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GESTÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO

SÍTIO ARQUEOLÓGICO MOGI 1


MOGI DAS CRUZES - SP

RELATÓRIO FINAL

São Paulo, setembro de 2010.


_____________________________________________________________________

RELATÓRIO FINAL: GESTÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO SÍTIO


ARQUEOLÓGICO MOGI 1 MOGI DAS CRUZES – SP

Portaria IPHAN nº 1 de 27 de janeiro de 2010


Processo IPHAN nº 01506.001965/2009-38

Referência para citação


Alves-Pereira, A. (coord..); Monteiro dos Santos, M. C. (coord..); Pequini, C.; Malerbi,
E.; Sítio Arqueológico Mogi I: gestão do patrimônio arqueológico. São Paulo: Scientia,
Quattor, 2010. 200 p. (Relatório Final do Projeto; processo Iphan
nº 01506.001965/2009-38).

Execução: Scientia Consultoria Científica Ltda.


Rua Prof. Campos Almeida, 75
05591-045 - Jd. Bonfiglioli - São Paulo (SP)
Telefone: (11) 3721-3491/4255
Responsável: MSc. Maria do Carmo Mattos Monteiro dos Santos
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Empreendedor: QUATTOR Químicos Básicos S/A.


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09270-901 - Parque Capuava – Santo André (SP)
Contato: Maria de Fátima Soares Ribeiro
Tel.: (11) 4478-1673
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Instituição de apoio:
Núcleo de Arqueologia da Universidade Braz Cubas (NAUBC)
Av. Francisco Rodrigues Filho, 1233
CXEP: 08773-380 – Mogi das Cruzes, SP
Tel.: (11) 4791 8288
Coordenadora: Dra. Margarida Davina Andreatta
E-mail: naubc@brazcubas.br
__________________________________________________________________

São Paulo, setembro de 2010.


SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................................... 2
Parte 1: ARQUEOLOGIA ......................................................................................................................... 4
Introdução............................................................................................................................................. 4
Caracterização ..................................................................................................................................... 5
Localização........................................................................................................................................... 6
Entorno ................................................................................................................................................ 9
Contextualização ................................................................................................................................ 14
Metodologia ........................................................................................................................................ 26
Descrição............................................................................................................................................ 33
Salvamento Arqueológico .................................................................................................................. 53
Análise e Curadoria dos Materiais ..................................................................................................... 64
Consolidação dos Resultados ............................................................................................................ 73
Parte 2 - PROGRAMA De EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ....................................................................... 79
Considerações iniciais ........................................................................................................................ 79
As atividades ...................................................................................................................................... 79
Avaliação das atividades .................................................................................................................... 84
Resultados observados ...................................................................................................................... 84
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................... 87
EQUIPE TÉCNICA ................................................................................................................................. 92
BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................... 93
ANEXOS ................................................................................................................................................. 97
Anexo 1 - Relação de equipamentos utilizados. ................................................................................ 98
Anexo 2 - Levantamento GPR para Estudo Arqueológico. .............................................................. 100
Anexo 3 - Relação de Sondagens. ................................................................................................. 121
Anexo 4 - Livreto “O que é patrimônio arqueológico?” .................................................................... 127
Anexo 5 - Material de apoio ou sugestões de atividades para sala de aula. ................................... 140
Anexo 6 - E. E. Pe. Bernardo Murphy (Recibos de entrega de livretos para bibliotecas, folhas
de presença, avaliações dos docentes) ........................................................................ 149
Anexo 7 - E. M. Prof. Etelvina Caffaro Salustiano (Recibos de entrega de livretos para
bibliotecas, folhas de presença, avaliações dos docentes) .......................................... 161
Anexo 8 - Apresentação de Slides. .................................................................................................. 181
Anexo 9 - Ficha Cadastral do Sítio no IPHAN. ................................................................................ 186
APRESENTAÇÃO

Este documento contempla os resultados do projeto Gestão do Patrimônio


Arqueológico Sítio Arqueológico Mogi 1 Mogi das Cruzes – SP, realizado pela Scientia
Consultoria Científica Ltda., com apoio do Núcleo de Arqueologia da Universidade
Braz Cubas (NAUBC), aprovado pelo IPHAN através da Portaria nº 1, de 27 de janeiro
de 2010 (Processo IPHAN nº 01506.001965/2009-38).

O presente relatório apresenta a finalização dos trabalhos de resgate arqueológico


(atividades de campo e de laboratório) e educação patrimonial, realizados para o
sítio arqueológico Mogi 1 (situado no sítio São João, em Mogi das Cruzes – São
Paulo), no período compreendido entre abril e agosto de 2010.
O projeto visou contemplar as determinações da 9ª SR/IPHAN – SP, relativas ao sítio
arqueológico Mogi 1, contidas no Parecer Técnico nº 233/07, de 13/9/20071, a partir da
metodologia proposta no projeto aprovado pelo IPHAN (SCIENTIA, 2009).
Os principais objetivos propostos no programa aprovado pelo IPHAN foram:
• aprofundar o conhecimento existente sobre o histórico e as formas de
ocupação do sítio São João, registrado no IPHAN como sítio arqueológico
Mogi 1 e em processo de tombamento pelo Conselho Municipal de
Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de
Mogi das Cruzes (COMPHAP);
• delimitar e verificar a estratigrafia do sítio arqueológico Mogi 1, coletar
amostras de artefatos associados à sua cultura material e registrar o
estado de preservação das estruturas remanescentes e do entorno
paisagístico;
• analisar as amostras de artefatos resgatados, buscando compreender
algumas de suas características tecnológicas, funcionais e estilísticas, que
possibilitem ao entendimento de elementos associados à cultura material
inerentes ao sítio;
• orientar os trabalhos arqueológicos no sentido de se dar suporte à eventuais
pesquisas históricas ou arquitetônicas futuras, que visem a implementar
projetos de conservação, restauro e/ou revitalização da edificação sede;
• desenvolver um programa de educação patrimonial visando despertar a
consciência das comunidades locais para o conhecimento, a valorização e a
preservação do patrimônio arqueológico.

1
- Este parecer do IPHAN refere-se à análise do Relatório Técnico: Levantamento Arqueológico na Área do
Gasoduto de Transferência de Gás de Refinaria entre a REVAP e a RECAP, municípios de São José dos Campos,
Jacareí, Santa Branca, Guararema, Biritiba Mirim, Mogi das Cruzes, Suzano, Ferraz de Vasconcelos, São Paulo e
Mauá/SP (Scientia, 2007b), realizado pela Scientia Consultoria para integrar o licenciamento ambiental deste
empreendimento, cuja responsabilidade era, na ocasião, da Norfolk Distribuidora Ltda. - atual Quattor Química
S.A.

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Em conformidade com as determinações acordadas para o Programa de Gestão do
Patrimônio Cultural Arqueológico, os trabalhos compreenderam:
 a elaboração de um projeto de resgate arqueológico e acompanhamento da
tramitação do processo no IPHAN;
 um sensoriamento geofísico com georadar do tipo GPR (Ground Penetrating
Radar) visando identificar estruturas rasas e artefatos de maior porte em
subsuperfície;
 pesquisas arqueológicas de campo, contemplando: sondagens, escavações
ampliadas de estruturas, topografia, desenhos, registro fotográfico e
obtenção de informações orais;
 coleta amostra de artefatos;
 curadoria e análise do material coletado;
 Programa de Educação Patrimonial;
 sistematização de dados de campo e consolidação dos mesmos em um
relatórios final.

O presente relatório está segmentado nas seguintes partes: o Sumário, já


apresentado; esta Apresentação; Parte 1 - Arqueologia, onde abordaremos de todos
os aspectos do resgate arqueológico; Parte 2 - Educação Patrimonial, contemplando a
descrição e os resultados das atividades implementadas; Equipe Técnica, listando
todos os participantes envolvidos no projeto; Referências Bibliográficas, contendo
todas as fontes consultadas para a Arqueologia e Educação Patrimonial; e Anexos,
onde elencaremos adendos complementares.

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PARTE 1: ARQUEOLOGIA

Introdução
Os resultados do resgate arqueológico serão aqui relatados sistematicamente de
forma a compreender todas as fases e tarefas realizadas tanto em campo, quanto em
laboratório. Iniciaremos com esta pequena introdução, seguida por uma caracterização
introdutória do sítio, descrevendo suas características principais.
Apresentaremos a localização do sítio em termos geográficos seguida da descrição de
seu entorno paisagístico - no âmbito de uma arqueologia da paisagem onde
descreveremos sucintamente as características ambientais e as transformações ali
ocorridas, entendidas por colaborarem na compreensão das condições em que se
encontra, atualmente, o sítio arqueológico. Notadamente, pontuaremos aspectos
relativos à degradação ambiental, que potencializaram a dinâmica de
descaracterização ou descontextualização dos artefatos e estruturas presentes nos
sítios.
O quarto item será uma contextualização, onde discorreremos sobre aspectos
históricos, que auxiliem no entendimento da antiga propriedade, como integrante de
um sistema social local e sua possível participação e influência no mesmo. Na
seqüência serão apresentadas algumas considerações acerca da metodologia
adotada e suas justificativas. Passaremos então para a descrição do sítio,
contemplando todas as estruturas remanescentes e seu entorno imediato, bem como
a inter-relação entre ambos. Este item visa descrever as estruturas não como se
encontram atualmente, mas principalmente como eram originalmente e quais
transformações que sofreram.
Uma vez descrito, faremos a apresentação de todos os aspectos relativos ao resgate
arqueológico, onde discorreremos acerca de cada critério metodológico adotado e
seus resultados. A parte técnica do relatório será finalizada com a descrição e análise
dos materiais, atividade executada em laboratório após o salvamento arqueológico e
que contemplou a avaliação de cada artefato coletado.
Finalizando, apresentaremos a consolidação dos resultados, onde procuraremos
correlacionar os aspectos do salvamento arqueológico entre si e, também, com as
informações apresentadas nos demais itens, procurando assim responder e justificar
aspectos identificados com o trabalho, bem como apresentar novas questões que
surgiram. Finalizaremos com nossas considerações finais, onde discorreremos que a
proteção do sítio arqueológico não se encerra com o presente trabalho, mas o tem
como uma de suas ferramentas de ação e entendimento.

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Caracterização
O sítio arqueológico Mogi 1 é caracterizado pela ocorrência de uma antiga fazenda,
atualmente desmembrada em propriedades menores, cuja sede denomina-se sítio São
João. Além da casa-sede, integra o conjunto: uma capela, a moradia do caseiro, uma
olaria, um açude e seu canal de adução. Todos estes elementos, juntamente com a
vegetação do entorno, compõem testemunhos materiais remanescentes de uma
unidade habitacional rural, típica do final do século XVIII e meados do século XIX, que
se manteve habitada até meados da década de 1990 e em uso esporádico até 2007,
quando entrou em processo de arruinamento e conseqüente desabamento do telhado,
na passagem de 2009 para 2010.

Foto 1: Inserção do sítio na paisagem.

Foto 2: Casa-sede – vista lateral com telhado e paredes desmoronadas.

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Localização

Denominação: Sítio Arqueológico Histórico Mogi 1


Tipo: Histórico / Edificação (Sede, Capela e Olaria)
Localidade: Sítio São João
Cidade: Mogi das Cruzes, SP
Coordenadas UTM: Ponto Sede..: 23K 385308E 7398992N
Ponto Olaria: 23K 385365E 7398897N
Precisão.......: ±5m
Datum..........: SAD69
Área.............: 16.000m² 2
O sítio Mogi 1 localiza-se no município de Mogi das Cruzes, na região metropolitana
da cidade de São Paulo, distanciando-se aproximadamente 60 km, a lestes, da capital
paulista. O município integra, juntamente com os municípios de Biritiba Mirim, Ferraz
de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba, Suzano, Guararema e Salesópolis, a
microrregião do Alto Tietê, sendo considerado o mais expressivo em termos
socioeconômicos, populacionais e históricos.
Encontrava-se nas proximidades da faixa de servidão da TRANSPETRO (km
053+450m do duto REVAP-RECAP). Localiza-se em ambiente rural, em zona limítrofe
com o perímetro urbano da sede do município de Mogi das Cruzes, no distrito de
Engenheiro Cezar de Souza e distante cerca 7 km do centro da cidade. Posiciona-se
na margem esquerda de um pequeno curso d’água, que deságua no córrego dos
Corvos, tributário da margem direita do rio Tietê, na Bacia do rio Paraná.

Figura 1: Sítio Mogi 1 – Casa-sede e entorno imediato.

2
- No registro no 1° Cartório e Registro de Imóveis de Mogi das Cruzes - SP. A área da propriedade é 221.958,17m²

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Figura 2: Localização do sítio no contexto regional.

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Figura 3: Mapa da região Metropolitana de São Paulo e localização do Sítio São João.

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Entorno

Regionalmente, as condições ambientais apresentam-se demasiadamente alteradas


em relação às suas características originais. Isso decorre das intensas ações
antrópicas implementadas no território, desde os primórdios da colonização; quando a
região passou a ser palco de atividades agrícolas e extrativistas, além de rota de
trânsito entre as províncias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais; bem como
entre as comunidades locais. Todas estas atividades deixaram marcas indeléveis e em
alguns casos irreversíveis na paisagem e que se fazem perceber em praticamente
todos os aspectos ambientais3, tais como: relevo, hidrografia, clima, fauna e flora.
O relevo é movimentado e caracterizado por uma região de terras altas, que se
elevam entre 900 e 1000 metros. Integra-se ao planalto Atlântico, como uma unidade
marginal da serra do Mar e corresponde ao contraforte leste da serra do Itapeti, que
divide as bacias dos rios Tietê e Paraíba do Sul; forçando este a fazer uma guinada
para nordeste, em direção ao Rio de Janeiro. Além destas características, a Serra do
Itapeti localiza-se a norte da cidade de Mogi das Cruzes, apresentando-se como um
toponímio de referência para os antigos exploradores e sendo, inclusive, citada nas
crônicas e relatos de viajantes, por sua beleza e imponência, o que a torna um
patrimônio paisagístico local.
É lá para o rio Tiassupeba que se cessa de perceber a serra da Mantiqueira,
agora mascarada pela de Tapeti, cuja altura é bastante considerável mas
que se descortina em plano muito mais próximo. Quando passei aqui, pela
primeira vez, a vestimenta dos brejos começava a perder a belleza; mas
neste curto espaço de tempo (duas primeiras semanas de abril), tornou-se
quase amarella e grande número de plantas feneceu. Creio que se deve
attribuir tão rapida mudança ao frio que faz, todas as noites (Saint Hilaire,
2002:106).

Foto 3: Serra do Itapeti – vista panorâmica.

A região é entrecortada por uma hidrografia meandrosa, fluindo por várzeas que
formam áreas brejosas, de relevo baixo e plano, cujas águas tributam na bacia do rio
Tietê, no seu terço superior denominado Alto Tietê. Trata-se de uma região drenada
por diversos cursos d’água e cujo volume permitiu a construção de barragens, como:
Taiaçupeba, Ponte Nova, Remédios e Salesópolis; que garantem parte do
abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo. Notadamente, a bacia também

3
- Todos dados relativos ao meio ambiente (relevo, clima, hidrografia e flora) foram obtidos a partir de consultas ao
site e publicações do IBGE, conforme citações bibliográficas.
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é o destino de grande parte dos efluentes residenciais e industriais da região,
contribuindo para sua degradação ambiental e entorno.
A característica meandrosa denota a longevidade geológica dos cursos d’água,
criando solos sedimentares, ocasionados pelo transbordamento das calhas fluviais,
nos períodos mais chuvosos. Isso acarreta na formação de planícies aluviais,
constituídas por sedimentos arenosos e argilosos, sobrepondo-se a antigos depósitos
de turfa.
A turfa local não se apresenta inflamável4, fato
corroborado pela pesquisa de Castro (2009:03), ao
concluir que a mesma não apresenta componentes
graxos, acarretando sua inadequação como
combustível ou como insumo agrícola de forma direta,
ou seja, para que tal solo se torne fértil é necessário
adicionar-lhe outros componentes, visando melhorar Foto 4: Turfa – amostra da região.
sua fertilidade.

Margeando as várzeas, o relevo eleva-se e o solo apresenta camada superficial


orgânica, sobrepondo-se a estratos de argilossolos5 e argilas, de colorações vermelho-
amareladas, que possuem boas propriedades como matérias-primas para a indústria
oleira, sendo esta uma das atividades econômicas típica da região.

Figura 4: Entorno regional – detalhes de áreas agrícolas e meandros do rio Tietê.

O clima é subtropical úmido, com baixa incidência de meses secos, favorecendo uma
formação vegetal típica da floresta Atlântica de encosta, como: a Ombrófila6 Densa, a
Estacional Semidecidual7. Nos campos de várzeas formam-se matas ciliares, com
espécies adaptadas a longos períodos de inundações e, também, aos meses de seca,

4
- Conforme teste empírico, in sito, feito pela equipe de resgate arqueológico (todavia, tal teste foi executado com apenas uma
amostra e visava atender apenas a curiosidade dos mesmos, do que propriamente ser uma avaliação).
5
- Argilossolo vermelho-amarelado PVA – conforme RADAMBRASIL, apud IBGE, 2001.
6 - Ombrófilo: (adj. (ombro+filo) Que gosta de chuva (Michaelis).
7 - Caracterizada por dupla estacionalidade climática, uma tropical sujeita a intensas chuvas de verão e outra subtropical seca e
fria, no inverno.
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formando “verdadeiras zonas de transição entre os ecossistemas terrestres e
aquáticos” (LEITE, 2007:119). A vegetação original integrava do bioma Mata Atlântica,
associado à Serra do Mar, todavia ela não domina mais na paisagem, sendo
praticamente ausente sua ocorrência na forma primária. Isso decorre da intensa
antropização extrativista e predatória do território, que suprimiu as florestas
primordiais, substituindo-as, paulatinamente, por áreas destinadas às atividades
agrícolas de fruticultura, horticultura e silvicultura, e, em menor escala, à pecuária.
Ainda assim é possível identificar alguns fragmentos naturais das pretéritas matas,
mas com baixa diversidade; correspondentes a uma vegetação secundária; em
estágio médio de regeneração e distintas de suas características originais, pois a
presença de tipos vegetais exóticos, como eucaliptos e pinus, permeiam as matas,
denunciando as drásticas transformações da paisagem natural.

Tais transformações também podem ser identificadas por outros indícios na paisagem
regional. Nas poucas matas remanescentes é possível identificar a presença de
árvores, que indicam a condição secundária da vegetação, além de seu estado de
regeneração. É o caso das embaúbas (Cecropias), que se manifestam originariamente
isoladas em matas primárias, mas nas secundárias, ocorrem próximas umas das
outras. Já, árvores do gênero Tibouchina, como: o jacatirão (T. trichopoda), o manacá-
da-serra (T. mutabilis) e a quaresmeira (T. granulosa); ao ocorrem no interior da
matas, indicam seus estágios iniciais ou intermediários de regeneração, pois vivem
cerca de 20 anos e posteriormente são vencidas por árvores de maior porte e mais
longevas, passando a se manifestar somente nas margens das florestas.
Excetuando-se as poucas ilhas de matas secundárias, a paisagem vegetal
predominante são as extensas várzeas cobertas por hortas e pomares, que
associadas às granjas avícolas, formam o trinômio econômico dos hortifrutigranjeiros,
produtos estes que, após a chegada de imigrantes japoneses, passaram a ser
produzidos em escala comercial, visando o abastecimento urbano da Grande São
Paulo e compondo o cinturão verde região metropolitana paulista.

Figura 5: Entorno regional – detalhes de matas secundárias e eucaliptais.

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Já nas áreas montanhosas a silvicultura é predominante. Apresentam plantios
homogêneos de pinus e eucaliptos, oriundos de antigos talões de reflorestamento, que
remontam a década de 1960, quando foram incentivados, através de contrapartidas
fiscais do governo. Atualmente, novas áreas foram ocupadas para o plantio de
eucalipto, mas agora são cultivados para abastecer a indústria de papel e celulose.

Uma última característica da vegetação é a ocorrência, em menor escala, de algumas


feições campestres, em áreas desmatadas, dominadas por espécies vegetais
invasoras, notadamente gramíneas, como a braquiária (Brachiaria Trin.), destinadas à
pastagem de gado.
A proximidade do sítio com a região urbana apresenta ainda outro componente
deletério ao que poderíamos chamar de “paisagem natural” ou “original”. Como já
descrito, o sítio arqueológico Mogi 1 localiza-se em área limítrofe entre o ambiente
rural e o urbano, mas não só ele, pois toda a paisagem regional é dominada por
mesclas de ambientes urbanos avançando sobre território rural. É uma região que se
encontra no limiar da malha urbana da grande São Paulo, no caso, na periferia de
Mogi das Cruzes. Tais áreas ocorrem tanto para fins de novos assentamentos
residenciais, como para a implantação de novas plantas industriais.

Especificamente no entorno do sítio arqueológico constatam-se dois loteamentos. Um,


denominado Conjunto Habitacional Vereador Jefferson da Silva (ou só Jeferson, como
é denominado localmente). Localiza-se a aproximadamente 150m do sítio São João,
no seu lado posterior, ao sul. Foi implantado a cerca de dez anos e destinou-se ao
assentamento de famílias “sem teto” vítimas de
enchentes ocorridas no município. Trata-se de um
conjunto habitacional para pessoas de baixa renda e
baixa conscientização ambiental e patrimonial;
acarretando, muitas vezes, de seus moradores
retirarem material construtivo do sítio arqueológico,
bem como extraírem exemplares de árvores na mata,
que separa o conjunto habitacional da casa-sede do
sítio. Outro detalhe digno de nota é a existência,
dentro desta mata, de grande quantidade de dutos
isolantes para cabos elétricos, oriundos de refugo de Foto 5: Entorno – dutos isolantes (seta).
furtos de fiações elétricas da rede pública de distribuição.

Foto 6: Entorno próximo – Conjunto Jefferson de Souza; em segundo, plano mata ao sul do sítio São João (seta).

O segundo loteamento, próximo ao sítio, localiza-se a cerca de 150m ao norte e


corresponde a um condomínio residencial para famílias de classe socioeconômica
alta, que se encontra em fase de implantação, sendo possível identificar, inclusive, por
imagem de satélite toda a área terraplanada.
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Figura 6: Entorno regional – detalhes de loteamento e condomínio próximos ao sítio.

Antecipando a discussão que se seguirá, podemos adiantar que praticamente todo o


material construtivo utilizado originalmente no sítio, senão todo ele, foi obtido no
ambiente circunvizinho. O mesmo se constata para as possibilidades de subsistência
econômica da propriedade, que advinham da exploração dos recursos naturais
presentes na região. Tratava-se de uma forma de apropriação do espaço,
características de um modo de produção rural, baseada na subsistência e tendo a
natureza como sua fonte de recursos. Ocorre, todavia, que tal modo de produção
alterou-se na região, uma vez que ela vem sendo paulatinamente integrada à malha
urbana da cidade; acarretando impactos deletérios ao sítio arqueológico em questão.
Diante do exposto, o entorno pode ser tomado como um território cuja ação antrópica
(via extração de recursos naturais) o transformou numa paisagem nova e
“domesticada”, adequada às necessidades de fixação e manutenção do homem ao
ambiente, esse visto enquanto meio reprodução de suas condições de sobrevivência.
Parafraseando Milton Santos, foram as ações do homem, naquele território, que o
transformam em ambiente de vida, em um ambiente híbrido entre o natural e o
artificial, onde o espaço se configura como “um conjunto de objetos e um conjunto de
ações” (2002:332) indissociados.

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Contextualização
As informações históricas e arquitetônicas levantadas acerca do sítio São João, nos
levam a supor que a propriedade foi implantada na segunda metade do século XVIII
ou início do XIX. Para compreender como ela se inseria no contexto histórico então
vigente, necessitamos conhecer, mesmo que superficialmente, diversos aspectos
sociais que se desenvolveram no entorno. Ou seja, compreender os acontecimentos
históricos, políticos, culturais, econômicos e ambientais, que ali se processaram e
quais as influências que tiveram sobre a propriedade e seus ocupantes.

As pesquisas em fontes primárias realizadas permitiram, por um lado, relacionar a


família dos atuais proprietários do Sítio São João, a uma personagem destacada na
memória de parte dos moradores de Mogi das Cruzes: o alferes Salvador Leite Ferraz,
que teria integrado a comitiva de D. Pedro I. A consulta a esse mesmo tipo de fontes,
entretanto, não ofereceu respostas conclusivas quanto à origem da unidade rural, e
aos proprietários, para períodos anteriores a meados do século XIX - talvez pela
dispersão da documentação pertinente - em especial, registros paroquiais relativos a
terra, certidões, inventários e escrituras, da qual parte encontra-se guardada em Mogi
das Cruzes, parte no Arquivo do Estado, e parte não foi localizada, (RODRIGUES e
MAYUMI, 2008). Assim, o Sítio São João, em Mogi das Cruzes, continua a ser um
desafio para aqueles profissionais, arquitetos e historiadores, que, a partir de diversos
pontos de vista vêm tentando construir o passado deste bem cultural.
Assim, optou-se por contextualizar o sítio baseando-se em fontes secundárias que
contivessem informações ilustrativas acerca da região. Desta forma propõe-se
apresentar uma breve contextualização, contemplando alguns aspectos sociais no
âmbito da história regional, tidos como relevantes ao entendimento do sítio, enquanto
testemunha material dos acontecimentos sociais ali transcorridos.
A fazenda, cuja sede atualmente é conhecida como “sítio São João”8, localiza-se numa
região historicamente estratégica, por ser divisora das águas de duas das bacias
hidrográficas mais importantes para a consolidação dos domínios da Coroa
portuguesa em sua colônia austral. Tratam-se das bacias dos rios Tietê e do Paraíba
do Sul, nas proximidades de suas nascentes. Elas são separadas pela serra do Itapeti,
um contraforte da serra do Mar, que força o rio Paraíba do Sul a alterar seu curso
originário, rumo ao sul, redirecionando-o a nordeste, para o litoral norte fluminense.

A importância da proximidade entre os dois rios torna-se explicita quando constatamos


que foram eles substancialmente importantes na consolidação do processo
colonizador português, pois, tanto um, quanto outro, foram usados como referencia e
vias de transporte pelos primeiro exploradores e depois pelas bandeiras, que
adentraram no território a procura de índios e minerais preciosos. Tal proximidade
possibilitava a passagem de uma bacia a outra, quando se rumava em sentido norte e
sul, pela faixa costeira terrestre. Neste eixo havia algumas rotas de trânsito, que

8
- Saliente-se, de antemão, que esta não era sua denominação primordial.

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permitiam tal transposição entre as bacias, e, ao que parece, foram sendo criadas e
abandonadas de acordo com as necessidades, as condições geográficas e o acesso
às novas localidades que iam se formando.
O Tietê corria perto; bastava seguir-lhe o curso para alcançar a bacia do
Prata. Transpunha-se uma garganta fácil e encontrava-se o Parahiba,
encaixado entre a serra do Mar e a da Mantiqueira, apontando o caminho
do Norte (ABREU, 1907:99).

Em posição privilegiada, o sítio São João localiza-se voltado para a serra do Itapeti
(apesar dela não ser vista da sede), numa distância de aproximadamente 5
quilômetros. Em relação aos dois rios, dista aproximadamente 4 quilômetros do Tietê e
15 quilômetros do Paraíba do Sul. Tal localização, além do mais, próxima do
movimentado caminho entre o Rio de Janeiro e a cidade de São Paulo, colocava a
propriedade em posição impar perante os acontecimentos regionais, e muito
provavelmente pesou na escolha do local onde a casa-sede e demais instalações
foram implantadas. Por extensão, seus moradores e demais habitantes regionais,
também passavam à condição de espectadores e, por que não dizer, atores
privilegiados, num palco dos acontecimentos históricos que se processaram durante
todos os momentos da história do Brasil.
Contudo sua importância não pode ser tomada somente em relação a acontecimentos
históricos. A propriedade também se apresenta como testemunho do processo
colonizador português, que amalgamou elementos culturais indígenas, africanos e
europeus sob o domínio e permanência portuguesa na colônia, consolidando aqui um
modo de vida híbrido, composto pelas três matrizes étnicas e suas respectivas
culturas.
[...] não podíamos mais alcançar a vila de Mogy das Cruzes. Nesta região
notamos diversas famílias dos chamados cafusos, que são bastardos de
negros e índios. O seu aspecto é dos mais estranhos que um Europeu possa
encontrar. São homens de estatura alta, corpulenta, e de forte musculatura
(SPIX e MARTIUS, 1823: 215).

Para compreender tal importância, necessitamos recuar alguns séculos, pois antes
mesmo da presença portuguesa, os indígenas dominavam o território e nele
delinearam rotas (cujo conjunto dos falantes das línguas tupi denominavam peabiru),
que ao longo de séculos, serviram de referencial para suas migrações. Principalmente
os Tupi, povo vocacionado para o movimento e ocupantes da faixa costeira brasileira,
na região do sítio, quando os primeiros conquistadores aqui ancoraram.
É notório que diversos povos indígenas se sucederam, ao longo dos séculos, na
ocupação do território brasileiro. No momento do contato com os portugueses as
regiões dos vales dos rios Tietê e Paraíba do Sul eram uma espécie de fronteira entre
povos de culturas distintas, os Jê e os Tupi. Assim, as várzeas e encostas do Tietê
eram habitadas por índios guaianá (jê), guarulhos (jê) e tupiniquim (tupi); já o Paraíba
do Sul era terra dos puri (jê) e tupinambá (tupi).

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA,
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2010.
Figura 7: Localização do Sítio São João e as rotas de trânsito na região.

16 Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
1
Genericamente falando, os Tupi eram seminômades, praticavam agricultura por
coivara, mantinham o domínio de seu território e vivam em aldeias fortificadas. Os Jê
preferiam habitar as florestas, próximas a uma corrente de água, e construir ocas
debaixo das grandes árvores (MORAES, 1935:69). Todavia, como bem salientou
Monteiro (2009:19), “a despeito das aparências de homogeneidade, qualquer tentativa
de síntese etnográfica do Brasil quinhentista esbarra imediatamente em dois
problemas”: a presença dos dois grupos étnicos distintos, muitas vezes possuindo
práticas culturais semelhantes; e o fato de tribos de mesma etnia, poderem
apresentar diferenças culturais substanciais. Isso fazia com que suas sociedades
fossem radicalmente segmentadas, hibridas e, não raro, belicosas para com grupos
étnicos distintos, mas também entre si. Entretanto e aparentemente contraditório, não
raro ocorriam alianças entre povos jê e tupi. Como nos casos da Confederação dos
Tamoios e da união entre grupos guaianá e tupiniquim, que assolou a expedição de
Domingos Luís Grou, nas proximidades da região em que seria fundada a vila de Mogi
das Cruzes (GRINBERG, 1992:14 e MONTEIRO 2009:54).

Tão logo aqui aportaram os portugueses, a região altiplana do planalto do Piratininga


recebeu o impacto colonizador. Iniciou-se com a imensa mortandade de índios hostis
ao domínio europeu, a redução dos de indígenas remanescentes e aprisionados nos
aldeamentos de “catequese”; passando pelas expedições de sertões, visando a
captura de indígenas ou a descoberta de riquezas minerais. Concomitante a isso,
múltipas tentativas para se implantar culturas agrícolas, economicamente viáveis e
capazes de fixar o homem à terra foram sendo implementadas, consolidando, assim, a
empreitada colonizadora. Tal processo se deu numa escala continuada e crescente,
transformando substancialmente a paisagem e culminando na configuração da atual
região metropolitana de São Paulo na maior malha urbana brasileira e uma das
maiores do mundo, cuja borda leste se localiza o município de Mogi das Cruzes, e
nele o sítio São João.
Até a primeira metade do século XVI, os paulistas restringiram-se em colonizar o
planalto do Piratininga, onde em colinas e extensas planícies alagadiças e
meandrosas assentaram suas fazendas e roças de subsistência, tocadas pela mão de
obra cativa dos indígenas. Foi um período de lutas, mas também de convívio entre
ambos os grupos, possibilitando aos brancos a aquisição de conhecimentos uteis à
sobrevivência nas matas9 e sertões10, condição indispensável para continuidade na
empreitada colonizadora que se seguiria nos séculos seguintes.
Com a consolidação do processo colonizador os indígenas viram-se submetidos à
catequese e ao trabalho escravo. Todavia só o contato com o branco já representava
grande risco de morte, devido à transmissão de doenças às quais eles não eram
imunes. Com isso, no primeiro século que se seguiu à colonização, os povos que não
se submeteram ao cativeiro ou sucumbiram doentes, terminavam por implementar
movimentos de fuga, migrando território adentro e colocando-se em contato e litígio
com outros povos, já estabelecidos onde chegavam, gerando inevitavelmente novos
conflitos.

9
- utilizamos genericamente o termo “matas” para nos referirmos basicamente ao bioma Mata Atlântica.
10
- utilizamos genericamente o termo “sertões” para nos referirmos basicamente ao bioma Cerrado.
Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1
Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA,
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2010.
Segundo Grinberg (1992:13-14), os indígenas que habitavam a região de Mogi das
Cruzes eram ferozes defensores de seu território. O autor não cita qual a etnia de tais
povos, denominando-os como índios de Mogi, ou como eram conhecidos no período
do contato “índios pés-largos”, que segundo Monteiro (2009:51) provavelmente eram
Guaianá. Salientam estes autores que, no final do século XVI, os paulistas
implementaram incursões no território visando atacar tais indígenas, pois eles
constantemente colocavam em risco a vila de São Paulo e as sesmarias próximas. A
primeira incursão deu-se em 1590, chefiada por Domingos Luis Grou, e foi dizimada
pelos indígenas. Organizou-se uma segunda empreitada, em 1594, chefiada pelo
capitão Jorge Correia, que logrou sucesso, matando e escravizando os nativos. Estava
assim livre o território para a implantação de novos assentamentos e sua interligação
com o vale do Paraíba, onde já se iniciara a colonização.

Numa época em que os interesses da Coroa estavam voltados para a produção de


cana-de-açúcar, no nordeste da colônia, a precariedade econômica da capitania de
São Vicente parece ter impulsionado os paulistas para o interior, o que foi facilitado
pelo convívio com o indígena. Na segunda metade do século XVI, iniciaram-se as
incursões território adentro. As empreitadas orientam-se sempre pelo rio Tietê, umas
seguindo seu curso em direção à foz e outras em direção à nascente, onde
procuravam atingir o rio Paraíba do Sul, naquela época já era conhecido dos
fluminenses.
Em 1601 a bandeira de André de Leão, partindo de São Paulo rumo ao sertão dos
Cataguá, passa pela região de Mogi. Conforme relato escrito por um dos membros da
bandeira, o mineiro prático e holandês Wilhelm Glimmer, que ao passar pela serra do
Itapeti, descreve:
Em toda a viagem até aqui descrita nada vimos que denotasse cultura, não
encontramos homens algum, apenas aqui e ali aldeias em ruínas (...) todavia
observamos às vezes fumaça que se erguia no ar, pois por aquelas solidões
vagueavam com suas mulheres e filhos, alguns selvagens que não tinham
domicílio certo (GLIMMER, apud GRINBERG, 1992:14-16).

Assim como no Tietê, a ocupação territorial do vale do Paraíba estava diretamente


relacionada com as iniciativas de conquista de novos territórios para superar as
dificuldades de isolamento geográfico e econômico, que enfrentavam no início da
colonização. No encalço de índios iam expedições, tendo como meio de deslocamento
os rios - que nas palavras de Sérgio Buarque de Holanda eram “as estradas que
andam” - com isso tanto o Tietê, quanto o Paraíba do Sul, tornaram-se eixo de
deslocamento de bandeirantes e porta de acesso aos sertões.

Das vilas de São Paulo e São Vicente partiam as incursões em direção aos sertões
bravios e para elas convergiam meses ou até anos depois, sem as cobiçadas riquezas
minerais, mas lotadas de cativo. Formavam-se assim rotas de comunicação e trânsito
que, como tempo, passaram a configurarem-se como caminhos. Assim, na segunda
metade do século XVI, já se pretendia construir estradas ligando São Paulo às vilas
próximas. Como nos conta Taunay, “cinco ou seis caminhos dos que a S. Paulo
vinham ter estavam por fazer, a 23 de maio de 1583” (1920:182). Também, Antonil
(1967:258) cita que os caminhos de maior importância irradiando da povoação, em fins
do século dezesseis, eram apenas cinco, sendo um deles seguindo “mais ao sul, via

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


18 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA,
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1
Ururaí (São Miguel) e Bougi (Mogi), para o lado do Rio de Janeiro”. Completando este
cenário, Santana (1937:124) relata que diversas trilhas vicinais partiam desses
caminhos e conduziam a outros lugares, ou núcleos pequenos, nas margens dos rios
Tietê e Paraíba.
No primeiro dia sahindo da Villa de São Paulo vão ordinariamente pousar
em Nossa Senhora da Penha, por ser (como elles dizem) o primeiro arranco
de casa; e não mais que duas leguas; Dahi vão à aldeia de Tacuaquisetuva,
caminho de hum dia. Gastão na dita aldeia até a villa de Mogi dous dias. De
Mogi vão as laranjeiras, caminhando quatro ou cinco dias até as tres horas
[...] (ANTONIL, 1964:37).

Ao longo dos caminhos fundavam-se pousos de abastecimento, que muitas vezes


prosperavam e vinham a se tornar povoados ou vilas. Com uma pequena produção
agrícola, baseada na mão de obra indígena, estes núcleos de ocupação e
reabastecimento, iam se estabelecendo espaçados alguns dias de viagem, como é o
caso da vila de Mogi das Cruzes, implantada em 1601; e também da redução indígena
de Nossa Senhora da Escada, em 1611, próxima à atual cidade de Guararema; ambas
implantadas por Gaspar Vaz.

Com a descoberta das minas, no final do século XVII, muda-se o panorama


econômico da colônia, trazendo em seu bojo uma demanda crescente por
mercadorias, que envolviam desde os implementos para mineração propriamente
ditos, até mercadorias vendidas genericamente como secos-e-molhados (alimentos,
tecidos, lamparinas, bebidas, etc.). Com isso a exploração das minas incentivou o
desenvolvimento econômico e produtivo das demais capitanias, uma vez que elas
concorriam para o fornecimento de gêneros necessários ao mercado mineiro.
Nestes dois contextos (o das incursões exploratórias e a mineração) vila Mogi das
Cruzes e seu entorno colocavam-se vendendo produtos a “miúdo”; oferecendo pastos
para os animais das tropas em trânsito; e fornecendo gêneros alimentícios por
atacado: milho, mandioca, trigo, algodão, açúcar e aguardente.
No auge da produção aurífera, Dom Pedro de Almeida e Portugal, conde de Assumar,
foi nomeado pela Coroa para governador da Capitania de São Paulo e Minas. Em
1717 ele promove uma viagem para Vila Rica, que, partindo de São Paulo, passa por
Mogi das Cruzes e a “aldeia de Índios de El Rei, sob a invocação de Nossa Senhora
da Escada”11, onde foi agraciado com víveres. Ao final de sua custosa jornada (que
segundo seu relato durou mais de mês) nos relata que “concorrerão as vizitas, e os
prezentes de alguns particulares, que forão tantos, que em seis mezes não se
comprou carne para o gasto do Palácio”12.
Em Mogi das Cruzes, o destaque produtivo consolidou-se na produção de algodão e
derivados. Inicialmente plantado ao lado das demais lavouras por pequenos sitiantes,
acabaria por se destacar e dar origem à produção manufatureira de panos, que eram
vendidos nas praças do Rio de Janeiro e São Paulo. Em fins do século XVIII, quando
em toda a capitania se incentivava a produção de cana-de-açúcar, Mogi das Cruzes
permanece atrelada à produção para consumo interno e exportação de algodão.

11
- CÓDICE Costa Matoso. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1999 p. 678.
12
- Idem, p.395.
Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1
Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA,
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Figura 8: Mapa Histórico da Capitania de São Paulo, onde se destaca a vila de Mogi das Cruzes (seta) (Fonte: Major Umbelino Alberto de Campo Limpo em 1869, é em tinta colorida,
nanquim e aquarela, sobre papel canson com 60,5 x 48cm, com a notas explicativas).

20 Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
1
Talvez, devido ao clima e qualidade do solo, o algodão e alimentos para subsistência
(milho, feijão, farinha e arroz) eram os únicos produtos capazes de se manter
economicamente viáveis nas lavouras das propriedades locais. Paralelamente ao
cultivo do algodão desenvolveu-se sua manufatura, propiciando a formação de uma
pequena atividade industrial manufatureira de tecidos, cujo produto era igualmente
exportado. Todavia, nenhum destes produtos era suficiente para alavancar a
economia local, que se mantinha estagnada, apesar de alguns momentos de
aquecimento produtivo e econômico. Assim, com base numa agricultura modesta e
voltada ao abastecimento dos mercados locais, conseguia-se escoar a produção
excedente para o Rio de Janeiro, onde eram vendidos os panos de algodão; e para
São Paulo, onde eram negociadas a aguardente e o algodão. Esse comércio, apesar
de instável e modesto, conseguiu manter uma pequena elite local que tinha acesso a
produtos nobres, procedentes de Santos, onde também se adquiria o sal, e do Rio de
Janeiro, onde obtinham os produtos finos do Reino, como vinhos e tecidos finos
(SANTOS, 2004:04).
Nas primeiras décadas dos Oitocentos, a queda de preços do algodão no mercado
internacional e o despontar de uma nova produção na economia brasileira, o café,
agravam a estagnação econômica na vila. Apesar de a cafeicultura se propagar pelo
vale do Paraíba e chegar à região de Mogi das Cruzes, a vila pouco se beneficiou da
produção. Seu solo, muito úmido e pouco fértil, somado ao clima frio e propenso a
geadas, impediram que as monoculturas do café e da cana (então plantada no interior
paulista), se adaptassem às terras locais.
Ao longo do século XIX tal situação não parece ter se alterado muito. Passando pela
vila de Mogi, em 1822, quando ia para São Paulo, Sant Hilaire relata: que “os
habitantes de Mogy e redondezas são em geral pobres e suas terras pouco férteis. O
algodão é quase o único produto que exportam” (2002:98). Quinze dias depois, ao
retornar para o Rio de Janeiro, prossegue suas observações:
Com a fibra da malvácea ali se faziam cobertas bem finas e bonitas redes.
Não se pode plantar nas imediações da cidade a cana e o café, porque a
extrema umidade torna as geadas freqüentes. Mas estas plantas dão muito
bem na serra do Tapeti, que é mais seca. A geada não poupa menos aos
canaviais que aos cafezais, mas nenhum mal faz ao algodão por que não lhe
ataca as raízes, além de ocorrerem na época em que geralmente já está a
colheita feita. (HILAIRE, 2002:106-107).

Ao que parece, a infertilidade do solo (como inclusive salientamos ao relatarmos sobre


a turfa da região) sempre foi um impedimento ao desenvolvimento econômico da vila.
Fato que não se altera na segunda metade do século XIX, quando os produtores
locais ainda tentavam implantar na região o cultivo do café, talvez por cobiçarem os
vultuosos lucros e status auferidos pelos barões do café, que vez por outra
transitavam por Mogi rumo a São Paulo ou retornando para suas fazendas. Todavia,
assim como as águas do rio Paraíba, que se negavam a fluir para o sul; a cobiçada
riqueza também não transpunha para as várzeas do Alto Tietê, onde só se conseguia
obter parcos lucros com o algodão. Zaluar, que percorreu a região por volta de 1860,
comentou que, apesar de o café ser o maior produto cultivado em Mogi, a cultura ideal
para a região deveria ser o algodão.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA,
21
2010.
Talvez que se os fazendeiros d’este município se dedicassem com mais
actividade ao cultivo do algodão, para o que nos parece são os seus terrenos
de excellente natureza, alcançassem resultados mais satisfatórios que na
cultura do café. (ZALUAR, apud, GRINBERG, 1992:177).

Neste contexto é curioso notar, que, em Mogi, a própria ausência de grandes fazendas
rurais e suntuosos sobrados urbanos, como ocorreu no vale do Paraíba, podem ser
tomados como indicativos das dificuldades econômicas locais. Isso, inclusive, deve ter
colaborado para a manutenção de moradias de concepção ultrapassada e edificadas
com matéria prima local, como o caso da casa-sede do sítio São João, feita em taipa
de pilão e pau-a-pique.
Também, deve ter sido difícil suportar a prosperidade no vale ao lado, cuja riqueza
gerada pelo café propiciou a formação de uma elite econômica, que se abastecia de
produtos requintados e caros, na maioria das vezes importados da Europa. Produtos
que deveriam ser transportados pela região, visto que tanto a estrada de terra quanto,
posteriormente, a ferrovia, cortavam o município, unindo os vales do Tietê e do
Paraíba do Sul e trazendo fazendeiros abastados, indo e vindo para São Paulo. Tal
pujança econômica contrastava com a precariedade local, cujas
[...] terras, em geral pobres, nunca possibilitaram um desenvolvimento
franco e seguro para Mogi das Cruzes. O único produto de exportação nos
meados do século XIX era o algodão, colhido em apoucada escala. Na
maioria, os habitantes, paupérrimos, dedicavam-se à feitura de esteiras e
cestas, famosa pela vivacidade e pela facilidade com que desbotavam.
(BATALHA, 1958, p. 70).

É curioso constatar, pelas quatro últimas citações (de Santos, Sant Hilaire, Zaluar e
Batalha), dispostas cronologicamente, um processo de empobrecimento local, fato que
se fez notar inclusive no tamanho da população local, que, de acordo com os estudos
de Santos (2004:5), aumentou e diminuiu conforme o fluxo econômico do Município.

A vocação agrícola do município só se define positivamente com a implantação, em


1875, da Estrada de Ferro do Norte e a imigração japonesa, no início do século XX.
Em 1899, o primeiro trem, da denominada E. F. Central do Brasil, começa a trafegar
regularmente entre a capital paulista e a cidade de Mogi. Já em 1911, um trem de
subúrbio saía de Mogi e regressava a São Paulo no mesmo dia. A partir daí,
aumentava-se o número de comboios, atingindo oito, já em 1913.
Com a presença de imigrantes japoneses e o transporte da produção assegurado, o
setor agrícola, até então estagnado, passa a, ter sua produção diversificada, com a
inclusão de hortifrutigranjeiros e a implementação de novas metodologias agrícolas,
aumentando produtividade “através do uso intensivo de tecnologia, pelo aumento do
conhecimento e incorporação de máquinas cada vez mais modernas” (Hirata,
2005:59).

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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1
Figura 9: Mapa Histórico – Rota Estimada das Dividas entre Mogi das Cruzes e Jacareí (1844).

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1 23


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Foto 7: Grupo em frente da morada do atual sítio São João, 1910. No centro, salientado em amarelo, CAMILLO
13
JOSÉ DE MELLO .

Apesar da precariedade dos dados e das lacunas identificadas na aquisição de


informações acerca do sítio São João e seus ocupantes; podemos tomar a resumida
contextualização histórica e socioeconômica, descrita acima, como pano de fundo
para o entendimento do sítio no desenrolar de tais acontecimentos.
Como será melhor descrito no transcorrer deste trabalho, as características
construtivas as casa-sede do sítio São João, nos levam a crer que tenha sido edificada
no final do século XVIII ou inícios do XIX.
Os dados até aqui levantados, nos levaram a identificar a propriedade associada a três
famílias tradicionais na cidade de Mogi das Cruzes e redondezas, são elas: Mello 14,
Martins e Franco. Pôde-se constatar que tais famílias nomeiam diversos logradouros
da cidade, além de estar historicamente associada à política e a alguns cargos
públicos de Mogi das Cruzes. O que nos leva a corroborar com a constatação de
Abreu, de que tais pessoas
[...] eram homens livres, talvez com poucos escravos. Eram homens livres
para os quais, aos poucos, as lides agrícolas se tornaram secundárias, pois
eles se voltaram às atividades urbanas, tornando-se funcionários públicos,
professores e pequenos comerciantes (1907:106).

Estes nomes começam a figurar nos registros da cidade em meados do século XVIII
tanto na atual cidade de Salesópolis, quanto de Mogi das Cruzes. Sendo que a

13
- Fonte: Acervo pessoal de Paulo Sérgio Meira Mello (atual proprietário do sítio). Reprodução Lia Mayumi, 2008.
14
- A denominação “Mello” e Melo se alternam na genealogia da família.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
24
propriedade, originalmente pertencia à família Martins e no início do século XX
passou, por herança para a família Mello.
A referência mais antiga identificada para proprietários da fazenda remete à pessoa de
Camilo José de Mello. Trata-se de uma petição publicada no diário oficial do Estado de
São Paulo, datada de janeiro de 1900, onde solicita ao Juiz de direito da cidade de
Mogi das Cruzes que proceda a demarcação de sua propriedade.

A partir desta informação, foi possível levantar uma pequena genealogia da família 15.
Camilo José Martins foi casado com Florisbela Franco Martins, filha de Donado José
Martins e (?) Franco; Donado José Martins era filho de Antônio Joze Martins com
Manoela Maria de Jezus; e Antônio Joze Martins era filho de Bernardo Joze Martins
com Anna Maria.
Apesar de no documento Camilo José Martins aparecer como proprietário da fazenda,
ele na verdade só a recebeu de
herança em 1915, com a morte
de sua esposa Florisbela
Franco Martins, que o havia
recebido também de herança
em 1875 de seu pai, o Alferes e
Juiz de Paz em Mogi das
Cruzes, Donato Joze Martins,
nascido em 1821.

Estas informações, apesar de


muito superficiais sugerem, em
primeiro lugar que as famílias
tinham participação tanto na
política local quanto eram
ocupantes de cargos públicos.
Fato que coincide com relatos
de alguns viajantes, que ao
passar por Mogi relatam ser a
cidade pouco habitada, pois
seus moradores viviam mais
em ambiente rural.

Apesar de tais constatações, e


fazendo uma contraposição
com os dados históricos
contextualizados, não se deve Figura 10: Reprodução de Diário Oficial de janeiro de 1900.
esperar que os proprietários da
fazenda fossem abastados, pois tudo indica que toda região rural de Mogi das Cruzes
era composta por pequenos proprietários que produziam para subsistência.

15
- Fonte: https://new.familysearch.org/pt/action/unsec/welcome (consultado em 09/2010).

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
25
Metodologia
Os trabalhos de salvamento arqueológico foram planejados e executados visando
atingir os objetivos previamente propostos para o projeto. Para a consecução de tais
objetivos, procedeu-se um encadeamento de atividades prévias, que se
desenvolveram a partir de 2007, com a identificação da propriedade como patrimônio
edificado e sítio arqueológico. No transcorrer dos anos de 2007 a 2010, foram
elaboradas e executadas diversas ações que tiveram como premissa organizar e
levantar informações visando embasar o resgate arqueológico do sítio, bem como o
desenvolvimento ações de educação patrimonial, junto à comunidade local. Dentre
esses os trabalhos prévios destacamos o estudo arquitetônico realizado por
RODRIGUES e MAYUMI (2008), que levantou dados acerca da edificação-sede, no
qual foi possível identificar suas características construtivas e algumas transformações
ocorridas na sede da propriedade, além de levantar questões que poderiam ser,
posteriormente, esclarecidas através do estudo arqueológico.

Ao final dessa fase preparatória foram executadas, nos meses de abril e maio de
2010, as atividades de resgate arqueológico do sítio arqueológico Mogi 1. Tais
atividades compreenderam: execução de sondagens manuais, rastreamento do
subsolo com aparelho GPR16, escavação ampliada, registro fotográfico, levantamento
topográfico, execução de desenhos e levantamento de informações orais.
A execução dos trabalhos visou levantar dados que possibilitassem a compreensão do
sítio, enquanto portador de elementos da cultura material associados aos antigos
moradores da propriedade. Os trabalhos tiveram como foco o levantamento de
características da moradia, das estruturas adjacentes (olaria, demais edificações e
estruturas em subsuperfície) e na tentativa de se identificar bolsões de descarte
contendo a artefatos associados à tralha doméstica e a materiais de uso em geral.
O estudo estrutural teve como objetivo identificar características construtivas
empregadas nas diversas edificações, seus estilos e funcionalidades, bem como
singularidades subjacentes, que, por ventura, as diferenciam dos modelos
arquitetônicos e técnicos elencados nas literaturas; possibilitando, assim, identificar
algumas habilidades técnicas e intelectuais de seus construtores, no sentido de
adaptar as edificações as condições impostas pelo ambiente, tais como:
disponibilidade de matéria-prima e conformação espacial do entorno.
Objetivou-se também identificar as transformações ocorridas nas edificações, que
denotassem manutenções e adaptações a novas necessidades de seus usuários. Tais
transformações são de fundamental importância para a arqueologia, enquanto ciência
social, pois ilustram usos e costumes dos moradores, bem como as mudanças que
tais hábitos sofreram ao longo do tempo em que a moradia esteve em uso.
Por fim, o estudo estrutural teve também como premissa identificar os motivos pelos
quais a moradia e edificações adjacentes deixaram de ser utilizadas, culminando em

16
- GPR - Ground Penetrating Radar – Radar de penetração do solo.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
26
seu abandono e arruinamento, além dos usos que foram feitos dos materiais
remanescentes de tais estruturas arruinadas.
Por seu turno, a coleta amostral de artefatos associados à tralha doméstica e demais
materiais em uso na propriedade, objetivou aprofundar os conhecimentos acerca dos
hábitos dos moradores, que denotassem não somente os usos e costumes intrínsecos
ao cotidiano dos mesmos, mas também as relações deles para com o mundo exterior.
Relações essas entendidas como trocas econômicas e simbólicas, que se
processaram e se transformaram ao longo do tempo em que a propriedade esteve em
uso.

Elencamos, abaixo, todas as atividades executadas em campo, bem como os


procedimentos adotados, juntamente com sua justificativa. Saliente-se, todavia, que a
seqüência apresentada não corresponde ao encadeamento temporal das tarefas, pois
algumas atividades foram executadas concomitantemente, como foi o caso da
supressão da vegetação e topografia preliminar expeditas.
A primeira ação adotada em campo foi a supressão da vegetação daninha e forrageira
(capins e matos em geral) em toda a área a ser trabalhada. Tal tarefa foi executada
através do roçado com foices e roçadeira elétrica e visaram limpar a área do quintal,
terreiro e olaria, para a execução dos trabalhos e facilitar o trânsito da equipe pelo
terreno.
Conjuntamente foi executada uma topografia expedita visando dimensionar o sítio e
definir alguns marcos referenciais (as quinas da sede) para orientar os trabalhos de
sondagens, antes que a topografia de fato fosse iniciada. Tal tarefa foi executada
utilizando-se trenas métricas e aparelho GPS17.
Uma vez definidos os locais aproximados onde seriam executadas as sondagens e os
alinhamentos das faixas de varreduras do GPR, executou-se a capina nas áreas
correspondentes aos seus entornos.

Foto 8: Equipe – roçado com foice. Foto 9: Equipe – uso de roçadeira. Foto 10: Medições preliminares.

As atividades de sondagens visaram identificar estruturas e bolsões de artefatos no


subsolo. Definiu-se que seria considerada “sondagem” tanto as perfurações de
pequenas dimensões, feitas no solo com cavadeiras manuais, quanto a varredura da
subsuperfície com o auxílio de equipamento GPR, uma vez que essas duas tarefas
investigativas tiveram como objetivo avaliar o solo, apesar de serem tecnicamente

17
- GPS – Global Positioning System- Sistema de Posicionamento Global

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27
diferentes, pois uma corresponde a trabalho manual de perfuração e a outra em leitura
eletromagnética não intrusiva, com o auxílio de equipamento de alta tecnologia.
As sondagens manuais foram executadas em locais previamente definidos, conforme
uma malha planejada em programa computadorizado de CAD18 e, posteriormente,
posicionadas em campo de acordo com coordenadas definidas topograficamente.
Foram executadas, ao todo, 70 sondagens, em formato quadrangular de 50 cm x 50
cm e aprofundando-se até se atingir a camada arqueologicamente estéril do solo, o
que ocorreu em média a 50 cm. Durante o transcorrer dos trabalhos, também foram
executadas algumas outras sondagens visando avaliar o subsolo, em locais
específicos e conforme necessidades investigativas que se apresentavam. Para tal
tarefa optou-se por sondagens circulares, com cerca de 30 cm de diâmetro.

Foto 11: Equipe – execução de sondagens. Foto 12: Equipe – execução de sondagens.

O uso de georadares tipo GPR19 consiste em uma abordagem metodológica


diferenciada, que tem se tornado economicamente viável em atividades arqueológicas
investigativas. Trata-se de um método geofísico de rastreamento, não invasivo, do
subsolo. Seu funcionamento baseia-se no uso de um aparelho contendo uma antena,
que emite ondas em pulsos de energia eletromagnética, direcionadas para o interior
da terra. Essas ondas, ao interceptarem algum obstáculo, têm seu sinal refletido,
retornando-o para a superfície, onde é captada por uma antena receptora. O sinal é
então amplificado e transmitido para um computador local, que o decodifica em dados
digitais, produzindo uma escala gráfica e o armazena para análise posterior. O
aparelho escolhido20 para a medição emitia ondas de 250MHz, capazes de penetrar
no solo cerca de cinco metros e retornar informações, mais detalhadas, de
interferências até 3,0 m de profundidade, numa faixa de 60cm de largura.

Para a execução do rastreamento por GPR foi contratada a empresa GPR Geoscience
Geofísica LTDA, que efetuou as medições conforme definições previamente
planejadas pela equipe de arqueologia. A metodologia adotada consistiu em rastrear
faixas orientadas em sentido Norte e Sul, eqüidistantes 10,0 m, em toda a área, no
entorno imediato da edificação-sede. Ao todo foram executados cerca de 700 metros

18
- CAD – Computer-aided Design - Desenho assistido (orientado) por computador.
19
- GPR - Ground Penetrating Radar – Radar de penetração do solo.
20
- Descrito tecnicamente em anexo.

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28
de rastreamento e como produto final foi-nos entregue um relatório técnico, contendo
todos os dados coletados, além das informações técnicas e metodológicas adotadas.
A íntegra do referido relatório encontra-se anexada o presente documento.

Propôs-se uma malha de sondagens manuais orientada em defasagem aproximada de


30º em relação ao alinhamento das linhas de varredura do GPR: as sondagens
manuais foram orientadas em sentido paralelo à quadratura da edificação-sede,
enquanto o GPR teve sua varredura orientada em sentido Norte e Sul. Esse critério
visou minimizar a possibilidade de que alguma estrutura soterrada pudesse não ser
identificada por se encontrar em alinhamento com a orientação das sondagens ou do
GPR.

Foto 13: Equipe – Sondagem com GPR. Foto 14: Equipe – Sondagem com GPR.

Foto 15: Equipe – Sondagem com GPR. Foto 16: Equipe – Leitura gráfica do GPR.

Cumpre salientar que, de acordo com nossa avaliação, as duas técnicas de


sondagens do solo (manual e GPR) não são excludentes entre si, mas sim
complementares. Isso decorre do fato de que nem todos os elementos arqueológicos
presentes em subsuperfície podem ser identificados através do GPR, notadamente os
de menor dimensão, dispersos ou com formato delgado. Por seu turno, com a
execução de sondagens manuais não é possível cobrir grande percentual da área
investigada, acarretando na possibilidade de não serem identificadas manifestações
arqueológicas, independente de suas dimensões, nas áreas não sondadas.
Com a avaliação dos resultados obtidos pelas sondagens foi possível identificar
algumas estruturas em subsuperfície. Com isso, definiu-se a execução de escavações
ampliadas, visando evidenciar tais estruturas e assim proceder a seu registro e
análise. Os trabalhos consistiram na execução de trincheiras orientadas em

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alinhamento com a sede ou com a própria estrutura. Um dos locais escavados foi o
forno da olaria, onde foi necessário retirar parcialmente os escombros e o solo, que se
encontravam sobre a estrutura remanescente. Para o forno não se julgou necessário
efetuar toda a desobstrução do material depositado, pois se concluiu que a área
escavada era semelhante à não escavada e, assim, foi tomada como referência; um
segundo motivo foi o fato de que o forno encontra-se próximo ao conjunto habitacional
Jefferson e foi possível verificar que seus moradores estavam subtraindo tijolos
remanescentes da estrutura. Desta forma, escavar toda a estrutura poderia expor
ainda mais a edificação a novos saques.

Foto 17: Equipe – Escavação ampliada. Foto 18: Equipe – Escavação de trincheira.

O levantamento topográfico foi executado no transcorrer dos trabalhos em toda a área


do sítio. Ele teve como meta auxiliar na identificação de locais a serem sondados ou
escavados e, principalmente, levantar detalhadamente a espacialização do terreno e a
localização das estruturas arqueológicas identificadas, das edificações e demais
elementos dignos de registro. O produto final da topografia foi a apresentação de uma
representação gráfica, em escala, de todo o sítio e das intervenções executadas no
transcorrer dos trabalhos de resgate.
Todos os trabalhos foram acompanhados de registro fotográfico, totalizando cerca de
1.000 unidades. As fotos formam feitas visando montar um acervo dos trabalhos e das
condições em que se encontravam as estruturas e edificações no momento do
salvamento arqueológico. Do conjunto de fotos, algumas foram obtidas visando maior
qualidade gráfica, para fins de apresentação neste relatório ou em atividades de
educação patrimonial. Procurou-se também registrar, passo a passo, as ações
tomadas pela equipe de campo e os diversos momentos dos trabalhos. Outro grupo de
fotos não teve por finalidade a qualidade, mas tão somente registrar tecnicamente
momentos ou detalhes dos trabalhos que pudessem servir de apoio e sanar dúvidas,
durante a consolidação deste relatório.
Foram executados desenhos detalhados das estruturas escavadas. Tal tarefa visou
ilustrar as mesmas e auxiliar no seu entendimento, enquanto portadores de detalhes
construtivos, que não são registrados por outros meios, como fotos ou descrição.

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30
Foto 19: Equipe – Acabamento em estrutura escavada. Foto 20: Equipe – Escavação ampliada.

Foto 21: Equipe – execução de topografia.

Foto 23: Equipe – Execução de topografia. Foto 22: Equipe – Execução de topografia.

Finalmente, tivemos a oportunidade de registrar informações orais dos proprietários do


sítio São João, Dr. Paulo Sérgio Meira de Melo e Sra. Vera Lúcia de Alcântara Melo;
bem como do caseiro do sítio, Sr. José Luiz Santana, 58 anos, residente no local há
mais de 50 anos. Saliente-se, todavia, que as informações orais foram tomadas como
auxiliares aos trabalhos, pois se constataram desencontros com os dados empíricos e
entre os informantes, fato justificável, pois, como é notório, a memória dos indivíduos
torna-se fragmentada e imprecisa com o tempo.

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31
Ao longo do resgate diversos fragmentos amostrais de artefatos foram recolhidos para
serem submetidos aos processos de curadoria, descrição, análise e consolidação com
os demais dados do projeto, constituindo este relatório.

Foto 24: Artefatos – análise dos materiais. Foto 25: Equipe – análise dos materiais.

A opção pela metodologia de campo acima descrita e sua execução seguiram


orientações técnicas e teóricas atualmente em uso na arqueologia. A atenção no uso
adequado dos diversos equipamentos, nos procedimentos adotados e na confrontação
dos dados colhidos, permitem assegurar que as informações ora apresentadas
enriquecem os conhecimentos acerca dos antigos moradores e freqüentadores da
propriedade, evidenciando seus usos, costumes e as formas como se apropriaram do
espaço, transformando o território em um ambiente habitável.
Deve-se esclarecer, todavia, que tais premissas objetivadas não tiveram como
pressuposto exaurir os dados acerca da cultura material, pois, o trabalho não
pressupunha investigar minuciosamente toda a área do sítio; mas tão somente
proceder um estudo amostral, cuja metodologia pretendia maximizar as possibilidades
de se obter informações representativas do todo e não propriamente elucidar todas as
questões que estavam postas ou que foram se apresentando ao longo do trabalho.

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32
Descrição
O sítio arqueológico Mogi 1 corresponde a algumas estruturas edificadas e artefatos,
remanescentes de uma antiga propriedade rural. Foi possível identificar: a casa-sede
da antiga propriedade, uma capela (de período recente), uma moradia para caseiro
(também recente), uma olaria, um açude e um canal de adução. Todos esses
elementos apresentavam-se dispostos numa área aproximada 1,5 há, permeada por
vegetação doméstica, conformando seu antigo quintal e terreiro. Também, no entorno
próximo, ocorre uma mata secundária, recomposta sobre antigas áreas agrícolas. O
conjunto era interligado a outras propriedades próximas e às comunidades regionais
(notadamente a vila/cidade de Mogi das Cruzes) por caminhos e estradas carroçáveis,
caracterizando suas interdependências.

Casa-sede
A antiga sede da propriedade era uma edificação remanescente da arquitetura rural
paulista, cujas características construtivas remontavam o final do século XVIII e
meados do século XIX. Seu estilo arquitetônico era destacado por elementos
decorativos de acepções coloniais, com prováveis influências da arquitetura
bandeirista e mineira. Seu estado de conservação, seu entorno imediato e os
elementos construtivos presentes, indicavam ter sofrido diversas intervenções ao
longo do período em que esteve em uso, fato que a descaracterizou em muitos
aspectos.

Foto 26: Sede – vista frontal (ago/2010).

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33
Figura 11: Implantação topográfica.

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Está implantada num platô aplainado artificialmente, a meia encosta e na vertente
leste de um pequeno morro. Sua fachada apresenta-se voltada para noroeste, de
forma a receber insolação em três de seus lados a maior parte dos meses. Seu corpo
principal foi edificado em partido retangular, dividido em três ambientes, através de
dois lanços21, que se interconectam às paredes laterais. Essas estruturas (paredes e
lanços) foram feitas em taipa de pilão e conformam uma estrutura autoportante, sobre
a qual se assenta o telhado da moradia.
Não foi possível sondar o alicerce, para identificar suas características construtivas.
Todavia como é recorrente em edificações de taipa, muito provavelmente o alicerce
era feito também de taipa (SAIA, 2005:80; RODRIGUES e MAYUMI, 2008:102). Entretanto
poderia conter uma base inicial de pedras e sobre ela o alicerce de taipa. Quando
assim é edificado, o alicerce apresenta a mesma composição que a parede,
compondo uma única estrutura como se a parede adentrasse no solo. Uma das
funções básicas dos alicerces neste tipo de edificação é, além da função
estabilizadora, dificultar a infiltração de umidade, proveniente do solo, nas paredes,
pois sendo uma estrutura de barro, a presença de umidade acarreta sua fragilização
(SAIA, 2005:81).
Internamente, os dois lanços
dividiam a habitação em três
ambientes paralelos e dimensões
semelhantes, que, por sua vez,
eram subdivididos em ambientes
menores, conformando os 11
cômodos funcionais da moradia,
compondo-a com: quartos, sala,
copa, cozinha, capela e corredores.
Visando o melhor entendimento,
teceremos primeiramente
descrições e comentários acerca
das paredes de taipa de pilão, para
posteriormente passarmos aos
cômodos internos e suas vedações
em pau-a-pique22.
Em taipa de pilão eram edificadas
as quatro paredes externas e os
dois lanços23 internos. Eles
possuíam espessura e altura Figura 12: Casa-sede – disposição paredes.
aproximadas de 70 cm e 3,7 m,

21
- Lanço: Uma porção ou extensão de muro, de parede, de fachada etc. ger. compreendida entre dois elementos de referência
como, p.ex., pilastras e patamares (Houaiss, 2010).
22
- O termo “pau-a-pique” não é o melhor para se designar este tipo de parede/vedação, todavia é o mais utilizado.
Melhor seria o uso de taipa de sabe, e seus correlatos: taipa de mão ou taipa de sopapo, todavia cada um
destes corresponde a uma técnica diferente (WEIMER, 2005: 88, 236 e 261-265).
23
- Também conhecido com “quadrela”.

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35
respectivamente, e compunham o elemento estrutural da edificação. O corpo principal,
retangular, possuía aproximadamente 15,3 m de largura por 21,7 m de comprimento,
conformando área aproximada de 332 m². Internamente, os ambientes: central e
posterior, apresentavam dimensões aproximadas de 14,0 m x 6,6 m e o posterior 14,0
x 5,7 m, correspondendo a áreas médias de 88 m² e totalizando 265 m² de área
interna útil (figura 12).

Essas estruturas de taipa de pilão foram feitas de acordo com a técnica construtiva
básica empregada em edificações daquele tipo. Constatou-se que foram apiloadas em
camadas laminares, com cerca de 10 cm de espessura. Foi curioso observar que,
mesmo após mais de um século, tais lâminas de barro não se aderiram
completamente, pois, com o desmoronamento de algumas das paredes, foi possível
verificar que elas ainda se desprendiam umas das outras; mas não facilmente (foto 29).

Foto 27: Taipa – negativo do cabodá.

Rebocos

Foto 29: Taipa – lâminas desprendidas.

Pintura

Foto 30: taipa – rebocos. Foto 28: Taipa – detalhe de cunhal onde se observa pintura e reboco.

A matéria-prima utilizada para a confecção da argamassa era diversificada. Isso era


visível ao longo das paredes, através da alternância de coloração da massa, que
variava de marrom-escura a marrom-clara, passando por tons amarelados e
avermelhados. Tal variação de cores indicava o uso de diversos tipos de argila como
matéria-prima, sugerindo mais de uma fonte de extração ou de uma fonte não muito
homogênea. Identificou-se também o uso de diversos produtos como antiplástico, tais
como: fragmentos de quartzo, capim e pequenos gravetos e bambu.
Em momentos recentes, (provavelmente na reforma de 1983) as paredes de taipa e as
vedações em pau-a-pique foram revestidas com argamassa de cimento. Para facilitar

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a aderência desse novo reboco ao antigo foram feitos diversos piques superficiais,
todavia tal intervenção mostrou-se ineficaz, pois, como os dois materiais (taipa e
cimento) possuem coeficientes de dilatação diferentes, ocorreu o desprendimento da
argamassa superveniente. Fato constatado em diversos locais da edificação, onde
placas do reboco novo se soltavam, principalmente após iniciado seu processo de
arruinamento (fotos 28 e 30). Sobre a nova argamassa foi aplicada pintura com tinta à
base de cal, mantendo o padrão original de caiação da sede (foto 28); já nas peças de
madeira, que compunham todas as portas e janelas, bem como na parte do
madeirame do telhado, foi aplicada tinta à base de esmalte sintético, na cor azul.

Em função de alguns locais onde as paredes desabaram, o núcleo da taipa


encontrava-se exposto, sendo possível constatar como foram estruturadas. Constatou-
se que havia seis paredes de taipa, ou seja: as quatro externas e os dois lanços
internos. Elas foram edificadas em maciços independentes e justapostos, ou seja, não
se fundiam um ao outro, mas tão somente se faceavam. Tal disposição, comum neste
tipo de edificação, conferia à estrutura autoportabilidade, dispensando o uso de
estruturas de madeiras atreladas os maciços (Figura 12).
Todas as paredes eram vazadas por portas e janelas, sendo os vãos rasgados e
ensutados. Suas padieiras eram em vôo, apresentavam faces planas ou abobadadas,
sendo a sustentação feita nas faces externas das paredes, com o uso de um barrote,
sob o qual se encaixavam os caixilhos das portas e janelas. Internamente, a solução
para sustentação apresentava-se mais elaborada: consistia em um caibro de madeira,
embebido na taipa, correndo horizontalmente acima dos vãos, na altura das padieiras.
Constatou-se, todavia, que a maioria dos vãos apresentavam padieiras recompostas
com alvenaria de cimento, tijolos ou barrotes de madeira, denotando que a solução
original não se mostrou muito sólida. Verificou-se também, que tais intervenções se
deram em momentos distintos, visto que para cada unidade havia uma solução
diferente. Como era o caso das janelas da cozinha no lado nordeste e da porta interna
entre esse cômodo e a copa, que apresentavam padieiras ensutadas em seções
planas e não mais abobadadas (Foto 33). Já, numa das janelas da capela, a
reconstituição do formato abobadado não foi bem executada, pois se apresentava sem
simetria, o que denunciava a inabilidade de seu executor (Foto 34).

Foto 31: Janela frontal – Foto 32: Janela frontal – Foto 33: Janela da cozinha Foto 34: Janela da capela
vista externa. vista interna. ensutado plano. ensutado sem simetria.

As folhas das portas e janelas eram feitas com tábuas de madeira justapostas e
travadas com pinos de madeira, em ripas transversais. Já os caixilhos apresentavam-
se travados com cravos; todavia, verificou-se o uso de pregos em alguns locais

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indicando manutenções posteriores (Fotos 35, 36 e 37). As duas janelas frontais, na
lateral leste, apresentavam-se obstruídas com treliças de ripas (Foto 38). Já nas
janelas laterais havia somente um gradeamento com ripas robustas, dispostas
verticalmente, formando uma grade.

Foto 35: Janela frontal – Foto 36: Janela frontal – Foto 37: Janela frontal – Foto 38: Janela da capela
trava de madeira. cravos. cravos e prego (saliente). treliça / rótula.

No eixo central da edificação, no sentido de sua fachada para a parede posterior,


foram vazadas, em alinhamento, quatro portas: uma na parede frontal; duas nos
lanços internos, e uma última na parede posterior. Uma porta na lateral nordeste
permitia a comunicação do ambiente frontal com a capela externa. Todavia, deve-se
salientar que tal porta apresentava indícios de ter sido uma intervenção posterior, pois
na sua lateral, a meia altura, identificava-se indícios de uma antiga janela,
parcialmente vedada com taipa, que em seu lugar foi adaptada a porta. Tal
constatação foi possível devido ao estado de arruinamento da estrutura, que expôs o
núcleo da parede de taipa no local (Fotos 39 e 40).

No ambiente posterior havia outra porta que se comunicava com a lateral sudoeste e
também apresentava indicações de se tratar de uma intervenção posterior ou de uma
adaptação em uma porta anteriormente existente no local, pois as folhas de madeira
apresentavam-se nitidamente adaptadas para o local, o que podia ser constatado, por
exemplo, pelo fato de uma de suas ombreiras possuir fragmentos metálicos de
dobradiças, denunciando que fora utilizada anteriormente em outra porta e, também,
pelo acabamento tosco feito no arremate da envasadura da porta, na parede de taipa
(Fotos 41 e 42).
Da mesma forma, a porta posterior, por onde se acessava os fundos da habitação,
apresentava-se adulterada em suas características originais. Nesse caso, a
envasadura foi ampliada para cima, visando à instalação de uma porta mais alta. Com
isso, a padieira original que se integrava ao sistema de amarração de madeira,
embebido na taipa, foi cortada e em seu lugar implantada uma verga de concreto
armado (Foto 43). Finalmente, outras duas portas ocorriam nos lanços internos,
próximas à lateral nordeste e alinhadas entre si.

Foto 39: Porta Lateral – Foto 40: Porta Lateral – Foto 41: Foto 42: Foto 43: Copa – porta
adaptação sobre janela. adaptação sobre janela. Porta da Detalhe posterior adaptada.
copa. dobradiças.
Quanto às janelas, havia total predominância nas laterais nordeste e noroeste, que
tinham cinco e quatro unidades respectivamente, indicando a importância da recepção

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do sol naqueles lados, em detrimento dos outros, que tinham poucas janelas e assim
evitavam a entrada da umidade tão deletéria à estrutura de barro. Convêm ressaltar
que, assim como identificado no trabalho de RODRIGUES e MAYUMI (2008), também
constatamos que as duas janelas existentes na lateral sudoeste foram adaptadas,
pois, com o desmoronamento da parede no local, suas antigas bordas ficaram
destruídas, expondo alterações feitas com tijolos maciços e argamassa de cimento.
Saliente-se que os tijolos utilizados em tal local apresentavam dimensões de 20 cm x
10 cm x 5 cm e mossas contendo a logomarca de seu fabricante, caracterizada por um
“S”, em alto relevo, ladeado por dois pontos. Constatou-se, também, que tais tijolos
não foram identificados em nenhuma outra parte do sítio.
Como prenunciado, passemos agora à descrição das estruturas em pau-a-pique.
Cada um dos ambientes delimitados pelos lanços apresentava-se subdividido em
cômodos menores, contendo dimensões e funções distintas, tais como: cozinha, copa,
quartos e corredores. Esses cômodos eram isolados com vedações em pau-a-pique,
cujo madeirame vertical ia assentado sobre baldrames e travados em frechais,
apoiados nas paredes de taipa de pilão. Os vãos de suas portas eram ladeados por
ombreiras, de seção quadrangular, que também se fixavam nos baldrames e frechais.
Compondo o engradamento fixavam-se horizontalmente taquaras de bambus
seccionados ao meio, uma de cada lado dos caibros verticais, e amarradas com tiras
de cipós ou cascas de árvores. Este engradamento era, conforme o padrão,
completado com barro, conformando a vedação. Para finalizar, o acabamento o barro
era alisado e posteriormente rebocado como a mesma argamassa de barro e caiados
na cor branca. Assim como nas paredes de taipa, não se identificou emboço entre a
parede e o reboco, indicando que a composição de ambos era semelhante, apesar do
reboco ser mais siltoso, conferindo-lhe maior resistência. Em linhas gerais, as
vedações de pau-a-pique apresentavam-se, semelhantes ao padrão construtivo
recorrente em ambientes rurais (foto 44).
O uso de divisória em pau-a-pique também era verificava nas empenas dispostas
sobre o lanço que separava o ambiente da cozinha e copa, do restante da casa. Isso
se justificava para impedir que a fumaça, oriunda do fogão a lenha, percorresse os
demais cômodos da moradia impregnando-os com fuligem. A eficiência de tal solução
era perceptível na face da vedação voltada para o ambiente da cozinha e copa, que se
apresentava enegrecido, em oposição ao outro lado, que apresentava a coloração
esbranquiçada originária da caiação, todavia, já um pouco amarelada pelo tempo
(Fotos 45 e 46).

Foto 44: Vedação em pau-a-pique. Foto 45: Empena - lado da cozinha. Foto 46: Empena – lado da sala.

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A disposição dos cômodos internos indicava que os ambientes públicos localizavam-
se no lado frontal, os privados ao centro e os laborais ao fundo. Todavia, isso pode ser
tomado somente como uma tendência, visto que as vedações em pau-a-pique
poderiam ser (e foram) reedificadas em outros locais dentro da edificação,
conformando novos cômodos destinados a novos usos. Uma destas alterações pode
ser observada através do estudo de RODRIGUES e MAYUMI (2008), onde é
apresentado um croqui contendo um desenho interno diferente do atualmente
identificado (Figura 13). Tal característica apresenta-se como sendo uma solução
muito criativa, visto que se podia alterar a disposição dos cômodos internos, sem a
necessidade de se intervir na estrutura ou no telhado da edificação.

Figura 13: Situação registrada em 1973-76 (CONDEPHAAT, 1997) e 2008 (MAYUMI, 2008).

Pousado sobre as quinas dos respaldos das paredes de taipa, corriam dois
alinhamentos de frechais, travados por ensambladuras nas extremidades. A função de
tais armações era sustentar a carga do telhado distribuindo seu peso por toda a
estrutura, direcionando-o verticalmente sobre as paredes.
A cobertura, em estilo clássico, era estruturada em quatro águas: duas mestras e duas
tacaniças, estas voltadas para os lados: frontal e posterior da moradia, e aquelas para
as laterais. Seu madeiramento apresentava-se estruturado de forma singular, uma vez
que não foi possível enquadrá-lo em um único modelo de amarração, pois fazia o uso
combinado de vários modelos. Assim identificou-se, para o suporte a opção pelo uso
de cumeeira entalada em empenas entrecruzadas, conformando uma tesoura tipo
cangalha (ou canga-de-porco); todavia, tais empenas não acompanhavam a inclinação
do telhado de forma a sustentar as terças, como é o usual; mas sim, se apoiavam em
duas vigas, donde partiam escoras de sustentação para as terças. As vigas eram
robustas toras de madeira talhadas, que se estendiam longitudinalmente por toda
edificação apoiadas sobres os frechais.

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Sobre o madeirame estrutural estava disposto o gradeado de ripas, pré-fabricadas, e
os caibros, roliços e naturais. Para fixação, das ripas nos caibros e destes nas terças,
era feita, tendencialmente, com pregos. Havia a presença de cravos na fixação do
madeirame do telhado, mas era exceção. Este fato, somado à presença de pregos e
ripas pré-fabricadas, denunciavam manutenções contemporâneas no telhado; o que é
recorrente em tais edificações, pois algumas madeiras (caibros e ripas) não suportam
muitos anos sem se decompor, principalmente devido à presença de cupins.
Outra indicação de que o telhado havia sido reformado era a heterogeneidade com
que as manchas de fuligem nas faces internas das telhas eram encontradas sobre o
cômodo da cozinha e copa. Por estarem sujeitas à fumaça do fogão à lenha, é comum
encontrarmos todas as tenhas, sobre ele, enegrecidas, fato que não ocorria no telhado
da sede, onde elas apresentavam-se tanto sujas quanto limpas, denotando que tanto
foram alteradas, quanto não havia diferença entre as telhas utilizadas como capa e as
utilizadas como canal, ou seja, o telhado era composto por telhas do tipo meia-cana.
As telhas eram dispostas no telhado sem nenhum tipo de amarração. Eram peças com
aproximadamente 21 cm de proximal, 16 cm de distal, 55 cm de comprimento e
formato sui generis. Não sendo identificadas grandes diferenças entre as elas, sendo
que algumas apresentavam marcas de dedos feitos por seus oleiros.

Foto 47: Cobertura – estrutura de Foto 48: Cobertura – empenas e terça (note-se que ela são se apóiam)
madeira e telhas.

Foto 49: Telha meia-cana. Foto 50: Telha meia-cana.

Foto 51: Detalhe – incisões de dedos. Foto 52: Detalhe – incisão. Foto 53: Detalhe – lado interno.

Em linhas gerais toda a estrutura de madeira apresentava-se demasiadamente


comprometida em diversos trechos, uma vez que se encontravam atacadas por cupins
ou apodrecidas pela umidade e ação de outros agentes. Verificou-se nesse caso que
diversas intervenções foram implementadas visando recompor as fraturas que a
madeira apresentava. Isso ocorreu tanto com o uso de armações de concreto armado,

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como através do embutimento de fragmentos de tijolos e argamassas nos lugares
comprometidos, como frestas nas paredes e sob o madeirame estrutural. Soluções
estas que, apesar de esteticamente precárias, apresentavam-se eficazes, visto que
em tais locais a taipa apresentava-se estruturalmente estável, mas não o suficiente
para suportar todo o arruinamento que se desenvolvia.
Em decorrência da precária manutenção e do péssimo estado de conservação, a
edificação sede entrou em processo de arruinamento. Como é comum em edificações
deste tipo, o telhado (devido à sua frágil estabilidade estrutural) é o primeiro elemento
construtivo a entrar em colapso. Não sendo diferente para a sede do sítio São João.

Com o início do processo de arruinamento da cobertura, os proprietários optaram por


recobrir as áreas mais danificadas com lona plástica e posteriormente com lona de
algodão (lona de caminhão), isso sobrecarregou a frágil estrutura. Assim, no
transcorrer do período de chuvas entre o final de 2009 e início de 2010 (que
infelizmente foram atipicamente intensas), o telhado colapsou, cedendo sobre a
edificação, e com ele ruíram também dois trechos das paredes laterais, em taipa de
pilão, e trechos de um dos lanços internos, além de algumas vedações em pau-a-
pique (Foto 54).
Concluindo, durante os trabalhos de resgate arqueológico a edificação encontrava-se
gravemente arruinada e em franco processo de desmoronamento, até porque não se
tomou nenhuma medida capaz de atenuar seu colapso.

Foto 54: Casa-sede – telhado e paredes arruinados (abril de 2010).

Capelas

A fazenda dispunha de duas capelas, uma localizada internamente, na quina norte da


sede, e outra externa, no mesmo lado. A capela interna era composta por um altar de
madeira, disposto atrás de uma janela falsa e voltada para o interior do cômodo. Sobre
o altar ainda se identificava (em abril de 2010) um oratório e algumas peças religiosas,
como incensários, crucifixos e pequenas imagens religiosas, todavia abandonados
sobre o altar (Foto 55).

A capela externa situava-se, afastada 2,7m, e media cerca de 3,0m x 4,0m, e foi
erigida em 1983 (conforme inscrição visível sobre a empena da porta e relato do
caseiro sr. José Luiz Santana). Nela também havia um altar em alvenaria, onde se

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encontravam diversas imagens religiosas, livros, terços entre outros objetos, todos
abandonados e em precária conservação, denotando o abandono do local (Foto 56).
Segundo o caseiro e seu irmão, Sr. Luiz Santana, a capela externa foi construída no
lugar de uma anterior, feita em pau-a-pique, que teria desabado. Isso coaduna com o
fato de que tanto a porta de madeira quanto as telhas de sua cobertura apresentarem-
se mais antigas que a presente edificação. Sendo a sua edificação identificada em
uma foto de 1973-76 (Foto 57).

24
Foto 55: Capela interna – altar. Foto 56: Capela externa. Foto 57: Capela externa antiga .

Sistema de Abastecimento de água.


O abastecimento de água da propriedade era feito através de um canal de adução que
carreava água de um açude localizado a sul da sede e distante cerca de 150 m.
O açude localizava-se em uma ravina, recolhendo sua água, próximo à nascente de
seu curso d’água. Possuía uma barragem com cerca de 10 m de extensão por uns 1,5
m de altura. Seu reservatório, com espelho d’água em formato triangular, possuía
cerca de 20 m de extensão, conformando assim uma capacidade aproximada de 225
m³ de água.
Saindo pela margem esquerda da ravina, a água contida no reservatório era carreada
para a sede por meio de um canal de adução cortado no solo, seguindo em leve
inclinação e acompanhando a curva de nível do terreno. Ele possuía calha abobadada
invertida, com cerca de 50 cm de largura por 20 cm de profundidade. Atualmente o
canal encontra-se parcialmente assoreado, principalmente nas proximidades da sede,
quando deixa de ser identificado nos últimos 30m. Seu trecho mais integro encontra-se
tomado pela vegetação, sendo identificado inclusive árvores de porte, denotando que
se encontra em desuso a algumas dezenas de anos.

Nas proximidades da casa do caseiro identificou-se uma cisterna, que passou a ser
utilizada em substituição à água do açude. É provável que uma das causas de seu
abandono tenha sido a escassez de água na ravina, uma vez que foi possível
constatar a ausência de água nela durante o período em que se realizou o salvamento
arqueológico. Contudo, verificou-se que no açude ainda existe uma pequena
quantidade de água empoçada, entremeio a uma vegetação ciliar abundante, mas
insuficiente até mesmo para vencer a evaporação e a infiltração no solo, e assim
enchê-lo para transbordar ou fluir pelo canal.

24
- Fonte: Hirata. Andrade, 1977 - Acervo CONDEPHAAT.

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Entorno Imediato
O entorno imediato da casa-sede era delimitado por um terreiro, um quintal e, no lado
frontal, um jardim. O terreiro provavelmente era maior que a atual área identificada,
uma vez que hoje corresponde à lateral sudoeste da casa-sede, entre essa e a
habitação do caseiro. Todavia, é provável que se estendesse por alguns metros
também na parte posterior da sede, visto que era por ela que originalmente se
acessava os fundos da moradia. Também, como foi feito um passeio de cimento
contornando toda sede, parte do terreiro ficou sob o mesmo.
Nas bordas do terreiro, onde ele se divisava com o quintal, identificaram-se algumas
plantas ornamentais, notadamente nas proximidades com a moradia do caseiro e na
área posterior da sede. Foram identificados espécies de bromélias (Bromelia sp.),
orquídeas (Orchidaceae sp.), agaves (Agavaceae), hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis),
azaléia (Rhododendron simsii), hortências (Hydrangea macrophylla), lírio (Lilium L.),
dracena-vermelhas (Cordyline terminalis), entre outras. O conjunto ornamental não se
apresentava muito cuidado e tão pouco organizado. Sendo inclusive identificadas
espécies em locais mais distantes da sede, como orquídeas e bromélias, que outrora
compunham o terreiro ou o jardim, e já estavam se reintegrando ao ambiente natural e
sobrevivendo sem nenhum tipo de manutenção.

Foto 58: Terreiro – lírio. Foto 59: Terreiro – orquídea. Foto 60: Terreiro – bromélia.

Foto 61: Terreiro – avage. Foto 62: Terreiro – hortência. Foto 63: Terreiro – drácena.

Foto 64: Terreiro – flor de azaléia. Foto 65: Terreiro – azaléia.

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Aos fundos da moradia, próximo à sua quina leste, identificou-se uma agave
americana (Agavaceae), cujo tamanho a destacava do conjunto paisagístico vegetal.
Não é comum encontrar aquele tipo de planta com tal porte, o que nos sugeriu que ela
provavelmente tivesse mais de cem anos. Ao seu lado ocorria também um pinheiro
que já se encontrava muito debilitado devido à sua idade avançada, sendo inclusive
provável que estivesse morrendo.

Foto 66: Terreiro – agave americana. Foto 67: Terreiro – pinheiro velho.
Atualmente, o caseiro mantém uma pequena plantação de copos-de-leite
(Zantedeschia aethiopica) na região brejosa do sítio, localizada na lateral norte e na
área posterior da casa-sede. A finalidade deste cultivo é a venda das flores na cidade
de Mogi das Cruzes, complementando assim sua renda.

Foto 68: Terreiro – copo-de-leite. Foto 69: Terreiro – copo-de-leite. Foto 70: Terreiro – taioba.
O quintal era composto por uma área de pomar e outra de horta. A horta não existe
mais, sendo sua área atualmente utilizada para o cultivo dos copos-de-leite do caseiro.
Todavia, segundo ele, no local havia diversos tipos de hortaliças, que eram cultivadas
para o consumo doméstico. Da antiga horta ainda era possível identificar alguns pés
de taioba (Xanthosoma sagittifolium L.), notadamente na região mais encharcada do
terreno, pois é o local onde elas são mais adaptadas. O fato de ainda haver tal espécie
não significa que elas ainda fossem cultivadas, mas sim que ali se mantiveram por que
são mais resistentes que as demais hortaliças de um modo geral.
Atualmente, identificam-se algumas espécies cana-de-açúcar e um cafeeiro que, no
contexto do sítio, sugerem terem sido introduzidas para consumo doméstico, sendo
esta uma prática recorrente em propriedades rurais. Havia também uma touceira de

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capim-limão25 (Cymbopogon citratus), cujas folhas são utilizadas para fazer chá que
contém propriedades medicinais.

Foto 71: Terreiro – cafeeiro. Foto 72: Terreiro – cana- Foto 73: Terreiro – capim-limão.
de-açúcar.
O pomar ocupava preferencialmente as laterais: sudeste, leste e nordeste da sede,
todavia era possível identificar plantas frutíferas em todo o entorno imediato da sede,
compondo assim um pomar disperso. Foram identificadas dezenas de plantas
frutíferas, algumas delas com aspecto de serem centenárias, como o caso de algumas
pereiras (Pyrus communis L.), que aparentavam nem mesmos produzirem mais frutos,
devido à sua longevidade. Foram identificadas plantas frutíferas, como: laranjeiras
(Citrus sinensis L.), limoeiros (limão capeta) (Citrus Limonium L.), mexerica (Citrus
reticulata L.), caquizeiros (Diospyros kaki L.), mangueiras (Mangifera indica L.),
bananeiras (Musa X paradisíaca L.) (Foto , goiabeiras (Psidium guajava L.), ameixeira
(tipo nêspera) (Eriobotrya japônica L.), jabuticatuba (Myrciaria grandifolia Mattos), etc.

Foto 74: Pomar – pereiras velhas. Foto 75: Pomar – mangueiras mortas.

Foto 76: Pomar – bananeiras. Foto 77: Pomar – laranjeira.

25
- Também conhecido como: Capim santo ou Capim cidreira.

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Foto 79: Detalhe – flor da ameixa.

Foto 78: Pomar – ameixeira. Foto 80: Detalhe – fruto da ameixa.

Foto 81: Pomar - caquizeiro. Foto 82: Pomar – Jabuticaba. Foto 83: Pomar - goiabeira.

Além destas plantas, são identificadas no sítio alguns outros exemplares compostos
por plantas exóticas correspondendo a cultivos diversos, não propriamente tradicionais
na região.

Foto 84: Entorno - eucalipto. Foto 85: Quintal – coqueiro. Foto 86: Quintal - pinheiro.

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Até meados de 2008, a estrada de acesso à moradia era ladeada por uma alameda de
pinheiros (pinus) e araucárias (Araucaria angustifolia). Atualmente os pinheiros foram
retirados, pois os que se encontravam mais próximos da edificação estavam
danificando seu telhado, devido ao desprendimento de galhos e frutos.
Entorno Próximo
Nas laterais sul e leste da sede, distante cerca de 40m, existe atualmente uma mata
secundária que se reconstituiu sobre uma antiga área de lavoura. No interior da mata
existe o açude, que abastecia a propriedade, bem como o forno da antiga olaria.
Segundo informações orais, a vegetação no local se reconstituiu nos últimos 40 anos,
quando não mais foi utilizado para produção.
A vegetação reconstituída é a típica da Mata Atlântica, todavia apresenta as mesmas
características das demais matas secundárias de região, conforme relatamos
anteriormente, no item Entorno do presente relatório. Sua reconstituição deu-se de
forma ciliar ao longo da ravina, onde corria um pequeno curso d’água. Dentro desta
mata foram identificadas árvores remanescentes de quando o local era descampado,
tais como: araucária, e pinheiros; todavia, também ocorrem outras espécies nobres da
mata nativa, como: aroeira (Schinus areira L.), bolero ou leiteira (Peschiera
fuchsiaefolia ou Tabernaemontana fuchsiaefolia), angico (Anadenthera), ingá ou angá
(Mimosoideae), ipê (Tabebuias) e goiabeira do mato (Psidium acutangulum).

Foto 87: Entorno – mata secundária.

2
3 1
2

1 1

Foto 88: Mata secundária – embaúbas (1), pinheiros (2) e araucárias (3).

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Foto 89: Flora – ipê-rosa. Foto 90: Flora – angico. Foto 91: Flora – goiabeira do mato.

Olaria
As pesquisas arqueológicas realizadas no sítio localizaram estruturas remanescentes
de uma olaria, cujos relatos orais afirmavam ter existido na propriedade. Tratava-se de
uma pequena unidade produtiva, voltada à fabricação de tijolos, cujas características
indicam ter funcionado na primeira metade do século XX. O que também confere com
a informação do caseiro sr. Luiz, 68 anos, residente na propriedade há mais de 50
anos, que nos relatou não tê-la visto funcionando, mas tão somente em ruínas.
A olaria situa-se dentro da mata secundária descrita acima, a cerca de 30 m da
margem direita da ravina, e antigo curso d’água, na porção posterior da casa-sede. No
local foi identificada somente a estrutura remanescente do forno de para tijolos, mas
certamente havia outras instalações, como: pátio para secagem e preparo dos tijolos;
local para preparação e modelagem da massa e estrada de acesso ao local. Todavia,
o entorno já se encontrava totalmente tomado por mata, o que deve ter acarretado na
deformação superficial do pátio de secagem.
Próximo ao local havia uma clareira, onde, segundo o caseiro era o local de preparo
dos tijolos. Ele chegou até mesmo a indicar um local onde o barro era amassado,
todavia, ao avaliarmos constatamos que tal informação não procedia, pois a superfície
da clareira era inclinada e o local indicado por ele tratava-se de uma laje de concreto
armado, que não correspondia aos equipamentos em questão e também não seria
contemporânea à olaria.
Próximo ao forno (no seu lado posterior) havia uma área aproximada de 300 m²
contendo uma malha de regos oriundas de uma antiga horta no local. Tal local,
segundo o caseiro era uma horta da propriedade, que existia ali antes da mata
secundária se formar. Esta área apresentava-se mais plana e com características mais
propícias para a localização das demais estruturas da olaria, o que justificaria sua
descaracterização.

Outra questão identificada em relação à olaria foi a não identificação de uma jazida de
argila para a confecção dos tijolos. Em instalações deste tipo, o comum é tal fonte
situar-se próxima à unidade produtora, pois o transporte da matéria-prima para ser
processada em local distante torna-se demasiadamente trabalhoso e injustificável,
pois é mais fácil instalar o forno e demais dependência próximos à fonte. Contudo,

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assim como para as demais instalações, todo o entorno foi sistematicamente
prospectado e não foram identificados deformidades no solo, que caracterizassem um
local onde se extraiu argila.

O forno era uma estrutura de queima do tipo forno-aberto. Era assentado diretamente
no solo, possuía em formato quadrangular e edificado com tijolos maciços. Possuía
base de 4,9 m por 6,1 m e altura de 4,0 m. Suas dimensões denotavam uma pequena
unidade produtiva, talvez destinada a um consumo local, ou associada a alguma outra
olaria na região. Possuía duas bocas para o abastecimento de lenha e duas portas de
acesso para que se pudesse entrar dentro dele e colocar os tijolos conforme o padrão
produtivo.

Suas bocas frontais, destinadas ao carregamento de lenha eram abobadadas, com


largura de aproximadamente 60 cm e altura de 65 cm, já a profundidade correspondia
à largura da parede, que apresentaram 75 cm de espessura e eram compostas por
tijolos assentados em ajuste inglês (ou gótico), todavia adaptado para tal espessura.
Seu piso continha dois rebaixamentos em toda extensão, alinhados com as bocas, que
funcionavam com cinzeiros e nicho para a deposição das lenhas e brasas. Nos planos
mais elevados do piso era onde se empilhavam os tijolos a serem produzidos. Os
tijolos da estrutura eram todos de mesma procedência, como dimensões de 24 x 11,5
x 5 cm e continham uma moça com a identificação do fabricante em alto-relevo
composta pela figura de uma chave.
Como a região está sujeita a chuvas, houve a necessidade de edificar um telhado
sobre o forno, o que foi feito utilizando-se telhas tipo meia-cana. Essas telhas
encontravam-se dispostas sob os escombros, ao nível do piso forno, indicando que
foram as primeiras a ruir quando a estrutura entrou em colapso, ficando sobre elas
tijolos das paredes que tombaram.

Foto 92: Olaria – forno de tijolos.

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Foto 93: Forno – disposição dos Foto 94 Forno – disposição dos Foto 95 Forno – Tijolo da estrutura.
tijolos. tijolos.

O sistema produtivo de um forno deste tipo compreende em se colocar os tijolos


empilhados de forma adequada e atear fogo. O processo de queima demora entre 5 e
10 horas, dependendo do tamanho do forno e da quantidade de tijolos produzidos.
Após este período o forno é lacrado e fica esfriando por cerda de 2 dias, quando os
tijolos podem ser retirados. Aqueles tijolos que se encontravam próximos as paredes e
que porventura estivessem mal queimados, são novamente queimados na próxima
batelada, dando origem a um produto de segunda qualidade denominado tijolo
requeimado ou recozido, que normalmente não serve para ser utilizado em
construções aparentes, pois ele apresenta trincas de manchas oriundas do processo
de queima irregular.

Foto 96: Forno – vista de topo – antes. Foto 97: Forno – vista de topo – depois.

Foto 98: Forno – vista em perspectiva. Foto 99: Forno – vista interna da boca.

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Caminhos
Saindo da parte frontal do edifício-sede do Sítio São João existia uma estrada
carroçável que, cruzando a faixa de servidão do oleoduto / linhas de transmissão,
seguia em direção à estrada que ligava Mogi das Cruzes a Sabaúna. Tal dado foi
constatado cruzando informações orais, em campo e imagens de satélite. Segundo
informações orais do antigo caseiro e morador, sr. José Luiz Santana, a estrada
passava pela lateral da sede e seguia para a região de Salesópolis e Biritiba Mirim,
onde identificamos a estrada Santa Catariana que liga os dois municípios. É provável,
entretanto, que sua rota atual tenha sido alterada, pois não passa mais pela
propriedade.

Figura 14: Entorno do sítio – antigas vias de acesso.

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Salvamento Arqueológico

O salvamento arqueológico consistiu na realização de uma seqüência de atividades


que objetivaram levantar a maior quantidade possível de dados associados à cultura
material do sítio arqueológico Mogi 1. Isso compreendeu: supressão da vegetação,
inspeção visual, sondagens manuais, sondagem com georadar, escavações
ampliadas, coleta de amostras, levantamento topográfico e registro de dados na forma
de texto, fotos e desenhos.
Supressão da vegetação

A supressão da camada vegetativa (principalmente mato) se fez necessária no


entorno da sede, da capela e do forno de telhas da olaria, para evidenciar o solo onde
seriam executadas sondagens e escavações ampliadas. Durante tal atividade, todos
os artefatos arqueológicos identificados em superfície foram recolhidos para posterior
análise.

Foto 100: Forno para tijolos – antes. Foto 101: Forno para tijolos – depois.

Inspeção visual
A observação superficial do terreno e do tipo de vegetação no entorno do sítio,
possibilitou averiguar a presença de acessos e caminhos antigos, bem como identificar
locais com potencial arqueológico, tais como: estruturas soterradas e materiais em
superfície.
Através desta tarefa constatou-se que grande parte do material arqueológico
identificado superficialmente durante a fase de prospecção26, não se encontrava mais
presente. Isto provavelmente decorreu devido às constantes chuvas torrenciais,
ocorridas no final de 2009, e à limpeza do quintal, por parte do caseiro. O mesmo foi
consultado sobre isso, mas informou não saber o que havia acontecido. Durante a
inspeção visual, todos os artefatos arqueológicos ainda presentes em superfície
identificados foram recolhidos para posterior análise.

26
- Levantamento arqueológico para a regularização do OLEODUTO OSRIO e do GASODUTO GASPAL, entre os
municípios de Taubaté e Mauá, SP. São Paulo, de 2007.

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53
Sondagem por georadar - GPR
O uso de equipamento de sensoriamento do solo, por meio de georadar, foi
implementado de acordo com um planejamento previamente estabelecido pela equipe
de arqueologia e submetido à apreciação da equipe da Geoscience (empresa
responsável pela execução da medição). Uma vez acordado o procedimento, fomos
orientados a preparar a superfície do terreno para o trabalho (remoção da cobertura
vegetal e demarcação do alinhamento).
Para facilitar o rastreamento, optou-se por esticar previamente linhas de barbante, ao
longo da superfície, formando raias orientativas, por onde o aparelho deveria
percorrer. Também, foi feita a capina numa faixa de 50 cm para cada lado das linhas
de barbante. Assim a execução dos trabalhos seria mais rápida e sofreria menos
interferências ou interrupções devido a obstáculos, garantido maior fidelidade e
qualidade na leitura.
O plano de sensoriamento consistiu em efetuar leituras contínuas do solo, em oito
raias lineares, equidistantes 10 m e orientadas em sentido Norte-Sul. Destas leituras,
duas interceptaram a casa-sede e uma a casa do caseiro, sendo optado, nesses
casos, pela transposição das mesmas e subsequente continuidade das leituras do
outro lado.

Foto 102: Sondagem GPR – raia orientada com barbante. Foto 103: GPR – raia de orientação.

A figura abaixo ilustra o plano de sondagem com o georadar. Como pode ser
observado, o primeiro alinhamento (1b) foi executado em desacordo com o plano
original (pois ele faz uma curva), isso se deu devido a obstáculos presentes no local e
à necessidade, identificada pela equipe de arqueologia, para se verificar prováveis
estruturas no local. Também, a segunda linha (2) de rastreamento foi desviada de seu
curso original, pois interceptaria o passeio de cimento da casa-sede, optando-se por
contorná-lo.

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54
Uma vez executado o rastreamento, os dados foram levados para análise e
posteriormente nos foi entregue um
relatório (em anexo) contendo os
resultados. Nele foram identificadas
interferências que os técnicos da
Geoscience julgaram poder
associar-se a algum artefato ou
estrutura arqueológica. Diante
dessas informações planejou-se a
realização de sondagens circulares
nos locais de tais anomalias
ocorriam. Todavia, constatamos
que diversas outras anomalias
presentes nos gráficos do relatório
não foram pontuadas como
possíveis manifestações
arqueológicas. Fato que nos
levantou dúvida quanto à acuidade
na identificação de quais anomalias
seriam ou não arqueológicas. Isso
era justificável, visto que se trata de
uma tecnologia recentemente
utilizada no ramo da arqueologia,
principalmente no Brasil, e por isso
mesmos carece de melhores Figura 15: Sondagem com GPR – plano de rastreamento.
conhecimentos empíricos acerca da interpretação dos dados, pois os técnicos da
empresa em questão estão mais habilitados para trabalhar com sensoriamento
geológico. De qualquer forma, esta questão foi discutida com eles e achamos por bem
incluí-las no rol de locais a serem objeto de sondagens, o que se mostrou positivo.
Outra questão identificada no relatório foi a apresentação dos gráficos em escalas
diferentes, ou seja, para um determinado perfil de sondagem, o gráfico foi apresentado
em uma escala e para outro em outra escala. Isso acarretou na dificuldade de se
compará-los, pois, num gráfico, uma determinada interferência poderia apresentar-se
com tamanho diferente do que outra correlata, presente noutro gráfico. Diante de tal
constatação metodológica, optamos por padronizar os gráficos e assim pontuar novas
áreas contendo interferências, agora se baseando comparativamente com aquelas já
identificadas pela Geoscience.
Abaixo apresentamos os gráficos ajustados27, identificando as áreas pontuadas pela
Geoscience e a novas áreas que definimos também averiguar.

27
- Os gráficos originais constam no relatório técnico da Geoscience, em anexo.

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55
Figura 16: Sondagem com GPR: resultado gráfico do sensoriamento e interferências identificadas.

Conforme pode ser observado na Figura 16, com os dados do georadar, foram
indicadas nove anomalias passíveis de serem arqueológicas. À elas somamos mais 12
unidades. Assim, todas as áreas contendo anomalias, que julgamos serem possíveis
manifestações arqueológicas, foram sondadas. É importante salientar que nem todos
os locais pontuados como anômalos eram arqueológicos, pois como o próprio relatório
salientou, “as anomalias encontradas, podem ser artefatos arqueológicos, rochas ou
mesmo uma diferença nas propriedades do solo, como bolsões de argila ou areia”
(GEOSCIENCE, 2010:10). Como resultado constatou-se que cinco interferências eram
positivas (Figura 16).
Sondagens manuais
Foram executados dois tipos de sondagens manuais: as quadrangulares
(denominadas ordinárias), correspondentes a uma malha previamente planejada; e as
circulares, que visavam investigações pontuais em locais onde se suspeitava haver
algo em subsuperfície ou também nos locais onde o georadar acusou algum tipo de
interferência, conforme descrito acima.
As sondagens ordinárias possuíam o tamanho de 50 cm x 50 cm e profundidade
finalizada ao se atingir a camada de solo arqueologiacamente estéril, o que ocorreu
em média a 50 cm. Em alguns casos, quando se atingia o nível estéril optou-se ainda
por perfurar uma segunda sondagem circular, com cerca de 20 cm de diâmetro, ao
centro da sondagem quadrangular, visando constatar em níveis mais profundos o
comportamento do solo e principalmente se ele se mantinha estéril28.
Planejou-se a execução de sondagens distribuídas em eqüidistância pelo entorno,
todavia, nos locais onde ocorreu maior quantidade de materiais foram executadas em

28
- A relação completas e dados das sondagens encontram-se dispostas no Anexo 3.

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distâncias mais próximas, o que correspondeu à área posterior da moradia. Ao todo
foram planejadas 78 unidades e executadas 6729. As descartadas coincidiram com
áreas encharcadas ou brejosas.

Para esse conjunto de sondagens, optou-se pelo registro estratigráfico natural,


conforme as alterações da
coloração do solo. Foi possível
identificar dez cores/tons diferentes
de solo, o que não correspondeu
propriamente à alteração na
composição, pois esta apresentou 8
unidades.
Em termos gerais, 71% das
colorações identificadas
corresponderam a tons marrons,
variando do marrom-escuro ao
caqui. Estavam associadas aos
horizontes pedológicos “O” e “A” e
correspondiam às camadas
superficiais, onde o solo era mais
fértil, mais antropizado e onde se
identificou a maior quantidade de
artefatos.
Os 29% restantes corresponderam
aos níveis mais profundos das
sondagens. Seus tons variavam do
marrom-avermelhado ao cinza,
passando pelo creme e o ocre. Figura 17: Sondagens manuais – malha de distribuição.

Estavam associados ao horizonte “B” e continham basicamente argilossolo e gleissolo.


Eram estratos menos antropizado e por isso mesmo com menor quantidade de
artefatos arqueológicos.
Computando-se as quantidades de material arqueológico identificados, nos dois
grupos acima, constatou-se que 86% do solo sondado se apresentou antropizado e
contendo material arqueológico. Ou seja, apesar da coloração ser o referencial para se
identificar artefatos, ela não foi tomada como determinante para a finalização das
sondagens, o que era feito através da constatação de que o solo já não se encontrava
mais perturbado.

Avaliando-se comparativamente os resultados obtidos com as sondagens, constatou-


se que cada lado, no entorno da casa-sede, apresentou um comportamento
específico, uma vez que o material arqueológico identificado se assemelhava. Assim,
as sondagens executadas no lado leste apresentaram maior concentração de artefatos
associados à tralha doméstica; os da lateral nordeste correspondiam uma camada

29 - O rol de tabelas demonstrativas das sondagens encontram-se em anexo.

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contendo pedras; na área frontal apresentaram maior quantidade de material
construtivo (fragmentos de tijolos); e na lateral oeste, identificou-se baixa concentração
de artefatos arqueológicos, o que nos causou surpresa, pois era uma das áreas mais
perturbadas, devido à moradia do caseiro e onde se descarta lixo atualmente.

Gráfico 1: distribuição percentual de coloração dos solos sondados.

Gráfico 2: distribuição percentual dos tipos de solo sondados.

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Foto 104: Sondagem – Foto 105: Sondagem – Foto 106: Sondagem – Foto 107: Sondagem
marcação. aberta. finalizada. complementar.

Cruzamento dos dados das sondagens manuais com os do georadar.


Com a sobreposição dos dados das duas metodologias de sondagem (manual e
GPR), foi possível ampliar a possibilidade de se identificar manifestações
arqueológicas em subsuperfície. Como já era esperado, o georadar se mostrou pouco
útil na identificação de artefatos, pois estes se encontravam dispersos e em tamanho
diminuto, fazendo com que não fossem detectados pelo sensor do aparelho.
A opção metodológica por defasar a orientação da malha de sondagens manuais
(disposta em paralelo com a casa-sede, em sentido Noroeste e Sudeste) em relação
aos alinhamentos do rastreamento por GPR (orientado em sentido Norte e Sul), foi
positiva. Ela ampliou a
probabilidade de se identificar
manifestações arqueológicas, além
de possibilitar o uso de uma
metodologia como suporte para a
outra. Nesse sentido, um exemplo
ocorrido foi a identificação de
pedras na lateral nordeste da casa-
sede. O GPR identificou a
anomalia, mas foi cogitada a
possibilidade de tratar-se de uma
alteração da composição do solo;
todavia, o cruzamento dessa
informação com os obtidos através
das sondagens ordinárias,
possibilitou constatar que tal
anomalia eram pedras espalhadas
no subsolo, donde chegou-se à
conclusão que se tratava de um
leito de pedras, dispostos sobre a
superfície e posteriormente
soterrados. Assim, as informações
do GPR passaram a ser tomadas
como referencial para se definir a Figura 18: Sobreposição das sondagens com o GPR.
extensão da ocorrência, o que facilitou a definição da área a ser escavada.

Também, as estruturas identificadas como muros, na área frontal da casa-sede, não


foram evidenciadas através das sondagens ordinárias, pois elas só identificaram
fragmentos de tijolos, oriundos da estrutura, que se encontravam dispersos no
entorno. Todavia, com o GPR, foi possível constatar que havia a anomalia no local, o

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que somado à presença de fragmento de tijolos, nos indicou que no local havia
estrutura em subsuperfície, donde optamos pela sua escavação ampliada.
Apesar do resultado positivo desta abordagem metodológica, constatamos que ainda
assim algumas áreas não foram investigadas, o que se justifica, pois não seria viável
efetuar sondagens manuais muito próximas, o que demandaria muito tempo. Também
a ampliação da área rastreada com o uso do GPR, através de alinhamentos mais
próximos, acarretaria em custos elevados, tornando o trabalho dispendioso e fora do
padrão orçamentário, para projetos de salvamento arqueológico deste porte. Assim, a
metodológica visou maximizar as possibilidades de se identificar manifestações
arqueológicas, equacionando custo e tempo. Desta forma, é possível ainda haver
áreas contendo ocorrências que não foram identificadas, como por exemplo: possíveis
áreas contendo concentrações de entulho ou lixo.

Havia a expectativa de nossa parte em identificar tais bolsões de descarte de


materiais, mas não foram identificados, o que seria, em parte, explicável pelo
apresentado acima ou até mesmo pela inexistência das mesmas.

Escavações Ampliadas
Foram executadas escavações ampliadas no entorno do sítio, em locais onde as
sondagens identificaram estruturas enterradas.

Três trincheiras foram abertas na parte frontal da sede para evidenciar dois
alinhamentos de muro, cujas primeiras fiadas remanescentes estavam enterradas. Um
destes muros posicionava-se em paralelo ao alinhamento da fachada da sede e foi
interrompido pela estrada de acesso à casa, sugerindo que no local houvesse um
portão. O outro se localizava alinhado ortogonalmente ao anterior, entre ele e a sede.
Esta escavação revelou que as estruturas deveriam ser muros baixos, utilizados para
delimitar um jardim frontal. Eram estruturados com tijolos dispostos diretamente no
solo, sendo seu alicerce também feito de tijolos, todavia assentados com largura de 35
cm, um pouco espesso que a parede do muro, que possuía largura aproximada de 20
cm. Ambas as estruturas eram assentadas com argamassa de barro (sem cal), em
ajuste inglês ou gótico. Aparentemente eram em tijolos aparentes, pois não foi
constatada a presença de reboco junto aos mesmos.
Alguns detalhes dignos de nota se fizeram notar, todos em relação às terminações dos
muros. Na lateral noroeste ele finalizava sem que houvesse outro muro fechando com
alguma parte da casa-sede. Já na extremidade oposta do alinhamento ele finalizava
sem nenhum tipo de arremate, indicando que originariamente prosseguia mais alguns
metros, sendo tal continuação completamente suprimida do local, como se a superfície
tivesse sido raspada. Um último detalhe foi não existência de contato entre os dois
alinhamentos de muro, ou seja, o muro ortogonal finalizava cerca de 40 cm antes de
se encostar com o muro disposto em paralelo à sede. Chegou-se a pensar que tal
trecho tivesse sido destruído, mas foi minuciosamente investigado e constatou-se que
tanto a extremidade do primeiro encontrava-se arrematada como a do segundo não
apresentava pontos de amarração com o anterior, ou seja, eles não se interceptavam.

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Foto 108: Tijolo in Situ. Foto 109: Tijolo – “V P”. Foto 110: Tijolo - “H M”. Foto 111: Tijolo - “A”.

Figura 19: Escavação ampliada dos Muros frontais.

Foto 112: Muro Frontal. Foto 113: Muro Frontal.

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61
Foto 114: Muro Frontal – vista longitudinal. Foto 115: Muro frontal – trecho desmoronado.

Na lateral nordeste da edificação as sondagens identificaram um leito de pedras


dispostos sobre uma antiga superfície do terreno e posteriormente coberto com cerca
de 50 cm de terra. Optou-se por abrir duas trincheiras e algumas derivações para
investigar melhor a estrutura. Inicialmente pensou-se tratar de um piso de pedras, pois
as mesmas encontravam-se dispostas lado a lado, todavia, com a ampliação da
escavação constatou-se a face superior do conjunto de pedras não apresentava
regularidade suficiente para se conformar num piso. Desta forma, passou-se a
suspeitar que poderia se tratar de restos de uma sarjeta da casa-sede que tenha sido
desfeita, para dar lugar à atual, de cimento, e suas pedras tenham sido ali espalhadas.
Todavia, tal constatação não foi confirmada pelo caseiro nem pelos proprietários, que
afirmavam desconhecer a origem das pedras. Saliente-se finalmente, que em cinco
locais o solo abaixo das pedras foi sondado, visando investigar a estratigrafia e se ela
conteria material arqueológico. No entanto, em todos os casos constatou-se que o solo
era estéril arqueologicamente, compondo-se de latossolo avermelhado e desprovido
das camadas superficiais, correspondentes aos horizontes “O” e “A” que certamente
foram retiradas da área.

Foto 116: Trincheira. Foto 117. Trincheira. Foto 118: Trincheira.

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Figura 20: Escavação ampliada dos muros frontais.

Foto 119: Muro Frontal – vista longitudinal. Foto 120: Muro frontal – trecho desmoronado.

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63
Análise e Curadoria dos Materiais

Os materiais coletados no sítio São João passaram por curadoria e análise em


laboratório, onde foram submetidos à limpeza, catalogação, descrição, análise,
interpretação e acondicionamento. Para a consecução de tais objetivos, optou-se pela
sistematização das informações em um banco de dados computadorizado, onde as
suas características eram inseridas para posteriormente serem inter-relacionadas,
visando auxiliar na análise e interpretação dos mesmos no contexto do sítio
arqueológico.

Foram coletadas 146 amostras, registradas com referência ao ponto de coleta e nível
estratigráfico em que foram encontrados ou escavados em campo. Estas amostras
desmembravam-se em 625 artefatos que em laboratório passaram pelo processo de
curadoria e análise. Assim, cada qual foi numerada e posteriormente agrupada por
peça, procedendo-se à remontagem ou identificação dos fragmentos que
correspondiam a uma mesma peça. Isso visou definir o número mínimo de artefatos,
que passaram a ser trabalhados como o conjunto de referência a ser analisado.
Foram realizadas também algumas coletas seletivas principalmente no que se refere
ao material construtivo presente na área do sítio arqueológico, cujo critério para
seleção foi tanto a presença de atributos diagnósticos, como a necessidade de se
obter amostras para análises específicas:
 fragmento da taipa da parede desmoronada da casa-sede;
 telhas provenientes da casa-sede, quatro unidades, sendo uma normal, duas
contendo incisões e uma terceira correspondente a um fragmento, que
também continha incisões;
 tijolos - seis unidades provenientes da olaria; um exemplar de cada tipo
identificado no muro frontal da casa-sede; e mais um exemplar utilizado para a
manutenção mais recente da casa-sede.
Este material proveniente da coleta seletiva não foi contemplando na análise
estatística, mas reservado para análise qualitativa e montagem de acervo.

Foto 121: Telha meia-cana – face externa. Foto 122: Telha meia-cana – face interna.

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Foto 123: Tijolo da olaria. Foto 124: Tijolo do muro frontal.

A tabela abaixo apresenta os tijolos recolhidos e as logomarcas presentes em suas


mossas:

Descrição Quantidade Tamanho Marca Identificação (provável)


Manfredo Mayer - Bom Retiro -
Fragmento
15 (?) x 12x 6 SP - 1887
de meio 1 MM
cm Manoel Martim, São Paulo -
tijolo
1907
Tijolo
1 A
completo 30 15x 8 CM Não identificado
Tijolo Imagem de
6
completo 20 x 10 x 6 uma chave Não identificado
Tijolo
2 V.P
completo 24 x 12 x 6 Não identificado

Para o conjunto de artefatos constatou-se que, em linhas gerais, distribuíam-se no


entorno da casa-sede por grupos técnico-funcionais. Assim no lado leste
apresentaram maior concentração de artefatos associados à tralha doméstica, como
louça, e vidro; na lateral nordeste, havia semelhança com a anterior, mas em menor
quantidade e contendo materiais mais recentes; já na área frontal apresentaram maior
quantidade de material construtivo, como fragmentos de tijolos e telhas. Saliente-se no
caso, que estes fragmentos construtivos foram os identificados através da escavação
das sondagens e trincheiras, pois os artefatos que se encontravam dispersos em
subsuperfície e os relatados no parágrafo anterior não foram contemplados.
A maior parte do material resgatado correspondeu a fragmentos de peças associadas
a períodos recentes, notadamente da segunda e terceira metade do século XX. Por
este motivo, grande parte do acervo corresponde à cerâmica branca (faiança, faiança
fina e porcelana), cerâmica utilitária, cerâmica construtiva, vidros e, em menor escala,
metais. Ressalte-se que as cerâmicas brancas são predominantes, como será
apresentado abaixo.
O parâmetro conceitual e investigativo adotado para coleta de dados acerca do acervo
amostral foi procurar entendê-lo no contexto do sítio arqueológico e qual a relação que
mantinham entre si e com seus usuários e fabricantes. Assim, procurou-se
sistematizar os dados orientando nosso olhar para identificar atributos físicos, que
possibilitassem trazer informações acerca de dois momentos distintos da existência

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física de tais artefatos: a fabricação e o uso. Estes parâmetros de abordagem foram
assim escolhidos por entendermos que correspondem a momentos distintos - mas
interdependentes - da existência física de um dado artefato e facilitam o entendimento
de questionamentos recorrentes na arqueologia, tais como técnica de fabricação, usos
e costumes, subsidiando, assim, o entendimento de questões sociais e culturais
relacionadas aos processos fabris e utilitários, que são permeados por manifestações
ideológicas, simbólicas ou econômicas; capazes de caracterizar o sítio arqueológico
enquanto representativo de uma categoria social rural.
Assim, para a abordagem “fabricação” procuramos levantar informações acerca da
procedência, dos processos fabris, dimensionais e decorativos das peças. Em termos
de “uso” procurou-se investigar os grupos funcionais (lazer, alimentar, construtivos,
etc.) e utilitários (faca, telha, prato, etc.) a que se destinavam e como foram utilizados.

Obviamente, tais parâmetros nem sempre são identificáveis, pois muitos dos artefatos
normalmente não apresentam elementos distintivos capazes de fornecer tais
informações. Entretanto, tomamos tal abordagem como modelo, em termos de meta,
para assim orientar os trabalhos, classificando os materiais através de atributos que
fossem de encontro a tais objetivos.
Fabricação

Para trabalhar com esta abordagem agrupou-se os materiais de acordo com o


segmento fabril em que foram processados, quais sejam: cerâmico, metalúrgico,
petroquímico e artesanal. Dentro destes grupos, os materiais foram identificados
conforme suas composições, ou seja: cerâmica branca (louça em termos genéricos),
cerâmica vermelha (cerâmica, em termos genéricos), vidro, metal, plástico, etc.

Gráfico 3: Materiais por composição

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Louças
Genericamente conhecidas como louças ou cerâmicas brancas, tratam-se uma grande
família de produtos cerâmicos cuja origem remete a técnicas fabris chinesas e
européias. Do conjunto amostral houve o predomínio de peças compostas por faiança
fina (91,3%). A porcelana e o grês, tidos como produtos mais nobres em relação à
faiança, apresentaram a menor quantidade, correspondendo a 21 unidades de
porcelana e 1 unidade, cada, o Irestone e o grês.

Gráfico 4: Distribuição do conjunto de louças por tipos.

Para este conjunto, somente a faiança apresentou amostras em quantidade suficiente


para evidenciar uma diversidade de técnicas de fabricação, sendo o único conjunto em
que se conseguiu efetuar apresentação de forma gráfica, conforme apresentado
abaixo. Quanto às demais unidades, 21 eram porcelanas, sendo apenas uma de
coloração amarelada e as demais em tom branco. Em temos decorativos, três
unidades de porcelana apresentaram frisos feitos através de transfer-print.

Foto 125: Fragmento de faiança fina – base de xícara. Foto 126: Fragmento de faiança – borda de malga.

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Prancha 1: Faiança Fina.

O que se observou no conjunto de faiança analisado é o predomínio da pasta


whiteware, na cor branca e sem decoração.

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Cerâmica Construtiva
A cerâmica construtiva consistiu basicamente de fragmentos de tijolos e telhas da
própria edificação (casa-sede), que, com o tempo, foram sendo descartadas no
entrono da mesma. Foram identificadas 89 unidades, já excluídas aqui aquelas
coletadas nos escombros da edificação. Este conjunto de amostras refere-se somente
ao material identificado dentro das sondagens e escavações ampliadas, ou seja, não
foram recolhidas as unidades dispersas superficialmente na propriedade.

Cerâmica
Foram identificados somente quatro fragmentos de recipientes cerâmicos. Trata-se de
uma asa de recipiente e três fragmentos de parede de recipientes. Um dos artefatos
era um fragmento apresentando decoração incisa, em barras, na face externa. As
demais unidades do conjunto consistiam em pequenos fragmentos de parede sem
decoração aparente.

Foto 127: Cerâmica construtiva (fragmentos de telha). Foto 128: Cerâmica (fragmentos de recipientes).

Plástico
A única pela plástica coletada era um fragmento de suporte de filtro de água. Não
aparentando ser muito antigo. Este material, em outras condições nem seria coletado,
todavia foi identificado a 20cm de profundidade na sondagem J4, o que era um
indicativo de solo perturbado recentemente

Metal
Alguns dos metais correspondiam aos materiais mais antigos coletados. Na sua
maioria correspondiam a peças de uso construtivo, como parafuso, para fixação de
madeirame de telhado, e dobradiça. Identificou-se também uma alça baú, feita em
ferro fundido, e alguns fragmentos de recipientes metálicos. A maior parte dos
materiais correspondeu a fragmentos de pregos em avançado estágio de oxidação.
Um destaque do conjunto era um prendedor de cabo de bateria, feito em aço
anodizado, característico de veículos da metade do século XX. Esta peça continha
ainda dois parafusos de para a fixação ao pino da bateria e o outro ao cabo elétrico.

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Prancha 2: Metal.

Vidro
Os poucos fragmentos de vidro identificados correspondiam basicamente a partes de
garrafas. Do conjunto, todavia, destacavam-se duas bolinhas de gude, uma ampola de
remédio e um frasco, também de remédio. Em termos de técnica fabril todos eles
correspondiam a produtos industrializados, cuja fabricação não remonta há mais de 50
anos.

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Prancha 3: Vidro.

Foto 129: Bola de gude. Foto 130: Frasco de remédio.

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Função
Os materiais apresentaram-se segmentados nas seguintes classes utilitárias:
alimentação, material construtivo, lazer, decoração, eletricidade, farmacêutico, higiene
pessoal e mobiliário, conforme tabela e gráficos abaixo.
Deste conjunto, somente o quesito Alimentar foi expressivo em termos de quantidade
amostral, tal fato se deu basicamente devido aos fragmentos de faiança fina do
acervo.

Gráfico 5: Relação de Materiais por Função.

O conjunto mais expressivo, correspondente a 92,8% dos materiais, estava


relacionado à esfera alimentar.
Neste grupo encontram-se artefatos relacionavam com os usos e costumes
alimentares, tais como: armazenagem, preparo e consumo de alimentos. Todavia,
como já salientado, a quantidade mais expressiva foi de faianças finas. O segundo
grupo de maior volume foi o de material construtivo, todavia, quase que a totalidade
dos artefatos constituiu-se de fragmentos de telhas e tijolos.

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72
Consolidação dos Resultados

A consolidação dos resultados será estruturada considerando-se três vertentes, a


saber: a casa-sede, o entorno paisagístico e a olaria.
Na primeira pretende-se discutir a casa-sede, focando sua arquitetura e manutenções
que, somadas aos artefatos escavados, nos ajudaram a entender alguns aspectos dos
usos e costumes de seus moradores ao longo do período em que foi ocupada.
A segunda contemplará o entorno paisagístico, aqui entendido em três abordagens: o
entorno imediato, composto pelo terreiro e o quintal; o entorno próximo, que contempla
a mata secundária; e o entorno regional, mais distante. Para tanto, procuraremos
abordar conceitos relativos à arqueologia da paisagem, que toma como objeto de
estudo das transformações antrópicas ocorridas em um determinado território,
transformando-o em uma paisagem habitável onde são expressas manifestações
culturais.
Por fim, discutiremos a olaria e seu sistema produtivo, onde pretendemos elencar
questões que contemplem sua relação com a casa e o ambiente. Tentando assim
fechar o elo entre as três vertentes analisadas, entendidas então como um processo
único e interdependente, cuja dinâmica possibilitou a existência do sítio enquanto
unidade produção e reprodução cultural.
Para a casa-sede, a primeira grande questão que nos colocamos foi verificar até que
ponto ela corresponderia a uma casa bandeirista; se teria outras influências, como a
colonial mineira, ou se foi uma nova proposta construtiva, adaptada às necessidades e
condições locais, contemporâneas ao momento em que foi edificada. A conclusão
preliminar, que adiantamos, é que as três situações se apresentaram afirmativas. Para
responder a este questionamento e propor conclusão, devemos, entretanto, considerar
previamente qual foi a conformação inicial da casa, visando isolar todos os elementos
construtivos que lhe foram introduzidos como o tempo.
Os estudos demonstraram que a moradia foi sofrendo manutenções distintas e
alterações ao longo do tempo que visaram, tanto adequá-la a novos usos, quanto não
permitir sua deterioração. Notou-se, também, que as intervenções mais agressivas ao
modelo original foram executadas no último quartel do século XX, notadamente em
1983, quando sofreu uma grande reforma, onde foram incorporados materiais em
alvenaria e concreto armado.

A presença de um muro frontal feito com tijolos contendo mossas sugere que tenha
sido uma implementação feita na primeira metade do século XX, visando delimitar um
jardim na entrada da propriedade. Por seu turno, as pedras dispostas na lateral
nordeste, sugerem que eram originariamente parte de uma calçada existente no
entorno da edificação. Todavia, é importante salientar que em fotos datadas de 1975,
bem como no croqui de 1977, não se identifica nenhum tipo de passeio ou sarjeta
contornando a edificação.

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Foto 131: Lateral nordeste – ausência de sarjeta de Foto 132: Fachada frontal – ausência de sarjeta e do
pedras (Fonte: J. Hirata. Andrade, 1977. Acervo muro frontal (Fonte: J. Hirata. Andrade, 1977. Acervo
CONDEPHAAT). CONDEPHAAT).

Tal constatação nos remete a uma segunda questão, que foi a não identificação de
artefatos remanescentes de momentos mais recuados da ocupação do imóvel nas
áreas escavadas e sondadas.

Duas possibilidades imediatas se impõem, a primeira é a de que, apesar dos esforços


metodológicos, uma provável área de descarte contendo tais materiais não teria sido
identificada e estaria localizada em algum local, nos espaços não sondados nem
escavados dentro da área trabalhada. A outra possibilidade seria a inexistência do
mesmo, o que em parte é pouco provável, pois sempre fica algum artefato disperso no
solo.

No entanto, diversos elementos identificados no sítio se somam no sentido de


corroborar a possibilidade de que as alterações superficiais implementadas no solo do
entorno da moradia tenham suprimido tais artefatos. Estas constatações iniciam-se no
muro frontal, que na sua extremidade nordeste, foi destruído e totalmente suprimido do
local, não restando nem mesmo tijolos em subsuperfície. Outro fato é a disposição do
leito de pedras diretamente sobre uma superfície estéril arqueologicamente, ou seja,
seria mais usual que as pedras tivessem sido espalhadas nobre uma superfície
contendo uma camada inicial de solo orgânico, todavia, todos locais sondados
denunciaram que os horizontes pedológicos “O” e “A” estavam ausentes, sugerindo
que a superfície tenha sido decapada antes de receber as pedras. Tal limpeza
superficial também foi constatada nas imediações do olaria, onde não se identificou
fragmentos cerâmicos oriundos de descarte de peças danificadas pelo processo
produtivo. Por seu turno, a implantação de um passeio no entorno da casa-sede e
subsequente aterro para nivelar o terreno pode ter levado à retirada intencional ou ao
soterramento de um eventual local de descarte que se encontrasse junto à parede da
edificação.
Do ponto de vista construtivo, a edificação de taipa apresentou grande possibilidade
interpretativa para compreender os usos e costumes de seus ocupantes.
Considerando todas as questões conceituais acerca das características do que vem a
ser uma casa bandeirista, e tomando Saia, Katinsky, Mayumi e Zanettini, como
referências conceituais; aceitamos que a casa-sede do sítio São João configura-se
como uma moradia cujas características arquitetônicas não a enquadram plenamente
em um modelo de construção bandeirista. Não resta dúvida, todavia, que mesmo
sendo construída tardiamente e fora do período e padrão proposto por Saia, para a

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74
construção de tais edificações, ficou explícito com o estudo, que diversas soluções
construtivas adotadas na edificação tiveram aquele modelo arquitetônico como base.
O imaginário público tem para uma casa bandeirista quatro características que seriam
fundamentais: seu partido retangular, seu telhado em quatro águas, ser feita de taipa e
sua conformação frontal contendo um alpendre embutido no corpo principal, ladeado
por uma capela e um quarto de hospedes. Apesar de o próprio Luiz Saia desclassificar
tal tipologia como sendo definidora do que viria a ser uma casa bandeirista, o certo é
que sempre, ao se falar das mesmas, estes parâmetros compõem uma imagem
conceitual em nossas mentes.

Para Saia, uma casa bandeirista configura-se como uma solução a um esquema
construtivo organicamente estruturado por três idéias preliminares: “planta
desenvolvida em retângulo, paredes de taipa e telhado de quatro águas” (2005:80).
Acrescenta ainda que “as pequenas variantes do programa e as diferenças de ordem
construtiva, não foram de molde a romper a integridade desta aliança” (2005:80).
Todavia, apresenta um divisor de águas temporal no qual somente edificações
seiscentistas receberiam tal denominação, e seriam tratadas como tipos “puros”, em
contraposição às outras que seriam tipos corrompidos. Salienta ainda, que tal
corrupção seria uma degeneração ao modelo original, onde as soluções e materiais
empregados seriam sempre inferiores aos do modelo dito “puro”.
Para melhor distinguir esta clivagem conceitual, Saia elenca ainda algumas constantes
que seriam manifestas nas casas de ambos os períodos: as seiscentistas e as
posteriores (como é o caso do Sítio São João). Entretanto, considera que as últimas
seriam sempre exemplares corrompidos, em relação àquelas consideradas modelos
“puros”, pois, segundo ele, apresentavam soluções construtivas mal resolvidas ou
apresentavam o uso de técnicas construtivas precárias, uma vez que os novos
construtores não sabiam executá-las de forma adequada. São estas as semelhanças:
estar sempre situada a meia encosta; voltada para o Norte ou o Noroeste; assentada
sobre plataforma artificial; planta desenvolvida em retângulos; maleabilidade interna
para se alterar a disposição dos cômodos; presença de sobrado e com isso pé direito
elevado, e, finalmente, os três elementos cruciais, a faixa fronteira contendo o
alpendre, a capela e o quarto de hóspedes.
Diante de tal base conceitual, a primeira constatação em relação à casa-sede do sítio
São João é que ela apresenta todas as semelhanças propostas acima, menos o
alpendre. O que, sob certos aspectos, é o parâmetro visual mais imediato para se
definir tal modelo construtivo. No caso, a moradia do sítio não só é desprovida do
alpendre, como, em seu lugar, apresenta um corredor, cumprindo função oposta ao
alpendre, que é a de manter estranhos abrigados, mas fora dos ambientes privados da
habitação.
Verificando sua distribuição espacial interna, há ambientes divididos em lanços e
subdivididos em cômodos, explicitando três ambientes funcionalmente distintos. Dois
deles contendo elementos nitidamente associados ao modo bandeirista, ou seja: o
espaço frontal destinado ao universo público - contendo a capela e o quarto de
hospedes - e um ambiente central, amplo, donde se acessa os quartos de mais

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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75
dependências. Já o terceiro ambiente presente na casa-sede do sítio São João é seu
terceiro cômodo disposto no lado posterior da moradia, que seria tratado como um
acréscimo ao modelo puro. Outro detalhe denunciava corrupção ao modelo original: a
presença de uma porta interna interligando a sala à capela.
A conclusão que tiramos vai ao encontro às propostas de Katinsky, para quem o
modelo deve ser entendido dentro de um contexto mais amplo, que contemple uma
análise estrutural da sociedade que a edificou. Assim, nossa visão é de que a casa-
sede do sítio São João deveria ser entendida, a partir do contexto social vigente
quando de sua construção, bem como nos posteriores, quando recebeu manutenções
e intervenções. Vistas desta forma, as diferenças que a desclassificam como uma
“casa bandeirista” deveriam ser tomadas, a nosso ver, não como retrocesso ou
deturpação “preguiçosa” ao modelo “puro” de Saia, mas, pelo contrário, consistem em
modernizações e adaptações que permitiram aos seus ocupantes adequarem seus
usos e costumes a um momento situado pelo menos um século à frente das
edificações bandeiristas.

Olhado sobre este prisma, alterações como a da porta para a capela seria entendidas
como uma simplificação, que possibilitava o deslocamento até a capela, sem o
inconveniente de se ter que adentrar no espaço público - num caso original o caso o
alpendre - para entrar na capela. Também, outra solução positiva a nosso ver é a
presença de copa e cozinha no corpo principal da moradia, o que pode indicar duas
questões: a primeira seria o abandono das práticas indígenas (arrolados por Saia) de
se cozinhar em ambientes abertos; a outra seria uma provável influência mineira, onde
o cozinhar é um ato comunitário, e, muitas vezes, familiar, onde o espaço da cozinha
tem um caráter recreativo e laboral, mas acima de tudo de coesão social.

Para o projeto em questão, as questões relacionadas ao entorno paisagístico que


nos colocamos a investigar visavam, principalmente, procurar identificar e avaliar
possíveis elementos da paisagem capazes de denotar as formas de ação do homem
perante o meio ambiente e sua capacidade de interferir no mesmo, buscando adequá-
lo ao seu modo de vida.
O entorno paisagístico na região do sítio arqueológico Mogi 1 apresentou-se
completamente antropizado, testemunhando a diversidade de ações deletérias ao
ambiente, ali implementadas de forma constante e progressiva por centenas de anos.
Em termos de movimentação de terra, somente nas últimas décadas iniciaram-se
atividades em escala suficiente para alterar o perfil superficial da região. Todavia, uma
vez iniciadas tais atividades (que atualmente são executadas com maquinário
pesado), a alteração da paisagem tornou-se cotidiana. Isso pode ser exemplificado
pelas atividades na faixa de servidão do oleoduto e linhas de transmissão, bem como
nas áreas de condomínios e bairros próximos, onde o processo de urbanização não
contempla a manutenção da mata nativa, acarretando na completa supressão vegetal
e subsequente terraplanagem, visando retificar a superfície; o que termina por eliminar
possíveis ocorrências arqueológicas.
Do ponto de vista da flora, fauna e recursos hídricos, as transformações foram
imensas e comprometeram toda a paisagem e ecossistema local, sendo notória a total

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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76
supressão da Mata Atlântica que cobria toda a região. Em seu lugar, as matas que
conseguiram se recompor se apresentam na forma de ocupação secundária e
contendo diversas espécies vegetais exóticas ao ambiente original. A vegetação
originária, composta por árvores de madeira nobre, foi suprimida e utilizada como
matéria-prima construtiva ou como combustível. Assim, não são mais identificados
remanescentes de tais espécies.

A nosso entender, os únicos artefatos de madeira remanescentes das matas


primordiais corresponderiam ao madeirame utilizado na casa-sede. Mesmo assim,
constatou-se que grande parte dele já não é mais original, como é o caso do
madeirame de menor porte que compõe a estrutura do telhado, tais como os caibros e
os sarrafos. Também ainda é possível identificar no centro urbano de Mogi das
Cruzes, em algumas casas e principalmente nas Igrejas históricas, elementos
construtivos de madeira remanescente daquelas espécies originais, não
necessariamente oriundas do entorno do sítio arqueológico, mas correspondente ao
mesmo ecossistema regional.

Por outro lado, a presença de indústrias cerâmicas na região desde o início do século
XX e a implantação da via férrea no final do século XIX sugerem que grandes volumes
de lenha tenham sido consumidos em seus fornos e caldeiras, o que ocorreu até o
momento em que tais equipamentos passaram a ser operados com outro tipo de
energia, como elétrica ou o gás. Constatou-se também na literatura consultada para o
presente trabalho, que a turfa da região também foi utilizada como combustível nas
locomotivas e fornos cerâmicos, atividade esta que é verificada até o presente, sendo
inclusive ofertado o produto para venda via internet.
Outra atividade que foi demasiadamente deletéria ao ambiente foi a cafeicultura. Ela
ocorreu na região da Serra do Itapeti, onde deve ter sido implementada a monocultura
nos mesmos moldes que o restante do Vale do Paraíba, onde registros fotográficos da
época registraram a total supressão das florestas nativas, desde o topo dos morros até
as margens dos córregos e rios.
Por seu turno, as atividades hortifrutigranjeiras nas margens do Tietê e demais
várzeas, principalmente com a entrada dos colonos japoneses, proporcionaram
consideráveis alterações na paisagem e certamente contribuíram para a introdução de
compostos químicos utilizados como defensivos agrícolas e corretivos para o solo,
sendo notório o impacto que tais atividades imprimem ao meio ambiente e à paisagem
natural.
O fato é que todas as atividades acarretaram alterações paisagísticas irreversíveis,
que muito provavelmente ainda se manifestarão na região por muito mais tempo, o
que será sentido inclusive no sítio São João e seu conjunto edificado, já que as
estruturas remanescentes da fazenda consistem parte integrante da paisagem local.
Em termos de paisagem no entorno imediato da sede, procurou-se identificar plantas
remanescentes dos primeiros momentos da ocupação. Neste caminho, nossas
observações deram conta de que os exemplares mais antigos, não remontam mais de
100 anos, se é que chegam a tanto.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
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Finalmente, como já citamos, a atividade ceramista na região foi um fator de grande
impacto ambiental, uma vez que a fazenda contava com uma pequena unidade
produtiva. Pode-se deduzir que consideráveis volumes de madeira e argila foram
consumidos, acarretando em impacto ambiental no entorno. Como descrito, não se
identificou, além do forno outras estruturas ou vestígios das demais instalações da
olaria, fato que, antes de se apresentar como um problema, indicou-nos um caminho
explicativo para se justificar que as alterações implementadas no entorno causaram
impacto a ponto de eliminar tais manifestações da paisagem.
Noutro sentido, a inexistência de água na ravina entre a olaria e a moradia é prova
mais que suficiente para demonstrar como as atividades extrativas e produtivas
impactaram negativamente o ambiente.
Em síntese, o sítio arqueológico hoje se apresenta como uma representação
fragmentada do que outrora foi a propriedade rural. Ele teve sua existência associada
a práticas laborais, onde a propriedade cumpria um papel social, e assim se manteve
até que deixou de apresentar-se como algo valorado, ou seja, como patrimônio.
Assim, configurou-se um cenário de abandono e o sítio passou a não ser mais
“visitado” por seus proprietários e parentes, tanto do ponto de vista físico, como
também do ponto de vista simbólico, na memória daqueles que com o lugar
mantinham uma relação que expressasse, mesmo que alegoricamente, os momentos
que já passaram ali.
Neste sentido, o estudo arqueológico possibilitou agregar conhecimentos para seu
entendimento e reinserção do sítio Mogi 1 no contexto histórico, social e patrimonial de
Mogi das Cruzes.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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PARTE 2 - PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
Considerações iniciais
Em conformidade com as propostas apresentadas no Projeto: Gestão do Patrimônio
Arqueológico - Sítio Arqueológico Mogi 1, Mogi das Cruzes – SP (SCIENTIA
Consultoria, 2009), buscou-se o desenvolvimento de ações de educação patrimonial
com o objetivo de despertar a consciência de grupos focais definidos - proprietários,
seus familiares e/ou antigos moradores da edificação; e segmentos da população
moradora do Conjunto Habitacional Vereador Jefferson da Silva, com destaque para a
população escolar de duas unidades de ensino: a Escola Municipal Professora
Etelvina Cáfaro Salustiano e a Escola Estadual Padre Bernardo Murphy - para o
conhecimento, a valorização e a preservação do patrimônio arqueológico. É
importante relembrar que tanto o Sítio São João quanto o Conjunto Habitacional
localizam-se muito próximos um do outro, ambos no distrito mogiano de César de
Sousa.
As duas escolas mencionadas situam-se em áreas vizinhas ao Sítio São João – onde
se localiza o sítio arqueológico Mogi 1 – propriedade que sofre constantes ações de
invasão, furto e deposição de detritos, por elementos moradores do Conjunto
Habitacional Jefferson da Silva, cuja população, em seu cotidiano, convive com
carências de atendimento de saúde e saneamento, limpeza pública, transporte
coletivo.
Além de constituir prática da Scientia Consultoria Científica o trabalho educativo com
unidades escolares próximas a sítios arqueológicos, a decisão de definir as duas
citadas foi reforçada por sugestão da Divisão de Patrimônio Histórico e Conhecimento,
da Secretaria Municipal de Cultura, cujos arquitetos enfatizaram a necessidade de
ações de conscientização e de valorização de questões ligadas a patrimônio cultural,
com a comunidade moradora no Conjunto Habitacional.
Assim, buscou-se sensibilizar segmentos dessa população para reconhecer, apropriar-
se e preservar um patrimônio cultural e uma história local, aos quais se integra o sítio
arqueológico Mogi 1.

As atividades
As atividades previstas no Projeto incluíam elaboração e apresentação de palestras,
com utilização de PowerPoint; elaboração de folhetos explicativos, em linguagem
acessível, e atividades com a população escolar; além disso, instrumentos de
avaliação das ações realizadas. O suporte teórico das ações educativas embasou-se
na construção do conhecimento – isto é, a partir dos conhecimentos existentes nos
grupos focais, a respeito de seu patrimônio natural e cultural, inserem-se,
progressivamente, as noções desejadas e as informações científicas geradas pelas
pesquisas arqueológicas efetuadas na região; e, ainda, promove-se a reflexão e a
conscientização acerca da identificação e da preservação do patrimônio cultural.
Os contatos iniciais com a realidade local, entretanto, mostraram a necessidade de
algumas alterações no plano inicial, com relação ao material e a grupos focais. O

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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79
contexto de carências de atendimento público mencionado anteriormente inviabilizou
um trabalho que incluísse alunos em uma etapa inicial; antes, seria necessário
sensibilizar e informar professores e coordenadores que, afeitos a esse cotidiano
escolar imerso em comunidade com múltiplas carências básicas, em geral
desconhecem ou desvalorizam questões ligadas ao patrimônio cultural – o que dizer,
então, quanto ao patrimônio arqueológico? Patrimônios culturais presentes e sua
preservação são temas, aparentemente, muito distanciados do cotidiano da
população; patrimônio arqueológico é tema que se situa ainda mais além.
Em conseqüência, as alterações realizadas em relação ao projeto inicial consistiram
em:
 realização de trabalho preliminar com professores que, inteirados dos objetivos
de identificação, valorização e preservação do patrimônio local, pudessem agir
como multiplicadores em sua ação diária30. A média de duração da ação foi de
duas horas em cada unidade escolar; nas duas escolas, o trabalho com
professores e outros funcionários transcorreu em horários de presença
obrigatória daqueles profissionais, mas dedicados a trabalhos extra-classe.
 Ao invés da elaboração de simples folheto explicativo, mostrou-se mais
indicado o preparo de um livreto – O que é patrimônio arqueológico? 31- com o
mesmo conteúdo da palestra, seguido por material de apoio32, isto é, sugestões
de utilização dos temas propostos em sala de aula. O conteúdo versou sobre
patrimônio natural e cultural, patrimônio arqueológico, arqueologia e o trabalho
do arqueólogo, a pesquisa no sítio arqueológico Mogi 1 e seus resultados, e,
muito importante, a vinculação entre esse bem arqueológico e o cotidiano
da comunidade que atualmente ocupa o distrito César de Sousa.

 Exemplares do mesmo livreto foram destinados aos acervos das bibliotecas


existentes na Escola Municipal Professora Etelvina Cáfaro Salustiano e na
Escola Estadual Padre Bernardo Murphy33; na Divisão de Patrimônio Histórico
e Conhecimento da Prefeitura Municipal de Mogi das Cruzes; no Núcleo
Arqueologia da Universidade Brás Cubas (instituição de apoio do projeto de
gestão); e, ainda, entregues aos proprietários do Sítio São João.

A palestra consistiu em uma apresentação de uma hora, utilizando multimídia34 com


fotos do patrimônio local (fauna, flora, paisagens, pinturas, textos, mapas, imagens de
satélites, bens edificados, manifestações culturais – como as festas do Divino e do
Caqui -, o cinturão verde agrícola, entre outros).

30
- Nesse aspecto, é importante salientar que a escola municipal conta com o apoio do Departamento de
Patrimônio Histórico e Conhecimento, da Secretaria Municipal de Cultura, que realiza trabalho conjunto com as
unidades escolares municipais – de fato, durante os contatos iniciais, observou-se um dinamismo nas atividades e
uma predisposição favorável à inclusão de novos conteúdos e de novas ações em seu cotidiano escolar, por parte
da direção e de alguns professores. Já na escola estadual, a maior parte dos professores não demonstrou as
mesmas reações.
31
- Ver Anexo1.
32
- Anexo 2.
33
- Anexo 3.
34
- Ver Anexo 6.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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80
A oficina com professores abrangeu o trabalho com o livreto O que é patrimônio
arqueológico? e com um material de apoio, para aplicação em sala de aula, que
consistiu em sete sugestões de atividades interdisciplinares e transdisciplinares, tendo
como tema ou foco o patrimônio local e/ou arqueológico:
a. os diversos tipos de patrimônio (material, imaterial, natural, paisagístico,
cultural e arqueológico);
b. a história da cidade de Mogi das Cruzes e sua inserção no contexto
regional;
c. os fatos históricos marcantes para o município, sua constituição no
contexto da expansão colonial portuguesa e do bandeirismo; sua
localização no eixo dos caminhos entre Rio de Janeiro e São Paulo; a
importância da imigração de portugueses, italianos e japoneses;
d. a história da formação do Distrito César de Sousa, a partir da estação
Cesar de Sousa, da Estrada de Ferro do Norte (ou E. F. São Paulo – Rio,
constituída por fazendeiros do Vale do Paraíba) e, a partir de 1893, no
contexto da E. F. Central do Brasil;
e. os dados sobre pré-história e história obtidos em pesquisas arqueológicas
na região de Mogi das Cruzes, disponíveis em publicações e no cadastro
de sítios arqueológicos do IPHAN;
f. os dados obtidos durante o Programa de Resgate Arqueológico do Sítio
Mogi 1, suas características arquitetônicas; do uso e ocupação do solo; os
vestígios arqueológicos encontrados em campo e, o trabalho do
arqueólogo.
Em todos os momentos, salientou-se a importância da compreensão do trabalho de
educação patrimonial nos seguintes aspectos:
a. percepção das influências dos grupos que, no passado, viveram no
mesmo local em que moramos – mesmo dos povos que habitavam o
Brasil antes da chegada dos portugueses.
b. Os bens arqueológicos como, em muitos casos, sendo os únicos
testemunhos que sobraram das populações que viveram no Brasil antes
da colonização. E, mesmo para o período histórico, muitas vezes, é a
pesquisa arqueológica que nos conta detalhes da vida das pessoas que
ali viveram – como é o caso dos sítios arqueológicos já estudados em
Mogi das Cruzes. A percepção de que nosso passado e nossa cultura nos
marcam, nos identificam, dizem quem somos.
c. A importância de conhecer a nossa história para informá-la às futuras
gerações e assim, garantir a preservação do patrimônio cultural que
temos, que continuamente construímos, e por cuja proteção somos
responsáveis.
d. A importância da divulgação e transmissão do conhecimento sobre o
passado que podemos obter por meio da pesquisa arqueológica.
e. A divulgação dos cuidados que se deve ter para preservar os sítios
arqueológicos dos impactos que quaisquer obras possam causar: quando
se destrói um bem arqueológico, perde-se uma informação única, que
jamais poderá ser recuperada.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
81
As sugestões de atividades permitiram traçar novas alternativas de desenvolvimento
de atividades em sala. A leitura das atividades propiciou uma conversa, entre os
próprios professores, acerca das possibilidades e adaptações possíveis em cada
unidade escolar. O livreto O que é patrimônio arqueológico? constituiu fonte
suplementar de informações para os professores e para seu trabalho com os alunos,
dada a disponibilização de exemplares nas bibliotecas das escolas.

Na E. M. Etelvina Cáfaro Salustiano, a ação foi realizada no dia 14 de agosto de


2010, com a participação de 16 profissionais (dentre eles: direção, coordenação e
professores), que salientaram a atividade já em andamento num programa realizado
pela Prefeitura, intitulado “As sete maravilhas de Mogi”, desenvolvida por meio de sua
Secretaria Municipal de Cultura, e que faz parte das comemorações pelos 450 anos do
município.

Trata-se de um concurso fotográfico e, a partir das fotos será elaborado um livro, a ser
lançado em setembro, durante as comemorações pelo aniversário da cidade. Os
professores da E. M. Etelvina organizaram um trabalho que incluiu pesquisa sobre os
bens edificados de Mogi das Cruzes, visita com os alunos aos locais elencados;
registro fotográfico; confecção de cartões postais dos locais escolhidos, feitos pelos
próprios alunos de 1ª a 4ª séries.

Ressaltaram que a presença da equipe de Educação Patrimonial da Scientia


Consultoria foi fundamental para mostrar mais dados sobre a história não apenas de
Mogi, mas, principalmente do distrito e entorno da escola, possibilitando um
fechamento dessas atividades.
Outro fator que muito despertou atenção entre os participantes foi o conhecimento dos
diversos sítios arqueológicos mogianos, com ênfase no Mogi 1.

O resultado foi extremamente positivo: a escola ficou de entrar em contato com a


coordenação de Educação Patrimonial da Scientia Consultoria Científica para convidar
os pesquisadores a participar da conclusão dos trabalhos, demonstrando assim, o
interesse no assunto e a troca de conhecimento.

Foto 133: Apresentação dos bens patrimoniais de Foto 134: Apresentação do sítio arqueológico Mogi 1,
Mogi das Cruzes, com utilização de multimídia. com utilização de multimídia.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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82
Foto 135: Explicação das características arquitetônicas, Foto 136: Localização da escola municipal Etelvina
escavação e metodologia utilizada no sítio dentro da paisagem local.
arqueológico Mogi 1.

Na E. E. Padre Bernardo Murphy, a ação foi realizada no dia 17 de agosto de 2010,


com a participação de dez profissionais (dentre eles: direção, coordenação e
professores), e as apresentações tiveram um caráter mais formal.

Nesse grupo, em comparação à apresentação realizada na escola municipal, com


exceção de dois professores, não foi demonstrado interesse em trabalhar com o
material e os assuntos propostos, nem em realizar um pequeno debate para finalizar a
ação. Foi mínima a perspectiva de um retorno posterior da equipe, para trabalho com
alunos – mas a equipe de Educação Patrimonial aguarda uma manifestação da
Coordenadora Pedagógica da escola.

Fotos 137, 138 e 139: Aspectos da palestra (apresentação de bens patrimoniais de Mogi das Cruzes e pesquisa
arqueológica no sítio Mogi 1) e da leitura das sugestões de atividades para sala de aula, Escola Estadual Padre
Bernardo Murphy,

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
83
Avaliação das atividades
Para controle e avaliação das atividades realizadas, foram utilizados os seguintes
instrumentos:

1) fichas específicas para registro da presença dos participantes (Anexos 6 e 7 );

2) instrumentos que demonstrassem: primeiro, o grau de satisfação/insatisfação


dos participantes em relação a cada ação do programa; segundo, a percepção
de apreensão, pelos participantes, do conteúdo apresentado (Anexos 6 e 7).

Fotos 140, 141 e 142: Docentes da Escola Estadual Padre Bernardo Murphy na ação de responder ao instrumento
de avaliação/satisfação da ação educativa.

Resultados observados
A aplicação das atividades propostas neste Programa de Educação Patrimonial
atendeu ao projeto proposto de inserção do conhecimento arqueológico e patrimonial
dentro da comunidade mais próxima ao sítio arqueológico Mogi 1, ou seja, na rede
pública municipal e estadual do distrito César de Sousa.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


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A participação ativa dos docentes da E. M. Etelvina Cáfaro Salustiano demonstrou
que existem diversas iniciativas por parte da direção e dos professores, dos alunos,
em conhecer, resgatar e preservar a cultura de Mogi das Cruzes; essas iniciativas, é
claro, refletem-se no trabalho com e dos alunos. A ação de educação patrimonial veio
a tempo para dar mais um suporte e apoio no fornecimento de dados de pesquisas
arqueológicas e históricas à escola, num período de preparo para participação em
projeto cultural do município. O convite em participar do fechamento das atividades
também demonstra o interesse em expandir o conhecimento por eles adquiridos às
outras esferas da sociedade.

As respostas dos participantes das duas escolas ao instrumento de avaliação


apresentado pela equipe de Educação Patrimonial da Scientia Consultoria Científica
indicam questões bastante interessantes, apresentadas a seguir.

Com relação à questão 1 – que apresentou os itens forma da apresentação, conteúdo do


livreto, sugestão de atividades e duração da ação, para serem avaliados pelos participantes
com os critérios muito bom, bom, regular ou ruim, as respostas de 26 dos 28 participantes
mostraram os seguintes resultados para a ação educativa:
a) plena satisfação com relação à forma de apresentação e conteúdo do
livreto, com atribuição de conceito Muito bom
b) Quanto às sugestões de atividades, a maior parte dos participantes
atribuiu conceito Muito bom, somente quatro tendo escolhido o
conceito Bom
c) Em relação à duração da ação, a maioria dos participantes atribuiu
conceito Muito bom, seis participantes preferiram o conceito Bom e um
docente optou pelo conceito Regular. Na E. M. Etelvina Cáfaro
Salustiano houve comentários generalizados a respeito da
necessidade de uma ação mais prolongada.
d) Um dos participantes atribuiu conceito Bom a todos os quesitos.
Quanto à questão 2 – Após participar desta palestra, você julga que houve alteração das suas
noções originais de: patrimônio cultural, patrimônio arqueológico e proteção ao patrimônio? - e à
questão 3 - Escreva ao menos dois dos conhecimentos sobre patrimônio cultural e patrimônio
arqueológico, e sobre o uso desses temas em sala de aula, que você adquiriu neste encontro. – as
respostas indicaram que:
a) todos os participantes sofreram alterações em suas concepções originais de
patrimônio cultural, patrimônio arqueológico e proteção devida ao patrimônio.
b) Convidados a mencionar dois dos conhecimentos, adquiridos durante a ação
educativa, os professores citaram:

 o conhecimento e valorização do patrimônio cultural em Mogi das Cruzes


e no bairro: estação ferroviária César de Sousa; sítio arqueológico Mogi
1; Casarão do Chá e imigração japonesa; estação ferroviária de Sabaúna.

 Sítios arqueológicos em Mogi das Cruzes.


 O destino dos achados arqueológicos.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
85
 A possibilidade de levantar a memória local por intermédio de entrevistas
com pessoas da comunidade.
 A distinção entre patrimônio natural e patrimônio cultural.

 A preservação do patrimônio como decorrente de seu conhecimento.


 A importância da preservação da história e da memória locais.
 Como é realizada a pesquisa arqueológica.

 A importância da influência cultural dentro de uma comunidade.


 A questão do patrimônio arqueológico voltado ao resgate da identidade
do bairro.

 A estrutura construtiva da casa do sítio Mogi 1, no passado.


Fica muito evidente a grande lacuna de conhecimento a respeito de patrimônio cultural
e, especificamente, sobre patrimônio arqueológico. A solicitação dos professores da E.
M. Etelvina Cáfaro Salustiano, de retorno da equipe de Educação Patrimonial para
acompanhar um trabalho com alunos, calcado nas sugestões de atividades
apresentadas, foi muito gratificante e deverá ocorrer entre setembro e outubro
próximos.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O sítio arqueológico Mogi 1 localiza-se na propriedade denominada Sítio São João, no
município de Mogi das Cruzes, SP. Foi identificado, durante a execução do Levantamento
Arqueológico para a Regularização do Oleoduto OSRIO e do Gasoduto GASPAL (Scientia,
2007a) e registrado no IPHAN em 20/08/2007, conforme ficha cadastral (anexo 9). Desde
aquele período, até o presente, sucederam-se tratativas e acordos entre empresas
empreendedoras, a Scientia Consultoria e órgãos públicos de preservação patrimonial,
que tiveram como finalidade definir parâmetros para o salvamento arqueológico.

A Scientia Consultoria realizou, em 2005, os estudos arqueológicos para integrar o EIA-


RIMA do empreendimento Projeto UPGR (Scientia, 2005), que indicaram a necessidade
de realização de um programa de prospecções sistemáticas ao longo da faixa de servidão
existente, uma vez que esta não havia sido alvo de trabalhos sistemáticos de prospecção
arqueológica, quando da instalação dos demais dutos já instalados. A execução do
referido programa constituiu exigência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional – IPHAN - para a emissão da Licença de Instalação (Ofício 9ªSR/IPHAN/SP
nº226/2005, baseado no Parecer Técnico 9ªSR/IPHAN/SP nº33/2005), visando evitar que
o patrimônio arqueológico e histórico eventualmente existente ao longo da faixa de
servidão fosse colocado em risco com a instalação do gasoduto.

Entre 2006 e 2007, a Scientia Consultoria desenvolveu estudos para a regularização da


faixa de servidão da TRANSPETRO, entre os municípios paulistas de Taubaté e Mauá, em
função do Projeto de Regularização do Poliduto OSRIO e do Gasoduto GASPAL, para o
qual obteve autorização de pesquisa (Portaria IPHAN nº 362, de 21 de novembro de 2006,
Processo IPHAN nº 01506.001928/2006-87) (Scientia, 2006). As pesquisas realizadas
resultaram na identificação de 24 pontos de ocorrência de material arqueológico, sendo
dez sítios arqueológicos, sendo um deles o sítio Mogi 1 (Scientia, 2007a).

Em 2007, a Scientia Consultoria foi contratada pela Norfolk Distribuidora Ltda. - atual
Quattor Química S.A. para implantar o programa de prospecções intensivas, indicado em
2005, para o Duto REVAP-RECAP, na mesma faixa de servidão da TRANSPETRO, só
que restrito ao trecho entre os municípios paulistas de São José dos Campos e Mauá.
Como se tratava programa de levantamento intensivo a ser implantado na faixa da
TRANSPETRO, onde já estão instalados os sistemas GASPAL e OSRIO, e para a qual já
havia sido publicada a permissão de pesquisa, o IPHAN endossou a autorização de
pesquisa (Ofício 9ªSR/IPHAN/SP nº225/2007, baseado no Parecer Técnico
9ªSR/IPHAN/SP 090/2007) para que fossem executadas as pesquisas arqueológicas no
duto REVAP-RECAP (Scientia, 2007b). Como parte de tal processo também acordou-se a
realização de um estudo arquitetônico e histórico contemplando o sítio, visando subsidiar
os trabalhos arqueológicos (RODRIGUES e MAYUMI, 2008).

Com a prospecção e o estudo arquitetônico, prévios ao salvamento arqueológico, foi


possível identificar algumas estruturas e suas características. Do conjunto se destacavam
a casa-sede, feita em taipa, e a olaria, cujo forno encontrava-se arruinado. Essas duas
estruturas somavam-se ao entorno paisagístico, compondo um cenário dinâmico, onde se

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processaram diversas atividades socioeconômicas e socioculturais, cujas características
ainda poderiam ser resgatadas com o salvamento arqueológico.

Já naquele momento a pesquisa deparou-se com a dificuldade em se definir o momento


de implantação da fazenda e da edificação de sua sede, feita em taipa. Também, não se
identificaram registros datáveis da atividade oleira, voltada à fabricação de tijolos, ficando
tais momentos estimados por períodos dilatados, no caso: final do século XVIII e início do
XIX, para a sede, e a primeira metade do século XX, para o forno de tijolos. Também,
diversas informações documentais, identificadas, apresentavam-se fragmentadas e muitas
vezes desconexas. Em função de tais dificuldades, propôs-se um resgate arqueológico,
que tivesse como pressuposto aprofundar os conhecimentos existentes, o que foi
implementado através da execução de sondagens e escavações sistemáticas, com vistas
à identificação de remanescentes materiais, que viessem ao encontro de elucidar tais
questionamentos e outros que se colocaram, permitindo entender o sítio, enquanto
integrante de um contexto regional.

Neste sentido, o salvamento arqueológico do sítio Mogi 1 apresentou elementos materiais


capazes de ampliar nossos conhecimentos acerca da dinâmica social em que esteve
inserido. Deste ponto de vista ele não pode ser visto como um elemento estático, mas sim
integrante de um encadeamento histórico capaz de compor um cenário de manifestações
culturais, cujas inter-relações apresentam-se manifestas nos elementos materiais ali
identificados e estudados. Para montar tal cenário, buscou-se o rigor técnico e
metodológico, todavia reconhecemos que mesmo assim, determinadas questões ainda
ficaram por ser respondidas, principalmente porque diversos elementos, que compunham
o sítio, já não se encontravam mais presentes. Isso sem levar em conta todos os
elementos da cultura imaterial imanentes aos elementos físicos.

Entende-se o trabalho de resgate arqueológico como uma soma de diversas tarefas, onde
se procura unir teoria e técnica, na busca do melhor entendimento do sítio; e, também, que
a aquisição de tal conhecimento nos leva à inevitável destruição de elementos que
compunham o sítio, impedindo que se possa escavar o mesmo lugar novamente. Desta
forma, adotou-se um rigor metodológico, cuja técnica tratasse o sítio como um patrimônio
cultural, enquanto portador de atributos que o destacavam como ilustrativo de uma
arquitetura menor ou vernacular (CHOAY, 2001:12). Como tal, o salvamento arqueológico
visou à aquisição da maior quantidade de dados possíveis. Tal metodologia compreendeu
a execução de sondagens manuais, o uso de varredura do solo com radar do tipo GPR e
subsequente escavação ampliada das estruturas identificadas, além de registros
complementares com: fotos, topografia, descrições e desenhos. Assim, estes dados
colhidos em campo foram processados em laboratório, estruturando o presente relatório e
subsidiando os trabalhos de educação patrimonial.

Foi justamente no cotidiano dos trabalhos de resgate arqueológico, seja em campo ou em


laboratório, que a fusão entre técnica e teoria permitiu observar a singularidade e riqueza
de informações colhidas. Neste sentido, foi importante identificar no contexto histórico da
antiga fazenda, sua inserção na produção local de produtos agrícolas de subsistência e
exportação de excedentes. Como foi identificado no levantamento histórico, a região foi
uma importante produtora de algodão e derivados, que eram comercializados em São

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Paulo ou exportados para o Rio de Janeiro, fato que nos remeteu a outra característica
importante, referente à sua localização, pois a propriedade encontrava-se defronte ao eixo
de comunicação terrestre entre as duas antigas províncias e atuais cidades de São Paulo
e Rio de Janeiro, pois é justamente nesta região que os rios Tietê e Paraíba do Sul tem
sua maior proximidade, facilitando o uso de ambos como vetores de comunicação e
transporte. Este fato eleva a importância da propriedade, pois naquela via passaram
importantes personagens históricas, como: o conde de Assumar, o desenhista Tomas
Ender e os viajantes Spix, Martius e Saint-Hilaire, destacando-s também o príncipe regente
D. Pedro, que transitou nesta via quando se dirigia a São Paulo em 1822. Posteriormente,
tais características geográficas também foram determinantes para a implantação da
Ferrovia Central do Brasil, colaborando demasiadamente para o desenvolvimento
econômico regional. Todos estes acontecimentos, somados às características geográficas,
colocaram a fazenda em uma posição privilegiada, fazendo com que ela crescesse em
importância, explicitando, mesmo que em parte, as ações e o cotidiano daqueles que ali
habitaram, denotando seus esforços, ao valerem-se dos recursos naturais presentes no
entorno, para consolidar não só a propriedade, como todos os elos que a fundiam com a
sociedade em que estava inserida.

Metaforicamente, podemos entender a interpretação das informações resgatadas em


campo como uma imagem refletida num espelho, no qual podemos, ao contemplá-la, olhar
para o passado; todavia não se pode tocá-la, pois, assim como o reflexo no espelho, o
passado não existe mais. Visto desta forma, para a arqueologia, o sítio torna-se um objeto
na busca do entendimento de questões pretéritas associadas à cultura local, todavia, ao
interpretar os dados colhidos, corre-se o risco de transformá-lo em uma abstração do
passado, distinta do que realmente ele foi. Competiu-nos, assim, com o resgate do sítio
Mogi 1, capturar para dentro deste “espelho” a maior quantidade de dados possíveis e
dispô-los, o mais fielmente possível, conforme nossa interpretação, de acordo com a
realidade daquele passado. Todavia, não esqueçamos que, ao observarmos uma
interpretação da realidade, ela se torna uma imagem “espelhada” que se altera de acordo
com o ângulo da qual a observamos, podendo então apresentar distorções.

Tal cuidado se torna mais importante quanto constatamos a singularidade do sítio. Por se
tratar de uma edificação em taipa, a casa-sede coloca-se à frente das demais estruturas e
elementos paisagísticos do conjunto, pois são raras as oportunidades que se tem para
estudar tal tipo de edificação, e mais raro ainda pelo fato de ser ela uma construção civil,
visto que os exemplares públicos ou eclesiásticos feitos de taipa, como: prédios públicos,
igrejas e conventos, são notadamente melhor preservados e estudados. Todavia, a própria
dificuldade (burocrática e executória) e o custo em se preservar tais edificações civis,
fazem com que sejam preteridas em detrimento de moradias mais modernas, ou
adaptadas para novos usos, como aparentemente foi o caso no sítio São João, onde a
propriedade, parcelada por heranças, deixou de ser uma fazenda, para se tornar uma casa
de campo de finais de semana. Entretanto, o sítio não se apresenta somente pela casa-
sede, junto a ela somam-se a olaria, o sistema de abastecimento de água, os caminhos e
todo o entorno paisagístico, que, embora muito degradados, ainda se apresentaram como
abundantes fontes de informações aos olhos da arqueologia.

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Com efeito, em termos de resultado, a maior ausência foi a não identificação de uma área
de descarte, que pudesse apresentar um volume de artefatos em maior monta e
estratigraficamente dispostos, de tal forma que questões como: datações mais precisas e
outras características associadas aos usos e costumes, pudessem ser elucidadas.
Todavia, como descrito na Consolidação dos Resultados, tal ausência também deve ser
tomada como informação nobre, pois a dinâmica de ocupação recente implementada no
sítio São João nos leva a considerar tais áreas de descarte e outros elementos
construtivos, tidos como incômodos ou estranhos aos novos usos e negativos do ponto de
vista estético, provavelmente foram suprimidos do contexto. Também, a ação deletéria de
pessoas da comunidade local, que adentram na propriedade para retirar material
construtivo e artefatos diversos, colocam em risco sua integridade física e,
consequentemente, as informações arqueológicas ali existentes.

Ao se propor o resgate arqueológico em uma propriedade particular, cuja função social


alterou-se de uma unidade de produção rural para um sítio para uso em fins de semana,
onde seu patrimônio histórico é considerado como mero coadjuvante ou até mesmo um
estorvo ao novo cenário proposto. Procurou-se, então, fazer uma ponte entre estes dois
momentos, processando-se uma releitura do sítio São João, tomando-o como sítio
arqueológico e consubstanciando as informações colhidas em campo neste relatório e no
trabalho de educação patrimonial, executado com professores da Escola Municipal
Etelvina Cáfaro Salustiano e Escola Estadual Padre Bernardo Murphy, ambas
localizadas no Conjunto Habitacional Jefferson da Silva. Todavia, julgamos que isso deve
ser posto, não somente como uma imposição legal em atendimento à Portaria nº 230/2002
do IPHAN, mas sim como prática capaz de multiplicar esforços, tanto para com a
comunidade local, quanto para população de Mogi das Cruzes, pois as singularidades
apresentadas no trabalho, bem como o próprio sítio, são totalmente desconhecimento da
comunidade em geral.

Não se trata, pois, de glorificar o passado, ou de prestigiar postumamente seus


construtores e habitantes, afinal, para eles isto não tem mais significado. Todavia, olhar
para aquele patrimônio através de uma “lente” arqueológica, nos permite visualizar a nós
mesmos e à nossa sociedade. Permite-nos, também, mesmo que alegoricamente, ver o
passado e a relação que temos com ele. Assim, quando nos deparamos com uma
edificação de taipa, nos moldes da casa-sede do sítio São João, fica explícito que tal
relação ainda tem muito a crescer, pois falta à comunidade local valorar tal local como
elemento constituinte de nossas raízes culturais. Pois, se não dermos o devido valor ao
sítio, não o tomamos como um patrimônio e, consequentemente, não o preservamos.
Como arqueólogos, ao nos depararmos com tal situação, cumpre usar nossos
conhecimentos teóricos e técnicos de forma promover o resgate, dentro da metodologia
proposta. Cumpre também disponibilizar tais conhecimentos para usos outros que
transcendem o escopo da pesquisa acadêmica, como foi o caso dos trabalhos de
educação patrimonial, trazendo à sociedade o devido destaque que o sítio São João
merece junto à comunidade local.

Visando dar suporte a eventuais pesquisas futuras, procuramos no presente relatório


separar, da melhor forma possível, o que seriam dados e o que seriam nossas
interpretações, pois estas são sempre somente pontos de vista, e aqueles, fontes

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irrefutáveis de informações e, como tal, sujeitos a novas interpretações. Tal distanciamento
pode ser identificado nos diversos itens do relatório, onde: na Descrição Metodológica,
no Salvamento e na Curadoria dos Materiais, procurou-se a isenção interpretativa; já na
Descrição e na Consolidação dos Resultados, procurou-se um meio termo, pois nestes
itens somam-se: dados, conhecimentos advindos de outros trabalhos, correlações e
interpretações.

Finalizando nossas ponderações gostaríamos de tecer algumas considerações acerca do


estado de conservação em que se encontra o sítio Mogi 1.

Como relatado, todo conjunto encontra-se demasiadamente degradado, ficando o


destaque para a casa-sede, que ruiu na passagem de 2009 para 2010. Diante de tal fato,
cumpre ressaltar a urgência em se tomar medidas de proteção, que, preliminarmente,
estabilizem o processo de colapso em curso, seguidas prontamente por restauro, através
da consolidação estrutural e reconstituição das características estéticas e estilísticas,
conforme preceitos arquitetônicos. Não se deve esquecer, todavia, o entorno da casa-
sede, que como demonstrado no presente relatório, compunha a paisagem do sítio.

Cumpre ainda registrar que esforços neste sentido vêm sendo implementados (antes
mesmo da sede ruir) por órgãos municipais, a Divisão de Patrimônio Histórico e
Conhecimento (DPHC) e o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico,
Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes (COMPHAP), que atuam no sentido
de obter recursos, junto à iniciativa privada e ao poder público, para proteger o bem
cultural através da cobertura da edificação e, eventualmente, o seu restauro e
reconstrução. Todavia, tais iniciativas esbarram no fato do sítio São João ser uma
propriedade privada, o que dificulta a formulação de projetos para este fim, fato que pode
ser observado na própria dificuldade em se tombar o sítio, visto que o processo ainda se
encontra em andamento. Saliente-se, todavia, que a edificação se desintegra em uma
velocidade tal, que talvez não alcance tais definições, pois sendo uma construção de taipa
de pilão, apresenta-se em estado de risco elevado devido à sua fragilidade na presença de
água, principalmente agora que seu telhado ruiu.

Enfim, na consolidação dos resultados, obtidos em campo e no laboratório, algumas


questões puderam ser aprofundadas e elucidadas, já outras se mostraram ainda
imprecisas, todavia o desafio de se preservar tal patrimônio não se restringe a este
salvamento arqueológico, antes, pelo contrário, toma fôlego e nos permite agora somar
conhecimentos para novas empreitadas, visando preservá-lo e conscientizar as
comunidades locais e regionais de sua importância singular para a formação de uma
identidade cultural que prestigie o saber local.

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EQUIPE TÉCNICA

Coordenação: Ms. Maria do Carmo Mattos Monteiro dos Santos

Consultoria: Dra. Solange Bezerra Caldarelli

Educação Patrimonial: Ms. Eneida Malerbi

Carla Verônica Pequini

Anderson Barbosa Alves Pereira


Equipe Laboratório:
Ms. Alexandre Bagniewski

Renato Mangueira (estagiário)

Equipe de campo: Arqueólogo Anderson Barbosa Alves Pereira

Arqueóloga Carla Verônica Pequini

Técnico Carlos Alberto Silva Duarte

Auxiliar técnico Edilson Araujo da Silva

Auxiliar técnico Edson da Silva Ribeiro Filho

Auxiliar técnico Messias da Silva Ribeiro

Consolidação do Relatório Final Anderson Barbosa Alves Pereira

Carla Verônica Pequini

Ms. Eneida Malerbi

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ANEXOS

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Anexo 1

Relação de equipamentos
utilizados.

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Relação de equipamentos utilizados

• Trenas de 5 metros, com fita de aço, conforme norma NBR 10123 – fabricante
Lufkin.
• Trenas de 50 metros, com fita em fibra de vidro, conforme norma NBR 10124 -
fabricante Lufkin.
• Esquadro de 30cm, metálico – fabricante Stanley.
• Paquímetro mitutoyo.
• GPS modelo 63CSx – fabricante Garmin ,
• Equipamento de GPR (Ground Penetrating Radar), Modelo: Remac/GPR, com
antena de 250MHz – fabricante Mäla Geoscience. Operação sob respondabilidade
da empresa: GPR Geoscience Geofísica LTDA, na responsabilidade do geofísico
Odirlei Neumann.
• Estação Total. Topcom modelo GTS266.
• Bússola.
• Máquina Fotográfica, modelo DSC-W120 – Fabricante Sony.

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Anexo 2
Levantamento GPR para
Estudo Arqueológico.

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100
GPR GEOSCIENCE GEOFÍSICA LTDA

RELATÓRIO:

LEVANTAMENTO GPR PARA ESTUDOS ARQUEOLÓGICOS


EM ÁREA RURAL NO MUNICÍPIO DE MOGI DAS CRUZES-SP

Solicitante:
- SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA

MAIO de 2010

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101
Relatório Arqueologia

ÍNDICE

1. Introdução............................................................................Pág 2

2. Metodologia Empregada.......................................................Pág 3

3. Equipamento GPR.................................................................Pág 6

4. Levantamento de Campo.......................................................Pág 7

5. Processamento dos Dados GPR..............................................Pág 9

6. Apresentação e Discussão dos Resultados ............................Pág 10

7. Conclusão.............................................................................Pág 18

8. Referências Bibliográficas....................................................Pág 19

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1. Introdução

Este relatório apresenta os resultados do levantamento geofísico de GPR, realizado


em Abril de 2010, aplicado à investigação arqueológica com o objetivo de identificar
estruturas rasas em subsuperficie que pudessem estar associadas às antigas fundações ou
objetos cerâmicos de grande porte, assim como detectar outras feições antropogênicas
subterrâneas de interesse na área. Esta área esta localizada no Município de Mogi das
Cruzes-SP (Figuras 1).

Figura 1. Localização do município de Mogi das Cruzes-SP (Google).

Assim, a finalidade primordial dos trabalhos realizados foi determinar as anomalias


geofísicas, discriminando-as do material original, com intuito de se indicar seus
posicionamentos e suas abrangências, os quais poderão subsidiar atividades futuras de
escavação nesses locais.

O método geofísico utilizado nos trabalhos de campo foi o GPR (Ground Penetrating
Radar), conhecido no Brasil por geo-radar ou radar de penetração no solo, o qual
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proporciona a detecção de contrastes nas propriedades físicas em subsuperfície, e que
podem ser correlacionadas à variação do material geológico presente (aterro, solo, rocha,
contaminações, etc).

2. Metodologia Empregada

Os métodos geofísicos são técnicas de rastreamento em superfície, não invasivos e,


portanto, não destrutivos, empregados em diversas aplicações como arqueologia, meio
ambiente, geotecnia, engenharia e mineração, assim como na identificação de objetos
enterrados.

No caso em questão, o método selecionado foi o GPR (Ground Penetrating Radar) que
é um método de investigação geofísica que se fundamenta na emissão e recepção de ondas
eletromagnéticas de alta freqüência (10 a 1000MHz) em subsuperfície.

O funcionamento do método GPR se baseia na seguinte sistemática: um pulso (onda)


de energia eletromagnética é irradiado para o interior do solo por uma antena transmissora
(Figura 2), a energia refletida é captada pela antena receptora, sendo o sinal, então,
amplificado, formatado, armazenado e apresentado na tela de um notebook.

deslocamento

antena antena antena antena


superfície
reflexão
emissão
emissão

reflexão

reflexão

reflexão
emissão

emissão

Aterro ( K1)

anomalia interface

Solo ( K2)

Figura 2. Esquema de emissão e reflexão do sinal GPR em subsuperfície.

As reflexões da onda eletromagnética em subsuperfície ocorrem nas interfaces de


materiais com diferentes propriedades dielétricas. A propriedade física envolvida neste
fenômeno é a permissividade dielétrica, que é expressa pela constante dielétrica “K”.
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TABELA 1. Coeficiente dielétrico (K), condutividade elétrica e velocidade de propagação da


onda eletromagnética para diversos materiais (Davis & Annan, 1992; Ulriksen, 1982).

σ V
Material K
(mS/m) (m/ns)
Ar 1 0 0,30
Água doce 81 0,5 0,033
Água do mar 81 4000 0,033
Areia seca 3-5 0,01 0,13-0,17
Areia saturada 20 - 30 0,1-1 0,05-0,07
Calcáreo 4-8 0,5-2 0,11-0,15
Folhelho 5 - 15 1-100 0,08-0,13
Siltes 5 - 30 1-100 0,05-0,13
Argilas 5 - 40 2-1000 0,05-0,13
Granito 4-6 0,01-1 0,12-0,15
Arenito (saturado) 6 40 0,12
Gabro 8,5 - 40 1 0,05-0,10
Gnaisse 8,5 0,01 0,10
Solo arenoso seco 2,6 0,14 0,19
Solo arenoso saturado 25 6,9 0,06
Solo argiloso seco 2,4 0,27 0,19
Solo argiloso saturado 15 50 0,08

O GPR fornece seções contínuas em tempo real (distância percorrida x profundidade)


dos perfis executados em campo, proporcionando o imageamento de alta resolução das
estruturas ou feições em subsuperfície (Ex. Figura 3).

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Figura 3. Exemplo de uma seção GPR com anomalias arqueológicas.

A freqüência da antena é escolhida de modo a fornecer a relação mais vantajosa


entre a penetração e a resolução para um determinado objetivo, sendo que a maioria dos
sistemas pode operar sob várias freqüências.

Ondas de radar com freqüências que variam de 10 a 200 MHz apresentam maior
profundidade de penetração que as freqüências situadas no intervalo de 250 a 1000 MHz,
que apresentam maior resolução (maior detalhamento).

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Tabela 2. Freqüência das antenas do GPR e faixa aproximada de profundidade de


investigação (Fonte: Malä Geoscience, 1997).

Freqüência da antena Faixa de profundidade


(MHZ) (metros)
25 5,00 – 30,00
50 5,00 – 20,00
100 2,00 – 15,00
200 1,00 – 10,00
500 1,00 – 5,00
1000 0,05 – 2,00

3. Equipamento GPR

Um sistema de GPR consiste de quatro módulos principais (Figura 4): antena


transmissora e transmissor eletrônico (Tx), antena receptora e receptor eletrônico (Rx),
unidade de controle (UC) e unidade de armazenamento/apresentação dos dados (notebook).

Unidade de
Transmissor
Controle
Receptor

Notebook

Antena

Antena

Disparadores
de Sinal

Figura 4. Equipamento Ramac/GPR (Fonte: Malä Geoscience).

O equipamento empregado no levantamento de campo foi o Ramac/GPR, marca Mäla


Geoscience (Figura 4), fabricado na Suécia, sendo utilizada a antena blindada com
freqüência de 250MHz, a qual, devido a sua blindagem, minimiza os efeitos de
interferências externas (cabos elétricos, postes, objetos metálicos em superfície, etc) e, no
caso, proporcionou a resolução e a profundidade de alcance requerido para o trabalho
desenvolvido.

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Figura 5. Foto GPR sendo utilizado no local.

4. Levantamento de Campo

Como já foi descrito anteriormente, o levantamento GPR foi realizado com a antena
blindada de freqüência central de 250MHz. A seleção desta antena de alta resolução se
refere ao seu emprego em trabalhos de detecção de interferências e estruturas rasas em
subsuperfície, o que proporcionou o detalhamento e a penetração suficientes para os
objetivos propostos, atingindo em torno de 3,0 metros de profundidade.

A antena foi conectada por cabos de fibra ótica à unidade de controle (UC), a qual é
responsável por controlar todos os parâmetros de aquisição e envio dos dados obtidos para
armazenamento em um notebook, sendo todos esses componentes acoplados ao sistema
móvel de levantamento (Figura 5).

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O levantamento em campo consistiu em deslocar sobre a superfície do terreno (perfis
ou linhas) o sistema GPR nos locais de interesse. Conforme mapa de distribuição das linhas
fornecido pela contratante, foram executados 11 (onze) perfis GPR, como podemos ver no
croqui mostrado na Figura 6.

Figura 6. Nome, posição e sentido das linhas de GPR.

Os dados de campo foram adquiridos através de perfilagem contínua, com arranjo


dipolo (ou common off-set), que corresponde a uma separação constante entre as antenas
transmissora e receptora, que no caso foi de 0,4 metros para a antena blindada de 250MHz.

Os trabalhos de campo foram desenvolvidos através da execução de perfis GPR


paralelos entre si e eqüidistantes de metro em metro, com intuito de proporcionar uma
cobertura mais completa possível dos locais investigados.

Os levantamentos foram executados tendo como intervalo de medidas 8 cm


(amostragem espacial), resultando numa varredura de grande resolução nas áreas
investigadas.

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A realização dos trabalhos de campo consistiu no posicionamento do Sistema GPR no
ponto inicial dos segmentos de interesse e posterior configuração dos parâmetros de
aquisição de campo da antena de 250 MHz. Estas configurações foram realizadas através
de ajustes no programa de operação Ramac2 (Malä Geoscience) e tiveram por objetivo
principal obter uma melhor qualidade nos resultados para a identificação de corpos com
dimensões reduzidas, sendo que esses parâmetros foram padronizados para o restante do
levantamento.

A fim de minimizar o efeito da divergência esférica, caracterizado pela atenuação das


ondas no meio propagado, aplicou-se um ganho visual, durante a aquisição, a partir da
análise da amplitude dos traços em função do tempo.

5. Processamento dos Dados GPR

Na elaboração das seções GPR, foi empregado o programa Radpro, da Malä


Geoscience (Suécia).

Este programa possibilita o processamento das seções utilizando os diversos


operadores como: Ganhos, filtragens, migrações e deconvoluções. Nesta etapa, foram
utilizadas as operações de processamento de: DC Filter, AGC, Filtro Passa-Banda e Filtro
Espacial.

Por fim, foram realizadas as interpretações dos mapas gerados, sendo que as
exibições se deram por densidade variável, representada por contrastes de “pixels” ou cores,
de acordo com o valor da amplitude para cada feição identificada.

A rotina de processamento de dados do GPR obedece alguns operadores semelhantes


às técnicas de processamento de dados sísmicos, uma vez que nas altas freqüências de
atuação do método, a onda eletromagnética se comporta de forma similar à propagação de
uma onda elástica, sofrendo, assim, reflexões e refrações.

A finalidade do processamento aqui desenvolvido foi realçar nas seções os contrastes


do sinal GPR entre o material original do site e as possíveis feições de subsuperfície ou
estruturas enterradas (Ex. Figura 3), em detrimento de qualquer outro objetivo.

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A seqüência de processamento aplicado sobre os dados dos perfis foi a seguinte:
1- DC-Filter (eliminação do ruído eletrônico e correção do tempo zero);
2- AGC (controle de ganho automático);
3- Filtro Passa-Banda (eliminação de freqüências fora da freqüência central da antena
utilizada);
4- Filtro Espacial (eliminação de reverberações do sinal – ringing);

6. Apresentação e discussão dos Resultados

A seguir, são apresentadas todas as seções GPR realizadas em campo, sendo que
nem todas apresentaram alguma área anômala. Vale salientar que as anomalias
encontradas, podem ser artefatos arqueológicos, rochas, ou mesmo uma diferença nas
propriedades do solo, como bolsões de argila ou areia.

Figura 7. Perfil GPR L1


Pode ser observada, no Perfil L1 (Figura 7), a presença de uma anomalia, a qual se
apresenta como um refletor contínuo forte, porém inclinado, e que possui contornos de
fundo irregular. Esta anomalia pode estar relacionada a uma antiga fundação, ou objeto de
grande porte.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 17,0 a


24,0m e entre as profundidades de 0,50 e 1,50m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

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Figura 8. Perfil GPR L1-CONT


Neste perfil L1-Cont (Figura 8), não observamos nenhuma anomalia de porte e
dimensões de interesse, apenas pequenas alterações que devem estar correlacionadas a
presença de pedras e diferenciação litológica.

Figura 9. Perfil GPR L2i

Pode ser observada, no Perfil L2i (Figura 9), a presença de duas anomalias, a
primeira se apresenta como um refletor contínuo forte, porém inclinado, e que possui
contornos de fundo e topo irregulares. Esta anomalia pode estar relacionada a algum objeto
em subsolo.

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Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 39,5 a
44,5m e entre as profundidades de 0,50 e 1,0m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

Também podemos observar uma segunda área anômala, esta menos definida e com
dimensões maiores, o que pode corresponder a uma zona com artefatos arqueológicos.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 109,0 a


119,0m e entre as profundidades de 0,30 e 0,80m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

Figura 10. Perfil GPR L3

Pode ser observada, no Perfil L3 (Figura 10), a presença de uma anomalia, a qual se
apresenta como um refletor contínuo forte, porém inclinado, e que possui contornos bem
definidos. Esta anomalia pode estar relacionada a uma antiga fundação, ou objeto de
grande porte.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 53,0 a


57,0m e entre as profundidades de 0,40 e 0,80m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

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Figura 11. Perfil GPR L3-cont

Pode ser observada, no Perfil L3-cont (Figura 11), a presença de uma anomalia, a
qual se apresenta como um refletor contínuo forte, porém inclinado, e que possui contornos
não muito bem definidos. Esta anomalia pode estar relacionada a uma antiga fundação, ou
objeto de grande porte.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 0,0 a


4,0m e entre as profundidades de 0,30 e 1,20m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

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Figura 12. Perfil GPR L4i

Pode ser observada, no Perfil L4i (Figura 12), a presença de duas anomalias, a
primeira se apresenta como um área de forte amplitude do sinal GPR, porém possui
contornos de fundo e topo irregulares. Esta anomalia pode estar relacionada a algum objeto
em subsolo.
Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 4,0 a
7,0m e entre as profundidades de 0,20 e 1,0m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

Também podemos observar uma segunda anomalia hiperbólica, este tipo de


anomalias normalmente corresponde a algum objeto cilíndrico ou esférico em subsolo.

Essa anomalia se posiciona no perfil em aproximadamente 12,0 metros e a uma


profundidade de topo de 0,5 metros, Conforme sugerido, recomenda-se uma investigação
neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

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Figura 13. Perfil GPR L4i-cont

Pode ser observada, no Perfil L4i-cont (Figura 13), a presença de uma anomalia, a
qual se apresenta como um refletor contínuo forte, porém inclinado, e que possui contornos
não muito bem definidos. Esta anomalia pode estar relacionada a uma antiga fundação, ou
objeto de grande porte.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 0,0 a


12,0m e entre as profundidades de 0,50 e 1,00m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

Figura 14. Perfil GPR L5i


Neste perfil L5i (Figura 14), não observamos nenhuma anomalia de porte e
dimensões de interesse, apenas alterações que devem estar correlacionadas a presença de
pedras e diferenciação litológica.

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Figura 15. Perfil GPR L6


Neste perfil L6 (Figura 15), não observamos nenhuma anomalia de porte e dimensões
de interesse, apenas alterações que devem estar correlacionadas a presença de pedras e
diferenciação litológica.

Figura 16. Perfil GPR L7i

Neste perfil L7i (Figura 16), não observamos nenhuma anomalia de porte e
dimensões de interesse, apenas alterações que devem estar correlacionadas a presença de
pedras e diferenciação litológica.

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Figura 17. Perfil GPR L8

Pode ser observada, no Perfil L8 (Figura 17), a presença de uma anomalia, a qual se
apresenta como uma pequena área de forte amplitude do sinal GPR. Porém não é de grande
dimensão e possui contornos não muito bem definidos. Esta anomalia pode estar
relacionada a um artefato arqueológico.

Essa anomalia se posiciona no perfil nas distâncias entre aproximadamente 4,0 a


7,0m e entre as profundidades de 0,80 e 1,10m. Conforme sugerido, recomenda-se uma
investigação neste local para que seja aferida a origem dessa anomalia.

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7. Conclusão

O levantamento geofísico realizado para a detecção de interferências em subsolo, e


aqui apresentado neste relatório apontou a existência de algumas anomalias em
subsuperfície, conforme pode ser visto no Item 6 deste relatório.

A partir da avaliação preliminar aqui reportada e dos resultados obtidos neste


trabalho, recomenda-se a realização de uma investigação confirmatória no site, consistindo
na execução de trincheiras arqueológicas para a comprovação das profundidades e do tipo
de interferências encontradas, haja vista que as anomalias encontradas podem estar
correlacionadas a matacões ou bolsões de materiais diversos e/ou contrastantes com a
geologia predominante no local.

Além disso, recomenda-se que as informações obtidas neste levantamento geofísico


sejam observadas em sua totalidade, conforme as discussões inseridas ao longo do corpo
deste relatório, com intuito de se subsidiar os futuros trabalhos de escavação a serem
executados na área.

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8. Referências Bibliográficas

ANNAN, A.P. (1992) Use and techniques of GPR in near surface geophysics. Society
of Exploration Geophysicists. Workshop Notes, Sensor & Software Inc.110p.

AQUINO, W. F. (2000) Métodos geofísicos eletromagnéticos aplicados ao diagnóstico


da contaminação do solo e das águas subterrâneas em área de infiltração de
resíduos industriais. Dissertação de Mestrado – USP. 112p.

RADPRO (1996) Manual do software de processamento de dados do GPR RAMAC na


versão 2.25. Malä-Geoscience. 52p.

RAMAC/GPR (2001) Software versão 3.2/BETA. Malä-Geoscience.

RAMAC/GPR (2001) Manual do instrumento na versão 3.0. Malä-Geoscience. 103p.

NEUMANN, O. Caracterização e Modelagem de Análogos de Reservatório,


Empregando o GPR. 2004. 123 f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Graduação em
Geofísica) - Universidade Federal da Bahia, Agência Nacional do Petróleo. 2003.

Cotia-SP, 01/05/2010

___________________________________
Odirlei Neumann – Geofísico

GPR Geoscience Geofísica Ltda


Inscr. CNPJ: 07.298.495/0001-26

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Anexo 3
Relação de Sondagens.

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Sondagens

Nível Camada (cm) Composição Coloração Foto

Sondagem A0
I 0-50 Orgânico Marrom-escura
Obs.: Camada única.

Sondagem A5
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-25 Argilossolo Marrom
III 25-55 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem A9
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-50 Argilossolo Marrom-escura
Obs.:
Sondagem B1
I 0-50 Orgânico Marrom-escura
Obs.: Camada única.

Sondagem B5
I 0-5 Húmus Negra
Obs.: área alagada.

Sondagem B8
I 0-10 Argilossolo Marrom-escura
II 10-22 Argilossolo Marrom-clara
III 22-40 Argilossolo Marrom-clara
IV 40-50 Argilossolo Marrom-clara
Obs.:
Sondagem C2
I 0-7 Orgânico Marrom
II 7-110 Argilossolo Ocre escuro
III 110-120 Argilossolo creme escuro
Obs.: Presença de água ao fundo da sondagem.
Sondagem C4
I 0-50 Orgânico Marrom-escura
Obs.: local próximo à bananeira.

Sondagem C5
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-35 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem C7
I 0-13 Argilossolo Marrom
II 13-20 Argilossolo Marrom
III 20-55 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem D3
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-100 Argilossolo Marrom-clara
III 100-105 Argilossolo Ocre (misto)
Obs.:
Sondagem D4
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-40 Argilossolo Marrom
III 40-100 Argilossolo Ocre
Obs.:
Sondagem D5
I 0-19 Argilossolo Marrom
II 19-24 Argilossolo Marrom
III 24-28 Argilossolo Marrom
IV 28-30 Argilossolo Marrom
V 30-35 Argilossolo Ocre

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 122
Sondagem D6
I 0-5 Orgânico Marrom
II 5-60 Argilossolo Marrom

Sondagem E1
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-85 Argilossolo Ocre
Obs.:
Sondagem E2
I 0-50 Argilossolo Marrom
Obs.: Presença de fragmentos de telha (não coletado).

Sondagem E3
I 0-15 Argilossolo Marrom
II 15-26 Argilossolo Marrom
III 26-40 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem E4
I 0-10 cascalho (brita) misto
II 10-25 misto com entulho
III 25-35 Argilossolo Ocre
Obs.:
Sondagem E5
I 0-15 Orgânico aterro (entulho)
II 15-40 Argilossolo Marrom-avermelhada
III 40-45 Argilossolo Marrom-avermelhada
Obs.: Presença de fragmentos de ferro, ossos, louça e bolinha de gude no nível II.

Sondagem E6
I 0 - 30 Argilossolo aterro com presença de rochas
II 30 - 50 Argilossolo Marrom
III 50 - 60 Argilossolo Marrom
IV 60 - 70 Argilossolo Marrom
V Argilossolo Ocre
Obs.: Presença de nível com rochas, possivelmente pavimento.
Sondagem E7
I 0-20 Argilossolo Aterro (entulho)
Obs.: aterro. A 0,20m, entulho de material construtivo, com tijolos e telhas da sede.

Sondagem E8
I 0-5 Orgânico Marrom
II 5-60 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem E9
I 0-5 Argilossolo Marrom
II 5-35 Argilossolo Marrom
III 35-50 rochas Marrom
Obs.: Possível piso em rocha a partir do nível III.
Sondagem F1
I 0-5 Orgânico Marrom
II 5-105 Argilossolo Marrom
III 105-110 Rochas Marrom
Obs.: Possível piso em rocha a partir do nível III.

Sondagem F3
I 0-5 Orgânico Marrom-escura
II 5-45 Argilossolo Marrom
III 45-50 Argilossolo Ocre
Obs.: Possível piso em rocha a partir do nível III.

Sondagem F6
I 0-5 Orgânico Marrom
II 5-40 Argilossolo Marrom
Obs.:

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


123 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Sondagem F7
I 0-17 Argilossolo Marrom-escura
II 17-35 Saibro Ocre
III 35-55 Saibro Avermelhado
IV 55-75 Gleissolo Ocre-claro
V 75-100 Gleissolo Creme
Obs.: Presença de cascalho no nível II.
Sondagem F8
I 0-60 Argilossolo Marrom
II 60-100 rochas Ocre
Obs.:
Sondagem F9
I 0-20 Argilossolo Marrom
II 20-25 Rochas Ocre
Obs.:
Sondagem G0
I 0-50 Argilossolo Marrom
Obs.:

Sondagem G1
I 0-60 Argilossolo Marrom
Obs.:

Sondagem G2
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-50 Argilossolo Marrom-clara
Obs.: Presença de tronco na lateral da sondagem.
Sondagem G3
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-30 Argilossolo Marrom
III 30-35 piçarra Ocre
Obs.: Finalizado em cascalho de quartzito.
Sondagem G4a
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-30 Argilossolo Marrom
III 30-45 Argilossolo Ocre
IV 45-50 saibro Ocre (mesclado)
Obs.: Presença de mescla avermelhada no nível IV.
Sondagem G4b
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-40 Argilossolo Marrom
III 40-60 saibro Amarelado
Obs.:
Sondagem G5a
I 0-17 Argilossolo Marrom-escura
II 17-35 Saibro Ocre
III 35-55 Saibro Avermelhado

Sondagem G5b
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-40 Argilossolo Marrom
III 40-50 Argilossolo Marrom-avermelhada
IV 50-120 Argilossolo Marrom-avermelhada
Obs.: A partir da sondagem IV abertura com boca de lobo (cilíndrica, no centro da sondagem).
Sondagem G6
I 0-50 Argilossolo Aterro (entulho)
II Argilossolo Marrom
III Argilossolo Marrom-avermelhada
IV Argilossolo Marrom-avermelhada
Obs.: Tubulação que liga o banheiro à caixa d’água à cerca de 1,0 m da sondagem.

Sondagem G7
I 0-25 Orgânico Marrom
II 25-75 Cascalho Ocre
III 75-110 Argilossolo Ocre
Obs.: Presença de fragmentos de louça e vidro no nível I.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 124
Sondagem G8
I 0-12 Orgânico Marrom-escura
II 12-40 Argilossolo Marrom
III 40-45 piçarra Ocre
Obs.:
Sondagem H3
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-50 Argilossolo Marrom
Obs.: Presença de fragmentos de telha no nível I (não coletado).
Sondagem H4a
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-125 Argilossolo Marrom
Obs.: Presença de fragmentos de louça no nível II (a 20cm).
Sondagem H4b
I 0-12 Orgânico Marrom-escura
II 12-40 Argilossolo Marrom
III 40-50 Argilossolo Marrom
Obs.: Presença de raízes e grãos de carvão no nível II.
Sondagem H5
I 0,12 Orgânico Marrom-escura
II 12-40 Argilossolo Marrom-escura
III 40-55 Argilossolo Ocre
Obs.: Presença de material vítreo no nível I.
Sondagem H6
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-30 Argilossolo Marrom
Obs.: Finalizado em cascalho de quartzito.
Sondagem H7
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-25 Argilossolo Marrom
III 25-50 cascalho Ocre
Obs.: Presença de fragmentos de louça no nível I.
Sondagem H8
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-50 Argilossolo Marrom
Obs.: Presença de fragmentos de cerâmica e louça no nível I.
Sondagem J2
I 0-20 Orgânico Marrom-escura
II 20-65 Argilossolo Marrom-escura
III 65-80 Argilossolo Marrom amarelado
Obs.:
Sondagem J3
I 0-15 Argilossolo Marrom
II 15-55 Argilossolo Marrom
Obs.:

Sondagem J4a
I 0-13 Orgânico Marrom-escura
II 13-45 Argilossolo Marrom
Obs.:

Sondagem J4b
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-17 Orgânico Marrom-escura
III 17-110 Argilossolo Marrom-escura
IV 110-120 Gleissolo Creme (caramelo)

Sondagem J5
I 0-20 Orgânico Marrom
II 20-60 Argilossolo Ocre
Obs.: Finalizado em cascalho de quartzito.
Sondagem J6
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-100 Argilossolo Marrom-escura
III 100-110 Argilossolo Ocre
Obs.:
Sondagem J7

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


125 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
I 0-12 misto Marrom-escura
II 12-20 Orgânico Marrom-escura
III 20-100 Argilossolo Marrom-escura
IV 100-110 Argilossolo Marrom-amarelada
Obs.: No nível I o solo foi depositado recentemente.
Sondagem J8
I 0-12 Orgânico Marrom-escura
II 12-85 Argilossolo Marrom
III 85-100 Gleissolo creme
IV 100-110 Gleissolo cinza
Obs.:
Sondagem K1
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-45 Argilossolo Marrom
Obs.:
Sondagem K3
I 0-50 Orgânico Marrom-escura
Obs.: No nível I o solo foi depositado recentemente.

Sondagem K4a
I 0-50 Argilossolo Marrom
Obs.: Solo homogêneo.

Sondagem K4b
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-110 Argilossolo Marrom
III 110-120 Gleissolo Ocre
Obs.: Presença de plástico e fragmentos de telha no nível II.
Sondagem K5
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-20 Argilossolo Marrom-escura
III 20-105 Argilossolo Marrom
IV 105-110 Gleissolo Marrom-clara
Obs.: Presença de fragmentos de telha e carvão no nível II (não coletado).
Sondagem K6
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-110 Argilossolo Marrom-escura
III 110-120 Argilossolo Creme
Obs.:
Sondagem K7
I 0-90 Orgânico Marrom-escura
II 90-100 Gleissolo Cinza
Obs.: Presença de fragmentos de telha e carvão no nível II.
Sondagem L3
I 0-10 Orgânico Marrom-escura
II 10-50 Orgânico Marrom-escura
Obs.:
Sondagem L4a
I 0-45 Orgânico Marrom-escura
Obs.:

Sondagem L4b
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-30 Argilossolo Marrom-escura
III 30-50 Gleissolo Cinza
Obs.: Ao fundo do nível III presença de água.
Sondagem L5
I 0-15 Orgânico Marrom-escura
II 15-100 Argilossolo Marrom-escura
III 100-110 Gleissolo Cinza
Obs.: Presença de louça, cerâmica e vidro no nível II.
Sondagem L6
I 0-5 Orgânico Marrom-escura
II 5-35 Argilossolo Marrom-escura
III 35-85 Argilossolo Marrom-escura
IV 85-90 Gleissolo Cinza

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 126
Anexo 4
Livreto
“O que é patrimônio arqueológico?”

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
127
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0123145 467869 8
26
72604 1 5  26 146
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 23 674
618
660

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
128
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Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


129 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
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Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
130
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Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


131 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
12324567823492
4245 54 2837
7 48324 4 2495 837 44 357 4795
87 45 89 4
547
8532345 54
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Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
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1
 7849
714176
16797169494141 
13 7 4 87141 5
1997 7141
4811789

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1 8
1 
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Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


139 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Anexo 5
Material de apoio ou sugestões de
atividades para sala de aula.

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Anexo 6
E. E. Pe. Bernardo Murphy
Recibos de entrega de
livretos para bibliotecas,
folhas de presença,
avaliações dos docentes.

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Anexo 7
E. M. Prof. Etelvina Caffaro
Salustiano
Recibos de entrega de
livretos para bibliotecas,
folhas de presença,
avaliações dos docentes.

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Anexo 8
Apresentação de Slides.

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181
Localização do Sítio Arqueológico Mogi 1
Distrito: César de Souza
Município: Mogi das Cruzes
Programa de Educação Patrimonial

PROJETO: 
Gestão do Patrimônio Arqueológico Sítio Arqueológico Mogi 1
(Sítio São João), Mogi das Cruzes, SP

(Google, 2010)

Agosto de 2010 

‐Observe as fotos a seguir ‐Observe as fotos a seguir

Rio Tietê –
Mogi das 
Cruzes
(http://www.willyvi
rtual.com.br/notici
a.php?id=2527)

Igreja do Carmo
(htt //
(http://www.comphap.pmmc.com.br)
h b)

Ipê ‐ Tabebuia heptaphylla 
(http://eptv.globo.com )

Combate de índios
botocudos com 
bandeirantes de Mogi 
das Cruzes
(aquarela de Debret –
1829) (GRINBERG, 1961)

Arredores de Mogi das Cruzes  ‐ aquarela de Thomas Ender,  Rio Paraíba do Sul


1817  (GRINBERG, 2001, p. 17) (http://andreambiental.blogspot.com)
Estrada Real
(http//casal20.wordpress.com)

‐Continue a observar ‐Continue a observar

Festa do Divino Pico do Urubu
(http://wikimapia.org/621639/pt/
(http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cida
de/album_fotos.php#) Pico‐do‐Urubu)
Jaguatirica ‐Leopardus  Jacarandá Paulista ‐ Jacaranda 
pardalis mimosifolia
( p
(http://www.treknature.com/gallery/
g y ((http://www.flickr.com/photos/mauroguan
p p g
photo23882.htm andi/3057270590/) 

Bandeira do Divino
(http://festadodivinodemogi.blogspot.com )
Aquarela de Miguel 
Arcanjo Benício Dutra
(GRINBERG, 2001, p. 21.)

Angico ‐ Leucochloron incuriale  Esquilo ‐ Sciurus vulgaris Theatro Vasquez ‐ atual Parque Centenário da Imigração 


(www.clickmudas.com.br)  (http://ipt.olhares.comdatabig205 (http://mogidascruzes.sp.gov.br) 
2052705.jpg )
Japonesa
Macaco‐prego ‐ Cebus apella (http://viajeaqui.abril.com.br)
(http://www.sindicatotrescoroas.com.br/)

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‐Continue a observar ‐Continue a observar
Parque da Neblinas
(http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cid
ade/album_fotos.php)

Festa do Caqui – Mogi das  Casarão do Chá


Cruzes (http://www.mogidascruzes.sp.go
(http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Ci v.br/Cidade/album_fotos.php#)  Escola Estadual Coronel Benedito de 
dade/album_fotos.php#)  Almeida
(SCIENTIA, 2010)

“Cafezal” – de Nerival Rodrigues
(http//ajursp.wordpress.com)

Cinturão Verde Festa das Flores
(http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cidade/album (http://nikkeyweb.com.br/sites/caquieflores/galeria_f Jatobá ‐ Hymenaea courbaril
_fotos.php#) otos.php?cat=2&galeria=70599&foto=57&pag=2 A frente da morada do Sítio São  (http://www.sitiovitoriaregia.com.br/Jato
João, c.1975 . ANDRADE, 1977. ba.html )

‐Continue a observar ‐Continue a observar
Vestígios arqueológicos do Sítio Capela Aparecidinha
indicam ao menos duas ocupações:
Recipientes cerâmicos do Sítio Taboão, Mogi 
1) pré‐colonial: artefatos líticos lascados  2) histórica: material cerâmico e faiança. das Cruzes.
(tipos de artefatos associados a povos  Datação da cerâmica indicou  ocupações durante os  Datação do material cerâmico  escavado: 
caçadores/coletores). séculos XVIII e XIX. meados do século XVII

(NAUBC, 2002, p. 42) Escavação do sítio arqueológico,
A – estilhas
(folheto NAUBC)
B – lascas
C – pontas de projétil
D ‐ raspadores
(NAUBC, 2002, p. 33)

(NAUBC, 2002, p. 46)

Vasilhame Cerâmico com superfície  brunido,
Vasilhame Cerâmico com decoração incisa e modelada, século XVII (NAUBC, 1998)
(NAUBC, 2002, p. 45)
(NAUBC, 2002, p. 37) (NAUBC, 1998)

Sítios arqueológicos em Mogi das Cruzes
Sítio Arqueológico Mogi 1

Sítios arqueológicos em Mogi das Cruzes (ZANETTINI, 2005; SCIENTIA, 2007 a e 2007b).
Arqueólogos 
Denominação e localização Tipo de sítio e de vestígios responsáveis/ época  Localização dos acervos
da pesquisa
Sítio General Motors ‐ Rodovia Pedro  Sítio arqueológico  histórico; provavelmente do século  Lúcia Juliani e Maria C. dos 
sem referência
Eroles (Mogi‐Dutra) XVII; predomínio de vestígios cerâmicos. Santos/1997

Sítio arqueológico  histórico; provavelmente do século 
Sítio Taboão ‐ Taboão Erika González/2001 Fundação Cultural de Jacarehy
XVII; vestígios  de cerâmica, vidro, louça e líticos.
Sítio Capela Aparecidinha ‐ Estrada Taboão  Sítio arqueológico  histórico; séculos XVIII e XIX;  Universidade de Braz Cubas‐
Margarida Andreatta/2001
do Parateí‐Distrito Industrial do Taboão vestígios  de cerâmica, vidro, faiança e líticos. Núcleo de Arqueologia

Sítio Santo Alberto ‐ Bairro do Itapety, Km  Capela e retábulo; provavelmente do final do  século  Universidade de Braz Cubas‐


Margarida Andreatta/1998
15, Serra do Itapety XVII. Núcleo de Arqueologia

Sítio São José ‐ Estrada Taboão do Parateí‐
Sítio São José  Estrada Taboão do Parateí Universidade de Braz Cubas‐
Universidade de Braz Cubas
Margarida Andreatta/2001
Distrito Industrial do Taboão Núcleo de Arqueologia
Sítio Santa Rita ‐ Estrada Taboão do  Universidade de Braz Cubas‐
Margarida Andreatta/2001
Parateí‐Distrito Industrial do Taboão Núcleo de Arqueologia

Sítio Lago do Parque ‐ Pq. Municipal da 
Universidade de Braz Cubas‐
A sede e outros 
Serra do Itapety, na estrada municipal da  Margarida Andreatta/1994 equipamentos 
Núcleo de Arqueologia
Cruz do Século, km 4‐Bairro Rodeio
[Croquis Lia 
Sítio Mogi 01 (Sítio São João) – distrito de  Sítio arqueológico histórico: estrutura de casa, seus  SCIENTIA (em análise). A  Mayumi, abril 2008]
Maria do Carmo M. M. 
César de Souza, próximo ao Conjunto  anexos e ruínas de olaria; Material construtivo, louça,  guarda definitiva do material 
Santos/2007 a 2010 (Memórias, 2008, p.  34.)
Habitacional Vereador Jefferson da Silva vidro, metal e cerâmica. será no NAUBC
Sítio arqueológico pré‐colonial e histórico: estrutura 
de casa, seus anexos (granja de patos). Na plantação  SCIENTIA (em análise). A 
Mogi 02 – próximo ao distrito César de  Maria do Carmo M. M. 
de mandioca, mancha cinza com cerâmica pré‐colonial  guarda definitiva do material 
Souza Santos/2007
Cerâmica possivelmente pré‐colonial; material  será no NAUBC
construtivo do período histórico.

(SCIENTIA, 2010, p. 5.)
Inserção do sítio na paisagem
(SCIENTIA, 2010, p. 7.)

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


183 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Sítio Arqueológico Mogi 1 : levantamento arquitetônico
Distrito de César de Souza
No século XIX, no território de Mogi das Cruzes, a produção agrícola e a pecuária eram as atividades dominantes; havia 
inúmeros bairros rurais em torno da sede. O transporte de cargas realizava‐se pelas tropas de muares. 

Em 1875, a inauguração da  estação Mogi da Estrada de Ferro do Norte
(ou E. F. São Paulo – Rio, constituída por fazendeiros do Vale do 
Paraíba) transformou essa paisagem. Em 1893 – já no contexto da E. F. 
Central do Brasil – foi inaugurada a estação  Cesar de Souza, nome que 
homenageia João Augusto César de Souza, engenheiro‐chefe da 
ferrovia. Aos poucos, foi se adensando o povoamento em torno da 
estação; no antigo bairro rural, em meio a antigas pequenas  Sede – foto de 1975 : J. Hirata 
Andrade (SCIENTIA, 2010, p.  9.)
propriedades, instalaram‐se indústrias.  O prédio atual da estação, 
hoje desativado, possivelmente data de 1921, e dali saía um ramal para  Sede do sitio São João em foto 
a fábrica de cimento da Villares. Nos meados do século XX,  de 2008 (SCIENTIA, 2010, p.  9.)
estabeleceram‐se inúmeras outras empresas, como a Fábrica de 
Teares HOWA S.A., aproveitando‐se do transporte ferroviário. No  Estação de César de Souza, 2000.
contexto da ferrovia e das indústrias, permaneceu uma propriedade  http://www.estacoesferroviarias.com.br/c/cessouza.htm
rural: o  Sítio São João. Sede – vista lateral após desabamento do 
telhado e parede (SCIENTIA, 2010, p.  9.)
O bairro transformou‐se em distrito; atualmente é área única com 
potencial de desenvolvimento em todo o território mogiano e com 
crescente valorização imobiliária. Trata‐se, também, de local com rico 
passado cultural e histórico, e potencial arqueológico. No entanto, a 
população que hoje vive e trabalha no Conjunto Habitacional Vereador 
Jefferson da Silva, hoje um bairro, convive com problemas provocadas 
por carências de atendimento de saúde e saneamento, de limpeza 
pública, de transporte coletivo. 
Conhecer as ocupações locais e regionais anteriores e apropriar‐se do 
patrimônio cultural poderia ser um meio dessa população recuperar a 
Estação de César de Souza, por Gledson O. R.  identidade e fortalecer sua busca por direitos de cidadania. Corte transversal mostrando a altura do salão central (Desenho T. Cipoli 2008)
– ANPF ‐ http://www.anpf.com.br/roteiro.htm) (SCIENTIA,2010, p. 8.)

Sítio Arqueológico Mogi 1: levantamento arquitetônico
Sítio Arqueológico Mogi 1: aspectos da escavação arqueológica no entorno

Salão posterior (copa e 
Telhado com grande  banheiro) [Foto L. 
viga mestra [Foto L.  Mayumi, abril 2008]
Mayumi, abril 2008] (Memórias, 2008, p.  36.)
(Memórias, 2008, p.  36.)

Trincheira
Escavação ampliada (SCIENTIA, 2010, p. 14)
(SCIENTIA, 2010, p. 13)

Capela [Foto L.  Salão central [Foto L.  Muro frontal – após escavação


Mayumi, abril 2008] Mayumi, abril 2008] (SCIENTIA, 2010, p. 14)
(Memórias, 2008, p.  34.) (Memórias, 2008, p.  37.)

Olaria –
Janelas e portas em  vista das 
madeira, com  bocas
Capela Interna parede de taipa  (SCIENTIA, 
Planta atual da casa (Desenho: T. Cipoli, abril 2008 ‐ [Foto L. Mayumi, 
(SCIENTIA, 2008) Olaria – após limpeza 2010, p. 14)
adaptado) (SCIENTIA, 2010, p. 8.) abril 2008]
(Memórias, 2008, p.  38.) (SCIENTIA, 2010, p. 14)

Sítio Arqueológico Mogi 1: resultados dos estudos arqueológicos
Os trabalhos arqueológicos no entorno da sede identificaram tanto restos de edificações O que isso tem a ver comigo?
não mais visíveis superficialmente, como também diversos objetos relacionados
aos usos e costumes dos antigos moradores. • Podemos não perceber, mas nosso modo de vida atual mantém 
O uso do GPR e de métodos específicos de escavação arqueológica, evidenciaram: muitas influências dos grupos que, no passado, viveram no 
• ‐ um muro de tijolos que delimitava um jardim frontal da sede; suas características  mesmo local em que moramos – mesmo dos  povos que 
construtivas sugerem ter sido edificado na primeira metade do século XX;  habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses.
• ‐ na lateral leste da sede, grande quantidade de pedras espalhadas e soterradas  • Os bens arqueológicos são únicos testemunhos que nos 
indica que houve um primeiro passeio externo, depois substituído por outro, de  sobraram das populações que viveram no Brasil antes da 
tijolos e concreto; colonização. E, mesmo para o período histórico, muitas vezes, 
• ‐ artefatos fragmentados de vidro; de metal (restos de peças do mobiliário e da  é a pesquisa arqueológica que nos conta detalhes da vida 
própria moradia, tais como: puxadores, dobradiças, cravos e pregos) e de cerâmica  daquelas pessoas – como é o caso dos sítios arqueológicos já 
construtiva (telhas, tijolos, manilhas); de cerâmica utilitária (provavelmente  estudados em Mogi das Cruzes. Nosso passado, nossa cultura, 
vasilhas, moringas, etc); de louças (fragmentos de copos, pratos, xícaras, potes e  nos marcam, nos identificam, dizem quem somos. 
g , p ç
tigelas, de porcelana e de faiança fina). 
• É i
É importante, também, que saibamos sobre nossa história para 
t t  t bé     ib   b    hi tó i    
Os vestígios de metal e de cerâmica construtiva nos informam sobre técnicas de informá‐la às futuras gerações e assim, garantir a preservação 
construção e de produção, sobre usos e formas das peças e ferragens de outros do patrimônio cultural que temos,  que continuamente 
períodos. Os vestígios de louça nos trazem dados sobre utensílios associados a construímos e por cuja proteção somos responsáveis.
determinados hábitos alimentares, sobre transações comerciais, e outros. Por
• É importante que se divulguem nas comunidades os 
exemplo, os carimbos e marcas de fabricantes indicaram uma louça oriunda da
própria região, a Santa Carolina (que já encerrou suas atividades), além de outras do
conhecimentos sobre o nosso passado  que podemos obter por 
Estado de São Paulo, e um fragmento de louça importada (Societé Céramique –
meio da pesquisa  arqueológica.
Maastricht , dos Países Baixos). • Também é importante que se divulguem os cuidados que se 
Em linhas gerais, os materiais identificados correspondem aos meados do século XX (aproximadamente entre 1940 e 1970). deve ter para preservar os sítios arqueológicos dos impactos 
Provavelmente o material mais antigo perdeu‐se durante as grandes intervenções feitas na propriedade, visando adaptá‐la que quaisquer obras possam causar. Quando se destrói um bem 
às novas necessidades cotidianas. arqueológico, perde‐se uma informação única, que jamais 
Todas as informações colhidas pelo resgate arqueológico possibilitaram compreender melhor as características poderá ser recuperada.
socioeconômicas e o cotidiano dos moradores do sítio São João, bem como as transformações impostas à antiga
propriedade rural.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 184
De que maneira posso ajudar a preservar o patrimônio arqueológico? Créditos
Programa de Educação Patrimonial
O que devo fazer se eu encontrar vestígios arqueológicos? Gestão do Patrimônio Arqueológico Sítio 
A posição em que os objetos se encontram é muito importante para os estudos arqueológicos, 
Arqueológico Mogi 1
por isso é essencial deixar tudo no lugar que foi encontrado.  (Sítio São João), Mogi das Cruzes, SP

• Comunique o fato à 9ª Superintendência Regional do IPHAN (Instituto do Patrimônio


Histórico e Artístico Nacional) pelos telefones (11) 3826 0744, 3826‐0905 ou 3826‐0913 .

 Coordenação: Ms. Maria do Carmo M. M. 
Santos

• Ou, aqui em Mogi das Cruzes, comunique‐se com o Núcleo de Arqueologia Universidade
Braz Cubas, pelo telefone 4791 ‐8288, ou pelo endereço eletrônico naubc@brazcubas.br.  Consultoria:  Ms. Eneida Malerbi

 Elaboração:  Bel. Simone Naves
Arq. Carla Verônica Pequini
Ilustração: Fernando Carvalho e Tunico de Paula
(CAMPOS, 1978) Arq. Anderson B. A. Pereira
Ms. Eneida Malerbi
• Você pode dirigir‐se, ainda, ao Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
Histórico, Cultural, Artístico e Paisagístico de Mogi das Cruzes (COMPHAP), pelo  Apoio:   Sérgio da Silveira
endereço eletrônico comphap@gmail.com, e à Divisão de Patrimônio Histórico e
Conhecimento (DPHC) da Prefeitura de Mogi das Cruzes, pelo telefone 4799‐ 4281.

Referências bibliográficas
ANDRADE, A.L.D.; PASSAGLIA, L..A..P.; ALMEIDA, O. Levantamento das técnicas e sistemas construtivos da região do Vale do Paraíba. V.10. 
CONDEPHAAT/ Mogi as Cruzes, Santa Isabel e Guararema – Estabelecimentos rurais. São Paulo, 1977.
CAMPOS, Jurandyr Ferraz de. Santa Anna das cruzes de Mogi: huma villa de serra aSima, São Paulo, Global Editora e Universidade de Mogi das 
Cruzes, 1978, 192p.
GRINBERG, Isaac. História de Mogi das Cruzes. São Paulo: (s. n.], 1961. 377 p., il.
GRINBERG, Isaac. Memória fotográfica de Mogi das Cruzes. São Paulo: Ex Libris, 2001.
MEMÓRIAS ASSESSORIA E PROJETOS. Relatório de avaliação: Sítio São João: Mogi das Cruzes. São Paulo, 2008.
NAUBC. Plano de trabalho salvamento arqueológico do Sítio Taboão Município de Mogi das Cruzes: relatório final. Mogi das Cruzes, 1998.
NAUBC. Projeto de Salvamento Arqueológico do Sítio Capela Aparecidinha – Mogi das Cruzes – SP: relatório final. Mogi das Cruzes, 2002.
SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA.  SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA ‐ Relatório Final: Levantamento arqueológico para a
regularização do OLEODUTO OSRIO e do GASODUTO GASPAL, entre os municípios de Taubaté e Mauá, SP. São Paulo, 2007a.
_________________________________ ‐ Relatório Técnico: Levantamento arqueológico na área do gasoduto de transferência de gás de refinaria entre a REVAP e a 
RECAP, SP. São Paulo, Scientia Consultoria, 2007b.
_________________________________ ‐ . Relatório parcial: finalização dos trabalhos de campo: Projeto: Gestão do Patrimônio Arqueológico Mogi 1, Mogi das 
Cruzes, SP. São Paulo, 2010.
SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA/MEMÓRIAS Assessoria e Projetos. Relatório Técnico: avaliação da importância cultural do Sítio São João, 
Mogi das Cruzes – SP. São Paulo, Scientia Consultoria, 2008.
ZANETTINI, P. E. – Maloqueiros e seus palácios de barro: o cotidiano doméstico na casa bandeirista. Tese de Doutorado apresentada ao MAE‐USP. São Paulo, 2005. 

Angico ‐ Leucochloron incuriale. Disponível em: <www.clickmudas.com.br>.
Bandeira do Divino. Disponível em: <http://festadodivinodemogi.blogspot.com>.
Casarão do Chá. Disponível em: <http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cidade>. 
Cinturão Verde. Disponível em: <http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cidade/album_fotos.php#>.
Esquilo ‐ Sciurus vulgaris. Disponível em: http://ipt.olhares.comdatabig2052052705.jpg>.
Estação de César de Souza. Disponível em: <http://www.estacoesferroviarias.com.br/c/cessouza.htm>. 
Estação de César de Souza, por Gledson O. R. – ANPF. Disponível em:  <http://www.anpf.com.br/roteiro.htm>.
Festa das Flores. Disponível em: <http://nikkeyweb.com.br/sites/caquieflores/galeria_fotos.php>
Ipê ‐Tabebuia heptaphylla. Disponível em: <http://eptv.globo.com>.
Jacarandá Paulista ‐ Jacaranda mimosifolia. Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/mauroguanandi/3057270590>.
Jaguatirica ‐Leopardus pardalis. Disponível em: <http://www.treknature.com/gallery/photo23882.htm>.
Jatobá ‐ Hymenaea courbaril Disponível em: <http://www.sitiovitoriaregia.com.br/Jatoba.html>.
Macaco‐prego ‐ Cebus apella. Disponível em: <http://www.sindicatotrescoroas.com.br/>.
MAPA da Estrada Real. Disponível em: <http://casal20.wordpress.com/2009/07/16/estrada‐real‐mg/>. 
Pico do Urubu. Disponível em: <http://wikimapia.org/621639/pt/Pico‐do‐Urubu>.
PREFEITURA MUNICIPAL DE MOGI DAS CRUZES. Álbum de fotos. Disponível em: <http://www.mogidascruzes.sp.gov.br/Cidade/album_fotos.php>. 
Rio Paraíba do Sul Disponível em:  <http://andreambiental.blogspot.com>.
Rio Tietê – Mogi das Cruzes. Disponível em: <http://www.willyvirtual.com.br/noticia.php?>.
RODRIGUES, Nerival. [Fotografias diversas]. Disponível em: <http://ajursp.wordpress.com/?s=nerival>. 

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


185 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Anexo 9
Ficha Cadastral do Sítio no IPHAN.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 186
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Nome do sítio: Mogi 01


Outras designações e siglas Sítio São João CNSA:
Município: Mogi das Cruzes UF: SP
Localidade Km 53+450 da faixa de servidão do Gasoduto REVAP-RECAP
Outras designações da localidade Coordenadas UTM: sede - 23K 385308E 7398992N / Olaria - 23K 385365E 7398897N
Descrição sumária do sítio: Sítio arqueológico histórico.
Sítio localizado no projeto do levantamento arqueológico para a regularização do oleoduto
OSRIO e do gasoduto GASPAL, entre os municípios de Taubaté e Mauá, SP.
Sítios relacionados: Sítios Jacareí 3, Mogi 2 e Suzano 1

Nome do proprietário do terreno Paulo Sergio Mello e Vera de Alcântara Mello


Endereço Residentes em Mogi das Cruzes – tel: (11) 4799-7213]; caseira: Shirlei dos Santos – tel. (11) 7155-9747; antigo
caseiro e tio da atual: Sr.José Luiz de Santana
CEP: Cidade: Mogi das Cruzes UF: SP
E-mail: vera@alcantaraarquitetura.com Fone/Fax: 71850758 / 73364566
Ocupante atual:

Acesso ao sítio: Estrada de Mogi das Cruzes ao centro de Zoonoze do município, no distrito de Cezar de Souza.
Comprimento: m
Largura: m Altura máxima: m (a partir do nível do solo)
Área: 16000 m² Medição: Estimada Passo Mapa Instrumento
Nome e sigla do documento cartográfico: Mogi das Cruzes SF-23-Y-D-IV-2
Ano de edição: 1984 Órgão: IBGE DSG Outro Escala: 1:50.000
Delimitação da área / Coordenadas UTM:
Unidade geomorfológica Planalto
Ponto central: Zona: 23 E:385308 N: 7398872
Compartimento topográfico Meia encosta
Perímetro: Zona: E: N:
Zona: E: N: Altitude: m (com relação ao nível do mar)
Zona: E: N: Água mais próxima: Córrego dos Crovos
Zona: E: N:
Distância: 1000 m
GPS DATUM: SAD 69 Rio: Tietê
Em mapa Margem de erro: m Bacia: Tiete
Outras referências de localização: REVAP-RECAP Km 53+450 = Km da faixa: pesquisa de campo = Km 52 + 500m
Km da faixa GASPAL: 281,3
Km da faixa OSRIO: --------
Vegetação atual: Uso atual do terreno:
Floresta ombrófila Savana (cerrado) Atividade urbana Pasto
Floresta estaciona Savana-estépica Via pública Plantio
Campinarana (caatinga)
Estrutura de fazenda Área não utilizada
Capoeira Estepe
Outra: Outro: Uso para lazer em finais de semana.

Propriedade da terra: Área pública Área privada Área militar Área indígena
Outra:
Proteção legal: Unid. de conservação ambiental
Em área tombada: Municipal Estadual Federal Patrim. da humanidade

Categoria:
Pré-colonial Tipo de sítio: Habitação (duração indeterminada)
Unicomponencial
Multicomponencial De contato Forma: Irregular
Histórico Tipo de solo:

Estratigrafia: De 0cm a 0,6cm


Contexto de deposição: Em superfície Em profundidade
Exposição Céu aberto Abrigo sob rocha Gruta Submerso
Outra:
* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 187
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Estruturas: Artefatos:
Áreas de refugo Canais tipo trincheiras,
Lítico lascado Cerâmico
De Lascamento valetas
Lítico polido Sobre concha
De Combustão Círculos de pedra
Sobre material orgânic
(fogueira, forno, fogão) Estacas, buracos de
Funerárias Fossas Outros vestígios líticos:
Vestígios de edificação Muros de terra, linhas de
Vestígios de mineração argila
Alinhamento de pedras Palafitas
Manchas pretas Paliçadas

Concentrações cerâmicas Quantidade:


Outras: Vestígios de Olaria

Material histórico: cerâmica, tijolos, louça fina, porcelana, vidro e metal.


Outros vestígios orgânicos:
Outros vestígios inorgânicos: Edifício sede construído em taipa de pilão, fogão a lenha; moedor e prensa. Ruínas da
antiga olaria.
Acervo / Instituições: IPARQ - Instituto de Pesquisas em Arqueologia / UNISANTOS
Números de catálogo:

Arte rupestre: Pintura Gravura Ausente

FILIAÇÃO CULTURAL:
Artefatos líticos: Tradições:
Fases:
Complementos:
Outras atribuições:
Artefatos cerâmicos: Tradições:
Fases:
Complementos:
Outras atribuições:
Arte rupestre: Tradições:
Estilos:
Complementos:
Outras atribuições:

Datações absolutas:
Datações relativas:
Grau de integridade mais de 75% entre 25 e 75% menos de 25%
Fatores de destruição: Erosão eólica Erosão fluvial Vandalismo
Erosão pluvial Atividades agrícolas
Construção de estradas Construção de moradias
Outros fatores naturais:
Outros fatores antrópicos: falta de conservação do imóvel
Possibilidades de destruição: Implantação do Gasoduto REVAP-RECAP na faixa situada a 65m da área do sítio
arqueológico. Obras de manutenção na faixa de servidão da TRANSPETRO
Medidas para preservação: Avaliação detalhada do sítio arqueológico
Relevância do sítio: Alta Média Baixa

Atividades desenvolvidas no local: Registro Sondagem ou Corte estratigráfico


Coleta de superfície Escavação de grande superfície
Levantamento de grafismos rupestre
Nome do responsável pelo registro: Carla Verônica Pequini
Endereço Rua Armando d'Almeida, 52 Jd Rizzo
CEP: 05587-010 Cidade: São Paulo UF: SP
E-mail: carlapequini@hotmail.com Fone/Fax: 11-3726-6065
Data do registro: Ano do registro: (para quando a data completa não puder ser informada)
* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


188 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Data do registro: 01.12.2006 Ano do registro: (para quando a data completa não puder ser informada)

Nome do projeto: Gestão do Patrimônio Arqueológico Sítio Arqueológico Mogi 1


Nome da instituição: Scientia Consultoria Científica Ltda.
Endereço Rua Armando d'Almeida, 52 Jd Rizzo
CEP: 05587-010 Cidade: São Paulo UF: SP
E-mail: scientia@terra.com.br Fone/Fax: 11-3726-6065

Documentação produzida (quantidade) Mapa com sítio plotado: 1 Foto preto e branco:
Croqui: 2 Reprografia de imagem:
Planta baixa do sítio: 1 Imagem de satélite:
Planta baixa dos locais afetados: Cópia total de arte rupestre:
Planta baixa de estruturas: 2 Cópia parcial de arte rupestre:
Perfil estratigráfico: Ilustração do material:
Perfil topográfico: Caderneta de campo: 3
Foto aérea: Vídeo / filme:
1E+03
Foto colorida: Outra:
Bibliografia
SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA. Relatório Final: Levantamento arqueológico para a regularização do OLEODUTO
OSRIO e do GASODUTO GASPAL, entre os municípios de Taubaté e Mauá, SP. São Paulo, 2007a.
SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA. Relatório Técnico: Levantamento arqueológico na área do gasoduto de
transferência de gás de refinaria entre a REVAP e a RECAP, SP. São Paulo, Scientia Consultoria, 2007b.
SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA. Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico Sítio Arqueológico Mogi 1 -
Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, Scientia Consultoria, 2010.

Observações: Sítio arqueológico histórico localizado no Km 53 + 450 da faixa de servidão, a 100 metros dela. Identificado a
partir do complexo arquitetônico de uma fazenda cuja a instalação foi provavelmente iniciada no século XVIII,
cuja sede foi construída com técnica de taipa de pilão. A sala principal é em estilo bandeirista, com jirau.
Segundo informações orais da caseira Sra. Shirlei dos Santos, a fazenda possuía senzala, troncos para
açoite de escravos e correntes. Contém, ainda, ruínas de uma antiga olaria mais recente que a sede da
fazenda. Em toda a área é possível verificar material de descarte, cerâmica, tijolos, louça, etc; contudo, a
vegetação muito alta em diversos locais impossibilitou uma melhor visualização da superfície. Na lateral
esquerda da sede principal, existe uma pequena capela, com a data da última reforma de 1983, que segundo
a caseira, era um antigo mausoléu. O proprietário possui documentos que comprovam a data da construção
da fazenda, bem como, objetos, cartas, livros - caixa, fotos e recortes de jornais. A sede principal, bem como
todas as estruturas adjacentes, está em péssimo estado de conservação, necessitando de uma intervenção
urgente de restauração para que a estrutura consiga se manter íntegra. Parte do telhado da casa já não existe
mais e, suas paredes já se encontram abaladas pelo tempo, fatores climáticos e abandono.
Documentos cartográficos:
Planta de Macrolocalização escala 1:75.000, GPR-8AN-9Z-0001 DE-4300.07-6522-940-PEN-001,
29/04/2004, PETROBRAS S.A.
Base planimétrica Preliminar, na escala 1:250.000, folha 3/3, FEV/2006, Biodinâmica.
Responsável pelo preenchimento da ficha: Rafael Pedott
Data: 23.03.2007 Localização dos dados: 9ª SR
Atualizações: 25.09.2010 - por Anderson Barbosa Alves Pereira e Carla Verônica Pequini
Resgate arqueológico (atividades de campo e de laboratório) e educação patrimonial, realizados para o sítio
arqueológico Mogi 1 (situado no sítio São João, em Mogi das Cruzes - São Paulo), no período compreendido
entre abril e agosto de 2010.
----------------------
20/08/07 por Carla Verônica Pequini. Osítio foi delimitado no projeto "Levantamento arqueológico na área do
gasoduto de transpferência de gás de refinaria entre a REVAP e a RECAP, SP"

Data: _____/_____/_________ Assinatura: _________________________________________

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 189
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Salvamento: Empena em pau-a-


pique e telhado desmoronado.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: vista lateral da sede


com paredes desmoronadas.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: Sede - janela com


treliça.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


190 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Salvamento: Sede - parede lateral


em taipa destruída.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: Equipe de campo


executando sondagem com GPR.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 191
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Salvamento: Visita da Dr. Margarida


Andreatta durante os trabalhos de
resgat e arqueológico (na foto: M. do
Carmo e Margarida Andreatta).

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: Alinhamento de muro


de tijolos na área frontal da sade.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


192 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Salvamento: Olaria - vista geral após


as atividades de escavação.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: Análise de Materiais -


disposição de materiais em mesa,
durante os trabalhos de análise.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 193
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Prospecção:
Fachada da casa - sede. Nota-se a
fragilidade da estrutura e o telhado
protegido por lona plástica.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Prospecção: Capela, no interior da


sede

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


194 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Prospecção: Sala em estilo


bandeirista

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Prospecção: Viga única de


sustentação do telhado

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 195
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

: Faiança fina, Whiteware, tipo malga


de origem holandesa. Possui marca
impressa de cor preta de nome
Societe Ceramique Maestricht,
companhia fundada por Guilaume
Lambert & Cie em 1859 que ainda
continua em funcionamento na
Holanda.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Prospecção: Faiança fina –


Whiteware, tipo malga , padrão
decorativo borrão azul . Produzida a
partir de 1830 até o século XX
(Tocchetto et al, 2001,p.36).

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

10

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


196 Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.
Cadastro Nacional de
Sítios Arqueológicos*
Sist. Nac. de Informações Culturais - SNIC - CNSA - Depto. de Identificação e Documentação - DID

Salvamento: Vista frontal da sede


após o desmoronamento do telhado.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

Salvamento: vista da parede lateral


de taipa.

Scientia Consultoria Científica Ltda.

* Em atendimento ao determinado na Lei nº 3.924 de 26 de julho de 1961, que dispõe sobre os monumentos arqueológicos e pré-histórico 00015

11

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010. 197
O presente relatório foi composto no
Laboratório de Arqueologia da Scientia
Consultoria Científica LTDA, em caracteres
arial e calibri, corpo 9, 10 e 11, e impresso em
papel Chamex Eco 75mg no formato A4.
São Paulo, setembro de 2010.

Relatório Final: Gestão do Patrimônio Arqueológico – Sítio Arqueológico Mogi 1


Município de Mogi das Cruzes, SP. São Paulo, SCIENTIA CONSULTORIA CIENTÍFICA, 2010.

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