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DISCIPLINA DE TÚNEIS

RELATÓRIO CAPÍTULO 9
ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS
UM ENFOQUE SOBRE D&B
O ABC das escavações em rocha

Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2013.


Sumário
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 3
2. ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS, EVOLUÇÃO .................................... 3
3. INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS
PELO NATM ................................................................................................... 3
4. CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA DOS MACIÇOS (RMR E BARTON) 4
4.1. Classificação dos maciços pelo RMR ............................................... 4
4.2. Classificação dos maciços pelo índice Q (Barton)............................ 5
5. TÚNEIS E GALERIAS, PARÂMETROS DO PROJETO GEOMÉTRICO . 6
5.1. Extensão .......................................................................................... 6
5.2. Seção de escavação ........................................................................ 6
5.3. Seção-tipo ........................................................................................ 6
5.4. Cobertura ......................................................................................... 7
5.5. Traçado ............................................................................................ 7
5.6. Emboques ........................................................................................ 7
6. TÚNEIS, PLANEJAMENTO DE ATAQUE, FRENTES DE ESCAVAÇÃO 7
7. METODOLOGIAS ATUAIS PARA A ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS ............ 7
7.1. Metodologia Drill&Blast (maciços rochosos de classe 1, 2, 3 e 4) ... 8
8. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA .................................................. 8
9. PROJETO E PREPARAÇÃO DOS EMBOQUES DE TÚNEIS ................ 8
9.1. Condições geomecânicas do maciço ............................................... 9
9.2. Coberturas ........................................................................................ 9
9.3. Escavação cuidadosa dos taludes ................................................... 9
9.4. Drenagens superficiais ..................................................................... 9
10. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA, PLANOS DE FOGO ............ 9
10.1. Perfuração da rocha/distribuição dos furos ................................. 10
10.2. Diâmetro dos furos...................................................................... 10
10.3. Malha de perfuração ................................................................... 10
10.4. Avanços por fogo/profundidade dos furos .................................. 11
10.5. Volume de Escavação (V)/Overbreak ......................................... 11
10.6. Seções de escavação ................................................................. 12
10.7. Quantidade de furos/razão de perfuração (RP) .......................... 12
10.8. Explosivos e Acessórios ............................................................. 12
10.9. Razão de Carga (RC) ................................................................. 13
10.10. Tampão ....................................................................................... 13
10.11. Apresentação de um plano de fogo ............................................ 13
11. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA, PILÕES.............................. 13

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12. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA: CICLOS DE AVANÇO E
PRODUÇÃO, DIMENSIONAMENTO, CRONOGRAMAS ............................. 14
13. OCORRÊNCIAS GEOLÓGICAS ANÔMALAS NAS ESCAVAÇÕES
SUBTERRÂNEAS ........................................................................................ 15
14. ESCAVAÇÃO DE POÇOS ................................................................. 16
15. CONCLUSÃO .................................................................................... 17

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1. INTRODUÇÃO

O trabalho que se segue é um relatório do Capítulo 9 “Escavações


Subterrâneas” do livro “ O ABC da Escavação em Rocha” do autor José Lúcio
Pinheiro Geraldi. Apesar de o texto base apresentar diversas técnicas, o relatório
presente focou apenas na técnica Drill & Blast, isto é, no desmonte por
perfuração e detonação, sem entrar na parte de tratamentos que também é
abordada pelo autor.

2. ESCAVAÇÕES SUBTERRÂNEAS, EVOLUÇÃO

As escavações subterrâneas vêm sendo cada mais usadas em todo o


mundo, tanto na mineração como em grandes obras civis. Principalmentea partir
de 1960 e na Europa. Nesta época surgiram modernas tecnologias para as
escavações subterrâneas, baseadas em novas teorias, conceitos e parâmetros
geológicos-geotécnicos. Elas se baseiam na preservação e na manutenção da
estabilidade dos maciços em escavação, promovendo altas produtividades,
aumentando a velocidades das obras, com segurança e redução de custos.
Também nesta época o NATM – New AustrianTunnelingMethod
(metodologia proposta por Rabcewiz) trouxe novos conceitos e parâmetros
geotécnicos quanto à estabilidade dos maciços. A aplicação do NATM ocorreu
numa grande evolução das técnicas de escavação subterrânea e também dos
equipamentos até então empregados.
Assim, as investigações geológicas em um projeto passaram a ter uma
importância ainda maior para as futuras escavações subterrâneas. O quadro
geológico-geotécnico por elas identificado é que permitirá a correta projeção das
metodologias a serem empregadas, assim como o correto dimensionamento
prévio dos recursos humanos, equipamentos e materiais a serem
disponibilizados para as obras.

3. INVESTIGAÇÕES GEOLÓGICAS E CLASSIFICAÇÃO DOS MACIÇOS PELO


NATM

As investigações geológicas na fase de projeto deverão fornecer


informações gerais quanto à geologia na área do empreendimento, com
definição dos principais tipos de rocha e das condições geomecanicas dos
maciços, parâmetros que se constituírao nos principais condicionantes das
escavações subterrâneas a executar.
Nesta fase, a partir dos dados e informações bibliográficas (topografia,
geologia, fisiografia) regionais e da área, devera ser feito preliminarmente um
mapeamento geológico de campo. Este mapeamento ira servir de base para
orientar uma campanha posterior de investigações geológicas compatíveis com
o projeto, onde poderão vir a ser executadas as seguintes atividades:

 Sondagens à percussão e rotativas com ensaios de penetração (SPT),


permeabilidade e de perda d’água;
 Abertura de trincheiras, poços e galerias subterrâneas de investigação;

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 Ensaios geofísicos e instrumentações com GPR (radar).

Assim, obteremos os seguintes resultados, definindo a ocorrência de:

 Mantos, capeamentos de solo ou alterações de rocha;


 Faixas e bolsões de rocha alterada e seu grau de alteração;
 Maciços de rocha sã;
 Intrusões e diques;
 Zonas de falhas;
 Descontinuidades, tais como planos de faturas, diaclases e planos de
xistosidade atuantes;
 NA, presença de água subterrânea e o nível do lençol freático.

Com esses resultados, podemos identificar melhor os maciços e


previamente classifica-los em até 5 classes de rocha, como previsto pelo NATM:

 Classe 1: Maciços de rocha sã, sem alterações, coesos e autoportantes,


com ausência de planos de faturas ou diáclases, que no entanto poderão
ocorrer de forma isolada;
 Classe 2: Maciços de rocha sã, sem alterações, coesos e autoportantes,
porém já apresentando pelo menos um plano de diáclases ou fraturas;
 Classe 3: Maciços de rocha sã, fraturada, ainda com um certo grau de
autossuporte e coesão, porém entrecortado por planos de fraturas
orientados segundo diferentes direções e mergulhos, podendo ocorrer
faixas milimétricas a centimétricas de alterações nestas fraturas,
associadas a maiores concentrações de água subterrânea;
 Classe 4: Maciços de rocha mais fraturada e apresentando faixas
intercaladas de rocha alterada, com coesão mais reduzida, autossuporte
e estabilidade temporária, quadro que pode se agravar na presença de
água subterrânea;
 Classe 5: Maciço formado por solo de alteração ou rocha totalmente
alterada, com pouca ou nenhuma coesão, ausência de autossuporte e
estabilidade quando escavados, na presença de água subterrânea estes
maciços passarão a ser classificados como de Classe 4.

4. CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA DOS MACIÇOS (RMR E BARTON)

A partir dos anos 70, através de um maior e melhor reconhecimento da


geologia local e de seus condicionantes geotécnicos, os maciços vêm sendo
mapeados e classificados pelo RMR (Rock Mass Rating – Bieniawski) e pelo
TunnelingQuality Index-Q (Barton – NGI). No entanto, entendemos que estas
classificações, de acordo com o RMR e o índice Q, mais rigorosas e precisas
que uma primeira classificação pelo NATM, deverão ser sempre bastante
fundamentadas, ajustadas e mesmo refeitas corretamente já na fase das
escavações subterrâneas.

4.1. Classificação dos maciços pelo RMR

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O RMR de um maciço rochoso é a soma dos seguintes parâmetros, que
receberão maior pontuação conforme sua maior estabilidade.

 Resistência à compressão simples (0 a 15 pontos);


 RQD, Rock QualityDesignation = número de fragmentos-pedaços
de testemunhos de sondagem > 10 cm, por metro de furo
executado (3 a 20 pontos);
 Menor ou maior espaçamento entra as fraturas mapeadas (5 a 20
pontos);
 Condições das fraturas (0 a 30 pontos);
 Posição, orientação das fraturas em relação as escavações (-60 a
0 pontos);
 Presença, ação da água subterrânea (0 a 10 pontos).

Além disso, com o resultado desse valor, podemos estimar o tempo de


autossustentação, a geometria e as dimensões mais adequadas para as seções
de escavação. Como mostra a tabela abaixo, onde podemos ver que também
nessa classificação existem 5 classes de maciços.

Tabela 1 Classificação RMR

4.2. Classificação dos maciços pelo índice Q (Barton)

O índice Q de um maciço é dado segundo a seguinte expressão:

𝑅𝑄𝐷 𝐽𝑟 𝐽𝑤
𝑄= . .
𝐽𝑛 𝐽𝑎 𝑆𝑅𝐹

Sendo:

 RQD: Rock Quality Designation (10 a 100);


 𝐽𝑛 : Número de família de fraturas (0,5 a 20);
 𝐽𝑟 : Rugosidade das paredes de fraturas (0,5 a 4);
 𝐽𝑎 : Grau de alteração das paredes de fraturas (0,07 a 20);
 𝐽𝑤 : Influência da água subterrânea (0,05 a 1);
 𝑆𝑅𝐹:Stress ReductionFactor, estado de tensões do maciço no entorno da
cavidade ou seção de escavação (0,05 a 20).

O maciço será penalizado e classificado em uma classe inferior, com valor


de índice Q reduzido, na medida em que:

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 O RQD for baixo (RQD<50);
 O número de famílias de fraturas for alto (𝐽𝑛 >1);
 A rugosidade das paredes das fraturas for baixa, ou paredes lisas (𝐽𝑟 <1);
 As paredes das fraturas forem mais alteradas ou preenchidascom rocha
alterada (𝐽𝑎 >1);
 Ocorrer uma maior quantidade de água subterrânea na frente (𝐽𝑤 <1);
 SRF alto (SRF>1), adotado quando da presença de minerais expansivos,
de maciços sujeitos a fenômenos geológicos, tais como rockbursting,
squeezing.

Assim os maciços são divididos em 6 classes:

 Classe 1: Q>20;
 Classe 2: 10<Q<20;
 Classe 3: 4<Q<10;
 Classe 4: 1<Q<4;
 Classe 5: 0,1<Q<1;
 Classe 6: Q<0,1.

5. TÚNEIS E GALERIAS, PARÂMETROS DO PROJETO GEOMÉTRICO

Os túneis são as escavações subterrâneas horizontais ou sub-horizontais


mais comuns, interligando dois pontos em superfície, denominados emboques.
São denominados como galerias ou túneis auxiliares, de acesso ou de
construção, quando são escavados para acessar ou interligar outros túneis ou
câmaras subterrâneas diversas.
Em um projeto de túnel ou galeria, os seguintes parâmetros geométricos
se constituirão nos principais condicionantes das metodologias de escavação.

5.1. Extensão

Os túneis e galerias são denominados curtos quando possuem até 500 m


de extensão, entre 500 e 1000 m como de média extensão e longos quando
superiores a 1000 m.

5.2. Seção de escavação

Quando os túneis possuem área da seção menor que 15 m² são


considerados como de seção de escavação muito reduzida, quando possuem
entre 15 e 25 m² de seção reduzida, quando possuem entre 25 e 50 m² de seção
média e quando possuem mais que 50 m² de grande seção de escavação.

5.3. Seção-tipo

A seção mais utilizada nos projetos de túneis se desenvolve em arco


retângulo, escavados em maciços rochosos com boas condições geomecânicas.

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As seções em arco ferradura ou aquelas definidas por uma composição de arcos
com dois ou mais centros, serçao projetadas para escavações em horizonte de
maciços de pouca estabilidade. As seções de escavação em arco ferradura,
mesmo em maciços rochosos de boas condições geomecânicas, são também
projetadas para túneis que terão sua seção final revestida com concreto
moldado, visando a sua economia.

5.4. Cobertura

Cobertura é a distância vertical entre o teto do túnel e a superfície do


terreno, ou para túneis em rocha, a distância entre o teto e o contato solo/rocha.
São denominadas coberturas baixas ou rasas aquelas que possuem medidas
inferiores à medida equivalente a dois diâmetros ou duas larguras da seção de
escavação projetada. Médias são aquelas que possuem entre duas e quatro
medidas e grandes quando possuem medidas superiores a quatro medidas.

5.5. Traçado

É o desenvolvimento em planta do trecho projetado em túnel, feito para


ter a menor extensão possível, com curvas e declividades compatíveis com a
finalidade do projeto, buscando as maiores coberturas e evitando travessias de
área com possibilidade de maiores problemas geotécnicos.

5.6. Emboques

Emboques são os portais de um túnel. A locação dos emboques deve


atentar para fatores geográficos, topográficos, fisiográficos e geológicos, que
poderão se constituir em problemas para as futuras escavações subterrâneas,
ou mesmo trazendo a necessidade de grandes intervenções a céu aberto,
onerando o custo da obra.

6. TÚNEIS, PLANEJAMENTO DE ATAQUE, FRENTES DE ESCAVAÇÃO

De acordo com os parâmetros geométricos e geológicos-geomecânicos


do projeto, os túneis poderão ser escavados com planejamentos de ataque
diversificados. Como por exemplo, com uma ou mais frentes de escavação, com
frentes de escavação simultâneas e por galerias auxiliares, com escavações a
plena seção ou por etapas, dependendo da classe do túnel, da sua seção e
extensão.

7. METODOLOGIAS ATUAIS PARA A ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS

Para as escavações de túneis são usadas as seguintes metodologias: D &


B, TBM e NATM. Porém, aqui daremos um enfoque na metodologia D&B.

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7.1. Metodologia Drill&Blast (maciços rochosos de classe 1, 2, 3 e 4)

Essa metodologia (perfuração e detonação, em português) é muito


utilizada nas escavações dos túneis em rocha. Nela, a frente a escavar será
perfurada com furos horizontais, normalmente paralelos e com o mesmo
comprimento, distribuídos segundo um plano de fogo projetado em função dos
condicionantes geológicos do macio rochoso, do avanço pretendido por
detonação, da área e desenho geométrico da seção de escavação. Para a
perfuração são utilizados jumbos, montagens especiais com uma ou mais
perfuratrizes, ou perfuratrizes manuais pneumáticas, com avanço automático.
Esses furos serão carregados com explosivos e detonados em sequência que
se inicia do centro (pilão) para a periferia da seção.
Após a detonação da frente de escavação deverá ser feita a ventilação
por insuflação de ar limpo ou a exaustão dos gases provenientes dos explosivos
e a seguir será executada a limpeza da frente, removendo-se toda a rocha
detonada, com a utilização de equipamentos rodoviários ou ferroviários,
conforme o planejamento executivo do túnel.

8. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA

A grande maioria das escavações subterrâneas ocorrerá, no substrato ou


embasamento rochoso. Os estudos iniciais e o projeto de túneis buscarão um
traçado mais favorável e em maciços rochosos com condições geomecânicas
que facilitem as futuras escavações.
Com o desenvolvimento das modernas metodologias de escavação de
túneis, estas obras podem ser desenvolvidas hoje em dia atingindo grandes
avanços e produções mensais, vencendo desafios de engenharia que, até
poucos anos, eram considerados quase que impossíveis de serem superados.
Para o bom andamento destes serviços, alguns detalhes do projeto e do
planejamento executivo devem ser preliminarmente estudados, depois ajustados
e aplicados, de modo a favorecer e otimizar as escavações subterrâneas em
rocha.

9. PROJETO E PREPARAÇÃO DOS EMBOQUES DE TÚNEIS

O projeto dos emboques de túneis deve ser orientado por fatores


geográficos, topográficos e também pelas condições geológicas e geomecânicas
do maciço. O seu posicionamento correto, as escavações necessárias para a
sua implantação, os taludes finais e as drenagens, deverão conferir aos
emboques uma segurança total durante as escavações do túnel e também ao
longo de sua vida, fase operacional da obra.
Emboques mal projetados podem prejudicar as obras, por isso a
importância da execução de investigações geológicas criteriosas para definir
corretamente a posição dos emboques, na fase de projeto e no início das obras.
Os fatores geográficos e topográficos que possam interferir no
posicionamento e construção dos emboques estarão condicionados pelo projeto
como um todo. Por isso, muitas vezes o posicionamento dos emboques não será
o ideal. No entanto, em algumas obras poderão conduzir a projetos e locações
de emboques mais favoráveis, seguros e de menor custo.
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Assim, na locação e projeto dos emboques devem ser observados os
seguintes condicionantes e parâmetros principais.

9.1. Condições geomecânicas do maciço

Quando se tem um túnel em rocha e a área de emboque estando


encoberta por solo ou manto de alteração, o ideal é que as escavações a céu
aberto sejam desenvolvidas até que se atinja o maciço rochoso propriamente
dito. Porém, uma avaliação inicial deve ser feita, considerando-se
principalmente:

 Locação do emboque, limitações do local e condicionantes ambientais;


 Áreas a desmatar, volumes de solo e alterações a escavar a céu aberto;
 Altura final dos cortes/taludes laterais e frontais do emboque;
 Planejamento e quantificação de drenagens superficiais;
 Previsão e quantificação de tratamentos para estabilização do emboque.

9.2. Coberturas

No talude frontal dos emboques do túnel o ideal é que a cobertura seja,


no mínimo, da ordem de uma vez a largura, ou a altura, o valor que foi maior, do
túnel a escavar. Nem sempre é possível desta situação ser atingida em função
da localização geográfica do emboque, como é normal ocorrer para túneis em
zona urbana. Ou então, mesmo podendo ser atingida a cobertura mínima ideal,
as escavações a céu aberto vão gerar volumes excessivos. Com os recursos
dos tratamentos, técnicas e metodologias atuais, mesmo para túneis de grandes
seções têm sido projetados e construídos emboques com coberturas mínimas.

9.3. Escavação cuidadosa dos taludes

Visando à sua total preservação, os taludes dos emboques deverão ser


cuidadosamente escavados. Nos taludes em rocha deverão ser sempre
aplicadas as técnicas de desmonte escultural, preferencialmente o pré-
fissuramento.

9.4. Drenagens superficiais

Os projetos de emboques de túneis devem contemplar obras correntes de


drenagem bem dimensionadas de forma a evitar a formação de processos
erosivos iniciais nos taludes pela ação da água das chuvas e até mesmo futuros
problemas geotécnicos de maior impacto.

10. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA, PLANOS DE FOGO

Como nas escavações a céu aberto, as escavações de túneis em rocha,


empregando-se a metodologia D&B, tem como um de seus elementos básicos a
projeção preliminar e os ajustes posteriores dos planos de fogo. Nas escavações
a céu aberto, um plano de fogo engloba todos os principais parâmetros quanto

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à perfuração e ao carregamento de explosivos nos furos para a detonação de
uma bancada, o que provocará a fragmentação e o lançamento orientado da
rocha para a frente da bancada. Já nas escavações de um túnel esta frente livre
não existe e terá de ser fabricada para cada detonação ou avanço de frente,
coma utilização de furos devidamente posicionados na seção de escavação, os
chamados pilões.
Assim, em um plano de fogo para escavações de túneis ou galerias em
rocha deverão ser considerados os parâmetros descritos nos itens a seguir.

10.1. Perfuração da rocha/distribuição dos furos

Os furos deverão ser devidamente marcados e perfurados na área


correspondente a seção de escavação do túnel, um conjunto de furos
horizontais, paralelos, com o mesmo diâmetro, extensão e direção perpendicular
ao plano vertical que defina a frente de escavação. Estes furos, normalmente
paralelos ao eixo do traçado, terão um nome diferente em função de sua
localização na seção de escavação.
Os furos do pilão são aqueles destinados a promover a abertura inicial da
frente livre. Normalmente, estarão localizados no centro da seção de escavação.
Os furos de alívio são os furos distribuídos entre o pilão e a linha de contorno da
seção de escavação. Os furos de soleira, ou sapateira, são os furos localizados
na base da seção. E os furos de contorno serão distribuídos na linha que define
o contorno da seção de escavação, compreendendo as paredes laterais e a
abóboda do túnel.

10.2. Diâmetro dos furos

Nos planos de fogo terão de ser utilizados afastamentos (A) e


espaçamentos (E) reduzidos entre os furos. Não existe nenhuma vantagem em
serem utilizados maiores diâmetros de perfuração. Nos túneis em rocha, o
diâmetro dos furos que receberão carga explosiva situa-se normalmente entre
38 e 51 mm.

10.3. Malha de perfuração

A distribuição dos furos na frente de escavação de um túnel não podrá


seguir as mesmas regras estabelecidas para afastamente, espaçamento e
malha de perfuração para escavações a céu aberto, em função da inexistência
de frente livre e consequentemente ocorrer um toalengastamento da rocha a ser
escavada.
Nos pilões, os diversos furos terão uma distribuição especial, conforme a
classe e o tipo de pilão a ser utilizado. Os furos de contorno serão distribuídos
dentro dos critérios estabelecidos para a técnica do smoothblasting.
Para os furos de alívio e da soleira, poderá ser utilizada a seguinte relação
entre diâmetro de perfuração e o afastamento entre os furos, como nas
escavações a céu aberto:

A (m) <20.D (mm)

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Para a elaboração de um plano de fogo básico, o afastamento máximo
poderá ainda ser reduzido e posteriormente ajustado nas primeiras detonações
em função do tipo de rocha, da classificação geomecânicas do maciço, da área
da seção de escavação e do avanço projetado por detonação.
Para seções de escavação de porte reduzido a médio e para alguns tipos
de maciços constituídos por rochas mais resistentes ou em função da presença
de descontinuidades atuantes, como famílias ou conjuntos de planos de fraturas,
deverá ser aplicado preliminarmente um fator de redução de 0,8 a 0,9 para o
afastamento dimensionado a partir do diâmetro de perfuração.
Normalmente, o mesmo valor do afastamento entre furos será tomado
para o espaçamento, gerando malhas quadradas. Em algumas situações,
visando facilitar a marcação dos furos de alívio na frente, estes serão distribuídos
segundo arcos acompanhando o desenho da seção de escavação de um túnel.

10.4. Avanços por fogo/profundidade dos furos

O avanço projetado para cada detonação em uma frente de escavação de


túnel, será função da seção de escavação e também das condições geológicas
e geomecânicas do maciço encontradas na frente de avanço. Como nas
escavações a céu aberto de valas e cavas de fundação, quanto mais confinada
ou mais reduzida for a seção na frente de túnel, mais difíceis e onerosas se
tornarão as escavações. Em maciços rochosos de condições geomecânicas
adversas, não devem ser projetados grandes avanços por detonação, que
podem gerar uma grande área de riscos, favorecendo a ocorrência de acidentes
geotécnicos na frente de serviços.
Assim, como regra geral, quanto mais reduzida for a seção de escavação
de um túnel ou galeria, menores serão os avanços projetados por detonação e
consequentemente os furos do plano de fogo terão uma menor profundidade.
Normalmente, em túneis e galerias são utilizadas perfurações com furos
de 1,60 a 5,20 m de profundida. Até a profundidade de 3,20 m poderão ser
utilizadas perfuratrizes pneumáticas, manuais, de avanço automático. Acima
desta profundida se tornará necessária a utilização de perfuratrizes mais
potentes, montadas em lanças ou braços, os chamados jumbos de perfuração.
Em condições normais, um plano de fogo corretamente planejado e
aplicado garantirá a obtenção de um avanço por detonação da ordem de 90 a
95% da profundidade dos furos.

10.5. Volume de Escavação (V)/Overbreak

O produto da área da seção de escavação pelo avanço real fornece o


volume teórico de rocha produzido na detonação. Entretanto, na prática esse
volume é sempre maior, pois:

 Há a ocorrência do overbreak técnico ou superescavação da seção de


projeto. Isso ocorre pois os furos de contorno da seção são perfurados
com uma divergência (2 a 3%) em relação à direção do eixo do túnel e
dos demais furos do plano de fogo para evitar o “fechamento” da seção

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 As descontinuidades geológicas podem interferir no rendimento
inicialmente pensado para os avanços e também causam os overbreaks
geológicos, que são cavidades além da linha de contorno da seção de
escavação originadas de arrancamento e queda de lascas e blocos pelos
impactos das detonações nas descontinuidades

A diferença entre os volumes reais e teóricos é inversamente proporcional


ao tamanho da seção de escavação.

10.6. Seções de escavação

As seções de escavação de um túnel podem variar de acordo com a classe


do maciço, com o uso futuro do túnel e os revestimentos utilizados. Por isso, no
projeto devem ser especificados:
 Seção A-gabarito: seção geométrica final
 Seção B: seção de pagamento ou medição, por classe de maciço,
sempre com área maior que a seção A, já contabilizada a área extra para
a superescavação admitida e necessária

10.7. Quantidade de furos/razão de perfuração (RP)

A distribuição e marcação topográfica dos furos devem ser feitas no pilão,


alívio, soleira e contorno da seção. A razão de perfuração (RP), expressa em
m/m³, será sempre maior em seções de escavação menores devido a maior
concentração de furos no pilão e ao menor afastamento entre os demais furos.
Escavações subterrâneas possuirão sempre maiores RPs que escavações a céu
aberto e consequentemente maiores custos.

10.8. Explosivos e Acessórios

Os explosivos utilizados devem ser de classe I, que não produzem gases


tóxicos e para os furos de pilão, alívio e soleira devem também possuir as
seguintes propriedades:
 Velocidade de detonação acima de 4000 m/s
 Densidade na faixa de 1,1 a 1,3g/cm³
 Resistência total a água
 Alta sensibilidade

Nos furos de contorno, nos quais será aplicado o smooth-blasting, os


explosivos devem menos densos, para evitar danos ao maciço com formação
de overbreaks e de “chocos”.
A sequência de detonação é a seguinte: furos do pilão, furos de alívio,
soleira e o contorno. Atualmente, são utilizados os detonadores de pressão não-
elétricos (NONEL) para as detonações, esses dispositivos possuem retardos de
mile-segundos e são mais seguros.

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10.9. Razão de Carga (RC)

A razão de carga é expressa pela divisão da carga total de explosivos pelo


volume por detonação (seção geométrica x avanço projetado). Para escavações
de túneis e galerias possui sempre valores elevados.
Considera-se atualmente uma distribuição linear de carga explosiva, tal que:

 Furos do pilão e soleira: de 1 a 1,2 kg/m de furo


 Furos de alívio: de 0,8 a 1 kg/m de furo
 Furos de contorno: de 0,15 a 0,3 kg/m, com uso de explosivos
encartuchados

10.10. Tampão

Deve ser previsto um espaço livre no topo dos furos, de poucos


centímetros de altura, que não será carregado. Em alguns casos, pode-se
obturá-lo com cartuchos de terra.

10.11. Apresentação de um plano de fogo

Deve ser apresentada uma planta com a seção geométrica e locada nela
os furos a serem executados, bem como a sequência de detonação. Uma ficha
técnica deve informar as seguintes especificações: área da seção escavada,
diâmetro e profundidade dos furos, número de furos, metragem total a perfurar,
avanço médio projetado, volume de rocha, RP, tipo/classe do explosivo, RC, tipo,
distribuição e quantidade de retardos por tempo de espera e total de explosivos
p/ fogo.

11. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA, PILÕES

Pilão é o conjunto de furos que ao serem detonados, permitirão o


desmonte, fragmentação e arrancamento da rocha. Sua detonação abre a frente
livre inicial, o que é fundamental para o resto da sequência prevista no plano de
fogo. Geralmente os pilões localizam-se no centro, no eixo vertical da seção de
escavação e preferencialmente no terço inferior da mesma, para evitar ultra-
lançamentos de fragmentos.
Os pilões podem ser classificados em pilões de furos paralelos ou de furos
desviados ou inclinados.

1) Pilões de Furos Paralelos


São rigorosamente paralelos e possuem espaçamentos e afastamentos
pequenos, da ordem de centímetros, a partir de furos centrais vazios, que não
são carregados. Esses furos não carregados funcionam como uma frente livre
inicial que será ampliada com a detonação dos demais furos.
A principal vantagem desse tipo de pilão é a sua versatilidade, pois podem
ser utilizados em seções amplas ou reduzidas de escavação e também são

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compatíveis com todos maciços rochosos e sua litologia, desde rochas mais
brandas até mais resistentes.
O pilão de furos paralelos mais conhecido é o burn cut, nele os furos
vazios possuem diâmetros superiores aos carregados.

2) Pilões de Furos Desviados


Os furos, nesse caso, são perfurados segundo ângulos determinados,
inclinados em relação ao eixo do túnel e ao plano vertical da frente de escavação,
o que dá um formato em cunhas, em “V” ou leques voltados para a frente.
Diferentemente dos paralelos, esses pilões apresentam ótimos resultados
para seções amplas em rochas mais brandas e plásticas, mas possuem
restrições para seções reduzidas.

12. ESCAVAÇÃO DE TÚNEIS EM ROCHA: CICLOS DE AVANÇO E


PRODUÇÃO, DIMENSIONAMENTO, CRONOGRAMAS

O ciclo de avanço e produção constitui-se de atividades repetitivas na


frente de serviço, basicamente resumidas a detonação e a posterior limpeza
completa. As principais atividades nesse ciclo que influirão no tempo total gasto
são:

 Marcação Topográfica: verificação e locação do eixo e do nível da


soleira do túnel na frente de escavação. Além da marcação do contorno
da seção de projeto e dos furos do plano de fogo.
 Mapeamento Geológico: deve ser feito um acompanhamento geológico-
geotécnico das escavações para definir a qualidade do maciço e os
tratamentos primários a serem feitos, também para sempre avaliar as
condições do maciço, prevendo, dentro do possível, problemas futuros e
como contorná-los.
 Perfuração da Frente: envolve a perfuração dos furos do plano de fogo
e a perfuração para aplicação de suportes primários, casos estes utilizem
o mesmo equipamento. Podem ser feitos avanços maiores se as
dimensões da seção de escavação e os equipamentos disponíveis não
forem fatores limitantes.
 Explosivos e detonação: compreende o carregamento de explosivos
nos furos e a limpeza da área que pode ser atingida pelos fragmentos de
rocha detonada.
 Ventilação: uma ventilação artificial deve garantir a remoção de gases
nocivos, principalmente após a detonação.
 Limpeza e bate-choco: é a limpeza da frente após a remoção dos gases
da detonação e a operação de bate-choco, com remoção de lascas e
blocos de rocha soltos.
 Tratamentos: de acordo com o acompanhamento geológico-geotécnico,
pode ser necessária a realização de tratamentos, aplicação de suportes
e revestimentos primários, que devem ser previstos no ciclo, sobretudo
no caso de maciços.de classe III e IV. Em maciços de classe I e II, os
tratamentos podem ser feitos sem interferir nos ciclos.

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A conclusão que podemos chegar é que o tempo de ciclo depende de fatores
geológico-geotécnicos e de fatores de serviço, como por exemplo os
equipamentos disponíveis. Tempos de ciclo menores significam avanços
maiores por dia de trabalho, o que alivia o cronograma físico do túnel. No caso
de obras urbanas, surge outro limitante aos ciclos: as reduções da jornada diária
ou semanal, por conflitos com a vida urbana, restrição de horários para execução
de certas atividades, detonações por exemplo.
No caso de maciços de classe IV, por possuírem maiores fragilidades, como
alto grau de fraturamento e alteração, os ciclos serão mais demorados, pois todo
o processo de avanço, detonação deve ser mais cuidadoso com aplicação
constante de suportes e revestimentos primários. Algumas das atividades que
retardam os ciclos de avanço:

 Os furos e avanços serão reduzidos, da ordem de 1,6 a 2,4 metros


por detonação
 Os tratamentos serão realizados cuidadosamente e em maior
quantidade que em condições de maciço de melhor qualidade
 Eventual presença de água subterrânea em transições de zonas de
falhas pode requerir soluções específicas como drenagem, enfilagens
tubulares e mecânicas, que retardam a obra.

13. OCORRÊNCIAS GEOLÓGICAS ANÔMALAS NAS ESCAVAÇÕES


SUBTERRÂNEAS

Mesmo em maciços rochosos bons do ponto de vista geomecânico,


fenômenos geológico-geotécnicos podem ocorrer inesperadamente e afetar o
andamento das escavações ou até causar acidentes. Em geral, esses
fenômenos relacionam-se a liberações de tensões do maciço e a maior presença
de água subterrânea em fraturas, cavidades ou bolsões, às vezes sob pressão
e altas temperaturas.
As tensões naturais em um maciço podem ser de dois tipos: residuais,
aquelas remanescentes do processo de formação do maciço ou gravitacional,
causadas pelo peso da massa rochosa acima de um determinado ponto do
maciço escavado.
Análises em fase de projeto devem ser feitas para avaliação do estado de
tensão nas fases de escavação e de revestimento final. Esses estudos devem
avaliar possíveis interferências e podem ser feitos por métodos analíticos
clássicos, simulações computacionais ou ensaios em campo.
Algumas das ocorrências anômalas verificadas:

 Rockbursting: são estilhaçamentos do maciço próximo à frente de


avanço, ocorre queda e arremesso de fragmentos de rocha pelo rápido
alívio de tensões. Esse alívio com o tempo se extingue, porém, a frente
de escavação deve ser parada (por horas ou dias) e o maciço observado.
Tratamentos localizados devem ser feitos cuidadosamente.
 Squeezing: são típicos de maciços mais plásticos (soft rocks) e maciços
mais alterados, de classe IV e V. São fenômenos de expansão e
deformação causados por tensões gravitacionais de grandes coberturas

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(maiores que 200 m), podem deslocar um trecho de galeria ou túnel de
seu eixo original ou deformar e reduzir uma seção de escavação. O
fenômeno é passageiro mas, tratamentos localizados podem ser
necessários.
 Swelling: caracteriza-se pela expansão de alguns minerais,
principalmente quando em presença de água subterrânea. O fenômeno
pode ocorrer em fraturas com preenchimento de argilas ou minerais
presentes em regiões mais frágeis do maciço, provocando deformações
nas seções, quedas de blocos e até grandes rupturas.
 Slaking: ocorrem em maciços vulcânicos pela desidratação rápida de
alguns minerais (zeolitas, por exemplo), expostos na frente de escavação,
que se desintegram provocando quedas de lascas e blocos. Em alguns
casos, a degeneração do maciço pode mudar a classificação do mesmo,
para um de pior qualidade e poderá ser necessário um revestimento
especial reforçado do túnel, não previsto anteriormente no projeto.
 Água Subterrânea: Até certo ponto, fluxos de água subterrânea são
previstos em zonas mais fraturadas dos maciços e podem ser controlados
(por sistemas de drenagem diversos). Entretanto, eventualmente,
grandes reservatórios, não detectados, podem ser rompidos, provocando
inundações das escavações e carreamento de material milonitizado
(preenchimento de falha) para o interior da estrutura escavada. Para
evitar esse problema ou pelo menos tentar prevê-lo, sondagens
exploratórias, probe drill, devem ser feitos nas frentes antes das
escavações para detectar previamente a presença de grandes
concentrações de água subterrânea e assim tomar medidas preventivas
como DHPs para o problema.

14. ESCAVAÇÃO DE POÇOS

Poços verticais ou raises são feitos para vias de acesso e transporte na


mineração subterrânea, além de outras instalações necessárias como passagem
de dutos, cabos elétricos, ventilação e bombeamento de água subterrânea. Na
área de construção civil, são feitos em obras de túneis metroviários, de
saneamento e também para implantação de condutos forçados subterrâneos e
chaminés de equilíbrios de hidrelétricas.
De maneira geral, as metodologias, técnicas, tratamentos e artifícios
construtivos para poços são semelhantes aos empregados em túneis e galerias,
mas deve-se ressaltar que existem particularidades na escavação de poços que
impõem restrições, maiores custos e mais tempo gasto para sua realização.
Sendo o foco do trabalho técnicas DB, trataremos de poços em rochas. A
técnica Drill & Blast geralmente é utilizada para poços em maciços rochosos de
classes I a IV. Alguns cuidados devem ser tomados nesses casos:

1) Plano de Fogo
Devem-se utilizar os mesmos parâmetros para a perfuração e
carregamento em túneis pela distribuição dos furos do pilão, alívio e contorno da
seção (smooth blasting). Já que a seção predominante é circular, os furos, em
geral, são distribuídos em círculos concêntricos partindo do pilão central.

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Os avanços por fogo devem ser reduzidos, no máximo 2 metros, por
cautela para preservação e estabilidade do maciço, lembrando que os trabalhos
são sempre desenvolvidos abaixo da frente já detonada. Casos de poços de
maior diâmetro podem ter detonações em duas etapas (núcleo e contorno) para
garantir a preservação do maciço. Por isso, os diâmetros de perfuração são
reduzidos, utilizando-se perfuratrizes de menor porte.

2) Equipamentos de Perfuração
Como já dito, as perfuratrizes serão de pequeno a médio porte devido ao
pequeno diâmetro dos furos. Em alguns casos, utilizam-se perfuratrizes
pneumáticas manuais (diâmetros reduzidos). Para diâmetros maiores, carretas
de perfuração tradicionais ou montagens especiais com perfuratrizes de maior
porte são empregados.

3) Equipamentos de Carga
A limpeza da rocha detonada é o fator mais importante para definir os
ciclos de avanço e produção em escavações descendentes de poços. O
transporte dessa massa de rocha deve ser pensado: em poços com diâmetro
reduzido, o transporte deve ser feito manualmente com caçambas especiais de
100 Lts a 200 Lts, em poços de maiores diâmetros, podem ser utilizadas
escavadeiras hidráulicas de pequeno porte, de 10 a 15 t, para caçambas de 500
Lts.
As caçambas devem ser elevadas até a superfície cuidadosamente com
estruturas tipo pórtico equipados com guinchos e sistemas especiais de
frenagem de segurança. O descarregamento é fetito em caminhões, que levam
o material até um bota-fora ou uma instalação de beneficiamento.

4) Plataformas Ascensionais
Plataformas trepadoras tipo Alimak são utilizadas em escavações
ascendentes em maciços rochosos de classes I a IV com diâmetro entre 2,5 e 4
metros. Essas plataformas trabalham por acionamento pneumático ou elétrico e
movimentam-se por um monotrilho especial, fixado na parede do poço, até
próximo da frente detonada. Em sua parte mais elevada, uma plataforma
extensível permite aos operários a realização dos serviços de perfuração e
carregamento da frente com perfuratrizes pneumáticas manuais de avanço
vertical (stoppers). Para a detonação, a plataforma deve ser removida.

15. CONCLUSÃO

Pela leitura do livro “O ABC da escavação em rocha”, podemos ver que


muitos fatores influem no processo de decisão de que técnica usar para a
execução de uma escavação. No caso do D&B, surgem ainda outras decisões
fundamentais a nível de projeto para a realização: a escolha do tipo e a
quantidade de explosivos, a disposição dos mesmos, a sequência de detonação
dentre outras decisões. Além disso, o lado logístico também tem seu peso: a
escolha de equipamentos, a mobilização e desmobilização depois/antes da
detonação.

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Entretanto, mesmo com um projeto bem feito e um cronograma bem
planejado podem surgir problemas inesperados como ocorrências geológicas
anômalas que podem retardar toda a escavação. Por isso, é importante o
conhecimento e a experiência da equipe de engenheiros envolvida para saber
lidar como eventos inesperados, bem como a participação ativa de outros
profissionais com papel importantíssimo como os geólogos e topógrafos.

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