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PREFEITURA MUNICIPAL DE SALVADOR

FUNDAÇÃO MÁRIO LEAL FERREIRA - FMLF

Sotero Arquitetos – Arqº Adriano Mascarenhas

Arqueólogos Consultoria e Pesquisa - Ma. Jeanne Almeida Dias / Ms. Railson Cotias
da Silva

RELATÓRIO FINAL

PROGRAMA DE PESQUISA ARQUEOLÓGICA - MONITORAMENTO


ARQUEOLÓGICO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL PARA AS OBRAS DE
REQUALIFICAÇÃO DA COLINA DA IGREJA DO SENHOR DO BONFIM,
SALVADOR - BA.

01502.001122/2018-62

Novembro 2019.
PROGRAMA DE PESQUISA ARQUEOLÓGICA - MONITORAMENTO
ARQUEOLÓGICO E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL PARA AS OBRAS DE
REQUALIFICAÇÃO DA COLINA DA IGREJA DO SENHOR DO BONFIM.

Salvador/BA

EXECUÇÃO:
ARQUEÓLOGOS
Edifício Trapiche Pequeno, Rua do Pilar, nº 40, sala 203 - Comércio, Salvador/BA.
CEP: 40.015-590
CNPJ: 26.103.174/0001-73
Fone: (71) 99110-3631 / 99233-7619
Responsáveis: Jeanne Almeida Dias / Railson Cotias
E-mail: arqueologos10@gmail.com

EMPREENDEDOR:
FUNDAÇÃO MÁRIO LEAL FERREIRA - FMLF
Endereço: Av. Vale dos Barris, nº125 - Barris. Salvador-BA
CEP: 40.070-055
Fone: 3202-9803/9804
E-mail: fmlf@salvador.ba.gov.br
Responsável técnico: Tânia Scofield Almeida

CONTRATANTE:
CONSÓRCIO SOTERO URBE/SOTERO ARQUITETOS
Endereço: Avenida Contorno, 1010, Bahia Marina, Comércio. Salvador-BA
CEP: 40.015-160
CNPJ: 10.744.821/0001-96
Responsável técnico: Adriano Mascarenhas

ENDOSSO INSTITUCIONAL:
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA - UNEB
CAMPUS VII - SENHOR DO BONFIM
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
LABORATÓRIO DE ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA
BR 407, Km 127, S/N, Campus Universitário da UNEB.
CEP: 48.970-000
Senhor do Bonfim/BA
Fone: (74) 3541-8932
Responsável Técnico: Cristiana de Cerqueira Santana
INFORMAÇÕES GERAIS

Monitoramento Arqueológico e Educação Patrimonial


Projeto Para as Obras de Requalificação da Colina da Igreja do
Senhor do Bonfim, Salvador - BA.

Processo IPHAN 01502.001122/2018-62

Documento Projeto de Pesquisa

Empreendimento Fundação Mário Leal Ferreira - FMLF

Município Salvador

Estado Bahia

nº 09, de 08 de fevereiro de 2019./ Prorrogação nº 42, de 1º de


Portaria
julho de 2019.

Jeanne Almeida Dias e Railson Cotias da Silva


Responsáveis Arqueólogos Pesquisa e Consultoria
técnicos Contato: arqueologos10@gmail.com
Fonte: (71) / 99110-3631 / 99233-7619
EQUIPE TÉCNICA
NOME FORMAÇÃO FUNÇÃO
Antropóloga e mestra em
Jeanne Almeida Dias Coordenação geral
Arqueologia
Historiador e mestre em
Railson Cotias da Silva Coordenação técnica
Arqueologia
Coordenação de
Marta Bonow Rodrigues Mestra em Arqueóloga
campo
Coordenação de
Marina Buffa César Arqueóloga
campo

Pedro L. Barbosa Arqueólogo Arqueólogo de campo

Anny Larissa Leite Arqueóloga Arqueóloga de campo

Luís Paulo Rocha Técnico Campo/laboratório

Luciano Santana Técnico Técnico de laboratório

Geógrafa e Mestra em Analista em


Rosana Mª Sant'Ana
Planejamento Territorial Geoprocessamento

Samantha Santana Técnica em edificações Técnica cadista

Juciara da C. Vianna Historiadora Historiadora

Vinícius Bonifácio Historiador Historiador

Historiador com habilitação Coord. de ações


Edwin Neves
em Patrimônio Cultural educativas
Historiadora, Pedagoga e
Coord. de ações
Magnair Barbosa Mestra em Cultura e
educativas
Sociedade.
Equipe executora das
Maria Ferraz Historiadora
ações educativas

Mestre em Preservação do
Igor de Souza Palestrante convidado
Patrimônio Cultural

Daniela de Carvalho Equipe ações


Guia de turismo
Contu educativas
Equipe ações
Mariana de Paula Fotógrafa
educativas
Equipe ações
Daniela Cerqueira Design
educativas
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Mapa do Bairro do Bonfim. Fonte: SANTOS et al (2010, p. 391)................... 15
Figura 2 - Ocupação de Salvador. Fonte: Andrade e Brandão (2009, p. 92). ................ 16
Figura 3 - Mapa das freguesias consideradas urbanas da cidade. Fonte: Martins (2017,
p.33)............................................................................................................................................ 17
Figura 4 - Vista da península de Itapagipe em 1549. Fonte: VARNHAGEN (1854, p.
198)............................................................................................................................................. 18
Figura 5 - aplicação do primeiro questionário. Foto Mariana de Paula. .......................... 30
Figura 6 - aplicação do primeiro questionário. Foto Mariana de Paula. .......................... 31
Figura 7 - realização da palestra. Foto Mariana de Paula. ................................................ 32
Figura 8 - realização da palestra. Foto Mariana de Paula. ................................................ 32
Figura 9 - Circuito guiado. Foto Mariana de Paula. ............................................................ 34
Figura 10 - Diálogos com a comunidade. Foto: Mariana de Paula. ................................. 35
Figura 11 - Encontro com a comunidade. Foto: Mariana de Paula. ................................. 36
Figura 12 - Setorização da área do monitoramento Arqueológico. .................................. 41
Figura 13 - Áreas destacadas em amarelo já tinham intervenções realizadas antes da
chegada da equipe de arqueologia a campo. ...................................................................... 42
Figura 14 - Perfil da estrutura 2. ............................................................................................ 43
Figura 15 - Evidenciação manual das estruturas 1 e 2. ..................................................... 43
Figura 16 - Escavação mecânica no quadrante 24. ........................................................... 44
Figura 17 - e Escavação mecânica entre os quadrantes 25/39........................................ 45
Figura 18 - Monitoramento de atividade mecânica no quadrante 80. .............................. 46
Figura 19 - Escavação manual no quadrante 60. ............................................................... 46
Figura 20 - Monitoramento no quadrante 60. ...................................................................... 46
Figura 21 - Acompanhamento de escavação mecânica no quadrante 87. ..................... 47
Figura 22 - Escavação mecânica acompanhada pela equipe de arqueologia entre os
quadrantes 102/103. ................................................................................................................ 48
Figura 23 - Panorama das atividades no canteiro de obras, com ênfase para a
escavação entre os quadrantes 127/128, ao fundo. ........................................................... 49
Figura 24 - Escavação manual de valeta ao lado da estrutura. ........................................ 50
Figura 25 - Escavação manual ao lado e topo da estrutura. ............................................. 50
Figura 26 - Visão ampla do empreendimento ..................................................................... 51
Figura 27 - Quadrante 60: limpeza mecânica da área. ...................................................... 51
Figura 28 - Escavação manual no quadrante 38. ............................................................... 51
Figura 29 - Quadrante 81: documentação fotográfica. ....................................................... 51
Figura 30 - Quadrante 95, caixas 10 e 11. ........................................................................... 52
Figura 32 - Limpeza manual do Quadrante 82. ................................................................... 52
Figura 33 - Limpeza mecânica do Quadrante 60. ............................................................... 52
Figura 31 - Quadrantes 61,62 e 63, escavação manual. sentido Oeste-Leste. ............. 52
Figura 34 - A Colina Sagrada do Senhor do Bonfim em fotografia por volta de 1920,
com o muro de pedra que a circundava, em destaque. Postal Typ. Joaquim Ribeiro &
Cia............................................................................................................................................... 58
Figura 35 - Vista ampla da estrutura 3, com presença de árvore entre a parte 1 e parte
2 (da esquerda para direita: sentido sul-norte da estrutura. .............................................. 59
Figura 36 Vista da estrutura 3-1, com parte do muro novo sendo construído rente à
estrutura, foto no sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da estrutura 3-1 sentido
sul-norte. .................................................................................................................................... 59
Figura 37 - Vista da estrutura 3-3, sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da
estrutura 3-3, sentido sul-norte. ............................................................................................. 60
Figura 38 - Estrutura 3 (parte 1) - o novo muro de contenção construído rente à
estrutura de pedras. ................................................................................................................. 61
Figura 39 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da
estrutura de pedras. ................................................................................................................. 62
Figura 40 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da
estrutura de pedras. ................................................................................................................. 63
Figura 41 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a
estrutura de pedras. ................................................................................................................. 63
Figura 42 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a
estrutura de pedras. ................................................................................................................. 64
Figura 43 - Estrutura 2 - medida de profundidade e localização cardeal. ....................... 66
Figura 44 - Vista da valeta passando rente à Estrutura 2 - sentido leste – oeste. ....... 66
Figura 45 - Estrutura 2 - foto ampla do local da estrutura de pedras. ............................. 66
Figura 46 - Estrutura 2 (parte 2) - foto ampla do local (sentido sudeste-noroeste). ...... 67
Figura 47 - Estrutura 2 (parte 2) - preparação para produção de planta baixa. ............. 68
Figura 48 - Estrutura 2 passagem de fios elétricos com cobertura de concreto sobre
parte da estrutura (sentido norte-sul). ................................................................................... 68
Figura 49 - Estrutura 1 - foto ampla do local da estrutura de pedras (sentido sul-norte).
..................................................................................................................................................... 70
Figura 50 - Estrutura 1 - limpeza e abertura de trincheira (a leste da estrutura) para
evidenciação da estrutura de pedras. ................................................................................... 70
Figura 51 - Estrutura 1 - medida de profundidade e localização cardeal da trincheira
investigativa a leste da estrutura. .......................................................................................... 71
Figura 52 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro
construtivo secundário - profundidade e localização cardeal............................................ 72
Figura 53 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro
construtivo secundário - profundidade e localização cardeal............................................ 72
Figura 54 - Abertura e fechamento de quadra para instalação de caixa de luz (caixa
não foi aberta totalmente - local errado)- contexto de aterro construtivo secundário. .. 73
Figura 55 - 2ª Valeta para construção de fundação para levantamento de paredes com
blocos de concreto no local do antigo Mercado do Bonfim. .............................................. 74
Figura 56 - Abertura de valeta para passagem de canaflex (fiação elétrica) entre caixas
de energia – vista leste-oeste................................................................................................. 75
Figura 57 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro
construtivo secundário - profundidade e localização cardeal (caixa 2). .......................... 76
Figura 58 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - medidas e localização
cardeal (Caixa 1). ..................................................................................................................... 77
Figura 59 - Escavação com máquina próxima ao antigo ponto do bonde e, partes dos
trilhos extraídos na escavação. .............................................................................................. 78
Figura 60 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da
Baixa do Largo do Mercado. ................................................................................................... 79
Figura 61 - Vista ampliada dos quadrantes 101 e 102 - escavação mecânica e manual
próxima ao antigo ponto de bonde. ....................................................................................... 80
Figura 62 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da
Baixa do Largo do Mercado (à esquerda); Á direita, escavação manual para exposição
da tubulação d'água nos quadrantes 102 e 103, onde havia piso de pedra portuguesa -
local em que será o estacionamento (sentido norte-sul). .................................................. 81
Figura 63 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da
Baixa do Largo do Mercado.................................................................................................... 83
Figura 64 - Escavação manual para exposição da tubulação d'água nos quadrantes
103 e 104, onde havia piso de pedra portuguesa - local em que será o estacionamento
(foto no sentido leste-oeste) ................................................................................................... 83
Figura 65 - Escavação manual (tubulação de água) - local em que será o
estacionamento. ....................................................................................................................... 85
Figura 66 - Escavação mecânica - local que será o estacionamento............................. 85
Figura 67 - Vestígios de antiga tubulação de escoamento de esgoto. ............................ 86
Figura 68 - Recomposição do terreno na área das estruturas 1 e 2. ............................... 87
Figura 69 - Finalização da recomposição do terreno da área das estruturas 1 e 2. ..... 87
Figura 70 - Finalização da recomposição do terreno na área da estruturas 3. .............. 88
Figura 71 - Escavação mecânica - local em que será o estacionamento entre os
quadrantes Q91/Q92. .............................................................................................................. 89
Figura 72 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento
(Q77, Q91, Q92). ...................................................................................................................... 90
Figura 73 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento -
detalhe: tubulação de água cujo entorno foi escavado manualmente (Q91/Q92). ........ 90
Figura 74 - Escavação manual - abertura de valeta. .......................................................... 91
Figura 75 - Higienização do material arqueológico coletado no âmbito das escavações
e monitoramento da obra. ....................................................................................................... 92
Figura 76 - Pré-esmaltação das peças. Etapa laboratorial................................................ 93
Figura 77 - marcação de identificação das peças............................................................... 93
Figura 78 - Pós-esmaltação das peças. ............................................................................... 94
Figura 79 - Acondicionamento dos materiais....................................................................... 94
Figura 80 - Conta presente na coleção exumada no Bonfim. ........................................... 95
Figura 81 - Gráfico da representação das categorias disponíveis na amostra analisada.
..................................................................................................................................................... 96
Figura 82 - Amostra de material cerâmico analisado ......................................................... 96
Figura 83 – Distribuição materiais cerâmicos, percentuais. .............................................. 97
Figura 84 - Gráfico com a distribuição de elemento decorativo na amostra................... 98
Figura 85- Tipo de queima observado na amostra ............................................................. 99
Figura 86 - Parte da peça analisada durante a etapa laboratorial ................................... 99
Figura 87 - Faiança analisada com decoração monocromática em cor azul. .............. 100
Figura 88 - Amostra de fragmentos de faiança fina examinados ................................... 101
Figura 89 - Parte dos fragmentos analisados .................................................................... 101
Figura 90 - Elemento decorativo observado na faiança fina examinada ....................... 102
Figura 91 - Amostra de porcelanas presentes na coleção analisada. ........................... 103
Figura 92 - Partes dos fragmentos da porcelana analisados. ......................................... 103
Figura 93 - Tipo de decoração das Porcelanas analisadas. ........................................... 104
Figura 94 - Distribuição da coloração da decoração das porcelanas. ........................... 104
Figura 95 - amostra de moedas, prioritárias na formação do volume de análise dos
materiais metálicos. ............................................................................................................... 105
Figura 96 - Amostra do material vítreo analisado ............................................................. 105
Figura 97 - Partes de um recipiente vítreo/garrafa ........................................................... 107
Figura 98 - Forma dos contentores ..................................................................................... 108
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 11
2. LEVANTAMENTO ETNOHISTÓRICO DA LOCALIDADE DE ESTUDO ............... 12
2.1. OCUPAÇÃO .................................................................................................................. 12
2.2. O BONFIM.................................................................................................................... 15
2.3. POPULAÇÃO ................................................................................................................ 18
2.4. ECONOMIA .................................................................................................................. 18
2.5. FESTIVIDADES .............................................................................................................. 20
3. A ARQUEOLOGIA EM SALVADOR ............................................................................ 21
4. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO....................................................................... 25
5. EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO PATRIMONIAL .. 28
5.1. SEQUENCIA DAS ATIVIDADES REALIZADAS JUNTO A INSTITUIÇÃO DE
ENSINO ................................................................................................................................. 29
5.1.1. A APRESENTAÇÃO DO PROJETO ..................................................... 29
5.1.2. APLICAÇÃO DO PRIMEIRO QUESTIONÁRIO .................................... 30
5.1.3. PALESTRA DIALOGADA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR ..................... 31
5.1.4. CIRCUITO GUIADO .............................................................................. 33
5.1.5. APLICAÇÃO DO SEGUNDO QUESTIONÁRIO. ................................... 34
5.1.6. DIRECIONAMENTO FUTURO A PARTIR DA REALIZAÇÃO DAS
AÇÕES EDUCATIVAS ........................................................................................ 34
5.2. AÇÕES JUNTO A COMUNIDADE EM GERAL................................................... 35
5.2.1. ENCONTRO COM A COMUNIDADE .................................................... 35
6. ETAPA DE CAMPO ......................................................................................................... 37
6.1. METODOLOGIA E CONCEITUAÇÃO .................................................................. 37
6.1.1. A ATIVIDADE DE CAMPO.................................................................... 40
6.1.1.1. MARÇO/2019. ....................................................................................... 41
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA
ARQUEOLOGIA.................................................................................................. 42
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO ................................................ 44
6.2.1.1. ABRIL/2019........................................................................................... 49
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA
ARQUEOLOGIA.................................................................................................. 49
6.3.1.1. MAIO/2019. ........................................................................................... 57
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA
ARQUEOLOGIA.................................................................................................. 58
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO ................................................ 71
6.4.1.1. JUNHO/2019. ........................................................................................ 86
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA
ARQUEOLOGIA.................................................................................................. 86
b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO ................................................ 88
7. ETAPA DE LABORATÓRIO .......................................................................................... 91
7.1. ANÁLISE LABORATORIAL .................................................................................... 95
8. PROPOSTA PRELIMINAR DE UTILIZAÇÃO FUTURA DO MATERIAL
PRODUZIDO PARA FINS CIENTÍFICOS, CULTURAIS E EDUCACIONAIS/ MEIO DE
DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS OBTIDAS. ................................. 108
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 109
10. EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 112
10.1. PRIMÁRIAS............................................................................................................. 112
10.2. SECUNDÁRIAS........................................................................................................ 113
11. ANEXOS ......................................................................................................................... 118
11.1. MAPA DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO; ............................................................. 118
11.2. MAPA DA SETORIZAÇÃO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO; ................................ 118
11.3. FICHA DA PORTARIA 196/2016. ............................................................................ 118
1. INTRODUÇÃO

O presente documento tem como objetivo demonstrar os resultados


observados durante a execução das atividades do “Programa de Pesquisa
Arqueológica - Monitoramento Arqueológico e Educação Patrimonial para as Obras de
Requalificação da Colina da Igreja do Senhor do Bonfim, Salvador - BA.", visando
atender todos os pressupostos técnicos e metodológicos definidos, como também ao
cumprimento das leis que envolvem a proteção e pesquisa do patrimônio arqueológico
e cultural.

A realização de um monitoramento arqueológico tem como objetivo


identificar, definir e mitigar possíveis impactos sobre áreas de interesse de resguardo
ao patrimônio arqueológico, ocasionados pelas ações das obras de engenharia que
envolvam revolvimento de solo. A realização das atividades do supramencionado
projeto, que fundamentou a elaboração deste relatório, encontra-se fundamentada na
legislação federal, que regulamenta a pesquisa arqueológica no Brasil – Lei nº
3924/61, Portaria SPHAN 07/88 e no Termo de Referência elaborado pelo IPHAN para
a obra e foi permissionada, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,
através da Portaria nº 09, de 08 de fevereiro de 2019, com Prorrogação através da
Portaria nº 42, de 1º de julho de 2019.

O relatório está dividido em dois blocos: o primeiro, com tópicos que


abordam a área de implantação do empreendimento, no que tange a sua situação
histórica, além dos aspectos técnicos próprios do empreendimento; A segunda parte
aborda os trabalhos realizados em campo, a base conceitual/metodológica, as áreas
prospectadas, além da apresentação de recomendações de encaminhamentos, bem
como as análises laboratoriais e as ações educativas e, por fim, as considerações
finais.

11
2. LEVANTAMENTO ETNOHISTÓRICO DA LOCALIDADE DE ESTUDO

O Bairro do Bonfim está localizado na Península de Itapagipe, região da


cidade baixa em Salvador, no Estado da Bahia. A localidade recebe o nome do santo
padroeiro e por conta do festejo da lavagem do Bonfim que acontece todos os anos no
mês de Janeiro, levando milhares de pessoas a subir a Colina sagrada, é um símbolo
de fé de todos os baianos. A localidade faz limite com os bairros de: Monte Serrat, Boa
Viagem, Ribeira, Roma e Vila Ruy Barbosa.

2.1. OCUPAÇÃO

A ocupação territorial de Salvador iniciou-se no processo de capitanias


hereditárias. A coroa portuguesa fez doações de terra para os nomes mais bem
dotados da época a fim de que essas pessoas iniciassem no Brasil o processo de
cultivo de açúcar e especiarias. O homem que ficou responsável da dita Capitania da
Baía de todos os santos, foi o Francisco Pereira Coutinho, conhecido como Rusticão.
Que por conta da má administração e diplomacia com os indígenas que cá viviam,
acabou sendo morto, num ritual de antropofagia, próximo a Ilha de Itaparica.

Tomé de Souza trouxe o Regimento de 1548 ao Brasil no ano seguinte,


sendo então revelado o caráter conciliador da política indigenista a ser adotada após a
instalação do Governo Geral na Bahia e a tentativa de ajustar as orientações legais às
bulas papais de 1537.

O Regimento previa que a paz e a guerra deveriam ser exclusivamente


administradas pelas autoridades metropolitanas na tentativa de reverter à delicada
situação em que se encontrava a relação entre índios e portugueses. Instaurar a paz
com os nativos e afastar os franceses eram estratégias que garantiriam o
fortalecimento das capitanias.

Segundo Brunet, solidificar-se-ia o povoamento e a própria colonização, a


paz ou a guerra garantiriam trabalhadores nativos aos colonos, apenas havendo
formas distintas de acesso a esse manancial de mão de obra. Uma das metas
principais a ser alcançada era garantir a ajuda da Coroa aos capitães donatários,
colocando a seu serviço o apoio administrativo do Estado para que pudessem superar
as dificuldades enfrentadas em seu empreendimento.

O controle dos índios, nessa conjuntura, apresentava-se como primordial


para a viabilidade econômica, política e social do projeto colonizador que por isso a
metrópole assumiu o controle das relações interétnicas.

Essa decisão foi interpretada diferentemente por colonos e missionários.


Para os primeiros, seria uma intervenção dos administradores em seus negócios,
reduzindo suas possibilidades de obter escravos e enriquecer. Para os segundos, as
medidas restritivas adotadas indicariam uma opção preferencial pela salvação das
almas dos nativos.

12
Apesar de constar no regimento que o principal motivo da conquista e
colonização era a redução do gentio à fé católica, tal decisão para ser compreendida
deve ser contextualizada na geopolítica europeia da época e na necessidade
portuguesa de obter o apoio de Roma para afastar a cobiça de outras nações pela
posse das terras no Novo Mundo. Por isso, é necessário atentar que as bulas papais
de 1537 devem ter pesado na elaboração do regimento.

A política indigenista portuguesa deveria então “agradar” Roma.


Entretanto, brechas no Regimento nos permitem enxergar sua flexibilidade. A
preocupação como os ataques dos grupos indígenas é evidenciada claramente.
Regras precisas de relacionamento entre os colonos e os nativos são estabelecidas.
Os índios são classificados em duas grandes categorias – aliados e inimigos.

O tratamento era diferenciado de acordo com a disposição ou não dos


grupos estabelecerem “alianças” com os colonizadores e atenderem suas
necessidades e exigências. Nesse caso, deve-se entender o termo aliança, segundo a
visão dos portugueses, como a aceitação da imposição das novas relações sociais e
formas de trabalho. Os que se recusassem a aceitar as imposições coloniais poderiam
ser escravizados, sendo igualados aos muçulmanos que resistiam à cristianização.

Nessa conjuntura, firmava-se uma política indigenista dualista ordenadora


das relações entre índios e colonos. As regras previam: proteção e imposição de
novos padrões culturais aos índios “mansos” e guerra justa para os opositores e
resistentes.

Brunet enfatiza que estes o Regimento determinava que se fizesse guerra,


matando e cativando e fazendo executar nas próprias aldeias alguns chefes que
fossem aprisionados enquanto as pazes fossem negociadas. A Coroa procurava,
dessa forma, superar os conflitos com alguns grupos, transformando-os em aliados e
participantes nos seus empreendimentos e, ao mesmo tempo, através de mecanismos
de apresamento, garantir o concurso da mão de obra indígena escravizada na
agroindústria açucareira, no corte e transporte de madeira, na agricultura de
subsistência, defesa das vilas e povoados, nos trabalhos domésticos, na participação
em entradas e criação de gado.

Coube aos jesuítas, chegados em 1549, quando da criação do Governo


Geral,a responsabilidade de ressocializar e transformar os índios em súditos leais à
Coroa e à Igreja. Desconsiderando o alto teor apologético nas obras jesuíticas sobre
período.

Convém frisar que esta política intervencionista não visava, portanto, a


“proteção” dos índios por mero beneplácito cristão e, sim, a conservação e reprodução
destas populações. Evitando desta forma que a escravização desenfreada praticada
pelos colonos ameaçasse o domínio lusitano.

Nóbrega até chegou a propor vinda de trabalhadores portugueses para


atenuar a “lastimosa” situação dos índios. O ilustre jesuíta afirmava que seria “opróbrio

13
de Cristo e desonra da nobreza portuguesa, deixá-los viverem livremente” e que o
melhor mesmo era que se tornassem cristãos e sujeitos.

A preocupação da Coroa portuguesa em promover e controlar a criação de


aldeias a serem administradas por missionários estava intimamente relacionada à
instalação do Governo Geral na Bahia. Seriam eles os grandes pilares de sustentação
do próprio projeto colonizador e deveriam garantir a defesa e a própria subsistência da
colônia.

Entretanto, no Regimento de Tomé de Souza, editado por D. João III em


1548, justificava-se a intervenção com declarações de que a ação da Coroa era
expressão de “gestos de humanidade despretensiosos”:

porque parece será grande inconveniente aos gentios, que se


tornarem cristãos, morarem na povoação dos outros e andarem
misturados com eles, e que será muito serviço de Deus e meu,
apartarem- nos da sua conversação, vos encomendo mando que
trabalheis muito por dar ordem como os que forem cristãos morem
juntos, perto das povoações das ditas capitanias, para que
conversem com os cristãos e não com os gentios. (LEITE, 1938, p.43)

A cidade se dividiu num curto período em aldeamentos, e posteriormente


por volta de 1550 o Estado se apropria da formação dos aldeamentos e das capelas
que lá se tinha e fundou freguesias urbanas e suburbanas.

No final do século XVIII, já se percebia a necessidade de rever o traçado


inicial de cidade-fortaleza, porém somente no século seguinte conseguiu-se realizar
algumas intervenções pontuais (SOARES, 2007).

No século XIX, a cidade de Salvador possuía uma divisão administrativa


formada por diversas freguesias. A palavra freguesia possui dois significados para o
contexto da pesquisa: um sentido literal, que dizer respeito ao conjunto de paróquias,
que do ponto de vista eclesiástico, formam uma clientela ou freguesia. E outra, que no
contexto da pesquisa, significa uma delimitação, divisão administrativa e religiosa da
cidade, onde estão localizados os habitantes que são ligados a uma igreja Matriz.

Essa divisão administrativa está intrinsecamente ligada à religiosa, pois a


religiosa teria iniciado essa divisão da cidade que foi adotada posteriormente pelo
governo. Além das atividades religiosas, a Igreja Matriz, centro da freguesia, era
responsável por diversas funções: políticas, pois era na sede da freguesia que
aconteciam as comissões e reuniões a fim de compor ou rever as listas de qualificação
eleitoral, e econômicas (registrar em livros as terras e todos os bens imóveis da
freguesia). (NASCIMENTO, 1986, P. 29)

As freguesias urbanas em: Salvador, na Sé, Nossa Senhora da Praia,


Santíssimo Sacramento do Pilar, Santo Antônio Além do Carmo, Nossa Senhora da
Penha em Itapagipe, Sacramento em Santa Ana, Nossa Senhora de Brotas, São
Pedro Velho, Sacramento da Rua do Passo e Nossa Senhora da Vitória.

14
As freguesias suburbanas ou rurais eram aquelas nas quais os habitantes
se dedicavam principalmente à agricultura. Pouco povoadas, concentravam maior
densidade demográfica próxima às igrejas matrizes, além de serem constituídas
majoritariamente por pobres. Eram estas: São Bartolomeu de Pirajá, São Miguel de
Cotegipe, Nossa Senhora da Piedade em Matoim, Santo Amaro do Ipitanga, São
Pedro no Sauipe da Torre, Senhor do Bonfim da Mata, Santa Vera Cruz em Itaparica,
Nossa Senhora do Ó em Paripe, Santo Amaro em Itaparica e Nossa Senhora da
Encarnação do Passé (COSTA, 1989).

2.2. O BONFIM

Em meados do século XX, em Salvador, acontece uma grande expansão


para áreas menos povoadas da cidade, o que expressa à maneira como a população
urbana se ajustou às novas condições sociais e econômicas da cidade. Toda a cidade
baixa e a parte suburbana de Salvador ocorrem uma ocupação massiva dos espaços
desocupados, com o crescimento vertical e horizontal desenfreado.

Figura 1 - Mapa do Bairro do Bonfim. Fonte: SANTOS et al (2010, p. 391).

15
Figura 2 - Ocupação de Salvador. Fonte: Andrade e Brandão (2009, p. 92).

Segundo Dórea (2006, p.42), a região do Bonfim foi ocupada no início do


século XVII por pequenos agricultores da cidade de Setúbal em Portugal. Após sua
chegada à Bahia e o estabelecimento na região do que hoje é o Bonfim, fundaram
uma ermida invocando-a Senhor do Bonfim. Essa hermida teria sido construída entre
1669 e 1670 pelo pároco da freguesia de Nossa Senhora da Graça de Setúbal, o
padre Diogo Mendes.

LOCALIDADES PENHA

Largos Monte Serrat, Bonfim, Papagaio, Madragoa

Ruas Dendezeiros, Mares, Calçada do Bonfim, Formosa, Boa Viagem, Farias,


Imperador, Rosário, Princesa, Travassos, Nova do Areal, Penha, Ribeira,
Madragoa, Bispo, Fogo, Nova do Oratório, Roda da Fortuna, Uruguai,
Roma, Papagaio.

Travessas Imperatriz, Bogari, Beco do Fogo, Gama.

Becos Areal, Custório, Gramão, Galo, Soares, Frade, Alegria, Fogo.

Ladeiras Bonfim, Porto da Lenha, Porto do Bonfim.

Baixas Monte Serrat, Bonfim.

Estradas Massaranduba.

Cais Do Senhor do Bonfim, Tainheiros.


Quadro 1 - Quadro das praças, largos, ruas, travessas, becos, ladeiras, campos, baixas, estradas e cais
da freguesia da Penha. Fonte: elaborado a partir da tabela de Nascimento (1986, p.89).

No século XIX, a localidade estava dentro dos territórios da freguesia de


Nossa Senhora da Penha, fundada em 1760. Uma das características dessa
localidade nesse período é sua distância do centro da cidade, a mancha de
urbanização se limitava a poucas freguesias, e isso fez da localidade do Bonfim um

16
refúgio para pessoas que se retiravam em repouso. (Nascimento, 1986).

Toda extensão da freguesia da penha, incluindo, principalmente, a


localidade do Bonfim, concentravam os maiores comerciantes da cidade. Em sua
maioria, eram comerciantes portugueses imigrantes no período após a independência
do Brasil. Segundo Nascimento (1986, p. 50), no quarteirão onde estava localizado o
Bonfim viviam os mais ricos comerciantes portugueses durante o século XIX. É
possível verificar também a existência de fábricas de vidro e de trapiches no porto do
Bonfim, próximo ao dito quarteirão.

Freguesia Casas de 2 Casas de 1 Casas térreas totais


andares andar

N.S. da Penha 6 117 920 1.043


Quadro 2 - Quadro de infraestrutura das casas da localidade: Fonte: NASCIMENTO, adaptado. (1986,
p.43)

Figura 3 - Mapa das freguesias consideradas urbanas da cidade. Fonte: Martins (2017, p.33)

A igreja contribuiu ao longo do tempo para a urbanização do bairro do


Bonfim, a exemplo da casa do romeiro cuja intenção era acolher os romeiros que
vinham pagar promessas, o Convento da Sagrada Família, prédio construído na colina
que já abrigou o Hospital Português e que foi adquirido em 1938 pela Congregação
Franciscana Hospitaleira da Imaculada Conceição. As primeiras estradas também
foram construídas pela igreja, pois, a única forma de acesso à igreja era o mar. “A
Irmandade mandou abrir a estrada do Bonfim, hoje Av. Dendezeiros, que se tornou a
ligação entre o Largo de Roma e o Bonfim. Construíram também o Cais das Amarras e

17
a Ladeira da Lenha, ao lado da Igreja.” (SANTOS et al, 2010, p. 390).

Figura 4 - Vista da península de Itapagipe em 1549. Fonte: VARNHAGEN (1854, p. 198).

2.3. POPULAÇÃO

Em relação à característica populacional da localidade durante o século


XIX, era de predominância branca. O censo de 1855, apontava que cerca de 32,70%
era de cor branca, enquanto a porcentagem de negros e crioulos não passava de 18%
da população. O quantitativo de pardos se aproxima da quantidade de brancos, com a
porcentagem de 28,42%. Ser branco, segundo o censo de 1855 significava ser livre.
Isso é bastante expressivo quando analisamos os dados demográficos de 2010, feito
pela Prefeitura de Salvador, que aponta que cerca de 30% da população do Bonfim é
branca. Enquanto a porcentagem de negros caiu para 15%, o número de pardos
aumentou expressivamente para 53%. A maioria parcela da população residente da
península era pobre, sendo composta principalmente por pescadores, carpinteiros,
ferreiros, pedreiros, alfaiates, funcionários públicos e negociantes (LUTHER, 2012, p.
52).

2.4. ECONOMIA

Ao tratar da economia, na localidade, em sua maioria, viviam pessoas de


classe média baixa, que tinham como maior atividade econômica a pesca. Os mais
ricos da localidade eram donos de usinas de açúcar ou trabalhavam como
comerciantes. A maioria dos residentes do local ou eram pescadores, ou carpinteiros,
ferreiros, pedreiros, alfaiates, funcionários públicos e negociantes. Com o passar dos
anos, houve uma expansão industrial que acarretou na abertura de várias fábricas.
Com isso, o Bonfim teve um “surto” de asma. Afonso Barbuda antigo morador do
Bonfim relata nas fontes que a região tinha o maior índice de asma, Barbuda associa o
alto número de fábricas a esse fenômeno. Ele diz “[...] minhas irmãs casaram e
passaram a morar em Itapagipe, mas por recomendação médica, quando os filhos
fizeram dois, três anos, com asma constante, tiveram que se mudar de Itapagipe, por
causa do cheiro de Itapagipe.”. Segundo Barbuda, a falta do saneamento também
atingia negativamente na saúde dos itapagipanos do Bonfim.

Nome Ano Tipo Localização

18
Real Fábrica de Vidros 1815 Vidro Porto do Bonfim

Leite & Alves 1856 Cigarros Calçada do Bonfim, nº 95

Fábrica de Cigarros Martins 1889 Cigarros Calçada do Bonfim, nº 15


Fernandes & Cia

Gama & Irmão 1892 Calçados Rua dos Dendezeiros

Companhia de Ferro 1892 Ferro Largo do Papagaio


Esmaltado

Empresa Beneficiadora de 1892 Arroz Rua calçada do Bonfim


Arroz

Companhia Carris Elétricos 1897 Transporte Largo de Roma

Fábrica de Vidros de Salvador 1904 Vidros Baixa do Bonfim (lateral à Rua Marquês
Ayres de Almeida Freitas de Caxias)
Junior 1904

Fábrica Paraguassú 1909 Tecidos Largo do Papagaio, Porto dos


(Companhia Progresso Tainheiros, Rua do Céo, Porto do
Industrial da Bahia a partir de Papagaio, Rua do Areial (Rua Álvaro
1919) 1909 Tecidos Cova), Rua do Travasso, Rua da
Legalidade

Fábrica de Conservas e 1913 Conservas e Porto do Bonfim, nº2


Doces de Ferreira Fresco & doces
Cia

Fábrica de Sabão 1915 1915 Sabão Largo do Porto do Bonfim fazendo


esquina para o cais do Porto da Lenha

Fábrica de Tecidos Beira Mar 1916 Tecidos Rua Calçada do Bonfim

Fábrica de pregos 1919 Pregos Rua da Calçada do Bonfim, nº 201


Westphalen, Bach & Cia

Officina Progresso de 1919 Madeira Rua dos Dendezeiros do Bonfim, nº240


Carpintaria e Marcineria

Indústria de Cereais de 1927 Cereais Largo de Mares, nº44


Nelson Leal Mascarenhas

19
Oficina de Carpintaria de 1928 Madeira Rua de Roma (fachada voltada para o
Antônio Marcellino Largo de Roma), junto aos nos 235 e
239

Fábrica de Chocolates 1933 Chocolate Av. Beira Mar (Porto do Bonfim), nº 18


Bhering
Quadro 3 - Fábricas localizadas na região do Bonfim durante o século XIX e XX Fonte: extraído pelo
autor de LUTHER (2012, p.70).

De acordo com os relatos orais localizados no APEB, apesar da expansão


industrial se dá no início do século XIX, a pequena indústria sempre existiu. Um
exemplo disso são os diversos alambiques espalhados pela região, que usavam a
própria cana de açúcar plantada na ali. Produziam-se também vinho, mel, cerâmica,
embarcações, etc. Esse tipo de produção durou até os últimos anos do século XX.

A península vai perder o status de área predominantemente industrial com


a criação da BA-526 (CIA - Aeroporto), local para onde a maioria das empresas foi
direcionada.

2.5. FESTIVIDADES

A principal festividade da localidade é a lavagem da escadaria da


Igreja do Bonfim, segundo relatos de história oral de moradores da região, a
lavagem das escadarias era feita pelos moradores da vizinhança e com o
tempo foi atraindo pessoas de várias partes da cidade e se tornou o que é hoje,
um evento que mobiliza toda a cidade.

Segundo relatos de história oral de moradores da região do Bonfim


na década de 1980, as festividades do Bonfim se caracterizavam com uma
festa de largo, no período da manhã acontecia à lavagem da Igreja do Bonfim,
e a noite ficava por conta de rodas de capoeira e a queima de fogos. A mesma
fonte revela também que os participantes do evento vinham de várias partes da
cidade e de várias classes sociais.

20
3. A ARQUEOLOGIA EM SALVADOR

Diferentes locais de Salvador tem sido foco da pesquisa arqueológica de a


década de 80 do século passado. Tendo como o intuito entender os diferentes
processos de ocupações de áreas da cidade que a arqueologia tem se revelado o seu
aspecto mais relevante.

A primeira pesquisa arqueológica em Salvador aconteceu na década de


1960 sob a coordenação do Professor Valentin Calderón no bairro de Periperi que se
desenvolveu sobre um sítio pré-histórico, o Sambaqui da Pedra Oca.

Entre agosto de 1998 e maio de 2002, outra equipe de arqueologia vai


desenvolverá outra grande pesquisa nas ruínas da antiga Igreja da Sé, localizada no
Bairro do Pelourinho, esses vestígios constituíram-se nos remanescentes da maior e
mais importante, durante a sua existência, construção religiosa da cidade e demolida
na década de 1933, sobre muitos protestos da população soteropolitana. A pesquisa
foi realizada por pesquisadores ligados ao Museu de Arqueologia e Etnologia da
Universidade Federal da Bahia e esteve sob a coordenação do Professor Carlos
Etchevarne.

Entre os anos de 2006 e 2009, o Programa de pesquisa da 7ª etapa de


Recuperação do Centro Histórico de Salvador – Monumenta, em uma parceria entre o
IPHAN e a UNESCO, que estou quarteirões do Centro Histórico de Salvador e foi
coordenada pela Arqueóloga Rosana Najjar.

Devido às normatizações que incluem a necessidade da pesquisa


arqueológica para o licenciamento de obras de engenharia e demais
empreendimentos, estudos dessa natureza têm sido levados a efeito. Dentre outros
podemos citar:

Estudo realizado pela arqueóloga Leila Maria Ribeiro Almeida para as


áreas de implantação do metrô de Salvador, no bairro do Campo da Pólvora.

Estudos feitos sob a coordenação do arqueólogo Ivan Doréa, durante a


reforma da Igreja da Barroquinha; no Forte São Marcelo; na área do Cruzeiro de São
Francisco e para a implantação do Sistema de Esgotamento Sanitário ente a Gamboa
e o Comércio;

Bem como estudo de arqueologia no Bairro de Santo Além do Carmo para


a implantação de rede elétrica, coordenado pelo arqueólogo Luiz Viva;

Pesquisas arqueológicas sob a coordenação da arqueóloga Fabiana


Comerlato para implantação de cabos de fibra ótica na área do Pelourinho e estudos
realizados no entorno da fachada do edifício que abriga a Faculdade de Medicina e o
Museu de Arqueologia e Etnologia;

Realização de uma pesquisa multidisciplinar realizada na área de

21
ampliação do Porto Organizado de Salvador, envolvendo arqueologia terrestre e
subaquática, coordenada pelos arqueólogos Fabiana Comerlato e Gilson Rambelli.

A partir do ano de 2015, o arqueólogo Railson Cotias da Silva realizou


prospecções nos casarões contíguos a Igreja da Conceição da Praia, o alvo da
pesquisa foram os imóveis nº 32 e 34. A pesquisa que se estendeu para etapas de
monitoramento e Resgate arqueológico coletou diversificada coleção de artefatos
arqueológicos, bem como evidenciou contextos históricos referentes aos momentos
anteriores de ocupação daquele espaço.

No ano de 2016, também coordenado pelo arqueólogo Railson Cotias da


Silva foram iniciadas as ações na área corresponde ao Estacionamento Barroquinha,
localizado atrás da igreja de mesma denominação, a pesquisa arqueológica que teve
uma segunda fase no ano de 2017, além da coleta de cultura material, localizou o Sítio
Arqueológico Estacionamento Barroquinha, representado pela ruína de antigo imóvel
existente no terreno contíguo ao empreendimento.

Em 2017 coordenado pelo Professor e arqueólogo Carlos Etchevarne foi


realizada pesquisa arqueológica na área denominada Casarões da Barroquinha,
localizada na Rua da Barroquinha, no antigo prédio do Hotel Castro Alves, da cultura
material coletada, sobressaem-se material ósseo.

Em 2017 é coordenada pela Arqueóloga Lucia Juliani, a prospecção


arqueológica na Rua Chile, localizada no Centro Antigo de Salvador. Como resultado
do trabalho realizado, além da coleta de material arqueológico foi cadastrado o Sítio
Arqueológico Rua Chile.

Em 2018, Coordenado pelo arqueólogo Railson Cotias da Silva é realizado


o projeto de Resgate e monitoramento arqueológico das obras da Rua Chile.

Atualmente, o banco de dados do IPHAN, possui 8 sítios arqueológicos


cadastrados, oriundos de pesquisa arqueológicas realizadas na cidade de Salvador.
São eles:
Tipo de Ano de Arqueólogo
Nome Descrição Sítio Cadastro Responsável Projeto
Sítio pré-
histórico/histórico;
vestígios entre o
Cruzeiro e a Igreja
de S. Francisco. Rosana P. M.
Cruzeiro do São Área da Igreja ao Unicompo Najjar/Marcos
1988 N/C
Francisco T.Jesus-1.500 m2. nencial André T. de
Materialcerâmico, Souza
lítico, metálico,
ósseo,
malacológico
(maioria histórico).

22
Sítio histórico de
exposição
subaquática, 33 m
de profundidade.
Vestígios: lastro, Histórico/ José Tadeu
Galeão
canhões de ferro e subaquáti 1982 Cabral N/C
Sacramento
âncoras; materiais co Medeiros
coletados: moedas
de prata, astrolábio,
louças, vidros,
madeira, etc.
Sítio histórico de
exposição
subaquática, 22 m
de profundidade.
Vestígios: lastro Histórico/ José Tadeu
Canhão em pé ancoras, canhões subaquáti 1982 Cabral N/C
de ferro; material co Medeiros
coletado: peças de
madeira, garrafas,
armas, botas,
botões, etc.
Sítio histórico,
exposição
subaquática, 5 a 10
m de profundidade.
Vestígios
Histórico/ José Tadeu
encontrados no
subaquáti 1982 Cabral N/C
arrecife: canhões
co Medeiros
de ferro, quilhas,
etc. Material
coletado: objetos
N. Sra. Do Rosário de porcelana
e Sto. André chinesa, etc.
Sítio histórico de
exposição
Histórico/ José Tadeu
subaquática.
subaquáti 1982 Cabral N/C
Vestígios: lastro,
co Medeiros
canhões de ferro e
Santa Rosa madeira.
Sítio histórico,
exposição
subaquática, 23 m
de profundidade.
Vestígios: vários
Histórico/ José Tadeu
canhões de ferro,
subaquáti 1982 Cabral N/C
âncoras e lastros;
co Medeiros
material coletado:
objetos de estanho,
moedas de ouro e
prata, relógio de
Utrechet sol, etc.
Sítio histórico,
exposição Histórico/ José Tadeu
subaquática, 8 m subaquáti 1982 Cabral N/C
Hollandia ou de profundidade co Medeiros
Amsterdam enterrado no fundo

23
de areia e coral.
Materiais
coletados: jarras
"berlanima", armas,
pratos, etc.
Vestígios da antiga
Igreja da Sé no Carlos N/C
Antiga Igreja da Sé subsolo. Histórico 1998 Etchevarne
Figura 5: Quadro dos sítios arqueológicos cadastrados no IPHAN, para a cidade de Salvador.

24
4. DESCRIÇÃO DO EMPREENDIMENTO1

A intervenção sobre o Patrimônio Urbano da Colina Sagrada do Senhor do


Bonfim compreendera ações de restauração, reformas com reestruturação funcional e
estrutural, novas construções e reurbanização. O memorial do projeto abrange a Praça
da Igreja e o Largo da Baixa do Bonfim, a poligonal de intervenção do projeto
arquitetônico e urbanístico corresponde a uma área de aproximadamente 36.000m².

Em um projeto de requalificação urbana se faz necessário estabelecer


critérios claros na construção de uma hierarquização visual e espacial. Para o Largo
do Bonfim, no intuito de potencializar o caráter simbólico da igreja sobre seu entorno,
faz-se necessário uma requalificação da praça de maneira a reforçar o eixo
Largo/Catedral, definido por uma linha imaginaria que perpassa a igreja e a praça
longitudinalmente. Foram ampliados os limites da Praça do Largo, de maneira que
esta seja uma continuidade das escadarias da basílica, criando-se uma continuidade
que sugere a importância da edificação sobre as demais se unificando o conjunto
arquitetônico. Para alcançar este objetivo, foram suprimidas algumas ruas lindeiras a
praça atual.

Do ponto de vista espacial, a Casa dos Romeiros deve se integrar ao


conjunto da igreja, de maneira secundaria, mas mantendo a identidade adotada no
projeto arquitetônico. Propõe-se que o novo Largo se expanda e agregue a Casa dos
Romeiros, sugerindo o entendimento dos usuários e visitantes a ideia de unidade
espacial e visual do conjunto. Junto a Casa dos Romeiros, propõem-se duas
pequenas edificações que unifiquem o desenho da praça: O edifício da Água Benta e
o Abrigo de Velas.

Toda a pavimentação da praça será executada em mosaico de pedra


portuguesa branca, com grafismos marcados no piso em pedra portuguesa preta, ou o
contrario, e arremates (meio-fio, rampas de acessibilidade, guias de pavimentação,
etc.) em granito cinza. O assentamento destas pedras portuguesas será executado
com junta de cimento e areia sobre camada também de cimento e areia com traço
especifico e lastro de concreto, conforme paginação definida em projeto.

O sistema viário na Praça da Igreja será redesenhado, suprimindo as vias


que passam à frente da entrada da escadaria principal da catedral e a via a frente da
Casa dos Romeiros (imóveis números 26 a 35). O novo trajeto impõe aos veículos o
retorno pelos fundos da basílica, junto a Casa do Juiz da Devoção na esquina com a
ladeira dos Romeiros. O percurso segue pela Rua Teodósio Rodrigues de Faria,
fundos da Casa dos Romeiros, ate o encontro com a Ladeira do Bonfim. A mudança
do traçado da via reforça o eixo praça/catedral e minimiza os conflitos de usos entre
pedestres e veículos.

1
Extraído do "MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO DE INTERVENÇÃO – REQUALIFICAÇÃO DA COLINA DA IGREJA DO SENHOR
DO BONFIM", elaborado por Sotero Arquitetos, para a Prefeitura Municipal de Salvador e a Fundação Mário Leal Ferreira.

25
No projeto também esta contemplada a revitalização do Chafariz da Praça
da Igreja trazendo-o de volta ao seu pleno funcionamento, bem como a reestruturação
do seu entorno imediato como a substituição das grades de proteção existentes por
um jardim em sua base, e num entorno mais abrangente, a adequação da paginação
de piso da praça e disposição de degraus alongados de forma a vencer os desníveis
existentes e a topografia irregular, acomodando a praça na topografia de forma a
torna-la mais plana e regular.

Entre a Igreja do Bonfim e a praça do chafariz, como parte do programa,


foi projetado um palco para celebração de missa campal. Trata-se de um elemento
que possibilita a realização de missas ao ar livre com destaque para o celebrante. Sua
pouca altura (75 cm) e localização não interferem na paisagem urbana e nem na
visualização da igreja. Este palco e inteiramente revestido em granito preto e granito
branco, dotado de abrigo fechado com quadro elétrico e pontos de energia. Alem
disso, possui a previsão de pontos no piso, em aço inoxidável, para eventual
instalação de cobertura temporária e removível.

Os imóveis números 26 a 35 serão destinados à criação da nova Casa dos


Romeiros. A edificação recebera algumas funções auxiliares que hoje são realizadas
na catedral, alem de um pequeno museu, uma loja e um pequeno café. Dentre os
ambientes que estão ligados a prática religiosa, destacam-se a Capela de Orações e o
Confessionário. A Capela esta situada ao sul do casario, com seu acesso realizado
através da marquise a ser construída junto ao abrigo da Água Benta. A sua área útil
será em torno de 165,00m2.

A proposta para o edifício da Água Benta faz parte, junto com o Abrigo de
Velas, do único acréscimo ao conjunto arquitetônico da Praça da Igreja. O abrigo de
66,00m2 de área construída tem função de prover aos visitantes o acesso à água
santificada, criando uma experiência sensorial ligada à materialidade e a luz que incide
dentro do edifício. Atualmente, o Abrigo de Velas da Igreja do Bonfim está localizado
junto a uma das laterais da igreja, numa caixa metálica de acesso franqueado aos
devotos. Propõe-se um Abrigo de Velas com aproximadamente 30.00m2 que estará
alinhado com as linhas limites do edifício da Água Benta e,consequentemente, com o
fundo da Casa dos Romeiros.

A Praça Teodósio Rodrigues de Faria terá seus canteiros e passeios


redesenhados de forma a tornar o trafego mais fluido e possibilitar a criação de 05
vagas para ônibus de turismo. Toda a pavimentação da praça será executada em
mosaico de pedra portuguesa branca, com grafismos marcados no piso em pedra
portuguesa preta, ou o contrario, e arremates (meio-fio, rampas de acessibilidade,
guias de pavimentação, etc.) em granito cinza. As pistas de rolagem de veículos terão
pavimentação de piso em prismas graníticos retangulares cinza, enquanto as faixas de
pedestres serão trabalhadas com prismas graníticos quadrados brancos e cinzas,
onde a diferença de formatos das pecas e a própria cor do granito se encarrega da
paginação necessária aos elementos viários, tornando-se desnecessária pintura sobre
pavimentação.

26
O sistema viário em torno da Praça Teodósio de Faria teve o sentido
mantido conforme original. O Largo da Baixa do Bonfim alem de ser uma praça de uso
de moradores e visitantes, serve de acesso peatonal ao alto da colina. Com a
reformulação da Praça da Igreja foi necessário compensar a perda de vagas de
veículos em outro ponto do sitio. Para tanto, a Praça Euzébio de Matos foi
redesenhada localizando-a alinhada com os arcos da Ladeira do Bonfim, reativando os
vãos dos arcos para funções comerciais e de serviços. No centro da praça será
disposto um pequeno palco para realizações de pequenos eventos pela comunidade.
Com o deslocamento da praça, alinha-se ao longo da via um grande estacionamento
publico para atender a demanda das vagas excluídas no Largo do Bonfim, alem da
criação de baias para ônibus e vagas para vans e motocicletas.

O sistema viário no Largo da Baixa do Bonfim foi mantido basicamente


conforme original. O Mercado Municipal do Bonfim, situado sob a Ladeira do Bonfim,
devera ser reativado de forma a promover e manter o processo de requalificação da
área, incrementando a densidade de ocupação positiva, de modo a promover a
reutilização (ou a plena utilização) da infraestrutura e equipamentos urbanos já
existentes. Os boxes serão ampliados de forma a possibilitar a implementação de
cinco restaurantes e os quatro sanitários reformados, sendo que dois deles e dois
deles serão adaptados para portadores de necessidades especiais.

Os novos caminhos traçados avançam em direção obliqua as curvas de


nível suavizando a inclinação do percurso com o mínimo de interferência na paisagem
urbana existente. Um dos caminhos esta constituído por escadas para possibilitar
vencer os quase 11 metros de desnível da colina, os demais estão constituídos como
rampas desenhadas pela declividade natural do terreno, todos eles providos de
bancos para descanso ao longo do trajeto e dois deles com recantos circulares
envoltos em banco de granito e massa vegetal ornamental em suas extremidades.

O antigo abrigo de bondes será reutilizado para a venda de comidas


populares e espaço para pequenos comerciantes autônomos. Para tanto, foi modulado
por divisórias em concreto para a acomodação de quiosques.

Novos canteiros foram dispostos ao longo da área a ser urbanizada e


áreas permeáveis existentes foram revitalizadas com uma nova proposta paisagística.

27
5. EXECUÇÃO DAS AÇÕES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), através da


CEDUC, nos informa que concebe a Educação Patrimonial como:

“todos os processos educativos formais e não formais que tem como


foco o patrimônio cultural, apropriado socialmente como recurso para
a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as
suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua
valorização e preservação” (FLORÊNCIO; CLEROT; BEZERRA;
RAMASSOTE, 2014, p. 19).

Assim, tais diretrizes focam os processos de interação e reciprocidade


entre os agentes sociais locais, àqueles verdadeiramente detentores do conhecimento,
no que tange a intensificação do convívio e permanência dos saberes culturais dentro
da sociedade. Segundo Casco (2005), a partir das diretrizes do IPHAN, a Educação
Patrimonial deve ter como escopo:

● Valorizar a diversidade cultural e seu local de origem;

● Reconhecer, preservar e difundir as referências culturais brasileiras em sua


heterogeneidade e complexidade e considerando os valores singulares,
sentidos atribuídos e modos de transmissão elaborados pela sociedade;
● Garantir a todos aos direitos e benefícios gerados por uma política
compartilhada e participativa de preservação do patrimônio cultural, a partir da
promoção da apropriação simbólica e do uso sustentável dos recursos
patrimoniais com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico,
social e cultural;
● Valorizar os acervos documentais como fonte de conhecimento para o
desenvolvimento das ações de preservação;
● Atualizar e desenvolver em parceria com a sociedade, as políticas,
mecanismos e procedimentos de preservação do patrimônio cultural,
assegurando às gerações futuras a transmissão da memória social coletiva e o
patrimônio cultural.

Entretanto, outros preceitos básicos devem ser necessariamente inseridos:

● Vinculação entre a ética, a estética, a educação, o trabalho, as práticas sociais,


do conceito de meio ambiente e a inserção do Patrimônio cultural neste
contexto.
● Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento,
a arte e o saber, pautados na Democratização da informação;
● Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas e valorização das experiências
individuais;
● Garantia de continuidade e permanência do processo educativo, foco no
processo da transdisciplinaridade

28
● Coerência entre o pensar, o sentir e o fazer;
● Transparência e diálogo e comprometimento com a cidadania ambiental ativa,
considerando a interação entre o meio natural e construído, o socioeconômico
e o cultural, o físico e o espiritual, sob o enfoque da sustentabilidade;
● Enfoque humanista, holístico, democrático, participativo e emancipatório.

Assim, a execução das ações educativas do programa de educação


patrimonial considerou a importância de demonstrar ao público envolvido que suas
ações cotidianas interagem com o Patrimônio Cultural Material e Imaterial, implicando
em qualidade de vida e que o conceito de Patrimônio Ambiental possui maior
amplitude do que o apresentado comumente. Considera-se, aqui, Meio Ambiente em
seu sentido que abarca diferentes esferas, estando assim subdividido em Meio
Ambiente Natural (patrimônio composto pela fauna e flora, ar, água e solo), Cultural
(formas de expressão; modos de criar, fazer, viver; criações científicas, artísticas e
tecnológicas; obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados
às manifestações artístico-culturais; conjuntos urbanos e sítios de valor histórico,
paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico), Artificial
(espaço urbano construído) e Laboral (espaço em que se aplicam as normas
regulamentadoras do trabalho, visando à segurança e saúde do trabalhador), seguindo
a taxonomia do direito ambiental (MILARÉ, 2004; ANTUNES, 2000; FIORILO, 2007;
MACHADO, 2001).

As ações de Educação Patrimonial foram desenvolvidas junto a


comunidade residente no Bonfim e ao grupo escolar do Colégio Alípio França e teve
como objetivo principal a formação de multiplicadores, entendidos como agente
potenciais e essenciais a salvaguarda e proteção do patrimônio cultural baiano.

Para a plena execução das atividades, além do público discente, foi


realizado um trabalho, através de rodas de conversas, com os docentes. O Colégio
Estadual Alípio Franca está localizado na Avenida Dendezeiros, no bairro do Bonfim.
Para esse trabalho focamos nos 40 alunos da turma do 3º ano do ensino médio.

O Colégio possui boa estrutura, com sala multimídia climatizada, equipada


com retroprojetor, caixa de som, microfone e computador. Apesar da excelente
infraestrutura, observamos que o colégio, no período de realização das atividades,
passava por finalização de reforma estrutural em todo o seu complexo de prédios,
ganhando assim uma nova rede elétrica e pintura, além de ar-condicionado para todas
as salas de aula.

5.1. SEQUENCIA DAS ATIVIDADES REALIZADAS JUNTO A INSTITUIÇÃO DE


ENSINO

5.1.1. A APRESENTAÇÃO DO PROJETO

O projeto foi apresentado e muito bem acolhido pela gestão da unidade


escolar. A gestão coordenou as atividades junto aos docentes, que assim como os
alunos, sentiram-se motivados à sua participação. Uma reforma física realizada na

29
escola levou a algumas mudanças no cronograma de execução, visando não
atrapalhar o planejamento da unidade escolar, porém não comprometeu os prazos
estabelecidos no projeto.

5.1.2. APLICAÇÃO DO PRIMEIRO QUESTIONÁRIO

Figura 5 - aplicação do primeiro questionário. Foto Mariana de Paula.

A ação, que teve como duração aproximadamente 60 minutos, foi


executada durante a aula da disciplina de Geografia, com acompanhamento da
Professora Selma Coelho. O questionário foi respondido com tranquilidade, tendo em
vista o conhecimento por parte dos alunos em virtude das etapas de execução do
projeto, bem como seus objetivos. Foram respondidos 36 questionários.

30
Figura 6 - aplicação do primeiro questionário. Foto Mariana de Paula.

5.1.3. PALESTRA DIALOGADA NA INSTITUIÇÃO ESCOLAR

A palestra teve duração aproximada de 90 minutos, com o


acompanhamento da vice-diretora Nildete Costa da Mata, e a facilitação do palestrante
Igor de Souza. A atividade estava prevista para começar às 9h, sendo o atraso
motivado pelo trânsito intenso na região da Cidade Baixa em época de feriado, no
caso da Semana Santa, que provocou alto fluxo no Ferry-boat e Mercado do Peixe,
ocasionando um pequeno atraso da equipe de execução. Diante do imprevisto a
palestra teve horário alterado e os alunos anteciparam a realização de uma avaliação
agendada para o turno escolar e na sequência foram para o intervalo.

31
Figura 7 - realização da palestra. Foto Mariana de Paula.

Figura 8 - realização da palestra. Foto Mariana de Paula.

A palestra abordou de forma didática e imagética a formação e os debates


em torno do conceito e dos temas afins ao patrimônio cultural. Logo após a

32
apresentação foi aberta a sessão para debate e os alunos expuseram suas questões,
tendo uma boa participação. Foi aplicado um novo formato para a palestra, como fora
solicitado, permanecendo o conteúdo em seu aspecto geral, mas com metodologia
que prendia mais a atenção dos estudantes, que envolveu ainda o cumprimento do
tempo, tornando mais objetiva e proveitosa, já que menos cansativa, considerando o
time dos próprios estudantes.

5.1.4. CIRCUITO GUIADO

O Circuito Guiado aconteceu no dia 06/05/2019, com duração aproximada


de 120 minutos. A turma, composta por 20 alunos, saiu do colégio acompanhada pelos
professores Jorge Paulo Garrido, da disciplina de História e Selma Coelho, docente de
Geografia, além da equipe de execução das ações educativas e arqueólogos.

Seguiu-se o roteiro previamente definido: Colina do Bonfim, parada no


Chafariz do Bonfim e visita ao sítio arqueológico na Baixa do Bonfim. Nesses pontos
ocorreu a intervenção histórica, com foco na evolução urbana da cidade, pela guia de
turismo Daniela Contu.

Foi dada ênfase à proposta da atividade, de cunho histórico e patrimonial,


e não de ensino religioso, considerando que muitos alunos não haviam comparecido a
atividade por conta de uma barreira religiosa. Na oportunidade foi dialogado que
apesar de estarmos tratando do bairro e seu entorno, mas também da igreja, sua festa
e lavagem, não havia nenhuma fundamentação religiosa, mas cultural. Na
circunstância um debate acerca de tolerância e respeito foi iniciado, além do
aprofundamento acerca do conceito de patrimônio cultural em um contexto prático.

Após a primeira parte do circuito, o arqueólogo Railson Cotias da Silva


dialogou acerca do trabalho e função da arqueologia, explicando o trabalho “in loco” do
arqueólogo e direcionou o grupo ao sítio arqueológico. A visita chamou muito a
atenção dos estudantes, que acompanharam atentos as explicações e apresentações
do espaço e dos artefatos encontrados. Interagiram também com perguntas
direcionadas a equipe da Arqueólogos que trabalhavam no local.

A turma demonstrou receptividade e atenção durante toda a realização da


atividade e se mostrou bastante participativa durante a visita ao sítio arqueológico,
conectando inclusive a temática retratada ao longo do projeto com assuntos de cunho
político cultural, tal como a especulação imobiliária, a expansão do ramo hoteleiro em
área histórica e o destino do Palácio Rio Branco. Na oportunidade foi chamada a
atenção para a responsabilidade cidadã aos assuntos concernentes aos patrimônios
culturais, com objetivo de demonstrar que também são corresponsáveis na
preservação do patrimônio cultural.

33
Figura 9 - Circuito guiado. Foto Mariana de Paula.

5.1.5. APLICAÇÃO DO SEGUNDO QUESTIONÁRIO.

Um dia após a realização da visita guiada foi aplicado o segundo


questionário ao grupo de discente que estiveram presente a visita. A atividade contou
também com o acompanhamento da vice-diretora Nildete Costa da Mata, e teve
duração de aproximadamente 60 minutos. A atividade foi iniciada e ocorreu de forma
tranquila. Foi percebido que os estudantes guardaram o material informativo
distribuído no dia do circuito guiado, e que baseado nele responderam ao questionário.
Apenas os estudantes que participaram do circuito guiado participaram desse segundo
questionário.

5.1.6. DIRECIONAMENTO FUTURO A PARTIR DA REALIZAÇÃO DAS


AÇÕES EDUCATIVAS

A coordenação pedagógica do Colégio Alípio França nos informou que


nenhuma atividade do projeto recebeu pontuação para as disciplinas participantes na
primeira unidade, tendo em vista que esta unidade já estava preenchida com
atividades pontuadas previamente estabelecidas e alinhadas com a coordenação
pedagógica. Entretanto, assegurou que nas unidades seguintes realizaria um projeto
baseado nas profissões envolvidas no Programa de Monitoramento Arqueológico, a
saber: historiador, arqueólogo, guia de turismo e fotógrafo.

34
O projeto foi muito elogiado por toda a coordenação e professores. Assim
que apresentado, foi acolhido em todas as suas etapas. Apesar da remarcação de
datas por conta da situação de reforma e imprevistos em consequência desta, a
coordenação atendeu todas as solicitações e esteve presente em todas as etapas
monitorando a execução das atividades, o desempenho e comportamento dos alunos.

Da mesma forma, foram os alunos em relação às atividades propostas,


estiveram presentes com atenção, envolvimento, respeito e excelente
comportamento. Ressalta-se ainda o cuidado minucioso da gestão com a execução
das atividades, que pôde ser observado através das várias reuniões, assim como com
as alunas grávidas, a merenda, a exigência do fardamento, e a autorização para fotos
e saída do colégio.

5.2. AÇÕES JUNTO A COMUNIDADE EM GERAL


5.2.1. ENCONTRO COM A COMUNIDADE

Figura 10 - Diálogos com a comunidade. Foto: Mariana de Paula.

A roda de conversa voltada a comunidade foi realizada no Auditório do


Centro Comunitário do Senhor do Bonfim, localizado no largo do Bonfim e teve
aproximadamente 120 minutos de duração.

O encontro, voltado à comunicação com a comunidade do Bonfim, foi


intitulado de Diálogos em Arqueologia, divulgado através de card convite, em redes
sociais e mailings pela equipe executora, através da Prefeitura-Bairro Cidade Baixa,

35
do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFBA, do Departamento de
Graduação de História, Filosofia e Pós-Graduação em História Econômica e Social da
Bahia da Faculdade de São Bento da Bahia. Foi realizada ainda visita para convite nos
colégios São José, Colégio da Polícia Militar, do Colégio Análise e da Paróquia do
Senhor do Bonfim, onde também foi deixados material impresso, em formato de
cartaz, sobre o encontro e material informativo sobre arqueologia.

A mesa foi composta pelo historiador e especialista em patrimônio cultural


Igor de Souza, e pelos mestres em arqueologia Jeanne Almeida Dias e Railson Cotias
da Silva, coordenadores do projeto de arqueologia, que expuseram uma interlocução
entre patrimônio cultural e arqueologia, e a prospecção arqueológica do sitio da Colina
do Senhor do Bonfim, sendo realizado um proveitoso debate com os presentes.

Figura 11 - Encontro com a comunidade. Foto: Mariana de Paula.

36
6. ETAPA DE CAMPO

6.1. METODOLOGIA E CONCEITUAÇÃO

A metodologia proposta para a aplicação neste estudo de Arqueologia


Preventiva foi formulada através da observação das características do
empreendimento e, previamente, o conhecimento contextual que se tem acerca da
região, considerando a inserção do conjunto arquitetônico foco da pesquisa em uma
região urbanizada, de alto valor histórico, local de sucessivas ocupações resultado da
materialização de aspectos da sociedade de Salvador em diferentes momentos, foi
feita uma opção sob a ótica da arqueologia urbana.

O tecido urbano possui um sistema dinâmico e instável, resultado de


sucessivas ocupações e expansões, onde o arqueólogo busca uma leitura baseada no
tempo e no espaço, tomando o objeto como igualmente mutante, interativo, expansivo
e cultural. Assim, a opção pela Arqueologia Urbana: o estudo da cultura material em
cidades se mostra acertada, como também constata Henri Galinié: “A cidade é um
lugar de concentração de atividades, de ações humanas. Uma cidade é tanto mais
uma cidade, quanto ele concentra atividades variadas. Ela é um lugar de ação
privilegiada de seres humanos e instituições”.

Mesmo com o crescimento da Arqueologia Histórica Urbana no Brasil, em


decorrência da preocupação com o patrimônio público e em atendimento à legislação
ambiental e patrimonial, ainda há pouco consenso entre pesquisadores sobre
propósitos e possibilidades, quando as abordagens teóricas seguem caminhos
distintos, entre a arqueologia urbana da cidade ou uma arqueologia na cidade.

O que diferencia ambas as práticas é o enfoque a que se propõe o estudo,


ora particularista (arqueologia na cidade), considerando o local em que o sítio está
inserido (ambiente), ora seguindo uma abordagem sistêmica (arqueologia da cidade),
onde o sítio é considerado elemento integrante de um todo, fornecendo bases para
entendê-lo. Assim, entende-se que ambas as teorias apresentam potencialidades e
limitações à arqueologia preventiva, onde o pesquisador deverá seguir o enfoque mais
assertivo, ou uma combinação de elementos presentes em cada uma, a partir da
adequação ao seu objeto e problemática levantada pela pesquisa, em via de regra,
deve atrelar-se, sempre, a intensificação do mecanismo de proteção ao patrimônio e a
salvaguardas das informações a gerações futuras.

É proposto, neste projeto, assimilar a cidade como uma unidade de


análise, uma vez que as áreas foco da análise são sensíveis à influência dos
processos de mudanças ocorridas no tecido social. Sabe-se, como temas mais
comuns ao âmbito da pesquisa arqueológica em áreas urbanas fornecem boas
possibilidades de identificação de segmentos sociais específicos, uma vez que os
vestígios estão associados às ruas ou territórios ocupados por estes.

Como o principal expoente de uma das escolas teóricas da Arqueologia, o


arqueólogo inglês Ian Hodder (1986) propõe a Arqueologia Contextual, onde afirmou

37
que os métodos científicos adotados pelos novos arqueólogos já eram “velhos”, não
sendo satisfatórios para uma arqueologia pós-moderna e politicamente engajada. Ele
defendeu que não haveria somente uma forma de investigar e sim várias,
consideração essa, que apoia o pluralismo interpretativo da Arqueologia. Neste
sentido, a opção por um só método seria uma atitude autoritária do pesquisador e
contradiz muitos objetos de estudo que são específicos.

É seguindo essa perspectiva de pluralismo na aplicação técnica e


metodológica e na interpretação dos dados que, de forma coerente, é proposta a
sequência operacional da pesquisa. A partir dessa lógica o imóvel deverá ser
setorizado seguindo critérios qualitativos que refletem os aspectos interpretativos
sobre as intervenções em subsuperfície e suas camadas de deposição, artefatos
exumados, além dos testemunhos arquitetônicos. A seguir são apresentados os
conceitos básicos que foram aplicados no estudo.

Considerando que o principal objetivo apresentado no projeto foi a


verificação da existência de possíveis sítios e/ou ocorrências arqueológicas em
superfície e/ou subsuperfície do empreendimento, faz-se necessário a definição dos
conceitos a serem aplicados no estudo.

Cultura Material: “termos empregados para designar a poção da totalidade


material socialmente apropriada.” (FUNARI, 1988: 79). Tais materiais normalmente
são reconhecidos socialmente como patrimônio cultural.

Contexto de interesse arqueológico: O potencial arqueológico é entendido


aqui como “a probabilidade de ocorrência de vestígios culturais materiais que
apresentem significância para um dado contexto” (Juliani, 1996: 26) e deve ser
considerado tendo em vista, principalmente, a variável grau de preservação do solo.
Vários são os fatores que interferem na probabilidade de existência de vestígios
arqueológicos em determinadas área. Dentre esses, são preponderantes os contextos
ambiental e histórico. O grau de preservação do solo também é determinante neste
sentido.

Método probabilístico: aplicação de um conjunto de técnicas sistemáticas


(com observação do terreno e do espaço, caminhamentos sistemáticos, entre outros),
através de variáveis estatísticas, que ampliam a probabilidade de descoberta de
vestígios arqueológicos, em um espaço definido, de acordo com a natureza do
empreendimento. Segundo Bicho (2006), nas últimas décadas recorreu-se às
metodologias estatísticas que simplificaram, até certo ponto, os trabalhos de
prospecção. Simultaneamente, estas técnicas deram credibilidade e esclareceram
sobre a validade dos resultados e das amostragens feitas.

Grau de intensidade: Segundo Bicho (1994), este termo serve para


designar o grau de detalhe com que uma determinada superfície ou sub-superfície é
examinada independentemente do tamanho da área a prospectar ou escavar.

38
Sítio arqueológico: Segundo Plog et. all. (1982), o conceito de sítio
arqueológico remete-nos, necessariamente, para o conceito de “não-sítio”. “Não-sítio”
foi definido como uma zona que potencialmente se pode interpretar como de atividade
humana, mas cuja cultura material não o consegue definir espacialmente. Este
conceito opõe-se ao de “sítio”, descrito como um local que potencialmente pode ser
interpretado como resultante de atividade humana e cuja cultura material o define
espacialmente. Portanto, este conceito depende da quantidade da cultura material
evidenciada e das informações contextuais que se pode retirar.

Tendo em vista que o conceito de sítio ainda é bastante discutido e que


seu conceito depende do tipo de pesquisa que se deve efetuar, é válido esclarecer
que para essa prospecção são seguidas as proposições de MacManamon (1984),
quando ele infere que em uma prospecção o que se procura não é sítio, mas os
elemento que o constituem: anomalias químicas, anomalias instrumentais, artefatos,
estruturas, vestígios negativos ou solos antrópicos (os quatro últimos são mais
facilmente detectáveis e seguem como o foco deste estudo proposto).

Portanto, sítio é visto aqui, segundo uma perspectiva de delimitação, a


partir de Morais (1999), como a menor unidade espacial de estudo que apresente
artefatos, estruturas, vestígios negativos ou solos antrópicos, contextualizados e que
representem características culturais do comportamento de grupos humanos.
Unidades espaciais com vestígios arqueológicos em quantidade inexpressiva e
descontextualizados são vistas, aqui, como ocorrências arqueológicas, mas que
merecem igual atenção preservacionista.

A questão da temporalidade é outro fator de extrema necessidade na


discussão de sítios arqueológicos. Especificamente, entendem-se como sítios
arqueológicos, para o presente projeto, aqueles remanescentes culturais que
remontem, também, ao passado mais recente da formação das atuais sociedades.
Neste sentido, sítios arqueológicos não são apenas aqueles espaços com a presença
de uma cultura material de povos pretéritos. Os sítios podem ser unidades espaciais,
contextualizadas, com a presença de uma cultura material que fomente o
conhecimento cultural acerca de muitos aspectos pouco ou nada conhecidos pela
história.
Ocorrência arqueológica: artefato único ou em pequena quantidade,
descontextualizado e observado em determinada área.

Base principiológica preservacionista: Os arqueólogos associados


compreendem, tomando como base as proposições de André Leroi-Gourhan
(1987:22), a escavação arqueológica como uma ação intrusiva e lesiva ao contexto
original da matriz arqueológica. Neste sentido, o registro exaustivo de campo, bem
como as metodologias de escavação direcionadas, mostram-se as melhores
alternativas para minimizar esta realidade e proporcionar uma (re)construção do
contexto escavado e do histórico da cultura material.

39
Arqueologia Contextual: Para Hodder (1994), a Arqueologia Contextual
implica em um estudo dos dados contextuais de análise para chegar aos tipos de
significado contextual, analisados em função de uma teoria geral. A análise do
contexto, como elemento central e definidor da disciplina arqueológica, requer que se
percebam quais são as especificidades do objeto de estudo e sua relação com os
demais contextos.

Hodder ressaltou que a arqueologia Pós-processual possui, ao menos, três


princípios que a separam da Arqueologia Processual (ORSER, 1992, p. 74). Esses
pressupostos, além de serem percebidos como princípios básicos de sua proposta,
são utilizados na maioria das pesquisas seguindo o enfoque pós-processual. Por tal
razão, segundo Johnson (2000), muitas vezes os enfoques pós-processuais também
tomam a denominação de Arqueologia Contextual.

O primeiro destes princípios é a tese básica do contextualismo,


etnologicamente bem documentada, de que a cultura material não é um mero reflexo
da adaptação ecológica ou da organização sociopolítica, também constitui um
elemento ativo nas relações entre grupos, elemento que tanto pode ser usado para
disfarçar ou refletir as relações sociais. Os demais princípios são as ideias de que,
além do arqueólogo aceitar a participação do indivíduo como agente ativo na cultura,
deve tentar incluir processos relativos ao cognitivo, ou ao pensamento, dos atores nas
análises e também deve perceber que as variáveis e as transformações sociais podem
ser percebidas em termos de processos históricos.

Setorização: Ação ou efeito de setorizar algo, ou seja, de criar setores. Os


setores correspondem a compartimentos resultantes de uma divisão lógica e
criteriosa.

6.1.1. A ATIVIDADE DE CAMPO

Durante a realização da pesquisa arqueológica na Colina de Igreja do


Bonfim, a equipe de arqueologia monitorou as atividades da obra de engenharia para
a requalificação do local, bem como, durante o monitoramento fez-se escavações, por
iniciativa da arqueologia, em pontos considerados de maior interesse. O intuito foi
mapear a observação de vestígios estruturais existentes na área. A seguir descrevem-
se as atividades realizadas durante o estudo.

Durante a execução do Monitoramento Arqueológico foram acompanhadas


escavações feitas, tanto manual quanto mecanicamente, para que fossem mitigados
possíveis danos negativos a vestígios arqueológicos, porventura, existentes na área.
O monitoramento foi feito por membro da equipe técnica de arqueologia, que realizou
um exame da atividade considerando a paisagem de implantação, a formação
topográfica e sedimentar do local, além do grau de intervenção da obra de engenharia
na área.

Isto posto, o trabalho de campo foi desenvolvido nas seguintes etapas:


monitoramento arqueológico das intervenções de subsuperfície realizadas pelo

40
empreendimento com documentação por meio de fichas de campo, fotografias.
Quando observados indícios de contextos de interesse arqueológico, iniciou-se o
procedimento de escavação manual.

A metodologia de escavação utilizada foi à proposta no projeto


arqueológico. A área do empreendimento foi fracionada em quadrantes de 20x20m,
fazendo uma setorização adequada para melhor identificação/localização das
atividades no processo de escrita e descrição. Assim, temos:

Figura 12 - Setorização da área do monitoramento Arqueológico.

6.1.1.1. MARÇO/2019.

As escavações arqueológicas iniciaram no dia 20 de fevereiro de 2019


com a paralisação entre os dias 02 a 07 de março por conta do recesso de carnaval.
Quando a equipe de arqueologia chegou ao local já haviam sido realizadas algumas
intervenções, como abertura e compactação de acesso interno, construções na área
dos boxes, implantação de parte das caixas de eletrificação do projeto.

Após a chegada da equipe de arqueologia, o primeiro passo foi à


realização de uma vistoria sistemática na poligonal da obra. Momento em que foi
buscada a existência de manchas no solo e identificados eventuais vestígios
cerâmicos, vítreos, ósseos ou de antigas estruturas arquitetônicas.

41
Figura 13 - Áreas destacadas em amarelo já tinham intervenções realizadas antes da chegada da equipe
de arqueologia a campo.

As áreas que abrangem esses setores precisaram de maior atenção da


equipe de arqueologia em campo, pois em alguns locais as ações da obra de
engenharia já haviam sido iniciadas, o local tampado com areia lavada e,
posteriormente, reaberto. Ponto este importante de ressaltar para o entendimento da
estratigrafia e para o fato de não localização de vestígios arqueológicos imóveis ou
móveis. Destarte que os quadrantes 60, 87 e 101 são utilizados como área de
descarte de todo o refugo do empreendimento.

No período em questão, foram realizadas diversas atividades que


necessitavam de acompanhamento arqueológico, sendo elas: escavação mecânica,
escavação manual (abertura de valas, caixas de luz, nova localização do meio-fio,
conduites de energia, assim como um nivelamento do talude). Conforme o
empreendimento fazia as intervenções, a equipe pôde perceber áreas com maiores e
menores potenciais arqueológicos, que serão descritos em subitens.

a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA ARQUEOLOGIA

A equipe de Arqueologia constatou, durante caminhamento pela área do


empreendimento, duas estruturas arqueológicas. Denominadas estruturas 1 e 2,
localizadas nos quadrantes 46 e 60. Isto posto, o direcionamento escolhido pelos
arqueólogos foi evidenciar essas estruturas. A metodologia utilizada foi a escavação
manual das mesmas e, de seus perfis, com vistoria total do sedimento durante o
processo de escavação.

42
Figura 14 - Perfil da estrutura 2. Figura 15 - Evidenciação manual das estruturas 1 e
2.

Iniciamos a evidenciação do topo da Estrutura 1 manualmente, onde pode-


se notar ser uma estrutura em rochas graníticas com argamassa amarelada. A mesma
encontra-se sentido L-O e, através de escavação manual, pode-se aferir que ela se
estende do quadrante 46 até o 49, a mesma está abaixo dos pilares de sustentação da
ladeira do Bonfim, assim como entre os mesmos. O que leva à hipótese que eles
foram construídos utilizando a estrutura arqueológica como sustentação, fato que é
atestado em outras áreas urbanas históricas. Todavia, fora evidenciada somente a
parte que está no 46. O procedimento posterior consistiu em aprofundamento de 30
cm manualmente no perfil sul, para que pudesse ver a profundidade da mesma; o
sedimento é marrom escuro, arenoso, solto, granulometria média, seco, homogêneo.
Nesse procedimento não foram coletados vestígios arqueológicos móveis.

Em relação à estrutura 2, localizada no quadrante 60, a mesma foi


avistada por ter o seu perfil Oeste visível. A estrutura é composta de rochas graníticas
com argamassa amarelada. A equipe de arqueologia optou em abrir uma unidade de
escavação, denominada Unidade 1, com 4m sentido N-S e 3,40m L-O, com o
propósito de entender o contexto arqueológico da área. Aos 20cm de profundidade o
topo da estrutura foi detectado em toda a unidade. O sedimento consiste em marrom-
médio, arenoso, solto, granulometria grossa, heterogêneo (rochas, materiais
construtivos e vestígios arqueológicos). A equipe constatou que o aterro é recente,
pois possuía um calendário de 1993. Com isso, optou-se por uma metodologia de
escavação que evidenciasse a estrutura, com o intuito de saber seu direcionamento e
comprimento. Esse trabalho foi realizado manualmente e atingiu 9,88m de
comprimento e 0,70m de profundidade e 0,50cm de largura. Foi aberta uma sondagem
de 2,00 X 1,00m e 0,50m de profundidade com estratigrafia marrom-escuro, solto,
granulometria grossa, heterogêneo (rochas e bioturbação). Assim como na outra
estrutura a escavação manual foi interrompida momentaneamente.

Os sedimentos provenientes de cada escavação foram criteriosamente


vistoriados pela equipe de arqueologia, com os remanescentes sendo coletados
rigorosamente. Esses vestígios consistem em cerâmica vidrada e simples, faiança fina
inglesa simples e decorada, vidro, moedas, malacológico (berbigão), porcelana e grés.
Por constituir em uma camada de aterro, não há uma datação precisa para essa

43
camada, porém, como dito anteriormente há a presença de vestígios recentes, como o
calendário, uma moeda de 1984 e vestígios arqueológicos.

b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO

O monitoramento arqueológico realizado pela equipe de Arqueologia deu-


se de acordo com as intervenções de subsuperfície realizadas pelo empreendimento,
citadas acima. Com isso, foram trabalhados os quadrantes 24, 25/39, 49, 53, 60, 63,
65, 68, 83, 87, 95, 100, 102/103, 127/128 as intervenções serão descritas abaixo:

 QUADRANTE 24

A partir do corte mecânico do sedimento escavado. Não foram observados


vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

Figura 16 - Escavação mecânica no quadrante 24.

 QUADRANTES 25/39

Escavação ao fundo da igreja, com uma escavadeira grande e caçamba


para transportar o entulho. A vala tem, inicialmente, 2m de profundidade e 1,5m de
largura. Há tubos de PVC de rede de esgoto e o solo bastante poluído neste sentido.

O solo é composto de sedimento arenoso até cerca de 1m e argiloso


úmido no restante. Ambos com coloração marrom amarelado. Também há areia
branca fina na região dos tubos PVC.

44
A vala tem 2m de profundidade com 1,5m de largura e foi realizada com o
objetivo de substituição de infraestrutura de canaleta. Na escavação foi verificado
retirada da manta asfáltica de 20 cm, 20 cm de paralelepípedo, 25 cm de uma camada
de areia branca e fina e 1,35m de sedimento argilo-arenoso, marrom claro, levemente
compacto, granulação média. Sem presença de material arqueológico neste trecho de
corte. O sedimento proveniente desta atividade está sendo descartado (bota-fora) por
duas caçambas.

Do local foi retirada a antiga tubulação de esgoto. Não foram verificados


durante a observação vestígios arqueológicos.

Figura 17 - e Escavação mecânica entre os quadrantes 25/39.

 QUADRANTE 49

Escavação manual em área aterrada recentemente pelo próprio


empreendimento para a colocação de conduítes.

 QUADRANTES 53, 68 E 83

Escavação manual, com 40 cm de largura por 40 cm de profundidade, com


o intuito de colocação de meio-fio recente. A estratigrafia composta por 10 cm de
concreto recente e, 10 a 40cm sedimento marrom-médio, arenoso, solto,
granulometria grossa, seco, heterogêneo (rochas e material construtivo). Não foram
observados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

45
Figura 18 - Monitoramento de atividade mecânica no quadrante 80.

 QUADRANTE 60

Figura 19 - Escavação manual no quadrante 60. Figura 20 - Monitoramento no quadrante 60.

Escavação mecânica atingindo 5 cm de profundidade, com sedimento


marrom-escuro, arenoso, solto, granulometria grossa, seco, heterogêneo (material
construtivo). Não foram observados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

 QUADRANTE 63

46
Escavação manual para a confecção de caixa de energia com 0,90m X
0,90m e 0,65m de profundidade cuja estratigrafia é: avermelhado, arenoso, solto,
granulometria média, seco, heterogêneo (bioturbação).

 QUADRANTE 65

Aterramento da área.

 QUADRANTE 87

Monitoramento da retirada de vestígio vegetal (árvore), não houve


aprofundamento da área e nem foi observada a presença de vestígios móveis ou
imóveis.

Figura 21 - Acompanhamento de escavação mecânica no quadrante 87.

 QUADRANTE 95

Escavação manual para confecção de caixa de energia, com 1,28x


1,28z0,80m. Com a seguinte estratigrafia: 0-10cm: asfalto, 10-80cm: sedimento
marrom-claro, arenoso, granulometria média a fina, solto, homogêneo. Não foram
detectados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis. Outra intervenção realizada na
área foi a 4,60m da caixa sentido Leste, escavação manual de canaleta com 3,57m de
comprimento por 1,00m de largura e 0,40m de profundidade. A estratigrafia foi a
mesma de 0-40cm: sedimento marrom-claro, arenoso, granulometria média, solto,

47
heterogêneo (bioturbação e rochas), assim como na outra escavação não foram
detectados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

 QUADRANTE 100

Escavação manual para abertura de vala com 2,00m de comprimento por


0,80m de largura e 0,80m de profundidade. A estratigrafia de 0-0,80m é a mesma,
sendo composta por sedimento avermelhado e branco, areno-argiloso, granulometria
grossa, homogêneo.

 QUADRANTES 102/103

Foram acompanhadas as atividades de remoção da camada de asfalto,


com10cm de espessura e localizada no início da ladeira do Bonfim, em frente e no
lado direito do Edifício ALCÁCER; Abaixo da camada de asfalto deparamos com um
piso de paralelepípedo de 20 cm. Logo abaixo da camada de paralelepípedo,
deparamos com um sedimento marrom claro, areno-argiloso, seco, granulação média,
apresentando pouco material malacológico (concha). A profundidade da escavação
alcançou 1,5m com espessura de 20 cm.

Figura 22 - Escavação mecânica acompanhada pela equipe de arqueologia entre os quadrantes 102/103.

 QUADRANTES 127/128

48
Figura 23 - Panorama das atividades no canteiro de obras, com ênfase para a escavação entre
os quadrantes 127/128, ao fundo.

A escavação teve 5m de largura e 50 cm de comprimento. A escavação


mecânica de valeta começou com a retirada da manta asfáltica, seguido de paralelo,
areia e solo de composição argilo-arenoso, seco. A escavação tem 1m de
profundidade, foram encontradas tubulações de energia e água (PVC), assim como
raízes de árvores, dormentes e fragmentos do trilho do antigo Bonde. A disposição das
camadas arqueológicas verificadas: 0-10cm camada de manta asfáltica; 10-20cm
camada de paralelepípedo; 20-30cm camada de areia branca e fina, e a partir dos 30
cm de profundidade camada argilo-arenosa, seca.

6.2.1.1. ABRIL/2019.

a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA ARQUEOLOGIA

As escavações por iniciativa da arqueologia continuaram com a


evidenciação da estrutura localizada no quadrante 77. A estrutura foi observada
durante o acompanhamento da retirada de parte do barranco existente próximo a um
dos acessos da parte inferior da praça, onde foi identificada a estrutura em pedra com
argamassa branca. Para a evidenciação desta estrutura foi utilizado rebaixamento de
solo e evidenciação manuais.

Foi executado, nos dias 17, 18, 22 de abril de 2019, o rebaixamento do


solo na parte oeste da estrutura, aonde foi retirado 50 cm de solo para identificar o
topo da estrutura, chegando a alcançar uma profundidade de 200 cm do inicio do solo

49
até o fim desse muro, a valeta aberta para identificação do muro foi de 50 cm de
largura até chegar a sua base.

Essa estrutura foi medida e registrada com fotografias de todo processo de


escavação, a partir desse registro podemos observar e confirmar sua largura e
profundidade, onde sua altura deu-se com 150 cm e com largura de 140 cm.

No dia 22 de abril de 2019, além de terminar o perfil oeste, foi iniciada a


abertura de uma valeta no perfil leste com largura de 70 cm, 100 cm de profundidade e
com as mesmas perspectivas de registro da estrutura para evidenciação total desta,
onde foram localizados materiais arqueológicos idênticos do perfil oeste da estrutura.

Figura 24 - Escavação manual de valeta ao lado da


estrutura.

Figura 25 - Escavação manual ao lado e topo da


estrutura.

A partir do dia 24 de abril de 2019, foi iniciada a abertura de uma valeta no


sentido norte para identificação do comprimento total da estrutura, sendo identificado
bioturbações de raízes, radículas, minhocas e formigas. Pôde-se observar a presença
de material arqueológico nas camadas da valeta, com descrição do sedimento como
areno-argiloso, médio, marrom, solto, úmido, aparecimento de torrões de argila na cor
vermelha. Sobre o início da valeta, de acordo com a paisagem, pode-se dizer que
apresenta em área de declive suave, com presença de árvore de médio porte, próximo
a muro de contenção.

A área possui árvores ao redor, onde pôde ser identificada em todos os


níveis a bioturbação de raízes e radículas. Além disso, a presença de material
arqueológico em quantidade como, por exemplo, louças, moedas, vidro, metal e
conchas nos primeiros níveis.

50
O sedimento foi vistoriado pela equipe de Arqueologia e, sendo coletada
amostra da cultura material característica do aterro de entulhamento para nivelamento
existente na área e além da elaboração da documentação arqueológica da atividade A
escavação continuará no mês de maio, para a evidenciação total da estrutura.

b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO

No mês de abril ocorreram intervenções nos quadrantes 24, 35, 38, 48, 49,
53, 59, 60, 61, 62, 63, 65, 66, 67, 68, 73, 74, 75, 76, 77, 79, 80, 81, 82, 83, 84, 90, 95,
96, 97, 104. Todas foram acompanhadas pela equipe de arqueologia.

Figura 26 - Visão ampla do empreendimento . Figura 27 - Quadrante 60: limpeza mecânica da


área.

Figura 28 - Escavação manual no quadrante 38. Figura 29 - Quadrante 81: documentação


fotográfica.

51
Figura 30 - Quadrante 95, caixas 10 e 11.
Figura 31 - Quadrantes 61,62 e 63, escavação manual.
sentido Oeste-Leste.

Figura 32 - Limpeza manual do Quadrante 82. Figura 33 - Limpeza mecânica do Quadrante 60.

 QUADRANTE 24:

a) Monitoramento de escavação mecânica e manual com 30m de


comprimento, 3m de largura e 1m de profundidade. A área já havia sofrido
intervenções recentes do empreendimento. Não foram detectados remanescentes
arqueológicos imóveis ou móveis. A parede descrita no campo estratigrafia é a Oeste,
pois a Leste consiste somente em 1m de areia lavada, colocada pelo empreendimento
para fazer a interligação de caixa de energia.

 QUADRANTE 35:

a) Monitoramento de escavação mecânica para a retirada de raiz de


árvore previamente serrada pelo empreendimento. A intervenção teve como medida
2x2m e 1,70m de profundidade. A camada é nitidamente de aterro recente com
bioturbações, onde não foram encontrados remanescentes arqueológicos imóveis ou
móveis.

52
 QUADRANTE 38:
a) Escavação manual para construção de caixa de energia (07), com
0,95mx 0,80m x 0,80m onde não foram encontrados vestígios arqueológicos imóveis
ou móveis.

 QUADRANTE 48:

a) A intervenção de subsuperfície realizada foi manual, com o objetivo de


abrir uma vala para a colocação de canaflex. A mesma atingiu 0,70m de profundidade,
onde foram coletados vestígios arqueológicos móveis.
b) Outra intervenção de subsuperfície monitorada pela equipe de
Arqueologia foi a escavação manual para abertura de valeta em terreno em declive
com o objetivo de passar fios de energia. A valeta possui 10m X 0,35m X 0,60m de
profundidade.

 QUADRANTE 49:

a) Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta para a


passagem de canaflex de 2 polegadas. A valeta possui 8,20m x 0,30m x 0,55m de
profundidade. Os vestígios arqueológicos móveis foram coletados em superfície,
sendo eles: faiança fina inglesa e malacológico.

 QUADRANTE 53:

a) Foi realizada limpeza manual da área, por ser tratar de um local de


descarte atual (pessoas transitando e jogando lixo), assim como lugar para a
implantação de oferendas, a equipe monitorou a intervenção o que ocasionou em
coleta de remanescentes móveis.

 QUADRANTE 59:

a) Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta em área


aterrada pelo empreendimento, medindo 8,40mx0,40mx0,85m.

 QUADRANTE 60:

a) Monitoramento de limpeza mecânica da área.

b) Monitoramento de escavação manual em trincheira para a colocação de


canaflex entre as caixas de energia, medindo 12,5m de comprimento, 0,46m de
largura e profundidade variando entre 0,30 a 0,50m. Onde não foram evidenciados
e/ou coletados remanescentes arqueológicos imóveis ou móveis.

 QUADRANTE 61:

53
a) Escavação manual por parte da engenharia para a colocação de
canaflex, atingindo 0,40m de profundidade.

b) Monitoramento arqueológico para abertura de valeta de passagem de


canaflex de 2 polegadas para a ligação com caixas de energia. A escavação manual
atingiu 5,90m x 0,38m x 0,40m de profundidade.

c) Escavação manual com o mesmo intuito de colocação de canaflex com


8,27m x 0,32m x 0,40m de profundidade.

 QUADRANTES 61, 62 E 63:

a) Monitoramento de escavação manual em área previamente impactada


pelo empreendimento, antes do início das atividades da Arqueologia. O objetivo da
escavação é passagem de fiação elétrica entre as caixas, o terreno é em declive. A
escavação possui 32, 30m de comprimento, 0,44m de largura e 0,46m de
profundidade. Aos 29 cm de profundidade foram coletados remanescentes
arqueológicos móveis.

 QUADRANTE 65:

a) Limpeza manual do terreno. A área se encontra com revolvimento de


solo feito anteriormente pelo empreendimento. Em caminhamento pelo quadrante,
foram coletados em superfície ossos, faianças, metal e malacológicos.

 QUADRANTES 65 E 79:

a) Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta entre as


caixas, com o objetivo de passar fios elétricos, com 10m20cm de comprimento por
0,37m de largura e 0,43m de profundidade.

 QUADRANTE 66:

a) Monitoramento de escavação manual para a confecção de caixa de


energia com 1,05m de largura e comprimento por 1,25m de profundidade, onde fora
encontrado malacológico. Outro processo realizado na área foi a limpeza do terreno de
forma manual, em área com revolvimento secundário de solo.

 QUADRANTE 67:

a) Limpeza mecânica e manual do terreno, onde fora observado que o


sedimento é tipicamente de aterro e que, nos dias atuais, é utilizado como área de
descarte de lixo.

 QUADRANTE 68:

54
a) Limpeza mecânica e manual do terreno, onde fora observado que o
sedimento é tipicamente de aterro e que, nos dias atuais, é utilizado como área de
descarte de lixo.

 QUADRANTE 73:

a) Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta com 5 x


0,40 x 0,40m para passagem de Canaflex de 2 polegadas. A escavação foi sentido ao
quadrante 74.

 QUADRANTE 74:

a) Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta com 5 x


0,40 x 0,40m para passagem de Canaflex de 2 polegadas. Não foram observados
vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

b) Monitoramento de escavação manual para implementação de degrau da


escada, com profundidade do 0-0,25m, onde não foram evidenciados vestígios
arqueológicos imóveis ou móveis.

c) Escavação manual da área já aterrada pelo empreendimento para


abertura de valeta com 8,40m x 0,30m x 0,34m, para passagem de canaflex de 2
polegadas. Não foram observados remanescentes arqueológicos imóveis ou móveis.

 QUADRANTE 75:

a) Monitoramento da limpeza do terreno com o uso de retroescavadeira.

 QUADRANTES 76 E 77:

a) Monitoramento de escavação manual para rebaixamento do solo em


área que sofreu anteriormente intervenção do empreendimento, onde não identificados
vestígios arqueológicos imóveis ou móveis. A escavação teve em suas medidas:
3,18m de comprimento, 1,40m de largura e 0,18m de profundidade.

 QUADRANTE 77:

a) Monitoramento de retirada mecânica de sedimento, onde não foram


evidenciados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis. A área já fora anteriormente
escavada e aterrada pela Engenharia, tanto que serve como passagem para
maquinário e pessoas.

 QUADRANTE 79:

a) Monitoramento da limpeza manual da área, onde pode-se aferir que a


área fora remexida anteriormente. De mesma forma foram coletados vestígios
arqueológicos móveis.

 QUADRANTE 80:

a) Escavação manual para a confecção de caixa de energia (06) com 0,80


x 0,80 x 0,80m. Outra intervenção de subsuperfície foi o monitoramento de escavação

55
manual de valeta para passagem de fiação elétrica, sentido Oeste-Leste, com as
seguintes medidas: 10,80m de comprimento, início 0,40m de profundidade, do meio
para o final 0,70m de profundidade.

 QUADRANTE 81:

a) As atividades de monitoramento para execução de escavação manual,


referente à abertura de uma valeta e uma caixa de energia para passagem de fiação
elétrica, foram iniciadas primeiramente com a execução de uma valeta não concluída
pelos operários, sendo feita somente uma raspagem do primeiro nível. A segunda
etapa do processo foi a abertura de uma valeta, medindo 230 cm de comprimento,
34cm de profundidade e 40cm de largura. E a terceira e última, foi a abertura do poço
para caixa de energia, medindo 120cm de comprimento, 120cm de largura e 40cm de
profundidade.

b) Abertura da caixa de energia em frente a supracitada. Este poço


apresentou dimensões de 1,10 cm x 1,10 cm e profundidade de 80 cm. O sedimento
presente nesta intervenção apresentou textura argilo-arenosa, coloração marrom-
avermelhada mesclando com cinza, compactação alta e granulometria média. Nenhum
material arqueológico foi evidenciado durante a escavação deste poço. O quadrante
apresenta uma área de declive suave com presença de árvores ao redor.
c) Ligada à caixa de energia, foi aberta uma valeta seguindo em direção
ao quadrante 95, visando inserir um canaflex, interligando as duas caixas de energia.
Durante esta intervenção foi possível observar a presença de raízes, minhocas e
radículas. Para melhor análise, a valeta foi dividida em sessões com 1 m de
comprimento. A primeira sessão, mais próximo à caixa de energia e denominada T1,
possuía as seguintes dimensões: 100 cm de comprimento, 70 cm de largura e 55 cm
de profundidade. Foi possível observar um sedimento de coloração marrom aos 0-27
cm e de coloração marrom-avermelhado de 27-55 cm de profundidade (havia lentes
de coloração marrom neste pacote). A compactação e granulometria na sessão T1
eram médias, e o sedimento estava úmido. Na sessão T2, medindo 100 cm de
comprimento, 70 cm de largura e 50 cm de profundidade, foi observado um sedimento
marrom-avermelhado aos 0-20 cm e marrom aos 20-50 cm. A granulometria e
compactação do solo também eram médias. Já na sessão T3, medindo 100 cm de
comprimento, 60 de largura e 40 cm de profundidade, o solo era marrom-avermelhado
até os 13 cm e marrom em 13-40 cm. A granulometria e compactação também eram
médias

 QUADRANTE 82:

a) Monitoramento da limpeza manual e mecânica da área do quadrante.


Onde se pode perceber ser um local de aterro, com descarte recente de resíduos.
Foram coletados vestígios arqueológicos móveis, sendo eles: faiança fina inglesa,
porcelana, ossos animais, cerâmica e vidro. Além desses remanescentes, vale
ressaltar um vaso em cerâmica vidrada fragmentado juntamente com uma base de
garrafa de vidro associados e depositados na base de uma árvore na porção noroeste.

56
No entanto, análises precisam ser realizadas para esclarecer se estes materiais são
atuais ou não.

 QUADRANTE 83:

a) Monitoramento de escavação mecânica e manual, onde se pode atestar


ser uma região de aterro recente, assim como descarte de lixo e implantação de
oferendas. Não foram identificados vestígios arqueológicos imóveis, assim como
coletada em superfície faiança fina, porcelana, ossos animais, cerâmica e moedas.

 QUADRANTE 84:

a) Monitoramento de escavação mecânica para a implementação de meio-


fio. Não foram identificados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

 QUADRANTES 83, 95, 96, 97, 98:

a) Monitoramento de escavação mecânica para abertura de vala, com o


objetivo de colocação do meio-fio com 1,00m de largura por 0,40m de profundidade. O
sedimento é claramente composto de aterro, com rochas e paralelepípedos
sustentando o asfalto.

 QUADRANTE 89, 90:

a) Monitoramento da limpeza mecânica da área.

 QUADRANTE 95:

a) Foram realizadas escavações manuais para a confecção de caixa de


energia elétrica cuja numeração é 10 com 1,00m x 0,50m x 0,40m onde não foram
encontrados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis. Depois de finalizada a
escavação da caixa 10, iniciou-se o mesmo procedimento na 11 onde atingiu 1,50m x
1,00m x 0,40m, onde não foram encontrados vestígios arqueológicos imóveis ou
móveis. Interligando as caixas foi aberta uma valeta de 0,40m de comprimento por
0,15m de largura e 0,40m de profundidade. O sedimento nos três procedimentos é o
mesmo.

 QUADRANTE 104:

a) Monitoramento da escavação mecânica no Q104, sentido Q105. Iniciou-


se com a quebra do muro recente que havia ao longo da área a ser impactada e,
posteriormente com a retirada da camada de pedras portuguesas que compunham a
calçada. A escavação mecânica aprofundou 0,80m, com 0,80m de largura e 40m de
comprimento. Onde não foram observados vestígios arqueológicos imóveis ou móveis.

6.3.1.1. MAIO/2019.

57
a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA ARQUEOLOGIA

No mês de maio concluiu-se a evidenciação das estruturas 1 e 2 e foi


observada a presença da estrutura 3, composta por pedras com argamassa. No
intuito de mapeamento e elaboração da documentação arqueológica, a estrutura 3 foi
evidenciada em 3 locais diferentes, de acordo com sua extensão; assim, para
documentação foram usadas as nomenclaturas: estrutura 3-1; estrutura 3-2; estrutura
3-3, (no sentido sul-norte).

A equipe de Arqueologia constatou três estruturas arqueológicas, conforme


já citado. No período em questão foi finalizada a evidenciação das estruturas
supramencionadas e realizada a documentação arqueológica complementar dessas
estruturas.

A metodologia utilizada foi a escavação manual das mesmas e, de seus


perfis, com vistoria total do sedimento durante o processo de escavação.

 ESTRUTURA 3

Figura 34 - A Colina Sagrada do Senhor do Bonfim em fotografia por volta de 1920, com o muro de pedra
que a circundava, em destaque. Postal Typ. Joaquim Ribeiro & Cia.

A estrutura 3 foi documentada, com produção de croquis de plantas-baixas


das 3 partes evidenciadas da estrutura, bem como realização de croqui de perfil da
parte 1 da mesma. Para efeitos organizacionais, a documentação seguiu uma divisão
e a seguinte nomenclatura: estrutura 3-1, 3-2, 3-3. A primeira parte da estrutura está
localizada nos quadrantes 77 e 91, enquanto a segunda e terceira parte estão
localizadas no quadrante 78. Havia a indicação da engenharia apontando a construção
de um novo muro está rente à parte da estrutura 3-1, com sobreposição dessa nova
edificação sobre parte da estrutura 3-2.

58
Figura 35 - Vista ampla da estrutura 3, com presença de árvore entre a parte 1 e parte 2 (da esquerda
para direita: sentido sul-norte da estrutura.

Figura 36 Vista da estrutura 3-1, com parte do muro novo sendo construído rente à estrutura, foto no
sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da estrutura 3-1 sentido sul-norte.

59
Figura 37 - Vista da estrutura 3-3, sentido norte-sul (à esquerda); Á direita vista da estrutura 3-3, sentido
sul-norte.

A vegetação é rasteira e há presença de duas árvores sobre partes da


estrutura que foi evidenciada (uma entre parte 1 e parte 2, outra entre parte 2 e parte 3
da estrutura descrita), havendo perturbações de raízes dessas árvores na estrutura 3.
Havendo uma camada de aterro construtivo recente sobre a estrutura, com presença
de perturbações de raízes das árvores instaladas sobre parte da edificação.

O solo de todas as camadas se apresenta com característica seca; porém,


devido à quantidade de chuvas que têm ocorrido, em praticamente toda a
documentação havia umidade considerável de todas as camadas, especialmente as
superiores, com formação de lama.

A partir da segunda quinzena do mês continuou a construção do muro


atual edificado rente à estrutura. A construção havia sido parada para evidenciação da
estrutura 3 e avaliação de impacto sobre esse vestígio arqueológico imóvel. Além da
própria estrutura, não foram evidenciados achados arqueológicos (móveis) de
relevância durante a construção do muro. Alguns materiais foram coletados no âmbito
desta construção, e coletados para posterior análise laboratorial, porém estavam em
local bastante impactado pela presença de raízes das árvores, assim, não foi possível
evidenciar localização de camada/nível absoluto em que os materiais se encontravam.

Fotos antigas da Colina do Bonfim nos direcionaram ao entendimento que


se tratava do antigo muro que circundava a área da colina e que devido ao aumento
do nível do piso atual da rua, foi suplantado. Uma vez que o projeto de engenharia não
prévia ações que ocasionassem impactos a estrutura, após a sua evidenciação e
formação da documentação arqueológica, foi realizado o acompanhamento do novo
muro que passaria rente a essa estrutura, no intuito de evitar impactos a ela.

60
Cabe salientar que o projeto original de engenharia previa a construção do
muro novo mais próximo à árvore existente na ponta sul da estrutura 3 (parte 1),
porém, pela evidenciação de grande quantidade de raízes pela equipe da construção,
o que poderia, com seu corte, acarretar na queda da árvore, optou-se pela ampliação
do espaço no entorno desta árvore. Assim, essa primeira parte da estrutura 3, teve
sua porção sul preservada, servindo de base para o muro novo. Foi observado que
abaixo das raízes da árvore que estavam sendo expostas, há resquícios da estrutura
3, bem como resquícios do muro mais recente que está aderido à estrutura – parte
dessa estrutura mais recente aderida à edificação antiga, foi retirada para passagem
do muro atual.

A equipe das obras de engenharia executou, ainda, a limpeza do aterro


que se encontrava sobre a 2ª parte da estrutura exposta pela equipe de arqueologia
(com o trânsito e as chuvas, havia deposição de terra provenientes dos aterros do
entorno). Entre a primeira parte evidenciada e a segunda, há uma árvore em canteiro
(conforme apontado anteriormente) que apresenta 670cm de comprimento no sentido
sul-norte; já, entre a segunda e a terceira parte dessa estrutura, há outro canteiro (com
uma árvore, também), de 340cm de comprimento, no mesmo sentido.

Figura 38 - Estrutura 3 (parte 1) - o novo muro de contenção construído rente à estrutura de pedras.

Na penúltima semana do mês de maio a construção do muro ocorreu

61
sobre parte da estrutura 3 (2ª parte da estrutura), sendo na sequencia paralisada,
devido a um alinhamento entre a equipe de arqueologia e a engenharia, para
aguardar as intervenções no piso do estacionamento, prevenindo, assim, possíveis
impactos à estrutura 3. Foram coletados alguns materiais no âmbito do desmanche da
estrutura mais recente aderida à estrutura de pedras antiga para construção do muro
novo (ressaltando que não foram atribuídos níveis estratigráficos de exposição dos
materiais, pois estavam em meio a área com bastante perturbação), são eles: 10
fragmentos de louça, 6 fragmentos de metal, 1 de cerâmica, 4 fragmentos de piso -
restos construtivos.

Figura 39 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da estrutura de pedras.

62
Figura 40 - Estrutura 3 (parte 1) - construção do novo muro de contenção ao lado da estrutura de pedras.

Figura 41 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a estrutura de pedras.

63
Figura 42 - Estrutura 3 (parte 2) - construção do novo muro de contenção sobre a estrutura de pedras.

 ESTRUTURA 2
A estrutura 2 teve a continuidade de evidenciação e documentação, com
produção de croquis e plantas-baixas. A evidenciação da estrutura 2 foi realizada
manualmente e foi possível observar que o solo se caracteriza por ser aterro
construtivo. A localização da estrutura se estende entre os quadrantes 46 e 60, que
apresentam vegetação rasteira e presença de uma árvore ao lado do local (leste) em
que se encontra esta estrutura.

Trata-se de estrutura observada na área constituída por cimento e pedras


com formato de meia-lua, encontrada entre os quadrantes 46 e 60. Para evidenciação,
foram escavadas manualmente duas trincheiras laterais à estrutura, uma a oeste e
outra, a leste. Para evidenciação da profundidade total da estrutura, optou-se por
escavação completa apenas da trincheira oeste, já que a estrutura apresenta, em sua
face leste, uma cobertura de cimento/argamassa. A estrutura apresenta perda de
algumas pedras em sua parte superior.

Na trincheira oeste, a partir desses 20 cm (incluindo essa medida), foi


possível observar 4 camadas distintas de solo, todos característicos de aterros
construtivos. Seguiu-se a escavação com direcionamento sul-norte, com
aprofundamento do solo a cada 10 cm aproximadamente. Para descrição do solo,
considerando que não houve achados arqueológicos significativos, por se tratar de

64
aterro, houve a preferência da descrição pelas camadas que se apresentam no perfil,
como segue:
 Camada 1 - aproximadamente 0-25 cm; solo arenoso de coloração
avermelhada, com pontos de cor vermelha mais escura e de características
areno-argilosa; granulação fina à média.

 Camada 2 - aproximadamente 25-45 cm; solo areno-argiloso de coloração


marrom e granulação média.

 Camada 3 - aproximadamente 45-120 cm; solo argiloso avermelhado com


pontos de coloração acinzentada; granulação média. Presença de restos
asfálticos espalhados por toda a camada, em forma de pontos (não se
apresentava como camada inteiriça).

 Camada 4 - aproximadamente 120-160 cm; solo areno-argiloso de coloração


avermelhada e granulação média.

O solo de todas as camadas se apresenta com característica seca; porém,


devido à quantidade de chuvas que têm ocorrido, em praticamente toda a escavação
havia umidade considerável de todas as camadas, especialmente as superiores, com
formação de lama.

Foi realizado croqui do perfil da trincheira oeste aberta para evidenciação


da estrutura, bem como planta baixa.

Ao lado da estrutura, em sua extremidade sul, foi aberta uma valeta para
instalação de canaflex para passagem de fiação elétrica entre 3 caixas que estão
localizadas ao lado da estrutura 2 (no sentido leste-oeste, passando entre a ponta sul
da estrutura e a valeta de escoamento pluvial que se encontra perpendicularmente à
estrutura 2, em sua extremidade sul; a valeta para instalação de canaflex acompanha
toda a valeta de escoamento pluvial). A valeta para passagem da fiação apresenta 15
cm de profundidade, calculados a partir da base de granito que corresponde ao
acabamento arquitetônico da valeta de escoamento pluvial; a partir do topo da
estrutura 2, em sua extremidade sul, até o fundo da valeta aberta para fiação, há a
medida de 60 cm de altura. O solo retirado da valeta ao lado da estrutura é areno-
argiloso, marrom, de granulação média; já o solo da parte da valeta que fica entre a
estrutura 2 e a estrutura 1 (mais a oeste), é areno-argiloso, avermelhado, de
granulação média. Ambas as amostras de solo são resultado de aterros construtivos.

65
Figura 45 - Estrutura 2 - foto ampla do local da estrutura de pedras.

Figura 43 - Estrutura 2 - medida de Figura 44 - Vista da valeta passando rente à


profundidade e localização cardeal. Estrutura 2 - sentido leste – oeste.

66
Posteriormente à evidenciação e documentação da estrutura e
acompanhamento da abertura da valeta acima descrita, foi realizada concreção do
canaflex instalado na valeta. Além da própria estrutura, não foram evidenciados
achados arqueológicos (móveis) de relevância.

 ESTRUTURA 2-2

Uma nomenclatura de seccionamento foi dada a esta estrutura por


entendermos tratar-se de uma continuidade da estrutura 2 devido a semelhanças no
seu processo de implantação em técnica de manufatura. A estrutura 2 (parte 2) se
apresenta em sentido sudoeste-nordeste e está a norte da Estrutura 2, no quadrante
61.

A vegetação no local é rasteira e há presença de uma árvore ao lado do


local (sul) em que se encontra a estrutura evidenciada. Esta árvore é a mesma que
fica a leste da estrutura 2. A estrutura já estava parcialmente evidenciada, e optou-se
em não abrir trincheiras laterais, e, sim, apenas limpeza no local e produção de planta
baixa.

Figura 46 - Estrutura 2 (parte 2) - foto ampla do local (sentido sudeste-noroeste).

67
Figura 47 - Estrutura 2 (parte 2) - preparação para produção de planta baixa.

Posteriormente à documentação sobre a estrutura, foi aberta, pela equipe


de engenharia, uma valeta que a atravessa no sentido norte-sul, para passagem da
fiação elétrica, porém sem perda de sua formação. Os conduítes para a passagem dos
fios foram colocados acima da estrutura, com cobertura de argamassa/cimento,
ficando a edificação embaixo dessa concreção (que tem, aproximadamente, 30 cm de
largura). Além da própria estrutura, não foram evidenciados achados arqueológicos
(móveis ou imóveis).

Figura 48 - Estrutura 2 passagem de fios elétricos com cobertura de concreto sobre parte da estrutura
(sentido norte-sul).

ESTRUTURA 1

68
Esta estrutura localiza-se ao longo da murada do largo da Igreja do
Bonfim, na extremidade norte do quadrante 46, a oeste da estrutura 2. O solo
apresenta-se em aclive leve, com vegetação rasteira, e caracteriza-se, também, por
constituir-se de aterro construtivo. Já haviam sido escavados, pela equipe de
arqueologia, aproximadamente 15 cm através de uma trincheira lateral localizada a
leste da estrutura.

Para a continuação da evidenciação foi escavada manualmente, duas


trincheiras laterais à estrutura, uma a oeste e outraa leste. A trincheira leste foi aberta
para identificação da estrutura, de sua profundidade e tipo; esta trincheira foi aberta ao
longo de 720 cm de comprimento. Para a trincheira oeste, optou-se por escavar
somente 190 cm de comprimento (de 112 a 302 cm do total dos 720 cm evidenciados
no lado leste), uma vez que se tratava de investigação de tipo de estrutura (conforme
indicado pela coordenação geral de arqueologia).

Na trincheira oeste, com total de 55 cm de profundidade, o solo


caracterizava-se por ser seco, areno-argiloso, avermelhado com manchas escuras
(marrom-avermelhadas) e granulação média. Não houve mudança em toda a
profundidade do solo, portanto, não foi realizado desenho de perfil.

Na trincheira leste, observou-se que a estrutura apresenta de 40 a 25 cm


de profundidade, como apontado anteriormente, foram escavados 720 cm de
comprimento, paralelamente ao muro de contenção do Largo da Igreja do Bonfim
(parte alta). O solo desta trincheira, logo abaixo da estrutura, apresenta-se arenoso e
seco, de granulação média e de coloração avermelhada até aproximadamente 30 cm
de profundidade. Após, o solo é arenoso a areno-argiloso, avermelhado, seco e de
granulação média (aproximadamente 50 cm de profundidade total).

A estrutura tem 40 cm de largura e 40 cm de profundidade em seu extremo


sul (extremo da abertura da evidenciação), diminuindo para até 25 cm de altura -
mantendo essa altura até os seus 302 cm de comprimento, com a delimitação para a
evidenciação de profundidade da estrutura. Não houve achados arqueológicos móveis
ou imóveis, além da própria estrutura 1.

69
Figura 49 - Estrutura 1 - foto ampla do local da estrutura de pedras (sentido sul-norte).

Figura 50 - Estrutura 1 - limpeza e abertura de trincheira (a leste da estrutura) para evidenciação da


estrutura de pedras.

70
Figura 51 - Estrutura 1 - medida de profundidade e localização cardeal da trincheira investigativa a leste
da estrutura.

b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO

No período em questão, foram realizadas, ainda, diversas atividades que


necessitavam de monitoramento arqueológico, sendo elas escavações mecânicas e
manuais nos seguintes contextos: abertura de valas, e de quadras para caixas de luz,
nova localização do meio-fio, conduítes de energia, assim como um nivelamento do
talude.

O Monitoramento arqueológico ocorreu de acordo com as intervenções de


subsuperfície realizadas pelo empreendimento, citadas acima. Com isso, foram
acompanhadas as ações nos quadrantes 50, 51, 58, 63,65, 72,79, 81, 88, 89, 90, 91,
100, 101, 102, 103, 104 e 115, as quais podem ser acompanhadas abaixo.

 QUADRANTES 50 E 51

Monitoramento de escavação manual para abertura de duas caixas de


energia próximas ao muro da Igreja do Bonfim e próximas ao prédio chamado
popularmente de Castelinho. O terreno apresenta leve declive e é composto por solo
de aterro construtivo (secundário). As descrições das caixas seguem abaixo:

Caixa 1) Escavação com 110cm de largura, 110cm de comprimento e


25cm de profundidade. Solo arenoso a areno-argiloso, compactado, seco, marrom
avermelhado, (com pontos acinzentados em sua porção mais superficial), de
granulometria fina à média, sem perturbações.

71
Figura 52 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal.

Caixa 2) Escavação com 110cm de largura, 95 cm de comprimento (vista


sul-norte) e 40cm de profundidade. Solo arenoso a areno-argiloso, compactado, seco,
marrom avermelhado, (com pontos acinzentados em sua porção mais superficial), de
granulometria fina à média, sem perturbações. Ambas as escavações foram
executadas de forma manual e não foram encontrados vestígios arqueológicos.

Figura 53 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal.

 QUADRANTE 51

Monitoramento de escavação manual para abertura de caixa de energia


próxima ao muro da Igreja do Bonfim e próximo ao prédio chamado popularmente de
Castelinho.

72
O terreno apresenta leve declive e é composto por solo de aterro
construtivo (secundário).

Escavação com 110cm de largura, 110cm de comprimento e 25cm de


profundidade (vista leste-oeste para medidas de largura e comprimento), com solo
arenoso a areno-argiloso, compactado, seco, marrom avermelhado, (com pontos
acinzentados em sua porção mais superficial), de granulometria fina à média, sem
perturbações.

Não foi concluída a abertura (escavação manual) da caixa, pois estava


sendo aberta em local incorreto. Não foram encontrados vestígios arqueológicos.

Figura 54 - Abertura e fechamento de quadra para instalação de caixa de luz (caixa não foi aberta
totalmente - local errado)- contexto de aterro construtivo secundário.

 QUADRANTE 58 E 72

Monitoramento de escavação manual, em área de aterro construtivo


recente localizado nos antigos Boxes do Mercado do Bonfim para abertura de valetas
e posterior fundação para levantamento de paredes com blocos de concreto. Foram
registradas 5 valetas. As valetas estão numeradas na direção oeste-leste (da 1ª a 5ª) e
estão dispostas em seu comprimento no sentido norte-sul e possuem as seguintes
medidas, não sendo encontrados vestígios arqueológicos durante o monitoramento
destas ações.

73
1° - Valeta tem 50cm de profundidade e 43cm de largura.
2° - Valeta tem 45cm de profundidade e 45cm de largura.
3° - Valeta tem 46cm de profundidade e 40cm de largura.
4° - Valeta tem 46cm de profundidade e 45cm de largura.
5° - Valeta tem 56cm de profundidade e 40cm de largura.

Figura 55 - 2ª Valeta para construção de fundação para levantamento de paredes com blocos de concreto
no local do antigo Mercado do Bonfim.

 QUADRANTES 63

Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta, para


passagem de canaflex com fiação elétrica entre caixas de energia.

O terreno apresenta declive acentuado, com parte mais alta a oeste (junto
ao muro de contenção do local conhecido como “castelinho”, descendo a leste, onde
encontra caixa de energia no mesmo quadrante) e é composto por solo de aterro
construtivo (secundário). O local será parte do gramado que cobrirá a colina.

Escavação com 35cm de largura, 960cm de comprimento e 25cm de

74
profundidade. O solo não apresenta nenhuma modificação desde o topo da abertura
até a base e a intervenção ocorreu em solo de deposição primária, próximo a
palmeiras imperiais presentes no local. Solo areno-argiloso, seco, compactado,
marrom avermelhado, granulometria média, com perturbações de raízes em toda sua
profundidade e extensão. Foram encontrados vestígios arqueológicos móveis,
coletados e enviados para curadoria.

Figura 56 - Abertura de valeta para passagem de canaflex (fiação elétrica) entre caixas de energia – vista
leste-oeste.

 QUADRANTES 65 E 79
Monitoramento de escavação manual com o objetivo de abertura de valeta
para passagem de fiação elétrica entre as caixas de energia. A escavação teve as
seguintes medidas: 10m e 20 cm de comprimento, 37 cm de largura e 43cm de
profundidade. Durante o monitoramento não foram detectados remanescentes
arqueológicos imóveis ou móveis.
 QUADRANTE 81
Monitoramento de escavação manual para abertura de duas caixas de
energia. O terreno apresenta leve declive e é composto por solo de aterro construtivo

75
(secundário).

Escavação com 87cm de largura e comprimento, e 80cm de profundidade.


Solo areno-argiloso, úmido, compactado, avermelhado, granulometria média, sem
perturbações nas primeiras camadas e com raízes em camadas inferiores. Caixa 2)
Escavação com 110cm de largura, 110cm de comprimento e 75cm de profundidade
(vista sul-norte para medidas de largura e comprimento). Solo arenoso a areno-
argiloso seco a úmido (camadas intermediárias), avermelhado com partes
acinzentadas, granulometria fina à média, compactado, sem perturbações. Não foram
encontrados vestígios arqueológicos.

Figura 57 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - contexto de aterro construtivo secundário
- profundidade e localização cardeal (caixa 2).

76
Figura 58 - Abertura de quadra para instalação de caixa de luz - medidas e localização cardeal (Caixa
1).

 QUADRANTES 100 E 101

Monitoramento de escavação mecânica para preparação do solo para


posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do estacionamento
de veículos.

Esta escavação ocorreu próxima ao antigo ponto do bonde, local


impactado por presença de obras anteriores, com característica solo de aterro
construtivo. O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo
(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. Como evidências
arqueológicas, foram encontradas partes dos dormentes dos trilhos do antigo bonde.
Além dessas evidências, não havia mais nenhum vestígio. Neste local, a escavação
total somou aproximadamente 200 cm de profundidade.

O local já havia sido monitorado pela equipe de arqueologia, no âmbito


desta obra; entretanto, como o trabalho estava mais próximo ao ponto do antigo
bonde, anteriormente não escavado, foi necessário acompanhamento arqueológico.

77
Figura 59 - Escavação com máquina próxima ao antigo ponto do bonde e, partes dos trilhos extraídos na
escavação.

 QUADRANTES 101 E 115

Monitoramento de escavação mecânica para preparação do solo para


posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do estacionamento
de veículos. Esta escavação ocorreu próxima ao antigo ponto do bonde, na antiga
calçada de pedras portuguesas da via Baixa do Largo do Bonfim.

A profundidade da escavação foi de aproximadamente 130cm. Sua largura


é de aproximadamente 670cm. O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de
aterro construtivo (secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais
antigas do local e intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes.

A estratigrafia observada é a seguinte: 0-7cm: Pedras portuguesas


brancas e pretas. 7-20cm: Solo arenoso, de coloração bege clara, seco, compactado,
de granulação fina. 20-40cm: solo arenoso, de coloração marrom avermelhada, seco,
compactado, de granulação fina à média. 40-50cm: Manta asfáltica. 50-70cm: Pedras
paralelepípedos. 70-100cm: Solo arenoso, avermelhado, seco, compactado, de
granulação fina à média. 100-130cm: Solo areno-argiloso, seco, compactado, de
granulação média.

Não foram encontrados quaisquer vestígios de interesse arqueológico


durante as escavações. Como estrutura, existe a edificação do antigo ponto do bonde

78
que, segundo informações da equipe de engenharia, permanecerá no local, sendo
revitalizado. (A equipe responsável pelas obras de engenharia no que se refere ao
estacionamento é a CBV).

Figura 60 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado.

 QUADRANTES 101 E 102

Monitoramento de escavação mecânica para preparação do solo para


posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do estacionamento
de veículos, próxima ao meio-fio da rua da Baixa do Largo do Bonfim. Esta escavação
ocorreu próxima ao antigo ponto do bonde e sua profundidade aproximada foi de 130
cm. Sua largura é de aproximadamente 670cm.

O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo


(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais
antigas são constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de
solo arenoso e areno-argiloso (equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do
local do estacionamento). Mais próximo ao meio fio da Rua da Baixa do Largo do
Bonfim, há presença de asfalto e paralelepípedos seguidos de solo arenoso de
aproximadamente 130 cm de profundidade e, abaixo, solo areno-argiloso marrom
avermelhado.

79
A seguinte estratigrafia pode ser observada: 0-10cm: Manta asfáltica. 10-
30cm: Pedras paralelepípedos. 30-60cm: Solo arenoso, de coloração bege clara, seco,
compactado, de granulação fina. 60-130cm: Solo areno-argiloso, marrom
avermelhado, seco, compactado, de granulação média. Não foram encontrados
quaisquer vestígios de interesse arqueológico durante as escavações.

A escavação mecânica foi seguida de escavação manual, pois em alguns


locais não é possível o acesso com a máquina, pela presença de canteiros de árvores
e presença de tubulação de água e drenagem. A tubulação de água foi exposta para
que não sofresse danos durante as escavações.

Figura 61 - Vista ampliada dos quadrantes 101 e 102 - escavação mecânica e manual próxima ao antigo
ponto de bonde.

 QUADRANTES 88, 102, 103

Monitoramento de escavação mecânica e manual para preparação do solo


para posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do
estacionamento de veículos, próxima ao meio-fio da rua da Baixa do Largo do Bonfim.

O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo

80
(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais
antigas são constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de
solo arenoso e areno-argiloso (equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do
local do estacionamento). Mais próximo ao meio fio da Rua da Baixa do Largo do
Bonfim, há presença de asfalto e paralelepípedos seguidos de solo arenoso e, abaixo,
solo areno-argiloso marrom avermelhado, em um total de aproximadamente 140 cm
de profundidade. A seguinte estratigrafia pode ser observada: Parte com pedras
portuguesas: 0-7cm: Pedras portuguesas brancas e pretas. 7-80cm: Solo arenoso, de
coloração bege clara, seco, compactado, de granulação fina à média. 80-140cm: Solo
areno-argiloso, avermelhado, seco, compactado, de granulação média. Parte de
asfalto (próximo à Rua da Baixa do Largo do Bonfim): 0-10cm: Manta asfáltica. 10-
30cm: pedras paralelepípedos. 30-80cm: solo arenoso, avermelhado, seco,
compactado, de granulação fina à média. 80-140cm: solo areno-argiloso,
avermelhado, seco, compactado, de granulação média.

Não foram encontrados vestígios de interesse arqueológico durante as


escavações, apenas restos de metal que parecem ser de ferro - partes do antigo trilho
do bonde. Esses resquícios estão na parede sul do quadrante 102, próximo à Rua da
Baixa do Largo do Bonfim, e serão aterrados na construção da pavimentação do
estacionamento (não foram coletados pela equipe de arqueologia, nem retirados pela
de engenharia).

Em direção ao muro novo, paralelamente às escavações próximas à rua


pública, também foram realizadas escavações mecânicas para retirada de solo para
posterior composição de novo aterro que irá constituir a base do estacionamento.

Figura 62 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado (à esquerda); Á direita, escavação manual para exposição da tubulação d'água nos quadrantes
102 e 103, onde havia piso de pedra portuguesa - local em que será o estacionamento (sentido norte-sul).

 QUADRANTES 89, 90, 103 E 104

81
Monitoramento de escavação mecânica e manual para preparação do solo
para posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do
estacionamento de veículos, próxima ao meio-fio da Rua da Baixa do Largo do
Bonfim.

O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo


(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais
antigas são constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de
solo arenoso e areno-argiloso, com pontos de solo argiloso de coloração acinzentada
(equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do local do estacionamento –
670cm de largura de caminhos de pedras portuguesas). Mais próximo ao meio fio da
Rua da Baixa do Largo do Bonfim, há presença de asfalto e paralelepípedos seguidos
de solo arenoso e, abaixo, solo areno-argiloso marrom avermelhado (total de
aproximadamente 145 a 155cm de profundidade). A seguinte estratigrafia foi
observada: Parte com pedras portuguesas: 0-7cm: Pedras portuguesas brancas e
pretas. 7-80cm: Solo arenoso, de coloração bege clara, seco, compactado, de
granulação fina à média. 80-155cm: Solo areno-argiloso, avermelhado, seco,
compactado, de granulação média, com pontos de solo argiloso de coloração
acinzentada.

Parte de asfalto (próximo à rua da Baixa do Largo do Bonfim): 0-10cm:


Manta asfáltica. 10-30cm: pedras paralelepípedos. 30-80cm: solo arenoso,
avermelhado, seco, compactado, de granulação fina à média. 80-155cm: solo areno-
argiloso, avermelhado, seco, compactado, de granulação média. Não foram
encontrados quaisquer vestígios de interesse arqueológico durante as escavações.
Em direção ao muro novo, paralelamente às escavações próximas à rua pública,
também foram realizadas escavações mecânicas para retirada de solo para posterior
composição de novo aterro que irá constituir a base do estacionamento. A escavação
mecânica passou a ser um pouco mais demorada devido à profundidade do terreno,
principalmente no quadrante 90: há um aclive no sentido sul-norte, o mesmo sentido
seguido para escavação.

82
Figura 63 - Escavação mecânica do piso de pedras portuguesas próximo à rua da Baixa do Largo do
Mercado.

Figura 64 - Escavação manual para exposição da tubulação d'água nos quadrantes 103 e 104, onde havia
piso de pedra portuguesa - local em que será o estacionamento (foto no sentido leste-oeste)

83
 QUADRANTES 90 E 91

Monitoramento de escavação mecânica e manual para preparação do solo


para posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do
estacionamento de veículos, próxima ao meio-fio da rua da Baixa do Largo do Bonfim.
O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo (secundário)
em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e intervenções
atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais antigas são
constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de solo arenoso e
areno-argiloso (equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do local do
estacionamento). Mais próximo ao meio fio da Rua da Baixa do Largo do Bonfim, há
presença de asfalto e paralelepípedos seguidos de solo arenoso de aproximadamente
155 cm de profundidade e, abaixo, solo areno-argiloso marrom avermelhado. A
estratigrafia seguinte foi observada: Parte com pedras portuguesas: 0-7cm: Pedras
portuguesas brancas e pretas. 7-80cm: Solo arenoso, de coloração bege clara, seco,
compactado, de granulação fina à média. 80-155cm: Solo areno-argiloso,
avermelhado, seco, compactado, de granulação média, com pontos de solo argiloso
de coloração acinzentada. Parte de asfalto (próximo à rua da Baixa do Largo do
Bonfim): 0-10cm: Manta asfáltica. 10-30cm: pedras paralelepípedos. 30-80cm: solo
arenoso, avermelhado, seco, compactado, de granulação fina à média. 80-155cm: solo
areno-argiloso, avermelhado, seco, compactado, de granulação média.

Não foram encontrados vestígios de interesse arqueológico durante as


escavações, apenas parte de uma antiga tubulação de esgoto, feita à base de material
cerâmico, retirado durante as escavações mecânicas do quadrante 90, a
aproximadamente 100 cm de profundidade e localizado a 1000 cm do muro novo de
contenção do gramado. Em direção ao muro novo, paralelamente às escavações
próximas à rua pública, também foram realizadas escavações mecânicas para retirada
de solo para posterior composição de novo aterro que irá constituir a base do
estacionamento. Escavações continuaram a ser demoradas, porque há aumento da
profundidade do solo.

84
Figura 65 - Escavação manual (tubulação de água) - local em que será o estacionamento.

Figura 66 - Escavação mecânica - local que será o estacionamento.

85
Figura 67 - Vestígios de antiga tubulação de escoamento de esgoto.

6.4.1.1. JUNHO/2019.

Durante o mês de Junho foram acompanhadas as atividades da obra de


engenharia no âmbito do monitoramento arqueológico nos quadrantes 63, 77, 91 e 92.
No mês de junho a equipe de arqueologia acompanhou a recomposição das áreas que
abrigavam as estruturas. As áreas foram cobertas com areia lavada, com o intuito de
nivelá-las para a colocação do gramado na área.

Durante a execução do Monitoramento Arqueológico foram acompanhadas


escavações feitas, tanto manual quanto mecanicamente. Nos próximos tópicos serão
descritos os métodos de escavação e as ocorrências arqueológicas identificadas.

a) EVIDENCIAÇÃO DE ESTRUTURA POR INICIATIVA DA ARQUEOLOGIA

Durante o mês de Junho, com a finalização das atividades da engenharia


que demandavam o monitoramento arqueológico, e uma vez que as áreas das
intervenções por iniciativa da arqueologia tiveram a elaboração da documentação
finalizada, a equipe de arqueologia acompanhou a recomposição dessas áreas. As
quais foram cobertas pelo próprio sedimento retirado do local, seguido pelo
preenchimento por areia lavada. Após esse tratamento o local foi coberto por
gramíneas.

O objetivo foi à cobertura total das estruturas evitando a exposição e


possíveis impactos com a cobertura vegetal na área.

86
Figura 68 - Recomposição do terreno na área das estruturas 1 e 2.

Figura 69 - Finalização da recomposição do terreno da área das estruturas 1 e 2.

87
Figura 70 - Finalização da recomposição do terreno na área da estruturas 3.

b) MONITORAMENTO ARQUEOLÓGICO

O monitoramento arqueológico ocorreu de acordo com as intervenções de


subsuperfície realizadas pelo empreendimento, citadas acima. Com isso, foram
acompanhadas as ações nos quadrantes 63, 77, 91, 92, conforme descrições abaixo.

 QUADRANTES 77, 91 E 92

Monitoramento de escavação mecânica e manual para preparação do solo


para posterior aterro que servirá de base para o piso de paralelepípedo do
estacionamento de veículos, próxima ao meio-fio da rua da Baixa do Largo do Bonfim.

O terreno apresenta-se plano e é composto por solo de aterro construtivo


(secundário) em sucessivas camadas, incluindo intervenções mais antigas do local e
intervenções atuais, no âmbito destas obras recentes. As camadas de aterro mais
antigas são constituídas, de cima para baixo, por pedras portuguesas, seguidas de
solo arenoso e areno-argiloso (equivalente a aproximadamente ¼ da largura total do
local do estacionamento). Mais próximo ao meio fio da rua da Baixa do Largo do
Bonfim, , há presença de asfalto e paralelepípedos seguidos de solo arenoso de
aproximadamente 155 e diminuindo para 145 cm de profundidade no sentido sul-norte
e, abaixo, solo areno-argiloso marrom avermelhado. Todo o local em que será
assentado o estacionamento é caracterizado por solo de deposição secundária - aterro
construtivo (parte mais antigo, da época da construção da calçada de pedras

88
portuguesas e colocação de asfalto na via pública; parte atual decorrente da
intervenção de engenharia que está sendo realizada na requalificação da colina).

Próximo à antiga estrutura de pedras número 3, também foi escavado.


Entretanto, a escavação não chegou a prejudicar, de qualquer maneira, nenhuma
parte da estrutura (porção sudeste do Q77).

 QUADRANTES 77, 91, 92, 101/115, 88/102, 89/103, 90/104.

No dia 03/06 a escavação chegou até o quadrante 92, o qual faz divisa
com o Q77 e Q91, e encerraram as atividades de escavação para assentamento de
estacionamento.

As áreas escavadas contavam com partes de asfalto e partes cobertas


com pedras portuguesas (calçada), e as camadas apresentavam-se como sucessíveis
aterros construtivos da base ao topo das escavações.

Em direção ao muro novo, que está sendo construído ao lado e por cima
da Estrutura de pedras 3, paralelamente às escavações próximas à rua pública da
Baixa do Bonfim, também foram realizadas escavações mecânicas para retirada de
solo para posterior composição de novo aterro que irá constituir a base do
estacionamento.

Além da estrutura 3, anteriormente exposta e monitorada, não foram


encontrados vestígios arqueológicos móveis ou imóveis.

Figura 71 - Escavação mecânica - local em que será o estacionamento entre os quadrantes Q91/Q92.

89
Figura 72 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento (Q77, Q91, Q92).

Figura 73 - Escavação mecânica e manual - local em que será o estacionamento - detalhe: tubulação de
água cujo entorno foi escavado manualmente (Q91/Q92).

90
 QUADRANTES 63 E 77

Monitoramento de escavação manual para abertura de valeta entre caixas


de energia para passagem de fio elétrico.

Escavação com 28cm de largura, 47cm de profundidade e 17m e 26cm de


comprimento, em terreno de declive no sentido leste/oeste, sendo iniciada de baixo no
quadrante 77 e atingindo o quadrante 63 (em direção ao topo da colina). Não foram
encontrados vestígios arqueológicos.

Figura 74 - Escavação manual - abertura de valeta.

7. ETAPA DE LABORATÓRIO

Durante a realização das atividades no local, a equipe de arqueologia


resgatou exemplares de cultura material relacionados às camadas sedimentares de
composição dos pacotes estratigráficos. Esses exemplares foram direcionados ao
laboratório para higienização, triagem, descarte (caso necessário) e produção de
documentação.

91
Os materiais coletados durante a pesquisa em campo, caracteriza-se,
eminentemente pela categoria de tralha doméstica. Traz na sua composição louças
(faiança, faiança fina, porcelana), materiais cerâmicos (cerâmica simples, cerâmica
vitrificada, grés), metálicos e vítreos. Após higienizados e arrolados para curadoria,
seguiram para fase de análise de laboratório.

Os materiais coletados, inicialmente passaram pelo procedimento de


higienização, a limpeza foi realizada a seco, uma vez que esses materiais foram
oriundos de contextos com alto grau de umidade. A limpeza visou à eliminação de
sujidade e de materiais amalgamados nas paredes dos fragmentos.

Figura 75 - Higienização do material arqueológico coletado no âmbito das escavações e monitoramento


da obra.

Finalizada essa etapa a coleção passou pelo processo de descarte. A


preferência na realização dessa atividade após a limpeza das peças se deu em virtude
de que alguns materiais coletados encontrava-se com muito sedimento associado
dificultando a verificação sobre seu processo de manufatura e matéria-prima
associadas. Uma parte desses materiais foi coletada, ainda, na superfície durante o
caminhamento e não possuíam informações de origem, uma vez que a área em
questão possui alto grau de intervenção antrópica recente. Para esses fragmentos
mantivemos apenas uma amostra, caracterizada pelos elementos mais
representativos e singulares, comparando o universo artefatual da coleção trabalhada.

Após triagem realizada a partir da observação do tipo de matéria-prima


empregado na elaboração das peças, esses materiais passaram pela etapa de
tratamento de superfície para receber informações de curadoria. Nesse sentido, foi
executado uma pré-esmaltação em área discreta das peças. Utilizou-se como

92
parâmetro esmalte na cor branca para os corpos de tonalidade escura e incolor para
as demais.

Figura 76 - Pré-esmaltação das peças. Etapa laboratorial.

Após a pré-esmaltação, foi aplicada nas peças a inscrição do número


identificação. A marcação é feita considerando a origem de cada artefato de acordo
com a intervenção, nível e quadrante oriundo, bem como, é aplicada uma numeração
ascendente. Desta forma, cada peça, tem uma numeração que não se repete
permitindo a rápida identificação quanto ao contexto de localização.

Figura 77 - marcação de identificação das peças.

Concluída a marcação das peças, estas passaram pelo processo de pós-


esmaltação, realizada apenas com esmalte incolor, o procedimento tem como objetivo
conservar a numeração impressa em cada fragmento para que não haja perda dessa
informação e, consequentemente sua relação ao contexto de origem.

93
A conclusão da primeira parte dos procedimentos laboratoriais ocorre com
o preenchimento da ficha de arrolamento e curadoria, e acondicionamento em caixas
poliondas.

Figura 78 - Pós-esmaltação das peças.

Figura 79 - Acondicionamento dos materiais.

Após o acondicionamento dos materiais, após o tratamento inicial, os


materiais seguirão para os procedimentos de análise de morfofuncionalidade.

94
7.1. ANÁLISE LABORATORIAL

Durante a realização das atividades referentes ao programa de pesquisa


arqueológica na colina da Igreja do Senhor do Bonfim foram coletados 670 fragmentos
distribuídos entre materiais cerâmicos (simples, com vitrificação ou grés), louças
(faiança, faiança fina ou porcelanas), materiais metálicos, com destaque para o grande
número de moedas e vítreos. Destes detaca-se a presença de uma conta, na cor azul
cobalto e grande quantidades de moedas e duas quartinhas, uma fragmentada e uma
íntegra (Figura 81). Ressalta- que os materiais dispostos em superfície foram
coletados apenas, quando representavam peças diagnósticas.

Figura 80 - Conta presente na coleção exumada no Bonfim.

A representação dessa distribuição na amostra pode ser obtida, a partir da


observação do gráfico, a seguir:

95
Universo Artefactual por categoria

Cerâmica Simples

Cerâmica Vidrada
1%
Grés
20% 8%
6% 24% Porcelana
0%
Faiança Fina
30% 9%
Faiança
2%
Vidro

Metal

Outros

Figura 81 - Gráfico da representação das categorias disponíveis na amostra analisada.

a) CERÂMICA SIMPLES, CERÂMICA VITRIFICADA E GRÉS

Figura 82 - Amostra de material cerâmico analisado

Com base na metodologia aplicada coletou-se um escopo de 230


fragmentos inseridos nas subcategorias de artefatos cerâmicos, que conforme Pileggi,
“compreende diferentes categorias e abrangem todos os produtos derivados de uma
composição de argila e outras substâncias minerais, postos ao cozimento para obter

96
solidez e inalterabilidade” (Pileggi apud Tocchetto et alli, 2001, p. 21). Desses,
conforme gráfico abaixo, podem ser apreendidos:

Distribuição do material cerâmico por categoria

Grés 13

Cerâmica simples 56

Cerâmica Vitrificada 161

Figura 83 – Distribuição materiais cerâmicos, percentuais.

Com base nos valores apresentados ressalta-se ainda que em termos de


tratamento de superfície 100% do material analisado classificado como cerâmica não
vidrada ou simples, demonstrou ter como técnica direcionada para tratamento das
suas paredes externas, aqui chamadas de tratamento de superfície a técnica de
alisamento, que pode ser entendida como a fricção de material com plasticidade mais
densa que o cerâmico nas suas áreas externas com o propósito de as deixarem mais
lisas. No que tange a cerâmica vidrada, isto é, o artefato que passou por um processo
de imersão em solução vítrea com o intuito de maior impermeabilização da peça para
garantia de maior resistência e/ou durabilidade, os fragmentos analisados
apresentaram 85% vitrificação apenas da parte interna, sendo 13% para vitrificação
externa e 2% tendo vitrificação em ambas as faces. Os materiais da categoria Grés
apresentaram prioritariamente com vitrificação na face externa.

O escopo mencionado para o universo artefatual, considerando os dados


relativos às cerâmicas analisadas, nos direcionou para o entendimento, no que tange
às técnicas de manufatura, que 98% dos objetos analisados possuem como forma de
consolidação o processo de fabricação torneado, isto é, com o uso de máquinas de
torno para a elaboração e construção do seu corpo artefatual. Nesse sentido, pode se
inferir tratar-se de objetos elaborados a partir do emprego de maquinário em abandono
do modelo mais tradicional, a partir da elaboração manual.

O tratamento de superfície refere-se ao processo de acabamento das


superfícies. Este modo de acabamento de vasilhames é de cunho prático, de origem
produtiva e sua decoração não é intencional (La Salvia & Brochado, 1989, p. 25). A
decoração é um tratamento artístico dado à cerâmica, podendo dar-se na modificação
tridimensional da superfície (decoração plástica) e na aplicação de tinta sob a
superfície (decoração pintada). O emprego dos procedimentos laboratoriais nos

97
direcionou a apreensão de que há diversidade, ainda que com baixa densidade, e
relação existente entre as técnicas de manufatura e a técnica decorativa, nos
demonstrando que as peças pertencem a pacotes similares em termos de período de
fabricação. Nesse sentido, é possível apresentar dados relacionais, como
exemplificação do posto dos 99% das cerâmicas torneadas mais de 95% delas não
apresentaram decoração em seu bojo ou demais partes, excetua-se a vitrificação e o
engobo, já que esses dois processos também podem ser utilizados como tratamento
de superfície e, se encontravam em todo universo artefatual observado.

Enfatiza-se, no entanto, que, para a coleção analisada, não foi observada


decoração no bojo dos objetos classificados como grés ou cerâmico vitrificado, assim
a observação sobre a ocorrência de elemento decorativo incide-se, apenas, sobre as
peças classificadas como cerâmicas simples. Os dados esboçados nos conduzem a
começar a entender a especificidade da amostra analisada. Estes serão mais
consistentes a partir da apresentação de aspectos relativos à constituição plástica
desses objetos e das informações referentes à parte do fragmento observado, além
das informações a despeito das características morfofuncionais apreendidas. Esses
três aspectos muito contribuirão para pensar a amostra localizada nos pacotes
arqueológicos estudados.

Observação quando a existência de elemento decorativo


na amostra analisada

Sem decoração 230

Incisa 1

pintada 3

0
100
200
300

Figura 84 - Gráfico com a distribuição de elemento decorativo na amostra.

Com base no emprego dos procedimentos laboratoriais de análise foi


possível auferir o tipo de queima relativo aos artefatos cerâmicos. Porém, cabe
ressaltar sobre a forma de queima desses artefatos que aquela considerada oxidante
é efetivada na presença de muito oxigênio no local, assim pode-se pensar no uso de
fogueira ou queimadores ao ar livre, já para os processos redutores, a pouca presença
de oxigênio no ambiente onde foi realizado esse procedimento. Para os materiais
observados apreenderam-se os seguintes percentuais.

98
Tipo de queima observada para o material
cerâmico

Não identificada 186

Oxidante 39

Figura 85- Tipo de queima observado na amostra

Tendo como base observações oriundas sobre a parte da peça analisada,


podemos compreender que grande parte dos fragmentos examinados se tratava de
bordas2. As bordas, no universo artefatual analisado, apresentavam os valores,
conforme demonstrado no gráfico abaixo. A junção das informações decorrentes da
análise dos artefatos dessas subcategorias de cerâmica nos conduz ao entendimento
que esses estavam associados, morfologicamente, aos recipientes de uso doméstico,
voltados principalmente para o armazenamento e preparação de alimentos.

Parte das peças observadas na amostra

Alça/Asa
1% 0% 1%
Base
23% 1% Base/bojo
45%
1% Base/borda
Bojo
28% Borda
Carena
Integro

Figura 86 - Parte da peça analisada durante a etapa laboratorial

2
Bojo – “Parte de maior diâmetro externo do vaso. ” (Chymz apud Herberts, 2002, p. 97);
Borda – “Parte superior do vaso. ” (Ribeiro apud Herberts, 2002, p. 97); Base – “Parte inferior,
de sustentação do vaso. ” (Chymz apud Herberts, 2002, p. 97); Alça – “Apêndice vazado,
destinado a suspender o vaso, podendo ser vertical ou horizontal. ” (Souza, 1997, p. 13).

99
b) FAIANÇA
A coleção possui apenas um fragmento de faiança, o que representa
menos de 1% dos materiais analisados. Nesse sentido, voltou-se foco para o
entendimento do período cronológico de confecção, ápice e declínio. Essas
informações tornam-se relevantes para o entendimento da sua presença na área bem
como da ampliação da compreensão sobre o uso do espaço analisado, dessa maneira
entende-se faiança como o artefato “feito com argila de grande plasticidade com
temperatura de queima de aproximadamente 900ºC, resultando em uma cerâmica
porosa, pouco resistente e recoberta com esmalte opaco à base de compostos de
chumbo e estanho branco (Brancante, 1981, p.704)”. Segundo Albuquerque (2000,
p.21-22) a produção de faiança portuguesa tem início relativamente tardio, começando
a partir da segunda metade do século XVI, é eminentemente utilitária, assumindo
características próprias em termos de decoração e de produção, variando essas
condições de acordo com o mercado consumidor a que se destinava.

Figura 87 - Faiança analisada com decoração monocromática em cor azul.

A observação dos atributos relativos à peça, principalmente, aos


elementos decorativos nos conduziu a apreender que se trata de cerâmica
monocromática em azul, apresentando decoração na face interna, tendo como
principal emprego, sua utilização no serviço de mesa. A faiança identificada é do tipo
exportação da segunda metade do século XVI ao primeiro quartel do século XIX.

c) FAIANÇA FINA

100
A análise dos materiais cerâmicos subcategorizados como faiança fina,
exumados, nos apresentou relevantes informações a respeito dos atributos de
manufatura, padrão decorativo, estilo/cena. Apreensões que nos direcionaram ao
entendimento dos processos de ocupações anteriores ao presente na área. A faiança
fina, como define Worthy (1982, p.334), é caracterizada por uma pasta dura e opaca
com coloração entre o branco e o creme. Sua temperatura de queima varia entre 600
e 1150 °C.

Figura 88 - Amostra de fragmentos de faiança fina examinados

Foi analisada nesse estudo uma amostra de 197 peças, coletadas na área
pesquisada oriunda das seguintes partes dos fragmentos:

Parte do utensílio analisada, a partir


do fragmento

Base
24%

52% Bojo
23%
Asa

Borda
1%

Figura 89 - Parte dos fragmentos analisados

101
A técnica decorativa predominante foi à pintura à mão livre em peças lisas
e suas combinações com outras técnicas, o Transfer Printing e o modelo carimbado.
Sendo que a primeira se configura como o método decorativo mais antigo, essa esteve
associada, também, ao preenchimento em superfície modificada, como se configura
os exemplares Shell edged presentes na coleção. A seguir, a representação
percentual das técnicas decorativas para os artefatos de faiança fina observados no
volume artefatual.

Tipo de decoração presente nas faianças finas analisadas

Borrão
18%
Decalque
27%
Pintada à mão livre
6%
Pintada a mão sobre
2% sup. modificada
8% Transfer

39% Alto/baixo relevo sem


coloração

Figura 90 - Elemento decorativo observado na faiança fina examinada

Os padrões decorativos exumados e coletados com maior recorrência na


área foram o floral, na sua variante estilística Peasant, o Shell Edged, e o Transfer
Printing. A forma principal dos fragmentos que puderam ser identificados esteve
relacionada à sua função como utensílio doméstico, dentre eles, fragmentos de prato,
pires, xícaras e recipientes côncavos.

Relativo à cronologia correspondente destas peças, as peças de relevo


moldado Shell Edged foram produzidas entre 1775 a 1860 (Tocchetto et. alli, 2001, p.
39). As peças com técnica de confecção da decoração pelo Transfer Printing,
combinado com borrão com motivo decorativo clássico, são atribuídas a meados do
século XIX, como ápice produtivo (Tocchetto et. alli, 2001, p. 37). A decoração floral do
estilo peasant, pintada à mão livre com policromia, tem seu período de fabricação de
1830 até a década de 50 do século XIX (Tocchetto et. alli, 2001, p. 51).

d) PORCELANAS

102
Figura 91 - Amostra de porcelanas presentes na coleção analisada.

A informação histórica aponta que a porcelana foi elaborada pela primeira


vez pelos chineses entre os Séculos VII e X, na dinastia Tang (618-907). Eles, o
primeiro povo a consolidar o que hoje conhecemos como porcelanas, guardaram
segredo sobre seu processo de fabrico até o século XVIII, quando foi descoberta pelos
europeus e a Europa passou não só a comercializar, como antes, mas também a
produzi-la.

Segundo Ferreira apud Facci et alli (2004), a porcelana é uma variedade


de cerâmica dura, branca e translúcida, mais ou menos fina, preparada
essencialmente com caulim, podendo ser ou não vitrificada. A perda de separação
entre sua pasta e o esmalte, se daria devido a temperatura durante o processo de
queima no qual é submetida a peça (entre 1300°C – 1450ºC).

A porcelana alcançou um conjunto que percentualmente representa 9%


dos artefatos arqueológicos exumados. Foram analisados 62 fragmentos localizados,
representado da segundo o gráfico abaixo quanto a sua parte.

Partes das peças analisadas


Asa
2% 3%
Base
21% 27%
Base/Borda

Borda
11%
36%
Bojo

Integra

Figura 92 - Partes dos fragmentos da porcelana analisados.

103
Os objetos analisados estão, prioritariamente, relacionados a função de
uso doméstico, voltados ao serviço de mesa. Da amostra analisada 40% dela
apresentava decoração. A coleção apresentou os elementos decorativos:

Tipo de decoração
Louça branca sem decoração

1%
Decoração em alto relevo sem
5%
3% 8% coloração
Pintada à mão/alto relevo

24% 59%
Pintada à mão

Transfer /Decalque

Não identificado

Figura 93 - Tipo de decoração das Porcelanas analisadas.

Na amostra em análise foi possível que cerca de 22% dos materiais


possuíam decoração monocromática em azul, com principal representação de motivos
e/ou cenas decorativas se associando ao padrões decorativos florais.

Distribuição das porcelanas com decoração cromatica

14% 22%
Azul
marrom
22% 7%
Prateado
Verde-oliva
14%
Verde, magenta
14%
7% Verde-claro
Verde-esmeralda

Figura 94 - Distribuição da coloração da decoração das porcelanas.

104
e) METAIS

Figura 95 - amostra de moedas, prioritárias na formação do volume de análise dos materiais metálicos.

A coleção analisada conta com a observação de 135 peças metálicas, o


que corresponde a 20% do volume total do universo artefactual. Dente as peças que
merece destaquem encontra-se um projétil de bala, uma ferradura e moedas. Nesse
sentido ressalta-se que a presença de moedas no universo dos materiais metálicos
corresponde a 90% do total geral de peças metálicas examinadas. Tendo uma
amostra predominantemente numismática, com cunhagem a partir do segundo quartel
do século XX. Os demais materiais relacionam-se a elementos construtivos, com
representantes dos parafusos, porcas e "cravos metálicos", que é uma espécie de
prego de grandes dimensões.

f) VÍTREOS

Figura 96 - Amostra do material vítreo analisado

105
Do universo artefatual exumado na área, conforme demonstrado na Fig.
80, 6% dos valores totais são referentes ao material vítreo. Sobre a amostra, a análise
laboratorial demonstrou que mais de 95% dos fragmentos observados foram
manufaturados através da técnica de fabricação de molde.

Segundo a literatura arqueológica, esse tipo de processo de manufatura


teve seu início após o século XVIII, inicialmente sendo apreendida através do sopro
em molde, no qual se usava a força humana, passando pela elaboração dos moldes
com materiais mais comumente utilizados para sua confecção em metal, cerâmica
refratária e madeira revestida com cortiça (ZANETTINI; CAMARGO, 1999), o que
possibilita o aspecto superficial mais liso.

A técnica de molde é novamente refinada a partir do final do século, com a


mecanização do processo, tornando a produção automática e semiautomática. Assim,
a amostra vítrea que ora se apresenta tem período cronológico traçado a partir do
início do século XIX até os dias atuais, de acordo com os traços observados na
superfície das peças.

Há de se observar a existência de aspectos pós-deposicionais na


superfície desses artefatos, que nos conduziram a entender os processos de uso e
descarte desses objetos, bem como a incidência de agentes naturais sobre o corpo
artefatual. Dessa maneira, informa que toda a amostra vítrea apresentava pontos de
irisação e oxidação.

A irisação, como destacada no gráfico, ocorre devido à exposição do corpo


vítreo a agentes naturais por longos períodos de tempo, agrega à apreensão física do
objeto um aspecto furta-cor que pode evoluir para uma fragmentação das camadas de
constituição da peça, tornando-a frágil e em último grau de arruinamento, ocasionando
sua total fragmentação, até o seu desaparecimento.

A amostra referida apresentou variações em relação à parte integrante do


fragmento observado. A representação a seguir mostra de forma mais sistemática a
definição de cada uma das partes.

Destaque para o volume do material vítreo observado que 61% referiam-se


ao “Corpo”, 18% a “Base”, 3% ao Gargalo (o gargalo refere-se à terminação sem a
presença da borda do recipiente) e 18% à “Terminação”.

106
Figura 97 - Partes de um recipiente vítreo/garrafa

Dois atributos foram detalhadamente observados para o entendimento da


funcionalidade durante a vida útil dos objetos analisados, pois se sabe que de acordo
com a técnica de manufatura e a morfologia do artefato é possível presumir sua
utilidade e aplicação em usos cotidianos. Assim, a análise dos vidros do projeto nos
oportunizou entender a distribuição da amostra, quanto a sua diferenciação no que se
refere à morfologia dos objetos examinados.

Destaca-se, ainda, para apreensão e que corrobora para o entendimento


temporal da amostra analisada é seu atributo funcional, a observação da morfologia
dos artefatos analisados auxiliou na inferência de aspectos funcionais dos materiais
vítreos, como se apresenta na próxima representação gráfica.

107
Morfologia dos objetos vítreos

10%
moedas
Recipientes circulares

90%

Figura 98 - Forma dos contentores

Relacionando as informações dos gráficos apresentados, podemos inferir


aspectos relativos à “vida” útil dos artefatos, assim, destacando as categorias forma e
função, a partir do cruzamento das informações apresentadas, temos frascos e
garrafas prioritariamente na amostra. Interligando esses dados para os contentores
vítreos, obtivemos o percentual de 100% para acondicionamento de líquidos, com foco
principalmente para contentores de bebidas alcoólicas e, em menor escala referindo a
produtos de higiene e/ou perfumaria.

8. PROPOSTA PRELIMINAR DE UTILIZAÇÃO FUTURA DO MATERIAL


PRODUZIDO PARA FINS CIENTÍFICOS, CULTURAIS E EDUCACIONAIS/
MEIO DE DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS OBTIDAS.
Antes de iniciarmos os trabalhos de campo todos os auxiliares que
estiveram trabalhando junto à equipe de arqueologia na evidenciação das estruturas
passaram por sensibilização in loco, a fim de orientá-los quanto à atividade a ser
realizada e, principalmente, os objetivos da pesquisa arqueológica e sua importância
para a preservação do patrimônio cultural regional e nacional.
Durante a realização das ações de educação patrimonial foram realizadas
rodas de conversa com a comunidade, sobre a realização do trabalho do arqueólogo
em campo e a importância da preservação do patrimônio cultural. O encontro formal
com a comunidade foi antecedido, no entanto, pela visita da equipe de ações
educativas a moradores, associações civis e educacionais do bairro do Bonfim, com o
intuito de aprofundar o conhecimento da equipe técnica sobre o contexto estudado.

108
No intuito de ampliar as reflexões e discussão sobre a produção e
extroversão do conhecimento, considera-se a elaboração de artigos científicos
abordando os resultados observados a partir da realização da pesquisa arqueológica
na área de Requalificação da Colina da Igreja do Senhor do Bonfim, Salvador, Bahia.
Tem-se em mente que a publicização destes dados, intensificará o entendimento de
arqueólogos e pesquisadores de áreas afins sobre o processo de ocupação pretérita
da cidade de Salvador.

Considera-se também, que a elaboração de artigos científicos elaborados,


a partir dos dados observados, conforme supracitado, tem como escopo maior sua
apresentação em congressos nacionais voltados para o tema tanto da arqueologia,
como àqueles que abordem o patrimônio cultural da Bahia.

Reitera-se que esses dados deverão ser disponibilizados para a


comunidade científica só após a aprovação, pelo IPHAN, do relatório final das
atividades desenvolvidas.

No que tange às ações futuras a serem realizadas, informamos a


possibilidade de elaboração de artigos e resumos, a partir dos dados arrolados, para
apresentação em Congressos e Seminários. Nesse momento, entretanto, não nos é
possível informar para quais eventos serão submetidos resumos sobre o tema, uma
vez, que dependemos da divulgação de realização de eventos em arqueologia, que
versem sobre temas transversais ou diretos sobre a pesquisa realizada (arqueologia
urbana).

A título de divulgação sobre a realização da pesquisa e resultados,


informamos a divulgação nas redes sociais da empresa Arqueólogos. Nesse sentido,
informa-se que além de registros fotográficos sobre a execução do trabalho e da área,
segue-se um texto explicativo falando sobre o trabalho realizado, sua importância e/ou
um breve resumo sobre os resultados observados.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A realização das atividades arqueológicas na Colina da Igreja do Bonfim,
durante a execução das obras de requalificação no local, nos oportunizou a ampliação
do conhecimento sobre os processos de ocupação da área e seus usos.
Usos estes que não foram desagregados e chegaram até o século atual.
Os resultados da análise do local, durante o trabalho de campo, nas suas
características sedimentares associada com aqueles obtidos durante o exame dos
fragmentos coletados, nos apontam dois aspectos relevantes. O cunho religioso que
extrapola ao catolicismo popular e/ou secular, representado pelo artefato de maior
volume, isto é, a própria edificação da Igreja do Bonfim e a presença de grande
quantidade de moedas, chegando as formas de paralelismo religioso, caracterizado
pela presença de búzios e localização de uma conta azul-cobalto, que pode estar
associado ao culto da divindade Oxalá.
Associa-se a esta interpretação a observação durante a etapa laboratorial
de pelo menos três quartinhas. Pequeno vaso utilizado com fins ritualísticos dentro de
religiões de matrizes africanas. A inferência maior recai sobre a assertiva de pelo

109
menos 2 deles, pois o terceiro, ainda que a parte da sua morfologia nos direcione a
esse entendimento pela similitude das características morfofuncionais com os outros
dois exemplares estudados, poderia tratar-se também de um púcaro, dado as suas
dimensões. Um púcaro é um recipiente elaborado a partir de matéria-prima cerâmica
que tem como função o serviço de mesa atrelado a líquidos.
E mais uma vez, outro vestígio móvel cerâmico nos conduz a consolidar
essa apreensão sobre o uso histórico da área abarcando esse paralelismo religioso
entre as religiões católicas e aquelas de matriz africana. Este diz respeito a grande
densidade de fragmentos de alguidares, que são, ainda hoje, recipientes, comumente
elaborados em cerâmicas com vitrificação e são utilizados como "pratos rituais", dentro
das religiões de matriz africanas no intuito de oferecer "alimento" a divindades
cultuadas nestas religiões.
Ressaltamos que essa permanência no tempo, que inferimos a partir dos
resultados alcançados no estudo, encontra-se base, a partir da análise da observação
desses elementos dispersos em diferentes camadas e abarcando a dispersão espacial
da área analisada. Mais uma vez, reforçamos que a observação dos materiais
culturais móveis em diferentes camadas, com especial interesse àquelas mais
profundas em associação com elementos observados na superfície, oferendas
associadas a arvores existentes no local, nos compele a entender que existiu, outrora,
chegando aos dias atuais, um uso tradicional da área por essas religiões.
Ressaltamos, que por tratar-se de solo de aterro, formado por depósitos técnogênicos,
a nossa observação focou em elementos peculiares. Desta maneira, a partir da análise
de toda a coleção exumada, atrelando-se ao seu quadrante de origem, centrou-se
apenas nas peças de maior dimensão, recorrências e aquelas que estão associadas
aos elementos estruturais.
Entretanto, por uma questão de rigor científico, apresentamos nossas
considerações como inferência, isto é, sem o intuito de caráter conclusivo.
A presença das moedas, pode também em certa medida, estar relacionada
ao uso comercial-mercantil de uso da área, que abriga diversos tabuleiros, cada um
regido por pequenos comerciantes que vendem tradicionalmente artefatos ligados a
religiosidade e alimentos, em relação direta ao ofício secular de quituteiras e negros
de ganho, relacionados a venda de serviços, fartamente documentado na
documentação histórica disponível.
No que tange aos vestígios estruturais localizados durante a pesquisa, a
evidenciação desses remanescentes, nos levou ao entendimento dos processos de
transformações espaciais sofridas pela colina. Nesse sentido unem-se os aterros, que
são indicativos do processo de mudança de nível da cota zero do terreno, e dos
diferentes desenhos projetados para área, atrelado a questão do paisagismo,
enfatizando seu caráter de área de lazer e turismo da cidade. Seja o par de estruturas
em formato de meia-lua (estrutura 2) ou os remanescente do antigo muro de arrimo
que "fechava" a área da colina, bem retratado na Figura 80. Lembrando que esse não
é um expediente extraordinário para área de uso coletivo, voltado ao lazer em
Salvador, haja vista as edificações que circundam áreas como o passeio público, a
Praça 2 de Julho, no Campo Grande e a estrutura que existia no Terreiro de Jesus no
início do século XX (e que desapareceu após reformas posteriores).

110
Voltando à análise dos aterros, a composição dos pacotes analisados nos
direcionou tratar-se de um aterro de maior volume do século XIX. Reforça essa
apreensão a observação da ausência, na coleção exumada, de fragmentos de
recipientes relacionados a processos de manufaturas de períodos mais recuados. A
periodização da amostra examinada, levou em consideração o padrão decorativo
(aspectos estilísticos e coloração empregada), bem como os processos de manufatura
empregados. Dentre os materiais vítreos foi observado que os fragmentos, em sua
maioria, foram produzidos a partir de técnicas empregadas apenas após o segundo
quartel do século XVIII, para a faiança fina observou-se que o processo produtivo
esteve, em sua maioria, associada, a padrões decorativos mais recentes, inclusive
com o emprego de cromias utilizadas a partir do século XX. Observações se repetem
para porcelana analisada. E, por final, destacamos a ausência de representatividade
de faiança na coleção exumada, dos 670 fragmentos, foi coletados apenas 1
fragmento de faiança, que em se tratando da literatura especializada no Brasil, poderia
nos direcionar a uma periodização dos pacotes estratigráficos mais recuada.
Ressalta-se apenas que a área da pesquisa, historicamente documentada,
passou por sucessivos momentos de modificações e reformas. O próprio enterramento
das estruturas evidenciadas, durante a elevação da cota do terreno na área, nos
apresenta pelo menos três momentos diversos e anteriores de intervenções na área.
Esse entendimento está assentado na análise do processo produtivo destas
estruturas: A estrutura 1, relacionada a alicerce/fundação do muro de pedra e
argamassa branca, existente na praça da Igreja do Bonfim; a estrutura 2, formada por
pedras e cimentos como rejunte e a estrutura 3 (remanescente do muro da baixa do
Bonfim) formada por gnaisse e argamassa amarelada.
O estudo arqueológico reforçou o entendimento sobre a inter-relação e
coexistência dos processos de uso para a área da Colina, localizada na Baixa do
Bonfim, que abriga a igreja de mesma denominação: o seu uso como espaço de
reafirmação religiosa, ainda que seja nos moldes do paralelismo exposto, seu caráter
ligado ao aspecto de lazer e turismo e seu cunho comercial/mercantil. Aspectos que
encontram recorrência e permanência desde seu momento formativo, mas que, para o
estudo, mostra-se de maneira mais consistente a partir do século XIX.

111
10. EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
10.1. PRIMÁRIAS

Jornal
Diário de Notícias, 1912.
Jornal da Bahia, 1978 -1908.

Biblioteca APEB.
Reg. 90 Planta da Calçada do Bonfim até o tanque da Conceição 1849.
Fundação Mário Leal Ferreira
Mapa do Programa de revitalização : Jaime Lemer. Planejamento urbano: Bonfim.
APEB - Arquivo Público Do Estado Da Bahia

Projeto de exposição fotográfica de Itapagipe História dos Bairros 1986: Banco de


dados sobre Itapagipe e falas coletadas sobre o bairro do Bonfim.
Documento: Seção Colonial/Provincial APEB/ Lista de qualificação da Freguesia da
Penha, maço 2822, 1851 a 1876.
Documento: Seção Judiciária/Processo Cível / Reclamação / Caixa 1 / Documento
2/1918

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Ação De Despejo/Documento 27/1925

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Ação De Despejo/Documento 39/1908

Documento: Seção Judiciária/Inventário/Documento 13/1925

Documento: Seção Judiciária/Inventário/Caixa 983/Maço 1452/Documento 15/1905

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Penhora/Documento 28/1925

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Ação De Despejo/Documento 18/1925

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Execução/Documento 4/1923

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/ Documento 1214 / Fls.


27/27v

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/Doc. 1244/38v-39v

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Arrendamento/Doc.1541/8-8v/1884

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/Doc.1126/Pg. 46-47

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Autuação/1907

Documento: Seção Judiciária/Arbitramento/Estante 82/Caixa 2940/Doc. 20

Documento: Seção Judiciária/Inventário/6/2424/2924/11

112
Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/Livro 1815/Cartório
258/Pág.3v-4/1921

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Compra E Venda/Livro 1302/Cartório


95/Pg. 42-43v/1921

Documento: Seção Judiciária/Escritura De Hipoteca/Livro 1572/Cartório 19/Pg.22v-


23v/1892

Documento: Seção Judiciária/Processo Cível/Ação De Despejo/Estante 155/Caixa


256/Doc.49/1924

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4/1938

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11. ANEXOS

11.1. MAPA DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO;

11.2. MAPA DA SETORIZAÇÃO DA ÁREA DO EMPREENDIMENTO;

11.3. FICHA DA PORTARIA 196/2016.

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