Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
EQUIPE: AUGUSTO MIRANDA, CAREM SANTANA, CARLOS RIO, CÍCERO OLIVEIRA, DALVELINI
BARROS, DIEGO MONTEIRO, FELIPE, IANTHE SILVA, IGOR ALVES, JAQUELINE AMORIN, LEONARDO
LEAL, LORIANE ROCHA, MARIANA BEATRIZ, MORGANA RIBEIRO, TAMIRES DE JESUS, RAFAELA
FONSECA, REGIANA SOUSA.
APRESENTAÇÃO 1
QUADRO DE REFERÊNCIA 1
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA ESCAVADA 5
OBJETIVOS 6
METODOLOGIA 6
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES 18
RESULTADOS 19
CONCLUSÕES 19
1
APRESENTAÇÃO
O presente relatório diz respeito a IV campanha de escavação realizada entre 1° e 19
de abril de 2013 no síio arqueológico Toca da Invenção, dentro do que é hoje área
pertencente à FUMDHAM – Fundação Museu do Homem Americano. A escavação foi
realizada pelos alunos de Métodos e Técnicas Arqueológicas II da Universidade Federal do
Vale do São Francisco sob a orientação do Prof. Dr. Mauro Farias e Profª. Draª. Gisele Daltrini.
Dentro do peril curricular do curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da UNIVASF, a
disciplina de Métodos e Técnicas Arqueológicas II faz parte das aividades práicas de campo
e se foca nos métodos e técnicas de escavações de síios arqueológicos pré-históricos.
QUADRO DE REFEÊNCIA
NORMAS E GERENCIAMENTO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO
Dentro do programa da disciplina de Métodos e Técnicas Arqueológicas II para o
semestre em curso, foram primadas as normas e gerenciamento do patrimônio arqueológico
tendo em vista a recorrência de alunos formados na UNIVASF que hoje atuam na
“arqueologia de contrato”. Sendo assim, foram analisadas, em sala de aula, a Portaria SPHAN
n° 007/88 e a Portaria IPHAN n° 230/02, referente ao licenciamento ambiental de
empreendimentos e aividades outras potencialmente causadoras de impacto ambiental.
A Portaria IPHAN n° 230 de dezembro de 2002 versa sobre os procedimentos
necessários para obtenção de licenças ambientais em empreendimentos potencialmente
capazes de afetar o patrimônio arqueológico. Tais licenças se dividem em licença prévia,
licença de instalação e licença de operação.
Durante a fase de obtenção de licença prévia cabe ao pesquisador/arqueólogo
efetuar um levantamento de dados secundários e arqueológicos de campo que buscam a
contextualização arqueológica e etno histórica da área afetada. O resultado desta ação é
apresentado em um relatório Diagnósico que avalia a situação do patrimônio arqueológico
da área de estudo e a parir do qual deverão ser elaborados os Programas de Prospecção e
de Resgate que garanirão a integridade do patrimônio cultural.
Na fase de obtenção de licença de instalação deve ser implantado o Programa de
Prospecção na área de inluência direta do empreendimento com maior potencial
arqueológico e nos locais que receberão impactos indiretos, contudo, lesivos ao patrimônio
arqueológico. Nesta fase, deve-se esimar a quanidade de síios arqueológicos, bem como a
2
ESCAVAÇÃO
O objeivo de qualquer escavação arqueológica é entender o que pode ter acontecido
em um local no passado escavando cuidadosamente a cultura material que compõem o síio.
Escavar requer tanto cuidado quanto paciência, pois para ser capaz de entender a sequência
de aividades em um local, o arqueólogo deve despir-se cuidadosamente de cada camada de
solo em sucessão.
Enquanto busca obter o maior número de informações possíveis durante uma
escavação, é importante ressaltar que o arqueólogo concomitantemente destrói o síio
arqueológico. Uma vez escavado, um síio só exisirá nos cadernos de campo, fotograias,
desenhos, publicações, relatórios. Por esta razão se faz mister conduzir qualquer escavação
com a maior precisão e controle possíveis. Como ressalta Burke ‘At the end of the day a well
excavated, well recorded, fully published 1 x 1 m unit does considerably less harm than a
huge, badly controlled, unpublished . . . excavaion.’ (Drewet 1999: 97 apud Burke).
De maneira geral o trabalho em campo referente a uma escavação arqueológica (não
faremos aqui referência ao planejamento, gestão pessoal, inanceira e logísica de uma
escavação) engloba a topograia do síio – curvas de nível, alimetria, planimetria, limite do
síio, da área escavada e etc.; organização e designação de quadrículas; escavação;
3
de ter sofrido perturbações pelo escoamento de água, rochas e outros ao longo dos anos.
Nesta área há também um maior recobrimento do paredão rochoso.
OBJETIVOS
Ampliar a área de escavação tendo em vista a degradação dos peris oeste e sul.
Aprofundar o nível da escavação alcançado nas campanhas anteriores de forma a
corroborar e ir além da datação de 6000BP, a maior obida até o momento.
Entender como se deu a ocupação do síio em períodos pré-históricos e históricos.
Aprender as etapas do trabalho do arqueólogo em campo, no que diz respeito à
práica de escavação.
METODOLOGIA
LIMPEZA DE SUPERFÍCIE
A primeira aividade desenvolvida em campo foi a limpeza da área de escavação, que
se encontrava com uma quanidade considerável de sedimento e folhas acumulados ao
longo dos meses, além de telhas, tábuas de medeira e pedras uilizadas em campanha
anterior para a proteção da área de escavação e contenção dos peris estraigráicos. De
maneira geral, a limpeza de superície durante uma escavação visa a exposição da área a ser
escavada, da qual são reirados componentes como plantas, entulho, rochas e etc.
A limpeza foi feita com uso do pincel para que não houvesse aprofundamento
irregular das áreas já escavadas. Todo o sedimento reirado, foi peneirado em duas peneiras
7
Fig. Fig. 3
2 Área
da
Nesta etapa também foi refeita a delimitação das quadrículas já existentes que se
encontravam sem demarcação aparente. Para tal, foi uilizado o teodolito que guiou as áreas
onde os piquetes seriam inseridos para posterior adição de barbante, demarcando assim
9
ESCAVAÇÃO
A escavação no síio Toca da Invenção se deu maneira a ampliar a área de escavação
tanto horizontalmente – a princípio com a abertura das quadrículas 27A, 27B, 27C, 27D, 27E,
27F, 27G, 28G, 29G, 30G – como vericalmente. As decapagens foram feitas obedecendo
tanto a declividade natural do terreno quanto os diferentes níveis estraigráicos. Sendo
assim, a profundidade das decapagens não chegava aos 5cm e era controlada observando-se
o peril estraigráico que fora evidenciado em escavações anteriores. O controle das
decapagens também foi feito através de um método ensinado pela Profª. Drª. Gisele Daltrini,
em que cada quadrícula era subdividida em partes menores, e cada parte aprofundada
separadamente. O aprofundamento da primeira parte – por exemplo, o quadrante superior
esquerdo da quadrícula - em até 3 cm acabava por ser guia para as outras partes a serem
aprofundadas em seguida – por exemplo, o quadrante inferior esquerdo. Sendo assim, uma
diferença de nível era sempre visível e guiava a profundidade da decapagem.
Para a escavação foram uilizados o pincel grande, pincel médio, pincel pequeno,
colher de pedreiro, espátulas, pá de plásico e baldes. Nas áreas em que o sedimento se
apresentava mais compactado, era uilizada a colher de pedreiro. Quando do sedimento
mais ino, ou na presença de material arqueológico, eram uilizados os diferentes ipos de
pincéis.
PENEIRAMENTO
Todo sedimento reirado da escavação das quadrículas era levado em baldes para a
área da peneira. Como mencionado alhures, tal procedimento evita que material
arqueológico que não foi percebido durante a escavação seja descartado com o sedimento.
O material arqueológico evidenciado durante a escavação permanecia in situ para posterior
detalhamento de sua posição.
Na peneira, o material encontrado era separado de acordo com a quadrícula e a
decapagem da qual foi reirado, eiquetado, colocado em um saco plásico e guardado para
posterior transporte para a UNIVASF.
ETIQUETAGEM
Todo o material arqueológico encontrado no síio, seja durante a escavação, seja na
peneira ou na superície do síio e de áreas próximas, era recolhido e eiquetado. Tal
procedimento é de fundamental importância, pois localiza o material arqueológico no síio.
As eiquetas eram numeradas e contem as seguintes informações: nome do síio, setor, nível,
ipo de vesígio, data e pesquisador. Quaisquer outras informações relevantes eram
acrescentadas na eiqueta – como por exemplo, o ponto topográico do material eiquetado,
quando encontrado durante a escavação ou em superície.
11
FOTOGRAFIA
O registro através de fotograias foi feito ao longo de toda a escavação. Nestas foram
registradas a área total do síio antes, durante e depois da escavação, as quadrículas a cada
decapagem, detalhes do material encontrado naquelas, além dos peris estraigráicos. Para
as fotograias eram uilizados escalas de tamanhos diversos (10cm, 50cm, 1m) com
graduações em vermelho, branco e preto, a mira estadimétrica além do Norte.
Para o registro da área de escavação, foram reiradas fotos de toda a extensão da
área escavada em diferentes orientações – leste, oeste e sul – com a uilização de uma escala
de 1m e a mira estadimétrica.
Após cada decapagem, as quadrículas eram fotografadas individualmente com a
uilização da escala de 50cm e o Norte. Quaisquer materiais arqueológicos evidenciados
durante as decapagens, eram fotografados em detalhe com a uilização de escala de 10cm, o
Norte e a câmera apoiada em um tripé.
TOPOGRAFIA
Os procedimentos topográicos necessários em uma escavação se voltam para a
demarcação de síios e pontos que referenciem os diversos achados arqueológicos
(cerâmica, ferramentas líicas e etc.) em uma carta topográica. Para tanto, é necessário
colher informações relacionadas à alimetria e planimetria do síio, às curvas de nível, aos
pontos de delimitação da área escavada e pontos referentes ao material arqueológico.
O registro topográico foi feito com o auxílio de um teodolito de marca FOIF montado
na Est. 1, da mira estadimétrica e do nível de madeira. O teodolito possibilita a medição dos
12
COLETA DE CARVÃO
Durante a escavação foram evidenciadas estruturas de fogueiras com grande
quanidade de carvão. Sendo assim a maior quanidade possível de carvão a cada
decapagem fora coletada para posterior análise de um especialista em antracologia. Logo,
após a reirada dos pontos topográicos de cada quadrícula, era feita a coleta dos carvões
que estavam na base da área escavada. A coleta era feita com o auxílio de pinças, de forma a
não contaminar as amostras.
13
COLETA DE SEDIMENTO
Após a coleta de carvão era feita a coleta de sedimento de cada quadrícula. O
sedimento era coletado com o auxílio de pincel ou colher de pedreiro em uma quanidade
que variava entre 500gr a 1kg. Na eiqueta do sedimento era anotada, dentre as informações
mencionadas alhures, o ponto topográico referente ao ponto central da quadrícula.
Quaisquer sedimentos associados ao material arqueológico, ou que apresentassem
coloração diferente do sedimento geral da quadrícula também era coletado e outro ponto
topográico era reirado para cada sedimento diferenciado.
QUADRÍCULAS ESCAVADAS
A princípio as quadriculas escavadas seriam aquelas ampliadas no primeiro dia de
escavação: 27A, 27B, 27C, 27D, 27E, 27F, 27G, 27H,28G, 29G, 30G. Mas tendo em vista a
evidenciação de uma grande estrutura de fogueira nas quadrículas 28G, 29G e 30G durante a
sexta decapagem, foi decidido ampliar ainda mais a área de escavação, sendo então abertas
as quadrículas 27H, 28H, 29H e 30H.
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
Eiquetas uilizadas na escavação:
RESULTADOS
De maneira geral os resultados da escavação foram saisfatórios no que diz respeito a
paricipação dos alunos em cada etapa do trabalho de campo. O objeivo especíico
referente ao aprofundamento do nível da escavação em relação ao das campanhas
anteriores, no entanto, não foi alcançado. Em média forma feitas duas decapagens por dia,
quando não apenas uma – tendo em vista a necessidade de se fazer desenhos de
quadrículas, ou a quanidade de pontos topográicos em decapagens que evidenciaram
grande quanidade de material arqueológico.
No que diz respeito a cultura material, foram encontrados em quanidade
considerável o carvão, devido a estrutura de fogueira evidenciada nas quadrículas 28G, 29G,
30G, 27H, 28H, 29H e 30H. Em seguida, no que se refere a quanidade, temos a microfauna,
encontrada tanto em associação com carvão, quanto em áreas mais afastadas, como a
quadrícula 27A. O material líico começou a aparecer em maior quanidade e em um maior
número de quadrículas nos úlimos dias da escavação - decapagens 21 e 22. Tal material era
composto em sua grande maioria por lascas de quartzo e sílex, sendo este úlimo, material
exógeno. Nas primeiras decapagens, foram evidenciadas ainda sementes variadas.
CONLUSÕES
Pela observação do peril estraigráico oeste, no qual se destacam três camadas
principais, hora interrompidas por, ou intercaladas com lentes de carvão e material orgânico
como madeira, pudemos perceber que as ocupações do síio não foram muito longas –
mesmo que a Toca da Invenção fosse um local privilegiado em termos de abrigo e recursos
hídricos.
A área foi claramente uilizada para aividades que faziam uso do fogo. Tendo em
vista o carvão associado a microfauna, podemos inferir que aividades que envolviam
alimentação tomaram lugar no síio. É possível que no local também tenha ocorrido a
produção de instrumentos líico, mas a quanidade deste material ainda é pequena para se
20
chegar a maiores conclusões. Sabe-se no entanto que parte do material líico foi trazido para
o local, já que são feitos a parir de matéria-prima que não se encontra à disposição nas
imediações.
21
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
BICHO, Nuno Ferreira. Manual de arqueologia Pré-Histórica. Portugal: Edições 70, Ltda.,
2006.
BURKE, Heather; SMITH, Claire. The archaeologist's ield handbook. Allen&Uinen: Australia,
2004.
RENFREW, Colin; BAHN, Paul. Arqueología, teoria, métodos y praica. Madrid: Ediciones
AKAL, 2004.