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Beatriz Duarte Querido Neto

CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE TALUDES NA


FORMAÇÃO “AREIAS E ARGILAS DE TAVEIRO” NOS
CONCELHOS DE CONDEIXA E COIMBRA

Dissertação no âmbito do Mestrado em Engenharia Geológica e de Minas


orientada pelo Professor Doutor Pedro Gomes Cabral Santarém Andrade e
pelo Professor Doutor António Pereira Neves Trota apresentada ao
Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra.

Setembro de 2023
Beatriz Duarte Querido Neto

CARACTERIZAÇÃO GEOTÉCNICA DE TALUDES NA


FORMAÇÃO “AREIAS E ARGILAS DE TAVEIRO” NOS
CONCELHOS DE CONDEIXA E COIMBRA

Dissertação no âmbito do Mestrado em Engenharia Geológica e de Minas


orientada pelo Professor Doutor Pedro Gomes Cabral Santarém Andrade e
pelo Professor Doutor António Pereira Neves Trota apresentada ao
Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da
Universidade de Coimbra.

Setembro de 2023
Resumo

A problemática da estabilidade de taludes é uma questão transversal na área da geotecnia, em


grande parte pelos riscos que comporta no caso de rotura, mas também devido à complexidade
dos processos envolvidos e variedade de ambientes de ocorrência, sendo notável, no decorrer
dos anos, o interesse em desenvolver e sintetizar esta temática no âmbito da investigação
científica e da sociedade.

Esta dissertação tem como principal foco a caracterização geotécnica e avaliação de taludes
localizados nos concelhos de Coimbra e Condeixa, coincidindo com o estudo e enquadramento
geral dos movimentos de instabilidade para a área em estudo, tendo em atenção a formação
“Areias e Argilas de Taveiro”. Esta formação apresenta variados problemas no que diz respeito
à estabilidade dos terrenos, nomeadamente frequentes movimentos de instabilidade em
taludes, quer em taludes naturais como em taludes reperfilados (de escavação), erosão
superficial significativa dos solos e assentamentos visíveis principalmente nas vias de
comunicação rodoviárias, tendo como consequências a deformação, o aparecimento de fissuras
e, no limite, as roturas.

Para além desse enquadramento, e, por forma a obter dados com maior rigor e detalhe, foi
realizada a avaliação de dois casos de estudo, um selecionado dos taludes considerados no
enquadramento geral, e um caso mais detalhado, onde foi realizada uma prospeção geológico-
geotécnica mais minuciosa. Para cada talude foi realizada a caracterização, o respetivo
zonamento geotécnico e a avaliação genérica da estabilidade. Para a caracterização geológico-
geotécnica dos taludes executaram-se ensaios in situ (Standard Penetration Test (SPT)) e ensaios
laboratoriais (Peso Específico Aparente, Análise Granulométrica, Limites de
Consistência/Atterberg, Ensaio de Corte Direto, determinação da Expansibilidade e identificação
de minerais através da Difração de Raios X).

São objetivos deste trabalho a definição dos problemas de instabilidade para a área em estudo
e identificação dos fatores condicionantes e/ou desencadeadores da ocorrência dos
movimentos de instabilidade para a formação geológica em estudo.

Palavras-Chave: Caracterização Geotécnica, Areias e Argilas de Taveiro, Condeixa, Coimbra.

I
Abstract

The stability of slopes is a transversal issue in the field of geotechnics, due to risk in case of
failure, but also due to the complexity of the processes involved and the variety of environments
in which they occur. Over the years, there has been notable interest in developing and
synthesizing this issue within the scope of scientific research and society.

The main focus of this dissertation is the geotechnical characterization and assessment of slopes
located in the counties of Coimbra and Condeixa, coinciding with the study and general
framework of instability movements for the area under study, considering the “Areias e Argilas
de Taveiro” geological formation. This formation poses several problems about the stability of
the surface terrains, namely frequent instability movements on slopes, both natural slopes and
reprofiled (excavation) slopes, significant surface soil erosion and visible settlements, especially
on the roads, resulting in deformation, the appearance of cracks, and, in the limit, ruptures.

In addition to this framework, and to obtain more strict and detailed data, two case studies were
evaluated, one selected from the slopes considered in the general framework, and a more
detailed case, where a more detailed geological-geotechnical survey was carried out. For each
slope, a geotechnical characterization and zoning, and a generic stability assessment were
carried out. For the geological-geotechnical characterization of the slopes, in situ tests (Standard
Penetration Test (SPT)) and laboratory tests (Bulk Density, Particle Size Analysis, Consistency
Limits Determination/Atterberg, Direct Shear Test, Soil Dispersibility Determination and
identification of minerals through X-Ray Diffraction) were carried out.

The aims of this work are to define the instability problems for the area under study and to
identify the factors that condition and/or trigger the occurrence of instability movements for
the geological formation in study.

Keywords: Geotechnical Characterization, Sands and Claystones of Taveiro, Condeixa, Coimbra.

II
Agradecimentos

A realização desta dissertação marca o culminar de um ciclo muito importante na minha vida,
que contou com a ajuda de diversas pessoas e a quem hoje devo os meus mais sinceros
agradecimentos.

Assim, desde já, expresso um agradecimento especial aos meus orientadores científicos, com os
quais tive a honra de desenvolver este projeto, os Professores Doutores Pedro Santarém
Andrade e António Trota. Agradeço todo o apoio, disponibilidade, motivação, compreensão e
conselhos. Por todo o conhecimento transmitido, oportunidade de aprendizagem e
crescimento.

A toda a equipa da empresa AÇORGEO – Sociedade de Estudos Geotécnicos Lda., na qual me foi
dada a oportunidade de realizar o estágio. Pela forma acolhedora e simpatia com que me
receberam, em especial à Engenheira Sofia Batista por todo o apoio dado e interesse
demonstrado, às Geólogas Daniela Silva e Catarina Mendes e ao Geólogo Carlos Marques, pelo
cuidado e tempo prestado para explicar e ensinar.

A todos os docentes presentes ao longo do meu percurso académico, que tanto me ensinaram
e ajudaram a evoluir, profissional e pessoalmente, assim como aos meus colegas de curso, com
os quais partilhei momentos de alegria, apoio, mas também momentos de sacrifício.

Um agradecimento especial ao colega Caio Oliveira, pelo tempo despendido e ensino


relativamente aos procedimentos de preparação de lâminas para a Difração de Raios X. Também
ao Sr. Carlos Maia pela ajuda e empenho na realização dos procedimentos e na interpretação
dos resultados.

Por fim, um agradecimento muito especial à estrutura base da minha vida. Agradecer do fundo
do coração à minha família pelo apoio incondicional, encorajamento, incentivo e paciência nesta
fase tão importante. Aos meus pais, irmã e avó, os meus maiores suportes. Ao André Rocha por
todo o amor, paciência e cumplicidade. Obrigada por estarem sempre presentes e nunca me
deixarem cair.

A todos, o meu muito Obrigada!

III
Índice Geral

Resumo …………………………………………………………………………………………………..…………..…..….….. I
Abstract ……………………………………………………………………………………………………….…………..….... II
Agradecimentos …………………………………………………………………………………………………………….. III
Índice Geral ……………………………………………………………………………………………………..………….... IV
Índice de Figuras ………………………………………………………………………………………………..………….. VI
Índice de Tabelas ……………….……….…………………………………………………….…………….…..………. VII
Lista de Símbolos e Abreviaturas ………………………………………………………………….……………….. IX
1. Introdução …………………………………………………………………………………………..……….……..……. 1
1.1. Enquadramento do Tema ……………………………………………………………………………..….… 1
1.2. Objetivo Geral e Metodologia ……………………………………………………………………….....… 2
1.3. Estrutura da Dissertação ……..………………………………………………………………….…….....… 3
2. Enquadramento Teórico ………………………………………………………………….………..………………. 4
2.1. Conceitos Gerais …………………….……………………………………………………………………........ 4
2.2. Classificação dos Movimentos de Instabilidade …………….………………….………....…..… 5
2.3. Caracterização de Solos ………………….………..……………………….…...…..………….….…..….. 9
2.3.1. Ensaios de Classificação e Caracterização Física e Mecânica dos Solos ……......10
2.3.1.1. Ensaios In situ ……………………………….………..…………………………………………..10
2.3.1.1.1. Standard Penetration Test ……………………………….……………………..11
2.3.1.2. Ensaios Laboratoriais ………………………….………………………..….………………….13
2.3.1.2.1. Peso Específico Aparente ………………………………………………………..13
2.3.1.2.2. Análise Granulométrica …………………………………………………...…….15
2.3.1.2.3. Limites de Consistência/Atterberg ……………………..………..……..….16
2.3.1.2.4. Ensaio de Corte Direto …………………………………………..………………..19
2.3.1.2.5. Expansibilidade …………………………………………………………….…….....21
2.3.2. Determinação da Composição Mineralógica e Química ……………………….………23
2.3.2.1. Difração de Raios X ………………………………………………………………………………23
2.3.3. Classificação Unificada dos Solos ……….………………………………………………….……25
2.3.4. Classificação AASHTO (classificação para fins rodoviários) ……..……………………25
3. Enquadramento da Área em Estudo ………………………………………………………………….………27
3.1. Enquadramento Geográfico ………………………………….…..……………………………………….27
3.2. Enquadramento Geológico e Geomorfológico ………………………..…………….….….……29
3.3. Enquadramento Tectónico e Sísmico ………………………………………………………………….34

IV
3.4. Enquadramento Climatológico ……………………………….………………..…………….….………35
3.5. Enquadramento Hidrogeológico ……………………………….……………..…………………..……37
3.6. Enquadramento dos Movimentos de Instabilidade Observados ……………………….…39
4. Casos de Estudo ..……………………………………………………………………………….…………….……….47
4.1. Talude 20 – Caso Pontual …………………………………………………..…….…………………………47
4.1.1. Localização ………………………………………………..…………………………..……...……….….47
4.1.2. Antecedentes ……………………………………………………………………….………......….…..48
4.1.3. Caracterização do Talude 20 …………………….………………………………….……....……49
4.1.3.1. Caracterização Geológica e Geotécnica …………………….……..…..........……49
4.1.3.1.1. Ensaios Laboratoriais ……………..……………………………………………….53
4.2. Talude CE – Caso Aprofundado .……………………………..……………………………………….….65
4.2.1. Localização ………………………………………………..…………..……………………...……….….65
4.2.2. Antecedentes …………………………………………………………….………….……….....….…..66
4.2.3. Caracterização do Talude CE …………………….……………………..……….…………..……68
4.2.3.1. Caracterização Geológica e Geotécnica ………………………………..........…….69
4.2.3.1.1. Ensaios In Situ ………………………………………………….……………………..69
4.2.3.1.2. Ensaios Laboratoriais ……………..…………………………………….…………72
5. Discussão de Resultados ……………………………………………………………………………………………86
6. Considerações Finais ….……………………………………………………………………………………….……88
6.1. Conclusões ……………………………………………….………………………………………….….…………88
6.2. Recomendações para trabalhos futuros ……………………………………………………..………89
Referências Bibliográficas …………………………………………………………………………………..….………90

ANEXO I – Classificação Unificada (ASTM)


ANEXO II – Classificação de Solos AASHTO (classificação para fins rodoviários)
ANEXO III – Tabelas de Caracterização dos Taludes de Estudo Geral & Ficha de
Caracterização do Talude 20

V
Índice de Figuras

Fig.1 – Fluxograma de metodologia da dissertação.


Fig.2 – Representação esquemática dos elementos constituintes de um talude.
Fig.3 – Secção longitudinal do amostrador de Terzaghi (SPT), dimensões em mm.
Fig.4 – Equipamento de perfuração utilizado para sondagens mecânicas e ensaios SPT.
Fig.5 – Localização de recolha de amostra e tubo de aço inoxidável para amostra indeformada.
Fig.6 – Provete de amostra indeformada, recolhido aos 6 m de profundidade em furo de sondagem.
Fig.7 – Fração retida de amostra em cada peneiro, desde peneiro n.°20 (0,841 mm) a n.°200 (0,074
mm).
Fig.8 – Relação do teor em água com comportamento do solo - Limites de Consistência/Atterberg.
Fig.9 – Equipamento e pormenor do ensaio com a Concha de Casagrande.
Fig.10 – Filamentos produzidos, com cerca de 3 mm de diâmetro, em ensaio de Limite de
Plasticidade.
Fig.11 – Tensões atuantes num plano genérico.
Fig.12 – Anel de recolha de amostra indeformada para ensaio de corte direto.
Fig.13 – Equipamento de ensaio de Corte Direto.
Fig.14 – Equipamento de ensaio de expansibilidade.
Fig.15 – Ensaio de expansibilidade.
Fig.16 – Fotografias de procedimento de preparação de lâminas sedimentadas para difração dos
raios X.
Fig.17 – Difratómetro de Raio X, AERIS 600W – Panalytical.
Fig.18 – Carta de Plasticidade de Casagrande.
Fig.19 – Ábacos para cálculo do valor de IG.
Fig.20 – Enquadramento Geográfico da Área em Estudo – Concelhos de Coimbra e Condeixa.
Fig.21 – Localização da área em estudo, na carta topográfica à escala 1:100.000, sistema de
referência: PT-TM06/ETRS89.
Fig.22 – Enquadramento geográfico e tectónico da Bacia Lusitaniana e outras bacias da Margem
Ocidental Ibérica (MOI), com localização da área em estudo.
Fig.23 – Extrato de Mapa de Enquadramento Geológico do concelho de Coimbra, zona SW.
Fig.24 – Extrato de Mapa de Enquadramento Geológico do concelho de Condeixa, zona NW.
Fig.25 – Zonamento sísmico em Portugal Continental – Eurocódigo 8.
Fig.26 – Média da temperatura mínima, média e máxima diária do ar na estação climatológica de
Coimbra-Bencanta, número 107, entre 1981-2010.
Fig.27 – Precipitação média/mês na estação climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre
1981-2010.
Fig.28 – Concelhos abrangidos pelo Sistema Aquífero Condeixa-Alfarelos.
Fig.29 – Corte geológico AB do Sistema Aquífero Condeixa-Alfarelos.
Fig.30 – Localização de Taludes estudados.
Fig.31 – Valores médios de comprimento total, de instabilidade, de altura e pendor dos taludes de
Estudo Geral.
Fig.32 – Moldura (1 m2) para medição de intensidade de sulcos.
Fig.33 – Sentidos do fluxo de água nos taludes.
Fig.34 – Esquemas de exemplificação de sentidos de fluxo de água superficial nos taludes.
Fig.35 – Medidas de Estabilização dos Taludes de Estudo Geral.
Fig.36 – Localização de Talude 20 (Caso pontual).
Fig.37 – Plano Rodoviário Nacional 1985, com localização de troço de IC2 da área próxima de Talude
20.
Fig.38 – Imagem Street View (setembro de 2009) de zona atualmente instabilizada do Talude 20.
Fig.39 – Vegetação presente no Talude 20, incluindo a superfície de rotura.
Fig.40 – Litologia observada no Talude 20.

VI
Fig.41 – Sequência entre camadas 19 e 26 do perfil litoestratigráfico - corte da Cerâmica do
Mondego, com delimitação da camada semelhante à litologia do Talude 20, Lda.
Fig.42 – Fendas de tração observadas.
Fig.43 – Localização das fendas de tração observadas no Talude 20.
Fig.44 – Fendas de retração observadas.
Fig.45 – Aspeto das litologias observadas no talude T20, incluindo a superfície de rotura.
Fig.46 – Processo de desagregação da amostra T20.
Fig.47 – Provetes de amostra T20 saturados para realização de ensaio de PEA.
Fig.48 – Gráfico semilogarítmico da curva granulométrica obtida para a Amostra T20.
Fig.49 – Gráfico de limite de liquidez de amostra T20.
Fig.50 – Provete após ensaio de Corte Direto Drenado de amostra T20.
Fig.51 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Drenado da amostra
T20.
Fig.52 – Critério de Mohr-Coulomb para ensaio de Corte Direto Drenado de amostra T20.
Fig.53 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Não Drenado (amostra
saturada) de amostra T20.
Fig.54 – Critério de Mohr-Coulomb para ensaio de Corte Direto Não Drenado (amostra saturada) de
amostra T20.
Fig.55 – Gráfico de representação da expansibilidade da amostra T20.
Fig.56 – Difratograma de lâmina normal, glicolada e aquecida (550°C) para amostra T20.
Fig.57 – Localização de Talude CE (Caso aprofundado).
Fig.58 – Perfil topográfico com delimitação das áreas instabilizadas no talude e localização das
sondagens mecânicas realizadas.
Fig.59 – Deslizamento rotacional (movimento de instabilidade em estudo); Rotura da vala de
drenagem no topo e suporte da vedação descoberta.
Fig.60 – Deslizamentos superficiais (n°1,2,3,5 e 6) e erosão superficial, sentido W-E do talude.
Fig.61 – Fotografias de caixas de amostragem de sondagem 2 (S2).
Fig.62 –Perfil de zonamento geológico e geotécnico de Talude CE.
Fig.63 – Processo de desagregação da amostra CE.
Fig.64 – Provetes de amostra CE saturados para realização de ensaio de PEA.
Fig.65 – Gráfico semilogarítmico da curva granulométrica obtida para a Amostra CE.
Fig.66 – Gráfico de limite de liquidez de amostra CE.
Fig.67 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50
mm) de amostra CE.
Fig.68 – Critério de Mohr-Coulomb para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50 mm) de
amostra CE.
Fig.69 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60
mm) de amostra CE.
Fig.70 – Critério de Mohr-Coulomb para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60 mm) de
amostra CE.
Fig.71 – Gráfico de representação da expansibilidade da amostra CE.
Fig.72 – Difratograma de lâmina normal, glicolada e aquecida (550°C) para amostra CE; A - Expansão
da Montmorilonite (lâmina normal (Å = 14,93388) para glicolada (Å = 16.78745)).
Fig.73 – Difratograma de lâmina aquecida (550°C) para amostra CE; B - Colapso do mineral de
Esmectite (Montmorilonite).

Índice de Tabelas

Tab.1 – Classificação dos movimentos de instabilidade de acordo com Varnes (1978).


Tab.2 – Classificação das velocidades dos movimentos de instabilidade de acordo com Cruden e
Varnes (1996).

VII
Tab.3 – Classificação das argilas quanto à sua consistência.
Tab.4 – Classificação Unificada (ASTM) – Tabela resumo.
Tab.5 – Quadro de classificação de solos AASHTO.
Tab.6 – Aceleração máxima de referência nas várias zonas sísmicas.
Tab.7 – Média da temperatura mínima (TN), média (TT) e máxima (TX) diária do ar na estação
climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre 1981-2010.
Tab.8 – Precipitação média/mês na estação climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre
1981-2010.
Tab.9 – Valores estatísticos relativos à presença de vegetação nos taludes e altura média dos
diferentes tipos de vegetação.
Tab.10 – Tipo de instabilidade e valores percentuais de movimentos observados na totalidade dos
taludes.
Tab.11 – Idade Provável dos Movimentos de Instabilidade para 21 taludes do Estudo Geral.
Tab.12 – Ano de origem, provável, dos taludes.
Tab.13 – Desflorestação observada nos Taludes de Estudo Geral.
Tab.14 – Valores médios para cálculo de Peso Específico Aparente final (Amostra Natural e Amostra
Saturada).
Tab.15 – Valores de massas iniciais, passada no peneiro 2 mm, total da amostra e da toma.
Tab.16 – Valores obtidos na peneiração húmida da amostra T20.
Tab.17 – Valores obtidos em ensaio de limite de liquidez da amostra T20.
Tab.18 – Valores obtidos em ensaio de limite de Plasticidade da amostra T20.
Tab.19 – Valores obtidos em ensaio de limite de consistência para amostra T20.
Tab.20 – Valores obtidos no ensaio de Corte Direto Drenado da amostra T20.
Tab.21 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado da amostra
T20.
Tab.22 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Não Drenado da amostra T20 saturada.
Tab.23 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos em ensaio de Corte Direto Não Drenado
(amostra saturada) da amostra T20.
Tab.24 – Valores obtidos em ensaio de Expansibilidade da amostra T20.
Tab.25 – Cálculo do valor de Expansibilidade final para os provetes da amostra T20.
Tab.26 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina
normal.
Tab.27 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina
glicolada.
Tab.28 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina
aquecida a 550°C.
Tab.29 – Resultados obtidos nos ensaios de SPT (NSPT) e respetivas profundidades
Tab.30 – Fatores corretivos para solos coesivos, de acordo com Skempton (1986).
Tab.31 – Correção dos valores de NSPT, de acordo com Skempton (1986).
Tab.32 – Correlações empíricas com os valores de N60.
Tab.33 – Correlação empírica entre os valores de N60 e ângulo de atrito interno, de acordo com
Bowles (1984).
Tab.34 – Correlações empíricas com os valores de N60 para S1, S2 e S3.
Tab.35 – Valores para cálculo de Peso Específico Aparente (Amostra Natural e Amostra Saturada).
Tab.36 – Valores de massas iniciais, passada no peneiro 2 mm, total da amostra e da toma.
Tab.37 – Valores obtidos na peneiração húmida da amostra CE.
Tab.38 – Valores obtidos em ensaio de limite de liquidez da amostra CE.
Tab.39 – Valores obtidos em ensaio de limite de Plasticidade da amostra CE.
Tab.40 – Valores obtidos em ensaio de limite de consistência para amostra CE.
Tab.41 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50 mm) da amostra CE.
Tab.42 – Valores de coesão efetiva e ângulo de atrito efetivo obtidos no ensaio de Corte Direto
Drenado (Øinterno = 50 mm) da amostra CE.
Tab.43 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60 mm) da amostra CE.

VIII
Tab.44 – Valores de coesão efetiva e ângulo de atrito efetivo obtidos no ensaio de Corte Direto
Drenado (Øinterno = 60 mm) da amostra CE.
Tab.45 – Valores obtidos nos ensaios de expansibilidade para amostra CE; Ensaio 1 – Provetes n.°1 e
n.°2; Ensaio 2 – Provetes n.°3 e n.°4.
Tab.46 – Cálculo do valor de Expansibilidade final para os provetes da amostra CE.
Tab.47 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina
normal.
Tab.48 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina
glicolada.
Tab.49 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina
aquecida a 550°C.

Lista de Símbolos e Abreviaturas

AAT – Areias e Argilas de Taveiro IPMA – Instituo Português do Mar e da


AASHTO – American Association of State Atmosfera
Highway and Transportation Officials IPQ – Instituto Português da Qualidade
APA – Agência Portuguesa do Ambiente LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia
ASTM – American Society for Testing and Civil
Materials LNEG – Laboratório Nacional de Energia e
BL – Bacia Lusitaniana Geologia
CBR – California Bearing Ratio MOI – Margem Ocidental Ibérica
CD – Ensaio de Corte Direto NUTS – Nomenclatura das Unidades
CPT – Cone Penetration Test Territoriais para Fins Estatísticos
DCT – Departamento de Ciências da Terra PEA – Peso Específico Aparente
DGT – Direção Geral do Território PVC – Polyvinyl Chloride
DP – Dynamic Probing Test RH4 – Região Hidrográfica 4
DS – Depósito Superficial/coluvionar SNIG – Sistema Nacional de Informação
EN – Euronorm Geográfica
Eq. – Equação SPT – Standard Penetration Test
ETAR – Estação de Tratamento de Águas SV – Solo Vegetal
Residuais S1, S2, S3 – Sondagem 1, 2 e 3
Fig. – Figura Tab. – Tabela
IC2 – Itinerário Complementar n°2 TN, TT, TX – Média da Temperatura Mínima,
IG – Índice de Grupo Média e Máxima Diária do ar
IGUC – Instituto Geofísico da Universidade de WP/WLI – Working Party on World Landslide
Coimbra Inventory
INE – Instituto Nacional de Estatística ZG1, ZG2 – Zona Geotécnica 1 e 2

IX
agR – Aceleração Máxima de Referência N60 – Correção do Índice de Resistência à
𝒄 – Coesão Penetração do Solo
𝒄′ – Coesão Efetiva do Solo r – Raio
CB – Fator de Correção do Comprimento das 𝑽 – Volume Total
Varas 𝑽𝒗 – Volume de Vazios
CE – Coeficiente de Energia 𝑽𝒔 – Volume da Fase Sólida
CR – Fator de Correção do Diâmetro do Furo 𝑾 – Peso Total
CS – Fator de Correção do Tipo de Amostrador W – Teor de Água
d – Distância Interplanar Ws – Amostra seca
ERr – Relação de Energia de um Equipamento 𝑾𝒔 – Volume da Fase Sólida
de Ensaio Específico Ww – Água
ES – Módulo de Deformabilidade 𝑾𝒘 – Volume da Fase Líquida
h – Altura ƴa – Peso Específico Aparente
∆𝒉 – Variação de Altura 𝛄 – Peso Específico Aparente
𝒉𝟎 – Altura Inicial; ℎ0 = 15 mm 2θ – Ângulo de Difração
IC – Índice de Consistência λ – Comprimento de Onda
IL – Índice de Liquidez σ – Tensão Normal Total
IP – Índice de Plasticidade σi – Tensão Admissível
LL – Limite de Liquidez 𝝈′𝒇 – Tensão Normal Máxima
LP – Limite de Plasticidade τ – Tensão de Corte
LS – Limite de Retração 𝝉𝒇 – Tensão Tangencial Máxima
𝒍𝟎 – Leitura Inicial do Defletómetro φ – Ângulo de Atrito Interno
𝒍𝟏 – Leitura Final do Defletómetro φ' – Ângulo de Atrito Efetivo do Solo
ma – Massa da Toma <2,00 φpico – Ângulo de Atrito Interno de Pico
mt – Massa Total da Amostra φ’residual – Ângulo de Atrito Interno Residual
ms – Massa do Provete
m1 – Cápsula
m2 – Amostra Húmida + Cápsula
m3 – Amostra Seca + Cápsula
m10 – Massa Retida no Peneiro de 2,00 mm
m'10 – Massa Passada no Peneiro de 2,00 mm
NSPT – Índice de Resistência à Penetração do
Solo
Nx – Percentagem Retida
N’x – Percentagem Retida Acumulada

X
1. Introdução
1.1. Enquadramento do Tema

A população humana encontra-se constantemente em evolução, quer relativamente ao


conhecimento e desenvolvimento, levando a um aumento da qualidade de vida da sociedade e
consequente melhoria significativa das condições de saúde, segurança e bem-estar, quer
relativamente ao crescimento demográfico, tendo como consequência uma crescente pressão
exercida sobre o planeta, no sentido da exploração de recursos para satisfação das necessidades
e manutenção da qualidade de vida estabelecida (Fonseca, 2014).

Associado ao crescimento demográfico encontra-se a expansão da população e inerente


necessidade de criação e ocupação de novos espaços, novas infraestruturas, nomeadamente
edifícios e vias de comunicação, invadindo assim áreas com estabilidade precária (Gomes &
Quinta-Ferreira, 2010), suscetíveis ao desenvolvimento de situações de instabilidade, podendo
ter efeitos devastadores, em termos de vidas humanas, bens materiais e impacte económico,
assim como produzir modificações na morfologia, hidrologia e nos solos existentes.

A problemática da estabilidade de taludes é uma questão transversal na área da geotecnia, em


grande parte pelos perigos que comporta no caso de rotura, mas também devido à
complexidade dos processos envolvidos e variedade de ambientes de ocorrência, sendo notável,
no decorrer dos anos, o interesse em desenvolver e sintetizar esta temática.

De acordo com Gomes & Quinta-Ferreira (2010), a instabilização dos taludes surge geralmente
na sequência da atuação de processos geológicos, nomeadamente mecanismos de alteração e
de erosão, sendo muitas vezes desencadeada por uma ocorrência, ou um conjunto de situações
invulgar, tais como precipitação extrema, atividade sísmica ou intervenção antrópica. Este
último ponto está habitualmente interligado a perturbações ou alterações dos padrões de
drenagem, instabilização de taludes (e.g., aterros e/ou escavações) e remoção da vegetação
(Highland & Bobrowsky, 2008).

Na avaliação da estabilidade de um talude, de acordo com Rodrigues (2014), é necessário o


conhecimento da sua estrutura geológica e do comportamento geomecânico dos materiais que
o constituem, bem como dos fatores que influenciam, condicionam e desencadeiam as
instabilidades e possíveis modelos ou mecanismos de rotura que se podem originar (Miranda,
2012).

São vários os fatores desencadeantes e condicionantes associados a movimentos de


instabilidade, um deles prende-se ao contexto geológico e comportamento geomecânico dos
terrenos. Neste seguimento, pretende-se desenvolver um estudo dedicado à análise da
estabilidade de taludes dos concelhos de Coimbra e Condeixa, tendo como foco a formação
geológica “Areias e Argilas de Taveiro” (AAT) (Soares et al., 2005), permitindo assim a avaliação
das causas destes movimentos, que ocorrem frequentemente, por vezes com forte impacto
económico e risco associado para pessoas e bens, podendo definir-se medidas corretivas que
possam ser aplicadas.

A presente dissertação teve por base um estágio curricular efetuado durante o período de oito
meses, na empresa AÇORGEO – Sociedade de Estudos Geotécnicos, Lda., tendo esta a sua sede
em Ponta Delgada, ilha de São Miguel, Açores, e filial em Condeixa-a-Nova, onde foi
concretizado o mesmo. A empresa AÇORGEO dedica-se à realização de estudos, projetos, obras
1
e consultoria em geologia, geotecnia e ambiente, desenvolvendo estas atividades em todo o
território português desde 2007. Para o efeito, conta com técnicos especializados em várias
áreas de conhecimento como a geotecnia, a geologia da engenharia, o ambiente e a engenharia
civil (AÇORGEO, 2021). O principal objetivo do estágio consistiu na aquisição de competências
para efetuar o zonamento geotécnico dos terrenos, tendo, por isso, sido acompanhado e
realizado trabalho de campo e laboratorial, nomeadamente o acompanhamento e a execução
de ensaios geotécnicos in situ e em laboratório, a caracterização de tarolos de amostras de
sondagem, a execução de diagrafias (logs) de sondagens e a definição do zonamento geotécnico.

1.2. Objetivo Geral e Metodologia

Esta dissertação tem como principal foco a caracterização geotécnica de taludes localizados nos
concelhos de Coimbra e Condeixa, coincidindo com o estudo e enquadramento geral dos
movimentos de instabilidade para a área em estudo, tendo em atenção a formação “Areias e
Argilas de Taveiro”, permitindo uma análise estatística. A concretização foi realizada através da
avaliação de dois casos de estudo, o primeiro relativo a um caso pontual, onde foi selecionado
um talude dos considerados no enquadramento geral, e o segundo relativo ao estudo
aprofundado de um talude onde foi realizada uma prospeção geológico-geotécnica mais
detalhada. Para cada caso de estudo foi realizada a caracterização e zonamento geotécnico de
talude, através de ensaios in situ e/ou laboratoriais, e análise de possíveis causas de
instabilização.

São objetivos deste trabalho a definição da densidade do problema de instabilidade para a área
em estudo e a identificação dos fatores condicionantes e/ou desencadeadores dos movimentos
de instabilidade para a formação geológica em estudo.

Numa primeira fase foi realizado trabalho de gabinete (Figura 1), nomeadamente a pesquisa
bibliográfica, a análise da cartografia geológica e a utilização da plataforma Google Earth Pro -
Street View, para reconhecimento prévio da área e da localização de possíveis instabilizações.

O trabalho de campo desenvolvido consistiu na caracterização morfométrica, geológica e


geotécnica dos taludes e, posteriormente, na recolha de amostras para a realização dos ensaios
laboratoriais.

Após a amostragem foi efetuado o trabalho de laboratório (Figura 1), na empresa AÇORGEO e
nos Laboratórios de Geofísica, Geotecnia e Tratamento de Minérios (Santander),
Sedimentologia e Químico, do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de
Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra. Foram realizados diversos ensaios
laboratoriais que incluíram o peso específico aparente, a análise granulométrica, os limites de
consistência/Atterberg, a expansibilidade, o ensaio de corte direto e a identificação dos minerais
através de difração de Raios X.

Uma segunda fase, em gabinete, e após a execução do estudo geral, já na posse dos dados
laboratoriais, foi realizado o tratamento dos dados obtidos em campo e análise, assim como a
interpretação dos resultados.

2
Trabalho de Gabinete - 1ª Fase Trabalho de Gabinete - 2ª Fase
(Análise de Cartografia Geológica, (Tratamento de dados, análise e
Reconhecimento da Área através do Street interpretação)
View, Localização de Possíveis Instabilizações)

Trabalho de Campo Trabalho de Laboratório


(Reconhecimento de Superfície da Área em (Peso Específico Aparente, Análise
Estudo, Caracterização Geológica e Granulométrica, Limites de
Geotécnica dos Taludes, Recolha de Amostras Consistência/Atterberg, Ensaio de Corte
dos Casos de Estudo) Direto, Expansibilidade, Difração de Raios X)

Fig.1 – Fluxograma de metodologia da dissertação.

1.3. Estrutura da dissertação

A presente dissertação encontra-se dividida em seis capítulos.

O primeiro capítulo, de âmbito introdutório, apresenta o enquadramento temático e os


objetivos, as metodologias adotadas, bem como a estrutura da dissertação.

O segundo capítulo, que consiste numa apresentação teórica dos conceitos base relacionados
com o tema, inclui os seguintes itens: os tipos de taludes, a classificação dos movimentos de
instabilidade, a caracterização dos maciços terrosos (englobando os ensaios de classificação e
de caracterização física e mecânica dos solos, mais concretamente ensaios in situ e
laboratoriais), a determinação da composição mineralógica e a classificação unificada dos solos
e classificação AASHTO (classificação para fins rodoviários).

O capítulo três, apresenta os enquadramentos geográfico, geológico, climatológico e


hidrogeológico da área em estudo, sendo ainda realizado um enquadramento dos movimentos
de instabilidade observados.

O capítulo quatro incide sobre a análise de dois casos de estudo, nomeadamente a localização,
antecedentes e caracterização do talude, bem como as caracterizações geológica e geotécnica.

O quinto capítulo apresenta e discute os resultados obtidos.

Finalmente, o capítulo seis, relativo às considerações finais, engloba as conclusões do presente


trabalho e as recomendações para eventuais trabalhos futuros.

3
2. Enquadramento Teórico

As obras de engenharia, como infraestruturas lineares (e.g., rodoviárias e ferroviárias),


edificações, e, em geral, qualquer uma que exija uma superfície plana numa zona de declive, ou
que atinja uma certa profundidade abaixo da superfície, requerem a escavação de terrenos,
originando taludes. Os taludes são construídos com uma inclinação que não ultrapasse a
resistência do terreno e mantenha as condições de estabilidade aceitáveis, nomeadamente a
longo prazo, exigindo, por vezes, medidas complementares de estabilização. Para além dos
taludes artificiais, originados pela intervenção antrópica, existem ainda os designados naturais,
esculpidos pela geodinâmica externa, essencialmente pela ação geológica e pelos fatores
ambientais (Vallejo, 2002).

Sobressai assim a importância da engenharia geológica, desempenhando um papel de


relevância tanto para atividades construtivas como extrativas, no que respeita a questões de
segurança de pessoas e bens. Para isso, é necessária a avaliação das características dos terrenos,
geológicas e geotécnicas, mas também dos fatores condicionantes ou desencadeantes de
instabilidade (Carvalho, 2017), tais como os parâmetros geométricos dos taludes, os fatores
climáticos e as cargas dinâmicas.

Como nota introdutória e enquadramento global da temática, o presente capítulo menciona os


fundamentos teóricos utilizados e necessários à compreensão do trabalho, nomeadamente os
conceitos base como talude e tipos de talude, a classificação dos movimentos de instabilidade
e, por fim, a caracterização de maciços terrosos.

2.1. Conceitos Gerais

De acordo com Caputo (1997), define-se genericamente o termo Talude como qualquer
superfície inclinada que limita um maciço de terra e/ou rocha, podendo distinguir-se dois tipos
de taludes, os naturais e os artificiais (Bowles, 1982; Caputo, 1997). Os taludes naturais advêm
de processos geológicos ou de ações ambientais, frequentemente são pouco homogéneos e
com possíveis variações geológicas e estruturais (e.g., falhas e outras descontinuidades). Por sua
vez os taludes artificiais provêm de necessidades humanas, estando relacionados, de modo
geral, com obras de engenharia (e.g., barragens de terra, aterros, escavações), podendo estes
classificar-se em Taludes de Escavação e Taludes de Aterro, associados à remoção ou adição de
material à estrutura.

Os elementos constituintes de um talude são descritos habitualmente de acordo com a


terminologia ilustrada na Figura 2, tendo como componentes principais a crista, a superfície e
pé do talude, sendo também utilizadas as designações topo, face e base do talude,
respetivamente.

4
Fig.2 – Representação esquemática dos elementos constituintes de um talude. Retirado de Caputo
et al. (2015).

Os taludes correspondem a locais de desnível topográfico terrestre, caracterizados por


possuírem maior ou menor declive e estarem muito expostos aos fenómenos erosivos (Matos,
2008). É assim frequente a ocorrência de deslocamentos descendentes de massas rochosas, de
detritos ou material do tipo terroso (Cruden, 1991).

Existe grande diversidade nas designações utilizadas para este tipo de movimento,
nomeadamente “Movimentos de Terra”, “Movimentos de Massa”, “Movimentos de Vertente”,
entre outros, tendo-se optado nesta dissertação, por forma a simplificar e não criar confusão,
pela utilização do termo “Movimento de Instabilidade”.

Movimentos de instabilidade são movimentos de velocidade variável, condicionados por fatores


diversos, que, entre outros, podem incluir os de ordem topográfica, litológica, climática, e
antrópica, que alteram a morfologia do local e se traduzem, em regra, por situações anómalas
no aspeto geomorfológico global (Matos, 2008). Esses movimentos tendem a conduzir a uma
situação de equilíbrio da vertente, devendo ter-se, no entanto, consciência que o estado de
equilíbrio de uma vertente é sempre temporário e condicionado por um jogo dinâmico de
múltiplos fatores.

2.2. Classificação dos Movimentos de Instabilidade

São diversas as classificações propostas ao longo dos anos para os movimentos de instabilidade,
tendo a maioria por base a conjugação de diferentes parâmetros, como os tipos de rotura, a
velocidade do deslizamento, o tipo de materiais (rochas ou solos), as causas dos movimentos, a
estrutura das vertentes, os aspetos morfológicos e a idade (Andrade, 2017), de modo a obter-
se uma descrição o mais completa possível dos movimentos.

Neste documento, a classificação dos movimentos de instabilidade segue a classificação


proposta por Dikau et al. (1996), estando esta de acordo com o projeto EPOCH (The Temporal
Occurence and Forecastin of Landslides in the European Community) que decorreu entre 1991 e
1993, elaborado a partir da classificação de Varnes (1978) e do trabalho do WP/WLI – Working
Party on World Landslide Inventory (1993), tendo por base os mecanismos dos movimentos nos
taludes e o tipo de material (Tabela 1).

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Tab.1 – Classificação dos movimentos de instabilidade de acordo com Varnes (1978). Adaptado de
USGS (2004).

Tipo de Material
Tipo de Movimento Solos
Substrato Rochoso Essencialmente Essencialmente
Grosseiros Finos
Desmoronamento (falls) De rochas De detritos De solos
Basculamento (toppling) De rochas De detritos De solos
Rotacional Rotacional de Rotacional em Rotacional de
(rotational) material rochoso detritos solos
Deslizamento Translacionais
Translacional em Translacionais
(slide) em bloco de
Translacional bloco rochoso de solos
detritos
(translational) Translacionais de Translacionais
Translacionais
rochas lamacentos
de detritos
Expansão lateral (lateral
De material rochoso De detritos De solos
spreads)
Fluxos (flows) De material rochoso De detritos De solos
Combinação de dois ou mais tipos de movimentos
Complexo (complex)
principais

Para os processos de instabilização foi ainda definida por Cruden e Varnes (1996) uma escala de
velocidades dos movimentos de instabilidade associada à probabilidade de destruição, variando
desde poucos centímetros de velocidade por ano até vários quilómetros por hora (Tabela 2).
Segundo Andrade (2017), a velocidade destes movimentos é condicionada por diversos fatores,
tendo como principais a inclinação do talude, o tipo de material, o teor em água, a espessura da
massa em movimento, a presença de material argiloso e, por fim, a dimensão dos elementos
presentes.

Tab.2 – Classificação das velocidades dos movimentos de instabilidade de acordo com Cruden e
Varnes (1996). Retirado de Andrade (2017).

Movimentação Velocidade Designação


Extremamente rápida > 5 m/seg
Desmoronamentos
Muito rápida > 3 m/min
Rápida > 1,8 m/hora
Escorregamentos
Moderada > 13 m/mês
Lenta > 1,6 m/ano
Muito lenta > 1,6 mm/ano Rastejamentos
Extremamente lenta < 1,6 mm/ano

6
Desmoronamento (falls):

O desmoronamento corresponde a um movimento repentino de queda de detritos, material


rochoso ou terroso, originando-se a partir do desprendimento do mesmo, em taludes íngremes
ou verticais, em que o trajeto do material pode apresentar um movimento em queda livre,
ressalto, rolamento ou deslizamento, depositando-se na parte inferior do talude ou a uma cota
mais baixa (Highland & Bobrowsky, 2008; André, 2014; Muquepe, 2016). Este movimento é
caracterizado por uma velocidade elevada, dependente da inclinação do talude, que, de acordo
com a classificação de Cruden e Varnes (1996), pode variar de muito rápido (3 metros/minuto a
5 metros/segundo) a extremamente rápido (mais de 5 metros/segundo).

De acordo com Highland e Bobrowsky (2008), este tipo de instabilidade está relacionada com
erosão regressiva do talude, com processos naturais ou condições climáticas diferenciais, como
ações de gelo-degelo, sendo o desmoronamento igualmente favorecido pela fraturação,
sismicidade e vibrações externas, ação das raízes e pela presença de água.

Basculamento (toppling):

Movimento definido como uma rotação frontal de uma massa de rocha, de detritos ou solo para
fora do talude, em torno de um ponto/eixo situado abaixo do centro de gravidade da massa
deslocada (Highland e Bobrowsky, 2008), estando relacionado com superfícies de
descontinuidades de orientação paralela à crista do talude, e cujos pendores são elevados e com
sentido para o interior do talude (Andrade, 2017).

As roturas, para material rochoso, podem ser do tipo flexural, em blocos, misto e basculamentos
secundários. Estes últimos estão usualmente relacionados com o enfraquecimento da parte
frontal do talude, devido a fenómenos de erosão, processos mineiros ou escavações.
Relativamente aos solos onde não existem superfícies de estratificação ou fraturas bem
definidas, este tipo de instabilidade está relacionado com fendas de dissecação ou de tração.

A velocidade do movimento é muito variável, desde extremamente lenta a extremamente


rápida (Cruden & Varnes, 1996). Ocorrem por influência da percolação de água, da escavação
ou erosão dos taludes, sendo ainda de destacar a atuação de condições climáticas adversas, tais
como precipitações elevadas e ventos intensos, assim como as ações sísmicas (Muquepe, 2016).

Deslizamento (slide):

Movimentos descendentes de massas rochosas, detritos ou solos ao longo de superfícies de


rotura ou de zonas relativamente estreitas com deformação tangencial intensa (WL/WLI, 1993).
Estes movimentos estão associados, geralmente, à ação da gravidade, ocorrendo quando é
ultrapassada a resistência ao corte do material e/ou das superfícies ou zonas de
descontinuidade, sendo os principais fatores condicionantes a litologia, o grau de alteração e a
fraturação. Os deslizamentos podem ser provocados pela presença da água, os eventos sísmicos
e a ação antrópica, podendo envolver processos de remoção de vegetação e escavação
(Andrade, 2017).

Deslizamento Rotacional: Os movimentos verificam-se ao longo de uma ou mais


superfícies de escorregamento com a concavidade voltada para cima, podendo abranger áreas
desde poucos metros quadrados até zonas complexas de vários hectares (Dikau et al., 1996).
7
Estes movimentos são muitas vezes originados por processos erosivos, ações sísmicas e
presença de água, nomeadamente precipitação elevada e/ou variação do nível freático,
iniciando-se, usualmente, a partir de fendas de tração na parte superior do talude.

Estes movimentos são mais frequentes em solos, em maciços rochosos muito alterados e/ou
muito fraturados. De acordo com Hutchinson (1988), este tipo de deslizamento ocorre em
taludes recobertos por formações argilosas espessas e relativamente homogéneas ou
constituídos por xistos argilosos, estes últimos quando se apresentam geralmente muito
fraturados e possuem características expansivas. A velocidade, para os movimentos que
ocorrem em material rochoso, varia desde poucos centímetros por ano até vários metros por
mês, e em material terroso pode alcançar até 3 metros/segundo (Cruden & Varnes, 1996).

Deslizamento Translacional (Planar e em cunha): Movimento descendente, ou para a


parte externa de um talude, ao longo de uma superfície planar ou da interseção de planos de
descontinuidade, como diaclases, falhas, superfícies de estratificação, xistosidade ou contacto
entre maciço rochoso e solo (André, 2014). As superfícies relacionadas com este tipo de
deslizamento apresentam um pendor, de maneira geral, inferior ou igual ao do talude
(Muquepe, 2016). São condicionados, para além das superfícies de descontinuidade referidas,
por processos erosivos, por escavações nos taludes e pela ação da água. Apresentam
velocidades mais elevadas e maiores distâncias relativamente aos deslizamentos rotacionais.
Nos maciços rochosos, os deslizamentos planares atingem geralmente velocidades de 10 a 50
m/hora (Cruden & Varnes, 1996).

Expansão lateral (lateral spreads):

Movimentos de um maciço rochoso ou terroso sobreposto a uma zona deformada ou a uma


formação constituída por material brando, com comportamento plástico, que possibilite a
subsidência (Matos, 2008; André, 2014). Neste tipo de instabilidade não se verifica a presença
de superfícies de rotura bem definidas (Cruden e Varnes, 1996).

A origem das expansões laterais está associada à geologia local, às condições topográficas, e a
outros fatores, tais como a percolação, a inclinação e a altura dos taludes, bem como a erosão
na parte inferior dos taludes, existindo situações em que está relacionado com ações sísmicas
que afetam as formações rochosas sobrejacentes aos materiais dúcteis (Andrade, 2017).

A velocidade deste movimento, em rocha, é extremamente lenta, da ordem dos 10-4 a 10-1
metros/ano (Cruden & Varnes, 1996), podendo atingir uma extensão de vários quilómetros, ao
contrário do que se verifica nos solos, neste caso correspondendo a um movimento
extremamente rápido, podendo causar danos significativos.

Fluxo (flows):

Movimento contínuo em que as superfícies de cisalhamento têm um período de vida curto,


apresentam-se afastadas e, de modo geral, não são preservadas. No interior da massa deslocada
as velocidades são semelhantes às de um fluido viscoso (WP/WLI, 1993). Podem ocorrer em
material rochoso, em detritos e em solos. Este movimento está relacionado essencialmente à
atuação de forças gravíticas e percolação de água.

8
O mecanismo de deformação dos fluxos/fluências é diferente do que origina os deslizamentos.
Os fluxos são caracterizados por movimentos diferenciais internos, e a tensão necessária para
provocar o movimento é designada como tensão de fluxos. Entre as principais causas para os
movimentos estão as forças de percolação e a inclinação do talude, bem como a remoção da
vegetação.

Segundo Andrade (2017) verifica-se, por vezes, alguma sobreposição entre a definição de
movimentos de fluxo e o rastejamento, correspondendo este último a uma deformação simples
desenvolvida sob tensões constantes e pouco elevadas, que podem ocorrer em vários tipos de
instabilizações, tais como basculamento, deslizamento, expansão lateral e fluxo.

Complexo (complex):

Varnes (1978) refere a dificuldade de classificação, de modo adequado, de muitos dos


movimentos de massa, tornando-se útil a combinação de vários termos. Os movimentos
complexos ocorrem quando, no desenvolvimento de um dado tipo de movimento de
instabilidade, se desencadeia uma outra situação, combinando-se no mínimo dois mecanismos
de instabilidade, ocorrendo em sequência (Andrade, 2017). Dentro destes movimentos
destacam-se a avalanche de rochas e o deslizamento de fluxo. A avalanche de rochas
corresponde a uma combinação entre queda de rochas e fluxo de detritos, com dimensões
elevadas, sendo considerado um dos movimentos mais destrutivos. Pode atingir uma velocidade
da ordem das dezenas de metros por segundo e uma distância da ordem dos quilómetros,
ocorrendo geralmente em zonas montanhosas com vertentes de pendor elevado. Este
movimento tem como principais causas a precipitação intensa, o estado de alteração, a
atividade sísmica e os movimentos de rastejamento.

2.3. Caracterização de Solos

De acordo com Simões (1997), o termo solo é utilizado em várias aceções conforme o ponto de
vista científico ou técnico, sendo uma das definições: “toda a ocorrência natural de depósitos
brandos ou moles, cobrindo um substrato rochoso e que é produzida por desintegração e
deposição física e química das rochas, podendo ou não conter matéria orgânica”. O solo é assim
função do tipo de rocha-mãe e dos diferentes agentes de erosão e de alteração química.

Relativamente à natureza e origem dos solos podem distinguir-se dois grandes grupos, sendo
estes os solos transportados e os solos residuais, estes últimos caracterizam-se pela
permanência no local de origem, junto à rocha-mãe, tendo origem na decomposição in situ da
rocha. Os solos transportados referem-se aos formados por acumulação, num dado local ou
depósito, de partículas minerais resultantes da desintegração de rochas existentes noutro local,
sendo estas transportadas por ação de agentes de geodinâmica externa como o vento, a água,
e o gelo (Marques, 2013).

Granulometricamente, os maciços terrosos subdividem-se em dois grupos, podendo ser


formados por solos granulares (areias) ou por solos finos (argilas). Os solos granulares
caracterizam-se como solos não coesivos e não plásticos, constituídos por partículas de
diâmetro compreendido entre 0,06 mm e 2 mm, subdividindo-se em areias grossas (0,6–2 mm),

9
areias médias (0,2-0,6 mm) e areias finas (0,06-0,2 mm). Quanto à forma dos grãos podem
classificar-se desde angulosos a esféricos (Almeida, 2005).

Os solos de granulação fina são constituídos principalmente por partículas com dimensões
menores que 0,002 mm, apresentando coesão e plasticidade. Quando suficientemente húmidos
podem moldar-se facilmente e, quando secos, formar torrões de difícil desagregação manual.
Relativamente à plasticidade, as argilas classificam-se como Gordas (muito plásticas) ou Magras
(pouco plásticas) (Almeida, 2005).

2.3.1. Ensaios de Classificação e Caracterização Física e Mecânica dos


Solos

A caracterização física e mecânica dos solos, fundamentada por ensaios in situ e laboratoriais,
constitui uma das componentes de grande importância na geotecnia, permitindo a
compreensão das propriedades e comportamento dos solos, e, consequentemente, auxiliando
a tomada de decisões e técnicas relativas ao projeto, a avaliação de potenciais perigos
geológico-geotécnicos e a escolha dos métodos de melhoramento e/ou estabilização.

A caracterização física dos solos é realizada habitualmente recorrendo a ensaios de rotina,


nomeadamente: as análises granulométricas, a determinação dos limites de
consistência/Atterberg, os ensaios de compactação, a determinação da massa volúmica e a
determinação da densidade das partículas sólidas. Este conjunto de ensaios proporciona a
obtenção de parâmetros índice que identificam não só a natureza do solo, como podem ser
correlacionados com as suas propriedades mecânicas. Por outro lado, para a caracterização
mecânica recorre-se normalmente a ensaios de corte direto ou a ensaios triaxiais, sendo que,
para os solos finos (saturados) de elevada compressibilidade, realizam-se também ensaios de
compressão edométricos para a análise do fenómeno de consolidação (Lima, 2016).

Nos próximos subcapítulos serão descritos os ensaios realizados para o presente estudo, tendo
estes sido escolhidos considerando fatores como a concordância e maior adequabilidade aos
tipos de solos estudados, assim como a existência e disponibilidade dos equipamentos, tanto na
empresa AÇORGEO como nos laboratórios do Departamento de Ciências da Terra da
Universidade de Coimbra.

2.3.1.1. Ensaios In Situ

Os ensaios in situ desempenham um papel fundamental na caracterização geotécnica dos


terrenos. Estes permitem a avaliação do comportamento geomecânico de um maciço,
nomeadamente em termos de resistência, de deformabilidade e de permeabilidade (Oliveira,
2017), fornecendo informação com maior rigor acerca das condições locais. Complementam
assim a informação obtida através da restante prospeção realizada, reduzindo possíveis
incertezas relativas ao projeto (Mitchell et al., 1978).

É possível distinguir três tipos de procedimentos in situ, sendo eles os métodos geofísicos
(sísmico, elétrico, magnético, gravimétrico, radiométrico e termométrico), os ensaios mecânicos

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de campo (Standard Penetration Test (SPT), Cone Penetration Test (CPT), Dynamic Probing Test
(DP)) e medições com recurso a técnicas de instrumentação in situ (gamadensímetro e método
da garrafa de areia).

Por forma a categorizar os vários ensaios in situ, ao longo dos anos foram propostas diversas
classificações tendo em conta parâmetros como o custo e a facilidade de operação, o tipo de
terrenos possíveis de aplicação e os parâmetros obtidos, diretamente ou por correlação. Uma
das classificações, proposta por Clayton et al. (1995), distingue os vários ensaios considerando
as grandezas que permitem avaliar, formando assim três categorias principais:

• Resistência à penetração: SPT, CPT, DP, Vane Test;


• Deformabilidade: Pressuremeter Tests (PMT), Soil Dilatometer Test (SDT), Flat
Dilatometer Test (DMT), Plate Loading Test (PLT);
• Permeabilidade: Ensaio Lefranc.

2.3.1.1.1. Standard Penetration Test

O ensaio Standard Penetration Test (SPT) é, manifestamente, o mais utilizado e requerido para
reconhecimento geotécnico dos terrenos, designadamente a partir do final da década de 1940,
quando adotado por Terzaghi (Fernandes, 2006), tendo este sido criado no ano de 1927.

O SPT tem como principal objetivo determinar, em profundidade, a resistência dos solos à
penetração dinâmica através da cravação, no fundo do furo de uma sondagem, de um
amostrador normalizado - amostrador de Terzaghi, permitindo ainda o reconhecimento
geotécnico do solo através da análise das amostras recolhidas (Alves, 2017; Henriques, 2022).

No SPT é determinado o número de pancadas para a cravação de uma secção de 45 cm de


comprimento (15 + 15 + 15 cm), sendo o resultado obtido pela resistência de cravação do
amostrador nas duas últimas fases de 15 cm (NSPT); a primeira fase é desprezada devido à
perturbação do solo nessa zona mais superficial. Quando são registadas as 60 pancadas e não
há cravação de 30 cm é considerada nega do ensaio. Em Portugal o ensaio SPT é realizado,
habitualmente, a cada 1,5 metros de profundidade num furo de sondagem.

A vasta utilização do SPT encontra-se assente em determinadas vantagens associadas à sua


aplicação; a saber:

• Equipamento de ensaio simples e resistente;


• Modo de operação relativamente simples e de baixo custo;
• Possibilidade de recolha de amostra, tendo sido recolhida para o presente trabalho uma
amostra argilosa, mais concretamente argila magra, pontualmente arenosa a siltosa;
• Aplicabilidade na grande maioria dos solos (granulares, argilosos e, ainda, em rochas
brandas);
• Viabilidade de utilização, independentemente da posição do nível freático;
• Aproveitamento do furo de sondagem para a realização do ensaio, o que diminui os
custos do mesmo.

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Em termos de equipamento utilizado na realização dos ensaios SPT, destacam-se três elementos
principais (Oliveira, 2017):

• Amostrador, que consiste num tubo metálico com 457 mm de comprimento e


diâmetros exterior e interior de 51 mm e 35 mm, respetivamente, com uma
extremidade inferior cortante, e uma extremidade superior que estabelece a ligação
com as varas, através de uma peça roscada, tendo esta ainda uma válvula de esfera
antirretorno e orifícios laterais para expulsão do ar e água durante o processo de
cravação (Figura 3);
• Conjunto de varas de furação;
• Dispositivo de queda, constituído por um batente para transmissão das pancadas, um
pilão com massa normalizada de 63,5 kg, e um sistema de elevação do pilão com uma
altura de queda de 76 cm (Figura 4).

Fig.3 – Secção longitudinal do amostrador de Terzaghi (SPT), dimensões em mm. Retirado de Destefano
(2021).

Fig.4 – Equipamento de perfuração utilizado para sondagens mecânicas e ensaios SPT, afeta à obra
relacionada com o Talude de Caso de Estudo (CE). Data da fotografia: 3/3/2023.

12
2.3.1.2. Ensaios Laboratoriais

Como referido anteriormente, a caracterização física e mecânica dos solos constitui uma das
componentes de maior importância na geotecnia, devido à necessidade do conhecimento e
avaliação das propriedades e comportamento dos solos, sendo essa informação crucial para
projetar e analisar fundações, aterros, túneis, taludes e outras estruturas geotécnicas, bem
como ajudar na seleção de materiais de construção adequados, determinar a estabilidade de
taludes, avaliar o potencial de liquefação dos solos e prever o comportamento dos mesmos sob
diferentes condições de carga. Além disso, a caracterização é ainda utilizada para a vertente de
investigação, nomeadamente na definição de causas de roturas e/ou falhas de
dimensionamento a nível geotécnico, e também no desenvolvimento de medidas de mitigação
(Mat, 2023).

Podem distinguir-se as seguintes categorias de ensaios laboratoriais para solos, de acordo com
Eurocódigo 7 – Parte 2 (EN 1997-2:2007) e LNEC (2023):

• Ensaios de Classificação, Identificação e Descrição do solo: teor em água; densidade


aparente; densidade das partículas sólidas; análise granulométrica (por peneiração
húmida ou sedimentação); limites de consistência/Atterberg; fall cone; expansibilidade;
• Ensaios químicos: teor de matéria orgânica; teor de carbonato; teor de sulfatos;
determinação do valor do pH (acidez e alcalinidade); teor de cloreto; análise
mineralógica por difratometria de Raios X; análise química por fluorescência de Raios X;
• Ensaios de Resistência do solo: vane test (laboratório); resistência à compressão não
confinada; triaxial; ensaio de corte direto; ensaio de corte simples;
• Ensaios de Compactação: proctor e proctor modificado; CBR – California Bearing Ratio;
• Ensaios de Permeabilidade e Consolidação: permeabilidade de carga constante e de
carga variável; consolidação edométrica.

2.3.1.2.1.Peso Específico Aparente

Denomina-se peso específico aparente de uma amostra (γ) ao resultado da divisão do peso total
de uma dada massa de solo pelo respetivo volume aparente total (Equação 1), sendo que o peso
total da amostra inclui o peso das partículas sólidas e o peso da água, que ocupa os vazios. O
peso do ar é geralmente considerado desprezível (Almeida, 2005).

W Ws + Ww
γ= = , em kN/m3 Eq.1
V Vs + Vv

O volume total (𝑉) considerado na equação compreende o volume da fase sólida (𝑉𝑠) e o volume
de vazios (𝑉𝑣), sendo este último a soma dos volumes do ar e da água. O peso total (𝑊)
compreende o peso da fase sólida (𝑊𝑠) e o da fase líquida (𝑊𝑤).

O método escolhido para a determinação deste parâmetro deve ter em conta as características
do solo, considerando-se dois principais: um consistindo na cravação de um cilindro e recolha
13
de amostra indeformada (solos de granulometria fina), o método direto; o outro através da
escavação de amostra, sendo o volume determinado através da perfuração produzida,
preenchendo-se a mesma com um volume medido de água ou de areia (solos de granulometria
grosseira), o método indireto.

O procedimento seguido no presente trabalho consistiu na recolha de amostra indeformada


através da cravação de um tubo de aço inoxidável (amostra T20 – Talude 20) (Figura 5) e um
tubo PVC (amostra CE – Talude CE), com dimensões e massas conhecidas, tendo o tubo de aço
inoxidável como medidas 5 cm de comprimento e 84 mm de diâmetro interno, e o tubo PVC 60
cm (natural) e 11 cm (saturado) de comprimento, e 5,8 cm (natural) e 7 cm (saturado) de
diâmetro interno. Para a amostra T20 a recolha foi realizada a uma profundidade de cerca de
25-30 cm da superfície (Figura 5), já para a amostra CE procedeu-se à recolha através dos furos
de sondagem (S2 e S3), a uma profundidade de 6 m (Figura 6) e 2,89 m, respetivamente.

A B

NE SW

Fig.5 – Localização de recolha de amostra (Talude 20) – A; e tubo de aço inoxidável para amostra
indeformada - B. Data das fotografias: 27/3/2023 e 8/9/2023.

Fig.6 – Provete de amostra indeformada (Talude CE), recolhido aos 6 m de profundidade em furo de
sondagem (S2). Data da fotografia: 7/3/2023.

Após recolha e pesagem do provete (tubo + amostra), procedeu-se finalmente ao cálculo do


volume total, conforme a equação de volume de um cilindro (Equação 2), e peso específico
aparente (Eq.1).

V = πr 2 h , em m3 Eq.2

Em que:

r – Raio (m); h – Altura (m)

14
2.3.1.2.2. Análise Granulométrica

O conhecimento da composição granulométrica de um solo é fundamental para a compreensão


e previsão do seu comportamento (Faria, 2005). Para além da natureza mineralógica global do
solo importa conhecer as dimensões das partículas que o compõem, mais concretamente a
distribuição dimensional do grão.

A determinação da análise granulométrica dos solos estudados foi efetuada de acordo com a
especificação LNEC E 239, de janeiro de 1971 – “Análise granulométrica por peneiração húmida”
(LNEC, 1971), consistindo no processo seguinte:

• Inicialmente, para preparação da amostra, deve proceder-se à secagem na estufa (70°C,


cerca de 24h), desagregação dos torrões com auxílio de um maço de borracha e
almofariz, e, por fim, quartilhamento, por forma a obter uma subamostra
homogeneizada;
• Pesagem da amostra total para o ensaio (subamostra homogeneizada) e crivagem da
mesma pelo peneiro de malha de 2 mm (n.° 10) ASTM, tomando-se entre 50-100 g
(massa da toma – ma);
• De seguida, deve efetuar-se a mistura da amostra com água, e crivagem no peneiro de
malha de 0,074 mm (n.°200) ASTM, lavando-a com um jato de água, desprezando o
material que passou, seguido da transferência do material retido para uma cápsula e
secagem na estufa a 105°C;
• A última etapa do ensaio consiste no peneiramento do material através da seguinte
sequência: 0,841 mm (n.°20) ASTM, 0,420 mm (n.°40) ASTM, 0,250 mm (n.°60) ASTM,
0,105 mm (n.°140) ASTM e 0,074 mm (n.°200) ASTM (Figura 7); determinando-se
posteriormente as massas das frações retidas em cada peneiro.

Fig.7 – Fração retida de amostra em cada peneiro (amostra T20), desde peneiro n.°20 (0,841 mm) a
n.°200 (0,074 mm), respetivamente; Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-Nova. Data da fotografia:
23/6/2023.

Uma vez determinadas as massas retidas em cada peneiro, calculam-se os valores das suas
percentagens relativas, permitindo assim o cálculo dos valores das percentagens relativas
acumuladas e os correspondentes valores das percentagens passadas acumuladas. Com estes
dados, e por forma a apresentar e interpretar os resultados, traça-se a curva granulométrica,
consistindo este na representação gráfica da distribuição das partículas do solo por calibres.

Os resultados são então apresentados em gráfico semilogarítmico, em que se marcam no eixo


das abcissas (em escala logarítmica) os valores de abertura das malhas dos peneiros utilizados,
e no eixo das ordenadas (em escala decimal) os valores correspondentes às percentagens

15
acumuladas, em peso, do material que passa em casa peneiro. A união dos vários pontos assim
representados define a curva granulométrica do solo analisado (Faria, 2005).

2.3.1.2.3. Limites de consistência/Atterberg

Os limites de consistência, propostos por Atterberg e desenvolvidos por Casagrande (1948),


baseiam-se no princípio de que um solo pode existir em qualquer um dos quatro estados
possíveis (líquido, moldável, friável e sólido), em função do seu teor em água (Figura 8).

No estado líquido, uma mistura água-solo comporta-se como um líquido, ao reduzir-se o teor
em água, de forma homogénea e progressiva, a mistura adota, a partir de um certo ponto, um
comportamento moldável, isto é, conserva a forma que lhe for conferida. Prosseguindo com a
redução de água o comportamento do solo passa a ser friável, separando-se em fragmentos
quando se tenta moldar. Ao diminuir ainda mais o teor em água, o solo passa a não reduzir mais
o seu volume, passando a secagem a efetuar-se a volume constante (Marques, 2013).

Os três valores do teor em água que limitam as zonas de diferentes comportamentos designam-
se por Limite de Liquidez (LL), Limite de Plasticidade (LP) e Limite de Retração (LS) (Figura 8). A
diferença entre os dois primeiros limites (LL e LP) (Equação 3) designa-se por Índice de
Plasticidade (IP), que quantifica as propriedades plásticas de uma argila, como a sua capacidade
de deformação e fissuração, sem atingir a rotura (Marques, 2013; Almeida, 2016):

IP = LL − LP , em %

Eq.3
LL

LP

LS

Fig.8 – Relação do teor em água com comportamento do solo - Limites de Consistência/Atterberg.


Retirado de Marques (2013).

É possível ainda obter o Índice de Consistência (IC) de um solo argiloso, através da comparação
entre o teor em água (W) e os Limites de Atterberg, consoante a seguinte Equação 4:

16
LL W LL − W
IC = = , em % Eq.4
LL LP IP

Apresenta-se seguidamente, na Tabela 3, a classificação de um solo argiloso, consoante o seu IC.

Tab.3 – Classificação das argilas quanto à sua consistência. Retirado de Almeida (2016).

Argila IC
Muito Mole 0,0 - 0,25
Mole 0,25 - 0,5
Média 0,5 - 0,75
Rija 0,75 - 1,0
Dura > 1,0

O Índice de Liquidez traduz-se no valor contrário da consistência, podendo ser definido de


acordo com a seguinte expressão (Equação 5):

W − LP W − LL
IL = = = 1 − 𝐼𝐶 , em % Eq.5
LL −LP IP

No que diz respeito aos limites de consistência determinados neste estudo, para ambas as
amostras, definiram-se o limite de liquidez e o limite de plasticidade, tendo esta determinação
sido efetuada de acordo com a norma portuguesa NP – 143, de 1969 – “SOLOS – Determinação
dos limites de consistência” (LNEC, 1970). O processo realizado foi o seguinte:

Limite de Liquidez

• Toma de cerca de 500 g da amostra a ensaiar e crivagem com peneiro de malha


quadrada 0,420 mm (n.°40) ASTM;
• Do material passado, toma de cerca de 100 g, amassando-se de seguida até formar uma
pasta homogénea e consistente;
• Preenchimento da concha de Casagrande, criando uma camada de superfície nivelada;
• Abertura de um sulco longitudinal na camada colocada na concha, através do riscador
(Figura 9), e início do processo de elevação e queda da concha, contando-se o número
de golpes aplicados até o sulco fechar numa extensão de 1 cm; O número de pancadas
necessárias para unir os bordos dos sulcos deve variar entre 10 e 40, e distribuir-se, em
dois ensaios, abaixo das 25, e nos restantes dois, acima desse valor;
• Toma da porção do solo da concha para uma cápsula;
• Repetição do processo mais três vezes, totalizando quatro provetes finais, sendo que
para cada provete houve adição de água à pasta de amostra anteriormente obtida,
contabilizando 5 minutos de amassadura;
• Pesagem de cada provete, secagem na estufa (105°C) entre 16-24 horas, e, por fim,
pesagem final dos provetes com amostra seca.

17
Fig.9 – Equipamento e pormenor do ensaio com a Concha de Casagrande (amostra CE); Laboratório
AÇORGEO, Condeixa-a-Nova. Data das fotografias: 9/3/2023.

Uma vez determinados os teores de água, registam-se os valores obtidos num gráfico
semilogarítmico onde é marcado, no eixo das abcissas (escala logarítmica), o número de
pancadas para cada provete, e no eixo das ordenadas (escala decimal), os valores dos teores de
água correspondentes, traçando-se então uma linha de ajustamento aos vários pontos
projetados (Faria, 2005). O limite de liquidez (LL) da amostra ensaiada é dado pelo teor em água
que corresponde a um número de pancadas igual a 25.

Limite de Plasticidade

• Toma de cerca de 100 g da amostra e crivagem com peneiro de malha quadrada 0,420
mm (n.°40) ASTM;
• Do material passado, toma de cerca de 20 g, amassando-se de seguida até formar uma
massa homogénea e plástica.
• Moldagem de quatro pequenas esferas, de diâmetros sensivelmente iguais;
• Rolagem de cada uma dessas esferas, transformando-as em filamentos (Figura 10),
sendo que, atingindo um diâmetro de cerca de 3 mm é necessária nova moldagem e
repetição do processo, até ocorrer rotura do filamento, devido à secagem do solo
constituinte das esferas;
• Após pesagem dos provetes, colocação na estufa cerca de 16-24 horas e determinação
do teor em água de cada provete, através de nova pesagem da amostra seca.

O limite de plasticidade da amostra é então a média dos teores de água determinados para os
quatro provetes.

Fig.10 –Filamentos produzidos, com cerca de 3 mm de diâmetro, em ensaio de Limite de Plasticidade


(amostra CE); Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-Nova. Data das fotografias: 9/3/2023.

18
2.3.1.2.4. Ensaio de Corte Direto

A capacidade resistente de um solo é obtida por meio das características coesivas e friccionais
entre as partículas do mesmo. Portanto, e de acordo com Caputo (1997), a resistência ao corte
pode ser definida como a capacidade máxima de suporte de cargas e conservação da
estabilidade, sendo que, um solo entra em rotura quando essa resistência é excedida, ao longo
de uma superfície potencial de rotura (Oliveira, 2017).

Todos os pontos no interior de um maciço terroso estão sujeitos a um estado de tensões


provenientes tanto do próprio peso, como também de forças externas atuantes. As tensões
atuantes no solo in situ não são necessariamente normais a um plano, podendo ser
decompostas em duas componentes, uma normal e outra tangencial, denominadas tensão
normal total – σ, e tensão de corte – τ, respetivamente, conforme exemplificado na Figura 11.

Fig.11 – Tensões atuantes num plano genérico. Retirado de Fonseca (2023).

A maioria dos solos experimenta a rotura segundo o critério de rotura de Mohr-Coulomb, que
relaciona as tensões efetivas normais e tangenciais atuantes em qualquer plano do solo,
traduzindo-se matematicamente na expressão da Equação 6.

𝜏𝑓 = 𝑐 ′ + 𝜎′𝑓 × 𝑡𝑎𝑛 φ’ Eq.6

Em que:

𝜏𝑓 – Tensão tangencial máxima (kPa)


𝑐 ′ - Coesão efetiva do solo (kPa)
𝜎′𝑓 – Tensão normal máxima (kPa)
φ' - Ângulo de atrito efetivo do solo (°)

A coesão (𝑐) é definida como a força de atração entre as partículas do solo, podendo ser efetiva,
entendida como coesão verdadeira/real, ou aparente. A coesão efetiva é resultado do efeito de
agentes de cimentação, como o teor de óxidos e de minerais de argila, a coesão aparente

19
consiste no resultado da tensão superficial da água nas partículas do solo, tendendo a aproximá-
las (Silva, 2021). A coesão depende basicamente do teor em água do solo, considerando isto,
existirá o efeito de cimentação (coesão efetiva) e/ou tensão superficial (coesão aparente).

O ângulo de atrito interno (φ) representa as características friccionais entre as partículas


constituintes, dependendo de fatores como a densidade, bem como a composição do solo,
nomeadamente a percentagem e tipo de argila, para solos argilosos (Silva, 2021).

O ensaio de corte direto é o mais antigo procedimento utilizado para determinação da


resistência ao cisalhamento de solos e, atualmente, também o mais comum, tendo como base
o Critério de Mohr-Coulomb. Consiste na aplicação simultânea de uma tensão vertical/normal e
uma horizontal/tangencial, por forma a simular as condições de esforço a que o solo pode estar
sujeito in situ.

No ensaio de corte direto, tendo como base a norma britânica BS 1377-7, de junho de 1990 (BSI,
1990), faz-se variar a pressão normal (σ) num conjunto de amostras de solo e mede-se a
respetiva tensão de corte (τ) na rotura, podendo ser utilizadas amostras de secção circular ou
quadrangular, tendo sido, no presente trabalho, utilizadas amostras indeformadas e de secção
circular, com diâmetro interno de 50 e 60 mm (Figura 12), e altura de 25 mm.

Fig.12 – Anel de recolha de amostra indeformada


para ensaio de corte direto (amostra T20). Data da
fotografia: 2/06/2023.

A caixa de corte é constituída por duas partes metálicas móveis onde o solo é colocado,
provocando-se o deslocamento relativo entre as mesmas, ocorrendo rotura ao longo de um
plano horizontal imposto. São aplicadas tensões, uma tensão vertical de consolidação, definida
antes da realização do ensaio e aplicada na parte superior da amostra, e uma tensão horizontal
variável e crescente, relacionada com o deslocamento relativo entre as metades da caixa.

Os resultados são obtidos geralmente a partir de três ou mais ensaios, sendo em cada um
aplicada uma determinada força normal. Determinam-se assim as resistências máximas (de
pico), que posteriormente correlacionadas com as tensões normais, permite a definição da reta
intrínseca do critério de Mohr-Coulomb, sendo possível obter os principais parâmetros de
resistência ao corte, a coesão e ângulo de atrito interno. Além disso, as medições dos
deslocamentos verticais são úteis para avaliar a variação da amostra no decorrer do
deslocamento horizontal (Júnior, 2020). É importante mencionar que os procedimentos do
ensaio são efetuados com baixas velocidades de deslocamento, principalmente para solos
argilosos, para que seja possível a dissipação completa da pressão de água nos poros ao longo
da rotura, possibilitando a obtenção de resultados em termos de tensões efetivas.

20
A execução dos ensaios de corte direto ocorreu na sede da empresa AÇORGEO, nomeadamente
no Laboratório de Geotecnia, situada em S. Miguel - Açores, utilizando-se um equipamento de
modelo Shearlab S276-10M e marca Matest (Figura 13), com as seguintes características
técnicas: carga máxima de cisalhamento: 5000 N (possível em toda a gama de velocidades);
velocidade de cisalhamento: 0,00001 a 15,0000 mm/min; indicação da velocidade de
deslocamento com resolução de 0,00001 mm; possibilidade de carga vertical direta (carga
vertical direta máxima = 500 N), ou com uma alavanca (braço de alavanca = 5500 N).

Fig.13 – Equipamento de ensaio de Corte


Direto, laboratório AÇORGEO, S.Miguel -
Açores. Data da fotografia: 10/07/2023.

2.3.1.2.5. Expansibilidade

A expansibilidade do solo, de acordo com a especificação LNEC E 200, de outubro de 1967 –


“Solos - Ensaio de Expansibilidade” (LNEC, 1967), corresponde à variação de volume, expressa
em percentagem, da fração dum solo que passa no peneiro de 0,420 mm (n.°40) ASTM, quando,
em condições bem definidas de compactação, absorve água por capilaridade através de uma
placa porosa.

Apenas a fração fina dos solos é sensível à variação do teor em água, particularmente quando é
composta por minerais argilosos expansivos. No entanto, dependendo da composição
granulométrica, o número e dimensão dos espaços vazios entre as partículas pode variar
significativamente, influenciando o comportamento expansivo do solo (Faria, 2005). O
conhecimento deste parâmetro é importante, na medida em que permite a previsão do
comportamento dos solos.

O procedimento de execução do ensaio passa pelos seguintes passos:

• Toma de cerca de 100 g de amostra, constituída por uma porção convenientemente


homogeneizada do material que passa no peneiro n.°40, procedendo-se à secagem da
mesma na estufa a 60°C durante, no mínimo, 16 horas;
• Montagem do equipamento necessário, colocando sobre a base a placa porosa e
fixando a esta o molde e respetiva alonga (Figura 14);
• Compactação do solo em duas camadas aproximadamente iguais, por meio de um pilão
de compactação, contabilizando para cada camada 50 compressões com ritmo de uma

21
compressão por segundo, calculando cada porção de modo que, após compactação, o
total exceda ligeiramente o bordo do molde;
• Após realização da compactação retira-se a alonga e rasa-se cuidadosamente o
excedente do solo com uma espátula, de modo a obter-se uma superfície plana e
nivelada, como visível na Figura 15;
• Montagem do defletómetro, apoiando a ponta da haste no centro de uma placa de
perspex colocada sobre a amostra, registando-se o valor inicial do defletómetro;
• Colocação do aparelho dentro de um recipiente e preenchimento com água até ao nível
da face superior da base do aparelho (correspondente à face superior da placa porosa
em contacto com o solo) e colocação do cronómetro a funcionar;
• Leituras periódicas do defletómetro com intervalos iniciais de 1 e 3 minutos, passando
a intervalos de 5 e 15 minutos e, finalmente, de 60 e 120 minutos, até ocorrer
estabilização dos valores.

A expansibilidade é dada pela expressão da Equação 7:

∆ℎ 𝑙1 − 𝑙0
× 100 = × 100 Eq.7
ℎ0 15

Em que:

∆ℎ - Variação de altura
ℎ0 – Altura inicial; ℎ0 = 15 mm
𝑙0 – Leitura inicial do defletómetro
𝑙1 – Leitura final do defletómetro

Fig.14 – Equipamento de ensaio de expansibilidade. Retirado de LNEC (1967).

22
Fig.15 – Ensaio de expansibilidade (amostra CE); Laboratório Santander (Geotecnia), Departamento
de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra. Data das fotografias: 12/06/2023.

2.3.2. Determinação da Composição Mineralógica e Química


2.3.2.1. Difração de Raios X

É essencial, no estudo geotécnico das características das argilas, atentar à estrutura química dos
seus minerais constituintes e às interações desenvolvidas entre estes e a água dos poros
(Oliveira, 2017), tendo por esta razão sido realizada a identificação dos minerais argilosos
através da Difração de Raios X.

A Difração de Raios X é uma técnica analítica versátil e não destrutiva, destinada a realizar a
caracterização de materiais no que diz respeito à estrutura atómica, permitindo conhecer a sua
estrutura cristalina, composição fásica, entre outros, num vasto tipo de amostras.

Os raios X são gerados por bombardeamento de um alvo metálico – anticátodo, com um feixe
de eletrões de elevada energia, ocorrendo interação desses raios com o material a analisar,
sendo alguma da radiação refletida de forma coerente. Este fenómeno dá origem à difração com
base na lei de Bragg, obtendo-se um difratograma da amostra com a representação da
intensidade da radiação difratada em função do ângulo de difração (2θ) ou da distância
interplanar (d) característica. Um difratograma contém vários picos que são caracterizados pela
sua posição, intensidade e forma, tendo cada fase/substância um difratograma de raios X
característico.

O ensaio foi realizado no Laboratório Geoquímico e de Raios X do Departamento de Ciências da


Terra da Universidade de Coimbra, tendo sido utilizado um difratómetro de modelo AERIS 600W
– Panalytical (Figura 17), de características: detetor PIXcel1D Medipix 3, ampola de Cu
(λ=1,54060 Å), software HighScore Plus, condições de trabalho – 40 kV 15 mA. A preparação das
lâminas sedimentadas consistiu no seguinte procedimento:

• Uma quantidade de amostra (20-25 g) foi crivada no peneiro n.° 450 ASTM (32 µm)
juntamente com água desmineralizada (Figura 16), colocada num agitador mecânico e
posteriormente em repouso para sedimentação da fração argilosa no fundo do gobelé.

23
De seguida retirou-se o excedente de água do gobelé, com auxílio de um
tubo/mangueira, e colocou-se de novo no misturador mecânico cerca de 20 minutos.
• Para que no difratograma praticamente só apareçam picos relativos aos de minerais de
argila, fez-se a separação da fração inferior a 2 µm. Esta foi conseguida através da
centrifugação, primeiramente a 1000 rotações por minuto (rpm) durante 2 minutos e
35 segundos, e por fim a 10 000 rpm durante 10 minutos, retirando-se posteriormente
a fração suspensa com cuidado para não ocorrer arrastamento de sedimentos do fundo
ou paredes dos tubos de ensaio.
• Para cada lâmina de vidro foi vertida a amostra com auxílio de uma pipeta. A secagem
foi feita a temperatura ambiente, em ambiente seco e não sujeito a vibrações.

Após a preparação das lâminas foram introduzidas no difratómetro de raios X registando-


se, para cada uma delas, um espetro variável correspondente à lâmina de amostra normal,
glicolada ou aquecida a 550°C. Ambos os tratamentos das lâminas têm por objetivo uma
distinção dos minerais argilosos presentes na amostra, pois utilizando apenas as lâminas de
amostra natural nem sempre é possível a determinação de modo exato qual o tipo de argila
presente.

Fig.16 – Fotografias de procedimento de preparação de lâminas sedimentadas para difração dos raios
X, amostra CE (avermelhada) e amostra T20 (acastanhada); Laboratório de Sedimentologia do DCT da
Universidade de Coimbra. Data das fotografias: 7/6/2023 e 9/6/2023.

Fig.17 – Difratómetro de Raio X,


AERIS 600W – Panalytical;
Laboratório Geoquímico e de Raios
X, Departamento de Ciências da
Terra da Universidade de Coimbra.
Data da fotografia: 5/07/2023.

24
2.3.3. Classificação Unificada dos Solos

Esta classificação, publicada em 1966 pela ASTM (1966) e com a última edição em 1985 (ASTM,
1985), divide os solos em 15 grupos com base nas respetivas características de identificação,
como análise granulométrica e limites de consistência, sendo cada solo inserido num grupo que
é referenciado por um símbolo (duas letras maiúsculas) e por um nome (Simões, 1997).

Segundo Oliveira (2017), a sua utilidade reside no fato de permitir a distinção dos solos de
acordo com as suas propriedades físicas, que influenciam, em grande extensão, o seu
comportamento geotécnico, pelo que, além da análise granulométrica do solo, são tidos em
consideração parâmetros como os coeficientes de uniformidade e curvatura, em solos de
granulometria maioritariamente grosseira, e os limites de consistência, em solos finos.

São apresentados no Anexo I os critérios classificativos da classificação unificada (Tabela 4),


assim como a carta de plasticidade de Casagrande (Figura 18 do Anexo I), utilizada para
discriminação das frações finas do solo, considerando o seu Limite de Liquidez (LL) e o Índice de
Plasticidade (IP).

2.3.4. Classificação AASHTO (classificação para fins rodoviários)

Esta classificação AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials)
destina-se, de acordo com a especificação LNEC E 240, de fevereiro de 1971: “Solos –
Classificação para fins rodoviários” (LNEC, 1971), a classificar os solos e suas misturas em grupos,
com base nos resultados das análises granulométricas e dos ensaios de determinação de
algumas das suas características físicas, tais como o LL e o IP, e atendendo ao seu comportamento
em estradas, consistindo em duas partes, uma da classificação propriamente dita, com classes
de A-1 a A-7, e outra de um índice de grupo, com um número inteiro de 0 a 20, que define a
qualidade do material para as camadas sob o pavimento (Sousa, 2011).

O valor de índice de grupo – IG, expresso por um número inteiro, é calculado através da fórmula
empírica da Equação 8:

𝐼𝐺 = 0,2𝑎 + 0,005𝑎𝑐 + 0,01𝑏𝑑 Eq.8

Em que:

𝑎 – Diferença, arredondada à unidade entre o valor do percentual do material que passa no


peneiro de 0,074 mm (n.°200) ASTM e 35, considerando-se um valor de 40 se a percentagem for
maior que 75, e um valor de 0 se for menor que 35;

𝑏 – Diferença entre o valor da percentagem que passa no peneiro n.°200 ASTM e 15,
considerando-se um valor de 40 se a percentagem for maior que 55, e um valor de 0 se for
menor que 15;

25
𝑐 – Diferença entre o valor do LL e 40, considerando-se um valor de 20 se o limite for maior que
60, e um valor de 0 se for menor que 40;

𝑑 – Diferença entre o valor de IP e 10, considerando-se um valor de 20 se o índice for superior a


30, e um valor de 0 se for inferior a 10.

O valor de IG pode ainda ser determinado através dos ábacos representados na Figura 19 (Anexo
II), mais concretamente através da soma das ordenadas obtidas em cada um, sendo que, se
considera como referência, em ambos os ábacos, a percentagem que passa no peneiro n.° 200
ASTM, distinguindo-se o ábaco 1 com o valor de LL e o ábaco 2 com o valor de IP.

A classificação para fins rodoviários é efetuada por meio da Tabela 5 – Anexo II, tendo em
atenção os resultados das análises granulométricas e os valores do LL e do IP.

26
3. Enquadramento da Área em Estudo
3.1. Enquadramento Geográfico

A área em estudo localiza-se no centro-oeste de Portugal Continental (NUTS I), mais


concretamente na região Centro (NUTS II), sub-região de Coimbra (NUTS III) e concelhos de
Coimbra e Condeixa, sendo estes limítrofes na direção Norte-Sul, respetivamente (Figura 20).

0 40 km

Fig.20 – Enquadramento Geográfico da Área em Estudo – Concelhos de Coimbra e Condeixa.


Realizado com recurso a imagens de Wikipédia (2015) e Software ArcGis Pro (2023).

O território concelhio de Coimbra corresponde à capital do distrito, sendo a maior cidade da


região centro, com cerca de 319,41 km2 de área total (Mota et al., 2020), equivalente a 7,37%
da sub-região de Coimbra, com 140.816 residentes (população que habita é por vezes muito
superior (turistas)), de acordo com Instituto Nacional de Estatística (INE, 2022), e uma densidade
populacional de 440,9 hab/km2. Encontra-se subdividido em dezoito freguesias (Figura 20),
restringindo-se o presente estudo a quatro delas, nomeadamente União de Taveiro, Ameal e
Arzila; União de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades; União de Assafarge e Antanhol; e
Cernache, como possível observar no subcapítulo 3.2., referente ao enquadramento geológico.

O concelho de Coimbra é limitado a norte pelo concelho da Mealhada, a leste por Penacova,
Vila Nova de Poiares e Miranda do Corvo, a sul pelo de Condeixa, a oeste por Montemor-o-Velho
e a noroeste por Cantanhede, sendo considerada uma das mais importantes cidades
portuguesas, de acordo com Mota et al. (2020), no que diz respeito a infraestruturas,

27
organizações e empresas nela instaladas, bem como devido à sua posição geográfica no centro
de Portugal continental, entre as cidades de Lisboa e Porto.

O concelho de Condeixa, também designado por Condeixa-a-Nova, abrange uma área de 138,7
km2 (Plural, 2009), correspondendo a 3,20% da sub-região de Coimbra, encontrando-se
subdividido em sete freguesias, das quais quatro serão alvo de estudo, nomeadamente Anobra;
União de Freguesias de Sebal e Belide; Ega; e União de Freguesias de Condeixa-a-Nova e
Condeixa-a-Velha. Encontra-se, de acordo com Câmara Municipal Condeixa (2023), a 10 km de
Coimbra, a 200 km de Lisboa, a 120 km do Porto, estando servida por um conjunto de vias
estratégicas, designadamente autoestradas e itinerários complementares, como a A1, A13-1,
IC2, IC3, EN 342 e EN 347. Como limite norte do concelho encontra-se Coimbra, a leste Miranda
do Corvo, a sudeste Penela, sudoeste e oeste Soure, e, por fim, a noroeste Montemor-o-Velho.

A área em estudo, considerando apenas as freguesias-alvo (Figura 21), encontra-se


representada nas folhas 229 – Ançã (Cantanhede), 230 – Coimbra, 240 – Montemor-o-Velho,
241 – Coimbra (Sul), 250 – Soure e 251 – Condeixa-a-Nova, da Carta Militar de Portugal Série
M888, na escala 1:25.000, do Serviço Cartográfico do Exército.

Fig.21 – Localização da área em estudo (área-alvo dos concelhos, assinalada a amarelo), na carta
topográfica à escala 1:100.000, sistema de referência: PT-TM06/ETRS89. Realizado com DGT,
visualizador do SNIG (2020).

28
3.2. Enquadramento Geológico e Geomorfológico

A área em estudo pertence ao setor setentrional da Bacia Lusitaniana (Figura 22), limitado a sul
pela falha da Nazaré, e a nordeste pela falha Porto-Tomar. A Bacia Lusitaniana apresenta uma
grande espessura de sedimentos depositados durante o Jurássico Inferior e o Cretácico Superior
(Kullberg et al., 2006).

Área em estudo

Fig.22 – Enquadramento geográfico e tectónico da Bacia Lusitaniana e outras bacias da Margem


Ocidental Ibérica (MOI), com localização da área em estudo. Adaptado de Kullberg et al. (2006).

O contexto geológico e geomorfológico presente nos dois concelhos em estudo, Condeixa e


Coimbra, é bem diverso, embora se possam reter algumas semelhanças, nomeadamente no que
diz respeito a se situarem a oeste de relevos significativos, de que dependem morfologicamente
e de que se distinguem, ou separam, através de acidentes tectónicos bem marcados (Cunha &
Soares, 1997).

O concelho de Coimbra (Figura 23) é fortemente contrastado, em termos de geologia, e também


em termos de geomorfologia. O setor oriental, em que ocorre o Maciço Hespérico,
materializado pelo chamado Maciço Marginal de Coimbra, é constituído essencialmente por
rochas metassedimentares paleozóicas e antepaleozóicas, com cotas que podem atingir os 500
metros e também com declives elevados, opõe-se claramente ao setor litoral ou ocidental que
se enquadra na Orla Mesocenozóica, com rochas sedimentares areno-conglomeráticas e

29
pelíticas, calco-dolomíticas e calco-margosas, cotas que raramente vão acima dos 200 metros e
declives médios a fracos (Cunha & Dimuccio, 2018).

Legenda

0 1 km

Folha 19-C

Folha 19-D

Fig.23 – Extrato de Mapa de Enquadramento Geológico do concelho de Coimbra, zona SW. Realizado
com recurso a Geoportal LNEG (Folha 19-C: Manuppella et al., 1976; Folha 19-D: Soares et al., 2005;
Carta Geológica de Portugal, à escala 1:50.000) e Software ArcGis Pro (2023).

O concelho de Condeixa (Figura 24) é caracterizado pela predominância de superfícies planas,


que são geralmente arenosas, conglomeráticas e argilosas, sendo enquadrado por um sistema
montanhoso nas zonas sul e sudeste, designadamente pelas serras de Janeanes e do Furadouro,
pertencentes ao Maciço do Sicó, e também por um conjunto de pequenas serras talhadas nos
calcários do Dogger, situado na Orla Mesocenozóica Ocidental (Câmara Municipal Condeixa,
2023; Cunha, 2003).

30
Legenda

Folha 19-D

Folha 19-C

0 1 km

Fig.24 – Extrato de Mapa de Enquadramento Geológico do concelho de Condeixa, zona NW. Realizado
com recurso a Geoportal LNEG (Folha 19-C: Manuppella et al., 1976; Folha 19-D: Soares et al., 2005;
Carta Geológica de Portugal, à escala 1:50.000) e Software ArcGis Pro (2023).

A unidade geológica em estudo na presente dissertação, a Formação “Areias e Argilas de


Taveiro”, de acordo com Soares et al. (2007), de espessura máxima de 170 ± 10 m, é
caracterizada por sucessões de estratos métricos de pelitos vermelhos, acastanhados ou
rosados, apresentando-se laminados e bioturbados. Os pelitos apresentam-se
interestratificados, essencialmente, com arcosarenitos grosseiros, com seixos e calhaus
dispersos, submaturos a imaturos, esbranquiçados a rosados e com estruturas entrecruzadas,
tendendo estes níveis, na base, a ser grosseiros, por vezes conglomeráticos. Seguem-se areias
cauliníferas que assentam discordantemente sobre a anterior. No todo, materializa o
Campaniano Médio a Superior, considerando-se o limite superior provável no Maastrichtiano.

Durante o Campaniano Inferior, e de acordo com Cunha et al. (1995), verificam-se episódios de
diapirismo e reativação da estrutura do eixo de Nazaré-Leiria-Pombal, considerando-se
importante fase diastrófica na margem continental, tendo como resultado o levantamento do
bloco meridional, apenas ocorrendo sedimentação no setor setentrional da Bacia Lusitaniana,
31
com expressão do Baixo Mondego a Aveiro (Azenha, 2016), assentando assim, em discordância
das unidades anteriores. A formação em estudo, AAT, encontra-se amplamente representada
ao longo da margem sul do rio Mondego, entre Taveiro (Coimbra) e Alfarelos (Soure).

De acordo com Azenha (2016), as fácies presentes evidenciam sedimentação em regime fluvial
meandriforme, com sentido de drenagem para noroeste, transitando para uma planície costeira
siliciclástica e ambientes marinhos siliciclásticos, nas regiões mais distais (Cunha et al., 1995).

No que diz respeito a cartografia geológica para os concelhos de Coimbra (Figura 23) e Condeixa
(Figura 24), a formação AAT está presente nas zonas sudoeste e noroeste, respetivamente,
sendo visível nas folhas 19-C (Figueira da Foz) (Manuppella et al., 1976) e 19-D (Coimbra-Lousã)
(Soares et al., 2005) da Carta Geológica de Portugal, na escala 1:50 000.

Para enquadramento da formação AAT relativamente às restantes formações geológicas


presentes na área em estudo (Figuras 23 e 24), é apresentada informação geológica resumida,
com início no Jurássico até ao Quaternário, de acordo com Rocha et al. (1981) e Soares et al.
(2007).

J1CO1 – Camadas de S.Miguel (Sinemuriano – Carixiano inferior): Calcários e/ou calcários


dolomíticos acinzentados e/ou acastanhados, interestratificado com margas cinzentas em
estratos finos a muito finos. Unidade integrante da Formação de Coimbra. Espessura de 40 ± 10
m, na região de Coimbra.

J1VF – Formação de Vale das Fontes (Carixiano – Domeriano inferior): Margas, por vezes
grumosas, de cor cinzenta-escura, localmente acastanhadas, alternando com bancadas de
calcário margoso de cor predominantemente cinzenta. Espessura de 40 ± 10 m.

J1Le – Formação de Lemede (Domeriano superior – base do Toarciano): Bancadas de calcário


micrítico e calcário margoso, por vezes a ultrapassar um metro de espessura e de cor
acinzentada a amarelada, separadas por níveis margosos, geralmente cinzentos, com poucos
centímetros de espessura. Espessura de 15 ± 2 m.

J1SG – Formação de S. Gião (Toarciano – Aaleniano inferior): Unidade de natureza


essencialmente margo-calcária. Espessura total de cerca de 145 m.

J2PL – Formação de Póvoa da Lomba (Aaleniano – Bajociano inferior): Compreende, na base,


calcários margosos azulados e fossilíferos que interestratificam para a parte superior com
calcários biosparríticos também fossilíferos, esbranquiçados e acinzentados. Espessura de 40 ±
5 m.

J2De – Formação de Degracias (Bajociano inferior): Série de calcários microsparríticos azuis,


apresentando para o topo níveis de nódulos de cherte, onde são frequentes figuras de
deslizamento. Espessura de 150 ± 20 m.

J2SE – Formação de Senhora da Estrela (Bajociano – Batoniano) = J2ab: Calcários micrítico e


biodetríticos esbranquiçados, localmente em barras decamétricas, e amarelados.

C1-2FF – Formação de Figueira da Foz (Aptiano – Cenomaniano) = C1-2 – Arenitos de Carrascal:


Corpo detrítico, arcosarenito a quartzarenito grosseiro ou muito grosseiro, imaturo a
submaturo, esbranquiçado a cinzento, com manchas de oxidação amareladas, avermelhadas ou
32
violáceas e com estrutura interna entrecruzada curvilínea. Presença de corpos discretos de
arenitos finos a médios e/ou lutitos maciços ou laminados, por vezes micáceos e localmente
ricos em restos carbonosos e fósseis vegetais. Conglomerados de tendência oligomítica em
quartzo e quartzito mais frequentes para a base. Espessura de 10 – 120 m.

C2Tr – Formação de Trouxemil (Cenomaniano superior) = C2-3 – Calcários apinhoados de Costa


de Arnes: Formação essencialmente margo-lutítica e/ou areno-margosa acinzentada. Espessura
de 10 – 40 m.

C2LS – Formação de Lousões (Turoniano) = C4 – Arenitos finos de Lousões: Na base trata-se de


um arenito fino a muito fino de cor amarelada e/ou acinzentada, sendo que, localmente para a
base há pequenos corpos circunscritos de pelitos cinzentos com fragmentos carbonosos,
passando para o topo a quartzarenito e/ou subarcosarenítico grosseiro a muito grosseiro de cor
acastanhada e/ou avermelhada. Espessura de 10 – 20 m.

C2RA – Formação de Rebolia-Alencarce (Coniaciano – Santoniano): Articulações de corpos


subarcosareníticos a quartzareníticos, de granulometria grosseira, submaturos a imaturos, com
estruturas oblíquas e em ventre, localmente ricos em seixos e calhaus de quartzo e quartzito e
cores esbranquiçadas a rosadas, por vezes avermelhadas. São frequentes corpos circunscritos
de lutitos cinzentos e/ou amarelados, por vezes com crostas férricas.

C2Ta – Formação de Taveiro: Arenitos e Pelitos (Campaniano Médio/Superior – Maastrichtiano)


= C5 – Arenitos e Argilas de Taveiro: Sucessões de estratos métricos de pelitos vermelhos,
acastanhados ou rosados, apresentando-se laminados e bioturbados. Os pelitos encontram-se
interestratificados com arcosarenitos grosseiros, com seixos e calhaus dispersos, submaturos a
maturos, esbranquiçados a rosados com estruturas entrecruzadas, tendendo estes níveis, na
base, a ser grosseiros, por vezes conglomeráticos. Espessura máxima de 170 ± 10 m.

EBS – Formação de Bom Sucesso (Paleogénico) = ᴓM – Formação argilo-gresosa e


conglomerática da Senhora do Bom-Sucesso: Essencialmente arcosarenítica a
subarcosarenítica muito grosseira, imatura, esbranquiçada a esverdeada, localmente
acastanhada e/ou avermelhada e em corpos métricos com estrutura interna oblíqua de ângulo
elevado.

PAN – Formação de Antanhol (Pliocénico): Conglomerado grosseiro com calhaus redondos sob
um corpo subarcosareníticos, micáceo, amarelado, sendo este último seguido de um corpo
argilo-pelítico negro a acinzentado e por fim um corpo arcosarenítico grosseiro, algo levemente
micáceo com calhaus e seixos raros e com cor amarelada e/ou acastanhada. Espessura de 10 –
12 m.

P – Areias, grés e argilas (Pliocénico): Complexo de areias, às vezes finas e de cor amarelada,
com estratificação entrecruzada, com seixos, de grés argilosos e de argila. Espessura não
definida.

QCO – Tufos de Condeixa (Quaternário) = Qt – Tufos calcários: Tufos calcários em bancadas. Os


níveis inferiores são constituídos por calcários pulverulentos, enquanto as camadas superiores
são bastante compactadas e constituem um travertino. Espessura não definida.

QES – Conglomerados de Espírito Santo (Plistocénico); QSa – Conglomerados de Salabardos


(Plistocénico-Holocénico); QTa – Conglomerados de Taveiro (Holocénico); Equivalentes aos

33
Terraços (Q1 – Q4): Intercalações de níveis de areias grosseiras e cascalheiras com seixos bem
rolados, com níveis de arenitos argilosos castanhos-amarelados com alguns seixos, níveis de
areias argilosas consolidadas, grosseiras, acastanhadas com seixos dispersos e ainda com
pequenos níveis de argila cinzenta. Espessura de 12 – 25 m.

a – Aluviões (Moderno/Quaternário): Presentes ao longo do rio Mondego e também ao longo


dos principais vales afluentes das suas margens. Constituídos essencialmente, do topo para a
base, por uma camada de terra vegetal seguida de areia lodosa, fina a grosseira, amarela a
acastanhada; lodo castanho passando a cinzento, com areia fina e conchas; areia fina a média,
lodosa, cinzenta, às vezes acastanhada a amarelada, com conchas, com restos de areão e
madeira incarbonizada na base; lodo cinzento com conchas, tornando-se amarelado e com areia
grosseira na parte superior e, por fim, areia de grão médio a grosseiro, amarelada, com conchas
e areão. Os depósitos aluvionares apresentam uma espessura variável.

3.3. Enquadramento Tectónico e Sísmico

A área em estudo, encontra-se limitada por dois grandes acidentes, a NE pela falha Porto-Tomar,
de direção N-S, e a sul pela falha Lousã-Pombal-Nazaré, de direção N 65° E (Figura 22). De acordo
com Ribeiro et al. (1979) em Kullberg et al. (2013), a evolução tectónica da Bacia Lusitaniana foi
condicionada por falhas formadas durante o episódio de fraturação tardi-varisca, tendo este
resultado de imposição de regime de cisalhamento direto à micro-placa ibérica nos seus
paleolimites ocidental, oriental, setentrional e meridional, dos quais resultariam as falhas de
desligamento esquerdo de direção aproximada NNE-SSW a NE-SW. Também importantes na
estruturação da Bacia Lusitaniana (Kullberg et al., 2013) são consideradas outras falhas
orogénicas variscas de orientação N-S e NW-SE.

O zonamento sísmico é estabelecido em termos de aceleração máxima de referência (agR),


compatível com a definição de ação sísmica, de acordo com a norma Eurocódigo 8 (IPQ, 2009).
Em Portugal os valores de agR, para as várias zonas sísmicas, e para os dois tipos de ação sísmica
(Figura 25) a considerar são indicados na Tabela 6.

Fig.25 – Zonamento sísmico


em Portugal Continental –
Eurocódigo 8 (área em
estudo assinalada a branco).
Adaptado de Instituto
Português da Qualidade
(IPQ, 2009).

34
Tab.6 – Aceleração máxima de referência nas várias zonas sísmicas (IPQ, 2009).

O concelho de Coimbra enquadra-se nas zonas sísmicas de intensidade baixa, com um valor de
1,6 para o Tipo 1 (sismo de maior magnitude a uma maior distância focal (interplacas),
denominados “afastados” referentes ao epicentro na região atlântica) (IPQ, 2009) e agR=0,35
m/s2 (Tabela 6), e um valor de 2,4 para o Tipo 2 (sismo de magnitude moderada e pequena
distância focal (intraplacas), denominados “próximos” referentes ao epicentro no território
Continental ou no Arquipélago dos Açores) (IPQ, 2009) e agR=1,1 m/s2 (Tabela 6).

O concelho de Condeixa também se encontra em zonas sísmicas de intensidade baixa,


apresentando para o Tipo 1 um valor de 1,5 e respetivo agR=0,6 m/s2, e para o Tipo 2 um valor
de 2,4 e agR=1,1 m/s2 (Tabela 6).

3.4. Enquadramento Climatológico

As características climáticas da área em estudo, como em todo Portugal Continental, são as de


um clima temperado mediterrânico, que são condicionadas pela proximidade ao oceano e pela
abertura aos ventos húmidos de oeste, dada a existência da larga abertura de planície aluvial do
Mondego (Cunha et al., 2018).

Caracteriza-se por verões com temperaturas elevadas, luminosidade forte, grande insolação e
pluviosidade reduzida, assim como por invernos em que a aragem marítima atlântica ameniza a
amplitude anual. Não deixa, contudo de se verificar um contraste térmico e pluviométrico entre
os meses de verão e os meses de inverno, estes últimos caracterizados pela passagem de frentes
frias ou de massas de ar húmidas de influência atlântica (Plural, 2009).

Para análise de dados, referentes à temperatura e precipitação, foi considerada a estação


climatológica Coimbra-Bencanta - Número 107, estando esta a uma altitude de 26.6 metros, e
possuindo as coordenadas geográficas 40°12’48.2”N 8°27’18.7”W, apresentado um intervalo
temporal de 30 anos, de acordo com a Normal Climatológica – Coimbra/Bencanta, 1981-2010
fornecida pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA, 2022).

Relativamente à temperatura, é de salientar que o mês com registo mais baixo de Média da
Temperatura Média Diária do ar corresponde a janeiro, com um valor de 9.9°C. Por sua vez o
mês com registo mais elevado de Média da Temperatura Média Diária do ar corresponde a
agosto, com um valor de 22.2°C, perfazendo uma média anual de 16°C, sendo que, para a Média
da Temperatura Mínima Diária do ar, o menor valor registado é 5°C no mês de janeiro, e, para

35
a Média da Temperatura Máxima Diária do ar, o maior valor registado é 28.8°C no mês de agosto
(Tabela 7; Figura 26).

Tab.7 – Média da temperatura mínima (TN), média (TT) e máxima (TX) diária do ar na estação
climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre 1981-2010 (IPMA, 2022).

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
°C
TT 9.9 11.0 13.4 14.5 16.9 20.3 21.9 22.2 20.7 17.2 13.3 11.0 16.0
TX 14.8 16.2 19.0 19.9 22.4 26.2 28.3 28.8 27.3 22.7 18.0 15.4 21.6
TN 5.0 5.9 7.8 9.1 11.4 14.3 15.6 15.6 14.1 11.7 8.6 6.5 10.5

TN TT TX

35
Temperatura do ar (°C)

30
25
20
15
10
5
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fig.26 – Média da temperatura mínima (TN), média (TT) e máxima (TX) diária do ar na estação
climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre 1981-2010 (IPMA, 2022).

No que diz respeito à precipitação, de acordo com a Normal Climatológica da estação Coimbra-
Bencanta, é possível verificar que os meses com maior precipitação são, por ordem decrescente,
dezembro, novembro, outubro e janeiro, tendo valores médios de 126,2 mm, 118.1 mm, 116.8
mm e 107.8 mm, respetivamente, verificando-se uma média anual de 880.9 mm (Tabela 8;
Figura 27).

Tab.8 – Precipitação média/mês na estação climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre


1981-2010 (IPMA, 2022).

mm Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Ano
Prec. 107.8 85.7 60.9 87.4 68.7 32.6 10.9 14.1 51.8 116.8 118.1 126.2 880.9

36
140

120

Precipitação (mm)
100

80

60

40

20

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Fig.27 – Precipitação média/mês na estação climatológica de Coimbra-Bencanta, número 107, entre


1981-2010 (IPMA, 2022).

De acordo com o Plano Diretor Municipal de Condeixa-a-Nova (Plural, 2009), os valores de


humidade relativa para a área em estudo, registados na estação climatológica Coimbra IGUC –
Número 549 (coordenadas geográficas: 40°12’29.7”N 8°24’45.6”W), a uma altitude de cerca de
139 metros, e que têm por base uma série de dados entre os anos 1961 e 1990, revelam, entre
outubro e junho, registos superiores a 75% com máximos médios de 80%, atingindo, de
oscilação média diária, valores até 25%. No período entre julho e setembro os valores médios
diários oscilam entre 72 e 75%, podendo atingir valores inferiores a 50% às 15h. Para a estação
climatológica Coimbra-Bencanta, os valores de humidade relativa registam valores médios
diários, entre outubro e junho, de 70 a 85%, e nos restantes meses valores entre 60 e 80%
(Plural, 2009).

Os dados registados para a insolação (Plural, 2009) demonstram, para a estação de Coimbra do
Instituto Geofísico da Universidade de Coimbra (IGUC), um valor médio anual de cerca de 2570
horas de insolação em contraste com os de Coimbra-Bencanta onde não ultrapassa as 2425
horas. Na primeira estação, nos meses de julho a agosto, registam-se valores superiores a 300
horas/mês, sendo que, em ambas as estações, no período de novembro a março, se observam
valores <200 horas/mês, com mínimos em janeiro de 123 horas/mês (Coimbra-Bencanta) e de
137,5 horas/mês (Coimbra - IGUC).

3.5. Enquadramento Hidrogeológico

De acordo com Almeida et al. (2000) e APA (2016), a área em estudo enquadra-se na Unidade
Hidrogeológica denominada Orla Ocidental, situando-se, no que diz respeito à hidrografia, na
Região Hidrográfica do Vouga, Mondego e Lis – RH4, na Bacia Hidrográfica do Rio Mondego, e
no sistema aquífero Condeixa-Alfarelos (O31), englobando este os concelhos de Coimbra,
Condeixa-a-Nova, Montemor-o-Velho e Soure (Figura 28).

37
Área de estudo

Fig.28 – Concelhos abrangidos pelo Sistema Aquífero Condeixa-Alfarelos. Adaptado de Simões


(2018).

O aquífero Condeixa-Alfarelos insere-se na formação em estudo (Figura 29), as Areias e Argilas


de Taveiro, sendo que a produtividade aquífera deste é, de modo geral, baixa a muito baixa,
com um comportamento global do tipo aquitardo/aquicluso, ou seja, embora contendo água no
seu interior, por vezes até à saturação, não permite a sua circulação. Ocorrem algumas
intercalações areníticas, mas, por terem estrutura lenticular, a sua importância é reduzida
(Almeida et al., 2000).

Os terrenos de idade cretácica subjacentes apresentam uma permeabilidade e produtividade


muito superior ao apresentado pelas Areias e Argilas de Taveiro, correspondendo às unidades
produtivas deste sistema aquífero, sendo elas os Arenitos Finos de Lousões/Formação de
Lousões (C4 e C2LS – Folhas 19-C (Manuppella et al., 1976) e 19-D (Soares et al., 2005) da Carta
Geológica de Portugal à escala 1:50 000, respetivamente), Calcários Apinhoados de Costa de
Arnes/Formação de Trouxemil (C2-3 e C2Tr – Folhas 19-C (Manuppella et al., 1976) e 19-D (Soares
et al., 2005) da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000, respetivamente) e Arenitos de
Carrascal/Formação de Figueira da Foz (C1-2 e C1-2FF – Folhas 19-C (Manuppella et al., 1976) e 19-
D (Soares et al., 2005) da Carta Geológica de Portugal à escala 1:50 000, respetivamente)
(Almeida et al., 2000; Simões, 2018).

Segundo Almeida et al. (2000), a recarga é efetuada pela precipitação que cai diretamente sobre
as superfícies dos afloramentos permeáveis, considerando-se a estimativa de recarga de 150
mm/ano. As unidades mais permeáveis da Formação das Areias e Argilas de Taveiro apresentam
um nível piezométrico mais elevado do que as camadas das unidades do Cretácico inferior,
sendo possível que o aquífero possa receber recarga por drenância vertical, a partir destas
unidades sobrejacentes, sendo, no entanto, difícil de quantificar.

38
Fig.29 – Corte geológico AB do Sistema Aquífero Condeixa-Alfarelos (Simões, 2018).

3.5. Enquadramento dos Movimentos de Instabilidade Observados

Numa primeira fase foi realizado o reconhecimento da área de estudo tendo em vista a
georreferenciação dos movimentos de instabilidade nos taludes e a sua caracterização. Foi
recolhida informação morfométrica, a idade provável de ocorrência e o tipo de movimento de
instabilidade. Nas tabelas do Anexo III apresenta-se a informação detalhada recolhida em cada
talude, tendo como finalidade a análise estatística dos parâmetros avaliados.

Os parâmetros avaliados (Anexo III) no estudo dos taludes incluíram:


• Dados Geométricos: comprimento, altura, direção e pendor;
• Caracterização: litologia principal, vegetação, descrição litológica, erosão superficial e
fraturas, e condições de fluxo de água no talude;
• Comportamento do Talude: classificação de talude, estabilidade geral, tipo de
instabilidade, trabalhos de estabilização, estados de atividade, consequências, causas
prováveis externas da instabilidade e, por fim, causas prováveis internas da
instabilidade;
• Definição da Idade do Talude: através de imagens de satélite do Google Earth Pro
Histórico.

Contabilizaram-se no total 27 taludes para ambos os concelhos (Figura 30), sendo que 16 deles
se localizam no de Coimbra (59%) e 11 no de Condeixa (41%), mais especificamente nas
seguintes freguesias, subdividindo-se em quatro para cada concelho, Coimbra e Condeixa,
respetivamente:
• Coimbra:
o União de Taveiro, Ameal e Arzila: 7 (Taludes 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14);
o União de S. Martinho do Bispo e Ribeira de Frades: 4 (Taludes 3, 4, 5 e 6);
o União de Assafarge e Antanhol: 2 (Taludes 15 e 17);
o Cernache: 3 (Talude 19, 20 e 21);
• Condeixa-a-Nova:

39
o Anobra: 5 (Taludes 16, 24, 25, 26 e 27);
o União de Freguesias de Sebal e Belide: 3 (Taludes 22, 23 e 28);
o Ega: 3 (Taludes 29, 30 e 31);
o União de Freguesias de Condeixa-a-Nova e Condeixa-a-Velha: 0.

Fig.30 – Localização de Taludes estudados. Realizado com recurso a Geoportal LNEG (Folha 19-C:
Manuppella et al., 1976; Folha 19-D: Soares et al., 2005; Carta Geológica de Portugal, à escala
1:50.000) e Software ArcGis Pro (2023).

Os comprimentos dos taludes variam entre 18 e 180 metros (Figura 31-A), sendo que a zona de
instabilidade propriamente dita varia entre 2 e 50 m (Figura 31-B), com alturas entre 1,5 e 7 m
(Figura 31-C) e pendores desde 31° a 88° (Figura 31-D).

Fig.31 – Valores médios de comprimento total (A), de comprimento de instabilidade (B), de altura (C)
e pendor (D) dos taludes de Estudo Geral.

40
Os taludes georreferenciados da Formação Areias e Argilas de Taveiro incluem desde terrenos
silto-argilosos a areno-siltosos, de cores vermelha, a rosada, a cinzenta e, pontualmente,
amarela, habitualmente com clastos com dimensão entre 1 e 5 mm. Sobrejacente à formação
AAT observa-se, na maioria dos taludes, a presença de depósitos superficiais, nomeadamente
depósitos de canal, de idade mais recente relativamente à formação AAT, sendo estes
caracterizados habitualmente como terrenos silto-argilosos, de cor castanha a amarela, com
seixos rolados de dimensão entre 1 e 9 cm, pontualmente de 15 cm.

Nos taludes georreferenciados foi avaliada a presença de vegetação, no topo e na face do talude,
subdividindo-se em três tipos de cobertura vegetal: coberto herbáceo, coberto arbustivo e
coberto arbóreo (Tabela 9). Em termos estatísticos, observa-se na totalidade dos taludes o
coberto herbáceo (e.g., Gramíneas, Tojos, Cyperus, Festuca, Silvas, Urzais, Fetos), quer no topo
como na face, com altura média entre 10 cm a 1 m, por vezes de forma densa. O coberto
arbustivo (e.g., Aderno, Acácia e Tojos) encontra-se maioritariamente na zona do topo dos
taludes (60%), ocorrendo também na face (40%), contabilizando-se 5 taludes no total, sendo a
altura média dos arbustos variável entre 1,0 e 1,8 m, geralmente disperso ou pouco significante.
O coberto arbóreo (e.g., Pinheiro, Eucalipto e Sobreiro), com altura média entre 1 e 6,75 m,
ocorre no topo dos taludes (60,9% - 14 taludes), face (4,3% - 1 talude) e em ambos (34,8% - 8
taludes), observando-se em 85,2%, que corresponde a 23 taludes dos 27 taludes totais. Para
além destes foi também considerada a profundidade das raízes nos terrenos, variando desde 10
cm a 1,6 m.

Tab.9 – Valores estatísticos relativos à presença de vegetação nos taludes e altura média dos
diferentes tipos de vegetação.

Vegetação Localização no Talude (Estatística) Altura Média (m)


Cobertura Herbácea (100% dos
Topo (100%) e Face (96,3%) 0,10 – 1
taludes)
Cobertura Arbustiva (18,5% dos
Topo (60%) e Face (40%) 1,0 – 1,8
taludes)
Cobertura Arbórea (85,2% dos Topo (60,9%), Face (4,3%) e Ambos
1 – 6,75
taludes) (34,8%)

A presença de vegetação fornece informação acerca de condições favoráveis ou desfavoráveis


relativamente à estabilidade do talude, como por exemplo a presença de vegetação densa
herbácea - como indicador de solo fértil e com boa drenagem, desempenha um papel protetor
nos taludes, reduzindo a ação e impacto direto dos processos erosivos na face dos taludes. As
árvores, pelo contrário, podem ter um efeito instabilizador.

Em termos gerais, nos taludes observados, identificaram-se as seguintes unidade geológicas


(também identificadas como zonas geotécnicas): o solo vegetal, caracterizado como uma
camada superficial fina de material orgânico, de cor escura, com espessura variável entre 6 e 18
cm; os depósitos coluvionares com espessura variável entre 10 cm e 2,3 m; e, por fim, a
formação em estudo, as Areias e Argilas de Taveiro, com espessura variável entre 20 cm e 5,5
m, sendo este, de modo geral, o terreno predominante nos taludes estudados.

A erosão superficial na face do talude traduz-se na presença de sulcos e depende da intensidade


dos processos erosivos a que o talude está exposto (considerando a quantidade de sulcos
presentes, abertura e profundidade dos mesmos), definindo-se como causa principal dessa

41
erosão a percolação de água ao longo do talude, designadamente a escorrência das águas
pluviais. A maior percentagem de sulcos observou-se nos taludes do concelho de Condeixa (n.°
22,23,25,26,27), com 71,4% (5 taludes), ocorrendo sulcos erosivos em apenas dois taludes no
concelho de Coimbra (n.° 14 e 21), contabilizando sete taludes no seu total com processos
erosivos. Os sulcos observados evidenciam um comprimento mínimo de 25 cm e máximo de 6
m, abertura variável de 5 mm a 65 cm e profundidade de 3 cm a 50 cm. Por forma a definir a
densidade dos sulcos, e de acordo com Sobotková et al. (2015), foi utilizada uma moldura com
1 m2 (Figura 32), servindo de escala para contabilização da quantidade de sulcos nesse intervalo,
obtendo-se valores entre 2 e 5 sulcos/m2, e um valor médio de 4,14 sulcos/m2.

Fig.32 – Moldura (1 m2) para medição de


intensidade de sulcos (neste caso o valor
obtido foi de 4 sulcos/m2) - Talude 23.
Data da fotografia: 9/5/2023.

A caracterização dos taludes também inclui a identificação das fendas de tração e de dissecação,
nomeadamente nos terrenos argilosos da unidade AAT, sendo que, para as fendas de tração
obtiveram-se comprimentos mínimos de 10 cm e máximos entre 2 e 3 m, aberturas entre 1 mm
e 27 cm, evidenciando direções paralelas à dos taludes e sentido de pendor, de modo geral, para
o interior do talude, isto é, em sentido oposto ao declive dos taludes. Relativamente às fendas
de retração (ou dissecação), originadas pela perda de água nas argilas, o comprimento médio
varia entre 1 e 40 cm, com aberturas entre 1 mm e 5 cm, e orientações preferenciais sub-
verticais e sub-horizontais.

O fluxo de água superficial, também relacionado com a presença de sulcos nos taludes, observa-
se em várias direções (Figura 33), nomeadamente através da face do talude, cerca de 48,1%,
correspondendo a 13 taludes, na direção contrária à face do talude (14,8% - 4 taludes), ou seja,
na área de topo/crista do talude (Figura 34-A), e outras direções, podendo ocorrer para ambos
os sentidos, da face e contrário à face (14,8% - 4 taludes), e/ou variar consoante a inclinação
lateral do talude (22,2% - 6 taludes) (Figura 34-B).

SENTIDO DE FLUXO
4 taludes;
15% Face do Talude
Fig.33 – Sentidos do fluxo de
6 taludes; 13 taludes; Contrário à Face do Talude água nos taludes.
22% 48%
Sentido da Inclinação do Talude
4 taludes;
15% Vários Sentidos

42
A B
Área de topo/crista
do talude (inclinada)

Contrário à Face
do Talude (área Face do
de topo/crista) talude Face do talude

Base do talude

Fig.34 – Esquemas de exemplificação de sentidos de fluxo de água superficial nos taludes;


Vista lateral esquerda do talude – A; Vista frontal do talude – B.

Os taludes caracterizados correspondem na totalidade a taludes de escavação. Quanto ao seu


comportamento, os taludes foram avaliados relativamente à estabilidade geral, tendo em conta
a idade do movimento, possibilidade de ocorrência, intensidade e tipo de terreno, em particular
a friabilidade e a resistência. Os taludes estudados foram classificados, de acordo com IDOM
(2009), em estabilidade intermédia (40,7% - 11 taludes) e intermédia a má (29,6% - 8 taludes).
Com valores percentuais mais reduzidos, assinala-se a presença de taludes de estabilidade
intermédia a boa (7,4% - 2 taludes), boa (7,4% - 2 taludes) e, por fim, má (14,8% - 4 taludes).

O tipo de instabilidade (Tabela 10) corresponde, maioritariamente, a deslizamentos superficiais


de solo (48,4% - 15 movimentos), aparecendo associados a movimentos com uma espessura
reduzida de terreno instabilizado e de escorregamento/desprendimento na face do talude.
Ainda em número considerável, classificam-se os deslizamentos rotacionais de solo, com 9
movimentos observados (29%), tendo estes uma superfície de rotura circular/curvada e a
presença de uma saliência de terreno instabilizado na base do talude. Registou-se a ocorrência
de dois movimentos de deslizamento rotacional múltiplo de solo (6,5%), onde se verificam duas
superfícies de rotura na face do talude. Destaca-se ainda a presença de fluxos de solo (12,9% -
4 movimentos), considerando-se estes movimentos como um deslizamento de uma massa
fluída. Em menor percentagem, sendo considerado apenas 1 movimento (3,2%) – Talude 15,
como uma situação de rastejamento, tendo por base de classificação a observação de
encurvamento na base das árvores no topo do talude, numa zona instabilizada anteriormente
por deslizamento rotacional.

Tab.10 – Tipo de instabilidade e valores percentuais de movimentos observados na totalidade dos


taludes.

Tipo de Instabilidade Movimentos Observados (%)

Deslizamento Superficial (solo) 15 (48,4%)


Deslizamento Rotacional (solo); múltiplo (2) 9 (29%); 2 (6,5%)
Fluxo (solo) 4 (12,9%)
Rastejamento 1 (3,2%)

Para os estados de atividade dos taludes, de acordo com WP/WLI (1993), classificam-se
geralmente como inativos (77,8%), ou seja, sem atividade nos últimos 12 meses, mas com
indícios de atividade, encontrando-se apenas 6 taludes com atividade suspensa (22,2%),

43
correspondendo a instabilidade ativa nos últimos 12 meses, mas não ativa no presente
momento.

Relativamente às medidas de estabilização aplicadas aos taludes (Figura 35) apenas ocorrem
três casos com medidas mais complexas, nomeadamente o Talude 10, existindo um muro de
betão, com 70 cm de altura, e passeio pedestre adjacente, o Talude 13, com presença de muro
de contenção de betão ao longo de todo o talude, perfazendo 43 m totais de comprimento e
1,51 m de altura, com drenos na base e vala de drenagem entre muro e via de comunicação
rodoviária, e, por fim, o Talude 21, verificando-se a existência de enrocamento (cerca de 5 m de
largura), estacas de madeira, valas de drenagem no topo e na face do talude, apresentando-se
no presente momento, a maioria destes sistemas de drenagem degradados ou mesmo
inoperativos. Nos taludes estudados, observa-se a presença de valas de drenagem na zona do
pé dos taludes, correspondendo a 40,7% (11 taludes), de pequenas barreiras (10 cm de altura
máxima) entre o talude e a estrada ou, entre o talude e passeio pedestre, correspondendo a 2
taludes (7,4%), registando-se a inexistência de medidas de estabilização em 40,7% (11 taludes).

MEDIDAS DE ESTABILIZAÇÃO
Vala de Drenagem Fig.35 – Medidas de
11; 41% 11; 41% Estabilização dos Taludes de
Pequena Barreira
Estudo Geral.
Medidas Complexas

3; 11% 2; 7% Sem Medidas

Relativamente às possíveis consequências da instabilização, a maioria das situações


relacionadas com os movimentos de instabilidade atinge as vias de comunicação (estradas),
contabilizando 22 ocorrências (81,5% dos taludes). Ocorrem situações de instabilidade nas
proximidades de edifícios, mais concretamente uma Oficina e uma Estação de Tratamento de
Águas Residuais (ETAR) em Condeixa, correspondendo aos taludes 22 e 23, respetivamente,
assim como existem instabilidades localizadas em taludes situados em zonas florestais (25,9% -
7 taludes) e zonas agrícolas e de pastorícia (3,7% - 1 talude).

Como causas externas da instabilidade encontram-se como determinantes a erosão superficial


(92,6% - 25 taludes), a infiltração de água no talude (77,8% - 21 taludes) e, principalmente, as
características geométricas, como o pendor (77,8% - 21 taludes) e a altura (51,9% - 14 taludes)
dos taludes. Identificaram-se ainda como causas prováveis para o colapso dos taludes, em
menor percentagem relativamente às anteriores, as vibrações (25,9% - 7 taludes), provenientes
maioritariamente de vias rodoviárias e passagem constante de automóveis, e o aumento de
peso do talude devido a aplicação de sobrecargas no topo dos mesmos (7,4% - 2 taludes),
nomeadamente no Talude 9, devido à existência de um edifício no topo do talude, nas
proximidades da crista do mesmo, e posterior remoção, estimada para o ano de 2023 (Imagens
Históricas - Google Earth Pro, 2022), e no Talude 22, devido à possível existência de um aterro
para deposição de resíduos industriais no topo do talude.

Como causas internas da instabilidade destaca-se a litologia argilosa, abrangendo a totalidade


dos taludes (100% - 27 taludes), a diminuição de resistência dos terrenos (92,6% - 25 taludes),
relacionada com processos de erosão e percolação de água, e o aumento da pressão da água

44
(40,7% - 11 taludes), considerando-se o tipo de terreno (arenoso, siltoso ou argiloso), sendo
mais propício a modificações, no que diz respeito às características dos terrenos, os terrenos
argilosos e siltosos.
Para a avaliação da idade dos movimentos de instabilidade e da data da construção dos próprios
taludes (maioritariamente o reperfilamento), utilizou-se o software Google Earth Pro
7.3.6.9345, de 2022, nomeadamente as funcionalidades Street View e as Imagens Históricas. A
avaliação da idade dos movimentos de instabilidade não foi possível para a totalidade dos
taludes, devido à ocorrência dos movimentos após a data da última imagem satélite disponível
(18,5% - 5 taludes), e, para um caso, designadamente o Talude 24, devido à localização em zona
florestal, não sendo possível a utilização da funcionalidade Street View. Os restantes taludes,
onde foi possível a previsão de idade dos movimentos de instabilidade, correspondentes a
77,8% (21 taludes), têm idades compreendidas entre 2009 e 2023, conforme exibido na Tabela
11.

Tab.11 – Idade Provável dos Movimentos de Instabilidade para 21 taludes do Estudo Geral.

Idade Provável dos Movimentos


Quantidade de Taludes (n.°)
de Instabilidade
2009 5
2010 3
2014 1
2018 1
2019 1
2020 3
2021 1
2022 3
2023 1
2010-2022 1
2021-2023 1
Total: 21 Taludes

Foram contabilizados 13 taludes com idade anterior ao ano de 2004, correspondendo a 48,1%
do total, não existindo imagens nítidas antecedentes, e 9 taludes de idade provável anterior a
2006 (33,3%). Os restantes 18,5% correspondem a taludes onde foi possível a determinação,
através das imagens satélite do Google Earth Pro (2022), embora com incerteza associada, do
ano de escavação do talude, e, consequentemente, a definição da idade provável do mesmo,
verificando-se a origem de 2 taludes para o ano de 2006 (7,4%), 1 talude para o ano de 2013
(3,7%) e 2 taludes para o ano de 2018 (7,4%).

Tab.12 – Ano de origem, provável, dos taludes.

Ano de origem dos Taludes


Quantidade de Taludes (n.°)
(provável)
Anterior a 2004 13
Anterior a 2006 9
2006 2
2013 1
2018 2
Total: 27 Taludes

45
Com recurso ao Google Earth Pro foi também observado o parâmetro de desflorestação,
correspondente à remoção definitiva de cobertura arbórea, estando presente em mais de
metade dos taludes, não sendo observada ao longo dos anos em 12 taludes (44,4%). Os
restantes apresentam desflorestação para um período entre 2006 e 2020 (Tabela 13).

Tab.13 – Desflorestação observada nos Taludes de Estudo Geral.

Desflorestação (Anos) Quantidade de Taludes (n.°)

2006 1
2011 2
2013 4
2015 2
2018 4
2020 1
Anterior a 2004 1
Não 12
Total: 27 taludes

46
4. Casos de Estudo

No presente capítulo são apresentados dois casos de estudo. Um dos casos, considerado
pontual – Talude 20, resultante do estudo e enquadramento geral dos taludes. O outro,
considerado como de estudo mais aprofundado – Talude CE, alvo de caracterização geológica e
geotécnica extensiva, incluindo a execução de sondagens mecânicas e de ensaios SPT, tendo
como principal finalidade a obtenção de dados específicos da formação AAT. Relativamente à
localização dos taludes, um encontra-se no concelho de Coimbra e o outro no concelho de
Condeixa. Neste estudo são descritos os seus antecedentes, no que diz respeito ao
enquadramento da história do talude até ao momento de instabilização, efetuando-se também
na sua caracterização, tanto geológica como geotécnica, tendo por base os ensaios realizados in
situ (SPT), e laboratoriais (Peso Específico Aparente, Análise Granulométrica, Limites de
Consistência/Atterberg, Corte Direto, Expansibilidade e identificação de minerais argilosos
através da Difração de Raios X).

4.1. Talude 20 – Caso Pontual


4.1.1.Localização

O Talude 20 localiza-se junto à via de comunicação rodoviária IC2 (Itinerário Complementar


n.°2), na freguesia de Cernache e concelho de Coimbra, tendo como coordenadas geográficas
aproximadas latitude: 40° 7'52.89"N, longitude: 8°28'42.61"W (Figura 36).

Fig.36 – Localização de
Talude 20 (Caso
pontual). Realizado com
recurso a Software
ArcGis Pro (2023) e
Google Earth Pro (2022).

47
4.1.2. Antecedentes

Por forma a enquadrar a história do Talude 20, tendo por base as imagens de satélite históricas
(Google Earth Pro, 2022), a idade provável deste é anterior ao ano de 2004 (data de primeira
imagem nítida disponível). O talude classifica-se como de escavação, realizada aquando da
construção da via de comunicação rodoviária IC2 (Itinerário Complementar n.°2), sendo a
primeira referência no Plano Rodoviário Nacional de 1985 (Figura 37), de acordo com Pacheco
(2001).

Fig.37 – Plano Rodoviário Nacional


1985, com localização de troço de
IC2 da área próxima de Talude 20
(círculo preto). Retirado de
Pacheco (2001).

A setembro de 2009 (Street View – Google Earth Pro, 2022), observa-se erosão superficial na
face do talude, mais concretamente a ocorrência de sulcos, assinalados a amarelo na Figura 38,
originados, muito provavelmente, pela escorrência de águas pluviais.

Fig.38 – Imagem
Street View
(setembro de 2009)
de zona atualmente
instabilizada do
Talude 20 (Google
Earth Pro, 2022).

No que diz respeito à vegetação, tanto na face do talude como da crista (Figura 39), ao longo
dos anos é visível o corte constante da vegetação, consistindo em coberto herbáceo (e.g.,
gramíneas (maioria), cyperus) de 20-80 cm de altura na face, e canavial de cerca de 1,10 m de
altura no topo.

48
A B

Fig.39 – Vegetação presente no Talude 20, incluindo a superfície de rotura. Fotografias tiradas a 27 de
março (A) e 9 de maio (B) de 2023.

O reperfilamento do talude, no momento de escavação, resultou num perfil com dois troços de
inclinação: na base do talude com cerca de 53°, e, na crista, mais suave, com 31°. O talude
apresenta uma altura máxima de 6 metros.

Em março de 2022 ainda não era visível, nas imagens históricas (Google Earth Pro, 2022), o
colapso do talude, sendo a idade mais provável para a ocorrência do movimento de instabilidade
estudado, entre março de 2022 e 27 de março de 2023, data da primeiro contacto com o talude
através do reconhecimento de superfície, e caracterização.

4.1.3. Caracterização do Talude 20

O Talude 20, inicialmente, foi alvo de uma caracterização efetuada a partir de levantamento de
campo, considerando a observação dos principais aspetos do talude, como a geometria, a
vegetação, o fluxo de água, o tipo de litologia e a sua descrição, a fraturação e a erosão
superficial, sendo estes últimos quatro parâmetros o foco deste subcapítulo 4.1.3.
Posteriormente, foi efetuada uma caracterização específica e detalhada recorrendo a ensaios
laboratoriais para identificação e classificação das propriedades do terreno.

4.1.3.1. Caracterização Geológica e Geotécnica

O Talude 20 é constituído por litologias pertencentes à formação Areias e Argilas de Taveiro,


apresentando material argilo-siltoso, de cor cinzenta a amarela, por vezes com tonalidade negra
(Figura 40), sendo estes indicadores prováveis da presença de concentrações de manganês
(nódulos).

49
Fig.40 – Litologia observada no Talude 20. Fotografias tiradas a 27 de março de 2023.

Através de Antunes et al. (1978), e do estudo realizado ao corte da Cerâmica do Mondego, Lda.,
nas imediações de Taveiro, com finalidade de apoio dos trabalhos de cartografia dos Serviços
Geológicos de Portugal, folhas 19-C (Figueira da Foz) (Manuppella et al., 1976) e 19-D (Coimbra-
Lousã) (Soares et al., 2005), pode reconhecer-se a litologia estudada no Talude 20 como
semelhante à da camada 19 da unidade inferior do perfil litoestratigráfico do Corte da Cerâmica
do Mondego, Lda. (Figura 41), sendo esta camada anterior a uma sequência de passagens
laterais mais arenosas, às vezes manganesíferas, onde prevalecem tonalidades acinzentadas.

Fig.41 – Sequência entre camadas 19 e 26 do perfil litoestratigráfico - corte da Cerâmica do Mondego,


com delimitação (a amarelo) da camada semelhante à litologia do Talude 20, Lda. Adaptado de
Antunes et al. (1978).

50
A camada 19 (Figura 41) é descrita por Antunes et al. (1978) como um argilito siltoso, de cor
cinzenta, e composição fundamental: fração arenosa (1,1%), fração silto-argilosa (96,2%), fração
carbonatada (2,7%), sendo a fração argilosa composta por montmorilonite regularmente
cristalina (>70%), caulinite (<10%) e ilite (>20%). Os autores consideram ainda a presença de
concentrações de manganês, assim como a presença de sedimentos fortemente compactados.

Os comprimentos das fendas de tração observadas no talude T20 (Figuras 42 e 43), variam entre
1,6 e 2,5 m, considerando-se significativos, com abertura entre 15 e 27 cm. Considera-se a
atitude, de modo geral, com uma direção de N22°E e pendor de 70°SE, ou seja, para o interior
do talude.

A B C

NE SW

Fig.42 – Fendas de tração observadas. Fotografias tiradas a 9 de maio de 2023.

NE SW

Fig.43 – Localização das fendas de tração observadas no Talude 20. Fotografia tirada a 27 de março
de 2023.

Outro tipo de fraturação observada no Talude 20 diz respeito à retração/dissecação das argilas
localizadas na superfície do talude (Figura 44). Consideram-se comprimentos entre 4 e 20 cm e
aberturas entre 2 mm e 1 cm. Relativamente à atitude, consideram-se duas predominantes no

51
talude, uma sub-vertical, de direção N70°W e pendor entre 87°-90° para NE, e uma sub-
horizontal, de direção N16°E e pendor entre 0°-2° para NW.

Fig.44 – Fendas de
retração observadas.
Fotografia tirada a 9 de
maio de 2023.

Em todos os afloramentos disponíveis no Talude 20 observa-se apenas uma litologia (unidade


geotécnica) (Figura 45), a formação Areias e Argilas de Taveiro. Sobrejacente à formação AAT
encontra-se uma fina camada de solo vegetal, de tonalidade castanho-escura a preta, com 10
cm de espessura.

Solo Vegetal
(10 cm)

Formação Areias
e Argilas de
Taveiro (6 m)

Fig.45 – Aspeto das litologias observadas no talude T20, incluindo a superfície de rotura. Fotografias
tiradas a 9 de maio de 2023.

De acordo com o levantamento efetuado, o terreno da face do talude T20, aquando da recolha
de amostra (2 de junho de 2023), apresentava-se friável, desagregando-se facilmente. À data da
caracterização do talude (27 de março de 2023) observou-se, através da escavação da superfície
do talude na zona de rotura, a cerca de 10 cm de profundidade, a presença de solo húmido e
com alguma plasticidade, contrariamente ao observado no dia 9 de maio de 2023 (data de
revisão da caracterização do talude), onde o solo se apresentou mais seco à superfície,

52
possivelmente relacionado com o aumento da temperatura média e da radiação solar
observados entre as duas datas.

4.1.3.1.1. Ensaios Laboratoriais

Os ensaios laboratoriais são importantes para o conhecimento e avaliação das propriedades e


comportamento dos solos, nomeadamente para a caracterização geotécnica.

As amostras para realização dos ensaios laboratoriais no talude T20 foram recolhidas a uma
profundidade entre 25 e 30 cm, contabilizados a partir da superfície do talude (Figura 5,
subcapítulo 2.3.1.2.1.). Foram recolhidos dois tipos de amostra, designadamente amostra
remexida, para realização dos ensaios de Análise Granulométrica, Limites de
Consistência/Atterberg, Expansibilidade e Identificação de minerais argilosos através da
Difração de Raios X, e a amostra indeformada, para realização da determinação do Peso
Específico Aparente Seco e Saturado e ensaio de Corte Direto.

Antes da realização dos ensaios de caracterização física do solo, houve necessidade de


preparação da amostra. Esta preparação consistiu, primeiramente, na secagem da amostra em
estufa por cerca de 24 horas, a uma temperatura de 70°C, e posteriormente na desagregação
da amostra através de um pilão e almofariz (Figura 46) e auxílio de um maço de borracha, de
forma a obter uma subamostra homogeneizada em termos granulométricos.

A B

Fig.46 – Processo de desagregação da amostra T20; A – Amostra seca retirada da estufa; B – Amostra
em processo de desagregação no almofariz; Laboratório Santander (Geotecnia), Departamento de
Ciências da Terra da Universidade de Coimbra (A), e Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-Nova (B).
Fotografias tiradas a 6 e 22 de junho de 2023, respetivamente.

Definida a metodologia dos ensaios, procede-se à apresentação dos resultados dos ensaios
laboratoriais realizados no presente estudo para o Talude 20.

Peso Específico Aparente________________________________________________________

Como referido no subcapítulo 2.3.1.2.1., o método escolhido para determinação do peso


específico aparente foi o método direto, tendo em conta a granulometria do solo em estudo -
granulometria fina (solo argiloso). Este método direto consiste na cravação de um cilindro, de

53
dimensões e massa conhecidas, e recolha de amostra indeformada, tendo para este talude (T20)
sido utilizados três tubos de aço inoxidável de comprimento de 5 cm, diâmetro interno de 84
mm e massa de 295 g, com recolha de amostra a cerca de 25-30 cm da superfície, realizada a 8
de setembro de 2023.

Após recolha dos três provetes, para realização do ensaio de Peso Específico Aparente (PEA)
com amostra natural, procedeu-se de imediato à obtenção da massa total de cada um, através
da pesagem, ao contrário do ensaio de PEA com amostra saturada, tendo-se colocado os três
provetes por um período de 42 horas num recipiente com água (Figura 47), por forma a saturar
a amostra. Após esse período procedeu-se então à pesagem dos provetes.

Fig.47 – Provetes de amostra T20


saturados para realização de ensaio de
PEA. Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-
Nova. Fotografia tirada a 13 de setembro
de 2023.

Após obtenção da massa relativa a cada provete, para amostra natural e saturada, procedeu-se
aos cálculos da massa do solo, do volume e, finalmente, do peso volúmico aparente de cada
provete. Para definição dos valores finais do ensaio de PEA, para amostra natural, foi efetuado
o cálculo do valor médio obtido a partir dos resultados dos três provetes. Para a amostra
saturada apenas se utilizou os valores referentes a dois provetes, devido a perda significativa de
amostra num provete. Os resultados finais para o PEA, de amostra natural e amostra saturada,
para o Talude 20 encontram-se na seguinte Tabela 14.

Tab.14 – Valores médios para cálculo de Peso Específico Aparente final (Amostra Natural e Amostra
Saturada).

Amostra Natural Amostra Saturada


Massa do tubo de aço
0,295 kg 0,295 kg
inoxidável
Massa do Provete (ms) 0,824 kg 0,872 kg
Comprimento total do provete 0,05 m 0,05 m
Diâmetro interno do Tubo 0,084 m 0,084 m
Massa do Solo 0,529 kg 0,577 kg
Volume 0,000277 m3 0,000277 m3
Peso Específico Aparente (ƴa) 1909,138 kg/m3 = 18,72 kN/m3 2081,772 kg/m3 = 20,42 kN/m3

Através da análise dos resultados obtidos neste ensaio, e considerando os valores referência
definidos em Das (2011), verifica-se conformidade para o peso específico do material argiloso
em estudo. Comparando os valores de PEA obtidos verifica-se um aumento de 1,7 kN/m3 no
resultado final para a amostra saturada comparativamente à amostra seca, correspondente a
um aumento médio de 48 g (8,32%), relativamente à massa do solo.

54
Análise Granulométrica por Peneiração Húmida______________________________________

Através da observação da amostra em estudo (amostra T20), é possível verificar que


corresponde a um solo fino, tendo por isso sido utilizado o método de peneiração húmida para
realização do ensaio de Análise Granulométrica, de acordo com a especificação LNEC E 239, de
janeiro de 1971 – “Análise granulométrica por peneiração húmida” (LNEC, 1971). O ensaio
realizou-se nos dias 22 e 23 de junho de 2023 no Laboratório da empresa AÇORGEO, em
Condeixa-a-Nova.

Este processo inicia-se, como referido no subcapítulo 2.3.1.2.2., pela crivagem através do
peneiro n.° 10 (ASTM) e pesagem da amostra total homogeneizada, correspondente a m'10 na
Tabela 15. A toma do material necessário à realização do ensaio deve ser entre 50 e 100 g, tendo
sido de 101,16 g (ma – Tabela 15) para a amostra em estudo (amostra T20). De seguida realizou-
se nova crivagem, com jato de água, com o peneiro n.°200 (ASTM), desprezando-se o material
passado, e procedendo-se à secagem do material retido.

Tab.15 – Valores de massas iniciais, passada no peneiro 2 mm, total da amostra e da toma.

Massa retida no peneiro de 2,00 mm (m10) 0g


Massa passada no peneiro de 2,00 mm (m'10) 136,10 g
Massa total da amostra (mt=m10+m'10) 136,10 g
Massa da Toma <2,00 (ma) 101,16 g

Procedida a peneiração através da sequência de malhas referida no subcapítulo 2.3.1.2.2., e


posterior pesagem do material retido, é então possível a realização dos cálculos necessários
para obtenção das percentagens relativas, nomeadamente percentagens relativas acumuladas
e percentagens passadas acumuladas (Tabela 16).

Tab.16 – Valores obtidos na peneiração húmida da amostra T20.

Peneiros (ASTM)
Massa
Massa Massa retida % retida
Abertura % retida material %
N.° retida acumulada acumulada
(mm) Nx=(mx/ma)*100 passado passada
(mx) (g) (g) (N'x)
(g)
0,85 20 0,34 0,34 0,34 0,34 100,82 99,66%
0,425 40 0,59 0,93 0,58 0,92 100,23 99,08%
0,25 60 0,50 1,43 0,49 1,41 99,73 98,59%
0,106 140 0,46 1,89 0,45 1,87 99,27 98,13%
0,074 200 0,89 2,78 0,88 2,75 98,38 97,25%
<0,074 Fundo 98,38 101,16 - - - -

Com estes dados, e por forma a apresentar e interpretar a distribuição das partículas do solo em
termos de percentagem por peso e de acordo com as suas dimensões traça-se a curva
granulométrica em gráfico semilogarítmico (Figura 48). O eixo das abcissas (em escala
logarítmica) corresponde aos valores de abertura das malhas dos peneiros utilizados, e o eixo
das ordenadas (em escala decimal) aos valores correspondentes às percentagens acumuladas,
em peso, do material que passa em casa peneiro.

55
SEDIMENTAÇÃO PENEIRAÇÃO
SILTE AREIA SEIXO
E CALHAU
ARGILA FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO

100%

90%
% MATERIAL PASSADO

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%
0,075

0,106

0,425
10%
0,25

0,85

4,75

37,5
9,5

19

25

50

75
2
0%
,010 ,100 1,000 10,000 100,000

ABERTURA (mm)

Fig.48 – Gráfico semilogarítmico da curva granulométrica obtida para a Amostra T20.

Conclui-se através da análise dos resultados do ensaio que a amostra é composta por partículas
muito finas, apresentando percentagens superiores a 90% de material passado em todos os
peneiros utilizados, indicando presença de um solo siltoso e/ou argiloso.

Para uma melhor caracterização do solo, neste caso constituído por material fino, poderia
realizar-se o ensaio de análise granulométrica por sedimentação ou através da utilização do
granulómetro laser.

Limites de Consistência/Atterberg_________________________________________________

O ensaio de determinação dos Limites de Consistência, mais concretamente o Limite de Liquidez


(LL) e o Limite de Plasticidade (LP), para a amostra T20, foi realizado nos dias 22 e 23 de junho de
2023, no Laboratório da empresa AÇORGEO, em Condeixa-a-Nova, recorrendo-se ao método de
Casagrande, com auxílio da concha de Casagrande, para o LL, e o designado método dos rolinhos
para o LP, de acordo com a norma portuguesa NP – 143, de 1969 – “SOLOS – Determinação dos
limites de consistência” (LNEC, 1970).

Foram executadas quatro repetições para cada ensaio, de modo a obter valores finais
representativos, sendo que, o LL da amostra ensaiada é dado pelo teor em água correspondente
a um número de pancadas igual a 25, e o LP é dado pelo valor médio dos teores de água
determinados para os quatro provetes. Apresentam-se de seguida os resultados nas Tabelas 17
e 18.

56
Tab.17 – Valores obtidos em ensaio de limite de liquidez da amostra T20.

Limite de Liquidez
Cápsula n.° R6 R8 R9 R10
m1 Cápsula (g) 15,89 15,94 15,96 16,02
m2 Amostra hum. + cápsula (g) 29,76 30,82 32,09 30,50
m3 Amostra seca + cápsula (g) 25,22 25,76 26,30 25,17
Ws=m3-m1 Amostra seca (g) 9,33 9,82 10,34 9,15
Ww=m2-m3 Água (g) 4,54 5,06 5,79 5,33
(Ww/Ws)*100 Teor em água (%) 48,66 51,53 56,00 58,25
Número de pancadas 39 30 22 16

Tab.18 – Valores obtidos em ensaio de limite de Plasticidade da amostra T20.

Limite de Plasticidade
Cápsula n.° R1 R2 R5 R7
m1 Cápsula (g) 15,91 16,00 15,94 15,89
m2 Amostra hum. + cápsula (g) 22,13 22,30 22,39 20,83
m3 Amostra seca + cápsula (g) 20,94 21,09 21,17 19,89
Ws=m3-m1 Amostra seca (g) 5,03 5,09 5,23 4,00
Ww=m2-m3 Água (g) 1,19 1,21 1,22 0,94
(Ww/Ws)*100 Teor em água (%) 23,66 23,77 23,33 23,50
Teor em água médio (%) 23,56

No que diz respeito ao LL, para obtenção do valor final é necessária a representação num gráfico,
relacionando o número de pancadas (no eixo das abcissas, escala logarítmica) e o respetivo teor
em água (no eixo das ordenadas, escala aritmética), obtendo-se uma linha de tendência (Figura
49) e, por interpolação da mesma, o valor final do limite de liquidez.

60,00
58,00
56,00
54,00
LL
52,00
50,00 Linha de
48,00 Logarítmica
Tendência
46,00 (LL)
y = -11,12ln(x) + 89,548
44,00
42,00
10 100

Fig.49 – Gráfico de limite de liquidez de amostra T20.

Por forma a sintetizar toda a informação obtida através do ensaio de determinação dos Limites
de consistência/Atterberg para a amostra T20, apresenta-se a Tabela 19.
57
Tab.19 – Valores obtidos em ensaio de limite de consistência para amostra T20; LL – Limite de Liquidez;
LP – Limite de Plasticidade; IP – Índice de Plasticidade; IC – Índice de Consistência.

LL (%) 54
LP (%) 24
IP (%) 30
IC 1,0

De acordo com o valor de IP obtido, e seguindo a classificação de Atterberg (Folque, 1991),


baseada no comportamento plástico dos solos, classifica-se a amostra como um solo de elevada
plasticidade, e, considerando o valor de IC resultante, classifica-se a amostra argilosa como rija.

Através da obtenção destes parâmetros, nomeadamente o valor de LL e IP, é possível a utilização


de diversos métodos para classificação do solo, tais como a Classificação Unificada e a
Classificação AASHTO (para fins rodoviários), seguindo-se os resultados:

Classificação Unificada: CH – Argila Gorda

Classificação AASHTO (para fins rodoviários): A-7-6 (19)

IG = 0,2𝑎 + 0,005𝑎𝑐 + 0,01𝑏𝑑 = 0,2 × 40 + 0,005 × 40 × 14 + 0,01 × 40 × 20 = 18,8

De acordo com a Classificação Unificada a amostra corresponde a uma argila gorda, ou seja, com
características plásticas, verificando-se assim a classificação através do valor de IP realizada
acima. O resultado obtido na Classificação AASHTO (para fins rodoviários), corresponde a um
solo argiloso com comportamento na camada sob o pavimento regular a muito mau.

Ensaio de Corte Direto __________________________________________________________

Por forma a obter os parâmetros de resistência ao corte da amostra T20 foram realizados
ensaios de Corte Direto, tendo como base a norma britânica BS 1377-7, de junho de 1990 (BSI,
1990), no laboratório de Geotecnia da empresa AÇORGEO, em Ponta Delgada, Açores, tendo
estes decorrido nos dias 12 de junho e 29 de agosto de 2023, para o ensaio de Corte Direto
Drenado (Figura 50) e para o ensaio de Corte Direto Não Drenado (amostra saturada),
respetivamente.

Fig.50 – Provete após ensaio de Corte Direto Drenado de amostra T20; Laboratório de Geotecnia,
AÇORGEO, Ponta Delgada, Açores.

58
Foram realizados dois tipos de ensaio de Corte Direto para a amostra T20, o ensaio de Corte
Direto Drenado, consistindo na utilização de amostra natural e com condição drenada de água
na caixa de corte, e o ensaio de Corte Direto Não Drenado com amostra saturada, consistindo,
como o próprio nome indica, na utilização de amostra saturada e com condição não drenada de
água na caixa de corte. Para este último, com o propósito de saturação da amostra, colocou-se
os provetes em água durante um período de 24 horas. A velocidade de realização dos ensaios
foi de 0.16667 mm/min.

Os resultados obtiveram-se a partir de três repetições para cada tipo de ensaio, com tensões
normais diferentes de 35 kPa, 70 kPa e 106 kPa, registando-se o valor da tensão de pico e
residual para cada um dos ensaios, permitindo assim, através do critério de rotura de Mohr-
Coulomb, a definição dos valores da coesão e do ângulo de atrito.

Apresentam-se de seguida os resultados e gráficos obtidos para cada tipo de ensaio: Corte
Direto Drenado (Tabelas 20 e 21; Figuras 51 e 52), e Corte Direto Não Drenado com amostra
saturada (Tabelas 22 e 23; Figuras 53 e 54).

Ensaio de Corte Direto Drenado:

Tab.20 – Valores obtidos no ensaio de Corte Direto Drenado da amostra T20.

Provete (n.°) 1 2 3
Diâmetro (mm) 60
Altura (mm) 25
Peso Volúmico (kN/m3) 17,38 16,94 16,92
Teor em água (%) 21 23 22
Tensão normal (kPa) 35 70 106
Tensão de corte – Pico (kPa) 79 105 101
Tensão de corte - Residual (kPa) 79 73 97

Gráfico Tensão de corte vs. Deformação


120,00
Tensão de corte [kPa]

100,00

80,00

60,00 Fig.51 – Gráfico Tensão


Tangencial-Deformação para
40,00
ensaio de Corte Direto
20,00 Drenado da amostra T20.
0,00
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00
Deformação horizontal [mm]
Provete n.º 1 Provete n.º 2 Provete n.º 3

Na Figura 51 estão representados os gráficos resultantes do ensaio de Corte Direto Drenado


realizado para os três provetes, nomeadamente a relação entre tensão aplicada e deformação
resultante. Verifica-se para o provete n.°2 o valor mais elevado de tensão de pico, com 105 kPa,
para uma tensão normal de 70 kPa, apresentando ainda o menor valor verificado para a tensão
residual, correspondente a 73 kPa. Os valores da tensão tangencial para o provete n.°2, não se

59
revelaram os expectáveis, dado que não estão de acordo com os encontrados para os restantes
valores.

Através da análise da curva para o provete n.°1, não se verifica a definição de um pico de tensão
de corte máxima bem definido, mantendo-se a tensão tangencial relativamente contante a
partir de um troço inicial crescente, ocorrendo situação semelhante para o provete n.°3, embora
com ligeira diminuição do valor de tensão tangencial, de pico para residual, concretamente 4
kPa.

Diagrama de Mohr-Coulomb
120,00
y = 0,3075x + 73,521
100,00
Tensão de corte [kPa]

80,00

60,00
y = 0,2479x + 65,796 Fig.52 – Critério de
40,00 Mohr-Coulomb para
ensaio de Corte
20,00 Direto Drenado de
0,00
amostra T20.
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00

Tensão de corte - pico (kPa) Tensão normal [kPa]


Tensão de corte - residual (kPa)
Linear (pico)
Linear (residual)

A partir do critério de Mohr-Coulomb (Figura 52), obtêm-se os valores de coesão efetiva e


ângulo de atrito efetivo da amostra, para a condição de tensão de pico e para a de tensão
residual, apresentados na Tabela 21.

Tab.21 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado da amostra
T20.
Pico Residual
Ângulo de Atrito efetivo (°) 15 16
Coesão efetiva (kPa) 74 66

Ensaio de Corte Direto Não Drenado (amostra saturada):

Tab.22 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Não Drenado da amostra T20 saturada.

Provete (n.°) 1 2 3
Diâmetro (mm) 60
Altura (mm) 25
Peso Volúmico (kN/m3) 21,07 22,32 20,67
Teor em água (%) 30 32 28
Tensão normal (kPa) 35 70 106
Tensão de corte – Pico (kPa) 26 43 60
Tensão de corte - Residual (kPa) 25 43 59

60
Gráfico Tensão de corte vs. Deformação
70,00

60,00
Tensão de corte [kPa]

50,00
Fig.53 – Gráfico Tensão
40,00
Tangencial-Deformação para
30,00 ensaio de Corte Direto Não
20,00 Drenado (amostra saturada)
de amostra T20.
10,00

0,00
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00
Deformação horizontal [mm]
Provete n.º 1 Provete n.º 2 Provete n.º 3

Através do gráfico de tensão-deformação apresentado na Figura 53, relativo ao ensaio de Corte


Direto Não Drenado com amostra T20 saturada, observa-se uma relação proporcional entre a
tensão normal aplicada e a tensão de corte ou tangencial, sendo que, para o provete n.°1, com
tensão normal de 35 kPa, a tensão de pico é de 26 kPa, para o provete n.°2, com tensão normal
de 70 kPa, a tensão resultante de pico é de 43 kPa, e, por fim, para o provete n.°3, com tensão
normal igual a 106 kPa, a tensão de pico é de 60 kPa.

Diagrama de Mohr-Coulomb
70,00
Tensão de corte [kPa]

60,00
y = 0,4739x + 9,6934
50,00 Fig.54 – Critério de
40,00 Mohr-Coulomb
para ensaio de
30,00
y = 0,4758x + 8,9716 Corte Direto Não
20,00 Drenado (amostra
saturada) de
10,00
amostra T20.
0,00
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00
Tensão normal [kPa]
Tensão de corte - pico (kPa)
Tensão de corte - residual (kPa)
Linear (pico)
Linear (residual)

A partir do critério de Mohr-Coulomb (Figura 54), obtêm-se os valores de coesão e ângulo de


atrito da amostra, para a condição de tensão de pico e para a de tensão residual, apresentados
na Tabela 23.

Tab.23 – Valores de coesão e ângulo de atrito obtidos em ensaio de Corte Direto Não Drenado
(amostra saturada) da amostra T20.

Pico Residual
Ângulo de Atrito (°) 25 25
Coesão (kPa) 10 9

61
Relativamente aos valores obtidos do ângulo de atrito efetivo no ensaio drenado verifica-se um
ligeiro aumento para o ângulo de atrito efetivo de pico para o residual (φpico=15°; φ’residual=16°),
mas os valores são muito próximos. No ensaio não drenado ambos os valores são idênticos
(φpico=25°; φ’residual=25°).

O valor da coesão para amostra saturada apresenta diminuição reduzida, da coesão de pico para
a coesão residual, de 10 kPa para 9 kPa, enquanto para a amostra executada com ensaio
drenado (não saturado) verifica-se uma redução mais significativa da coesão efetiva de 74 kPa
para 66 kPa.

Expansibilidade________________________________________________________________

O ensaio de determinação da Expansibilidade do solo, para a amostra T20, realizou-se no


período de 14 a 16 de junho de 2023, no Laboratório Santander (Geotecnia), do Departamento
de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, tendo por base a especificação LNEC E 200,
de outubro de 1967 – “Solos - Ensaio de Expansibilidade” (LNEC, 1967). Consiste na
determinação da variação de volume da amostra, quando em condições bem definidas de
compactação, absorve água por capilaridade, sendo a fração máxima da amostra de 0,420 mm,
passada no peneiro n.°40 (ASTM). Os resultados obtidos apresentam-se na Tabelas 24 e 25 e
Figura 55.

Tab.24 – Valores obtidos em ensaio de Expansibilidade da amostra T20.

Provete (n.°)
1 2
Leituras Defletómetro
Tempo (min)
(mm)
0 0,53 2,51 Tab.25 – Cálculo do valor de
1 0,61 2,64 Expansibilidade final para os
provetes da amostra T20.
3 0,72 2,78
5 0,798 2,87
10 0,934 2,945
15 1,74 3,42
30 1,57 3,96
45 2,01 4,26
60 2,275 4,435
75 2,453 4,548
90 2,58 4,63
105 2,675 4,69
120 2,75 4,74
180 2,925 4,86
240 3,02 4,93
360 3,123 5,01
1295 3,319 5,169
1415 3,33 5,18
1535 3,335 5,181
1655 3,341 5,188
2711 3,349 5,189

62
6

Leituras Defletómetro (mm)


5

4
Provete 1
3
Provete 2
2

0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Tempo (min)

Fig.55 – Gráfico de representação da expansibilidade da amostra T20.

Observa-se uma quebra, para a curva do provete 1 (Figura 55), correspondente ao tempo 30
min (Tabela 24), onde se verificou uma descida no valor observado no defletómetro, ocorrendo
posteriormente recuperação. Este comportamento coincidiu com o momento de saturação
completa da amostra no molde.

Analisando os resultados obtidos, através da Tabela 24, é possível constatar que, regra geral, o
provete n.°1 apresenta valores de expansibilidade superiores comparativamente ao provete
n.°2, embora sem divergência significativa. Para os primeiros 3 minutos de execução do ensaio
verifica-se uma resposta mais rápida da amostra contida no provete n.°2, expandido 0,13 mm
num minuto. Para o provete n.°1 a expansão inicial é de 0,08 mm para 1 min. É notável ligeira
“estagnação” na expansão da amostra a partir do minuto 1535, correspondente a 25,6 horas,
para ambos os provetes, verificando-se certa concordância de comportamento entre ambos.

Verificou-se uma expansibilidade final de 18,8% para o provete n.°1, e de 17,9% para o provete
n.°2, perfazendo um valor médio de expansibilidade para a amostra em estudo (amostra T20),
de 18,4%, considerado significativo.

Considerando a classificação proposta por Snethen (1980) in Perdigão (2014), relacionando o


valor de IP da amostra e o seu potencial de expansibilidade, a amostra em estudo (IP=30%)
classifica-se com potencial médio de expansibilidade, considerando-se a plasticidade um
indicador do potencial de expansão. Andrade (2004) determinou que para filádios
extremamente alterados, apresentando características argilosas, o valor de expansibilidade final
se encontra entre 3% a 15% (Andrade, 2004), verificando-se assim um valor obtido significativo
de expansibilidade para a amostra T20.

Difração de Raios X_____________________________________________________________

Após preparação das lâminas sedimentadas, no Laboratório de Sedimentologia do


Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, entre os dias 7 e 9 de junho de
2023, procedeu-se à realização do ensaio de identificação de minerais argilosos através de
Difração de Raios X, realizado entre 12 e 16 de junho de 2023, no Laboratório Químico do
Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra.
Realizaram-se três difrações sucessivas: em lâmina sem tratamento (“Normal”), em lâmina
saturada com glicol, e em lâmina aquecida a 550°C. Para cada lâmina analisada registou-se um
difratograma, que permitiu a identificação dos minerais argilosos presentes na amostra em

63
estudo (amostra T20). Na figura seguinte (Figura 56) apresentam-se os difratogramas,
encontrados para a lâmina normal, a lâmina glicolada e a lâmina aquecida a 550°C, e nas Tabelas
26, 27 e 28 os respetivos valores de pico principais para cada mineral.

Vermiculite
(Suspeita de
Esmectite) Ilite
Caulinite

Fig.56 – Difratograma de lâmina normal, glicolada e aquecida (550°C) para amostra T20.

Tab.26 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina


normal.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Vermiculite 6.0918 14.50868 10.28
Ilite 8.8737 9.96555 100.00
Caulinite 12.3900 7.14411 96.25

Através do difratograma e respetivos valores da lâmina normal da amostra T20 (Tabela 26) é
possível a identificação, recorrendo a Cunha (1993), dos picos principais de minerais argilosos
presentes, nomeadamente a vermiculite, com um pico em 14,50868 Å, ilite com pico em
9.96555 Å, e caulinite em 7.14411 Å.

Tab.27 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina


glicolada.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Esmectite
5.9661 14.80194 0.79
(Vermiculite)
Ilite 8.8984 9.92970 100.00
Caulinite 12.3989 7.13310 87.14

Para a lâmina saturada em glicol (Tabela 27), não se verificou alteração significativa
comparativamente aos resultados obtidos para a lâmina normal, notando-se apenas uma ligeira
diminuição na intensidade dos picos.
64
Tab.28 – Identificação de minerais presentes na amostra T20, através do difratograma da lâmina
aquecida a 550°C.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Ilite 8.8907 9.93835 100.00

Os resultados correspondentes à lâmina aquecida a 550°C da amostra T20 apresentam já


alteração, sendo notável o aumento de intensidade e estreitamento do pico de ilite (Figura 56).
Através de bibliografia verifica-se uma tendência para amortização do mineral de caulinite
aquando aquecimento da lâmina entre 550-650°C, verificando-se o mesmo na Figura 56,
confirmando a presença de ilite na amostra T20.

Apesar de alguma suspeita da presença de esmectite na composição do solo da amostra T20,


apenas se confirmou a presença de vermiculite, ilite e caulinite. Dos minerais argilosos
identificados, a vermiculite corresponde ao de maior expansibilidade na presença de água
quando comparado com a ilite e caulinite.

4.2. Talude CE – Caso Aprofundado


4.2.1. Localização

O talude de caso de estudo (TCE) localiza-se junto à Estrada Municipal 607-2 (Figura 57), na Zona
Industrial de Condeixa-a-Nova, União de Freguesias de Sebal e Belide, concelho de Condeixa-a-
Nova.

Fig.57 – Localização de
Talude CE (Caso
aprofundado). Realizado
com recurso a Software
ArcGis Pro (2023) e
Google Earth Pro (2022).

65
4.2.2. Antecedentes

No ano de 2022 foram executados trabalhos de escavação do talude para construção de uma
via de comunicação, tendo sido adotada uma altura variável entre 6 e 8 m, e uma inclinação
entre 40° e 50°. Juntamente com a escavação, foi colocado sistema de drenagem constituído
por uma meia-cana de betão com 40 cm de largura, nomeadamente ao longo da crista do talude,
transversalmente ao talude (zonas laterais extremas), e ao longo do pé do talude.

Após um período de precipitação ocorreram vários movimentos de instabilidade de dimensões


diversas, tendo sido implementados alguns métodos de estabilização simplificados nas cicatrizes
com o objetivo de cessação dos movimentos, nomeadamente enrocamento, constituído por
uma camada de geotêxtil sobreposto com clastos de rocha do tamanho do cascalho.
Contabilizaram-se 6 enrocamentos totais, sendo que 4 destes apresentaram instabilizações, e
2, de menores dimensões mais reduzidas, continuaram estáveis (Figura 58).

Ocorreram diversos movimentos de instabilidade ao longo do talude, tendo este cerca de 82


metros de comprimento, registaram-se seis movimentos, numerados de 1 a 6 na Figura 58, nos
quais cinco se classificam como deslizamentos superficiais (n.° 1,2,3,5 e 6 – Figura 58; Figura 60),
apresentando profundidades máximas inferiores a 1,5 m, e um é definido como deslizamento
rotacional (n.° 4 – Figura 58), o de maior dimensão e intensidade, estando presente em todo o
talude processos de erosão superficial (sulcos) originados pela ação da água.

ESCALA: 1/522

Fig.58 – Perfil topográfico com delimitação das áreas instabilizadas no talude e localização das
sondagens mecânicas realizadas. Retirado de AÇORGEO (2023).

O movimento de instabilidade em estudo (Figura 59-A) corresponde ao deslizamento rotacional


(n.°4 - Figura 58), estando localizado na zona central do talude. Como consequências deste
movimento da massa instabilizada deu-se a rotura da vala de drenagem do topo do talude, e
registou-se consequentemente, um aumento da intensidade de erosão do talude devido à
percolação de águas pluviais na superfície, provenientes do sistema de drenagem danificado,
colocando igualmente a vedação adjacente em risco de queda devido à situação de descoberto
do suporte da vedação (Figura 59-B).

66
A B

Fig.59 – Deslizamento rotacional (movimento de instabilidade em estudo) – A; Rotura da vala de


drenagem no topo e suporte da vedação descoberta (assinalada a amarelo) – B. Fotografias tiradas a
2 de março (A) e 3 de março (B) de 2023.

2
1

3 5

Fig.60 – Deslizamentos superficiais (n.°1,2,3,5 e 6) e erosão superficial, sentido W-E do talude.


Fotografias tiradas a 2 de março de 2023.

67
6

Fig.60 (Continuação) – Deslizamentos


superficiais (n.°1,2,3,5 e 6) e erosão
superficial, sentido W-E do talude.
Fotografias tiradas a 2 de março de 2023.

4.2.3. Caracterização do Talude CE

Os trabalhos de prospeção mecânica para caracterização geológico-geotécnica do talude


(AÇORGEO, 2023), decorreram entre 2 e 4 de março de 2023. No talude foram executadas as
seguintes tarefas:

• Sondagens mecânicas verticais à rotação (S1, S2 e S3), realizadas com recuperação de


amostragem contínua e com um diâmetro máximo de furação de 101 mm e mínimo de
86 mm. A profundidade de furação para as três sondagens foi 7,95 m, encontrando-se
dispostas ao longo da crista do talude, como visível na Figura 58 (subcapítulo 4.2.2.), no
sentido W-E. A amostragem recolhida foi devidamente identificada e acondicionada em
caixas impermeáveis (Figura 61);
• Ensaios SPT, executados nos furos de sondagem e aquando da furação, realizados de
1,5 m em 1,5 m de profundidade;
• Medição do nível freático nos furos de sondagem.

Fig.61 – Fotografias de caixas de amostragem de sondagem 2 (S2). Retirado de AÇORGEO (2023).

68
Para a execução das sondagens mecânicas utilizou-se uma máquina de perfuração (Figura 4,
subcapítulo 2.3.1.1.1.) de marca ROLATEC e modelo ML-76.

4.2.3.1. Caracterização Geológica e Geotécnica


4.2.3.1.1. Ensaios In Situ

Através dos ensaios SPT, realizados nos três furos de sondagens (S1, S2 e S3), e
sistematicamente a cada furação de 1,5 m de profundidade, obtiveram-se valores relativos à
resistência de penetração/cravação no terreno (NSPT) (Tabela 29), permitindo ainda o
reconhecimento geológico do mesmo. O critério de paragem dos ensaios SPT consistiu,
considerando a possibilidade de ocorrência de nega, na profundidade necessária para vencer a
altura do talude, possibilitando assim o estudo geológico-geotécnico completo. A altura do
talude, no local de realização da sondagem 1 (S1) é de cerca de 6 m, na sondagem 2 (S2) é de
cerca de 7 m, e, por fim, na sondagem 3 (S3) é de cerca de 7,3 m.

Tab.29 – Resultados obtidos nos ensaios de SPT (NSPT) e respetivas profundidades.

NSPT

Profundidade (m) S1 S2 S3
1,50 – 1,95 13 34 33
3,00 – 3,45 28 37 30
4,50 – 4,95 26 48 41
6,00 – 6,45 30 38 33
7,50 – 7,95 55 30 36

É recomendada a correção dos valores de NSPT para solos argilosos conforme a seguinte fórmula
(Equação 9), considerando uma energia de impacto igual a 60% (N60) (Oliveira, 2017).

𝑁60 = 𝐶𝐸 × 𝐶𝑅 × 𝐶𝐵 × 𝐶𝑆 × 𝑁𝑆𝑃𝑇 Eq.9

Onde:

𝐸𝑅
CE – Coeficiente de energia = 60𝑟
CR – Fator de correção do diâmetro do furo
CB – Fator de correção do comprimento das varas
CS – Fator de correção do tipo de amostrador
NSPT – Número de pancadas realizadas no ensaio SPT

De acordo com Skempton (1986) em Oliveira (2017), devem considerar-se os seguintes valores
para correção dos resultados NSPT, para solos coesivos (Tabela 30).

69
Tab.30 – Fatores corretivos para solos coesivos, de acordo com Skempton (1986). Retirado de Oliveira
(2017).

Comprimento Coeficiente Diâmetro do Coeficiente Coeficiente


Amostrador
das varas (m) corretivo, CB furo (mm) corretivo, CR corretivo, CS
>10 1,0 65-115 1,0 Bipartido 1,0
6-10 0,95 150 1,05 Inteiro 1,2
4-6 0,85 200 1,15
3-4 0,75

A quantificação do coeficiente de energia (ERr/60) teve por base os equipamentos utilizados na


realização dos ensaios de SPT, como o sistema de pilão, sendo este de disparo automático,
considerando-se assim um valor igual a 1, pois a eficiência é de 60% (Tabela 31).

O valor do comprimento das varas é considerado desde a parte inferior do batente até à ligação
com o amostrador de SPT, considerando-se um valor para o coeficiente CB de 0,75, até à
profundidade de 3,45 m do ensaio SPT, um valor de 0,85, até à profundidade de 4,95 m do
ensaio SPT, e um valor de 0,95, até à profundidade de 7,95 m do ensaio SPT (Tabela 30).

O diâmetro máximo do furo de sondagem é de 101 mm e mínimo de 86 mm, definindo-se um


valor para o coeficiente de correção CR constante, igual a 1, assim como para o coeficiente CS,
relativo ao tipo de amostrador, considerando-se também um valor de 1 (Tabela 31).

Tab.31 – Correção dos valores de NSPT, de acordo com Skempton (1986).

𝑬𝑹𝒓
Sondagem Z (m) NSPT 𝑪𝑬 = CR CB CS N60
𝟔𝟎
1,50 13 1 1 0,75 1 10
3,00 28 1 1 0,75 1 21
S1 4,50 26 1 1 0,85 1 22
6,00 30 1 1 0,95 1 29
7,50 55 1 1 0,95 1 52
1,50 34 1 1 0,75 1 26
3,00 37 1 1 0,75 1 28
S2 4,50 48 1 1 0,85 1 41
6,00 38 1 1 0,95 1 36
7,50 30 1 1 0,95 1 29
1,50 33 1 1 0,75 1 25
3,00 30 1 1 0,75 1 23
S3 4,50 41 1 1 0,85 1 35
6,00 33 1 1 0,95 1 31
7,50 36 1 1 0,95 1 34

Através dos valores obtidos de resistência à penetração (NSPT) é possível recorrer a correlações
com diferentes parâmetros geotécnicos (Tabelas 32, 33 e 34), nomeadamente, e no que diz
respeito a solos argilosos, à consistência do solo (Terzaghi et al., 1996), ao peso específico (ƴ) e
ao módulo de deformabilidade (ES) (Bowles, 1997; in Oliveira, 2017), a tensão admissível (σi)
(Terzaghi & Peck, 1948; in Oliveira, 2017) e ao ângulo de atrito interno (φ) (Bowles, 1984; in Arif,
2020).

70
Tab.32 – Correlações empíricas com os valores de N60.

Muito Consistência Muito


Terzaghi et Consistência Mole Dura Rija
mole média dura
al. (1996)
N60 <2 2-4 4-8 8-15 15-30 >30
Bowles Ƴ (kN/m3) 15-19 17-20 19-22
(1997) ES (MPa) 2-15 5-25 15-50 - - 50-100
Terzaghi &
σi (kg/cm2) <0,25 0,25-0,5 0,5-1 1-2 2-4 >4
Peck (1948)

Tab.33 – Correlação empírica entre os valores de N60 e ângulo de atrito interno, de acordo com Bowles
(1984).
Muito Consistência
Consistência Mole Dura Rija
Bowles mole média
(1984) N60 <4 4-6 6-15 16-25 >25
φ (°) <25 20-50 30-60 40-100 >100

Tab.34 – Correlações empíricas com os valores de N60 para S1, S2 e S3.

Sondagem Z (m) N60 Consistência Ƴ (kN/m3) ES (MPa) σi (kg/cm2) φ (°)


1,50 10 Dura 17-20 - 1-2 30-60
3,00 21 Muito dura 19-22 - 2-4 40-100
S1 4,50 22 Muito dura 19-22 - 2-4 40-100
6,00 29 Muito dura 19-22 - 2-4 >100
7,50 52 Rija 19-22 50-100 >4 >100
1,50 26 Muito dura 19-22 - 2-4 >100
3,00 28 Muito dura 19-22 - 2-4 >100
S2 4,50 41 Rija 19-22 50-100 >4 >100
6,00 36 Rija 19-22 50-100 >4 >100
7,50 29 Muito dura 19-22 - 2-4 >100
1,50 25 Muito dura 19-22 - 2-4 40-100
3,00 23 Muito dura 19-22 - 2-4 40-100
S3 4,50 35 Rija 19-22 50-100 >4 >100
6,00 31 Rija 19-22 50-100 >4 >100
7,50 34 Rija 19-22 50-100 >4 >100

Através da caracterização realizada aos terrenos atravessados pelas sondagens mecânicas e


ensaios in situ SPT, definiram-se duas zonas geotécnicas, em ordem descendente:

ZG1 – Zona Geotécnica 1 (Aterro): Caracteriza-se, de modo geral, como um solo de textura
argilosa, pontualmente argila arenosa; apresenta clastos, sub-angulosos a arredondados, de
pelitos e seixo miúdo; tem tonalidade acastanhada a avermelhada a alaranjada, pontualmente
com laivos amarelados a acinzentados; evidencia comportamento plástico a algo plástico.
Observam-se restos vegetais (e.g., raízes e galhos secos) até aos 1,95 m (S2); presença de
resíduos industriais (e.g., brita mal graduada) até aos 2,05 m (S2) e odor a matéria orgânica até
aos 2,65 m (S2). Esta zona geotécnica corresponde a uma camada de topo, que se encontra
sobrejacente à ZG2. Apresenta uma espessura mínima de 0,75 m (S1) e máxima de 2,65 m (S2).

ZG2 – Zona Geotécnica 2 (Solo: Argila Magra): Caracteriza-se, de modo geral, como um solo de
textura argilosa, pontualmente argila arenosa a argila siltosa; de tonalidade avermelhada a
alaranjada, pontualmente com tonalidades acinzentadas a amareladas; evidencia

71
comportamento plástico a algo plástico. Esta zona geotécnica encontra-se subjacente à ZG1 e
apresenta uma espessura mínima de 5,30 m (S2) e máxima de 7,20 (S1).

Foi também identificada, sobrejacente às zonas geotécnicas acima diferenciadas, uma camada
de solo vegetal (Sv) com espessuras compreendidas entre 5 e 6 cm.

25
26
23 10
28
35 21
41
31
22
36
34 29
29
52

Escala 1:361
Fig.62 – Perfil de zonamento
geológico e geotécnico de Talude
CE. Retirado de AÇORGEO
(2023).

Através do perfil do zonamento geológico-geotécnico acima (Figura 62), é possível determinar


a espessura das zonas geotécnicas para a área da instabilidade estudada, encontrando-se
localizada entre a sondagem 2 e a sondagem 3, como visível na Figura 58. Para a ZG1 a espessura
é de cerca de 2,45 m, e para a ZG2 de cerca de 5,45 m, perfazendo 7,9 m totais, sendo a
profundidade conhecida de 7,95 m, através das sondagens.

4.2.3.1.2. Ensaios Laboratoriais

Os ensaios laboratoriais, para o Talude CE, foram realizados para a ZG2, tendo sido recolhida
amostra remexida, nomeadamente para os ensaios de Análise Granulométrica, Limites de
Consistência/Atterberg, Expansibilidade e identificação de minerais argilosos através da
Difração de Raios X, utilizando-se amostragem do carote da sondagem S3, a uma profundidade
entre 6,55 m e 6,7 m. Nas amostras indeformadas foram executados os ensaios: Peso Específico
Aparente (PEA), para amostra natural e amostra saturada, e o ensaio de Corte Direto (CD)
Drenado. A recolha de amostras indeformadas executou-se a profundidades entre 6 m e 6,6 m
na sondagem 2, entre 2,89 m e 3 m na sondagem 3, para os ensaios PEA (natural) e PEA
(saturado), respetivamente, e a 4,5 m de profundidade a partir do topo do talude, ou seja, na
superfície do talude, para o ensaio de CD Drenado.

72
Como referido anteriormente, a fase inicial do trabalho de laboratório consiste na preparação
da amostra para realização dos ensaios laboratoriais. Após recolha da amostra CE procedeu-se
à secagem através de uma estufa, permanecendo na mesma durante cerca de 24 horas a 70°C.
A fase posterior consistiu na desagregação da amostra CE, por forma a obter uma amostra final
homogeneizada, realizando-se com auxílio de um maço de borracha, pilão e almofariz (Figura
63).

A B

Fig.63 – Processo de desagregação da amostra CE; A – Amostra seca retirada da estufa; B – Amostra
em processo de desagregação no almofariz; Laboratório Santander (Geotecnia), Departamento de
Ciências da Terra da Universidade de Coimbra (A), e Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-Nova (B).
Fotografias tiradas a 6 de junho e 9 de março de 2023, respetivamente.

De seguida serão enquadrados e apresentados os resultados dos ensaios laboratoriais


executados para o estudo das características da amostra CE.

Peso Específico Aparente________________________________________________________

O ensaio de determinação do Peso Específico Aparente (PEA) da amostra CE, realizado no


Laboratório da empresa AÇORGEO, em Condeixa-a-Nova, nos dias 8 de março e 1 de setembro
de 2023, consistiu na pesagem do provete (tubo PVC + amostra) (Figura 6, subcapítulo
2.3.1.2.1.), tendo este, para amostra natural, 60 cm de comprimento e 58 mm de diâmetro
interno, e para amostra saturada, 11 cm de comprimento e 70 mm de diâmetro interno. A
amostra para execução do ensaio de PEA (natural) foi recolhida através do furo da sondagem 2,
a 6 m de profundidade, e, para o ensaio de PEA (saturado), através do furo da sondagem 3, a
uma profundidade de 2,89 m, tendo sido utilizada amostra do carote de sondagem.

Como referido anteriormente, o procedimento do ensaio, para amostra natural (PEA natural),
consiste na pesagem do provete, utilizando-se um tubo PVC de dimensões e massa conhecidas.
Após pesagem é possível o cálculo da massa da amostra, volume e peso específico aparente.
Para amostra saturada o processo é análogo, diferindo apenas na necessidade de colocação do
provete em água para saturação durante um período de 72 horas (período utilizado no presente
estudo) (Figura 64).

73
Fig.64 – Provetes de amostra CE saturados
para realização de ensaio de PEA.
Laboratório AÇORGEO, Condeixa-a-Nova.
Fotografia tirada a 29 de agosto de 2023.

Tab.35 – Valores para cálculo de Peso Específico Aparente (Amostra Natural e Amostra Saturada).

Amostra Natural Amostra Saturada


Massa do tubo PVC (standard) 0,1692 kg/m 0,1692 kg/m
Massa do Provete (ms) 3,753 kg 1,237 kg
Comprimento total do
0,6 m 0,114 m
provete/tubo PVC
Diâmetro interno do Tubo 0,058 m 0,07 m
Massa do Solo 3,5838 kg 1,0678 kg
Volume 0,00159 m3 0,00044 m3
Peso Específico Aparente (ƴa) 2260,72 kg/m3 = 22,17 kN/m3 2433,88 kg/m3 = 23,87 kN/m3

Analisando a Tabela 35 verifica-se que os valores de peso específico aparente obtidos, para a
amostra natural, encontram-se dentro dos valores padrão para material argiloso, de acordo com
Das (2011), embora com ligeiro aumento. Pode estar relacionada com a utilização de uma
amostra recolhida em furo de sondagem com utilização de água no processo de furação, ficando
assim alguma humidade retida na amostra.

Relativamente aos valores de PEA para amostra saturada, comparativamente aos resultados
obtidos no ensaio realizado para a amostra T20, encontra-se conformidade no acréscimo de 1,7
kN/m3 ao valor de peso específico aparente natural.

Análise Granulométrica por Peneiração Húmida______________________________________

O ensaio de Análise Granulométrica para a amostra CE realizou-se nos dias 9 e 10 de março de


2023, no Laboratório da empresa AÇORGEO, em Condeixa-a-Nova, de acordo com a
especificação LNEC E 239, de janeiro de 1971 – “Análise granulométrica por peneiração húmida”
(LNEC, 1971), tendo como objetivo a caracterização e classificação do solo em estudo. Os valores
iniciais de massa da amostra T20 encontram-se na seguinte Tabela 36.

Tab.36 – Valores de massas iniciais, passada no peneiro 2 mm, total da amostra e da toma.

Massa retida no peneiro de 2,00 mm (m10) 0g


Massa passada no peneiro de 2,00 mm (m'10) 162,17 g
Massa total da amostra (mt=m10+m'10) 162,17 g
Massa da Toma <2,00 (ma) 100,9 g

74
Efetuada a peneiração, procede-se à pesagem da massa retida para cada peneiro utilizado,
permitindo os cálculos das percentagens relativas (Tabela 37) e a representação através da
curva granulométrica da amostra CE (Figura 65).

Tab.37 – Valores obtidos na peneiração húmida da amostra CE.

Peneiros (ASTM)
Massa Massa retida % retida Material
Abertura % retida %
N.° retida acumulada acumulada que passa
(mm) Nx=(mx/ma)*100 passada
(mx) (g) (g) (N'x) (g)
0,85 20 0,02 0,02 0,02 0,02 100,88 99,98%
0,425 40 0,01 0,03 0,01 0,03 100,87 99,97%
0,25 60 0,03 0,06 0,03 0,06 100,84 99,94%
0,106 140 0,07 0,13 0,07 0,13 100,77 99,87%
0,074 200 0,55 0,68 0,55 0,67 100,22 99,33%
<0,074 Fundo 100,22 100,9 - - - -

SEDIMENTAÇÃO PENEIRAÇÃO
SILTE AREIA SEIXO
E CALHAU
ARGILA FINA MÉDIA GROSSA FINO MÉDIO GROSSO

100%

90%
% MATERIAL PASSADO

80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%
0,075

0,106

0,425

10%
0,25

0,85

4,75

37,5
9,5

19

25

50

75
2

0%
,010 ,100 1,000 10,000 100,000
ABERTURA (mm)

Fig.65 – Gráfico semilogarítmico da curva granulométrica obtida para a Amostra CE.

Analisando o gráfico da curva granulométrica da amostra CE (Figura 65) e a respetiva tabela dos
dados (Tabela 37) verifica-se que a amostra é composta por material muito fino, apresentando
percentagens superiores a 99% para todos os peneiros. À medida em que a abertura do peneiro
diminui observa-se também uma diminuição na percentagem de massa de amostra passada,
sendo o valor de diminuição desde 0,01% do peneiro n.°20 (ASTM) para o peneiro n.°40 (ASTM),
até um valor de 0,54% do peneiro n.°140 (ASTM) para o peneiro n.°200 (ASTM).

Limites de Consistência/Atterberg_________________________________________________

O ensaio de determinação dos Limites de Consistência para a amostra CE realizou-se entre o dia
9 e 10 de março de 2023, no Laboratório da empresa AÇORGEO, em Condeixa-a-Nova,
recorrendo-se ao método de Casagrande, com auxílio da concha de Casagrande, para o Limite
de Liquidez (LL), e o “método dos rolinhos” para o Limite de Plasticidade (L P), de acordo com
norma portuguesa NP – 143, de 1969 – “SOLOS – Determinação dos limites de consistência”

75
(LNEC, 1970). Foram executadas quatro repetições para cada ensaio, de modo a obter valores
finais representativos. Apresentam-se de seguida os resultados nas Tabelas 38 e 39.

Tab.38 – Valores obtidos em ensaio de limite de liquidez da amostra CE.


Limite de Liquidez
Cápsula n.° R55 R3 R18 R22
m1 Cápsula (g) 9,22 15,90 11,24 10,98
m2 Amostra hum. + cápsula (g) 22,79 32,27 24,73 25,95
m3 Amostra seca + cápsula (g) 18,62 27,25 20,55 21,28
Ws=m3-m1 Amostra seca (g) 9,40 11,35 9,31 10,30
Ww=m2-m3 Água (g) 4,17 5,02 4,18 4,67
(Ww/Ws)*100 Teor em água (%) 44,36 44,23 44,90 45,34
Número de pancadas 39 28 23 18

Tab.39 – Valores obtidos em ensaio de limite de Plasticidade da amostra CE.

Limite de Plasticidade
Cápsula n.° R10 R1 R5 R2
m1 Cápsula (g) 16,01 15,92 15,94 16,00
m2 Amostra hum. + cápsula (g) 18,67 18,55 21,33 21,17
m3 Amostra seca + cápsula (g) 18,31 18,20 20,48 20,43
Ws=m3-m1 Amostra seca (g) 2,30 2,28 4,54 4,43
Ww=m2-m3 Água (g) 0,36 0,35 0,85 0,74
(Ww/Ws)*100 Teor em água (%) 15,65 15,35 18,72 16,70
Teor em água médio (%) 16,61

Para obtenção do valor final do LL é necessária a representação através de um gráfico,


relacionando o número de pancadas (no eixo das abcissas, escala logarítmica) e o respetivo teor
em água (no eixo das ordenadas, escala aritmética), e, através da linha de tendência (Figura 66)
e por interpolação da mesma, obtém-se valor final do limite de liquidez.

46,00
45,50
45,00
44,50 LL
44,00 Linha de
43,50 Tendência
Logarítmica
y = -1,348ln(x) + 49,096 (LL)
43,00
42,50
42,00
10 100

Fig.66 – Gráfico de limite de liquidez de amostra CE.

76
Por forma a sintetizar toda a informação obtida através do ensaio de determinação dos Limites
de consistência/Atterberg para a amostra CE, apresenta-se a Tabela 40.

Tab.40 – Valores obtidos em ensaio de limite de consistência para amostra CE; LL – Limite de Liquidez;
LP – Limite de Plasticidade; IP – Índice de Plasticidade; IC – Índice de Consistência.

LL (%) 45
LP (%) 17
IP (%) 28
IC 1,0

Considerando a classificação proposta por Atterberg (Folque, 1991), tendo em conta o valor de
IP obtido para a amostra em estudo, ou seja, baseando-se no comportamento plástico dos solos,
classifica-se a amostra CE como um solo de elevada plasticidade. Relativamente ao valor de IC
obtido, classifica-se a amostra CE como uma amostra argilosa rija.

A partir do ensaio de Limites de Consistência é possível a utilização de diversos métodos de


classificação do solo, tais como a Classificação Unificada e a Classificação AASHTO (para fins
rodoviários), seguindo-se os resultados para a amostra CE:

Classificação Unificada: CL – Argila Magra

Classificação AASHTO (para fins rodoviários): A-7-6 (16)

IG = 0,2𝑎 + 0,005𝑎𝑐 + 0,01𝑏𝑑 = 0,2 × 40 + 0,005 × 40 × 5 + 0,01 × 40 × 18 = 16,2

De acordo com a Classificação Unificada a amostra CE corresponde a uma argila magra, não
tendo carácter plástico significativo, não se encontrando em conformidade com a classificação
proposta por Atterberg (Folque, 1991), realizada a partir do valor de IP, podendo este fato ser
justificado pela aproximação do valor de LL da amostra CE ao limite entre a classificação de argila
magra e argila gorda (LL = 50 %). O resultado obtido na Classificação AASHTO (para fins
rodoviários), corresponde a um solo argiloso com comportamento na camada sob o pavimento
regular a muito mau.

Ensaio de Corte Direto __________________________________________________________

Os ensaios de Corte Direto foram executados no laboratório de Geotecnia da empresa


AÇORGEO, na ilha de S. Miguel, Açores, no dia 23 de março de 2023, de acordo com a norma
britânica BS 1377-7, de junho de 1990 (BSI, 1990), tendo sido realizados dois ensaios de Corte
Direto Drenado para a amostra CE, distinguindo-se o diâmetro dos amostradores utilizados, um
de 50 mm (Øinterno = 50 mm) e outro de 60 mm (Øinterno = 60 mm), mas também as tensões
normais aplicadas em cada ensaio. A amostra foi recolhida a 4,5 m do topo do talude, e a
velocidade de realização dos ensaios foi de 0.16667 mm/min.

Os resultados obtiveram-se a partir de três repetições para cada tipo de ensaio, com tensões
normais diferentes de 50 kPa, 100 kPa e 150 kPa, para o ensaio com amostradores de Øinterno =
50 mm; e tensões normais de 35 kPa, 70 kPa e 106 kPa, para o ensaio com amostradores de
Øinterno = 60 mm.

77
Apresentam-se de seguida os resultados e gráficos obtidos para cada ensaio de Corte Direto
Drenado da amostra CE: Øinterno = 50 mm (Tabelas 41 e 42; Figuras 67 e 68); Øinterno = 60 mm
(Tabelas 43 e 44; Figuras 69 e 70).

Ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50 mm):

Tab.41 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50 mm) da amostra CE.

Provete (n.°) 1 2 3
Diâmetro (mm) 50
Altura (mm) 25
Peso Volúmico (kN/m3) 17,48 18,16 18,53
Teor em água (%) 19 19 20
Tensão normal (kPa) 50 100 150
Tensão de corte – Pico (kPa) 90 89 136
Tensão de corte - Residual (kPa) 44 54 92

Fig.67 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 50 mm)
de amostra CE.

Na Figura 67 encontra-se representada a relação entre tensão aplicada e deformação resultante


para os três provetes de diâmetro interno de 50 mm, verificando-se uma sobreposição de curvas
entre o provete n.°1 (tensão normal = 50 kPa) e o provete n.°2 (tensão normal = 100 kPa) até ao
ponto de rotura de ambas, com tensões de pico de 90 kPa e 89 kPa, respetivamente. A distinção
entre as duas curvas, embora não significativa, relaciona-se com o valor de tensão residual,
sendo de 44 kPa para o provete n.°1 e de 54 kPa para o provete n.°2. Esta semelhança das curvas
representativas dos provetes n.°1 e n.°2 não se enquadra nos resultados esperados da realização
dos ensaios, pois a tendência previsível seria o aumento proporcional da tensão de pico com a
tensão normal aplicada.

Verifica-se para o provete n.°3 o valor mais elevado de tensão de pico, com 136 kPa, para uma
tensão normal de 150 kPa, apresentando também o maior valor verificado para a tensão
residual, correspondente a 92 kPa. É visível a existência de uma tensão de limite do
comportamento elástico na curva do provete n.°3, ou seja, a tensão máxima da amostra no

78
regime elástico, verificando-se através da quebra a cerca de 70 kPa e 0,5 mm de deformação
horizontal.

Para esta amostra é visível uma menor extensão das curvas na zona plástica, comparativamente
à amostra T20, ou seja, não ocorre a estagnação de tensão após rotura da amostra verificada no
mesmo tipo de ensaio para a amostra T20, observa-se a ocorrência de rotura para valores mais
baixos de deformação horizontal, cerca de 2,5 mm, e consequentemente o início da diminuição
dos valores de tensão (tensão residual) para menores valores de deformação.

Diagrama de Mohr-Coulomb
160,00
140,00
y = 0,46x + 59
Tensão de corte [kPa]

120,00
100,00
80,00 Fig.68 – Critério
60,00 de Mohr-Coulomb
para ensaio de
40,00
y = 0,48x + 15,333 Corte Direto
20,00
Drenado (Øinterno =
0,00 50 mm) de
0,00 50,00 100,00 150,00 200,00 amostra CE.
Tensão de corte - pico (kPa) Tensão normal [kPa]
Tensão de corte - residual (kPa)
Linear (pico)
Linear (residual)

A partir do critério de Mohr-Coulomb (Figura 68), obtêm-se os valores de coesão efetiva e


ângulo de atrito efetivo da amostra CE, para a condição de tensão de pico e para a de tensão
residual, apresentados na Tabela 42.

Tab.42 – Valores de coesão efetiva e ângulo de atrito efetivo obtidos no ensaio de Corte Direto
Drenado (Øinterno = 50 mm) da amostra CE.

Pico Residual
Ângulo de Atrito efetivo (°) 27 27
Coesão efetiva (kPa) 58 16

Ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60 mm):

Apresentam-se os resultados obtidos no ensaio de corte direto drenado, para um diâmetro de


60 mm (Tabela 43), e respetivos gráficos de tensão-deformação (Figura 69) e critério de Mohr-
Coulomb (Figura 70).

79
Tab.43 – Valores obtidos em ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60 mm) da amostra CE.

Provete (n.°) 1 2 3
Diâmetro (mm) 60
Altura (mm) 25
Peso Volúmico (kN/m3) 18,56 18,03 16,48
Teor em água (%) 22 21 20
Tensão normal (kPa) 35 70 106
Tensão de corte – Pico (kPa) 42 81 80
Tensão de corte - Residual (kPa) 37 73 77

Fig.69 – Gráfico Tensão Tangencial-Deformação para ensaio de Corte Direto Drenado (Øinterno = 60 mm)
de amostra CE.

Analisando a Figura 69, relativa ao gráfico de tensão tangencial-deformação, verifica-se para o


provete n.°2 o valor mais elevado de tensão de pico, com 81 kPa, para uma tensão normal de
70 kPa, apresentando um valor de 73 kPa para a tensão residual. Os valores da tensão tangencial
para este provete n.°2 não se revelaram os expectáveis, dado não se encontrarem de acordo
com os restantes valores.

Através da análise da curva para os provetes n.°1 e n.°3, não se verifica a definição de um pico
de tensão de corte máxima bem definido, mantendo-se a tensão tangencial relativamente
constante a partir de um troço inicial crescente, embora com ligeira diminuição do valor de
tensão tangencial, de pico para residual, concretamente 5 kPa e 3 kPa, respetivamente.

80
Diagrama de Mohr-Coulomb

100,00
90,00
y = 0,5325x + 30,212
80,00
Tensão de corte [kPa]

70,00
60,00
50,00
y = 0,5471x + 23,522
40,00 Fig.70 – Critério
30,00 de Mohr-Coulomb
20,00 para ensaio de
10,00
Corte Direto
Drenado (Øinterno =
0,00
0,00 20,00 40,00 60,00 80,00 100,00 120,00 60 mm) de
amostra CE.
Tensão de corte - pico (kPa) Tensão normal [kPa]
Tensão de corte - residual (kPa)
Linear (pico)
Linear (residual)

Tab.44 – Valores de coesão efetiva e ângulo de atrito efetivo obtidos no ensaio de Corte Direto
Drenado (Øinterno = 60 mm) da amostra CE.

Pico Residual
Ângulo de Atrito efetivo (°) 25 26
Coesão efetiva (kPa) 30 24

Os valores obtidos do ângulo de atrito efetivo (Tabela 44) no ensaio drenado com diâmetro
interno de 50 mm são idênticos (φpico=27°; φ’residual=27°). Para o ensaio drenado com diâmetro
interno de 60 mm verifica-se um ligeiro aumento para o ângulo de atrito efetivo de pico para o
residual (φpico=25°; φ’residual=26°).

Os valores da coesão efetiva apresentam, de modo geral, diminuição da coesão efetiva de pico
para a coesão efetiva residual, sendo que, para o ensaio com diâmetro de 50 mm a diminuição
é mais acentuada, de 58 kPa para 16 kPa, e para o ensaio de diâmetro 60 mm a diminuição é
menos significativa, de 30 kPa para 24 kPa.

Expansibilidade________________________________________________________________

O ensaio de determinação da Expansibilidade do solo da amostra CE realizou-se no período de


13 a 14 e de 19 a 21 de junho de 2023, no Laboratório Santander (Geotecnia), do Departamento
de Ciências da Terra da Universidade de Coimbra, seguindo a especificação LNEC E 200, de
outubro de 1967 – “Solos - Ensaio de Expansibilidade” (LNEC, 1967), tendo sido executadas duas
repetições, ensaiando-se dois provetes em cada uma. Os resultados obtidos apresentam-se na
Tabelas 45 e 46 e Figura 71.

81
Tab.45 – Valores obtidos nos ensaios de expansibilidade para amostra CE; Ensaio 1 – Provetes n.°1 e
n.°2; Ensaio 2 – Provetes n.°3 e n.°4.

Provete (n.°) Provete (n.°)


1 2 3 4
Tempo (min) Leituras Defletómetro (mm) Tempo (min) Leituras Defletómetro (mm)
0 1,43 9,74 0 0,08 9,701
1 1,53 9,76 1 0,195 9,75
3 1,62 9,8 3 0,285 9,81
5 1,68 9,83 5 0,34 8,851
10 1,79 9,88 10 0,42 9,92
15 1,88 9,91 15 0,485 9,97
30 2,02 9,98 30 0,65 10,07
45 2,02 10,03 45 0,75 10,152
60 1,975 10,06 60 0,721 10,21
75 2,11 10,07 75 0,688 10,229
90 2,26 10,07 90 0,78 10,235
105 2,39 10,07 105 0,937 10,235
120 2,51 10,07 120 1,07 10,235
180 2,865 10,02 180 1,469 10,229
240 3,10 10,02 240 1,739 10,201
360 3,38 10,18 360 2,061 10,484
1398 3,725 10,96 1402 2,50 11,48
1518 3,73 10,978 1522 2,509 11,507
1638 3,74 10,994 1642 2,519 11,53
1758 3,751 11,006 1762 2,528 11,549
2740 3,755 11,01 2756 2,568 11,631
2876 2,569 11,638

Tab.46 – Cálculo do valor de Expansibilidade final para os provetes da amostra CE.

Média
Exp. (1) = 15,5 %
Exp. (2) = 8,5 %
15,0 %
Exp. (3) = 16,6 %
Exp. (4) = 12,9 %

14
Leituras Defletómetro (mm)

12
10
Provete 1
8 Fig.71 – Gráfico de
Provete 2 representação da
6
Provete 3 expansibilidade da
4 amostra CE.
Provete 4
2
0
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Tempo (min)

82
Analisando os valores obtidos no ensaio 1, mais concretamente para os provetes n.°1 e n.°2,
através da Tabela 45, verifica-se que o provete n.°1 apresenta valores de expansibilidade
superiores comparativamente ao provete n.°2. Verifica-se uma expansão inicial mais
significativa para o provete n.°1, com um valor de 0,1 mm num minuto, relativamente ao
provete n.°2, que apresenta um valor de 0,02 mm para o primeiro minuto de ensaio. A partir do
minuto 1398, correspondente a 23,3 horas, é notável ligeira estagnação nos valores de expansão
para o provete n.°1. O provete n.°2 apresenta variados momentos sem qualquer alteração,
podendo estar associado a problemas de execução do ensaio.

O provete n.°3 apresenta valores de expansibilidade superiores comparando com o provete


n.°4. A expansão inicial é de 1,15 mm e 0,05 mm, respetivamente, para o primeiro minuto de
execução do ensaio. A estagnação para estes é verificada a partir do minuto 2756.

Observa-se dois tipos de comportamento predominantes, no que diz respeito às curvas


representadas no gráfico (Figura 71), verificando-se a mesma representação para os provetes
n.°1 e n.°3, assim como se verifica a mesma representação dos resultados para os provetes n.°2
e n.°4. Pode estar relacionado com a utilização do mesmo equipamento.

O valor final de expansibilidade obteu-se a partir da média dos valores dos ensaios,
apresentados na Tabela 46, tendo sido desprezado para esse cálculo o valor do provete n.°2,
pois não se encontra de acordo com os restantes. A expansibilidade desta amostra CE é assim
definida como 15%, considerando-se significativo.

Considerando a classificação proposta por Snethen (1980) in Perdigão (2014), relacionando o


valor de IP da amostra e o seu potencial de expansibilidade, a amostra em estudo (IP=28%)
classifica-se com potencial médio de expansibilidade. Considerando o estudo realizado por
Andrade (2004), em que filádios extremamente alterados apresentam valores de
expansibilidade final entre 3% a 15% (Andrade, 2004), verifica-se concordância com o resultado
obtido para a amostra CE para o valor de 15%, correspondendo neste caso a uma
expansibilidade intermédia.

Difração de Raios X_____________________________________________________________

O ensaio de identificação de minerais argilosos através da Difração de Raios X, realizado entre


os dias 12 e 16 de junho de 2023, no Laboratório Químico do Departamento de Ciências da Terra
da Universidade de Coimbra, consistiu na análise de lâminas de três difrações distintas,
nomeadamente de lâmina sem tratamento, designada normal, de lâmina glicolada e de lâmina
aquecida a 550°C, apresentando-se os difratogramas resultantes de cada uma na Figura 72, e
respetivos valores de pico principais na Tabelas 47 (Lâmina normal), Tabela 48 (Lâmina
Glicolada) e Tabela 49 (Lâmina Aquecida a 550°C), apresentando-se ainda o difratograma da
lâmina aquecida a 550°C (Figura 73), para uma perceção mais pormenorizada da presença do
mineral argiloso montmorilonite.

83
Esmectite
(Montmorilonite)

Clorite Ilite

A
Caulinite

Fig.72 – Difratograma de lâmina normal, glicolada e aquecida (550°C) para amostra CE; A - Expansão
da Montmorilonite (lâmina normal (Å = 14,93388) para glicolada (Å = 16.78745)).

Tab.47 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina


normal.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Esmectite
5.9182 14.93388 100.00
(Montmorilonite)
Clorite 6.2030 14.24890 81.72
Ilite 8.9006 9.93551 42.71
Caulinite 12.4203 7.12670 70.03

Através do difratograma (Figura 72) e respetivos valores da lâmina normal da amostra CE (Tabela
47) é possível a identificação, recorrendo a Cunha (1993), dos picos principais de minerais
argilosos presentes, como a esmectite, mais concretamente montmorilonite, com um pico em
14,93388 Å, clorite, com pico em 14.24890 Å, ilite, com pico em 9.93551 Å, e, por fim, caulinite,
em 7.14411 Å.

Tab.48 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina


glicolada.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Esmectite
5.2643 16.78745 100.00
(Montmorilonite)
Ilite 8.9155 9.91892 46.49
Caulinite 12.4233 7.12500 70.64

84
Observa-se a ocorrência de expansão do mineral montmorilonite (Figura 72 - A) para o
difratograma da lâmina glicolada, sendo esta uma das características de identificação deste
mineral, passando para um valor de pico de 17 Å, de acordo com Cunha (1993), visível na Tabela
48. É também notável uma ligeira diminuição dos valores dos picos dos minerais, deixando de
ser percetível a clorite, não constando na Tabela 48.

Esmectite
(Montmorilonite) Ilite

Caulinite

Fig.73 – Difratograma de lâmina aquecida (550°C) para amostra CE; B - Colapso do mineral de
Esmectite (Montmorilonite).

Tab.49 – Identificação de minerais presentes na amostra CE, através do difratograma da lâmina


aquecida a 550°C.

Distância
Percentagem
Mineral 2θ (°) Interplanar
(%)
(Å)
Esmectite
6.4807 13.63889 3.08
(Montmorilonite)
Ilite 8.9274 9.90568 100.00
Caulinite 12.3821 7.14863 0.53

Os resultados correspondentes à lâmina aquecida a 550°C da amostra CE apresentam alteração


significativa, verificando-se o colapso do mineral montmorilonite (Figura 73 - B), assim como o
estreitamento e aumento de intensidade para o mineral ilite, e a amortização para a caulinite,
que, de acordo com Cunha (1993) ocorre entre 550°-650°C.

Destaca-se que a montmorilonite, pertencente ao grupo das esmectites, corresponde a um


mineral argiloso de características expansivas. Na presença de água apresenta capacidade de se
expandir de forma significativamente acentuada relativamente aos restantes minerais argilosos
identificados.

85
5. Discussão dos Resultados

Os resultados dos ensaios laboratoriais nas amostras recolhidas nos dois taludes em estudo (T20
e CE) revelam alguma heterogeneidade, nomeadamente na composição mineralógica e
distribuição granulométrica da formação Areias e Argilas de Taveiro, conforme assinalado por
diversos autores referidos anteriormente. No entanto, embora a distância entre os dois taludes,
cerca de 3,69 km, seja assinalável, é de salientar a proximidade de alguns parâmetros
geotécnicos que resultam em comportamentos similares no que diz respeito aos fenómenos de
instabilização dos taludes.

Em termos granulométricos ambas as amostras se classificam como solos siltosos e/ou argilosos,
compostas por partículas muito finas, apresentando percentagens superiores a 90% de material
passado no peneiro n.°200 (ASTM), de acordo com as análises granulométricas. Relativamente
ao ensaio de Limites de Consistência/Atterberg obtiveram-se valores diferentes de limite de
liquidez (LL (T20)=54%; LL (CE)=45%) e limite de plasticidade (LP (T20)=24%; LP (CE)=17%), mais elevados
para a amostra T20, resultando numa classificação distinta para ambas. A amostra T20 classifica-
se como argila gorda (CH), e a amostra CE como argila magra (CL), embora ambas apresentem
elevada plasticidade, de acordo com o índice de plasticidade (IP (T20)=30%; IP (CE)=28%).

Composicionalmente, tendo por base os ensaios de identificação de minerais argilosos através


da Difração de Raios X, as amostras observadas incluem, de modo geral, minerais de vermiculite,
montmorilonite, ilite e caulinite, identificando-se ainda clorite, embora pouco significativa, na
amostra CE. Os minerais observados de vermiculite (amostra T20) e montmorilonite (amostra
CE), consideram-se de expansibilidade considerável, embora a vermiculite apresente alguma
limitação comparativamente à montmorilonite, de acordo com Brady & Buchanan (1983) in
Pires (2004).

As argilas em estudo apresentam um carácter expansivo médio a médio-elevado, variando entre


15% (amostra CE) e 18,3% (amostra T20) de expansibilidade final, de acordo com os resultados
obtidos nos ensaios de Expansibilidade. Apesar da proximidade dos resultados dos ensaios de
expansibilidade, verifica-se uma diferenciação nos resultados relativos à identificação dos
minerais argilosos através da Difração de Raios X, sendo de destacar a presença da
montmorilonite na amostra CE e a sua ausência na amostra T20, apesar da existência de
vermiculite nesta última, estas diferenças em termos de minerais argilosos podem estar
relacionadas com variações nas condições ambientais de génese da formação AAT. A adição de
água à formação AAT, nomeadamente através de precipitação, contribui para a sua expansão
volumétrica, o que é reforçado pela presença de minerais argilosos do grupo das esmectites;
por outro lado, a secagem, em período estival, provoca a retração dos terrenos e consequente
fissuração, conforme observado em vários taludes.

Dos parâmetros obtidos nos ensaios laboratoriais nos taludes T20 e CE, o peso específico
aparente é fundamental para avaliação do comportamento dos solos, e consequentemente dos
taludes, no que respeita às variações entre condições saturadas e não saturadas. Os dados
obtidos apresentam-se em consonância com os valores referência para outras argilas, variando
entre 18,72 kN/m3 (T20) e 22,17 kN/m3 (CE) para amostra natural, e entre 20,42 kN/m3 e 23,87
kN/m3 para amostra saturada, respetivamente.

Os ensaios de Corte Direto realizados com amostra T20, nomeadamente ensaios drenados e não
drenados (com amostra saturada), apresentam resultados para cada um deles, em que se

86
verifica que os ângulos de atrito de pico e residuais apresentam valores semelhantes,
registando-se também para cada um dos ensaios realizados uma diminuição nos valores da
coesão de pico para a coesão residual.

Para os ensaios de Corte Direto da amostra CE, ambos considerados como ensaios drenados,
para além do mencionado para a amostra T20 como a semelhança para cada um deles dos
valores de ângulo de atrito de pico e residuais, é de registar uma redução dos valores da coesão
de pico para a coesão residual de forma mais acentuada, designadamente no ensaio realizado
com um diâmetro interno de 50 mm.

Não existe concordância acerca do uso de correlações empíricas entre o ensaio SPT e os
parâmetros resistentes dos solos coesivos, tendo pouca aplicabilidade, devendo ser restritas a
estimativas qualitativas, de acordo com o Eurocódigo 7 - EN 1997-2:2007 (CEN, 2007). Nos
ensaios laboratoriais efetuados, nomeadamente o ensaio de Corte Direto, os ângulos de atrito
interno apresentam uma variação de 15° a 25° para a amostra T20, e de 25° a 27° para a amostra
CE. Os valores de coesão apresentam uma variação de 10 kPa a 74 kPa para a amostra T20, e de
30 kPa a 58 kPa para a amostra CE. Conclui-se assim como fundamental a execução de ensaios
laboratoriais em fase de Estudo Geológico e Geotécnico para aferição das propriedades dos
terrenos, de modo a executar o correto dimensionamento nas obras geotécnicas,
designadamente os taludes e as fundações, devendo os valores encontrados ser alvo de
escrutínio rigoroso de modo a verificar-se a sua fiabilidade.

A expansão e retração da face dos taludes após a construção permite a proliferação e o


aprofundamento sucessivo das fissuras, resultando no compartimento dos taludes e na
penetração das raízes , tanto de plantas como de árvores e, consequentemente, na redução da
resistência, contribuindo assim para a circulação da água em profundidade e a efetivação rápida
e abrangente da saturação dos terrenos, verificando-se assim, após alguns anos, o colapso dos
taludes.

87
6. Considerações Finais
6.1. Conclusões

Por forma a obter informação específica relativamente às características dos terrenos da


formação Areias e Argilas de Taveiro procedeu-se à avaliação de dois taludes: o Talude 20,
localizado em Cernache, Coimbra, para o qual se realizaram ensaios laboratoriais de
caracterização do solo; e o Talude CE, localizado na União de Freguesias de Sebal e Belide,
Condeixa-a-Nova, onde, para além dos ensaios laboratoriais, se procedeu à realização de
sondagens mecânicas verticais à rotação e ensaios SPT. Em termos litológicos, o Talude T20
caracteriza-se como material argilo-siltoso, de cor cinzenta a amarela, por vezes com tonalidade
negra (nódulos de manganês), e o Talude CE como solo de textura argilosa, pontualmente argila
arenosa a argila siltosa, de tonalidade avermelhada a alaranjada, pontualmente com
tonalidades acinzentadas a amareladas.

Relativamente ao estudo dos movimentos de instabilidade e caracterização dos taludes, ambos


são classificados como de escavação, encontrando-se adjacentes a vias de comunicação
rodoviárias, apresentando como dimensões: 6 m de altura e pendores entre 53° (base) a 31°
(crista) para o Talude T20; e 7 m de altura e pendor de 45° para o Talude CE. Para os dois casos
observaram-se deslizamentos rotacionais.

Para o Talude T20 obtiveram-se como características do solo: peso específico aparente de 18,72
kN/m3 (natural) e 20,42 kN/m3 (saturado); limite de liquidez de 54%, limite de plasticidade de
24% e índice de plasticidade de 30%, classificando-se como CH – argila gorda; ângulo de atrito
interno igual a 15° (CD drenado) e de 25° (CD não drenado), e coesão igual a 74 kPa (CD drenado)
e 10 kPa (CD não drenado); expansibilidade final de 18,3%. Os minerais argilosos do material
constituinte do Talude 20 são a vermiculite, ilite e caulinite.

Para o Talude CE definiram-se como características do solo: peso específico aparente de 22,17
kN/m3 (natural) e 23,87 kN/m3 (saturado); limite de liquidez de 45%, limite de plasticidade de
17% e índice de plasticidade de 28%, classificando-se como CL – argila magra; ângulo de atrito
interno de 25° e 27° (CD drenado), e coesão de 58 kPa e 30 kPa (CD drenado); expansibilidade
final de 15,0%, verificando-se a presença de minerais como montmorilonite, clorite, ilite e
caulinite.

Os valores dos parâmetros de resistência do solo dependem claramente das condições


relacionadas com a presença de água do terreno, designadamente da sua saturação; as
variações sazonais do teor de humidade nas argilas, interligadas a períodos de precipitação e
períodos de insolação, provoca a sua expansão volumétrica e a sua secagem com consequente
fissuração. A problemática da expansibilidade assume especial importância relativamente a
obras rodoviárias e em zonas urbanas.

Para a formação em Areias e Argilas de Taveiro, e aquando dimensionamento de taludes, deve


ter-se em conta as características dos terrenos, nomeadamente os argilosos, e adotarem-se
taludes com menores alturas e pendores mais reduzidos dos que existem atualmente, pois em
condições de saturação dos terrenos argilosos a resistência decresce bastante e proporciona a
instabilidade do talude, sendo este o fator predominante nas instabilidades observadas na
presente dissertação.

88
Os valores obtidos no ensaio SPT e correlações relacionadas, para argilas, não devem ser
utilizados para dimensionamento de taludes, o que está de acordo com o Eurocódigo 7,
podendo verificar-se uma sobrestimação dos parâmetros resistentes dos terrenos,
nomeadamente o ângulo de atrito interno e a coesão. A realização de ensaios laboratoriais, tais
como o ensaio de corte direto, permitem uma melhor aproximação aos valores dos parâmetros
da resistência tangencial dos solos argilosos, no entanto deve igualmente verificar-se a
adequabilidade da sua utilização. Assim, um Plano de Prospeção Geológica e Geotécnica deve
incluir a realização de ensaios tendo como objetivos a obtenção de parâmetros necessários ao
correto dimensionamento de taludes e fundações de modo a executar obras seguras, custo-
efetivas e que não ponham em risco as pessoas e bens, incluindo a operacionalidade das vias.

6.2. Recomendações para trabalhos futuros

Os resultados obtidos na presente dissertação contribuíram para o aumento do conhecimento


do processo de instabilização dos taludes de escavação da formação das Areias e Argilas de
Taveiro. No entanto, foi possível identificar um conjunto de lacunas de informação e trabalhos
necessários à melhoria da caracterização desta formação geológica, que cobre grande parte dos
concelhos de Condeixa e Coimbra, alvo de projetos impactantes na região, como o Projeto de
Comboios de Alta Velocidade. Seguem-se as sugestões:

a) Recolha de mais informação publicada, nomeadamente privada, acerca da formação


das Areias e Argilas de Taveiro, incluindo dados geotécnicos correspondentes e estudos
anteriormente realizados (lacuna de informação);
b) Estender a recolha de amostras para ensaios laboratoriais, a outros taludes;
c) Alargar o tipo de ensaios laboratoriais e in situ, incluindo os ensaios de Resistência à
Compressão Triaxial e o Vane Test;
d) Efetuar a análise da estabilidade dos taludes, no sentido da sua modelação e utilização
da retroanálise com recurso aos programas informáticos.

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UNESCO. International Geotechnical Societies - IGS, Canadian Geotechnical Society,
Richmond, British Columbia.

94
ANEXO I – Classificação Unificada (ASTM)

Tab.4 – Classificação Unificada (ASTM) – Tabela resumo. Adaptado de ASTM (1985) in Oliveira (2017).

Fig.18 – Carta de Plasticidade de Casagrande. Adaptado de ASTM (1966, 1985) in Oliveira (2017).
ANEXO II – Classificação de Solos AASHTO (classificação para fins rodoviários)

Fig.19 – Ábacos para cálculo do valor de IG. Retirado de LNEC (1971).


Tab.5 – Quadro de classificação de solos AASHTO. Retirado de LNEC (1971).
ANEXO III – Tabelas de Caracterização dos Taludes de Estudo Geral & Ficha de
Caracterização do Talude 20

Dados Geométricos
Coordenadas
Designação Data Comprimento Altura Pendor Direção
Geográficas
40°11'39.78"N 44 m (totais) 2,5-3
Talude 3 21/3/2023 68° NW N 38° E
8°29'5.10"W 4 m (instabilidade) m
40°11'20.34"N 60 m (totais)
Talude 4 21/3/2023 4m 80° SE N 12° E
8°29'15.13"W 45 m (instabilidade)
40°11'51.89"N 180 m (totais)
Talude 5 21/3/2023 5,2 m 46° NE N 12° W
8°29'12.94"W 5 m (instabilidade)
40°11'52.93"N 180 m (totais)
Talude 6 21/3/2023 5,4 m 40° E N 20° W
8°29'13.33"W 5,5 m (instabilidade)
40°11'30.96"N 30 m (totais)
Talude 8 22/3/2023 2,7 m 80° SE N 55° E
8°30'11.16"W 24 m (instabilidade)
40°11'21.09"N 39 m (totais) 79°
Talude 9 22/3/2023 1,75 m N 10° W
8°32'19.26"W 2 m (instabilidade) WSW
40°11'14.46"N 18 m (totais) 48°
Talude 10 22/3/2023 2,6 m N 9° W
8°32'26.91"W 5 m (instabilidade) WSW
40°11'23.05"N 18 m (totais)
Talude 11 22/3/2023 6m 64° NW N 38° E
8°32'40.55"W 5 m (instabilidade)
40°10'31.57"N 60 m (totais) 6,5-7
Talude 12 22/3/2023 78° SW N 34° W
8°33'3.13"W 5 m (instabilidade) m
40°10'51.69"N 42 m (totais)
Talude 13 22/3/2023 2,75 m 36° ENE N 34° W
8°31'3.03"W 2 m (instabilidade)
40°11'4.24"N 160 m (totais)
Talude 14 23/3/2023 3,2 m 40° W N 10° W
8°30'38.04"W 2,5 m (instabilidade)
42 m (totais)
40°10'18.35"N 1,5-3
Talude 15 23/3/2023 16 m e 6,5 m 34° SW N 22° W
8°29'24.51"W m
(instabilidades)
40°9'41.05"N 80 m (totais) 2,5-3
Talude 16 23/3/2023 52° SW N 18° W
8°30'33.02"W 29 m (instabilidade) m
40°9'28.45"N 115 m (totais)
Talude 17 23/3/2023 4m 50° W N-S
8°27'54.29"W 24 m (instabilidade)
40°8'33.59"N 60 m (totais) 4,5-5
Talude 19 27/3/2023 64° W N 4° E
8°29'5.44"W 16 m (instabilidade) m
40°7'52.89"N 78 m (totais)
Talude 20 27/3/2023 6m 40° SE N 26° E
8°28'42.61"W 7,5 m (instabilidade)
40°7'50.50"N 85 m (totais)
Talude 21 27/3/2023 4,1 m 37° SE N 16° W
8°28'41.71"W 16 m (instabilidade)
40°7'31.09"N 98 m (totais) 2,5-3
Talude 22 27/3/2023 59° NE N 55° W
8°31'15.99"W 15 m (instabilidade) m
40°7'33.05"N 130 m (totais) 2,5-3
Talude 23 27/3/2023 31° SE N 10° E
8°31'34.61"W 2 m (instabilidade) m
40°8'40.76"N 80 m (totais)
Talude 24 27/3/2023 2m 52° NW N 26° E
8°31'11.26"W 17 m (instabilidade)
40°8'39.88"N 75 m (totais)
Talude 25 27/3/2023 2,7 m 88° N N 84° E
8°31'19.83"W 23 m (instabilidade)
40°9'10.65"N 40 m (totais)
Talude 26 27/3/2023 2,5 m 78° E N 22° W
8°31'55.97"W 15 m (instabilidade)
40°9'48.38"N 50 m (totais e 4-6,5
Talude 27 10/5/2023 76° NE N 56° W
8°31'10.43"W instabilidade) m
40°8'29.38"N 43 m (totais)
Talude 28 28/3/2023 2,6 m 42° NW N 48° E
8°33'5.59"W 6 m (instabilidade)
40°7'49.82"N 20 m (totais)
Talude 29 28/3/2023 2,6 m 62° SW N 44° W
8°33'45.72"W 5 m (instabilidade)
40°7'27.55"N 48 m (totais)
Talude 30 28/3/2023 2,3 m 68° N N 82° E
8°33'47.77"W 2 m (instabilidade)
40°7'14.26"N 139 m (totais)
Talude 31 28/3/2023 2-3 m 48° N N 87° E
8°34'31.81"W 5 m (instabilidade)

Caracterização do Talude
Fluxo de
Descrição Erosão Superficial e
Des. Litologia Vegetação água no
Litológica fraturas
talude

Terreno areno-siltoso Coberto herbáceo denso


Fendas de tração:
de cor castanha; com (e.g., tojos, cyperus, Sentido
Comprimento = 50-
clastos (2-6 mm); e gramíneas - coberto contrário ao
60 cm
seixos rolados (3-6 cm), espontâneo), 30-80 cm; talude (SE-
Abertura = 2-3 mm
sub-angulosos, coberto arbóreo NW), não
Atitude: N42°E;
pontualmente com 15- (eucaliptos), a cerca de SV = 10 cm ocorre
80°SE
T3 20 cm - Depósito 15-20 m de distância do DS = 80 cm escorrência
Fendas de retração:
superficial/de canal. talude - Topo do Talude. AAT = 70 cm na face do
Comprimento = 10-
Terreno silto-argiloso Coberto herbáceo de talude,
20 cm
de cor vermelha; tamanho entre 15-50 cm, apenas
Abertura = 3 mm
pontualmente com disperso na zona de precipitação
Atitude: N42°W;
clastos - Areias e Argilas instabilidade - Face do direta
sub-vertical
de Taveiro Talude
Terreno silto-argiloso
Fendas de tração:
de cor castanha; com
Coberto herbáceo (e.g., Comprimento =
clastos (3-10 mm), e
gramíneas, cyperus, considerável, cerca
seixos rolados (3,5 a 8-9
festuca, silvas), 10-50 cm, de 2/3 metros
cm), sub-arredondados,
pontualmente 1 metro; Abertura = 5-10 cm
pontualmente com
coberto arbóreo Atitude: N12°E;
cerca de 15 cm - SV = 18 cm Face do
(sobreiros; quantidade: 84°NW
Depósito superficial/de DS =30 cm talude
T4 5), cerca de 6,75 m de Fendas de retração:
canal. Terreno argilo- AAT = 3,25 (sentido E-
altura - Topo do Talude. Comprimento = 10-
siltoso de cor vermelha m W)
Coberto herbáceo, 10-50 40 cm
a cinzenta; camada com
cm, pontualmente 1 m; Abertura = 1-3 mm
cerca de 20 cm de
raízes com 70-80 cm de Atitude: N74°W;
espessura. Terreno
profundidade - Face do sub-vertical. N12°E;
argilo-siltoso de cor
Talude sub-horizontal
vermelha - Areias e
(mais comuns)
Argilas de Taveiro
Fendas de tração:
Comprimento = 60
Coberto herbáceo (e.g., cm - 1 m
gramíneas (maioria), Abertura = 3-10 cm
Terreno areno-siltoso cyperus, festuca, tojos), Atitude: N10°W;
de cor vermelha; com 10-40 cm (herbáceas) e 68°W
Face do
clastos (3-7 mm). 70 cm (gramíneas); Fendas de retração:
SV = 15 cm talude
T5 Terreno argilo-siltoso canavial na face e topo de Comprimento = 6-
AAT = 5 m (sentido NE-
de cor vermelha - material deslizado, 1,30 40 cm
SW)
Areias e Argilas de metros de altura; raízes Abertura = 5 mm - 1
Taveiro com 15-80 cm de cm
profundidade - Topo e Atitude: N76°W;
Face do Talude sub-vertical.
N14°W; sub-
horizontal
Coberto herbáceo (e.g.,
gramíneas (maioria), Fendas de tração:
cyperus, festuca, tojos, Comprimento = 20-
silvas), cerca de 10-40 cm 60 cm
Terreno argilo-siltoso
(herbáceas) e 70 cm Abertura = 5 mm
de cor vermelha.
(gramíneas); canavial na Atitude: N24°W;
Terreno argilo-siltoso Face do
face do talude (lado N, 62°SW
de cor vermelha a SV = 15 cm talude
T6 esquerdo), 1,30 metros Fendas de retração:
cinzenta. Terreno AAT = 5 m (sentido E-
de altura; raízes, 10-50 Comprimento = 10-
areno-siltoso de cor W)
cm de profundidade - 40 cm
vermelha - Areias e
Topo e Face do Talude. Abertura = 1-3 mm
argilas de Taveiro
Coberto arbóreo Atitude: N62°E; sub-
(sobreiro; quantidade: 2, vertical. N20°W;
lado N), 1,6 metros de sub-horizontal
altura - Topo do Talude
Terreno silto-argiloso
Coberto herbáceo denso Fendas de tração:
de cor amarela a
(e.g., tojos, fetos, Comprimento = 90
castanha; com clastos
cyperus), cerca de 70 cm; cm - 1m
(2-5 mm), e seixos
coberto arbóreo Abertura = 2-4 cm
rolados (2-9 cm), sub-
(eucaliptos; quantidade: Atitude: N54°E;
angulosos a sub- SV = 10 cm
cerca de 33), zona 74°SE Face do
arredondados - DS =70 cm -
próxima de 1-2 m, 6 m de Fendas de retração: talude
T8 Depósito superficial/de 1m
altura, encurvamento da Comprimento = 8- (sentido SE-
canal. Terreno silto- AAT = 1,30 -
base em algumas árvores; 14 cm NW)
argiloso de cor 1,40 m
raízes até 2 m Abertura = 1-2 mm
vermelha. Terreno
profundidade - Topo do Atitude: N38°W;
argilo-siltoso de cor
Talude. Coberto herbáceo sub-vertical.
vermelha a cinzenta -
pontual, 30 cm de altura - N50°W; sub-
Areias e argilas de
Face do Talude horizontal
Taveiro
Coberto herbáceo (e.g.,
Terreno silto-argiloso
gramíneas, festuca,
de cor castanha; com
silvas), 1 m de altura;
clastos (1-5 mm), e
coberto arbustivo
seixos rolados (2-6 cm),
(Aderno; quantidade: 1) Fendas de tração:
sub-angulosos a sub- Sentido SSE-
na área de topo (lado SSE Comprimento = 10-
arredondados, SV = 15 cm NNW, topo
do deslizamento), 1,80 m 40 cm
T9 pontualmente com 12 DS =60 cm do talude
de altura; raízes de 90 cm Abertura = 2 mm
cm - Depósito AAT = 80 cm com ligeira
- 1 m (arbusto) Atitude: N8°W;
superficial/de canal. inclinação
profundidade - Topo do 82°WSW
Terreno areno-siltoso
Talude. Coberto herbáceo
de cor vermelha -
(e.g., gramíneas, festuca,
Areias e argilas de
silvas, entre outros), 40-
Taveiro
60 cm - Face do Talude
Terreno silto-argiloso
Coberto herbáceo (e.g.,
de cor castanha;
gramíneas, festuca,
pontualmente com
silvas), 60 cm - 1 m de
clastos (1-3 mm),
altura; canavial na área
camada com cerca de
de topo, 2 m de altura;
24 cm de espessura. Face do
coberto arbóreo (oliveira;
Terreno areno-argiloso talude
quantidade: 2, lados SSE
de cor castanha a SV = 10 cm (sentido
e NNW do talude) 3 m de
T10 amarela; com clastos DS = 1,30 m - WSW-ENE),
altura; raízes de 30-40 cm
(1-4 mm) e seixos AAT = 95 cm com desvio
profundidade - Topo do
rolados (1-3 cm), sub- para SSE
Talude. Coberto herbáceo
angulosos a sub- (muro)
(e.g., gramíneas, urtigas),
arredondados, camada
10-70 cm de altura;
com cerca de 21 cm de
canavial com cerca de 2
espessura - Depósito
metros de altura - Face
superficial/de canal.
do Talude
Terreno argilo-siltoso
de cor cinzenta - Areias
e Argilas de Taveiro

Sequência SW-NE:
Terreno silto-argiloso
de cor castanha, com
clastos e seixos rolados
de tamanho médio
(Dep. Sup.); Terreno
Coberto herbáceo denso Fendas de tração:
silto-argiloso de cor
(e.g., gramíneas, fetos, Comprimento = 10-
vermelha (AAT);
silvas), 1 m de altura; 35 cm
Terreno areno-silto-
coberto arbóreo (acácia- Abertura = 5 mm - 2
argiloso de cor
mimosa; quantidade: 9, SV = 6-10 cm
castanha com clastos e
lado NE da instabilidade), cm Atitude: N48°E; Face do
seixos rolados de
3-4 m de altura; raízes de DS = 50- 84°NW talude
T11 tamanho grande (Dep.
20-30 cm profundidade - 2,30 m Fendas de retração: (sentido
Sup.); Terreno areno-
Topo do Talude. Coberto AAT = 20 cm Comprimento = 4-6 NW-SE)
siltoso de cor vermelha
herbáceo (e.g., cyperus, - 2,1 m cm
(Zona da Instabilidade
gramíneas), 10-25 cm de Abertura = 1-2 mm
Estudada - AAT);
altura; canavial (lado NE Atitude: N42°W;
Terreno silto-argiloso
do talude), 2 m de altura - sub-vertical. N48°E;
de cor vermelha a
Face do Talude sub-horizontal
cinzenta (AAT); Terreno
areno-silto-argiloso de
cor castanha com
clastos e seixos rolados
de tamanho grande
(Dep. Sup.)
Fendas de
Coberto arbóreo (e.g.,
tração:
eucaliptos, zona florestal;
Terreno silto-argiloso Comprimento = 20-
pinheiros, quantidade: 2)
de cor castanha - 50 cm
3-5 m de altura, topo e
Depósito superficial/de Abertura = 2 mm
laterais da instabilidade
canal. Terreno silto- Atitude: N40°W; Face do
(SSE e NNW); raízes de 70 SV = 10 cm
argiloso de cor 58°SW talude
T12 cm - 1,70 m DS = 30 cm
vermelha a rosada, com Fendas de retração: (sentido
profundidade. Coberto AAT = 6 m
micas. Terreno areno- Comprimento = 5- WSW-ENE)
herbáceo (e.g., tojos,
siltoso de cor vermelha 20 cm
festuca, musgo), com
- Areias e argilas de Abertura = 1-3 mm
cerca de 15-30 cm de
Taveiro Atitude: N55°E; sub-
altura - Topo e Face do
vertical. N24°W;
Talude
sub-horizontal
Terreno silto-argiloso Fendas de tração:
Coberto arbóreo (e.g.,
de cor castanha; Comprimento = 20-
eucaliptos, zona florestal;
pontualmente com 50 cm
pinheiros, quantidade: 2)
clastos (1-5 mm) - Abertura = 2 mm
3-5 m de altura, topo e
Depósito superficial/de Atitude: N40°W;
laterais da instabilidade Face do
canal. Terreno argilo- SV = 10 cm 58°ENE
(SSE e NNW); raízes de 70 talude
T13 siltoso de cor cinzenta a DS = 30 cm Fendas de retração:
cm - 1,70 m (sentido
amarela; com clastos AAT = 6 m Comprimento = 5-
profundidade. Coberto WSW-ENE)
(1-7 mm), e seixos 20 cm
herbáceo (e.g., tojos,
rolados (2-6 cm), sub- Abertura = 1-3 mm
festuca, musgo), 15-30
angulosos a sub- Atitude: N55°E; sub-
cm de altura - Topo e
arredondados - Areias e vertical. N24°W;
Face do Talude
argilas de Taveiro sub-horizontal
Terreno silto-argiloso Coberto herbáceo e
Sulcos: Face do
de cor castanha; arbustivo (e.g., SV = 10 cm
Comprimento = 25 talude e
pontualmente com gramíneas, fetos, DS = 35 cm
T14 cm-1 m contrário
clastos (1-3 mm) e cyperus, sálvia), 40 cm - 1 AAT = 2,70
Abertura = 5 mm - (sentido W-
seixos rolados (1,5-4 m; coberto arbóreo (e.g., m
2,50 cm E e E-W,
cm), sub-angulosos - sobreiro; quantidade: 2,
Depósito superficial/de lado NNW do talude), Profundidade = 3-4 respetivame
canal. Terreno silto- 2,20 m de altura; raízes cm nte)
argiloso de cor de 40 cm - 1 m N.° de sulcos por
vermelha a profundidade - Topo do m2 : 7, 4, 4, 3,
acastanhada; Talude. Coberto herbáceo respetivamente
pontualmente com com cerca de 10-50 cm (média: 5
clastos (1-2 mm) - de altura (não existente sulcos/m2)
Areias e argilas de na zona de instabilidade) Fendas de tração:
Taveiro - Face do Talude Comprimento = 30
cm-1,20 m
Abertura = 5 mm - 2
cm
Atitude: N12°W;
80°E
Fendas de
retração:
Comprimento = 7-
16 cm
Abertura = 1-2 mm
Atitude: N74°E; sub-
vertical. N20°W;
sub-horizontal
Coberto herbáceo (e.g.,
Terreno silto-argiloso
tojos (maioria), Fendas de
de cor castanha; com
gramíneas, fetos, tração:
clastos (1-7 mm), e
cyperus), 30 cm de altura; Comprimento = 25
seixos rolados (2-6 cm),
coberto arbóreo (e.g., cm
sub-arredondados.
sobreiro e eucalipto, Abertura = 1 cm
Terreno silto-argiloso
quantidade: 9 e 1, SV = 12 cm Atitude: N3°W;
de cor castanha a Sentido SSE-
respetivamente)) 2,20 m DS = 80 cm 70°SW
T15 amarela; com clastos NNW
de altura, algumas AAT = 1,39 Fendas de retração:
(1-7 mm) - Depósito (inclinação)
árvores com m Comprimento = 2-8
superficial/de canal.
encurvamento na base; cm
Terreno argilo-siltoso
raízes de profundidade Abertura = 2-3 mm
de cor vermelha a
até 1,50 m - Topo do Atitude: N8°W; sub-
cinzenta; com clastos
Talude. Coberto vertical. N78°E; sub-
(1-7 mm) - Areias e
herbáceo, 10-30 cm de horizontal
argilas de Taveiro
altura - Face do Talude
Terreno areno-siltoso
de cor castanha; com Coberto herbáceo (e.g.,
clastos (3-6 mm), e tojos, silvas, cyperus), 50 Fendas de tração:
seixos rolados (1-2 cm), cm-1 m de altura; coberto Comprimento = 30
sub-angulosos a sub- arbóreo (e.g., pinheiro e cm
arredondados - sobreiro, quantidade: 1 e Abertura = 50 mm
Depósito superficial/de 5, respetivamente; e Atitude: N12°W;
canal. Terreno areno- eucalipto, lado SSE SV = 10 cm 70°SW Sentido SSE-
T16 siltoso de cor vermelha talude), 3 m de altura; DS = 20 cm Fendas de retração: NNW
a cinzenta; com clastos raízes de 15-30 cm AAT = 1,2 m Comprimento = 10- (inclinação)
(3-6 mm). Terreno profundidade - Topo do 20 cm
areno-silto-argiloso de Talude. Coberto Abertura = 1 mm
cor vermelha; herbáceo, 40-70 cm de Atitude: N68°E; sub-
pontualmente com altura; sem coberto na vertical. N22°W;
clastos (2-4 mm) - zona de rotura - Face do sub-horizontal
Areias e Argilas de Talude
Taveiro
Terreno silto-argiloso Coberto herbáceo e
Fendas de tração: Face do
de cor castanha a arbustivo (e.g., acácia
SV = 10 cm Comprimento = 20 talude
amarela; com clastos (maioria), tojos, cyperus),
DS = 40 cm - cm (sentido W-
T17 (1-9 mm), e seixos 58 cm-1,5 m de altura;
1m Abertura = 2-3 cm E), sentido
rolados (3-6 cm), sub- coberto arbóreo (e.g.,
AAT = 3-4 m Atitude: N-S; 80°W N-S e S-N
angulosos a sub- pinheiro, quantidade: 13;
Fendas de retração: (inclinação)
arredondados - sobreiro, quantidade: 4)
Depósito superficial/de 3,5-4 m de altura; Comprimento = 6-
canal. Terreno areno- encurvamento da base de 11 cm
silto-argiloso de cor algumas árvores; raízes Abertura = 2-5 mm
vermelhada; com de 20 cm-2 m Atitude: N-S; sub-
clastos (1-9 mm). profundidade - Topo do vertical. N89°W;
Terreno silto-argiloso Talude. Coberto herbáceo sub-horizontal
de cor vermelhada a e arbustivo disperso (e.g.,
cinzenta; com clastos acácia (maioria), tojos,
(1-9 mm) - Areias e cyperus), 50 cm-1,5 m de
argilas de Taveiro altura; coberto arbóreo
(e.g., pinheiros pequenos,
eucalipto, sobreiro), 50-
70 cm (pinheiros), 1,5 m
(sobreiro), e 4 m
(eucalipto);
encurvamento na base de
acácia (meio do talude)-
Face do Talude
Terreno silto-argiloso
Coberto herbáceo (e.g.,
de cor castanha a
tojos (maioria), cyperus),
amarela; com clastos
17 cm-28 cm até 1 m de
(3-6 mm), e seixos
altura; coberto arbóreo
rolados (7-15 cm), sub-
(e.g., pinheiro, sobreiro
arredondados. Terreno Fendas de tração:
(quantidade: 2) e
areno-siltoso de cor Comprimento = 17
eucalipto) 2,7-5,5 metros
castanha a amarela; cm - 1,30 m
de altura; encurvamento
com clastos (3-6 mm), e Abertura = 1 mm -
da base de algumas
seixos rolados (2-6 cm), 1,5 cm
árvores; raízes de 50 cm- SV = 7-10 Sentido
sub-angulosos a sub- Atitude: N6°E; 60°E
1 m profundidade - Topo cm contrário ao
T19 arredondados - Fendas de retração:
do Talude. Coberto DS = 30 cm talude (E-
Depósito superficial/de Comprimento = 2-6
herbáceo e arbustivo AAT = 4 m W)
canal. Terreno areno- cm
(e.g., tojos, silvas,
siltoso de cor vermelha; Abertura = 1-3 mm
cyperus), 20 cm-1 m de
com clastos (3-7 mm); Atitude: N88°W;
altura; coberto arbóreo
fileira (no meio da sub-vertical. N8°E;
(e.g., pinheiro e
camada) de seixos sub-horizontal
eucalipto), 5 m de altura;
rolados de tamanho
existência de
médio (1-4 cm), sub-
encurvamento na base de
angulosos a sub-
árvores (lado N) - Face do
arredondados - Areias e
Talude
argilas de Taveiro
Fendas de tração:
Coberto herbáceo (e.g.,
Comprimento =
gramíneas (maioria),
1,60 m - 2,50 m
cyperus), 20-80 cm de
Abertura = 15-27
altura; canavial, 1,10 m
cm
de altura; raízes de 10 Face do
Terreno argilo-siltoso Atitude: N22°E;
cm-48 cm profundidade - talude
de cor cinzenta a 70°NW
Topo do Talude. Coberto SV = 10 cm (sentido SE-
T20 amarela, com laivos de Fendas de retração:
herbáceo (e.g., gramíneas AAT = 5,5 m NW) e
cor negra - Areias e Comprimento = 4-
(maioria), cyperus), 20-80 contrário
argilas de Taveiro 20 cm
cm de altura; existência (NW-SE)
Abertura = 2 mm-1
de coberto arbóreo (e.g.,
cm
carvalho, quantidade: 1
Atitude: N70°W;
(lado SW talude)), 4,4 m
sub-vertical. N16°E;
de altura - Face do Talude
sub-horizontal
Terreno silto-argiloso Coberto herbáceo (e.g.,
Sulcos:
de cor castanha a gramíneas (maioria), Face do
SV = 10 cm Comprimento = 1,3
amarela; com clastos cyperus), 30 cm-1,6 m de talude
T21 DS = 10 cm m
(1-3 mm) e seixos altura; canavial (lado (sentido
AAT = 3,8 m Abertura = 18-65
rolados (1,5-4 cm), sub- NNW e SSE), 1,70 m de ENE-WSW)
cm
angulosos a sub- altura; coberto arbóreo
arredondados - (e.g., sobreiro, Profundidade = 11-
Depósito superficial/de quantidade: 1 (topo de 50 cm
canal. Terreno argilo- instabilidade)), 4,8-5 m N.° de sulcos por
siltoso de cor cinzenta a de altura; raízes de 15 m2 : 3, 3, 2, 1, 2,
amarela, com laivos de cm-45 cm profundidade - respetivamente
cor negra - Areias e Topo do Talude. Coberto (média: 2
argilas de Taveiro herbáceo (e.g., gramíneas sulcos/m2)
(maioria), cyperus), 30 Fendas de tração:
cm-1,60 m de altura; Comprimento =
coberto arbustivo, 3 1,10 m
grupos dispersos (lado Abertura = 8 cm
NNW), 1,60 m de altura - Atitude: N16°W;
Face do Talude 60°SE
Fendas de retração:
Comprimento = 3-
12 cm
Abertura = 1-2 mm
Atitude: N78°E; sub-
vertical. N4°W; sub-
horizontal
Sulcos:
Comprimento = 70
cm - 1,40 m
Abertura = 5-10 cm
Coberto herbáceo (e.g.,
Profundidade = +/-
tojos, gramíneas,
7 cm
Terreno areno-silto- cyperus), 20-50 cm de
N.° de sulcos por
argiloso de cor altura; coberto arbóreo
m2 : 4, 5, 3, 1,
castanha; com clastos (e.g., pinheiro, carvalho, e
respetivamente
(1-8 mm) - Depósito eucalipto), 1-2,5 metros Face do
(média: 3
superficial/de canal. de altura; raízes de 20-40 talude
SV = 15 cm sulcos/m2)
Terreno areno-siltoso cm - Topo do Talude. (sentido
DS = 1,1 m Fendas de tração:
T22 de cor vermelha, Coberto herbáceo (e.g., NNE-SSW) e
AAT = 1,75 Comprimento = 20-
pontualmente cinzenta. tojos, gramíneas (em contrário
m 30 cm
Terreno silto-argiloso aglomerados), cyperus), (sentido
Abertura = 50 mm
de cor vermelha 40-70 cm de altura; SSW-NNE)
Atitude: N45°W;
rosada, com micas - coberto arbóreo (e.g.,
66°NE
Areias e argilas de pinheiros pequenos), 1 m
Fendas de retração:
Taveiro de altura; sem coberto
Comprimento = 4,5-
nas zonas de rotura - Face
6 cm
e Base do Talude
Abertura = 1 mm
Atitude: N16°E; sub-
vertical. N40°E; sub-
horizontal
Sulcos:
Comprimento = 2 m
Abertura = 3-19 cm
Terreno silto-argiloso Profundidade = 4-
de cor vermelha rosada 20 cm
a cinzenta, com micas. N.° de sulcos por
Coberto herbáceo (e.g.,
Terreno areno-argiloso m2 : 4, 3, 6, 3,
festuca, gramíneas, SV = 5-7 Face do
de cor vermelha; respetivamente
cyperus, silvas), 10-30 cm cm talude
T23 pontualmente com (média: 4
até 60 cm-1,10 m de AAT = 2,70 (sentido
clastos (2-5 mm). sulcos/m2)
altura; raízes de 10-20 cm m ESE-WNW)
Terreno silto-argiloso Fendas de retração:
- Topo e Face do Talude
de cor avermelha - Comprimento = 15-
Areias e Argilas de 40 cm
Taveiro Abertura = 1-5 cm
Atitude: N72°W;
sub-vertical. N6°W;
sub-horizontal
Coberto herbáceo (e.g.,
tojos, gramíneas,
Fendas de tração:
cyperus), 20-70 cm de Sentido
Comprimento = 20-
altura; coberto arbóreo contrário ao
Terreno areno-argiloso 40 cm
(e.g., eucalipto, talude
de cor vermelha; com Abertura = 1-1,5 cm
quantidade: 9; e sobreiro, (ESSE-
clastos (2-5 mm). Atitude: N37°E;
quantidade: 9), 1,4-4 m WNW), não
Terreno silto-argiloso SV = 10 cm 72°NW
de altura, encurvamento ocorre
T24 de cor vermelha; AAT = 1,50 Fendas de retração:
de base em algumas escorrência
pontualmente com m Comprimento = 3-6
árvores; raízes de 40-80 na face do
clastos (2-4 mm) - cm
cm profundidade - Topo talude,
Areias e argilas de Abertura = 1-2 mm
do Talude. Coberto apenas
Taveiro Atitude: N62°W;
herbáceo (e.g., tojos, precipitação
sub-vertical. N32°E;
gramíneas, cyperus), 20- direta
sub-horizontal
70 cm de altura - Face do
Talude
Sulcos:
Comprimento = 40
cm-3 m
Abertura = 9-40 cm
Profundidade = 10-
20 cm
Coberto herbáceo (e.g., N.° de sulcos por
festuca, tojos, m2 : 4, 3, 3, 4, 4, 4,
gramíneas), 10-40 cm de 5, 2, 3,
Terreno silto-argiloso altura; coberto arbóreo respetivamente
de cor cinzenta a (e.g., eucalipto e (média: 4
Face do
amarela; com clastos pinheiro), 2-3 m de SV = 13 cm sulcos/m2)
talude
T25 (1-4 mm) na zona altura; raízes de 30 cm-1 AAT = 1,30- Fendas de tração:
(sentido N-
superior do terreno - m profundidade - Topo 2,70 m Comprimento = 20-
S)
Areias e argilas de do Talude. Coberto 30 cm
Taveiro herbáceo (e.g., festuca, Abertura = 2-4 mm
gramíneas, tojos), 20-30 Atitude: N88°E;
cm a 1 m (gramíneas) de 80°N
altura - Face do Talude Fendas de retração:
Comprimento = 1,5-
3 cm
Abertura = 1-2 mm
Atitude: N-S; sub-
vertical. N88°E; sub-
horizontal
Coberto herbáceo (e.g.,
tojos, cyperus), 20-50 cm
Face do
de altura; coberto
Sulcos: talude
arbóreo (e.g., eucalipto,
Terreno areno-argiloso Comprimento = 1- (sentido
quantidade: 1; sobreiro,
de cor vermelha, com 1,6 m ENE-WSW);
quantidade: 7; pinheiros
micas; com clastos (1-5 Abertura = 3-8 cm base do
pequenos), 50 cm
mm); grão grosseiro a SV = 6-8 cm Profundidade = 4- talude
(pinheiros)-2,4 m de
T26 fino (N-S). Terreno silto- AAT = 2,40 10 cm (sentido
altura; raízes de 10-50 cm
argiloso de cor m N.° de sulcos por SSE-NNW)
- Topo do Talude.
vermelha a cinzenta - m2 : 6, 6, 5, (visíveis
Coberto herbáceo (e.g.,
Areias e argilas de respetivamente sulcos, de
tojos, cyperus), 20-50 cm
Taveiro (média: 6 dimensão
de altura; coberto
sulcos/m2) consideráve
arbóreo (e.g., pinheiros
l)
pequenos), 50 cm de
altura - Face do Talude
Terreno areno-siltoso Coberto herbáceo (e.g.,
SV = 10 cm Sulcos: Face do
de cor castanha a tojos, cyperus), 20-30 cm
DS = 28 Comprimento = 2-6 talude
T27 amarela; com clastos de altura; coberto
cm m (sentido
(3-5 mm), e seixos arbóreo (e.g., eucaliptos
AAT = 5,5 m Abertura = 5-15 cm NNE-SSW)
rolados (1-3 cm), sub- e pinheiros pequenos), 2-
angulosos a sub- 2,5 m (pinheiros) a 4-5 m Profundidade = 3-
arredondados - de altura (eucaliptos); 12 cm
Depósito superficial/de raízes de 30 cm-1 m N.° de sulcos por
canal. Terreno areno- profundidade - Topo do m2 : 4, 7, 5, 5, 6, 4,
silto-argiloso de cor Talude. Coberto arbóreo 5, respetivamente
esbranquiçada. Terreno (e.g., eucaliptos e (média: 5
argilo-siltoso de cor pinheiros pequenos), 2-5 sulcos/m2)
cinzenta a vermelha m de altura - Face do Fendas de tração:
rosada - Areias e Argilas Talude Comprimento = 20-
de Taveiro 90 cm
Abertura = 50 mm-1
cm
Atitude: N82°W;
86°SW
Fendas de retração:
Comprimento = 3-8
cm
Abertura = 1 mm
Atitude: N16°E; sub-
vertical. N76°W;
sub-horizontal
Terreno areno-siltoso Coberto herbáceo (e.g.,
de cor castanha a tojos, festuca, cyperus,
amarela; com clastos gramíneas, silvas), 20 cm-
(2-5 mm), e seixos 1 m (gramíneas) de
rolados (1-3 cm), sub- altura; coberto arbóreo Sentido
Fendas de tração:
angulosos a sub- (e.g., eucaliptos e contrário ao
Comprimento = 25-
arredondados - pinheiros), 4-5 m de talude (SSE-
SV = 15 cm 45 cm
Depósito superficial/de altura, a 35-40 m de NNW) e
T28 DS = 1 m Abertura = 50 mm-1
canal. Terreno areno- distância (sentido NNW); Sentido
AAT = 1,4 m cm
silto-argiloso de cor raízes de 40-90 cm - Topo WSW-ENE
Atitude: N82°E;
vermelha a cinzenta; do Talude. Coberto (inclinação)
72°NW
pontualmente com herbáceo (e.g., tojos,
seixos rolados (1-3 cm), festuca, cyperus,
sub-angulosos a sub- gramíneas, silvas), cerca
arredondados - Areias e de 20 cm-1 m (gramíneas)
argilas de Taveiro de altura - Face do Talude
Terreno areno-argiloso
de cor castanha a
amarela; com clastos
(2-5 mm), e
pontualmente seixos
Coberto herbáceo (e.g.,
rolados (1-6 cm), sub-
tojos (maioria), urzais,
arredondados - Fendas de tração:
festuca, cyperus), 20 cm
Depósito superficial/de Comprimento = 30-
de altura; existência de Face do
canal. Terreno silto- 80 cm
coberto arbóreo (e.g., talude
argiloso de cor Abertura = 1-4 cm
pinheiros (pequenos), (sentido
vermelha a cinzenta; Atitude: N80°W;
quantidade: 4; e SV = 10 cm SW-NE) e
com clastos (2-5 mm). 68°SW
sobreiros, quantidade: 8), DS = 30-40 contrário
T29 Terreno areno-argiloso Fendas de retração:
1,1-1,7 m de altura; raízes cm (sentido NE-
de cor vermelha; com Comprimento = 1-4
de 40 cm-1,6 m AAT = 1,7 m SW), ainda
clastos (2-5mm), e cm
profundidade - Topo do sentido NW-
seixos rolados (1-6 cm), Abertura = 1-2 mm
Talude. Coberto herbáceo SE
sub-arredondados. Atitude: N51°E; sub-
(e.g., tojos (maioria), (inclinação)
Terreno silto-argiloso vertical. N35°W;
urzais, festuca, cyperus),
de cor vermelha a sub-horizontal
20 cm de altura - Face do
cinzenta. Terreno
Talude
areno-argiloso de cor
vermelha escura; com
clastos (2-5 mm) e
seixos rolados (1-3 cm),
sub-arredondados -
Areias e argilas de
Taveiro

Terreno silto-argiloso
de cor castanha; com Coberto herbáceo (e.g.,
clastos (1-3 mm), e silvas, festuca, cyperus),
seixos rolados (2-4 cm), 15 cm-1 m de altura;
sub-angulosos a sub- coberto arbóreo (e.g., Fendas de tração:
arredondados - pinheiros, quantidade: 5; Comprimento = 10-
Depósito superficial/de e sobreiros, quantidade: SV = 10 cm 50 cm Sentido
T30 canal. Terreno silto- 3), 2-5 m (pinheiros) de DS = 1 m Abertura = 5 mm-6 contrário ao
argiloso de cor altura; de 15-50 cm AAT = 60 cm cm talude (S-N)
vermelha escura; com profundidade - Topo do Atitude: N87°E;
clastos (1-3 mm), e Talude. Coberto herbáceo 72°S
seixos rolados (1-4 cm), (e.g., silvas, festuca,
sub-angulosos a sub- cyperus), 20-50 cm de
arredondados - Areias e altura - Face do Talude
Argilas de Taveiro
Terreno areno-silto-
argiloso de cor cinzenta
a amarela; com clastos
Coberto herbáceo (e.g.,
(2-4 mm), e seixos
tojos, festuca, cyperus, Fendas de tração:
rolados (1-3 cm), sub-
gramíneas), 50 cm-1 m de Comprimento = 25-
angulosos a sub-
altura; coberto arbóreo 80 cm
arredondados. Terreno
(e.g., pinheiros e Abertura = 2 mm-5
silto-argiloso de cor Face do
eucaliptos), 2-3 m de cm (pontualmente)
vermelha a cinzenta; talude
altura; raízes até 50 cm, Atitude: N88°W;
pontualmente com SV = 10-15 (sentido N-
pontualmente até 1 m 86°N
T31 clastos (1-3 mm). cm S) e
profundidade - Topo do Fendas de retração:
Terreno areno-argiloso AAT = 1,7 m contrário
Talude. Coberto herbáceo Comprimento = 2-
de cor vermelha a (sentido S-
(e.g., tojos, festuca, 15 cm
cinzenta. Terreno N)
cyperus, gramíneas), 20 Abertura = 1-2 mm
argilo-siltoso de cor
cm-1 m de altura; coberto Atitude: N4°E; sub-
vermelha rosada a
arbóreo (e.g., pinheiros vertical. N88°W;
esbranquiçada. Terreno
pequenos), 20 cm de sub-horizontal
areno-argiloso de cor
altura - Face do Talude
vermelha rosada -
Areias e argilas de
Taveiro

Comportamento do Talude
Estados da
Estabili Atividade
Desi Classificaçã Tipo de Trabalhos de
dade (Adaptado de Consequências
g. o Instabilidade Estabilização
Geral Unesco WP/WLI
(1993))
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
Intermé atividade nos
T3 Escavação Rotacional drenagem (Pé comunicação
dia últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
Deslizamento com indícios (Sem
Vala de Vias de
Intermé Rotacional atividade nos
T4 Escavação drenagem (Pé comunicação
dia a má múltiplo (2) últimos 12 meses,
do talude) (estradas)
(solo) mas com indícios de
atividade)
Vala de
drenagem (Pé
do talude);
Muro de betão Instabilidade Inativa
(2,16 m de com indícios (Sem
Deslizamento Vias de
Intermé altura e 19 m de atividade nos
T5 Escavação Rotacional comunicação
dia a má comprimento), últimos 12 meses,
(solo) (estradas)
localizado a mas com indícios de
norte da atividade)
instabilidade -
Fora da zona
instabilizada
Vala de
drenagem (Pé
do talude);
Instabilidade Inativa
Muro de betão
Deslizamento com indícios (Sem
(2,16 m de Vias de
Intermé Rotacional atividade nos
T6 Escavação altura e 19 m de Comunicação
dia a má múltiplo (2) últimos 12 meses,
comprimento), (estradas)
(solo) mas com indícios de
localizado a sul
atividade)
da instabilidade
- Fora da zona
instabilizada
Instabilidade Inativa
Deslizamento
Pequena com indícios (Sem
Superficial Vias de
Intermé barreira (cerca atividade nos
T8 Escavação (solo) e comunicação
dia de 10 cm altura) últimos 12 meses,
Rotacional (estradas)
(Pé do talude) mas com indícios de
(solo)
atividade)
Instabilidade
Deslizamento suspensa (ativa nos Vias de
Intermé
T9 Escavação Superficial Não últimos 12 meses, comunicação
dia
(solo) mas não ativa no (estradas)
momento)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Intermé Deslizamento Muro e passeio Vias de
atividade nos
T10 Escavação dia a Superficial pedestre (Pé do comunicação
últimos 12 meses,
boa (solo) talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Pequena Instabilidade Inativa
barreira (cerca com indícios (Sem
Deslizamento Vias de
de 10 cm altura) atividade nos
T11 Escavação Boa Superficial comunicação
de passeio últimos 12 meses,
(solo) (estradas)
pedestre (Pé do mas com indícios de
talude) atividade)
Instabilidade Vias de
Fluxo (solo) e
suspensa (ativa nos Comunicação
Deslizamento
T12 Escavação Má Não últimos 12 meses, (estradas);
Rotacional
mas não ativa no Floresta ou
(solo)
momento) Desocupado
Muro de
contenção de
Instabilidade Inativa
betão (com Vias de
com indícios (Sem
Deslizamento drenos na Comunicação
Intermé atividade nos
T13 Escavação Superficial base); (estradas);
dia últimos 12 meses,
(solo) Vala de Floresta ou
mas com indícios de
drenagem Desocupado
atividade)
(entre muro e
estrada)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
Intermé atividade nos
T14 Escavação Rotacional drenagem (Pé comunicação
dia últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Deslizamento
Instabilidade Inativa
Rotacional
com indícios (Sem
(solo), Vias de
Intermé atividade nos
T15 Escavação Rastejamento e Não comunicação
dia últimos 12 meses,
Deslizamento (estradas)
mas com indícios de
Superficial
atividade)
(solo)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vias de
atividade nos
T16 Escavação Boa Superficial Não comunicação
últimos 12 meses,
(solo) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem Vias de
Intermé Deslizamento
atividade nos Comunicação
T17 Escavação dia a Superficial Não
últimos 12 meses, (estradas);
boa (solo)
mas com indícios de Fábricas
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
Intermé atividade nos
T19 Escavação Superficial drenagem (Pé comunicação
dia a má últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade
Deslizamento Vala de suspensa (ativa nos Vias de
T20 Escavação Má Rotacional drenagem (Pé últimos 12 meses, comunicação
(solo) do talude) mas não ativa no (estradas)
momento)
Enrocamento (5
metros de
largura)
deslizado;
Estacas de
madeira (lado
Norte do
talude), Instabilidade
deslizadas suspensa (ativa nos Vias de
T21 Escavação Má Fluxo (solo) (algumas); Vala últimos 12 meses, comunicação
de drenagem mas não ativa no (estradas)
(Topo do momento)
talude) (sem
suporte devido
a deslizamento
do terreno);
Vala de (Face do
talude, lado
Norte)
Instabilidade Vias de
Deslizamento suspensa (ativa nos Comunicação
T22 Escavação Má Superficial Não últimos 12 meses, (estradas);
(solo) mas não ativa no Edifícios
momento) (oficina)
Instabilidade
Vala de suspensa (ativa nos Edifícios (ETAR);
Intermé
T23 Escavação Fluxo (solo) drenagem (Pé últimos 12 meses, Agricultura e
dia a má
do talude) mas não ativa no Pastorícia
momento)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento
Intermé atividade nos Floresta ou
T24 Escavação Superficial Não
dia últimos 12 meses, Desocupado
(solo)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Intermé atividade nos Floresta ou
T25 Escavação Fluxo (solo) Não
dia a má últimos 12 meses, Desocupado
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento
Intermé atividade nos Floresta ou
T26 Escavação Superficial Não
dia a má últimos 12 meses, Desocupado
(solo)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
Floresta ou
com indícios (Sem
Deslizamento Desocupado
Intermé atividade nos
T27 Escavação Superficial Não (Início de zona
dia a má últimos 12 meses,
(solo) florestal para
mas com indícios de
NNE)
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
Intermé atividade nos
T28 Escavação Rotacional drenagem (Pé Comunicação
dia últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
atividade nos
T29 Escavação Média Superficial drenagem (Pé Comunicação
últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
com indícios (Sem
Deslizamento Vala de Vias de
Intermé atividade nos
T30 Escavação Rotacional drenagem (Pé comunicação
dia últimos 12 meses,
(solo) do talude) (estradas)
mas com indícios de
atividade)
Instabilidade Inativa
Vias de
com indícios (Sem
Deslizamento Comunicação
Intermé atividade nos
T31 Escavação Superficial Não (estradas);
dia últimos 12 meses,
(solo) Floresta ou
mas com indícios de
Desocupado
atividade)
Google Earth Pro

Causas Externas Causas Internas Desflorestação


Desig. Idade do Talude (Street View)
da Instabilidade da Instabilidade (Imagens Históricas)

Em 2019 ainda não tinha


Litologia; ocorrido movimento de
Inclinação do
Diminuição de instabilidade (visíveis fendas de
T3 talude; Erosão Em 2011
resistência dos tração); Imagens a partir de
superficial
terrenos 2004 (Imagens Históricas)
(idade de talude anterior)
Em 2014 ainda não tinha
Litologia; ocorrido movimento de
Vibrações (via de
Aumento da instabilidade (visíveis fendas de
comunicação
pressão da água; tração), em 2018 é notável o
T4 rodoviária); Em 2018
Diminuição de movimento;
Infiltração de água;
resistência dos Imagens a partir de 2004
Erosão superficial
terrenos (Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Inclinação do
Em 2019 ainda não tinha
talude; Altura do Litologia;
ocorrido movimento de
talude; Infiltração Aumento da
instabilidade (visíveis fendas de
de água; Erosão pressão da água;
T5 tração – 2018); Em 2015
superficial; Diminuição de
Imagens a partir de 2004
Vibrações (via de resistência dos
(Imagens Históricas) (idade de
comunicação terrenos
talude anterior)
rodoviária)
Inclinação do
Em 2020 é visível existência do
talude; Altura do Litologia;
movimento de instabilidade, e
talude; Infiltração Aumento da
em 2021 intensificação da
de água; Erosão pressão da água;
T6 instabilidade; Em 2015
superficial; Diminuição de
Imagens a partir de 2004
Vibrações (via de resistência dos
(Imagens Históricas) (idade de
comunicação terrenos
talude anterior)
rodoviária)
Em 2009 notáveis marcas de
escavação do talude e
Inclinação do Litologia; movimentos de instabilidade, e
talude; Infiltração Diminuição de em 2020 visível intensificação
T8 Não
de água; Erosão resistência dos da instabilidade;
superficial terrenos Imagens a partir de 2004
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Em 2009 visível edifício na área
de topo do talude, e
inexistência do mesmo em
Aumento de peso
2023;
do talude
T9 Litologia em 2023 visível movimento de Em 2018
(aplicação de
instabilidade estudado;
sobrecargas)
Imagens a partir de 2006
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Em 2014 é visível movimento
Inclinação do Litologia;
de instabilidade estudado;
talude; Infiltração Diminuição de
T10 Imagens a partir de 2006 Não
de água; Erosão resistência dos
(Imagens Históricas) (idade de
superficial terrenos
talude anterior)
Inclinação do Em 2014 é visível movimento
Litologia;
T11 talude; Altura do de instabilidade; em 2020 Em 2011
Diminuição de
talude; Infiltração escavação do pé do talude e
de água; Erosão resistência dos construção de passeio; em
superficial terrenos 2022 visível ocorrência do
movimento de instabilidade
estudado;
Imagens a partir de 2006
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Litologia; Em 2009 visível movimento de
Altura do talude;
Aumento da instabilidade estudado (menos
Inclinação do
pressão da água; acentuado);
T12 talude; Infiltração Em 2013
Diminuição de Imagens a partir de 2006
de água; Erosão
resistência dos (Imagens Históricas) (idade de
superficial
terrenos talude anterior)
Em 2009 visíveis marcas de
escavação do talude,
Litologia;
instabilidade no pé do talude, e
Aumento da
Inclinação do construção do muro; em 2019
pressão da água;
T13 talude; Erosão visível movimento de Não
Diminuição da
superficial instabilidade estudado;
resistência dos
Imagens a partir de 2004
terrenos
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Inclinação do
Em 2009 visíveis fendas de
talude; Altura do
tração; em 2020 instabilidade
talude; Infiltração Litologia;
do talude (mas não movimento
da água; Erosão Diminuição de
T14 de instabilidade estudado); Em 2018
superficial; resistência dos
Imagens a partir de 2004
Vibrações (via de terrenos
(Imagens Históricas) (idade de
comunicação
talude anterior)
rodoviária)
Em 2009 visíveis movimentos
de instabilidade estudados, e
Altura do talude; Litologia; encurvamento na base das
T15 Infiltração de água; Aumento da árvores (rastejamento); Não
Erosão superficial pressão da água Imagens a partir de 2004
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Em 2009 visível movimento de
Litologia;
Inclinação do instabilidade estudado;
Diminuição da
T16 talude; Erosão Imagens a partir de 2004 Anterior a 2004
resistência do
superficial (Imagens Históricas) (idade de
terreno
talude anterior)
Altura do talude;
Inclinação do Em 2009 visível movimento de
talude; Infiltração Litologia; instabilidade estudado, sem
de água; Erosão Diminuição da alteração em 2020;
T17 Não
superficial; resistência dos Imagens a partir de 2004
Vibrações (via de terrenos (Imagens Históricas) (idade de
comunicação talude anterior)
rodoviária)
Em 2020 visível movimento de
Inclinação do Litologia;
instabilidade estudado;
talude; Altura do Diminuição de
T19 Imagens a partir de 2004 Em 2013
talude; Erosão resistência dos
(Imagens Históricas) (idade de
superficial terrenos
talude anterior)
Inclinação do Litologia;
Em 2009 notável erosão
talude; Altura do Aumento da
superficial (sulcos) na face do
talude; Infiltração pressão da água;
T20 talude, em 2022 não é visível Não
de água; Vibrações Diminuição de
movimento de instabilidade
(via de resistência dos
estudado;
comunicação terrenos
rodoviária - IC2); Imagens a partir de 2004
Erosão Superficial (Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Em 2009 visível movimento de
Inclinação do instabilidade; em 2014
talude; Altura do Litologia; intensificação da instabilidade
talude; Infiltração Aumento da (existência de medidas de
de água; Vibrações pressão da água; estabilização instabilizadas);
T21 Não
(via de Diminuição de em 2022 visível movimento de
comunicação resistência dos instabilidade em estudo;
rodoviária - IC2); terrenos Imagens a partir de 2004
Erosão Superficial (Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Inclinação do
talude; Altura do
De 2010 para 2020 notável
talude; Aumento Litologia;
erosão e recuo significativo do
de peso do talude Aumento da
talude por escavação; em 2013
(aplicação de pressão da água;
T22 visíveis marcas de escavação Em 2013
sobrecargas – Diminuição da
por maquinaria (Imagens
possível zona de resistência do
Históricas) (idade provável do
aterro no topo); terreno
talude)
Infiltração da água;
Erosão superficial
Litologia; Em 2020 visível movimento
Aumento da estudado; em 2018 visível
Infiltração de água; pressão da água; escavação do talude (lado NNE)
T23 Não
Erosão superficial Diminuição da e em 2020 visível escavação do
resistência do talude (lado SSW) (idades
terreno prováveis do talude)
Sem imagens Street View (sem
avaliação de idade de
Litologia; movimento);
Inclinação do
Diminuição de Em 2006 visível via de
T24 talude; Erosão Não
resistência dos comunicação (caminho)
Superficial
terrenos adjacente ao talude (Imagens
Históricas) (idade provável de
talude)
Em 2023 visível erosão do
talude (Imagens Históricas)
Litologia; (idade provável do movimento
Infiltração de água; Diminuição de de instabilidade entre 2021-
T25 Em 2020
Erosão Superficial resistência dos 2023)
terrenos Imagens a partir de 2006
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Altura do talude; Em 2018 visível escavação do
Litologia;
Inclinação do talude (Imagens Históricas)
Diminuição de
T26 talude; Infiltração (idade provável do talude); em Em 2018
resistência dos
de água; Erosão 2022 visível movimento de
terrenos
Superficial instabilidade estudado
Litologia;
Altura do talude; Em 2006 visível escavação do
Aumento da
Inclinação do talude (Imagens Históricas)
pressão da água;
T27 talude; Infiltração (idade provável do talude); em Em 2006
Diminuição de
de água; Erosão 2010 visível movimento de
resistência dos
Superficial instabilidade estudado
terrenos
Inclinação do Litologia;
Em 2021 visível movimento de
talude; Infiltração Diminuição de
T28 instabilidade estudado Não
de água; Erosão resistência dos
(Imagens Históricas);
Superficial terrenos
Imagens a partir de 2006
(Imagens Históricas) (idade de
talude anterior)
Em 2010 visível movimento de
Litologia;
Inclinação do instabilidade estudado;
Diminuição de
T29 talude; Infiltração Imagens a partir de 2006 Não
resistência dos
de água (Imagens Históricas) (idade de
terrenos
talude anterior)
Inclinação do Litologia; Em 2022 não visível movimento
talude; Infiltração Diminuição de de instabilidade estudado;
T30 Em 2013
de água; Erosão resistência dos Imagens Históricas a partir de
Superficial terrenos 2006 (idade de talude anterior)
Inclinação do
Litologia; Em 2010 visível movimento de
talude; Altura do
Diminuição de instabilidade estudado;
T31 talude; Infiltração Não
resistência dos Imagens Históricas a partir de
de água; Erosão
terrenos 2006 (idade de talude anterior)
Superficial

Ficha de Caracterização – Talude 20


Designação/Talude n.°: Talude 20
Data: 27/3/2023
Latitude: 40° 7'52.89"N
Longitude: 8°28'42.61"W

Dados Geométricos

Comprimento: 78 metros (total); 7,5 metros (instabilidade)


Altura: 6 metros
Pendor (inclinação): 40° SE
Direção: N 26° E

Caracterização do Talude

1. Litologia: Terreno argilo-siltoso de cor cinzenta a amarela, com laivos de cor negra - Areias e
Argilas de Taveiro.

2. Fotos Litologia:
3. Tipo de Vegetação: Coberto herbáceo (e.g., gramíneas (maioria), cyperus, entre outros), cerca
de 20-80 cm de altura; existência de canavial no topo, com cerca de 1,10 m de altura; raízes com
profundidade entre 10 cm-48 cm - Topo do Talude. Coberto herbáceo (e.g., gramíneas (maioria),
cyperus, entre outros), com cerca de 20-80 cm de altura; existência de coberto arbóreo (e.g.,
carvalho, quantidade: 1 (lado SW talude)), com cerca de 4,4 m de altura - Face do Talude.

4. Fotos/Esquema Vegetação:

5. Dados Geotécnicos: Terreno Plástico.


6. Descrição Litológica:

Solo Vegetal
(10 cm)

Formação Areias
e Argilas de
Taveiro (6 m)
7. Erosão superficial (sulcos) e fraturas:

Fendas de tração na face do talude (pouco significantes): SW

Comprimento = 1,6-2,5 m
Abertura = 15-27 cm Fenda de
Atitude: N22°E; 70°NW tração

Fendas
Fendas de retração da argila na face do talude:
de
retração
Comprimento = 4-20 cm
Abertura = 2 mm – 1 cm
Atitude: N70°W; 87°-90° NE. N16°E; 0°-2° NW

8. Fluxo de água no Talude:

Vista lateralmente:

SE

Fluxo de água superficial


ocorre nos sentidos SE-NW
(face do talude) e contrário
(NW-SE).
NW

Comportamento do Talude

9. Classificação do Talude: Escavação.


10. Estabilidade Geral: Má.
11. Tipo de Instabilidade: Deslizamento Rotacional (solo).
12. Trabalhos de Estabilização: Vala de drenagem (1 m de largura) no pé to talude.
13. Fotos (instabilidade):
14. Estados da atividade (Adaptado de Unesco WP/WLI (1993)): Instabilidade Suspensa (Ativa
nos últimos 12 meses mas não ativa no momento).
15. Consequências: Vias de Comunicação (estradas).
16. Causas Externas da Instabilidade: Inclinação do talude; Altura do talude; Infiltração de água;
Vibrações (via de comunicação rodoviária - IC2); Erosão Superficial.
17. Causas Internas da Instabilidade: Litologia; Aumento da pressão da água; Diminuição de
resistência dos terrenos.

18. Fotos Google Earth Pro Histórico (Idade do Talude):

Em Set 2009 visível


erosão superficial
(sulcos);
Movimento
estudado não
observado na
funcionalidade Street
View.
Imagens a partir de
2004 (Imagens
Históricas) (idade de
talude anterior)

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