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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA


DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

INGRID MARIA GERALDINO ALMEIDA


MAIARA FABRI MANEIA
MARCELLO HENRIKE ZANELLA

NOTA EXPLICATIVA DO MAPA GEOLÓGICO 1:10.000 DA REGIÃO DO


CAMPESTRE, COLOMBO-PR

CURITIBA
2021
INGRID MARIA GERALDINO ALMEIDA
MAIARA FABRI MANEIA
MARCELLO HENRIKE ZANELLA

NOTA EXPLICATIVA DO MAPA GEOLÓGICO 1:10.000 DA REGIÃO DO


CAMPESTRE, COLOMBO-PR

Nota explicativa apresentada como requisito


parcial para conclusão da disciplina de Técnicas
de Cartografia (GC-131) do Curso de Graduação
em Geologia, Setor de Ciências da Terra
Universidade Federal do Paraná.

Orientadores: Profa. Dra. Bárbara Trzaskos


Prof. Me. Fernando Mancini
Prof. Dr. Luís Gustavo de Castro

CURITIBA
2021
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Mapa de localização da área mapeada ..................................................... 17


Figura 2: Mapa geológico da Região de Morro Grande. Geologia adaptada de Fiori &
Gaspar (1993); Fiori (1990) e Fiori (1985a). Fonte: Adaptado de Leandro, 2016. .... 19
Figura 3: Sedimentos inconsolidados. (a) região do aluvião; (b) colúvio com blocos
angulosos. ............................................................................................................... 20
Figura 4: (a) contato do quartzito com diabásio alterado; (b) bloco de diabásio; (c)
diabásio afanítico. .................................................................................................... 21
Figura 5: Ponto AF26. .............................................................................................. 22
Figura 6: (a) blocos de quartzito; (b) relevo colinoso; (c) amostra de quartzito. ........ 22
Figura 7: (a) sericita magnetita filito com porfiroblastos de magnetita; (b) afloramento
de sericita filito. ........................................................................................................ 23
Figura 8: (a) laminação cruzada acanalada; (b) Estratificação cruzada acanalada em
quartzito e veios de quartzo; (c) S0 transpostas em quartzito ................................... 24
Figura 9: Estereograma de densidade das foliações S n. .......................................... 25
Figura 10: (a) Sn em sericita filito; (b) Sn+1 no mesmo sericita filito da imagem a. (c)
sericita filito com crenulação; (d) destaque para intersecção entre a Sn e a Sn+1. .. 25
Figura 11: (a) falha sinistral em sericita filito; (b) destaque para os steps................. 26
Figura 12: (a) veios de quartzo preenchendo fraturas; (b) fraturas em sericita filito; (c)
diagrama de rosetas com fraturas de direção preferencial NE. ................................ 27
Figura 13: Coluna estratigráfica dos metaritmitos. ................................................... 28
Figura 14: Estereogramas da primeira sinforme. ...................................................... 30
Figura 15: Estereogramas da segunda sinforme ...................................................... 30
Figura 16: Croqui do ponto AF29. ............................................................................ 30
Figura 17: Antiforme. ................................................................................................ 31
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 16
1.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO ................................................................ 16
2 GEOLOGIA REGIONAL ....................................................................................... 18
3 GEOLOGIA LOCAL ............................................................................................. 20
3.1 LITOTIPOS ........................................................................................................ 20
3.1.1 Sedimentos inconsolidados (Qah) ................................................................... 20
3.1.2 Diabásio (KSGd) ............................................................................................. 20
3.1.3 Quartzito (NPCaq) ........................................................................................... 21
3.1.4 Biotita quartzito intercalados com mármore dolomítico (NPCAqd) .................. 22
3.1.5 Sericita-magnetita-quartzo filito (NPCAf) ......................................................... 23
3.1.6 Metarritmitos (NPCAmr) .................................................................................. 23
4 GEOLOGIA ESTRUTURAL .................................................................................. 24
5 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 32
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 33
APÊNDICE 1 – TÍTULO DO APÊNDICE ................................................................. 34
ANEXO 1 – TÍTULO DO ANEXO............................................................................. 35
16

1 INTRODUÇÃO

A presente nota explicativa foi produzida a partir do mapeamento geológico


na escala de 1:10.000, realizado na porção norte do município de Colombo, Paraná,
referente à disciplina de Técnicas de Cartografia (GC-131), do curso de Geologia da
Universidade Federal do Paraná.
O objetivo da disciplina foi desenvolver habilidades técnico-práticas, com
relação a aquisição e tratamento de dados de campo, as quais são necessárias para
a interpretação e resolução de problemas geológicos. Para tal objetivo foi
selecionada uma região, a qual foi dividida em nove áreas, sendo que para a
presente equipe foi designada a área IV, com tamanho de aproximadamente 8 km².
As saídas de campo ocorreram nos dias 16 e 17 de novembro de 2021,
objetivando a descrição, mapeamento e interpretação litológica, estratigráfica e
estrutural das rochas que ocorrem na área de estudo.
Na etapa de pré-campo foi realizada uma pesquisa bibliográfica da geologia
regional, fotointerpretação através de estereoscópio e sensoriamento remoto através
de imagens de satélite, os quais resultaram na produção de um mapa base e um
mapa fotogeológico, utilizando os softwares ArcGIS 10.8 e Global Mapper. Na etapa
de campo foram utilizados os equipamentos bússola tipo Brunton, GPS, martelo
petrográfico, lupa, caderneta, aplicativos de orientação (SW maps e Avenza maps) e
câmera fotográfica. Para o tratamento dos dados pós-campo e produção do mapa
final foram utilizados os softwares ArcGIS 10.8, GeotecStero, Stereonet e
CorelDRAW.

1.1 LOCALIZAÇÃO E VIAS DE ACESSO

A área de estudo localiza-se na porção norte do município de Colombo


(Figura 1), integrante da Região Metropolitana de Curitiba (RMC), Paraná. A área
está situada próxima a divisa dos municípios de Almirante Tamandaré e Rio Branco
do Sul e também da Gruta do Bacaetava, importante ponto turístico da região.
O acesso se dá a partir da Rodovia Antônio Gasparin (PR-417),
alternativamente pode-se utilizar a Rodovia dos Minérios (PR-092) ou a Estrada da
Ribeira (BR-476), dentro da área o acesso se dá pela via principal, a Rua Faraó
Cavalli.
17

Figura 1: Mapa de localização da área mapeada


18

2 GEOLOGIA REGIONAL

A área de estudo está inserida no contexto do Terreno Curitiba, localizado na


porção sul do Sistema Orogênico Ribeira (Heilbron et al., 2008), porção central da
Província Mantiqueira (Heilbron et al., 2004). O Sistema Orogênico Ribeira resulta
das interações neoproterozóicas entre os crátons São Francisco-Congo e parte do
Cráton Angola, formando um trend estrutural orientado NE-SW. As unidades
tectono-estratigráficas que compõem este orógeno são delimitadas por falhas de
cavalgamento ou por transcorrências dextrais. (Heilbron et al., 2008).
O Terreno Curitiba é delimitado a norte do Terreno Apiaí pela Zona de
Cisalhamento da Lancinha (ZCL), e a sul, do Terreno Luís Alves, pela Zona de
Cisalhamento Mandirituba-Piraquara. É constituído, em linhas gerais, por uma
sequência metavulcanossedimentar metamorfizada na fácies xisto verde a anfibolito,
além de intrusões graníticas (Leandro, 2016).
Ainda não existe consenso sobre a estratigrafia e nomenclatura para as
unidades que compõem o Terreno Curitiba. Para esse trabalho considera-se a
estratigrafia adotada por Fiori (1992), que subdivide o Grupo Açungui, nas
formações Capiru, Votuverava e Antinha. Bigarella e Salamuni (1958) definiram
inicialmente o Grupo Açungui nas formações Setuva, Capiru e Votuverava. Cada
conjunto litológico representa diferentes ambientes deposicionais, que variam de
águas rasas com sedimentação em plataformas carbonáticas, até áreas de talude
com deposição turbidítica. Além do ambiente, o clima também sofreu variação,
desde glacial até quente e úmido. Levando em conta uma subdivisão mais
abrangente, a Formação Capiru, onde está localizada a área de estudo, compreende
os conjuntos Juruqui, Rio Branco e Morro Grande (Fiori; Gaspar, 1993). De acordo
com Leandro (2016) a área de estudo encontra-se dentro do Conjunto Morro Grande
(Figura 2), constituído por filitos e quartzitos intercalados, ritmitos e mármores
dolomítico de cor cinza (Fiori, 1992).
19

Figura 2: Mapa geológico da Região de Morro Grande. Geologia adaptada de Fiori & Gaspar (1993);
Fiori (1990) e Fiori (1985a). Fonte: Adaptado de Leandro, 2016.

Fiori (1992) distribui a evolução tectônica do Grupo Açungui em três Sistemas


de Deformação: i) Sistema de Cavalgamento Açungui (SCA), que descreve os
eventos relacionados a cisalhamentos dúcteis de baixo ângulo que seguem o
Modelo Duplex, no qual cada fatia tectônica, de características únicas, é limitada por
falhas de cavalgamento. Definido por conjuntos de dobras de dimensões variadas e
eixos sub-horizontais com caimento predominantemente para SW, como a Sinforma
de Morro Grande, uma dobra de escala regional, isoclinal a fechada, sobre qual está
posicionada a área de estudo; ii) o Sistema de Dobramento Apiaí (SDA) é o segundo
sistema que deformou os metassedimentos do Grupo Açungui; e por fim, iii) o
Sistema de Transcorrência Lancinha (STL), que divide o grupo em três blocos
tectônicos a partir de falhas dextrais sintéticas e antitéticas
20

3 GEOLOGIA LOCAL

O Mapa Geológico da Região do Campestre, área IV (Anexo 1) é constituído


por seis unidades geológicas mapeadas na escala 1:10.000. Foram descritos em
campo 33 afloramentos (Anexo 2).

3.1 LITOTIPOS

Durante as etapas de campo foram identificadas na área rochas


metassedimentares siliciclásticas, intrusões ígneas e sedimentos recentes.

3.1.1 Sedimentos inconsolidados (Qah)

Os sedimentos inconsolidados são caracterizados pelos depósitos alúvio-


coluvionares (Figura 3a), nas regiões de baixos topográficos, próximo a rios e lagos
ou em vales. Os colúvios são mal selecionados, constituídos por blocos angulosos,
centimétricos a métricos de quartzitos, quartzo leitoso e filitos, em meio a uma matriz
argilosa, com solo orgânico e cascalheiras (Figura 3b).

Figura 3: Sedimentos inconsolidados. (a) região do aluvião; (b) colúvio com blocos angulosos.

3.1.2 Diabásio (KSGd)

Esse litotipo está distribuído por toda a área de pesquisa em forma de diques,
que cortam as unidades adjacentes. Ocorrem encaixados em vales e eventualmente
em falhas. Apresentam direção de intrusão noroeste, bastante contínuos de
21

extensão quilométricas. Em campo, o diabásio descrito na área ocorre na forma de


blocos arredondados de tamanhos métricos, com esfoliação esferoidal incipiente, cor
cinza escuro, afanítico (Figura 4bc). No ponto 20 foi observado magnetismo em
diabásio bastante alterado e contato com quartzito alterado de granulação média a
grossa (Figura 4a).

Figura 4: (a) contato do quartzito com diabásio alterado; (b) bloco de diabásio; (c) diabásio afanítico.

3.1.3 Quartzito (NPCaq)

Aparecem compondo as cristas dos morros, além de lentes dispersas pela


área com orientação preferencial NE-SW. São em geral, rochas com cores bastante
variadas, ocorrendo de cor amarelo claro, branco e rosa. Apresentam granulação
fina a muito fina, e localmente grãos mais grossos, bem selecionados, constituído
essencialmente por quartzo. Apresentam grau de intemperismo de baixo a
moderado e são eventualmente cortados por veios de quartzo e ocorrem quase
sempre em contato gradual com filitos (Figura 5).
22

Figura 5: Ponto AF26.

3.1.4 Biotita quartzito intercalados com mármore dolomítico (NPCAqd)

Essa unidade ocorre no extremo noroeste do mapa e foi delimitada via


fotointerpretação. Em campo, foram vistos biotita quartzitos em blocos decimétricos,
angulosos, com granulação grossa e cor cinza (Figura 6ac). Estes blocos
apresentam feições de dissolução e são cortados por veios centimétricos de quartzo
Os mármores dolomíticos foram interpretados via fotografia aérea e presença
de relevo colinoso, e provavelmente, ocorrem intercalados as biotita quartzitos
(Figura 6b)

Figura 6: (a) blocos de quartzito; (b) relevo colinoso; (c) amostra de quartzito.
23

3.1.5 Sericita-magnetita-quartzo filito (NPCAf)

Essa litologia ocorre predominantemente em toda a área. Apresentam cores


variadas, como roxo, rosa, cinza, alaranjado e avermelhado e textura lepidoblástica
(Figura 7b). São constituídos por sericita, biotita e quartzo e ocorrem comumente
intercalados com as lentes de quartzitos da unidade NPCaq. Apresentam fraturas e
avançado grau de alteração, tornando-se friáveis. São cortados por veios de quartzo
ora paralelo a foliação Sn, ora cortando esta. A magnetita identificada nesses
litotipos compreende porfiroblastos (Figura 7a).

Figura 7: (a) sericita magnetita filito com porfiroblastos de magnetita; (b) afloramento de sericita filito.

3.1.6 Metarritmitos (NPCAmr)

Na porção noroeste do mapa ocorrem metarritmitos em meio aos quartzitos


da unidade NPCAqd. Esses metarritmitos são constituídos por alternâncias rítmicas
composicionais entre níveis pelíticos e níveis psamíticos. Exibem cor cinza nos
níveis mais argilosos e cor branca nos níveis mais arenosos. Apresentam estruturas
sedimentares reliquiares, como laminações cruzadas acanaladas, marcas onduladas
e estruturas de sobrecarga. Essas laminações indicam topo para sudeste.
Eventualmente ocorrem pequenos clastos entre os níveis rítmicos, de tamanho
variando de três milímetros a 10 centímetros, com formato ovalado. Além disso,
exibem precipitação de óxidos localmente.
24

4 GEOLOGIA ESTRUTURAL

A partir da fotointerpretação de fotos aéreas com escala 1:25.000,


juntamente com os dados de campo e correlação bibliográfica, foi realizada a análise
estrutural da área de estudo, com o reconhecimento de estruturas regionais e locais.
A geologia estrutural da área mapeada foi definida com base nos trabalhos de Fiori
(1992) e Leandro (2016), os quais delimitaram as principais feições em escala
regional, que associadas aos dados de campo, permitiram um maior detalhamento
da área.

Em campo, foi possível identificar quatro foliações distintas: S0, Sn, Sn+1 e
Sn+2. A primeira foliação, S0 (Figura 8), trata-se do bandamento sedimentar,
identificado por meio de estruturas sedimentares reliquiares presentes no
metarritmito e no quartzito. Paralela a S0, foi identificada a foliação Sn (Figura 9), a
mais penetrativa na área, apresenta espaçamento milimétrico e é definida pela
orientação de sericita no filito e no quartzito.

Figura 8: (a) laminação cruzada acanalada; (b) Estratificação cruzada acanalada em quartzito e veios
de quartzo; (c) S0 transpostas em quartzito
25

Figura 9: Estereograma de densidade das foliações Sn.

A terceira foliação identificada, Sn+1 (Figura 10), é pouco penetrativa na área,


sendo identificada apenas em alguns pontos, próximos às charneiras das dobras,
sendo paralela aos planos axiais. A Sn+1 corta as foliações S0 e Sn, caracterizando
uma clivagem de crenulação. A foliação S n+1 é definida por planos onde houve
recristalização e orientação de sericita, configurando na intersecção entre a S n e a
Sn+1 a formação de uma lineação L1 (Figura 10).

Figura 10: (a) Sn em sericita filito; (b) Sn+1 no mesmo sericita filito da imagem a. (c) sericita filito com
crenulação; (d) destaque para intersecção entre a Sn e a Sn+1.
26

A partir da análise dos dados obtidos em campo, foram identificadas três


dobras na área, duas sinformes e uma antiforme, cujo eixos apresentam direção NE
com mergulho para SW, e flancos mergulhando para NW e SE. Através da
bibliografia e fotointerpretação, é possível afirmar, que as mesmas se tratam de
dobras parasitas da Sinforme do Morro Grande. Essas dobras deram origem às
foliações Sn+1.

Nos pontos 1, 26 e 29 também foram observadas dobras de escala


centimétricas, definidas pela deformação de veios de quartzo. O ponto 29 representa
a charneira da antiforme. Os pontos 1 e 26 podem estar associados aos eventos de
cavalgamento que deram origem às foliações S n.

No ponto 21 foi identificada uma falha transcorrente sinistral, (Figura 11),


definida pela presença de um espelho de falha e steps, no entanto, devido à
dificuldade de acesso não foi possível obter atitude dos steps, a direção do plano de
falha é a mesma do dique que ocorre localmente, indicando que o mesmo ocorre
encaixado na falha, essa transcorrência foi responsável pela formação da foliação
Sn+2.

Figura 11: (a) falha sinistral em sericita filito; (b) destaque para os steps.

Nos pontos 10 e 11 foi observado a presença de fraturas com direção


preferencial NE (Figura 12bc). Em diversos pontos observamos fraturas extensionais
preenchidas, na forma de veios de quartzo (Figura 12a), os quais geralmente
ocorriam paralelos a Sn, por vezes até mesmo acompanhando os dobramentos,
esses veios possuem espessuras variáveis de milimétricas a centimétricas.
27

Figura 12: (a) veios de quartzo preenchendo fraturas; (b) fraturas em sericita filito; (c) diagrama de
rosetas com fraturas de direção preferencial NE.
28

5 DISCUSSÃO

Em campo foi possível identificar localmente a correlação espacial e temporal


de dois litotipos: Quartzito e o Metarritmito. Entre os pontos AF22 e AF26 observou-
se estruturas reliquiares do processo de sedimentação, os quais possibilitaram a
caracterização de topo para SE, definindo assim que o Quartzito está alocado acima
da fácies metarritmito, ou seja, é mais recente do que o metarritmito (Figura 13).
Também foi identificado diabásio em contato subvertical com Sericita-magnetita-
quartzo filito e Quartzitos, por fim, depósitos recentes de aluvião compostos por
filitos, diabásio e quartzito.

Figura 13: Coluna estratigráfica dos metaritmitos.

Foram descritas foliações S0, Sn, Sn+1, e Sn+2 que caracterizam que a área foi
submetida a pelo menos duas fases de deformação, conforme descrito por Fiori
29

(1992). A primeira fase gerou as foliações S n, Sn+1 e a transposição das foliações S0,
bem como as dobras descritas na área, que são caracterizadas como parasitas da
grande dobra de arrasto, a Sinforma do Morro Grande. Por fim, associadas ao
terceiro sistema de deformação, foram indicadas no mapa geológico (Anexo 1) duas
falhas, uma a norte e outra a sul na área de estudo, sendo que ambas apresentam
sentido NW-SE. A falha a sul foi definida utilizando dados de campo, como feições
distintivas de plano de falha e indicativos cinemáticos de movimento sinistral, os
quais constam no tópico 4 desta nota explicativa. Além disso, em campo, foram
identificadas foliações Sn+2 em dois afloramentos AF1 e AF21 (Anexo 3), que
mostram a estrutura subvertical com direção NW.
Corroborando esses dados, com a fotointerpretação e o modelo digital de
terreno (Anexo 1), foi possível caracterizar o deslocamento das camadas a partir da
transcorrência. Além disso, no AF3, o qual também está sob influência da falha, foi
possível identificar clivagem de crenulação com espaçamento centimétrico, que
segundo (Leandro, 2016) indica deformação na faixa dúctil - rúptil. Já a falha a norte
na área foi definida por correlação, uma vez que a estrutura em foto mostra-se muito
próxima a falha transcorrente a sul, porém não foi possível identificar deslocamentos
de camadas para a inferência de movimento.
Através da fotointerpretação foi identificada uma dobra sinforme na área, no
entanto, a partir dos dados de campo, constatamos que se tratam de três dobras,
duas sinformes e uma antiforme, sendo definidas como parasitas da grande
sinforme do Morro Grande, pois apresentam mesma direção (NE-SW) e eixo com
caimento para SW, definidas por Fiori (1992). Os eixos das sinformes foram inferidos
através da análise de estereogramas (Figuras 14 e 15) produzidos com as atitudes
das foliações Sn dos pontos 22, 23, 25, 26, 28 e 29 para a primeira sinforme
(localizada a NW da antiforme) e dos pontos 01, 04, 09, 10, 11, 30 e 33 para a
segunda sinforme (localizada a SE da antiforme), o eixo inferido para a primeira
sinforme apresenta atitude N252/5 e para a segunda sinforme N254/36, já o eixo da
antiforme foi medido em campo, no ponto 29 (Figura 16), o qual representa a
charneira da dobra, na porção NW do afloramento os flancos apresentam atitude
N65E/50NW, na parte central do afloramento foi medido o eixo de uma dobra
decimétrica, com atitude N255/55, já na porção SE os flancos se apresentam sub-
horizontais, com atitude N40E/9SE, também na porção NW, há um veio de quartzo
30

com atitude N75E/85NW, localizado no plano de fraqueza gerado durante o


dobramento.

Figura 14: Estereogramas da primeira sinforme.

Figura 15: Estereogramas da segunda sinforme

Figura 16: Croqui do ponto AF29.


31

Figura 17: Antiforme.


Corroborando esses dados, com a fotointerpretação e o modelo digital de
terreno (Anexo 1), foi possível caracterizar o deslocamento das camadas a partir da
transcorrência. Além disso, no AF3, o qual também está sob influência da falha, foi
possível identificar clivagem de crenulação com espaçamento centimétrico, que
segundo (Leandro, 2016) indica deformação na faixa dúctil - rúptil. Já a falha a norte
na área foi definida por correlação, uma vez que a estrutura em foto mostra-se muito
próxima a falha transcorrente a sul, porém não foi possível identificar deslocamentos
de camadas para a inferência de movimento.
32

CONSIDERAÇÕES FINAIS

● Os litotipos descritos na campanha de campo corroboram com aqueles


descritos em bibliografia por Fiori (1992) com relação ao Conjunto Morro
Grande, unidade onde está situada a área de estudo. Entretanto não foi
possível delimitar com precisão a ocorrência dos metadolomitos descritos
neste conjunto, uma vez que essa unidade foi somente delimitada em
fotografia aérea e por geomorfologia;
● A área mapeada é constituída por: Sedimentos inconsolidados (Qah),
Diabásio (KSGd), Quartzito (NPCaq), biotita-quartzito com intercalados com
mármore dolomítico (NPCAqd), Sericita-magnetita-quartzo filito (NPCAf),
Metarritmitos (NPCAmr).
● Estratigrafia: Não foi possível em campo identificar a relação espacial e
temporal direta entre todos os litotipos. Porém, foi factível identificar relações
isoladas: (i) Relação entre o Quartzito e o metarritmito, sendo o Quartzito
mais recente, (ii) Diabásio e Quartzito / Sericita-magnetita-quartzo filito
(NPCAf), sendo o Diabásio mais recente e (iii) Aluvião sendo mais recente do
que todos os litotipos, uma vez que é composto por fragmentos das outras
rochas que compõem a área.
● Na área foi possível identificar pelo menos duas fases de deformação, uma
de caráter dúctil que gerou as foliações descritas, bem como as dobras, e
outra de caráter dúctil-rúptil, relacionada às falhas transcorrentes. A primeira é
relacionada ao Sistema de Cavalgamento Açungui (SCA) e última ao Sistema
de Transcorrência Lancinha (STL), de Fiori (1992);
33

REFERÊNCIAS

BIGARELLA, J.J.; SALAMUNI, R. (1958) Estudos preliminares da Série Açungui. A


Formação Votuverava. Boletim do Instituto de Hiltón. Natural. GeoIogia, 2:1·6.

BIGARELLA, J.J.; SALAMUNI, R. Contribuição a geologia da região sul da Série


Açungui (estado do Paraná). Bol. Paulista de Geografia, (29): p. 3-19, 1958.

FIORI, A.P. Tectônica e estratigrafia do Grupo Açungui –PR. Revista do Instituto


de Geociências Geol. USP, Série Científica. São Paulo. p. 23:55-74, 1992.

FIORI, A.P.; GASPAR, L.A. Considerações sobre a estatigrafia do Grupo Açungui


(Proterozóico Superior), Paraná, sul do Brasil. Revista do Instituto de Geociências
Geol. USP, Série Científica. São Paulo, 24: p.1-19, 1993.

HEILBRON,M., PEDROSA-SOARES,A.C., CAMPOS NETO,M.C., SILVA,L.C.,


TROUW, R.A.J.; JANASI,V.A. Província Mantiqueira. In: MANTESSO-NETO,V.
BARTORELLI,A., CARNEIRO,C.D.R. e BRITO-NEVES,B.B., Orgs. Geologia do
Continente Sul-Americano: evolução da obra de Fernando Flávio Marques de
Almeida. São Paulo, Ed. Beca, p.203-236. 2004.

HEILBRON, M.; VALERIANO C.M.; TUPINAMBÁ, M.; SIGA JR., O.; TROUW R.A.J.
Correlation of neoproterozoic terrenes between the Ribera Belt, SE Brazil and its
African counterpart: comparative tectonic evolution and open questions. West
Gondwana: Pre-Cenozoic correlations across the South Atlantic Region.
London Geological Society Special Publications. 294(1):211-237, 2008.

LEANDRO, R. Caracterização tectonoestratigráfica da sequência terrígena da


formação Capiru na Região de Morro Grande, Colombo - PR. UFPR, 2016.

MILANI, E. J.; MELO, J. H. G.; SOUZA, P.A.; FERNANDES, L. A.; FRANÇA, A. B.


Bacia do Paraná. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n.
2, p. 265-287, 2007.

NADALIN, R. J. Tópicos especiais em cartografia geológica. [s.l.] : Ed. UFPR,


2016.
34

APÊNDICE 1 – TÍTULO DO APÊNDICE

Formatação livre.
35

ANEXO 1 – TÍTULO DO ANEXO

Formatação livre.
Anexo I - Mapa Geológico

MAPA GEOLÓGICO - ÁREA IV: REGIÃO DO CAMPESTRE - COLOMBO (PR)


675500 676000 676500 677000 677500

Legenda
49°15'16" 49°14'0"
25°14'35" 25°14'46"

1 05
Modelo Digital de Terreno

0
KSGd KSGd

7206500

7206500
11 Elevação

00
Unidades Geológicas
676600 1157.5 - 1210

NPCAqd 1105 - 1157.5

± 1052.5 - 1105
1000 - 1052.5
Cenozóico

7206000
NPCAf
Sedimentos recentes
678500
KSGd

50
11
NPCAq QHa Aluvião

7205000

7205000
Mesozóico
15 NPCAq
7206000

7206000
NPCAf
1150
Formação Serra Geral
NPCAq 676600 678500
KSGd Diabásio

Neoproterozóico
200 678000 678500
49°13'22"
1

A
25°15'15"

NPCAq
NPCAq KSGd
KSGd
Formação Capiru
NPCAq NPCAqd NPCAf NPCAmr
7205500

7205500
NPCAmr 83 NPCAq KSGd
55

NPCAq - Quartzito
65
60
22

NPCAf NPCAq NPCAqd - Biotita-quartzito intercalados com mármore dolomítico


75 NPCAq

11
50
NPCAf - Sericita-magnetita-quartzo filito
7205000

7205000
25

NPCAmr - Metaritmito constituido por níveis pelíticos e psamíticos


00
30 89
11 70
56

0
105
70

Convenções Geológicas
NPCAq
9 82
KSGd

Falha transcorrente
75
KSGd Contato definido
KSGd Contato inferido definida

00
Foliação S0

11
Contato gradual
81
7204500

7204500
QHa

KSGd
65
105
0
Dobra antiforme de eixo Foliação Sn

110
definido Foliação Sn + 1
0
60
B

11 5 0
Dobra sinforme de eixo
NPCAq

1 20 0
Foliação Sn + 2
115

NPCAq
11 0 0

inferido
89
0

1100

B
25°16'8" 25°16'7"

Falha fotointerpretada
49°15'34" 49°13'22"

Perfil geológico
675500 676000 676500 677000 677500 678000 678500

Falha transcorrente inferida


A
NW SE
Unidades Geológicas
Planialtimetria
1150 m
1100 m

Aluvião
1050 m
QHa
A B Área de estudo
500 m 1000 m 1500 m 2000 m
KSGd Diabásio Estrada principal
Convenções Geológicas Quartzito
NPCAq Lagos e/ou lagoas Estrada secundária
Contato definido Antiforme NPCAf Sericita-magnetita-quartzo filito Curvas mestras
Contato inferido Pedreira desativada
ESCALA HORIZONTAL: 1:10.000
Falha transcorrente
NPCAmr Metaritmito constituido por níveis
ESCALA VERTICAL: 1:10.000

Contato gradual inferida Curvas intermediárias


pelíticos e psamíticos
0 75 150 300

Drenagens
m

Sinforme Foliação

54°0'0"W 52°0'0"W 50°0'0"W 48°0'0"W 657000 664000 671000 678000 685000 692000 699000

± ± MAPA GEOLÓGICO - ÁREA IV:


22°0'0"S

7210000

RIO BRANCO DO SUL


Mato Grosso
REGIÃO DO CAMPESTRE - COLOMBO (PR)
ITAPERUÇU
do Sul São Paulo BOCAIÚVA DO SUL

Disciplina: Técnicas de Cartografia (GC 131)


EQUIDISTÂNCIA DAS CURVAS DE NÍVEL - 10 METROS
7203000

SISTEMA DE PROJEÇÃO UTM


ALMIRANTE TAMANDARÉ COLOMBO
CAMPO MAGRO

Data: Dezembro de 2021


CAMPINA GRANDE DO SUL

Escala: 1:10.000
Datum horizontal: SIRGAS 2000, ZONA 22S
24°0'0"S

QUATRO BARRAS

Datum vertical: Imbituba - SC

Paraná
670000 680000 690000

Equipe IV: Orientadores:


7210630

.
Curitiba
± Área 5
Área 6 Área 7
Área 8
Área 9
0 75 150 300
m

Ingrid Maria Geraldino Almeida Prof. Me. Fernando Mancini


Maiara Fabri Maneia Profa. Dra. Bárbara Trzaskos
Área 2
ESCALA: 1:10.000
26°0'0"S

Área 4

Declinação magnética em 2021


Variação anual de -7'
Área 3

Marcello Henrike Zanella Prof. Dr. Luís Gustavo de Castro


Área 1
7200600

Santa Catarina Fonte: NOAA


ANEXO II - Mapa de localização de afloramentos descritos

675200 676000 676800 677600 678400 679200

± Almirante
Tamandaré
( AF17
!

Rua João Gusso


Legenda
Área de estudo
( AF18
Estrada
!
<

( AF16

7206400

7206400
!

( AF14
! Curva de nível
AF13
!
(

Pontos de campo
( AF15
Aluvião e Colúvio
!
( AF19
! !
(

!
( Sericita-Magnetita Filito

7205800

7205800
!
( Quartzito
( AF12
!
Ritmito

Rua Joaquim Lovato


!
(

( AF21 Colombo Diabásio

avalli
AF23 AF22
!
< !
(
AF20
!
<
(
AF25
!
(
( AF27 Contato Diabásio / Quartzito
!
(
AF-24 !

ão C
(! ! !
( AF26
( <
(
!
Contato Sericita-magnetita filito/

ar
7205200

7205200
( AF28
!
<
(

Quartzito

Rua F
!
<

!
<
( Contato Diabásio / Sericita-magnetita
( AF30
! ( AF11
!
< filito
( AF29 AF10
( AF31 Biotita-quartzito intercalados com
!
(
!
!
(
( AF32
!
!
( AF9
! mármore dolomítico
Veio de quartzo
7204600

7204600
( AF5
AF-02 ! !
(
!
( ( AF4
AF-03
!
( !
( AF6
( AF7!
lli ( AF33 0 195 390 780
!
a va
!
C
( AF1
!
<
m
( AF8
rid o
!
SISTEMA DE PROJEÇÃO UTM
Valt

Almirante Datum horizontal: SIRGAS 2000, ZONA 22S


Tamandaré
7204000

7204000
Datum vertical: Imbituba - SC
Rua

675200 676000 676800 677600 678400 679200

54°0'0"W 52°0'0"W 50°0'0"W 48°0'0"W 657000 664000 671000 678000 685000 692000 699000

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE PONTOS - ÁREA IV


± ±
22°0'0"S

RIO BRANCO DO SUL

7210000
Mato Grosso
REGIÃO DO CAMPESTRE - COLOMBO (PR)
ITAPERUÇU
do Sul São Paulo BOCAIÚVA DO SUL

Disciplina: Técnicas de Cartografia (GC 131)

7203000
ALMIRANTE TAMANDARÉ COLOMBO

Escala: 1:15.000 Data: Dezembro de 2021


CAMPO MAGRO CAMPINA GRANDE DO SUL
24°0'0"S

QUATRO BARRAS

670000 680000 690000


Paraná Orientadores:
Equipe IV:

7210630
.
Curitiba
± Área 5
Área 6 Área 7
Área 8
Área 9 Ingrid Maria Geraldino Almeida Prof. Me. Fernando Mancini
Maiara Fabri Maneia Profa. Dra. Bárbara Trzaskos
Área 2 Área 4
26°0'0"S

Marcello Henrike Zanella Prof. Dr. Luís Gustavo de Castro


Área 1 Área 3
7200600

Santa Catarina
ANEXO III - Tabela de sumarização dos dados estruturais

PONTO COORDENADA UTM X COORDENADA UTM Y TIPO DE MEDIDA ATITUDES


Sn N80W/45SW
Sn N60W/56SW
AF1 67725 7204279 Sn N60W/60SW
Sn N75W/35SW
Sn + 2 N60W/89NW
AF4 677687 7204528 Sn N15E/81NW
AF9 677467 7204748 Sn N65E/75NW
Fratura N5E/82NW
AF10 677607 7204900
Sn N75E/82NW
Sn N75W/70SW
Sn N85W/75SW
AF11 677608 7204967 Fratura N30E/6NW
Fratura N5E/23NW
Fratura N25E/19NW
AF19 676949 7206038 Sn N80W/15NE
Sn N52E/74NW
AF21 676049 7205531
Sn + 2 N60W/83NE
AF22 675445 7205454 S0 N72E/55SE
AF23 675408 7205424 Sn N75E/58SE
AF24 675448 7205390 Sn N73E/56SE
AF25 675475 7205372 Sn N55E/65SE
S0 N78E/22SE
AF26 675527 7205337 Sn N82E/60SE
Veio de quartzo N65W/83NE
Sn+1 N45W/80NE
AF28 676426 7205202
Sn N80E/75NW
Sn N65E/50NW
Sn N70E/56NW
Veio de quartzo N75E/85NW
Sn+1 N20E/30NW
AF29 676550 7204876
Lineação – Eixo
N255/55
Sn +1
Sn+1 N60E/56NW
Sn N40E/9SE
Sn+1 N55E/89SE
AF30 676709 7204976
Sn N40W/25SW
Lineação – Clivagem
N232/45
AF33 676968 7204396 de crenulação
Sn N79E/65SE

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