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ESTUDO DE DEFORMAÇÃO PERMANENTE EM SOLOS E A TEORIA DO

SHAKEDOWN APLICADA A PAVIMENTOS FLEXÍVEIS.

Antonio Carlos Rodrigues Guimarães

TESE SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS


PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS
EM ENGENHARIA CIVIL.

Aprovada por:
__________________________________
Prof.a Laura Maria Goretti da Motta, D.Sc.

__________________________________
Prof. Jacques de Medina, L.D.

___________________________________
Prof. Alexandre Benetti Parreira, D.Sc.

___________________________________
Prof. Salomão Pinto, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


DEZEMBRO DE 2001
GUIMARÃES, ANTONIO CARLOS RODRIGUES
Estudo de deformação permanente em solos e a
teoria do shakedown aplicada a pavimentos flexíveis.
[Rio de Janeiro] 2001.
IX, 279 p., 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Civil, 2001)
Tese – Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Deformação permanente em solos
2. Shakedown
3. Mecânica dos pavimentos
I. COPPE/UFRJ II. Título ( série )

ii
“Se Pude Enxergar Longe é Porque me Apoiei em Ombros de Gigantes”.
(Isaac Newton)

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus e a toda a minha família: Maria Helena, Ana Helena, Júnior, Geraldo
Guimarães (in memorian), e em especial, ao meu pai “Juca” pelo apoio dado em casa.

Agradeço aos “gigantes” Laura Motta, Salomão Pinto e Jacques de Medina por toda a
atenção e dedicação a mim prestada durante este tempo na COPPE. A professora Laura
Motta além de excelente orientadora revelou-se uma grande amiga com a qual podemos
contar sempre.

Ao professor Alexandre Parreira pelas importantes contribuições dadas como membro


da banca e ao colega Marcos Massao Futai que ajudou na interpretação dos resultados
obtidos. Outros colegas tiveram uma importante participação neste trabalho na medida
que aliviaram a chamada “solidão da pesquisa”. São eles: maj Geraldo Magela, Ian
Salles, Adriano Souza, Ana Cecília, Luciana Nogueira, Ana Carla, Fátima Sá, Rômulo
Sandro, Everton Meirelles, Flávia Pires, Aloésio Droesmeier, Fernando Navarro,
Manoel Izidro, Marcelo Furtado, Prepredigna Silva, Marcio Marangon, Geraldo
Luciano.

Agradeço ao Exército Brasileiro por ter me selecionado e liberado em tempo integral


para o curso de mestrado na COPPE, e ao Instituto Militar de Engenharia pela
confiança em mim depositada. Espero poder retribuir a confiança à altura. Também,
aos professores do IME: gen Real, cel Álvaro, cel Dias, maj Marcelo, maj Leão, cap
José Renato, cap Pires, entre outros, pelas palavras de incentivo.

À equipe de pavimentos da COPPE: Ana Souza, Álvaro Dellê, Ricardo Gil, e, em


especial, ao Bororó por ter me ensinado a montar, desmontar e operar o equipamento
triaxial de cargas repetidas.

Tive o privilégio de receber cópias de papers ou até mesmo de teses inteiras de


pesquisadores estrangeiros, através da internet e sem nenhum ônus, portanto tenho o
dever de agradecer-lhes. São eles: Niclas Odermatt, Erick Lekarp, Sabine Werkmeister,
I. F. Collins.

iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos necessários
para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDO DE DEFORMAÇÃO PERMANENTE EM SOLOS E A TEORIA DO


SHAKEDOWN APLICADA A PAVIMENTOS FLEXÍVEIS.

Antonio Carlos Rodrigues Guimarães


Dezembro/ 2001

Orientadora: Laura Maria Goretti da Motta


Programa: Engenharia Civil

O presente trabalho tem como objetivo analisar a resposta plástica e elástica de


dois solos lateríticos, uma argila amarela do Rio de Janeiro e uma laterita de Brasília,
quando submetidos ao ensaio triaxial de cargas repetidas para um número de aplicações
de carga superior a 100.000 ciclos. Foram realizados no total vinte e quatro ensaios,
com vários níveis de tensão, e com umidade de compactação próxima a umidade ótima.
Pesquisa-se a ocorrência do shakedown, ou acomodamento das deformações plásticas,
verifica-se a variação da deformação permanente específica com diversos fatores, tais
como o número de aplicações de carga, a umidade do corpo-de-prova e o estado de
tensão, analisa-se a variação da deformação elástica, e do módulo resiliente, com o
número de aplicações de carga. Busca-se enquadramento da deformação permanente
nos modelos de Monismith et al (1975) e Uzan (1982), bem como a validade do
modelo de Tseng e Lytton (1989), propondo-se, através de regressão linear, uma
relação entre os parâmetros dos modelos e o estado de tensão. Em caráter secundário
pesquisa-se a variação do módulo resiliente após o término do ensaio de deformação
permanente, com duas freqüências (1 e 2 Hz).

v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Sciences (M.Sc.)

A STUDY ABOUT PERMANENT DEFORMATION ON SOILS AND THE


SHAKEDOWN THEORY APLIED TO FLEXIBLE PAVEMENTS.

Antonio Carlos Rodrigues Guimarães


Dezembro / 2001

Advisor: Laura Maria Goretti da Motta.

Department: Civil Engineering.

A study of plastic and elastic response of two lateritic soils – a yellow clay of
Rio de Janeiro and a laterite gravel from Brasília – submitted to repeated load triaxial
tests at several levels of stresses and number of cicles greates than 100,000. Twenty for
tests were made at different stress levels and compaction water contents near the
optimum value. The occurrence of plastic shakedown was investigated. The evolution
of permanent deformations with different factors – number of load applications,
moisture content, and state of applied stresses was observed. Observed the variation of
elastic deformation of elastic deformation and resilient modulus with the number of
load applications. Test results were introduced in models by Monismith et al (1975),
Uzan (1981), and Tseng e Lytton (1989). Regression analyses were made to obtain a
correlationship of model’s parameters with states of stresses. As a parallel study,
resilient moduli were determined at 1 Hz and 2 Hz frequencies, after the permanent
deformation studies.

vi
ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ............................................................................... 01

CAPÍTULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 04

2.1-Modelos de deformação permanente em solos ......................... 04


2.1.1 – Introdução ............................................................... 04
2.1.2 – Avaliação da deformação permanente .................... 05
2.1.3 – Modelos usuais de deformação permanente
em solos............................................................................... 07
2.1.4 – Outros modelos de deformação permanente
em solos............................................................................... 11
2.1.5 – A experiência brasileira........................................... 18
2.1.6 – Deformação permanente admissível ....................... 24

2.2-A teoria do Shakedown ............................................................. 26


2.2.1 – Considerações sobre o carregamento cíclico
de solos ................................................................................ 26
2.2.2 – Principais fatores associados .................................. 27
2.2.3 – Resposta do solo submetido a
carregamento cíclico ........................................................... 32

2.2.4 – A teoria do shakedown ............................................ 34


2.2.4.1 – Introdução ............................................................ 34
2.2.4.2 – O shakedown ....................................................... 35
2.2.4.3 – Teoremas fundamentais ...................................... 36
2.2.4.4 – Tensões residuais ................................................ 39

2.2.5 – Aplicação da teoria do shakedown a


pavimentos flexíveis............................................................ 39

vii
2.2.5.1 – Introdução ............................................................ 39
2.2.5.2 – A pista experimental da AASHO ......................... 39
2.2.5.3 – Análise de deformação plana em semi
espaços ................................................................................ 40
2.2.5.4 – Estudo de Johnson (1962) .................................... 41
2.2.5.5 – O método das Cônicas .......................................... 42
2.2.5.6 – Solução numérica para sistema
multicamadas..................................... ............. ............45
2.2.6 – Pesquisa do shakedown do
material................... ............................................................. 50

CAPÍTULO 3 APRESENTAÇÃO DOS SOLOS UTILIZADOS .......................... 55

3.1-Argila amarela .......................................................................... 55


3.2-Laterita Brasília ........................................................................ 57

CAPÍTULO 4 - RESPOSTA DOS SOLOS SUBMETIDOS A


CARREGAMENTO CÍCLICO ....................................................... 60

4.1- Argila amarela ............................................................................. 60


4.1.1- Considerações gerais ................................................................ 60
4.1.2- Influência da variação da freqüência de carregamento ............ 62
4.1.3 – Pesquisa do shakedown .......................................................... 64
4.1.4 – Critério prático de acomodamento ......................................... 72
4.1.5 – Deformação elástica ............................................................... 74
4.1.6 – Variação do módulo resiliente com “N”. ............................... 78
4.1.7 – Ensaios de módulo resiliente .................................................. 83

4.2 -Laterita Brasília ........................................................................... 88


4.2.1- Considerações gerais ................................................................ 88
4.2.2 – Pesquisa do shakedown .......................................................... 89
4.2.3 – Deformação elástica ............................................................... 98
4.2.4 – Ensaios de módulo resiliente ................................................ 105

viii
CAPÍTULO 5 – AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO PERMANENTE .............. 116

5.1-Argila amarela............................................................................ 117


5.1.1 – Deformação permanente específica ............................ 117
5.1.2 – Curvas  d x p e  1 x p ............................................... 125

5.1.3 – Enquadramento no modelo de Monismith et al .......... 130


5.1.4 – Enquadramento no modelo de Uzan ........................... 142
5.1.5 – Validade do modelo de Tseng e Lytton ...................... 146

5.2-Laterita Brasília.......................................................................... 153


5.2.1 – Deformação permanente específica ............................ 153
5.2.2 – Enquadramento no modelo de Monismith et al .......... 156
5.2.2 – Enquadramento no modelo de Uzan ........................... 162

CAPÍTULO 6 - CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE PESQUISAS


FUTURAS ..................................................................................... 166

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 169

ANEXOS ...................................................................................................... 174

ANEXO – I PLANILHAS DE ENSAIOS DE DEFORMAÇÃO


PERMANENTE.

ANEXO – II PLANILHAS DE DEFORMAÇÃO ELÁSTICA.

ANEXO – III PLANILHAS DOS MODELOS DE DEFORMAÇÃO


PERMANENTE

ANEXO – IV PLANILHAS DE ENSAIOS DE MÓDULO


RESILIENTE.

ix
Capítulo 1: Introdução

A deformação permanente em solos está diretamente associada ao defeito estrutural do


pavimento conhecido como afundamento de trilha de roda. Algumas pesquisas de
campo no Brasil, como a pesquisa PICR da década de 1970, constataram valores de
afundamento de trilha de roda dentro da faixa admissível, mesmo para pavimentos com
muitos anos de operação, constatando que o principal defeito estrutural dos pavimentos
do Brasil era o trincamento por fadiga do revestimento asfáltico.

Desta maneira, um estudo sobre deformação permanente tornar-se-ia secundário frente


aos estudos de fadiga do revestimento asfáltico do pavimento. Entretanto, pelo menos
dois importantes aspectos justificam esta linha de pesquisa.

Primeiro, do ponto de vista prático, é o desenvolvimento de um modelo de predição da


deformação permanente em solos que se adapte aos pavimentos brasileiros, e que seja,
posteriormente, incorporado ao método mecanístico de dimensionamento de
pavimentos, evitando a simples cópia de modelos importados que, freqüentemente,
induzem ao superdimensionamento.

Logicamente, um modelo para a predição de deformação permanente em solos não se


desenvolve apenas com uma tese de mestrado, entretanto aspectos fundamentais, tais
como a avaliação de modelos existentes, podem ser abordados de forma a redirecionar
as pesquisas futuras.

É necessário dizer que quase a totalidade dos pavimentos avaliados na pesquisa PICR
foi dimensionada pelo método do CBR e este método tende a superdimensionar o
pavimento exatamente no que se refere ao afundamento de trilha de roda, pois a
essência do método é a construção de camadas sobre o subleito de forma a protegê-lo
da ação da carga do tráfego, sendo que as propriedades mecânicas do subleito são
avaliadas por sua resistência à penetração (ensaio de CBR), que não simula a condição
real na qual o solo é solicitado no campo. Além disso, a imersão do corpo-de-prova em
água durante quatro dias não é compatível com as condições climáticas ambientais
tropicais.

x
Segundo, do ponto de vista conceitual, é a melhor compreensão da relação
tensão/deformação em solos tropicais constituintes de pavimentos, incluindo a
possibilidade de ocorrência do chamado “shakedown”, ou acomodamento da
deformação plástica, associado ao surgimento de tensões residuais.

A teoria do shakedown teve origem na Alemanha sendo desenvolvida inicialmente


dentro da mecânica dos metais de forma a explicar o desempenho funcional de certas
peças submetidas a ação de cargas repetidas. Dentro da engenharia geotécnica foi
utilizada inicialmente no estudo de estruturas off-shore uma vez que o solo de fundação
destas estruturas está submetido à ação de cargas repetidas geradas pela ação ritmada
das ondas. Neste campo destacam-se os trabalhos desenvolvidos por Pande, citados por
FARIA (1999).

Sua aplicação a pavimentos deve-se ao trabalho pioneiro desenvolvidos por SHARP e


BOOKER (1984). Trata-se de uma tese de doutorado da universidade de Sidney na
Austrália, defendida por Richard Sharp e orientada por J. Booker. Entretanto este
assunto só ganhou maior projeção no cenário internacional a partir de uma seqüência de
trabalhos coordenados por Lutfi Raad e publicados no TRB. Em ambos os casos trata-
se de uma pesquisa do chamado shakedown estrutural do pavimento, que utiliza uma
abordagem numérica do pavimento a partir do cálculo das tensões e deformações,
diferente, por exemplo, da pesquisa coordenada por WERKMEISTER et al (2001),
referência desta tese, na qual se utilizam ensaios triaxiais de cargas repetidas para
verificar a ocorrência do shakedowm do material.

Este estudo foi idealizado pelo prof. Jacques de Medina e implementado como linha de
pesquisa pela profª Laura Motta.

O objetivo principal da tese é a análise da resposta de dois tipos de solos, uma argila
amarela do Rio de Janeiro e uma laterita de Brasília, quando submetidos a
carregamentos de cargas repetidas de longa duração.

2
A tese é fundamentalmente experimental na medida que se baseia na análise de vinte e
quatro ensaios de deformação permanente e vinte e seis ensaios de módulo resiliente,
mas possui uma fração teórica significativa na medida que contribui para a divulgação
da teoria do shakedown aplicada a pavimentos flexíveis. A tese é dividida nos seguintes
capítulos:

No capítulo 2 faz-se uma revisão bibliográfica abrangendo os modelos de deformação


permanente em solos, item 2.1, e a teoria do shakedown, item 2.2.

No capítulo 3 são apresentadas características dos solos utilizados neste estudo.

No capítulo 4 é feita uma pesquisa de ocorrência do shakedown nos ensaios realizados,


juntamente com o estudo da deformação elástica e uma análise do módulo resiliente
convencional obtido após o ensaio de cargas repetidas, tanto para os corpos-de-prova
da Argila Amarela, quanto da Laterita Brasília.

No capítulo 5 é feita uma análise dos fatores que influenciaram a deformação


permanente específica, bem como o enquadramento nos modelos de deformação
permanente de Monismith et al (1975), Uzan (1981), e a validação do modelo de Tseng
e Lytton (1989).

No capítulo 6 são apresentadas as conclusões e sugestões para futuras pesquisas.

3
CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
CAPÍTULO 2.1: MODELOS DE DEFORMAÇÃO PERMANENTE EM SOLOS

2.1 Modelos Existentes de Deformação Permanente em Solos

2.1.1 Introdução
O afundamento de trilha de roda é um defeito do pavimento associado ao acúmulo de
deformação vertical permanente desenvolvido em cada camada do pavimento.
(MOTTA 1991, HUANG, 1993). Talvez por ser o principal defeito do pavimento em
países de clima temperado, geralmente os mais desenvolvidos, o mecanismo de
deformação permanente tem sido bastante estudado, com diversas publicações sobre o
assunto. E, por outro lado, por ser pouco observado no Brasil, (QUEIRÓZ 1984), há
relativamente poucas publicações brasileiras sobre o assunto.

Importante salientar que o afundamento de trilha de roda observado em corredores de


ônibus nas grandes cidades está muito mais relacionado ao uso de uma mistura asfáltica
inadequada, do que ao acúmulo de deformações permanentes nas camadas de solos.

Nestes casos há uma nítida tendência da massa asfáltica deslocar-se horizontalmente,


ou “correr” para os lados como se diz na linguagem coloquial. Não constitui objeto do
presente trabalho o estudo do mecanismo de deformação permanente em misturas
asfálticas.

Barksdale (1972), citado por MOTTA (1991) propôs a seguinte expressão para cálculo
da deformação total de uma estrutura, ou afundamento da trilha de roda:
n
 p
total = 
i 1
i
p hi (2.1)

 total
p
- profundidade total do afundamento

 ip - deformação específica plástica média da i-ésima camada


hi – espessura da i-ésima camada
n – número total de camadas

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Conhecendo-se as relações entre a deformação permanente e as tensões atuantes para
cada material, relação obtida em laboratório, e as tensões atuantes em cada uma das
camadas utilizando-se um programa de sistemas em camadas, pode-se obter as
deformações permanentes em cada camada e, posteriormente, a deformação total.

O presente capítulo aborda alguns dos principais estudos sobre deformação permanente
em solos, incluindo a experiência brasileira.

2.1.2 Avaliação da Deformação Permanente


MEDINA (1997) cita resultados da pista experimental da AASHO (1958-1960), nos
EUA, na qual foi possível determinar-se a porcentagem de contribuição de cada
camada do pavimento para o afundamento da trilha de roda.
- Revestimento 32%
- Base de Brita Graduada 4%
- Subbase Granular 45%
- Subleito Argiloso 19%

A figura 2.1 mostra o equipamento utilizado para medir o afundamento da trilha de


roda na AASHO Road Test (1958-1960).

Figura 2.1: Treliça Utilizada para Medir Afundamento de Trilha de Roda na AASHO Road
Test. Extraído de Medina (1997).

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A pista experimental da AASHO sofreu grande influência de fatores climáticos-
ambientais, principalmente o chamado degelo da primavera, período no qual as
camadas do pavimento tendem à saturação. Além disso, o material constituinte do
subleito possuía argilo-minerais expansivos. Estes dois fatores, obviamente,
contribuíram, e muito, para o afundamento de trilha de roda.

Os resultados observados na pista experimental serviram para o aperfeiçoamento de


métodos de dimensionamento de pavimentos tanto nos EUA quanto em grande parte do
mundo, inclusive o Brasil.

No Brasil, QUEIRÓZ (1984) utilizou dados da Pesquisa de Inter-Relacionamento de


Custos Rodoviários, elaborada pelo GEIPOT, para analisar, entre outros fatores
relacionados ao desempenho, a deformação permanente em pavimento brasileiros.
Observa-se, através da tabela 2.1, que a deformação permanente medida em 45 trechos
atingiu valor máximo de 7,4 mm e média de 2,53 mm, muito abaixo do valor máximo
admissível em geral, como, por exemplo, o de 1,27 cm adotado pela FAA.

Tabela 2.1. Dados estruturais de Pavimentos Brasileiros. QUEIRÓZ (1984).


Variável Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
Número de Trechos 45 - - -
Idade (anos) 7,71 4,80 1,5 20,5
Deflexão, viga Benkelman (mm) 0,78 0,43 0,17 2,13
Número Estrutural Corrigido 5,00 0,88 3,40 7,50
Logn (nº de eixos cumulativos equival.) 5,56 0,74 3,20 7,23
Profundidade de Trilha de Roda (mm) 2,53 0,90 0,40 7,40

Ainda sobre a influência do tipo de solo do subleito, UZAN (1998) discorre sobre
características de solos argilosos típicos de subleitos das vias de Israel.Observa-se um
aumento de umidade até o terceiro ou quinto ano de implantação da via, com umidade
de equilíbrio entre 1,2.LP e 1,3LP, onde LP é o limite de plasticidade. Ainda, todos os
materiais argilosos constituintes do subleito da pesquisa de UZAN continham
montmorilonita, argilo-mineral altamente expansivo.

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2.1.3 Modelos Usuais de Deformação Permanente em Solos

Modelo de Monismith et al
O modelo mais comum e amplamente empregado é o proposto por MONISMITH et al.
(1975).
 p = ANB (2.2)

Onde:
εp - deformação específica plástica
A e B - parâmetros experimentais
N - número de repetições de carga

A deformação permanente é obtida através de ensaios triaxiais de cargas


repetidas.Trata-se de um modelo simplificado que representa bem o comportamento à
deformação permanente tanto de solos argilosos como de solos granulares, entretanto
alguns aspectos devem ser observados.
- Geralmente obtém-se os parâmetros do modelo para até 100.000 ciclos de
carregamento. Assim, a predição da deformação permanente para valores superiores
tende a ser superestimada;
- Há diversos fatores influenciando os parâmetros do modelo, tais como energia e
umidade de compactação, freqüência de carregamento, estado de tensão, tipo de solo,
dimensões do corpo-de-prova.

Assim, para uma correta aplicação do modelo é necessária uma conveniente seqüência
de ensaios de laboratório. Importante ressaltar que boa parte da experiência brasileira
no estudo da deformação permanente em solos está associada a este modelo.

A tabela 2.2 apresenta valores típicos dos coeficientes A e B para uma argila siltosa ,
ensaiadas em várias umidades e pesos específicos aparentes secos, obtidos por
Monismith et al e citados por SVENSON (1980).

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Tabela 2.2: Valores típicos dos parâmetros A e B. MONISMITH et al (1975), citado por
SVENSON (1980)

Amostra H (%) γs(g/cm3) σd (kgf/cm2) A B


1 16,7 1,792 0,35 0,168 0,184
2 16,8 1,792 0,70 0,306 0,185
3 16,5 1,792 1,40 1,28 0,156
4 19,8 1,712 0,21 0,378 0,212
5 19,3 1,712 0,35 1,22 0,145
6 19,7 1,712 0,70 4,57 0,193
7 19,3 1,712 1,40 39,5 0,185
8 16,4 1,712 0,35 0,0467 0,332
9 16,5 1,712 0,70 0,746 0,163
10 16,1 1,712 1,40 1,73 0,154

Modelo de Uzan

Uzan (1982), citado por CARDOSO (87), desenvolve modelo a partir da diferenciação
da equação proposta por Monismith et al (1975).
εp = A.NB (2.2)
diferenciando a equação 2.2, tem-se:
d p
= A.B.NB-1 (2.3)
dN
mas,
d p A.N B  A.( N  1) B
= lim N N 1 = A.(NB – NB-1) = εp (N)
dN N  ( N  1)
onde:
εp (N) – deformação plástica para a n-ésima camada
μ = A.B/ εr e α = 1 - B

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admitindo-se εr(N) = εr, e dividindo-se a equação nº 2.3 por εr, tem-se:
 p (N )
= .N  (2.4)
r

Os parâmetros μ e α podem ser extraídos de diversas autores conforme mostra a tabela


2.3.

Tabela 2.3: Variação dos parâmetros μ e α de acordo com as diversas referências.


Citado por CARDOSO (1987)

Camada Parâmetros LOTFI LYTTON RAUHUT UZAN VERSTRATEN


(1977) et al et al (1975) (1985) et al (1977)
(1975)
Revestimento α - 0,656 0,45-0,90 - 0,70-0,90
μ - 0,146 0,10-0,50 - -
Base/Subbase α - - 0,90-1,00 - -
μ - - 0,10-0,30 - -
Subleito α 0,88- - 0,70-0,90 0,800 -
0,91
μ 0,26- - 0,00-0,10 0,045 -
1,20

Sejam as equações 2.5 e 2.6 dadas por:


 p (N )
= .N  (2.5)
r
εp (N) = εt (N) – εr (N) (2.6)
Combinando-se as equações, tem-se:
εp (N) = εt (N) – εr (N) = εr.μ.N-α (2.7)

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Durante o carregamento e descarregamento o módulo elástico Ec (carregamento) e ED
(descarregamento) são distintos, e a relação tensão-deformação é considerada linear.
Da teoria da elasticidade, tem-se:

1 
(εt)z = .[ σz – ν.( σr + σt)] = z (2.8)
Ec Ec

1 z
(εr)z = .[ σz – ν.( σr + σt)] = (2.9)
ED ED

Onde:
(εt)z – deformação total vertical;
(εr)z – deformação resiliente vertical;
σz , σr , σt – tensões atuantes;
ν – coeficiente de Poisson.
Substituindo-se 2.1.8 e 2.1.9 na equação 2.1.7, tem-se:
1 1 
σz.(  ) = z ..N  (2.10)
Ec E D ED

Modelo de Tseng e Lytton


Tseng e Lytton (1989), citados por CINQUE (2000), utilizam um modelo mecanístico-
empírico apresentado a seguir:


  
δa(N) = 0 .e  N  .εv . h (2.11)
r
onde:
δa (N) - deformação permanente da camada
N – número de repetições de carga
ε0, ρ, β – propriedades dos materiais
εr – deformação específica resiliente
εv – deformação específica vertical média resiliente
h – espessura da camada

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Os parâmetros ρ e β e a relação ε0/εr são os parâmetros dos materiais derivados a partir
de ensaios de deformação permanente. A estimativa desses parâmetros é realizada
através dos modelos apresentados nas equações 2.12 e 2.13.

Para materiais constituintes do subleito: equações 2.12, 2.13 e 2.14


0
Log ( )=-1,69867+0,09121.Wc– 0,11921.σd + 0,91219.log(Er) (2.12)
r
R2 = 0,81
Log(β)=-0,9730–0,0000278.W c2 . σd + 0,017165. σd – 0,0000338.W c2 .σθ (2.13)
R2 = 0,74

Log(ρ)=11,009+0,000681. W c2 . σd - 0,40260. σd + 0,0000545. W c2 .σθ (2.14)


R2 = 0,86

Para materiais constituintes das camadas de base e de subbase tem-se as equações 2.15,
2.16 e 2.17.
0
Log ( )=0,80978–0,06626.Wc – 0,003077.σθ + 0,000003.Er (2.15)
r
R2 = 0,60
Log(β)=-0,9190+0,03105.Wc+ 0,001806. σθ – 0,0000015.Er (2.16)
2
R = 0,74
Log(ρ) = -1,78667 + 1,45062. Wc + 0,0003784.σ 2 - 0,002074. W c2 .σθ – 0,0000105. Er
R2=0,66 (2.17)

Onde:
Wc – umidade do material %
σθ – tensão octaédrica, em Psi
σd – tensão desvio em Psi
Er – módulo resiliente da camada em Psi

11
2.1.4 Outros Modelos de Deformação Permanente em Solos

Modelos Para Solos Granulares


A deformação permanente em solos granulares tem sido objeto de diversas pesquisas
em pavimentos de países de clima temperado. Tanto por este ser o principal defeito
apresentado pelo pavimento naquelas regiões do planeta, quanto pelo freqüente uso de
materiais granulares, principalmente britas graduadas, nos pavimentos. De interesse
para o Brasil além da similaridade das nossas bases constituídas de britas, é a
possibilidade de comparação com o comportamento apresentado pelos solos lateríticos
concrecionados, ou lateritas.

Alguns estudos de deformação permanente em solos podem ser encontrados em


MOTTA(1991). São eles: Brown(1974), Barksdale(1984), Paute(1983), Lentz e
Baladi(1980), Khedr(1985), Pappin(1979), Shaw(1980), Bouassida(1988), Travers et al
(1988), Paute et al (1988).

BAYOMY e AL-SANAD (1993) estudaram a deformação permanente em solos


constituintes do subleito de algumas rodovias do Kuwait. Todas as amostras são
constituídas de solos granulares arenosos, com porcentagem passando na peneira nº 200
variando de 1% a 7,5%.A freqüência de aplicação do carregamento no ensaio triaxial
cíclico foi de 2 Hz com período de carregamento de 1/8 s, com quatro níveis distintos
de tensão, variando de 10% a 40% da intensidade da resistência à compressão axial.
Para cada solo foram preparadas amostras com três níveis de umidade de compactação:
umidade ótima  2%.O modelo adotado para estudo da deformação permanente foi o
proposto por MONISMITH et al.(1975), já citado anteriormente.

Concluíram os autores que o parâmetro “A” depende das condições do ensaio e do tipo
de material, e o parâmetro “b” independe das condições de ensaio, sendo um parâmetro
característico de cada solo.

12
As curvas de deformação permanente mostraram ser sensíveis tanto à umidade de
compactação quanto ao nível de tensões aplicado. No gráfico 2.1 foram plotadas curvas
para dois níveis distintos de tensões e três diferentes umidades, ambos para a amostra
S8 do estudo de Bayomy e Al-Sanad.

Observa-se que a deformação permanente aumentou com a umidade de


compactação e apresentou maior diferença de valores, em relação à amostra
compactada na umidade ótima, quando se aumentou o nível de tensão.

0.1
Deformação Permanente Acumulada ( εp)

0.01

0.001

0.0001
1 10 100 1,000 10,000 100,000

Número de Repetições de Ciclos (N)

nível 2 hot nível 2 hot +2% nível 2 hot - 2%


nível 3 hot nível 3 hot +2% nível 3 hot - 2%

Gráfico 2.1. Deformação Permanente Para Várias Umidades e Distintos Níveis de Tensão
em Solo Arenoso. Adaptado de Bayomy e Al-Sanad (1993).

13
Modelos Para Solos Argilosos
MAJIDZADEH et al. (1976) desenvolveram relações entre os parâmetros A e m, do
modelo apresentado por GUIRGUIS (1974), e o módulo dinâmico, E* , do solo.
εp/N = A(D,w).N-m (2.18)
onde:
εp - deformação permanente
A(D,w) - interseção da linha reta (εp/N x N) com o eixo εp/N
m - valor absoluto do coeficiente angular da mesma reta
N - número de ciclos

O estudo foi desenvolvido com solos siltosos e solos argilosos, ambos com fração
granular, oriundos do estado de Ohio/EUA. Concluem que o parâmetro m varia
normalmente entre 0,82 e 0,95, podendo, em casos excepcionais, ser menor que 0,57. Para
solos com módulo dinâmico maior que 40 MPa, pode ser considerado constante. O
parâmetro A é função da umidade, densidade, tensão desvio e estrutura do solo.

MAJEDZADEH, BAYOMY e KHEDR (1978) desenvolveram estudos experimentais


sobre a deformação permanente em solos do subleito de algumas rodovias em Ohio. Os
solos analisados eram siltosos, com índice de plasticidade variando de 5,4 % a 16,1%.

Buscou-se um enquadramento no modelo da equação 2.19, assim como uma associação


entre o parâmetro “A” desta equação e o módulo dinâmico E * , apresentada na equação

2.20.

εp/N = A.Nm (2.19)


onde:
εp - deformação permanente
N - número de repetições de tensão
A, m - parâmetros de afundamento

14
s
A = K. E * (2.20)

E * - módulo dinâmico resiliente

K, s – parâmetros que dependem da tensão dinâmica aplicada

O módulo dinâmico mostrou ser um parâmetro apropriado do solo, segundo os autores,


refletindo os efeitos da umidade, densidade seca e estrutura do solo, todos associados à
deformação permanente. Apresentou-se constante para todas as tensões aplicadas
superiores a 55 KPa.

O parâmetro “m” mostrou-se constante para cada tipo de solo e com valores entre 0,85 e
0,90, não existindo variação significativa estatística antes e após saturação.

O parâmetro “A” foi estabelecido em função do E * , de acordo com a equação 2.21, que

mostra a variação do parâmetro “A” com o tipo e estrutura do solo e o nível de tensão.
A = R. E * -c.exp(σapl/ σapl) (2.21)

Onde:
σapl - tensão aplicada
σapl - resistência à compressão, não confinada
R, C - constantes do material

O efeito da saturação resultou num acréscimo do valor de A com decréscimo de E * , para

uma mesma tensão aplicada.

RAAD E ZEID (1989) apresentam uma modelagem para a deformação permanente em


solos de subleito, na qual a deformação axial é associada às tensões aplicadas e ao número
de repetições de carga. O modelo é baseado em resultados de ensaios para uma argila
siltosa.

Desenvolvem ensaios triaxiais estáticos, cíclicos lentos e de cargas repetidas, para


constatar que a deformação de ruptura, para uma dada condição de compactação e tensão
confinante, é independente da história de tensões.

15
O ensaio de cargas repetidas foi realizado com uma pressão confinante de 14,5 lb/pol2
(psi), com freqüência de 40 ciclos por minuto (cpm) e pulsos de duração de 0,2 s.
Define-se nível de tensão (qr) como a relação entre a tensão desvio e a resistência obtida
num ensaio triaxial convencional, ou estático, com taxa de deformação constante de 0,5
%/min.

Os resultados indicaram a existência de um nível de tensão crítico (“threshold stress


level”) abaixo do qual a deformação acumulada tende a se estabilizar, e acima da qual
ocorrem deformações progressivas e até mesmo a ruptura. A figura 2.2 ilustra a variação
do nível de tensões qr com o número de ciclos.

Foi verificado que para uma dada tensão confinante, densidade seca e condição de
compactação (energia, umidade), a deformação de ruptura é relativamente independente
da história de carregamento, podendo ser determinada em ensaios triaxiais convencionais
(estáticos).

O modelo proposto varia de acordo com o nível de tensões qr. Para qr superior ao crítico
tem-se a equação 2.22.
a
qr = (2.22)
al  sl . log( N )
al , bl - parâmetros do solo, obtidos de acordo com a figura 2.2.

Para um nível de tensão qr superior ao crítico, tem-se a equação 2.23


a
qr = (2.23)
a h  bh . a
bh = Bh + Sh.log(N) (2.24)
bh, Bh, Sh – parâmetros do material

16
Figura 2.2. Determinação dos parâmetros al e Sl do modelo proposto por Raad e Zeid
(1989).
Taxa de Deformação Axial (%) por
Número de Aplicação de Carga.

Figura 2.3. Variação da Deformação Axial e Taxa de Deformação Axial com o Número de
Aplicação de Cargas. (3 = 14.5 psi, d = 129.5 lb/ft , m = 7%). Raad e Zeid (1989).
3

17
2.1.5 A Experiência Brasileira
No Brasil ocorreu um início simultâneo de estudos sobre deformação permanente através
de avaliação de campo e de laboratório. A tese de mestrado de SVENSON (1980),
orientada pelo professor Jacques de Medina na COPPE/UFRJ, constitui o primeiro
trabalho sobre deformação permanente em laboratório com solos típicos do Brasil.
Paralelamente, QUEIRÓZ (1981) utilizava dados de campo, obtidos da pesquisa PICR, já
comentada, para desenvolvimento de sua tese de doutorado.

Posteriormente, novas pesquisas foram realizadas, podendo-se citar: CARDOSO (1987),


MOTTA (1991), CARVALHO (1995), SANTOS (1998).

SVENSON (1980) ensaiou quatro argilas de subleitos de rodovias federais obtendo os


parâmetros A e B para o modelo proposto por MONISMITH et al (1975), conforme
mostrado na tabela 2.4. Foram usados diversos níveis de tensão σd e σ3 = 0,21 kgf/cm2. Os
valores obtidos foram concordantes com os valores encontrados por Monismith et al.

Tabela 2.4: Valores dos parâmetros A e B obtidos por SVENSON (1980).

Amostra h(%) γs (g/cm3) Energia σd (kgf/cm2) Ax10-4 B


Argila vermelha RJ 17,0 1,781 Normal 0,76 93,0 0,058
18,9 1,717 0,76 29,9 0,072
Argila amarela RJ 21,1 1,688 Intermediária 0,75 11,5 0,086
23,3 1,614 0,75 49,3 0,121
Argila vermelha MG 16,2 1,776 Normal 1,42 12,9 0,028
17,4 1,757 1,42 29,8 0,039
18,6 1,737 1,42 80,3 0,044
Argila vermelha PR 18,7 1,729 Intermediária 0,70 59,9 0,066

Constata ainda Svenson que a variação do intervalo entre aplicações de carga (0,86 a
2,86), para umidades próximas à ótima, pouca influência tem nos valores dos coeficientes
A e B.

18
CARDOSO (1987) ensaiou dois solos lateríticos da região de Brasília/DF. O solo nº 1 foi
classificado de argila com alta plasticidade e o solo nº 2 de argila com baixa plasticidade,
ambas do tipo A-7-6, pela classificação da AASHTO. O solo 1 apresentou cerca de 30%
de sua massa com partículas de diâmetros superiores a 0,42 mm (nº 40), portanto será
considerado como solo fino com significativa fração granular.
A maioria das amostras foi compactada na energia modificada, sendo algumas poucas na
energia normal, a umidade variou entre a mais seca e mais úmida condição.

Aplicou-se uma pressão confinante de 3, 5, 8.3, 10, e 15 lb/pol2 (psi) e tensão desvio de 5,
9, 15 e 25 lb/pol2 (psi) . Os ensaios foram conduzidos na condição drenada.

Cardoso enquadrou os resultados obtidos no modelo a seguir, desenvolvido a partir do


modelo de UZAN (1982):
 p (N )
= .N  (2.4)
r

Verificou que os parâmetros α e μ são pouco influenciados pelo número de aplicações de


carga. O parâmetro μ é bastante sensível as tensões desvio e as pressões confinante e ainda
a umidade de moldagem acima da umidade ótima. Já o parâmetro α varia mais com um
tipo de material, e tem pouca influência das tensões desvio e confinante. Para os solos
estudados os parâmetros α variaram de 0,748 a 0,955 para as várias condições de ensaio
enquanto μ variou bastante para cada um deles.

De uma maneira geral o efeito dos principais fatores na deformação permanente é


mostrado a seguir.

Efeito da Tensão Confinante: Foi observada uma aparente contradição entre os resultados
obtidos para as amostras de solos granulares lateríticos. Enquanto que a deformação
permanente aumentava com o acréscimo da tensão confinante para uma tensão desvio de
25 Psi (1,75 Kgf/cm2), no caso de tensão desvio de 15 Psi (1,05 kgf/cm2) a deformação
permanente decresceu com o aumento da tensão confinante. As figuras 2.4 e 2.5 ilustram
esta situação.

19
Figura 2.4: Efeito da pressão confinante e número de repetições na deformação
2
permanente – solo 1 [25 lb/pol (psi) ]. CARDOSO (1987).

Figura 2.5: Efeito da pressão confinante e número de repetições na deformação


2
permanente – solo 1 [15 lb/pol (psi) ]. CARDOSO (1987).

20
Efeito da Tensão Desvio: A tensão desvio tem uma significativa influência na
deformação permanente, tanto para o solo granular quanto para o solo fino, conforme
era de se esperar.

O nível de deformação plástica cresceu 263,2 % para o solo granular e 150,2% para o
solo fino, quando a tensão desvio variou de 15 lb/pol2 (psi) para 50 lb/pol2 (psi), numa
condição de umidade ótima e 8,3 Psi de pressão confinante.

Efeito da Umidade: Para o solo granular a amostra mais seca apresentou maiores níveis
de deformação permanente do que as amostras moldadas próximas à umidade ótima.
Para o solo fino, as amostras mais secas apresentaram menores níveis de deformação
permanente do que as outras.

Para ambos os solos a deformação permanente começou a crescer com o aumento da


umidade próximo ou ligeiramente acima da ótima.

De um nível de umidade de 1% abaixo da ótima para mais 2,2%, no caso do solo


granular, e para mais 2,5 %, no caso do solo fino, a deformação plástica cresceu sete
vezes para o solo granular e dezessete vezes para o solo fino.Isso demonstra que o solo
fino tem mais sensibilidade a umidade, em termo de deformação permanente, do que o
solo granular.

Influência da Relação (σ3/σd): Para ambos os solos analisados por Cardoso a


deformação plástica decresceu com o acréscimo de σ3/σd até um valor entre 0,5 e 0,6.
Além desse valor a deformação plástica tende a crescer. Foi observado que esse efeito é
mais significativo para solos finos do que granulares, em termo de deformação
permanente.

SANTOS (1998) apresentou estudo sobre solos lateríticos concrecionados do Mato


Grosso, incluindo ensaios de deformação permanente, no equipamento triaxial de
cargas repetidas.

Foram ensaiados corpos-de-prova de 10 x 20 cm na energia do ensaio Proctor


Intermediário para bases e sub-bases e Proctor Normal para subleito, todos na umidade
2
ótima. Buscou-se um enquadramento dos resultados no modelo proposto por
MONISMITH et al. (1975). A tabela 2.5 ilustra alguns parâmetros obtidos.

Constata Santos que não houve variações significativas para os parâmetros A e B a


20.000 e 100.000 repetições.

Dentre os vários ensaios realizados são apresentados dois, relativos à base, e mostrados
no gráfico, juntamente com resultados obtidos por Motta (1991) para uma amostra da
laterita de Roraima (RR), todas com mesmo nível de tensões aplicado.

Observa-se uma razoável dispersão dos resultados, peculiaridade dos solos lateríticos
concrecionados, já demonstrada em relação ao comportamento resiliente, conforme
observado por VERTAMATTI (1987) entre outros.

No gráfico 2.2 são mostradas as curvas referentes à mesma estação, ou estaca, para a
base, sub-base e subleito. Observam-se maiores deformações permanentes para o solo
constituinte da base e um excelente comportamento do solo constituinte da sub-base.

Trata-se de um fato bastante interessante tendo em vista tratar-se de amostras de um


pavimento em operação.

3
1
Deformação Permanente (mm)

0.1

Santos (1998)

0.01

Motta (1991)

0.001

0.0001
1 10 100 1,000 10,000 100,000
Número de Ciclos (N)

Laterita Mato Grosso (E-100) Laterita Mato Grosso (E-200) Laterita Roraima

Gráfico 2.2: Deformação Permanente para Solos Lateríticos Concrecionados.


MOTTA(1991) E SANTOS (1998).

Tabela 2.5. Parâmetros de Deformação Permanente. MOTTA (1991) e SANTOS (1998).


Solo A B r2 Autor
Laterita MT E-100 0,005 0,11 0,92 Santos (1998)
Laterita MT E-200 0,001 0,10 0,92 Santos (1998)
Laterita RR 0,002 0,08 0,93 Motta (1991)

4
1

Deformação Permanente (mm)

0.1

Estaca E-300 Santos (1998)

0.01

0.001

0.0001
1 10 100 1,000 10,000 100,000
Número de Ciclos (N)

Base Subbase Subleito

Gráfico 2.3: Deformação Permanente Observada Na Estaca E-300. SANTOS (1998)

CARVALHO et al (1998) estudaram a deformação permanente de um solo LA’ de São


Paulo para o teor de umidade ótima, umidade relativa ao máximo CBR e 2% acima da
ótima, enfatizando que a deformação permanente nos primeiros 500 ciclos foram mais
significativas que as demais. Além disso, uma camada de 15 cm de base de pavimento
flexível com o material ensaiado desenvolveria uma deformação permanente de apenas
1,4 mm, portanto sem comprometimento do desempenho estrutural do pavimento.

2.2.6 Avaliação da Deformação Permanente Admissível


Diversas fórmulas e expressões têm sido geradas com a finalidade de se determinar a
deformação permanente admissível em um pavimento. Um dos mais comuns
procedimentos é controlar a tensão vertical atuante no topo do subleito, como proposto
por HEUKELOM E KLOMP (1962), citado por SANTOS (1998).

5
0,006MR
σvmáx= (2.25)
1  0,7 log( N )
σv máx - tensão vertical admissível no topo do subleito
MR - módulo resiliente médio
N - número de ciclos

Alguns autores têm proposto valores limites para deformação permanente admissível
através do limite da deformação elástica no subleito. SANTOS (1998) cita alguns
destes exemplos.
εz=21600.10-6N-0,25 (NOTTINGHAN) (2.26)
εz=28000.10-6N-0,25 ( SHELL, 1977) (2.27)
-6 -0,23
εz=11000.10 N ( CRR) (2.28)
εz=21000.10-6N-0,24 ( LCPC) (2.29)

YODER E WITCZAK (1975) apresentam um critério de tensão vertical máxima


admissível no subleito em função do CBR do material:
σadm=(0,553CBR1,5). 0,07 (kgf/cm2) (2.30)

PINTO E PREUSSLER (1984) propõem um limite de tensão normal vertical no


subleito igual a 15% da tensão desvio de ruptura determinada em ensaio estático do tipo
UU no solo do subleito, para carregamento igual ao da carga padrão.

VERSTRAETEN (1989), citado por SANTOS (1998), indica uma deformação


permanente máxima de 16 mm como padrão na Bélgica.

Do trabalho de PIDWERBESKY e STEVEN (1997), citado por SANTOS (1998),


extraem-se as seguintes expressões, com os respectivos autores:

εcvs = 0,028N-0,25 CLAESSEN et al (1997)


εcvs = 0,021N-0,23 DUNLOP et al (1983), rodovia de 1ª Classe
εcvs = 0,025N-0,23 DUNLOP et al (1983), rodovia de 2ª Classe
εcvs = 0,0085-0,14 Manual AUSTRALIA AUSTROADS (1992)

6
Onde:
εcvs - Deformação específica vertical de compressão no topo do subleito

O INSTITUTO DO ASFALTO dos Estados Unidos, em seu método de


dimensionamento MS(1) utiliza a expressão:
N=1,36x10-9εc(-4,48) (2.31)

THEYSE (1997), citado por SANTOS (1998), apresenta uma modelagem para dados
de afundamento de trilha de roda na África do Sul , em trechos reais com a passagem
do equipamento HVS. Segundo THEYSE, WOLFF (1992) propôs a seguinte
modelagem para a deformação permanente total:

PD=(nM+a).(1– e-bn) (2.32)


PD - afundamento total a trilha de roda
N - número de repetições de carga
m, a , b - parâmetros experimentais
e - base neperiana

Trata-se de um modelo composto de uma parte linear e outra exponencial. A parte


exponencial modela o rápido decréscimo da deformação permanente e a parte linear
uma tendência a estabilização.

Com base nesse modelo e em medições de dezenas de trechos, Theyse sugere:


PD=e. Ns.( eB.σv –1) (2.33)
c, s , B - parâmetros experimentais

7
CAPÍTULO 2.2: A TEORIA DO SHAKEDOWN

2.2.1. Considerações Sobre o Carregamento Cíclico de Solos


Na engenharia geotécnica o termo carregamento cíclico está relacionado a um sistema
de carregamento que exibe um grau de regularidade tanto em magnitude quanto em sua
freqüência de aplicação.

O principal aspecto associado ao carregamento cíclico é a sua natureza não estática, e


não propriamente a ciclagem, sendo que a palavra ciclo pode ser mesmo inadequada,
porém é o termo comumente utilizado para descrever um carregamento repetitivo não-
estático ao qual um solo está submetido. De fato inexiste um termo apropriado
consagrado para esse comportamento, (O’REILLY e BROWN,1991).

As principais situações nas quais o carregamento cíclico é de fundamental importância


são ilustradas na figura 2.6.
Estruturas Offshore Carregamento Sísmico

Fundação de Máquinas

Cravação de
Rodovias e Ferrovias Estacas

Figura 2.6: Tipos de Carregamentos Cíclicos em Obras Geotécnicas. Adaptado de


O’REILLY e BROWN (1991).

8
Uma questão particular relativa ao carregamento cíclico em obras de pavimentação é a
verificação da deformação permanente após um determinado número de aplicações de
carga. Ou seja, verificar se a deformação permanente pode conduzir à ruptura ou se
tende à estabilização.

A estabilização da deformação permanente depois de determinado número de ciclos é


denominada shakedown e o seu estudo constitui o objeto principal do presente trabalho.
A teoria do shakedown foi desenvolvida inicialmente para o estudo de metais
submetidos a cargas deslizantes ou rolantes, sendo a primeira aplicação ao estudo de
pavimentos feita for SHARP e BOOKER (1984).

Trabalhos sobre deformação permanente elaborados com solos típicos do Brasil,


(CARVALHO et al 1995, SANTOS 1997, SVENSON 1980), apontam para baixos
valores de deformação permanente. Porém, grande parte deles foi conduzida a
relativamente poucos ciclos de carga (até 100.000) e a possibilidade de ocorrência do
shakedown não é mencionada.

Considerando-se que grande parte dos projetos de restauração de pavimentos brasileiros


não prevê significativas alterações em suas respectivas camadas de solos, então a
análise da resposta do solo para um número relativamente elevado de ciclos torna-se
justificada.

2.2.2. Principais Fatores Associados ao Carregamento Cíclico de Solos


Uma importante discussão sobre carregamento cíclico de solos pode ser observada em
O’REILLY e BROWN (1991), da qual foi extraído o texto que se segue.

É possível, porém, identificar linhas de desenvolvimento dentro do estudo do


carregamento cíclico de solos, que podem ser agrupadas em três classes:
- o efeito da reversão de tensões;
- a resposta-dependente da taxa de carregamento do solo;
- efeitos dinâmicos nos quais a análise estática torna-se inadequada.

9
O Efeito da Reversão de Tensões
Reversão de tensões nesse contexto não se refere a uma variação no sinal da tensão,
mas na variação de sua taxa de acréscimo. Por exemplo, um acréscimo na magnitude da
tensão seguido de imediata redução é, nesse contexto, uma reversão de tensão, não
obstante as tensões continuarem a agir na mesma direção.

Por outro lado, o termo “acréscimo de tensão” é de difícil definição quando se


considera um estado de tensão tridimensional, principalmente devido à possibilidade
de rotação das tensões principais.

A figura 2.7 ilustra o comportamento idealizado de um solo granular submetido a um


carregamento cíclico com tensão controlada. Cada ciclo é acompanhado de uma
deformação cisalhante que é parcialmente recuperada e a magnitude desta deformação
tende a se tornar constante para qualquer ciclo a partir de um certo número de
repetições. Há outros tipos de respostas do solo quando submetido a carregamento
cíclico que serão mais detalhados posteriormente à luz da teoria do shakedown.

Resistência

Deformação
Resiliente

Deformação

Figura 2.7: Resposta a um Carregamento Cíclico com Tensão Controlada.

Por outro lado, a parcela irrecuperável, ou plástica, desenvolvida durante cada ciclo
tende a ser reduzida com o acréscimo do número de ciclos.

10
Eventualmente, o solo atinge uma forma de equilíbrio, na qual a magnitude da
deformação recuperada durante cada ciclo atinge valores bem maiores do que o
correspondente à deformação plástica, e este comportamento pode ser descrito como
resiliente, ou “quase-estático”. Também, é sabido que a rigidez do solo é dependente do
estado de tensões.

Durante o carregamento cíclico a deformação permanente desenvolvida durante cada


ciclo será usualmente pequena, porém a deformação permanente acumulada poderá ser
significativa.

Se o solo estiver saturado, variações na poro-pressão ocorrerão durante uma “ciclagem


rápida”, isto é, na qual a taxa de ciclagem é tal que o excesso de poro-pressão não é
totalmente dissipado. Evidências experimentais em solos saturados, submetidos a
ensaios de tensão controlada, indicam que, em muitos casos, a ruptura irá ocorrer a um
nível de tensões bem inferior ao da tensão cisalhante de ruptura monotônica, através da
geração continuada de poro-pressão adicional durante cada ciclo sucessivo.

A figura 2.8 apresenta a variação de rigidez ocorrida durante um carregamento cíclico.


É observado que imediatamente após cada reversão de tensão a rigidez aumenta
substancialmente e posteriormente decresce. Também, a tensão desenvolvida para
qualquer nível de deformação durante a fase de carregamento é menor que para a
correspondente deformação na fase de carregamento. Esse fenômeno indica, em
linguagem simples, que um elemento de solo não é “empurrado de volta” na mesma
intensidade com que “empurra”. Isto é conhecido como histerese e indica que o solo
não retornou toda a energia que lhe foi transferida durante o carregamento.

11
Tensão Rigidez

Deformação Tempo

Figura 2.8 Variação da Rigidez Durante Carregamento Cíclico. Extraído de O’Reilly e


Brown (1991)

O fenômeno do aumento da rigidez no ponto de reversão de tensão e o efeito da


histerese podem ser representados por um modelo simplificado do comportamento do
solo, o modelo bloco e mola, ilustrado na figura 2.9 e citado por O’REILLY e BROWN
(1991).

Algumas considerações podem ser feitas sobre o modelo:


- o sistema de molas representa a interação entre uma partícula e um grupo de
partículas;
- as diversas tensões normais Ni representam a variação na geometria interna
do solo;
- o ângulo de inclinação  está associado ao potencial de redução
volumétrico do solo;

12
Ângulo de Inclinação

a) Modelo Conceitual

b) Resultados Típicos

Figura 2.9 Esquematização do Modelo Bloco e Mola.

Resposta Dependente da Taxa de Carregamento dos Solos


Trata-se da influência da taxa de carregamento, ou, alternativamente, da taxa de
deformação, na resistência ou rigidez de um solo. Esse fenômeno pode ser
atribuído a dois fatores: à ação viscosa interpartículas do solo e à dissipação,
dependente do tempo, do excesso de poro-pressão gerado durante carregamento,
no caso de situação drenada.

Outro fator associado à taxa de carregamento é a dissipação do excesso de poro-


pressão gerada durante o carregamento. Como as taxas de ciclagem podem ser
elevadas, a permeabilidade e o gradiente hidráulico devem ser considerados na
análise, mesmo para solos considerados permeáveis. A liquefação de areias é
um exemplo típico no qual a poro-pressão cresce mais rapidamente do que é
dissipada.

Efeitos Dinâmicos

13
Efeitos dinâmicos significativos acompanham muitas situações de
carregamento cíclico, principalmente quando a freqüência de
carregamento é elevada. Fenômenos como a ressonância de fundações
e a amplificação de pulsos de tensões dinâmicos em depósitos
profundos de solos de baixa rigidez são problemas típicos envolvendo
efeitos dinâmicos.

2.2.3. Resposta do Solo Submetido a Carregamento Cíclico


Existem três fatores principais afetando a resposta do solo submetida a
carregamento cíclico:
1. Ocorre uma variação nas propriedades do solo com o acúmulo de
deformações permanentes, devido, em geral, a um rearranjo
microestrutural das partículas. No modelo elasto-plástico estas
variações são geralmente simuladas usando-se leis constitutivas,
incluindo alguma forma de fluxo plástico secundário, que ocorre na
superfície de ruptura primária.
2. Em uma estrutura real, num dado elemento que foi solicitado acima do
limite elástico, a tensão atuante não retorna a zero após a aplicação da
carga. Tensões residuais são induzidas no material e, como
conseqüência, quando o elemento se fizer novamente carregado sua
resposta será distinta. Trata-se de uma segunda forma de shakedown,
chamada de shakedown estrutural, em oposição ao shakedown do
material, citado no item a.
3. Um terceiro fator, menos importante, responsável pela mudança na
resposta da estrutura é a possível mudança na distribuição da tensão
de carregamento induzida, provocada por deslocamentos permanentes.
É o chamado shakedown geométrico.

Vários autores, tais como WERKMEISTER et al (2001), COLLINS e


BOULBIBANE (2000), FARIA(1999), têm classificado a resposta de um solo
submetido a carregamento cíclico em quatro categorias, conforme mostrado a
seguir.
- puramente elástica: quando a carga repetida aplicada é suficientemente
pequena de modo a produzir deformações plásticas. Todas as deformações
são totalmente recuperadas;
- shakedown elástico: quando a carga repetida aplicada é ligeiramente menor
do que a necessária para produzir o shakedown plástico. A resposta do
material é plástica para um número finito de tensões/deformações. Porém, a
resposta última é elástica e o material é dito estar em shakedown e o
máximo nível de tensões no qual esta condição é mantida é chamado limite
elástico do shakedown;
- shakedown plástico: quando a carga repetida aplicada é ligeiramente inferior
do que a necessária para produzir um rápido colapso. O material apresenta
uma resposta estável, sem deformações plásticas. Isso implica que uma

14
quantidade finita de energia é absorvida pelo material em cada
tensão/deformação. Resposta puramente resiliente é obtida e o material é
dito estar em shakedown e o máximo nível de tensões para o qual esta
condição é obtida é chamado de limite plástico do shakedown;
- incremento de colapso: quando a carga repetida aplicada é relativamente
alta. Uma grande parte do material está na condição limite e deformações
plásticas se acumulam rapidamente com a ruptura ocorrendo em curto
espaço de tempo.

Pesquisas da carga de shakedown elástico de um solo têm sido conduzidas


mediante a determinação de limites superiores e inferiores, onde o limite
inferior representa a menor carga para a qual se verifica o shakedown e o limite
superior a maior carga para a qual esta condição se mantém. Esta foi a linha
seguida por WERKMEISTER et al (2001).

A figura 2.10 ilustra respostas típicas apresentadas por solos submetidos a


carregamento cíclico. Tal como representado na figura a situação de escoamento
plástico conduz a uma diminuição das deformações plásticas, porém estas
deformações podem crescer indefinidamente ocasionando o colapso da
estrutura.

Figura 2.10. Resposta de um Solo Submetido a Carregamento Cíclico.

15
2.2.4 A Teoria do Shakedown

2.2.4.1 Introdução
A apresentação da teoria clássica do shakedown pode ser encontrada em diversas
fontes, sendo que o presente relato foi extraído de FARIA (1999).

Quando em um corpo submetido a um carregamento cíclico cessam as


deformações plásticas para um determinado número de aplicações de cargas,
diz-se que ele entrou em shakedown, e a inexistência de deformação plástica é
justificada a partir do surgimento de equilíbrio no campo de tensões formado
pelas tensões correspondentes às deformações elásticas e pelas tensões
residuais. Portanto, o surgimento de tensões residuais é condição essencial para
o surgimento do shakedown.

O objetivo do desenvolvimento da teoria do shakedown é a determinação das


condições e limites, para um determinado carregamento, na qual a condição de
shakedown ocorra.

2.2.4.2 O Shakedown
Considere um vetor de carregamento q ij (x i ) e seja um corpo elástico-plástico

submetido a um carregamento múltiplo quase-estático atuante na superfície S q ,

enquanto que na superfície remanescente S u os deslocamentos são nulos. O modelo

assumido para carregamento múltiplo consiste num conjunto de parâmetros de cargas


da seguinte forma:
q i(l ) =  l .q i(0l ) .(x i ) l = (1,2,...r) (2.34)

podendo variar independente do outro, isto é, os parâmetros de carga l são funções


escalares independentes do tempo. Eles podem representar um ponto no espaço de
carregamento de r dimensões, enquanto que a proporção fixada com l (t) representa a
direção neste mesmo espaço ( direção de carregamento). A magnitude dos parâmetros
de carga é, porém, limitadas pela relação:
L(l )  0 (2.35)

As equações (2.34) e (2.35) definem as possíveis combinações de carregamentos


externos que podem ocorrer durante o processo de carga.

16
No espaço de “r” dimensões, com coordenadas 1 , 2 ,..., l , a função L(1 )  0 é
ilustrada por uma hiper-superfície limitando o domínio de possíveis carregamentos e as
curvas dentro do domínio representam a trajetória de cargas, como mostrado na figura
2.11.

Figura 2.11. Domínio de Possíveis Carregamentos. FARIA (1999).

Quando um acréscimo monotônico proporcional de carregamento é considerado, as


razões de l são mantidas constantes durante o processo de carregamento e a trajetória
de carga é representada por uma linha reta (AO).

No caso de carregamento cíclico, as cargas são aplicadas repetidamente e suas


variações são representadas por uma curva fechada (OBCO).

Um carregamento genérico é representado pela trajetória ODEF.

2.2.4.3 Teoremas Fundamentais do Shakedown

Princípio Estático
Se as tensões estáticas violarem a condição de plasticidade, deformações plásticas irão
ocorrer conduzindo a uma redistribuição das tensões, sendo que estas tensões podem
ser expressas pela soma das tensões elásticas (  i,e j ) e outro campo de tensões, chamado

de tensões residuais (  i, j ).

=>  i , j ( xi )   ie, j ( xi , t )  i , j ( xi , t ) (2.36)

17
Por esta razão, tensões residuais conduzem a tensões permanentes que irão permanecer
no corpo mesmo após o descarregamento elástico. Então, o campo de tensões residuais
corresponde a um carregamento externo nulo e forma um sistema auto-equilibrado,
satisfazendo condições de equilíbrio durante o processo completo de carregamento.

Após a ocorrência do shakedown as tensões residuais não mais sofrerão variações,


porque não ocorrem mais deformações plásticas em um corpo em shakedown.

Teorema 1: Teorema de Melan.


Se para uma estrutura elasto-plástica submetida a agentes externos (cargas e
deslocamentos) existir um campo de tensões residuais  i, j ( xi ), estaticamente

admissível e independente do tempo, satisfazendo a equação (2.36), de tal forma que a


equação (2.37) seja satisfeita para todas as possíveis variações de carregamento:
f [ ie, j ( xi , t )   i , j ( xi )]  K ( xi ) (2.37)

então a estrutura entrará em shakedown para qualquer parâmetro de carregamento l ,

contido no domíno  .

De maneira alternativa, se um campo de tensões residuais puder ser encontrado tal que
o correspondente limite de carregamento elástico inclua o domínio de todos os
possíveis carregamentos, então o shakedown irá ocorrer durante o processo de
carregamento.

A condição para a ocorrência do shakedown definida pela equação (2.37) pode também
ser expressa em termos de parâmetros de carregamento l . Como as tensões elásticas
são funções lineares dos parâmetros de carga, podem ser escritas:
 ie, j  l ( ie, j )l l = 1,2,..., r (2.38)

onde:
 i,e j : denota o campo de tensões elásticas independente do tempo e os parâmetros de

carga l são funções do tempo. Substituindo-se na equação (2.2.4.4), tem-se:

f [l . ie, j ( xi , t )  i , j ( xi )]  K ( xi ) (2.39)

18
Princípio Cinemático
Considere-se um corpo linear elástico-perfeitamente plástico submetido a um
carregamento múltiplo quase-estático atuando em sua superfície e admita-se os
deslocamentos nulos. Introduzindo-se uma taxa de deformação plástica
cinematicamente admissível ijk ( xi , t ) para todo 0  t  T , que é caracterizada pela

propriedade de, para qualquer intervalo de tempo T a deformação plástica, conforme


(2.38), constitui um campo de tensões cinematicamente admissível juntamente com o
campo de deslocamentos, (2.39), os quais ao mesmo tempo satisfazem a condição de
fronteira uik  0 em S u .
T
ij ( xi )   ijk ( xi , t ).dt (2.40)
0

T
uik   ui .dt (2.41)
0

Então, o princípio cinemático estabelece:

Teorema 2: Teorema de Koiter


A estrutura não entrará em shakedown sobre os carregamentos Fi e Ti se para certa

trajetória de carregamento l (t), contida num dado domínio de carregamentos  ,


existir:
1. uma trajetória de carregamento l (t)  , t  (0, T ) ;

2. uma taxa de deformação cíclica ij ( xi )


T
1
ij ( xi )   ij ( xi , t ).dt = (u ij ( xi )  u ji ( xi )) em V , u i  0 em S u
0
2

e tal que a equação (2.42) seja satisfeita.


T T

   ( x, t ). ij dV .dt   D(ij )dV .dt


e
e ij (2.42)
V V
0 0

onde D é a dissipação plástica.

19
2.2.4.4 Tensões Residuais
O termo tensão residual é usado para denominar tensões existentes em estruturas na
ausência de carregamentos externos. As tensões residuais constituem um campo auto-
equilibrado de tensões.

As tensões residuais constituem um fator importante no estudo de fadiga de


componentes mecânicos . Porém, à luz da mecânica dos pavimentos este é um fator
pouco estudado e, consequentemente, pouco se sabe sobre sua influência no
desempenho dos pavimentos.

O campo de tensões residuais pode variar através de processos mecânicos, tratamento


químico ou transferência de calor, entre outros.

Se ocorre escoamento plástico em um ponto do material durante um ciclo de


carregamento então um campo de tensões residuais auto-equilibrado surgirá na
estrutura e permanecerá após o descarregamento. Além disso, no próximo ciclo de
carga estas tensões residuais irão interagir com as tensões induzidas no material pela
carga externa, produzindo diferente conjunto de deformações plásticas.

2.2.5 Aplicação da Teoria do Shakedown a Pavimentos Flexíveis


A aplicação da teoria do shakedown a pavimentos flexíveis pode parecer distante da
realidade do meio rodoviário. Entretanto é necessário esclarecer que o conceito do
shakedown é baseado no comportamento de campo observado do pavimento, e
totalmente apropriado para análise de sua performance, conforme constatações já no
fim da década de 1950, na pista experimental da AASTHO.

2.2.5.2 A Pista Experimental da AASHTO


A pista experimental da AASHTO gerou um largo e elaborado banco de dados a
respeito do desempenho do pavimento e sua relação com o tráfego e espessuras de
projeto. Algumas destas informações têm sido utilizadas para se verificar a
aplicabilidade da teoria do shakedown à performance dos pavimentos flexíveis.

20
A performance do pavimento foi obtida monitorando-se vários indicadores, tais como:
afundamento de trilha de roda e trincamento do revestimento, sendo quantificada pelo
PSI (Present Serviceability Index). Definiu-se performance do pavimento como a
variação do PSI com o tempo, ou tráfego.

A degradação total do pavimento é alcançada quando para PSI  1,5 e o shakedown foi
detectado através da estabilização do valor de PSI após certo número de aplicações de
carga. A figura 2.12 ilustra a ocorrência do shakedown nas estacas 581 e 333.

Numeração das
Estacas
PSI

Fim da Vida Útil

“N”

Figura 2.12. Performance do Pavimento. Pista Experimental da AASHO. Extraído de


SHARP e BOOKER (1984).

2.2.5.3 Análise de Deformação Plana em Semi Espaços.


Antes de se partir para uma análise do shakedown em pavimentos é necessário
estabelecer um modelo para simular o carregamento de rodas, ou pneus, atuante na
estrutura. Sharp e Booker utilizam o modelo do cilindro rolando no plano, conforme
ilustrado na figura 2.13.

21
Figura 2.13: Modelo Bidimensional de Carregamento de Tráfego. Extraído de Collins e
Boulbibane (2000).

A tensão de contato em geral irá envolver componente normal e tangencial. O eixo z se


refere a vertical e o eixo y a uma direção lateral. Como o semi-espaço é homogêneo na
direção de tráfego, as tensões residuais tornam-se independentes de x. Isto porque cada
ponto na reta (y = constante e z = constante) experimenta a mesma história de tensões.
Procura-se atingir um estado de tensões mais próximo possível da realidade na vertical
passando pelo centro geométrico do cilindro. Entretanto, este modelo pode
superestimar as tensões atuantes em outras partes distintas da vertical.

2.2.5.4 Estudo de Johnson (1962)


Para a determinação do carregamento de shakedown,  , JOHNSON(1962), citado por
COLLINS e BOULBIBANE(2000), utilizou um argumento ad hoc, notando que a
condição de plasticidade pode ser satisfeita se  puder ser escolhido de tal forma que o
primeiro termo da equação a seguir desapareça
1
.(. xxe    . zze ) 2  2 . xze  k 2
2
(2.43)
4
Neste caso o maior valor de  para satisfazer 2.43 é ( k / max  xze ). Então, o

shakedown ocorrerá exatamente no ponto onde a magnitude da tensão cisalhante


elástica atinge seu máximo no semi-espaço.

22
2.2.5.5 O Método das Cônicas. Sharp e Booker (1984)
A primeira aplicação da Teoria do Shakedown para pavimentos deve-se a SHARP e
BOOKER (1984), juntamente com PONTER et al. (1985) em mecânica dos metais. Os
dois modelos diferem basicamente no modelo constitutivo usado para descrever o
comportamento plástico do material.

Sharp e Booker definem, alternativamente, o limite de shakedown como o maior valor


de  para o qual tem-se uma situação de shakedown, sobre carregamento cíclico, tal
que:
( VSD , H SD )  (V , V ) , onde:
H: máxima tensão cisalhante;
V: máxima tensão normal;
 : coeficiente de atrito mobilizado,  =H/V
A condição de equilíbrio é descrita da seguinte forma:
F ( XR ,  )  a XR
2
 2.h. XR .  b.2  2.g. XR  2. f .  k  0 , (2.44)
Onde:
 : fator de carga;
 XR : tensão residual horizontal;
a : cos 2 ( ) ;

h  ( ZE   XE )  sen 2 ( ).( ZE   XE ) ;

b  ( ZE   XE ) 2  4. E  sen 2  .( ZE   XE ) 2 ;


2

g  2.c. sen( ). cos( ) ;

f  2.c. sen  . cos .( ZE   XE ) ;

k  4.c cos 2 ( ) ;
( XE ,  ZE , E ) : representa o estado de tensões no Ponto P(x,z);
c é a coesão e  o ângulo de atrito.

F representa uma região e F ( XR ,  )  0 corresponde a uma cônica. Como a tensão


residual é independente de x, para cada profundidade z, uma família de cônicas pode
ser construída, para diversos xi.

23
A área correspondente a interseção entre duas cônicas é chamada de zona do
shakedown, na profundidade z. Significa que qualquer ponto desta área corresponde a
um carregamento de shakedown na profundidade z, para qualquer coordenada xi.

O maior valor de  na zona de shakedown é denotado por max ( z ) .

Como z varia , o menor valor de max ( z ) corresponde ao maior valor de  para o qual a
condição de shakedown é mantida, ou seja:

 SD  mim (max ) (2.45)


z 0

Por contradição, considere um max ( z i ) correspondente a profundidade zi. Se

max ( z1 )max ( z 2 ) então na profundidade z tem-se, necessariamente , a violação da


condição de shakedown e, obrigatoriamente, plastificação.
Dois tipos de máximo são possíveis na zona de shakedown, conforme ilustrado na
figura 2.14. No primeiro, o máximo é analítico e ocorre quando d / d XR  0 . Da
equação 2.43 e utilizando-se o critério de Von Mises, tem-se:
 XR  .( ZE   XE ) e   ZE  k (2.46)

Figura 2.14: Domínio do shakedown para a profundidade z. SHARP e BOOKER (1984).

24
O segundo caso de máximo ocorre na interseção de duas elipses, correspondendo a dois
valores distintos de x. Este tipo de ruptura é chamado de shakedown plástico ou
plasticidade alternante, nos quais a trajetória de carregamento atinge a superfície de
ruptura em dois pontos distintos.Porém, em todos os casos investigados, o valor de  SD
correspondeu ao máximo analítico, (COLLINS e BOULBIBANE, 2000).

Implementaram os autores citados acima a análise descrita em um programa de


computador, inicialmente para um semi-espaço homogêneo e isotrópico e,
posteriormente, para um semi-espaço dividido em duas camadas.

Semi-Espaço de Duas Camadas


Os parâmetros elásticos ( E, E0 ,  ,  0 ) e de resistência (c, c0 ,  ,  0 ) caracterizam um
pavimento genérico, conforme ilustrado na figura 2.15.

Figura 2.15: Parâmetros do Modelo Bidimensional de Sharp e Booker.

Os autores utilizaram o programa LAYELLIP para fazer uma série de cálculos, cujos
resultados podem ser analisados mediante a subdivisão em dois blocos: influência das
propriedades do material e influência da espessura da camada.

Influência da Espessura da Camada.

Um exame detalhado da figura 2.16 mostra que seções de curvas associadas a fadiga
da camada de superfície, de elevados valores de E / E0 , são múltiplos da mesma curva
fonte.

25
Carga de Shakedown
sd.V/Co

Rigidez Relativa E/Eo

Figura 2.16. Carga de Shakedown por SHARP e BOOKER (1984).

A principal conclusão que pode ser tirada da figura 2.16 bem como da
influência da espessura da camada de superfície é o fato de que para uma dada
condição de c / c0 , e espessura D , existe um valor ótimo de rigidez relativa
E / E0 , que maximiza a resistência do pavimento ao colapso.

2.2.5.6 Solução Numérica para Sistemas Multicamadas


Soluções numéricas para a teoria do shakedown aplicada a pavimentos flexíveis
surgiram inicialmente com SHARP e BOOKER (1984), na Austrália, e,
posteriormente, com RAAD, WEICHERT et al (1988, 1988a, 1988b) em três artigos do
Transportation Research Board dos EUA. MEDINA (1999) interpretou e traduziu
parcialmente a coletânea de trabalhos de RAAD et al, tendo disponibilizado seus
manuscritos para uma primeira publicação sobre a teoria do shakedown no Brasil. A
discussão que se segue é baseada nos manuscritos de MEDINA (1999) e nos de RAAD
et al (1988).

Na solução proposta por RAAD et al (1988b) considera-se o pavimento como um meio


contínuo estratificado, para o qual deve-se atender às condições de equilíbrio e
escoamento (ou ruptura), a partir de um campo de tensões residuais. É utilizado o
método dos elementos finitos com elementos quadrangulares para determinação das
forças e deslocamentos nos nós, além das tensões atuantes no centro de cada elemento.
As condições de carregamento externo e deslocamentos nos nós externos
compatibilizam a estrutura com um pavimento usual. São desprezados os efeitos de
inércia e viscosidade.

26
As principais variáveis do modelo são as seguintes:
(ij)o: tensão devido as forças de corpo (mássicas);
(ij)s: tensão devido as forças aplicadas estaticamente;
(ij)a: tensão devido as cargas repetidas;
ij: incremento de tensão aplicado no centro de cada elemento;
Sxi, Syi: Resultantes das forças nos nós, nas direções x e y;
NP: número de pontos nodais da malha de elementos finitos;
f: função de escoamento, no caso representa o critério de Mohr-Coulomb

f   1   3 .tg 2 (45   / 2)  2.Ctg (45   / 2) (2.47)

1, 3: tensão principal maior e menor respectivamente


c,  : coesão e ângulo de atrito

A ruptura ocorre quando f  0 .

A determinação da carga de acomodamento reduz-se, matematicamente, a minimizar a


função Q sujeita as restrições contidas na equações 2.49, 2.50, 2.51. Trata-se de um
típico problema de programação linear.
NP NP
Q     ( S xi ) 2   ( S yi ) 2 >0 (2.48)
i 1 i 1

: fator de carga multiplicativo em relação as cargas repetidas;


f [( ij ) o  ( ij ) s  .( ij ) a   ij ]  0 (2.49)

 3  2.C.tg (45   / 2) (2.50)

  ( ij ) 0  ( ij ) s  .( ij ) a   ij (2.51)

Ao se minimizar Q, com as restrições indicadas, obtém-se o valor máximo de  que,


multiplicado por f a , fornece a carga de acomodamento do sistema considerado.
RAAD et al (1988b) citam o algorítmo de busca desenvolvido por HOOKE e JEEVES
(1961), que compreende as seguintes etapas:

27
(1) Determinar as tensões resultantes de Po, Fs e Fa (carga repetida aplicada
inicialmente);
(2) Encontrar o multiplicador de carga (st) tal que (st.Fa) cause escoamento no
elemento mais criticamente solicitado no sistema. Isto fará deslocar a busca para
a região de interesse;
(3) A busca inicia-se pela determinação de Q para st e um conjunto de  ij que

satisfaçam as condições restritivas das equações 2.49, 2.50, 2.51;


(4) Durante uma determinada sequência exploratória permite-se à variável () uma
alteração no sentido do decréscimo de Q. A cada variação de tensões (  ij )

permite-se algumas alterações, cada uma igual ao tamanho do passo e no


mesmo sentido, desde que a função objetiva (Q) diminua e as restrições
impostas sejam atentidas. Caso contrário, a sequência exploratória é tida como
falha;
(5) Inicia-se uma nova busca em torno do último ponto base determinado na etapa
4, com menores tamanhos de passo. O algorítmo termina quando os tamanhos
dos passos se reduzem a valores pré-determinados. Neste caso, a carga de
escoamento será igual a (  st . . f a ).

Segundo RAAD et al (1988b) a predição da capacidade de acomodamento melhora se


adotados modelos de comportamento mecânico dos materiais mais realísticos na análise
estrutural, para o que recomendam módulos resilientes não-lineares, dependente das
tensões, de camadas granulares e subleitos.

A capacidade de acomodamento calcula-se por métodos numéricos através de uma


série de interações. Admite-se que a resposta sob determinado estado de tensões
repetidas num dado ponto do pavimento se estabilize e permaneça elástica desde que
estas tensões não ultrapassem a resistência ao cisalhamento definida pelo critério de
Mohr-Coulomb. A série de interações utilizando-se a análise de elementos finitos é
conduzida de tal modo que cada elemento satisfaça a relação de módulo resiliente em
função das tensões. Determina-se uma nova força de acomodamento aplicada numa
área da superfície do pavimento a partir dos novos módulos determinados nos centros
dos elementos, seguindo-se as cinco etapas descritas. A pressão de acomodamento (Pi)

28
num passo de iteração (i) será igual a  si . t .Pi 1 , onde  si é o multiplicador associado
ao início da ruptura, e Pi-1 a pressão de acomodamento obtida no passo anterior (i-1).
Repete-se a sequência até a convergência, ou seja, praticamente nenhuma variação em
dois passos consecutivos. É o que mostra o fluxograma da figura 2.17.

Figura 2.17. Fluxograma Utilizado por RAAD et al (1988) para Cálculo da Carga
de Shakedown.

MEDINA (1999) interpreta resultados obtidos de um dos artigos de RAAD et al


(1988), no qual se analisou sistemas de apenas duas camadas: concreto asfáltico ou
material cimentado assente no subleito. A figura 2.18 apresenta a influência das
características dos materiais na carga de shakedown.

29
Figura 2.18. Influência das Características do Material na Carga de Shakedown. RAAD et
al (1988).

A camada superficial tem coesão C1 = 100 lb/pol2 (0,69 MPa) e C2 = 500 lb/pol2 (3,45
MPa), coeficiente de Poisson,  = 0,25, e ângulo de atrito interno,  = 35; o subleito
fraco, com módulo resiliente, E1 = 3000 lb/pol2 (20,6 MPa), c1 = 3 lb/pol2 (0,021 MPa),
 = 0; o subleito resistente, E2 = 20.000 lb/pol2 (137,8 MPa), c2 = 20 lb/pol2 (0,114
MPa), 2 = 0,47.

Observa-se que no caso de subleito resistente as cargas de acomodamento para um


mesmo módulo do revestimento são maiores que no caso de subleito fraco. Quanto
menor o módulo do revestimento menor a carga de acomodamento, ou seja, maior a
responsabilidade do subleito. Em suma, a carga de acomodamento cresce com a
espessura e resistência ao cisalhamento da camada superior, e com a resistência do
subleito. Medina recorda as características favoráveis dos solos tropicais compactados.
Mostraram RAAD et al (1988) que no caso de camada cimentada, de espessuras de 10
cm a 37,5 cm, assente num subleito fraco (E2 = 20,6 MPa, 2 = 0,47, c2 = 0,021 MPa e

30
2 = 0) o início do trincamento dá-se sempre aquém da carga de acomodamento.
Quanto à propagação das trincas até a superfície (ruptura por fadiga) esta pode se dar
aquém ou acima da carga de acomodamento, dependendo, também, das condições de
interface , com ou sem atrito.

Assim, quanto maior a carga de acomodamento plástico mais afastada a possibilidade


de afundamento de trilha de roda. Ora, os subleitos resistentes levam a esta condição e
à ruptura por fadiga, enquanto nos fracos ambos os mecanismos respondem pela
ruptura. Fica patente a contribuição de camadas intermediárias coesivas (caso das
lateritas pedregulhosas) no comportamento mecânico voltado para a fadiga mais do que
para a deformação plástica progressiva.

Medina sugere, ainda, que se faça uma sequência de cálculos, utilizando-se o software
desenvolvido por RAAD et al (1988), para estruturas de pavimentos típicas do Brasil,
com o objetivo principal de se explicar a inexistência do afundamento de trilha de roda
nestes pavimentos devido à possível elevada carga de acomodamento obtida no cálculo
numérico. Entretanto, após algumas trocas de e-mail com o prof. Raad, atualmente no
Alasca, o software não foi disponibilizado.

2.2.6 Pesquisa do Shakedown do Material


Um outro tipo de abordagem pode ser considerado para a análise do
fenômeno do shakedown, trata-se da pesquisa do shakedown do material através
de ensaios triaxiais de cargas repetidas.

Procura-se avaliar para que nível de tensões, aplicadas no ensaio triaxial,


os corpos-de-prova submetidos a cargas repetidas apresentam somente
deformações elásticas, a partir de um determinado número de aplicações de
cargas. Ou seja, para que tensão o corpo-de-prova entra em shakedown.

O ensaio triaxial de cargas repetidas procura reproduzir em laboratório as condições de


campo, através de aplicação continuada de tensões desvio que geram um estado de
tensões semelhante ao desenvolvido no pavimento sob a ação do tráfego.

31
A pesquisa do shakedown do material através de ensaios laboratoriais tem crescido
bastante em centros de pesquisa ao longo do mundo, destacando-se entre outros o
trabalho produzido por WERKMEISTER et al (2001), envolvendo a Universidade
Técnica de Dresden na Alemanha e a Universidade de Nottinghan na Inglaterra.

A existência de um determinado estado de tensão que limite tipos distintos de


respostas de um material submetido a carregamento cíclico nem sempre tem sido
associada à teoria do shakedown, mas já foi comprovada em outras pesquisas. E, de
uma maneira geral, este fator é considerado importante na análise do desempenho de
pavimentos.

WERKMEISTER et al (2001) realizaram vários ensaios de deformação


permanente em solos granulares, com vários níveis de tensões. A plotagem dos
resultados para este tipo de ensaio seguiu o modelo de DAWSON e WELLNER
(1999), no qual três tipos de comportamento, ou domínios, são observados,
chamados níveis A, B e C, conforme ilustrado na figura 2.19.

O nível A – Shakedown ou Acomodamento Plástico


Neste domínio a resposta é elástica para um finito número de aplicações de carga e,
após um período de pós-compactação, torna-se inteiramente elástica e não mais
ocorrem deformações plásticas. Dentro do modelo de Dawson e Wellner, este tipo de
comportamento tende a gerar curvas paralelas ao eixo das taxas de deformação
permanente acumulada. O pavimento é dito estar em shakedown e, conseqüentemente,
a deformação permanente acumulada total é pequena.

O nível C – Colapso
Neste domínio ocorre o sucessivo incremento de deformação permanente para cada
ciclo de carregamento, mesmo para elevados nível de carga a resposta do material é
sempre plástica. Na figura 2.19 observa-se que:
- A taxa de deformação permanente depende do nível de carregamento;
- A taxa de deformação decresce mais lentamente se comparada com os domínios
A e B;

32
Assim, o nível C pode resultar na ruptura de um pavimento pela formação de
afundamentos de trilha de roda.

O nível B – Resposta Intermediária

Conforme observado na figura 2.19, o nível B corresponde a uma resposta


intermediária entre os níveis A e C. Durante os primeiros ciclos de carregamento a taxa
de deformação permanente é elevada, decrescendo com as sucessivas aplicações de
carga até tornar-se quase constante. O número de ciclos necessários para atingir a taxa
de deformação permanente constante é função do tipo de material e do nível de
carregamento.
Taxa de Deformação Permanente Vertical 10-3/ Ciclo de
Carga.

Deformação Permanente Vertical (x10-3)

Figure 2.19: Domínios de Deformação Permanente Vertical. Granodiorite, 3 = 70 KPa.


WERKMEISTER et al (2001).

33
Em termos de deformação elástica os autores citados observaram que tanto no nível A
quanto no nível B as amostras exibiram uma taxa de deformação resiliente constante ao
longo do ensaio, a partir de um certo número de repetições de cargas, cuja intensidade
dependente do nível de carregamento. Alguns valores de deformação elástica são
ilustrados na figura 2.20.

Importante observar na figura que a deformação elástica varia bastante até pelo menos
10.000 ciclos de aplicação de cargas, no caso do solo estudado pelos autores.
Deformação Vertical Resiliente (‰)

Número de Ciclos

Figura 2.20: Deformação Vertical Resiliente, Granodiorite, 3 = 70 KPa. WERKMEISTER


et al (2001).

A significativa quantidade de ensaios realizados para diversos estados de tensões


possibilitou a determinação de limites de ocorrência do shakedown no plano das
tensões principais,  1 x 3 , para o solo estudado, tal como ilustrado na figura 2.21. Na
figura fica bem caracterizada a relação entre o shakedown, ou escoamento plástico,
com a razão entre as tensões principais.

Ainda, é estabelecido um domínio do limite do nível de tensão que limita as respostas


obtidas (shakedown, escoamento ou colapso), enfatizando-se a dificuldade de se obter o
valor exato desta tensão quando se utiliza uma abordagem experimental.

34
Figure 2.21 Limites do Shakedown para um Cascalho Arenoso com 4% de Umidade.
WERKMEISTER et al (2001).
.

35
CAPÍTULO 3: APRESENTAÇÃO DOS SOLOS UTILIZADOS

3.1 Argila Amarela

A argila amarela utilizada no presente estudo é oriunda do talude de


corte da BR-040/RJ, Km 111, tendo sido utilizada como camada final de
terraplenagem da pista experimental circular do IPR/DNER. Trata-se de um solo
residual de gnaisse com características constantes da tabela 3.1, tendo sido
também estudado por SILVA (2001).

Tabela 3.1. Resultados de Ensaios com a Argila Amarela. (SILVA, 2001).


Ensaio Unidade Valor
Limite de % 51,9
Liquidez (LL)
Limite de % 23,1
Plasticidade (LP)
Índice de % 28,8
Plasticidade (IP)
Peso Específico g/dm3 1.610
()
Classificação A-7-6 -
TRB
Classificação CH -
Unificada
Classificação LA -
MCT
Umidade Ótima % 20,7

SILVA (2001) também realizou ensaios de módulo resiliente obtendo a seguinte


formulação:
MR = 68,6.(d)-0,257 h = 22,0 %
MR = 98,6.(d)-0,389 h = 22,0 %

36
As fotos de 3.1 a 3.3 ilustram a argila amarela em algumas fases da pesquisa.

Foto 3.1. Corpo-de-Prova de Argila Amarela Após Ensaio de Cargas Repetidas.

37
Foto 3.2. Fase de Ajuste dos LVDT.

Foto 3.3. Ensaio de Deformação Permanente em Andamento

3.2 Laterita Brasília

38
As amostras de Laterita Brasília utilizadas no presente estudo são oriundas de projetos
anteriores desenvolvidos na COPPE, portanto sua caracterização geotécnica já havia
sido feita.

Entretanto, verificou-se que o ensaio de compactação havia sido feito da maneira


convencional, ou seja, separando-se a fração graúda do material. Este fato alterava por
completo a umidade ótima do material e, conseqüentemente, nova compactação foi
realizada, sem escalpo, e como o cilindro tri-partido 10 x 20 cm x cm. A umidade ótima
obtida foi de 17,5 %.

Também, foi feito um estudo sobre o efeito do tempo de homogeneização no módulo


resiliente da amostra, pois as lateritas, de uma maneira geral, são porosas e dessa forma
pode-se ter absorção de umidade pelos poros durante o tempo de umedecimento.

O resultado assim obtido, gráfico 3.1, mostrou que este fator tem pouca influência no
valor de módulo resiliente da laterita, pois a variação do módulo resiliente observada
está dentro da faixa de reprodutibilidade do ensaio.

VARIAÇÃO DO MÓDULO RESILIENTE COM A TENSÃO


CONFINANTE - Efeito da Homogeneização

1000

y = 769.46x 0.1456
R2 = 0.4009
MR (Kgf/cm2)

y = 831.73x 0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Kgf/cm 2

Homogeneizado Não Homogeneizado

Gráfico 3.1. Pesquisa do Efeito da Homogeneização da Amostra no Módulo Resiliente da


Laterita Brasília.

A laterita Brasília pode ser observada nas fotos 3.4 e 3.5.

39
Foto 3.4. Aspecto Granular da Laterita Brasília.

Foto 3.5. Corpos-de-Prova da Laterita Brasília.

40
CAPÍTULO 4: RESPOSTA DOS SOLOS ESTUDADOS SUBMETIDOS A
CARREGAMENTO CÍCLICO

4. Introdução

Este capítulo destina-se a analisar a resposta, ou desempenho, dos corpos-de-prova


estudados quando submetidos ao ensaio triaxial de cargas repetidas, sem, no entanto,
abordar aspectos específicos da deformação permanente, que serão analisados no
capítulo cinco. Assim, a abordagem deste capítulo está mais relacionada à pesquisa da
ocorrência do shakedown nos corpos-de-prova ensaiados e a aspectos relacionados à
deformação elástica.

No conjunto de ensaios realizados com variados estados de tensão


procurou-se verificar para que níveis de tensão tem-se a ocorrência do shakedown,
ou seja, o valor de tensão abaixo do qual os corpos-de-prova apresentam somente
deformações elásticas. Neste sentido, adota-se como referência o trabalho
produzido por WERKMEISTER et al (2001) que verificaram experimentalmente a
ocorrência deste fenômeno em solos granulares, bem como uma plotagem de
dados segundo o modelo de Dawson e Wellner adotado por WERKMEISTER et al
(2001).

4.1 Argila Amarela

4.1.1 Considerações Gerais


No total foram realizados 13 ensaios triaxiais de cargas repetidas com a Argila
Amarela, numerados de 1 a 14. O ensaio de número 9 foi inteiramente perdido,
portanto não relacionado, mas a sua numeração foi mantida. Os corpos-de-prova
foram moldados na energia Proctor Normal e com umidade em torno da
umidade ótima de compactação (20,7%). Adotou-se procedimento de ensaio
semelhante ao ensaio de deformação permanente, descrito por MEDINA (1997),
à exceção da freqüência de carregamento (2 Hz), e o estado de tensões variou
conforme mostrado na tabela 4.1.

41
Tabela 4.1: Estado de Tensão dos Ensaios Realizados com a Argila Amarela.
Ensaio d 3 1/3 h (%) Freqüência N
(kgf/cm2) (kgf/cm2) (Hz)
1 0,7 0,7 2 21,3 1 51.500
2 0,7 0,7 2 20,6 2 500.000
3 0,35 0,7 1,5 19,4 2 506.000
4 1,05 0,7 2,5 21,3 2 190.000
5 0,25 0,5 1,5 20,0 2 470.500
6 1,2 1,2 2 19,9 2 319.000
7 0,75 0,5 2,5 20,6 2 340.000
8 0,5 0,5 2 20,6 2 310.000
10 1,8 1,2 2,5 19,2 2 186.000
11 0,5 0,5 2 18,4 2 303.000
12 1,05 0,7 2,5 20,7 2 338.000
13 1,2 1,2 2 21,7 2 340.000
14 0,6 1,2 1,5 20,4 2 330.000

A variação do estado de tensões tem como objetivo principal cobrir o maior número
possível de tensões as quais o solo de fundação poderá ser submetido em pavimentos
convencionais brasileiros, não sendo considerada a possibilidade de ruptura do corpo-
de-prova. Logicamente, o autor tem consciência da pequena quantidade de ensaios
realizados se comparado com o universo de possíveis estados de tensões efetivamente
existentes no campo.

Há dois outros aspectos a serem considerados. O primeiro se refere às limitações do


equipamento que não foi concebido para aplicar tensões muito baixas, menores que 0,1
kgf/cm2 por exemplo. Um exemplo do nível de tensão atuante no topo do subleito de
rodovias típicas brasileiras pode ser visto em GUIMARÃES et al (2001), que
analisaram a estrutura de um pavimento da BR-101/BA, onde foi verificado que as
tensões atuantes no topo do subleito eram inferiores a 0,15 kgf/cm2. Uma solução para
previsão da deformação permanente neste tipo de situação foi sugerida por MEDINA
(1997) e será abordado no capítulo 5 do presente trabalho.

Outro aspecto se refere à possibilidade de solos típicos de subleitos de rodovias, ou de


camada final de terraplenagem, serem empregados como camada de pavimento

42
propriamente dita, ou seja, submetidos a maiores níveis de tensões. Respeitada as
condições de fadiga do revestimento a problemática do afundamento de trilha de roda
tornar-se-ia o principal problema estrutural do pavimento. Esta tem sido a prática
apresentada por NOGAMI e VILLIBOR (1995) e VILLIBOR et al (2000).

4.1.2 Influência da Variação da Freqüência de Carregamento

A apresentação mais comum do ensaio de deformação permanente é


apresentada no gráfico 4.1. Verifica-se que as curvas correspondentes aos ensaios
1 e 2 possuem formas semelhantes, diferindo nos valores obtidos para as
primeiras deformações permanentes apresentadas.

Diversos autores já mencionaram a dificuldade de se considerar os valores dos


primeiros ciclos de carregamento, notadamente porque estes valores são bem superiores
aos demais. Entre outras razões, há grande influência do processo de moldagem das
amostras.

Assim, como para os demais valores de ciclos de carga a deformação


permanente apresentou pouca variação, tendendo as duas curvas a uma curva
única, considerou-se como desprezível o efeito da variação da freqüência de
carregamento, mudando de 1Hz para 2Hz, nos valores de deformação
permanente, adotando-se a freqüência de 2 Hz nos demais ensaios.

BROWN (1974), citado por CARDOSO (1987), relatou que para freqüências de
aplicação da tensão desvio variando entre 0,01 Hz e 10 Hz não há efeito na deformação
permanente acumulada. Entretanto, sabe-se que a freqüência de carregamento está
diretamente associada à velocidade do tráfego, e mesmo a freqüência de 1 Hz já simula
uma condição mais rigorosa do que aquela de fato encontrada no campo, sendo que o
aumento da freqüência de carregamento, no caso deste trabalho, é apenas uma questão
de conveniência experimental, pois o ensaio com 1 Hz de freqüência torna-se muito
longo para 500.000 ciclos.

43
Há, ainda, a possibilidade de desenvolvimento de resistência tixotrópica quando o
corpo-de-prova permanece um certo período, associado a baixas freqüências, sem
solicitação externa. O fenômeno da tixotropia em solos tropicais residuais foi verificado
por SVENSON (1980).

Por fim, como o ensaio de deformação permanente é especialmente prolongado,


verifica-se em publicações estrangeiras a utilização de freqüência de carregamento de
10 Hz, tal com o utilizado por ODERMATT (1999), sem prejuízo para o cálculo da
deformação permanente total.

Há especial preocupação com o tempo de carga, mas não com o tempo de


descarregamento, sendo que o tempo de descarregamento corresponde ao intervalo
entre o término da aplicação de uma carga e o início da aplicação da carga subseqüente.

0.300000
DEFORMAÇÃO ACUMULADA VERTICAL

0.250000
2 Hz

0.200000
(mm)

0.150000

1 Hz
0.100000

0.050000

0.000000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Ensaio 3 Ensaio 1 Ensaio 2

Gráfico 4.1. Pesquisa da Influência da Freqüência de Carregamento.

44
4.1.3 Pesquisa do Shakedown

Como já comentado, no trabalho de WERKMEISTER et al. (2001), elaborado para


solos granulares, são definidos três tipos de comportamento, denominados Nível A, B e
C, baseados na resposta dos materiais submetidos a carregamento cíclico, plotados
segundo o modelo de Dawson e Wellner. O nível A corresponde ao shakedown ou
acomodamento plástico, o nível B corresponde a uma situação na qual a amostra se
deforma a uma taxa quase constante não nula, e no nível C a amostra tende ao colapso.
O modelo adota como abscissa a deformação permanente,  p , (x 10-3 mm) e como

p
ordenada a razão (x 10-3 mm) plotada na escala log.
N

Todas as respostas foram plotadas em conjunto inicialmente, tal como


ilustrado no gráfico 4.2, sugerindo um comportamento típico do nível “B” em quase
todos os ensaio realizados na argila amarela. Ou seja, com exceção do ensaio 3, os
demais ensaios conduziram a uma taxa não-nula de acréscimo da deformação
permanente ao longo de todos os ciclos de carregamento. Entretanto, uma
interpretação mais acurada foi feita quando se analisou cada ensaio isoladamente
e à luz dos resultados obtidos na ficha de ensaio de deformação permanente, em
anexo.

0 50 100 150 200 250 300 350


100.0000
Ensaio 2
Ensaio 1
10.0000
Ensaio 3
Ensaio 5
Ep/N (x 1/1000 mm)

1.0000 Ensaio 7
Ensaio 10

0.1000 Ensaio 6
Ensaio 8
Ensaio 11
0.0100
Ensaio 12
Ensaio 13
0.0010 Ensaio 14

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep). (x1/1000 mm). (Modelo
de Dawson e Wellner)

Gráfico 4.2. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner de Alguns Ensaios Realizados com a
Argila Amarela.

45
O ensaio 3, gráfico 4.3, foi conduzido a uma tensão desvio,  d , de 0,35
kgf/cm2 que é baixa para o equipamento triaxial de cargas repetidas, mas não
muito distinta daquela usualmente calculada em subleitos de rodovias brasileiras.
Entre os ciclos de número 331.600 e 506.000, portanto ao longo de mais de
170.000 ciclos, obteve-se o mesmo registro de deformação permanente, ou seja,
houve acomodamento desta deformação.

0 20 40 60 80 100 120 140


1.0000

0.1000
Ep/N(x1/1000 mm)

0.0100

331.000
0.0010

506.000
0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm).

Gráfico 4.3. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 3 Argila Amarela.

Utilizando-se como referência o trabalho elaborado por WERKMEISTER et


al (2001) a seqüência natural seria realizar novo ensaio, nas mesmas condições
de preparo, diminuindo-se o estado de tensão de forma a se confirmar o limite
inferior do shakedown.

Com este objetivo foi realizado o ensaio de número 5, com tensão


desvio,  d , de 0,25 kgf/cm2 e tensão confinante,  3 , de 0,5 kgf/cm2, mantida a
mesma razão de tensões utilizada no ensaio 3. Portanto, com um nível de tensões
inferior ao usado no ensaio 3.

No ensaio 5, gráfico 4.4, mesmo com o número de ciclos levado até


470.500 não foi verificado o mesmo acomodamento obtido no ensaio 3,
descartando-se a possibilidade das tensões utilizadas no ensaio 3 constituírem o

46
limite inferior do shakedown para a argila amarela estudada. Observou-se um
comportamento típico “B”.

Nesta fase alguns resultados foram encaminhados para o próprio


Werkmeister, em Dresden na Alemanha, via internet, que em resposta,
WERKMEISTER (2001), afirmou nada saber sobre a ocorrência do shakedown em
solos argilosos, muito menos em solos tropicais, enaltecendo o caráter pioneiro
desta pesquisa.

0 20 40 60 80 100 120 140


10.0000

1.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.4. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 5 Argila Amarela.

Os ensaios 4 e 12 foram realizados com o mesmo nível de tensões


porém com umidades distintas. Na verdade, não era objetivo do autor realizar o
ensaio 4 com umidade acima da ótima, isto constituiu um fato indesejado.
Independente disto, foi possível verificar a influência da umidade na ocorrência do
shakedown.

O ensaio 4, gráfico 4.5, é um típico exemplo de comportamento “B”, pois


verifica-se uma taxa constante de acréscimo de deformação. Entretanto, quando
os dados são plotados tal como no gráfico 4.6 não é observado o shakedown, pelo
contrário, observa-se um comportamento do tipo “B”.

47
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
10.0000

1.0000

Ep/N(x1/1000 mm)
0.1000

0.0100

0.0010

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.5. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 4 Argila Amarela.

Já no ensaio 12, gráfico 4.6, foi observado a mesma leitura de


deformação permanente entre os ciclos de 312.000 e 338.000, a leitura foi de
0,266 mm. Este ensaio permite a análise de dois fatores distintos. Primeiro é a
influência da umidade, visto que no ensaio 4, ligeiramente mais úmido, foi
verificado escoamento plástico durante todo o ensaio. Outro aspecto está
relacionado à existência de um estado aparente de acomodamento, visto que ao
longo de 26.000 ciclos de carga obteve-se a mesma resposta plástica do corpo-de-
prova.

Este estado de aparente acomodamento será denominado neste


trabalho de shakedown aparente, que não deve ser confundido com a condição de
acomodamento obtida com a alternação do sentido da deformação plástica, citada
por FARIA (1999), que pode ter a mesma tradução do inglês para o português.

48
0 50 100 150 200 250 300
10.0000

1.0000
Ep/N(x1/1000 mm)
0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep). (x1/1000 mm)

Gráfico 4.6. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 12 Argila Amarela.

Vale ressaltar, ainda, que utilizando-se o modelo de Dawson e Wellner


não tem-se um comportamento do tipo “A” para o ensaio 12, e que muito
provavelmente se a aplicação de carga tivesse continuado esta condição de
aparente acomodamento teria sido desfeita.

O shakedown aparente também foi verificado em mais dois ensaios, o


ensaio 8 e 10, gráficos 4.7 e 4.8 respectivamente. No ensaio 8 esta condição de
shakedown aparente foi verificada entre os ciclos de número 297.500 e 310.000,
ou seja, nas últimas 12.500 aplicações de carga, com leitura de deformação
permanente total de 0,064 mm.

0 10 20 30 40 50 60 70
10.0000

1.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.7. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 8 Argila Amarela.

49
No ensaio 10 esta condição foi verificada em um número menor de ciclos
de cargas, 3.000 apenas, com deformação permanente total lida de 0,281 mm.

0 50 100 150 200 250 300


1,000.0000

100.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

10.0000

1.0000

0.1000

0.0100

0.0010

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.8. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 10 Argila Amarela.

Os ensaios 6 e 13 foram realizados com mesmas tensões e diferentes


umidades, com tensão desvio d = 1,2 kgf/cm2. A pequena variação de umidade
observada, bem como a significativa variação da tensão desvio, em nada
modificaram a não ocorrência do shakedown em todos os dois ensaios. Os gráficos
4.9 e 4.10, ilustram os resultados obtidos.

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
100.0000

10.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

1.0000

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.9. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 6 Argila Amarela.

50
0 50 100 150 200 250 300 350 400
100.0000

10.0000
Ep/N(x1/1000 mm)
1.0000

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep). (x1/1000 mm)

Gráfico 4.10. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 13 Argila Amarela.

Os demais ensaios, de números 1, 2, 7, 11 e 14, também não


apresentaram acomodamento das deformações permanentes, constituindo típicos
exemplos de comportamento do tipo “B”, tal como pode ser observado nos gráficos
4.11, 4.12, 4.13, 4.14, e 4.15 respectivamente.

Os gráficos de 4.11 a 4.15 apresentam os resultados para cada um dos


corpos-de-prova estudados.

0 50 100 150 200 250


100.00

10.00
Ep/N(x1/1000 mm)

1.00

0.10

0.01

0.00
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm).

Gráfico 4.11. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 1 Argila Amarela.

51
0 50 100 150 200 250 300
100.00

10.00

Ep/N(x1/1000 mm)
1.00

0.10

0.01

0.00

0.00
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm).

Gráfico 4.12. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 2 Argila Amarela.

0 50 100 150 200 250


100.0000

10.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

1.0000

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm)

Gráfico 4.13. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 7 Argila Amarela.

0 20 40 60 80 100 120
10.0000

1.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm).

Gráfico 4.14. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 11 Argila Amarela.

52
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180
10.0000

1.0000
Ep/N(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001

Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm).

Gráfico 4.15. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 14 Argila Amarela.

4.1.4 Critério Prático de Acomodamento


Apesar do elevado número de repetições de carga utilizado nos ensaios
verificou-se, na grande maioria, uma taxa não nula de acréscimo da deformação
permanente específica, que pelo critério de WERKMEISTER et al (2001) não
corresponde ao shakedown. Entretanto, os acréscimos produzidos são muito
pequenos do ponto de vista da prática de engenharia. Faz-se necessário, então, a
adoção de um critério de acomodamento da deformação permanente baseado na
significância do acréscimo da deformação permanenente ao longo da vida útil do
pavimento.

Neste estudo, após 100.000 ciclos, considerou-se que a amostra atingiu o


acomodamento quando para cada 10.000 ciclos de aplicação de carga o acréscimo
percentual na deformação permanente específica,  ep (%), tornou-se inferior a 0,01%.

Este critério baseou-se no cálculo aproximado descrito a seguir.

Considere uma camada de 200 mm de solo parte de um pavimento hipotético. Um


acréscimo,  , de 0,01% na deformação permanente corresponde a:
0,01
 .200  0,02 mm
100

53
Seja o número “N”, correspondente ao tráfego de projeto, igual a 106. O número de
conjuntos de 104 repetições, n104 necessários para atingir-se o período de projeto será:

10 6  10 5
n104   90
10 4

Admitindo-se constante, e igual a 0,01%, a taxa de crescimento da deformação


permanente, a deformação permanente total,  total
p , após o período de projeto será:

 total
p   p ,10   .n10   p,10  90.0,02
5 4 5

 total
p   p ,10  1,8 mm
5

Onde  p ,105 corresponde a deformação permanente até 105 ciclos de aplicação de carga.

O valor máximo de  p ,105 obtidos nos ensaios realizados no presente trabalho foi de

0,17%, que corresponde a:


0,17
 máx
p ,105 .200  0,34 mm
100
 total
p  0,34  1,8 = 2,14 mm

Considerando quatro camadas de solos de igual comportamento quanto à deformação


permanente e de 20 cm cada no pavimento hipotético, tem-se que:
 total
p , 4  4 x 2,14 = 8,56

 8,56  10 mm (admissível)
Logicamente, trata-se de um critério conservativo, mas atende às necessidades da
prática de engenharia.

54
4.1.5 Deformação Elástica
Neste estudo também foi feita a monitoração da deformação elástica ao
longo do ensaio de deformação permanente. A tendência observada de
decréscimo da deformação elástica com o número de ciclos contraria a hipótese
habitual admitida nos ensaios de módulo resiliente, de deformação elástica
constante para elevados valores de N, esta constatação foi verificada em todos os
ensaios realizados.

A importância do decréscimo da deformação elástica pode ser analisada na forma de


módulo resiliente, MR. Observa-se no gráfico 4.16 que o valor de MR cresceu
exponencialmente com N, no caso dos ensaios 2, 3, 4 e 12, chegando até a ser
quadruplicado, constituindo importante fator a ser considerado em termos de predição
de desempenho de pavimentos.

25000

(2) y = 992.2x0.2332 (4) y = 934.31x0.1679


R2 = 0.9627 R2 = 0.9615
20000
(3) y = 1892.4x0.1731
(6) y = 1900.4x0.1411
R2 = 0.9023
R2 = 0.941
MR (Kgf/cm2)

15000
(12) y = 1620.5x0.0676
R2 = 0.9314

10000

5000

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 12 Ensaio 4 Ensaio 6

Gráfico 4.16. Variação do Módulo Resiliente com N. Argila Amarela.

Nos ensaios 2, 3, 6 e 12, apresentados nos gráficos 4.17, 4.18, 4.19 e


4.23, foi observado que a deformação elástica tornou-se constante a partir do
ciclos de número 200.000 em média. Estes ensaios foram conduzidos em corpos-
de-prova moldados com umidade em torno da ótima e com um número de ciclos
superior a 350.000.

55
Nos ensaios 1, 4 e 10 não foi possível observar esta tendência devido ao número de
ciclos aplicados ter sido inferior a 200.000.

No ensaio 11, gráfico 4.13, a deformação elástica apresentou um acréscimo na ordem


de 10 (x 1/1000) mm devido à variação repentina do estado de tensão durante o ensaio.

Um mínimo de reajuste das tensões determinou a imediata alteração do nível de


resposta elástica. Este feito ilustra, a grosso modo, a influência do estado de tensões na
deformação elástica para um material submetido a carregamento repetido.

Isto pode significar que o aparente acomodamento da deformação elástica se deve, em


grande parte, ao fato do ensaio ser realizado a tensão controlada.

No ensaio 7, gráfico 4.21, a deformação elástica não tornou-se constante até o número
de ciclos aplicados, 340.000, diferindo dos demais ensaios realizados.

Nos ensaios 5, 8, 13 e 14 foram feitos registros das deformações na sensibilidade um


(1), a menor disponível no equipamento, e, mesmo assim, não foi possível efetuar a
leitura do registro, ora desde o primeiro ciclo, ora a partir de um número reduzido de
ciclos.

50
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

40

30

20

10

0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 4.17. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 2.

56
20
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

10

0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 4.18. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 3.

130
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

120
110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000
Número de Ciclos

Gráfico 4.19. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 4.

120
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

110
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Número de Ciclos

57
Gráfico 4.20. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 6.

40
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

30

20

10

0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Gráfico 4.21. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 7.


Deslocamento Elástico (x1000mm)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000
Número de Ciclos

Gráfico 4.22. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 10.

58
40
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

30

20

10

0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Número de Ciclos

Gráfico 4.23. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 11 .

110
Deslocamento Elástico (x1000 mm)

100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Gráfico 4.24. Variação da Deformação Elástica com N. Argila Amarela Ensaio 12.

4.1.6 Variação do Módulo Resiliente com N


Os gráficos de 4.25 a 4.32 ilustram a variação do módulo resiliente com N, através da
definição de módulo resiliente, ou seja, a razão entre a tensão desvio, d, e a
deformação resiliente específica, r, esp. Nos gráficos correspondentes aos ensaios 2 e 3
observa-se a o módulo resiliente permaneceu constante nos ciclos iniciais. Mas em
todos os gráficos observa-se que o valor de módulo cresce exponencialmente como o
número de aplicações de cargas, inclusive com boa correlação no modelo exponencial.
Exceção feita ao ensaio de número 11 que, conforme mencionado anteriormente,
apresentou grande variação da deformação permanente devido a um procedimento de
ensaio.

59
Os pontos iniciais dos gráficos de módulo resiliente variando com o número de
aplicações de cargas foram excluídos do modelo exponencial, com o objetivo de se
obter melhor enquadramento.

25000
0.2332
y = 992.2x
20000 2
R = 0.9627
MR (Kgf/cm2)

15000

10000

5000

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.25. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 2.

20000
18000 0.1825
y = 1698.3x
16000 2
R = 0.926
14000
MR (kgf/cm2)

12000
10000
8000
6000
4000
2000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.26. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 3.

60
8000
7000

6000 y = 934.31x 0.1679


MR (kgf/cm2)

2
5000 R = 0.9615

4000
3000

2000
1000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.27. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 4.

12000

10000

8000
MR (kgf/cm2)

6000

4000
0.1143
y = 2582.2x
2
2000 R = 0.874

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.28. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 6.

16000

14000 y = 2783.8x 0.1015


2
12000
R = 0.8747
MR (Kgf/cm2)

10000

8000

6000

4000

2000

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.29. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 7.

61
16000
y = 3178x 0.1255
14000 2
R = 0.9441
12000
MR (Kgf/cm2)

10000

8000
6000
4000
2000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.30. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 10.

7000

6000

5000
MR (Kgf/cm2)

4000

3000

2000

1000

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.31. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 11.

62
4500
4000
3500
MR (Kgf/cm2)

3000
2500
0.0698
2000 y = 1578.6x
2
1500 R = 0.971
1000
500
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.32. Variação do Módulo Resiliente com o Número N. Argila Amarela Ensaio 12.

A tabela 4.2 ilustra os parâmetros obtidos no enquadramento no modelo


de variação exponencial do módulo resiliente com o número N de aplicações de
carga. A formulação é do tipo:
MR  .N 

A bateria de ensaios conduzida com a argila amarela não teve como


objetivo principal o estudo da variação da deformação elástica ao longo da
aplicação das cargas repetidas, mas nem por isso deixa de ser uma constatação
interessante, pois no procedimento usual de ensaio de módulo resiliente
considera-se que a deformação elástica torna-se constante, ou varia de maneira
insignificante, após o período de condicionamento da amostra.

Uma das razões apontadas para o enrijecimento do corpo-de-prova ao


longo do ensaio é o surgimento de um campo de tensões residuais que colabora
para diminuir a ação da tensão desvio. Esta questão do surgimento de um campo
de tensões residuais é um pré-requisito para o surgimento do shakedown, tal como
descrito na revisão bibliográfica.

Independente da razão, porém, a constatação do enrijecimento do solo


com as sucessivas aplicações de carga é um importante fator a ser considerado no
estudo do desempenho de pavimentos. Mais estudos são necessários neste
sentido.

63
Tabela 4.2. Parâmetros do Módulo Resiliente para os Vários Ensaios Realizados com a
Argila Amarela.

Ensaio d 3 h (%) N   R2
2 2
(kgf/cm ) (kgf/cm )
1 0,7 0,7 21,3 51.500 992,2 0,23 0,96
2 0,7 0,7 20,6 500.000 1698,3 0,18 0,93
3 0,35 0,7 19,4 506.000 934,3 0,17 0,96
4 1,05 0,7 21,3 190.000 934,3 0,17 0,96
6 1,2 1,2 19,9 319.000 2582,2 0,11 0,87
7 0,75 0,5 20,6 340.000 2783,8 0,10 0,87
10 1,8 1,2 19,2 186.000 3178 0,13 0,94
12 1,05 0,7 20,7 338.000 1578,6 0,07 0,97

4.1.7 Ensaios de Módulo Resiliente


Após o término dos ensaios de deformação permanente alguns corpos-
de-prova foram submetidos ao ensaio convencional de módulo resiliente, este
realizado com duas freqüências distintas, 1 e 2 Hz, objetivando quantificar o
enrijecimento do material após a aplicação de cargas, bem como a influência da
freqüência de carregamento utilizada no ensaio. Na tabela 4.3 está o resumo dos
resultados obtidos, sendo que procurou-se enquadrar o módulo resiliente como
função da tensão desvio d, tal como representado na equação a seguir:

MR  K1 . d
K2

Os corpos-de-prova escolhidos para a realização do módulo resiliente


com duas freqüências distintas correspondem aos ensaios 7, 8, 11, 12 e 14.
Portanto, com variadas tensões aplicadas, permitindo a verificação do efeito do
estado de tensão utilizado no ensaio de deformação permanente no módulo
resiliente convencional do material após ser submetido a estas tensões.

Os ensaios de deformação permanente 8 e 11 foram conduzidos no


mesmo estado de tensão, diferindo apenas pela umidade de compactação.
Portanto, a influência da umidade também será analisada.

No ensaio 7 observa-se maior dispersão dos valores de módulo com a


tensão desvio quando a freqüência de ensaio varia de 1 para 2 Hz, ocasionando,

64
assim, um pior enquadramento. Ocorre, também, redução no módulo resiliente
médio de 25,3 %.

No ensaio 8 a porcentagem de redução do valor médio de módulo


resiliente foi de 7,9%, portanto uma queda menos acentuada. Ocorreu um bom
enquadramento no modelo de módulo resiliente versus tensão desvio, muito
embora os valores de módulo correspondente ao último estágio de tensão
confinante apresentem maior dispersão em relação aos demais.

O ensaio 11 apresentou um módulo resiliente praticamente constante


com as tensões aplicadas, tendo sido observada, mais uma vez uma redução
percentual no módulo resiliente médio, neste caso de 8,7 %. O corpo-de-prova foi
moldado com umidade de 18,4%, portanto fora da faixa aceitável de umidade
ótima (20,7%).

No ensaio 12 observa-se que o módulo resiliente é praticamente


constante com a tensão desvio, pois a variação verificada foi mínima. A redução
percentual no módulo resiliente com o aumento da freqüência de carregamento foi
relativamente elevada, de 16,5 %.

O ensaio 14 foi o que apresentou melhor enquadramento no modelo de


módulo resiliente versus tensão desvio, com bons coeficientes de correlação. Foi
observada pequena porcentagem de redução no valor médio de módulo resiliente
com o aumento da freqüência de carregamento.

65
1000

y = 173.6x-0.4113
R2 = 0.8406

MR (MPa)

y = 234.08x-0.1805
R2 = 0.4197

100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Freq 2 Hz

Gráfico 4.33. Módulo Resiliente Função da Tensão Desvio com Freqüência de 1 e 2 HZ


Realizado Após o Ensaio de Deformação Permanente para o Ensaio 7.

10000

y = 42.395x-1.5254
R2 = 0.8285
MR (MPa)

1000

y = 57.48x-1.1107
R2 = 0.8626

100
0.0100 0.1000 1.0000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Freq 2 Hz

Gráfico 4.34. Módulo Resiliente Função da Tensão Desvio com Freqüência de 1 e 2 HZ


Realizado Após o Ensaio de Deformação Permanente para o Ensaio 8
1000

y = 354.24x0.038
R2 = 0.1977
MR (MPa)

y = 300.02x0.005
R2 = 0.0012

100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1 Hz Freq 2 Hz

Gráfico 4.35. Módulo Resiliente Função da Tensão Desvio com Freqüência de 1 e 2 HZ


Realizado Após o Ensaio de Deformação Permanente para o Ensaio 11

66
1000

y = 260.09x-0.0794
R2 = 0.0748
MR (MPa)

y = 190.98x-0.1362
R2 = 0.1847

100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1 Hz Freq 2 Hz

Gráfico 4.36. Módulo Resiliente Função da Tensão Desvio com Freqüência de 1 e 2 HZ


Realizado Após o Ensaio de Deformação Permanente para o Ensaio 12

1000

y = 117.8x-0.677
R2 = 0.866
MR (MPa)

y = 81.368x-0.8084
R2 = 0.9267

100
0.0100 0.1000 1.0000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1 Hz Freq 2 Hz

Gráfico 4.37. Módulo Resiliente Função da Tensão Desvio com Freqüência de 1 e 2 HZ


Realizado Após o Ensaio de Deformação Permanente para o Ensaio 14

Tabela 4.3. Módulo Resiliente Médio Após o Ensaio de Cargas Repetidas

Ensaio 1 Hz 2 Hz %
Redução
K1 K2 R2 MR K1 K2 R2 MR
(MPa) (MPa)
7 81,4 -0,80 0,93 472,5 234,8 -0,18 0,42 353,2 25,3
8 57,5 -1,11 0,86 576,3 42,4 -1,52 0,82 530,9 7,9
11 354,2 0,04 0,20 326,9 300 0,005 0,001 298,3 8,7
12 260 -0,08 0,08 315,5 191 -0,14 0,19 263,5 16,5
14 81,4 -0,80 0,93 500,8 117,8 -0,68 0,87 478,3 4,5

67
Analisando-se todos os ensaios em conjunto é possível constatar as seguintes
observações:

- a tensão desvio aplicada no ensaio de cargas repetidas parece ter especial


influência na variação do módulo resiliente com a freqüência de carregamento ,
pois os corpos-de-prova submetidos a menores tensão desvio, d, ensaios 8, 11
e 14, apresentaram menor redução percentual no valor de MR, quando a
freqüência variou de 1 para 2 Hz. Por outro lado, as amostras 7 e 12, submetidas
a maiores valores de d, apresentaram redução do MR com o aumento da
freqüência, redução esta de 25,3% e 16,5% respectivamente.

- Da mesma forma a tensão desvio parece ter especial influência no valor do


módulo resiliente médio, MR , pois os corpos-de-prova submetidos a menores
tensões desvio, ensaios 8 e 14, apresentaram maior valor de MR do que aqueles
submetidos a maiores tensão desvio, ensaios 7 e 12.

68
4.2 Laterita Brasília

4.2.1 Considerações Gerais

O estudo com a laterita de Brasília foi conduzido de maneira semelhante


ao elaborado com a argila amarela. Desta forma foram realizados ensaios triaxiais
de cargas repetidas com variação do estado de tensões e da umidade, conforme
ilustrado na tabela 4.4. Os corpos-de-prova foram moldados na energia Proctor
Modificada e com umidade em torno da umidade ótima, no caso de 17,5 %.

Desde o início dos trabalhos com a laterita foi verificada uma dificuldade
de preparo das amostras no que diz respeito à umidade. A umidade calculada de
uma cápsula com 1000 gramas de uma amostra previamente trabalhada e
umedecida pode diferir em até 2% da umidade do corpo-de-prova compactado e
imediatamente levado à estufa. Isto acontece em parte porque há diferença nas
quantidades de agregados graúdos em cada amostra selecionada para ensaio de
umidade. Além disso, há aspectos relacionados à porosidade da laterita que pode
absorver água equivalente a cerca de 7,5% ( laterita do Acre) de sua massa seca.
Assim, o autor adotou a umidade do ensaio como aquela calculada com o corpo-
de-prova após a realização do ensaio de cargas repetidas.

Para a definição do estado de tensão do ensaio foram fixadas


inicialmente três tensões confinantes, 0,75; 1,0 e 1,5, e variada a razão entre as
tensões principais entre 1,5; 2,0 e 2,5, muito embora esta regra não tenha sido
seguida à risca, como no ensaio 9 onde a razão entre as tensões principais foi de
2,33. De qualquer forma o objetivo principal era variar o máximo possível o estado
de tensão dos ensaios.

Tabela 4.4. Estado de Tensão dos Ensaios Realizados com a Laterita Brasília.
Ensaio d 3 1/3 h (%) Freqüência N
(Kgf/cm2) (Kgf/cm2) (Hz)
1 1,125 0,75 2,5 15,2 2 1.000.000
2 1,05 1,05 2,0 14,0 2 201.700
3 0,75 0,75 2,0 17,6 2 392.100
4 0,7 0,7 2,0 16,9 2 530.000
5 0,75 1,5 1,5 16,3 2 508.500
6 1,5 1,0 2,5 15,8 2 319.500
7 1,5 1,5 2,0 13,8 2 200.200

69
8 1,0 2,0 1,5 13,6 2 647.200
9 2,0 1,5 2,33 16,0 2 472.000
10 2,0 1,0 3,0 16.4 2 532.200
4.2.2 Pesquisa do Shakedown

O modelo de Dawson e Wellner já citado foi o escolhido para a


interpretação dos resultados obtidos. O gráfico 4.31 ilustra as curvas obtidas com
este modelo para todos os ensaios realizados, exceto o ensaio 5 que foi
inteiramente perdido devido a problemas com o LVDT, mas seus resultados foram
mantidos para ilustrar uma das dificuldades encontradas pelo autor na fase
experimental da tese.

0 50 100 150 200 250 300 350 400


10.00000

1.00000

0.10000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.01000

0.00100

0.00010

0.00001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de Dawson e
Wellner)

Ensaio 10 Ensaio 9 Ensaio 8 Ensaio 7 Ensaio 6


Ensaio 4 Ensaio 3 Ensaio 2 Ensaio 1

Gráfico 4.38. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner de Alguns Ensaios


Realizados com a Laterita Brasília.

Observa-se no gráfico 4.38 uma resposta bastante distinta daquela apresentada pela
argila amarela. Naquele caso quase todos os ensaios apresentaram comportamento
típico “B”, pelo critério de WERKMEISTER et al (2001). Mas no caso da laterita
Brasília quase todos os corpos-de-prova apresentaram forte tendência ao
acomodamento plástico, comportamento do tipo “A”, muito embora seja necessária
uma análise mais detalhada de cada ensaio para comprovação da ocorrência do
shakedown.

70
Esta tendência de comportamento do tipo “A” só é observada, porém, a partir de um
certo número de aplicações de cargas, pois na fase inicial de aplicação de cargas
repetidas há um nítido escoamento plástico, ou seja, comportamento do tipo “B”.
Assim, o mais correto seria dizer que a laterita Brasília apresentou um comportamento
misto de “A” e “B”.

Nos gráficos de 4.39 a 4.48 está ilustrado o modelo de Dawson e Wellner para cada um
dos ensaios separadamente, para a análise mais detalhada. Em alguns casos para uma
melhor análise dos resultados foi necessária a verificação da ficha de ensaio de
deformação permanente, para ilustrar valores lidos com o máximo de precisão que o
equipamento permite. Há, ainda, a possibilidade de associação das curvas do modelo de
Dawson e Wellner com as curvas de deformação permanente específica que serão
apresentadas no estudo da deformação permanente.

150 170 190 210 230 250 270 290


1.0000
Ep/N x(1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Dawson e Wellner)

Gráfico 4.39. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 1 Laterita Brasília.

O ensaio 1, gráfico 4.39, foi conduzido até 1.000.000 de aplicações de carga e é


observado nitidamente o comportamento “AB”citado anteriormente. Em analogia com
o observado para a Argila Amarela, parece que a fração fina da laterita é responsável

71
pelo escoamento plástico inicial, prevalecendo, na seqüência, a composição granular do
solo.

Este ensaio foi o de maior número de aplicação de cargas, tendo sido observado que as
condições de andamento do ensaio não se mantiveram constantes ao longo do mesmo.
O ensaio durou quase seis dias, período no qual o equipamento trabalho sem paradas.
Foi observada uma ligeira queda da pressão confinante, cerca de 5%.

50 60 70 80 90 100 110 120 130


1.0000

0.1000
(Ep/N)(x1/000 mm)

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.40. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 2 Laterita Brasília.

O ensaio 2, gráfico 4.40, apresentou comportamento distinto dos demais, pois ocorreu
escoamento plástico durante todo o ensaio, caracterizando comportamento do tipo “B”.

O ensaio 2 difere do ensaio 1 não somente pelo estado de tensão, mas também pelo
número de aplicações de carga. Neste aspecto é interessante observar a diferença de
comportamento entre os dois ensaios para um mesmo número de aplicações de cargas.

É o que se apresenta no gráfico 4.41, no qual observa-se enquanto o ensaio 1 já mostra


uma tendência ao shakedown, o ensaio 2 permanece em escoamento plástico. Ou seja,
pelo menos nestas duas situações o prolongamento da repetição de cargas pouco
contribuiu para a verificação do shakedown.

72
10 60 110 160 210 260 310
10.0000

1.0000
(Ep/N)(x1/000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de Dawson
e Wellner)

Ensaio 2 Ensaio 1

Gráfico 4.41. Comparação Entre o Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner


para os Ensaios 1 e 2 da Laterita Brasília com o Mesmo Número Aproximado de
Aplicação de Cargas.

O ensaio 3, gráfico 4.42, quando plotado isoladamente também apresenta


comportamento do tipo “B”. As duas últimas leituras deste ensaio foram para 329.160 e
162.500 ciclos com 0,197 mm e 0,185 mm respectivamente de deformação permanente
total. Esta razoável diferença de valores, portanto, significa que não ocorreu
shakedown.

150 160 170 180 190 200


1.0000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.42. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 3 Laterita Brasília.

73
O ensaio 4, gráfico 4.43, constitui um exemplo típico de shakedown, pois
entre os ciclos de 365.200 e 530.00 foi constatada a mesma deformação
permanente total de 0,100 mm. Trata-se de mais um corpo-de-prova com
comportamento tipo “AB”.

50 60 70 80 90 100 110
1.0000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.43. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 4 Laterita Brasília.

O ensaio 6, gráfico 4.44, quando analisado isoladamente mostra que apesar da forte
tendência ao acomodamento plástico o corpo-de-prova apresentou escoamento. A
diminuta diferença entre as duas últimas leituras, para N igual a 189.000 e 319.500
tem-se deformação total de 0,171 mm e 0,167 mm respectivamente comprova esta
afirmação. Aqui vale relembrar o critério prático de acomodamento citado no item 4.1
que se aplica perfeitamente ao ensaio 6, mas o aspecto conceitual do shakedown é
predominante, portanto, definitivamente, neste caso não ocorreu shakedown.

74
90 100 110 120 130 140 150 160 170 180
1.0000

0.1000
(Ep/N)(x/1000 mm)

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de Dawson
e Wellner)

Gráfico 4.44. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 6 Laterita Brasília.

Os ensaios 7 e 8, gráficos 4.45 e 4.46, apresentaram resposta


semelhante, pois não foi verificado tendência ao acomodamento, sendo, ambos,
exemplos de comportamento tipo “B”.

150 160 170 180 190 200 210 220 230 240
1.0000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.1000

0.0100

0.0010

0.0001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.45. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 7 Laterita Brasília.

75
10 15 20 25 30 35 40
1.00000

0.10000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.01000

0.00100

0.00010

0.00001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.46. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 8 Laterita Brasília.

O ensaio 9, gráfico 4.47, mostra um tipo peculiar de resposta de solo submetido a


carregamento cíclico. Foi observada uma mesma leitura de deformação total de 0,181
mm entre os ciclos de 308.900 e 362.900, portanto ao longo de 53.000 aplicações de
carga, tendo sido feitas várias leituras. Ou seja, pode-se afirmar que entre estes ciclos o
solo estava em shakedown, entretanto no sentido de se verificar o limite desta situação
o ensaio foi prolongado até 472.000 ciclos de carga, tendo sido feita uma leitura de
deformação total de 0,183 mm. A diferença de registro do oscilógrafo corresponde à
metade do intervalo mínimo de registro, portanto sujeita a imprecisão de medidas. O
autor preferiu enquadrar este tipo de comportamento em uma terceira categoria,
denominada shakedown aparente, ou aparente shakedown.

Esta diminuta diferença entre as leituras finais gera no modelo de Dawson e Wellner
uma “queda” em diagonal, ao invés de um caimento puramente vertical que
representaria o comportamento tipo “A”.

Além disso, vale lembrar que a tensão desvio aplicada neste ensaio foi de 2,0 kgf/cm2 e
confinante de 1,5 kgf/cm2, gerando uma tensão principal maior de 3,5 kgf/cm2, sendo
um estado de tensão elevado mesmo para uma base de pavimento flexível, fato que
comprova a excelente resistência à deformação permanente da laterita Brasília.

76
50 70 90 110 130 150 170 190
10.00000

1.00000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.10000

0.01000

0.00100

0.00010

0.00001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Daw son e Wellner)

Gráfico 4.47. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio 9 Laterita Brasília.

O ensaio 10, gráfico 4.48, apresentou uma resposta semelhante ao


ensaio 9, diferindo entretanto pela verificação do shakedown. Neste ensaio desde
o ciclo de número 123.000 há uma nítida tendência ao acomodamento plástico,
que foi confirmado pela mesma leitura entre os ciclos de 501.500 e 532.200, com
deformação permanente total de 0,350 mm.

50 100 150 200 250 300 350 400


10.00000

1.00000
(Ep/N)(x1/1000 mm)

0.10000

0.01000

0.00100

0.00010

0.00001
Deformação Permanente Vertical Acumulada (Ep)(x1/1000 mm). (Modelo de
Dawson e Wellner)

Gráfico 4.48. Enquadramento no Modelo de Dawson e Wellner. Ensaio10 Laterita Brasília.

77
Após a análise mais detalhada do modelo de Dawson e Wellner para cada ensaio foi
possível resumir a ocorrência do shakedown para a laterita Brasília de acordo com a
tabela 4.5.

Tabela 4.5. Resumo da Pesquisa do Shakedown com a Laterita Brasília.

Tipo de Resposta Ensaios


Shakedown 1, 4 e 10
Escoamento Plástico 2, 3, 6, 7 e 8
Shakedown Aparente 9

Ainda em analogia com a pesquisa apresentada por WERKMEISTER et al (2001) foi


possível analisar a ocorrência do shakedown através do espaço das tensões principais,
tal como mostrado no gráfico 4.49. Verifica-se neste gráfico que os pontos
correspondentes aos corpos-de-prova que entraram em shakedown puderam ser unidos
por uma linha reta ilustrativa. Esta reta define o estado de tensão ao qual a laterita
Brasília deve ser submetida, nas mesmas condições utilizadas, para que entre em
shakedown quando submetida a carregamento de cargas repetidas.

Obviamente trata-se apenas de um pequeno esboço da determinação da


carga de shakedown para a laterita Brasília, sendo necessários maior número de
ensaios para futuras conclusões mais consistentes. Porém, é um aspecto
relevante do comportamento deste tipo de solos, que poderá servir de base, ou
ponto de partida, para futuras pesquisas.

4
Tensão Principal Maior (kgf/cm2)

3.5 3.5
3 3 3

2.5 2.5

2 2.1
1.875
1.5 1.4 1.4
1
0.5
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5
Tensão Principal Menor (kgf/cm2)

Gráfico 4.49. Pesquisa do Shakedown no Espaço das Tensões Principais, 1 e 3, para a Laterita
Brasília.

78
4.2.3 A Deformação Elástica
O estudo da deformação elástica da Laterita Brasília foi desenvolvido de
maneira análoga ao estudo da variação da deformação elástica da Argila Amarela
com o número de aplicações de carga.

Foi verificado que a deformação elástica tendeu a diminuir com o aumento do número
de ciclos de carga. Esta deformação analisada isoladamente parece não ter grande
influência na análise do comportamento do solo, mas quando se calcula o módulo
resiliente a partir de sua definição e com a deformação elástica efetivamente medida no
ensaio, conforme ilustrado no gráfico 4.50 para alguns dos ensaios realizados, verifica-
se um significativo ganho de rigidez ao longo do desenvolvimento do ensaio.

100000
90000
80000
70000
MR (Kgf/cm2)

60000
50000
40000
30000
20000
10000
0
1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 6 Ensaio 7

Gráfico 4.50. Variação do Módulo Resiliente com N para a Laterita Brasília.

A seguir serão apresentados e comentados alguns gráficos que ilustram


a variação da deformação elástica com o número de cargas, bem como aspectos
ligados a cada um dos ensaios.

O ensaio 1, gráfico 4.51, permite um boa avaliação do comportamento da deformação


elástica pois o número de aplicação de cargas foi estendido até 1.000.000, mesmo
considerando que as condições do ensaio não foram mantidas rigorosamente iguais ao
longo dos mais de cinco dias de ensaio. Observa-se um rápido caimento da deformação
elástica até o ciclo 32.660, a partir daí dois patamares distintos de deformação são

79
identificados, o primeiro entre os ciclos de 125.000 e 352.000, e o segundo entre
500.000 ciclos e o final do ensaio.

80
Deslocamento Elástico (x1000

70
60
50
mm)

40
30
20
10
0
0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000
Número de Ciclos

Gráfico 4.51. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio
1.

Na forma de módulo resiliente, gráfico 4.52, foi possível enquadrar o crescimento do


módulo na forma da equação apresentada no gráfico, com bom coeficiente de
correlação.

Observou-se uma variação de módulo resiliente entre 3111 kgf/cm2 e 28.001 kgf/cm2,
este último é bastante elevado, mas de certa forma há uma tendência de majoração do
módulo quando calculado com tensões desvio baixas. Uma discussão mais profunda
sobre o módulo resiliente deste material será feita posteriormente.

30000

25000
y = 1126.5x 0.2182
R 2 = 0.8207
MR (Kgf/cm2)

20000

15000

10000

5000

0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.52. Variação do Módulo Resiliente com N para a Laterita Brasília no Ensaio 1.

80
No ensaio 2, gráfico 4.53, a deformação elástica decresceu rapidamente
até o ciclo 20.400, mantendo-se neste patamar até o ciclo 49.300. A partir daí
poucas leituras foram feitas, que equivale a dizer que o ensaio entrou na fase
noturna. Um segundo patamar de deformação ocorreu entre os ciclos de 165.000
e 201.700.

30
Deslocamento Elástico (x1000

20
mm)

10

0
0 50000 100000 150000 200000 250000
Número de Ciclos

Gráfico 4.53. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 2.

O módulo resiliente no ensaio 2, gráfico 4.54, permaneceu constante e com valor não
muito elevado, 1600 kgf/cm2, nos ciclos iniciais. Porém, a partir do ciclo 8.650 o
crescimento do módulo com o número de repetições de carga é acelerado, conforme
equação ilustrada no gráfico.

100000
90000
80000
0.4375
70000 y = 333.76x
MR (Kgf/cm2)

60000 R 2 = 0.8942
50000
40000
30000
20000
10000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.54. Variação do Módulo Resiliente com N para a Laterita Brasília no Ensaio2.

81
No ensaio 3, gráfico 4.55, foi feita identificada uma leitura,
correspondente ao ciclo 141.000, inferior tanto aos ciclos anteriores quanto aos
posteriores de carga, ou seja, a deformação diminuiu e no ciclos seguinte de
leitura aumentou, voltando ao patamar anterior. O autor preferiu considerar esta
discrepância como um erro de leitura.

40
Deslocamento Elástico (x1000

30
mm)

20

10

0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Gráfico 4.55. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 3.

Na forma de módulo resiliente, gráfico 4.56, esta discrepância apenas


contribui para diminuir o coeficiente de correlação para a linha de tendência
obtida.

16000
14000
12000
MR (Kgf/cm2)

10000

8000
6000
y = 4568.4x 0.087
4000 2
R = 0.8985
2000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.56. Variação do Módulo Resiliente com N para a Laterita Brasília no Ensaio 3.

82
No ensaio 4, gráfico 4.57, foi observado a existência de apenas um patamar de
deformação elástica após a fase de caimento rápido, até o ciclo 8.400, com leitura de
20.9 (x 10-3 mm). No último ciclo do ensaio registrou-se 16.07 (x 10-3 mm).

40
Deslocamento Elástico (x1000

30
mm)

20

10

0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 4.57. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 4.

Como conseqüência, a linha de tendência obtida no gráfico de módulo resiliente,


gráfico 4.58, apresentou menor coeficiente de correlação.

10000
9000
8000
7000
MR (Kgf/cm2)

6000
5000
y = 3799.8x 0.0595
4000
R 2 = 0.7591
3000
2000
1000
0
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Número de Ciclos

Gráfico 4.58. Variação do Módulo Resiliente com N para a Laterita Brasília no Ensaio 4.

Os ensaios 6 e 8, gráficos 4.59 e 4.60, apresentaram resposta elástica compatível com


os ensaios comentados anteriormente, entretanto nos ensaio 7 e 9, gráficos 4.61 e 4.62,
a deformação elástica aumentou ligeiramente com as sucessivas aplicações de carga.

83
60
Deslocamento Elástico (x1000 50

40
mm)

30

20

10

0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Número de Ciclos

Gráfico 4.59. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 6.

30
Deslocamento Elástico (x1000

20
mm)

10

0
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000
Número de Ciclos

Gráfico 4.60. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 8.

70
Deslocamento Elástico (x1000

60
50
40
mm)

30
20
10
0
0 50000 100000 150000 200000 250000
Número de Ciclos

Gráfico 4.61. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 7.

84
80
Deslocamento Elástico (x1000 70
60
50
mm)

40
30
20
10
0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 450000 500000
Número de Ciclos

Gráfico 4.62. Variação da Deformação Elástica com N para a Laterita Brasília no Ensaio 9.

A diferença de comportamento observado nos ensaios 7 e 9 pode ser


atribuída à ação de parte da fração granular da Laterita Brasília, pois com as
sucessivas aplicações de carga algum grão pode tornar-se saliente na amostra,
afetando a leitura do LVDT. Vale lembrar que as deformações tanto elásticas
quanto plásticas lidas nestes ensaios são muito pequenas e, portanto, suscetíveis
ao mínimo efeito de rearranjo dos grãos constituintes da amostra.

Para melhor compreensão desta constatação foi plotado um gráfico


conjunto de deformação elástica e deformação plástica para o ensaio 7, gráfico
4.63. A deformação plástica listada neste gráfico não é a deformação medida no
ciclo de carga associado, que seria inferior à deformação elástica, trata-se da
deformação plástica acumulada até aquele ciclo.

Observa-se que entre os ciclos 140.170 e 165.600 a deformação


plástica total diminui ligeiramente, indicando uma certa expansão do corpo-de-
prova, mas a deformação elástica decresce normalmente neste intervalo.

85
250

200
Deslocamento (x1000 mm)

150

100

50

0
0 50000 100000 150000 200000 250000
Número de Ciclos

Deformação Elástica Deformação Plástica Total

Gráfico 4.63. Comparação entre a Deformação Elástica e a Deformação Plástica para a


Laterita Brasília no Ensaio 7.

4.2.4 Ensaio de Módulo Resiliente


Após o término dos ensaios de deformação permanente os corpos-de-
prova de Laterita Brasília foram submetidos a ensaios padronizados de módulo
resiliente, com freqüências de 1 e 2 Hz, com o objetivo de se verificar a variação
da rigidez das amostras após ter sida submetida a ação das cargas repetidas.

Para uma comparação do módulo resiliente foi tomada como referência os valores de
módulo resiliente da laterita Brasília apresentados no capítulo 3, para uma situação de
amostra homogeneizada por mais de 12 horas, e compactada na umidade ótima.

A tabela 4.6 apresenta os valores médios de módulo resiliente para cada


um dos corpos-de-prova ensaiados com as respectivas umidades. A coluna
denominada porcentagem de aumento se refere ao acréscimo em relação ao
ensaio convencional, ambos com freqüência de 1 Hz.

86
Tabela 4.6. Valores Médios de Módulo Resiliente para a Laterita Brasília.
CP MR (1 MR (2 Umi %
Hz) MPa Hz) MPa dade (%) Aumento
1 981,4 - 15. 110
17 ,6
2 1182, 886, 14. 153
1 6 01 ,7
3 854,8 927 17. 83,
62 5
4 708,8 604, 16. 52,
1 93 1
5 571,4 528, 16. 22,
3 27 6
6 1192, 1466 15. 155
2 ,7 79 ,9
7 457,9 496, 13. -
5 74 1,71
8 1031, 831, 16, 121
3 1 4 ,4
9 665,8 606, 16, 42,
8 4 9
Co 465,9 - 17,
nvencional 5

Observa-se na tabela 4.6 que todos os corpos-de-prova apresentaram aumento no valor


do módulo resiliente médio, exceto no cp 7. A porcentagem de aumento atingiu 153,7
% no caso do cp 2, apesar de uma pequena diferença de umidade.

O cp 3 teve umidade correspondente à umidade ótima, e, mesmo assim, apresentou um


acréscimo de módulo resiliente médio de 83,5 %, fato que parece significar que a faixa
de umidade utilizada nos ensaios é suficiente limitada de modo a não gerar
significativas influências da umidade nas respostas dos ensaios, para este tipo de solos
e nas condições executadas.

Os ensaios de módulo resiliente apresentados no capítulo 3 para a Laterita Brasília


indicam uma variação do módulo com a tensão confinante, sendo praticamente
constante com a tensão desvio, indicando um comportamento predominantemente
granular do material. Neste contexto é válido referenciar um importante estudo do
comportamento resiliente das lateritas desenvolvidos por VERTAMATTI (1987). De
acordo com o observado por Vertamatti as lateritas podem apresentar diversos tipos de

87
comportamento resiliente, ou seja, o módulo resiliente pode variar com a tensão desvio,
tensão confinante, de maneira crescente ou decrescente.

Porém, um aspecto significativo observado no presente trabalho foi que a laterita, em


alguns casos, mudou de padrão de comportamento, como observado nos gráficos 4.64 e
4.65 para o cp 2. Neste caso observa-se que o módulo resiliente após o ensaio de
deformação permanente torna-se praticamente constante com a tensão desvio, exibindo
razoável queda com a tensão desvio, no caso do ensaio realizado com frequ6encia de 1
Hz.

No ensaio realizado com freqüência de 2 Hz a tendência do módulo se tornar constante


com a tensão confinante diminui, mas a tendência de caimento com a tensão desvio
permanece inalterada. Ainda, ocorreu uma pequena redução no valor de módulo
quando se variou a freqüência de 1 Hz para 2 Hz.

10000

y = 1290x0.0522
R2 = 0.0088

y = 479.44x-0.1877
MR (MPa)

R2 = 0.1012
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP Convencional

Gráfico 4.64. Ensaios de MR x 3 para o CP 2 de Laterita Brasília.

88
10000
y = 642.08x-0.2544
R2 = 0.2808

y = 425.84x-0.3067
R2 = 0.347
MR (MPa)

1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)


Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP
Convencional

Gráfico 4.65. Ensaios de MR x d para o CP 2 de Laterita Brasília.

Nos ensaios realizados com o cp 3 observou-se um comportamento


semelhante ao cp 2, exceto por uma menor diferença de módulo resiliente quando
variou-se a freqüência de 1 para 2 HZ.

10000

y = 875.03x-0.0164
R2 = 0.0044

y = 479.44x-0.1877
MR (MPa)

R2 = 0.1012
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.66. Ensaios de MR x 3 para o CP 3 de Laterita Brasília.

89
10000

y = 683.49x-0.0985
R2 = 0.2373
y = 722.45x-0.1096
R2 = 0.2611
MR (MPa)

1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.67. Ensaios de MR x d para o CP 3 de Laterita Brasília.

Nos ensaios realizados com o cp 4 observou-se módulo constante com a


tensão desvio, gráfico 4.69, e ligeiramente crescente com a tensão confinante,
gráfico 4.68. Houve um acréscimo do valor de módulo resiliente inferior aos
observados nos cp’s 2 e 3.

10000

y = 973.72x0.2311
R2 = 0.2554

y = 702.87x0.0538
MR (MPa)

R2 = 0.1103
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.68. Ensaios de MR x 3 para o CP 4 de Laterita Brasília

90
10000

y = 655.46x0.1009
R2 = 0.0855
y = 618.57x0.0132
R2 = 0.0086
MR (MPa)

1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.69. Ensaios de MR x d para o CP 4 de Laterita Brasília.

Para o cp 5 foi observado que o módulo resiliente na freqüência de 1 Hz


tornou-se ligeiramente decrescente com a tensão confinante, gráfico 4.70, e
tensão desvio, gráfico 4.71, gerando tendência distintas com frequência de 2 Hz.

10000

y = 416.39x-0.1069
R2 = 0.1266

y = 826.16x0.1603
MR (MPa)

R2 = 0.2609
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.70. Ensaios de MR x 3 para o CP 5 de Laterita Brasília.

91
10000

y = 370.23x-0.1923
R2 = 0.5485
y = 605.5x0.0719
MR (MPa)

R2 = 0.0674
1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.71. Ensaios de MR x d para o CP 5 de Laterita Brasília.

O ensaio de módulo resiliente realizado com o cp 6 apresentou grande dispersão em


relação à tensão confinante e uma nítida tendência decrescente com a tensão desvio,
para ambas as freqüências de carga.

10000

y = 254.55x-0.5485
R2 = 0.3753
MR (MPa)

1000 y = 436.85x-0.2672
R2 = 0.0677

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.72. Ensaios de MR x 3 para o CP 6 de Laterita Brasília.

92
10000

y = 322.92x-0.6266
R2 = 0.6292

y = 236.8x-0.6771
R2 = 0.7624
MR (MPa)

1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.73. Ensaios de MR x d para o CP 6 de Laterita Brasília.

O ensaio realizado com o cp 7 indicou pouca variação do módulo resiliente, para ambas
as freqüências de carga, em relação ao ensaio convencional.

10000

y = 784.34x0.1452
R2 = 0.1188

y = 698.22x0.1717
MR (MPa)

R2 = 0.3132
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.74. Ensaios de MR x 3 para o CP 7 de Laterita Brasília.

93
10000

y = 607.17x0.0768
R2 = 0.0427

y = 383.76x-0.0768
MR (MPa)

R2 = 0.094
1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.75. Ensaios de MR x d para o CP 7 de Laterita Brasília.

O cp 8 apresentou resposta semelhante ao cp 6, ou seja, grande


dispersão em relação à tensão confinante e decrescente em relação à tensão
desvio, mas neste caso a queda com a tensão desvio foi mais acentuada na
freqüência de 1 Hz.

10000

y = 292.22x-0.3888
R2 = 0.1103

y = 387.37x-0.2409
MR (MPa)

R2 = 0.1901
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.76. Ensaios de MR x 3 para o CP 8 de Laterita Brasília.

94
10000

y = 137.32x-0.884
R2 = 0.8564

y = 372.53x-0.3414
MR (MPa)

R2 = 0.4906
1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.77. Ensaios de MR x d para o CP 8 de Laterita Brasília.

O cp 9 apresentou uma resposta distinta dos demais, porque foi mantida


a tendência do módulo crescente com a tensão confinante, mas, por outro lado, o
cp mostrou-se também sensível à tensão desvio. Em ambos os casos observou-se
bom coeficiente de correlação.

10000

y = 2237.2x0.4667
R2 = 0.8271

y = 1599x0.3418
MR (MPa)

R2 = 0.8812
1000

y = 831.73x0.2118
R2 = 0.6148

100
0.01 0.1 1

Tensão Confinante (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2 Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.78. Ensaios de MR x 3 para o CP 9 de Laterita Brasília.

95
10000

y = 1194.6x0.2939
R2 = 0.5758

y = 1048.5x0.2643
MR (MPa)

R2 = 0.6766
1000

y = 548.1x0.0811
R2 = 0.1209
100
0.010 0.100 1.000

Tensão Desvio (MPa)

Freq 1Hz Após Ensaio DP Freq 2Hz Após Ensaio DP


Convencional

Gráfico 4.79. Ensaios de MR x d para o CP 9 de Laterita Brasília.

Alguns aspectos ficaram evidenciados após a análise dos resultados de


ensaios de módulo resiliente:
- O aumento da freqüência de carregamento de 1 Hz para 2 Hz fez com que
aumentasse a deformação elástica no corpo-de-prova de Laterita Brasília e,
conseqüentemente, diminuísse o valor do módulo resiliente.
- O módulo resiliente da Laterita Brasília estudada aumentou sensivelmente após
esta ter sido submetida à ação de cargas repetidas, podendo ocorrer variação no
padrão de comportamento deste módulo resiliente. Ambos os fatos tornam-se
importantes quando se faz uma análise elástica não linear do pavimento;

96
CAPÍTULO 5: AVALIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO PERMANENTE

5. Considerações Iniciais
Este capítulo destina-se a analisar especificamente a deformação permanente
desenvolvida nos corpos-de-prova dos solos estudados, independente da ocorrência do
shakedown e da variação da deformação elástica. Para isto, foram selecionados na
literatura modelos tradicionais de deformação permanente, quais sejam: MONISMITH
et al (1975), UZAN (1981) e TSENG e LYTTON (1989), todos já citados
anteriormente.

Alguns dos ensaios foram conduzidos de forma a poder verificar a influência de alguns
dos principais fatores que influenciam a deformação permanente em solos, tais como
umidade de compactação, tensão desvio (d), tensão confinante (3) e razão de tensões
(1/3).

97
A seguir reproduz-se a tabela 4.1 para que o leitor possa ter maior facilidade no
acompanhamento das interpretações.

Tabela 4.1: Estado de Tensão dos Ensaios Realizados com a Argila Amarela.
Ensaio d (Kgf/cm2) 3 (Kgf/cm2) 1/3 h (%) Frequência N
(Hz)
1 0,7 0,7 2 21,3 1 51.500
2 0,7 0,7 2 20,6 2 500.000
3 0,35 0,7 1,5 19,4 2 506.000
4 1,05 0,7 2,5 21,3 2 190.000
5 0,25 0,5 1,5 20,0 2 470.500
6 1,2 1,2 2 19,9 2 319.000
7 0,75 0,5 2,5 20,6 2 340.000
8 0,5 0,5 2 20,6 2 310.000
10 1,8 1,2 2,5 19,2 2 186.000
11 0,5 0,5 2 18,4 2 303.000
12 1,05 0,7 2,5 20,7 2 338.000
13 1,2 1,2 2 21,7 2 340.000
14 0,6 1,2 1,5 20,4 2 330.000

5.1 Argila Amarela

5.1.1 Deformação Permanente Específica


Nos ensaios de deformação permanente normalmente utilizados não há um consenso na
fixação do número de ciclos necessários para o fim do ensaio. Usualmente verifica-se
durante o ensaio se há tendência ao acomodamento com sucessivos registros. Assim,
alguns autores se limitaram a 10.000 ciclos, outros se estenderam a 100.000 ciclos. A
seqüência de ensaios realizados para a argila amarela nos permite verificar se estas
hipóteses são especialmente válidas para o solo estudado. Em todos os ensaios
realizados neste trabalho, ilustrado em conjunto no gráfico 5.1, observa-se que o
prolongamento do número de ciclos no ensaio não gera significativos acréscimos na
deformação permanente total, muito embora a taxa de acréscimo da deformação não
tenha se tornado nula. A influência do número de ciclos de carga nos parâmetros dos
modelos de predição será analisada nos itens subseqüentes.

98
Uma importante questão surgida ao longo dos estudos é a definição da melhor maneira
para visualizar a deformação permanente obtida, isto porque o número de ciclos
aplicado é bastante elevado e, ao mesmo tempo gera deformações muito pequenas.
Após sucessivas tentativas verificou-se que o gráfico de deformação permanente
específica x número de ciclos, este último na escala logarítma, possibilita uma
excelente visualização dos resultados.

O gráfico 5.1 mostra curvas de variação da deformação permanente específica com o


número de aplicação de cargas. Todas as curvas apresentaram forma semelhante,
observando-se um acentuado acréscimo nos ciclos iniciais que se estende até 100.000
repetições de cargas. A partir daí a taxa de crescimento da deformação específica
permanente diminui consideravelmente, tornando-se praticamente constante, porém as
amostras continuaram desenvolvendo escoamento plástico. Os gráficos de 5.2 a 5.14
ilustram os resultados para cada ensaio separadamente.

Observa-se, ainda, que os valores de deformação permanente específica total são muito
baixos, mesmo com valores de umidade ligeiramente acima da umidade ótima, ou
submetidos a tensões consideradas elevadas para subleito de rodovias. No ensaio 10,
com d = 1,8 Kgf/cm2, a tensão principal maior, 1, atingiu 3,0 Kgf/cm2, valor bastante
elevado para subleito, mas a deformação permanente específica gerada foi de 0,15 %.
Portanto, para uma camada de 20 cm deste material, nestas condições, ter-se-ia uma
deformação permanente de 0,3 mm, que é um valor muito baixo.

99
0.20
Deformação Específica Permanente (%) 0.18

0.16

0.14

0.12

0.10

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000 450000 500000
Número de Ciclos

Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Ensaio 5 Ensaio 6 Ensaio 7 Ensaio 8 Ensaio 10


Ensaio 11 Ensaio 12 Ensaio 13 Ensaio 14

Gráfico 5.1. Variação da Deformação Específica Permanente com o Número de Ciclos de


Aplicação de Cargas para a Argila Amarela Estudada.

No ensaio 3 foi verificado que entre os ciclos de número 331.600 e 506.000, portanto
ao longo de mais de 170.000 ciclos, o registro de deformação permanente permaneceu
inalterado, ou seja, houve acomodamento da deformação permanente. O ensaio 3
corresponde ao de tensão desvio aplicada de 0,35 kgf/cm2.

100
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA(%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.16 0.50

0.14 0.45
0.40
0.12
0.35
0.10
0.30
0.08 0.25

0.06 0.20
0.15
0.04
0.10
0.02
0.05
0.00 0.00
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 0 50000 100000 150000 200000

Gráfico 5.2. Ensaio 1 Gráfico 5.5. Ensaio 4

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.20 0.100
0.18 0.090
0.16 0.080
0.14 0.070
0.12 0.060
0.10 0.050
0.08 0.040
0.06 0.030
0.04 0.020
0.02 0.010
0.00 0.000
0 200000 400000 600000 800000 1000000 0 100000 200000 300000 400000 500000

Gráfico 5.3. Ensaio 2 Gráfico 5.6. Ensaio 5

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.100 0.150
0.090
0.130
0.080

0.070 0.110
0.060
0.090
0.050
0.040 0.070
0.030
0.050
0.020
0.010 0.030
0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 0.010
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000

Gráfico 5.4. Ensaio 3


Gráfico 5.7. Ensaio 6

101
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.06
0.14

0.12

0.10 0.04

0.08

0.06
0.02
0.04

0.02

0.00 0.00
0 100000 200000 300000 400000 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000

Gráfico 5.8. Ensaio 7 Gráfico 5.11. Ensaio 11

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.05 0.14
0.05
0.12
0.04
0.04 0.1

0.03
0.08
0.03
0.06
0.02
0.02 0.04
0.01
0.02
0.01
0.00 0
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 0 100000 200000 300000 400000

Gráfico 5.9. Ensaio 8 Gráfico 5.12. Ensaio 12

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.18
0.14
0.16

0.12 0.14

0.10 0.12

0.10
0.08
0.08
0.06
0.06

0.04 0.04

0.02
0.02
0.00
0.00 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
0 50000 100000 150000 200000

Gráfico 5.10. Ensaio 10 Gráfico 5.13. Ensaio 13

102
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.10

0.08

0.06

0.04

0.02

0.00
0 100000 200000 300000 400000

Gráfico 5.14. Ensaio 14

Influência da Tensão Desvio e Confinante Isoladas

Da literatura sabe-se que a tensão desvio exerce importante influência na deformação


permanente (CARDOSO,1987), e, em geral, quanto maior a tensão desvio, d, maior a
deformação permanente, p. Esta tendência também foi verificada no presente estudo,
tal como mostrado no gráfico 5.15. Os ensaios 2 e 3 foram conduzidos com a mesma
tensão confinante, igual a 0,7 kgf/cm2, e distinta tensão desvio, 0,7 e 0,5 kgf/cm2
respectivamente. Ao término dos ensaios é verificada uma diferença percentual de 43%
em relação à maior deformação.

0.16
Deformação Permanente Específica (%)

0.14

0.12

0.10

Ensaio 2
0.08
Ensaio 3

0.06

0.04

0.02

0.00
0 100000 200000 300000 400000 500000
Número de Ciclos

103
Gráfico 5.15. Influência da Tensão Desvio na Deformação Permanente Específica. 3 =
2
0,70 kgf/cm .

Com os ensaios 2 e 7, conduzidos a mesma tensão desvio de 1,0 kgf/cm2, foi possível
observar o efeito isolado da tensão confinante na deformação permanente específica. É
bem verdade que a diferença entre as tensões confinantes foi muito pequena, de 0,7
kgf/cm2 no ensaio 2, para 0,5 kgf/cm2 no ensaio 7. Foi observada uma redução
percentual de aproximadamente 17% , quando a tensão confinante diminui de 0,7 para
0,5 kgf/cm2, tal como ilustrado no gráfico 5.16.

0.16
Deformação Permanente Específica (%)

0.14

0.12

0.10

Ensaio 2
0.08
Ensaio 7
0.06

0.04

0.02

0.00
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 5.16. Influência Isolada da Tensão Confinante na Deformação Permanente


Específica. d = 1,0 kgf/cm .
2

Influência do Teor de Umidade

Nos gráficos 5.17, 5.18 e 5.19 são apresentados resultados de ensaios nos quais foram
mantidas constantes as tensões aplicadas e variadas as umidades de compactação. No
primeiro gráfico foram plotadas as curvas correspondentes aos ensaios 6 e 13,
realizados com d = 3 = 1,2 kgf/cm2, com umidades de 19,9 % e 21,7 %
respectivamente. Observa-se que as curvas têm uma forma bastante semelhante,
diferindo entre si pela magnitude da deformação permanente, sendo que o corpo-de-
prova mais umedecido apresenta deformações cerca de 33% superiores ao corpo-de-
prova mais seco.

104
0.200
Deformação Permanente Específica (%) 0.180

0.160

0.140

0.120

0.100

0.080

0.060

0.040

0.020

0.000
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Ensaio 6 (h = 19,9 %) Ensaio 13 (h = 21,7 %)

Gráfico 5.17

No gráfico 5.18 foram plotadas as curvas correspondentes aos ensaios 8 e 11,


realizados com d = 3 = 0,5 kgf/cm2, com umidades de 20,6 % e 18,8 %
respectivamente. Observa-se que as curvas também apresentam formas semelhantes
entre si, mas distintas das anteriores.

Também, cada uma das curvas parece ser formada por duas curvas distintas tendo como
ponto de separação um valor de N próximo a 120.000. O corpo-de-prova mais seco
apresenta maiores deformações do que aquele mais umedecido, diferentemente do caso
anterior.

105
0.06
Deformação Permanente Específica (%)
0.05

0.04

0.03

0.02

0.01

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Núm ero de Ciclos

Ensaio 8 (h = 20,6 %) Ensaio 11 (h = 18,8 %)

Gráfico 5.18.

No gráfico 5.19 foram plotadas as curvas correspondentes aos ensaios 4 e 12,


realizados com d = 1,05 e 3 = 0,7 kgf/cm2, com umidades de 21,3 % e 20,7 %
respectivamente, esta última, portanto, com umidade exatamente igual à ótima. Neste
caso as duas curvas apresentam formas distintas, sendo que aquela correspondente à
amostra 4 apresentou taxa de acréscimo da deformação permanente não nula, e a
amostra 12 apresentou acomodamento da deformação.
Deformação Permanente Específica (%)

0.45

0.40

0.35

0.30

0.25

0.20

0.15

0.10

0.05

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Núm ero de Ciclos

Ensaio 4 ( h = 21,3 %) Ensaio 12 ( h = 20,7%)

Gráfico 5.19. Ensaio 3

106
5.1.2 Curvas d x p e 1 x p

As tensões usualmente atuantes em subleitos dos pavimentos brasileiros em geral são


muito baixas para reprodução em ensaios triaxiais de cargas repetidas de laboratório.
MEDINA (1997) propõe a plotagem da curva  d x p para alguns números “N”, como

forma de se estimar a deformação permanente a baixas tensões desvio. Nos gráficos


5.20 a 5.23 são apresentadas as variações da deformação permanente para um número
de repetições de carga, N, de 1.000, 10.000, 100.000 e 300.000 ciclos.

Foram escolhidos resultados de ensaios correspondentes a corpos-de-prova moldados


dentro do intervalo que possa ser considerado como umidade ótima. A primeira
seqüência de gráficos corresponde à relação d x p, sendo observado um bom
coeficiente de correlação para ciclos de 1.000 a 100.000, porém para ciclo de 300.000 o
enquadramento foi ruim. As equações obtidas foram as seguintes:

N = 1.000   d  3.( p ) 0,52 R2 = 0,88 (5.1)

N = 10.000   d  2,8( p ) 0,59 R2 = 0,82 (5.2)

N = 100.000   d  2,14( p ) 0,61 R2 = 0,65 (5.3)

N = 300.000   d  1,7( p ) 0,58 R2 = 0,53 (5.4)

107
1.2 0.5161
y = 3.0069x
R 2 = 0.8781 1.05
1.0

Tensão Desvio (Kgf/cm2) 0.8


0.75

0.6
0.5
0.4
0.35
0.25
0.2

0.0
0.000 0.020 0.040 0.060 0.080 0.100 0.120 0.140
Deformação Permanente Total (mm) [1.000 Ciclos]

Gráfico 5.20. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 1.000 Ciclos.

1.2
0.5898
y = 2.8044x
1.05
Tensão Desvio (Kgf/cm2)

2
1.0 R = 0.8147

0.8
0.75
0.6
0.5
0.4
0.35
0.25
0.2

0.0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200
Deformação Permanente Total (mm). [10.000 Ciclos]

Gráfico 5.21. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 10.000 Ciclos.

108
1.2
y = 2.1397x 0.6124
1.05

Tensão Desvio (Kgf/cm2)


2
1.0 R = 0.6498

0.8
0.75
0.6
0.5
0.4
0.35
0.25
0.2

0.0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250
Deformação Permanente Total (mm). [100.000 Ciclos]

Gráfico 5.22. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 100.000 Ciclos.

1.2
0.5807
y = 1.707x
1.05
Tensão Desvio (Kgf/cm2)

1.0 2
R = 0.5275

0.8
0.75
0.6
0.5
0.4
0.35
0.25
0.2

0.0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250 0.300
Deformação Permanente Total (mm). [300.000 Ciclos]

Gráfico 5.23. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 300.000 Ciclos.

Os gráficos 5.24 a 5.27 mostram as curvas  1 x p .

  1  2,8. p
0, 27
N = 1.000 R2 = 0,82 (5.5)

  1  2,9. p
0,33
N = 10.000 R2 = 0,85 (5.6)

  1  2,6. p
0,37
N = 100.000 R2 = 0,79 (5.7)

  1  2,4. p
0,37
N = 300.000 R2 = 0,71 (5.8)

109
2

Tensão Principal Maior (Kgf/cm2)


1.8 y = 2.8331x 0.2712
2 1.75
1.6 R = 0.8235

1.4
1.2 1.25

1 1.05
1
0.8 0.75
0.6
0.4
0.2
0
0.000 0.020 0.040 0.060 0.080 0.100 0.120 0.140
Deformação Permanente Total (mm) [1.000 Ciclos]

Gráfico 5.24. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 1.000 Ciclos

2
Tensão Principal Maior (Kgf/cm2)

1.8 y = 2.8623x 0.3262 1.75


1.6 R 2 = 0.8462
1.4
1.2 1.25
1 1 1.05
0.8 0.75
0.6
0.4
0.2
0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200
Deformação Permanente Total (mm). [10.000 Ciclos]

Gráfico 5.25. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 10.000 Ciclos

110
2

Tensão Principal Maior (kgf/cm2)


1.8 1.75
0.3657
1.6 y = 2.6257x
2
1.4 R = 0.7869
1.2 1.25
1 1 1.05
0.8 0.75
0.6
0.4
0.2
0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250
Deformação Permanente Total (mm). [100.000 Ciclos]

Gráfico 5.26. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 100.000 Ciclos

2
Tensão Principal Maior (Kgf/cm2)

1.8 1.75
0.3654
1.6 y = 2.3848x
1.4 R 2 = 0.7092
1.2 1.25
1 1 1.05
0.8 0.75
0.6
0.4
0.2
0
0.000 0.050 0.100 0.150 0.200 0.250 0.300
Deformação Permanente Total (mm). [300.000 Ciclos]

Gráfico 5.27. Deformação Permanente Total, p, (mm) para 300.000 Ciclos

É possível observar um bom coeficiente de correlação para todos os gráficos plotados


do tipo  1 x p , com melhor enquadramento neste caso para os ciclos de maiores

repetições de carga em relação a d. Como os programas usualmente empregados na


análise estrutural de pavimentos geralmente trabalham com tensões principais nas
camadas de pavimentos, as relações do tipo  1 x p tornam-se mais adequadas para

predição da deformação permanente.

111
A relação envolvendo a deformação permanente e a tensão desvio isolada pode gerar
uma certa incoerência no estudo desta deformação, pois, quando se analisa, por
exemplo, o gráfico 5.21 observa-se que o ensaio conduzido com tensão desvio de 0,5
kgf/cm2 gera deformação permanente total inferior ao ensaio conduzido com tensão
desvio de 0,35 kgf/cm2, portanto inferior. Este fato é explicado pela diferente razão
entre as tensões principais utilizadas em cada ensaio.Da mesma maneira, quando a
tensão desvio varia entre 0,35 e 0,5 kgf/cm2 a deformação varia cerca de três vezes o
seu valor.

Nas relações obtidas em função da tensão principal maior, 1, o efeito da influência da
razão entre as tensões principais é minimizado, porém ainda é observado, como, por
exemplo, na diferença mínima entre as tensões principais de 0,75 e 1,0 kgf/cm 2
constatada para todos os gráficos de 5.24 a 5.27.

Assim, analisados todos as aspectos citados pode-se indicar que a relação  1 x p é mais

adequada para a previsão da deformação permanente em solos.

5.1.3 Enquadramento no Modelo de MONISMITH et al (1975)

MEDINA (1997) apresenta-o como o modelo mais comum, tendo sido amplamente
empregado em estudos com solos brasileiros, destacando-se pela simplicidade.
SVENSON (1980), CARDOSO (1987), MOTTA (1991), SANTOS (1997) são alguns
exemplos da aplicação do modelo de Monismith et al para solos brasileiros.

Os estudos citados consistiram na determinação dos parâmetros “A” e “B” para alguns
tipos de solos característicos de rodovias brasileiras, quase sempre com número de
aplicação de cargas menor ou igual a 100.000 ciclos.

No presente trabalho além da pesquisa do shakedown, ou acomodamento, após 100.000


ciclos, foi possível estabelecer uma relação entre estes parâmetros do modelo e o estado
de tensão do corpo-de-prova. As curvas assim obtidas apresentaram bom coeficiente de
correlação, conforme se mostra na seqüência, e comprovam a elevada influência do
estado de tensão nos parâmetros do modelo de Monismith et al. Os parâmetros obtidos
para a Argila Amarela estão listados na tabela 5.1

112
Os parâmetros do modelo de Monismith foram calculados conforma os gráficos de 5.36
a 5.48.

Tabela 5.1. Parâmetros A e B do Modelo de Monismith para Todos os Ensaios de


Deformação Permanente Realizados com a Argila Amarela.

Ensaio d 3 A B R2 (Monismith)
(kgf/cm2) (kgf/cm2)
1 0,7 0,7 0,036 0,16 0,98
2 0,7 0,7 0,07 0,10 0,99
3 0,35 0,7 0,001 0,40 0,97
4 1,05 0,7 0,223 0,09 0,89
5 0,25 0,5 0,002 0,27 0,87
6 1,2 1,2 0,087 0,09 0,96
7 0,75 0,5 0,023 0,18 0,96
8 0,5 0,5 0,004 0,21 0,98
10 1,8 1,2 0,092 0,09 0,99
11 0,5 0,5 0,037 0,24 0,95
12 1,05 0,7 0,05 0,13 0,99
13 1,2 1,2 0,136 0,08 0,95
14 0,6 1,2 0,008 0,22 0,98

Considerações Sobre os Parâmetros “A” e “B”


No modelo de Monismith et al os parâmetros A e B governam a previsão
da deformação permanente, logo, deve-se considerar os fatores que influenciam
estes parâmetros, em especial no que se refere ao número de ciclos necessários
para o estabelecimento destes parâmetros, de forma a haver maior precisão
possível na estimativa da deformação permanente.

Neste sentido, foram calculados os parâmetros A e B para várias


repetições de cargas e para vários ensaios. Nas tabelas de 5.2 a 5.9 os
parâmetros foram listados com quatro casas decimais, fato que, a princípio, seria
um exagero. Porém, o autor preferiu manter esta forma para poder estudar até que
ponto diminutas diferenças podem gerar significativas alterações na predição da
deformação permanente.

Com este último objetivo também foram plotados os gráficos de 5.28 a


5.35, nos quais tem-se a deformação permanente total versus variados números

113
de ciclos ordenados de maneira crescente e quatro a quatro, de forma a cobrir o
número de ciclos realizados e extrapolar para 4.000.000 de repetições.

Tabela 5.2. Parâmetros A e B para o Ensaio 2.

Número de Ciclos A B R2
10.000 0,0701 0,103 0,9691
60.000 0,0694 0,1055 0,9826
197.000 0,0699 0,104 0,983
222.485 0,0699 0,1041 0,9849
500.000 0,0699 0,1047 0,9866

Tabela 5.3. Parâmetros A e B para o Ensaio 3.

Número de Ciclos A B R2
7.000 0,0007 0,4129 0,9789
79.000 0,0006 0,4311 0,9903
235.000 0,0007 0,4125 0,9884
506.000 0,0007 0,4073 0,988

Tabela 5.4. Parâmetros A e B para o Ensaio 5.

Número de Ciclos A B R2
12.100 0,0033 0,1493 0,8807
153.850 0,0027 0,1934 0,8811
191.000 0,0024 0,2154 0,8834
470.500 0,0019 0,2684 0,8677

Tabela 5.5. Parâmetros A e B para o Ensaio 6.

Número de Ciclos A B R2
12.600 0,0443 0,1832 0,9464
187.660 0,0556 0,132 0,9024
319.000 0,0571 0,1267 0,9065

Tabela 5.6. Parâmetros A e B para o Ensaio 7.

Número de Ciclos A B R2
9.170 0,0192 0,2162 0,9538
180.000 0,0226 0,1825 0,9548
340.000 0,0231 0,1783 0,9633

Tabela 5.7. Parâmetros A e B para o Ensaio 8.

114
Número de Ciclos A B R2
5.800 0,004 0,1961 0,9748
151.000 0,004 0,2004 0,9872
310.000 0,0037 0,2111 0,9812

Tabela 5.8. Parâmetros A e B para o Ensaio 12.

Número de Ciclos A B R2
9.500 0,0145 0,2974 0,8423
177.200 0,0223 0,2096 0,8122
338.000 0,0239 0,1977 0,8331

Tabela 5.9. Parâmetros A e B para o Ensaio 13.

Número de Ciclos A B R2
10.500 0,0373 0,2194 0,9942
166.000 0,0482 0,1705 0,9384
340.000 0,0518 0,1586 0,9298

Os gráficos 5.28 a 5.35 ilustram a utilização do modelo de Monismith et al para os


diversos valores de A e B obtidos com diferentes números de repetições de cargas.
Foram selecionados alguns valores de N agrupados de quatro em quatro, conforme dito
anteriormente.
Deformação Permanente Total

0.350

0.300
Até 60000
0.250 Até 197000
(mm)

Até 222485
0.200 Até 500000
Até 10000
0.150

0.100
2E+05
3E+05
4E+05
5E+05
1E+06
2E+06
3E+06
4E+06
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
10000
20000
30000
40000

Número de Ciclos
Gráfico 5.28. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação Permanente
Total. Ensaio 2.

115
Deformação Permanente Total
0.450
0.400
0.350
Até 7000
0.300
Até 79000
(mm)

0.250
0.200 Até 235000
0.150 Até 506000
0.100
0.050
0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00

00
0

00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0
Número de Ciclos
Gráfico 5.29. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação Permanente
Total. Ensaio 3.
Deformação Permanente Total (mm)

0.120

0.100
Até 12100
0.080
Até 153850
0.060 Até 191000
0.040 Até 470500

0.020

0.000
20 0
30 0
40 0
20 00

20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
00
00
00
00

10 0

30 00
40 00
50 00
10 000
0
00
00
00

00
0
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
0
00
00
00
00

Número de Ciclos

Gráfico 5.30. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação Permanente


Total. Ensaio 5.
Deformação Permanente Total (mm)

0.800
0.700
0.600
0.500 Até 12600
0.400 Até 187660
0.300 Até 319000
0.200
0.100
0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
0

00
00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0

Número de Ciclos
Gráfico 5.31. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação Permanente
Total. Ensaio 6.

116
Deformação Permanente Total
0.600

0.500

0.400 Até 9170


(mm)

0.300 Até 180000


Até 340000
0.200

0.100

0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
0

00
00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0
Número de Ciclos
Gráfico 5.32. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação
Permanente Total. Ensaio 7.
Deformação Permanente Total (mm)

0.100
0.090
0.080
0.070
Até 5800
0.060
0.050 Até 151000
0.040 Até 310000
0.030
0.020
0.010
0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
0

00
00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0

Número de Ciclos
Gráfico 5.33. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação
Permanente Total. Ensaio 8.
Deformação Permanente Total (mm)

1.400
1.200
1.000
Até 9500
0.800
Até 177200
0.600 Até 338000
0.400
0.200
0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
0

00
00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0

Número de Ciclos
Gráfico 5.34. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação
Permanente Total. Ensaio 12.

117
Deformação Permanente Total (mm)
1.200

1.000

0.800 Até 10500


0.600 Até 166000
Até 340000
0.400

0.200

0.000
00
00
00
00
00
00
00

10 0
20 0
30 0
40 0
20 00
30 00
40 00
50 00
10 000
20 000
30 000
40 000

0
00
00
00
0

00
00
00
00
10
20
30
40
50
60
70
80

00
00
00
00
0
Número de Ciclos
Gráfico 5.35. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação
Permanente Total. Ensaio 14.

Nos ensaios 2, 3 e 8 os parâmetros A e B do modelo de Monismith et al


não apresentaram significativa variação com o número de ciclos utilizados para a
obtenção dos mesmos. Em grande parte, isso ocorre porque a curva de
deformação permanente é bem definida desde os ciclos iniciais de aplicação de
cargas. Portanto, nestes ensaios foi indiferente o prolongamento do número de
ciclos para a obtenção dos parâmetros A e B.

Na maioria dos ensaios (6, 7, 12 e 13) as diferenças entre os parâmetros A e B não


geraram significativas variações quando utilizados parâmetros obtidos com ciclos de
elevadas repetições de carga, e, ao contrário, foram gerados valores relativamente
distintos quando utilizados para cálculo os parâmetros obtidos com baixo número de
repetições de carga. Ou seja, somente parâmetros obtidos com N em torno de 10.000
repetições destoaram dos demais.

Importante observar que a deformação permanente gerada com os parâmetros obtidos a


baixos números de ciclos não é, necessariamente, uma hipótese conservativa, pois às
vezes conduz a valores mais elevados que o medido, no caso dos ensaios 6, 7, 12 e 14,
e às vezes conduz a valores inferiores a estes, caso do ensaio 5.

Todas as curvas de deformação permanente geradas apresentaram quatro patamares de


deformação bem definidos, isto porque foram selecionados conjunto de valores de N
exatamente para este fim. Por exemplo, o primeiro patamar corresponde aos ciclos de
1.000 a 8.000, o segundo de 10.000 a 40.000, o terceiro de 200.000 a 500.000, e o

118
quarto de 1.000.000 a 4.000.000. Escolhidos desta forma os patamares de cálculos
permitem verificar se a extrapolação da deformação permanente foi bem sucedida, ou
seja, se os valores obtidos para o último patamar estão compatíveis com os demais ou
com os valores verificados em laboratório.

Todos os gráficos apresentados para a Argila Amarela mostram um “salto” de


deformação permanente, alguns com maior ou menor módulo, portanto incompatíveis
com os valores de laboratório, como, por exemplo, no ensaio 3 no qual as cerca de
170.000 últimas leituras de deformação permanente foram as mesmas. Entretanto, a
diferença de valores obtidas com o modelo de Monismith neste caso de acomodamento
(ensaio 3) está longe de representar um superdimensionamento da estrutura quanto ao
afundamento de trilha de roda, para este solo e nestas condições, não havendo,
portanto, problemas na utilização do modelo.

Vale lembrar que o ensaio triaxial de cargas repetidas, apesar de ser o que melhor se
aproxima da situação de campo, é conservativo no que diz respeito à aplicação de
cargas, pois sabe-se que o espectro de cargas atuante em um pavimento real é muito
variado, assim com a freqüência de carregamento e o tempo de aplicação de carga.
Assim, a obtenção de um fator campo-laboratório para a predição da deformação
permanente em solos parece ser mais razoável do que a realização de ensaios triaxiais
com número de ciclos superiores a 106 repetições.

Após este estudo o autor optou por definir os parâmetros A e B em cada ensaio como
aqueles obtidos para o maior número de cargas aplicados no ensaios. Assim sendo, os
gráficos de 5.36 a 5.48 apresentam as curvas correspondentes a cada ensaio realizado
com a argila amarela. Para a aplicação real deve-se escolher entre o estado de tensão
mais próximo ao de campo, ou seja, deve-se sempre fazer uma varredura das tensões.

119
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000

y = 0.0357x0.1644
R2 = 0.9753

y = 0.223x0.0933
R2 = 0.8914

0.100000
0.100000
1000 10000 100000
100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.36. Ensaio 1


Gráfico 5.39. Ensaio 4

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)
(Modelo Monismith)

1.000000
0.100000

0.1047
y = 0.0696x
2
R = 0.9866

0.010000

y = 0.0019x0.2684
R2 = 0.8677

0.100000
0.001000
1000 10000 100000 1000000
100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.37. Ensaio 2


Gráfico 5.40. Ensaio 5

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)
(Modelo Monismith)

1.000000
1.000000
y = 0.0007x0.4031 y = 0.087x0.0871
R2 = 0.97 R2 = 0.9546
0.100000

0.100000

0.010000

0.001000 0.010000
100 1000 10000 100000 1000000 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.38. Ensaio 3 Gráfico 5.41. Ensaio 6

120
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000

y = 0.0231x 0.1783 y = 0.0037x0.238


R2 = 0.9633 R2 = 0.9507
0.100000

0.100000

0.010000

0.010000 0.001000
100 1000 10000 100000 1000000 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.42. Ensaio 7 Gráfico 5.45. Ensaio 11

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000
0.2111
y = 0.0037x
R2 = 0.9812
0.100000

0.100000

0.010000 y = 0.0501x0.1292
R2 = 0.9889

0.001000 0.010000
100 1000 10000 100000 1000000 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.43. Ensaio 8 Gráfico 5.46. Ensaio 12

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000

0.100000 0.100000

0.0889
y = 0.1357x0.0754
y = 0.0922x
R2 = 0.9507
R2 = 0.9845

0.010000 0.010000
100 1000 10000 100000 1000000 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.44. Ensaio 10 Gráfico 5.47. Ensaio 13

121
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)

1.000000

y = 0.0079x0.2207
R2 = 0.9775

0.100000

0.010000
100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.48. Ensaio 14

122
Com os dados obtidos nos ensaios foi possível estabelecer, com razoável coeficiente de
correlação, uma relação entre os parâmetros do modelos de Monismith e a razão entre
as tensões principais, tal como ilustrado nos gráficos 5.49 e 5.50. De posse dos valores
dos coeficientes A e B para os variados estados de tensão foram feitas várias tentativas
de associação, sendo que aquela que gerou melhor enquadramento foi a que associa os
parâmetros com a razão de tensões,1/3 , para cada tensão confinante isoladamente.
Evidentemente, são poucos os pontos mas indica uma possível tendência a ser
explorada em futuros estudos.

0.160

0.140 y = 0.0014x4.9766
2
R = 0.8262
0.120 y = 3E-05x
8.9542

R2 = 0.8093
0.100
Parâmetro A

0.080

0.060

0.040

0.020

0.000
1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60
Razão de Tensões 4.7687
y = 0.0002x
2
R = 0.8914
Confinante 0.5 Confinante 0.7 Confinante 1.2

Gráfico 5.49. Variação do Parâmetro A com a Razão entre as Tensões Principais.

1
0.45

0.40

0.35
y = 0.9165x-2.4228
0.30 R2 = 0.7416
y = 0.3705x-0.8023
Parâmetro B

0.25 R2 = 0.9992

0.20

0.15

0.10
y = 0.4138x-1.8485
0.05 R2 = 0.7949

0.00
1.00 1.20 1.40 1.60 1.80 2.00 2.20 2.40 2.60
Razão de Tensões

Confinante 0.5 Confinante 0.7 Confinante 1.2

Gráfico 5.50. Variação do Parâmetro B com a Razão entre as Tensões Principais.

Na forma de equações, tem-se:

 3 = 0,5: A = 0,002.(1/3)4,77 R2 = 0,89 B = 0,3705.(1/3)-0,80


R2 = 0,99 (5.9)

 3 = 0,7: A = 0,00005.(1/3)8,05 R2 = 0,81 B = 0,9165.(1/3)-2,42


R2 = 0,74 (5.10)

 3 = 1,2: A = 0,0014.(1/3)4,98 R2 = 0,83 B = 0,4138.(1/3)-1,85


R2 = 0,80 (5.11)

5.1.4 Enquadramento no Modelo de UZAN (1982)


Nos ensaios triaxiais de cargas repetidas conduzidos com a argila amarela verificou-se
uma acentuada variação da deformação elástica com o número de repetições de cargas,

2
conforme mostrado anteriormente, assim, para um correto enquadramento no modelo
de Uzan fez-se necessário considerar o valor medido de deformação resiliente ao longo
do ensaio. Os parâmetros obtidos para os diversos estados de tensões são listados na
tabela 5.8

Tabela 5.8. Parâmetros do Modelo de Uzan para a Argila Amarela.


Ensaio d 3   R2 (Uzan)
2 2
(kgf/cm ) (kgf/cm )
1 0,7 0,7 0,43 0,84 0,74
2 0,7 0,7 0,056 0,63 0,80
3 0,35 0,7 0,064 0,61 0,73
4 1,05 0,7 0,006 0,43 0,77
6 1,2 1,2 0,115 0,82 0,89
7 0,75 0,5 0,071 0,68 0,78
10 1,8 1,2 0,056 0,71 0,79
11 0,5 0,5 0,0004 0,26 0,48
12 1,05 0,7 0,004 0,54 0,77
13 1,2 1,2 0,22 0,82 0,80

0.0025000

0.0020000
y = 0.4291x-0.837
R2 = 0.7374
0.0015000
Ep(N)/Er

0.0010000

0.0005000

0.0000000
0 10000 20000 30000 40000 50000 60000
Número de Ciclos

Gráfico 5.51. Modelo de Uzan para o Ensaio 1.

3
0.00080000

0.00070000

0.00060000

0.00050000
y = 0.0556x-0.6299
Ep(N)/Er

0.00040000 R2 = 0.8043

0.00030000

0.00020000

0.00010000

0.00000000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 5.52. Modelo de Uzan para o Ensaio 2.

0.00080000

0.00070000

0.00060000 y = 0.0638x-0.6057
R2 = 0.7353
0.00050000
Ep(N)/Er

0.00040000

0.00030000

0.00020000

0.00010000

0.00000000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

Gráfico 5.53. Modelo de Uzan para o Ensaio 3.

4
0.00050000

0.00045000

0.00040000

0.00035000

0.00030000 y = 0.0061x-0.4339
Ep(N)/Er

0.00025000 R2 = 0.7652

0.00020000

0.00015000

0.00010000

0.00005000

0.00000000
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000
Número de Ciclos

Gráfico 5.54. Modelo de Uzan para o Ensaio 4.

0.000600000

0.000500000
y = 0.1154x-0.8156
0.000400000 R2 = 0.8939
Ep(N)/Er

0.000300000

0.000200000

0.000100000

0.000000000
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Número de Ciclos

Gráfico 5.55. Modelo de Uzan para o Ensaio 6.

5
0.00160000

0.00140000

0.00120000
y = 0.0771x-0.6769
0.00100000 R2 = 0.7821
Ep(N)/Er

0.00080000

0.00060000

0.00040000

0.00020000

0.00000000
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Gráfico 5.56. Modelo de Uzan para o Ensaio 7.

0.00090000

0.00080000

0.00070000

0.00060000
Ep(N)/Er

0.00050000 y = 0.0557x-0.71
R2 = 0.7909
0.00040000

0.00030000

0.00020000

0.00010000

0.00000000
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000
Número de Ciclos

Gráfico 5.57. Modelo de Uzan para o Ensaio 10.

5.1.5 Validade do Modelo de TSENG e LYTTON (1989)


As equações deste modelo já foram mostradas no capítulo 2.2. Uma importante
consideração sobre este modelo é o fato de associar a deformação permanente ao
módulo resiliente do material, MR.Como este fator é, geralmente, função do estado de
tensão, faz-se necessária a fixação de um valor de MR do material para o cálculo da
deformação permanente, e esta fixação muito embora seja quase sempre o valor médio,
poderá conduzir a valores incompatível com o comportamento do solo.

6
No presente trabalho utilizaram-se as equações do modelo de TSENG e LYTTON
mediante três hipóteses: as duas primeiras para valores extremos de módulo, 50 e 350
MPa, e a terceira introduzindo-se o módulo resiliente calculado em cada ponto de
leitura. As curvas assim obtidas serão denominadas, respectivamente, de MR = 50
MPa, MR = 350 MPa e MR calculado. As curvas assim obtidas serão comparadas com
a deformação permanente medida durante o ensaio, denominada curva calculada,
objetivando analisar a acurácia do modelo.

Os gráficos 5.58 a 5.59 ilustram as curvas obtidas com as amostras de argila amarela
para cada um dos ensaios selecionados para verificação da acurácia do modelo.

No corpo-de-prova correspondente ao ensaio 2 observa-se que a curva MR calculado,


isto é, quando se considera a resposta elástica real da amostra, conduz a deformações
permanentes muito elevadas, superiores a 5 mm em uma amostra de 20 cm, fato que
certamente dificultaria a viabilização deste material em pavimentação.

As curvas correspondentes aos valores extremos de MR diferem significativamente


entre si, com quase 1,0 mm de diferença a partir das repetições finais, fato
especialmente preocupante pois, além de ser imprecisa a hipótese de MR constante com
o estado de tensão, os valores médios de MR obtidos para a argila amarela foram, em
quase todos os casos, superiores a 350 MPa.

A curva mais próxima do valor medido foi a curva MR = 50 MPa, sendo um resultado
de certa forma esperado, pois, muito provavelmente, a base de dados utilizadas para a
obtenção do modelo foi obtida com solos de baixa resistência à deformação
permanente, muito comuns em países de clima temperado, porém distintos dos solos
usualmente utilizados no Brasil.

Porém, tal como ilustrado no capítulo 4.1, a argila amarela utilizada neste trabalho
apresentou valores de MR muito superiores a 50 MPa.

7
Esta mesma tendência foi observada nos ensaios 3, 7, 12 e 13, realizados com distintas
tensões e umidade em torno da umidade ótima, exceto a amostra 13 com umidade
ligeiramente superior.

Os corpos-de-prova 4 e 10, cujos números de aplicação de cargas repetidas foram


inferior a 200.000 e moldadas com umidades fora da faixa de umidade ótima, a amostra
4 acima e a amostra 10 abaixo, apresentaram comportamento distinto do anterior, pois a
curva de MR = 350 MPa foi a que mais se aproximou da curva correspondente ao valor
realmente medido no ensaio.

No corpo-de-prova 6 a curva correspondente ao valor medido parece estar no meio


termo entre as curvas de MR = 50 MPa e MR = 350 MPa.

Portanto, a utilização indiscriminada deste modelo pode conduzir a valores de


deformação permanente incompatíveis com aquele que será observado no campo, com
tendência ao superdimensionamento, já que estima deformações permanentes muito
maiores que as medidas.

DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

6.00

y = 0,0521x 0,1125
Deformação Permanente da Camada

5.00
R 2 = 0,9991

4.00

3.00 y = 0.0744x 0.0692


(mm)

R 2 = 0.9948
2.00 y = 0.4389x 0.0692
R 2 = 0.9948

1.00

0.00
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

8
Gráfico 5.58. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo
de Tseng e Lytton para o Ensaio 2.

DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

6.00

y = 0,0521x 0,1125
Deformação Permanente da Camada

5.00
R 2 = 0,9991
4.00

3.00 y = 0.076x 0.0757


(mm)

R 2 = 0.9961
y = 0.4486x 0.0757
2.00
R 2 = 0.9961

1.00

0.00
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.59. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo


Modelo de Tseng e Lytton para o Ensaio 3

DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

1.60

1.40
Deformação Permanente da Camada

1.20
y = 0,0521x 0,1125
1.00 R 2 = 0,9991
y = 0.3558x 0.0541
R 2 = 0.9987 y = 0.0603x 0.0541
0.80
(mm)

R 2 = 0.9987
0.60

0.40

0.20

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.60. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 4

9
DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

y = 0,0521x 0,1125
1.20
R 2 = 0,9991

1.00
Deformação Permanente da Camada

0.80

0.60 y = 0.2704x 0.026 y = 0.0458x 0.026


(mm)

R 2 = 0.9987 R 2 = 0.9987
0.40

0.20

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.61. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 6

DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

2.50 y = 0,0521x 0,1125


R 2 = 0,9991
Deformação Permanente da Camada

2.00

1.50

y = 0.0282x 0.1167
y = 0.1662x 0.1167
(mm)

R 2 = 0.9886
1.00 R 2 = 0.9886

0.50

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.62. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 7.

10
DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

0.90

0.80
Deformação Permanente da Camada

0.70 y = 0,0521x 0,1125


R 2 = 0,9991
0.60

0.50
y = 0.0288x 0.0227
(mm)

0.40 0.0227
y = 0.1701x R 2 = 0.999
0.30 R 2 = 0.999

0.20

0.10

0.00
0 20000 40000 60000 80000 100000 120000 140000 160000 180000 200000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.63. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 10.

DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

1.60
y = 0,0521x 0,1125
Deformação Permanente da Camada

1.40 R 2 = 0,9991

1.20

1.00
y = 0.1006x 0.0609
0.80 y = 0.5934x0.0609 R 2 = 0.9953
(mm)

R 2 = 0.9953
0.60

0.40

0.20

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Núm ero de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.64. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 12.

11
DEFORMAÇÃO PERMANENTE ESTIMADA PELO MODELO DE TSENG E LYTTON

5.00

4.50
y = 0,0521x 0,1125
Deformação Permanente da Camada

4.00 R 2 = 0,9991
3.50

3.00

2.50 y = 1.1005x 0.0264 y = 0.1865x 0.0264


(mm)

2.00 R 2 = 0.9983 R 2 = 0.9983

1.50

1.00

0.50

0.00
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

MR CALCULADO MR= 50 MPa MR= 350 MPa VALOR MEDIDO

Gráfico 5.65. Deformação Permanente de uma Camada de 20 cm Estimada pelo Modelo


de Tseng e Lytton para o Ensaio 13.

12
5.2 Laterita Brasília

5.2.1 A Deformação Permanente Específica

No processo de preparo de todas as amostras os procedimentos para umedecimento e


armazenamento foram seguidos rigorosamente, mas mesmo assim ocorreu significativa
variação da umidade do corpo-de-prova.

Este fato, aliado ao reduzido número de ensaios, determinou que a análise da


deformação permanente na Laterita Brasília não pudesse ser conduzida da mesma
forma que na Argila Amarela, ou seja, com pesquisa isolada do efeito das tensões
desvio, confinante, razão de tensões e umidade.
Os gráficos de variação da deformação permanente específica com o número de
aplicações de cargas estão numerados de 5.66 a 5.75.

13
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" 0.060

0.200 0.050

0.180
0.040
0.160
0.140 0.030
0.120
0.100 0.020

0.080
0.010
0.060

0.040 0.000
0.020 0 100000 200000 300000 400000 500000 600000

0.000
0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000
Gráfico 5.69. Ensaio 4

Gráfico 5.66. Ensaio 1


VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"
0.060

0.080
0.050
0.070
0.040
0.060

0.050 0.030

0.040
0.020
0.030
0.010
0.020

0.010 0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000
0.000
0 50000 100000 150000 200000 250000
Gráfico 5.70. Ensaio 5
Gráfico 5.67. Ensaio 2
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" 0.100
0.090

0.140 0.080
0.070
0.120
0.060
0.100 0.050

0.040
0.080
0.030
0.060 0.020
0.010
0.040
0.000
0.020 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000

0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 Gráfico 5.71. Ensaio 6

Gráfico 5.68. Ensaio 3

14
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N" PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.200
0.180 0.120

0.160
0.100
0.140
0.120 0.080

0.100
0.060
0.080
0.060 0.040

0.040
0.020
0.020
0.000 0.000
0 50000 100000 150000 200000 250000 0 100000 200000 300000 400000 500000

Gráfico 5.72. Ensaio 7 Gráfico 5.74. Ensaio 9

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"
PERMANENTE ESPECÍFICA (%) COM "N"

0.030
0.250

0.025
0.200
0.020

0.150
0.015

0.010 0.100

0.005 0.050

0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000 0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000

Gráfico 5.73. Ensaio 8


Gráfico 5.75. Ensaio 10

De forma geral todas as curvas, gráfico 5.76, apresentaram forma semelhante, exceto
ensaio 2, com nítida tendência ao acomodamento da deformação permanente, tanto
pelo critério prático de acomodamento quanto pela ocorrência do shakedown, ambos já
comentados.

Ainda, ocorreu significativa diferença entre os valores de deformação permanente


específica, que pode ser analisada ou pelo estado de tensões ou pela diferença de
umidade entre os corpos-de-prova.

15
No ensaio 10, realizado com d = 2,0 kgf/cm2 e 3 = 1,0 kgf/cm2, foi observado a
maior deformação permanente específica total, p,esp = 0,175%, sendo que neste ensaio
foi aplicada a maior tensão desvio utilizada no estudo, juntamente com o ensaio 9.

Já no ensaio 9, realizado com d = 2,0 kgf/cm2 e 3 = 1,5 kgf/cm2, a deformação


permanente específica total caiu pela metade. Este fato confirma a importância da
tensão confinante na deformação permanente da Laterita Brasília e pode ser explicado,

segundo sugere CARDOSO (1987), pela razão


d
 3 que diminui de 2,0 no ensaio 10
para 1,33 no ensaio 9.

Nos ensaios 6 e 7, d = 1,5 kgf/cm2 , 3 = 1,0 kgf/cm2 e d = 1,5 kgf/cm2 e 3 = 1,5


kgf/cm2 respectivamente, tem-se uma situação semelhante à observada entre os ensaios
9 e 10, mesma tensão desvio e distinta tensão confinante, entretanto o ensaio 7, com

menor razão
d
 3 apresentou deformação permanente específica total ligeiramente
superior ao ensaio 6. Neste caso a explicação pode estar associada a uma significativa
variação da umidade do corpo-de-prova, pois esta umidade variou cerca de 2% entre os
dois corpos-de-prova, de 15,79% no ensaio 6 para 13,74 no ensaio 7. Portanto, o cp
mais úmido tende a apresentar maior deformação plástica.

O ensaio 3 foi o que apresentou umidade mais próxima à umidade ótima calculada no
ensaio de compactação, tendo sido observada uma deformação específica total de
0,098%, que equivale a dizer que a deformação plástica total do corpo-de-prova foi de
0,192 mm, portanto muito baixa.
O ensaio 3, realizado com d = 1,05 kgf/cm2 , 3 = 1,05 kgf/cm2, foi o único cuja curva
de variação da deformação permanente específica com N mostrou-se sempre crescente.
Neste ensaio, conduzido até 201.700 ciclos de carga, não se pode afirmar que esta
deformação tenderia ou não ao acomodamento, visto o relativamente baixo número de
aplicações de cargas, mas todos os outros ensaios apresentaram esta tendência de
acomodamento.

16
0.250
Deformação Permanente Específica (%)

0.200

0.150

0.100

0.050

0.000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000

Ensaio 10 Ensaio 9 Ensaio 8 Ensaio 7 Ensaio 6


Ensaio 4 Ensaio 3 Ensaio 2 Ensaio 1

Gráfico 5.7. Variação da Deformação Específica com N para a Laterita Brasília.

5.2.2 Modelo de Monismith et al

O modelo de Monismith et al , conforme já comentado anteriormente, é o


mais comumente empregado em estudos de deformação permanente no Brasil.
Sua formulação é a seguinte:
 p =ANB
Onde:
εp - deformação específica plástica
A e B - parâmetros experimentais
N - número de repetições de carga

Como o modelo permite a obtenção dos parâmetros para cada solo


ensaiado, a princípio não teríamos empecilhos para a utilização deste modelo,
porém, o objeto do presente estudo é conceitual, e pode ser resumido no seguinte:
até que ponto pode-se aproximar a curva de deformação permanente total versus
N, na escala logarítma, por uma reta sem ocorrer superdimensionamento na
predição da deformação permanente total.

17
Os estudos conduzidos com a Argila Amarela não apontaram significativas diferenças,
mas a resposta da Argila Amarela quando submetida a cargas repetidas foi
significativamente distinta do que a apresentada pela Laterita Brasília, que, inclusive,
apresentou shakedown bem definido para três ensaios.

A figura 5.1 ilustra a questão levantada anteriormente para o modelo de Monismith. As


retas passando pelos pontos A e B, portanto com menor números de ciclos, quando
extrapoladas até o N de projeto determinam deformação permanente total maior do que
a reta passando pelo ponto C. Ainda, mesmo que se tenha elevado número de ciclos
para enquadramento no modelo de Monismith esta não será uma condição suficiente
para evitar-se o superdimensionamento no caso de acomodamento plástico, o chamado
shakedown. Logicamente, estas considerações são apenas teóricas necessitando de
mais cálculos para comprovação.

Figura 5.1. Figura Ilustrativa do Modelo de Monismith et al (1975).

Os parâmetros do modelo de Monismith encontram-se listados na tabela


5.9. De imediato observa-se que os coeficientes de correlação obtidos para a
Laterita Brasília são inferiores aos obtidos pela Argila Amarela.

18
O parâmetro B variou no intervalo de 0,09 a 0,27, contrariando a
hipótese que afirma que este valor é uma característica do material e não depende
das condições do ensaio, CARDOSO (1987).

O parâmetro A variou bastante com o estado de tensão e umidade do


corpo-de-prova, conforme era de se esperar.

Tabela 5.9. Parâmetros do Modelo de Monismith Obtidos para a Laterita Brasília.


Ensaio d 3 A B R2 (Monismith)
(Kgf/cm2) (Kgf/cm2)
1 1,125 0,75 0,0922 0,0909 0,79
2 1,05 1,05 0,0096 0,1944 0,96
3 0,75 0,75 0,0574 0,107 0,74
4 0,7 0,70 0,0268 0,1106 0,72
5 0,75 1,5 0,031 0,1198 0,55
6 1,5 1,5 0,0918 0,0546 0,66
7 1,5 1,5 0,1002 0,078 0,73
8 1,0 2,0 0,0015 0,2659 0,85
9 2,0 1,5 0,0563 0,0987 0,73
10 2,0 1,0 0,0681 0,1342 0,76

Nos gráficos de 5.77 a 5.86 são mostrados os enquadramentos no


modelo de Monismith. No ensaio 5 foi verificado o pior enquadramento, porém
neste ensaio o comportamento da deformação permanente foi peculiar, conforme
dito anteriormente.

Nos demais ensaios o enquadramento pode ser considerado como bom, apesar de
inferior ao observado para a Argila Amarela.

19
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000 0.1106


y = 0.0268x
y = 0.0922x0.0909 2
R = 0.7158
R2 = 0.792
0.100000

0.010000

0.100000 0.001000
10000 100000 1000000 1 10 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.77. Ensaio 1 Gráfico 5.80. Ensaio 4

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 1.000000
0.1198
0.1944
y = 0.031x
y = 0.0096x 2
R = 0.5466
R2 = 0.9599

0.100000 0.100000

0.010000 0.010000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 1 10 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.78. Ensaio 2 Gráfico 5.81. Ensaio 5

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO


PERMANENTE ACUMULADA COM "N". PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith) (Modelo Monismith)

1.000000 y = 0.0574x0.107 1.000000


R2 = 0.741
0.0546
y = 0.0918x
2
R = 0.6564
0.100000

0.010000 0.100000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.79. Ensaio 3 Gráfico 5.82. Ensaio 6

20
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N". VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
(Modelo Monismith) PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)
1.000000

1.000000
y = 0.1002x0.078
2
R = 0.7344

0.100000
y = 0.0681x0.1342
R2 = 0.7584

0.100000
10000 100000 1000000
0.010000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000
Gráfico 5.83. Ensaio 7
Gráfico 5.86. Ensaio 10
VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)

1.000000 y = 0.0015x0.2659
R2 = 0.8488

0.100000

0.010000

0.001000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.84. Ensaio 8

VARIAÇÃO DA DEFORMAÇÃO
PERMANENTE ACUMULADA COM "N".
(Modelo Monismith)

1.000000

0.100000

y = 0.0563x0.0987
0.010000
R2 = 0.7304

0.001000
1 10 100 1000 10000 100000 1000000

Gráfico 5.85. Ensaio 9

21
Considerações Sobre os Parâmetros “A” e “B”
Com o objetivo de analisar o conceito ilustrado pela figura 5.1 foi desenvolvido um
pequeno estudo com os parâmetros de Monismith, de maneira análoga ao desenvolvido
para a Argila Amarela, porém para apenas um ensaio, o ensaio 1 que foi estendido até
1.000.000 de ciclos de aplicação de cargas.

A tabela 5.10 apresenta os valores dos parâmetros obtidos para diversos


números de aplicação de carga, com respectivo coeficiente de correlação.

Tabela 5.10. Diversos Parâmetros A e B para o Ensaio 1 da Laterita Brasília.

Número de Ciclos A B R2
32.600 0,0693 0,1433 0,8552
125.000 0,076 0,1252 0,82
500.000 0,0922 0,0909 0,79
1.000.000 0,0965 0,0942 0,78

Observa-se muito pequena diferença entre estes parâmetros, entretanto quando se


extrapola o modelo para outros números de aplicação de cargas tem-se significativa
variação do valor da deformação permanente total, tal como ilustrado no gráfico 5.87.

Por exemplo, para um N de projeto de 4.000.000 a predição da deformação permanente


pelo modelo de Monismith atingiu valores entre 132% e 220% superiores à deformação
medida no ensaio, sendo a maior previsão, 0,612 mm, obtida com os parâmetros
associados ao menor número de repetição de cargas, correspondente a 32.600 ciclos.

1
Deformação Permanente Total (mm)
0.700

0.600

0.500

0.400

0.300

0.200

0.100

2E+05

3E+05

4E+05

5E+05

1E+06

2E+06

3E+06

4E+06
1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

10000

20000

30000

40000
Número de Ciclos

Até 32.600 Até 125.000 Até 500.000 Até 1.000.000

Gráfico 5.87. Influência da Variação dos Parâmetros A e B na Predição Deformação Permanente


Total. Ensaio 1 Laterita Brasília.

5.2.3 Enquadramento no Modelo de UZAN (1981)

Os ensaios 1, 2, 4 e 8 foram escolhidos para a determinação dos parâmetros do modelo


de Uzan, gráficos de 5.88 a 5.91, tendo sido observado muito bom enquadramento nos
ensaios 1 e 4, apenas bom no ensaio 8, e muito ruim no ensaio 2. A tabela 5.11 resume
os dados obtidos.

Tabela 5.11. Parâmetros do Modelo de Uzan para a Laterita Brasília.


Ensaio d 3   R2
2 2
(Kgf/cm ) (Kgf/cm )
1 1,125 0,75 0,1845 0,8536 0,9496
2 1,05 1,05 0,0008 0,1866 0,2454
4 0,7 0,7 0,1328 0,8802 0,9326
8 1,0 2,0 0,0302 0,721 0,6798

Para haver um bom enquadramento no modelo de Uzan é necessário que a razão entre a
deformação plástica e elástica seja sempre decrescente com o aumento do número de
ciclos de carga, entretanto nem sempre isto é verificado, como no caso do ensaio 2.

2
Este aspecto ficou restrito apenas ao ensaio 2 porque este foi o único no qual a taxa de
deformação permanente permaneceu crescente até o fim do ensaio.

Ocorreram ainda, algumas adaptações no modelo para o cálculo dos parâmetros, isto
porque Uzan admitiu que a deformação elástica tornar-se-ia constante durante o ensaio,
fato que não foi verificado em nenhum dos ensaios realizados. Assim, os dados de
deformação permanente foram discretizados em subconjuntos nos quais a deformação
elástica pudesse ser considerada constante. Como conseqüência, por vezes a razão

 (N )
tornou-se nula, impossibilitando o cálculo dos parâmetros. Como solução
r
foram ampliados os intervalos de discretização.

MODELO DE UZAN

0.00020000
0.00018000
0.00016000
0.00014000
0.00012000
Ep(N)/Er

y = 0.1845x-0.8536
0.00010000 R2 = 0.9496
0.00008000
0.00006000
0.00004000
0.00002000
0.00000000
0 200000 400000 600000 800000 1000000 1200000
Número de Ciclos

Gráfico 5.88. Modelo de Uzan para o Ensaio 1 da Laterita Brasília.

3
MODELO DE UZAN

0.00045000

0.00040000

0.00035000
y = 0.0008x-0.1866
0.00030000 R2 = 0.2454
Ep(N)/Er

0.00025000

0.00020000

0.00015000

0.00010000

0.00005000

0.00000000
0 50000 100000 150000 200000 250000
Número de Ciclos

Gráfico 5.89. Modelo de Uzan para o Ensaio 2 da Laterita Brasília.

MODELO DE UZAN

0.00020000
0.00018000
0.00016000
0.00014000
0.00012000
Ep(N)/Er

y = 0.1328x-0.8802
0.00010000 R2 = 0.9326
0.00008000
0.00006000
0.00004000
0.00002000
0.00000000
0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 400000
Número de Ciclos

Gráfico 5.90. Modelo de Uzan para o Ensaio 4 da Laterita Brasília.

4
MODELO DE UZAN

0.00020000

0.00018000

0.00016000

0.00014000

0.00012000
Ep(N)/Er

y = 0.0302x-0.721
0.00010000 R2 = 0.6798

0.00008000

0.00006000

0.00004000

0.00002000

0.00000000
0 100000 200000 300000 400000 500000 600000 700000
Número de Ciclos

Gráfico 5.91. Modelo de Uzan para o Ensaio 8 da Laterita Brasília.

5
Capítulo 6: Conclusões e Sugestões Para Novas Pesquisas

Algumas conclusões podem ser tiradas do presente trabalho, entre elas destacam-se:

1) O estudo da deformação permanente gerada pelo carregamento repetido de


tráfego torna-se importante para a obtenção de modelos de desempenho que
possam ser utilizados com adequado grau de confiabilidade nos
dimensionamentos mecanísticos dos pavimentos;

2) Constatou-se que, a partir de um certo número de ciclos, para variados teores


de umidade e condições de carregamento, tanto para corpos-de-prova de Argila
Amarela mas principalmente para a Laterita Brasília, foi possível distinguir uma
acomodação de alguns corpos-de-prova, ou o chamado shakedown, expressa
pela queda acentuada da taxa de deformação permanente específica;

3) Ocorreu significativa diminuição da deformação elástica ao longo do ensaio de


deformação permanente para a quase totalidade dos corpos-de-prova ensaiados;

4) Verificou-se um aumento do módulo resiliente convencional dos materiais


estudados após terem sido submetidos à ação de cargas repetidas;

5) Verificou-se que a deformação permanente específica é altamente influenciada


pelo estado de tensão e umidade do corpo-de-prova tanto de Argila Amarela
quanto de Laterita Brasília;

6) Obteve-se boa correlação entre a tensão desvio, ou tensão principal maior, e a


deformação permanente total para determinados números de aplicação de cargas
sendo esta uma boa maneira de se prever a deformação permanente de uma
material submetido a baixas tensões;

7) Mostrou-se que o modelo de previsão de deformação permanente proposto por


Tseng e Lytton (1989) não é adequado para utilização em um solo típico do
Brasil, no caso a Argila Amarela;

6
8) Mostrou-se que o modelo de Monismith (1975) apresentou bom resultado na
previsão de deformação permanente, porém sua acurácia diminui à medida que
o material tende a apresentar acomodamento das deformações plásticas, o
chamado shakedown;

9) São apresentados diversos parâmetros de deformação permanente para os


modelos de Monismith et al (1975) e Uzan (1982) que poderão ser utilizados
em outros estudos.

7
Sugestões Para Pesquisas Futuras

1) A seqüência natural de continuação do presente trabalho é a realização de


ensaios similares de deformação permanente para outros tipos de solos. Neste
sentido sugiro que estes solos sejam escolhidos baseados ma classificação
MCT, com uma amostra para cada tipo de classificação. E que sejam ensaiadas
lateritas de diversos tipos, tendo em vista que estas apresentam grande dispersão
de comportamento. Estudos com britas devem ser realizados também e, de
preferência, utilizando-se as faixas granulométricas do DNER;

2) Em relação ao equipamento triaxial de cargas repetidas faz-se necessário uma


adaptação para realização de ensaios com maiores freqüências, como de 10 Hz,
tal como utilizado em pesquisas na Europa e EUA. Além disso, a instalação de
um LVDT radial permitiria considerações sobre o módulo resiliente horizontal e
o coeficiente de Poisson;

3) A correlação apresentada dos parâmetros do modelo de Monismith em função


do estado de tensão deve ser mais desenvolvida com a realização de novos
ensaios. De posse desta correlação é possível desenvolver um modelo de
deformação permanente em solos função do estado de tensão do material,
utilizando uma ferramenta numérica, por exemplo o programa FEPAVE, que
forneça o estado de tensão em cada elemento nos quais o pavimento tenha sido
discretizado. O somatório da contribuição de cada elemento forneceria a
deformação permanente total.

8
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