lagoa. A remoção
de ortofosfato foi de 22,5%.
As remoções observadas na lagoa de maturação não formam expressivas,
mesmo possuindo o maior pH médio na série de lagoas e apesar de ter existido
aumento na população de algas. O índice de remoção de fósforo total foi de apenas
4,2% enquanto que de ortofosfato não houve, justificado pelo desprendimento do
mesmo após degradação de organismos aquáticos.
Assim, o sistema removeu em sua totalidade 13,45% de ortofosfato solúvel, e
18,99% de fósforo total (Gráfico 23).
24%
22 ,50%
22%
20%
18,99%
18%
16%
12%
10% 9,93%
8% 7,69%
6%
3,94%
4%
2%
Ortofosfato
0% Fósforo Total
LA 1 LA 2 LF LM ET Total
a) Tratamento Preliminar
83
11/08/08
21/01/08
b) Lagoa Anaeróbia 1
83
escuma.
A escuma presente na superfície da lagoa anaeróbia é desejável, pois
protege o volume líquido da lagoa das quedas bruscas de temperatura, que podem
provocar sua estratificação (KELLNER; PIRES, 1998). Todavia, por ser mal operada,
a LA 1 apresentou escuma em grande quantidade, como observado na Fotografia 9.
Este fato se justifica por admissão de afluentes com altas concentrações de
óleos e graxas, ineficiência do tratamento preliminar e ausência de medida que vise
retirar as placas de lodo sobrenadantes. Dessa forma, observam-se perdas quanto
às remoções das frações de nitrogênio e fósforo.
Mesmo assim, a LA 1 promoveu remoções satisfatórias de DQO e frações de
sólidos, comprovando sua eficiência no processo de estabilização da matéria
orgânica.
20/03/08
c) Lagoa Anaeróbia 2
05/11/07 05/11/07
11/08/08
d) Lagoa Facultativa
83
oriundo da LA 1. O aporte de matéria orgânica na lagoa passou a ser mais intenso e
juntamente ao descaso com a operação observou-se a formação de grandes placas
de lodo no interior da lagoa, como pode ser visto na Fotografia 12.
04/06/08 05/11/07
900,00
800,00
700,00
600,00
511,54
DQOLF
448,15
373,02
300,00
233,87
169,29
100,00
0,00
30/10/07 27/11/07 06/03/08 01/04/08 03/06/08 09/07/08 13/08/08 01/10/08
13/11/07 19/02/08 18/03/08 06/05/08 24/06/08 31/07/08 17/09/08
1487
1351
1221
STLF
1084
985
749
626
83
90,00
80,00
70,00
60,00
LF
50,00
Fósforo Total
40,00
30,00
14,80
8,76
0,00
30/10/07 27/11/07 06/03/08 01/04/08 03/06/08 09/07/08 13/08/08 01/10/08
13/11/07 19/02/08 18/03/08 06/05/08 24/06/08 31/07/08 17/09/08
Gráfico 26 – Concentração de Fósforo Total medida ao longo da pesquisa na LF
160,00
140,00
120,00
100,00
80,00
60,00
30,48
12,01
0,00
Nitro.Org. LF
-20,00 NTK
30/10/07 27/11/07 06/03/08 01/04/08 03/06/08 09/07/08 13/08/08 01/10/08 LF
13/11/07 19/02/08 18/03/08 06/ 05/08 24/06/08 31/07/08 17/09/08
83
5.2.5 Influência do tanque de contato nas eficiências de remoção do efluente
final das lagoas de estabilização
20/03/08
83
DQO, como também de nutrientes como fósforo, ortofosfato, nitrogênio orgânico e
amônia.
Uma das justificativas dessa ocorrência se deve à falta de limpeza e
manutenção na qual o tanque de cloração estava submetido. Na Fotografia 14 nota-
se o completo descaso dessa unidade de tratamento que chegava a passar meses
sem limpeza.
05/11/07 20/03/08
83
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
83
• Adotar sistema de gestão da ETE, com parâmetros a serem analisados,
periodicidade das amostragens, objetivando avaliação e manutenção da
qualidade do efluente no percurso das lagoas;
• Aperfeiçoar sistema de cloração evitando dosagens de cloro ao efluente que
estejam divergentes ao que se estabeleceu nas especificações de projeto.
83
REFERÊNCIAS
ANDRADE NETO, C. O. de. Notas de aula. Natal, 2007. Anotações feitas em sala
de aula na disciplina Engenharia Sanitária e Ambiental do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Sanitária da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.
83
235-242, jan./abr. 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
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83
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