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INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE NO COMPORTAMENTO DE LABORATÓRIO

E DE CAMPO DE SOLOS ARGILOSOS

Maria Esther Soares Marques

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE DOUTOR EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:

________________________________________________

Prof. Márcio de Souza Soares de Almeida, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Ian Schumann Marques Martins, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Serge Leroueil, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Willy Alvarenga Lacerda, Ph.D.

________________________________________________

Prof. Roberto Quental Coutinho, D.Sc.

________________________________________________

Prof. Fernando Schnaid, Ph.D.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

MARÇO DE 2001
MARQUES, MARIA ESTHER SOARES

1. Influência da viscosidade no comporta-

mento de laboratório
2. Ensaios e de campo de solos
de laboratório

argilosos [Rio de Janeiro] 2001

XV, 320 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ,


D.Sc., Engenharia Civil, 2001)

Tese - Universidade Federal do Rio de

Janeiro, COPPE

1. Comportamento viscoso

2. Ensaios de laboratório

3. Précarregamento por vácuo

4. Instrumentação

I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )


Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Doutor em Ciências (D.Sc.)

INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE NO COMPORTAMENTO DE LABORATÓRIO


E DE CAMPO DE SOLOS ARGILOSOS

Maria Esther Soares Marques

Março/2001

Orientadores: Márcio de Souza Soares de Almeida

Ian Schumann Marques Martins

Serge Leroueil

Programa: Engenharia Civil

Neste estudo foi analisado o comportamento viscoso do depósito argiloso de


Saint-Roch-de-l'Achigan, situado na província de Québec, Canadá. Avaliou-se o
comportamento da argila intacta frente a variações de temperatura e velocidade de
deformação a partir de ensaios de laboratório : oedométricos convencionais e CRS,
triaxiais CIU e CAU e oedométricos especiais com controle de temperatura; e ensaios
de campo : piezocones e palhetas. Em campo, foram também instalados piezômetros e
executadas amostragens com o amostrador Laval. Instalou-se um sítio experimental
neste local, com dois aterros de 13 x 13 m cada, para avaliar o comportamento in situ do
depósito argiloso, quando submetido a précarregamentos por vácuo e por vácuo e
aquecimento do depósito argiloso até 7.5 m de profundidade. Estes aterros foram
instrumentados com : piezômetros, tassômetros, termistores e inclinômetros. Elaborou-
se uma análise comparativa destes resultados com os resultados de laboratório e os de
um aterro convencional instrumentado existente ao lado do sítio. Foram executados
ensaios de campo e laboratório em amostras coletadas após os précarregamentos in situ,
para análise do comportamento da argila antes e após os précarregamentos.
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Doctor of Science (D.Sc.)

LABORATORY AND FIELD VISCOUS BEHAVIOUR OF CLAYEY SOILS

Maria Esther Soares Marques

March/2001

Advisors: Márcio de Souza Soares de Almeida

Ian Schumann Marques Martins

Serge Leroueil

Departement : Civil Engeneering

This study carries out an analysis of the viscous behaviour of Saint-Roch-de-


l'Achigan clay deposit, at Quebec, Canada. The intact clay behaviour was analised
under temperature and strain rate variation based on laboratory tests: conventional and
CRS oedometer tests, CIU and CAU triaxial tests and special oedometer tests, all under
controlled temperature; field tests: CPTU and vane tests. Piezometers were also
installed and sampling with Laval sampler was carried out. An experimental site was
installed, with two 13 x 13 m fills, in order to obtain the in situ behaviour of the clay
deposit, when submited to vacuum and vacuum and heating preloadings of the clay
deposit till 7.5 m depth. Field instrumentation was also installed: piezometers,
tassometers, inclinometers and thermistances. Field results were compared with
laboratory results and those of a conventional fill, with instrumentation also, close to the
experimental site. The clay behaviour before and after preloadings was analysed based
on laboratory tests carried out on specimens sampled after preloadings and field tests.
i

AGRADECIMENTOS
Agradeço às pessoas que diretamente ou indiretamente contribuiram para a elaboração
desta tese :

Aos colegas e amigos da UFRJ e da Université Laval, o carinho e amizade;

Aos meus orientadores Serge, Márcio e Ian, o apoio em todas as etapas e em todas as
dificuldades;

À equipe técnica da Université Laval, o acompanhamento e orientação durante todos os


trabalhos de campo e laboratório. Agradeço também as aulas informais de francês;

À equipe técnica das empresas Menard, Geopac e HVAC, o apoio na instalação do sítio
experimental;

Aos órgãos financiadores, que me auxiliaram com bolsas de estudos : CNPq, CAPES e
FAPERJ;

Ao Ministério dos Transportes de Québec (MTQ) e sua equipe técnica, o financiamento


e auxílio na instalação do sítio experimental;

Em especial a minha família, a paciência e o apoio cotidiano.


ii

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

1.1 RELEVÂNCIA DO ESTUDO .............................................................................. 1

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO .................................................................................. 2

1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS......................................................................... 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 5

2.1 INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE NO COMPORTAMENTO DE SOLOS


ARGILOSOS ............................................................................................................... 5
2.1.1 COMPORTAMENTO UNIDIMENSIONAL E ISOTRÓPICO .................. 5

2.1.2 EFEITO DA VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO.................................... 6

2.1.3 EFEITO DA TEMPERATURA ................................................................. 10

2.1.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA VELOCIDADE DE


DEFORMAÇÃO .................................................................................................... 13

2.1.5 ESTADO LIMITE ...................................................................................... 17

2.1.6 FLUÊNCIA................................................................................................. 19

2.1.7 ESTRUTURAÇÃO E DESESTRUTURAÇÃO DE ARGILAS


NATURAIS............................................................................................................ 22

2.1.8 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA......................................................... 27

2.1.9 ESTADOS CRÍTICOS ............................................................................... 32

2.1.10 RELAXAÇÃO DE TENSÕES ................................................................... 34

2.1.11 RESUMO DOS ESTUDOS APRESENTADOS........................................ 35

2.2 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO ............................................................ 36

2.3 PRÉCARREGAMENTO POR AQUECIMENTO ............................................. 41

3 SELEÇÃO DO SÍTIO EXPERIMENTAL E CARACTERÍSTICAS


GEOTÉCNICAS GERAIS........................................................................................ 45

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SÍTIO EXPERIMENTAL....................................... 45


iii

3.2 PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE 1996........................ 48


3.2.1 ENSAIOS DE PIEZOCONE ...................................................................... 48

3.2.2 AMOSTRAGEM ........................................................................................ 51

3.2.3 ENSAIO DE PALHETA ............................................................................ 52

3.2.4 LEITURAS PIEZOMÉTRICAS................................................................. 54

3.2.5 ENSAIOS DE LABORATÓRIO................................................................ 55

3.2.5.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO.................................................... 55


3.2.5.2 ENSAIOS OEDOMÉTRICOS ............................................................... 57
3.2.6 ENSAIOS TRIAXIAIS DE COMPRESSÃO ISOTRÓPICA .................... 63

3.2.7 CONCLUSÕES SOBRE AS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DE


1996 .................................................................................................................... 65

4 ESTUDO DO COMPORTAMENTO VISCOSO DA ARGILA DE SAINT-


ROCH-DE-L'ACHIGAN .......................................................................................... 67

4.1 COMPORTAMENTO VISCOSO DA ARGILA DE SAINT-ROCH-DE-


L'ACHIGAN EM CONDIÇÕES UNIDIMENSIONAIS .......................................... 67
4.1.1 PROGRAMA DOS ENSAIOS ................................................................... 67

4.1.2 EFEITO DA VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO.................................. 68

4.1.3 EFEITO DA TEMPERATURA ................................................................. 76

4.1.3.1 CURVAS DE COMPRESSÃO .............................................................. 76


4.1.3.2 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA ..................................................... 80
4.1.3.3 TENSÕES DE SOBREADENSAMENTO ............................................ 84
4.1.4 RESULTADOS DOS ENSAIOS OEDOMÉTRICOS À TEMPERATURA
CONTROLADA .................................................................................................... 89

4.1.5 CONCLUSÕES DO ITEM 4.1................................................................... 96

4.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE O COMPORTAMENTO


GERAL DA ARGILA DE SAINT-ROCH-DE-L’ACHIGAN.................................. 98
4.2.1 ENSAIOS DE COMPRESSÃO À K CONSTANTE ................................. 98

4.2.2 CURVAS DE ESTADO LIMITE............................................................. 103

4.2.3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA....................................................... 107


iv

4.2.3.1 DOMÍNIO SOBREADENSADO......................................................... 107


4.2.3.2 DOMÍNIO NORMALMENTE ADENSADO...................................... 111
4.2.4 LINHAS DE ESTADOS CRÍTICOS ....................................................... 115

4.2.5 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 4.2....................................................... 117

4.3 PREVISÃO DO COMPORTAMENTO DOS PRÉCARREGAMENTOS COM


BASE NOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE LABORATÓRIO..................... 118

5 ATERROS EXPERIMENTAIS DE PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO


E POR VÁCUO E AQUECIMENTO .................................................................... 120

5.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SÍTIO E DOS ATERROS EXPERIMENTAIS.... 120

5.2 PRÉCAREGAMENTO POR VÁCUO - ATERRO A ...................................... 120

5.3 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E AQUECIMENTO - ATERRO B.. 128

5.4 INSTRUMENTAÇÃO...................................................................................... 134


5.4.1 TASSÔMETROS...................................................................................... 137

5.4.2 PIEZÔMETROS ....................................................................................... 141

5.4.3 TERMISTORES ....................................................................................... 141

5.4.4 INCLINÔMETROS.................................................................................. 145

5.4.5 PLACAS DE RECALQUES .................................................................... 149

5.4.6 VEDAÇÃO DA MEMBRANA EM PVC EM TORNO DA


INSTRUMENTAÇÃO......................................................................................... 149

5.5 CRONOGRAMAS E ETAPAS DOS TRABALHOS DE CAMPO ................. 151

5.6 ESTABELECIMENTO DAS CONDIÇÕES INICIAIS ................................... 162


5.6.1 PORO-PRESSÕES ................................................................................... 162

5.6.2 TEMPERATURAS................................................................................... 164

5.6.3 DEFORMAÇÕES VERTICAIS............................................................... 166

6 RESULTADOS DAS MEDIÇÕES E COMPORTAMENTO DE CAMPO . 169

6.1 TEMPERATURA.............................................................................................. 169


6.1.1 FASES DE AQUECIMENTO E DE RESFRIAMENTO ........................ 169
v

6.2 APLICAÇÃO DO VÁCUO............................................................................... 172

6.3 PORO-PRESSÕES............................................................................................ 173


6.3.1 FASE DE AQUECIMENTO .................................................................... 173

6.3.2 FASE DE APLICAÇÃO DO VÁCUO..................................................... 174

6.3.2.1 VARIAÇÃO DAS PORO-PRESSÕES ENTRE OS DRENOS ........... 177


6.3.2.2 VARIAÇÕES DAS PORO-PRESSÕES COM O TEMPO.................. 178
6.3.2.3 PERFIS DE PORO-PRESSÃO ............................................................ 188
6.3.2.4 DESEMPENHO DOS PIEZÔMETROS .............................................. 190

6.4 DESLOCAMENTOS VERTICAIS E DEFORMAÇÕES ................................ 192


6.4.1 MÉTODO DE CÁLCULO ....................................................................... 192

6.4.2 FASE DE AQUECIMENTO .................................................................... 193

6.4.3 FASE DE APLICAÇÃO DO VÁCUO..................................................... 195

6.5 RELAÇÕES TENSÃO EFETIVA - DEFORMAÇÃO..................................... 206


6.5.1 MÉTODO DE CÁLCULO ....................................................................... 206

6.5.2 CURVAS DE COMPRESSÃO DOS ATERROS A E B ......................... 209

6.6 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS ............................................................ 214

6.7 ESTADO LIMITE E CAMINHO DE TENSÕES ............................................ 214

6.8 VELOCIDADES DE DEFORMAÇÃO............................................................ 223

7 DESEMPENHO DOS ATERROS DE PRÉCARREGAMENTO ................. 228

7.1 COMPORTAMENTO IN SITU APÓS OS ENSAIOS DE


PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E POR VÁCUO E AQUECIMENTO.... 228
7.1.1 AMOSTRAGEM ...................................................................................... 228

7.1.2 RESISTÊNCIAS MEDIDAS NOS ENSAIOS DE PALHETA E DE


PIEZOCONE........................................................................................................ 229

7.2 ENSAIOS DE LABORATÓRIO - ATERROS A E B...................................... 232


7.2.1 ENSAIOS OEDOMÉTRICOS CONVENCIONAIS ............................... 232

7.2.2 ENSAIOS TRIAXIAIS............................................................................. 240


vi

7.3 COMPORTAMENTO GERAL APÓS OS ENSAIOS DE


PRÉCARREGAMENTO IN SITU........................................................................... 247

8 CONCLUSÕES .................................................................................................. 249

8.1 CONCLUSÕES DOS ESTUDOS GEOTÉCNICOS DE CAMPO E


LABORATÓRIO (1996/1997) ................................................................................ 249
8.1.1 EFEITOS DE VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO E DE
TEMPERATURA ................................................................................................ 249

8.1.2 ESTADO LIMITE, ESTADO CRÍTICO E RUPTURA .......................... 250

8.2 RECOMENDAÇÕES PARA A APLICAÇÃO DO VÁCUO .......................... 251


8.2.1 PERFIL GEOTÉCNICO........................................................................... 251

8.2.2 LENÇOL FREÁTICO E PERFIL DE PORO-PRESSÕES NATURAL IN


SITU .................................................................................................................. 252

8.2.3 EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE VÁCUO E VARIAÇÃO DAS


TENSÕES ............................................................................................................ 253

8.2.4 CRONOGRAMAS DE OBRAS............................................................... 253

8.2.5 INSTRUMENTAÇÃO ............................................................................. 254

8.2.6 RECALQUES DIFERENCIAIS E DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS .


.................................................................................................................. 255

8.2.7 INSTALAÇÃO DO SISTEMA DE APLICAÇÃO DE VÁCUO NO


QUÉBEC E PERSPECTIVA DE UTILIZAÇÃO NO BRASIL.......................... 256

8.3 PRÉCARREGAMENTO POR AQUECIMENTO ........................................... 257

8.4 DESEMPENHO DOS ATERROS DE PRÉCARREGAMENTO .................... 257


8.4.1 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO - ATERRO A........................... 257

8.4.2 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E POR AQUECIMENTO -


ATERRO B .......................................................................................................... 259

8.5 PROPOSTAS PARA PESQUISAS FUTURAS ............................................... 261

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 262


vii

ANEXOS
ANEXO I - RESULTADOS DOS ENSAIOS DA CAMPANHA DE 1996 ................ 272
ANEXO II - ESTUDO DO COMPORTAMENTO VISCOSO ................................... 281
ANEXO III – MONITORAMENTO DAS TEMPERATURAS DO SÍTIO
EXPERIMENTAL................................................................................................ 291
ANEXO IV - CÁLCULO DA DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES IN SITU.................. 298
ANEXO V - RESULTADOS DA INSTRUMENTAÇÃO DO ATERRO
CONVENCIONAL DO MTQ .............................................................................. 306
viii

LISTA DE SÍMBOLOS
BM Ponto de referência - Bench Mark;

CAU ensaio adensado anisotropicamente em célula triaxial e cisalhado em condições


não drenadas;

Cc coeficiente de compressão;

CIU ensaio adensado isotropicamente em célula triaxial e cisalhado em condições


não drenadas;

Ckv relação Δe / Δlog kv

CRS ensaio de compressão oedométrica executado a uma velocidade de deformação


vertical constante;

Cs coeficiente de recompressão;

Cu resistência intacta medida no cone sueco;

Cur resistência amolgada medida no cone sueco;

Cv coeficiente de adensamento;

Cαe coeficiente de compressão secundária = Δe / Δlog σ'

e índice de vazios;
±
e velocidade de variação do índice de vazios;

eo índice de vazios inicial do solo;

F furos de amostragem;

G densidade real do grãos;

IL índice de liquidez;

IP índice de plasticidade;

k condutividade hidráulica;

K relação σ'3 / σ'1;

k0 condutividade hidráulica inicial do solo;

K0 relação σ'3 / σ'1 em compressão unidimensional;


ix

K0nc relação σ'3 / σ'1 em compressão unidimensional no domínio normalmente


adensado;

LAI linha de adensamento isotrópico (NCL - normally consolidated line);

LEC linha de estados críticos (CSL - critical state line);

mv coeficiente de compressibilidade volumétrica (Δ e / Δ log σ'v);

p' tensão efetiva média (σ'1 + 2σ'3) / 3;

PR piezômetro;

PZ piezocone;

q tensão desviadora (σ'1 - σ'3);

qc resistência de ponta, medida no ensaio de piezocone;

qt resistência de ponta corrigida, medida no ensaio de piezocone;

qε =15% tensão desviadora (σ'1 - σ'3), para deformação de 15%;

qεf tensão desviadora (σ'1 - σ'3), na ruptura;

s' tensão média efetiva - M.I.T. = (σ'1 + σ'3) / 2;

s'f tensão média efetiva - M.I.T. = (σ'1 + σ'3) / 2, na ruptura;

s'L tensão média efetiva - M.I.T. = (σ'1 + σ'3) / 2, no estado limite;

St sensibilidade;

Su resistência ao cisalhamento não drenada, obtida a partir de ensaio de palheta;

T temperatura;

t tempo;

t tensão desviadora / 2 - M.I.T. = (σ'1 - σ'3) / 2;

tf tensão desviadora / 2 - M.I.T. = (σ'1 - σ'3) / 2, na ruptura;

u poro-pressão;

ub poro-pressão gerada, medida na base da amostra;

uf poro-pressão gerada, medida na ruptura;

uo contrapressão;
x

upte poro-pressão medida no ensaio de piezocone;

V ensaio de palheta;

v volume específico;

wam umidade natural da amostra amolgada;

wL limite de liquidez;

wn umidade natural da amostra intacta;

wP limite de plasticidade;
±
ε1 velocidade de deformação vertical axial;
±
εv velocidade de deformação volumétrica;

ε1 deformação vertical axial;

ε1f deformação vertical axial na ruptura;

εv deformação volumétrica ou deformação vertical específica em ensaios


oedométricos;

φ' ângulo de atrito interno do solo;

φ'ec ângulo de atrito interno do solo medido no estado crítico;

φ'gd ângulo de atrito interno do solo medido a grande deformação;

φ'picnc ângulo de atrito interno do solo medido no pico em ensaios de cisalhamento


executados no domínio normalmente adensado;

γw peso específico da água, na temperatura do ensaio;

μ viscosidade do fluido;

σ'1 tensão principal maior efetiva;

σ'1f tensão principal maior efetiva na ruptura;

σ'3 tensão principal menor efetiva;

σ'3f tensão principal menor efetiva na ruptura;

σ'c tensão confinante isotrópica do ensaio CIU;

σ'h tensão horizontal efetiva;


xi

σ'p tensão de sobreadensamento;

σ'ppiezocone tensão de sobreadensamento deduzida a partir de ensaios de piezocone;

σ'pCRS tensão de sobreadensamento obtida a partir de ensaios de adensamento


oedométricos CRS;

σ'pi tensão de sobreadensamento, obtida a partir de ensaios de compressão


isotrópica;

σ'poed tensão de sobreadensamento obtida a partir de ensaios de adensamento


oedométricos convencionais;

σ'v tensão vertical efetiva obtida em ensaios CRS;

σv tensão vertical total;

σ'vmédia tensão vertical efetiva média;

σ'VEL tensão de sobreadensamento obtida a partir das curvas de compressão dos


ensaios de précarregamento in situ;

σvo tensão total inicial;

σ'vo tensão vertical efetiva inicial;


1

1. INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DO ESTUDO

Os fenômenos viscosos foram objeto de vários estudos desde o início da Mecânica dos
Solos, entretanto, ainda hoje, são negligenciados em projetos convencionais de
Geotecnia. Pode-se citar como exemplo, a influência da temperatura e da velocidade de
deformação vertical sobre a curva de compressão, para a avaliação de recalques in situ a
partir de curvas de compressão obtidas em laboratório. O comportamento dito
"inesperado" de fundações de aterros construídos sobre solos moles, é muitas vezes, o
reflexo da desconsideração destes fenômenos nas previsões de recalques.

A construção de aterros em uma só etapa, devido à baixa resistência das argilas de


fundação, é um problema freqüente em regiões de depósitos de argilas moles e muito
moles, muito compressíveis. Várias soluções podem ser utilizadas para a execução
destes aterros e a mais usual é construí-los em etapas, uma solução que demanda muito
tempo e que é às vezes incompatível com os cronogramas de construção.

Uma outra solução também bastante utilizada é a execução de parte do aterro com
materiais de baixo peso específico. Materiais leves, tais como isopor, entre outros,
substituem parte do solo, diminuindo os valores das tensões, num processo que é às
vezes associado a um précarregamento convencional, para diminuir os valores dos
recalques após a execução do aterro até a cota de projeto. Entretanto, esta é uma solução
muito dispendiosa, e que apresenta desvantagens: o aterro em isopor tem que ser
executado manualmente e o isopor se deteriora quando em contato com gasolina. Por
isto procura-se soluções alternativas, adequadas técnica e economicamente, para a
execução de aterros sobre argila moles. Neste estudo foi analisado o desempenho das
técnicas de précarregamento por vácuo (préadensamento atmosférico) e por vácuo e
aquecimento, como solução para este problema.

A técnica de précarregamento por vácuo consiste em se fazer o vácuo dentro de uma


camada de solo compressível ao se bombear a água de drenos verticais sob uma sucção
de aproximadamente 75 kPa. A pressão atmosférica atua como uma sobrecarga
equivalente a um aterro convencional de cerca de 4.5 m de altura.
2

A aplicação do vácuo pode ser associada à execução de um aterro de précarregamento


convencional, para se obter um précarregamento no mesmo nível de tensões da cota
final de projeto. Neste caso, após o fim do précarregamento por vácuo, o aterro seria
completado até a cota final, sem a ocorrência de recalques significativos.

Por outro lado, o aquecimento do solo causa uma queda da viscosidade da água
intersticial, um aumento da condutividade hidráulica e em conseqüência, a redução do
tempo de adensamento. Além disto, a tensão de sobreadensamento de uma argila, assim
como os recalques devido ao carregamento e a velocidade de deformação vertical
dependem da temperatura, justificando o interesse em se aquecer o solo.

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO

Num fluido em movimento, as forças tangenciais opostas a este movimento são função
da velocidade do fluido e da temperatura, que atua diretamente no coeficiente de
viscosidade. No solo, o mecanismo das forças que atuam sobre as partículas e fluidos é
muito mais complexo, pois há o fluido adsorvido e o fluido livre.

Nesta dissertação propõe-se o estudo do comportamento viscoso de uma argila natural,


de Saint-Roch-de-l'Achigan, na Província de Québec, Canadá, com base nos resultados
de ensaios de campo e laboratório, a partir de observação da variação dos dois fatores
que influenciam o comportamento viscoso : a velocidade de deformação e a
temperatura. Será discutido também o comportamento do sítio experimental de
précarregamento por vácuo e por vácuo e aquecimento, instalado neste depósito
argiloso. Uma análise comparativa dos comportamentos de campo e in situ será objeto
de discussão nos capítulos subsequentes.

Visando subsidiar o projeto de précarregamento com a aplicação do vácuo e


aquecimento, foi executada uma série de estudos geotécnicos para a caracterização do
depósito argiloso e um estudo do comportamento viscoso dessa argila. Esta fase de
estudos que foi efetuada durante um período de dois anos (1996-1997), compreendia a
execução de investigações geotécnicas de campo e laboratório e a elaboração do projeto
de précarregamento por vácuo e por aquecimento.

O sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan foi o primeiro canteiro de aplicação de


vácuo instalado em Québec, assim como a primeira vez em que o précarregamento por
3

vácuo foi associado ao aquecimento do solo. Como estas técnicas nunca foram
utilizadas sobre as argilas do Québec, o Ministério dos Transportes de Québec (MTQ)
contratou a equipe de Geotecnia da Université Laval (ULAVAL) para examinar a sua
aplicabilidade dentro do contexto geotécnico e climático local. A COPPE atuou no
projeto através do acordo de cooperação existente entre a UFRJ e a ULAVAL, que
permitiu a atuação desta aluna de D. Sc. durante todas as fases do projeto de pesquisa de
laboratório e in situ.

Não faz parte do escopo destes estudos análises numéricas, com base em modelos
conhecidos nem a proposição de novos modelos de comportamento. O objetivo
principal é observar o comportamento em campo e laboratório e obter-se conclusões
com base nestas observações. Entretanto, prevê-se a elaboração de estudos neste
sentido, utilizando-se o banco de dados obtidos em laboratório e campo.

1.3 DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

No capítulo 2 apresenta-se uma revisão bibliográfica, onde estão descritos: estudos


realizados sobre o comportamento viscoso de solos argilosos, que podem ser
comparados aos estudos executados em Saint-Roch-de-l'Achigan descritos na
dissertação; a técnica de précarregamento por vácuo e estudos realizados em sítios
experimentais de aquecimento de solo.

O programa de investigações geotécnicas de 1996 consistiu de execução de ensaios de


piezocones, ensaio de palheta, coleta de amostras e instalação de piezômetros do tipo
Casagrande. Nesta fase foram ainda executados os seguintes ensaios nos laboratórios de
Geotecnia da Université Laval: ensaios de caracterização, ensaios oedométricos e
ensaios triaxiais CIU ao longo da profundidade. Os resultados destes estudos estão
apresentados no capítulo 3 e no anexo I.

Para o estudo detalhado do comportamento viscoso da argila de Saint-Roch-de-


l'Achigan foram executados ensaios oedométricos CRS, ensaios oedométricos de grande
diâmetro (d = 15 cm) e ensaios triaxiais CAU e CIU, todos executados sob temperatura
controlada, cujas descrições e resultados estão apresentados no capítulo 4 e no anexo II.

Na segunda fase de estudos, foi executado o précarregamento por vácuo e por


aquecimento (1998 - 1999). A instalação do sítio experimental iniciou-se em fins de
4

junho de 1998 e os précarregamentos por vácuo e por aquecimento foram executados de


agosto de 1998 até março de 1999. No capítulo 5 estão descritos os aterros de ensaio de
précarregamento e a instrumentação.

No capítulo 6 estão apresentados os resultados de campo, onde se discute o


comportamento das fundações destes aterros quando sob vácuo e aquecimento. Nos
anexos III e IV estão apresentados resultados da instrumentação de campo e
detalhamento da memória de cálculo das tensões consideradas para o carregamento in
situ.

Numa terceira fase de estudos, de junho a dezembro de 1999, após o término da


aplicação dos précarregamentos, foram executados ensaios de campo: vane tests,
piezocones, amostragens com o amostrador Laval, bem como ensaios de laboratório:
oedométricos convencionais e ensaios triaxiais. Com estes ensaios foi possível
comparar o comportamento antes e após os précarregamentos in situ, bem como avaliar
o desempenho das técnicas de précarregamento. Estes resultados são discutidos no
capítulo 7.

No capítulo 8, estão apresentadas as conclusões destes estudos. Como a técnica de


précarregamento por vácuo é relativamente nova, apresentou-se também neste capítulo
algumas recomendações para a utilização da técnica com base na experiência adquirida
no sítio experimental e proposta para pesquisas futuras.

No anexo IV estão apresentadas as hipóteses adotadas para os cálculos das tensões in


situ e no anexo V apresentou-se a comparação dos resultados obtidos no sítio
experimental com os obtidos em um aterro real convencional, instrumentado, executado
pelo MTQ, a cerca de 50 m do sítio experimental, sobre o mesmo depósito argiloso.
5

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INFLUÊNCIA DA VISCOSIDADE NO COMPORTAMENTO DE SOLOS


ARGILOSOS

2.1.1 COMPORTAMENTO UNIDIMENSIONAL E ISOTRÓPICO

A influência da viscosidade no comportamento unidimensional de solos tem sido objeto


de discussões no meio geotécnico desde o início da Mecânica dos Solos. Ainda hoje
questiona-se a influência da viscosidade sobre o comportamento da argila e duas
hipóteses de comportamento dos solos em compressão foram propostas:

- na hipótese A, considera-se que somente ao final do adensamento primário é que há


o adensamento secundário, e que a curva de compressão em fim de primário (EOP -
end of primary) é única, ou seja, não é função das condições de drenagem. Na
hipótese A não se considera a existência de fenômenos viscosos durante o
adensamento primário (Jamiolkowski et al. 1985).

- na hipótese B, considera-se que a resistência à compressão de uma argila é função da


viscosidade e da velocidade de deformação vertical. Como a viscosidade é função da
temperatura, a resistência à compressão é também função da temperatura.

Resultados de ensaios de laboratório, assim como uma série de medidas in situ,


testemunharam um comportamento mais em acordo com a hipótese B. Imai & Tang
(1992) executaram ensaios de adensamento em corpos de prova de argila ligados em
série. Estes ensaios simulavam o comportamento de um depósito argiloso dividido em
camadas, ao se medir recalques e poro-pressões destes corpos de prova, quando
submetidos a um mesmo carregamento. Os resultados destes ensaios confirmam a
influência da distância de drenagem, e consequentemente da velocidade de deformação,
sobre a curva de compressão durante o adensamento primário.

Ensaios de compressão com controle de temperatura confirmam também a influência da


viscosidade sobre a curva de compressão (Campanella, 1965). Ou seja, a curva EOP não
é única e depende da temperatura e da distância de drenagem.

Bjerrum (1967) apresentou o efeito do tempo sobre a curva de compressão de argilas


para a avaliação de recalques, e também observou que o tempo necessário para a
6

dissipação de poro-pressões é função da espessura da camada argilosa, da condutividade


hidráulica e das condições de drenagem.

No campo, a instrumentação da seção executada sem drenos verticais do aterro de Olga,


descrito por Leroueil (1996), indicou um aumento das poro-pressões geradas por
fluência (creep) de 15 a 50 dias após o carregamento. O autor relata que devido à
distância maior de drenagem na seção sem drenos, não houve tempo suficiente para que
a poro-pressão gerada pelo carregamento se dissipasse e a poro-pressão continuou a
aumentar graças à fluência parcialmente drenada. Logo, haveria fluência ainda durante a
fase de adensamento primário, isto é, antes da dissipação do excesso de poro-pressão.

Almeida (1984) realizou ensaios de centrífuga simulando a construção de aterro, onde


as velocidades são elevadas e um aumento de poro-pressão devido a fluência seria
pouco significativo. Entretanto, o autor observou um aumento de poro-pressão após a
execução do carregamento e atribuiu este fenômeno a uma redistribuição de tensões de
zonas de maior excesso de poro-pressão para zonas de menor excesso de poro-pressões.
O autor também atribui o fenômeno ao efeito Mandel-Cryer.

Na realidade os comportamentos descritos por Leroueil (1996) e Almeida (1984) são de


difícil quantificação separadamente, quando se fala em efeito Mandel-Creyer, já que a
própria existência de caminhos de drenagem diferenciados alteram a geometria.

Alguns modelos consideram o efeito da viscosidade sobre o comportamento


unidimensional das argilas como por exemplo: o modelo proposto por Taylor (1942),
que já considerava o efeito da velocidade de deformação na resistência (teoria B); o
modelo proposto por Lowe (1974), com uma análise de recalques a partir da teoria de
Terzaghi modificada, onde a velocidade de deformação vertical foi incluída; o modelo
proposto por Martins (1992), que considera que uma parcela da resistência de solos
argilosos é devida à viscosidade.

2.1.2 EFEITO DA VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO

Leroueil et al. (1985) propuseram que o comportamento unidimensional de solos


argilosos é dado por uma relação única tensão - deformação vertical - velocidade de
±
deformação vertical (σ'v, εv, εv) e seu comportamento reológico é dado por:
7

±
σ'p = f (εv) (2-1)
±
σ'v / σ'p(εv) = g (εv) (2-2)

Segundo esta abordagem, a tensão vertical efetiva do ponto A, apresentado na Figura 2 -


±
1, do ensaio de adensamento CRS executado sob velocidade de deformação vertical εv,
pode ser normalizada com relação à tensão de sobreadensamento deduzida da curva de
compressão obtida sob esta velocidade. Ou seja, pode-se normalizar todos os pontos
±
(σ'v, εv, ε v) das curvas de compressão de uma argila. Para cada velocidade de
± ± ±
deformação vertical ( ε1 , ε 2 , ε 3 ), os pontos são normalizados com relação à tensão de
±
sobreadensamento (σ'p (ε v)), obtida nos ensaios executados sob estas velocidades.
±
Obtém-se então, uma só curva de compressão normalizada ((σ'v / σ'p (ε v)), x εv). É
importante notar que a utilização da deformação vertical e não do índice de vazios é
possível em casos de amostras que possuam um mesmo índice de vazios inicial.

Figura 2 - 1 - Comportamento unidimensional proposto por Leroueil et al. (1985).

Ao comparar-se as curvas de compressão de uma argila, obtidas em ensaios


oedométricos executados a diferentes velocidades de deformação vertical, Leroueil et al.
(1985) observaram que sob uma determinada tensão vertical, as deformações verticais
são maiores quanto menor é a velocidade de deformação empregada. Este
comportamento foi observado ao executarem ensaios de compressão oedométrica do
8

tipo CRS (constant rate of strain), oedométricos convencionais, CGT (controlled


gradient tests), MSL (multiple stage tests) em várias argilas do leste do Canadá e
também em argilas de outras origens. Os autores observaram também que a tensão de
sobreadensamento obtida nestes ensaios aumenta, em geral, 10% por ciclo logarítmico
±
de velocidade de deformação vertical. Na realidade, a relação log σ'p-log ε v é
aproximadamente retilínea, descrita como:

±
log σ'p = A + (1/m') log ε v (2-3)

onde os valores de A e m' são constantes para cada argila, sob uma mesma temperatura.

± ±
A relação (σ'v, εv, εv) ou (σ'v, e, e ) é válida seja para o adensamento primário ou para o
adensamento secundário (fluência drenada). Discutindo esta hipótese, Leroueil &
Marques (1996) analisaram os resultados dos ensaios de adensamento isotrópico
apresentados por Mesri et al. (1995), executados na argila de St-Hilaire (argila da região
de Champlain) e mostrados na Figura 2 - 2 - a. Os ensaios foram efetuados sobre quatro
corpos de prova (cp) de 125 mm de altura, ligados em série, com drenagem
unidimensional, cujo sentido está indicado na figura por setas saindo dos cp. Os quatro
cp foram submetidos a um mesmo carregamento e as poro-pressões foram medidas na
base dos quatro cp, onde o cp 1 é o mais próximo da camada drenante e o cp 4 é o mais
distante (Figura 2 - 2 - a).

Estes ensaios tiveram como objetivo simular o comportamento de camadas de argila, ao


se medir as deformações e as poro-pressões geradas para cada corpo de prova. Na figura
estão apresentadas as curvas de compressão obtidas para os quatro sub-elementos (cp).
Durante o adensamento primário o solo apresentou um comportamento em
conformidade com as equações (2-1) e (2-2). No início, os elementos de solo mais
próximos da camada drenante apresentaram velocidades de deformação vertical e tensão
de sobreadensamento maiores (Figura 2 - 2 - a). Entretanto, à medida que houve
dissipação da poro-pressão, os sub-elementos que foram submetidos a uma mesma
tensão, caminharam para um mesmo índice de vazios e para uma mesma velocidade de
±
deformação vertical, ou seja, um valor único de (σ'v, εv, εv). Segundo estas observações,
foi a distância de drenagem quem controlou as velocidades de deformação durante o
adensamento primário, enquanto as poro-pressões geradas pelo carregamento ainda não
tinham se dissipado.
9

σ' (kPa)

Adensamento secundário
nos sub-elementos

EOP
Adensamento
secundário

σ' (kPa)

Adensamento
primário

Adensamento
secundário

Nota : as curvas σ' - e durante o adensamento primário e valores de Cc / Cα são de


Mesri et al. (1995).

Figura 2 - 2 - Adensamento da argila de St-Hilaire para tensões aplicadas de 97 a 138


±
kPa. (a) Abordagem (σ',e ,e ). (b) Abordagem Cαe / Cc. Leroueil & Marques (1996).

Mesri & Godlewski (1977) propuseram que o comportamento em compressão de um


determinado solo seja descrito pela relação Cαe / Cc = constante, onde o coeficiente de
adensamento secundário é dado por Cαe = Δe / Δlog t. Para diversos tipos de solos
10

analisados, os autores obtiveram uma relação Cαe / Cc = constante, com uma faixa
estreita de valores e para as argilas do leste do Canadá, Cαe / Cc é da ordem de 0.03
(Mesri et al., 1995).

Na Figura 2 - 2 - b apresenta-se a análise de resultados dos ensaios executados sobre a


argila de Saint-Hilaire partir do modelo Cαe / Cc = constante, de Mesri et al. (1995).
Observa-se que durante o adensamento primário, as curvas de compressão de cada
elemento são diferentes, em função da distância de drenagem, logo, em caso de
depósitos argilosos reais as curvas de compressão seriam diferentes para cada camada,
devido às diferentes distâncias de drenagem.

Concluindo, a relação Cαe / Cc não é constante e o modelo não é válido para a fase de
adensamento primário, ou seja, o modelo Cαe / Cc = constante não representa o
comportamento da argila ao longo das fases de adensamento, enquanto que a
±
abordagem (σ'v, εv, ε v) representa o comportamento em compressão para qualquer fase
do adensamento, no domínio normalmente adensado.

2.1.3 EFEITO DA TEMPERATURA

Estudos do efeito da temperatura sobre a curva de compressão unidimensional foram


realizados nos anos 60, principalmente por Campanella (1965), que executou ensaios
oedométricos convencionais à temperatura controlada sobre amostras de ilita preparadas
em laboratório com mesmo índice de vazios inicial.

Ao contrário do que se observa com os materiais em geral, uma amostra de solo argiloso
sob tensão, no domínio normalmente adensado, sofre uma diminuição de volume,
graças ao aumento da temperatura. O aumento da temperatura causa uma perda da
resistência e logo há uma deformação associada a esta queda de resistência. Além disto,
o aumento da temperatura causa uma queda da viscosidade do fluido intersticial (em
geral a água) e consequentemente um aumento da condutividade hidráulica. Em um solo
que está sob carregamento, a dissipação das poro-pressões geradas ocorrerá mais
rapidamente, quanto maior a temperatura a que o solo está sendo submetido.

Este comportamento foi observado também para argilas naturais quando submetidas a
um aumento de temperatura durante ensaios oedométricos (Eriksson, 1989; Tidfors &
11

Sällfors, 1989; Boudali et al. 1994; Moritz, 1995; Marques, 1996). Eriksson (1989)
executou ensaios oedométricos convencionais sobre a argila de Luleå, à temperatura
controlada, cujas curvas de compressão estão apresentadas na Figura 2 - 3-a. Estes
ensaios foram executados com o objetivo de estudar o efeito da temperatura sobre a
curva de compressão e sobre a tensão de sobreadensamento.
σ'v (kPa)

ε1 (%)

σ'p (kPa)

Temperatura (oC)

Figura 2 - 3 - Influência da temperatura sobre a curva de compressão da argila de Luleå.


Eriksson (1989).

As curvas de compressão das séries de ensaios executados sob temperaturas variando de


5 e 45oC eram homotéticas, com um valor de Cc constante com a temperatura. A tensão
de sobreadensamento diminuiu com o aumento da temperatura, mas a relação Δσ'p/ΔT
12

não é constante e nos ensaios executados a temperaturas superiores a 45oC, a tensão de


sobreadensamento variou pouco com o aumento da temperatura (Figura 2 - 3 - b).

A análise da variação das deformações volumétricas devido a variação de temperatura


foi bem descrita por Campanella (1965) para argilas com porosidade elevada, onde a
água intersticial livre é fator importante no comportamento da argila. Segundo Baldi et
al. (1988), para argilas de baixa porosidade é a água intersticial adsorvida que influi no
comportamento e a expansão térmica da água intersticial adsorvida é muito menor e é
mais controlada pelas interações eletroquímicas e elétricas das partículas.

Ao se aquecer uma amostra sob uma determinada tensão há uma variação do índice de
vazios. Esta variação é composta de duas parcelas: uma parcela reversível que simularia
um comportamento elástico e uma parcela irreversível que simularia um comportamento
plástico (Δest). Um maior valor de Δest refletiria uma maior sensibilidade do solo à
variação da temperatura.

Demars & Charles (1982) mostraram que os solos de maior plasticidade são mais
sensíveis à variação da temperatura. Os autores executaram ensaios de adensamento
isotrópico com variação cíclica da temperatura, executados no trecho normalmente
adensado de amostras com diferentes índices de plasticidade. Os resultados indicaram
que para um IP inicial maior da amostra, existe uma redução irreversível maior do índice
de vazios das amostras (Δest). Para areias esta redução não foi observada, mas em solos
com mesma plasticidade, o valor de Δest é maior à medida que a temperatura aumenta.

A influência da temperatura sobre a deformação é também função do OCR (razão de


sobreadensamento) da argila, pois é possível ocorrer contração ou expansão devido ao
aumento da temperatura, em função do valor do OCR. Para argilas com um OCR maior,
o valor de Δest é menor, em acordo com as observações feitas por Plum & Esrig (1969),
Burghignoli et al. (1992, 2000), Baldi et al. (1988) e Hueckel & Baldi (1990) para
argilas de diferentes origens.

Concluindo, o comportamento de uma argila quando submetida a uma variação de


temperatura depende de suas propriedades físicas iniciais, tais como IP e porosidade,
bem como seu estado de tensões, isto é, o comportamento depende se a argila é
sobreadensada ou não, e do valor de sua razão de sobreadensamento.
13

2.1.4 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E DA VELOCIDADE DE


DEFORMAÇÃO

De forma inversa à velocidade de deformação, o aumento da temperatura provoca uma


redução da tensão de sobreadensamento e um aumento das deformações, para tensões
no domínio normalmente adensado. Marques (1996) executou ensaios de adensamento
CRS à temperatura controlada sobre a argila de Saint-Polycarpe, que é uma argila do
mar de Champlain e cujas curvas de compressão estão apresentadas na Figura 2 - 4.

Na Figura 2 - 4 - a, as duas curvas dos ensaios executados a 20oC sob velocidades


maiores são homotéticas, mas a curva de compressão do ensaio executado à velocidade
menor, 1.7 x 10-7 s-1, quando sob deformações maiores, aproximou-se da curva de
compressão do ensaio a 2 x 10-6 s-1. Este fenômeno foi também observado por Leroueil
et al. (1985), para ensaios CRS, executados a baixas velocidades sobre a argila de
Batiscan. Aparentemente, houve uma estruturação da argila quando ela foi comprimida
a baixas velocidades de deformação vertical.

±
εv

Ensaio A
Ensaio B

±
Temperatura εv

Figura 2 - 4 - Efeito da temperatura e da velocidade de deformação sobre a compressão


unidimensional da argila de Saint-Polycarpe. Marques (1996).
Para os ensaios CRS executados com variação de temperatura de 5 - 20oC (ensaio A) e
de 50 - 20oC (ensaio B), sob uma velocidade de deformação constante de 2 x 10-6s-1,
apresentados na Figura 2 - 4 - b, observou-se que as curvas de compressão de 20oC são
14

coincidentes para os dois ensaios.

Marques (1996) estudou também o efeito da velocidade de deformação vertical e da


temperatura sobre a tensão de sobreadensamento. Na Figura 2 - 5 - a apresenta-se a
variação da tensão de sobreadensamento em função da velocidade de deformação e da
±
temperatura para a argila de Saint-Polycarpe. A relação log σ'p - log εv é retilínea, dentro
da faixa de valores de temperatura e de velocidade utilizadas e o valor de m' (eq. 2-3)
situa-se entre 22 e 35. O efeito da temperatura sobre a tensão de sobreadensamento foi
mais acentuado para baixos valores de T, isto é, de 5 até 20oC o efeito foi maior do que
de 20 até 50oC.

200 200
o
5C .
εv = 1.7 x 10 -5 s-1
20 C o .
εv = 2 x 10-6 s-1
50 C o .
εv = 1.7 x 10 -7 s-1
log σ'p (kPa)

150

120

100 100
1E-7 1E-6 1E-5 0 20 40 60
.
εv (s- 1 ) T(oC)

Figura 2 - 5 - Efeito da velocidade de deformação vertical e da temperatura sobre a


tensão de sobreadensamento - ensaios CRS - argila de Saint-Polycarpe. Marques (1996).

Eriksson (1989) também observou que o efeito da temperatura sobre a tensão de


sobreadensamento é mais pronunciada para temperaturas menores. A Figura 2 - 6
apresenta, para várias argilas ensaiadas, a variação da tensão de sobreadensamento
normalizada com relação a tensão de sobreadensamento obtida nos ensaios executados a
20oC, em função da temperatura. A tensão de sobreadensamento sempre diminui com o
aumento da temperatura, para a faixa de temperatura dos ensaios, entretanto a relação
Δσ'p / ΔT diminui à medida que a temperatura aumenta, isto é, a influência da
temperatura sobre a tensão de sobreadensamento é mais acentuada para temperaturas
menores. Observa-se que nesta figura alguns ensaios foram normalizados a partir de
valores médios de σ'p(T=20C), por isto há valores de σ'p /σ'p(T=20C) diferentes de 1 para a
15

temperatura de 20oC.

1.4
Boudali et al. (1994)

Despax (1975)
1.3
Campanella & Mitchell (1968)

1.2 Tidfors & Sallfors (1989)

Eriksson (1989)

1.1 Moritz (1995)


σ'p / σ'p (T=20 C)
o

Marques (1996)
1.0 Akagi & Komiya (1995)

0.9

0.8

0.7

0.6
0 20 40 60 80 100
T(oC)
Figura 2 - 6 - Variação da tensão de sobreadensamento normalizada em função da
temperatura. Leroueil & Marques (1996).

Como na abordagem de Leroueil et al. (1985) as curvas de compressão das argilas


podem ser normalizadas com relação às tensões de sobreadensamento obtida em função
±
da velocidade de deformação e da temperatura (σ'p (ε v, T)). Boudali et al. (1994)
incluíram o efeito da temperatura nesta abordagem, ficando:
±
σ'p = f (εv, T) (2-4)
±
σ'v / σ'p (εv, T) = g (εv) (2-5)

Para verificação deste comportamento, Boudali (1995) executou ensaios oedométricos


CRS sob temperatura controlada sobre a argila de Berthierville. As curvas de
compressão normalizadas com relação a tensão de sobreadensamento, apresentadas na
Figura 2 - 7, estão dentro de uma faixa de valores bastante estreita. Entretanto, observa-
se que a curva de compressão do ensaio executado a baixa velocidade e a alta
temperatura encontra-se um pouco acima da curva normalizada, ou seja, apresenta
deformações menores que a curva normalizada, o que pode ser uma indicação de
estruturação da argila para estas velocidade e temperatura.
16

Profundidade : 3.15 - 3.28 m

Figura 2 - 7 - Curvas de compressão normalizadas - argila de Berthierville. Boudali


(1995).

Resumindo, o comportamento de uma argila em compressão é função da velocidade de


deformação e da temperatura e, segundo observações de Kabbaj et al. (1988), as curvas
de compressão in situ apresentam deformações maiores que as curvas de compressão
obtidas em laboratório. A diferença entre os dois comportamentos é devido a uma
sobreposição de efeitos:

- a velocidade de deformação in situ é menor que as velocidades usuais de laboratório,


o que implica em deformações maiores no campo;

- a temperatura de amostras ensaiadas em laboratório (≅ 20oC) é maior que a


temperatura do solo in situ, em países de clima frio (≅ 7oC), ou seja, as deformações
medidas em laboratório são maiores que em campo. No Brasil, embora as
temperaturas do solo in situ sejam da ordem de 20oC, é necessário que haja um bom
controle de temperatura no armazenamento das amostras e durante a execução de
ensaios nos laboratórios de geotecnia. Um exemplo disto foram os ensaios de
expansão executados por Feijó (1991) com temperatura de laboratório controlada, em
que uma falha do sistema de refrigeração foi suficiente para aumentar a velocidade
de expansão, ao final de meses de ensaio de expansão;
17

- os caminhos de tensões do campo são diferentes dos caminhos de tensões utilizados


em laboratório durante o adensamento.

Concluindo, considerações de velocidade de deformação e temperatura são


extremamente importantes, seja para o controle das condições de execução dos ensaios
de laboratório, como para a previsão do comportamento de campo.

2.1.5 ESTADO LIMITE

O estado de tensões de um solo no estado limite (no escoamento ou yielding) é também


função do caminho de tensões utilizado, da velocidade de deformação e da temperatura.
Em geral, há uma diferença entre o estado limite obtido in situ e o obtido em
laboratório. No laboratório, por exemplo, durante um ensaio oedométrico, o solo é
submetido a um caminho de tensões Ko (εh = 0), enquanto que in situ, o caminho de
tensões seguido durante um carregamento não é Ko, pois além das deformações
horizontais (εh ≠ 0), há também a drenagem parcial. Além disto, como dito
anteriormente a velocidade de deformação e a temperatura in situ são menores que as
velocidades e temperaturas geralmente utilizadas em laboratório.

Para verificar o efeito da temperatura e da deformação vertical na superfície de estado


limite, Boudali (1995) executou ensaios de compressão anisotrópica K = σ'3 /σ'1 =
constante com temperatura controlada sobre a argila de Berthierville, cujas curvas de
estado limite, no plano p'-q, estão apresentadas na Figura 2 - 8. O autor obteve um valor
da tensão efetiva média no estado limite para a direção da aplicação da tensão e o valor
de K utilizado, em função da velocidade, dado por:

±
log ( p'y-K) = A' + (1/m') log εv (2-6)

onde A é função de K e da temperatura e (1/m') corresponde à inclinação da relação log


±
( p'y-K) - log ε v, que é constante para os valores de K e de temperatura utilizados em um
ensaio de adensamento.

A velocidade de deformação e a temperatura atuam de forma contrária sobre a curva de


estado limite, pois o aumento da temperatura faz com que a curva se contraia enquanto
que o aumento da velocidade faz com que a curva se expanda. Boudali (1995) obteve
uma variação do estado limite em função da temperatura de 0.9% / oC e de 14% por
±
ciclo logarítmico de velocidade de deformação, para as faixas de T e εv utilizadas.
18

Tipo de
ensaio

Triaxial
Oedométrico

Figura 2 - 8 - Curvas de estado limite no plano p'-q em função de (a) variação da


velocidade de deformação (b) temperatura. Boudali (1995).
Hueckel & Baldi (1990) executaram ensaios triaxiais drenados sobre a argila de
Pontida, com amostras adensadas até um OCR de 12.5 e cisalhadas a temperaturas
constantes e cujos resultados estão apresentados na Figura 2 - 9.
q = σ1 - σ3 (MPa)

ε1 (%)

εv (%)

ε1 (%)

Figura 2 - 9 - Ensaios de cisalhamento drenado sobre a argila de Pontida. Hueckel &


Baldi (1990).
Como a curva de estado limite se contraiu devido ao aumento de temperatura, o estado
de tensões da amostra ② (95oC) encontrava-se mais próximo do seu estado limite, e por
19

isto o comportamento da amostra ① (23oC) era de um solo com um OCR maior do que
o da amostra ②. Observou-se que a resistência de pico é maior para temperaturas mais
baixas. Este comportamento é interessante pois além de mostrar a importância da
temperatura no comportamento geral da argila, também coloca em questão o conceito
de OCR, que na realidade é uma razão de sobreadensamento que depende da referência,
que é o estado limite, que por sua vez depende dos fatores discutidos anteriormente.

Concluindo, o aumento da velocidade de deformação ou a diminuição da temperatura


causam uma expansão da superfície de estado limite no espaço e-p'-q, e cada velocidade
ou temperatura correspondem a uma camada da superfície de estado limite, conforme
apresentado de forma esquemática na Figura 2 - 10, apresentada por Boudali (1995). No
plano p'-e, observa-se o efeito sobre as curvas de compressão enquanto que no plano p'-
q observa-se o efeito sobre a curva de estado limite (curva de escoamento ou yield
curve).

T3
ou >
T2
>
T1

Figura 2 - 10 - Efeito da velocidade de deformação e da temperatura sobre a superfície


de estado limite no espaço e - p' - q. Boudali (1995).

2.1.6 FLUÊNCIA

Durante um ensaio de fluência (creep), drenado ou não drenado, a velocidade de


deformação diminui com o tempo. Lacerda (1976) executou ensaios de fluência não
±
drenados a σ'1 constante, sobre a argila da Baía de São Francisco, cujas curvas log εv -
log t estão apresentadas na Figura 2 - 11. Observou-se que as curvas apresentaram uma
20

inclinação constante para a faixa de tempo analisada, mas quando a amostra aproximou-
se da ruptura houve um aumento da velocidade de deformação, como no caso das
amostras CR-1-5 e CR-1-6. Os ensaios de fluência não drenados à temperatura
controlada executados por Campanella (1965), sobre esta argila mostraram que há um
aumento da poro-pressão e da deformação vertical em função do aumento da
±
temperatura, mas que a relação Δlog εv / Δlog t é constante.

0.1
εv (%/min)

1E-2
.

σ'c = 78.5 kPa


1E-3 CR-1-6 - D = 58.4 kPa

CR-1-5 - D = 55.1 kPa

CR-1-4 - D = 49 kPa
1E-4 SR-1-2 - D = 42.8 kPa

CR-1-3 - D = 38.8 kPa

SR-1-3 - D = 30.5 kPa


1E-5
1 10 100 1000 10000
t (min)

Figura 2 - 11 - Velocidade de deformação vertical em função do tempo - ensaios de


fluência sobre a argila da Baía de São Francisco. Lacerda (1976).

Durante a fluência drenada, quando o excesso de poro-pressão devido ao carregamento


já se dissipou, um aumento da temperatura causaria a redução da resistência à
compressão da argila e um aumento da deformação. Durante um ensaio de fluência não
drenada, um aumento da temperatura causará um aumento da poro-pressão, logo a
deformação é causada pela diminuição da tensão efetiva, induzida pelo aumento da
temperatura, ou seja, durante ensaios de fluência drenados e não drenados há um
aumento da velocidade de deformação devido ao aumento da temperatura.

A Figura 2 - 12 mostra as curvas de deformação em função do tempo e em função da


21

velocidade de deformação que Mitchell et al. (1968) obtiveram, a partir de ensaios de


fluência não drenados em células triaxiais, executados à temperatura controlada sobre a
argila da Baía de São Francisco. Inicialmente, foi executado um ensaio a 20oC e após
1000 minutos de fluência, a temperatura foi aumentada para 37oC. Observou-se então,
um aumento da velocidade de deformação vertical da ordem de 10 vezes, para uma
variação de temperatura da ordem de 25oC.

Mudança de
temperatura

Mudança de
temperatura

tempo

Figura 2 - 12 - Variação da velocidade de deformação em função da temperatura


durante um ensaio de fluência - argila da Baía de São Francisco. Mitchell et al. (1968).

O aumento da temperatura durante um ensaio de fluência não drenado pode também


modificar as condições na ruptura. Na realidade, um aumento da poro-pressão pode ser
suficiente para causar ruptura sob valores de deformação e de velocidade de deformação
menores.

Este comportamento foi observado por Houston et al. (1985), que executaram ensaios
de fluência não drenados em células triaxiais sob temperatura controlada, sobre corpos
±
de prova de ilita submetidos a uma mesma tensão desviadora, cujas curvas log εv - log t
±
estão apresentadas na Figura 2 - 13. Observou-se que a diferença entre as curvas log εv -
log t dos ensaios executados a 4 e a 40oC é pequena, enquanto que para o ensaio
executado a 100oC, há ruptura devido ao grande aumento da poro-pressão.

Concluindo, o aumento da temperatura tem como efeito o aumento das deformações,


das velocidades de deformação e da poro-pressão durante a fluência. No caso de
22

fluência não drenada este aumento, causa um decréscimo da resistência, que pode levar
a ruptura, sob menores valores de velocidade de deformação.

TEMPO

Figura 2 - 13 - Efeito da temperatura sobre a fluência não drenada de uma ilita do


Pacífico. Houston et al. (1985).

2.1.7 ESTRUTURAÇÃO E DESESTRUTURAÇÃO DE ARGILAS NATURAIS

O solo apresenta uma estrutura que se desenvolveu durante a sua formação e que está
associada a suas características físico-químicas e a sua história de tensões. Durante a
amostragem, um solo natural pode se desestruturar por amolgamento e apresentar um
comportamento diferente de um solo intacto, conforme discutido por Leroueil &
Vaughan (1990) e apresentado na Figura 2 - 14.

A desestruturação de uma argila natural devido à amostragem de baixa qualidade


provoca: (a) queda da resistência e da poro-pressão e um aumento da deformação de
pico obtidos em ensaios de cisalhamento triaxial; (b) mudança da forma da curva de
compressão obtida em um ensaio oedométrico, sobretudo nas proximidades da tensão de
sobreadensamento; (c) queda da tensão de sobreadensamento obtida em ensaios
oedométricos e em conseqüência causa uma contração da curva de estado limite. Este
comportamento vem ratificar a necessidade de se obter amostras de boa qualidade, e
atualmente dois amostradores têm-se distinguido como os que apresentaram melhor
23

desempenho : o amostrador Laval e o amostrador de Sherbrooke, que tem apresentado


resultados ligeiramente superiores aos de Laval (Clayton et al., 1992).

Durante um ensaio de laboratório a estrutura de um solo argiloso é modificada à medida


que o ensaio vai sendo executado. Observa-se que, sob certas condições, algumas
argilas naturais apresentam uma reestruturação com o tempo e devido a outros fatores e
não somente à variação do índice de vazios e da história de tensões. Este fenômeno é
mais importante para certas argilas e parece ser função da tixotropia, da cimentação e da
fluência drenada (adensamento secundário), pois com o tempo haveria um aumento da
resistência das ligações entre as partículas.

Amostras
de bloco
Bloco
Tubo de 5cm

Amostras
d = 85 mm

Bloco
Amostrador Laval de 200mm
Amostrador de pistão de 50mm

Figura 2 - 14 - Efeito do amolgamento sobre o comportamento de um solo argiloso.


Leroueil & Vaughan (1990).

Durante um ensaio de fluência unidimensional há uma diminuição do índice de vazios e


da velocidade de deformação em função do tempo. Se após um período de fluência
houver um recarregamento, a curva de compressão reencontra a curva de compressão do
ensaio de adensamento executado com carregamentos de forma convencional, a cada 24
h. Entretanto, há casos de argilas que apresentam um sobreadensamento maior do que o
esperado, ou seja, um sobreadensamento maior que o causado apenas pela variação do
24

índice de vazios. Este sobreadensamento é causado pela reestruturação da argila durante


a fluência.

Este comportamento foi descrito por Burland (1990) e foi também observado por Perret
et al. (1995), que executaram ensaios de fluência unidimensional, cujas curvas de
compressão estão apresentadas na Figura 2 - 15. Observou-se um aumento do
sobreadensamento no recarregamento da amostra cujo teor de matéria orgânica (OM =
1.1%) é menor, Figura 2 - 15 - a, enquanto que a amostra com OM maior, Figura 2 - 15
- b, não apresentou um aumento do sobreadensamento com relação a curva de
compressão convencional.

σ'v (kPa) σ'v (kPa)

e e

Figura 2 - 15 - Efeito da estruturação sobre a curva de compressão das argilas: (a)


turbidita; (b) argila siltosa. Perret et al. (1995).

Esse comportamento parece estar relacionado com a tixotropia do solo, pois os solos
tixotrópicos apresentam um aumento da resistência em função do tempo de deposição, e
os solos orgânicos são, em geral, pouco tixotrópicos. Entretanto, observou-se que à
medida que as deformações ocorrem, na curva de compressão da Figura 2 - 15 - a, há
uma nova desestruturação do solo, e as curvas de compressão são coincidentes de novo.

Graham et al. (1983) executaram ensaios de adensamento oedométricos sobre a argila


de Ottawa e também obtiveram tensões de sobreadensamento maiores que as previstas
pelo modelo de envelhecimento da argila proposto por Bjerrum (1967). Após 20 dias de
25

adensamento sob uma tensão constante seguida de um carregamento, a curva de


compressão obtida a partir dos pontos de 100 minutos após o carregamento não
reencontrava a curva de compressão de 100 minutos extrapolada da fase inicial do
ensaio, ou seja, o mesmo comportamento observado na Figura 2 - 15 - a.

A estruturação também foi observada em amostras da argila de Jonquière preparadas em


laboratório, cuja curva de compressão é apresentada na Figura 2 - 16. A curva de
compressão do ensaio CRS executado a uma velocidade de 10-7 s-1 apresentou valores
de deformações ainda menores que os do ensaio executado a 1.27 x 10-5 s-1, pois no
ensaio mais rápido, a argila não teve tempo para se estruturar. Comparando a curva de
compressão do ensaio CRS com a do ensaio oedométrico, cujas velocidades de
deformação, ao fim de 24 horas, são da ordem de 10-7 s-1, observou-se também
deformações menores para o ensaio CRS. Num ensaio oedométrico convencional, as
velocidades iniciais de cada carregamento são elevadas, e ao se promover um novo
carregamento o solo perde a estrutura que adquiriu no carregamento precedente. Já no
ensaio CRS mais lento, para todas as tensões aplicadas, a velocidade de deformação foi
10-7 s-1, durante um mês necessário para alcançar o final do ensaio.

Este comportamento indica a importância do tempo na estruturação de uma argila, ou


seja, no aumento da resistência das ligações das partículas. A reestruturação de uma
argila durante um ensaio de adensamento executado a baixa velocidade tem um efeito
contrário ao efeito da velocidade, o que não é previsto num comportamento em que a
± ±
relação (σ'v, εv, ε v), é única para um tipo de solo. No caso de uma relação (σ'v, εv, ε v)
única, para qualquer tipo de ensaio e de carregamento as equações (2-1) e (2-2)
representariam o comportamento unidimensional de um solo em compressão, dentro do
domínio normalmente adensado, o que não ocorre quando há estruturação.

A estruturação parece ser menor nas proximidades da tensão de sobreadensamento,


quando as deformações ainda são baixas, pois o solo não teve tempo para se
reestruturar. Entretanto o efeito aumenta com o tempo, à medida que o solo se deforma.

O fenômeno de estruturação da argila foi observado também para velocidades de


deformação pequenas e para temperaturas elevadas por Akagi & Komiya (1995). A
Figura 2 - 17 - a apresenta o efeito da velocidade de deformação sobre a curva de
compressão, segundo os resultados de ensaios CRS realizados à temperatura controlada
26

sobra a argila marinha de Tóquio. Não se observou nestes ensaios o efeito da velocidade
de deformação para altas temperaturas provavelmente devido a estruturação da argila ou
devido ao fato que os ensaios foram executados para uma faixa de velocidade inferior a
um ciclo logarítmico de velocidade.

A diferença entre os valores de tensão de sobreadensamento deveria ser inferior a 10%,


o que dificulta a comparação das curvas de compressão. Além disto, a transição do
domínio sobreadensado - normalmente adensado desta argila, é feita suavemente,
dificultando mais ainda a definição do valor da tensão de sobreadensamento. De 20 para
50oC observa-se o efeito da temperatura sobre a curva de compressão, entretanto para
temperaturas elevadas de 50oC e 80oC (Figura 2 - 17 - b) não se observa o efeito da
temperatura
σ'v (kPa)

Convencional 24h

εv (%)

Figura 2 - 16 - Efeito da estrutura sobre a curva de compressão da argila de Jonquière.


Leroueil et al. (1996).

Concluindo, a temperatura parece ser um fator importante durante a reestruturação,


conforme também observado por Marques (1996) para a argila de Saint-Polycarpe. A
27

reestruturação do solo poderia levar a baixas deformações in situ, ou seja, menores que
as previstas a partir de ensaios de laboratório, mesmo quando se considera o
comportamento viscoso devido às variações de velocidade de deformação e de
temperatura.

a)Influência da velocidade de deformação

b)Influência da temperatura
Figura 2 - 17 - Influência da velocidade de deformação e da temperatura sobre as curvas
de compressão da argila marinha de Tóquio. Akagi & Komiya (1995).

2.1.8 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA

Segundo a teoria dos processos viscosos (Mitchell, (1964); Mitchell et al. (1969) e
Mitchell, (1993)), sob uma temperatura constante, a resistência ao cisalhamento de um
solo cresce com o aumento da velocidade de deformação. Este comportamento é
28

detalhado na Figura 2 - 18, para caminhos de tensão de ensaios não drenados


executados para velocidades baixas ou elevadas. A partir de amostras sob um mesmo
estado de tensões inicial Ioc e Inc, para estado inicial sobreadensado e normalmente
adensado respectivamente, os ensaios executados a baixas velocidades apresentam um
pico de resistência (q) inferior durante o cisalhamento não drenado. As poro-pressões
geradas neste caso são superiores (pontos Soc e Snc), quando comparadas às dos ensaios
executados a velocidades maiores (pontos Roc e Rnc), o que significa que para baixas
velocidades os valores de p' ou de s' no pico são menores.

Ensaios não drenados


Ensaios rápidos
Ensaios lentos

Y : curva de
estado limite

Figura 2 - 18 - Influência da velocidade de deformação sobre a resistência não drenada.


Leroueil & Marques (1996).
A resistência não drenada cresce, em geral, de 5 a 20% por ciclo logarítmico de
velocidade e a magnitude deste aumento é função da plasticidade do solo (Ortigão,
1980; Graham et al., 1983; Coutinho, 1986 e Mitchell, 1993). Além disto, segundo
Graham et al. (1983), o ângulo de atrito no pico (φpicnc) obtido a partir de ensaios de
cisalhamento executados no domínio normalmente adensado é um pouco menor para
velocidades menores, mas segundo os autores o ângulo de atrito obtido à grande
deformação não parece ser função da velocidade de deformação.

O efeito da velocidade de deformação sobre a resistência pode ser verificada a partir de


ensaios de cisalhamento executados sobre uma mesma amostra, pois desta forma
evitam-se incoerências nos resultados devido às diferenças das características iniciais
das amostras. Uma das técnicas consiste em se executar os ensaios de cisalhamento com
29

variação de velocidade de deformação em estágios, durante os quais a velocidade é


modificada durante o cisalhamento, como apresentado na Figura 2 - 19. Os ensaios de
cisalhamento executados sobre a argila de Belfast por Graham et al. (1983),
apresentaram curvas tensão-deformação bem definidas em função da velocidade de
deformação e para os três estágios de velocidade escolhidos, a resistência é maior, para
maior velocidade de cisalhamento utilizada.

Argila de Belfast - 4m

Argila de Winnipeg - 11.5m

Ensaios de compressão triaxial CAU


Ensaios de relaxação R

ε1 (%)

Figura 2 - 19 - Curvas de tensão-deformação dos ensaios de compressão triaxial com


variação de velocidade de deformação e relaxação de tensões. Graham et al. (1983).

Uma outra técnica para verificar o efeito da velocidade de deformação sobre a


resistência consiste em se executar ensaios de relaxação de tensões onde a velocidade de
deformação muda com a deformação (Kenney, 1966). Durante o cisalhamento, a prensa
é desligada e a amostra se deforma sob o efeito da energia acumulada no sistema de
carregamento e à medida que a velocidade de deformação diminui com a deformação, a
resistência ao cisalhamento diminui também. A prensa é em seguida religada e a curva
tensão-deformação reencontra a curva da fase inicial do ensaio.

A curva tensão-deformação obtida na segunda fase deste tipo de ensaio apresenta às


30

vezes, um aumento da resistência maior que durante a fase inicial do ensaio, para uma
mesma velocidade. Este aumento foi observado logo após o reinício da segunda fase e
apenas por um curto período de tempo, pois à medida que a compressão prossegue as
duas curvas de tensão-deformação, para uma mesma velocidade, se reencontram. Este
comportamento pode ser também associado à estruturação do solo sob baixas
velocidades.

A influência da velocidade de deformação sobre o cisalhamento de uma argila é


também função do OCR da argila. A partir de resultados de ensaios de compressão não
drenadas sobre a argila de Boston, Sheahan et al. (1996) observaram que para argilas
normalmente adensadas ou levemente sobreadensadas a influência da velocidade de
deformação era bem definida, mas que para valores elevados de OCR a influência da
velocidade sobre a resistência de pico é pequena.

Segundo a teoria dos processos viscosos, a resistência ao cisalhamento é igualmente


função da temperatura. Campanella & Mitchell (1968) observaram que para um
aumento da temperatura sob condição não drenada, há geração de poro-pressão, o que
provoca uma queda da resistência.

Sherif & Burrous (1969) executaram ensaios de cisalhamento a temperatura controlada


sobre caolinita, cujos resultados estão apresentados na Figura 2 - 20. A resistência não
drenada é menor para temperaturas maiores e as envoltórias de resistência em função da
umidade do solo são paralelas à curva de compressão isotrópica.

Houston et al. (1985) executaram ensaios CIU sob temperatura controlada de 4, 40, 100
e 200oC, cujos caminhos de tensões estão apresentados na Figura 2 - 21. O ângulo de
atrito parecia aumentar com a temperatura para os ensaios executados a temperaturas de
100 e 200oC e observou-se a existência de uma coesão. Entretanto, é difícil se obter uma
boa conclusão a partir destes ensaios pois as envoltórias de ruptura foram definidas em
função da temperatura com resultados de apenas dois ensaios, para cada temperatura.
Entretanto, Lingnau et al. (1995) também obtiveram envoltórias de resistência diferentes
no plano p' - q para ensaios executados a 26oC e 100oC.

Concluindo, o aumento da velocidade de deformação implica em aumento da resistência


de pico, mas parece ter pouca influência na envoltória de ruptura. Entretanto o aumento
da temperatura diminui a resistência de pico e pode causar uma variação da envoltória
31

de ruptura. Dependendo da faixa de temperatura em que os ensaios foram executados,


esta variação pode ser significativa ou não.

Cu
rv
a
de
ad
en
sa
m
en
ot
de
w (%)

en
sa
io
s
tri
ax
ia
is

Resistência à compressão (psi)


Figura 2 - 20 - Efeito da temperatura sobre a resistência. Sherif & Burrous (1969).

a) T = 4oC; φ ‘ = 34.6o
b) T = 40oC; φ ‘ = 35.4o
c) T = 100oC; φ ‘ = 40.7o
d) T = 200oC; φ ‘ = 50.3o

Figura 2 - 21 - Variação do ângulo de atrito em função da temperatura. Houston et al.


(1985).
32

2.1.9 ESTADOS CRÍTICOS

O ângulo de atrito obtido a (σ'1 / σ'3)max, de um solo cisalhado no domínio normalmente


adensado não é influenciado pela velocidade de deformação (Sheahan et al., 1996). A
linha de estado crítico no plano p' - q também não parece variar com a velocidade de
deformação, assim como a relação e - log p' no estado crítico, segundo observações
feitas por Badra-Blanchet (1981).

Entretanto a temperatura influencia a relação e - log p' no estado crítico, conforme


esquema apresentado na Figura 2 - 22. Uma argila é adensada isotropicamente até o
domínio normalmente adensado a uma temperatura inicial T1, indicada pelo ponto A no
plano p' - q, e A' no fim do adensamento primário sobre a linha de adensamento
isotrópico, NCL1. A seguir, a partir de A', executa-se um cisalhamento não drenado sob
T1 e o estado de tensões no estado crítico é dado pelos pontos D e D' sobre a linha de
estado crítico CSL1.

Uma segunda amostra é adensada até o ponto A', sob uma temperatura T1 e a seguir
aumenta-se a temperatura até T2, sem permitir drenagem. Há uma expansão da amostra,
um aumento da poro-pressão e uma queda da tensão efetiva e para que o estado de
tensões alcance os pontos B e B' sobre a linha de compressão isotrópica sob T2 (NCL2).
Executa-se então um cisalhamento não drenado sob T2, o estado de tensões no estado
crítico é dado pelos pontos E e E' sobre a linha de estados críticos CSL2. Ou seja,
comparando-se com o caso precedente, haveria uma geração maior de poro-pressão.

Se uma terceira amostra é adensada até o ponto A' e aumenta-se a seguir a temperatura
até T2, com drenagem aberta, há uma deformação e o ponto C' é alcançado sobre a linha
de compressão isotrópica sob T2 (NCL2). Executa-se a seguir um cisalhamento não
drenado sob T2, e o estado de tensões no estado crítico é dado pelos pontos F e F' sobre
a linha de estados críticos. Este comportamento será verificado, nos ensaios triaxiais
apresentados no item 4.2.3.

Lingnau et al. (1995) executaram ensaios triaxiais de cisalhamento não drenados sobre
amostras de ilita a 4 e 100oC e obtiveram uma relação e - log p' no estado crítico como
função da temperatura. Para determinado valor de volume específico, os autores
acharam valores de p' menores com o aumento da temperatura, conforme o esquema da
33

Figura 2 - 22 - b, com linhas NCL e CSL paralelas num gráfico v x p', com p'
representado em escala logarítimica.

Os pontos D, E e F, da Figura 2 - 22, estabelecem uma só curva CSL no espaço e - p' - q


à T1 e T2. Este comportamento é válido para pequenas variações de temperatura pois
segundo os resultados obtidos por Houston et al. (1985), a linha de estados críticos no
plano p'-q parece ser pouco influenciada pela variação da temperatura até 50oC.
Entretanto, para temperaturas mais altas, se obteria diferentes linhas CSL em função da
temperatura, no plano p' - q.

Caminhos de tensão de
ensaios CIU

1 para T1
2 para T2
para T1 < T2

Figura 2 - 22 - Esquema da influência da temperatura sobre a linha de estados críticos.


Leroueil & Marques (1996).
34

2.1.10 RELAXAÇÃO DE TENSÕES

Durante um ensaio de relaxação de tensões, quando a deformação (εv) é impedida, há


uma queda da tensão desviadora. Lacerda (1976) executou ensaios de relaxação de
tensões após ensaios de cisalhamento ou após ensaios de fluência sobre a argila da Baía
de San Francisco. A Figura 2 - 23 apresenta a relação entre a tensão desviadora em
qualquer tempo e a tensão desviadora inicial (q / q0) em função do tempo para a
relaxação executada após cisalhamento.
1.0

0.9

0.8

0.7
q/q0

0.6

SR-1-5 - σ'c = 78.5 kPa


.
0.5 εv = 0.38% - εv0 = 1.52 %/min
.
εv = 2.32% - εv0 = 1.52 %/min
.
0.4 εv = 3.90% - εv0 = 1.62 x 10-2 %/min
.
εv = 5.25% - εv0 = 8.1 x 10-4 %/min

0.3
0 1 10 100 1000 10000
t (min)

Figura 2 - 23 - Ensaio de relaxação sobre a argila da Baía de San Francisco. Lacerda


(1976).

O corpo de prova foi inicialmente cisalhado a uma velocidade de deformação inicial


±
constante (εv0), e antes de ocorrer a ruptura, o cisalhamento é interrompido a uma tensão
q0, seguido de um ensaio de relaxação de tensões. Após um determinado tempo de
relaxação, o cisalhamento continuou seguido de uma nova fase de relaxação, para um
outro patamar de deformação. A tensão desviadora decresce em função do tempo
segundo a equação:

q/q0 = 1 - s log (t/t0) (2-7)

t0 = tempo para q/q0 = 1;


35

s = inclinação da curva (q/q0) x log t;

q0 = tensão desviadora inicial = (σ'1 - σ'3).

Lacerda (1976) observou que nos dois procedimentos, seja cisalhamento e relaxação ou
fluência e relaxação, o comportamento é função da tensão desviadora inicial (do início
±
da relaxação), q0, e da velocidade inicial εv0 e que a inclinação (s) muda um pouco com
±
o valor da tensão inicial. Para εv0 menores, a diminuição da tensão e da poro-pressão
gerada é menor e o valor de t0 é maior.

Como mostra a Figura 2 - 23, o valor de εv influencia pouco o valor de t0, já que os dois
estágios de relaxação executados a velocidade de 1.52 %/min apresentam valores de t0
bem próximos. Um valor maior de t0 pode indicar uma inércia inicial para ocorrer a
±
diminuição das tensões por relaxação, que está relacionada a valores menores de εv0, ou
seja, é possível que haja uma estruturação do solo a baixas velocidades e num solo
estruturado o início da relaxação de tensões demoraria mais a ocorrer.

A equação (2-7) parece ser válida apenas para valores de tempo mais baixos. Para
valores de tempo mais elevados a relação q/q0 deve ser assintótica em direção a um
valor de equilíbrio conforme observações de Garcia (1996), que executou ensaios de
relaxação drenados a longo termo sobre a argila do SENAC, na cidade do Rio de
Janeiro, em células oedométricas, cujos sistemas de carregamento foram adaptados.

2.1.11 RESUMO DOS ESTUDOS APRESENTADOS

Apresenta-se na Tabela 2.1 um quadro resumo dos pontos discutidos do item 2.1.1 até o
item 2.1.10. Este resumo tem por objetivo orientar o leitor, facilitando a compreensão
dos efeitos da temperatura e da velocidade de deformação sobre os vários parâmetros e
sobre o comportamento geral dos solos, que serão discutidos ao longo desta dissertação.

É importante observar que na elaboração deste quadro não foram considerados os


efeitos da estruturação sobre o comportamento, que pode por vezes, divergir das
observações apresentadas neste resumo.
36

Tabela 2 - 1 – Comportamento geral do solo argiloso, frente ao aumento da temperatura


ou da velocidade de deformação.

COM O AUMENTO DA OBSERVA-


COMPORTAMENTO GERAL ±
T εvv ÇÕES
Curva de estado limite contrai expande
Tensão de sobreadensamento diminui aumenta
Condutividade hidráulica, para
aumenta ≅ constante Ck = constante
um mesmo índice de vazios
Expansão no domínio
Variação do índice de vazios ou contra- sobreadensado;
-
devido ao aquecimento (Δest) ção em fun- IP maior, Δest é
ção do OCR maior

±
domínio
εvv em ensaios oedométricos ou em
aumenta - normalmente
ensaios de fluência
adensado
εv, em ensaios de compressão
aumenta diminui
oedométricos ou isotrópicos
Resistência de pico, q diminui aumenta
parece não parece
Inclinação da LEC no plano p’-q
aumentar variar
Relação e – log p’no estado não parece
p' diminui
crítico variar

2.2 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO

O précarregamento atmosférico ou précarregamento por vácuo, descrito em particular


por Magnan (1994), Cognon (1991), Cognon et al. (1994) e Jacob et al. (1994), é uma
técnica que utiliza a pressão atmosférica como sobrecarga. Esta técnica tem como
grande vantagem sobre as técnicas tradicionais de précarregamento, o fato de não
introduzir deslocamentos laterais significativos e nem acarretar uma diminuição do fator
de segurança à ruptura devido ao carregamento.

Esta técnica, que foi proposta por Kjellman (1952), consiste em se fazer a aplicação do
37

vácuo na camada de argila, dentro da qual é inserida uma malha de drenos verticais. Os
drenos horizontais, instalados dentro de um aterro de areia, fazem a ligação entre os
drenos verticais e conduzem a água e o ar bombeados do maciço em direção às bombas
de vácuo. Em torno da área do aterro são escavadas trincheiras até a profundidade do
lençol freático e uma membrana em PVC, impermeável, é instalada sobre o aterro de
areia, com os bordos descendo até o fundo das trincheiras, como mostra a Figura 2 - 24.

O sistema de bombeamento é composto de bombas capazes de bombear água e ar e que


estão acopladas a uma cuba dentro da qual o vácuo é quase perfeito, ou seja, o
rendimento dentro da cuba é de aproximadamente 100%. Entretanto, a sucção medida
no aterro de areia, sob a membrana, é da ordem de 70 a 75 kPa, o que eqüivale a uma
eficiência do sistema da ordem de 70-75%, e corresponde a uma sobrecarga de um
aterro de aproximadamente 4.5 m de altura.

Na Figura 2 - 25 estão apresentados os caminhos de tensões esquemáticos durante um


précarregamento convencional (C) comparado com um précarregamento por vácuo (V).
No caso de précarregamento por vácuo a variação da poro-pressão, dentro da camada de
argila é negativa, ou seja, com a diminuição da poro-pressão sob uma tensão total quase
constante, há um aumento da tensão efetiva em função do tempo. Como é a poro-
pressão que diminui, o carregamento é do tipo isotrópico e o caminho de tensões está
abaixo da linha K0nc, ou seja, as deformações horizontais são negativas e não há
possibilidade de ruptura. Já no caso de um précarregamento convencional, como as
deformações horizontais são positivas é possível ocorrer ruptura.

Pressão atmosférica Drenos

Trincheira Pressão atmosférica


periférica Aterro de bombas
material drenante
drenos verticais

Solo compressível

Drenos periféricos

Figura 2 - 24 - Esquema do princípio de précarregamento por vácuo (Magnan, 1994).


38

Esta técnica não se desenvolveu antes dos anos 80, em função da má qualidade das
membranas e das bombas disponíveis no mercado. A técnica de précarregamento por
vácuo já foi empregada em vários contextos geológicos (Choa, 1989; Cognon et al.,
1994; Jacob et al., 1994; Qian et al., 1992; Marques et al., 2000), sobretudo na França e
na Ásia, principalmente em áreas de grande dimensões como em aterros para
aeroportos, por exemplo, devido aos custos associados a mobilização dos equipamentos.

C
Yield curve at 5.5 m LE
50

C3 K onc
C2
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)

V3
C1
V2

V1

I0

0
0 20 40 60 80 σ'
pi
100 120 σ'pconv 140
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 2 - 25 - Esquema dos caminhos de tensões no centro de uma aterro de um


précarregamento convencional e de um précarregamento por vácuo (Marques et al.
2000).

Para que a técnica seja eficaz é fundamental que a membrana em PVC seja estanque e
para que isto ocorra, é necessário que os bordos da membrana sejam estendidos até o
fundo das trincheiras. Como na maioria dos casos de aplicação de vácuo o lençol
freático é superficial, as trincheiras não são profundas sendo preenchidas com água.

Algumas horas após o início do bombeamento há um ganho de resistência do aterro de


areia subjacente à membrana, devido a uma coesão aparente da areia do aterro, o que
permite a execução de um aterro complementar acima da membrana e a circulação de
equipamentos de terraplenagem. Este aterro complementar seria executado com o
objetivo de aumentar o carregamento, mas sua altura estaria restrita a um valor
compatível com a análise de estabilidade de acordo com a geometria e parâmetros da
fundação.
39

A poro-pressão não é uniforme entre os drenos, ou seja, o grau de adensamento não


chega a 100% no fim do bombeamento em todos os elementos de solo, pois nas
proximidades dos drenos o grau de adensamento é maior que entre drenos.

Segundo Saint-Simon & Rodriguez (1994) as velocidades de recalques dos


précarregamentos por vácuo são maiores que em casos de précarregamentos
convencionais, logo o ganho de resistência neste caso é mais rápido. Isto ocorre porque
o carregamento de 75 kPa devido ao vácuo é executado de uma só vez, enquanto que
em aterros convencionais, muitas vezes os carregamentos devem ser executados em
etapas em função das baixas resistências das argilas de fundação.

Com a interrupção do bombeamento há um deslocamento lateral do interior para o


exterior da massa de solo que foi submetida ao vácuo. Medidas in situ já indicaram
expansão do terreno natural da ordem de 1 cm (Magnan, 1994), após a interrupção do
bombeamento.

As principais vantagens da utilização da técnica de précarregamento por vácuo são:

- é ideal em casos onde há problemas de estabilidade na execução de um aterro


convencional de précarregamento para alturas maiores que 4.5 m, uma vez que a
ruptura é impossível devido somente à aplicação do vácuo. Quanto ao aterro
complementar que pode ser associado ao vácuo, este deverá atender aos taludes e
alturas críticas obtidos na análise de estabilidade;

- as estruturas próximas ao aterro não são carregadas horizontalmente devido à


aplicação do vácuo e os deslocamentos horizontais são menores que os de um aterro
convencional, mesmo após o término da aplicação do vácuo;

- não há diminuição da tensão total devido à submersão. O valor da tensão total


aplicada se mantém constante durante a aplicação do vácuo. Caso os recalques sejam
significativos o aterro complementar poderá sofrer submersão, como em caso de
aterros convencionais, com lençol freático em superfície;

- os equipamentos de terraplenagem podem executar o aterro sobre a membrana cerca


de 24 horas após o início do bombeamento;

- os volumes de aterro e de escavação são menores no caso do vácuo, ao contrário de


um aterro convencional. Quando o sobreadensamento desejado é alcançado, é só
40

interromper o bombeamento, e não é necessária uma área de bota-fora para o


material de escavação. No caso de um précarregamento de um aterro convencional,
ao se atingir o préadensamento desejado, o descarregamento é feito ao se escavar o
excesso de material de aterro. Além disto, como o vácuo não reduz o fator de
segurança a ruptura, não é necessária a execução de bermas. Os pequenos volumes
de movimento de terra é uma vantagem, do ponto de vista ambiental, que o método
apresenta.

As principais desvantagens do précarregamento por vácuo são :

- a eficiência do sistema de vácuo diminui em depósitos argilosos que contém lentes


de areia que atravessam a massa de solo a ser tratada. Se estas camadas estiverem
confinadas à área em que se vai aplicar o vácuo é possível que a eficiência não seja
afetada, logo é necessário um bom conhecimento da geometria e do perfil geotécnico
da área. Depósitos argilosos homogêneos são ideais para a aplicação do vácuo;

- é necessária uma instalação elétrica especial para as bombas de aplicação do vácuo e


o sistema de bombeamento necessita de manutenção técnica periódica e de segurança
contra vandalismo, enquanto o vácuo está sendo aplicado;

- não é uma técnica econômica em casos de pequenos aterros;

- em países de clima muito frio, como o Canadá, o sistema de bombeamento deve ser
protegido contra o congelamento durante o inverno ou então o bombeamento não
deve prosseguir durante este período;

- o bombeamento por vácuo eleva o lençol freático até o nível do terreno, dentro dos
drenos horizontais, e isto acarreta uma variação do perfil inicial de poro-pressões. A
sucção atuará sobre este novo perfil e a variação máxima da tensão efetiva, ou seja, a
máxima diminuição da poro-pressão, com referência ao perfil inicial de poro-
pressões, causada pela aplicação do vácuo será :

Δumáx = eficiência do sistema de vácuo x pressão atmosférica - γw x (diferença entre o


nível dos drenos horizontais e o nível do lençol freático) (2-8)

Assim, independente da eficiência do sistema de bombeamento, de uma forma global, a


técnica de aplicação de vácuo é mais eficaz em áreas cujo lençol freático é elevado. Em
áreas de lençol freático muito profundo, o que é menos comum em caso de depósitos de
argila muito mole, o uso do vácuo é restrito, e uma solução é a instalação dos drenos
41

horizontais enterrados, próximos ao lençol freático. Neste caso, para que a membrana
em PVC mantenha-se submersa, a trincheira periférica indicada na Figura 2 - 24 seria
muito profunda, criando-se problemas de estabilidade. Este comportamento será
discutido de forma detalhada nos itens 5.6.1 e 0.

2.3 PRÉCARREGAMENTO POR AQUECIMENTO

A idéia de se utilizar o aquecimento como précarregamento vem do fato que as argilas


se deformam mais quando submetidas a um aumento de temperatura durante o
adensamento (Eriksson, 1989; Tidfors & Sällfors, 1989; Boudali & al., 1994; Marques,
1996; Leroueil & Marques, 1996). Quando sob um mesmo valor de tensão efetiva
vertical as curvas de compressão de um ensaio de adensamento apresentam maiores
valores de deformação para temperaturas maiores. Ou então, sob um determinado índice
de vazios, quanto maior é a temperatura menor é a tensão efetiva. Edil & Fox (1994)
demonstraram que sob condições de laboratório e de campo os recalques aumentam
com um aumento de temperatura.

Segundo Leroueil & Marques (1996), com a variação da temperatura, a variação da


tensão de sobreadensamento ou da tensão efetiva a um índice de vazios fixo parece ser
similar para vários tipos de argila. Na Figura 2 - 26 são apresentadas duas curvas de
compressão esquemáticas para ensaios executados à 10 e 60oC, que permitem ilustrar o
comportamento de uma fundação argilosa, quando submetida a uma variação de
temperatura.

Supondo uma temperatura de 10oC in situ, o índice de vazios sob uma tensão σ'PL seria
ePL ao final do adensamento primário. Após o adensamento sob uma temperatura de
60oC, o índice de vazios seria ePH. Se o solo é então refrigerado à 10oC, a nova tensão de
sobreadensamento é maior que σ'pL e igual à σ'pH, conforme indicado no esquema, ou
seja, há um sobreadensamento induzido pelo aquecimento. Para uma variação de
temperatura de 60oC à 10oC, o aumento da tensão é de aproximadamente 40%. Além
disto, com o aquecimento, a condutividade hidráulica do solo aumenta, causando uma
redução do tempo de adensamento pois um aumento de temperatura de 10oC à 60oC
causa um aumento da condutividade hidráulica de cerca de 2.8.

O précarregamento por aquecimento deve ser utilizado associado a uma outra técnica de
précarregamento, seja por aterro convencional ou vácuo, pois as deformações induzidas
pelo aquecimento são maiores no domínio normalmente adensado.
42

Há poucos casos de aquecimento in situ relatados na literatura a saber : Moritz (1995),


sobre estocagem de energia; Bergenståhl et al. (1994), sobre a contenção de rejeitos
radioativos; Edil & Fox (1994), sobre um projeto de melhoria das características de uma
fundação; Miliziano (1992), sobre o comportamento mecânico do solo in situ e variação
de volume causado pela variação de temperatura.

Figura 2 - 26 - Representação esquemática de um précarregamento por aquecimento.


Leroueil & Marques (1996).

Projetos de estocagem de energia, que têm sido estudados em países de clima frio,
utilizam o fato que o solo pode absorver calor durante o verão, com o uso de painéis
solares, e liberar esta energia durante o período de inverno. É necessário então, o
conhecimento do comportamento do solo quando submetido a ciclos de aquecimento e
resfriamento da massa de solo, assunto que foi objeto dos estudos realizados por Moritz
(1995) e cujos resultados estão apresentados na Figura 2 - 27.

Observou-se que no início do aquecimento houve expansão da massa de solo seguida de


deformação. Com o aumento da temperatura, após a dissipação das poro-pressões sob
uma tensão vertical constante, houve um aumento da velocidade de deformação. Os
recalques da área que sofreu ciclagem de temperatura são um pouco menores, pois
esteve sujeita a uma temperatura média menor, mas o comportamento das duas áreas é
similar. Entretanto observa-se que com o aumento de temperatura o solo sofre
43

diminuição dos recalques ao contrário do que se possa esperar segundo apresentado na


Figura 2 - 26. Isto ocorre porque o solo era sobreadensado quando foi submetido ao
aquecimento e conforme discutido em 2.1.3, pode haver expansão ou contração em
função do valor de OCR. O autor relatou também a possibilidade de um aumento da
tensão horizontal com o aquecimento.
Temperatura (oC)

Ciclos de temperatura

Temperatura
constante
Recalques (mm)

Figura 2 - 27 - Curvas de recalque in situ em função do tempo e dos ciclos de


temperatura. Moritz (1995).

Edil & Fox (1994) apresentaram observações de dois aterros executados sobre uma
camada de turfa. A turfa sob o aterro A foi mantida sob a temperatura in situ enquanto
que a turfa sob o aterro B foi submetida a um aumento de temperatura (Figura 2 - 28). O
objetivo destes estudos era a redução da fluência a longo termo e a melhoria das
características de fundação.

A diminuição do índice de vazios foi mais pronunciada para a turfa sob o aterro B
(aquecido) e durante o aquecimento a velocidade de deformação aumentou seguindo o
44

aumento da temperatura com o tempo. Após o resfriamento da massa de solo, os autores


observaram que a velocidade de deformação diminuiu e os recalques eram quase nulos.

A partir destes estudos foi aventada a possibilidade de se utilizar a técnica de


précarregamento por aquecimento em argilas sensíveis do Québec.

Recalques, aterro A Temperatura, aterro B


Recalques, aterro B Temperatura ambiente
do solo

Temperatura (oC)
Recalques (mm)

aterro A
aterro B Temperatura, aterro B
Velocidade de deformação (mm/dia)

Temperatura média (oC)

Figura 2 - 28 - Deformações e velocidades de deformações em função do tempo durante


um aquecimento in situ. Edil & Fox (1994).
45

3 SELEÇÃO DO SÍTIO EXPERIMENTAL E CARACTERÍSTICAS


GEOTÉCNICAS GERAIS

Neste capítulo serão discutidas e analisadas as características geotécnicas do depósito


argiloso do sítio experimental, com base na campanha de ensaios geotécnicos realizados
em 1996.

3.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SÍTIO EXPERIMENTAL

Os depósitos argilosos do leste do Canadá são em sua maioria de origem glacial ou pós-
glacial e foram depositados nos mares e lagos que se formaram após o recuo da calota
glacial em direção ao norte, no período de 18 à 6 mil anos atrás. A formação das argilas
do mar de Champlain, indicadas na Figura 3 - 1, se deu de 12.5 à 8.5 mil anos atrás,
quando o mar Champlain invadiu a região do golfo do rio Saint-Laurent, permitindo a
criação de camadas de solos finos, que no centro da bacia podem atingir até cerca de
100 m de espessura.

Como o mar de Champlain estava em contato com o golfo do rio Saint Laurent e era
também alimentado por rios e fontes glaciais, a salinidade da água é variável nesta
região. A redução da salinidade de argilas marinhas é fator fundamental para a
existência de argilas sensíveis. A lixiviação do sal, resultante de um abaixamento do
nível do mar, como no caso das argilas de Champlain, fez com que as argilas ficassem
expostas à percolação de águas de baixa salinidade. A remoção do sal pode ocorrer por
percolação destas águas e até por difusão. A geologia e a mineralogia das argilas da
região do mar de Champlain foram descritas por Quigley (1980), Leroueil et al. (1983) e
Leroueil (1997).

A Figura 3 - 2 apresenta a localização do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan


que encontra-se a cerca de 30 km ao norte da cidade de Montreal, na interseção da
rodovia 125 (futura rodovia 25), com o caminho Ruisseau St-Jean, no município de
Saint-Roch-de-l'Achigan. O sítio situa-se a cerca de 800 m ao norte do riacho de
l'Achigan, numa elevação de aproximadamente 56 m.

O sítio foi escolhido por apresentar um depósito argiloso de cerca de 12 m de espessura,


cuja a tensão de sobreadensamento seria excedida por um précarregamento por vácuo e
por vácuo e aquecimento.
46

Ver localização do sítio


experimental na Figura 3-2

Figura 3 - 1 - Localização dos depósitos argilosos estudados no Canadá. Tavenas et al.


(1983a).
47

Uma outra razão para a escolha deste local foi a construção de um aterro de acesso a um
viaduto, de aproximadamente 7.6 m de altura máxima no outono/1996, pelo MTQ. Este
aterro situa-se a cerca de 50 m do sítio experimental e em sua fundação foram instalados
drenos verticais e instrumentação. A instrumentação desta fundação permitirá uma
comparação entre o comportamento do depósito argiloso quando sob carregamento
convencional e quando sob précarregamento por vácuo e por aquecimento, conforme
será discutido no anexo V.


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5X LVVHDX 6
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LQ 6 DLQ W-
& KH P

3RQW0RXVVHDX

Rivière de l'Achigan
DQ
F KLJ
$
G HO
UH 
LYLq
 G5 
HP LQ6 X
&K

Figura 3 - 2 - Localização do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan.


48

O depósito de Saint-Roch-de-l'Achigan é composto de uma camada de argila ressecada,


oxidada e fissurada (crosta) de cerca de 2.5 m de espessura, seguida de uma camada de
argila siltosa, média, sensível, muito plástica e compressível, que possui um OCR
variando entre 1.8 e 2.4. Os valores de OCR são referentes aos ensaios oedométricos e
ao perfil de tensões efetivas inicial, obtido a partir da piezometria em 30/8/98. Esta
camada é relativamente homogênea e tem espessura variável de 10 a 12.5 m e é seguida
de uma camada de till1 antes de atingir a rocha sã.

3.2 PROGRAMA DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA DE 1996

O objetivo desta fase de investigação era caracterizar o depósito argiloso de Saint-Roch-


de-l'Achigan para o projeto de précarregamento por vácuo e por aquecimento. Para
determinar as características do depósito, quatro ensaios de piezocone, um ensaio de
palheta e três amostragens foram executados. Além disto, 6 piezômetros do tipo
Casagrande foram instalados. A Figura 3 - 3 apresenta a localização dos piezômetros e
dos ensaios executados in situ. Como é necessário que a camada de argila seja estanque
para a aplicação do vácuo, os ensaios in situ e as amostragens foram executados fora da
região prevista para a execução dos aterros de précarregamento por vácuo, ou seja na
periferia da área.

Durante esta fase de investigação foram executados ensaios de caracterização, ensaios


de compressão isotrópica e ensaios oedométricos ao longo do depósito argiloso. Os
ensaios desta fase foram executados a 20oC sobre amostras coletadas dos furos de
sondagem F1 e F2, cujos quadros de resumo estão apresentados no anexo I. Os
resultados individuais destes ensaios foram apresentados por Marques (1999) e por
Marques & Leroueil (2000).

3.2.1 ENSAIOS DE PIEZOCONE

Para determinar as características do depósito argiloso, tais como resistência e


homogeneidade, quatro ensaios de piezocone foram executados pela equipe da
Université Laval (ULAVAL) em fevereiro de 1996, na periferia da área prevista para a
execução dos aterros de précarregamento. A sonda piezocone utilizada tinha uma ponta

1
O till é um solo cuja curva granulométrica é bem graduada, indo de silte a pedregulho. Aparentemente
não exite tradução em português para esta palavra.
49

standard de 10 cm2 (Virely et al., 1995) e a velocidade de cravação era de 30 cm/min e


as medidas eram efetuadas a cada 0.5 cm.
5081160

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
INSTRUMENTAÇÃO E
ENSAIOS IN SITU - 1996
5081150

BM60

5081140 PR3
PR2
PR1

can
ale
ta
5081130

ao
la d
od
ar
ua
5081120 PZ4
canaleta no bordo do aterro do M. T. Q.

5081110 FUTURAS PLATAFORMAS


DE PRÉCARREGAMENTO
F2 PZ2
PR4
PR5
5081100 PR6

V1

F1

5081090
PZ3

5081080 F = sondagem
PR = piezômetro PZ1
PZ = piezocone
V = palheta
BM = bench mark
5081070
604830

604840

604850

604860

604870

604880

604890

604900

Figura 3 - 3 - Localização dos piezômetros e dos ensaios in situ - 1996 - Saint-Roch-de-


l'Achigan.

A velocidade utilizada é cerca de 4 vezes menor que as usuais, que é 2 cm/s, e foi
adotada porque segundo Virely et al. (1995), em ensaios executados em Sainte-Anne-
de-la-Pérade, Québec, para a velocidade usual de 2 cm/s não houve variação da camada
de argila, que se apresentava homogênea, enquanto que para velocidades inferiores
observava-se variação de qc e upte, indicando uma variação na estratigrafia da camada.
50

Os autores recomendam então que para uma melhor definição da estratigrafia deve-se
utilizar velocidades menores que a padrão. Assim a velocidade de 30 cm/min tem sido
utilizada correntemente nas argilas ensaiadas com o piezocone de Laval.

O ensaio de piezocone PZ1 foi executado até 10.32 m de profundidade. Um pré-furo de


74 cm de profundidade foi executado com trado helicoidal, para atravessar parte da
crosta de argila ressecada. Os ensaios PZ2, PZ3 e PZ4 foram executados até 13.71,
11.48 e 10.59 m respectivamente. A Figura 3 - 4 apresenta os perfis de resistência de
ponta (qt), corrigida com relação às constantes da sonda, e o perfil de poro-pressão (upte
- medido atrás da ponta), obtidos nos ensaios PZ1, PZ2, PZ3 e PZ4.
qT e upte(kPa)
0 500 1000 1500 2000
0

qt - PZ1 A PZ4
upte - PZ1 A PZ4

5
Profundidade (m)

qt

upte

10

15
Figura 3 - 4 - Ensaios de piezocone PZ1 a PZ4: resistência de ponta e poro-pressão em
função da profundidade.

Para a crosta, de aproximadamente 2.5 m de espessura, a resistência de ponta e a poro-


pressão apresentaram variação irregular e são diferentes para cada ensaio, o que reflete a
51

sua heterogeneidade. Sob esta crosta, encontra-se um depósito argiloso homogêneo que
vai além dos 10 m de profundidade e no caso do piezocone PZ2, chega a alcançar 13 m.
A resistência de ponta diminuiu rapidamente até 3 m de profundidade, dentro da crosta,
para em seguida aumentar de forma retilínea com a profundidade na camada
homogênea.

O comportamento foi quase idêntico para os quatro perfis, até 8 m de profundidade. A


partir desta profundidade os perfis diferem entre si. No PZ1, a 9.65 m, houve uma queda
do valor de upte e um aumento de qt devido a uma pequena camada de areia. No PZ2, de
10.9 a 11.70 m, observou-se uma queda de upte e de qt. No PZ3, de 8.0 a 9.3 m,
observou-se um aumento de upte e de qt seguida de uma queda. No PZ4, de 3 a 10 m upte
e qt aumentaram de forma retilínea com a profundidade. O depósito de argila parece ser
bastante homogêneo entre 3.5 e 8 m, onde a resistência cresce de 320 até 600 kPa.

3.2.2 AMOSTRAGEM

Um primeiro furo (F1) com coleta de amostras foi executado pela equipe de Techinsitu
em cooperação com a equipe da ULAVAL, em fevereiro de 1996, em pleno inverno
canadense. As amostras foram coletadas com a utilização do amostrador Laval de 200
mm de diâmetro, descrito por La Rochelle et al. (1981) e por Marques (1996). A
utilização de amostras coletadas com este amostrador atenuam a desestruturação do
solo, causada pelo amolgamento, comum em caso de amostragem de má qualidade. As
amostras foram armazenadas em câmara úmida a cerca de 90 % de umidade do ar e
temperatura da ordem de 10oC, para evitar perda de umidade e simular as temperaturas
in situ. Devido a baixa umidade relativa do ar do laboratório de geotecnia da ULAVAL,
os corpos de prova dos ensaios foram talhados dentro da câmara úmida, dentro destas
condições de umidade e temperatura.

Um pré-furo foi executado na crosta, com um trado helicoidal de grande diâmetro, e em


seguida as amostras foram coletadas até 10.41 m de profundidade. Um segundo furo
(F2), foi executado com o amostrador Laval pela equipe da Université Laval em maio
de 1997, com coleta de amostras entre 3.43 e 5.26 m de profundidade. Uma terceira
amostragem (F3), foi executada em setembro de 1998, ao lado do sítio experimental,
para estudos futuros a serem realizados sobre a argila intacta, mas que não serão escopo
desta dissertação.
52

A Figura 3 - 5 apresenta as características geotécnicas do depósito argiloso a partir dos


ensaios de campo e ensaios de laboratório executados em amostras de F1. Os quadros
com os resumos da localização das amostras coletadas nos furos de sondagem F1 e F2,
utilizadas nos ensaios de laboratório, estão apresentados no anexo I.

3.2.3 ENSAIO DE PALHETA

Um ensaio de palheta (V1), com equipamento do tipo Nilcon, foi executado pela
ULAVAL em fevereiro de 1996. O ensaio do tipo mecânico, sem perfuração prévia foi
executado com um motor acoplado para garantir uma velocidade de rotação constante.
Na Figura 3 - 5 está apresentado o perfil de resistência ao cisalhamento não drenado
obtido neste ensaio, em comparação com as medidas de resistência obtidas a partir do
ensaio de cone sueco.

As medidas foram executadas de 1.5 m a 10 m de profundidade, a cada 0.5 m. Na


Figura 3 - 5 observa-se que os perfis de resistência obtidos do cone sueco e do ensaio de
palheta os ensaios apresentaram-se coerentes entre si, com exceção a 9 m de
profundidade onde o valor de resistência do cone está muito elevado. A resistência ao
cisalhamento medida pelo ensaio de palheta variou de 69 kPa a 1.5 m de profundidade,
na crosta, diminuindo até 18 kPa a 3 m de profundidade, para em seguir aumentar para
27 kPa a 4.5 m e então regularmente até 40 kPa a 8 m de profundidade. A partir desta
profundidade, a resistência cresceu rapidamente até 61 kPa a 10 m de profundidade.

O valor de Nkt representa a relação entre as resistências obtidas nos ensaios de palheta e
piezocone, é definido a seguir:

q t − σvo
N kt = (3-1)
Su

O valor de Nkt, deduzido dos resultados do ensaio de piezocone PZ2 e do ensaio de


palheta V1, é de aproximadamente 13.8, e não parece variar com a profundidade. O
valor de Nσt, que representa a relação entre a resistência de ponta obtida no ensaio de
piezocone e a tensão de sobreadensamento obtida em ensaios oedométricos
convencionais, é definido como:

q t − σ vo
Nσt = (3-2)
σ'poed
γnat. D. Granulométrica Umidade e limites Resistência ao Tensões Efetivas
Prof. Elev. Descrição Amostra N.A. 3 (%) (%) I L cisalhamento (kPa) (kPa)
(m) (m) (kN/m )
20 40 60 80 20 40 60 80 20 40 60 80 50 100 150 200
55.96
Crosta argilosa
1 muito oxidada 1.13
55
T1
2 54 T2 15,4
T3
3 T4
53 14,8
T5 41
4 14,9 1,4
52 T6
T7 41
5 Argila siltosa, 14,9 1,4
51 T8
cinza, média,
T9
6 muito plástica, 15,0 44
50 T10 1,3
sensível
7 T11
49 15,0 46 1,1
T12
8 T13 15,1 44
48 1,2
T14
9 41
47 T15 15,2 1,1
u σ'vo σ'poed
10
T1 = Tubo 1 IP Tensão de sobreadensa-
Saint-Roch-de-l'Achigan Argila Cone sueco mento (ensaio convencional)
Amostragem1 Solo wp w
L Palheta Tensão vertical efetiva
Elevação : 55.96 m amolgado Silte w nat.
Profundidade: 10.41 m descartado Poro-pressão

Figura 3 - 5 - Características geotécnicas do depósito argiloso - Saint-Roch-de-l'Achigan.


54

Segundo o perfil de tensão de sobreadensamento obtido a partir dos ensaios


oedométricos convencionais e apresentado no item 3.2.6, Nσt seria aproximadamente
3.4, o que é próximo do valor médio de 3.6 encontrado por Leroueil et al. (1995) sobre
cerca de vinte sítios da região do mar de Champlain.

3.2.4 LEITURAS PIEZOMÉTRICAS

Para obter o perfil de poro-pressões e de tensões efetivas iniciais in situ (σ'vo), seis
piezômetros do tipo Casagrande da marca Geonor foram instalados. Por ocasião da
instalação, o lençol freático encontrava-se a 1.13 m de profundidade. Cada piezômetro
possui 3 elementos porosos de 9 cm de comprimento, num comprimento total de 27 cm.
Os piezômetros PR1, PR2, PR3, PR4, PR5 e PR6 foram instalados respectivamente a 4,
7, 10, 4.5, 6.2 e 7.3 m de profundidade.

A Figura 3 - 6 apresenta o perfil de poro-pressão obtido após cerca de um mês da


instalação destes piezômetros. Observa-se que este perfil difere de um perfil
hidrostático, provavelmente devido a drenagem existente em direção à camada inferior.
Este comportamento foi também observado nos piezômetros instalados no aterro do
MTQ e será discutido no anexo V.
uo(kPa)
0 20 40 60 80 100
0
lençol freático = 1.13 m

PR1 (4m)
PR4 (4.5m)
5
Profundidade (m)

PR5 (6.2m)
PR2 (7m)
PR6 (7.3m)

10 PR3 (10m)

Perfil hidrostático

Piezômetros - PR1 à PR3 - 30/8/98

Piezômetros - PR4 à PR6 - 30/8/98


PREF (13.56m)
PREF

15
Figura 3 - 6 - Perfil de poro-pressão inicial - Saint-Roch-de-l'Achigan.
55

3.2.5 ENSAIOS DE LABORATÓRIO

3.2.5.1 ENSAIOS DE CARACTERIZAÇÃO

Foram determinadas as seguintes propriedades geotécnicas da camada de argila: teor de


umidade natural, limite de liquidez com a utilização do cone sueco, limite de
plasticidade, análise granulométrica por sedimentação, sensibilidade (cone sueco) e
densidade.

Valores de wL obtidos pelo método de Casagrande foram obtidos em cerca de 40


laboratórios ingleses, 99 americanos, 30 laboratórios do Québec (Leroueil et al., 1983) e
indicam uma repetibilidade maior dos valores de wL obtidos em ensaios de cone sueco.
Os autores relatam que estes ensaios foram executados cuidadosamente para o estudo, e
indicaram um desvio padrão de cerca de 8% da média. Os ensaios de cone, segundo
Sherwood & Riley (1970), apresentam maior repetibilidade e são menos dependentes do
operador. Por isto a utilização do cone sueco é recomendada pelas normas canadenses e
foi adotada nos ensaios sobre a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan.

O ensaio de cone sueco consiste em deixar cair um cone de dimensões e massa


conhecida de uma altura também conhecida em uma amostra de solo. Mede-se a
penetração do cone na amostra e retira-se a umidade da amostra na área penetrada pelo
cone. A descrição detalhada destes ensaios é apresentada por Head (1992).

Para amostras indeformadas, prepara-se a amostra em formato de paralelepípedo na


umidade natural, executa-se o ensaio com cone 100 gramas e 30o de ângulo de ponta,
que fornecerá valores de Su intacto (Cu), referidos à umidade natural. Amolga-se então a
amostra, ainda na umidade natural, para obter-se a partir da amostra homogênea
amolgada o valor do Su amolgado (Cur), referido a umidade natural. A relação entre
Cu/Cur fornece o valor de sensibilidade.

A partir de amostras amolgadas o ensaio é refeito para várias umidades de forma a


obter-se os valores de wL, que é referido a uma penetração de 10 mm do cone de 60
gramas e 60o de ângulo de ponta. É importante que a variação da umidade siga sempre o
mesmo procedimento ao longo do ensaio, diminuindo-se sempre a umidade por
secagem das amostras ou então aumentando-se sempre a umidade, com a adição de
água. Nos ensaios executados na argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, procedeu-se a
56

secagem ao ar livre da amostra, visto que para argila sensível os valores de wL são
menores que a umidade natural, conforme indicado na Figura 3-5.

Os ensaios de caracterização concentraram-se entre 3 e 9 m de profundidade, e os


resultados estão apresentados no anexo I, num quadro resumo e nos gráficos
comparativos com os resultados das argilas da região. Trata-se de uma argila siltosa,
cinza, média, com percentagem de silte aumentando com a profundidade de 24% a 3 m
a 38% a 9 m. O índice de plasticidade é de 43, em média, e o índice de liquidez decresce
em função da profundidade de 1.4 a 1.1.

A Figura 3 - 7 apresenta o teor de umidade natural em função da profundidade, os


limites de liquidez e de plasticidade em função da profundidade das amostras dos furos
F1 e F2. Foram também incluídos valores de umidade obtidos a cada meio metro e
também valores de umidade natural obtidos quando da preparação das amostras para os
ensaios oedométricos, triaxiais e de cone sueco.
wn (%)
0 20 40 60 80 100
0

AMOSTRAGEM F1
1 55
AMOSTRAGEM F2

2 54

3 53
wP wL
Profundidade (m)

52
Elevação (m)

5 51

6 50

7 49

8 48

9 47

10 46
Figura 3 - 7 - Variação do teor de umidade e limites de liquidez e de plasticidade em
função da profundidade - Saint-Roch-de-l'Achigan.
57

As amostras dos dois furos possuem uma umidade que diminui de forma regular com a
profundidade com valores médios de 92% a 3 m e 75% a 9 m. Medidas de resistência
foram obtidas no ensaio de cone sueco, ao longo da profundidade e observou-se que o
perfil de resistência intacta obtido nestes ensaios é bastante parecido com o perfil obtido
a partir do ensaio de palheta (ver Figura 3 - 5) e que a sensibilidade varia entre 30 e 50.

3.2.5.2 ENSAIOS OEDOMÉTRICOS

Uma série de ensaios oedométricos convencionais, série 1, foi executada sobre corpos
de prova de 19 mm de altura e 50 mm de diâmetro. Doze ensaios foram executados a
cada metro sobre a argila intacta de 2 a 9 m de profundidade, com carregamentos a cada
24 h. As medidas de condutividade hidráulica foram obtidas por ensaios de
permeabilidade executados durante os ensaios oedométricos, através de carga variável
aplicadas após 24 h de carregamento e durante um período de 24 h sob tensão efetiva
constante, num total de 48 h sob cada nível de tensão. A carga hidráulica inicial era de
aproximadamente 1 m e a água circulava de baixo para cima, dentro do corpo de prova.

A Figura 3 - 8 apresenta uma curva típica de compressão e de condutividade hidráulica


de um ensaio oedométrico. As características das amostras e os resultados dos ensaios
oedométricos estão apresentados no anexo I. As demais curvas de compressão foram
apresentadas por Marques (1999) e Marques & Leroueil (2000).

Com exceção do ensaio oedométrico 1, executado sobre uma amostra da crosta


ressecada, todas as curvas de compressão apresentam uma inflexão bastante acentuada
na passagem do domínio sobreadensado para o domínio normalmente adensado, o que é
comportamento típico de argilas sensíveis. Na crosta, a argila é fissurada e oxidada
devido às variações climáticas e do lençol freático, e embora ela apresente uma tensão
de sobreadensamento elevada, sua estrutura foi comprometida, o que é refletido na
forma da curva de compressão, que apresentou uma passagem suave do domínio
sobreadensado para o domínio normalmente adensado.

O coeficiente de recompressão, Cs, é 0.02 para a crosta e varia de 0.03 a 0.09, para a
camada de argila intacta. Os baixos valores de Cs/Cc são uma indicação de pouco
amolgamento e é um reflexo da alta qualidade de amostragem e cuidado na preparação
dos corpos de prova. A relação (evo - eo)/eo, onde evo e eo são os índices de vazios do
solo para a tensão in situ e inicial da amostra, fornece uma indicação da qualidade de
58

amostragem. Segundo Lunne et al. (1997), para amostragens de excelente qualidade,


este índice é menor que 0.04, para um OCR de 1 a 2 e menor que 0.03 para um OCR
entre 2 e 4. Segundo os resultados dos ensaios oedométricos apresentados no anexo I,
apenas 3 amostras da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan apresentaram um índice
variando de 0.04 a 0.048, as demais apresentaram valores inferiores a 0.04, ou seja,
segundo este critério as amostras eram de excelente qualidade.
log σ'v (kPa)
10 100 1000
2.60
kv0
e0
2.40

2.20
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
OED 4
2.00 e0 = 2.456 AMOSTRA : F1-T8-E1
σ'p = 114 kPa PROFUNDIDADE : 4.93 - 5.05 m
Ck = 1.04
1.80 k0 = 3.2x10- 9m/s
e

1.60

1.40

1.20

1.00

0.80
1E-10 1E-9 1E-8
log k (m/s)
Figura 3 - 8 - Curvas de compressão e de condutividade hidráulica em função do índice
de vazios - ensaio oedométrico 4.

O coeficiente de compressão, definido entre σ'poed e 1.4 σ'poed, é 1.12 para a crosta e
varia de 2.07 a 4.62, ou seja, a crosta é menos compressível que a argila intacta. O valor
de Cc / (1 + e0) varia de 0.6 a 1.36 na camada de argila intacta. Para argilas
compressíveis em que esta correlação é maior que 0.25 a magnitude de recalques devido
59

aos fenômenos viscosos, são importantes e devem ser considerados na previsão de


recalques in situ (Leroueil, 1994).

A Figura 3 - 9 apresenta os perfis de poro-pressão, tensão efetiva inicial (σ'vo), e os


perfis de tensão de sobreadensamento deduzidos dos ensaios oedométricos (σ'poed), dos
ensaios de piezocone (σ'ppiezocone) e dos ensaios triaxiais de compressão isotrópica (σ'pi).
A razão de sobreadensamento (OCR) é tipicamente de 2.1, com exceção da crosta.

O perfil de tensão de sobreadensamento obtido a partir dos ensaios oedométricos está


bem próximo do perfil de tensão de sobreadensamento obtido a partir de ensaios de
piezocone, a partir da equação (3-2), considerando-se Nσt = 3.4.

σ'vo , σ'pi , σ'poed , σ'ppiezocone , u o (kPa)


0 50 100 150 200 250
0

σ'vo

σ'poed (T=20 C)
Profundidade (m)

σ'pi (T=20 C)
o

5 σ'ppiezocone (Nσ =3.4)


t

uo

10

Figura 3 - 9 - Perfis de tensões in situ e de sobreadensamento e de poro-pressão.


60

Conforme mostra a Figura 3 - 10, a relação Su / σ'poed em função do índice de


plasticidade obtida para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan é de aproximadamente
0.25, mais próximo da correlação proposta por Bjerrum (1973) do que a correlação
proposta por Leroueil et al. (1983), para argilas do leste do Canadá. A obtenção de
valores maiores de σ'poed, para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, ou seja, valores
inferiores à correlação proposta para as argilas da região, é também um indicativo da
boa qualidade da amostragem.

0.5

0.4

0.3
Su / σ'p

0.2

Saint-Roch-de-l'Achigan
0.1
Leroueil et al. (1983) - Su /σ'p = 0.2+0.0024 IP

Bjerrum, 1973
0.0
0 10 20 30 40 50 60 70
IP
Figura 3 - 10 - Relação Su / σ'poed - IP - Saint-Roch-de-l'Achigan.

As condutividades hidráulicas iniciais (kvo) obtidas nos oito ensaios oedométricos estão
apresentadas na Figura 3 - 11 em função da profundidade. Estes valores de
condutividade são referidos aos índices de vazios inicial e foram calculados para cada
ensaio oedométrico onde foi feito ensaio de permeabilidade. O valor de kvo é obtido a
partir da projeção da reta k = f (e), para o valor de e0 no trecho normalmente adensado,
conforme foi indicado na Figura 3 - 8, para o ensaio oedométrico OED4.

O perfil de condutividade hidráulica inicial obtido no sítio de Saint-Esprit (Tanguay et


al., 1991 e Bouclin, 1990), situado a aproximadamente 1 km do sítio experimental de
Saint-Roch-de-l'Achigan está também apresentado nesta figura. Observa-se que as
condutividades hidráulicas iniciais, kvo, dos dois sítios são bastante similares, em torno
de uma média de 2.1 x 10-9 m/s para uma temperatura de laboratório de 20oC
61

kvo(m/s)
1E-9 1E-8
0
Profundidade (m)

10

Saint-Roch-de-l'Achigan

Saint-Esprit - Tanguay et al. (1991)


15
Figura 3 - 11 - Condutividade hidráulica inicial kvo a 20oC.

Os valores de Ckv = Δe / Δlog kv deduzidos dos ensaios de permeabilidade estão


apresentados na Figura 3 - 12 em função do índice de vazios inicial do solo. Os
resultados obtidos em Saint-Roch-de-l'Achigan são bastante próximos dos de outras
áreas de argilas canadenses, principalmente os obtidos por Tavenas et al. (1983a) que
também se encontram, na sua maioria abaixo da relação proposta Leroueil et al. (1983).
1.75
Argilas marinhas canadenses *
Varves ("varved clay") canadenses *
1.50
Outras argilas *

Argila de Londres **
1.25 Bothkennar ***

Estudo atual - Saint-Roch-de-l'Achigan


1.00
Ckv

eo
.5
0.75 =0
Ck
0.50
* Leroueil et al. (1990)
** Chandler et al. (1990)
0.25 *** Leroueil et al. (1992)

0.00
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5
eo
Figura 3 - 12 - Relação Ckv - eo para argilas naturais.
62

A Figura 3 - 13 apresenta os valores do coeficiente de adensamento vertical (Cv) em


função da profundidade. Os valores de Cvcalc foram calculados a partir dos resultados
dos ensaios de permeabilidade segundo a equação a seguir:

Cvcalc = k / (γw mv) (3-3)

onde k é a condutividade hidráulica medida em ensaios oedométricos. Foram também


calculados os valores de Cv pelos métodos de Taylor e Casagrande. Os resultados estão
coerentes entre si, com valores de Cvcalc maiores que os do método de Taylor e estes por
sua vez maiores que os do método de Casagrande. Foram ainda incluídos neste gráfico
os valores de Cv calculados a partir dos ensaios CRS, cujos resultados serão discutidos
em função da temperatura no item 4.1.3.

Ensaios CRS
CRS6 - T = 10oC
Profundidade (m)

CRS8 - T = 30oC

CRS9 - T = 50oC
5

a partir de k medida - T = 20oC

Método de Taylor - T = 20oC

Método de Casagrande - T = 20oC


10
1E-9 1E-8 1E-7 1E-6
2
Cv ( m / s )

Figura 3 - 13 - Coeficientes de adensamento calculados a partir de resultados de ensaios


de permeabilidade, CRS e das curvas deslocamento x tempo dos ensaios oedométricos.

Na Figura 3 - 13 apresentam-se também os valores de Cv obtidos pelos métodos de


Taylor e de Casagrande para uma tensão de 254 kPa (ver quadro resumo dos ensaios de
63

adensamento no anexo I) definidos entre σ'poed e 2 σ'poed e os valores de Cv deduzidos


dos ensaios CRS executados a uma velocidade de deformação de 10-5 s-1 e a
temperaturas de 10, 30 e 50oC. Os valores de Cv obtidos estão coerentes com os
resultados obtidos por Tanguay et al. (1991) no sítio de Saint-Esprit. Os valores de Cv se
apresentam de uma forma lógica com relação à temperatura, isto é, eles aumentam com
o aumento da temperatura e da condutividade hidráulica, com valores calculados pelo
método de Taylor maiores que os do método de Casagrande.

3.2.6 ENSAIOS TRIAXIAIS DE COMPRESSÃO ISOTRÓPICA

A determinação do perfil de tensão de sobreadensamento isotrópica (σ'pi) ou seja, o


perfil da tensão média efetiva no estado limite em compressão isotrópica (s'L, para K =
1) é importante para a boa compreensão de um carregamento isotrópico in situ, quando
as tensões efetivas aumentam de forma isotrópica (como no caso do précarregamento
por vácuo). A camada de argila compreendida entre 3.5 e 8 m de profundidade foi
dividida em quatro sub-camadas de aproximadamente 1.1 m de espessura. Para cada
sub-camada, foram executados ensaios triaxiais de compressão isotrópica à 20oC.

Estes ensaios foram executados sobre corpos de prova de 71 mm de altura e 37 mm de


diâmetro. A compressão foi executada em estágios de carregamento efetuados a cada 24
h, até cerca de 2 a 2.5 vezes a tensão de sobreadensamento obtida nos ensaios
oedométricos convencionais, conforme Figura 3 - 14, que apresenta curvas típicas de
um dos ensaios executados nesta série. Os valores de σ'pi foram então definidos a partir
destas curvas de compressão e os valores obtidos estão apresentados na Figura 3 - 9 em
função da profundidade. A relação σ'pi / σ'poed varia de 0.58 - 0.74, o que está em acordo
com as relações obtidas por Tavenas & Leroueil (1979) e Díaz-Rodríguez et al. (1992),
para argilas da região.

No fim da compressão isotrópica foram executados os ensaios de cisalhamento não


drenados a uma velocidade de cisalhamento constante de 0.0061 mm / min. A curva de
tensão-deformação apresentada na Figura 3 - 14 - b é típica de solos normalmente
adensados sensíveis, com ruptura do tipo barril, pico relativamente pronunciado de 2 a
3% de deformação e uma valor de q, a grande deformação (εv = 15%), cerca de 85% do
valor da resistência de pico. A poro-pressão crescia continuamente, mesmo para grandes
deformações.
s' (kPa)
10 100
0

10 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
σ'pi = 83 kPa CIU2
σ'c = 233 kPa AMOSTRA : F1-T8-E1

Δv / v0
T = 20oC
20
PROFUNDIDADE : 4.93 - 5.05 m
T = 20oC

30
(a)

200 150
o
σ'c = 233 kPa - T = 20 C
o
φ'pic = 23.6 o; φ'gd = 30
150 caminho de tensões
100

100

50
50 poro-pressão

u, q = (σ'1 - σ'3 ) (kPa)


t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)
tensão desviadora

0 0
0 5 10 15 0 50 100 150 200 250 300
(b) ε1 (%) (c) s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)
Figura 3 - 14 - Curvas de compressão isotrópica, caminhos de tensões e curvas de tensão-deformação do ensaio CIU2.
65

A envoltória de resistência a grande deformação, que neste caso, por tratar-se de


amostra normalmente adensada pode-se considerar como nas proximidades do estado
crítico, fornecia um ângulo de atrito interno de 30o conforme apresentado na Figura 3 -
14-c. No pico, o ângulo de atrito era menor, cerca de 23.6o. Este comportamento é
bastante acentuado em argilas sensíveis, pois a curva de caminho de tensões no plano s'-
t, assim que alcança o pico, retorna abruptamente em direção a origem.

O resumo das características das amostras e alguns resultados da fase de cisalhamento,


estão apresentados no anexo I. As curvas individuais de cada ensaio executado nesta
fase foram apresentadas por Marques (1999) e por Marques & Leroueil (2000).

3.2.7 CONCLUSÕES SOBRE AS INVESTIGAÇÕES GEOTÉCNICAS DE 1996

Os objetivos desta fase de estudo de laboratório e campo foram: caracterizar o depósito


de argila ao longo da profundidade, verificar se o sítio apresentava condições propícias
à execução de um précarregamento por vácuo e por aquecimento, e fornecer resultados
para o detalhamento dos aterros experimentais de précarregamento.

Os valores de tensão de sobreadensamento obtidos nos ensaios de laboratório estão


coerentes com os valores deduzidos dos ensaios in situ; os perfis de resistência não
drenada estabelecidos a partir de ensaios de palheta e piezocone são similares, com
valores de Nkt e Nσt dentro das faixas de valores citados na literatura para as argilas da
região; a condutividade hidráulica e o Cv obtidos estão em acordo com os valores
obtidos para a argila de Saint-Esprit, que é uma argila que pertence ao mesmo depósito
argiloso da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan.

A argila de Saint-Roch-de-l'Achigan é uma argila típica do leste do Canadá (Figura I-1,


anexo I). Suas características geotécnicas se situam dentro das faixas das propriedades
características das argilas da região, obtidas por Leroueil et al. (1983) e Leroueil (1997).

Com relação a elaboração do projeto de précarregamento por vácuo, com base nas
investigações geotécnicas de 1996, conclui-se que:

- a camada de argila é bastante homogênea e apresenta uma tensão de


sobreadensamento que aumenta com a profundidade. O perfil de σ'P apresenta
valores inferiores ao perfil dado por σ'v0 + Δσ' (≅ 75 kPa, que é a variação de tensão
66

causada pelo précarregamento por vácuo), ou seja, com o carregamento por vácuo o
domínio normalmente adensado seria alcançado até profundidade de cravação dos
drenos verticais do sistema de aplicação de vácuo, na camada de argila homogênea;

- o perfil de poro-pressão indica a existência de uma camada drenante abaixo da


camada de argila, entre 10.2 e 13.4 m. Assim sendo, os drenos verticais previstos
para a execução do vácuo não podem atingir esta camada, pois caso isto ocorra, a
eficiência do sistema será afetada ao se bombear água da camada drenante. Como o
nível d'água encontra-se a cerca de 1.13 m, a membrana impermeável em PVC
deverá descer abaixo deste nível.

Concluindo, os resultados de campo e laboratório são consistentes, inclusive quando


comparados com os resultados de ensaios executados em argilas da região, descritos na
literatura.
67

4 ESTUDO DO COMPORTAMENTO VISCOSO DA ARGILA DE


SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN

Neste capítulo será analisada a influência da velocidade de deformação e da


temperatura, ou seja, da viscosidade no comportamento da argila de Saint-Roch-de-
l'Achigan. Inicialmente, será discutida a influência da viscosidade no comportamento
em condições unidimensionais, e em seguida no comportamento geral desta argila.

4.1 COMPORTAMENTO VISCOSO DA ARGILA DE SAINT-ROCH-DE-


L'ACHIGAN EM CONDIÇÕES UNIDIMENSIONAIS

4.1.1 PROGRAMA DOS ENSAIOS

Para se conhecer o comportamento viscoso da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan em


condições unidimensionais, foram executados ensaios oedométricos especiais, com
temperatura controlada: ensaios CRS e ensaios oedométricos especiais de grande
diâmetro (d = 15 cm). Os procedimentos e resumos dos resultados destes ensaios estão
apresentados no anexo II e os resultados individuais foram apresentados por Marques
(1999) e Marques & Leroueil (2000).

Três séries de ensaios CRS foram realizadas nesta fase:

- uma primeira série, executada sobre amostras provenientes de diferentes


profundidades, com mudanças de temperatura durante o ensaio de 10 - 50oC e
±
velocidade de deformação vertical constante de εv = 2 x 10-6 s-1. Esta série teve como
objetivo a análise do comportamento unidimensional da argila frente a uma variação
de temperatura, ao longo da profundidade da camada de argila homogênea, que iria
ser précarregada por aquecimento;

- a segunda série, executada sobre amostras localizadas entre 5.05 e 5.18 m de


profundidade, consistiu em ensaios a diferentes velocidades de deformação e
diferentes temperaturas. O objetivo desta série era a análise mais detalhada do
comportamento viscoso do solo em condições unidimensionais, a uma determinada
profundidade;

- uma terceira série foi executada sobre amostras coletadas a 6.12 m de profundidade e
±
a uma velocidade εv = 10-7 s-1. O objetivo desta série era comparar os resultados dos
68

ensaios CRS com os resultados do ensaio OED2, executado à temperatura controlada


sobre corpos de prova de 15 cm de diâmetro, nesta mesma profundidade.

Para diferenciar os efeitos de temperatura e de velocidade sobre o comportamento da


argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, os resultados dos ensaios foram reagrupados em
ensaios executados sob mesma temperatura (item 4.1.2) e mesma velocidade (item
4.1.3). Além dos ensaios CRS, dois ensaios oedométricos de grande diâmetro (d = 15
cm) foram executados sob temperatura controlada a 4.7 m (OED1) e 6.3 m (OED2).

4.1.2 EFEITO DA VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO

Da Figura 4 - 1 a Figura 4 - 4 estão agrupados os resultados dos ensaios CRS


executados às temperaturas 10oC, 30oC e 50oC. A curva de compressão do ensaio CRS2,
da série 1, que foi executada sobre uma amostra coletada a 5.18 m de profundidade, foi
também incluída na análise.
σ'v (kPa)
0 100 200 300 400 500
0
o
T = 10 C
.
CRS 6 - εv = 1 x 10-5 s-1
.
10 CRS 2 - εv = 2 x 10-6 s-1
.
CRS 5 - εv = 6.75 x 10-7 s-1
.
CRS 7- εv = 1 x 10-7 s-1

20
ε1 (%)

30 80
AMOSTRAS : F1-T8-E2 ET F1-T8-E3
PROFUNDIDADE : 5.05 - 5.31m.
60
u(kPa)

40 40

20

50 0

Figura 4 - 1 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical


efetiva - ensaios CRS à T = 10oC.
69

σ'v (kPa)
0 100 200 300 400 500
0

o
T = 10 C

.
CRS 2 - εv = 2 x 10-6 s-1
10
.
CRS 7- εv = 1 x 10-7 s-1
.
CRS 11 - εv = 1 x 10-7 s-1

20
ε1 (%)

30 80
AMOSTRAS : F1-T8-E2 ET F1-T8-E3
PROFUNDIDADE : 5.05 - 5.31m.
60

u(kPa)
40 40

20

50 0

Figura 4 - 2 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical


efetiva - ensaios CRS2, CRS7 e CRS11 à T = 10oC.

As curvas de compressão dos ensaios executados a 10oC (Figura 4 - 1), apresentaram-se


bem ordenadas, para uma deformação fixa, pois em geral a tensão vertical efetiva é
maior para velocidades maiores.

±
Na Figura 4 - 2, o ensaio CRS11 (ε v = 1 x 10-7 s-1), foi executado inicialmente a 50oC
até uma deformação vertical de 16.5%. Neste momento a prensa foi desligada e o corpo
de prova foi resfriado até 10oC e mantido sob esta temperatura durante 24 h. A seguir a
prensa foi religada e o ensaio continuou até ε1 = 27%. A curva de compressão durante o
±
recarregamento a 10oC reencontrou a curva de compressão do ensaio CRS2 (εv = 2 x 10-
6
s-1) e a tensão de sobreadensamento durante o recarregamento foi muito maior do que
a prevista. Parece haver uma estruturação do solo causada pela alta temperatura.
Entretanto, à medida que a deformação continuava, houve uma desestruturação e as
70

curvas de compressão dos ensaios CRS11 e CRS7 se reencontraram.


σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
0

T = 30oC
.
CRS 8 - εv = 1 x 10-5 s-1
.
10 CRS 15 - εv = 6.75 x 10-7 s-1
.
CRS 14 - εv = 1 x 10-7 s-1

20
ε1 (%)

30 AMOSTRA : F1-T8-E1 et F1-T8-E2 80


PROFUNDIDADE : 4.96 - 5.18 m

60

u(kPa)
40 40

20

50 0

Figura 4 - 3 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical


efetiva - ensaios CRS à T = 30oC.

A Tabela 4 - 1 apresenta as relações entre as tensões obtidas para as velocidades dos


ensaios utilizadas, para as deformações verticais (ε1) de 7, 13, 15 e 20%. Para 10oC,
Tabela 4 - 1-a, a relação mantém-se aproximadamente constante com a deformação, o
que indica que as curvas de compressão são aproximadamente homotéticas, conforme o
±
modelo (σ'v, εv, εv) proposto por Leroueil et al. (1985).

As curvas de compressão dos ensaios executados a 30oC (Figura 4 - 3) apresentaram-se


bem ordenadas, com exceção do ensaio CRS14, que apresentou um comportamento
inesperado de ε1 de 4.5% até 11%, talvez pela presença de pequenas conchas na amostra
ou mesmo devido a heterogeneidade da amostra. Entretanto, o valor da tensão de
sobreadensamento e a curva de compressão para valores de deformação maiores que
71

11% foi coerente. As relações de tensões para estes ensaios mantiveram-se


aproximadamente constante até ε1 = 15%, conforme mostrado na Tabela 4 - 1-b.

Os ensaios executados a 50oC (Figura 4 - 4) apresentaram uma relação lógica quando da


passagem da tensão de sobreadensamento, que diminuiu de 134 kPa a 10-5 s-1 até 93 kPa
a 10-7s-1. Entretanto, a tensão de sobreadensamento obtida no ensaio a 10-5 s-1 (CRS9)
foi bem maior que o esperado. Para se verificar se era um problema deste ensaio,
executou-se um ensaio a 3.38 x 10-6 s-1, o qual apresentou um valor de tensão de
sobreadensamento dentro da faixa esperada, ou seja, o resultado do ensaio CRS9 pode
ter sido causado por uma diferença na amostra natural.

σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
0
o
T = 50 C
.
CRS 9 - εv = 1 x 10-5 s-1
.
CRS 16 - εv = 3.38 x 10-6 s-1
10
.
CRS 2 - εv = 2 x 10-6 s-1
.
CRS 10 - εv = 6.75 x 10-7 s-1
.
CRS 11 - εv = 1 x 10-7 s-1
20
ε1 (%)

AMOSTRA : F1-T8-E1 ET F1-T8-E3


PROFUNDIDADE : 4.96 À 5.31m
30 30
u(kPa)

40 15

50 0

Figura 4 - 4 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical


efetiva - ensaios CRS à T = 50oC.
72

Tabela 4 - 1 - Variação das tensões verticais efetivas com a velocidade de deformação


vertical.
o
(a) TEMPERATURA = 10 C Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS6 CRS5 CRS7 (σ'


(σ V-CRS6 / σ'
σ V-CRS5 )-1 (σ V-CRS6 / σ'
(σ' σ V-CRS7 )-1

VELOCIDADE 1x10-5 s-1 6.75x10-7 s-1 1x10-7 s-1 (%) (%)


σ 'P(kPa) 160 135 123 19 30

σ 'v (εε 1 = 7%) 172 152 137 13 25

σ 'v (εε 1 = 13%) 190 166 149 14 28

σ 'v (εε 1 = 15%) 200 172 156 16 28

σ 'v (εε 1 = 20%) 240 205 187 17 28


o
(b)TEMPERATURA = 30 C Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS8 CRS15 CRS14 (σ'


(σ V-CRS8 / σ'
σ V-CRS15 )-1 (σ V-CRS8 / σ'
(σ' σ V-CRS14 )-1

VELOCIDADE 1x10-5 s-1 6.75x10-7 s-1 1x10-7 s-1 (%) (%)


σ 'P(kPa) 138 117 102 18 35

σ 'v (εε 1 = 7%) 155 132 - 17 −


σ 'v (εε 1 = 13%) 179 153 - 17 −
σ 'v (εε 1 = 15%) 186 165 - 13 −
σ 'v (εε 1 = 20%) 216 201 - 7 −
o
(c) TEMPERATURA = 50 C Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS16 CRS10 CRS11 (σ'


(σ V-CRS16 / σ'
σ V-CRS10 )-1 (σ'
(σ V-CRS16/ σ'
σ V-CRS11 )-1

VELOCIDADE 3.38x10-6s-1 6.75x10-7 s-1 1x10-7 s-1 (%) (%)


σ 'P(kPa) 117 106 93 10 26

σ 'v (εε 1 = 7%) 137 126 112 9 22

σ 'v (εε 1 = 13%) 160 153 132 5 21

σ 'v (εε 1 = 15%) 170 158 141 7 21

σ 'v (εε 1 = 20%) 209 195 - 7 -

Ainda na Figura 4 - 4, após a passagem da tensão de sobreadensamento, as curvas de


compressão dos ensaios de maior velocidade, 10-5 s-1 e 2 x 10-6 s-1, mantiveram uma
ordem lógica. Entretanto as curvas de compressão de ensaios mais lentos se
aproximaram das curvas de compressão obtidas a velocidades mais altas, o que pode ser
uma indicação de estruturação do solo, similar a observada por Leroueil et al. (1996)
para a argila de Jonquière, cujas curvas de compressão estão apresentadas na Figura 2 -
16. Nota-se que, para todos os casos precedentes, nos quais uma estruturação foi
observada em argilas naturais, as velocidades eram baixas e que além disto, o
aquecimento aumentou este efeito. O fenômeno, que foi observado a 50oC, está
73

quantificado na Tabela 4 - 1 - c.

Observa-se também que um acréscimo da estrutura das argilas para temperaturas da


ordem de 50oC teria conseqüências positivas para um précarregamento por
aquecimento, pois ao se resfriar o solo, é possível obter-se um aumento do
sobreadensamento, com um recalque suplementar menor do que o previsto, e talvez
inferior aos deduzidos de curvas de compressão a 10oC.

A Figura 4 - 5 apresenta a tensão de sobreadensamento, cujos valores estão indicados ao


lado dos pontos na figura, em função da velocidade de deformação vertical para as
diferentes temperaturas de ensaios. Para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan a relação
±
log σ'P - log ε v é aproximadamente retilínea para a faixa de velocidade ensaiada e a
variação da tensão de sobreadensamento é de cerca de 15% por ciclo de velocidade de
deformação. As retas são praticamente paralelas para a faixa de temperatura ensaiada,
ou seja, o valor de m' proposto pela equação (2-3) varia pouco, entre 15 e 17. Kabbaj
(1985) observou uma variação de 14% do valor da tensão de sobreadensamento, por
ciclo de velocidade, a partir de ensaios CRS executados sobre a argila de Berthierville,
que também é uma argila do mar de Champlain.

As curvas de compressão de ensaios oedométricos ao fim de 24 h são similares às


curvas de 10-7 s-1 a 20oC, pois a velocidade de deformação ao final de 24 horas de
carregamento é da ordem de 10-7 s-1. No ensaio oedométrico convencional executado a
4.93 m de profundidade, a tensão de sobreadensamento obtida foi 114 kPa, em acordo
com a evolução das tensões de sobreadensamento obtidas a partir dos ensaios CRS, ou
seja, este valor encontra-se entre 102 e 123 kPa, encontrados para 10 e 30oC, para esta
mesma velocidade (Figura 4 - 5).

A Figura 4 - 6 apresenta as curvas de compressão normalizadas com relação à tensão de


sobreadensamento. As curvas foram agrupadas em função da velocidade de deformação,
sob temperatura constante, para permitir uma análise do efeito de velocidade de
deformação sobre a estrutura da argila.

A estruturação do corpo de prova do ensaio CRS11 aparece de forma mais distinta,


quando agrupam-se curvas de compressão normalizadas de ensaios executados a 10oC
(Figura 4 - 6-a). As curvas coincidem, com exceção do ensaio CRS11, que apresenta
uma tensão maior por ocasião de seu recarregamento. Entretanto à medida que a
74

deformação continua e a argila se desestrutura, a curva de compressão normalizada


deste ensaio reencontra as curvas dos outros ensaios.
200

10 oC
.
10 oC - ln ( σ'p) = 5.75 + 0.0585 ln ( εv)

170 30 oC
.
30 oC - ln ( σ'p) = 5.68 + 0.0653 ln ( εv)
50 oC
.
160
50 oC - ln ( σ'p) = 5.58 + 0.0653 ln ( εv)

150
148

138
135 134
130
σ'p (kPa)

123

117 117

110

106

102

93

90
1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4
.ε (s ) -1
v

Figura 4 - 5 - Variação da tensão de sobreadensamento em função da velocidade de


deformação vertical - ensaios CRS.

As curvas de compressão normalizadas dos ensaios executados a 30oC (Figura 4 - 6 - b)


são coincidentes, entretanto após 15% de deformação vertical observa-se uma diferença
entre as curvas que cresce com a deformação. Segundo Kabbaj (1985), para
deformações maiores que 15%, há uma diferença nas curvas normalizadas, que é mais
acentuada devido a variabilidade natural inicial das amostras, sobretudo devido a
diferença dos índices de vazios inicial das amostras.
σ'v / σ'p
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
0 0 0
T=10oC T=30oC T=50oC
. . .
CRS 6 - εv = 1 x 10-5 s-1 CRS 8 - εv = 1 x 10-5 s-1 CRS 9 - εv = 1 x 10 -5 s-1
. . .
CRS 5 - εv = 6.75 x 10-7 s-1 CRS 15 - εv = 6.75 x 10-7 s-1 CRS 10 - εv = 6.75 x 10-7 s-1
5 . 5 5 .
CRS 7 - εv = 1 x 10-7 s-1 CRS 11 - εv = 1 x 10-7 s-1

.
CRS 11 - εv = 1 x 10-7 s-1

10 10 10

15 15 15

ε1 (%)
20 20 20

25 25 25

30 30 30
. . .
(a) εv = variável ; T = 10oC (b) εv = variável ; T = 30oC (c) εv = variável ; T = 50oC

±
Figura 4 - 6 - Curvas de compressão normalizadas com relação à tensão de sobreadensamento - ensaios CRS - T = constante; εv = variável.
76

Na Figura 4 - 6 - c estão apresentadas curvas de compressão normalizadas dos ensaios


executados a 50oC. O estado limite é alcançado a uma mesma deformação vertical e as
curvas são coincidentes até aproximadamente 5% desta deformação. Entretanto, para
deformações maiores, sob uma certa tensão normalizada, as curvas de compressão
obtidas para velocidades menores apresentam deformações menores do que o esperado,
±
o que não é previsto no modelo (σ'v(T), εv, εv) e é uma indicação do efeito combinado da
baixa velocidade com a alta temperatura sobre a estrutura da argila.

4.1.3 EFEITO DA TEMPERATURA

Os ensaios CRS 1 a 4 da série 1 foram executados a mesma velocidade de deformação


vertical de 2 x 10-6 s-1 e a temperaturas controladas de 10 e 50oC, sobre amostras da
camada argilosa coletadas a várias profundidades.

Durante as modificações da temperatura entre as fases de compressão, a prensa foi


desligada e as variações de temperatura foram feitas lentamente, com drenagem aberta e
não foram observados aumentos significativos de poro-pressão nesta fase. Após a
temperatura desejada ser alcançada, o corpo de prova foi mantido sob temperatura
constante durante 24 h, para permitir a estabilização das poro-pressões e deformações.
Nesta série de ensaios, como a mudança de temperatura era feita sobre o mesmo corpo
de prova durante a compressão, não era possível haver discrepância de resultados
devido a diferenças iniciais das amostras, o que é sempre passível de ocorrer quando se
estuda o comportamento de solos naturais.

4.1.3.1 CURVAS DE COMPRESSÃO

Na Figura 4 - 7 apresentam-se as curvas típicas de compressão e de poro-pressão de um


dos ensaios da série 1 (CRS2). O efeito da temperatura é mais claramente observado ao
se unir os trechos das curvas de compressão a 10oC, utilizando-se uma linha tracejada, e
comparando-as com as curvas dos trechos executados a 50oC. Segundo os resultados
obtidos, uma variação de temperatura de 50o a 10oC corresponde a um aumento de
tensão efetiva de 20% (0.5%/oC) sob uma deformação ou um índice de vazios fixo. Em
comparação com os dados compilados por Leroueil & Marques (1996), este aumento de
tensão efetiva em função da temperatura foi relativamente pequeno.

Os ensaios foram executados inicialmente a 10oC, o que permitiu a determinação da


77

tensão de sobreadensamento a esta temperatura para as profundidades ensaiadas a 2 x


10-6 s-1, como mostra a Figura 4 - 8, onde estão apresentadas as curvas de compressão e
as tensões de sobreadensamento obtidas para cada profundidade ensaiada.
σ'v (kPa)
0 50 100 150 200 250 300 350 400
0

5 compressão térmica
e0 = 2.603
σ'p -10 C = 148 kPa
10
10oC

15 50oC
expansão térmica

20
compressão térmica
ε1 (%)

25 CRS2
AMOSTRA : F1-T8-E3
PROFUNDIDADE : 5.18 - 5.31 m 15
30 .
εv = 2 x 10-6 s-1

35
10

u(kPa)
40
5
45

50 0
Figura 4 - 7 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação
±
vertical (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10 - 50oC) - ensaio CRS2.

É interessante notar que, mesmo a esta velocidade de deformação, em todos os ensaios o


solo apresenta uma ligeira estruturação, com um sobreadensamento um pouco maior,
quando a compressão prossegue a 10oC após a primeira etapa executada a 50oC.

A Figura 4 - 9 apresenta as curvas de tensão vertical efetiva em função da deformação e


da poro-pressão dos ensaios da série 2 efetuados a uma velocidade de 10-5 s-1. A ordem
das curvas de compressão é lógica, com o efeito de temperatura esperado: para uma
determinada deformação, a tensão efetiva é tão maior quanto menor a temperatura. A
relação entre as tensões apresentada na Tabela 4 - 2 - a é da ordem de 20% para uma
variação de temperatura de 10 a 50oC, ou seja, em acordo com os resultados da série 1.
78

σ'pCRS (kPa)
100 120 140 160 180 200
σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
0
CRS1
PROF. : 4.01 à 4.14 m
4.0 σ'p-10 C = 134 kPa
10
10oC

ε1 (%)
50oC
20

4.5
30
Perfil de σ'pCRS
σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
o 0
10 C
5.0 CRS2
PROF. : 5.18 - 5.31 m 10
σ'p-10 C = 148 kPa
ε1 (%)

10oC
Profundidade (m)

50oC 20

σ'v (kPa)
5.5
0 100 200 300 400
0 30

10 CRS3
PROF. : 6.25 - 6.38 m
ε1 (%)

6.0
σ'p-10 C = 162 kPa

20 10oC

50oC

30
6.5 σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
0
CRS4
PROF. : 7.37 - 7.50 m
σ'p-10 C = 180 kPa
10
7.0
ε1 (%)

10oC

50oC
20

30
7.5

±
Figura 4 - 8 - Curvas de compressão dos ensaios CRS da série 1 (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10
- 50oC).
79

σ'v (kPa)
0 100 200 300 400 500
0

.
εv = 1 x 10-5 s-1

CRS 6 - 10oC
10 CRS 8 - 30oC

CRS 9 - 50oC
ε1 (%)

20

AMOSTRA : F1-T8-E2
30 PROFUNDIDADE : 5.05 - 5.18 m 80

60

u(kPa)
40 40

20

50 0
Figura 4 - 9 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação
±
vertical - ensaios CRS a εv = 1 x 10-5 s-1.

A Figura 4 - 10 apresenta as curvas oedométricas obtidas a 6.75 x 10-7 s-1. No que


concerne a tensão de sobreadensamento, há o efeito usual da temperatura e a tensão de
sobreadensamento a 10oC é 27% maior que a obtida a 50oC (Tabela 4 - 2 - b).
Entretanto, esta relação diminui e se torna praticamente inexistente para deformações
superiores a 22%. O mesmo comportamento foi observado a 10-7 s-1 (Tabela 4 - 2 - c).

Para uma deformação de 17%, no ensaio CRS11 (Figura 4 - 11) executado a 10-7 s-1, a
temperatura foi reduzida de 50 a 10oC. Houve um sobreadensamento da ordem de 45
kPa, o que demonstra que o efeito da temperatura persiste mesmo após a estruturação do
solo. À medida que houve deformação o solo se desestrutura e as duas curvas de
compressão a 10oC se reencontram. Como indicado anteriormente, os efeitos de
estruturação da argila poderão ser extremamente benéficos em caso de précarregamento
por aquecimento, logo este fenômeno será discutido detalhadamente no item 4.1.4.
80

Tabela 4 - 2 - Variação das tensões verticais efetivas em função da temperatura.

-5 -1
(a) VELOCIDADE = 1x10 s Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS6 CRS8 CRS9 (σ'


(σ V-CRS6 / σ'
σ V-CRS8 )-1 (σ V-CRS6 / σ'
(σ' σ V-CRS9 )-1

TEMPERATURA T=10oC T=30oC T=50oC (%) (%)


σ 'P(kPa) 160 138 134 16 19

σ 'v (εε 1 = 7%) 172 155 143 11 20

σ 'v (εε 1 = 13%) 190 179 157 6 21

σ 'v (εε 1 = 15%) 200 186 165 7 21

σ 'v (εε 1 = 20%) 240 216 202 11 19


-7 -1
(b) VELOCIDADE = 6.75x10 s Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS5 CRS15 CRS10 (σ'


(σ V-CRS5 / σ'
σ V-CRS15 )-1 (σ'
(σ V-CRS5 / σ'
σ V-CRS10 )-1

TEMPERATURA T=10oC T=30oC T=50oC (%) (%)


σ 'P(kPa) 135 117 106 15 27

σ 'v (εε 1 = 7%) 152 132 126 15 21

σ 'v (εε 1 = 13%) 166 153 153 8 9

σ 'v (εε 1 = 15%) 172 161 158 7 9

σ 'v (εε 1 = 20%) 205 201 195 2 5


-7 -1
(c) VELOCIDADE = 1x10 s Relação das tensões verticais efetivas

ENSAIO CRS7 CRS14 CRS11 (σ'


(σ V-CRS7 / σ'
σ V-CRS14 )-1 (σ'
(σ V-CRS7 / σ'
σ V-CRS11 )-1

TEMPERATURA T=10oC T=30oC T=50oC (%) (%)


σ 'P(kPa) 123 102 93 21 32

σ 'v (εε 1 = 7%) 137 - 112 - 22

σ 'v (εε 1 = 13%) 149 - 132 - 13

σ 'v (εε 1 = 15%) 156 - 141 - 11

4.1.3.2 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA

A Figura 4 - 12 apresenta a variação da condutividade hidráulica em função do índice


de vazios para os ensaios CRS e oedométrico OED4. Os ensaios executados à baixa
velocidade não fornecem medidas de poro-pressão elevadas o suficiente para um
cálculo indireto da condutividade hidráulica. Sob um mesmo índice de vazios a
condutividade hidráulica aumenta com a temperatura, como previsto pela equação (3 -
6) e a inclinação da relação e-log k, ou seja, o valor de Ckv no trecho normalmente
adensado, permanece constante e igual a 1. Este valor é similar ao valor de 1.04, obtido
a partir da medida direta da condutividade hidráulica no ensaio OED4.
81

σ'v (kPa)
0 100 200 300 400
0

.
εv = 6.75 x 10-7 s-1

CRS 5 - 10oC
10 CRS 15 - 30oC

CRS 10 - 50oC

20
ε1 (%)

AMOSTRA : F1-T8-E2 E F1-T8-E1


PROFUNDIDADE : 4.93 - 5.18 m
30 10

u(kPa)
40 5

50 0

Figura 4 - 10 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação


±
vertical - ensaios CRS a εv = 6.75 x 10-7 s-1.

Tavenas et al. (1983b) apresentaram uma análise dos métodos de medidas de


condutividade hidráulica em laboratório e chegaram às seguintes conclusões: a
condutividade hidráulica deduzida de ensaios CRS é, nas proximidades da tensão de
sobreadensamento, duas vezes maior que as obtidas em ensaios oedométricos e cerca de
20 a 40% menores para índices de vazios menores; a medida da condutividade
hidráulica em ensaios oedométricos parece ser um método mais confiável que o cálculo
da condutividade hidráulica a partir de ensaios CRS.

A relação k20°C /k30°C dada pela equação (II - 4), apresentada no anexo II, é de 0.82, e
não se observa o efeito da temperatura sobre a curva de condutividade hidráulica dos
ensaios CRS8 a 30oC e OED4 a 20oC, que são coincidentes a baixos índices de vazios.
É provável que o efeito da temperatura sobre estas curvas tenha sido compensado pelo
82

efeito dos métodos de medida da condutividade hidráulica.


σ'v (kPa)
0 100 200 300
0

10

20
ε1 (%)

AMOSTRA : F1-T8-E2
PROFUNDIDADE : 5.05 - 5.18 m

30 . 40.0
εv = 1 x 10-7 s-1
o
CRS 7 - T = 10 C

u(kPa)
o
CRS 11 - T = 10 C
o
40 CRS 14 - T = 30 C 20.0
o
CRS 11 - T = 50 C

50 0.0

Figura 4 - 11 - Curvas de compressão e poro-pressão em função da deformação vertical


±
- ensaios CRS a εv = 1 x 10-7 s-1.

A Tabela 4 - 3 apresenta os detalhes relativos a condutividade hidráulica sob um índice


de vazios de 1.6. Observa-se que para as duas últimas colunas, comparando-se com a
condutividade hidráulica obtida a 10oC, os valores previstos segundo a equação (II-4), e
obtidos a 30 e 50oC são bastante similares.

O coeficiente de adensamento, que é proporcional à condutividade hidráulica, varia


também segundo a temperatura. Na Figura 3 - 12, do capítulo 3, foram apresentados os
coeficientes de adensamento calculados a partir dos ensaios CRS, em comparação com
os obtidos nos ensaios oedométricos. Estes resultados mostram que os valores
deduzidos dos ensaios CRS estão bem próximos dos calculados a partir da
condutividade hidráulica medida diretamente e que há um efeito da temperatura sobre o
83

Cv, que é maior com o aumento da temperatura.


k(m/s)
1E-10 1E-9 1E-8 1E-7

2.40

2.20
Ck= 1.0
2.00

1.80
AMOSTRA : F1-T8-E1 E F1-T8-E2
e

PROFUNDIDADE : 4.93 - 5.18 m

1.60

.
1.40 CRS 6 - T = 10 oC - εv = 1 x 10-5 s-1

OED 4 - T = 20oC
.
CRS 8 - T = 30 oC - εv = 1 x 10-5 s-1
1.20
.
CRS 9 - T = 50 oC - εv = 1 x 10-5 s-1

1.00

Figura 4 - 12 - Curvas de condutividade hidráulica em função do índice de vazios -


±
ensaios CRS executados a ε v = 1 x 10-5 s-1 (T = 10, 30 e 50oC) e ensaio OED4 (T =
20oC).

Tabela 4 - 3 - Variação da condutividade hidráulica em função da temperatura - ensaios


CRS.

.
ENSAIO TEMP. εv e μ γ k k/k10oC k/k10oC
O -1 3
CRS ( C) (s ) (centipoise) (kN/m ) (m/s) previsto obtido
6 10 1.0E-05 1.6 1.31 9.96 3.22E-10 - -
8 30 1.0E-05 1.6 0.8 9.7 4.82E-10 1.6 1.5
9 50 1.0E-05 1.6 0.55 9.88 7.24E-10 2.4 2.2
84

4.1.3.3 TENSÕES DE SOBREADENSAMENTO

A Figura 4 - 13 apresenta os perfis de tensões de sobreadensamento obtidos a partir dos


vários tipos de ensaios executados. As tensões de sobreadensamento obtidas nos ensaios
CRS são cerca de 20 a 25% maiores que as obtidas nos ensaios oedométricos
convencionais, o que advém do fato de que a temperatura utilizada nos ensaios CRS é
menor e a velocidade de deformação é maior que as dos ensaios oedométricos
convencionais.

σ'vo , σ'pCRS , σ'pi , σ'poed , σ'ppiezocone , uo (kPa)


0 50 100 150 200 250
0
σ'vo

σ'pCRS(T=10 C; ε. =2 x 10
o -6
s- 1)
v

σ'poed (T=20 C) o

σ'pi (T=10 C)o

σ'pi (T=20 C)o


Profundidade (m)

σ'pi (T=50 C)o

σ'ppiezocone (Nσ =3.4)


t
5
uo

10
Figura 4 - 13 - Perfil de tensões e de poro-pressão.

A Figura 4 - 14 apresenta a variação da tensão de sobreadensamento (ensaios CRS) e da


viscosidade da água em função da temperatura. Como já visto em 4.1.2, o valor da
tensão de sobreadensamento do ensaio executado a 1 x 10-5 s-1 e 50oC é maior que o
85

±
previsto. As curvas σ'p (ε v) x T são homotéticas e apresentam um comportamento
similar a curva da viscosidade em função da temperatura, fornecida por Habibagahi
(1973). O efeito da temperatura sobre a viscosidade e sobre a tensão de
sobreadensamento diminui com o aumento da temperatura.

170 1.6
Ensaios CRS
.
160 εv = 1 x 10-5 s-1 1.4
.
εv = 2 x 10-6 s-1
Equação Moritz (1995) .
α = 0.15 εv = 6.75 x 10 -7 s-1
150 1.2
.

viscosidade da água (centipoise)


εv = 1 x 10-7 s-1
.
εv = 3.38 x 10 -6 s-1
140 1.0
σ'p (kPa)

130 0.8

120 0.6

110 0.4

100 0.2

VIscosidade da água - Habibagahi (1973)


90 0.0
0 10 20 30 40 50 60
T( oC)

Figura 4 - 14 - Tensão de sobreadensamento (ensaios CRS) e viscosidade da água em


função da temperatura.

Uma variação de temperatura na faixa de 12oC corresponde a uma variação de 10% da


tensão de sobreadensamento (Leroueil & Marques, 1996). Para a argila de Saint-Roch-
de-l'Achigan uma variação de 30 a 10oC acarretou uma variação de aproximadamente
0.8%/oC. Este valor é bem próximo do valor de 0.9%/oC obtido por Boudali (1995),
enquanto que de 50 a 30oC o aumento foi da ordem de 0.5%/oC.

A variação da tensão de sobreadensamento em função da temperatura parece ser


proporcional à variação da viscosidade da água. Mas é possível que para altas
86

temperaturas esta relação não seja adequada para descrever o comportamento. Para altas
temperaturas, é provável que os efeitos de estrutura venham a ser mais importantes, pois
haveria modificação importante na própria estrutura da argila, mas infelizmente há
poucos ensaios de compressão executados a temperaturas elevadas (>50oC), citados na
literatura.

A relação Δσ'p / ΔT da argila Saint-Roch-de-l'Achigan é similar a obtida para diversas


argilas, conforme ilustra a Figura 4 - 15, que apresenta as tensões de sobreadensamento
normalizadas em função da tensão de sobreadensamento obtida nos ensaios executados
a 20oC.

1.4
Boudali et al. (1994)

Despax (1975)
1.3
Campanella & Mitchell (1968)

Tidfors & Sallfors (1989)


1.2
Eriksson (1989)

1.1 Moritz (1995)


σ'p / σ'p (T=20 C)

α= 0.15
o

Marques (1996)
Eq. 4 - 1
1.0 Akagi & Komiya (1995)

Saint-Roch-de-l'Achigan
0.9

0.8

0.7

0.6
0 20 40 60 80 100
T( C)
o

Figura 4 - 15 - Variação da tensão de sobreadensamento normalizada em função da


temperatura.

Observa-se que, para as argilas ensaiadas a baixas temperaturas, a influência da


temperatura sobre a tensão de sobreadensamento é muito mais pronunciada do que para
altas temperaturas. Moritz (1995) propõe uma equação que relaciona a tensão de
sobreadensamento normalizada com a temperatura dada por:

σ'pT = σ'pT0 (T0/T)α (4-1)


87

na qual T é a temperatura de laboratório, que é geralmente 20oC e T0 é a temperatura do


ensaio. O valor α depende da argila e os resultados obtidos par a argila de Saint-Roch-
de-l'Achigan e para a argila de St-Polycarpe, (Marques, 1996), ambas argilas do mar de
Champlain estão próximos do valor de α ≅ 0.15, proposto por Moritz (1995), conforme
apresentado nas Figuras 4 -14 e 4 - 15.

A Figura 4 - 16 apresenta as curvas de compressão normalizadas dos ensaios CRS, para


velocidades constantes e temperatura variável. Para uma velocidade de deformação
elevada, de 10-5 s-1 (Figura 4 - 16-a), obtém-se uma curva única de compressão
±
normalizada, em acordo com o modelo (σ'v (T), εv, εv).

A Figura 4 - 16 - b apresenta a curva de compressão normalizada dos ensaios


executados a 6.75 x 10-7 s-1. Até uma deformação vertical de aproximadamente 10%, as
curvas normalizadas são coincidentes, entretanto após 10%, as curvas se afastam e não
se obtém a partir daí uma curva de compressão única, conforme proposto pelo modelo.
Observa-se que a partir desta deformação a ordem das curvas é até invertida, e a curva
do ensaio a 50oC apresenta menores deformações, seguida da curva a 30oC e da curva a
10oC, que apresentam deformações maiores. A estruturação de um solo ocorre com o
tempo e é possível que até ε1 = 10% não houve tempo suficiente para que solo se
estruturasse, mas após este nível de deformação, ele começaria a se estruturar, o que
explicaria o afastamento das curvas.

O efeito parece ser mais acentuado se a velocidade de deformação é menor, como


mostra a Figura 4 - 16 - c, para ensaios executados a 10-7 s-1. O ensaio CRS11, que foi
inicialmente executado a 50oC, apresenta uma estruturação durante a deformação e após
o resfriamento a tensão de sobreadensamento é maior do que o esperado, também
devido a estruturação. Observa-se que curva de compressão a 10oC se aproxima da
curva de compressão normalizada durante o recarregamento, mas à medida que a
deformação se desenvolve, há desestruturação e a curva de compressão reencontra a
curva de compressão do ensaio CRS7 executado a 10oC.
σ'v / σ'p
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
0 0 0
. . .
εv = 1 x 10 -5 s-1 εv = 6.75 x 10-7 s-1 εv = 1 x 10 -7 s-1

CRS 6 - T=10oC CRS 5 - T=10oC CRS 7 - T=10oC

5 CRS 8 - T=30oC 5 CRS 15 - T=30oC 5 CRS 11 - T=10oC

CRS 9 - T=50oC CRS 10 - T=50oC CRS 11 - T=50oC

10 10 10

15 15 15

ε1 (%)
20 20 20

25 25 25

30 30 30
. . .
(a) εv = 1 x 10-5 s-1 ; T = variável (b) εv = 6.75 x 10-7 s-1 ; T = variável (c) εv = 1 x 10-7 s-1 ; T = variável
±
Figura 4 - 16 - Curvas de compressão normalizadas em relação a tensão de sobreadensamento - ensaios CRS - T = variável; εv = constante.
89

4.1.4 RESULTADOS DOS ENSAIOS OEDOMÉTRICOS À TEMPERATURA


CONTROLADA

Os ensaios oedométricos de grande diâmetro (d = 15 cm), foram executados à


temperatura controlada a mesma profundidade dos ensaios CRS7 e CRS11 (OED1);
CRS12 e CRS13 (OED2). A Figura 4 - 17 e a Figura 4 - 18 apresentam as curvas de
deformação vertical em função do tempo destes ensaios.

Os carregamentos foram inicialmente executados a 10oC até as tensões de 140 kPa


(OED1) e 151 kPa (OED2) e após a dissipação da poro-pressão sob estas tensões, a
temperatura foi aumentada até 20, 35 e 50oC, em estágios de no mínimo 48 horas. Os
dois ensaios apresentam um comportamento similar, as curvas exibem uma inflexão
para cada variação de temperatura, ou seja, aumento da relação Δεv / Δt, indicando um
aumento da velocidade de deformação vertical.

8
ε1 (%)

OED1
10 AMOSTRA : F1-T7-E3
Prof. : 4.67 - 4.80 m
σ'v = 140 kPa
12
10oC
14 20oC

35oC
16
50oC

18
100 1000 10000
T (min)
Figura 4 - 17 - Deformação vertical em função do tempo - ensaio OED1 (d = 15 cm).

A variação da velocidade de deformação em função da deformação vertical para as


temperaturas utilizadas nos ensaios OED1 e OED2 é apresentada na Figura 4 - 19 e na
90

Figura 4 - 20. Para o cálculo das velocidades de deformação vertical específica em cada
ponto, calculou-se a derivada da curva deformação x tempo, por aproximação, dada por:
• (ε α +1 − εα ) (ε α − ε α −1 ) (εα +1 − ε α −1 )
ε v (ε α ) = + − (4.2)
(tα +1 − tα ) (tα − tα −1 ) (tα +1 − tα −1 )

onde εα é a deformação no ponto e tα é o tempo medido no ponto desde o início do


carregamento.

7
ε1 (%)

OED2
AMOSTRA : F1-T10-E3
11
Prof. : 6.25 - 6.38 m
σ'v = 150 kPa

13 10 oC

20 oC

15 35 oC

50 oC

17
100 1000 10000
T (min)
Figura 4 - 18 - Deformação vertical em função do tempo - ensaio OED2 (d = 15 cm).

A velocidade de deformação, como foi mostrado no capítulo 2.1.6 (Figura 2 - 12),


cresce com o aumento da temperatura. O aquecimento do corpo de prova sob uma
tensão constante implica em aumento da deformação vertical, o que está associado a
perda de resistência do solo com o aumento da temperatura. Ou seja, a cada vez que se
aumenta a temperatura até um novo patamar de temperatura há aumento da velocidade
91

de deformação, mas após a estabilização da temperatura, a velocidade de deformação


vertical diminui com a deformação vertical, como um ensaio de fluência usual. É
importante ressaltar que as menores velocidades obtidas nestes ensaios foram maiores
que as velocidades de deformação usuais medidas em solos compressíveis sob aterros.
.ε (s )
v
-1

1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E


2

4
10oC - 140 kPa
6 20oC - 140 kPa

8 35oC - 140 kPa

50oC - 140 kPa


10
10oC - 200 kPa
12 10oC - 230 kPa

14 10oC - 260 kPa


ε1 (%)

16

18

20

22

24
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
OED 1 - d = 15 cm
26 AMOSTRA : F1-T7-E3
PROFUNDIDADE : 4.67 - 4.80 m
28
Figura 4 - 19 - Velocidade de deformação vertical em função da deformação vertical -
ensaio OED1 (d = 15 cm).

Após o último estágio aquecimento à 50oC, os ensaios prosseguiram após o


resfriamento, com carregamentos executados a 10oC (200, 230 e 260kPa). Observou-se
então, aumentos da velocidade de deformação quando estes carregamentos foram
executados.

A Figura 4 - 21 apresenta a curva de compressão do ensaio OED1 em comparação com


as curvas de compressão dos ensaios CRS7 e CRS11, executados a uma velocidade de
±
deformação de 10-7s-1. Os pontos (σ'v, εv, εv, T) do ensaio OED1 foram obtidos a partir
92

da Figura 4 - 19.
.ε (s )
-1
v

1E-9 1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4


1

3
10oC - 150 kPa

5 20oC - 150 kPa

35oC - 150 kPa


7
50oC - 150 kPa
9 10oC - 196 kPa

10oC - 226 kPa


11
10oC - 256 kPa
ε1 (%)

13
10oC - 286 kPa

15

17

19

21
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
OED 2 - d = 15 cm
23
AMOSTRA : F1-T10-E3
PROFUNDIDADE : 6.25 - 6.38 m
25
Figura 4 - 20 - Velocidade de deformação vertical em função da deformação vertical -
ensaio OED2 (d = 15 cm).

O ensaio CRS7 foi executado a 10oC, enquanto que o ensaio CRS11 foi inicialmente
executado a 50oC até ε1 = 16.5%, quando a prensa foi desligada e a amostra resfriada até
10oC, para em seguida prosseguir-se com a compressão.

Para uma velocidade de 10-7s-1 e T = 10oC, ainda na Figura 4 - 21, as curvas de


compressão dos ensaios OED1 e CRS7 são coincidentes, assim como as curvas de
±
compressão dos ensaios OED1 e CRS11, à εv = 10-7s-1 e T = 50oC.

É importante ressaltar que os carregamentos destes ensaios são executados de forma


diversa: durante um ensaio CRS, a tensão total varia continuamente com a deformação
vertical enquanto que a velocidade de deformação é constante; durante os ensaios
93

oedométricos de grande diâmetro, a tensão total é constante para cada carregamento e a


velocidade de deformação varia com a deformação. Apesar da diferença na forma de
carregamento dos ensaios, estes apresentaram, nesta fase inicial de carregamento, um
±
mesmo comportamento (σ'v, εv, εv, T) conforme o modelo de normalização proposto por
Boudali et al. (1994).
σ'v (kPa)
0 50 100 150 200 250 300
0
CRS 7 - T = 10oC

CRS 11 - T = 50oC

CRS 11 - T = 10oC
5 OED 1 - T = 10oC
.
OED1 - εv = 6.4% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1
OED 1 - T = 20oC

OED 1 - T = 35oC
.
OED1 - εv = 9.1% - T = 20oC - εv = 1 x 10-7 s-1 OED 1 - T = 50oC
10

.
OED1 - εv = 12.9% - T = 35oC - εv = 1 x 10-7 s-1
ε1 (%)

.
OED1 - εv = 14.9% - T = 50oC - εv = 1 x 10-7 s-1
15

20

.
OED1 - εv = 22.6% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1

.
OED1 - εv = 24.4% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1

25

SAINT ROCH DE L'ACHIGAN


OED1 - d = 15cm: F1-T7-E3 - 4.67 - 4.80 m
CRS 7 E CRS 11: F1-T8-E2 - 5.05 - 5.18 m
30
±
Figura 4 - 21 - Curvas de compressão - ensaios OED1 (d = 15 cm), CRS7 (εv = 1 x 10-7
±
s-1; T = 10oC) e CRS11 (εv = 1 x 10-7 s-1; T = 50 - 10oC).

Após o resfriamento do corpo de prova do ensaio OED1, em ε1 = 16.5%, a curva de


94

compressão apresenta um sobreadensamento de aproximadamente 32%, ou seja, muito


maior que o previsto, o que vem a confirmar o comportamento do ensaio CRS11, isto é,
houve realmente uma estruturação da argila produzida pelo aquecimento e pela baixa
velocidade de deformação.
σ'v (kPa)
0 50 100 150 200 250 300
0

CRS 12 - T = 10oC

CRS 13 - T = 50oC

5 CRS 13 - T = 10oC
.
OED2 - εv = 6.9% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1 OED2 - T = 10oC

OED2 - T = 20oC

OED2 - T = 35oC
.
10 OED2 - εv = 10.4% - T = 20oC - εv = 1 x 10-7 s-1 OED2 - T = 50oC

.
OED2 - εv = 12.7% - T = 35oC - εv = 1 x 10-7 s-1

.
OED2 - εv = 14.5% - T = 50oC - εv = 1 x 10-7 s-1
ε1 (%)

15
.
OED2 - εv = 16.1% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1

.
OED2 - εv = 19.7% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1
20

.
OED2 - εv = 22.5% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1

.
OED2 - εv = 23.9% - T = 10oC - εv = 1 x 10-7 s-1

25

SAINT ROCH DE L'ACHIGAN


OED 2 - d = 15 cm : F1-T10-E3 - 6.25 - 6.38 m
CRS 12 e CRS 13 : F1-T10-E2 - 6.12 - 6.25 m
30
±
Figura 4 - 22 - Curvas de compressão - ensaios OED2 (d = 15 cm), CRS12 (εv = 1 x 10-7
±
s-1; T = 10oC) e CRS13 (εv = 1 x 10-7 s-1; T = 50 - 10oC).

Para o ensaio OED1, ainda na Figura 4 - 21, na passagem da tensão de


±
sobreadensamento induzida pelo aquecimento (200 kPa), observa-se que ε v se mantém
95

constante (9 x 10-8 s-1) para ε1 = 17% a 19%, ou seja, muito próxima da velocidade de
deformação do ensaio CRS11. À ε1 = 22.4%, as curvas de compressão dos ensaios
OED1 e CRS11 coincidem, para uma mesma velocidade de deformação, mesma
deformação e mesma tensão vertical efetiva, mas elas ainda apresentam um
sobreadensamento com relação ao ensaio CRS7. Somente à ε1 = 24.4% é que o solo vai
se desestruturar, de forma que as três curvas de compressão se reencontram.

No item 2.1.7, onde se discutiu a estruturação e desestruturação do solo, foram


apresentados resultados dos ensaios de Perret et al. (1995), que apresentaram
comportamento semelhante. Para verificar se o comportamento destes ensaios não era
um caso isolado, dois ensaios CRS complementares foram executados (série 3) a mesma
profundidade do ensaio OED2.

A Figura 4 - 22 apresenta a curva de compressão do ensaio OED2 em comparação com


as curvas dos ensaios CRS12 e CRS13. Estes ensaios foram executados a 10-7 s-1 e as
±
velocidades dos pontos (σ'v, εv, εv, T) do ensaio OED2 foram obtidos a partir da Figura
4 - 20. O ensaio CRS12 foi executado à temperatura constante de 10oC. O ensaio
CRS13 foi executado a 50oC até uma deformação vertical de 16% e a esta deformação a
prensa foi desligada e o corpo de prova foi resfriado até 10oC. O corpo de prova foi
mantido sob esta temperatura durante 24 horas antes de se reiniciar a compressão.

Observa-se que as curvas de compressão dos ensaios OED2 e CRS13, a exemplo dos
ensaios OED1 e CRS11, também apresentaram uma estruturação. Após o
recarregamento a 10oC as curvas de compressão dos ensaios CRS12 e OED2 se
reencontram, entretanto a curva de compressão do ensaio CRS13 se afasta.

Este comportamento é colocado em evidência na Figura 4 - 23, onde estão apresentadas


as curvas de compressão normalizadas das duas séries de ensaios. Para a série executada
a 4.67 m de profundidade a estruturação é também evidenciada nos ensaios OED1 e
CRS11, pois estas curvas se afastam da curva normalizada. É importante notar que o
trecho em que houve um descarregamento devido a interrupção da compressão não é
normalizável, conforme o modelo de normalização proposto por Leroueil et al. (1985),
que prevê a normalização somente do trecho normalmente adensado da curva de
compressão, onde não é incluído o descarregamento.
96

Entretanto, à medida que há reestruturação do solo a 10oC, as curvas de compressão se


reencontram. Para a série executada a 6.25 m de profundidade observa-se também uma
estruturação, entretanto após a desestruturação a curva de compressão normalizada do
ensaio CRS13 se afasta das demais. Isto pode ser explicado pela influência da diferença
inicial das amostras sobre o comportamento a grandes deformações.

A Figura 4 - 24 apresenta as curvas de compressão normalizadas com relação as tensões


de sobreadensamento, dos ensaios CRS e oedométrico OED1. As curvas de compressão
dos ensaios executados a 10oC estão dentro da faixa de normalização, entretanto as
curvas de 30oC, para baixas velocidades encontram-se fora da faixa de normalização e
as curvas à 50oC completamente fora, devido à estruturação. No ensaio oedométrico
OED1, após o resfriamento da amostra e à medida que há deformação, o solo vai se
desestruturando e as tensões normalizadas se aproximam da faixa de normalização.

4.1.5 CONCLUSÕES DO ITEM 4.1

A partir dos ensaios executados a velocidade e temperatura controladas, para o


comportamento unidimensional da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, conclui-se que:

- o efeito da temperatura sobre a tensão de sobreadensamento e sobre a curva de


compressão é mais acentuada para variações de temperatura da ordem de 10 a 30oC
(0.8% / oC), enquanto que de 30oC a 50oC a relação de queda da tensão de
sobreadensamento com a temperatura é da ordem de 0.5% / oC;

- no domínio normalmente adensado, para velocidades da ordem de 10-7 s-1 observa-se


que para valores de tensão da mesma ordem das previstas no projeto de
précarregamento, as deformações verticais são cerca de 6.5% maiores, quando há
uma variação de temperatura de 10oC a 50oC;

- a condutividade hidráulica aumenta 2.3 vezes para uma variação de 10 a 50oC, o que
implica em uma diminuição do tempo de adensamento de uma argila submetida a
temperaturas elevadas durante o adensamento;

- a estruturação da argila devido a altas temperaturas e baixas velocidades de


deformação foi observada nas séries de ensaios oedométricos executados a
temperatura controlada. Este efeito sobre o comportamento in situ pode ser positivo,
pois permitiria um carregamento associado a menores deformações.
σ'v / σ'p σ'v / σ'p
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
0 0
. .
εv = 1 x 10 -7 s-1
εv = 1 x 10 -7 s-1
PROF. : 4.67 - 5.18m PROF. : 6.25 - 6.68m
o
CRS 7 - T=10 C
5 5 CRS 12 - T=10oC
CRS 11 - T=10oC
CRS 13 - T=10oC
o
CRS 11 - T=50 C
CRS 13 - T=50oC
OED 1 - T=10oC
10 10 OED2 - T=10oC
o
OED 1 - T=50 C
OED2 - T=50oC

15 15

ε1 (%)
ε1 (%)
20 20

25 25

30 30
±
Figura 4 - 23 - Curvas de compressão normalizadas - ensaios OED1 e OED2 e ensaios CRS a εv = 1 x 10-7 s-1.
98

σ'v / σ'p
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0 3.5
0

.ε (s )ENSAIOS
-1
CRS
Temperatura ( C) o

1
10 30 50
.ε = 1 x 10-5 s-1
5 1

.ε = 2 x 10-6 s-1
1
.ε = 3.38 x 10 -6 s-1 st
1

.ε = 6.75 x 10 -7 s-1 st st
1

.ε = 1 x 10-7 s-1 st
10 1

OED1
.
ε1 = 1 x 10- 7 s-1
ε1 (%)

15 T=10 oC

T=50 oC

20

FAIXA DOS 7
ENSAIOS
25 NORMALIZÁVEIS

st indica as amostras que


se estruturaram
durante o ensaio.
30
Figura 4 - 24 - Curvas de compressão normalizadas com relação a tensão de
sobreadensamento - ensaios CRS e OED1.

4.2 INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE O COMPORTAMENTO


GERAL DA ARGILA DE SAINT-ROCH-DE-L’ACHIGAN

Para a análise da influência da temperatura sobre a resistência, o estado limite e o estado


crítico da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, foram executados ensaios de compressão
isotrópica (CIU), ensaios de compressão anisotrópica (CAU - K = σ'3 / σ'1 = constante),
seguidos de cisalhamento não drenado, com temperatura controlada. Os procedimentos
e resumos dos resultados destes ensaios estão apresentados no anexo II. Os resultados
individuais destes ensaios foram apresentados por Marques & Leroueil (2000).

4.2.1 ENSAIOS DE COMPRESSÃO À K CONSTANTE

A Figura 4 - 25 apresenta as curvas de s' = (σ'1+σ'3)/2 em função da variação


volumétrica dos ensaios triaxiais, executados à temperatura constante e K variável.
99

Utilizou-se a escala logarítmica no eixo s', para uma melhor visualização das diferenças
entre as curvas de compressão em função da variação de K. Os pontos da curva de
±
compressão correspondem à uma velocidade de deformação volumétrica, ε v, de
aproximadamente 2 x 10-7 s-1 no fim do carregamento. Os valores das tensões médias no
estado limite, também denominadas de tensões de sobreadensamento isotrópicas (sL ou
σ'pi), foram obtidos a partir destas curvas.

A diferença entre os valores de s'L obtidos foi pequena e ao contrário das amostras de
argila preparadas em laboratório, como para o modelo Cam-clay, as tensões s'L
deduzidas das curvas de compressão podem aumentar com a diminuição de K, até o
valor de K0nc. Este comportamento está em acordo com o observado por Díaz-
Rodríguez et al. (1992), para as argilas naturais canadenses, que são anisotrópicas.

Nas curvas de compressão em função da deformação vertical destes ensaios triaxiais


(Figura 4 - 26) observa-se para uma dada tensão no domínio normalmente adensado,
que as deformações verticais são menores à medida que K aumenta, para uma
temperatura constante, conforme esperado.

A Figura 4 - 27 apresenta as curvas de tensão vertical em função da variação


volumétrica dos ensaios triaxiais executados a K constante e temperatura variável. A
7% de deformação, observa-se um aumento de tensão de 17 a 20%, para uma variação
de temperatura de 10 a 50oC, o que é bem próximo da relação de tensões apresentada na
Tabela 4 - 2, obtida para os ensaios CRS executados a 10-7 s-1.

A relação K = σ'3 / σ'1 = 0.5, utilizada nestes ensaios triaxiais é a mais próxima do valor
de K0nc = 0.52, estimado a partir do ângulo de atrito (valor de K de um ensaio
oedométrico). Na curva de compressão, dos ensaios CAU - K = 0.5, no domínio
normalmente adensado, observa-se que, sob uma dada tensão, há uma deformação
volumétrica de 6% devido a uma variação da temperatura de 10 a 50oC. Este valor é
bastante próximo do valor obtido devido ao aquecimento nos ensaios CRS executados a
10-7s-1 (6.5%), ou seja, o comportamento em compressão triaxial está coerente com o
comportamento em compressão unidimensional, em função da variação de temperatura
e das velocidades utilizadas.
10 s' (kPa) 100 10 s' (kPa) 100
0 0

5 5

10 10

15 T = 10oC 15 T = 20oC

Δv / v0 (%)
CAU 4 - K = 0.5 - s'L= 105 kPa CAU 1 - K = 0.5 - s'L= 100 kPa
CAU 7 - K = 0.7 - s'L= 105 kPa CAU 2 - K = 0.7 - s'L= 98 kPa
20 20
CAU 6 - K = 0.85 - s'L= 100 kPa CAU 3 - K = 0.85 - s'L= 90 kPa
CIU 10 - K = 1 - s'L= 90 kPa CIU 3 - K = 1 - s'L= 83 kPa
(a) (b)
25 25
0

10

15 T = 50oC

Δv / v0 (%)
CAU 8 - K = 0.5 - s'L= 88 kPa

CAU 9 - K = 0.7 - s'L= 80 kPa


20
CAU 10 - K = 0.85 - s'L= 73 kPa

CIU 15 - K = 1 - s'L= 70 kPa


(c)
25
Figura 4 - 25 - Deformação volumétrica em função de s' - ensaios triaxiais - T = constante; K = variável.
10 s' (kPa) 100 10 s' (kPa) 100
0 0

5 5

10 10

ε1 (%)
o
T = 10 C T = 20oC
CAU 4 - K = 0.5 - s'L= 105 kPa CAU 1 - K = 0.5 - s'L= 100 kPa
15 CAU 7 - K = 0.7 - s'L= 105 kPa 15 CAU 2 - K = 0.7 - s'L= 98 kPa
CAU 6 - K = 0.85 - s'L= 100 kPa CAU 3 - K = 0.85 - s'L= 90 kPa
CIU 10 - K = 1 - s'L= 90 kPa CIU 3 - K = 1 - s'L= 83 kPa
(a) (b)
20 20
0

10

ε1 (%)
T = 50oC

CAU 8 - K = 0.5 - s'L= 88 kPa


15 CAU 9 - K = 0.7 - s'L= 80 kPa

CAU 10 - K = 0.85 - s'L= 73 kPa

CIU 15 - K = 1 - s'L= 70 kPa


(c)
20

Figura 4 - 26 - Deformação vertical em função de s' - ensaios triaxiais - T = constante - K = variável.


s' (kPa) s' (kPa)
10 100 10 100
0 0

5 5

10 10

ε1 (%)
15 15

Δv / v0 (%)
K = 0.5 K = 0.7
o
CAU 4 - T = 10 C - s'L= 105 kPa CAU 7 - T = 10 oC - s'L= 105 kPa
20 o 20
CAU 1 - T = 20 C - s'L= 100 kPa CAU 2 - T = 20 oC - s'L= 98 kPa
CAU 8 - T = 50 oC - s'L= 88 kPa CAU 9 - T = 50 oC - s'L= 80 kPa
(a) (b)
25 25

0 0

5 5

10 10
ε1 (%)

15 15

Δv / v0 (%)
K = 0.85 K=1
o
CAU 6 - T = 10 C - s'L= 100 kPa C1U 10 - T = 10 oC - s'L= 90 kPa
20 20
CAU 3 - T = 20 oC - s'L= 90 kPa CIU 3 - T = 20 oC - s' L= 83 kPa
CAU 10 - T = 50 oC - s'L= 73 kPa CIU 15 - T = 50oC - s'L= 70 kPa
(c) (d)
25 25
Figura 4 - 27 - Deformação volumétrica em função de s' - ensaios triaxiais - T = variável; K = constante.
103

4.2.2 CURVAS DE ESTADO LIMITE

Para a obtenção das curvas de estado limite foi utilizado o procedimento proposto por
Tavenas & Leroueil (1977), que consiste em fazer ensaios de compressão isotrópica no
domínio sobreadensado, seguido de cisalhamento não drenado e ensaios de
adensamento isotrópico e anisotrópico, com carregamento executado por estágios de
tensões (ver procedimentos de execução dos ensaios triaxiais no anexo II).

Para os ensaios executados no domínio sobreadensado, o estado limite é obtido nos


pontos de ruptura, acima da linha de estado crítico (LEC). Para os ensaios executados
no domínio normalmente adensado o estado limite é o estado de tensões na passagem de
um domínio a outro, ou seja, a tensão de sobreadensamento isotrópica ou anisotrópica.

Este método pode ser utilizado porque é possível a preparação de 7 corpos de prova em
uma mesma profundidade, a partir de amostras de 13 cm de espessura e 20 cm de
diâmetro, coletadas com o amostrador Laval, conforme indica o esquema de localização
das amostras nas sondagens F1 e F2, apresentada no anexo I.

Na Figura 4 - 28 estão apresentadas as curvas de estado limite em função da


temperatura no espaço de tensões do MIT (plano s' - t). Estas curvas possuem uma
forma aproximadamente elíptica e centralizada em torno da linha K0nc = 1 - sin φ'picnc
(φ'picnc = 28.5°), comportamento típico de argilas naturais anisotrópicas (Tavenas &
Leroueil, 1977; Parry & Wroth, 1981 e Futai, 1999).

Na realidade, se o valor de φ'picnc varia com a temperatura, a linha K0nc também deverá
variar com a temperatura, sobretudo para grande variações de temperatura (Houston et
al., 1985). Entretanto, para as baixas variações de temperatura utilizadas nos ensaios
executados sobre a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, adotou-se um valor de φ'picnc
médio e uma linha K0nc média. Para a determinação da LEC no plano s' - t, considerou-
se o φ'ec médio de 36.4o, conforme descrito em 4.2.5.

Segundo Díaz-Rodríguez et al. (1992) o valor da relação σ'pi / σ'vpoed e a forma da curva
de estado limite são função do φ'picnc da argila. Para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan,
a 5.5 m de profundidade, a relação σ'pi / σ'poed situa-se entre 0.64 e 0.66 para os ensaios
executados a 20oC e φ'picnc = 28.5, dentro da faixa de valores das argilas da região de
104

Champlain. Para ensaios executados a 10oC, a relação encontra-se entre 0.61 e 0.65, e
para os ensaios realizados a 50oC a relação é de 0.63, ou seja, para esta faixa de variação
de temperatura não houve uma grande variação da relação σ'pi / σ'poed.

Ainda na Figura 4 - 28, é importante ressaltar que a parte superior da curva de estado
limite, acima da LEC, foi obtida a partir do estado de tensões no pico de ensaios CIU,
com velocidade de compressão de 1.4 x 10-6 s-1, cisalhados no domínio sobreadensado,
sob velocidade de compressão constantes. A parte inferior da curva de estado limite,
abaixo da LEC, foi obtida a partir dos σ'pi das curvas de compressão (σ'v x εv), ao final
do carregamento, quando as poro-pressões já estavam estabilizadas. Como o
equipamento utilizado não permitia a medida da poro-pressão com a drenagem aberta,
não era possível a elaboração da curva de compressão (adensamento isotrópico) para a
velocidade de 1.4 x 10-6 s-1, pois não se dispunha da evolução das tensões com a
deformação, durante a fase de carregamento. Para a tensão efetiva ao final de cada
carregamento, as velocidades de deformação verticais eram da ordem de 2 x10-7 s-1, ou
seja, inferiores às utilizadas para o cisalhamento no trecho sobreadensado.

O efeito da temperatura sobre a curva de estado limite é mais pronunciada na parte da


curva que encontra-se abaixo da LEC, nos ensaios executados no trecho normalmente
adensado. No trecho acima da LEC, observa-se que a curva obtida a 10oC é bem
definida, entretanto, as curvas de 20oC e 50oC estão bem próximas, o que não era
esperado. É surpreendente que para a velocidade de deformação utilizada nos ensaios
executados no domínio sobreadensado tenha ocorrido estruturação da amostra. Como
para estes ensaios os níveis de tensões são baixos, a dispersão dos resultados já é
suficiente para justificar as pequenas diferenças das tensões, o que dificulta esta análise.

É possível que, ao contrário de amostras normalmente adensadas, as amostras


sobreadensadas apresentem estruturação a uma velocidade de deformação mais elevada,
desde que sujeitas a altas temperaturas. Durante o processo de adensamento, seja
isotrópico ou anisotrópico, as amostras normalmente adensadas tiveram sua estrutura
alterada, logo já sofreram desestruturação, e podem apresentar um comportamento
diferente de uma amostra sobreadensada, que ainda pode apresentar uma estrutura mais
intacta.
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN 5.46 - 5.84 m
AMOSTRAS : F1-T9-E1 ATÉ F1-T9-E3, F2-T5-E1 ATÉ F2-T5-E3
PROFUNDIDADE : 5.46 - 5.84 m Curva de estado limite - T = 10oC

Curva de estado limite - T = 20oC


C Curva de estado limite - T = 50oC
LE
σ'poed - T = 10oC
50 σ'poed - T = 20oC

σ'poed - T = 50oC

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


K onc

σ'p i

0
0 50 100 σ'poed 150
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 4 - 28 - Curvas de estado limite no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC.
106

No caminho de tensões do MIT, plano s' - t, ao se projetar a tensão de


sobreadensamento obtida nos ensaios oedométricos (σ'poed) a 45o a partir do eixo
isotrópico (s'), obtém-se um ponto de interseção entre esta linha de projeção e a linha
K0nc, neste plano. Esta interseção representa aproximadamente o estado de tensões no
estado limite de um ensaio oedométrico. Observa-se, na Figura 4 - 28, que esta
interseção situa-se próxima a curva de estado limite, obtida a partir dos ensaios triaxiais.
Esta concordância é uma boa indicação de que o comportamento da argila se
desenvolveu de forma coerente, para ensaios triaxiais ou oedométricos, para as
temperaturas ensaiadas.

Dois ensaios complementares de compressão isotrópica (CIU11 e CIU12), foram


executados a 6.6 m de profundidade, cujos valores de σ'pi também foram apresentados
na Figura 4 - 13. Os aumentos de tensão de sobreadensamento isotrópico são, em média,
da ordem de 10% para uma variação de 12oC e o valor de σ'pi a 10oC obtido para Saint-
Roch-de-l'Achigan é cerca de 25 a 32% maior que o valor a 50oC, logo um pouco
abaixo da média obtida para várias argilas. Quando se fala em variação média de tensão
de sobreadensamento com a temperatura, é importante observar que, para baixas
temperaturas, a tensão de sobreadensamento sofre uma maior variação com a
temperatura do que para altas temperaturas, logo esta média refere-se somente a faixa de
temperatura utilizada nestes ensaios.

A partir dos estados limites obtidos para T = 10, 20 e 50oC, obteve-se uma faixa de
valores para as curvas de estado limite normalizadas, com relação a tensão de
sobreadensamento obtida nos ensaios oedométricos, conforme mostra a Figura 4 - 29.
Observa-se que para a parte superior da curva normalizada, acima da LEC, a faixa
apresenta uma dispersão maior, e talvez por não apresentar estruturação no trecho
normalmente adensado, a faixa de valores na parte inferior da curva é mais estreita e as
curvas apresentam uma melhor normalização.

Conclui-se então que estas curvas representam o comportamento da camada argilosa no


estado limite. Os resultados dos ensaios oedométricos estão coerentes com os resultados
dos ensaios triaxiais, executados a esta profundidade, e ao mesmo tempo apresentam
resultados coerentes ao longo da profundidade, com relação ao piezocone, pois o perfil
de tensão de sobreadensamento obtido através do valor de Nσt, encontra-se coerente
com o obtido nos ensaios oedométricos. A partir destes resultados pode-se através de
107

uma extrapolação dos valores das tensões de sobreadensamento ter-se uma idéia da
variação das curvas de estado limite com a profundidade.

Estas curvas também podem ser extrapoladas em função da profundidade e da


temperatura, pois como visto no item 4.1.3 a argila apresenta com a profundidade, um
mesmo comportamento frente a uma variação de temperatura, como observado nos
ensaios CRS da série 1. Ou seja, a partir dos σ'poed de cada sub-camada obtidas nos
ensaios oedométricos, executados ao longo da profundidade do depósito argiloso, pode-
se obter a curva de estado limite para cada profundidade e temperatura desejada.

4.2.3 PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA

4.2.3.1 DOMÍNIO SOBREADENSADO

Foram executados ensaios CIU, adensados dentro do domínio sobreadensado sob


temperaturas de 10, 20 e 50oC. As tensões confinantes corresponderam a cerca de um e
dois terços do valor de σ'pi a 50oC, ou seja, 23 e 46 kPa, de forma que se obtivessem
tensões nem tão baixas, e nem tão próximas das tensões de sobreadensamento
isotrópicas. Os demais ensaios foram complementares, com escolha de tensões
próximas destes valores.

O quadro resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CIU está apresentado no anexo II,
onde estão apresentados as características das amostras e dos ensaios e os valores de
pico. Os resultados individuais destes ensaios foram apresentados por Marques &
Leroueil (2000).

A Figura 4 - 30 apresenta o caminho de tensões dos ensaios CIU executados a 10oC no


domínio sobreadensado. Nos caminhos de tensão que estão indicados nas figuras, os
pontos de pico dos ensaios foram definidos em qmáx. Para esta argila, é pequena a
diferença entre os valores de pico definidos a partir de qmáx ou de (σ'1 / σ'3)máx, que por
vezes estão a uma mesma deformação vertical ou no máximo apresentam uma diferença
de 0.2% no valor da deformação, e o valor de qmáx nestes ensaios foi sempre alcançado a
um valor menor de deformação.
0.5
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1 ATÉ F1-T9-E3,
F2-T5-E1 ATÉ F2-T5-E3 C
LE
PROFUNDIDADE : 5.46 - 5.84 m
Curva de estado limite - T = 10oC

Curva de estado limite - T = 20oC

Curva de estado limite - T = 50oC K onc

σ'3 ) / 2σ'p (kPa)


t = (σ'1 -
0.0
0.0 0.5 1.0
s' = (σ'1 + σ'3 ) / 2σ'p (kPa)
Figura 4 - 29 - Curva de estado limite normalizada em função da tensão de sobreadensamento, no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20
e 50oC.
50
Pic
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1, F1-T9-E2, F2-T5-E1
PROFUNDIDADE : 5.41 - 5.72 m
T = 10oC

CIU9 - σ'c = 23 kPa

CIU8 - σ'c = 46 kPa

CIU14 - σ'c = 62 kPa

CIU19 - σ'c = 70 kPa

φ'g.d.= 46o

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


0
0 50 100
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 4 - 30 - Caminho de tensões no plano s' - t - T = 10oC - domínio sobreadensado.


110

O corpo de prova do ensaio CIU19 não se comportou como uma amostra


sobreadensada, pois sua tensão de compressão isotrópica (σ'c) está muito próxima do
estado limite, mas os demais ensaios apresentam ângulo de atrito para grande
deformação (φ'gd) próximo do valor médio de φ'gd = 46o (ver quadro resumo dos
resultados no anexo II). Considerou-se φ'gd para deformações da ordem de 15%. A
obtenção de valores similares de φ'gd é uma indicação que as amostras são homogêneas.

Em ensaios triaxiais há uma dificuldade em se obter o estado crítico em amostras


sobreadensadas, devido a influência da membrana nos valores de resistência medidos e
a própria forma da ruptura, que ocorre em um plano preferencial. Considerou-se então
apenas o valor do ângulo de atrito no estado crítico (φ'ec) dos ensaios executados no
domínio normalmente adensado. Estes valores foram calculados quando as condições de
estados críticos eram atendidas, em geral a cerca de 15% de deformação vertical.

Na Figura 4 - 31 e na Figura 4 - 32 estão apresentados os caminhos de tensão dos


ensaios CIU executados a 20 e 50oC, dentro do domínio sobreadensado. Os caminhos de
tensão são típicos de amostras sobreadensadas e apresentam φ'gd médio de 43 e 47o para
os ensaios a 20oC e 50oC, respectivamente, logo, apresentam uma pequena variação do
valor de φ'gd, em função da temperatura.
50
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E3 e F1-T5-E3 φ'g.d.= 43 o
PROFUNDIDADE : 5.66 - 5.84 m
T = 20oC
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)

Pico
CIU 5 - σ'c= 23 kPa

CIU 25 - σ'c= 30 kPa

CIU 6 - σ'c= 46 kPa

CIU 7 - σ'c= 60 kPa

0
0 50
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)
Figura 4 - 31 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -
domínio sobreadensado.
111

O comportamento deste solo, quando submetido a um cisalhamento no domínio


sobreadensado, é típico de argilas sensíveis da região, cujo valor de qmáx, no pico é cerca
de 0.5 a 0.85 maior que o valor de q a grande deformação. Observa-se também que os
caminhos de tensões apresentam uma inflexão aguda após atingir o estado limite e se
encaminharem em direção ao estado crítico. A resistência de pico (q = σ'1 - σ'3) é maior
para ensaios executados a 10oC, mas para os ensaios executados a 20oC e 50oC, como
dito anteriormente, os valores de q de pico apresentam pequena diferença entre si
conforme mostra a Figura 4 - 33.

50 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1 ATÉ F1-T9-E2,
Pico
F2-T5-E1 ATÉ F2-T5-E3
PROFUNDIDADE : 5.41 - 5.79 m
T = 50 oC
φ'g.d.= 47o
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)

CIU 17 - σ' = 23 kPa


c

CIU 22 - σ' = 30 kPa


c

CIU 30 - σ' = 30 kPa


c

CIU 16 - σ' = 46 kPa


c

CIU 23 - σ' = 46 kPa


c

0
0 50
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)
Figura 4 - 32 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 50oC -
domínio sobreadensado.
A Figura 4 - 34 apresenta os valores de pico obtidos nos ensaios executados no domínio
sobreadensado. Nesta figura vê-se claramente que os ensaios de 10oC apresentam
valores de pico maiores e que os picos dos ensaios executados a 20oC e 50oC
encontram-se numa mesma faixa de valores.

4.2.3.2 DOMÍNIO NORMALMENTE ADENSADO

Para se verificar o efeito da temperatura sobre a resistência de pico e o ângulo de atrito


no estado crítico, foram executados quatro ensaios triaxiais CIU com variação de
temperatura durante o cisalhamento, ensaios CIU18, CIU21, CIU24 e CIU26 (ver
112

quadro resumo do anexo II). Os corpos de prova foram adensados sob temperatura
controlada até se alcançar o domínio normalmente adensado e em seguida foram
cisalhados.
100 30
q = (σ'1 - σ'3 ) (kPa)

80

20
60

u (kPa)
40
10

20

(a) (b)
0 0
0 5 10 15 0 5 10 15
ε1 (%) ε1 (%)

50
σ'c = 23 kPa
T = 10oC
40
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)

T = 20oC

30 T = 50oC

φ'gd= 44 o

20

10

(c)
0
0 10 20 30 40 50 60
s' = ( σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 4 - 33 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC


- σ'c = 23 kPa - domínio sobreadensado.

Apresenta-se na Figura 4 - 35, os resultados típicos de um dos ensaios CIU em que se


mudou a temperatura durante o cisalhamento (ensaio CIU21). Para este ensaio, o corpo
de prova foi cisalhado até ε1 = 11.5% sob temperatura constante de 10oC. Em seguida, a
compressão foi interrompida e o corpo de prova foi aquecido até 50oC, de forma não
drenada, para então ser cisalhado até ε1 = 27%. Observa-se que o valor de q decresce,
com o aumento da temperatura, e há um aumento da poro-pressão, indicando uma queda
na resistência não drenada com o aumento da temperatura. Embora seja difícil avaliar a
variação de φ'ec após uma deformação maior que 15%, o caminho de tensões no último
resfriamento apresenta um valor de φ'ec bem próximo do valor obtido nos estágios
iniciais de cisalhamento.
113

Pico
Sobreadensado φ'picnc= 28.5o
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa) T = 10oC

T = 20oC
50
T = 50oC Pico
normalmente
adensado
T = 10oC

T = 20oC
Profundidade : 5.41 - 5.84 m
T = 50oC
0
0 50 100 150
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)
Figura 4 - 34 - Ensaios triaxiais - valores de pico no plano s' – t : domínios
sobreadensado e normalmente adensado.

Nos ensaios triaxiais, com cisalhamentos executados a 10, 20 e 50oC, sobre corpos de
prova adensados até o domínio normalmente adensado, o valor de φ'pic foi obtido a partir
do ponto de q máximo e o valor médio de φ'picnc da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan,
28.5o (Figura 4 - 34). Entretanto, os valores de φ'picnc obtidos nos ensaios executados a
50oC estão abaixo da média, enquanto que os valores obtidos a 20oC estão acima da
média e os valores obtidos a 10oC têm maior dispersão.

Houston et al. (1985) observaram aumento do ângulo de atrito em função da


temperatura, embora tenham obtido envoltórias de ruptura a partir de somente dois
ensaios, para cada patamar de temperatura, ou seja, poucos resultados de ensaios para
uma conclusão definitiva. Para a argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, a variação de φ'picnc
com a temperatura foi difícil de quantificar, devido à dispersão dos resultados e à faixa
de temperatura estudada, que foi menor que a utilizada por aqueles autores. Entretanto,
de uma forma geral constatou-se uma tendência de aumento de φ'picnc com a
temperatura, para esta argila.
s' (kPa)
10 100
0

5 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
CIU21
AMOSTRA : F2-T5-E2
10 σ'pi = 88 kPa PROFUNDIDADE : 5.53 - 5.66 m

Δv / v 0
σ'c = 124 kPa
T = 10oC
T = 10 - 50oC
15
50oC 10oC poro pressão - T = 10oC

20 tensão desviadora - T = 10oC

140 poro pressão - T = 50oC


o
σ'c = 124 kPa - T = 10 - 50 C tensão desviadora - T = 50oC
φ'gd = 34o 120

50 caminho de tensões - T = 10oC 100


o
caminho de tensões - T = 50 C
80

60

40

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


20
u, q = (σ'1 - σ'3 ) (kPa)

0 0
0 50 100 0 5 10 15 20 25
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa) ε1 (%)

Figura 4 - 35 - Curvas de compressão, tensão-deformação e caminhos de tensões no plano s' - t - ensaio CIU21.
115

Observou-se que para os ensaios CIU18, CIU21, CIU24 e CIU26 em que se variou a
temperatura durante o cisalhamento, o ângulo de atrito no estado crítico se manteve
constante com o aumento da temperatura, mas a poro-pressão aumentou e a tensão
desviadora q, no estado crítico, diminuiu. As curvas individuais destes ensaios foram
apresentadas por Marques (1999).

4.2.4 LINHAS DE ESTADOS CRÍTICOS

Os caminhos de tensões, no plano s' - t, dos ensaios de cisalhamento executados no


domínio normalmente adensado a 10, 20 e 50oC estão apresentados na Figura 4 - 36. O
estado crítico foi estabelecido a partir dos estados de tensões a uma ε1 = 15%, para uma
±
velocidade de compressão de ε v = 1.4 x 10-6 s-1. Os valores obtidos encontram-se na
faixa de valores definida por duas envoltórias de resistência: a envoltória superior
definida por φ'ec = 40.9o e a inferior definida por φ'ec = 30.7o e um valor médio obtido a
partir da média dos resultados de φ'ec = 36.4o.

Os caminhos de tensão dos ensaios executados a 50oC encontram-se, em sua maioria, na


parte superior da faixa de valores, o que pode ser uma indicação de um φ'ec maior para
esta temperatura. Os ensaios de cisalhamento não drenado das amostras normalmente
adensadas das argilas da região de Champlain fornecem valores de φ'ec maiores que os
ângulos de atrito de pico (φ'picnc) e em geral, estes dois ângulos de atrito são bastante
elevados, comparados com os de outras argilas naturais, pois há uma grande quantidade
de minerais primários em sua mineralogia. Na formação das argilas há o que Leroueil et
al. (1983) descrevem como "farinha de rocha", que causaria o aumento destes ângulos
de atrito.

A influência da temperatura sobre a relação log p' - deformação volumétrica no estado


crítico é apresentada na Figura 4 - 37, a partir dos resultados dos ensaios CIU
executados com variação da temperatura durante o cisalhamento. Observa-se uma queda
da tensão p', no estado crítico de 25 a 30%, referente a uma variação de temperatura de
10oC a 50oC durante o cisalhamento (setas indicadas na figura, para cada ensaio). No
domínio normalmente adensado os pontos de estado crítico a 50oC, neste plano, definem
a linha de estado crítico à 50oC quase paralela às linhas de adensamento isotrópico
obtidas à 10oC.
100
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1 ATÉ F1-T9-E3; F2-T5-E1 ATÉ F2-T5-E3 φ'e.c.m = 36.4o
PROFUNDIDADE : 5.41 - 5.84 m EC
L

Domínio normalmente adensado

caminhos de tensões - T = 10 oC

caminhos de tensões - T = 20 oC

caminhos de tensões - T = 50 oC
50

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


0
0 50 100 150 200
s' = ( σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 4 - 36 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC - domínio normalmente adensado.
117

p' (kPa)
2 3 4 5 6 7 8 9 100 2
0

CIU26
5
CIU18

10
T = 10oC
Δv / v0

15 CIU24

CIU21

20 T = 50oC

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1 à F1-T9-E3, F2-T5-E1 à F2-T5-E3
PROFUNDIDADE : 5.41 - 5.84 m
25
Figura 4 - 37 - Relação log p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios
triaxiais com variação de temperatura.

Na Figura 4 - 38 estão apresentados os valores de log p' - deformação volumétrica no


estado crítico a partir dos ensaios triaxiais de cisalhamento não drenados CIU e CAU
executados a 10, 20 e 50oC, no domínio normalmente adensado. O valor de p' com a
deformação volumétrica no estado crítico é função da temperatura, e embora os ensaios
tenham apresentado uma dispersão bastante acentuada, observa-se uma tendência de
diminuição de p' com o aumento da temperatura no estado crítico.

4.2.5 CONCLUSÕES DO CAPÍTULO 4.2

A argila apresentou comportamento em compressão triaxial similar ao obtido em


ensaios oedométricos para valores de K próximos dos valores de K0nc. A curva de
estado limite obtida a partir de ensaios triaxiais apresentou retração com a temperatura.
118

p' (kPa)
2 3 4 5 6 7 8 9 100 2
0
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
AMOSTRAS : F1-T9-E1 ATÉ F1-T9-E3,
F2-T5-E1 ATÉ F2-T5-E3
PROFUNDIDADE : 5.41 à 5.84 m
T = 10, 20, 50oC
5

10
Δv / v0

15

Estado crítico Curvas de compressão


20
T = 10oC CIU10 - T = 10oC

T = 20oC CIU3 - T = 20oC

T = 50oC CIU15 - T = 50oC


25
Figura 4 - 38 - Relação log p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios
triaxiais - T = 10, 20 e 50oC.

Os ângulos de atrito de pico obtidos seja para amostras sobreadensadas, ou amostras


normalmente adensadas apresentaram pequena variação com a temperatura, para a faixa
de temperatura utilizada nos ensaios. Entretanto observou-se que no estado crítico os
caminhos de tensão dos ensaios a 50oC apresentaram φ'ec ligeiramente superiores ao φ'ec
médio.

4.3 PREVISÃO DO COMPORTAMENTO DOS PRÉCARREGAMENTOS


COM BASE NOS RESULTADOS DOS ENSAIOS DE LABORATÓRIO

As investigações geotécnicas de 1996, conforme descrito no item 3.2.7, indicaram que o


local seria adequado para a instalação do sítio experimental de précarregamento por
vácuo e aquecimento, em função do perfil de tensão de sobreadensamento obtido.
119

Os estudos do comportamento do solo quando submetido a variação de velocidade de


deformação e temperatura em condições unidimensionais, indicaram que um aumento
de temperatura de 7 a 40oC seria suficiente para se obter um comportamento
diferenciado dos dois aterros de précarregamento como discutido detalhadamente no
item 4.1.5.

Os ensaios CRS executados a várias profundidades do depósito argiloso indicaram que a


camada a ser submetida ao aquecimento é suscetível à variação da temperatura. Este
comportamento não foi estudado para a crosta, pois como o OCR desta camada é
elevado, a tensão do précarregamento por vácuo deverá situar-se abaixo da tensão de
sobreadensamento desta camada, a qual vai consequentemente apresentar pequenas
deformações.

Com base nos resultados dos ensaios de laboratório, prevê-se que :

- as tensões de sobreadensamento in situ deverão ser menores que as obtidas em


ensaios oedométricos executados a 20oC, pois as velocidades de deformação in situ
são menores que as usuais de laboratório. Um outro fator é que a parte do
carregamento por vácuo será do tipo isotrópico e as curvas de estado limite obtidas
indicam valores de σ'pi menores que os valores de σ'poed;

- com relação a temperatura, as tensões de sobreadensamento obtidas nas camadas de


argila aquecida deverão ser menores que as da argila sob temperatura in situ, da
ordem de 7oC. Entretanto as deformações e velocidades de deformação deverão ser
maiores no précarregamento por aquecimento;

- é possível que haja estruturação do solo com o aquecimento e as baixas velocidades


de deformação de campo.

Com o précarregamento por vácuo não é possível ocorrer a ruptura. Ainda assim foi
elaborado um estudo da variação dos parâmetros de resistência com a temperatura, para
melhor compreensão do comportamento geral da argila frente a uma variação de
temperatura. Um solo de fundação pode sofrer aquecimento devido a dutos enterrados
sujeitos a variação de temperatura, ou devido à disposição de rejeitos à alta temperatura,
e neste caso a perda de resistência da argila com a temperatura pode comprometer o
desempenho deste solo de fundação.
120

5 ATERROS EXPERIMENTAIS DE PRÉCARREGAMENTO POR


VÁCUO E POR VÁCUO E AQUECIMENTO

Neste capítulo serão descritos os aterros experimentais e a metodologia executiva da


instalação do canteiro e da instrumentação, bem como os cronogramas e as condições
iniciais do depósito, antes da execução dos ensaios de précarregamento.

5.1 DESCRIÇÃO GERAL DO SÍTIO E DOS ATERROS EXPERIMENTAIS

Dois aterros teste de 13 m x 13 m foram projetados. O depósito argiloso subjacente ao


aterro A foi submetido ao précarregamento por aplicação do vácuo e o subjacente ao
aterro B foi aquecido até uma temperatura de aproximadamente de 40oC e em seguida
submetido à aplicação do vácuo.

Os aterros foram separados de 25 m para que a argila subjacente ao aterro A não fosse
afetada pelo aquecimento do aterro B. Além disto os dois aterros foram projetados
afastados da zona de influência das valas de drenagem do aterro do MTQ e da rua. Esta
providência teve como objetivo evitar que as valas de drenagem influenciassem os
resultados dos ensaios. Uma cabana foi instalada entre os aterros para a proteção dos
sistemas de aquecimento e de aquisição de dados. Além disto, as bombas para a
aplicação do vácuo foram instaladas dentro de um container com isolamento térmico,
para que não congelassem durante o inverno e pudessem funcionar todo o tempo.

5.2 PRÉCAREGAMENTO POR VÁCUO - ATERRO A

Uma malha de 12 x 12 drenos verticais, espaçados de 1.15 m foi instalada até 7.5 m de
profundidade, como apresentado na Figura 5 - 2. Esta malha foi projetada com a
experiência adquirida com o aterro construído a cerca de 1 km do sítio experimental e
que apresenta as mesmas propriedades hidráulicas da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan
(Tanguay et al., 1991). Utilizou-se drenos verticais pré-fabricados em PVC
compressível (d = 5 cm), recobertos de geotêxtil, em forma de sanfona na direção
vertical, com furos no PVC para permitir a drenagem. A instalação destes drenos é feita
com ponta fechada para permitir uma melhor aplicação do vácuo dentro dos drenos.

Na escolha da profundidade de instalação dos drenos considerou-se a camada drenante


subjacente, que encontra-se entre 10.2 e 13.4 m de profundidade, pois se a água fosse
bombeada da camada drenante, a eficiência do sistema de bombeamento diminuiria. Os
121

drenos horizontais (Foto 5 - 1 - a e b) foram instalados ao lado dos drenos verticais, na


base da camada de areia de cerca de 60 cm de espessura (Figura 5 - 3). A água
bombeada subia pelos drenos verticais até os drenos horizontais e era então conduzida
até as bombas de vácuo através dos 3 tubos de saída e do coletor (Foto 5 - 1 - c e d).

5081160

5081150

BM60
ENSAIOS IN SITU - 1996

PIEZÔMETROS PR1 À PR6


5081140 PR3
PR2 PIEZÔMETROS
F3 PR1
TASSÔMETROS

TERMISTORES
5081130 TUBOS DE ESPERA
vala de drenagem PLATAFORMA A
no bordo do aterro précarregamento por vácuo
do MTQ INCLINÔMETROS

5081120 P Z4

vala de drenagem
T1
no bordo da rua

5081110
T2
T3
F2 P Z2

PR4 NA
BA
PR5 CA
5081100 PR6

V1

F1

5081090
P Z3

5081080
PLATAFORMA B P Z1
précarregamento por vácuo
e por aquecimento

5081070
604830

604840

604850

604860

604870

604880

604890

604900

Figura 5 - 1- Plano do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan.


122

Malha de drenos verticais (12 x12) - espaçamento de


1.15 m e 7.5 m de profundidade

DRENOS
≅5m HORIZONTAIS

1.15 1.15

≅5m
≅5m

TRINCHEIRA PERIFÉRICA
≅ 5m

esgotamento COLETOR φ = 6” ; L = 3 m

captação φ = 6” PALHETA DE CIRCULAÇÃO DE ÁGUA

BOMBAS

Figura 5 - 2 - Plano típico do sistema de précarregamento por vácuo.


13.0 2.3 0.5 2.0

ATERRO DE TRINCHEIRA
GEOTÊXTIL E MEMBRANA PROTEÇÃO EM PERIFÉRICA
AREIA = 1.7m E SAÍDA (3 TUBOS)
IMPERMEÁVEL EM PVC PEDREGULHO= 0.07 m
EM DIREÇÃO AO
CL COLETOR
1.7

0.6
0.3
1
2.3* 1 N.A. =1.13

1.15 1.15
DRENOS HORIZONTAIS
*2.3 - plataforma A φ = 50 mm
2.0 - plataforma B

DRENOS VERTICAIS
φ = 50 mm

Figura 5 - 3 - Corte típico do sistema de précarregamento por vácuo.


a) Trincheiras para instalação dos drenos b) Detalhe dos drenos horizontais nas
horizontais. trincheiras e saída dos drenos verticais ao lado.

c) Drenos horizontais - detalhe dos três tubos de saída. d) Três saídas dos drenos horizontais em
direção às bombas de aplicação de vácuo.
Foto 5 - 1- Instalação dos drenos verticais e horizontais do sistema de précarregamento por vácuo - Saint-Roch-de-l'Achigan.
125

Em torno de cada aterro há uma trincheira periférica de aproximadamente 2 m de


profundidade (Foto 5 - 2 - a). Para a aplicação do vácuo, uma membrana estanque de
PVC foi instalada sobre a camada de areia de 60 cm, estendida ao longo do talude e
indo até o fundo das trincheiras, para que a membrana se mantivesse abaixo do N.A.

Um detalhe executivo causou a instalação de um geotêxtil (Foto 5 - 2 - b), sob a


membrana em PVC (Foto 5 - 2 - c) para protegê-la contra uma possível perfuração
causada pelas cabeças dos drenos, o que não é obrigatório em projetos de aplicação de
vácuo. O topo dos drenos verticais, que aparecem encurvados na Figura 5 - 3 e na Foto
5 - 1-c, ficaram sem recobrimento suficiente, isto é, sem altura de aterro suficiente
desde seu topo até a membrana e poderiam perfurar a membrana. A altura de aterro
areia (60 cm), subjacente à membrana não pode ser aumentada por causa do
comprimento dos tubos de mercúrio dos tassômetros mais profundos, cujos
comprimentos máximos eram fixos em 8 m. Por outro lado, para o aterro B, foi também
necessário proteger a membrana em PVC por causa da tubulação do sistema de
aquecimento, que será descrito no item 5.3.

As trincheiras foram a seguir preenchidas com cerca de 50 cm de altura d'água, para


recobrir e estancar a membrana em PVC durante a aplicação do vácuo. Dentro das
trincheiras, para melhorar sua estanqueidade, a membrana foi também recoberta por
uma camada fina de argila (Foto 5 - 2 - d).

Dois medidores de sucção foram instalados dentro da camada de areia (Foto 5 - 3-a), em
cada aterro, para verificar a eficiência do sistema de bombeamento de vácuo, pois
forneciam a medida da sucção atuando no aterro de areia.

O sistema de bombeamento era composto de bombas de sucção, capazes de bombear ar


e água (Foto 5 - 3 - b), ligadas a um reservatório mantido sob vácuo. A água e o ar
foram bombeados da camada de argila em direção ao reservatório através dos três tubos
de saída (Foto 5 - 3 - c). Assim que este reservatório era completado, a água era
reenviada em direção às trincheiras periféricas através do tubo de esgotamento em PVC
(Foto 5 - 3 - d).
126

b) Instalação do geotêxtil sobre a plataforma.

a) Execução da trincheira periférica.

c) Instalação da membrana dentro da


trincheira periférica.
d) Instalação de uma camada
de argila sobre a membrana
em PVC.

Foto 5 - 2 - Execução da trincheira periférica e instalação da membrana em PVC para a


aplicação do vácuo - Saint-Roch-de-l'Achigan.
127

b) Bombas para a aplicação do vácuo


instaladas dentro do container.
a) Instalação do medidor de sucção
dentro da camada de areia.

c) Aplicação do vácuo - três tubos de


saída de ar e água da plataforma A.
d) Coletor e tubo de
esgotamento d'água para as
trincheiras (ao fundo).

Foto 5 - 3 - Detalhe do sistema de aplicação do vácuo.


128

Como o período de bombeamento se estenderia até o inverno, as bombas foram


instaladas dentro de um container (Foto 5 - 3 - b). As paredes internas do container
foram jateadas com um isolante térmico (mousse), assim como a membrana e toda a
tubulação em PVC fora do aterro.

O isolamento do sistema e da membrana foram as providências especiais com relação


ao clima local, que oneram a técnica de précarregamento por vácuo em climas frios,
mas que permite o bombeamento durante o inverno.

Para se atingir a tensão de précarregamento desejada, foi executado 60 cm de aterro de


areia sob a membrana em PVC, mais 1.7 m de espessura de areia e 0.07 m de
pedregulho sobre a membrana, totalizando 2.37 m de aterro.

5.3 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E AQUECIMENTO - ATERRO B

O aterro B foi igualmente submetido ao précarregamento por vácuo, tal como descrito
para o aterro A. A instalação da instrumentação deste aterro precedeu à instalação do
sistema de aquecimento, e o vácuo só foi aplicado após 58 dias de aquecimento da
camada de argila sob o aterro B (ver item 5.5).

O aquecimento da massa de solo até 7.3 m de profundidade foi executado com a


circulação de água quente em circuito fechado dentro dos drenos (Figura 5 - 4 - detalhes
A e B). O sistema de aquecimento era composto de uma malha de sete linhas de
alimentação, onde cada linha alimentava 10 drenos. A água quente era bombeada de um
aquecedor, instalado dentro da cabana, para a malha horizontal de tubos de 2½" (635
mm), 2" (508 mm) e 1¼" (318 mm) de diâmetro, até o bordo dos drenos verticais.

A água quente chegava a 7.3 m de profundidade dentro dos drenos verticais através de
tubos flexíveis de cobre de 3/8" (95 mm) de diâmetro, instalados dentro dos drenos
(Foto 5 - 4 - a, b e c). A água retornava, ainda quente, ao aquecedor através dos tubos de
retorno (Foto 5 - 4 - d), num circuito fechado mantido sob pressão quase constante.

Na malha horizontal do sistema de aquecimento (Foto 5 - 5 - a) foram instalados tubos


flexíveis horizontais (Foto 5 - 5 - b) para que os recalques diferenciais não colocassem
em risco o funcionamento do sistema de aquecimento.
RAQ 1 ¼" AAQ 1 ¼"
12.65 NÍVEL DO
TERRENO
1 ¼" 1 ¼" 2" 1 ¼"
2"
LEGENDA
≅7.5m

3/8" AAQ - ALIMENTA-


ÇÃO DE ÁGUA QUENTE
1 ¼" RAQ - RETORNO
veja
detalhe B DE ÁGUA QUENTE

DETALHE A DETALHE A C - AQUECEDOR - POTÊN-


CIA TÉRMICA = 40kW
THB1 1 ¼"
3/8" ST - SONDA DE TEMPERA-
TH1
TURA

BC - BOMBA DE CIRCU-
TH3
12.65 THB2 1 ¼" LAÇÃO
THB3
VAZÃO : 2.1L/S (33.3 USGPM)

PRESSÃO : 120 kPa

1 ¼" 1 ¼"
MOT. ELET. : 0.75HP
dreno vertical -2" LAA
AAQ

DETALHE B
2" AQUECEDOR
2" 1 ¼" M
SP ST (A)
1 ¼" 1 ¼" 1 ¼" PC
AAQ CNR F
1 ¼" 2 ½"
2" 2 ½" SP LAA 40 kW
2" RAQ
Figura 5 - 4 - Esquema de instalação do sistema de aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan.
130

a) Detalhe dos tubos em cobre d = 3/8”.

b) Instalação dos tubos nos


drenos.

d) Ligação dos tubos de cobre ao sistema de


aquecimento horizontal.
c) Tubos de 3/8” dentro
dos drenos verticais.

Foto 5 - 4 - Elementos verticais do sistema de aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan.


a) Detalhe do sistema de aquecimento. b) Tubos flexíveis do sistema de aquecimento.

c) Sistema de aquecimento - verificação do sistema. d) Detalhe dos tubos de alimentação e retorno.


Foto 5 - 5 - Elementos horizontais do sistema de aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan.
132

A verificação do sistema de aquecimento foi feita antes da execução do aterro de areia


do sistema de vácuo (Foto 5 - 5 - c). O aquecedor, instalado dentro da cabana, era
alimentado por um reservatório de óleo ao lado da cabana (Foto 5 - 5 - d), num sistema
de aquecimento semelhante a um sistema de aquecimento predial.

Para que o sistema de aquecimento funcionasse em circuito fechado, era necessário que
se mantivesse uma pressão de bombeamento quase constante. Por isto, além da bomba
de circulação de água quente, foi necessária a instalação de uma pequena bomba de
realimentação (Figura 5 - 5) acoplada ao sistema, capaz de injetar água sob pressão, sem
causar queda de pressão do sistema. Embora o sistema fosse fechado, é possível a
ocorrência de pequenas perdas de água, que causariam queda da pressão do sistema de
aquecimento, e este deixaria de funcionar adequadamente. O controle e a monitoração
de temperatura e pressão do sistema de aquecimento eram feitos com auxílio de
termômetros e manômetros fixados aos tubos de saída (alimentação) e de retorno e
sobre o aquecedor dentro da cabana.

O aquecimento foi instalado a cada dois drenos, e com esta disposição a massa de solo
poderia alcançar a temperatura projetada em menos de dois meses. As sete linhas de
alimentação foram ligadas a um sistema de distribuição geral, de forma que as
diferenças de cargas hidráulicas e de temperatura entre a entrada e a saída de cada dreno
aquecido, fosse a mesma. Com isto, a temperatura nos drenos em função da
profundidade seria a mesma a qualquer momento durante a fase de aquecimento.

Uma camada de isolante térmico (mousse jateada) foi aplicada sobre a membrana, em
cima do aterro e nos taludes, até o nível d'água dentro das trincheiras. Para o aterro A,
esta proteção teve como objetivo impedir o congelamento do sistema de vácuo durante
o inverno, enquanto que para o aterro B, o objetivo era também atenuar a dissipação do
calor. Tal como para o aterro A, a tubulação do sistema de vácuo também foi protegida
com o isolante térmico assim como os tubos de saída e retorno do sistema de
aquecimento no exterior da cabana. No interior da cabana toda a tubulação do sistema
de aquecimento foi protegida com lã de vidro. No container onde as bombas de vácuo
estavam instaladas as paredes internas sofreram jateamento com este isolante, para que
as bombas não congelassem (ver detalhe na Foto 5 - 3 - b).
133

Reservatório de Bomba de
água sob pressão realimentação
do sistema, sob
pressão

P
T
Saída de
ar do Saída de
sistema Bomba ar do
sistema

Chaminé para o
exterior

T
Reservatório
de água de
realimentação
TeP

AQUECEDOR Tubo de Tubo de retorno


alimentação

Figura 5 - 5 - Detalhe do sistema de aquecimento dentro da cabana - Saint-Roch-de-


l'Achigan.
134

5.4 INSTRUMENTAÇÃO

O plano esquemático da localização da instrumentação está apresentado na Figura 5 - 6.


Os dois aterros de ensaio foram instrumentados com piezômetros, tassômetros
(medidores de recalques profundos), termistores e tubos inclinométricos, cujas
características estão apresentadas na Tabela 5 - 1. Além disto, um piezômetro e um
inclinômetro de referência foram instalados fora da zona de influência dos aterros de
ensaios e do aterro do MTQ. Toda a instrumentação foi instalada na parte central dos
aterros, como apresentado na Figura 5 - 7.

Quatro tubos de espera em PVC foram instalados sobre cada aterro, até 2 m de
profundidade, para permitir a execução de piezocones em qualquer tempo durante a
aplicação do vácuo. Estes ensaios só foram executados após os précarregamentos (ver
capítulo 7).

Os inclinômetros foram instalados no exterior dos aterros, dentro das trincheiras


periféricas.

Tabela 5 - 1 - Resumo das características da instrumentação - aterros A e B.

PLATAFORMA A PLATAFORMA B COMPLEMENTARES


INSTRUMENTOS
NOME PROF.(m) NOME PROF.(m) NOME OBSERVAÇÕES
UA1 2.30 UB1 2.30 PREF prof. 13.65 m
UA2 3.70 UB2 3.70 medidas de pressões
PIEZÔMETROS BAR. atmosféricas diárias
UA3 5.20 UB3 5.20
UA4 6.65 UB4 6.65
RA1 3.05 RB1 3.05 -
RA2 4.50 RB2 4.50
TASSÔMETROS
RA3 5.95 RB3 5.79
RA4 7.40 RB4 7.40
1; 2; 3.5; 1; 2; 3.5; no aterro da
THA1 THB1 TH1
5; 6.5; 8 5; 6.5; 8 plataforma B
1; 2; 3.5; 1; 2; 3.5; no aterro da
TERMISTORES THA2 THB2 TH2
5; 6.5; 8 5; 6.5; 8 plataforma A
- 1; 2; 3.5; no aterro da
THB3 TH3
5; 6.5; 8 plataforma B
IA1 10 IB1 10 prof. 9 m; instalado fora
INCLINÔMETROS IREF
IA2 10 IB2 10 da área das plataformas

OBSERVAÇÃO : AS PROFUNDIDADES FORAM CONSIDERADAS NO


MEIO DO INSTRUMENTO E ESTÃO REFERENCIADAS AO TERRENO
NATURAL POR OCASIÃO DA INSTALAÇÃO (após excavação de 20 cm da crosta).
CL CL

5.0
IB2

CABANA

13.0
THA2 THB3
SEÇÃO 1 ∇ IA1 IB1 ∇SEÇÃO 1
SEÇÃO 2 ∇ THA1 THB2 THB1 ∇SEÇÃO 2
PRECARREGAMENTO POR PRECARREGAMENTO POR
VÁCUO E POR AQUECI-
VÁCUO - ATERRO A MENTO - ATERRO B

5.0
IA2

5.0 13.0 5.0 7.5 3.0 7.5 5.0 13.0 5.0

LEGENDA

UA1- PIEZÔMETRO (aterro A)


RA1- TASSÔMETRO (aterro A)
THA1 - TERMISTOR (aterro A)
IA1 - INCLINÔMETRO (aterro A)

Figura 5 - 6 - Plano esquemático da instrumentação - Saint-Roch-de-l'Achigan. PLACAS DE RECALQUE


5.0 13.0 5.0 7.5 3.0 7.5 5.0 13.0 5.0

PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO


AQUECIMENTO - ATERRO B ATERRO A
SEÇÃO 1 CL R A2 CL
THB2
RB2 RB3 MEMBRANA EM PVC (4.5) RA3
(4.50) (5.79) MEMBRANA EM PVC (5.95)
RB1 RB4 RA1 RA4
Elevação THB3 THA2 (3.0) (7.4)
Profundidade
(3.05) (7.4)
IB1 1.13m CABANA IA1 (m)
(m) . . .. . .. . . . . . . . .. .. . . . .. . . .. . .. . . . . . . . .. .. . . .
55 0
2.0

50 5

DRENOS 10
45
THB1 THA1
SEÇÃO 2 UB2 UB3 UA2 UA3
(3.70) (5.2) (3.70) (5.2)
UB1 UB4 MEMBRANA EM PVC MEMBRANA EM PVC UA1 UA4
Elevação (2.3) (6.65) (2.3) (6.65) Profundidade
1.13m CABANA (m)
(m) . . .. . .. . . . . . . . .. .. . . . . . .. . .. . . . . . . . .. .. . . .
55 0
2.0

DRENOS 5
50
TRINCHEIRA
PERIFÉRICA

NOTA: Valores entre parênteses indicam a profundidade da


45 DRENOS 10
CL instrumentação CL
Figura 5 - 7 - Seções da instrumentação - Saint-Roch-de-l'Achigan.
137

As medidas dos instrumentos do tipo corda vibrante (tassômetros e piezômetros) foram


executadas com a utilização de um posto de leituras, de duas caixas seletoras de 10
canais de medidas, e de multímetros para as medidas de temperatura dos termistores. Os
sistemas de leitura foram instalados dentro da cabana para protegê-los contra as
intempéries. Os efeitos de variação da temperatura e de aplicação do vácuo foram
considerados na calibração de todos os equipamentos.

O depósito homogêneo de argila intacta foi dividido em três sub-camadas para fins de
estudo. De 0 a 3.25 m encontram-se a crosta e a parte superior da camada de argila
intacta, que por ser heterogênea será referida apenas como crosta. As três camadas de
análise são : camada 1 de 3.25 a 4.7 m; camada 2 de 4.7 a 6 m e camada 3 de 6 a 7.6 m
de profundidade.

Os tassômetros foram instalados nas fronteiras das camadas, enquanto os piezômetros


foram instalados no meio das camadas, conforme apresentado na Figura 5 - 7. Para a
análise dos resultados considerou-se os 20 cm da crosta que foi escavada em junho de
1998, no início dos trabalhos.

5.4.1 TASSÔMETROS

Os medidores de recalque profundos ou tassômetros (Figura 5 - 8) são do tipo


diferencial elétrico - modelo SSG 200, à corda vibrante, capazes de medir os recalques
com uma precisão de 2.5 mm. Os tassômetros são compostos de um transdutor de
pressão (Foto 5 - 6 - a) que foi instalado no fundo do furo (Foto 5 - 6 - b), na
profundidade desejada. O transdutor, que pode ser submetido a pressões de até 1000
kPa, é ligado a um reservatório de mercúrio que foi instalado sobre a membrana em
PVC, através de um tubo saturado de mercúrio (Foto 5 - 6 - c).

Os transdutores vêm instalados dentro de uma cápsula metálica estanque e a variação da


pressão medida pelo transdutor, ou seja, a variação de pressão devido a variação da
altura da coluna de mercúrio, corresponde ao recalque diferencial entre o reservatório de
mercúrio e o transdutor. A calibração é feita de forma que uma medida de pressão em
kPa seja equivalente a um deslocamento em mm.
138

MEMBRANA
EM PVC

VER DETALHE
CAMADA DE
PROTEÇÃO
DA
MEMBRANA

ATERRO DE AREIA

T.N.

TUBO FIO ELÉTRICO


CHEIO DE
Hg

DETALHE HASTE DE METAL


TRANSDUTOR
TUBO AO AR
LIVRE
COBERTURA
DE PROTEÇÃO RESERVATÓRIO DE Hg FURO - d = Hw
EM PLÁSTICO
BASE - MADEIRA

T.N.

MATERIAL
MODELO

FIO FIO EM AÇO PARA A


ELÉTRICO INSTALAÇÃO E
RECUPERAÇÃO DO
TRANSDUTOR

BENTONITA
TUBO
PREENCHI-
0.6 m
DO COM Hg

TRANSDUTOR
DE PRESSÃO
φ = 50.8 mm
h = 127 mm AREIA

0.45 m

Figura 5 - 8 - Detalhe de instalação dos tassômetros.


a) Detalhe do transdutor dos
c) Preenchimento do tubo com
tassômetros.
mercúrio.

b) Instalação do transdutor dentro do


furo.

d) Reservatório de mercúrio e
membrana.

Foto 5 - 6 - Instalação dos tassômetros. e) Reservatório de mercúrio ligado ao ar livre. f) Tassômetro instalado.
140

O reservatório de mercúrio contém uma membrana interna (Foto 5 - 6 - d), mantida sob
pressão atmosférica e que permite o deslocamento da coluna de mercúrio. Por este
motivo, o reservatório de mercúrio teve que ser instalado acima da membrana em PVC
do sistema de aplicação de vácuo, e seu topo foi acoplado a uma haste em metal que
atravessava o aterro e conduzia o tubo plástico até 0.5 m acima da camada de areia
(topo do aterro), mantendo-o sempre sob pressão atmosférica, como indicado na Figura
5 - 8 e na Foto 5 - 6 - e. Os recalques do topo desta haste foram medidos regularmente
por nivelamento topográfico durante o carregamento.

As medidas foram corrigidas para se levar em conta as variações da pressão atmosférica


e da temperatura, com relação às medidas do dia de instalação do instrumento. O
termopar que se encontra acoplado aos transdutores, pode medir temperaturas entre -
10oC e 100oC (± 0.5oC); quanto à pressão atmosférica, ela foi acompanhada diariamente
por um piezômetro de referência, ao ar livre, mantido no sítio e também verificada
através do barômetro do serviço de meteorologia da região.

Devido ao grande diâmetro da cápsula metálica do transdutor, ele foi instalado num
tubo de Hw (d = 89 mm) (Foto 5 - 6 - b). Inicialmente os tubos Hw foram instalados e
lavados e uma camada de areia de 15 cm foi depositada no fundo do furo. A seguir, os
tubos eram retirados pouco a pouco, à medida que se fazia o preenchimento do furo com
areia, bentonita e uma mistura denominada de "material modelo". O "material modelo"
utilizado foi uma mistura de 5.7% de cimento, 12.9% de caulim, 3.9% de bentonita e
77.5% de água, com relação ao peso seco. O traço desta mistura é adotado em função
das características da argila a ser instrumentada, pois o objetivo é que o material modelo
simule ao máximo as características da argila intacta.

O transdutor de pressão foi instalado dentro do tubo Hw com o auxílio de um fio de aço
ligado ao topo da cápsula metálica do transdutor, dentro da uma camada de areia,
seguido da bentonita e do material modelo (Figura 5 - 8). Este sistema permitiu a
recuperação dos transdutores bem como a recuperação dos tubos de mercúrio após o
término dos trabalhos.

O reservatório de mercúrio foi instalado sobre uma base de madeira acima da membrana
em PVC. A membrana teve que ser perfurada para permitir a passagem dos tubos que
ligam os transdutores aos reservatórios e foi posteriormente vedada em torno destes
141

tubos antes da aplicação do vácuo. Antes do início do aquecimento do aterro B e antes


da instalação da membrana em PVC, os tassômetros foram instalados de forma
provisória, para permitir a medida dos recalques durante a fase de aquecimento.

5.4.2 PIEZÔMETROS

Os piezômetros de tipo corda vibrante, modelo PWS 50, são projetados para medir
poro-pressões negativas e as medidas tiveram que ser corrigidas com relação à
temperatura e pressão atmosférica, do dia de instalação do equipamento (Figura 5 - 9 - a
e Foto 5 - 7 - a). O transdutor pode medir pressões de até 340 kPa e o termopar que se
encontra acoplado ao transdutor pode medir temperaturas de -40oC à 65oC (± 1oC). As
medidas foram corrigidas com relação à pressão atmosférica medida diariamente.

O furo necessário para a instalação dos piezômetros foi realizado com diâmetro Bw (d =
54 mm); o interior do tubo Bw foi lavado e uma camada de areia de 15 cm foi
depositada no fundo do furo (Foto 5 - 7 - b). O transdutor de pressão foi instalado da
mesma forma que os transdutores de pressão dos tassômetros (ver Foto 5 - 7 - c e d). O
tubo Bw era retirado pouco a pouco, à medida que o furo era preenchido com areia,
bentonita e material modelo. Um piezômetro de referência foi instalado fora da zona de
ensaios a cerca de 13.6 m de profundidade, para o acompanhamento da variação do
nível d'água na camada de areia, subjacente à camada de argila, durante o inverno.

5.4.3 TERMISTORES

Os termistores foram inseridos nas ranhuras feitas em hastes de madeira de 8 m de


comprimento e colados às ranhuras com cola de silicone conforme apresentado na
Figura 5 - 9-b e na Foto 5 - 8 - a. Cada haste continha 6 termistores instalados ao longo
da profundidade e as temperaturas eram lidas com o auxílio de um multímetro (Ω/oC).

Para a instalação destas hastes de madeira, uma haste metálica de diâmetro ligeiramente
inferior ao da haste de madeira foi previamente cravada na camada de argila, até 8 m de
profundidade, e em seguida retirada, de forma a produzir um pré-furo. As hastes de
madeira foram então cravadas com ao auxílio de um tubo guia de metal (Foto 5 - 8 - b).
Os 6 fios dos termistores que saíam de cada haste, foram conduzidos à cabana para que
se procedessem as leituras das temperaturas (Foto 5 - 8 - c).
FURO - d = Bw COLA DE V2
SILICONE V3 V1

T.N.

1 m - V3 - Fios
MATERIAL branco e verde
MODELO
2 m - V3 - Fios
preto e vermelho HASTE DE
FIO
MADEIRA
PROFUNDIDADE ELÉTRICO
DOS
3.5 m - V2 - Fios
PIEZÔMETROS branco e verde
BENTONITA
TERMISTORES
1m
5 m - V2 - Fios
preto e vermelho
TRANSDU-
TOR DE
PRESSÃO 6.5 m - V1 - Fios
AREIA
branco e verde
0.45m

8 m - V1 - Fios
preto e vermelho

a) Piezômetros b) Termistores

Figura 5 - 9 - Detalhe da instalação dos piezômetro e dos termistores.


143

a) Lavagem dos tubos Bw. b) Preenchimento com areia.

c) Detalhe do piezômetro.

d) Piezômetro instalado.

Foto 5 - 7 - Instalação dos piezômetros.


144

a) Detalhe dos termistores colados à b) Cravação da haste de madeira


haste de madeira. com o auxílio de um tubo guia.

c) Detalhe da haste de termistores instalada.

Foto 5 - 8 - Detalhe da instalação dos termistores - Saint-Roch-de-l'Achigan.


145

Três hastes foram instaladas dentro da camada de argila subjacente ao aterro B e além
disto 2 termistores foram instalados no aterro de areia, abaixo da membrana em PVC.
Duas hastes foram instaladas sob o aterro A : estes termistores tinham por objetivo
verificar se houve um aumento de temperatura da camada de argila sob este aterro
induzida pelo aquecimento do aterro B. Um termistor foi igualmente instalado dentro da
camada de areia sob o aterro A, para verificar a variação da temperatura da camada de
areia durante o inverno e a eficiência do isolamento térmico.

5.4.4 INCLINÔMETROS

Dois inclinômetros foram instalados em torno de cada aterro para acompanhamento dos
deslocamentos laterais da camada de argila, que no caso de précarregamento por vácuo
são bem menores que em casos de aterros convencionais. A Figura 5 - 10, a Foto 5 - 9 e
a Foto 5 - 10 apresentam os detalhes e a descrição da instalação dos inclinômetros. Estes
tubos foram instalados até 10 m de profundidade para obter-se uma referência, que é a
parte inferior do perfil de deslocamento, que a esta profundidade não deveria se
movimentar horizontalmente devido ao précarregamento.

Os tubos inclinométricos possuíam um diâmetro interno de 5.9 cm e continham quatro


ranhuras ortogonais para guiar a sonda (Foto 5 - 9 - c). Uma sonda Terraprobe (Foto 5 -
10 - c) foi utilizada para a obtenção do perfil de deslocamento horizontal com tempo.

Para a proteção da cabeça dos tubos inclinométricos durante a escavação das trincheiras
periféricas, foram instalados em torno destes, um tubo de proteção em PVC, de 15 cm
de diâmetro (Foto 5 - 9 - d), a partir do topo do inclinômetro e entrando no solo até
cerca de 50 cm a partir do fundo da trincheira. O espaço entre o tubo inclinométrico e
este tubo de proteção foi preenchido com material modelo (Figura 5 - 10 - 5). Após a
escavação das trincheiras foi instalada uma ponte de madeira para cada inclinômetro,
para permitir o acesso aos inclinômetros durante o précarregamento, conforme mostra a
Foto 5 - 10 - d.

Para efetuar as medidas descia-se inicialmente uma falsa sonda, para verificar se o tubo
inclinométrico não estava entupido ou muito flexionado, garantindo a segurança da
descida da sonda verdadeira. Além disto, no início do inverno, foi inserido dentro do
tubos inclinométrico um líquido anti-congelante para que a água nos tubos
inclinométricos não congelasse e a sonda pudesse descer sem problemas.
T.N. Tubo Hw

1.80

Tubo incli-
10 m
nométrico
φ = 19 cm
N.Anc.

1 - Execução de um pré-furo 2 - Cravação de tubo Hw até o nível de 3 - Lavagem do tubo Hw com água sob 4 - Instalação do tubo
com a utilização de trado (φ
φ= ancoragem do inclinômetro. pressão. inclinométrico pleno de água.
19 cm).

Hw Tubo em Execução
PVC da
φ = 15 cm trincheira
Tubo
inclinométrico
0.5 m Material
modelo 10 m
Tubo de
preenchimen-
to com mate-
rial modelo

5 - Preenchimento com mate- 6 - Proteção do inclinômetro com um 7 - Execução e preenchimento da


rial modelo entre o tubo Hw e o
tubo em PVC. trincheira.
tubo inclinométrico. O tubo
Hw ascende à medida que
ocorre o preenchimento com o
material. Figura 5 - 10 - Detalhe da instalação dos inclinômetros.
147

a) Execução do pré-furo. b) Lavagem do tubo Hw.

c) Detalhe dos tubos inclinométricos.


d) Instalação de um tubo
inclinométrico dentro do furo.

Foto 5 - 9 - Instalação dos inclinômetros.


148

b)Tubo inclinométrico instalado.

a) Retirada do tubo Hw.

d) Inclinômetro dentro da trincheira


periférica.
c) Leitura do inclinômetro -
detalhe da sonda e do sistema
de aquisição de dados.

Foto 5 - 10 - Inclinômetros : instalação e sistema de leitura.


149

A sonda verdadeira, Terraprobe, era então acoplada a um sistema de aquisição


ACCULOG-X, e introduzida no inclinômetro à 0o com suas ranhuras e à medida que era
feita a ascensão desta sonda, as leituras eram registradas num arquivo de dados. O
espaçamento entre as leituras podia ser inserido no sistema de aquisição conforme a
especificação do usuário e o processo era repetido à 180o. Após as medições, o arquivo
de dados era analisado no programa ACCUTALK, que permite a interface sistema de
aquisição e computador.

5.4.5 PLACAS DE RECALQUES

Oito placas de recalques foram instaladas no bordo dos aterros de ensaio, tal como
apresentado na Figura 5 - 6, dentro da camada de proteção de areia, após a instalação da
membrana em PVC. Estas placas de madeira foram enterradas no aterro de areia e
acopladas a hastes de metal, que atravessavam o aterro de areia e cujos recalques foram
acompanhados por nivelamento topográfico, durante todo o experimento. Sua função
era a de simples verificação do efeito de bordo, já que na parte central estavam
instalados os tassômetros, cujos recalques também foram acompanhados por
nivelamento.

5.4.6 VEDAÇÃO DA MEMBRANA EM PVC EM TORNO DA


INSTRUMENTAÇÃO

A estanqueidade da membrana em PVC é fundamental para aplicação do vácuo e


consequentemente, todos os tubos de saída da instrumentação, os tubos de saída dos
drenos horizontais e os tubos de alimentação e retorno do sistema de aquecimento foram
cuidadosamente soldados à membrana em PVC, como apresentado na Foto 5 - 11. A
soldagem à quente era executada com um pequeno rolo e um aquecedor, similar a um
secador de cabelo doméstico, utilizando-se pedaços da membrana em PVC na vedação
(Foto 5 - 11 - a).

Por ocasião do início da aplicação do vácuo, foi necessária a verificação cuidadosa


destes pontos de vedação, e caso ocorresse vazamento de ar o local era vedado com
mastic (Foto 3 - 11 - d), antes de se altear o aterro, quando o acesso à membrana em
PVC seria impedido.
150

a) Vedação da membrana em b) Vedação da membrana em


torno dos tassômetros. torno dos tubos de espera.

c) Saída dos cabos de instrumentação, d) Vedação da membrana em tor-


dentro de um tubo em PVC. no dos tubos de alimentação e re-
torno do sistema de aquecimento.

Foto 5 - 11 - Vedação da membrana em PVC em torno dos tubos.


151

Uma das incógnitas com relação ao projeto era o desempenho da membrana quando
aquecida, entretanto o maior problema de estanqueidade ocorreu quando foi aplicada a
mousse de isolamento sobre o aterro B, quando esta não estava ainda sob vácuo, pois a
mousse estava a alta temperatura e a membrana descolou dos tubos de espera instalados
para a execução de piezocones. No aterro A, tal fato não ocorreu pois como este aterro
já estava sob vácuo, a membrana se manteve colada sobre os tubos até que a mousse se
resfriasse. A membrana sobre o aterro B foi vedada e não foram observados mais
vazamentos, ou seja, ela apresentou bom desempenho durante o vácuo com
aquecimento.

5.5 CRONOGRAMAS E ETAPAS DOS TRABALHOS DE CAMPO

Os cronogramas dos trabalhos realizados de junho de 1998 até setembro de 1999, no


sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan, estão apresentados na Tabela 5 - 2. A
supervisão de todos os serviços executados no sítio experimental ficou a cargo da
equipe técnica da ULAVAL e desta aluna (COPPE). A mobilização do canteiro deu-se
em meados de junho de 1998 : locação dos aterros; nivelamento topográfico; preparação
do terreno - escavação de 20 cm da crosta e execução de uma camada de areia de 35 cm,
conforme solicitação da empresa MENARD, para permitir a circulação do equipamento
para a instalação dos drenos verticais.

A seguir, os drenos verticais e horizontais foram instalados pela empresa francesa


MENARD Soltraitement em cooperação com a empresa canadense GEOPAC, de
Montreal, entre 29 de junho e 10 de julho. O sistema de aquecimento começou a ser
instalado pela empresa canadense HVAC, INC, de Montreal, no início de julho, mas os
trabalhos foram interrompidos por causa das férias gerais da construção civil de 12 a 25
de julho, embora durante este período a instalação da instrumentação tenha prosseguido
normalmente.

A instalação da instrumentação, o controle e monitoração do sistema de aquecimento e


ensaios in situ foram executados pela ULAVAL e esta aluna, de 13 de julho a 31 de
outubro. Após a instalação da instrumentação e do sistema de aquecimento, as
trincheiras periféricas foram escavadas e a membrana em PVC foi instalada por
MENARD e por GEOPAC de 16 de setembro até 5 de novembro.
Tabela 5 - 2 - Cronograma geral com as etapas dos trabalhos - Saint-Roch-de-l'Achigan.

Saint-Roch-de-l'Achigan - Projeto de précarregamento por vácuo e por aquecimento


SERVIÇOS JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR
A2 e B2 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10

A1 e B1
ETAPAS A3 e B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13

1 Preparação do terreno
haterro = 0.3 m

2 Execução dos drenos


3 Instalação do sistema de
aquecimento
4 Instalação da instrumentação
5 haterro = 0.6 m
Início 8-set-98 Fim 24-fev-99
6 Aquecimento - plat. B
7 Execução das trincheiras
8 Instalação da membrana PVC
Início 8-out-98 Fim 16-março-99
9 Aplicação do vácuo - plat. A
10 haterro = 1.37 m
Início 5-nov-98 Fim 16-março-99
11 Aplicação do vácuo - plat. B
12 haterro = 2.37 m
153

Após a instalação definitiva dos tassômetros, a aplicação do isolamento térmico sobre a


membrana e a execução do aterro de proteção foram executados por empresas locais de
1o de outubro até 31 de outubro.

No dia 9 de dezembro, um carregamento complementar de 1 m de areia foi executado.


O aquecimento do aterro B foi interrompido no dia 29 de janeiro por problemas técnicos
e a aplicação do vácuo dos dois aterros foi interrompida no dia 16 de março. O
resfriamento da camada de argila subjacente o aterro B ocorreu lentamente, cerca de
3oC por mês.

Para efeito de análise, os trabalhos de campo foram divididos em etapas associadas às


variações de temperatura, tensão total ou poro-pressão, que serão posteriormente
referidas nos gráficos de análise de resultados. Na Tabela 5 - 2 estão apresentadas estas
etapas numeradas, referidas a um cronograma geral de junho de 1998 até março de
1999. Estas etapas também estão descritas detalhadamente na Tabela 5 - 3, para o aterro
A e na Tabela 5 - 4, para o aterro B.

Da Foto 5 - 12 até a Foto 5 - 14 estão apresentadas as vistas gerais do sítio


experimental, e a evolução dos trabalhos de campo com o tempo.

Na Figura 5 - 11 estão apresentados os carregamento do aterro A, durante as etapas


descritas a seguir:

Etapa A1 ⇒ Condições iniciais do sítio, com o perfil de poro-pressões natural do


depósito argiloso. Na época da instalação do sítio experimental o lençol freático
encontrava-se a aproximadamente 1.5 m de profundidade e não a 1.13 m de
profundidade como indicavam as leituras dos piezômetros de Casagrande de 1996;

Etapa A2 ⇒ Após a preparação do terreno - escavação de 20 cm da crosta,


execução de 30 cm de areia e dos drenos verticais e horizontais. Para o acréscimo de
tensões indicado na Figura 5 - 11, foi considerada a execução do aterro menos o
descarregamento desta escavação. Após a instalação dos drenos verticais, o perfil de
poro-pressões tornou-se hidrostático (perfil inicial) e o lençol freático encontrava-se a
cerca de 1.5 m de profundidade. A pressão hidrostática no interior dos drenos verticais é
dada por :

γw x (profundidade do lençol - z) (5-1)


154

onde z é a profundidade considerada. Um elemento de solo adjacente ao dreno, a uma


profundidade z, estará sujeito a esta carga hidráulica.

Após a instalação dos drenos e o equilíbrio das poro-pressões, as medidas dos


piezômetros de corda vibrante, instalados a cerca de 80 cm dos drenos, indicaram que os
elementos de solo entre os drenos, encontravam-se sujeitos a mesma carga hidráulica de
um ponto a mesma profundidade no interior dos drenos. Ou seja, a instalação dos drenos
fez com que elementos de solo sob os aterros, situados a uma determinada
profundidade, ficassem submetidos a mesma carga hidráulica pois a distância entre os
drenos era pequena. Esta ocorrência e suas implicações no desempenho do sistema de
vácuo será melhor discutida no item 6.5;

Etapa A3 ⇒ Uma camada de 30 cm de areia foi acrescentada ao aterro;

Etapa A4 ⇒ As trincheiras periféricas foram executadas e assim que o material


da crosta foi escavado houve um descarregamento da camada de argila. Os cálculos da
distribuição das tensões decorrentes desta escavação estão apresentados no anexo IV.

Etapa A5 ⇒ Início da aplicação do vácuo. A tensão total é quase constante e u


diminui sob sucção;

Etapa A6 ⇒ Problemas com as bombas de vácuo;

Etapa A7 ⇒ Acréscimo de 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho;

Etapa A8 ⇒ Acréscimo de 1 m de areia;

Etapa A9 ⇒ Problemas com as bombas de vácuo;

Etapa A10 ⇒ Fim da aplicação do vácuo.

Na Figura 5 - 12 estão indicados os carregamentos do aterro B, durante as etapas


descritas a seguir:

Etapas B1, B2 e B3 ⇒ idem as etapas A1, A2 e A3 respectivamente

Etapa B4 ⇒ Início do aquecimento - altura do aterro = 0.6 m. As temperaturas


indicadas na Figura 5 –12 referem-se ao THB1, a 5.2 m de profundidade;

Etapa B5 ⇒ As tensões totais são calculadas seguindo a mesma hipótese de


cálculo utilizada em A4 para uma trincheira de 2.0 m de profundidade;
Tabela 5 - 3 - Etapas dos trabalhos - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.

PLATAFORMA A
t(j)
haterro
ETAPAS DATA VÁCUO Após o início
OBSERVAÇÕES
(m) do vácuo

A1 Antes da execução dos drenos verticais - perfil de poro-pressões iniciais obtidas a partir das leituras dos piezômetros P1 à P6
- - Poro-pressão = hidrostática (u0) , 8 semanas após a instalação dos drenos.
A2 31/ago/98 0.3

0.6 - - Execução da camada de 0.3m de areia, antes da instalação da membrana em PVC.


A3 01/set/98

A4 21/set/98 0.6 - - Execução da trincheira dias 21 e 22 de setembro de 1998.

A5 08/out/98 0.6 início 0 Início do bombeamento.

A6 19/out/98 0.6 em marcha 11 Problemas do sistema de vácuo (bombas).

A7 30/out/98 1.37 em marcha 22 Acréscimo de 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho nos dias 30 e 3/10/98.

A8 09/dez/98 2.37 em marcha 62 Acréscimo de 1 m de areia.

A9 24/fev/99 2.37 em marcha 139 Problemas do sistema de vácuo (bombas).

A10 16/mar/99 2.37 fim 159 Fim do bombeamento.


Tabela 5 - 4 - Etapas dos trabalhos - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.

PLATAFORMA B
t(j) t(j)
haterro
ETAPAS DATA VÁCUO Após o início AQUECIMENTO Após o início OBSERVAÇÕES
(m) do vácuo do aquecimento

B1 Antes da execução dos drenos verticais - perfil de poro-pressões iniciais obtidas a partir das leituras dos piezômetros P1 à P6
- - - - Poro-pressão = hidrostática (u0) , 8 semanas após a instalação dos
B2 31/ago/98 0.3
drenos.
- - - - Execução da camada de 0.3m de areia, antes da instalação da
B3 01/set/98 0.6
membrana em PVC.
B4 08/set/98 0.6 - - início 0 Início do aquecimento.

B5 21/set/98 0.6 - - em marcha 13 Execução da trincheira dias 21 e 22 de setembro de 1998.


08/out/98 0.6 - - em marcha 30 Ensaios de verificação do sistema de vácuo.
B6
15/out/98 0.6 - - em marcha 37 Ensaios de verificação do sistema de vácuo.

B7 30/out/98 1.37 - - em marcha 52 Acréscimo de 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho - 30 e 3/10/98.

B8 05/nov/98 1.37 início 0 em marcha 58 Início do bombeamento.

B9 09/dez/98 2.37 em marcha 34 em marcha 92 Acréscimo de 1 m de areia.

B10 15/dez/98 2.37 em marcha 40 em marcha 98 Problemas do sistema de aquecimento.

Problema do sistema de aquecimento desde 15 de janeiro de 1999.


B11 29/jan/99 2.37 em marcha 85 fim 143
No dia 29 de janeiro de 1999, início do resfriamento da plataforma B.
B12 24/fev/99 2.37 em marcha 111 - 169 Problemas com o sistema de vácuo.

B13 16/mar/99 2.37 fim 131 - 189 Fim do bombeamento.


157

a) Vista geral do sítio em 1/6/98 - antes do início dos trabalhos.

b) Vista geral do sítio em 7/7/98 - instalação dos drenos e início da instalação dos
elementos verticais do sistema de aquecimento.

c) Início da instalação da instrumentação sobre a plataforma A.

Foto 5 - 12 - Vista do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan no início dos trabalhos.


158

a) Vista geral do sítio em 14/8/98 - instalação da instrumentação na plataforma A.

b) Vista geral do sítio em 28/8/98 - proteção da instrumentação e verificação do


sistema de aquecimento.

c) Vista geral do sítio em 23/9/98 - execução das trincheiras periféricas e


instalação do container para as bombas de vácuo.
Foto 5 - 13 - Vista do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan durante a instrumentação e
instalação do sistema de aquecimento.
159

a) Vista geral do sítio em 25/9/98 - colocação do geotêxtil.

b) Vista geral do sítio em 30/9/98 - instalação da membrana em PVC.

c) Vista geral do sítio em 9/10/98 - início da aplicação do vácuo sobre a plataforma


A.

Foto 5 - 14 - Vista do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan durante a instalação do sistema


de précarregamento por vácuo.
160

Terreno atual haterro = 0.3 m


escavação de 0.2 m da
crosta

u (kPa) u (kPa)
0 50 90kPa 0 50 90kPa

A1 A2
2 2
Perfil inicial
Perfil natural
do depósito
4 4

6 6

8 8

10 10
(m) (m)

A3 A4 escavação da trincheira;
haterro = 0.6m descarregamento
Terreno
atual

crosta 2.3 m
17.6 m

A5 A7 haterro = 1.37 m
haterro = 0.6 m Terreno membrana
atual em PVC

sob vácuo sob vácuo

A8 A10
haterro = 2.37m haterro = 2.37m

Terreno
atual

sob vácuo fim do vácuo

Figura 5 - 11 - Fases de carregamento aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.


161

Terreno atual haterro = 0.3 m


escavação de 0.2 m da
crosta

u (kPa) u (kPa)
0 50 90kPa 0 50 90kPa

B1 B2
2 2
Perfil inicial
Perfil natural
do depósito
4 4

6 6

8 8

10 10
(m) (m)

B4 B5 escavação da trincheira
haterro = 0.6m Terreno
atual

início do aquecimento crosta 12.9oC 2.0 m


THB1 - 5m - 6.3oC
17.0 m

B7 haterro = 1.37m
B8 haterro = 1.37m
membrana Terreno
em PVC atual

32.6oC sob vácuo 35.5oC

B9 B13
haterro = 2.37m haterro = 2.37m

Terreno
Atual

sob vácuo 40.2oC fim do vácuo 31.0oC

Figura 5 - 12 - Fases de carregamento - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.


162

Etapa B6 ⇒ Problemas com as bombas de vácuo;

Etapa B7 ⇒ Acréscimo de 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho. O aquecimento


está em curso;

Etapa B8 ⇒ A temperatura desejada foi alcançada e inicia-se a aplicação do


vácuo. A tensão total é constante e u diminui com a sucção;

Etapa B9 ⇒ Acréscimo de 1 m de areia;

Etapa B10 ⇒ Problemas com o sistema de aquecimento;

Etapa B11 ⇒ Fim da aplicação do aquecimento;

Etapa B12 ⇒ Problemas com as bombas de vácuo;

Etapa B13 ⇒ Fim da aplicação do vácuo.

O acompanhamento da instrumentação, a verificação do sistema de aquecimento e de


aplicação do vácuo foram feitos diariamente pela ULAVAL até o fim dos trabalhos,
inclusive no período de inverno. Os cronogramas detalhados destes serviços foram
apresentados por Marques (2000) e por Marques & Leroueil (2000).

Numa terceira fase de estudo foram coletadas amostras com o amostrador Laval (F4 e
F5) e ensaios de piezocone foram executados (PZ5, PZ6 e PZ7) sob os dois aterros,
após o précarregamento, para comparação com os resultados dos ensaios executados
antes dos précarregamentos. Estes estudos estão descritos no capítulo 7.

5.6 ESTABELECIMENTO DAS CONDIÇÕES INICIAIS

5.6.1 PORO-PRESSÕES

A Figura 5 - 13 apresenta os perfis de poro-pressões iniciais obtidos a partir das leituras


dos piezômetros a corda vibrante instalados na camada de argila subjacente aos aterros
A (UA1 à UA4) e B (UB1 à UB4), os três piezômetros Casagrande (PR1 à PR3), e o
piezômetro a corda vibrante de referência (PREF) instalado fora da zona de ensaios.

O perfil de poro-pressões do depósito natural, obtido a partir dos piezômetros PR1 até
PR3, indica a existência de um gradiente em direção à base do depósito de argila (etapas
A1 e B1). Este fenômeno foi observado também nas leituras dos piezômetros instalados
163

pelo MTQ, no aterro do viaduto que serão descritos no anexo V. Entretanto, com a
instalação dos drenos verticais sob os aterros (etapas A2 e B2), o perfil tornou-se
hidrostático até a base dos drenos. Os piezômetros Casagrande e o piezômetro PREF,
por situarem-se fora da área dos drenos, forneceram um perfil natural do depósito
durante todo o período de bombeamento. Embora os piezômetros Casagrande não
pudessem ser lidos durante o inverno, o piezômetro PREF forneceu o valor da poro-
pressão fora da área de ensaios durante este período.
u (kPa)
0 20 40 60 80 100
0
PERFIL INICIAL hidrostático, lençol = 1.5 m

Piezômetros - UA1 até UA4

Piezômetros - UB1 até UB4

PR1 (4m) PREF


Profundidade (m)

5 Piezômetros - PR1 até PR3

PR2 (7m)

PERFIL NATURAL DO A2 e B 2
10
DEPÓSITO PR3 (10m)
A1 e B 1

PREF (13.56m)

15

Figura 5 - 13 - Perfis de poro-pressão natural do depósito e inicial - Saint-Roch-de-


l'Achigan.
Os piezômetros UA1 à UA4 e UB1 à UB4 situados sob os aterros forneceram um perfil
hidrostático, duas semanas após a instalação dos piezômetros de corda vibrante, ou seja,
quatro semanas após a execução dos drenos verticais. As poro-pressões do perfil
hidrostático com lençol freático ao nível de 1.5 m de profundidade, serão referidas
como poro-pressões iniciais (u0), quando forem consideradas as variações das poro-
pressões (Δu = u(t) - u0).

A Figura 5 - 14 apresenta a variação da poro-pressão com o tempo, segundo as etapas


de trabalho de cada aterro, antes da aplicação do vácuo. A poro-pressão dentro da
camada de argila situada sob a aterro B não aumentou durante o período de aquecimento
164

(antes da aplicação do vácuo - etapa B8) pois a velocidade de aquecimento era muito
baixa, aproximadamente 0.5oC/dia.

Foi observada uma queda da poro-pressão de cerca de 4 kPa devido à escavação das
trincheiras periféricas (etapas A4 e B5). Como as trincheiras foram escavadas até as
proximidades dos piezômetros Casagrande, instalados fora da zona de ensaios, suas
medidas indicaram também o rebaixamento do lençol freático. A poro-pressão não
havia retornado a seu valor inicial quando do início da aplicação do vácuo sobre o aterro
A (etapa A5). Os cálculos das variações de tensões devido ao descarregamento causado
pela escavação das trincheiras estão apresentados no Anexo IV.

Sob o aterro B, durante os ensaios de verificação do sistema de vácuo observou-se uma


queda da poro-pressão (ver Figura 5 - 14 - etapa B6) pois o vácuo se faz rapidamente
nas camadas superiores. Entretanto houve um aumento da poro-pressão nas camadas
inferiores pois o lençol freático sobia, sem que o vácuo tenha tido tempo de atuar na
parte inferior do depósito.

Quando foram acrescentados 70 cm de areia e 7 cm de pedregulho houve um aumento


de 5 a 7 kPa da poro-pressão nos piezômetros das camadas 2 e 3 (etapas A7 e B7). A
variação das tensões totais calculada (anexo IV) para um alteamento de 0.7 m do aterro
de areia a variação da tensão total calculada foi da ordem de 7.5 a 9.5 kPa. Ou seja,
obteve-se boa concordância entre poro-pressões medidas e previstas.

O piezômetro PREF foi instalado a cerca de 13.5 m de profundidade, no exterior da


zona de ensaios, para verificar a variação com o tempo da poro-pressão da camada de
areia, que encontra-se abaixo da camada de argila e do lençol freático durante o inverno.

5.6.2 TEMPERATURAS

A Figura 5 - 15 apresenta o perfil de temperatura inicial em função da profundidade da


camada de argila sob os aterros A e B obtido em função de medidas de temperatura dos
termistores e em todos os termopares dos tassômetros e piezômetros.

Observa-se que a temperatura inicial média da camada de argila entre 3 e 8 m de


profundidade varia entre 6 à 7oC e que os valores fornecidos pelos piezômetros e
tassômetros são ligeiramente mais elevados que os fornecidos pelos termistores, o que
deve ser devido a uma diferença na precisão dos termistores e termopares.
20

10
UA1 - 2.5m
0 UB1 - 2.5m
UA2 - 3.9m
UB2 - 3.9m
40 UA3 - 5.4m
UB3 - 5.4m
UA4 - 6.8m
30
UB4 - 6.8m

20

60

50

u (kPa)
40

70

60

50

40
-10 0 10 20 30 40 50 60
B6
B6
B7
B8

t (dias)

B4

A2 e B 2
A3 e B 3
A4 e B 5
A5 e B 6

Figura 5 - 14 - Variação da poro-pressão em função do tempo, antes da aplicação do vácuo - aterros A e B.


166

o
T0( C)
0 5 10 15 20
0

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
PLATAFORMAS A E B

THB1

THB2
Profundidade (m)

THB3

THA1
5 THA2

RB1 até RB4

UB1 até UB4

RA1 até RA4

UA1 até UA4

medidas em 9/8/98
10
Figura 5 - 15 - Perfil inicial de temperatura em função da profundidade - agosto de 1998
- Saint-Roch-de-l'Achigan.

As temperaturas da crosta variam em função das temperaturas médias das estações do


ano. No inverno há congelamento da crosta somente até cerca de 1.5 m de
profundidade, pois a camada de neve atua como isolante térmico visto que a
temperatura ambiente pode alcançar -40oC, no inverno de Québec. No sítio
experimental a mínima medida em janeiro de 1999 foi -27oC. Na primavera, com o
descongelamento, há aumento de temperatura e as temperaturas da crosta podem
alcançar cerca de 20oC, no verão.

A camada de argila abaixo da crosta, mantém-se a uma temperatura constante da ordem


de 6 a 7oC, que é função da média anual da temperatura ambiente. No Brasil, estas
temperaturas são mais elevadas, em torno de 20oC.

5.6.3 DEFORMAÇÕES VERTICAIS

Os tassômetros foram temporariamente instalados no início da fase de aquecimento,


para permitir a medida dos recalques causados pelo aquecimento. A Figura 5 - 16
167

apresenta a deformação das camadas de argila desde a etapa B4 até a etapa B8. Houve
uma expansão de cerca de 1.4 % da camada de argila de 3.15 à 7.6 m devido ao
aquecimento, segundo apresentado na figura. Após a instalação da membrana em PVC,
foram observados recalques, medidos sobretudo pelo tassômetro RB1, para a camada de
areia, devido aos testes de verificação do vácuo e de estanqueidade da membrana (B6),
durante os quais as bombas de aplicação de vácuo estavam em funcionamento.
-3
-1
1
CROSTA B - 0 - 3.25m
3
CAMADA 1B - 3.25 - 4.7m
5
CAMADA 2B - 4.7 - 6.15m
-3
-1 CAMADA 3B - 6.15 - 7.6m

1
3
5
-3
-1

Δε1 (%)
1
3
5
-3
-1
1
3 Obs: De t = 13 até t = 30 - instalação da membrana em
5 PVC, medidas dos tassômetros foram interrompidas.
B6

B4
B6
B8

0 10 20 30 40 50 60
t (dias)

Figura 5 - 16 - Deformações verticais das camadas de argila durante o aquecimento - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
169

6 RESULTADOS DAS MEDIÇÕES E COMPORTAMENTO DE


CAMPO

A apresentação e discussão dos resultados obtidos no sítio experimental, apresentados


neste capítulo, fazem referência às etapas descritas na Tabela 5 - 3, para o aterro A
(plataforma A) e na Tabela 5 - 4, para o aterro B (plataforma B).

6.1 TEMPERATURA

6.1.1 FASES DE AQUECIMENTO E DE RESFRIAMENTO

A temperatura da camada de argila subjacente ao aterro A manteve-se constante durante


o aquecimento do aterro B, à cerca de 7oC. Apesar do isolamento térmico instalado
sobre este aterro, houve uma queda de temperatura da crosta, até 2.5 m de profundidade,
durante o inverno, conforme medidas obtidas pelos termistores, e pelos termopares dos
piezômetros e tassômetros apresentadas em função do tempo no anexo III. Estão
também apresentadas neste anexo as temperaturas medidas pelos instrumentos
instalados a diferentes profundidades sob o aterro B. A temperatura de alimentação, que
está também apresentada nestes gráficos, refere-se à temperatura da água medida no
tubo de retorno dentro da cabana. Na realidade, a temperatura da água de retorno é um
pouco inferior à temperatura da água de circulação dentro dos tubos verticais de cobre
(3/8"), que foram instalados dentro dos drenos verticais.

A diferença entre as temperaturas médias dos termistores de THB1 e dos termopares


dos piezômetros e tassômetros, todos instalados no centro do aterro, é causada pela
diferença entre a precisão dos termistores e dos termopares. Da etapa B4 até a etapa B8,
indicadas nos gráficos, a velocidade de aumento da temperatura foi de cerca de 0.5oC
por dia.

No início da aplicação do vácuo (B8), a água de preenchimento das trincheiras, que


estava a temperatura ambiente (aproximadamente 10oC), foi aspirada sob a membrana,
para dentro da crosta. A tubulação horizontal de aquecimento foi então rodeada de água
fria e a crosta, com a aplicação do vácuo, tornou-se saturada de água fria. Com isto,
houve uma queda de temperatura de alimentação (B8), de 63.5oC para 45oC, e da crosta,
e um resfriamento de cerca de 15oC medidos de 1.2 até 2.2 m de profundidade.
170

No centro do aterro, onde as temperaturas foram mais elevadas, após o início do


bombeamento (B8), a temperatura média da argila entre 4 e 6.8 m de profundidade
(THB1), era de 39oC. Após a interrupção do aquecimento (B11) a temperatura começou
a diminuir lentamente, cerca de 3oC por mês, para atingir 31.5oC no momento da
interrupção da aplicação do vácuo (B13).

Entre o bordo e o centro do aterro (THB2), a camada de argila compreendida entre 4 e


6.8 m apresentou uma temperatura média de 35.5oC, da etapa B8 até a etapa B11. Após a
interrupção do aquecimento a temperatura começou a diminuir até atingir 29oC, quando
houve a interrupção da aplicação do vácuo (B13). A temperatura neste local era cerca de
3oC menor que a do centro do aterro.

Nos bordos do aterro (THB3), as temperaturas eram mais baixas. Para a camada de
argila compreendida entre 4 e 6.8 m, a temperatura média era de 30oC, da etapa B8 até a
etapa B11, ou seja, cerca de 9oC menor que a do centro do aterro. Após a interrupção do
sistema de aquecimento a temperatura diminuiu até 20oC, por ocasião do fim da
aplicação do vácuo (B13).

A Figura 6 - 1 apresenta os perfis de temperatura obtidos a partir das medidas dos


termistores THB1 até THB3, desde o início do aquecimento (t = 0), após um mês (t = 30
dias), no início do bombeamento (t = 58 dias) e no fim do bombeamento (t = 143 dias).
A crosta apresentou uma queda de temperatura no início da aplicação do vácuo e a 8 m
de profundidade a temperatura subia lentamente com o tempo, mas manteve-se sempre
inferior às temperaturas medidas nas camadas superiores, visto que o aquecimento foi
instalado até 7.3 m de profundidade.

Pode-se entretanto considerar que a camada de argila de 3.5 a 7 m de profundidade


apresentava uma temperatura relativamente uniforme quando do início da aplicação do
vácuo.

Os termistores, piezômetros e tassômetros foram instalados entre os quadrados


delimitados por quatro drenos, à meia distância na diagonal de dois drenos alimentados
de água quente, segundo o esquema apresentado na Figura 6 - 2, que mostra uma seção
horizontal a uma determinada profundidade.

As temperaturas medidas pela instrumentação eram menores que a temperatura de


171

alimentação, dentro dos elementos verticais de aquecimento dentro dos drenos. A


temperatura média de alimentação foi de 45oC, indicada da Figura III - 4 até a Figura III
- 6, do anexo III, da etapa B8 até B11. Portanto a temperatura média entre 4 e 6.8 m de
profundidade, encontra-se entre 45oC e as temperaturas medidas pela instrumentação,
pois há uma distribuição de temperatura entre a fonte de alimentação e os pontos de
medição (meia distância entre os drenos).

Concluindo, o sistema de aquecimento apresentou um bom desempenho com uma


temperatura que deveria estar entre 40 e 42oC na parte central do aterro, o que
corresponderia a um aumento da temperatura média da camada de argila (de 4 m a 6.8
m) de cerca de 33oC, entre o início do aquecimento (B4) e o período compreendido entre
B8 e B11 (Figura III - 4 até a Figura III - 6).
T(oC)
0 10 20 30 40
0
Profundidade (m)

THB1 THB2 THB3


t = 0 - início do aquecimento

t = 30j

10 t = 58j - início do bombeamento - B8

t = 143j - fim do aquecimento - B11

Figura 6 - 1- Perfis de temperatura durante o aquecimento - aterro B - Saint-Roch-de-


l'Achigan.
172

instrumentos

1.15m

fluxo radial de calor


drenos não drenos com elementos
aquecidos
de aquecimento

1.15m

Figura 6 - 2 - Esquema de variação da temperatura entre os drenos.

6.2 APLICAÇÃO DO VÁCUO

A Figura 6 - 3 apresenta a sucção aplicada em função do tempo, segundo os medidores


de pressão instalados dentro da camada de areia, sob a membrana em PVC. A análise
desta figura permite a consideração de uma sucção média de 81 kPa, da etapa B9 até a
B13 e desde a etapa A8 até a A10. Esta sucção é bastante elevada, ou seja, um excelente
desempenho do sistema de bombeamento, melhor do que os normalmente obtidos em
obras de précarregamento por vácuo, pois a superfície tratada era pequena com relação a
capacidade das bombas.

O vácuo foi aplicado sobre a camada de argila subjacente ao aterro A, do dia 8 de


outubro de 1998 até o dia 16 de março de 1999. Após 11 dias sob vácuo, houve uma
pane elétrica na região, o bombeamento foi interrompido e a sucção caiu a zero. Embora
este acontecimento não tenha sido planejado, obteve-se um descarregamento e um
carregamento relativamente controlado, e algumas horas após o reinício da aplicação do
vácuo a sucção retorna ao seu valor inicial.

A aplicação do vácuo sob o aterro B iniciou-se em 5 de novembro de 1998, assim que a


temperatura da argila havia aumentado cerca de 30oC. Este aterro foi mantido sob vácuo
cerca de 131 dias. No fim de fevereiro de 1999 (etapas A9 e B12), devido a problemas
com as bombas de vácuo, houve uma queda da sucção sob os dois aterros.
173

90
B8 B9 A8 B12 A9
80 A10
B13
A5
70

Sucção média = 81 kPa


60
Sucção (kPa)

50
Plataforma A

Plataforma B
40

30

20

10

A6
0
0 20 40 60 80 100 120 140 160
t (dias)

Figura 6 - 3 - Sucção aplicada sob a membrana em função do tempo - aterros A e B -


Saint-Roch-de-l'Achigan.

6.3 PORO-PRESSÕES

6.3.1 FASE DE AQUECIMENTO

Durante a fase de aquecimento as poro-pressões medidas nos aterros A e B não


sofreram variação, devido à baixa velocidade de aquecimento (ver item 5.6.1). A poro-
pressão diminuiu de 4 a 6 kPa após a escavação da trincheira periférica (etapas A4 e B5)
e não havia retornado ao seu valor inicial quando do início da aplicação do vácuo.
Segundo os cálculos de distribuição de tensão (anexo IV) este descarregamento
eqüivaleria a um Δσ de 4 a 7.5 kPa, para as camadas 2 e 3 o que não difere muito dos
valores medidos nos piezômetros mais profundos. Na realidade houve também uma
baixa do lençol freático devido a escavação das trincheiras.
174

6.3.2 FASE DE APLICAÇÃO DO VÁCUO

A aplicação do vácuo provoca uma elevação do lençol freático, pois a água foi
bombeada até o nível dos drenos horizontais. Logo, o perfil hidrostático inicial (lençol à
1.5 m de profundidade - etapas A2 e B2) tornou-se hidrostático com lençol à cerca de 0
m de profundidade. Este perfil hidrostático, que se inicia nos drenos horizontais, será
denominado perfil de referência (etapas A5 e B8), ou seja, uref = u0 + 14.9 kPa. A subida
do lençol freático foi observada durante as primeiras horas de bombeamento, tal como
apresentado na Figura 6 - 4 - a e b. As medidas de u obtidas nos piezômetros são um
pouco inferiores às do perfil de referência, pois o lençol freático sobe ao mesmo tempo
que a sucção atua sobre o perfil.
u (kPa) u (kPa)
-20 -10 0 10 20 30 40 50 60 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60
0
hidrostático Plataforma A Plate-forme B
1 lençol = 1.5m t=0 t=0

2 t = 2.5 h t = 2.5 h
A5
Profundidade (m)

15 kPa t = 4.5 h B8 t = 4.5 h


3
Perfil de
referência
4

7
a) b)
8

-20 -10 0 10 20 30 40 50 60 -20 -10 0 10 20 30 40 50 60


0
Plataforma A
Plataforma B
1 após A10
após B13
2 Perfil de referência
Profundidade (m)

após os recalques
3

7
c) d)
8

Figura 6 - 4 - Variação da poro-pressão do início e ao fim do bombeamento - aterros A e


B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
175

Na realidade, o nível do lençol freático variou sob os aterros durante a aplicação do


vácuo, pois houve recalque diferencial nos drenos horizontais e quando a aplicação do
vácuo (bombeamento) foi interrompida, o perfil de referência era um pouco mais
profundo. Isto foi confirmado pelas observações piezométricas apresentadas na Figura 6
- 4 - c, para o aterro A e na Figura 6 - 4 - d, para o aterro B, em comparação com os
perfis de referência após os recalques.

No momento em que o bombeamento foi interrompido a sucção caiu a zero, mas o


lençol freático não desceu imediatamente e observou-se que o perfil de poro-pressões
encontrava-se próximo ao perfil de referência, considerando-se a descida deste perfil em
função dos recalques. A seguir, as poro-pressões diminuiram progressivamente para se
estabilizarem nas proximidades das pressões hidrostáticas correspondentes a um lençol
freático de cerca de 1.5 m de profundidade, variável em função da estação do ano.

Na Figura 6 - 5 - a apresenta-se o esquema da variação de u durante a aplicação do


vácuo. Uma sucção média de 81 kPa atua sobre o perfil de referência no início do
bombeamento, entretanto, no fim do bombeamento, devido aos recalques na superfície
da ordem de 25 cm, o efeito da sucção seria de 83.5 kPa com relação ao perfil de
referência e de 68.5 kPa com relação ao perfil inicial. Isto quer dizer que no fim do
bombeamento, se as poro-pressões estivessem estabilizadas, o perfil neste momento
seria o perfil final sob sucção indicado na Figura 6 - 5.

Como explicado anteriormente ocorreram duas variações indesejáveis no perfil de poro-


pressões. A primeira variação ocorre quando o perfil natural do depósito tornou-se
hidrostático (u0) com a instalação dos drenos, e a segunda quando este perfil
hidrostático sobiu até o nível dos drenos horizontais (uref). Estas duas variações tiveram
como conseqüência a diminuição da tensão efetiva inicial pois como o vácuo atuou
sobre o perfil de uref as tensões finais foram menores também.

Toma-se como exemplo a variação da poro-pressão a 7 m de profundidade, escolhida


por apresentar, dentro da zona tratada, a maior diferença entre o perfil natural do
depósito e o perfil de uref. Inicialmente, antes da instalação dos drenos verticais (etapas
A1 e B1), a 7 m, a poro-pressão é u = 39.6 kPa (perfil natural do depósito).
u (kPa)
-80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100

-83.5 kPa
2
PERFIL FINAL A5 e B8
4 SOB SUCÇÃO
PERFIL DE
Δu max= -68.5kPa
REFERÊNCIA
6 Hidrostático, lençol = 1.5 m -53.5 kPa
Hidrostático, lençol = 0 m PERFIL
8
Piezômetros - UA1 até UA4 INICIAL
A2 e B 2
Piezômetros - UB1 até UB4

Profundidade (m)
10
PREF
12 Piezômetros - PR1 até PR4 A1 e B 1
ufin al - após recalques a)
14

A5 e B8 drenos
verticais
uref = lençol à 0m uref
sob vácuo
A2 e B2 u0 = hidrostático,
lençol à 1.5m u0 = lençol à 1.5m u0
Δu = -81kPa
Δu = -68.5kPa u(r,t)
drenos
verticais

b) c) d)

Figura 6 - 5 - Esquema da variação da poro-pressão devido à aplicação do vácuo - Saint-Roch-de-l'Achigan.


177

Com a instalação dos drenos verticais houve um aumento de u de cerca de 15 kPa


(etapas A2 e B2), quando o perfil se tornou hidrostático (u0) e o lençol freático
encontrava-se a 1.5 m de profundidade. Com a aplicação do vácuo o lençol freático
subiu até o nível dos drenos horizontais, houve um aumento suplementar da poro-
pressão de cerca de 15 kPa no começo do bombeamento (etapas A5 e B8). O aumento
total de 30 kPa com as duas variações do perfil de poro-pressões, que representa uma
perda de 30 kPa do carregamento, veio a diminuir a eficiência do sistema, pois a sucção
atua sobre o perfil de referência.

Ao se atingir um estado estacionário sob bombeamento, a sucção nesta profundidade é


de 83.5 kPa, com relação ao perfil de referência após os recalques. Entretanto, com
relação ao perfil natural do depósito, haveria apenas 53.3 kPa de sucção, com relação ao
perfil do depósito natural, como indicado na Figura 6 - 5 - a, a 7 m de profundidade. Isto
é, haverá uma variação de apenas 53.3 kPa da tensão efetiva devido ao vácuo com
relação ao perfil natural de tensão efetiva a esta profundidade, ou seja, equivalente a um
aterro de cerca de 3 m de altura somente. Esta variação foi maior para as camadas
superiores, por exemplo, a 4 m de profundidade a variação da poro-pressão seria de 68.5
kPa com relação ao perfil natural.

6.3.2.1 VARIAÇÃO DAS PORO-PRESSÕES ENTRE OS DRENOS

Para o cálculo da variação de u entre os drenos, inicialmente considera-se a poro-


pressão u0, obtida a partir do perfil hidrostático inicial (Figura 6 - 5 - b). No início do
bombeamento há uma elevação do lençol freático e a poro-pressão é uref, do perfil de
referência (Figura 6 - 5 - c).

Durante o bombeamento a poro-pressão entre os drenos é u(r, t) (Figura 6 - 5 - d). Esta


poro-pressão pode ser calculada segundo a teoria de drenos verticais "Equal Strain"
(Barron, 1947). Esta teoria utiliza a hipótese que próximo aos drenos o adensamento
ocorre mais rapidamente, e que há uma redistribuição de tensões de forma que, num
plano horizontal as deformações verticais sejam iguais. Isto significa que, segundo esta
teoria, a uma determinada profundidade, não há deformação diferencial entre os drenos.
Como serão analisados somente os resultados do setor central do aterro, esta hipótese
pode ser utilizada. Para valores grandes de n (definido a seguir), as duas teorias são
equivalentes, entretanto para uma análise global da evolução das poro-pressões com o
178

tempo ao longo do aterro este método não é adequado, pois há deformações diferenciais
devido ao efeito de bordo.

Ao se analisar a parte central do aterro onde a instrumentação foi instalada, o excesso de


poro-pressão para drenagem radial pura é dado (segundo Barron, 1947) por:

⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ (r e2 - r 2w ) ⎤
u(r, t ) = 2
4u
[r e ⎢ln⎜⎜ ⎟⎟ -⎥
2
]⎥ (6-1)
de F(n ) ⎣ ⎝ r w ⎠ ⎦ 2 ⎦

onde, r é a distância do ponto considerado até o centro do dreno; t é o tempo; de é a


distância equivalente entre drenos (distância de influência dos drenos); re é o raio
equivalente e rw é o raio dos drenos.
2 2
3 -1
F(n ) = n2 ln(n ) - n 2 (6-2)
n -1 4n
onde n é a relação re / rw. O excesso de poro-pressão média pode ser calculada como a
seguir:
u = u0 B eλ (6-3)
onde u0B é o excesso de poro-pressão.
8 Th
λ= (6-4)
F(n )

Ch t
Th = 2
(6-5)
de
onde Th é o fator tempo horizontal e Ch é o coeficiente de adensamento horizontal.
Considerou-se a poro-pressão média entre drenos dada por:
umédio = umax - (umedido - umax)/eλ (6-6)
onde umedido é o u medido nos piezômetros e umax é o u máximo final em torno dos
drenos. O valor de umédio é a poro-pressão média entre os drenos e os piezômetros, que
será utilizada para calcular a variação da tensão efetiva média das camadas.

A partir destas considerações gerais das poro-pressões, pode-se analisar as medidas de


poro-pressão detalhadamente e calcular-se uma tensão efetiva média que será descrita
no item 6.5.

6.3.2.2 VARIAÇÕES DAS PORO-PRESSÕES COM O TEMPO

Neste item será discutido o comportamento das poro-pressões com base nos resultados
179

das medidas dos piezômetros a corda vibrante, que funcionaram durante todo o período
de aplicação de vácuo e aquecimento, inclusive durante o inverno.

A 6.8 m de profundidade, conforme apresentado na Figura 6 - 6, as poro-pressões


medidas não estavam ainda estabilizadas devido a problemas com as bombas de vácuo
(etapas A9 e B12) e o fim do adensamento primário não havia sido alcançado. Os valores
de Δu medidos eram apenas 9 kPa e 8 kPa menores que o Δumaxfin (maior variação de
poro-pressão possível de ocorrer com a aplicação do vácuo, considerando-se os
recalques das camadas) para os aterros A e B respectivamente.

Ainda na Figura 6 - 6, considerando-se os valores de Δumaxfin e de variação de tensões


totais devido ao carregamento, este valor é equivalente a uma dissipação de poro-
pressões da ordem de 89 - 90 %. Grande parte desta dissipação ocorreu no trecho
sobreadensado, ou seja, durante as primeiras semanas de carregamento.

A Figura 6 - 7 apresenta a variação de u em função do tempo num gráfico Δu - t


ampliado nas proximidades do último carregamento. Este carregamento foi executado
em um só dia (9 de dezembro), como está indicado na figura com uma linha de chamada
vertical. Observou-se, neste dia, um aumento de u de 7 kPa (A8 e B9) e que a velocidade
de dissipação de u foi um pouco maior sob o aterro B.

O valor de Δσ causado por um alteamento de 1 m de areia calculado considerando-se


γhaterro, para um aterro infinito, sem distribuição ao longo da profundidade, seria de 17
kPa, isto é, cerca de 2.4 vezes maior que o excesso de u medido pelos piezômetros por
ocasião do carregamento. A variação de tensões (Δσ) devido a este alteamento que foi
considerada nos cálculos (ver anexo IV), para 6.8 m de profundidade foi 7.8 a 8.7 kPa, o
que parece ser mais próximo dos valores medidos pelos piezômetros, ou seja, houve
realmente descarregamento e redistribuição de tensões devido à execução da trincheira
periférica.

Na primeira semana após o carregamento, a dissipação foi de 3.5 kPa para o aterro A,
enquanto que no aterro B a dissipação foi de 4 kPa; após 3 semanas a dissipação era de
7 kPa para o aterro A e de 8 kPa para o aterro B. Este comportamento, isto é, a variação
positiva da poro-pressão quando da execução do aterro, indica uma boa resposta destes
piezômetros às solicitações exteriores.
10 B8

A5
0
A6

-10

-20

-30

Δu (kPa)
B13
-40 A8
B9
A7 PLATAFORMAS A E B
B12
A9 PIEZÔMETROS UA4 E UB4
-50 A10
UA4 - 6.8m

UB4 - 6.8m
-60
Δu
max.fin.

B A
-70
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 6 - Variação das poro-pressões a 6.8 m de profundidade - piezômetros UA4 e UB4 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
181

-30

ALTEAMENTO DO ATERRO - A8 e B9
UA4 - 6.8 m
-35 UB4 - 6.8 m

-40

-45
Δu (kPa)

-50

-55

-60

-65
0 20 40 60 80 100
B8

t (dias) - plataforma B

40 60 80 100 120 140


A5

t (dias) - plataforma A

5-Nov-98 5-Dec-98 4-Jan-99 3-Feb-99 5-Mar-99

Figura 6 - 7 - Variação das poro-pressões a 6.8 m de profundidade, após o último


alteamento do aterro - piezômetros UA4 e UB4 - Saint-Roch-de-l'Achigan.

É interessante notar também que as curvas Δu-t dos dois aterros apresentam uma mesma
variação de poro-pressão devido às condições de aplicação de vácuo, pois a sucção é
variável com o tempo segundo a Figura 6 - 3. Além disto as medidas são corrigidas em
função da barometria diária (pressão atmosférica), que pode sofrer variação de até 3
kPa. O fato das curvas dos dois aterros apresentarem a mesma forma é também uma
indicação da boa resposta dos piezômetros a estas solicitações.

As poro-pressões medidas a 5.4 m de profundidade não estavam ainda estabilizadas


quando houve o problema com as bombas de aplicação de vácuo, etapas A9 e B12 na
Figura 6 - 8.
10
B8
A5
A6
0

-10

-20

-30

Δu (kPa)
B13
-40 B9 A8
A7
B12 A9 PLATAFORMAS A E B
PIEZÔMETROS UA3 E UB3
-50 A10
UA3 - 5.4m

UB3 - 5.4m
-60
B Δumax.fin A
-70
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)

Figura 6 - 8 - Variação das poro-pressões a 5.4 m de profundidade - piezômetros UA3 e UB3 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
183

O fim do adensamento primário não tinha ainda sido alcançado, mas os Δu medidos
eram apenas 11 kPa (aterro A) e 8 kPa (aterro B) menores que o Δumaxfin. Isto
corresponde a 88 - 91 % do valor da variação da poro-pressão gerada, a partir do perfil
de referência em se considerando também o carregamento do aterro.

Ainda a 5.4 m de profundidade, no gráfico Δu - t ampliado (Figura 6 - 9), observou-se


um aumento de u, quando do último alteamento, da ordem de 6 kPa (A8) e 8 kPa (B9), e
uma dissipação de u gerado ligeiramente maior sob o aterro B. A variação de tensões
totais consideradas nos cálculos para este carregamento foram entre 10.9 kPa (A8 e B9).

-30
ALTEAMENTO DO ATERRO - A8 e B9

UA3 - 5.4 m
-35 UB3 - 5.4 m

-40

-45
Δu (kPa)

-50

-55

-60

-65
0 20 40 60 80 100
B8

t (dias) - plataforma B

40 60 80 100 120 140


A5

t (dias) - plataforma A

5-Nov-98 5-Dec-98 4-Jan-99 3-Feb-99 5-Mar-99

Figura 6 - 9 - Variação das poro-pressões a 5.4 m de profundidade, após o último


alteamento do aterro - piezômetros UA3 e UB3 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
184

Durante a primeira semana após o carregamento, a dissipação das poro-pressões foi de 4


kPa para o aterro A e de 5 kPa para o aterro B; após 3 semanas a dissipação foi 7.5 kPa
para o aterro A contra 9 kPa para o aterro B, ou seja, a dissipação foi ligeiramente mais
rápida sob o aterro B.

Observou-se que as dissipações das poro-pressões geradas pelos carregamentos foram


sempre um pouco maiores para o aterro B do que para o aterro A e que embora o fluxo
seja preferencialmente horizontal, a dissipação foi um pouco mais rápida na camada 2
que na camada 3.

A relação entre as velocidades de dissipação de u dos dois aterros deveria ser


proporcional às condutividades hidráulicas, ou seja, às temperaturas dos dois aterros.
±
Esta relação é também função da velocidade de deformação vertical (εv). Segundo a eq.
II-4, apresentada no anexo II, para uma mesma velocidade de deformação, a
condutividade hidráulica aumenta cerca de 2.1 vezes para uma variação de temperatura
de 6.5oC até 35oC, sob um mesmo índice de vazios. Entretanto, observou-se in situ
(Figura 6 - 7 e Figura 6 - 9) uma dissipação da poro-pressão um pouco mais rápida sob
o aterro B, para as camadas 2 e 3, mas a relação não chegou a 1.5, o que pode ser
indicativo de um efeito importante da velocidade de deformação, que compensaria o
efeito da temperatura. Este comportamento será discutido no item 6.8.

A variação de u medido a 3.9 m de profundidade (Figura 6 - 10) é também pequena com


relação ao valor de Δumaxfin Antes dos problemas com as bombas (etapas A9 e B12), o Δu
medido por UB2 parecia estar estabilizado em -45 kPa, enquanto que o valor medido
por UA2 não estava ainda estabilizado.

Ainda a 3.9 m de profundidade, no gráfico Δu - t ampliado (Figura 6 - 11), assim que o


último alteamento do aterro (de 1 m) foi executado (etapas A8 e B9), observou-se um
aumento de u da ordem de 7.5 a 8 kPa para os aterros A e B respectivamente. A
variação das tensões totais consideradas nesta profundidade, relativas ao alteamento de
1 m, é da ordem de 14 kPa (ver anexo IV).
10
B8
A6

0 A5

-10 B13

-20
A8
B12
-30 A7 B9
A9

Δu (kPa)
A10

-40

PLATAFORMAS A E B
PIEZÔMETROS UA2 E UB2
-50
Δu UA2 - 3.9m
max.fin
UB2 - 3.9m
-60 A

B
-70
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 10 - Variação das poro-pressões a 3.9 m de profundidade - piezômetros UA2 e UB2 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
186

-25

ALTEAMENTO DO ATERRO - A8 e B9
UA2 - 3.9 m
UB2 - 3.9 m
-30

-35
Δu (kPa)

-40

-45

-50
0 20 40 60 80 100
B8

t (dias) - plataforma B

40 60 80 100 120 140


A5

t (dias) - plataforma A

5-Nov-98 5-Dec-98 4-Jan-99 3-Feb-99 5-Mar-99

Figura 6 - 11 - Variação das poro-pressões a 3.9 m de profundidade, após o último


alteamento do aterro - piezômetros UA2 e UB2 - Saint-Roch-de-l'Achigan.

A Figura 6 - 12 apresenta as curvas de variação de u em função do tempo à 2.5 m de


profundidade. A variação da poro-pressão (Δumaxfin) indicada nesta figura corresponde à
variação máxima de u com relação ao perfil inicial. A dissipação de u dentro da crosta
deveria acontecer rapidamente e no fim do adensamento primário u deveria atingir o
valor do perfil de poro-pressão inicial à 2.5 m. Entretanto observou-se que a variação de
u graças ao vácuo foi muito menor que Δumaxfin. O valor de Δu parece se estabilizar à -
35 e à -17 kPa para os aterros A e B respectivamente.
20

10
B8
B13
A5 A6
0 B12

-10 B9

-20 A9
A10

Δu (kPa)
-30
A8
A7

-40
PLATAFORMAS A E B
PIEZÔMETROS UA1 E UB1
-50 UA1 - 2.5m
Δu
max.fin
UB1 - 2.5m
-60 A
B

-70
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 12 - Variação das poro-pressões a 2.5 m de profundidade - piezômetros UA1 e UB1 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
188

6.3.2.3 PERFIS DE PORO-PRESSÃO

A Figura 6 - 13 apresenta a variação da poro-pressão da argila subjacente ao aterro A


em função da profundidade, desde o início do bombeamento (A5) até a etapa A6, quando
o bombeamento foi interrompido devido a um corte no fornecimento de energia.

Observou-se que para as camadas 2 e 3 (piezômetros instalados a 5.4 e 6.8 m de


profundidade), após 104 horas, o valor da sucção aumenta de forma mais lenta até cerca
de 147 h, uma vez que as tensões efetivas se aproximam do valor da tensão de
sobreadensamento.

Δu (kPa)
-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
0

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
1 PLATAFORMA A

Δumax .
2 A5
Profundidade (m)

3 t = 0 = A5
t= 0

4 t = 2h

t = 8h

t = 23h
5
t = 73h

t = 104h
6
t = 121h

t = 147h
7

Figura 6 - 13 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa A5 até A6 - Saint-Roch-de-


l'Achigan.

Após o reinício do bombeamento (A6), as poro-pressões caíram rapidamente até valores


negativos como mostra o perfil de poro-pressões apresentados na Figura 6 - 14.
Observa-se que há um deslocamento do perfil logo que o aterro foi alteado (A8) e que as
189

camadas superiores sempre apresentaram valores de variação de u inferiores às


esperadas, talvez devido a dessaturação dos piezômetros, conforme já discutido.

Δu (kPa)
-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
0
t = 0 = A6
t= 0 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
1 t = 1h PLATAFORMA A
t = 2h

2 t = 1 dia

t=2d
Profundidade (m)

t=5d
3
t = 49 d

t = 51 d = A8
4 t = 123 d

A8 A6
Δumax .
5

A8
6

7
Figura 6 - 14 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa A6 até A9 - Saint-Roch-de-
l'Achigan.

A Figura 6 - 15 apresenta a variação da poro-pressão desde o início do bombeamento


(B8). Observa-se um deslocamento do perfil de poro-pressões quando o aterro foi
alteado (B9) e que tal como para o aterro A, as camadas superiores sempre apresentam
valores de Δu inferiores aos previstos.

Como a crosta é mais permeável, pois é fissurada, previa-se que na crosta e na camada 1
as poro-pressões se aproximassem mais rapidamente do valor máximo de poro-pressão
(Δumáxfin). Até 24 horas de funcionamento do vácuo este comportamento foi observado
para os dois aterros pois as poro-pressões decrescem mais rapidamente nas camadas
superiores, entretanto com o prosseguir do bombeamento as poro-pressões nas camadas
superiores se estabilizaram em valores inferiores aos esperados.
190

Δu (kPa)
-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10
0
t = 0 = B8
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN t= 0

1 PLATAFORMA B t = 1.5h
t = 2.5h
t =8h
2
t = 1 dia
Profundidade (m)

t =2d
3 t =5d
t = 20 d
t = 34 d = B 9
4 t = 35 d

B9 t = 60 d
Δu t = 106 d
max.
5

B9
6

Figura 6 - 15 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa B8 até B12 - Saint-Roch-de-


l'Achigan.

A Figura 6 - 16 mostra o perfil de Δu para os aterros A e B antes do problema com as


bombas (etapas A9 e B12). De 5.4 até 6.8 m de profundidade, após os recalques finais
dos aterros, os perfis dos dois aterros se aproximaram e ficaram paralelos ao perfil final
(previsto) sob sucção. Os valores de poro-pressões dentro da crosta e da camada 1
foram menores que os valores esperados.

6.3.2.4 DESEMPENHO DOS PIEZÔMETROS

A proximidade do aterro de areia, cuja superfície ou área projetada está sob vácuo, faz
com que a sucção e a dissipação das poro-pressões ocorra muito mais rapidamente nas
camadas superiores. Isto dificulta a medida do excesso de poro-pressão causado pela
execução do alteamento, pois ao mesmo tempo que o alteamento é executado há a
sucção que atua. Por outro lado, os piezômetros instalados nas camadas 1, 2 e 3 (com
exceção da crosta) apresentaram valores de excesso de poro-pressão da ordem de 6 até
8kPa. Estas medidas são bastante próximas e não parecem variar com a profundidade,
191

indicando que é possível que a distribuição das tensões não varie tanto em função da
profundidade, como os cálculos propostos, apresentados no anexo IV.

u (kPa)
-60 -50 -40 -30 -20 -10 0
0
t = 0 : início da aplicação do vácuo

1 plataforma A - t = 123 j

plataforma B - t = 106 j
PERFIL APÓS
RECALQUES
2 ufinal - após recalques
Profundidade (m)

antes de A9
4

antes de B12
5
PERFIL FINAL
MÁXIMO
6 SOB SUCÇÃO

Figura 6 - 16 - Poro-pressão em função da profundidade - aterros A e B - Saint-Roch-


de-l'Achigan.

Com relação às poro-pressões da crosta e da camada 1, os dois aterros apresentaram


comportamento inesperado. Os valores de poro-pressão, umax, deveriam atingir cerca de
-50 kPa a estas profundidades, o que não ocorreu. A questão era saber se os piezômetros
funcionavam bem sob valores de sucção elevadas, num período prolongado de tempo.

Como os dois piezômetros superiores dos dois aterros apresentaram o mesmo


comportamento, a questão que se colocava era se as leituras piezométricas refletiam um
comportamento real, pois era pouco provável que quatro piezômetros apresentassem
mal funcionamento ao mesmo tempo, ou então haveria de fato um valor mínimo de
sucção abaixo do qual haveria dessaturação e as leituras piezométricas se estabilizariam
neste valor mínimo, para este tipo de piezômetro.

Os valores de poro-pressões (u) medidos nos piezômetros UA1, UA2, UB1 e UB2
foram de no mínimo -20 e -25 kPa. Os transdutores de pressão dos piezômetros de corda
192

vibrante foram instalados em uma cápsula metálica, saturados em óleo de silicone, o


que diminuiria a possibilidade de formação de bolhas de ar.

Os mesmos tipos de piezômetros, de corda vibrante, foram utilizados para


monitoramento de escavações em taludes, relatados por LaFlamme (1999),
apresentando bons resultados para medidas de poro-pressões negativas para uma
escavação de 10 m em Rivière-Vachon, umin = -35 kPa para um Δu de 60 kPa.
Entretanto, numa escavação as poro-pressões vão aumentando com o tempo e no caso
citado estas poro-pressões medidas após um mês atingiram valores da ordem de -21
kPa, ou seja dentro da faixa de valores mínimos de sucção medidas pelos piezômetros
em Sain-Roch-de-l'Achigan.

Quando calibrados em laboratório os transdutores utilizados no sítio experimental


apresentaram curvas de calibração retilíneas, sob pressões indo de 300 kPa até -60 kPa,
ou seja os piezômetros suportavam valores elevados de succção. Entretanto é possível
que tenha ocorrido dessaturação dos transdutores quando sob altos valores de pressões
negativas durante um período prolongado sob vácuo.

Conclui-se a partir destes resultados que é necessário se proceder uma análise do


desempenho dos piezômetros da crosta e da camada 1, quando sob vácuo prolongado.
As medidas de poro-pressões a esta profundidade indicam que a argila encontra-se nas
proximidades de sua tensão de sobreadensamento. É necessário, então, comparar os
valores das tensões de sobreadensamento, obtidos a partir dos ensaios oedométricos
executados em amostras coletadas após os précarregamento, com as tensões máximas a
que a argila foi submetida no précarregamento in situ. Esta análise está apresentada no
item 7.2, quando será discutido o desempenho destes piezômetros, com base nos
resultados destes ensaios.

6.4 DESLOCAMENTOS VERTICAIS E DEFORMAÇÕES

6.4.1 MÉTODO DE CÁLCULO

A deformação vertical das camadas foi calculada a partir da diferença entre os


deslocamentos medidos pelos tassômetros instalados nas fronteiras das camadas. O
deslocamento medido por um tassômetro é dado pela diferença entre o nível do
reservatório de mercúrio instalado acima da membrana em PVC, dentro do aterro, e do
193

transdutor de pressão, instalado na camada de argila (ver descrição do tassômetro no


item 5.4.1). Ou seja, é necessário considerar os deslocamentos verticais dos topos dos
tassômetros, obtidos por nivelamento topográfico, nos tempos t0 = 0 e tn = n, segundo o
esquema apresentado na Figura 6 - 17 onde:

Δlev1 = deslocamento vertical do topo do tassômetro 1 medido no nivelamento;

Δlev2 = deslocamento vertical do topo do tassômetro 2 medido no nivelamento;

Δ1medido = d1 - d'1 = deslocamento vertical do transdutor com relação ao


reservatório de mercúrio medido pelo tassômetro 1;

Δ2medido = d2 - d'2 = deslocamento vertical do transdutor com relação reservatório


medido pelo tassômetro 2;

h1 = d2 - d1 = espessura inicial da camada de argila;

h2 = d'2 + Δlev2 - (d'1 + Δlev1) = espessura final da camada de argila;

Δh = h1 - h2 = (Δ2medido - Δ1medido) + (Δlev1 - Δlev2) = variação da espessura da


camada de argila;

ε1 = - Δh / (h1 - Δh) = deformação vertical.


t0 = 0 tn = n
reservatório Hg

Δlev1 Δlev2

d1 d2 d'1 d'2
transdutor

h1
h2

Figura 6 - 17 - Esquema dos deslocamentos medidos nos tassômetros.

6.4.2 FASE DE AQUECIMENTO

Na Figura 6 - 18 estão apresentadas as deformações verticais em função do tempo, da


camada de argila subjacente ao aterro B entre 3.25 e 7.6 m de profundidade. As
194

temperaturas indicadas na figura são as medidas a 5 m de profundidade pelo termistor


THB1.
-2 35
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN - PLATAFORMA B
CAMADA DE ARGILA DE 3.25 - 7.6m

Temperatura

THB1 - 5m

-1 25

Deslocamento *

T (oC)
ε1 (%)

arbitrário

0 15

* De t = 13 à t = 30 - período de instalação da membrana em


PVC, quando os tassômetros foram desmontados.

B4
B6

1 5
B6

B8

0 10 20 30 40 50 60
t (dias)
Figura 6 - 18 - Deformação da camada de argila de 3.25 a 7.6 m em função da tempo
durante o aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan.

Os tassômetros tiveram que ser desmontados durante a instalação da membrana em


PVC para a aplicação do vácuo e as medidas de deslocamento foram interrompidas dos
dias 13 a 30 (contados a partir do início do aquecimento). Durante este período
considerou-se um deslocamento arbitrário, mantendo-se a mesma tendência de expansão
do solo observada antes e após a instalação da membana.

A deformação negativa (expansão) causada pelo aquecimento da camada de argila de


6.3 à 35.5oC foi de aproximadamente 1.4%, conforme mostra a Figura 6 - 19.
195

-2

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN - PLATAFORMA B
CAMADA DE ARGILA DE 3.25 - 7.6m

-1

Deslocamento *
arbitrário
ε1 (%)

* De t = 13 à t = 30 - período de instalação da membrana em


PVC, quando os tassômetros foram desmontados.

1
5 15 25 35
T (oC)
Figura 6 - 19 - Deformação da camada de argila de 3.25 a 7.6 m em função do
temperatura durante o aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan.

6.4.3 FASE DE APLICAÇÃO DO VÁCUO

Os deslocamentos verticais na superfície dos aterros foram medidos por nivelamento


dos topos dos tassômetros e das placas de recalque instaladas nos bordos dos aterros. A
Figura 6 - 20 mostra os deslocamentos em função do tempo obtidos por nivelamento do
aterro A. No início da aplicação do vácuo as medidas foram feitas diariamente, mas
após um mês as medidas foram mais espaçadas. Observa-se inicialmente uma variação
dos recalques medidos devido às interrupções de bombeamento ocorridas. Observou-se
um efeito de bordo importante, devido às dimensões dos aterros, os recalques do bordo
foram cerca de 14 a 33 % dos valores dos recalques do centro.
A6
0
A5
A8 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
A7
NIVELAMENTO - PLATAFORMA A

10

CABANA
PLACAS DE
15 RECALQUE
P1 P7 P4 P1

P2

Recalques (cm)
P8 RA1 até RA4 P2
20 P3
TASSÔMETROS
P4
P9 P6 P3
RA1 A9
P6 A10
25 RA2
P7
RA3
P8
RA4
P9
30
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 20 - Deslocamentos verticais medidos por nivelamento topográfico - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.
197

A diferença máxima entre os níveis dos topos dos 4 tassômetros que encontram-se no
centro do aterro, foi de cerca de 1 cm. Logo, a correção das deformações das camadas
por nivelamento (Δlev1 - Δlev2) foi pequena. Após a interrupção do vácuo (t = 159 dias), a
expansão medida pelo nivelamento dos tassômetros foi da ordem de 2 cm.

A Figura 6 - 21 apresenta os deslocamento verticais obtidos por nivelamento durante o


carregamento do aterro B. No início observou-se uma expansão devido ao aquecimento
e um efeito de bordo menos acentuado que o observado no aterro A. Os recalques dos
bordos são de 40 até 81% dos valores do centro. No fim do carregamento a diferença
máxima do nível do topo dos 4 tassômetros, medida por nivelamento foi de cerca de
1.25 cm, logo um valor pequeno de (Δlev1 - Δlev2). Após a interrupção da aplicação do
vácuo (dia 131) houve uma expansão da ordem de 2 cm.

O deslocamento vertical da crosta A foi medido pelo tassômetro RA1. Na realidade este
instrumento mede os deslocamentos da camada de areia do aterro de 60 cm, da crosta, e
uma parte da argila intacta (de 2.5 a 3.25 m), logo, por tratar-se de materiais de
diferentes propriedades não foram calculadas as deformações nesta camada. Algumas
horas após o início da aplicação do vácuo observou-se que a membrana em PVC aderiu-
se aos taludes das trincheiras e ao topo do aterro. O tassômetro mediu o deslocamento
imediato da membrana, causado pela diminuição de volume da camada de areia
subjacente. As pequenas variações de tensão aplicada, causadas pela própria variação da
pressão atmosférica e do desempenho das bombas, causaram uma variação dos
deslocamentos medidos com o tempo conforme mostra a Figura 6 - 22, pois a camada
de areia apresentou uma resposta rápida a estas variações de tensão.

Nos demais tassômetros, o comportamento foi similar, mas como as deformações nas
camadas 1A, 2A e 3A foram calculadas conforme indicado na Figura 6 - 17, com a
diferença das medidas de deslocamentos dos tassômetros situados na fronteira de cada
camada, este comportamento era compensado e não se refletia nos valores das
deformações.

A Figura 6 - 22 apresenta também os deslocamentos verticais da cabeça do tassômetro


RA1, medidos por nivelamento, desde o início da aplicação do vácuo. Os
deslocamentos no fim do bombeamento são menores do que os das camadas de argila,
cerca de 9 cm, pois a areia e a crosta são mais rígidas do que a argila intacta.
0
B6 TASSÔMETROS
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
NIVELAMENTO - PLATAFORMA B RB1

B7 RB2
5 RB3
B8
RB4

10 PLACAS DE
RECALQUE B9
P1

P2
15

Recalques (cm)
P3
CABANA B12
P4
B13
P6 P1 P6 P7
20 P7
P2 RB1 à RB4 P8
P8

P9
P3 P4 P9
25
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 21 - Deslocamentos verticais medidos por nivelamento topográfico - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
0 A5
A6 A7 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
A8 PLATAFORMA A - TASSÔMETRO RA1
A9
A10
5

10

15
RA1 - 3.25m

RA1 - nivelamento

Recalques (cm)
20

25

30
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 22 - Deslocamento vertical em função do tempo - crosta A : 0 - 3.25 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.
200

Na Figura 6 - 23 estão apresentadas as deformações verticais das camadas 1A e 2A (de


3.25 a 6.15 m de profundidade) em função do tempo. O tassômetro RA2 apresentou
problemas de estanqueidade, e por isto seus resultados foram desconsiderados.
Considerou-se o conjunto de deformações das camadas 1A e 2A, a partir da diferença
entre as medidas dos tassômetros RA3 e RA1. Quando houve o último alteamento (A8)
observou-se um aumento dos recalques e no fim do bombeamento a deformação vertical
era de 7.4 %, sem que o fim do adensamento primário fosse atingido, ou seja, sem que a
tensão efetiva final considerada fosse alcançada.

A camada 3A, apresentou uma deformação vertical no fim do bombeamento de apenas


2 %, sem que tenha alcançado o fim do adensamento primário (Figura 6 - 24). A
camada 3A apresenta maiores tensões de sobreadensamento ao longo da profundidade e
as tensões induzidas pelo carregamento por vácuo e aterro não seriam suficientes para
produzir grandes deformações.

A Figura 6 - 25 apresenta a deformação vertical média de toda a camada de argila de


3.25 até 7.6 m, subjacente ao aterro A, a sucção em função do tempo e as etapas de
carregamento do aterro. Esta figura permite a visualização da deformação da camada de
argila subjacente ao aterro A em função das etapas de carregamento. Observou-se que
no momento em que ocorreram os problemas com as bombas (A9) as deformações não
estavam ainda estabilizadas e houve uma pequena expansão.

O deslocamento vertical da crosta B foi calculado a partir das medidas do tassômetro


RB1 (Figura 6 - 26). Observou-se que assim como a crosta A, o deslocamento é menor
do que o da camada da argila, da ordem de 13 cm no fim do bombeamento. Nesta figura
estão apresentadas também as medidas do nivelamento executadas no topo do
tassômetro. Os deslocamentos medidos por nivelamento no topo do tassômetro são bem
maiores que os medidos pelo tassômetro RB1, pois eles abrangem o deslocamento de
todas as camadas de argila.

As deformações médias em função do tempo das camadas 1B e 2B estão apresentadas


na Figura 6 - 27. O tassômetro RB2 apresentou problemas durante a aplicação do vácuo,
logo as deformações das camadas 1B e 2B foram calculadas a partir da diferença entre
as medidas dos tassômetros RB3 e RB1, situados a 6.0 e 3.25 m respectivamente.
A5
0.0
A6
A7
1.0 CAMADAS A1 E A2 : 3.25 a 6.15m

2.0
A8

3.0

4.0

ε1 (%)
5.0

6.0 A9
A10

7.0

8.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)

Figura 6 - 23 - Deformação vertical em função do tempo - camadas 1A e 2A : 3.25 - 6.15 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.


A6
A5
0.0 A7

A8 CAMADA A3 : 6.15 a 7.6m

0.5

1.0

A9 A10
1.5

ε1 (%)
2.0

2.5

3.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 24 - Deformação vertical em função do tempo - camada 3A : 6.15 - 7.6 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.
1.0 m
0.77 m ATERRO DE AREIA
0.6 m

80

60

40
Sucção (kPa)

20
A5
0 0
A6
1 A8

2 A7
CAMADA DE ARGILA : 3.25 a 7.6m
3

ε1 (%)
4
A9 A10
5

6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 25 - Deformação vertical média em função do tempo - camada de argila de 3.25 à 7.6 m - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.
0
B8 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
PLATAFORMA B - TASSÔMETRO RB1
B9

5
B11
B13

10

RB1 - 3.25m

RB1 - nivelamento

15

Recalques (cm)
20

25
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 26 - Deslocamento vertical em função do tempo - crosta B : 0 - 3.25 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.
-1.0
B8
0.0
B9
CAMADAS B1 E B2 : 3.25 a 6.0m

1.0

2.0

3.0

B12
4.0 B13

ε1 (%)
5.0

6.0

7.0

8.0

9.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 27 - Deformação vertical em função do tempo - camadas 1B e 2B : 3.25 - 6.0 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.
206

As deformações da camada B3 desde o início da aplicação do vácuo (B8) estão


apresentadas na Figura 6 - 28. Observou-se que em B8 a expansão foi da ordem de 3 %
e que no fim do bombeamento as deformações eram da ordem de -1%.

A Figura 6 - 29 apresenta as deformações verticais da camada de argila de 3.25 até 7.6


m subjacente ao aterro B, a sucção em função do tempo e as etapas de carregamento do
aterro. Observou-se que quando houve o problema com as bombas de vácuo (B12) as
deformações não estavam ainda estabilizadas e houve uma pequena expansão.

A expansão observada durante o aquecimento é condizente com resultados de ensaios


de laboratório, em que observou-se a expansão em solos aquecidos, quando ainda sob
tensões no domínio sobreadensado, ou a um determinado valor de OCR, como discutido
no item 2.1.3.

6.5 RELAÇÕES TENSÃO EFETIVA - DEFORMAÇÃO

6.5.1 MÉTODO DE CÁLCULO

As tensões verticais efetivas médias nos níveis dos piezômetros foram calculadas a
partir das poro-pressões médias, como a seguir:

σ'vmédio = σv0 + Δσva – umédio + (-γw xp + Δσcr) (6-7)

onde σv0 é a tensão vertical total inicial na profundidade do piezômetro da camada


analisada; Δσva é a variação da tensão vertical total devido a execução do aterro de areia
(ver anexo IV); umédio é a poro-pressão média entre os drenos verticais (ver equação 6-
6); xp é o recalque até o nível do piezômetro e Δσcr é a variação da tensão vertical total
devido à saturação da crosta.

Em caso de aterros convencionais, se o lençol freático não é profundo ou está no nível


do terreno natural, há em geral uma variação da tensão total, à medida que os recalques
ocorrem, devido à submersão da parte inferior do aterro. Este não é o caso do
précarregamento por vácuo, visto que o lençol freático, durante o bombeamento
encontra-se no nível dos drenos horizontais, sempre dentro do aterro de areia subjacente
à membrana, ou seja, a camada de aterro acima da membrana não sofreria submersão.
-4.0 B8
B9
CAMADA B3 : 6.0 a 7.6m
-3.0

-2.0

B12 B13
-1.0

0.0

ε1 (%)
1.0

2.0

3.0

4.0
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)
Figura 6 - 28 - Deformação vertical em função do tempo - camada 3B : 6.0 - 7.6 m - Saint-Roch-de-l'Achigan.
1.0 m
1.3 m
ATERRO DE AREIA

80

60

40
Sucção (kPa)

20
B8
-2 0
B9
-1
CAMADA DE ARGILA : 3.25 a 7.6m
0

2
B12

ε1 (%)
B13
3

6
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
t (dias)

Figura 6 - 29 - Deformação vertical em função do tempo - camada de argila de 3.25 à 7.6 m - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
209

6.5.2 CURVAS DE COMPRESSÃO DOS ATERROS A E B

No anexo IV estão apresentados quadros resumos das tensões verticais totais e efetivas
máximas previstas no fim do adensamento, calculadas no nível dos piezômetros, para
cada etapa de carregamento dos aterros A e B, a partir das hipóteses de distribuição de
tensões analisadas.

Os tassômetros RA1 e RB1 (instalados a 3.25 m de profundidade) mediram os


deslocamentos da camada de areia, da crosta e da parte superior da camada de argila. Os
piezômetros UA1 e UA2 (prof. = 2.5 m) apresentaram problemas, possivelmente devido
a dessaturação. Logo não serão apresentadas curvas de compressão da crosta, pois os
valores de deformação não representam uma camada homogênea e as tensões efetivas
não representam a realidade, o que será verificado na análise dos resultados dos ensaios
in situ e de laboratório da terceira fase de estudos.

A Figura 6 - 30 apresenta as curvas de compressão das camadas 1A e 1B. É possível


que as tensões efetivas das camadas 1A e 1B não representem os reais valores nos
níveis mais elevados de tensões, devido aos problemas dos piezômetros UB1 e UB2.
Por ocasião da análise dos resultados dos ensaios executados após os précarregamentos
(item 7) serão discutidos os valores de tensões efetivas obtidos.

As curvas tensão efetiva - deformação das camadas 1 e 2, no nível dos piezômetros


situados a 3.9 e 5.4 m, foram estabelecidas adotando-se a hipótese de mesma
deformação média com o tempo para as duas camadas, devido a problemas com os
tassômetros instalados a 4.7 m. Isto pode modificar a magnitude real das deformações
em função da variação de tensões para cada camada, mas não modifica o valor da tensão
de sobreadensamento in situ que pode ser deduzida a partir desta curva.

Nas duas camadas, a passagem da tensão de sobreadensamento foi bem definida à cerca
de 95 kPa. Para o aterro A, a tensão efetiva aumentou após a passagem da tensão de
sobreadensamento, de forma aproximadamente retilínea com a deformação, para atingir
uma tensão de cerca de 90 kPa a 7%; para o aterro B, a tensão efetiva manteve-se
aproximadamente constante até uma deformação de cerca de 5%.

Não foi observado o efeito da temperatura sobre os valores de tensões de


sobreadensamento in situ, trata-se de um comportamento inesperado visto que os
210

resultados dos ensaios de laboratório, mostraram claramente o efeito da temperatura


sobre o estado limite. Pode ser que este fato tenha sido causado pela estruturação do
solo a alta temperatura e as baixas velocidades de campo, o que será discutido no item
7.2, na análise dos resultados dos ensaios executados após os précarregamentos.
σ'vmédio (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
-1

B8 σ'vf = 134 (A) - 135 (B) kPa


A5
0

1 B9

A6 A7
2
CAMADA 1A
3 CAMADA 1B A8

4
ε1 (%)

5
B12
6 B13
A9

8 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN A10
CAMADAS 1A E 1B
9 PROFUNDIDADE : 3.25 - 4.7 m

10

Figura 6 - 30 - Curvas de compressão - camadas 1A e 1B : 3.25 - 4.7 m - Saint-Roch-


de-l'Achigan.

Estas curvas de compressão representam somente a parte central do aterro, pois


observou-se um efeito de bordo acentuado para os dois aterros. Como não foram
instalados tassômetros nos bordos dos aterros é difícil fazer uma análise em termos de
deformação para esta região, mas segundo as considerações de distribuição de tensões
descritas no anexo IV, as variações de tensões estimadas nos vértices dos aterros,
devido ao carregamento do aterro, são cerca de 25 % dos valores das tensões estimadas
para o centro. Isto vem a explicar os baixos valores de deslocamentos verticais medidos
211

por levantamento altimétrico das placas P1, P3, P7 e P9. Por estarem na borda é
provável que a variação das tensões efetivas devido ao vácuo também seja menor, mas é
difícil de avaliar pois não foram instalados piezômetros no bordo.

As curvas de compressão das camadas 2A e 2B estão apresentadas na Figura 6 - 31. O


comportamento foi essencialmente o mesmo que para a camada 1, mas a tensão de
sobreadensamento foi 110 kPa para as camadas 2A e 2B e a tensão efetiva aumentou
progressivamente com a deformação nos dois casos. Neste caso também não se
observou o efeito da temperatura sobre a tensão de sobreadenamento in situ.
σ'vmédio (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
-1
B8 σ'vf = 135 (A) - 135 (B) kPa

0
CAMADA 2A A6 B9
1 CAMADA 2B A5

2 A7

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
3 A8
CAMADAS 2A E 2B
PROFUNDIDADE : 4.7 - 6.15 m
4
ε1 (%)

B12

6 B13
A9

8
A10

10
Figura 6 - 31 - Curvas de compressão - camadas 2A e 2B : 4.7 - 6.15 m - Saint-Roch-
de-l'Achigan.

As curvas de compressão das camadas 3, apresentadas na Figura 6 - 32, mostram que


nestas profundidades (6.15 - 7.6 m) a argila era menos compressível. A tensão de
212

sobreadensamento in situ, σ'VEL, foi 120 kPa para a camada 3A e 115 kPa para a camada
3B.
σ'vmédi o (kPa)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140
-4
B9
σ'vf = 136 (A) - 136 (B) kPa
-3 B8
-2
CAMADA 3A
-1 B13
CAMADA 3B
B12
0
A7
1 A5 A8
A6 A9

2
ε1 (%)

3 A10
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
4 CAMADAS 3A E 3B
5 PROFUNDIDADE : 6.15 - 7.6 m

10
Figura 6 - 32 - Curvas de compressão - camadas 3A e 3B: 6.15 - 7.6 m - Saint-Roch-de-
l'Achigan.

A Figura 6 - 33 apresenta as curvas de compressão in situ das camadas de argila, em


comparação com as curvas de compressão dos ensaios oedométricos convencionais
executados a 20oC, obtidas na mesma profundidade das camadas. As tensões verticais
efetivas no estado limite in situ foram inferiores às obtidas nos ensaios oedométricos. O
valor de Cc obtido nos ensaios oedométricos foi também inferior aos obtidos in situ.
Este comportamento foi também observado por Kabbaj et al. (1988) e por Tavenas &
Leroueil (1987), para as argilas da região. Os valores da tensão vertical efetiva no
estado limite destas argilas, obtidos através das curvas de compressão no fim do
primário (EOP - end of primary) ou de 24 horas no laboratório, foram maiores que as
213

tensões σ'VEL obtidas in situ.


σ'vm édio (kPa) σ'vm édio (kPa)
10 100 10 100
0

3.25 - 4.7 m 4.7 - 6.15 m


10
CAMADA 1A CAMADA 2A
ε1 (%)

CAMADA 1B CAMADA 2B

15 OED3 - 3.89 m
OED4 - 4.93 m

OED5 - 5.99 m

20

25
0

6.15 - 7.6 m
10 CAMADA 3A
ε1 (%)

CAMADA 3B

OED6 - 7.11 m
15

20

25

Figura 6 - 33 - Curvas de compressão : ensaios oedométricos e in situ - Saint-Roch-de-


l'Achigan.
214

6.6 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

Uma grande vantagem do método de précarregamento por vácuo é que durante sua
aplicação os deslocamentos horizontais são pequenos. O caminho de tensões seguido
pelo solo devido à aplicação do vácuo, mantém-se abaixo da linha K0nc, ou seja, não
ocorrem deslocamentos instabilizantes, ao contrário de aterros convencionais, onde os
deslocamentos em direção ao exterior são significativos, sobretudo nas proximidades do
pé do aterro, e há decréscimo do fator de segurança à ruptura.

Quatro inclinômetros foram instalados dentro das trincheiras periféricas para medir os
deslocamentos horizontais durante o carregamento. A Figura 6 - 34 apresenta os
deslocamentos horizontais medidos pelo inclinômetro IA1 instalado na trincheira do
aterro A. O deslocamento horizontal da parte superior do perfil deve-se a escavação da
trincheira, pois a partir desta etapa a parte superior do inclinômetro permaneceu
centralizado na ponte de madeira, mas sem apoio lateral na parte superior do tubo,
dentro da trincheira (ver Foto 5 - 10 - d).

Durante a aplicação e mesmo após a interrupção do vácuo, os deslocamentos foram


muito pequenos. Na parte superior, onde em geral são observados deslocamentos
horizontais mais significativos, não foram observados deslocamentos em direção ao
interior do aterro, talvez devido a grande profundidade das trincheiras. Comportamento
similar ao IA1 foi também observado nos outros inclinômetros, cujos resultados não
serão apresentados.

Medidas de inclinômetros executadas em Tonnay Charente (Menard Soltraitement,


1995), onde foi executado um précarregamento por vácuo, mostraram um pequeno
deslocamento horizontal no sentido do interior do aterro, sobretudo na parte superior da
camada. Entretanto, após a interrupção da aplicação do vácuo, o deslocamento
horizontal máximo para o exterior da área de aplicação de vácuo, foi da ordem de 2 cm,
para recalques da ordem de 1.6 m.

6.7 ESTADO LIMITE E CAMINHO DE TENSÕES

Os caminhos de tensões in situ por ocasião de um précarregamento convencional, de um


précarregamento por vácuo e de um ensaio oedométrico convencional são diferentes. As
deformações horizontais são, no primeiro caso, positivas, enquanto que durante o
précarregamento por vácuo as deformações são no sentido do interior da massa de solo,
215

ou seja, negativas. Em um ensaio oedométrico, quando o solo está no domínio


normalmente adensado, o caminho de tensões está sobre a linha K0nc e as deformações
horizontais são nulas. O estado de tensões no estado limite é também influenciado pelo
caminho de tensões, como foi discutido no capítulo 4.2.2.

Deslocamento horizontal (cm)


-0.1 0 0.1 0.2 0.3 0.4
0

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
INCLINÔMETRO IA1
PLATAFORMA A

Escavação da trincheira : 23/9/98 - Prof. = 2.3 m

fim do vácuo

A+

A-

B+
Profundidade (m)

5 B-

A+
PLATAFORMA A
PRÉCARREGAMENTO B- B+
POR VÁCUO
10 A-
IA1

Figura 6 - 34 - Perfil de deslocamentos horizontais medidos pelo inclinômetro IA1.

Durante um précarregamento devido a execução de um aterro convencional, o caminho


de tensões no centro do aterro está acima da linha K0nc no domínio normalmente
adensado, resultando em deformações horizontais instabilizantes (positivas). Durante
216

um précarregamento por vácuo o caminho de tensões está abaixo da linha K0nc, mas
como o précarregamento por vácuo é em geral associado a um aterro convencional, o
caminho de tensões deverá ser intermediário, em função da magnitude da variação das
tensões efetivas causadas pela execução do aterro.

Na Figura 6 - 35 está apresentado um esquema do caminho de tensões na parte central


de um aterro, durante um précarregamento por vácuo (V) e durante um carregamento
convencional (C). Durante um carregamento convencional parte-se de um estado inicial,
I0, no domínio sobreadensado, atingindo-se a curva de estado limite em C1'. A seguir, o
caminho de tensões acompanha a curva de estado limite de C1' até C2 e durante esta fase
as poro-pressões se mantém quase constantes.

Leroueil et al. (1978b) observaram que para aterros executados sobre as argilas de
Champlain há uma passagem brusca do domínio sobreadensado para o domínio
normalmente adensado, ou seja, a curva de compressão in situ apresenta uma forte
inflexão na tensão de sobreadensamento, as poro-pressões variam pouco na passagem
da tensão de sobreadensamento, como foi observado para as curvas de compressão in
situ apresentadas na Figura 6 - 33.

Em laboratório, as curvas Δu x t de ensaios de carregamento em uma só etapa (SSL -


single stage load), chegam a apresentar um patamar de poro-pressão, na passagem da
tensão de sobreadensamento (Marques, 1996).

Após a construção do aterro, quando o solo está no domínio normalmente adensado, as


deformações verticais tornam-se importantes, a dissipação das poro-pressões ocorre
mais lentamente (valores de Cv são menores) e o estado de tensões se encaminha para
uma tensão efetiva final em C3. A relação tensão vertical efetiva / tensão horizontal
efetiva (K) neste momento encontra-se acima da linha K0nc, o que implica em
deformações horizontais importantes, mas esta relação vai se aproximar
progressivamente da linha K0nc, à medida que ocorre o adensamento e as velocidades de
±
deformação diminuem, ou seja, ε 1 tende a zero. Leroueil et al. (1978b) e Leroueil &
Tavenas (1986) observaram que na maioria dos casos, o estado limite (C1' até C2) é
alcançado no final da construção do aterro.
80

5.46 - 5.84 m

Curva de estado limite - T = 20 oC C


60 LE

U
C3
C2
40

V3
C1’
K onc

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


C1 V2
20
V1

I0

0
0 20 40 60 80 σ'pi 100 120 σ'poed 140
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 6 - 35- Caminhos de tensões no plano s' - t : précarregamento de um aterro convencional e por vácuo no centro do aterro.
218

Entretanto, Folkes e Crooks (1985) observaram que para certos casos, o estado limite
não é alcançado no final da construção e o estado de tensões no final da construção seria
em C1. Como o solo se encontra no domínio sobreadensado, como indicado na Figura 6
- 35, o Cv é alto e a dissipação de poro-pressões ocorreria rapidamente de C1 até C1'.

Esta discussão refere-se ao caminho de tensões no centro do aterro, pois além de ser
função das condições de drenagem e da velocidade de construção, ele depende da
localização do elemento do solo em relação ao aterro (centro, bordo, etc.), bem como da
sua profundidade. Em função da altura do aterro, elementos de solo no bordo podem
encontrar-se no domínio sobreadensado e nunca alcançarem o estado limite, enquanto
que elementos do centro encontram-se no domínio normalmente adensado, explicando
as diferenças de deslocamentos medidos nestes locais, a exemplo do sítio experimental.

Um outro fato interessante com relação aos caminhos de tensões é a questão da


drenagem parcial que ocorre durante a execução do aterro, ainda no trecho
sobreadensado. Na maioria dos projetos o engenheiro geotécnico dimensiona com base
em parâmetros não drenados, quando sabe-se que na maioria dos casos há drenagem
parcial durante a construção do aterro.

Em 45 aterros relatados por Leroueil et al. (1978-a e b), Tavenas et al. (1980), Folkes &
Crooks (1985) e Leroueil & Tavenas (1986), apenas 8 % dos casos computados,
apresentaram respostas piezométricas indicando a existência de condições não drenadas,
ou seja, um caminho do tipo Io-U, indicado na Figura 6 - 35. Na maioria dos casos há
drenagem durante os carregamentos e em 60% dos casos a argila atinge o estado limite
no fim da construção do aterro.

O mesmo comportamento têm sido observado no Brasil. Almeida (1981, 1996)


mostrou, através de análises numéricas que o comportamento do aterro I do IPT
(Ortigão, 1980), construído aproximadamente em um período de um mês, foi
parcialmente drenado. O aterro de Juturnaíba (Coutinho, 1986), construído também em
cerca de um mês, igualmente apresentou comportamento parcialmente drenado,
conforme análises numéricas claramente demonstraram (Antunes Filho, 1996).

O caminho de tensões durante um précarregamento por vácuo é bem diferente, pois a


solicitação aplicada é isotrópica, visto que é a poro-pressão que varia durante a
aplicação do vácuo. Embora a solicitação do vácuo seja isotrópica, pois o que varia é a
219

poro-pressão, o caminho de tensões provavelmente não é exatamente paralelo ao eixo


isotrópico, pois sempre há um carregamento vertical associado ao vácuo, que aproxima
o caminho de tensões da condição de deformação unidimensional (linha K0nc). Ao
partir-se de um estado de tensões inicial, I0, no domínio sobreadensado, o estado de
tensões é V1, quando a curva de estado limite é alcançada. Sobre a curva de estado
limite, o estado de tensões sai de V1 até V2, com uma pequena variação da poro-pressão.

Teoricamente, no caso de aplicação do vácuo, a variação do valor de t ou q deve-se ao


fato de haver um aterro associado. No caso de aplicação de vácuo há variação de tensão
efetiva somente devido a variação da poro-pressão, que ocorre porque há um gradiente,
entre os drenos e os elementos de solo, fazendo com que haja um fluxo para os drenos
verticais e os elementos de solo estejam sob sucção. Este fluxo é controlado pelos Ch e
também pelo Cv pois há drenagem vertical no sentido do aterro de areia, que está
também sob vácuo. Isto foi observado nos resultados de piezometria de Saint-Roch-de-
l'Achigan, pois logo que se iniciou o vácuo, a poro-pressão decresceu rapidamente, pois
o solo encontrava-se no domínio sobreadensado, com valores de Ch e Cv elevados.

Dentro do domínio normalmente adensado, o estado de tensões se encaminha até V3.


Quando a aplicação do vácuo é interrompida, há uma expansão do solo devido ao
descarregamento, e o estado de tensões estaria no domínio sobreadensado, nas
proximidades da linha K0nc.

Como o objetivo da aplicação do vácuo é promover um précarregamento do solo, a


etapa posterior seria a construção do aterro convencional até a cota de projeto, sem que
ocorram recalques significativos, ou sem que ocorra ruptura em função das premissas de
projeto. Para que não ocorram recalques significativos, deve-se prever a execução de
uma altura de aterro tal que o caminho de tensões devido a execução deste aterro,
mantenha-se no interior da nova curva de estado limite, que se expandiu com a
aplicação do vácuo. No caso de um alteamento acima desta cota, deve-se fazer uma
nova análise de estabilidade, considerando-se o ganho de resistência da camada de
argila, devido à aplicação do vácuo.

A tensão de sobreadensamento in situ, σ'VEL, ou seja, as tensões verticais efetivas


médias na passagem do domínio sobreadensado para o domínio normalmente adensado,
obtidas a partir das curvas de compressão in situ, em Saint-Roch-de-l'Achigan, estão
220

apresentadas na Tabela 6 - 1.

Tabela 6 - 1 - Tensão vertical efetiva na passagem do domínio sobreadensado /


normalmente adensado - aterros A e B.

PLATAFORMA A PLATAFORMA B
PROFUNDIDADE σ'VEL PROFUNDIDADE σ'VEL
CAMADA CAMADA
(m) (kPa) (m) (kPa)
CROSTA A 0 - 3.25 - CROSTA B 0 - 3.25 -
CAMADA 1A 3.25 - 4.7 95 CAMADA 1B 3.25 - 4.7 95
CAMADA 2A 4.7 - 6.15 110 CAMADA 2B 4.7 - 6.15 110
CAMADA 3A 6.15 - 7.6 120 CAMADA 3B 6.15 - 7.6 120

A relação entre as tensões de sobreadensamento obtidas nos ensaios oedométricos CRS


executados na primeira fase de estudos, à 10oC e à 30oC foi de 21%, sob uma
velocidade de deformação vertical constante de 10-7s-1, o que indicou um efeito da
temperatura sobre o perfil de tensão de sobreadensamento.

Entretanto não se observou um efeito da temperatura sobre os perfis de σ'VEL de 10oC e


35oC. A razão deste comportamento não está clara, mas poderia se explicar através da
estruturação do solo com a temperatura, que compensaria o efeito viscoso. Este
fenômeno não foi observado em laboratório nas proximidades da tensão de
sobreadensamento, talvez pelas velocidades de laboratório serem cerca de 100 vezes
superiores as de campo, e o fato que a estruturação ocorre a baixas velocidades.

A Figura 6 - 36 e a Figura 6 - 37 apresentam perfis de tensão de sobreadensamento


obtidos em compressão unidimensional (σ'poed) e em compressão isotrópica (σ'pi) para
diversas temperaturas e os valores de σ'VEL, obtidos para os aterros A e B,
respectivamente. Observa-se que nos dois aterros os valores de σ'VEL são inferiores aos
valores da tensão de sobreadensamento obtidas em ensaios oedométricos convencionais,
e mais elevados que os valores obtidos em condições isotrópicas. Este comportamento
foi também observado por Bouclin (1990) em Saint-Esprit, à cerca de 1 Km do sítio
experimental, para um aterro convencional, explicado pelo fato de que as tensões
verticais efetivas em C'1 e V1, (Figura 6 - 35), estão bastante próximas.
p
u0, σ'0, σ' (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0
PLATAFORMA A
1 Nota: u0 e σ'v0 são os valores obtidos após a instalação dos drenos verticais.

ENSAIOS
CROSTA A 2
o -6
σ'pC RS(T=10 C; ε.v=2 x 1 0 s-1)

σ'poed (T=20 C) o

3
σ'pi (T=20 C)o

σ'ppiezocone (Nσ =3.4)


t
CAMADA 1A 4
σ'pi (T=10 C)o

σ'pi (T=50 C)o


5
CAMADA 2A IN SITU
u0
6
σ'v0
CAMADA 3A σ'vmáx
7
σ'VEL

σ'vfimvácuo
Profundidade (m)
8
Figura 6 - 36 - Perfis de tensões de sobreadensamento obtidos a partir de ensaios de laboratório e in situ e das curvas de compressão in situ do
aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.
p
u0, σ'0, σ' (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0
PLATAFORMA B
Nota: u0 e σ'v0 são os valores obtidos após a instalação dos drenos verticais.
1

CROSTA B ENSAIOS
o -6
2 σ'pCRS(T=10 C; ε. =2 x 10
v s- 1)

σ'poed (T=20 C) o

3 o
σ'pi (T=20 C)

t
σ'ppiezocone (Nσ =3.4)

CAMADA 1B 4 o
σ'pi (T=10 C)

o
σ'pi (T=50 C)
5
CAMADA 2B IN SITU
u0
6 σ'v0

σ'vmáx
CAMADA 3B
7 σ'VEL

σ'vfimvácuo
Profundidade (m)
8

Figura 6 - 37 - Perfis de tensões de sobreadensamento partir de ensaios de laboratório e in situ e das curvas de compressão in situ do aterro B -
Saint-Roch-de-l'Achigan.
223

6.8 VELOCIDADES DE DEFORMAÇÃO

As curvas de deformação em função do tempo apresentadas no item 6.4.3 podem ser


utilizadas para se deduzir as velocidades de deformação das camadas, utilizando-se a
equação 4-2. Estas velocidades estão apresentadas Figura 6 - 38 em função da
deformação vertical das camadas 1A e 2A e 1B e 2B. Quando ocorreram os
carregamentos (etapas A7, A8 e B9), observou-se um aumento das velocidades de
deformação. .
ε1 (s-1)
1E-10 1E-9 1E-8 1E-7 1E-6
0
CAMADAS 1A E 2A : 3.25 - 6.15 m

CAMADAS 1B E 2B : 3.25 - 6.0 m A6


1
A7
B9
2

A8
3
ε1 (%)

Figura 6 - 38 - Curvas de velocidade de deformação em função da deformação vertical -


camadas 1 e 2 - aterros A e B - Saint-Roch-de-l'Achigan.

O último carregamento (etapas A8 e B9), no domínio normalmente adensado, causou um


aumento da velocidade de deformação para os dois aterros, da ordem de dois ciclos
logarítmicos de velocidade. Não se observou uma diferença das velocidades de
deformação para os dois aterros ao fim do bombeamento. Neste momento estas
224

velocidades são ainda bastante elevadas, quando comparado com aterros convencionais,
pois eram da ordem de 6 x 10-9 s-1.

Na Figura 6 - 39 estão apresentadas as curvas de velocidade de deformação em função


da deformação vertical das camadas 3A e 3B. As velocidades de deformação ao final do
bombeamento são da ordem de 2 x 10-9 s-1 e 2 x 10-8 s-1 para os aterros A e B,
respectivamente. .
ε1 (s-1)
1E-10 1E-9 1E-8 1E-7 1E-6
0

A8

1
B9
ε1 (%)

CAMADA 3A : 6.15 - 7.6 m

CAMADA 3B : 6.0 - 7.6 m


4
Figura 6 - 39 - Curvas de velocidade de deformação em função da deformação vertical -
camada 3 - aterros A e B - Saint-Roch-de-l'Achigan.

As velocidades de deformação obtidas em Saint-Roch-de-l'Achigan foram bem mais


elevadas que as obtidas em geral para aterros convencionais sem drenos verticais,
entretanto são inferiores às velocidades usuais de laboratório. No caso de aterros
convencionais as velocidades de deformação são em geral inferiores à 10-9 s-1 e podem
ser da ordem de 10-12 s-1.
225

Discutiu-se no capítulo 6.3.2 a possibilidade da diferença na velocidade de deformação


dos dois aterros ter contribuído para que as diferenças na dissipação de poro-pressões
medidas fossem pequenas. Isto é, se as velocidades de deformação dos dois aterros
fossem diferentes, a condutividade hidráulica seria afetada por esta diferença e não
apenas pela variação da viscosidade da água com a temperatura. Entretanto, como as
velocidades de deformação são similares, tal ocorrência não tem justificativa.

É possível que o valor da permeabilidade intrínseca do solo, Kint, definida no anexo IV,
tenha sido alterada com o aquecimento in situ, embora este comportamento não tenha
sido observado em laboratório, segundo as medidas de condutividade hidráulica
deduzidas dos ensaios CRS. A permeabilidade intrínseca é uma medida que depende da
estrutura do solo, isto é, em caso de areias por exemplo, ela depende da compacidade.
Comparando-se Kint de areias e argila, o que diferencia este valor, mesmo para um
mesmo índice de vazios, será a estrutura destes solos. É possível que haja uma pequena
diferença de Kint em laboratório em função da temperatura, mas que para as condições
de contorno de laboratório e dimensões das amostras, esta variação da estrutura
influenciaria pouco o valor da relação das condutividades hidráulicas, medidas em
função da temperatura, conforme proposto no anexo IV.

Entretanto, para as condições de contorno de campo, onde a distância de drenagem é


maior, esta diferença pode vir a ser importante. Além disto, todos os ensaios de
laboratório simularam um fluxo vertical, enquanto que no campo, o fluxo foi
preferencialmente horizontal. Ou seja, como o solo é anisotrópico, o fluxo em campo
está ocorrendo através de uma estrutura que é diferente da de laboratório.

±
A Figura 6 - 40 apresenta a relação σ'pCRS x ε1 obtida a partir dos ensaios CRS
executados a 10oC, descritos em 4.1. Foram incluídas nesta figura os valores de σ'VEL
obtidos para a camada 2, na mesma faixa de profundidade que os ensaios CRS foram
realizados. Os resultados encontram-se coerentes para os valores obtidos in situ, mesmo
considerando-se uma incerteza na distribuição de tensões. Nesta figura está indicada
também a tensão de sobreadensamento isotrópica obtida a partir de ensaio triaxial
executado a 10oC. O valor de σ'VEL está entre o valor obtido em um estado isotrópico e
o de um estado de tensões Ko, dado pelos resultados dos ensaios CRS em função da
temperatura e da velocidade do ensaio.
226

±
Como se observa na Figura 6 - 41, a relação σ'pCRS x ε 1 para 30oC e 50oC encontra-se
abaixo dos valores obtidos em campo. Na realidade esperava-se a obtenção de valores
de σ'VEL entre estas duas faixas de valores de σ'pCRS. Se os valores de velocidade
±
medidos sob o aterro B tivessem sido muito superiores aos do aterro, o ponto (σ'VEL; ε1)
se deslocaria para a direita no gráfico e poderia encontrar-se dentro da faixa esperada de
valores, o que justificaria a obtenção de valores idênticos de σ'VEL para os dois aterros,
pois o efeito da temperatura sobre a tensão de sobreadensamento seria compensado pelo
efeito da velocidade.
200

ENSAIOS CRS - 10oC


180

160

150 148
σ'p (kPa)

135

σ'pC RS 123
120

faixa de velocidades in situ


quando da passagem do estado
limite
σ'VEL

σ'piso10C
90
1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4
. -1
ε1 (s )

Figura 6 - 40 - Tensões de sobreadensamento de laboratório e in situ : 10oC.

Concluindo, as deformações, as tensões de sobreadensamento in situ e as velocidades


foram menores que o esperado para o aterro B, ou seja, um comportamento
incompatível com as observações de laboratório, sem explicação plausível, segundo
estas observações, visto que as medidas de temperatura deste aterro foram bem
227

executadas, como mostra o anexo III.


150

ENSAIOS CRS - 30oC


138
ENSAIOS CRS - 50oC 134
130
faixa de velocidades in situ
quando da passagem do estado
limite 117 117

106
102
100
σ'VEL
σ'p (kPa)

93

80

σ'piso - 50 C

60
1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4
. -1
ε1 (s )
Figura 6 - 41 - Tensões de sobreadensamento de laboratório e in situ : 30oC - 50oC.

Uma outra possibilidade é que sob estas baixas velocidades de deformação, a variação
±
de ε v não afetaria a curva se compressão pois estes valores de velocidade estariam
±
abaixo do valor de ε1 limite, abaixo do qual se atingiria a zona de equilíbrio indiferente
observadas em laboratório por Feijó (1991) e Garcia (1996), para as argilas de Sarapuí e
±
do SENAC, respectivamente. Abaixo desta velocidade, o ponto (σ'v, εv, εv) não é único,
±
isto é, pode haver mesmo ponto (σ'v, εv) para diferentes valores de ε v. Neste caso, a
temperatura também não afetaria a curva de compressão dentro da zona de equilíbrio
±
indiferente. A faixa limite foi alcançada a εv = 2 x 10-9 s-1 e 1 x 10-9 s-1, para as argilas
de Sarapuí e SENAC respectivamente, para um OCR da ordem de 2. Burghignoli et al.
(2000) também observaram que para OCR = 2 a variação do índice de vazios induzida
pelo ciclo térmico (Δest) é igual a zero.
228

7 DESEMPENHO DOS ATERROS DE PRÉCARREGAMENTO

Neste capítulo estão apresentados os resultados dos ensaios de campo e dos ensaios de
laboratório executados sobre amostras coletadas sob os dois aterros, após os
précarregamentos por vácuo e por aquecimento. O objetivo destes ensaios era a análise
do comportamento dos aterros, sobretudo o aterro B, que não apresentou o desempenho
esperado.

7.1 COMPORTAMENTO IN SITU APÓS OS ENSAIOS DE


PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E POR VÁCUO E AQUECIMENTO

Após a interrupção da aplicação do vácuo, um programa de investigações geotécnicas in


situ foi executado na camada de argila homogênea sob os aterros A e B em junho e
setembro de 1999. Duas amostragens foram executadas com o amostrador Laval (F4 e
F5); um ensaio de palheta (V2) e três ensaios de piezocone (PZ5, PZ6 e PZ7) foram
efetuados. Foram também executados ensaios de laboratório sobre amostras coletadas
sob cada aterro para se analisar o comportamento geral da argila após os ensaios de
précarregamento in situ.

7.1.1 AMOSTRAGEM

A Tabela 7 - 1 apresenta o resumo dos ensaios executados sobre amostras do furos F4 e


F5, executados sob os aterros A e B respectivamente. As amostragens foram executadas
no centro de um quadrado definido por quatro drenos, no centro dos aterros, com
procedimento similar aos das amostragens descritas em 3.2.2.

Durante a amostragem executada sob o aterro A (F4) em junho de 1999, a temperatura


da camada de argila era constante, da ordem de 6.5oC. Para o aterro B, esperou-se a
queda da temperatura de 30°C, quando da interrupção do bombeamento, para uma
temperatura adequada para a execução da amostragem. Em setembro de 1999, quando a
amostragem F5 foi realizada, a temperatura máxima da argila era de 19.3oC no centro
do aterro B, a cerca de 5m de profundidade. Não foi possível aguardar o resfriamento da
camada até 7oC sob o aterro B, pois a construção da pista da estrada já estava em curso.

Várias amostras do furo F4 apresentaram fissuras subverticais e o plano de ensaios foi


elaborado de forma a evitar as zonas fissuradas, visíveis a olho. As amostras do furo F5
229

não apresentaram fissuras visíveis, mesmo durante a preparação dos corpos de prova. É
a primeira vez que fissuras subverticais são observadas num depósito de argila da região
de Champlain.

Não se sabe ainda a razão para o surgimento destas fissuras, mas acredita-se que elas
tenham ocorrido devido as tensões geradas pela aplicação do vácuo em drenos verticais,
sobre um material, no caso uma argila Champlain, que é bastante frágil (sensível). Se
este é o caso, deveria haver uma só fissura entre dois drenos. No caso do aterro B, F5,
onde, em inspeção visual, não foram observadas fissuras, é possível que a amostragem
tenha sido executada fora da área das fissuras ou então que a argila aquecida seja menos
frágil. É possível que estas fissuras tenham sido em parte responsáveis pela
dessaturação dos piezômetros.

7.1.2 RESISTÊNCIAS MEDIDAS NOS ENSAIOS DE PALHETA E DE


PIEZOCONE

Três ensaios de piezocone (PZ5, PZ6 e PZ7) foram realizados no centro de um


quadrado cujos vértices eram quatro drenos verticais, no centro dos aterros A e B, após
os ensaios de précarregamento in situ. Um ensaio de palheta (ensaio V2) foi executado
de forma similar no centro do aterro A.

A Figura 7 - 1 mostra o perfil de resistência ao cisalhamento medido pelo ensaio V2,


executado após o précarregamento sob o aterro A, em comparação com o perfil de
resistência obtido pelo ensaio de palheta V1, executado antes do précarregamento. Não
se observou um ganho significativo de resistência da camada de argila após o ensaio de
précarregamento, a partir destes resultados.

A Figura 7 - 2 mostra os perfis de resistência de ponta e poro-pressão medidos nos


piezocones PZ5 (cota = 55.79 m), PZ6 (cota = 55.69 m) executados sob o aterro A, e
PZ7 (cota = 55.45 m) executado sob o aterro B. O procedimento na execução dos
piezocones foi similar ao descrito em 3.2.1. As profundidades foram corrigidas com
relação a um nível de referência (cota = 55.96 m da amostragem F1) para permitir a
comparação com os resultados dos ensaios de laboratório executados sobre as amostras
coletadas em F1. O perfil obtido pelo piezocone PZ2 (cota = 55.66 m), executado sobre
a argila intacta, antes dos précarregamentos, foi também incluído nesta figura.
Tabela 7 - 1 - Resumo dos ensaios - amostragens F4 (aterro A) e F5 (aterro B).

AMOSTRAGEM F4 - PLATAFORMA A AMOSTRAGEM F5 - PLATAFORMA B


TUBO COTA (m) DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS TUBO COTA (m) DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS
TN 55.83 TN 55.46
F4-T1 Descartado F5-T1-E1 52.36 - 52.48 OED22
F4-T2-E1 52.63 - 52.76 F5-T1-E2 52.23 - 52.36
F4-T2-E2 52.50 - 52.63 F5-T2-E1 51.50 - 51.63
F4-T2-E3 52.37 - 52.50 OED21 F5-T2-E2 51.37 - 51.50 OED15
F4-T3-E1 52.12 - 52.25 F5-T2-E3 51.25 - 51.37
F4-T3-E2 51.99 - 52.12 Fissuras verticais ao lado da amostra F5-T3-E1 50.95 - 51.07
F4-T3-E3 51.86 - 51.99 Fissuras verticais ao lado da amostra F5-T3-E2 50.82 - 50.95
F4-T4-E1 51.59 - 51.72 F5-T3-E3 50.69 - 50.82
F4-T4-E2 51.46 - 51.59 F5-T4-E1 50.44 - 50.58
F4-T4-E3 51.33 - 51.46 OED20 F5-T4-E2 50.32 - 50.44
F4-T5 Descartado F5-T4-E3 50.19 - 50.32 SÉRIE DE ENSAIOS TRIAXIAIS - ESTADO LIMITE
F4-T6-E1 50.55 - 50.68 Fissuras verticais no centro da amostra F5-T5-E1 49.93 - 50.06 OED16
F4-T6-E2 50.42 - 50.55 Fissuras verticais no centro da amostra F5-T5-E2 49.80 - 49.93
F4-T6-E3 50.29 - 50.42 Fissuras verticais no centro da amostra F5-T5-E3 49.68 - 49.80
F4-T7-E1 50.04 - 50.17 SÉRIE DE ENSAIOS TRIAXIAIS - ESTADO LIMITE F5-T6-E1 49.40 - 49.53
F4-T7-E2 49.91 - 50.04 OED18 F5-T6-E2 49.27 - 49.40
F4-T7-E3 49.78 - 49.91 Fissuras na base da amostra F5-T6-E3 49.15 - 49.27
F4-T8 Descartado - fissura no fim do tubo F5-T7-E1 48.87 - 49.00 OED17
F4-T9-E1 48.97 - 49.09 F5-T7-E2 48.74 - 48.87
F4-T9-E2 48.84 - 48.97 OED19 F5-T7-E3 48.62 - 48.74
F4-T9-E3 48.71 - 48.84
F4-T10 3" descartado - ocorrência de fissuras
F4-T11-E1 47.90 - 48.03
F4-T11-E2 47.77 - 47.90
F4-T11-E3 47.65 - 47.77
231

Resistência ao cisalhamento não drenada (kPa)


0 10 20 30 40 50 60 70
0
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
ENSAIOS DE PALHETA V1 e V2
Profundidade (m)

V1 - argila intacta

V2 - plat. A

10

Figura 7 - 1 - Variação da resistência ao cisalhamento não drenada medida pelos ensaios


de palheta V1 e V2 - Saint-Roch-de-l'Achigan.

Não se observou um ganho significativo da resistência medida pelos piezocones após os


ensaios de précarregamento, tal como para os resultados obtidos pelos ensaios de
palheta. Isto deve-se certamente ao fato de que as tensões finais sob os aterros estavam
muito próximas da tensões de sobreadensamento.

A Figura 7 - 3 apresenta as umidades em função da profundidade a partir de corpos de


prova coletados nas amostragens F1, F2, F4 e F5. Os valores de umidade das amostras
coletadas nos furos F4 e F5 são um pouco inferiores a média das amostras dos furos F1
e F2, executados sobre a argila intacta. Este comportamento está em acordo com as
pequenas deformações alcançadas com os précarregamentos. Como o ganho de
resistência está associado a diminuição de umidade, estes resultados estão coerentes
232

com o observado nos ensaios in situ.

qT e u (kPa)
0 100 200 300 400 500 600 700 800
2
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
ENSAIOS DE PIEZOCONE PLATAFORMA A

q t - PZ5

3 u pte - PZ5

q t - PZ6

u pte - PZ6

4
PLATAFORMA B
Profundidade (m)

q t - PZ7

u pte - PZ7
5

ARGILA INTACTA

q t - PZ2
6
u pte - PZ2

8
Figura 7 - 2 - Ensaios de piezocone PZ2, PZ5, PZ6 e PZ7 : resistência de ponta e poro-
pressão em função da profundidade.

7.2 ENSAIOS DE LABORATÓRIO - ATERROS A E B

Um programa de ensaios de laboratório foi executado sobre amostras coletadas após os


précarregamentos in situ, cujos resultados serão apresentados a seguir.

7.2.1 ENSAIOS OEDOMÉTRICOS CONVENCIONAIS

Oito ensaios oedométricos convencionais (série 2) foram executados em várias


profundidades sob os dois aterros. O procedimento destes ensaios foi similar aos dos
ensaios da série 1. O programa de ensaios assim como os resultados estão resumidos na
233

Tabela 7 - 2. Observa-se que os valores de Cs estão dentro da faixa de valores obtidos


para os ensaios da série 1 (ver anexo I). Os valores do coeficiente de compressão (Cc) da
argila intacta são um pouco maiores que os obtidos sob o aterro B e ligeiramente
maiores que os obtidos sob o aterro A.

wn (%)
0 20 40 60 80 100
0

1 55

2 54

3 53
Profundidade (m)

52

Elevação (m)
4
AMOSTRAGENS F1 E F2 - antes do précarregamento
5 AMOSTRAGENS F4 E F5 - após o précarregamento 51

6 50

7 49

8 48

9 47

10 46
Figura 7 - 3 - Variação da umidade com a profundidade - amostras antes (F1 e F2) e
após os précarregamentos (F4 e F5).

Da Figura 7 - 4 até a Figura 7 - 7 estão apresentadas as curvas de compressão deduzidas


dos ensaios oedométricos executados sobre amostras coletadas a cerca de 3.5, 4.5, 5.9 e
7.0 m de profundidade (cotas ≅ 52.5; 51.5; 50 e 49 m, respectivamente), sob os aterros
A e B, após os précarregamentos in situ. As curvas de compressão dos ensaios
oedométricos executados sobre a argila intacta (série 1), executados aproximadamente
nestas elevações, estão também apresentadas nestas figuras.
234

Tabela 7 - 2 - Resumo dos resultados dos ensaios oedométricos executados após os


ensaios de précarregamento in situ - série 2 - aterros A e B.

ENSAIO AMOSTRA COTA Prof. (m)* σ 'POED wn Cs Cc


(m) (kPa) (%) sob. desc.
OED 15 F5-T2-E2 51.50 4.46 122 88.59 0.05 0.09 2.53
OED 16 F5-T5-E1 50.06 5.90 127 87.40 0.04 0.10 2.83
OED 17 F5-T7-E1 49.00 6.96 127 75.83 0.04 0.12 2.38
OED 18 F4-T7-E2 50.04 5.92 127 80.77 0.03 0.11 3.56
OED 19 F4-T9-E2 48.97 6.99 127 85.68 0.05 0.12 2.94
OED 20 F4-T4-E3 51.46 4.50 122 83.69 0.05 0.08 2.41
OED 21 F4-T2-E3 52.50 3.46 95 70.94 0.06 0.09 1.36
OED 22 F5-T1-E1 52.48 3.48 95 84.35 0.03 0.08 2.69
*Com relação a amostragem F1, cuja cota de topo é 55.96 m.

σ'v (kPa)
10 100 1000
0

Correção das SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN


5 PLATAFORMAS A E B
deformações

10
prof. = 3.07 m
ARGILA INTACTA
15
OED2

20
prof. ≅ 3.50 m
elev. = 52.36 - 52.50 m
ε1 (%)

25
OED21 - PLAT. A

30 OED22 - PLAT. B

35

40

45

50

Figura 7 - 4 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação : 52.36 - 52.50


m - aterros A e B.
235

σ'v (kPa)
10 100 1000
0
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
Correção das PLATAFORMAS A E B
5
deformações

10
prof. = 4.93 m
ARGILA INTACTA
15
OED4

20
ε1 (%)

prof. ≅ 4.50 m
25 elev. = 51.33 - 51.5 m

OED20 - PLAT. A
30
OED15 - PLAT. B

35

40

45

50
Figura 7 - 5 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 51.33 - 51.50
m - aterros A e B.

Como o índice de vazios in situ apresenta uma certa variabilidade, as curvas de


compressão da série 2 foram apresentadas em função da deformação vertical.
Entretanto, para permitir a comparação destes resultados com os dos ensaios executados
sobre a argila intacta, série 1, as deformações verticais das curvas da série 2 foram
corrigidas com relação as deformações ocorridas in situ, como indicado nas curvas de
compressão. Embora os ensaios oedométricos desta fase tenham sido executados com os
carregamentos usuais, nas curvas de compressão só estão apresentados os pontos (σ'v,
εv) após as tensões corrigidas.

In situ, o caminho de tensões da argila submetida a um précarregamento por vácuo está


abaixo da linha K0nc Antes do final da aplicação do vácuo, a argila encontrava-se no
domínio normalmente adensado e os elementos de solo sofreram uma deformação
236

vertical devido a aplicação do vácuo (ver Figura 6 - 35). Após o final da aplicação do
vácuo, quando o bombeamento é desligado, há descarregamento e in situ a amostra
coletada está no domínio normalmente adensado.
σ'v (kPa)
10 100 1000
0

Correção das
5 deformações prof. = 5.99 m
ARGILA INTACTA

10 OED5

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
PLATAFORMAS A E B
15

20
ε1 (%)

25 prof. ≅ 5.90 m
elev. = 49.91 - 50.06 m

30 OED18 - PLAT. A

OED16 - PLAT. B

35

40

45

Figura 7 - 6 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 49.91 - 50.06


m - aterros A e B.

Quando a amostra coletada foi submetida a um carregamento unidimensional, do ensaio


oedométrico executado após os précarregamentos in situ, deve-se considerar que esta
amostra já sofreu uma deformação e então é necessário somá-la a deformação medida
no ensaio, ou seja, há uma mudança de referência nas curvas de compressão da série 2,
considerando-se como referência o valor da tensão efetiva atual in situ e o valor da
deformação vertical sob esta tensão, no momento da amostragem.
237

A 3.5 m de profundidade, Figura 7 - 4, a curva de compressão do aterro B é coincidente


com a da argila intacta após a passagem da tensão de sobreadensamento. Entretanto, a
curva de compressão da argila sob o aterro A apresenta um valor de Cc menor que o da
argila intacta e o do aterro B.
σ'v (kPa)
10 100 1000
0
Correção das
deformações
5 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
PLATAFORMAS A E B
10
prof. = 7.11 m
ARGILA INTACTA
15
OED6

20 prof. ≅ 7.0 m
ε1 (%)

elev. = 48.84 - 49.00 m

25 OED19 - PLAT. A

OED17 - PLAT. B
30

35

40

45
Figura 7 - 7 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 48.84 - 49.00
m - aterros A e B.

A cerca de 4.5 m de profundidade, Figura 7 - 5, as curvas de compressão dos dois


aterros coincidem com a curva de compressão da argila intacta no trecho normalmente
adensado. Entretanto a 5.9 m de profundidade, Figura 7 - 6, a argila subjacente aos
aterros apresenta um índice de compressão maior que o da argila intacta.

As amostras ensaiadas a 7 m de profundidade, Figura 7 - 7, situam-se na camada 3, que


sofreu pequenas deformações in situ, logo, como esperado, há coincidência das três
curvas de compressão, que pode ser também uma indicação de homogeneidade da
238

camada de argila amostrada pelos três furos de sondagem.

De forma geral, o comportamento em compressão oedométrica é lógico, a maioria das


curvas de compressão, após terem alcançado a tensão de sobreadensamento, no domínio
normalmente adensado, coincidem com as curvas de compressão dos ensaios
oedométricos executados sobre a argila intacta, ou seja, em acordo com os resultados
dos ensaios piezocone.

A Figura 7 - 8 - a e a Figura 7 - 8 - b apresentam os perfis de tensão de


sobreadensamento (σ'poed) obtidos a partir de ensaios oedométricos convencionais
executados sobre a argila intacta e sobre amostras coletadas sob os aterros A e B após os
ensaios de précarregamento, respectivamente. Nestas figuras estão apresentados
também o perfil de tensão de sobreadensamento (σ'ppiezocone) deduzido do ensaio de
piezocone PZ2, executado sobre a argila intacta, o perfil de tensões efetivas máximas no
fim da aplicação do vácuo (σ'vfimvacuo) e o perfil de tensões de sobreadensamento (σ'VEL)
deduzido das curvas de compressão dos ensaios de précarregamento.

Como visto no item 6.7, os caminhos de tensões são diferentes para argilas submetidas a
ensaios oedométricos, sob aterros convencionais e sob os aterros de précarregamento
por vácuo. Além disto, as velocidades de deformação in situ são muito menores que as
usuais de laboratório. Isto implica em valores de σ'poed maiores que as tensões efetivas
máximas observadas in situ, como mostra esta figura. Observa-se também que o perfil
de σ'poed obtido após o précarregamento é um pouco maior que os deduzidos da argila
intacta.

As variações de poro-pressões medidas pelos piezômetros instalados a 3.9 m de


profundidade ao final da aplicação do vácuo apresentadas no item 6.3.2, foram
inferiores às previstas. Entretanto, o perfil de tensão de sobreadensamento in situ
apresenta-se com um formato similar ao do perfil de σ'poed obtido após o carregamento.

Caso realmente tenha ocorrido dessaturação, haveria um valor mínimo de poro-pressão


medido por este piezômetro que forneceu uma tensão efetiva maior do que a tensão de
sobreadensamento, ou seja, houve dessaturação após a passagem de σ'VEL. O valor de u
mínimo seria menor que o de u na passagem de da tensão de sobreadensamento e o
valor de σ'VEL obtido a esta profundidade parece coerente.
σ'p (kPa) σ'p (kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 20 40 60 80 100 120 140 160
0 0

2 2

4 4

Profundidade (m)
σ'p piezocone - PZ2 - ARGI LA INT ACTA
σ'p piezocone - PZ2 - ARGI LA INT ACTA
6 6 σ'p oed - ARGILA INTACTA
σ'p oed - ARGILA INTACTA

σ'vfimvácuo - PLAT.A σ'vfimvácuo - PLAT.B

σ'VEL - PLAT.A σ'VEL - PLAT.B

σ'p oed - PLAT .A σ'p oed - PLAT .B b)


a)
8 8

Figura 7 - 8 - Perfis de tensões de sobreadensamento e tensões efetivas - aterros A e B.


240

7.2.2 ENSAIOS TRIAXIAIS

Uma terceira série de ensaios triaxiais foi efetuada a 20oC sobre amostras de argila
coletadas após os précarregamentos, na mesma profundidade da série 1. Os ensaios CIU
foram cisalhados nos domínios sobreadensado e normalmente adensado e os ensaios
CAU foram cisalhados no domínio sobreadensado. Além disto, mais um ensaio de
compressão isotrópica foi executado em amostra de argila intacta.

A execução desta série de ensaios triaxiais teve como objetivo a observação do


comportamento geral da argila e principalmente verificar a variação da curva de estado
limite após os précarregamentos. O resumo dos resultados desta série de ensaios está
apresentado na Tabela 7 - 3.

A Figura 7 - 9 mostra os caminhos de tensões dos ensaios executados no domínio


sobreadensado. Observa-se que aparentemente os valores de pico dos ensaios
executados sobre amostras coletadas sob o aterro B foram maiores que os sob o aterro
A, possivelmente o mesmo fenômeno observado para a série 2.

Nos ensaios da série 2, os valores de pico de ensaios executados a 50oC foram maiores
que os dos ensaios executados a 20oC, ou seja, a envoltória de ruptura dos ensaios
executados sobre amostras sobreadensadas do aterro A foi inferior a envoltória de
ruptura das amostras do aterro B.

Na Figura 7 - 10 estão apresentadas as curvas de compressão dos ensaios triaxiais


realizados após os précarregamentos in situ. O estado de tensões in situ após o término
da aplicação do vácuo está próximo da linha K0nc, isto é, um estado de tensões diferente
do induzido por um adensamento anisotrópico de laboratório.
Tabela 7 - 3 - Resumo dos ensaios triaxiais executados após os précarregamentos - série 3 - aterros A e B.

PLATAFORMA A Características de pico


AMOS- COTA s'L wn T σ'c ε1f uf qf sf tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
ENSAIO o o o
TRA (m) (kPa) (%) ( C) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CIU31* F4-T7-E1 50.17 - 83.0 20 30 3.2 22.1 66.6 41.2 33.3 74.5 7.9 45.4 - -
CIU32 F4-T7-E1 50.17 87 85.1 20 199 3.5 113.5 181.8 176.6 90.9 267.5 85.7 132.8 - 37.6
CIU33* F4-T7-E1 50.17 - 83.1 20 60 1.9 39.6 82.4 61.6 41.2 102.9 20.4 42.0 - -
CIU38* F4-T7-E1 50.17 - 84.1 20 46 1.9 36.5 81.7 50.4 40.8 91.2 9.5 - - -
AMOS- COTA s'L wn T K ε1f uf qf s'f tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
ENSAIO o o o
TRA (m) (kPa) (%) ( C) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CAU12 F4-T7-E1 50.17 98 86.1 20 0.5 0.1 19.3 95.1 123.3 47.6 170.8 75.7 80.9 22.7 37.6
CAU13 F4-T7-E1 50.17 108 85.2 20 0.7 1.4 67.9 91.7 93.0 45.8 138.9 47.2 58.8 29.5 41.1
PLATAFORMA B Características de pico
AMOS- COTA s'L wn T σ'c ε1f uf qf sf tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
ENSAIO o o o
TRA (m) (kPa) (%) ( C) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CIU34* F5-T4-E3 50.32 - 84.4 20 30 1.8 28.0 82.1 43.1 41.1 84.2 2.0 37.2 - -
CIU35* F5-T4-E3 50.32 - 86.8 20 60 2.2 44.3 95.3 63.4 47.7 111.0 15.7 32.2 - -
CIU36 F5-T4-E3 50.32 91 83.7 20 196 - - - - - - - - - -
CIU37* F5-T4-E4 50.32 - 84.3 20 46 1.2 34.1 90.2 57.1 45.1 102.2 12.0 - - -
AMOS- COTA s'L wn T K ε1f uf qf s'f tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
ENSAIO o o o
TRA (m) (kPa) (%) ( C) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CAU14 F5-T4-E3 50.32 108 83.3 20 0.70 1.4 47.0 94.8 115.4 47.4 162.9 68.0 56.6 24.2 29.0
CAU15 F5-T4-E3 50.32 104 83.7 20 0.50 0.1 18.8 95.0 123.7 47.5 171.2 76.2 80.4 22.5 37.6
ARGILA INTACTA Características de pico
AMOS- COTA s'L wn T σ'c ε1f uf qf sf tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
ENSAIO o o o
TRA (m) (kPa) (%) ( C) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CIU39 F2-T5-E3 50.32 87 89.5 20.0 196 - - - - - - - - - -
* domínio sobreadensado
242

50
AMOSTRAS : F4-T7-E1 E F5-T4-E3
COTA : 50.17 m

T = 20oC PLAT. A PLAT. B


σ'c = 30 kPa
t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)

σ'c = 46 kPa

σ'c = 60 kPa

0
0 50
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 7 - 9 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -


domínio sobreadensado - aterros A e B.

É necessário levar em consideração que as deformações volumétricas dos ensaios da


série 3 são maiores que as apresentadas nas curvas de compressão da Figura 7 - 10, pois
in situ ocorreram deformações verticais da ordem de 7% para o aterro A, por exemplo,
devido ao précarregamento por vácuo. Observa-se também que a utilização de uma
correção dos valores de deformação não afeta a obtenção dos valores das tensões de
sobreadensamento obtidas nos ensaios de compressão (s'L).

As curvas de compressão dos ensaios triaxiais CAU executados a K = 0.5 estão


apresentadas na Figura 7 - 10 - a. A compressibilidade da argila não se alterou com os
précarregamentos. A tensão de sobreadensamento, ou seja, o valor de s'L no estado
limite foi ligeiramente maior que o da argila subjacente ao aterro B, enquanto que a
argila intacta e a argila subjacente ao aterro A apresentaram valores similares de s'L.

As curvas de compressão dos ensaios CAU executados a K = 0.7 estão apresentadas na


Figura 7 - 10 - b. Tal como para os ensaios executados a K = 0.5, o coeficiente de
compressão não se modificou com o précarregamento.
s' (kPa) s' (kPa)
10 100 10 100
0 0

5 5

10 10

15 K = 0.5 - T = 20oC 15

Δv / v0 (%)
K = 0.7 - T = 20oC
CAU1 - argila intacta - s'L= 100 kPa
CAU2 - argila intacta - s' L= 98 kPa
CAU12 - plat. A - s'L= 98 kPa
20 20 CAU13 - plat. A - s'L= 108 kPa
CAU15 - plat. B - s'L= 104 kPa
CAU14 - plat. B - s'L= 108 kPa
(a) (b)
25 25
0

10

15

Δv / v0 (%)
K = 1 - T = 20 oC
CIU39 - argila intacta - s'L= 87 kPa Figura 7 - 10 - Curvas de compressão dos ensaios triaxiais
20 CIU32 - plat. A - s'L= 87 kPa
CIU e CAU - argila intacta e aterros A e B.
CIU36 - plat. B - s'L= 91 kPa

(c)
25
244

Sob os dois aterros o depósito argiloso apresentou valores de tensão de


sobreadensamento ligeiramente maiores que os da argila intacta. Entretanto, para os
ensaios executados a K = 1, apresentados na Figura 7 - 10 - c observa-se que o
coeficiente de compressão do ensaio executado sobre a argila sob o aterro B foi muito
maior que o da argila intacta, o que pode ser indicação de amolgamento da amostra.

A Figura 7 - 11 apresenta os caminhos de tensão dos ensaios CIU e CAU cisalhados no


domínio normalmente adensado. A grande deformação, os caminhos de tensões dos
ensaios executados após os précarregamentos encontram-se na faixa de valores dos
ensaios da série 2, executados sobre a argila intacta, isto é, como esperado não houve
mudança dos valores de φ'gd e os resultados das amostras após os précarregamentos se
apresentaram compatíveis com os resultados das amostras da argila intacta.

As curvas de estado limite obtidas a partir de ensaios CIU e CAU executados a 20oC nas
séries 2 e 3 (antes e após o précarregamento) estão apresentadas na Figura 7 - 12. Houve
uma expansão da curva de estado limite com os précarregamentos. No domínio
normalmente adensado, observa-se que há uma estruturação do solo devido a
temperatura, pois os valores de pico obtidos para o aterro B são maiores que os demais.
Este comportamento foi também observado para a série 2, nos ensaios executados a
50oC, que apresentaram valores de pico próximos dos valores dos ensaios executados a
20oC (Figura 4 - 28).

No domínio normalmente adensado, observou-se uma pequena diferença entre as curvas


de estado limite obtidas nas duas séries, pois in situ, a tensão de sobreadensamento foi
ultrapassada, mas a diferença entre as tensões finais aplicadas e o estado limite foi
pequena.

A Figura 7 - 13 apresenta a curva de estado crítico obtida a partir dos ensaios triaxiais
da série 2 e 3. Assim como para as curvas de compressão, as deformações volumétricas
não foram corrigidas, mas pode-se ter uma idéia do comportamento de p'. Os valores de
p' encontram-se na faixa de valores obtida nos ensaios triaxiais da série 2, executados a
20oC, com exceção do ensaio CAU13, cujo estado crítico está mais próximo do estado
crítico obtido a 50oC.
150

PLATAFORMA A PLATAFORMA B

CAU12 - K=0.5 CAU15 - K=0.5


CAU13 - K=0.7 CAU14 - K=0.7
CIU32 - K=1
100
FAIXA DOS RESULTADOS DOS
TRIAXIAIS EXECUTADOS
NA ARGILA INTACTA φ'e.c.m= 36.4 o

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


50

0
0 50 100 150 200 250
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 7 - 11 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC - domínio normalmente adensado - aterros A e B.
PLATAFORMA A
ARGILA INTACTA cota : 50.04 - 50.17 m
prof : 5.46 - 5.84 m ; cota : 50.12 - 50.50 m
Estado limite - T = 20oC
o
Estado limite - T = 20 C
σ'poed - T = 20oC
o C
σ'poed - T = 20 C LE PLATAFORMA B
cota : 50.19 - 50.32 m
50
Estado limite - T = 20oC

σ'poed - T = 20oC

K onc

t = (σ'1 - σ'3 )/2 (kPa)


0
0 50 100 150
s' = (σ'1 + σ'3 )/2 (kPa)

Figura 7 - 12 - Curvas de estado limite no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC - argila intacta e aterros A e B.
247

p' (kPa)
2 3 4 5 6 7 8 9 100 2
0
Ensaios após os précarregamentos

Plataforma A

Plataforma B
5

10
Δv / v0

15

Estado crítico Curvas de compressão


20
T = 10oC CIU10 - T = 10oC

T = 20oC CIU3 - T = 20oC

T = 50oC CIU15 - T = 50oC


25

Figura 7 - 13 - Relação p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios triaxiais


- T = 20oC - argila intacta e aterros A e B.

7.3 COMPORTAMENTO GERAL APÓS OS ENSAIOS DE


PRÉCARREGAMENTO IN SITU

Os resultados dos ensaios in situ e em laboratório após os précarregamentos


apresentam-se coerentes. Os ganhos de resistência foram muito pequenos, segundo os
resultados destes ensaios e o comportamento das amostras coletadas sob os dois aterros
é similar, o que vem a confirmar os resultados obtidos pela instrumentação.

A escolha do sítio experimental foi feita com base nos resultados dos ensaios de
laboratório. A partir de um perfil de tensões efetivas iniciais do depósito, contava-se
com uma variação da tensão total devido a aplicação do vácuo suficiente para que a
248

tensão de sobreadensamento in situ (σ'VEL) fosse alcançada e o solo alcançasse valores


maiores de tensões efetivas, dentro do domínio normalmente adensado.

Entretanto a variação negativa da tensão total devido : forma do perfil natural de poro-
pressões do depósito; a profundidade do lençol freático; subida do lençol freático até o
nível dos drenos verticais e descarregamento causado pela execução das trincheiras,
situaram as tensões efetivas máximas previstas ao final do adensamento ligeiramente
acima ou nas proximidades do valor de σ'VEL. Isto explica os baixos ganhos de
resistência e também os baixos valores de deformações in situ, que foram similares para
os dois aterros.

Os valores de σ'VEL foram os mesmos para os dois aterros, o que foi inesperado, pois os
resultados dos ensaios CRS sobre a argila intacta, série 2, indicava uma diminuição da
tensão de sobreadensamento com a temperatura, para a faixa de valores de velocidades
de deformação e temperatura utilizadas em laboratório. Entretanto, é possível também
que devido às baixas velocidade de deformação in situ, a influência da temperatura
sobre o estado limite seja menor, conforme já discutido.

Os ensaios oedométricos executados após os précarregamentos não indicam uma


estruturação da argila subjacente ao aterro B com relação a argila sob o aterro A. Isto
também foi inesperado visto que os resultados dos ensaios de laboratório mostraram
uma estruturação da argila quando submetida a baixas velocidades e altas temperaturas.

A principal conclusão que se chega com relação ao desempenho do précarregamento


por vácuo do sítio experimental, com base nestes resultados, é que, embora tenha havido
um aumento das tensões de sobreadensamento com os carregamentos, este aumento foi
pequeno, devido às condições especiais da estratigrafia, principalmente da profundidade
do NA. Como os depósitos das argilas sensíveis do leste do Canadá possuem em geral
uma crosta, devido aos ciclos de gelo e degelo, a técnica pode ser utilizada desde que se
tomem algumas providências com relação ao lençol freático, isto é, descendo-se a linha
dos drenos horizontais até o N. A.

Estas considerações são importantes em caso de depósitos argilosos subjacentes a


aterros lançados em que o nível d’água não é superficial, como frequentemente ocorre
na região litorânea brasileira.
249

8 CONCLUSÕES

Neste capítulo é apresentado o resumo das conclusões obtidas em cada fase de estudo,
algumas recomendações com relação a aplicação do vácuo e propostas para estudos
futuros.

8.1 CONCLUSÕES DOS ESTUDOS GEOTÉCNICOS DE CAMPO E


LABORATÓRIO (1996/1997)

Os estudos geotécnicos de campo e laboratório executados sobre a argila de Saint-Roch-


de-l'Achigan apresentaram-se coerentes com os valores fornecidos na literatura para
argilas da região do mar de Champlain, com relação às suas propriedades características
e também com relação ao seu comportamento viscoso.

Estes estudos indicavam também que o sítio escolhido seria adequado para a execução
de um projeto de précarregamento por vácuo e por aquecimento, pois o perfil de tensões
de sobreadensamento obtido a partir de resultados dos ensaios oedométricos, fornecia
tensões inferiores às previstas pelo carregamento por vácuo. Além disto a camada de
argila era homogênea e não apresentava lentes de areia, o que poderia afetar a eficiência
do sistema de vácuo.

8.1.1 EFEITOS DE VELOCIDADE DE DEFORMAÇÃO E DE


TEMPERATURA

O estudos do efeito da velocidade de deformação vertical e da temperatura sobre o


comportamento unidimensional desta argila indicaram que o aquecimento aumenta a
velocidade de deformação e a condutividade hidráulica da argila. Assim sendo, a
dissipação das poro-pressões induzidas por um carregamento ocorreria mais
rapidamente numa argila aquecida quando comparada com a dissipação das pressões em
uma argila mantida sob uma temperatura in situ.

A tensão de sobreadensamento diminuiu com o aumento da temperatura e com a


diminuição da velocidade de deformação, ou seja, a curva de estado limite (ou de
escoamento) era função da temperatura e da velocidade de deformação. Além disto, sob
uma tensão dada, em compressão, as deformações verticais de uma argila aquecida
250

seriam maiores que as deformações obtidas para uma argila que não sofreu aquecimento
e com o resfriamento do solo ocorreria um sobreadensamento térmico.

A partir dos resultados dos ensaios de adensamento CRS, e oedométricos especiais


executados à temperatura controlada obteve-se uma curva de compressão normalizada
em função da tensão de sobreadensamento de cada ensaio. Observou-se que para os
ensaios executados à baixa velocidade (1 x 10-7 s-1) e alta temperatura (50oC), a
estruturação da argila foi muito importante, e afetou a normalização das curvas. Neste
caso, as curvas de compressão normalizadas dos ensaios executados a baixas
velocidades e altas temperaturas apresentaram deformações menores que as obtidas para
a curva de compressão normalizada. Entretanto, após se resfriar o solo, em ensaios de
compressão executados com variação de temperatura, observou-se desestruturação à
medida que a compressão prosseguia. Este comportamento foi observado nas curvas de
compressão obtidas nos ensaios CRS e nos ensaios oedométricos de grande diâmetro
executados à temperatura controlada.

Este comportamento contradiz o modelo proposto por Leroueil et al. (1985), entretanto
para as temperaturas similares as usuais in situ (10oC), no Québec, e para as mais baixas
velocidades de laboratório o modelo ainda se aplicava, mas é possível que tal fato não
ocorra para velocidades mais baixas que as de laboratório ou para temperaturas mais
elevadas, como as encontradas no Brasil. É possível que para velocidades usuais de
aterro com drenos, que são maiores que as de aterros convencionais, o solo não
apresente estruturação, mas é difícil avaliar com base em resultados de laboratório, qual
seria o limite de velocidade em campo a partir do qual o modelo se aplicaria, já que é
difícil executar ensaios nestes baixos valores de velocidade em laboratório.

8.1.2 ESTADO LIMITE, ESTADO CRÍTICO E RUPTURA

A curva de estado limite da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan, obtida a partir de ensaios


triaxiais de cisalhamento executados no domínio sobreadensado e ensaios de
compressão executados no domínio normalmente adensado se contraiu com o aumento
da temperatura.

O estudo do comportamento geral da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan indicou que o


estado crítico desta argila obtido no domínio normalmente adensado foi influenciado
pela temperatura. O ângulo de atrito para grandes deformações sofreu pouca variação
251

com a temperatura, seja no domínio sobreadensado ou normalmente adensado. No plano


v - p' a curva de estado crítico foi influenciada pela temperatura.

O ângulo de atrito interno do solo, medido no pico, em ensaios triaxiais cisalhados no


domínio normalmente adensado foi pouco influenciado pela temperatura, para a faixa de
temperatura utilizada. Entretanto a envoltória de resistência de pico decresceu com a
temperatura.

8.2 RECOMENDAÇÕES PARA A APLICAÇÃO DO VÁCUO

O précarregamento por vácuo é particularmente interessante quando o engenheiro


geotécnico se depara com problemas de estabilidade para a construção de aterros sobre
solos moles. A aplicação do vácuo possibilita o aumento da tensão vertical efetiva em
cerca de 75 kPa (≅ 4.5 m de aterro) sem diminuir a estabilidade.

Como o précarregamento por vácuo é uma técnica relativamente pouco conhecida nos
meios geotécnicos serão descritas a seguir algumas recomendações técnicas para a
utilização da técnica, com base na experiência adquirida no Sítio Experimental de Saint-
Roch-de-l'Achigan. Estas recomendações são adequadas a qualquer contexto e não só
para as condições geológico-geotécnicas e climáticas características de Québec.

8.2.1 PERFIL GEOTÉCNICO

A ocorrência de horizontes de areia ou de camadas drenantes dentro da camada argilosa


pode diminuir a eficiência do sistema, ou impossibilitar a utilização do vácuo, pois neste
caso estaria se bombeando água da camada drenante. Em caso de lentes confinadas à
área tratada, a eficiência do sistema não seria a princípio, comprometida.

A profundidade do lençol freático também afeta o desempenho do sistema de aplicação


de vácuo e para o dimensionamento dos drenos verticais é necessário conhecer a
espessura da camada de argila mole assim como o comportamento no adensamento.

O comportamento de campo indicou que o sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan não era o


ideal para a execução do vácuo. Entretanto como as características geotécnicas e
geométricas encontradas neste sítio experimental são bastante similares às encontradas
comumente na região das argilas de Champlain, a experiência foi válida para se
conhecer o desempenho possível de se obter com a utilização deste tipo de
précarregamento nestas condições.
252

Além disto, em caso de utilização do vácuo em locais com aterros lançados existentes e
em que o nível d'água encontra-se a uma profundidade importante, abaixo do terreno
natural, os problemas de desempenho do sistema de précarregamento seriam similares
aos observados em Saint-Roch-de-l'Achigan.

8.2.2 LENÇOL FREÁTICO E PERFIL DE PORO-PRESSÕES NATURAL IN


SITU

Quando o vácuo é aplicado, o lençol freático sob a área tratada eleva-se até o nível dos
drenos horizontais. O perfil de poro-pressões torna-se então hidrostático até este nível e
a sucção atuará sobre o novo perfil hidrostático. Assim, a eficiência do sistema de vácuo
será afetada pela diferença entre a profundidade do lençol freático natural e a superfície,
conforme discutido em 2.11. Ou seja, um lençol freático mais profundo implica em
menor eficiência do sistema de vácuo. A variação máxima da tensão efetiva será dada
pela sucção média, que é função da eficiência do sistema de bombeamento, menos esta
carga hidráulica.

Se o perfil de poro-pressões natural apresentar um gradiente para a base da camada de


argila, como no caso do sítio de Saint-Roch-de-l'Achigan, a eficiência global do sistema
é ainda mais afetada.

Em casos de sítios cujo lençol freático encontra-se a profundidade superior a 1.5 m, a


perda de eficiência torna-se excessiva. É possível, em caso de lençol freático profundo,
a instalação de drenos horizontais dentro da crosta, a uma profundidade mais próxima
do lençol freático. Neste caso as bombas deverão ser também instaladas abaixo do nível
do terreno natural.

Como as trincheiras em torno dos aterros têm que descer cerca de 50 cm abaixo do
lençol freático para que a membrana em PVC mantenha-se estanque durante a aplicação
do vácuo, em caso de lençol freático profundo as trincheiras tornam-se muito profundas.
A execução das trincheiras profundas cria os seguintes inconvenientes:

- quanto maior a profundidade, maior a área de ocupação devido aos taludes em argila
e é necessário local para disposição provisória do material escavado das trincheiras
(durante a aplicação do vácuo);
253

- é necessária a proteção dos bordos dos taludes com uma cerca de proteção para evitar
acidentes em caso de zonas habitadas e ao fim dos trabalhos é necessário o
preenchimento das trincheiras com o material escavado;

- se a área de tratamento é pequena, como no caso do presente sítio experimental, a


escavação das trincheiras causa um descarregamento significativo da camada
argilosa;

- pode-se ter problemas de estabilidade do talude da trincheira que é executado em


argila e pode estar sujeito a cargas temporárias de equipamentos.

8.2.3 EFICIÊNCIA DO SISTEMA DE VÁCUO E VARIAÇÃO DAS TENSÕES

O sistema de bombeamento apresenta em geral uma eficiência de 70 à 75%, isto é,


aproximadamente de 70 à 75 kPa de sucção, o que corresponde a cerca de 4.5 m de
aterro. A eficiência do sistema de vácuo, conforme visto em 6.3, depende do sistema de
bombeamento e da profundidade do lençol freático e em Saint-Roch-de-l'Achigan
obteve-se 81 kPa devido as pequenas dimensões da área do sítio experimental. É
importante notar que o acréscimo de tensões devido a aplicação do vácuo é constante à
medida que o solo sofre recalques, pois não há diminuição da tensão vertical total com a
submersão de parte do aterro, como nos casos de aterros convencionais em que o lençol
freático é superficial.

Em caso de mal funcionamento do sistema e queda da sucção, após o reinício do


bombeamento o vácuo recomeça, sem que hajam perdas das deformações já alcançadas,
pois o comportamento é similar a um estágio de descarregamento e recarregamento de
um ensaio oedométrico.

8.2.4 CRONOGRAMAS DE OBRAS

Uma vantagem do précarregamento por vácuo é a execução de précarregamento


correspondente a 4.5 m de aterro, sem que hajam problemas de estabilidade,
diminuindo-se assim o tempo de execução do aterro, ao se diminuir o número de etapas
construtivas.

Por exemplo, um aterro de 7.5 metros a ser construído sobre uma camada de argila mole
cuja altura crítica é de 2.5 m terá que ser construído em várias etapas, no caso de
précarregamento convencional, considerando-se o ganho de resistência com o
254

adensamento. No précarregamento por vácuo, numa primeira etapa o vácuo seria


aplicado, associado a um aterro de 2.5 m, correspondendo a um précarregamento de 7 m
e quando o grau de adensamento desejado fosse alcançado as bombas seriam desligadas.
Numa segunda etapa o aterro seria construído até a cota final : 0.5 m restantes;
recomposição do aterro devido aos recalques da primeira fase de adensamento e
incluiria-se uma sobrecarga adicional. Haveria um segunda fase de adensamento e ao
final desta fase, o aterro seria descarregado até a cota de projeto, e como o solo de
fundação estaria no domínio sobreadensado não ocorreriam recalques significativos.

Num précarregamento convencional, para as mesmas condições de geometria e


fundação citadas acima, seriam necessárias no mínimo três etapas de construção e
adensamento, enquanto com o vácuo seria necessário somente duas etapas de
construção e de adensamento.

Ainda para as mesmas condições de fundação descritas acima, no caso de um aterro de


10 m a ser construído sobre esta fundação, na solução de précarregamento por vácuo,
numa primeira etapa, o vácuo seria aplicado associado a um aterro de 2.5 m e quando o
grau de adensamento fosse alcançado as bombas seriam desligadas. Numa segunda fase
o aterro seria construído até uma nova cota em função do ganho de resistência da argila
de fundação. Nesta fase haveria um novo perfil de poro-pressões, que apresentaria um
novo excesso de poro-pressões : poro-pressões excedentes da primeira fase mais as
geradas pelo carregamento da segunda fase. Neste caso o solo estaria no domínio
normalmente adensado e poderia se reaplicar o vácuo, que atuaria sobre esse novo perfil
de poro-pressões.

Evidentemente, em ambos os casos, os ganhos de resistência da primeira etapa devem


ser avaliados para se proceder a execução da segunda etapa com segurança. Como no
caso de aplicação do vácuo, não há diminuição do valor da tensão total aplicada com o
tempo por causa da submersão, pode-se contar com a tensão total constante durante toda
a primeira fase, o que não ocorre com um aterro convencional, que poderá apresentar
ganhos de resistência inferiores devido ao descarregamento causado pela submersão.

8.2.5 INSTRUMENTAÇÃO

A instrumentação pode atravessar a membrana em PVC, mas cada ponto perfurado deve
ser selado de forma a garantir a estanqueidade da membrana. Como o funcionamento do
255

sistema depende da estanqueidade da membrana, estes pontos de fraqueza devem ser


verificados cuidadosamente contra vazamento.

Em Saint-Roch-de-l'Achigan as deformações verticais foram avaliadas utilizando-se


resultados obtidos por tassômetros a corda vibrante. O sistema não é muito preciso, e
seria melhor a utilização de tassômetros com aranhas magnéticas, que são menos
onerosos e são usualmente empregados em aterros convencionais, visto que a membrana
em PVC pode ser perfurada pela instrumentação.

Os piezômetros de corda vibrante utilizados no sítio experimental parecem funcionar


bem até -25 , -30 kPa, entretanto para poro-pressões menores é possível haver perda da
saturação.

Inclinômetros foram utilizados, mas os deslocamentos horizontais medidos foram


pequenos. Em princípio estes deslocamentos ocorrem para o interior da massa do solo
sob vácuo, e no caso de existência de estruturas vizinhas poderia se monitorar estes
deslocamentos horizontais, em função da altura do aterro associado ao vácuo.

Tubos de espera podem ser instalados para execução de piezocones e de vane tests
durante a aplicação do vácuo para verificar o ganho de resistência. Estes tubos devem
ser cravados até a base da crosta, que é mais resistente, e posteriormente soldados à
membrana para promover sua vedação.

8.2.6 RECALQUES DIFERENCIAIS E DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

No caso de Saint-Roch-de-l'Achigan foi observado efeito de bordo acentuado, com


deslocamentos verticais menores nos bordos que no centro. Em obras reais de aplicação
de vácuo, há também efeito de bordo, pois há trincheiras e principalmente porque a
linha de drenos do bordo delimita uma fronteira entre a massa de solo précarregada e a
massa de solo intacta. Para atenuar este efeito, o espaçamento dos drenos verticais pode
ser reduzido na linha de drenos das fronteiras da área de aplicação do vácuo.

Os deslocamentos horizontais em caso de précarregamento por vácuo são desprezíveis,


quando comparados com os verticais. Em Saint-Roch-de-l'Achigan não foram
observados deslocamentos horizontais. Esta é uma outra vantagem da técnica, pois
estruturas nas proximidades do aterro não serão carregadas horizontalmente devido ao
précarregamento por vácuo.
256

8.2.7 INSTALAÇÃO DO SISTEMA DE APLICAÇÃO DE VÁCUO NO


QUÉBEC E PERSPECTIVA DE UTILIZAÇÃO NO BRASIL

O principal problema com relação a utilização do sistema de vácuo no Québec são as


condições climáticas. Como o período de neve se estende de meados de novembro até
fins de abril, com temperaturas médias de -20oC em janeiro, para que o vácuo pudesse
ser aplicado no inverno, algumas precauções foram tomadas :

- as bombas foram instaladas dentro de um container com isolamento térmico. A


instalação elétrica foi feita de tal forma que em caso de corte de fornecimento
elétrico, as bombas pudessem funcionar automaticamente após o retorno de energia;

- toda a tubulação que conduzia a água bombeada dos aterros até as bombas foi
protegida com isolamento térmico. O tubo de esgotamento que conduz a água das
bombas até as trincheiras foi vigiado durante o inverno, para que não fosse vedado
pelo gelo que se formava na sua extremidade;

De forma geral, para a instalação de um canteiro de aplicação de vácuo deve-se


considerar que :

- é necessário fornecimento de energia elétrica durante o bombeamento, cujo


dimensionamento é função do sistema de bombas;

- como as bombas de vácuo funcionam 24 h por dia, deve prever-se um sistema de


segurança contra vandalismo. É necessária a manutenção destas bombas tais como
limpeza de filtros, troca de óleo etc. É aconselhada também a instalação de bombas
de reserva no canteiro para em caso de problemas com as bombas, a aplicação do
vácuo não ser interrompida.

No Brasil a questão de custos é ainda uma dificuldade com relação a utilização desta
técnica, a qual pode vir a ser competitiva com as técnicas mais utilizadas correntemente
em caso de obras cujos prazos de execução são pequenos. Das dificuldades de ordem
técnica cita-se:

- desconhecimento da técnica no meio geotécnico;

- não há disponibilidade imediata no mercado nacional, de equipe técnica treinada e de


equipamentos testados para a utilização da técnica.
257

Por outro lado, nos caso das argilas muito moles da área litorânea brasileira, a grande
vantagem da técnica é propiciar a execução de aterros de até cerca de 6.5 m (2 m de
aterro mais 4.5 m correspondente ao vácuo) em apenas duas etapas construtivas.

8.3 PRÉCARREGAMENTO POR AQUECIMENTO

O sistema de aquecimento utilizado em Saint-Roch-de-l'Achigan foi projetado de forma


que as temperaturas na massa de solo fossem quase iguais, para qualquer elemento de
solo sob o aterro. Obviamente os elementos situados nos bordos apresentaram um
aumento de temperatura ligeiramente inferior, mas o sistema funcionou bem, com um
aumento de 0.5oC / dia até a temperatura desejada.

Este tipo de sistema foi necessário, pois para a análise dos resultados da pesquisa era
importante que se obtivesse uma variação equalizada da temperatura. O aquecimento
pode entretanto, ser obtido de forma menos onerosa, com menor controle.

Houve perda de calor e diminuição da eficácia do sistema de aquecimento devido ao


bombeamento de água fria para dentro da crosta. Para uma superfície de tratamento
maior, o problema seria atenuado.

8.4 DESEMPENHO DOS ATERROS DE PRÉCARREGAMENTO

8.4.1 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO - ATERRO A

O vácuo foi aplicado durante 5 meses sobre o aterro A, com uma eficácia do sistema de
bombeamento de cerca de 81 % (81 kPa). Em virtude das dimensões do sítio e da
escavação das trincheiras periféricas, duas hipóteses de distribuições de tensões foram
consideradas para o aterro e para a crosta.

Para a hipótese de distribuição em um aterro em forma de "paralelepípedo", com


variação de tensão em função da profundidade, conforme discutido no anexo IV, as
tensões calculadas para o último alteamento foram de 6.6 kPa (3.9 m) a 0.6 kPa maiores
que as poro-pressões medidas pelos piezômetros. Esta foi a hipótese adotada na
discussão dos resultados.

Para estas mesmas profundidades, segundo uma hipótese de carregamento por "tronco
de pirâmide", com carregamento distribuído igualmente na base do tronco de pirâmide e
ao longo da profundidade, as tensões calculadas são até 2.2 kPa menores que as medidas
258

pelos piezômetros. Este critério não foi adotado pois as poro-pressões medidas in situ
são menores que as tensões calculadas, principalmente no caso de précarregamento por
vácuo.

É possível que o acréscimo de tensões que realmente ocorreu in situ esteja entre os
valores propostos pelos dois métodos e neste caso, os valores de σ'VEL, σ'Vmax, e tensões
verticais das curvas de compressão in situ seriam um pouco menores.

Os piezômetros apresentaram uma boa resposta face às variações das condições de


carregamento, tais como :

- quando houve a escavação da trincheira periférica, foi observada uma queda da


poro-pressão medida no centro do aterro, devido ao descarregamento da crosta;

- durante o bombeamento, ocorreram aumentos de poro-pressões medidos nas


camadas, devido aos alteamentos do aterro de areia. Os valores de excesso de poro-
pressão medidas foram compatíveis com a distribuição de tensões consideradas;

- quando do fim do bombeamento, a poro-pressão não retornou imediatamente a seu


valor inicial, pois houve a descida do lençol freático desde o nível dos drenos
horizontais até o nível do lençol freático natural;

A geometria dos aterros e das trincheiras (em função do N.A. natural) concorreram para
a diminuição da eficiência do sistema, pois segundo os ensaios de laboratório as tensões
alcançadas com o précarregamento por vácuo seriam maiores que as tensões de
sobreadensamento obtidas a partir das curvas de compressão in situ.

Devido às baixas tensões alcançadas in situ (muito próximas das tensões de


sobreadensamento) os ensaios in situ e de laboratório executados sobre a argila após o
précarregamento por vácuo não apresentaram um ganho importante de resistência
comparativamente aos executados sobre a argila intacta. Este comportamento dificultou
a análise do desempenho dos piezômetros das camadas superiores pois planejava-se
comparar o estado de tensões máximo alcançado, medido pelos ensaios executados após
o précarregamento in situ e o obtido a partir das medidas dos piezômetros que
apresentaram medidas questionáveis.

Entretanto, é possível que sob uma poro-pressão da ordem de -20 kPa até -25 kPa,
durante um período prolongado de tempo, tenha ocorrido dessaturação dos transdutores.
259

Como a tensão de sobreadensamento deduzida da curva de compressão da camada 1,


parece estar em acordo com o perfil de σ'ppiezocone, as tensões efetivas ultrapassaram a
tensão de sobreadensamento in situ (σ'VEL), nesta profundidade, antes de ocorrer a
dessaturação.

As medidas das poro-pressões e deslocamentos verticais no aterro possibilitaram a


obtenção de curvas de compressão das camadas, permitindo assim obter as tensões
verticais no estado limite (σ'VEL). Os valores de σ'VEL encontram-se entre os valores de
tensões de sobreadensamento obtidas nos ensaios triaxiais de compressão isotrópica e as
obtidas nos ensaios oedométricos. Estes valores encontram-se dentro de uma faixa
esperada para a velocidade de deformação e temperatura das camadas durante a
passagem do estado limite in situ (σ'VEL). Este comportamento está em acordo com o
caminho de tensões de um précarregamento por vácuo.

Os recalques finais medidos no centro do aterro foram da ordem de 27 cm, menores que
os medidos pelas placas de recalque do aterro do MTQ, pois a carga aplicada eram
diferentes nos dois sítios. Os deslocamentos horizontais foram pequenos, como
esperado em caso de précarregamento por vácuo.

Os valores de σ'VEL obtidos no aterro experimental foram menores que os obtidos


utilizando-se o método (σ'p - σ'v0), proposto por Leroueil et al. (1978-b), a partir dos
resultados dos piezômetros do aterro do MTQ.

8.4.2 PRÉCARREGAMENTO POR VÁCUO E POR AQUECIMENTO -


ATERRO B

A argila sob a parte central do aterro B foi aquecida de 6.5oC até cerca de 39oC durante
2 meses, quando o vácuo começou a ser aplicado. O bombeamento ocorreu durante 4
meses, com uma eficácia do sistema de bombeamento de cerca de 81% (81kPa).

As poro-pressões foram constantes durante o aquecimento, entretanto, assim como para


o aterro A, durante a escavação da trincheira periférica, houve queda das poro-pressões
medida pelos piezômetros a corda vibrante. Os recalques no centro do aterro, medidos
pelas placas de recalque, foram da ordem de 21 cm, inferiores às medidas no aterro A,
entretanto os recalques medidos nos bordos foram relativamente maiores que no aterro
A.
260

Os valores de σ'VEL foram próximos dos obtidos para o aterro A. Os deslocamentos


horizontais medidos pelos inclinômetros instalados nas trincheiras do aterro B foram
também pequenos.

Os baixos valores de tensões alcançados durante a aplicação do vácuo podem explicar


as pequenas diferenças entre os recalques medidos nos dois aterros, pois as tensões
encontravam-se próximas do domínio sobreadensado, onde o efeito da temperatura
sobre a curva de compressão é menos evidente. Entretanto isto não justifica os valores
de σ'VEL obtidos sob o aterro B, que foram iguais aos obtidos sob o aterro A, quando se
esperava valores cerca de 20 % menores. Se as velocidades de deformação dos dois
aterros fossem diferentes, poderia haver um efeito da velocidade sobre o estado limite,
que compensaria o efeito da temperatura. Este não foi o caso, pois as velocidades foram
similares. Por outro lado, é possível que para baixas velocidades da ordem de 10-9s-1,
possa ter havido estruturação da argila, ou então a faixa de equilíbrio indiferente tinha
sido alcançada.

Os resultados dos ensaios in situ e de laboratório após o précarregamento por vácuo e


aquecimento indicaram que a argila não apresentou ganho de resistência
comparativamente aos ensaios executados sobre a argila intacta.

Os ensaios de laboratório executados a temperatura e velocidade de deformação


controladas sobre a argila intacta mostraram uma estruturação da argila em compressão
unidimensional devido as baixas velocidades e altas temperaturas. Esperava-se uma
estruturação da argila após cerca de 6 meses sob aquecimento, dos quais 4 meses foram
sob vácuo. Este comportamento não foi observado nos ensaios in situ nem nos ensaios
oedométricos executados após os précarregamentos. Entretanto, os ensaios triaxiais CIU
cisalhados no domínio sobreadensado apresentaram uma ligeira estruturação e os
valores das tensões de sobreadensamento obtidas foram um pouco maiores.

O comportamento de campo contradiz as observações de laboratório com relação as


variações de temperatura a que o aterro B foi submetida. Houve dissipação da poro-
pressão mais rápida da poro-pressão no aterro B por ocasião do carregamento, mas no
contexto geral não se pode considerar este ganho de tempo como justificativa para a
utilização da técnica para melhoria de fundação. Entretanto é possível que o
261

aquecimento apresentasse um efeito maior sobre as deformações caso o depósito de


argila se encontrasse no domínio normalmente adensado com a aplicação do vácuo.

8.5 PROPOSTAS PARA PESQUISAS FUTURAS

Com relação aos estudos de laboratório propõe-se :

- verificação da estruturação num estudo comparativo executado em argilas moles


brasileiras orgânicas e inorgânicas, para avaliar o efeito da tixotropia neste
fenômeno. Execução de ensaios oedométricos de longa duração com recarregamento,
e ensaios convencionais para observar o sobreadensamento causado pela
estruturação. Ensaios triaxiais com variação da velocidade de cisalhamento, para
avaliar o efeito no valor de q de pico, que pode apresentar-se ligeiramente superior,
logo no início do recarregamento, devido a estruturação alcançada na etapa anterior,
executada a menor velocidade. Pode-se utilizar a temperatura ou a velocidade de
deformação;

- Melhor compreensão do fenômeno de estruturação a nível físico-químico;


±
- Estudo do efeito da temperatura na faixa εv, a partir da qual há um equilíbrio
indiferente conforme proposto por Feijó (1991) e observado por Burghignoli (2000).

Como o banco de dados coletados para os estudos efetuados em Saint-Roch-de-


l’Achigan é extenso, poderiam ser elaborados estudos com base nestes resultados e que
não foram escopo desta dissertação :

- Utilização de ferramentas numéricas para a análise do comportamento de laboratório


e campo, para posterior comparação com o banco de dados disponível;

- Elaboração de um método para previsão da evolução das poro-pressões com o tempo,


elaborado especificamente para um précarregamento por vácuo associado a um
aterro, mais adequado que o proposto por Barron (1947). Utilizar os resultados
obtidos para verificação do método;

- Estudo do efeito de bordo no caso de aplicação de vácuo para dimensionamento dos


drenos limítrofes;

- Estudo dos valores de Cv medidos em laboratório versus previsão dos valores de Ch


esperados em campo em précarregamentos por vácuo.
262

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Foundation Division, ASCE, vol. 97 (10), pp. 1393 - 1413.
272

ANEXO I - RESULTADOS DOS ENSAIOS DA


CAMPANHA DE 1996

Nas Tabelas I-1 e I-2 estão apresentados os resumos dos ensaios de laboratório
executados nos furos de amostragem F1 e F2. A denominação das amostras é feita da
seguinte forma: F designa o número da amostragem; T, o número do tubo amostrador e
E o número da amostra dentro do tubo. As amostras de cada tubo, de 60 cm de
comprimento, podem ser divididas em 3 amostras de 20 cm de diâmetro e
aproximadamente 13 cm de altura (E1, E2 e E3). A parte superior do tubo é descartada
pois pode estar amolgada. É interessante notar que graças às dimensões das amostras
coletadas é possível a execução de vários ensaios à mesma profundidade, como no caso
dos triaxiais em que para uma mesma amostra pode-se moldar 7 corpos de prova. Os
procedimentos de armazenagem destes tipos de amostras foram descritos por Marques
(1996).

Os resultados dos ensaios de caracterização estão apresentados na Tabela I - 3. Na


execução dos ensaios de caracterização, seguiu-se os procedimentos descritos nas
seguintes normas canadenses: limites de liquidez (wL) e de plasticidade (wP) -
CAN/BNQ 2501-092-M-86; sensibilidade da argila (St) - CAN/BNQ 2501-110-M-86;
análise granulométrica - NQ2501-025 e densidade dos grãos - BNQ 2501-070. O teor de
umidade natural (wn) foi determinado a cada meio metro de profundidade.

A Figura I -1 apresenta um resumo das propriedades características das argilas da região


de Champlain estabelecidas por Leroueil et al. (1983). Os valores de resistência, limites
de Atterberg, índice de vazios, porcentagem de argila, peso específico e sensibilidade
podem ser obtidos nestes gráficos apenas com os resultados dos ensaios de cone intacto
e amolgado e umidade natural. Estes resultados são o resumo de ensaios realizados ao
longo de anos de pesquisa nas várias argilas da região de Champlain. Os dados de
entrada nestes gráficos indicados no exemplo da figura, referem-se à amostra F1-T8-E1
: umidade natural de 85.5%; penetração no cone sueco (60 gramas - 600) em amostra
amolgada de 14.7 mm; e penetração no cone sueco (100 gramas - 300) em amostra
intacta de 5.6 mm.
273

Tabela I - 1 - Quadro resumo dos ensaios executados na amostragem F1.

FURO DE SONDAGEM F1
TUBO Prof(m) DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS
F1-T1-E1 1.24 - 1.37
F1-T1-E2 1.37 - 1.50
F1-T2-E1 1.70 - 1.83
F1-T2-E2 1.83 - 1.96
F1-T2-E3 1.96 - 2.08 OED 1 - σ'P = 217 kPa
F1-T3-E1 2.26 - 2.39
F1-T3-E2 2.39 - 2.51
F1-T3-E3 2.51 - 2.64 Det. wnat arg. oxidada
F1-T4-E1 2.82 - 2.95 arg. grise
F1-T4-E2 2.95 - 3.07
F1-T4-E3 3.07 - 3.20 WL,WP, sedimentação OED 2* - σ'P = 70 kPa
F1-T5-E1 3.35 - 3.48
F1-T5-E2 3.48 - 3.61 Det. wnat
F1-T5-E3 3.61 - 3.73

F1-T6-E1 3.89 - 4.01 WL,WP,G,sedimentação CIU1 - σ'c =260 kPa - σ'pi =75 kPa
OED 9* - σ'P = 108 kPa OED 3 - σ'P = 107 kPa
-6 -1
F1-T6-E2 4.01 - 4.14 CRS1 - T = 10 - 50C - σ'P10C = 134 kPa;εv = 2 x 10 s
F1-T6-E3 4.14 - 4.27
F1-T7-E1 4.39 - 4.55
F1-T7-E2 4.55 - 4.67 Det. wnat CRS23;T=20C;σ'P=123kPa;εv = 1x 10 -6 s -1

F1-T7-E3 4.67 - 4.80 OED1(d=15cm)


OED 4* - σ'P = 114 kPa CRS16 ;T=50C;σ'P=117kPa;εv =3.38x10 -6 s -2

F1-T8-E1 4.93 - 5.05 WL,WP,G,sedimentação CRS15 ;T=30C;σ'P=117kPa;εv =6.75x10 -7 s -2

CIU2 - σ'c = 2.5 x 114 =285 kPa σ'Pi = 83 kPa


-7 -1
CRS5;T=10C;σ'P=135kPa;εv = 6.75 x 10 s CRS8;T=30C;σ'P= 138kPa
-5 -1 -5
CRS6;T=10C;σ'P= 160kPa;εv = 1x 10 s εv =1x10 s -1
-7 -1
F1-T8-E2 5.05 - 5.18 CRS7;T=10C;σ'P=123kPa;εv = 1x 10 s
-5
CRS9;T=50C;σ'P= 134kPa;εv = 1x 10 s -1 CRS11;T=50C;σ'P=93kPa
-7 -1 -7
CRS14 ;T=30C;σ'P=102kPa;εv =1x10 s εv =1x10 s -1
CRS10;T=50C;σ'P=106kPa;εv =6.75x10 -7 s -1
-6 -1
F1-T8-E3 5.18 - 5.30 CRS2 - T = 10-50C - σ'P10C = 144 kPa;εv = 2 x 10 s
CIU 9 - σ'c = 46 kPa - T=10oC Det. wnat
CAU 4 - k=0.5 - σ'p = 105kPa - T=10oC
PERD
F1-T9-E1 5.46 - 5.60 CAU 5 - k=0.7 - σ'p = 95 kPa - T=10oC CIU9 CAU4
o CAU6
CAU 6 - k=0.85 - σ'p = 101kPa - T=10 C
CIU16
CAU8
CAU 8 - k=0.5 - σ'P = 88 kPa - T=50oC
CAU5
CIU16 - σ'c = 46 kPa - T=50oC
274

Tabela I - 1 - Quadro resumo dos ensaios executados na amostragem F1 - continuação.

FURO DE SONDAGEM F1
TUBO Prof(m) DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS
CIU 8 - σ'c = 23 kPa - T=10oC
PERD
CIU 10 - σ'pi = 90 kPa - σ'c = 160kPa - T=10oC CIU8
PERD

F1-T9-E2 5.59 - 5.72 o


CIU 13 - σ'c = 23 kPa - T=10 C CIU10
CIU 17 CIU14
o
CIU 14 - σ'c = 60 kPa - T=10 C
CIU13
CIU17 - σ'c = 23 kPa - T=50oC
CAU 1 - k = 0.5 σ'p = 100 kPa CIU 5 - σ'c = 23 kPa
F1-T9-E3 5.72 - 5.84 CAU 2 - k = 0.7 σ'p = 105 kPa CIU 6 - σ'c = 46 kPa
CAU 3 - k = 0.85 σ'p = 90 kPa CIU 7 - σ'c = 60 kPa
CIU 3 σ'pi = 83 kPa σ'c =220 kPa
F1-T10-E1 5.99 - 6.12 OED 5 - σ'P = 130 kPa
WL,WP,G,sedimentação OED 10* - σ'P =112kPa
F1-T10-E2 6.12 - 6.25 CRS12;T=10C;σ'P=127kPa;εv = 1x 10 -7 s -1
CRS13;T=10-50C;σ'P= 102 kPa;εv = 1x 10 -7 s -1

F1-T10-E3 6.25 - 6.37 CRS3 - T = 10-50C OED2(d=15cm)


-6 -1
σ'P10C = 154 kPa;εv = 2 x 10 s
o
F1-T11-E1 6.55 - 6.68 CIU 11 - σ'pi = 95 kPa - σ'c = 167kPa - T=10 C Det. wnat
o
CIU 12 - σ'pi = 95 kPa - σ'c = 130kPa - T=10 C
F1-T11-E2 6.68 - 6.81
F1-T11-E3 6.81 - 6.93
OED 6* - σ'P = 149 kPa CIU4 - σ'c = 373 kPa
F1-T12-E1 7.11 - 7.24 WL,WP,G,sedimentação σ'Pi = 90 kPa
o
CIU 28 - σ'pi = 93 kPa σ'c = 100 kPa - T=10 C

F1-T12-E2 7.24 - 7.37


F1-T12-E3 7.37 - 7.50 Det. wnat
-6 -1
CRS4 - T = 10-50C -σ'P10C = 168 kPa;εv = 2 x 10 s
F1-T13-E1 7.67 - 7.80
F1-T13-E2 7.80 - 7.93
F1-T13-E3 7.93 - 8.06 WL,WP,G,sedimentação OED 7 - σ'P = 143 kPa
OED 11* - σ'P =158kPa
F1-T14-E1 8.25 - 8.38
F1-T14-E2 8.38 - 8.51
F1-T14-E3 8.51 - 8.64 Det. wnat
F1-T15-E1 8.82 - 8.95
F1-T15-E2 8.95 - 9.08
F1-T15-E3 9.08 - 9.21 WL,WP,G,sedimentação OED 8 - σ'P = 179 kPa
OED 12* - σ'P = 200 kPa
OED* = com ensaios de permeabilidade
275

As correlações estabelecidas para as argilas de Champlain fornecem uma ordem de


grandeza, a título indicativo somente, mas não substituem a necessidade de se executar
ensaios individuais, embora as correlações tenham sido excelentes, como mostra a
Tabela I - 4, que apresenta a comparação entre os parâmetros obtidos nos ensaios e os
deduzidos a partir dos gráficos da Figura I - 1.

Concluiu-se que os resultados dos ensaios realizados na argila de Saint-Roch-de-


l'Achigan estão de acordo com os obtidos por Leroueil et al. (1983), o que permite
descrevê-la como uma argila típica da região de Champlain e compará-la às demais
argilas da região.

Os ensaios oedométricos foram executados em amostras de 19 mm de altura e 50 mm


de diâmetro. Os carregamentos no trecho sobreadensado foram executados a cada 12
horas (os três primeiros carregamentos) e os demais a cada 24 horas, com exceção dos
ensaios em que se mediu a condutividade hidráulica, nos quais os carregamentos foram
executados a cada 48 horas. As medidas de Cv e condutividade hidráulica só foram
feitas nos carregamentos executados no domínio normalmente adensado.

Como estes ensaios tinham como objetivo uma boa determinação σ'poed, utilizou-se
maior número de estágios de aplicação de cargas do que os usuais para ensaios de
adensamento, ou seja, uma relação de tensões da ordem de σ'v (i+1) = 1.5 σ'v (i). Os
estágios de carregamento foram : 6.1, 12.1. 24.2 , 36.4, 48.5, 72.7, 109.1, 169.1, 254.5,
387.8, 581.8, 872.7 e 1309 kPa e descarregando em 872.7, 581.8, 387.8, 254.5, 169.7,
109.1, 48.5 e 6.1 kPa.

A Tabela I - 5 apresenta o resumo dos resultados dos ensaios oedométricos na qual os


valores de Cs indicados foram obtidos no trecho sobreadensado e a partir da linha de
descarregamento da curva de compressão. A Tabela I - 6 apresenta o resumo dos
resultados dos ensaios triaxiais CIU, executados ao longo do depósito argiloso. Os
procedimentos destes ensaios são similares aos triaxiais executados sob temperatura
controlada descritos no anexo II.
276

Tabela I - 2 - Quadro resumo dos ensaios executados na amostragem F2.

FURO DE SONDAGEM F2
TUBO Prof(m) DESCRIÇÃO DOS ENSAIOS

F2-T1-E1 3.43 - 3.57


F2-T1-E2 3.57 - 3.68
F2-T2-E1 3.83 - 3.96
F2-T2-E2 3.96 - 4.09
F2-T2-E3 4.09 - 4.22
F2-T3-E1 4.36 - 4.50
F2-T3-E2 4.50 - 4.62
F2-T3-E3 4.62 - 4.75
F2-T4-E1 4.88 - 5.00
F2-T4-E2 5.00 - 5.13
F2-T4-E3 5.13 - 5.26
CAU 10 - σ'p = 73kPa - K = 0.85 - T=50oC CIU 20 - σ'c = 30 kPa- T=10oC

CIU 15 - σ'pi = 70kPa - σ'c = 130 kPa - T=50oC


CIU19
F2-T5-E1 5.41 - 5.53 CAU 7 - σ'p = 105 kPa - K = 0.7 - T=10oC CIU18
CIU15
CAU 9- σ'p = 80kPa - K = 0.7 - T=50oC CIU20
CAU7 CAU9
CIU 19 - σ'c = 70 kPa - T=10oC CAU10
CIU 18 - σ'pi = 92kPa - σ'c= 106 kPa - T=10oC

CIU 21 - σ'pi = 88 kPa σ'c = 124 kPa - T=10oC

CIU 24 - σ'pi = 93 kPa σ'c = 124 kPa - T=10oC CIU26


CIU22 CIU23
F2-T5-E2 5.53 - 5.66 CIU 22 - σ'c = 30 kPa - T=50oC
CIU24
CAU 11 - σ'pi =100 kPa - T=20oC PERD CIU21
CAU11
CIU 26 - σ'pi = 95 kPa σ'c = 100 kPa - T=20oC

CIU 23 - σ'c = 46 kPa - T=50oC

CIU 25 - σ'c = 30 kPa - T=20oC PERD


o CIU25 CIU30
F2-T5-E3 5.66 - 5.79 CIU 27 - σ'c = 46 kPa - T=20 C
D
CIU 29 - σ'c = 30 kPa - T=10oC PERD CIU29
CIU27
CIU 30 - σ'c = 30 kPa - T=50oC
277

Tabela I - 3 - Resultados dos ensaios de caracterização - Saint-Roch-de-l'Achigan.

AMOSTRA PROF Cu Cur St wn wam wL wP IP IL G argila silte


3
(m) (kPa) (kPa) (%) (%) (%) (%) (g/cm ) (%) (%)
2.52 69.6
F1-T3-E3 2.52 - - - 71.6 - - - - - - - -
2.52 78.5
F1-T4-E3 3.07 18.8 0.8 25 92.9 86.1 75 29 46 1.2 - 78.0 22.0
3.49 94.9
F1-T5-E2 3.48 - - - 85.9 - - - - - - - -
3.50 98.0
F1-T6-E1 3.89 25.9 0.5 48 93.9 86.0 69 28 41 1.4 - 76.5 23.5
4.52 91.1
F1-T7-E2 4.53 - - - 85.6 - - - - - - - -
4.54 89.7
F1-T8-E1 4.93 31.4 0.8 38 85.5 83.7 69 28 41 1.4 2.777 73.2 25.8
5.46 81.1
F1-T9-E1 5.47 - - - 88.5 - - - - - - - -
5.48 83.7
F1-T10-E1 5.99 32.2 0.9 37 79.4 83.2 72 28 44 1.3 - 70.6 29.4
6.55 80.4
F1-T11-E1 6.56 - - - 82.3 - - - - - - - -
6.57 82.8
F1-T12-E1 7.11 41.9 1.3 32 80.7 81.5 75 29 46 1.1 2.755 66.7 32.3
F1-T12-E2 7.20 - - - - - 78 29 49 1.1 2.810 72.0 28.0
7.37 75.3
F1-T12-E3 7.38 - - - 78.9 - - - - - - - -
7.39 80.5
F1-T13-E3 7.93 38.4 1.2 33 78.2 79.0 72 28 44 1.2 2.754 66.7 33.3
F1-T15-E3 9.08 76.9 1.5 51 75.9 74.2 72 31 41 1.1 2.788 62.2 37.7

Tabela I - 4 - Parâmetros obtidos a partir de ensaios das correlações propostas por


Leroueil et al. (1983).

Parâmetros Calculado a partir de ensaios Obtido através das correlações propostas


IP 41 45
eo 2.456 2.4
Cc 2.75 entre 2 e 3.6; médio =2.8
3
γ(kN/m ) 14.9 15
wL (%) 69 74
wP (%) 28 27
% de argila 73.2 > 80
Su/σ'p 0.3 0.32
2.4
entre 2 - 3.6 Amostra
85.5
15
F1-T8-E1
74 45
49.7
27
0.32

1.4 0.8

St = 30

Média

Cur = 0.8 kPa


Média

Figura I - 1 - Propriedades características da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan.


Tabela I - 5 - Resumo dos ensaios oedométricos da série 1 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
TENSÕES 109kPa 169 kPa 254 kPa 387 kPa 581 kPa
2 2 2 2
ENSAIO PROF. k Cv(m /s) k Cv(m /s) k Cv(m /s) k Cv(m /s) k
(m) (m/s) √ t log t (m/s) √ t log t (m/s) √ t log t (m/s) √ t log t (m/s)
OED1 1.96 - - - - 6.84E-08 4.31E-08 - 1.09E-07 5.70E-08 - 3.42E-08 2.25E-08 -
OED2 3.07 5.8E-10 1.55E-08 8.56E-09 3.0E-10 9.82E-09 5.39E-09 2.2E-10 1.46E-08 6.65E-09 1.4E-10 1.24E-08 1.05E-08 1.1E-10
OED3 3.89 - 1.14E-08 9.09E-09 - 8.24E-09 7.29E-09 - 1.24E-08 7.92E-09 - 2.12E-08 7.60E-09 -
OED4 4.93 1.9E-09 9.19E-09 1.92E-09 6.4E-10 1.58E-08 9.19E-09 3.6E-10 8.87E-09 5.39E-09 2.3E-10 2.06E-08 2.88E-09 1.4E-10
OED5 5.99 - 8.08E-09 3.39E-09 - 1.17E-08 8.24E-09 - 1.65E-08 7.29E-09 - 1.74E-08 6.02E-09 -
OED6 7.11 2.7E-09 1.26E-09 9.76E-10 7.3E-10 1.01E-08 9.19E-09 3.3E-10 8.24E-09 7.60E-09 2.0E-10 1.11E-08 5.39E-09 1.2E-10
OED7 7.93 - 1.80E-08 - - 1.05E-08 7.29E-09 - 1.08E-08 8.24E-09 - 1.27E-08 4.75E-09 -
OED8 9.08 2.0E-09 6.97E-10 - 1.8E-09 7.60E-09 3.61E-09 4.7E-10 2.09E-08 1.33E-08 4.2E-10 1.77E-08 8.87E-09 2.5E-10
OED9 3.89 1.31E-09 - - 4.81E-10 - - 2.8E-10 - - 1.7E-10 - - 1.1E-10
OED10 5.99 1.3E-09 - - 5.1E-10 - - 2.9E-10 - - 1.8E-10 - - 9.9E-11
OED11 7.93 1.5E-09 - - 8.5E-10 - - 3.9E-10 - - 2.1E-10 - - 1.4E-10
OED12 9.08 8.9E-09 - - 1.8E-09 - - 9.4E-10 - - 4.3E-10 - - 2.7E-10

ENSAIO AMOSTRAS PROF.(m) σ'P σ'vo wn γn e0 evo k0 Ck OCR Cs Cc Cc/(1+eo) Cvcalc* -(evo-eo)/eo
3 2
(kPa) (kPa) (%) (kN/m ) (m/s) sob. desc. (m /s)
OED 1 F1-T2-E3 1.96 240 25.5 67.0 15.4 1.946 1.930 - - 9.4 0.02 0.14 1.12 0.38 - 0.008
OED2 F1-T4-E3 3.07 70 31.1 93.1 14.8 2.535 2.470 2.0E-9 1.14 2.2 0.05 0.12 2.07 0.59 3.6E-8 0.026
OED3 F1-T6-E1 3.89 107 39.3 90.3 14.9 2.465 2.430 - - 2.7 0.03 0.11 3.05 0.88 - 0.014
OED4 F1-T8-E1 4.93 114 49.0 90.1 14.9 2.456 2.360 3.2E-9 1.04 2.3 0.09 0.11 2.75 0.80 5.7E-8 0.039
OED5 F1-T10-E1 5.99 130 60.2 86.4 15.0 2.375 2.340 - - 2.2 0.03 0.12 3.84 1.14 - 0.015
OED6 F1-T12-E1 7.11 149 72.6 87.7 15.0 2.399 2.320 1.6E-9 1.22 2.1 0.05 0.11 4.62 1.36 4.9E-8 0.033
OED7 F1-T13-E3 7.93 153 86.0 82.6 15.1 2.271 2.210 - - 1.8 0.04 0.10 2.84 0.87 - 0.027
OED8 F1-T15-E3 9.08 190 100.2 79.2 15.2 2.185 2.080 2.3E-9 0.97 1.9 0.03 0.09 2.79 0.88 9.8E-8 0.048
OED9 F1-T6-E1 3.89 108 39.3 90.5 14.9 2.469 2.370 3.3E-9 1.03 2.8 0.05 0.12 3.08 0.89 4.3E-8 0.040
OED10 F1-T10-E1 5.99 112 60.2 88.3 15.0 2.401 2.300 2.2E-9 1.11 1.9 0.04 0.10 2.43 0.71 4.2E-8 0.042
OED11 F1-T13-E3 7.93 158 86.0 82.3 15.3 2.236 2.160 1.8E-9 1.02 1.8 0.03 0.09 2.60 0.80 6.4E-8 0.034
OED12 F1-T15-E3 9.08 200 100.2 72.5 15.6 1.991 1.940 2.2E-9 0.94 2.0 0.04 0.08 2.08 0.70 6.6E-7 0.026
* domínio normalmente adensado, calculado a partir dos ensaios de permeabilidade
Tabela I - 6 - Resumo dos ensaios triaxiais de compressão isotrópica - série 1 - Saint-Roch-de-l'Achigan.

Características do pico
ENSAIOS AMOS- PROF. σ'poed s'L wn T σ 'c ε 1f uf qf sf tf σ'1f σ'3f qε 1 = 15% φ' φ'
TRAS (m) (kPa) (kPa) (%) (oC) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic(o) gd(o)
CIU1 F1-T6-E1 3.95 107 75 92.7 20 260 2.1 149.0 136.7 179.3 68.3 247.6 111.0 115.9 22.4 29.0
CIU2 F1-T8-E1 4.99 114 83 85.2 20 233 2.3 122.1 148.2 185.0 74.1 259.1 110.9 124.2 23.6 30.0
CIU3 F1-T9-E3 5.78 130 83 89.9 20 220 - - - - - - - - - -
CIU4 F1-T12-E1 7.18 149 90 84.1 20 306 2.7 154.5 158.6 230.8 79.3 310.1 151.5 135.8 20.1 25.0
CIU11 F1-T11-E1 6.62 149 97 85.6 10 167 2.6 96.1 101.7 121.8 50.9 172.6 70.9 80.5 24.7 31.0
CIU12 F1-T11-E1 6.62 149 90 84.1 10 131 2.6 82.3 101.5 99.3 50.8 150.1 48.6 71.5 30.7 40.5
CIU28 F1-T12-E1 7.18 149 93 84.4 20 140 2.8 104.2 99.1 85.3 49.5 134.9 35.8 71.7 35.5 -
σ 'c = tensão de adensamento isotrópico.
σ 'poed = tensão de sobreadensamento do ensaio oedométrico convencional.
s'L = σ'pi = tensão de sobreadensamento isotrópica do ensaio de compressão isotrópica (hidrostático).
281

ANEXO II - ESTUDO DO COMPORTAMENTO


VISCOSO

PROCEDIMENTOS DOS ENSAIOS DE ADENSAMENTO


UNIDIMENSIONAL CRS

Os ensaios oedométricos CRS são ensaios executados a velocidade de deformação


controlada (constant rate of strain). Este tipo de ensaio permite o acompanhamento da
evolução da tensão efetiva vertical, que aumenta continuamente com a deformação
vertical. Este ensaio tem sido utilizado em estudos da influência da velocidade de
deformação no comportamento de solos (Leroueil et al. 1985; Carvalho, 1989; Marques,
1996).

A Figura II - 1 apresenta o esquema da célula utilizada para a execução dos ensaios


CRS. Durante estes ensaios, o corpo de prova é comprimido utilizando-se uma prensa,
que sobe com uma velocidade de deslocamento constante. A drenagem é feita no topo
do corpo de prova e a poro-pressão é medida na base.

Reservatório de
óleo de silicone Célula de
carga

água
Pedras
Contra - porosas
pressão

Transdutor
de pressão

Figura II - 1- Esquema da célula CRS.

A tensão total aplicada, o deslocamento vertical e a poro-pressão são computados à


medida que o corpo de prova se deforma. Se a tensão total aplicada em determinado
282

momento é σv, a tensão vertical efetiva média pode ser calculada a partir de uma poro-
pressão média (umédio) utilizando-se a hipótese de uma distribuição parabólica de
pressões dentro do corpo de prova (Wissa et al. 1971; Carvalho, 1989; Marques, 1996),
o que é dado por:

σ'v = σv - uo - 0.67 (ub - uo) (II-1)

umédio = 0.67 (ub - uo) (II-2)

onde ub é a poro-pressão medida na base do corpo de prova e uo é a contrapressão. Os


resultados dos ensaios CRS nos permitem deduzir a condutividade hidráulica, que varia
à medida que o índice de vazios diminui, segundo a equação a seguir:

Hγ w ε1
k= (II-3)
2(u b - u o )
±
onde H é a altura do corpo de prova e ε1 é a velocidade de deformação vertical.

Durante um ensaio oedométrico CRS, as velocidades de deformação vertical e de


deformação volumétrica são idênticas, pois a deformação lateral é impedida. A
condutividade hidráulica não varia em função da velocidade de deformação, pois um
aumento na velocidade de deformação é compensada por um aumento proporcional (ver
eq. II - 3) na poro-pressão (Tavenas et al., 1983).

Se a temperatura varia, a viscosidade e o peso específico da água variam e


consequentemente a condutividade hidráulica varia também. Habibagahi (1973) propõe
uma correção da condutividade hidráulica em função da temperatura supondo que a
permeabilidade absoluta (ou intrínseca - K int.) mantém-se quase constante com a
variação da temperatura, para um mesmo índice de vazios inicial e para a faixa de
temperatura estudada, conforme equação a seguir:

k T1 μT1 k T 2 μT 2
K int . = = (II-4)
γ T1 γT2

onde kTi é a condutividade hidráulica do solo sob uma temperatura Ti, μi é a viscosidade
da água à temperatura Ti e γTi é o peso específico da água à temperatura Ti.

Os ensaios CRS foram realizados sobre corpos de prova de 20 mm de altura e 75 mm de


±
diâmetro e foram comprimidos sob as seguintes velocidades de deformação vertical (εv):
283

1 x 10-5 s-1, 2 x 10-6 s-1, 3.38 x 10-6 s-1, 6.75 x 10-7 s-1 e 1 x 10-7 s-1. Além disto, para
verificar-se o efeito da temperatura sobre o comportamento unidimensional, os ensaios
foram executados a temperaturas controladas de 10, 30 e 50oC. Os ensaios a 10oC foram
executados dentro de um câmara frigorífera de laboratório, na qual a temperatura
ambiente era controlada, com medidas de temperatura na célula.

Para os ensaios a 30 e 50oC a célula CRS foi instalada dentro de um banho de água
quente, sob a temperatura desejada, com circulação de água através de uma pequena
bomba, para manter-se a temperatura constante, com medidas de temperatura no banho
de água quente. As Tabelas II - 1, II - 2 e II - 3 apresentam os resumos das
características das amostras e resultados destes ensaios.

Os transdutores de pressão foram calibrados para as várias temperaturas utilizadas,


mediu-se também o efeito da expansão e contração no sistema, para correção das
medidas de deslocamento.

PROCEDIMENTOS DOS ENSAIOS OEDOMÉTRICOS À


TEMPERATURA CONTROLADA (d = 15 cm)

Foram executados dois ensaios oedométricos à temperatura controlada sobre corpos de


prova de 47.9 mm de altura e 150 mm de diâmetro. O carregamento foi efetuado com o
auxílio de um braço de alavanca cuja relação de forças era de 11, a drenagem era
permitida pelo alto da amostra e a medida da poro-pressão era feita na base. Os ensaios
foram executados na câmara fria a 10oC e o aumento de temperatura a 20oC, 35oC e
50oC foi feito por circulação de água quente dentro de uma serpentina de cobre instalada
no interior da célula oedométrica, cujo esquema é apresentado na Figura II - 2.

Para se diminuir a perda de calor entre a célula e o ar ambiente, a célula foi envolta por
uma camada protetora de material isolante. A temperatura da água dentro da célula foi
verificada durante os ensaios através de um termopar instalado dentro da célula e o
controle de temperatura era feita no banho da água de circulação.
284

±
Tabela II - 1 - Resultados dos ensaios CRS (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10 - 50oC ) - série 1.

ENSAIO AMOSTRA PROF(m) wn (%) e0 .ε (s-1) T σ 'P(10


o
C)
v
o
( C) (kPa)
CRS 1 F1-T6-E2 4.01 92.0 2.580 2.0E-6 10 - 50 134
CRS 2 F1-T8-E3 5.18 91.5 2.603 2.0E-6 10 - 50 148
CRS 3 F1-T10-E3 6.25 87.9 2.458 2.0E-6 10 - 50 162
CRS 4 F1-T12-E3 7.37 79.6 2.260 2.0E-6 10 - 50 180

Tabela II - 2 - Resultados dos ensaios CRS - série 2.

ENSAIO AMOSTRA PROF(m) wn (%) e0 .ε (s-1) T σ 'P


v

(oC) (kPa)
CRS 5 F1-T8-E2 5.07 85.9 2.436 6.75E-7 10 135
CRS 6 F1-T8-E2 5.07 86.4 2.436 1.00E-5 10 160
CRS 7 F1-T8-E2 5.11 86.4 2.441 1.00E-7 10 123
CRS 8 F1-T8-E2 5.11 85.8 2.437 1.00E-5 30 138
CRS 9 F1-T8-E2 5.11 87.1 2.456 1.00E-5 50 134
CRS 10 F1-T8-E2 5.16 82.8 2.297 6.75E-7 50 106
CRS 11 F1-T8-E2 5.16 82.4 2.273 1.00E-7 50-10 93
CRS 14 F1-T8-E2 5.16 82.8 2.361 1.00E-7 30 102
CRS 15 F1-T8-E1 4.96 86.0 2.391 6.75E-7 30 117
CRS 16 F1-T8-E1 4.96 87.4 2.417 3.38E-6 50 117

Tabela II - 3 - Resultados dos ensaios CRS - série 3.

ENSAIO AMOSTRA PROF(m) wn (%) e0


.ε (s-1) T σ 'P
v
o
( C) (kPa)
CRS 12 F1-T10-E2 6.12 81.5 2.262 1.00E-7 10 127
CRS 13 F1-T10-E2 6.12 82.2 2.273 1.00E-7 50-10 102

No domínio sobreadensado, os carregamentos foram executados a 10oC. Para o ensaio


OED1, a temperatura foi aumentada sob uma tensão de 140 kPa e para o ensaio OED2
sob uma tensão de 151 kPa. Estas tensões foram escolhidas por serem próximas dos
valores da tensão de sobreadensamento, e diferentes entre si em função das
285

profundidades dos ensaios. Após a dissipação da poro-pressão, sob estas tensões, a


temperatura foi aumentada em patamares de 20, 35 e 50oC. Cada patamar de
temperatura foi mantido durante cerca de 48 h, sob carregamento constante. Após o
último patamar, o corpo de prova era resfriado até 10oC e em seguida cada
carregamento continuava durante 48 h, até aproximadamente 2 σ'poed.

Aquecedor
Retorno de água quente

bomba
Alimentação de água quente

Carregamento
com o braço
de alavanca
Termopar
Reservatório
de óleo

serpentina
de cobre

Contrapressão Transdutor de pressão

Figura II - 2 - Esquema da célula oedométrica - d = 15 cm.

Estes ensaios foram executados sobre amostras coletadas a 4.7 e 6.3 m para que se
pudesse fazer uma comparação com os resultados dos ensaios CRS das séries 2 e 3. Na
Tabela II - 4 apresenta-se o resumo das características dos ensaios OED1 e OED2. A
tensão de sobreadensamento indicada nesta tabela foi definida a partir da curva de
compressão obtida a 10oC.
286

Tabela II - 4 - Resumo dos resultados dos ensaios OED1 e OED2 - d = 15 cm.

ENSAIO AMOSTRA PROF(m) wn(%) e0 σ'p10oC(kPa)

OED1 F1-T7-E3 4.67 - 4.8 89.5 2.479 135


σ'v(kPa) ε v(%)
.ε (s-1)
T(oC) v OBS
50.0 10 1.41 - Domínio
80.0 10 1.85 - sobreadensado
110.0 10 2.78 -
140.0 10 6.40 1.0E-07
140.0 10 7.40 1.0E-08
140.0 20 9.10 1.0E-07
140.0 35 12.90 1.0E-07
140.0 50 14.90 1.0E-07
140.0 50 15.80 1.0E-08
155.0 10 16.32 - Sobreadensamento
170.0 10 16.34 - térmico
185.0 10 16.50 -
197.5 10 18.50 8.1E-08
227.9 10 22.60 1.0E-07
257.0 10 24.40 1.0E-07
260.0 10 26.00 1.0E-08
ENSAIO AMOSTRA PROF(m) wn(%) e0 σ'p10oC(kPa)

OED2 F1-T10-E3 6.25 - 6.38 85.24 2.762 149


σ'v(kPa) ε v(%)
.ε (s-1)
T(oC) v OBS
48.5 10 0.31 - Domínio
81.0 10 0.84 - sobreadensado
111.0 10 1.36 -
148.5 10 6.90 1.0E-07
149.0 10 9.40 3.0E-08
149.0 20 10.40 1.0E-07
149.0 35 12.70 1.0E-07
150.0 50 14.50 1.0E-07
150.0 50 15.10 3.0E-08
166.0 10 15.50 - Sobreadensamento
181.0 10 15.50 - térmico
192.5 10 16.10 1.0E-07
223.5 10 19.70 1.0E-07
252.0 10 22.50 1.0E-07
254.2 10 23.50 3.0E-08
281.0 10 23.90 1.0E-07
284.0 10 24.90 3.0E-08
287

PROCEDIMENTOS DOS ENSAIOS TRIAXIAIS EXECUTADOS À


TEMPERATURA CONTROLADA

Os ensaios triaxiais CAU e CIU foram executados em corpos de prova de 71 mm de


altura e 37 mm de diâmetro, coletados entre 5.41 m e 5.84 m de profundidade com o
amostrador Laval (F1 e F2). A velocidade de cisalhamento utilizada foi de 0.0061
mm/min (1.4 x 10-6 s-1) e as temperaturas de 10, 20 e 50oC. O aumento da temperatura
foi feito por circulação de água quente dentro de uma serpentina de cobre instalada no
interior da célula triaxial, com esquema similar ao sistema descrito para os ensaios
oedométricos de grande diâmetro (d = 15 cm), apresentado na Figura II - 2.

Para se obter um ponto de referência, dentro do domínio sobreadensado, o primeiro


carregamento foi executado a 20oC para todos os ensaios. Para os ensaios a 10 e 50oC a
mudança de temperatura era feita suavemente e o corpo de prova era mantido à
temperatura constante durante 24 h, antes de se executar o próximo carregamento.

Para os ensaios executados a 20 e 50oC o carregamento foi feito a cada 24 h, para os


domínios sobreadensado e normalmente adensado. Para os ensaios a 10oC, os
carregamentos no domínio normalmente adensado foram executados com espaçamento
de tempo mínimo de 48 h, para permitir que a poro-pressão gerada pelo carregamento
fosse dissipada, devido à baixa condutividade hidráulica do solo a esta temperatura.

Os carregamentos dos ensaios CAU foram realizados em etapas, para se evitar a


ruptura, devido a um aumento de poro-pressão, sobretudo no trecho sobreadensado
quando o valor de K do ensaio CAU era baixo. Inicialmente executava-se o
carregamento isotrópico e 4 horas após, o carregamento vertical complementar para
fornecer o K desejado. Os carregamentos foram efetuados manualmente, com cálculo da
correções de área diárias, considerado no cálculo do próximo carregamento.

Nos ensaios em que houve mudança de temperatura durante o cisalhamento,


inicialmente efetuou-se um primeiro patamar de cisalhamento do corpo de prova que foi
adensado a 10oC; em seguida, a prensa foi desligada assim que a deformação desejada
foi alcançada, e então se aqueceu o corpo de prova até 50oC; e este foi mantido sob esta
temperatura durante 24 h antes de se proceder a segunda etapa de cisalhamento.
288

Correções da influência da membrana nos valores de resistência medidos, em função de


sua espessura, foram feitas durante a fase de cisalhamento segundo proposto por La
Rochelle et al. (1986). Verificou-se também a influência da temperatura nestas
correções. Os transdutores de pressão possuíam compensadores de temperatura, de
forma que as curvas de calibração apresentavam uma mesma inclinação de reta de
calibração com a temperatura, entretanto a referência era um pouco alterada com a
temperatura. Por isto era necessário se proceder verificações periódicas das curvas de
calibração dos transdutores em função da temperatura.

Com as contrapressões utilizadas nos ensaios (100kPa), a referência não é tão


importante para as medidas de variação das poro-pressões, se a inclinação da curva de
calibração é a mesma. Entretanto, em ensaios onde a temperatura do ensaio era alterada
durante o cisalhamento, era necessário se alterar a equação da curva de calibração no
sistema de aquisição durante o ensaio, e por isto a necessidade de se obter curvas de
calibração para cada faixa de temperatura empregada.

Uma recomendação com relação a ensaios executados com controle de temperatura é a


medida da temperatura no interior da célula, pois a temperatura da água difere da
ambiente e, além disto, as variações de temperatura dentro da célula ocorrem mais
lentamente que as do ambiente. Por este motivo é recomendável se utilizar um banho de
água em torno da célula pois ele amortece a variação da temperatura. Um outro detalhe
que pode influenciar as medidas, principalmente no caso dos ensaios a 10oC é o sistema
de iluminação do ambiente, que pode aumentar a temperatura do ambiente externo, mas
no caso de uso de banho de água em torno da célula este efeito é amortecido. Nos
ensaios executados na câmara fria mateve-se a iluminação acesa durante todo o tempo
de ensaio, de forma a não haver variação da temperatura ambiente.
Tabela II - 5 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CIU - série 2.

Características do pico
ENSAIOS AMOS- PROF. σ'poed s'L wn T σ 'c ε 1f uf qf s'f tf σ'1f σ'3f qε1 = 15% φ' φ'
o o o
TRAS (m) (kPa) (kPa) (%) ( C) (kPa) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CIU3 F1-T9-E3 5.78 130 83 89.9 20 220 - - - - - - - - - -
CIU5* F1-T9-E3 5.78 130 - 89.2 20 23 1.4 16.6 60.6 36.7 30.3 67.0 6.4 33.7 - 44.0
CIU6* F1-T9-E3 5.78 130 - 89.2 20 46 1.2 28.9 70.5 52.4 35.3 87.6 17.1 43.2 - 42.0
CIU7* F1-T9-E3 5.78 130 - 90.0 20 60 1.4 38.2 86.6 65.2 43.3 108.5 21.9 48.7 - 45.0
CIU8* F1-T9-E2 5.65 142-145 - 86.9 10 46 1.1 31.8 97.8 63.2 48.9 112.1 14.3 85.0 - 45.0
CIU9* F1-T9-E1 5.53 142-145 - 87.3 10 23 1.0 20.3 90.8 48.2 45.4 93.6 2.7 65.0 - 45.0
CIU10 F1-T9-E2 5.65 142-145 90 87.6 10 160 - - - - - - - - - -
CIU14* F1-T9-E2 5.65 142-145 - 86.3 10 62 1.3 43.2 94.7 66.1 47.4 113.5 18.7 49.9 - 47.3
CIU15 F2-T5-E1 5.47 111-113 70 88.1 50 130 2.0 77.3 87.9 96.7 43.9 140.6 52.8 55.5 27.0 30.7
CIU16* F1-T9-E1 5.53 111-113 - 87.1 50 46 0.9 36.0 83.8 51.9 41.9 93.8 10.0 52.3 - 49.4
CIU17* F1-T9-E2 5.65 111-113 - 86.7 50 23 0.9 18.7 57.8 33.2 28.9 62.1 4.3 43.2 - 47.3
CIU18 F2-T5-E1 5.47 142-145 92 87.5 10 106 2.5 59.7 86.7 89.6 43.4 133.0 46.3 - 28.9 33.0
CIU18 F2-T5-E1 5.47 142-145 - - 50 106 - - - - - - - 40.8 - -
CIU19* F2-T5-E1 5.47 142-145 - 87.3 10 70 0.9 38.8 98.3 80.4 49.1 129.5 31.3 46.3 - 38.0
CIU21 F2-T5-E2 5.60 142-145 88 87.6 10 124 2.5 69.8 98.7 103.0 49.3 152.3 53.7 - 28.6 34.0
CIU21 F2-T5-E2 5.60 111-113 - - 50 124 - - - - - - - - - 34.0
CIU22* F2-T5-E2 5.60 111-113 - 87.1 50 30 0.6 26.6 80.8 43.8 40.4 84.2 3.4 48.5 - 48.0
CIU23* F2-T5-E2 5.60 111-113 - 87.8 50 46 0.9 33.8 83.8 54.1 41.9 96.1 12.2 46.4 - 44.0
CIU24 F2-T5-E2 5.60 142-145 93 87.3 10 124 1.8 62.1 87.5 105.9 43.8 149.7 62.1 - 24.4 31.7
CIU24 F2-T5-E2 5.60 142-145 - 87.3 50 - - - - - - - - 40.2 - 31.7
CIU25* F2-T5-E3 5.72 130 - 90.7 20 30 0.7 21.9 71.8 44.1 35.9 80.0 8.2 60.4 - 41.6
CIU26 F2-T5-E2 5.60 130 95 87.5 20 100 1.9 55.7 88.2 88.4 44.1 132.5 44.3 - 29.9 35.7
CIU26 F2-T5-E2 5.60 130 - 87.5 50 - - - - - - - - 41.2 - 35.7
CIU30* F2-T5-E3 5.72 111-113 - 88.1 50 30 0.8 23.3 72.4 43.0 36.2 79.2 6.8 50.4 - -
* = ensaios executados no trecho sobreadensado
Tabela II - 6 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CAU - série 2.

Características do pico
ENSAIO AMOS- PROF. σ'poed s'L wn T K ε 1f uf qf s'f tf σ'1f σ'3f qε 1 = 15% φ' φ'
o o o
TRAS (m) (kPa) (kPa) (%) ( C) (%) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) pic( ) gd( )
CAU1 F1-T9-E3 5.78 130 100 89.4 20 0.50 0.5 22.8 134.2 144.4 67.1 211.5 77.2 88.7 27.7 34.0
CAU2 F1-T9-E3 5.78 130 98 88.8 20 0.70 1.4 60.0 107.0 118.5 53.5 172.0 65.0 71.9 26.8 35.4
CAU3 F1-T9-E3 5.78 130 90 90.1 20 0.85 2.0 96.0 115.9 124.9 57.9 182.9 67.0 87.1 27.6 38.7
CAU4 F1-T9-E1 5.52 142-145 105 86.5 10 0.50 0.8 30.4 134.2 136.9 67.1 204.0 69.7 - 29.4 37.9
CAU6 F1-T9-E1 5.52 142-145 100 86.8 10 0.85 1.9 83.7 121.6 140.6 60.8 201.4 79.9 91.5 25.6 38.1
CAU7 F2-T5-E1 5.47 142-145 105 88.5 10 0.70 1.4 52.0 104.0 105.0 52.0 157.1 53.0 - 29.7 38.0
CAU7 F2-T5-E2 5.47 - - 88.5 50 0.70 - - - - - - - - 38.0
CAU8 F1-T9-E1 5.52 111-113 88 88.0 50 0.50 0.3 18.7 105.9 104.2 53.0 157.2 51.3 - 30.5 40.9
CAU9 F2-T5-E1 5.47 111-113 80 87.6 50 0.70 1.5 47.9 84.2 79.3 42.1 121.4 37.2 49.4 32.1 41.0
CAU10 F2-T5-E1 5.47 111-113 73 88.1 50 0.85 1.3 49.0 81.1 81.6 40.6 122.2 41.1 48.0 29.8 39.0
CAU11 F2-T5-E2 5.60 130 100 87.7 20 0.60 0.8 33.8 93.4 102.9 46.7 149.6 56.2 - 27.0 36.9
291

ANEXO III – MONITORAMENTO DAS


TEMPERATURAS DO SÍTIO EXPERIMENTAL

Nas Figuras III - 1 e III - 2 estão apresentadas as medidas de temperatura dos


termistores e instrumentos instalados no aterro A (ver localização da instrumentação na
Figura 5 - 6), em função do tempo. Estes resultados mostram que o aquecimento do solo
sob o aterro B não causou alteração da temperatura média do solo sob o aterro A.

Das Figuras III - 3 até III - 6 estão apresentadas as medidas de temperatura dos
termistores e instrumentos instalados no aterro B, em função do tempo. Estas figuras
indicam as temperaturas médias consideradas na análise dos resultados, em função da
posição dos termistores no aterro e também em função da profundidade.
292

20
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN PROF.
TERMISTORES - THA1, THA2 E TH2
PLATAFORMA A aterro
10
1.2m

2.2m

0 3.7m

5.2m

6.7m
10
8.2m

10
T (oC)

10

10

B4
10

0
0 40 80 120 160 200 240 280 320
t (dias)
Figura III - 1 - Variação da temperatura com o tempo em função da profundidade -
termistores THA1, THA2 e TH2 - aterro A.
20

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
RA1 = 3.25m
TASSÔMETROS E PIEZÔMETROS
PLATAFORMA A RA3 = 6.15m

RA4 = 7.6m
15
UA1 = 2.5m

UA2 = 3.9m

UA3 = 5.4m

UA4 = 6.8m
10

T (oC)
5

B4
0
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
t (dias)
Figura III - 2 - Variação da temperatura em função do tempo - piezômetros e tassômetros - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.
294

PROF.
aterro centro

aterro bordo

SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN 1.2m

TERMISTORES - THB1, THB2, THB3, TH1 E TH3 2.2m

PLATAFORMA B 3.7m
5.2m

40 6.7m

8.2m

20

0
40

20

0
40

20
T (oC)

0
40

20

0
40

20

0
40 B4 B8 B11

20

0
0 40 80 120 160 200 240 280 320
t (dias)

Figura III - 3 - Variação da temperatura com o tempo, em função da profundidade -


termistores THB1, THB2, THB3, TH1 e TH2 - aterro B.
60 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN THB1
TERMISTORES - THB1 - PLATAFORMA B PROFUNDIDADE
PROF. : 1.2 ; 2.2 ; 3.7 ; 5.2 ; 6.7 ; 8.2 m
1.2m
o
50 Tmédia= 45 C 2.2m

3.7m
o
Tmédia= 39 C 5.2m
40
6.7m

8.2m

T (oC)
30

20

10
Temperatura de alimentação

B4 B6 B8 B10 B11 B12 B13


0
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
t (dias)
Figura III - 4 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB1 - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
60 SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN THB2
TERMISTORES THB2 - PLATAFORMA B PROFUNDIDADE
PROF. : 1.2 ; 2.2 ; 3.7 ; 5.2 ; 6.7 ; 8.2 m
1.2m
50 o
Tmédia= 45 C 2.2m

3.7m

5.2m
40 Tmédia= 35.5oC
6.7m

8.2m

T (oC)
30

20

10 Temperatura de alimentação

B4 B6 B8 B10 B11 B12 B13


0
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
t (dias)

Figura III - 5 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB2 - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN THB3
60
TERMISTORES - THB3 - PLATAFORMA B PROFUNDIDADE
PROF. : 1.2 ; 2.2 ; 3.7 ; 5.2 ; 6.7 ; 8.2 m
1.2m
50 2.2m
Tmédia= 45 oC
3.7m

5.2m
40
6.7m

Tmédia= 30 oC 8.2m

T (oC)
30
Temperatura de alimentação

20

10

B4 B6 B8 B10 B11 B12 B13


0
-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 280 300
t (dias)
Figura III - 6 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB3 - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
298

ANEXO IV - CÁLCULO DA DISTRIBUIÇÃO DE


TENSÕES IN SITU

As tensões totais variaram em função das etapas de carregamento e descarregamento


descritas no item 5.5. Para o cálculo do descarregamento devido à escavação da crosta e
os carregamentos dos aterros, inicialmente foi considerada a seguinte hipótese : uma
tensão distribuída igualmente (q) na base de um tronco de pirâmide de 2.0 e 2.3 m de
altura (profundidade das trincheiras dos aterros), conforme indicado no esquema da
Figura IV - 1 - a. Este tronco de pirâmide é composto dos aterros de areia e da crosta,
cuja base coincide com a do fundo das trincheiras. A tensão seria aplicada nesta base e
distribuída igualmente para as profundidades.

Os quadros resumo dos valores obtidos a partir dessa hipótese estão apresentados na
Tabela IV - 1 e na Tabela IV - 2, para as profundidades dos piezômetros instalados nos
dois aterros. As tensões efetivas finais são as previstas ao fim da dissipação das poro-
pressões, considerando-se que o vácuo foi aplicado sobre o perfil de referência após os
recalques (de cada camada) e mais o carregamento do aterro. O valor de u0 considerado
para as etapas A1 e B1 provém do perfil natural do depósito, enquanto que para as outras
etapas o valor de u0 indicado provém do perfil inicial, após a instalação dos drenos.

Os nivelamentos executados nos dois aterros mostraram que o efeito de bordo foi
importante para os dois aterros, ou seja, ocorreram recalques diferenciais indicando a
existência de valores diferenciais de tensões no centro e nos bordos, ou seja, a hipótese
de tensões distribuídas igualmente para todo o aterro não era realista.

Partiu-se então para a verificação de uma outra hipótese de distribuição de tensões,


considerando-se quatro paralelepípedos de comprimento médio segundo o esquema da
Figura IV - 1 - b, com vértices no centro do aterro.
Tabela IV - 1 - Tensões calculadas para cada etapa de carregamento - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan.
PLATAFORMA A
CAMADA ETAPA u0 Tronco pirâmide Paralelepípedo OBSERVAÇÕES
σv σ'vf σv σ'vf Tensões calculadas a 2.5 m de profundidade = profundidade de UA1
A1 9.3 38.8 29.5 38.8 29.5 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

A2 9.3 40.8 31.5 40.8 31.5 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UA1 haterro = 0.3m
CROSTA A A3 9.3 45.9 36.6 45.9 36.6 haterro = 0.6m
0 - 3.25 m A4 9.3 35.5 26.2 45.5 36.2 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
A7 9.3 40.8 40.8 57.8 48.5 haterro = 1.37 m
A8 9.3 46.0 36.7 73.5 64.2 haterro = 2.37 m
A10 9.3 46.0 101.5 73.5 132.1 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques ao
final da aplicação do vácuo.
Tensões calculadas a 3.9 m de profundidade = profundidade de UA2
A1 24.0 59.6 35.6 59.6 35.6 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

A2 21.9 61.6 39.7 61.6 39.7 Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões é hidrostático.
u0 = medida pelo piezômetro UA2 haterro = 0.3m
CAMADA 1A A3 21.9 66.7 44.8 66.7 44.8 haterro = 0.6m
3.25 - 4.7m A4 21.9 56.4 34.5 65.2 43.3 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
A7 21.9 61.7 39.8 75.8 53.9 haterro = 1.37 m
A8 21.9 66.9 45.0 89.7 67.8 haterro = 2.37 m
A10 21.9 66.9 108.4 89.7 134.4 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques finais.
Tabela IV - 1 - Continuação.
PLATAFORMA A
CAMADA ETAPA u0 Tronco pirâmide Paralelepípedo OBSERVAÇÕES
σv σ'vf σv σ'vf Tensões calculadas a 5.4 m de profundidade = profundidade de UA3
A1 32.0 82.0 50.0 82.0 50.0 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

A2 40.9 84.0 43.1 84.0 43.1 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UA3 haterro = 0.3m
CAMADA 2A A3 40.9 89.1 48.2 89.1 48.2 haterro = 0.6m
4.7 - 6.15 m A4 40.9 78.8 37.9 85.1 44.2 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
A7 40.9 84.1 43.2 94.3 53.4 haterro = 1.37 m
A8 40.9 89.3 48.4 105.2 64.3 haterro = 2.37 m
A10 40.9 89.3 116.1 105.2 135.1 No fim da aplicação do vácuo - com uma sucção média de 81kPa.
Tensões calculadas a 6.8 m de profundidade = profundidade de UA4
A1 34.0 103.0 69.0 103.0 69.0 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

A2 53.9 105.0 51.1 108.1 54.2 Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões é hidrostático.
u0 = medida pelo piezômetro UA4 haterro = 0.3m
CAMADA 3A A3 53.9 110.1 56.2 110.1 56.2 haterro = 0.6m
6.15 - 7.6 m A4 53.9 99.8 45.9 103.3 49.4 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
A7 53.9 105.1 51.2 111.0 57.1 haterro = 1.37 m
A8 53.9 110.3 56.4 119.7 65.8 haterro = 2.37 m
A10 53.9 110.3 123.7 119.7 136.1 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques finais.
Tabela IV - 2 - Tensões calculadas para cada etapa de carregamento - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan .
PLATAFORMA B
CAMADA ETAPA u0 Tronco pirâmide Paralelepípedo OBSERVAÇÕES
σv σ'vf σv σ'vf Tensões calculadas a 2.5 m de profundidade = profundidade de UB1
B1 11.4 38.8 27.4 38.8 27.4 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

B2 11.4 40.8 29.4 40.8 29.4 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UB1 haterro = 0.3m
CROSTA B B3 11.4 45.9 34.5 45.9 34.5 haterro = 0.6m
0 - 3.25 m B5 11.4 37.6 26.2 45.5 34.1 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
B7 11.4 43.2 31.8 57.8 46.4 haterro = 1.37 m
B9 11.4 48.8 37.4 73.5 62.1 haterro = 2.37 m
B13 11.4 48.8 105.1 73.5 132.4 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques ao
final da aplicação do vácuo.
Tensões calculadas a 3.9 m de profundidade = profundidade de UB2
B1 24.0 59.6 35.6 59.6 35.6 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

B2 27.4 61.6 34.2 61.6 34.2 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
CAMADA 1B é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UB2 haterro = 0.3m
3.25 - 4.7 m B3 27.4 66.7 39.3 66.7 39.3 haterro = 0.6m
B5 27.4 58.4 31.0 65.1 37.7 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
B7 27.4 64.1 36.7 75.7 48.3 haterro = 1.37 m
B9 27.4 69.7 42.3 89.6 62.2 haterro = 2.37 m
B13 27.4 69.7 112.6 89.6 135.2 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques finais.
Tabela IV -2 - Continuação.
PLATAFORMA B
CAMADA ETAPA u0 Tronco pirâmide Paralelepípedo OBSERVAÇÕES
σv σ'vf σv σ'vf Tensões calculadas a 5.4 m de profundidade = profundidade de UB3
B1 32.0 82.0 50.0 82.0 50.0 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

B2 40.9 84.0 43.1 84.0 43.1 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
CAMADA 2B é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UB3 hremblai = 0.3m
4.7 - 6.0 m B3 40.9 89.1 48.2 89.1 48.2 haterro = 0.6m
B5 40.9 80.8 39.9 84.9 44.0 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
B7 40.9 86.5 45.6 94.2 53.3 haterro = 1.37 m
B9 40.9 92.1 51.2 105.1 64.2 haterro = 2.37 m
B13 40.9 92.1 119.7 105.1 135.3 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques finais.
Tensões calculadas a 6.8 m de profundidade = profundidade de UB4
B1 34.0 103.0 69.0 103.0 69.0 Tensões iniciais do sítio - perfil de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros PR1 à PR6.

B2 53.9 105.0 51.1 108.1 54.2 Excavação de 20 cm da crosta. Após a instalação dos drenos verticais - perfil de poro-pressões
é hidrostático. u0 = medida pelo piezômetro UB4 hremblai = 0.3m
CAMADA 3B B3 53.9 110.1 56.2 110.1 56.2 haterro = 0.6m
6.0 - 7.6 m B5 53.9 101.8 47.9 102.6 48.7 Execução da trincheira - descarregamento devido à excavação de uma parte da crosta.
B7 53.9 107.5 53.6 110.3 56.4 haterro = 1.37 m
B8 53.9 113.1 59.2 119.0 65.1 haterro = 2.37 m
B10 53.9 113.1 127.7 119.0 136.3 No fim da aplicação do vácuo considerando-se uma sucção média de 81kPa e recalques finais.
303

CENTRO DO
ATERRO

/2
ira
he
nc
tri
h
+
5
FUNDO DAS

6.
q TRINCHEIRAS

6.5+htrincheira/2

a) tronco de pirâmide z b) paralelepípedo

Figura IV - 1 - Esquema das distribuições de tensões analisadas : a) em tronco de


pirâmide; b) em forma de paralelepípedo.

Para o cálculo das tensões nas profundidades dos piezômetros, utilizou-se o fator de
correção Iz apresentado por Poulos & Davis (1974) e neste caso, o centro apresentaria
um acréscimo de tensões cerca de quatro vezes maior que os vértices dos
paralelepípedos indicados na Figura IV - 1 - b. Os resumos dos resultados obtidos a
partir desta hipótese também estão apresentados na Tabela IV - 1 e na Tabela IV - 2, nas
profundidades dos piezômetros dos dois aterros.

Considerou-se então paralelepípedos equivalentes ao descarregamento da crosta após a


escavação das trincheiras e carregamentos induzidos pelos aterros, para os alteamentos
de 0.6, 1.37 e 2.37 m. Os valores de Iz, a geometria e as tensões calculadas para cada
etapa de carregamento estão apresentados na Tabela IV - 3, onde:

p = tensão calculada a partir do peso do paralelepípedo e da área da base do


paralelepípedo;

L = B = largura do paralelepípedo;

m = n = L / z.

A Tabela IV - 4 apresenta a comparação entre os valores de poro-pressões medidos


durante a execução das trincheiras e a execução do último alteamento e os valores de
tensão analisados. Os excessos de poro-pressão medidos pelos dois piezômetros mais
profundos, quando foi executado o último alteamento, eram superiores à variação da
tensão total calculada segundo a hipótese de carregamento em tronco de pirâmide. Na
outra hipótese, os excessos de poro-pressão medidos eram inferiores às variações de
304

tensões consideradas.

Na prática, em aterros executados sobre argila com drenos verticais, o excesso de poro-
pressão é menor que os valores de variação da tensão total, pois o solo não está saturado
e a água é compressível. Em aterros executados sobre argila mole sem drenos, esta
análise é ainda mais complicada, pois pode haver geração de poro-pressões devido à
fluência (adensamento secundário), antes de haver a dissipação das poro-pressões e
assim as medidas de poro-pressões podem continuar a subir tempos após a aplicação da
carga, como foi observado no aterro de Olga (Leroueil, 1996).

Tabela IV - 3 - Distribuição de tensões ao longo da profundidade (paralelepípedo).

a) descarregamento da crosta
Plataforma A L=B 7.7 m Plataforma B L=B 7.5 m
Piezômetros p= 35.7 kPa Piezômetros p= 31.0 kPa
Prof z m=n Iz Δσ Δσ v Prof z m=n Iz Δσ Δσ v
UA1 2.3 0.0 - 0.250 35.7 0.0 UB1 2.3 0.3 - 0.250 31.0 0.0
UA2 3.7 1.4 5.5 0.248 35.4 -0.3 UB2 3.7 1.7 4.4 0.247 30.6 -0.4
UA3 5.2 2.9 2.6 0.238 33.9 -1.7 UB3 5.2 3.2 2.3 0.235 29.1 -1.9
UA4 6.6 4.3 1.8 0.226 32.2 -3.4 UB4 6.6 4.6 1.6 0.217 26.9 -4.1

b) execução dos alteamentos


A e haterro L=B 6.2 m haterro L=B 5.8 m haterro L=B 5.3 m
B 0.6m p= 10.2 kPa 1.37m p= 23.3 kPa 2.37m p= 40.3 kPa
Prof m=n Iz Δσ Δσ v m=n Iz Δσ Δσ v(0.77m) m=n Iz Δσ Δσ v(1m)
2.3 2.7 0.241 9.8 -0.4 2.5 0.238 22.2 12.3 2.3 0.235 37.9 15.7
3.7 1.7 0.221 9.0 -1.2 1.6 0.210 19.6 10.5 1.4 0.208 33.5 14.0
5.2 1.2 0.193 7.9 -2.3 1.1 0.184 17.1 9.3 1.0 0.174 28.0 10.9
6.6 0.9 0.166 6.8 -3.4 0.9 0.156 14.5 7.8 0.8 0.144 23.2 8.7

O excesso de poro-pressão causado pelo carregamento deve ser ainda maior do que o
medido visto que a sucção não foi interrompida durante a execução do alteamento. As
medidas das poro-pressões na crosta foram as que mais se distanciaram dos valores
previstos, o que era de se esperar, já que a crosta encontra-se mais próxima do aterro de
areia sob vácuo e apresenta maiores valores de Cv, que é naturalmente sobreadensada e
fissurada.

Como os valores medidos em todas as etapas são menores que os previstos pela segunda
hipótese, esta mostrou-se mais compatível com os resultados dos excessos de poro-
pressão medidos pelos piezômetros quando houve a escavação e nos alteamentos
305

subsequentes, como mostra a Tabela IV - 4.

Tabela IV - 4 - Comparação entre a variação de tensões totais consideradas e as poro-


pressões medidas nas etapas de escavação e alteamentos dos aterros.

Δu (kPa)
Descarregamento da crosta e do aterro -15 -10 -5 0
de 0.6m - A4 e B5 0
medido plat. A
U medidos T. de pirâmide Paralelepípedo
1 medido plat. B

Piez. Prof. (m) Δ u(kPa) Δσv Δσv Tronco de pirâmide

Profundidade (m)
2 Paralelepí pedo
UA1 2.5 -4.1 -10.3 -0.4
UA2 3.9 -4.2 -10.3 -1.5 3
UA3 5.4 -4.9 -10.3 -4.0
UA4 6.8 -5.9 -10.3 -6.8 4
UB1 2.5 -4.2 -8.3 -0.4 5
UB2 3.9 -4.1 -8.3 -1.6
UB3 5.4 -4.2 -8.3 -4.2 6
UB4 6.8 -3.9 -8.3 -7.5
7
Alteamentos (h=1.37m)- A7 e B7 Δu (kPa)
U medidos T. de pirâmide Paralelepípedo 0 5 10 15
0
Piez. Prof. (m) Δ u(kPa) Δσv Δσv medido plat. A

UA1 2.5 0.8 5.3 12.3 1 medido plat. B

Tronco de pirâmide
UA2 3.9 7.8 5.3 10.5
Profundidade (m)

2 Paralelepí pedo
UA3 5.4 6.7 5.3 9.3
UA4 6.8 6.0 5.3 7.8 3
UB1 2.5 3.4 5.7 12.3
UB2 3.9 6.3 5.7 10.5 4
UB3 5.4 5.3 5.7 9.3 5
UB4 6.8 5.1 5.7 7.8
Alteamentos (h=2.37m) - A8 e B9 6

U medidos T. de pirâmide Paralelepípedo 7


Δu (kPa)
Piez. Prof. (m) Δ u(kPa) Δσv Δσv
0 5 10 15 20
UA1 2.5 2.2 5.2 15.7 0
medido plat. A
UA2 3.9 7.4 5.2 14.0
UA3 5.4 6.2 5.2 10.9 1 medido plat. B

Tronco de pirâmide
UA4 6.8 7.0 5.2 8.7
Profundidade (m)

2 Paralelepí pedo
UB1 2.5 4.6 5.6 15.7
UB2 3.9 8.1 5.6 14.0 3
UB3 5.4 7.9 5.6 10.9
UB4 6.8 7.1 5.6 8.7 4

7
306

ANEXO V - RESULTADOS DA INSTRUMENTAÇÃO


DO ATERRO CONVENCIONAL DO MTQ

Neste anexo estão apresentados os resultados da instrumentação do aterro convencional


de précarregamento do MTQ comparados com os resultados obtidos no sítio
experimental.

RESULTADOS DO PRÉCARREGAMENTO CONVENCIONAL DO


ATERRO DO MTQ

O aterro do MTQ foi construído em 1996 e para compensar os recalques ocorridos ele
sofreu um alteamento em 1997. Na Figura V - 1 está apresentada a localização
esquemática do aterro do MTQ, sua instrumentação, a localização esquemática dos
ensaios de piezocone e vane que foram executados fora da área do aterro. Embora
tenham sido executados ensaios de piezocone e vane durante o período de
précarregamento deste aterro, seus resultados não serão discutidos. Nesta figura está
localizado também de forma esquemática o sítio experimental.

Os drenos verticais foram instalados até a camada drenante subjacente à camada de


argila a cerca de 11 m de profundidade. Foram instaladas três zonas de drenos verticais,
com espaçamento variável segundo o estaqueamento da rodovia, tal como indicado na
Tabela V - 1.

A Figura V - 2 apresenta duas seções geotécnicas elaboradas a partir das sondagens


fornecidas pelo MTQ. As seções apresentam uma crosta variável de 1.5 a 2.5 m de
espessura, seguida de uma camada de argila homogênea de espessura variável de 10 a
12.5 m. Abaixo do depósito argiloso, de 11.5 até 14.5 m de profundidade, encontra-se
uma camada de till. Concluindo-se então que o perfil geotécnico nas proximidades do
aterro do MTQ é semelhante ao do sítio experimental.
SÍTIO
V11 e PZ11
EXPERIMENTAL

V12 e PZ12

ÁREA DE DRENOS VERTICAIS

PIEZÔMETROS
Figura V - 1 - Localização do aterro, da instrumentação e dos ensaios in situ do MTQ - Saint-Roch-de-l'Achigan.
308

ELEV. (m)
SEÇÃO 1
EP1 EP2

CROSTA

ARGILA

TILL

ROCHA

ELEV. (m) SEÇÃO 2

CROSTA

ARGILA

TILL

Figura V - 2 - Seções geotécnicas - Saint-Roch-de-l'Achigan.


309

Tabela V - 1 - Resumo da instrumentação na zona de drenos do aterro do MTQ.

ESPAÇAMENTO DOS
ZONA ESTACAS
DRENOS VERTICAIS (m)
0+564 à 0 +604
1 1.3
0+670 à 0 +710
0+539 à 0+564
2 1.7
0+710 à 0+735
0+514 à 0+539
3 2.2
0+735 à 0+760
A Figura V - 3 apresenta os perfis de resistência e poro-pressões medidos nos ensaios de
piezocone PZ2, PZ11, PZ12 e os perfis de resistência medidos nos ensaios de palheta
V1, V11 e V12. Os ensaios PZ11, PZ12, V11 e V12 foram executados pelo MTQ, fora
da área de influência do aterro, dentro do depósito argiloso, conforme apresentado
esquematicamente na Figura V - 1. Os ensaios V1 e PZ2 foram executados pela
ULAVAL antes dos ensaios de précarregamento in situ, conforme descrito em 3.2.

O perfil de resistência obtido a partir do ensaio PZ11 apresentou valores de resistência


um pouco inferiores aos outros perfis a partir de 7 m de profundidade. O ensaio V11
apresentou valores de resistência inferiores aos obtidos nos ensaios V1 e V12. Os
piezocones apresentaram perfis mais irregulares que os observados na zona dos ensaios
de précarregamento. Os resultados indicam que o sítio como um todo não é tão
homogêneo quanto discutido em 3.2.1, segundo os resultados dos ensaios PZ1 a PZ4.

Os detalhes da instrumentação instalada na parte central do aterro do MTQ estão


apresentados na Tabela V - 2. Nesta tabela estão apresentados os valores de tensões
verticais ao final da construção do aterro; as tensões de sobreadensamento in situ
deduzidas das medidas piezométricas; as tensões de sobreadensamento deduzidas dos
ensaios oedométricos e do piezocone PZ2 executados pela ULAVAL considerando-se
Nσt = 3.4. Foram instalados 26 piezômetros, dos quais 8 apresentaram problemas após
97, provavelmente devido aos recalques alcançados neste ano. Entretanto até fins de 97
os dados obtidos foram coerentes.

O perfil de poro-pressões sob o aterro do MTQ tornou-se hidrostático após a instalação


dos drenos verticais, como mostra a Figura V - 4, confirmando o comportamento
observado nos perfis obtidos a partir dos piezômetros instalados no sítio experimental,
após a instalação dos drenos verticais.
qT e uponta (kPa) Resistência ao cisalhamento não drenada (kPa)
0 500 1000 1500 0 20 40 60 80
0

PIEZOCONES
qt - PZ2 - LAVAL

upt - PZ2 - LAVAL

qt - PZ11 - M.T.Q.
5
upt - PZ11 - M.T.Q.

qt - PZ12 - M.T.Q.

upt - PZ12 - M.T.Q.

Profundidade (m)
10
ENSAIOS DE PALHETA

V1 - LAVAL
V11 - M.T.Q.
V12 - M.T.Q.

15
Figura V - 3 - Ensaios de piezocone PZ2, PZ11 e PZ12 : resistência de ponta e poro-pressão em função da profundidade; ensaios de palheta V1,
V11 e V12 : resistência não drenada em função da profundidade - Saint-Roch-de-l'Achigan.
ATERRO MTQ LAVAL
Distância haterro Δσv Placas de RECALQUES PIEZÔMETROS σ'p - σ'vo σ'pinsitu σ'vfimconst. σ'poed σ'pcone
ESTACA
drenos(m) (m) (m)* (kPa) (kPa)* recalque (m)* (m)** prof.(m) OBSERVAÇÕES (kPa) (kPa) (kPa) (kPa) (kPa)
2.90 52.0 86.7 114.5 70.0 62.0
0+572 1.3 5.91 6.78 110.7 125.5 1 0.9 1.00 6.80 defeituoso após 21/5/98 50.0 104.7 122.8 148.0 129.6
12.27 defeituoso após 12/10/97 182.8 - 171.1
3.00 33.0 68.2 102.1 70.0 66.5
0+698 8.00 28.0 89.0 126.9 114.0 143.8
1.3 6.69 7.67 113.7 130.1 2 1.07 1.29
CL 10.50 161.4 - 218.2
13.25 208.6 - 440.1
3.00 defeituoso após 11/12/96 70.0 66.5
0+698 7.00 novo em 23/1/97 112.0 131.3
1.3 3.62 4.41 62.7 75.0 3 0.67 0.86
15m d. 10.00 defeituoso após 26/11/97 - 192.1
13.50 - -
3.00 70.0 66.5
0+698 2.50 42.7 4 0.28 0.30 7.00 112.0 131.3
1.3 1.17 19.9
30m d. 1.15 19.6 PARTE DO ATERRO DE 10.00 - 192.1
AREIA SOFREU EROSÃO 13.10 - 293.1
3.00 defeituoso após 19/3/97 39.0 74.2 111.8 70.0 66.5
7.00 defeituoso após 10/12/97 34.0 89.8 109.6 112.0 131.3
0+726 1.7 5.91 7.02 100.5 119.3 5 1.01 1.39
11.00 defeituoso após 19/3/97 34.0 110.5 154.6 - 218.0
15.10 39.0 136.8 199.1 - -
5.00 piezômetros foram 40.0 85.4 103.8 108.0 113.3
7.00 substituídos em 17/12/96 18.0 73.8 106.8 112.0 131.3
0+750 2.2 5.00 5.91 85.0 102.2 6 0.67 1.02
11.00 20.0 96.5 146.8 - 218.0
15.30 202.3 - -
3.00 95.7 70.0 66.5
0+772 NÃO 4.20 5.01 71.6 85.5 7 0.31 0.44 7.00 defeituoso após 20/5/97 120.5 112.0 131.3
11.40 defeituoso após 17/7/97 173.5 - 189.1
Obs: * 22/10/97 ; ** 23/7/98

Tabela V - 2 - Aterro MTQ - resumo : tensões e poro-pressões - Saint-Roch-de-l'Achigan.


312

Ainda na Figura V - 4 observa-se que os perfis de poro-pressão das estacas 0 + 772 e


estaca 0 + 698 – 30 m à direita do aterro não se tornaram hidrostáticos por localizarem-
se fora da área de influência dos drenos.

u (kPa)
0 50 100 150
0
lençol freático = 1.13 m
SAINT-ROCH-DE-L'ACHIGAN
PIEZÔMETROS PR1, PR2, PR3
PIEZÔMETROS MTQ

5
Profundidade (m)

10 PR1 até PR3

hidrostático

0+572

0+698

15 0+698 - 15m dir.

0+698 - 30m dir.

0+776

0+750

0+772
20
Figura V - 4 - Perfil de poro-pressões obtidos pelos piezômetros do sítio experimental e
os do aterro do MTQ.

Apresenta-se na Figura V - 5 o excesso de poro-pressão (Δu) em função do


carregamento total aplicado (Δσ) nas profundidades dos piezômetros instalados na
estaca 0 + 750. Esta análise foi elaborada para os piezômetros instalados nas demais
estacas, mas só será apresentada a estaca 0 + 750, pois a variação da tensão efetiva do
depósito argiloso sob esta estaca é a que mais se aproxima da variação ocorrida no sítio
experimental. A análise completa das demais estacas foi apresentada por Marques &
Leroueil (2000).

O perfil inicial de poro-pressões obtido a partir dos piezômetros instalados nesta estaca
está também indicado na parte superior esquerda da Figura V - 5. Neste perfil, a 15.3 m
de profundidade, mesmo após a instalação dos drenos, há ainda um gradiente em
313

direção à camada da base do depósito.

50
u0(kPa) ESTACA : 0+750-CL
50 100
0 PZ 20795 - 5m

PZ 18725 - 7m

40 PZ 20804 - 11m
5
PZ 20739 - 15.3m
Prof. (m)

10
30
Δu (kPa)

15

20

10

0
0 50 100
Δσv (kPa)

Figura V - 5- Variação da poro-pressão em função da variação da tensão total - estaca :


0 + 750 - Saint-Roch-de-l'Achigan.

A partir da Figura V - 5 pode-se obter a tensão de sobreadensamento in situ (σ'pinsitu), do


solo de fundação do aterro do MTQ, segundo o método proposto por Leroueil et al.
(1978b). Este procedimento foi feito para todas as estacas e os valores de σ'pinsitu obtidos
estão apresentados na Tabela V - 2. Observa-se que os valores das tensões efetivas em
final de construção (σ'vfimconst), obtidas a partir das medidas dos piezômetros, são muito
maiores (35 kPa em média) que as tensões do sobreadensamento deduzidas segundo o
método proposto, o que não é esperado, pois ao final de construção σ'pinsitu é em geral da
ordem de σ'vfimconst.

A Figura V - 6 e a Figura V - 7 apresentam os valores de σ'pinsitu do aterro do MTQ, dos


aterros A e B (ver Tabela V - 2), assim como as tensões de sobreadensamento deduzidas
314

dos ensaios de laboratório e in situ, executados sobre a argila intacta. As tensões de


sobreadensamento calculadas sob o aterro do MTQ são menores que as obtidas nos
ensaios oedométricos e também menores que as obtidas sob os aterros A e B.

Este comportamento é surpreendente, pois como discutido no ítem 6.7 a tensão de


sobreadensamento mobilizada sob um aterro convencional deverá ser maior ou igual à
mobilizada sob um précarregamento por vácuo. Na realidade, há vários fatores que
dificultam a comparação dos resultados do aterro do MTQ e os resultados dos aterros A
e B, conforme listado a seguir:

- as poro-pressões nos drenos verticais do MTQ são hidrostáticas mas como há


comunicação com a camada de till subjacente, elas devem estar em equilíbrio com as
poro-pressões desta camada. A Figura V - 4 parece indicar que este não é o caso, mas
mesmo assim pode-se questionar a tensão vertical efetiva de referência;

- o depósito não parece ser homogêneo na área do aterro, tal como indicado pelos
perfis de resistências não drenadas.

Embora as tensões de sobreadensamento in situ do aterro do MTQ (σ'pinsitu) tenham sido


calculadas em função da variação de poro-pressões, ou seja, em função da variação do
parâmetro B, é possível que estejam na realidade mais próximas das tensões de fim de
construção do que da tensão calculada.

Na Figura V - 8 estão apresentadas as variações das poro-pressões, tensões totais


aplicadas e recalques em função do tempo, medidos na estaca 0 + 750 no aterro do
MTQ, pois nesta estaca, situada na parte central do aterro, que encontra-se a variação de
tensão efetiva mais similar às associadas aos précarregamentos dos aterros do sítio
experimental, da ordem de 80 kPa.

Houve um aumento da velocidade de deformação por ocasião do alteamento em 1997,


cerca de 430 dias após o início do précarregamento. Os recalques após 650 dias de
précarregamento são da ordem de 1.4 m nas zonas de aterro onde as tensões totais são
maiores. Ao final deste período de précarregamento, em dezembro de 1998, quando o
carregamento por vácuo estava em andamento no sítio experimental, parte do aterro do
MTQ foi descarregado e no ínício da primavera de 1999, foi executada parte do aterro
em isopor até o greide do viaduto projetado e os acessos foram construídos e o sítio
experimental teve que ser desmobilizado.
(kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0
PLATAFORMA A
1 Nota: u0 e σ'v0 são os valores obtidos após a instalação dos drenos verticais.

ATERRO
DO MTQ ENSAIOS
2
o -6
σ'pCRS(T =10 C; ε. =2 x 10
v s-1)
σ'pinsitu
σ'poed (T=20 C) o

3
σ'pi (T=20 C)o

t
σ'ppiezocone (N σ =3.4)
4
σ'pi (T=10 C)o

σ'pi (T=50 C)o


5
IN SITU
u0
6
σ'v0

σ'vmáx
7
σ'VEL

σ'vfinvácuo
Profundidade (m)
8
Figura V - 6 - Perfis de poro-pressões e de tensões de sobreadensamento in situ - aterro MTQ e aterro A.
(kPa)
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 240
0
PLATAFORMA B
1 Nota: u0 e σ'v0 são os valores obtidos após a instalação dos drenos verticais.

ATERRO
DO MTQ ENSAIOS
2
o -6
σ'VEL
σ'pCRS(T=10 C; ε. =2 x 10
v s -1 )

σ'poed (T=20 C) o

3
o
σ'pi (T=20 C)

t
σ'ppiezocone (N σ =3.4)
4
o
σ'pi (T=10 C)

o
σ'pi (T=50 C)
5
IN SITU
u0
6
σ'v0

σ'vmáx
7
σ'VEL

σ'vfinvácuo
Profundidade (m)
8
Figura V - 7 - Perfis de poro-pressões e de tensões de sobreadensamento in situ - aterro MTQ e aterro B.
0.0

0.1
100
ESTACA : 0+750 0.2
Δu - PZ20795 - 5m
Placa de recalque 6 Δu - PZ18725 - 7m 0.3
Δu - PZ20804 - 11m

50 Δu - PZ20739 - 15.3m 0.4


Δσv- PZ20804 - 11m

0.5

Δu, Δσv(kPa)
Recalques (m)

0.6
0
0.7

0.8

-50 0.9

1.0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450 500 550 600 650 700
T (dias)
Figura V - 8 - Variação da poro-pressão, tensão total e recalques com o tempo - estaca 0 + 750 - aterro do MTQ - Saint-Roch-de-l'Achigan.
318

A Figura V - 9e a Figura V - 10 apresentam as deformações verticais da camada da


argila subjacente aos aterros A e B, os deslocamentos verticais medidos pela placa de
recalque #6, instalada na estaca 0 + 750 do aterro do MTQ, as etapas de carregamento
do aterro MTQ, assim como os valores de sucção sob os aterros.

Nas duas figuras estão apresentados os valores de sucção medidos sob cada aterro,
lembrando que a variação da tensão efetiva em campo é resultante de : valor da sucção
menos a variação da poro-pressão relativa a subida do lençol freático até os drenos
horizontais, (Δumax), tal como descrito no capítulo 6.3.2, mais o carregamento do aterro
de areia e menos o descarregamento devido à escavação das trincheiras.

A diferença das tensões aplicadas poderia explicar em parte o fato que ao final do
bombeamento do aterro A, os recalques são cerca de 10 cm menores que os recalques
sob o aterro do MTQ, talvez devido a diferença na distribuição de tensões reais que
ocorreram nos dois sítios. Um outro fato é a diferença das espessuras de argila que
sofreram aumento de tensões efetivas, pois sob os aterros somente 7.5 m de espessura
de argila foram submetidas ao vácuo, enquanto que sob o aterro do MTQ esta camada
de argila é mais espessa, visto que os drenos são mais profundos sob o aterro.

Concluindo-se então que é difícil comparar os recalques dos dois sítios e a comparação
dos resultados em termos de deformações só seria possível se houvessem tassômetros
instalados sob o aterro do MTQ, de forma a obter-se as deformações das camadas de
argila, tal como foi feito para o sítio experimental.

A comparação dos resultados foi também dificultada pela diferença dos espaçamentos
dos drenos dos dois sítios que era de 2.2 m sob a estaca 0 + 750 do aterro do MTQ e de
1.15 m sob os aterros. Nestas circunstâncias, é difícil efetuar um estudo comparativo
detalhado do comportamento da argila sob os aterros e sob o aterro do MTQ, entretanto,
obteve-se com estes dados a confirmação da piezometria local, que apresenta um
gradiente no sentido da base do depósito de argila.
120

80

40
Δσv , Sucção (kPa)

0.0 A5 A8 0
PLATAFORMA A ATERRO MTQ
A9 A10 ESTACA : 0+750
0.2 Sucção
A7 Δσv
a partir de RA4
0.4 Placa de recalque #6

0.6

0.8

Deslocamentos (m)
1.0

0 100 200 300 400 500 600


T (dias)
Figura V - 9 - Sucção e recalques do aterro A e variação da tensão total e recalques do aterro do MTQ em função do tempo - Saint-Roch-de-
l'Achigan.
120

80

40
Δσv , Sucção (kPa)

B9
B8 B11
0.0 0
B12
PLATAFORMA B
ATERRO MTQ
0.2 ESTACA : 0+750
Sucção

a partir de RB4 Δσv


0.4
Placa de recalque #6

0.6

0.8

Deslocamentos (m)
1.0

0 100 200 300 400 500 600


T (dias)
Figura V - 10 - Sucção e recalques do aterro B e variação da tensão total e recalques do aterro do MTQ em função do tempo - Saint-Roch-de-
l'Achigan.
i

LISTA DE FIGURAS
Figura 2 - 1 - Comportamento unidimensional proposto por Leroueil et al. (1985). ....... 7
Figura 2 - 2 - Adensamento da argila de St-Hilaire para tensões aplicadas de 97 a 138
±
kPa. (a) Abordagem (σ',e ,e ). (b) Abordagem Cαe / Cc. Leroueil & Marques
(1996)........................................................................................................................ 9
Figura 2 - 3 - Influência da temperatura sobre a curva de compressão da argila de Luleå.
Eriksson (1989)....................................................................................................... 11
Figura 2 - 4 - Efeito da temperatura e da velocidade de deformação sobre a compressão
unidimensional da argila de Saint-Polycarpe. Marques (1996). ............................. 13
Figura 2 - 5 - Efeito da velocidade de deformação vertical e da temperatura sobre a
tensão de sobreadensamento - ensaios CRS - argila de Saint-Polycarpe. Marques
(1996)...................................................................................................................... 14
Figura 2 - 6 - Variação da tensão de sobreadensamento normalizada em função da
temperatura. Leroueil & Marques (1996). .............................................................. 15
Figura 2 - 7 - Curvas de compressão normalizadas - argila de Berthierville. Boudali
(1995)...................................................................................................................... 16
Figura 2 - 8 - Curvas de estado limite no plano p'-q em função de (a) variação da
velocidade de deformação (b) temperatura. Boudali (1995). ................................. 18
Figura 2 - 9 - Ensaios de cisalhamento drenado sobre a argila de Pontida. Hueckel &
Baldi (1990). ........................................................................................................... 18
Figura 2 - 10 - Efeito da velocidade de deformação e da temperatura sobre a superfície
de estado limite no espaço e - p' - q. Boudali (1995).............................................. 19
Figura 2 - 11 - Velocidade de deformação vertical em função do tempo - ensaios de
fluência sobre a argila da Baía de São Francisco. Lacerda (1976). ........................ 20
Figura 2 - 12 - Variação da velocidade de deformação em função da temperatura
durante um ensaio de fluência - argila da Baía de São Francisco. Mitchell et al.
(1968)...................................................................................................................... 21
Figura 2 - 13 - Efeito da temperatura sobre a fluência não drenada de uma ilita do
Pacífico. Houston et al. (1985). .............................................................................. 22
Figura 2 - 14 - Efeito do amolgamento sobre o comportamento de um solo argiloso.
Leroueil & Vaughan (1990).................................................................................... 23
Figura 2 - 15 - Efeito da estruturação sobre a curva de compressão das argilas: (a)
turbidita; (b) argila siltosa. Perret et al. (1995)....................................................... 24
Figura 2 - 16 - Efeito da estrutura sobre a curva de compressão da argila de Jonquière.
Leroueil et al. (1996). ............................................................................................. 26
ii

Figura 2 - 17 - Influência da velocidade de deformação e da temperatura sobre as curvas


de compressão da argila marinha de Tóquio. Akagi & Komiya (1995). ................ 27
Figura 2 - 18 - Influência da velocidade de deformação sobre a resistência não drenada.
Leroueil & Marques (1996). ................................................................................... 28
Figura 2 - 19 - Curvas de tensão-deformação dos ensaios de compressão triaxial com
variação de velocidade de deformação e relaxação de tensões. Graham et al.
(1983)...................................................................................................................... 29
Figura 2 - 20 - Efeito da temperatura sobre a resistência. Sherif & Burrous (1969). ..... 31
Figura 2 - 21 - Variação do ângulo de atrito em função da temperatura. Houston et al.
(1985)...................................................................................................................... 31
Figura 2 - 22 - Esquema da influência da temperatura sobre a linha de estados críticos.
Leroueil & Marques (1996). ................................................................................... 33
Figura 2 - 23 - Ensaio de relaxação sobre a argila da Baía de San Francisco. Lacerda
(1976)...................................................................................................................... 34
Figura 2 - 24 - Esquema do princípio de précarregamento por vácuo (Magnan, 1994). 37
Figura 2 - 25 - Representação esquemática de um précarregamento por aquecimento.
Leroueil & Marques (1996). ................................................................................... 42
Figura 2 - 26 - Curvas de recalque in situ em função do tempo e dos ciclos de
temperatura. Moritz (1995)..................................................................................... 43
Figura 2 - 27 - Deformações e velocidades de deformações em função do tempo durante
um aquecimento in situ. Edil & Fox (1994). .......................................................... 44

Figura 3 - 1 - Localização dos depósitos argilosos estudados no Canadá. Tavenas et al.


(1983a). ................................................................................................................... 46
Figura 3 - 2 - Localização do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan............... 47
Figura 3 - 3 - Localização dos piezômetros e dos ensaios in situ - 1996 - Saint-Roch-de-
l'Achigan. ................................................................................................................ 49
Figura 3 - 4 - Ensaios de piezocone PZ1 a PZ4: resistência de ponta e poro-pressão em
função da profundidade. ......................................................................................... 50
Figura 3 - 5 - Características geotécnicas do depósito argiloso - Saint-Roch-de-
l'Achigan. ................................................................................................................ 53
Figura 3 - 6 - Perfil de poro-pressão inicial - Saint-Roch-de-l'Achigan......................... 54
Figura 3 - 7 - Variação do teor de umidade e limites de liquidez e de plasticidade em
função da profundidade - Saint-Roch-de-l'Achigan. .............................................. 56
iii

Figura 3 - 8 - Curvas de compressão e de condutividade hidráulica em função do índice


de vazios - ensaio oedométrico 4. ........................................................................... 58
Figura 3 - 9 - Perfis de tensões in situ e de sobreadensamento e de poro-pressão. ........ 59
Figura 3 - 10 - Relação Su / σ'poed - IP - Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................. 60
Figura 3 - 11 - Condutividade hidráulica inicial kvo a 20oC. .......................................... 61
Figura 3 - 12 - Relação Ckv - eo para argilas naturais...................................................... 61
Figura 3 - 13 - Coeficientes de adensamento calculados a partir de resultados de ensaios
de permeabilidade, CRS e das curvas deslocamento x tempo dos ensaios
oedométricos........................................................................................................... 62
Figura 3 - 14 - Curvas de compressão isotrópica, caminhos de tensões e curvas de
tensão-deformação do ensaio CIU2. ....................................................................... 64

Figura 4 - 1 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical


efetiva - ensaios CRS à T = 10oC. .......................................................................... 68
Figura 4 - 2 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical
efetiva - ensaios CRS2, CRS7 e CRS11 à T = 10oC............................................... 69
Figura 4 - 3 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical
efetiva - ensaios CRS à T = 30oC. .......................................................................... 70
Figura 4 - 4 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da tensão vertical
efetiva - ensaios CRS à T = 50oC. .......................................................................... 71
Figura 4 - 5 - Variação da tensão de sobreadensamento em função da velocidade de
deformação vertical - ensaios CRS......................................................................... 74
Figura 4 - 6 - Curvas de compressão normalizadas com relação à tensão de
±
sobreadensamento - ensaios CRS - T = constante; εv = variável. ........................... 75
Figura 4 - 7 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação
±
vertical (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10 - 50oC) - ensaio CRS2......................................... 77
±
Figura 4 - 8 - Curvas de compressão dos ensaios CRS da série 1 (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10
- 50oC)..................................................................................................................... 78
Figura 4 - 9 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação
±
vertical - ensaios CRS a εv = 1 x 10-5 s-1. ................................................................ 79
Figura 4 - 10 - Curvas de compressão e de poro-pressão em função da deformação
±
vertical - ensaios CRS a εv = 6.75 x 10-7 s-1. ........................................................... 81
Figura 4 - 11 - Curvas de compressão e poro-pressão em função da deformação vertical
±
- ensaios CRS a εv = 1 x 10-7 s-1. ............................................................................. 82
iv

Figura 4 - 12 - Curvas de condutividade hidráulica em função do índice de vazios -


±
ensaios CRS executados a εv = 1 x 10-5 s-1 (T = 10, 30 e 50oC) e ensaio OED4 (T =
20oC). ...................................................................................................................... 83
Figura 4 - 13 - Perfil de tensões e de poro-pressão......................................................... 84
Figura 4 - 14 - Tensão de sobreadensamento (ensaios CRS) e viscosidade da água em
função da temperatura............................................................................................. 85
Figura 4 - 15 - Variação da tensão de sobreadensamento normalizada em função da
temperatura. ............................................................................................................ 86
Figura 4 - 16 - Curvas de compressão normalizadas em relação a tensão de
±
sobreadensamento - ensaios CRS - T = variável; εv = constante. .......................... 88
Figura 4 - 17 - Deformação vertical em função do tempo - ensaio OED1 (d = 15 cm). 89
Figura 4 - 18 - Deformação vertical em função do tempo - ensaio OED2 (d = 15 cm). 90
Figura 4 - 19 - Velocidade de deformação vertical em função da deformação vertical -
ensaio OED1 (d = 15 cm). ...................................................................................... 91
Figura 4 - 20 - Velocidade de deformação vertical em função da deformação vertical -
ensaio OED2 (d = 15 cm). ...................................................................................... 92
±
Figura 4 - 21 - Curvas de compressão - ensaios OED1 (d = 15 cm), CRS7 (εv = 1 x 10-7
±
s-1; T = 10oC) e CRS11 (εv = 1 x 10-7 s-1; T = 50 - 10oC). ...................................... 93
±
Figura 4 - 22 - Curvas de compressão - ensaios OED2 (d = 15 cm), CRS12 (εv = 1 x 10-7
±
s-1; T = 10oC) e CRS13 (εv = 1 x 10-7 s-1; T = 50 - 10oC). ...................................... 94
Figura 4 - 23 - Curvas de compressão normalizadas - ensaios OED1 e OED2 e ensaios
±
CRS a εv = 1 x 10-7 s-1. ............................................................................................ 97
Figura 4 - 24 - Curvas de compressão normalizadas com relação a tensão de
sobreadensamento - ensaios CRS e OED1. ............................................................ 98
Figura 4 - 25 - Deformação volumétrica em função de s' - ensaios triaxiais - T =
constante; K = variável. ........................................................................................ 100
Figura 4 - 26 - Deformação vertical em função de s' - ensaios triaxiais - T = constante -
K = variável. ......................................................................................................... 101
Figura 4 - 27 - Deformação volumétrica em função de s' - ensaios triaxiais - T =
variável; K = constante. ........................................................................................ 102
Figura 4 - 28 - Curvas de estado limite no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e
50oC. ..................................................................................................................... 105
Figura 4 - 29 - Curva de estado limite normalizada em função da tensão de
sobreadensamento, no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC............. 108
v

Figura 4 - 30 - Caminho de tensões no plano s' - t - T = 10oC - domínio sobreadensado.


.............................................................................................................................. 109
Figura 4 - 31 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -
domínio sobreadensado......................................................................................... 110
Figura 4 - 32 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 50oC -
domínio sobreadensado......................................................................................... 111
Figura 4 - 33 - Caminho de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC
- σ'c = 23 kPa - domínio sobreadensado. .............................................................. 112
Figura 4 - 34 - Ensaios triaxiais - valores de pico no plano s' – t : domínios
sobreadensado e normalmente adensado. ............................................................. 113
Figura 4 - 35 - Curvas de compressão, tensão-deformação e caminhos de tensões no
plano s' - t - ensaio CIU21. ................................................................................... 114
Figura 4 - 36 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 10, 20 e 50oC
- domínio normalmente adensado......................................................................... 116
Figura 4 - 37 - Relação log p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios
triaxiais com variação de temperatura. ................................................................. 117
Figura 4 - 38 - Relação log p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios
triaxiais - T = 10, 20 e 50oC.................................................................................. 118

Figura 5 - 1- Plano do sítio experimental de Saint-Roch-de-l'Achigan. ....................... 121


Figura 5 - 2 - Plano típico do sistema de précarregamento por vácuo.......................... 122
Figura 5 - 3 - Corte típico do sistema de précarregamento por vácuo.......................... 123
Figura 5 - 4 - Esquema de instalação do sistema de aquecimento - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 129
Figura 5 - 5 - Detalhe do sistema de aquecimento dentro da cabana - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 133
Figura 5 - 6 - Plano esquemático da instrumentação - Saint-Roch-de-l'Achigan......... 135
Figura 5 - 7 - Seções da instrumentação - Saint-Roch-de-l'Achigan............................ 136
Figura 5 - 8 - Detalhe de instalação dos tassômetros.................................................... 138
Figura 5 - 9 - Detalhe da instalação dos piezômetro e dos termistores......................... 142
Figura 5 - 10 - Detalhe da instalação dos inclinômetros............................................... 146
Figura 5 - 11 - Fases de carregamento aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan................. 160
Figura 5 - 12 - Fases de carregamento - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan. ............. 161
vi

Figura 5 - 13 - Perfis de poro-pressão natural do depósito e inicial - Saint-Roch-de-


l'Achigan. .............................................................................................................. 163
Figura 5 - 14 - Variação da poro-pressão em função do tempo, antes da aplicação do
vácuo - aterros A e B. ........................................................................................... 165
Figura 5 - 15 - Perfil inicial de temperatura em função da profundidade - agosto de 1998
- Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................................................................... 166
Figura 5 - 16 - Deformações verticais das camadas de argila durante o aquecimento -
aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan. ..................................................................... 168

Figura 6 - 1- Perfis de temperatura durante o aquecimento - aterro B - Saint-Roch-de-


l'Achigan. .............................................................................................................. 171
Figura 6 - 2 - Esquema de variação da temperatura entre os drenos. ........................... 172
Figura 6 - 3 - Sucção aplicada sob a membrana em função do tempo - aterros A e B -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 173
Figura 6 - 4 - Variação da poro-pressão do início e ao fim do bombeamento - aterros A e
B - Saint-Roch-de-l'Achigan................................................................................. 174
Figura 6 - 5 - Esquema da variação da poro-pressão devido à aplicação do vácuo - Saint-
Roch-de-l'Achigan. ............................................................................................... 176
Figura 6 - 6 - Variação das poro-pressões a 6.8 m de profundidade - piezômetros UA4 e
UB4 - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................................................ 180
Figura 6 - 7 - Variação das poro-pressões a 6.8 m de profundidade, após o último
alteamento do aterro - piezômetros UA4 e UB4 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ...... 181
Figura 6 - 8 - Variação das poro-pressões a 5.4 m de profundidade - piezômetros UA3 e
UB3 - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................................................ 182
Figura 6 - 9 - Variação das poro-pressões a 5.4 m de profundidade, após o último
alteamento do aterro - piezômetros UA3 e UB3 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ...... 183
Figura 6 - 10 - Variação das poro-pressões a 3.9 m de profundidade - piezômetros UA2
e UB2 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ........................................................................ 185
Figura 6 - 11 - Variação das poro-pressões a 3.9 m de profundidade, após o último
alteamento do aterro - piezômetros UA2 e UB2 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ...... 186
Figura 6 - 12 - Variação das poro-pressões a 2.5 m de profundidade - piezômetros UA1
e UB1 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ........................................................................ 187
Figura 6 - 13 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa A5 até A6 - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 188
vii

Figura 6 - 14 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa A6 até A9 - Saint-Roch-de-


l'Achigan. .............................................................................................................. 189
Figura 6 - 15 - Perfil de variação da poro-pressão - etapa B8 até B12 - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 190
Figura 6 - 16 - Poro-pressão em função da profundidade - aterros A e B - Saint-Roch-
de-l'Achigan. ......................................................................................................... 191
Figura 6 - 17 - Esquema dos deslocamentos medidos nos tassômetros........................ 193
Figura 6 - 18 - Deformação da camada de argila de 3.25 a 7.6 m em função da tempo
durante o aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................... 194
Figura 6 - 19 - Deformação da camada de argila de 3.25 a 7.6 m em função do
temperatura durante o aquecimento - Saint-Roch-de-l'Achigan........................... 195
Figura 6 - 20 - Deslocamentos verticais medidos por nivelamento topográfico - aterro A
- Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................................................................... 196
Figura 6 - 21 - Deslocamentos verticais medidos por nivelamento topográfico - aterro B
- Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................................................................... 198
Figura 6 - 22 - Deslocamento vertical em função do tempo - crosta A : 0 - 3.25 m -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 199
Figura 6 - 23 - Deformação vertical em função do tempo - camadas 1A e 2A : 3.25 -
6.15 m - Saint-Roch-de-l'Achigan. ....................................................................... 201
Figura 6 - 24 - Deformação vertical em função do tempo - camada 3A : 6.15 - 7.6 m -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 202
Figura 6 - 25 - Deformação vertical média em função do tempo - camada de argila de
3.25 à 7.6 m - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................... 203
Figura 6 - 26 - Deslocamento vertical em função do tempo - crosta B : 0 - 3.25 m -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 204
Figura 6 - 27 - Deformação vertical em função do tempo - camadas 1B e 2B : 3.25 - 6.0
m - Saint-Roch-de-l'Achigan. ............................................................................... 205
Figura 6 - 28 - Deformação vertical em função do tempo - camada 3B : 6.0 - 7.6 m -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 207
Figura 6 - 29 - Deformação vertical em função do tempo - camada de argila de 3.25 à
7.6 m - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.......................................................... 208
Figura 6 - 30 - Curvas de compressão - camadas 1A e 1B : 3.25 - 4.7 m - Saint-Roch-
de-l'Achigan. ......................................................................................................... 210
Figura 6 - 31 - Curvas de compressão - camadas 2A e 2B : 4.7 - 6.15 m - Saint-Roch-
de-l'Achigan. ......................................................................................................... 211
viii

Figura 6 - 32 - Curvas de compressão - camadas 3A e 3B: 6.15 - 7.6 m - Saint-Roch-de-


l'Achigan. .............................................................................................................. 212
Figura 6 - 33 - Curvas de compressão : ensaios oedométricos e in situ - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 213
Figura 6 - 34 - Perfil de deslocamentos horizontais medidos pelo inclinômetro IA1. . 215
Figura 6 - 35- Caminhos de tensões no plano s' - t : précarregamento de um aterro
convencional e por vácuo no centro do aterro. ..................................................... 217
Figura 6 - 36 - Perfis de tensões de sobreadensamento obtidos a partir de ensaios de
laboratório e in situ e das curvas de compressão in situ do aterro A - Saint-Roch-
de-l'Achigan. ......................................................................................................... 221
Figura 6 - 37 - Perfis de tensões de sobreadensamento partir de ensaios de laboratório e
in situ e das curvas de compressão in situ do aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.
.............................................................................................................................. 222
Figura 6 - 38 - Curvas de velocidade de deformação em função da deformação vertical -
camadas 1 e 2 - aterros A e B - Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................... 223
Figura 6 - 39 - Curvas de velocidade de deformação em função da deformação vertical -
camada 3 - aterros A e B - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................ 224
Figura 6 - 40 - Tensões de sobreadensamento de laboratório e in situ : 10oC.............. 226
Figura 6 - 41 - Tensões de sobreadensamento de laboratório e in situ : 30oC - 50oC... 227

Figura 7 - 1 - Variação da resistência ao cisalhamento não drenada medida pelos ensaios


de palheta V1 e V2 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ................................................... 231
Figura 7 - 2 - Ensaios de piezocone PZ2, PZ5, PZ6 e PZ7 : resistência de ponta e poro-
pressão em função da profundidade...................................................................... 232
Figura 7 - 3 - Variação da umidade com a profundidade - amostras antes (F1 e F2) e
após os précarregamentos (F4 e F5). .................................................................... 233
Figura 7 - 4 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação : 52.36 - 52.50
m - aterros A e B................................................................................................... 234
Figura 7 - 5 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 51.33 - 51.50
m - aterros A e B................................................................................................... 235
Figura 7 - 6 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 49.91 - 50.06
m - aterros A e B................................................................................................... 236
Figura 7 - 7 - Curvas de compressão dos ensaios oedométricos - elevação: 48.84 - 49.00
m - aterros A e B................................................................................................... 237
ix

Figura 7 - 8 - Perfis de tensões de sobreadensamento e tensões efetivas - aterros A e B.


.............................................................................................................................. 239
Figura 7 - 9 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -
domínio sobreadensado - aterros A e B. ............................................................... 242
Figura 7 - 10 - Curvas de compressão dos ensaios triaxiais CIU e CAU - argila intacta e
aterros A e B. ........................................................................................................ 243
Figura 7 - 11 - Caminhos de tensões no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -
domínio normalmente adensado - aterros A e B................................................... 245
Figura 7 - 12 - Curvas de estado limite no plano s' - t - ensaios triaxiais - T = 20oC -
argila intacta e aterros A e B................................................................................. 246
Figura 7 - 13 - Relação p' - deformação volumétrica no estado crítico - ensaios triaxiais
- T = 20oC - argila intacta e aterros A e B. ........................................................... 247

LISTA DE FIGURAS DOS ANEXOS


Figura I - 1 - Propriedades características da argila de Saint-Roch-de-l'Achigan. ....... 278

Figura II - 1- Esquema da célula CRS. ......................................................................... 281


Figura II - 2 - Esquema da célula oedométrica - d = 15 cm.......................................... 285

Figura III - 1 - Variação da temperatura com o tempo em função da profundidade -


termistores THA1, THA2 e TH2 - aterro A.......................................................... 292
Figura III - 2 - Variação da temperatura em função do tempo - piezômetros e
tassômetros - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan................................................ 293
Figura III - 3 - Variação da temperatura com o tempo, em função da profundidade -
termistores THB1, THB2, THB3, TH1 e TH2 - aterro B..................................... 294
Figura III - 4 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB1 - aterro B -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 295
Figura III - 5 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB2 - aterro B -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 296
Figura III - 6 - Variação da temperatura com o tempo - termistores THB3 - aterro B -
Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 297

Figura IV - 1 - Esquema das distribuições de tensões analisadas : a) em tronco de


pirâmide; b) em forma de paralelepípedo. ............................................................ 303
x

Figura V - 1 - Localização do aterro, da instrumentação e dos ensaios in situ do MTQ -


Saint-Roch-de-l'Achigan....................................................................................... 307
Figura V - 2 - Seções geotécnicas - Saint-Roch-de-l'Achigan...................................... 308
Figura V - 3 - Ensaios de piezocone PZ2, PZ11 e PZ12 : resistência de ponta e poro-
pressão em função da profundidade; ensaios de palheta V1, V11 e V12 : resistência
não drenada em função da profundidade - Saint-Roch-de-l'Achigan. .................. 310
Figura V - 4 - Perfil de poro-pressões obtidos pelos piezômetros do sítio experimental e
os do aterro do MTQ............................................................................................. 312
Figura V - 5- Variação da poro-pressão em função da variação da tensão total - estaca :
0 + 750 - Saint-Roch-de-l'Achigan. ...................................................................... 313
Figura V - 6 - Perfis de poro-pressões e de tensões de sobreadensamento in situ - aterro
MTQ e aterro A..................................................................................................... 315
Figura V - 7 - Perfis de poro-pressões e de tensões de sobreadensamento in situ - aterro
MTQ e aterro B..................................................................................................... 316
Figura V - 8 - Variação da poro-pressão, tensão total e recalques com o tempo - estaca 0
+ 750 - aterro do MTQ - Saint-Roch-de-l'Achigan............................................... 317
Figura V - 9 - Sucção e recalques do aterro A e variação da tensão total e recalques do
aterro do MTQ em função do tempo - Saint-Roch-de-l'Achigan. ........................ 319
Figura V - 10 - Sucção e recalques do aterro B e variação da tensão total e recalques do
aterro do MTQ em função do tempo - Saint-Roch-de-l'Achigan. ........................ 320
i

LISTA DE TABELAS
Tabela 4 - 1 - Variação das tensões verticais efetivas com a velocidade de deformação
vertical. ................................................................................................................... 72
Tabela 4 - 2 - Variação das tensões verticais efetivas em função da temperatura.......... 80
Tabela 4 - 3 - Variação da condutividade hidráulica em função da temperatura - ensaios
CRS......................................................................................................................... 83

Tabela 5 - 1 - Resumo das características da instrumentação - aterros A e B. ............. 134


Tabela 5 - 2 - Cronograma geral com as etapas dos trabalhos - Saint-Roch-de-l'Achigan.
.............................................................................................................................. 152
Tabela 5 - 3 - Etapas dos trabalhos - aterro A - Saint-Roch-de-l'Achigan. .................. 155
Tabela 5 - 4 - Etapas dos trabalhos - aterro B - Saint-Roch-de-l'Achigan.................... 156

Tabela 6 - 1 - Tensão vertical efetiva na passagem do domínio sobreadensado /


normalmente adensado - aterros A e B. ................................................................ 220

Tabela 7 - 1 - Resumo dos ensaios - amostragens F4 (aterro A) e F5 (aterro B). ........ 230
Tabela 7 - 2 - Resumo dos resultados dos ensaios oedométricos executados após os
ensaios de précarregamento in situ - série 2 - aterros A e B................................. 234
Tabela 7 - 3 - Resumo dos ensaios triaxiais executados após os précarregamentos - série
3 - aterros A e B.................................................................................................... 241

LISTA DE TABELAS DOS ANEXOS


Tabela I - 1 - Quadro resumo dos ensaios executados na amostragem F1. .................. 273
Tabela I - 2 - Quadro resumo dos ensaios executados na amostragem F2. .................. 276
Tabela I - 3 - Resultados dos ensaios de caracterização - Saint-Roch-de-l'Achigan. ... 277
Tabela I - 4 - Parâmetros obtidos a partir de ensaios das correlações propostas por
Leroueil et al. (1983). ........................................................................................... 277
Tabela I - 5 - Resumo dos ensaios oedométricos da série 1 - Saint-Roch-de-l'Achigan.
.............................................................................................................................. 279
Tabela I - 6 - Resumo dos ensaios triaxiais de compressão isotrópica - série 1 - Saint-
Roch-de-l'Achigan. ............................................................................................... 280
ii

±
Tabela II - 1 - Resultados dos ensaios CRS (εv = 2 x 10-6 s-1; T = 10 - 50oC ) - série 1.
.............................................................................................................................. 284
Tabela II - 2 - Resultados dos ensaios CRS - série 2. ................................................... 284
Tabela II - 3 - Resultados dos ensaios CRS - série 3. ................................................... 284
Tabela II - 4 - Resumo dos resultados dos ensaios OED1 e OED2 - d = 15 cm. ......... 286
Tabela II - 5 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CIU - série 2. .................. 289
Tabela II - 6 - Resumo dos resultados dos ensaios triaxiais CAU - série 2.................. 290

Tabela IV - 1 - Tensões calculadas para cada etapa de carregamento - aterro A - Saint-


Roch-de-l'Achigan. ............................................................................................... 299
Tabela IV - 2 - Tensões calculadas para cada etapa de carregamento - aterro B - Saint-
Roch-de-l'Achigan . .............................................................................................. 301
Tabela IV - 3 - Distribuição de tensões ao longo da profundidade (paralelepípedo). .. 304
Tabela IV - 4 - Comparação entre a variação de tensões totais consideradas e as poro-
pressões medidas nas etapas de escavação e alteamentos dos aterros. ................. 272

Tabela V - 1 - Resumo da instrumentação na zona de drenos do aterro do MTQ........ 309


Tabela V - 2 - Aterro MTQ - resumo : tensões e poro-pressões - Saint-Roch-de-
l'Achigan. .............................................................................................................. 311

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