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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA

ADRIANO CORRÊA DE SOUZA


FERNANDA VERZBICKAS DA COSTA

ANÁLISE DO IMPACTO DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA POR MEIO DE


COEFICIENTES DE MOLA EM PÓRTICOS ESTRUTURAIS DE EDIFÍCIOS.

Palhoça
2019
ADRIANO CORRÊA DE SOUZA
FERNANDA VERZBICKAS DA COSTA

ANÁLISE DO IMPACTO DA INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA, POR MEIO DE


COEFICIENTES DE MOLA EM PÓRTICOS ESTRUTURAIS DE EDIFÍCIOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


ao Curso de Engenharia Civil da Universidade
do Sul de Santa Catarina como requisito parcial
à obtenção do título de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Paulo Henrique Wagner, Esp.

Palhoça
2019
RESUMO

A interação solo-estrutura (ISE) é um tipo de análise estrutural, que considera sobre os


elementos componentes da estrutura, a influência da deslocabilidade do solo sob as fundações.
Neste trabalho, dimensionou-se um edifício de 11 pavimentos para avaliar a sua importância
em edifícios apoiados em sapatas. Este tipo de análise ainda não é empregado no cotidiano da
maioria dos projetistas, mas apresenta resultados significativos entre os que consideram os
apoios indeslocáveis. Em vista disso, para realizar a análise com ISE, optou-se por uma
metodologia simplificada, baseada em um procedimento iterativo, que busca a convergência
das reações de apoio da estrutura e dos respectivos coeficientes de mola (km) de cada fundação.
A partir dos resultados do procedimento iterativo, realiza-se uma análise comparativa em
relação aos resultados obtidos pelo modelo com apoios indeslocáveis, sob a ótica de distribuição
dos esforços sobre as fundações, recalques estimados, estabilidade global, deslocamentos
horizontais no topo do edifício e esforços solicitantes em pórticos do pavimento mais solicitado.
Além disso, compara-se também o dimensionamento dos elementos visando identificar um
possível subdimensionamento, e o quantitativo de materiais componentes da estrutura.

Palavras-chave: interação solo-estrutura, análise estrutural, edifícios de concreto armado,


fundações superficiais.
ABSTRACT

The soil-structure interaction (SSI) is a type of structural analysis, which considers the influence
of displacement of the soil under the foundations on the constituent elements of the structure.
In this assignment, a 11-storey building was designed to evaluate its importance in buildings
supported by shallow foundations. This type of analysis is still not used in the daily routine of
most engineers but presents significant results among those who consider the indescribable
supports. In order to perform the SSI analysis, a simplified methodology was chosen, based on
an iterative procedure, which seeks the convergence of the support reactions of the structure
and the respective spring coefficients (km) of each foundation. From the results of the iterative
procedure, a comparative analysis is performed in relation to the results obtained by the model
with indescribable supports., from the perspective of distribution of the efforts on the
foundations, estimated settlements, global stability, horizontal displacements in the top of the
building and efforts applicants for the most requested porticos. In addition, it is also compared
the dimensioning of the elements in order to identify a possible under-dimensioning, and the
quantitative of component materials of the structure.

Keywords: soil-structure interaction, structural analysis, reinforced concrete buildings, shallow


foundations.
LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 ................................................................................................................................. 24
Equação 2 ................................................................................................................................. 25
Equação 3 ................................................................................................................................. 25
Equação 4 ................................................................................................................................. 26
Equação 5 ................................................................................................................................. 27
Equação 6 ................................................................................................................................. 27
Equação 7 ................................................................................................................................. 28
Equação 8 ................................................................................................................................. 28
Equação 9 ................................................................................................................................. 30
Equação 10 ............................................................................................................................... 37
Equação 11 ............................................................................................................................... 38
Equação 12 ............................................................................................................................... 40
Equação 13 ............................................................................................................................... 46
Equação 14 ............................................................................................................................... 48
Equação 15 ............................................................................................................................... 48
Equação 16 ............................................................................................................................... 49
Equação 17 ............................................................................................................................... 50
Equação 18 ............................................................................................................................... 50
Equação 19 ............................................................................................................................... 50
Equação 20 ............................................................................................................................... 52
Equação 21 ............................................................................................................................... 55
Equação 22 ............................................................................................................................... 55
Equação 23 ............................................................................................................................... 58
Equação 24 ............................................................................................................................... 59
Equação 25 ............................................................................................................................... 60
Equação 26 ............................................................................................................................... 60
Equação 27 ............................................................................................................................... 63
Equação 28 ............................................................................................................................... 64
Equação 29 ............................................................................................................................... 65
Equação 30 ............................................................................................................................... 66
Equação 31 ............................................................................................................................... 66
Equação 32 ............................................................................................................................... 67
Equação 33 ............................................................................................................................... 67
Equação 34 ............................................................................................................................... 68
Equação 35 ............................................................................................................................... 68
Equação 36 ............................................................................................................................... 69
Equação 37 ............................................................................................................................... 69
Equação 38 ............................................................................................................................... 71
Equação 39 ............................................................................................................................... 72
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Elementos isolados de fundação .............................................................................. 22


Figura 2 – Gráfico tensão x recalque ........................................................................................ 23
Figura 3 - Curva tensão x recalque de ensaio de placa em argila ............................................. 24
Figura 4 - Curva tensão x recalque de ensaio de placa em areia. ............................................. 25
Figura 5 - Estimativa de N médio............................................................................................. 26
Figura 6 - Estimativa do valor médio de qc.............................................................................. 27
Figura 7 - Recalques de uma fundação superficial sob carga vertical centrada. ...................... 28
Figura 8 - Definições de recalque absoluto, recalque diferencial e rotação ............................. 29
Figura 9 - Distorções angulares limites SKEMPTON & MACDONALD (1956) ................... 30
Figura 10 - Principais modos de deformação de uma estrutura: (a) recalques uniformes, (b)
recalques desuniformes sem distorção, (c) recalques desuniformes com distorção ................. 31
Figura 11 - Sistema de referência do indeslocável ................................................................... 32
Figura 12 - Elaboração dos projetos estrutural e de fundações ................................................ 34
Figura 13 - Efeito de construções vizinhas – carregamento simultâneo .................................. 35
Figura 14 - Efeito de construções vizinhas – carregamento não simultâneo ........................... 36
Figura 15 - Efeito de construções vizinhas – terceiro prédio construído entre dois carregamentos
.................................................................................................................................................. 36
Figura 16 - Efeito de construções vizinhas – dois prédios construídos ao lado de um já existente
.................................................................................................................................................. 37
Figura 17 - Conjunto constituído por fundação e superestrutura (a) e por fundação e viga
equivalente (b) .......................................................................................................................... 38
Figura 18 - Recalque versus rigidez relativa estrutura-solo. .................................................... 39
Figura 19 - Modelo da analogia da viga-parede ....................................................................... 40
Figura 20 - Variação de FC em função do número de pavimentos da edificação para diferentes
valores de Kss. .......................................................................................................................... 41
Figura 21 - Influência da construção nos recalques ................................................................. 42
Figura 22 - Sequência construtiva para a análise incremental (considerando a ISE) ............... 43
Figura 23 - Casos de interação solo-estrutura .......................................................................... 43
Figura 24 - Variação de recalque diferencial máximo em função de Kss para um pórtico
longitudinal central ................................................................................................................... 45
Figura 25 - Modelo de Winkler (a – c) e modelo do meio contínuo (d – e). ............................ 46
Figura 26 - Hipótese de Winkler: deformabilidade do solo através de molas discretas ........... 47
Figura 27 - Coeficiente de reação vertical, quociente entre pressão – deslocamento. ............. 49
Figura 28 - Coeficiente de mola, quociente entre força – deslocamento ................................. 49
Figura 29 – Rigidez quase infinita ............................................................................................ 51
Figura 30 - Rigidez quase nula ................................................................................................. 52
Figura 31 - Gráfico construído com ensaios de placa para obtenção de kv ............................. 53
Figura 32 - Relação modelo x protótipo ................................................................................... 55
Figura 33 - Fatores de forma Is, para carregamentos em um meio de espessura infinita. ....... 56
Figura 34 - Valores de ks1 em kgf/cm³ .................................................................................... 56
Figura 35 - Comportamento tensão x deformação a) elástico-linear; b) linear não elástico. ... 58
Figura 36 - Tensão de contato entre placa e argila sobreadensada: a) placa flexível; b) placa
rígida ......................................................................................................................................... 61
Figura 37 - Tensão de contato entre placa e areia: a) placa flexível; b) placa rígida. .............. 62
Figura 38 – Fatores μ0 e μ1 para o cálculo de recalque imediato de sapata em camada finita.
.................................................................................................................................................. 63
Figura 39 - Fatores de influência na deformação vertical (Schmertmann, 1970) .................... 66
Figura 40 - Fatores de influência na deformação vertical (Schmertmann, 1978) .................... 69
Figura 41 - Meio elástico semi - infinito – Solução de Mindlin (1936) ................................... 71
Figura 42 - Discretização da superfície carregada (Aoki – Lopes, 1975) ................................ 71
Figura 43 - Método iterativo baseado na aplicação de coeficientes de apoio elásticos (km). .. 74
Figura 44 - Método iterativo baseado na imposição de recalques. ........................................... 74
Figura 45 – Perspectiva de parte de um edifício: principais elementos estruturais .................. 76
Figura 46 - Classificação geométrica dos elementos estruturais .............................................. 76
Figura 47 - Diagrama tensão-deformação idealizado ............................................................... 90
Figura 48 - Diagrama tensão-deformação bilinear de tração ................................................... 90
Figura 49 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras passivas ........................... 91
Figura 50 - Diagrama tensão-deformação para aços de armaduras ativas ............................... 91
Figura 51 - Efeito P-delta ......................................................................................................... 95
Figura 52 - Estados não deformado e deformado da estrutura ................................................. 95
Figura 53 - Lançamento dos pavimentos do edifício ............................................................... 99
Figura 54 - Representação gráfica dos níveis da estrutura ..................................................... 100
Figura 55 - Planta baixa do pavimento térreo......................................................................... 100
Figura 56 - Planta baixa dos pavimentos tipo (x8) ................................................................. 101
Figura 57 - Casa de máquinas................................................................................................. 101
Figura 58 - Planta baixa do reservatório................................................................................. 101
Figura 59 - Área de influência dos pilares .............................................................................. 102
Figura 60 - Disposição dos elementos no Pavimento Baldrame ............................................ 104
Figura 61 - Disposição dos elementos no Pavimento Teto Térreo ......................................... 105
Figura 62 - Disposição dos elementos no Pavimento Teto Tipo ............................................ 105
Figura 63 - Disposição dos elementos no Piso da Casa de Máquinas .................................... 105
Figura 64 - Disposição dos elementos no Piso do Reservatório ............................................ 106
Figura 65 - Pórticos analisados............................................................................................... 107
Figura 66 - Dimensões geométricas das escadas .................................................................... 110
Figura 67 - Lançamento da escada (Nível superior)............................................................... 111
Figura 68 - Lançamento da escada (Nível inferior) ................................................................ 111
Figura 69 - Lançamento do Baldrame .................................................................................... 112
Figura 70 - Lançamento do Teto Térreo................................................................................. 112
Figura 71 - Lançamento do Teto Tipo .................................................................................... 112
Figura 72 – Lançamento da casa de máquinas ....................................................................... 113
Figura 73 - Lançamento do reservatório ................................................................................ 113
Figura 74 - Pórtico 3D da estrutura lançada ........................................................................... 114
Figura 75 - Cargas de revestimento dos patamares ................................................................ 116
Figura 76 - Cargas de revestimento dos lances de escada ...................................................... 117
Figura 77 - Fatores de combinação ........................................................................................ 118
Figura 78 - Configurações de dimensionamento de pilares ................................................... 121
Figura 79 - Configurações de dimensionamento de vigas ...................................................... 122
Figura 80 - Configurações de dimensionamento de lajes ....................................................... 123
Figura 81 - Configurações de dimensionamento de sapatas .................................................. 124
Figura 82 - Pressões admissíveis do projeto........................................................................... 125
Figura 83 - Configurações de vento ....................................................................................... 126
Figura 84 - Materiais e durabilidade....................................................................................... 127
Figura 85 - Umidade relativa do ar Figura 86 - Fluência do concreto .............................. 128
Figura 87 - Deslocamentos limites ......................................................................................... 128
Figura 88 - Pilar de fundação com apoio rotulado ................................................................. 130
Figura 89 - Pilar de fundação com apoio elástico (ISE) ......................................................... 130
Figura 90 - Coeficiente γz e Processo P-Delta ....................................................................... 131
Figura 91 - Esforços máximos sobre as fundações ................................................................ 133
Figura 92 - Valores mínimos, máximos e médios de esforços ............................................... 133
Figura 93 - Acréscimos e alívios de esforços ......................................................................... 134
Figura 94 - Deslocamentos verticais (Recalques) .................................................................. 135
Figura 95 - Valores mínimos, máximos e médios de deslocamentos verticais ...................... 135
Figura 96 - Deslocamentos horizontais .................................................................................. 136
Figura 97 - Envoltória de deslocamentos dos pilares de topo ................................................ 137
Figura 98 - Nomenclatura dos pórticos em estudo ................................................................. 138
Figura 99 - Momentos fletores de cálculo (Md) – Pórticos Y ................................................ 139
Figura 100 - Momentos fletores de cálculo (Md) – Pórticos X .............................................. 139
Figura 101 - Diagrama de momentos fletores de cálculo atuantes sobre a viga V17 - Baldrame
................................................................................................................................................ 142
Figura 102 – Diagrama de esforços cortantes de cálculo atuantes sobre a viga V17 - Baldrame
................................................................................................................................................ 143
Figura 103 - Relatório de Sondagem SPT .............................................................................. 153
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Fator α de correlação de Es com qc (Teixeira e Godoy, 1996) ............................... 60


Tabela 2 - Coeficiente K de correlação entre qc e Nspt (Teixeira e Godoy, 1996) ................. 60
Tabela 3 - Coeficiente de Poisson do solo (v) por Teixeira e Godoy (1996) ........................... 61
Tabela 4 - Deslocamentos limites............................................................................................. 83
Tabela 5 - Pré-dimensionamento da seção dos pilares ........................................................... 103
Tabela 6 - Espessura das vigas (bw)........................................................................................ 104
Tabela 7 - Pré-dimensionamento das vigas ............................................................................ 106
Tabela 8 - Lajes dos pavimentos tipo pré-dimensionadas ...................................................... 108
Tabela 9 - Cargas das lajes ..................................................................................................... 115
Tabela 10 - Cargas de parede ................................................................................................. 116
Tabela 11 - Dados de dimensionamento das vigas ................................................................. 141
Tabela 12 - Pilares super e subdimensionados quanto à armadura longitudinal. ................... 144
Tabela 13 - Quantidade total de aço nos modelos analisados ................................................ 145
Tabela 14 - Estimativa da geometria e do bulbo de influência das sapatas para a tensão
admissível (1). ........................................................................................................................ 154
Tabela 15 - Estimativa da geometria e do bulbo de influência das sapatas para a tensão
admissível (2). ........................................................................................................................ 154
Tabela 16 - Dados com as fundações rotuladas ...................................................................... 157
Tabela 17 – Dados do resultado da 1ª iteração ....................................................................... 158
Tabela 18 - Dados do resultado da 2ª iteração........................................................................ 159
Tabela 19 - Dados do resultado da 3ª iteração........................................................................ 160
Tabela 20 - Dados do resultado da 4ª iteração........................................................................ 161
Tabela 21 – Dados do resultado da 5ª iteração ....................................................................... 162
Tabela 22 - Dados do resultado da 6º iteração ....................................................................... 163
Tabela 23 - Dados do resultado da 7º iteração ....................................................................... 164
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 18
1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 18
1.2 OBJETIVOS .................................................................................................................... 19
1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. 19
1.2.2 Objetivos específicos ................................................................................................... 19
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................ 20
1.4 ROTEIRO DO TRABALHO ........................................................................................... 20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................... 22
2.1 ELEMENTOS DA INFRA-ESTRUTURA ..................................................................... 22
2.2 TENSÃO ADMISSÍVEL DO SOLO .............................................................................. 23
2.2.1 Prova de carga ............................................................................................................. 23
2.2.1.1 Interpretação da curva tensão x recalque.................................................................... 24
2.2.1.2 Critério de Boston....................................................................................................... 25
2.2.2 Métodos teóricos .......................................................................................................... 25
2.2.3 Métodos semiempíricos ............................................................................................... 26
2.2.3.1 Correlação SPT........................................................................................................... 26
2.2.3.2 Correlação CPT. ......................................................................................................... 27
2.3 RECALQUES .................................................................................................................. 27
2.4 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA .............................................................................. 32
2.4.1 Considerações gerais ................................................................................................... 32
2.4.2 Fatores que influenciam na análise com interação solo-estrutura ......................... 35
2.4.2.1 Edificações vizinhas ................................................................................................... 35
2.4.2.2 Rigidez relativa estrutura-solo .................................................................................... 37
2.4.2.3 Número de pavimentos ............................................................................................... 39
2.4.2.4 Processo construtivo ................................................................................................... 42
2.4.2.5 Influência do tempo .................................................................................................... 43
2.4.2.6 Forma da planta baixa ................................................................................................ 45
2.4.3 Modelos de solo para análise da interação solo-estrutura ....................................... 46
2.4.3.1 Método simplificado baseado na hipótese de Winkler ............................................... 48
2.4.3.2 Respostas dos diferentes modelos .............................................................................. 51
2.5 METODOLOGIAS PARA A DEFINIÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO
VERTICAL (KV) ..................................................................................................................... 52
2.5.1 Considerações gerais ................................................................................................... 52
2.5.2 Ensaio de placa ............................................................................................................ 52
2.5.3 Valores típicos .............................................................................................................. 56
2.5.4 Recalque vertical estimado ......................................................................................... 57
2.5.4.1 Recalques imediatos em MEH ................................................................................... 59
2.5.4.1.1 Camada semi-infinita............................................................................................... 59
2.5.4.1.2 Camada finita .......................................................................................................... 62
2.5.4.2 “Bulbo de recalques” .................................................................................................. 63
2.5.4.2.1 Multicamadas .......................................................................................................... 64
2.5.4.3 Recalques imediatos em areias ................................................................................... 64
2.5.4.3.1 Método de Schmertmann (1970) .............................................................................. 65
2.5.4.3.2 Método de Schmertmann (1978) .............................................................................. 68
2.5.4.3.3 “Bulbo” de recalques em areias ............................................................................. 70
2.5.4.4 Estimativa de recalques pelo método de Aoki – Lopes (1975) .................................. 70
2.5.4.4.1 Solução de Mindlin (1936) ...................................................................................... 70
2.5.4.4.2 Metodologia de Steinbrenner (1934) ....................................................................... 72
2.6 APLICAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO SIMPLIFICADO POR MEIO DE
COEFICIENTES DE APOIO ELÁSTICOS (MOLAS) .......................................................... 72
2.7 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL ...................................................................................... 75
2.7.1 Identificação e Classificação Geométrica dos Elementos Estruturais.................... 76
2.7.1.1 Análise linear .............................................................................................................. 77
2.7.1.2 Análise não-linear ....................................................................................................... 77
2.7.1.3 Elementos estruturais básicos ..................................................................................... 78
2.7.1.4 Elementos estruturais de fundação ............................................................................. 78
2.7.2 Sistemas estruturais .................................................................................................... 78
2.7.3 Critérios de lançamento de vigas, pilares e lajes. ..................................................... 79
2.7.3.1 Locação e pré-dimensionamento de vigas .................................................................. 79
2.7.3.2 Locação e pré-dimensionamento dos pilares .............................................................. 80
2.7.3.3 Pré dimensionamento das lajes................................................................................... 81
2.8 ESTADOS LIMITES ....................................................................................................... 81
2.8.1 Estados limites últimos................................................................................................ 81
2.8.2 Estados limites de serviço ........................................................................................... 81
2.8.2.1 Limites para fissuração ............................................................................................... 82
2.8.2.2 Deslocamentos limite ................................................................................................. 82
2.8.2.2.1 Flecha limite ............................................................................................................ 82
2.9 COMBINAÇÕES DE AÇÕES ........................................................................................ 84
2.9.1 Classificação das ações ................................................................................................ 84
2.9.1.1 Permanentes ................................................................................................................ 84
2.9.1.2 Variáveis ..................................................................................................................... 84
2.9.1.3 Excepcionais ............................................................................................................... 84
2.9.2 Método do Estados Limites ........................................................................................ 85
2.9.2.1 Combinações últimas.................................................................................................. 85
2.9.2.2 Combinações de serviço ............................................................................................. 85
2.10 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ........................................... 85
2.10.1 Vida útil ........................................................................................................................ 85
2.10.2 Agressividade do ambiente ......................................................................................... 86
2.10.3 Cuidados na drenagem ............................................................................................... 86
2.10.4 Cobrimento das armaduras ....................................................................................... 86
2.10.4.1 Qualidade do concreto de cobrimento ........................................................................ 86
2.10.4.2 Cobrimento nominal ................................................................................................... 87
2.11 CONCRETO .................................................................................................................... 87
2.11.1 Resistência à compressão ............................................................................................ 87
2.11.2 Resistência à tração ..................................................................................................... 88
2.11.3 Módulo de Elasticidade............................................................................................... 88
2.11.3.1 Diagrama tensão – deformação do concreto à compressão ........................................ 90
2.11.3.2 Diagrama tensão – deformação do concreto à tração ................................................. 90
2.11.4 Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal .................................. 91
2.12 AÇOS PARA ARMADURAS ......................................................................................... 91
2.12.1 Ancoragem das armaduras ........................................................................................ 92
2.13 VENTO ............................................................................................................................ 92
2.13.1 Velocidade básica do vento (𝑽𝟎) ................................................................................ 92
2.13.2 Fator S1 ........................................................................................................................ 92
2.13.3 Fator S2 ........................................................................................................................ 93
2.13.3.1 Rugosidade do terreno ................................................................................................ 93
2.13.4 Fator S3 ........................................................................................................................ 93
2.14 INSTABILIDADE E EFEITOS DE 2ª ORDEM............................................................. 94
2.14.1 Efeito P-delta ............................................................................................................... 95
2.14.2 Processo γz .................................................................................................................... 96
2.14.2.1 Estruturas de nós fixos e nós móveis .......................................................................... 97
2.15 EBERICK ........................................................................................................................ 97
3 MÉTODO DE PESQUISA............................................................................................... 98
4 PROJETO ARQUITETÔNICO...................................................................................... 99
4.1 PREPARAÇÃO PARA IMPORTAÇÃO DA ARQUITETURA NO EBERICK ........... 99
4.2 CONCEPÇÃO E PRÉ DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA ............................ 101
4.2.1 Pilares ......................................................................................................................... 102
4.2.2 Vigas ........................................................................................................................... 103
4.2.3 Lajes............................................................................................................................ 107
4.3 LANÇAMENTO DA ESTRUTURA ............................................................................ 108
4.3.1 Lançamento dos pilares ............................................................................................ 109
4.3.2 Lançamento das vigas ............................................................................................... 109
4.3.3 Lançamento das lajes ................................................................................................ 110
4.3.4 Lançamento das escadas ........................................................................................... 110
4.3.5 Estrutura .................................................................................................................... 111
4.4 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS E CARGAS APLICADAS ............................... 115
4.4.1 Concreto e aço............................................................................................................ 115
4.4.2 Lajes............................................................................................................................ 115
4.4.3 Paredes ....................................................................................................................... 115
4.4.4 Escadas ....................................................................................................................... 116
4.4.5 Reservatório de água................................................................................................. 117
4.5 CONFIGURAÇÕES DO EBERICK ............................................................................. 117
4.5.1 Configurações de ações ............................................................................................. 117
4.5.2 Configurações de análise .......................................................................................... 118
4.5.2.1 Processo de cálculo................................................................................................... 118
4.5.2.2 Redução na rigidez à torção ..................................................................................... 119
4.5.2.3 Processo construtivo (Aumento na rigidez axial de pilares) .................................... 119
4.5.2.4 Não linearidade física ............................................................................................... 119
4.5.2.5 Não linearidade geométrica ...................................................................................... 120
4.5.3 Configurações de dimensionamento ........................................................................ 120
4.5.3.1 Pilares ....................................................................................................................... 120
4.5.3.2 Vigas ......................................................................................................................... 121
4.5.3.3 Lajes, reservatórios e escadas ................................................................................... 122
4.5.3.4 Sapatas ...................................................................................................................... 123
4.5.4 Configurações de vento ............................................................................................. 125
4.5.5 Materiais e Durabilidade .......................................................................................... 126
4.5.6 Verificações ao ELS .................................................................................................. 128
5 PROCESSAMENTO DA ESTRUTURA ..................................................................... 129
5.1 MODELO ESTRUTURAL COM FUNDAÇÕES ROTULADAS ............................... 129
5.2 MODELO ESTRUTURAL COM FUNDAÇÕES ELÁSTICAS (ISE) ........................ 130
6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS DAS ESTRUTURAS .............. 131
6.1 ESTABILIDADE GLOBAL ......................................................................................... 131
6.2 ESFORÇOS E DESLOCAMENTOS SOBRE AS FUNDAÇÕES ............................... 132
6.3 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS ......................................................................... 136
6.4 DESLOCAMENTOS NOS PILARES DE TOPO ......................................................... 136
6.5 ANÁLISE DE REDISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS .................................................. 137
6.5.1 Pórticos ....................................................................................................................... 137
6.5.2 Elemento com mudança de comportamento estrutural......................................... 141
6.5.3 Pilares super e subdimensionados ........................................................................... 143
6.6 QUANTITATIVOS DE MATERIAIS .......................................................................... 145
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 146
7.1 CONCLUSÃO ............................................................................................................... 146
7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 147
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 148
ANEXOS ............................................................................................................................... 152
ANEXO A – RELATÓRIO DE SONDAGEM SPT .......................................................... 153
ANEXO B – DETERMINAÇÃO DAS TENSÕES ADMISSÍVEIS ................................ 154
ANEXO C – PROCESSO ITERATIVO DE ANÁLISE POR MEIO DE
COEFICIENTES DE APOIO ELÁSTICOS ..................................................................... 155
18

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Muitas estruturas dimensionadas nas últimas décadas não obtiveram os resultados


esperados, apesar dos avanços nas técnicas construtivas, das novas concepções estruturais
aplicadas e do desenvolvimento de modelos computacionais de análise estrutural. Os projetos
estruturais estão cada vez mais complexos, o que aumentou a quantidade e a importância dos
critérios a serem considerados para a elaboração desses projetos. Entretanto, na prática, existem
situações onde alguns critérios acabam não recebendo a devida atenção, como é o caso da
consideração da interação solo-estrutura.
De acordo com Iwamoto (2000, p. 01), é comum que engenheiros de estruturas
elaborem projetos estruturais com a hipótese de apoios indeslocáveis, com isso, são obtidos
esforços solicitantes sobre as fundações da edificação. E a partir dessas informações,
engenheiros de fundações dimensionam as fundações a partir do cálculo de recalques que irão
sofrer e comparando-se com os admissíveis. Entretanto, devido as fundações estarem sujeitas
aos efeitos da deformação do solo, acabam por solicitar a estrutura de uma maneira diferente
do que foi estabelecido pelo modelo de apoios indeslocáveis. Diante deste quadro, percebe-se
que a disposição dos esforços sobre a estrutura e as cargas sobre o solo serão diferentes da
idealizada.
Segundo o autor (2000, p. 01), caberia uma revisão sobre a terminologia que separa
infra e superestrutura, visto que, as fundações (infraestrutura) sempre fazem parte de um
conjunto, ou seja, não existem por si só, já que são invariavelmente, fundações de uma
superestrutura. O que existe na prática, é a estrutura como um todo, considerando as fundações
como elementos constituintes dessa, e o maciço de solo, sobre o qual está disposta a estrutura.
Sendo que, a análise estrutural a partir de um modelo de estrutura única em relação ao solo,
recebe a denominação de interação solo-estrutura.
Este trabalho propõe a realização de uma análise comparativa entre um modelo
estrutural com a consideração da interação-solo-estrutura e outro com apoios indeslocáveis, sob
a ótica dos esforços sobre os pórticos estruturais e do dimensionamento dos elementos
estruturais que irão compor os pórticos, para que assim, seja possível verificar e comparar os
efeitos da consideração da interação solo-estrutura em relação aos modelos de apoio
indeslocáveis adotados usualmente nas fundações dos edifícios.
19

A partir da utilização de softwares computacionais, é possível atualmente, adotar a


consideração da interação solo-estrutura em projetos de estruturas de forma aproximada. De
todo modo, é essencial para a realização desse tipo de análise, que as características do solo
sobre o qual as fundações estarão assentes e os conceitos sobre processos de modelagem de
solos em programas computacionais, sejam muito bem compreendidos, para que dessa maneira,
as informações de esforços e deslocamentos fornecidas pela análise computacional possam ser
verificadas pelo engenheiro projetista.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Comparar os valores de esforços e o dimensionamento dos elementos que irão


compor os pórticos estruturais principais de um edifício alto, elaborados a partir da utilização
de apoios indeslocáveis (rótulas) e a partir da consideração da interação solo-estrutura (vínculos
elásticos).

1.2.2 Objetivos específicos

 Elaborar um modelo estrutural com a adoção de vinculações de apoio


indeslocáveis (rótulas) em sapatas rígidas.
 Utilizar o mesmo modelo estrutural, mas com a consideração da interação solo-
estrutura (ISE) por meio de vinculações elásticas em sapatas rígidas.
 Avaliar a influência da ISE em um edifício alto, sob a ótica dos parâmetros de
estabilidade global.
 Avaliar a influência do solo sobre a análise com ISE, sob a ótica de
deslocamentos e redistribuição de esforços nas fundações.
 Avaliar possíveis diferenças no dimensionamento de elementos estruturais.
 Avaliar a diferença de quantitativo de aço proveniente do dimensionamento dos
modelos estruturais.
20

1.3 JUSTIFICATIVA

A análise estrutural é a etapa mais importante na realização de um projeto estrutural.


Em vista disso, é necessário que ela represente da melhor maneira possível a distribuição dos
esforços sobre a estrutura de um edifício em elaboração, para que assim, sejam dimensionados
os elementos estruturais a serem executados para compor o edifício. Pois, de nada adianta
realizar uma análise e dimensionamentos dos elementos componentes de um modelo estrutural,
que não condiz com a realidade.
Diante disso, ao realizar uma análise estrutural com a consideração de apoios
indeslocáveis em detrimento de uma análise com a consideração da interação solo-estrutura, a
análise dos esforços e o dimensionamento dos elementos se torna mais próxima de um modelo
que não represente a realidade. Logo, em certos casos, dispensar essa consideração mais
realista, pode acarretar em uma estrutura dimensionada de modo à não combater da forma mais
adequada os esforços solicitantes, o que pode trazer prejuízos para a estrutura quanto à
utilização e durabilidade.
A análise estrutural com interação solo-estrutura resulta em esforços solicitantes
mais precisos, e consequentemente o dimensionamento de elementos mais precisos. Busca-se
neste trabalho, avaliar comparativamente o impacto sobre os elementos estruturais, no que diz
respeito à esforços solicitantes e diferenças no dimensionamento dos elementos estruturais, a
partir da elaboração de um modelo com apoios indeslocáveis e o mesmo modelo com o uso da
interação solo-estrutura.

1.4 ROTEIRO DO TRABALHO

Para compor a estrutura do trabalho, optou-se por organizá-lo em 7 capítulos, de


modo a conceber uma sequência lógica de assuntos a serem apresentados e proporcionar um
melhor entendimento sobre eles, sendo que o último capítulo aborda as considerações finais.
O primeiro capítulo constitui a introdução do trabalho, onde são apresentadas as
considerações iniciais sobre o tema escolhido, assim como os objetivos e a justificativa que
levaram a escolha do tema.
O segundo capítulo estabelece a fundamentação teórica do trabalho, sendo
separados em quatorze seções com os assuntos que serão abordados durante o desenvolvimento.
Desse modo, das seções 1 a 7 serão abordados assuntos referentes à elementos que compõem
uma infraestrutura, tensão admissível do solo, tipos de recalque, definições sobre a interação
21

solo-estrutura (ISE), formas de discretizar o solo em análises que considerem essa interação,
maneiras de se determinar o coeficiente de reação vertical e como aplicar métodos iterativos
por meio de molas para considerar a interação solo-estrutura (ISE). Já das seções 8 a 16, serão
abordados temas referentes à concepção estrutural e critérios normativos que devem ser
seguidos para a elaboração de um projeto de edifício em concreto armado.
No terceiro capítulo, é apresentado o método de pesquisa que será adotado para o
trabalho. Desta forma, explica-se a metodologia utilizada para se alcançar os objetivos gerais e
específicos estipulados no primeiro capítulo.
O quarto capítulo se refere à apresentação do projeto arquitetônico elaborado, como
se deu a sua preparação para importação no Eberick, quais foram os conceitos de concepção
estrutural utilizados e como foi feito o pré-dimensionamento dos elementos constituintes.
Especificou-se a ordem e os critérios utilizados no lançamento da estrutura no software, quais
tipos de materiais e cargas foram aplicadas e como o Eberick foi configurado para este trabalho.
No quinto capítulo explicou-se o processamento da estrutura para os dois modelos
estruturais adotados nos objetivos específicos.
A análise e comparação de resultados entre os dois modelos foi descrita no sexto
capítulo, onde avaliou-se a estabilidade global, esforços e deslocamentos sobre as fundações,
deslocamentos horizontais e nos pilares de topo, análise de redistribuição de esforços e
quantitativos de materiais componentes da estrutura, de modo a atender os objetivos específicos
definidos para este trabalho.
No sétimo capítulo foram abordadas as considerações finais, de modo a apresentar
a conclusão do trabalho, constatando o atendimento dos objetivos gerais e específicos definidos
para o trabalho, e as sugestões para trabalhos futuros.
22

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 ELEMENTOS DA INFRA-ESTRUTURA

Colares (2006, p. 14) define um sistema de fundação, como sendo formado por
elementos isolados, os quais são constituídos por elementos estruturais de fundação juntamente
com o solo que os circunda, que também serve de apoio para a superfície de contato do elemento
de fundação.
Ainda de acordo com o autor, os elementos estruturais de fundação (EEF) (Figura 1)
(sapatas, estacas, tubulões, etc.) são os que transferem os esforços resultantes da superestrutura
para o maciço de solos (MS) de forma segura, respeitando as prescrições normativas de
segurança e critério econômicos.

Figura 1 - Elementos isolados de fundação

Fonte: COLARES (2006, p. 14).

No que diz respeito às transferências de esforços para o solo, o autor (2006, p. 14)
determina que devem atender ainda as seguintes premissas:
a) Segurança em relação à ruptura do solo.
b) Recalques compatíveis com a estrutura.

Segundo o autor (2006, p. 14), a primeira premissa está associada ao fato de que o solo
sobre o qual as fundações estão assentes não pode sofrer ruptura, ou colapso. Enquanto, a
segunda premissa, determina que por mais que a transmissão dos esforços para o maciço de
solos seja efetuada de forma adequada e sem que haja a ruptura do solo, os recalques
apresentados pelas fundações devem estar de acordo com o porte da edificação e assim
atendendo os limites os quais a estrutura admite. Desse modo, devem-se analisar tanto os
recalques absolutos, quantos os diferenciais, para a verificação das condições de segurança,
desempenho e funcionalidade das fundações.
23

2.2 TENSÃO ADMISSÍVEL DO SOLO

De acordo com Cintra et al (2011, p. 109), a NBR 6122:2010 em seu item 7.3, define que,
a tensão admissível do solo deve ser obtida de forma à atender ao ELU (Estado limite último).
Sendo que, para isso, deve-se utilizar pelo menos uma das seguintes metodologias: prova de
carga em placa, métodos teóricos e métodos semiempíricos.
Já para a verificação quanto ao ELS (Estado limite de serviço), segundo os autores (2011,
p. 109), a mesma norma prescreve que a tensão admissível deve ser o maior valor de tensão
aplicada ao terreno, mas que respeite as deformações da estrutura ou os recalques limites.

2.2.1 Prova de carga

Segundo Teixeira e Godoy (1996, p. 235), o método para se estimar a tensão admissível
do solo por meio da prova de carga sobre placa, tem como premissa, simular o efeito que uma
sapata gera ao aplicar carregamento sobre o solo, por meio de uma placa com dimensões
reduzidas. Sendo que, os resultados do ensaio são analisados a partir de um gráfico tensão x
recalque (Figura 2). Além disso, segundo Cintra et al (2011, p. 114), deve-se atentar para que,
os resultados sejam interpretados de forma a considerar o efeito de escala entre o modelo de
placa reduzido e a sapata real a ser assentada, assim como as camadas de solo que irão sofrer
influência do carregamento.

Figura 2 – Gráfico tensão x recalque

Fonte: Teixeira e Godoy (1996, p. 236).


24

A metodologia da prova de carga será vista com mais detalhes no item 2.5.2 deste
trabalho. De todo modo, ainda conforme os autores (2011, p. 114), é possível analisar por duas
formas os dados de uma prova de carga.

2.2.1.1 Interpretação da curva tensão x recalque.

Segundo Cintra et al (2011, p. 114), em um primeiro momento analisa-se o gráfico


(Figura 3) de modo a se obter a capacidade de carga do solo (σr). Sendo assim, quando a curva
verticaliza em sua porção final, obtém-se uma ruptura nítida, logo, a capacidade de carga é
obtida pela intersecção desta vertical com o eixo das abscissas.

Figura 3 - Curva tensão x recalque de ensaio de placa em argila

Fonte: Cintra et al (2011, p. 42).

Ainda de acordo com os autores (2011, p. 114), caso a curvatura do gráfico seja aberta
(Figura 4), o patamar de ruptura não é mais nítido. Sendo assim, é necessário adotar um critério
arbitrário (convencional) para se determinar a ruptura. Considerando que, por aproximação,
transforma-se a porção final da curva em uma linha reta não vertical, é possível considerar o
ponto inicial deste trecho reto, como sendo o marco determinante da capacidade de carga
(convencional), pelo critério de Terzaghi (1943). Desta forma, tendo definido a capacidade de
carga, aplica-se um fator de segurança igual a 2, e assim, obtém-se a tensão admissível do solo
(equação 1).

σa ≤ σr/2 (1)
Equação 1
25

Figura 4 - Curva tensão x recalque de ensaio de placa em areia.

Fonte: Cintra et al (2011, p. 42).

2.2.1.2 Critério de Boston.

Segundo Vargas (1955) apud Teixeira e Godoy (1996, p. 237), é possível adotar uma
interpretação baseada nos critérios do código de obras da cidade de Boston (EUA), o qual
segundo, Cintra et al (2011, p.115), considera a existência de dois valores de recalque para a
determinação da tensão admissível (equação 2), sendo que, um diz respeito ao recalque de 10
mm e outro ao recalque de 25 mm, ou seja, σ10 e σ25 respectivamente.

σ10 (2)
σa ≤
σ25/2
Equação 2
Desta forma, analisam-se os valores obtidos, e adota-se o que resulta em menor tensão
admissível.

2.2.2 Métodos teóricos

Conforme Teixeira e Godoy (1996, p. 235), os métodos teóricos partem da aplicação de


fórmulas de capacidade de carga de modo a se obter a tensão de ruptura do solo, para que então,
seja aplicado um coeficiente de segurança F, e assim, seja determinada a tensão admissível do
solo (Equação 3). Segundo Cintra et al (2011, p. 111), de acordo com item normativo 6.2.1.1.1
da NBR 6122:2010, não sendo realizada uma prova de carga, adota-se o valor de, no mínimo,
3 para o fator de segurança global.

Equação 3 σa ≤ σr/3 (3)


26

2.2.3 Métodos semiempíricos

Segundo Cintra et al (2011, p. 116), a NBR 6122:2010 define os métodos semiempíricos,


como sendo metodologias que unem resultados de ensaios (como por exemplo, SPT, CPT, etc)
com tensões admissíveis. Sendo que, deve-se considerar os domínios de validade das aplicações
dos métodos, respeitando as dispersões dos dados e possíveis limitações regionais que cada
método pode possuir.

2.2.3.1 Correlação SPT.

De acordo com Teixeira e Godoy (1996, p. 239), o método da resistência à penetração


em sondagens é o método mais utilizado na prática de projeto. Sendo que, as primeiras
recomendações foram realizadas por Terzaghi (1948).
Ainda de acordo com os autores (1996, p. 239), por meio do valor N da resistência média
à penetração (SPT) (Figura 5), medido com o amostrador Raymond-Terzaghi, é possível
estimar a tensão admissível do solo, por meio da equação 4, indicada abaixo:

σa = 0,02 N (MPa) (4)


Equação 4
Para 5 ≤ N ≤ 20.

Figura 5 - Estimativa de N médio

Fonte: Teixeira e Godoy (1996, p. 239).


27

2.2.3.2 Correlação CPT.

Segundo Teixeira e Godoy (1996, p. 240), é possível estimar a tensão admissível do solo
(equações 5 e 6), por meio de correlação com os valores de resistência de ponta qc (MPa), o
qual, segundo Cintra et al (2011, p. 113) é o valor médio resultante no bulbo de tensões, e
conforme Teixeira e Godoy (1996, p. 240), são medidos por meio de ensaios de penetração
estática de cone (Figura 6). Sendo que, as equações apresentadas abaixo, são indicadas para
valores de qc > 1,5 MPa.

σa = qc/10 ≤ 4,0 MPa (5)


Equação 5
Para argilas
σa = qc/15 ≤ 4,0 MPa (6)
Equação 6
Para areias

Figura 6 - Estimativa do valor médio de qc.

Fonte: Teixeira e Godoy (1996, p. 240).

2.3 RECALQUES

Segundo Velloso e Lopes (2004, p. 84), uma fundação submetida à carregamentos sofre
recalques, sendo esses parcialmente de forma imediata após a aplicação do carregamento, e
parcialmente em decorrência da ação do tempo. Sendo que, o recalque sofrido imediatamente
28

após o carregamento, se trata do recalque instantâneo ou imediato (Figura 7), enquanto o outro,
se trata do recalque ocorrido em função do tempo. Com essas duas parcelas, pode-se obter o
recalque total ou final, que pode ser visto na equação 7.

𝑤𝑓 = 𝑤𝑖 + 𝑤𝑡 (7)
Equação 7
Sendo:
wf = recalque total
wi = recalque imediato
wt = recalque no tempo
Figura 7 - Recalques de uma fundação superficial sob carga vertical centrada.

Fonte: Velloso e Lopes (2004, p. 85).

Ainda de acordo com os autores (2004, p. 84), o recalque proveniente da ação do tempo,
ou recalque no tempo, está associado ao processo de adensamento do solo, onde ocorre a
migração da água contida nos poros. De modo que, ocorre uma redução do índice de vazios do
solo. Além disso, os efeitos do adensamento secundário, que apresenta um comportamento
viscoso, que é proveniente da fluência do solo, também exercem influência sobre o recalque no
tempo. Desse modo, o recalque no tempo pode ser representado pela equação 8.

𝑤𝑡 = 𝑤𝑎 + 𝑤𝑣 (8)
Equação 8
Sendo:
wt = recalque no tempo
wa = parcela devida ao adensamento
wv = parcela devida a fenômenos viscosos (fluência)
29

Segundo, Colares (2006, p. 15), esse tipo de recalque possui grande importância para
situações onde as fundações diretas estão assentes em argilas saturadas. Nesses casos, é
indicado que as fundações diretas estejam apoiadas em argilas sobreadensadas. Além disso, é
recomendável que as tensões admissíveis para essas fundações sejam compatíveis com a tensão
de pré-adensamento.
Ainda conforme o autor (2006, p. 16), para o cálculo do recalque imediato previsto, é
possível adotar hipóteses da teoria da elasticidade. Dessa maneira, o recalque imediato também
pode ser chamado de recalque elástico. Entretanto, como o solo não é um material elástico, os
recalques imediatos não apresentam um comportamento perfeitamente elástico. Logo, ao
ocorrer o descarregamento da fundação, as deformações não são inteiramente recuperáveis.
Com isso, percebe-se que a denominação do recalque imediato como elástico, não é
completamente adequada. De todo modo, devido ao comportamento elástico linear do conjunto
tensão-deformação sobre o qual o solo está submetido ser válido para tensões menores que a
tensão admissível do solo, considerando-se a influência dos fatores de segurança, a teoria da
elasticidade comprova a sua viabilidade.
Segundo Gusmão (1990, p. 09), além do recalque absoluto ou total (W), que recebe a
nomenclatura de “levantamento” caso o deslocamento vertical seja de baixo para cima, há
também o recalque diferencial (ΔW) entre fundações, que é definido como sendo a diferença
entre recalques totais de duas fundações e aponta o deslocamento relativo entre essas. O autor
ainda destaca a existência de uma rotação (θ), que retrata a mudança de inclinação da reta que
liga dois pontos da fundação. Esses fenômenos podem ser observados na figura 8.

Figura 8 - Definições de recalque absoluto, recalque diferencial e rotação

Fonte: Gusmão (1990, p. 10).

De acordo com Colares (2006, p. 16), a partir da obtenção de um valor de recalque


diferencial, pode-se determinar o recalque diferencial específico (δesp), que também é chamado
30

de distorção angular, e nada mais é que uma relação (Equação 9) entre o recalque diferencial
(ΔW ou δ) e o espaçamento (L) entre os pontos de referência de duas fundações.

δ (9)
δesp =
𝐿
Equação 9
Skempton & Macdonald (1956) apud Colares (2006, p. 17), realizaram análises sobre
diversos edifícios, com a intenção de observar o comportamento dessas edificações quanto aos
efeitos dos recalques diferenciais específicos (distorções angulares). Diante disso, Skempton &
Macdonald (1956) apud Cintra et al (2011, p. 89), definiram correlações (Figura 9) entre valores
limites de distorções angulares e os respectivos danos nas edificações.

Figura 9 - Distorções angulares limites SKEMPTON & MACDONALD (1956)

Fonte: Skempton & Macdonald (1956) apud Colares (2006, p. 17).

De maneira resumida, de acordo com Cintra et al (2011, p. 89), as distorções angulares


limites definidas por Skempton & Macdonald são:

δ/L = 1:300 – trincas em paredes de edifícios.


δ/L = 1:150 – danos estruturais em vigas e colunas de edifícios correntes.

Ainda de acordo com Velloso e Lopes (2004, p. 29), outros autores também sugeriram
correlações entre distorções angulares e respectivos danos causados sobre as edificações,
podendo-se citar Bjerrum (1963) e complementando esse, Vargas e Silva (1973).
31

Cintra et al (2004, p. 89), observa que correlações entre distorções angulares e


respectivos danos às edificações, devem ser analisadas com zelo, devido ao fato que essas
distorções angulares dependem de diversos aspectos, como: tipo e características do solo, tipo
de fundação adotada, além de informações referentes ao tipo, rigidez, porte da superestrutura e
propriedades dos materiais utilizados na construção dessa. Os autores ainda destacam que,
devido à ocorrência de recalques, ocorrerá uma redistribuição de esforços atuantes sobre a
superestrutura, o que acarretará em alterações nos recalques. Sendo assim, configurando o
efeito da interação solo-estrutura.
Velloso e Lopes (2004, p. 26 e 27), determinam que um edifício poderá sofrer
deformações de acordo com um dos tipos destacados na figura 10, ou até mesmo a partir de
uma composição desses. Sendo que, o primeiro tipo resulta em avarias estéticas e funcionais,
caso os recalques sejam elevados e avarias às ligações da estrutura com o meio exterior
(tubulações de água, esgoto, rampas, escadas, passarelas, etc). Já o segundo tipo, resultam em
avarias estéticas causadas pelo desaprumo da edificação, esse efeito é diretamente proporcional
à altura da edificação. Ocorrem ainda, avarias funcionais em função do desnível dos pisos e de
outros elementos. No terceiro tipo, além das avarias estéticas e funcionais descritas
anteriormente, que nesse caso, ocorrem devido as fissurações da estrutura, há também a
incidência de avarias estruturais.

Figura 10 - Principais modos de deformação de uma estrutura: (a) recalques uniformes, (b)
recalques desuniformes sem distorção, (c) recalques desuniformes com distorção

Fonte: Velloso e Lopes (2004, p. 27).


32

2.4 INTERAÇÃO SOLO-ESTRUTURA

2.4.1 Considerações gerais

O termo interação solo-estrutura, para Colares (2006, p. 19), pode abranger todos os
modelos de estrutura e o solo sobre o qual estão assentados. Logo, prédios, pontes, silos e muros
de arrimo podem ser enquadrados nesta concepção de análise. E essa funciona como um
mecanismo de ligação entre a estrutura, as fundações e o solo sobre o qual estão dispostas.
Sendo que, o processo de análise começa em conjunto com o início da construção e termina
apenas quando houver uma situação de equilíbrio, onde as tensões e deformações tanto sobre a
estrutura, quanto no solo tenham se estabilizado. (ANTONIAZZI, 2011, p. 15)
De acordo com Colares (2006, p. 13), é necessário para se realizar o estudo da interação
solo-estrutura, que exista um sistema de referência comum. No entanto, segundo Iwamoto
(2000, p. 02), é comum que engenheiros de estruturas e geotécnicos divirjam quanto ao sistema
de referência adotado. Isso se deve ao fato que engenheiros estruturais comumente adotam o
ponto da base da estrutura como a origem global, com o sentido para cima. Enquanto
engenheiros geotécnicos adotam que o sentido seja para baixo. Dessa maneira, separando o
objeto de atenção de cada área, sendo, para cima, a estrutura, e para baixo, a fundação.
Entretanto, nenhum desses sistemas é o mais adequado, visto que o ponto de referência adotado
é deslocável. Diante disso, o mais apropriado, seria adotar um ponto abaixo do solo, em
profundidade compatível com a camada indeslocável (Figura 11) e que fosse comum tanto para
a área estrutural quanto para a geotécnica.

Figura 11 - Sistema de referência do indeslocável

Fonte: Iwamoto (2000, p. 02).


33

Antoniazzi (2011, p. 13) explica que, inicialmente as reações de apoio de uma estrutura
devem percorrer as fundações, para que assim, possam ser absorvidas pelo solo, a qual as
fundações estão assentadas. Logo, para que esse mecanismo seja validado, acredita-se que ele
tenha a capacidade de assegurar a indeslocabilidade da base dos pilares. Diante dessa condição,
são elaborados numerosos projetos estruturais considerando-se a estrutura assente sobre base
rígida e indeslocável.
Ainda de acordo com a autora (2011, p. 13):
Normalmente o processo nos escritórios consiste em, de um lado, o projetista de
estruturas, desenvolvendo o projeto do edifício com a hipótese de apoios
indeslocáveis e, do outro lado, o projetista de fundações considerando as ações dos
apoios recebidas e projetando fundações, de maneira que seus deslocamentos sejam
compatíveis com a estrutura (superestrutura), não ocasionando danos que
comprometam a estabilidade, a utilização ou a estética. Com isso, não são
considerados os efeitos da rigidez da estrutura, bem como a sequência e o processo
construtivo, isto é, considera-se a estrutura já pronta, embora se saiba que as cargas
são aplicadas progressivamente, ao longo da construção do edifício. Logo, o que acaba
por ocorrer nos projetos reais é o desprezo deste mecanismo de consideração da
Interação Solo-estrutura (ISE).

Conforme Colares (2006, p. 20), a adoção da interação solo-estrutura resulta em uma


redistribuição de esforços nos elementos estruturais. Sendo que, esse comportamento é mais
intenso nos pilares, onde decorre uma transição de esforços dos pilares mais solicitados para os
pilares menos solicitados. Em vista disso, os pilares que receberem esses esforços, podem não
ter sido dimensionados de forma a atender a esses carregamentos extras, já que o modelo de
dimensionamento convencional não prevê essa sobrecarga, o que pode ocasionar em certos
casos, o colapso desses pilares. Além disso, devido a esse comportamento estrutural, os
recalques sofrerão mudanças de comportamento. Sendo que, os diferenciais são mais afetados
do que os totais (Figura 12). Antoniazzi (2011, p.15) ainda define que, a tendência de
uniformização dos recalques sofridos pela estrutura, está associado ao processo de
compatibilização das deformações em uma análise com ISE. E devido à diminuição da
curvatura da deformada de recalques, ocorre uma redução das distorções angulares da
edificação. Dessa maneira, também reduzindo as avarias que podem ocorrer em função do
surgimento de fissuras.
34

Figura 12 - Elaboração dos projetos estrutural e de fundações

Fonte: COLARES (2006, p. 20).

Ainda de acordo com Antoniazzi (2011, p. 14), ao se desconsiderar na etapa de análise


estrutural a capacidade de deformação do solo sem justificativa, existe grande possibilidade de
haver prejuízos ao desempenho em serviço da estrutura, o que pode causar maiores patologias
sobre ela e afetar sua segurança, além de gerar prejuízos econômicos.
A consideração da interação solo-estrutura na análise de estruturas em concreto armado
é de difícil modelagem, pois, diversos critérios precisam ser considerados, como sequência
construtiva, propriedades reológicas dos materiais e tipo de carregamento externo. Enquanto
para a estrutura de fundação, deve-se considerar, a transferência de carga ao solo e
circunstâncias de execução. Já para o terreno em que a fundação estará assente, deve-se
considerar aspectos como, heterogeneidade vertical e horizontal e impacto da ação do tempo
sobre os parâmetros geotécnicos (do maciço de solos). (ANTONIAZZI 2011, p. 15)
Os modelos mais utilizados para a consideração da interação solo-estrutura, dentre os
conhecidos, são os que abordam separadamente o sistema estrutural e o maciço de solo, sendo
possível discretizar ou não a estrutura de fundação. Isso se deve à simplicidade da aplicação
dessa metodologia, onde a deformabilidade do solo é obtida por meio da definição de molas
elásticas sobre o contorno estrutura-solo, considerando as propriedades mecânicas e a
compatibilização dos recalques da edificação, ou por meio da determinação de deslocamentos
verticais estimados. (ANTONIAZZI 2011, p. 15).
A autora (2011 p.16 e 36) ainda define que, para a aplicação do modelo de molas sob a
base da estrutura, se faz necessário o uso do módulo de reação vertical (kv).
35

2.4.2 Fatores que influenciam na análise com interação solo-estrutura

Para Colares (2006, p. 20), muitos são os fatores associados tanto à superestrutura,
quanto à solução de fundação, que podem interferir na análise com a interação solo-estrutura
(ISE). Sendo que, essa interferência pode assumir diferentes magnitudes. Desse modo,
Antoniazzi (2011 p. 16) cita alguns dos fatores que podem ser destacados como, a influência
dos primeiros pavimentos, o número de andares da edificação, o processo construtivo, forma
da planta baixa do edifício, edifícios vizinhos, rigidez relativa estrutura-solo, entre outros.

2.4.2.1 Edificações vizinhas

Segundo Reis (2000, p. 109), Costa Nunes (1956) foi o primeiro a discutir a influência
de construções vizinhas sobre as configurações dos recalques e desaprumos de edifícios, e
separou em quatro grupos os movimentos característicos causados pelos carregamentos das
edificações vizinhas, considerando a época da construção delas.
Costa Nunes (1956) apud Reis (2000), define que o primeiro grupo abrange casos de
edificações vizinhas construídas de maneira simultânea, sendo assim, gerando uma
sobreposição das tensões na porção de solo existente entre as edificações, causadas pelos seus
carregamentos, o que intensifica os recalques nesta região (Figura 13). O segundo grupo, de
acordo com o autor, abrange os casos em que as edificações vizinhas não são construídas de
forma simultânea, em que a primeira gera pré-adensamento do solo, enquanto a segunda gera
um acréscimo de tensões sobre o maciço, que acabam se somando às tensões aplicadas pela
primeira edificação, e assim, intensificando os recalques dessa (Figura 14).

Figura 13 - Efeito de construções vizinhas – carregamento simultâneo

Fonte: Reis (2000, p. 110)


36

Figura 14 - Efeito de construções vizinhas – carregamento não simultâneo

Fonte: Reis (2000, p. 110)

O autor define o terceiro grupo como sendo o que abrange os casos em que é construída
uma nova edificação entre duas já existentes, já o quarto grupo abrange o caso contrário em que
duas novas edificações são construídas adjacentes à uma existente. Desta forma, segundo o
autor no caso do terceiro grupo, ocorre um acréscimo de tensões sobre o maciço, que se somam
às tensões aplicadas pelas edificações já existentes, o que intensifica os recalques que essas
sofrem em sentidos contrários (Figura 15). Em contrapartida, para o autor, no quarto grupo
(Figura 16) como o maciço encontra-se pré-adensado devido à existência de uma edificação,
quando os novos prédios forem construídos, haverá um acréscimo de tensões sobre o maciço.
Entretanto, como o diagrama de tensões aplicadas sobre o maciço se mantém simétrico em
relação ao edifício já existente, a tendência é que ele não sofra desaprumos. Já para o caso dos
novos edifícios, como serão executados posteriormente sobre solo pré-adensado, na região mais
próxima à edificação existente ocorrerão os menores recalques, enquanto os maiores recalques
ocorrerão no lado contrário ao edifício já existente

Figura 15 - Efeito de construções vizinhas – terceiro prédio construído entre dois carregamentos

Fonte: Reis (2000, p. 111)


37

Figura 16 - Efeito de construções vizinhas – dois prédios construídos ao lado de um já existente

Fonte: Reis (2000, p. 112)

Reis (2000 p. 112) desenvolveu um estudo paramétrico, onde considerou-se a situação


descrita pelo primeiro grupo definido por Costa Nunes (1956), ou seja, dois edifícios
construídos de maneira simultânea. Sendo que para a análise, adotou-se rigidezes idênticas para
os edifícios. E como resultado, o estudo apontou que quanto maior a distância entre os edifícios,
menores serão os recalques induzidos por construções vizinhas.

2.4.2.2 Rigidez relativa estrutura-solo

Segundo Antoniazzi (2011, p. 19), a solidariedade provinda das vinculações físicas


existentes entre os elementos estruturais, como lajes, vigas e pilares, também confere certa
rigidez à ação dos recalques diferenciais, resultando assim em recalques diferenciais menos
intensos e consequentemente uma deformada mais amena da estrutura.
Meyerhof (1953) apud Reis (2000, p. 20) define a rigidez relativa, como sendo a relação
entre a rigidez da superestrutura e a rigidez do solo. Conforme indicado na equação 10.

𝐾𝑒 𝑛. ∑(𝐸. 𝐼/𝑙 ) (10)


𝐾𝑠𝑠 = =
𝐾𝑠 𝐸𝑠

Equação 10
Sendo:
Kss – Rigidez relativa estrutura-solo.
Ke – Rigidez da superestrutura.
Ks – Rigidez do solo.
n – Número de pavimentos.
38

E – Módulo de elasticidade da superestrutura.


I – Inércia da seção transversal de cada viga.
l – Comprimento dos vãos.
Es – Módulo de deformabilidade do solo.

O autor considera que a rigidez da superestrutura é discretizada por meio de uma viga
equivalente, a qual representa o somatório de rigidezes a flexão das barras que compõem um
pórtico (Figura 17). Já a rigidez do solo é representada pelo módulo de elasticidade do solo.

Figura 17 - Conjunto constituído por fundação e superestrutura (a) e por fundação e viga
equivalente (b)

Fonte: Veloso e Lopes (2011, p. 125)

Comprovando o modelo proposto por Meyerhof (1953), Lopes e Gusmão (1991) apud
Colares (2006, p. 21), analisaram o comportamento de um pórtico modelado como edificação
em concreto armado, apoiado sobre meio elástico, adotando a metodologia para o cálculo da
rigidez relativa estrutura-solo conforme indicado na equação 11.

𝐾𝑒 𝐸𝑐. 𝐼𝑏 (11)
𝐾𝑠𝑠 = =
𝐾𝑠 𝐸𝑠. 𝑙
Equação 11
Sendo:
Ec – Módulo de elasticidade do material da estrutura
Es – Módulo de elasticidade do solo.
Ib – Momento de inércia da viga equivalente.
l – Comprimento do vão entre pilares.
39

Lopes e Gusmão (1991) apud Colares (2006, p. 21) concluíram, conforme indicado na
figura 18, que uma elevação na rigidez relativa entre estrutura e solo (Kes), resulta em valores
menores de recalques, sendo que, esse comportamento é mais intenso para o recalque
diferencial.

Figura 18 - Recalque versus rigidez relativa estrutura-solo.

Fonte: Lopes e Gusmão (1991) apud Colares (2006, p. 21).

2.4.2.3 Número de pavimentos

Segundo Gusmão (1990, p. 59), a partir do cálculo da rigidez relativa entre estrutura e
solo, percebe-se que, quanto maior o número de pavimentos em um edifício, maior será a sua
rigidez relativa, e menores serão os recalques diferenciais. Entretanto, a tendência à
uniformização dos recalques não cresce linearmente, conforme o número de pavimentos. Goshy
(1978) apud Gusmão (1990), observou que, os primeiros pavimentos possuem maior
participação na uniformização dos recalques, devido a estruturas abertas com painéis terem
comportamento, semelhante ao de vigas parede. Desse modo, segundo Gusmão Filho (1998, p.
258), os pavimentos mais inferiores da estrutura compõem a altura virtual da viga parede, e
assim, tendem a sofrer deformações somente à flexão (Figura 19), enquanto, os demais
pavimentos superiores atuam como chapa, os quais distribuem o carregamento sobre a viga e
sofrendo poucas interferências pela movimentação dos andares de baixo. Além disso, Goshy
(1978) apud Gusmão (1990), também constatou que a participação na uniformização dos
recalques também depende da rigidez relativa estrutura-solo, e se torna maior, na medida que o
valor dessa rigidez relativa aumenta (Figura 20). Para analisar o fator de contribuição de cada
pavimento, o autor analisou um edifício de quinze pavimentos, conforme indicado na equação
12.
40

Figura 19 - Modelo da analogia da viga-parede

Fonte: Goshy (1978) apud Gusmão (1990, p. 60).

∆𝑤1 − ∆𝑤𝑛 (12)


𝐹𝑐 =
∆𝑤1 − ∆𝑤15
Equação 12
Sendo:
∆𝑤1 – Recalque diferencial máximo considerando-se a ISE para o caso do pórtico com 1
pavimento.
∆𝑤15 – Recalque diferencial máximo considerando-se a ISE para o caso do pórtico com 15
pavimentos.
∆𝑤𝑛 – Recalque diferencial máximo considerando-se a ISE para o caso do pórtico com n
pavimentos.
Ainda segundo o autor (1990, p. 62), o valor do fator de contribuição representa a
participação dos n primeiros pavimentos na redução total do recalque diferencial estimado,
considerando uma elevação de rigidez referente à quinze pavimentos.
41

Figura 20 - Variação de FC em função do número de pavimentos da edificação para diferentes


valores de Kss.

Fonte: Goshy (1978) apud Gusmão (1990, p. 61).

Moura (1995) apud Colares (2006 p. 22), determina que, por conta dos efeitos da
interação solo-estrutura, as solicitações nos elementos da superestrutura, em especial os
momentos fletores nas vigas e pilares, possuem maior intensidade nos primeiros pavimentos e
tendem a reduzir nos pavimentos superiores.
De acordo com Gusmão Filho (1998, p. 242) a estrutura em um determinado ponto da
construção, atinge uma rigidez limite, sendo que, isso está atrelado ao número de pavimentos,
onde a partir de um pavimento “n”, o acréscimo no número de pavimentos eleva a carga total
dos pilares, mas os recalques diferenciais se mantêm constantes. Desse modo, a configuração
dos recalques diferenciais não se altera. Entretanto, os recalques totais aumentam de acordo
com a elevação de carregamentos provenientes do acréscimo de pavimentos do edifício. O autor
(1998, p. 240 e 242) ainda destaca que, alcançada a rigidez limite, a redistribuição de
carregamentos sobre os pilares tende a cessar. De modo que, não há alteração no valor da
porcentagem de carga que cada pilar suporta devido à consideração da interação solo-estrutura.
Já para os casos onde a rigidez limite não é atingida, conforme a estrutura é carregada, por não
haver uma rigidez considerável para contrapor os recalques diferenciais, ela sofre elevada
influência dos carregamentos provenientes destes recalques. Sendo que, esse tipo de situação
pode ocorrer em casos onde a rigidez do solo é muito elevada em relação à estrutura.
42

2.4.2.4 Processo construtivo

Segundo Antoniazzi, (2011, p. 22), ao se estudar a interação solo-estrutura, é comum


utilizar a premissa de que todo o carregamento da estrutura começa a solicitar a edificação
apenas após o término de sua construção. Entretanto, sabe-se que, conforme aumenta-se o
número de pavimentos, a estrutura se torna mais rígida (Figura 21). Em vista disso, o processo
construtivo da edificação não pode deixar de ser considerado no estudo da interação solo-
estrutura.

Figura 21 - Influência da construção nos recalques

Fonte: Gusmão e Gusmão Filho (1994), apud Antoniazzi (2011, p. 23)

Ainda segundo a autora (2011, p. 22), dar importância ao processo construtivo em uma
análise com a consideração da interação solo-estrutura, consiste em aplicar carregamentos
gradativos sobre a estrutura. De modo que, segundo Holanda Jr (1998, p. 112 e 113), em um
primeiro momento, o pórtico seja composto apenas pelas barras que compõem o primeiro
pavimento, e o carregamento aplicado seja referente apenas a esse pavimento. Já na etapa
seguinte, são adicionadas ao pórtico as barras referentes ao segundo pavimento, e aplica-se
sobre a estrutura, apenas as cargas associadas a este pavimento. Sendo que, ao término de cada
etapa, é efetuada uma análise estática linear de modo a avaliar o comportamento da estrutura.
O procedimento de acréscimo de carregamentos continua até que seja alcançado o topo da
edificação (Figura 22).
43

Figura 22 - Sequência construtiva para a análise incremental (considerando a ISE)

Fonte: Antoniazzi (2011, p. 23)

2.4.2.5 Influência do tempo

Segundo Chamecki (1969) apud Antoniazzi (2000, p. 25), pode-se dividir em quatro
casos (Figura 23) a interação entre solo e estruturas com variadas rigidezes sob a influência do
tempo, sendo possível analisar os casos quanto ao comportamento dos recalques e das pressões
de contato com solo.

Figura 23 - Casos de interação solo-estrutura

Fonte: Antoniazzi (2011, p. 25).

O primeiro caso, segundo Chamecki (1969) apud Antoniazzi (2000, p.25), se trata do
caso a, o qual agrupa estruturas infinitamente rígidas, as quais apresentarão recalques
uniformes. Logo, devido ao solo tender a deformar mais na porção central da edificação, em
função da continuidade parcial do solo existente, a distribuição das pressões de contato entre as
44

fundações e o solo apresentarão uma disposição não uniforme, onde nas extremidades
apresentarão valores máximos, e no centro valores mínimos. Essa distribuição é análoga ao de
um corpo infinitamente rígido apoiado sobre meio elástico. O comportamento que estruturas
infinitamente rígidas apresentam é independente da influência do tempo. Sendo que, casos de
edifícios muito altos que tenham o fechamento das paredes resistentes cooperando de forma
conjunta com a estrutura, podem se enquadrar nesse modelo de comportamento.
Opostamente ao caso a, o caso d, de acordo com Chamecki (1969) apud Antoniazzi
(2000, p.26), agrupa estruturas que não possuem rigidez a incidência de recalques diferenciais.
Em vista disso, estruturas que se enquadram nesse caso, se moldam perfeitamente às
deformações que ocorrem no maciço de solo, e consequentemente, a distribuição das pressões
de contato entre as fundações e o solo apresentarão uma disposição uniforme, e que não se
modifica conforme os recalques se intensificam. Assim como visto no caso anterior, esse
modelo de estrutura não sofre influência da ação do tempo. Sendo que, estruturas isostáticas, e
com grandes extensões ao longo do eixo horizontal, se enquadram nesse modelo de
comportamento.
O caso b, conforme Chamecki (1969) apud Antoniazzi (2000, p.26), compreende
estruturas perfeitamente elásticas, e assim como os casos já vistos, não apresenta diferença de
comportamento devido à influência do tempo. Logo, estruturas que se enquadram nesse modelo
possuem rigidez suficiente de modo a não dependerem da velocidade de progressão de
recalques. De todo modo, os recalques diferenciais que esse caso de estrutura sofre, serão
maiores que o caso de estruturas infinitamente rígidas, mas menores que o caso de estruturas
que não apresentam rigidez, e a distribuição das pressões de contato entre fundações e o solo
não sofre grandes alterações durante a ocorrência dos recalques. Estruturas de aço podem ser
enquadradas nesse modelo de comportamento.
O caso c, de acordo com Chamecki (1969) apud Antoniazzi (2000, p.26), abrange as
estruturas visco-plásticas, onde se enquadram as estruturas em concreto armado, que
apresentam rigidez em função da velocidade do avanço dos recalques diferenciais. Logo, a
rigidez de estruturas que se enquadram nesse modelo apresentam dependência da ação do
tempo. Sendo que, caso os recalques ocorram rapidamente, o comportamento da estrutura se
aproximará ao do caso b. Entretanto, caso os recalques ocorram lentamente, a estrutura se
comportará conforme um líquido viscoso, de maneira semelhante ao caso d. A característica
viscosa do concreto armado está associada à sua fluência, que causa uma redistribuição de
tensões para as peças estruturais menos carregadas, de modo a suavizar as tensões locais mais
elevadas.
45

2.4.2.6 Forma da planta baixa

Gusmão (1990, p. 68) determina que, devido à resultados de medições de recalques


realizadas em vários tipos de edifícios, percebe-se que existe uma certa influência da forma da
planta baixa de edificação sobre a tendência de uniformização dos recalques.
Segundo Barata (1986) apud, Gusmão (1990, p. 68), quanto mais o formato da planta
baixa de uma edificação se aproxima de um quadrado, maior será a tendência de ocorrer uma
uniformização dos recalques da estrutura. Gusmão (1990) ainda observa que, este efeito tende
a diminuir, conforme aumenta-se a rigidez relativa estrutura-solo (Kss). Em contrapartida, a
influência do formato da planta baixa de uma edificação sobre a uniformização dos recalques,
possui maior intensidade para estruturas com menores rigidezes relativas estrutura-solo, ou seja,
estruturas mais flexíveis, conforme pode ser visto na figura 24.

Figura 24 - Variação de recalque diferencial máximo em função de Kss para um pórtico


longitudinal central

Fonte: Gusmão (1990, p. 73).


46

2.4.3 Modelos de solo para análise da interação solo-estrutura

Segundo Velloso e Lopes (2004, p. 126), as principais formas (Figura 25) de retratar o
solo em uma análise da interação solo-estrutura, são as seguintes:

 Hipótese de Winkler.
 Meio contínuo.

Figura 25 - Modelo de Winkler (a – c) e modelo do meio contínuo (d – e).

Fonte: Velloso e Lopes (2004, p. 126).

O meio contínuo, de acordo com os Velloso e Lopes (2004, p. 127), pode ser do tipo
elástico (Figura 25.d) ou elasto-plástico (Figura 25.e). Sendo que, no primeiro tipo, existem
soluções para vigas e placas a partir da teoria da elasticidade. Enquanto para o segundo tipo,
por ser um modelo que exige uma solução por meio do método dos elementos finitos, ou seja,
de complexidade elevada de elaboração e análise, geralmente não é utilizado em projetos
usuais. Em vista disso, o segundo tipo não será abordado neste trabalho.

A hipótese de Winkler, segundo os autores (p. 126), considera que as pressões (q) na
interface de contato entre uma fundação e o solo sobre o qual ela está assente são proporcionais
aos recalques (w) sofridos pela fundação (Figura 25.a). Isso pode ser verificado na equação 13.

𝑞 = 𝑘𝑣 . 𝑤 (13)
Equação 13
47

De acordo com Medeiros (2013, p. 64), a constante de proporcionalidade entre a tensão


média que a base de uma fundação aplica e o respectivo recalque que ela gera, é representado
pelo coeficiente de recalque (kv), que segundo Velloso e Lopes (2004, p. 127), também é
conhecido como coeficiente de reação vertical, módulo de reação, entre outros termos.

O comportamento de proporcionalidade entre tensões aplicadas e recalques sofridos, de


acordo com Velloso e Lopes (2004, p. 127), é usual de molas (Figura 25.b) e segundo Medeiros
(2013, p. 64), a hipótese de Winkler utiliza desse conceito, sendo o solo representado por meio
de um colchão de molas independentes entre si, sobre o qual estará assente uma viga ou placa
submetida a ação de carregamentos, que por consequência desses, sofrerá recalques. Em vista
disso, segundo Velloso e Lopes (2004, p. 127), o modelo idealizado por Winkler também é
chamado de modelo de molas ou ainda por modelo de fluido denso, já que se comporta de
maneira semelhante à uma membrana assente sobre fluido denso (Figura 25.c).

Holanda Jr (1998, p. 24), define a hipótese elaborada por Winkler como sendo um
modelo simplificado, pois, por mais que seja considerado o fato de que uma deformação do
solo sofrida em um ponto qualquer é diretamente proporcional à tensão aplicada sobre esse
ponto (Figura 26), não se considera a influência que carregamentos em regiões adjacentes
poderiam ter sobre as deformações do solo contido neste ponto, ou seja, considera-se para esse
ponto, apenas a influência que um carregamento sobre ele teria. Sendo que, de acordo com de
Souza e dos Reis (2008, p. 162), os possíveis erros provindos dessa desconsideração tendem a
ser mais acentuados para o caso de solos com baixa rigidez.

Figura 26 - Hipótese de Winkler: deformabilidade do solo através de molas discretas

Fonte: Antoniazzi (2011, p. 61).


48

2.4.3.1 Método simplificado baseado na hipótese de Winkler

Scarlat (1993) apud de Souza e dos Reis (2008, p. 162), informa que em teoria, a maneira
mais adequada e assertiva para a consideração da deformabilidade do solo por meio da interação
solo-estrutura, seria através de um estudo interativo, utilizando modelos tridimensionais para
unificar a estrutura e o solo, onde esse poderia ser analisado até o ponto sobre o qual as tensões
a ele submetidas, poderiam ser desconsideradas. Entretanto, salvo em exceções, esse tipo de
estudo, na prática não costuma ser utilizado em larga escala em função da dificuldade de
modelar análises como essa, devido à complexidade dos modelos matemáticos adotados, como
o método dos elementos finitos, conforme indicado anteriormente.

Segundo Scarlat (1993) apud Antoniazzi (2011, p. 34), devido à elaboração do modelo
de análise descrito acima ser de difícil execução, é possível utilizar um modelo simplificado
baseado na hipótese de Winkler para discretizar a rigidez do solo e considerar os efeitos da
deformabilidade deste (Equação 14). Sendo que, conforme Antoniazzi (2011, p. 62), a rigidez
de um solo pode ser representada por duas formas. Logo, enquanto o coeficiente de reação
vertical (kv) retrata a rigidez de um solo que resiste à um deslocamento em função da ação de
uma pressão atuante (Figura 27), conforme indicado na equação 15, o coeficiente de apoio
elástico (km), o qual é diretamente proporcional ao coeficiente de reação vertical (kv) e a área
carregada (Af), utiliza uma força (Figura 28) e não uma pressão para retratar a rigidez (equação
16).

𝑘𝑚 (14)
𝑘𝑣 =
𝐴𝑓
Equação 14
Sendo:
km = Coeficiente de apoio elástico
kv = Coeficiente de reação vertical
Af = Área carregada

𝑝 = 𝑘𝑣 . 𝑑 (15)
Equação 15
49

Sendo:
p = Pressão atuante
kv = Coeficiente de reação vertical
d = Deslocamento

Figura 27 - Coeficiente de reação vertical, quociente entre pressão – deslocamento.

Fonte: CAD/TQS 2011 (2011, p. 30).

𝑓 = 𝑘𝑚 . 𝑑 (16)
Equação 16

Sendo:
f = Força atuante
km = Coeficiente de mola
d = Deslocamento

Figura 28 - Coeficiente de mola, quociente entre força – deslocamento

Fonte: CAD/TQS 2011 (2011, p. 30).


De acordo com Antoniazzi (2011, p. 61), a hipótese de Winkler, por ser um modelo em
que os deslocamentos são diretamente proporcionais às tensões aplicadas, é possível que ele
50

seja adotado tanto para discretizar fundações submetidas à carregamentos verticais, como
sapatas isoladas, sapatas corridas e radiers, quanto para fundações submetidas à carregamentos
horizontais, como estacas sob ações horizontais e estruturas para escoramento de escavações.
A autora (2011, p. 35) determina ainda que, caso seja considerado que posteriormente à
ocorrência da deformação elástica do solo, a base da fundação continue rígida. É possível adotar
uma simplificação para considerar a variação das tensões como linear. Para isso, pode-se trocar
a série de molas discretas, por três molas globais localizadas no centro da fundação:

Km(v) = coeficiente de mola para os deslocamentos verticais.


Km(h) = coeficiente de mola para os deslocamentos horizontais.
Km(θ) = coeficiente de mola para as rotações.

Ainda de acordo com a autora (2011, p. 35), a partir dos coeficientes de mola, é possível
determinar os deslocamentos com base na hipótese de Winkler, conforme indicado nas
equações 17, 18 e 19.

𝐹 𝐹 (17)
𝜌= =
𝑘𝑚(𝑣) 𝑘𝑣. 𝐴𝑓

𝐻 𝐻 (18)
𝑣= =
𝑘𝑚(ℎ) 𝑘ℎ. 𝐴𝑓

𝑀 𝑀 (19)
𝜑= =
𝑘𝑚(θ) 𝑘𝜃. 𝐼𝑓
Equação 17
Equação 18
Equação 19

Sendo:
F = Carregamento vertical
H = Carregamento horizontal
M = Momento fletor
ρ = Deslocamento vertical
v = Deslocamento horizontal
θ = Rotação

Segundo de Souza e dos Reis (2008, p. 163), usualmente considera-se que kv = kh = kθ.
Desse modo, os coeficientes de recalque horizontais (kh) e de rotação (kθ) possuem valores
iguais ao coeficiente de reação vertical (kv). De todo modo, existem diversos ensaios que
51

mostram que os valores dos coeficientes são diferentes. Isso está associado ao fato que o
coeficiente de reação vertical (kv) não configura uma propriedade do solo, e é definido em
função de diversos elementos, como, forma e dimensões da fundação, flutuações de
carregamento e o modelo de construção.

2.4.3.2 Respostas dos diferentes modelos

Segundo Velloso e Lopes (2004, p. 127), analisando-se os casos de rigidez quase infinita
e quase nula para fundações, é possível perceber com maior nitidez as distinções dos resultados
que os modelos a partir da hipótese de Winkler e meio contínuo fornecem. Em vista disso,
percebe-se que a distribuição de pressões (q) de contato atuantes para o caso de rigidez quase
infinita possui diferença entre os modelos de discretização (Figura 29).

Figura 29 – Rigidez quase infinita

Fonte: Velloso e Lopes (2004, p. 127).

Já, para o caso de rigidez quase nula, percebe-se que a distribuição de recalques (w)
sobre a fundação possui diferença considerável entre os modelos de discretização (Figura 30).
52

Figura 30 - Rigidez quase nula

Fonte: Velloso e Lopes (2004, p. 127).

2.5 METODOLOGIAS PARA A DEFINIÇÃO DO COEFICIENTE DE REAÇÃO


VERTICAL (KV)

2.5.1 Considerações gerais

Conforme já visto, o coeficiente de reação vertical (kv) representa a constante de


proporcionalidade entre uma tensão média (𝜎) que a base de uma fundação aplica e o
deslocamento (y) sofrido devido à aplicação desta tensão (Equação 20).

𝜎 (20)
𝑘𝑣 =
𝑦
Equação 20
Segundo de Souza e dos Reis (2008, p.163), é possível determinar o coeficiente de
reação vertical (kv) de formas diferentes, como por exemplo, a partir de ensaios de placas,
tabelas com valores típicos, e segundo Antoniazzi (2011, p. 36), por meio da determinação do
recalque vertical estimado.

2.5.2 Ensaio de placa

Segundo Medeiros (2013, p. 45), para se obter uma análise mais precisa sobre o
funcionamento de uma fundação sobre o efeito de tensões e recalques, seria necessário utilizar
53

um modelo em escala real. Entretanto como na prática isso é inviável, pode-se adotar o ensaio
de placa como solução, o qual é balizado pela NBR 6489:1984, e de acordo com Cintra et al
(2004, p. 80), a prova de carga em placa consiste em um ensaio que por meio de uma placa,
aplica-se compressão sobre a superfície de um solo. Sendo que, pela norma americana, a placa
é quadrada e possui dimensão de 30 cm (1 pé), enquanto no Brasil, a placa é circular, de aço,
rígida e possui 80 cm de diâmetro. Antoniazzi (p. 37 e 38) complementa, informando que as
cargas verticais são aplicadas em etapas sobre o centro da placa. Desse modo, pode-se realizar
a leitura das deformações de maneira concomitante com o acréscimo de carregamentos. E de
acordo com Medeiros (2013, p. 45), o ensaio tem como objetivo, simular de forma aproximada
o funcionamento do elemento de fundação superficial e sua respectiva interação com o solo
sobre o qual está assente.
Todavia, de acordo com Décourt e Quaresma Filho (1996) apud Antoniazzi (2011, p.
37), o ensaio de placa também não conta com larga utilização no meio prático, por mais que
seja a forma ideal para se obter as informações de carga-recalque dos elementos de fundação.
Sendo que as razões para a pouca utilização envolvem desde questões financeiras, como
elevado custo, quanto questões de tempo, como elevado tempo de execução. Além disso, de
acordo com Cintra et al (2004, p. 80) existe ainda o empecilho da necessidade de se realizar
para uma mesma tensão admissível, uma extrapolação direta dos resultados de recalques sobre
as placas para se adequar aos recalques sobre os elementos de fundação.
De acordo com Holanda Jr (1998, p. 41), a partir do estudo da curva “pressão – recalque
da placa” gerado como resultado do ensaio de placa, pode-se obter o coeficiente de recalque.
Para isso, analisa-se a inclinação inicial (longe da ruptura) da curva, a qual informa o coeficiente
de reação vertical (kv, prim), indicado na figura 31. O autor utiliza como base para a sua
explicação, a placa normatizada pela norma americana, ou seja, quadrada com 30 cm (1 pé) de
dimensão. Com isso, segundo o autor (1998, p.41) é comum que o coeficiente de reação vertical
obtido a partir da utilização deste tipo de placa, seja representado por k0 ou ks1. Além disso, a
curva pressão-recalque da placa pode apresentar comportamento não linear acentuado. Desse
modo, quando esse tipo de situação ocorre, o coeficiente de recalque (kv, ur) deve ser obtido
através de uma região de pressões prevista, e posterior à ciclos de cargas, caso necessário, assim,
como indicado na figura 31.

Figura 31 - Gráfico construído com ensaios de placa para obtenção de kv


54

Fonte: Holanda Jr (1998, p. 41)

Segundo Velloso e Lopes (2004, p. 115 e 128), o coeficiente de recalque (kv) obtido
pelo método do ensaio de placa precisa ser ajustado para considerar de maneira adequada a
forma e as dimensões do elemento de fundação em estudo. E ainda segundo os autores, isso se
deve ao fato de o coeficiente de recalque não ser uma característica única do solo, mas também
uma resposta do solo diante da aplicação de um carregamento por meio do elemento de
fundação, conforme visto anteriormente.
Cintra et al (2011, p. 81) definem que, considerando uma análise entre modelo x
protótipo, a partir de uma placa e uma sapata de formatos circulares e ambas apoiadas sobre a
superfície de um maciço de solo, com diâmetros Bp e Bf, pode-se adotar a seguinte relação:

𝐵𝑓/ 𝐵𝑝 = 𝑛 (𝑐𝑜𝑚 𝑛 > 1)


Sendo:
Bp = Diâmetro da placa
Bf = Diâmetro da sapata

Desse modo, ainda segundo os autores (2011, p. 81), mesmo com sapatas retangulares
ou com formatos irregulares, pode-se adotar uma sapata fictícia de área equivalente de formato
circular, e assim, mantém-se a proporção tanto para os bulbos de tensões, quanto para os
“bulbos” de recalques. Isso pode ser verificado na figura 32.
55

Figura 32 - Relação modelo x protótipo

Fonte: Cintra et al (2011, p. 81)

De acordo com Velloso e Lopes (2004, p. 116), para meios em que o módulo de
elasticidade (E) cresce de maneira linear com a profundidade (z), como, segundo Antoniazzi
(2011, p. 40) é o caso de solos arenosos, a equação 21 abaixo pode ser usada para corrigir o
coeficiente de recalque (kv):

𝑘𝑣(𝐹𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜) = 𝑘𝑣(𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎) . (𝐵 + 𝑏)/2𝐵 ² (21)


Equação 21
Sendo:
kv (Fundação) = Coeficiente de recalque da fundação
kv (Placa) = Coeficiente de recalque da placa
B = Menor dimensão da base da sapata
b = Menor dimensão da placa

Já, segundo os autores (2004, p. 116), para meios em que o módulo de elasticidade (E)
é constante, ou seja, o meio é homogêneo, como, segundo Antoniazzi (2011, p. 41) é o caso de
solos argilosos rijos e muito rijos, a seguinte equação (22) pode ser usada para corrigir o
coeficiente de recalque (kv):

𝑏. 𝐼𝑠, 𝑏 (22)
𝑘𝑣 (𝐹𝑢𝑛𝑑𝑎çã𝑜) = 𝑘𝑣(𝑃𝑙𝑎𝑐𝑎)
𝐵. 𝐼𝑠, 𝐵
Equação 22
Sendo:
Is = Fator de forma (Figura 33)
56

Figura 33 - Fatores de forma Is, para carregamentos em um meio de espessura infinita.

Fonte: Perloff (1975) apud Velloso e Lopes (2004, p. 94)

2.5.3 Valores típicos

Segundo Velloso e Lopes (2004, p. 127), é possível estimar o coeficiente de reação


vertical (kv), por meio do uso de valores típicos que são disponibilizados na literatura.
De acordo com os autores, Terzaghi (1955) fornece valores de kv que foram obtidos por
meio de ensaios de placa quadrada de 1 pé (ks1) de dimensão, e podem ser verificados na figura
34 abaixo.

Figura 34 - Valores de ks1 em kgf/cm³

Fonte: Terzaghi (1955) apud Velloso e Lopes (2004, p. 128).


57

Cabe ressaltar que, como os valores típicos informados por Terzaghi (1955), foram
obtidos a partir de ensaios de placa quadrada de 1 pé de dimensão, se faz necessário realizar os
ajustes indicados nas equações 21 e 22 para se estimar o coeficiente de recalque da fundação
superficial em estudo de forma adequada.

2.5.4 Recalque vertical estimado

Conforme já visto, os recalques diferenciais merecem atenção, pois, dependendo da


distorção angular que estes causam, podem gerar danos às edificações. Além disso, conforme
Cintra et al (2011, p. 62), estes recalques podem ser estimados de forma indireta, por meio da
medição da grandeza de recalques absolutos sofridos por elementos de fundação, já que,
geralmente quanto maiores os recalques totais, maiores tendem a ser os diferenciais por
consequência.
Segundo Cintra et al (2011, p. 64) para se realizar uma estimativa de recalque sofrido
por um elemento de fundação, conforme visto anteriormente, costuma-se admitir um
comportamento linear da curva carga x recalque, até níveis de tensões da grandeza dos que são
aplicadas por sapatas e tubulões, já que ficam abaixo dos limites de tensão de ruptura dos solos,
considerando os coeficientes de segurança.
Vargas (1978) apud Cintra et al (2011, p. 64) define que, ao adotar a teoria da
elasticidade para estimar os recalques, recomenda-se substituir o módulo de elasticidade de um
solo, pelo módulo de deformabilidade. Em vista disso, Cintra et al (2011, p. 64) definem que
para comportamentos lineares, o módulo de deformabilidade (Es) de um solo pode ser obtido a
partir do coeficiente angular da reta que retrata o carregamento sobre o solo em estudo.
Ainda de acordo com os autores (2011, p. 64), tendo definido o módulo de
deformabilidade, analisa-se a sua variação de acordo com a sua profundidade. Em vista disso,
se o módulo de deformabilidade for constante conforme a profundidade, o meio em questão se
trata de um elástico homogêneo (MEH), que representa argilas sobreadensadas. Ou seja, é um
meio linearmente homogêneo (a). Já, se o módulo de deformabilidade for variável conforme a
profundidade, o meio em questão se trata de um elástico não homogêneo, que representa as
areias. Ou seja, é um meio linearmente não homogêneo (b). Sendo que, ambos os casos podem
ser verificados na figura 35.
58

Figura 35 - Comportamento tensão x deformação a) elástico-linear; b) linear não elástico.

Fonte: Adaptado de Cintra et al (2011, p. 64)

Os módulos de deformabilidade de um meio elástico homogêneo e de um meio elástico


não homogêneo podem ser definidos de acordo com a equação (23) (função) indicada abaixo
(Cintra et al. 2011, p. 65).

𝐸𝑠 = 𝐸₀ + 𝑘𝑧 (23)
Equação 23

Sendo:
E0 = Módulo de deformabilidade ao nível da base da placa (É um valor constante)
k = Taxa de crescimento do módulo de deformabilidade (É um valor constante)
z = Profundidade

Ainda segundo os autores (2011, p. 65), para o caso de k = 0, tem-se um meio elástico
homogêneo, onde Es = E0, e por consequência os recalques serão diretamente proporcionais ao
aumento das dimensões da sapata em relação à placa de ensaio. Enquanto o coeficiente de
reação vertical será inversamente proporcional. Já para o caso onde E0 = 0, e Es = kz, tem se
um meio elástico não homogêneo, o qual possuirá recalques de valores iguais, tanto para a placa
de ensaio quanto para as sapatas, e por consequência, irão possuir o mesmo coeficiente de
reação vertical. Em vista disso, de acordo com os autores (2011, p. 85), como o módulo de
deformabilidade (Es) possui valor compreendido entre os dois casos extremos apresentados, os
recalques das sapatas estarão contidos entre o valor de recalque da própria placa e o obtido
através da proporção direta do aumento de dimensão entre placa e a sapata real, para uma
mesma tensão aplicada.
59

2.5.4.1 Recalques imediatos em MEH

Segundo Cintra et al (2011, p. 65), algumas das metodologias que podem ser aplicadas
para se estimar os recalques imediatos de sapatas, são:

 Camada semi-infinita.
 Camada finita.
 Multicamadas.

2.5.4.1.1 Camada semi-infinita

Boussinesq (1885), por meio da utilização da teoria da elasticidade, elaborou uma


metodologia (Equação 24) para a previsão de recalques em sapatas. Para isso, utilizou uma
placa rígida com diâmetro B, a qual aplica uma tensão média (σ) sobre a superfície de uma
camada semi-infinita de argila adensada. (CINTRA ET AL, 2011, p. 65)

𝜌𝑖 = 𝜎 . 𝐵 . [(1 − 𝑣²)/𝐸𝑠] . (𝐼𝑝) (24)


Equação 24
Sendo:
v = Coeficiente de Poisson do maciço de solo
Es = Módulo de deformabilidade do solo (constante com a profundidade)
Ip = Fator de influência (Figura 33)

a) Módulo de deformabilidade do solo

Cintra et al (2011, p. 76), informam que Schmertmann (1970) utilizou para estimar o
módulo de deformabilidade (Es) de cada subcamada de solo, correlações com a resistência de
ponta do ensaio de cone (qc) e com o índice de resistência Nspt. Sendo que, foram elaboradas
a partir de estudos em areais da região da Flórida, EUA. Todavia, é possível adotar as
correlações para solos brasileiros elaboradas por Teixeira e Godoy (1996), a partir das equações
25 e 26.
60

𝐸𝑠 = 𝛼 . 𝑞𝑐 (25)
Equação 25
𝐸𝑠 = 𝛼 . 𝐾 . 𝑁𝑠𝑝𝑡 (26)
Equação 26
Onde o fator α e o coeficiente K são definidos em função do tipo de solo. Cabe ainda
realizar uma interpolação para solos que não estejam presentes nas tabelas 1 e 2 indicadas
abaixo.

Tabela 1 - Fator α de correlação de Es com qc (Teixeira e Godoy, 1996)


SOLO 𝜶
Areia 3
Silte 5
Argila 7
Fonte: Cintra et al (2011, p. 92)

Tabela 2 - Coeficiente K de correlação entre qc e Nspt (Teixeira e Godoy, 1996)


SOLO K (MPa)
Areia com pedregulhos 1,1
Areia 0,9
Areia siltosa 0,7
Areia argilosa 0,55
Silte arenoso 0,45
Silte 0,35
Argila arenosa 0,3
Silte argiloso 0,25
Argila siltosa 0,2

Fonte: Cintra et al (2011, p. 92)

b) Coeficiente de Poisson do solo

Ainda segundo os autores, (2011, p. 93), é possível adotar valores típicos determinados
por Teixeira e Godoy (1996) para o coeficiente de Poisson do solo (Tabela 3).
61

Tabela 3 - Coeficiente de Poisson do solo (v) por Teixeira e Godoy (1996)


Solo v
Areia pouco compacta 0,2
Areia compacta 0,4
Silte 0,3 - 0,5
Argila saturada 0,4 - 0,5
Argila não saturada 0,1 – 0,3
Fonte: Cintra et al (2011, p. 92)

Cintra et al (2011, p. 66), observam também que, ao analisar a figura 33, percebe-se que
o recalque que ocorre nas extremidades de uma placa quadrada flexível (aplica tensão uniforme
sobre o solo), é metade do ocorrido no centro. Em vista disso, para uma placa rígida (sofre
recalques uniformes), as tensões de contato aplicadas sobre o solo devem ser maiores nas
extremidades do que no centro. Isso pode ser observado na figura (36) abaixo.

Figura 36 - Tensão de contato entre placa e argila sobreadensada: a) placa flexível; b) placa
rígida

Fonte: Sowers (1962) apud Cintra et al (2011, p. 64)

Em contrapartida, para o caso das areias, os autores (2011, p. 67) observam que
comportamento segue uma diferente premissa. Sendo que, para o caso de placa flexível (aplica
tensão uniforme sobre o solo), os recalques nas extremidades são mais acentuados do que os da
porção central da placa, devido ao efeito de confinamento que ocorre na região central da placa,
o que resulta em uma maior resistência à deformação. Enquanto na placa rígida (sofre recalques
uniformes), as tensões de contato aplicadas sobre o solo devem possuir maior intensidade na
porção central da placa, para que assim, os recalques sobre a placa possam ser uniformes. Isso
pode ser verificado na figura (37) abaixo.
62

Figura 37 - Tensão de contato entre placa e areia: a) placa flexível; b) placa rígida.

Fonte: Sowers (1962) apud Cintra et al (2011, p. 65)

Em vista dessas constatações, os autores (2011, p. 67) ainda apontam que a rigidez da
placa e o tipo de solo em estudo, possuem influência direta sobre como as tensões de contato
serão distribuídas.

2.5.4.1.2 Camada finita

Segundo Antoniazzi (2011, p. 45), situações em que houver uma camada de argila
deformável finita acima de uma camada indeformável, ajustes devem ser realizados sobre a
equação 24, para que seja possível representar esse cenário.
De acordo com Cintra et al (2011, p. 68), é possível estimar o valor do recalque devido
à utilização de uma metodologia que considera que a sapata será retangular (comprimento L e
largura B) ou circular (diâmetro D) e estará assente à uma profundidade (h) em relação à
superfície do solo. Considera-se ainda que o módulo de deformabilidade (Es) do solo se mantém
constante, e que haverá uma profundidade H entre o fundo da sapata assentada e o topo da
camada de solo indeslocável existente abaixo. As relações provindas dessas considerações
podem ser verificadas na figura 38.
63

Figura 38 – Fatores μ0 e μ1 para o cálculo de recalque imediato de sapata em camada finita.

Fonte: Janbu et al (1956) apud Cintra et al (2011, p. 68)

Segundo Cintra et al (2011, p. 69), Janbu et al (1956) ao se considerar as deformações


constantes de volume, ou seja, v = 0,5, que retrata o comportamento característico de argilas
saturadas não drenadas, pode-se obter a equação 27, que representa o recalque médio de sapatas
flexíveis:

𝜌𝑖 = 𝜇0 . 𝜇1 . [𝜎𝐵/𝐸𝑠] (27)
Equação 27

Sendo:
μ0: Fator de influência de embutimento da sapata
μ1: Fator de influência da camada de solo.

2.5.4.2 “Bulbo de recalques”

Conforme Antoniazzi (2011, p. 47), devido à existência de diversas subcamadas


compressíveis com aumento gradual do módulo de deformabilidade ao longo da profundidade
entre a camada superficial e a rígida profunda, não necessariamente todas as subcamadas
apresentarão influência sobre o recalque total. Desse modo, não sendo imprescindível para o
cálculo do recalque total, a consideração de todas as subcamadas, mas sim até a subcamada que
apresentar pelo menos 10% do valor do recalque total.
64

Cintra et al (2011, p. 71), determinam que à uma profundidade de H = 6B, para solos
que representam um meio elástico homogêneo, atinge-se o meio indeslocável, ou seja, o
“bulbo” de recalques limite, onde para profundidades maiores, os recalques obtidos são
desprezíveis.

2.5.4.2.1 Multicamadas

De acordo com Cintra et al (2011, p. 69), é possível que o maciço de solo sobre o meio
indeslocável seja composto por diversas subcamadas, e cada uma possuindo um módulo de
deformabilidade. Em vista disso, uma das maneiras para se obter o recalque total de uma sapata,
é por meio da adoção de uma camada hipotética para representar o maciço de solo.
Ainda segundo os autores (2011, p. 72), em um exemplo de obtenção de recalque total
para uma situação de duas subcamadas, inicialmente, calcula-se o recalque (ρ1) da subcamada
superior, adotando-se a metodologia da camada finita, com a consideração do indeslocável
estando no topo da subcamada inferior. Em sequência, para a obtenção da parcela de recalque
da camada inferior (ρ2), conforme Simons e Menzies (1981) apud Cintra el al (2011, p. 72),
admite-se uma camada hipotética que possui profundidade equivalente ao total das duas
subcamadas, com o intuito de compreender o módulo de deformabilidade da subcamada
inferior. Com isso, pode-se calcular o recalque da camada hipotética, e em sequência, descontar
o excedente, ou seja, o valor de recalque obtido para a primeira camada com a consideração do
módulo de deformabilidade da camada inferior. Desse modo, obtém-se o valor total de recalque
(ρi) (Equação 28) da sapata em estudo.

𝜌𝑖 = 𝜌1 + 𝜌2 (28)
Equação 28

2.5.4.3 Recalques imediatos em areias

Cintra et al (2011, p. 73), definem que, diferentemente das argilas, as areias mesmo
possuindo granulometria, mineralogia e compacidade homogêneas, não apresentam um módulo
de deformabilidade constante com a profundidade. Desse modo, constituindo um meio elástico
não homogêneo. Isso ocorre principalmente devido a areia apresentar, com o aumento da
profundidade, elevação do módulo de deformabilidade em função do fenômeno do
confinamento.
65

De acordo com Antoniazzi (2011, p. 48), por mais que a teoria da elasticidade seja uma
metodologia utilizada para a determinação de recalques em sapatas inseridas em meios que
apresentam módulo de deformabilidade constante com o aumento da profundidade, como o
caso de argilas sobreadensadas. Todavia, é possível, por meio da utilização dos fatores μ0 e μ1
apresentados na equação 25, adequar a teoria da elasticidade para que seja válida a sua aplicação
também para areias. Para isso, divide-se o maciço do solo em subcamadas, e adota-se um
módulo de deformabilidade (Es) médio para cada uma. D’Appolonia et al (1970) apud
Antoniazzi (2011, p. 48) informam que caso o valor médio do módulo de deformabilidade tenha
sido adotado e determinado de forma adequada, os resultados apresentados para o recalque em
areias podem ser aceitos.
Ainda segundo a autora (2011, p. 48), para que seja possível adotar a teoria da
elasticidade para a determinação do recalque de sapatas assentadas em areia (Equação 29), se
faz necessário adotar um coeficiente de 1,21 para adequar os fatores μ0 e μ1, que inicialmente
foram desenvolvidos para argilas saturadas com v = 0,5. Para isso, cria-se uma relação
utilizando um v = 0,3 para representar a areia.

1 − 0,3
= 1,21
1 − 0,5

𝜌𝑖 = 1,21 . 𝜇0 . 𝜇1 . [𝜎𝐵/𝐸𝑠] (29)

Equação 29

Conforme Cintra et al (2011, p. 74), Schmertmann (1970) também desenvolveu uma


forma de se determinar os recalques de sapatas assentes em areias, em função da realização de
ajustes sobre a teoria da elasticidade. Posteriormente, Schmertmann (1978) realizou
aperfeiçoamentos sobre o seu método.

2.5.4.3.1 Método de Schmertmann (1970)

Segundo Cintra et al (2011, p.74), havendo um carregamento uniforme σ atuante sobre


a superfície de um semiespaço elástico, isotrópico e homogêneo, com módulo de
deformabilidade Es. Ocorrerá uma deformação específica vertical εZ em uma profundidade Z,
sob o ponto central de carregamento, e essa pode ser representada pela equação 30, a qual
também conta com um fator de influência na deformação (Iz)
66

𝜀𝑧 = 𝐼𝑧 . [𝜎/𝐸𝑠] (30)
Equação 30
Ainda de acordo com Cintra et al (2011, p.74), Schmertmann efetuou estudos a partir
de análises teóricas, modelos e simulações a partir do método dos elementos finitos, com o
intuito de se obter um melhor entendimento sobre a variação da deformação vertical sob sapatas
rígidas assentes em solos arenosos homogêneos ao longo da profundidade do maciço de solo.
Com isso, concluiu que, a maior deformação não ocorre na região de interface do contato entre
a base da sapata rígida (B) e solo, mas sim em uma cota mais profunda, sendo que sua
localização (z) aproximada segue a relação z = B/2. Para cotas mais profundas do que a obtida
pela relação descrita acima, as deformações diminuem de forma gradual, sendo possível
desprezá-las quando a relação z = 2B é atendida.
Diante desta constatação, Schmertmann sugeriu uma distribuição no formato triangular
para a determinação do fator de influência na deformação (Figura 39), para ser utilizado no
cálculo de recalques de sapatas rígidas assentes em areias.

Figura 39 - Fatores de influência na deformação vertical (Schmertmann, 1970)

Fonte: Cintra et al (2011, p. 74)

c) Embutimento da sapata

O método elaborado por Schmertmann (1970), segundo Cintra et al (2011, p.75), conta
com um fator de correção do recalque (C1), o qual pode ser determinado pela equação 31. Esse
fator está associado ao fato de que, ao se considerar um embutimento maior da sapata sobre o
solo arenoso, o recalque pode sofrer uma redução de até 50%.

Equação 31 𝐶1 = 1 − 0,5. (𝑞/𝜎 ∗) ≥ 0,5 (31)


67

Sendo:
q = Tensão vertical efetiva à cota de apoio da fundação (sobrecarga)
σ* = Tensão “líquida” aplicada pela sapata (σ* = σ – q)

Desse modo, de acordo com Antoniazzi (2011, p. 50), uma sapata que se encontra
apoiada na superfície do solo arenoso, tem-se que q = 0. Sendo assim, não havendo redução do
recalque. Todavia, havendo a situação de q = σ/2, ou q = σ*, tem-se a máxima redução de
recalque.

d) Efeito do tempo

Segundo Cintra et al (2011, p. 75), o método em estudo conta com um outro fator de
correção (C2) para definir o recalque final, e pode ser obtido por meio da equação 32. Sendo
que o fator em questão se deve ao fato de sapatas assentadas em areias sofrerem além do
recalque imediato, um acréscimo de recalque em função do tempo, de forma análoga à
compressão secundária sofrida por argilas.

𝐶2 = 1 + 0,2 𝑙𝑜𝑔 (𝑡/0,1) (32)


Equação 32
Sendo t em anos.
Caso analise-se apenas o recalque imediato, ou seja, sem a consideração do efeito do
tempo, tem-se que C2 = 1.

e) Formulação

De acordo com Antoniazzi (2011, p. 51), o valor total do recalque sofrido por sapatas
rígidas apoiadas sobre areias, é obtido por meio do somatório dos recalques de n subcamadas
adotadas como homogêneas, estando localizadas entre as profundidades de 0 a 2B. Consideram-
se ainda os efeitos provindos do embutimento e do tempo, como pode ser verificado na equação
33.

(33)
𝜌𝑖 = 𝐶1 . 𝐶2 . 𝜎 ∗. [(𝐼𝑧/𝐸) . ∆𝑧]

Equação 33
Sendo:
68

Iz = Fator de influência na deformação à meia – altura da i – ésima camada.


Es = Módulo de deformabilidade da i - ésima camada.
Δz = Espessura da i – ésima camada.

Ainda segundo Antoniazzi (2011, p. 51), é plausível que a tensão líquida (σ*) seja a
adotada para a determinação do recalque total de sapatas assentes sobre areias, já que a fração
referente à sobrecarga, retrata a reposição do alívio de tensões geradas pela escavação. Desse
modo, não devem gerar recalque sobre as sapatas. Para fundações rasas, não necessariamente
deve-se utilizar a tensão líquida na equação para a determinação do recalque total. Pois, os
resultados dos recalques sobre as paredes com ou sem o uso da tensão líquida, são muito
próximos. Entretanto, para o caso de fundações profundas, a consideração da tensão líquida
deve ser feita para a determinação do recalque.
A autora (2011, p. 51) informa que, o valor médio de Iz, pode ser estimado para cada
subcamada por meio de semelhança de triângulos ou por meio das equações 34 e 35 indicadas
abaixo.

Iz = 1,2 . z / B; para z ≤ B/2 (34)

Iz = 0,4 (2 − z / B); para B/2 ≤ B/2 (35)


Equação 34
Equação 35

Sendo:
z = profundidade contada a partir da base da sapata.

2.5.4.3.2 Método de Schmertmann (1978)

De acordo com Cintra et al (2011, p. 77), e como já indicado neste trabalho,


Schmertmann (1978) realizou aprimoramentos em seu método. Com o intuito de aperfeiçoar os
resultados de recalques tanto para sapatas corridas (deformação plana) quanto para sapatas
quadradas (assimetria). Em vista disso, o autor propõe a utilização de dois novos diagramas
para se definir o fator de influência na deformação (Figura 40), podendo-se destacar:

 Um “bulbo” de recalques maior para o caso de sapatas corridas.


 O valor inicial de Iz não é mais igual à zero.
 Valor de Iz máx não é mais constante = 0,6, e é obtido em diferentes profundidades para
os casos de sapatas corridas e sapatas quadradas.
69

Figura 40 - Fatores de influência na deformação vertical (Schmertmann, 1978)

Fonte: Cintra et al (2011, p. 77)

Em sua nova metodologia, Cintra et al (2011, p. 77) informam que Schmertmann (1978),
determina que o valor de Iz máx (Equação 36) é obtido na profundidade de ¼ do “bulbo” de
recalques. Sendo que para sapatas quadradas isso ocorre quando z = B/2 e para sapatas corridas
z = B.

𝐼𝑧 𝑚á𝑥 = 0,5 + 0,1 (𝜎 ∗/𝜎𝑣) (36)

Equação 36
Sendo:
σv = Tensão vertical efetiva na profundidade correspondente a Iz máx.

Segundo Antoniazzi (2011, p. 53), o valor de Iz máx aumenta de acordo com a tensão
líquida que é aplicada sobre a sapata. Em vista disso, para um exemplo em que inicialmente
tem se que σ*/σv = 1, e em um segundo momento σ*/σv = 10, o valor obtido de Iz máx que
inicialmente seria 0,60, aumenta para 0,82.
De acordo com Cintra et al (2011, p. 77), para o caso de sapatas intermediárias (1 < L/B
< 10), é possível adotar interpolações para gerar um novo diagrama, de modo que o “bulbo” de
recalques compreenda a profundidade que atenda a relação indicada pela equação 37.

𝑧/𝐵 = 2 [1 + 𝑙𝑜𝑔 (𝐿/𝐵)] (37)


Equação 37
70

2.5.4.3.3 “Bulbo” de recalques em areias

Conforme Cintra et al (2011, p. 79), distintivamente do caso de solos que representam


um meio elástico homogêneo, as areias representam um meio elástico linear não homogêneo,
ou seja, de acordo com o aumento da profundidade, o módulo de deformabilidade se eleva,
atendendo a relação já vista, de E = E0 + k.z. Logo, tendem a apresentar um menor bulbo de
recalques. Em vista disso, diferentemente do caso do meio elástico homogêneo em que o
“bulbo” de recalques limite é atingido para uma profundidade de H = 6B, para o caso de areias,
em uma profundidade de H = 2B, atinge-se o meio indeslocável, ou seja, o “bulbo” de recalques
limite, onde para profundidades maiores, os recalques obtidos são desprezíveis. O que vai de
encontro com o obtido a partir do diagrama do método de Schmertmann (1970 e 1978) para o
caso de sapatas quadradas.

2.5.4.4 Estimativa de recalques pelo método de Aoki – Lopes (1975)

Segundo Antoniazzi (2011, p. 56), o método de Aoki – Lopes (1975) assim como o de
Schmertmann (1970 e 1978), se origina da teoria da elasticidade, sendo que para sua
discretização, utiliza a equação de Mindlin (1936) para efetuar o cálculo do recalque e a
metodologia elaborada por Steinbrenner (1934) para considerar a influência da estratigrafia do
maciço de solo em estudo.

2.5.4.4.1 Solução de Mindlin (1936)

Segundo Colares (2006, p. 29), com o intuito de abordar o comportamento contínuo dos
solos, comumente retrata-se o maciço de solos como um elemento elástico e tridimensional.
Em vista disso, conforme Antoniazzi (2011, p. 56), a hipótese de Mindlin (1936) parte do
princípio que o solo é representado por um meio tridimensional, semi-infinito, isotrópico,
homogêneo e elástico-linear. Desse modo, ao aplicar-se um carregamento concentrado em um
ponto qualquer interno ao maciço de solo, pode-se determinar o recalque vertical gerado. Isso
pode ser verificado na figura 41.
71

Figura 41 - Meio elástico semi - infinito – Solução de Mindlin (1936)

Fonte: Antoniazzi (2011, p. 56)

Segundo Antoniazzi (2011, p. 57), para o caso de sapatas, a carga aplicada sobre o solo
não é concentrada, mas sim uniformemente distribuída. Desse modo, Aoki – Lopes (1975)
propuseram uma forma de se obter os recalques gerados a partir de um carregamento
uniformemente distribuído provindo de uma sapata com dimensões L1 e L2 em planta,
conforme indicado pela equação 38.

𝛿𝑡 = 𝛿 𝑑𝑥𝑑𝑦 (38)

Equação 38
A partir da metodologia elaborada por Aoki – Lopes (1975), Antoniazzi (2011, p. 57),
informa que é possível realizar uma discretização da superfície de contato da sapata com o solo,
em n divisões (Figura 42), de modo a se obter um valor mais preciso para a integral resultante
da equação indicada acima.

Figura 42 - Discretização da superfície carregada (Aoki – Lopes, 1975)

Fonte: Antoniazzi (2011, p. 58)


72

2.5.4.4.2 Metodologia de Steinbrenner (1934)

De acordo com Antoniazzi (2011, p. 59), os procedimentos apresentados por Mindlin


(1936) são aplicáveis para a hipótese do solo ser considerado como um meio homogêneo e
semi-infinito. Em vista disso, caso sejam aplicados sem nenhum tipo de adaptação, valores
exacerbados de recalques podem ser obtidos, além de não ser considerada a estratificação do
solo e a existência de uma camada indeslocável em uma certa profundidade.
Para contornar a situação, Antoniazzi (2011, p. 59) informa que ao utilizar o
procedimento de Steinbrenner (1934), é possível considerar a existência de camadas distintas
de solo, ou seja, a estratificação, e a camada de solo indeslocável. Para isso, o autor do
procedimento define que é possível determinar o encurtamento de uma camada de solo em
estudo, conforme indicado na equação 39.

𝑊 = 𝛿1 − 𝛿2 (39)
Equação 39
Sendo:
δ1 = Recalque para z igual à cota inicial da camada, considerando-a como se fosse semi-infinita;
δ2 = Recalque para z igual à cota final da camada, considerando-a como se fosse semi-infinita;

2.6 APLICAÇÃO DO MÉTODO ITERATIVO SIMPLIFICADO POR MEIO DE


COEFICIENTES DE APOIO ELÁSTICOS (MOLAS)

Segundo de Souza e dos Reis (2008, p. 166), duas abordagens podem ser adotadas para
se realizar uma análise iterativa simplificada, que considere a deslocabilidade do solo, sendo
uma por meio da utilização de coeficientes de apoio elásticos (km) e outra por meio da
imposição de deslocamentos sobre as fundações.
A primeira metodologia (Figura 43), de acordo com os autores (2008, p.166), consiste em
uma análise estática linear para a obtenção dos esforços de reação da estrutura, com a hipótese
de apoios indeslocáveis. Em sequência, a partir dos esforços de reação obtidos nos apoios, são
dimensionadas as sapatas e determinados os recalques obtidos sobre os apoios, por meio de
uma das metodologias demonstradas no item 2.5.4 deste trabalho. Em seguida, a partir da
73

equação 17, obtém-se o coeficiente de apoio elástico (km) para cada fundação, o qual servirá
para simular a deslocabilidade do solo. Desta forma, com posse dos valores de coeficientes de
apoio elásticos (km), os quais serão utilizados para discretizar os elementos de apoio,
substituindo os apoios indeslocáveis, realiza-se uma nova análise estática linear. Dessa maneira,
novas reações de apoio são obtidas, as quais servirão para a determinação de novos recalques e
novos coeficientes de apoios elásticos (km). Sendo assim, por ser um processo iterativo, deve
ser repetido até que as reações de apoio ou os coeficientes de apoio elásticos (km) convirjam
para um valor.
A metodologia apresentada pelos autores não possui uma etapa específica para a
determinação do coeficiente de reação vertical (kv), já que em princípio pela equação 16, em
posse do deslocamento (recalque) e da força que a fundação aplica sobre o solo, pode-se
determinar o coeficiente de apoio elástico (km) de forma direta. De todo modo, como o
coeficiente de apoio elástico (km) conforme indicado no item 2.4.3.1 deste trabalho, está
conceitualmente associado ao coeficiente de reação vertical (kv) e é diretamente proporcional
à este, como também pode ser verificado nas equações 14 e 17, percebe-se a participação do
coeficiente de reação vertical (kv) no processo, mesmo que de forma indireta.
Os autores (2008, p. 166 e 167) informam ainda que, a segunda maneira para considerar
a deslocabilidade do solo, consiste em uma forma semelhante à vista anteriormente. Entretanto,
enquanto na formulação anterior, eram utilizados os coeficientes de apoio elásticos (km) para
realização das análises estáticas lineares, nesta (Figura 44), são utilizados os recalques (y)
obtidos conforme uma das maneiras vistas no item 2.5.4 deste trabalho. Sendo assim, ao se
obter os recalques, estes são impostos sobre os apoios inicialmente considerados indeslocáveis.
Desta maneira, conforme já visto, inicia-se o procedimento iterativo, de modo a se obter novas
reações de apoio e novos recalques. Com isso, o processo é repetido até que os recalques ou as
reações de apoio convirjam para um valor.
74

Figura 43 - Método iterativo baseado na aplicação de coeficientes de apoio elásticos (km).

Fase inicial

Análise estática linear para a obtenção


das reações de apoio, considerando-os
indeslocáveis.

Fase iterativa

Estimativa de recalques sobre as


fundações. Repetição do processo até a
convergência das reações de
apoio ou dos coeficientes de
Obtenção dos coeficientes de apoio apoio elásticos (km).
elásticos (km).

Análise estática linear para a obtenção


das novas reações de apoio,
considerando os coeficientes de apoio
elásticos (km).

Fonte: Autores, 2019.

Figura 44 - Método iterativo baseado na imposição de recalques.

Fonte: Autores, 2019.


75

2.7 CONCEPÇÃO ESTRUTURAL

Para Giongo (2007, p.1), o Brasil é uma evidência de que o concreto armado é
adaptável a qualquer forma estrutural, visto que até mesmo a sede do governo brasileiro,
construída em Brasília, utilizou esse material nas mais diversas invenções arquitetônicas em
todo o seu complexo de edificações. O concreto armado pode atender qualquer finalidade e
concepção estrutural, seja em edifícios públicos, comerciais ou residenciais e a sua
implementação tem dependência com aspectos financeiros e técnicos.
Giongo (2007, p.2) ressalta que há diversas modalidades para empregar o concreto
armado, podendo utilizá-lo de forma exclusiva ou associada ao concreto protendido, alvenaria
estrutural, estrutura metálica e estruturas de madeira. Ainda, dentro do concreto armado existem
diversas possibilidades de estruturação, como nervuras em lajes e utilização de elementos pré-
moldados ou armados e concretados no local. Usualmente as lajes, vigas e pilares compõem o
sistema estrutural global juntamente com a fundação, na qual as ações da edificação são
transferidas através dos pilares apoiados sobre sapatas diretas ou blocos sobre estacas.
Esses elementos têm empregos diferentes a fim de conceber um complexo
resistente que seja durável, econômico, seguro e atenda aos conceitos estéticos e de
funcionalidade impostos pela arquitetura. ALVA (2007, p.1). Para atender o último requisito, é
necessária a garantia da coexistência desses elementos com os demais projetos e limitações,
como os projetos elétrico, hidráulico, telefônico e SPDA, além do posicionamento dos pilares
de forma que não afete o estacionamento dos automóveis nas garagens. Na condição estética,
em geral, atenta-se para o embutimento dos elementos nas alvenarias. A economia caminha
associada à otimização do tempo de construção, como utilização das mesmas fôrmas
repetidamente ao longo da concretagem além de ser ponderada também na etapa de projeto,
com a escolha de materiais e métodos utilizados, bem como uma análise estrutural que permita
o caminhamento mais semelhante possível das cargas para cada elemento da infraestrutura.
Quanto mais a estrutura resistir às ações horizontais, maior a chance de ser considerada uma
estrutura segura, e para isso devem manter uma série instruções em relação ao posicionamento
dos elementos em relação aos outros apresentando resistência e rigidez adequadas, conforme
Alva (2007, p.8)
76

2.7.1 Identificação e Classificação Geométrica dos Elementos Estruturais

Para Giongo (2007, p.2), o sistema estrutural global é formado por lajes, vigas e
pilares, podendo estar dispostos de forma singular ou associados, como é o exemplo de escadas
que são formadas por vigas e lajes. As ações resultantes são transferidas ao solo por meio das
fundações, como sapatas diretas ou bloco sobre estacas, através dos pilares.

Figura 45 – Perspectiva de parte de um edifício: principais elementos estruturais

Fonte: Alva (2007, p.1).

Giongo (2007) ressalta a importância de conhecer os elementos e como eles se


comportam estruturalmente em um edifício. A sua classificação geométrica se dá conforme
mostra a figura a seguir:

Figura 46 - Classificação geométrica dos elementos estruturais

Fonte: Giongo (2007, p.3).


77

sendo
a) Elementos lineares de seção delgada;
b) Elementos lineares de seção não delgada;
c) Elementos bidimensionais;
d) Elementos tridimensionais.

O ponto de vista geométrico, apesar de importante, não estabelece como o


elemento estrutural irá se comportar. Por exemplo, vigas e pilares de seção não delgada como
elementos lineares não tem os mesmos comportamentos quando solicitados à carregamentos,
mesmo fazendo parte da mesma classificação geométrica. Por esse motivo, associa-se a
classificação geométrica com o comportamento estrutural dos elementos. (GIONGO, 2007).

2.7.1.1 Análise linear

A NBR 6118 (2014) prescreve que a análise linear é geralmente empregada para a
verificação dos estados limites de serviço (ELS). Porém, se garantida a dutilidade mínima às
peças, os esforços solicitantes decorrentes dessa análise também podem ser utilizados para o
dimensionamento dos elementos estruturais no estado limite último (ELU), mesmo que o
mesmo admita a plastificação dos materiais.
Os materiais são considerados como elástico-lineares. Utiliza-se para o cálculo da
rigidez dos elementos estruturais lineares o momento de inércia da seção bruta do concreto.

2.7.1.2 Análise não-linear

Segundo a NBR 6118 (2014), análises não lineares servem tanto para verificações
do ELS quanto para o ELU. Só é possível a realização dessa análise com a geometria e as
armaduras conhecidas, pois há dependência direta dos seus resultados com o modo com que a
estrutura foi armada.
Admite-se o comportamento não linear geométrico e dos materiais. Condições de
equilíbrio, de compatibilidade e ductilidade devem ser satisfeitas.
78

2.7.1.3 Elementos estruturais básicos

Segundo Alva (2007), as lajes, vigas e pilares são os três elementos principais no
comportamento primário da estrutura. As cargas verticais impostas sobre as lajes seguem um
fluxo de transferência para as vigas de apoio, que então serão transferidas para os pilares e por
sua vez para as fundações.
Os pilares também resistem as ações horizontais impostas pelo vento. Podem
resistir a esses carregamentos através dos pórticos, que são a junção dos mesmos com as vigas
ou por pilares com grande rigidez.

2.7.1.4 Elementos estruturais de fundação

Alva (2006) ressalta que há dois grupos de fundações: profundas e superficiais. As


fundações profundas, também chamadas de indiretas, transmitem a carga para o solo através da
base e também por atrito lateral. As diretas, fundações superficiais, transmitem a carga apenas
pela base. Utiliza-se essa em solos com resistência mais elevada e baixa compressibilidade.
Tubulões e estacas são fundações indiretas, já sapatas e radiers são diretas.

2.7.2 Sistemas estruturais

A união dos elementos estruturais com seus respectivos materiais, concreto, aço,
mistos e outros, formam o sistema estrutural do edifício. Esses elementos devem ser dispostos
racionalmente, para que possam resistir juntos as ações atuantes. Dessa forma, o objetivo dessa
reunião é manter a estrutura estável e em perfeita utilização. ALVA, (2007).
Rebello (2003) descreve a estrutura como um conjunto de elementos que serve de
caminho pelo qual as forças que atuam sobre elas passam até atingir o solo, seu destino final.
As forças caminham sobre o percurso mais longo, portanto quanto menor o caminho, menor a
solicitação sobre os elementos.
Segundo Alva (2007), a estabilidade global do edifício é aferida com a constituição
de um pórtico tridimensional, que consiste na associação de pórticos planos, vigas e pilares
conectados rigidamente, nas duas direções ortogonais.
79

Em casos de grandes carregamentos laterais, pode-se estudar a inserção de pilares


parede ou núcleo estrutural rígido, que são pilares de grande inércia, a fim de de elevar a rigidez
do edifício.

2.7.3 Critérios de lançamento de vigas, pilares e lajes.

Rebello (2003), especifica lançar a estrutura como a locação de vigas e pilares


resultantes da concepção estrutural adotada e que não existem regras e ordem de procedimento
para tal lançamento, as soluções devem ser estudadas e nem sempre a primeira será a melhor.
Apesar disso, pode-se estipular alguns critérios iniciais para auxiliar o projetista a escolher a
melhor solução possível, atendendo a alguns pré-requisitos, como iniciar o lançamento pelos
pavimentos intermediários e lançar primeiro as vigas antes dos pilares, já que é o curso natural
das cargas verticais. Por fim, as vigas vão delimitar a área das lajes.

2.7.3.1 Locação e pré-dimensionamento de vigas

Segundo Rebello (2003), quando as lajes têm dimensões diferentes, resultarão em


espessuras diferentes, fazendo com que o projetista uniformize todas as espessuras de acordo
com a maior calculada, pendendo para a segurança. Esse processo faz com que muitas dessas
lajes fiquem superdimensionadas, encarecendo o processo. Além disso, quando a diferença
entre a área das lajes é significativa, a de menor vão é submetida à apenas momentos fletores
negativos, alterando o sentido da reação da viga. Dessa forma, a viga se torna um elemento de
ancoragem, e não mais um elemento de apoio.
Por esses motivos busca-se manter as lajes com a mesma ordem de grandeza, e no
caso de não ser possível, manter as lajes de menor vão como lajes em balanço.
Outra recomendação dada por Rebello (2003) é posicionar as vigas sob e sobre as
alvenarias, evitando que as mesmas iniciem um processo de fissuração indesejado, já que a
rigidez da viga é superior à da laje, que não é dimensionada para suportar o peso das alvenarias.
Alva (2007) sugere a utilização do método dos vãos comparáveis no pré-
dimensionamento de vigas. Esse método consiste em estipular uma altura para a viga
relacionando a dimensão dos dois vãos adjacentes, se essa relação for maior ou igual a 2/3 e
menor ou igual a 3/2 então obtém-se a média dos vãos e divide-se por 10 ou 12. Caso os vãos
não sejam contínuos, ou não se encaixem no intervalo, divide-se o eixo da viga em análise por
10 ou 12.
80

Para a largura da viga Alva (2007) sugere que, para escondê-las dentro de paredes,
deve-se considerar 3 cm para o revestimento em paredes de 25 cm de espessura e 1,5 cm em
paredes de 15 cm. A espessura do revestimento citado se dá em cada face da parede. Isso ocorre,
pois, normalmente, os tijolos cerâmicos e blocos de concreto tem espessuras de 9, 14 e 19 cm.

2.7.3.2 Locação e pré-dimensionamento dos pilares

O espaçamento ideal entre os pilares deve ser de 4 a 6 metros evitando, assim como
nas vigas, o lançamento desproporcional dos espaçamentos. A continuidade dos pilares, do
pavimento à cobertura tem extrema importância no fator econômico da construção, já que se
evitam vigas de transição. REBELLO, (2003).
Quando os pilares são locados no centro da viga, aumenta-se a solicitação do
momento fletor, posicioná-los no encontro das extremidades de cada viga evita o apoio de viga
sobre viga. Rebello (2003) também ressalta que os eixos dos pilares devem ser os mesmos a
fim de de facilitar a locação em obra.
Para fins de pré-dimensionamento Alva (2007) traz que a soma das cargas acidentais e
permanentes deve estar em torno de 10 a 12 kN/m². O método utilizado para descobrir a segunda
dimensão dos pilares consiste em multiplicar a carga estabelecida (g+k) pela área de influência
(Ai) gerando a força nominal (Nk) que será aplicada no pilar correspondente para um único
pavimento.
A quantidade de pavimentos que influenciará cada pilar é dada por n. Em função da posição
dos pilares devemos considerar um fator (β). Os pilares internos admitem valor de 1,8 e os de
extremidade de 2,2. Já os pilares de canto têm β igual a 2,5.
A força normal de dimensionamento (Nd) é resultante de Nk multiplicado pelo fator β e
pela quantidade de pavimentos acima do pilar em análise.
Obtida a carga concentrada em cada pilar, pode-se determinar a área da seção de concreto
por:
𝑁
𝐴 =
𝑓
0,85. 𝛾 + 𝜌. 𝜎

onde
𝜌 é a taxa de armadura longitudinal total no pilar, adotado o valor de 2%
𝜎 é a tensão de compressão nas barras das armaduras para uma deformação de 0,2%. Para
aço CA-50 a tensão se equivale a 42 kN/cm²
81

𝛾 é o coeficiente de ponderação da resistência do concreto que em condições normais


equivale a 1,4.

2.7.3.3 Pré dimensionamento das lajes

Segundo Alva (2007) determina-se a espessura das lajes dividindo o menor vão da laje, em
centímetros, por 40.
A NBR 6118 (2014) estabelece limites mínimos para a espessura das lajes maciças. As
lajes em de cobertura não devem ser inferiores a 5 cm, mas se estiverem em balanço devem ser
de 7 cm. Para suportar as cargas de veículos inferior a 30 kN o mínimo é de 10 cm, para
superiores a esse valor, 12 cm. Além disso, para as lajes lisas são 16cm e para as lajes-cogumelo
são 14 cm. Em edifícios recomenda-se espessura mínima de 10 cm para evitar deformações
excessivas e problemas com o isolamento acústico entre os pavimentos.

2.8 ESTADOS LIMITES

Segundo a NBR 6118 (2014), os estados limites considerados no cálculo das


estruturas de concreto são os estados limites últimos e os estados limites de serviço.

2.8.1 Estados limites últimos

Bastos (2006, p.49) explica que no estado limite último (ELU), tanto os elementos
estruturais de concreto armado quanto os protendidos são dimensionados como se estivessem
hipoteticamente à beira do rompimento. Como o objetivo não é realmente atingir a ruína da
estrutura, todo o cálculo de dimensionamento dos elementos é feito com uma margem de
segurança, ou seja, aplica-se um coeficiente de ponderação que majore as cargas de forma que,
na realidade, a estrutura para romper teria que estar submetida a carregamentos muito superiores
aos calculados inicialmente. Desta forma, a estrutura estará trabalhando sem proximidade à
condição de ruína.

2.8.2 Estados limites de serviço

Tão importante quanto não romper a estrutura, é fazer uso da mesma com conforto
e durabilidade. Por esse motivo a NBR 6118 (2014) prescreve que as estruturas também devem
ser verificadas de acordo com a estética e atender ao funcionamento para o qual foi projetado,
82

tanto para os usuários quanto para maquinários e equipamentos. Quando a estrutura não oferece
essas condições, admite-se que atingiu seu estado limite de serviço. Em condições normais,
estipulam-se limites para formação e abertura de fissuras, bem como vibrações e deformações
excessivas.

2.8.2.1 Limites para fissuração

A NBR 6118 (2014) estabelece que para proteção contra a corrosão das armaduras
o limite máximo de abertura de fissuras, deve estar entre 0,2 mm e 0,4 mm sob ação das
combinações frequentes. Essa exigência tem relação direta com a classe de agressividade do
ambiente e o tipo de concreto estrutural.
A norma ressalta que apesar da necessidade de respeitar esses limites, esses podem
não representar as aberturas de fissuras reais, podendo com que na realidade, ultrapassem-nos.

2.8.2.2 Deslocamentos limite

Para os efeitos da NBR 6118 (2014), existem quatro grupos básicos de


deslocamento limite: a aceitabilidade sensorial, efeitos específicos, efeitos em elementos não
estruturais e efeitos e elementos estruturais em serviço ou não.
A aceitabilidade sensorial se baseia por agradar o usuário visualmente e evitar
vibração na utilização do elemento através da limitação da flecha. A flecha tende a acontecer
tanto em lajes quanto em vigas. A flecha em vigas pode acontecer imediatamente mediante
aplicação do carregamento, chamada de flecha imediata, e também devido a fluência do
concreto causados por carregamentos de longa duração, chamada de flecha diferida.

2.8.2.2.1 Flecha limite

Para todos os grupos básicos citados existe um deslocamento-limite que também


varia de acordo com a razão da limitação, como o exemplo da tabela 4 a seguir:
83

Tabela 4 - Deslocamentos limites

Fonte: Adaptado de NBR 6118 (2014, p.77 e 78).

Conforme prescreve a NBR 6118 (2018), todas as informações dos grupos básicos
podem ser encontradas na tabela 13.3 da mesma.
84

2.9 COMBINAÇÕES DE AÇÕES

A NBR 6118 (2014) classifica as ações em permanentes, variáveis e excepcionais.


Através da combinação destas ações, diferentes para cada tipo de construção, em estado limite
último e de serviço pode-se determinar os seus efeitos na segurança da edificação.

2.9.1 Classificação das ações

2.9.1.1 Permanentes

Segundo a NBR 6118 (2014) as cargas que não sofrem quase nenhuma alteração ao
longo da vida útil da construção ou as que crescem no tempo, mas tendem a um valor limite
constante, são consideradas como ações permanentes.
Podem ser classificadas como diretas e indiretas. A primeira é formada pelo peso
próprio da estrutura, pelos pesos dos elementos construtivos fixos e das instalações
permanentes, além de empuxos permanentes como os empuxos de terra. A segunda é
constituída pelas deformações impostas por retração e fluência do concreto, deslocamentos de
apoio, imperfeições geométricas e protensão.

2.9.1.2 Variáveis

Assim como as permanentes, as variáveis também são classificadas em diretas e


indiretas, segundo a NBR 6118 (2014). As diretas consideram a ação acidental do vento e da
água, que são prescritas respectivamente pelas normas NBR 6123 e 8681. Já as indiretas
consideram a variação uniforme e não uniforme de temperatura e ações dinâmicas como, por
exemplo, vibrações e choques.

2.9.1.3 Excepcionais

São definidas como efeitos que não podem ser controlados por outros meios e os
seus valores são definidos por Normas Brasileiras específicas para cada tipo de efeito, segundo
a NBR 6118 (2014). Giongo (2007, p. 34) define estas ações como de ocorrência atípica, sem
grandes chances de acontecimentos e curta duração, como explosões, impactos de veículos,
incêndios, inundações ou terremotos excepcionais.
85

2.9.2 Método do Estados Limites

Utilizam-se os carregamentos mais desfavoráveis e majorados de acordo com a


probabilidade de ocorrência simultânea não desprezível das ações sobre a estrutura durante um
determinado período. A verificação da segurança durante a utilização da edificação e na sua
ruptura se dão pela combinação de serviço e últimas, respectivamente (CARVALHO E
FIGUEIREDO, 2014, p.60). O item 11.8 da NBR 6118 (2014) estipula o cálculo das
solicitações para combinações últimas e de serviço.

2.9.2.1 Combinações últimas

Podem ser classificadas como normais, especiais ou de construção e excepcionais.


Permitem analisar o estado limite último da edificação, ou seja, quando a estrutura é
impossibilitada de ser utilizada na sua totalidade ou em parte, pois atingiu sua ruína estrutural
(CARVALHO E FIGUEIREDO, 2014, p.52).

2.9.2.2 Combinações de serviço

Segundo Carvalho e Figueiredo (2014), as combinações permitem analisar o estado


limite de serviço assegurando ao usuário conforto na sua utilização e estético, além de permitir
com que os equipamentos e maquinários efetuem suas funções com eficácia. Esse controle visa
controlar a formação e abertura de fissuras e também evitar deformação e vibrações excessivas.

2.10 DURABILIDADE DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

2.10.1 Vida útil

A NBR 6118 (2014) define vida útil o período em que as características da estrutura
de concreto se preservam no todo ou nas suas partes. Podem sofrer intervenções, desde que não
sejam expressivas, que estejam de acordo com os requisitos prescritos pelo projetista e
construtor no uso e manutenção da edificação ou que sejam reparos causados por ações
acidentais.
As partes da estrutura que forem consideradas com vida útil inferior ao conjunto da
obra devem ter acessos para inspeção e manutenção.
86

2.10.2 Agressividade do ambiente

As CAA, classes de agressividade ambiental, são classificadas de acordo com as


ações químicas e físicas impostas exclusivamente pelo ambiente em que estão situadas. Ações
mecânicas, variações volumétricas de origem térmica, retração hidráulica e outras são previstas
no dimensionamento das estruturas de concreto e não são consideradas na classificação da
agressividade do ambiente.

2.10.3 Cuidados na drenagem

Conforme a NBR 6118 (2014), cuidados em projeto devem ser tomados a fim de
de evitar o acúmulo de água pluvial ou de limpeza da edificação sobre as estruturas de concreto.
Ambientes como coberturas, pátios, garagens, estacionamentos e varandas, ou seja, quaisquer
superfícies de concreto horizontalizadas, devem ser dispostas com ralos e condutores. As juntas
de dilatação devem evitar a passagem da água em seu interior, todas precisam ser devidamente
seladas. As pingadeiras nos beirais devem ser implementadas, assim como os rufos nos
encontros em diferentes níveis, protegendo assim topos de platibandas e paredes.

2.10.4 Cobrimento das armaduras

2.10.4.1 Qualidade do concreto de cobrimento

A NBR 6118 (2014) permite a utilização de uma tabela que relaciona a classe de
agressividade com o tipo de concreto a ser utilizado (armado ou protendido) fornecendo qual a
relação água cimento máxima e qual a classe do concreto a ser utilizada.
Segundo Bastos (2006, pg.64), que faz referência a NBR 8953/1992, a numeração
das classes de concreto tem relação direta com a resistência à compressão. Ou seja, um concreto
de classe C20 representa um valor de 𝑓 de 20 MPa.
87

2.10.4.2 Cobrimento nominal

O cobrimento nominal é o cobrimento mínimo acrescido da tolerância da execução,


que é de 10mm. Para cada tipo de estrutura e elemento, relacionados a classe de agressividade
ambiental a NBR 6118 (2014) fornece um valor de cobrimento nominal.

Existem algumas ressalvas que podem ser utilizadas conforme prescritas na norma
em relação à tolerância de execução dos elementos realizados in loco. Caso exista um controle
rigoroso de qualidade e limites rígidos de tolerância de variabilidade das medidas durante a
construção, desde que estipuladas em projeto, o cobrimento nominal determinado na tabela para
a classe de agressividade correspondente pode ser reduzido em 5mm. Da mesma forma que, se
utilizado um concreto de resistência superior ao mínimo estipulado, a mesma redução poderá
ser aplicada.
Assim como a classe do concreto garante a proteção das armaduras, o agregado
graúdo utilizado também exige uma limitação em relação ao cobrimento nominal (𝑐 ):

𝑑 á ≤ 1,2 𝑐

A NBR 6118 (2014) também ressalta que a qualidade e a espessura do concreto de


cobrimento têm relação direta com a durabilidade das armaduras, pois há chances de evolução
da corrosão do aço nas regiões das fissuras de flexão transversais.

2.11 CONCRETO

2.11.1 Resistência à compressão

É possível obter os valores de compressão através dos ensaios de corpo de prova


cilíndricos moldados pela ABNT NBR 5738 e rompidos conforme a ABNT NBR 5739.
Segundo Bastos (2006, pg. 63) que referência a NBR 5738 de 2003, os corpos de prova com
resistência menores ou iguais a 50 MPa devem ter dimensões de 15 cm de diâmetro por 30 cm
de altura. Já para os corpos de prova moldados com concreto superior a 50 MPa podem ser
menores, com dimensões 10 cm x 20 cm.
Ainda segundo Bastos (2006, pg.63) a NBR 5739 de 1994 estipula que se deve
determinar a resistência no 28º dia após a moldagem. A partir deste prazo pode-se estimar a
88

compressão média (𝑓 ) correspondente a uma resistência 𝑓 especificada de acordo com a


NBR 12655 (1996).
A NBR 6118 (2014) permite a adoção do valor de 𝑓 caso não exista valores
resultantes de ensaios de corpo de prova.

2.11.2 Resistência à tração

Segundo Bastos (2006, p.64) existem três termos utilizados para determinar à
resistência do concreto à tração: tração direta (𝑓 ) , tração indireta (𝑓 , ) e tração na
flexão (𝑓 , ). A NBR 6118 (2014) relembra que 𝑓 , e 𝑓 , são resultados de ensaios
realizados conforme as ABNT NBR 7222 e ABNT NBR 12142, respectivamente. Sendo:
𝑓 = 0,9 𝑓 ,

ou
𝑓 = 0,7 𝑓 ,

Na ausência dos ensaios de tração indireta e na flexão, estipula-se pela NBR 6118
(2014) que a resistência à tração direta pode ser determinada de acordo com as seguintes
equações:
𝑓 , = 0,7 𝑓 ,

𝑓 , = 1,3 𝑓 ,

onde

/
𝑓 , = 0,3 𝑓 para concretos de classes C20 à C50
𝑓 , = 2,12 ln(1 + 0,11𝑓 ) para concretos de classes C55 à C90.

com 𝑓 , e 𝑓 expressos em MPa.

Caso 𝑓 seja atinja um valor igual ou superior a 7 MPa, todas as expressões acima
podem ser utilizadas para idades diferentes de 28 dias.

2.11.3 Módulo de Elasticidade

Bastos (2006, p. 67) explica que, o concreto ao sofrer ação de tensões, em geral de
compressão, tende a se deformar. Assim sendo, o módulo de elasticidade é o parâmetro
89

numérico que relaciona esse evento. Quanto maior a resistência à compressão do concreto
menor será a sua deformação, logo maior será o seu módulo de elasticidade
Segundo a NBR 6118 (2014) o traço do concreto, em especial a natureza dos
agregados, tem relação com a deformação elástica do concreto. Bastos (2006) adiciona que
além do tipo de agregado, esse módulo também depende da pasta de cimento e da zona de
transição entre a argamassa e os agregados.
Ainda segundo Bastos (2006), o módulo de elasticidade será determinante no
cálculo de flechas em lajes e vigas. A NBR 6118 (2014) ressalta que tanto para a tração quanto
para a compressão, é adotado valor igual ao módulo de deformação secante (𝐸 ) para avaliar
o comportamento de um elemento estrutural ou seção transversal.
A NBR 6118 (1994, p. 24) determina um conjunto de expressões que devem ser
aplicados para determinação do valor do módulo de elasticidade inicial (𝐸 ) caso não seja
realizado o método de ensaio estabelecido pela ABNT NBR 8522, a qual determina o módulo
de deformação tangente inicial no 28º dia após a moldagem do corpo de prova. Os valores
estimados são obtidos pelas seguintes fórmulas:
𝐸 = 𝛼 . 5600 𝑓 , com 20 MPa ≤ 𝑓 ≤ 50 MPa;

𝐸 = 21,5. 10 . 𝛼 . + 1,25 , com 55MPa ≤ 𝑓 ≤ 90 MPa.

sendo
𝛼 = 1,2 para basalto e diabásio
𝛼 = 1,0 para granito e gnaisse
𝛼 = 0,9 para calcário
𝛼 = 0,7 para arenito

onde
𝐸 e 𝑓 são dados em MPa.

A NBR 6118 (1994, p. 24) prescreve que caso não seja realizado o método de ensaio
estabelecido pela ABNT NBR 8522 para determinação do módulo de deformação secante (𝐸 ),
o valore pode ser obtido pela expressão:
𝐸 = 𝛼 .𝐸
sendo
𝑓
𝛼 = 0,8 + 0,2 ≤1
80
90

2.11.3.1 Diagrama tensão – deformação do concreto à compressão

Segundo a NBR 6118 (2014), o diagrama fornecido estipula a idealização da


deformação do concreto sob tensões de compressão analisado em estado limite último. Para
concretos de classes até C50, determina-se a deformação específica de encurtamento do
concreto no início do patamar plástico (𝜀 ) com o valor de 2,0% e o máximo da deformação
específica de encurtamento do concreto na ruptura é de 3,5%.

Figura 47 - Diagrama tensão-deformação idealizado

Fonte: NBR 6118 (2014, p.26).

2.11.3.2 Diagrama tensão – deformação do concreto à tração

Segundo a NBR 6118 (2014) adota-se, para o concreto não fissurado, o diagrama
tensão-deformação bilinear de tração. Bastos (2006) explica que a deformação máxima de
alongamento é de 0,15 ‰ e que 𝐸 = 𝑡𝑔 𝑎.

Figura 48 - Diagrama tensão-deformação bilinear de tração

Fonte: NBR 6118 (2014, p.27).


91

2.11.4 Coeficiente de Poisson e módulo de elasticidade transversal

É estipulado, brevemente, pela NBR 6118 (2014, p. 25) que o coeficiente de


Poisson (ν) é igual a 0,2 quando os valores das tensões de compressão forem inferiores a 0,5 𝑓
e desde que as tensões de tração sejam menores que 𝑓 .
𝐸
O módulo de elasticidade transversal (𝐺 ) é igual a 2,4.

2.12 AÇOS PARA ARMADURAS

Bastos (2006) informa que a categoria de aço utilizada no Brasil é estabelecida pela
norma ABNT NBR 7480 de forma que as barras de aço são nomeadas de acordo com o tipo de
concreto e com o valor característico da resistência de escoamento (𝑓 ) em kN/cm². Essas são
classificadas entre CA-25, CA-50 e CA-60. Os dois primeiros são considerados aços de alta
dutilidade e o último aço de dutilidade normal.
A NBR 6118 (2014) afirma que a massa específica é de 7850 kg/m³ e seu módulo
de elasticidade é de 210 GPa. Além disso, 10 /°C é valor do coeficiente de dilatação térmica
tanto para armaduras passivas quanto para ativas, desde que respeitem os intervalos de
temperatura de -20°C a 150°C e -20º a 100°C respectivamente.
Para o cálculo nos estados limites de serviço e último, a norma permite a utilização
do diagrama representado nas Figura 49 e 50.

Figura 49 - Diagrama tensão-deformação Figura 50 - Diagrama tensão-deformação


para aços de armaduras passivas para aços de armaduras ativas

Fonte: NBR 6118 (2014, p.29). Fonte: NBR 6118 (2014, p.31).
92

2.12.1 Ancoragem das armaduras

Segundo a NBR 6118 (2014), o objetivo ao ancorar as armaduras no concreto é a


transmissão das forças que o aço está submetido. Essa transmissão de esforços pode ser por
aderência ou por dispositivos mecânicos, podendo combiná-los. A ancoragem por aderência
pode utilizar ganchos, porém a maior parte da transmissão acontece devido ao prolongamento
do comprimento reto ou ao grande raio de curvatura empregado.

2.13 VENTO

A NBR 6123 (1988) considera as forças devido à ação estática e dinâmica do vento
para efeitos de cálculo de edificações analisando a velocidade básica do vento (𝑉 ), o fator
topográfico (𝑆 ), a rugosidade do terreno, as dimensões da edificação e altura sobre o terreno
(𝑆 ) além do fator estatístico (𝑆 ).

2.13.1 Velocidade básica do vento (𝑽𝟎 )

A velocidade básica do vento é uma rajada de 3 segundos, excedida em média uma


vez em 50 anos a 10 metros acima de terreno aberto e plano. Admite-se que o vento básico pode
soprar em qualquer direção horizontal. No Brasil, pode-se determinar esse valor através da
isopleta fornecida na norma:

2.13.2 Fator S1

As variações do relevo do terreno em que a edificação está situada é o que determina


o fator topográfico (𝑆 ). Para terrenos planos ou fracamente acidentados esse valor se iguala a
1,0. Caso a edificação esteja protegida em todas as direções, como em vales profundos, este
valor reduz para 0,9. Caso o edifício se encontre em morros e taludes, utilizam-se expressões
indicadas conforme sua locação.
93

2.13.3 Fator S2

Analisa o conjunto de características estruturais, do solo e da posição em relação ao


mesmo. Os ventos fortes, que naturalmente tem altas velocidades, tendem a aumentar à medida
que a distância vertical da edificação aumenta. Rajadas de curta duração afetam mais os
elementos de edificações e as pequenas construções do que as grandes.

2.13.3.1 Rugosidade do terreno

A NBR 6123 (1988) segregou a rugosidade do terreno em 5 categorias.


A categoria I abrange superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5 km de
extensão, medida na direção e sentido do vento incidente. Podem ser mares calmos, rios e lagos
ou pântanos sem vegetação.
A categoria II engloba terrenos abertos em nível ou aproximadamente em nível,
sem muitos obstáculos isolados, tais como árvores e edificações baixas. Estão incluídas nessa
categoria zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de aviação, pradarias e
charnecas e fazendas sem sebes ou muros. A cota média do topo dos obstáculos é considerada
inferior ou igual a 1,0 m. c
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros, poucos
quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas pertencem à categoria III. São exemplos
as granjas e casas de campo, fazendas com sebes ou muros e subúrbios a considerável distância
do centro, rodeado de casas baixas A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a
3,0 m.
Categoria IV: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em
zona florestal, industrial ou urbanizados. A cota média do topo dos obstáculos é considerada
igual a 10 m. Categoria V: Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco
espaçados. A cota média do topo dos obstáculos é considerada igual ou superior a 25 m.

2.13.4 Fator S3

Segundo a NBR 6123 (1988), o fator estatístico considera o grau de segurança


requerido e a vida útil da edificação. Esse fator trabalha com a probabilidade da velocidade
básica do vento (𝑉 ) exceder ou igualar-se ao determinado na isopleta e com os períodos de
94

exposição da edificação à ação do vento, podendo ser majorados ou minorados de acordo com
o tipo da edificação.

2.14 INSTABILIDADE E EFEITOS DE 2ª ORDEM

A NBR 6118 (2014) afirma que existem três tipos de instabilidade em estruturas.
Os dois primeiros casos ocorrem tanto para estruturas de material de comportamento linear
quanto não linear.
A primeira diz respeito a estruturas sem imperfeições geométricas iniciais que,
perdem estabilidade por bifurcação do equilíbrio (flambagem), quando solicitadas a
carregamentos especiais.
Na segunda, a estrutura perde estabilidade sem bifurcação de equilíbrio, mas por
passagem brusca de uma configuração para outra reversa da anterior.
A última não sofre com flambagem, mas como são estruturas de material de
comportamento não linear, com imperfeições geométricas iniciais, podem perder estabilidade
conforme o crescimento do carregamento, fazendo com que a capacidade resistente da estrutura
passe a ser menor do que o aumento da solicitação (ponto-limite sem reversão). A NBR 6118
(2014) separa as imperfeições geométricas em imperfeições globais e imperfeições locais.
Giongo (2007, p.81) afirma que devem ser consideradas em edificações formadas por pórtico e
pilares parede, nos eixos das peças verticais da estrutura sem ação, um certo desaprumo.

A NBR 6118 (2014) define o conceito dos efeitos de 2ª ordem como:

Efeitos de 2ª ordem são aqueles que se somam aos obtidos em uma análise de
primeira ordem (em que o equilíbrio da estrutura é estudado na configuração
geométrica inicial), quando a análise do equilíbrio passa a ser efetuada considerando
a configuração deformada. (NBR 6118, 2014, item 15.2).

Ou seja, os efeitos de 2ª ordem são analisados quando a estrutura, com


comportamento não linear dos materiais, está deformada. Soma-se seus efeitos aos obtidos em
uma análise de primeira ordem, onde o equilíbrio da estrutura é analisado na configuração
geométrica inicial. Se os efeitos de 2ª ordem não ultrapassarem 10% os valores de reações e
solicitações da estrutura em sua configuração inicial, não precisam ser considerados na análise
estrutural.
95

2.14.1 Efeito P-delta

Segundo Iglesia (2016), o efeito p-delta é analisado quando a estrutura está


deformada, portanto trata-se de esforços de segunda ordem. Com a aplicação das cargas
verticais, nesse caso denominada “P”, em edifícios com cargas laterais ou assimetrias
geométricas podem produzir deslocamentos laterais nos pavimentos (Δ).

Figura 51 - Efeito P-delta

Fonte: IGLESIA (2016, p. 5).

Figura 52 - Estados não deformado e deformado da estrutura

Fonte: IGLESIA (2016, p. 3).

Iglesia (2016) também explica que, o cálculo do deslocamento lateral devido à


carga V pode ser tomado de forma iterativa. De forma que, o primeiro deslocamento encontrado
seja utilizado no cálculo do momento fletor, que gerará outro deslocamento lateral. Quando o
96

último deslocamento lateral tenha uma diferença em valor muito pequena em relação ao seu
anterior, o processo pode ser finalizado. O resultado obtido pode não ser apropriado para o
efeito na análise dinâmica, portanto pode-se utilizar a equação a seguir que obtém, sem
iterações, de forma exata o deslocamento lateral na estrutura deformada:

𝑉𝐿³
∆=
3𝐸𝐼 − 𝑃𝐿²

2.14.2 Processo γz

Moncayo (2011) cita que o coeficiente de γz avalia a estabilidade global do edifício


com estruturas de concreto armado, estimando os efeitos de segunda ordem pela majoração dos
esforços de primeira ordem. Os valores utilizados em prática nos projetos ficam entre 1,0 e 1,2.
São valores aceitáveis até 1,3 apesar de aparecer diferenças de ordem de 7% contra a segurança,
sendo que abaixo de 1,0 e acima de 1,3 indicaria uma estrutura instável.
Segundo a NBR 6118 (2014), o valor de γz para cada combinação de carregamento
é dado pela expressão:
1
𝛾 =
∆𝑀 ,
1 − ∆𝑀
, ,

onde
∆𝑀 , é o momento de tombamento. Consiste no somatório das forças horizontais,
com seus valores de cálculo, em relação à base da estrutura.
∆𝑀 , , é a soma dos produtos de todas as forças verticais atuantes na estrutura,
na combinação considerada, com seus valores de cálculo, pelos
deslocamentos horizontais de seus respectivos pontos de aplicação,
obtidos da análise de 1ª ordem.

O coeficiente γz, como prescrito em norma, é considerado em edificações


reticuladas a partir de quatro pavimentos.
97

2.14.2.1 Estruturas de nós fixos e nós móveis

A NBR 6118 (2014) prescreve que quando os valores de 𝛾 forem inferiores a 1,1
considera-se que a estrutura é de nós fixos. Nesses casos os efeitos de segunda ordem são
desprezíveis, sendo necessário somente a consideração dos efeitos locais e localizados de 2ª
ordem. Já com valores de 𝛾 superiores a 1,1 diz-se que a estrutura é de nós móveis, onde os
deslocamentos horizontais são maiores fazendo com que, além das considerações necessárias
para nós fixos, os efeitos de segunda ordem sejam imprescindíveis.

2.15 EBERICK

Desenvolvido pela primeira vez em 1996 no ambiente Windows, o Eberick integrou


totalmente os projetos de vigas, lajes, pilares e infraestrutura. O projeto estrutural resultante
pode ser tanto em concreto armado moldado in-loco ou pré-moldado, alvenaria estrutural e
estruturas mistas. Sendo assim, será usado o software Eberick 2019 para a realização deste
trabalho.
Atualmente possui um ambiente de CAD, que realizam a modelagem pilares, vigas,
lajes, escadas, fundações, reservatórios, muros e elementos de outros materiais. É nessa mesma
sequência que são dados os lançamentos dos elementos que então irá permitir a visualização
tridimensional da estrutura.
Seguindo as prescrições das normas brasileiras, o sistema verifica os elementos para
o Estado Limite Último e de Serviço (ELU e ELS). Permite calcular assim, os esforços e os
resultados de armadura.
Outra vantagem do sistema é o fornecimento do detalhamento dos elementos
estruturais com suas armaduras. Além disso, gera a planta de formas de acordo com a geometria
da estrutura.
O programa gera o memorial de cálculo da edificação, contendo relatórios
referentes à análise global, esforços e dimensionamento dos elementos e cargas nas fundações.
Também é possível gerar um relatório com os critérios adotados no projeto, como dados da
obra e normas utilizadas para análise e dimensionamento dos elementos estruturais. O software
também gera um relatório com o resumo dos materiais da edificação, tais como o volume de
concreto, peso de aço, área de forma, quantitativo de blocos de enchimento, consumo de aço e
tabela de custos de materiais, forma e execução de cada peça estrutural.
98

3 MÉTODO DE PESQUISA

Serão elaboradas duas soluções estruturais a partir de um mesmo pórtico lançado no


Eberick. Desse modo, um possuirá as fundações como apoios indeslocáveis por meio de rótulas,
enquanto a outra possuirá fundações com vinculações elásticas de modo a representar a
interação solo – estrutura (ISE).
Em princípio, o processo de lançamento da estrutura é realizado considerando os apoios da
estrutura como indeslocáveis, para a realização da análise estática linear da estrutura. De modo,
a se obter o dimensionamento dos elementos estruturais.
Para a elaboração do segundo modelo, aproveita-se a estrutura já lançada, e aplicam-se
sobre as fundações, os procedimentos para considerar a ISE, conforme indicado no item 2.6
deste trabalho. De modo, a se obter novos esforços internos e dimensionamentos dos elementos
estruturais.
Em posse dos dados de esforços internos e dimensionamento dos dois modelos, serão
realizadas análises comparativas quanto à grandeza dos resultados obtidos e o quantitativo de
aço. Com o intuito de se verificar a influência que uma análise com a consideração da ISE tem
sobre o edifício, e quais os elementos que são mais afetados por essa análise. Bem como,
possíveis subdimensionamentos ou superdimensionamentos de elementos, que são efetuados
por não se considerar interação do solo com a estrutura.
99

4 PROJETO ARQUITETÔNICO

Para a análise do projeto estrutural pelo software Eberick foi elaborado um projeto
arquitetônico de um edifício multifamiliar com onze pavimentos composto por um térreo, oito
tipos, uma casa de máquinas e um reservatório. Os pavimentos tipo possuem quatro unidades
por andar, todas com dois dormitórios, totalizando 32 apartamentos. Dentre os quatro
apartamentos por andar, dois possuem 92 m² e os outros dois 82 m² de área útil. O pavimento
térreo possui vagas de garagem e áreas de uso comum. A área total construída do projeto é de
4251,15 m². Os projetos arquitetônicos são de autoria própria e fictícios.

4.1 PREPARAÇÃO PARA IMPORTAÇÃO DA ARQUITETURA NO EBERICK

Estipulou-se a altura de cada pavimento e suas posições em relação ao solo, as quais podem
ser verificadas na figura 53 através da uma janela de propriedades da edificação do Eberick,
sendo que, devido ao sistema de reconhecimento do lançamento da escada do software, foi
necessário considerar o pavimento teto tipo 8 como sendo um nível intermediário (altura 330)
do pavimento UA (última altura do elevador) e a figura 54 demonstra um corte esquemático
gerado a partir das informações de nível dos pavimentos.

Figura 53 - Lançamento dos pavimentos do edifício

Fonte: Autores, 2019.


100

Figura 54 - Representação gráfica dos níveis da estrutura

Fonte: Autores, 2019.

Para que todos os níveis tenham um alinhamento entre si foi definido um ponto de inserção
comum a todas as plantas baixas, que por sua vez, tiveram que ser configurados para facilitar a
visualização no software. Isto é, eliminou-se alguns layouts de mobiliário, linhas de corte e
textos irrelevantes para o processo. Mantiveram-se apenas os itens necessários das plantas
(Figuras 55 a 58), como contorno de paredes, esquadrias, elementos hidráulicos e escadas.

Figura 55 - Planta baixa do pavimento térreo

Fonte: Autores, 2019.


101

Figura 56 - Planta baixa dos pavimentos tipo (x8)

Fonte: Autores, 2019.

Figura 57 - Casa de máquinas Figura 58 - Planta baixa do reservatório

Fonte: Autores, 2019. Fonte: Autores, 2019.

Estes projetos são importados nos formatos DXF e DWG para o Eberick na aba “desenho”
de cada nível correspondente, a fim de de analisar como um todo a concepção da estrutura e
testar hipóteses de lançamento de vigas, pilares e lajes.

4.2 CONCEPÇÃO E PRÉ DIMENSIONAMENTO DA ESTRUTURA

Para compor a estrutura, realizou-se o cálculo do pré-dimensionamento dos elementos, ou


seja, pilares, vigas e lajes. Além disso, ao realizar este procedimento, evita-se a realização de
edições na estrutura a ser lançada no Eberick, já que, os elementos devem apresentar proporções
próximas das definitivas.
102

Com o auxílio da NBR 6118 (2014) e por critérios definidos por Alva (2007), é possível
estimar as dimensões mínimas de elementos estruturais. Sendo que, para isso, considerou-se
um fck (resistência característica do concreto à compressão) de 35 MPa.

4.2.1 Pilares

Para a locação dos pilares, utilizou-se as recomendações de Alva (2007). Portanto,


manteve-se uma distância entre os pilares entre 2,5 e 6,0 metros buscando sempre intersecionar
com vigas e posicioná-los com a intenção de gerar pórticos com as mesmas. Evitou-se a
colocação de pilares na circulação interna dos cômodos, buscando escondê-los atrás das portas
e se possível sempre dentro das paredes.
A NBR 6118 (2014), em princípio limita a menor dimensão do pilar em 19 cm e seção
mínima de 360 cm². Em vista disso, a menor dimensão dos pilares foi arbitrada com 20 cm e
utilizou-se a área de influência do pilar a fim de de calcular a outra dimensão em planta, que
segundo Alva (2007) se compõe a partir da mediatriz dos segmentos de reta que unem os pilares.
Como a estrutura possui um eixo de simetria, a maioria dos pilares compreendem áreas de
influências de valores iguais. A representação da Figura 59 engloba todas as áreas de influência
dos pilares da estrutura.

Figura 59 - Área de influência dos pilares

Fonte: Autores, 2019.


103

A Tabela 5 demonstra como foi o cálculo para a estimativa das seções dos pilares do
edifício pelo método da área de influência. Cabendo ressaltar que para um pré-
dimensionamento a favor da segurança, considerou-se uma carga de pavimento tipo mesmo
para os pavimentos que possuem cargas menores. Entretanto, para os pilares P10, 11, 13, 17,
18, 21, 22, 23 24, optou-se por seções reduzidas, por questões arquitetônicas. De todo modo, as
seções são posteriormente verificas por meio da análise dos resultados do processamento
efetuado pelo Eberick, de forma a se determinar se possíveis ajustes nas seções destes pilares
são necessários.

Tabela 5 - Pré-dimensionamento da seção dos pilares


Área de Força nominal (Nk) Número de Força normal (Nd) Área da seção Seção arbitrada
Pilares β harbitrado
Influência Ai Nk = (g+q) * Ai pavimentos (n) Nd = Nk * n * β do pilar b hmínimo
P1 P6 P28 P33 11.61 m² 139.32 kN 10 2.5 34830 hN 1264.25 cm² 20 64 90
P2 P5 P29 P32 16.75 m² 201.00 kN 10 2.2 44220 hN 1605.08 cm² 20 81 90
P3 P4 - - 15.99 m² 191.88 kN 10 2.2 42213.6 hN 1532.25 cm² 20 77 90
P10 P11 P23 P24 10.42 m² 125.04 kN 10 2.2 27508.8 hN 998.50 cm² 20 50 45
P7 P9 - - 9.68 m² 116.16 kN 12 2.2 30666.24 hN 1113.11 cm² 20 56 115
P8 - - - 5.31 m² 63.72 kN 11 2.2 15420.24 hN 559.72 cm² 20 28 50
P12 P14 - - 11.60 m² 139.20 kN 12 1.8 30067.2 hN 1091.37 cm² 20 55 115
P13 - - - 14.13 m² 169.56 kN 11 1.8 33572.88 hN 1218.62 cm² 20 61 50
P15 P20 - - 9.17 m² 110.04 kN 10 2.2 24208.8 hN 878.72 cm² 20 44 70
P16 P19 - - 21.09 m² 253.08 kN 10 1.8 45554.4 hN 1653.52 cm² 20 83 90
P17 P18 - - 23.15 m² 277.80 kN 10 1.8 50004 hN 1815.03 cm² 20 91 90
P21 P22 - - 13.55 m² 162.60 kN 11 1.8 32194.8 hN 1168.60 cm² 30 39 30*
P25 P27 - - 7.85 m² 94.20 kN 11 2.2 22796.4 hN 827.46 cm² 20 42 90
P26 - - - 5.47 m² 65.64 kN 11 2.2 15884.88 hN 576.58 cm² 20 29 90
P30 P31 - - 15.45 m² 185.40 kN 10 2.2 40788 hN 1480.51 cm² 20 75 90
P34 P35 - - 7.71 m² 92.52 kN 10 2.2 20354.4 hN 738.82 cm² 20 37 45
(g+q) = 12 kN/m²
*Por uma melhor disposição arquitetônica manteve-se a hipótese de uma seção menor.
Fonte: Autores, 2019.

4.2.2 Vigas

A seção das vigas foi delimitada de forma com que ficassem, na maioria dos casos,
embutidas em paredes. A Tabela 6 define a espessura de cada viga utilizada de acordo com a
função da parede que a reveste. As paredes externas são aquelas que têm uma de suas faces
voltada para o exterior da edificação, as divisórias são as que estão em comum com dois ou
mais apartamentos e as internas possuem suas duas faces voltadas para o mesmo apartamento.
Como a NBR 6118 (2014) não admite valores menores que 12 cm para a largura da viga e
foi estipulado uma espessura de 16 para menor espessura de parede, as internas, arbitrou-se 14
cm de espessura das vigas para internas e 19 cm para externas e divisórias.
104

Tabela 6 - Espessura das vigas (bw)


Espessura do Espessura do
Espessura da Espessura do revestimento revestimento Espessura da
Parede parede (cm) tijolo (cm) interno (cm) externo (cm) viga (cm)
(A) (B) (C) (D) (E) (F) = (B)-(D)-(E)

Interna 16 14 1 1 14
Externa 22 19 1 2 19
Divisória 23 19 2 2 19
Fonte: Autores, 2019.

De acordo com a arquitetura do projeto e com a posição previamente estipulada dos pilares,
determinou-se a disposição das vigas nos pavimentos (Figuras 60 a 64). Sendo que, para efetuar
o pré-dimensionamento das mesmas, foi utilizado o método dos vãos comparáveis, dividindo
sempre o vão médio por 10. A Tabela 7 apresenta todos os dados utilizados para a realização
do pré-dimensionamento das vigas do edifício.

Figura 60 - Disposição dos elementos no Pavimento Baldrame

Fonte: Autores, 2019.


105

Figura 61 - Disposição dos elementos no Pavimento Teto Térreo

Fonte: Autores, 2019.

Figura 62 - Disposição dos elementos no Pavimento Teto Tipo

Fonte: Autores, 2019.

Figura 63 - Disposição dos elementos no Piso da Casa de Máquinas

Fonte: Autores, 2019.


106

Figura 64 - Disposição dos elementos no Piso do Reservatório

Fonte: Autores, 2019.

Tabela 7 - Pré-dimensionamento das vigas


Ti po e Teto Térreo Baldrame Casa de Máquinas
Viga
L1 (cm) L2 (cm) L1/L2 h mínimo (cm) L1 (cm) L2 (cm) L1/L2 h mínimo (cm) L1 (cm) L2 (cm) L1/L2 h mínimo (cm)

V1 408,4 391 1 45 408,4 393 1 45 408,4 393 1 45


V2 408,4 391 1 45 408,4 393 1 45 87,1 327,4 0,3 35
V3 438,5 377 1,2 45 414,5 438,5 0,9 45 414,5 185 2,2 45
V4 438,5 377 1,2 45 142,4 87,1 1,6 35 415 415 1 45
V5 408,4 391 1 45 387 435,5 0,9 45 183,5 183,5 1 35
V6 414,5 438,5 0,9 45 408,4 393 1 45 231,5 183,5 1,3 35
V7 408,4 391 1 45 408,4 393 1 45 277 267 1 35
V8 = V10* 408,4 391 1 45 414,5 185 2,2 45 179,5 156,5 1,1 35
V9 = V8* 87,1 438,5 0,2 45 408,4 393 1 45 324,5 272 1,2 35
V10 = V11* 408,4 391 1 45 408,4 393 1 45 324,5 272 1,2 35
V11 = V12* 185 414,5 0,4 45 232 184,5 1,3 35 134,5 324,5 0,4 35
V12 = V13* 414,5 438,5 0,9 45 232 184,5 1,3 35 277 267 1 35
V13 = V14* 414,5 438,5 0,9 45 408,4 393 1 45
V14 = V15* 232 438,5 0,5 45 184,5 184,5 1 35
V15 = V16* 232 438,5 0,5 45 408,4 393 1 45
V16 = V17* 408,4 391 1 45 183,5 233,2 0,8 35
V17 = V18* 185 414,5 0,4 45 408,4 393 1 45
V18 = V19* 408,4 391 1 45 341,1 236,9 1,4 35
V19 = V20* 408,4 391 1 45 578 578 1 60
V20 = V21* 414,5 438,5 0,9 45 548 549 1 55
V21 = V22* 408,4 391 1 45 408,4 578 0,7 60
V22 414,5 438,5 0,9 45 447,5 268 1,7 45
V23 414,5 438,5 0,9 45 324,5 272 1,2 35
V23* 414,5 438,5 0,9 45
V24 408,4 391 1 45 447,5 268 1,7 45
V25 408,4 391 1 45 272 324,5 0,8 35
V26 324 128 2,5 35 134,5 324,5 0,4 35
V27 324 128 2,5 35 542 539,5 1 55
V28 580 578 1 60 173,5 404,5 0,4 45
V29 580 578 1 60 542 539,5 1 55
V30 173,5 268,5 0,6 35 447,5 130,5 3,4 45
V31 404,5 416,8 1 45 341,1 236,9 1,4 35
V32 173,5 404,5 0,4 45
V33 324,5 272 1,2 35
V34 272 324,5 0,8 35
V35 272 324,5 0,8 35
V36 134,5 324,5 0,4 35
V37 404,5 416,8 1 45
V38 172,5 268,5 0,6 35
V39 580 578 1 60
V40 580 578 1 60
V41 324 128 2,5 35
V42 324 128 2,5 35
Obs: * = Viga no pavimento Teto térreo

Fonte: Autores, 2019.


107

Observa-se ainda que, foi possível gerar pórticos na estrutura nas duas direções (X e Y),
(Figura 65) sendo que para a direção Y, utilizando a planta de baldrame como referência os
mais eficientes são compostos pelos conjuntos V18/P1/P10/P15/P23/P28, V19/P2/P16/P29,
V20/P3/P17/P30, e seus elementos espelhados. Já para a direção X, pelos elementos
V3/P7/P8/P9 e V9/P15/P16/P17 e seus elementos espelhados.

Figura 65 - Pórticos analisados

Fonte: Autores, 2019.

4.2.3 Lajes

O sistema de painéis de lajes foi definido por meio de elementos maciços de concreto
armado. Sendo assim, a Tabela 8 mostra as dimensões do menor vão de cada laje do pavimento
tipo e sua respectiva espessura mínima, conforme sugerido na metodologia definida por Alva
(2007).
108

Tabela 8 - Lajes dos pavimentos tipo pré-dimensionadas


Lajes do Pavimento Tipo Lx (cm) hmínima
L1 L6 L39 L48 162,5 10
L2 L5 L40 L47 324 10
L3 L4 L49 L50 103,6 10
L7 L10 L27 L30 391 10
L8 L9 173,5 10
L11 L18 L35 L38 122,8 10
L12 L17 L36 L37 122,8 10
L13 L16 404,5 11
L14 185 10
L15 142,4 10
L19 L22 L25 L32 162,5 10
L20 L21 L26 L31 236,9 10
L23 L24 324,5 10
L28 L29 404,5 11
L33 L34 232 10
L41 L46 173,5 10
L42 L45 141 10
L43 L44 173,5 10
Fonte: Autores, 2019.

Visto que a maioria das lajes tem a espessura mínima de 10 cm, estipulou-se este valor para
todas, a fim de padronizar um possível processo construtivo. De todo modo, assim, como visto
para os pilares, as seções são posteriormente verificas por meio da análise dos resultados do
processamento efetuado pelo Eberick, de forma a se determinar se possíveis incrementos na
espessura das lajes L13, L16, L28 e L29 serão necessários.

4.3 LANÇAMENTO DA ESTRUTURA

Com base na concepção e no pré-dimensionamento dos elementos da estrutura, os pilares


foram os primeiros a serem lançados seguidos das vigas e por fim, as lajes. Estes elementos
lançados em um pavimento foram copiados para os demais e feitos os ajustes necessários para
cada configuração da arquitetura. Além disso, também foram lançadas escadas, reservatórios,
cargas distribuídas e cargas de parede.
109

4.3.1 Lançamento dos pilares

Do baldrame até o teto do último pavimento tipo, todos os pilares são contínuos. Acima
disso, apenas os pilares P7, P8, P9, P12, P13, P14, P21, P22, P25, P26 e P27 seguem até o teto
da casa de máquinas e apenas P7, P9, P12 e P14 seguem até o teto do reservatório. Como todos
os pilares lançados coincidem em eixo com os pilares de arranque, não existirão vigas de
transição na estrutura. Além disso, cada pilar manteve a sua respectiva seção em toda a sua
prumada. Ao todo, foram contabilizados 35 pilares.
Assim como definido no pré-dimensionamento, os pilares que possuem seção menor que a
estimada, serão verificados após o processamento da estrutura, se possuem a capacidade
necessária para resistir aos esforços solicitantes, ou se será necessário realizar modificações nas
dimensões.

4.3.2 Lançamento das vigas

Após o pré-dimensionamento das vigas, notou-se que era necessário alterar algumas
dimensões das vigas, já que algumas se encontravam com altura maior do que nas quais estavam
se apoiando e outras por mais que fossem internas iriam compor pórticos de contraventamento.
Sendo assim, adotou-se, sempre, uma dimensão equivalente. Também buscou-se rotular essas
intersecções, pois os esforços de torção resultantes do momento fletor negativo gerado nas
extremidades, não são essenciais ao equilíbrio do conjunto e assim, não precisam ser
considerados, já que a NBR 6118 (2014) confere a possibilidade de desprezar esse esforço de
momento, quando não se trata de uma torção de equilíbrio, mas sim de uma torção de
compatibilidade.
Ao lançar as vigas respeitou-se ao máximo a intenção de mantê-las internamente às
paredes, porém como a diferença de nível entre os pavimentos tipo da estrutura foi estabelecida
em 330 cm e a maior altura de viga pré-dimensionada é de 60 cm e a laje de 10 cm espera-se
que não aconteçam interferências arquitetônicas, já que a altura útil ainda seria de pelo menos
270 cm para os pavimentos tipo, respeitando o disposto no artigo 100 do código de obras de
Florianópolis.
110

4.3.3 Lançamento das lajes

As lajes foram delimitadas pelo contorno das vigas lançadas, e conforme definido no pré-
dimensionamento, todas as lajes foram lançadas com 10 cm de espessura e serão verificadas se
possuem a necessidade de redimensionamento após o processamento da estrutura.

4.3.4 Lançamento das escadas

Como a diferença entre níveis dos pavimentos tipo é de 330 cm, estipulou-se que um
patamar seria inserido a cada 165 cm. Já para o pavimento de casa de máquinas, foi inserido
um patamar na altura de 180 cm, pois, possui uma diferença de nível em relação ao último
pavimento tipo de 360 cm. Com isso, os lances das escadas (Figura 66) foram inseridos de
forma a se conectar aos patamares inseridos.

Figura 66 - Dimensões geométricas das escadas

Fonte: Autores, 2019.

As escadas lançadas (Figuras 67 e 68) possuem 18 degraus de 18 cm de espelho e 28 cm


de piso, com um patamar de descanso no 9º degrau, com exceção dos lances de escada que
unem a casa de máquinas e o último pavimento tipo, que possuem 20 degraus com as mesmas
dimensões, com um patamar de descanso no 10º degrau. Os lances de escada estão apoiados
sobre as vigas entre os pilares P8 e P13 e os patamares de descanso com espessura de 12 cm,
os quais estão apoiados sobre os pilares P7 e P12 e sobre a viga entre estes pilares.
111

Figura 67 - Lançamento da escada (Nível superior)

Fonte: Autores, 2019.

Figura 68 - Lançamento da escada (Nível inferior)

Fonte: Autores, 2019.

4.3.5 Estrutura

As figuras 69 a 73 a seguir, representam graficamente como foram lançados todos os


elementos relevantes para o projeto estrutural no Eberick, e a figura 74, demonstra qual o
resultado obtido pelo modelo 3D ao término do lançamento da estrutura:
112

Figura 69 - Lançamento do Baldrame

Fonte: Autores, 2019.

Figura 70 - Lançamento do Teto Térreo

Fonte: Autores, 2019.

Figura 71 - Lançamento do Teto Tipo

Fonte: Autores, 2019.


113

Figura 72 – Lançamento da casa de máquinas

Fonte: Autores, 2019.

Figura 73 - Lançamento do reservatório

Fonte: Autores, 2019.


114

Figura 74 - Pórtico 3D da estrutura lançada

Fonte: Autores, 2019.


115

4.4 ESPECIFICAÇÃO DE MATERIAIS E CARGAS APLICADAS

4.4.1 Concreto e aço

A NBR 6120 (1980) estipula que o peso específico aparente de todo elemento de concreto
armado possui carga de 25 kN/m³. Esse dado é considerado pelo software. Sendo que, o peso
próprio de cada elemento estrutural baseia-se na sua geometria.

4.4.2 Lajes

Todas as lajes inseridas no projeto são maciças de concreto armado e sobre elas são
aplicadas suas cargas de peso próprio, acidentais e de revestimento advindas das configurações
do Eberick, que por sua vez respeita as bases normativas da NBR 6120 (1980) para esses casos.
Sendo assim, as cargas aplicadas sobre as lajes podem ser verificadas na tabela 9.

Tabela 9 - Cargas das lajes


Peso
Lajes maciças próprio
Acidental Revestimento
Banheiro 250,0 kgf/m² 150,0 kgf/m² 181,5 kgf/m²
Dormitórios e Salas 250,0 kgf/m² 150,0 kgf/m² 154,5 kgf/m²
Área de serviço e lavanderia 250,0 kgf/m² 200,0 kgf/m² 181,5 kgf/m²
Copa e Cozinha 250,0 kgf/m² 150,0 kgf/m² 181,5 kgf/m²
Corredores - Com acesso ao público 250,0 kgf/m² 300,0 kgf/m² 154,5 kgf/m²
Casa de máquinas (Incluindo o peso das máquinas) 250,0 kgf/m² 750,0 kgf/m² 136,5 kgf/m²
Forros - Sem acesso ao público 250,0 kgf/m² 50,0 kgf/m² 181,5 kgf/m²
Fonte: NBR 6120, 1980.

4.4.3 Paredes

A norma vigente de cargas para o cálculo de estruturas de edificações é a NBR 6120 (1980).
Desta forma, o item 2.1.3 dessa norma explica que, caso não se tenha a informação experimental
da carga do elemento, pode-se utilizar a tabela da norma que fornece os materiais de construção
mais frequentes. Em vista disso, buscou-se realizar a determinação experimental das cargas de
paredes compostas por blocos de alvenaria vazados de espessura nominais de 14 e 19 cm, que
serão os adotados para o projeto. Entretanto, os valores de cargas obtidos foram inferiores aos
verificados na tabela 2 de alvenarias do projeto de consulta pública de atualização da norma em
116

questão. Diante disto, optou-se por adotar os dados experimentais constatados na tabela (Tabela
10) de alvenarias para blocos cerâmicos vazados.

Tabela 10 - Cargas de parede


Blocos cerâmicos vazados
Espessura Revestimento
nominal interno + externo Carga na parede
14 cm 1+1 144,04 kgf/m²
19 cm 1+2 181,00 kgf/m²
19 cm 2+2 198,00 kgf/m²
Fonte: Adaptado do projeto de revisão da NBR 6120, 2018.

Por conta das diferentes alturas de vigas ou da isenção das mesmas embutidas em uma
parede, as cargas lineares aplicadas terão diferentes valores.

4.4.4 Escadas

Todos lances de escadas e patamares foram especificados com acesso ao público, portanto
ambos terão 300 kgf/m² de carga acidental. Os patamares (Figura 75) resultarão em 154,5
kgf/m² de revestimento, conforme os itens e valores adotados pela NBR 6120.

Figura 75 - Cargas de revestimento dos patamares

Fonte: Autores, 2019.

Já os lances de escada (Figura 76) apresentam carga de revestimento de acordo com os


valores de piso e espelho dos lances. Sendo assim, os lances apresentam carga de revestimento
total de 171 kgf/m².
117

Figura 76 - Cargas de revestimento dos lances de escada

Fonte: Autores, 2019.

4.4.5 Reservatório de água

Para reservatórios de água, o Eberick permite o lançamento destes por meio de paredes e
lajes, sendo necessário definir uma altura de água por meio de câmaras, de modo a definir o
carregamento causado pela água sobre as paredes e a laje de fundo. No caso do projeto em
questão, utilizou-se 2 câmaras com uma altura de 140 cm cada, suficiente para atender o
consumo de água do edifício habitado e para a reserva técnica de incêndio. Isso gerou uma
carga extra de 1400 kgf/m² na laje do reservatório.

4.5 CONFIGURAÇÕES DO EBERICK

Antes de efetuar o processamento da estrutura é necessário ajustar as configurações do


software conforme as necessidades do projeto e respeitando prescrições normativas. Sendo
assim, foram configurados os parâmetros de ações, análise, dimensionamento, vento, materiais
e durabilidade e verificações ao ELS.

4.5.1 Configurações de ações

Para as configurações das ações (Figura 77) que compõem as combinações de cálculo
atuantes na estrutura, para o dimensionamento no estado limite último (ELU), verificação do
estado limite de serviço (ELS) e para as fundações do projeto, foi necessário apenas realizar
modificações nos fatores de combinação para ações acidentais para dimensionamento no ELU
e verificações do ELS, de modo que ficassem calibrados para edificações residenciais,
118

conforme prescrito na NBR 6118 (2014). Quanto aos demais parâmetros, não houve
necessidade de se realizar alterações, pois, o programa já vem pré-configurado para atender os
critérios da norma indicada acima.

Figura 77 - Fatores de combinação

Fonte: Autores, 2019.

4.5.2 Configurações de análise

As configurações de análise definem os parâmetros de cálculo para obtenção dos esforços


e deslocamentos. Desta forma, nesta etapa definem-se o modelo de processo de cálculo a ser
adotado, redução de rigidez de elementos devido à torção de compatibilidade, efeito do
processo construtivo, não linearidade física e geométrica.

4.5.2.1 Processo de cálculo

O programa fornece dois métodos para o processo de cálculo para obtenção de esforços
internos solicitantes e deslocamentos, sendo um definido pela composição do conjunto de
grelha e pórtico espacial. Sendo que, as grelhas servem para discretizar as lajes, e a partir das
reações destas aplicá-las sobre as vigas, que em conjunto dos pilares, os quais servem de
elementos de apoio para as vigas, irão compor o pórtico espacial. Enquanto o segundo método,
é composto por um modelo integrado, em que as lajes são discretizadas diretamente sobre o
119

pórtico espacial, não havendo uma separação entre os modelos que discretizam os elementos,
como ocorre no primeiro método.
Tendo em vista os dois métodos de análise, optou-se pelo primeiro, já que, costuma
apresentar menor tempo de processamento, apesar de o segundo considerar esforços que o
primeiro não considera.

4.5.2.2 Redução na rigidez à torção

No que diz respeito à redução de rigidez à torção de vigas e pilares, conforme a NBR
6118 (2014) no item 17.5.1.2, e como já visto no item 4.3.2 deste trabalho, quando a torção for
desnecessária ao equilíbrio, ou seja, configure uma torção de compatibilidade, pode-se
desprezá-la, desde que, o elemento estrutural possua capacidade suficiente de adaptação
plástica, e que os outros esforços atuantes sobre o elemento sejam calculados sem a
consideração dos efeitos que ela causa. Desta forma, reduziu-se a rigidez no Eberick em 85%,
de modo a atender o critério normativo.

4.5.2.3 Processo construtivo (Aumento na rigidez axial de pilares)

O efeito do processo construtivo é uma situação prática que deve ser considerada na etapa
de projeto, principalmente para uma análise com a interação solo-estrutura, conforme
explicitado no item 2.4.2.4 deste trabalho. Sendo assim, o programa fornece por meio do
recurso de aumento na rigidez axial de pilares, uma forma para considerar os efeitos
construtivos de forma aproximada, que, por padrão não são avaliados pelo modelo matemático
de pórtico espacial. Entretanto ao utilizar o recurso, conforme Longo (2018), adotam-se
pequenos incrementos na rigidez axial dos pilares, aumentando-os de cima para baixo, com
valores que não variem mais que 0,10 a cada pavimento. Desta forma, evitam-se incrementos
indevidos e contra a segurança.

4.5.2.4 Não linearidade física

Quanto a não linearidade física, a NBR 6118 (2014) em seu item 15.7.3 prescreve que,
na análise para a obtenção de esforços globais de 2ª ordem, em estruturas reticuladas com pelo
menos quatro pavimentos, pode-se considerar a não-linearidade física de forma aproximada,
120

considerando-se uma redução de rigidez dos elementos estruturais, de acordo com os


coeficientes redutores informados abaixo:

Lajes: (EI)sec = 0,3 EcIc


Vigas:
(EI)sec = 0,4 EcIc para A's ≠ As
(EI)sec = 0,5 EcIc para A's = As
Pilares: (EI)sec = 0,8 EcIc

Sendo:
Ic = Momento de inércia da seção bruta de concreto, incluindo, quando for o caso, as
mesas colaborantes.
Ec = Módulo de deformação do concreto.

4.5.2.5 Não linearidade geométrica

Para considerar os efeitos da não linearidade geométrica, o Eberick utiliza o processo P-


Delta para obter o acréscimo de esforços sobre a estrutura, o qual conforme o item 2.15.1 deste
trabalho, busca simular o efeito não linear, por meio da aplicação de cargas horizontais fictícias
sobre à estrutura.

4.5.3 Configurações de dimensionamento

As configurações de dimensionamento regem os critérios sobre os quais, os elementos


estruturais serão armados, o que influencia diretamente no detalhamento e no quantitativo de
materiais. Desta forma, foram ajustados os critérios para pilares, vigas, lajes, reservatórios,
escadas e sapatas, os quais compõem os elementos estruturais do projeto.

4.5.3.1 Pilares

As configurações de dimensionamento de pilares adotadas podem ser verificadas


na figura 81. Sendo assim, optou-se por não utilizar o momento mínimo, já que, o programa
consegue calcular o momento devido à excentricidade acidental para todas as combinações de
121

cálculo, e assim atendendo a necessidade de projeto. Além disso, optou-se por não permitir o
dimensionamento de pilares que apresentam cargas nulas ou negativas, com o intuito de evitar
possíveis edições em detalhamentos e situações indesejáveis de comportamento da estrutura.
Quanto aos limites de taxa de armadura, seção transversal mínima e dimensão
mínima, não há necessidade de realizar nenhuma alteração, já que se encontram com os limites
prescritos na NBR 6118 (2014). E quanto ao número máximo de barras numa face da seção, o
valor apresentado na figura 78, já é o valor máximo que o programa pode adotar.
Além disso, foram adotados coeficientes de escolha de bitolas de armadura, de
forma que o programa priorizasse a barra de 12,5 mm, de forma a padronizar o
dimensionamento e facilitar a análise de quantitativo dos modelos estruturais. Para os casos em
que barras de 12,5 mm não atendem ao dimensionamento, o programa foi configurado para
adotar barras de 16,0 mm.

Figura 78 - Configurações de dimensionamento de pilares

Fonte: Autores, 2019.

4.5.3.2 Vigas

Em relação as configurações de dimensionamento de vigas (Figura 79), conforme visto


para os pilares, não há necessidade de se realizar modificações sobre os valores limites, já que
eles se encontram de acordo com os parâmetros da NBR 6118 (2014), inclusive, já é
122

considerado que a soma das armaduras de tração e compressão da viga podem ocupar no
máximo 4% da seção transversal. Desta forma, o programa adota 2% para cada uma, e assim
evita que ocorra um dimensionamento fora dos padrões normativos. Além disso, assim como
nos pilares, para as vigas, foram adotados os mesmos coeficientes de escolha de bitolas de
armadura, de forma a facilitar a análise dos quantitativos dos modelos.

Figura 79 - Configurações de dimensionamento de vigas

Fonte: Autores, 2019.

4.5.3.3 Lajes, reservatórios e escadas

Para as configurações de dimensionamento de lajes (Figura 80), que também abrange


reservatórios e escadas, deve-se ajustar os valores de espaçamentos máximos. Sendo que, para
o principal adota-se o menor valor entre 20 cm e o dobro da espessura da laje, conforme o item
20.1 da NBR 6118 (2014). Desta forma, como as lajes do projeto possuem 10 cm de espessura,
o espaçamento máximo foi definido como 20 cm. Já para armadura secundária, a norma no
123

mesmo item exposto anteriormente, prevê um espaçamento máximo de 33 cm. Desta forma,
optou-se por um valor menor de 25 cm.
Quanto aos limites, assim como para as vigas, os valores já estão de acordo com os
critérios normativos. Desta forma, a taxa máxima de armadura já se encontra em 2% e relação
máxima entra altura e CG da armadura igual a 10 %.

Figura 80 - Configurações de dimensionamento de lajes

Fonte: Autores, 2019.

4.5.3.4 Sapatas

No que diz respeito às configurações de dimensionamento de sapatas (Figura 81), optou-


se por manter os valores padrões do programa para os parâmetros de dimensões. Com isso, as
dimensões das sapatas se tornam mais padronizadas, visto que se encontram em dimensões
múltiplas de 5 cm.
124

Figura 81 - Configurações de dimensionamento de sapatas

Fonte: Autores, 2019.

Quanto às configurações de solo, adotou-se o valor padrão do programa para o peso


específico que irá compor o reaterro sobre as sapatas. Sendo que, a carga de reaterro é
considerada no dimensionamento da sapata.
O tipo de solo foi adotado como coesivo, conforme relatório de sondagem SPT, sendo
que, o relatório em questão se encontra no anexo A. Já o valor de coesão, foi utilizado o padrão
do programa para solos coesivos.
As pressões admissíveis foram determinadas a partir do relatório de sondagem fornecido,
por meio da metodologia semi-empírica de correlação SPT informada no item 2.2.3.1 deste
trabalho. Com isso, foram determinadas duas pressões admissíveis, visando respeitar o item
7.7.4 da NBR 6122:2010, que exige um ângulo mínimo para o afastamento de sapatas em cotas
diferentes. Desta forma, considerou-se algumas sapatas assentadas à 2 m de profundidade (2,84
kgf/cm²) e outras à 2,5 m de profundidade (3,6 kgf/cm²) (Figura 82). Sendo que, no anexo B se
encontram os cálculos necessários para a determinação das tensões admissíveis.
125

Figura 82 - Pressões admissíveis do projeto

Fonte: Autores, 2019.

4.5.4 Configurações de vento

As configurações de vento (Figura 83) disponibilizadas pelo programa, permitem que os


esforços de vento sejam determinados por meio das prescrições da NBR 6123:1988 e conforme
descrito no item 2.13 deste trabalho, de forma automática, sendo necessário apenas definir as
configurações de acordo com a edificação em estudo. Desta forma, é possível adotar a
velocidade básica do vento, conforme o mapa de isopletas interno do programa. Com isso,
considerando que o projeto fictício estaria situado no centro de Florianópolis, utilizou-se um
valor de 42 m/s. Em sequência, devem ser definidos os fatores S1, S2 e S3. Logo, para o
primeiro fator, que está relacionado à topografia, adotou-se o valor de 1, por não se enquadrar
em região que poderia causar uma aceleração do vento, ou que poderia estar protegida. Já o
segundo fator, está associado à maior dimensão vertical ou horizontal e à rugosidade do terreno.
Além disso, como a edificação contém cerca de 36,48 m de comprimento na direção X, ela se
enquadra no parâmetro entre 20 e 50 m, e está sendo considerada uma rugosidade de terreno de
categoria V, em que há obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco espaçados. Por fim, o
fator estatístico S3 é definido de acordo com o uso da edificação. Sendo assim, por se tratar de
um edifício residencial, obtém-se um valor de 1.
126

Figura 83 - Configurações de vento

Fonte: Autores, 2019.

Com todos os parâmetros de vento configurados, o programa obtém os valores de forças


médias que serão aplicadas sobre a edificação.

4.5.5 Materiais e Durabilidade

As configurações de materiais e durabilidade (Figura 84), abrangem todas as


configurações associadas às características do concreto a ser adotado para o edifício e
parâmetros de durabilidade.
A durabilidade está associada à classe de agressividade ambiental (CAA) do meio, sobre
o qual, a edificação deverá ser executada. Dessa forma, como o local foi definido como
Florianópolis, ou seja, em local litorâneo, adota-se CAA de grau III (forte).
Quanto à abertura máxima de fissuras, o programa já apresenta valores de acordo com os
critérios normativos vistos no item 13.4.2 da NBR 6118 (2014), inclusive valores mais
conservadores. Em vista disso, decidiu-se por não realizar modificações. Logo, o programa
limita a abertura máxima das fissuras para peças em contato com o solo (peças não protegidas,
em meio não agressivo) a 0,2 mm, para peças em contato com a água (peças não protegidas,
em meio agressivo) a 0,1 mm e demais peças (peças protegidas) a 0,3 mm.
Quanto à dimensão do agregado, a qual influi sobre o espaçamento mínimo entre as faces
de armaduras longitudinais, optou-se por manter o valor padrão do programa, que é de 19 mm.
127

No que diz respeito ao fck, conforme indicado no item 4.2 deste trabalho, optou-se por
um fck de valor de 35 MPa. Desta forma por ser um valor mais elevado que o mínimo exigido
pela CAA, é possível efetuar uma redução do cobrimento nominal das peças de concreto em
até 5 mm, conforme o item 7.4.7.6. Além disso, para situações de elementos (vigas e pilares)
em ambiente interno seco, a tabela 6.1, do item 6.4.2 da NBR 6118 (2014), indica que é possível
também, adotar uma CAA menos agressiva. Sendo assim, exigindo um cobrimento nominal
menor para estes elementos. Diante disto, quando possível optou-se por adotar estas reduções
de cobrimentos sobre os elementos do projeto.

Figura 84 - Materiais e durabilidade

Fonte: Autores, 2019.

Ainda nas configurações de materiais e durabilidade, são definidos os parâmetros de


fluência do concreto, que irão influenciar diretamente sobre os deslocamentos diferidos dos
elementos estruturais, os quais devem ser verificados quanto aos deslocamentos limites
normativos, especificados no item 2.8.2.2 deste trabalho. Desta maneira, conforme o Instituto
Nacional de Meteorologia, a média estatística de umidade relativa do ar para Florianópolis entre
o período de 1961 e 2019 é de 80% (Figura 85). Sendo assim, adotou-se este valor no Eberick
(Figura 86), enquanto as demais configurações não foram modificadas, adotando-se os valores
padrões do programa.
128

Figura 85 - Umidade relativa do ar Figura 86 - Fluência do concreto

Fonte: INMET, 2019. Fonte: Autores, 2019.

4.5.6 Verificações ao ELS

No que diz respeito às configurações de verificações ao ELS, é necessário ajustá-las


conforme a tabela 13.3 da NBR 6118 (2014), a qual também pode ser verificada no item
2.8.2.2.1 deste trabalho. Sendo assim, foram configurados os valores de deslocamentos quanto
à aceitabilidade sensorial (visual e vibração), efeitos após a construção das paredes,
movimentos laterais e demais situações. Além disso, é necessário definir qual o tipo de
combinação de serviço será utilizado para a determinação dos deslocamentos, sendo possível,
conforme o item 11.8.3.1 da NBR 6118 (2014), adotar combinações quase permanentes,
frequentes ou raras. Sendo assim, na figura 87 estão definidos os parâmetros adotados:

Figura 87 - Deslocamentos limites

Fonte: Autores, 2019.


129

5 PROCESSAMENTO DA ESTRUTURA

Após o lançamento da estrutura ter sido efetuado e as configurações de ações, análise,


dimensionamento, vento, materiais e durabilidade e verificações ao ELS já terem sido
calibradas, pode-se realizar o processamento da estrutura, com o intuito de se obter os esforços,
deslocamentos e dimensionamentos dos elementos estruturais. Sendo que, em um primeiro
momento realizou-se o processamento da estrutura com as fundações rotuladas e em sequência,
foram realizados processamentos de modo a realizar a análise com a interação solo-estrutura.
Nesta etapa do desenvolvimento do projeto, percebeu-se também que, os pilares e lajes
que inicialmente foram lançados com seções inferiores às estimativas mínimas verificadas no
item 4.2 deste trabalho, referente ao pré-dimensionamento dos elementos, não apresentaram
problemas de dimensionamento, ou seja, atenderam as prescrições do ELU, sendo assim, não
sendo necessário em princípio, realizar modificações nestes elementos. Entretanto, para as
vigas V28 e V41 do pavimento térreo, foi necessário redimensionar as seções, acrescentando 1
cm de largura, totalizando 15 cm. Enquanto, para as vigas de suporte dos patamares de escada
inseridas nos níveis intermediários, alterou-se as vinculações de engaste para semirrígidas com
redistribuição de momento fletor atendendo os itens 14.6.4.3 e 14.6.4.4 da NBR 6118 (2014).

5.1 MODELO ESTRUTURAL COM FUNDAÇÕES ROTULADAS

Visando atender aos objetivos específicos deste trabalho, realizou-se o processamento da


estrutura com apoios indeslocáveis por meio de rótulas (Figura 88). Desta forma, restringindo
os deslocamentos verticais e em um primeiro momento, não considerando a incidência de
recalques sobre a estrutura.
130

Figura 88 - Pilar de fundação com apoio rotulado

Fonte: Autores, 2019.

5.2 MODELO ESTRUTURAL COM FUNDAÇÕES ELÁSTICAS (ISE)

Tendo realizado o processamento da estrutura com apoios indeslocáveis, e por meio das
reações de apoio sobre as fundações, pode-se efetuar o processamento com a consideração da
interação solo-estrutura (ISE), conforme visto no item 2.6 deste trabalho. Em vista disso, foi
utilizada a primeira metodologia apresentada neste item, já que, a segunda não pode ser aplicada
no Eberick. Sendo que, para a estimativa dos recalques sobre cada fundação, foi utilizada a
equação 24 indicada no item 2.5.4.1.1 deste trabalho, logo, considerou-se o solo como uma
camada semi-infinita de argila. Com isso, foram necessários 7 processamentos da estrutura com
vínculos elásticos em deslocamentos verticais (Figura 89) para se atingir a convergência de
valores de reações de apoio e coeficientes de mola. Todos os dados para a realização do
procedimento iterativo estão no anexo C deste trabalho.

Figura 89 - Pilar de fundação com apoio elástico (ISE)

Fonte: Autores, 2019.


131

6 ANÁLISE COMPARATIVA DOS RESULTADOS DAS ESTRUTURAS

Tendo finalizado os processamentos dos dois modelos estruturais, obtiveram-se os


parâmetros para a análise de estabilidade global, esforços nas fundações, deslocamentos
verticais (recalques), horizontais e nos pilares de topo. Além disso, foi possível verificar as
diferenças nos resultados de dimensionamento de certos elementos, e por consequência nos
resumos de materiais dos modelos.

6.1 ESTABILIDADE GLOBAL

O Eberick avalia a estabilidade global de edifícios por meio do coeficiente γz, e aplica
sobre a edificação, os esforços oriundos de segunda ordem global por meio do processo P-delta.
Diante disto, estes serão os parâmetros analisados (Figura 90).

Figura 90 - Coeficiente γz e Processo P-Delta

Fonte: Autores, 2019.

A partir dos resultados verificados, percebe-se que o modelo rotulado é mais rígido e
menos suscetível aos efeitos de 2ª ordem globais que o modelo elástico (ISE). Isto está
diretamente associado aos recalques (deslocamentos verticais) sob os quais o modelo elástico
está submetido, pois, devido a isto, a estrutura como um todo perde rigidez e se torna mais
deslocável, logo, ao ser solicitada por carregamentos horizontais como o vento, os pórticos de
contraventamento tem sua eficiência reduzida. Em vista disso, os deslocamentos de 1ª ordem
tendem a ser maiores, o que por consequência, contribui para a ocorrência de efeitos de 2ª ordem
mais intensos neste projeto em estudo.
132

Cabe destacar a diferença de deslocamentos de 1ª ordem verificados para o vento nas


direções Y+ (baixo para a cima em planta) e Y- (cima para baixo em planta), havendo um
acréscimo considerável em torno de 34% entre o modelo rotulado para o elástico, além do que,
conforme indicado acima, percebe-se que os deslocamentos de 2ª ordem também são maiores
para este modelo.
Verifica-se ainda os efeitos dos recalques sobre a deslocabilidade da estrutura, ao avaliar
a mudança dos valores dos coeficientes gama-z dos modelos. Sendo assim, a direção Y
apresentava melhor desempenho quanto ao coeficiente no modelo rotulado. Entretanto, no
modelo elástico a influência dos recalques fez com que a direção Y da estrutura se tornasse
mais suscetível aos efeitos de segunda ordem do que a direção X, contrariando o que ocorre no
modelo rotulado.
Percebe-se através das análises comparativas, que o modelo elástico apresentou
diferenças consideráveis nos parâmetros de estabilidade global em relação ao rotulado. Sendo
assim, caso o projeto fosse efetuado sem a análise da interação solo-estrutura, em princípio, não
se teria conhecimento dos efeitos que os recalques sofridos pela estrutura, teriam sobre a
estabilidade global do edifício. Logo, o acréscimo de esforços e deslocamentos na estrutura
provenientes dos deslocamentos verticais não seriam considerados, o que poderia gerar uma
situação contra a segurança.

6.2 ESFORÇOS E DESLOCAMENTOS SOBRE AS FUNDAÇÕES

A partir dos resultados de esforços sobre as fundações (Figura 91), ou seja, obtidos a
partir da envoltória de esforços máximos para as diferentes combinações de cálculo, percebeu-
se que do modelo rotulado para o elástico, algumas fundações apresentaram acréscimos e outras
alívios nos esforços. Sendo assim, é possível destacar alguns casos em que as diferenças são
mais evidentes, como as fundações P8 e P26, que no modelo elástico apresentaram um
acréscimo de esforço em torno de 20%, em contrapartida, as fundações P7, P17 e P18
apresentaram alívio em seus esforços em torno de 8 a 10%. Além disso, no modelo elástico,
conforme a figura 92, verificou-se que houve uma distribuição mais uniforme dos esforços
sobre as fundações, em comparação ao modelo com apoios indeslocáveis, visto que, os esforços
máximos e mínimos estão mais próximos do valor médio. Com isso, observou-se uma tendência
da estrutura no modelo elástico, aliviar as cargas em fundações associadas à pilares com
maiores áreas de influência e carregar as associadas à pilares com menores áreas de influência
133

(Figura 93), o que vai de acordo com o descrito pelo item 2.4 deste trabalho, em que é exposta
a tendência da estrutura ter um alívio nos carregamentos sobre os pilares mais solicitados e
carregar os menos solicitados.

Figura 91 - Esforços máximos sobre as fundações

Fonte: Autores, 2019.

Figura 92 - Valores mínimos, máximos e médios de esforços


F (tf) Rotulado F (tf) Elástico

Mínimo 102.65* 113.47*

Máximo 213.84* 200.18*

Médio 164.41* 161.89*


* = Acréscimo de carga devido ao reaterro
sobre as sapatas
Fonte: Autores, 2019.
134

Figura 93 - Acréscimos e alívios de esforços

Fonte: Autores, 2019.

No que diz respeito aos deslocamentos verticais (Figura 94), percebeu-se um


comportamento condizente com os esforços atuantes sobre as fundações, visto que são
parâmetros que estão associados. Dessa maneira, conforme visto para o caso dos esforços axiais
sobre as fundações, a resposta da estrutura quanto à distribuição dos deslocamentos (recalques),
também segue o exposto no item 2.4 deste trabalho, em que se verifica uma tendência dos
recalques apresentarem uniformização (Figura 95), o que resultaria em valores mais amenos de
distorções angulares, e consequentemente reduzindo possíveis danos à estrutura devido ao
surgimento de fissuras.
135

Figura 94 - Deslocamentos verticais (Recalques)


Desloc (cm) Rotulado Desloc (cm) Elástico Dif (%) Desloc (cm) Rotulado Desloc (cm) Elástico Dif (%)

P1 2.043 1.997 -2.29% P19 2.168 2.000 -8.43%

P2 2.009 2.044 1.69% P20 1.696 1.775 4.45%

P3 1.995 2.030 1.71% P21 1.633 1.558 -4.81%

P4 2.094 2.088 -0.28% P22 1.599 1.569 -1.87%

P5 2.045 2.087 2.01% P23 1.778 1.788 0.60%

P6 2.082 2.009 -3.64% P24 1.779 1.789 0.56%

P7 1.698 1.576 -7.70% P25 1.460 1.405 -3.94%

P8 1.337 1.538 13.07% P26 1.244 1.370 9.15%

P9 1.841 1.695 -8.63% P27 1.445 1.408 -2.67%

P10 1.809 1.800 -0.48% P28 2.051 1.986 -3.29%

P11 1.773 1.799 1.44% P29 1.994 2.004 0.51%

P12 1.534 1.488 -3.07% P30 1.928 1.961 1.67%

P13 1.578 1.537 -2.73% P31 1.966 1.962 -0.21%

P14 1.625 1.573 -3.29% P32 2.026 2.037 0.52%

P15 1.700 1.752 2.93% P33 2.097 1.991 -5.30%

P16 2.119 1.963 -7.95% P34 1.489 1.497 0.53%

P17 2.270 2.073 -9.51% P35 1.498 1.507 0.63%

P18 2.318 2.114 -9.63%

Fonte: Autores, 2019.

Figura 95 - Valores mínimos, máximos e médios de deslocamentos verticais


Desloc (cm) Rotulado Desloc (cm) Elástico

Mínimo 1.244 1.370

Máximo 2.318 2.114

Médio 1.809 1.799

Fonte: Autores, 2019.


136

6.3 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS

Conforme pode ser verificado na Figura 96, os deslocamentos horizontais no último


pavimento do modelo elástico, assim como os parâmetros de estabilidade global já analisados,
apresentam um acréscimo principalmente na direção Y, em relação ao modelo rotulado. Sendo
que, isto se deve principalmente ao fato da estrutura perder mais rigidez nesta direção devido
aos efeitos dos recalques, deixando-a mais suscetível à deslocamentos. Entretanto, por mais que
exista o acréscimo de deslocamentos, a estrutura elástica ainda atende os critérios de verificação
do item 13.3 da NBR 6118 (2014).

Figura 96 - Deslocamentos horizontais

Fonte: Autores, 2019.

6.4 DESLOCAMENTOS NOS PILARES DE TOPO

Complementando a análise de deslocamentos horizontais no último pavimento, verificou-


se também os deslocamentos nos pilares deste pavimento. Sendo assim, de acordo com a figura
97, percebeu-se que houve uma mudança considerável do comportamento dos pilares quanto
aos deslocamentos horizontais. Logo, para a direção Y, os deslocamentos se intensificaram para
o modelo elástico em relação ao rotulado. Já para a direção X, houve inversão do sentido, de
X- (direita para esquerda) para X+ (esquerda para direita). Além disso, pode-se perceber ainda,
o efeito da consideração da deslocabilidade do solo sobre os deslocamentos verticais dos pilares
de topo do edifício, de forma que, o modelo elástico apresentou um acréscimo considerável de
deslocamentos verticais em relação ao rotulado, o que tem influência direta sobre a distribuição
de esforços sobre a estrutura.
137

Figura 97 - Envoltória de deslocamentos dos pilares de topo

Fonte: Autores, 2019.

6.5 ANÁLISE DE REDISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS

6.5.1 Pórticos

De acordo com os resultados esperados descritos no item 2.4.1 sobre a tendência dos
pilares mais solicitados distribuírem os esforços para os pilares menos solicitados após a
interação solo-estrutura, analisou-se os diagramas de momento fletor em vigas de pórticos e
comparou-se a quantidade de barras que eram necessárias para realizar o dimensionamento na
estrutura com apoio rotulado e na estrutura com apoio elástico. Desta forma, para facilitar a
visualização das discrepâncias entre os dois modelos, nomeou-se os pórticos a serem
analisados, conforme a figura 98, sendo que, de modo a evitar repetições, como os pórticos Y1,
Y2, Y3 e X1 possuem versões praticamente espelhadas na outra porção da estrutura devido a
simetria da arquitetura, estas versões não serão analisadas, visto que o comportamento estrutural
é muito semelhante.
138

Figura 98 - Nomenclatura dos pórticos em estudo

Fonte: Autores, 2019.

Ao analisar os diagramas de momentos fletores das vigas destacadas na figura 99 em


todos os pavimentos, verificou-se que as mais solicitadas do projeto, principalmente devido ao
efeito de contraventamento que exercem junto aos pilares, se encontram no pavimento teto
térreo, sendo assim, optou-se por efetuar a análise de esforços solicitantes nas vigas deste
pavimento. A figuras 99 e 100 trazem os diagramas de momentos fletores de cálculo para cada
pórtico em análise neste pavimento, tanto no modelo estrutural com fundações rotuladas quanto
com fundações elásticas.
139

Figura 99 - Momentos fletores de cálculo (Md) – Pórticos Y

Fonte: Autores, 2019.

Figura 100 - Momentos fletores de cálculo (Md) – Pórticos X

Fonte: Autores, 2019.


140

Verificaram-se mudanças significativas no dimensionamento das vigas nos nós referentes


aos pontos de apoio fornecidos pelos pilares, entre os modelos com fundações rotuladas e
elásticas (ISE), conforme destacado na tabela 11. Desta forma, percebe-se que algumas vigas
podem estar subdimensionadas ao não se levar em conta os efeitos dos recalques sobre o
comportamento estrutural. Já, quanto ao dimensionamento em relação aos momentos positivos,
houve mudança apenas no vão definido entre o pilar P17 e a viga V31, do pórtico X1, onde no
modelo com ISE, foi necessário o acréscimo de uma barra de 12,5 mm.
Notou-se ainda que, o comportamento de redistribuição de esforços visto no item 6.2 se
manteve para a maioria dos pontos de apoio fornecidos pelos pilares. Sendo assim, houve a
tendência da maior parte dos pilares que possuem menor área de influência, sofrerem um
acréscimo de solicitação aos momentos fletores, enquanto os de maior área de influência terem
um alívio nas solicitações no modelo elástico. A exceção mais evidente é para a viga V6 que
compõe o pórtico X2, em que os pilares P7 e P9 apresentam acréscimo de momentos fletores
no modelo elástico, entretanto isso se deve principalmente pelo primeiro e o último tramos que
se encontram apoiados sobre as vigas V29 e V40 respectivamente, sofrerem maiores
deslocamentos nestes pontos de apoio, o que tende a elevar os momentos fletores negativos
sobre os pilares P7 e P9. Além disso, percebe-se que, devido ao comportamento de
redistribuição de esforços, há um acréscimo nos valores totais (positivos + negativos) dos
momentos fletores, mas a distribuição destes esforços solicitantes se encontra mais equilibrada
sobre os pontos de apoio.
141

Tabela 11 - Dados de dimensionamento das vigas


Pórtico Md- [kgf.m] Barras nas vigas
Viga
Y1 ROTULADO ISE % ROTULADO ISE
P28 -14219 -12700 -12% 5 ø 16 4 ø 16
P23 -7409 -7406 0% 4 ø 12,5 4 ø 12,5
P15 V27 -4905 -6115 20% 2 ø 12,5 3 ø 12,5
P10 -7377 -7090 -4% 4 ø 12,5 3 ø 12,5
P1 -14980 -13910 -8% 5 ø 16 5 ø 16
Y2
P29 -19627 -20847 6% 5 ø 16 6 ø 16
P16 V28 -19257 -19180 0% 8 ø 12,5 8 ø 12,5
P2 -20354 -21880 7% 5 ø 16 6 ø 16
Y3
P30 -15327 -17513 12% 6 ø 12,5 7 ø 12,5
P17 V29 -10573 -9863 -7% 4 ø 12,5 4 ø 12,5
P3 -15856 -17659 10% 7 ø 12,5 8 ø 12,5
X1
P15 -7325 -8126 10% 3 ø 12,5 4 ø 12,5
P16 V13 -6041 -6144 2% 3 ø 12,5 3 ø 12,5
P17 -10066 -8712 -16% 5 ø 12,5 4 ø 12,5
X2
P7 -9251 -11019 16% 4 ø 12,5 5 ø 12,5
P8 V6 -5750 -7663 25% 3 ø 12,5 4 ø 12,5
P9 -8865 -9866 10% 4 ø 12,5 5 ø 12,5
X3
P12 -7557 -7651 1% 4 ø 12,5 4 ø 12,5
P13 V12 -6832 -6507 -5% 3 ø 12,5 3 ø 12,5
P14 -9205 -8241 -12% 4 ø 12,5 4 ø 12,5
Fonte: Autores, 2019.

6.5.2 Elemento com mudança de comportamento estrutural

Ao analisar as vigas dos primeiros pavimentos do edifício, percebeu-se no pavimento


baldrame uma mudança no comportamento da viga V17 nos tramos definidos pelos pares de
pontos de apoio fornecidos pelos pilares P30, P34 e P35, P31 respectivamente. De modo que,
os tramos apresentaram maior eficiência ao contraventamento no modelo elástico do que no
modelo rotulado, conforme pode ser verificado na figura 101 através dos valores de momentos
fletores apresentados nos pontos de apoio indicados anteriormente e o comportamento mais
intenso de inversão de momentos.

Além da mudança constatada acima, pode-se destacar também, a alteração do


comportamento estrutural da viga quanto aos esforços cortantes, onde verifica-se a tendência
142

de o pilar P30 perder capacidade de apoio efetivo para a viga V17, de modo que, no modelo
rotulado, todas as combinações de cálculo ainda apresentam esforços cortantes que evidenciam
uma certa capacidade de suporte, entretanto, no modelo elástico (ISE), devida a maior
participação do tramo existente entre o pilar P30 e P34 no contraventamento da estrutura,
existem combinações de cálculo em que o pilar P30 não fornece apoio para a viga V17, o que
fica evidenciado no comportamento do diagrama de esforços cortantes (Figura 102) no tramo
em estudo.
Apesar da mudança de comportamento estrutural verificado na viga, ela não apresentou
mudanças de dimensionamento entre o modelo rotulado e modelo elástico (ISE).

Figura 101 - Diagrama de momentos fletores de cálculo atuantes sobre a viga V17 - Baldrame

Fonte: Autores, 2019.


143

Figura 102 – Diagrama de esforços cortantes de cálculo atuantes sobre a viga V17 - Baldrame

Fonte: Autores, 2019.

6.5.3 Pilares super e subdimensionados

Com a redistribuição de esforços, muitos pilares sofreram alterações de dimensionamento


entre o modelo estrutural rotulado e o elástico (ISE). Em vista disso, verificou-se discrepância
do número de barras em 28 lances de pilares, sendo que, 23 apresentaram acréscimo de barras
no modelo elástico, ou seja, se encontram subdimensionados no modelo rotulado, enquanto
apenas 5 apresentaram redução, ou seja, se encontram superdimensionados no modelo rotulado.
Todos os outros pilares não citados na tabela 12 não sofreram alteração do número de
barras de aço em nenhum de seus lances. Cabendo destacar que, o pilar P13 do teto térreo
pertence a um dos pórticos em estudo e necessita de mais armadura no modelo elástico.
144

Tabela 12 - Pilares super e subdimensionados quanto à armadura longitudinal.


Pilares Baldrame Teto Térreo Teto Tipo 1 Teto Tipo 2 Teto Tipo 3 Teto Tipo 8/UA Teto Casa máq.
Rotulado 10 ø 12,5
P7 Elástico (ISE) 8 ø 12,5
Diferença ROT+
Rotulado 8 ø 12,5 4 ø 12,5
P10 Elástico (ISE) 10 ø 12,5 6 ø 12,5
Diferença ISE+ ISE+
Rotulado 8 ø 12,5 4 ø 12,5
P11 Elástico (ISE) 10 ø 12,5 6 ø 12,5
Diferença ISE+ ISE+
Rotulado 12 ø 12,5
P12 Elástico (ISE) 8 ø 12,5
Diferença ROT+
Rotulado 12 ø 12,5 12 ø 12,5 10 ø 12,5 6 ø 12,5
P13 Elástico (ISE) 14 ø 12,5 14 ø 12,5 12 ø 12,5 8 ø 12,5
Diferença ISE+ ISE+ ISE+ ISE+
Rotulado 14 ø 12,5 14 ø 12,5
P18 Elástico (ISE) 12 ø 12,5 12 ø 12,5
Diferença ROT+ ROT+
Rotulado 6 ø 12,5 6 ø 12,5
P20 Elástico (ISE) 8 ø 12,5 8 ø 12,5
Diferença ISE+ ISE+
Rotulado 8 ø 12,5 8 ø 12,5 4 ø 12,5
P21 Elástico (ISE) 4 ø 12,5 12 ø 12,5 8 ø 12,5
Diferença ROT+ ISE+ ISE+
Rotulado 4 ø 12,5 8 ø 12,5
P22 Elástico (ISE) 8 ø 12,5 12 ø 12,5
Diferença ISE+ ISE+
Rotulado 8 ø 12,5 4 ø 12,5
P23 Elástico (ISE) 10 ø 12,5 6 ø 12,5

Diferença ISE+ ISE+


Rotulado 14 ø 12,5 8 ø 12,5 6 ø 12,5
P24 Elástico (ISE) 16 ø 12,5 10 ø 12,5 8 ø 12,5

Diferença ISE+ ISE+ ISE+


Rotulado 12 ø 12,5
P25 Elástico (ISE) 14 ø 12,5
Diferença ISE+
Rotulado 12 ø 12,5
P27 Elástico (ISE) 14 ø 12,5
Diferença ISE+
Rotulado 4 ø 12,5
P34 Elástico (ISE) 6 ø 12,5
Diferença ISE+
Rotulado 4 ø 12,5
P35 Elástico (ISE) 6 ø 12,5
Diferença ISE+
ROT+ = Número maior de barras no modelo rotulado
ISE+ = Número maior de barras no modelo elástico (ISE)
Fonte: Autores, 2019.
145

6.6 QUANTITATIVOS DE MATERIAIS

O relatório de resumo de materiais fornecido pelo Eberick forneceu os dados de


quantidade de aço, somados todos os elementos da estrutura com aços CA 50 e CA 60.
Comparando-os é possível notar que houve um acréscimo de apenas 1,3% de todo o aço
dimensionado do modelo rotulado para o modelo elástico (ISE). Apesar de ser uma pequena
alteração, percebe-se que existem elementos que estão subdimensionados no modelo rotulado.

Tabela 13 - Quantidade total de aço nos modelos analisados


Rotulado Elástico Discrepância
Peso (kg) Peso (kg) kg %
71324,3 72287,7 963,4 1,3%
Fonte: Autores, 2019.
146

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

7.1 CONCLUSÃO

Neste trabalho analisou-se sob a ótica do comportamento estrutural, uma comparação


entre uma estrutura alta modelada com fundações indeslocáveis (rótulas) e modelada com
fundações elásticas, que simulassem os efeitos da interação solo-estrutura, de modo a alcançar
o objetivo geral definido no início deste trabalho.
Para atender o objetivo geral, foi necessário elaborar os modelos estruturais com as
fundações rotuladas e elásticas em sapatas rígidas, em sequência, avaliar a influência da
deslocabilidade do solo sobre o edifício por meio dos parâmetros de estabilidade global. Além
disso, analisou-se as estruturas quantos aos deslocamentos, diferença na distribuição dos
esforços, possíveis discrepâncias entre o dimensionamento de elementos e do quantitativo de
aço. Desta forma, atendendo aos objetivos específicos definidos para o trabalho.
Pôde-se verificar pelas análises efetuadas entre os modelos, que a interação solo-estrutura
pode influenciar significativamente sobre as estruturas. Desta forma, sua desconsideração pode
por vezes, gerar situações contra a segurança, devido a possíveis subdimensionamentos que
podem ocorrer e comportamentos estruturais não previstos. Desta maneira, por mais que em
um primeiro momento uma estrutura com apoios indeslocáveis possa apresentar um
quantitativo mais econômico, na prática, isto pode não ser uma realidade, devido a maior
possibilidade de ocorrência de patologias, visto que o modelo utilizado para realizar os
dimensionamentos dos elementos estruturais não foi submetido a comportamentos gerados com
a consideração da deslocabilidade do solo.
Cabe destacar que, uma estrutura modelada adequadamente com a deslocabilidade do
solo, tende a possuir um comportamento e dimensionamentos mais condizentes com a
realidade, e assim, possuindo um melhor desempenho em serviço, e por consequência, deve
apresentar maior durabilidade em comparação com uma estrutura que não considere a interação
solo-estrutura.
Percebe-se que a deslocabilidade do solo, dependendo de sua grandeza pode ser um fator
determinante para a análise precisa de uma estrutura. Sendo assim, por se tratar de um assunto
complexo, que depende de muitas variáveis que nem sempre podem ser definidas de forma
precisa, e que por vezes dados aproximados obtidos em bibliografias precisam ser adotados, a
consideração da interação solo-estrutura deve ser aplicada com cautela. Caso contrário, as
147

simulações dos efeitos da deslocabilidade do solo podem apresentar situações irreais,


resultando em um modelo estrutural que apresente esforços não condizentes com a realidade
que se deseja simular, e possivelmente dimensionamentos contra a segurança, os quais podem
ser menos seguros do que se a estrutura fosse analisada com fundações indeslocáveis
(rotuladas).

7.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Diante da complexidade da consideração da interação solo-estrutura ao se analisar o


comportamento estrutural de edifícios, e das diversas variáveis envolvidas no processo, sugere-
se que em trabalhos futuros os seguintes itens sejam analisados:

 Análise estrutural de um edifício de porte similar sobre a influência de deslocabilidade


de outro tipo de solo.
 Análise estrutural de um edifício de porte similar por meio de outras metodologias que
simulam a interação solo-estrutura.
 Análises com a interação solo-estrutura e fundações indeslocáveis que foquem a
diferença de comportamento da estrutura de um edifício de porte similar quanto ao
estado limite de serviço (ELS).
 Análise de estruturas altas em fundações profundas com a consideração da interação
solo-estrutura.
 Análise de estruturas de pequeno porte com a consideração da interação solo-estrutura.
148

REFERÊNCIAS

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disciplina ECC 1008 – estruturas de concreto. Santa Maria: Universidade Federal de Santa
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superficiais. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de
Santa Maria - UFSM, Santa Maria, 2011.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Cargas para o cálculo de


estruturas de edificações. NBR 6120:1980. São Paulo, SP: 1980.

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edificações, NBR 6123, Rio de Janeiro, RJ: 1988.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Projeto de revisão ABNT NBR


6120. ABNT/ CB-002. São Paulo, SP: 2018.

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concreto – Procedimento, NBR 6118, Rio de Janeiro, RJ: 2014.

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armado) – Estruturas de concreto I. Baruru: Universidade Estadual Paulista, 2006.

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de estruturas usuais de concreto armado: segundo a NBR 6118 (2014). 4 ed. São Carlos:
EdUFSCar, 2014. 415p.

CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson; ALBIERO, José Henrique. Fundações diretas:
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149

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Carlos - USP, São Carlos, 2006.

DE SOUZA, Rafael Alves; DOS REIS, Jeselay Hemetério Cordeiro. Interação solo-estrutura
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FLORIANÓPOLIS. Lei nº 60, de 11 de maio de 2000. Código de Obras e Edificações. Seção


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GIONGO, José Samuel. Concreto armado: Projeto estrutural de edifícios. Apostila – Escola
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GUSMÃO, Alexandre Duarte. Estudo da interação solo-estrutura e sua influência em


recalques de edificações. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Civil, COPPE - UFRJ,
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GUSMÃO FILHO, J. de A. Fundações do conhecimento geológico à prática da engenharia.


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HOLANDA JÚNIOR, Osvaldo Gomes de. Interação solo-estrutura para edifícios de


concreto armado sobre fundações diretas. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia
Civil, Escola de Engenharia de São Carlos - USP, São Carlos, 1998.

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150

INMET. Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa. [S. l.], 3 abr. 2019.
Disponível em: http://www.inmet.gov.br/portal/index.php?r=bdmep/bdmep. Acesso em: 3 abr.
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edifícios de múltiplos antes com fundação profunda. Dissertação (Mestrado) - Curso de
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LONGO, Luis Felipe. Multiplicador de rigidez axial para pilares. AltoQi, 2018. Disponível
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MEDEIROS, Paloma Moreira. Avaliação da previsão do comportamento geotécnico de


fundações superficiais assentes em subsolos arenosos de baixa compacidade em Fortaleza
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REIS, J.H.C. Integração solo-estrutura de grupo de edifícios com fundações superficiais


em argila mole. Dissertação de Mestrado – EESC da USP, São Carlos, SP, 155p., 2000.

TEIXEIRA, Alberto Henriques; GODOY, Nelson Silveira de. Análise, projeto e execução de
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VELLOSO, Dirceu A.; LOPES, Francisco R. Fundações, Vol. 1. Ed Oficina de Textos, 2004.
151

CINTRA, José Carlos A.; AOKI, Nelson; ALBIERO, José Henrique. Fundações diretas:
projeto geotécnico. Oficina de Textos, 2004.
152

ANEXOS
153

ANEXO A – Relatório de Sondagem SPT

Figura 103 - Relatório de Sondagem SPT

Fonte: Autores, 2019.


154

ANEXO B – Determinação das tensões admissíveis

Tabela 14 - Estimativa da geometria e do bulbo de influência das sapatas para a tensão


admissível (1).
Largura estimada da base da sapata (m) 2
Profundidade estimada da sapata (m) 2
Profundidade do bulbo (m) 4
Profundidade total (m) 6
Fonte: Autores, 2019

𝑁 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 = (9 + 11 + 12 + 14 + 25)/5 = 14,2

σa = 0,02 N
𝜎𝑎 = 0,02 x 14,2
𝜎𝑎 = 0,284 MPa
𝜎𝑎 = 284 KPa

Tabela 15 - Estimativa da geometria e do bulbo de influência das sapatas para a tensão


admissível (2).
Largura estimada da base da sapata (m) 2
Profundidade estimada da sapata (m) 2,5
Profundidade do bulbo (m) 5
Profundidade total (m) 7
Fonte: Autores, 2019

𝑁 = 𝑁𝑠𝑝𝑡 = (11 + 12 + 14 + 25 + 28)/5 = 18,0

𝜎𝑎 = 0,02 𝑁
𝜎𝑎 = 0,02 𝑥 18,0
𝜎𝑎 = 0,360 𝑀𝑃𝑎
𝜎𝑎 = 360 KPa
155

ANEXO C – Processo iterativo de análise por meio de coeficientes de apoio elásticos

Para efetuar o processo iterativo de análise, em um primeiro momento é necessário ter


conhecimento dos esforços sobre as fundações com vinculações rotuladas. Para que então, seja
possível estimar os recalques sobre as fundações e com isso, determinar o coeficiente de apoio
elástico (km). Desta forma, este processo será exemplificado abaixo para a fundação referente
ao pilar P1. Sendo que, para a sequência do procedimento iterativo, serão apresentados os dados
em tabela até a convergência dos resultados.

𝜌𝑖 = 𝜎 . 𝐵 . [(1 − 𝑣²)/𝐸𝑠] . (𝐼𝑝)


Sendo:
v = Coeficiente de Poisson do solo = 0,2 (Argila não saturada, conforme Tabela 1)
Ip = Fator de influência (Figura 33) = 1 (Considerar sapata como quadrada)
Es = Módulo de deformabilidade do solo

𝐸𝑠 = 𝛼 . 𝐾 . 𝑁𝑠𝑝𝑡

α e K determinados a partir das figuras 36 e 37, conforme o tipo de solo.

𝐸𝑠 = 7,0 . 0,3 . 14,2 = 29,82 𝑀𝑃𝑎 = 29820 𝐾𝑃𝑎

Dados fundação P1
F = 190,37 tf
B (menor lado da sapata) = 240 cm = 2,4 m
H (maior lado da sapata) = 300 cm = 3,0 m
A (área da sapata em planta) = 7,2 m²

𝜌𝑖 = (190,37/7,2) . (240) . [1 − 0,2²/29820] . (1). 10

𝜌𝑖 = 2,042870557 𝑐𝑚
156

Kv = Coeficiente de reação vertical do solo


𝜎
𝑘𝑣 =
𝑦

(190,37 . 1000) / (7,2)


𝑘𝑣 =
(2,042870557 . 0,01)

𝑘𝑣 = 1294270,833 𝑘𝑔𝑓/𝑚³

Km = Coeficiente de apoio elástico (mola)

𝑘𝑚 = 𝑘𝑣 . 𝐴𝑓

𝑘𝑚 = 1294270,833 . 7,2 = 9318750 𝑘𝑔𝑓/𝑚

𝑓
𝑘𝑚 =
𝑑

(190,37 . 1000)
𝑘𝑚 = = 9318750 𝑘𝑔𝑓/𝑚
(2,042870557 . 0,01)

Optou-se por demonstrar a obtenção do coeficiente de apoio elástico (km) de forma


direta e por meio da obtenção do coeficiente de reação vertical (kv) previamente. De modo, a
evidenciar que, por mais que na metodologia utilizada neste trabalho para se realizar a análise
com interação solo-estrutura seja possível determinar o coeficiente de apoio elástico (km) de
maneira direta, ele possui comportamento diretamente vinculado ao coeficiente de reação
vertical (kv).
157

Tabela 16 - Dados com as fundações rotuladas


INICIAL (dados para 1ª interação)
B (cm)
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
240 164.76
P1 7.2 2.042870557 9318750.00 1294270.833
300 190.37*
235 162.19
P2 7.05 2.009496982 9318750.00 1321808.511
300 187.26*
235 160.87
P3 7.05 1.995439302 9318750.00 1321808.511
300 185.95*
245 166.15
P4 7.2275 2.093864884 9163437.50 1267857.143
295 191.87*
240 165
P5 7.2 2.045446009 9318750.00 1294270.833
300 190.61*
245 167.83
P6 7.35 2.081609658 9318750.00 1267857.143
300 193.98*
205 188.51
P7 6.15 1.697777778 11812500.00 1920731.707
300 200.55*
165 96.65
P8 3.2175 1.336914937 7678125.00 2386363.636
195 102.65*
220 200.99
P9 6.49 1.840968523 11615625.00 1789772.727
295 213.84*
210 114.67
P10 4.935 1.809118541 7299687.50 1479166.667
235 132.06*
210 112.01
P11 4.935 1.772678625 7299687.50 1479166.667
235 129.4*
185 156.52
P12 5.0875 1.534060606 10828125.00 2128378.378
275 166.11*
190 128.75
P13 4.18 1.578412698 8662500.00 2072368.421
220 136.73*
200 177.46
P14 5.9 1.624708098 11615625.00 1968750
295 188.72*
205 116.31
P15 5.2275 1.700303783 7920937.50 1515243.902
255 134.68*
250 170.41
P16 7.5 2.118846412 9318750.00 1242500
300 197.45*
265 182.71
P17 7.95 2.270261569 9318750.00 1172169.811
300 211.56*
270 186.63
P18 8.1 2.318122066 9318750.00 1150462.963
300 216.02*
255 174.45
P19 7.65 2.168101945 9318750.00 1218137.255
300 202.04*
205 116.01
P20 5.2275 1.696390105 7920937.50 1515243.902
255 134.37*
190 115.34
P21 3.61 1.632614871 7481250.00 2072368.421
190 122.14*
190 112.78
P22 3.61 1.598529657 7481250.00 2072368.421
190 119.59*
210 112.37
P23 4.935 1.777747335 7299687.50 1479166.667
235 129.77*
210 112.47
P24 4.935 1.778980265 7299687.50 1479166.667
235 129.86*
175 132.81
P25 4.2875 1.460472951 9646875.00 2250000
245 140.89*
155 103.84
P26 3.4875 1.244218695 8859375.00 2540322.581
225 110.23*
175 131.36
P27 4.2875 1.445442177 9646875.00 2250000
245 139.44*
240 165.53
P28 7.2 2.051240778 9318750.00 1294270.833
300 191.15*
235 160.72
P29 7.05 1.993722334 9318750.00 1321808.511
300 185.79*
230 155.31
P30 6.9 1.928477532 9318750.00 1350543.478
300 179.71*
230 158.83
P31 6.9 1.966143528 9318750.00 1350543.478
300 183.22*
240 163.22
P32 7.2 2.026452046 9318750.00 1294270.833
300 188.84*
245 166.44
P33 7.2275 2.097029635 9163437.50 1267857.143
295 192.16*
175 110.64
P34 3.5 1.488761905 7875000.00 2250000
200 117.24*
175 111.33
P35 3.5 1.497650794 7875000.00 2250000
200 117.94*
Fonte: Autores, 2019
158

Tabela 17 – Dados do resultado da 1ª iteração


1 (dados para 2ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 160.97
P1 7.05 1.996405097 9318750.00 1321808.511 P1 NÃO -2.35%
300 186.04*
240 164.74
P2 7.2 2.042763246 9318750.00 1294270.833 P2 NÃO 1.55%
300 190.36*
240 163.28
P3 7.2 2.027095909 9318750.00 1294270.833 P3 NÃO 1.48%
300 188.9*
245 167.33
P4 7.35 2.076244131 9318750.00 1267857.143 P4 NÃO 0.71%
300 193.48*
245 168.55
P5 7.35 2.089336016 9318750.00 1267857.143 P5 NÃO 2.11%
300 194.7*
240 162.96
P6 7.08 2.053268765 9163437.50 1294270.833 P6 NÃO -2.99%
295 188.15*
195 174.47
P7 5.655 1.622506842 11418750.00 2019230.769 P7 NÃO -8.05%
290 185.27*
175 110.74
P8 3.5875 1.4556717 8071875.00 2250000 P8 NÃO 12.72%
205 117.5*
205 185.88
P9 6.15 1.675513228 11812500.00 1920731.707 P9 NÃO -8.13%
300 197.92*
210 113.99
P10 4.935 1.799940066 7299687.50 1479166.667 P10 OK -0.60%
235 131.39*
210 113.85
P11 4.935 1.797885183 7299687.50 1479166.667 P11 OK 1.62%
235 131.24*
180 149.99
P12 4.95 1.471353535 10828125.00 2187500 P12 NÃO -4.35%
275 159.32*
185 123.55
P13 3.885 1.582826909 8268750.00 2128378.378 P13 NÃO -4.21%
210 130.88*
195 173.04
P14 5.655 1.609896004 11418750.00 2019230.769 P14 NÃO -2.55%
290 183.83*
210 122.22
P15 5.46 1.750936388 8076250.00 1479166.667 P15 NÃO 4.84%
260 141.41*
230 158.5
P16 6.9 1.96260228 9318750.00 1350543.478 P16 NÃO -7.51%
300 182.89*
245 166.97
P17 7.35 2.072380952 9318750.00 1267857.143 P17 NÃO -9.43%
300 193.12*
250 170.2
P18 7.5 2.116592891 9318750.00 1242500 P18 NÃO -9.65%
300 197.24*
235 161.57
P19 7.05 2.00295104 9318750.00 1321808.511 P19 NÃO -7.97%
300 186.65*
210 122.85
P20 5.46 1.758737038 8076250.00 1479166.667 P20 NÃO 5.57%
260 142.04*
185 108.57
P21 3.4225 1.579133419 7284375.00 2128378.378 P21 NÃO -6.24%
185 115.03*
190 110.55
P22 3.61 1.568721805 7481250.00 2072368.421 P22 OK -2.02%
190 117.36*
210 113.12
P23 4.935 1.787884755 7299687.50 1479166.667 P23 OK 0.66%
235 130.51*
210 114.05
P24 4.935 1.800762019 7299687.50 1479166.667 P24 OK 1.39%
235 131.45*
175 128.91
P25 4.2875 1.420045351 9646875.00 2250000 P25 OK -3.03%
245 136.99*
165 116.62
P26 3.795 1.365576259 9056250.00 2386363.636 P26 NÃO 10.96%
230 123.67*
175 129.39
P27 4.2875 1.425021056 9646875.00 2250000 P27 OK -1.52%
245 137.47*
235 160
P28 7.05 1.986103286 9318750.00 1321808.511 P28 NÃO -3.46%
300 185.08*
235 161.73
P29 7.05 2.004668008 9318750.00 1321808.511 P29 OK 0.62%
300 186.81*
230 156.07
P30 6.785 1.96487399 9163437.50 1350543.478 P30 NÃO 0.49%
295 180.05*
230 158.87
P31 6.9 1.96668008 9318750.00 1350543.478 P31 OK 0.03%
300 183.27*
240 164.65
P32 7.2 2.041690141 9318750.00 1294270.833 P32 OK 0.87%
300 190.26*
235 159.98
P33 7.05 1.985888665 9318750.00 1321808.511 P33 NÃO -4.04%
300 185.06*
180 112.88
P34 3.69 1.484785134 8071875.00 2187500 P34 NÃO 1.98%
205 119.85*
180 113.85
P35 3.69 1.496678281 8071875.00 2187500 P35 NÃO 2.21%
205 120.81*
Fonte: Autores, 2019.
159

Tabela 18 - Dados do resultado da 2ª iteração


2 (dados para 3ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 160.83
P1 7.05 1.99490275 9318750.00 1321808.511 P1 OK -0.09%
300 185.9*
240 164.73
P2 7.2 2.042548625 9318750.00 1294270.833 P2 OK -0.01%
300 190.34*
240 163.42
P3 7.2 2.028490946 9318750.00 1294270.833 P3 OK 0.09%
300 189.03*
245 168.37
P4 7.35 2.087404427 9318750.00 1267857.143 P4 OK 0.62%
300 194.52*
245 168.33
P5 7.35 2.087082495 9318750.00 1267857.143 P5 OK -0.13%
300 194.49*
235 162.08
P6 7.05 2.008316566 9318750.00 1321808.511 P6 NÃO -0.54%
300 187.15*
195 171.11
P7 5.5575 1.619337232 11221875.00 2019230.769 P7 NÃO -1.96%
285 181.72*
180 115.03
P8 3.78 1.477490552 8268750.00 2187500 P8 NÃO 3.73%
210 122.17*
205 187.82
P9 6.15 1.691936508 11812500.00 1920731.707 P9 OK 1.03%
300 199.86*
210 113.66
P10 4.935 1.795419324 7299687.50 1479166.667 P10 OK -0.29%
235 131.06*
210 113.9
P11 4.935 1.798570144 7299687.50 1479166.667 P11 OK 0.04%
235 131.29*
180 151.54
P12 4.95 1.48566811 10828125.00 2187500 P12 OK 1.02%
275 160.87*
180 119.87
P13 3.78 1.53590325 8268750.00 2187500 P13 NÃO -3.07%
210 127*
195 170.85
P14 5.5575 1.617020329 11221875.00 2019230.769 P14 NÃO -1.28%
285 181.46*
210 123.67
P15 5.355 1.798903223 7920937.50 1479166.667 P15 NÃO 1.17%
255 142.49*
230 158.38
P16 6.9 1.961314554 9318750.00 1350543.478 P16 OK -0.08%
300 182.77*
245 167.19
P17 7.35 2.074741784 9318750.00 1267857.143 P17 OK 0.13%
300 193.34*
250 169.96
P18 7.5 2.114124748 9318750.00 1242500 P18 OK -0.14%
300 197.01*
235 161.25
P19 7.05 1.999409792 9318750.00 1321808.511 P19 OK -0.20%
300 186.32*
210 124.21
P20 5.46 1.775576536 8076250.00 1479166.667 P20 OK 1.09%
260 143.4*
185 107.16
P21 3.4225 1.55963964 7284375.00 2128378.378 P21 OK -1.32%
185 113.61*
190 110.57
P22 3.61 1.56898914 7481250.00 2072368.421 P22 OK 0.02%
190 117.38*
210 112.79
P23 4.935 1.783364014 7299687.50 1479166.667 P23 OK -0.29%
235 130.18*
210 113.21
P24 4.935 1.789117685 7299687.50 1479166.667 P24 OK -0.74%
235 130.6*
175 128.44
P25 4.2875 1.415173307 9646875.00 2250000 P25 OK -0.37%
245 136.52*
165 118.33
P26 3.8775 1.356730834 9253125.00 2386363.636 P26 NÃO 1.45%
235 125.54*
175 128.65
P27 4.2875 1.417350178 9646875.00 2250000 P27 OK -0.58%
245 136.73*
235 159.92
P28 7.05 1.985244802 9318750.00 1321808.511 P28 OK -0.05%
300 185*
235 162.04
P29 7.05 2.007887324 9318750.00 1321808.511 P29 OK 0.19%
300 187.11*
230 154.75
P30 6.9 1.922468142 9318750.00 1350543.478 P30 NÃO -0.85%
300 179.15*
230 158.5
P31 6.9 1.96260228 9318750.00 1350543.478 P31 OK -0.23%
300 182.89*
240 164.24
P32 7.2 2.037290409 9318750.00 1294270.833 P32 OK -0.25%
300 189.85*
235 160.53
P33 7.05 1.991683434 9318750.00 1321808.511 P33 OK 0.34%
300 185.6*
180 114.41
P34 3.69 1.50361595 8071875.00 2187500 P34 OK 1.34%
205 121.37*
180 115.01
P35 3.6 1.546666667 7875000.00 2187500 P35 NÃO 1.01%
200 121.8*
Fonte: Autores, 2019.
160

Tabela 19 - Dados do resultado da 3ª iteração


3 (dados para 4ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 161.03
P1 7.05 1.99704896 9318750.00 1321808.511 P1 OK 0.12%
300 186.1*
240 164.83
P2 7.2 2.043729041 9318750.00 1294270.833 P2 OK 0.06%
300 190.45*
240 163.53
P3 7.2 2.029778672 9318750.00 1294270.833 P3 OK 0.07%
300 189.15*
245 168.34
P4 7.35 2.087082495 9318750.00 1267857.143 P4 OK -0.02%
300 194.49*
245 168.08
P5 7.35 2.084399732 9318750.00 1267857.143 P5 OK -0.15%
300 194.24*
240 162.84
P6 7.08 2.051850084 9163437.50 1294270.833 P6 NÃO 0.47%
295 188.02*
195 169.16
P7 5.655 1.575916804 11418750.00 2019230.769 P7 NÃO -1.15%
290 179.95*
180 117.14
P8 3.69 1.537437089 8071875.00 2187500 P8 NÃO 1.80%
205 124.1*
205 188.09
P9 6.15 1.694137566 11812500.00 1920731.707 P9 OK 0.14%
300 200.12*
210 114.03
P10 4.935 1.800488035 7299687.50 1479166.667 P10 OK 0.32%
235 131.43*
210 113.43
P11 4.83 1.825911994 7144375.00 1479166.667 P11 NÃO -0.41%
230 130.45*
180 151.9
P12 4.95 1.488992785 10828125.00 2187500 P12 OK 0.24%
275 161.23*
180 119.99
P13 3.78 1.537354497 8268750.00 2187500 P13 OK 0.10%
210 127.12*
195 168.91
P14 5.655 1.573814997 11418750.00 2019230.769 P14 NÃO -1.15%
290 179.71*
210 122.27
P15 5.46 1.751555487 8076250.00 1479166.667 P15 NÃO -1.15%
260 141.46*
230 158.52
P16 6.9 1.962816901 9318750.00 1350543.478 P16 OK 0.09%
300 182.91*
245 167.03
P17 7.35 2.073024816 9318750.00 1267857.143 P17 OK -0.10%
300 193.18*
250 170.04
P18 7.5 2.114875922 9318750.00 1242500 P18 OK 0.05%
300 197.08*
235 161.2
P19 7.05 1.99898055 9318750.00 1321808.511 P19 OK -0.03%
300 186.28*
210 124.07
P20 5.355 1.803953131 7920937.50 1479166.667 P20 NÃO -0.11%
255 142.89*
185 107.14
P21 3.4225 1.55950236 7284375.00 2128378.378 P21 OK -0.02%
185 113.6*
190 110.82
P22 3.61 1.572330827 7481250.00 2072368.421 P22 OK 0.23%
190 117.63*
210 113.15
P23 4.935 1.788432724 7299687.50 1479166.667 P23 OK 0.32%
235 130.55*
210 113.19
P24 4.935 1.788980693 7299687.50 1479166.667 P24 OK -0.02%
235 130.59*
175 128.08
P25 4.2875 1.411441529 9646875.00 2250000 P25 OK -0.28%
245 136.16*
170 120.32
P26 4.08 1.353650794 9450000.00 2316176.471 P26 NÃO 1.65%
240 127.92*
175 128.62
P27 4.2875 1.417039197 9646875.00 2250000 P27 OK -0.02%
245 136.7*
235 160.01
P28 7.05 1.986103286 9318750.00 1321808.511 P28 OK 0.06%
300 185.08*
235 161.71
P29 7.05 2.004346076 9318750.00 1321808.511 P29 OK -0.20%
300 186.78*
230 155.79
P30 6.785 1.961927497 9163437.50 1350543.478 P30 NÃO 0.67%
295 179.78*
230 158.83
P31 6.9 1.966143528 9318750.00 1350543.478 P31 OK 0.21%
300 183.22*
240 164.34
P32 7.2 2.038363514 9318750.00 1294270.833 P32 OK 0.06%
300 189.95*
235 160.62
P33 7.05 1.992756539 9318750.00 1321808.511 P33 OK 0.06%
300 185.7*
180 114.05
P34 3.69 1.499279907 8071875.00 2187500 P34 OK -0.32%
205 121.02*
180 113.6
P35 3.69 1.493581107 8071875.00 2187500 P35 NÃO -1.24%
205 120.56*
Fonte: Autores, 2019.
161

Tabela 20 - Dados do resultado da 4ª iteração


4 (dados para 5ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 160.83
P1 7.05 1.99501006 9318750.00 1321808.511 P1 OK -0.12%
300 185.91*
240 164.74
P2 7.2 2.042655936 9318750.00 1294270.833 P2 OK -0.05%
300 190.35*
240 163.44
P3 7.2 2.028705567 9318750.00 1294270.833 P3 OK -0.06%
300 189.05*
245 168.4
P4 7.35 2.087833669 9318750.00 1267857.143 P4 OK 0.04%
300 194.56*
245 168.51
P5 7.35 2.089014085 9318750.00 1267857.143 P5 OK 0.26%
300 194.67*
240 162.79
P6 7.08 2.051413566 9163437.50 1294270.833 P6 OK -0.03%
295 187.98*
195 171.08
P7 5.5575 1.618980785 11221875.00 2019230.769 P7 NÃO 1.12%
285 181.68*
180 115.04
P8 3.78 1.477611489 8268750.00 2187500 P8 NÃO -1.83%
210 122.18*
205 187.86
P9 6.15 1.692275132 11812500.00 1920731.707 P9 OK -0.12%
300 199.9*
210 113.65
P10 4.935 1.795282332 7299687.50 1479166.667 P10 OK -0.33%
235 131.05*
210 112.9
P11 4.935 1.784870928 7299687.50 1479166.667 P11 NÃO -0.47%
235 130.29*
180 151.41
P12 4.95 1.484467532 10828125.00 2187500 P12 OK -0.32%
275 160.74*
180 119.76
P13 3.78 1.53457294 8268750.00 2187500 P13 OK -0.19%
210 126.89*
195 170.77
P14 5.5575 1.616307435 11221875.00 2019230.769 P14 NÃO 1.09%
285 181.38*
210 123.66
P15 5.355 1.798650728 7920937.50 1479166.667 P15 NÃO 1.12%
255 142.47*
230 158.37
P16 6.9 1.961314554 9318750.00 1350543.478 P16 OK -0.09%
300 182.77*
245 167.18
P17 7.35 2.074741784 9318750.00 1267857.143 P17 OK 0.09%
300 193.34*
250 169.98
P18 7.5 2.114232059 9318750.00 1242500 P18 OK -0.04%
300 197.02*
235 161.61
P19 7.05 2.003272971 9318750.00 1321808.511 P19 OK 0.25%
300 186.68*
210 123.23
P20 5.46 1.763442192 8076250.00 1479166.667 P20 NÃO -0.68%
260 142.42*
185 106.94
P21 3.4225 1.556756757 7284375.00 2128378.378 P21 OK -0.19%
185 113.4*
190 110.39
P22 3.61 1.566583124 7481250.00 2072368.421 P22 OK -0.39%
190 117.2*
210 112.78
P23 4.935 1.783227022 7299687.50 1479166.667 P23 OK -0.33%
235 130.17*
210 113.69
P24 4.935 1.795830301 7299687.50 1479166.667 P24 OK 0.44%
235 131.09*
175 127.46
P25 4.2875 1.405014577 9646875.00 2250000 P25 OK -0.49%
245 135.54*
170 121.79
P26 4.08 1.369206349 9450000.00 2316176.471 P26 OK 1.21%
240 129.39*
175 127.69
P27 4.2875 1.407398769 9646875.00 2250000 P27 OK -0.73%
245 135.77*
235 159.9
P28 7.05 1.984922871 9318750.00 1321808.511 P28 OK -0.07%
300 184.97*
235 162
P29 7.05 2.007565392 9318750.00 1321808.511 P29 OK 0.18%
300 187.08*
230 154.69
P30 6.9 1.921824279 9318750.00 1350543.478 P30 NÃO -0.71%
300 179.09*
230 158.46
P31 6.9 1.962173038 9318750.00 1350543.478 P31 OK -0.23%
300 182.85*
240 164.31
P32 7.2 2.038041583 9318750.00 1294270.833 P32 OK -0.02%
300 189.92*
235 160.67
P33 7.05 1.993185781 9318750.00 1321808.511 P33 OK 0.03%
300 185.74*
180 114.08
P34 3.69 1.499527681 8071875.00 2187500 P34 OK 0.03%
205 121.04*
180 114.69
P35 3.69 1.507084785 8071875.00 2187500 P35 OK 0.95%
205 121.65*
Fonte: Autores, 2019.
162

Tabela 21 – Dados do resultado da 5ª iteração


5 (dados para 6ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 161.03
P1 7.05 1.997156271 9318750.00 1321808.511 P1 OK 0.12%
300 186.11*
240 164.86
P2 7.2 2.043943662 9318750.00 1294270.833 P2 OK 0.07%
300 190.47*
240 163.56
P3 7.2 2.030100604 9318750.00 1294270.833 P3 OK 0.07%
300 189.18*
245 168.42
P4 7.35 2.08804829 9318750.00 1267857.143 P4 OK 0.01%
300 194.58*
245 168.37
P5 7.35 2.087404427 9318750.00 1267857.143 P5 OK -0.08%
300 194.52*
235 162.09
P6 7.05 2.008531187 9318750.00 1321808.511 P6 NÃO -0.43%
300 187.17*
195 169.22
P7 5.655 1.576442255 11418750.00 2019230.769 P7 NÃO -1.10%
290 180.01*
180 117.18
P8 3.69 1.537932636 8071875.00 2187500 P8 NÃO 1.83%
205 124.14*
205 188.15
P9 6.15 1.694645503 11812500.00 1920731.707 P9 OK 0.15%
300 200.18*
210 114.03
P10 4.935 1.800488035 7299687.50 1479166.667 P10 OK 0.33%
235 131.43*
210 113.89
P11 4.935 1.798570144 7299687.50 1479166.667 P11 OK 0.87%
235 131.29*
180 151.84
P12 4.95 1.488438672 10828125.00 2187500 P12 OK 0.28%
275 161.17*
180 119.92
P13 3.78 1.536507937 8268750.00 2187500 P13 OK 0.13%
210 127.05*
195 168.82
P14 5.655 1.57302682 11418750.00 2019230.769 P14 NÃO -1.16%
290 179.62*
210 122.27
P15 5.46 1.751555487 8076250.00 1479166.667 P15 NÃO -1.14%
260 141.46*
230 158.52
P16 6.9 1.962816901 9318750.00 1350543.478 P16 OK 0.09%
300 182.91*
245 167.02
P17 7.35 2.073024816 9318750.00 1267857.143 P17 OK -0.10%
300 193.18*
250 169.99
P18 7.5 2.11444668 9318750.00 1242500 P18 OK 0.01%
300 197.04*
235 161.25
P19 7.05 1.999517103 9318750.00 1321808.511 P19 OK -0.22%
300 186.33*
210 124.2
P20 5.46 1.775452716 8076250.00 1479166.667 P20 OK 0.78%
260 143.39*
185 107.01
P21 3.4225 1.557717718 7284375.00 2128378.378 P21 OK 0.07%
185 113.47*
190 110.59
P22 3.61 1.569256475 7481250.00 2072368.421 P22 OK 0.18%
190 117.4*
210 113.15
P23 4.935 1.788432724 7299687.50 1479166.667 P23 OK 0.33%
235 130.55*
210 113.2
P24 4.935 1.788980693 7299687.50 1479166.667 P24 OK -0.43%
235 130.59*
175 127.47
P25 4.2875 1.405118238 9646875.00 2250000 P25 OK 0.01%
245 135.55*
170 121.83
P26 4.08 1.36952381 9450000.00 2316176.471 P26 OK 0.03%
240 129.42*
175 127.73
P27 4.2875 1.407813411 9646875.00 2250000 P27 OK 0.03%
245 135.81*
235 159.99
P28 7.05 1.985888665 9318750.00 1321808.511 P28 OK 0.06%
300 185.06*
235 161.66
P29 7.05 2.003916834 9318750.00 1321808.511 P29 OK -0.21%
300 186.74*
230 155.74
P30 6.785 1.961272721 9163437.50 1350543.478 P30 NÃO 0.67%
295 179.72*
230 158.44
P31 6.9 1.961958417 9318750.00 1350543.478 P31 OK -0.01%
300 182.83*
240 164.2
P32 7.2 2.036968478 9318750.00 1294270.833 P32 OK -0.07%
300 189.82*
235 160.5
P33 7.05 1.991468813 9318750.00 1321808.511 P33 OK -0.11%
300 185.58*
180 113.84
P34 3.69 1.496678281 8071875.00 2187500 P34 OK -0.21%
205 120.81*
180 114.69
P35 3.69 1.507084785 8071875.00 2187500 P35 OK 0.00%
205 121.65*
Fonte: Autores, 2019.
163

Tabela 22 - Dados do resultado da 6º iteração


6 (dados para 7ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 160.85
P1 7.05 1.995117371 9318750.00 1321808.511 P1 OK -0.11%
300 185.92*
240 164.75
P2 7.2 2.042763246 9318750.00 1294270.833 P2 OK -0.07%
300 190.36*
240 163.43
P3 7.2 2.028705567 9318750.00 1294270.833 P3 OK -0.08%
300 189.05*
245 168.38
P4 7.35 2.087619048 9318750.00 1267857.143 P4 OK -0.02%
300 194.54*
245 168.35
P5 7.35 2.087189805 9318750.00 1267857.143 P5 OK -0.01%
300 194.5*
235 162.09
P6 7.05 2.008531187 9318750.00 1321808.511 P6 OK 0.00%
300 187.17*
195 171.1
P7 5.5575 1.61924812 11221875.00 2019230.769 P7 NÃO 1.10%
285 181.71*
180 115.04
P8 3.78 1.477611489 8268750.00 2187500 P8 NÃO -1.86%
210 122.18*
205 187.82
P9 6.15 1.691936508 11812500.00 1920731.707 P9 OK -0.18%
300 199.86*
210 113.66
P10 4.935 1.795419324 7299687.50 1479166.667 P10 OK -0.33%
235 131.06*
210 113.9
P11 4.935 1.798570144 7299687.50 1479166.667 P11 OK 0.01%
235 131.29*
180 151.44
P12 4.95 1.484744589 10828125.00 2187500 P12 OK -0.26%
275 160.77*
180 119.76
P13 3.78 1.53457294 8268750.00 2187500 P13 OK -0.13%
210 126.89*
195 170.74
P14 5.5575 1.6160401 11221875.00 2019230.769 P14 NÃO 1.12%
285 181.35*
210 123.67
P15 5.355 1.798903223 7920937.50 1479166.667 P15 NÃO 1.13%
255 142.49*
230 158.37
P16 6.9 1.961314554 9318750.00 1350543.478 P16 OK -0.09%
300 182.77*
245 167.17
P17 7.35 2.074634474 9318750.00 1267857.143 P17 OK 0.09%
300 193.33*
250 169.95
P18 7.5 2.113910127 9318750.00 1242500 P18 OK -0.02%
300 196.99*
235 161.24
P19 7.05 1.999409792 9318750.00 1321808.511 P19 OK -0.01%
300 186.32*
210 124.21
P20 5.46 1.775576536 8076250.00 1479166.667 P20 OK 0.01%
260 143.4*
185 106.96
P21 3.4225 1.557031317 7284375.00 2128378.378 P21 OK -0.05%
185 113.42*
190 110.37
P22 3.61 1.566315789 7481250.00 2072368.421 P22 OK -0.20%
190 117.18*
210 112.79
P23 4.935 1.783364014 7299687.50 1479166.667 P23 OK -0.32%
235 130.18*
210 113.2
P24 4.935 1.789117685 7299687.50 1479166.667 P24 OK 0.00%
235 130.6*
175 127.47
P25 4.2875 1.405118238 9646875.00 2250000 P25 OK 0.00%
245 135.55*
170 121.79
P26 4.08 1.369206349 9450000.00 2316176.471 P26 OK -0.03%
240 129.39*
175 127.68
P27 4.2875 1.407295109 9646875.00 2250000 P27 OK -0.04%
245 135.76*
235 159.91
P28 7.05 1.985030181 9318750.00 1321808.511 P28 OK -0.05%
300 184.98*
235 162.01
P29 7.05 2.007672703 9318750.00 1321808.511 P29 OK 0.22%
300 187.09*
230 154.69
P30 6.9 1.921824279 9318750.00 1350543.478 P30 NÃO -0.68%
300 179.09*
230 158.44
P31 6.9 1.961958417 9318750.00 1350543.478 P31 OK 0.00%
300 182.83*
240 164.22
P32 7.2 2.037075788 9318750.00 1294270.833 P32 OK 0.01%
300 189.83*
235 160.51
P33 7.05 1.991576123 9318750.00 1321808.511 P33 OK 0.01%
300 185.59*
180 114.09
P34 3.69 1.499651568 8071875.00 2187500 P34 OK 0.22%
205 121.05*
180 114.69
P35 3.69 1.507084785 8071875.00 2187500 P35 OK 0.00%
205 121.65*
Fonte: Autores, 2019.
164

Tabela 23 - Dados do resultado da 7º iteração


7 (dados para 8ª interação)
B (cm) Status Dif
ÁREA (m²) F (tf) p (cm) km (kgf/m) kv (kgf/m³)
H (cm)
235 161.03
P1 7.05 1.99716 9318750.00 1321808.511 P1 OK 0.11%
300 186.11*
240 164.86
P2 7.2 2.04394 9318750.00 1294270.833 P2 OK 0.07%
300 190.47*
240 163.56
P3 7.2 2.0301 9318750.00 1294270.833 P3 OK 0.08%
300 189.18*
245 168.42
P4 7.35 2.08805 9318750.00 1267857.143 P4 OK 0.02%
300 194.58*
245 168.37
P5 7.35 2.0874 9318750.00 1267857.143 P5 OK 0.01%
300 194.52*
235 162.09
P6 7.05 2.00853 9318750.00 1321808.511 P6 OK 0.00%
300 187.17*
195 169.22
P7 5.655 1.57644 11418750.00 2019230.769 P7 NÃO -1.11%
290 180.01*
180 117.18
P8 3.69 1.53793 8071875.00 2187500 P8 NÃO 1.83%
205 124.14*
205 188.15
P9 6.15 1.69465 11812500.00 1920731.707 P9 OK 0.18%
300 200.18*
210 114.03
P10 4.935 1.80049 7299687.50 1479166.667 P10 OK 0.32%
235 131.43*
210 113.89
P11 4.935 1.79857 7299687.50 1479166.667 P11 OK -0.01%
235 131.29*
180 151.84
P12 4.95 1.48844 10828125.00 2187500 P12 OK 0.26%
275 161.17*
180 119.92
P13 3.78 1.53651 8268750.00 2187500 P13 OK 0.13%
210 127.05*
195 168.82
P14 5.655 1.57303 11418750.00 2019230.769 P14 NÃO -1.14%
290 179.62*
210 122.27
P15 5.46 1.75156 8076250.00 1479166.667 P15 NÃO -1.15%
260 141.46*
230 158.52
P16 6.9 1.96282 9318750.00 1350543.478 P16 OK 0.09%
300 182.91*
245 167.02
P17 7.35 2.07302 9318750.00 1267857.143 P17 OK -0.09%
300 193.18*
250 169.99
P18 7.5 2.11445 9318750.00 1242500 P18 OK 0.02%
300 197.04*
235 161.25
P19 7.05 1.99952 9318750.00 1321808.511 P19 OK 0.01%
300 186.33*
210 124.2
P20 5.46 1.77545 8076250.00 1479166.667 P20 OK -0.01%
260 143.39*
185 107.01
P21 3.4225 1.55772 7284375.00 2128378.378 P21 OK 0.05%
185 113.47*
190 110.59
P22 3.61 1.56926 7481250.00 2072368.421 P22 OK 0.20%
190 117.4*
210 113.15
P23 4.935 1.78843 7299687.50 1479166.667 P23 OK 0.32%
235 130.55*
210 113.2
P24 4.935 1.78898 7299687.50 1479166.667 P24 OK 0.00%
235 130.59*
175 127.47
P25 4.2875 1.40512 9646875.00 2250000 P25 OK 0.00%
245 135.55*
170 121.83
P26 4.08 1.36952 9450000.00 2316176.471 P26 OK 0.03%
240 129.42*
175 127.73
P27 4.2875 1.40781 9646875.00 2250000 P27 OK 0.04%
245 135.81*
235 159.99
P28 7.05 1.98589 9318750.00 1321808.511 P28 OK 0.05%
300 185.06*
235 161.66
P29 7.05 2.00392 9318750.00 1321808.511 P29 OK -0.22%
300 186.74*
230 155.74
P30 6.785 1.96127 9163437.50 1350543.478 P30 NÃO 0.67%
295 179.72*
230 158.44
P31 6.9 1.96196 9318750.00 1350543.478 P31 OK 0.00%
300 182.83*
240 164.2
P32 7.2 2.03697 9318750.00 1294270.833 P32 OK -0.01%
300 189.82*
235 160.5
P33 7.05 1.99147 9318750.00 1321808.511 P33 OK -0.01%
300 185.58*
180 113.84
P34 3.69 1.49668 8071875.00 2187500 P34 OK -0.22%
205 120.81*
180 114.69
P35 3.69 1.50708 8071875.00 2187500 P35 OK 0.00%
205 121.65*
Fonte: Autores, 2019.
165

Ao término da 7ª iteração, percebeu-se que os valores convergiram, havendo para alguns


pilares, diferenças mínimas que não chegam a 2%, os quais se encontram com o status “Não”.
Estas diferenças ocorrem devido às dimensões das sapatas em planta, que a cada mudança de
dimensionamento podem variar em múltiplos de 5 cm, o que em certos casos, pode não ser a
variação mais precisa para o método iterativo. Entretanto para o caso deste trabalho, a diferença
devido a variação não é relevante.

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