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CONFORME A CLASSIFICAÇÃO
GEOMECÂNICA
TIAGO EUGENIO CONEGLIAN DE OLIVEIRA
São Paulo
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13/04/2017
TRATAMENTO DE MACIÇO EM TÚNEIS NATM
CONFORME A CLASSIFICAÇÃO GEOMECÂNICA
RESUMO
O artigo a seguir visa apresentar explicações sobre execução de suporte de
túneis utilizando a avaliação geomecânica, e detalhar a utilização destes.
Palavras-chave: NATM, Escavações Subterrâneas, Túnel, Tratamentos de
Maciços
ABSTRACT
The following article aims to provide explanations on the execution of tunnel support
using the geomecânica evaluation, and to detail the use of these.
Keywords: NATM, Underground excavations, Tunnel, Massif treatments
Professor Orientador. Graduado Bacharel em Engenharia Civil, Pós-Graduado em Perícia, auditoria
Ambientais, Professor Pós-Graduação Pericias de Engenharia.
Pós-Graduando do Curso Especialização em Engenharia de Túneis pela Faculdade Redentor,
Graduado Bacharel em Engenharia Civil pelo Centro Universitário Nove de Julho e Técnico em
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Edificações pelo Instituto Tecnológico de Barueri, Engenheiro Responsável de Produção em Obras de
Infraestrutura na Construtora OAS
1. Introdução
2. Fundamentação
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Classe V: maciços formados por solo de alteração ou rocha totalmente
alterada, com pouca ou sem nenhuma coesão, ausência de auto suporte e
estabilidade quando escavados; na presença de água subterrânea esses
maciços são classificados como Classe VI.
Classe IV: maciços de rocha mais fraturada e apresentando faixas
intercaladas de rocha alterada, com menor coesão, auto suporte e
estabilidade temporária, sendo que o quadro pode se agravar na presença de
água subterrânea;
Classe III: maciços de rocha sã, fraturada, com certo grau de auto suporte e
coesão, porém entrecortado por famílias de fraturas segundo diferentes
direções e mergulhos, podendo ocorrer faixas de alterações nessas fraturas,
relacionadas a maiores concentrações de água subterrânea.
Classe II: maciços de rocha sã, sem alterações, autoportantes e coesos,
porém já apresentando no mínimo uma família de fraturas ou diaclases;
Classe I: maciços de rocha sã, sem alterações, autoportantes e coesos, com
ausência de planos de fraturas ou diaclases que, no entanto, podem ocorrer
de forma isolada;
Uma das primeiras classificações geomecânicas conhecidas, adaptável a
rochas e solos, foi elaborada por Terzaghi. Nesta classificação, os terrenos foram
englobados em nove classes, sendo indicada para cada uma a carga transmitida ao
suporte. Todavia esta classificação possui divergências quanto à eficiência da
escolha adequada dos suportes de túneis, tendo em vista que não leva em
consideração o estado de tensão inicial no maciço, limitando a previsão das cargas
transmitidas ao suporte após a formação do vazio. Além do mais, Terzaghi limita a
escolha do suporte em túneis a cambotas metálicas. Por este motivo, surgiram
outros sistemas de avaliação geomecânicas para classificação e dimensionamento
de suportes em túneis que englobavam critérios quantificáveis e que forneciam
indicações mais precisas no que se dizia respeito às propriedades intrínsecas do
maciço.
A partir dos anos 1970, graças a um maior e melhor detalhamento da
geologia local e de seus condicionantes geotécnicos, os maciços estão sendo
mapeados e classificados pelo RMR (Rock Mass Rating- Bieniawski) e pelo sistema
Q de Barton. Estas classificações são mais rigorosas e precisas que uma primeira
classificação pelo NATM e deverão ser sempre bem fundamentadas, ajustadas e até
refeitas corretamente já na fase das escavações subterrâneas, quando as frentes de
avanço devem ser acompanhadas e mapeadas por geólogos experientes [1].
Classes I II III IV V
PONTOS 110/81 81/61 60/41 40/21 < 20
DESCRIÇÃO Ótimo Bom Regular Pobre Muito
pobre
SUSTENTAÇÃ 10 anos 6 meses 1 semana 5 horas 10 minutos
O
VÃO/SEÇÃO 15 m 10 m 5m 2,5 m 1m
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A classificação de Bieniawski divide o índice RMR em cinco classes (I, II, III,
IV e V) variando entre “Muito boa” a “Muito má”. Romana propõe então a
substituição do sistema de cinco classes por um sistema de 10 subclasses. Tendo
cada subclasse uma amplitude de 10 pontos, e para manter certo grau de correlação
com a classificação de Bieniawski, denomina-se com a numeração romana de
Bieniawski (I, II, III, IV e V) seguido de uma letra, a para a metade superior e b para
a metade inferior de cada classe.
CLASSE I II III IV V VI
INDICE >20 10<Q<2 4<Q<10 1<Q<4 0,1<Q<1 <0,1
Q 0
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Como dito antes, com o surgimento do NATM e da classificação dos maciços
rochosos, foram projetados suportes, revestimentos e tratamentos, a serem
aplicados durante as escavações de túneis. Os maciços rochosos, classificados
como uma das classes I, II ou III, contemplam rochas duras e autoportantes quando
escavadas. Todavia, nos maciços rochosos de classe IV, a presença de
descontinuidades atuantes como falhamentos, planos de xistosidades, fraturas e
água subterrânea, podem criar zonas de instabilidade ao longo do traçado do túnel,
de forma isolada ou em conjunto [1]. Poderão ocorrer acidentes geotécnicos durante
as escavações, tais como quedas de blocos ou de lascas de rocha, além de ser
iniciados processos de instabilização mais amplos.
Por isso se faz necessária a execução de tratamentos durante as
escavações, com a aplicação de suportes e revestimentos primários, seguindo a
evolução, avanço da frente, inibindo esses processos de instabilização e, portanto,
propiciando maior segurança para os trabalhos.
O NATM recomenda a aplicação dos seguintes suportes e revestimentos
primários, para a escavação de túneis em rocha [1]:
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III e IV, que envolvem rochas sãs a medianamente alteradas, com grau de
fraturamento elevado [1].
Sua aplicação será sempre em conjunto, com os tirantes distribuídos
radialmente ao longo do trecho de túnel, em fileiras ou malhas geometricamente
demarcadas, normalmente na abóbada ou nas paredes do túnel, com espaçamentos
e afastamentos adequados a cada situação, criando um arco de maciço sob forte
compressão, de modo a conferir à seção escavada, por completo, uma maior
estabilidade, o chamado efeito “arco colaborante” (vide Figura 1).
Figura 1- Aplicação de chumbadores e/ou tirantes radiais em abóbada de túneis escavados em rocha, e
revestimento com concreto projetado de acordo com a classificação geomecânica dos maciços.
Retirado de Geraldi, 2011:pág 222, [1].
Figura 2- Aplicação de enfilagens tubulares e cambotas em abóbada de túneis escavados em rocha alterada;
revestimento com Concreto Projetado Reforçado com Fibras (CPRF). Fonte: Geraldi, 2011. Pág. 223 [1].
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Figura 3-Aplicação de Jet Grouting e escavação preliminar de sidedrifts para túneis em terrenos de baixa coesão;
aplicação posterior de cambotas metálicas e revestimento com concreto projetado, inclusive a construção de
arco invertido. Fonte Geraldi, 2011, Pág:237.
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5. Conclusão
A realização de investigações geológica-geotécnica é cada vez mais fundamental
para concepção de projetos de escavações subterrâneas, tendo uma importância
impar para definições de parâmetros das metodologias a serem utilizadas para
execução destas obras. Além das investigações preliminares, o acompanhamento
técnico constante durante as escavações para otimização das atividades a serem
realizadas nos tratamentos e escavações do maciço a frente.
Quando temos o domínio do que foi projetado com o que está sendo observado
nas frentes de serviços, não tem o porquê de não executar um bom serviço e manter
a frente de escavação estável com segurança.
6. Referências
1. AGUIAR, J. C. N. M. Calibração de uma Classificação de Suportes de
Túneis com o Obtido em Modelo. Faculdade de Engenharia- Universidade
do Porto, Mestrado Integrado em Engenharia Civil, p. 5-42. Porto, Portugal,
2010.
2. ANDRADE, G.G Geotecnia Aplicada a Túneis Executados Pelos Métodos
NATM ou Similares, São Paulo: Apostila, 2011.
3. AZEVEDO, I. C. D.; MARQUES, E. A. G. Introdução a Mecânica das
Rochas. Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais: Editora UFV, p. 90-
105, 2006.
4. BIENIAWSKI Z.T. Engineering rock mass classification: A complete
manual for engineer and geologists in mining, civil, and petroleum
engineering /Ed: Wiley – Interscience 1989. Cáp 5 – 73 – 88.
5. FIORI, A. P. Carmignani, L. Fundamentos de mecânica dos solos e das
rochas: aplicações na estabilidade de taludes. Rev e ampl. Curitiba: ED.
UFPR, 2009. Págs: 395, 396, 398, 399.
6. FOSSEN, H..Geologia estrutural. Tradução Fábio R. D. de Andrade. São
Paulo: ED Oficina de Textos, 2012. p. 172-179.
7. GERALDI, J. L. P. O ABC das Escavações de Rocha. Rio de Janeiro: ED.
Interciência, 2011. Págs: 169-175, 182, 183, 193, 218-228, 235-246.
8. STEREONET. Disponível em: www.app.visiblegeology.com/stereonet.html.
Retirado em <07 de maio de 2016>.
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