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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

ENGENHARIA AMBIENTAL

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ELETRÔNICOS: O


CASO DE UMA EMPRESA DE VENDAS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE
EQUIPAMENTOS HOSPITALARES

DISCENTE

SÁVIO COSTA SOARES GURGEL DA NÓBREGA

MATRÍCULA: 2015008214

NATAL/RN

1
SÁVIO COSTA SOARES GURGEL DA NÓBREGA

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ELETRÔNICOS: O


CASO DE UMA EMPRESA DE VENDAS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE
EQUIPAMENTOS HOSPITALARES

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito para a
obtenção da nota do TCC 2, do curso de
Engenharia Ambiental da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.

Orientadora: Profª Karina Patrícia Vieira da Cunha.

NATAL/RN

2
3
SÁVIO COSTA SOARES GURGEL DA NÓBREGA

PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ELETRÔNICOS: O


CASO DE UMA EMPRESA DE VENDAS E ASSISTÊNCIA TÉCNICA DE
EQUIPAMENTOS HOSPITALARES

Trabalho de conclusão de curso


apresentado como requisito para a
obtenção da nota do TCC 2, do curso de
Engenharia Ambiental da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.

______________________________________________________

Dra. Karina Patrícia Vieira da Cunha – Orientadora

____________________________________________________________

M.º Thiago de Paula Nunes Mesquita – Examinador Externo

____________________________________________________________

M.ª Renata Cristina Medeiros Trajano de Araújo – Examinadora Externa

NATAL/RN

4
Dedico esse trabalho aos meus
pais, a Sahonara e a Giselda por me
proporcionar total apoio, para que esse
trabalho de conclusão de curso
pudesse ser desenvolvido.

5
AGRADECIMENTOS

Primeiramente queria agradecer a Deus, fonte de todo amor e


sabedoria, que me proporcionou saúde e discernimento durante toda a jornada
de elaboração desse trabalho de conclusão de curso.
Aos colegas de curso pelo apoio, incentivo e trocas de informações que
me levou a entender alguns preceitos legais que me ajudou na execução deste
trabalho de conclusão de curso.
A todos os meus familiares, em especial aos meus pais, pela paciência,
apoio e compreensão e por me acompanhar nessa jornada.
Não poderia deixar de agradecer a Maria Giselda e a Sahonara,
mulheres especiais na minha vida, que me deram apoio em momentos
primordiais no desenvolvimento desse projeto.
A minha competentíssima orientadora Profª Drª Karina Patrícia Vieira da
Cunha pela paciência e dedicação, apesar de muito ocupada não se absteve
de me acompanhar nesse momento tão especial.
Aos funcionários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Urbanismo
(SEMURB), em especial toda a equipe do setor de áreas verdes e do setor de
arborização que além de me orientarem em assuntos referentes ao tema desse
trabalho, tiveram a paciência e a compreensão de que, em alguns momentos
dessa jornada, precisava de horários flexíveis de trabalho, sendo prontamente
atendido, sempre que precisei.
A toda equipe da empresa Promédica que foram extremamente
prestativos e atenciosos comigo, em especial a minha amiga kaliane Feliciano
que sempre esteve presente em todas as etapas desse trabalho.

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RESUMO

O presente projeto versa sobre a elaboração de um plano de


gerenciamento de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos, com o intuito de
minimizar os possíveis impactos ambientais que esses materiais podem
proporcionar ao meio ambiente e a saúde humana. Com o advento da
modernidade e com uma sociedade cada vez mais consumista, a produção e
consumo de bens vem crescendo. Decorrentes disso, os produtos possuem
uma vida útil menor e consequentemente ocorrerá uma maior descartabilidade
desses produtos, gerando um volume maior de resíduos sólidos eletrônicos. A
crescente geração desses resíduos vem preocupando as autoridades por ser
um material com grande potencial poluidor. O plano de gerenciamento a ser
elaborado na empresa PROMÉDICA buscará a aplicação correta do manejo
dos resíduos eletrônicos decorrentes dos serviços prestados pela empresa. As
bases legislativas utilizadas foram os princípios e disposições preceituadas
pela Constituição, tendo como norma específica sobre resíduos a Lei
12.305/2010, intitulada Política Nacional de Resíduos Sólidos. A metodologia
utilizada foi o método de pesquisa de requisitos legais sobre o tema, análises
qualitativas dos resíduos produzidos pela empresa e questionários/entrevistas
com os funcionários.

Palavras-chaves: Resíduos. Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos.


Política Nacional de Resíduos Sólidos.

7
ABSTRACT

This project deals with the development of a waste management plan for
electronic equipment, in order to minimize the possible environmental impacts
that these materials can provide the environment and human health. With the
advent of modernity and with an increasingly consumerist society, the
production and consumption of goods is growing. Arising from this, the products
have a shorter life and hence will produce greater disposability of these
products, generating a greater volume of electronic waste. The rising generation
of this waste is worrying the authorities to be a material with high pollution
potential. The management plan to be prepared in ProMedica company will
seek the correct application of the management of electronic waste from
services provided by the company. The legislative bases used were the
principles and provisions preceituadas by the Constitution, with the specific
regulations on waste Law 12.305 / 2010 on National Policy on Solid Waste. The
methodology used was the research method of legal requirements on the
subject, qualitative analyzes of the waste produced by the company and
questionnaires / interviews with employees.

Key words: Waste. Waste Electrical and Electronic Equipment. National Policy
on Solid Waste.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

BPDA – Boas Práticas de Distribuição e Armazenamento

CF – Constituição Federal.

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

NBR – Norma da Associação Brasileira.

PGREEE – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Equipamentos Elétricos e


Eletrônicos.

PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos.

REEE – Resíduo de Equipamento Elétricos e Eletrônico.

RN – Rio Grande do Norte.

RS – Resíduo Sólido.

SISNAMA – Sistema Nacional do Meio Ambiente.

SNVS – Sistema Nacional de vigilância Sanitária.

SUASA – Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS
Figura 1 - Vista da fachada frontal da empresa Promédica em Natal.
Figura 2 - Monitores cardíacos comercializados pela empresa Promédica.
Figura 3 - Ventilador V60 comercializado pela empresa Promédica.
Figura 4 - Eletrocardiógrafo comercializado pela empresa Promédica.
Figura 5 - Aparelho de anestesia DX 5020 comercializado pela Promédica.
Figura 6 - Desfibrilador Heart Start FRx.
Figura 7 - Caracterização e classificação dos resíduos sólidos, segundo a NBR
10004/2004.
Figura 8 - Placa mãe Evalue.
Figura 9 - Memória RAM 128MB.
Figura 10 - Placa MAMI ALXD 800 GEODE.
Figura 11 - Placa Inversora.
Figura 12 - Placa mãe.
Figura 13 - Placa fonte (modelo antigo).
Figura 14 - Placa mãe EP-12.
Figura 15 - Placa mãe DX-2515.
Figura 16 - Placa mãe do Desfibrilador MRX.
Figura 17 - Fonte do monitor cardíaco DX-2010.
Figura 18 - Idade dos funcionários da empresa.
Figura 19 - Sexo dos funcionários.
Figura 20 - Escolaridade dos funcionários.
Figura 21 - Conhecimento dos funcionários
Figura 22 - Causas do descarte do lixo eletrônico.
Figura 23 - Possibilidade de reciclagem do lixo eletrônico
Figura 24 - Potencialidade de risco dos resíduos eletrônicos.
Figura 25 - Realiza descarte de resíduos eletrônicos?
Figura 26 - Existe alguém responsável pelo descarte dos resíduos eletrônicos?
Figura 27 - Como é realizado o descarte dos resíduos pela empresa?
Figura 28 - Realiza ações para a redução de impactos ao meio ambiente?
Figura 29 - Existe preocupação ambiental com o descarte de equipamentos
eletrônicos?
Figura 30 - Responsabilidades pelo tratamento e descarte dos resíduos
eletrônicos?

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Figura 31 - Conhecimento sobre a Lei 12305/2010 - Política Nacional de Resíduos
Sólidos.
Figura 32 - Recipiente de transporte interno dos equipamentos elétricos e
eletrônicos que chegam à empresa.
Figura 33 - Bancada para processo de desinfecção.
Figura 34 - Equipamentos armazenados na sala de assistência técnica.
Figura 35 - Operação de manutenção/substituição de peças nos equipamentos.
Figura 36 - Bancada para realização das manutenções nos equipamentos.
Figura 37 - Recipiente para acondicionamento temporário das PCIs, pilhas e
baterias.
Figura 38 - Armazenamento inadequado das PCIs.
Figura 39 - Armazenamento inadequado dos REEE.
Figura 40 - Vista Frontal do depósito dos REEE.
Figura 41 - Lixeira de 25L utilizada para acondicionamento interno na sala de
assistência técnica em substituição de caixa.
Figura 42 - Coletor de 120L para armazenamento externo dos resíduos
eletrônicos, na cor laranja, conforme especificações das normas.
Figura 43 - Vista frontal do depósito, nos fundos da empresa Promédica, que pode
ser utilizado para abrigar os resíduos.
Figura 44 - Vista lateral do depósito utilizado para armazenar os resíduos.
Figura 45 - Planta baixa do depósito, antes da reforma.
Figura 46 - Sala de Higienização após a reforma e com os coletores em seus
devidos lugares.

QUADROS
Quadro 1 - Planilha utilizada para controle de peças substituídas no processo de
assistência técnica da empresa e para quantificação do numero de PCIs que foram
descartadas neste mesmo mês.

TABELAS
Tabela 1 - Exemplo de ficha de controle da destinação dos REEE.
Tabela 2 - Tabela de controle dos REEE.
Tabela 3 - Tabela de cronograma de treinamentos e capacitações.

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SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13
2 - DIAGNÓSTICO ............................................................................................... 17
2.1 - CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA ......................................................... 17
2.2 - DIAGNÓSTICO QUALITATIVO ................................................................. 22
2.2.1 - TIPOS E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS. ...................................... 22
2.3 – DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO ............................................................. 29
2.3.1 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS GERADOS ........................................ 29
2.4 – PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS .......................................................... 31
2.5 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA. .................................... 38
2.6 – CONCLUSÕES DO DIAGNÓSTICO ......................................................... 44
3 - LEGISLAÇÃO APLICÁVEL ........................................................................... 45
4 – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS
ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS. ........................................................................... 46
4.1 – RESÍDUOS GERADOS ............................................................................ 47
4.2 – ETAPAS PARA O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE
EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS ........................................... 47
4.2.1 – SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO ....................................... 47
4.2.2 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI ....................... 49
4.2.3 – TRANSPORTE INTERNO .................................................................. 49
4.2.3.1 – ROTEIRO DE TRANSPORTE INTERNO DOS REEE .................. 50
4.2.4 – ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO ................................................. 51
4.2.5 – ARMAZENAMENTO EXTERNO ........................................................ 51
4.2.6 – COLETA, TRANSPORTE EXTERNO E DESTINAÇÃO FINAL. ........ 54
4.2.6.1 – COLETA E TRANSPORTE EXTERNO. ....................................... 54
4.2.6.2 – DESTINAÇÃO FINAL ................................................................... 55
4.3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................ 56
4.4 - PROGRAMAS DE INCLUSÃO SOCIAL ................................................... 58
4.5 - PLANO DE MONITORAMENTO ............................................................... 58
4.6 - CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE
RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS –
PGREEE............................................................................................................. 58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 60
ANEXO .................................................................................................................. 62

12
1 – INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, a preservação ambiental é um tema que vem sendo


discutido em todo o mundo, porém esse tema não seria amplamente debatido
sem antes a sociedade passar por muitas transformações. Tais transformações
foram originadas em meados do século XVIII com a Revolução Industrial,
ocorrida nas indústrias, na tecnologia, na sociedade e consequentemente nas
suas relações com o ambiente. Um ponto importante para essas
transformações advém da modernidade, que possibilitou e impulsionou a
sociedade para um mundo cada vez mais preocupado em consumir, ao invés
de preservar. Desde então fica evidente que esse pensamento consumista
impactou o padrão de consumo das pessoas. Esse consumismo foi
influenciado pelas constantes inovações e mudanças tecnológicas, tendo em
vista que a cada dia é posto no mercado produtos mais inovadores, induzindo o
consumo inconsciente (CARDOSO 2013).
Os produtos são desenvolvidos de tal forma a terem uma data para
perderem a sua utilidade e, então, serem substituídos por um novo. Essa
estratégia de mercado recebe o nome de obsolescência programada. Esta
redução do ciclo de vida do produto é justificada pela necessidade da
movimentação econômica e pela busca hedônica do indivíduo ao consumir
(CARDOSO, 2013).
A estratégia da obsolescência programada tem como objetivo a redução
desse ciclo de vida dos produtos, ou até mesmo a criação de ciclos
relativamente curtos, visando à movimentação rápida do mercado para
alimentar a economia e as vontades do consumidor. Diferente da
obsolescência tecnológica – quando algo inevitavelmente se torna obsoleto por
conta da evolução da tecnologia, por exemplo, o telégrafo que foi substituído
pelo telefone – a estratégia da obsolescência programada é desenvolvida para
propositalmente criar um produto que será obsoleto em pouco tempo (WADA,
2011).
Recentemente a Politica Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) impôs
ao setor público, privado como também a sociedade, uma nova dinâmica de
ações, procedimentos, medidas e técnicas de manejo ambientalmente

13
adequado dos resíduos sólidos. Segundo o Ministério do Meio Ambiente essa
Lei:
é bastante atual e contém instrumentos importantes para permitir o
avanço necessário ao País no enfrentamento dos principais
problemas ambientais, sociais e econômicos decorrentes do manejo
inadequado dos resíduos sólidos. Prevê a prevenção e a redução na
geração de resíduos, tendo como proposta a prática de hábitos de
consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo
que tem valor econômico e pode ser reciclado ou reaproveitado) e a
destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não
pode ser reciclado ou reutilizado) (MMA, 2013).

Essas implicações jurídicas, técnicas e institucionais relacionadas à


gestão dos resíduos sólidos vislumbra a partir da promulgação da Lei
12.305/2010 uma verdadeira revolução nos modelos de produção, consumo e
de gestão pública em prol do desenvolvimento sustentável. Este momento foi
marcado pela reestruturação dos processos produtivos realizados pelo setor
empresarial, compromisso do poder público com a desativação definitiva dos
lixões e também a revisão dos padrões de consumo da sociedade.
Dentro da temática dos resíduos sólidos de equipamentos elétricos e
eletrônicos (REEE), a NBR 10004/2004 classifica-os como resíduos perigosos,
devido o seu potencial de toxicidade.
Também na Lei 12305/2010 em seu Título III (Das Diretrizes Aplicáveis
aos Resíduos Sólidos), em seu Capítulo I (Disposições Preliminares), Art. 13
(Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte classificação) os
REEE são classificados através da sua periculosidade. Eis o diploma legal: Art.
13 – “Para os efeitos desta Lei, os resíduos sólidos têm a seguinte
classificação: II - quanto à periculosidade:a) resíduos perigosos: aqueles que,
em razão de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade e
mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade
ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica”.
Devido a essa classificação dos REEE, a Lei 12305/2010 em seu Título
III (Das Diretrizes Aplicáveis aos Resíduos Sólidos), em seu Capítulo II (Dos
Planos de Resíduos Sólidos), em sua Seção V (Do Plano de Gerenciamento de
Resíduos Sólidos), Art. 20, determina que os estabelecimentos comerciais e de
prestação de serviços que gerem resíduos perigosos devem elaborar um Plano

14
de Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Eis o diploma legal: Art. 20. ”Estão
sujeitos à elaboração de plano de gerenciamento de resíduos sólidos: II - os
estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços que: gerem resíduos
perigosos”.
Mediante a obrigatoriedade da elaboração do Plano de Gerenciamento
de resíduos sólidos o Art. 21 da referida Lei determina o conteúdo mínimo que
o plano deve ter. Eis o diploma legal: Art. 21 – “O plano de gerenciamento de
resíduos sólidos tem o seguinte conteúdo mínimo: I - descrição do
empreendimento ou atividade; II - diagnóstico dos resíduos sólidos gerados ou
administrados, contendo a origem, o volume e a caracterização dos resíduos,
incluindo os passivos ambientais a eles relacionados; III - observadas as
normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa e, se
houver o plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos: a)
explicitação dos responsáveis por cada etapa do gerenciamento de resíduos
sólidos; b) definição dos procedimentos operacionais relativos às etapas do
gerenciamento de resíduos sólidos sob responsabilidade do gerador; IV -
identificação das soluções consorciadas ou compartilhadas com outros
geradores; V - ações preventivas e corretivas a serem executadas em
situações de gerenciamento incorreto ou acidentes; VI - metas e procedimentos
relacionados à minimização da geração de resíduos sólidos e, observadas as
normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama, do SNVS e do Suasa, à
reutilização e reciclagem; VII - se couber, ações relativas à responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, na forma do art. 31; VIII -
medidas saneadoras dos passivos ambientais relacionados aos resíduos
sólidos; IX - periodicidade de sua revisão, observado, se couber, o prazo de
vigência da respectiva licença de operação a cargo dos órgãos do Sisnama.”
Justamente visando um gerenciamento adequado, atendendo a
legislação ambiental pertinente, esforços na confecção de documentos como
este tem grande relevância, trazendo uma maior visibilidade perante o
mercado, por mostrar que a empresa tem responsabilidade socioambiental,
além de permitir a obtenção da certificação de Boas Práticas de Distribuição e
Armazenamento que é uma documentação obrigatória exigida pela ANVISA
para estabelecimentos que trabalham com equipamentos hospitalares.

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Neste caso, o Plano de gerenciamento dos Resíduos de Equipamentos
Elétricos e Eletrônicos (PGREEE) da empresa que trabalha com vendas e
assistência técnica de equipamentos hospitalares, tem o objetivo de integrar as
legislações vigentes com as politicas ambientais da empresa. É importante que
todos os resíduos sólidos produzidos tenham uma destinação ambientalmente
adequada, como previsto na lei nº 12305/2010 - Política Nacional de Resíduos
Sólidos (BRASIL, 2010).
Além de atender as exigências legais o PGREEE irá contribuir para o
atendimento das necessidades de aprimoramento e capacitação técnica dos
funcionários da empresa, sendo esse um fator prioritário para que o plano seja
funcional, atual e eficiente.

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2- DIAGNÓSTICO

2.1- CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

A empresa Promédica foi fundada em 17 de agosto de 2005, com sede


em Natal - RN. É localizada na Rua Professor Almeida Barreto, 434 – Lagoa
Nova, Natal/RN. Tem uma área total de 640,82 m², sendo 465,28 m² de área
construída, distribuída entre salas, laboratórios, almoxarifado e depósito (planta
baixa em anexo).

Figura 1- Vista da fachada frontal da empresa Promédica em Natal.

A empresa tem como missão oferecer, aos seus clientes, soluções com
qualidade na área de saúde atendendo as suas necessidades, com eficiência e
segurança visando o suporte a vida.
Tem como visão o reconhecimento pela excelência no segmento
biomédico com soluções integradas na prestação de serviços médicos e
hospitalares, com ética, respeito, transparência, comprometimento e
responsabilidade socioambiental com o descarte correto de resíduos sólidos.
A Promédica conta com um corpo qualificado de treze funcionários em
sua Matriz, divididos nos seguintes setores: Diretoria, Equipe Comercial,
Equipe Técnica, Equipe Administrativa e Equipe de Apoio. Os(As)
funcionários(as) da empresa matriz são distribuídos(as) na seguinte forma:

17
uma funcionária compõe a diretoria, cujo nome é Zélia Maria Cosme
(proprietária da empresa). Quatro funcionários compõem a equipe técnica,
cujos nomes são: Kleylson, Allison, Luciano e Flaviano. Três funcionárias
compõem a equipe administrativa, cujos nomes são: Núbia da Silveira, Camila
Silva e Ana Karina. Duas funcionárias compõem a equipe comercial, cujos
nomes são: Kaliane Feliciano e Danielle Rodrigues. Uma funcionária compõe a
equipe especialista de produtos, cujo nome é Glyciane Pessoa. Dois(duas)
funcionários(as) compõem a equipe de apoio, sendo uma, funcionária
responsável pelos serviços gerais e um office boy, cujos nomes são: Adenilda
Amorim e Geraldo Junior, respectivamente.
O mercado alvo da Promédica é o segmento de equipamentos de UTI e
Centro Cirúrgico, começando o seu trabalho com os principais Hospitais dos
Estados do RN, com produtos e serviços da marca Dixtal, naquela época a
única empresa representada pela Promédica.
A empresa Promédica hoje trabalha com as principais marcas de
produtos hospitalares segmentadas para UTI e Centro Cirúrgicos, são elas:
Philips, Dixtal, Respironics, Inpromed do Brasil, Deltronix, Venkuri e Lut.
Os produtos que a empresa trabalha são basicamente equipamentos de
suporte a vida e monitoramento, por exemplo, equipamentos que monitoram
batimentos cardíacos, oximetria e temperatura. Dentre os produtos da empresa
os principais são: Monitores cardíacos,Ventiladores eletrônicos pulmonares,
Eletrocardiógrafos, Aparelhos de anestesia e Desfibrilador.
Os monitores cardíacos (figura 2) são equipamentos portáteis que serve
para monitorar as funções vitais dos pacientes em UTIs. É de leve manuseio,
integra prontuários eletrônicos, entre outras funções.

18
Figura 2 - Monitores cardíacos comercializados pela empresa Promédica.

Os ventiladores eletrônicos pulmonares V60 (figura 3) são equipamentos


controlado por micro-processador de alta performance, projetado para
indivíduos com respiração espontânea que necessitam de ventilação mecânica:
pacientes com insuficiência respiratória, insuficiência respiratória crônica ou
apneia do sono obstrutiva que estejam em um hospital ou outra instituição.

Figura 3 – Ventilador V60 comercializado pela empresa Promédica.

O eletrocardiógrafo (figura 4) é um equipamento projetado para coletar a


diferença de potencial presente no corpo devido à atividade cardíaca e
apresentá-los de forma gráfica.

19
Figura 4– Eletrocardiógrafo comercializado pela empresa Promédica.

Os aparelhos de anestesia (figura 5) são equipamentos destinados à


administração de gases e/ou vapores anestésicos ao paciente, através de
respiração espontânea controlada manualmente ou mecanicamente.

Figura 5 - Aparelho de anestesia DX 5020 comercializado pela Promédica.

O desfibrilador (figura 6) é um gerador de energia elétrica de tensão


regulável, capaz de estimular o coração com dificuldades de contração. No
desfibrilador clássico, esse gerador conta com duas placas que devem ser
posicionadas sobre o tórax do paciente, de forma que a descarga elétrica atinja
o coração. Atualmente, existem diversos tipos de equipamentos para reverter
um quadro de fibrilação auricular ou ventricular.

20
Figura 6 - Desfibrilador Heart Start FRx.

Além dos produtos, a empresa Promédica também oferece serviços de


assistência técnica em equipamentos, por exemplo, manutenção preventiva,
manutenção corretiva, calibração com rastreabilidade, montagem e instalação
de equipamentos, treinamentos e acompanhamentos.
Os serviços de assistência técnica ocorrem nos laboratórios da
empresa, que dispõe de todos os recursos para calibração com rastreabilidade,
manutenção preventiva e corretiva, dentro dos padrões exigidos pelas marcas
representadas.

21
2.2- DIAGNÓSTICO QUALITATIVO

2.2.1- TIPOS E CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE


EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS.

Os resíduos produzidos pela empresa Promédica são


predominantemente de equipamentos eletrônicos, decorrentes da assistência
técnica realizada nas dependências da empresa. Esse procedimento gera
resíduos que podem vir a prejudicar o meio ambiente caso não tenham um
manejo adequado, pois possuem metais pesados em sua composição.
Os metais pesados estão presentes naturalmente no ambiente e alguns
são necessários em quantidades mínimas para a manutenção da vida, mas em
grandes concentrações podem causar efeitos deletérios (Celereet al,, 2007).
Outros efeitos ainda mais sérios podem ser destacados, como a
bioacumulação por organismos vivos, que podem atingir todos os níveis
tróficos e se transferem ao longo da cadeia alimentar, sem contar que esses
metais podem acarretar danos a saúde humana como: o mercúrio, muito
utilizado em computadores, monitores e TVs de tela plana, podem causar
danos ao cérebro e ao fígado. O chumbo, componente mais usado em
computadores, além de televisores e celulares pode causar náuseas, perda de
coordenação e memória (Celereet al., 2007).
Os resíduos gerados pela empresa foram caracterizados como
Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE) e são classificados,
segundo a NBR 10004/2004, como resíduos perigosos (Figura 7), devido o seu
potencial de toxicidade.

22
Figura 7 - Caracterização e classificação dos resíduos sólidos, segundo a NBR 10004/2004.
23
Os resíduos eletrônicos a serem analisados são as placas de circuito
impresso (PCIs) dos equipamentos vendidos pela empresa e também
decorrentes do processo de assistência técnica de equipamentos que são
enviados para conserto na empresa. Esse tipo de resíduo é bastante comum
na empresa e é necessário um manejo ambientalmente correto desse tipo de
resíduo.
As placas de circuito impressão (PCI) são utilizadas em muitas áreas
nas indústrias eletroeletrônicas, mas nas áreas principalmente de
processamento de dados e de entretenimento, equipamentos que podem
conter cerca de 30% em peso de PCI (BERNARDES, 1997).
A composição dessas placas é extremamente heterogêneas, o que
dificulta a sua reciclagem (SAITO, 1994). Mas, por outro lado, a presença de
metais em sua composição torna as PCIs uma matéria-prima interessante , por
exemplo, a grande concentração de cobre em sucatas de equipamentos
elétricos e eletrônicos, quando comparados a minérios de cobre, mostrando o
potencial de reciclagem desse material (LEGARTH, 1997).
Os tipos de PCIs que existem na empresa Promédica são:
 Placa mãe Evalue: Essa placa compõe o sistema eletrônico do monitor
cardíaco DX-2010.

Figura 8 - Placa mãe Evalue.

24
 Memória RAM 128 MB: Essa PCI também é integrante do sistema
eletrônico do monitor cardíaco DX-2010.

Figura 9 - Memória RAM 128MB.

 Placa MAMI ALXD 800 GEODE: Essa PCI é integrante do sistema


eletrônico do monitor cardíaco DX-2023.

Figura 10 - Placa MAMI ALXD 800 GEODE.

25
 Placa INVERSORA: PCI integrante do sistema eletrônico do monitor
cardíaco DX-2010.

Figura 11 - Placa Inversora.

 Placa mãe do umificador MR810: PCI integrante do sistema do


umificador MR810 dos ventiladores eletrônicos pulmonares.

Figura 12 - Placa mãe.

 Placa fonte EP3: PCI integrante do sistema eletrônico do


eletrocardiógrafo (modelo antigo).

26
Figura 13 - Placa fonte (modelo antigo).

 Placa mãe EP12: PCI integrante do sistema eletrônico do


eletrocardiógrafo (modelo novo).

Figura 14 - Placa mãe EP-12.

27
 Placa mãe DX-2515: PCI integrante do sistema eletrônico do Oxímetro
DX-2515.

Figura 15 - Placa mãe DX-2515.

 Placa mãe: PCI integrante do Desfibrilador MRX.

Figura 16 - Placa mãe do Desfibrilador MRX.

28
 Fonte: PCI integrante do monitor cardíaco DX-2010.

Figura 17– Fonte do monitor cardíaco DX-2010.

2.3 – DIAGNÓSTICO QUANTITATIVO

2.3.1 – QUANTIDADE DE RESÍDUOS GERADOS

Para a aferição dos valores de quantidades de resíduos gerados, foi


utilizada planilha de controle mensal de peças que são substituídas durante um
mês de trabalho pela assistência técnica. Esse controle informa o item e a
quantidade que foi substituída, o que possibilitou a contagem das quantidades
de PCIs que foram utilizadas por mês. Vale salientar que as PCIs utilizadas
estão destacadas na planilha (Quadro 1).

Quadro 1 - Planilha utilizada para controle de peças substituídas no processo de assistência técnica da
empresa e para quantificação do numero de PCIs que foram descartadas neste mesmo mês.

CODIGO ITEM QTD EQUIPAMENTO HOSPITAL


HOSPITAL DE
MONITOR DX-2010 GUARNIÇÃO
TECLADO MEMBRANA MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
DE-0J029-0 DX-2010 3 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
GP-00005-0 BOMBA DE PNI 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
GQ-0000G-0 VALVULA DE EXAUSTÃO 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
DR-00023-0 6 VENTILADOR DX-3010 JANUÁRIO CICCO

29
HOSPITAL
VENTILADOR DX-3010 CLEMENTINO FRAGA
VENTILADOR DX-3010 PAPI
BATERIA 12V 7AH CASA DE SAÚDE SÃO
VENTILADOR DX-3010 LUCAS
VENTILADOR DX-3010 WALFREDO GURGEL
VENTILADOR DX-3010 WALFREDO GURGEL
GA-9412V-0 BATERIA 12V 5AH 1 MODULO DE BATERIA JANUÁRIO CICCO
BATERIA 12V 1,3AH 1 VENTILADOR DX-3010 CLIPSI
BATERIA CHUMBO ACIDO HOSPITAL PEDRO
NV-0400024
12V 2,2AH 1 OXIMETRO DE PULSO BEZERRA
VENTILADOR DX-3010 JANUÁRIO CICCO
VENTILADOR DX-3010 CLIPSI
VENTILADOR DX-3010 PAPI
DR-0000H-0 COOLER VENTILADOR DX-3010 WALFREDO GURGEL
VENTILADOR DX-3010 WALFREDO GURGEL
CASA DE SAÚDE SÃO
6 VENTILADOR DX-3010 LUCAS
PA- CASA DE SAÚDE SÃO
CI BATERIA M48T86RTC
14D4488600 1 MONITOR DX-2010 LUCAS
CASA DE SAÚDE SÃO
MONITOR DX-2010 LUCAS
DISPLAY CRISTAL MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
92-CL003-0
LIQUIDO DX-2010
MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
4 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
F9-0006W-0 CJ. CABO FLAT EVALUE
2 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
F9-0006V-0 CJ. CABO DISPLAY
2 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
CJ. CABO DISPLAY LCD
F9-0006U-0
DX-2010 1 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
F9-00039-2 CABO FLAT 20 VIAS 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
CASA DE SAÚDE SÃO
GQ-0000H-0 FILTRO DE AR
2 MONITOR DX-2010 LUCAS
MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
30-14900-0
PCI MAMI 2 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
MONITOR DX-2022 WALFREDO GURGEL
MONITOR DX-2022 UNIMED NATAL
GA-A312V-1 PACK BATERIA 12V 3,8 3 MONITOR DX-2022 PROMATER
30-20101-3 PCI DIGITAL CPU 188 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
PAINEL LATERAL
X0-00072-2 CONECTORES 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
X0-00073-0 PAINEL LATERAL L/D 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
PAINEL FRONTAL DX-
X0-0006T-0 2010 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
30-26400-0 PCI EVALUE ECM 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
30-11004-4 PCI MEMORIA RAM 2 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
GF-0J005-1 PCI FONTE CHAVEADA 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
ELETROCARDIÓGRAFO
13-07030-0 TOMADA BAT JACK 1 EP-3 PROMATER
ELETROCARDIÓGRAFO
X0-0003X-0 ANTENA FRONTAL 1 EP-3 PROMATER
ELETROCARDIÓGRAFO
X0-0003Y-0 ANTENA TRASEIRA 1 EP-3 PROMATER
ELETROCARDIÓGRAFO
M5-R0009-0 REBITE PLÁSTICO 1 EP-3 PROMATER
DISPLAY CRISTAL
451261003271 LÍQUIDO 1 MONITOR MP20 PAPI

30
KIT DE PEQUENAS
451261003311 PARTES 1 MONITOR MP20 PAPI
30-13900-0 PCI FONTE INVERSORA 1 MONITOR DX-2010 WALFREDO GURGEL
30-26400-0 PCI MÃE EVALUE 1 MONITOR DX-2010 GISELDA TRIGUEIRO
PCI PICOSAT PLUS 2
30-32900-0 MONTADA 1 MONITOR DX-2022 PROMATER
BATERIA LITIUM 11,1V LIGA NORTE
7800AH 1 VENTILADOR DX-3012 RIOGRANDENSE
LIGA NORTE
GQ-01005-0 CELULA GALVÂNICA 1 VENTILADOR DX-3012 RIOGRANDENSE
PCI MAIN BOARD EP-3 ELETROCARDIÓGRAFO HOSPITAL REGIONAL
30-09609-0 SMD 1 EP-3 DE SOUZA
X0-00074-0 PAINEL PARÂMETROS 1 MONITOR DX-2022 UNIMED NATAL
PAINEL FRONTAL DX-
X0-000F3-0 2022 1 MONITOR DX-2022 UNIMED NATAL

Essa quantidade de resíduos foi quantificada por unidades e as


informações colhidas correspondem ao intervalo de tempo a partir de julho de
2013 até maio de 2016.
Foi realizada uma contagem das PCIs substituídas em todos os
equipamentos que passaram pelo setor de assistência técnica neste intervalo
de tempo.
Após a contagem foi quantificada, em média, 8 unidades com frequência
de geração mensal. Neste caso, de julho de 2013 até maio de 2016 (33 meses
ao todo) foram transformadas em resíduos eletrônicos 264 placas de circuito
impresso (PCIs).

2.4 – PROBLEMAS DIAGNOSTICADOS

Durante as visitas foram realizados questionários com os funcionários da


empresa Promédica, com o intuito de avaliar o grau de conhecimento dos
mesmos em relação às práticas ambientais e de manejo dos REEE da
empresa, o risco inerente aos resíduos, a Lei 12305/2010 (BRASIL, 2010), o
lixo eletrônico, e etc.
Do quadro de funcionários da empresa predomina a faixa etária variando
de 21 a 40 anos (Figura 18), o sexo feminino (Figura 19); com ensino superior
completo (Figura 20).

31
Figura 18 - Idade dos funcionários da empresa.

Figura 19 - Sexo dos funcionários.

Figura 20 - Escolaridade dos funcionários.

32
No primeiro ponto abordado da pesquisa, que trata de conhecimentos
sobre o lixo eletrônico, foi constatado que parte dos funcionários não tem uma
instrução adequada sobre esses resíduos (Figuras 21, 22, 23), o que dificulta a
implantação do manejo e a destinação final desses resíduos. Essa
problemática deve ser solucionada com treinamentos, cursos de capacitação e
campanhas de educação ambiental na empresa.

Figura 21 - Conhecimento dos funcionários.

Figura 22 - Causas do descarte do lixo eletrônico.

33
Figura 23 - Possibilidade de reciclagem do lixo eletrônico.

O segundo ponto abordado na pesquisa foi referente aos riscos


inerentes ao trabalho com esse tipo de resíduo, em relação a sua saúde e da
sociedade (Figura 24).

Figura 24 - Potencialidade de risco dos resíduos eletrônicos.

A pesquisa mostrou que a maioria dos funcionários afirmaram que esses


resíduos eletrônicos não são perigosos, onde sabemos que de acordo com a
NBR10004/2004 – Classificação dos resíduos sólidos, a norma mostra que
devido à toxicidade desse material ele é considerado um resíduo perigoso
(ABNT, 2004).

34
Mais uma vez esse resultado evidencia que para o planejamento de
ações voltadas ao manejo dos resíduos da empresa, se faz necessária a
capacitação dos recursos humanos.
O terceiro ponto abordado trata do manejo dos REEE (Figuras 25, 26,
27) onde foi analisado se todos os funcionários da empresa tinham
conhecimento de como os resíduos produzidos eram destinados e se essa
destinação ocorria de maneira adequada.

Figura 25 - Realiza descarte de resíduos eletrônicos?

Figura 26 - Existe alguém responsável pelo descarte dos resíduos eletrônicos?

35
Figura 27 - Como é realizado o descarte dos resíduos pela empresa?

Diante do exposto neste terceiro ponto, a maioria dos funcionários da


empresa afirmaram que existe a coleta de lixo eletrônico (85% responderam
que sim) e que esse lixo é encaminhado para locais específicos de reciclagem
(62%). Porém, essa informação está totalmente equivocada.
O quarto ponto abordado trata da percepção dos funcionários perante as
práticas ambientais da empresa (Figuras 28 e 29), visando mostrar o grau de
comprometimento da Promédica com as questões ambientais.

Figura 28 - Realiza ações para a redução de impactos ao meio ambiente?

36
Figura 29 - Existe preocupação ambiental com o descarte de equipamentos eletrônicos?

Diante do que foi pesquisado, a empresa é vista pelos seus funcionários


como uma empresa ambientalmente responsável, ou seja, se preocupa com o
meio ambiente.
O último ponto levantado diz respeito ao conhecimento que os
funcionários da empresa têm em relação à Lei 12305/2010 – Política Nacional
dos Resíduos Sólidos.

Figura 30 - Responsabilidades pelo tratamento e descarte dos resíduos eletrônicos?

37

Figura 310 - Conhecimento sobre a Lei 12305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Os resultados do quarto ponto mostram a necessidade de treinamentos


e capacitações dos funcionários perante a legislação que rege os resíduos
sólidos, pois a maioria (85%) desconhece a Lei 12305/2010.

2.5 – DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DA EMPRESA.

Além da pesquisa para avaliar o grau de conhecimento dos funcionários


sobre as temáticas que envolvem os resíduos sólidos, também foram
realizadas algumas visitas para avaliação da estrutura física da empresa.
Essa visita teve como objetivo, descrever todo o circuito que os
equipamentos percorrem até a geração dos REEE.
O primeiro momento corresponde à chegada dos equipamentos a
empresa. Esses equipamentos são recebidos e são acondicionados em
recipientes plásticos (Figura 32).

38
Figura 32 - Recipiente de transporte interno dos equipamentos elétricos e eletrônicos que chegam à
empresa.

Após serem colocados nos recipientes, os equipamentos são


transportados até a sala de desinfecção (Figura 33), onde passam por um
processo de limpeza, uma vez que esses são advindos do ambiente hospitalar,
embora não tenha contato com os pacientes.

Figura 33 - Bancada para processo de desinfecção.

39
Após desinfectados, esses equipamentos são levados para a sala de
assistência técnica (Figura 34).

Figura 34 - Equipamentos armazenados na sala de assistência técnica.

Nesta sala de assistência técnica são realizados os processos de


manutenção/substituição de peças dos equipamentos (figuras 35 e 36).

Figura 35 - Operação de manutenção/substituição de peças nos equipamentos.

40
Figura 36 - Bancada para realização das manutenções nos equipamentos.

Durante a realização da manutenção/substituição, detectado que o


problema foi a PCI do equipamento, a mesma é substituída por uma nova e a
velha é descartada.
O descarte é feito de maneira errônea, depois de realizado o serviço às
peças são armazenadas, até o final do expediente, em uma caixa de papelão
junto com pilhas e baterias (figura 37).

Figura 37 - Recipiente para acondicionamento temporário das PCIs, pilhas e baterias.

41
Com o término do expediente, essas placas são transportadas para
outro ambiente, para serem armazenadas temporariamente. Esse ambiente
corresponde a um banheiro que está inativo na empresa, então eles utilizam o
mesmo como depósito das PCIs usadas, sem nenhum tipo de medida de
proteção ambiental ou sanitária (figuras 38, 39, 40).

Figura 38 - Armazenamento inadequado das PCIs.

Figura 39 - Armazenamento inadequado dos REEE.

42
Figura 40 - Vista Frontal do depósito dos REEE.

Nota-se que o depósito não possui nenhuma alusão de que esse


ambiente é correspondente ao ambiente que armazena temporariamente os
REEE como especifica a NBR 12235/1992.
A NBR 12235/1992 especifica que os locais de armazenagem devem
ser devidamente identificados, caracterizados, ventilados, cobertos, com base
de concreto para evitar lixiviação dos materiais armazenados, os recipientes
devem ser devidamente rotulados para uma rápida identificação, se preciso,
sistema de sinalização, iluminação, se o acesso ao depósito é satisfatório,
entre outras especificações.
Essas placas estão armazenadas neste local há aproximadamente 6
meses a espera de alguma empresa que possa recolher esse material. É de
total desconhecimento da empresa que esses materiais são passíveis de
logística reversa. Na Lei 12305/2010 em seu Título III (Das Diretrizes Aplicáveis
aos Resíduos Sólidos), em seu Capítulo III (Das responsabilidades dos
geradores e do poder público), em sua Seção II (Da responsabilidade
compartilhada), o Art. 33 determina que os fabricantes, importadores,

43
distribuidores e comerciantes têm a obrigação de estruturar e implementar o
sistema de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e seus
componentes.Eis o diploma legal: Art. 33 – “São obrigados a estruturar e
implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno dos produtos após
o uso pelo consumidor, de forma independente do serviço público de limpeza
urbana e de manejo dos resíduos sólidos, os fabricantes, importadores,
distribuidores e comerciantes de: VI - produtos eletroeletrônicos e seus
componentes.”
Dessa forma podemos comprovar o equivoco que foi constatado na
pesquisa quando os funcionários da empresa afirmaram que os REEE são
encaminhados para empresas recicladoras (62% afirmaram), sendo
constatados que, na verdade, ficam armazenados nas próprias dependências
da empresa.

2.6 – CONCLUSÕES DO DIAGNÓSTICO

Diante do que foi pesquisado pode-se concluir que os funcionários da


empresa Promédica necessitam de treinamentos/capacitações na temática de
resíduos sólidos, pois para uma empresa que trabalha diretamente com
resíduos que necessitam de um cuidado especial, mostra inadequação a
legislação vigente.
É nítido que a falta de conhecimento da temática como também a falta
de estrutura física adequada comprometem o manejo dos resíduos,
principalmente no que se refere o armazenamento dos REEE.
Este diagnóstico é de fundamental importância para subsidiar a
elaboração do plano de gerenciamento de resíduos sólidos (PGRS) da
empresa.

44
3- LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

1- Lei 6938/1981 – Política Nacional do Meio Ambiente;


2- Lei 12305/2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos;
3- Decreto Federal 7494/2010 – Regulamenta a Lei 12305/2010;
4- Lei Federal 9605, de 12 de fevereiro de 1998: Dispõe sobre as sanções
penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio
ambiente, e dá outras providências;
5- Resolução CONAMA 275 de 25 de abril de 2001: Estabelece o código de
cores para diferentes tipos de resíduos;
Norma da ABNT – NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação;
6- Norma da ABNT – NBR 12235 – Procedimento para o Armazenamento de
Resíduos Sólidos Perigosos;
7- Norma da ABNT – NBR 13221 – Transporte de Resíduos;
8- Norma da ABNT – NBR 9191 – Especificação de sacos plásticos para
acondicionamento de lixo;
9- Norma da ABNT – NBR 7500 – Símbolos de risco e manuseio para o
transporte e armazenamento de materiais;

45
4 – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS
ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS.

O plano de gerenciamento de resíduos de equipamentos elétricos e


eletrônicos (PGREEE) constitui-se em um conjunto de procedimentos de
gestão de resíduos, planejados e implementados a partir de bases técnicas,
normativas e legais. Este plano estabelece os princípios básicos da
minimização da geração de resíduos, identificando e descrevendo as ações
relativas ao seu manejo adequado, levando em consideração os aspectos
referentes a todas as etapas, compreendidas pela geração, segregação,
acondicionamento, identificação, coleta, transporte interno, armazenamento
temporário, tratamento interno, armazenamento externo, coleta e transporte
externo, tratamento externo e disposição final devidamente licenciado pelo
órgão ambiental competente (BRASIL, 2010).
A Lei 12305/2010 em seu Título I (Disposições Gerais), em seu Capítulo
II (Definições), o seu Art. 3, em seu alínea X, conceitua o gerenciamento dos
resíduos sólidos como conjunto de ações em todas as etapas do manejo dos
resíduos de acordo com o plano municipal de gestão integrada de resíduos
sólidos ou com o plano de gerenciamento de resíduos sólidos. Eis o diploma
legal: Art. 3 – “Para os efeitos desta Lei, entende-se por: X - gerenciamento de
resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas
etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final
ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final
ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de
gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de
resíduos sólidos, exigidos na forma desta Lei.”
Dessa forma a elaboração do PGREEE será baseada no diagnóstico
apresentado anteriormente, nas normas e legislações vigentes e nas visitas
técnicas realizadas na empresa.
Os objetivos principais desse plano são propor um manejo adequado
dos REEE da empresa, ajudar a mesma a pleitear o certificado de Boas
Práticas de Distribuição e Armazenamento (BPDA) e dá entrada no alvará
permanente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), pois a
empresa trabalha até hoje com um alvará provisório.

46
4.1 – RESÍDUOS GERADOS

Os resíduos gerados pela empresa Promédica são decorrentes


predominantemente dos processos de assistência técnica dos equipamentos
que chegam à empresa para consertos.
De acordo com a NBR 10004/2004 – Classificação dos resíduos sólidos,
os resíduos gerados pela empresa são considerados resíduos perigosos,
devido o seu potencial de toxicidade, pois possuem metais pesados em sua
composição. Essa classificação é realizada através da Figura 1 da NBR
10004/2004, já mostrada anteriormente no diagnóstico (Figura 7).
Os principais geradores de REEE de todos os equipamentos que
chegam à empresa são os monitores cardíacos, devido ao grande número de
vendas desses equipamentos.
A frequência de geração é mensal e são descartadas, em média, 8 PCIs
por mês, sendo armazenadas indevidamente em um banheiro inativo nas
instalações da empresa, sem respeitar as legislações que regem tal
procedimento.

4.2 – ETAPAS PARA O GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE


EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS

4.2.1 – SEGREGAÇÃO E ACONDICIONAMENTO

A segregação desses resíduos tem como finalidade evitar a mistura


daqueles incompatíveis, visando garantir a possibilidade de reutilização,
reciclagem e a segurança no manuseio.
O acondicionamento é o ato de embalar os resíduos segregados em
sacos ou recipientes que evitem vazamentos, rupturas e perfurações. A
capacidade dos recipientes deve ser compatível com a geração diária de cada
tipo de resíduo e todo recipiente deve ser fechado quando atingir cerca de 2/3
de sua capacidade total para evitar vazamentos.
Durante a execução do processo de assistência técnica dos
equipamentos que chegam à empresa, uma forma de segregar o material na

47
fonte, seria a utilização de recipientes devidamente identificados. De acordo
com a NBR 12235/1992, os REEE devem ser acondicionados em contêineres
de resíduos, que segundo a norma é qualquer recipiente portátil no qual o
resíduo possa ser transportado, armazenado, tratado ou, de outra forma,
manuseado. Esses recipientes devem ser de cor laranja (figura 41), de acordo
com a resolução CONAMA nº 275/2001, contendo o nome do resíduo, a
quantidade e o local de origem. À medida que o processo de assistência
técnica for executado, as peças/componentes eletrônicos descartados já serão
segregados automaticamente para o recipiente com a respectiva identificação.
A identificação dos recipientes permite o reconhecimento dos resíduos
contidos nos mesmos, fornecendo informações ao correto manejo dos REEE.
Ela deve estar colocada nos contêineres de acondicionamento, nos recipientes
de coleta interna e externa, nos recipientes de transporte interno e externo e
nos locais de armazenamento, em local de fácil visualização, de forma
indelével, utilizando-se símbolos, cores e frases, além de outras exigências
relacionadas à identificação de conteúdo e ao risco específico de cada grupo
de resíduos. Deve ser preenchida, também, uma ficha de identificação de
resíduo, contendo: local de geração, natureza de material e simbologia
adequada.
Dessa forma, a caixa que era utilizada anteriormente (figura 37) irá ser
substituída por um recipiente padronizado e em conformidade perante as
legislações e normas vigentes (Figura 41).

Figura 41 - Lixeira de 25L utilizada para acondicionamento interno na sala de assistência técnica
em substituição de caixa.

48
4.2.2 – EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

Para manusear ou transportar resíduos, especialmente aqueles que


oferecem algum tipo de risco, deve-se utilizar os EPIs adequados. É importante
que o profissional utilize o Equipamento de Proteção Individual - EPI
apropriado.
Para manejar os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos são
necessárias luvas, uniforme e botas.

4.2.3 – TRANSPORTE INTERNO

Após a execução da assistência técnica, o técnico que realizou o


trabalho deve segregar o resíduo gerado e descartá-lo em recipiente adequado
para que possa ser transportado para o local de armazenamento temporário.
O transporte interno é o traslado dos resíduos dos pontos de geração
até o local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento
externo com a finalidade de apresentação para a coleta externa.
Ele deve ser realizado atendendo roteiro previamente definido e em
horários não coincidentes com o fluxo de pessoas ou de atividades. Deve ser
feito separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes
específicos para cada grupo.
Os recipientes para transporte interno devem ser constituídos de
material rígido, lavável, impermeável, provido de tampa articulada ao próprio
corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, e serem identificados
com o símbolo correspondente ao risco do resíduo neles contidos. Devem ter
rodas revestidas de material que reduza o ruído (figura 43).

49
Figura 42 – Coletor de 120L para armazenamento externo dos resíduos eletrônicos, na cor
laranja, conforme especificações das normas.

4.2.3.1 – ROTEIRO DE TRANSPORTE INTERNO DOS REEE

O transporte interno proposto para a empresa Promédica leva em


consideração alguns fatores:
 O expediente na empresa termina por volta das 18h00min;
 A empresa possui apenas uma pessoa responsável pelos serviços
gerais;
 O setor de assistência técnica fica no centro da empresa, não possuindo
saída direta para o setor externo da mesma;
 O fluxo de pessoas, no setor de assistência técnica, é intenso e
inviabiliza o transporte durante todo o dia;
 Alguns funcionários realizam refeições no próprio setor, inclusive os
técnicos do setor de assistência técnica;
Devido a esses fatores o transporte interno dos REEE durante a jornada
de trabalho é inviável, pois o fluxo de pessoas e atividades é intenso. O
recomendado é realizar o transporte dos resíduos no final da jornada de
trabalho.

50
O roteiro do transporte interno encontra-se no anexo e irá ocorrer da
seguinte forma:
 A assistência técnica irá trabalhar normalmente durante todo o dia,
segregando o material descartado para os seus devidos coletores.
 A lixeira das PCIs (Figura 41) ficará no local onde hoje é a caixa (Figura
37), que é utilizada para esse devido fim;
 No final da jornada de trabalho, o responsável pelo transporte interno, irá
recolher a lixeira, passando pela sala de desinfecção e indo direto para o
local onde ficará armazenado temporariamente até a coleta externa.

4.2.4 – ARMAZENAMENTO TEMPORÁRIO

O armazenamento temporário consiste na guarda temporária dos


recipientes contendo os resíduos acondicionados em local próximo aos pontos
de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o
deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à apresentação
para coleta externa.
Após o recolhimento dos resíduos no setor de assistência técnica, os
mesmos são depositados em um coletor para armazenamento temporário, pois
não pode ser feito com disposição direta dos resíduos sobre o piso.
A sala utilizada para esse fim deve ter pisos e paredes lisas e laváveis,
sendo o piso ainda resistente ao tráfego dos recipientes coletores. Deve
possuir área suficiente para armazenar, no mínimo, dois recipientes coletores.
Quando a sala for exclusiva para o armazenamento de resíduos, deve estar
identificada como “SALA DE RESÍDUOS”, conforme a NBR 12235/1992.

4.2.5 – ARMAZENAMENTO EXTERNO

O Armazenamento externo consiste na guarda dos recipientes de


resíduos em ambiente exclusivo do empreendimento, com acesso facilitado
para os veículos coletores, até a realização da etapa de coleta externa.
Os coletores, devidamente identificados, devem ser mantidos tampados,
não sendo permitida a manutenção dos resíduos fora dos recipientes ali
estacionados (Figura 42).

51
Os coletores e a área do armazenamento externo, imediatamente após a
coleta externa, deverão passar pelos processos de limpeza e desinfecção.
A empresa Promédica não dispõe de estrutura física para que o carro
coletor entre em suas instalações, devido o acesso ao armazenamento externo
ser realizado através de um pequeno corredor.
Então neste caso o contentor terá que ser levado até a parte externa da
empresa, para que o resíduo seja coletado pelo carro coletor.
Esse armazenamento externo não existe na empresa Promédica, porém
existe um depósito, nos fundos da empresa, que pode ser reformado para a
criação da sala de resíduos (figura 43, 44, 45).

Figura 43 – Vista frontal do depósito, nos fundos da empresa Promédica, que pode ser utilizado para
abrigar os resíduos.

52
Figura 44 - Vista lateral do depósito utilizado para armazenar os resíduos.

Figura 45 - Planta baixa do depósito, antes da reforma.

53
Na execução da reforma foi retirada uma pia e duas bancadas, para que
os resíduos não tenham contato com a água. Na área de higienização foi retira
uma pia e um vaso sanitário. Após a reforma, a sala de resíduos irá conter três
coletores para resíduos perigosos, um para as PCIs, outra para as pilhas e
outro para as baterias (Figura 46).

Figura 46 - Sala de Higienização após a reforma e com os coletores em seus devidos lugares

.
4.2.6 – COLETA, TRANSPORTE EXTERNO E DESTINAÇÃO FINAL.

4.2.6.1 – COLETA E TRANSPORTE EXTERNO.

A coleta e o transporte externo correspondem à remoção dos REEE do


abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou
disposição final, utilizando-se técnicas que garantam a preservação das
condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da
população e do meio ambiente, devendo está de acordo com as orientações
dos órgãos de limpeza urbana e legislações vigentes.

54
A coleta será realizada a cada dois meses ou quando o coletor dos
resíduos atingir 2/3 do seu volume, pois o número de PCIs não é suficiente
para ter uma coleta inferior a esse período determinado, uma vez que esses
procedimentos geram custos para a empresa. Se, por ventura, ocorrer um
número excessivo de manutenções/substituições que necessitem de uma
coleta extra, a empresa coletora será contatada para a realização do devido
serviço.
Neste caso, a empresa que virá recolher os REEE da Promédica irá
chegar ao local, o funcionário responsável pelos resíduos, devidamente
protegido com os EPIs necessários, irá transportar os coletores até a área
externa da empresa, para que a coleta seja realizada. Após a coleta o
funcionário irá recolher o coletor para o abrigo dos resíduos, fazendo a sua
higienização. Essa coleta deve ser realizada por empresas terceirizadas (que
podem ser associações/cooperativas de catadores, preferencialmente) que
possuam licenciamento ambiental para a execução desse procedimento.
A empresa Promédica deve exigir da empresa coletora o “Certificado de
Destinação Final”, para que, em casos de fiscalizações ambientais, a empresa
possa está resguardada legalmente.
Nesta etapa poderia ser utilizada a ferramenta da logística reversa,
sendo o fabricante restituído desses materiais, porém mediante entrevista com
a proprietária da empresa, a mesma alega que o custo de envio desse material
via correspondência sai muito caro e inviável.

4.2.6.2 – DESTINAÇÃO FINAL

Os resíduos eletrônicos deverão ser enviados para empresas


recicladoras devidamente licenciadas pelos órgãos ambientais competentes.
No município de Natal, existem algumas cooperativas, associações de
catadores e empresas que trabalham com o recolhimento desses resíduos.
Neste caso, serão realizadas parcerias, preferencialmente com
associações/cooperativas de catadores que trabalhem com pessoas físicas de
baixa renda, pois é uma forma de inclusão social dessa fatia da sociedade e a
Lei 12305/2010 orienta essa iniciativa.

55
Será elaborada uma ficha para controle das saídas dos REEE, como
forma de monitoramento desses resíduos.

Tabela 1- Exemplo de ficha de controle da destinação dos REEE.

Tipo de Data da última Período de Responsável pelo Dados do Destinação


coleta recolhimento recolhimento Responsável Final
material

Rejeitos A cada dois Cooperativa/Associa Natal Reciclagem


Perigosos meses ção de catadores ou Reciclagem,
___/____/____ empresa Natal/RN
devidamente
licenciada.

Tabela 2– Tabela de controle dos REEE.


TABELA “ACONDICIONAMENTO, COLETA, TRANSPORTE E DESTINAÇÃO FINAL”

Tipos de Acondicionamento Período Responsável Dados do Local de Dados do


resíduos de pela coleta/ Responsável destinação responsável/
coleta transporte pela coleta/ final local de
transporte destinação
final

Resíduos Contêiner com Bimestral Associação Associação dos Reciclagem Responsável:


Perigosos tampa, de material ou de catadores catadores, Mauro ou
lavável, quando o e/ou Empresa Bairro Cidade Chico.
impermeável e etc. volume do Natal Nova, Natal/RN
contentor Rua
Reciclagem
externo Projetada,
estiver Antigo lixão de
próximo Cidade Nova
dos 2/3 do
– CEP 59073-
seu
070.
volume.

4.3 – EDUCAÇÃO AMBIENTAL

A educação ambiental constitui um processo informativo e formativo dos


indivíduos, desenvolvendo habilidades e modificando atitudes em relação ao

56
meio, tornando a comunidade educativa consciente de sua realidade global.
Uma finalidade da educação ambiental é despertar a preocupação individual e
coletiva para a questão ambiental com uma linguagem de fácil entendimento
que contribui para que o indivíduo e a coletividade construam valores sociais,
atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente.
Assim, torna-se necessário mudar o comportamento do homem com relação à
natureza, com o objetivo de atender às necessidades ativas e futuras, no
sentido de promover um modelo de desenvolvimento sustentável. Um
programa de educação ambiental eficiente deve promover, simultaneamente, o
desenvolvimento de conhecimento, de atividades e de habilidades necessárias
à preservação e melhoria da qualidade ambiental (DIAS, 1992).
A empresa Promédica deverá realizar entre seus funcionários e clientes,
palestras/debates/campanhas visando à conscientização dos mesmos em
relação ao manejo ambientalmente adequado dos resíduos sólidos,
principalmente os REEE.
No diagnóstico foi detectado que o conhecimento sobre os REEE não foi
satisfatório, por isso é importante que treinamentos e capacitação sobre as
temáticas ambientais sejam aplicadas.

Tabela 3 - Tabela de cronograma de treinamentos e capacitações.


CRONOGRAMA DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL – 2016

Data Público alvo Descrição

Distribuição de panfletos/ cartilhas indicando os


vários tipos de resíduos que são produzidos pela
__/__/___ Funcionários
empresa, bem como indicando o procedimento
de coleta e armazenamento a serem adotados.

Palestra buscando a conscientização dos


funcionários e clientes, esclarecendo dúvidas
__/___/___ Funcionários e
decorrentes da Lei 12305/2010 – Política
Clientes
Nacional de Resíduos Sólidos.

57
Funcionários Palestra buscando a conscientização dos
(setor de funcionários do setor de assistência técnica para
__/___/___
assistência o correto manejo dos REEE e seus perigos caso
técnica) o manejo seja inadequado.

4.4 - PROGRAMAS DE INCLUSÃO SOCIAL

A empresa Promédica pode realizar a coleta seletiva de caráter


associativista. A empresa poderá contratar as associações, desenvolvendo
simultaneamente programas de educação socioambiental junto à comunidade.
E ainda outra possibilidade é a Promédica separar seus materiais e doar às
cooperativas operadas por catadores ou por outros trabalhadores. È importante
que se priorize o segmento dos catadores e catadoras de recicláveis quando
da implantação da coleta seletiva para o reaproveitamento dos REEE.

4.5 - PLANO DE MONITORAMENTO

Deverá ser elaborado relatório anual de avaliação e atualização do


PGREEE. Esse relatório deve contemplar todo o processo dos resíduos da
empresa, desde a segregação até a destinação final, como o intuito de verificar
as conformidades e não conformidades do processo. Além disso, irá
contemplar também os resultados dos treinamentos e capacitações que foram
realizados.
As atualizações serão necessárias sempre que alguma legislação,
resolução ou norma for publicada ou retificada.

4.6 - CUSTOS PARA IMPLANTAÇÃO DO PLANO DE GERENCIAMENTO DE


RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS E ELETRÔNICOS –
PGREEE.

Os custos referentes ao PGREEE são:


 A reforma de instalações físicas destinadas ao acondicionamento
externo (reforma do depósito) dos resíduos produzidos pela empresa;

58
 A aquisição de materiais e equipamentos (coletores a serem utilizados,
conforme a resolução CONAMA nº 275) para o acondicionamento, a
coleta, o transporte e o destino dos resíduos;
 A aquisição de materiais para suporte em treinamentos, capacitações e
publicidade;
 A execução de ações complementares de educação ambiental;
 A aquisição de Equipamentos de Proteção Individual dos trabalhadores;
Todos esses custos

59
REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004: Resíduos


Sólidos – classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2004;

______. NBR 12235: Armazenamento de resíduos sólidos perigosos. Rio de


Janeiro, 1992.

BRASIL. Resolução CONAMA nº 275, de 25 de abril de 2001. Estabelece o


código de cores para os diferentes tipos de resíduos, a ser adotado na
identificação de coletores e transportadores, bem como nas campanhas
informativas para a coleta seletiva. Diário Oficial da União, 19 junho 2001.

BERNARDES, A., WUTH, W., et al. Recycling of printed circuit boards by


melting with oxidizing/redusing top blowing process. In: TSM Annual Meeting,
Orlando, EUA, 1997.

BRASIL. Constituição Federal. Diário Oficial [da República Federativa do


Brasil]. Brasília, 1982. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em: <
http://www.mma.gov.br/responsabilidadesocioambiental/agenda-21>. Acesso
em 05 maio 2016.

BRASIL. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de


Resíduos Sólidos. Diário Oficial da União, Brasília, 03 ago. 2010.

BRASIL. Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010. Regulamenta a Lei n.º


12.305, de 2 de agosto de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez.
2010d.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Política Nacional de Resíduos Sólidos.


Disponível em <http://www.mma.gov.br/pol%C3%ADtica-de-res%C3%ADduos-
s%C3%B3lidos> Acessado em 05 de maio de 2016.

60
DIAS, G. F. Educação Ambiental: princípios e práticas. 1. ed. GAYA, 1992.
399 p.

LEGARTH, J. B.. Evironmental decision making for recycling options.


Resources, Conservation and Recycling. Vol. 19. 1997.

SAITO, I. Recovery of valuable metals from printe dwiring boards wastes.


Trans. Mat. Res. Soc., Japão. 1994.

SILVA, F.M.S; ALVES, I.R.F.S.; XAVIER, L.H.; CARDOSO, R.S. Gestão de


Resíduos eletroeletrônicos: proposta para implementação de sistema de
logística reversa de refrigeradores no Brasil. Resíduos Sólidos, Recife, 2007

61
ANEXO

62
Planta Baixa da empresa Promédica.

63
Planta baixa da empresa Promédica com o transporte interno dos REEE (EM VERMELHO – Fluxo do
setor de manutenção para a sala de resíduos. EM VERDE – Fluxo da sala de resíduos para a coleta
externa.

64
Questionário - Levantamento de dados.
Empresa:_______________________________________________________

Descrição da empresa:
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Número de empregados:__________________________________________

Equipamentos existentes:

_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Dados de identificação
1- Idade:
( ) até 20 anos ( ) de 21 até 40 anos ( ) mais que 40 anos

2- Sexo:
( ) Masculino ( ) Feminino

3- Nível de escolaridade:
( ) Não alfabetizado ( ) Ensino fundamental Incompleto ( ) Ensino fundamental
completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino
superior incompleto ( ) Ensino superior completo ( ) Pós-graduação
incompleta ( ) Pós-graduação completa

4- Cargo/Função:
_______________________________________________________________

5- Setor:
_______________________________________________________________

6- Horário de trabalho:
_______________________________________________________________

7- Há quanto tempo você trabalha neste turno?


_______________________________________________________________

8- Há quanto tempo você trabalha na empresa?

65
_______________________________________________________________

9- Descreva as atividades do seu trabalho:


_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________

Conhecimento sobre o lixo eletrônico


10- Qual o seu conhecimento sobre lixo eletrônico?

( ) Nada. É a primeira vez que vejo esse termo lixo eletrônico.

( ) Já ouvi falar, mas não sei exatamente do que se trata.

( ) Sei o que é, e conheço os riscos que oferece para o meio ambiente e a


saúde.

( ) Sei o que é, e além de conhecer os riscos do lixo eletrônico, procuro


sempre tomar cuidado para descartar adequadamente este material.

11- Sua empresa realiza ações com a finalidade de colaborar com a redução de
impacto ao meio ambiente?
( ) Sim ( ) Não tenho conhecimento ( ) Não

12- A empresa realiza coleta de lixo eletrônico?


( ) Sim ( ) Não

13- Você considera os resíduos (lixo) produzidos na empresa


perigosos?
( ) Sim ( ) Não Quais?____________________________________

14- Você acha que seu trabalho possui risco?


( ) Sim ( ) Não Quais?____________________________________

15- O que o descarte de lixo eletrônico causa?


( ) Nada diferente dos outros tipos de lixo
( ) Contaminação de solo e água
( ) Doenças graves além da contaminação de água e solo

16- Na organização em que atua há a preocupação ambiental com o


descarte de equipamentos eletrônicos?
( ) Sim ( ) Não

66
17- Há um setor responsável pelo descarte consciente ao final da vida
útil dos produtos?
( ) Sim ( ) Não

18- Como é realizado o descarte de equipamentos eletrônicos que não


são mais utilizados pela empresa?
( ) São jogados fora junto com lixo comum
( ) Armazenados no deposito da Organização
( ) São encaminhados para locais específicos de Reciclagem
( ) Outros.
Qual(is)____________________________________

19- Na sua opinião, de quem é a responsabilidade pelo tratamento e


descarte do lixo eletrônico?
( ) Governo, Indústria, comércio e empresas de tratamento e reciclagem
( ) Indústria, comércio e empresas de tratamento e reciclagem
( ) Governo e empresas de tratamento e reciclagem
( ) Governo, indústria e comércio
( ) Apenas empresas de tratamento e reciclagem
( ) Apenas indústria e comércio

20- É possível reciclar lixo eletrônico?


( ) Sim, é possível
( ) É possível, porém o custo é alto
( ) Nossa cidade não possui estrutura
( ) É melhor jogar os equipamentos no lixo e comprar outros novos

21- Você conhece a Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei federal nº


12.305/2010)?
( ) Não
( ) Conheço parcialmente. Já ouvi falar, mas não conheço exatamente o seu
conteúdo.
( ) Sim, conheço. Sei o que regulamenta e quais as responsabilidades que a lei
atribui para consumidores, indústria, comércio e governos.

67

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