XIX Congresso Brasileiro de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica

Geotecnia e Desenvolvimento Urbano

COBRAMSEG 2018 – 28 de Agosto a 01 de Setembro, Salvador, Bahia, Brasil
©ABMS, 2018

A Importância do Estudo Geotécnico para Escolha Adequada do

Tipo de Fundação a ser Empregada: Um Estudo de Caso em Obras
da Cidade de Caruaru/PE.
Palloma Karolayne Santos Oliveira
Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, pkarolayne_@hotmail.com

Jonatas Kennedy Silva de Medeiros

Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, jonataskennedy@hotmail.com

Wily Santos Machado

Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, wilysantos1997.ws@gmail.com

Nayla Kelly Antunes de Oliveira

Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, nayla-oliveiira@hotmail.com

Damares de Sá Ramalho Neta

Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, damaresramalho@gmail.com

Larissa Santana Batista

Universidade Federal de Campina Grande, Pombal, Brasil, larisantanabatista@gmail.com

Davi Gustavo Gouveia Gomes

UNIFAVIP, Caruaru, Brasil, davi.ggg@hotmail.com

RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo identificar os métodos utilizados para escolha do
tipo de fundação utilizada em obras da cidade de Caruaru/PE e determinar o nível de importância
dado aos estudos geotécnicos pelos construtores. A metodologia consiste da aplicação de entrevistas
em 30 obras do município, analisando aspectos como o porte da obra, o solo predominante e a
presença de lençol freático na região, o tipo de fundação adotada, entre outros. Constatou-se que
apenas 10% das obras entrevistadas atenderam aos requisitos pré-estabelecidos pelas normas
referentes a métodos de reconhecimento do solo. Conclui-se desta forma que, apesar da cidade de
Caruaru apresentar um considerável desenvolvimento econômico no interior do estado de
Pernambuco, os métodos adotados para a escolha do tipo de fundação ainda são bastante empíricos
e intuitivos, pois foi observado um baixo índice de relevância dado pelos construtores da cidade a
uma sondagem geotécnica bem elaborada.

PALAVRAS-CHAVE: Solos, Sondagem Geotécnica, Fundação.

1 INTRODUÇÃO e de resistência apropriadas para uso, para não

Todas as obras de engenharia civil apoiam-se
sobre o terreno e inevitavelmente requerem que
o comportamento do solo, sem nenhuma
exceção, seja devidamente considerado
(PINTO, 2006). Este corpo necessita de rigidez
sofrer rupturas e consequentemente deformações
exageradas.
Sendo o terreno responsável por receber
todos os esforços que são solicitados das
edificações, dando sustentação e determinando
características fundamentais do projeto e
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função do perfil e de características físicas e
mecânicas, torna-se primordial, para todo e
qualquer tipo de obra, o conhecimento acerca das
características do solo sob o qual se pretende
construir.
Alguns solos não oferecem uma rigidez
adequada para construção, sendo assim
necessário realizar um estudo geotécnico para
um prévio conhecimento dos seus parâmetros e
uma posterior intervenção de melhoramento,
quando necessário. Segundo Milititsky et al.
(2008, p. 27), “na medida em que o solo é o
meio que vai suportar as cargas, sua
identificação e a caracterização de seu
comportamento são essenciais à solução de
qualquer problema”.
Quando bem realizada, a prospecção
geotécnica oferece ao projetista as informações
fundamentais acerca dos fenômenos que podem
resultar das tensões impostas pela estrutura da
obra que será implantada e características
geológicas (materiais e processos) dos terrenos,
proporcionando um maior embasamento para a
escolha da fundação mais adequada a ser
executada.
Também chamadas de infraestrutura de uma
edificação, as fundações são os elementos
estruturais destinados a transmitir as cargas da
estrutura ao terreno onde ela se apoia
(AZEREDO, 1977). O tipo de fundação
utilizada em uma construção está diretamente
ligado ao partido estrutural da edificação e ao
tipo de solo do local onde será assentada a
mesma.
É notável que a construção civil no Brasil e o
constante aprimoramento das técnicas e
tecnologias associadas a este setor, assumem
um crescimento em larga escala. Porém, salvo
algumas exceções, o crescimento do número de
obras não é proporcional ao aumento do
cuidado necessário que se deve ter com as
mesmas. Estudos apontam que cerca de 6% das
patologias que afetam as construções no Brasil
estão associadas à má execução das fundações e
a razão de ocorrência deste índice está
associada a falhas na investigação do subsolo
escolhido para a obra e, em alguns casos, até
mesmo a ausência de qualquer tipo de ensaio
que vise identificar as
condições em que o solo se encontra. Conforme
Schnaid (2000), algumas empresas vêm o
processo de sondagem apenas como algo
oneroso, partindo-se daí a aplicação de
conhecimentos empíricos quanto ao tipo de
fundação a ser utilizada. No Brasil, o custo
envolvido na execução de uma sondagem de
reconhecimento varia normalmente entre 0,2% e
0,5% do custo total da obra.
Por este motivo, torna-se imprescindível para
a obra, além do conhecimento acerca dos
esforços atuantes sobre a edificação e das
características dos elementos estruturais que
formam as fundações, o estudo das
particularidades do terreno sobre o qual a
mesma será executada. Como afirma Brito
(1987) “O conhecimento do substrato de áreas
que serão objeto de intervenções é essencial
para se garantir o sucesso do empreendimento e
minimizar custos futuros com a correção de
problemas geológico-geotécnicos. Fundações
bem projetadas e dimensionadas de acordo com
embasamentos técnicos correspondem de 3% a
10% do custo de uma obra, entretanto, a
situação contrária acarreta em um acréscimo de
5% a 10% no custo total da edificação”.
Diante destas informações, é perceptível que
a escolha de uma fundação adequada, a partir de
um conhecimento geotécnico aprimorado,
possibilita a otimização dos custos de uma obra
em todas as suas etapas, desde a elaboração do
projeto até o período de uso e manutenção da
edificação. Segundo Lima (1979), ao se
depararem com informações inadequadas,
técnicos, projetistas e empreiteiros compensam
essas falhas aumentando seu orçamento para
cobrir possíveis imprevistos, tais como a
mudança de projeto ou do processo construtivo.
Como consequência, o custo de informações
inadequadas é consideravelmente maior do que
o custo da investigação. Por isso, as sondagens
geotécnicas evitam maiores gastos no futuro
com correções de eventuais problemas.
Neste contexto, o presente estudo tem como
propósito analisar os critérios adotados na
tomada de decisão quanto ao tipo de fundação
empregada, tendo como cenário a cidade de
Caruaru, no Agreste Pernambucano.
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2 METODOLOGIA
2.1 Classificação da Pesquisa
Levando-se em consideração o tipo de
abordagem adotado nesta pesquisa, a mesma se
classifica como quantitativa, onde os dados
coletados são baseados em padrões de
qualidade quantificável.
Quanto à resolução dos objetivos esta
pesquisa se classifica como pesquisa
exploratória, visando proporcionar, através
desta, maior familiaridade entre o problema
proposto e os indivíduos diretamente
envolvidos. A mesma também assume caráter
de pesquisa descritiva por relatar com detalhes a
realidade das atuais construções, bem como
suas características no enfoque do problema.
2.2 Caracterização da Localidade
Participantes do Estudo
O estudo foi realizado na cidade de Caruaru,
situada no agreste do estado de Pernambuco, no
Brasil, cuja extensão territorial é de 920,611
km², sendo 16,6500 km² de perímetro urbano e
os 903,961 km² restantes o espaço que forma a
zona rural do município. Nesta pesquisa teve-se
por referência as áreas de maior incidência de
construção de imóveis no município. A Figura 1
abaixo é referente ao mapa do município e às
cidades confrontantes com o mesmo.
Figura 1. Mapa do Município de Caruaru/PE.
2.3 Métodos Científicos
Foi executado um mapeamento da cidade e
realizadas visitas técnicas para aplicação de um
questionário em 30 obras para obtenção de
dados da amostra consolidada na pesquisa.
O questionário aplicado consiste de perguntas
relacionadas ao tipo de sondagem que foi
realizada na obra, tipo de solo encontrado e suas
particularidades, principais dificuldades,
ferramentas utilizadas e as soluções adotadas
para a determinação da fundação. Os públicos
alvos selecionados para a realização dessa
pesquisa foram construtoras de pequeno, médio
e grande porte.
Os participantes da pesquisa foram, devido ao
seu cunho, o pesquisador, os entrevistados e
pessoas relacionadas de alguma maneira com a
execução da fundação que pudessem contribuir
favoravelmente no decorrer da investigação.
e
3 RESULTADOS
Após a coleta de dados, foi realizado o
levantamento de dados numéricos que refletem
as condições e os métodos de construção das
estruturas de fundação na cidade de Caruaru,
resultando na discriminação das limitações e
problemáticas que circundam a execução de um
projeto adequado.
Foi realizada a análise dos resultados
quantitativos e estatísticos em gráficos, obtidos
com as entrevistas, mostrando-se a perspectiva
dos entrevistados e quais os principais
problemas encontrados que impossibilitam a
implantação ou a execução de um projeto
consciente.
3.1 Área Abrangida e Alcance da Pesquisa
A área de estudo é predominantemente urbana,
localizada no 2º Distrito do Município de
Caruaru. A escolha ocorreu em função das áreas
de maior produção de imóveis na cidade, seja
residencial ou industrial.
Foi determinado um total de 30 obras a serem
entrevistadas em 11 bairros distintos,
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identificados na Figura 2, onde o resultado

coletado pudesse ser generalizado e ampliado
para conhecimento geral da região.

Figura 3. Classificação das Obras Entrevistadas.

3.2.1 Classificação das Obras quanto a sua

Finalidade

A Figura 4 abaixo representa, em percentual, o

Figura 2. Bairros da Zona Urbana de Caruaru/PE.
3.2 Análise a Partir das Informações dos
Entrevistados
A partir das informações obtidas, buscou-se
entender quais são os principais critérios
utilizados no tocante à implantação ou não de
um projeto consciente. Conforme o questionário
aplicado, a Figura 3 abaixo representa a
percentagem do número de obras visitadas
quanto ao seu porte, classificadas de acordo
com a Lei Nº 12.916, de 08 de novembro de
2005, sendo 15 obras consideradas de grande, 8
de médio e 7 de pequeno porte. Isto evidencia
que a verticalização da cidade está cada vez
mais crescente, o que revela a existência de
maiores cargas atuantes sobre o solo de
fundação e, consequentemente, uma maior
exigência da capacidade de carga do mesmo.
número de obras de acordo com as suas
finalidades.
Das 30 obras entrevistadas, 23 são para fins
residenciais, sendo 7 de pequeno, 3 de médio e
13 de grande porte, representando no gráfico
77% do total de obras analisadas. Seis das 30
obras entrevistadas são comerciais, sendo 4 de
médio e 2 de grande porte, representando 20%
no gráfico
Figura 4. Percentual de Obras de Acordo com a
Finalidade.
3.2.2 Elaboração e Execução de Projetos
Estruturais
A Figura 5 representa o número de obras
entrevistadas que optaram pela contratação de
serviços qualificados para a elaboração de um
projeto estrutural da edificação e quais destas
executaram o projeto.
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Figura 5. Obras que apresentam projeto estrutural.
Os 70% que optaram por um projeto
estrutural e o executaram, independente da
finalidade da edificação, relatam que o custo da
edificação foi reduzido, diminuindo
drasticamente as chances de haver um
superdimensionamento da estrutura e estudada, entre os 37% das obras que optaram
aumentando o coeficiente de segurança da obra.
As obras que optaram por não solicitar projeto
estrutural alegaram ser algo muito oneroso,
tendo assim preferido a aplicabilidade de
métodos empíricos de projeto. Já os 10% que
optaram por não executar o projeto que
solicitaram, justificam a aquisição do projeto
devido às fiscalizações das obras por órgãos
competentes e, paralelo a isto, afirmam que há
um superdimensionamento da estrutura,
aumentando assim o custo do empreendimento.
3.2.3 Identificação do Solo
A representação gráfica abaixo (Figura 6)
mostra o resultado das obras que optaram por
fazer ou não uma prospecção do solo.
Figura 6. Obras que executaram sondagem
reconhecimento do solo.
As obras que optaram por realizar ensaios de
reconhecimento do solo, 37% das obras
visitadas, sendo 3 de médio e 8 de grande porte,
afirmaram que os resultados dos mesmos
transmitem mais confiança em relação a
elaboração do futuro projeto estrutural e em
função disto, os coeficientes de segurança da
edificação aumentam. Já os 63% que decidiram
não realizar um estudo prévio do solo, sendo 7
de grande, 5 de médio e 7 de pequeno porte,
alegaram não necessitar, devido ao solo da
região ser predominantemente rochoso logo nas
primeiras camadas, caracterizando-o
empiricamente.
Conforme ilustra o gráfico abaixo (Figura7), e
através das informações coletadas, identificou-
se que o ensaio mais utilizado na região
pelo reconhecimento do solo, foi o SPT,
representado por uma porcentagem de 91% do
total. A opção pelo ensaio é justificada pelo fato
do mesmo fornecer informações numéricas e
diretas com custo relativamente baixo. Já os 9%
restantes optaram por outro método de ensaio,
sendo este o rotativo, pelo fato da obra requerer
maiores resistências do solo, surgindo daí a
necessidade de reconhecer o mesmo em
profundidades maiores.
Figura 7. Tipo de Reconhecimento de Solo Adotado pelas
Obras
3.2.4 Furos de Sondagem
O número de furos de sondagens deve ser
de suficiente para fornecer um quadro, o melhor
possível, da provável variação das camadas do
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subsolo do local em estudo.

De acordo com o gráfico abaixo (Figura 8),
que representa o percentual das obras que
executaram furos de sondagem segundo a NBR
8036/83, 27% das obras que executaram
sondagem de reconhecimento de solo, total de 3
obras, realizaram um número suficiente de
furos. Os 73% restantes alegaram não haver
necessidade de respeitar o número exato de
furos devido o solo da região ser
predominantemente rochoso e que a sondagem
seria apenas um método de confirmação das
teorias empíricas já existentes.
Figura 8. Obras que Executaram Sondagem de
Reconhecimento do Solo.
3.2.5 Classificação do Solo da Região
Estudada
A classificação do solo da região em estudo foi
feita segundo dois critérios: pelo método de
classificação dos horizontes ou pela
classificação granulométrica. Para os 63% das
obras que não executaram processo de
sondagem, o solo foi classificado segundo seus
horizontes, ou seja, pela análise visual. Já para
os 37% das obras que executaram ensaios de
reconhecimento de solo, o mesmo foi
classificado segundo as informações coletadas
após a sondagem, conforme a Figura 9,
obedecendo aos critérios da NBR 6502/93.
Figura 9. Classificação do Solo Segundo a NBR 6502/93.
Segundo a sondagem realizada nas obras,
regida pelos critérios da NBR 6484/80, o solo
foi classificado conforme as informações
mostradas no gráfico acima. A sondagem das
obras que tiveram o solo classificado como silte
arenoso e silte areno-argiloso foi interrompida
após a detecção da presença de rocha
decomposta abaixo das respectivas camadas. Já
no solo considerado como rocha decomposta,
houve a presença de solo arenoso nas primeiras
camadas e após isso identificou-se a presença
de rocha sã.
Por sua vez, a classificação do solo através
das camadas encontradas nos cortes e valas de
fundações, deu-se através das análises das
espessuras, cor e resistência do mesmo ao ser
escavado. Tal classificação é a mais próxima
dos métodos empíricos utilizados pelas obras
que não executaram a sondagem de solo e os
resultados foram generalizados e ampliados
para conhecimento geral da região, onde as
informações foram obtidas através da criação de
perfis únicos, devido às obras entrevistadas
estarem no mesmo tipo de solo, conforme
mostra a Figura 10 abaixo.
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Figura 10. Classificação do Solo Segundo o seu
Horizonte.
Através das classificações de solos mostradas
acima, constata-se que o solo da região em
estudo se classifica como sendo arenoso e
argiloso logo nas primeiras camadas,
comumente conhecido como piçarro. Ao ganhar
profundidade o mesmo vai adquirindo
resistência à penetração de equipamentos
manuais e mecânicos, podendo ser classificado
como rocha decomposta ou material de segunda
categoria, semelhante ao material de origem.
Por fim, as últimas camadas são classificadas
como material de terceira categoria ou rocha sã.
Conforme a análise dos perfis encontrados,
percebe-se que o solo em estudo é residual,
tendo em vista que suas camadas mais externas
demonstram uma decomposição gradual do
material e à medida que a profundidade
aumenta o solo se aproxima do material
original.
3.2.6 Profundidade do Solo Resistente
O gráfico abaixo (Figura 11) mostra a média
dos primeiros metros onde foi detectado o
surgimento de camadas resistentes de solo na
região em estudo.
Figura 11. Profundidade média das primeiras camadas
resistentes de solo.
As informações do gráfico acima relacionam
o percentual de obras entrevistadas à
profundidade média de surgimento de rocha
durante o processo de escavação, seja elas de
grande, médio ou pequeno porte.
Pode-se observar, através da análise do
gráfico, que a profundidade média de leito
rochoso obtida pelo perfil do solo varia de 1,50
a 5,50 metros. Sabendo que as edificações
requerem do solo uma resistência média para
que possam resistir as suas cargas solicitantes e
manterem as estruturas estáveis e que a tensão
no solo, oriunda de uma edificação, seja de
pequeno, médio ou grande porte, define a
profundidade de assentamento da mesma,
percebe-se que o solo estudado fornece uma
maior segurança e estabilidade para o trabalho
com as cargas solicitantes das obras devido ao
afloramento de rocha próximo a superfície.
3.2.7 Presença do Lençol Freático
O lençol freático de uma região é diretamente
afetado pela sua topografia, pelas características
e classificação do solo e seus desníveis, e pela
vegetação. O gráfico abaixo (Figura 12) mostra
a média de profundidade de surgimento do
lençol freático durante o processo de escavação
das valas de fundações em obras de pequeno,
médio ou grande porte.
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Figura 12. Profundidade Média do Surgimento de Lençol
Freático.
Conforme as informações acima, as
evidências de lençol freático, na área em estudo,
foram variadas, isso se dá devido à localização
de cada obra. Segundo a classificação do solo
mostradas nas figuras 7 e 8, as primeiras
camadas são classificadas como sendo areno-
argilosas, e devido a isto, a água fica confinada
nessas camadas impermeáveis, onde são
classificados como aquíferos livres ou
suspensos.
Das 30 obras entrevistadas, 3 executaram
perfuração de poços artesianos, com
profundidades de aproximadamente 50 metros,
4 metros e 3,5 metros, em obras de pequeno,
médio e grande porte, respectivamente. As
perfurações dos poços artesianos foram
executadas sem nenhum estudo prévio da
consequência do mesmo às edificações, já que
com isso, ocorre um alívio de tensões no solo e
consequentemente uma provável ocorrência de
recalques. As profundidades dos poços, para as
obras de médio e grande porte, foram feitas de
maneira aleatória, já para a obra de pequeno
porte, a profundidade foi de acordo com o custo
mínimo por perfuração. Segundo o proprietário
da obra, o poço foi feito devido à presença de
água no solo, tendo o mesmo se baseado apenas
pelos primeiros metros de surgimento do lençol
para a realização da perfuração.
3.2.8 Tipos de Fundações Adotadas
Tendo em vista as informações coletadas, o
gráfico a seguir (Figura 13) mostra, em
percentual, os tipos de fundações mais
utilizadas nas obras, sejam elas de pequeno,
médio ou grande porte.
Figura 13. Fundações mais Empregadas.
Conforme as informações abordadas neste
gráfico (Figura 13), 73% das obras
entrevistadas, total de 22 obras de diferentes
portes (2 - pequeno; 7 - médio; 13 - grande),
optaram por empregar a fundação do tipo
sapata, seja isolada ou associada. Desse
percentual, apenas 41%, representadas por 3 de
médio e 6 de grande porte, executaram o
processo de sondagem de solo, o que,
consequentemente, leva ao entendimento de que
as escolhas destas fundações foram tomadas de
forma consciente. Já as obras que não
executaram sondagem de solo, representando
59%, sendo 2 de pequeno e 7 de grande porte,
optaram pelo mesmo tipo de fundação das obras
anteriormente citadas, apenas utilizando os
conhecimentos empíricos já existentes a
respeito do solo da região.
As obras representadas pelos 20%, sendo 5 de
pequeno e 1 de médio porte, adotaram sapata
corrida em alvenaria dobrada com vigas de
concreto para amarração entre pilares como
fundação principal, em função do tipo de solo
encontrado na escavação e das primeiras
camadas resistentes do mesmo e por motivos
econômicos, e afirmaram, mesmo sem
embasamento técnico, que a mesma atende as
solicitações da edificação. Os 7% das obras
restantes, representadas por duas de grande
porte, realizaram a sondagem de solo e através
das informações coletadas, detectaram solo
firme logo nas primeiras camadas e relataram
que a opção mais viável, tecnicamente e
economicamente, era a fundação tipo radier.
4 CONCLUSÃO
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Com o levantamento feito em campo observou-
se que 11 das obras entrevistadas, representando
37%, executaram um projeto estrutural em
função da classificação do solo, já que as
mesmas realizaram a sondagem conforme
indicação das normas, sendo que, apenas 27%
destas, um total de 3 obras, executaram o ensaio
respeitando o número de furos segundo a
norma. Já para os 63% restantes das obras
entrevistadas, a identificação do solo se deu
através de conhecimentos empíricos, adquiridos
com o passar dos anos ou até mesmo com a
experiência em obra e, consequentemente, o
tipo de fundação adotada foi escolhida de forma
análoga. De um modo geral, apenas 10% das
obras analisadas atenderam aos requisitos
mínimos pré-estabelecidos pelas NBR’s.
Além disso, constatou-se na região estudada
que o solo é predominantemente rochoso com
afloramento de rocha, com camadas resistentes
numa profundidade média de 1,50 a 5,50
metros. As camadas superficiais orgânicas
variam de 0 a 0,70 metros e as camadas
subjacentes a esta são classificadas como areno-
argilosas e silte-arenosas, sendo pouco
compactas e mais conhecidas como piçarro. O
lençol freático aflora numa variação de 0,30 a
0,50 metros.
Diante das informações coletadas e dos
estudos realizados, é evidente a baixíssima
relevância apresentada pelos construtores da
cidade de Caruaru/PE a uma sondagem
geotécnica bem elaborada, apesar desta
investigação fornecer embasamentos suficientes
para uma compatibilização da mesma com os
dados de projeto da futura edificação.
Tais análises acerca do tipo de solo
encontrado em diversos pontos da cidade em
estudo revelam o quão necessária é a realização
de uma prospecção geotécnica que se adeque a
realidade existente no terreno e que forneça as
características necessárias para futura escolha
de fundação para as obras, tendo em vista que o
solo, apesar de apresentar mais características
da rocha sã ao longo de sua profundidade,
precisa ser conhecido através não somente de
conhecimentos empíricos, mas
também de dados teóricos, a fim de fornecer uma
melhor identificação das formas de trabalhá-lo e
evitar futuros erros na obra, com consequente
prejuízo técnico e econômico.
É possível concluir deste modo que, na
ausência da prospecção, os custos com
escavações e obras superdimensionadas tornam-
se bem relevantes com relação ao valor inicial
do empreendimento. Além disso, as obras que
optaram por basear-se apenas em
conhecimentos empíricos podem apresentar
patologias precocemente, sendo estas causadas
principalmente pelo recalque imediato devido
ao tipo de solo em questão. Todos esses fatores
terminam por revelar de forma clara a
fundamental importância da investigação
geotécnica em vista da redução de custos com
prejuízos futuros e da segurança fornecida
durante todo o processo construtivo.
REFERÊNCIAS
ABNT (1983). NBR 8036: Programação de Sondagens
de Simples Reconhecimento dos Solos para fundações
de edifícios. Procedimento: Rio de Janeiro.
ABNT (1980). NBR 6484: Execução de Sondagens de
Simples Reconhecimento dos Solos. Procedimento:
Rio de Janeiro.
ABNT (1993). NBR 6502: Rochas e Solos.
Procedimento: Rio de Janeiro.
Azeredo, Hélio Alves de. (1977). O Edifício Até sua
Cobertura. São Paulo. Ed. Edgar Blucher Ltda.
Brito, José Luiz Wey de. (1987). Fundações do Edifício.
São Paulo, EPUSP.
Lima, M. J. C. P. A. de. (1979). Prospecção Geotécnica
do Subsolo. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e
Científicos.
Milititsky, Jarbas; Consoli, Nilo Cesar; Schnaid,
Fernando. (2008). Patologia das Fundações. São
Paulo: Oficina de Textos.
Pinto, Carlo de Sousa. (2006). Curso Básico de Mecânica
dos Solos em 16 Aulas. 3.ed. São Paulo: Oficina de
Textos.
Schnaid, Fernando; Odebrecht, Edgar. (2000). Ensaios de
Campo e suas Aplicações à Engenharia de
Fundações. São Paulo: Oficina de Textos.