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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE ENGENHARIA

PARTICIPANTES MATRÍCULA
Fernanda Rodrigues Guimarães e Silva 2014046187
Pedro Antonio Fernandes Bolsanello 2012073420
Pedro Costa Guellner 2012076305
Stefânia Corrêa de Oliveira 2014046306

CAPACIDADE DE CARGA DE FUNDAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS

BELO HORIZONTE
22 de junho de 2018
SUMÁRIO

Lista de figuras .................................................................................................................. 1

Lista de tabelas ................................................................................................................. 2

Lista de abreviaturas e siglas ............................................................................................. 3

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................. 4

2 OBJETIVO ................................................................................................................... 6

3 METODOLOGIA .......................................................................................................... 7

4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................ 8


Ângulo de atrito ........................................................................................................... 9
Coesão ....................................................................................................................... 10
Capacidade de Carga do Solo ...................................................................................... 11
Tabela resumo............................................................................................................ 13

5 APLICAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................ 15


SPT-01 ........................................................................................................................ 15
SPT-02 ........................................................................................................................ 17
SPT- 03 ....................................................................................................................... 19
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS ..................................................................... 21
Ângulo de atrito ............................................................................................................... 21
Coesão ............................................................................................................................. 22
Peso especifico ................................................................................................................ 22
PERFIL ESTATIGRÁFICO ............................................................................................... 23
Critérios e premissas admitidas para composição do perfil............................................ 23
Definição dos parâmetros de resistência utilizados ........................................................ 23

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 28

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 30

APÊNDICE A – ANÁLISE COMPARATIVA ................................... Error! Bookmark not defined.


Lista de figuras

Nenhuma entrada de índice de ilustrações foi encontrada.

1
Lista de tabelas

Tabela 3.1 - Cálculo das vazões de dimensionamento hidráulico por trecho .......................... 11

2
Lista de abreviaturas e siglas

DR - densidade relativa

e - índice de vazios

Es- módulo de elasticidade do solo

N ou NSPT número de golpes do SPT

NC denominação para material normalmente adensado

Nc, Nq, Ng fatores de capacidade de carga

Nk fator empírico do cone

N60 número de golpes do SPT corrigido para 60% da energia de cravação

OC denominação para material sobreadensado

OCR razão de sobreadensamento (over consolidation ratio)

qu resistência à compressão não confinada e não drenada

SPT ensaio padronizado de penetração (standard penetration test)

Su resistência ao cisalhamento não-drenada

3
1 INTRODUÇÃO

A recente ocorrência de acidentes como o desmoronamento de barragens e edifícios em todo o


Brasil evidencia a importância da qualidade e precisão na elaboração de projetos de construção
civil. Dentre esses projetos, está o estudo do solo e a definição de elementos de fundação mais
adequados como forma de transmitir as cargas da edificação para o solo. Tais estudos são de
grande dificuldade, por tratar de um material extremamente complexo como o solo, o que exige
investigações e estudos mais aprofundados. Segundo Schnaid e Odebrecht (2012), a experiência
internacional aponta o conhecimento geotécnico como mais importante para satisfazer os
requisitos de um projeto do que a precisão dos modelos de cálculo e coeficientes de segurança,
é, portanto, fundamental seu domínio.

A definição das fundações deve atender a três requisitos fundamentais:

i) Segurança do sistema estrutural;

ii) Adequada funcionalidade para uso da edificação;

iii) O conveniente atendimento ao teto orçamentário da obra. Em caso de


dimensionamento deficiente da fundação, para além da inviabilização precoce da
obra, eventual colapso do sistema estrutural pode causar perdas fatais e os
correspondentes prejuízos financeiros (de natureza material e judicial).

Por isto, a escolha do modelo de mecanismo de transmissão dos carregamentos para o subsolo
do terreno através da fundação – que em outras palavras sugere a escolha do tipo/modalidade
de fundação – deve atender a dois requisitos fundamentais: segurança quanto à ruptura do solo
da fundação e limitação dos recalques compatíveis com o desempenho da superestrutura e
funcionalidade da edificação (ABNT NBR 6122, 2010).

Ambos os requisitos para o projeto de elementos de fundação dependem, portanto, da


caracterização das camadas de solo no qual essa estrutura se apoiará. Tal caracterização, de
investigação geológica-geotécnica, leva ao conhecimento dos chamados parâmetros de
resistência, valores que permitem o adequado cálculo da capacidade de carga do solo para o
dimensionamento da fundação.

Ressalta-se ainda que esse estudo de investigação geológico-geotecnico é imprescindível, não

4
somente para definir a dimensão de uma fundação, mas para avaliar também o comportamento
do solo, prever recalques, possíveis movimentações de solo como corte e aterro, entre outras
possibilidades. Entretanto, nota-se que a definição dos parâmetros que caracterizam o solo
possui ampla variação dentro da literatura, à medida que os solos de diferentes locais
apresentam comportamentos variáveis. Surge então a necessidade de um estudo com o intuito
de apresentar as diferentes formas de obtenção desses parâmetros através da literatura
disponível e julgar quais as abrangências e limitações de cada proposição, de forma garantir sua
adequada aplicação.

5
2 OBJETIVO

O objetivo geral deste trabalho acadêmico é a consolidação dos conhecimentos alcançados e


desenvolvidos nas aulas teóricas da disciplina Fundações e Estruturas de Contenção, durante
as quais são discutidos: investigação de subsolos, critérios que levam em consideração fatores
condicionantes e/ou limitadores para definição de propriedades geotécnicas (em particular os
parâmetros de resistência ao cisalhamento e deformabilidade de solos), tipos/modalidades de
fundações, mecanismos teóricos de ruptura, abrangência e fundamentação para aplicação
prática, fatores condicionadores para cálculo da capacidade de carga (de fundações diretas e
indiretas) e representatividade dos mecanismos de ruptura de fundações.

Em termos específicos, é intenção promover interação/discussão dos alunos de forma que,


atuando em grupos, possam:

i) Conduzir revisão bibliográfica para desenvolver sensibilidade em torno da ordem


de grandeza e faixa de variação dos parâmetros de resistência ao cisalhamento e
deformabilidade de solos; subsequentemente, mediante análise do relatório de
sondagem referencial (anexo);

ii) Bem definir os parâmetros de resistência necessários para condução de análises de


capacidade de carga a partir das formulações (teóricas e semi empíricas);

iii) Concluir sobre quais são os métodos/formulações mais adequados para estimar a
tensão admissível de fundações diretas (superficiais), bem como a capacidade de
cargas de fundações indiretas (profundas).

6
3 METODOLOGIA

A metodologia adotada nesse trabalho consta em uma parte de pesquisa teórica, e uma parte de
aplicação dos conhecimentos teóricos em uma situação problema, dada através dos relatórios
de três sondagens SPT e de suas respectivas locações em planta. O trabalho foi desenvolvido
conforme descrição abaixo:

i) Revisão Bibliográfica sobre a definição de parâmetros de resistência do solo: Foi


realizada uma ampla revisão bibliográfica com o intuito de coletar diferentes formas de
cálculos de parâmetros dos solos. Os parâmetros abordados foram o peso específico, a
coesão, o ângulo de atrito, coeficiente de Poisson, módulo de elasticidade e capacidade
de carga do solo. Os parâmetros encontrados foram então registrados em uma tabela
resumo no fim do capítulo da revisão bibliográfica.

ii) Parte prática - Análise das sondagens à percussão (SPT): De acordo com as definições
da NBR 6484:2001, foram calculados os valores de Nspt para cada metro de solo em
três sondagens diferentes retratadas na situação prática. Para tanto, inicialmente, foi
realizado uma análise crítica dos boletins de sondagens e compilação dos resultados, a
fim de consolidar as camadas representativas do subsolo.

iii) Parte prática - Análise comparativa dos parâmetros encontrados: Dispondo do Nspt
médios encontrados, foram calculados os parâmetros de resistência de cada camada de
solo por diferentes métodos disponíveis na literatura para as três sondagens
disponibilizadas. Foram ainda, com o auxílio de gráficos de barras, comparados e
escolhidos os valores ideais a serem utilizados na situação problema.

iv) Parte prática – Elaboração de perfil estratigráfico: A partir da interpolação dos perfis
geotécnicos encontrados nas sondagens SPT em anexo no trabalho, foi elaborado um
perfil geotécnico do subsolo local, com a definição e a caracterização das camadas mais
representativas do solo em questão.

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4 CÓDIGOS E NORMAS

Este estudo foi desenvolvido considerando a última edição dos códigos e normas citados a
seguir, além das leis e regulamentações das autoridades locais. Em caso de conflito, o mais
estrito permanecerá.

 NBR 6484:2001- Solo - Sondagens de simples reconhecimento com SPT - Método de


ensaio
 NBR 13441:1995 - Rochas e solos – Simbologia
 NBR 6502:1995 - Rochas e solos – Terminologia
 NBR 6502:1996 – Projeto e Execução de Fundações

8
5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Ângulo de atrito

Observa-se uma literatura extensa que relaciona o NSPT aos parâmetros de resistência dos solos,
especialmente, as correlações de ângulos de atrito. A maioria das relações foram desenvolvidas
ao longo dos anos com base em estudos empíricos. Estes estudos evidenciaram que o nSPT é
função principalmente das características essenciais solo (como mineralogia, distribuição
granulométrica, angularidade), densidade, tensões de confinamento, rigidez, dilatação e fatores
ambientais (envelhecimento, cimentação).

A respeito dos solos granulares, Muromachi (1954) propõe a Equação X para ângulo de atrito
considerando o valor de Nspt. Essa correlação foi validada para areia normalmente consolidada.
Segundo de Mello 1971, a precisão obtida por essa equação tem variação de 5 graus.

Ohsaki(1959), a partir de estudos para solos de Kanto no Japão, propõe que o ângulo de atrito
segue a Equação X. Observa-se que essa equação é também defendida por Teixeira (1996).

Hatanaka e Uchida (1996) propôs a partir de uma série de ensaios em amostras de areias não
deformadas (de alta qualidade), e que possuem Nspt entre 3,5 e 30, a Equação XX.

Peck, Hanson & Thornburn (1974) propõe uma solução gráfica (Ábaco XX) que relaciona o
Nspt com o ângulo de atrito. Essa correlação foi aproximada por Wolff em 1989, e está
apresentada na Equação YY. Segundo Schnaid (2000), a estimativa de ângulo de atrito interno
apresentada por Peck, Hanson & Thornburn (1974) é considerada conservadora para projetos
rotineiros.

Alonso (2010), apresenta uma tabela que correlaciona o ângulo de atrito com o número de
golpes da sondagem percussiva. Essa correlação é apresentada na Tabela YY. Ressalta-se ainda
que segundo o autor, essa tabela deverá ser usada para projetos preliminares.

A correlação proposta por Godoy (1984) apresentada na Equação XX foi validada para ensaios
de areia em condições não drenadas em função da velocidade de execução do ensaio.

Dunham (1954) propõe correlações para as diferentes formas dos grãos de areia, essas
correlações são apresentadas na Equação XX, YY e ZZ. Sendo a primeira proposta para
partículas de solo sem coesão angulares e bem graduadas. A segunda para partículas de solo
9
sem coesão e arredondadas. Por fim, a última refere-se a partículas arredondadas bem graduada
ou angulares e de granulação uniforme

Lmabe e Whitman (1969) também apresentam as correlações para ângulo de atrito, cujo valores
podem ser avaliados na Tabela XX.

Segundo Brand (1995 apud Chin e Sew, 2001), os métodos que correlacionam ângulo de atrito
com Nspt apresentam algumas limitações, sobretudo quando se trata de solos residuais
granulares, visto a dificuldade de estimar seus interceptos de coesão a partir de N60. A
cimentação das partículas em solos residuais, resultante de seus processos de formação, lhes
confere estrutura e, consequentemente, valores não desprezíveis de interceptos de coesão sob
baixos níveis de tensão. Apesar de essa condição ser considerada a favor da segurança, abre
espaço para otimizações de projetos.

Coesão

A coesão é a principal parcela de resistência ao cisalhamento desenvolvida no interior das


massas de solos finos, sendo responsável pela capacidade que o solo tem de suportar as tensões
desenvolvidas pelas solicitações conservando sua estabilidade. (Marangon, 2013).

Segundo Santana (2016), em solos finos, como argilas e siltes, a baixa permeabilidade retarda
a dissipação das poropressões geradas durante um carregamento. Por isso, tendo em vista os
sucessivos golpes do martelo durante a sondagem SPT em um curto espaço de tempo, as
correlações com NSPT são utilizadas para estimar a resistência ao cisalhamento não drenado
de argilas.

Como, para solos coesivos, a retirada de amostras no canteiro e a moldagem de corpos de prova
para ensaios laboratoriais não apresenta grandes dificuldades, é sempre recomendável obter
dados sobre as características de resistência ao cisalhamento e de compressibilidade dos solos
finos, por meio de ensaios especiais de laboratório, conjugando-os com ensaios “in situ”.
(Alonso, 2010)

Para a estimativa do valor da resistência ao cisalhamento não drenado de argilas (Su), quando
dispõem de resultados de ensaios de laboratório, Teixeira & Godoy (1996) sugerem a correlação
entre o NSPT e Su apresentada na Equação 4.X.

10
Quando não se dispõe de ensaios laboratoriais, Alonso (2010) apresenta, a partir dos resultados
do ensaio SPT e do estado de consistência, correlações entre o valor de NSPT e a coesão de solos
argilosos como uma aproximação. Essas correlações são apresentadas na Tabela 4.X.

Sowers (1979) determina diferentes correlações entre NSPT,60 e a resistência não drenada de
argilas saturadas para três tipos diferentes de solos coesivos: argilas de baixa plasticidade,
argilas de média platicidade e argilas de alta plasticidade. Quando comparadas com a correlação
de Terzaghi & Peck (1948), percebe-se que esta última acaba sendo mais conservadora por não
diferenciar o tipo de argila em sua consideração. A comparação entre essas correlações
supracitadas é demonstrada no Ábaco 4.X.

Hunt (1984) define algumas propriedades comuns de solos argilosos, mostradas na Tabela 4.X

Como explicitado por Santana (2016), nota-se grande variação entre os valores estimados a
partir das expressões dos autores relacionados, mesmo sendo todas elas teoricamente aplicáveis
a argilas. As peculiaridades dos solos que fundamentaram essas correlações podem ser uma das
razões para tal variação, tornando as condições para aplicação das expressões mais específicas.

Peso Específico

O peso específico é um parâmetro muito importante para caracterização de um solo que


relaciona seu peso total por unidade de volume. Podendo ser calculado seu valor natural, seco,
saturado, submerso e úmido, através de ensaios de laboratório.

No entanto em algumas situações quando não há ensaios de laboratoriais, o peso especifico


pode ser obtido por meio correlações. Godoy (1972) apresentou valores aproximados paro o
peso especifico em função da compacidade da areia e consistência da argila. Cintra et al (2003),
considera a NBR 7250/8, que estabelece o estado de consistência e compacidade dos solos em
função do índice de resistência a penetração(N) obtido no SPT, para a estimativa de peso
específico. Tais correlações apresentadas nas Tabelas X e XX para argila e areias
respectivamente.

Bowles(1997) apresenta também correlações entre o Nspt e a consistência ou compacidade do


solo para estimar valores do peso específico. Valores estes apresentados nas Tabelas 2X e 2XX
para argila e areia respectivamente.

11
Marangon (2006) assim como os autores anteriores também correlaciona a consistência e
compacidade do solo com estimativas de peso específico. A tabela 3X apresenta os valores para
solos argilosos, já a tabela 3XX para solos arenosos.

Outro autor a apresentar valores de peso específico considerando a consistência e compacidade


do solo foi Bardet (1997), este apresentou o valores através de faixas. Tendo para Areias: Fofa
13 - 20 KN/m3 e Compacta 17 - 22 KN/m3 ; Silte: 13 - 22 KN/m3 ; Argila : Mole 9 - 22 KN/m3,
Média 15 - 23 KN/m3 e Rija 18 - 24 KN/m3.

Capacidade de Carga do Solo

Caputo (1988), sustenta que ao transmitir o carregamento de uma fundação ao solo, este
deforma-se e ocorre o recalque da fundação. Caso o carregamento ultrapasse a tensão resistente
do solo, este irá colapsar. Segundo a teoria da capacidade de carga de Terzaghi, o solo logo
abaixo do elemento de fundação forma uma cunha, que em decorrência do atrito com a base se
desloca verticalmente, em conjunto com a fundação.

Os métodos empíricos são aqueles em que a capacidade de carga é obtida com base na descrição
das condições do terreno e em tabelas de tensões básicas.

Segundo Bowles (1997), uma abordagem utilizada na rotina de projetos de fundações envolve
a estimativa das tensões admissíveis do terreno, conforme Equação x:

σadm = K.NSPT

onde k depende do tipo de solo, da geometria do problema e da sensibilidade da estrutura a


recalques, entre outros fatores. Essa prática deve ser vista com restrições, dado o caráter
generalista e empírico adotado na estimativa de k.

Militisky e Schnaid (1995) definem valores de tensão admissível, relacionando-a não só com o
NSPT, mas também com a menor dimensão da estrutura de fundação. Eles fazem isso tanto para
substratos granulares (Tabela 4.x1) quanto para solos coesivos (Tabela 4.x2).

Para o cálculo da tensão admissível ou capacidade de carga de solos coesivos são bastante
difundidas relações apresentadas na equação XX (Marangon, 2013):

12
Marangon (2013) ainda traz relações da resistência à compressão e coesão para solos argilosos,
a partir de correlações empíricas. (Tabela 4.X)

Bowles (1997) mostra correlações entre NSPT,70 e a capacidade de carga de solos coesivos
saturados, tanto pré adensados como normalmente adensados (Figura 4.X).

Porto (1979), traduze relações entre o índice de resistência à penetração com taxas admissíveis
para solos argilosos (Tabela 4.X1) e arenosos (Tabela 4.X2).

Além disso, a norma brasileira de fundações, NBR 6122/1996, apresenta os valores para as
tensões básicas para vários tipos de solo, conforme pode ser observado na Tabela 4.X
apresentada a seguir.

Módulo de Elasticidade

Apesar de solos não apresentarem deformações recuperáveis após determinadas tensões e


possuírem uma relação tensão-deformação que não é constante, é comum que adotemos a
hipótese de comportamento elástico linear para estudar os solos.

Assim sendo, o módulo de Young ou módulo da elasticidade é um importante parâmetro para


estudo do comportamento do solo. Sendo bastante aplicado em cálculos de recalque.

O modulo da elasticidade é uma relação entre a tensão atuante pela sobre um corpo ou área por
sua deformação em certa direção. Portanto grande parte das correlações para estimar os valores
de E são levando em consideração o tipo de carregamento que ocorrido.

Stroud e Butler (1975) apresentaram a equação x, para correlacionar o modulo de elasticidade


com Nspt. Podendo esta equação ser utilizada para carregamentos não drenados, e solos pré
adensados ou normalmente adensado desde que a carga atuante não ultrapasse 10% da carga de
ruptura.

Folques(1986) apresentou as equações XX e XXX do Módulo de elasticidade para solos de


regiões especificas, Japão e África do Sul, respectivamente.

Kulhawy e Mayne (1990) apresentaram a equação XXXX para cálculo do Modulo de Young
para argilas.

Outro autor a também apresentar uma correlação com Nspt para argila foi Hachichi(1998). A
tabela V apresenta a faixas de valores de E, sendo validada para situação de carregamento não
drenados.

Bowles (2001) apresentou inúmeras correlações para cálculo do módulo de elasticidade através
de equações para diferentes tipos de solos. Estas equações são apresentadas na Tabela X.
13
Cintra et al (2003) também apresentou uma equação VI para estimar o valor de E a partir do
Nspt, os demais coeficientes são apresentados na tabela XX.

Coeficiente de Poisson

Assim como o modulo de Young, Poisson é um importante coeficiente para cálculo da


deformabilidade do solo. O coeficiente de Poisson é basicamente a razão entre a deformação
transversal quando se tem uma deformação longitudinal associada a um esforço de tração em
seu sentido.

Simons & Menzies (1981) observaram que o coeficiente de Poisson não é um valor constante,
variando conforme o tipo de carregamento. Sendo em casos não drenados variando desde 0,5
até valores finais ao final do carregamento.

Teixeira & Godoy (1996) apresentaram os valores típicos para o coeficiente de Poisson
descritos da Tabela X:

De acordo com Mayne & Poulos (1999), estudos recentes demostram que os valores do
coeficiente de poisson para solos com carregamentos drenados, areias e argilas, são menores
do que o esperado. Solos com carregamento drenado tem valores na faixa de 0,15 ± 0,05.
O mesmos reforçam ainda que em argilas com carregamento não drenado o coeficiente de
Poisson tem o valor de 0,5.

Marangon (2006) apresentou a Tabela X para correlacionando o coeficiente de Poisson com


alguns tipos de solo.

14
6 APLICAÇÃO PRÁTICA

Conforme apresentado na primeira parte desse estudo, os parâmetros de resistência podem ser
determinados através de ensaios de campo (empiricamente), através de formulações teóricas ou
através de correlações entre ensaios empíricos e formulações teóricas (os métodos semi-
empíricos). Neste sentido, a fim de consolidar as correlações empíricas apresentadas na revisão
bibliográfica, será realizado um estudo geológico- geotécnico do subsolo, cuja planta se
encontra no anexo XX. Essa aplicação prática será delineada a partir dos resultados da
sondagens à percussão, que subsidiará informações para a definição do perfil estratigráfico
através do resultado da inspeção tátil-visual e do Nspt obtido.

Para tanto, foram disponibilizados 3 furos de sondagens, que serão analisados individualmente
para posterior comparação das correlação apresentadas. Nesta contraposição, serão avaliados
os parâmetros de resistência ao cisalhamento e o peso específico de cada camada.

Ressalta-se que o perfil é composto majoritariamente por um solo silte arenoso, que sofre
alterações quanto a sua compacidade ao longo do perfil. Segundo a NBR 6502: 1995, o silte
pode ser definido como partícula com diâmetro entre 0,002 mm a 0,06 mm, portanto, está entre
a areia fina e argila. Nesse sentido, não podemos aplicar diretamente as correlações propostas
para argilas no cálculo da coesão, visto que não são apresentados dados referentes a fração de
finos.

SPT-01

A partir da sondagem do SPT-01, pode-se discretizar o solo em 5 camadas:

 Silte argiloso com pedregulhos


 Silte arenoso pouco argiloso fofo a medianamente compacto
 Silte arenoso pouco argiloso medianamente compacto a compacto
 Silte arenoso medianamente compacto a compacto
 Solo de alteração de rocha compacto a muito compacto

Observa-se que perfil é formado majoritariamente por um solo silte arenoso, que sofre
alterações quanto a sua compacidade ao longo do perfil. O número de golpes Npst ao longo da
profundidade pode ser observado na Figura XX.

15
Figura XX.

A sondagem SPT-01, cuja cota inicial é de 825.60, indica a presença de 4 metros de solo de
baixa resistência, com Nspt variando de 3 a 7 golpes, e consistência variando de fofo a
medianamente compacto. Nas profundidades subsequentes observa-se aumento gradual do
número de golpes (Nspt), que indica aumento de resistência com a profundidade e a ocorrência
de solo residual. Ressalta-se que não há indicação de nível de água no resultado da sondagem
SPT-01, embora tenha sido realizada a circulação por água.

Para as camadas apresentadas anteriormente, obteve-se uma média de nspt e conforme tabela
abaixo.
16
Camada Nspt médio
Silte argiloso com pedregulhos
16
médio a rijo
Silte arenoso pouco argiloso fofo a
5
medianamente compacto
Silte arenoso pouco argiloso
medianamente compacto a 13
compacto
Silte arenoso medianamente
24
compacto a compacto
Solo de alteração de rocha
50
compacto a muito compacto

O valor do NSPT médio encontrado será utilizado como input nas correlações apresentadas na
Tabela X para elaboração de gráficos comparativos. As figuras XX e Y representam a
comparação dos diferentes métodos para ângulo de atrito e peso especifico respectivamente.

SPT-02

O solo do SPT-02 será discretizado também em 5 camadas, sendo elas:

 Silte arenoso pouco argiloso medianamente compacto


 Silte arenoso medianamente compacto
 Silte arenoso medianamente compacto a compacto
 Silte arenoso muito compacto
 Solo de alteração de rocha muito compacto

Observa-se ao longo da sondagem que solo investigado é predominantemente um silte arenoso


cuja compacidade varia de mediamente compacto a muito compacto, sendo que o solo de
compacidade fofo, observado no SPT-01, já não é mais verificado nesse furo. O gráfico de
variação de Nspt pela profundidade pode ser observado na Figura XX. Ressalta-se que assim
como observado anteriormente não há indicação de nível de água, embora tenha sido realizada
a circulação por água.

17
Assim como tratado anteriormente, encontrou-se o Npst médio relativo a cada uma das camadas
conforme tabela abaixo.

Camada Nspt médio


Silte arenoso pouco argiloso
11
medianamente compacto
Silte arenoso medianamente
15
compacto
Silte arenoso medianamente
22
compacto a compacto
Silte arenoso muito compacto 42
Solo de alteração de rocha muito
50
compacto

O valor do NSPT médio encontrado será utilizado como dado de entrada nas correlações

18
apresentadas na Tabela X para elaboração de gráficos comparativos. As figuras XX e Y
representam a comparação dos diferentes métodos para ângulo de atrito e peso especifico
respectivamente.

SPT- 03

O solo do furo de sondagem SPT-03 será discretizado em 5 camadas:

 Silte argilo-arenoso médio


 Silte arenoso medianamente compacto
 Silte arenoso, pouco argiloso medianamente compacto
 Silte arenoso medianamente compacto a compacto
 Solo de alteração de rocha muito compacto

Assim como nos outros furos observa-se a composição de um solo cujo Npst são relativamente
altos, sem apresentar um camada de baixa resistência, como observado no SPT-01. Entretanto,
nesse furo de sondagem, observa-se a ocorrência de solo de cor vermelha que anteriormente
não foi observado, indicando a presença de uma lente desse tipo de solo. A relação do Nspt com
a profundidade pode ser observado na Figura XX. Ressalta-se que assim como observado nos
outros furos não há indicação de nível de água, embora tenha sido realizada a circulação por
água.

19
Assim como tratado anteriormente, encontrou-se o Npst médio relativo a cada uma das camadas
conforme tabela abaixo.

Camada Nspt médio


Silte argilo-arenoso médio 8
Silte arenoso medianamente
9,5
compacto
Silte arenoso, pouco argiloso
14
medianamente compacto
Silte arenoso medianamente
26
compacto a compacto
Solo de alteração de rocha muito
50
compacto

20
O valor do NSPT médio encontrado será utilizado como dado de entrada nas correlações
apresentadas na Tabela X para elaboração de gráficos comparativos. As figuras XX e Y
representam a comparação dos diferentes métodos para ângulo de atrito e peso especifico
respectivamente.

AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS: COMPARAÇÃO DAS METODOLOGIAS

Neste item serão comparadas as metodologias de obtenção dos parâmetros de resistência e peso
específico na revisão bibliográfica por meio de gráficos comparativos. Para o ângulo de atrito
e peso especifico foram utilizados os valores de nspt médio calculados no capitulo 6.3. Para a
coesão, devido a particularidade do tipo de solo, as correlações obtidas não são aplicáveis.
Portanto, essa análise foi realizada de forma mais ampla.

Ressalta-se que atualmente, a prática internacional sugere normalizar o número de golpes com
base no padrão americano de N60, previamente ao uso das formulações elaboradas nos E.U.A.
Portanto, deve-se majorar o valor medido de Npst obtido em uma sondagem brasileira em 10 a
20% (Velloso e Lopes, 1996). Assim, para as devidas formulações apresentadas na revisão
bibliográfica que se enquadram no exposto acima foi considerado um fator de majoração de
10%, visto que a sondagem foi realizada no Brasil.

ÂNGULO DE ATRITO

Com relação ao ângulo de atrito, observa-se que as correlações forneceram valores


relativamente próximos para o ângulo de atrito interno do solo. Esses são indícios de que
correlações com número Npst sejam uma boa estimativa do ângulo de atrito interno de solos
granulares em etapas preliminares de projeto.

A correlação proposto por Dunham (1954) em todas as situações se mostrou como a mais
conservadora, apresentado valores de PHI menores que as outras correlações. Ressalta-se que
para essa avaliação foi utilizada sua equação mais conservadora (Equação XX), proposta para
solos granulares redondos, bem graduados e sem coesão. Portanto, são considerações que
extrapolam os dados dispostos. Já a correlação proposta por Godoy (1983) forneceu os maiores
valores de ângulo de atrito, e portanto, para tais sugere-se uma avaliação mais criteriosa para
estimativa, visto que poderiam superestimar os parâmetros de resistência do solo, não

21
representado de fato o que ocorre em campo.

Além disso, é possível observar pelos gráficos que há maior variação nas profundidades
maiores, justamente na posição onde há a presença de solos mais compactos, observa-se, assim,
uma limitação das correlações para solos residuais granulares, pois há certa dificuldade em
estimar seus interceptos de coesão a partir de Nspt. Por fim, ressalta-se que a maioria das
correlações para PHI apresentadas foram propostas inicialmente para solos granulares, e
portanto, a presença de finos no solo deve alterar o resultado obtido.

PESO ESPECÍFICO

Conforme já apresentado anteriormente, nas sondagens não houve indicação de Nível de água,
portanto, para todas as correlações de peso especifico utilizou-se o peso específico natural
(γnat).

Com relação aos pesos específicos obtidos, observa-se que valores fornecidos por Cintra et al
(2003), Bowles (1977), Marangon (2009) e Bardet (1977) não variam muito, sendo que a maior
discrepância é observado na camada de Silte arenoso pouco argiloso fofo a medianamente
compacto do SPT-01, visto que as faixas de valores disponibilizados por Bardet (1977) é
elevada, e portanto, considerou-se a pior situação.

COESÃO

As correlações apresentadas na revisão bibliográfica são referentes a solos argilosos, e pelo fato
do perfil estudado caracterizar-se como um solo siltoso, optou-se por uma análise mais ampla
das metodologias conforme pode ser observado no ANEXO xx

Observa-se que a coesão apresentou grande variação entre os vários métodos apresentados.
Percebe-se que de forma geral, a correlação proposta por Décourt (1990) apresenta valores
superiores, e portanto, deve ser analisada de forma mais criteriosa para adoção em projeto, visto
que poderia apresentar um solo com resistência maior do que de fato ocorre. O método
considerado mais conservador foi o proposto por Alonso (2010), apresentando valores menores.
Já Nixon (1982) e Sowers (1979) propuseram correlações com resultados semelhantes. As
peculiaridades dos solos que fundamentaram cada correlação possivelmente justificam as
grandes variações entre os métodos. Portanto, especialmente para a obtenção desse parâmetro,
sugere a realização de ensaios de laboratório para a devida comprovação e validação do seu

22
valor.

PERFIL ESTATIGRÁFICO

Diante dos resultados expostos e da análise comparativa dos diferentes tipos de correlações
apresentadas, é possível a representação do perfil estratigráfico do subsolo investigado a partir
dos furos de sondagem.

Critérios e premissas admitidas para composição do perfil

 O corte utilizado para elaboração da seção está representado na planta de locação das
sondagens (anexo XX). A escolha do traçado desse corte na diagonal é evitar a
sobreposição dos furos, visto a proximidade dos mesmos quanto a elevação. Além disso,
esse corte é capaz de representar adequadamente a topografia, os furos de sondagens e
elevações, é portanto, primordial para conhecimento das futuras e possíveis
movimentações de solo (cortes/aterros).
 Adotou-se como critério à favor da segurança, a limitação do NSPT em 50 golpes, em
consonância com as boas práticas da engenharia geotécnica.
 Para a composição final do perfil, o subsolo foi divido em 9 camadas de solos indicados
pela sondagem. Para tanto, como critério inicial serão agrupados em uma mesma
camada o mesmo material considerando tipo de solo, cor e nspt. Portanto, para
classificação quanto a consistência e/ou compacidade serão agrupados os solos
quando atenderem o critério inicial. Ou seja, para um solo silte arenoso pouco argiloso
que varia de mediamente compacto a compacto será agrupado com o mesmo tipo de
solo que apresentar compacidade muito compacto, por exemplo.
 Para validação do NSPT representativo de cada camada, será realizado um média
referente aos resultados dos três furos de sondagem
 Serão adotados parâmetros de resistência efetivos visto a ausência de nível de água no
perfil. Além disso, será estimado apenas o peso especifico natural, com a mesma
justificativa do exposta acima.

Definição dos parâmetros de resistência utilizados

Camada 1
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A segunda camada é composta por um silte argiloso com presença de pedregulhos cuja
consistência varia de médio a rijo, apresentando valor de Nspt médio de 16.

Para definição do ângulo de atrito será utilizado a correlação proposta por Oshaki em 1959,
visto que essa correlação em todas as situações forneceu valores próximos da média obtida,
considerando a avaliação das onze formulações proposta. Além disso, TEIXEIRA (1996)
propõe a mesma correlação, que atualmente se configura como a mais utilizada no meio técnico.
Portanto, para o ângulo de atrito definiu-se φ‘ de 32,8 °.

Para definição da coesão, utilizou-se a faixa de proposta por Marangon (2006) que limita a
coesão para solos argilosos médios entre 25 a 50 kPa, faixa de valores que também é proposta
por Alonso (2010). Nesse sentido, por mais que a camada apresente compacidade variando de
média a rija, adotou-se o valor mínimo (c‘=25 kPa) como uma consideração adicional de
segurança, devido a presença de pedregulhos, o que diminui, portanto, o intercepto coesivo do
solo.

Para peso específico, considerou-se o resultado dos gráficos comparativos apresentados no


capítulo 6.4. Ressalta-se que as correlações apresentadas resultaram em valores muito
próximos, portanto, optou-se pela adoção da média, obtendo assim γnat = 17,5 kN/m³.

Camada 2

A segunda camada é composta por um silte argilo-arenoso de consistência média e Nspt médio
de 8.

Para definição da coesão, utilizou-se o mesmo critério definido na camada anterior, diante da
sua aplicabilidade para solos argiloso médios. Nesse sentido, adotou-se o valor mínimo como
uma consideração adicional de segurança, devido ao baixo nspt resultante da sondagem.
Portanto, adotou-se coesão efetiva de 25kPa.

Para o ângulo de atrito, será utilizado o mesmo critério adotado na camada de número 1,
portanto, obteve-se φ‘ de 27,5º. Para o peso específico, diante da proximidade do resultados das
correlações estudadas, foi definido para esse camada o valor médio obtido pelos 4 métodos
avaliados, portanto com γnat = 17,5 kN/m³.

Camada 3

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A terceira camada é composta por silte arenoso, pouco argiloso, cor marrom escuro,
medianamente compacto cujo Nspt médio é de 11 golpes.

Para definição do ângulo de atrito será utilizado a correlação proposta por Oshaki em 1959,
visto que essa correlação em todas as situações forneceu valores próximos da média obtida,
considerando a avaliação das onze formulações proposta. Além disso, TEIXEIRA (1996)
propõe a mesma correlação, que atualmente se configura como a mais utilizada no meio técnico.
Portanto, para o ângulo de atrito definiu-se φ‘ de 29,8 °.

Para definição da coesão, observou-se dificuldade de obtenção de correlações ou faixas de


valores na literatura. Como o solo é um silte, por definição ele se encontra numa faixa
granulométrica entre argila e areia, pressupõe assim, que o mesmo não possui uma parcela de
coesão tão significativa como se observa nas argilas, mas também não tão desprezível quanto
as areias. Nesse sentido, tendo como referência os valores fornecidos por GeoRio (2000) apud
Marangon (2009), que sugere uma faixa de valores de resistência para um solo silte arenoso-
argiloso para projeto de muros, os valores de coesão podem variar entre 0 e 20 kPa. Assim,
como nessa aplicação prática não há maiores informações sobre a fração de finos no solo, optou-
se por caracterizar o solo com uma coesão de 7 kPa.

Para o peso específico, diante da proximidade do resultados das correlações estudadas, foi
definido para esse camada o valor médio obtido pelos quatro métodos avaliados, portanto com
γ = 18 kN/m³. Ressalta-se ainda que conforme sinalizado ao longo do relatório, as sondagens
não sinalizaram a presença de nível d’água, e portanto, definiu-se apenas o peso específico
natural.

Camada 4

A quarta camada é silte arenoso, pouco argiloso, cuja compacidade varia de fofa a
medianamente compacta, nas cores marrom e vermelha, com N spt médio de 5. Como essa
camada de solo é muito similar à de número 3, optou-se por utilizar a mesma referência para
coesão, porém adotou-se o valor mínimo como uma consideração adicional de segurança,
devido à baixa compacidade e resistência do material, ou seja c‘ de 0.

Com relação ao ângulo de atrito, optou-se pelo mesmo critério empregado na camada 3,
obtendo-se um valor de 25º para o ângulo de atrito. Assim como foi aplicado o mesmo critério
para a definição do peso específico, obtendo-se γ = 15,8 kN/m³.
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Camada 5

A quinta camada é silte arenoso, pouco argiloso, cuja compacidade varia de medianamente
compacto a compacto, nas cores marrom e vermelha, com N spt médio de 12. Como essa
camada de solo é muito similar à de número 3, optou-se por utilizar a mesma referência para
coesão, e portanto, adotou-se coesão de c = 7 kPa.

Com relação ao ângulo de atrito, optou-se pelo mesmo critério empregado na camada 3,
obtendo-se um valor de 30,5º para o ângulo de atrito. Assim como foi aplicado o mesmo critério
para a definição do peso específico, obtendo-se γ = 18,0 kN/m³.

Camada 6

A sexta camada é um silte arenoso, pouco argiloso, de cor vermelha, mediamente compacto
com Nspt médio de 14, material indicado apenas pelo furo de sondagem SPT-03. Como essa
camada de solo é muito similar à de número 3, optou-se por utilizar uma coesão c = 7 kPa.

Com relação ao ângulo de atrito, optou-se pelo mesmo critério empregado na camada 3,
obtendo-se um valor de 31,7º para o ângulo de atrito. Assim como foi aplicado o mesmo critério
para a definição do peso específico, obtendo-se γ = 18 kN/m³.

Camada 7

A sétima camada é silte arenoso, pouco argiloso, medianamente compacto, de cor marrom
conforme apontado no furo de sondagem SPT-02, com N spt médio de 15. Como essa camada
de solo é muito similar à de número 3, optou-se por utilizar a mesma referência para coesão, e
portanto, adotou-se coesão de c = 8 kPa, visto que a compacidade aumenta um pouco.

Com relação ao ângulo de atrito, optou-se pelo mesmo critério empregado na camada 3,
obtendo-se um valor de 32,3º para o ângulo de atrito. Assim como foi aplicado o mesmo critério
para a definição do peso específico, obtendo-se γ = 18,51 kN/m³.

Camada 8

26
A oitava camada é um silte arenoso, mediamente compacto a muito compacto com Nspt médio
de 28. Como essa camada de solo é muito similar ao tipo de solo da 3, optou-se por utilizar uma
coesão um pouco superior, adotando-se c = 10 kPa, visto que a compacidade aumenta.

Com relação ao ângulo de atrito, optou-se pelo mesmo critério empregado na camada 3,
obtendo-se um valor de 38,5 º para o ângulo de atrito. Para o peso específico, considerou-se a
média das correlações, obtendo-se γnat = 19 kN/m³, visto que a compacidade do solo é alta.

Camada 9

Por fim, a última camada é caracterizada por solo de alteração de rocha muito compacto a
compacto, com NSPT médio de 50. Para definição do ângulo de atrito, limitou-se o mesmo para
PHI de 40, visto que as correlações forneceram valores muito altos, e não condizentes com a
realidade geotécnica. Além disso, ressalta-se a grande limitação das correlações de ângulo de
atrito apresentada para solos residuais, visto a grande dificuldade de estimar o seus interceptos
de coesão.

Para a coesão, considerando a referência anteriormente apresentada, que se aplica à siltes


arenosos, será considerado uma coesão de 12 Kpa, devido ao aumento da resistência conferida
aos solos residuais, estando portanto dentro da faixa de valores sugerida por GeoRio (2000)
apud Marangon (2009).

O peso específico será definido com base na média obtida pelos gráficos comparativos, visto a
grande similaridade proposta pelos autores, portanto, o peso especifico natural dessa camada
será adotado como γnat = 20 kN/m³.

27
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

De forma geral, o trabalho desenvolvido atendeu ao objetivo de consolidar conhecimentos


teóricos no que tange à análise geotécnica do solo. Foi possível apurar a sensibilidade em
relação à caracterização de um perfil e os parâmetros de resistência de cada camada.

Na revisão bibliográfica, foi possível analisar parte da literatura disponível sobre a mecânica
dos solos e fundações, e perceber as diferentes correlações estabelecidas por pesquisadores ao
redor do mundo. Com a parte prática, desenvolveu-se a sensibilidade para aplicar os
conhecimentos da revisão bibliográfica em uma situação real.

Percebeu-se, em termos de modelos de cálculo de correlação, que a escolha deverá ser analisada
caso a caso conforme a necessidade do solo estudado, por meio do uso de modelos mais
conservadores ou mais arrojados.

Vale destacar as dificuldades encontradas em relação à pesquisa dos parâmetros de coesão


aplicáveis à situação problema, haja visto se tratar de um solo predominantemente siltoso,
enquanto a maior parte das fontes só definia correlações para argilas. Foi ainda de alguma
dificuldade o agrupamento das diferentes amostras encontradas nos ensaios SPT para a
elaboração do perfil estratigráfico representativo.

Por fim, cabe ressaltar que as ferramentas de correlação na engenharia geotécnica devem ser
utilizadas com muita cautela e critério, visto que os resultados obtidos por diferentes métodos
e modelos de obtenção de dados podem apresentar diferenças significativas. Diante disso, a
utilização de parâmetros obtidos dessa forma para desenvolvimento de projetos executivos pode
levar a propagação de erros, que pode inclusive, acarretar em um dimensionamento errado de
uma estrutura de fundação ou contenção. É, portanto, fundamental que, antes da execução de
projeto ou obra, ensaios específicos sejam feitos baseados no diagnóstico do engenheiro
responsável.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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