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CURITIBA
2006
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CURITIBA
2006
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AGRADECIMENTOS
Agradeço especialmente meu pai Henrique Koehler por todo tipo de ajuda
nesta importante fase da vida e por acreditar e investir na minha formação. Valeu
pai! Agradeço também a minha mãe Celina Wisniewski pelos ensinamentos e
incentivo para a conclusão do trabalho e à Luciana pelo amor e companheirismo.
Agradeço ao amigo e companheiro Marcos Alves, pela sua atitude positiva e
pelas divertidas experiências passadas em Rio Branco. E também por me ensinar e
incentivar na utilização das técnicas de Sistemas de Informação Geográficas.
Agradeço ao meu orientador professor Dr. Everton Passos pela
disponibilidade e atenção na fase final do trabalho. E ao professor Dr. Maurício
Noernberg e o Msc. Clécio Quadros do Centro de estudos do Mar, pelo apoio na
fase de levantamento de campo.
Agradeço especialmente a todos os amigos do grupo “Na Trilha do Mar”
(Paula, Luciana, Alexandre, Cássio, Juliane, Marcela, Tami, Birigui, Luana, Lica e
também à Mercedes Wella) pelos grandes e divertidos momentos de aprendizagem
e experiências que compartilhamos juntos e que motivaram a realização deste
trabalho.
vi
SUMÁRIO
RESUMO.....................................................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................1
2 REVISÃO DE LITERATURA...................................................................................5
2.1 CONSERVAÇÃO DA NATUREZA.........................................................................5
2.1.1 Espaços Protegidos e Unidades de Conservação...................................6
2.1.2 Legislação Ambiental Incidente Sobre Restingas....................................8
2.2 GEOMORFOLOGIA DAS RESTINGAS.................................................................9
2.2.1 Aspectos Geomorfológicos Locais........................................................11
2.3 ECOSSISTEMA DE RESTINGA..........................................................................13
3 ÁREA DE ESTUDO...............................................................................................16
3.1 HISTÓRICO..........................................................................................................16
3.2 CARACTERÍSTICAS NATURAIS.........................................................................16
4 METODOLOGIA....................................................................................................20
4.1 LEVANTAMENTO DE CAMPO............................................................................20
4.2 PROCESSAMENTO DOS DADOS......................................................................21
4.3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS...............................................................................22
5 RESULTADOS.......................................................................................................25
5.1 DIAGNÓSTICO DE USOS...................................................................................25
5.1.1 Considerações Gerais............................................................................25
5.1.2 Diagnóstico Setorizado...........................................................................28
5.1.3 Sumário..................................................................................................45
5.2 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS...............................................................................45
5.2.1 Descrição................................................................................................45
5.2.2 Síntese dos Impactos.............................................................................51
6 DISCUSSÃO..........................................................................................................55
6.1 CONSIDERAÇÕES METODOLÓGICAS.............................................................55
6.2 DIAGNÓSTICO E IMPACTOS AMBIENTAIS......................................................55
6.3 CONFLITOS.........................................................................................................58
6.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................60
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................62
ANEXOS....................................................................................................................67
vii
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
manejo dos recursos naturais da área. Este plano deve ser elaborado no prazo de
cinco anos desde o estabelecimento da unidade, abrangendo toda sua área, sua
zona de amortecimento e corredores ecológicos. Deve estabelecer ainda medidas
que promovam a integração da unidade à vida econômica e social das comunidades
vizinhas.
Por fim, entre os aspectos do SNUC relevantes para a discussão deste
trabalho se encontra a questão da criação, implementação e gestão das unidades de
conservação. O processo de criação de uma unidade de conservação deve ser
precedido por estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a
localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade. Durante a fase
de consulta, o Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e
inteligíveis à população local e a outras partes interessadas.
Outro artigo dessa lei permite que em casos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implementação e manutenção de uma unidade de conservação de Proteção
Integral. Esse foi o caso da implementação do Parque Natural Municipal do Perequê,
em que a empresa Fospar S\A aplicou os recursos de compensação da construção
do seu terminal de fertilizantes no município de Paranaguá na criação desta unidade
de conservação.
a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei,
dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive
quanto ao uso dos recursos naturais”. Uma vez que a Resolução 002/1994 do
CONAMA considera a restinga como parte integrante da Mata Atlântica no Estado
do Paraná, esse ecossistema se encontra protegido pela Constituição.
O Código Florestal (Lei 4.771/1965) inclui no seu texto as restingas, como
fixadoras de dunas e estabilizadoras de mangues. A resolução 303/2002 do
CONAMA estabelece uma faixa mínima de 300 metros, medidos a partir da linha
máxima de preamar, como restingas de preservação permanente. Em nível
estadual, a Lei 7.389/1980, que dispõe sobre o uso do solo do litoral, proíbe
edificações numa faixa de 200 metros em torno de áreas lagunares e restingas.
Já o município de Pontal do Paraná, por intermédio de sua Lei Orgânica
(resolução 014/1997), considera área de proteção permanente mangues,
mananciais, praias, costões e mata atlântica. Além disso, os decretos de
implantação do Parque Natural Municipal (706/2001), reforçam a possibilidade legal
de controle sobre a área.
relictas que recobrem a plataforma continental. Areias de uma única fonte podem
predominar na constituição de cordões arenosos, porém na maioria dos casos
devem resultar da mistura de sedimentos arenosos de várias fontes. No sudeste as
escarpas cristalinas são um importante contribuinte. No restante do território, e de
forma predominante na configuração da costa brasileira estão as areias vindas da
plataforma continental.
b) Correntes de deriva litorânea: são correntes mais ou menos paralelas à costa,
originadas pela incidência oblíqua das frentes de ondas oceânicas na praia. Carrega
longitudinalmente o sedimento que se ressuspende com a arrebentação das ondas,
desempenhando uma função importante no transporte de areias de várias fontes. Os
sentidos predominantes das correntes podem ser inferidos a partir de indicadores
geomorfológicos, sendo que em muitos trechos da costa brasileira a direção desta
corrente é de sul para norte.
c) Variações no nível relativo do mar: alguns ciclos ocorridos no período do
quaternário foram bem documentados e indicam uma emersão nos últimos 5100
anos para a costa brasileira, sendo importante na compreensão dos processos de
sedimentação ocorridos no Holoceno. A progradação acelerada das planícies rumo
ao mar aberto ocorreu principalmente por acrescência lateral de cordões litorâneos
regressivos. Ocorre uma perturbação do perfil de equilíbrio da zona litorânea com o
abaixamento do mar e as ondas provocariam a transferência de areias da
plataforma. Outras areias podem ser empilhadas por ondas de tempestade,
formando sucessivos cordões litorâneos.
d) Armadilhas para a retenção de sedimentos: são obstáculos que podem causar a
acumulação de sedimentos em transporte paralelo à costa. Geralmente se
apresentam na forma de: zonas reentrantes da costa (formam praias em forma de
enseada no interior de baías ou esporões na entrada); Ilhas ou baixios litorâneos em
zonas de energia; presença de desembocaduras fluviais (o jato funciona como
molhe hidráulico, impedindo a continuação do transporte, bloqueando as areias).
Este fator explica as discrepâncias nas configurações das planícies costeiras que
sofreram variações uniformes do nível do mar, pois em lugares onde as armadilhas
estão presentes as planícies são mais desenvolvidas. Flutuações do nível marinho
durante o quaternário foram muito importantes na evolução das planícies costeiras
11
3 AREA DE ESTUDO
3.1 HISTÓRICO
O Parque Natural Municipal do Perequê fica localizado em Pontal do Paraná e
compreende duas unidades ambientais distintas: uma área de manguezal no
balneário de Pontal do Sul; e uma área remanescente de restinga ao longo da orla
do município. A primeira proposta de criação de uma unidade de conservação surgiu
em 1996 por sugestão de profissionais do Centro de Estudos do Mar (CEM) da
UFPR, com o objetivo de proteger estes ecossistemas da especulação imobiliária
crescente. No ano de 1999 foi publicado um decreto municipal estabelecendo a área
como reserva biológica - categoria de unidade de conservação excessivamente
restritiva. Em 2001 a Prefeitura de Pontal do Paraná, por sugestão do IBAMA,
reenquadrou a área sob a categoria de Parque Natural Municipal (decreto n° 706 de
2001). Ao final deste ano foi firmado um convênio entre a prefeitura municipal, CEM,
FUNPAR (Fundação da Universidade Federal do Paraná) IBAMA e a empresa de
fertilizantes FOSPAR S.A. Esta aplicou recursos de compensação ambiental da
construção de seu terminal portuário em Paranaguá para a construção da sede do
Parque (no balneário de Pontal do Sul) e em subsídios para o desenvolvimento de
estudos técnicos e científicos visando a criação e implementação do parque.
Apesar de esforços realizados neste sentido, a unidade ainda não conta com
um plano de manejo e uma estrutura administrativa adequada. No ano de 2004,
outro decreto foi publicado, fornecendo base legal para a estruturação de um comitê
gestor para o parque. Esta entidade é constituída por diversos representantes de
atores envolvidos direta ou indiretamente com a unidade de conservação e desde
2005 vem executando importantes atividades para o cumprimento dos objetivos do
Parque.
4 METODOLOGIA
extensão de jardins; (d) paisagismo com espécies exóticas; (e) quadras esportivas;
(f) ocupações irregulares; (g) outras intervenções.
Durante a fase de levantamento de campo também foram observados, de
forma qualitativa, aspectos relacionados à diversidade de microhabitats de restinga
em diferentes áreas do parque, além da biodiversidade das comunidades vegetais e
da avifauna.
1
Material cartográfico obtido junto ao Conselho do Litoral - COLIT – Secretaria Estadual de Meio
Ambiente - SEMA.
² Mapas cedidos pela Secretaria Municipal de Urbanismo da Prefeitura de Pontal do Paraná.
22
Categoria de Impactos
intervenção Alterações ambientais
Por fim, a síntese dessas informações foi realizada por meio do mapa
temático de impactos. Seguindo uma adaptação da metodologia utilizada em
diversos trabalhos (GARCÍA-MORA, et al. 2001; WILLIAMS, et al. 2001), o Parque
foi dividido em quinze áreas iguais, sendo que para cada uma delas foram
calculados os pesos relativos ao impacto de cada categoria de intervenção. Foi
elaborado um checklist padrão, com sete itens correspondentes às categorias de
intervenção e diversas variáveis em cada item (ANEXO I) e os pesos relativos de
cada uso foram calculados em relação ao total possível. Utilizando estes pesos
relativos, foi calculada uma média ponderada, gerando um índice de impacto para
cada área, baseada na equação:
Im = Tr + Rc + Pg + Jd + Qd + 2Oc + Ou
7
5. RESULTADOS
¹ Estas observações foram realizadas com base em evidências (relógio COPEL, presença de fossas
para esgoto, carros novos estacionados em algumas casas), porém não confirmadas com entrevistas
ou abordagens do gênero.
28
Tabela 2 - Sumário dos resultados totais das intervenções antrópicas na área do Parque
parte de processos não unidirecionais. Para este trecho, são reportados tanto
eventos de erosão quanto acresção ao longo das últimas décadas (SOARES et al.,
1994; NOERNBERG et al., 2003; ANGULO, 1992, 2004).
A faixa de restinga é a mais larga de toda a área de estudo, com uma média
de 194 metros e comporta uma fisiografia mais complexa, com diversos
microhabitats (PEDROSO-JÚNIOR, 2003). Contém uma área total de 78,223 Ha,
sendo a mais estudada em relação às características naturais. Ainda estão
presentes os antigos cordões dunares, brejos entre cordões e algumas moitas no
extremo norte do setor.
De maneira geral é uma região com relativamente poucas intervenções
antrópicas. Dentre estas, as mais representativas em termos de área são as trilhas
de acesso, seguidas pelos alargamentos no contato com a praia e as quadras
esportivas (Tabela 3).
Este setor é representado por um único mapa (mapa 1) e existem 20 trilhas
de acesso, das quais 10 são utilizadas para o tráfego de veículos. As trilhas não tem
pavimentação, sendo que em muitas delas ocorre uma degradação das dunas
quando estas atingem a praia. Neste setor se encontram as trilhas mais largas do
parque (até 5m) e elevado trânsito e estacionamento de veículos durante o verão.
Existem oito ranchos de pescadores, distribuídos próximos às trilhas de
acesso e ocorrência de poucas quadras esportivas, jardins e paisagismo.
7.168.600
Pontal do Sul
7.168.300
7.168.300
*
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7.168.000
7.168.000
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7.167.700
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7.167.400
7.167.400
Oceano Atlântico
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b) Setor Barrancos
O setor recebe a denominação da uma vila de pescadores e balneário de
mesmo nome. Tem uma área total de 61,240 Ha e a largura média da faixa de
restinga é igual a 90 metros. Este setor encontra-se no trecho da costa classificado
por ANGULO (1993b) como oceânica, apresentando evidências de maior
estabilidade, com algumas variações sazonais. O setor é representado pelos mapas
2, 3 e 4.
Foram encontradas 25 trilhas de acesso, mais da metade pavimentados por
concreto ou lajota. Três acessos mais ao sul permitem a passagem de carros. Foram
verificados 7 ranchos de pescadores, agrupados em dois pontos: ao norte do
balneário Atami e em Barrancos. Existem 4 áreas marcantes de quadras esportivas
em grama, cimento ou terra com a vegetação roçada e a topografia alterada, além
de outras formas de intervenção como: posto salva vidas; outdoor; faixa de
coqueiros e outras espécies plantadas à beira-mar (Tabela 4).
Este setor abriga duas regiões com características distintas entre si:
No balneário de Atami, predominam alterações paisagísticas, quadras
esportivas e infra-estrutura como iluminação e bancos em toda a restinga. A
vegetação original foi suprimida e é cortada periodicamente.
Grande parte da área teve a sua topografia alterada por terraplanagens que
destruíram os cordões dunares, restando apenas as dunas primárias, mais recentes.
Esta intervenção é bastante extensa e muito evidenciada na Tabela 4, sendo as
trilhas e quadras um pouco menos pronunciadas. Paralelamente, a diversidade de
32
7.167.100
762.400 763.000 763.600
*
#
Balneário Atami
*
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7.166.800
7.166.800
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*
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*
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Posto Salva-vidas
7.166.500
7.166.500
Oceano Atlântico
7.166.200
7.166.200
*
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Outdoor
762.400
#
763.000 763.600
0
«
50 100 200
Legenda: Escala 1:5.000 Metros
Arruamento municipal Área terraplanada Trilha de acesso Sistema de projeção: UTM
Hidrografia Quadras esportivas Areia Mapa 2 - Atami - Setor Barrancos Datum Vertical: SAD - 69
Delimitação do Parque Espécies exóticas Bloquete Elaborado com dados de campo e mapa base municipal
* Ranchos de pesca
# Alargamento da trilha Lajota concreto
PARANACIDADE 1997 (arruamento e hidrografia).
7.166.000 761.200 761.600 762.000
7.166.000
*
#
7.165.600
7.165.600
Balneário barrancos
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7.165.200
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Oceano Atlântico
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7.164.800
7.164.800
0 50 100 200
Legenda: Escala 1:5.000 Metros
7.164.800
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7.164.000
Oceano Atlântico
*
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7.163.600
7.163.600
c) Setor Central
Este setor apresenta faixa de restinga com largura menor, com média igual a
69 metros e uma área total de 43,01 Ha. É representado pelos mapas 5,6 e 7. Neste
setor se localizam os principais balneários do município de Pontal do Paraná
(Shangri-Lá e Ipanema), altamente urbanizados e com grande afluxo de turistas
durante os meses de temporada. É classificado como costa oceânica (ANGULO,
1993b).
Este setor é o mais crítico em relação às ocupações irregulares para moradia
ou veraneio. Ao todo são 17 áreas com esta intervenção, somando 83 casas que
correspondem a uma área total de 46.103 m², somando as áreas alteradas ao redor,
assim como a delimitação dos jardins. Parte significativa de um loteamento irregular,
conhecido como Ipanema IV ocorre dentro do Parque nesta região. Existe uma
ocupação contínua com mais de 40 casas e dez bancas de pesca sobre a restinga.
A anteduna e o primeiro cordão dunar foram destruídos, com muitos ranchos de
pesca em seu lugar.
As intervenções antrópicas encontradas se concentram nos extremos do
setor, separados por uma faixa mais preservada onde existe a desembocadura de
um pequeno curso d’água a uma área adjacente, indicada como ZPA (PONTAL DO
PARANÁ, 2004b). O número de trilhas de acesso é elevado (74), dentre as quais 21
são pavimentadas e 11 destinadas ao tráfego de veículos. Foram evidenciadas
algumas alterações paisagísticas e uma maior degradação pelo alargamento do
contato das trilhas com a praia. Oito ranchos de pesca ocorrem nesta área, além de
dois mirantes de madeira e playground. Estão presentes ainda jardins, e quadras
(Tabela 5).
A alteração de extensas áreas foi promovida pela prefeitura municipal. Uma
delas recebe um evento nos meses de verão (Festa do Caranguejo) e a segunda
conta com trilhas, playground e chuveiros para atender às demandas dos veranistas.
Outro uso incompatível promovido pelo município é o mercado de peixes de
Shangri-lá, que concentra ranchos de pesca e barracos no seu entorno.
37
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*
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7.163.600
7.163.600
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Oceano Atlântico
7.162.400
7.162.400
*
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Mapa 5 - Shangri-lá - Setor Central
Legenda:
0 50 100 200
Arruamento municipal Ocupações irregulares Trilha de acesso Escala 1:5.000 Metros
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Oceano Atlântico
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Oceano Atlântico
7.154.000
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Balneário Guarapari
Oceano Atlântico
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Oceano Atlântico
7.156.000
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7.155.600
5.1.3 Sumário
O setor norte apresenta características naturais relevantes (microhabitats),
com a faixa de restinga mais larga de toda a área de estudo e instabilidade na linha
de costa. O principal uso são as trilhas de acesso e alguns ranchos de pesca.
O setor Barrancos se distingue entre: Atami, de trilhas pavimentadas,
paisagismo, quadras e terraplanagem; Barrancos, com poucas trilhas e área de
grande interesse ecológico, tangente a uma ZPA em bom estado de conservação.
Na porção central, a faixa de restinga sofre uma diminuição considerável de
largura, amortecendo o contato entre a praia e uma grande urbanização. As
ocupações irregulares são os principais destaques, assim como ações incoerentes
da prefeitura e trilhas de acesso.
No setor sul, a faixa ainda estreita e adjacente à urbanização sofre
principalmente com duas intervenções: as intenções de extensão dos jardins de
casas e condomínios e algumas ocupações irregulares.
5.2.1 Descrição
O conceito de impacto envolve o significado da palavra, no caso 'choque' ou
'colisão', ou ainda no sentido de impingir ou forçar contra. Em relação ao meio
ambiente, seria aquilo que se impinge contra a natureza, forçando ou contrariando
suas leis (MILARÉ, 2004). A definição prática de impacto ambiental, utilizada em
termos legais, corresponde a: "qualquer alteração das propriedades físicas químicas
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente afetam: a saúde, a
segurança e o bem estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota;
as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; e a qualidade dos recursos
ambientais". Este trabalho utiliza o termo impacto como o resultado de uma ação
causadora de degradação da qualidade ambiental, alterando adversamente as
características do ecossistema.
Segundo GARCÍA-MORA (2001) os impactos humanos em dunas costeiras
podem ser classificados em duas categorias: temporários vs. permanentes, com
46
1
PEDROSO JR. (2003) identificou quatro ambientes básicos na restinga de Pontal do Sul, e diversos
microhabitats caracterizados por comunidades pioneiras, areia exposta, campos secos e úmidos,
vegetação arbórea e campos sujos. Com a eventual alteração do relevo, esta diversidade cretamente
seria reduzida.
49
- Aumenta a pressão nas áreas de entorno por meio de coleta de plantas, pisoteio,
disposição de resíduos e possibilidade de queimadas acidentais;
- No caso de postes de iluminação, interferem no hábito e comportamento noturnos
de espécies animais como o siri maria-farinha (Ocypodes quadrata) e a coruja-
buraqueira (Speotyto cunicullaria).
Tabela 8 - Índices de impacto total e por categoria de intervenção em cada parcela da área de estudo
Índices *
Áreas Tr Rc Jd Qd Oc Ou Im
1 0,625 - 0,286 0,286 0,222 0,429 0,296
2 0,875 0,5 0,429 - 0,333 - 0,353
3 0,875 - 0,714 - - - 0,227
4 0,75 1 - - 0,889 0,571 0,586
5 0,625 0,25 0,286 0,286 0,375 - 0,314
6 0,625 0,5 0,429 0,286 0,750 0,571 0,559
7 0,25 0,25 - - - - 0,071
8 0,375 0,25 - 0,286 - 0,429 0,191
9 0,375 - - 0,429 - 0,714 0,217
10 0,375 0,75 - - - 0,714 0,263
11 0,25 0,75 - 0,429 - - 0,204
12 0,125 - - - - - 0,018
13 0,125 0,25 0,143 - - - 0,074
14 0,125 0,25 - - - - 0,054
15 0,125 0,25 - - - - 0,054
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3 Oceano Atlântico
2
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7156000
1
0 1.000 2.000 3.000
Metros
6. DISCUSSÃO
Barrancos podem ter mais chances de sucesso, uma vez que são menos
urbanizados e tem menor pressão de uso, possibilitando controle e fiscalização mais
efetivos.
Outra questão que se levanta, diz respeito à adequação do Parque Natural
Municipal da Restinga às diretrizes do Sistema Nacional de Unidades de
Conservação. A análise do processo de criação do Parque sob o ponto de vista do
Artigo 5º do SNUC (2000), leva à conclusão de que muitos conflitos se originaram
devido à falta de estudos, planejamento e participação popular na sua
implementação. A noção de que as ‘unidades de conservação devem representar
amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, hábitats
e ecossistemas, salvaguardando a diversidade biológica’ também pode ser
questionada neste caso, uma vez que os limites da unidade foram estabelecidos
sobre uma área fragmentada, sob intensa pressão e com diversas formas de uso
anteriores à sua criação. Estes fatos também evidenciam a falta de discussão entre
as comunidades locais e os atores que têm interesses sobre esta área, o que
representa um passo admirável para a gestão mais adequada da unidade. Outro
ponto importante da Lei, mas que não ocorre na prática, é que o processo de criação
e gestão da Unidade de Conservação ‘deve ser realizado de forma integrada com as
políticas de administração de terras e águas circundantes, considerando às
necessidades sociais e econômicas locais’. Como o perfil econômico do município é
regido pelos setores imobiliário, de construção civil e comércio ligado à temporada
(ESTADES, 2003), as políticas municipais priorizam e apóiam os interesses de
atividades e serviços associados a funções de turismo e lazer e geralmente vão de
encontro aos objetivos de conservação (DESCHAMPS; KLEINKE, 2000). Além do
que, desconsideram os valores e serviços que uma área preservada pode fornecer à
própria atividade turística (ex.: beleza cênica, qualidade ambiental, balneabilidade,
etc.). Um exemplo disso são as intervenções que a prefeitura do município promove
sobre a restinga, como o Mercado de peixes de Shangri-lá e a realização de eventos
na temporada.
As colocações descritas neste item (principalmente para os setores Central e
Sul do Parque) não expressam uma opinião de que a área não deve ser conservada.
O questionamento é com relação à utilização de uma unidade de proteção integral
municipal como instrumento adequado para este fim, dadas às condições gerenciais
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6.3 CONFLITOS
As intervenções antrópicas diagnosticadas na área de estudo são expressões
espaciais de inúmeras dinâmicas conflitantes com a conservação e utilização
sustentável da restinga. Em uma análise mais detalhada, vários fatores surgem
como elementos chave destes conflitos, entre eles:
a) O direito de acesso à praia, fundamentado no direito constitucional de
locomoção ao longo do território brasileiro. A lei que institui o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro (Lei 7.662/1988) considera as praias como bens públicos e
de uso do povo, sendo assegurado o livre e franco acesso a elas. Ressalvam-se os
trechos considerados como de interesse segurança nacional, ou incluídos em áreas
protegidas por legislação específica, como no caso da área de estudo. Assim se
coloca uma questão delicada, pois a atividade balneária de veraneio, da qual o
acesso à praia é uma condição inerente, é um dos principais atrativos do município e
força motriz de sua atividade econômica. A legislação, se cumprida ao pé da letra,
possibilitaria o bloqueio de acesso à praia (e os impactos ambientais associados às
trilhas) através do Parque da Restinga, o que na prática é impossível. Uma
alternativa seria restringir ao mínimo o número de trilhas de acesso e utilizar técnicas
ambientalmente mais adequadas na sua construção, como passarelas suspensas,
ao contrário da pavimentação com concreto.
b) Atividade de veraneio intensiva, de certa forma relacionada com o item acima,
exerce uma influência na medida em que aumenta a demanda por infra-estrutura
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agravam. Desta forma, o trajeto para uma gestão eficiente da área passa pela
necessidade de um programa de educação ambiental e envolvimento dos atores.
f) Os problemas fundiários do município de Pontal do Paraná são agudos e
interferem na área do Parque da restinga. Segundo estudos realizados para o plano
diretor do município, existem dezessete áreas com ocupação irregular e um total de
3.833 ocupações. Estas correspondem a 40% das construções do município e a
absoluta maioria são casas de veraneio (PONTAL DO PARANÁ, 2004b). As
ocupações presentes no Parque correspondem à extensão de loteamentos
irregulares maiores localizados próximos à praia. Grande parte destas ocupações
provocou ou estão provocando desmatamentos de vegetação de Floresta Ombrófila
Densa e Formações Pioneiras para sua instalação. Os problemas (e soluções) de
regularização fundiária do município são de caráter hierárquico superior à
administração da unidade de conservação, mas constituem um bom exemplo de
integração de políticas públicas para a resolução de conflitos e incremento nas
ações de conservação ambiental.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS