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ARQUEOLOGIA

NO PARQUE
FONTE MISSIONEIRA
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES - RS
PROGRAMA DE PROSPECÇÕES ARQUEOLÓGICAS
PARQUE FONTE MISSIONEIRA

RELATÓRIO FINAL
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES - RS
CRÉDITOS
Presidente da República
Luiz Inácio Lula da Silva

Ministro da Cultura
João Luiz Silva Ferreira (Juca Ferreira)

Presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional


Luiz Fernando de Almeida

Procuradora Chefe – Procuradoria Federal da República


Lúcia Sampaio Alho

Diretora do Departamento de Administração


Maria Emília do Nascimento Santos

Diretor do Departamento de Patrimônio Material e Fiscalização


Dalmo Vieira Filho

Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial


Márcia Genesia Sant´Anna

Diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais


José do Nascimento Júnior

Coordenador Geral de Promoção do Patrimônio Cultural


Luiz Philippe Peres Torelly

Coordenadora Geral de Pesquisa, Documentação e Referência


Lia Motta

Superintendente da Regional do Iphan – Rio Grande do Sul


Ana Lúcia Goelzer Meira

Gestão do Projeto e Revisão


Tobias Vilhena de Moraes

Escritório Técnico de Missões


Wladimir Stello
PROGRAMA DE PROSPECÇÕES ARQUEOLÓGICAS
PARQUE FONTE MISSIONEIRA
SÃO MIGUEL DAS MISSÕES
RIO GRANDE DO SUL

EXECUÇÃO:
ZANETTINI ARQUEOLOGIA S/S LTDA
Rua Gaspar Moreira, 15, Butantã, CEP 05505-000, São Paulo – SP, CEP 05.505-000
Fone/Fax (11) 3034-1446, 3034-1946
E-Mail: paulo@zanettini.com.br
Responsabilidade Científica: Prof. Dr. Paulo Eduardo Zanettini e Prof. Dr. Paulo
Fernando Bava de Camargo

CONTRATANTE (ENDOSSO FINANCEIRO):


Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan
Superintendência Regional do Iphan no rio Grande do Sul
Av Independência, 867, CEP 90035-076, Porto Alegre, RS
Fone (51) 3311-9283 Fax (51) 3311-7722
E-Mail: 12sr@iphan.gov.br
Responsável Técnico pelo setor de Arqueologia: Tobias Vilhena de Moraes

ENDOSSO INSTITUCIONAL:
Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN
Escritório Técnico Missões/ RS
Responsável: Arq. Vladimir Stello

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EQUIPE ENVOLVIDA

Coordenação
Paulo Eduardo Zanettini, Dr. – arqueólogo
Paulo Fernando Bava de Camargo, Dr. – arqueólogo

Consultoria
Vera Lucia Trommer Thaddeu, mestre em arqueologia
Luís Fernando Erig Lima, geólogo, doutorando em arqueologia
Rubens Matuck, arquiteto e artista plástico
Júlio César Wincher Soares, engenheiro florestal

Atividades de campo e laboratório


Adroaldo Gonçalves do Nascimento, tecnólogo em estradas e topografia
Cristiano de Souza Hordejuk, licenciado em história (estagiário)
Daniel Rech Mascarin, tecnólogo em estradas e topografia
Débora Mutter, graduanda em história (estagiária)
Edegar Cavalheiro, fotógrafo
Jonathan Santos Caino, bacharel em história, técnico em arqueologia
Kelli Bisonhin, bacharel em história, mestranda em arqueologia
Kelly de Oliveira, bacharel em história, mestre em arqueologia
Luana Antoneto Alberto, bacharel em história, técnica em arqueologia
Lucas de Paula Souza Troncoso, bacharel em história, mestrando em arqueologia
Luiz Otávio Anchieta Silveira, bacharel em história, técnico em arqueologia
Mariana Araújo Neumann, bacharel em filosofia e história, mestre em arqueologia
Marilaine dos Santos Polga, ajudante de laboratório
Paulo José de Lima, graduando em engenharia ambiental, técnico em arqueologia

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EQUIPE ENVOLVIDA (cont.)

Auxiliares de serviços gerais


Arlindo Moreira Jardim
Emerson Souza Aguiar
Fábio Bertei
Gerson Luis Bagetti Garcia
João Paulo Ribas de Freitas
Jocelino Anselmo dos Santos
Nairê de Oliveira Leite
Neri Furtado Pereira
Nodir Alexandre da Costa
Odilon Gonçalves do Nascimento
Pedro Valdir Vidal
Renan Chaves Jardim
Sirlei Leodoro Dorneles

Ação educativa
Camila de Azevedo Moraes, mestre em arqueologia, doutoranda em museologia
Andressa Domanski, graduanda em história
Natália Thielke, graduanda em história

Apoio de Gabinete (São Paulo)


Gabriela Ribeiro Farias, arquiteta
Louis Van Sluys, logística
José Quintino da Silva Jr.

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ÍNDICE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 8 

I. PREMISSAS PARA O ESTUDO DO PARQUE DA FONTE MISSIONEIRA ............. 10 

1. Antecedentes: a arqueologia missioneira para além da missão ......................... 10 

2. Caracterização sumária da região de pesquisa .................................................... 17 


2.1. Descrição da área de intervenção ................................................................... 19 

3. Objetivos .................................................................................................................. 20 

4. Bases teórico-metodológicas................................................................................. 22 

II. ETAPA 1 – PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA NO PARQUE DA FONTE.............. 27 

1. Atividades desenvolvidas e resultados obtidos ................................................... 27 


1.1. Prospecção de superfície na área do Parque da Fonte Missioneira ............... 27 

2. Prospecção extensiva de subsuperfície................................................................ 29 

3. Prospecção intensiva de subsuperfície ................................................................ 31 

4. A prospecção de detalhamento nos Terraços Norte e Sul da Fonte Missioneira


...................................................................................................................................... 35 

5. A prospecção de detalhamento na área do Tanque ............................................. 39 

6. Diretrizes para as intervenções da Etapa 2 ........................................................... 42 

III. ETAPA 2 – ESCAVAÇÃO DE CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS NO PARQUE DA


FONTE MISSIONEIRA E DIFUSÃO DE RESULTADOS .............................................. 43 

1. As intervenções ....................................................................................................... 43 


1.1. Terraço Sul da Fonte ....................................................................................... 43 
1.2. Tanque ............................................................................................................ 56 
1.3. Contexto G4 .................................................................................................... 73 
1.4. Contexto D18 .................................................................................................. 81 
1.5. Tradagens na nascente da Fonte e sondagem no Contexto C4 ..................... 85 

2. O acervo: procedimentos curatoriais e de análise ............................................... 86 

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IV. INTERPRETANDO OS CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS DO PARQUE DA
FONTE MISSIONEIRA .................................................................................................. 91 

1. Sistemas hídricos: características gerais, evolução e funcionamento .............. 91 


1.1. Barragens e reservatórios: aspectos gerais .................................................... 92 
1.2. Breve histórico da construção de barragens e reservatórios ........................... 93 
1.3. Sistemas hídricos missioneiros: exemplos de estruturas e seus
funcionamentos ...................................................................................................... 97 

2. O sistema hídrico do Parque da Fonte Missioneira: resultados e hipóteses a


serem investigadas ................................................................................................... 108 
2.1. As partes do todo: a Fonte ............................................................................ 108 
2.2. As partes do todo: o Açude ........................................................................... 117 

3. A Ruína, os contextos e o Parque: a arqueologia de São Miguel ..................... 129 

4. Zoneamento Arqueológico ................................................................................... 135 

V. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 137 

ANEXOS
1. Planilha de Controle do Acervo
2. Coordenadas UTM
3. Descrição dos tipos de solo
4. Laudo do engenheiro florestal
5. Tabelas de cotas de nível

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INTRODUÇÃO

Este relatório apresenta as atividades realizadas e os resultados obtidos no Programa


Fonte Missioneira - Recursos Hídricos nas Missões (“Projeto das Águas”), voltado para
o estudo arqueológico do sistema de captação e abastecimento localizado na área
urbana de São Miguel das Missões, em conformidade com o edital 09/2007 da 12ª SR-
IPHAN. A autorização do Programa Fonte Missioneira foi concedida através da portaria
39, de 28/11/2008, processo 0151200049/2008/47.

De forma resumida, a estrutura do relatório é a seguinte: na primeira parte são


apresentadas as diretrizes gerais do projeto, bem como a base teórica e metodológica
sob as quais ele foi desenvolvido.

Na segunda parte os resultados obtidos na Etapa 1 são retomados, visando à


contextualização das atividades desenvolvidas na etapa seguinte.

Na terceira parte são descritas as atividades realizadas na Etapa 2. De modo geral foi
executado o levantamento planialtimétrico do Parque e foram realizadas prospecções
intensivas nas áreas denominadas Terraço Sul da Fonte, Tanque, Contexto G4 e
Contexto D18. Estas áreas foram submetidas à escavação controlada (abertura de
superfícies amplas) com o intuito de evidenciar pisos de ocupação. Foram também
realizadas prospecções extensivas no sul da nascente da Fonte e ao redor da
tradagem C4, com o intuito de contextualizar elementos construtivos do açude
localizado na etapa anterior. No último tópico são apresentados os resultados obtidos
na curadoria do acervo.

A quarta parte se dedica à discussão dos resultados a partir das premissas teórico-
metodológicas adotadas e de uma ampla contextualização das formas, funções e
significados que o sistema hídrico do Parque da Fonte Missioneira assumiu durante
sua existência.

8
Ao fim do relatório são delineadas propostas de Zoneamento Arqueológico do Parque
levando em conta os usos futuros pretendidos pela comunidade e órgãos gestores do
patrimônio cultural e ambiental. São igualmente expostas as linhas de trabalho para
uma eventual continuidade dos trabalhos.

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I. PREMISSAS PARA O ESTUDO DO PARQUE DA FONTE MISSIONEIRA

1. Antecedentes: a arqueologia missioneira para além da missão

Pesquisas arqueológicas na região missioneira são desenvolvidas pelo menos desde


os anos 1950. Naquela década o pesquisador padre Jaegger já havia esboçado a base
do que seria a experiência de estudos sistemáticos mais contundente na região, o
programa Arqueologia Histórica Missioneira, desenvolvido entre 1985 e 1995. Dele são
oriundos muitos pesquisadores que hoje atuam no Rio Grande do Sul e em outras
partes do país.

O que nos interessa especificamente dele é a consolidação de uma arqueologia que


transcende o âmbito da unidade espacial básica da missão jesuítico-guarani, a
redução, englobando diversos outros componentes vitais para o funcionamento da
redução: as estâncias, hervais, olarias, currais, caminhos, fontes de água, pedreiras
etc. Muitos desses componentes são encontrados a quilômetros, às vezes a centenas
de quilômetros da redução, mas, contudo, cumprem funções vitais para o
funcionamento da urbe em foco.

A compreensão, através da arqueologia, desse problema de escala regional da missão,


não é algo simples. A idéia de sítio arqueológico implica necessariamente na
delimitação de um espaço específico, com área conhecida, o que não é o caso da
missão. Decorrem disso duas perspectivas metodológicas possíveis: definir sítios
arqueológicos para cada conjunto de vestígios mais ou menos agrupados, correndo o
risco de criar unidades territoriais a partir de contextos separados espacialmente, mas
intimamente correlacionados e contemporâneos, ou trabalhar com um grande sítio
arqueológico dividido em diferentes contextos, correndo-se o risco de perder a
objetividade da análise em razão de fronteiras espaciais fluidas.

10
Concretamente, e tendo em vista as limitações expostas acima é impossível adotar
uma ou outra postura taxativamente. Há que se ter um equilíbrio de escala dado não
pela escavação arqueológica, mas pelo exame das fontes históricas, um processo de
construção do conhecimento que hoje soa óbvio, mas que enquanto predominou uma
visão arqueológica espacial processualista, não o foi. Segundo Barcelos (2000), essa
preocupação com as fontes históricas (primárias e secundárias) e todas as evidências
geográficas estaria presente na arqueologia da paisagem, de vertente francesa, e seria
retomada na arqueologia extensiva, a versão espanhola da arqueologia da paisagem
desenvolvida a partir da arqueologia social.

Em decorrência dessa necessidade de se adequar a arqueologia das missões a uma


escala exeqüível, não é possível estabelecer um grande sítio arqueológico denominado
simplesmente 7 ou 30 povos das Missões, nem tampouco considerar uma fonte
distante algumas centenas de metros do centro da missão um sítio arqueológico
específico, dissociado do fato de que índios e padres precisavam daquela água para
construir a igreja, o cabildo, as oficinas ou o cotiguaçu. Isso nos leva diretamente ao
foco do projeto, a arqueologia do Parque da Fonte dentro de uma perspectiva mais
ampla, uma arqueologia da água e sua manipulação no âmbito das missões.

Evidentemente a água era necessária para a manutenção física das pessoas, mas há
uma outra dimensão dela como matéria-prima e fonte de energia para sustentar uma
série de outras atividades no contexto missioneiro, o que vai povoar de construções e
edificações esse espaço. E levando-se em conta que o ambiente natural dessa região
é suscetível a longos períodos de seca e que as principais fontes de água estão
concentradas em fundos de vale, pode-se deduzir que esses equipamentos hídricos/
hidráulicos estariam concentrados em conjuntos harmoniosos, planejados de uma vez,
executados possivelmente em etapas e mantidos de acordo com as possibilidades e
necessidades. Assim, a Fonte seria apenas mais um componente do sistema. Onde
estariam e quais seriam as outras estruturas desse sistema hídrico?

11
Uma primeira pista é fornecida pelos relatos orais amplamente difundidos entre a
população atual que ali vive. Em 1982 a prefeitura de Santo Ângelo resolveu
desassorear um açude cujo fundo era pavimentado com pedras, o qual muitos dos
habitantes do distrito haviam conhecido. Durante as obras, uma escavadeira caiu num
buraco onde se localiza a fonte que hoje conhecemos. Esse fato motivou a chamada
da arqueóloga Cristina Sá, do antigo SPHAN-Fundação Pró-Memória, para avaliar a
estrutura localizada de forma acidental (Pranchas 1 e 2). Embora bastante danificada,
percebeu-se a grande importância do achado que, no entanto, não era a primeira vez
que surgia para o público: nas décadas de 1930 e 1960 já haviam ocorrido
intervenções no local. Infelizmente a documentação sobre elas não é de fácil
localização, estando possivelmente no arquivo central do IPHAN, no Rio de Janeiro.

Juntamente com a estrutura da fonte em si foram localizadas grandes quantidades de


telhas, madeiramento possivelmente de um telhado de cobertura da Fonte ou de
proteção de área lateral, além de um alinhamento de pedras ao norte da fonte, o qual
não foi completamente evidenciado à época, mas indicava que possuía continuidade.

Descobriu-se mais tarde que o alinhamento de pedras evidenciado na década de 1980


era um fragmento da canaleta que transportava água da nascente para a Fonte. Essa
descoberta foi decorrência das intervenções realizadas em 1993, quando o Escritório
Técnico do IPHAN em São Miguel executou uma grande obra de recuperação,
consolidação e restauro da Fonte, a qual incluiu a evidenciação de parte canaleta e o
preenchimento dela com brita para evitar seu colapso e permitir o escoamento de água
da nascente até a bica propriamente dita (Prancha 3).

Essas ações e o interesse pela área da Fonte suscitados nas décadas de 1980-1990
são, entretanto, fruto não das grandes qualidades estéticas da mesma, pois ela estava
soterrada, mas sim das lembranças da população relativas ao açude.

12
É interessante notar que, apesar de conhecida, a fonte por duas vezes foi desenterrada
e acabou por ser novamente coberta pelos sedimentos, o que fez com que ela fosse
esquecida. Ela só foi definitivamente exposta quando se foi buscar o açude. A partir
dos anos 1980 a Fonte ganha destaque, fazendo com que o açude, o motivador inicial
das escavações se tornasse personagem secundário. Com o restauro da Fonte, ela se
tornou a atração principal e a idéia de se evidenciar o açude foi ficando cada vez mais
distante. E à medida que o tempo passou, a fonte se cristalizou na paisagem, enquanto
que o açude passou a ser um componente quase mítico do imaginário local. Os papéis
haviam se invertido.

Apesar de ter sido desenvolvida pesquisa arqueológica em 1995, visando o


levantamento de sítios no entorno do que se tornaria o Parque da Fonte Missioneira
(SCHMIDT ET AL., 1995), passaram-se quase 15 anos quando, em 2007, surge o
programa de prospecções arqueológicas que conduziu à presente investigação. Ele se
desenvolve – primeiramente com a arqueóloga Vera Thaddeu – dentro da perspectiva
da arqueologia da água, em que não a Fonte ou o Açude estão em foco, mas todas as
estruturas que fazem parte desse contexto produtivo e reprodutivo relacionado ao
consumo e aproveitamento dela.

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As intervenções no Parque da Fonte Missioneira: 1982 (Fundação Pró-Memória)

Detalhe do reservatório dos anjos (Acervo ETec São Miguel).

Aspecto geral da Fonte após ter sido desenterrada em 82 (Acervo do ETec de São Miguel).
As intervenções no Parque da Fonte Missioneira: 1993 (ETec)

Levantamento dos perfis dos muros N e S da Fonte (acervo ETec São Miguel).

Restauro do anjo danificado do reservatório (acervo ETec São Miguel).


2. Caracterização sumária da região de pesquisa

O território missioneiro constituiu, no passado, um espaço histórico de escala sub-


continental onde se desenrolou uma experiência social sem precedentes no continente
sul-americano. Suas dimensões obviamente transcendem os limites políticos atuais 1 ,
mas usaremos como base a mesoregião do Noroeste gaúcho, a qual compreende 216
municípios, muitos dos quais oriundos de antigas reduções.

Essa mesoregião tem 64.930,583 km², 1.970.326 habitantes e sua densidade


populacional é de 30,3 hab./km². É composta por 13 microregiões, das quais nos
interessa a de Santo Ângelo, a qual voltaremos mais adiante.

O clima da região é subtropical, com temperaturas médias no verão acima de 20ºC,


sendo que os picos máximos podem passar dos 40ºC. Já no inverno as temperaturas
mínimas podem atingir graus negativos. Essa grande amplitude térmica é um dado
importante para a percepção dos ambientes naturais e antrópicos das reduções.

Quanto à vegetação, apresenta uma feição amplamente antropizada predominando os


campos agricultados, com pequenas manchas e relictos dos ecossistemas originais,
associados à Mata Atlântica. Na porção meridional da região predominam igualmente
campos, com a presença de matas de galeria ao longo dos cursos d’água, estimando-
se que apenas 10% desta ainda apresentem cobertura vegetal.

Do ponto de vista geomorfológico, insere-se na Formação Serra Geral, do Grupo São


Bento, contando com solos argilosos (latossolos), na porção norte, e solos basálticos
na porção sul (ciríaco-charrua). Têm os rios Piratini e Ijuí como principais cursos
d’água, sendo os mesmos tributários do rio Uruguai.

1
São Borja, por exemplo, outra antiga redução, está na mesoregião do Sudoeste.

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Hoje, a região apresenta extrema rigidez de uma matriz técnico-produtiva apoiada no
desempenho de commodities agrícolas ou de atividades com escasso nível de
dinamismo.

A microregião de Santo Ângelo, na qual se insere o município de São Miguel das


Missões, tem área de 10.750,721 km², 201.798 habitantes e a densidade populacional
é de 18,77 hab./km².

Dentro desse quadro está inserido o município de São Miguel das Missões, a antiga
redução de São Miguel Arcanjo. Tem área de 1.229,84 km² e altitude da sede em torno
de 305 m, distando 483 km da capital. Segundo dados do IBGE (censo 2008), a
população total do município é de 7.632 habitantes, sendo 3.088 na zona urbana e
4.594 na porção rural. A densidade populacional do município é de 6,1 hab./km².

Para a análise deste relatório esses dados são importantes na caracterização do


espaço missioneiro em foco. São áreas vastas e muito pouco adensadas: enquanto a
média estadual é de 36,16 hab./km2 (censo IBGE, 2000), a mesoregião tem por volta
de 30 habitantes por km, a microregião quase 19 e o município em torno de 6. Em
termos concretos, levando em conta que a população das missões jesuítico-guaranis
girava em torno de 200.000 indivíduos e que o núcleo urbano da missão de São Miguel
possuía o dobro de população que a área urbanizada atual, houve uma retração da
área ocupada e urbanizada, o que por sua vez gera uma impressionante quantidade de
vestígios arqueológicos. Assim, toda e qualquer ampliação física da superfície edificada
atual vai necessariamente incidir sobre vestígios de ocupação missioneira e não há
qualquer possibilidade de se fugir desse fato. A solução para se lidar com essa
característica morfológica da urbe missioneira é uma atuação, por parte dos órgãos
gestores do patrimônio cultural, preventiva, a exemplo do que ocorre em São Miguel,
Santo Ângelo e, atualmente, em São Borja.

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2.1. Descrição da área de intervenção

O terreno alvo de pesquisa conta com aproximadamente 7 hectares e está localizado


na porção SE da sede municipal, distando cerca de 800 metros do núcleo tombado,
tendo sido tomadas como referência junto à fonte as coordenadas UTM 21 J 739309
6838984 e 739487 6838971 (datum SAD 69). A área verde (Parque) se encontra
atualmente cercada nas faces N, E e W, prestando-se ao lazer da comunidade, tendo
como principal recurso/ atrativo turístico a Fonte Missioneira, revitalizada pelo IPHAN
há cerca de uma década (Prancha 1).

O terreno está posicionado a meia vertente e apresenta declive relativamente suave,


abrigando algumas nascentes captadas para o aproveitamento do potencial hídrico
pela população. Essas águas se dirigem para SE, avolumando-se até encontrar o
arroio Pessegueiro, o Piratinizinho e, finalmente, o rio Piratini, importante afluente do
Uruguai.

Embora se contasse com registros a respeito da fonte na cartografia do início do século


XX e em inúmeros testemunhos de antigos moradores, a redescoberta definitiva da
mesma se deu somente na década de 1980. Um primeiro parecer foi elaborado à
época pela arqueóloga Cristina Sá da Fundação Nacional Pró-Memória (1982), sendo o
local submetido posteriormente a investigações sistemáticas na década de 1990
(SCHMIDT ET AL., 1995) e nesta década (THADDEU, 2007).

Conforme mencionado, no decorrer desse processo, o Escritório Técnico do IPHAN em


São Miguel das Missões promoveu intervenções objetivando a sua reabilitação,
minimizando os impactos gerados no local pela municipalidade.

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3. Objetivos

De forma ampla, os objetivos da pesquisa estão centrados numa arqueologia da água.


Esse objetivo pode ser desdobrado em outros quatro, mais específicos.

• O estudo das formas de controle, captação, armazenamento, consumo e


abastecimento de água no contexto missioneiro, através de ensaio metodológico
em São Miguel;

• Fornecer inputs para a consolidação da pesquisa e gestão dos recursos


arqueológicos em âmbito municipal, para além do setor tombado.

Dentro desse amplo quadro, os objetivos específicos são os seguintes:

• Identificação de estruturas construtivas, ecofatos e demais vestígios móveis


associados à captação e abastecimento de água e outros usos, com o consórcio
da arqueologia e de outras fontes documentais, de modo a se gerar uma
cartografia a respeito do complexo;

• Determinar por amostragem a natureza e conteúdo dos depósitos arqueológicos


presentes na área e adjacências (suas características estratigráficas,
componentes, interferências, etc.) e sua correlação com as ocupações e
transformações ali verificadas;

• Realizar o estudo interpretativo dos dados obtidos (cultura material, fontes


textuais, elementos da arquitetura, iconografia e cartografia histórica), objetivando
o aprimoramento do conhecimento a respeito da história da área no contexto da
missão de Miguel, seu abandono e reocupação.

20
Uma vez que estes objetivos se desenvolvem a partir de uma abordagem extensiva da
arqueologia voltada para contextos missioneiros, mas que, ao mesmo tempo, procuram
embasar ações de reabilitação e readequação de uma paisagem que não foi de uso
exclusivo da redução de São Miguel Arcanjo, é necessário determinar precisamente
qual é o substrato teórico-metodológico do trabalho.

21
4. Bases teórico-metodológicas

A perspectiva básica desta pesquisa considera a Arqueologia como uma Ciência Social
voltada para o estudo da estrutura, funcionamento e processos de continuidade e
mudança das sociedades do passado e presente. Tem como referência o estudo dos
vestígios materiais, culturais e biológicos por elas deixados, aqui entendidos desde
pequenas lascas feitas em pedra até estruturas urbanas ou mesmo paisagens naturais
modificadas pela ação humana.

Assim, a arqueologia faz a análise das diferentes formas de ocupação/ apropriação de


um determinado ambiente físico a partir de uma visão dinâmica dos processos culturais
envolvidos e as variações/ rupturas observáveis ao longo do tempo, tendo como
matéria-prima primordial a cultura material.

A cultura material é entendida como produto e vetor de relações sociais, propiciando o


entendimento da variabilidade na organização espacial dos diversos grupos e classes
sociais ao longo do tempo. Constitui uma forma específica de discurso não verbal a ser
desvelado.

Do ponto de vista teórico, a pesquisa arqueológica não deve se esgotar na arqueologia


devotada à restauração, pois nela a potencialidade interpretativa do arqueólogo pode
ser subutilizada. Especificamente na arqueologia histórica, o pesquisador se volta tanto
para o registro documental escrito – que é subjetivo e retrata a ideologia da cultura
estudada –, quanto para o chamado registro objetivo, que retrata os fatos através da
cultura material (NAJAR, 2001: 85-87).

Nesse sentido a pesquisa arqueológica pode contribuir para o entendimento de práticas


cotidianas corriqueiras pouco abordadas nas demais fontes e registros documentais.

22
Por outro lado, a própria paisagem pode ser vista como uma rede ligada a lugares,
experiência de vida e tudo que a ela é inerente. No mundo ocidental, convencionou-se
considerar a paisagem pelo prisma da visão, como algo exterior a nós. Contudo, outras
conotações etnográficas têm surgido e atentado para a representação de lugares. O
uso contínuo de lugares chama a atenção para as conexões históricas dos membros
de uma comunidade. Os traços das atividades humanas na paisagem podem
representar uma fonte de informações valiosas (THOMAS, 2002: 175).

O resgate sistemático destes bens arqueológicos móveis e imóveis permite ainda


análises aprofundadas sobre mudanças da cultura material ao longo dos ciclos
econômicos, bem como das mudanças estruturais e ideológicas subjacentes aos
moradores de São Miguel das Missões que se fundem num único espaço-tempo.
Convergindo com a análise de Kern entendemos que:

“O estudo interpretativo da cultura material (...) tem oportunizado a reconstituição dos processos
de transculturação que se desenvolveram quando dos contatos e dos impactos das sociedades
indígenas entre si e destas com a sociedade colonial ibérica. Estas complexas relações travadas
entre as sociedades em presença, se encontram em grande parte materializadas nos vestígios
arqueológicos. Sua análise permite identificar as relações que se estabeleceram entre as
diversas etnias em presenças, especialmente no nível da tecnotipologia, e buscar as referências
que permitam identificar as especificidades contextuais da sociedade missioneira resultante deste
processo” (KERN, 1998: 26).

Deve-se, portanto, buscar entender as continuidades e descontinuidades da cultura


material como elemento integrante da construção social de segmentos étnicos
específicos (índios e europeus), avaliando seu grau de envolvimento com os fluxos de
bens, e, portanto de informação, para com a sociedade envolvente, bem como de
dados sobre a apropriação, no meio urbano, de espaços públicos e privados.

23
A avaliação desse fluxo de bens e informações dentro do espaço missioneiro implica
necessariamente na adoção de uma abordagem calcada nas Arqueologias Espacial, da
Paisagem e Extensiva, a exemplo do que é preconizado por Barcelos (2000), num
esforço de difundir um tipo de arqueologia aplicado desde a década de 1950 na região
missioneira e regiões correlatas. Embora divergentes em alguns aspectos,
principalmente no que diz respeito à escala do foco da análise (paisagens dos sítios
arqueológicos ou paisagem das regiões), o uso desse arranjo teórico-metodológico
permite a incorporação de traços da paisagem e estruturas não necessariamente
arruinadas à interpretação arqueológica. Assim, o sítio arqueológico se torna a região
de São Miguel e não mais somente as estruturas destruídas e os jazimentos de
vestígios materiais.

Não podemos ignorar o fato de que o Parque da Fonte Missioneira está inserido numa
posição peculiar da região de São Miguel, a saber, o limite da zona urbana, numa
interface entre a urbe e o rural. Dessa maneira, nosso cabedal teórico-metodológico
demanda necessariamente subsídios da Arqueologia Urbana.

A Arqueologia praticada em áreas urbanizadas nos coloca diante de problemas e


oportunidades bastante distintas daquelas enfrentadas pelo estudioso no meio rural,
marcado por ocupação rarefeita.

O uso intensivo do solo urbano se reflete diretamente com grande vigor em complexas
estratigrafias e altas densidades de artefatos. Do mesmo modo, o zoneamento dos
espaços urbanos, tanto o formal como aquele informal, geram sucessivas modificações
nos processos de consumo e descarte.

Assim, a abordagem arqueológica do meio urbano deverá conduzir à obtenção de


sentidos para as marcas do passado, recuperando a partir do acervo exumado as
redes de significados e cadeias de relações nas quais estruturas e objetos foram
produzidos, consumidos e descartados.

24
Nesse sentido, a arqueologia deve ser entendida a um só tempo como arqueologia no
meio urbano e como arqueologia do meio urbano (STASKI, 2008, com referências
anteriores), promovendo o estudo e a salvaguarda de zonas arqueologicamente
sensíveis no ambiente construído e ocupado, bem como a salvaguarda das estruturas
e coleções exumadas durante as intervenções arqueológicas. Pesquisas em
arqueologia urbana, portanto, apresentam necessariamente um caráter integrativo e
multifacetado, espelho da própria matriz urbana, envolvendo uma visão estratégica e
globalizante na perspectiva aventada por Charles Orser e outros autores.

Dentro dessa perspectiva, deve-se destacar uma questão basilar, no sentido de


descobrirmos que meio urbano é esse e em qual porção do meio urbano estamos. No
caso do Parque da Fonte Missioneira temos um meio urbano limítrofe, tal como foi
pontuado anteriormente. Mas essa configuração é mais do que uma mera divisão
territorial. É mais do que uma separação física entre a cidade e o campo: ela conforma
a chamada zona peri-urbana, onde se desenvolvem atividades e se implantam
equipamentos que não possuem espaço no centro da cidade e que não tem função se
estiverem isolados no meio rural. É geralmente na periferia das cidades onde ocorrem
as atividades fabris e onde estão situados os equipamentos urbanos de abastecimento.
Parece ser exatamente esse o caso dos contextos do Parque, a exemplo do que ocorre
com as outras missões. Em São Nicolau e São João, por exemplo, La Salvia e
Barcelos destacam a existência de um espaço missioneiro que não tem recebido o
mesmo destaque que o centro das cidades missioneiras (praça, igreja, cabildo,
oficinas, cemitério, casas dos padres, dos índios, dos órfãos e viúvas), a saber, o
espaço agro-fabril, onde também estão situadas as fontes de abastecimento de água.

Assim não precisamos de uma arqueologia da cidade ou na cidade, mas sim de uma
arqueologia de um tipo específico de cidade e em uma determinada cidade.

25
Por último, vale destacar que, do ponto de vista metodológico, mas também técnico, o
Parque da Fonte Missioneira pode ser entendido também através da Arqueologia
Marítima, muito embora a região esteja bastante afastada do mar. Na verdade a
arqueologia marítima, de início possuía um objeto de estudo bastante reduzido,
relacionado exclusivamente a processos ocorridos no meio marítimo ou no entorno
imediato. Com a evolução da disciplina, em consonância com o progresso do
pensamento arqueológico dos últimos 30-40 anos, o objeto de pesquisa desse campo
da arqueologia se ampliou, abrangendo contextos afastados do mar, situados à beira
de cursos d’água ou relacionados a processos de ocupação que se espalham desde o
oceano até o interior (estradas reais das Minas, ferrovias do café, charqueadas). E vale
destacar que a arqueologia marítima não trata somente de naufrágios de embarcações
– esse é apenas um tipo de sítio dentro outros existentes (para maiores detalhes ver
BAVA de CAMARGO, 2009).

Então, como situar o Parque da Fonte Missioneira dentro da metodologia da


Arqueologia Marítima? Tomando exclusivamente os remanescentes do sistema hídrico,
constituiriam eles contextos arqueológicos submersos atualmente emersos, ou seja,
estruturas ou feições da paisagens feitas para estar cobertas d’água que estão
atualmente aterradas, a exemplo do que acontece com o Açude ou com o banhado
assoreado que formaria o reservatório principal do Tanque. Assim, para o completo
entendimento desse sistema seria necessário ter em mente que a tendência natural, ao
ser desassoreado, seria novamente seu enchimento. Isso em termos práticos significa
que toda ação executada no Parque tem que ser minuciosamente planejada porque a
tendência natural do terreno é encharcar-se, o que poderia inviabilizar ou dificultar
ações futuras. Do ponto de vista teórico-metodológico, o retorno da água ao sistema
ocasionaria um melhor entendimento do seu funcionamento.

26
II. ETAPA 1 – PROSPECÇÃO ARQUEOLÓGICA NO PARQUE DA FONTE

Entre os dias 6 e 7 de outubro de 2008 foi realizada uma primeira Visita Técnica da
equipe de arqueologia ao Parque da Fonte Missioneira de São Miguel das Missões.
Nesta ocasião os coordenadores de arqueologia puderam tomar contato com o
ambiente, bem como estabelecer as linhas de atuação em consonância com as
condições de logística da área/ região e com as diretrizes dos gestores deste
Programa.

A partir dessa primeira avaliação – bem como de todo o levantamento de informações


efetuado entre outubro de 2008 e janeiro de 2009 – planejou-se a Etapa 1 de
prospecções, descrita abaixo.

1. Atividades desenvolvidas e resultados obtidos

A Etapa 1 de pesquisas de campo, realizada entre 22 de janeiro e 18 de fevereiro de


2009, mesclou atividades de prospecção extensiva, preocupada com a dispersão das
evidências históricas e arqueológicas em superfície e em subsuperfície, assim como
atividades de prospecção intensiva, voltada para a identificação de concentrações de
vestígios históricos e arqueológicos, definindo contextos que seriam submetidos a
escavações de ampla superfície na Etapa 2, objeto da segunda parte deste relatório.

1.1. Prospecção de superfície na área do Parque da Fonte Missioneira

Essa atividade visou um mapeamento de vestígios materiais com potencial interesse


arqueológico que não estavam enterrados ou que se encontravam parcialmente
expostos.

Essas evidências foram cadastradas com aparelho de GPS (Global Positioning


System) e inseridas em plantas digitalizadas confeccionadas com base nas
informações fornecidas pelo IPHAN e pela prefeitura de São Miguel.

27
Dentre essas evidências de superfície havia grande quantidade de rochas trabalhadas,
encontradas em praticamente todos os locais do Parque. Muito embora várias delas
possam ter sido transportadas de outros lugares para o Parque, há uma boa
probabilidade de que algumas tivessem sido movidas de seus locais originais de
deposição apenas alguns metros, sendo peças importantes para a remontagem de
contextos arqueológicos.

Apresentavam essas características os amontoados de rochas localizados nos pontos


1 e 2 (Anexo 2). O primeiro é relativo a pedras extraídas do fundo do Açude durante as
tentativas de desassoreamento do mesmo realizadas pela prefeitura; o segundo era
indeterminado, mas a grande quantidade de rochas, associadas aos vestígios da
tradagem D1, indicavam um potencial positivo com relação à existência de alguma
estrutura correlacionada ao sistema hídrico que se desvelava.

Foram também localizados alguns fragmentos de utensílios cerâmicos em superfície


nos pontos 3 a 11 (Anexo 2). Em princípio aventou-se a hipótese de que eles
pertenceriam a um contexto que se estenderia à subsuperfície, mas tal hipótese não foi
confirmada. Era bem provável que esses fragmentos tivessem sido deslocados do sítio
arqueológico lito-cerâmico 3, cadastrado em 1995 pelo arqueólogo Cláudio Carle
(SCHMIDT ET AL., 1995), por ocasião da reorganização do sistema viário no entorno
do Parque. Essa hipótese foi corroborada pela localização de um fragmento de
utensílio cerâmico acordelado na tradagem A1, em meio a uma camada de sedimento
depositada sobre o pavimento de antiga rua.

Ainda com relação à presença de utensílios cerâmicos em superfície, foi localizada


uma concentração de fragmentos (40) no sul do Parque, em local apontado pela
arqueóloga Vera Thaddeu. Procedeu-se a coleta de superfície com o registro da
posição de cada um dos fragmentos em GPS. Em razão desta área se encontrar no
arredor da tradagem D18, ela passou a ser denominada Contexto D18. O trabalho de
detalhe nessa área será relatado na segunda parte deste relatório.

28
2. Prospecção extensiva de subsuperfície

Foram realizadas tradagens com eqüidistância de 25 m, diâmetro de 30-40 cm e


profundidade aproximada de 1 m, tendo sido algumas delas ampliadas conforme o
comportamento estratigráfico observado (Prancha 4).

As linhas para a execução das tradagens foram orientadas no sentido do norte


magnético a fim de simplificar o processo de direcionamento e alocação dos furos.
Para a tarefa foram utilizadas bússolas de mira e trenas. Assim, constituiu-se uma
grade com linhas norte – sul e leste – oeste, sendo as primeiras identificadas por letras
e as últimas por números.

As escavações foram realizadas com ferramentas manuais (cavadeira boca-de-lobo ou


trado, de acordo com o terreno) e todo o sedimento foi examinado manualmente ou
com peneiras, dependendo da umidade.

Foram abertas 115 tradagens, tendo sido identificado material de interesse


arqueológico em 28 delas (A1, B1, B4, C1, C4, C13, C17, D1, D7, D9, D18, E4, E5,
E16, F3, F4, F5, F11, F16, G2, G3, G4, G5, G16, G18, H4, H5 e I6). Ao redor da maior
parte dessas tradagens positivas foram realizados outros furos, caracterizando uma
prospecção intensiva, objeto do próximo tópico. Antes de prosseguir, contudo,
apresentamos os resultados obtidos com essa fase extensiva de prospecção.

Tradagens que apresentaram somente telhas e/ ou rochas descontextualizadas


Acusaram a presença de fragmentos de telhas e rochas descontextualizados, ou seja,
sem nenhum outro indício de que aquele local de incidência da tradagem era o de
deposição original dos fragmentos exumados, as tradagens: B1, B4, C1, C13, D9, E4,
E5, E16, F5, F11, F16, G2, G18, H4 e I6. Mesmo apresentando esses achados
isolados, tais tradagens foram alvo de prospecção intensiva.

29
Tradagens que apresentaram somente telhas e/ ou rochas contextualizadas
Foram encontrados vestígios de telhas e rochas articulados entre si, ou seja, que de
acordo com sua quantidade e estruturação, apresentavam uma estruturação
relacionada à feição original, caracterizando uma área de ocupação, as tradagens: C4,
D1 e F3.

Tradagens que apresentaram fragmentos de utensílios


Nas tradagens A1, C17, D7, D18, F4, G3, G4, G5, G16 e H5 foram localizados e
recuperados vestígios de utensílios cerâmicos, os quais pertenciam ou não a contextos
de ocupação mais amplos, tais como evidências de estruturas construtivas.

30
3. Prospecção intensiva de subsuperfície

Nessa fase das intervenções foram desenvolvidos concomitantemente dois conjuntos


de ações que visaram à detecção de contextos arqueológicos e estruturas construtivas.

O primeiro conjunto envolveu a abertura de novas tradagens junto aos furos da fase de
prospecção extensiva que haviam acusado a presença de material de interesse
arqueológico (tradagens positivas). O segundo conjunto de ações voltou-se à abertura
de Unidades de Escavação (UEs) nos compartimentos topográficos denominados
Terraço Sul e Terraço Norte da Fonte Missioneira, área onde estão evidentes vestígios
construtivos parcialmente escavados em 2007 e 2008.

No caso das novas tradagens (ditas de detalhamento), foram elas escavadas a 5 m da


tradagem extensiva original, seguindo a orientação da malha. Assim, cada tradagem
extensiva positiva recebeu outras ao seu redor, nominadas com a seqüência alfa-
numérica da tradagem inicial, acrescida de ‘.1’, por exemplo. Caso alguma das
tradagens de detalhamento apresentasse evidências, partia-se para a abertura de
outras ao seu redor, distantes de 2 a 3 m, também obedecendo à malha ortogonal.
Tendo alguma dessas últimas tradagens apresentado material relevante, ter-se-ia
certeza da necessidade de se realizar escavações de ampla superfície neste contexto
arqueológico (Prancha 4).

Esse processo ocorreu em 27 tradagens extensivas positivas, totalizando a abertura de


outras 118 tradagens (A1.1 a 14; B1.1 a 6; B4.1 a 4; C1.1 a 4; C4.1 a 4; C13.1 a 3;
C17.2 a 4; D1.1 a 4; D7.1 a 4; D9.1 a 4; D18.1 a 4; E4.1 a 3; E5.1 a 4; E16.1 a 4; F3.1
a 4; F4.1 a 5; F5.1 a 3; F11.1 a 4; F16.1 a 4; G2.1 a 4; G4.1 a 7; G5.1 a 3; G16.1 a 3;
G18.1 a 4; H4.1 a 4; H5.1 a 4; I6.1 a 4). A partir dessas tradagens de detalhamento
foram estabelecidos 5 contextos arqueológicos (C4, D1, D18, F4, G4) os quais foram
submetidos a novas escavações de detalhamento e/ ou escavação de superfícies
amplas na Etapa 2 de campo deste projeto. A seguir, apresentamos mais informações
destes contextos.

31
Contextos onde predominavam estruturas construtivas
Tradagens C4, D1 e F4: ao serem submetidas a uma primeira bateria de tradagens
intensivas, as duas primeiras revelaram contextos construtivos tênues, os quais
demandariam a abertura de novas tradagens de detalhe ou a abertura de sondagens e
trincheiras na Etapa 2.

As tradagens ao redor de C4 revelaram rochas selecionadas, assentadas e articuladas


em meio a um sedimento de argila cinza e a rocha itacuru (laterita), combinação
característica de um tipo de solo da região 2 . Em razão de seu posicionamento peculiar,
na interface de zonas alagadiças com a vertente, suspeita-se que a tradagem tenha
evidenciado uma das laterais – a leste – de um açude, que aqui será denominado de
Açude.

As tradagens de detalhe em volta de F4 revelaram o que seria a margem oposta do


Açude – a borda oeste. Este contexto construtivo está melhor preservado em relação
ao contexto de C4, pois é possível perceber o assentamento sistemático de pedras
laminares, entremeadas por fragmentos de telhas, compondo o fundo e a margem do
Açude, a qual apresenta o mesmo tipo de estrutura, conformando um declive suave na
direção oeste-leste, bastante propício também para a captação das águas das chuvas.

Contextos formados por estruturas construtivas e/ ou fragmentos de utensílios


Tradagem G4: a prospecção intensiva revelou um contexto bastante complexo,
composto por acúmulos de tijolos, telhas, presença de argila cinza característica de
fundos de cursos d’água ou obras de arte hidráulicas, além de fragmentos de utensílios
cerâmicos. Em razão dele estar associado à intersecção entre o Açude e o
Reservatório, acreditávamos que neste espaço de terreno se encontrava alguma pista
para a identificação de uma possível comunicação entre os dois lagos artificiais.
Concluiu-se que seria necessária uma escavação de superfície ampla.

2
Comunicação pessoal da arqueóloga Vera Thaddeu (2009).

32
Tradagem D18: Estava associada à concentração de fragmentos (40) de utensílios
cerâmicos no sul do Parque, mas não foram localizados vestígios de estruturas
construtivas. Procedeu-se a coleta de superfície com o registro da posição de cada um
dos fragmentos em GPS antes da abertura da tradagem extensiva e das de detalhe.
Com os resultados positivos, resolveu-se escavar sondagens diagnósticas na Etapa 2.

33
4. A prospecção de detalhamento nos Terraços Norte e Sul da Fonte Missioneira

No entorno da Fonte propriamente dita foram abertas 28 unidades de escavação (UEs)


visando principalmente compreender as estruturas construtivas dos Terraços Norte e
Sul (Prancha 5). Devido a este objetivo elas foram demarcadas em locais onde havia a
possibilidade de serem evidenciados muros ou vestígios de alicerces, ou seja, na
projeção de estruturas já evidenciadas em outras etapas de pesquisa. O sedimento das
UEs foi selecionado manualmente, uma vez que o exame minucioso das primeiras UEs
escavadas apontou a presença de grandes quantidades de telhas e rochas e um
número reduzidíssimo de fragmentos de utensílios em meio a uma estratificação
bastante perturbada, pelo menos nas camadas iniciais (até 40 cm de profundidade).
Essa tendência se manteve até o final dos trabalhos, justificando o foco das UEs na
questão estrutural. A baixa freqüência de utensílios se explica pelo fato de não terem
ocorrido assentamentos humanos de longo termo naquele local. Isso seria mais ou
menos lógico já que a presença reincidente de gente poderia acarretar na
contaminação do recurso.

Apesar das grandes alterações ocorridas nesses terraços, tanto nos anos 1980, quanto
na década de 90, o conjunto das UEs permite afirmar que a Fonte é a estrutura de
maior suntuosidade de um conjunto de estruturas bastante complexo.

O Terraço Norte da fonte foi pouco explorado nessa Etapa 1, uma vez que
intervenções anteriores (1982 e 1993) haviam identificado muros de pedra associados
à canalização da água de nascente próxima. Nessa etapa de prospecções algumas
dessas estruturas foram novamente evidenciadas, ficando exposto um segmento de
aproximadamente 3 m do muro, evidenciado pela arqueóloga Cristina Sá em 1982.
Além disso, identificou-se uma estrutura de pedra – muro com rochas de grandes
dimensões (matacões) – que parte da extremidade leste do muro norte da fonte e
segue na direção norte, estrutura que até aquele momento não era conhecida.

35
Foi dada maior atenção às estruturas no Terraço Sul da Fonte. Evidenciou-se a
continuação do Muro Sul 2, a intersecção do Muro Sul 4 com a Fonte, a conjunção do
Muro Sul 1 com as estruturas principais da Fonte e a intersecção do Muro Sul 2 com o
3, bem como se tentou definir algumas outras características desse terraço, ou seja,
descobrir qual teria sido a sua função – simples arrimo ou suporte para uma estrutura
mais complexa.

Antes de mais nada é necessário reforçar que o termo ‘muro’ assume diversas formas
nessa porção da Fonte. Apesar da estrutura principal possuir rochas regulares e
lavradas de grandes dimensões, a continuidade do Muro Sul 2, por exemplo, quanto
mais nos aproximamos do sul, mais tênues são seus vestígios, constituídos de rochas
irregulares e terra socada. É possível que, na maior parte dos casos, tenham restado
apenas essas evidências tênues, em verdade as fundações dos muros. E as pedras
esculpidas, as partes visíveis e bem acabadas, podem ter sido deslocadas ou
subtraídas.

De forma geral foram identificadas essas tênues evidências de muros que, no entanto,
permitem afirmar que as estruturas construtivas ligadas à Fonte eram bem maiores e
complexas. Embora fossem necessárias escavações de superfície ampla, as UEs das
cotas mais elevadas do Terraço Sul da Fonte revelaram que o mesmo não era um
simples afeiçoamento de terreno, mas uma estrutura composta principalmente por terra
compactada e argila cinza – assentada ao longo da porção oeste do Muro Sul 2 – a
qual tinha a finalidade de captar e conduzir as águas da chuva para o Açude.

36
Captar a água da chuva nesse local envolveria três etapas distintas: a primeira delas
era conduzir a maior quantidade de água possível em direção ao Açude. A segunda
seria a de permitir a decantação dos sedimentos em suspensão, visando à melhora da
água e a garantia de não assorear tão rapidamente o açude. E, finalmente, tanto o
Terraço Sul, quanto o Terraço Norte precisavam isolar a estrutura da Fonte dessas
mesmas águas pluviais, barrentas, mas tão necessárias, garantindo a limpidez da água
canalizada da nascente. Esses dois terraços atuariam em conjunto com uma provável
cobertura sobre a Fonte – telhado –, a qual impediria a contaminação das águas
correntes pelo barro, dentre outras funções.

37
5. A prospecção de detalhamento na área do Tanque

No local do conhecido “tanque” de pedras, situado por volta de 200 m ao sul da Fonte,
foi efetuada a supressão vegetal visando o entendimento da paisagem de implantação
da estrutura. Essa ação foi decisiva também para a compreensão da função do bem:
em verdade o conhecido “tanque” poderia ser mais propriamente uma estrutura de
comporta, tendo eventualmente servido como plataforma para uma máquina composta,
hipótese que seria investigada na Etapa 2.

Por ora podemos afirmar que a estrutura, uma construção retangular com 6,50-7,50 m
de comprimento, 3,80 m de largura e 1,15 m de profundidade servia de canal de
escoamento de um reservatório, cujas paredes eram compostas de uma argamassa de
terra batida com rochas e restos de telhas, localmente conhecido como “taipa”
(Prancha 6).

Esse reservatório ocuparia originalmente um local hoje dominado por um ambiente


pantanoso, bastante assoreado e onde predomina a vegetação de áreas de banhado.
As margens norte e oeste seriam delimitadas pela inclinação da vertente. A lateral leste
do reservatório seria parcialmente formada pela vertente e por muro de taipa que
separava o Açude desse reservatório. Já a margem sul seria composta inteiramente
por muro de taipa que partiria da vertente oeste, onde está implantado o Tanque,
seguindo até a vertente leste. Esse muro tem 15 m de comprimento, 3,30 m de largura,
altura hoje muito reduzida – por volta de 0,50 m – e envolve completamente o Tanque.

Esse muro, bem como a estrutura do Tanque, estavam bastante deteriorados. Na


vertente oeste, encostada ao Tanque, foi encontrado um piso de pedras com 1 m2, o
qual aparentemente estava ligado à estrutura. Infelizmente, em razão do trânsito de
pessoas e de animais de criação, bem como da manutenção de uma abertura para
escoamento da água do reservatório, a conexão entre o Reservatório, o Tanque/
Comporta e esse piso estava bastante deteriorada.

39
De forma geral – com base nos outros sistemas hídricos conhecidos das reduções
jesuíticas e em razão das informações levantadas em campo – a Fonte, o Açude, o
Reservatório e o Tanque deveriam funcionar de forma articulada. Os vestígios
materiais que pareciam reincidentes em todas as partes desse sistema não eram as
estruturas de terra ou rochas, mas os pisos de impermeabilização, regularização e
facilitação do fluxo das águas, compostos de rochas localmente conhecidas como
itacuru, fragmentos de telhas e, principalmente, um tipo de argila cinza naturalmente
encontrado em cursos d’água da região.

40
6. Diretrizes para as intervenções da Etapa 2

Em decorrência dos resultados obtidos na Etapa 1, foram estabelecidas as ações da


Etapa 2.

Levantamento planialtimétrico de detalhe


Com a localização de um sistema hídrico composto por diversos equipamentos em
estágios diferentes de conservação – alguns bem preservados (Fonte, por exemplo) e
outros caracterizados pelo afeiçoamento de terreno (taipa, por exemplo) – era
absolutamente necessário a realização de um levantamento topográfico das estruturas
e marcas na paisagem, as quais seriam melhor compreendidas através desse
cadastramento do que de escavações dado a sua extensão.

Continuidade da prospecção intensiva de subsuperfície em zonas onde tivessem sido


detectados vestígios ou contextos arqueológicos
Os alvos de prospecções intensivas seriam o Terraço Norte da Fonte, o quadrilátero
formado pelas tradagens H4-E4-H5-E5, o entorno da tradagem C4 e a estrutura
Tanque.

Escavação de superfícies amplas em zonas onde tivessem sido detectados contextos


arqueológicos
Tentativa de evidenciar pisos de ocupação no Terraço Sul da Fonte, no entorno da
tradagem D18 e no entorno da tradagem G4.

Levantamento cadastral
Estruturas da Fonte e dos Terraços Norte e Sul; Tanque e muros envoltórios de terra.

42
III. ETAPA 2 – ESCAVAÇÃO DE CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS NO PARQUE DA
FONTE MISSIONEIRA E DIFUSÃO DE RESULTADOS

1. As intervenções

A Etapa 2 de prospecção do Parque da Fonte Missioneira ocorreu entre os dias 24 de


março e 5 de abril de 2009. Foram escavados 4 contextos arqueológicos diferentes,
simultaneamente, por uma equipe composta por 33 profissionais de arqueologia,
consultores, estagiários e auxiliares.

Além da escavação desses contextos, previamente determinados pelos resultados da


Etapa 1, foi realizado o levantamento planialtimétrico da área, bem como algumas
prospecções extensivas não intrusivas no entorno dele, novamente na tentativa de
estabelecer uma conexão física entre as ‘Ruínas’, a porção central e de maior
visibilidade da missão de São Miguel Arcanjo, ampliando a noção do meio urbano de
uma das mais importantes missões jesuítico-guarani 3 .

A seguir apresentamos a descrição das intervenções efetuadas no Parque.

1.1. Terraço Sul da Fonte

Como decorrência da prospecção previamente realizada, descrita na parte II, foram


localizadas diversas estruturas as quais pareciam remanescentes de muros, cujas
funções variariam entre a conformação de um arrimo para o talude e a estruturação de
uma piscina de decantação dos sedimentos carreados com a água da chuva, tão
necessárias para o enchimento do Açude.

3
O resultado dessas prospecções extensivas serão apresentados no relatório final.

43
As Unidades de Escavação (UEs) abertas na etapa anterior, explicitamente voltadas
para a rápida localização de estruturas construtivas, cederam espaço a uma malha de
sondagens de 2 X 2m que partia da face S da Fonte e se estendia por 16 m (quadras
de 1 a 8) no rumo 240º e 12 m no rumo 150º (quadras A, B, C e D). O P0 da linha
mestra foi posicionado 5 m a W da extremidade E do muro S da Fonte. Na extremidade
S do Terraço, já nas cotas mais baixas e alagadiças, foram materializadas e escavadas
apenas duas quadras, nas linhas D9 e E9 (Pranchas 7 a 10).

De forma geral essas quadras foram escavadas por níveis naturais. A primeira camada,
cuja espessura variava entre 30 e 40 cm a partir da superfície, correspondia ao solo
depositado nas últimas décadas, em decorrência da atividade agrícola no entorno e
das escavações realizadas para evidenciar os vestígios da Fonte e do Açude. Possuía
muitas rochas e telhas principalmente nas quadras próximas à Fonte, indicando grande
perturbação do estrato. Nas quadras mais afastadas da Fonte havia pouca quantidade
de vestígios nessa primeira camada.

A segunda camada variava bastante de espessura, sendo muito fina nas quadras com
cota elevada e muito mais espessa nas quadras próximas ao banhado, seguindo a
pendente natural do relevo. Essa camada, estabelecida entre a primeira camada e o
contato com os vestígios das estruturas construtivas foi escavada por níveis artificiais –
por volta de 10 cm – nas quadras cuja espessura do depósito era muito grande (entre
60 e 70 cm), isso pelo fato dela apresentar poucos fragmentos em relação ao volume
de terra retirado. Apesar dessa opção pela escavação por níveis artificiais dentro dessa
espessa camada, quando contextos de deposição eram localizados, cessava-se a
escavação por níveis artificiais e eram retomadas as escavações por níveis naturais,
seguindo o piso de ocupação formado pelos vestígios. Esse foi o caso do contexto
localizado nas quadras C4 e C5, caracterizado por uma lente de carvão, vestígios de
utensílios cerâmicos e estruturas de pedra conformando o calço de um esteio.

44
Parque da Fonte Missioneira: Terraço Sul

1 2

3 4

Trabalhos desenvolvidos durante a Etapa 2:


1. Início dos trabalhos de escavação no Terraço Sul da Fonte Missioneira.
2 a 4. Vista geral e escavação das quadras no Terraço Sul da Fonte Missioneira.
5 e 6. Medição e desenho das estruturas evidenciadas.
Parque da Fonte Missioneira: Terraço Sul

1 2

5 6
Trabalhos desenvolvidos durante a Etapa 2:
1 a 4. Escavação e evidenciação das estruturas no Terraço Sul da Fonte Missioneira.
5 e 6. Vista geral das quadras e estruturas presentes no Terraço Sul da Fonte Missioneira.
A seguir, apresentamos algumas considerações sobre as quadras cujas estruturas e
vestígios materiais puderam ser evidenciados.

Quadra A4:
Nesta quadra evidenciou-se, também, a camada de solo argiloso de coloração cinza
(Gley 1, 4/10Y dark greenish gray, segundo a escala de Munsell) com presença de uma
lente de carvão entre os 30 e 35 cm de profundidade. Coletou-se uma amostra para
análise juntamente com alguns fragmentos de telha e material lítico bruto.

Quadra B2:
Escavada anteriormente (2007) e nessa etapa somente submetida à limpeza e nova
documentação.

Quadra B3:
Esta quadra foi escavada até os 50 cm de profundidade, expondo, na camada entre 30
e 40 cm, uma lente de solo argiloso de coloração cinza e um aglomerado irregular de
rochas de basalto alterado. Também foram encontrados fragmentos de telhas e
materiais líticos construtivos.

Quadra B4:
Apresentou as mesmas características observadas na quadra A4. Contudo, a
ocorrência de uma lente de carvão é notada entre os 15 e 20 cm de profundidade. Da
mesma forma, coletou-se material para análise juntamente com alguns fragmentos de
telha.

Escavada até os 60 cm de profundidade, a quadra B4 é mais uma que guarda alguns


alinhamentos rochosos em seu nível 30-40 cm. Não apresentou quantidade relevante
de vestígios arqueológicos.

49
Quadra B5:
Escavada até os 70 cm de profundidade, esta quadra apresentou, entre os níveis 50-60
cm e 60-70 cm, alinhamentos rochosos de basalto, conformando, assim, as primeiras
evidências estruturais dos patamares encontrados ao longo de toda a escavação do
Terraço Sul. Não podemos deixar de notar a presença da camada de solo argiloso de
coloração cinza entre os alinhamentos.

Além dos fragmentos de telhas, líticos brutos e ossos encontrados, uma mancha de
solo avermelhado pode ser notada ao lado de um pequeno círculo de carvão no nível
40-50 cm (Prancha 11).

Quadra B6:
Escavada até os 80 cm. Aos 60 cm foram encontrados novos alinhamentos de pedras
que seguem a direção dos alinhamentos evidenciados anteriormente. Próximo ao perfil
W foi evidenciado solo cinza mesclado (4/10Y) com amarelo, evidência de basalto
alterado já desaparecido.

Quadra B7:
Aos 60 cm de profundidade, seu nível final, encontramos os alinhamentos rochosos
melhor preservados dentro da malha implantada no Terraço Sul (Prancha 12).

Quadra B8:
Nesta quadra, em seu nível final, 90-100 cm, foram recolhidos fragmentos cerâmicos
próximos a um tronco caído junto ao Perfil E da escavação.

Quadra C1:
Foi escavada até os 50 cm, próxima do Muro Sul 2. Predominou o latossolo basáltico
vermelho e não houve ocorrência de vestígios de interesse arqueológico.

50
Constatou-se que a principal rocha do muro possuía a face externa bastante regular e
a interna formava uma cunha que dava sustentação extra à estrutura por estar
encaixada no sedimento, mostrando inclusive que aquele era o piso original de
circulação.

Quadra C2:
Escavada anteriormente (2007) e nessa etapa somente submetida à limpeza e nova
documentação.

Quadra C3:
Escavada até os 70 cm de profundidade, apresentou grande quantidade de fragmentos
de telha, especialmente entre os níveis 30-40 cm e 60-70 cm. Esta quadra forneceu
algumas amostras de telha para análise arqueomagnética.

Quadra C4:
Evidenciou-se, a partir do nível 40-50 cm, a camada argilosa de coloração cinza. A
partir desse nível até os 70 cm de profundidade encontramos novos alinhamentos
rochosos e outros aglomerados dispersos.

Quadra C5:
Com poucos vestígios, esta quadra mostrou uma pequena lente argilosa próxima à
superfície, entre os 5 e 10 cm que, mais tarde, caracterizou-se como um evento
isolado.

Escavada até os 70 cm de profundidade, revelou, em seu último nível, além de novo


aglomerado rochoso, possivelmente perturbado e descaracterizado de seu modelo
original de alinhamento, três fragmentos cerâmicos. Além disso, surgiu um aglomerado
que pode caracterizar o calço de um esteio (Prancha 11).

51
Quadra C6:
Escavada até os 90 cm de profundidade, destacamos a presença de fragmentos
cerâmicos nos níveis 40-50 cm e 60-70 cm. Em seu Perfil N, junto à quadra C5,
evidenciamos, a partir dos 30 cm, uma camada de solo mais escuro, proveniente de
combustão natural.

Quadra C7:
Escavada até os 50 cm, não apresentou estruturas ou fragmentos de interesse
arqueológico àquela profundidade. Em razão da pendente do terreno, seu nível de
ocupação deve estar por volta de 90-100 cm.

Quadra C8:
Após a evidenciação de blocos tombados de itacuru, próximos ao muro original junto
ao açude, foi possível notar, em sua porção W, a presença de um tronco caído. Ainda
não sabemos se colocado ali para barrar o fluxo de água ou para sustentar os blocos
de pedra contíguos.

Quadra D8:
Escavada até o nível 60-70 cm, onde se alcançou a camada argilosa de coloração
cinza que acompanhava o alinhamento de blocos.

Quadra D9:
Da mesma forma mencionada acima, a quadra foi escavada até os 60 cm apenas para
encontrar a camada argilosa que acompanha o alinhamento de blocos.

Quadra E9:
Escavada até os 40 cm de profundidade, foi encontrada, em sua porção N, a camada
de solo argiloso de coloração cinza. Em sua porção SW pode ser identificado o vértice
do muro que conforma o patamar mais baixo do Terraço Sul. Contíguo ao mesmo,
sobre o alinhamento de blocos, encontrou-se uma pedra, de desenho triangular que,
por suas dimensões, poderia ter servido como arremate da quina do muro.

52
Os vestígios construtivos que surgiram com a escavação do Terraço Sul da Fonte em
parte contradisseram a visão inicial de que as estruturas evidenciadas na Etapa 1 eram
vestígios de muros, mas confirmaram que o local visava à captação da água da chuva.
Em verdade as estruturas conformavam as margens do Açude, o qual se iniciava muito
próximo da fonte. A margem do Açude, neste local, era um pouco diferente daquela
detectada nas tradagens C4 e F4: ela era composta também por rochas basálticas,
mas dispostas em patamares, formando uma pequena escada, o que permitia a
diminuição da velocidade das águas da chuva e, conseqüentemente, menos
turbulência na água já armazenada, fato que favorecia o repouso dos sedimentos no
fundo do açude e a integridade do piso de rochas.

Fato interessante é a grande perturbação da estrutura nas quadras B4, C4 e B5 e a


existência do muro de pedras na zona alagadiça do Terraço. Pelo que indica a
estratificação e a qualidade dos materiais do muro, essa estrutura teria sido construída
posteriormente ao Açude. Juntando essa evidência com a perturbação do basalto
amarelo, podemos inferir que o deslocamento das pedras foi ocasionado pela
movimentação do gado que se encaminhava para a beira do Açude e que o muro
servia para conformar um patamar de acesso dos animais à água. Embora isso vá ficar
mais claro na parte IV, essa não é uma hipótese desconectada das evidências,
principalmente se levarmos em conta os relatos dos habitantes de São Miguel, os quais
sempre associaram esse local como sendo onde o gado era carneado.

53
Parque da Fonte Missioneira: Terraço Sul

Ao lado: foto da Quadra B5 mostrando os


alinhamentos de rochas basálticas alteradas
que caracterizam a antiga margem do Açude.

Abaixo: fotografia da Quadra C5, nível 50-60


cm, onde se nota que o basalto foi utilizado
para calçar um esteio já desaparecido.
Parque da Fonte Missioneira: Terraço Sul – Quadra B7, nível 50-60 cm – outra
porção dos alinhamentos de rochas que caracterizam a margem do Açude
nas proximidades da Fonte

Visão E-W.

Detalhe da estrutura, olhando para NW .


1.2. Tanque

Na Etapa 1 de pesquisa cogitou-se a hipótese de que o chamado Tanque Missioneiro


fosse uma estrutura destinada à regulação do fluxo de água, tal como uma comporta
pela qual se administrasse a quantidade de água existente no complexo hídrico e/ ou a
força da mesma, aproveitada para impulsionar um moinho ou uma prensa (batán).

Essa hipótese em parte não se sustenta, pois a complexidade da estrutura,


principalmente no que tange os vários momentos construtivos nela materializados,
torna difícil o estabelecimento de uma única função para o Tanque. Até mesmo essa
denominação “Tanque” é imprópria, pois cristaliza uma função para a estrutura que não
se manteve durante todo o período de utilização dela. Entretanto, continuaremos a
utilizar esse nome já consagrado no decorrer do trabalho.

A primeira atividade realizada na Etapa 2 foi a limpeza da estrutura e do seu entorno.


Começou-se com a construção de um pequeno barramento de sacos de terra a
montante do Tanque e a conseqüente drenagem da água de dentro dele com uma
bomba de sucção à gasolina de 5,5 cv. É importante ressaltar que essa operação
precisava ser realizada todos os dias, uma vez que infiltrações provocavam o periódico
enchimento do tanque (Prancha 13).

A segunda operação foi a limpeza do interior do Tanque, assoreado com grande


quantidade de sedimento e de lixo recente. Concomitante a essa atividade, foram
sendo retiradas rochas que haviam colapsado das paredes da estrutura. Percebeu-se
que essas rochas poderiam ser futuramente restauradas a seus lugares originais, o que
motivou a sua numeração por profissional do ETec de São Miguel (Prancha 14).

Juntamente com a drenagem e desassoreamento do Tanque, procedeu-se à supressão


vegetal de seu interior e entorno. A supressão vegetal foi acompanhada por engenheiro
florestal e antecedida pela avaliação dele, o qual determinou quais as árvores
existentes – e que punham em risco a integridade da estrutura – poderiam ser cortadas
(ver laudo no Anexo 4).

56
Parque da Fonte Missioneira: Tanque

1 2

5
1 e 2. Condições do Tanque ao início da Etapa 2.
3 e 4. Barragem de jusante e medições iniciais.
5 e 6. Esgotamento e limpeza do Tanque.
Parque da Fonte Missioneira: Tanque

3 4

6
1 a 3. Limpeza e remoção das rochas colapsadas no interior da estrutura.
4 e 5. Escavação e registro da UE 1.
6. Levantamento do perfil SW.
Finalmente, apresentando a área uma visibilidade arqueológica, iniciou-se a atividade
de levantamento métrico-arquitetônico das estruturas, que consistiu no desenho em
escala dos perfis e da planta baixa da estrutura, bem como da estruturação interna do
aterro que envolve o Tanque (Prancha 16). Ao final dos trabalhos de campo foi
realizada a reconstituição digital tridimensional da estrutura escavada em três
dimensões das paredes do Tanque (Pranchas 18 a 20).

Com esse registro foi possível documentar em detalhe as características construtivas


da estrutura. Ela está assentada sobre um embasamento de arenito, o qual parece ter
sido aplainado e retificado para formar o fundo da mesma. Essa rocha provavelmente
estava parcialmente exposta, o que constata que para a construção do Tanque foi
necessário escavar o sedimento – e possivelmente também a rocha – liberando o
espaço para o reservatório. Em razão dessa técnica construtiva, o Tanque logicamente
ficou abaixo do nível dos reservatórios de água, mas também abaixo do canal de
escoamento que fica à jusante, de forma que haveria sempre água em seu interior, a
menos que se fechasse o sistema e se esgotasse a água remanescente. E esse
empoçamento seria reforçado pela leve inclinação que o fundo do tanque apresenta
para S. Essa constatação nos leva a refletir sobre a função da estrutura: ela
obviamente regulava a quantidade de água presente no sistema inteiro, mas o fato do
Tanque estar sempre cheio reforça o seu uso para as libações diárias dos indígenas,
isso pelo menos num primeiro momento.

As paredes do Tanque são constituídas por rochas de arenito selecionadas e/ ou


trabalhadas, sendo que algumas peças certamente indicam o aproveitamento de
elementos lavrados e não utilizados, restos de antigas construções ou peças que
apresentaram algum defeito durante sua elaboração. Assim, as cavidades
quadrangulares encontradas em algumas rochas das paredes teriam sido em
realidade, escavadas para que as mesmas fossem originalmente utilizadas como
pilares, tal como se observa na área nuclear da redução. Foram aproveitadas em razão
de sua robustez, na construção de paredes que necessitavam agüentar grande
compressão gerada pela massa de terra envoltória, bem como suportar a pressão

59
contrária, da massa de água. Essas rochas estão bastante enterradas no talude,
cumprindo a função dos tirantes que são utilizados nas construções contemporâneas.

A planta do Tanque não forma um retângulo perfeito. A largura da estrutura é um pouco


menor a S e as paredes SW e NE apresentam angulação de menos de 90º e mais de
90º, respectivamente, de forma a suportar melhor o peso da massa de terra envoltória.
Essas paredes são bastante espessas: a SW, por ter de conter a vertente e os
deslizamentos; a NE por ter de suportar a pressão exercida pelo muro de terra de
fechamento do sistema hídrico, já identificado na Etapa 1 (Prancha 17).

Ainda tratando das patologias da estrutura, a construção do Tanque pode ter sido
problemática, pois o terreno mole no qual ele foi implantado, associado às tensões
materiais, gerou o colapso das paredes SW e NE para o exterior, fato que motivou
parte das intervenções que caracterizam o segundo momento construtivo. No topo
dessas paredes foram depositadas grandes quantidades de entulho e terra com vistas
a conter o colapso das estruturas, formando monturos.

A parede NE é um pouco mais extensa do que a SW em razão do acréscimo da


estrutura onde estaria instalada a comporta do sistema. Percebe-se que ela faz parte
de um outro momento construtivo porque não está amarrada com o restante da parede,
tendo colapsado justamente no encontro das duas estruturas. O fato de ser um outro
momento construtivo não indica necessariamente que um seja mais antigo que o outro
(Pranchas 16, 18 e 20).

As paredes NW e SE apresentam constituição completamente diferente: as rochas,


pouco espessas, estão praticamente encostadas no talude, dispostas de forma laminar,
tal como se fosse apenas um pano de revestimento. Apesar de ser evidente que as
pressões a serem suportadas são menores, essa configuração mostrou-se inadequada
em longo prazo, pois na parede SE nota-se a construção de uma espécie de
contraforte feito com tijolos bastante pesados e argamassa calcária, o que
caracterizaria um segundo momento construtivo, este sim distante temporalmente da
obra original (Pranchas 16, 19 e 20).

60
Essas paredes apresentam peculiaridades que reforçam a hipótese da materialização
de momentos construtivos distintos. A parede SE, reforçada por essa parede de tijolos,
possui uma abertura em sua extremidade S, a qual se comunica com um canal de
escoamento das águas. Apesar da perturbação na estrutura, causada pelo colapso das
rochas da extremidade do tanque, é possível perceber uma peça lavrada com canaleta
que apresenta encaixes para comportas deslizantes.

Ilustração de Rubens Matuck mostrando a peça de encaixe da comporta.

Na parede NW, a abertura atual para a passagem d’água foi escavada no muro de
terra que fecha o sistema, ou seja, ela não é o alimentador original da estrutura. É um
arranjo posterior, executado para servir a um uso diferente da estrutura. Entretanto,
logo abaixo dela há um orifício quadrangular, formado propositalmente pelo espaço
deixado entre o encaixe de quatro rochas. Este buraco foi inutilizado há muito tempo,
pois foi embrechado com argamassa e restos de telhas. Esta abertura não é uma
patologia na confecção do Tanque, pois a rocha superior do orifício é uma laje que
indica a possibilidade da existência de uma canalização que traria a água dos
reservatórios para o Tanque (Prancha 16, perfil face NW).

61
Foto de detalhe do orifício de admissão de água embrechado.

Foram encontrados, ao longo das paredes e do chão do Tanque, vestígios de


revestimento feito com argamassa de cal e telhas, principalmente na junção da parede
NW com o piso e na parte superior da parede NE, próximo à junção dela com a parede
NW. Esse revestimento pode ser contemporâneo ao reforço de tijolos, pois em ambos
há o uso de argamassa de cal.

Detalhe da argamassa de cal presente no topo do perfil NE.

62
Apenas uma Unidade de Escavação foi aberta na porção E da estrutura, notadamente
nas proximidades da abertura que regularia o fluxo e a vazão d’água. Essa UE revelou
a qualidade e os tipos de materiais empregados na construção do aterro envoltório
para contenção do Tanque, constituído ele principalmente de terra e rochas. Foram
localizados e recuperados fragmentos de uma garrafa de vidro quadrangular (case
bottle), cuja produção se inicia no século XVIII e se encerra no século XIX, justamente
no ponto de contato entre a camada superficial de sedimentos, composta
principalmente por terra estéril e a segunda camada, composta por entulho que
conforma o aterro original envoltório da estrutura. Essa evidência, somada a outras
localizadas durante a limpeza e o levantamento do Tanque, sugeriram que na estrutura
estavam materializados pelos menos dois momentos construtivos bastante distintos,
possivelmente ocorridos em épocas distintas (Pranchas 21 e 22).

Foto do lote 416: fragmentos de case bottle provenientes da UE 1 do Tanque.

Os taludes do canal de escoamento da água do Tanque parecem ter sido escavados,


numa retificação e ampliação de um antigo arroio. Outra evidência que corrobora a sua
construção por mãos humanas é o fato do fundo dele ser mais elevado que o fundo do
reservatório pelo menos em 10 m a jusante do reservatório.

63
A exemplo do que ocorreu com o Açude, que foi reapropriado para atividades
relacionadas à criação e abate de gado, é possível que o Tanque e a área envoltória
também o tenham. Note-se que a planialtimetria da área mostrou que há um terraço
amplo no S do Tanque.

64
1.3. Contexto G4

O contexto G4 é assim denominado porque foi determinado a partir da tradagem G4,


realizada na Etapa 1 de prospecção, na qual foi localizada uma pilha de tijolos
possivelmente estruturados – bem como grande quantidade de material construtivo e
alguns fragmentos de utensílios cerâmicos – a partir dos 40 cm de profundidade.

Tal como no Terraço Sul da Fonte, estabeleceu-se uma malha de escavação cujas
quadrículas – orientadas pelo plano de tradagens da Etapa 1 – possuíam 2 X 2 m.
Foram abertas integralmente três sondagens (M13, N13 e O13) e parcialmente outras
duas (P13 e O14), até profundidades em torno de 40 cm, com o objetivo de evidenciar
o piso de ocupação do que se imaginava ser uma antiga edificação (Pranchas 23 a
25).

De forma geral as quadras apresentaram um comportamento bastante homogêneo: há


material arqueológico desde a superfície, mas a densidade aumenta entre 10 e 30 cm,
rareando a partir de 30-40 cm, quando atinge o nível dos tijolos. Nesse pacote de
material arqueológico há grande quantidade de telhas, mas, entre elas, apareceram
muitos fragmentos de utensílios cerâmicos e ossos de gado vacum. As tradagens
realizadas na Etapa 1, bem como outras quatro realizadas na Etapa 2 revelaram que
há material arqueológico até 60 cm de profundidade, quando o acúmulo de tijolos da
tradagem G4, a principal baliza dos trabalhos, termina. As porções S das quadras M13,
N13 e O13 apresentaram menor densidade de material, mostrando o que seria a
porção exterior da possível edificação.

73
Em razão da extensão da área, que a rigor é delimitada pelo polígono formado pelas
tradagens H4-F4-F3-F5-H5 a metodologia de escavação por superfícies amplas
revelou apenas um segmento dessa edificação, talvez um dos vértices de encontro de
paredes. Vale ressaltar que as primeiras camadas do contexto arqueológico (10-20 cm)
parecem perturbadas pela ação de maquinário agrícola e a bioturbação provocada por
raízes: nas quadras O13 e O14 foi evidenciada uma grande raiz de árvore.
Aparentemente essa raiz ocasionou também parte da perturbação verificada na
deposição dos tijolos.

Apesar da perturbação verificada nos primeiros 10 ou 20 cm, é possível perceber que


essa camada foi formada em parte pelo colapso de um telhado em razão da
quantidade de telhas recuperadas durante os trabalhos. O pavimento de ocupação do
contexto iniciar-se-ia efetivamente aos 40 cm de profundidade (Prancha 24, fotos 1, 4
a 6).

Não está descartada a possibilidade de uma ocupação posterior da área, após o


colapso da edificação, pois na porção N da quadra M13 foi localizada uma estrutura –
que se supõe ser uma lixeira com restos de queima – que vai desde os 20 até os 60 cm
de profundidade. Essa estrutura é uma cavidade regular com aproximadamente 40 cm
de diâmetro, cujo fundo foi forrado com uma camada de argila cinza e onde foram
depositados restos de ossos de gado vacum, fragmentos de utensílios cerâmicos,
carvão e alguns poucos fragmentos de telha. As evidências de queima no local são
tênues, mas o fato da cavidade ter sido preparada com uma forração de argila no fundo
não reforça a tese de que ela fosse uma lixeira. Como seu início – a boca do buraco –
está em profundidade ao redor de 20 cm, final da camada de colapso do telhado, ou
estamos tratando de uma estrutura externa à edificação, ou ela foi estabelecida num
segundo momento, de reocupação da área (Prancha 24, fotos 2 e 3).

Quanto ao tipo de edificação que deu origem ao contexto G4, não é possível afirmar
que ela fosse fechada com paredes: os tijolos encontrados estão todos partidos, o que
pode indicar uma reutilização deles para constituir uma estrutura do tipo pouso ou
galpão.

74
Outras evidências reforçam o caráter não domiciliar da edificação. Alguns fragmentos
localizados durante a escavação são bastante distintos do acervo recuperado com os
trabalhos de prospecção. Há dois fragmentos de rocha laminares: um deles (gres, foto
1, prancha 26) apresenta uma paleta de cores onde são notadas faixas de tinta
branca, tinta amarela e, novamente, tinta amarela, à semelhança de um teste de cores.
O segundo (arenito, foto 2, prancha 26) possui marcas que o caracterizam como um
gabarito. Essas linhas sulcadas na rocha, quando combinadas, formariam diversos
ângulos que poderiam ser transferidos para compassos de carpinteiro ou de pedreiro,
permitindo a confecção de peças com ângulos diferentes de 90º. Na prancha 27 temos
exemplos de rochas que foram esculpidas e sulcadas.

75
Parque da Fonte Missioneira: Contexto G4

3 4 5

7
6
Aspectos gerais da escavação.
Parque da Fonte Missioneira: Contexto G4

1 2

5
1 e 2. Detalhes da escavação.
3. Área da lixeira/ fogueira.
4 a 6. Acúmulo de tijolos.
Parque da Fonte Missioneira: G4 – Acervo lítico

Grès pintado com tinta branca e amarela.

Placa de arenito com linhas sulcadas, peça que poderia ser um gabarito de ângulos.
Parque da Fonte Missioneira: G4 – Acervo lítico

Rocha (arenito) laminar talhada em forma triangular.

Grès possivelmente entalhado.


1.4. Contexto D18

Os trabalhos desenvolvidos no contexto arqueológico D18 transcorreram ao longo de 4


dias e fundamentaram-se, principalmente, na implantação e escavação de uma malha de
sondagens de 15 x 15 m, com quadras configuradas a cada 1 m de distância.
Considerou-se como P0 da linha mestra o vértice NE da malha de sondagens positivas
executada durante a prospecção do terreno, distante 6 m da sondagem C17. Contígua a
essa sondagem, encontra-se a estrada que limita o Parque da Fonte Missioneira
(Prancha 28).

Em um primeiro momento, realizou-se a escavação da porção NW das quadras D15,


D20, I15 e N15, divididas em quadras de 0,5 X 0,5 m e com profundidade média final de
60 cm.

As quatro quadras ofereceram uma amostra de fragmentos cerâmicos, encontrados a


uma profundidade média de 20-30 cm. Até este nível puderam ser notadas marcas de
arado. A partir daí, o solo torna-se bastante compacto.

Como continuação dos trabalhos, partiu-se para a escavação da porção SW da quadra


R15. Nesta, aos 40 centímetros de profundidade e abaixo de fragmentos cerâmicos,
coletou-se fragmento de telha.

Realizou-se, ainda, a abertura do quadrante NW da quadra I20. No nível 20-30 cm,


identificou-se uma estrutura que poderia configurar um piso ou fundação em pedras ou
tijolos. Ampliou-se a escavação para toda a porção W, a qual apresentou uma
continuação da estrutura. Em sua porção E, finalizada aos 30 cm de profundidade, a
quadra I20 apresentou mais fragmentos cerâmicos.

Partindo para a quadra I21 em sua porção E, temos outros fragmentos cerâmicos
associados a 1 fragmento de tijolo.

81
Na quadra H20, sua porção S foi escavada até os 30 cm de profundidade e apresentou
fragmentos cerâmicos, telha, e 1 dente de mamífero, além de algumas amostras de
concreção relacionadas à estrutura anteriormente mencionada. Seu vértice SW
apresenta apenas um pequeno resquício da concreção já evidenciada.

As quadras N20, R20, D25 e I25 foram as últimas quadras trabalhadas dentro do
Contexto Arqueológico D18. Todas apresentaram material arqueológico (Prancha 29).

Podemos concluir que o Contexto Arqueológico D18, ao contrário do que se imaginava


na Etapa 1, não está diretamente relacionado ao Sítio Arqueológico 2, identificado pelo
arqueólogo Cláudio Carle em 1995 (SCHIMIDT ET AL., 1995). Este sítio está por volta
de 100 m de distância do Contexto D18, mas não há qualquer nova evidência que
aponte para uma correlação direta entre eles. Contudo, em razão da fragmentação,
diversidade do material e da concreção localizada, o Contexto pode ser caracterizado
como área periférica de um sítio arqueológico – talvez uma olaria – localizado mais a W
ou SW, em terreno atualmente fora do Parque da Fonte.

82
Parque da Fonte Missioneira: D 18

1 2

1. Vista Geral da Área;


2 e 3. Abertura de Unidades de Escavação.
4 a 6. Material Proveniente do Contexto D 18.
1.5. Tradagens na nascente da Fonte e sondagem no Contexto C4

Foram realizadas também 6 tradagens no descampado existente logo ao S da área de


nascente que abastece a Fonte, visando localizar outras possíveis estruturas
correlacionadas ao sistema hídrico. Como resultado, localizou-se nível de rochas
basálticas com superfície de alteração a 70 cm de profundidade que se supõe fazer
parte da borda N do Açude. Esse nível é composto pelo mesmo tipo de rochas
encontradas no Terraço Sul da Fonte.

Dentro da mesma lógica de identificação de feições sutis ou muito alteradas do sistema


hídrico foi escavada uma sondagem ao redor da antiga tradagem C4 com o objetivo de
se obter uma leitura geológica clara do terreno. O comportamento da estratificação se
revelou o mesmo da tradagem C4 (Etapa 1) e no fundo dessa sondagem, pode-se
observar claramente a presença de arenito laminar identificado também na tradagem já
referida. Em razão de suas dimensões amplas (1 X 1,5 m), pode-se notar que as
rochas do fundo da sondagem formavam um piso. Entre algumas rochas desse piso foi
localizado um fragmento de telha cerâmica assentado de forma a preencher o espaço
existente entre dois blocos de rocha, uma disposição semelhante, mas talvez menos
preservada, do que a que foi localizada na tradagem G4.

O que se depreende dessa ação é que as tradagens incidiram sobre a margem do


Açude e que a sondagem se deparou com o fundo do Açude, confirmando suas
grandes dimensões.

85
2. O acervo: procedimentos curatoriais e de análise

Primeiramente, cabe destacar que a metodologia seguida esteve em consonância com


o processo curatorial implantado no Escritório Técnico I de São Miguel das Missões
(ZANETTINI A., 2008), tendo como objetivo unificar a linguagem de acesso às peças
dessas coleções, garantir a sua integridade física, além de conhecer com precisão a
quantidade e potencialidade dos acervos sob salvaguarda do Escritório Técnico.

Os procedimentos curatoriais visam atender algumas demandas essenciais, como a


utilização científica das peças (produção de documentação que contenha informação
gerada a partir desses mesmos objetos) e seu uso para fins educativos e/ou
museais (incluindo não apenas exposições, mas também o uso de amostras
selecionadas para fins didáticos, aulas, visita de especialistas), além de comportar as
atividades rotineiras de documentação e conservação (ver AFONSO, 1999; PEARCE,
1996; SHA, 1993).

De um modo geral, a curadoria das coleções seguiu os seguintes passos:

1. Lavagem das peças: individualmente. No caso dos fragmentos cerâmicos, apenas


suas fraturas foram escovadas, evitando a criação de “estrias artificiais”, as quais
dificultariam a análise dos acabamentos de superfície. Metais, borrachas e materiais
orgânicos passaram apenas por uma limpeza mecânica a seco;

2. Numeração das peças: Foi adotado um número de lote para cada conjunto de
peças com a mesma proveniência e nível. Para tanto foram transcritas nas etiquetas
dos lotes as informações de campo. Dentro de cada um dos lotes as seguintes
categorias de peças receberam números individuais: cerâmicas e louças, vidros, metais
(com afixação de etiquetas neutras) e líticos. Os elementos construtivos,
osteodontomalacológicos e peças das categorias supramencionadas com menos de 15
mm não receberam numeração individual, sendo identificados por meio de etiquetas
com número de lote.

86
3. Remontagens: após a numeração foi efetuada a colagem de fragmentos de um
mesmo objeto, sendo utilizada para tal cola branca neutra. Mesmo peças remontadas
recebem números individuais em cada fragmento, evitando perda de informação, caso
alguma peça descole.

4. Triagem dos acervos: Preenchimento das Planilhas de controle dos acervos. Na


classificação dos materiais em categoriais e tipos foram tomados como eixos
norteadores dois elementos: 1. Matéria prima e 2. Funcionalidade presumida. Assim
foram estabelecidas as seguintes categorias dentro das quais foram definidas classes
funcionais:

• Cerâmicas;
• Louças;
• Vidros;
• Metais;
• Líticos;
• Elementos construtivos;
• Osteodontomalacológico;
• Outros.

É importante salientar que um mesmo Lote de material pode estar guardado em


diferentes caixas, pois as peças eram separadas de acordo com sua categoria, medida
adotada para melhor conservação dos acervos. Assim cerâmicas, louças e vidros de
uma mesma procedência e, portanto, com o mesmo número de Lote foram sempre
guardados em uma mesma caixa. Metais, líticos e elementos construtivos eram
guardados em caixas específicas. Por fim, ossos, restos faunísticos, madeiras e
demais categorias de Outros eram guardados em outra caixa.

5. Documentação fotográfica: foi realizado o registro fotográfico de lotes de peças, as


quais serão imputadas no Catálogo de Acervos das Missões.

87
6. Acondicionamento: Todo o material foi acondicionado em sacos plásticos
apropriados com etiquetas de identificação, sendo que as etiquetas em papel foram
colocadas em saquinhos apropriados que evitam o contato direto com as peças, pois
esse contato poderia acarretar a danificação dos objetos arqueológicos. As peças
foram acondicionadas em caixas de acordo com a categoria de material. Isso porque
contamos com uma quantidade significativa de elementos construtivos, os quais
apresentam dimensões e peso que poderiam acarretar algum dano às outras
categorias de materiais. Ademais, os objetos metálicos, por exemplo, já ficaram
separados para acondicionamento, quando possível, em uma reserva técnica
climatizada.

No tocante ao tombamento das peças tem sido adotada a mesma sigla “SMA” para os
acervos de São Miguel das Missões, mesmo aquelas coletadas fora do perímetro
tombado. Desse modo, foi dada continuidade à numeração efetuada no âmbito da
organização dos acervos do Escritório Técnico (ver ZANETTINI A., 2008). Os lotes
foram iniciados no número 197 e os números individuais no 1694.

88
As etapas acima sumarizadas envolveram a manipulação de 3447 peças conforme
mostra a tabela a seguir:

Categoria Total
Telhas Capa-Canal 2388
Cerâmica Acordelada 767
Ossos - Mamíferos 89
Ladrilho 41
Pedras Decorativas 32
Pedras / Líticos Atípicos 25
Outros 17
Amostras de Carvão 12
Tijolos 12
Itacuru 11
Elementos Construtivos - Fragmentos Não identificados 10
Ossos - Outros 9
Argamassas 9
Vidros - Fragmentos Não Identificados 8
Vidros - Fragmentos de Garrafas 5
Metais - Fragmentos não identificados 4
Cerâmica Torneada 2
Líticos - Lascado 2
Vidros - Planos (Construtivo) 1
Metais - Cravos 1
Líticos - Picoteado 1
Telhas Francesas 1

Finalmente, esses resultados obtidos com trabalho de curadoria foram inseridos no


Catálogo dos Acervos das Missões, possibilitando sua fácil manipulação por
pesquisadores de diversas áreas do conhecimento (Prancha 30).

89
Acima, lavagem das peças e triagem no
laboratório do Escritório Técnico das
Missões. Ao lado, identificação final das
caixas com os acervos. Abaixo, telas do
Catálogo Digital onde serão inseridas as
informações relativas aos acervos ora
resgatados.
IV. INTERPRETANDO OS CONTEXTOS ARQUEOLÓGICOS DO PARQUE DA
FONTE MISSIONEIRA

1. Sistemas hídricos: características gerais, evolução e funcionamento

Nesse trabalho utilizamos o termo sistema hídrico e não hidráulico, pois o primeiro é
mais inclusivo que o segundo. Quando definimos um sistema como hidráulico isso
implica diretamente no aproveitamento da energia da água, principalmente a cinética
gerada pela movimentação do fluído. Embora não possamos atestar que de forma
alguma não existiu um moinho no Parque da Fonte Missioneira, o que se destaca na
paisagem é o aproveitamento dos recursos hídricos em forma de represamento e
armazenamento das águas. Assim optamos por denominar o conjunto de estruturas
existentes no Parque como um sistema hídrico.

É necessário também explicar o termo sistema. O estudo arqueológico dessas


estruturas através do conceito de sistema implica na assunção de que elas
funcionavam em conjunto, ou seja, que essas estruturas foram concebidas de uma só
vez (BARCELÓ, 1988). Embora as estruturas não tenham necessariamente que ter
sido construídas ao mesmo tempo, elas foram planejadas como um todo. E se esse
sistema funcionou – podemos até dizer que ainda funciona – por muito tempo além da
existência das missões jesuítico-guaranis, há efetivamente uma manutenção de seu
sentido primeiro, o que é um forte argumento para pensarmos numa arqueologia
missioneira que busque continuidades entre a ocupação missioneira e a ocupação que
a sucedeu.

Conhecemos alguns dos componentes do sistema hídrico do Parque da Fonte


Missioneira, mas não conhecemos todos eles e nem como funcionavam em sua
plenitude. Sobre a barragem de pedras ou o segundo reservatório de pedras que são
presença constante nos relatos orais da população de São Miguel temos apenas
alguns indícios ainda tênues. E fora da área do Parque existem muitos outros vestígios
associados ao sistema hídrico, tais como o mencionado Amassador de Barro da
fazenda do Presente ou muros de terra situados na continuação dos canais, no limite

91
sudeste do Parque. Os próprios canais, obra humana, transcendem – e muito – os
limites do Parque.

Para, entretanto, chegarmos a hipóteses mais consistentes sobre esse sistema, faz-se
necessário observar como funcionavam outros sistemas e estruturas hídricas.

Apresentamos, abaixo, como funcionavam alguns sistemas e estruturas hídricas/


hidráulicas ao redor do mundo e dentro de contextos bastante diversificados, inclusive
temporalmente bastante distantes daquele em foco. Depois, são apresentados alguns
estudos desenvolvidos em missões americanas que trabalharam intencionalmente com
estruturas hídricas/ hidráulicas ou que se depararam com esse tipo de vestígio no
decorrer das pesquisas.

1.1. Barragens e reservatórios: aspectos gerais

Uma barragem, reservatório ou represa, é uma barreira artificial feita em cursos de


água para a retenção de grandes quantidades da mesma. A sua utilização serve,
sobretudo, para o abastecimento de zonas agrícolas, residenciais, industriais e para a
produção de energia.

Barragens são construídas para armazenar a máxima quantidade possível de água,


seja por meio das chuvas ou pela captação de água de cursos de rios próximos.
Apesar das mudanças que certamente ocorreram na construção de barragens e
reservatórios ao longo da História, é interessante notar algumas características
fundamentais dessa empresa.

Faz-se necessária, primeiramente, uma investigação prévia para a escolha do local,


geralmente uma área com solo bastante estável, uma vez que pode existir o risco de
deslizamentos ou grandes acomodações devido ao peso da terra acrescentada sobre o
solo original; deve-se evitar a construção de barragens e reservatórios sobre
nascentes, pois a pressão da água pode comprometer a estabilidade do aterro; sempre
que possível, o local de construção do reservatório deve situar-se em cota acima do
local de utilização da água para permitir sua condução por gravidade; o local de

92
construção também deve ser de fácil acesso e estar próximo do ponto de empréstimo
(extração de terra) usada no aterro.

Sugere-se retirar a terra do local onde será formado o lago, aumentando sua
capacidade, e também aproveitar a terra proveniente da escavação; a bacia de
captação de onde provém a água deve, preferencialmente, ter cobertura vegetal que
minimize a presença de sedimentos em suspensão, para evitar o assoreamento rápido
do lago; deve-se evitar áreas de captação cultivadas com culturas anuais e locais com
presença de sais ou minerais tóxicos e bacias de onde provenham água com poluentes
(dejetos de animais ou esgoto) 4 .

1.2. Breve histórico da construção de barragens e reservatórios

A água é um elemento comum na nossa vida quotidiana e sua presença habitual,


contínua e abundante faz com que, muitas vezes, esqueçamos da sua extrema
importância e do seu caráter finito enquanto recurso. Seu valor é reconhecido desde as
primeiras civilizações, como fonte de vida e recurso fundamental para a manutenção
desta. O acesso e o controle da água, desde os tempos mais remotos configuram-se
como fatores elementares para o sustento de qualquer comunidade.

Para melhor aproveitamento da água é necessário um controle eficaz onde esta se faz
abundante ou escassa e, também, ir ao seu encontro e fazê-la chegar de maneira
precisa e regular para fins de abastecimento. É por meio da ciência e técnicas diversas
que o homem elabora obras hidráulicas que lhe permitem o máximo aproveitamento
das águas (PRATA, s.d.).

Para a captação desse recurso há alguns processos fundamentais: acesso direto aos
rios, lagos e áreas inundadas; captação das nascentes e sua condução para as
comunidades (por meio de aquedutos, canalizações superficiais ou subterrâneas); e,
por fim, acesso aos lençóis freáticos por meio de poços. Nem sempre conseguimos

4
Extraído dos sites http://www.dnr.state.wi.us/org/water/wm/dsfm/dams/gallery.html e
www.cca.ufsc.br/~aaap/hidraulica/captacao_e_armazenamento/2_tanques_e_acudes.ppt em 17 de abril de 2009.

93
evidenciar a coexistência desses processos e identificar o grau de desenvolvimento
alcançado em determinada área (PRATA, s.d.).

Reservatórios e represas estão, sem dúvida, entre as primeiras estruturas


desenvolvidas pela humanidade. O papel que desenvolveram está registrado em
inúmeras porções de terra ao redor do planeta. Em determinadas ocasiões, barragens
ligam-se diretamente à ascensão e declínio de civilizações, especialmente àquelas
altamente dependentes de sistemas de irrigação. Servem à humanidade há pelo
menos 5.000 anos, como já pode ser evidenciado nos berços da civilização (Babilônia,
Egito, Índia, Persa e Oriente Próximo) (JANSEN, s.d.).

Os vestígios dessas antigas estruturas podem ser encontrados tanto no Velho Mundo
quanto no Novo Mundo, servindo de marco entre as realizações de povos
desaparecidos há muito tempo. Grande parte do extraordinário trabalho realizado em
sistemas hidráulicos na antiguidade atingiu certo nível de declínio e desuso porque o
conhecimento de seus idealizadores não se preservou entre as gerações seguintes
(JANSEN, s.d.).

A História não possui um registro preciso do início do uso de sistemas de irrigação ou


quando foi construída a primeira barragem. Estudos realizados na China, Índia, Irã e
Egito revelam que tal trabalho, nessas terras, teve início há milhares de anos, e
proporcionou uma das bases para o desenvolvimento dessas sociedades. Menés,
primeiro faraó do Egito (c. 3100 a.C.), ordenou trabalhos de irrigação junto ao Nilo. Na
China, grandes barragens foram construídas para controlar o fluxo e a dispersão da
água que abastecia as áreas de agricultura próximas. Os livros sagrados da Índia
(Vedas) mencionam uma prática bastante precoce relacionada à operação de
barragens, canais de irrigação e perfuração de poços (JANSEN, s.d.).

As ruínas de antigas obras oferecem alguma evidência de como os reservatórios de


água foram concebidos. Um método comum de construção envolvia a colocação de
barreiras de terra entre fluxos de água. Alguns dos lagos formados a partir daí
abrangiam uma grande área. Os materiais usados para o processo de aterro eram
transportados em cestas ou outros contentores. A compactação do terreno era

94
executada a partir do pisoteio daqueles que transportavam o material. Ainda hoje, em
países onde os custos de trabalho são relativamente baixos, esse procedimento é
usado (JANSEN, s.d.).

Um exemplo de obra hidráulica ainda encontrada no mundo antigo é a barragem de


Sadd el-Kafara. Seus restos, barreiras feitas em alvenaria, ainda encontram-se bem
preservados sobre o canal seco de Wadi el-Garawi, perto de Helwan, distante 32
quilômetros ao sul do Cairo. Datada, provavelmente, da segunda dinastia egípcia
(3100-2950 a.C.), esta barragem foi construída para bloquear a água para os homens
que trabalhavam nas pedreiras próximas ao local (JANSEN, s.d.).

A barragem possuía uma crista cuja extensão era de 107 metros. Sua altura era de 11
metros e suas faces eram formadas por paredes com seixos e cascalhos, cada uma
com 24 metros de espessura desde a base até o topo da barragem. O volume total
dessas duas paredes de pedra era de, aproximadamente, 22.900 m3. Em sua base as
paredes eram separadas por uma distância de 36 metros. A barragem não possui a
vantagem de uma trincheira escavada em sua fundação. Seu centro foi preenchido
com 60.000 toneladas de cascalho e outras pedras misturadas com terra. A face
exposta da parede localizada na parte da contra corrente foi disposta em fileiras de
blocos de calcário trabalhados, sem qualquer espécie de argamassa em suas juntas.
As pedras, que possuíam um peso médio de 23 quilos, foram colocadas em degraus de
0,3 metros de altura em uma ladeira formada pela seguinte disposição: 3 pedras
verticais e 4 horizontais. Há evidências de que o topo da barreira inclinava-se,
longitudinalmente, em direção ao centro, inundando nesse determinado ponto
(JANSEN, s.d.).

O maior defeito nessa barragem era, aparentemente, a falta de um vertedouro. Essa


era uma ausência séria, uma vez que a bacia hidrográfica do Nilo está sujeita a fortes
precipitações pluviais que acarretam em grandes fluxos de água em seus tributários.
Além disso, a capacidade do reservatório, de apenas 570.000 m3, era insuficiente para
reter uma grande quantidade de água (JANSEN, s.d.).

95
Os romanos construíram muitas barragens de pedra ao longo de seu império,
compostas, basicamente, de blocos de rocha cortados e unidos com cimento de grande
durabilidade e impermeabilidade (JANSEN, s.d.).

Por volta do ano 100 d.C., construíram algumas de suas melhores barragens. Próxima
à cidade de Mérida, na Espanha, encontra-se a barragem de Proserpina, com 19
metros de altura e 427 metros de extensão. Essa barragem é tida como um marco
entre as estruturas desse tipo. Uma seção rio acima é constituída de uma camada
central de concreto entre duas paredes de alvenaria. A espessura original da parede
composta foi estimada em 3,75 metros no topo (JANSEN, s.d.).

Alguns relatos indicam que, em certas porções, esta espessura poderia diminuir para
2,4 ou 2,1 metros. Sua base pode ter alcançado os 5 metros de espessura. A face
localizada rio acima apresenta inclinação, enquanto a face localizada rio abaixo, feita
em alvenaria, mostra-se na posição vertical. A parede se estende por 6 metros em sua
base. Um aterro foi construído diante da parede localizada rio abaixo. Este inclinava-se
a partir da crista da barragem para cruzar com o solo natural a uma distância máxima
de 60 metros. Uma diferença básica entre a barragem de Proserpina e outras
anteriores é que a construção de sustentação foi erigida em sua face localizada rio
acima para proporcionar resistência contra transbordamentos. A ausência dessa
característica foi a responsável pelo colapso de tantas outras barragens (JANSEN,
s.d.).

Durante o reinado de Felipe II, no século XVI, a Espanha apresentou ao mundo uma
das obras de engenharia hidráulica mais notáveis até então. A represa de Ontígola
apresenta uma série de inovações técnicas e uma capacidade de armazenamento de
um enorme volume de água. Não por acaso, a represa é conhecida como “o mar de
Ontígola”. Parte do projeto modernizador, apoiado em novos sistemas de engenharia, e
levado a cabo por Felipe II, a construção da represa teve início em 1552 e a
repercussão de sua técnica construtiva chega até os dias de hoje (TAPIA e BLANCO,
1985).

96
A técnica de “núcleo de recheio” entre dois muros resistentes e o emprego de
contrafortes em represas correspondem a sistemas estruturais que por sua
racionalidade construtiva são empregados, atualmente, na construção de barragens.
Este tipo de represa representa uma economia considerável de material se comparada
às represas que utilizam a força da gravidade (TAPIA e BLANCO, 1985).

Esta barragem é a primeira a usar contrafortes na era moderna. Estes eram


constituídos de pilares de alvenaria, localizados na parte interna ou externa de uma
parede, cujo principal objetivo era sustentar as pressões exercidas sobre a estrutura
(TAPIA e BLANCO, 1985).

O “núcleo de recheio” servia para impermeabilizar, por meio de um núcleo de terra,


todo o sistema da barragem. Contudo, esta técnica interferia na condição de
estabilidade do reservatório uma vez que o comportamento estrutural de tal
“sanduíche” vertical é complexo e, em certos casos, instável (SCHNITTER, 1986).

A altura da represa de Ontígola era de 7 metros e a mesma estruturava-se com três


paredões de alvenaria de seção trapezoidal, encerrando em seu interior um aterro. Não
se pode determinar sua espessura exata uma vez que a documentação escrita não
informa a grossura do aterro (TAPIA e BLANCO, 1985).

1.3. Sistemas hídricos missioneiros: exemplos de estruturas e seus funcionamentos

Atualmente, são poucas as missões que apresentam todo o seu sistema hídrico
íntegro, sendo que, em algumas, marcadas por um longo período de desuso,
conseguimos verificar alguns de seus elementos componentes.

97
São João Batista, RS, Brasil

No caso da redução de São João Batista, encontramos uma série de resquícios do


sistema hídrico desenvolvido para o seu abastecimento. Há fontes de água para
canalização e represamento como solução para que a mesma não entrasse em contato
direto com o lodo das vertentes, fato que impediria o seu consumo. Geralmente essas
obras hidráulicas encontram-se próximas a nascentes e arroios, utilizando um sistema
de aproveitamento através da inclinação do terreno (BARCELOS, 2000).

Em São João Batista são conhecidas 6 fontes de água ao redor do núcleo urbano,
todas associadas a um mesmo arroio. Aqui trataremos de apenas duas. Próxima à
Fonte 02 se encontra uma estrutura de represamento de água, com aproximadamente
600 m2, de forma retangular, formada por muros/ barreiras de terra (taipa). Esses
muros/ barreiras possuem formas arredondadas e medem aproximadamente 70 cm de
altura por 1,5 m de largura (BARCELOS, 2000).

Essa estrutura se apresenta, claramente, como uma área de retenção de água do


córrego localizado em vertente próxima, com canais de escoamento voltados para
áreas mais baixas. Não há, no local, qualquer vestígio de construções de pedra. Toda a
estrutura é feita de terra acumulada (BARCELOS, 2000).

Há, também, a Fonte 03, muito semelhante à Fonte 02. Contudo, ao contrário desta,
que parece ter funcionado através de um sistema onde a água era desviada de um
córrego para o interior da área de represamento, a Fonte 03 parece ser resultado do
aproveitamento do relevo local. A água chegaria até a área de represamento apenas
por gravidade (BARCELOS, 2000).

Outros indícios particularmente interessantes para o estudo do Parque da Fonte são os


açudes de São João. Alguns deles são evidentes nos arredores do núcleo urbano,
criados para servir de bebedouro para o gado. A necessidade de manter algumas
cabeças de gado próximas ao núcleo urbano para o abate e consumo justifica a
presença dos açudes como áreas de contenção de água para os animais. Também é

98
possível que estes açudes fossem mantidos com a captação de águas pluviais e a sua
constante manutenção garantisse a permanência de taludes de contenção
(BARCELOS, 2000).

São Nicolau, RS, Brasil

Nessa missão, Barcelos (2000) informa sobre a existência de um chafariz que levava
água de uma fonte até o núcleo urbano por um sistema de aproveitamento da
inclinação do terreno. La Salvia (1992), destaca em a existência de um sistema de
latrinas, cuja a descarga era feita pela água da chuva e os dejetos encaminhados para
um banhado por canais de pedra.

San Carlos, Salta, Argentina

É a localidade onde melhor se pode apreciar a estrutura urbana do tempo jesuítico.


Distinguem-se muros de uma altura considerável, especialmente comparados com os
muros de outras reduções, o que facilita distinguir as características de seu traçado.
Em seus arredores, entre os montes que rodeiam o povoado, foram localizadas
canalizações que responderiam aos sistemas implantados por jesuítas para o manejo
da água (CAMELINO; SALAS, 2008).

Província de Córdoba, Argentina

É das estâncias de Córdoba que provém as informações mais completas sobre os


sistemas hídricos/ hidráulicos jesuítico-indígenas, pois nelas foram desenvolvidos,
recentemente, estudos específicos sobre o tema.

Devido ao déficit hídrico e as características geomorfológicas locais, as primeiras obras


dos jesuítas foram de engenharia hidráulica, permitindo o abastecimento de água para
irrigação e como fonte de energia para o movimento dos moinhos e batáns (máquinas
que aproveitavam a força cinética da água para impulsionar prensas e foles). Esses
sistemas eram compostos por obras de captação (próximo a um curso de água), muros
de represamento, reservatórios e sistemas de aproveitamento.

99
A análise histórica permitiu definir que os desenhos das barragens dos tajamares (muro
para contenção de águas) das estâncias de Santa Catalina e Alta Gracia (Prancha 31)
possuem pontos de contato com a barragem de Tha·lba (século VII); as de Caroya
(Prancha 31) e La Candelaria correspondem ao tipo de barragem de Ternavaso (ano
de 1600).

Na execução da infra-estrutura, os jesuítas souberam aproveitar ao máximo as


condições que oferecia o território de Córdoba para estabelecer um aspecto primordial
em seu desenvolvimento: os sistemas hidráulicos. Os tajamares e acequias constituem,
hoje, algumas das obras hidráulicas mais antigas da Argentina.

Como metodologia de trabalho, foram levantadas as características hidrológicas e


hidráulicas das regiões e realizaram-se estudos batimétricos e topográficos no terreno.
Também foram realizados os primeiros cálculos de estabilidade das barragens e a
comparação histórica das represas. Neste sentido, com o estudo das referências
bibliográficas de represas de época e levando em conta as datas da construção dos
tajamares de Caroya (1616) e La Candelaria (1687), buscou-se os antecedentes de
represas da época, a fim de poder apresentar análises estruturais dos muros de
barramento de ambas as estâncias. Dos antecedentes estudados, resulta que as obras
mais representativas, aquelas que serviram de modelo, influenciando no desenho
encontrado nos muros dos tajamares dessas estâncias, são algumas represas de
origem árabe e outra de origem espanhola pós-medieval.

Abaixo são destacadas algumas das características específicas dos sistemas hídricos/
hidráulicos.

- Obra de captação: constituída por açudes, ligados a cursos de rios e um canal derivador,
regulado por comporta. Esses diques eram levantados com pedras assentadas com cal e
constituíam autênticas represas ou açudes de derivação.

100
- Sistema de acequias 5 : esse sistema de canalização percorria vários quilômetros e
ligava-se a canais de meia ladeira, de terra, alguns sem revestimento, e outros
subterrâneos com revestimento. Também se ligava a sifões e chaminés, para
distribuição dos acidentes do terreno.

O sistema constituía-se, basicamente, por uma acequia que se ligava diretamente ao


tajamar e outra conectada à descarga do tajamar, a qual terminava no sistema de
aproveitamento para o rego.

- O muro de represamento e reservatório: foram desenvolvidos 2 tipos de muros de


barramento, de acordo com o volume de água a ser represado.

- Obra de descarga: dispunham de descarregadores de fundo com comportas e obras


para alimentação dos moinhos e batáns.

- Sistema de aproveitamento: os sistemas contavam com moinhos e batáns, com a


água aproveitada para a irrigação dos campos.

Estância de Santa Catalina (1622) e estância Alta Gracia (1643)

Obra de captação:
Santa Catalina: recebe água do rio Simpis, controlada por uma comporta retangular.
Sobre o curso do rio foram construídos dois muros em forma de “L”.

Alta Gracia: recebe água do arroio Chicamtoltina, da união dos arroios do Valle de
Buena Esperanza e de Los Paredones. Atualmente não apresenta vestígios.

5
São canais de condução de águas para irrigação, escavados no solo ou rocha, geralmente com uma pequena inclinação. Há duas classificações,
de acordo com a sua função e forma: acequias de riego, cujo objetivo é conduzir a água desde o leito fluvial até as áreas a serem irrigadas. São
várias acequias escalonadas em uma ladeira e apresentam leve declividade. O segundo tipo é de acequias de careo, conduzem a água desde leitos
naturais até zonas relativamente planas, com substrato permeável, para a sua infiltração.

101
Sistemas de acequias:
Santa Catalina: condução da água por meio de uma acequia de meia ladeira por alguns
metros, dividindo-se, mais a frente, em dois. Possui um conduto subterrâneo
abobadado e uma extensa trama de ramificações subterrâneas e a céu aberto (com
soleiras revestidas em alvenaria de rochas locais ou com ladrilhos e com laterais e
muro superior em alvenaria ou escavados na própria rocha.

Muro de barramento e reservatório:


Santa Catalina: o muro de barramento é um dique de gravidade composto de dois
paramentos verticais de alvenaria de pedra de 8,4 metros de altura máxima e
espessura de 60 cm, separados por uns 5,4 metros. A longitude do leito central é de
86,50 metros, com superfície de 6,71 hectares e volume de 57.171 m3.

Alta Gracia: o muro de barramento corre na direção norte-sul, com uma altura de 5
metros na zona de maior profundidade e 176 metros de longitude. Em sua forma
original, assim como o de Santa Catalina, o muro era duplo, com solo compactado
entre ambos, construído em alvenaria, interligando-se, possivelmente, com outra obra.

Obra de descarga:

Santa Catalina e Alta Gracia: a saída de água é regulada por uma comporta ligada ao
paramento molhado. A descarga se produz através de um conduto abobadado de
ladrilho, com 60 cm de altura.

Estâncias de Caroya (1616) e La Candelaria (1643)

Obra de captação:
Caroya: não se observam vestígios ou dados que permitam defini-la de forma precisa.

La Candelaria: idem à Caroya.

102
Sistemas de acequias:
Caroya: restam poucos vestígios e é possível que não correspondam ao traçado
original.

La Candelaria: possuía uma longitude de quase 2 quilômetros, correndo paralela ao rio


até chegar a uma elevação do terreno, que fazia com que essa se afastasse do curso
para irrigar os campos de cultivo e os reservatórios de armazenamento de água. Em
alguns pontos encontram-se afloramentos rochosos.

O muro de barramento e reservatório:


Caroya: consta de dois paramentos, quase perpendiculares, compostos de alvenaria de
pedras e cal, com vestígios de reboque de argila e cal (impermeabilidade). Seu fundo
encontra-se sobre um leito rochoso e não é descartada a possibilidade de que tenha
sido recoberto com cal (impermeabilidade). Possui 2,20 metros de altura máxima, com
1 metro de espessura e terrapleno de apoio. A longitude total de sua calha é de 60
metros. Sua superfície apresenta 0,5 hectares e um volume aproximado de 4.475 m3.

La Candelaria: formado por um paramento vertical de alvenaria de pedra com um


terrapleno de solo compactado, apresenta as mesmas características construtivas
acima citadas (Caroya). A longitude total de sua calha é de 73 metros. A superfície é de
0,5 hectares, com volume máximo de, aproximadamente, 5.250 m3. Seu fundo se
encontra sobre um leito rochoso e não é descartada a possibilidade de que tenha sido
recoberto com cal e argila (impermeabilidade).

A estrutura (muro principal de barramento) apresenta um comprimento médio de 1,40


metros e uma altura de 5 metros. Sua base tem 2,40 metros de comprimento por 50 cm
de altura.

103
A obra de descarga:
Caroya: no pé de encontro dos muros observa-se uma abertura retangular de 30 cm de
comprimento, utilizada como descarregador de fundo, que permitia a condução da
água até o moinho hidráulico, através de um canal de seção retangular cujas
dimensões são de 25 cm metros de comprimento por 30 cm de altura, revestidos com
pedra. Este descarregador de fundo era controlado por uma comporta. Sobre a ala
direita do muro há uma abertura, de forma retangular, que cumpriria com a função de
respiradouro para o excedente de água.

La Candelaria: de características similares à Caroya. Devido à sua ligação ao prédio,


esse sistema de descarga abastecia apenas o moinho e o batán. Pode-se observar
dois orifícios, um superior e outro inferior, de seção retangular e com dimensão de 15 x
20 cm. Também há uma a abertura de seção trapezoidal, com dimensões de 60 x 75
cm. O orifício inferior estaria ligado a um canal revestido de madeira que era
responsável pelo funcionamento do moinho hidráulico. É bastante provável que esse
edifício fosse controlado por algum tipo de comporta (REYNA et al., 2008).

104
Parque da Fonte Missioneira: Sistemas hídricos missioneiros: exemplos
de estruturas e seus funcionamentos

Planta esquemática do tajamar Alta Gracia (REYNA et al., 2008).

Esquema e dimensões do muro de vedação do tajamar da estância Caroya (REYNA et al., 2008).
Santa Ana, Candelária, Misiones, Argentina

Vinculados ao núcleo urbano existem cisternas circulares e vestígios esparsos do


sistema hídrico. Distando de 5 a 6 quilômetros, há um reservatório nas imediações do
arroio Márquez, além de fonte com câmara de filtragem para abastecimento da água
proveniente de poços.

O sistema coletor de água da chuva está conectado com as oficinas do sudeste do


pátio. Ao reservatório quadrangular, construído em pedra lavrada, chegam ramais que
conduzem água pluvial. Este se conecta a um reservatório circular sem revestimento
(Prancha 32) (POUJADE et al., 2008).

Magdalena, Moxos, Beni, Bolívia

Na missão de Magdalena existiam diques construídos no entorno das reduções para


evitar inundações. Esta conformação também é observada na redução de San Pedro
(PEREIRA et al., 2008).

Califórnia, EUA

Foram também os espanhóis os introdutores de barragens na Califórnia (EUA). Uma de


suas primeiras missões – San Diego de Alcala – recebeu água de uma barragem
construída sobre o rio San Diego, nas últimas décadas do século XVIII. A longa
barreira, a qual acabou ruindo parcialmente com o tempo, era composta por uma
mistura de cimento e cascalho, com 1,5 metros de altura (JANSEN, s.d.).

106
Missão de Santa Ana, Argentina: sistema hídrico

Fotos do sistema hídrico da missão de Santa Ana, Argentina (Autoria de Candice Ballester, 2008).
2. O sistema hídrico do Parque da Fonte Missioneira: resultados e hipóteses a
serem investigadas

O capítulo antecedente forneceu características gerais de sistemas hídricos/ hidráulicos


que, não necessariamente correspondem aos componentes e ao funcionamento do
sistema hídrico do Parque da Fonte Missioneira, o qual logicamente possui inúmeros
pontos de contato com o grande universo das obras de captação, represamento e
distribuição de água, mas que também possui especificidades. Vejamos adiante
algumas dessas peculiaridades e como elas poderiam fornecer dados para a
compreensão do sistema.

2.1. As partes do todo: a Fonte

Não podemos tratar a Fonte Missioneira como uma simples fornecedora de água. Suas
múltiplas dimensões e significados práticos e simbólicos eram bastante específicos.
Separa-los, entretanto, não levará a compreensão daquilo que é apenas mais um dos
componentes do sistema hídrico.

Em primeiro lugar é importante destacar sua implantação no terreno (Prancha 33). Ela
está encaixada na vertente de uma colina suave, abaixo da superfície, o que a definiria
como uma fonte de mergulho. Essas características são restritivas ao acesso à fonte
de água, ou seja, o caminho até ela tem que ser criado. Assim, esse caminho dará uma
indicação de quem a utilizava: somente seres humanos. Os animais (bovinos, eqüinos
e muares), portanto, estavam excluídos de acesso ao local. É possível que o
alinhamento de pedras que parte num ângulo de 80º do muro N da Fonte servisse de
acesso às pessoas ao interior do equipamento, bem como de base para os animais
chegarem até o nível da água que escorria para o Açude (Prancha 34, 1). Maiores
informações sobre esse sistema de acesso só poderão ser conseguidos com uma
escavação de ampla superfície do Terraço Norte da Fonte, revelando assim o piso de
caminhamento original, enterrado sob um mínimo de 50 cm de sedimento (máximo de
1,5-2 m) (Prancha 34, 2).

108
A Fonte Missioneira: detalhes

2
3

4 4

4
4
1

Croqui esquemático da Fonte.

4 5
4

3
4

2
Da mesma forma que a Fonte não servia para nutrir animais, ela também não se
prestava ao banho dos humanos ou à lavagem de roupas, uso que parece ter se
difundido, segundo informações orais, no século XX. Isso é reforçado pela ausência de
um reservatório elevado diante dos anjos vertedouros, a exemplo do que pode ser
identificado em inúmeras fontes em diversas localidades brasileiras e européias
(Prancha 35 e 36).

A captação de água para o consumo, portanto, estava adequada à disposição das


estruturas da Fonte. Supomos que ela estivesse voltada para o suprimento de água
limpa, filtrada pelo sedimento, em razão do sistema de transporte e decantação da
água. Da nascente à Fonte ela seguia por uma canaleta com suave declividade até
encontrar o primeiro reservatório, onde ela diminuía de velocidade e havia tempo
suficiente para o sedimento existente nela decantar nesse tanque. Ao segundo tanque,
o dos anjos, ela chegava com pouca perturbação ou dissolução dos sedimentos. Note-
se que uma série de doenças eram imputadas ao consumo de água contaminada: “A
construção de fontes para canalização e represamento de água parece ter sido uma
solução para que a água consumida não estivesse em contato direto com o lodo das
vertentes” (BARCELOS, 2000: 249).

Na mesma linha, o relato do padre Sepp sobre as agruras passadas na viagem de ida
da Espanha para Buenos Aires é bastante elucidativo da necessidade sentida pelos
padres da Companhia em ter água pura para o consumo: “despejou chuva copiosa
sobre nós, para dar que beber aos sedentos, porque nossa água começava a ter gosto
muito ruim e, o que era pior, tinha até que ser racionada” (SEPP, 1972: 20).

Mais do que mero consolo psicológico, muitos desses padres devem ter passado por
provações semelhantes, conformando um imaginário de que o que estava por vir
poderia ser igual ou pior.

111
Exemplos de fontes e tanques

Gravuras de Giambattista Piranesi, da coleção


Vedute di Roma. A gravura 1 apresenta uma fonte
ornamental; a 2 e a 3 mostram fontes com
reservatórios para animais; a 4 mostra um tanque
de lavagem de roupas, a única estrutura coberta.
Exemplos de fontes e tanques

3
1. Chafariz do Lagarto (final do s. XVIII);
2. Bebedouro na estrada Velha da Tijuca (meados do s. XIX);
3. Chafariz da Glória (segunda metade do s. XVIII);
4. Bica dos Chineses. Fonte: Prefeitura Municipal do Rio de 4
Janeiro/ Secretaria Extraordinária de Promoção, Defesa,
Desenvolvimento e Revitalização do Patrimônio e da Memória
Histórico-Cultural/ Coordenadoria de Projetos Especiais
A forma como essa água era captada e armazenada pela população da missão é
bastante significativa. Na maior parte das fontes mostrada nas pranchas 35 e 36 há
duas formas de se pegar água: pelos canos e torneiras que se projetam de um
reservatório ou num segundo reservatório alteado que facilitava o enchimento de jarros,
mas que não era a forma mais higiênica disso ser realizado, pois esse reservatório
serviria também para o uso por animais, ou para que as pessoas se lavassem. Na
Fonte Missioneira também havia duas maneiras de se pegar o líquido, mas com
alguma variação: colocando os recipientes abaixo das bocas dos anjinhos ou
submergindo os vasilhames no último reservatório, próximo ao solo, o que novamente
não seria a atitude mais desejável. De qualquer forma, para ambas havia a
necessidade de se ajoelhar ou acocorar-se, mantendo-se a trindade angelical acima
das cabeças das pessoas, sinal claro de reverência, pelo menos por alguns momentos.
Podemos imaginar que, nos dias de tórrido calor do Noroeste sul-riograndense, as
pessoas colocassem as cabeças debaixo do fluxo que vertia pelos anjos, submetendo-
se ao ritual do sacramento do batismo. Embora especulativo, é possível imaginar que,
uma vez situada no limite sul da zona urbana de São Miguel Arcanjo, à beira do
caminho para as estâncias do sul da região de influência de São Miguel, a Fonte
servisse como ponta de lança da evangelização de grupos que não se submetiam tão
facilmente à redução. Assim, teria ela um papel pedagógico e doutrinador, iniciando os
indígenas arredios nos ritos do catolicismo ou confirmando sua influência perante os
indígenas reduzidos.

É importante ressaltar que, nos primórdios da igreja cristã o batismo ocorria quando os
indivíduos já eram adultos, tendo sido substituído posteriormente pelo batismo na tenra
idade (RAMOS NETO, 2009). E no caso dos indígenas, o batismo de adultos seria algo
não raro, embora não mais em uso em meio a populações onde o cristianismo estava
já consolidado havia séculos. Lembremos que o batismo não era um ponto pacífico
dentro do cristianismo, uma vez que católicos passaram a ser batizados logo após o
nascimento, enquanto que algumas denominações evangélicas surgidas no século XVI
– anabatistas – só aceitavam o sacramento na idade adulta. E uma vez que os
inacianos surgiram como um dos movimentos de contra-reforma, o batismo surgia

114
como uma questão que precisava ser bem resolvida tendo em vista o contexto europeu
e as necessidades americanas, situação de equilíbrio bastante delicada.

Acima temos um desenho do reservatório do anjos da Fonte. Abaixo, desenhos de pias existentes no museu da ruína da
igreja de São Miguel. Desenhos de Rubens Matuck.

Esse arranjo de reservatórios pode também não ter sido proposital, uma vez que, entre
o primeiro reservatório e o dos anjinhos há um nicho vazio, destituído de função na
atualidade (Prancha 34, 3). Conteria ele alguma estrutura desaparecida, seria erro de
projeto ou é uma condição estrutural inevitável tendo em vista o arranjo pretendido e os
propósitos a serem alcançados? Essas talvez sejam perguntas impossíveis de serem
respondidas.

115
A sociabilidade também poderia ser uma função das estruturas da Fonte. A seqüência
de bancos de pedra no interior dela, encostados ao longo dos muros N e S, reforçam
essa constatação. Muito embora possamos imputar sua função a um arranjo
construtivo para reforçar as bases dos respectivos muros, sua existência faculta ambas
as funções. O reforço fornecido pelos ‘bancos’ atuaria em conjunto com as colunas
situadas em ambos os flancos dos reservatórios, as quais não estão exatamente em
paralelo aos muros de contenção da Fonte, mas ligeiramente torcidas, com um dos
vértices apontando para esses muros e gerando um maior travamento da estrutura
(Prancha 34, 4). Por outro lado, é fato que, no verão, o nicho da Fonte é um lugar
bastante agradável de se estar em razão das temperaturas mais amenas, ainda mais
se imaginarmos que havia uma cobertura – telhado – sobre a mesma.

Esse telhado também teria uma dupla função: fornecer sombra e proteger a água que
chegava à Fonte dos sedimentos e folhas carreados pelas chuvas, bem como da
agitação que os pingos d’água causariam nos reservatórios destinados a decantar os
sedimentos. Observando a Fonte durante chuvas fortes percebemos que seu interior
fica bastante barrento e prejudica a qualidade da água fornecida, muito embora as
chuvas sejam absolutamente necessárias para alimentar a nascente e o sistema
inteiro.

Se por um lado essa cobertura da Fonte seria bastante funcional, por outro ela fugiria
do padrão das outras fontes. São poucos – ou praticamente inexistentes – os registros
de fontes com coberturas, seja pelo fato da sombra manter o ambiente extremamente
úmido, o que facilitaria a proliferação de limo, o abrigo de animais e a permanência de
pessoas por um período mais longo do que o desejado. Obras hidráulicas onde são
comuns os telhados são os tanques de lavagem de roupas, pois nesses locais as
pessoas obrigatoriamente permaneceriam um maior período de tempo (Prancha 37).

116
Contra os efeitos da águas barrentas ainda temos as calhas laterais entre os ‘bancos’ e
os muros. Em verdade só temos a calha, a do muro N, que está bem demarcada,
enquanto a do muro S é apenas uma tênue faixa. Isso pode se explicar em razão do
volume de água que escorreria por esse muro, para o interior da estrutura, durante as
chuvas (Prancha 34, 5).

2.2. As partes do todo: o Açude

Infelizmente as escavações realizadas para tentar desassorear o lago, no início dos


anos 1980, criaram valas profundas que produziram morrotes de sedimentos que
alteraram a percepção da paisagem e geram leituras topográficas ilusórias, além de
destruírem parte do revestimento de rochas. Apesar disso as feições circulares do
reservatório se tornam claras a partir da análise do levantamento topográfico (Prancha
38).

O Açude tinha originalmente por volta de 90-100 m de diâmetro e estima-se que sua
lâmina d’água tivesse por volta de 1 m de espessura, embora sua profundidade fosse
maior, dependendo da porção observada. Em razão da alteração do padrão das curvas
de nível a medida em que elas se aproximam do Açude, é possível aventar a hipótese
de que parte dele tenha sido escavada para atingir a forma e a profundidade
necessária, bem como para desobstruir o caminho das águas. Em todas as tradagens
e sondagens efetuadas na área do Açude foram encontradas rochas basálticas muito
alteradas, as quais formavam o fundo do corpo d’água. As rochas dispostas no fundo
do Açude são laminares em sua maioria, tendo por vezes fragmentos de telhas
entremeando essas rochas, fato constatado nas tradagens C4, D4, E4.2 e F4, esta
última apresentando as melhores evidências. Sem dúvida essa disposição de rochas e
telhas é obra humana, mas o que resta saber é se há locais no Açude onde esse fundo
de pedras é natural (Prancha 39).

117
A dificuldade em se distinguir os ecofatos dos artefatos no Parque da Fonte Missioneira
é decorrência das obras humanas serem ou afeiçoamentos das características do meio
natural ou estruturas que copiam certos atributos observáveis na natureza. Essa ação é
derivada essencialmente de uma das primeiras formas de aprendizado humano e, de
tão primordial, pode não explicar absolutamente nada sobre o sistema hídrico e sobre a
sociedade jesuítico-missioneira. Entretanto, é um excelente ponto de partida para
entender o processo de interação social existentes nas Missões. Evidentemente todo o
saber jesuítico era decorrência do renascimento europeu e do período iluminista, nos
quais as tradições clássicas de pensamento foram resgatadas e reelaboradas. Só para
se tomar um exemplo pulsante, uma das fontes de inspiração e investigação de
Leonardo Da Vinci eram os processos naturais que se desenrolavam ao seu redor, o
que em parte explica a capacidade dos jesuítas em analisar a natureza e exacerbar
suas qualidades positivas para suas intenções. Assim, parte da explicação sobre as
características materiais do sistema hídrico está dada.

Por outro lado, essa forma de construção e modificação do meio, se fosse somente
uma característica da ideologia jesuítica, como um punhado de europeus conseguiria
manipular milhares de indígenas para uma empreitada gigantesca? A resposta é que,
evidentemente, os indígenas também possuíam essa estratégia de modificação da
natureza e que eles eram os habitantes autóctones, partes daquele meio. Logo, as
intervenções mais eficientes naquele meio só poderiam ser executadas – e porque não,
planejadas – pelos guaranis. Essa trivialidade agrega significado ao termo jesuítico-
guarani, fazendo justiça ao grande contingente que tornou uma realidade as Missões.

118
Tanques de lavar roupa: exemplos de coberturas

1. Lavadouro de Santana (1827);


2. Lavadouro da Fonte de Beber (1888);
3. Tanque do Bairro Franco (c. 1950), todas em
Palmela, Portugal (PRATA, S.D.).

3
Parque Fonte Missioneira: o Açude lajeado de pedras

Na topografia percebemos as feições circulares do Açude e o contorno da taipa, indicada pelas setas.
O fundo do Açude: revestimento em pedra

Fotos do perfil e do fundo da tradagem F4, depois ampliada para sondagem. Note-se a disposição das pedras, sempre
laminares e acomodadas sobre o solo, entremeadas por fragmentos de telhas.
O fundo do Açude é constituído pela mesma argila cinza (Gley 1, 4/10Y, dark greenish
gray) localizada em diversas construções e contextos do Parque. Entretanto, lá ela está
em seu local original. Assim, as rochas basálticas estão assentadas sobre uma camada
natural, mas esse arranjo, repetido em outras áreas, com rochas e argila levadas para
esse fim específico, mostra um grande conhecimento sobre a natureza da região,
conhecimento esse que, nas palavras de Arno Kern, “só os indígenas possuíam” (apud
BARCELOS, 2000: 246).

Essa forração de rochas no Açude é bastante interessante, pois, em tese, não teria a
função de impermeabilização do reservatório, pois o local do Açude é, em verdade, um
banhado onde as águas brotam e para o qual as águas da chuva são naturalmente
encaminhadas em razão da topografia da região. Assim, tentar uma impermeabilização
seria atitude contraproducente, pois excluiria a captação das águas que migrariam do
subsolo argiloso para a superfície.

Podemos levantar duas hipóteses para a existência dessa forração. A primeira indica
que ela poderia facilitar a limpeza, uma vez que a água das chuvas viria carregada de
sedimentos que se depositariam sistematicamente no fundo do lago. A segunda, que
não exclui a primeira, é mais instigante, pois propõe novos elementos para a
compreensão dessa complexa sociedade. Sem dúvida ela girava em torno da criação
de gado, fonte de mercadoria de troca, mas também de subsistência para o
contingente indígena. Numa das maiores aglomerações urbanas do território
missioneiro, havia um verdadeiro pesadelo logístico para alimentar toda aquela
população com carne, pois isto demandava transportar o gado das estâncias,
concentra-lo nos arredores de São Miguel, distribuí-lo também para atividades de
transporte e propulsão de máquinas (arados, por exemplo), abater os que seriam
consumidos e distribuir a sua carne entre a população. Para retirar o gado das
estâncias e concentrar parte dele nos arredores eram necessárias pastagens, currais,
áreas de abate 6 e açudes. A existência do Açude seria então explicada pela
necessidade de armazenar água para o gado, tal como também constatado na redução
6
Segundo Barcelos, o abate e carneação vai, a partir da segunda metade do século XVII, gradativamente se afastando do centro do núcleo urbano
missioneiro e dos arredores das dependências dos padres, para as oficinas e, no caso de São Miguel, para áreas específicas mais afastadas
(BARCELOS, 2000: 261).

122
de São João Batista, mas e o revestimento de rochas, que aparentemente não possuía
função alguma para manter a água ali? A resposta, um tanto quanto jocosa, vem do
exame de dois elementos já extensamente difundidos na cultura brasileira: o ditado “a
vaca foi pro brejo” e o prato vaca atolada (mandioca bem cozida com costela bovina). A
preocupação de afastar o gado de lamaçais, constante no ideário da vida rural das
áreas agropastoris, dentro da organização jesuítico-guarani, e tendo como base as
condições ambientais da região, gerou uma resposta a esse problema, ou seja,
empedrar o fundo de um banhado.

A disponibilidade de água na região é restrita, mas ela se concentra naquele local


específico, de forma que um grande contingente de reses teria que ser mantido nas
proximidades. Logicamente esse gado se encaminharia para o meio do brejo (local das
tradagens E4, D4 e D5), em épocas de estiagem, para chegar até a água empoçada.
Caso parte desse grande contingente bovino ficasse atolado no brejo, as perdas seriam
imensas, sem contar a contaminação dessa fonte de água pela putrefação dos corpos,
pois seria muito difícil retirar as carcaças de lá. Assim, nada mais lógico – tendo em
vista a disponibilidade de mão-de-obra e a lógica de ordenação do território por parte
dos jesuítas – do que forrar o reservatório com uma camada de rochas laminares para
evitar perdas e contratempos.

As margens do Açude não possuiriam revestimento do topo até a base, pelo menos
não nas proximidades das tradagens C4 e F4, as quais representariam seções típicas
das margens. Entretanto, uma vez que o talude das margens não é uniforme e que o
Açude se destinaria principalmente a nutrir o gado, outros arranjos para a consolidação
das bordas seriam esperados, caso das tradagens 1 a 7, das margens artificiais
construídas com taipa e do Terraço Sul da Fonte.

As tradagens 1 a 7 revelaram novamente as rochas basálticas muito alteradas, mas


numa cota incompatível com a formação do lago do Açude – o nível d’água ficava
muito abaixo da tradagem 7. Uma hipótese para a presença dessa camada de rochas é
a construção de um caminho para captar a água borbotante residual da nascente que
alimenta a Fonte ou um acesso para o gado atingir o fundo do Açude.

123
A extremidade S do Açude é fechada por um muro de terra denominado localmente
como taipa. Esse muro é bastante evidente a partir de G4, entre 30-40 m metros mais
para o S do referido Contexto (ponto 26 da Etapa 1 – Anexo 2). Apesar dos montes de
sedimentos gerados pelas escavações dos anos 80 e da vegetação atual, ainda é
possível perceber que se está caminhando na crista de uma pequena elevação,
enxergando declividade tanto para E quanto para W, denunciando dois corpos d’água
separados (Prancha 40). Um deles é o Açude (W) e o outro é o Reservatório do
Tanque (E).

Essa taipa é uma referência a um muro construído com terra socada, mas ela
apresenta diferenças quanto à taipa a modo dos paulistas, por exemplo. Nessa última
temos exclusivamente terra compactada, enquanto que na taipa do Açude há lajes de
rocha que acompanham o contorno do muro (Prancha 40). De acordo com o
levantamento apresentado na Prancha 40, estimamos que a taipa exista somente na
porção S do Açude, numa extensão de por volta de 95 metros lineares de
comprimento. Essa constatação foi possível através do levantamento topográfico
conjugado com uma análise mais detalhada das tradagens C5, C7, D7, E7 e E8. Ficou
claro que, em razão de terem surgido rochas e sedimento extremamente compactado
durante a escavação das mesmas, a taipa está distribuída numa faixa de terrenos mais
ampla do que anteriormente se esperava.

Ao longo dessa extensa taipa não é descartada a existência de uma “barragem de


pedras”, citada nos relatos orais da população, no local do vertedouro original do
Açude, que seria a boca também original do canal que parte do Açude (Prancha 40).

Não foi encontrada uma comunicação entre o Açude e o Reservatório do Tanque. Os


canais que partem do Açude e do Tanque só se encontram bem mais para o S, quase
na extremidade SE do Parque. Novamente, o caminho das águas parece bem alterado
pelas escavações da década de 1980: o canal que parte do Açude originalmente
deveria ser mais a E, tal como é apontado na Prancha 40.

124
Detalhe da estrutura de taipa do Açude

Detalhes da sondagem aberta pela arqueóloga Vera Thaddeu em 2007-2008 e continuada pela equipe de 2009 (ponto 26,
Anexo 2). Note-se o escalonamento das pedras, assentadas em meio a uma camada de aterro, mas sobreposta à camada de
argila cinza. Podemos imaginar que a taipa seja constituída primeiro por camada de argila cinza, fixada por rochas sobre elas
e, no final, era acrescentada uma camada de aterro na qual predominava o latossolo vermelho.
No Terraço Sul da Fonte foram encontradas evidências dessas margens pavimentadas
do Açude que, entretanto, seriam um pouco diferentes, formando uma espécie de
escada para diminuir a velocidade das águas, pois aquela vertente é, sem dúvida, a
mais íngreme do Açude.

Apesar de ser difícil definir o acesso original do gado ao Açude, ou seja, por onde ele
descia até a fonte de água, podemos afirmar que isso não se dava pelo Terraço Sul
quando o sistema estava na sua plenitude, pois as estruturas lá existentes e a
declividade do talude não permitiriam isso sem acidentes tais como uma pata
quebrada. Podemos até aventar a hipótese de que houvesse uma cerca no local para
impedir uma eventual rês desgarrada de descer por ali. Contudo, o piso evidenciado
pelas escavações do Terraço apresenta perturbação condizente justamente com o
trânsito de animais de grande porte por aquele local, ficando apenas umas poucas
áreas parcialmente a salvo do pisoteamento, tais como os vestígios das quadras B5,
B6 e, principalmente, B7. Somada essa evidência à constatação de que o terraço
formado pelos alinhamentos Sul 1 e Sul 3 (ver Prancha 10) é posterior à formação do
Açude, acreditamos que aquela porção do sistema hídrico, cuja função original não
admitia o trânsito de animais, foi redefinida a partir do momento em que o sistema
perdeu o sentido de uso original, possivelmente com a expulsão dos jesuítas ou a
extinção da missão de São Miguel, já na década de 1820. Com a perda da organização
jesuítico-guarani, o local ficou abandonado ou foi reapropriado para a carneação do
gado – informação oral presente até hoje no discurso da população local e visível nos
amoladores de faca existentes nas rochas dos alinhamentos.

126
Foto com o detalhe do arenito desgastado pela amolação de facas.

Com o passar dos anos e a degradação da estrutura original – a escada de basalto


para a diminuição da velocidade das águas – construiu-se o terraço, com qualquer tipo
de rocha disponível, seja itacuru ou arenito, para criar uma plataforma próxima ao lago
do Açude e permitir as atividades de abate e carneamento.

Concorrendo com a destruição por pisoteamento do gado temos a desagregação


intencional das pedras para a construção de estruturas provisórias sustentadas por
esteios. Em alguns pontos do Terraço Sul (quadras C4 e C5) foram encontradas rochas
basálticas que pertenciam ao revestimento da margem, mas que foram aglomeradas
ao redor de um esteio, hoje desaparecido. Justamente nas quadras onde essas
evidências de buracos de esteio foram localizadas, foram também encontrados
fragmentos de utensílios cerâmicos, indicando que alguma atividade se desenrolou por
lá, seja o estabelecimento de acampamento ou trempes para secagem da carne.

E por que desenvolver esse tipo de atividade naquele local específico? Por que não
mais distante da Fonte? São várias as razões. Com o despovoamento da região em
decorrência da saída dos jesuítas e dos guaranis, a manutenção de um sistema hídrico
desse porte seria impossível, apesar da continuidade de sua importância para os novos
ocupantes ou para aqueles poucos que permaneceram. Isso levaria a uma tomada de
decisão – reduzir a manutenção do sistema a uma fração da área original dele,
utilizando assim uma porção menor. Dessa forma, uma série de atividades que antes

127
eram rigorosamente apartadas por razão de higiene, com o colapso da missão elas não
mais se justificavam.

Essas constatações não encontram paralelo na literatura da arqueologia missioneira,


pelo menos não em termos de continuidades e mudanças no uso de sistemas hídricos/
hidráulicos. Evidências da redução da área construída para sua melhor manutenção
podem ser encontradas em outros contextos, na própria São Miguel: a igreja da
missão. A parede sul original da nave não é a que hoje se encontra de pé. A parede
atual foi construída posteriormente, encurtando a extensão da igreja, porque já não
havia a necessidade de comportar o mesmo contingente para o qual ela havia sido
dimensionada. Isso também facilitava a manutenção do prédio, principalmente porque
já não era mais necessária a mesma quantidade de vigas e telhas para cobrir o prédio
(com. pes. Vladimir Stello, 2008).

128
3. A Ruína, os contextos e o Parque: a arqueologia de São Miguel

Como atividade complementar à prospecção no Parque da Fonte Missioneira, realizou-


se uma avaliação do patrimônio arqueológico localizado no seu entorno, notadamente
no eixo que comunica o mesmo com as ruínas tombadas da redução, visando as
diversas possibilidades de conexão entre ambos.

Tendo em vista os dados disponíveis no início da pesquisa, em primeiro lugar


procurou-se georeferenciar os sítios anteriormente localizados (1995, demarcados em
2000) com relação aos limites atuais do Parque, para então se avaliar se as
prospecções realizadas em seu interior apresentavam alguma correlação com esses
contextos externos a ele.

O sítio lito-cerâmico 3, localizado nas proximidades da entrada do Parque, está


bastante alterado em decorrência da retirada de terra promovidas com a readequação
do viário de entorno. Foram encontrados alguns vestígios de lixo recente e materiais
antigos, mas não foi encontrado qualquer vestígio de utensílio cerâmico ou artefato
lítico. No Parque da Fonte, entretanto, foram localizados algumas evidências –
fragmentos de utensílios de cerâmica acordelada – tanto em superfície, quanto em
profundidade, que podem ter sido para lá transportados em meio a sedimentos
remobilizados. Os fragmentos que foram localizados em subsuperfície estavam a
pouca profundidade, incluindo alguns sobre o antigo pavimento da rua. Não foi
localizada qualquer evidência que permita afirmar que o sítio 3 se estenda para a área
do Parque (Prancha 42).

Já no caso dos sítios lito-cerâmicos 2 e 4 haviam sido encontradas evidências no


Parque – grande quantidade de vestígios de utensílios cerâmicos – que poderiam
indicar que esses contextos estavam interligados ou, até mesmo, que eram relativos a
um único contexto arqueológico que possuía vestígios dispersos por uma área de
grandes dimensões, com por volta de 500 m no eixo leste-oeste, incluído aí o Contexto
D18. Ao término da pesquisa não se constatou qualquer ligação evidente entre os dois
sítios e o Contexto acima referido (Prancha 42).

129
Também não foi localizada qualquer evidência arqueológica, dentro do Parque,
relacionada à ocorrência lítica (5), a qual foi indicada por Carle no laudo de
demarcação (Prancha 42).

Apesar desses sítios arqueológicos não possuírem ligações inequívocas – em termos


de continuidades espaciais – com aqueles encontrados no Parque da Fonte
Missioneira, isso não quer dizer que os sítios outrora cadastrados constituam
realidades separadas dos vestígios encontrados no âmbito do Parque. Esse fato só
quer dizer que as pesquisas tanto dentro, quanto fora da unidade de conservação
ambiental precisam ser continuadas em razão da grande dispersão dos contextos
arqueológicos missioneiros, pré-missioneiros e pós-missioneiros, os quais transcendem
– a exemplo do que ocorre com a área urbana atual de São Miguel – a área do Parque
da Fonte Missioneira. Em realidade não são os contextos arqueológicos que não se
articulam com os sítios, mas os limites do Parque que não abrangem, por questões
plenamente compreensíveis e justificáveis, toda a potencialidade arqueológica da
região.

Dentro da perspectiva da Arqueologia Extensiva, na qual todas as evidências –


bibliográficas, orais, iconográficas e edificadas – são igualmente vestígios que podem
ser abordados pela Arqueologia para o entendimento das paisagens, realizou-se um
reconhecimento preliminar do patrimônio histórico urbano através de caminhamentos
pela área urbana atual. Um dos objetivos foi entender como a oferta de água pode ter
determinado a expansão – ou retração – do povoado de São Miguel em termos de
aglomeração urbana, com a passagem da administração das missões para as mãos
das autoridades laicas lusitanas (MENZ, 2008) (Prancha 41).

Esse primeiro exame sobre o período pós-missioneiro indicou que, até bem pouco
tempo atrás, o povoado se resumia a uma tênue ocupação de parte do espaço da
antiga missão. A expansão urbana para as proximidades da área do Parque da Fonte é
recente, remontando à emancipação do município, ocorrida na década de 1980.

130
De forma geral, parece que a oferta de água da região do parque está ligada à
disponibilidade de recursos para o gado e a lavoura de arroz, caracterizando uma
ocupação pós-missioneira tipicamente rural nos arredores da Fonte.

O antigo povoado de São Miguel foi erguido sobre as ruínas das casas dos índios,
aproveitando as fundações e as vias urbanas missioneiras. Essas edificações
privilegiaram a ocupação da porção nordeste da antiga missão, próxima ao eixo da
atual avenida Borges do Canto, a qual foi implantada no eixo de um caminho antigo
que demandava outras localidades. Assim, podemos aventar a hipótese de que a
ocupação urbana missioneira foi em parte preterida pela construção de edificações no
eixo do caminho principal, abandonando o plano urbano reticulado e adotando uma
forma linear. Com essa configuração urbana, acredita-se que as fontes de água
privilegiadas para o abastecimento do povoado seriam aquelas situadas ao norte e a
nordeste da área tombada (Prancha 42).

Com essa ampla observação de vestígios patrimoniais percebemos outras


características da ocupação pós-missioneira com relação ao uso da água. Todos os
dados indicaram uma ocupação muito mais intensa da porção leste do perímetro
urbano de São Miguel, ocupação essa estruturada pela avenida Borges do Canto, o
que por si só já diminui a intensidade da idéia de ruptura entre o período missioneiro e
pós-missioneiro, pois afinal pessoas continuaram morando lá. Mas por que nessa
porção específica do território?

Em parte essa resposta pode ser fornecida pelo exame dos contextos arqueológicos e
o sistema hídrico do Parque.

131
O sistema hídrico criado por guaranis e jesuítas, após a expulsão destes foi mantido e
readequado às necessidades da nova população e daqueles poucos indígenas que
permaneceram. A Fonte, o Açude e o Tanque continuaram a ser utilizados para manter
atividades pastoris, pois estavam às margens do caminho do gado. Isso equivale a
dizer que o gado continuou a ser abatido e, principalmente, transportado para fora do
território missioneiro como mercadoria, agora com mais intensidade. Assim, a São
Miguel pós-missioneira ter-se desenvolvido a leste do núcleo da redução e ao longo do
caminho seria conseqüência da matriz produtiva estabelecida a partir da década de
1760, hipótese esta que poderia indicar um caminho a ser seguido em pesquisas
futuras.

132
Contextos históricos e arqueológicos urbanos

1 2

3 4

5
1. Igreja Católica;
2. Edificação 1, na av. Gomes Freire de Andrade;
3. Edificação 2, situada na área do Iphan;
4. Edificação 3, na av. Borges do Canto;
5 e 6) Vista S e N de antigo caminho, indicado pela topografia.
4. Zoneamento Arqueológico

Como resultado das pesquisas foram definidas preliminarmente duas zonas levando
em conta a intensidade de vestígios arqueológicos no interior do Parque da Fonte: a
primeira, definida como zona de alta intensidade de vestígios, estruturas e/ou ecofatos;
a outra como de baixa densidade.

Na Zona 1, intervenções implicando em perturbação e interferências em função da


implantação de equipamentos de apoio úteis aos usos públicos pretendidos pela
comunidade, em princípio deveriam ser restringidos, enquanto na Zona 2, se veriam
facilitados, obviamente mediante o devido acompanhamento arqueológico (Prancha
43).

A possibilidade de uso dessas áreas se dá em razão de não terem sido localizados


vestígios arqueológicos estruturados naqueles locais, fato que não exime os
intervenientes de proceder ao devido acompanhamento de obras /intervenções.

Vale lembrar que o Parque enquanto área de proteção ambiental já apresenta


restrições de uso, consistindo a cartografia ora apresentada num primeiro aporte,
envolvendo uma análise consorciada do conjunto de restrições que esta apresenta.

Na versão final do relatório a ser submetido ao Iphan a questão será devidamente


aprofundada uma vez que a comunidade anseia por uso melhor qualificado da área do
Parque.

São Paulo, 06 de Julho de 2009.

Paulo Eduardo Zanettini, Dr.


Paulo Fernando Bava de Camargo, Dr.
Arqueólogos Responsáveis

135
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142
ANEXO 1
Planilha de Controle do Acervo

143
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Cerâmicas e Louças Vidros Metais Lítico Osteodontomalacológico

Elementos de atividades produtivas


NÚMEROS INDIVIDUAIS

Fragmentos de Vidros de Mesa


Fragmentos Não Identificados

Fragmentos Não identificados


Fragmentos não identificados

Outros elementos contrutivos


NÚMEROS DE LOTE

Amostra de Carvão
Elementos de vestimentas

Elementos numismáticos
Fragmentos de Garrafas

Ferragens de Aberturas

Ossos humanos
Elementos de cozinha
Fragmentos de Potes
Cerâmica Acordelada

Elementos religiosos
Planos (Construtivo)
Cerâmica Torneada

Ornamental/ Lúdico

Elementos bélicos
Cerâmica Vidrada

Madeira
CAIXA

CAIXA

CAIXA

CAIXA
NÍVEL

Faiança Fina

Mamíferos
Porcelana

Picoteado
Toucador
Fármácia
PROVENIÊNCIA

Lascado
Faiança

Cravos

Itacuru
Outros

Outros
Polido

Bruto

Aves
Grés
Col Sup 1 sup 197 1694 1 65
Col Sup 2 sup 198 1695 1 65
Col Sup 3 sup 199 2 65
Col Sup 4 sup 200 1696 1 65
Col Sup 5 sup 201 1697 3 65
Col Sup 6 sup 202 1698 1 65
Col Sup 7 sup 203 1699 1 65
Col Sup 8 sup 204 1 65
Col Sup 9 sup 205 1700 1 65
Col Sup 10 sup 206 1701 1 65
Col Sup 11 sup 207 1702 1 65
Col Sup 12 sup 208 1703 1 65
Col Sup 13 sup 209 1704 1 65
Col Sup 14 sup 210 1705 1 65
Col Sup 15 sup 211 1706 1 65
Col Sup 16 sup 212 1707 1 65
Col Sup 17 sup 213 1708 3 65
Col Sup 18 sup 214 2 65
Col Sup 19 sup 215 1709 1 65
Col Sup 20 sup 216 1710 1 65
Col Sup 21 sup 217 1711 1 65
Col Sup 22 sup 218 1712 1 65
Col Sup 23 sup 219 1713 1 65
Col Sup 24 sup 220 1714 1 65
Col Sup 25 sup 221 1715 1 65
Col Sup 26 sup 222 1716 1 65
Col Sup 27 sup 223 1717 2 65
Col Sup 28 sup 224 1718 1 65
Col Sup 29 sup 225 1719 1 65
Col Sup 30 sup 226 2 65
Col Sup 31 sup 227 1720 1 65
Col Sup 32 sup 228 1721-1722 2 65
Col Sup 33 sup 229 1723 1 65
Col Sup 34 sup 230 1724 1 65
Col Sup 35 sup 231 1725 1 65
Col Sup 36 sup 232 1726 1 65
Col Sup 37 sup 233 1727 1 65
Col Sup 38 sup 234 1728 1 65
Col Sup 39 sup 235 1734 e 1749 2 65
Col Sup 40 sup 236 1730 1 65
Col Sup 41 sup 237 1731 1 65
Col Sup 42 sup 238 1732 1 65
Col Sup 43 sup 239 1733 1 65
Col Sup 44 sup 240 1735 1 65
Col Sup 45 sup 241 1736 1 65
Col Sup 46 sup 242 1737-1738 2 65
Col Sup 47 sup 243 1739-1740 2 65
Col Sup 48 sup 244 1741 1 65
Col Sup 49 sup 245 1742-1744 4 65

Página 1 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Cerâmicas e Louças Vidros Metais Lítico Osteodontomalacológico

Elementos de atividades produtivas


NÚMEROS INDIVIDUAIS

Fragmentos de Vidros de Mesa


Fragmentos Não Identificados

Fragmentos Não identificados


Fragmentos não identificados

Outros elementos contrutivos


NÚMEROS DE LOTE

Amostra de Carvão
Elementos de vestimentas

Elementos numismáticos
Fragmentos de Garrafas

Ferragens de Aberturas

Ossos humanos
Elementos de cozinha
Fragmentos de Potes
Cerâmica Acordelada

Elementos religiosos
Planos (Construtivo)
Cerâmica Torneada

Ornamental/ Lúdico

Elementos bélicos
Cerâmica Vidrada

Madeira
CAIXA

CAIXA

CAIXA

CAIXA
NÍVEL

Faiança Fina

Mamíferos
Porcelana

Picoteado
Toucador
Fármácia
PROVENIÊNCIA

Lascado
Faiança

Cravos

Itacuru
Outros

Outros
Polido

Bruto

Aves
Grés
Col Sup 50 sup 246 1745-1747 3 65
Col Sup 51 sup 247 1748 1 65
Col Sup 52 sup 248 1729 1 65
Col Sup 53 sup 249 1750-1751 2 65
Col Sup 54 sup 250 1752 1 65
Trad A1 0-100 251 1753 1 65
Trad A1.1 80-90 252 1754 1 65
Trad A1.4 50-90 253
Trad B1 20-30 254
Trad B1 60-70 255
Trad C1 10-20 256
Trad C1.3 sup 257 1
Trad C4.1 0-60 258
Trad C4.2 0-60 259 1 65
Trad C17 30-40 260 1755-1757 4 65
Trad C17.3 20-50 261 1758-1763 9 65
Trad C17.4 sup 262 1764 1 65
Trad D1 10-20 263
Trad D1 60-70 264
Trad D1.1 0-50 265 1765-1766 1 65
Trad D1.2 0-100 266 1767 1 65
Trad D7 0-50 267 1768 1 65
Trad D9 10-20 268 1769 1 65
Trad D9.3 0-20 269
Trad D18 0-20 270 1770-1772 3 65
Trad D18.1 20-40 271 1773-1776 9 65
Trad D18.2 10-20 272 1777 1 65
Trad D18.3 0-10 273 1778-1782 5 65
Trad D18.4 0-10 274 1783-1784 6 65
Trad E4 30-40 275
Trad E5 0-50 276
Trad E5.1 20-30 277
Trad E5.2 10-20 278
Trad E5.3 0-10 279
Trad E5.3 50-60 280 1785 1 65
Trad F3 0-40 281
Trad F3.1 20-40 282
Trad F3.2 30-50 283
Trad F3.3 20-30 284
Trad F3.4 60-80 285 1786 1 65
Trad F4 20-30 286 1787-1788 2 65
Trad F4 50-60 287 1789 1 65
Trad F4 60-70 288 1790 1
Trad F4.1 0-60 289
Trad F4.2 0-60 290
Trad F4.3 0-60 291
Trad F4.5 0-70 292
Trad F4.5 Ampliação 0-70 293
Trad F5 0-40 294

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Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Cerâmicas e Louças Vidros Metais Lítico Osteodontomalacológico

Elementos de atividades produtivas


NÚMEROS INDIVIDUAIS

Fragmentos de Vidros de Mesa


Fragmentos Não Identificados

Fragmentos Não identificados


Fragmentos não identificados

Outros elementos contrutivos


NÚMEROS DE LOTE

Amostra de Carvão
Elementos de vestimentas

Elementos numismáticos
Fragmentos de Garrafas

Ferragens de Aberturas

Ossos humanos
Elementos de cozinha
Fragmentos de Potes
Cerâmica Acordelada

Elementos religiosos
Planos (Construtivo)
Cerâmica Torneada

Ornamental/ Lúdico

Elementos bélicos
Cerâmica Vidrada

Madeira
CAIXA

CAIXA

CAIXA

CAIXA
NÍVEL

Faiança Fina

Mamíferos
Porcelana

Picoteado
Toucador
Fármácia
PROVENIÊNCIA

Lascado
Faiança

Cravos

Itacuru
Outros

Outros
Polido

Bruto

Aves
Grés
Trad F5.1 40-50 295
Trad F5.4 0-10 296
Trad G2 10-20 297
Trad G2.2 20-30 298 1791 2 65
Trad G2.4 0-10 299
Trad G3 0-20 300 1792-1795 4 65
Trad G3 60-70 301 1796 1 65
Trad G4 0-30 302 1797-1799 3 65
Trad G4.1 0-10 303
Trad G4.2 0-60 304 1800 3 65
Trad G4.3 0-20 305
Trad G4.4 0-20 306
Trad G4.5 0-60 307 1801-1803 3 65
Trad G4.6 0-60 308 1804-1809 5 65
Trad G4.7 0-10 309
Trad G4.8 0-30 310 1810-1813 6 65 1 68
Trad G5 10-20 311 1814 1 65
Trad G5.1 20 312
Trad G5.2 12 313 1815 1 65
Trad G5.4 0-10 314 1816-1818 3 65
Trad G16 0-10 315 1819-1823 5 65
Trad G18 40-50 316
Trad H4 10-20 317
Trad H5 0-30 318 1824 1 65
Trad H5.1 0-10 319
Trad H5.3 0-20 320
Trad I6 60-70 321 1825 1 67
Trad I6 80-90 322
U.E. 1 0-50 323 1826-1827 1 65
U.E. 2 0-54 324 1828 1 67
U.E. 3 0-70 325 1829 1 65
U.E. 4 0-70 326
U.E. 5 0-33 327 1830
U.E. 6 0-63 328
U.E. 6 Ampliação 0-63 329 1831 1 65
U.E. 7 0-70 330 1832 1 65
U.E. 8 0-58 331 1833-1836 1 65
U.E. 9 0-66 332
U.E. 10 0-55 333 1837-1840 2 2 65
U.E. 11 0-54 334 1841 1 65
U.E. 12 0-72 335
U.E. 13 0-40 336
U.E. 14 0-65 337
U.E. 15 0-40 338
U.E. 16 0-70 339 1842-1843 2 65
U.E. 17 0-64 340 1844 1 67
U.E. 19 0-72 341
U.E. 20 0-65 342 1845 1 65
U.E. 22 0-40 343 1846 1 67

Página 3 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Cerâmicas e Louças Vidros Metais Lítico Osteodontomalacológico

Elementos de atividades produtivas


NÚMEROS INDIVIDUAIS

Fragmentos de Vidros de Mesa


Fragmentos Não Identificados

Fragmentos Não identificados


Fragmentos não identificados

Outros elementos contrutivos


NÚMEROS DE LOTE

Amostra de Carvão
Elementos de vestimentas

Elementos numismáticos
Fragmentos de Garrafas

Ferragens de Aberturas

Ossos humanos
Elementos de cozinha
Fragmentos de Potes
Cerâmica Acordelada

Elementos religiosos
Planos (Construtivo)
Cerâmica Torneada

Ornamental/ Lúdico

Elementos bélicos
Cerâmica Vidrada

Madeira
CAIXA

CAIXA

CAIXA

CAIXA
NÍVEL

Faiança Fina

Mamíferos
Porcelana

Picoteado
Toucador
Fármácia
PROVENIÊNCIA

Lascado
Faiança

Cravos

Itacuru
Outros

Outros
Polido

Bruto

Aves
Grés
U.E. 23 0-80 344
U.E. 24 0-10 345 1847
U.E. 24 0-50 346 1848-1849 1 65
U.E. 25 0-10 347
U.E. 25 10-20 348
U.E. 25 60-80 349 1850-1851 2 65
U.E. 26 0-60 350
U.E. 27 0-30 351
U.E. 27 30-60 352
U.E. 28 0-65 353
Tanque - Coleta Aleatória sup 354 1852 1 65
Trad G4.9 40-60 355 1853-1859 8 65
Trad G4.10 0-30 356 1860-1862 1 65
Trad G4.11 0-10 357
Trad G4.12 10-30 358
Contexto G4 Quadra N13 0-40 359 1863-1960 124 65 4 67 21 4 68
Contexto G4 Quadra O13 0-40 360 1961-2038 88 65 1 67 2 68 5
Contexto G4 Quadra P13 Porção
0-40 361 2039-2103 72 65 1 1 67 3 67 9 4 68
Oeste
Contexto G4 Quadra M13 0-40 362 2104-2128 26 65 3 67 2 68 2
Contexto G4 Quadra M13 Porção
0-20 363 2129-2151 25 65 20 68
Norte
Contexto G4 Quadra M13 Porção
35 364 1 68
Norte
Terraço Sul - Quadra A4 0-30 365
Terraço Sul - Quadra A4 30-40 366 1 68
Terraço Sul - Quadra B3 0-30 367 2152-2155
Terraço Sul - Quadra B3 30-40 368 2156-2159
Terraço Sul - Quadra B4 0-30 369 1 68
Terraço Sul - Quadra B4 20 370 1 68
Terraço Sul - Quadra B5 0-30 371 1 68
Terraço Sul - Quadra B5 30-40 372
Terraço Sul - Quadra B5 40-50 373
Terraço Sul - Quadra B5 60-70 374 2160
Terraço Sul - Quadra C4 0-30 375
Terraço Sul - Quadra C4 30-40 376
Terraço Sul - Quadra C4 50-60 377
Terraço Sul - Quadra C5 0-30 378 2161 3 65
Terraço Sul - Quadra C5 30-40 379
Terraço Sul - Quadra C5 50-60 380
Terraço Sul - Quadra C5 60-70 381 2162-2164 3 66
Terraço Sul - Quadra C6 0-30 382
Terraço Sul - Quadra C6 40-50 383 2165 2 66
Terraço Sul - Quadra C6 50-60 384 2166-2169 4 1 66 1 68
Terraço Sul - Quadra C6 60-70 385 2170-2178 12 66 1 67
Terraço Sul - Quadra C6 70-80 386 1 68
Terraço Sul - Quadra C6 80-90 387 1 68
Contexto G4 Quadra W13 40-45 388 2179-2180 2 66

Página 4 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Cerâmicas e Louças Vidros Metais Lítico Osteodontomalacológico

Elementos de atividades produtivas


NÚMEROS INDIVIDUAIS

Fragmentos de Vidros de Mesa


Fragmentos Não Identificados

Fragmentos Não identificados


Fragmentos não identificados

Outros elementos contrutivos


NÚMEROS DE LOTE

Amostra de Carvão
Elementos de vestimentas

Elementos numismáticos
Fragmentos de Garrafas

Ferragens de Aberturas

Ossos humanos
Elementos de cozinha
Fragmentos de Potes
Cerâmica Acordelada

Elementos religiosos
Planos (Construtivo)
Cerâmica Torneada

Ornamental/ Lúdico

Elementos bélicos
Cerâmica Vidrada

Madeira
CAIXA

CAIXA

CAIXA

CAIXA
NÍVEL

Faiança Fina

Mamíferos
Porcelana

Picoteado
Toucador
Fármácia
PROVENIÊNCIA

Lascado
Faiança

Cravos

Itacuru
Outros

Outros
Polido

Bruto

Aves
Grés
Contexto G4 Quadra O14 0-40 389 2181-2235 55 66 30 68
Contexto G4 Quadra O14 40-50 390 2236-2244 9 66 2 68
2245-2246 /
Contexto G4 Quadra O13 40-50 391 2 66
2303-2305
Contexto G4 Quadra M13 20-30 392 2247-2302 64 66 68
Contexto D18 Quadra D15 NW 0-60 393 2306-2307 2 66
Contexto D18 Quadra D20 NW 0-60 394 2308-2314 10 66
Contexto D18 Quadra D25 NW 0-60 395 1 66
Contexto D18 Quadra D20 S 0-30 396 2315-2317 3 66 1 68
Contexto D18 Quadra I15 NW 0-60 397 2318-2321 6 66
Contexto D18 Quadra I20 0-30 398 2322-2333 25 66
Contexto D18 Quadra I21 E 0-30 399 2334-2340 12 66 1
Contexto D18 Quadra I25 NW 0-60 400 2341-2342 2 66
Contexto D18 Quadra N15 NW 0-60 401 2343-2344 2 66
Contexto D18 Quadra N20 NW 0-60 402 2345-2347 2 66 1 67
Contexto D18 QuadraN25 NW 0-20 403 2348-2349 2 66
Contexto D18 Quadra R15 SW 0-60 404 2350-2352 5 66 1
Contexto D18 Quadra R20 SW 0-60 405 2353-2355 3 66
Terraço Sul - Quadra B7 30-40 406 2356-2357 2 66
Terraço Sul - Quadra B7 40-50 407 2358 1 66
Terraço Sul - Quadra B7 50-60 408 2359 1 66
Terraço Sul - Quadra C3 30-40 409 2360 1 66
Terraço Sul - Quadra D9 410
Vertente Sudeste da Fonte - Trad 1 411

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 2 412

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 3 413

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 7 414


Área C4 Sondagem Geológica 415
Tanque U.E. 1 20-30 416 2361-2366 1 5 66
Tanque 417
Prospecção - U.E. 7 418 1 68
Prospecção - U.E. 9 419 1 68
Prospecção - U.E. 10 420 1 68
Prospecção - U.E. 17 421 1 68
Prospecção - U.E. 19 422 1 68
Prospecção - U.E. 20 423 1 68
Terraço Sul - Quadra B8 90-100 424 2367-2384 18
Totais 767 2 0 0 0 0 0 8 5 0 0 0 0 0 1 4 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 1 0 11 89 0 9 0 0 12 10

Página 5 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Elementos Construtivos

NÚMEROS INDIVIDUAIS
NÚMEROS DE LOTE

Cerâmica de Revestimento

Pedras / Líticos Atípicos


Cerâmicas Elétricas

Pedras Decorativas
Telhas Capa-Canal

Telhas Francesas

Louças Sanitárias

CAIXA

Outros
NÍVEL

Argamassas
PROVENIÊNCIA Observações

Ladrilho

Outros
Adobe
Tijolos
Col Sup 1 sup 197 1694
Col Sup 2 sup 198 1695
Col Sup 3 sup 199
Col Sup 4 sup 200 1696
Col Sup 5 sup 201 1697
Col Sup 6 sup 202 1698
Col Sup 7 sup 203 1699
Col Sup 8 sup 204
Col Sup 9 sup 205 1700
Col Sup 10 sup 206 1701
Col Sup 11 sup 207 1702
Col Sup 12 sup 208 1703
Col Sup 13 sup 209 1704
Col Sup 14 sup 210 1705
Col Sup 15 sup 211 1706
Col Sup 16 sup 212 1707
Col Sup 17 sup 213 1708
Col Sup 18 sup 214
Col Sup 19 sup 215 1709
Col Sup 20 sup 216 1710
Col Sup 21 sup 217 1711
Col Sup 22 sup 218 1712
Col Sup 23 sup 219 1713
Col Sup 24 sup 220 1714
Col Sup 25 sup 221 1715
Col Sup 26 sup 222 1716
Col Sup 27 sup 223 1717
Col Sup 28 sup 224 1718
Col Sup 29 sup 225 1719
Col Sup 30 sup 226
Col Sup 31 sup 227 1720
Col Sup 32 sup 228 1721-1722
Col Sup 33 sup 229 1723
Col Sup 34 sup 230 1724
Col Sup 35 sup 231 1725
Col Sup 36 sup 232 1726
Col Sup 37 sup 233 1727
Col Sup 38 sup 234 1728
Col Sup 39 sup 235 1734 e 1749
Col Sup 40 sup 236 1730
Col Sup 41 sup 237 1731 1 70
Col Sup 42 sup 238 1732
Col Sup 43 sup 239 1733
Col Sup 44 sup 240 1735
Col Sup 45 sup 241 1736
Col Sup 46 sup 242 1737-1738
Col Sup 47 sup 243 1739-1740
Col Sup 48 sup 244 1741
Col Sup 49 sup 245 1742-1744 2 70

Página 6 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Elementos Construtivos

NÚMEROS INDIVIDUAIS
NÚMEROS DE LOTE

Cerâmica de Revestimento

Pedras / Líticos Atípicos


Cerâmicas Elétricas

Pedras Decorativas
Telhas Capa-Canal

Telhas Francesas

Louças Sanitárias

CAIXA

Outros
NÍVEL

Argamassas
PROVENIÊNCIA Observações

Ladrilho

Outros
Adobe
Tijolos
Col Sup 50 sup 246 1745-1747
Col Sup 51 sup 247 1748
Col Sup 52 sup 248 1729
Col Sup 53 sup 249 1750-1751
Col Sup 54 sup 250 1752
Trad A1 0-100 251 1753 3 70
Trad A1.1 80-90 252 1754
Trad A1.4 50-90 253 5 70
Trad B1 20-30 254 1 69
Trad B1 60-70 255 1 69
Trad C1 10-20 256 1 69
Trad C1.3 sup 257 69
Trad C4.1 0-60 258 3 70
Trad C4.2 0-60 259 1 70
Trad C17 30-40 260 1755-1757
Trad C17.3 20-50 261 1758-1763
Trad C17.4 sup 262 1764
Trad D1 10-20 263 1 70
Trad D1 60-70 264 1 70
Trad D1.1 0-50 265 1765-1766 19 1 1 1 70
Trad D1.2 0-100 266 1767 6 1 70
Trad D7 0-50 267 1768 1 70
Trad D9 10-20 268 1769 2 70
Trad D9.3 0-20 269 1 70
Trad D18 0-20 270 1770-1772
Trad D18.1 20-40 271 1773-1776
Trad D18.2 10-20 272 1777
Trad D18.3 0-10 273 1778-1782
Trad D18.4 0-10 274 1783-1784
Trad E4 30-40 275 1 70
Trad E5 0-50 276 6 70
Trad E5.1 20-30 277 3 70
Trad E5.2 10-20 278 2 70
Trad E5.3 0-10 279 2 70
Trad E5.3 50-60 280 1785
Trad F3 0-40 281 3 70
Trad F3.1 20-40 282 2 70
Trad F3.2 30-50 283 4 70
Trad F3.3 20-30 284 1 70
Trad F3.4 60-80 285 1786
Trad F4 20-30 286 1787-1788
Trad F4 50-60 287 1789 2 1 70
Trad F4 60-70 288 1790
Trad F4.1 0-60 289 1 70
Trad F4.2 0-60 290 1 70
Trad F4.3 0-60 291 3 70
Trad F4.5 0-70 292 1 70
Trad F4.5 Ampliação 0-70 293 8 1 70
Trad F5 0-40 294 3 1 70

Página 7 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Elementos Construtivos

NÚMEROS INDIVIDUAIS
NÚMEROS DE LOTE

Cerâmica de Revestimento

Pedras / Líticos Atípicos


Cerâmicas Elétricas

Pedras Decorativas
Telhas Capa-Canal

Telhas Francesas

Louças Sanitárias

CAIXA

Outros
NÍVEL

Argamassas
PROVENIÊNCIA Observações

Ladrilho

Outros
Adobe
Tijolos
Trad F5.1 40-50 295 2 70
Trad F5.4 0-10 296 1 70
Trad G2 10-20 297 1 70
Trad G2.2 20-30 298 1791
Trad G2.4 0-10 299 3 70
Trad G3 0-20 300 1792-1795 2 70
Trad G3 60-70 301 1796
Trad G4 0-30 302 1797-1799 3 70
Trad G4.1 0-10 303 2 70
Trad G4.2 0-60 304 1800 20 70
Trad G4.3 0-20 305 4 70
Trad G4.4 0-20 306 1 70
Trad G4.5 0-60 307 1801-1803 5 72
Trad G4.6 0-60 308 1804-1809 41 11 1 73
Trad G4.7 0-10 309 4 69
Trad G4.8 0-30 310 1810-1813 4 69 Outros-Osteo: dentes
Trad G5 10-20 311 1814 2 69
Trad G5.1 20 312 20 69
Trad G5.2 12 313 1815 15 69
Trad G5.4 0-10 314 1816-1818 15 69
Trad G16 0-10 315 1819-1823
Trad G18 40-50 316 1 69
Trad H4 10-20 317 3 69
Trad H5 0-30 318 1824 2 69
Trad H5.1 0-10 319 1 69
Trad H5.3 0-20 320 2 69
Trad I6 60-70 321 1825
Trad I6 80-90 322 1 69
U.E. 1 0-50 323 1826-1827 22 1 4 74
U.E. 2 0-54 324 1828 11 74
U.E. 3 0-70 325 1829 25 74
U.E. 4 0-70 326 3 72 1 Outros: Argila
U.E. 5 0-33 327 1830 1 1 69
U.E. 6 0-63 328 2 72
U.E. 6 Ampliação 0-63 329 1831 23 2 74 3 Outros: Argilas
U.E. 7 0-70 330 1832 8 69
U.E. 8 0-58 331 1833-1836 25 1 3 1 71 3 Outros: Argilas
U.E. 9 0-66 332 5 4 1 69
U.E. 10 0-55 333 1837-1840 21 69
U.E. 11 0-54 334 1841 4 69
U.E. 12 0-72 335 3 69
U.E. 13 0-40 336 3 69
U.E. 14 0-65 337 5 1 69
U.E. 15 0-40 338 2 69
U.E. 16 0-70 339 1842-1843
U.E. 17 0-64 340 1844 4 69
U.E. 19 0-72 341 3 69
U.E. 20 0-65 342 1845 5 69
U.E. 22 0-40 343 1846 41 71

Página 8 de 10
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Elementos Construtivos

NÚMEROS INDIVIDUAIS
NÚMEROS DE LOTE

Cerâmica de Revestimento

Pedras / Líticos Atípicos


Cerâmicas Elétricas

Pedras Decorativas
Telhas Capa-Canal

Telhas Francesas

Louças Sanitárias

CAIXA

Outros
NÍVEL

Argamassas
PROVENIÊNCIA Observações

Ladrilho

Outros
Adobe
Tijolos
U.E. 23 0-80 344 22 74
U.E. 24 0-10 345 1847 1 Parte da fonte
U.E. 24 0-50 346 1848-1849 30 1 1 73
U.E. 25 0-10 347 29 1 72
U.E. 25 10-20 348 21 71 2 Outros: Argilas
U.E. 25 60-80 349 1850-1851 6 69
U.E. 26 0-60 350 12 1 69
U.E. 27 0-30 351 5 69
U.E. 27 30-60 352 3 69
U.E. 28 0-65 353 29 1 71
Tanque - Coleta Aleatória sup 354 1852 4 1 3 70 Pedras: 1 com argamassa
Trad G4.9 40-60 355 1853-1859 4 72
Trad G4.10 0-30 356 1860-1862 26 2 2 81
Trad G4.11 0-10 357 4 72
Trad G4.12 10-30 358 7 72
Contexto G4 Quadra N13 0-40 359 1863-1960 353 2 4 1 76 Outros-Osteo: dente
77
Contexto G4 Quadra O13 0-40 360 1961-2038 515 14 2 2
78
Contexto G4 Quadra P13 Porção
0-40 361 2039-2103 415 2 75 Outros-Osteo: dente
Oeste
Contexto G4 Quadra M13 0-40 362 2104-2128 33 3 74
Contexto G4 Quadra M13 Porção
0-20 363 2129-2151 12 72
Norte
Contexto G4 Quadra M13 Porção
35 364 Estrutura
Norte
Terraço Sul - Quadra A4 0-30 365 9 72
Terraço Sul - Quadra A4 30-40 366
Terraço Sul - Quadra B3 0-30 367 2152-2155 18 4 72
Terraço Sul - Quadra B3 30-40 368 2156-2159 1 4 72
Terraço Sul - Quadra B4 0-30 369 9 72
Terraço Sul - Quadra B4 20 370
Terraço Sul - Quadra B5 0-30 371 28 73
Terraço Sul - Quadra B5 30-40 372 3 1 72
Terraço Sul - Quadra B5 40-50 373 3 72
Terraço Sul - Quadra B5 60-70 374 2160 4 1 72
Terraço Sul - Quadra C4 0-30 375 3 73
Terraço Sul - Quadra C4 30-40 376 2 72
Terraço Sul - Quadra C4 50-60 377 6 73
Terraço Sul - Quadra C5 0-30 378 2161 2 73
Terraço Sul - Quadra C5 30-40 379 2 73
Terraço Sul - Quadra C5 50-60 380 5 81
Terraço Sul - Quadra C5 60-70 381 2162-2164 2 81
Terraço Sul - Quadra C6 0-30 382 5 81
Terraço Sul - Quadra C6 40-50 383 2165 2 81
Terraço Sul - Quadra C6 50-60 384 2166-2169 2 81
Terraço Sul - Quadra C6 60-70 385 2170-2178 1 81 Lascado: ?
Terraço Sul - Quadra C6 70-80 386
Terraço Sul - Quadra C6 80-90 387
Contexto G4 Quadra W13 40-45 388 2179-2180 3 81

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Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 1
Parque Fonte Missioneira Sítio: São Miguel Arcanjo
São Miguel das Missões, RS. Sigla: SMA

Elementos Construtivos

NÚMEROS INDIVIDUAIS
NÚMEROS DE LOTE

Cerâmica de Revestimento

Pedras / Líticos Atípicos


Cerâmicas Elétricas

Pedras Decorativas
Telhas Capa-Canal

Telhas Francesas

Louças Sanitárias

CAIXA

Outros
NÍVEL

Argamassas
PROVENIÊNCIA Observações

Ladrilho

Outros
Adobe
Tijolos
79
Contexto G4 Quadra O14 0-40 389 2181-2235 237 5 5
80
Contexto G4 Quadra O14 40-50 390 2236-2244 28 81
2245-2246 /
Contexto G4 Quadra O13 40-50 391 7 1 5 3 81
2303-2305
Contexto G4 Quadra M13 20-30 392 2247-2302 6 1 81 1
Contexto D18 Quadra D15 NW 0-60 393 2306-2307
Contexto D18 Quadra D20 NW 0-60 394 2308-2314
Contexto D18 Quadra D25 NW 0-60 395
Contexto D18 Quadra D20 S 0-30 396 2315-2317 2 81 2 Outros: bolotas
Contexto D18 Quadra I15 NW 0-60 397 2318-2321
Contexto D18 Quadra I20 0-30 398 2322-2333 81 3 Outros: bolotas
Contexto D18 Quadra I21 E 0-30 399 2334-2340 1 81
Contexto D18 Quadra I25 NW 0-60 400 2341-2342
Contexto D18 Quadra N15 NW 0-60 401 2343-2344
Contexto D18 Quadra N20 NW 0-60 402 2345-2347 1 81 Picoteado: Boleadeira
Contexto D18 QuadraN25 NW 0-20 403 2348-2349
Contexto D18 Quadra R15 SW 0-60 404 2350-2352 2 81
Contexto D18 Quadra R20 SW 0-60 405 2353-2355
Terraço Sul - Quadra B7 30-40 406 2356-2357
Terraço Sul - Quadra B7 40-50 407 2358
Terraço Sul - Quadra B7 50-60 408 2359
Terraço Sul - Quadra C3 30-40 409 2360
Terraço Sul - Quadra D9 410 2 81
Vertente Sudeste da Fonte - Trad 1 411 1 81

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 2 412 3 81

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 3 413 1 81

Vertente Sudeste da Fonte - Trad 7 414 1 81


Área C4 Sondagem Geológica 415 1 81
Outros: 2 fragmentos cerâmicos (placas) -
Tanque U.E. 1 20-30 416 2361-2366 2
função não identificada
Tanque 417 1 81 Amostra de tijolo do tanque
Prospecção - U.E. 7 418
Prospecção - U.E. 9 419
Prospecção - U.E. 10 420
Prospecção - U.E. 17 421
Prospecção - U.E. 19 422
Prospecção - U.E. 20 423
Terraço Sul - Quadra B8 90-100 424 2367-2384
Totais 2389 1 12 41 0 0 0 25 32 9 0 0 17 3448

Página 10 de 10
ANEXO 2
Coordenadas UTM – Etapa 1
Coordenada UTM
Pontos Descrição
(datum SAD 69)
1 21 J 739376 6838919 Acúmulo de rochas
2 21 J 739395 6838965 Acúmulo de rochas
3 21 J 739361 6838956 Coleta de superfície
4 21 J 739451 6838987 Coleta de superfície
5 21 J 739446 6838986 Coleta de superfície
6 21 J 739447 6838984 Coleta de superfície
7 21 J 739435 6838989 Coleta de superfície
8 21 J 739419 6838988 Coleta de superfície
9 21 J 739417 6838994 Coleta de superfície
10 21 J 739400 6838987 Coleta de superfície
11 21 J 739394 6838991 Coleta de superfície
12 21 J 739389 6839060 Sítio 3
13 21 J 739351 6838577 Sítio 2
14 21 J 739592 6838671 Sítio 4
15 21 J 739616 6838651 Amassador de Barro
16 21 J 739309 6838984
Face Norte do Parque da Fonte Missioneira
17 21 J 739487 6838971
Pto 004 07/02 21 J 739479 6838564 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 005 07/02 21 J 739475 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 006 07/02 21 J 739476 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 007 07/02 21 J 739479 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 008 07/02 21 J 739479 6838568 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 009 07/02 21 J 739479 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 010 07/02 21 J 739478 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 011 07/02 21 J 739478 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 012 07/02 21 J 739478 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 013 07/02 21 J 739475 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 014 07/02 21 J 739479 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 015 07/02 21 J 739480 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 016 07/02 21 J 739483 6838573 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 017 07/02 21 J 739482 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 018 07/02 21 J 739480 6838573 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 019 07/02 21 J 739481 6838571 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 020 07/02 21 J 739482 6838568 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 021 07/02 21 J 739479 6838570 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 022 07/02 21 J 739478 6838570 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 023 07/02 21 J 739478 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 024 07/02 21 J 739478 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 025 07/02 21 J 739482 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 026 07/02 21 J 739481 6838568 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 027 07/02 21 J 739480 6838567 Coleta de superfície Contexto D18

144
Coordenada UTM
Pontos Descrição
(datum SAD 69)
Pto 028 07/02 21 J 739480 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 029 07/02 21 J 739476 6838573 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 030 07/02 21 J 739476 6838571 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 031 07/02 21 J 739478 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 032 07/02 21 J 739480 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 033 07/02 21 J 739478 6838566 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 034 07/02 21 J 739477 6838568 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 035 07/02 21 J 739475 6838570 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 036 07/02 21 J 739475 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 037 07/02 21 J 739474 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 038 07/02 21 J 739474 6838569 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 039 07/02 21 J 739472 6838566 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 040 07/02 21 J 739472 6838565 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 041 07/02 21 J 739473 6838564 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 042 07/02 21 J 739468 6838568 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 043 07/02 21 J 739467 6838570 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 044 07/02 21 J 739470 6838567 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 045 07/02 21 J 739453 6838574 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 046 07/02 21 J 739478 6838572 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 047 07/02 21 J 739465 6838577 Coleta de superfície Contexto D18
Pto 048 07/02 21 J 739466 6838576 Coleta de superfície Contexto D18

Coordenadas UTM – Etapa 2


Pontos Coordenada UTM (datum SAD 69) Descrição
1 21 J 739359 6838949 Fonte
2 21 J 739366 6838758 Tanque
4 21 J 739483 6838589 Contexto D18 - quadra
5 21 J 739482 6838602 Contexto D18 - quadra
6 21 J 739468 6838599 Contexto D18 - quadra
7 21 J 739471 6838584 Contexto D18 - quadra
8 21 J 739396 6839233 Rua desaparecida que topógrafo mostrou 1
9 21 J 739265 6839208 Outra casa antiga
10 21 J 739410 6838851 Área intrigante mostrada pela topografia
11 21 J 739397 6839351 Rua desaparecida que topógrafo mostrou 2
12 21 J 739418 6838967 Tradagem 1
13 21 J 739426 6838960 Tradagem 6
14 21 J 739419 6838957 Tradagem 7
15 21 J 739362 6838964 Terraço S quadras A e B, 1 a 8
16 21 J 739353 6838956 Terraço S quadras A e B, 1 a 8
18 21 J 739364 6838958 Terraço S quadras A e B, 1 a 8
19 21 J 739355 6838951 Terraço S quadras A e B, 1 a 8
20 21 J 739329 6838903 G4 face N
21 21 J 739336 6838904 G4 face N
22 21 J 739337 6838901 G4 face S
23 21 J 739329 6838899 G4 face S

145
ANEXO 3
Tipos de solo identificados nas tradagens e nas Unidade de Escavação

Amostra de Sedimento Tipo 1


• Sedimento de composição argilosa, homogênea, de consistência plástica e cor
marrom café. É a típica “terra roxa” (terra rossa, do italiano) oriunda da
decomposição de rochas basálticas da Formação Serra Geral (Grupo São Bento
– Jurássico/Cretácio).

Amostra de Sedimento Tipo 2


• Sedimento de composição argilosa e consistência muito plástica, de cor marrom
escura. Há muita presença de matéria vegetal carbonificada. Lembra os
sedimentos característicos dos depósitos de solo hidromórficos. Certamente é
de deposição quaternária.

Amostra de Sedimento Tipo 3


• É a mesma composição descrita para a “Amostra de Sedimento 1”, porém, os
grãos argilosos estão mais grossos e há radículas de vegetais.

Amostra de Sedimento Tipo 4


• Sedimento de composição argilosa, de consistência muito plástica e cor marrom
avermelhado (homogêneo). Ocorrem grãos argilosos com dimensão de 1 a 2
mm. Há rara presença de matéria vegetal decomposta.

Amostra de Sedimento Tipo 5


• Rocha de composição básica, provavelmente diabásico da Formação Serra
Geral em processo de saprolitização (decomposição).

Amostra de Sedimento UE1


• Ibidem descrição da “Amostra de Sedimento Tipo 1”. Porém, há grãos mais
grossos de argila (1 a 2 mm).

146
Amostra de Sedimento UE7
• Ibidem descrição da “Amostra de Sedimento Tipo 1”. Porém, há grãos mais
grossos de argila (1 a 2mm) e presença de raras radículas de vegetação
recentemente abatida.

Amostra de Sedimento UE11


• Ibidem descrição da “Amostra de Sedimento Tipo 1”. Porém, a argila floculou em
grãos mais grossos (1 a 10mm) e há presença acentuada de radículas de
vegetação recentemente abatida.

Amostra de Sedimento UE17


• Ibidem (igual a UE11).

Amostra de Sedimento UE24


• Sedimento de composição argilosa, compacto, com média plasticidade e cor
marrom amarelada, homogênea. Exibe um fraturamento anguloso e há presença
de raízes e radículas de vegetação recentemente abatida. É de origem de
decomposição de rochas básicas da Formação Serra Geral (Grupo São Bento –
Jurássico/Cretáceo).

UE21 (Aterro Cinza)


• Sedimento de composição argilosa, de cor cinza escuro, homogêneo, com
tendência a se flocular em grãos de 1 a 2 mm. Apresenta quebra irregular e
média plasticidade. Há algumas intercalações com a “Amostra de Sedimento
Tipo 1”.

UE18 (até 20cm)


• Ibidem descrição da “Amostra de Sedimento Tipo 1”. Porém, a argila flocular em
grãos mais grossos (1 a 10 mm) e há presença de radículas de vegetação
recentemente abatida.

147
UE18 (entre 65 e 85 cm)
• Ibidem (igual a UE18 até 20 cm).

UE18 (entre 60 e 40 cm)


• Ibidem descrição da “Amostra de Sedimento Tipo 1”. Porém, a argila é flocular
em grãos mais grossos (1 a 30 mm), exibindo quebra irregular, com presença de
radículas de vegetação recentemente abatida.

Amostra de Sedimento da Fonte


• Sedimento de composição argilo-siltosa, marrom avermelhado (quase tonalidade
café), de consistência plástica, muito úmido. Há presença de grãos
inframilimétricos muito duros, os quais podem vir a ser grãos de areia quartzosa
ou de laterita “pedra canga”, ou mesmo micro-fragmentos de rochas básicas da
formação Serra Geral (Grupo São Bento – Jurássico / Cretáceo).

148
ANEXO 4
Laudo do engenheiro florestal

149
LAUDO TÉCNICO

IDENTIFICAÇÃO

Referente: Descapoeiramento (em propriedades com até 25 ha)


Processo: Supressão de Vegetação Nativa em estágio Inicial de
Regeneração - 01023/0500-07.0
Proprietário: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

Por solicitação de Paulo Bava residente e domiciliado


em São Paulo capital; viemos através deste atender a
demanda por acompanhamento de Supressão de
Vegetação Nativa em estágio Inicial de Regeneração
no Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo em São
Miguel das Missões -RS, no qual constatamos o que
segue:

1 - Que, em vistoria realizada na propriedade nos dias 26 e 27 de março


de 2009 foi suprimida uma área de Vegetação Nativa em estágio Inicial
de Regeneração de 96m2 junto a tanque artificial do século XVII e XVIII
integrantes do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo; (figuras 1, 2 e
3 em anexo)

2 - Que, foram suprimidas 11 espécies de 11 gêneros estes


pertencentes a 9 famílias botânicas, além de indivíduos mortos. Sendo
que 100 % dos gêneros estão representados por uma única espécie. As
famílias que mais se destacaram na composição florística da área
suprimida foram: Euphorbiaceae e Sapindaceae perfazendo duas
espécies cada; (tabela 1; figuras 4 e 5 em anexo)

3 – Que, não foi suprimida nenhuma espécie arbórea pertencente a


algum Status de conservação de acordo com a Lista Oficial das Espécies
da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, Lista de Espécies da Flora
Brasileira com Deficiência de Dados do Ministério do Meio Ambiente –
2008 (Instrução Normativa n. 6 de 09/08 - IBAMA) e da Lista Final das
Espécies da Flora Ameaçadas do Rio Grande do Sul da Fundação
Zoobotanica/FZB – 2003 (Decreto estadual n 42.099, publicado em
01/2003); (tabela 2 em anexo)
4 – Que, o maior número de indivíduos suprimidos foi de Schinus
terebinthifolius perfazendo 30,55% do total de indivíduos mensurados
seguido de Cupania vernalis com 29,16% deste total. Sendo estas as
espécies mais representativas da área suprimida; (tabela 3 em anexo)

5 – Que, Ilex paraguariensis apresentou a maior altura total média, com


2,8 metros (m), já a menor altura total média foi observada em Eugenia
uniflora com 1,5; (tabela 3 em anexo)

6 – Que, a maior média de Circunferência a Altura do Peito medida a


1,30 m do solo (CAP) foi observada em Ilex paraguariensis (CAPm =
18,0 cm), já a menor circunferência média foi observada em Guettarda
uruguensis (CAPm = 6,8 cm); (tabela 3 em anexo)

7 – Que, os maiores volumes de madeira foram mensurados em Schinus


terebinthifolius com 0,08257 metros cúbicos (m3) e 0,12220 metros
estéreo (mst) perfazendo 55,85% do volume total suprimido; (tabela 3
em anexo)

8.– Que, foram suprimidos indivíduos arbóreos excepcionalmente para


as obras de revitalização;

9 – Que, prezou-se pela manutenção do ambiente natural na área de


influencia do empreendimento.

Itaara (RS), 27 de abril de 2009.

Responsável Técnico

Júlio Cesar Wincher Soares

Engenheiro Florestal CREA/BA 49769

Visto CREA –RS 2008029730

Telefone: (55) 32271573 e 91054119 - email:juliowincher@hotmail.com


Rua Wanderlei de Almeida nº 72 Parque Serrano II – Itaara, RS
CEP 97185000.
ANEXOS
COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA

Tabela 01: Distribuição botânica


Número de Número de Número de
Família
gêneros espécies indivíduos
Anacardiaceae 1 1 22
Aquifoliaceae 1 1 02
Euphorbiaceae 2 2 09
Fabaceae 1 1 01
Flacourtiaceae 1 1 03
Myrtaceae 1 1 03
Sapindaceae 2 2 27
Rosaceae 1 1 01
Rubiaceae 1 1 03
TOTAL 11 11 71

Tabela 02: Composição Florística e status de conservação


1 2
Família Nome científico Nome vulgar SC SC
Anacardiaceae Schinus terebinthifolius Aroeira-vermelha - -
Aquifoliaceae Ilex paraguariensis Erva-mate - -
Euphorbiaceae Sebastiania commersoniana Branquilho-comum - -
Euphorbiaceae Sapium glandulatum Pau-leiteiro - -
Fabaceae Machaerium paraguariense Canela-do-brejo - -
Flacourtiaceae Casearia sylvestris Chá-de-bugre - -
Myrtaceae Eugenia uniflora Pitangueira - -
Rosaceae Prunus myrtifolia Pessegueiro-do-mato - -
Rubiaceae Guettarda uruguensis Veludinho - -
Sapindaceae Cupania vernalis Camboatá-vermelho - -
Sapindaceae Allophylus edulis Chal-chal - -
MMA (2008) - SC: Status de conservação - AE: Ameaçadas de Extinção - DD: Espécies da flora brasileira
com deficiência de dados. MMA (2008) - SC: Status de conservação - AE: Ameaçadas de Extinção - DD:
Espécies da flora brasileira com deficiência de dados.
FZB (2003): SC: Status de conservação – CR: criticamente em perigo, EM: em perigo, VU: vulnerável e PE:
provavelmente extinta.
ANÁLISE DOS PARÂMETROS DENDROMÉTRICOS

Tabela 03: Parâmetros dendrométricos do levantamento


CAPm Vol
Nome científico N HTm (m) Vol (m3)
(cm) (mst)
Árvore morta 01 2,3 8,0 0,00059 0,00087
Schinus terebinthifolius 22 2,7 16,5 0,08257 0,12220
Ilex paraguariensis 02 2,8 18,0 0,00744 0,01101
Sebastiania commersoniana 07 2,6 12,3 0,01301 0,01925
Sapium glandulatum 02 1,9 8,3 0,00107 0,00158
Machaerium paraguariense 01 2,7 16,0 0,00275 0,00407
Casearia sylvestris 03 2,5 15,5 0,00882 0,01305
Eugenia uniflora 03 1,5 10,0 0,00199 0,00295
Prunus myrtifolia 01 2,2 8,0 0,00056 0,00083
Guettarda uruguensis 03 1,7 6,8 0,00098 0,00145
Cupania vernalis 21 2,0 9,5 0,02198 0,03253
Allophylus edulis 06 1,7 10,7 0,00608 0,00900
Soma/média 72 2,2 11,63 0,14784 0,21879
N – número de indivíduos; HTm – Altura Total Média; CAPm – Circunferência a Altura do Peito medida a 1,30
m do solo; Vol (m3) – Volume em metros cúbicos e Vol (mst) – Volume em metros estéreo.
Relatório Fotográfico

Figura 1 – Vista parcial de Tanque.

Figura 2 – Vista parcial do Sub-bosque da área de supressão.


Relatório Fotográfico (continuação)

Figura 3 – Delimitação da área de supressão.

Figura 4 – Indivíduo arbóreo a ser suprimido com etiqueta sinalizadora.


Relatório Fotográfico (continuação)

Figura 5 – Auxiliar de campo suprimindo indivíduo arbóreo de Schinus


terebinthifolius.
ANEXO 5
Cotas de nível

150
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 5
Parque Fonte Missioneira
São Miguel das Missões, RS.

TERRAÇO SUL DA FONTE - superfície e escavação

Quadra Vértice Nível Nível (m) Ponto 0 Real (m)


NW 104 1,04 276 274,96
A1 NE 105 1,05 276 274,95
SW 97 0,97 276 275,03
SE 106,5 1,065 276 274,935
NW 97 0,97 276 275,03
NE 106,5 1,065 276 274,935
A2

SW 86 0,86 276 275,14


SE 101,5 1,015 276 274,985
NW 86 0,86 276 275,14
NE 101,5 1,015 276 274,985
A3

meio 97 0,97 276 275,03


SW 82 0,82 276 275,18
SE 132 1,32 276 274,68
NW 117 1,17 276 274,83
NE 132 1,32 276 274,68
A4

meio 139,5 1,395 276 274,605


SW 128 1,28 276 274,72
SE 158 1,58 276 274,42
NW 97 0,97 276 275,03
NE 122,5 1,225 276 274,775
A5

meio 109 1,09 276 274,91


SW 101 1,01 276 274,99
SE 129 1,29 276 274,71
NW 101 1,01 276 274,99
NE 129 1,29 276 274,71
A6

meio 121,5 1,215 276 274,785


SW 8 0,08 275 274,92
SE 175 1,75 276 274,25
NW 8 0,08 275 274,92
NE 175 1,75 276 274,25
A7

meio 6 0,06 275 274,94


SW -1 -0,01 275 275,01
SE 194 1,94 276 274,06
NW 67 0,67 276 275,33
NE 110 1,1 275 273,9
A8

meio 75 0,75 276 275,25


SW 74 0,74 276 275,26
SE 131 1,31 275 273,69
NW 105 1,05 276 274,95
NE 107,5 1,075 276 274,925
B1

SW 106,5 1,065 276 274,935


SE 106 1,06 276 274,94
NW 106,5 1,065 276 274,935
NE 106 1,06 276 274,94
B2

meio 109,5 1,095 276 274,905


Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 5
Parque Fonte Missioneira
São Miguel das Missões, RS.

TERRAÇO SUL DA FONTE - superfície e escavação

Quadra Vértice Nível Nível (m) Ponto 0 Real (m)


SW 101,5 1,015 276 274,985
SE 106 1,06 276 274,94
NW 144,5 1,445 276 274,555
NE 162 1,62 276 274,38
B3

meio 157,5 1,575 276 274,425


SW 160 1,6 276 274,4
SE 81 0,81 275 274,19
NW 150 1,5 276 274,5
NE 81 0,81 275 274,19
B4

meio 68 0,68 275 274,32


SW 50,5 0,505 275 274,495
SE 99 0,99 275 274,01
NW 50,5 0,505 275 274,495
NE 99 0,99 275 274,01
B5

meio 78 0,78 275 274,22


SW 67,5 0,675 275 274,325
SE 104 1,04 275 273,96
NW 129 1,29 276 274,71
NE 36,5 0,365 275 274,635
B6

meio 86,5 0,865 275 274,135


SW 175 1,75 276 274,25
SE 138 1,38 275 273,62
NW 175 1,75 276 274,25
NE 138 1,38 275 273,62
B7

meio 103,5 1,035 275 273,965


SW 194 1,94 276 274,06
SE 67 0,67 275 274,33
NW 125 1,25 275 273,75
NE 144 1,44 275 273,56
B8

meio 134 1,34 275 273,66


SW 131 1,31 275 273,69
SE 153 1,53 275 273,47
NW 108 1,08 276 274,92
NE 171 1,71 276 274,29
C1

meio 162 1,62 276 274,38


SW 167 1,67 276 274,33
SE 120 1,2 276 274,8
NW 106 1,06 276 274,94
NE 114,5 1,145 276 274,855
C2

meio 112 1,12 276 274,88


SW 162 1,62 276 274,38
SE 142 1,42 275 273,58
NW 162 1,62 276 274,38
NE 142 1,42 275 273,58
C3

meio 171 1,71 276 274,29


Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 5
Parque Fonte Missioneira
São Miguel das Missões, RS.

TERRAÇO SUL DA FONTE - superfície e escavação

Quadra Vértice Nível Nível (m) Ponto 0 Real (m)


SW 81 0,81 275 274,19
SE 46 0,46 275 274,54
NW 81 0,81 275 274,19
NE 95,5 0,955 275 274,045
C4

meio 92 0,92 275 274,08


SW 99 0,99 275 274,01
SE 100,5 1,005 275 273,995
NW 99 0,99 275 274,01
NE 102 1,02 275 273,98
C5

meio 102,5 1,025 275 273,975


SW 95,5 0,955 275 274,045
SE 101,5 1,015 275 273,985
NW 36,5 0,365 275 274,635
NE 60 0,6 275 274,4
C6

meio 141,5 1,415 275 273,585


SW 138 1,38 275 273,62
SE 69 0,69 275 274,31
NW 138 1,38 275 273,62
NE 69 0,69 275 274,31
C7

meio 67,5 0,675 275 274,325


SW 67 0,67 275 274,33
SE 83,5 0,835 275 274,165
NW 103 1,03 275 273,97
NE 98 0,98 275 274,02
C8

meio 176 1,76 275 273,24


SW 153 1,53 275 273,47
SE 150 1,5 275 273,5
NW 89 0,89 275 274,11
NE 103 1,03 275 273,97
D8

meio 164 1,64 275 273,36


SW 150 1,5 275 273,5
SE 168 1,68 275 273,32
NW 150 1,5 275 273,5
NE 211 2,11 275 272,89
D9

meio 210 2,1 275 272,9


SW 144 1,44 275 273,56
SE 213 2,13 275 272,87
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 5
Parque Fonte Missioneira
São Miguel das Missões, RS.

CONTEXTO G4 - superfície

Quadra Vértice Nível (m) Ponto 0 Real (m)


NW 0,87 275 274,13

(Quadra
Total)
M13 NE 0,85 275 274,15
SW 0,89 275 274,11
SE 0,9 275 274,1
NW 0,85 275 274,15
NE 0,8 275 274,2
N13

SW 0,9 275 274,1


SE 0,89 275 274,11
NW 0,8 275 274,2
NE 0,84 275 274,16
O13

SW 0,89 275 274,11


SE 0,86 275 274,14
NW 0,84 275 274,16
(Dividida)

NE 0,87 275 274,13


P13

SW 0,86 275 274,14


SE 0,87 275 274,13
NW 0,84 275 274,16
(Quadra
Total)

NE 0,83 275 274,17


P13

SW 0,86 275 274,14


SE 0,89 275 274,11
NW 0,87 275 274,13
(Quadra
Total)

NE 0,8 275 274,2


O14

SW 0,8 275 274,2


SE 0,84 275 274,16
NW 0,87 275 274,13
(Fogueira)

NE 0,9 275 274,1


M13

SW 0,86 275 274,14


SE 0,9 275 274,1
NW 0,87 275 274,13
Dividida)
(Quadra

NE 0,8 275 274,2


O14

SW 0,82 275 274,18


SE 0,81 275 274,19
Programa de Prospecções Arqueológicas ANEXO 5
Parque Fonte Missioneira
São Miguel das Missões, RS.

CONTEXTO G4 - cotas da escavação

Quadra Vértice Nível (m) Ponto 0 Real (m)


NW 1,15 275 273,85

(Quadra
Total)
NE 1,26 275 273,74
M13
SW 1,26 275 273,74
SE 1,27 275 273,73
NW 1,26 275 273,74
NE 1,25 275 273,75
N13

SW 1,27 275 273,73


SE 1,22 275 273,78
NW 1,38 275 273,62
NE 1,35 275 273,65
O13

SW 1,3 275 273,7


SE 1,26 275 273,74
NW 1,28 275 273,72
NE 1,23 275 273,77
P13

SW 1,26 275 273,74


SE 1,21 275 273,79
Escavada)

NW 1,34 275 273,66


(Quadra

NE 1,3 275 273,7


O14

SW 1,34 275 273,66


SE 1,33 275 273,67
NW 1,15 275 273,85
(Fogueira)

NE 1,11 275 273,89


M13

SW 1,13 275 273,87


SE 1,17 275 273,83

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