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Relatório de Campo - Geomorfologia

Saída de Campo nos Municípios de Angra dos Reis(RJ),


Bananal(SP) e Rio Preto (MG)

Relatório referente ao
trabalho de campo da
disciplina IGG001
Geomorfologia Aplicada à
Engenharia, ministrada no
período letivo de 2022/2 pelo
docente André Avelar.

Gabriela Mazzoco Leão Pedroso DRE: 117090114


João Vitor Mendes Marques de Oliveira DRE: 117062585
Rhamon Victor Menezes Lima Bastos Garcia DRE:117088387
Ruth Osorio de Lima DRE: 117038138

Rio de Janeiro
15 de Dezembro de 2022
Sumário:

1. Introdução 3

2. Metodologia 3

3. Dia 1: Angra dos Reis - RJ a Bananal- SP 3


3.1. Ponto 1: Rodovia BR-101, Nuclep 4
3.2. Ponto 2: Rodovia BR-101, Itacuruçá 4
3.3. Ponto 3: Rodovia BR-101, Deslizamento de Mangaratiba 5
3.4. Ponto 4: Trevo de Cunhambebe 7
3.5. Ponto 5: Entrada da Usina Nuclear de Angra 3. 8

4. Dia 2: Bananal - SP e região 9


4.1. Ponto 6: Rodovia SP-068 ou Rodovia Bananal-Arapeí 9
4.2. Ponto 7: Rodovia SP-068, Fazenda Fortaleza 10
4.3. Ponto 8: Divisor interno do Rio Fortaleza 12
4.4. Ponto 9: Campinho 14
4.5. Ponto 10: Rio Piracema 16
4.6. Ponto 11: Vale Afogado 17

5. Dia 3: De bananal até Rio Preto - MG 18


5.1. Ponto 12: Vale Rebaixado 18
5.2. Ponto 13: Campo Alegre 19
5.3. Ponto 14 Estrada Arapeí-Resende 19
5.4. Ponto 15: Rio Sesmarias 20
5.5. Ponto 16: Estrada Arapeí-Resende 20

6. Dia 4: Redondezas de Rio Preto e retorno 21


6.1. Ponto 17: Estrada rio preto-funil 21
6.2. Ponto 18: Estrada rio preto-funil 22
6.3. Ponto 19: Estrada rio preto-funil 23

7. Considerações Finais 24

8. Referências Bibliográficas 25
1. Introdução

Este trabalho consiste em um relatório da viagem de campo realizada


através da disciplina de Geomorfologia, ministrada no período 2022.2 pelo
professor André Avelar. A viagem teve como objetivo atribuir materialidade aos
conceitos e processos geomorfológicos, dialogando com observações relativas
aos domínios fitoclimáticos regionais que transitamos, à questões históricas e
sócio-políticas da ocupação antrópica e à aplicações no campo da engenharia
para conservação e recuperação da paisagem, bem como para segurança
humana.

2. Metodologia

A metodologia adotada consiste da síntese das anotações de campo dos 4


integrantes do grupo para cada um dos 19 pontos visitados, utilizando de fotos
terrestres e aéreas para contextualizar o local, as observações geográficas e
geológicas do grupo e as explanações quanto ao conteúdo
repassadas pelo professor.
Também foi registrado para cada um dos pontos as
coordenadas, altitude acima do nível do mar e o erro,
utilizando um GPS modelo Garmin GPSmap 62sc. O sistema
usado é o WGS-84, equivalente ao SIRGAS 200, fuso 23s.
Vemos usar coordenadas UTM (linear), e não geográficas. A
altitude é traçada através de um elipsóide de satélites e o GPS
deve se afastar, conforme possível, da fiação, por esta gerar
interferência com o campo eletromagnético. Com essas
informações, os pontos de parada foram marcados nas 7 cartas
topográficas, escala 1:150.000, utilizadas pelo grupo e contendo
informações do uso do solo e curvas de nível. As cartas referem-se às regiões de:
Rio Preto (MG), Bananal (SP) e Itaguaí, Mangaratiba, Ilha Grande, Angra dos Reis e
Resende, no Estado do Rio de Janeiro. Em determinados pontos foi estudada a
orientação (sentido) e angulação dos dobramentos, típicos da região, utilizando
uma bússola capaz de mensurar o DIP e Strike dos relevos. Em outros pontos,
também foi utilizado um martelo geológico para fracionar as rochas dos locais e
assim conhecer melhor a estrutura mineral da rocha e do relevo da região.

3. Dia 1: Angra dos Reis - RJ a Bananal- SP

Essa seção versa dos pontos 1 - 5, visitados no dia 18/11/2022. O grupo saiu
da Ilha do Fundão aproximadamente às 9h da manhã e viajou via BR-101 no
trecho Rio-Santos até o município de Angra dos Reis, e então a rota foi desviada
para o município de Bananal, onde o grupo pernoitou até o dia 20/11/2022.
3.1. Ponto 1: Rodovia BR-101, Nuclep

Coordenadas UTM23S (X,Y): (061,9705 , 7468,746). Erro: +- 3m;


Altitude: 17m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia BR-101 (Rio-Santos), km 186, Parada Costa Verde, em frente
ao Nuclep.
Carta Topográfica: Itaguaí

Esse ponto foi introdutório para apresentar as cartas utilizadas, o mapa


geológico, a metodologia do campo e como se dá a utilização do GPS. No mapa
geológico, regiões em vermelho são de rochas tipo granito e granitóides, comuns
ao longo do campo. Também foi apresentado como o relevo desta região
brasileira foi influenciado por dobramentos, também comuns no campo.
Esse ponto beira a Serra do Mar, na altura da Serra de Mangaratiba. Frente a
ela, é um ponto de baixa altitude na região em contraste à Serra do Mar,
contornada por depósitos flúvio-marinhos típicos das regiões mais baixas. Neste
tipo de depósito há predominância de argila mole, tipo de solo que não é propício
para construção civil, necessitando de aterramento de encostas. Pôde-se perceber
o corte para aterro e onde se dá o aterro em si. Apesar de ser um depósito devido
à cota mais baixa, não é uma bacia sedimentar, por não ter formato côncavo para
concentração dos sedimentos.
De um lado da rodovia podia-se perceber o aterramento e a planície
flúvio-marinha, e de outro, uma escarpa da Serra do Mar. A escarpa foi formada a
partir de orogênese, assim como a maioria do relevo do Estado do Rio de Janeiro.
A orogênese levou à compressão do relevo em mergulho sentido SE-NE, com
orientação NE-SO. Neste ponto não houve subsidência, apenas embasamento,
em que ocorreram depósitos em diferentes áreas ao longo do litoral, em
decorrência de variações do nível do mar.

3.2. Ponto 2: Rodovia BR-101, Itacuruçá

Coordenadas UTM23S (X,Y): (0612.724 , 7465.555). Erro: +- 3m;


Altitude: 47m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia BR-101, Itacuruçá, ao lado do Posto BR e em frente ao Porto
de Sepetiba e às Ilhas Jaguaruna e Madeira.
Carta Topográfica: Itaguaí
Neste ponto pudemos ver melhor a baixada que recebe os sedimentos das
escarpas que formam os vales, o depósito flúvio-marinho e sua vegetação típica
de manguezal. O ponto em si era em um solo de aterro, sobre sedimentação
flúvio-marinha acima de embasamento ígneo-metamórfico - também típico
desta região do Rio de Janeiro e Serra do Mar. Foi explicado que atualmente
estamos em um período interglacial e as oscilações relacionadas a isso também
levam à variações no nível do mar em que no glacial anterior, o nível do mar era
bem superior. No período quaternário, já ocorreram cerca de 6 ou 7 oscilações.
Ainda, foi explicado que quanto maior a energia do mar, logo, maior agitação,
maiores e mais pesados os sedimentos do litoral - muitas vezes arenoso; mais
calmo o ambiente marinho, os sedimentos tendem a serem pequenos, finos e
argilosos - configuração comprovada no solo do mangue. Este padrão observado
na Serra do Mar acontece pelo menos desde o Estado da Bahia até a Região Sul
do país.
A formação do relevo data de 1,8 bilhão de anos, havendo soerguimento
por orogênese na região. Esta parte da crosta terrestre ficava em outra parte do
planeta e se chocou com outro continente, levando ao processo de dobramento e
então orogênese: parte da placa tectônica afunda, se funde e a rocha fundida pelo
magma soergue, dando origem à rochas metamórficas e ígneas. O topo
soerguido, com o tempo, passa pela erosão. Foi mostrado no mapa geológico que,
em azul, são onde as rochas que já existiram e se intemperizam. Também, que as
bacias de Campos e de Resende, são bacias oriundas de um rift, assim como o
Oceano Atlântico Sul entre a América do Sul e África se formou através da
expansão de um rift oriundo da separação entre os continentes.
Por fim, na paisagem vimos a cicatriz de um deslizamento, provocado a
partir de um corte no morro para empréstimo de aterramento, impulsionado pela
alta pluviometria na região. Isso resultou em um depósito de colúvio. A contenção
é feita por muros de gabião.

3.3. Ponto 3: Rodovia BR-101, Deslizamento de Mangaratiba

Coordenadas UTM23S (X,Y): (596,237 , 7462,337). Erro: +- 3m;


Altitude: 71m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia BR-101, deslizamento na estrada em Mangaratiba.
Carta Topográfica: Mangaratiba.
Este ponto foi após passarmos por Mangaratiba, em uma curva onde um
canal de 1a ordem cruza a estrada. Foi mostrada as curvas de nível da escarpa e
como os sedimentos dele cruzam a rodovia. Ainda, foi explicado que as curvas do
curso dos rios criam concavidades. Este ponto foi em frente a um deslizamento
que formou um depósito. Os sedimentos são de granito típico (sintectônica, no
caso, pós-tectônica), de rochas de quartzo, feldspato e biotita. A rocha é em geral
homogênea, mas formada por diferentes grãos espalhados, mas de tamanho
próximo (equigranular) e isotônica. É uma rocha comum. Quando deformada
(foliação), pode ser ortogonal, passando a chamar-se ortognaisse. Gabriela
Pedroso, membra do grupo, usou o martelo geológico para quebrar uma rocha de
granito, momento o qual o professor desenvolveu as explicações supracitadas.
A forma côncava do relevo indica a formação de um colúvio - uma zona
deposicional - e acima dele, a ocorrência do granito.
Ao chover, a água infiltra o depósito e forma nível d'água ou nível freático.
Ao subir, gera pressão d’água sobre o solo, logo, o granito também exerce pressão
sob o depósito. Isso gera uma movimentação do solo  da parte de cima para baixo,
milímetros ou até grandes deslizamentos. É uma movimentação lenta, mas que
em eventos torrenciais pode geral um movimento global (rompimento de
grandes frações) e assim, o deslizamento. Onde estamos foi feito uma cortina
ancorada para conter o deslizamento e proteger a estrada. O parafusamento dos
tirantes (de 30 a 40 m) na cortina aumenta a resistência e pressão na encosta para
contê-la, a partir da compressão do solo, mantendo-o estático, procedimento
chamado de carregamento. A cortina também conta com drenos subterrâneos,
que, escoando parte da água, reduzem a pressão da coluna d'água na encosta.
Essa técnica chama-se dreno horizontal profundo em cortina ancorada. Além dos
drenos usam-se os barbacãs, que são furos na parede de concreto, que fazem a
drenagem d'água em menor escala.

3.4. Ponto 4: Trevo de Cunhambebe

Coordenadas UTM23S (X,Y): (571,898 , 7455,790). Erro: +- 3m;


Altitude: 33 m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia BR-101, apêndice da Rodovia Rio-Santos.
Carta Topográfica: Angra dos Reis.

Neste ponto vemos terrenos repletos de escarpas, morros menos íngremes


e terrenos planos. Os terrenos mais caros são os planos, em decorrência do sítio
urbano ser estreito e da periculosidade de se viver em terrenos inclinados na
região de Angra dos Reis, onde ocorrem deslizamentos com relativa facilidade. Os
deslizamentos são uma junção do relevo íngreme, solos delgados e alta
pluviometria da região. Isso é comum de tal forma que se vêem diversas cicatrizes
de deslizamentos e afloramentos rochosos. O resultado é uma configuração
populacional de baixa renda, em um processo local de favelização.
Os depósitos nos vales acumulam água e junto da sedimentação da rocha,
essa pressão toda pode gerar creeks ou rastejos. Os creeps são indicadores de um
futuro rompimento ou deslizamento e na Rodovia Rio-Santos pode-se ver
dezenas desses por suas características geológicas e morfoclimáticas. Com 17º já
é comum a ocorrência de creeps; com 30º passa a se ocorrer mais deslizamentos
translacional raso, com afloramentos rochosos expostos por conta do
intemperismo; as escarpas, de relevo mais inclinado (aproximadamente 70º),
passa com mais facilidade pelo processo de quedas de rocha. A diferença de
encosta e colina foi explicada como sendo a encosta inclinações no relevos, de
diferentes declividades, e a colina: encostas de baixa declividade.
Localmente, aconteceu um creep na comunidade de Sapinhatuba em que
as casas começaram a trincar. Uma forma de contornar este problema é buscar
abaixar o nível d’água através da instalação de drenos. Ou o retaludamento que é
o aplanamento de diferentes curvas de níveis, como monções, para reduzir
deslizamentos. Essa técnica foi aplicada no Morro do Tatu, próximo ao ponto 4.
Outra técnica é o uso de concreto projeto, que sendo relativamente simples, é
usado com viés eleitoral. Vê-se uma relação íntima entre a população que reside
no morro e o morro em si. Ambos carregam cicatrizes e marcas dos
deslizamentos, como o que ocorreu no Morro da Carioca em um dos morros de
Ilha Grande, em que morreram 28 e 30 pessoas respectivamente.

3.5. Ponto 5: Entrada da Usina Nuclear de Angra 3.

Coordenadas UTM23S (X,Y): (555,339 , 7455,949). Erro: +- 3m;


Altitude: 43m. Erro: +- 3m.
Local: Entrada e estacionamento da Usina Nuclear de Angra 3, Ponto de
Monitoração E-10
Carta Topográfica: Angra dos Reis.
Este ponto é frente a um colúvio que, para evitar quaisquer possíveis danos
à usina ou ao acesso à ela, foram feitas, gradativamente, obras de engenharia civil
e geotécnicas. Vê-se nas fotos o retaludamento e uma cortina ancorada com
tirantes de 80m e drenos horizontais profundos e barbacãs. São instalados
tirantes com placas de metal que comprimem o solo, e estes também servem
para proteger o painel da corrosão.

São pintados pontos de monitoramento na cortina em amarelo e usam-se


ringulos para medir a distância entre pinos e assim verificar se houve
deslocamento de partes do solo. Os drenos precisam de limpeza constante. Com
a alteração da vazão d’água antes e após a limpeza, pode-se estimar se a
quantidade de drenos está adequada. Caso a vazão siga alta, o nível freático está
alto e deve-se aumentar a quantidade de drenos. A usina de Angra 3 chegou a ter
30 mil funcionários por dia e a obra teve um orçamento aproximado de R$150 bi.
Esse é o único acesso da usina, então é uma área de muita importância,
tanto estratégica e militar, quanto para segurança local, e por isso é também
muito observada. Episódio que ilustra isso foi abordagem de um dos seguranças
na tentativa de alçar voo com o drone. Outro aspecto que ilustra essa importância
foi a realização de estudos geológicos e geotécnicos em que o professor Avelar
participou, ensaiando riscos e perigos geológicos para o complexo das usinas
nucleares de Angra dos Reis. Este procedimento foi comum no mundo todo após
os incidentes na usina nuclear de Fukushima.

4. Dia 2: Bananal - SP e região

Essa seção versa dos pontos 6 - 12, visitados no dia 19/11/2022. Neste dia, nos
debruçamos a estudar as formações geomorfológicas próximas ao vilarejo de
Bananal - SP, assentamento criado e gradativamente abandonado conforme
ápice e declínio do ciclo do café. A conformação fitogeológica de hoje é
evidentemente fruto do esgotamento dos recursos naturais, e suas
consequências, em decorrência da monocultura do grão. A população é estimada
hoje em 11.039 habitantes (IBGE, 2021).

4.1. Ponto 6: Rodovia SP-068 ou Rodovia Bananal-Arapeí

Coordenadas UTM23S (X,Y): (568,156 , 7491,085). Erro: +- 3m;


Altitude: 514m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia Bananal-Arapeí, parede escarpada com altar de Nossa
Senhora.
Carta Topográfica: Bananal. Datum antigo: Córrego Alegre.
Mergulho (DIP): 320/30; Strike 30, noroente NE-SO.

Este ponto foi em frente a um paredão rochoso. Sua composição é de uma


rocha metassedimentar que era estratificada até passar por um processo de
dobramento, porém sua foliação ainda é bem demarcada. Essa caracterização se
dá por ser originalmente metamórfica até passar por processos erosivos que a
transformaram em rochas sedimentares. Também, a rocha encontrada é intrusiva,
o que significa que intrudiu em rochas preexistentes. Depois da formação dos rifts
no litoral, as bordas do continente - tal qual nesta região - foram subindo por
epirogênese. Essa rocha como um todo é mais antiga que as do dia anterior,
tendo sua datação em cerca de 1,3 bilhão de anos.
As foliações da rocha podem ser medidas para entender como a
organização interna da rocha e o relevo a nível regional se relacionam. A partir daí,
utilizamos uma bússola específica para mensurar o DIP (ou mergulho) e o Strike
(orientação) do relevo. Fazendo isso para múltiplos pontos de afloramentos
rochosos, pode-se criar o mapa geológico tal qual apresentado pelo professor no
Ponto 1. O strike, como medida da orientação do relevo, é útil para estimar por
onde correm os rios no relevo: em geral, ao longo do Strike. Os Strike auxiliam a
determinar onde situam-se os divisores d’água.
As rochas observadas no dia anterior eram similares, mas ígneas. Nesta, o
magma recristalizou de forma diferente, porém a mineralogia é a mesma. A rocha
em questão é a biotita gnaisse, rocha formada à alta temperatura e pressão - por
isso chamada de alto grau. Foi recristalizada em estado sólido e sua foliação se dá
por ter sofrido tensões tectônicas que impuseram essa foliação específica. A rocha
possui várias fraturas, em parte, por que o ponto em questão é fruto de uma
escavação para a construção da Rodovia SP-068; porém, também por conta da
percolação da água pela rocha que leva o ferro na biotita a oxidar, tornando-se
Ferro+3. Conforme a água entra ocorre intemperização.
Foi medido novamente o DIP, agora em uma fratura: 210/90.

4.2. Ponto 7: Rodovia SP-068, Fazenda Fortaleza

Coordenadas UTM23S (X,Y): (564,348 , 7488,922). Erro: +- 3m;


Altitude: 563m. Erro: +- 3m.
Local: Rodovia Bananal-Arapeí, Fazenda Fortaleza, em frente a uma
voçoroca.
Carta Topográfica: Bananal.

Ponto na bacia do Rio Fortaleza. O Rio Bananal é o mais importante


regionalmente. Neste ponto havia casas em patamar superior ao rio, nos
chamados terraços. Os rios, ao se rebaixar, levam ao rebaixamento do relevo
também. O vale é erodido até que o relevo se reajusta ao rio. Os resíduos são
terraços deposicionais, as antigas planícies de inundação do rio.
A voçoroca é formada por um processo similar. Quando o rio se rebaixa, a
água começa a aflorar do solo como produto do processo de piping
(entubamento). A água extravasa no delta de onde ocorre o rebaixamento. O
piping é similar a um tubo dentro do solo que conforme avança, colapsa-o,
formando a voçoroca. Conforme a voçoroca avança, aproxima-se do divisor de
água e o corta, em um processo chamado de roubo de canal ou captura de
drenagem.
A voçoroca é um fator de grande instabilidade no solo e insegurança para
construções civis e assentamentos humanos como estradas e moradias. A
voçoroca gera instabilidade no solo e também associa-se a deslizamentos e
quedas de rochas.
Também foi visto na parte superior planos verticais, que tratam-se de
fraturas que trazem água da Serra da Bocaina e a exfiltra na bacia do Rio
Fortaleza. Como a rocha que forma o relevo da região é bem dura, a única forma
da água atravessá-la é por fraturas.

O domínio do relevo na região deste ponto em direção à Serra da Bocaina


foi caracterizado como domínio de colinas convexo-côncavas, tornando-se
domínio montanhoso conforme se aproxima desta serra.

4.3. Ponto 8: Divisor interno do Rio Fortaleza

Coordenadas UTM23S (X,Y): (564,020 , 7488,922). Erro: +- 3m;


Altitude: 658m. Erro: +- 3m.
Local: Alto de uma colina no divisor interno da bacia do Rio Fortaleza.
Carta Topográfica: Bananal.
Aqui foi explicado que o Rio Bananal é tributário do Rio Paraíba do Sul, um
dos maiores e mais importantes da região sul-sudeste brasileira. Assim, conforme
o Rio Paraíba do Sul entalha, há a tendência de ocasionar os ajustes nos rios
tributários.
Em relação ao histórico da área, esta era totalmente coberta por vegetação
nativa (floresta densa), contudo, com a chegada dos portugueses e a exploração
da terra para o plantio de café - 1730 a 1780 foi o auge do Café-, o horizonte antes
fértil (serapilheira, horizontes 0 e A) foi degradado e carreado para o fundo de vale.
Após isso, a área passou a ser utilizada como pastagem para gado e, como é
possível observar na foto, plantio de eucalipto. Foi informado pelo docente André
Avelar que o lençol freático neste ponto é bastante profundo e, para repor o
horizonte fértil, seria necessário um plano de manejo bem elaborado com a
introdução de espécies pioneiras, tardias e depois de clímax. Uma vez que o Vale
do Paraíba tem baixa rentabilidade e para se recuperar 1 ha seriam necessários
em torno de 5 mil dólares (dados passados pelo professor), este não é um cenário
viável. Atualmente o solo é bastante ressecado e pobre em nutrientes.
Ainda, foi possível observar que na frente do ponto há a presença de
domínio côncavo-convexo, como mencionado no ponto anterior. No entanto,
atrás há o domínio de encostas mais íngremes (montanhas) e também é possível
visualizar ao fundo a Serra da Mantiqueira.
4.4. Ponto 9: Campinho

Coordenadas UTM23S (X,Y): (567.823, 7495.406). Erro: +- 3m;


Altitude: 452m. Erro: +- 3m.
Local: Antiga planície de inundação do Rio Manso
Carta Topográfica: Bananal
Esse foi mais um ponto da bacia do rio Rio Fortaleza, onde analisamos um
de seus tributários, o rio Manso. Ponto é uma antiga planície de inundação do Rio
Manso, já que esse passou por processo de entalhamento, deixando uma planície
de terraço e caracterizando um domínio de colinas.
Ao longo da estrada foram observados alguns cascalhos diferenciados, que
foram classificados como resíduos de alto forno, já que as sobras da borra do aço,
as escórias, são reaproveitadas para cascalho de estrada.

Uma vez que o terraço é fluvial foi formado a partir de sedimentos fluviais, o
solo do local é constituído de argila e areia de rio. Foi realizado um teste no local
com um pedaço argiloso no solo, no qual o docente André Avelar encostou a
língua na rocha, o que resultou em uma aderência. Esta aderência é uma
confirmação de que o solo era de fato argiloso, uma vez que a argila tem alta
plasticidade e propriedades iônicas com carga. Ainda, com o aumento da
umidade, a argila vira lama, portanto, quando chove o local possui baixa infiltração
e fica empoçado.
Ainda, nesse local foi possível observar o processo de piping e também os
sedimentos aluvionares, que são típicos de planícies de inundação. Quanto maior
a energia do corpo hídrico, mais fino será o sedimento aluvionar. Vimos também o
aluvião, que sempre possui uma área erodida e uma área de deposição.
4.5. Ponto 10: Rio Piracema

Coordenadas UTM23S (X,Y): (571,570 ; 7499,834). Erro: +- 3m;


Altitude: 438m. Erro: +- 3m.
Local: Planície de inundação do rio Piracema
Carta Topográfica: Bananal

Nesse ponto vemos um rio bastante eutrofizado. O material sedimentar


que se torna visível no rio teve origem na bacia em um momento geológico em
que o rio se localizava em uma cota superior, antes do entalhamento. A superfície
exposta continuou recebendo água, que foi exfiltrando e levando sedimento para
o rio, principalmente, intensificando o processo de piping que colapsa.
Também observamos nesse ponto uma voçoroca coberta por vegetação.
Isso significa uma estabilização da voçoroca, que chegou no mesmo nível do rio. A
voçoroca avançou até bem perto do divisor, porém, não realizou a captura.
Para controlar os processos erosivos, nesse ponto foram instalados 30
piezômetros e 10 indicadores de nível d’água.

4.6. Ponto 11: Vale Afogado

Coordenadas UTM23S (X,Y): (566,865 ; 7490,115). Erro: +- 3m;


Altitude: 566m. Erro: +- 3m.
Local: Transição do domínio de colinas
Carta Topográfica: Bananal

No ponto do Vale Afogado, vemos uma transição do domínio de colinas


para montanhas. O Vale se encontra com muitos sedimentos que tem origem na
encosta superior, onde se localiza a montanha. Os sedimentos são retidos,
formando um solo saturado. Uma característica importante é que esse se trata de
um ambiente redutor, já que o solo, por estar alagado, não está recebendo
oxigenação, gerando a característica avermelhada dos latossolos.
5. Dia 3: De bananal até Rio Preto - MG

No terceiro dia de campo partimos novamente de Bananal, nos


debruçando a verificar principalmente os rebaixamentos dos corpos hídricos e as
voçorocas consequentes. Ao final das atividades de campo, nos dirigimos para Rio
Preto - MG.

5.1. Ponto 12: Vale Rebaixado

Coordenadas UTM23S (X;Y): (565,955 ; 7491,032). Erro: +- 3m;


Altitude: 510 m. Erro: +- 3m.
Local: Afloramento de rocha no Vale rebaixado, situado a montante do
ponto 11.
Carta Topográfica: Bananal

Aqui temos um afloramento de rocha (knickpoint, diferentes níveis de base


local), que é um ponto que a erosão do vale avançou e encontrou uma 
resistência. Acima do afloramento há um outro vale, independente do à jusante,
impedindo que erosão avance.
O Rio Manso estava em cima e erodiu abaixando cerca de 20m, o que
causou o rebaixamento do rio que passa aqui hoje. Assim, caso o knick point não
existisse e ocorresse uma transição contínua entre as diferentes alturas, ocorreria
maior erosão na direção do transporte de sedimentos do vale do ponto 11.
Nesse ponto, vemos também um deslizamento rotacional, que demonstra
a tentativa de estabilização do solo.
5.2. Ponto 13: Campo Alegre

Coordenadas UTM23S (X;Y): (559.230 ; 7498.673). Erro: +- 3m;


Altitude: 595m. Erro: +- 3m.
Local: Captura de drenagem Campo Alegre
Carta Topográfica: Bananal
Nesse ponto vemos a captura da drenagem através do avanço da voçoroca.
À medida que o rio Barreiro entalhou, a voçoroca surgiu e avançou, capturando
drenagem do Rio Campo Alegre e rompendo o divisor de água. O surgimento de
um novo divisor de vales, causa uma inversão do relevo a partir da mudança de
declividade.

5.3. Ponto 14 Estrada Arapeí-Resende

Coordenadas UTM23S (X,Y): (556,677 ; 7500,177). Erro: +- 3m;


Altitude: 585 m. Erro: +- 3m.
Local: Estrada Arapeí-Resende, Bacia do Rio Sesmarias
Carta Topográfica: Bananal

Este ponto é marcado por uma faixa de dutos e está localizado na Bacia
Sesmarias. A faixa de dutos é composta por dois gasodutos e um oleoduto, que
atravessam divisores e não permitem a presença de vegetação acima, uma vez
que raízes poderiam afetar os dutos. Estas faixas são constantemente
monitoradas a fim de se prevenir possíveis danos.
O local é uma Fazenda de Eucaliptos, portanto, há a presença de plantio de
eucaliptos nas duas laterais da faixa de dutos. O eucalipto é plantado com
enfoque na venda de celulose e possui ciclo de 7 anos, com rebrota 3 vezes após
estes ciclos e, ao final, os eucaliptos são arrancados pela raiz. Esta faixa de
eucalipto não pode pegar fogo, uma vez que se perderia toda produção de
celulose, desta forma, há o controle bem estruturado de monitoramento contra
incêndio.

5.4. Ponto 15: Rio Sesmarias

Coordenadas UTM23S (X,Y): (554,494,7505.364). Erro: +- 3m;


Altitude: 441 m. Erro: +- 3m.
Local: Rio Sesmarias.
Carta Topográfica: Resende

Nesse ponto observamos o rio Sesmarias. Foi explicado pelo professor que
o rio está na sua vazão de base. Para medir a vazão do rio, é preciso usar o seu
trecho rápido, podendo ser realizada uma curva chave.
Neste ponto também ocorreu o mergulho no rio, conforme apresentado na
imagem abaixo.
5.5. Ponto 16: Estrada Arapeí-Resende

Coordenadas UTM23S (X,Y): (554,892 ; 7512,956). Erro: +- 3m;


Altitude: 434 m. Erro: +- 3m.
Local: Estrada Arapeí-Resende, próximo a cidade de Resende.
Carta Topográfica: Resende

A região é formada pela bacia sedimentar de Resende de fisionomia


aberta, que outrora foi domínio de colinas. O relevo é tubular com sua extensão
aplainada, possui fundo de vale suavizado e algumas colinas de pouca inclinação
(15 graus), configurando uma área de fácil ocupação.
A área se desenvolveu a partir do gado leiteiro e teve sua expansão pela
Dutra, possui solo mais caro e padrão construtivo mais elevado. A partir no ano de
2010 começou o processo de verticalização e a cidade passa por um crescimento
econômico pujante.
Ocorreu um Rift na zona de subsidência que originou a bacia sedimentar
de Resende, assim como as bacias intracontinentais também, e houve a formação
de depósito fluvial entrelaçado. Os rios são largos e, a partir de chuvas torrenciais,
trouxeram seixos, o que acarretou na formação de níveis de seixos observados na
figura abaixo.
As características do rio são típicas de um rio de clima semi-árido, com chuvas
raras. Por fim, é possível observar que a maioria dos seixos possuem formato
arredondado e são de quartzo (baixa intemperização).

6. Dia 4: Redondezas de Rio Preto e retorno

No último dia de viagem, a turma acordou em Rio Preto e se dirigiu para o


campo prontos para retornar ao Rio de Janeiro após o almoço. Neste dia de
campo, pudemos observar os meandros dos rios evoluírem em cavernas e ter
bom parâmetro de comparação das evolução da vegetação desde a Serra do Mar,
típica da Mata Atlântica, para vegetação de ecótono, transição da Mata Atlântica
com Cerrado.

6.1. Ponto 17: Estrada rio preto-funil

Coordenadas UTM23S (X,Y): (619,859 ; 7560, 864). Erro: +- 3m;


Altitude: 749 m. Erro: +- 3m.
Local: Meandros do Córrego São Lourenço
Carta Topográfica: Rio Preto

A Serra do Funil é um pedaço da Serra da Mantiqueira. As rochas que


vemos daqui são rochas metassedimentares formadas por dobramentos, de
forma que aplicam -se conjuntamente ao Paraíba do Sul como na bacia de
Resende.
Temos próximo ao local os rios São Lourenço e Santana. No ponto
observado, visualizamos um gnaisse (metamórfica), com quartzos e quartzitos,
sendo este o relevo predominante na região.
É uma área de transição do domínio de colinas para de montanhas. O
dip/strike observado no ponto é de 160/50. Isso significa um mergulho de 50° para
um sentido de 160° .
O Córrego São Lourenço corre em formato de “S”, sendo assim um rio
meândrico, e faz curvas para o leste. Os meandros do curso d'água só acontecem
quando tem gradiente de velocidade baixa. O gradiente de velocidade baixo
também leva a deposição de sedimentos. Provavelmente há um knick point que
controla a erosão. A erosão só acontece quando não consegue encalhar, e isso
pode ocorrer com a presença de rocha.
O córrego encontra-se no sentido do dip (canal de dip), característica
comum no RJ, em que os rios correm entre os vales dos dobramentos.

6.2. Ponto 18: Estrada rio preto-funil

Coordenadas UTM23S (X,Y): (618,731 ; 7563,913). Erro: +- 3m;


Altitude: 982 m. Erro: +- 3m.
Local: Crista da Serra do Funil
Carta Topográfica: Rio Preto

No ponto da Crista da Serra do Funil, temos um domínio de quartzito,


formado por sedimentos que se transformaram em argila e posteriormente se
recristalizaram. Essa argila era caracterizada por muito alumínio e ferro.
Devido à presença marcante de quartzito, a paisagem é caracterizada por
vegetação de pequeno porte, já que a fertilidade é baixa.
Um fato marcante do quartzito é sua pouca intemperização. Ele vai
sofrendo intemperismo químico, em que as rochas são solubilizadas. Devido a
baixa solubilidade, o solo demora milhões de anos para perder massa. Quando
perde, forma-se um relevo cárstico.
Ao contrário de Bananal, que possui principalmente relevos
intemperizados, Rio Preto tem um comportamento geomorfológico denominado
como hidrogeoquímico.
Devido ao maior diâmetro dos materiais e sua alta condutividade, o solo
também é conhecido pela sua alta capacidade de infiltração.

6.3. Ponto 19: Estrada rio preto-funil

Coordenadas UTM23S (X,Y): ( 614,784 ; 7565,787). Erro: +- 3m;


Altitude: 894 m. Erro: +- 3m.
Local: Entrando na localidade do Funil
Carta Topográfica: Rio Preto

As fraturas que vemos no quartzito orientam o escoamento do rio. O solo


arenoso que encontramos vem desse quartzito intemperizado. O quartzito aqui é
oriundo do arenito. O arenito é formado por grãos de areia, em grande parte de
quartzo. É formado por deposição de sedimentos de quartzo, que se submetidos
a certas condições de temperatura e pressão podem se metamorfizar em
quartzito.
Como o grão de quartzo é muito coeso, quando sofre o intemperismo que
o dissolve quimicamente, logo quando esse processo acontece, a degradação do
restante da Rocha resulta na perda de coesão, o que ocasiona a formação do
condutor.Assim, aumentando a solubilização, aumenta-se o condutor, o qual
possivelmente pode formar argila

7. Considerações Finais
Com os 4 dias de viagem em campo, foi possível materializar as teorias
aprendidas em aulas e criar diversos sentidos para as paisagens. Para um
profissional na área ambiental, a experiência em campo é um fator sem medidas
que, por vezes, se torna negligenciado durante a formação acadêmica.
A viagem também é de extrema importância para entender as
transformações do relevo por atividades antrópicas e como as consequências
dessas transformações podem ter resultados catastróficos, como são os casos dos
frequentes deslizamentos em Angra dos Reis. Também foi possível visualizar em
outras proporções os desafios e oportunidades dos profissionais ambientais.

8. Referências Bibliográficas

IBGE. Cidades e Estados - Município de Bananal - SP.


https://ibge.gov.br/cidades-e-estados/sp/bananal.html

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