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DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA
Beatriz Niehues
Trabalho de Conclusão de Curso submetido a banca examinadora para a obtenção do Grau de Bacharel
em Geologia.
Orientador: Prof. Dr. Fernando J. Althoff
Coorientador: Me. Erik Wunder
Florianópolis
2019
i
.
2
Dedico este trabalho ao meu pai, Ivo César Niehues
(in memoriam), meu exemplo e maior incentivador.
4
AGRADECIMENTOS
Sou grata à minha família e aos meus amigos pelo apoio durante toda a minha vida e
em especial a minha mãe e meu irmão, por toda a confiança, incentivo e apoio durante a
graduação.
Ao meu orientador e professor Fernando J. Althoff agradeço por toda paciência e
colaboração para que esse trabalho fosse realizado, sua ajuda foi fundamental. Ao meu
coorientador Erik Wunder agradeço por todo auxílio e por todo conhecimento a mim
repassado.
Agradeço a empresa Arteris pela disposição da área para a realização deste trabalho e
ao geólogo Felipe pelo suporte e por nos acompanhar no trabalho de campo.
A todos os meus amigos do curso que compartilharam dos inúmeros momentos de
alegria e aprendizado. À Julia, minha parceira do curso, por toda amizade construída durante
os anos de graduação. Ao João, Wellington, Vini, Pole, Jackson e Ricardo pela amizade e por
todos os momentos compartilhados. À Bruna, Jeferson e Luiz pelo companherismo e amizade
nos últimos anos. Ao Humberto pela confecção das lâminas delgadas utilizadas neste trabalho
e pela amizade. Levarei todos no meu coração para sempre.
Também agradeço à Universidade Federal de Santa Catarina pelo ensino gratuito e de
qualidade e a todos os professores do curso de geologia por todo o conhecimento
compartilhado. Agradeço também ao Professor Edson Tomazzoli pelo uso do
software/microscópio para fotos das lâminas.
5
RESUMO
Entre os temas relevantes nos projetos de obras geotécnicas encontra-se a análise de estabilidade de
taludes. A incorreta ou incompleta realização desta análise pode acarretar sérios problemas
econômicos, danos à via rodoviária e a propriedades, como também à vida humana. Para a obtenção de
proficiência e habilidade na aplicação de técnicas de análise de estabilidade de taludes em maciços
rochosos, com o propósito de atuação profissional na área de geologia aplicada à engenharia, foram
estudados dois taludes rochosos presentes no Contorno Rodoviário de Florianópolis. Os taludes se
inserem em um maciço rochoso formado pelo Granito São Pedro de Alcântara (GSPA), que no local é
composto por um granito porfirítico e um granito fino. Estes taludes têm uma mesma direção, mas
possuem mergulhos em sentidos opostos. Suas principais descontinuidades são falhas transcorrentes e
de baixo ângulo, fraturas (sub)verticais e fraturas sub-horizontais. No presente estudo foi realizada a
análise estereográfica das famílias de descontinuidades e a análise geomecânica dos taludes formados
pelo Granito São Pedro de Alcântara. O exame estereográfico permitiu descrever o comportamento
dos taludes de forma geral, já a pesquisa e classificação geomecânicas permitiram um diagnóstico
mais detalhado. Observou-se, por fim, que para ambos os taludes a possibilidade de ruptura em cunha
é maior que a de ruptura planar.
6
ABSTRACT
Among the relevant aspects in the geotechnical works projects is the slope stability analysis. The
incorrect or incomplete performance of this analysis can cause serious economic problems, damage to
the road and property, as well as to human life. In order to obtain proficiency and skill in applying
slope stability analysis techniques in rock mass, with the purpose of working professionally in the field
of geology applied to engineering, two rock slopes present in the Florianópolis Road Contour were
studied, both inserted in the rock mass formed by the São Pedro de Alcântara Granite (GSPA), which
is composed of a porphyritic granite and a fine granite. Such slopes have the same orientation, but
opposite dives. Their main discontinuities are transcurrent and low angle faults, (sub)vertical and sub
horizontal fractures. In this study was performed the stereographic analysis of the discontinuity
families, as well as the geomechanical analysis in the massif formed by the São Pedro de Alcântara
Granite. The stereographic analysis allowed describing the behavior of the slopes in general, while the
geomechanical analysis allowed a more detailed diagnosis. Finally, it was observed that, for both
slopes, the possibility of wedge failure is greater than the possibility of planar failure.
7
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 2. Maciço rochoso (recortado em talude) afetado por duas famílias de fraturas. A
escala de observação influi no resultado da análise das fraturas ........................................................... 22
Figura 3. Características das descontinuidades em maciços rochosos ................................... 23
Figura 9. Bloco diagrama de talude com ruptura planar. O estereograma mostra que a
orientação das descontinuidades em relação ao talude permite a ruptura planar ................................... 36
Figura 10. Representação do ângulo de atrito. a) Relações geométricas entre o ângulo , a
vertical e a normal à descontinuidade. b) Cone de atrito. c) Estereograma com cone de atrito. ........... 37
Figura 11. Bloco diagrama de talude com ruptura em cunha e sua representação
estereográfica ........................................................................................................................................ 38
Figura 12. Análise de ruptura em cunha considerando o ângulo de atrito. a) Bloco diagrama
de talude com deslizamento em cunha causado pelo ângulo () de caimento da linha de intersecção. b)
Estereograma com cone de atrito. c) Estereograma com representação do talude (grande círculo) e
linhas de intersecção com diferentes ângulos de caimento. d) Estereograma com representação do
talude e do cone de atrito, com indicação do campo onde plotam os polos de cunhas instáveis. 39
Figura 13. Mapa geológico da região onde se insere a área de estudo................................... 41
Figura 14. Modelo Digital de Elevação com lineamentos. Iluminação artificial N315 com
45°. ........................................................................................................................................................ 44
Figura 15. Visão geral dos taludes W e E, em fotografia tomada de S para N. ...................... 44
Figura 16. Expressão geral dos taludes. A) Talude W (fotografia tomada de NE para SW). B)
Talude E (fotografia tomada de SW para NE). ...................................................................................... 45
Figura 17. Intemperismo do talude W. A) Contato solo-rocha na extremidade NW do talude.
Figura 18. Fácies do Granito São Pedro de Alcântara observadas nos taludes. A e B) Granito
porfirítico C) Granito fino. ................................................................................................................... 46
Figura 19. Aspecto petrográfico da matriz do granito porfirítico. Bandas de quartzo e biotita
8
marcam a foliação. (X) .......................................................................................................................... 46
Figura 20. Aspecto petrográfico do granito fino. Quartzo e feldspatos equigranulares
cortados por duas bandas cataclásticas. (X) .......................................................................................... 47
Figura 21. Relações de contato entre as fácies fina e porfirítica do GSPA. A) Fácies
fina cortando a fácies porfirítica. B) Contato interdigitado....................................................................47
Figura 28. Estereograma com medidas de foliação e lineação no GSPA nos taludes
estudados. Rede equiárea. Hemisfério inferior ...................................................................................... 51
Figura 29. Granito fino. Veios de quartzo fibroso. ................................................................ 52
Figura 31. Granito porfirítico. Grão de feldspato com fraturas preenchidas por quartzo (K-f).
(X) ......................................................................................................................................................... 54
Figura 32. Granito porfirítico. Quartzo intersticial com estrutura em tabuleiro de xadrez
(Qtz). (X) ............................................................................................................................................... 54
Figura 33. Granito fino. Feldspato com recristalização intensa. (X)...................................... 55
Figura 34. Granito porfirítico. Quartzo com recristalização por migração de limite de grãos.
(X) ......................................................................................................................................................... 55
Figura 35. Granito porfirítico. Quartzo recristalizado por rotação de subgrãos. (X) ............. 56
Figura 36. Granito porfirítico. Estrutura bookshelf em feldspato fraturado. (X) .................... 56
Figura 37. Granito fino. A) Banda cataclástica com evidência de fluxo cataclástico. B) Banda
cataclástica cortada por vênula de quartzo. (X) ..................................................................................... 57
Figura 38. Falhas direcionais. A) Plano de falha vertical com estrias horizontais. B) Plano de
falha de baixo ângulo com estrias down-dep......................................................................................... 58
Figura 39. Estereograma com 3 famílias de falhas direcionais (azul) e 1 família de falha de
9
baixo ângulo (vermelho) observadas nos taludes. Rede equiárea. Hemisfério inferior ......................... 58
Figura 40. Fraturas (sub)verticais. ......................................................................................... 59
Figura 41. Estereograma com 8 famílias de fraturas (sub)verticais. Rede equirea. Hemisfério
inferior ................................................................................................................................................... 59
Figura 42. Família de fraturas subhorizontais. Largura da foto = 5m .................................... 60
10
Hemisfério inferior .................................................................................................................................. 60
Figura 47. Estereograma para ruptura planar no talude E. Rede equiarea. Hemisfério inferior.
............................................................................................................................................................... 62
Figura 48. Estereograma para ruptura em cunha com linhas de intersecção entre as 20
famílias de fraturas, para o talude W. Rede equiárea. Hemisfério inferior ............................................ 63
Figura 49. Estereograma para ruptura em cunha com linhas de intersecção entre as 20
famílias de fraturas, para o talude E. Rede equiárea. Hemisfério inferior ............................................. 63
Figura 50. Estereograma de contorno estrutural mostrando as famílias de descontinuidades
presentes nos taludes E e W e as três famílias de descontinuidades escolhidas. Em amarelo, polo médio
de cada família e em vermelho polos das descontinuidades .................................................................. 64
Figura 51. Zona geomecânica Z1 (linhas vermelhas tracejadas) nos talude W (A) e E (B). 66
Figura 54. Detalhe da zona geomecânica Z2. Fotos A, B e C são do talude W. Fotos D, E e F
são do talude E. ..................................................................................................................................... 70
Figura 55. Zona geomecânica Z3 (linhas vermelhas tracejadas) no talude W........................................73
Figura 57. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 1. ........................................................................................................... 77
Figura 58. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 2. ........................................................................................................... 78
Figura 59. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 3. ........................................................................................................... 79
11
12
ÍNDICE DE TABELAS
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
Cm – Centímetro
E – Leste
kg – Quilograma
km - Quilômetro
kPa – QuiloPascal
Log – Logarítmo
m – Metro
Ma – Milhões de anos
mm – Milímetro
MPa – MegaPascal
NE – Nordeste
NW – Noroeste
14
OSM – Open Street Map
Qtz - Quartzo
SE – Sudeste
SW - Sudoeste
SC - Santa Catarina
W – Oeste
X – Nícóis cruzados
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LISTA DE SÍMBOLOS
φ - Ângulo de atrito
c - Coesão
ɣ - Densidade da rocha
(X) - Fotomicrografia óptica tomada com luz plano-paralela com nicóis cruzados
° - Graus
h - Altura
τ - Tensão cisalhante
16
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 17
1.1. OBJETIVOS .......................................................................................................................................... 17
1.1.1. Objetivo Geral ................................................................................................................................... 17
1.1.2. Objetivos Específicos......................................................................................................................... 18
1.2. JUSTIFICATIVA.......................................................................................................................................................... 18
1.3. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS .............................................................................................................. 19
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................................... 20
2.1. TALUDES .............................................................................................................................................................20
2.2. MACIÇO ROCHOSO ............................................................................................................................ 20
2.3. DESCONTINUIDADES ........................................................................................................................ 21
2.3.1. Fraturas .............................................................................................................................................. 21
2.3.2. Falhas ................................................................................................................................................. 22
2.3.3. Características das descontinuidades ............................................................................................. 23
2.3.4. Instabilidade de taludes ................................................................................................................... 25
2.3.5. Rupturas............................................................................................................................................ 26
2.4. PARÂMETROS DE RESISTÊNCIA DA ROCHA AO CISALHAMENTO ......................................... 27
2.4.1. Parâmetro JCS .................................................................................................................................. 27
2.4.2. Parâmetro JRC ..................................................................................................................................29
2.4.3. Ângulo de atrito básico - parâmetro
2.4.4. Critério de Resistência de Mohr-Coulomb.......................................................................................31
2.5. CLASSIFICAÇÃO DE MACIÇOS ROCHOSOS ................................................................................. 31
2.5.1. RMR ................................................................................................................................................... 31
2.5.2. SMR ................................................................................................................................................... 33
2.6. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES POR PROJEÇÃO ESTEREOGRÁFICA ................. 36
2.6.1. Ruptura planar ................................................................................................................................................36
2.6.2. Ruptura em cunha ............................................................................................................................. 38
3. GEOLOGIA REGIONAL ...................................................................................................................... 40
4. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................................................. 41
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ...........................................................................................................43
5.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................................................... 43
5.1.1. Análise de lineamentos ..................................................................................................................... 43
5.1.2. Descrição Física ................................................................................................................................ 44
5.1.3. Descrição petrográfica ..................................................................................................................... 46
5.1.4. Feições estruturais .............................................................................................................................48
17
5.2. CARACTERIZAÇÃO DAS FAMÍLIAS DE DESCONTINUIDADES COM BASE EM PROJEÇÃO
ESTEREOGRÁFICA .................................................................................................................................... 57
18
1. INTRODUÇÃO
1.1. OBJETIVOS
17
1.1.2. Objetivos Específicos
1.2. JUSTIFICATIVA
18
1.3. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS
Fonte: da autora.
19
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. TALUDES
20
contínuos e isotrópicos (GOODMAN, 1989). Em função da sua natureza heterogênea, os
materiais rochosos podem apresentar parâmetros de resistência muito variados. Por isso, os
conceitos de maciço rochoso e rocha intacta têm que ser considerados em relação à escala de
observação. Em escala de detalhe observa-se que microfissuras tornam um maciço rochoso
descontínuo, e juntamente com os poros fazem com que a relação esforço (carga)/deformação
seja não linear, especialmente sob condições de esforços de pequena intensidade. Além disso,
microfissuras e poros reduzem a resistência à tração (GOODMAN, 1989). Em escalas maiores,
as descontinuidades são marcadas pelos diversos tipos de fraturas. Além da caracterização das
propriedades da rocha intacta, a análise das propriedades geotécnicas de maciços rochosos deve
considerar a ocorrência, natureza e disposição espacial das descontinuidades, bem como a
extensão e o grau da alteração (JAEGER et al., 2007; FIORI; CARMIGNANI, 2013).
2.3. DESCONTINUIDADES
2.3.1. Fraturas
21
Figura 2. Maciço rochoso (recortado em talude) afetado por duas famílias de fraturas. A escala
de observação influi no resultado da análise das fraturas.
2.3.2. Falhas
22
dureza, como os cataclasitos (FOSSEN, 2012).
Em maciços formados por rochas ígneas plutônicas, como é o caso do maciço onde se
localiza a área de estudo, os principais tipos de descontinuidade são as fraturas e as falhas.
23
tempo geológico, e todos estes aspectos influenciam nas propriedades mecânicas das rochas.
A orientação das descontinuidades é expressa pelo ângulo de mergulho (ψ na Fig. 3) e
direção de mergulho (α na Fig. 3). Em relação a um determinado campo de esforços, tectônicos
ou induzidos pela atividade humana, haverá descontinuidades (fraturas ou falhas) onde o
deslocamento relativo de blocos será possível ou não, dependendo da sua orientação.
O espaçamento das descontinuidades define o tamanho e a forma dos blocos que
compõem o maciço rochoso. As categorias de espaçamento variam de extremamente largas (> 2
m) a muito estreitas (<6 mm) (ISRM, 1981).
A persistência é a medida do comprimento da descontinuidade. As categorias de
persistência variam de muito alta (> 20 m) a muito baixa (<1 m) (ISRM, 1981).. Esse parâmetro
define o tamanho dos blocos e o comprimento de possíveis superfícies de deslizamento.
A rugosidade relaciona-se às irregularidades e ondulações presentes na superfície da
descontinuidade. Ela é um componente importante da resistência ao cisalhamento.
A resistência à compressão da rocha nas paredes das descontinuidades influencia a
resistência ao cisalhamento. Nos estágios iniciais de intemperismo muitas vezes há uma redução
na resistência das rochas nas superfícies de descontinuidade, o que pode resultar em um menor
valor de rugosidade e consequente diminuição do ângulo de atrito da fratura ou falha. A redução
da resistência das rochas devido ao intemperismo reduz a resistência ao cisalhamento das
descontinuidades (ISRM, 1981).
A abertura é a distância perpendicular entre as paredes adjacentes de uma
descontinuidade aberta, onde o espaço pode estar preenchido por ar, água ou por outro tipo de
material. As aberturas variam de muito abertas (> 1 m) a muito apertadas (<0,1 mm) (ISRM,
1981). Quando preenchidas por algum tipo de material, o preenchimento pode ser parcial total.
O preenchimento é descrito através da observação de campo. Determina-se sua
espessura pela abertura da descontinuidade. O material de preenchimento pode ser argila, silte,
areia, ou um material de maior granulometria proveniente da fragmentação ao longo do plano de
ruptura. Em algumas situações a abertura pode ser preenchida por materiais precipitados, como
sílica, que podem aumentar a resistência do maciço rochoso.
A infiltração pode ser descrita em classes que vão de seco até fluxo abundante, como
mostra a Tabela 1.
24
Preenchimento muito seco e
Fratura seca e sem evidência de
consolidado, sem possibilidade de
percolação de água
percolação de água
Fratura seca e com evidência de Preenchimento úmido e com
Ligeiramente úmido
percolação de água presença de água ocasional
Preenchimento com evidência
Fratura úmida sem circulação de
Úmido lavagem e com fluxo de água
água livre
contínuo
Fratura eventualmente gotejando, Preenchimento localmente lavado
Escorrimentos
sem fluxo contínuo e com fluxo considerável
Fratura com fluxo contínuo de Preenchimento completamente
Fluxo abundante
água lavado e com pressões de água
Fonte: ISRM (1981)
25
2.3.5. Rupturas
Este tipo de ruptura pode ocorrer em taludes em maciços rochosos onde existem duas
ou mais famílias de planos de descontinuidades (Fig. 4B). Nestes casos, em função da
orientação das descontinuidades, uma cunha de rocha pode deslizar ao longo da linha de
intersecção de dois desses planos (HOEK; BRAY, 1981). Para possibilitar a ruptura em cunha a
linha de intersecção tem que ter um ângulo de caimento menor que o ângulo de inclinação do
talude (LISLE; LEYSHON, 2018).
26
Figura 4. Tipos de rupturas em taludes. A) Ruptura planar. B) Ruptura em cunha. C)
Tombamento de blocos.
27
não confinada da rocha intacta (c). As paredes de fraturas naturais apresentam na maioria das
vezes algum grau de alteração, devido à ação do intemperismo ocasionado pela percolação de
água, uma vez que o sistema de fraturas representa um caminho preferencial de fluxo. O JCS
passa a ser, neste caso, uma fração de c (WUNDER, 1999).
A estimativa da resistência compressiva na face da fratura pode ser feita com o emprego
do Martelo de Schmidt. O Martelo de Schmidt, também chamado esclerômetro de Schmidt, é
utilizado internacionalmente em mecânica das rochas, sendo normatizado pela International
Society for Rock Mechanics - ISRM (1978) e ASTM D5873 (2000). É um dispositivo portátil,
com um martelo cilíndrico acionado por mola que rebate na superfície da rocha; a distância do
rebote é considerada uma medida da qualidade da rocha (HUDSON; HARRISON, 1997). O
martelo pode ser usado diretamente sobre uma superfície rochosa ou sobre uma amostra.
Há uma correlação razoável entre o número de rebote e a força de compressão não
confinada da rocha (c) (BARTON; CHOUBEY, 1977). Essa relação pode ser observada no
ábaco apresentado na Figura 5. A partir do valor do rebote (R) medido pelo Martelo de Schmidt,
que aparece na abscissa, o valor de JCS é encontrado na ordenada em função da densidade da
rocha.
28
2.4.2. Parâmetro JRC
1 0-2
2 2-4
3 4-6
4 6-8
5 8 - 10
6 10 -
12
7 12 - 14
8 14 - 16
9 16 - 18
10 18 - 20
0 50 100 mm
Escala
Em relação à rugosidade da face da rocha, quanto maior for a rugosidade maior será a
29
resistência da junta ao cisalhamento. Para um mesmo JRC a resistência ao cisalhamento
decresce com a diminuição do valor de JCS (Fig. 7). O aumento de JRC tem um efeito relativo
no aumento de resistência, sendo necessário que o valor de JCS seja tal que impeça a destruição
das asperezas.
30
da bancada será o ângulo de atrito.
A relação entre o ângulo de atrito básico, o ângulo de atrito residual e o valor do rebote
do ensaio do Martelo de Schmidt é dada pela equação 2 (BARTON; CHOUBEY, 1977):
( ) ( )
r = b − 20o + 20. r R (2)
Onde:
r = ângulo de atrito residual
b = ângulo de atrito básico, obtido por tilt test em superfícies lisas, planas, secas e sãs
r = rebote do martelo sobre superfícies alteradas ou molhadas
R = rebote do martelo sobre superfícies sãs e secas
31
A reta que tangencia os círculos de Mohr é denominado de envoltória de Mohr-Coulomb, e é
representada pela Equação 3.
τ = c + σ tan φ (3)
Onde:
τ = tensão de cisalhamento na ruptura
σ = tensão normal na ruptura
c = intercepto coesivo
φ = ângulo de atrito interno
2.5.1. RMR
32
CARMIGNANI, 2013). O índice RQD avalia a qualidade de maciços rochosos e é suporte para
os demais testes empíricos de classificação de maciços rochosos (FIORI; CARMIGNANI,
2013). O procedimento realizado para a obtenção do índice tem como base a recuperação de
testemunhos de sondagem para um certo intervalo da sondagem pelo seu diâmetro. O valor
corresponde à percentagem gerada pela divisão da soma dos comprimentos de todos os pedaços
do testemunho de sondagem iguais ou maiores do que 10 cm, pelo comprimento total do furo.
O maciço rochoso pode ser classificado em muito fraco (< 25%), fraco (25 – 50%), razoável (50
– 75%), bom (75 – 90%) e excelente (90 – 100%).
Bieniawski, em 1976, fez modificações significativas, no sistema RMR: alterou o
intervalo de pontuação de primeira classe (90-100 para 81-100) e acrescentou o parâmetro de
rugosidade. As condições de água subterrânea foram alteradas, com a introdução da definição
para casos onde a água subterrânea não é medida. O fator de correção quanto à orientação de
descontinuidades oriundas de usos em túneis, taludes e fundações, foi introduzido por
Bieniawski em 1979. Já entre os anos 1988 e 1989 Bieniawski fez as últimas alterações quanto
ao preenchimento, espaçamento, rugosidade, parâmetros de persistência e grau de alteração.
Segundo Bieniawski (1989), para a aquisição da classificação RMR faz-se necessário
determinar 5 parâmetros (Tabela 1) que classificam o maciço em cinco classes conforme a
somatória dos pesos atribuídos (Tabela 2).
Resistência à
Resistência do compressão >250 100 a 250 50 a 100 25 a 50 5 a 25 1a5 <1
1 material uniaxial (Mpa)
rochoso intacto Valores
15 12 7 4 2 1 0
ponderais
Valores
ponderais 6 4 2 1 0
4
Abertura (mm) Nenhuma < 0,1 0,1 a 1 1a5 >5
Valores
6 5 4 1 0
ponderais
33
Ligeiram
Muito
Rugosidade Rugosa ente Ondulada Suave
Rugosa
Rugosa
Valores
6 5 4 1 0
ponderais
Preenchimento
Nenhuma Duro <5 Duro >5 Mole <5 Mole >5
(mm)
Valores
6 4 2 2 0
ponderais
Moderad
Ligeirament Muito Completamente
Alteração Inalterada amente
e alterada alterada alterada
alterada
Valores
6 5 3 1 0
ponderais
Condições
Seco Ligeirament Úmido Pingando Fluxo abundante
gerias do
Presença de e úmido
5 maciço
água
Valores
15 10 7 4 0
ponderais
Fonte: Bieniawski (1989), modificado
Tabela 3. Classes RMR conforme valores de pontuação e sua descrição em relação à qualidade.
Classe
Classe RMR Classe I Classe II Classe III Classe IV
V
Pontuação total 100 a 81 80 a 61 60 a 41 40 a 21 <20
Muito
Descrição Muito bom Bom Normal Ruim
ruim
Fonte: Bieniawski (1989)
2.5.2. SMR
Romana em 1985 propôs a classificação SMR (Slope Mass Rating) para avaliar a
estabilidade das encostas rochosas. O SMR foi desenvolvido através da classificação proposta
por Bieniawski (1974), o RMR (Rock Mass Rating). A classificação se dá pela subtração dos
fatores de ajuste da relação das descontinuidades que afetam o maciço rochoso e a inclinação do
talude e adição de um fator dependente do método de escavação (SINGH; GOEL, 2011).
Romana (1995) estabeleceu o sistema SMR com quatro fatores de correção ao RMR
básico (equação 4):
onde:
- RMR básico descrito pelos parâmetros descritos na Tabela 1;
34
- 𝐹1 depende do paralelismo entre a direção de mergulho das descontinuidades (αj) e
o mergulho do talude (αs), as rupturas planar, em cunha e por tombamento são definidas pela
equação 5 e relacionadas ao grau de favorecimento (Tabela 4):
𝐹1 = (1 − sen A)² (5)
F2 = 𝑡𝑔²β𝑗 (6)
Ruptura planar,
em cunha e por
<20° 20° a 30° 30° a 35° 35° a 45° > 45°
tombamento
β𝑗
35
Tabela 6. Relação F3 para o sitema SMR.
Desmonte
Desmonte com
com
Método de Encosta Desmonte por pré- Demonte suave explosivos ou
explosão
escavação natural fissuramento escavação
inadequa
mecânica
da
Valores para
F4 15 10 8 0 -8
Os valores mínimo e máximo da equação são 0 e 100 (Tabela 8). Romana (1985) usou
falhas planares e queda de blocos para sua análise. As rupturas em cunha foram consideradas
como um caso especial de planos de ruptura e analisadas como planos individuais. O valor
mínimo de SMR é utilizado para avaliar a inclinação das rochas (SINGH; GOEL, 2011).
36
2.6. ANÁLISE DA ESTABILIDADE DE TALUDES POR PROJEÇÃO
ESTEREOGRÁFICA
Figura 9. Bloco diagrama de talude com ruptura planar. O estereograma mostra que a
orientação das descontinuidades em relação ao talude permite a ruptura planar.
38
2.6.2. Ruptura em cunha
39
plotar no interior do cone de atrito e da zona de exposição (zona de cunhas instáveis na Fig.
12d).
Figura 12. Análise de ruptura em cunha considerando o ângulo de atrito. a) Bloco diagrama de
talude com deslizamento em cunha causado pelo ângulo () de caimento da linha de intersecção. b)
Estereograma com cone de atrito. c) Estereograma com representação do talude (grande círculo) e linhas
de intersecção com diferentes ângulos de caimento. d) Estereograma com representação do talude e do
cone de atrito, com indicação do campo onde plotam os polos de cunhas instáveis.
40
3. GEOLOGIA REGIONAL
A área onde se encontram os taludes estudados faz parte da porção central do Batólito
de Florianópolis. O Batólito de Florianópolis é composto pelo Complexo Águas Mornas e pelas
suítes Paulo Lopes, Pedras Grandes, Cambirela e Maruim (BITENCOURT et al., 2008). Mais
especificamente, a área está nos domínios da Suíte Maruim. Esta suíte, formada por granitos
álcali-cálcicos, compreende o Granito São Pedro de Alcântara, o Granito Rio das Antas, o
Granodiorito Alto da Varginha, o Tonalito Forquilha, o Granito Barra da Laguna, o Granito
Jaguaruna e o Granito Treze de Maio. Estas unidades são consideradas pré a sin-colisionais no
contexto da evolução do Cinturão Dom Feliciano e têm idades de cristalização em torno de 600
Ma (BASEI, 1985). Os contatos entre estas unidades são descritos como “graduais”
(WILDNER, 1990).
As rochas que afloram nos taludes estudados pertencem ao Granito São Pedro de
Alcântara, que é a unidade com maior distribuição areal na Suíte Maruim, dominando a
extremidade nordeste da Suíte Maruim (Fig. 13). O Granito São Pedro de Alcântara é
mesocrático, com coloração cinza escura, tem granulação grosseira, com fenocristais
esbranquiçados de K-feldspato centimétricos. Sua mineralogia inclui, além de K-feldspato,
quartzo, plagioclásio e biotita como constituintes principais, seguindo-se, em ordem decrescente
de abundância, opacos, anfibólios e muscovita. Zircão, esfeno, allanita e apatita são os minerais
acessórios, enquanto sericita, clorita, epidoto, carbonato e esfeno aparecem como produtos de
alteração. A variedade petrográfica predominante é o monzogranito, com variações para
quartzo-monzonitos e sienogranitos (WILDNER, 1990).
Portanto, os taludes estudados estão em um maciço formado por rochas ígneas
plutônicas, sem a presença de rochas metamórficas. Esta característica influi diretamente nos
tipos de descontinuidades que podem ser geradas.
41
Figura 13. Mapa geológico da região onde se insere a área de estudo.
Fonte: da autora.
42
4. MATERIAIS E MÉTODOS
43
• Determinação do coeficiente de rugosidade das descontinuidades - JRC (Joint
Roughness Coefficient), da resistência à compressão das descontinuidades - JCS
(Joint Wall Compressive Strength) e do ângulo de atrito residual (BARTON;
CHOUBEY, 1977).
Trabalhos de laboratório:
• Seleção de amostras para laminação e confecção de lâminas delgadas no
Laboratório de Laminação do Departamento de Geologia da UFSC.
44
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Conforme o mapa geológico regional (Fig. 13), a área de estudo situa-se no limite entre o
GSPA (a W) e depósitos colúvio-aluvionares (a E). Esta situação explica as características de
relevo observadas na imagem MDE (Modelo Digital de Elevação) sombreada apresentada na
Figura 14. Como se observa, a região a leste da área de estudos não apresenta relevo expressivo,
o que impede a traçagem de lineamentos.
Considerando lineamentos com mais de 500 m de extensão, a imagem MDE (fig. 13)
permite definir a existência de três direções principais - N10E, N45E e N80E - marcadas por
trechos de drenagens retilíneos e por sistemas de fraturas.
A análise de imagem não permite determinar os tipos de descontinuidades que os
lineamentos representam (fraturas ou falhas). Com base na bibliografia sobre a geologia
regional, o que pode ser inferido é o seguinte: os lineamentos em torno de N45E podem ser
relacionados à Zona de Cisalhamento Major Gercino, que se localiza 40 km a NW da área onde
se encontram os taludes (CPRM, 2014). Os lineamentos N10E podem ser associados ao evento
de rifteamento continental que resultou na abertura do oceano Atlântico, e afetou diretamente a
área de estudo. Dessa forma, uma hipótese de trabalho seria considerar que os lineamentos
N45E representam falhas transcorrentes que se formaram no contexto do ciclo Brasiliano, há
aproximadamente 600 Ma; enquanto que os lineamentos N10E representam falhas normais
formadas por volta de 130 Ma. Quanto aos lineamentos N80E, nada pode ser suposto.
A existência de planos de descontinuidades com estas orientações nos taludes poderá
permitir sua melhor caracterização, principalmente se apresentarem algum tipo de indicação de
movimento.
45
Figura 14. Modelo Digital de Elevação com lineamentos. Iluminação artificial N315 com 45°.
Fonte: da autora.
O local de estudo é formado por dois taludes rochosos artificiais (Fig. 15) realizados por
meio de detonação. Os taludes se encontram em um trecho do Contorno Rodoviário de
Florianópolis com orientação N320. Suas faces são voltadas para NE (Talude W) e para SW
(Talude E).
Fonte: da autora
46
Os taludes possuem aproximadamente 10m de altura e 120m de comprimento. Eles são
formados por uma bancada principal com 6m de altura e uma segunda bancada (rocha muito
alterada / solo residual) com aproximadamente 4m. A inclinação dos taludes é de 60°. Nos dois
taludes são visíveis marcas dos furos de detonação com espaçamento de 1,3m (Fig. 16).
Figura 16. Expressão geral dos taludes. A) Talude W (fotografia tomada de NE para SW). B) Talude E
(fotografia tomada de SW para NE).
Fonte: da autora.
Os taludes são formados essencialmente por rocha sã, mas têm porções muito
intemperizadas. As zonas intemperizadas são mais expressivas nas extremidades e na porção
superior dos taludes (Fig. 17).
Fonte: da autora.
47
5.1.3. Descrição petrográfica
Os taludes mostram duas fácies do GSPA, granito porfirítico e granito fino, que variam
de mesocráticas a leucocráticas. O granito porfirítico, que é a fácies predominante nos taludes,
tem coloração cinza escura a cinza clara dada pela matriz com muita biotita. Nele se destacam
porfiroclastos brancos de K-feldspato e por vezes quartzo recristalizado. O K-feldspato tem de 3
a 7cm e seu hábito varia de euédrico (tabular) à subédrico. O granito fino é cinza claro (Fig. 18).
Figura 18. Fácies do Granito São Pedro de Alcântara observadas nos taludes. A e B) Granito
porfirítico C) Granito fino.
Fonte: da autora.
Fonte: da autora.
48
O granito fino é equigranular com tamanho de grãos entre 0,5 e 1mm. É formado
essencialmente por quartzo e feldspatos, a presença de biotita é bem menor quando comparado
com o granito porfirítico (Fig. 20).
Figura 20. Aspecto petrográfico do granito fino. Quartzo e feldspatos equigranulares cortados
por duas bandas cataclásticas. (X).
Fonte: da autora.
Quanto às relações de campo, dois tipos de contato foram observados entre as fácies
fina e porfirítica, no talude W. A fácies fina corta a fácies porfirítica ou o contato entre elas é
interdigitado (Fig 21).
Figura 21. Relações de contato entre as fácies fina e porfirítica do GSPA. A) Fácies fina
cortando a fácies porfirítica. B) Contato interdigitado.
Fonte: da autora.
49
5.1.4. Feições estruturais
Fonte: da autora.
50
Figura 23. Estruturas de deformação de alta temperatura. Pórfiros de K-feldspato muito
deformados (porção superior esquerda) e pórfiros de K-feldpato com aspecto ígneo (porção superior
direita). Veio de quartzo centimétrico e foliação anteriores rompidos por falhas.
Fonte: da autora.
Figura 24. Lineação e foliação no granito porfirítico. A) Granito com lineação de estiramento
mineral (K-feldspato) e sem foliação. B) Granito com foliação.
Fonte: da autora.
51
Figura 25. Granito porfirítico. Foliação (linha vermelha tracejada) marcada pela orientação de
bandas de quartzo e biotita e por feldspatos ocelares. (X).
Fonte: da autora.
Figura 26. Granito porfirítico com foliação (linha vermelha tracejada) subvertical. Largura da
foto= 2m.
Fonte: da autora.
50
Em parte, a variação na orientação da foliação pode ser ligada ao fluxo magmático,
porém no granito fino ocorrem veios félsicos centimétricos que formam dobras isoclinais
(recumbentes) (Fig. 27). Isso mostra que a foliação do GSPA vista nos taludes está dobrada.
Fonte: da autora.
Figura 28. Estereograma com medidas de foliação e lineação no GSPA nos taludes estudados.
Rede equiárea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
51
A deformação frágil no granito é representada por veios de quartzo centimétricos que
cortam todas as estruturas precedentes. Estes veios que, se formaram em fraturas tardias, são
retilíneos (Fig. 23). Nos taludes também ocorrem veios formados por quartzo fibroso (Fig. 29).
Além disso, pontualmente ocorrem bandas cataclásticas verticais de espessura centimétrica (Fig.
30).
Fonte: da autora.
52
Figura 30. Granito fino. Bandas cataclásticas verticais.
Fonte: da autora.
53
Figura 31. Granito porfirítico. Grão de feldspato com fraturas preenchidas por quartzo (K-f).
(X).
Fonte: da autora.
Figura 32. Granito porfirítico. Quartzo intersticial com estrutura em tabuleiro de xadrez (Qtz).
(X).
Fonte: da autora.
54
Figura 33. Granito fino. Feldspato com recristalização intensa. (X).
Fonte: da autora.
Figura 34. Granito porfirítico. Quartzo com recristalização por migração de limite de grãos.
(X).
Fonte: da autora.
55
A deformação dúctil do quartzo em temperaturas próximas a 350°C é indicada pela sua
recristalização por rotação de subgrãos (Fig. 35). Nestas condições também se formam as
estruturas bookshelf observadas em alguns pórfiros de K-feldspato (Fig. 36).
Figura 35. Granito porfirítico. Quartzo recristalizado por rotação de subgrãos. (X).
Fonte: da autora.
Fonte: da autora.
56
Por fim, a deformação frágil no GSPA se manifesta pelas bandas cataclásticas (Fig. 30).
Em lâminas são observadas bandas cataclásticas com espessura submilimétrica com evidências
de fluxo cataclástico (Fig. 37). Também se observa que as bandas cataclásticas são cortadas por
vênulas de quartzo (Fig. 37B). Isso sugere que os veios de quartzo visíveis no talude são
posteriores à formação das bandas cataclásticas.
Figura 37. Granito fino. A) Banda cataclástica com evidência de fluxo cataclástico. B) Banda
cataclástica cortada por vênula de quartzo. (X).
Fonte: da autora.
Nos taludes ocorrem falhas e fraturas. Os planos de falhas podem ser caracterizados
pela presença de estrias. Foram consideradas como fraturas as descontinuidades que não
apresentavam nenhum indicador cinemático. As fraturas foram divididas em (sub)verticais e
subhorizontais.
57
5.2.1.1. Falhas – nos taludes ocorrem três famílias de falhas transcorrentes e
uma família com plano de falha de baixo ângulo (Fig. 38 e 39). As três
famílias de falhas transcorrentes têm planos verticais ou de alto ângulo e
apresentam estrias horizontais ou com caimento de até 5°, indicativo de falhas
direcionais (Fig. 38A). A família de falha de baixo ângulo tem planos
estriados com mergulho de 25° (Fig. 38B). A família de falhas transcorrentes
com orientação N45E (Fig. 38) é claramente a responsável pelos lineamentos
N45E definidos na análise de lineamentos.
Figura 38. Falhas direcionais. A) Plano de falha vertical com estrias horizontais. B) Plano de
falha de baixo ângulo com estrias down-dep.
Fonte: da autora.
Figura 39. Estereograma com 3 famílias de falhas direcionais (azul) e 1 família de falha de
baixo ângulo (vermelho) observadas nos taludes. Rede equiárea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
58
5.2.1.2. Fraturas (sub)verticais – são as fraturas com maior persistência nos
taludes (Fig. 40). Foram identificadas 8 famílias (Fig. 41).
Fonte: da autora.
Figura 41. Estereograma com 8 famílias de fraturas (sub)verticais. Rede equirea. Hemisfério
inferior.
Fonte: da autora.
59
5.2.1.3. Fraturas subhorizontais – foram identificadas 8 famílias (Figura 42).
Número igual ao de fraturas (sub)verticais, porém com menor persistência
(Fig. 43).
Fonte: da autora.
Figura 43. Estereograma com 8 famílias de fraturas subhorizontais. Rede equiárea. Hemisfério
inferior.
Fonte: da autora.
60
5.2.2. Deslizamentos em cunha e estimativa do ângulo de atrito básico
Fonte: da autora.
Figura 45. Estereograma para ruptura planar no talude W. Rede equiárea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
61
Figura 46. Fraturas NS/45E e NS/45W presentes no talude W.
Fonte: da autora.
No talude E observa-se que duas famílias têm orientações compatíveis para que ocorra
a ruptura planar e uma família fica próxima do limite de ruptura (Fig. 47).
Figura 47. Estereograma para ruptura planar no talude E. Rede equiarea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
62
5.2.4. Estimativa de ruptura em cunha
As 20 famílias de fraturas tem orientações tais que permitem a existência de 380 linhas
de intersecção. São essas linhas de intersecção que podem levar à ruptura em cunha, desde que
com orientação compatível com a orientação do talude. Para o talude W foram identificadas 3
linhas de intersecção dentro do campo instável e duas muito próximas a ele (Fig. 48). No talude
E foram identificadas pelo menos 9 linhas de intersecção com orientação adequada para gerar a
ruptura em cunha e outros 4 famílias bem próximas ao limite de instabilidade (Fig. 49).
Figura 48. Estereograma para ruptura em cunha com linhas de intersecção entre as 20 famílias
de fraturas, para o talude W. Rede equiárea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
Figura 49. Estereograma para ruptura em cunha com linhas de intersecção entre as 20 famílias
de fraturas, para o talude E. Rede equiárea. Hemisfério inferior.
Fonte: da autora.
63
Observa-se, portanto, que a possibilidade de ruptura em cunha é bem maior que a
possibilidade de ruptura planar nos talude estudados. Observa-se também que a possibilidade de
ruptura em cunha é muito maior no talude com mergulho para SW do que o talude com
mergulho para NE.
Todas estas estimativas foram feitas com base na existência de ângulo de atrito de 35°
definido com base em rupturas observadas nos taludes. Uma maneira mais acurada de análise de
ruptura e uma determinação mais precisa do ângulo de atrito podem ser feitas através da
abordagem de parâmetros geotécnicos (ver item 2.4).
Fonte: da autora.
64
Os parâmetros verificados em campo para cada uma das famílias estão listados na
Tabela 9. As 3 famílias foram escolhidas com base nas suas características de espaçamento e
persistência. As três famílias possuem alta persistência (<10m), baixa rugosidade e apenas uma
das famílias se apresenta aberta (a mesma que se apresenta ligeiramente úmida).
Preenchi
Direção Mergulho Espaçam Persistência Abertura Rugosida Infiltraçã
Família mento
(°) (°) ento (m) (m) (mm) de (JRC) o de água
(mm)
Ligeirame
1 0 80 1 3 a 10 1a5 Mole <5 1a4
nte úmido
2 70 90 5 1 a 10 Nenhum Nenhum 1a2 Seco
3 10 25 3 1 a 10 Nenhum Nenhum 4a6 Seco
Fonte: da autora.
65
Figura 51. Zona geomecânica Z1 (linhas vermelhas tracejadas) nos talude W (A) e E (B).
Fonte: da autora.
Fonte: da autora.
66
5.3.1.1.1. RMR
Para a classificação RMR (Rock Mass Rating) foram utilizados os valores ponderais
de Bieniawski (1989) (Tabela 2). Levando em consideração os atributos listados na Tabela 9
foram obtidos para a zona geomecânica Z1 os valores apresentados na Tabela 10.
Tabela 10. Valores ponderais (Bieniawski 1989) para classificação RMR para a zona
geomecânica Z1.
5.3.1.1.2. SMR
Para a classificação SMR foram utilizados os 4 fatores de correção (F1, F2, F3 e F4)
para o RMR básico (Romana 1991). Com base nas fórmulas apresentadas na revisão conceitual
(item 2.5.2). F1, F2, F3, e F4 serão calculados assumindo o valor médio do RMR de 52 tanto
para ruptura do tipo planar quanto por tombamento para cada uma das 3 famílias de
descontinuidades escolhidas. Como os taludes W e E possuem orientações diferentes os cálculos
de SMR serão realizados separadamente para cada talude.
5.3.1.1.2.1. TALUDE W
67
tombamento para cada uma das 3 famílias de descontinuidades, considerando a orientação
320° do talude W.
Tabela 11. Valores de SMR para ruptura planar e cunha para Z1, para o talude W.
Ruptura Planar e cunha
Tabela 12. Valores de SMR para tombamento para Z1, para o talude W.
Tombamento
F1 │αj -αs –
F2 (βj) F3 (βj+βs) F4
Família 180°│ SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 500 0,15 80 1 140 -25 Pc 10 58,25
2 430 0,15 90 1 150 -25 Pc 10 58,25
3 490 0,15 25 1 85 0 Pc 10 62
Fonte: da autora.
5.3.1.1.2.2. TALUDE E
Tabela 13. Valores de SMR para ruptura planar e cunha para Z1, para o talude E.
Família Ruptura Planar e cunha
68
F1 │αj -αs│ F2 (βj) F3 (βj-βs) F4
SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 140 0,15 80 1 20 0 Pc 0 52
2 20 0,7 83 1 30 0 Pc 0 52
3 130 0,15 25 0,4 -35 -60 Pc 0 48,4
Fonte: da autora.
Tabela 14. Valores de SMR para tombamento para Z1, para o talude E.
Tombamento
F1 │αj -αs –
F2 (βj) F3 (βj+βs) F4
Família 180°│ SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 320 0,15 80 1 140 -25 Pc 10 58,25
2 250 0,15 90 1 150 -25 Pc 10 58,25
3 310 0,15 25 1 85 0 Pc 10 62
Fonte: da autora.
A zona geomecânica Z2 é formada por rocha pouco decomposta e pode ser encontrada
tanto no talude E quando no talude W (Fig. 53). Detalhes desta zona podem ser vistos na Figura
54.
69
Figura 53. Zona geomecânica Z2 (linhas vermelhas tracejadas) nos talude W. A) e B).
Fonte: da autora.
Figura 54. Detalhe da zona geomecânica Z2. Fotos A, B e C são do talude W. Fotos D, E e F
são do talude E.
Fonte: da autora.
70
5.3.1.2.1. RMR
Para a classificação RMR (Rock Mass Rating), a tabela 15 mostra os valores ponderais
segundo Bieniawski (1989) (Tabela 2), para cada atributo da zona geomecânica Z2 com base
nos dados da Tabela 8.
Tabela 15. Valores ponderais (Bieniawski 1989) para classificação RMR para a zona
geomecânica Z2.
5.3.1.2.2. SMR
Assumindo o valor médio de RMR básico de 62,5 para Z2, serão obtidos os coeficientes e
o valor definido para cada um deles em F1, F2, F3 e F4 tanto para ruptura do tipo planar/cunha
quanto por tombamento para cada uma das 3 famílias de descontinuidades definidas. Como a
zona geomecânica Z2 está presente tanto no talude W quanto no talude E os valores de SMR
serão analisados separadamente.
5.3.1.2.2.1. TALUDE W
71
famílias de descontinuidades.
Tabela 16. Valores de SMR para ruptura planar em cunha para a zona geomecânica Z2, para o
talude W.
Ruptura Planar e cunha
Tabela 17. Valores de SMR para tombamento para a zona geomecânica Z2, para o talude W.
Tombamento
F1 │αj -αs –
F2 (βj) F3 (βj+βs) F4
Família 180°│ SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 500 0,15 80 1 140 -25 Pc 10 68,25
2 430 0,15 90 1 150 -25 Pc 10 68,75
3 490 0,15 25 1 85 0 Pc 10 72,5
Fonte: da autora.
5.3.1.2.2.2. TALUDE E
Tabela 18. Valores de SMR para ruptura planar e em cunha para a zona geomecânica Z2, para o
talude E.
Ruptura Planar e cunha
72
3 130 0,15 25 0,4 -35 -60 Pc 0 58,9
Fonte: da autora.
Tabela 19. Valores de SMR para tombamento para a zona geomecânica Z2, para o talude E.
Tombamento
F1 │αj -αs –
F2 (βj) F3 (βj+βs) F4
Família 180°│ SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 320 0,15 80 1 140 -25 Pc 10 68,75
2 250 0,15 90 1 150 -25 Pc 10 68,75
3 310 0,15 25 1 85 0 Pc 10 72,5
Fonte: da autora.
A zona geomecânica Z3 é formada por rocha sã e ocorre apenas no talude W (Fig. 55).
Detalhes da zona são apresentados na Figura 56.
Fonte: da autora.
73
Figura 56. Detalhes da zona geomecânica Z3 no talude W. A) e B).
Fonte: da autora.
5.3.1.3.1. RMR
Para a classificação RMR (Rock Mass Rating), os valores ponderais para cada
parâmetro da zona geomecânica Z3 são apresentados na Tabela 20.
Tabela 20. Valores ponderais (Bieniawski 1989) para classificação RMR para a zona
geomecânica Z3.
74
5.3.1.3.2. SMR
Os valores de SMR serão calculados apenas para o talude W, com orientação N320.
Será utilizado o valor médio de 94, calculado anteriormente como RMR básico para Z3.
Tabela 21. Valores de SMR para ruptura planar e emcunha para a zona geomecânica Z3, no
talude W.
Ruptura Planar e cunha
Tabela 22. Valores de SMR para tombamento para a zona geomecânica Z3, no talude W.
Tombamento
F1 │αj -αs –
F2 (βj) F3 (βj+βs) F4
Família 180°│ SMR
Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor Coeficiente Valor
1 500 0,15 80 1 140 -25 Pc 10 100
2 430 0,15 90 1 150 -25 Pc 10 100
3 490 0,15 25 1 85 0 Pc 10 100
Fonte: da autora.
Rochas com valores de RMR básico como obtido para Z3 geram um SMR que é totalmente
estável, sem necessidade de trabalhos de contenção.
n = ɣ . h (7)
onde:
n = tensão normal efetiva
75
ɣ = densidade da rocha
h = altura do talude
Sendo a densidade do granito igual a 2,7 g/cm³ e a altura do talude igual a 6m então,
n = 2,7 g/cm³ . 600 cm
n = 1620 g/cm²
n = 0,162 MPa
O valor de 0,162 MPa será utilizado para a determinação do ângulo de atrito de cada
família de descontinuidade, através do gráfico de resistência ao cisalhamento da rocha pela sua
tensão normal efetiva. A resistência ao cisalhamento é calculada a partir dos valores de JRC,
JCS e do ângulo de atrito residual de cada família de descontinuidades por meio da equação (1).
Para o ângulo de atrito residual será utilizado o valor usual de 28°.
5.3.2.1. FAMÍLIA 1
76
Figura 57. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 1.
Fonte: da autora.
5.3.2.2. FAMÍLIA 2
77
Figura 58. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 2.
Fonte: da autora.
5.3.2.3. FAMÍLIA 3
A família 3 possui valor de ângulo de atrito de 27°, obtido através da equação 8, com
valor para o intercepto coesivo de 50 kPa alcançado graficamente (Fig. 59).
78
Figura 59. Gráfico da tensão de cisalhamento em função da tensão normal, para obtenção do
ângulo de atrito para a família 3.
Fonte: da autora.
79
6. CONCLUSÕES
A realização deste estudo permitiu tomar contato com diversos aspectos do trabalho na
área geotécnica, desde procedimentos de segurança no trabalho de campo até utilização de
planilhas excel. O trabalho também permitiu perceber a importância da obtenção criteriosa de
dados, pois eles irão influenciar nos parâmetros geomecânicos finais, que por sua vez estão
diretamente relacionados com as intervenções que serão necessárias para a execução de uma
obra. A revisão bibliográfica permitiu conhecer a teoria sobre diversos aspectos da mecânica das
rochas e os trabalhos de campo permitiram o conhecimento prático para a sua obtenção. Em
relação a este aspecto considero que o objetivo de adquirir competências e habilidades para a
aplicação de técnicas de análise de estabilidade de taludes em maciços rochosos foi atingido.
Quanto à análise e comparação da estabilidade dos taludes no Contorno Rodoviário de
Florianópolis (objetivos específicos) os seguintes pontos podem ser destacados:
• Os taludes se inserem em um maciço rochoso formado pelo Granito São Pedro
de Alcântara (GSPA) que no local é composto por um granito porfirítico e um
granito fino;
• O GSPA é parte de uma suíte que tem sido considerada como pré- a sin-
colisional, porém as estruturas observadas nos taludes e em lâminas delgadas
sugerem que o GSPA é tardi-tectônico;
• Os planos de descontinuidades observados nos taludes são falhas
transcorrentes ou de baixo ângulo e fraturas (sub)verticais e sub-horizontais.
Além disso, ocorrem bandas cataclásticas verticais. Estas bandas juntamente
com as falhas transcorrentes com orientação N45E sugerem a influência da
Zona de Cisalhamento Major Gercino sobre o maciço;
• As medições permitiram individualizar 20 famílias de descontinuidades. Estas
famílias foram utilizadas em projeções estereográficas para a estimativa de
rupturas planares e em cunha. Observou-se que a possibilidade de ruptura em
cunha é bem maior que a possibilidade de ruptura planar nos taludes
estudados e que a ruptura em cunha tem maior probabilidade de ocorrer no
talude E;
• Para a caracterização geomecânica foram consideradas três famílias de
descontinuidades e três zonas geomecânicas, determinadas principalmente
pelo grau de alteração e faturamento. Os diferentes valores de parâmetros
obtidos nas três zonas indicam que a separação foi coerente;
• Quanto à classificação RMR a Z1 tem valor médio 52, a Z2 tem 62,5 e Z3 tem
93,5. Os valores diferentes entre as zonas resultam principalmente da variação
80
na resistência a ruptura por compressão uniaxial, à persistência e ao grau de
alteração.
• Na classificação SMR, os valores obtidos para tombamento na Z1 são 58,25;
58,25 e 62; na Z2 são 68,75; 68,75 e 72,50 para as famílias 1, 2 e 3
respectivamente. Para Z3 o valor é de 100 para as três famílias. Portant,o a
zona geomecânica 1 é a mais propensa a tombamentos. Com relação ao
deslizamento (planar e em cunha) para a Z1 os valores são de 52, 52 e 48,40;
para Z2 os valores são 62,50; 62,50 e 58,90 e para Z3 94; 94 e 90,4 para as
famílias 1, 2 e 3 respectivamente. Portanto observa-se que a zona
geomecânica Z1 também é a mais propensa a ter rupturas planares e em
cunha.
• O ângulo de atrito calculado pelos parâmetros JRC, JCS e ângulo de atrito
residual, resultou em valores (26°, 26° e 27°) muito próximos para as três
famílias. Com um mesmo ângulo de atrito para as três famílias, o que as torna
mais ou menos propensas para deslizamento ou tombamento é sua orientação
em relação à face do talude. O valor do ângulo de atrito básico de ~27° é
inferior ao valor de 35°, estimado a partir de deslizamentos ocorridos no
talude, mas a diferença não altera o resultado na análise estereográfica;
• A análise estereográfica permite determinar o comportamento geral de um
talude com relação aos tipos de ruptura enquanto que a classificação
geomecânica, por utilizar zonas geomecânicas permite individualizar zonas de
comportamentos diferentes em um mesmo talude. O mesmo se aplica ao
comportamento individual de cada família de descontinuidades que a
classificação geomecânica realiza individualmente.
81
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