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Arqueólogos Consultoria e Pesquisa - Ma. Jeanne Almeida Dias / Ms. Railson Cotias
da Silva
RELATÓRIO FINAL
01502.001122/2018-62
Novembro 2019.
PROGRAMA DE PESQUISA ARQUEOLÓGICA - MONITORAMENTO
ARQUEOLÓGICO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL PARA AS OBRAS DE
REQUALIFICAÇÃO DA COLINA DA IGREJA DO SENHOR DO BONFIM.
Salvador/BA
EXECUÇÃO:
ARQUEÓLOGOS
Edifício Trapiche Pequeno, Rua do Pilar, nº 40, sala 203 - Comércio, Salvador/BA.
CEP: 40.015-590
CNPJ: 26.103.174/0001-73
Fone: (71) 99110-3631 / 99233-7619
Responsáveis: Jeanne Almeida Dias / Railson Cotias
E-mail: arqueologos10@gmail.com
EMPREENDEDOR:
FUNDAÇÃO MÁRIO LEAL FERREIRA - FMLF
Endereço: Av. Vale dos Barris, nº125 - Barris. Salvador-BA
CEP: 40.070-055
Fone: 3202-9803/9804
E-mail: fmlf@salvador.ba.gov.br
Responsável técnico: Tânia Scofield Almeida
CONTRATANTE:
CONSÓRCIO SOTERO URBE/SOTERO ARQUITETOS
Endereço: Avenida Contorno, 1010, Bahia Marina, Comércio. Salvador-BA
CEP: 40.015-160
CNPJ: 10.744.821/0001-96
Responsável técnico: Adriano Mascarenhas
ENDOSSO INSTITUCIONAL:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LABORATÓRIO DE ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
BR 407, Km 127, S/N, Campus Universitário da UNEB.
CEP: 48.970-000
Senhor do Bonfim/BA
Fone: (74) 3541-8932
Responsável Técnico: Cristiana de Cerqueira Santana
INFORMAÇÕES GERAIS
Município Salvador
Estado Bahia
Mestre em Preservação do
Igor de Souza Palestrante convidado
Patrimônio Cultural
11
2. LEVANTAMENTO ETNOHISTÓRICO DA LOCALIDADE DE ESTUDO
2.1. OCUPAÇÃO
12
Apesar de constar no regimento que o principal motivo da conquista e
colonização era a redução do gentio à fé católica, tal decisão para ser compreendida
deve ser contextualizada na geopolítica europeia da época e na necessidade
portuguesa de obter o apoio de Roma para afastar a cobiça de outras nações pela
posse das terras no Novo Mundo. Por isso, é necessário atentar que as bulas papais
de 1537 devem ter pesado na elaboração do regimento.
13
de Cristo e desonra da nobreza portuguesa, deixá-los viverem livremente” e que o
melhor mesmo era que se tornassem cristãos e sujeitos.
14
As freguesias suburbanas ou rurais eram aquelas nas quais os habitantes
se dedicavam principalmente à agricultura. Pouco povoadas, concentravam maior
densidade demográfica próxima às igrejas matrizes, além de serem constituídas
majoritariamente por pobres. Eram estas: São Bartolomeu de Pirajá, São Miguel de
Cotegipe, Nossa Senhora da Piedade em Matoim, Santo Amaro do Ipitanga, São
Pedro no Sauipe da Torre, Senhor do Bonfim da Mata, Santa Vera Cruz em Itaparica,
Nossa Senhora do Ó em Paripe, Santo Amaro em Itaparica e Nossa Senhora da
Encarnação do Passé (COSTA, 1989).
2.2. O BONFIM
15
Figura 2 - Ocupação de Salvador. Fonte: Andrade e Brandão (2009, p. 92).
LOCALIDADES PENHA
Estradas Massaranduba.
16
refúgio para pessoas que se retiravam em repouso. (Nascimento, 1986).
Figura 3 - Mapa das freguesias consideradas urbanas da cidade. Fonte: Martins (2017, p.33)
17
a Ladeira da Lenha, ao lado da Igreja.” (SANTOS et al, 2010, p. 390).
2.3. POPULAÇÃO
2.4. ECONOMIA
18
Real Fábrica de Vidros 1815 Vidro Porto do Bonfim
Fábrica de Vidros de Salvador 1904 Vidros Baixa do Bonfim (lateral à Rua Marquês
Ayres de Almeida Freitas de Caxias)
Junior 1904
19
Oficina de Carpintaria de 1928 Madeira Rua de Roma (fachada voltada para o
Antônio Marcellino Largo de Roma), junto aos nos 235 e
239
2.5. FESTIVIDADES
20
3. A ARQUEOLOGIA EM SALVADOR
21
ampliação do Porto Organizado de Salvador, envolvendo arqueologia terrestre e
subaquática, coordenada pelos arqueólogos Fabiana Comerlato e Gilson Rambelli.
22
Sítio histórico de
exposição
subaquática, 33 m
de profundidade.
Vestígios: lastro, Histórico/ José Tadeu
Galeão
canhões de ferro e subaquáti 1982 Cabral N/C
Sacramento
âncoras; materiais co Medeiros
coletados: moedas
de prata, astrolábio,
louças, vidros,
madeira, etc.
Sítio histórico de
exposição
subaquática, 22 m
de profundidade.
Vestígios: lastro Histórico/ José Tadeu
Canhão em pé ancoras, canhões subaquáti 1982 Cabral N/C
de ferro; material co Medeiros
coletado: peças de
madeira, garrafas,
armas, botas,
botões, etc.
Sítio histórico,
exposição
subaquática, 5 a 10
m de profundidade.
Vestígios
Histórico/ José Tadeu
encontrados no
subaquáti 1982 Cabral N/C
arrecife: canhões
co Medeiros
de ferro, quilhas,
etc. Material
coletado: objetos
N. Sra. Do Rosário de porcelana
e Sto. André chinesa, etc.
Sítio histórico de
exposição
Histórico/ José Tadeu
subaquática.
subaquáti 1982 Cabral N/C
Vestígios: lastro,
co Medeiros
canhões de ferro e
Santa Rosa madeira.
Sítio histórico,
exposição
subaquática, 23 m
de profundidade.
Vestígios: vários
Histórico/ José Tadeu
canhões de ferro,
subaquáti 1982 Cabral N/C
âncoras e lastros;
co Medeiros
material coletado:
objetos de estanho,
moedas de ouro e
prata, relógio de
Utrechet sol, etc.
Sítio histórico,
exposição Histórico/ José Tadeu
subaquática, 8 m subaquáti 1982 Cabral N/C
Hollandia ou de profundidade co Medeiros
Amsterdam enterrado no fundo
23
de areia e coral.
Materiais
coletados: jarras
"berlanima", armas,
pratos, etc.
Vestígios da antiga
Igreja da Sé no Carlos N/C
Antiga Igreja da Sé subsolo. Histórico 1998 Etchevarne
Figura 5: Quadro dos sítios arqueológicos cadastrados no IPHAN, para a cidade de Salvador.
24
4. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO1
1
Extraído do "MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO DE INTERVENÇÃO – REQUALIFICAÇÃO DA COLINA DA IGREJA DO SENHOR
DO BONFIM", elaborado por Sotero Arquitetos, para a Prefeitura Municipal de Salvador e a Fundação Mário Leal Ferreira.
25
No projeto também esta contemplada a revitalização do Chafariz da Praça
da Igreja trazendo-o de volta ao seu pleno funcionamento, bem como a reestruturação
do seu entorno imediato como a substituição das grades de proteção existentes por
um jardim em sua base, e num entorno mais abrangente, a adequação da paginação
de piso da praça e disposição de degraus alongados de forma a vencer os desníveis
existentes e a topografia irregular, acomodando a praça na topografia de forma a
torna-la mais plana e regular.
A proposta para o edifício da Água Benta faz parte, junto com o Abrigo de
Velas, do único acréscimo ao conjunto arquitetônico da Praça da Igreja. O abrigo de
66,00m2 de área construída tem função de prover aos visitantes o acesso à água
santificada, criando uma experiência sensorial ligada à materialidade e a luz que incide
dentro do edifício. Atualmente, o Abrigo de Velas da Igreja do Bonfim está localizado
junto a uma das laterais da igreja, numa caixa metálica de acesso franqueado aos
devotos. Propõe-se um Abrigo de Velas com aproximadamente 30.00m2 que estará
alinhado com as linhas limites do edifício da Água Benta e,consequentemente, com o
fundo da Casa dos Romeiros.
26
O sistema viário em torno da Praça Teodósio de Faria teve o sentido
mantido conforme original. O Largo da Baixa do Bonfim alem de ser uma praça de uso
de moradores e visitantes, serve de acesso peatonal ao alto da colina. Com a
reformulação da Praça da Igreja foi necessário compensar a perda de vagas de
veículos em outro ponto do sitio. Para tanto, a Praça Euzébio de Matos foi
redesenhada localizando-a alinhada com os arcos da Ladeira do Bonfim, reativando os
vãos dos arcos para funções comerciais e de serviços. No centro da praça será
disposto um pequeno palco para realizações de pequenos eventos pela comunidade.
Com o deslocamento da praça, alinha-se ao longo da via um grande estacionamento
publico para atender a demanda das vagas excluídas no Largo do Bonfim, alem da
criação de baias para ônibus e vagas para vans e motocicletas.
27
5. EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL
28
● Coerência entre o pensar, o sentir e o fazer;
● Transparência e diálogo e comprometimento com a cidadania ambiental ativa,
considerando a interação entre o meio natural e construído, o socioeconômico
e o cultural, o físico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade;
● Enfoque humanista, holístico, democrático, participativo e emancipatório.
29
escola levou a algumas mudanças no cronograma de execução, visando não
atrapalhar o planejamento da unidade escolar, porém não comprometeu os prazos
estabelecidos no projeto.
30
Figura 6 - aplicação do primeiro questionário. Foto Mariana de Paula.
31
Figura 7 - realização da palestra. Foto Mariana de Paula.
32
apresentação foi aberta a sessão para debate e os alunos expuseram suas questões,
tendo uma boa participação. Foi aplicado um novo formato para a palestra, como fora
solicitado, permanecendo o conteúdo em seu aspecto geral, mas com metodologia
que prendia mais a atenção dos estudantes, que envolveu ainda o cumprimento do
tempo, tornando mais objetiva e proveitosa, já que menos cansativa, considerando o
time dos próprios estudantes.
33
Figura 9 - Circuito guiado. Foto Mariana de Paula.
34
O projeto foi muito elogiado por toda a coordenação e professores. Assim
que apresentado, foi acolhido em todas as suas etapas. Apesar da remarcação de
datas por conta da situação de reforma e imprevistos em consequência desta, a
coordenação atendeu todas as solicitações e esteve presente em todas as etapas
monitorando a execução das atividades, o desempenho e comportamento dos alunos.
35
do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFBA, do Departamento de
Graduação de História, Filosofia e Pós-Graduação em História Econômica e Social da
Bahia da Faculdade de São Bento da Bahia. Foi realizada ainda visita para convite nos
colégios São José, Colégio da Polícia Militar, do Colégio Análise e da Paróquia do
Senhor do Bonfim, onde também foi deixados material impresso, em formato de
cartaz, sobre o encontro e material informativo sobre arqueologia.
36
6. ETAPA DE CAMPO
37
que os métodos científicos adotados pelos novos arqueólogos já eram “velhos”, não
sendo satisfatórios para uma arqueologia pós-moderna e politicamente engajada. Ele
defendeu que não haveria somente uma forma de investigar e sim várias,
consideração essa, que apoia o pluralismo interpretativo da Arqueologia. Neste
sentido, a opção por um só método seria uma atitude autoritária do pesquisador e
contradiz muitos objetos de estudo que são específicos.
38
Sítio arqueológico: Segundo Plog et. all. (1982), o conceito de sítio
arqueológico remete-nos, necessariamente, para o conceito de “não-sítio”. “Não-sítio”
foi definido como uma zona que potencialmente se pode interpretar como de atividade
humana, mas cuja cultura material não o consegue definir espacialmente. Este
conceito opõe-se ao de “sítio”, descrito como um local que potencialmente pode ser
interpretado como resultante de atividade humana e cuja cultura material o define
espacialmente. Portanto, este conceito depende da quantidade da cultura material
evidenciada e das informações contextuais que se pode retirar.
39
Arqueologia Contextual: Para Hodder (1994), a Arqueologia Contextual
implica em um estudo dos dados contextuais de análise para chegar aos tipos de
significado contextual, analisados em função de uma teoria geral. A análise do
contexto, como elemento central e definidor da disciplina arqueológica, requer que se
percebam quais são as especificidades do objeto de estudo e sua relação com os
demais contextos.
40
empreendimento com documentação por meio de fichas de campo, fotografias.
Quando observados indícios de contextos de interesse arqueológico, iniciou-se o
procedimento de escavação manual.
6.1.1.1. MARÇO/2019.
41
Figura 13 - Áreas destacadas em amarelo já tinham intervenções realizadas antes da chegada da equipe
de arqueologia a campo.
42
Figura 14 - Perfil da estrutura 2. Figura 15 - Evidenciação manual das estruturas 1 e
2.
43
camada, porém, como dito anteriormente há a presença de vestígios recentes, como o
calendário, uma moeda de 1984 e vestígios arqueológicos.
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO
QUADRANTE 24
QUADRANTES 25/39
44
A vala tem 2m de profundidade com 1,5m de largura e foi realizada com o
objetivo de substituição de infraestrutura de canaleta. Na escavação foi verificado
retirada da manta asfáltica de 20 cm, 20 cm de paralelepípedo, 25 cm de uma camada
de areia branca e fina e 1,35m de sedimento argilo-arenoso, marrom claro, levemente
compacto, granulação média. Sem presença de material arqueológico neste trecho de
corte. O sedimento proveniente desta atividade está sendo descartado (bota-fora) por
duas caçambas.
QUADRANTE 49
QUADRANTES 53, 68 E 83
45
Figura 18 - Monitoramento de atividade mecânica no quadrante 80.
QUADRANTE 60
QUADRANTE 63
46
Escavação manual para a confecção de caixa de energia com 0,90m X
0,90m e 0,65m de profundidade cuja estratigrafia é: avermelhado, arenoso, solto,
granulometria média, seco, heterogêneo (bioturbação).
QUADRANTE 65
Aterramento da área.
QUADRANTE 87
QUADRANTE 95
47
heterogêneo (bioturbação e rochas), assim como na outra escavação não foram
detectados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.
QUADRANTE 100
QUADRANTES 102/103
Figura 22 - Escavação mecânica acompanhada pela equipe de arqueologia entre os quadrantes 102/103.
QUADRANTES 127/128
48
Figura 23 - Panorama das atividades no canteiro de obras, com ênfase para a escavação entre
os quadrantes 127/128, ao fundo.
6.2.1.1. ABRIL/2019.
49
até o fim desse muro, a valeta aberta para identificação do muro foi de 50 cm de
largura até chegar a sua base.
50
O sedimento foi vistoriado pela equipe de Arqueologia e, sendo coletada
amostra da cultura material característica do aterro de entulhamento para nivelamento
existente na área e além da elaboração da documentação arqueológica da atividade A
escavação continuará no mês de maio, para a evidenciação total da estrutura.
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO
No mês de abril ocorreram intervenções nos quadrantes 24, 35, 38, 48, 49,
53, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 66, 67, 68, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 90, 95,
96, 97, 104. Todas foram acompanhadas pela equipe de arqueologia.
51
Figura 30 - Quadrante 95, caixas 10 e 11.
Figura 31 - Quadrantes 61,62 e 63, escavação manual.
sentido Oeste-Leste.
Figura 32 - Limpeza manual do Quadrante 82. Figura 33 - Limpeza mecânica do Quadrante 60.
QUADRANTE 24:
QUADRANTE 35:
52
QUADRANTE 38:
a) Escavação manual para construção de caixa de energia (07), com
0,95mx 0,80m x 0,80m onde não foram encontrados vestígios arqueológicos imóveis
ou móveis.
QUADRANTE 48:
QUADRANTE 49:
QUADRANTE 53:
QUADRANTE 59:
QUADRANTE 60:
QUADRANTE 61:
53
a) Escavação manual por parte da engenharia para a colocação de
canaflex, atingindo 0,40m de profundidade.
QUADRANTE 65:
QUADRANTES 65 E 79:
QUADRANTE 66:
QUADRANTE 67:
QUADRANTE 68:
54
a) Limpeza mecânica e manual do terreno, onde fora observado que o
sedimento é tipicamente de aterro e que, nos dias atuais, é utilizado como área de
descarte de lixo.
QUADRANTE 73:
QUADRANTE 74:
QUADRANTE 75:
QUADRANTES 76 E 77:
QUADRANTE 77:
QUADRANTE 79:
QUADRANTE 80:
55
manual de valeta para passagem de fiação elétrica, sentido Oeste-Leste, com as
seguintes medidas: 10,80m de comprimento, início 0,40m de profundidade, do meio
para o final 0,70m de profundidade.
QUADRANTE 81:
QUADRANTE 82:
56
No entanto, análises precisam ser realizadas para esclarecer se estes materiais são
atuais ou não.
QUADRANTE 83:
QUADRANTE 84:
QUADRANTE 95:
QUADRANTE 104:
6.3.1.1. MAIO/2019.
57
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA ARQUEOLOGIA
ESTRUTURA 3
Figura 34 - A Colina Sagrada do Senhor do Bonfim em fotografia por volta de 1920, com o muro de pedra
que a circundava, em destaque. Postal Typ. Joaquim Ribeiro & Cia.
58
Figura 35 - Vista ampla da estrutura 3, com presença de árvore entre a parte 1 e parte 2 (da esquerda
para direita: sentido sul-norte da estrutura.
Figura 36 Vista da estrutura 3-1, com parte do muro novo sendo construído rente à estrutura, foto no
sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da estrutura 3-1 sentido sul-norte.
59
Figura 37 - Vista da estrutura 3-3, sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da estrutura 3-3, sentido
sul-norte.
60
Cabe salientar que o projeto original de engenharia previa a construção do
muro novo mais próximo à árvore existente na ponta sul da estrutura 3 (parte 1),
porém, pela evidenciação de grande quantidade de raízes pela equipe da construção,
o que poderia, com seu corte, acarretar na queda da árvore, optou-se pela ampliação
do espaço no entorno desta árvore. Assim, essa primeira parte da estrutura 3, teve
sua porção sul preservada, servindo de base para o muro novo. Foi observado que
abaixo das raízes da árvore que estavam sendo expostas, há resquícios da estrutura
3, bem como resquícios do muro mais recente que está aderido à estrutura – parte
dessa estrutura mais recente aderida à edificação antiga, foi retirada para passagem
do muro atual.
Figura 38 - Estrutura 3 (parte 1) - o novo muro de contenção construído rente à estrutura de pedras.
61
sobre parte da estrutura 3 (2ª parte da estrutura), sendo na sequencia paralisada,
devido a um alinhamento entre a equipe de arqueologia e a engenharia, para
aguardar as intervenções no piso do estacionamento, prevenindo, assim, possíveis
impactos à estrutura 3. Foram coletados alguns materiais no âmbito do desmanche da
estrutura mais recente aderida à estrutura de pedras antiga para construção do muro
novo (ressaltando que não foram atribuídos níveis estratigráficos de exposição dos
materiais, pois estavam em meio a área com bastante perturbação), são eles: 10
fragmentos de louça, 6 fragmentos de metal, 1 de cerâmica, 4 fragmentos de piso -
restos construtivos.
Figura 39 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da estrutura de pedras.
62
Figura 40 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da estrutura de pedras.
Figura 41 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a estrutura de pedras.
63
Figura 42 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a estrutura de pedras.
ESTRUTURA 2
A estrutura 2 teve a continuidade de evidenciação e documentação, com
produção de croquis e plantas-baixas. A evidenciação da estrutura 2 foi realizada
manualmente e foi possível observar que o solo se caracteriza por ser aterro
construtivo. A localização da estrutura se estende entre os quadrantes 46 e 60, que
apresentam vegetação rasteira e presença de uma árvore ao lado do local (leste) em
que se encontra esta estrutura.
64
aterro, houve a preferência da descrição pelas camadas que se apresentam no perfil,
como segue:
Camada 1 - aproximadamente 0-25 cm; solo arenoso de coloração
avermelhada, com pontos de cor vermelha mais escura e de características
areno-argilosa; granulação fina à média.
Ao lado da estrutura, em sua extremidade sul, foi aberta uma valeta para
instalação de canaflex para passagem de fiação elétrica entre 3 caixas que estão
localizadas ao lado da estrutura 2 (no sentido leste-oeste, passando entre a ponta sul
da estrutura e a valeta de escoamento pluvial que se encontra perpendicularmente à
estrutura 2, em sua extremidade sul; a valeta para instalação de canaflex acompanha
toda a valeta de escoamento pluvial). A valeta para passagem da fiação apresenta 15
cm de profundidade, calculados a partir da base de granito que corresponde ao
acabamento arquitetônico da valeta de escoamento pluvial; a partir do topo da
estrutura 2, em sua extremidade sul, até o fundo da valeta aberta para fiação, há a
medida de 60 cm de altura. O solo retirado da valeta ao lado da estrutura é areno-
argiloso, marrom, de granulação média; já o solo da parte da valeta que fica entre a
estrutura 2 e a estrutura 1 (mais a oeste), é areno-argiloso, avermelhado, de
granulação média. Ambas as amostras de solo são resultado de aterros construtivos.
65
Figura 45 - Estrutura 2 - foto ampla do local da estrutura de pedras.
66
Posteriormente à evidenciação e documentação da estrutura e
acompanhamento da abertura da valeta acima descrita, foi realizada concreção do
canaflex instalado na valeta. Além da própria estrutura, não foram evidenciados
achados arqueológicos (móveis) de relevância.
ESTRUTURA 2-2
67
Figura 47 - Estrutura 2 (parte 2) - preparação para produção de planta baixa.
Figura 48 - Estrutura 2 passagem de fios elétricos com cobertura de concreto sobre parte da estrutura
(sentido norte-sul).
ESTRUTURA 1
68
Esta estrutura localiza-se ao longo da murada do largo da Igreja do
Bonfim, na extremidade norte do quadrante 46, a oeste da estrutura 2. O solo
apresenta-se em aclive leve, com vegetação rasteira, e caracteriza-se, também, por
constituir-se de aterro construtivo. Já haviam sido escavados, pela equipe de
arqueologia, aproximadamente 15 cm através de uma trincheira lateral localizada a
leste da estrutura.
69
Figura 49 - Estrutura 1 - foto ampla do local da estrutura de pedras (sentido sul-norte).
70
Figura 51 - Estrutura 1 - medida de profundidade e localização cardeal da trincheira investigativa a leste
da estrutura.
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO
QUADRANTES 50 E 51
71
Figura 52 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal.
Figura 53 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal.
QUADRANTE 51
72
O terreno apresenta leve declive e é composto por solo de aterro
construtivo (secundário).
Figura 54 - Abertura e fechamento de quadra para instalação de caixa de luz (caixa não foi aberta
totalmente - local errado)- contexto de aterro construtivo secundário.
QUADRANTE 58 E 72
73
1° - Valeta tem 50cm de profundidade e 43cm de largura.
2° - Valeta tem 45cm de profundidade e 45cm de largura.
3° - Valeta tem 46cm de profundidade e 40cm de largura.
4° - Valeta tem 46cm de profundidade e 45cm de largura.
5° - Valeta tem 56cm de profundidade e 40cm de largura.
Figura 55 - 2ª Valeta para construção de fundação para levantamento de paredes com blocos de concreto
no local do antigo Mercado do Bonfim.
QUADRANTES 63
O terreno apresenta declive acentuado, com parte mais alta a oeste (junto
ao muro de contenção do local conhecido como “castelinho”, descendo a leste, onde
encontra caixa de energia no mesmo quadrante) e é composto por solo de aterro
construtivo (secundário). O local será parte do gramado que cobrirá a colina.
74
profundidade. O solo não apresenta nenhuma modificação desde o topo da abertura
até a base e a intervenção ocorreu em solo de deposição primária, próximo a
palmeiras imperiais presentes no local. Solo areno-argiloso, seco, compactado,
marrom avermelhado, granulometria média, com perturbações de raízes em toda sua
profundidade e extensão. Foram encontrados vestígios arqueológicos móveis,
coletados e enviados para curadoria.
Figura 56 - Abertura de valeta para passagem de canaflex (fiação elétrica) entre caixas de energia – vista
leste-oeste.
QUADRANTES 65 E 79
Monitoramento de escavação manual com o objetivo de abertura de valeta
para passagem de fiação elétrica entre as caixas de energia. A escavação teve as
seguintes medidas: 10m e 20 cm de comprimento, 37 cm de largura e 43cm de
profundidade. Durante o monitoramento não foram detectados remanescentes
arqueológicos imóveis ou móveis.
QUADRANTE 81
Monitoramento de escavação manual para abertura de duas caixas de
energia. O terreno apresenta leve declive e é composto por solo de aterro construtivo
75
(secundário).
Figura 57 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal (caixa 2).
76
Figura 58 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - medidas e localização cardeal (Caixa
1).
77
Figura 59 - Escavação com máquina próxima ao antigo ponto do bonde e, partes dos trilhos extraídos na
escavação.
78
que, segundo informações da equipe de engenharia, permanecerá no local, sendo
revitalizado. (A equipe responsável pelas obras de engenharia no que se refere ao
estacionamento é a CBV).
Figura 60 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado.
79
A seguinte estratigrafia pode ser observada: 0-10cm: Manta asfáltica. 10-
30cm: Pedras paralelepípedos. 30-60cm: Solo arenoso, de coloração bege clara, seco,
compactado, de granulação fina. 60-130cm: Solo areno-argiloso, marrom
avermelhado, seco, compactado, de granulação média. Não foram encontrados
quaisquer vestígios de interesse arqueológico durante as escavações.
Figura 61 - Vista ampliada dos quadrantes 101 e 102 - escavação mecânica e manual próxima ao antigo
ponto de bonde.
80
(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais
antigas são constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de
solo arenoso e areno-argiloso (equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do
local do estacionamento). Mais próximo ao meio fio da Rua da Baixa do Largo do
Bonfim, há presença de asfalto e paralelepípedos seguidos de solo arenoso e, abaixo,
solo areno-argiloso marrom avermelhado, em um total de aproximadamente 140 cm
de profundidade. A seguinte estratigrafia pode ser observada: Parte com pedras
portuguesas: 0-7cm: Pedras portuguesas brancas e pretas. 7-80cm: Solo arenoso, de
coloração bege clara, seco, compactado, de granulação fina à média. 80-140cm: Solo
areno-argiloso, avermelhado, seco, compactado, de granulação média. Parte de
asfalto (próximo à Rua da Baixa do Largo do Bonfim): 0-10cm: Manta asfáltica. 10-
30cm: pedras paralelepípedos. 30-80cm: solo arenoso, avermelhado, seco,
compactado, de granulação fina à média. 80-140cm: solo areno-argiloso,
avermelhado, seco, compactado, de granulação média.
Figura 62 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado (à esquerda); Á direita, escavação manual para exposição da tubulação d'água nos quadrantes
102 e 103, onde havia piso de pedra portuguesa - local em que será o estacionamento (sentido norte-sul).
81
Monitoramento de escavação mecânica e manual para preparação do solo
para posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do
estacionamento de veículos, próxima ao meio-fio da Rua da Baixa do Largo do
Bonfim.
82
Figura 63 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado.
Figura 64 - Escavação manual para exposição da tubulação d'água nos quadrantes 103 e 104, onde havia
piso de pedra portuguesa - local em que será o estacionamento (foto no sentido leste-oeste)
83
QUADRANTES 90 E 91
84
Figura 65 - Escavação manual (tubulação de água) - local em que será o estacionamento.
85
Figura 67 - Vestígios de antiga tubulação de escoamento de esgoto.
6.4.1.1. JUNHO/2019.
86
Figura 68 - Recomposição do terreno na área das estruturas 1 e 2.
87
Figura 70 - Finalização da recomposição do terreno na área da estruturas 3.
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO
QUADRANTES 77, 91 E 92
88
portuguesas e colocação de asfalto na via pública; parte atual decorrente da
intervenção de engenharia que está sendo realizada na requalificação da colina).
No dia 03/06 a escavação chegou até o quadrante 92, o qual faz divisa
com o Q77 e Q91, e encerraram as atividades de escavação para assentamento de
estacionamento.
Em direção ao muro novo, que está sendo construído ao lado e por cima
da Estrutura de pedras 3, paralelamente às escavações próximas à rua pública da
Baixa do Bonfim, também foram realizadas escavações mecânicas para retirada de
solo para posterior composição de novo aterro que irá constituir a base do
estacionamento.
Figura 71 - Escavação mecânica - local em que será o estacionamento entre os quadrantes Q91/Q92.
89
Figura 72 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento (Q77, Q91, Q92).
Figura 73 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento - detalhe: tubulação de
água cujo entorno foi escavado manualmente (Q91/Q92).
90
QUADRANTES 63 E 77
7. ETAPA DE LABORATÓRIO
91
Os materiais coletados durante a pesquisa em campo, caracteriza-se,
eminentemente pela categoria de tralha doméstica. Traz na sua composição louças
(faiança, faiança fina, porcelana), materiais cerâmicos (cerâmica simples, cerâmica
vitrificada, grés), metálicos e vítreos. Após higienizados e arrolados para curadoria,
seguiram para fase de análise de laboratório.
92
parâmetro esmalte na cor branca para os corpos de tonalidade escura e incolor para
as demais.
93
A conclusão da primeira parte dos procedimentos laboratoriais ocorre com
o preenchimento da ficha de arrolamento e curadoria, e acondicionamento em caixas
poliondas.
94
7.1. ANÁLISE LABORATORIAL
95
Universo Artefactual por categoria
Cerâmica Simples
Cerâmica Vidrada
1%
Grés
20% 8%
6% 24% Porcelana
0%
Faiança Fina
30% 9%
Faiança
2%
Vidro
Metal
Outros
96
solidez e inalterabilidade” (Pileggi apud Tocchetto et alli, 2001, p. 21). Desses,
conforme gráfico abaixo, podem ser apreendidos:
Grés 13
Cerâmica simples 56
97
direcionou a apreensão de que há diversidade, ainda que com baixa densidade, e
relação existente entre as técnicas de manufatura e a técnica decorativa, nos
demonstrando que as peças pertencem a pacotes similares em termos de período de
fabricação. Nesse sentido, é possível apresentar dados relacionais, como
exemplificação do posto dos 99% das cerâmicas torneadas mais de 95% delas não
apresentaram decoração em seu bojo ou demais partes, excetua-se a vitrificação e o
engobo, já que esses dois processos também podem ser utilizados como tratamento
de superfície e, se encontravam em todo universo artefatual observado.
Incisa 1
pintada 3
0
100
200
300
98
Tipo de queima observada para o material
cerâmico
Oxidante 39
Alça/Asa
1% 0% 1%
Base
23% 1% Base/bojo
45%
1% Base/borda
Bojo
28% Borda
Carena
Integro
2
Bojo – “Parte de maior diâmetro externo do vaso. ” (Chymz apud Herberts, 2002, p. 97);
Borda – “Parte superior do vaso. ” (Ribeiro apud Herberts, 2002, p. 97); Base – “Parte inferior,
de sustentação do vaso. ” (Chymz apud Herberts, 2002, p. 97); Alça – “Apêndice vazado,
destinado a suspender o vaso, podendo ser vertical ou horizontal. ” (Souza, 1997, p. 13).
99
b) FAIANÇA
A coleção possui apenas um fragmento de faiança, o que representa
menos de 1% dos materiais analisados. Nesse sentido, voltou-se foco para o
entendimento do período cronológico de confecção, ápice e declínio. Essas
informações tornam-se relevantes para o entendimento da sua presença na área bem
como da ampliação da compreensão sobre o uso do espaço analisado, dessa maneira
entende-se faiança como o artefato “feito com argila de grande plasticidade com
temperatura de queima de aproximadamente 900ºC, resultando em uma cerâmica
porosa, pouco resistente e recoberta com esmalte opaco à base de compostos de
chumbo e estanho branco (Brancante, 1981, p.704)”. Segundo Albuquerque (2000,
p.21-22) a produção de faiança portuguesa tem início relativamente tardio, começando
a partir da segunda metade do século XVI, é eminentemente utilitária, assumindo
características próprias em termos de decoração e de produção, variando essas
condições de acordo com o mercado consumidor a que se destinava.
c) FAIANÇA FINA
100
A análise dos materiais cerâmicos subcategorizados como faiança fina,
exumados, nos apresentou relevantes informações a respeito dos atributos de
manufatura, padrão decorativo, estilo/cena. Apreensões que nos direcionaram ao
entendimento dos processos de ocupações anteriores ao presente na área. A faiança
fina, como define Worthy (1982, p.334), é caracterizada por uma pasta dura e opaca
com coloração entre o branco e o creme. Sua temperatura de queima varia entre 600
e 1150 °C.
Foi analisada nesse estudo uma amostra de 197 peças, coletadas na área
pesquisada oriunda das seguintes partes dos fragmentos:
Base
24%
52% Bojo
23%
Asa
Borda
1%
101
A técnica decorativa predominante foi à pintura à mão livre em peças lisas
e suas combinações com outras técnicas, o Transfer Printing e o modelo carimbado.
Sendo que a primeira se configura como o método decorativo mais antigo, essa esteve
associada, também, ao preenchimento em superfície modificada, como se configura
os exemplares Shell edged presentes na coleção. A seguir, a representação
percentual das técnicas decorativas para os artefatos de faiança fina observados no
volume artefatual.
Borrão
18%
Decalque
27%
Pintada à mão livre
6%
Pintada a mão sobre
2% sup. modificada
8% Transfer
d) PORCELANAS
102
Figura 91 - Amostra de porcelanas presentes na coleção analisada.
Borda
11%
36%
Bojo
Integra
103
Os objetos analisados estão, prioritariamente, relacionados a função de
uso doméstico, voltados ao serviço de mesa. Da amostra analisada 40% dela
apresentava decoração. A coleção apresentou os elementos decorativos:
Tipo de decoração
Louça branca sem decoração
1%
Decoração em alto relevo sem
5%
3% 8% coloração
Pintada à mão/alto relevo
24% 59%
Pintada à mão
Transfer /Decalque
Não identificado
14% 22%
Azul
marrom
22% 7%
Prateado
Verde-oliva
14%
Verde, magenta
14%
7% Verde-claro
Verde-esmeralda
104
e) METAIS
Figura 95 - amostra de moedas, prioritárias na formação do volume de análise dos materiais metálicos.
f) VÍTREOS
105
Do universo artefatual exumado na área, conforme demonstrado na Fig.
80, 6% dos valores totais são referentes ao material vítreo. Sobre a amostra, a análise
laboratorial demonstrou que mais de 95% dos fragmentos observados foram
manufaturados através da técnica de fabricação de molde.
106
Figura 97 - Partes de um recipiente vítreo/garrafa
107
Morfologia dos objetos vítreos
10%
moedas
Recipientes circulares
90%
108
No intuito de ampliar as reflexões e discussão sobre a produção e
extroversão do conhecimento, considera-se a elaboração de artigos científicos
abordando os resultados observados a partir da realização da pesquisa arqueológica
na área de Requalificação da Colina da Igreja do Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia.
Tem-se em mente que a publicização destes dados, intensificará o entendimento de
arqueólogos e pesquisadores de áreas afins sobre o processo de ocupação pretérita
da cidade de Salvador.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização das atividades arqueológicas na Colina da Igreja do Bonfim,
durante a execução das obras de requalificação no local, nos oportunizou a ampliação
do conhecimento sobre os processos de ocupação da área e seus usos.
Usos estes que não foram desagregados e chegaram até o século atual.
Os resultados da análise do local, durante o trabalho de campo, nas suas
características sedimentares associada com aqueles obtidos durante o exame dos
fragmentos coletados, nos apontam dois aspectos relevantes. O cunho religioso que
extrapola ao catolicismo popular e/ou secular, representado pelo artefato de maior
volume, isto é, a própria edificação da Igreja do Bonfim e a presença de grande
quantidade de moedas, chegando as formas de paralelismo religioso, caracterizado
pela presença de búzios e localização de uma conta azul-cobalto, que pode estar
associado ao culto da divindade Oxalá.
Associa-se a esta interpretação a observação durante a etapa laboratorial
de pelo menos três quartinhas. Pequeno vaso utilizado com fins ritualísticos dentro de
religiões de matrizes africanas. A inferência maior recai sobre a assertiva de pelo
109
menos 2 deles, pois o terceiro, ainda que a parte da sua morfologia nos direcione a
esse entendimento pela similitude das características morfofuncionais com os outros
dois exemplares estudados, poderia tratar-se também de um púcaro, dado as suas
dimensões. Um púcaro é um recipiente elaborado a partir de matéria-prima cerâmica
que tem como função o serviço de mesa atrelado a líquidos.
E mais uma vez, outro vestígio móvel cerâmico nos conduz a consolidar
essa apreensão sobre o uso histórico da área abarcando esse paralelismo religioso
entre as religiões católicas e aquelas de matriz africana. Este diz respeito a grande
densidade de fragmentos de alguidares, que são, ainda hoje, recipientes, comumente
elaborados em cerâmicas com vitrificação e são utilizados como "pratos rituais", dentro
das religiões de matriz africanas no intuito de oferecer "alimento" a divindades
cultuadas nestas religiões.
Ressaltamos que essa permanência no tempo, que inferimos a partir dos
resultados alcançados no estudo, encontra-se base, a partir da análise da observação
desses elementos dispersos em diferentes camadas e abarcando a dispersão espacial
da área analisada. Mais uma vez, reforçamos que a observação dos materiais
culturais móveis em diferentes camadas, com especial interesse àquelas mais
profundas em associação com elementos observados na superfície, oferendas
associadas a arvores existentes no local, nos compele a entender que existiu, outrora,
chegando aos dias atuais, um uso tradicional da área por essas religiões.
Ressaltamos, que por tratar-se de solo de aterro, formado por depósitos técnogênicos,
a nossa observação focou em elementos peculiares. Desta maneira, a partir da análise
de toda a coleção exumada, atrelando-se ao seu quadrante de origem, centrou-se
apenas nas peças de maior dimensão, recorrências e aquelas que estão associadas
aos elementos estruturais.
Entretanto, por uma questão de rigor científico, apresentamos nossas
considerações como inferência, isto é, sem o intuito de caráter conclusivo.
A presença das moedas, pode também em certa medida, estar relacionada
ao uso comercial-mercantil de uso da área, que abriga diversos tabuleiros, cada um
regido por pequenos comerciantes que vendem tradicionalmente artefatos ligados a
religiosidade e alimentos, em relação direta ao ofício secular de quituteiras e negros
de ganho, relacionados a venda de serviços, fartamente documentado na
documentação histórica disponível.
No que tange aos vestígios estruturais localizados durante a pesquisa, a
evidenciação desses remanescentes, nos levou ao entendimento dos processos de
transformações espaciais sofridas pela colina. Nesse sentido unem-se os aterros, que
são indicativos do processo de mudança de nível da cota zero do terreno, e dos
diferentes desenhos projetados para área, atrelado a questão do paisagismo,
enfatizando seu caráter de área de lazer e turismo da cidade. Seja o par de estruturas
em formato de meia-lua (estrutura 2) ou os remanescente do antigo muro de arrimo
que "fechava" a área da colina, bem retratado na Figura 80. Lembrando que esse não
é um expediente extraordinário para área de uso coletivo, voltado ao lazer em
Salvador, haja vista as edificações que circundam áreas como o passeio público, a
Praça 2 de Julho, no Campo Grande e a estrutura que existia no Terreiro de Jesus no
início do século XX (e que desapareceu após reformas posteriores).
110
Voltando à análise dos aterros, a composição dos pacotes analisados nos
direcionou tratar-se de um aterro de maior volume do século XIX. Reforça essa
apreensão a observação da ausência, na coleção exumada, de fragmentos de
recipientes relacionados a processos de manufaturas de períodos mais recuados. A
periodização da amostra examinada, levou em consideração o padrão decorativo
(aspectos estilísticos e coloração empregada), bem como os processos de manufatura
empregados. Dentre os materiais vítreos foi observado que os fragmentos, em sua
maioria, foram produzidos a partir de técnicas empregadas apenas após o segundo
quartel do século XVIII, para a faiança fina observou-se que o processo produtivo
esteve, em sua maioria, associada, a padrões decorativos mais recentes, inclusive
com o emprego de cromias utilizadas a partir do século XX. Observações se repetem
para porcelana analisada. E, por final, destacamos a ausência de representatividade
de faiança na coleção exumada, dos 670 fragmentos, foi coletados apenas 1
fragmento de faiança, que em se tratando da literatura especializada no Brasil, poderia
nos direcionar a uma periodização dos pacotes estratigráficos mais recuada.
Ressalta-se apenas que a área da pesquisa, historicamente documentada,
passou por sucessivos momentos de modificações e reformas. O próprio enterramento
das estruturas evidenciadas, durante a elevação da cota do terreno na área, nos
apresenta pelo menos três momentos diversos e anteriores de intervenções na área.
Esse entendimento está assentado na análise do processo produtivo destas
estruturas: A estrutura 1, relacionada a alicerce/fundação do muro de pedra e
argamassa branca, existente na praça da Igreja do Bonfim; a estrutura 2, formada por
pedras e cimentos como rejunte e a estrutura 3 (remanescente do muro da baixa do
Bonfim) formada por gnaisse e argamassa amarelada.
O estudo arqueológico reforçou o entendimento sobre a inter-relação e
coexistência dos processos de uso para a área da Colina, localizada na Baixa do
Bonfim, que abriga a igreja de mesma denominação: o seu uso como espaço de
reafirmação religiosa, ainda que seja nos moldes do paralelismo exposto, seu caráter
ligado ao aspecto de lazer e turismo e seu cunho comercial/mercantil. Aspectos que
encontram recorrência e permanência desde seu momento formativo, mas que, para o
estudo, mostra-se de maneira mais consistente a partir do século XIX.
111
10. EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
10.1. PRIMÁRIAS
Jornal
Diário de Notícias, 1912.
Jornal da Bahia, 1978 -1908.
Biblioteca APEB.
Reg. 90 Planta da Calçada do Bonfim até o tanque da Conceição 1849.
Fundação Mário Leal Ferreira
Mapa do Programa de revitalização : Jaime Lemer. Planejamento urbano: Bonfim.
APEB - Arquivo Público Do Estado Da Bahia
112
Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/Livro 1815/Cartório
258/Pág.3v-4/1921
10.2. SECUNDÁRIAS
CARDOSO et. al. O Brasil Republicano. Tomo III: Estrutura e Poder (1889 1930).
Rio de janeiro: Bertrand Brasil, 1997.
113
Congresso Latino-Americano sobre a Cultura Arquitetônica e Urbanística. Porto
Alegre. 1991. p. 190-196.
COSTA, Lúcio. Registro de uma vivência. São Paulo, Brasil: Empresa das Artes,
1995. p. 460
COSTA, Ana de Lourdes Ribeiro da. Espaços Negros: Cantos e Lojas em Salvador
no Século XIX. In: Caderno CRH Suplemento. Salvador:EDUFBA. 1991
DIAS; Jeanne Almeida; SILVA, Railson Cotias da. Relatório final do Projeto
Levantamento Arqueológico e Educação Patrimonial para a área do
Empreendimento Estacionamento Barroquinha – Salvador, Bahia. Dezembro de
2018. (Documento apresentado ao IPHAN).
DOREA, Luiz Eduardo. Histórias de Salvador nos nomes das suas ruas. Salvador:
EDUFBA, 2006.
114
UEFS, 2003, p.173-176.
Lisboa, AHU, códice 112, fls. 1-9. Regimento que levou Tomé de Souza governador
do Brasil, Almerim, 17/12/1548.
115
Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2017.
MORAIS, J. SIG – Arqueologia e o fator Geo. In: Revista do MAE, 9. São Paulo,
USP, 1999.
LEITE, Serafim. Op. Cit., Tomo II, Livro I, Lisboa: Editora Portugália, 1938. Página 43
SILVA, Railson Cotias da. Nem tudo que reluz é vidro: Mudanças sociais e
116
introdução de artefatos vítreos na Salvador oitocentista. Dissertação Mestrado,
PPGA/UFS. 2014.
TAVARES, Luís Henrique Dias Tavares. História da Bahia. Salvador: EDUFBA, 2008.
117
templos afro-brasileiros. Salvador: IPHAN, 2011.
VILHENA, Luís dos Santos. A Bahia no século XVIII. Notas e comentários de Braz do
Amaral. Apresentação de Edison Carneiro. Vol. I, II, III. Salvador, BA: Editora Itapuã,
1969.
11. ANEXOS
118